proteção legal ao uso da imagem do atleta profissional

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II Encontro Interdisciplinar da Ajes: Direito e Educação Física ISSN 2238-2534 16 e 17 de junho de 2016 PROTEÇÃO LEGAL AO USO DA IMAGEM DO ATLETA PROFISSIONAL: DREITO DE ARENA E O DIREITO DE IMAGEM AGUIAR, Vinicius Ramon 1 SOUZA, Jamille Fernanda Ferreira 2 RESUMO O Direito Desportivo trás um viés relacionado ao Direito e o desporto comportando grandes evoluções, na qual com a criação da atual Lei Pelé e de outras normas inseridas recentemente em nosso ordenamento jurídico, os atletas profissionais podem dispor de sua imagem discricionariamente desde que autorizado, não sendo mais o clube proprietário do passe. Palavras-chave: Direito desportivo, direito de imagem, cessão de uso ABSTRACT The Sports Law behind a bias related to law and sport behaving major developments, in which the creation of the current Pelé Law and other newly inserted standards in our legal system, professional athletes can have your image discretion once authorized, not it is more the pass owner's club. Key-words: sports law, image rights, assignment of use SUMÁRIO: 1.Introdução; 2. O Direito de Arena e o Direito de Imagem; 3. Previsão Constitucional ao Direito de Imagem; 4. Previsão Infraconstitucional a Cessão do Direito de Imagem do Atleta Profissional; 4.1 A Natureza Jurídica do Contrato de Cessão do Uso da Imagem do Atleta Profissional; 5. A figura do agenciador perante o contrato de imagem do atleta profissional; 6. Justiça Desportiva; 7. Conclusão; Referências de sítios da rede mundial de computadores. 1 AGUIAR Vinicius Ramon. Bacharel em Educação Física pela Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal- FACIMED - Cacoal/RO; Acadêmico do II Termo do Curso de Bacharel em Direito AJESFaculdades do Vale do Juruena Juína/Mato Grosso; [email protected] 2 Advogada, Pós Graduada em Direito Público, Especialista em Direito Civil, Mestre em Direito Constitucional e Docente da AJES- Faculdade do Vale do Juruena; [email protected]

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II Encontro Interdisciplinar da Ajes: Direito e Educação Física –ISSN 2238-2534

16 e 17 de junho de 2016

PROTEÇÃO LEGAL AO USO DA IMAGEM DO ATLETA PROFISSIONAL:

DREITO DE ARENA E O DIREITO DE IMAGEM

AGUIAR, Vinicius Ramon1

SOUZA, Jamille Fernanda Ferreira2

RESUMO

O Direito Desportivo trás um viés relacionado ao Direito e o desporto comportando

grandes evoluções, na qual com a criação da atual Lei Pelé e de outras normas inseridas

recentemente em nosso ordenamento jurídico, os atletas profissionais podem dispor de sua

imagem discricionariamente desde que autorizado, não sendo mais o clube proprietário do

passe.

Palavras-chave: Direito desportivo, direito de imagem, cessão de uso

ABSTRACT

The Sports Law behind a bias related to law and sport behaving major

developments, in which the creation of the current Pelé Law and other newly inserted

standards in our legal system, professional athletes can have your image discretion once

authorized, not it is more the pass owner's club.

Key-words: sports law, image rights, assignment of use

SUMÁRIO: 1.Introdução; 2. O Direito de Arena e o Direito de Imagem; 3. Previsão

Constitucional ao Direito de Imagem; 4. Previsão Infraconstitucional a Cessão do Direito de

Imagem do Atleta Profissional; 4.1 A Natureza Jurídica do Contrato de Cessão do Uso da

Imagem do Atleta Profissional; 5. A figura do agenciador perante o contrato de imagem do

atleta profissional; 6. Justiça Desportiva; 7. Conclusão; Referências de sítios da rede mundial

de computadores.

1 AGUIAR Vinicius Ramon. Bacharel em Educação Física pela Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal-

FACIMED - Cacoal/RO; Acadêmico do II Termo do Curso de Bacharel em Direito AJES–Faculdades do Vale

do Juruena – Juína/Mato Grosso; [email protected]

2Advogada, Pós Graduada em Direito Público, Especialista em Direito Civil, Mestre em Direito Constitucional e

Docente da AJES- Faculdade do Vale do Juruena; [email protected]

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1- INTRODUÇÃO

Alguns costumes e tendências comportamentais inerentes aos seres humanos foram,

com o passar dos tempos, se aperfeiçoando, acompanhando a evolução da espécie, tanto no

quesito físico como psicológico. Um exemplo a ser citado é a prática do desporto, o qual é

vivenciado desde o início da civilização, como sendo uma atividade que recrutava vários

participantes e mobilizava inúmeros expectadores.

Hoje a concepção de esporte e sua finalidade é totalmente diversas de tempos atrás.

Enquanto hoje o esporte é visto como forma de lazer, saúde, trabalho e auto rendimento, nos

tempos antigos o esporte era apenas uma derivação de práticas corriqueiras como a caça,

pesca, confrontos, guerras, etc.

Porém, com o passar dos tempos, o desporto, foi tomando os holofotes na sociedade.

Isto é percebido na prática, quando se iniciam competições a níveis mundiais envolvendo

alguma modalidade desportiva, esses tipos de evento costumam atrair os olhares de todos os

países nele envolvidos ou não.

Essa crescente evolução, deriva de diversos motivos, tais como: competividade

exacerbada, movimentação financeira, evolução do rendimento do desporto, investimento na

estrutura física das competições, etc.

Os modelos atuais do esporte mostram um gigantesco investimento partindo tanto dos

seguimentos públicos como privados da sociedade. Esse recurso aplicado ao esporte eleva-o a

um patamar de destaque, que além de girar a economia, desperta sonhos tanto nos

expectadores como nos participantes ativos da modalidade. Neste sentido, Azevêdo cita que:

Especificamente no Brasil, o crescimento econômico decorrente da prática esportiva

e as atividades de produção, comércio e serviços relacionadas ao esporte em geral

atingiram em 2005, cerca de 15,6 bilhões de dólares, equivalente a 1,95% do PIB

brasileiro naquele ano, que foi 798 bilhões de dólares. Os investimentos privados

representaram 1,75% e os investimentos do setor público somaram o outro 0,20%.

Para se ter uma noção do crescimento econômico do esporte no Brasil, de 1995 a

2005, o PIB brasileiro cresceu, em média, 3,2% ao ano, enquanto o PIB do esporte

nacional cresceu 10,86% anualmente (IIM, 2006, com dados fornecidos pelo IBGE).

Enfim, o esporte é um excelente negócio.3

3 AZEVÊDO, Paulo Henrique. O esporte como negócio: Uma visão sobre a gestão do esporte nos dias atuais, v.

36, n. 9/10, p. 929-939, set./out. Goiânia. Editora Eestudos, 2009

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Todo esse investimento no esporte fez com que os atletas começassem a se dedicar

integralmente à sua modalidade, no intuito de pleitear um patrocínio ou um salário

propriamente dito, e que através dele pudesse ter uma renda derivada do esporte. Hoje isso se

tornou uma realidade mundial, os astronômicos salários e investimentos que os atletas de alto

rendimento recebem enchem de esperança a nova geração de esportista, que enxergam ali, a

possibilidade de uma carreira profissional de sucesso.

Os clubes e agências financiadoras do esporte usam a imagem do esporte e do

esportista para reaverem seu investimento em forma de propaganda e publicidade. Assim, a

partir do momento que o atleta adquire um status de destaque em sua modalidade, sua

imagem é extremamente divulgada e vinculada nas mídias nacionais e internacionais.

Neste momento, surge o interesse por parte dos patrocinadores de utilizar a imagem do

atleta para alavancar as vendas de determinado produto ou a aquisição de alguns serviços. Em

contrapartida, os atletas recebem valores relativos ao uso de sua imagem vinculado à certo

produto. Porém essa liberdade de se veicular a imagem do atleta está expressamente protegida

na Constituição Federal de 1988, neste sentido Alexandre de Morais diz que:

A presente proteção prevista pela Constituição de 1988 veio reforçar a titularidade

dos direitos do autor, de maneira a garantir-lhe a propriedade também em relação à

exploração de sua própria imagem e voz, fator muito importante em face da

proliferação dos meios de comunicação de massa (rádio, televisão, outdoor, por

exemplo) 4

Essa relação entre patrocinado e patrocinador, é regida por um simples contrato e não

pode ser considerado uma relação trabalhista, pelo motivo de não ter nem a CLT

(Consolidação das Leis Trabalhistas) e nem um Estatuto regulando-a. Este contrato se faz

necessário para que sejam respeitados também os limites da exposição da imagem do

patrocinado.

