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AS SETE ESCOLAS DE PSICANÁLISE Profª Msc Russélia Godoy

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Page 1: Aula 9 - As Sete Escolas de Psicanalise

AS SETE ESCOLAS DE PSICANÁLISE

Profª Msc Russélia Godoy

Page 2: Aula 9 - As Sete Escolas de Psicanalise

• Não existe a “verdadeira psicanálise”• Devemos aproveitar as vantagens de pensarmos

analiticamente a partir de uma multiplicidade e diversidade de vértices, muitas vezes convergentes, outras vezes divergentes

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ESCOLA

Existem 4 condições básicas para caracterizar uma escola:• Aporte de conceitos originais• Conceitos com aplicabilidade na prática clínica• Conceitos que atravessem gerações de psicanalistas• Que inspirem e dêem novos frutos

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AS SETE ESCOLAS

• Escola Freudiana• Teóricos das relações objetais (Klein)• Psicologia do ego (Hartman a Mahler)• Psicologia do self (Kohut)• Escola francesa (Lacan)• Winnicott• Bion

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ESCOLA FREUDIANA

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ESCOLA FREUDIANA

• Na atualidade o movimento freudiano tem por sede a Sociedade Britânica de Psicanálise• Os trabalhos de Freud não são sistemáticos, nem

completos, por vezes contrapõem-se e aparecem espalhados ao longo da obra• Sempre integrou a teoria com a técnica, como

vemos nos seus casos clínicos• Freud procurou explicar as causas para muitos

comportamentos humanos na religião, arte, ciência, mitologia, antropologia e etc...

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Page 7: Aula 9 - As Sete Escolas de Psicanalise

ESCOLA FREUDIANA

• Dentre os colaboradores imediatos de Freud aconteceram dissidências• As mais importantes foram Adler (1910) e Jung

(1913)• Os contemporâneos mais importantes são:

Abraham, Ferenczi, Reich e Anna Freud

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KARL ABRAHAM

• Foi o primeiro psicanalista alemão e um dos fundadores da Associação Psicanalítica da Alemanha• Fiel colaborador e amigo íntimo de Freud• Estudou os estágios do desenvolvimento e os

pacientes pseudocolaboradores

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SANDOR FERENCZI

• Está ressurgindo o interesse por sua obra

Contribuições:1) Lançou as primeiras sementes para a teoria das

relações objetais e do conceito de introjeção2) “As crianças que são recebidas com aspereza e

falta de amor morrem fácil e voluntariamente”3) Teoria do trauma da sedução real, afirmando que

isso acontece quando os adultos confundem os jogos da criança com os desejos das pessoas sexualmente adultas 9

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SANDOR FERENCZI

4) Foi o primeiro analista a dar importância à pessoa real do analista, tanto em relação às suas inadequações, quanto à rara oportunidade propiciada ao paciente para reelaborar os primitivos problemas, por meio de uma nova figura parental, representada pelo analista, o qual o respeita, estima, é coerente e tem outras formas de enfrentar e solucionar os problemas. A personalidade do analista é um instrumento de cura.5) Não acreditava em nenhum critério definitivo de analisabilidade, todo paciente que solicitasse ajuda deveria recebê-la

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SANDOR FERENCZI

6) O estado de regressão propicia que o analista complemente as primitivas falhas parentais7) Foi o primeiro discípulo de Freud a mostrar que a técnica concebida por ele não era a única que poderia beneficiar o paciente

Ferenczi foi eleito presidente da IPA em 1918, mas renunciou após alguns meses, e o seu retrato é o único que não figura na galeria dos presidentes.

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WILHEML REICH

• Em 1933, publicou o livro “Análise do caráter”, que trouxe a ideia de que uma análise poderia e deveria ir além da remoção dos sintomas e que também deveria visar mudanças na “armadura caracterológica resistencial”, que todo paciente possui, em alguma forma ou grau.• Seu artigo sobre o caráter masoquista (1932) foi a

causa de seu rompimento com Freud.• Reich colocava em dúvida a existência do instinto de

morte e negava que o masoquismo fosse manifestação direta dele 12

Page 13: Aula 9 - As Sete Escolas de Psicanalise

WILHEML REICH

• Nos últimos anos de sua vida desviou-se dos princípios essenciais da psicanálise e dedicou-se a propor a “organoterapia”• É o pai das terapias corporais!• Teve o mérito de colocar o corpo nas discussões

sobre a psicologia.• Ele acreditava que o homem teria costurado para

si uma “capa invisível” e inconsciente para se proteger dos males externos, tornando o corpo um refletor direto da mente. 13

