psicanalise

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As várias escolas da Psicologia. Bom material para aulas dos cursos de licenciaturas.

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Page 1: Psicanalise
Page 2: Psicanalise

ANOTAÇÕES

PSICANÁLISE

WWW.FATECC.COM.BR

Page 3: Psicanalise

Plan

o de

Ens

ino

EMENTA

A perspectiva histórica da psicologia da educação: objeto de estudo, objetivos e �nalidades. Fundamentos bio-psico-sociais da infância e da vida adulta: o desenvolvimento humano nas dimensões biológica, cogni -tiva, social e emocional. A escola como integrante do meio sociocultural que in�uencia, interfere e participa do desenvolvimento. Princípios e leis do processo de desenvolvimento. Esferas ou dimensões do desenvolvimento. A Psicologia do Desenvolvimento e a Psicanálise. Teorias de desenvolvimento e aprendizagem.

OBJETIVOS

Compreender a constituição da Psicologia e da Psicologia do Desenvolvimento.

Identi�car o objeto de estudo da Psicologia, compreendendo o desenvolvimento humano.

Relacionar o estudo da Psicologia do Desenvolvimento com o coti -diano da vida escolar.

Apresentar as mudanças físicas e sociais que ocorrem ao longo da vida dos sujeitos, desde a concepção até a morte.

CONTÉUDO PROGRAMÁTICO

Psicologia do Desenvolvimento e métodos de estudo

Processo de desenvolvimento humano

Nascimento e desenvolvimento infantil

Adolescência e aspectos sociais

Vida adulta

Page 4: Psicanalise

FATEC - Psicanálise 04

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

ANTUNES, M. A. M.; MEIRA, M. E. M. Psicologia escolar : práticas críticas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.

BEE, Helen. A criança em desenvolvimento . 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 1996.

______. A criança em desenvolvimento . 9. ed. Porto Alegre: Artmed, 2003.

BRONFENBRENNER, U. A ecologia do desenvolvimento humano : experimentos naturais e planejados. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.

CARVALHO, V. B. C. L. Desenvolvimento humano e psicologia . Belo Horizonte: UFMG, 1996.

COLL, C.; PALACIOS, J; MARCHESI, A. Desenvolvimento psicológico e educação . 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2003. v. 3.

GAZZANIGA, M. S.; HEATHERTON, T. F. Ciência psicológica : mente, cérebro e comportamento. Porto Alegre: Artmed, 2005.

ROSA, M. Psicologia evolutiva . 8. ed. Petrópolis: Vozes, 1996.

VYGOTSKY, L. S. Obras escolhidas : fundamentos de defectologia. Moscou: Editorial Pedagógica, 1997.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA. M. de l. Psicologias : uma introdução ao estudo de psicologia. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 1999.

BRANDÃO, C. R. O que é educação . São Paulo: Brasiliense, 1995.

CHOMSKY, Noam. Novos horizontes no estudo da linguagem e da mente . São Paulo: UNESP, 2005.

DAVIDOFF, Linda L. Introdução à psicologia . São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1983.

MUSSEN, P. H. et al. Desenvolvimento e personalidade da criança . 4. ed. São Paulo: Harbra, 2001.

NEWCOMBE, Nora. Desenvolvimento infantil. 8. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.

PIAGET, J.; VYGOSTSKY, L. S. Novas contribuições para o debate . São Paulo: Ática, 1995.

Page 5: Psicanalise

AULA 1 • PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

FATEC - Psicanálise 05

Esperamos que, ao �nal desta aula, você seja capaz de:

compreender as diferentes perspectivas teóricas sobre o desenvolvi -mento humano;

conhecer os diferentes métodos de pesquisa em Psicologia do Desen -volvimento.

Para acompanhar esta aula, você precisa ter algum conhecimento sobre as diferentes concepções referentes ao processo de desenvolvimento humano. Para tanto, é importante que recorra ao sítio do Conselho Federal de Psicologia – CFP <http://www.cfp.org.br>, onde encontrará material referente a essa ciência. Esse conhecimento é importante para você compreender como se processa o saber sobre o desenvolvimento humano na Psicologia, bem como a sua impor -tância no campo da educação, que é o tema desta aula.

Você estudará, nesta primeira aula, o conceito sobre o desenvolvimento humano, bem como a diferença entre desenvolvimento e crescimento.

Quando se fala em desenvolvimento, comumente a idéia que nos vem à cabeça é crescimento: no senso comum, desenvolvimento está relacionado a acréscimo, ampliação, aumento, crescimento. Porém há diferença entre cresci -mento e desenvolvimento.

Crescimento está relacionado aos aspectos quantitativos de um determinado organismo. Rosa (1996, p. 40) assevera que

[...] é evidente que a mão de uma criança é bem menor que a mão de um adulto normal. Pelo processo normal do crescimento,

Psicologia do Desenvolvimento e métodos de estudo

Aula 1

Page 6: Psicanalise

AULA 1 • PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

06 FATEC - Psicanálise

a mão da criança atinge o tamanho normal da mão do adulto, na medida em que ela cresce �sicamente. Dizemos, portanto, que, no caso, houve crescimento dessa parte do corpo.

Desenvolvimento, por sua parte, diz respeito aos aspectos qualitativos daquele organismo. É ainda Rosa (1996, p. 40) que nos ensina que

a mão de um adulto normal é diferente da mão de uma crian -cinha não somente por causa do seu tamanho. Ela é diferente, sobretudo, por causa de sua maior capacidade de coordenação de movimentos e de uso (ROSA, 1996, p. 40).

Mesmo tendo consciência da diferença entre cresci-mento e desenvolvimento, é importante sabermos que nem sempre ela é mantida “ao pé da letra”, pois há momentos da vida em que esses dois processos não se separam.

Nossa intenção é apresentar o cenário de debate encontrado a respeito de como se dá o desenvolvimento

humano – suas teorias, aplicabilidades, problemáticas, dúvidas e certezas. É válido lembrar que, quando falamos em desenvolvimento,

estamos nos referindo ao processo total que acompanha o homem durante sua vida, tanto nos aspectos físicos e neurológicos quanto nos aspectos

cognitivos, emocionais e de relacionamentos sociais.

Re�etiremos sobre as mudanças universais que os homens atravessam, sobre as diferenças individuais encontradas entre as pessoas, além da in�uência do ambiente no comportamento humano (NEWCOMBE, 1999). Para tanto, teremos como base os estudos da área da Psicologia do Desenvolvimento, que tem como função básica, para nós, oferecer os subsídios teóricos, para que possamos compreender a importância dos fatores biológicos e ambientais no processo de desenvolvimento humano, reconhecendo, desde já, que ambos os tipos de in�u -ência são importantes em nossas vidas.

1.1 Hereditariedade x meio ambiente

Um dos pontos mais discutidos entre os psicólogos que estudam o desenvolvi -mento humano é o polêmico debate entre a hereditariedade e o meio ambiente. Isto é, qual dessas duas determinantes exerce maior in�uência no comporta -mento das pessoas?

Pensando sobre o assuntoPensando sobre o assunto

Page 7: Psicanalise

AULA 1 • PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

FATEC - Psicanálise 07

Este debate não é protagonizado somente pelos psicólogos. Historicamente, os próprios �lósofos também defendiam suas idéias, seja no grupo dos inatistas, que compreendiam que o ser humano nasce com características inatas, ou no grupo dos empiristas, que compreendem que o desenvol -vimento humano ocorre pelas impressões sensoriais que o organismo recebe, acumuladas com a experiência . Ainda hoje há muita discussão sobre qual dos aspectos, hereditários ou ambientais, é respon -sável pelo desenvolvimento humano. Cada um desses grupos defende a sua posição, a sua verdade . Podemos dizer que há uma verdadeira controvérsia entre os dois posiciona -mentos. Vamos veri�car um pouco mais a respeito dessas duas concepções.

1.1.1 E como fica o lado hereditário?

De acordo com esta linha de pensamento, o comportamento humano é conduzido pelos fatores genéticos, pela maturação bioló -gica e funcionamento neurológico. Sendo assim, aspectos compor -tamentais percebidos no início da vida humana, como a manifestação de andar, falar e reagir às ações de outras pessoas, são concebidos como conseqüências congênitas, ou seja, que nasceram com o indi -víduo, não sendo resultantes de nenhuma aprendizagem ou experi -mentação efetuada depois do início da vida.

1.1.2 E o lado do ambiente?

Já os cientistas que seguem esta outra linha de pensamento a�rmam que os fatores relacionados ao ambiente físico e social são, fundamentalmente, os prin -cipais norteadores do desenvolvimento humano. Desse modo, o comportamento das pessoas vai sendo construído a partir das experiências derivadas do contato com as pessoas e com os objetos presentes no mundo.

Saiba mais

Page 8: Psicanalise

AULA 1 • PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

08 FATEC - Psicanálise

Deixando de lado essas discordâncias existentes entre os cientistas de cada grupo, acreditamos que a interação entre

os aspectos biológicos e os aspectos ambientais é que é a responsável pelo desenvolvimento do homem, desde o

momento do nascimento. Há momentos em que um dos aspectos se sobrepõe ao outro e vice-versa. Porém não há necessidade de de�nirmos qual aspecto tem maior ou

menor in�uência, mas é importante perceber como acon -tece a relação entre eles.

Um exemplo dessa interação acontece em um comportamento simples de desenhar , de uma criança no cenário escolar.

Como meio ambiente, podemos falar da maturação �siológica necessária para o desenvolvimento da coordenação motora �na, a qual possibilita que a criança aprenda a desenhar. Assim, a hereditariedade é um potencial que pode ou não se consolidar. Tal concepção só é possível a partir das experiên -cias com o meio.

Para a concepção interacionista , o organismo e o meio exercem ação recí -proca. A in�uência entre um e outro é a própria interação. Essa interação acar -reta mudanças sobre o indivíduo. Assim o conhecimento é construído a partir de uma interação entre o sujeito e o objeto.

Vejamos agora como se processam os métodos de pesquisa na psicologia do desenvolvimento.

1.2 Métodos de pesquisa

Independente da área em que atuamos, quando vamos fazer uma pesquisa, é fundamental a escolha de um método que garanta uma probabilidade maior de sucesso na busca dos objetivos. É com base nesse pensamento que desta -camos, a seguir, três possibilidades de pesquisa, quando o assunto é o desen -volvimento humano.

Esses três métodos destacados possuem diferenças entre si, é claro. Entretanto há um aspecto comum: eles carecem de uma observação controlada e sistemá -tica do comportamento.

O primeiro método que destacamos é o método transversal . Nele, o estudo é realizado a partir de diferentes grupos de pessoas de diferentes idades. O segundo é o método longitudinal, que estuda as mesmas pessoas, durante um determinado período de tempo, estudo que pode durar anos e anos, décadas e décadas. O terceiro método é o que é chamado de experimental . Aqui, é realizado um estudo onde há uma combinação dos dois métodos anteriores, possibilitando ao pesquisador fazer interferências no processo de pesquisa,

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AULA 1 • PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

FATEC - Psicanálise 09

modi�cando algumas variáveis causais do comportamento e, por conseqüência,

coletando outras variáveis de efeito.

No quadro a seguir, apontamos as principais características positivas e nega -

tivas de cada método, tendo como base os estudos de Mussen e outros (2001).

Quadro: Comparativo de características

MÉTODOCARACTERÍSTICAS

POSITIVASCARACTERÍSTICAS

NEGATIVAS

TRANSVERSAL

é rápido de fazer;

fornece informações sobre as diferenças de idade, apon -tando as especi�ci da des de cada faixa etá ria;

é possível coletar diver sas informações a res peito de cada um dos sujeitos parti -cipantes, su gerindo novas hipóteses sobre o desenvolvi -mento humano.

cada sujeito é observado, testado, uma única vez;

o problema da coorte;

o estudo é feito num determi - nado momento histórico, não servindo talvez para outro deter -minado período de tempo;

não fornece dados a respeito das seqüências de desenvolvi -mento, daquilo que a pessoa vai acumulando com o passar dos anos.

LONGITUDINAL

as mesmas pessoas são estudadas ao longo de um período de tempo;

permite estudar a estabili -dade, ou não, do compor -tamento ao longo dos anos;

pode determinar se um sujeito, individualmente, passa pela transição de compor -tamento sugerida nos estudos transversais.

consome tempo e é oneroso;

a provável alteração de resul -tados, já que os indivíduos, com o passar do tempo, se acostumam com os testes e com as observações;

o estudos são feitos com grupos muito pequenos, di�cultando a generalização dos resultados em esferas maiores.

EXPERIMENTAL

permite manipular as variá -veis de causa, induzindo as prováveis respostas;

possibilita testar uma deter -minada hipótese, uma expli -cação causal.

não podemos manipular certas variáveis, por motivos éticos, sobretudo quando os experi -mentos são realizados com seres humanos;

os experimentos são reali - zados em laboratórios, em locais arti�ciais, não sendo possível garantir generaliza -ções das descobertas para os ambientes naturais como a casa e a escola.

Fonte: Mussen e outros (2001).

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AULA 1 • PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

10 FATEC - Psicanálise

Saiba mais

Como vimos, são várias as possibilidades de se realizarem estudos e pesquisa na área do desenvolvimento humano, bem como são grandes as diferenças teóricas sobre a compreensão do desenvolvimento também são marcantes. É importante que você entenda todas essas linhas de pensamento, para a reali -zação de seu trabalho, na área pedagógica, de forma efetiva.

Nesta aula, discorremos sobre como se dá o desenvolvimento humano, pela ótica dos deterministas biológicos e dos deterministas ambientais ; a conclusão a que chegamos é que é a interação entre essas duas concepções que propicia ao homem desenvolver-se. Também exploramos as diferentes possibilidades de pesquisa no campo da Psicologia do Desenvolvimento, apontando que, inde -pendente do método escolhido, encontramos prós e contras no transcorrer dos estudos. Independentemente do método adotado para a realização de uma pesquisa na área da Psicologia do Desenvolvimento, o mais importante é termos consciência de que é a interação entre os aspectos biológicos e ambientais que propiciará um conhecimento mais elaborado do desenvolvimento humano.

1. Assinale V para as a�rmativas verdadeiras e F para as falsas.

( ) Para a concepção hereditária, o comportamento humano é conduzido pelo lado genético.

( ) Para a concepção ambientalista, o comportamento das pessoas vai sendo construído a partir das experiências das pessoas com os objetos presentes no mundo.

( ) Para a concepção interacionista o organismo e o meio exercem ação recíproca.

( ) Para a concepção interacionista a in�uência entre ambiente e meio é a própria interação entre eles.

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AULA 1 • PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

FATEC - Psicanálise 11

Agora, marque a seqüência correta:

a) V, V, V, V c) V, F, V, F

b) F, V, F, V d) F, F, F, F

2. Elabore um texto re�exivo, de no máximo dez linhas, esclarecendo as dife -renças entre as três perspectivas psicológicas. A teoria inatista, a teoria ambientalista e a teoria interacionista, no que diz respeito ao desenvolvi -mento humano.

3. Complete a sentença, optando pela alternativa correta.

O método de pesquisa________ permite manipular as variáveis de causa, induzindo as prováveis _________.

a) real, respostas

b) experimental, respostas

c) longitudinal, respostas

d) transversal, respostas

4. Esclareça quais são as diferenças entre os métodos de pesquisa transversal e longitudinal.

Na atividade um , a resposta correta é a letra (a), tendo em vista que todas as alternativas estão corretas. Para a concepção interacionista, o organismo e o meio exercem ação recíproca. A in�uência entre um e outro é a própria inte -ração. De acordo com a concepção hereditária, o comportamento humano é conduzido pelos fatores genéticos, pela maturação biológica e funcionamento neurológico; já na concepção ambientalista, o comportamento das pessoas vai sendo construído, a partir das experiências derivadas do contato com as pessoas e com os objetos presentes no mundo. Desta forma, cada teoria compreende a concepção do desenvolvimento de uma forma. Na perspectiva inatista, o ser humano é fruto de características eminentemente genéticas, na teoria ambien -talista, ele é fruto do meio, já na perspectiva interacionista, o ser humano se desenvolve a partir de um conjunto de fatores .

Na atividade dois , a perspectiva teórica em que se coloca a hereditariedade, é marcada por características eminentemente genéticas; na teoria ambiental, o que determina o desenvolvimento humano é o próprio meio, já na teoria intera -cionista, a relação estabelecida entre sujeito e meio a responsável pelo desen -volvimento humano, não há supremacia entre elas.

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AULA 1 • PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

12 FATEC - Psicanálise

Na atividade três , a resposta certa é (b), pois o método de pesquisa expe -rimental, que como o próprio nome já diz, é realizado por meio da experimen -tação de variáveis para um melhor conhecimento da realidade e, desta forma, obtenção das respostas desejáveis. A letra (a) está errada, pois não existe nesta perspectiva teórica o método de pesquisa real, bem como a pesquisa longitu -dinal, em relação à letra (c), e a pesquisa transversal, em relação a letra (d), não podem ser compreendidas como um método que pode vir a desenvolver as respostas desejadas pelo experimentador, são pesquisas de levantamentos de dados, sem o objetivo de desencadear respostas.

Na atividade quatro , o método transversal é realizado a partir de diferentes grupos de pessoas de diferentes idades; já no método longitudinal, estuda-se um grupo de pessoas, durante um determinado período de tempo, que pode durar anos e anos, décadas e décadas.

A realização das atividades lhe oportunizou veri�car o alcance dos obje -tivos propostos para esta aula de compreender as diferentes perspectivas teóricas sobre o desenvolvimento humano e de conhecer os diferentes métodos de pesquisa em Psicologia do Desenvolvimento.

BEE, Helen. A criança em desenvolvimento . 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 1996.

MUSSEN, P. H. et al. Desenvolvimento e personalidade da criança . 4. ed. São Paulo: Harbra, 2001.

NEWCOMBE, Nara. Desenvolvimento infantil. 8. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.

ROSA, M. Psicologia evolutiva . 8. ed. Petrópolis: Vozes, 1996.

Estudaremos como se processam a concepção, a gestação e o parto, bem como as in�uências que podem acarretar doenças à criança que está por nascer.

Anotações

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AULA 2 • PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

FATEC - Psicanálise 13

Esperamos que, ao �nal desta aula, você seja capaz de:

descrever a fecundação humana e o desenvolvimento fetal;

diferenciar variáveis biológicas de variáveis ambientais que interferem no desenvolvimento humano.

Você terá mais facilidade no acompanhamento desta aula, se estiver familia -rizado com as teorias do desenvolvimento: inatistas, empiristas e interacionistas e seus métodos de estudo (aula um) e se revisar o material da área de Biologia sobre os processos de hereditariedade e fecundação pois precisaremos desses conhecimentos para a compreensão do desenvolvimento do ser humano e sua constituição de personalidade.

Você estudará, nesta segunda aula, os perídos da concepção, gestação e parto, bem como as variáveis, biológicas e ambientais, que in�uenciam o desenvolvimento humano. Esses períodos são apresentados separadamente, para �ns didáticos, mas não devemos nos esquecer de que há uma interdependência entre elas.

Segundo Mussen e outros (2001), cinco in�uências devem ser consideradas quando tratamos do comportamento de uma criança em desenvolvimento. Variáveis biológicas determinadas geneticamente (por exemplo, Síndrome de Down).

Variáveis biológicas não-genéticas (por exemplo, se a mãe usou algum tipo de droga durante a gravidez).

Aprendizagens anteriores (por exemplo, para uma criança escrever depende de seu conhecimento anterior sobre o formato, o nome e o som das letras).

Concepção, Gestação e Parto: Gênese do Desenvolvimento Humano

Aula 2

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AULA 2 • PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

14 FATEC - Psicanálise

Ambiente sócio-psicológico imediato (por exemplo, o contato que a criança tem com seus pais e irmãos).

Meio social e cultural (por exemplo, a língua que a criança aprende depende de seu país de origem).