O artigo 5º, inciso X, a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, prevê

que “ são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,

assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”5

4 MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil interpretada e legislação Constitucional – 6. Ed. Atualizada

até a EC nº52/06 – São Paulo: Editora Atlas, 2006.

5 Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em 26 Jun

2016, às 8h20

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Dentre outros direitos, este dispositivo assegura ao titular que sua imagem não seja

violada ou utilizada de forma indevida e sem autorização e ainda se acorda mediante contrato,

não seja de maneira desproporcional.

2- O DIREITO DE ARENA E O DIREITO DE IMAGEM

Ao analisar o histórico na relação atleta-clube-Estado, tem-se um emaranhado de

conflitos esparsos pela falta de norma regulamentadora especifica. Este problema gerava uma

série de transtornos e processos judiciais, dos quais, ao analisar o caso concreto, encontrava

dificuldades para fundamentar sua decisão, tendo em vista a falta de uma legislação específica

e que englobasse todo contexto jurídico-profissional que o desporto exige.

Em meio a tantos conflitos cíveis e trabalhistas entre atleta e clube, surgi a lei 8.672 de

1993, conhecida como a Lei Zico. De forma tímida, esta lei inovou o panorama jurídico nas

relações de atletas e clubes. Com esta nova regulamentação inserida no âmbito do desporto,

abriu-se o leque de oportunidades para alavancar os investimentos na área, com inclusive o

crescimento do investimento por parte dos setores privados da economia.

Esta lei trouxe ao ordenamento jurídico alguns aspectos que eram necessários tanto no

âmbito jurídico como nas relações contratuais, neste sentido afirma Almeida (apud Proni,

2000):

Inserido nesta realidade, o projeto de lei apresentado em 1991 tinha como pontos

principais, segundo Proni (2000): a) regulamentar as novas formas comerciais no

futebol; b) determinar a participação do setor nas Loterias; c) revogar a "lei do

passe" e apresentar uma alternativa de vínculo contratual aos atletas profissionais; d)

redefinir mecanismos fiscalizadores, assim como a manutenção da autonomia de

entidades esportivas e assegurar sua representatividade nos órgãos competentes. 6

A posteriori, com as exigências que o mundo desportivo realizava devido sua enorme

expansão social e econômica, foi aprovado a lei 9.615 de 1998, denominada lei Pelé, a qual

revogou a lei anterior que regulava o mesmo tema, ou seja, a lei 8.672 de 1993, conhecida

como a Lei Zico.

A novatio legis trouxe duas importantes inovações ao mundo dos esportes, a primeira

exigia que os clubes se tornassem empresas registradas e a segunda era a extinção gradual do

passe. De acordo com a revogada lei nº 6.354, de 2 de setembro de 1976, em seu art.11, passe

é: “Entende-se por passe a importância devida por um empregador a outro, pela cessão do

6 ALMEIDA, Marco Antonio Bettine. Discussão sobre as mudanças na legislação desportiva brasileira: caso do futebol

e a Lei do Passe. Revista digital efdesportes. Buenos Aires - Año 12 - N° 111 - Agosto de 2007

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atleta durante a vigência do contrato ou depois de seu término, observadas as normas

desportivas pertinentes”.7

Com o advento da nova lei e suas alterações, as relações entre atleta e clube foram

fortemente afetadas, como explica Almeida:

Os atletas, então, passaram a ser encarados dentro da CLT (Consolidação das Leis

de Trabalho), usufruindo de direitos trabalhistas como o recebimento regular de seus

salários (onde o atraso do pagamento por tempo maior que três meses possibilita ao

atleta seu desligamento do clube). O vínculo empregatício, então, deixa de ser

permanente (passe), terminando com o fim do contrato, independente do pagamento

de qualquer quantia ou cobrança. A extinção unilateral antecipada do contrato pode

ocorrer mediante uma compensação financeira, denominada cláusula penal. Assim,

tanto clube como atleta, se possuírem melhores propostas de negócios podem

rescindir o contrato mediante pagamento de indenização. A relação jurídica que

prende o jogador de futebol profissional ao clube é trabalhista. Trata-se, portanto, de

um contrato de trabalho, regido pelas leis trabalhistas, pelas leis desportivas e pelos

regulamentos da Fedération International de Football Association (FIFA). A sanção

da Lei Pelé fez com que os clubes nacionais percebessem a possibilidade de perder o

direito sobre o que representava sua maior fonte de capital. As entidades envolvidas,

juntamente com outros interessados no futebol nacional, mobilizaram-se

rapidamente para impedir a extinção do passe como mercadoria de compra e venda

entre clubes. As ações aconteceram no âmbito legal, com a introdução de alterações

significativas no texto original, criando alguns dispositivos que garantiam ainda

algumas condições sob as quais o clube anteriormente detentor do vínculo

empregatício com o atleta, no caso do primeiro contrato profissional, obteria

indenizações percentuais com base nos valores de negociação futura do atleta,

garantindo retorno financeiro aos clubes formadores. Nesta alteração o clube

formador teria a preferência no estabelecimento do primeiro contrato profissional,

que possui uma duração máxima de dois anos, segundo as últimas modificações de

2003.8

Pois bem, dentro de toda esta evolução jurídica na relação atleta-clube-terceiro

interessado, duas importantes figuras no mundo esportivo começaram a estampar os jornais e

os noticiários da mídia, além de encher a mesa do judiciário de processos. São os chamados

direitos de arena e direitos de imagem.

Ambos se referem a importância econômica que o atleta irá receber, porém suas

definições não se confundem. O entendimento jurisprudencial é de que os dois contratos

7 Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6354.htm>. Acesso em 15 maio 2016, às 22h20

8 ALMEIDA, op.cit. p. 4

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possuem naturezas jurídicas distintas, sendo um trabalhista (direito de arena) e o outro de

natureza civil (direito de imagem), referente a fins comerciais, se distinguindo até em relação

às cargas tributárias incidentes em cada um.

O direito de arena se refere à participação nos lucros relativos à emissão ou

transmissão dos jogos, como entende a 4º Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ)9, da

qual o mesmo participasse, estando tanto como titular ou reserva. Esse direito também é

reconhecido pela nomenclatura de “direitos televisivos”. A revogada lei Zico (8672/93)

tratava desse assunto da seguinte maneira:

Art. 24. Às entidades de prática desportiva pertence o direito de autorizar a fixação,

transmissão ou retransmissão de imagem de espetáculo desportivo de que

participem.

§ 1º Salvo convenção em contrário, vinte por cento do preço da autorização serão

distribuídos, em partes iguais, aos atletas participantes do espetáculo (grifo nosso).10

Com a publicação da Lei Pelé (9615/98) o referido porcentual foi mantido em vinte

por cento (20%) de direito de arena para os atletas. Na época, ocorrerão várias discussões

sobre a legitimidade e a viabilidade do referido artigo da lei, tendo em vista que grande parte

dos lucros estavam sendo destinada aos atletas.

Foi então que no dia 16 de março de 2011 a Presidenta da República em exercício

Dilma Rousseff sancionou a lei 12.395 que reduzia o repasse do direito de arena de vinte por

cento (20%) para cinco por cento (5%). Como consta no art.42, §1 da lei 9.615/98, agora com

a nova redação dada pela lei 12.395/11:

Art. 42. Pertence às entidades de prática desportiva o direito de arena, consistente

na prerrogativa exclusiva de negociar, autorizar ou proibir a captação, a fixação, a

emissão, a transmissão, a retransmissão ou a reprodução de imagens, por qualquer

meio ou processo, de espetáculo desportivo de que participem.

§ 1º Salvo convenção coletiva de trabalho em contrário, 5% (cinco por cento) da

receita proveniente da exploração de direitos desportivos audiovisuais serão

repassados aos sindicatos de atletas profissionais, e estes distribuirão, em partes

9 Direito autoral - Direito à própria imagem - Uso de fotografias de jogadores de futebol para compor "álbum de

figurinhas" - Inadmissibilidade - Hipótese em que o direito de arena atribuído às entidades esportivas limita-se à

fixação, transmissão e retransmissão do espetáculo desportivo público - Inteligência das Leis nº 5.989/73, art.