Page 14: Aula 9 - As Sete Escolas de Psicanalise

WILHEML REICH

• Supôs que o ser humano tinha uma série de camadas, como as da Terra, que serviam para proteger seu “núcleo” de possíveis ameaças.• O indivíduo sedimentava crostas de vivências

que se sobrepunham umas às outras com o decorrer do tempo.• Esse envoltório ia se enrijecendo à medida que

era necessário experienciar sensações desagradáveis, servindo também para acobertar sentimentos prazerosos que poderiam torná-lo presa fácil.

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Page 15: Aula 9 - As Sete Escolas de Psicanalise

WILHEML REICH

• É possível livrar-se da couraça, e um dos caminhos é a consciência corporal• Consciência corporal: Reconhecer e identificar os

processos e movimentos corporais, internos e externos.• Toda atividade física favorece a consciência

corporal, entretanto algumas práticas associadas ao relaxamento tendem a ser mais eficazes: Pilates, massagem biodinâmica, Ioga,

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ANNA FREUD

• A sua importância para a psicanálise deve-se aos seus próprios méritos ou à sua condição de filha de S. Freud?• O seu livro “O ego e os mecanismos de defesa”

(1936) é um grande avanço, pois vai além das pulsões do ID, ela enaltece as funções do ego, que Freud esboçou, mas não aprofundou.• Pode ser considerada formadora dos discípulos que

mais tarde vão fundar a Escola da Psicologia do ego• É uma das pioneiras da psicanálise com crianças 16

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ANNA FREUD

• Possuía uma orientação de natureza pedagógica, mas criticava Klein por isso• Propôs que o analista deveria abster-se de qualquer

medida reeducativa ou de apoio

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ESCOLA DOS TEÓRICOS DAS

RELAÇÕES OBJETAIS

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MELANIE KLEIN

• Nasceu em Viena, em 1882• Morreu em Londres, em 1960, aos 78 anos• Sofreu severas perdas ao longo de sua vida... Aos 5

anos perdeu a irmã. Tomou a decisão de ser médica, influenciada pela vontade de ajudar o seu irmão, que sofria de cardiopatia, que mais tarde veio a falecer. Teve um casamento que não deu certo. Um de seus filhos morreu praticando alpinismo e teve uma ruptura pública com a sua filha, que também era psicanalista, esta atacou a mãe publicamente.

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MELANIE KLEIN

• Seu primeiro contato com a psicanálise foi através de um texto de Freud• Nunca abandonou sua devoção por ele, mas jamais

conseguiu conhecê-lo pessoalmente, pois Freud a evitava, devido às brigas que ela tinha com sua filha• Fez análise com Ferenczi• Em 1916, inicia sua carreira de psicanalista de

crianças, em uma clínica em Budapeste

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MELANIE KLEIN - OBRA

• Enfatizava o papel do brinquedo como instrumento de análise.• Fazia uma analogia entre o brinquedo e o sonho.• Brincando, a criança expressa de forma simbólica as

suas fantasias inconscientes.

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PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES

Foi pioneira nas seguintes concepções:1) Criou uma técnica própria de psicanálise com crianças e introduziu o entendimento simbólico contido nos brinquedos e jogos2) Postulou a existência de um inato ego rudimentar no recém-nascido3) A pulsão de morte também é inata e presente desde o início da vida, sob a forma de ataques invejosos e sádico-destrutivos contra o seio da mãe4) Essas pulsões promovem uma angústia de aniquilamento

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PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES

5) Contra esta angústia, o ego do bebê utiliza-se de mecanismos de defesa primitivos: dissociação, introjeção, idealização...6) A realidade psíquica é constituída de fantasias inconscientes7) Introduziu o conceito de objetos parciais: figuras parentais representadas unicamente por um objeto, como o seio8) Postulou uma dissociação entre os objetos (seio bom X seio mau) 23

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PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES

9) Acreditava que as crianças, os psicóticos e os regressivos poderiam ser analisados10) Conservou as concepções de “Complexo de Édipo” e “superego”, porém os situou em etapas bastante primitivas do desenvolvimento da criança11) Promoveu uma significativa mudança na prática analítica: as interpretações deveriam ser transferenciais, com ênfase na transferência negativa

