proteção efetiva e responsável contra crimes de atrocidade ... · responsável de policy-making...

38
Resultados e Sugestões de Políticas do Projeto de Pesquisa Internacional sobre a “Evolução da Norma Global da Responsabilidade de Proteger” APRIL 2015 Policy Paper globalnorms.net Por THORSTEN BENNER, SARAH BROCKMEIER, ERNA BURAI, C.S.R. MURTHY, CHRISTOPHER DAASE, J. MADHAN MOHAN, JULIAN JUNK, XYMENA KUROWSKA, GERRIT KURTZ, LIU TIEWA, WOLFGANG REINICKE, PHILIPP ROTMANN, RICARDO SOARES DE OLIVEIRA, MATIAS SPEKTOR, OLIVER STUENKEL, MARCOS TOURINHO, HARRY VERHOEVEN, ZHANG HAIBIN Proteção Efetiva e Responsável contra Crimes de Atrocidade: A Caminho de uma Ação Global

Upload: hoangthien

Post on 03-Dec-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Resultados e Sugestotildees de Poliacuteticas do Projeto de Pesquisa Internacional sobre a ldquoEvoluccedilatildeo da Norma Global da Responsabilidade de Protegerrdquo

APRIL 2015Policy Paper

globalnormsnet

Por THORSTEN BENNER SARAH BROCKMEIER ERNA BURAI CSR MURTHY CHRISTOPHER DAASE J MADHAN MOHAN JULIAN JUNK XYMENA KUROWSKA GERRIT KURTZ LIU TIEWA WOLFGANG REINICKE PHILIPP ROTMANN RICARDO SOARES DE OLIVEIRA MATIAS SPEKTOR OLIVER STUENKEL MARCOS TOURINHO HARRY VERHOEVEN ZHANG HAIBIN

Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

2Global Public Policy Institute (GPPi)

Os autores gostariam de agradecer a todos que ofereceram o seu tempo para fazer comentaacuterios ou criacuteticas construtivas sobre o rascunho inicial deste trabalho incluindo Adriana Abdenur Simon Adams Alex Bellamy Bruce Jentleson e todos os participantes de uma seacuterie de eventos ocorridos em Deacutelhi Berlim e Brasiacutelia entre janeiro e marccedilo de 2015 Agradecemos a Inga Nehlsen e Tim Epple por seu excelente apoio agrave pesquisa e a Oliver Read e Esther Yi pela ediccedilatildeo excepcional Agradecemos tambeacutem pelos valiosos trabalhos de traduccedilatildeo de Isabela Fontanella e revisatildeo de Sylvio Henrique Neto

Autores-coordenadoresPhilipp Rotmann e Sarah Brockmeier - Global Public Policy Institute (GPPi)

O conteuacutedo deste policy paper eacute de responsabilidade exclusiva dos autores e do GPPi Em nenhuma circunstacircncia pode ser imputada qualquer responsabilidade agrave Fundaccedilatildeo Volkswagen Compagnia di San Paolo Riksbankens Jubileumsfond ou qualquer outra instituiccedilatildeo-parceira deste trabalho

3Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Uma deacutecada apoacutes as Naccedilotildees Unidas adotarem o princiacutepio da Responsabilidade de Proteger pessoas contra crimes de atrocidade (R2P) os resultados das iniciativas mundiais de proteccedilatildeo de indiviacuteduos continuam traacutegicos Entretanto aqueles que identificam como causa desta falta de progresso um impasse global entre intervencionistas ldquoocidentaisrdquo e fortalezas de soberania ldquonatildeo-ocidentaisrdquo tambeacutem identificam erroneamente o cerne do conflito poliacutetico e natildeo satildeo capazes de se envolver de forma seacuteria com os desafios praacuteticos da proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade

Como uma equipe de acadecircmicos e think-tankers localizados em Pequim Berlim Budapeste Deacutelhi Frankfurt Oxford Rio de Janeiro e Satildeo Paulo analisamos debates globais sobre proteccedilatildeo contra atrocidades com foco em R2P na uacuteltima deacutecada Nas mais de 250 entrevistas feitas em 20 paiacuteses com poliacuteticos diplomatas acadecircmicos e atores da sociedade civil perguntamos como e por que Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia Aacutefrica do Sul e os Estados Unidos se envolveram com tais ideias em referecircncia agraves suas respectivas histoacuterias culturas e poliacuteticas internas

Descobrimos que aleacutem dos ocasionais exerciacutecios retoacutericos houve uma mudanccedila no centro do debate global sobre proteccedilatildeo contra atrocidades A maioria dos atores relevantes em todo o mundo aceita a ideia de que a proteccedilatildeo de populaccedilotildees contra crimes de atrocidade eacute tanto de responsabilidade nacional quanto internacional Haacute uma disposiccedilatildeo muito maior e mais difundida de dar apoio ao que parece ser necessaacuterio para proteger populaccedilotildees contra estes crimes de atrocidade e ateacute mesmo contribuir de forma ativa quando haacute interseccedilatildeo com outros interesses estrateacutegicos Tal predisposiccedilatildeo vai aleacutem de pequenos agrupamentos de Estados sejam eles do ldquoOcidenterdquo dos

ldquointervencionistas liberaisrdquo ou dos paiacuteses Amigos da Responsabilidade de Proteger Ao analisar a questatildeo poliacutetica da proteccedilatildeo descobrimos que nenhuma divisatildeo arbitraacuteria entre ldquoNorterdquo e ldquoSulrdquo ldquoOcidenterdquo e ldquonatildeo-Ocidenterdquo ldquoemergentesrdquo e ldquodesenvolvidosrdquo

ldquodemocraacuteticosrdquo e ldquoautoritaacuteriosrdquo eacute uacutetilCertamente ainda persistem conflitos sobre o que deva ser a proteccedilatildeo em si Eles

estatildeo associados a dois desafios inter-relacionados sobre a proteccedilatildeo na praacutetica como proteger de forma responsaacutevel (ex evitar o abuso do discurso humanitaacuterio pelas grandes potecircncias) e como proteger de forma efetiva Em decorrecircncia do uso da forccedila na Liacutebia em 2011 intervenccedilotildees militares soacute seratildeo consideradas legiacutetimas se forem organizadas de forma a evitar mais abusos por parte das grandes potecircncias Eacute tatildeo difiacutecil garantir efetividade quanto responsabilidade A histoacuteria recente registra frequentemente mais fracassos que sucessos limitados Uma proteccedilatildeo mais efetiva requer natildeo somente o desenvolvimento de instrumentos poliacuteticos mas tambeacutem a avaliaccedilatildeo de riscos e a tentativa de identificar o menor dos males em cada situaccedilatildeo particular

Uma proteccedilatildeo responsaacutevel e efetiva exige o engajamento seacuterio com as muitas dificuldades e dilemas que se potildeem e que vatildeo aleacutem de estereoacutetipos simplistas e ilusoacuterios que dominaram por tanto tempo as discussotildees sobre R2P Aleacutem disso ao inveacutes de evitar o debate sobre o componente militar do R2P os envolvidos devem estabelecer um diaacutelogo mais construtivo e autocriacutetico sobre a paz global e a governanccedila da seguranccedila a

Sumaacuterio Executivo

4Global Public Policy Institute (GPPi)

fim de possibilitar a proteccedilatildeo mais efetiva e responsaacutevel no futuro Esse debate deve ser sobre a efetividade do uso da forccedila na proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade as suas chances de fazer mais bem do que mal e os seus sucessos e fracassos do passado

A fim de contribuir com o progresso desses debates traccedilamos sugestotildees de poliacuteticas em cinco aacutereas-chave

Reduzir a vulnerabilidade das fontes de informaccedilatildeo a acusaccedilotildees de parcialidade Um desafio crucial para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade tem sido as acusaccedilotildees de parcialidade sobre o tipo e interpretaccedilatildeo das informaccedilotildees sobre as atrocidades que satildeo veiculadas pelos governos pela miacutedia ou por grupos da sociedade civil Fica a cargo das grandes empresas de miacutedia e filantropos em especial nas potecircncias emergentes investir em fontes de informaccedilatildeo e anaacutelises independentes e criacuteveis sobre conflitos e direitos humanos Ao mesmo tempo os Estados membros a sociedade civil e as organizaccedilotildees regionais devem melhorar a capacidade da ONU de descobrir fatos e coletar informaccedilotildees de maneira independente

Utilizar ferramentas diplomaacuteticas e civis antecipadamente de forma justa e estrateacutegica Apesar do consenso internacional que atrocidades devem ser evitadas pelo uso sustentaacutevel e antecipado de uma variedade de ferramentas civis a comunidade internacional foi inuacutemeras vezes incapaz de usar tais ferramentas de forma antecipada e decisiva Para que haja progresso na proteccedilatildeo efetiva os Estados membros da ONU em especial as potecircncias emergentes precisam combinar seus compromissos retoacutericos com a vontade poliacutetica e os investimentos necessaacuterios em mais capacidades e ideias Em seus esforccedilos para a prevenccedilatildeo de atrocidades os tomadores de decisatildeo devem impor a todos os atores de um conflito os mesmos padrotildees de comportamento Os governos devem dar prioridade agrave detenccedilatildeo e ao julgamento dos perpetradores de crimes de atrocidade em suas jurisdiccedilotildees e assim como a sociedade civil que defende o conceito do R2P serem cautelosos ao pedir que o Conselho de Seguranccedila da ONU enfrente uma crise emergente

Habilitar Missotildees de Paz da ONU para oferecerem proteccedilatildeo criacutevel Atender a pelo menos um niacutevel moderado de expectativas na proteccedilatildeo por peacekeepers de populaccedilotildees contra crimes de atrocidade requer investimentos adicionais em capacitaccedilatildeo doutrina e treinamento Faz-se necessaacuteria tambeacutem uma reflexatildeo sobre como usar peacekeeping de uma forma mais efetiva em conjunto com instrumentos poliacuteticos Para manter o fraacutegil equiliacutebrio entre os paiacuteses que contribuem com tropas (em sua maioria da Aacutefrica e Aacutesia) os que as financiam (em sua maioria da Europa e da Ameacuterica do Norte) e os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila que estabelecem os mandatos o sistema exige uma melhora na qualidade das contribuiccedilotildees para as tropas das operaccedilotildees de paz (blue-helmet) inclusive por intermeacutedio de uma divisatildeo de trabalho mais justa e equilibrada

Trabalhar para um processo decisoacuterio mais inclusivo sobre accedilotildees militares Um Conselho que eacute capaz tanto de determinar e mobilizar para uma proteccedilatildeo efetiva quanto de limitar o temor sobre o abuso dos discursos humanitaacuterios precisaraacute considerar as opiniotildees de todos os grandes atores poliacuteticos do mundo atual dentre eles os paiacuteses que contribuem com tropas e os grandes financiadores das operaccedilotildees de paz Os cinco membros permanentes do Conselho de Seguranccedila devem apoiar portanto a reforma dos meacutetodos de trabalho do Conselho para que o processo decisoacuterio se torne mais inclusivo e participativo Aleacutem disso todos os Estados membros devem se engajar mais nas discussotildees sobre o sistema de monitoramento e reporting dos Estados que

5Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

implementam missotildees com mandatos da ONU levando em consideraccedilatildeo as questotildees levantadas durante a intervenccedilatildeo na Liacutebia e na proposta da Responsabilidade ao Proteger

Desenvolver a reflexatildeo e o aprendizado constantes em todas as ferramentas poliacuteticas Ainda que haja um grande nuacutemero de experiecircncias fracassadas e poucos casos bem sucedidos natildeo existe uma base de conhecimento confiaacutevel sobre como proteger pessoas contra crimes de atrocidade Considerando toda essa incerteza um processo responsaacutevel de policy-making requer que os governos as organizaccedilotildees internacionais a sociedade civil e o mundo acadecircmico criem poliacuteticas que sejam mais adaptaacuteveis ao conhecimento em evoluccedilatildeo e agrave avaliaccedilatildeo dos riscos com base em oportunidades internas para reflexatildeo e aprendizado contiacutenuos e colaborativos

6Global Public Policy Institute (GPPi)

Para aleacutem dos ldquoOcidentaisrdquo e os ldquoDemaisrdquo O Futuro do R2P 7Resumo 8Resultados de Pesquisa Legados Retoacutericos e Debates Construtivos 10O que eacute Indiscutiacutevel Proteccedilatildeo Contra Crimes de Atrocidade Requer Accedilatildeo Internacional 11O que Ainda eacute Discutiacutevel Como Proteger de Forma Responsaacutevel e Efetiva 12A Controveacutersia Mais Profunda a Forccedila Pode Proteger 14

Opccedilotildees Poliacuteticas para Proteccedilatildeo Mais Efetiva e Responsaacutevel 17Reduzindo a Vulnerabilidade das Fontes de Informaccedilatildeo perante Acusaccedilotildees de Parcialidade 17Usando Ferramentas Diplomaacuteticas e Civis De Forma Antecipada Justa e Estrateacutegica 20Possibilitando que as Missotildees de Paz da ONU Ofereccedilam Proteccedilatildeo Criacutevel 23A Tomada de Decisotildees sobre Accedilotildees Militares 27Inserindo a Reflexatildeo e o Aprendizado Constantes em cada Ferramenta Poliacutetica 29

Notas 31

Publicaccedilotildees Selecionadas 36

Autores 37

Iacutendice

7Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Uma deacutecada apoacutes a adoccedilatildeo pelas Naccedilotildees Unidas do princiacutepio da Responsabilidade de Proteger (R2P) pessoas contra crimes atrozes os histoacutericos das iniciativas mundiais de proteccedilatildeo de indiviacuteduos continuam preocupantes Em 1948 o mundo se comprometeu a

ldquonunca maisrdquo permitir genociacutedios poreacutem por diversas vezes desde entatildeo natildeo cumpriu sua promessa perante tantas viacutetimas de genociacutedio e de atrocidades em massa ndash incluindo Bangladesh em 1971 Camboja em 1978 Ruanda em 1994 e tambeacutem Srebrenica em 1995 uma cataacutestrofe que completou vinte anos em 2015

Enquanto isso milhares de pessoas na Repuacuteblica Centro-Africana Repuacuteblica Democraacutetica do Congo (RDC) Iraque Sudatildeo do Sul Siacuteria e em vaacuterios outros locais sofrem com crimes contra a humanidade crimes de guerra e limpezas eacutetnicas exatamente as violaccedilotildees previstas no compromisso da Responsabilidade de Proteger Em marccedilo de 2011 a ameaccedila iminente de assassinatos em massa de civis na cidade Liacutebia de Bengazi impeliu uma intervenccedilatildeo militar que provavelmente salvou muitas vidas de um massacre Contudo a coalisatildeo liderada pela OTAN optou por uma missatildeo para mudar o regime poliacutetico e seus aliados locais mergulharam o paiacutes em um caos violento que jaacute transbordou suas fronteiras e causou muitas fatalidades Isso aumentou as preocupaccedilotildees sobre o uso abusivo da doutrina do R2P pelas grandes potecircncias assim como sobre o resultado violento das intervenccedilotildees militares Na Siacuteria milhares de civis morreram e milhotildees sofriam enquanto o Conselho de Seguranccedila vivia um impasse poliacutetico Mesmo nos locais em que haacute consenso global para accedilatildeo ndash no Sudatildeo do Sul na Repuacuteblica Centro-Africana ou no norte do Iraque ndash governos e organizaccedilotildees internacionais com frequecircncia tecircm accedilotildees lentas ou ineficazes Isso eacute ainda mais traacutegico porque existe um potencial para accedilotildees que preveniriam crimes atrozes em massa Usar atrocidades como arma de guerra ou instrumento poliacutetico requer planejamento sistemaacutetico e organizaccedilatildeo e estes processos podem ser identificados e interrompidos com accedilotildees cuidadosas e determinadas A mobilizaccedilatildeo internacional tem um papel crucial no alcance de tal objetivo1

Se acreditarmos nos analistas o futuro da proteccedilatildeo contra atrocidades parece ainda pior do que o presente Muitos demostram desesperanccedila perante a ascensatildeo de potecircncias cujas elites se socializaram em oposiccedilatildeo agrave ordem liderada pelo Ocidente que deu origem agrave Responsabilidade de Proteger Previsotildees proeminentes descrevem potecircncias emergentes se opondo ao R2P e com isso acredita-se que nas palavras de Michael Ignatieff ldquoa resistecircncia desses paiacuteses a intervenccedilotildees se torne cada vez mais influenterdquo2

Mesmo que a imagem desoladora do fracasso esteja correta a avaliaccedilatildeo subjacente do impasse global entre os intervencionistas ldquoOcidentaisrdquo e os ldquodemaisrdquo fieacuteis da soberania com um desequiliacutebrio pendendo para este uacuteltimo eacute equivocada em dois

Para aleacutem dos ldquoOcidentaisrdquo e os ldquoDemaisrdquo O Futuro do R2P

8Global Public Policy Institute (GPPi)

aspectos criacuteticos identifica erroneamente o nuacutecleo do conflito poliacutetico e eacute incapaz de se engajar de forma seacuteria com os desafios praacuteticos da proteccedilatildeo contra crimes atrozes Essas conclusotildees satildeo embasadas por dois anos de pesquisas sobre as origens histoacutericas culturais e institucionais de como Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia Aacutefrica do Sul e os Estados Unidos se engajaram no debate sobre a Responsabilidade de Proteger entre 2005 e 2014 e como os conflitos sobre sua aplicabilidade em grandes crises moldaram as expectativas globais da proteccedilatildeo contra atrocidades

Deixar para traacutes os antigos debates sobre soberania e se concentrar naqueles que satildeo relevantes na atualidade gera potencial para um debate mais construtivo que trate das dificuldades e dilemas da proteccedilatildeo aleacutem de buscar soluccedilotildees efetivas e responsaacuteveis

Nossa pesquisa se concentrou nos crimes que se encaixam na definiccedilatildeo da Responsabilidade de Proteger segundo a Cuacutepula Mundial de 2005 genociacutedios crimes contra a humanidade crimes de guerra e limpezas eacuteticas (coletivamente aqui referidos como crimes atrozes) Devido agrave grande escala de sofrimento humano em todo o mundo os tomadores de decisatildeo precisam priorizar seus recursos e atenccedilatildeo tanto entre as diversas crises quanto dentro de cada uma delas Natildeo haacute duacutevidas de que isso eacute difiacutecil Mas por essa mesma razatildeo eacute necessaacuterio fazecirc-lo pois nem todas as violaccedilotildees de direitos humanos devem dar origem aos perigosos debates sobre meios de proteccedilatildeo coercitivos e militares que satildeo intriacutensecos ao R2P

Acreditamos ser crucial manter um profundo senso de humildade em relaccedilatildeo agrave capacidade internacional de oferecer proteccedilatildeo contra estes crimes Atores locais tecircm muito mais poder sobre esta dinacircmica Mesmo quando as medidas satildeo cuidadosamente calculadas para cada contexto as influecircncias externas nunca seratildeo capazes de provocar mais do que uma mudanccedila no equiliacutebrio ndash e para que isso aconteccedila eacute necessaacuterio mais do que os esforccedilos de governos e organizaccedilotildees internacionais mas tambeacutem da sociedade civil do setor privado e particularmente da miacutedia Os resultados da nossa pesquisa e as nossas sugestotildees sobre accedilotildees internacionais que previnam atrocidades devem ser compreendidas levando estas preocupaccedilotildees em consideraccedilatildeo

ResumoNas paacuteginas a seguir delimitamos em duas partes os nossos resultados de pesquisa e as suas implicaccedilotildees sobre as poliacuteticas Na primeira parte apresentamos detalhadamente os nossos resultados Argumentamos que as discussotildees mais importantes sobre a proteccedilatildeo contra crimes atrozes acontecem principalmente com relaccedilatildeo a duas questotildees o uso abusivo dos argumentos humanitaacuterios (proteccedilatildeo responsaacutevel) e o funcionamento da accedilatildeo internacional de proteccedilatildeo (proteccedilatildeo efetiva) Noacutes argumentamos que quando a segunda questatildeo eacute discutida a comunidade internacional e os que advogam pela R2P natildeo devem se intimidar frente ao aspecto mais controverso destas duas perguntas Quando e como a forccedila eacute capaz de proteger se ela for capaz Na segunda parte oferecemos opccedilotildees poliacuteticas para ilustrar formas praacuteticas de proteger de maneira mais efetiva e responsaacutevel

9Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

PROJETO DE PESQUISA

A Evoluccedilatildeo da Norma Global e a Responsabilidade de Proteger

Como uma equipe de pesquisadores acadecircmicos e think-tankers localizados em Pequim Berlim Budapeste Deacutelhi Frankfurt Oxford Rio de Janeiro e Satildeo Paulo analisamos a evoluccedilatildeo global da proteccedilatildeo contra atrocidades com foco em R2P durante a uacuteltima deacutecada Perguntamo-nos como e por que Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia Aacutefrica do Sul e os Estados Unidos se envolveram com tais ideias em referecircncia a suas histoacuterias culturas e poliacuteticas domeacutesticas Publicamos as descobertas em uma ediccedilatildeo especial com acesso gratuito da publicaccedilatildeo ldquoConflict Security and Development (ldquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrdquo)

Depois examinamos como debates especiacuteficos moldaram as expectativas futuras globais sobre a proteccedilatildeo contra atrocidades A maior parte destes debates tem foco em reaccedilotildees internacionais a crimes atrozes praticados em determinados locais ndash Darfur Quecircnia Mianmar Geoacutergia Sri Lanka Liacutebia e Costa do Marfim enquanto outros tratam da ideia do R2P e sua implementaccedilatildeo de formas mais abstratas Estas descobertas seratildeo publicadas posteriormente em 2015 e tambeacutem estaratildeo disponiacuteveis para download gratuito em wwwglobalnormsnet

