protocolo clÍnico ptc ccih - minas gerais
TRANSCRIPT
PROTOCOLO CLÍNICO
PTC CCIH - 003
I - CONTROLE HISTÓRICO
REVISÃO DATA Nº PÁGINAS HISTÓRICO
ALTERAÇÃO ELABORAÇÃO VERIFICAÇÃO APROVAÇÃO
00 05/09/2016 17 Emissão
Inicial Fabiane Scalabrini
Cleder Araújo Paula Perdigão
Renata Maciel
ASSINATURA E CARIMBO 1
TÍTULO: TRATAMENTO DO PACIENTE NEUTROPÊNICO FEBRIL
1. Definições
Neutropenia
Contagem de neutrófilos < 1500 células/mm3.
Risco aumentado de infecção: pacientes com contagem de neutrófilos < 500 células/mm3
ou < 1000 células/mm3 com previsão de queda.
Febre
Pico de temperatura axilar 38,0ºC ou temperatura 37,8ºC sustentada por mais de uma
hora.
2. Objetivo
Uniformizar o diagnóstico e tratamento do paciente com neutropenia febril no HGIP com
base nas melhores evidências científicas disponíveis.
3. Siglas
DECH: doença do enxerto contra hospedeiro
LLC: leucemia linfocítica crônica
PCR: proteína c reativa
BGN: bastonete gram negativo
ATB: antibiótico
Clcr: cleareance de creatinina
CCIH: comissão de controle de infecção hospitalar
4. Princípios Gerais
Neutropenia febril é uma urgência médica: mortalidade elevada.
PROTOCOLO CLÍNICO
PTC CCIH - 003
I - CONTROLE HISTÓRICO
REVISÃO DATA Nº PÁGINAS HISTÓRICO
ALTERAÇÃO ELABORAÇÃO VERIFICAÇÃO APROVAÇÃO
00 05/09/2016 17 Emissão
Inicial Fabiane Scalabrini
Cleder Araújo Paula Perdigão
Renata Maciel
ASSINATURA E CARIMBO 2
TÍTULO: TRATAMENTO DO PACIENTE NEUTROPÊNICO FEBRIL
Se preenchimento do critério de febre ou presença de sinal claro de infecção (mesmo
na ausência de febre): iniciar antibioticoterapia (empírica, de amplo espectro, em dose
máxima, com ótima cobertura para bactérias Gram-negativas), imediatamente após
coleta de exames.
Não aguardar culturas ou localização do foco para iniciar antibioticoterapia.
Priorizar o início da antibioticoterapia à admissão o mais precocemente possível.
Uma vez identificado foco e o microorganismo, tratar durante o tempo máximo
preconizado para erradicar a infecção.
Algumas neoplasias hematológicas levam a defeitos qualitativos dos neutrófilos
circulantes, como diminuição da fagocitose e da capacidade de eliminação de
patógenos. Tais pacientes são considerados “neutropênicos funcionais” e também
apresentam risco aumentado de infecção, mesmo com contagem normal de neutrófilos.
5. Classificação do Risco
Pode-se classificar o risco do paciente neutropênico febril adulto de acordo com as
orientações abaixo:
Quadro 1: Multinational Association for Supportive Care in Cancer risk index (MASCC
score) identifica pacientes com neutropenia febril com baixo risco de complicações
Características Pontuação
Sem sintomas ou sintomas leves 5
Ausência de hipotensão 5
Ausência de doença pulmonar obstrutiva 4
Tumor sólido ou sem infecção fúngica prévia
4
Ausência de desidratação 3
Sintomas moderados 3
Paciente ambulatorial 3
Idade menor que 60 anos 2
PROTOCOLO CLÍNICO
PTC CCIH - 003
I - CONTROLE HISTÓRICO
REVISÃO DATA Nº PÁGINAS HISTÓRICO
ALTERAÇÃO ELABORAÇÃO VERIFICAÇÃO APROVAÇÃO
00 05/09/2016 17 Emissão
Inicial Fabiane Scalabrini
Cleder Araújo Paula Perdigão
Renata Maciel
ASSINATURA E CARIMBO 3
TÍTULO: TRATAMENTO DO PACIENTE NEUTROPÊNICO FEBRIL
Considera-se pacientes de alto risco aqueles com score < 21 e baixo risco, aqueles >
21.
