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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS CURSO DE DIREITO CONTRATO DE LICENÇA DE USO DE IMAGEM DE ATLETA DE FUTEBOL PROFISSIONAL DANIEL STOLER CONDESSA Itajaí(SC), Novembro de 2009

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALICENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPSCURSO DE DIREITO

CONTRATO DE LICENÇA DE USO DE IMAGEM DE ATLETA DE FUTEBOL PROFISSIONAL

DANIEL STOLER CONDESSA

Itajaí(SC), Novembro de 2009

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALICENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPSCURSO DE DIREITO

CONTRATO DE LICENÇA DE USO DE IMAGEM DE ATLETA DE FUTEBOL PROFISSIONAL

DANIEL STOLER CONDESSA

Monografia submetida à Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel

em Direito.

Orientador: Professor MSc. Wanderley Godoy Jr.

Itajaí (SC), Novembro de 2009

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AGRADECIMENTO

Ao meu pai, que sempre me inspirou com sua força de vontade e determinação no trabalho. À minha mãe que sempre esteve ao meu lado durante o trabalho, com muito amor e café. A minha irmã, pelo carinho e os telefonemas. Ao meu orientador Wanderley Godoy Junior por me passar todo o conhecimento que possuo na área do direito esportivo. Aos meus amigos, presentes durante todos os meus dias na faculdade e fora dela.

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TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte

ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale do

Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o Orientador de

toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.

Itajaí (SC), Novembro de 2009

Daniel Stoler Condessa Graduando

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PÁGINA DE APROVAÇÃO

A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale do

Itajaí – UNIVALI, elaborada pelo graduando Daniel Stoler Condessa, sob o título

Contrato de Licença de Uso de Imagem de Atleta de Futebol Profissional, foi

submetida em 18 de novembro de 2009 à banca examinadora composta pelos

seguintes professores: Sílvio Noel de Oliveira Jr., Examinador, Wanderley Godoy Jr,

Orientador, e aprovado.

Itajaí, Novembro de 2009

Msc. Wanderley Godoy Jr.Orientador e Presidente da Banca

Msc. Silvio Noel de Oliveira JrExaminador da Monografia

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ROL DE CATEGORIAS

Rol de categorias que o Autor considera estratégicas à

compreensão do seu trabalho, com seus respectivos conceitos operacionais.

Atleta Profissional

“É o atleta praticante de qualquer modalidade desportiva, cuja atividade é

caracterizada por remuneração pactuada em contrato de trabalho desportivo, cujo

modelo a própria LGSC instituiu. Este contrato, firmado entre jogador e a entidade

de prática desportiva, devidamente registrado na entidade nacional dirigente da

modalidade gera o vínculo desportivo”.1

Cláusula Penal

“É o dispositivo que prevê penalidade financeira quando ocorrer descumprimento,

rompimento ou rescisão unilateral do contrato de trabalho, seja por parte do jogador,

seja por parte do clube.” 2

Contrato de Trabalho

“É o negócio jurídico entre uma pessoa física (empregado) e uma pessoa física ou

jurídica (empregador) sobre condições de trabalho.” 3

Contrato de Trabalho Desportivo

“É o acordo celebrado por escrito, por prazo determinado – não inferior a três

meses, nem superior a cinco anos -, entre jogador profissional e entidade de prática

desportiva, que deverá conter, obrigatoriamente, cláusula penal para hipóteses de

descumprimento, rompimento ou rescisão unilateral.” 4

1 KRIGER, Marcilio. Disposições relativas ao atleta no direito desportivo brasileiro. IN: Revista IBDD 3. P. 1622 KRIGER, Marcilio. Disposições relativas ao atleta no direito desportivo brasileiro. IN: Revista IBDD 3. P. 1633 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. P. 95 4 KRIGER, Marcilio. Disposições relativas ao atleta no direito desportivo brasileiro. IN: Revista IBDD 3. P. 164

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Direito à Imagem

“O direito que a pessoa tem sobre a sua forma plástica e respectivos componentes

distintos (rosto, olhos, perfil, busto) que a individualizam no seio da coletividade.

Incide, pois, sobre a conformação física da pessoa, compreendendo esse direito um

conjunto de caracteres que a identifica no meio social.” 5

Direito de Arena

“O direito de arena se constitui no pagamento que os clubes fazem aos atletas que

participam de partidas transmitidas ao vivo pela televisão.” 6

5 BITTAR, Carlos Alberto. Os direitos da personalidade. 1995. P. 886 ZAINAGHI, Domingos Sávio. Direito do trabalho dos jogadores de futebol. IN: Revista IBDD 3. P. 56

6

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SUMÁRIO

RESUMO.............................................................................................IXINTRODUÇÃO....................................................................................10HISTÓRIA DO FUTEBOL: ORIGEM E EVOLUÇÃO.........................12

1.1ORIGEM DO FUTEBOL....................................................................................121.1.1 PRIMEIRAS ASSOCIAÇÕES DESPORTIVAS..................................................................151.1.2O FUTEBOL NO BRASIL........................................................................................151.1.3LEGISLAÇÃO ESPORTIVA BRASILEIRA.......................................................................171.1.4DA PROFISSÃO DE ATLETA DE FUTEBOL NO BRASIL.....................................................19CONTRATO DE TRABALHO DO ATLETA DE FUTEBOL PROFISSIONAL.................................................................................20

2.1CONTRATO DE TRABALHO...........................................................................202.1.1CONCEITO DE CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO....................................................202.1.2CONCEITO DE CONTRATO DE TRABALHO DE ATLETA DE FUTEBOL PROFISSIONAL..............21

2.2FORMA DO CONTRATO..................................................................................212.2.1SUJEITOS DO CONTRATO......................................................................................212.2.1.1Conceito de Empregado.....................................................................................212.2.1.2Conceito de Empregador....................................................................................25

2.3FORMA DO CONTRATO DO ATLETA DE FUTEBOL PROFISSIONAL........282.3.1FORMALIDADE E REGISTRO....................................................................................292.3.2PRAZO DE DURAÇÃO...........................................................................................302.3.3REMUNERAÇÃO...................................................................................................322.3.4SUSPENSÃO, INTERRUPÇÃO E TERMINAÇÃO DO CONTRATO...........................................362.3.5BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE O “PASSE”............................................................39

2.4VÍNCULO DESPORTIVO E VÍNCULO DE TRABALHO..................................41

2.5CLÁUSULA PENAL E MULTA RESCISÓRIA.................................................42CONTRATO DE LICENÇA DE USO DE IMAGEM............................46

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3.1DIREITO DE PERSONALIDADE......................................................................46

3.2DIREITO À IMAGEM.........................................................................................493.2.1CONCEITO.........................................................................................................493.2.2CARACTERÍSTICAS...............................................................................................503.2.3A IMAGEM NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO..................................................513.2.4AUTONOMIA DO DIREITO À IMAGEM.........................................................................533.2.5CONSENTIMENTO.................................................................................................543.2.6A PESSOA PÚBLICA............................................................................................56

3.3DIREITO À IMAGEM NA ESFERA DESPORTIVA..........................................573.3.1DIREITO À IMAGEM DO ATLETA PROFISSIONAL...........................................................573.3.2O CONTRATO DE LICENÇA DE USO DE IMAGEM.........................................................583.3.3O CONTRATO DE LICENÇA DE USO DE IMAGEM DO ATLETA CELEBRADO COM SEU EMPREGADOR

...............................................................................................................................603.3.4DA NATUREZA JURÍDICA DO CONTRATO DE LICENÇA DE USO DE IMAGEM........................62

3.4DIREITO DE ARENA.........................................................................................623.4.1CONCEITO.........................................................................................................623.4.2EVOLUÇÃO DO DIREITO DE ARENA..........................................................................643.4.3CARACTERÍSTICAS...............................................................................................663.4.3.1Da Titularidade....................................................................................................663.4.3.2Do Direito dos Atletas.........................................................................................663.4.3.3Da Natureza Jurídica do Direito de Arena.........................................................67

3.5DIREITO DE ARENA VERSUS DIREITO À IMAGEM.....................................68CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................71REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS............................................73

viii

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RESUMO

O presente trabalho de monografia, realizado com base em

pesquisa científica, apresenta e discorre sobre as peculiaridades do Contrato de

Licença de Imagem de Atleta Profissional. Analisou-se a origem do futebol, tanto em

nível mundial como nacional; fez-se um apanhado com relação às características do

contrato de trabalho de atleta de futebol profissional, com ênfase nas imagens

desportivas, sua apresentação no ordenamento jurídico brasileiro, bem como as

peculiaridades do contrato de licença de uso de imagem do atleta de futebol

profissional. A presente pesquisa de conclusão de curso é composta de três

capítulos que abordam os seguintes temas: no primeiro capítulo foi abordada a

história do futebol, destacando sua origem e evolução, social e legislativa; no

segundo capítulo visou-se destacar o contrato de trabalho de atleta de futebol

profissional, examinando suas características e os requisitos essenciais para sua

validação; no terceiro capítulo abordou-se a imagem no direito civil, integrando-o as

relações contratuais de licença de uso de imagem de atletas de futebol profissional.

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INTRODUÇÃO

A presente Monografia tem como objeto a análise dos

Contratos de Licença de Uso de Imagem de Atletas de Futebol Profissional à Luz do

Código Civil, da Consolidação das Leis do Trabalho e, principalmente, da Lei 9.615

de 24 de março de 1998.

O seu objetivo é apresentar as características principais que

envolvem a licença de uso da imagem do atleta de futebol profissional, suas

características, requisitos essenciais, e seus reflexos no ordenamento jurídico civil e

trabalhista.

Para tanto, principia–se, no Capítulo 1, tratando de mencionar

as origens do futebol, desde suas primeiras aparições na história mundial, suas

primeiras manifestações organizadas, a sua conseqüente organização institucional,

delimitação das regras do jogo, sua chegada no Brasil e sua evolução jurídica em

nosso ordenamento jurídico.

No Capítulo 2, tratando de verificar o conceito de Contrato

Individual de Trabalho, o Contrato de Trabalho do Atleta de Futebol Profissional,

focando em suas principais características, as peculiaridades tais como a

obrigatoriedade da Cláusula Penal, os direitos dos atletas como “bichos”, “luvas”, o

prazo determinado do contrato etc.

No Capítulo 3, tratando de identificar o conceito de Direito à

Imagem, esclarecer sua participação no ordenamento jurídico brasileiro e as formas

com que o atleta profissional poderia dispor de sua imagem para fins econômicos

tanto para o próprio atleta, como para a entidade que terá o direito de exploração.

O presente Relatório de Pesquisa se encerra com as

Considerações Finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos destacados,

seguidos da estimulação à continuidade dos estudos e das reflexões sobre o

contrato de licença de uso de imagem no âmbito desportivo.

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Para a presente monografia foram levantadas as seguintes

hipóteses:

1º Existem peculiaridades que diferenciam o contrato Individual

de Trabalho e o Contrato de Trabalho de Atleta de Futebol Profissional?

2º Existem diferenças entre o Direito à Imagem e o Direito de

Arena?

Quanto à Metodologia empregada, registra-se que, na Fase de

Investigação7 foi utilizado o Método Indutivo8, e, o Relatório dos Resultados expresso

na presente Monografia é composto na base lógica Indutiva.

Nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as Técnicas

do Referente9, da Categoria10, do Conceito Operacional11 e da Pesquisa

Bibliográfica12.

7 “[...] momento no qual o Pesquisador busca e recolhe os dados, sob a moldura do Referente estabelecido [...]. PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. 11 ed. Florianópolis: Conceito Editorial; Millennium Editora, 2008. p. 83.

8 “[...] pesquisar e identificar as partes de um fenômeno e colecioná-las de modo a ter uma percepção ou conclusão geral [...]”. PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. p. 86.

9 “[...] explicitação prévia do(s) motivo(s), do(s) objetivo(s) e do produto desejado, delimitando o alcance temático e de abordagem para a atividade intelectual, especialmente para uma pesquisa.” PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. p. 54.

10 “[...] palavra ou expressão estratégica à elaboração e/ou à expressão de uma idéia.” PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. p. 25.

11 “[...] uma definição para uma palavra ou expressão, com o desejo de que tal definição seja aceita para os efeitos das idéias que expomos [...]”. PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. p. 37.

12 “Técnica de investigação em livros, repertórios jurisprudenciais e coletâneas legais. PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. p. 209.

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Capítulo 1

HISTÓRIA DO FUTEBOL: ORIGEM E EVOLUÇÃO

1.1 ORIGEM DO FUTEBOL

A história do futebol envolve muita discussão quanto a sua

verdadeira origem. De todos os cantos do mundo, surgiram hipóteses do verdadeiro

berço do futebol, resultando em análises diversas por parte dos doutrinadores

desportivos.

Coube aos ingleses a organização do futebol. Porém, as

primeiras manifestações surgiram muito antes. Mesmo inexatas, Zainaghi13 identifica

algumas destas manifestações:

“No ano 207 a.C. publicou-se, na China, um livro que trazia o

regulamento de uma prática militar muito parecida com o

futebol. Interessante é que, segundo os pesquisadores, esta

prática esportiva já era conhecida desde 2.500 a.C., à época

do Imperador Shih Huang-ti. Existia uma atividade esportiva

chamada Kemaui, praticada por dezesseis jogadores, oito de

cada lado, num campo quadrado, com a área de 14 metros,

duas estacas fincadas no chão, ligadas por um fio de seda,

bola redonda, com diâmetro de 22 cm, devendo os

participantes fazê-la passar além das estacas.”