De forma geral conduzimos mais de 250 entrevistas com poliacuteticos diplomatas acadecircmicos e atores da sociedade civil em 20 paiacuteses e ateacute o momento publicamos 25 artigos ou estudos

Neste trabalho agradecemos o generoso apoio da Fundaccedilatildeo Volkswagen como parte de seu programa ldquoDesafios Europeus e Globaisrdquo em cooperaccedilatildeo com Riksbankens Jubileumsfond e Compagnia di San Paolo

Patrocinadores

Parceiros

10Global Public Policy Institute (GPPi)

ldquoAssim como aprendemos que o mundo natildeo pode se abster enquanto violaccedilotildees brutais e sistemaacuteticas dos direitos humanos acontecem tambeacutem aprendemos que se o objetivo for conseguir o apoio sustentado da populaccedilatildeo mundial a intervenccedilatildeo tem que estar baseada em princiacutepios legiacutetimos e universaisrdquo

Kofi Annan Dois Conceitos de Soberania (1999)3

Justa ou injustamente as elites poliacuteticas na maior parte dos paiacuteses acreditam que a Responsabilidade de Proteger estaacute intrinsicamente ligada agrave pouca consideraccedilatildeo dada pelos mais poderosos aos princiacutepios do direito internacional e a um ldquocomplexo brancordquo de ldquosalvador da paacutetriardquo Por outro lado a oposiccedilatildeo agrave Responsabilidade de Proteger eacute vista comumente como uma insistecircncia ciacutenica da soberania em face ao sofrimento humano ou como uma equivocada solidariedade do Sul Global com regimes repressivos 4

Tais caricaturas satildeo legados da batalha retoacuterica dos anos 1990 Associar o desafio da proteccedilatildeo contra atrocidades agrave soluccedilatildeo da intervenccedilatildeo ndash como feito por Kofi Annan em seu famoso discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU de 1999 ndash eacute macular o primeiro com a carga poliacutetica e histoacuterica do segundo Ao tratar diretamente essa carga Annan endossou uma tentativa de redefinir o conceito de soberania de forma a tirar ecircnfase da proteccedilatildeo coletiva do Estado perante a dominaccedilatildeo externa e a favor da proteccedilatildeo do indiviacuteduo contra danos e ameaccedilas Mas tal ideia de ldquosoberania como responsabilidaderdquo teve efeito contraacuterio ao esperado natildeo somente porque permitiu que intervencionistas ansiosos determinassem de forma seletiva atores que exerciam soberania ldquoresponsaacutevelrdquo ou ldquoirresponsaacutevelrdquo mas tambeacutem que definissem a intervenccedilatildeo como sendo a escolha responsaacutevel Entretanto o argumento moralista intervencionista se tornou hipoacutecrita quando usado por governos cujos histoacutericos de comportamento internacional responsaacutevel natildeo eram tatildeo brilhantes assim Como resultado esta linha de debate arruinou muitas discussotildees sobre a proteccedilatildeo contra crimes atrozes nos anos apoacutes a crise do Kosovo e a invasatildeo do Iraque liderada pelos EUA5

Em nossas pesquisas descobrimos que este debate pernicioso perdeu gradualmente a maior parte de sua relevacircncia poliacutetica na uacuteltima deacutecada em meio agraves controveacutersias sobre a inclusatildeo da Responsabilidade de Proteger no documento final da Cuacutepula Mundial de 2005 e sobre a autorizaccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila para uso

Resultados de Pesquisa Legados Retoacutericos e Debates Construtivos

11Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

de ldquotodos os meios necessaacuteriosrdquo para proteger os civis na Liacutebia Aleacutem dos ocasionais exerciacutecios retoacutericos descobrimos que houve uma mudanccedila no cerne do conflito global sobre a proteccedilatildeo contra crimes atrozes Perante os piores crimes atrozes aconteceu o desgaste da defesa do natildeo-intervencionismo como resistecircncia agrave hegemonia Ocidental Contudo a sombra do imperialismo ainda eacute uma questatildeo a ser considerada Os policymakers ocidentais precisam ser mais cautelosos do que no passado Muito do ceticismo sobre a eficaacutecia do uso das forccedilas militares eacute genuiacutena mesmo se proferida por aqueles que poderiam fazer mais para transformar suas visotildees de diplomacia efetivas em realidade

Obviamente ainda haacute grandes divergecircncias sobre a proteccedilatildeo Elas satildeo concentradas em dois desafios inter-relacionados sobre a proteccedilatildeo na praacutetica como prevenir o uso abusivo dos argumentos humanitaacuterios pelas grandes potecircncias (ldquocomo proteger de forma responsaacutevelrdquo conforme articulado pelo Brasil) e como proteger de forma eficaz particularmente quando pairam as sombras da coerccedilatildeo e do uso da forccedila Ambas as divergecircncias requerem um seacuterio engajamento perante as muitas dificuldades e dilemas que satildeo impostos e vatildeo aleacutem dos estereoacutetipos simplistas e equivocados que haacute muito dominam o debate sobre a Responsabilidade de Proteger

O que eacute Indiscutiacutevel Proteccedilatildeo Contra Crimes de Atrocidade Requer Accedilatildeo InternacionalOs atores relevantes em todo o mundo aceitam a ideia de que a proteccedilatildeo de populaccedilotildees contra crimes de atrocidade eacute de responsabilidade tanto nacional quanto internacional Tal aceitaccedilatildeo vai aleacutem das bases legais do direito internacional humanitaacuterio e da Convenccedilatildeo para a Prevenccedilatildeo e Repressatildeo do Crime de Genociacutedio mas natildeo eacute tampouco um produto do movimento que produziu R2P Ela comeccedilou a emergir jaacute nos anos 90 quando para pessoas e governos ldquoa toleracircncia a atrocidades em massa natildeo pareceu mais aceitaacutevel ndash pareceu algo imoralrdquo 6Desde entatildeo as expectativas sobre proteccedilatildeo cresceu de forma exponencial Demandas morais sobre terceiros ndash humanitaacuterios diplomatas observadores de direitos humanos e ateacute mesmo militares ndash para que ajam de forma preventiva e equilibrem a proteccedilatildeo individual e a soberania estatal acabou excedendo enormemente as capacidades e possibilidades realistas de fazer com que isso aconteccedila

Haacute uma disposiccedilatildeo muito maior e mais difundida em dar apoio ao que parece ser necessaacuterio para proteger populaccedilotildees contra esses crimes de atrocidade e ateacute mesmo em contribuir de forma ativa quando haacute intercessatildeo com outros interesses estrateacutegicos Tal predisposiccedilatildeo vai aleacutem de pequenos grupos de Estados do ldquoOcidenterdquo dos ldquointervencionistas liberaisrdquo ou dos paiacuteses Amigos da Responsabilidade de Proteger Ao analisar a questatildeo poliacutetica da proteccedilatildeo descobrimos que nenhuma divisatildeo arbitraacuteria entre ldquoNorterdquo e ldquoSulrdquo ldquoOcidenterdquo e ldquonatildeo-Ocidenterdquo ldquoemergentesrdquo e ldquodesenvolvidosrdquo

ldquodemocraacuteticosrdquo e ldquoautoritaacuteriosrdquo eacute uacutetil7 Foi o Movimento dos Natildeo-Alinhados que estava pronto para autorizar o fortalecimento da operaccedilatildeo de paz da ONU em Ruanda no ano de 1994 enquanto os Estados Unidos eram ferrenhos opositores Enquanto as potecircncias ocidentais lideraram as intervenccedilotildees no Kosovo e na Liacutebia para proteger civis dezenas de milhares de peacekeepers do Sul da Aacutesia e da Aacutefrica ajudaram a proteger civis em dezenas de missotildees da ONU nos uacuteltimos 20 anos Jaacute durante as negociaccedilotildees da

12Global Public Policy Institute (GPPi)

Cuacutepula Mundial diversas perspectivas que vatildeo aleacutem dessas dicotomias estereotipadas contestaram e contribuiacuteram para a formulaccedilatildeo final do R2P no documento oficial da Cuacutepula 8

Eacute escasso o grupo de governos que se opotildee categoricamente a um papel internacional na proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade independentemente das circunstacircncias Alguns satildeo responsaacuteveis por tais crimes Outros interpretam tudo como parte de uma conspiraccedilatildeo imperialista das grandes potecircncias especialmente dos Estados Unidos As preocupaccedilotildees desses atores natildeo podem ou devem ser levadas em consideraccedilatildeo

O que Ainda eacute Discutiacutevel Como Proteger de Forma Responsaacutevel e EfetivaHaacute um grande grupo de moderados defensores da proteccedilatildeo e ceacuteticos da intervenccedilatildeo cujas preocupaccedilotildees certamente precisam ser levadas em conta de forma mais seacuteria perante os repetidos fracassos e abusos de poder Eles ndash governos de Brasil Iacutendia Aacutefrica do Sul China e Alemanha aleacutem de ativistas especialistas acadecircmicos e alguns tomadores de decisatildeo nos Estados Unidos Reino Unido e Franccedila ndash levantam questotildees legiacutetimas sobre por exemplo como o mundo pode melhorar a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade de forma tanto efetiva quanto responsaacutevel

De diversas formas a saliecircncia emocional e poliacutetica da disputa sobre a natildeo-intervenccedilatildeo haacute muito dificultou estes debates cruciais sobre os resultados praacuteticos da proteccedilatildeo Na maior parte do tempo argumentos sobre as questotildees praacuteticas satildeo feitas ou interpretadas como sendo de maacute-feacute A Liacutebia eacute um desses casos em questatildeo Brasil Iacutendia e Aacutefrica do Sul natildeo criticaram veementemente a intervenccedilatildeo militar de 2011 porque estavam preocupados com violaccedilotildees agrave soberania da Liacutebia ou porque se opunham ao papel internacional na proteccedilatildeo de civis contra atrocidades iminentes em Bengazi Pelo contraacuterio tais paiacuteses reclamaram do abuso de um mandato do Conselho de Seguranccedila de fins poliacuteticos ao inveacutes de proteccedilatildeo ndash neste caso tratava-se de uma mudanccedila no regime com provaacuteveis implicaccedilotildees praacuteticas de um colapso estatal que por sua vez resultaria em riscos adicionais agrave populaccedilatildeo Estes criacuteticos ainda tecircm que combinar a sua retoacuterica de exigir mais e melhor proteccedilatildeo por intermeacutedio de investimentos em ideias e capacidades para fazecirc-la conforme seja necessaacuterio Contudo isso natildeo torna seus argumentos menos vaacutelidos