Uma outra forma de classificar o paciente adulto é seguindo as orientações abaixo:
Quadro 2: Classificação de risco do paciente com neutropenia febril
Risco Característica
Alto - neutropenia com > 10 dias de duração; ou - contagem de neutrófilos < 100/dl; ou -significativa comorbidade: hipotensão; sintomas gastrointestinais; infecção de cáteter; dor abdominal; pneumonia; sintomas neurológicos; ou -evidência de insuficiência hepática (aumento das transaminases hepáticas 5 vezes acima do valor basal) ou insuficiência renal (clearance de creatinina < 20ml/min); - transplante medular alogênico; ou - DECH com uso de corticóide em alta dose; ou - leucemias agudas (indução e consolidação); ou - uso de alemtuzumabe ou bortezomibe.
Intermediário - neutropenia com duração entre 7 e 10 dias; - transplante medular autólogo; - linfomas, mieloma múltiplo, LLC; - quimioterapia com análogos de purina.
Baixo - neutropenia com < 7 dias de duração; e - poucas comorbidades.
6. Avaliação Clínica
A febre frequentemente é o único sinal de infecção.
Procurar foco exaustivamente: trato gastrintestinal, pele, aparelho respiratório, cateter.
Sinais e sintomas podem ser mínimos ou ausentes na neutropenia grave.
Reavaliar o paciente e repetir o exame físico com maior frequência devido à
mutabilidade do quadro clínico. Mesmo que o paciente esteja estável é indicada sua
reavaliação clínica mais de uma vez por dia.
PROTOCOLO CLÍNICO
PTC CCIH - 003
I - CONTROLE HISTÓRICO
REVISÃO DATA Nº PÁGINAS HISTÓRICO
ALTERAÇÃO ELABORAÇÃO VERIFICAÇÃO APROVAÇÃO
00 05/09/2016 17 Emissão
Inicial Fabiane Scalabrini
Cleder Araújo Paula Perdigão
Renata Maciel
ASSINATURA E CARIMBO 4
TÍTULO: TRATAMENTO DO PACIENTE NEUTROPÊNICO FEBRIL
O paciente neutropênico afebril, mas com sinais e sintomas compatíveis com infecção,
também deve ser considerado de risco e tratado prontamente.
O paciente com neutropenia funcional e febre também deve ser tratado com as
mesmas recomendações desse protocolo.
7. Exames Complementares
Hemograma completo
Proteína C reativa
Culturas: hemocultura (duas amostras, no mesmo horário, em sítios diferentes), cultura
de sangue refluído do cateter, quando presente (de todos os lumens), gram de gota e
urocultura, cultura de secreções suspeitas.
Solicitar exames de função renal e hepática basais para avaliação posterior de possível
toxicidade causada por antibióticos. Repetir esses exames no mínimo uma vez por
semana.
Solicitar exame de urina rotina.
Solicitar nível sérico dos antibióticos periodicamente.
Vancomicina: solicitar primeiro nível sérico após a quarta dose e monitoração
duas vezes por semana, ou mais, se necessário.
Galactomana sérica 3 amostras semanais para períodos de neutropenia > 10 dias.
Exames de imagem:
Radiografia de tórax: não é necessário solicitar de rotina. Pedir somente se
presença de sinais ou sintomas de acometimento do aparelho respiratório,
história pregressa de doença respiratória ou persistência de febre por mais de 5
dias.
Tomografia de tórax quando após 5 dias de tratamento não houver melhora ou
se há histórico anterior de infecção fúngica.
Se dor ou distensão abdominal, solicitar US ou TC de abdome.
PROTOCOLO CLÍNICO
PTC CCIH - 003
I - CONTROLE HISTÓRICO
REVISÃO DATA Nº PÁGINAS HISTÓRICO
ALTERAÇÃO ELABORAÇÃO VERIFICAÇÃO APROVAÇÃO
00 05/09/2016 17 Emissão
Inicial Fabiane Scalabrini
Cleder Araújo Paula Perdigão
Renata Maciel
ASSINATURA E CARIMBO 5
TÍTULO: TRATAMENTO DO PACIENTE NEUTROPÊNICO FEBRIL
Tomografia dos seios da face e avaliação otorrinolaringológica nos pacientes de
alto risco com sintomas naso-faríngeos.
Outros exames de imagem poderão ser solicitados conforme quadro clínico do
paciente.
INVESTIGAÇÃO INICIAL NA NEUTROPÊNIA FEBRIL
1. Procurar sinais e sintomas que sugiram foco infeccioso.
Sistema respiratório.