100 e nº 8.672/93 ("Lei Zico").

Ementa oficial: O direito de arena que a lei atribui às entidades esportivas limita-se à fixação, transmissão e

retransmissão do espetáculo desportivo público, mas não compreende o uso da imagem dos jogadores fora da

situação específica do espetáculo, como na reprodução de fotografias para compor "álbum de figurinhas". Lei nº

5.989/73, art. 100, e Lei nº 8.672/93. (STJ - 4ª T.; REsp nº 46.420-0-SP; Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar; j.

12/9/1994; v.u.) RT 714/253. Disponível em

<http://www.pinhoadvogados.com.br/jurisprudencia/atleta_profissional.asp>. Acesso em 06 Jun 2016, às 10h00.

10 Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8672.htm>. Acesso em 10 Jun 2016, às 11h20

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iguais, aos atletas profissionais participantes do espetáculo, como parcela de

natureza civil (grifo nosso).11

Com isso, houve um equilíbrio financeiro nos jogos desportivos, havendo uma divisão

proporcional relativo aos lucros obtidos com a atuação dos atletas no esporte. Ainda com

relação a Lei Pelé e o direito de arena, Aurélio Franco e Ricardo Souza explicam que:

Outro aspecto muito interessante, é que a Lei Pelé, com a inovação trazida pela lei

12.395/11, sacramentou que o direito de arena possui natureza civil, muito embora a

jurisprudência dominante, até então, reconhecesse a sua natural salarial, na forma da

súmula 354 do TST. Desta forma, todos os valores agora recebidos pelos atletas não

mais refletem nas demais verbas salariais recebidas em razão do contrato

profissional, haja vista a fixação de sua natureza indenizatória. Importante destacar,

ainda, que o direito de arena não está relacionado à veiculação da imagem individual

do atleta, mas sim à exposição de sua imagem enquanto partícipe de um evento

futebolístico. Por tal fundamento, o direito de arena também é devido quando da

participação do clube em competições internacionais (v.g. Copa Libertadores da

América), onde, mesmo sendo a competição organizada por uma entidade

internacional -neste caso, a CONMEBOL -, o clube recebe determinado valor pelos

direitos de transmissão do Campeonato.12

O direito de imagem é um direito personalíssimo e negociado diretamente entre o

jogador (ou a empresa que o detém) com a entidade desportiva (clube de futebol), por meio de

valores e regras livremente estipulados entre as partes, assegurado pelo art. 5º, XXVIII, “a”,

da Constituição Federal.

Na atualidade, os atletas “vendem” esse direito de imagem aos patrocinadores e às

marcas, com a intenção de obter lucro com essa exposição da imagem. Porém como já visto, o

direito de imagem é um direito personalíssimo e protegido pela Constituição Federal de 1988

(CF/88), isso o dá proteção especial, o qual deve constar no contrato de cessão. A

Jurisprudência afirma no seguinte sentido:

"RECURSO DE REVISTA. ATLETA PROFISSIONAL DE FUTEBOL. DIREITO

DE IMAGEM. INTEGRAÇÃO. DIFERENÇAS SALARIAIS. O direito à imagem,

consagrado pelo artigo 5º, inciso XXVIII da Constituição Federal, é a garantia, ao

seu titular, de não tê-la exposta em público, ou comercializada, sem seu consenso e

ainda, de não ter sua personalidade alterada material ou intelectualmente, causando

dano à sua reputação. A doutrina, entendimento o qual comungo, tem atribuído a

11 Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9615consol.htm>. Acesso em 12 maio 2016, às 12h20 12 Disponível em <http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI191289,41046-os+direitos+de+arena+e+de+image

m+dos+atletas+profissionais+de+futebol>. Acesso em 02 Jun 2016, às 14h20

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natureza jurídica de remuneração ao direito de imagem, de forma semelhante às

gorjetas nas demais relações empregatícias, que também são pagas por terceiro. É

considerado como sendo componente da remuneração - artigo 457 da CLT - e não

uma verba salarial. Nesta hipótese, é de se considerar a incidência, de forma

analógica, da Súmula nº 354 do TST. A jurisprudência desta Corte, de igual sorte,

vem se formando no sentido de que o -direito de imagem- reveste-se, nitidamente,

de natureza salarial, reconhecendo, ainda, a fraude perpetrada pelos clubes. Neste

sentido, precedentes desta Colenda Corte Superior. Recurso de revista conhecido e

provido. (TST - RR: 2007120055040203 200-71.2005.5.04.0203, Relator: Renato de

Lacerda Paiva, Data de Julgamento: 18/09/2013, 2ª Turma, Data de Publicação:

DEJT 27/09/2013)."13

Com isso, vemos uma certa preocupação do poder público em controlar essa

exposição do direito à imagem. Além das jurisprudências, da CF/88 e de outras normas

jurídicas, o Código Civil em seu artigo 20, trouxe a autorização de recorrer à justiça quando,

salvo se autorizada, houver divulgação da imagem de qualquer pessoa:

Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à

manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou

a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser

proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe

atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins

comerciais.14

Destarte, se instituiu vários mecanismos para coibir o uso indevido, ou quando devido

fora dos parâmetros legais, do uso da imagem. Nesta seara, não encontramos nada em

específico na já revogada lei Zico consoante à utilização da imagem do jogador, talvez por ela

habitar, já regulada, no âmbito cível.

Já na Lei Pelé encontramos alguns dispositivos que regulamentam essa utilização de

imagens e trazem novas perspectivas consoante o seu descumprimento. Conforme julgado

acima analisado, vemos que o direito de imagem obteve o status de salário, ou seja, o seu

inadimplemento pode acarretar uma série de penalidades àquele que as descumpriu.

Em seu art. 31 a referida Lei Pelé disciplina que:

13 Disponível em <http://tst.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/24193095/recurso-de-revista-rr-2007120055040203-200-

7120055040 203-tst>. Acesso em 01 julho 2016, às 8h20 14 Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm>. Acesso em 03 julho 2016, às

18h10

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Art. 31. A entidade de prática desportiva empregadora que estiver com pagamento

de salário ou de contrato de direito de imagem de atleta profissional em atraso, no

todo ou em parte, por período igual ou superior a três meses, terá o contrato especial

de trabalho desportivo daquele atleta rescindido, ficando o atleta livre para

transferir-se para qualquer outra entidade de prática desportiva de mesma

modalidade, nacional ou internacional, e exigir a cláusula compensatória desportiva

e os haveres devidos (grifo nosso). 15

Neste sentido, é de fácil percepção o entendimento da manifestação dos tribunais

superiores em tratar o direito de imagem no mesmo patamar da remuneração pecuniária. Isso,

de certa forma, facilita o atleta pleitear perante o judiciário o descumprimento de alguma

cláusula do contrato de imagem, tendo em vista que, além da proteção desse direito por vários

dispositivos legais, a própria lei e a jurisprudência à deram status de remuneração à qual pode

ser facilmente requerida no caso de um não pagamento.

Mais à frente, vemos no art. 84-A e em seu § ún. da Lei Pelé, o seguinte texto:

Art. 87-A. O direito ao uso da imagem do atleta pode ser por ele cedido ou

explorado, mediante ajuste contratual de natureza civil e com fixação de direitos,

deveres e condições inconfundíveis com o contrato especial de trabalho desportivo.

Parágrafo único. Quando houver, por parte do atleta, a cessão de direitos ao uso de

sua imagem para a entidade de prática desportiva detentora do contrato especial de

trabalho desportivo, o valor correspondente ao uso da imagem não poderá

ultrapassar 40% (quarenta por cento) da remuneração total paga ao atleta, composta

pela soma do salário e dos valores pagos pelo direito ao uso da imagem16

Neste dispositivo vemos a preocupação do legislador em estabelecer limites e regras,

tanto na amplitude do contrato como a sua própria natureza. Em seu caput além de reafirmar a

natureza cível do contrato, dá ao atleta, e somente a ele, a possibilidade de ceder sua imagem

para que um terceiro possa explorá-la.