Neste tema, estudaremos essas variáveis, enfocando, especi�camente, os primeiros meses de vida do ser humano, ainda no útero materno. Ou seja, estu -daremos o desenvolvimento humano da concepção da vida até o momento do nascimento do ser humano.

2.1 Como ocorre a concepção?

A concepção ocorre quando um espermatozóide penetra a parede celular de um óvulo. Quando essas duas células, de 23 cromossomos cada, se unem, forma-se, então, um ovo ou zigoto, contendo 46 cromossomos (ou 23 pares de cromossomos). Imediatamente o zigoto começa a crescer por intermédio

de subdivisões celulares. Esse é o início do desenvolvi -mento humano.

Entre a concepção do ser humano e seu nascimento, passam-se, aproximadamente, 40 semanas, que são divi -dias em três períodos:

o primeiro é conhecido por período ovular e vai da fertilização do óvulo até a implantação do óvulo na parede do útero;

o segundo é conhecido por período embrionário e vai da segunda até a oitava semana de gestação. Durante esse período, ocorre a diferenciação celular, quando todos os órgãos começam a se desenvolver;

o terceiro é conhecido por período fetal e vai da oitava semana até o parto (que acontece, geralmente, por volta de 40 semanas do início da gestação). Esse período é caracterizado pelo crescimento dos órgãos.

Pensando sobre o assuntoPensando sobre o assunto

Porque durante todos esses períodos descritos acima ocorrem certos momentos delicados ao desenvolvimento. Esses momentos são chamados de períodos sensíveis ou críticos. Eles acontecem, principalmente, nos primeiros três

Page 15: Psicanalise

AULA 2 • PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

FATEC - Psicanálise 15

meses de gestação. Ou seja: coincide com o período em que acontece a diferen -ciação celular para a formação dos vários órgãos.

Saiba mais

2.2 Desenvolvimento fetal

Iniciamos os primeiros meses de desenvolvi -mento fetal envolvidos pela placenta e recebendo a alimentação através do cordão umbilical.

Segundo Mussen e outros (2001, p. 57), os principais marcos do desenvolvimento fetal humano são:

Quadro 1: Marcos do desenvolvimento fetal

IDADE GESTACIONAL

DESENVOLVIMENTO

1 semana O óvulo fertilizado segue pela tuba uterina em direção ao útero.

2 semanasO embrião se liga ao revestimento uterino e está em rápido desenvolvimento.

3 semanasSeu corpo começa a tomar forma, segmentando-se em cabeça e região caudal. Já existe um coração primitivo.

4 semanasInício da formação da boca, trato gastrintestinal e fígado. Cabeça e cérebro sofrem maior diferenciação e o coração desenvolve-se mais rapidamente.

6 semanasMãos e pés começam a se desenvolver mas os braços ainda são pequenos. O fígado começa a produzir células sangüíneas.

8 semanasO embrião já tem 2,5 cm de comprimento. O rosto de�ne-se. Começa a produção de músculos e cartilagens.

12 semanasO feto mede cerca de 7,5 cm de comprimento. O rosto tem o per�l de um bebê. Pálpebras e unhas começam a se formar. O sexo já é distinto. O sistema nervoso ainda é primitivo.

16 semanasO feto mede cerca de 11 cm de comprimento. A mãe já consegue sentir seus movimentos. As proporções corporais assemelham-se às de um bebê. Cabeça e órgãos internos desenvolvem-se rapidamente.

5 mesesO feto mede cerca de 15 cm de comprimento. Já pode ouvir e mexer-se livremente. Mãos e pés estão completamente formados.

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AULA 2 • PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

16 FATEC - Psicanálise

IDADE GESTACIONAL

DESENVOLVIMENTO

6 meses

O feto mede cerca de 25 cm de comprimento. Os olhos estão completamente formados e aparecem os botões gustativos em sua língua. Se o nascimento ocorrer prematuramente, o bebê já é capaz de inalar, exalar e produzir um choro leve.

7 meses

O feto atinge a zona de viabilidade, ou seja, pode ocorrer nasci -mento prematuro. Já pode distingüir odores e gostos. A capacidade de respirar ainda é super�cial e irregular. As capacidades de sugar e engolir são fracas.

7 meses até o parto

Está cada vez mais apto para a vida fora do ventre materno. Os músculos �cam mais fortes. Já pode respirar, sugar, engolir e chorar. As reações visuais e auditivas encontram-se �rmemente estabelecidas.

Fonte: Mussen e outros (2001).

Como mostra a tabela, iniciamos nossa vida quando uma célula (chamada ovo ou zigoto), que surge a partir da união das células germinativas dos pais, passa por rápida divisão celular e �xa-se no útero da mãe. Pela terceira semana, inicia-se a diferenciação dos órgãos e seu crescimento. Perto dos três meses, todos os sistemas já estão formados e, até o nascimento, basicamente o bebê cresce. Quanto mais próximo o nascimento, maior será a atividade de cada um dos sistemas. Assim, num período relativamente curto (cerca de nove meses) o bebê está formado e pronto para a vida fora do útero da mãe.

Vamos agora falar sobre hereditariedade. Qual a in�uência da hereditarie -dade para o desenvolvimento humano? Quais as características que recebemos com a hereditariedade? Vejamos a seguir.

2.3 O que é hereditariedade?

Hereditariedade é o termo usado para nos referirmos às características físicas que são transmitidas pelos pais à sua descendência, no momento da concepção de um �lho.

Um ser humano possui 46 cromossomos, onde estão contidas todas as informações genéticas que o constituem. Esses 46 cromossomos organizam-se em 23 pares. Desses 23 pares, 22 são chamados autossomos. Os autossomos estão presentes tanto no sexo feminino quanto no masculino. O 23º par de cromossomos é chamado de cromossomo sexual e ele se difere entre os sexos. O sexo feminino possui dois cromossomos do tipo X e o sexo masculino possui um cromossomo do tipo X e um do tipo Y.

Na formação das células germinativas (espermatozóide e óvulo), pelo processo de meiose, os 46 cromossomos são divididos ao meio, formando células de apenas 23 cromossomos. Esse processo acontece tanto no sexo femi -nino, quanto no masculino.

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AULA 2 • PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

FATEC - Psicanálise 17

Isso quer dizer que tanto as células germinativas de um homem, quanto as de uma mulher, possuem apenas metade de seu material genético. No momento em que essas células germinativas se encontram, seja por meio do ato sexual ou pela fertilização assistida num laboratório, forma-se, então, um novo ser humano, com 46 cromossomos (23 herdados do homem e 23 herdados da mulher). Se, nesse encontro, um cromossomo X da mulher encontrou um cromossomo Y do homem formar-se-á um ser humano do sexo masculino. Se, nesse encontro, um cromossomo X da mulher encontrou um cromossomo X do homem, então inicia-se a formação de um ser humano do sexo feminino.

Assim, o início da vida do ser humano e, conseqüentemente, de seu desen -volvimento, inicia-se no momento em que um espermatozóide fecunda um óvulo. Tanto espermatozóide quanto óvulo são chamados gametas.

A partir do momento da fecundação, essa única célula, formada pela união de um espermatozóide e um óvulo, ganha o nome de ovo ou zigoto e passa por vários processos de mitose. A mitose é um tipo de divisão celular em que as células são divididas e copiadas. Assim a partir de uma única célula, o zigoto, em pouco tempo, terá milhares de células.

Os cromossomos são constituídos por milhares de outras partículas, denominadas genes. O gen é conside -rado a unidade básica da transmissão da hereditariedade e é constituído pelo DNA.

Saiba mais

Cada um de nós é uma combinação genética única, com exceção para os gêmeos univitelinos, também conhecidos como gêmeos idênticos. Esses gêmeos acontecem quando um zigoto (óvulo já fecundado) divide-se em dois ou mesmo três zigotos. Até hoje não foi desvendado o mecanismo pelo qual um zigoto se transforma em dois. E é por isso que esse tipo de gestação produz crianças exatamente iguais em seu material genético.

Existem dois tipos de gêmeos: os gêmeos idênticos, cujos indivíduos têm material genético igual, e os gêmeos fraternos, cujos indivíduos possuem cerca de 50% do material genético concordante entre si.

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AULA 2 • PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

18 FATEC - Psicanálise

Apesar de todo avanço de técnicas e de todos os estudos procedidos sobre a hereditariedade, ainda há muito o que aprender sobre as características humanas que podem ser atribuídas a cromossomos especí�cos, embora muitos acreditem que as diferenças individuais sofram grande in�uência da heredita -riedade. É importante notar que um organismo não herda padrões comporta -mentais formados mas, sim, uma base biológica. É essa base biológica que irá de�nir certos comportamentos que têm probabilidade de acontecer, caso o ambiente exija.

É muito difícil investigar a hereditariedade do comportamento humano. Um tipo muito próprio dos estudos do desenvolvimento humano, no que tange à questão da in�uência do meio ambiente e da hereditariedade sobre o compor -tamento humano, é o que se utiliza de pares de gêmeos.

Saiba mais

Apesar de não ser possível controlar todas as in�uências do meio que agem sobre cada um dos indivíduos, podemos supor que os dois tipos de gêmeos tenham sido expostos a ambientes mais semelhantes do que outros pares de irmãos.

Vamos supor que um estudo esteja investigando certa semelhança compor -tamental em pares de gêmeos. Se tal desempenho tiver uma correlação mais alta, no desempenho de gêmeos idênticos do que no desempenho de gêmeos fraternos, isso quer dizer que a hereditariedade, provavelmente, in�uencia tal desempenho. Se os desempenhos forem semelhantes, então a hereditariedade não estará desempenhando papel especial no comportamento estudado.

Muitos estudos também utilizam pares de gêmeos idênticos, que tenham sido criados separadamente, a �m de esclarecer semelhanças e diferenças em seus comportamentos e elucidar o que tem mais peso na determinação de certos comportamentos, se o meio ou a hereditariedade.

2.4 Influência da genética no desenvolvimento humano

Às vezes, a in�uência é clara e simples; outras vezes, não. Um exemplo de in�uência simples é o da fenilcetonúria, uma doença metabólica causada por genes recessivos e que, se não tratada, leva ao retardo mental. O tratament o

Page 19: Psicanalise

AULA 2 • PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

FATEC - Psicanálise 19

é à base de uma dieta com baixo nível de fenilalanina. Havendo o tratamento constante, o comprometimento mental não é desencadeado. O teste do pezinho feito na criança recém-nascida detecta essa doença, entre outras.

Contudo, esse tipo de in�uência simples é rara. Tanto uma doença pode aparecer a partir de um conjunto de genes, como de vários fatores ambientais.

Nossa aparência depende, em muito, de nossa herança genética. Assim, nascemos com olhos azuis ou castanhos, dependendo das características herdadas de nossos pais. Pessoas com olhos azuis ou castanhos têm a mesma probabilidade de ter boa ou má visão. Se for boa, seu desenvolvimento seguirá de certa forma, se for má, seguirá de outra. Mas há algo além da hereditarie -dade e que complica um pouco mais o estudo do desenvolvimento humano: certas regiões ou certas épocas valorizam mais algumas características físicas.

As pessoas que possuem concordância genética com os padrões valori -zados numa determinada sociedade ou numa determinada época sentem-se mais aceitas e desenvolvem de forma mais plena seus potenciais. As pessoas que não possuem as características valorizadas podem não se desenvolver de forma tão plena. Ou seja: questões sociais e psicológicas surgem, mesmo quando estamos tratando da hereditariedade.

Além dessas questões que envolvem genótipo e fenótipo, um grande número de doenças especí�cas podem ser transmitidas, interferindo no desen -volvimento humano.

Saiba mais

Segundo Bee (1996, p. 63), algumas dessas doenças são:

Fenilcetonúria – Trata-se de uma doença que não pode ser diagnosti -cada antes do nascimento. É um transtorno metabólico em que a feni -lalania atinge níveis tóxicos, provocando retardo mental. O tratamento consiste em colocar a criança numa dieta especial.

Doença de Tay-Sachs – Doença degenerativa do sistema nervoso que leva à morte de seus portadores nos primeiros três ou quatro anos de vida. É uma doença que pode ser diagnosticada antes do nascimento.

Anemia falciforme – Doença sangüínea que pode ser fatal. Seu portador sente fortes dores nas articulações e possui maior suscetibilidade às infecções. Já pode ser diagnosticada antes do nascimento.

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AULA 2 • PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

20 FATEC - Psicanálise

Fibrose cística intestinal – Doença fatal que afeta os pulmões e ointestinal. Seus portadores podem chegar até os vinte anos de idade.

Distro�a muscular – Doença muscular degenerativa e fatal. O gendistro�a mais comum foi recentemente localizado, o que leva a crer

Além das doenças que podem ser transmitidas pela hereditariedade,erros decorrentes dos vários processos de divisões celulares e das re-alo -

Isso acontece por causa dos genes recessivos , como aquele exemplnarrado no cio do co. Os pais de uma criança portadora de fenilceto -núria nem sempre manifestam essa doença. Por ser uma doença recessiva, snecessários dois pares de genes recessivos para que a doença apareça. Opais podem ter o gene dominante e o recessivo e, assim, n manifestaremdoença. Porém durante a fecunda o de um �lho, o gene recessivo da mpode se unir ao gene recessivo do pai e, assim, conce r uma criança porta -dora da doença. Os pais n manifestam a doença, apesar de serem porta -dore o eu ene.

Existem muitas anomalias genéticas que podem causar retardo mentaloutros comprometimentos no desenvolvimento. Felizmente, taisocorrem raramente. Elas podem atingir tantos os autossomos quanto os cromos -

Um exemplo de anomalia atingindo um par autossomo é aDown, na qual um cromossomo extra no par de número 21 resulta emmental. As dessa descritas há muito tempo,

há cura, apenas atendimento especializado a seus portadores, de forque os mesmos no social, desenvolvendo suas potencia -

As mais marcantes dos portadores dessaachatada na parte de trás, pequena com

estreitas e olhos com manchas tônuspescoço de aparência orelhas menores do que as dos

portadores, apresentando, muitas vezes, uma acentuada na parte supe -rosto de aparência achatada por causa dos ossos faciais pouco desenvol -

e pés pequenos e geralmente há um grande espaço entre

A de Down, além do comprometimento intelectual, pode levargraves doenças visuais (entre eles a catarataanomalias gastrintestinais, auditivos, hipertireoidismo,psiquiátricos.

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FATEC - Psicanálise 21

Essas características variam amplamente entre os portadores da síndrome, e algumas podem ser atenuadas ou mesmo desaparecer durante o próprio processo de desenvolvimento ou necessitar de intervenções cirúrgicas.

Não há como dizer se um casal vai ou não gerar uma criança portadora da Síndrome de Down. Trata-se de um erro genético que acontece durante a concepção. Contudo pode-se determinar se há mais ou menos probabilidade de o erro acontecer. Os fatores que podem aumentar tal probabilidade são: pais muito novos ou maduros, incidência de Down na família, outras alterações cromossômicas nos pais.

Um exemplo de anomalia atingindo o par de cromossomos sexuais é a Síndrome de Klinefelter. Essa síndrome é responsável por problemas de compor -tamento e atraso no desenvolvimento intelectual e consiste em um indivíduo do sexo masculino (XY) possuir mais de um cromossomo X (XXY ou XXXXY). Os estudos mostram que o comprometimento mental é maior, quanto maior o número de cromossomos X.

As principais características são esterilidade, as características secundárias masculinas (pêlos, voz grossa, aumento da força muscular) deixam de se desen -volver, podendo aparecer seios (ginecomastia), isso acontece devido à baixa produção de testosterona; aparecimento de problemas de comportamento e de aprendizagem, principalmente pelo atraso da linguagem. A principal forma de tratamento é a administração de doses de hormônios, mas mesmo assim não é possível a produção de sêmen.

Quando se trata de doença mental, já não há tanta certeza do papel que a hereditariedade tem sobre seu desenvolvimento.

Pensando sobre o assunto

Portadora de necessidades especiais é a condição que interfere nas capaci -dades intelectuais de um indivíduo. Na de�ciência mental, estão comprometidas a capacidade de aprendizagem, certas habilidades motoras, linguagem, as várias formas de raciocínio, entre outros.

Doença mental é a condição em que as capacidades intelectuais estão preservadas, mas a parte emocional está afetada. Exemplos de doença mental são a depressão e a esquizofrenia, entre outras

Tanto alguns fatores ambientais podem gerar doença mental, como durante o uso de drogas ou alguma infecção, quanto fatores genéticos.

Page 22: Psicanalise

AULA 2 • PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

22 FATEC - Psicanálise

A Coréia de Huntington é um tipo de doença mental claramente de�nida por uma condição hereditária. Trata-se de um transtorno neurológico grave que resulta num rápido comprometimento do funcionamento físico e mental, que atinge a memória e atenção.

Já a esquizofrenia e a depressão parecem possuir tanto determinação por fatores genéticos como fatores ambientais, não havendo forma de identi�car o que mais pesa em sua determinação. O termo que tem sido mais utilizado e parece melhor se adequar para essas condições é de herança de predisposição.

2.5 O meio ambiente

Quando falamos em meio ambiente, estamos nos referindo a um abrangente leque de in�uências. Mas, de forma geral, quando falamos de meio ambiente, podemos considerar cinco in�uências que se sobrepõem: o meio químico pré-natal, o meio químico pós-natal, as experiências sensoriais constantes, as expe -riências sensoriais variáveis e eventos físicos traumáticos.

Como nosso tema refere-se à fase da vida que vai da concepção ao parto, vamos tratar especi�camente dos fatores ambientais nesse período da vida, ou seja, os que podem se apresentar dentro do útero (fatores ambientais pré-natais) e os que podem se apresentar no momento do parto (fatores ambien -tais perinatais).

2.6 Influência do meio ambiente no desenvolvimento humano

Certos fatores externos podem causar algumas anormalidades no desenvol -vimento, mas, além dos fatores em si, deve-se, também, considerar a fase da gestação em que tal fator é apresentado.

Ou seja: o risco que o bebê corre (ainda no útero) de sua mãe contrair rubéola é muito diferente, se a gestação estiver em seu segundo mês ou no nono mês. Isso acontece porque os três primeiros meses de gravidez são cruciais para o desenvolvimento de todos os órgãos e potenciais de funcio -namento dos mesmos. Algumas estruturas são formadas em períodos restritos da gravidez. Esses períodos são conhecidos como períodos sensíveis ou perío dos críticos.

Se a gestante entrar em contato com uma substância química, por exemplo, num desses períodos, uma estrutura importante pode deixar de se formar ou pode ser formada com problemas em seu funcionamento.

É por isso que os médicos recomendam que as mães não usem uma série de produtos químicos nos três primeiros meses de gestação (vários medica -mentos, produtos de beleza, bebidas alcoólicas, produtos de limpeza, passar por radiações, etc.).

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FATEC - Psicanálise 23

Estão entre os fatores teratogênicos:

Quadro 2: Fatores Teratogênicos

Doenças da mãe

RubéolaToxoplasmoseCitomegalovírus (CMV)Herpes

Drogas utilizadas pela mãe

MedicamentosCigarroBebida alcoólicaDrogas de abuso

Mãe exposta a certas condições ambientais tóxicas ChumboRadiação

Fonte: Bee (1996).

O quadro é apenas ilustrativo, mas pode haver outros fatores não menos impor -tantes. Vamos falar um pouco de cada um desses fatores.

Quadro 3: Doenças da Mãe

RUBÉOLA

É uma doença infecciosa extremamente perigosa para o bebê se a gestação estiver em seus três primeiros meses. Pode levar a mal-for -mação congênita de grandes órgãos (sistema ocular, auditivo, cardíaco, sangue), assim como alterações neurológicas. Pode também causar de� -ciências menores que só serão diagnosticadas após muitos anos de vida e também pode levar ao aborto espontâneo. É uma doença evitável por já ter disponível uma vacina. Contudo, a vacina não pode ser adminis -trada se a mulher estiver grávida.