Trato gastrointestinal
Pele.
Região perineal/genital.
Orofaringe.
Sistema nervoso central.
2. Verificar resultados microbiológicos positivos.
Colonização bacteriana.
Culturas por germes resistentes.
Infecções fúngicas invasivas.
3. Verificar presença de cateter venoso central.
Cateter venoso de longa permanência.
Cateter venoso totalmente implantável.
4. Investigação laboratorial e radiológica de rotina.
Hemograma com plaquetas.
Função renal.
Função hepática.
PCR (curva de PCR para acompanhamento).
Hemocultura (2 amostras).
Cultura de sangue refluído de cateter.
Urina rotina, gram de gota, urocultura.
Cultura de secreções (pele, mucosas).
Radiografia de tórax (se presença de sinais ou sintomas de acometimento do aparelho respiratório, história pregressa de doença respiratória ou persistência de febre por mais de 5 dias).
Tomografia de tórax: avaliar em casos específicos.
5. Investigação adicional (considerar em casos de neutropenia prolongada, febre persistente).
Tomografia de tórax.
US abdominal.
Ecocardiograma.
Lavado broncoalveolar.
8. Tratamento
Quadro 3: Antibioticoterapia inicial
PROTOCOLO CLÍNICO
PTC CCIH - 003
I - CONTROLE HISTÓRICO
REVISÃO DATA Nº PÁGINAS HISTÓRICO
ALTERAÇÃO ELABORAÇÃO VERIFICAÇÃO APROVAÇÃO
00 05/09/2016 17 Emissão
Inicial Fabiane Scalabrini
Cleder Araújo Paula Perdigão
Renata Maciel
ASSINATURA E CARIMBO 6
TÍTULO: TRATAMENTO DO PACIENTE NEUTROPÊNICO FEBRIL
Esquema antimicrobiano preferencial inicial. Cefepime
Associação de vancomicina* ao esquema inicial.
Instabilidade hemodinâmica.
Cultura positiva para bactérias Gram positivas
ainda não identificadas.
Pacientes sabidamente colonizados por
pneumococos resistentes a penicilina ou S.
aureus meticilino- resistente (MRSA).
Mucosite grave
Considerar na presença de lesão de pele.
Considerar na presença de cateter venoso
central.
Considerar em casos de pneumonia grave e em
casos de pneumonia hospitalar (sinais clínicos
após 72 horas de internação).
8.1 Modificações no esquema terapêutico
Em geral, é necessário um intervalo de 3 a 5 dias de antibioticoterapia para determinar
a eficácia do regime inicial, salvo naquelas situações de clara deterioração clínica.
Após esse período, as modificações no esquema de antibióticos são determinadas pela
persistência da febre, quadro clínico do paciente, aparecimento de sinais específicos,
culturas positivas e classificação de risco do paciente
Antes de modificação no regime de antimicrobianos, repetir avaliação clínica,
laboratorial e de imagem para investigação de possíveis focos de infecção.
Quadro 4: Modificações no esquema terapêutico na persistência de febre
EVENTO RECOMENDAÇÃO
Se houver persistência da febre por mais de 3 a 5 dias, com estabilidade clínica, sem perspectivas de resolução iminente da neutropenia (previsão > 10 dias) e sem critérios para associação de vancomicina
Avaliar a necessidade de aumentar espectro para
gram negativos e/ou associar antifúngico*
PROTOCOLO CLÍNICO
PTC CCIH - 003
I - CONTROLE HISTÓRICO
REVISÃO DATA Nº PÁGINAS HISTÓRICO
ALTERAÇÃO ELABORAÇÃO VERIFICAÇÃO APROVAÇÃO
00 05/09/2016 17 Emissão
Inicial Fabiane Scalabrini
Cleder Araújo Paula Perdigão
Renata Maciel
ASSINATURA E CARIMBO 7
TÍTULO: TRATAMENTO DO PACIENTE NEUTROPÊNICO FEBRIL
(consultar Quadro 3).
Se houver critérios para o uso de vancomicina Associar vancomicina ao esquema inicial.
Se houver deterioração clínica.
Associar vancomicina.
Considerar necessidade de ampliar cobertura
para Gram negativos: trocar cefepime por
meropenem.
Considerar acréscimo de polimixina para ampliar
cobertura para BGN´s resistentes a
carbapenêmicos: (polimixina + meropenem).