Destarte, a viabilidade no âmbito jurídico e social do direito de imagem e assim sua

proporcional aplicação no mundo fático, faz com que esse direito seja alvo de vários estudos,

para que se tenha uma melhor compreensão de sua magnitude.

Hoje, a veiculação da imagem dos atletas faz parte do cotidiano daqueles que

acompanham o esporte, e incita o consumo de produtos oriundos dessa divulgação, o que

movimenta importantes setores da economia e gera direito e obrigações para clubes e atletas.

15 Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9615consol.htm>. Acesso em 04 julho 2016, às 20h20 16 Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9615consol.htm>. Acesso em 04 julho 2016, às 20h30

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3- PREVISÃO CONSTITUCIONAL AO DIREITO DE IMAGEM

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CF/88) em seu art. 5º

elenca os direitos e garantias individuais, e combinado com o art.60, §4, da mesma norma

jurídica, eleva tais direitos ao status de cláusula pétrea, a qual, só poderá ser modificada para

maior abrangência de seus direitos e nunca para sua mitigação. Pedro Lenza em sua obra

“Direito Constitucional Esquematizado” explica que:

O poder constituinte originário também estabeleceu algumas vedações materiais, ou

seja, definiu um núcleo intangível, comumente chamado pela doutrina de cláusulas

pétreas. Nesse sentido (e inovando o disposto no art.50, § 1º., da Constituição de

1967, que previa como “cláusulas pétreas” apenas a Federação e a República), não

será objeto de deliberação a proposta de emenda que tendente a abolir: a forma

federativa de Estado; o voto direito, secreto, universal e periódico; a separação dos

Poderes e os direitos e garantias individuais.17

Dentro desses direitos contidos no art.5º, está contido o direito à imagem que é

reproduzido em duas perspectivas, uma consoante a sua proteção e a outra a sua utilização.

Em sua primeira faceta, no inciso X, assegura a todo e qualquer cidadão a inviolabilidade de

seu direito a imagem, inclusive assegurando a reparação do dano, material ou moral,

proporcional ao agravo, o texto em sua literalidade diz:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,

garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade

do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos

seguintes:

[...]

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,

assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua

violação;18

Em sua segunda perspectiva, no inciso XXVIII, alínea “a”, a CF/88 vem normatizando

a utilização da imagem, inclusive no desporto como instrumento de divulgação e de

rendimentos. Essa “proteção às participações” pode ser exemplificada como o direito de arena

a priori visto neste estudo, o texto em sua literalidade diz:

17LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 19 ed. – São Paulo: Saraiva, 2015 18 Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em 05 julho

2016, às 15h20

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Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,

garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade

do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos

seguintes:

[...]

XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:

a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da

imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas;19

Se faz importante ressaltar outros aspectos do direito à imagem. Com a promulgação

da CF/88 este direito passou a ter certa autonomia consoante a sua utilização, isso significa

que em outras constituições, este direito tinha surgido como direito de reserva, hoje com o

atual estágio das normas ele obteve status de autônomo e de conteúdo próprio.

Essa autonomia se verifica quando o direito de imagem é atingido independente de

outro direito. Aquela, se revela protetora mesmo quando não há outro direito

constitucionalmente protegido sendo violado, sendo assim, pode-se concluir que, independe

de lesão ou ameaça de lesão a outros direitos, uma vez que o direito de imagem é atingido o

ordenamento jurídico autoriza o lesado a procurar meios para ser ressarcido deste direito, isso

se dá normalmente, em vias judiciais.

Neste sentido, José Afonso da Silva, em sua obra: Curso de direito Constitucional

positivo, cita que:

O mesmo dispositivo em análise (art.5º, X) declara invioláveis a honra e a imagem

das pessoas. O direito da preservação da honra e da imagem, como o do nome, não

caracteriza propriamente um direito à privacidade e menos à intimidade. Pode

mesmo dizer-se que sequer integra o conceito de direito à vida privada. A

Constituição, com razão, reputa-os valores humanos distintos. A honra, a imagem, o

nome e a identidade pessoal constituem, pois, objeto de um direito, independente da

personalidade.

[...]

A inviolabilidade da imagem das pessoas consiste na tutela do aspecto físico, como

é perceptível visivelmente, segundo Adriano de Cupis, que acrescenta: “Essa reserva

pessoal, no que tange ao aspecto físico – que, de resto, reflete também a

personalidade moral do indivíduo-, satisfaz uma exigência espiritual de isolamento,

uma necessidade eminentemente moral.20

19 Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em 06 julho

2016, às 7h50 20 AFONSO DA SILVA, José. Curso de Direito Constitucional Positivo. 27º edição, malheiros editores LTDA.

São Paulo 2006

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Outro fator importante que a CF/88 trouxe ao ordenamento jurídico com relação ao

direito de imagem foi sua inviolabilidade, a priori já comentado. Porém, há de se verificar que

a inviolabilidade não se refere apenas à proibição de sua utilização sem autorização, mas

também, impõem certos limites com relação à utilização autorizada da imagem.

Essas restrições são baseadas na prevalência dos interesses sociais, como afirmação,

citamos a prevalência dos direitos coletivos sobre os individuais. Se assim não fosse, a CF/88

não teria dado a este direito a proteção da inviolabilidade e característica de indisponibilidade,

em consonância com os demais.

Há de se lembrar que, mesmo que a proteção do direito à imagem esteja consagrada na

Magna Carta, no capítulo referente aos direito e deveres individuais e coletivos, não obsta

dessa proteção se estenda ao campo profissional. Neste sentido Carlos Cordeiro e Paulo

Galindo cita em sua obra Direito Constitucional, que:

Todos têm o direito a se reservar e manter inalterada sua vida intima e de sua

família, sem a afetação dos valores cultuados. A intimidade é pessoal, enquanto a

vida privada se estende ao campo profissional e social.21

Em suma, os tribunais superiores têm rotineiramente utilizado os artigos anteriormente

citados como fundamento de suas decisões. Como os mesmos constam na CF/88, sua base

jurídica se faz mais sólida e vinculativa. Como retrata a quinta câmara cível do Tribunal de

Justiça do Rio Grande do Sul:

“APELAÇÃO CÍVEL - PEDIDO DE REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS C/C

PEDIDO DE BUSCA E APREENSÃO DE MATERIAL FOTOGRÁFICO E

CESSAÇÃO DE USO DA IMAGEM - EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIA SEM

AUTORIZAÇÃO DA PESSOA RETRATADA - CUNHO COMERCIAL DA

DIVULGAÇÃO DE IMAGEM OBTIDA EM ENSAIO FOTOGRÁFICO ÍNTIMO

- VIOLAÇÃO DO DIREITO À IMAGEM CONFIGURADA - REDUÇÃO DO

QUANTUM INDENIZATÓRIO - PROPORCIONALIDADE E

RAZOABILIDADE - RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.

1. Em regra, a veiculação não autorizada de fotografia causa desconforto,

aborrecimento e constrangimento. Assim, ocorrendo a violação do direito à imagem,

ele deve ser reparado, conforme estabelecido na Constituição Federal, no artigo 5º,

inciso X. 2. As finalidades da responsabilidade civil contemporânea - quais sejam,

compensar a vítima, punir e educar o ofensor e prevenir a repetição dos atos danosos

- impõem a fixação de um valor expressivo para a indenização. Contudo, a extensão

21 CORDEIRO, Carlos e GALINDO, Paulo. Direito Constitucional. 1º edição, editora: AudioJus. Recife/PE.2007.

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do dano e a incidência dos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade

impõem a redução do quantum arbitrado em sentença. RECURSO CONHECIDO E

PARCIALMENTE PROVIDO.” (TJPR - 9ª C.Cível - AC 0584152-9 - Telêmaco

Borba - Rel.: Desa. Rosana Amara Girardi Fachin - Unânime - J. 03.09.2009).22

Interessante analisar a interpretação da turma com relação ao quantum da pena de

indenização. A referida turma reconhece a magnitude da violação e a obrigação de uma

punição severa para que não só o réu, mas para que toda a sociedade reflita sobre a sua

inviolabilidade.

Porém, em contrapartida dessa obrigação de punir severamente uma lesão a um bem

constitucionalmente protegido, a turma se utiliza do princípio da proporcionalidade e da

razoabilidade para mitigar o valor indenizatório, realizando assim um verdadeiro “sistema

de freio e contrapeso” (Check and balance system).

