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Certificação CPA 20 V 9.8 1 6. Compliance Legal, Ética e Análise do Perfil do Investidor ................................................... 3 6.1 Risco de Imagem (Reputação) e Risco Legal (Não cumprimento da Legislação/Regulamentação): Implicação da Não Observância dos Princípios e Regras de Compliance Legal e Ética. .............................................................................................................3 6.2 Controles Internos: Resolução CMN 2.554/98, Artigo 1º ...............................................................3 6.2.1 Segregação de Atividades de forma a evitar possíveis conflitos de interesses (Chinese Wall) e definição de responsabilidades Art. 2º .......................................................................................................3 6.2.2 Política de Segurança da Informação: Artigos 2º Capítulos IV e VII .........................................................4 6.3 Prevenção e Combate a Lavagem de Dinheiro ou Ocultação de Bens, Direitos e Valores ............6 6.3.1 Legislação e Regulamentação Correlata (Lei 9.613/98 e Circular BACEN 3.461/09, Lei 12.863/12 e suas alterações) .........................................................................................................................................6 6.3.1.1 Conceitos e Tipos “Colocação’, “ Ocultação” e “ Integração” (Lei 9.613, cap. I, art. 1º) .................6 6.3.1.2 Quem está sujeito à lei e à regulamentação: abrangência, amplitude e responsabilidades dos profissionais e das Instituições Financeiras e Não-Financeiras (Lei 9.613, cap. V, art. 9º e Circular 3.461/09) .............................................................................................................................................6 6.3.1.3 Identificação dos clientes e da manutenção dos registros (Lei 9.613/98, Cap. VI art. 10º e circular 3.461/09) .............................................................................................................................................7 6.3.1.4 Identificação e Comunicação de Operações Atípicas / Suspeitas (Lei 9.613, cap. VII, art. 11) ........8 6.3.1.5 Políticas e Procedimentos de Prevenção / Combate ao Crime de Lavagem de Dinheiro / Organismos Nacionais e de Cooperação Internacional. A Convenção de Viena e o Decreto nº 154/91 (Lei 9.613, cap. IX e Circular 3.461/09) ..................................................................................9 6.3.2 Aplicação do Princípio “Conheça seu cliente”..........................................................................................12 6.3.2.1 Função do cadastro e implicações de um cadastro desatualizado. Análise da capacidade financeira do cliente ..........................................................................................................................12 6.3.2.2 O princípio “Conheça seu Cliente” como forma de proteção da Instituição Financeira e do Profissional. .......................................................................................................................................15 6.4 Normas e Padrões Éticos ............................................................................................................ 15 6.4.1 Utilização Indevida de Informações Privilegiadas (contexto de negociação - mercado primário e secundário em renda fixa e renda variável valorização de cotas em fundos de investimento, manipulação de preços) ...........................................................................................................................15 6.4.1.1 O “Insider Trader”. Conceito .............................................................................................................16 6.4.1.2 O “Front Runner”. Conceito ..............................................................................................................16 6.4.2 Adequação dos Produtos Vendidos. Conhecimento de Nível de Risco Suportável pelo Investidor .......16 6.4.2.1 Conhecimento do cliente e suas necessidades (idade, objetivo de investimento, horizonte do investimento, tolerância ao risco) .....................................................................................................16 6.4.2.2 Circunstâncias do Portfólio ...............................................................................................................18 6.4.2.2.1 Investimento Proposto.............................................................................................................................. 18 6.4.2.2.2 Portfolio Resultante .................................................................................................................................. 19 6.4.2.2.3 Readequação de Carteira a partir de desenquadramento em relação à Política de Investimento do Cliente ...................................................................................................................................................... 19 6.4.2.2.3.1 Formas de Controle (Gestão de Risco) ................................................................................................................... 19 6.4.2.2.3.2 Informação ao Cliente ............................................................................................................................................. 20 6.4.3 Confidencialidade .....................................................................................................................................20 6.4.4 Conflito de interesses ...............................................................................................................................20

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Certificação – CPA 20 V 9.8

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6. Compliance Legal, Ética e Análise do Perfil do Investidor ................................................... 3

6.1 Risco de Imagem (Reputação) e Risco Legal (Não cumprimento da Legislação/Regulamentação): Implicação da Não Observância dos Princípios e Regras de Compliance Legal e Ética. ............................................................................................................. 3

6.2 Controles Internos: Resolução CMN 2.554/98, Artigo 1º ............................................................... 3

6.2.1 Segregação de Atividades de forma a evitar possíveis conflitos de interesses (Chinese Wall) e definição de responsabilidades Art. 2º ....................................................................................................... 3

6.2.2 Política de Segurança da Informação: Artigos 2º Capítulos IV e VII ......................................................... 4

6.3 Prevenção e Combate a Lavagem de Dinheiro ou Ocultação de Bens, Direitos e Valores ............ 6

6.3.1 Legislação e Regulamentação Correlata (Lei 9.613/98 e Circular BACEN 3.461/09, Lei 12.863/12 e suas alterações) ......................................................................................................................................... 6

6.3.1.1 Conceitos e Tipos – “Colocação’, “ Ocultação” e “ Integração” (Lei 9.613, cap. I, art. 1º) ................. 6

6.3.1.2 Quem está sujeito à lei e à regulamentação: abrangência, amplitude e responsabilidades dos profissionais e das Instituições Financeiras e Não-Financeiras (Lei 9.613, cap. V, art. 9º e Circular 3.461/09) ............................................................................................................................................. 6

6.3.1.3 Identificação dos clientes e da manutenção dos registros (Lei 9.613/98, Cap. VI art. 10º e circular 3.461/09) ............................................................................................................................................. 7

6.3.1.4 Identificação e Comunicação de Operações Atípicas / Suspeitas (Lei 9.613, cap. VII, art. 11) ........ 8

6.3.1.5 Políticas e Procedimentos de Prevenção / Combate ao Crime de Lavagem de Dinheiro / Organismos Nacionais e de Cooperação Internacional. A Convenção de Viena e o Decreto nº 154/91 (Lei 9.613, cap. IX e Circular 3.461/09) .................................................................................. 9

6.3.2 Aplicação do Princípio “Conheça seu cliente”.......................................................................................... 12

6.3.2.1 Função do cadastro e implicações de um cadastro desatualizado. Análise da capacidade financeira do cliente .......................................................................................................................... 12

6.3.2.2 O princípio “Conheça seu Cliente” como forma de proteção da Instituição Financeira e do Profissional. ....................................................................................................................................... 15

6.4 Normas e Padrões Éticos ............................................................................................................ 15

6.4.1 Utilização Indevida de Informações Privilegiadas (contexto de negociação - mercado primário e secundário em renda fixa e renda variável – valorização de cotas em fundos de investimento, manipulação de preços) ........................................................................................................................... 15

6.4.1.1 O “Insider Trader”. Conceito ............................................................................................................. 16

6.4.1.2 O “Front Runner”. Conceito .............................................................................................................. 16

6.4.2 Adequação dos Produtos Vendidos. Conhecimento de Nível de Risco Suportável pelo Investidor ....... 16

6.4.2.1 Conhecimento do cliente e suas necessidades (idade, objetivo de investimento, horizonte do investimento, tolerância ao risco) ..................................................................................................... 16

6.4.2.2 Circunstâncias do Portfólio ............................................................................................................... 18

6.4.2.2.1 Investimento Proposto.............................................................................................................................. 18

6.4.2.2.2 Portfolio Resultante .................................................................................................................................. 19

6.4.2.2.3 Readequação de Carteira a partir de desenquadramento em relação à Política de Investimento do Cliente ...................................................................................................................................................... 19

6.4.2.2.3.1 Formas de Controle (Gestão de Risco) ................................................................................................................... 19

6.4.2.2.3.2 Informação ao Cliente ............................................................................................................................................. 20

6.4.3 Confidencialidade ..................................................................................................................................... 20

6.4.4 Conflito de interesses ............................................................................................................................... 20

Certificação – CPA 20 V 9.8

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6.5 Análise do Perfil do Investidor ..................................................................................................... 21

6.5.1 Fatores que determinam o perfil do investidor ......................................................................................... 22

6.5.2 Adequação de produtos em função do perfil do investidor ...................................................................... 23

Certificação – CPA 20 V 9.8

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6. Compliance Legal, Ética e Análise do Perfil do Investidor

6.1 Risco de Imagem (Reputação) e Risco Legal (Não cumprimento da Legislação/Regulamentação): Implicação da Não Observância dos Princípios e Regras de Compliance Legal e Ética.

Os Riscos de imagem ou reputação se originam, entre outras causas, de falhas operacionais e de deficiências no cumprimento de leis e de regulamentos relevantes.

Riscos de reputação podem ser danosos para instituições financeiras, já que seus negócios requerem a confiança de depositantes, de credores, concorrentes, órgãos governamentais e do mercado como um todo. Exemplos:

Envolvimento da instituição em processos de lavagem de dinheiro;

Remessas ilegais de moeda para o exterior;

Fundos de Investimento alavancados com perdas elevadas;

Boatos sobre a saúde financeira de uma instituição.