*Deverão ser discutidos com a CCIH os casos em que for considerada a necessidade do uso das
preparações lipídicas da anfotericina (anfotericina B lipossomal ou anfotericina B complexo lipídico) ou de
outros antifúngicos (voriconazol ou anidulafungina/ micafungina).
Quadro 5: Modificações na antibioticoterapia na presença de evidências clínicas ou
localização do foco infeccioso
EVENTO RECOMENDAÇÃO
1. Hemoculturas colhidas antes do início da antibioticoterapia.
Coco Gram positivo: adicionar vancomicina e
aguardar antibiograma para reavaliação.
Bastonete Gram negativo: manter o esquema
se o paciente estiver clinicamente bem. Aguardar
o antibiograma para modificações.
2. Hemoculturas colhidas na vigência de antibioticoterapia.
Coco Gram positivo: adicionar vancomicina.
Bastonete Gram negativo: paciente com falha
terapêutica com cefepime e hemocultura
periférica com BGN trocar para meropenem e
polimixina e descalonar após resultado de
antibiograma. Nos pacientes internados na
Unidade Pediátrica trocar para meropenem.
3. Mucosite grave.
Avaliar ampliação da cobertura para gram-
negativos e anaeróbios: meropenem.
Associar vancomicina ao esquema inicial.
PROTOCOLO CLÍNICO
PTC CCIH - 003
I - CONTROLE HISTÓRICO
REVISÃO DATA Nº PÁGINAS HISTÓRICO
ALTERAÇÃO ELABORAÇÃO VERIFICAÇÃO APROVAÇÃO
00 05/09/2016 17 Emissão
Inicial Fabiane Scalabrini
Cleder Araújo Paula Perdigão
Renata Maciel
ASSINATURA E CARIMBO 8
TÍTULO: TRATAMENTO DO PACIENTE NEUTROPÊNICO FEBRIL
Lesões vesiculares: suspeitar de herpes simples e
considerar aciclovir
4. Dolorimento paranasal e lesões ulcerativas nasais.
Suspeitar infecções fúngicas: Aspergillus sp e
Mucor.
Solicitar avaliação da otorrinolaringologia.
5. Pneumonia intersticial ou progressiva.
Considerar Pneumocystis jiroveci ou
Mycoplasma pneumoniae.
Adicionar sulfametoxazol + trimetoprim (dose
terapêutica) e/ ou claritromicina.
6. Celulite ou dor perianal. Adicionar cobertura para anaeróbios:
metronidazol.
7. Suspeita de tiflite. Adicionar cobertura para anaeróbios:
metronidazol ou meropenem.
8. Suspeita de esofagite.
Considerar endoscopia digestiva alta. Suspeitar
de fungo (Candida), herpes simples,
citomegalovírus. Adicionar antifúngico e, se não
houver melhora, aciclovir - de acordo com
achados de endoscopia ou outros dados da
história clínica ou exame físico. Adicionar
ganciclovir se suspeita de citomegalovírus.
9. Se ausência de melhora ou piora clínica, avaliar propedêutica extensa e ampliação de cobertura para agentes específicos.
Pneumocistose, Stenotrophomonas
maltophilia, Burkholderia cepacia:
= Sulfametoxazol-trimetoprim.
BGN resistentes aos carbapenêmicos:
= polimixina B.
Enterococcus resistente a vancomicina (VRE)
= linezolida ou daptomicina
PROTOCOLO CLÍNICO
PTC CCIH - 003
I - CONTROLE HISTÓRICO
REVISÃO DATA Nº PÁGINAS HISTÓRICO
ALTERAÇÃO ELABORAÇÃO VERIFICAÇÃO APROVAÇÃO
00 05/09/2016 17 Emissão
Inicial Fabiane Scalabrini
Cleder Araújo Paula Perdigão
Renata Maciel
ASSINATURA E CARIMBO 9
TÍTULO: TRATAMENTO DO PACIENTE NEUTROPÊNICO FEBRIL
8.2 Duração do tratamento
Critérios para suspensão do tratamento:
Contagem de neutrófilos > 500 células/mm3 (com evidências de recuperação).
e
Mínimo de sete dias completos de antibiótiocos.
e
Afebril há pelo menos 72h.
Em caso de infecções com foco definido ou identificação do microorganismo, tratar pelo
tempo específico máximo indicado habitualmente.