Haacute uma distinccedilatildeo criacutetica entre dois tipos de situaccedilotildees de atrocidades que dependem do tipo de perpetrador O consenso internacional para agir contra perpetradores natildeo-Estatais mesmo se ligados a forccedilas estatais eacute mais faacutecil de obter do que uma accedilatildeo contra agentes estatais Mesmo que o consentimento governamental de confrontar grupos natildeo-Estatais seja frequentemente incerto e inconsistente como no caso da RDC haacute pouca preocupaccedilatildeo com a soberania desses regimes fracos O debate-chave nesses casos eacute sobre como efetivamente proteger pessoas contra crimes de atrocidade natildeo somente por meio de instrumentos militares mas com maior frequecircncia com o uso de ferramentas civis Isso jaacute eacute bastante desafiador Ainda mais difiacuteceis satildeo os casos em que as forccedilas estatais estatildeo entre os principais perpetradores Nestas situaccedilotildees como na Liacutebia em 2011 e posteriormente na Siacuteria a preocupaccedilatildeo global central com instrumentos coercitivos (de sanccedilotildees a intervenccedilotildees militares) estaacute relacionada ao

13Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

abuso de poder para fins natildeo-humanitaacuterios e com duacutevidas sobre a sabedoria de atacar um Estado que frequentemente serve de protetor para alguns e cuja derrubada pode resultar em riscos adicionais agraves pessoas O histoacuterico mundial na reconstruccedilatildeo de Estados natildeo eacute suficientemente encorajador para rebater tais preocupaccedilotildees

Protegendo de forma responsaacutevel Salvaguardas contra o Abuso pelas Grandes PotecircnciasApoacutes o caso da Liacutebia intervenccedilotildees militares soacute seratildeo consideradas legiacutetimas se feitas de maneira que novos abusos pelas grandes potecircncias sejam prevenidos9 Nesses casos especiais em que haacute o uso da forccedila sem consentimento ainda paira a sombra do imperialismo Na maior parte do mundo ainda eacute recente a lembranccedila do abuso pelas grandes potecircncias hipocritamente encoberto de valores universais O uso de justificativas humanitaacuterias por alguns poliacuteticos britacircnicos e norte-americanos para a invasatildeo do Iraque em 2003 soacute aprofundou estas preocupaccedilotildees com ldquointervenccedilotildees humanitaacuteriasrdquo assim como o uso de argumentos similares pelos russos para justificar a invasatildeo da Geoacutergia em 2008 e da Ucracircnia em 201410 Este senso de hipocrisia daacute origem a uma das principais razotildees para desconfianccedila sobre o R2P desde que o conceito foi criado

Intervenccedilotildees legiacutetimas natildeo requerem um padratildeo irrealista de consistecircncia ou de motivos puramente altruiacutesticos A proteccedilatildeo requer recursos e aceitaccedilatildeo de riscos e na poliacutetica internacional a inconsistecircncia eacute a regra e natildeo a exceccedilatildeo Estados que fornecem as capacidades e assumem os riscos de proteger na maioria dos casos estaratildeo motivados por mais do que puro altruiacutesmo e suas motivaccedilotildees ndash que comeccedilam pela mobilizaccedilatildeo de seus constituintes ndash variam conforme a situaccedilatildeo Tanto os problemas dos ldquomotivos justosrdquo quanto o de ldquoseletividaderdquo levam corretamente a anaacutelises mais minuciosas do uso da forccedila11 ainda que nenhum destes fatores esteja limitado a intervenccedilotildees de proteccedilatildeo e tratem em geral da coerccedilatildeo no atual sistema internacional12 Mesmo que sejam normativamente relevantes e retoricamente uacuteteis para opor intervenccedilotildees particulares tais argumentos natildeo evitam que a maior parte dos atores internacionais apoie uma intervenccedilatildeo aceita como necessaacuteria e possivelmente efetiva Como ilustrado pelo caso da Liacutebia extrapolou-se o limite quando motivos incompatiacuteveis ndash a remoccedilatildeo forccedilosa de Gaddafi e seu regime sem uma loacutegica convincente relacionada agrave proteccedilatildeo ndash foram vistos como superiores agraves preocupaccedilotildees com proteccedilatildeo13

Protegendo de Forma Efetiva O Que Funciona na Praacutetica

A proteccedilatildeo efetiva natildeo eacute mais faacutecil de garantir do que proteccedilatildeo responsaacutevel Enquanto os casos de sucesso foram poucos e limitados tentativas de engajamento pressotildees e intervenccedilotildees militares frequentemente falharam em proteger ou contribuiacuteram com novas ameaccedilas agraves populaccedilotildees Policymakers e acadecircmicos em todo o mundo admitem que sabem muito pouco sobre a proteccedilatildeo efetiva de pessoas contra crimes de atrocidade Para se avanccedilar nessa finalidade faz-se necessaacuterio tanto desenvolver instrumentos poliacuteticos quanto avaliar riscos e tentar identificar o menor de muitos males em vaacuterias situaccedilotildees diversas e particulares O que seraacute efetivamente necessaacuterio e provaacutevel de

14Global Public Policy Institute (GPPi)

obter sucesso estaacute aberto a debate e a desafios em cada caso e natildeo somente quando haacute o uso da forccedila

Uma anaacutelise dos casos que estudamos mostra as incertezas e ambiguidades envolvidas no processo decisoacuterio da proteccedilatildeo Como no caso do Sudatildeo um processo do Tribunal Penal Internacional contra um chefe de Estado contribuiu para o objetivo da proteccedilatildeo 14A proteccedilatildeo eacute aumentada ou dificultada quando uma crise eacute publicamente rotulada como ldquosituaccedilatildeo de R2Prdquo como no Quecircnia ou em Mianmar15 Se o Estado for um perpetrador de crimes de atrocidade haacute algum caso em que a forccedila militar pode ser usada contra ele sem a intenccedilatildeo de mudar o regime ou sem levar o paiacutes ao caos como na Liacutebia16 Quando e como os peacekeepers da ONU devem tomar partido nos conflitos17

Haacute duacutevidas justificaacuteveis sobre as opccedilotildees de poliacuteticas disponiacuteveis e seus riscos Se comparado aos consideraacuteveis esforccedilos para promover o R2P como princiacutepio muito pouco estaacute voltado para descobrir e avaliar tais escolhas difiacuteceis a fim de colocar a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade em praacutetica

A Controveacutersia Mais Profunda a Forccedila Pode ProtegerEnquanto governos ativistas na sociedade civil e representantes da ONU que trabalham com R2P haacute muito tempo tendem a enfatizar taticamente as aacutereas consensuais a maior controveacutersia internacional se refere agrave intervenccedilatildeo militar e ao uso da forccedila para proteccedilatildeo Um debate mais construtivo e autocriacutetico eacute essencial para possibilitar um sistema de proteccedilatildeo mais efetivo e responsaacutevel no futuro e tal debate deve tratar da eficaacutecia do uso da forccedila na proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade suas chances de causar mais resultados positivos do que negativos e seus sucessos e fracassos no passado18 Esse debate natildeo eacute somente relevante nos casos relativamente raros de intervenccedilatildeo militar jaacute que a forccedila e a coerccedilatildeo satildeo parte de uma variedade maior de estrateacutegias de proteccedilatildeo como as sanccedilotildees e as operaccedilotildees de paz Mesmo as ferramentas puramente diplomaacuteticas ou civis satildeo frequentemente vistas como passos que podem escalar o uso da forccedila

Os debates sobre o uso da forccedila ao inveacutes de darem ecircnfase aos meacuteritos e riscos possiacuteveis das diferentes escolhas tecircm se expressado em termos de crenccedilas vagas sobre a eficaacutecia da forccedila militar ajudar a atingir os objetivos poliacuteticos Nos debates analisados encontramos um contraste notaacutevel entre as referecircncias limitadas a estudos estrateacutegicos sobre a utilidade da forccedila nos conflitos modernos e a convicccedilatildeo com a qual os governos apresentam suas opiniotildees sobre este mesmo assunto

Na ldquoausecircncia de doutrina militar e anaacutelise [para proteccedilatildeo de civis]rdquo19 como admitido por um ex-funcionaacuterio do Pentaacutegono (mesmo para o caso dos Estados Unidos) policymakers tendem a se dividir em dogmas fundamentais das suas culturas estrateacutegicas nacionais20 As comunidades estrateacutegicas de alguns paiacuteses satildeo mais otimistas de que o uso da forccedila pode obter bons resultados como forma de proteccedilatildeo a civis enquanto outros satildeo majoritariamente pessimistas e tendem a acreditar que a aplicaccedilatildeo da forccedila militar pioraria a situaccedilatildeo21

Apesar da incerteza inerente a cada crise os atores em cada lado dessa divisatildeo apresentam suas crenccedilas com firmeza frequentemente em termos de truiacutesmos ndash ldquoSoacute pode haver uma soluccedilatildeo poliacuteticardquo 22 ou ldquonatildeo haacute futuro para a Liacutebia Siacuteria com Gaddafi Assad no poderrdquo23 Esses satildeo apenas dois posicionamentos proeminentes que natildeo satildeo

15Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

capazes de reconhecer a realidade complexa de qualquer crise Dessa forma eles convidam a uma troca muacutetua de estereoacutetipos ao inveacutes de uma discussatildeo construtiva Os resultados tecircm sido previsiacuteveis reaccedilotildees antiocidentais no Sul (ldquoeles soacute querem invadir nossos paiacutesesrdquo) e anti-Sul por parte do Ocidente (ldquoeles sempre se juntam a seus colegas ditadoresrdquo) Ambas as partes tentam fazer uso do discurso de responsabilidade para justificar seus pontos de vista ldquoAssumir a responsabilidaderdquo outrora significava assumir riscos e accedilotildees militares caras ateacute que o Brasil desafiou o monopoacutelio intervencionista sobre o termo24

Este contraste entre conhecimento e convicccedilatildeo fica aparente em muitos debates nebulosos sobre peacekeeping tal como a conduccedilatildeo da crise na Costa do Marfim pela ONU em 2010-2011 mas foi mais claramente colocado em debate a forma como Estados Unidos Franccedila e Reino Unido lideraram a intervenccedilatildeo de 2011 na Liacutebia Diplomatas brasileiros experientes por exemplo questionaram a justificativa de uma accedilatildeo militar para uma mudanccedila no regime argumento que nunca foi explicitado por americanos franceses e britacircnicos Por que natildeo cessar os ataques uma vez que as ameaccedilas imediatas agrave populaccedilatildeo civil jaacute haviam sido eliminadas e as forccedilas de Gaddafi jaacute natildeo avanccedilavam mais e desta forma forccedilar todas agraves partes a negociar Que responsabilidade a coalisatildeo intervencionista assumiu pelas accedilotildees de seus aliados de fato em terra as forccedilas rebeldes liacutebias Como a coalisatildeo intervencionista equilibrou os riscos e recompensas das diferentes escolhas estrateacutegicas e por que exatamente ldquonatildeo era possiacutevel imaginar um futuro com Gaddafi no poderrdquo como argumentado por Obama Cameron e Sarkozy no jornal The New York Times25Houve questionamentos similares sobre as sugestotildees de intervenccedilatildeo militar na Siacuteria A ausecircncia de respostas convincentes provavelmente teve um papel muito importante no arquivamento de uma seacuterie de planos para intervenccedilotildees unilaterais ao longo dos anos