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SEGUIDORES

• Winnicott se afastou por divergências ideológicas e seguiu uma linha independente• Bion se manteve fiel a ela, porém com modificações

profundas na sua teoria

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ESCOLA DA PSICOLOGIA DO EGO

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PSICOLOGIA DO EGO

• Autores: Heinz Hartman, Kris, Loewenstein, Rappaport e Erikson• Fundamentaram a sua teoria nos últimos trabalhos

de Freud, principalmente a segunda tópica e também alicerçaram nos trabalhos de Anna Freud referente às funções do ego• Pesquisadores modernos: Margareth Mahler e Otto

Kernberg

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Page 28: Aula 9 - As Sete Escolas de Psicanalise

PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES

1) Valorização das funções mentais processadas pelo ego: afeto, memória, percepção, conhecimento, pensamento, ação motora e etc

2) Aproximação com outras disciplinas, como a medicina, biologia e educação

3) Ênfase nos processos defensivos do ego, em particular à neutralização das energias pulsionais sexuais e agressivas

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PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES

4) Diferenciação entre “ego” e “self”.Ego: Instância psíquica encarregada de algumas funçõesSelf: Conjunto de representações que determinam o sentimento de si mesmo5) A principal tarefa do ego é uma adequada adaptação , promovendo soluções adaptativas entre as demandas pulsionais e as imposições da realidade6) Ao contrário de Freud, acredita que nem toda energia do ego provém do ID, mas parte dela é autônoma

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ESCOLA DA PSICOLOGIA DO

SELF

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HEINZ KOHUT

• Nasceu em Viena, em 1913• Se formou em medicina, tendo como especialidade

a neurologia• Morreu nos Estados Unidos, em 1981• Foi influenciado por Hartman, mas aos poucos

afastou-se dos postulados da escola da psicologia do ego e também de Freud

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Page 32: Aula 9 - As Sete Escolas de Psicanalise

HEINZ KOHUTOs aspectos mais importantes da sua teoria são:1) O principal instrumento da psicanálise não é a

livre associação, mas a introspecção e a empatia2) É importante que ocorra uma internalização

transmutadora, que consiste na introjeção da figura do analista naqueles pacientes cujas falhas empáticas dos pais não possibilitaram identificações satisfatórias, nem com o pai, a mãe ou com os substitutos destes

3) Nestes casos, há uma dificuldade de estruturação do self e forma-se um transtorno de sentimento de identidade

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HEINZ KOHUT

4) Postulou 2 novas estruturas, ambas de formação arcaica: o self grandioso e a imago parental idealizadaSelf grandioso: Imagem onipotente e perfeita que o sujeito sente como sendo própria. No caso de evolução normal, o self grandioso vai transformar-se em auto-estima, auto confiança e ambições.Imago parental idealizada: Imagem primitiva toda poderosa e perfeita que a criança tem dos pais e que é sentida fazendo parte do sujeito. Transforma-se nos “valores ideais”. 33

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ESCOLA FRANCESA DE PSICANÁLISE

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AUTORES

• MacDougall• Laplanche• Lebovici• Grumberger

Todos eles sofreram influencia de Lacan, que por esta razão, é considerado o representante desta escola!

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Page 36: Aula 9 - As Sete Escolas de Psicanalise

LACAN

• Nasceu na França, em 1901• Morreu em 1984• Iniciou seus estudos em medicina em 1920 e, a

partir de 1926, especializou-se em psiquiatria, na qual se interessava, particularmente, pelo estudo da paranóia• Revoltou-se com o crescimento da escola norte-

americana da psicologia do ego• Alegava que estavam deturpando o verdadeiro

espírito da psicanálise 36

Page 37: Aula 9 - As Sete Escolas de Psicanalise

LACAN

• Decidiu dirigir os seus estudos a partir de um “retorno a Freud”• Entretanto, fez radicais reinterpretações dos

textos freudianos• Foi cercado por uma corte de adoradores, mas

também formou um grande contingente de desafetos e severos críticos

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Page 38: Aula 9 - As Sete Escolas de Psicanalise

LACAN - OBRA

• O primeiro trabalho psicanalítico importante foi sobre a “Etapa do Espelho”, em 1936• Em 1966, reuniu seus “Escritos” em um único

volume, que constituiu a coluna vertebral de sua obra• São 4 as áreas do psiquismo que Lacan estudou

mais profundamente: a etapa do espelho, com a imagem do corpo; a linguagem; o desejo; narcisismo e Édipo.