O Risco Legal pode se definido como uma incerteza dos retornos de uma instituição, se seus contratos não possam ser legalmente amparados por falta de representatividade por parte de um negociador, por documentação insuficiente, insolvência ou ilegalidade.

Perdas decorrentes com sanções por órgãos reguladores e indenizações por danos a terceiros, por violação da legislação vigente são classificadas como risco de legislação.

6.2 Controles Internos: Resolução CMN 2.554/98, Artigo 1º

Trata de controles internos, tendo como principal objetivo determinar que as instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo BACEN, realizem a implantação e implementação de controles internos voltadas para atividades por elas desenvolvidas, seus sistemas de informações financeiras, operacionais e gerenciais e o cumprimento das normas legais e regulamentares a elas aplicáveis. Os controles internos, independentemente do porte da instituição, devem se efetivos e consistentes com a natureza, complexidade e risco das operações por ela realizadas.

6.2.1 Segregação de Atividades de forma a evitar possíveis conflitos de interesses (Chinese Wall) e definição de responsabilidades Art. 2º

Chinese Wall

Todas as atividades desempenhadas dentro de uma instituição financeira devem atender ao princípio da segregação, evitando assim situações de conflito de interesses.

A prática mais utilizada pelo mercado para evitar as situações de conflitos de interesses mais importantes é a separação total das atividades conflitantes em diretorias-executivas diferentes, podendo chegar até a criação de empresas totalmente apartadas. A esta prática convencionou-se chamar de “Chinese Wall” ou “Muralha Chinesa”, significando que foi criada uma muralha intransponível entre as atividades.

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Um bom exemplo disto é a separação entre as atividades de Gestão de Recursos de Terceiros e as demais atividades das instituições financeiras, principalmente daquelas atividades relacionadas à Gestão de Recursos Próprios (Tesouraria), regulamentada pelo Banco Central em novembro de 1997.

No processo de análise, decisão e operacionalização de um investimento, a empresa responsável pela gestão da carteira de um fundo de investimento pode envolver-se em considerações que a beneficiem, direta ou indiretamente, mas não tragam benefícios para os cotistas do fundo.

Tais situações abrangem, por exemplo, a aquisição de título ou valor mobiliário diretamente do emissor ou por meio de um agente de distribuição, a compra ou venda de título ou valor mobiliário ou contrato de derivativos por meio de sociedade corretora.

Em todas essas operações, há remunerações tais como corretagens e comissões que penalizam os investimentos enquanto beneficiam contrapartes. Há casos, ainda, em que decisões de investimento podem afetar as posições proprietárias de instituições financeiras (tesourarias). Tais possibilidades apresentam-se como potenciais geradoras de conflitos de interesse, uma vez que as decisões podem ser afetadas por expectativas de ganhos para outras áreas de negócio da instituição gestora ou outras empresas de um mesmo conglomerado financeiro.

A redução dos riscos inerentes a tais conflitos conduziu a um processo de separação entre a atividade de gestão de recursos de terceiros e as demais atividades conduzidas pelas instituições financeiras. A esta separação dá-se o nome de Chinese Wall. Este princípio passou a ser adotado no Brasil quando o BC publicou, em novembro de 1997, a Resolução nº 2.451, do Conselho Monetário Nacional (CMN), tornando obrigatória a criação de unidades juridicamente segregadas das instituições financeiras para o desenvolvimento da atividade de administração de fundos de investimento.

Esta separação jurídica, contudo, não elimina a possibilidade de conflitos de interesse, uma vez que os vínculos societários não permitem a total independência nas decisões de cada unidade de negócio de um conglomerado.

Para gerir os recursos disponíveis na instituição financeira e os recursos pertencentes aos patrimônios dos fundos de investimento, os profissionais de mercado executam a mesma atividade, ou seja, negociam títulos, valores mobiliários, derivativos, etc. Ora, este tipo de atividade, sendo desempenhada pela mesma equipe, para estes dois públicos diferentes (Banco x Investidores), submete o profissional a uma situação de conflito de interesse:

Se por um lado, o seu objetivo é gerar o melhor resultado possível para os clientes do fundo, que negociam seus recursos através do banco;

Por outro pode se deparar com uma situação, onde tenha de decidir em qual das duas entidades - fundo ou banco - deve registrar uma operação lucrativa ou assumir um prejuízo;

Um outro exemplo é o conflito entre a atividade de underwriting de ações e atividade de aconselhamento financeiro;

Se por um lado, a equipe de profissionais tem por missão dar aconselhamento aos seus clientes sobre as melhores oportunidades de negócios do mercado;

Por outro, enfrenta o conflito de ter de fazer, no mínimo, o melhor esforço para a colocação de ações por meio de underwriting no mercado, o que pode levá-lo a forçar a venda de ações não adequadas ao perfil do cliente.

6.2.2 Política de Segurança da Informação: Artigos 2º Capítulos IV e VII

Art. 2º Os controles internos, cujas disposições devem ser acessíveis a todos os funcionários da instituição de forma a assegurar sejam conhecidas a respectiva função no processo e as responsabilidades atribuídas aos diversos níveis da organização, devem prever:

IV. a existência de canais de comunicação que assegurem aos funcionários, segundo o correspondente nível e atuação, o acesso a confiáveis, tempestivas e compreensíveis informações consideradas relevantes para suas tarefas e responsabilidades;

VII. a existência de testes periódicos de segurança para os sistemas de informações, em especial para os mantidos em meio eletrônico.

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A Política de Segurança da Informação serve como base ao estabelecimento de normas e procedimentos que garantem a segurança da informação, bem como determina as responsabilidades relativas à segurança dentro da instituição. A instituição deve zelar pelos seus sistemas internos, de modo a garantir que as informações por eles geradas, armazenadas, processadas e disponibilizadas sejam confiáveis e seguras.

A elaboração de uma Política de Segurança da Informação deve ser o ponto de partida para o gerenciamento dos riscos associados aos sistemas de informação.

Para atender as principais necessidades da empresa, uma Política de Segurança da Informação deve ser:

Clara e concisa;

De fácil compreensão;

Coerente com as ações da empresa;

Amplamente divulgada;

Revisada periodicamente.

A Política de Segurança da Informação visa preservar a confidencialidade, integridade e disponibilidade das informações, descrevendo a conduta adequada para o seu manuseio, controle, proteção e descarte. Para tanto os seguintes procedimentos devem ser adotados:

estabelecimento de rotinas que critiquem os dados, com o objetivo de permitir a identificação de inconsistências;

procedimentos de conciliação dos dados incorporados aos sistemas;

controles de acesso para garantir a integridade e a confidencialidade das informações;

definições de poderes, com segregação de função, com objetivo de controlar os limites e alçadas estabelecidos pela instituição financeira;

procedimentos que garantam a segurança física dos dados (servidores, backup, plano de contingência, etc);

definição de relatórios gerenciais que permitam aos gestores da instituição avaliação periódica das informações contidas no sistema;

procedimentos que garantam o cumprimento da legislação no que diz respeito à aquisição de softwares e hardwares e uso de licenças;

procedimentos referentes a gerenciamento das redes internas de computadores em baixa plataforma;

estabelecer plano de auditoria interna, específico para o item: sistema de informação.

Plano de Contingência

O Plano de Contingência é um documento onde estão definidas as responsabilidades, estabelecida uma organização para atender a uma emergência e contém informações detalhadas sobre as características da área envolvida. É um documento desenvolvido com o intuito de treinar, organizar, orientar, facilitar, agilizar e uniformizar as ações necessárias às respostas de controle e combate às ocorrências anormais e devem apresentar:

Ambiente ou local alternativo para implementar a operação em situação de contingência;

Requerimento mínimo de Hardware, Software e volumes envolvidos nas situações de contingência;

Relatórios mínimos necessários em situações contingenciais;

Manual de procedimento sobre todo o processo de contingência, desde a equipe que aciona a situação de contingência até a situação de conciliação das tarefas desempenhadas na pós-contingência;

Ponto de controle e monitoramento, em caso de necessidade da equipe, durante a situação contingencial;

Pessoal envolvido treinado para operar em situação de contingência;

Programa periódico de testes dos procedimentos de contingência.

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6.3 Prevenção e Combate a Lavagem de Dinheiro ou Ocultação de Bens, Direitos e Valores

A maior parte deste capítulo é baseada nas informações disponibilizadas no site do COAF (Conselho de Controles de Atividades Financeiras).

6.3.1 Legislação e Regulamentação Correlata (Lei 9.613/98 e Circular BACEN 3.461/09, Lei 12.863/12 e suas alterações)

Lei 9.613/98

Dispõe sobre o crime de “lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores” e cria o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), órgão disciplinar responsável pela prevenção e combate da prática de “lavagem de dinheiro”.

Circular BACEN 3.461/09

Produzindo efeitos a partir de 24/07/09, esta circular define procedimentos a serem adotados pelo Sistema Financeiro Nacional na prevenção e combate às atividades relacionadas com os crimes previstos na Lei 9.613/98.