Considerar suspensão se:
Neutrófilos entre 100 - 500 células/mm3/ sinais evidentes de recuperação medular.
e
Estabilidade clínica.
e
Afebril há pelo menos cinco a sete dias.
e
Disponibilidade para monitorização clínica rigorosa, com reintrodução do ATB se
necessário.
Manter antibioticoterapia, mesmo estando afebril, se:
Neutrófilos < 100 células/mm3.
ou
Instabilidade clínica.
ou
Mucosite grave.
PROTOCOLO CLÍNICO
PTC CCIH - 003
I - CONTROLE HISTÓRICO
REVISÃO DATA Nº PÁGINAS HISTÓRICO
ALTERAÇÃO ELABORAÇÃO VERIFICAÇÃO APROVAÇÃO
00 05/09/2016 17 Emissão
Inicial Fabiane Scalabrini
Cleder Araújo Paula Perdigão
Renata Maciel
ASSINATURA E CARIMBO 10
TÍTULO: TRATAMENTO DO PACIENTE NEUTROPÊNICO FEBRIL
Se a vancomicina houver sido introduzida de maneira empírica (baseada na
persistência de febre, sem sinais clínicos sugestivos de infecção por estafilococos e
sem cultura positiva) e o paciente encontrar-se clinicamente bem, considerar
suspensão da vancomicina após três dias de uso.
Em caso de patologias em que não se espera recuperação medular (aplasias de
medula óssea, por exemplo), e neutropenia febril sem foco definido, manter
antibioticoterapia empírica durante sete dias, estando o paciente afebril há pelo menos
cinco a sete dias.
9. Manejo de infecções específicas
9.1 Fúngicas
Deve-se investigar infecção fúngica invasiva e iniciar terapia empírica antifúngica para
pacientes com febre persistente ou recorrente após 4-7 dias de antibioticoterapia de
amplo espectro e neutropenia com duração esperada de 7 dias ou mais.
Em pacientes de baixo risco, o risco de infecção fúngica invasiva é baixo e o uso de
terapia empírica antifúngica de rotina para esses pacientes não é recomendada.
Infecções invasivas por fungos filamentosos, incluindo aspergilose, zigomicose e
fusariose ocorrem principalmente em pacientes de alto risco com neutropenia grave (≤
100 neutrófilos) e prolongada (10-15 dias), especialmente aqueles em tratamento para
leucemia mielóide aguda.
Se estiver indicado antifúngico pela persistência de febre, sem foco fúngico inicial
suspeito:
Solicitar TC de tórax ao iniciar antifúngico.
Após recuperação da neutropenia, solicitar: fundoscopia e ultra-som abdominal
(e/ou tomografia de abdome). Avaliar suspensão do antifúngico se não for
identificado foco pelos exames.
PROTOCOLO CLÍNICO
PTC CCIH - 003
I - CONTROLE HISTÓRICO
REVISÃO DATA Nº PÁGINAS HISTÓRICO
ALTERAÇÃO ELABORAÇÃO VERIFICAÇÃO APROVAÇÃO
00 05/09/2016 17 Emissão
Inicial Fabiane Scalabrini
Cleder Araújo Paula Perdigão
Renata Maciel
ASSINATURA E CARIMBO 11
TÍTULO: TRATAMENTO DO PACIENTE NEUTROPÊNICO FEBRIL
Observação: solicitar ecocardiograma quando houver suspeita clínica de
endocardite ou na presença de hemocultura positiva para fungo.
Diretrizes para escolha do antifúngico:
A anfotericina B deoxicolato é o antifúngico de escolha para uso empírico em
crianças e adultos sem fatores de risco que aumentem o risco de
nefrotoxicidade.
Se refratariedade ou se Cl Cr ≤50ml/min ou 2x creatinina basal deve ser utilizada
anfotericina complexo lipídico ou anfotericina lipossomal. Deverão ser discutidos
com a CCIH os casos em que seja considerada a necessidade do uso das
preparações lipídicas da anfotericina ou do uso de outros antifúngicos.
Na infecção por Aspergillus comprovada ou provável a droga de escolha é o
voriconazol.
Quadro 6 – Principais indicações e doses para terapia antifúngica empírica em
pacientes de alto risco.
