protÓtipo de acumulador de calor de … · o acumulador é manufaturado de resina poliéster...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA ENERGIA E FENÔMENOS DE TRANSPORTE PROTÓTIPO DE ACUMULADOR DE CALOR DE RESINA POLIÉSTER por Augusto Majolo Joaquim Francisco Bertuol Porto Trabalho Final da Disciplina de Medições Térmicas Professor Paulo Smith Schneider pss@[email protected] Porto Alegre, Dezembro de 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

ENERGIA E FENÔMENOS DE TRANSPORTE

PROTÓTIPO DE ACUMULADOR DE CALOR DE RESINA POLIÉSTER

por

Augusto Majolo

Joaquim Francisco Bertuol Porto

Trabalho Final da Disciplina de Medições Térmicas

Professor Paulo Smith Schneider

pss@[email protected]

Porto Alegre, Dezembro de 2014

1

Resumo:

Este trabalho apresenta a construção e instrumentação de um acumulador de calor

com a menor constante de tempo possível. O acumulador é manufaturado de resina

poliéster cristal com massa total de 1 kg. Ele foi instrumentado e ensaiado em uma

bancada de testes, onde pôde-se verificar a constante de tempo experimentalmente,

medindo-se o tempo necessário para que, após a colocação do acumulador na seção

de ensaio, a temperatura do escoamento retorne à dois terços de seu valor inicial. A

temperatura medida do escoamento foi de 63 ºC e a vazão mássica medida foi de

0,0361 kg/s. O tempo estimado para a constante de tempo foi de 7 minutos e 1

segundo.

Palavras-chave: acumulador, constante de tempo, resina poliéster.

2

Abstract:

This paper shows the construction and instrumentation of a heat storage with the

minimum time constant. The heat storage is manufactured of crystal polyester resin,

and has weight of 1 kg. It is instrumented on a test desk, where is experimentally

verified the time constant by measuring the necessary time to the flow return to 2/3 of

it's original value after putting the heat storage into the test section. The temperature of

the flow is estimated to be 63 ºC and the mass flow to be 0,0361 kg/s. The value of the

time constant was estimated to be 7 minutes and 1 second.

Keywords: heat storage, time constant, polyester resin.

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Sumário

1. Introdução .......................................................................................................................... 4

2. Revisão bibliográfica ....................................................................................................... 4

3. Fundamentação Teórica ................................................................................................. 5

3.1. Tubo de Pitot ............................................................................................................... 5

3.2. Sensor NTC ................................................................................................................. 6

4. Metodologia ....................................................................................................................... 7

4.1. Bancada Experimental ............................................................................................... 7

4.2. Medidor de temperatura ............................................................................................ 8

4.3. Medidor de vazão ....................................................................................................... 9

4.4. Desenvolvimento do protótipo. ............................................................................... 10

4.5. Procedimento experimental. ................................................................................... 11

5. Resultados ....................................................................................................................... 12

6. Conclusões ...................................................................................................................... 13

7. Referências Bibliográficas ........................................................................................... 13

4

1. Introdução

Este trabalho está inserido na disciplina de medições térmicas ministrada pelo Prof.

Paulo Smith Schneider e pela Profa. Letícia Jenisch Rodrigues, parte do currículo do

curso de engenharia mecânica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O

objetivo do trabalho conforme o Edital publicado pelos professores é construir um

acumulador de calor com a menor contante de tempo possível, isto significa que ele

deve reter ou dissipar energia térmica o mais rápido possivel.

Também é objetivo do trabalho instrumentar o ensaio experimental. Para tanto utilizou-

se um tubo de Pitot para a medição de vazão e um sensor do tipo NTC 10K para a

medição de temperatura.

Este trabalho unifica muitos conceitos da termodinamica e incentiva os alunos a

aprenderem mais sobre a instrumentação utilizada nos experimentos desta área da

engenharia mecânica.

2. Revisão bibliográfica

Steinhart e Hart, 1968, modelaram empiricamente o comportamento de termistores

tais quais o NTC com uma família de funções altamente satisfatória para um grande

intervalo de temperaturas.

Hasnain, 1998, empregou dutos com superfícies extendidas para otimizar a

transferência de calor de e para acumuladores de calor.