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CORPO

• A etapa do espelho na constituição do sujeito prolonga-se na criança dos 6 aos 18 meses• É dividida em 3 fases de 6 meses cada uma• Na primeira delas, a criança reage com grande

alegria diante da imagem visual completa de si mesmo, porque esta contrasta com a fragmentação do seu corpo.• Ex: A criança não concebe que o seu pé, nariz,

sensações corporais provindas dos órgãos internos pertencem a um mesmo e único corpo, o seu

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CORPO

• O ego ideal é uma imagem antecipatória, um registro imaginário prévio daquilo que ainda não somos, mas queremos ser• Na primeira e segunda fase, a imagem corporal

da criança é percebida como sendo a do outro• Isso esclarece os sintomas de despersonalização,

os de confusão quanto à identidade corporal dos psicóticos

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NARCISO E ÉDIPO

• Na segunda fase da etapa do espelho, a criança identifica-se com o desejo da mãe• Na terceira fase, dos 12 aos 18 meses, em

situações normais, a criança assume a castração paterna• Castração paterna: Função do pai de portador

da lei, que interdita e normatiza os limites da relação diádico-simbiótica da mãe com o filho

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Page 42: Aula 9 - As Sete Escolas de Psicanalise

LINGUAGEM

• A palavra tem tanto ou mais valor que a imagem visual• “O ser humano está inserido em um universo de

linguagem”• A imagem é (re)significada pela palavra• Enunciado identificatório: Predições veiculadas

pelo discurso dos educadores. Ex: Essa criança é terrível e vai se dar mal na vida...• A criança identifica-se com a representação e o

afeto que o adulto significativo lhe dirige 42

Page 43: Aula 9 - As Sete Escolas de Psicanalise

LINGUAGEM

• A linguagem é estruturante do inconsciente• O inconsciente é o discurso dos outros

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Page 44: Aula 9 - As Sete Escolas de Psicanalise

DESEJO

• Lacan estabelece o funcionamento do psiquismo em 3 registros: imaginário, simbólico e real• Estes registros interagem concomitantemente

entre si• Estuda o desejo humano a partir das interações

entre o registro imaginário com o simbólico• Nas primeiras fases da etapa do espelho, o

registro imaginário da criança faz-lhe supor que ela e a mãe são a mesma coisa, que ela tem posse absoluta da mãe 44

Page 45: Aula 9 - As Sete Escolas de Psicanalise

DESEJO

• Caso a mãe reforce essa ilusão, o desejo da criança passa a ser o de ser o desejo da mãe• Quando essa criança ingressa no registro

simbólico, o que é conseguido pela castração paterna, ela vai descobrir que o desejo de cada um deve submeter-se à lei do desejo do outro

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DESEJO

• Lacan postula uma diferença entre as noções de necessidade, desejo e demanda• Necessidade: O mínimo necessário para manter

a sobrevivência física e psíquica• Desejo: Uma necessidade que foi satisfeita com

um plus de prazer e gozo, que o sujeito quer voltar a experimentar as sensações prazerosas

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DESEJO

• Demanda: A satisfação dos desejos é insaciável, pois o verdadeiro significado da demanda é um pedido desesperado de reconhecimento e amor, como forma de preencher uma antiga e profunda cratera• Há o desejo de ser o único objeto de desejo do

outro• A estrutura do sujeito obriga-o a seguir

desejando• O seu desejo é o de desejar 47

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PRÁTICA CLÍNICA

Algumas modificações na teoria de Lacan:• A inveja e agressão não seriam inatas, surgem

quando é desafiado e frustrado o registro imaginário• A análise não deve ficar reduzida à mesquinharia

exclusiva do mundo interno• O analista deve dar importância à palavra do

paciente, que pode ser cheia ou vazia de significados• A ausência do pai, no psiquismo da criança, pode

propiciar a formação de psicoses e perversões48

Page 49: Aula 9 - As Sete Escolas de Psicanalise

PRÁTICA CLÍNICA

• Substitui o tempo cronológico (50 min) das sessões pelo tempo lógico. O importante é a sessão terminar quando a palavra do paciente passa de vazia e está a serviço de obstruir o acesso à verdade, para o plano do registro simbólico, onde a palavra deve ser plena e realmente a favor da comunicação e das verdades