6.3.1.1 Conceitos e Tipos – “Colocação’, “ Ocultação” e “ Integração” (Lei 9.613, cap. I, art. 1º)

Colocação : fazer o dinheiro passar pelo caixa ou balcão das instituições financeiras.

É a colocação do dinheiro ilícito no sistema financeiro, de forma a torna-lo mais portátil e menos suspeito, ou seja, objetiva ocultar sua origem. Isto pode ser feito, através de depósitos e transferências em contas correntes, compra e venda de moedas estrangeiras, etc.

Ocultação / Estratificação: Confundir o rastreamento por meio de transferências e/ou aplicações múltiplas.

Compreende a realização de uma série de transações financeiras que, em sua variedade, complexidade de volume, procuram esconder o dinheiro ilícito. O objetivo é quebrar a cadeia de evidências ante a possibilidade da realização de investigações sobre a origem do dinheiro.

Integração: trazer o dinheiro de volta à economia, agora com origem, aparentemente legítima.

é o passo final no ciclo de lavagem. O dinheiro ilícito que agora está “limpo” é incorporado, formalmente ao sistema econômico. As organizações criminosas buscam investir em empreendimentos que facilitem suas atividades, podendo tais sociedades prestarem serviços ente si, por meio de empréstimos ou geração de lucros falsos.

6.3.1.2 Quem está sujeito à lei e à regulamentação: abrangência, amplitude e responsabilidades dos profissionais e das Instituições Financeiras e Não-Financeiras (Lei 9.613, cap. V, art. 9º e Circular 3.461/09)

Capítulo V

Art. 9º - Sujeitam-se às obrigações referidas nos arts. 10 e 11 as pessoas jurídicas que tenham, em caráter permanente ou eventual, como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não:

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I. a captação, intermediação e aplicação de recursos financeiros de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira;

II. a compra e venda de moeda estrangeira ou ouro como ativo financeiro ou instrumento cambial;

III. a custódia, emissão, distribuição, liquidação, negociação, intermediação ou administração de títulos ou valores mobiliários.

Parágrafo único - Sujeitam-se às mesmas obrigações:

I. as bolsas de valores e bolsas de mercadorias ou futuros;

II. as seguradoras, as corretoras de seguros e as entidades de previdência complementar ou de capitalização;

III. as administradoras de cartões de credenciamento ou cartões de crédito, bem como as administradoras de consórcios para aquisição de bens ou serviços;

IV. as administradoras ou empresas que se utilizem de cartão ou qualquer outro meio eletrônico, magnético ou equivalente, que permita a transferência de fundos;

V. as empresas de arrendamento mercantil (leasing) e as de fomento comercial (factoring);

VI. as sociedades que efetuem distribuição de dinheiro ou quaisquer bens móveis, imóveis, mercadorias, serviços, ou, ainda, concedam descontos na sua aquisição, mediante sorteio ou método assemelhado;

VII. as filiais ou representações de entes estrangeiros que exerçam no Brasil qualquer das atividades listadas neste artigo, ainda que de forma eventual;

VIII. as demais entidades cujo funcionamento dependa de autorização de órgão regulador dos mercados financeiro, de câmbio, de capitais e de seguros;

IX. as pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, que operem no Brasil como agentes, dirigentes, procuradoras, comissionarias ou por qualquer forma representem interesses de ente estrangeiro que exerça qualquer das atividades referidas neste artigo;

X. as pessoas jurídicas que exerçam atividades de promoção imobiliária ou compra e venda de imóveis;

XI. as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem joias, pedras e metais preciosos, objetos de arte e antiguidades.

6.3.1.3 Identificação dos clientes e da manutenção dos registros (Lei 9.613/98, Cap. VI art. 10º e circular 3.461/09)

Capítulo VI

Art. 10º - As pessoas referidas no art. 9º:

I. identificarão seus clientes e manterão cadastro atualizado, nos termos de instruções emanadas das autoridades competentes;

II. manterão registro de toda transação em moeda nacional ou estrangeira, títulos e valores mobiliários, títulos de crédito, metais, ou qualquer ativo passível de ser convertido em dinheiro, que ultrapassar limite fixado pela autoridade competente e nos termos de instruções por esta expedidas;

III. deverão atender, no prazo fixado pelo órgão judicial competente, as requisições formuladas pelo Conselho criado pelo art. 14, que se processarão em segredo de justiça.

§ 1º - Na hipótese de o cliente constituir-se em pessoa jurídica, a identificação referida no inciso I deste artigo deverá abranger as pessoas físicas autorizadas a representá-la, bem como seus proprietários.

§ 2º - Os cadastros e registros referidos nos incisos I e II deste artigo deverão ser conservados durante o período mínimo de cinco anos a partir do encerramento da conta ou da conclusão da transação, prazo este que poderá ser ampliado pela autoridade competente.

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§ 3º - O registro referido no inciso II deste artigo será efetuado também quando a pessoa física ou jurídica, seus entes ligados, houver realizado, em um mesmo mês-calendário, operações com uma mesma pessoa, conglomerado ou grupo que, em seu conjunto, ultrapassem o limite fixado pela autoridade competente.

Circular 3.461/09, art. 1º

Art. 1º As instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil devem implementar políticas e procedimentos internos de controle destinados a prevenir sua utilização na prática dos crimes de que trata a Lei nº 9.613, de 3 de março de 1998.

§ 1º As políticas de que trata o caput devem:

I. especificar, em documento interno, as responsabilidades dos integrantes de cada nível hierárquico da instituição;

II. contemplar a coleta e registro de informações tempestivas sobre clientes, que permitam a identificação dos riscos de ocorrência da prática dos mencionados crimes;

III. definir os critérios e procedimentos para seleção, treinamento e acompanhamento da situação econômico-financeira dos empregados da instituição;

IV. incluir a análise prévia de novos produtos e serviços, sob a ótica da prevenção dos mencionados crimes; V. ser aprovadas pelo conselho de administração ou, na sua ausência, pela diretoria da instituição; VI. receber ampla divulgação interna.

§ 2º Os procedimentos de que trata o caput devem incluir medidas prévia e expressamente estabelecidas, que permitam:

I. confirmar as informações cadastrais dos clientes e identificar os beneficiários finais das operações; II. possibilitar a caracterização ou não de clientes como pessoas politicamente expostas.

§ 3º Para os fins desta circular, considera-se cliente eventual ou permanente qualquer pessoa natural ou jurídica com a qual seja mantido, respectivamente em caráter eventual ou permanente, relacionamento destinado à prestação de serviço financeiro ou à realização de operação financeira.

6.3.1.4 Identificação e Comunicação de Operações Atípicas / Suspeitas (Lei 9.613, cap. VII, art. 11)

Capítulo VII

Art. 11º As pessoas referidas no art. 9º;

I. dispensarão especial atenção às operações que, nos termos de instruções emanadas das autoridades competentes, possam constituir-se em sérios indícios dos crimes previstos nesta Lei, ou com eles relacionar-se;

II. deverão comunicar, abstendo-se de dar aos clientes ciência de tal ato, no prazo de vinte e quatro horas, às autoridades competentes:

a) todas as transações constantes do inciso II do art. 10 que ultrapassem limite fixado, para esse fim, pela mesma autoridade e na forma e condições por ela estabelecida;

b) a proposta ou a realização de transação prevista no inciso I deste artigo.

§ 1º As autoridades competentes, nas instruções referidas no inciso I deste artigo, elaborarão relação de operações que, por suas características, no que se refere às partes envolvidas, valores, forma de realização, instrumentos utilizados, ou pela falta de fundamento econômico ou legal, possam configurar a hipótese nele prevista.

§ 2º As comunicações de boa-fé, feitas na forma prevista neste artigo, não acarretarão responsabilidade civil ou administrativa.

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§ 3º As pessoas para as quais não exista órgão próprio fiscalizador ou regulador farão as comunicações mencionadas neste artigo ao Conselho de Controle das Atividades Financeiras – COAF e na forma por ele estabelecida.

6.3.1.5 Políticas e Procedimentos de Prevenção / Combate ao Crime de Lavagem de Dinheiro / Organismos Nacionais e de Cooperação Internacional. A Convenção de Viena e o Decreto nº 154/91 (Lei 9.613, cap. IX e Circular 3.461/09)

As instituições deverão, ainda, implementar procedimentos internos de controle para detectar operações que caracterizem indício de ocorrência de crime de “lavagem” ou ocultação, tendo ainda que proporcionar um treinamento aos seus funcionários.

Estão sujeitas as penalidades administrativas previstas em lei (advertência, multa, inabilitação temporária, cassação de autorização para funcionamento) as instituições e entidades, bem como seus administradores e colaboradores que deixarem de cumprir as obrigações estabelecidas na lei.

Deverá ser indicado ao BACEN, o nome do diretor ou gerente, conforme o caso, incumbido de acompanhar o cumprimento das medidas estabelecidas nessa Circular.