5

3. Fundamentação Teórica

3.1. Transferencia de Calor Convectiva

A convecção é a forma de transmissão do calor que ocorre principalmente nos fluidos(líquidos e gases). O equacionamento da transferência de calor convectiva se dá da seguinte forma:

Onde: Q = taxa de transferência de calor; h = coeficiente de transferência de calor convectiva (dependente do fluido, e condições do escoamento e material do trocador); A = área de contato fluido/trocador; ∆T = diferença de temperatura entre o fluido e a superfície do trocador. A convecção forçada em relação a convecção natural eleva o coeficiente de transferência de calor em uma ordem de grandeza [Incropera, 2008], oque representa um aumento de mesma grandeza na transferência de calor. A transferência de calor aumenta linearmente com a área de contato fluido/trocador, e também com a diferença de temperatura entre estas.

3.2. Tubo de Pitot

Para a instrumentação da vazão na entrada da bancada experimental optou-se utilizar

um tubo de Pitot. Este instrumento de fácil construção permite uma leitura da diferença

da pressão de estagnação e estática conforme a Figura 1:

Figura 1 - Tubo de Pitot

A partir desta diferença calcula-se a velocidade do escoamento com as equações:

[1]

E portanto:

[2]

(1)

6

Com a velocidade e sabendo-se que a densidade do ar a 70C é de 1,2kg/m^3,

podemos calcular a vazão em massa com:

[3]

3.3. Sensor NTC

Para a medição de temperatura foi utilizado um sensor tipo NTC 10k, o qual foi

escolhido devido à sua facilidade de calibração e instalação e sua alta sensibilidade. O

sensor foi calibrado segundo um ajuste de curva Steinhart-Hart, conforme descrito na

seção 4.2.

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4. Metodologia

4.1. Bancada Experimental

O ar ambiente é admitido na bancada de forma forçada por um ventilador. Sua vazão

é medida por uma placa de orifício do LETA e pela instrumentação de vazão feita

pelos alunos. O ar segue e é aquecido para cerca de 70oC. A temperatura e pressão

estática do ar são lidas com instrumentos do LETA tanto a montante quanto a jusante

da seção de ensaio, no interior da qual o protótipo de acumulador de calor deve estar

inserido. Antes de ser descarregado para o ambiente, o ar sofre uma última medição

pela instrumentação de temperatura feita pelos alunos. A Figura 2 mostra esta

bancada.

Figura 2 - Esquema da bancada de ensaios (Fonte: Edital de trabalho da disciplina de medições térmicas. Edição 2014-2)

A tubulação da bancada é de PVC com diâmetro de 100 mm, incluindo as luvas de

conexão. A vazão do ar apresenta um valor de velocidade média de 3.0 m/s.

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4.2. Medidor de temperatura

Para a medição de temperatura, optou-se pela utilização de um sensor resistivo de

temperatura NTC. Este devia ser calibrado e adequadamente equipado a um trecho de

tubulação compatível com a tubulação da bancada experimental do laboratório.

O sensor NTC foi calibrado através de comparação com um sensor PT-100 referência,

cujas curvas de calibração e operação eram conhecidas. Os dados são apresentados

na Tabela 1.

Tabela 1 - Dados do PT-100 de referencia com o NTC calibrado

PT 100 [Ω] Temperatura [oC] NTC [Ω]

113.20 33.1452 6357.0

116.00 40.3284 3777.2

118.50 46.7419 3470.0

121.11 53.4377 2760.0

123.00 58.2863 2169.4

124.00 60.8517 1980.0

125.00 63.4171 1850.0

125.31 64.2124 1820.0

125.51 64.7255 1700.0

Os dados foram ajustados a uma curva de Steinhart-Hart de modo a gerar a curva de

operação do sensor NTC. A equação resultante para temperatura foi:

[4]

E seu gráfico está representado na Figura 3

Figura 3 - Gráfico de calibração do sensor NTC

Onde R representa resistência térmica [Ω] e T representa temperatura [oC].

9

Inseriu-se o sensor NTC em um trecho de duto de PVC medindo 15 mm de

comprimento e 10 mm de diâmetro, extendendo-se os terminais do sensor através de

dois pequenos furos na parede do duto e vedando-se estes com cola époxi, conforme

visto na Figura 4.

Figura 4 - Montagem do sensor NTC

4.3. Medidor de vazão

Quanto à medição de vazão, optou-se pela utilização de um tubo de Pitot para medir a

pressão dinâmica e, através das equações [2] e [3], determinar a vazão indiretamente.