4- PREVISÃO INFRACONSTITUCIONAL A CESSÃO DO DIREITO DE IMAGEM

DO ATLETA PROFISSIONAL

Como vislumbrado anteriormente, a Constituição Federal de 1988 prestou respaldo

fundamental para assegurar o direito de imagem, ou garantir que não haja violação desse

direito e, por haver esta base, há previsão em legislação infraconstitucional, bem como

legislações específicas para os atletas profissionais.

A possibilidade de se utilizar a imagem do atleta, com autorização pertinente, é

conhecida como “Cessão do Direito de Imagem” onde será cedida a empresa ou agenciador,

explorar a imagem e os lucros advindos dessa exploração e veiculação.

O Código Civil, no artigo 20 dispõe sobre a tutela do direito à imagem, como

inviolável, nos seguintes termos:

“Salvo se autorizada, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção

da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a

publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão

ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe

22 RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça (Quinta Câmara Cível). Apelação Cível nº 70027063890. Relator: Des.

Jorge Luiz Lopes do canto. Porto Alegre, 25 de março de 2009. Disponível em: <http://www.tjrs.jus..br>. Acesso em:

09 junho 2010.

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atingirem a honra, a boa fama ou respeitabilidade, ou se destinarem a fins

comerciais”.

Entretanto, antes de se relacionar a imagem com novas ponderações é necessário destacar que

a imagem não é somente a reprodução física na qual faz tornar único no meio social, tem-se como

ainda, qualquer manifestação capaz de identificar como pessoa.23

Nesta toada então, partilha-se a proteção ao direito à imagem num duplo viés: imagem –

retrato e imagem atributo. Sendo aquela, a proteção à imagem física da pessoa e esta, a ampla proteção

que se estende as partes do corpo como um todo. No que se refere à proteção da imagem-retrato

também se estende ao contexto de sua inserção, ou seja, a maneira como se determina ao redor.

No que se refere a imagem-atributo “é o conjunto de caracteres ou qualidades

cultivadas pela pessoa, reconhecidos socialmente (CF, art. 5º, art. 5º, V)”, segundo Maria

Helena Diniz.24 Em outras palavras: é a reprodução da imagem construída pela pessoa dentro

do seu convívio social e, forma como a pessoa é vista e reconhecida socialmente.

Partindo desta linha de raciocínio é possível que a imagem que está sendo tratada neste

trabalho é a imagem-tributo, podendo ser explorada desde que autorizada mediante retorno

financeiro ou não.

O direito de Imagem ainda pode ser traduzido como a expressão formal e sensível da

personalidade, não sendo tão somente a representatividade do aspecto visual da pessoa, mas

tudo que possa representá-la, como por exemplo, um quadro pintado, uma escultura, um

desenho, fotografia, gestos caracterização e demais expressões dinâmicas do indivíduo.

Desta forma é possível afirmar que ninguém poderá ver seu retrato e demais

derivações da personalidade, exposto ao público sem o consentimento. A imagem é algo

integrante, presente e pertencente a cada pessoa distintamente, capaz de diferenciar no todo.

E, por esta razão é um direito personalíssimo indisponível.

A utilização de forma indevida, ou indiscriminada e sem consentimento gera

implicações e penalidade ao agente divulgador. Por outro lado, caso haja autorização e

consentimento para o uso da imagem esta poderá livremente ser negociada, com a “cessão do

direito de imagem” ou “cessão de imagem”, mediante instrumento particular “Contrato de

Cessão de Direito de Imagem” ou “Contrato de Licença de Uso da Imagem. E, neste sentido é

23 JABUR, Gilberto Haddad. Op. cit., p. 16.

24 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. Teoria geral do direito Civil. 18ª ed. São Paulo: Saraiva,

2002, v. 1, p. 126.

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conveniente definir o contrato de cessão como sendo “acordo de vontade entre as partes, na

qual o atleta autoriza, consente, mediante remuneração, a exploração, exposição, veiculação,

negociação e demais negócios atrelados a imagem ao agenciado, bem como seu nome em

marca de empresas, nos limites do pactuado”.

Com pano de fundo constitucional, se estendeu ao Direito Civil, digressões

divergentes se o direito de imagem amplamente está ligado ao direito da intimidade e a honra.

Quanto estar ligado ao direito da personalidade ao comporta compreensão, inclinando-se

positivamente.

Muito embora seja possível afirmar que o direito à intimidade e a honra estejam

ligados ao direito à imagem, não é possível confundi-los, pois o direito a imagem é autônomo,

contudo, se entrelaça ainda com o direito da personalidade.

É claro concluir nesse momento que o direito de imagem é essencialmente fonte de

renda ao seu titular, pontuando neste trabalho, os atletas em sentido amplo, pois, precisam que

sua imagem esteja praticando atividades esportivas e, sendo bem sucedida, sua imagem

veiculada gera rendimentos dentro e fora das quadras.

Não é o foco deste trabalho, mas cabe mencionar os vultosos rendimentos em torno de

atletas que praticam esportes e em razão de serem bem sucedidos e sua imagem exposta,

geram lhes contratos de cessão de imagem bilionários. Atletas como Neymar Jr, Daiane dos

Santos, David Beckham, Cristiano Ronaldo, dentre outros, passaram a ter a sua imagem

veiculada no mundo todo, seja pelos resultados obtidos na prática do esporte, seja pelas

atividades desenvolvidas fora das quadras.

Reitera que a utilização da imagem do atleta deve ser consentida, visto que a simples

utilização não autorizada pode gerar ações judiciais pleiteando a reparação por danos morais e

patrimoniais.

No contrato deve estar estabelecido o prazo de validade, a remuneração percebida, os

limites, a finalidade e o caráter exclusivo ou não do contrato, bem como observar as

formalidades de um contrato como todo.

O atleta poderá rescindir o contrato a qualquer momento, requerendo as perdas e danos

apurados da esfera cível, pois este é o titular do direito personalíssimo.

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Eventualmente ocorrendo à rescisão contratual antecipada da cessão do direito de

imagem, a multa aplicada é prevista no artigo 920 do Código Civil, onde o valor da multa

importa não deve exceder ao valor da obrigação principal.

4.1- A Natureza Jurídica do Contrato de Cessão do Uso da Imagem do Atleta

Profissional.

Torna-se inevitável, trazer à baia a discussão doutrinária no sentido de ser ou não o

contrato de cessão de direito de imagem atrelado à natureza civil ou a esfera trabalhista,

regido pelas normas da CLT.

O artigo 87 da Lei nº 9.615/98 prevê que os símbolos dos clubes, bem como o nome e

apelidos dos atletas são de propriedade exclusiva deles, protegidos legalmente e podendo ser

veiculados comercialmente.

Assim, para que um clube utilize a imagem de um atleta deve remunerá-lo em troca da

“cessão”. Entretanto, essa espécie de acordo, ocasionou e ainda tem causado ferrenhas

discussões em torno da natureza jurídica do pagamento em favor do atleta, se é

essencialmente salarial ou não.

E por esta razão, surgem dois posicionamentos distintos: Há uma corrente25 que

entende ser o contrato de cessão do direito de imagem de natureza civil, por se tratar de um

instrumento autônomo, dissociado do contrato de trabalho.

Para outra parte da doutrina e jurisprudência, entende que o Direito de Imagem possui

natureza eminentemente trabalhista, pois advêm do contrato de trabalho e a ele se vincula.26

Num primeiro momento pode-se afirmar que a diferença seja ínfima, mas não é. O

cerne das discussões é que o viés civil do contrato de cessão do direito de imagem seja para

acobertar o caráter trabalhista ou afastar o recolhimento de verbas previdenciárias, fiscal e, em

especial, desportiva.

E comum deparar-se no nosso país com o pagamento de remuneração ao atleta

profissional sob o denominado de exploração do direito de imagem, por meio de

constituição de pessoa jurídica pelo atleta, com única finalidade de repassar parte do

25AMBIEL, Carlos Eduardo e SANTOS JUNIOR, Walter Godoy dos. Relação entre contrato de trabalho e contrato

de uso de imagem. Revista Brasileira de Direito Desportivo. Vol. 1. São Paulo.