O que parece ser um otimismo infundado de que a forccedila seria capaz de atingir objetivos poliacuteticos daacute origem a um desconforto difundido em muitas partes do mundo e que vai aleacutem do objetivo especifico de proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade A invasatildeo do Iraque liderada pelos EUA em 2003 se desdobrou em grandes debates como um exemplo de escolha irresponsaacutevel por uma potecircncia hegemocircnica que tende a instruir outros paiacuteses sobre lideranccedila global responsaacutevel Isso tambeacutem eacute um lembrete valioso de que mesmo a maior forccedila militar do globo eacute claramente incapaz de forccedilar a construccedilatildeo efetiva de uma nova ordem poliacutetica com consequecircncias traacutegicas para milhares de pessoas natildeo soacute no Iraque

Ainda assim durante as crises na Costa do Marfim na Liacutebia em 2011 e na Repuacuteblica Centro-Africana em 2014 o Conselho de Seguranccedila estava pronto para legitimar intervenccedilotildees militares ldquoconforme cada casordquo como foi sugerido pela Cuacutepula Mundial Em cada um desses casos emergiram grandes maiorias que priorizaram a necessidade de accedilatildeo militar em relaccedilatildeo agrave ampla preocupaccedilatildeo com a manutenccedilatildeo da soberania estatal seja atraveacutes de voto a favor no Conselho de Seguranccedila de abstenccedilatildeo para permitir que resoluccedilotildees passassem (como Ruacutessia e China no caso da Liacutebia) ou de apoio financeiro militar ou poliacutetico em outros foacuteruns de discussatildeo

Eacute possiacutevel que haja uma janela de oportunidades surgindo para um debate poliacutetico mais detalhado e criacutetico sobre a eficaacutecia da forccedila militar na proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade Tais debates estatildeo tratando dos objetivos diferentes mas relacionados da luta contra insurgentes e redes terroristas Em ambos os casos haacute uma discussatildeo ponderada nos ciacuterculos militares e policiais assim como em grandes meios

16Global Public Policy Institute (GPPi)

de comunicaccedilatildeo sobre questotildees como execuccedilotildees especiacuteficas de terroristas suspeitos ou taacuteticas de contra-insurgecircncia centradas na populaccedilatildeo

Outro debate similar e criacutetico precisa ser colocado em questatildeo em relaccedilatildeo agrave forccedila e a proteccedilatildeo Ele pode ser construiacutedo a partir de uma tendecircncia recente na direccedilatildeo de mais engajamento com os resultados e meios praacuteticos do uso da forccedila militar para proteccedilatildeo Sociedades e comunidades estrateacutegicas nos EUA Reino Unido e Franccedila mostraram sinais de cansaccedilo em relaccedilatildeo a intervenccedilotildees em geral e particularmente agraves unilaterais Ao mesmo tempo alguns dos defensores mais leais da restriccedilatildeo militar reflexiva ndash como China Brasil e Alemanha ndash comeccedilaram a considerar em determinados casos argumentos a favor da accedilatildeo militar para proteccedilatildeo de civis 26Tanto defensores quanto ceacuteticos da proteccedilatildeo militar se beneficiaratildeo ao forccedilar mais nuances nesses debates Por um lado a demanda por especificidades protegeraacute contra o uso abusivo da autoridade humanitaacuteria para fins escusos Por outro mais transparecircncia ajudaraacute na defesa contra reclamaccedilotildees de abuso Esse debate deve considerar as contribuiccedilotildees acadecircmicas recentes27 mas encontraraacute ferramentas mais especiacuteficas e fundamentais em conceitos poliacuteticos estabelecidos como na doutrina da ONU para proteccedilatildeo de civis e as tentativas dos militares norte-americanos de desenvolver orientaccedilotildees conceituais para ldquooperaccedilotildees de resposta a atrocidades em massardquo28

17Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Se as principais controveacutersias globais sobre a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade envolvem (1) o medo do uso abusivo de argumentos humanitaacuterios e (2) como proteger de forma efetiva quais satildeo as opccedilotildees para melhorar as soluccedilotildees globais de proteccedilatildeo O ponto de partida deve ser o reconhecimento de que a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade como um desafio poliacutetico complexo e natildeo somente como algo paliativo enquanto tenta-se resolver um conflito poliacutetico de maiores dimensotildees Qualquer estrateacutegia de proteccedilatildeo deve ser preparada primeiramente a fim de influenciar os caacutelculos poliacuteticos e militares dos perpetradores e deve levar em consideraccedilatildeo os limites de influecircncias externas sobre eventos domeacutesticos Os atores locais tecircm o maior controle sobre a dinacircmica da violecircncia e eacute difiacutecil prever o efeito dominoacute causado pelas accedilotildees externas O foco no curto prazo do conceito de ldquoresposta raacutepida saiacuteda raacutepidardquo eacute portanto um ato irresponsaacutevel quase independente de contexto mesmo que accedilotildees raacutepidas frequentemente sejam necessaacuterias poliacuteticos ativistas jornalistas e acadecircmicos precisam prestar mais atenccedilatildeo agraves poliacuteticas de longo prazo e a seus planejamentos para que sejam adaptadas agraves mudanccedilas

Com base em nossos resultados e anaacutelise apontamos opccedilotildees poliacuteticas para governos a ONU e organizaccedilotildees regionais aleacutem da miacutedia e da sociedade civil com o intuito de melhorar a credibilidade das ferramentas existentes ao fazer com que seu uso na proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade seja menos vulneraacutevel ao abuso e tenha resultados mais efetivos Comeccedilamos com a necessidade de garantir informaccedilotildees e anaacutelises criacuteveis sobre as situaccedilotildees em que crimes de atrocidade satildeo cometidos Depois oferecemos algumas sugestotildees para o fortalecimento das ferramentas disponiacuteveis aos civis para prevenccedilatildeo e resposta a atrocidades e para que as operaccedilotildees de paz da ONU melhorem a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade Depois indicamos opccedilotildees de reforma importantes para o processo decisoacuterio coletivo sobre accedilotildees militares e terminamos enfatizando a necessidade de um aprendizado contiacutenuo e colaborativo sobre as ferramentas para prevenccedilatildeo de atrocidades

Reduzindo a Vulnerabilidade das Fontes de Informaccedilatildeo perante Acusaccedilotildees de ParcialidadeAntes mesmo de comeccedilar a considerar formas de lidar com futuras ou atuais atrocidades o mundo precisa chegar a um consenso sobre o que estaacute acontecendo em cada situaccedilatildeo Atualmente a disponibilidade de informaccedilatildeo sobre situaccedilotildees especiacuteficas de crises natildeo eacute mais o principal desafio para que accedilotildees de mobilizaccedilatildeo aconteccedilam

Opccedilotildees Poliacuteticas para Proteccedilatildeo Mais Efetiva e Responsaacutevel

18Global Public Policy Institute (GPPi)

Ainda assim acreditamos que um desafio crucial para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade eacute a acusaccedilatildeo de parcialidade sobre o tipo e a interpretaccedilatildeo das informaccedilotildees sobre atrocidades fornecidas por governos pela miacutedia ou por grupos da sociedade civil A confianccedila nos Estados dominantes e nas instituiccedilotildees internacionais encontra-se em niacuteveis tatildeo baixos que mesmo os casos de atrocidades bem documentados como o ocorrido em Darfur foram considerados por alguns como propaganda intervencionista29

Essa desconfianccedila estaacute na maior parte das vezes direcionada a fontes relacionadas ao ldquoOcidenterdquo Fontes financiadas lideradas ou com suas sedes em paiacuteses ocidentais frequentemente satildeo as mais acessiacuteveis natildeo soacute pelas elites poliacuteticas em capitais longiacutenquas mas tambeacutem por paineacuteis de especialistas e investigaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas em paiacuteses em que natildeo haacute extensiva presenccedila de campo da ONU Quando as fontes locais de informaccedilatildeo claramente natildeo satildeo criacuteveis como na Siacuteria jornalistas tecircm acesso restrito a aacutereas violentas e por algumas vezes todas as outras fontes relevantes vecircm de organizaccedilotildees com sede no Ocidente de organizaccedilotildees locais da sociedade civil que dependem de ajuda ocidental ou de financiamento externo e que tecircm uma temaacutetica antigovernamental especiacutefica ou ainda de profissionais ocidentais que trabalham para a ONU30 Por exemplo o governo chinecircs frequentemente enfatiza que a identificaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo internacional de abusos aos direitos humanos no exterior eacute excessivamente dependente de informaccedilotildees ocidentais e pediu para que houvesse sistemas de alerta precoce mais imparciais31 Especialistas indianos dizem que o desafio natildeo eacute a disponibilidade de informaccedilatildeo mas ldquoa interpretaccedilatildeo e o vieacutes que lhe eacute dadordquo32

Grupos de ativistas e a miacutedia tecircm incentivos para simplificar as narrativas e portanto eacute prudente ter um ceticismo saudaacutevel perante as acusaccedilotildees de atrocidades hediondas Ao mesmo tempo presumir que a verdade estaacute no meio-termo de todas as posiccedilotildees seria permitir que propaganda e maacute informaccedilatildeo determinassem o caminho a seguir Criticar realisticamente as fontes requer engajamento com a informaccedilatildeo em si e natildeo apenas a insinuaccedilatildeo de agendas poliacuteticas com base puramente na localizaccedilatildeo geograacutefica financiamento ou educaccedilatildeo

A fim de oferecer um debate melhor informado sobre potenciais crimes de atrocidade as empresas de comunicaccedilatildeo e filantropos principalmente em potecircncias emergentes devem investir em fontes de informaccedilatildeo e anaacutelise independentes e criacuteveis sobre conflitos e direitos humanosAs alegaccedilotildees de parcialidade (sejam a favor ou contra os governos ou outros atores) crescem quando haacute uma escassez de fontes Aqueles que criticam as fontes de informaccedilatildeo existentes satildeo os que sabem melhor qual fonte de financiamento ou de influecircncia teraacute mais credibilidade portanto eacute dever destas pessoas investir adequadamente Se haacute suspeitas sobre as fontes ocidentais de informaccedilatildeo por parte de governos e elites poliacuteticas fora do Ocidente essas podem ajudar a diversificar a base de apoio para ONGs ativistas e redes de informaccedilotildees globais jaacute existentes ou ateacute mesmo investir em plataformas alternativas de monitoramento e anaacutelise baseadas nos mais altos padrotildees de integridade jornaliacutestica Por enquanto com raras exceccedilotildees o investimento em miacutedias livres e acesso agrave informaccedilatildeo natildeo parece ser uma prioridade entre as elites empresariais emergentes mesmo em potecircncias emergentes democraacuteticas Por outro

19Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

lado agecircncias de notiacutecia estatais frequentemente tecircm dificuldade para estabelecer uma reputaccedilatildeo de integridade jornaliacutestica Satildeo raros os grandes investimentos no relato de crises humanitaacuterias tais como recentemente feito pela Fundaccedilatildeo Jynwel com sede em Hong Kong na agora independente organizaccedilatildeo de noticias IRIN33 Organizaccedilotildees de defesa podem contribuir com a reduccedilatildeo das alegaccedilotildees de parcialidade ao natildeo exporem situaccedilotildees de conflito como se fossem preto-no-branco e ao serem transparentes sobre quem as financiam e apoiam Se apresentarem uma extensa lista de notas e fontes em seus relatoacuterios como feito regularmente pelo International Crisis Group e pela Human Rights Watch eacute dever dos criacuteticos se engajar com essas fontes com base nos fatos

Fortalecer e diversificar as informaccedilotildees sobre os riscos de crimes de atrocidade em massa tambeacutem pode significar estabelecer organizaccedilotildees de sociedade civil regionais dedicadas agrave pesquisa criacutevel e confiaacutevel sobre a prevenccedilatildeo de atrocidades Se verdadeiramente baseadas em sociedades locais tais grupos teriam mais acesso a grupos nacionais e regionais de sociedade civil do que as organizaccedilotildees globais com sede em Nova York ou Genebra Consequentemente suas informaccedilotildees e argumentos mais provavelmente obteriam credibilidade poliacutetica a niacutevel global No curto prazo a massa criacutetica necessaacuteria a esses centros da sociedade civil provavelmente seraacute alcanccedilada na Europa ou na Aacutefrica mas a Ameacuterica Latina (com sua iacutempar accedilatildeo ldquoRede Latino-Americana de Prevenccedilatildeo ao Genociacutedio e Atrocidades em Massardquo a niacutevel governamental) e a Aacutesia tambeacutem podem se desenvolver rapidamente

Os Estados membros a sociedade civil e as organizaccedilotildees regionais devem melhorar as capacidades da ONU de coletar informaccedilotildees e desvendar fatos sobre desafios agrave proteccedilatildeo ao oferecer assistecircncia logiacutestica funcionaacuterios a curto-prazo e fontes locais de informaccedilatildeo Ao mesmo tempo em que organizaccedilotildees regionais satildeo cada vez mais capazes de influenciar o entendimento global sobre suas partes do mundo a sua imparcialidade eacute apenas tatildeo criacutevel quanto a das potecircncias regionais que lideram as suas deliberaccedilotildees As Naccedilotildees Unidas natildeo podem entretanto sempre responder sozinhas agraves demandas por informaccedilotildees imparciais e criacuteveis sobre riscos de atrocidade Os mecanismos das Naccedilotildees Unidas frequentemente dependem tanto de fontes governamentais e privadas devido agrave necessidade de agir rapidamente quanto sofrem com a falta de acesso proacuteprio e independente aos locais de risco Aleacutem disso a ONU tambeacutem jaacute esteve sujeita agrave autocensura e foi forccedilada a romper compromissos poliacuteticos34

Todos os Estados membros da ONU precisam fortalecer os mecanismos de coleta de informaccedilatildeo da instituiccedilatildeo suas comissotildees de inqueacuterito e outros oacutergatildeos correlatos Por exemplo sempre que uma violecircncia em massa comeccedila conforme definido pelo Secretaacuterio Geral a ONU deveraacute enviar uma missatildeo para desvendar os fatos a fim de informar melhor as discussotildees no Conselho de Seguranccedila Isso poderaacute ser baseado em um grupo permanente de especialistas preacute-selecionados e deveraacute envolver as agecircncias da ONU relevantes ao tema especialmente o Escritoacuterio de Coordenaccedilatildeo de Assuntos Humanitaacuterios O Alto Comissariado para Direitos Humanos o Conselheiro Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedios e o Departamento de Assuntos Poliacuteticos35 Estados membros devem contribuir tanto com financiamento quanto com especialistas

20Global Public Policy Institute (GPPi)

treinados para essas missotildees O estabelecimento de regras para a contrataccedilatildeo de pessoal poderia ajudar a deixar processos de seleccedilatildeo o mais transparentes possiacutevel e desta forma melhorar a credibilidade e imparcialidade da descoberta de fatos pela ONU36

Estados membros tambeacutem podem ajudar as Naccedilotildees Unidas na implementaccedilatildeo de sua iniciativa ldquoHuman Rights Up Frontrdquo (em portuguecircs ldquoDireitos Humanos Antes de Tudordquo) atraveacutes do qual o Secretariado estaacute criando um sistema simplificado de gerenciamento de informaccedilotildees para tudo que eacute coletado pelas muitas partes do sistema ONU combinando dados jaacute existentes sobre proteccedilatildeo humanitaacuteria proteccedilatildeo dos direitos humanos proteccedilatildeo de mulheres em conflitos armados e proteccedilatildeo de crianccedilas37 Os Estados membros podem dar apoio agrave ONU ao incluir mais informaccedilotildees de atores bilaterais no local desde que a ONU faccedila os investimentos necessaacuterios para o tratamento de dados sensiacuteveis proteccedilatildeo a testemunhas e referecircncias38

Usando Ferramentas Diplomaacuteticas e Civis De Forma Antecipada Justa e EstrateacutegicaApesar das diferenccedilas em ecircnfases retoacutericas haacute um consenso universal que as atrocidades devem ser prevenidas pelo uso antecipado e sustentaacutevel de uma variedade de ferramentas civis disponiacuteveis agrave comunidade internacional Estatildeo incluiacutedas a diplomacia a mediaccedilatildeo e as missotildees poliacuteticas assim como as sanccedilotildees a justiccedila criminal internacional as accedilotildees humanitaacuterias e as ferramentas de peacebuilding apoacutes crises dentre elas a reconstruccedilotildees das instituiccedilotildees estatais e do Estado de direito

Desde os anos 90 a comunidade internacional aprendeu liccedilotildees importantes sobre o uso dessas ferramentas e vem caminhando para desenvolvecirc-las ainda mais Satildeo visiacuteveis os sucessos na diplomacia preventiva como o ocorrido durante a crise poacutes-eleiccedilotildees no Quecircnia em 200839 quando um negociador de alto niacutevel liderou as conversas tendo apoio politico de oacutergatildeos regionais e de todos os membros do Conselho de Seguranccedila expertise da ONU e engajamento da sociedade civil Ao longo dos uacuteltimos 10 anos houve uma significativa expansatildeo das capacidades de negociaccedilatildeo dentro da ONU e das organizaccedilotildees regionais Missotildees poliacuteticas no Timor Leste ou na Guineacute-Bissau podem ter evitado uma nova onda de violecircncia nesses locais40 Sanccedilotildees seletivas provavelmente ajudaram a controlar pessoas que poderiam atrapalhar as primeiras fases do processo de peacebuilding na Libeacuteria Costa do Marfim e Serra Leoa41 O Tribunal Penal Internacional processou e condenou seus primeiros casos e apoiou importantes reformas nos sistemas de justiccedila criminal em muitos paiacuteses42

Ainda assim a comunidade internacional em inuacutemeras vezes natildeo fez uso das ferramentas civis disponiacuteveis de forma antecipada decisiva e sustentaacutevel O consenso que parece existir para o uso de ferramentas civis antecipadamente e como prioridade se desfaz assim que decisotildees poliacuteticas e priorizaccedilatildeo se fazem necessaacuterias Mudar isso eacute difiacutecil Requer ir aleacutem das caricaturas comuns que culpam apenas os paiacuteses ocidentais por investir pouco ou as potecircncias natildeo-ocidentais por repelir as tentativas de influenciar ou pressionar perpetradores e seus cuacutemplices Natildeo soacute as prioridades e interesses competitivos existem de todos os lados mas o desafio tambeacutem eacute marcado pela profunda incerteza sobre como e quando usar tais ferramentas com quais atores e em qual espaccedilo Natildeo haacute uma soluccedilatildeo uacutenica e faacutecil para prevenccedilatildeo resposta ou recuperaccedilatildeo efetiva

21Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Nosso foco eacute em medidas de curto prazo voltadas para os civis em situaccedilotildees em que haacute alta probabilidade ou jaacute haacute ocorrecircncia de atrocidades 43Descobrimos que haacute quatro aacutereas que devem ser especialmente observadas

Os atores (em particular potecircncias emergentes) que mais pedem por diplomacia ferramentas civis e prevenccedilatildeo antecipada precisam traduzir seu compromisso retoacuterico em vontade poliacutetica e os investimentos necessaacuterios em capacidades e ideiasIr aleacutem da retoacuterica sobre prevenccedilatildeo requer vontade poliacutetica para fazer disso uma prioridade Com muita frequecircncia a prevenccedilatildeo contra crimes de atrocidade vai de encontro a outros objetivos poliacuteticos em uma determinada situaccedilatildeo de crise Algumas vezes esses interesses e prioridades estatildeo em extremos opostos No Sri Lanka por exemplo o governo conseguiu alavancar a imensa preocupaccedilatildeo internacional com o contraterrorismo para evitar pressotildees em relaccedilatildeo aos crimes de guerra perpetrados durante o conflito contra os Tigres de Libertaccedilatildeo do Tacircmil Eelam (LTTE) no comeccedilo de 200944 Em Darfur a accedilatildeo diplomaacutetica internacional para acabar com os crimes de atrocidade teve de competir com a prioridade para um acordo de paz na longa guerra civil Norte-Sul no Sudatildeo e com a colaboraccedilatildeo antiterrorista do governo sudanecircs45

Todavia mesmo com a ausecircncia de grandes interesses conflitantes haacute um espaccedilo entre o apoio abstrato para a proteccedilatildeo de populaccedilotildees contra crimes de atrocidade e a vontade poliacutetica de agir dispor-se financeiramente e assumir riscos proporcionais Um exemplo recente de quando investimentos deveriam ter sido feitos antes e de forma mais substancial eacute o Sudatildeo do Sul ndash uma crise que tambeacutem demonstra como as categorias ldquoocidentaisrdquo contra os ldquodemaisrdquo natildeo satildeo uacuteteis na anaacutelise das posiccedilotildees dos paiacuteses sobre proteccedilatildeo Por motivos diversos tanto os Estados Unidos quanto a China apoiaram fortemente o governo de Salva Kiir ignorando sinais importantes ateacute que essa se tornou uma das facccedilotildees combatentes na nova guerra civil do Sudatildeo do Sul46 Na Repuacuteblica Centro-Africana investimentos preacutevios nas iniciativas legais e nas reformas no setor de seguranccedila poderiam ter sido capazes de evitar que o paiacutes atingisse a atual escala de violecircncia47