Risco do paciente Esquemas
Alto risco voriconazol endovenoso
* 6mg/kg de 12/12h por 24 horas, seguido
de 4mg/kg de 12/12h nos dias subsequentes. Pode-se usar
voriconazol oral 400mg de 12/12h no primeiro dia seguido de
200mg de 12/12h nos dias subsequentes dependendo do quadro
clínico do paciente.
anfotericina B desoxicolato endovenosa 0,5-1,0mg/kg/dia
anfotericina B lipossomal endovenosa 3-5mg/kg/dia
anfotericina B complexo lipídico endovenosa 5mg/kg/dia
* Voriconazol IV não é recomendado para pacientes com clearance creatinina < 50 mL/minuto
PROTOCOLO CLÍNICO
PTC CCIH - 003
I - CONTROLE HISTÓRICO
REVISÃO DATA Nº PÁGINAS HISTÓRICO
ALTERAÇÃO ELABORAÇÃO VERIFICAÇÃO APROVAÇÃO
00 05/09/2016 17 Emissão
Inicial Fabiane Scalabrini
Cleder Araújo Paula Perdigão
Renata Maciel
ASSINATURA E CARIMBO 12
TÍTULO: TRATAMENTO DO PACIENTE NEUTROPÊNICO FEBRIL
Quadro 7 – Principais indicações e doses para terapia antifúngica em pacientes com
candidemia
Esquemas
Terapia inicial
Primeira escolha:
Adultos: anidulafugina 200 mg IV no primeiro dia, seguido de
100mg/dia nos dias seguintes
Crianças: anfotericina B desoxicolato endovenosa 0,5-
1,0mg/kg/dia ou
micafungina 2mg/kg/dia (máximo 100mg/dia)
Segunda escolha (discutir com a CCIH):
anfotericina B lipossomal endovenosa 3-5mg/kg/dia
anfotericina B complexo lipídico endovenosa 5mg/kg/dia
Terapia alternativa para pacientes de baixo risco e sem
exposição recente a antifúngico azólico
Fluconazol 800 mg (12 mg/kg) no primeiro dia, seguido de 400mg
(6mg/kg) de12/12horas.
Fluconazol pode ser usado para descalonamento da terapia em
pacientes clinicamente estáves, com hemocultura de controle
negativa e isolamento de Candida sensível.
9.2 Virais
Antivirais só devem ser usados se houver evidência clínica de infecção viral.
Herpes simples ou varicela zoster >> aciclovir.
Citomegalovírus >> ganciclovir.
Influenza >> oseltamivir.
9.3 Infecção de corrente sanguínea associada à cateter venoso central
PROTOCOLO CLÍNICO
PTC CCIH - 003
I - CONTROLE HISTÓRICO
REVISÃO DATA Nº PÁGINAS HISTÓRICO
ALTERAÇÃO ELABORAÇÃO VERIFICAÇÃO APROVAÇÃO
00 05/09/2016 17 Emissão
Inicial Fabiane Scalabrini
Cleder Araújo Paula Perdigão
Renata Maciel
ASSINATURA E CARIMBO 13
TÍTULO: TRATAMENTO DO PACIENTE NEUTROPÊNICO FEBRIL
Três itens devem ser avaliados para subsidiar decisão terapêutica e/ou retirada do
dispositivo, em caso de infecções associadas a cateter.
1. Manifestações clínicas:
Graves: Hipotensão / hipoperfusão / falência de órgãos; trombose séptica /endocardite /
osteomielite; presença de eritema e purulência no ponto de inserção, trajeto ou
reservatório e febre após 48 a 72h de terapia sistêmica adequada retirada.
Não - graves manutenção (até resultado da hemocultura).
2. Tipo de cateter:
Cateter periférico retirada.
Cateter de curta permanência tendência à retirada.
Cateter de longa permanência tendência à manutenção.
3. Microrganismo isolado:
Staphylococcus coagulase negativo tendência à manutenção do cateter e
tratamento sistêmico por 14 dias. Discutir bloqueio do cateter.
S. aureus indicada retirada e tratamento por 14 dias. A realização de
ecocardiograma é obrigatória.
Bactérias Gram negativas como Pseudomonas aeruginosa, B. cepacea,
Stenotrophomonas, Agrobacterium, A. baumanni retirada e tratamento por 14 dias.
Outras bactérias Gram negativas possibilidade de manutenção e tratamento
sistêmico por 14 dias + bloqueio em casos de cateter de longa permanência.
Fungos retirada e tratamento sistêmico por 14 dias após negativação de
hemocultura.
Deve-se retirar o CVC se ausência de resposta após 72h de terapia adequada.