TOXOPLASMOSE

É uma doença causada por um parasita cujo principal hospedeiro é o gato. A principal forma de contaminação se dá pelo contato com fezes e urina desses animais. Em qualquer período da gestação em que ocorra a contaminação, corre-se o risco de aborto. Além disso, pode ocorrer casos em que a criança nasce morta (natimorto) ou criança viva, mas com doenças clinicamente severas, que podem aparecer logo após o nascimento ou anos mais tarde. Entre as doenças, podemos citar: microftalmia (olhos pequenos); microencefalia (encéfalo dimi -nuído), hidrocefalia (líquido no encéfalo) – condições que resultam em retardo mental; alterações nos pulmões, fígado e baço; calci�cações no cérebro, lesões na pele, cegueira.

CITOMEGALOVÍRUS

Portar tal vírus é condição menos conhecida, mas alastrada e muito séria. Cerca de 60% das mulheres possuem anticorpos para o CMV, mas não possuem nenhum tipo de sintoma. Porém quando o vírus está em sua forma ativa pode afetar o feto numa variedade de problemas sérios que inclui desde a surdez a amplos danos ao sistema nervoso central.

HERPES

E um vírus que também se apresenta numa forma ativa e, em outra, latente. Na forma ativa, seu portador apresenta lesões na pele. Se a mãe estiver com o vírus ativo no momento do parto, o bebê poderá ser contaminado. Além das lesões características, o bebê também poderá sofrer de uma complicação chamada meningoencefalite, que é uma in�amação potencialmente séria do sistema nervoso central.

Fonte: Bee (1996).

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Quadro 4: Demais fatores – drogas utilizadas pela mãe

MEDICAMENTOS

Muitos medicamentos, reconhecidamente, causam graves problemas à criança em gestação. Um exemplo é a aspirina. Em estudos animais, quando administrada em altas doses, possui efeito teratogênico. Os seres humanos não ingerem aspirina em doses tão altas quanto os experimentos mostram ser necessárias para tal efeito. Contudo o ácido benzóico potencializa o efeito da aspirina e ele é muito utili -zado como conservante alimentar (no ketchup, por exemplo). Esse exemplo de interação faz com que a aspirina seja evitada nos três primeiros meses de gestação.

CIGARRO

A nicotina não só afeta a capacidade do sangue da mãe em transportar oxigênio para o feto durante a gestação, como pode provocar aborto, retarda o crescimento fetal levando o bebê a ter baixo peso no momento do nascimento e ainda afeta o desenvolvi -mento físico e intelectual a longo prazo. Devemos lembrar, ainda, que o cigarro é composto por muitas outras substâncias químicas que também causam males ao bebê em formação.

BEBIDA ALCOÓLICA

Quanto maior a ingestão alcoólica, maiores as chances de o bebê desenvolver a Síndrome Alcoólica Fetal, cujos sintomas são: retardo no crescimento fetal pré e pós natal, nascimento prematuro, retardo mental, malformação física, distúrbios do sono e doença cardíaca congênita. Mesmo mães que bebem moderadamente têm bebês possuidores de alguns destes sintomas.

DROGAS DE ABUSO

Mães dependentes de alguns tipos de droga (heroína, metadona, cocaína) transmitem os efeitos dessa dependência ao feto. Filhos de dependentes de crack têm maior probabilidade de desenvol -verem problemas neurocomportamentais severos e permanentes. Muitos bebês, logo após o nascimento, apresentam sintomas de abstinência. Conforme o caso, os bebês podem passar por terapias de retirada de drogas de forma controlada, do mesmo formato em que usuários adultos passam.

Fonte: Bee (1996).

Quadro 5: Exposições ambientais

CHUMBO

A intoxicação por chumbo também pode causar prejuízos neurocom -portamentais. Mesmo com a substituição da gasolina com chumbo por sem chumbo e pela retirada do chumbo da composição de tintas, ainda assim encontram-se seqüelas da exposição em crianças pequenas, mesmo em ambientes considerados seguros.

RADIAÇÃO

Existem várias formas de radiação. O raio-X é uma fonte de problemas e é um tipo de exposição que pode ocorrer durante os exames de rotina aos quais a mãe está submetida. O pior período para a expo -sição é entre a segunda e sexta semana de gestação, mas mesmo nos últimos meses ainda há risco de algum problema. A radiação pode levar a malformações congênitas, lesão cerebral, maior incidência de câncer, diminuição do tempo de vida, mutações genéticas ao longo de várias gerações e morte.

Fonte: Bee (1996).

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FATEC - Psicanálise 25

Há alguns outros fatores que também podem in�uenciar o desenvolvimento pré-natal: dieta da mãe, idade da mãe, número de gestações por que a mãe passou, estado emocional da mãe, fator-Rh.

2.7 O Parto

O momento do nascimento é, também, um fator de grande in�uência no desen -volvimento. A facilidade ou di�culdade do nascimento em si e da rapidez com que o bebê começa a respirar são exemplos dos fatores que podem interferir.

A falta de oxigenação do sistema nervoso central, principalmente do cérebro, é conhecida como anóxia (ou anoxia). Essa condição dani�ca neurô -nios e podem ocorrer defeitos motores.

Uma criança que passa por esse tipo de situação pode apresentar paralisia das pernas, braços ou ambos; tremores; incapacidade de falar. Cerca de 30% do quadro conhecido como paralisia cerebral envolve falta de oxigenação do cérebro no momento do parto.

A anóxia pode acontece r em algumas condições, a saber:

mau posicionamento da criança no momento do parto;

pela desproporção pélvica da mãe e feto;

em partos prolongados ou precipitados;

pelo feto imaturo, que não possui força para sair ou não consegue respirar;

crianças que aspiram secreções;

hemorragias na mãe;

cordão umbilical enrolado no pescoço do feto.

Outro tipo de lesão que pode ocorrer no momento do parto é a do plexo braquial (que são as raízes nervosas que saem do pescoço e seguem para os braços). O plexo braquial é lesado quando a cabeça é subitamente afastada dos membros superiores.

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26 FATEC - Psicanálise

Esse tipo de lesão ocorre, geralmente, nas seguintes condições: durante o parto natural, quando a criança é muito pesada ou há desproporção entre o tamanho da criança e a pélvis da mãe, e também quando o parto ocorre de forma demorada. Tal lesão ocasiona membro superior �ácido, próximo ao

corpo e torcido, com punhos e dedos �exionados, sem movimentação e sensibilidade diminuída.

Como você pôde perceber, há muitos fatores que podem interferir na saúde e formação do bebê, mesmo quando ele ainda está no ventre materno. É por isso que é muito importante garantir às gestantes que elas tenham acesso a informações relevantes sobre sua gestação, acesso a exames pré-natais e um parto que não gere ameaça ao bebê nem a si própria.

Chegamos ao �nal da segunda aula. As informações recebidas nos darão subsídios para compreendermos como se realizam a concepção e o parto, bem como nos ajudarão nos cuidados para o controle de uma gestação sadia. A�nal, quem concebe são as mulheres, mas os

homens têm participação direta nesta situação, e devem se responsabilizar pelas suas atitudes de progenitores.

Nesta aula, você entrou em contato com muitas informações importantes sobre as principais in�uências ao desenvolvimento humano a que todos nós estamos submetidos, desde nossa concepção até o nascimento. Essas in�uências tanto são de caráter hereditário como ambiental e, além de cada uma ser impor -tante por si só, ainda interagem entre si.

1. Entre a concepção do ser humano até seu nascimento passam-se, aproximadamente:

a) 40 semanas

b) 32 semanas

c) 37 semanas

d) 30 semanas

2. Com base no número de semanas necessárias para uma gestação adequada para o bebê nascer saudável, entre em contato com um bebê que tenha

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AULA 2 • PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

FATEC - Psicanálise 27

nascido de 30 semanas e descreva seu desenvolvimento biológico, ou seja , veri�que se ele nasceu com alguma doença explícita ou algum tipo de de� -ciência. Solicite seu Apgar e converse com a mãe do bebê para ver que tipo de estimulação ela está realizando com o mesmo. Para maiores informa -ções, consulte alguma maternidade na sua cidade.

3. Complete a sentença: “É importante notar que um ________ não herda padrões comportamentais formados mas, sim, uma base________”.

a) bebê, sólida;

b) organismo, biológica;

c) organismo; hereditária;

d) bebê, biológica.

4. Segundo Mussen e outros (2001), as cinco in�uências que devem ser consi -deradas quando tratamos do comportamento de uma criança em desenvol -vimento são:

a) variáveis biológicas determinadas historicamente; variáveis biológicas não-genéticas; aprendizagens anteriores; ambiente sociopsicológico imediato e meio social e psíquico;

b) variáveis biológicas determinadas geneticamente; variáveis biológicas transmutáveis, aprendizagens anteriores; ambiente sociopsicológico imediato e meio social e cultural;

c) variáveis biológicas determinadas geneticamente; variáveis biológicas não-genéticas; aprendizagens anteriores; ambiente sociopsicológico imediato e meio social e cultural;

d) variáveis biológicas determinadas geneticamente; variáveis biológicas não-genéticas; aprendizagens imediatas, ambiente sociopsicológico imediato e meio social e cultural.

5. Crie uma situação em que o ambiente sociopsicológico imediato seja o responsável por um desenvolvimento prejudicado.

Na atividade um , a reposta correta é a letra (a), pois entre a concepção do ser humano e seu nascimento, passam-se aproximadamente 40 semanas. As demais alternativas estão equivocadas.

Na atividade dois , os processos de estimulação deverão estar presentes para o bom desenvolvimento do bebê. Caso isto não ocorra, as di�culdade psico-sociais aparecerão com o desenvolvimento e evolução desta criança.

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A atividade três tem como resposta a opção (b), pois estamos nos referindo a um organismo humano, que não herda características prontas, mas nasce com características biológicas, enquanto aparato orgânico, de homo-sapiens, que podem vir a se desenvolver ou não, dependendo da interação estabelecida entre estes. As demais alternativas não se aplicam para completar a frase, pois na letra (a), coloca que o bebê nasce com base sólida, e vimos que o organismo do bebê tem aparatos biológicos, que não são sólidos, mas podem vir a solidi�car seu desenvolvimento dependendo de sua interação. O mesmo acontece para a letra (c), já que o organismo não nasce com características hereditárias de homo-sapiens, mas com capacidades de vir a se desenvolver, na mesma situação está a letra (b), pois estamos nos referindo a um organismo biológico enquanto características de vir a ser, sem o desenvolvimento do ser-humano próprio, na condição de um bebê.

Já na atividade quatro a resposta correta é a (d), já que as variáveis biológicas determinadas geneticamente; variáveis biológicas não-genéticas; aprendizagens anteriores; ambiente sócio-psicológico imediato e meio social e cultural, são as cinco variáveis, que interferem no desenvolvimento humano. No que diz respeito à letra (a) , a resposta está errada porque as variáveis biológicas a que a psicologia do desenvolvimento se refere neste processo de in�uências no comportamento da criança, neste aspecto, é a construção gené -tica, e não a histórica. A resposta (b) está incorreta. As variáveis biológicas são constituídas genéticamente e não são transmutáveis porque o meio social é um dos responsáveis pelo desenvolvimento da criança, mas aqui, em relação ao processo de desenvolvimento, o psíquico não é uma variável biológica determinada historicamente; variáveis biológicas não-genéticas; aprendiza -gens anteriores; ambiente sócio-psicológico imediato e meio social e psíquico. A resposta (c) está incorreta porque o processo de aprendizagem a que se referem as cinco in�uências que desenvolvem o comportamento da criança, é a aprendizagem imediata, pois é a relação direta, espontânea e inicial com o processo de aprender.

Na atividade cinco , você deve ter criado uma situação em que o ambiente sociopsicológico imediato seja o responsável por um desenvolvimento prejudi -cado. Por exemplo, uma criança que nasce em uma região onde exista uma mina de carvão e que �que exposta a seus resíduos, poderá apresentar problemas respiratórios, vir a sentir-se mal na escola e, sem um conhecimento e acompa -nhamento de suas atividades sociais, pode desencadear um quadro de doenças. Acarretando di�culdades de atenção, aprendizagem, memorização, etc.

A realização das atividades lhe oportunizou veri�car o alcance dos obje -tivos propostos para esta aula de descrever a fecundação humana e o desenvol -vimento fetal e de diferenciar variáveis biológicas de variáveis ambientais, que interferem no desenvolvimento humano.

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AULA 2 • PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

FATEC - Psicanálise 29

BEE, Helen. A criança em desenvolvimento . 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 1996.

MUSSEN, P. H. et al. Desenvolvimento e personalidade da criança . 4. ed. São Paulo: Harbra, 2001.

Seguiremos estudando uma nova fase da vida do ser humano, a que vai do nascimento aos dois anos. Veremos como os fatores ambientais e biológicos interagem nesses momentos.

Anotações

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30 FATEC - Psicanálise

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AULA 3 • PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

FATEC - Psicanálise 31

Esperamos que, ao �nal desta aula, você seja capaz de:

apresentar as mudanças físicas no processo de crescimento do bebê;

descrever as mudanças cognitivas e sociais que acontecem no processo de desenvolvimento do bebê.

Para que você acompanhe bem esta aula, é necessário que você faça uma nova leitura da aula dois, pois é preciso que não haja dúvidas quanto aos dois principais determinantes do comportamento humano, a hereditariedade e o meio ambiente, tendo em vista que precisaremos destes conhecimentos para compreen -dermos o proc esso de desenvolvimento infantil em seus aspectos bio-psico-motor .

Como explic ar todos os períodos da vida humana? Qual o mais importante para a construção da personalidade, desde o nascimento até o falecimento? Todos eles são fundamentais; entretanto, há um período, digamos, especial: são os primeiros dois anos de vida.

Os bebês, logo após o nascimento, apresentam uma série de comportamentos que diferem dos comportamentos manifestados por crianças de maior idade. São esses comportamentos que estudaremos agora, procurando responder a algumas questões, como: a�nal, como é o real mundo de um bebê? Como se dão as alte -rações deste mundo, ao longo dos dois anos iniciais da vida humana?

As mudanças comportamentais são muitas: desde um simples engatinhar até chegar a um processo de comunicaçã o oral. En�m, prepare-se para fazer parte de um processo surpreendente! Você �cará surpreso e encantado com as características divertidas, trabalhosas e fascinantes deste período da vida humana que trabalharemos nesta aula.

Do Nascimento aos Dois anos de Idade

Aula 3

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AULA 3 • PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

32 FATEC - Psicanálise

3.1 O Recém-nascido

Uma criança nasce pesando, aproximadamente, 3,5 Kg, com 40 cm de comprimento. Imediatamente após o nascimento, o bebê é examinado por médicos e enfermeiros que realizam diferentes testes para veri�car o seu estado. Vamos estudar dois métodos que, de maneira geral, nos oferecem um cenário dos processos avaliativos realizados junto aos recém-nascidos, a Escala de Avaliação Comportamental Neonatal de Brazelton e o Escore de Apgar .

Saiba mais

Virginia Apgar , in Bee, 2003, (1909-1974), anestesiologista americana, no início da década de 1950, chegou a cinco pontos-chave para a avaliação da vitalidade do recém nascido. O método de avaliação Escore de Apgar tornou-se uma das avaliações mais comuns do estado do bebê, imediatamente após o nascimento e, novamente, cinco minutos mais tarde, para a detecção de qual -quer problema que possa exigir cuidado especial.

Nesse sistema, o recém-nascido é classi�cado de acordo com cinco critérios, conforme demonstrado abaixo, recebendo um escore (nota classi�catória) de 0, 1 ou 2 em cada critério, com um máximo de 10.

Quadro 1: Escore de Apgar

ASPECTO OBSERVADO NO

BEBÊ0 1 2

Ritmo cardíaco ausente <100/min >100/min

Ritmo respiratório Não respiraChoro fraco e respi -ração super�cial

Choro forte e

respiração regular

Tônus muscular FlácidoAlguma �exão das extremidades

Bem �exionado

Reação à estimulação dos pés

Nenhuma Pouco movimento Choro

Cor Azulado; pálidoCorpo rosado, extremi -dades azuladas

Todo rosado

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AULA 3 • PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

FATEC - Psicanálise 33

Um escore 10 é bastante incomum, imediatamente após o nasci -mento, porque a maior parte dos bebês mostra-se um tanto azulada nos dedos das mãos e pés, naquele estágio. Quando da avaliação cinco minutos mais tarde, 85 a 90% dos bebês recebem escore 9 a 10. Qualquer escore de 7 ou mais indica que o bebê não corre perigo. Um escore de 4, 5 ou 6 costuma signi�car que o bebê necessita de ajuda no estabelecimento dos padrões respi -ratórios normais. Um escore de 3 ou abaixo disso indica um bebê em condição crítica, embora aqueles com escores de Apgar tão baixos possam e costumam sobreviver. ( BEE, 1996, p. 117).

3.2 Escala de Avaliação Comportamental Neonatal de Brazelton

É uma ferramenta utilizada pelos médicos para examinar o comportamento dos bebês, distinguindo suas diferenças indivi -duais, principalmente aquelas que têm relação com o comporta -mento social interativo. A escala de Brazelton avalia os comporta -mentos de bebês de até dois meses, em um processo interacional, considerando o desempenho mais satisfatório desse bebê.

A seguir, apresentamos os estágios de consciência do bebê e suas características:

sono profundo: olhos fechados, sem movimentos, respiração regular;

sono ativo: olhos fechados, pequenos movimentos estremecidos, respiração irregular;

sonolento: olhos abrindo e fechando;

vigília tranqüila: olhos abertos, movimentos corporais mínimos, respiração regular;

vigília ativa: olhos abertos, movimentos corporais vigorosos, respi - ração irregular;

choro e inquietude: olhos parcial ou inteiramente fechados, movimentos corporais vigorosos e duradouros.

Um exemplo simples de teste, segundo o método de Brazelton, pode ser visu -alizado quando um médico agita um brinquedo na frente do bebê, deslocando-o de um lado para o outro. Os bebês recém-nascidos saudáveis acompanham esse deslocamento do brinquedo.

É possível avaliar o comportamento do bebê quanto à sua capacidade de organização dos estados de consciência, atenção aos eventos ambientais, controle das atividades motoras, etc.

A Avaliação Comportamental de Brazelton apresenta algumas indicações para o uso clínico. Porém esse método não é considerado uma avaliação neuro -lógica formal.

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AULA 3 • PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

34 FATEC - Psicanálise

As principais indicações para a utilização do método de Brazelton são:

examinar o bebê na presença dos pais;

avaliar qual o impacto do comportamento do bebê no processo de vinculo junto aos pais;

identi�car bebês com possíveis problemas motores ou comportamentais;

fornecer uma avaliação prévia para futuro acompanhamento, permi -tindo um planejamento de intervenção.

3.3 Reflexos de um Recém-nascido

Re�exos são as reações físicas que uma pessoa responde ao receber estí -mulos sensoriais, reagindo a estes estímulos. Quando se fala em um bebê, são as reações que o mesmo emite ao receber qualquer tipo de estimulação senso -rial. Os re�exos de um recém-nascido podem ser percebidos pelas tendências perceptuais que o levam a prestar atenção a alguns objetos, ao mesmo tempo em que ele ignora outros que também estão ao seu redor.

Saiba mais

Quadro 2: Re�exos presentes no recém-nascido

REFLEXOSPROCEDIMENTO USADO PARA

ESTIMULAR O REFLEXODESCRIÇÃO

Re�exo de BabinskiO examinador bate suavemente no lado do pé, do calcanhar até o dedão.

O bebê �exiona o seu dedão enquanto estende os quatro dedos menores.

Re�exo de Moro

O examinador produz um ruído inesperado (por exemplo, estoura um balão) ou segura o bebê e deixa cair sua cabeça alguns centí -metros. Se o bebê estiver deitado de costas no berço, o examinador bate simultaneamente nas grades, na altura de sua cabeça.