Como esses e outros exemplos revelam haacute um grande descompasso entre a retoacuterica que demanda mais ldquosoluccedilotildees poliacuteticas e diplomaacuteticasrdquo ndash como constantemente enfatizado por China Ruacutessia Iacutendia Brasil Aacutefrica do Sul (e tambeacutem pela Alemanha e pela Uniatildeo Europeia) ndash e os recursos poliacuteticos e materiais investidos na busca por tais soluccedilotildees Colocar em praacutetica essas ldquosoluccedilotildees poliacuteticasrdquo requer ao mesmo tempo declaraccedilotildees ocasionais e o estabelecimento de capacidades institucionais para o monitoramento dos direitos humanos monitoramento de longo prazo das eleiccedilotildees mediaccedilatildeo e apoio de pessoas com experiecircncia secircnior que possam ser rapidamente acionadas e a construccedilatildeo de instituiccedilotildees nos setores de justiccedila seguranccedila e correlatas normalmente envolvidas com missotildees poliacuteticas da ONU e de organizaccedilotildees regionais Similarmente o uso de ferramentas coercitivas como sanccedilotildees requer tanto a tomada de decisotildees difiacuteceis quanto investimentos e iniciativas para planejar criativamente e melhorar estas ferramentas a fim de que sejam de fato seletivas justas e legalmente soacutelidas ndash em outras palavras que minimizem os riscos de afetarem as pessoas erradas

22Global Public Policy Institute (GPPi)

de acordo com princiacutepios baacutesicos do direito O Tribunal Penal Internacional precisa do comprometimento poliacutetico e da ratificaccedilatildeo do Estatuto de Roma por algumas das naccedilotildees mais poderosas do mundo Tambeacutem precisa de recursos para continuar acompanhando seus casos No miacutenimo tanto as potecircncias emergentes quanto as jaacute estabelecidas precisam melhorar sua assistecircncia humanitaacuteria para aqueles que fogem da violecircncia Por exemplo Estados membros da ONU cederam menos de 50 por cento dos fundos necessaacuterios para a resposta humanitaacuteria na Siacuteria deixando milhares de pessoas necessitadas em 201448

Os governos devem priorizar a detenccedilatildeo e julgamento dos perpetradores de crimes de atrocidade em suas jurisdiccedilotildees Aleacutem das dificuldades poliacuteticas de se lidar com perpetradores que estatildeo no poder como na Siacuteria ou com perpetradores que estatildeo fora do alcance de Estados falidos como na Repuacuteblica Centro-Africana todos os governos podem fazer mais para sancionar ou julgar esses perpetradores por crimes de atrocidade que de alguma forma estejam em suas jurisdiccedilotildees Prevenir e dar respostas aos crimes de atrocidade significa lidar com as motivaccedilotildees e capacidades de perpetradores individuais antes que cometam crimes Tambeacutem significa puni-los por seus atos49 Aqueles que mantecircm seu dinheiro em bancos multinacionais podem estar sujeitos ao congelamento de seus ativos estejam nos bancos na Europa ou na Aacutesia Aqueles que viajam estatildeo sujeitos agrave recusa de vistos e impedimentos de viagem de modo a impactar suas accedilotildees antes de cometerem ou enquanto cometem atrocidades Leis existentes como nos Estados Unidos permitem que imigrantes sejam deportados se houver provas que os liguem a genociacutedios Paiacuteses podem buscar pessoas procuradas pelo Tribunal Penal Internacional e mudar suas leis ou designar forccedilas policiais para processar os piores crimes de atrocidade independentemente dos locais em que foram cometidos

Com muita frequecircncia a falta de atenccedilatildeo e vontade poliacutetica permite que perpetradores vivam livres e confortavelmente apoacutes terem cometido atrocidades ou ateacute mesmo organizar financiar e apoiar atrocidades em andamento mesmo estando no exterior Isso aconteceu com diversos liacutederes das Forccedilas Democraacuteticas Para a Libertaccedilatildeo de Ruanda (FDLR) um grupo miliciano operando no Congo Eles viveram sem problemas na Alemanha durante quase uma deacutecada antes de serem presos e julgados50 Os Estados Unidos apesar de sua recusa em ratificar o Estatuto de Roma recentemente serviu de exemplo ao aumentar seus esforccedilos na procura por suspeitos de crimes de guerra que moram no paiacutes e ao desenvolver propostas que permitem o uso das leis de imigraccedilatildeo para fazer com que perpetradores de atrocidades paguem por seus crimes51

Poliacuteticos devem dar prioridade ao comportamento atual ao avaliar a legitimidade de atores e julgar todos os atores de um conflito pelos mesmos padrotildees Soacute porque em determinado momento haacute um grupo claramente identificaacutevel como perpetrador de atrocidades natildeo significa que outros grupos sejam e continuaratildeo sendo inocentes de tais atos Violecircncia gera mais violecircncia jaacute que grupos ameaccedilados

23Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

se defendem e continuam combatendo o inimigo A Liacutebia eacute um bom exemplo disso Na primavera de 2011 identificar corretamente o regime de Gaddafi como responsaacutevel por crimes de atrocidade foi a decisatildeo correta ndash mas natildeo evitou que os rebeldes cometessem crimes similares posteriormente previsivelmente em alguns grupos tornando quem os apoiava militarmente cuacutemplices De forma similar em 2014 apoiar as forccedilas curdas Peshmerga era a uacutenica forma de prevenir um massacre contra os Yazidis no Iraque ndash mas aqueles que deram apoio natildeo deveriam silenciar-se perante as posteriores mortes em represaacutelia

A escolha de grupos especiacuteficos como aliados eacute facilmente entendida como arbitraacuteria quando o comportamento atual natildeo justifica apoio internacional Um dos argumentos conflitantes de legitimidade poliacutetica acontece quando atores externos escolhem seus aliados locais de forma inconsistente com suas accedilotildees (algumas vezes favorecendo o regime incumbente) e tal escolha eacute facilmente vista como hipoacutecrita52 Poliacuteticos tambeacutem estatildeo vulneraacuteveis a tais acusaccedilotildees quando satildeo seletivos sobre suas criacuteticas a poderes regionais que armam ou apoiam grupo rebeldes como no caso do silecircncio ocidental sobre o envolvimento da Araacutebia Saudita na Siacuteria

Defensores do R2P e da prevenccedilatildeo de atrocidades em governos ou na sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando pedir a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes

No que diz respeito agrave diplomacia preventiva defensores do R2P e da prevenccedilatildeo contra atrocidades incluindo governos e a sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando e como pedem a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes Em algumas situaccedilotildees o Conselho pode deixar a mediaccedilatildeo mais difiacutecil ao elevar o niacutevel de visibilidade poliacutetica de uma crise Ele pode ajudar mediadores ao dar-lhes mais peso um senso de urgecircncia incentivos e desincentivos (ex com sanccedilotildees seletivas proibiccedilotildees de viagem congelamento de ativos embargo de armas investigaccedilotildees estabelecimento de uma missatildeo poliacutetica) Mas em algumas situaccedilotildees pressatildeo internacional vinda dos mais altos niacuteveis que inclui o papel do Conselho de Seguranccedila pode ser contraproducente Isso pode reforccedilar a urgecircncia de um governo em terminar a guerra a todos os custos como no caso do Sri Lanka no comeccedilo de 200953 ou complicar as negociaccedilotildees para acesso humanitaacuterio como em Mianmar em maio de 200854 Em particular quando os casos lidam com governos que jaacute vecircm sendo excluiacutedos da comunidade internacional foacuteruns e canais mais discretos podem ser mais efetivos na tentativa de influenciar mudanccedilas de comportamento

Possibilitando que as Missotildees de Paz da ONU Ofereccedilam Proteccedilatildeo CriacutevelO peacekeeping eacute um sistema com grande legitimidade global que jaacute evita abusos e comeccedilou a dar ecircnfase agrave Proteccedilatildeo de Civis (PoC) em muitas de suas operaccedilotildees A composiccedilatildeo global e o controle rigoroso por parte do Conselho de Seguranccedila deixa as operaccedilotildees de paz muito mais aceitaacuteveis que qualquer outro instrumento como notavelmente o uso da

24Global Public Policy Institute (GPPi)

forccedila por terceiros segundo um mandato do Conselho de Seguranccedila55 Ao mesmo tempo o peacekeeping soacute eacute capaz de lidar com um nuacutemero limitado de desafios agrave proteccedilatildeo a ausecircncia de mecanismos raacutepidos e efetivos de mobilizaccedilatildeo de implementaccedilatildeo faz com que seja impossiacutevel para peacekeepers da ONU responder a ameaccedilas iminentes de crimes de atrocidade e os requerimentos legais e praacuteticos da colaboraccedilatildeo com o governo local limitam uma accedilatildeo efetiva contra os perpetradores dos crimes de atrocidade que sejam parte ou que recebam apoio do governo Mesmo quando os peacekeepers estavam presentes enquanto crimes de atrocidade eram praticados como na Costa do Marfim em 2011 e no Sudatildeo do Sul em 2013 qualquer prevenccedilatildeo efetiva foi ilusoacuteria E onde uma reaccedilatildeo imediata natildeo obteve sucesso os desafios da proteccedilatildeo efetiva contra crimes em andamento rapidamente excedeu a capacidade dos boinas azuis

As vaacuterias maneiras em que as operaccedilotildees de paz poderiam melhor proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade ao estabelecer capacidades reduzir vulnerabilidade (ldquoproteccedilatildeo indiretardquo) e defender contra perpetradores (ldquoproteccedilatildeo diretardquo) jaacute foram explicitadas em outras oportunidades56 Atingir pelo menos um niacutevel moderado de ambiccedilatildeo para que peacekeepers protejam populaccedilotildees contra crimes de atrocidade requereria investimentos adicionais em capacidade doutrina e treinamento Tambeacutem seria necessaacuteria uma anaacutelise mais seacuteria sobre como combinar de forma efetiva o uso do peacekeeping com instrumentos poliacuteticos

O Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz a lideranccedila da missatildeo e os paiacuteses colaboradores precisam informar de forma modesta e transparente os limites das capacidades da ONU na proteccedilatildeo de civis

O comprometimento bem-vindo e necessaacuterio do Conselho de Seguranccedila com a proteccedilatildeo levou a um nuacutemero excessivo de promessas57 que aumentaram a lacuna entre as expectativas locais e a capacidade das missotildees Quando um mandato para milhares de peacekeepers eacute estabelecido com grande alvoroccedilo mas somente uma fraccedilatildeo chega seis meses depois como no Sudatildeo Sul apoacutes o iniacutecio da uacuteltima guerra civil em dezembro de 2013 ou como quando os peacekeepers se recusaram a tomar medidas enquanto crimes de atrocidade eram cometidos nas redondezas (devido ou natildeo ao apoio ou lideranccedila inadequados) como visto recentemente na RDC ou no Sudatildeo pessoas que se reuacutenem ao redor da bandeira azul na esperanccedila de proteccedilatildeo se tornam mais vulneraacuteveis ao perigo do que se estivessem em outro local De forma geral populaccedilotildees ameaccediladas estatildeo em situaccedilotildees melhores com os peacekeepers do que sem eles mas ainda assim a credibilidade das Naccedilotildees Unidas eacute afetada nestes casos58