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PRÁTICA CLÍNICA

• Lacan considera que não se instalará a transferência caso o analista interprete adequadamente• Não considera a contra-transferência como

instrumento técnico• Adverte que o uso sistemático das

interpretações deve ser evitado, pois pode fazer com que o paciente se identifique com os desejos do analista

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CRÍTICAS

• Radicalismo, fala como se suas postulações fossem as únicas verdadeiras na psicanálise• Rechaço à prática das sessões sem tempo

determinado, sendo que ele realizava alguns atendimentos que duravam 5 minutos

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Page 52: Aula 9 - As Sete Escolas de Psicanalise

ESCOLA DE WINNICOTT

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Page 53: Aula 9 - As Sete Escolas de Psicanalise

WINNICOTT - BIOGRAFIA

• Nasceu na Inglaterra, em 1897• Viveu em um lar bem estruturado, econômica e

afetivamente• Mostrou uma inclinação pela música, possuía

criatividade artística e era atleta• Formou-se em medicina, sua especialidade era a

pediatra• Evidenciava preocupação com os aspectos

emocionais dos seus pacientezinhos e com a interação materna 53

Page 54: Aula 9 - As Sete Escolas de Psicanalise

WINNICOTT - BIOGRAFIA• Fez supervisão com Klein durante alguns anos• Publicou seu primeiro trabalho em 1936, no qual

estudou a relação entre os conflitos emocionais e os transtornos de alimentação• Revelou uma predileção pelo atendimento de

pacientes psicóticos, borderline e adolescentes com conduta anti-social• Morreu em 1971, aos 74 anos, devido a

complicações cardíacas• “Oh, Deus, quero estar vivo quando eu morrer”• Era casado, mas não deixou filhos

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Page 55: Aula 9 - As Sete Escolas de Psicanalise

WINNICOTT - OBRA

• Possui uma obra extensa e original Em 1945, ainda influenciado por Klein, publicou o

clássico “Desenvolvimento emocional primitivo”• Propõe que a maturação e o desenvolvimento

emocional processam-se em 3 etapas:1) Integração e personalização: O bebê nasce em um

estado de não-integração, no qual está em um estado de dependência absoluta, apesar da crença mágica em possuir uma absoluta independência.

• O desenvolvimento normal leva a um esquema corporal integrado.

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Page 56: Aula 9 - As Sete Escolas de Psicanalise

WINNICOTT - OBRA

• A personalização seria o sentimento de que a pessoa habita o seu próprio corpo.

2) Adaptação à realidade: A mãe tem o papel de ajudar a criança a sair da subjetividade e provê-la com elementos da realidade.3) Crueldade primitiva: Todo bebê tem uma carga agressiva, que muitas vezes volta-se contra ele mesmo.• Tem a fantasia de ter danificado a mãe• Aspectos construtivos: Esperança que sua mãe o

compreenda, ame e sobreviva aos seus ataques56

Page 57: Aula 9 - As Sete Escolas de Psicanalise

WINNICOTT - OBRA Em 1951, escreve sobre os fenômenos e objetos

transicionaisObjeto transicional: Geralmente é um bico, ursinho, pano ou travesseiro. Caracteriza-se pelo fato de ele ser de posse exclusiva da criança.• Ele é amado e conservado por um longo período de

tempo e sobrevive aos ataques que a criança lhe inflige.• Representa um momento evolutivo estruturante.

Em 1958, publica o seu artigo sobre “A capacidade para estar só”

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Page 58: Aula 9 - As Sete Escolas de Psicanalise

WINNICOTT - OBRA Em 1960 publicou 2 de seus mais importantes trabalhos:1) Teoria da relação paterno-filial: Descreve o papel da

mãe no desenvolvimento emocional do filho.• Descreve o estado psicológico de “devoção” materna

primária (regressão materna)• A mãe possui uma função de ego auxiliar, até que a criança

consiga desenvolver as suas capacidade inatas de pensamento, síntese, integração...• Função holding: “sustentação” física e emocional praticada

pela mãe ao bebê. Um conjunto de comportamentos que visam apoiar a criança, como a amamentação, firmeza, o carinho e outras ações de satisfação da dupla.