O bebê abre seus braços e depois junta-os na linha média do tronco.

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AULA 3 • PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

FATEC - Psicanálise 35

REFLEXOSPROCEDIMENTO USADO PARA

ESTIMULAR O REFLEXODESCRIÇÃO

Re�exo da piscadela Um �ash de luz. O bebê fecha os olhos.

Re�exo da preensãoO examinador aperta a palma da mão do bebê com seu dedo ou um lápis.

O bebê faz movimentos como se estivesse andando.

Re�exo da buscaO examinador estimula a bochecha ou o canto da boca do bebê.

O bebê vira a cabeça em direção ao dedo, abre a boca e tenta chupá-lo.

Re�exo da sucçãoO examinador insere o dedo indi -cador na boca do bebê.

O bebê começa a sugá-lo.

Re�exo da retraçãoO examinador pressiona a sola do pé do bebê com um objeto pontiagudo.

O bebê �exiona a perna, evitando o objeto.

Re�exo da lambidaO examinador põe água com açúcar na língua do bebê.

O bebê lambe os lábios e pode sugar.

Re�exo da caretaO examinador põe uma subs -tância azeda na língua do bebê.

O bebê contrai os lábios e fecha os olhos.

Re�exo dos passosO bebê é segurado em pé e o examinador move-o para a frente e inclina-o para um lado.

O bebê faz movimentos como se estivesse andando.

Fonte: Mussen e outros (2001, p. 88-89).

Saiba mais

3.4 Desenvolvimento Físico

As mudanças na vida de um bebê, durante os primeiros meses de vida, se efetivam de modo extremamente rápido. É comum fazermos comentários do tipo “nossa, como seu �lho cresceu ” , quando reencontramos um(a) amigo(a) com o �lho, após um último encontro acontecido há poucos meses.

O crescimento físico dos bebês está relacionado à maturação . Um bom exemplo desse processo é o aparecimento da fala na grande maioria das crianças, entre um e três anos de idade, que são expostas à fala adulta.

O cérebro de um bebê de 3 meses de idade não está su�ciente -mente desenvolvido para permitir que o bebê entenda ou fale. No entanto, embora uma criança de 2 anos de idade esteja su�cien -temente matura, ela não falará, a menos que seja exposta à fala de outras pessoas. Assim, a maturação apenas não pode levar ao

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aparecimento de uma função psicológica. Ela apenas serve para estabelecer a época mais precoce possível para o aparecimento daquela função (MUSSEN e outros, 2001, p. 93).

É a maturação do cérebro, atrelada ao desenvolvimento da parte motora da coluna vertebral, que permite à criança sentar, engatinhar, �car em pé, andar, etc. A seguir, com o auxílio de ilustrações, apresentamos um quadro com as prin -cipais fases de desenvolvimento da postura e da locomoção do bebê. Também procuramos apontar algumas habilidades motoras e manipulativas percebidas nos primeiros meses de vida. A maturação se refere a uma série de aconte -cimentos biológicos no corpo e no cérebro que permite o surgimento de uma função psicológica, acreditando que temos um bebê saudável e que viva num ambiente cercado de pessoas e objetos .

Quadro 3: Maturação

IDADE POSTURA/LOCOMOÇÃO HABILIDADE

1 mês Levanta um pouco a cabeçaSegura objeto, quando é colocado em sua mão

2 meses Levanta o peito Bate em objetos que estão próximos

3 meses Vira-se Tenta pegar o objeto mas não consegue

4 meses Senta-se com auxílio Tenta alcançar os objetos

5 mesesMantém ereta a cabeça, quando sentado

Pega os objetos

6 meses Senta-se no cadeirão Pega objetos em movimento

7 meses Senta-se sem ajudaTenta transferir objetos de uma mão à outra

8 mesesEngatinha, arrastando o abdome

Consegue passar um objeto de uma mão à outra

9 meses Fica de pé, apoiando-se em um móvel

Pequenos sinais de preferência de uma mão

10 mesesAnda, quando lhe seguram as mãos

Continuam os sinais de preferência

por uma das mãos

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IDADE POSTURA/LOCOMOÇÃO HABILIDADE

11 mesesEngatinha, apoiando as mãos

e os joelhos no chão

Segura uma colher colocada em sua mão, mas não consegue levar o alimento à boca

12 meses Fica de pé sozinhoProcura apoio para levantar-se, quando é preciso

13 mesesAnda, quando guiado por uma pessoa adulta

Empilha dois blocos

14 meses Anda sozinho Rola a bola para um adulto

18 mesesSobe e desce escadas; Caminha para trás e para os lados

Coloca objetos em pequenos recipientes e depois os descarrega

Fonte: Mussen e outros (2001).

3.5 Desenvolvimento Cognitivo

Jean Piaget (1896-1980), psicólogo suíço, é considerado um dos teóricos mais importantes no campo do desenvolvimento cognitivo humano. Seus estudos tiveram um grande impacto sobre os campos da Psicologia e Psicanálise.

O ponto de partida do processo de desenvolvimento cognitivo, para Piaget, era a interação entre biologia e experiência. “Ele partia do pressuposto de que as características biológicas de uma criança impõem alguns limites na ordem e na velocidade com que surgem competências cognitivas especí�cas. Ao mesmo tempo, ele acreditava que a experiência ativa com o mundo é crucial para o crescimento cognitivo” (NEWCOMBE, 1999).

A tese de Piaget era que o desenvolvimento humano não se dá de forma sucessiva, acontecendo numa seqüência de quatro estágios: sensório-motor (0 a 18 meses); pré-operatório (18 meses a 7 anos); operatório concreto (7 a 12 anos) e opera -tório formal (12 anos ou mais).

O nome estágio é utilizado porque o ser humano, no trans -correr da sua vida, vai passando por diferentes etapas, nas quais vai reorganizando a sua construção e interpretação do mundo vivido. Ou seja; a cada nova etapa, uma nova compreensão de mundo.

Por enquanto, o que nos interessa é o primeiro desses grandes períodos do desenvolvimento intelectual, isto é, o estágio sensório-motor. Aqui, o crescimento cognitivo se dá pelas experiências sensoriais e ações motoras. Sendo assim, inicia com os re�exos e prossegue por mais seis subestágios, visualizados logo a seguir, em que há uma representação de uma classe de ações motoras utilizadas para o alcance de uma determinada meta.

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Quadro 4: Subestágios

SUBESTÁGIO IDADE NOME/PIAGET CARACTERÍSTICAS

1 0-1 mês Re�exosPrática de esquemas ou re�exos inatos, como o sugar e o olhar. Ausência de imitação.

2 1-4 mesesReações circulares primárias

Início da coordenação de esquemas de diferentes órgãos dos sentidos.

3 4-8 mesesReações circulares secundárias

Bebê torna-se muito mais consciente dos eventos externos a seu corpo e os faz acontecer novamente.

4 8-12 mesesCoordenação de

esquemas secundários

Comportamento claramente inten -cional meios-�ns. Ocorre a imitação de comportamentos.

5 12-18 mesesReações circulares terciárias

Começa a “experimentação”, novas maneiras de manipular os objetos. Exploração bastante ativa e inten -cional, por tentativa e erro.

6 18-24 mesesInício do planejamento representativo

Desenvolvimento do uso dos símbolos para representar objetos ou eventos. A criança compreende que o símbolo está separado do objeto.

Fonte: Adaptação de Bee (2003).

3.6 Desenvolvimento Emocional e Social

Além dos campos relacionados às partes física e cognitiva dos bebês, há um sistema psicológico que, digamos, completa o quadro geral do desenvolvimento, na faixa etária do zero aos dois anos de idade, que são as reações emocionais e comportamentos que estão relacionados a elas.

As emoções são importantes porque estão ligadas diretamente aos comportamentos apresentados, por exemplo, por um bebê. É fácil ilustrar

o que estamos dizendo aqui. Vamos imaginar um bebê brincando, na sala da casa, com bolas coloridas espalhadas no chão. De repente,

ele pára de brincar porque viu uma pessoa estranha entrando no recinto, alterando seu estado emocional.

A emo ção, em muitas vezes, está ligada ao estado de tensão interna do ser humano, que é seguida por um conjunto de pensa -mentos a respeito dos sentimentos e das possíveis ações que os originaram. Porém principalmente para crianças com menos de um ano de idade, essa teoria não funciona, pois elas ainda não desen -volveram, de modo signi�cativo, suas consciências e suas experi -

ências com o mundo exterior. Desse modo, a emoção ganha um outro signi�cado, mais atrelado às alterações físicas e cerebrais.

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Nos cinco primeiros meses de vida, os bebês apresentam diversas reações que apontam, por conseguinte, para diferentes estados emocionais. A seguir, exem -pli�camos alguns desses estados emocionais e o porquê dessas ocorrência s.

Quadro 5: Estados emocionais

EVENTO AMBIENTAL REAÇÃO DO BEBÊ DENOMINAÇÃO

Evento inesperadoParada da atividade motora e desaceleração dos bati -mentos cardíacos.

“Surpresa em resposta ao inesperado”.

Dor, frio, fome Aumento na movimentação, fechar os olhos, aumento dos batimentos cardíacos e choro.

“Insatisfação em resposta à privação física”.

AlimentaçãoDiminuição no tônus muscular e o fechar dos olhos.

“Relaxamento em resposta à grati�cação”.

Evento familiar, interação social

Aumento da movimentação dos membros, de sorrisos e balbucios efusivos.

“Excitação em resposta à assimi -lação de um evento”.

Fonte: Adaptação de Mussen e outros (2001).

3.7 Desenvolvimento em Lev Vygotsky

Outro teórico importante para o estudo do desenvolvimento humano é Lev Vygotsky. Partindo dos estudos realizados pela psicologia sócio-histórica russa, compreende-se que nós todos nascemos com a capacidade de realizar alguns processos básicos para a nossa sobrevivência como seres vivos. Esses processos, tais como atenção, memória, percepção, motivação, etc. são comuns a todos nós e a alguns seres vivos pertencentes ao nosso mesmo �lo biológico, ou seja, aos mamíferos, que é o que herdamos �logeneticamente. Chamados de Processos Básicos , caracterizam-se pelo seu rudimentalismo, por sua simpli -cidade, são o mínimo necessário. Dessa forma, por exemplo, a atenção existe como um ato re�exo, assim como nos mamíferos, que serve a nossos objetivos, necessidades e interesses de sobrevivência. Porém esses processos não nos diferenciam dos demais mamíferos, não nos tornam humanos.

Então, o que é que nos torna humanos? Vygotsky (1997) a�rma que o que leva a ocorrência do desenvolvimento, de qualquer processo em qual -quer espécie, é a necessidade, de forma que o desenvolvimento da própria personalidade ocorre devido à necessidade. Mas que necessidade é essa que impulsiona o desenvolvimento da personalidade no sujeito? Conforme Vygotsky (1997) relata, existe, para nós seres humanos, uma necessidade, vinda de nosso ambiente sócio-histórico, de reestruturarmos esses processos básicos, pois, diferentemente dos demais animais de nosso �lo, nós vivemos em um ambiente cultural que, paradoxalmente, é a força motriz para o desenvolvimento da personalidade do sujeito e é o que permite ao sujeito desenvolver-se como

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ser humano. Dessa forma, podemos compreender que o ser torna-se sujeito humano somente na interação com sua cultura e sociedade, pois é apenas nessa relação que os processos superiores (por meio da zona de desenvolvi -mento proximal), aqueles que nos caracterizam enquanto seres humanos, vão se construindo, o que vem a demonstrar a importância e o impacto de outro ser humano na formação da personalidade do sujeito. O outro me constrói, ao mesmo tempo em que eu o construo. E essa construção da personalidade partilhada com o outro ocorre desde a concepção da criança, ou seja, desde o momento em que a criança estabelece uma interação com o mundo humano concreto, com o outro ser humano já imbuído da cultura e história da sua.

Para �nalizar esta aula, lembramos a importância que o outro tem na vida do bebê. Podemos, então perceber o papel que os pais exercem no desenvolvi -mento de seus �lhos.

Ressaltamos que a importância dos pais, no desenvolvimento de um novo ser, faz-se imprescindível em todos os momentos da trajetória de vida de seu �lho, porém é condição imprescindível que os pais acompanhem os bebês, pois estes são dependentes em todos os aspectos: biológicos, orgânicos, psicológicos, sociais e econômicos. Vemos, no transcorrer das aulas, o quanto é fundamental a teia de relacionamentos que é construída ao longo da vida, con�rmando a velha teoria de que o ser humano é um ser social, ou seja, ele precisa relacionar-se com outras pessoas para que aconteça seu desenvolvimento social e sua vida se torne humanizada e hominizada.

A maioria dos estudos sobre a cognição em bebês recebe forte in�uência das teorias piagetianas sobre a inteligência. No que diz respeito às emoções, o vínculo entre os pais e o bebê é essencial para a existência do apego. Esse vínculo pode ter início logo nas primeiras horas de vida do bebê. Porém, é com o passar do tempo, na multiplicação dos comportamentos, que ele será mais bem estruturado. Estudamos, nesta aula, os principais pontos referentes ao desenvolvimento da vida de um bebê, desde os aspectos físicos (o engatinhar, o andar, etc.) até os aspectos sociais, apontando a importância dos pais no cotidiano social desse bebê.

1. O primeiro estágio de desenvolvimento infantil, preconizado por Piaget é:

a) motor c) adaptação

b) pré-sensorial d) sensório-motor

Após sua resposta, justi�que-a com a elaboração de um texto informativo para os professores da Educação Infantil.

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2. Assista ao �lme Olha quem está falando e faça um paralelo entre o desen -volvimento sensório-motor, tendo como base a teoria de Jean Piaget. Observe como o bebê desenvolve seu movimento corporal. A que situações estimulativas e sensoriais o bebê reage e à quais ignora.

3. Aos 18 meses o bebê já é capaz de:

I. subir escadas

II. descer escadas

III. caminhar para trás

IV. caminhar para os lados

a) Somente a a�rmativa I está correta.

b) As a�rmativas I e a II estão corretas.

c) As a�rmativas I, II e III estão corretas.

d) Todas as alternativas estão corretas.

4. Comente a seguinte a�rmação do caderno de conteúdos, p. 202: “A emoção, em muitas vezes, está ligada ao estado de tensão interna do ser humano, que é seguida por um conjunto de pensamentos [...] para crianças com menos de um ano de idade, essa teoria não funciona”.

Na atividade um , a resposta correta é a (d), pois o primeiro estágio de desenvolvimento infantil, preconizado por Piaget, é o estágio sensório-motor. As demais estão erradas porque antes de qualquer outro desenvolvimento de adap -tação, ou motor, é necessário que o bebê responda às estimulações imediatas do meio. Quanto ao período pré-sensorial, este não existe na teoria de Piaget. A justi�cativa servirá como orientação aos professores da educação infantil, ela deverá conter as informações de que os processos de estimulação são fundamen -tais para que as crianças desenvolvam seus processos cognitivos.

Na atividade dois , os aspectos que devem ter sido observados são as carac -terísticas do desenvolvimento motor. Por exemplo, se sobe escadas, se desce, como realiza os movimentos, as facilidades e di�culdades para a realização dessas ações, como se comunica pela expressão corporal e a interação estabe -lecida com os demais.

Na atividade três a resposta correta é a (d), pois contempla todas as alter -nativas. As demais respostas estão incompletas. Importante saber sobre este período de desenvolvimento motor, pois é com o desenvolvimento deste que inicia a autonomia da criança.

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Já na atividade quatro , esta teoria não funciona , porque as crianças ainda não desenvolveram de modo signi�cativo suas consciências e suas experiências com o mundo exterior. Isto é, elas estão respondendo a aspectos sensoriais e ainda não conseguem de�nir os sentimentos internos, estão em condição de estímulos sensoriais apenas. É a partir dos dois anos que a criança começará a diferenciar os processos sensoriais dos aspectos emocionais. Deste modo, a emoção está mais atrelada às alterações físicas e cerebrais.

A realização das atividades oportunizou a você veri�car o alcance dos objetivos propostos para esta aula de apresentar as mudanças físicas existentes no processo de crescimento do bebê e de descrever as mudanças cognitivas e sociais que acontecem no processo de desenvolvimento do bebê.

BEE, H. A criança em desenvolvimento . 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 1996.

______. A criança em desenvolvimento . 9. ed. Porto Alegre: Artmed, 2003.

MUSSEN, P. H. et al. Desenvolvimento e personalidade da criança . 4. ed. São Paulo: Harbra, 2001.

NEWCOMBE, Nora. Desenvolvimento infantil. 8. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.

VYGOTSKY, L. S. Obras escolhidas : fundamentos de defectologia. Moscou: Pedagógica, 1997.

PIAGET, J.; VYGOTSKY, L. S. Novas contribuições para o debate . São Paulo: Ática, 1995.

Continuaremos nossa discussão a respeito da infância. Desta vez, as aten -ções estarão voltadas à criança entre os três e os cinco anos de idade. Além do próprio desenvolvimento, daremos um foco especial às instituições educacionais que trabalham com essa faixa etária.

Anotações

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Esperamos que, ao �nal desta aula, você seja capaz de:

descrever as principais características da criança dos três aos cinco anos de idade;

apresentar as características da criança no período dentre três aos cinco anos, as quais o pro fessor se depara na Educação Infantil.

Se você estiver familiarizado com os fatores genéticos, biológicos e ambien -tais que afetam o desenvolvimento humano durante a vida intra-uterina até o momento do parto, assim como com as primeiras experiências do bebê recém-nascido até seus dois anos de vida (aula três), você terá um melhor aproveita -mento desta aula .

Se vo cê ainda tinha alguma dúvida sobre a palavra desenvolvimento, com o passar dos temas, sua compreensão deve estar �cando mais clara.Você já deve estar visualizando que o desenvolvimento humano acon -tece sempre a partir do que aconteceu no período anterior.

Vamos dar um exemplo: imagine duas crianças de três anos, em seu primeiro dia de aula. Uma presta atenção a tudo o que fala o(a) professor(a) atende a suas solicitações e, durante as brincadeiras, interage bem com os colegas. A outra apresenta-se dispersa, parece não entender as solicitações do(a) professor(a) e não consegue socia -lizar com os colegas.

Essas diferentes formas de agir trazem, consigo, toda história de vida dessas crianças, desde a sua

A Criança dos 3 aos 5 anos

Aula 4

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concepção. Assim, não adianta apenas criticarmos uma criança ou perdermos a paciência com sua forma de agir.

Nós, educadores, temos que nos perguntar: a que tipo de variáveis essa criança tem sido submetida até então, para interagir com o ambiente (escola, colegas, professores, tarefas) dessa forma?

Ou seja: será que essa criança está ouvindo como deveria ouvir, enxer -gando como deveria enxergar? Será que aconteceu algum problema durante a gravidez ou parto que tenha lhe causado esses ou alguns outros prejuízos? Será que está habituada ao contato social? Será que em casa a mãe lhe dá pequenas instruções? Será que a mãe, simplesmente, conversa com ela?

São muitas questões (e muitas outras) para um exemplo tão pequeno. É por isso que o estudo do Desenvolvimento Humano é tão importante e deve receber sua atenção.

Vamos passar, então, para mais uma fase do desenvolvimento humano.

4.1 O que esperar da criança entre os três e cinco anos?

É uma criança que já entende tudo o que ouve, mas que não possui habili -dade verbal su�ciente para dizer tudo o que precisa. Explora seu ambiente com grande energia e, a partir dessa experiência, começa a aprender sobre o certo e o errado , ou seja, as regras e os limites.

É assim que vai se estabelecendo, para essa criança, como o mundo funciona e o quanto ela é aceita por aqueles que a cercam.

Pela teoria de Piaget, é uma criança que se encontra no estágio pré-ope-racional . Nele, a criança já possui linguagem com signi�cado e pensamento simbólico, mas ainda não consegue realizar operações, não consegue consi -derar o ponto de vista dos outros (não possui empatia) e seu pensamento é animista, ou seja, todos os objetos e animais têm vida semelhante à vida humana (com sentimentos, motivações).

