psican. a dissolução do compl. edipo a org.genital inf

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CURSO ESTUDO DIRIGIDO PSI – INTENSIVO UERJ 2015 – Psicologia Clínica 1 CURSO PREPARATÓRIO CONCURSO UERJ 2015 PSICANÁLISE Freud, S.- A ORGANIZAÇÃO GENITAL INFANTIL Freud, S. - A DISSOLUÇÃO DO COMPLEXO DE ÉDIPO Prof.º Raymundo de Oliveira Reis Neto

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  • CURSO ESTUDO DIRIGIDO PSI INTENSIVO UERJ 2015 Psicologia Clnica

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    CURSO PREPARATRIO CONCURSO UERJ 2015

    PSICANLISE

    Freud, S.- A ORGANIZAO GENITAL INFANTIL

    Freud, S. - A DISSOLUO DO COMPLEXO DE DIPO

    Prof. Raymundo de Oliveira Reis Neto

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    RESUMO

    Texto Freud, S. A ORGANIZAO GENITAL INFANTIL

    (UMA INTERPOLAO DA TEORIA DA SEXUALIDADE)

    (1923)

    Freud marca uma dificuldade no trabalho de pesquisa em psicanlise que de se passar dcadas

    inteiras desprezando aspectos aparentemente corriqueiros, que em um momento nos confrontam de

    maneira inequvoca. Diz ento que o texto dos Trs Ensaios vem sendo retomado e adicionado das

    novas descobertas. Inicialmente o texto enfatizava a diferena fundamental entre a vida sexual das

    crianas e dos adultos, e que depois as organizaes pr genitais da libido ganharam destaque,

    junto com o incio bifsico do desenvolvimento sexual. Por ltimo, a partir das pesquisas sexuais

    das crianas, pde-se concluir que o desfecho da sexualidade na infncia (aproximadamente aos 5

    anos) se aproximava bastante de sua forma definitiva no adulto.

    Anteriormente, em um trecho dos Trs Ensaios ele explicava que a escolha objetal na infncia j se

    aproximava o mximo possvel da escolha definitiva da puberdade, mas a primazia dos genitais e

    a subordinao das pulses parciais a ela ainda se encontrava incompleta. Agora, como citado no

    pargrafo acima, Freud refora a aproximao da vida sexual da criana do adulto: o interesse

    dela pelos genitais e sua atividade. O que diferencia a primazia do falo: para a criana s o rgo

    genital masculino levado em considerao.

    Diz que infelizmente ainda desconhece como o processo se d na menina. Isto s valeria para os

    meninos, que possuem o pnis, genital que fica to em evidncia, e o atribuem a objetos animados

    e inanimados. Surge a tambm a curiosidade sexual e a pulso de saber. Inclusive atos de

    exibicionismo e agresso nesta idade, observa-se posteriormente em anlise, que teriam ocorrido a

    servio da pesquisa sexual.

    A partir das pesquisas, percebem que nem todas as pessoas possuem um pnis. H uma renegao

    (Verleugnung) do fato. Alguns veem o pnis mesmo no estando l, ou concluem que este ainda ir

    crescer, at constatarem que de fato alguns no o possuem. Ento deparam-se com a castrao, o

    que remete possibilidade da prpria castrao. Parece-me, porm que o significado do

    complexo de castrao s pode ser corretamente apreciado se sua origem na fase da primazia

    flica for tambm levada em considerao. (Nota de rodap - Freud aponta que h perdas

    sentidas anteriormente, como o seio da me e as fezes, mas que sero ressignificadas aps a

    vinculao da ideia de perda aos genitais masculinos, na fase flica.)