Na Antiguidade, os gregos foram conhecidos por criarem os

primeiros esportes organizados com regras estabelecidas, onde se enfrentavam as

Cidades-Nações.

13 ZAINAGHI, Domingos Sávio. Os atletas profissionais de futebol no direito do trabalho. São Paulo: LTr, 1998. P. 24

P

UNZELTE, Celso. O livro de ouro do futebol. São Paulo: Ediouro, 2002. P. 12

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E foi na Grécia que se viu um esporte parecido com o que é

hoje o futebol, como destaca o jornalista e historiador Celso Unzelte14:

“Os gregos no ano de 776 a.C. criaram um jogo chamado

Epyskiros, o qual integra educação atlética da juventude

helênica, era disputado com os pés, por duas equipes em um

campo retangular com nove jogadores em cada, em campos

maiores onde o Epyskiros era praticado no século I a.C.,

podiam se posicionar até 15 jogadores para cada equipe e a

bola era feita de bexiga de boi e recheada com ar e areia.”

O Epyskiros sofreu uma mudança após a invasão romana na

Grécia, como conta Zainaghi15:

“Praticava-se na Grécia um jogo denominado Spiskiros, que foi

levado pelos Romanos após a invasão daquele país (1500

a.C.). Em Roma, esse jogo recebeu o nome de harpastum,

sendo praticado em um campo demarcado por duas linhas, que

seriam as metas, sendo dividido no meio. No centro colocava-

se uma bola pequena, ficando cada equipe perfilada no fundo

do campo (uma de cada lado); após receberem autorização, os

jogadores lançavam-se em direção à bola, que podiam

conduzir com os pés ou com as mãos, sendo, portanto, tal

prática, a precursora do rugby.”

Com o passar do tempo, o harpastum chegou à Inglaterra, a

partir do século XII, onde sua prática foi rapidamente difundida entre a população.

Todavia, a violência demonstrada nas partidas era excessiva,

ao ponto que os governantes decidiram proibi-las.

14 15 ZAINAGHI, Domingos Sávio. Os atletas profissionais e o direito do trabalho. 1998. P. 25

13

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Os aficionados pelo esporte evoluíram junto com ele, quando

no século XVI surgiu o hurling over country e, logo após, o hurling at gols, como

explica Zainaghi16:

“(...) hurling over country, praticado entre habitantes de duas

cidades, utilizando-se de uma bola, devendo esta ser levada

até a praça central da cidade adversária, sagrando-se

vencedora a equipe que conseguisse tal intento. O hurling over

country, transformou-se em hurling at gols, praticado por

equipes com 40 a 60 jogadores. O campo tinha 100 m de

comprimento por 30 m de largura, com dois postes nas

extremidades, fazendo ponto a equipe que conseguisse fazer a

bola ultrapassar a linha entre os postes. Trata-se de duma

prática esportiva também muito parecida com o rugby.”

No começo do século 19, as partidas eram praticadas em

parques e espaços nas escolas públicas da região. Eram marcadas entre escolas ou

cidades, porém a divergência com relação às regras não permitia o acontecimento

de nenhum grande evento.

Foi assim que no dia 26 de outubro de 1863, 12 clubes e

escolas decidiram se reunir para criar um código para o jogo. Era assim fundada a

“Football Association” (FA), destinada exclusivamente para os praticantes do esporte

com o pé.

Oito anos mais tarde, os simpatizantes do jogo praticado com o

uso das mãos, fundaram o “Rugby Union”.

Mesmo com a unificação das regras, ainda havia discussões

com relação ao regulamento do jogo. Com a finalidade de uniformizar as regras do

jogo, em 1883, foi fundada a International Football Association Board, constituída por

quatro Federações Inglesas.

16 ZAINAGHI, Domingos Sávio. Os atletas profissionais de futebol no direito de trabalho. 1998. P 25

14

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Unzelte17 narra o momento que marcou o Futebol Moderno:

“O campeonato mais antigo do mundo, foi a copa da Inglaterra

disputada por clubes desse mesmo país, e em 30 de novembro

de 1872 foi jogada a primeira partida internacional entre

Inglaterra e Escócia que não marcaram gols acabando o jogo 0

x 0. Assim o futebol que conhecemos hoje estava inventado.”

1.1.1 Primeiras Associações Desportivas

Com a rápida evolução do futebol pelo mundo, foi fundada a

Federação Internacional de Futebol (FIFA) em 1904, em Paris.

Como bem ressalta Zainaghi18 a criação desta federação foi

“motivada pelo fato de ser o futebol uma paixão que se disseminava pelo mundo,

numa progressão impressionante.”

Seu ato de fundação foi assinado por representantes do

esporte em países como Espanha, Suíça, França, Bélgica, Dinamarca, Holanda e

Suécia além das já integrantes, Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda.

Segundo verifica Zainaghi19:

“Coube a FIFA a tarefa de uniformização das regras do futebol.

O progresso do Futebol é tão impressionante que, em 1920, é

incluído nos Jogos Olímpicos e, em 1930, é disputada a

primeira Copa do Mundo.”.

1.1.2 O Futebol no Brasil

Muitos divergem quanto à origem do futebol no Brasil, todavia

Zainaghi acredita ser única a história sobre a chegada do Futebol em terras

tupiniquins:

17 UNZELTE, Celso. O livro de ouro do futebol. 2002. P. 1918 ZAINAGHI, Domingos Sávio. Os atletas profissionais de futebol no direito do trabalho. 1998. P. 2619 ZAINAGHI, Domingos Sávio. Os atletas profissionais de futebol no direito do trabalho. 1998. P. 26

15

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“Mas, de forma incontestável, a introdução do futebol no Brasil

dá-se em 1884 através de Charles Miller, que, ao retornar da

Inglaterra trouxe duas bolas. Brasileiro, filho de ingleses,

Charles Miller estudou na Inglaterra, onde jogou futebol na

Universidade. No Brasil reuniu um grupo de ingleses, dividindo-

os em dois times, um ‘The Team Gaz’ e outro ‘The São Paulo

Railway’, promovendo uma partida em 15 de abril de 1895,

num campo da Companhia Viação Paulista.”

Inicialmente a pratica do Futebol no Brasil se concentrava entre

membros da alta sociedade, sendo vedada a participação de operários e pessoas

mais humildes.

São Paulo era o grande centro, e por lá foram criadas as

primeiras associações, como leciona Zainaghi 20:

“Em São Paulo é formada em 1901 a liga paulista de futebol,

sendo sua diretoria composta por Antônio Casimiro da Costa

(presidente), Hans Nobilêng, Arthur Ravache e Tancredo

Amaral. No ano seguinte organizou-se o primeiro campeonato

paulista de futebol.”

A influência inglesa era base não só para as regras do jogo

como também para a criação dos nomes das primeiras equipes de futebol

profissional, tais como “Grêmio Foot-ball Porto Alegrense” ou “Sport Club

Corinthians Pauista”, ambos grandes clubes fundados no início do século que

existem até hoje.

Enquanto isso, no Rio de Janeiro em 1906 era fundada a

Associação Metropolitana de Futebol, tendo realizado seu primeiro campeonato em

1923, com a primeira Liga Carioca de Futebol.

20 ZAINAGHi, Domingos Sávio. Os atletas profissionais de futebol e o direito do trabalho. 1998. P. 29

16

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Zainaghi 21 também destaca as confederações, que eram

organizações fiscalizadoras das regras estabelecidas pela FIFA:

“Em 1914 surge a ‘Federação Brasileira de Sport’; em 1916 a

Confederação Brasileira de Desportos (CBD. Esta

confederação dedicou-se aos esportes amadores, obrigando os

adeptos do profissionalismo a fundarem a Federação Brasileira

de Futebol (1923). Em 1937, a FBF uniu-se a CBD, iniciando-

se a fase profissional do futebol.”

Atualmente quem dirige o Futebol brasileiro é a Confederação

Brasileira de Futebol (CBF), enquanto que, nos Estados, cabe as federações

organizarem a pratica do Futebol em seus respectivos territórios.

1.1.3 Legislação Esportiva Brasileira

Em 1941, o Brasil passava pela ditadura do Estado Novo. Este

passou a se preocupar com os conflitos no futebol brasileiro e regulamentaram as

atividades esportivas do país.

Getúlio Vargas assinou o decreto nº 3.199 em 14 de Abril de

1941, conforme destaca Zainaghi 22:

“O primeiro diploma legal a tratar do futebol foi o Decreto-lei n.

3.199, de 14 de abril de 1941, o qual estruturou os organismos

oficiais desse esporte, ou seja, criou as Confederações,

Federações e Associações, além de tratar de normas

genéricas voltadas aos esportes em geral e não somente sobre

o futebol. A partir desse Decreto, passou-se a disciplinar, por

meio de normas administrativas das Confederações e das

Federações Regionais, as relações entre clubes e atletas.”

Além da inclusão destas Confederações, Federações e

Associações, buscou-se o Decreto-lei 3.199/41 criar o Conselho Nacional de

21 ZAINAGHI, Os atletas profissionais de futebol e o direito do trabalho. 1998. P. 2922 ZAINAGHI, Os atletas profissionais de futebol e o direito do trabalho. 1998. P. 53

17

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Desportos (CND). Sobre o CND, relata o primeiro presidente da CND pós-ditadura,

Manoel José Gomes Tubino23:

“Logo no seu artigo primeiro ficava estabelecida a criação do

Conselho Nacional de Desportos (CND), e que pelo artigo

terceiro tinha como responsabilidade a disciplina do nosso

esporte. Estava instituída a tutela estatal do esporte brasileiro.”

A tutela do esporte pelo Estado brasileiro durou até 1985,

quando o ciclo militar foi substituído pela então Nova República. Este ano marcou a

democratização do esporte brasileiro.

Na constituinte de 1988, a CND propôs a constitucionalização

do esporte brasileiro através de Manoel José Gomes Tubino, após elaboração de

um texto inspirado pelo jurista Álvaro Melo Filho.

Segundo leciona o próprio Tubino24:

“O esporte brasileiro foi constitucionalizado em 1988 pelo artigo

217 da nova Constituição. Nesse artigo, o esporte foi

considerado direito de cada um logo no seu caput, e no inciso I

quebrou a tutela histórica vigente por uma autonomia das

entidades esportivas quanto às suas organizações e

funcionamentos.”

A partir daí, obteve-se o espaço necessário para também

legislar sobre a situação do atleta profissional, bem como as relações entre clubes e

atletas, disciplinadas desde 1943 pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT.

23 TUBINO, Manoel José Gomes. O Estado brasileiro e as práticas esportivas. IN: Curso de direito desportivo sistêmico. São Paulo: Quartier Latin. 2006. P. 4524 TUBINO, Manoel José Gomes. O Estado brasileiro e as práticas esportivas. 2006. P. 46

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1.1.4 Da profissão de atleta de futebol no Brasil

Como visto, a atividade de atleta profissional era

regulamentada pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. Mas fazia-se

necessário um diploma que cuidasse das peculiaridades desta profissão, como

ensina Zainaghi25:

“Somente em 1964 é que surgiu um diploma legal específico

sobre a profissão de atleta de futebol. Foi o Decreto nº. 53.820,

de 24 de março, que tratava da participação dos atletas nas

partidas; do “passe” (deveria ter a concordância do jogador,

este teria direito a 15% do valor da transação); criação de um

seguro para atletas; do contrato de trabalho etc.”

A constitucionalização do esporte brasileiro provocou o advento

da Lei nº 8.672/93, chamada de Lei Zico, que estabeleceu conceitos e princípios

necessários para o desenvolvimento esportivo nacional.

Mais a frente, em 1998, a Lei Zico foi sancionada a Lei nº

9.615, em 24 de junho, a famosa Lei Pelé, que manteve os princípios e conceitos

antes vistos na Lei Zico, e teve seu principal foco no instituto do “passe” no Futebol,

além de se aprofundar nos assuntos ligados aos “bingos”.

25 ZAINAGHI, Domingos Sávio. O atleta profissional de futebol e o direito do trabalho. 1998. P. 53

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Capítulo 2

CONTRATO DE TRABALHO DO ATLETA DE FUTEBOL PROFISSIONAL

2.1 CONTRATO DE TRABALHO

2.1.1 Conceito de Contrato Individual de Trabalho

O instrumento que formaliza a relação trabalhista é descrito na

doutrina em diversos conceitos. Sérgio Pinto Martins26 conceitua o contrato de

trabalho como sendo:

“o negócio jurídico entre uma pessoa física (empregado) e uma

pessoa jurídica (empregador) sobre condições de trabalho. No

conceito é indicado o gênero próximo, que é o negócio jurídico,

como espécie de ato jurídico. A relação se forma entre

empregado e empregador. O que se discute são condições de

trabalho a serem aplicadas à relação entre empregado e

empregador.”

Domingos Sávio Zainaghi27, versa de maneira mais sucinta:

“O Contrato de Trabalho é o instrumento pelo qual uma pessoa

física se obriga a prestar serviços de forma não-eventual e

subordinada a uma pessoa jurídica ou a outra pessoa física.”

Este contrato genérico é tratado pela Consolidação das Leis do

Trabalho (CLT), em seu artigo 442 como “o acordo tácito ou expresso

correspondente à relação de emprego.”

26 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do trabalho Ed. 17 São Paulo: Atlas, 2003. P. 9527 ZAINAGHI, Domingos Sávio. Os atletas profissionais de futebol no direito do trabalho. P. 54

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Este contrato pode ser celebrado tácita ou expressamente.

Quanto ao prazo, poderá ser acordado por tempo determinado ou indeterminado.