Pensamento simbólico é aquele no qual representamos uma coisa por outra coisa. É só a partir do uso dos objetos que adquirimos essa habilidade. Assim, ao brincar de casinha, a casa de brinquedo passa a simbolizar a casa em que as pessoas moram. É assim, também, que um objeto, palavra ou pessoa pode ser simbolizado por uma palavra.

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4.2 Desenvolvimento da Linguagem

Desde o nascimento, a criança se comunica por meio do choro. Alguns pesquisadores conseguiram detectar três formas de choro: de raiva, de dor e de fome. Alguns pais conseguem identi�car tais choros, mas nem todos. Muitos pais agem por tentativa e erro. Mas o choro não é considerado linguagem.

O desenvolvimento da linguagem se inicia por volta do primeiro ano de vida, quando a criança possui um vocabulário restrito como “au au”, “mãmã”. O próximo passo é uma linguagem telegrá�ca no qual surgem frases como “qué água”. Por volta dos cinco anos, a criança já possui um vocabulário de 2000 palavras ou mais, su�cientes para se fazer entender, e domina as regras gramaticais.

Algumas teorias explicam como surge a linguagem. Uma delas, desenvol -vida pelo lingüista Noam Chomsky (2005), defende que nascemos com uma gramática interna que, como uma programação, nos possibilita extrair as regras gramaticais de certa língua, a partir de alguma exposição a pessoas falando. Assim, a linguagem seria uma predisposição inata. Para embasar essa teoria, ele se utiliza de um fenômeno conhecido como língua crioula .

Língua crioula é um fenômeno que eventualmente ocorre. Nele, crianças de vários países, falantes de línguas diferentes, que, por algum motivo, se encon -tram sozinhas umas com as outras, passam a conviver. Nesse convívio, em que nenhuma criança fala a língua da outra, uma nova língua surge. Essa nova língua que surge é chamada língua crioula, e não possui elementos de nenhuma das outras línguas faladas na ocasião.

Outra idéia sobre a aquisição da linguagem vem dos estudos sobre o comportamento operante de B.F.Skinner. Para Skinner In Bock (1999), o comportamento verbal seria aprendido como qualquer outro comportamento. Para ele, haveria certa maturação �siológica que possibilitaria a articulação das palavras, mas o que é dito seria fruto de uma história de reforçamento feita por uma comunidade verbal. Ou seja: uma criança nascida no Brasil seria reforçada a dizer certas sílabas e palavras. Dizemos que é reforço já que a probabilidade de emissão dessas sílabas e palavras aumenta de freqüência e, assim, sucessivamente, até que a criança tenha em seu repertório verbal apenas os sons próprios do comportamento verbal da comunidade verbal na qual está inserida.

Para Vygotsky (1995), a linguagem é expressão de pensamento. É a forma como nos apropriamos da realidade humana, sendo pela aquisição da linguagem que nos hominizamos e nos inserimos em uma dada cultura. Dessa forma, a linguagem é de fundamental importância para o desenvolvimento humano, pois nos socializamos e nos construímos pelo processo de linguagem.

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4.3 Desenvolvimento Socioemocional

Desde o início da vida de um bebê, parece que há uma condição �logené -tica que faz com que os que estão à sua volta desenvolvam, com ele, certo tipo de ligação de cuidado.

Várias pessoas que participam da vida de um bebê, mas principalmente seus pais, participam dessas primeiras ligações de apego. Segundo Hu�man, Vernoy e Vernoy (2003, p. 333) “apego pode ser de�nido como uma relação emocional ativa, intensa e duradoura que é especí�ca a duas pessoas”.

São inúmeras as condições a que uma criança pequena pode estar subme -tida com relação ao apego. O que importa é que a forma como essas condições acontecem de�ne os padrões de apego e de intimidade que um adulto vai viven -ciar em suas relações.

4.4 Desenvolvimento Cognitivo

Como falado anteriormente, a criança estudada nesse tema encontra-se no estágio pré-operacional. Esse estágio é caracterizado por:

impossibilidade de executar processos mentais reversíveis: um exemplo seria a criança saber que um mais dois é igual a três, mas não saber que três menos dois é igual a um;

o egocentrismo refere-se a uma impossibilidade de se colocar no lugar do outro. Assim, uma criança, ao bater em outra, não entende que seu tapa “doeu” no coleguinha;

o animismo é a atribuição de um certo tipo de vida, semelhante à nossa, aos objetos inanimados, às �ores, aos animais... É assim que as crianças passam a falar de um “carro com cara de mau” ou um pedaço de madeira se torna um personagem em alguma brincadeira.

4.5 Desenvolvimento Moral

Nesse período da vida, surge o desenvolvimento moral, que é a capaci -dade de estabelecer o certo e o errado . Aparentemente, essa capacidade está

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ligada à percepção de padrões, pela criança. Quando algo foge aos padrões, é julgado errado e subentende que existe uma causa. Por exemplo, se for mostrada à criança uma boneca com um dos olhos arrancado, esse fato causará estra -nheza e ela provavelmente perguntará o que aconteceu. É um comportamento diferente de crianças menores, que simplesmente brincam com a boneca sem um dos olhos da mesma forma que brincam com uma boneca com os dois olhos intactos. Essas idéias estão embasadas na maturação biológica, a partir da qual se estabeleceriam as noções de certo e errado.

Para outros pesquisadores, tais noções viriam a partir das experiências das crianças com o seu meio ambiente. Ou seja: a criança aprenderia a fazer certas coisas ou a deixar de fazer certas coisas a partir das conseqüências de suas ações. Esse pensamento está embasado pelas teorias de aprendizagem, nas quais os comportamentos constituintes do repertório de uma pessoa são os mais adaptados às situações a que essa pessoa está submetida, ainda que não seja um comportamento útil para a sociedade como um todo. Um bom exemplo é quando uma criança mente sobre determinado fato e todos à sua volta, mesmo sabendo que a criança está mentindo, acham graça e riem da situação. Como a criança foi reforçada em sua mentira, a probabilidade de ela voltar a mentir em outras situações semelhantes é mais alta.

4.6 Desenvolvimento do Papel do Gênero

Segundo Hockenbury e Hockenbury (2003, p. 338) “os papéis do gênero são os comportamentos, as atitudes e os traços que dada cultura associa com masculinidade e feminilidade”.

Assim, crianças na faixa dos três anos de idade já podem selecionar os grupos de meninos e meninas, sem que os mesmos estejam nus e, talvez, sem ao menos saber que existam dife -renças biológicas entre os sexos.

Isso é gênero. Ou seja, tais grupos serão selecionados por certas características da roupa, dos acessórios, dos brinquedos com os quais brincam.

Uma explicação seria a de que as crianças vão sendo modeladas a terem tais comportamentos, a partir da história de reforçamento que recebem em suas interações com pais, familiares, etc. Ou seja: meninos são reforçados a brincar com bola, carrinho, cavalos, e são punidos quando brincam de boneca ou pane -linhas. O contrário acontece com as meninas.

Apesar das pesquisas mostrarem a ocorrência desse tipo de reforçamento, na maioria das vezes, os pais tendem a tratar as crianças igualmente. Então, o que acontece? Aprendemos também por imitação, a criança imita o comportamento de algum adulto próximo ou mesmo de um personagem da TV (é por isso que a

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in�uência da TV na vida das crianças não pode ser subestimada). Outra forma para explicar como surgem os papéis de gênero é pela teoria do modelo do gênero, em que as crianças desenvolveriam ativamente categorias mentais como, por exemplo, uma categoria chamada “brinquedo de menino”, “roupa de menina”, e essas cate -gorias passariam a in�uenciar na forma de agir das crianças.

Com isto posto, podemos concluir que a criança com idade entre os três e cinco anos é dita como de transição , pois ainda guarda certas características de bebê, mas ainda não está apta para explorar o mundo como as crianças mais velhas. Possui uma forma de entender o mundo ainda muito ligada ao senso -rial e ao motor, porém já inicia o desenvolvimento da linguagem. A linguagem é primordial para o desenvolvimento do pensamento e o estabelecimento das relações sobre como o mundo funciona. Assim como para o estabelecimento e fortalecimento das relações sociais futuras.

Esta aula deve ter lhe proporcionado informações básicas sobre a criança de três até cinco anos. Essas informações serão de grande valia quando você for planejar suas aulas. Sabendo o que esperar da fala dessa criança, de sua compreensão sobre o mundo, se ela sabe sobre os sentimentos dos outros, o porquê de ela conversar com os objetos ou colocá-los para dormir (e a impor -tância de deixar que isso aconteça), com certeza você se sentirá mais seguro na construção de seu planejamento.

1. Assinale a alternativa correta sobre as principais características da criança dos três aos cinco anos de idade.

a) Desenvolvimento da linguagem; desenvolvimento sensório-motor; desen -volvimento moral; desenvolvimento do papel de gênero.

b) Desenvolvimento da linguagem; desenvolvimento cognitivo; desenvolvi -mento moral; desenvolvimento do papel de gênero.

c) Desenvolvimento da linguagem; desenvolvimento sensório-motor; desen -volvimento da sexualidade; desenvolvimento de gênero.

d) Desenvolvimento da linguagem; desenvolvimento sensório-motor; desen -volvimento da sexualidade; desenvolvimento de gênero.

2. Observe duas crianças conversando, uma delas deverá ter quatro anos. A qual será observada com precisão. Descreva o diálogo estabelecido entre elas. Como elas se dirigem uma à outra, que expressões são mais utilizadas e, principalmente, compreenda se existe nexo entre suas falas.

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3. Em rela ção ao desenvolvimento moral, é correto a�rmar que:

a) nesse período da vida, surge a capacidade de estabelecer o “certo” e o “errado”;

b) nesse período da vida, já estão estabelecidos os padrões de “certo” e “errado”;

c) os padrões de “certo” e “errado” estão relacionados a caracterís -ticas genéticas;

d) ainda não é o momento de estabelecer o “certo” e o “errado”.

4. Observe crianças entre três e cinco anos, em uma situação de jogo, pode ser em casa, na escola, na rua, etc. O fato deverá ser em uma situação de brin -cadeiras, o objetivo da observação será centrado no pensamento animista e simbólico da mesma.

Na atividade um , que diz respeito às principais características da criança dos três aos cinco anos de idade, a resposta correta é a letra (b). Nessa faixa etária, a criança passa pelo desenvolvimento da linguagem; desenvolvimento cognitivo; desenvolvimento moral e desenvolvimento do papel de gênero.

Na atividade dois, o que você deverá ter visto são expressões de socialização e individuação entre as crianças, ao mesmo tempo. A criança de quatro anos deverá estar mais centrada nela mesma, em uma atitude mais egocêntrica.

Na atividade três , em relação ao desenvolvimento moral, é correto a�rmar que, nesse período da vida, surge a capacidade de estabelecer o “certo” e o “errado”, sendo correta a letra (a). A alternativa (b) está incorreta porque nesta fase ainda não estão estabelecidos os padrões de certo e errado. A alternativa (c) está incorreta porque não existem padrões de comportamento entre certo e errado que seja constituído por questões genéticas. Finalizando, a alternativa (d) está incorreta porque é na idade entre três e cinco anos que as crianças começam a estabelecer os conceitos de certo e errado.

Na atividade quatro , você deve ter observado que as crianças apresentaram uma forma de interação bastante individualista, centradas em si mesmas. Ao que se refere ao comportamento animista, as crianças dão forma, real, atribuem vida aos objetos inanimados. Já no comportamento simbólico, um objeto pode simbolizar outro bastante diferenciado para a criança, por exemplo: um pedaço de lençol pode ser uma capa voadora.

A realização das atividades lhe oportunizou veri�car o alcance dos objetivos propostos para esta aula de descrever as principais características da criança dos três aos cinco anos de idade e de apresentar tais características com as quais o professor se depara na Educação Infantil.

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50 FATEC - Psicanálise

BOCK, et al. Psicologia : uma introdução ao estudo da Psicologia. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 1999.

CHOMSKY, Noam. Novos horizontes no estudo da linguagem e da mente .UNESP, 2005.

HOCKENBURY, D.; HOCKENBURY, S.E. Descobrindo a Psicologia . São Paulo: Manole, 2003.

HUFFMAN, K.; VERNOY, M.; VERNOY, Y. Psicologia . São Paulo: Atlas, 2003.

PIAGET, J.; VYGOTSKY, L. S. Novas contribuições para o debate . São Paulo: Ática, 1995.

Seguiremos nosso aprendizado sobre o desenvolvimento humano, tratando do desenvolvimento humano entre os seis e onze anos de idade.

Anotações

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AULA 5 • PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

FATEC - Psicanálise 51

Esperamos que, ao �nal desta aula, você seja capaz de:

esquematizar as principais mudanças que ocorrem na vida das crianças com idade compatível aos anos iniciais do Ensino Fundamental;

apresentar as características que se desenvolvem na criança dos seis aos onze anos.

Nesta aula, antes de iniciarmos o conteúdo propriamente dito, gostaríamos que você realizasse um trabalho de recordações da sua vida pessoal. Portanto re�ita sobre o seu período da meninice: onde morava e com quem, os amigos do bairro, a escola onde estudava, as professoras, as aulas, os colegas de classe, as principais brincadeiras, etc. Nesse exercício de memória, você, com certeza, incluirá as principais características da criança nessa fase: uma criança em ritmo acelerado de crescimento físico, muito vigor nas brincadeiras e na vontade de conhecer o mundo e a ampliação nas relações sociais. Estas recordações são importantes para que você possa uni�car a teoria aprendida sobre o desenvolvi -mento infantil, comparando com sua prática imediata.

Já abordamos aqui que todos os períodos da vida humana são importantes, depende apenas do foco que é dado à re�exão. Entretanto para nós, futuros professores, com atuação direta nos anos iniciais do Ensino Fundamental, o período que abrange a faixa etária entre os seis e os onze anos é especial.

No transcorrer desta aula, veremos como se dá o desenvolvimento das crianças, percebendo as mudanças corporais, abordaremos questões relativas à saúde e às mudanças intelectuais, abordando os efeitos da escolarização sobre o pensamento das crianças.

A Criança dos 6 aos 11 anos

Aula 5

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52 FATEC - Psicanálise

A matrícula no primeiro ano do Ensi no Fundamental, por si só, é um impor -tante acontecimento na vida das crianças. Há muita expectativa, criada muitas vezes pelos próprios pais, em torno do início do período escolar obrigatório.

Mesmo com um número cada vez maior de crianças matriculadas em escolas de Educação Infantil, ou seja, crianças que já têm experiência em �car fora de casa durante uma parte do dia, o período do Ensino Fundamental representa uma mudança de desempenho cognitivo. A�nal, escola agora ganha status de aprendizagem, responsabilidade, compe -tência e inteligência.

Esse período da vida humana, de certa forma, não recebe grandes atenções por parte dos estudiosos desenvolvimentistas. O próprio número de pesquisas é inferior, se comparado à fase em que a criança está no período da Educação Infantil ou à fase adolescente. Contudo, há muito que saber. Vamos continuar, então, nossa caminhada.

5.1 Desenvolvimento Físico

Há quem diga que uma das razões dos poucos estudos neste período de desenvolvimento humano seja a não apresentação de mudanças físicas signi�ca -tivas. Em geral, as mudanças ocorrem de modo constante e lento, podendo até mesmo ser padronizada.

O crescimento, a cada ano, é de cinco a sete cm na altura e de aproxi -madamente 2,5 Kg no peso. Além disso, a maioria das habilidades motoras desenvolve-se entre os seis e sete anos de idade. Depois disso, até os doze anos, o que há é um aumento na velocidade, um aperfeiçoamento na coordenação e maiores habilidades em determinadas tarefas físicas (BEE, 1996). Entretanto a mudança mais profunda, e que chama mais atenção durante estes anos, são as alterações hormonais que levam à adolescência.

Com relação à saúde, podemos a�rmar que o número de doenças é menor do que quando as crianças estão com uma idade mais baixa. A doença mais comum apresentada nesta faixa etária é gripe e resfriado.

Não se pode esquecer, também, de um importante fator que in�uência a saúde das crianças, conforme têm apontado alguns estudos: estamos falando do ambiente social no qual elas vivem. Está provado que crianças que viven -ciam um alto grau de estresse ou que presenciam brigas familiares apre -sentam maior predisposição a adoecer. Deborah A. Dawson in Bee (1996), psicóloga americana, participante de uma das maiores pesquisas realizadas nos Estados Unidos a respeito da importância de uma boa estrutura familiar para o desenvolvimento das crianças, na década de 1980, aponta que as

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crianças que v ivem somente com a �gura materna tendem a ter uma maior vulnerabilidade a diversas doenças.

Quadro 1: Principais mudanças físicas das crianças

IDADE EM ANOS DESENVOLVIMENTO FÍSICO6 Pula corda; desenha �guras como em quadrados.

7 Começa a andar de bicicleta.

8 Anda bem de bicicleta.

9Início da puberdade para algumas meninas;

Primeiro estágio de desenvolvimento dos seios.

10 Menarca.

11 Pulo de crescimento nas meninas;

Desenvolvimento genital precoce nos meninos.

Fonte: Bee (1996).

5.2 Desenvolvimento Cognitivo

Iremos apresentar as duas grandes abordagens teóricas que pautam os estudos do desenvolvimento cognitivo. A primeira delas é a teoria piagetiana. Nessa teoria, o desenvolvimento cognitivo está ligado à maturação. A outra relaciona a aprendizagem ao processamento de informações.

5.2.1 A Teoria de Piaget: as operações concretas

Desde o início da escolarização, é possível perceber mudanças signi�ca -tivas no dia-a-dia das crianças. Essas mudanças, na verdade, são apresentadas por Piaget (1995) como um conjunto de regras de que as crianças fazem uso para interpretar o mundo e relacionar-se com ele.

Piaget (1995) denominou esse conjunto de regras elaborado pelas crianças de operações concretas . Na verdade, o termo operação tem como signi�cado um determinado conjunto de esquemas abstratos, internos, como a conservação , a adição, a subtração, a ordenação, etc. Piaget (1995) insistia em que muitas das idéias cognitivas, operações e estruturas são universais, “não por serem herdadas, mas porque todas as experiências comuns das crianças no mundo de objetos e pessoas forçam-nas a chegar às mesmas conclusões. Piaget acre -ditava que todas as crianças realmente aprendiam a agrupar categorias” [...] (MUSSEN e outros, 2001, p. 238).

As operações ajudam as crianças na compreensão de problemas como conservação, seriação e inclusão de classe. As crianças, neste período da vida, dão menos importância às características super�ciais, externas, dos objetos, e �cam mais atentas ao valor que eles possuem, dando uma continui -dade aos mesmos.

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Saiba mais

5.3 Desenvolvimento Social

Os relacionamentos estabelecidos pela criança são peças fundamentais para a composição do seu eu. São as experiências da vida, o contato com o mundo e com outras pessoas, que colaboram na construção de nossas identidades.

O dia-a-dia de uma criança ajuda na construção da identidade do adoles -cente. Por conseguinte, �ca fácil também perceber a ligação que existe entre o comportamento social de uma criança e seus efeitos na vida adulta.

Não há como negar que as mudanças cognitivas que acontecem na vida de uma criança, de certa forma, vão preparando-a para o mundo dos adultos. Contudo acreditamos que, nesta fase da vida, são os fatores sociais que mais in�uenciam na trajetória a percorrer ao longo dos anos.

5.3.1 Desenvolvimento do “eu”

Pensando sobre o assuntoPensando sobre o assunto

No período da Educação Infantil, é muito comum as crianças de�nirem-se por meio de um leque de parâmetros. As crianças descrevem-se de maneira concreta, valorizando as características externas , físicas. Já no período do Ensino Fundamental, há uma busca por descrições mais abstratas, voltadas ao lado interno do eu, aos padrões comportamen -tais e características psicológicas.