    O horror e depreciao das mulheres e a disposio ao homossexualismo derivam da convico de

    que elas no possuem um pnis. (Nota de rodap sobre a cabea da Medusa, que remete falta do

    pnis nos rgos genitais femininos e ao sexo da me, que interditado). Mas a princpio, s quem

    no possui pnis so as mulheres que foram culpadas de impulsos inadmissveis semelhantes ao seu

    prprio. A me e outras mulheres dignas de respeito no so desprovidas. Posteriormente, a partir

    da indagao da origem dos bebs, a criana conclui que todas as mulheres no possuem pnis. o

    momento da construo das teorias sexuais infantis, que ignoram os rgos sexuais femininos. O

    beb nasceria pelo nus, como as fezes (lumpf do pequeno Hans). Haveria uma troca do pnis pelo

    beb.

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    Freud enumera as transformaes sofridas durante o desenvolvimento sexual da infncia. A

    primeira anttese introduzida com a escolha de objeto: sujeito/objeto. Depois, com a fase pr-

    genital, sdico-anal, a anttese ser entre ativo/passivo. Na organizao genital infantil existe

    masculinidade, mas no feminilidade. A anttese aqui entre possuir um rgo/ser castrado. A

    polaridade sexual masculino/feminino viria na puberdade, onde masculinidade compreenderia:

    sujeito, atividade e posse do rgo, e feminilidade: objeto, passividade, vagina como abrigo do

    pnis, herana do tero.

    _____________________________________________________________

    RESUMO:

    Texto: Freud, S.; A DISSOLUO DO COMPLEXO DE DIPO

    (1924)

    O Complexo de dipo revela-se como fenmeno central do perodo sexual da primeira

    infncia. Aps isso, ele sucumbe regresso e seguido pelo perodo de latncia. Embora

    Freud diga desconhecer ainda os motivos da sua dissoluo, cita que as anlises mostram

    uma srie de desapontamentos penosos. A menina se decepciona com o pai, devido punio,

    e o menino sente que perdeu o amor da me para um irmozinho. Ou seja, a ausncia de

    satisfao esperada, devido prpria impossibilidade do incesto, seria a causa de sua

    destruio.

    Outra causa seria mais de ordem filogentica, pois embora a experincia seja de ordem

    individual, um fenmeno determinado por uma espcie de hereditariedade e que est

    fadado a findar para que outra fase possa se instalar.

    Freud considera ambas explicaes vlidas e compatveis: so as vises ontogentica e

    filogentica. O indivduo est destinado a morrer desde seu nascimento e talvez haja uma

    programao inata daquilo que deve chegar a termo. Mas importante observar como se d

    este programa inato e os acontecimentos acidentais em seu curso.

    Como foi observado no texto da Organizao Genital Infantil, a criana (meninos) chega fase

    flica, que contempornea do Complexo de dipo, onde s o genital masculino

    considerado. Aps isto, h o perodo de latncia, ou seja, a fase flica submersa, ela no se

    desenvolve at a organizao genital definitiva.

    A ameaa de castrao considerada como a causa desta destruio da organizao genital

    flica. Geralmente efetuada por mulheres que cuidam da criana, as ameaas no so

    obedecidas a princpio porque h uma renegao. S aps a observao da ausncia de pnis

    na mulher que a ameaa ganha seu efeito.

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    Apesar da ameaa incidir somente na descarga genital da excitao sexual (atravs de

    masturbao, enurese ou poluo noturna) do Complexo de dipo, este abarca mais do que

    isso: ele oferece criana duas possibilidades de satisfao, uma ativa e outra passiva.

    A ativa seria tomar a me como objeto sexual e rivalizar com o pai, o que implicaria no risco

    da castrao como punio. E a passiva seria tomar o pai como objeto sexual, o que de sada

    j o faria tornar-se castrado. Ou seja, a satisfao no campo do Complexo de dipo custar

    criana o pnis, de um jeito ou de outro. H um conflito entre seu interesse narcsico e

    seu investimento objetal, onde quem triunfa normalmente o eu da criana, que d as costas

    ao Complexo de dipo.

    Assim o investimento no objeto abandonado e substitudo pelas identificaes.