A seguir exemplificamos algumas operações classificadas como atípicas ou suspeitas:

Valor em espécie

Qualquer tipo de operação que envolva valores em espécie superior a R$ 10.000,00, ou diversas operações de valores inferiores que, na sua somatória ultrapasse este limite.

Empréstimos

Quando a finalidade ou propósito de empréstimo não é claro;

Cliente solicita empréstimo e apresenta garantias; em dinheiro, ativos, depósitos em divisas ou avais bancários estrangeiros, sem relação com sua atividade habitual;

Garantias dadas por pessoas sem aparente relação com o cliente;

Empréstimos que são pagos por fontes desconhecidas ou sem relação com o que se conhece do cliente.

Investimentos

Depósitos em Fundos de Investimentos com cheques de terceiros;

Constantes saques de Fundos de Investimentos antes do vencimento com perda de rendimentos.

Off-shore

Clientes com frequentes operações financeiras em paraísos fiscais;

Transferências, através de sistemas internacionais de quantias relevantes não justificadas;

Financiamento comercial ou internacional através de créditos documentários, etc.

Para movimentar dinheiro entre países sem relação justificada com o cliente.

Organismos Nacionais de Cooperação Internacional

No Brasil, foi criado, no âmbito do Ministério da Fazenda, o COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), com a finalidade de disciplinar, aplicar penas administrativas, receber, examinar e identificar as ocorrências suspeitas de atividades ilícitas previstas na Lei, sem prejuízo da competência de outros órgãos e entidades.

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O COAF deverá propor mecanismos de cooperação e de troca de informações que viabilizem ações rápidas e eficientes no combate à ocultação ou dissimulação de bens, direitos e valores;

O COAF comunicará às autoridades competentes para a instauração dos procedimentos cabíveis, quando concluir pela existência de crimes previstos na Lei, de fundados indícios de sua prática, ou de qualquer outro ilícito;

O COAF será composto por servidores públicos de reputação ilibada e reconhecida competência, designados em ato do Ministro de Estado da Fazenda;

O Presidente do Conselho será nomeado pelo Presidente da República, por indicação do Ministro de Estado da Fazenda;

Das decisões do COAF relativas às aplicações de penas administrativas caberá recursos ao Ministro de Estado da Fazenda;

O COAF terá organização e funcionamento definidos em estatuto aprovado por decreto do Poder Executivo.

O COAF editou 10 medidas preventivas, são elas:

1- Os governos deverão criminalizar a lavagem de dinheiro;

2- As pessoas envolvidas na lavagem de dinheiro deverão ser processadas e condenadas à prisão. Para que isto seja possível, deverão ser estabelecidos tratados bilaterais e multilaterais que permitam a extradição dos criminosos;

3- Os recursos provenientes do crime que se cuida, deverão ser congelados e, em última instância, confiscados;

4- Os países, as entidades responsáveis pelo cumprimento da lei relativa à Lavagem de Dinheiro e as instituições deverão partilhar informações;

5- Os Bancos deverão cooperar com iniciativas e providências voltadas para o cumprimento das leis, não prestando assistência aos lavadores de dinheiro;

6- Os Bancos (e entidades semelhantes) deverão implantar rígidos procedimentos de identificação, visando a comprovar se as pessoas que abrem contas são realmente quem afirmam ser;

7- Os Bancos deverão manter registros que auxiliam as iniciativas necessárias ao cumprimento das Leis;

8- Os Bancos deverão informar às autoridades acerca de clientes e transações suspeitas;

9- O sigilo bancário deverá ser quebrado naquelas situações em que fique caracterizada a existência de indícios que facilitam a lavagem de dinheiro;

10- Os Bancos deverão implantar sistemas, treinar seus funcionários, controlar seus procedimentos e monitorar as movimentações financeiras de clientes.

CONVENÇÃO DE VIENA e Decreto 154/91

A Convenção de Viena ocorreu em 20 de dezembro de 1988, e teve como propósito proibir o tráfico ilícito de entorpecentes e substâncias psicotrópicas, entrando em vigor internacionalmente em novembro de 1990.

O conteúdo da convenção foi aprovado pelo Congresso Nacional no Brasil em 14 de junho de 1991, dando origem ao Decreto n º 154, de 26 de junho de 1991, que promulgou a referida convenção passando o Brasil também a fazer parte dos países signatários do acordo.

Lei 9.613 /98

CAPÍTULO IX

Do Conselho de Controle de Atividades Financeiras

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Art. 14. É criado, no âmbito do Ministério da Fazenda, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras - COAF, com a finalidade de disciplinar, aplicar penas administrativas, receber, examinar e identificar as ocorrências suspeitas de atividades ilícitas previstas nesta Lei, sem prejuízo da competência de outros órgãos e entidades.

§ 1º As instruções referidas no art. 10 destinadas às pessoas mencionadas no art. 9º, para as quais não exista órgão próprio fiscalizador ou regulador, serão expedidas pelo COAF, competindo-lhe, para esses casos, a definição das pessoas abrangidas e a aplicação das sanções enumeradas no art. 12.

§ 2º O COAF deverá, ainda, coordenar e propor mecanismos de cooperação e de troca de informações que viabilizem ações rápidas e eficientes no combate à ocultação ou dissimulação de bens, direitos e valores.

§ 3o O COAF poderá requerer aos órgãos da Administração Pública as informações cadastrais bancárias e financeiras de pessoas envolvidas em atividades suspeitas. (Incluído pela Lei nº 10.701, de 9.7.2003)

Art. 15. O COAF comunicará às autoridades competentes para a instauração dos procedimentos cabíveis, quando concluir pela existência de crimes previstos nesta Lei, de fundados indícios de sua prática, ou de qualquer outro ilícito.

Art. 16. O COAF será composto por servidores públicos de reputação ilibada e reconhecida competência, designados em ato do Ministro de Estado da Fazenda, dentre os integrantes do quadro de pessoal efetivo do Banco Central do Brasil, da Comissão de Valores Mobiliários, da Superintendência de Seguros Privados, da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, da Secretaria da Receita Federal, de órgão de inteligência do Poder Executivo, do Departamento de Polícia Federal, do Ministério das Relações Exteriores e da Controladoria-Geral da União, atendendo, nesses quatro últimos casos, à indicação dos respectivos Ministros de Estado. (Redação dada pela Lei nº 10.683, de 28.5.2003)

§ 1º O Presidente do Conselho será nomeado pelo Presidente da República, por indicação do Ministro de Estado da Fazenda.

§ 2º Das decisões do COAF relativas às aplicações de penas administrativas caberá recurso ao Ministro de Estado da Fazenda.

Art. 17. O COAF terá organização e funcionamento definidos em estatuto aprovado por decreto do Poder Executivo.

Comunicações ao Coaf

Art. 12. As instituições de que trata o art. 1º devem comunicar ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), na forma determinada pelo Banco Central do Brasil:

I. as ocorrências de que trata o art. 8º, § 1º, inciso I, no prazo de até 5 (cinco) dias úteis após o encerramento do mês calendário;

II. as ocorrências de que trata o art. 9º, § 1º, incisos I e III, na data da operação.

Parágrafo único. Devem também ser comunicadas ao Coaf as propostas de realização das operações de que trata o caput.

Art. 13. As instituições de que trata o art. 1º devem comunicar ao Coaf, na forma determinada pelo Banco Central do Brasil:

I. as operações realizadas ou serviços prestados cujo valor seja igual ou superior a R$10.000,00 (dez mil reais) e que, considerando as partes envolvidas, os valores, as formas de realização, os instrumentos utilizados ou a falta de fundamento econômico ou legal, possam configurar a existência de indícios dos crimes previstos na Lei nº 9.613, de 1998;

II. as operações realizadas ou serviços prestados que, por sua habitualidade, valor ou forma, configurem artifício que objetive burlar os mecanismos de identificação, controle e registro;

III. as operações realizadas ou os serviços prestados, qualquer que seja o valor, a pessoas que reconhecidamente tenham perpetrado ou intentado perpetrar atos terroristas ou neles participado ou facilitado o seu cometimento, bem como a existência de recursos pertencentes ou por eles controlados direta ou indiretamente;

IV. os atos suspeitos de financiamento do terrorismo.

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§ 1º O disposto no inciso III aplica-se também às entidades pertencentes ou controladas, direta ou indiretamente, pelas pessoas ali mencionadas, bem como por pessoas e entidades atuando em seu nome ou sob seu comando.

§ 2º As comunicações das ocorrências de que tratam os incisos III e IV devem ser realizadas até o dia útil seguinte àquele em que verificadas.

§ 3º Devem também ser comunicadas ao Coaf as propostas de realização das operações e atos descritos nos incisos I a IV.

Art. 14. As comunicações de que tratam os arts. 12 e 13 deverão ser efetuadas sem que seja dada ciência aos envolvidos.

§ 1º As comunicações relativas a cliente identificado como pessoa politicamente exposta devem incluir especificamente essa informação.

§ 2º A alteração ou o cancelamento de comunicação efetuados após o quinto dia útil seguinte ao da sua inclusão devem ser acompanhados de justificativa da ocorrência.