Outro aspecto importante é a relação que as crianças estabelecem com seus pais, assunto a seguir.

5.4 Relação com os Pais

As crianças em idade do Ensino Fundamental já não apresentam tantas inseguranças, se comparadas às crianças da Educação Infantil. Isso acontece

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AULA 5 • PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

FATEC - Psicanálise 55

porque a maioria das situações vividas não é inédita, propiciando às crianças uma postura mais autônoma, de maior independência, em relação aos pais.

Não estamos dizendo que as crianças não têm afeto pelos pais. Muito pelo contrário, as crianças que estão no Ensino Fundamental continuam encontrando nos pais um porto seguro, recebendo fortes in�uências no dia-a-dia.

Os assuntos entre as crianças e os pais tomam um outro rumo, diferente daquele período da Educação Infantil, quando havia uma forte preocupação dos pais com os aspectos disciplinares, além de treinar os esfíncteres dos �lhos. “A agenda agora inclui questões como as tarefas regulares da criança, os padrões para sua perfor -mance escolar e o nível de independência que será permitido” ( BEE, 2003 p. 294).

Pensando sobre o assunto

Responda: você já ouviu esta expressão criança foi feita pra brincar ? Pois é, criança que não brinca, algum problema há. E é nesta fase que a preferência por brincar aumenta. Brincadeiras, programas de televisão, refeições e repousos, além, é claro, da própria escola, são as atividades que preenchem, de modo geral, às 24 horas da vida de uma criança.

O relacionamento entre as próprias crianças é muito forte. A aliança entre os iguais, formando pequenos grupos, acontece por intermédio das brincadeiras ou por desenvolverem alguma outra atividade juntas.

A constituição desses grupos nos quais os integrantes têm algum ponto em comum, alguma a�nidade, e compartilham as mesmas atitudes, é marcada por uma característica básica: a exclusão de crianças do sexo oposto.

As meninas e os meninos em idade escolar do Ensino Fundamental evitam interagir uns com os outros. Predomina o discurso de que menina brinca com menina e menino brinca com menino , sendo raras as interações entre ambos. A seguir, com base no estudo de Bee (1996), apontamos algumas outras carac -terísticas mais especí�cas na qualidade do relacionamento nas amizades das crianças nestes anos.

Quadro 2: Características especí�cas

MENINOS MENINASAs turmas são maiores. Brincam em pares ou grupos menores.

Aceitam novos amigos mais facilmente. Os grupos são mais exclusivos.

Brincam mais ao ar livre. Brincam mais dentro de casa.

Há mais competição e dominação entre eles. Há mais concordância, aceitação entre elas.

Fonte: Bee (1996).

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Pensando sobre o assuntoPensando sobre o assunto

5.5 Função da Escola

Sabemos que a educação, processo de aprendizagem por que passamos ao longo da vida, pode ser realizada de uma maneira formal ou informal. A educação informal é aquela que aprendemos em todos os lugares no dia-a-dia. Na rua, no parque, na comunidade, com a família, com os amigos, ou seja, não precisamos de um conteúdo padronizado para aprendermos, ou de uma sala de aula.

Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender-e-ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver (BRANDÃO, 1995, p. 1).

Em uma situação semelhante, a educação formal é aquela padronizada, que traz consigo conhecimentos e comportamentos, estandarizados, que apre -sentam regras instituídas. Dessa forma, é necessário um ambiente com estruturas, professores e conteúdos sistematizados para mediar tal conhecimento, etc.

A escola, importante tanto para o aluno como para a sociedade, é a insti -tuição onde a aprendizagem ocupa o foco da atenção dos que trabalham e estudam nela.

Entende-se a educação como o processo pelo qual nos apropriamos da realidade e nos constituímos nessa realidade. Trata-se, em especí�co, do processo de personalização do sujeito. É o processo pelo qual ocorrem as multirelações cotidianas, apreensão de conhecimento dentro e fora do espaço escolar. A escola é somente um dos espaços formadores da educação e da personalidade do sujeito.

Partindo desse pressuposto, a escola tem a função de socializar e mediar a construção dos conhecimentos construídos historicamente pela humanidade, aliado a isto, estará construindo uma forma de ser nos alunos. Constituindo personalidades, cidadania, ética, valores e criando uma cultura.

O período escolar, nos anos iniciais e obrigatórios do Ensino Fundamental, é parte essencial do desenvolvimento das crianças que freqüentam este espaço. É ali, em contato com outras crianças, professores e demais funcionários, que serão construídas novas amizades, novas referências que in�uenciarão direta -mente no desenvolvimento da criança.

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AULA 5 • PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

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A função primeira da escola é o ensino. A escola é o local que melhor exempli�ca o processo ensino/aprendizagem pelo qual as pessoas passam. Ela colabora diretamente na formação de sujeitos sociais.

Sabendo que a escola é a instituição responsável pela sistematização dos conhecimentos historicamente construídos pela humanidade, é preciso ter em mente como está sendo proporcionado o acesso a esses conhecimentos aos indivíduos que a freqüentam. Esse aspecto é de fundamental importância para que possamos, também, saber como está ocorrendo o processo de desenvolvi -mento social da criança, junto aos outros personagens escolares. A�nal, como é a prática pedagógica desta escola? Autoritária? Dialógica? Competitiva? Cooperativa? Inconsistente? Integradora?

As respostas a esses questionamentos, e suas conseqüências ao desenvolvi -mento da criança, serão construídas ao longo do curso de Psicanálise, com o auxílio das diferentes disciplinas, nos diferentes períodos de estudo.

Para concluir, é importante a�rmar que o aumento das experiências sociais, além do progresso nas capacidades cognitivas, faz com que as crianças, paulatinamente, mudem a opinião com relação às pessoas. Neste momento da vida, os conceitos começam a ter características mais abstratas, internas, psicológicas. Há também um desprendimento dos pais e uma apro -ximação cada vez maior aos seus semelhantes, ou seja, novas amizades surgem com freqüência.

Vimos, nesta aula, as principais alterações que ocorrem no corpo das crianças que estudam nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Além disso, veri -�camos como se dá a vivência social dessas crianças, ou seja, suas vidas entre os amigos, com os familiares, etc. Podemos entender a importância das relações travadas no cotidiano, para que o desenvolvimento humano seja realizado de forma saudável.

1. Assinale a alternativa correta.

I. No período da educação infantil é comum as crianças de�nirem-se por uma série de situações modelos, ou parâmetros.

II. No período da educação infantil é comum as crianças descreverem-se de forma mais concreta.

III. No período da educação fundamental as crianças descrevem as situa -ções de forma mais abstrata.

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IV. No período da educação fundamental as crianças buscam seu espaço interior.

a) Somente a alternativa I está correta.

b) As alternativas II e III estão corretas.

c) Nenhuma das alternativas está correta.

d) Todas as alternativas estão corretas.

2. Elabore uma situação de interação entre uma criança na sala de aula e o professor, na qual a criança solicita orientação para o esclarecimento de uma dúvida em relação a uma brincadeira. Com esta orientação, o professor estará construindo e desenvolvendo os aspectos cognitivos da criança.

3. Elenque as características dos meninos no período compreendido entre seis e onze anos. Esclareça quais os aspectos que se desenvolvem em cada idade no que diz respeito às interações sociais na escola.

4. Faça uma redação, de no máximo 20 linhas, esclarecendo, sob sua ótica, qual a função de escola, para uma criança de 11 anos. Depois, discuta com seus colegas na telesala e, em grupo de cinco alunos, elaborem um texto de esclarecimento aos pais sobre a necessidade e a importância de enviarem seus �lhos para a escola.

Na atividade um , a alternativa correta é a (d), em que todas as alternativas estão corretas, pois é no período da educação infantil que as crianças iniciam a construção de seus parâmetros, bem como iniciam a construção de sua iden -tidade, de�nindo-se de forma mais concreta e, no período da educação funda -mental, as crianças buscam seu eu interior, tornando-se mais abstratas.

Na atividade dois , ao esclarecer a dúvida da criança, o professor deverá desenvolver seus aspectos cognitivos, a atenção e a memorização deverão estar presentes. Bem como o desenvolvimento das habilidades da linguagem e da socialização, criando conceitos de certo e errado na criança.

Na atividade três , as características que deverão estar presentes são os elementos de abstração de criação do seu próprio espaço, em que a autonomia e a construção da identidade são elementos fundamentais, bem como você deve ter descrito que a função da escola, além da socialização do conhecimento construído historicamente pela humanidade, auxilia no processo de construção de personalidades, identidades e produz caracterís -ticas cognitivas nas pessoas.

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A atividade quatro deverá ter o mesmo teor da atividade três, incluindo a necessidade de os pais participarem desta orientação e construção de aspectos cognitivos, morais, sociais e psicológicos na criança.

A realização das atividades lhe oportunizou veri�car o alcance dos obje -tivos propostos para esta aula de esquematizar as principais mudanças que ocorrem na vida das crianças com idade compatível aos anos iniciais do Ensino Fundamental e de apresentar as características que se desenvolvem na criança dos seis aos onze anos.

BEE, Helen. A criança em desenvolvimento . 7. ed. Artmed: Porto Alegre, 1996.

______. A criança em desenvolvimento . 9. ed. Porto Alegre: Artmed, 2003.

BRANDÃO, C. R. O que é educação . São Paulo: Brasiliense, 1995.

MUSSEN, Paul Henry et al. Desenvolvimento e personalidade da criança . 4. ed. São Paulo: Haarbra, 2001.

PIAGET, J.; VYGOTSKY, L. S. Novas contribuições para o debate . São Paulo: Ática, 1995.

Estudaremos a fase da adolescência. Período de di�culdade para pais e professores, pois os mesmos, muitas vezes, não sabem como lidar com esta nova etapa na vida destes indivíduos que não são mais crianças, porém ainda não são adultos. Situação difícil para os próprios atores da situação.

Anotações

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Esperamos que, ao �nal desta aula, você seja capaz de:

delinear as mudanças que ocorrem na vida de um adolescente no processo de construção de sua identidade;

explicitar o processo de construção da identidade adolescente no período do Ensino Médio.

Para acompanhar esta aula, é importante que você retome experiências sobre seu desenvolvimento humano, de quando você iniciou sua etapa da adolescência. Troque idéias com seus colegas na telessala sobre como foi esse período: o grupo de amigos, os estudos, os passeios, as festas, os namoros, a relação com a família, etc. Examine a vida da pessoa adolescente em seus aspectos físicos e cognitivos, pois esse aspecto é importante para que você conheça o desenvolvimento do adolescente, suas atitudes e forma de ser, para que você possa ter uma prática pro�ssional ligada à realidade do aluno nesta faixa etária. É interessante que você assista ao �lme: Sexta-feira muito louca , pois ele retrata a experiência de “mudança de personalidade” entre uma adoles -cente e sua mãe, as atitudes, o grupo social, os interesses e as expectativas são bastante diferenciadas. De posse desses elementos, a compreensão daquilo que será apresentado nesta aula �cará mais fácil e prazerosa.

Vamos iniciar esta aula com a pequena história a seguir, adaptada da obra Desenvolvimento Infantil de Nora Newcombe.

Vera olhou para Cíntia, sua �lha de 12 anos, no consultório do pediatra. As duas esperavam pelo exame físico de rotina de Cíntia. Vera sentia uma mistura

O Adolescente no Período Escolar

Aula 6

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de emoções. Parecia que tinha sido ontem que ela tinha trazido sua �lhinha, ainda com fraldas, para este mesmo consultório. Agora, Cíntia é uma mocinha, estudante da sétima série, com uma silhueta arredondada, em plena explosão de crescimento. Vera suspeitava que, a qualquer momento, Cíntia começaria a mens -truar. Mesmo acreditando que Cíntia já estava pronta para isso, pois ela já tinha compreensão das mudanças físicas da adolescência, Vera indagava-se quais mudanças psicológicas a puberdade traria para sua �lha. Além disso, ela tinha muito medo em relação ao modo como Cíntia lidaria com os assuntos sexuais, temendo as doenças sexualmente transmissíveis, tão reais nos dias de hoje.

Pois bem, neste pequeno trecho, é possível perceber toda a angústia de uma mãe perante o desenvolvimento da �lha que chega à adolescência. Esse período da vida humana, tradicional -mente, é considerado difícil, problemático, tanto para o adolescente quanto para os pais.

O termo adolescência é derivado do latim adoles-centia e signi�ca o período da vida humana entre a infância e o estado adulto. O período da adolescência varia de acordo com o contexto social, podendo ser curto ou mais extenso, dependendo da realidade de cada cultura.

6.1 Desenvolvimento Físico

O desenvolvimento físico dos adolescentes, nesta fase, é marcado pela explosão de crescimento e a mudança da aparência física.

Como já diz o próprio termo, há um momento na vida dos adolescentes em que a taxa de peso e altura sofre um grande aumento. Essa explosão varia bastante de uma criança para outra. Os pais não precisam �car preocupados de antemão.

Saiba mais

6.2 Maturação Sexual

Mesmo sabendo que há variações entre as pessoas, há uma seqüência de acontecimentos que retratam a maturidade física e sexual de meninos e meninas.

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AULA 6 • PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

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A tabela abaixo, retirada de Mussen e outros (2001, p. 522), nos dá um pano -rama de como acontece este amadurecimento.

Quadro: Maturação

MATURAÇÃO NOS MENINOS MATURAÇÃO NAS MENINASOs testículos e o escroto aumentam de tamanho.

Começa o estirão de crescimento adolescente.

Começam a aparecer pêlos pubianos.O pêlo pubiano, como penugem, sem pigmen -tação, aparece.

Tem início o estirão de crescimento adolescente; o pênis começa a �car maior.

Começa a elevação da mama (a chamada fase do botão) e o arredondamento dos quadris, juntamente com o início da penugem axilar.

A voz se torna grave, à medida que a laringe cresce.

O útero e a vagina, bem como os lábios e o clitóris, aumentam.

Pêlos começam a aparecer sob os braços e no lábio superior.

O pêlo pubiano cresce rapidamente e se torna ligeiramente pigmentado.

Aumenta a produção espermática, e pode ocorrer a emissão noturna (ejacu -lação de sêmen durante o sono).

As mamas se desenvolvem mais; começa a pigmentação do mamilo; a aréola aumenta de tamanho; os pêlos axilares se tornam ligei -ramente pigmentados.

O estirão de crescimento atinge o pico; o pêlo pubiano se torna pigmentado.

A taxa do estirão de crescimento atinge o pico e depois declina.

A próstata aumenta. Ocorre a menarca (início da menstruação).

A produção de sêmen se torna su�ciente para fertilidade; a taxa de crescimento diminui.

Torna-se completo o desenvolvimento dos pêlos pubianos, seguido do desenvolvimento maduro das mamas e término do desenvolvi -mento dos pêlos axilares.

O vigor físico atinge o pico.

Termina o período de “esterilidade adoles -cente” e a menina se torna capaz de conceber (até um ano aproximadamente após a menarca).

Fonte: Mussen e outros (2001).

Completando a seqüência apresentada a respeito da maturação masculina e feminina no período da adolescência, vale lembrar que muitas dessas mudanças dizem respeito à sexualidade do adoles -cente. Possivelmente, seja esta a mudança mais perturbadora rela -cionada à adolescência.

Cada vez mais cresce o número de jovens iniciando a vida sexual no período da adolescência. Por diversos eventos sociais, incluindo a erotização veiculada por meios midiáticos, principal -mente a televisão, essa cultura do prazer vem acompanhada de muita desinformação, gerando diversos problemas no campo da saúde pública: adolescentes grávidas, mães precoces, doenças sexual -mente transmissíveis, não utilização ou uso incorreto de contraceptivos

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(pílulas anticoncepcionais e preservativos, por exemplo), crianças sem pai, mães abandonando seus �lhos, família desestruturadas, etc.

6.3 Desenvolvimento cognitivo

O desenvolvimento cognitivo do ser humano, iniciado no nascimento, continua também na adolescência. Percebe-se um amadurecimento do ato de pensar desses jovens. As operações concretas do pensamento são vencidas pelas operações formais, propiciando uma signi�cativa mudança, de ordem qualitativa, no processo de aquisição do conhecimento durante a adolescência. Destacamos em tópicos algumas características marcantes desta fase:

busca de diferentes estratégias na resolução de problemas;

percepção da realidade por meio de vários pontos de vista;

raciocinar hipoteticamente, apresentando possibilidades de ação;

utilização de regras abstratas.

6.4 O adolescente no período do Ensino Médio

Continuando no período da adolescência. Direcionaremos nossas atenções ao processo de construção de identidade, envolvendo o relacionamento com os pais e amigos, além da escolha pro�ssional.

Além das alterações físicas, outra grande alteração, durante a adolescência, é o desenvolvimento da auto -nomia, que também prepara o adolescente para a vida adulta. Essa construção da identidade é um processo duradouro que acontece na vida de todas as pessoas. É na adolescência que há uma busca maior pela cons -trução dessa identidade, por meio das interações com o mundo e da interatividade com as pessoas.

Dois fatores são fundamentais na construção da identidade de uma pessoa: o relacionamento com os pais, e o desenvolvimento da autonomia junto a eles, e

o estabelecimento de relações de amizade e de afeto com os companheiros.

É com esta perspectiva que temos também que enxergar o outro lado da moeda. A busca por esta construção pode não ter êxito devido a duas formas de apresentar-se:

[...] pode ser prematuramente encerrada ou inde�nidamente prolongada. O fechamento precoce da identidade é uma �xação prematura da imagem de alguém que interfere no desenvolvi -mento de outros potenciais e possibilidades para autode�nição. A difusão da identidade, por outro lado, resulta de uma busca longa

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FATEC - Psicanálise 65

e inconclusiva pela identidade; os indivíduos incapazes de trans -cender a difusão da identidade provavelmente sejam imaturos e tenham baixa auto-estima (MUSSEN e outros, 2001, p. 589).

Pensando sobre o assunto

6.5 Adolescente e seus Pais

Não há como negar que os pais funcionam como espelhos para seus �lhos. São modelos presentes que podem ser um grande in�uenciador no processo de cons -trução da identidade destes adolescentes. Entretanto é preciso que tenham consciência dos seus papéis na educação dos �lhos.

Muitos estudos já comprovaram que, nesta fase, há um aumento do con�ito entre pais e �lhos. Ora, enca -ramos esse con�ito com certa naturalidade, até porque ele é resultado também da contradição entre a busca de uma autonomia e, ao mesmo tempo, a manutenção de um apego em relação aos pais, demonstrada pelos jovens adolescentes.

Esses con�itos surgem acerca de fatos corriqueiros do dia-a-dia, transparecendo certa impaciência uns com os outros. Sendo assim, uma simples roupa jogada no sofá da casa pode ser motivo para o início de uma nova desavença.

Há indícios de que esses con�itos causam maiores perturbações aos pais. A�rma-se isso pela sensação da perda de controle sobre os �lhos e, também, pela preocupação com a segurança dos mesmos, já que estão ganhando maior independência (BEE, 2003). Entretanto, os con�itos não são sinônimos obriga -tórios de distanciamento familiar, pois os pais continuam sendo uma referência fundamental à vida dos adolescentes.

6.6 Adolescente e seus Pares

As amizades são mais uma forte in�uência no dia-a-dia dos adolescentes. Os relacionamentos com os amigos servem como modelos para os relaciona -mentos que serão construídos na vida adulta.

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66 FATEC - Psicanálise

Os grupos de amigos, com suas culturas especí�cas , in�uenciam as opções feitas pelo adolescente. Além disso, esses grupos proporcionam uma ajuda emocional, permitindo que esse adolescente mude seu comportamento, seus gostos e até mesmo suas idéias, sem ter de passar por alguma rejeição. Um fator de grande importância nesta fase é a escolha da pro�ssão. Assunto que veremos a seguir.