26 PINTO, Rodrigues. Tratado de Direito Material do Trabalho, Ed. LTR, São Paulo. 2007. Pag: 393.

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salário ajustado. A interposta pessoa jurídica é utilizada com o propósito de

desvirtuar a aplicação da legislação trabalhista. A verba é paga pelo clube e recebida

pelo atleta e, em alguns casos, até mesmo independentemente de exploração de

direito de imagem do autor. A hipótese traduz fraude e viola o art. 9º da CLT, como

também contraria o item I do Enunciado 331 do C. TST. E ainda que assim não

fosse o pagamento a este titulo tem feição salarial; o caráter oneroso reside na

oportunidade que o empregador proporciona ao atleta para auferir ganho. O

raciocínio tem amparo no caput do art. 7º da Constituição Federal. 27

Tem-se como exemplo um caso um tanto antigo, mas ainda utilizado como parâmetro.

Ocorreu entre o atleta “Luizão” e o Sporte Clube Corinthians Paulista. O atleta ajuizou

ação trabalhista na Justiça do Trabalho de São Paulo pleiteando o reconhecimento dos valores

pagos sob o recebimento do contrato de cessão de imagem como natureza salarial e em razão

do atraso salarial por período superior a 3 meses. O contrato de trabalho foi pactuado em R$

40.000,00 reais, porém, no mesmo dia a empresa do atleta, a Goulart Consultoria de Negócios

S/C Ltda pactuou junto ao clube mais 3 contratos de cessão do direito de imagem, cada um

respectivamente no importe de R$ 2.880.000,00, R$ 3.281.652,00 e R$ 900.000,00. A

diferença de valores entre o contrato de trabalho registrado na CTPS e o contrato de imagem

era de R$ 350.507,00. Após regular tramitação o juiz da 12º Vara do Trabalho de São Paulo,

reconheceu a natureza salarial das parcelas a título de licença de uso de imagem com

fundamento no art. 9º da CLT.

Apesar de não ser recente a discussão apresentada e ainda apresentar polêmicas, a

Súmula 354 do TST, já pacificou entendimento no sentido de serem verbas salariais, as

auferidas dos contratos de cessão do uso de imagem.

5- A FIGURA DO AGENCIADOR PERANTE O CONTRATO DE IMAGEM DO

ATLETA PROFISSIONAL.

Na atualidade o esporte foi elevado a um patamar de destaque perante a sociedade.

Isso é percebido através dos gigantescos investimentos que as esferas públicas e privada

27BARROS, Alice Monteiro. As relações de trabalho no espetáculo. São Paulo. LTr. 2003.

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efetuam a estes, além disso, temos a disseminação na mídia, o qual é veiculado em jornais,

telejornais, noticiários, rádio, etc.

Por este motivo, os responsáveis diretos pelo desporto, ou seja, os atletas acabam

sendo supervalorizados pelo trabalho que executam. Isso envolve relações trabalhistas e

contratos de imagens onde os valores acordados são estrondosos. Perante isto, os atletas

evitam se envolverem diretamente com a burocratização do sistema jurídico de contrato, e

com isso, não é incomum ver a figura de o agenciador surgir para realizar esta prestação deste

serviço.

Diante disto se faz necessário diferenciar duas figuras: do agenciador e do simples

procurador. Há um equívoco constante por parte da mídia em trocar essas funções colocando-

as como se fossem a mesma, fazendo uma verdadeira “salada” com relação a figura dessas

duas profissões.

A figura do procurador é aquela em que o atleta o nomeia, para que esta pessoa

represente o atleta em negociações e trâmites burocráticos. Importante mencionar que esta

outorga de poderes representativos deve ser feita pelos meios legais existentes, ou seja, uma

procuração. Isso normalmente é feito à uma pessoa de confiança, como por exemplo: pai,

irmão, tio, etc.

Já a figura do agenciador em muito se diferencia do procurador, aquele realiza a ponte

entre atleta e clube, normalmente este não está vinculado a nenhum dos dois, pois é um

profissional autônomo. Sua função é verificar a carência de determinado clube sobre um atleta

e procurá-lo no mercado de trabalho esportivo, ou, através da vontade de um atleta em ter

uma oportunidade em algum clube, buscar inserir o atleta em algum clube disponível ou de

renome.

Dentro de suas funções típicas de um agenciador estão a de agilizar transferência de

jogadores tanto nacional como internacionalmente, realizar a busca de campeonatos para os

clubes, e talvez, a mais importante, procurar novos talentos, tanto em categorias infantis,

como em outras já mais avançadas. Sua função pode ser confundida com a do empresário,

isso se dá por que no Brasil esses nomes são considerados sinônimos.

Com isso, alguns agentes de futebol acabam por se vincularem a determinado jogador

e assim, se tornam responsáveis pela sua vida financeira/profissional, e é a partir daí, que

entra em campo o contrato de imagem. O agenciador vai analisar as inúmeras propostas que

seu cliente recebe e aceitar aquela financeiramente melhor. Léo Rabello, que é considerado

hoje um dos maiores nomes na área de agenciadores, disse numa entrevista ao site

globoesporte.com, que:

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Apesar de as pessoas nos verem de uma maneira esquisita, somos fundamentais na

vida do jogador. Se não fosse o agente, o jogador não poderia nem viver direito. Isso

que você lê no jornal, o glamour, isso não existe. Mais de 90% dos jogadores, que

deve ser algo perto de 20 mil federados, vivem na maior miséria. Só 3% ou 4% têm

esses salários altos. Não passa disso. Futebol é uma profissão muito efêmera. O cara

trabalha dez anos em média. O salário alto dilui no tempo. Raros são aqueles que

têm formação para exercer uma profissão. É treinador, preparador físico, auxiliar,

fora isso não tem mais nada para fazer. Porque eles não estudam nada, não sabem

nada. E precisam de alguém estruturado por trás para render bem28

Por isso que o agenciador/empresário é tão importante na vida do atleta,

principalmente quando estamos lidando com recursos financeiros, dentre eles o direito de

imagem. Em uma reportagem feita também pelo site globoesporte.com, foi citada essa

importância desse gestor intermediando o atleta ao uso de seu direito de imagem. A

reportagem narra o seguinte:

O direito de imagem é um direito personalíssimo e só pode ser negociado pelo

jogador (ou o detentor do direito de imagem – que pode ser uma empresa ou

empresário) e o clube, com regras (dentro da lei) que forem estipuladas pelas duas

partes.29

Em suma, como o agenciador/empresário tem como atribuição a tutoria da supervisão

do direto da imagem de seu respectivo atleta, a este é incumbido o dever de analisar o

contrato, que é regido pela esfera cível, e junto ao atleta decidir sobre a sua aderência.

E por último, é importante citar que a principal lei que rege o esporte, ou seja, a Lei

Pelé (9615/98), cita a figura do procurador, anteriormente já visto, colocando a este, uma séria

restrição em sua procuração.

O motivo é simples: o legislado tinha como objetivo evitar que o procurador firmasse

contratos de vários anos com o jogador ainda jovem, isso faria com que a carreira deste

profissional esteja totalmente vinculada a este agenciador, o que certamente o prejudicaria no

futuro. Neste sentido a lei diz que:

28 Disponível em <http://globoesporte.globo.com/futebol/noticia/2010/12/os-donos-da-bola-conheca-os-dez-

agentes-mais-influentes-do-brasil.html>. Acesso em 27 mar 2016, às 9h15

29 Disponível em <http://globoesporte.globo.com/pe/torcedor-nautico/platb/2013/11/30/salario-ou-direito-de-

imagem-faltou-bom-senso/>. Acesso em 28 abril 2016, às 8h20

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Art. 28. A atividade do atleta profissional, de todas as modalidades desportivas, é

caracterizada por remuneração pactuada em contrato formal de trabalho firmado

com entidade de prática desportiva, pessoa jurídica de direito privado, que deverá

conter, obrigatoriamente, cláusula penal para as hipóteses de descumprimento,

rompimento ou rescisão unilateral. (…)

§ 7º É vedada a outorga de poderes mediante instrumento procuratório público ou

particular relacionados a vínculo desportivo e uso de imagem de atletas profissionais

em prazo superior a um ano.30

Após esta normatização, a figurado procurador, que não se confunde com a do

agenciador, ficou visivelmente limitada, assegurando assim, a livre liberdade do atleta de

procurar serviços de outra pessoa ou empresa.