O contrato de trabalho do atleta profissional é entendido como

uma espécie deste gênero de contrato, tendo algumas peculiaridades em legislação

específica.

2.1.2 Conceito de Contrato de Trabalho de Atleta de Futebol Profissional

A atividade do desportista profissional atualmente é

regulamentada pela Lei 8.672/93 (Lei Zico), pela Lei 9.615/1998 (Lei Pelé) e o que

dispor a CLT, nos casos que forem compatíveis com tal contrato.

José Martins Catharino28 bem conceitua este contrato especial

como:

“[...] aquele pelo qual uma (ou mais) pessoa natural se obriga,

mediante remuneração, a prestar serviços desportivos a outra

(natural ou jurídica), sob a direção desta.”

Logo, o contrato de trabalho desportivo encontra-se no âmbito

da manifestação desportiva de rendimento, sendo organizado e praticado de modo

profissional.

2.2 FORMA DO CONTRATO

2.2.1 Sujeitos do Contrato

A prática desportiva formal envolve dois sujeitos que podem

exercer atividades de empregador desportivo e atleta profissional.

2.2.1.1 Conceito de Empregado

A Consolidação das Leis do Trabalho conceitua o empregado

como:

28 CATHARINO, José Martins. Contrato de emprego desportivo no direito brasileiro. São Paulo: Ltr, 1969. P. 9

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“Art. 3º. Considera-se empregado toda pessoa física que

prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a

dependência deste e mediante salário.”

Martins29 traz uma definição bem parecida com o presente na

legislação:

“[...] a pessoa física que presta serviços de natureza contínua a

empregador, sob subordinação deste e mediante pagamento

de salário”

A Lei 8.672/93 (Lei Zico), em seu artigo 2º, trouxe para o

ordenamento jurídico brasileiro a seguinte definição de empregado:

“Art. 2º. Considera-se empregado, para os efeitos desta Lei, o

atleta que praticar o futebol, sob a subordinação de

empregador, como tal definido no artigo 1º mediante

remuneração e contrato na forma do artigo seguinte.”

Mesmo esta definição não diferenciando muito do já

conceituado pela CLT, a ausência da não-eventualidade foi sentida e criticada por

Zainaghi30:

“Imprecisa a definição legal face ao que prevê a CLT em seu

art. 3º. Falta ao artigo supra transcrita a não-eventualidade que

é prevista no texto consolidado.”

Ainda,

“A subordinação, por si só, não caracteriza a existência de

vínculo de emprego, uma vez que se pode imaginar um atleta

que jogue apenas uma partida, tendo de obedecer às

determinações do técnico (empregado do clube) e não se

estará diante de um contrato de trabalho.”

29 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do trabalho. 2003. P. 14530 ZAINAGHI, Domingos Sávio. Os atletas profissionais de futebol no Direito do Trabalho. P. 59

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A Lei 9.615/1998 classifica a atividade de desportista como de

prática formal e não formal. Tais formas seriam classificadas por normas nacionais e

internacionais, tendo variações de acordo com a modalidade.

As formas de prática desportiva estão descritas no art. 3º da

Lei Pelé como sendo desporto educacional, de participação e de rendimento. Este

último, praticado e organizado de duas formas:

“Art. 3º. O Desporto pode ser reconhecido em qualquer das

seguintes manifestações:

[...]

Parágrafo único. O desporto de rendimento pode ser

organizado e praticado:

I – de modo profissional, caracterizado pela remuneração

pactuada em contrato formal de trabalho entre o atleta e a

entidade de prática desportiva.

II – de modo não-profissional, identificado pela liberdade pela

inexistência de contrato de trabalho, sendo permitido o

recebimento de incentivos materiais e de patrocínio.”

Nos casos do empregado desportista profissional, retira-se da

legislação específica, o Art. 28 da Lei 9.615/98, a seguinte definição:

“Art. 28. A atividade do atleta profissional, de todas as

modalidades desportivas, é caracterizada por remuneração

pactuada em contrato formal de trabalho firmado com entidade

de prática desportiva, pessoa jurídica de direito privado, que

deverá conter, obrigatoriamente, cláusula penal para as

hipóteses de descumprimento, rompimento ou rescisão

contratual.

23

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§1º. Aplicam-se ao atleta profissional as normas gerais da

legislação trabalhista e da seguridade social, ressalvadas as

peculiaridades expressas nesta lei ou integrantes ou

integrantes do respectivo contrato.

§2º. O vínculo desportivo do atleta com as entidades

contratantes tem natureza acessória ao respectivo vínculo

empregatício, dissolvendo-se para todos os efeitos legais, com

o término da vigência do contrato de trabalho.

§3º. O valor da cláusula penal a que se refere o caput deste

artigo será livremente estabelecido pelos contratantes até o

limite máximo de cem vezes o montante da remuneração anual

pactuada.

§4º. Em quaisquer das hipóteses previstas no §3º deste artigo,

haverá a redução automática do valor da cláusula penal,

aplicando-se para cada ano integralizado do vigente contrato

de trabalho desportivo os seguintes percentuais progressivos e

não-cumulativos:

I – dez por cento após o primeiro ano;

II – vinte por cento após o segundo ano;

III – quarenta por cento após o terceiro ano;

IV – oitenta por cento após o quarto ano.

§5º. Quando se tratar de transferência internacional, a cláusula

penal não será objeto de qualquer limitação, desde que esteja

expresso no respectivo contrato de trabalho esportivo.

§6º. Na hipótese prevista no §3º, quando se tratar de atletas

profissionais que recebam até dez salários mínimos mensais, o

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montante da cláusula penal fica limitado a dez vezes o valor da

remuneração anual pactuada, ou a metade do valor restante do

contrato, aplicando-se o que for menor.

§7º. É vedada a outorga de poderes mediante instrumento

procuratório público ou particular relacionados a vínculo

desportivo e uso de imagem de atletas profissionais em prazo

superior a um ano.”

Seguir estas formalidades é essencial para que o indivíduo seja

considerado atleta profissional, como destaca Heraldo Luis Panhoca31:

“O indivíduo contratado pelo clube sem as formalidades legais

não poderá ser considerado atleta profissional, mas sim um

trabalhador comum, pois lhe faltarão todas as formalidades e

qualificações impostas por lei, inclusive não podendo integrar a

equipe de competições, se o fizer, ser-lhe-ão aplicadas

sanções da Justiça Desportiva com a reiterada do clube faltoso

o dobro dos pontos.”

2.2.1.2 Conceito de Empregador

Na CLT, o conceito de empregador encontra-se no art. 2º, o

qual se retira:

“Art. 2º. Considera-se empregador a empresa, individual ou

coletiva, que assumindo os riscos da atividade econômica,

admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço.

§1º. Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos

da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições

de beneficência, as associações recreativas ou outras

instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores

como empregados.

31 PANHOCA, Heraldo Luis. Lei Pelé – oito anos (1998-2006): Origem do desporto. IN: Curso de direito desportivo sistêmico. São Paulo: Quartier Latin, 2007. P. 125

25

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§2º. Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada

uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a

direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo

industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica,

serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente

responsáveis a empresa principal e cada uma das

subordinadas.”

Martins32 define o empregador da seguinte maneira:

“Empregador é o ente destituído de personalidade jurídica. Não

é requisito para ser empregador ter personalidade jurídica.

Tanto é empregador a sociedade de fato, a sociedade irregular

que ainda não tem seus atos constitutivos registrados na

repartição competente, como a sociedade regularmente inscrita

na Junta Comercial ou no Cartório de Registros de Títulos e

Documentos. Será também considerado como empregador o

condomínio de apartamentos, que não tem personalidade

jurídica, mas emprega trabalhadores sob o regime da CLT”

Ainda sobre o empregador, considera a Lei 6.354/76 em seu

artigo 1º, traz uma abordagem do conceito de empregador no âmbito desportivo:

“Art. 1º. Considera-se empregador a associação desportiva

que, mediante qualquer modalidade de remuneração, se utilize

dos serviços de atletas profissionais de futebol, na forma

definida nesta Lei.”

Sobre este dispositivo, Zainaghi33 acrescenta:

“Vê-se, pois, que empregador só poderá ser uma pessoa

jurídica, ou seja, uma associação. E esta, como entidade de

prática esportiva, deverá revestir-se das formalidades exigidas

32 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do trabalho. 2003. P. 18633 ZAINAGHI, Domingos Sávio. Os atletas profissionais de futebol no direito do trabalho. P. 59

26

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na legislação especifica, como, por exemplo, seu registro na

Federação Estadual e na Confederação Brasileira de Futebol”

Heraldo Luis Panhoca34 segue na mesma linha de pensamento

de Zainaghi, delimitando a pessoa de empregador, em comparação com as diversas

hipóteses apresentadas no presente na CLT. Assim apresenta um conceito de

empregador desportivo:

“Entendemos que neste universo, embora apareça duplicada

em textos legais, a qualificação de empregador desportivo, fica

remetida a uma só identificação, ou seja: entidade de prática

desportiva (clube, associação, sociedade empresária),

mediante contrato formal de trabalho, a prazo determinado,

devidamente registrado na Entidade Nacional de Administração

do Desporto utiliza e remunera atleta desportivo maior de 16

anos.”

Ainda sobre a abrangência do conceito de entidade desportiva,

identifica José Martins Catharino35:

“A expressão específica entidade desportiva compreende em

ordem hierárquica ascendente: as associações desportivas

(clubes), as ligas, as federações e as confederações, estas de

âmbito nacional. Em princípio, e de modo direto e permanente,

empregadores são as associações desportivas, as entidades

básicas da estrutura desportiva brasileira. Nada obsta,

entretanto, que empregadora direta e temporária possa ser

confederação ou federação. Nem que, uma ou outra, também

temporariamente, possa ser empregadora por sub-rogação

normativa. É precisamente o que ocorre quando entidades

superiores requisitam ou convocam atletas-empregados para

comporem suas seleções, fenômeno esse mundial.”

34 PANHOCA, Heraldo Luis. Lei Pelé – oito anos (1998-2006): Origem do desporto. IN: Curso de direito desportivo sistêmico. 2007. P. 12435 CATHARINO, José Martins. Contrato de emprego desportivo no direito brasileiro. 1969. P. 11

27

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Nos casos de empregadores desportivos, este sempre será

uma entidade de prática desportiva, de acordo com o disciplinado no artigo 27, §10

da Lei 9.615/98:

“Art. 27.

[...]

§ 10. Considera-se entidade desportiva profissional, para fins

desta Lei, as entidades de prática desportiva envolvidas em

competições de atletas profissionais, as ligas em que se

organizarem e as entidades de administração de desporto

profissional.”

Este parágrafo foi introduzido pela Lei 10.672 de 2003. A

mesma lei alterou a Lei Pelé no que tange a faculdade das entidades desportivas

profissionais de se constituírem sociedades empresariais, trazendo assim, mais uma

vez o entendimento de que para ser empregador desportivo necessariamente

precisa ser pessoa jurídica.

Apenas para fins tributários, de fiscalização e de controle é que

terão ligação as entidades de prática desportivas, das entidades de administração

do desporto e das ligas desportivas com as das sociedades empresariais.

2.3 FORMA DO CONTRATO DO ATLETA DE FUTEBOL PROFISSIONAL

Como já visto anteriormente, exige-se a devida formalidade

para que um indivíduo possa ser reconhecido como atleta profissional de qualquer

modalidade de prática desportiva.

Na esfera trabalhista, o contrato Individual de trabalho poderá

ser feito de forma tácita ou expressa, verbal ou escrita. O prazo poderá ser

determinado ou indeterminado, como previsto no art. 443 da CLT:

28

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“Art. 443. O contrato individual de trabalho poderá ser

acordado tácita ou expressamente, verbalmente ou por escrito

e por prazo determinado ou indeterminado”.

2.3.1 Formalidade e Registro

O contrato individual do atleta profissional de futebol seguirá as

disposição dos artigos 28 e 30 da Lei 9.615/98. Estas apresentam características

particulares, que diferem das de Contratos de Trabalho em geral.

O Art. 28 da Lei 9.615/98 prescreve que:

“Art. 28. A Atividade do atleta profissional, de todas as

modalidades é caracterizada por remuneração pactuada em

contrato formal de trabalho firmado com entidade de prática

desportiva, pessoa jurídica de direito privado, que deverá

conter, obrigatoriamente, cláusula penal para as hipóteses de

descumprimento”

Obrigatoriamente, o Contrato de Trabalho do Atleta Profissional

deverá ser celebrado na forma escrita, ou seja, através de contrato formal, vedando

assim a celebração.

Além deste, Zainaghi36 apresenta outras características:

“Deverá conter os nomes das partes contratantes, devidamente

individualizadas e caracterizadas; o modo e a forma da

remuneração, especificados o salário, os prêmios, as

gratificações e, quando houver, as bonificações, o valor das

luvas; a menção de conhecerem os contratantes os códigos, os

regulamentos e os estatutos técnicos, os estatutos e as normas

disciplinares da entidade a que estiverem vinculados e filiados;

os direitos e obrigações dos contratantes, os critérios par

36 ZAINAGHI, Domingos Sávio. Os atletas profissionais de futebol no direito do trabalho. 1998. P. 60.

29

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afixação do preço do passe e as condições para a dissolução

do contrato.”

Todos estes requisitos estão previstos no Art. 3º da Lei

6.354/76, devendo estar contidos em todos os contratos de trabalho do atleta.