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Page 59: Aula 9 - As Sete Escolas de Psicanalise

WINNICOTT - OBRA

2) Deformação do ego em termos de um verdadeiro e falso self:• Quando as falhas ambientais ameaçam a

continuidade existencial da criança, essa vê-se obrigada a deformar o seu verdadeiro self, em prol de uma submissão às exigências ambientais, notadamente dos pais, pela construção de um falso self• “o indivíduo, tal como o tronco de uma árvore,

desenvolve-se às custas da expansão da casca, mais do que de seu núcleo” 59

Page 60: Aula 9 - As Sete Escolas de Psicanalise

WINNICOTT - OBRA

• O falso self não deve ser confundido com o entendimento de ordem moral ou ética• Clinicamente, o falso self costuma vir acompanhado

de uma sensação de vazio, futilidade e irrealidade

Em 1971, é publicado o livro “O brincar e a realidade”:• Papel de espelho da mãe e da família: o primeiro

espelho da criatura humana é o rosto da mãe, seu olhar, sorriso, expressões faciais, etc... 60

Page 61: Aula 9 - As Sete Escolas de Psicanalise

ASPECTOS TÉCNICOS

• Possibilidade de um sentimento de ódio na contratransferência, que pode servir como instrumento técnico• Há nos analisandos um período de hesitação, que

não pode ser confundido com resistência• O analista pode ser visto como um objeto

transicional• Valor positivo da destrutividade, desde que haja a

sobrevivência do objeto, simultaneamente amado e atacado 61

Page 62: Aula 9 - As Sete Escolas de Psicanalise

ASPECTOS TÉCNICOS

• A não satisfação de uma necessidade pode provocar uma decepção, uma reprodução do fracasso ambiental, de onde se derivou uma interferência na capacidade de desejar, a qual deve ser resgatada na reexperimentação emocional com o analista• Com pacientes regressivos, é mais importante o

manejo do que as interpretações• Toda pessoa apresenta algum tipo e grau de

dependência, cabe ao analista transitar pelas 3 fases: absoluta, relativa e aquela que vai rumo à independência

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Page 63: Aula 9 - As Sete Escolas de Psicanalise

ESCOLA DE BION

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Page 64: Aula 9 - As Sete Escolas de Psicanalise

BION - BIOGRAFIA

• Nasceu em 1897, na Índia• Viveu até os 7 anos neste país, quando foi sozinho para

Londres, a fim de iniciar a sua formação escolar• Formou-se em medicina e posteriormente fez

psiquiatria e formação psicanalítica• Fez análise didática durante anos com Klein• Mudou-se para Los Angeles em 1968• Fez várias visitas à Buenos Aires e 4 vezes esteve no

Brasil• Faleceu em Novembro de 1979, aos 82 anos, de

leucemia64

Page 65: Aula 9 - As Sete Escolas de Psicanalise

BION - OBRA

Sua obra pode ser dividida em 4 décadas distintas:• Década de 40: Dedicou-se aos experimentos com

grupos• Década de 50: Trabalhou com pacientes psicóticos,

se interessou principalmente pelos distúrbios da linguagem, pensamento e comunicação• Década de 60: É a época mais rica, original e

produtiva. Pode ser chamada de epistemológica.• Década de 70: Predominância mística

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Page 66: Aula 9 - As Sete Escolas de Psicanalise

BION - OBRA

As contribuições que merecem um destaque especial:• Estudo da mente do psicanalista: Propõe que

devemos ter “condições necessárias mínimas”. Importante que ele nunca se afaste do “amor pelas verdades”, por mais penosas que sejam.• Existência permanente de vínculos na situação

analítica (amor, ódio e conhecimento)• Todos os sujeitos possuem uma parte psicótica da

personalidade, que é composta por: inveja excessiva, intolerância absoluta às frustrações, ódio às verdades e etc...

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Page 67: Aula 9 - As Sete Escolas de Psicanalise

BION - OBRA

• A psicanálise não deve ficar restrita aos conflitos inconscientes, mas deve também abordar os aspectos conscientes• Nunca existe uma “cura”. Existe um crescimento

mental, pois no lugar de ir fechando a mente a partir da resolução de conflitos, devemos abri-la cada vez mais

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