6- JUSTIÇA DESPORTIVA

Inicia-se este tópico com uma pergunta pertinente: Por que a necessidade de se criar

uma Justiça Desportiva no Brasil? No ano de 2004 o Ministro dos Esportes, Marcílio Ramos

Krieger respondeu que “surgem duas espécies de infrações: às das regras do jogo, que são as

violações às regras e normas específicas de cada modalidade, emanadas das entidades

internacionais e nacionais, que impedem o desenvolvimento do desporto formal durante a

partida, como por exemplo, praticar ato desleal ou hostil, e às normas desportivas em

geral (ou transgressão à conduta desportiva), que são as demais violações, por ação e omissão,

à disciplina e a organização do desporto, como por exemplo, incluir na equipe, atleta em

situação irregular para participar de partida”31.

E, eventualmente presente uma infração surge o dever/direito de punição numa

justiça especializada, com órgãos competentes e organizada hierarquicamente, observando as

legislações específicas e prescrições. Ao analisar de forma mais completa, é perfeitamente

percebível que uma infração ou ilícito desportivo não configura essencialmente um ilícito

civil tampouco penal, sem descartar estas possibilidades.

Acredita-se que latu sensu o doutrinador Paulo Marcos Schmitt conceitua Direito

Desportivo e Justiça Desportivos, como sinônimos e compartilha:

30 Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9615consol.htm>. Acesso em 08 julho 2016, às 18h20

31 KRIEGER, Marcilio Cesar Ramos. Código brasileiro disciplinar do futebol: anotado e legislação

complementar.Florianópolis: Terceiro Milênio, 1996.

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o conjunto de instâncias desportivas autônomas e independentes, consideradas

órgãos judicantes que funcionam junto a entidades dotadas de personalidade jurídica

de direito público ou privado, com atribuições de dirimir os conflitos de natureza

desportiva e de competência limitada ao processo e julgamento de infrações

disciplinares e procedimentos especiais definidos em códigos desportivos32.

Schmitt entende ainda que a “Justiça Desportiva é um meio alternativo de

solução de conflitos de interesses, porque não é vinculado ao Poder Judiciário, pois não

recebe o mesmo tratamento da arbitragem contratual”, apenas exerce sua atividade no âmbito

privado.33 E, nesta toada segue o Superior Tribunal de Justiça:

CONFLITO DE ATRIBUIÇÕES - TRIBUNAL DE JUSTIÇA DESPORTIVA -

NATUREZA JURÍDICA - INOCORRÊNCIA DE CONFLITO.

1. Tribunal de Justiça Desportiva não se constitui em autoridade administrativa e

muito menos judiciária, não se enquadrando a hipótese em estudo no art. 105, I, g,

da CF/88.

2. Conflito não conhecido. [CA nº 1996.00.57234-8 / SP]

Reale [1999, p. 77], define a Justiça Desportiva como uma das ordenações jurídicas

não estatais, considerando que “[...] na realidade, existe Direito também em outros

grupos, em outras instituições, que não o Estado”.

Carlos Miguel Aidar, em sua obra menciona que somente em 1941, por meio do

Decreto-Lei nº 3.199, que se instituiu a primeira norma regulamentadora da Justiça

Desportiva no Brasil34. A norma infraconstitucional que rege atualmente o desporto brasileiro,

é a Lei n. 9.615/98 (conhecida como “Lei Pelé”).

Reitera-se que para a solução de litígios esportivos, a justiça comum não é a mais

indicada para apurar estes tipos de processos, porque não possui conhecimento especifico na

área, isso torna a justiça comum, de certa forma, imperita para a resolução desses problemas.

É por este motivo que se faz de suma importância, uma Justiça Desportiva operando em

perfeito estado.

Algumas normas jurídicas dispuseram em seu texto sobre a criação e o funcionamento

da Justiça Desportiva. Dentre elas podemos citar a Lei Pelé (9.615/98), a qual em seu art.50,

diz:

32 SCHMITT, Paulo Marcos. Curso de Justiça Desportiva. São Paulo: Quartier Latin, 2007

33 Magistrados na Justiça Desportiva. Disponível em <http://jusvi.com/artigos/19040/1> Acesso em 09 jun

2016.

34 AIDAR, Carlos Miguel. Direito Desportivo. Campinas: Mizuno, 2000.

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Art. 50. A organização, o funcionamento e as atribuições da Justiça Desportiva,

limitadas ao processo e julgamento das infrações disciplinares e às competições

desportivas, serão definidos nos Códigos de Justiça Desportiva, facultando-se às

ligas constituir seus próprios órgãos judicantes desportivos, com atuação restrita às

suas competições35

Ainda analisando os textos jurídicos em relação ao desporto, interessante análise fez a

Constituição Federal de 1988 (CF/88) sobre a apreciação da justiça comum nos litígios

desportivos. Em primeiro lugar, em seu art.5º, inc. XXXV, a CF/8836 prevê que “a lei não

excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Porém, mais para

frente em seu art.217, §1, prevê “O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e

às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em

lei”.

Num primeiro momento pode-se achar que foi uma contradição do legislador, ou que

ele infringiu o princípio da inafastabilidade da jurisdição ou da unicidade da jurisdição, mas

ao analisar o contexto entende-se o objetivo do constituinte originário. Este tinha como ideia

limitar as ações desportivas que fossem diretamente para o judiciário, não passando pela

justiça desportiva ou não finalizando seus recursos nesta. Isso se deve pelo motivo da justiça

comum funcionar como um verdadeiro “soldado de reserva”, o qual só poderá ser invocado,

quando aquele se mostrar incapaz.

Outro ponto importantíssimo, quando falando de Justiça Desportiva é que, este não

possui jurisdição, ou seja, não “diz o direito”, não é órgão do judiciário e muito menos faz

coisa julgada. O Brasil adotou para os processos administrativos o sistema não contencioso

(sistema inglês), sendo assim os órgãos que julgam litígios administrativos não tem o poder

de fazer coisa julgada. E a Justiça Desportiva é um órgão Administrativo. Nas palavras de

Marcelo Alexandrino e Vicente de Paulo:

O Brasil adotou o chamado sistema inglês, sistema de jurisdição única ou sistema de

controle judicial, em que todos os litígios – administrativos ou que envolvam

interesses exclusivamente privados – podem ser resolvidos pelo Poder Judiciário, ao

qual é atribuída a função de dizer, em caráter definitivo, o direito aplicável aos casos

submetidos a sua apreciação. [...] A diferença é que, no sistema de jurisdição única,

como é o nosso, as decisões dos órgãos administrativos não são dotadas de força e

35 Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9615consol.htm>. Acesso em 03 julho 2016, às 21h20 36 Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em 07 julho

2016, às 12h20

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da definitividade que caracterizam as decisões do Poder Judiciário. Os órgãos

administrativos solucionam litígios dessa natureza, mas as suas decisões não fazem

coisa julgada em sentido próprio, ficando sujeitas à revisão do Poder Judiciário

desde que seja provocado.37

Outro fator importante com relação à Justiça Desportiva (JD) é sua composição, a qual

muito se assemelha à composição do Poder Judiciário dado pela CF/88, porém como já visto,

com este não se confunde. A composição da JD foi disciplinada pelo Código Brasileiro de

Justiça Desportiva, que em seu art.3 e art. 3-a, diz:

Art. 3º São órgãos da Justiça Desportiva, autônomos e independentes das entidades

de administração do desporto, com o custeio de seu funcionamento promovido na

forma da lei: I - o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), com jurisdição

desportiva correspondente à abrangência territorial da entidade nacional de

administração do desporto; II - os Tribunais de Justiça Desportiva (TJD), com

jurisdição desportiva correspondente à abrangência territorial da entidade regional

de administração do desporto; III - as Comissões Disciplinares constituídas perante

os órgãos judicantes mencionados nos incisos I e II deste artigo.

Art. 3º-A. São órgãos do STJD o Tribunal Pleno e as Comissões Disciplinares. 38

O Código Brasileiro de Justiça Desportiva- CBJD, foi recriado pelo Instituto Brasileiro

de Direito Desportivo, a convite do Ministro do Esporte Orlando Silva, naquele período, com

a finalidade de adequar o atual Código no contexto atual de metodologia jurídica. O referido

dispositivo deve ser capaz de trazer soluções mais plausíveis aos casos práticos, com o

fornecimento de instrumentos compatíveis e necessários para fundamentar as decisões.