O mesmo Art. 3º em seu §1º determina que os contratos de

trabalho sejam registrados no Conselho Nacional de Desportos, e inscritos nas

entidades desportivas de direito regional e na respectiva Confederação.

Quanto à obrigatoriedade, leciona Zainaghi37:

“A obrigatoriedade do registro do contrato no Conselho

Regional de Desportos e a de inscrição nas entidades regionais

e na CBF, representam procedimentos de ampla garantia para

ambas as partes tendo em vista o caráter público da medida.”

O §2º prevê que estes contratos de trabalho sejam numerados

pelas associações empregadoras, em ordem sucessiva e cronológica, datados e

assinados de próprio punho, pelo atleta ou pelo responsável legal, sob pena de

nulidade. Esta medida visa o afastamento de fraudes.

Por fim, o §3º determina que os contratos sejam fornecidos

pela Confederação respectiva, e obedeçam ao modelo por ela elaborado e aprovado

pelo Conselho Nacional de Desportos.

2.3.2 Prazo de Duração

O inciso II do Art. 3º da Lei 6.354/76, tratava do prazo de

vigência do Contrato de trabalho do atleta profissional, o qual estabelecia o limite

mínimo de 3 (três) meses e máximo de 2 (dois) anos.

Porém, tal dispositivo foi revogado com a chegada da Lei Zico

(Lei 8.672/93) e logo mais pela Lei Pelé que instituiu em seu Art. 30, caput o prazo

determinado, com vigência nunca inferior a três meses e nem superior a cinco anos.

37 ZAINAGHI. Domingos Sávio. Os atletas profissionais de futebol no direito do trabalho. 1998. P. 63.

30

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Sobre este prazo máximo de cinco anos, Jayme Eduardo

Machado38 sustenta:

“Ora, é inegável que o contrato de trabalho de futebol

profissional apresenta características especialíssimas que lhe

dão uma feição sui generis, exigindo do legislador um

tratamento diferenciado. Desse modo, e em primeiro lugar, é

indispensável que vigore sempre por prazo determinado. Não

fosse assim, os clubes de repente poderiam ser privados de

seus atletas, que, se não estivessem sujeitos a um contrato a

termo, poderiam rescindi-lo em meio a um campeonato,

mediante, no máximo, simples notificação, a exemplo do que

exigem as disposições trabalhistas consolidadas.”

A única diferença de prazo é quanto ao primeiro contrato de

profissional de um atleta, com sua entidade de prática desportiva formadora, cujo

prazo não poderá ser superior a dois anos (art. 29 da Lei 9.615/98)

Por haver esta estipulação prévia de prazo, que se diz o

Contrato de Trabalho Desportivo como por Tempo Determinado.

O Parágrafo 1º do artigo 443, da CLT, traz a definição do

Contrato por prazo determinado:

“Art. 443

[...]

§1º. Considera-se como de prazo determinado o contrato de

trabalho cuja vigência dependa de termo prefixado ou da

execução de serviços especificados ou ainda da realização de

certo acontecimento suscetível de previsão aproximada.”

Por prazo determinado, Sérgio Pinto Martins39 entende que:38 MACHADO, Jayme Eduardo. O novo contrato desportivo profissional. Sapucaia do Sul: Notadez Informação, 2000. P. 4439 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do trabalho. 2003. P. 115

31

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“O término do pacto por tempo determinado pode ser medido

em função dos dias, semanas, meses ou anos, ou em relação

a certo serviço específico, como término de uma obra, ou, se

for possível fixar aproximadamente, quando houver término de

um acontecimento, como o término de uma colheita, que se

realiza periodicamente em certas épocas do ano. É o contrato

de safra, que tem a duração dependente de variações

estacionais de atividade agrária (parágrafo único do art. 14 da

Lei n. 5889/73).

Na linha do que foi apresentado, acrescenta-se o teor do

seguinte julgado, selecionado por Zainaghi40:

“O contrato de jogador profissional é sempre de prazo

determinado. A Lei 6.354/76 regula a relação de trabalho do atleta profissional de

futebol. Em seu artigo 3º dispõe que o prazo de a 3 meses ou superior a 2 anos”

(TRT-SP, RO 13.593/79, Barreto Prado, Ac. 2ª T., 6.531/81).

2.3.3 Remuneração

Quanto ao salário o ordenamento jurídico apresenta definições

tanto na CLT quanto nos diplomas desportivos. A CLT

Trata o art. 457, da CLT:

“Art. 457. Compreendem-se na remuneração do empregado,

para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago

diretamente pelo empregador, como contraprestação do

serviço, as gorjetas que receber.

§1º. Integram o salário não só a importância fixa estipulada,

como também as comissões, percentagens, gratificações

40 ZAINAGHI. Domingos Sávio. Os Atletas Profissionais de Futebol no Direito do Trabalho. 1998. P. 62.

32

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ajustadas, diárias para viagens e abonos pagos pelo

empregador.

§2º. Não se incluem nos salários as ajudas de custo, assim

como as diárias para viagem que não excedam de 50%

(cinqüenta por cento) do salário percebido pelo empregado.

§3º. Considera-se gorjeta não só a importância

espontaneamente dada pelo cliente ao empregado, como

também aquela que for cobrada pela empresa ao cliente, como

adicional nas contas, a qualquer titulo, e destinada à

distribuição aos empregados.”

Panhoca41 entende que salário:

“É a contrapartida pela prestação de serviços pactuada em

contrato formal de trabalho paga pelo empregador.

(...)

Por ser obrigatório o uso de um formal contrato a prazo

determinado, as partes poderão livremente pactuar um único

salário pelo tempo total da duração do contrato (majorado

apenas se em terminado tempo ficar inferior ao salário

mínimo).”

A Lei 9.615/98, no Art. 31, §1º aborda o entendido sobre

salário:

“Art. 31. [...]

§1º. É entendido como salário, para efeitos do previsto no

caput, o abono de férias, o décimo terceiro salário, as

41 PANHOCA, Heraldo Luis. Lei Pelé – Oito anos (1998-2006): Origem do D’esporto. IN: Curso de Direito Desportivo Sistêmico. 2007. P. 130.

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gratificações, os prêmios e demais verbas inclusas no contrato

de trabalho.”

Além deste salário, o empregado recebe complementos por

sua atividade. A soma destes complementos, com o salário já pactuado

contratualmente insurgem na Remuneração. Conforme define Martins42 da seguinte

maneira:

“Remuneração é o conjunto de prestações recebidas

habitualmente pelo empregado pela prestação de serviços,

seja em dinheiro ou em utilidades, proveniente do empregador

ou de terceiros, mas decorrentes do contrato de trabalho, de

modo a satisfazer suas necessidades básicas e de sua família.”

As peculiaridades da remuneração no contrato de atleta

profissional são bem destacadas por Zainaghi43, que leciona:

“Vê-se, pois, que o vocábulo remuneração foi dada aplicação

mais ampla, igual à lei trabalhista geral. Difere, entretanto, da

norma celetizada, no ponto em que naquela as gratificações e

os prêmios, por exemplo, são entendidos como salário, ao

passo que na Lei do atleta profissional de futebol, esses

pagamentos integram a remuneração, sendo salário somente a

parte fixa previamente contratada.”

Ressalta-se o mencionado ao fim desta citação, quanto à

necessidade de estarem todas as vantagens acrescidas ao salário, tudo que for

pago, deverão constar no seu contrato de trabalho.

Destas vantagens, destaca-se do meio jurídico-desportivo os

“bichos” e “luvas”.

Conforme destaca José Martins Catharino44, “bicho” é:

42 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. P. 213-21443 ZAINAGHI, Domingos Sávio. Os atletas profissionais de futebol no direito do trabalho. P. 7444 CATHARINO, José Martins. Contrato de emprego desportivo. P. 32

34

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“um prêmio pago ao atleta-empregado por entidade-

empregadora, previsto ou não no contrato de emprego, do qual

de emprego do qual são partes. Tal prêmio tem sempre a

singularidade de ser individual, embora resulte de um trabalho

coletivo desportivo. Além disto, geralmente, é aleatório, no

sentido de estar condicionado a êxito alcançado em campo,

sujeito à sorte ou azar.”

Zainaghi45 identifica as raízes históricas do vocábulo “bichos”:

“remontam à época do amadorismo, pois os jogadores

ganhavam por vitórias, e espalhavam que o dinheiro extra que

haviam recebido vinha do ‘jogo do bicho’ que era naqueles

tempos uma prática lícita. O jargão se popularizou e faz parte

do vocabulário futebolístico.”

Como destacado acima por Catharino, os “bichos” podem ser

pactuados (nos casos de gratificações quando um atleta de futebol marca um gol, ou

faz uma assistência) ou podem ser propostos em determinado momento da relação

trabalhista (uma gratificação se uma equipe conquistar o título em um campeonato,

ou atingir certa classificação).

Sobre isso, Zainaghi46 ainda destaca sua natureza jurídica:

“Sua natureza jurídica é de gratificação ou bonificação, uma

vez que só é pago em virtude de resultados positivos: vitória,

classificações e conquistas de títulos. Algumas vezes os

“bichos” são pagos por empates e até mesmo em derrotas,

quando os dirigentes entendem que houve grande esforço e

dedicação dos atletas.”

Outra categoria que também faz parte da remuneração do

atleta de futebol profissional as “luvas”.

45 ZAINAGHI, Domingos Sávio. Os atletas profissionais de futebol e o direito de trabalho. 1998. P. 7446 ZAINAGHI, Domingos Sávio. Os Atletas profissionais de futebol no direito do trabalho.1998 P. 74

35

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O art. 12 da Lei 6354/76 define “luvas”:

“Art. 12. Entende-se por “luvas” a importância paga pelo

empregador ao atleta na forma do que for convencionado, pela

assinatura do contrato.”

Zainaghi47, na publicação da 3ª Revista Brasileira de Direito

Desportivo, demonstra que:

“As ‘Luvas’ que se constituem em pagamento efetuado ao

atleta quando da assinatura do contrato, também têm natureza

jurídica salarial, devendo, nesse caso, seu valor ser dividido

pelo número de meses do contrato e ter as demais verbas

trabalhistas refletidas no valor mensal (FGTS, férias, 13º

salário, etc.).”

2.3.4 Suspensão, Interrupção e Terminação do Contrato

Como todas as relações de emprego, os contratos de trabalho

de atletas profissionais estão sujeitos a situações que podem determinar sua

paralisação por parte do empregado ou empregador.

As regras gerais da CLT são aplicadas aos atletas profissionais

de futebol, além das específicas previstas na Lei 9.615/98. Sobre a presença da

suspensão e da interrupção no ordenamento jurídico, Nascimento48 define suas

diferenças:

“Nossa lei se utiliza de dupla terminologia, suspensão e

interrupção, a nosso ver sem caráter substancial porque diz

respeito unicamente aos efeitos e não ao conceito. A figura tem

um pressuposto comum, paralisação do trabalho, sendo

diferentes os efeitos que a paralisação produzirá,

especialmente quanto aos salários; haverá interrupção quando

47 ZAINAGHI, Domingos Sávio. Direito do trabalho dos jogadores de futebol. IN: Revista Brasileira de Direito Desportivo. Nº 3 – Primeiro Semestre de 2003. P. 60 48 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito do trabalho. 18 ed. São Paulo: Malheiros, 2003. P. 636

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devidos os salários, e suspensão quando não devidos. Essa é

a linguagem do nosso direito, mas outra poderia ser sem

alteração básica, chamando-se de suspensão remunerada ou

não remunerada as duas hipóteses, ou suspensão parcial ou

total, como fazem alguns doutrinadores.”

Nos ensinamentos de Zainaghi49:

“O contrato de trabalho ficará suspenso quando o empregado

(atleta ou não) não prestar serviço e o empregador não tiver

obrigação de pagar salários, não se computando o tempo de

paralisação como tempo de serviço.”

São exemplos de suspensão, lembrados por Zainaghi no

mesmo texto, o “afastamento por doença, após os 15 primeiros dias; a licença sem

remuneração; as suspensões disciplinares, entre outras.”

A Lei 9.615/98 em seu art. 41 estabelece o período de

suspensão do contrato de trabalho quando o atleta estiver participando de seleção

de sua categoria:

“Art. 41 A participação de atletas profissionais em seleções

será estabelecida na forma como acordarem a entidade de

administração convocante e a entidade de prática desportiva

cedente.

§1º. A entidade convocadora indenizará a cedente dos

encargos previstos no contrato de trabalho, pelo período em

que durar a convocação do atleta, sem prejuízo de eventuais

ajustes celebrados entre este e a entidade convocadora.

§2º. O Período de convocação estender-se-á até a

reintegração do atleta à entidade que o cedeu, apto a exercer

sua atividade.”

49 ZAINAGHI, Domingos Sávio. Direito do trabalho dos jogadores de futebol. IN: Revista Brasileira de Direito Desportivo. Nº 3 – Primeiro Semestre de 2003. P. 61

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Este período, porém, é computado dentro do prazo

determinado em contrato, celebrado entre a entidade de prática desportiva e o atleta

profissional, como bem lembra Zainaghi50:

“O contrato de atleta profissional de futebol é celebrado por

prazo determinado, sendo que a contagem deste dá-se

normalmente, ou seja, não se suspende durante o tempo em

que o empregado estiver prestando serviços nas Federações

ou Ligas, ou à Confederação Brasileira de Futebol.”

Quanto à dita interrupção do contrato de trabalho, conceitua

Zainaghi51:

“A interrupção ocorre quando o empregado não presta

serviços, mas subsiste ao empregador a obrigação de pagar

salários e o tempo de paralisação é computado como tempo de

serviço.”