    O supereu aparece ento como herdeiro do Complexo de dipo, a partir da introjeo no eu

    da autoridade do pai, ou dos pais, perpetuando com severidade a proibio do incesto. As

    tendncias libidinais so dessexualizadas e sublimadas, ou inibidas em seu objetivo e

    transformadas em impulsos de afeio. O rgo genital, embora preservado, tem sua funo

    removida, sendo interrompido o desenvolvimento sexual da criana e iniciado o perodo de

    latncia.

    Freud no discorda do termo recalque para este afastamento do eu, embora posteriormente

    outros recalques possam surgir, em sua maior parte a partir da ao do supereu. Idealmente,

    deveria haver uma destruio e abolio do Complexo, mais do que um recalque. Pois com o

    recalque, este fica preservado, inconsciente no Isso, podendo manifestar seu efeito

    patognico posteriormente.

    Toda esta construo da teoria feita a partir da observao psicanaltica, o que no a afasta

    de especulaes tericas que possam perturbar os resultados ou coloca-los sob nova luz.

    Antes de passar a isto, vamos nos ocupar do desenvolvimento correspondente nas meninas,

    j que at agora descrevemos o que se passou com os meninos.

    Com relao s meninas, elas tambm desenvolvem o complexo de dipo, um supereu e o

    perodo de latncia a partir da organizao flica. Inicialmente reconhecem o clitris como

    rgo genital e em comparao com os meninos, sentem-se em desvantagem de sada. No

    reconhecem a falta de pnis como sendo uma caracterstica sexual e deduzem que as

    mulheres adultas possuem rgos sexuais masculinos e que ela possa ter perdido o seu por

    castrao.

    Freud observa que de encontro s expectativas feministas, a distino morfolgica tem

    consequncias no desenvolvimento psquico (A anatomia o destino frase de Napoleo).

    D-se assim a diferena essencial de que a menina aceita a castrao como um fato

    consumado, ao passo que o menino teme a possibilidade de sua ocorrncia.

    Na menina est excludo o temor da castrao, o que no menino a causa da interrupo

    da organizao genital infantil e do estabelecimento do supereu. Na menina isto se d como

    resultado da criao e intimidao vindas do exterior, atravs da ameaa da perda de amor.

    Seu complexo de dipo mais simples e raramente vai alm de assumir o lugar da me, em

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    atitude feminina para com o pai. Ela tenta uma compensao atravs da equao: pnis =

    beb. Espera um filho de seu pai e vai gradativamente abandonando o complexo de dipo, j

    que este desejo no se realiza. Estes desejos ficam ento latentes, mas fortemente investidos

    no inconsciente, preparando-lhe para seu papel posterior. E como no h investimento no

    rgo sexual, uma vez que ela aguarda que este cresa, a satisfao sexual diretamente

    inibida e transformada em tendncias afetuosas. Apesar do que foi apresentado, Freud

    admite que a teoria ainda encontra-se incompleta no que tange o processo das meninas.

    Freud esclarece que apesar da cronologia e a relao causal descritas representarem um

    certo padro de funcionamento, no descarta que haja outras formas possveis e aponta que

    variaes na ordem cronolgica e vinculao desses eventos possuem importncia no

    desenvolvimento do indivduo.

    Quanto publicao do texto sobre o Trauma do Nascimento de Otto Rank, Freud aponta que

    traz objees sua teorizao sobre a destruio do complexo de dipo pelo temor de

    castrao, mas ele no trar isso a debate neste momento.

    .

    Obs: A teoria sobre o complexo de dipo feminino ser reformulada nos textos posteriores. Freud vai

    afirmar que nas meninas o complexo de dipo se inicia com o complexo de castrao.

    Obs.: Otto Rank afirmava que o trauma do nascimento e no a ameaa de castrao como fator

    desencadeante da neurose, o que Freud refutou no texto Inibio, Sintoma e Angstia, em 1926