6.7 Escolha profissional

Com a proximidade da conclusão do Ensino Médio, aumenta a preocu -pação dos adolescentes com a escolha de uma futura pro�ssão. E essa escolha não é uma tarefa simples. O jovem recebe pressão de todos os lados (família, amigos, escola, mercado de trabalho, dele mesmo, etc.) para que de�na seu futuro pro�ssional. Mussen e outros (2001, p. 568) diz que

ter um emprego valorizado pela sociedade – e ter sucesso nele – aumenta a auto-estima e facilita o desenvolvimento de um senso de identidade cada vez mais seguro e estável. Por outro lado, quando a sociedade aponta que alguém não é necessário e que não há disponibilidade de bons empregos (uma mensagem que está sendo dada, atualmente, a grandes números de jovens de grupos minoritários desfavorecidos), pode gerar dúvidas, incer -tezas, ressentimentos e perda da auto-estima.

Essas pressões e incertezas pro�ssionais aumentam ainda mais a chance de confusão na construção da identidade. E, neste momento, é preciso auxiliar os adolescentes na passagem ao mundo adulto do trabalho, fornecendo indi -cativos para que ele possa chegar à sua decisão. Em relação à escolha pro�s -sional, alguns princípios podem colaborar, para que o adolescente decida o seu caminho pro�ssional:

as metas pro�ssionais;

as in�uências socioeconômicas;

a questão do gênero e trabalho;

os valores familiares;

o emprego no Ensino Fundamental e Médio;

o casamento e trabalho;

as in�uências paternas;

as in�uências maternas;

as in�uências da escola;

as in�uências dos amigos;

as perspectivas de transformação social, etc.

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FATEC - Psicanálise 67

Como é possível perceber, os interesses pro�ssionais dos adolescentes se desenvolvem de modo não-sistemático, apresentando uma enorme variedade de in�uências. A participação de todos aqueles agentes que possam apontar os caminhos a estes jovens é fundamental. Porém quem decide qual caminho seguir é o próprio adolescente. E a sua decisão deve ser respeitada e apoiada.

Para concluir, observe que a construção da identidade é um processo dura -douro na vida das pessoas. É na adolescência que há uma busca maior pela construção dessa identidade, por meio das interações com o mundo e da intera -tividade com as pessoas.

Nesta aula, estudamos o desenvolvimento físico e cognitivo do adolescente. Vimos as mudanças internas que ocorrem no organismo humano desses adoles -centes e suas manifestações no ambiente. Também entramos em contato com a escolha da pro�ssão, que acaba sendo uma situação bastante con�ituosa para o adolescente, pois esta pode ser um determinante para a vida dos mesmos. Assim a adolescência é marcada por várias (e rápidas) mudanças físicas, sexuais, psicológicas, cognitivas e sociais. Cada uma dessas mudanças in�uencia forte -mente a vida dos adolescentes.

1. Sobre o termo adolescência é correto a�rmar.

Deriva do grego a) adolescentia e signi�ca o período da vida humana entre a infância e o estado adulto. Varia de acordo com o contexto social. Ele pode ser curto ou mais extenso, dependendo da realidade de cada cultura.

É derivado do latim b) adolescentia e signi�ca o período da vida humana entre a infância e o estado adulto. Varia de acordo com o contexto social. Ele pode ser curto ou mais extenso, dependendo da realidade de cada cultura.

Derivado do latim, é um período da vida humana entre a infância e vida a c) adulta, por que todos os sujeitos passam e é igual em todas as culturas.

Derivado do grego, é um período da vida humana entre a infância e vida d) a adulta, por que todos os sujeitos passam e é igual em todas as culturas.

2. Disserte, em no máximo, 20 linhas para cada questão.

a) Quais as principais mudanças nas relações entre �lhos e os pais no período da adolescência?

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b) Qual o papel da família no desenvolvimento da identidade?

c) Como podemos colaborar no processo de decisão do adolescente quanto ao seu futuro pro�ssional?

Após a elaboração dessas dissertações, interaja com seus pares na telessala.

3. Em relação às pressões e incertezas pro�ssionais, sabe-se que existem situ -ações que costumam ocorrer na adolescência e que podem desencadear algumas di�culdades no desenvolvimento da personalidade humana. Dentre elas, assinale a alternativa correta.

a) aumentam ainda mais a chance de certeza na construção da identidade;

b) diminuem ainda mais a chance de confusão na construção da identidade;

c) aumentam ainda mais a chance de confusão na construção da identidade;

d) diminuem ainda mais a chance de confusão na construção da identidade.

4. Dentro deste foco de atenção sobre a adolescência e, especi�camente sobre gravidez na adolescência, gostaríamos que você realizasse uma pesquisa sobre gravidez na adolescência . Você conhece alguma pessoa que �cou grávida neste período da vida? Sua mãe era ainda uma adolescente quando concebeu você? Pois então, discuta com mais algum colega de curso e combine as estratégias para que se efetive esta pesquisa. Você pode abordar desde as razões encontradas para que aconteça tal fato até os índices de gravidez em adolescentes na sua cidade, estado e/ou região.

Na atividade um , a resposta correta é a (b): o termo adolescência é derivado do latim adolescentia e signi�ca o período da vida humana entre a infância e o estado adulto. Este período oscilante pode variar de acordo com o contexto social, ou seja, dependendo da cultura, as questões con�ituosas na adolescência podem ser maiores ou menores. Este período em que as incertezas acontecem, pode ser curto ou mais extenso, dependendo da realidade de cada cultura. As demais opções não são corretas, pois na opção (a) o termo adolescentia não deriva do grego, na opção (c) está incorreto porque é o período entre a infância e o estado adulto e a opção (d) coloca que deriva do grego e o correto é do latim.

Na atividade dois , as respostas deverão conter as mudanças que ocorrem na vida de um adolescente no processo de construção de sua identidade. Por exemplo, na alternativa (a) você deve ter abordado as relações con�ituosas que ocorrem neste período entre pais e �lhos, já que estes últimos requerem sua auto -nomia, não são mais crianças, porém reivindicam alguns direitos que, para seus pais, pertencem aos adultos, e estes custam a aceitar que seus �lhos começam

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a ser independentes. Na resposta (b) você deve ter indicado que o papel da família é orientar seus �lhos em todos os aspectos, morais, sociais, políticos, pro�ssionais. Esclarecendo as implicações de cada atitude escolhida para suas vidas futuras, a necessidade da orientação sexual deve fazer-se presente. Já na opção (c) você, com certeza, contemplou o compromisso e a responsabilidade com a escolha pro�ssional. Esclarecendo que esta situação é de bastante serie -dade, já que a mesma pode construir a identidade pro�ssional do adolescente ao longo de sua vida.

Já na atividade três , no que tange ao processo de construção da identidade do adolescente no período do Ensino Médio, em relação às pressões e incer -tezas pro�ssionais, deve �car claro que é um momento de muitas incertezas, angústias e con�itos. Situações estas comuns a este período de adolescência. Porém você deve ter esclarecido que alguns princípios podem colaborar para que o adolescente decida o seu caminho pro�ssional. Dentre eles, a informação sobre o mercado de trabalho, o esclarecimento de cada pro�ssão e a compre -ensão de que o aprendizado deve se fazer presente para que a escolha seja realizada da melhor forma possível.

Na atividade quatro , você deve ter contemplado as di�culdades encon -tradas pelas adolescentes em continuar seus estudos e a escolha pro�ssional. A necessidade de as mesmas assumirem responsabilidades educacionais com esta criança em um período em que as adolescentes ainda não assumiram suas próprias responsabilidades, você deve ter veri�cado como essa situação modi -�ca seu próprio grupo social.

A realização das atividades lhe oportunizou veri�car o alcance dos obje -tivos propostos para esta aula de delinear as mudanças que ocorrem na vida de um adolescente no processo de construção de sua identidade e de explicitar o processo de construção da identidade adolescente no período do Ensino Médio.

BEE, Helen. A criança em desenvolvimento . 9. ed. Porto Alegre: Artmed, 2003.

MUSSEN, Paul Henry et al. Desenvolvimento e personalidade da criança . 4. ed. São Paulo: Haarbra, 2001.

NEWCOMBE, Nora. Desenvolvimento infantil. 8. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.

Abordaremos a vida adulta, apresentando as principais mudanças rela -tivas ao amadurecimento do adulto, bem como sua vida de relações e o

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aspecto pro�ssional, aspectos que são desenvolvidos neste período do cresci -mento humano. Apresentaremos, também, algumas situações que assolam a 3ª idade, ou seja, veremos características especí�cas sobre a o chamado período de envelhecimento.

Anotações

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FATEC - Psicanálise 71

Esperamos que, ao �nal desta aula, você seja capaz de:

descrever as principais características do adulto;

conhecer os aspectos que permeiam a terceira idade, ou o envelhecimento.

As questões relacionadas à vida pro�ssional iniciam-se ainda na adoles -cência. Portanto para acompanhar bem este aula, você deverá ter aproveitado bem a aula sobre a adolescência e, para ampliar um pouco seus conhecimentos sobre escolha pro�ssional, pesquise a página < http://www.abopbrasil.org.b r> da Associação Brasileira de Orientação Pro�ssional. Esta pesquisa é importante porque lhe trará informações sobre as pro�ssões, suas escolhas e como o ser adulto constrói sua identidade se apropriando do trabalho.

A fase adulta é aquela na qual passamos o maior número de anos de nossas vidas e é caracterizada por um constante gerenciamento das tarefas e exigên -cias do mundo e concretização de expectativas pessoais pelo indivíduo. Esse gerenciamento exige rápidas tomadas de decião, ajustamento a diversos fatores, controle emocioanal, boa forma física, resistência à frustração, etc. Ou seja, necessita de tudo o que foi aprendido até então. Das exigências da vida adulta, uma das mais importantes é a vida pro�ssional, pois passamos muitos anos dedi -cando-nos a ela. Para garantirmos uma vida pro�ssional feliz, é necessário tomar certos cuidados durante o processo de escolha, conhecendo nossos interesses e habilidades. Outro tema importante neste período da vida, é a relação amorosa, a escolha do parceiro e os con�itos que podem acontecer na vida conjugal.

Estes dois temas da vida adulta, o trabalho e amor, são fundamentais para que o adulto viva com qualidade e bem-estar. O trabalho é a forma como nos

Vida Adulta: Profissão, Relações e Envelhecimento

Aula 7

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apropriamos da natureza e, com o advento do sistema capitalista, passou a ser exercido como uma forma de manutenção da própria vida. Já no que tange à vida de relações, temos o chamado amor.

Amor de várias formas: vínculos estreitos de amizade e vínculo profundo e compromissado com um parceiro sexual que pode levar a casamento e vida familiar. Basicamente a vida adulta é de ajustamento às exigências impostas por responsabilidades e papéis sociais e pro�ssionais.

Apesar de todos nós termos desenvolvimentos semelhantes, a partir da vida adulta, há grande diferenciação individual, dadas as histórias de vida de cada um.

Hu�man, Vernoy e Vernoy (2003, p. 313) dividem a fase adulta da seguinte maneira:

Quadro 1: Fase Adulta

FASE IDADE APROXIMADAAdulto jovem dos 20 aos 45 anos

Adulto intermediário dos 45 aos 60 anos

Adulto tardio dos 60 anos até a morte

Fonte: Mussen e outros (2001).

É bom lembrar que essas divisões não são consenso entre os autores, mas apenas um exemplo para enriquecer nosso estudo.

7.1 O que é ser adulto?

É muito mais do que atingir os 20 anos de idade.

Independentemente do sexo, ser adulto é possuir um conjunto de comportamentos que envolvam saber como agir nas mais diversas ocasiões, ter sensibilidade às necessidades das demais pessoas, assumir a responsa -bilidade por seus atos, adaptar-se às exigências dessa nova etapa da vida de forma equilibrada.

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É próprio dessa fase a procura por uma atividade pro�ssional e pela vida conjugal. As duas tarefas necessitam de esforço e dedicação e, muitas vezes, as pessoas não conseguem ou não se adaptam às exigências que se apresentam nesses aspectos da vida.

O que vai determinar a adaptação ou não a essas e a outras exigências da vida adulta é toda a história de vida dessa pessoa até o momento presente de sua vida. Assim, não há resposta simples. Todas as variáveis devem ser consideradas.

Por exemplo: muitas vezes uma pessoa escolhe uma pro�ssão baseada em informações sobre ganhos �nanceiros no futuro, não levando em consideração suas habilidades em outros setores. Com o passar do tempo, essa pro�ssão pode não ser mais tão requisitada, ou mesmo ser extinta, devido à implantação de novas tecnologias, causando grande frustração. Essa frustração pode ser tanto pela perda das expectativas iniciais quanto por ter que, novamente, se preparar pro�ssionalmente, levando ao dispêndio de mais tempo e dinheiro e a menos contatos sociais. Ou, ainda, a pessoa pode se tornar um bom pro�ssional e até ser bem remunerada, mas não se sentir feliz na realização das tarefas, tornan -do-se uma pessoa sem motivação no ambiente de trabalho. Essa situação pode perpetuar-se por toda sua vida pro�ssional levando, inclusive, a doenças.

Saiba mais

Para muitos, não é tarefa fácil deixar para trás os comportamentos infantis e da adolescência.

Do adulto é esperado, portanto, autonomia, e ela acontece quando:

há equilíbrio entre interesses pessoais (planejados para curto e longo prazo) e os fatores disponíveis no momento;

dirige-se a conseguir metas positivas ainda que haja frustrações;

estabelece relacionamentos interdependentes nos quais in�uencia e é in�uenciado, mesmo em se tratando de seus pais;

relaciona-se de forma �exível e respeitosa, com pessoas de todas as faixas etárias;

sente prazer em ocupar a posição que ocupa, em sua vida emocional, social e ocupacional, buscando sempre aprimoramento. Considera seus pontos fortes e fracos nessa busca;

é ciente das conseqüências de seus atos.

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7.2 Frustração e Conflito

Pode-se dizer que a vida adulta é permeada de frustrações e con�itos que a tornam desa�adora. Como, num con�ito, deverá ocorrer a escolha por uma das opções disponíveis, ele também pode ser considerado uma frustração.

Saiba mais

Existem várias combinações de con�itos. Vamos fazer uma apresentação didática, mas na vida eles assumem múltiplos fatores, que muitas vezes não estão claros.

Quadro 2: Con�itos

TIPO DO CONFLITO DESCRIÇÃO

Aproximação – aproximação

Nessa ocasião duas opções de ação que são atrativas para aquela pessoa em particular são apresentadas, e ela terá que escolher um dos cursos de ação. Por exemplo: você tem dinheiro para ir ao jogo de seu time favorito e foi convidado para uma festa; o problema é que ambos são no mesmo horário.

Evitação – evitação

Nessa ocasião duas opções de ação são repulsivas para aquela pessoa em particular, mas ela terá que optar por um curso de ação. Por exemplo: quando ainda não havia EaD, uma pessoa que quisesse fazer um curso superior tinha que deixar sua cidade. Assim, �car na cidade não levava a uma pro�ssionalização e sair da cidade levava à pro�ssionali -zação mas levava ao distanciamento de amigos e familiares.

Aproximação – evitação

Quando uma única opção tem aspectos bons e maus. Por exemplo: ser juiz é o sonho pro�ssional de alguém. A magis -tratura traz consigo status social e econômico. Porém, para conseguir tal objetivo, é necessário muito estudo, dedicação e gastos �nanceiros.

Dupla aproximação – evitação

Nesse caso duas opções com pontos atrativos e repulsivos estão disponíveis. Por exemplo: um jovem tem que escolher entre trabalhar e estudar. Trabalhar sana problemas �nanceiros, mas com pouca instrução não é possível almejar colocações que ofereçam bons salários. Estudar leva a melhores coloca -ções pro�ssionais, mas exige tempo para estudar e dinheiro.

Fonte: Davido� (1983).

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Viver con�itos e frustrações gera estresse. A forma como cada um vai lidar com esses desa�os depende de suas primeiras experiências de vida, do suporte emocional que possui, das estratégias cognitivas que desenvolveu para a reso -lução de problemas, dos modelos de ação que os pais ofereceram.

7.3 A Escolha Profissional

A sociedade vem mudando muito nas últimas décadas. Em relação ao trabalho, até os anos de 1950, a idéia de que o trabalho era um dever e digni�cante por si só parece ter de�nido a forma de agir dessas gerações, levando muitos a optarem por uma colocação no mercado de trabalho em detrimento de uma formação pro�ssional. Com o aumento da utilização da tecnologia no trabalho, mais pro�ssionalização foi sendo exigida gradati -vamente e, hoje, o que vemos é que a educação formal está se estendendo cada vez mais.

O preparo pro�ssional torna-se longo, sua escolha deve ocorrer cedo. Nossos jovens, cada vez mais cedo, têm que decidir por uma carreira pro�ssional, num momento não muito adequado para decisão tão importante.

Muitas pesquisas apontam para o fato de a carreira pro�ssional ser uma parte muito importante da vida. Uma pro�ssão é valorizada muito além de ques -tões �nanceiras, pois em muitas pesquisas aparecem dados sobre trabalhar ainda que fosse milionário.

A escolha pro�ssional deve ser baseada em habilidades e interesses pessoais. Se um psicólogo for assessorar nessa escolha, ele submeterá o jovem a entrevistas, a testes psicológicos, a dinâmicas de grupo, para conseguir acessar os dados necessários sobre suas habilidades e interesses. Esses dados apontarão para famílias pro�ssionais que mais se encaixam na forma de agir desse jovem. O serviço de orientação pro�ssional não diz uma única pro�ssão que a pessoa deve seguir, mas diz as famílias pro�ssionais que mais se identi -�cam com a ação da pessoa.

Dessa forma, quem sempre escolherá sua pro�ssão é o contratante do serviço. Porém ele terá disponível um leque de opções mais restrito, mais apro -priado às suas características pessoais.

Como o momento de escolha pro�ssional coincide com a adolescência, momento de desenvolvimento humano muito conturbado, muitos jovens acabam escolhendo pro�ssões por motivos distorcidos. Por exemplo: alguém pode escolher determinada pro�ssão por essa ser a pro�ssão de seus pais ou de sua família e, assim, parecer um caminho mais fácil, por já haver uma empresa, escritório ou consultório estabelecido. Ou pode, ainda, ir contra qualquer sugestão que seus pais derem, já que a família pode estar passando por momentos difíceis em seu relacionamento. Muitas pesquisas apontam

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para jovens adultos, entre os 28 e 35 anos, procurando serviços de re-es -colha pro�ssional.

Mesmo sendo possível a troca de pro�ssão nessa faixa etária, ela é uma fonte extra de estresse. Essa recolocação impede, por exemplo:

contatos sociais em geral;

se a pessoa for solteira, pode impedir que ela encontre oportunidades para um relacionamento a dois;

se a pessoa for casada, pode levar a perdas �nanceiras que atrasam planos de vida do casal, como o adiamento do momento de ter um �lho;

se a pessoa for casada e tiver �lhos, eles podem sofrer negligências;

a disposição física para submeter-se à jornada de trabalho e estudos já não é mais a mesma de outros tempos.

7.4 Satisfação no Trabalho

Por ser o trabalho o local onde passamos a maior parte de nossas vidas, ter ou não satisfação nesse ambiente é de muita importância.

Fatores estressantes no trabalho surgem quando há muita ou pouquíssima pressão no cumprimento de tarefas, podendo levar a problemas psicossomáticos.

As cinco condições, por ordem de importância, que geram mais relatos de satisfação no trabalho são:

trabalho desa�ante;

o empregador disponibilizar equipamentos su�cientes e auxílio de outros pro�ssionais para o cumprimento das tarefas;

o trabalhador sentir-se preparado para o cumprimento da tarefa;

o trabalhador ter autonomia para solucionar problemas relacionados ao trabalho;

salário compatível com a tarefa exigida.