Como exemplos de interrupção, identificados por Zainaghi tem-

se: “os primeiros 15 dias de afastamento por doença, as férias, o repouso semanal,

etc.”

A terminação do contrato de trabalho está sujeita a

divergências na doutrina quanto às suas formas. Zainaghi52 destaca o

posicionamento entre doutrinadores quanto à divergência terminológica:

“Délio Maranhão afirma que as causas de dissolução dos

contratos são a resilição; a resolução; a revogação; a rescisão;

a força maior.

50 ZAINAGHI, Domingos Sávio. Os atletas profissionais de futebol no direito do trabalho. P. 6451 ZAINAGHI, Domingos Sávio. Direito do trabalho dos jogadores de futebol. IN: Revista Brasileira de Direito Desportivo. Nº 3 – Primeiro Semestre de 2003. P. 6152 ZAINAGHI, Domingos Sávio. Os atletas profissionais de futebol no direito do trabalho. 1998. P. 65

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Cesarino Jr. Assevera que a terminação do contrato pode ser

de dois tipos: o de cessação das relações de trabalho, e o de

sua rescisão.

Evaristo de Morais considera o vocábulo cessação o mais

genérico, neutro, total e dentro do qual se incluem todas as

espécies particulares que levam à solução ou ao fim do

contrato.”

2.3.5 Breves Considerações sobre o “Passe”

Ao Contrato de atleta profissional de futebol foi aplicado por

muito tempo o instituto do passe.

Como já dito anteriormente, este contrato de trabalho é

celebrado por prazo determinado. Porém, ao fim deste prazo, por conseqüência do

“passe”, o atleta mantinha o desportista “preso” ao clube mesmo após o término o

termino do contrato de trabalho

Zainaghi53 conceituava o passe como:

“instrumento jurídico que habilita um atleta a transferir-se de

uma entidade desportiva para outra. Contém ele valor

pecuniário, sendo este devido em virtude de cessão temporária

(‘empréstimo’), ou definitiva do atleta, tendo este direito à

participação na transação.”

Muitos foram os que entendiam o “passe” como “uma forma

irrefletida de escravismo, que transformaria o atleta em ‘mercadoria’”. 54

Enquanto isso, na Europa, surgia um litígio, em 1990, que foi

denominado “Caso Bosman”.

53 ZAINAGHI, Domingos Sávio. Os atletas profissionais de futebol no direito do trabalho. P. 11154 MACHADO, Jayme Eduardo. O novo contrato desportivo profissional. P. 21

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Jean-Marc Bosman, futebolista profissional belga, jogando pelo

clube R.C. Liége entrou com uma ação perante o Tribunal Europeu para que

pudesse se transferir para outro clube.

Alegou que o impedimento da Liga Belga e de seu clube,

estavam em desacordo com o Tratado de Roma sobre concorrência e livre

circulação de trabalhadores.

Após cinco anos, o atleta ganhou “passe livre”, com base

jurídica no acordo que estabelece esta livre circulação de trabalhadores nos países

que integram a Comunidade Européia.

Enquanto isto, no Brasil, o então Ministro de Estado

Extraordinário do Esporte, Edson Arantes do Nascimento, recomendava a extinção

do “passe”, como destaca Machado55:

“... A extinção do ‘passe’ é uma necessidade peremptória e

inadiável para os atletas profissionais. O referido vínculo

desportivo escraviza o atleta, não possuindo qualquer amparo

jurídico, ético ou moral. Com efeito, a Constituição Federal, no

art. 5º, inciso XIII, assegura a todos o livre exercício de

qualquer trabalho, ofício ou profissão. Dessa forma, a

existência do ‘passe’ configura uma afronta à dignidade e à

liberdade humanas” (E.M. nº 22/GMEE, de 15 de setembro de

1997).

A figura do “passe” então foi extinta de nosso Direito, segundo

redação dada pela Lei 9.981 de 2000, com alterações na Lei 9.615/98, fixando assim

o disposto no art. 28 e incisos:

“Art. 28 [...]

§2º. O vínculo desportivo do atleta com a entidade desportiva

contratante tem natureza acessória ao respectivo vínculo

trabalhista, dissolvendo-se, para todos os efeitos legais:

55 MACHADO, Jayme Eduardo. O Novo contrato desportivo profissional. P. 21

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I – com o término da vigência do contrato de trabalho

desportivo; ou

II – com o pagamento da cláusula penal nos termos do caput

deste artigo; ou ainda

III – com a rescisão decorrente do inadimplemento salarial de

responsabilidade da entidade desportiva empregadora prevista nesta Lei.”.

2.4 VÍNCULO DESPORTIVO E VÍNCULO DE TRABALHO

Após as considerações feitas com relação ao instituto do

“passe”, tratar-se-á agora dos atuais vínculos desportivo e de trabalho.

O vínculo de trabalho nas palavras de Heraldo Luis Panhoca56

define-se como:

“O vínculo de trabalho nasce com a manifestação de vontade

das partes em contratar, e se resolve pelo termo, pela rescisão

antecipada, com ou sem justo motivo, pela morte do

empregado, aposentadoria ou ainda pelo encerramento de

atividade do clube empregador.”

Já o vínculo desportivo, como já demonstrado no art. 28 §2º da

Lei 9.615/98, é “vínculo acessório ao contrato de trabalho”.

Assim, após o termino da relação trabalhista, também se

exaure o vínculo desportivo.

Panhoca57 assim dispõe sobre o assunto:

“O vínculo desportivo nasce com o registro do contrato de

trabalho na entidade de administração ou com o registro da

ficha de inscrição (manifestação de vontade).”

56 PANHOCA, Heraldo Luis. Lei Pelé – Oito anos (1998-2006): Origem do D’esporto. IN: Curso de Direito Desportivo Sistêmico. P. 12757 PANHOCA, Heraldo Luis. P. 128

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2.5 CLÁUSULA PENAL E MULTA RESCISÓRIA

A Cláusula penal é instituto típico do Direito Civil. Reinaldo

José Martorelli58, atenta para a conceituação de Limongi França para este instituto:

“A cláusula penal é um pacto acessório ao contrato ou a outro

ato jurídico, efetuado na mesma declaração ou declaração à

parte, por meio do qual se estipula uma pena, em dinheiro ou

outra utilidade, a ser cumprida pelo devedor ou por terceiro,

cuja finalidade precípua é garantir, alternativa ou

cumulativamente, conforme o caso, em benefício do credor ou

de outrem, o fiel cumprimento da obrigação principal, bem

assim, ordinariamente, constituir-se na pré-avaliação das

perdas e danos e em punição do devedor inadimplente”.

No ordenamento jurídico nacional, a prefixação desta cláusula

é obrigatória para a formulação do contrato de trabalho do atleta profissional.

Machado59 conceitua este dispositivo:

“A prefixação de um valor a título de cláusula penal, pelo

término antecipado do contrato, objeto da parte final do caput

do art. 28, constitui indispensável garantia reconhecida à parte

adimplente contra os riscos de que se venha a frustrar o

cumprimento do ajuste, em todas as suas cláusulas, até o

termo final do prazo avençado.”

Esta cláusula penal se apresenta no contrato como uma

garantia da entidade contratante do atleta, para que este tenha dificuldade de

romper o estipulado no contrato.

A Lei 9.615/98, no art. 28 §3º determina o teto máximo da

cláusula a ser estipulada, podendo ser livremente estabelecida pelos contratantes

até o limite máximo de cem vezes o montante da remuneração.58 MARTORELLI, José Rinaldo. Transfêrencia de atletas – conflitos- regulamento de agentes. IN: Curso de Direito Desportivo Sistêmico. São Paulo: Quartier Latin. 2007. P. 31759 MACHADO, Jayme Eduardo. O Novo contrato desportivo profissional. P.28.

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Outra característica da Cláusula Penal é o fato dela ser

reduzida a cada termino de ano contratado, conforme verifica-se no §4º do Art. 28:

“Art. 28 [...]

§4º. Far-se-á redução automática do valor da cláusula penal

prevista no caput deste artigo, aplicando-se, para cada ano

integralizado do vigente contrato de trabalho desportivo, os

seguintes percentuais progressivos e não-cumulativos:

I – dez por cento após o primeiro ano;

II – vinte por cento após o segundo ano;

III – quarenta por cento após o terceiro ano;

IV – oitenta por cento após o quarto ano.

Nos casos de transferências internacionais, a Lei Pelé não traz

um limite, contanto que esteja estipulada no contrato de trabalho desportivo.

Claro, com as ressalvas que Jayme Eduardo Machado60 nos

lembra:

“O que o parágrafo quer dizer é que no momento de assinar o

contrato as partes devem, livremente, estabelecer um valor,

que, esse sim, poderá exceder os limites dos referidos §§3º e

4º do art. 28. Há liberdade para estabelecer o quantum, mas

não pode haver liberdade para o clube fazê-lo no momento em

que surgir a proposta, porque aí, então, a fixação unilateral da

cláusula estaria sendo estabelecida por um contratante, em

detrimento do outro, o atleta interessado em se transferir para o

exterior (...).”

60 MACHADO, Jayme Eduardo. O novo contrato desportivo profissional. P. 32

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A cláusula penal é entendida por muitos doutrinadores como

compensação por parte do atleta profissional, que deseja transferir-se, e não o

clube. Neste sentido, opina Zainaghi61:

“A cláusula penal aplica-se somente ao atleta, isto é, se a

rescisão for de iniciativa do empregador, não terá que pagar

ele o valor da cláusula penal.”

O que não acontece no caso da Multa rescisória, quando quem

quebra o contrato é o clube. Esta multa encontra-se no art. 31 da Lei 9.615/98:

“Art. 31. A entidade de prática desportiva empregadora que

estiver com pagamento de salário de atleta profissional em

atraso, no todo ou em parte, por período igual ou superior a

três meses, terá o contrato de trabalho daquele atleta

rescindido, fincando o atleta livre para se transferir para

qualquer outra agremiação de mesma modalidade, nacional ou

internacional, e exigir a multa rescisória e os haveres devidos.”

§2º. A mora contumaz será considerada também pelo não

recolhimento do FGTS e das contribuições previdenciárias.

§3º. Sempre que a rescisão se operar pela aplicação do

disposto no caput deste artigo, a multa rescisória a favor do atleta será conhecida

pela aplicação do disposto no art. 479 da CLT.”

A multa rescisória então é aquela própria do direito do trabalho,

o que encontrasse na CLT no art. 479 e que corresponde a 50% do que ao

empregador cumpriria pagar ao empregado até o fim do contrato.

Já no caso da cláusula penal, este tem natureza civil, sendo

uma verba indenizatória ao clube que tem o vínculo desportivo, e este é desfeito

prematuramente, antes do fim estipulado no contrato.

61 ZAINAGHI, Domingos Sávio. Nova legislação desportiva, aspectos trabalhistas. São Paulo: LTr. 2001. P. 55

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Capítulo 3

CONTRATO DE LICENÇA DE USO DE IMAGEM

3.1 DIREITO DE PERSONALIDADE

Nas palavras de Carlos Alberto Bittar62, são:

“os direitos reconhecidos à pessoa humana tomada em si

mesma e em suas projeções na sociedade, previstas no

ordenamento jurídico exatamente para a defesa de valores

inatos no homem, como a vida, intimidade, honra a

intelectualidade e outros tantos”.

Ainda buscando uma definição, Daisy Gogliano63 traz um

conceito completo:

“direitos da personalidade são os direitos subjetivos

particulares, que consistem nas prerrogativas concedidas a

uma pessoa pelo sistema jurídico e assegurada pelos meios de

direito, para fruir e dispor, como senhor, dos atributos

essenciais da sua própria personalidade, de seus aspectos,

emanações e prolongamentos, como fundamento natural da

existência e liberdade, pela necessidade de preservação e

resguardo da integridade física, psíquica, moral e intelectual do

ser humano, no seu desenvolvimento.”

Este Direito decorre da proteção da dignidade humana,

estando ligados intimamente à própria condição humana. Os direitos de

personalidade estão ligados à pessoa humana de maneira perpétua.

62 BITTAR, Carlos Alberto. Os direitos da personalidade. 2. Ed. Rio de Janeiro; Forense Universitária; 1995. P. 8763 GOGLIANO, Daisy. Direitos privados da personalidade. Dissertação de Mestrado apresentada na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. São Paulo, 1982. P. 404 – Cit. O Direito Desportivo e a Imagem do Atleta

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O novo Código Civil trata desses direitos no Capítulo II (arts. 11

a 21) no livro sobre as pessoas. O artigo 11 do referido código prevê que os direitos

da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo seu exercício

sofrer limitação voluntária.

Ser intransmissível, irrenunciável e indisponível, constitui três

características dos direitos de personalidade citados no texto do Código Civil.

Todavia, encontram-se presentes outros na doutrina como: Inatos, essenciais,

vitalícios, extrapatrimoniais, indisponíveis, intransmissíveis, impenhoráveis,

imprescritíveis e oponíveis erga omnes.

São Inatos por serem conferidos a todas as pessoas pelo

simples fato de existirem. Nascem com o indivíduo, reconhecidos pelo Estado.

Tornam-se essenciais por não poderem faltar ao homem,

sendo imprescindíveis durante todo o curso de sua vida. E são vitalícios por

permanecerem até a morte.

Por não poderem ser mensurados, são considerados

extrapatrimoniais. Contudo, se dá ao direito à imagem um conteúdo patrimonial

proporcionando para seu detentor a possibilidade de obter algum proveito

econômico.