Art. 15. As comunicações de que tratam os arts. 12 e 13 relativas às instituições integrantes de conglomerado financeiro e às instituições associadas a sistemas cooperativos de crédito podem ser efetuadas, respectivamente, pela instituição líder do conglomerado econômico e pela cooperativa central de crédito.

Art. 16. As instituições de que trata o art. 1º devem manter, pelo prazo de 5 (cinco) anos, os documentos relativos às análises de operações ou propostas que fundamentaram a decisão de efetuar ou não as comunicações de que tratam os arts. 12 e 13. Procedimentos Internos de Controle

Art. 17. O Banco Central do Brasil aplicará, cumulativamente ou não, as sanções previstas no art. 12 da Lei nº 9.613, de 1998, na forma estabelecida no Decreto nº 2.799, de 8 de outubro de 1998, às instituições mencionadas no art. 1º, bem como aos seus administradores, que deixarem de cumprir as obrigações estabelecidas nesta circular.

Art. 18. As instituições de que trata o art. 1º devem indicar ao Banco Central do Brasil diretor responsável pela implementação e cumprimento das medidas estabelecidas nesta circular, bem como pelas comunicações de que tratam os arts. 12 e 13.

§ 1º Para fins da responsabilidade de que trata o caput, admite-se que o diretor indicado desempenhe outras funções na instituição, exceto a relativa à administração de recursos de terceiros.

§ 2º No caso de conglomerados financeiros, admite-se a indicação de um diretor responsável pela implementação e cumprimento das medidas estabelecidas nesta circular, bem como pelas comunicações referentes às respectivas instituições integrantes.

Art. 19. O Banco Central do Brasil divulgará:

I. os procedimentos para efetuar as comunicações de que tratam os arts. 12 e 13;

II. operações e situações que podem configurar indício de ocorrência dos crimes previstos na Lei nº 9.613, de 1998;

III. situações exemplificativas de relacionamento próximo, para fins do disposto no art. 4º.

Art. 20. A atualização das informações cadastrais relativas a clientes permanentes cujos relacionamentos tenham sido iniciados antes da entrada em vigor desta circular deve ser efetuada em conformidade com os testes de verificação de que trata o § 5º do art. 2º.

Art. 21. Esta circular entra em vigor na data de sua publicação, surtindo efeitos 30 (trinta) dias após a data de publicação para os relacionamentos com clientes permanentes ou eventuais estabelecidos a partir dessa data.

Art. 22. Ficam revogadas as Circulares ns. 2.852, de 3 de dezembro de 1998, 3.339, de 22 de dezembro de 2006, e 3.422, de 27 de novembro de 2008, e os arts. 1º e 2º da Circular nº 3.290, de 5 de setembro de 2005.

6.3.2 Aplicação do Princípio “Conheça seu cliente”

6.3.2.1 Função do cadastro e implicações de um cadastro desatualizado. Análise da capacidade financeira do cliente

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Cadastramento dos clientes

O Cadastro de Clientes é uma atividade dentro da instituição que responde pela análise e registro das informações e documentos de identificação de clientes com os quais a instituição mantém relacionamento através dos serviços e produtos financeiros, vinculados ou não a conta corrente ou de investimento dentro da instituição.

É uma atividade que merece toda atenção e cuidados na sua organização e funcionamento tendo em vista sua condição de responsável pela análise e avaliação da qualidade dos documentos e das informações de identificação dos clientes, constituindo-se a partir da contínua e sistemática atualização de dados, em base segura e confiável de informações do cliente (dossiê).

Nessas condições, o Cadastro de Clientes é elemento chave para fins de Prevenção e Combate à Lavagem de Dinheiro, sendo o dossiê do cliente suporte e subsídios importantes nas análises de operações dos clientes com a instituição.

Em razão dessa importância, o Cadastro de Clientes é uma atividade que deve estar entre as melhores práticas na Prevenção e Combate à Lavagem de Dinheiro, observadas as exigências dos Normativos Legais, da sua Organização e Funcionamento dos Procedimentos e Controles que estão abordados nos tópicos seguintes.

Pela Resolução 2025/93, ao abrir uma conta de depósitos, no mínimo, as seguintes informações devem ser obtidas dos proponentes:

Segundo a Resolução 2.953/02, toda informação da ficha cadastral deverá ser conferida contra a documentação competente. Sendo responsáveis pela verificação acerca da exatidão das informações prestadas, a instituição, o gerente responsável pela abertura da conta de depósito, e o diretor que zela pelo cumprimento das normas de abertura, manutenção e movimentação das contas.

Pessoas Físicas Pessoas Jurídicas

nome completo

filiação

nacionalidade

data e local do nascimento

sexo

estado civil

nome do cônjuge, se casado

profissão

documento de identificação (tipo, número, data de emissão e órgão expedidor)

número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF);

endereço completo, contendo: logradouro, bairro, código de endereçamento postal (CEP),cidade, unidade da federação;

número do telefone e código DDD

fontes de referência

data da abertura da conta e respectivo número

assinatura do depositante.

razão social

atividade principal

forma e data de constituição

documentos, que qualifiquem e autorizem os representantes, mandatários ou prepostos a movimentar a conta

número de inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ)

endereço completo, contendo: logradouro, bairro, código de endereçamento postal (CEP), cidade, unidade da federação

número do telefone e código DDD

fontes de referência

data da abertura da conta e respectivo número

assinatura do depositante.

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Penas aplicáveis são:

“Lei 8.383/91, - Art. 64. Responderão como coautores de crime de falsidade o gerente e o administrador de instituição financeiras ou assemelhadas que concorrerem para que seja aberta conta ou movimentados recursos sob nome:

I. falso;

II. de pessoa física ou de pessoa jurídica inexistente;

III. de pessoa jurídica liquidada de fato ou sem representação regular.

Parágrafo único - É facultado às instituições financeiras e às assemelhadas, solicitar ao Departamento da Receita Federal a confirmação do número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Geral de Contribuintes.

De acordo com este conceito, a identificação do cliente deve ser satisfatoriamente estabelecida antes da concretização da operação. Caso o possível cliente se recuse a fornecer as informações requeridas, a instituição financeira não deve aceitá-lo como cliente.

É vedado o fornecimento de talonário de cheques ao depositante enquanto não verificadas as informações constantes da ficha-proposta ou quando, a qualquer tempo, forem constatadas irregularidades nos dados de identificação do depositante ou de seu procurador.

A instituição financeira deverá encerrar conta de depósito em relação a qual verificar irregularidades nas informações prestadas, julgadas de natureza grave, comunicando o fato, de imediato, ao Banco Central do Brasil.

Análise da Capacidade Financeira do Cliente

Ao analisarmos um cliente, costuma-se levar em consideração;

restritivos cadastrais (através de consultas ao SERASA, SPC etc.), para a verificação de títulos protestados, cheques sem fundos, ações judiciais, pendências financeiras e comerciais;

consulta a central de risco do Banco Central (SisBACEN), para verificar o endividamento do cliente junto ao sistema financeiro, inclusive atrasos.

Obs.: este sistema não captura as dívidas junto às administradoras de cartões de crédito, cheques pré-datados e outras dívidas informais.

Para Pessoa Física devemos analisar ainda:

Renda – Renda bruta, renda líquida e renda disponível.

Dependentes.

Patrimônio.

Idade.

Profissão.

Para a pessoa jurídica, analisam-se ainda:

Atividade.

Acionistas e administradores.

Relacionamento Bancário.

Instalações, Subsidiárias e afiliadas se houver.

Situação Financeira.

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6.3.2.2 O princípio “Conheça seu Cliente” como forma de proteção da Instituição Financeira e do Profissional.

O procedimento de Conheça seu Cliente é uma recomendação do Comitê de Basiléia, na qual os bancos devem estabelecer um conjunto de regras e procedimentos bem definidos com o objetivo de “Conhecer Seu Cliente, buscando identificar e conhecer a origem e constituição do patrimônio e dos recursos financeiros do cliente”.

É um elemento crítico na administração dos riscos bancários e a aplicação de uma adequada política de Conheça seu cliente ajuda a proteger a reputação e a integridade das instituições e do sistema bancário, reduzindo a possibilidade dos bancos se tornarem veículos ou vítimas de crimes financeiros.

São procedimentos que devem ser realizados na forma de uma due dilligence sobre o cliente, com o objetivo de conhecer detalhes da sua vida pessoal e profissional, dando maior segurança às informações apresentadas pelo cliente na Ficha Cadastral.

Em algumas instituições, o Conheça seu Cliente é preparado e atualizado por um departamento diferente ao do Cadastro. Não existe, entretanto, uma determinação legal relativa à competência/responsabilidade sobre isto, facultando-se desta forma a cada instituição determinar seus próprios procedimentos.

6.4 Normas e Padrões Éticos

6.4.1 Utilização Indevida de Informações Privilegiadas (contexto de negociação - mercado primário e secundário em renda fixa e renda variável – valorização de cotas em fundos de investimento, manipulação de preços)

Contexto no âmbito da negociação - mercado primário e secundário em renda fixa e renda variável - valorização de cotas em fundos de investimento, manipulação e preços:

Informação privilegiada representa toda e qualquer informação relevante, fora do domínio público, que se venha a obter no exercício das funções diárias de qualquer profissional.