Os pontos que levam a relatos de insatisfação são:

riscos de segurança e de saúde;

sobrecarga de trabalho;

turnos variáveis;

supervisão inadequada;

salário incompatível com a tarefa exigida;

pouca oportunidade de progressão.

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As pesquisas também mostram que os trabalhadores mais ajustados às exigências de uma empresa são aqueles mais ajustados à vida global e possuem mais relatos de autocon�ança, estabilidade emocional e postura positiva diante das exigências.

Não podemos nos esquecer que tais características pessoais surgiram ao longo da vida dessas pessoas.

Será que há diferenças entre homens e mulheres no mundo do trabalho?

Não há diferenças marcantes entre a forma de agir ou pensar sobre o trabalho entre homens e mulheres. Contudo quando estamos nos referindo a casais, as mulheres ainda sofrem certas pressões.

Diferentemente dos tempos passados, hoje em dia é muito mais comum vermos tanto marido quanto mulher possuírem carreiras pro�ssionais. Apesar dos pais serem, hoje, muito mais participativos na educação dos �lhos do que anti -gamente, ainda assim as mulheres costumam assumir a educação dos �lhos.

O fato de as mulheres assumirem a educação dos �lhos, muitas vezes de forma “individual”, em que o marido não acompanha o processo de desenvolvi -mento desta criança, faz com que a chegada dos �lhos seja uma situação estres -sante para a mulher, embora a chegada do �lho seja desejada, pois com este fato, a mulher pode deixar seu trabalho ou diminuir a sua jornada de atividade, o que pode gerar muitas frustrações e con�itos para ela.

Primeiramente, ela perderá oportunidades de aprimoramento e progressões e também haverá perda �nanceira. Pode haver, também, muitos problemas de adaptação às tarefas exigidas pela maternidade, às quais ela pode nunca ter se preparado para assumir.

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78 FATEC - Psicanálise

7.5 A Aposentadoria

Há muito folclore envolvendo o tema aposentadoria.

Primeiro estipulou-se como o momento certo de se aposentar em torno dos 65 anos de idade. Depois que haveria perdas �nanceiras, depressão e problemas familiares pela presença constante desse membro da família em casa.

Mas as pesquisas não con�rmam essas idéias.

Por causa dessa noção de idade correta para a aposentadoria, muitas empresas e países estipulam o oferecimento de pensões e vantagens à aposenta -doria nessa faixa etária (variando entre os 60 e 65 anos), mas não há nenhum embasamento cientí�co que justi�que essa escolha.

É comum encontrarmos pro�ssionais, principalmente liberais (arqui -tetos, médicos, artistas), muito comprometidos com suas tarefas trabalhando até a morte. E as tarefas em si não sofrem nenhum tipo de prejuízo por seus executores terem mais idade do que o estipulado como certa para aposentar-se.

Em relação à renda, nos países desenvolvidos, onde o ofereci -mento de pensões e seguros, serviço médico gratuito, além do fato dos �lhos já terem deixado seus lares e a moradia ser própria, faz com que a renda do aposentado aumente.

Além disso, é claro que o envelhecimento da população preo -cupa, pois a força de trabalho do número dos jovens, com o

passar do tempo, não conseguirá manter os benefícios que são concedidos hoje. Medidas que atingem a população aposentada já estão sendo tomadas e, com o tempo, podem

piorar o quadro atual.

Em relação à saúde, muitas vezes, a opção pela aposentadoria acontece por causa de um problema de saúde. Dessa forma, os problemas que surgem após a aposentadoria são em decorrência do agravamento do quadro inicial e, não, de algum problema causado especi�camente pela aposentadoria.

Mesmo quando o assunto é depressão, as pesquisas não mostram a aposen -tadoria como sendo um fator gerador desse mal. Na verdade, as pessoas mal adaptadas em seus ambientes de trabalho têm muito mais chances de desen -volver depressão do que os grupos de aposentados.

Quanto a problemas familiares pela presença constante da pessoa aposen -tada em casa, as pesquisas mostram que, se há distúrbios familiares pré-exis -tentes à aposentadoria, os con�itos têm maior probabilidade de surgir. Se não há nenhuma fonte de tensão antes da aposentadoria, não há pioras nos relacio -namentos baseados na presença mais constante do membro da família que se aposentou em casa.

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7.6 A Vida Adulta: Vida de Relações

Um outro aspecto da vida adulta que merece especial atenção é nossa vida de relações. A forma como nos relacionamos socialmente e a dois também depende da forma como aprendemos a nos relacionar e a con�ar nas pessoas desde o nascimento. Assim pessoas que não amadureceram emocionalmente poderão ter nesse período da vida estresse, em vez de apoio e afeto.

Os dois temas fundamentais da vida adulta são, de fato, trabalho e amor. Sobre o trabalho, discutimos algumas idéias no tema anterior. Agora trataremos do amor e da amizade.

A amizade exerce uma importância fundamental para a vida adulta, possibilitando a troca de idéias, aprendizagens e auxílio na resolução de con�itos cotidianos.

7.7 Amizade

Como nos períodos anteriores do desenvolvimento, há diferenças nas amizades entre os homens e mulheres. As mulheres tendem a manter diálogos mais con�denciais, falando sobre sentimentos e problemas. Já os homens tendem a falar sobre interesses mútuos e pouco sobre sentimentos e problemas.

Mas em geral, os adultos possuem muito menos amigos do que os adoles -centes, principalmente por causa da escassez de seu tempo. Muitas vezes se torna impossível travar boas conversas com seus pares, já que os adultos possuem jornadas de trabalho e estudos desgastantes, podem, ainda, possuir exigências advindas da constituição de sua própria família.

Além dessas di�culdades, que impedem, muitas vezes, o surgimento de novas amizades na idade adulta, parece que as primeiras experiências de amizades, iniciadas ainda na infância, são aquelas consideradas verdadeiras, por terem acontecido, principalmente, em momentos de nossas vidas quando não havia questões relacionadas a status social e questões �nanceiras por trás das aproxi -mações sociais.

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Pensando sobre o assuntoPensando sobre o assunto

7.8 Amores

Encontrar um parceiro com o qual se desenvolva um compromisso íntimo é próprio do desenvolvimento humano adulto.

Pesquisas têm mostrado que as uniões e início de novas famílias estão acontecendo cada vez mais tarde. Em diversos países, estamos assistindo aos �lhos adultos simplesmente optarem por permanecerem por períodos cada vez mais longos na casa de seus pais.

Há poucas décadas, logo no início da fase adulta, os �lhos procu -ravam sair da casa de seus pais e constituir sua própria família. Porém com a liberdade sexual e o afrouxamento dos costumes, tornou-se possível iniciar uma vida sexual e manter-se na casa dos pais. Além disso, os preços mundiais com relação à auto-manutenção e moradia não permitem que uma pessoa em seu início de carreira se sustente. Isso também retarda sua saída da casa dos pais.

Esses fatores, no entanto, não são impeditivos de que novas relações a dois e, posteriormente, familiares se estabeleçam.

Mas quem escolher?

Alguns dizem que “os opostos se atraem”. Mas também há o ditado que diz “cada qual com seu igual”. Esse segundo ditado parece ser mais adequado quando estamos tratando de relacionamento a dois.

Quanto maior for a proximidade de condições sociais, educacionais, inte -resses gerais, crenças, valores, etnia e atração física, maiores chances de rela -cionamento estável e sem grandes con�itos.

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7.9 Maternidade e Paternidade

Socialmente, a identidade do adulto muda com a chegada de um �lho e pode ser difícil, ainda que a gravidez (ou adoção) tenha sido planejada. Os pais têm o novo compromisso de prover o bem-estar físico e psicológico da criança e devem agir com amor e paciência, ainda que todos os seus planos pessoais estejam de lado.

A adaptação à chegada da criança será mais fácil ou difícil dependendo do grau de cumplicidade conseguido pelo casal. É essa cumplicidade que gera o comparti -lhamento das tarefas, os cuidados mútuos, a dedicação e paciência, ainda que as coisas não saiam como planejadas.

7.10 Variações

A narrativa desse tema pode deixar a falsa impressão de que todo ser humano adulto encontra parceiros, casa-se e tem �lhos, e isso não é verdade.

Muitos casais moram juntos mas não são casados legalmente, muitas crianças são criadas por apenas um dos pais, há casais homossexuais, e alguns casais homossexuais que possuem �lhos (adotivos ou �lho de um dos parceiros).

Há, também, várias combinações familiares que surgiram com o advento do divórcio, quando as pessoas separadas e com �lhos, ao tentarem novas uniões, acabaram formando famílias com �lhos dos primeiros casamentos de ambos os parceiros mais os �lhos dessa nova união.

Assim como as famílias constituídas nos moldes tradicionais enfrentam várias di�culdades de ajustamento às exigências da vida, as novas con�gurações também as enfrentam.

7.11 Problemas Conjugais Comuns

Há muitas pesquisas que levantaram as principais narrativas de problemas conjugais. Davido� (1983, p. 576) apresenta algumas dessas narrativas:

os parceiros deixam de se comprometer um com o outro e com os planos iniciais;

as diferenças reais são difíceis de serem aceitas, sendo que os princi -pais con�itos envolvem dinheiro (como consegui-lo e como gastá-lo) e como criar os �lhos;

o excesso de ciúmes, que poda a liberdade dos parceiros;

um dos membros do casal possui mais poder que o outro;

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82 FATEC - Psicanálise

falhas na comunicação;

crescimento individual que inviabiliza o projeto de vida a dois.

A harmonia conjugal parece, assim, estar vinculada à capacidade de solu -cionar problemas.

Outro aspecto da vida adulta que merece especial atenção é nossa vida de relações. A forma como nos relacionamos socialmente e a dois também depende da forma como aprendemos a nos relacionar e a con�ar nas pessoas desde o nosso nascimento. Assim, pessoas que não amadureceram emocionalmente poderão ter nessa área da vida estresse, em vez de apoio e afeto.

Saiba mais

Seguiremos nossa aula com o assunto sobre a vida adulta. Agora adentra -remos na chamada terceira idade, a fase do envelhecimento, quando o declínio das células acontece naturalmente. Porém veremos que esta fase é bastante mito -lógica, já que se adotados alguns hábitos de vida saudáveis, a possibilidade de uma vida longa e com qualidade é bastante possível.

7.12 Envelhecimento

Pesquisas recentes apontam que o desenvolvimento intelectual ocorre por volta dos 40 anos de idade e este se mantém até os 60 anos de idade. A partir

daí, há um declínio gradual.

Muitos senhores e senhoras, em seus 90 anos de idade, podem gozar de saúde global melhor do que muitos adultos jovens.

A terceira idade, considerada a partir dos 60 anos, não é sinônimo de saúde precária, inatividade, isolamento e incapacidade intelectual. Diferentemente

do que muitos podem achar, os idosos moram sozi -nhos, muitos trabalham, autosustentam-se, namoram e é possível um bom controle de grande parte das doenças que podem acometê-los.

7.13 Desenvolvimento Físico

Após a puberdade, as mudanças corporais são menos dramáticas. Até a meia-idade as mudanças físicas são apenas discretas.

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Quadro 3: Principais mudanças da meia-idade

SEXO MUDANÇAS OBSERVADAS

Homem

A produção de esperma e do hormônio testosterona entram em declínio (conhecido como climatério masculino). Porém, diferente -mente das mulheres, os homens podem gerar �lhos até os 80 ou 90 anos de idade.

Mulher

A menopausa, ou encerramento do ciclo mentrual, acontece entre os 45-55 anos de idade, levando à infertilidade.Com isso há a diminuição do estrogênio, hormônio feminino, que causa algumas mudanças físicas.

AmbosGanho de peso, cabelos brancos, problemas de visão e audição enfraquecimento muscular, entre outros.

Fonte: Davido� (1983).

Após essas mudanças iniciais, a maioria das mudanças ocorre, de forma gradual, na idade avançada, afetando coração, artérias, cérebro e recep -tores sensoriais. Essas alterações levam a alterações na pressão arterial, várias funções cerebrais diminuem, a acuidade visual e auditiva diminuem, assim como a sensibilidade a odores.

Essas perdas, mais do que perdas físicas, podem transformar-se em perdas na qualidade das relações com as outras pessoas como, também, nas atividades de lazer. Assim, pode haver perda na leitura de livros e jornais, no acompanha -mento de notícias pela TV, pouca participação em refeições com amigos, o que pode gerar isolamento e depressão.

7.14 Desenvolvimento Social

Nessa fase, ainda é importante possuir amigos, que dêem apoio, pessoas para falar sobre a saúde, a morte dos amigos e atualidades.

Há grande variação nas ações individuais. Alguns gostam de participar de grupos e, por seu intermédio, viajar, dançar, cantar, participar de diversas outras formas de lazer. Outros preferem atividades caseiras, leitura, cuidar dos netos ou de algum parente em di�culdades.

Essas várias atividades são exemplos do que se chama teoria da atividade no envelhecer. En�m, todo esforço é válido para o bem-estar físico e psicológico do idoso e alcançar a sensação de que a vida vale a pena, aceitar conquistas, sem remorsos pelos erros, traz a sensação de que a vida foi vivida em sua plenitude.

Saiba mais

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7.15 A Morte e o Morrer

Ao que parece, “morrer é tão individual quanto viver” (HOCKENBURY; HOCKENBURY, 2003, p. 360).

Parece haver uma tendência de o tema morte ser considerado apenas durante a idade adulta avançada, quando sabemos que ela pode acontecer em qualquer momento da vida.

Sabemos, também, que algumas pessoas passam suas vidas obcecadas pelo assunto. Outras pessoas passam a se preocupar com o decorrer da passagem dos anos. Outras pessoas vivem um dia após o outro, sem nenhuma preocu -pação particular com a morte.

Assim, todos nós necessitamos re�etir se a vida que levamos está de acordo com o que consideramos uma vida de valor. Se sim, continuamos nosso caminho, se não, mãos a obra. Vamos viver de forma que não haja arrependimentos. O envelhecimento pode ser bem mais leve do que muitos acreditam. É possível termos vida social, afetiva e pro�ssional ativas, apesar do passar dos anos. Há muito folclore em relação à incapacidade na velhice.

Temos como prevenir problemas na velhice, por meio de preparo físico e alimen -tação adequada, acompanhamento médico, engajamento em atividades cognitivas e participação em diversos grupos sociais. A morte é algo inevitável e não há como predizer como será individualmente, assim como também não podemos predizer nada sobre o viver de alguém. Mas os estudos apontam para uma morte tranqüila para aquelas pessoas que viveram suas vidas de forma intensa e feliz.

Nossa história não termina com a morte. Deixamos nossas histórias inscritas em todas as outras histórias que cruzaram nossos caminhos.

Iniciamos nossa vida a partir da união de duas células e deixamos um legado enorme de in�uências, exemplos, cuidados a todos que passaram por nós.

Nesta aula, vimos aspectos referentes à fase adulta. É aquela na qual passamos o maior número de anos de nossas vidas e é caracterizada por um constante gerenciamento das tarefas e exigências do mundo e concretização de expectativas pessoais pelo indivíduo. Esse gerenciamento exige rápidas tomadas de decisão, ajustamento a diversos fatores, controle emocional, boa forma física, resistência à frustração, etc. Ou seja, necessita de tudo o que foi aprendido e desenvolvido até então. Das exigências da vida adulta, uma das mais importantes é a vida pro�ssional, pois passamos muitos anos dedican -do-nos a ela. Para garantirmos uma vida pro�ssional feliz, é necessário que se tomem certos cuidados durante o processo de escolha, conhecendo nossos interesses e habilidades.

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1. Ser adulto é possuir um conjunto de comportamentos que envolva saber como agir nas mais diversas ocasiões, ter sensibilidade às necessidades das demais pessoas, assumir a responsabilidade por seus atos e adaptar-se às exigências dessa nova etapa da vida de forma equilibrada. Hu�man, Vernoy e Vernoy (2003, p. 313) dividem a fase adulta da seguinte forma:

Adulto jovem dos 25 aos 45 anos; adulto intermediário dos 40 aos 60 a) anos; adulto tardio dos 60 anos até a morte.

Adulto jovem dos 20 aos 40 anos; adulto intermediário dos 45 aos 60 b) anos; adulto tardio dos 60 anos até a morte.

Adulto jovem dos 20 aos 45 anos; adulto intermediário dos 45 aos 60 c) anos; adulto tardio dos 60 anos até a morte.

Adulto jovem dos 20 aos 45 anos; adulto intermediário dos 40 aos 65 d) anos; adulto tardio dos 65 anos até a morte.

2. É próprio da fase adulta:

a) procura por uma atividade pro�ssional e pela vida conjugal.

b) procura por um �lho.

c) a busca da autonomia.

d) a aposentadoria.

3. Outro aspecto da vida adulta que merece especial atenção é nossa vida de relações. Pois é característica deste período a solidi�cação da relação amorosa, a escolha do parceiro, a construção de família, bem como a escolha de �lhos. Comente a a�rmativa anterior.

4. Discorra em um texto dissertativo de 10 linhas sobre pontos importantes na relação pro�ssional dos adultos.

5. O que vem a ser a teoria do envelhecer? Escreva um texto de 20 linhas e socialize com seus colegas nas telessalas.

A atividade um tem como resposta a (c), as fases dos adultos são: adulto jovem dos 20 aos 45 anos; adulto intermediário dos 45 aos 60 anos; adulto tardio dos 60 anos até a morte.

Já na atividade dois é o correto é a�rmar que é próprio dessa fase: procurar por uma atividade pro�ssional e pela vida conjugal. As duas tarefas necessitam

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de esforço e dedicação e, muitas vezes, as pessoas não conseguem ou não se adaptam às exigências que se apresentam nesses aspectos da vida. Sendo a letra (a) a correta. A opção (b) é incorreta porque como vimos, na vida adulta, a chegada de um �lho ocorre, após a escolha conjugal. A opção (c) está incorreta porque a busca pela autonomia deve ocorrer na fase da adolescência e, �nali -zando, a opção (d) está incorreta porque a aposentadoria faz parte da velhice, e não da vida adulta.

No que tange a atividade três , outro aspecto da vida adulta que merece especial atenção é nossa vida de relações, porque a forma como nos relacio -namos socialmente e a dois também depende da forma como aprendemos a nos relacionar e a con�ar nas pessoas desde o nosso nascimento. Bem como dentro das principais características dos adultos, é comum, nesta fase, possuir um conjunto de comportamentos que envolva saber como agir nas mais diversas ocasiões, ter sensibilidade às necessidades das demais pessoas, assumir a responsabilidade por seus atos e adaptar-se às exigências dessa nova etapa da vida de forma equilibrada.

Na atividade quatro , que versa sobre pontos importantes na relação pro�s -sional dos adultos, podemos destacar cinco condições, por ordem de importância, que geram mais relatos de satisfação no trabalho são: trabalho desa�ante; o empregador disponibilizar equipamentos su�cientes e auxílio de outros pro�ssio -nais para o cumprimento das tarefas; o trabalhador sentir-se preparado para o cumprimento da tarefa; o trabalhador ter autonomia para solucionar problemas relacionados ao trabalho e, salário compatível com a tarefa exigida.

Finalizando as atividades, temos como resposta à atividade cinco , que a teoria do envelhecer diz que a satisfação na velhice é maior quando se mantém o mesmo nível de atividade, quer continuando atividades prévias, quer desco -brindo novas atividades.

A realização das atividades lhe oportunizou veri�car o alcance dos obje -tivos propostos para esta aula de descrever as principais características do adulto; de entender os principais tópicos relacionados à vida de relações do ser humano adulto e de conhecer os aspectos que permeiam a terceira idade, ou o envelhecimento.

DAVIDOFF, Linda L. Introdução à Psicologia . São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1983.

HUFFMAN, K.; VERNOY, M.; VERNOY, Y. Psicologia . São Paulo: Atlas, 2003.

HOCKENBURY, D.; HOCKENBURY, S. E. Descobrindo a Psicologia . São Paulo: Manole, 2003.