A indisponibilidade é considerada por muitos autores como

relativa, visto que alguns direitos poderão ser objetos de contrato de concessão ou

de licença de uso, sempre de forma temporária, como no caso da imagem.

Quanto a serem intransmissíveis, explica Fábio Maria de

Mattia64 que:

“a personalidade compreende os bens mais importantes do

homem, e seus atributos pertencem, também, ao indivíduo,

sem que possa transferi-los porque são inerentes à pessoa

humana. Caso fosse admissível sua transmissão, perderiam

sua razão de ser. Os direitos da personalidade são

inseparáveis da pessoa em razão do que é inconcebível que a 64 MATTIA, Fábio Maria de. Direitos da personalidade. Enciclopédia Saraiva de Direito, v. 28, p. 157

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vida, a liberdade, a integridade, etc. possam transferir-se da

esfera jurídica de um indivíduo para a de outro, porque isso

implicaria sua própria desnaturação e iria contra a natureza das

coisas. Os negócios jurídicos que selariam tal transferência

seriam nulos por lhes faltar causa e objeto.”

A imprescritibilidade significa que mesmo sem seu uso ou a

falta de proteção dos direitos de personalidade, estes não se extinguem.

E por último, são considerados também como oponíveis erga

omnes, ou seja, são direitos que a todos se opõem, infundindo o dever geral de

abstenção.

Os direitos da personalidade tutelam a pessoa em seu aspecto

corporal (corpo, nome, voz), interior (intimidade, privacidade, honra subjetiva e

objetiva) e exterior (imagem e reputação).

São os direitos inerentes à pessoa, defesos pela Constituição

de 88 de maneira abrangente, estando nesta entre os Direitos e Garantias

Fundamentais:

“Art.5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de

qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos

estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à

vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,

nos termos seguintes:

[...]

X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a

imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo

dano material ou moral decorrente de sua violação;

Além deste dispositivo legal, os Direitos da Personalidade

encontram-se descritos no Código Civil de 2002:

48

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“Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos

da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não

podendo o seu exercício sofre limitação voluntária.”

e

“Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a

direito da personalidade, e reclamar perdas e danos sem

prejuízo de outras sanções previstas em lei.”

Busca-se então, nas palavras de Bittar65, uma “proteção eficaz

à pessoa humana, em função de possuir, como objeto, os bens mais elevados do

homem. Por isso é que o ordenamento jurídico não pode consentir que deles se

despoje o titular, emprestando-lhes caráter essencial. Daí, são, de início, direitos

intransmissíveis, indispensáveis, restringindo-se a pessoas do titular e

manifestando-se desde o nascimento”.

3.2 DIREITO À IMAGEM

3.2.1 Conceito

Um dos direitos de personalidade, o Direito à Imagem qualifica-

se como sendo extra patrimonial, de caráter personalíssimo, tendo preocupação

com a proteção da pessoa à publicação e divulgação da própria imagem, em

situações que desrespeitem à sua vida privada e sua individualidade.

Devido ao avanço tecnológico e a facilidade de transmissão de

imagens por meios de comunicação, como a internet, a televisão, e outras máquinas

digitais, a imagem do homem se tornou alvo fácil para violação de sua integridade.

Segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa66, a

imagem pode ser definida como:

65 BITTAR, Carlos Alberto. Os direitos da personalidade. 1995. P. 8766 HOUAISS, Antonio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. P. 1573.

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“1. Representação da forma ou do aspecto de ser ou objeto por

meios artísticos [...] 2. Aspecto particular pelo qual um ser ou

um objeto é percebido; cena, quadro [...] 4. Reprodução

estática ou dinâmica de seres, objetos, cena, etc. obtida por

meios técnicos [...] 8. Opinião (contra ou a favor) que o público

pode ter uma instituição, organização, personalidade de

renome, marca, produto, etc.; conceito que uma pessoa goza

junto a outrem [...]”

Nas palavras de Carlos Alberto Bittar67, o Direito à imagem é:

“o direito que a pessoa tem sobre a sua forma plástica e

respectivos componentes distintos (rosto, olhos, perfil, busto)

que a individualizam no seio da coletividade. Incide, pois, sobre

a conformação física da pessoa, compreendendo esse direito

um conjunto de caracteres que a identifica no meio social.”

Dos direitos ditos personalíssimos, a imagem é uma das

principais projeções da personalidade da pessoa.

3.2.2 Características

Dos direitos ditos personalíssimos, a imagem é uma das

principais projeções da personalidade da pessoa. Inserido assim, neste rol dos

direitos de personalidade, mais uma vez nas palavras de Bittar68:

“Reveste-se das mesmas características comuns aos direitos

da personalidade. Destaca-se, no entanto, dos demais, pelo

aspecto da disponibilidade, que, com respeito a esse direito,

assume dimensões de relevo, em função da prática

consagrada de uso de imagem humana em publicidade, para

efeitos de divulgação de entidades, de produtos ou serviços

postos à disposição do público consumidor.”

67 BITTAR, Carlos Alberto. Os direitos da personalidade. 1995. P. 8868 BITTAR, Carlos Alberto. Os direitos da personalidade. 1995. P. 88

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Esta disponibilidade traz o caráter econômico ao Direito à

imagem, decorrendo este da vontade e interesse de negociar, não afetando suas

características intrínsecas. Tendo o consentimento, o titular do Direito pode buscar

proveito econômico.

A disposição tem como característica o uso, o gozo e a fruição

do bem jurídico da imagem. Nula seria a alienação ou renúncia da imagem a favor

de terceiros que a utilizassem como se fossem titulares da mesma.

3.2.3 A Imagem no Ordenamento Jurídico Brasileiro

O direito à imagem segue o mesmo caminho dos direitos de

personalidade, que estão elencados na maioria dos ordenamentos jurídicos.

A Constituição de 1988, por exemplo, buscou dar ao tema uma

importância ao tratá-lo de maneira abrangente, oferecendo expressa proteção à

imagem em três de seus dispositivos, mais precisamente nos incisos V, X e XXVIII,

letra a, do art. 5º:

“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de

qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos

estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à

vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,

nos termos seguintes:

[...]

V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,

além da indenização por dano material, moral ou à imagem;

[...]

X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra, a

imagem das pessoas, assegurando o direito à indenização pelo

dano material ou moral decorrente de sua violação;

51

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[...]

XXVIII – são assegurados, nos termos da lei:

a) A proteção às participações individuais em obras coletivas

e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas

atividades esportivas.”

Todos estes incisos, estão entre os direitos fundamentais,

fazendo parte do Título que trata dos direitos e das garantias individuais. Levando

em consideração o disposto no art. 60, parágrafo 4º, inciso IV da Carta Magna, eleva

o Direito à Imagem à condição de cláusula pétrea, sendo matéria imutável.

No Novo Código Civil de 2002, o direito à imagem está previsto

no art. 20:

“Art. 20. Salvo de autorizadas, ou se necessárias à

administração da justiça ou a manutenção da ordem pública, a

divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a

publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma

pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem

prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a

boa fama, ou a respeitabilidade, ou se destinarem a fins

comerciais. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes

legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os

ascendentes ou os descendentes.”

Fazendo um comparativo entre os dois textos legais, muitos

doutrinadores criticam o Código Civil por acharem que este restringiu o direito à

imagem em sua amplitude e autonomia. Como destaca Regina Sahm69:

“Enquanto a Constituição Federal de 1988 os contempla em

sua autonomia e amplitude, o Código Civil os restringe com

69 SAHM, Regina. Direito à imagem no direito civil contemporâneo: de acordo com o novo Código Civil, Lei n. 10.406 de 10.01.2002. São Paulo: Atlas, 2002. P. 237

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exceção da consagração de um direito geral de personalidade

por meio de uma cláusula geral”.

Oduvaldo Donnini70 se junta a Regina e da mesma maneira

critica a redação desse artigo:

“O tratamento do instituto imagem no novo Código Civil está

desatualizado e contrário ao texto constitucional, à medida que

a simples exposição da imagem de uma pessoa, sem a devida

autorização, independentemente de atingir a sua honra, a boa

fama ou respeitabilidade, gera o direito à indenização.

Ressalte-se que a parte final do dispositivo em comento

também contraria a Constituição Federal e a jurisprudência e

doutrina dominantes, tendo em vista que a exposição da

imagem de alguém, mesmo para fins institucionais, também

possibilita ao ofendido a reparação desse dano, o que torna

despicienda a expressão ‘... ou se destinarem a fins

comerciais’.”

3.2.4 Autonomia do Direito à Imagem

Dentro da atual doutrina, não há divergência quanto a

autonomia do direito à imagem, sendo assim a sua proteção decorre sem a

pressuposta lesão a outro direito, o que foi possível na promulgação da Constituição

de 1988.

Um dos que defendem a autonomia é Walter Moraes71,

assinalando que:

“se o bem da imagem constitui objeto autônomo de tutela

jurídica que determina como facultas agendi um direito a ele,

pois assim deve entender-se a faculdade exclusiva de permitir,

proibir ou revogar-lhe a reprodução, a exposição, etc., e se

70 DONNINI, Oduvaldo. Imprensa livre, dano moral, dano à imagem, e sua qualificação à luz do novo Código Civil. São Paulo: Método, 2002. P. 63. 71 MORAES, Walter. Direito à própria imagem. Revista dos Tribunais, São Paulo: RT, 443: 64-81, p. 74, 1982.

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este direito é oponível erga omnes, segue que o direito à

imagem é direito absoluto.”

Ainda nesta vertente, há o entendimento de Maria Helena

Diniz72:

“O direito à imagem é autônomo, não precisando estar em

conjunto com a intimidade, a identidade, a honra, etc., embora

possam estar em certos casos tais bens a ele conexos, mas

isso não faz com que sejam partes integrantes um do outro.

Não se pode negar que o direito à privacidade ou à intimidade

é um dos fundamentos basilares do direito à imagem, visto que

seu titular pode escolher como, onde e quando pretende que

sua representação externa (imagem-retrato) ou sua imagem-

atributo seja difundida”.

3.2.5 Consentimento

Um dos pontos mais polêmicos no estudo do direito à imagem

é a questão do consentimento. Isso porque o consentimento que é um dos limites do

direito à imagem, pode ser tácito ou expresso, e a maioria dos ordenamentos

jurídicos, inclusive o brasileiro, não especifica o tipo de consentimento a ser dado

nessa matéria.

Sobre os tipos de consentimento apresentados, ensina Caio

Mário da Silva Pereira73:

“O consentimento expresso é aquele manifestado de forma

escrita ou verbal, ou ainda por gestos ou sinais que revelam

diretamente ao mundo exterior a intenção interna. Já a

manifestação tácita é aquela que resulta de um comportamento

do agente, traduzindo a exteriorização por uma dada atitude.”

72 DINIZ, Maria Helena. Direito à imagem e sua tutela. In: BITTAR, Eduardo C. B. CHINELATO, Silmara Juny (coord). Estudos de direito do autor, direito da personalidade, direito do consumidor e danos morais. Rio de Janeiro: Forense, 2002. P. 84 73 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 18. Ed. Rio de Janeiro: Forense, v. I 1997. P. 308.

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São inúmeras as cautelas e preocupações na adoção do

consentimento tácito, principalmente pela questão de sua prova, mas também pelo

fato de ser o “bem da imagem um bem jurídico objeto de direito subjetivo, não há

que se pressupor que o titular expresse consentimento tácito para sua utilização; a

pressuposição que deve prevalecer é a do não-consentimento.” 74

Imperioso salientar que “o consentimento é elemento intrínseco

e estrutural, verdadeiro suporte básico ou fundamental do negócio jurídico: volenti

non fit injuria. O consentimento do lesado faz, em princípio, desaparecer o caráter

ilícito do ato danoso”. 75

Quanto à extensão do consentimento, Adriano De Cupis76

aponta que:

“o consentimento é eficaz apenas em relação à pessoa ou

pessoas a quem foi dado; quanto a todas as outras o jus

imaginis continua inalterável, subsistindo o poder de consentir

ou recusar a exposição”.

Dessa forma, o titular da imagem tem a faculdade de escolher

as ocasiões e os modos pelos quais vai aparecer em público. Isso implica dizer que,

caso haja no contrato a previsão da utilização da imagem para anúncio em revista,

esta não poderá ser utilizada em outdoors ou jornais.

Faz-se mister a conclusão de Bittar77, que são ilícitos:

“não só os usos não consentidos, como também os que

extrapolem os limites contratuais (em finalidade diversa, ou não

expressamente ajustada), em qualquer situação em que seja

colhida, ou fixada a pessoa, para posterior divulgação, com ou

sem finalidade econômica.”

74 SAHM, Regina. Direito à imagem no direito civil contemporâneo: de acordo com o novo Có Código Civil, Lei n. 10.406, de 10.01.2002. São Paulo: Atlas, 2002. P. 199.75 SAHM, Regina. Direito à imagem no direito civil contemporâneo: de acordo com o novo Código Civil, Lei n. 10.406, de 10.01.2002. 2002. P. 197.76 DE CUPIS, Adriano. Os direitos da personalidade. Trad. Adriano Vera Jardim e Antônio Miguel Caeiro. IN: EZABELLA, Felipe Legrazie. O Direito Desportivo e a Imagem do Atleta. 2006. P. 86.77 BITTAR, Carlos Alberto. Os direitos da personalidade. 1995. P. 89.

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3.2.6 A Pessoa Pública

Com relação ao estudo apresentado, torna-se tempestivo tratar

do direito à imagem da pessoa pública.