Exemplos

Um operador de carteira de fundo certamente saberá quando irá realizar um grande volume de compra ou de venda de determinado título ou valor mobiliário no mercado;

Os analistas de crédito podem obter informações relevantes sobre projetos importantes das empresas que poderão impactar os desempenhos futuros e, o consequente, alterar os preços de suas ações;

Um administrador de carteira de fundos certamente saberá, com antecedência, o impacto que determinada operação causará na valorização das cotas dos fundos por ele administrado.

As informações privilegiadas podem ser utilizadas de forma a gerar vantagens exclusivas para aquele que a detém ou a um grupo eleito por ele. Entretanto, o uso de tal informação em benefício próprio ou de terceiros, fatalmente representará o prejuízo de outrem. Desta forma, a boa conduta ética recomenda que estas informações:

sejam mantidas em condição de confidencialidade, até o momento de efetivamente torná-las de domínio público;

não sejam utilizados em beneficio próprio.

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Voltando aos exemplos acima, podemos dizer que:

a) Um operador de carteira de fundos que certamente saberá quando irá realizar um grande volume de compra ou de venda de um determinado ativo financeiro no mercado, não deve utilizar esta informação em benefício próprio, montando uma carteira particular diretamente ou, indiretamente, através de seus familiares, amigos, etc.

b) Os analistas de crédito podem obter informações relevantes sobre projetos importantes das empresas, que poderão modificar seus desempenhos futuros, com natural impacto no mercado, apresentariam um comportamento antiético, ao se beneficiarem do privilégio da informação e obter benefícios particulares, ainda que indiretamente.

c) Um administrador de carteira, que sabendo com antecedência do impacto que determinada operação provocará na valorização das cotas de um determinado fundo, por ele administrado, não apresentará uma boa conduta ética ao aplicar ou resgatar (prontamente) seus próprios recursos ou de terceiros para se beneficiar de um bom resultado financeiro ou não se prejudicar com um amargo prejuízo.

6.4.1.1 O “Insider Trader”. Conceito

Insider Trader consiste no aproveitamento de informações relevantes ainda não divulgadas ao público e capazes de influir nas decisões tomadas no mercado, por parte dos que a elas têm acesso, para negociar com investidores que ignoram essas mesmas informações.

O Insider Trader é o indivíduo que, tendo acesso a informações privilegiadas, as usam em seu próprio benefício ou em benefício de terceiros. Como por exemplo: uma determinada instituição financeira está coordenando a venda de uma empresa, a qual tem suas ações negociadas em bolsa. Um administrador de carteiras dessa instituição financeira, através de uma conversa informal com o responsável pela operação, tem acesso a informações sobre esta venda, que deverá resultar em alta das ações.

Este administrador compra ações desta empresa para suas carteiras. Este administrador é um Insider Trader, pois utilizou informações privilegiadas para beneficiar as carteiras que administra. Estas informações são privilegiadas porque ninguém mais no mercado as conhece, apenas a instituição coordenadora da venda. O direito de informar o mercado sobre a operação é da empresa, que deve garantir que a informação chegue a todo o mercado de maneira homogênea.

O Inside Trading é uma prática condenável, pois se trata de competição desleal, além de poder prejudicar a empresa sobre as quais se referem às informações.

6.4.1.2 O “Front Runner”. Conceito

O Front Runner é a pessoa ou mesmo a instituição financeira que se aproveita de ordens de clientes para o seu benefício próprio, realizando antes para si a operação ordenada pelo cliente.

Exemplificando: um fundo recebe um grande volume de captação, o gestor recebe a ordem para comprar um montante muito expressivo de uma determinada ação. O gestor, tendo esta ordem na mão, e antes de executá-la, compra esta ação para si próprio e para carteiras menores que administra. Este gestor é um Front Runner, porque aproveitou-se de uma ordem grande e que certamente fará com que a ação suba, para obter benefício.

6.4.2 Adequação dos Produtos Vendidos. Conhecimento de Nível de Risco Suportável pelo Investidor

6.4.2.1 Conhecimento do cliente e suas necessidades (idade, objetivo de investimento, horizonte do investimento, tolerância ao risco)

Para adequar corretamente os produtos aos clientes, torna-se necessário antecipadamente conhecer:

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a) as necessidades do cliente;

b) o seu horizonte de investimento;

c) o perfil de aversão a risco;

A) Necessidades do cliente

O profissional do mercado financeiro deve procurar entender quais são os planos do seu cliente para com a sua carteira de investimentos:

Exemplos

Se pessoa física pode comprar um carro importado, um apartamento, uma casa de praia ou no campo, custear os estudos de seus filhos no exterior, montar uma reserva financeira para a sua aposentadoria, etc.

Se Investidor Institucional pode complementar o seu enquadramento legal, rentabilizar a sua carteira em um índice de preço, diversificar a carteira total para diluir o risco de crédito, etc.

Se Pessoa Jurídica pode estar procurando uma operação de proteção (hedge), redução da exposição a risco de crédito, proporcionar garantia a alguma operação de crédito, liquidez para um projeto futuro, etc.

Portanto, em última instância, as necessidades do cliente podem ser traduzidas numericamente no montante de retorno que ele pretende obter para a carteira de investimento ser estabelecida, é o primeiro subsídio para fazer uma correta adequação de produtos financeiros.

B) Horizonte de Investimentos

Horizonte de investimento de qualquer ativo financeiro ou real depende do tempo que é necessário para obter um melhor retorno, teoricamente. Assim, quando se compra ações, regra geral, os analistas recomendam ter um horizonte de longo prazo. Embora as ações possam ser vendidas a qualquer momento, o ideal é que o investidor atue neste mercado com uma estratégia de ganhar dinheiro no longo prazo. Não convém aplicar hoje em ações o dinheiro que será usado para pagar a prestação da casa própria amanhã, por exemplo. Esta é uma recomendação natural para investimentos de maior risco. Também não se deve comprar um imóvel sabendo que será necessário vendê-lo em seis meses. É melhor esperar um momento adequado, que pode ser seis meses, mas também pode não ser.

Em uma carteira de investimentos de determinado cliente, os recursos destinados a obrigações de curto prazo não devem ficar sujeitos às oscilações de mercado, na medida em que, até mesmo oscilações mínimas, podem prejudicar o retorno esperado, e pode não haver tempo suficiente para a recuperação. Desta forma, o horizonte do investimento sugere a que nível de risco o cliente pode expor seu patrimônio e este é o segundo subsídio para adequar o cliente aos produtos financeiros.

Retorno x Risco

É possível diminuir o risco total de seus investimentos através da diversificação. Diversificar significa combinar em uma mesma carteira de investimentos ativos com características diferentes, pois ativos com características distintas tendem a obter retornos distintos e a seguir diferentes tendências. O objetivo da diversificação é conseguir os melhores retornos potenciais para um determinado nível de risco. O efeito da diversificação ocorre conforme adicionamos ativos com características distintas a uma carteira de investimentos, reduzindo-se a chance de que uma eventual perda em um dos ativos ou um fato gerador de perdas ocasione perdas na totalidade de sua carteira. A diversificação está presente na sabedoria popular no ditado "Não coloque todos os seus ovos em uma única cesta".

Para investimentos de longo prazo, os ativos devem ser alocados seguindo-se as demais restrições estabelecidas pelo cliente, como:

necessidade de indexação (a um índice de inflação, ao dólar, aos juros de mercado);

vínculo de risco de crédito (apenas títulos do governo, diversificação de outros papéis em instituições com o rating mínimo aceito pelo cliente);

metas financeiras estabelecidas (ter atingido um patrimônio de um determinado montante ou pagar uma

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dívida específica).

Estes objetivos e metas, bem como os riscos associados devem ficar muito claros aos investidores para evitar insatisfação com os resultados alcançados (tanto uma perda expressiva ou um lucro aquém do esperado).

C) Perfil de Aversão ao Risco

É o conjunto de características do investidor no que se refere a seus investimentos. Depende basicamente do nível de risco que aceita tomar nas suas aplicações, do horizonte de investimento (prazo para investimento), do nível de rendimento desejado, do horizonte de renda a receber, do nível de despesas familiar, do nível de segurança a garantir etc. É um conjunto muito grande de variáveis que vai definir quanto o investidor aceita colocar (ou não) numa aplicação de risco, quanto pode poupar, e se deve ou não fazer um seguro de vida. Quanto menos aceita risco, mesmo que recebendo rendimentos menores, mais conservador é o investidor. Quanto mais aceita riscos, apostando em rendimentos maiores, mais agressivo é o investidor. O perfil é pessoal, mas pode mudar com o tempo. Um jovem sem filhos naturalmente tem maior disposição ao risco do que uma pessoa perto da aposentadoria, que ainda tenha filhos para educar.