PROTOCOLO CLÍNICO
PTC CCIH - 003
I - CONTROLE HISTÓRICO
REVISÃO DATA Nº PÁGINAS HISTÓRICO
ALTERAÇÃO ELABORAÇÃO VERIFICAÇÃO APROVAÇÃO
00 05/09/2016 17 Emissão
Inicial Fabiane Scalabrini
Cleder Araújo Paula Perdigão
Renata Maciel
ASSINATURA E CARIMBO 14
TÍTULO: TRATAMENTO DO PACIENTE NEUTROPÊNICO FEBRIL
Observações:
As orientações sobre bloqueio do cateter deverão ser sempre discutidas com a CCIH.
Os critérios para definição do tempo de tratamento devem ser considerados em
conjunto com os critérios de recuperação medular.
9.4 Tratamento domiciliar do paciente neutropênico febril
Pacientes neutropênicos de alto risco (Ex.: aqueles com diagnóstico recente ou com
recidiva de neoplasia hematológica, com neutropenia grave e prolongada, presença de
comorbidade) devem ser tratados de forma convencional, em regime hospitalar,
usando antibióticos de amplo espectro por via parenteral durante todo o episódio.
Pacientes adultos podem ser tratados de acordo com escores de estratificação de risco
bem definidos, com a possibilidade de tratamento domiciliar para aqueles considerados
de baixo risco. Contudo, os escores de risco disponíveis ainda não são adequados
para avaliar a população pediátrica. Antibióticos por via oral para complementação do
tratamento em pacientes neutropênicos de baixo risco não devem ser utilizados como
abordagem de rotina.
10. Referências
FREIFELD A.G. et al. Clinical practice guideline for the use of antimicrobial agents
in neutropenic patients with cancer: 2010 update by the Infectious Diseases Society
of America. Clin Infect Dis, 52(4), e56-e93, 2011.
HUGHES W. T., et al. 2002 Guidelines for the use of antimicrobial agents in
neutropenic patients with cancer. Clin Infect Dis, 34, 730-751, 2002.
MERMEL L. A. et al. Clinical Pratice Guidelines for the Diagnosis and Manegement
of Intravascular Catheter-Related Infection: 2009 Update by the IDSA. CID 2009.
PROTOCOLO CLÍNICO
PTC CCIH - 003
I - CONTROLE HISTÓRICO
REVISÃO DATA Nº PÁGINAS HISTÓRICO
ALTERAÇÃO ELABORAÇÃO VERIFICAÇÃO APROVAÇÃO
00 05/09/2016 17 Emissão
Inicial Fabiane Scalabrini
Cleder Araújo Paula Perdigão
Renata Maciel
ASSINATURA E CARIMBO 15
TÍTULO: TRATAMENTO DO PACIENTE NEUTROPÊNICO FEBRIL
PAPPAS, P.G. et al. Clinical Practice Guideline for the Management of Candidiasis:
2016 Update by the Infectious Diseases Society of America CID 2015.
11. Anexos
Anexo 1: Fluxograma 1 - Antibioticoterapia inicial
Anexo 2: Fluxograma 2 - Modificações na antibioticoterapia inicial (febre sem etiologia
definida)
PROTOCOLO CLÍNICO
PTC CCIH - 003
I - CONTROLE HISTÓRICO
REVISÃO DATA Nº PÁGINAS HISTÓRICO
ALTERAÇÃO ELABORAÇÃO VERIFICAÇÃO APROVAÇÃO
00 05/09/2016 17 Emissão
Inicial Fabiane Scalabrini
Cleder Araújo Paula Perdigão
Renata Maciel
ASSINATURA E CARIMBO 16
TÍTULO: TRATAMENTO DO PACIENTE NEUTROPÊNICO FEBRIL
PROTOCOLO CLÍNICO
PTC CCIH - 003
I - CONTROLE HISTÓRICO
REVISÃO DATA Nº PÁGINAS HISTÓRICO
ALTERAÇÃO ELABORAÇÃO VERIFICAÇÃO APROVAÇÃO
00 05/09/2016 17 Emissão
Inicial Fabiane Scalabrini
Cleder Araújo Paula Perdigão
Renata Maciel
ASSINATURA E CARIMBO 17
TÍTULO: TRATAMENTO DO PACIENTE NEUTROPÊNICO FEBRIL
Anexo 3: Fluxograma 3 - Duração da terapia antimicrobiana