Nossa constituição traz no art. 5º, inciso X, a garantia da

inviolabilidade da intimidade. Embora não expresso na legislação brasileira, as

imagens de pessoas públicas ou notórias, em determinados eventos e situações,

podem ser utilizadas sem o devido consentimento, claro, sempre resguardando a

sua privacidade, alheia ao fato em si.

Para Alcides Leopoldo e Silva Junior78, não há necessidade do

consentimento quando se tratar de caráter jornalístico, além do inequívoco interesse

público. Para ele, “há interesse público das pessoas conhecerem seus governantes,

políticos, personagens históricos, esportistas, escritores, artistas”.

Deve-se então, o direito à imagem das pessoas públicas, ser

relativizado, visto o interesse social e a repercussão que a veiculação da imagem

pode causar.

Quanto a isso, Paulo José da Costa Júnior79 afirma:

“Em se tratando de pessoa notória, o âmbito de sua vida

privada haverá de reduzir-se, de forma sensível, e isso porque,

no tocante às pessoas célebres, a coletividade tem maior

interesse em conhecer-lhes a vida íntima, as reações que

experimentam e as peculiaridades que oferecem.”

Importante citar, quanto ao limite desta divulgação, os

ensinamentos de Luís Roberto Barroso80:

78 SILVA JÚNIOR, Alcides Leopoldo e. A pessoa pública e seu direito de imagem: políticos, artistas, modelos, personagens históricos. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2002. P. 9779 COSTA JUNIOR, Paulo José Da. Agressões à intimidade – O episódio Lady Di, São Paulo: Malheiros, 1997. P. 27.80 BARROSO, Luís Roberto. Colisão entre liberdade de expressão e direitos da personalidade. Critérios de Ponderação. Interpretação Constitucionalmente adequada do Código Civil e da Lei de Imprensa. IN: http://www.portalmultipla.com.br/i/f/%7BBA3F55A7-4BEB-48DE-9960-9C5C7E80D4C5%7D_Priscylla_Just.pdf

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“O Interesse público na divulgação de qualquer fato verdadeiro

se presume como regra geral. A sociedade moderna gravita em

torno da notícia, da informação, do conhecimento e de idéias.

Sua livre circulação, portanto, é da essência do sistema

democrático e do modelo de sociedade aberta e pluralista que

se pretende preservar e ampliar. Caberá ao interessado na não

divulgação demonstrar que, em determinada hipótese, existe

um interesse privado que sobrepuja o interesse público

residente na própria liberdade de expressão e informação.”

Claro, esta publicidade torna-se inadmissível quando trouxer a

pessoa pública utilizando certa marca de roupa, dirigindo um determinado veículo, e

a partir desta ação, seja a imagem utilizada para fins comerciais como a escolha

pessoal do famoso para tal objeto, sem a sua expressa concordância, por ser

inequívoco o fim comercial.

3.3 DIREITO À IMAGEM NA ESFERA DESPORTIVA

3.3.1 Direito à Imagem do Atleta Profissional

Como visto anteriormente, em função da possibilidade de

disponibilização das imagens, entende-se que elas são comercializadas

juridicamente. Tanto pela vontade do titular, como pela necessidade intrínseca de

sua própria condição, do interesse negocial.

A valorização da imagem do atleta profissional não é algo

novo. Este fenômeno vem desde antes das mais sofisticadas transmissões

televisivas. Quando a narrativa transmitida pelo rádio produzia a exposição de

determinados atletas que se destacavam perante um público.

Desta forma, a expansão tecnológica e as facilidades de se

reproduzir imagens de atletas, fizeram com que houvesse uma significativa

valorização da imagem e, conseqüente, lucrativa mercantilização.

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Exemplo do jogador de futebol Leônidas da Silva, considerado

o melhor jogador da Copa do Mundo de 1938, na França, após retornar ao Brasil,

devido à sua popularidade, fechou um contrato com a empresa Lacta para a

produção do chocolate “Diamante Negro”. 81

Dentre outros, o caso do jogador Ronaldo, primeiro brasileiro a

receber o titulo de embaixador da ONU, empresta sua imagem para campanhas da

entidade pela paz desde 1998, visitando regiões conflitantes como a de Kosovo,

Israel e Palestina.

Isso sem mencionar casos de outros esportes, como o do

jogador de basquete Michael Jordan, que movimentou, a partir da exploração de sua

imagem pela NBA – National Basketball Association, aproximadamente 10 bilhões

de dólares na economia americana.

3.3.2 O Contrato de Licença de Uso de Imagem

O contrato ideal para dispor da imagem do atleta é o de licença

de uso de imagem. Assim entendido que, não é a imagem o objeto de contrato, pois

sim sua licença de uso.

Ainda com relação à questão contratual, destacam-se os

ensinamentos de Paul Roubier, traduzidos no artigo publicado por Carlos Eduardo

Ambiel e Walter Godoy dos Santos Júnior82:

“Por ora dizemos apenas que na licença ocorre simplesmente a

concessão do exercício do direito de exploração, enquanto

direito propriamente dito permanece nas mãos de seu titular,

que não pretendeu dispor do mesmo. É isto que permite

distinguir a licença da cessão: por meio da cessão ocorre o

abandono, em todo ou em parte, do direito privativo; na licença

existe a simples concessão do exercício do direito e dela

81 UNIVERSO ON LINE – UOL. Leônidas da Silva – Biografias. Disponível em: http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u359.jhtm. Acesso em: 06 de outubro de 200982 Le Droit de la Propriété Industrielle, 1952, p. 143 (tradução livre) apud:AMBIEL, Carlos Eduardo; SANTOS JÚNIOR, Walter Godoy dos. Relação entre contrato de trabalho e contrato de licença de uso de imagem. Revista do Instituto Brasileiro de Direito Desportivo, n. 1, 2002.

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resulta que o titular do registro conserva para si, em princípio, o

direito de exploração.”

Como visto antes, mesmo o instituto da imagem figurando

entre os direitos de personalidade, far-se-á uma divisão com relação à característica

de intransmissibilidade desse direito, que apenas será válida cláusula que importe o

uso determinado e temporário da imagem.

Nos ensinamentos de Carlos Alberto Bittar83,

“os contratos devem especificar a finalidade, as condições do

uso, o tempo, o prazo e demais circunstâncias que compõem o

conteúdo do negócio, interpretando-se restritivamente, ou seja,

permanecendo no patrimônio do licenciante, outros usos não

enunciados por expresso. Não podem esses contratos –

quando da exclusividade – importar em cerceamento da

liberdade da pessoa ou sacrifício longo de sua personalidade,

sendo considerada nula como cláusula potestativa, a avença

que assim dispuser (ex.: um contrato em que o titular se

despojasse definitivamente de um direito dessa ordem).”

Com relação ao consentimento e a sua extensão, Felipe

Legrazie Ezabella84 explica que:

“O titular da imagem tem a faculdade de escolher as ocasiões e

os modos pelos quais vai aparecer em público. Isso implica

dizer que, caso haja no contrato a previsão da utilização da

imagem para anúncio em revista, esta não poderá ser utilizada

em outdoors ou jornais. Conclui-se que são ilícitos não só os

usos não consentidos, como também os que extrapolem os

limites previstos no contrato.”

83 BITTAR, Carlos Alberto. Os direitos da personalidade. 1995. P. 4684 EZABELLA, Felipe Legrazie. O direito desportivo e a imagem do atleta. São Paulo: IOB Thomson, 2006. P. 110

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3.3.3 O Contrato de Licença de Uso de Imagem do Atleta Celebrado com seu Empregador

Ao falar de contrato de licença de uso de imagem entre a

entidade de prática desportiva e o atleta profissional, é levado em conta o intuito da

celebração deste contrato, sua inter-relação com o contrato laboral e seus reflexos

no mundo jurídico.

Como já verificado, a valorização da imagem do atleta

profissional, e muitas vezes sua personificação como “herói” para os torcedores, fez

com que este trouxesse para si um investimento econômico bastante atrativo para

patrocinadores e para o clube em que este trabalha.

A imagem do atleta seria utilizada para, como exemplo,

“angariar associados e patrocinadores, vender camisas e acessórios da equipe,

divulgar a marca do clube por meio de comerciais, depoimentos, revista do clube,

revista em quadrinhos, site do clube, promoções para fidelização de torcedores,

aparições em eventos”

Quando da elaboração de contrato de trabalho, o clube pode

exercer o direito da utilização da imagem do atleta enquanto este estiver em sua

jornada de trabalho. Assim, o atleta tem a obrigação de utilizar o uniforme oficial de

sua equipe durante jogos, treinos, viagens, entrevistas.

Como destaca Ezabella85:

“[...] existem algumas imagens que podem ser exploradas pelo

empregador somente com a assinatura do contrato de trabalho,

pela natureza específica da profissão. A exploração da

imagem, fora da jornada de trabalho, depende da existência de

contrato de licença de uso de imagem que especifique a forma

em que esta será utilizada.”

85 EZABELLA, Felipe Legrazie. O direito Desportivo e a Imagem do Atleta. 2006. P. 116.

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O contrato de licença de uso de imagem, firmado entre a

entidade de prática desportiva e o atleta será escrito, contendo o prazo de validade,

remuneração, finalidade, uso prático, etc.

Por se tratar de um direito personalíssimo, é facultado o atleta

rescindi-lo a qualquer momento, cabendo a justiça cível apurar as perdas e danos

advindos desta quebra contratual.

No âmbito desportivo, o contrato de licença de uso de imagem

pode sofrer duas violações, sejam a falta de consentimento e o uso não autorizado.

Neste norte, encontram-se dois acórdãos do Supremo Tribunal de Justiça (STJ),

apresentados pelo ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira:

“I – o direito à imagem reveste-se de duplo conteúdo: moral,

porque direito de personalidade; patrimonial porque assentado

no princípio segundo o qual ninguém é licito loclupetar-se à

custa alheia.” (v. acórdão de 23.02.99, v.u. Quarta Turma do

RSP 74473/RJ); e

“I – O direito à imagem constitui um direito de personalidade

de caráter personalíssimo, protegendo o direito que tem a

pessoa de opor-se à divulgação, dessa imagem, em proteção à

sua vida privada.

II – (...)

III – A utilização da imagem de cidadão, com fins econômicos,

sem a sua devida autorização, constitui loclupetamento

indevido, ensejando a indenização.

IV – Em se tratando de direito à imagem, a obrigação da

reparação decorre do próprio uso do indevido do direito

personalíssimo, não havendo que se cogitar de prova da

existência de prejuízo ou dano. Em outras palavras, o dano é a

própria utilização indevida da imagem para fins lucrativos, não

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sendo necessária a demonstração do prejuízo material ou

moral.” (v. acórdão de 25.10.99, v.u. Quarta Turma no RESP

45305/SP)

Verifica-se que o julgado acima vem confirmar as violações que

a imagem está sujeita, podendo estas violações serem facilmente encontradas nas

relações contratuais em âmbito desportivo.

3.3.4 Da Natureza Jurídica do Contrato de Licença de Uso de Imagem

Como dito antes, por ser a cessão de uso da imagem um

instituto civil, não se pode considerar esta para efeitos trabalhistas, como bem

destaca Machado 86:

“De observar-se que, pela sua natureza e finalidade, a

retribuição pela cessão do direito de uso da imagem do jogador

não pode ser considerada para efeitos trabalhistas, e, pois, não

integra a remuneração para os efeitos de cálculo do valor da

cláusula penal por descumprimento, rompimento ou rescisão

unilateral ‘do contrato formal de trabalho’, prevista no art. 28 e

seus parágrafos da Lei Pelé”.

Além disso, o proposto no contrato de licença de uso de

imagem não sofre incidência fiscal sobre os contratos de trabalho.

3.4 DIREITO DE ARENA

3.4.1 Conceito

Zainaghi87 conceitua arena como:

“palavra latina que significa areia. O termo é usado no meio

desportivo, tendo em visa que, na Antiguidade, no local onde

86 MACHADO, Jayme Eduardo. O novo contrato desportivo profissional. 2000. P. 75 87 ZAINAGHI, Domingos Sávio. Os atletas profissionais de futebol no direito do trabalho. 1998. P. 145

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os gladiadores se enfrentavam entre si ou com animais

ferozes, o piso era coberto de areia.”

No contexto histórico, a arena sempre delimitou onde ocorriam

as atividades desportivas.

Nas primeiras manifestações, em que atletas amadores

praticavam partidas para multidões assistirem, as entidades organizadoras não

conseguiam balancear as despesas destas manifestações desportivas com apenas

as receitas no guichê, que ao tempo eram insuficientes.

O aumento do interesse do público, e a inflação da “ajuda de

custo” para certos atletas, supostamente amadores, fizeram com que os

organizadores fossem obrigados a encontrar outras fontes de receita.

A chegada da televisão trouxe os recursos de que o esporte e

os organizadores de seus eventos necessitavam.

Como colocado por Erickson Gavazza Marques88:

“No mais, é a televisão que garante a presença dos

anunciantes, pois ninguém se dispõe a patrocinar um

espetáculo se não há certeza de que a televisão estará

presente. Afinal, a retransmissão televisiva da manifestação

esportiva será vista por centenas, talvez milhares de

telespectadores localizados ao redor do mundo, diante da tela

de seus televisores, aptos a contemplarem também o produto e

a marca dos anunciantes.”