Também um nível maior de despesas fixas torna as pessoas mais conservadoras, porque precisam ter reservas maiores para emergências, ou mesmo um caso de desemprego. Outras vezes, a parte destinada à poupança é reduzida porque se torna necessário fazer um seguro de vida, o que também faz com que o investidor tenda a ficar mais conservador. Vale lembrar, no entanto, que não existem regras para este perfil. Pode haver pessoas que tomam grandes riscos mesmo que este não seja seu perfil esperado. Mas são exceções. Os bancos de investimento costumam ter testes para traçar o perfil do investidor antes de oferecer produtos. De qualquer forma, o próprio investidor deve perguntar que nível de risco aceita antes de fazer qualquer investimento.

O perfil é esboçado de forma subjetiva com base em alguns comportamentos apresentados pelo cliente, que podem ser:

a) histórico de investimento: se o cliente sempre aplicou de uma determinada forma, pode demonstrar um perfil mais conservador (não fica confortável ao experimentar emoções novas);

b) conhecimento de mercado: em geral, quem conhece o mercado, com base nas suas necessidades, compreende melhor as sugestões tecnicamente corretas. Cuidado, no entanto, muitos investidores aparentam entender os mecanismos do mercado financeiro e na verdade não o conhecem. Neste caso, a troca de informações mais técnicas, ajuda a identificar o nível de conhecimento que o investidor possui;

c) restrições momentâneas: em função de momentos de mercado ou momento de vida do cliente, o investidor pode se declarar conservador (não pretende assumir riscos momentaneamente).

No entanto, o mais recomendado é que o cliente receba a orientação tecnicamente mais apropriada e então inclua as restrições de acordo com o seu perfil. Este é um trabalho conjunto de apresentação da proposta pelo gerente, de forma a atingir o maior esclarecimento possível (em linha com a capacidade de entendimento do cliente), com o objetivo de se certificar de que o investidor entendeu e concordou com o que está comprando.

6.4.2.2 Circunstâncias do Portfólio

6.4.2.2.1 Investimento Proposto

Montagem do Portfolio Adequado ao Perfil do Cliente

Utilizando as informações reunidas até o momento, o profissional financeiro tem condições de montar uma carteira diversificada de acordo com as necessidades de curto e longo prazo. Antes disto nenhum produto deve ser ofertado. O que o cliente deve ter nesta ocasião é um portfolio ideal.

Exemplificando

20% indexados ao DI, menor risco, para a liquidez de curto prazo;

40% com rentabilidade atrelada de renda fixa, para obter retornos maiores que o da taxa de juros e da inflação, com baixo risco;

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10% indexados a câmbio, para proteger uma dívida de longo prazo, minimizando a exposição cambial;

20% indexados a índice de inflação, para garantir o poder de compra de algum bem que poderá ser adquirido no futuro ou para garantir a aposentadoria.

10% em ações, para buscar retornos acima das taxas de juros, no longo prazo.

O portfolio sugerido deve ser apresentado ao cliente, bem como os riscos de cada produto devem ser explorados e a composição ajustada de acordo com as percepções do investidor.

6.4.2.2.2 Portfolio Resultante

Composição da Carteira do Investidor

Uma vez que a composição ideal da carteira (portfolio ideal) estiver fechada com o cliente, é o momento de definir os produtos que melhor se adequem ao objetivo global do portfolio. O profissional financeiro deve procurar oferecer uma proposta principal e pelo menos dois cenários alternativos, para que o cliente possa optar. É necessário que se deixe o mais claro e documentado possível à carteira que está sendo montada, detalhando:

A segregação entre os recursos de curto e longo prazo;

Os objetivos estabelecidos para os recursos de longo prazo;

O horizonte de tempo necessário para a carteira;

O nível de risco de crédito;

O nível de risco de mercado.

6.4.2.2.3 Readequação de Carteira a partir de desenquadramento em relação à Política de Investimento do Cliente

Readequação de Carteira a partir de “Desenquadramento” em relação à Política de Investimento do Cliente:

Uma vez determinada a Política de Investimentos, o gerente implementa o portfólio que seja adequado a esta política.

Eventualmente um determinado portfolio pode ser alterado ao longo do tempo, podendo provocar o desenquandramento da carteira, ou seja, a não conformidade da carteira em relação à Política de Investimentos definida. O desenquadramento de uma carteira pode ser motivado por duas razões:

1. Desenquadramento ativo: quando o gestor realiza operações que desenquadram a carteira. Por exemplo, comprando títulos prefixados mais longos do que o permitido pela Política.

2. Desenquadramento passivo: quando ocorre o desenquadramento independentemente da ação do gestor. Pode ser por valorização ou desvalorização dos ativos, ou por uma nova norma legal.

6.4.2.2.3.1 Formas de Controle (Gestão de Risco)

O controle de desenquadramento é de suma importância, e deve existir um método que permita identificá-lo quanto antes, de modo a corrigi-lo rapidamente. Este controle pode ser de várias naturezas:

1. Controle de limites de aplicação: por exemplo, máximo de 10% em ações;

2. Controle de limites de crédito: por exemplo, não são permitidos títulos com rating abaixo de BBB.

3. Controle de limites de risco de mercado: por exemplo, o limite de VaR para esta carteira é de 2% em um dia, com 95% de confiança.

Os controles citados devem fazer parte da gestão de risco da carteira, pois a Política de Investimentos é a tradução da aversão a risco do investidor. O desenquadramento significa, portanto, que o portfolio assumiu um nível de risco incompatível com aquele desejado pelo investidor.

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6.4.2.2.3.2 Informação ao Cliente

Normalmente, o cliente é informado sobre a posição de sua carteira mensalmente. Nos casos de desenquadramento, e se este provocou prejuízos ao cliente, este deve ser informado sobre o fato o quanto antes, e o prejuízo compensado.

6.4.3 Confidencialidade

A definição clássica de confidencialidade é a garantia do resguardo das informações dadas pessoalmente em confiança e a proteção contra a sua revelação não autorizada. Atualmente, confidencialidade é considerada como sendo o dever de resguardar todas as informações que dizem respeito a uma pessoa, isto é, a sua privacidade. A confidencialidade é o dever que inclui a preservação das informações privadas e íntimas.

De acordo com a Lei Complementar 105 de 10 de janeiro de 2001, as instituições financeiras deverão observar sigilo em todas suas operações tanto ativas quanto passivas e serviços prestados, podendo apenas trocar informações para fins cadastrais junto ao CMN, BACEN e as outras autoridades competentes, no caso de prática de atos ilícitos penais ou administrativos ou por consentimento expresso do interessado.

A quebra de sigilo, fora das hipóteses previstas na lei, constitui crime e sujeita os responsáveis à pena de reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Além do previsto na Lei, a confidencialidade está relacionada a um princípio ético, dado que o profissional só teve acesso às informações, em decorrência da sua atividade que exerce atualmente. Como princípio ético, o profissional envolvido com investimentos de clientes de forma geral deve evitar comentários sobre os valores negociados pelos seus clientes, suas características pessoais como negociador, a composição de sua carteira, sua situação financeira, seus planos etc.

Um exemplo simples, mas que mostra a falta de comprometimento da instituição financeira com o princípio da confidencialidade das informações, é a utilização para rascunho de listagens de computador, com informações sobre clientes impressas no verso.

6.4.4 Conflito de interesses

A abordagem das situações onde pode ocorrer conflito de interesses tem merecido uma atenção crescente na atualidade, especialmente quanto aos seus aspectos éticos. Conflito de interesse pode ser definido como sendo um conjunto de condições na qual o julgamento de um profissional a respeito de um interesse primário tende a ser influenciado indevidamente por um interesse secundário.

De modo geral, as pessoas tendem a identificar conflito de interesses apenas como as situações que envolvem aspectos econômicos e financeiros. Outros importantes aspectos também podem ser lembrados, tais como interesses pessoais, científicos, assistenciais, educacionais, religiosos e sociais, além dos econômicos.

Já sabemos que todas as atividades desenvolvidas no âmbito de uma instituição financeira devem atender ao princípio da segregação para evitar eventuais situações de conflito de interesses, o profissional do setor financeiro, por princípio ético:

Deve evitar possuir atividades paralelas e, caso seja inevitável, analisar e verificar se alguma destas atividades o coloca em situação conflitante e informar seus superiores imediatos sobre a situação;

Realizar suas próprias operações financeiras de forma transparente, informando-as aos seus superiores e procurando realizá-las através de instituições financeiras diversas daquelas com as quais negocia no desempenho de sua função ou daquelas com as quais a instituição normalmente negocia.

As atividades do Compliance são as de definir políticas internas para obter informações sobre os aspectos particulares relevantes de seus profissionais, especialmente daqueles onde o conflito de interesses é mais eminente.

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O que é estar em Compliance

Estar em compliance é estar em conformidade com leis e regulamentos internos e externos;

Estar em Compliance é, acima de tudo, uma obrigação individual de cada colaborador dentro da Instituição.