Num outro viés e por contínuo tem-se que a Justiça Desportiva possui todo um aparato

estrutural para os julgamentos administrativos que com ele se compatibilizam. E dentro dessa

seara, se têm alguns litígios que há algum tempo geraram muitos desentendimentos tanto na

doutrina como a própria lei. A partir de meados do século XX iniciou-se uma discussão sobre

as competências da JD, e se ela tinha atribuição para julgamento de relações trabalhistas, entre

elas o direito de arena.

37 ALEXANDRINO, Marcelo e PAULO, Vicente. Direito administrativo descomplicado – 23. Ed. Ver., atual, e

ampl – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015

38 Código Brasileiro de Justiça Desportiva / IBDD Instituto Brasileiro de Direito Desportivo. — São Paulo : IOB, 2010.

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Alguns trechos de certas leis geravam muita discussão nos tribunais e eram acusados

de carregarem consigo vícios materiais de inconstitucionalidade, uma delas é no art.29, da já

revogada lei 6.354/76 que dizia:

Art. 29. Somente serão admitidas reclamações à Justiça do Trabalho depois de

esgotadas as instâncias da Justiça Desportiva, a que se refere o item III do art. 42 da

Lei n. 6.251, de 8 de outubro de 1975, que proferirá decisão final no prazo máximo

de 60 (sessenta) dias contados da instauração do processo.

Parágrafo único. O ajuizamento da reclamação trabalhista, após o prazo a que se

refere este artigo, tornará preclusa a instância disciplinar desportiva no que se refere

ao litígio trabalhista.39

Este artigo embasava a ideia dos defensores que as lides relacionadas com critérios

trabalhistas esportivos poderiam ser apreciadas pela JD. Por outro lado, a corrente majoritária

contra essa possibilidade alegada a inconstitucionalidade do artigo e alega que o art. 114, da

nossa Magna Carta trazia que todas as lides, inclusive as desportivas, de que tratassem de

relações trabalhistas deveriam ser julgadas pela Justiça do Trabalho.

Em seu art.114, a Constituição Federal diz:

Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho conciliar e julgar os dissídios individuais e

coletivos entre trabalhadores e empregadores, abrangidos os entes de direito público

externo e da administração pública direta e indireta dos Municípios, do Distrito

Federal, dos Estados e da União, e, na forma da Lei, outras controvérsias

decorrentes da relação de trabalho, bem como os litígios que tenham origem no

cumprimento de suas próprias sentenças, inclusive coletivas.40

Com isso, no ano de 1998, com a Lei Pelé e através do Decreto 2.574/98, finalizou o

impasse com a revogação do art.29 da lei 6.354/76, acima citada, a qual trazia todo esse

conflito de atribuições entre estes órgãos. E ainda, o referido decreto, regulamentou

expressamente em seu art. 53, §1:

§ 1.º. Ficam excluídas da apreciação do Tribunal de Justiça Desportiva as questões

de natureza e matéria trabalhista, entre atletas e entidades de prática desportiva, na

forma do disposto no § 1.º do art. 217 da Constituição federal e no caput desse

artigo.41

39 Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6354.htm>. Acesso em 05 julho 2016, às 14h20 40 Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em 02 julho

2016, às 08h20 41 Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D2574.htm>. Acesso em 04 julho 2016, às 14h55

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Por conseguinte, ficou claro que cabe à Justiça do Trabalho processar e julgar as lides

de natureza laboral entre os atletas e clubes. Uma última consideração se faz importante

destacar, com relação ao contrato de direito de imagem, que possui sua natureza jurídica cível,

sempre foi pacífico o entendimento que a Justiça Desportiva não possuía competência para

processar e julgar esse tipo de lide, cabendo exclusivamente à justiça comum essa tarefa.

7- CONCLUSÃO

É certo que a realização de grandes eventos, dos quais, em sua maioria, estão

relacionados com o desporto, faz com que a economia local e mundial circule a um passo

mais acelerado. E essa intensidade ocasionada pelo evento atraia os olhares de todo o globo

para a sua realização, e consequentemente os protagonistas desse espetáculo, ou seja, os

atletas envolvidos, alcancem o ápice da popularidade. Isso faz com que eles sejam

reconhecidos em grande parte do mundo, se tornando extremantes influentes em suas ações e

palavras.

Essa popularidade do atleta, atrai os olhos de quem enxerga nisso, uma oportunidade

de fazer negócio, e como não poderia ser diferente, as grandes empresas e indústrias veem

nessa superexposição à mídia que o atleta recebe a chance de usá-la em grandes campanhas

publicitárias, ou até mesmo no lançamento de novos produtos no mercado mundial.

Do outro lado da balança, está o atleta que neste estado, já recebe enormes montantes

de valores para vestir determinado uniforme e representar seu clube em sua modalidade.

Mesmo com esses super-salários, as ofertas das multinacionais enchem os olhos dos atletas e

encantam seus respectivos empresários, que acreditam que tenham a chance de, além de

faturar enormes quantias em dinheiro, aumentar o passe do atleta através de sua divulgação

pelos meios das comunicações em massa.

Porém não é só as vontades das partes que comandam como essa relação irá proceder.

Há toda uma legislação que a regula e a protege contra arbítrios por partes das empresas e

desleixos por parte dos atletas. Como estudado neste trabalho, algumas normas jurídicas como

a Constituição Federal de 1988, a Lei Pelé (9615/98) e o Código Civil (10406/02), regulam

diretamente essa vontade de ambas as partes em tirarem lucros mútuos dessa relação jurídica.

Neste prisma, se faz necessário lembrar que não é levado em conta apenas os critérios

legais em stricto sensu para se auferir um contrato de imagem, por exemplo. Há a

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obrigatoriedade de submeter este aos conjuntos de padrões de conduta presentes de forma

explícita ou implícita no ordenamento jurídico, dos quais são conhecidos como Princípios.

Estes têm a capacidade de transformar atos jurídicos que, num primeiro momento

preenche os requisitos legais, mas ferem diretamente alguns padrões implícitos, dos quais se

manifestam de tamanha importância que têm a capacidade para tornar aquele ato antes legal

em ilegal.

Um grande exemplo desses princípios é da dignidade da pessoa humana. Princípio

este, amplamente genérico e basilar do nosso ordenamento jurídico por estar expressamente

consagrado no art.1º, inc. III, da Constituição Federal de 1988. Esse princípio transcende a

vontade da empresa e do próprio atleta e faz com que eles respeitem o mínimo aceitável nesta

relação de exposição da imagem do atleta, para que isso não se torne demasiadamente

desproporcional a pessoa humana. Interessante é enfatizar esse ponto, tendo em vista que: o

princípio da dignidade da pessoa humana não se aufere de acordo com a vontade, princípios e

valores interpessoais do atleta em questão, se assim fosse, o nome do princípio seria,

“dignidade do atleta fulano de tal”. Não, este princípio está relacionado a uma milenar

construção história de lutas e confrontos para a obtenção de condições mínimas para que o ser

humano possa viver em um bem-estar físico, mental e espiritual.

Com isso, há de se parabenizar, o legislador, o qual editou várias normas jurídicas

anteriormente citadas, para que esta relação fosse completamente assegurada pelo

ordenamento jurídico, e assim, pudesse ser totalmente controlada, tendo em vista o bem

comum. E isso é de suma importância, uma vez que, o que está sendo tratado é um direito

indisponível, e por este motivo, se faz necessário apenas o respeito ao ordenamento que o

assegura.

Por outro lado, a comercialização da imagem do jogador vinculada a algum produto,

aquece o mercado financeiro de tal forma que acaba por impulsionar a economia. E essa

rotatividade de recursos monetários geram diversos benefícios não apenas para os envolvidos,

mas sim, para toda a coletividade, na forma de empregos, investimentos, crescimento

econômico familiar, novas oportunidades, etc.

Em suma, essas relações jurídicas entre atleta e empresa, tendo como pauta o direito

de imagem e o direito de arena, trazem benefícios que transcendem a relação interpartes,

alcançando os mais diversos setores da economia e das relações sociais. Este negócio,

realizado dentro dos parâmetros legais e morais, desprezando possíveis efeitos negativos

dessa superexposição da imagem do atleta, têm alcançado êxito na obtenção de lucro e na

rotatividade das economias com ele relacionadas.

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