Com este fato, desenvolve-se o casamento entre a exploração

do espetáculo esportivo, por parte das empresas de rádio e televisão, com as

88 MARQUES, Erickson Gavazza. Liberdade de Informação, Internet, Árbitros de Futebol e Atletas Amadores: Aspectos Controvertidos da Comercialização das Imagens no Espetáculo Esportivo. IN: Curso de Direito Desportivo Sistêmico – São Paulo: Quartier Latin, 2007. P. 142

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entidades praticantes e administrativas do desporto. As receitas geradas pelas

transmissões atraíram o interesse de patrocinadores, como descreve Marques89:

“Assim, o interesse cada vez maior do grande público pelo

esporte levou os responsáveis pela programação das

empresas de televisão a reverem as suas prioridades na

escolha dos programas. E foi por este motivo que a televisão

deslocou-se em direção à arena para, ali, extrair importantes

receitas graças ao interesse de seus anunciantes, estes

preocupados em levar os seus produtos ao consumidor da

forma mais rápida e eficiente.”

3.4.2 Evolução do Direito de Arena

No Brasil, o legislador passou a contemplar a existência do

direito de arena na Lei de Direitos Autorais nº 5988/73, artigos 100 e 101:

“Art. 100. À entidade a que esteja vinculado o atleta pertence o

direito de autorizar, ou proibir a fixação, transmissão,

retransmissão, por quaisquer meios ou processos, de

espetáculo desportivo público, com a entrada paga.

Parágrafo único. Salvo convenção em contrário, vinte por

cento do preço da autorização serão distribuídos, em partes

iguais, aos atletas participantes do espetáculo.

Art. 101. O disposto no artigo anterior não se aplica à fixação

de partes do espetáculo, cuja duração, no conjunto, não

exceda à três minutos para fins exclusivamente de informação,

na imprensa cinema ou televisão.”

Ezabella 90 lembra que a presença do direito de arena na Lei de

Direitos Autorais gerou criticas e manifestações negativas de diversos doutrinadores:89 MARQUES, Erikson Gavazza. Liberdade de Informação, Internet, Árbitros de Futebol e Atletas Amadores: Aspectos Controvertidos da Comercialização das Imagens no Espetáculo Esportivo. IN: Curso de Direito Desportivo Sistêmico – São Paulo: Quartier Latin, 2007. P. 14390 EZABELLA, Felipe Legrazie. O direito desportivo e a imagem do atleta. P. 145

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“Inicialmente, o direito de arena foi introduzido na legislação

pátria, na Lei de Direitos Autorais (5.988 de 14.12.1973). Essa

inserção provocou inúmeras críticas de Walter Moraes e José

de Almeida, já que, em suas visões, atletas não são autores,

artistas, intérpretes ou executantes. Walter Moraes dizia ainda

que não existe, no espetáculo desportivo, produto intelectual

semelhante à obra ou à execução artística.”

Com o advento da nova Lei de Direitos Autorais, esta não mais

previu o instituto do direito de arena.

A partir da chegada da Lei Pelé (Lei 9615/98, artigo 42) o

direito de arena teve sua definição em um diploma que comportava suas

especificidades:

“Art. 42. Às entidades de prática desportiva pertence o direito

de negociar, autorizar e proibir a fixação, a transmissão ou

retransmissão de imagem de espetáculo ou eventos

desportivos de que participem.

§1º. Salvo convenção em contrário, vinte por cento do preço

total da autorização, como mínimo, será distribuído em partes

iguais, aos atletas profissionais participantes do espetáculo ou

do evento.

§2º. O disposto neste artigo não se aplica a flagrantes de

espetáculo ou evento desportivo para fins, exclusivamente

jornalísticos e educativos, cuja duração, no conjunto, não

exceda três por cento do total do tempo previsto para o

espetáculo.”

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3.4.3 Características

3.4.3.1 Da Titularidade

Esta disposição traz a prerrogativa das entidades de prática

desportiva de dispor da imagem de espetáculos ou eventos desportivos de que

tomem parte.

Enquanto entidades de prática desportivas juridicamente

organizadas como associações empregadoras, cabe a elas condicionar a

negociação, com os interessados, a fixação, transmissão ou retransmissão das

imagens do grupo de atletas profissionais, nos eventos em que os mesmos

participem.

Zainaghi91 identifica algumas razões para esta titularidade do

direito de arena caber às entidades de prática desportiva:

“Apesar de parecer estranho que o atleta não detenha a

titularidade de um direito ligado à sua imagem, a opção da lei é

explicada pelo fato de que seria quase impossível conseguir-se

a anuência de todos os atletas, e, ainda, pelo fato de ser o

clube quem oferece o espetáculo; as disputas são entre os

clubes e não entre os atletas, além do que, o que faz com que

desperte interesse do público são as cores de uma

determinada equipe, independente dos atletas que a

compõem.”

3.4.3.2 Do Direito dos Atletas

Em seu parágrafo primeiro, o artigo 42 assegura, nesta tutela

legal, um mínimo de 20% da fonte gerada a partir das transmissões, para os atletas

que participarem do espetáculo ou do evento.

91 ZAINAGHI, Domingos Sávio. Os atletas profissionais de futebol e o direito de trabalho. 1995. P. 148

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O repasse do lucro advém da proteção à imagem do atleta

transcrita na Constituição Federal de 1988, como bem lembra Jayme Eduardo

Machado92:

“Essa tutela legal específica reconhece e assegura, num

mínimo de 20%, um direito da personalidade que a

Constituição Federal também não ignora, pois o seu inciso

XXVIII do art. 5º prevê a proteção às participações individuais

em obras coletivas e à produção da imagem e voz humanas,

incluindo as atividades desportivas”

3.4.3.3 Da Natureza Jurídica do Direito de Arena

O direito de arena tem natureza de remuneração, visto que

advêm de atividade laboral, sendo interpretada como gorjetas. Zainaghi 93, assim

discorre:

“(...) forçoso é concluir que o direito de arena, quanto à parte

do pagamento ao jogador de futebol, tem natureza jurídica de

remuneração, pois guarda similitude com as gorjetas previstas

no art. 457 da CLT.

Ainda,

“bem mais fácil de apurar o valor deste recebimento do que o

das gorjetas, pois existe entre clubes e emissoras um contrato,

não havendo que se estimar o quantum do direito de arena,

situação que ocorre com as gorjetas, tendo em vista a

dificuldade de apuração real das mesmas.”

Zainaghi tem seu entendimento confirmado em recente

julgamento pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST):

92 MACHADO, Jayme Eduardo. O novo contrato desportivo profissional. 2000. P. 7493 ZAINAGHI. Domingos Sávio. Os atletas profissionais de futebol e o direito do trabalho. P. 152

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“2.7 DIREITO DE ARENA – INTEGRAÇÃO – DIFERENÇAS –

Conquanto o direito de imagem do atleta seja pago por

terceiros (emissoras de televisão) às entidades de prática

desportiva, que, por sua vez, e por força de lei (Lei nº

9.615/1998), repassam parte dos valores pagos a esse título

aos atletas, trata-se de parcela que, tal como as gorjetas,

integra a remuneração, já que é percebida em razão do

trabalho prestado. Recurso de revista a que não se conhece.”

(TST, RR 226/2202-014-03-00.7, 3ª Turma, Rel. Juiz Conv.

Ricardo Machado, DJ 20.05.2005)

Há os que interpretam o direito de arena como de índole

indenizatória, como identifica Ezabella 94:

“Alguns julgados da Justiça do Trabalho entendem não ter o

direito de arena natureza salarial, sendo a verba devida ao

atleta de índole indenizatória, eis que se destina a ressarcir o

envolvido na exposição pública da imagem coletiva dos

espetáculos, não constituindo, assim, contraprestação por

atividade laboral”

Para o referido autor, o principal ponto para ter esta visão

quanto a natureza salarial do direito de arena vem de toda sua evolução histórica,

que foi sempre tratado dentro do âmbito do direito autoral, como já destacado

anteriormente neste trabalho.

3.5 DIREITO DE ARENA VERSUS DIREITO À IMAGEM

Os institutos do Direito de arena e direito à imagem se

confundem no meio desportivo. Porém, a doutrina e jurisprudência destacam alguns

pontos que fazem a distinção destes direitos.94 EZABELLA, Felipe Legrazie. O direito desportivo e a imagem do atleta. 2006. P. 152

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Como já visto anteriormente, o direito à imagem e o direito de

arena diferem quanto sua titularidade.

O direito à imagem é personalíssimo e pode ser negociado

pelo atleta (ou a empresa que o detém) diretamente com a entidade de prática

desportiva, cabendo as partes estipularem livremente seus valores e regras.

Já o direito de arena pertence à entidade de prática que

poderá, livremente, negociar, autorizar e proibir a fixação, a transmissão ou

retransmissão da imagem do espetáculo desportivo, segundo determina o art. 42 da

Lei 9.615/98.

Ezabellla95 ressalta a diferença da titularidade destes institutos:

“O direito de arena é reconhecido à entidade a que pertença o

atleta, e não ao titular da imagem individual, a pessoa natural.

O direito de arena alcança o conjunto do espetáculo desportivo,

não afastando, em hipótese alguma, o direito de imagem do

atleta que for destacado do todo.”

O valor repassado para o atleta é uma porcentagem de no

mínimo vinte por cento do preço total da transmissão, salvo disposição em contrário.

Quanto a este pequeno valor para a participação dos atletas,

elucida Álvaro Melo Filho 96:

“propósito, registre-se, que na era das comunicações, onde o

desporto é transformado em espetáculo, em shows de exibição

individual e coletiva, o atleta transmudou-se em um artista,

numa atração de massa, e, conseqüentemente, em mercadoria

altamente lucrativa aos interessados na sua ‘industrialização e

comercialização’”.

Ainda destacam-se algumas diferenças quanto à natureza

jurídica dos dois institutos sendo o direito de arena trabalhista (conforme 95 EZABELLA, Felipe Legrazie. O direito desportivo e a imagem do atleta. 2006. P. 14796 FILHO, Álvaro Melo. Novo regime jurídico do desporto. Brasília; Brasília Jurídica. 2001. P 158.

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entendimento de parte da doutrina) e o direito à imagem de natureza civil, referente,

a fins comerciais.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho de conclusão do curso teve como objetivo

estudar o Contrato de Licença de Uso de Imagem de Atleta de Futebol Profissional,

à luz da legislação desportiva, destacando-se a Lei 9.615/98, bem como outros

dispositivos legais pertinentes ao instituto da imagem.

O interesse pelo tema deu-se em razão da atualidade do

mesmo, visto que o retorno ou mesmo a contratação de atletas de nível internacional

como Ronaldo (Corinthians), Adriano (Flamengo), Fred (Fluminense), Maxi Lopez

(Grêmio), D’Alessandro (Internacional) e outros, trouxeram para os clubes a

oportunidade de negociar com os atletas a publicação da imagem dos mesmos com

o fim de angariar fundos, vender produtos com o nome dos atletas e promover sua

marca tanto no território nacional como mundial.

Desde que o Futebol tomou proporções mundiais, atraindo a

cada dia, mais e mais aficionados pelo esporte, as entidades de prática desportivas

buscam maneiras de lucrar com este fenômeno que chega a envolver cifras

equivalentes ao PIB da Argentina.

Para seu desenvolvimento lógico e metodológico, o trabalho foi

dividido em três capítulos. No primeiro foi abordada a origem do futebol, seu

surgimento nas civilizações antigas, sua organização com regramentos específicos,

até a sua chegada no Brasil, passando pela evolução das entidades de prática

desportiva e das entidades reguladoras da profissão e do ordenamento jurídico

desportivo.

No segundo capítulo, foi demonstrado o conceito de Contrato

de Trabalho, as peculiaridades do Contrato de Trabalho do Atleta de Futebol

Profissional, seus elementos essenciais que devem estar no contrato para sua

validação, sua natureza jurídica, aspectos, características e outros itens necessários

para sua compreensão.

No terceiro e último capítulo, examinou-se o instituto da

imagem do atleta, quanto as suas características, sua presença no ordenamento

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jurídico brasileiro, a necessidade de consentimento da pessoa natural para utilização

de sua própria imagem, bem como esta utilização no âmbito desportivo. Foi

destacado como é feita a exploração da imagem do atleta, pelo próprio e pela

entidade de prática desportiva ao qual se encontra vinculado, além do instituto do

direito de arena.

A pesquisa teve base três hipóteses relevantes ao tema:

1º Existem peculiaridades que diferenciam o contrato Individual

de Trabalho e o Contrato de Trabalho de Atleta de Futebol Profissional?

2º Existem diferenças entre o Direito à Imagem e o Direito de

Arena?

A primeira hipótese foi confirmada, visto que de acordo com o

art. 28 da Lei 9.615/98, o Contrato de Atleta Profissional de Futebol necessita

constar obrigatoriamente a Cláusula Penal, o prazo determinado – não inferior a três

meses, nem superior a cinco anos –, ser pactuado por escrito, devendo ser

registrado no Conselho Regional de Desportos e na respectiva Confederação.

Quanto à 2ª hipótese, restou confirmada as diferenças entre o

Direito à Imagem e o Direito de Arena. Primeiramente quanto a sua titularidade, visto

que o Direito à Imagem cabe ao atleta, a pessoa natural fazer a cessão ou não de

sua imagem. Enquanto que o direito de arena é de titularidade da entidade de

prática desportiva que, de acordo com o art. 42 da Lei 9.615/98, pode autorizar,

negociar e proibir a fixação, transmissão e retransmissão de imagem de espetáculo

em que seus atletas participem. Outra diferença verificada foi com relação à

natureza jurídica, que se comprovou haver distinção, sendo um trabalhista (direito de

arena) e outro de natureza civil (direito de arena)

Registra-se, ao fim, a confirmação integral das hipóteses

anteriormente levantadas.

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