Função de Compliance

No Sistema de Controles Internos, a Função Compliance possui a seguinte aplicabilidade:

Leis – certificar-se da aderência e do cumprimento;

Princípios Éticos e de Normas de Conduta - assegurar-se da existência e observância;

Regulamentos e Normas - assegurar-se da implementação, aderência e atualização;

Procedimentos e Controles Internos - assegurar-se da existência de Procedimentos associados aos Processos;

Sistema de Informações - assegurar-se da implementação e funcionalidade;

Planos de Contingência - assegurar-se da implementação e efetividade por meio de acompanhamento de testes periódicos;

Segregação de Funções - assegurar-se da adequada implementação da Segregação de Funções nas atividades da Instituição, a fim de evitar o conflito de interesses;

Prevenção à Lavagem de Dinheiro - fomentar a cultura de Prevenção à Lavagem de Dinheiro, através de treinamentos específicos;

Cultura de Controles - fomentar a cultura de Controles em conjunto com os demais pilares do Sistema de Controles Internos na busca incessante da sua conformidade.

Relatório do Sistema de Controles Internos (Gestão de Compliance) – Avaliação dos Riscos e dos Controles Internos – elaborar ou certificar-se da elaboração do referido relatório com base nas informações obtidas junto às diversas áreas da instituição, visando apresentar a situação qualitativa do Sistema de Controles Internos em atendimento à Resolução nº 2554/98.

Participar ativamente do desenvolvimento de políticas internas, que previnam problemas futuros de não conformidade e a regulamentação aplicável a cada negócio.

Relações com Órgãos Reguladores e Fiscalizadores – Assegurar-se de que todos os itens requeridos pelos reguladores sejam prontamente atendidos pelas várias áreas da Instituição Financeira assertivamente e com representatividade e fidedignidade;

Relações com Auditores Externos e Internos – Assegurar-se que todos os itens de auditoria relacionados à não conformidade com as leis, regulamentações e políticas da Instituição Financeira sejam prontamente atendidos e corrigidos pelas várias áreas da Instituição Financeira;

Manter a sinergia entre as áreas de Auditoria Interna, Auditores Externos e Compliance; Relações com Associações de Classe e importantes participantes do mercado para promover a profissionalização da função e auxiliar na criação de mecanismos renovados de revisão de regras de mercado, legislação e regulamentação pertinentes, em linha com as necessidades dos negócios, visando à integridade e credibilidade do sistema financeiro.

No que se refere às operações da carteira particular de funcionários, devem ser criadas regras claras para evitar tanto o conflito de interesses como a utilização de informação privilegiada, definido inclusive através de que instituições, tais atividades podem ser negociadas, com que periodicidade devem ser reportadas, o que não pode ser negociado, etc.

6.5 Análise do Perfil do Investidor A partir de janeiro de 2010, os brasileiros passaram a contar com um mecanismo adicional na hora de aplicar seus recursos, a Análise do Perfil do Investidor(também conhecida como (SUITABILITY). Com o intuito de dar

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transparência às transações entre bancos e clientes, a Anbima, colocou em prática essa medida (que já existia no exterior) que obriga as instituições financeiras a fazer uma análise do perfil do cliente e de sua aversão ao risco, antes que ele realize uma aplicação. O Objetivo dessa medida é evitar que pessoas que desejam, por exemplo, apenas salvar suas economias da corrosão inflacionária, troquem uma modalidade segura de investimento por outra mais volátil, assumindo assim riscos indesejáveis. O que é API (Análise do Perfil do Investidor)? É uma medida supervisionada pela Anbima, que pretende adequar a venda de produtos de investimento mais adequados, para cada perfil de investidor. Na prática, a medida visa orientar investidores conservadores e arrojados a dar diferentes destinos a suas economias. Conforme o Art. 38º do Código ANBIMA de Regulação e Melhores Práticas para os Fundos de Investimento, os distribuidores de fundos DEVEM verificar a adequação dos investimentos recomendados, seguindo rigidamente as seguintes orientações:

Na distribuição de Fundos de Investimento, deverá ser adotado processo de coleta de informações dos investidores, que permita a aferição apropriada da situação financeira do investidor, sua experiência em matéria de investimentos e seus objetivos de investimento.

Essa coleta de informações deverá fornecer informações suficientes para permitir a definição de um perfil de investimento para cada cliente (“Perfil”).

O Perfil deverá possibilitar a verificação da adequação dos objetivos de investimento dos clientes à composição das carteiras por eles pretendidas/detidas em cada Instituição Participante.

Caso seja verificada divergência entre o Perfil identificado e a efetiva da carteira pretendida pelo cliente, deverão ser estabelecidos procedimentos, junto ao cliente, para tratamento de tal divergência.

As Instituições Participantes administradoras de Fundos de Investimento referidas no art.38 deste Código deverão adotar controles internos que permitam a verificação da efetividade dos procedimentos acima determinados. Tais controles devem elaborar um laudo descritivo com data final de 31 de dezembro de cada ano de avaliação, e ser enviado anualmente à ANBIMA até o dia 31 de março no ano subsequente.

Quando se tratar da distribuição de Fundos de Investimento via agências, no varejo, deverão ser adotados os procedimentos acima apenas para os cotistas dos Fundos de Investimento pertencentes às categorias Ações, Multimercado, ou no caso de cotistas de Fundos de Investimento pertencentes à categoria Renda Fixa, quando estiverem inserido o atributo Crédito Privado.

6.5.1 Fatores que determinam o perfil do investidor Para definir o perfil do investidor o mais relevante é entender qual é a sua tolerância/aversão ao risco. Existem investidores com maior disposição a aderir a produtos com maior exposição ao risco do que outras e, portanto, tendem a aguentar melhor as flutuações do mercado. Podemos determinar o perfil dos investidores não somente a partir de sua tolerância a risco, mas esta é, geralmente, a forma mais adotada, pois ela define muito bem o quanto você PODE ganhar X o quanto você ADMITE perder.

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Entendendo melhor o que é Tolerância ao risco Tolerância ao risco é o nível de perdas de capital que o investidor está disposto a enfrentar a fim de alcançar a melhor rentabilidade possível em suas aplicações. Trata-se, portanto, de quanto capital um investidor está disposto a arriscar em um novo investimento comparado ao montante máximo que ele assume poder tomar como prejuízo em tal aplicação sem que isso o afete. Desta forma, quanto maior for a tolerância a riscos, maiores serão as expectativas de rendimento, (e possibilidade de prejuízo). Em contrapartida, quanto menor é a tolerância a riscos, mais seguros serão os investimentos, e menores serão os riscos envolvidos nas suas aplicações.

6.5.2 Adequação de produtos em função do perfil do investidor É através da API, que será designado quais as melhores opções de mercado para cada investidor, balanceando as probabilidades de rentabilidade com as possibilidades de risco. Assim, a API determina quais os riscos (e consequentemente, quais os tipos de investimentos) que eles estarão dispostos a assumir a fim de conseguir aumentar o potencial de ganhos (ou perdas) de suas operações. Existem basicamente três perfis diferentes de investidores: conservadores, moderados e dinâmicos (ou agressivos). Quando for definido o perfil do investidor, estará também definindo a estratégia de investimento de cada um.

CONSERVADOR: Um investidor conservador tem a segurança como ponto decisivo para as suas aplicações, assumindo assim, os menores riscos possíveis. Um investidor conservador deseja ter rentabilidade na sua aplicação, mas o seu principal foco é não perder dinheiro. Geralmente esse perfil de investidor, prefere aplicar em cadernetas de poupança, papéis e fundos de renda fixa, CDBs Pré, ou Pós indexados ao DI, e outras formas que garantam menor risco.

MODERADO: Esse perfil reserva-se àqueles investidores capazes de assumir algum risco em busca de alcançar resultados melhores. Um investidor moderado não está disposto a assumir altos riscos, mas compreende que precisa correr algum risco se quiser que seu capital aumente mais rápido. É o investidor que prefere a segurança da Renda Fixa, mas também quer participar da rentabilidade da Renda Variável. As pessoas com tal perfil investem tanto em papéis e fundos de investimento de renda fixa, como em ações e outras aplicações mais arriscadas.

DINÂMICO (OU AGRESSIVO): É aquele investidor que busca a boa rentabilidade que a Renda Variável pode oferecer no médio e longo prazo, e que tem disposição para suportar os riscos na busca de resultados melhores. Os investidores agressivos são capazes de arriscar-se bem mais, isto é, possui uma tolerância a riscos muito mais alta, em busca de conseguir ganhar mais dinheiro em menos tempo. Costumam aplicar em fundos multimercados, de ações, aceitando o uso de derivativos ou de alavancagem.

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A API irá designar quais os produtos de investimento mais adequados para cada perfil de investidor, mas não se esqueça: A decisão final será sempre DO CLIENTE. É a ANBIMA quem supervisiona a API nas Instituições Financeiras.

O perfil de investidor e a sua estratégia podem mudar com o tempo, e com as suas necessidades. Esses fatores são revistos ao longo do tempo e especialmente quando tiver alguma grande mudança em sua vida, como, por exemplo, um aumento no seu salário ou o nascimento de um filho.