O tubo de Pitot foi construído com tubos de PVC de 15 mm de diâmetro com redução

para 5 mm de diâmetro. O tubo foi inserido em um trecho de duto de PVC medindo 20

mm de comprimento e 10 mm de diâmetro e as vedações foram feitas com cola epóxi

conforme visto na Figura 5.

Figura 5 - Tubo de Pitot construído

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4.4. Desenvolvimento do protótipo.

A geometria do acumulador construído foi a de uma aleta retangular única, com uma

base, formando um T. Esta geometria foi escolhida pensando-se em um dissipador de

calor do tipo aletado pois é uma geometria conhecidamente utilizada em dissipadores

e por sua facilidade de construção. Como para este trabalho havia a restrição do

protótipo ter massa de 1kg de resina poliéster, calculou-se o volume de resina

disponível em 1kg que era de 921cm^3 e dimensionou-se a aleta conforme na Figura

6

Figura 6 - Geometria proposta

Ela possui portanto volume de 1080 cm³, sendo assim maior que o volume de resina,

esta diferença se dá pois a resina aumenta um pouco seu volume no processo de

cura. O resultado final pode ser visto na Figura 7.

Figura 7 - Protótipo construído

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4.5. Procedimento experimental.

Com a instrumentação devidamente posicionada e a bancada em estado de equilíbrio

térmico, acomodou-ser o acumulador na seção de ensaio durante um intervalo de 5

segundos. Leu-se a diferença pressão indicada pelo tubo Pitot através de um

manômetro de coluna, que indicou uma diferença de pressão correspondente à 0.9

mm de água, e determinou-se a vazão correspondente. Cronometrou-se o tempo

transcorrido desde a abertura da seção de ensaio até que o sistema recuperasse 63%

da variação de temperatura perdida quando da inserção do acumulador, observando

as leituras de resistência do sensor NTC pertinentes através de um multímetro

disponível no LETA.

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5. Resultados

Os resultados das medições podem ser vistos nas tabelas 2 e 3 e contextualizados

pela figura 8.

No cálculo da vazão mássica, foram usadas as equações 2 e 3, considerando

kg/m³, kg/m³, m/s² e m².

Tabela 2 – Determinação da vazão mássica a partir da medição da pressão dinâmica

mmH20 V [m/s] m [kg/s]

0,9 3,834 0,0361

Tabela 3 – Determinação da temperatura e resistência associadas à obtenção de tCD

ROP (lido) [Ω] 1844,3

TOP (equação 4 para ROP) [oC] 63,191264

RMAX (lido) [Ω] 2021,1

TMIN (equação 4 para RMAX) [oC] 60,632371

∆T (=TOP-TMIN) [oC] 2,558893

TtCD (=TMIN + 0,63 ∆T) [oC] 62,244474

RtCD (calculada para TtCD) [Ω] 1908,3

tCD 422s

Figura 8 – Comportamento da temperatura na seção medida

t0

tCD

TOP TtCD

TMIN

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6. Conclusões

O tempo tCD de resposta apresentado pelo acumulador desenvolvido foi de 7m 01s. A

medição de temperatura é coerente, uma vez que percebe TOP como 63,2 oC, um valor

um pouco inferior aos 70 graus impostos alguns metros antes pelo aquecedor.

A vazão lida foi de 0,0361 kg/s. Uma vez que corresponde a uma velocidade de 3,834 m/s, mostra-se uma estimativa coerente, já que o ar é forçado pelo ventilador a 3 m/s. Como sugestão para otimização do protótipo, pode-se denotar a amplificação da

relação Área/Volume com o material disponível, aumentando o número de aletas e

fazendo um estudo quanto à altura ideal das aletas.

7. Referências Bibliográficas

INCROPERA, F. P., Fundamentos de Transferência de Calor e Massa, 6a ed., 2008

SCHNEIDER, P. S., 2012, Medição de Velocidade e Vazão de fluidos. Departamento

de Engenharia Mecânica, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

Disponível no site http://143.54.70.55/medterm/pressaovazao.html.

FOX, R. W., PRITCHARD, P. J., McDONALD, A.T., Indrodução à mecânica dos

fluidos. 7 ed. 2008.