Tanto a proteccedilatildeo efetiva quanto a responsaacutevel exigem uma comunicaccedilatildeo honesta e transparente com o puacuteblico e com o Conselho de Seguranccedila sobre as capacidades de cada missatildeo e de cada contingente aleacutem da sua disponibilidade para assumir riscos Quando os diplomatas do Conselho criarem ou derem nova autorizaccedilatildeo a outro ambicioso mandato para a proteccedilatildeo de civis eles precisam ser formalmente informados das capacidades e requerimentos que seratildeo necessaacuterios

25Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

A proteccedilatildeo por parte dos peacekeepers requer um salto de qualidade das contribuiccedilotildees para as operaccedilotildees dos boinas azuis e isso exige que o Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz as tropas a poliacutecia e os colaboradores financeiros encontrem uma divisatildeo do trabalho mais justa e equilibradaO equiliacutebrio fraacutegil entre aqueles que contribuem com tropas (em sua maioria da Aacutefrica e da Aacutesia) financiadores (em sua maioria da Europa e Ameacuterica do Norte) e os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila da ONU que emitem mandatos estaacute proacuteximo de se desfazer A insustentaacutevel divisatildeo de trabalho em peacekeeping natildeo eacute uma questatildeo dos ocidentais contra os demais Muitos paiacuteses africanos cansados dos muitos anos de tentativas frustradas de instauraccedilatildeo da paz no continente pelas potecircncias externas cada vez mais requerem e apoiam o uso de forccedila militar para proteger civis e conceder mais tempo para as negociaccedilotildees de paz Por outro lado paiacuteses que tradicionalmente contribuem com muitas tropas estatildeo cada vez mais reticentes em ameaccedilar a vida de seus soldados em locais distantes ndash especialmente aqueles paiacuteses como a Iacutendia cujo papel emergente no mundo criou expectativas de exercer influecircncia sobre escolhas estrateacutegicas que ateacute agora se mantiveram no domiacutenio exclusivo dos membros permanentes Isso tudo combinado com a austeridade imposta agraves forccedilas armadas mais desenvolvidas impossibilitando aumentar suas contribuiccedilotildees de ativos-chave ndash que poderia reduzir os riscos aos boinas azuis ndash vem deixando muitos paiacuteses em desenvolvimento cada vez mais impacientes com um sistema que natildeo funciona mais para eles

Para avanccedilar na prevenccedilatildeo de crimes de atrocidade economias desenvolvidas e em desenvolvimento precisatildeo aumentar os recursos disponibilizados para as missotildees de paz da ONU mas o dever principal de balancear o desequiliacutebrio atual estaacute nas matildeos de paiacuteses com capacidades avanccediladas Eles precisam disponibilizar forccedilas militares e ativos poliacuteticos que satildeo chaves para limitar o risco de todos os boinas azuis e aumentar o custo-benefiacutecio e a eficaacutecia do peacekeeping Isso inclui drones de vigilacircncia veiacuteculos anti-minas hospitais militares evacuaccedilatildeo meacutedica aeacuterea apoio de combate aeacutereo transporte aeacutereo taacutetico equipamentos anti-explosivos e outras tecnologias avanccediladas59

Contudo natildeo satildeo somente paiacuteses da Europa e da Ameacuterica do Norte que disponibilizam pouquiacutessimas tropas e deixam a desejar em suas contribuiccedilotildees (os europeus por exemplo respondem por menos de 7 por cento das tropas de peacekeeping da ONU e menos de 4 por cento das tropas policiais da organizaccedilatildeo60 A Iacutendia tem demonstrado apoio duradouro e extensivo ao peacekeeping ndash uma rara exceccedilatildeo entre paiacuteses com pretensotildees de lideranccedila regional ou global Outros paiacuteses deveriam pensar em seguir o recente exemplo da China e aumentar o nuacutemero de tropas policiais ou civis qualificados disponibilizados agrave ONU Por exemplo o Brasil mesmo com sua lideranccedila no Haiti ainda oferece menos pessoal que os pequenos Togo e Burkina Faso

26Global Public Policy Institute (GPPi)

Todos os membros do Conselho de Seguranccedila e colaboradores do peacekeeping deveriam aumentar a orientaccedilatildeo conceitual o treinamento e a construccedilatildeo de capacidade para a proteccedilatildeo de civis contra crimes de atrocidade

Tanto o desenvolvimento de estrateacutegias poliacuteticas quanto o uso da forccedila para proteccedilatildeo taacutetica de civis carecem grandemente de fundamentos conceituais soacutelidos com a qual qualquer outro tipo de operaccedilatildeo militar pode contar Os desafios poliacuteticos policiais e militares da proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade natildeo recebem a atenccedilatildeo conceitual e os recursos para treinamento adequados em quase todos os paiacuteses61 Natildeo eacute surpreendente que liacutederes de missatildeo e comandantes de tropas operem hoje em dia com base na tentativa e erro sem que haja uma orientaccedilatildeo ou doutrina clara Da mesma forma os membros do Conselho ndash em especial os natildeo-permanentes ndash satildeo forccedilados a tomar decisotildees difiacuteceis sobre a proteccedilatildeo de civis sem que tenham acesso a um oacutergatildeo de anaacutelise poliacutetico-militar sobre quais seriam as consequecircncias de tais accedilotildees A ausecircncia de conceitos claros e amplamente difundidos sobre as formas praacuteticas de proteccedilatildeo (para aleacutem das Zonas de exclusatildeo aeacuterea) contribuem para o estereoacutetipo muacutetuo e suspeitas de motivos escusos

Os Estados Unidos deveriam continuar a expansatildeo da sua Iniciativa Global de Operaccedilotildees de Paz (GPOI na sigla em inglecircs) e sua Parceria Africana de Resposta Raacutepida para Manutenccedilatildeo da Paz que apoiam e reforccedilam a capacidade de outros paiacuteses de treinar e manter competecircncias para a manutenccedilatildeo da paz Ambos os casos deveriam dar mais atenccedilatildeo agraves forccedilas militaresx mais frequentemente usadas no peacekeeping No futuro treinamentos e exerciacutecios da GPOI e outros deveriam incluir especificamente diferentes aspectos de proteccedilatildeo a civis 62 De forma similar a estes programas estadunidenses a Uniatildeo Europeia os governos europeus e de outros locais que possuem forccedilas armadas com tal capacidade deveriam oferecer os treinamentos e equipamentos mais modernos para os colaboradores das operaccedilotildees de paz Isso poderia criar incentivos para que unidades treinadas e equipadas efetivamente trabalhem em conjunto com a ONU a Uniatildeo Africana e as forccedilas sub-regionais na proteccedilatildeo de civis ndash no caso da UE ao novamente dar ecircnfase e expandir a Enable and Enhance Initiative

Usar a avaliaccedilatildeo atual das operaccedilotildees de paz da ONU para construir um consenso entre todas as partes interessadas (Conselho de Seguranccedila e Secretariado assim como colaboradores financeiros de tropas ou de poliacutecia) sobre o uso da forccedila somente para apoiar ndash e nunca substituir ndash uma estrateacutegia poliacutetica para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade e para planejar mandatos e operaccedilotildees adequadamente Como parte do diaacutelogo necessaacuterio sobre a utilidade do uso da forccedila a atual avaliaccedilatildeo das operaccedilotildees de paz da ONU oferece uma oportunidade de reconstruir uma linguagem comum sobre o peacekeeping seus princiacutepios e conceitos baacutesicos suas ambiccedilotildees e desafios para as tarefas de proteccedilatildeo das missotildees da ONU especialmente no que diz respeito ao uso da forccedila Os princiacutepios de consentimento imparcialidade e neutralidade atualizados no Relatoacuterio Brahimi para permitir que peacekeepers ajam contra os violadores dos acordos de paz e perpetradores de atrocidades mais uma vez satildeo distorcidos ou parecem irrelevantes em muitas operaccedilotildees A maioria dos peacekeepers

27Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

de hoje servem em situaccedilotildees de conflito ativo como no Mali ou na Repuacuteblica Centro-Africana Peacekeepers da ONU estatildeo conduzindo operaccedilotildees de combate ativo na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Em outros locais os acordos de deacutecadas atraacutes que deram origem a uma missatildeo natildeo incluem as partes que atualmente ameaccedilam ou sequestram peacekeepers como nas Colinas de Golatilde

Enquanto eacute inevitaacutevel que haja certa ambiguidade sobre os princiacutepios o uso ativo da forccedila para proteger civis soacute eacute capaz de apoiar mas nunca substituir uma estrateacutegia poliacutetica63 Onde natildeo haacute uma estrateacutegia poliacutetica realista para chegar agrave paz deve haver pelo menos uma para limitar os riscos aos civis ndash se necessaacuterio um plano que inclua o apoio de forccedilas militares da ONU como na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Estas questotildees devem ser discutidas de forma honesta pelas partes interessadas nas operaccedilotildees de paz da ONU O abismo que separa as partes nestas discussotildees natildeo estaacute entre os ocidentais que apoiam o uso de mais forccedila e os opositores natildeo-ocidentais Atualmente isso acontece entre paiacuteses que contribuem com muitas tropas como Iacutendia e Paquistatildeo preocupados com o aumento dos riscos agraves suas tropas e uma coalisatildeo mais intervencionista de paiacuteses africanos e europeus ocidentais64

A Tomada de Decisotildees sobre Accedilotildees MilitaresO atual sistema de seguranccedila coletiva que tem o Conselho de Seguranccedila na ONU como peccedila central natildeo estaacute agrave altura da tarefa de prover proteccedilatildeo efetiva e responsaacutevel O Conselho eacute incapaz de agir de forma efetiva quando alguns interesses geopoliacuteticos colidem como no caso da Siacuteria Mas ele fracassa ateacute mesmo em situaccedilotildees em que o abuso do argumento humanitaacuterio natildeo estaacute na pauta e os interesses de membros-chave do Conselho estatildeo alinhados ndash como no caso da Repuacuteblica Centro-Africana ou do Sudatildeo do Sul Um Conselho que tem o poder de estabelecer mandatos mobilizar proteccedilatildeo efetiva e limitar o medo do uso abusivo de argumentos humanitaacuterios precisaria ouvir os maiores atores poliacuteticos do mundo moderno os paiacuteses que contribuem com tropas e os financiadores

Tanto a composiccedilatildeo quanto os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila da ONU refletem a ordem mundial dos anos 1940 A fim de manter a credibilidade do sistema de seguranccedila coletiva restaurar a legitimidade do Conselho de Seguranccedila eacute uma questatildeo urgente e de interesse dos cinco membros permanentes Todavia mesmo estando bem fundadas em termos de justiccedila global e em prospectos de longo prazo para a governanccedila global as propostas jaacute existentes para uma expansatildeo do Conselho ou um papel mais proeminente da Assembleia Geral em assuntos de seguranccedila provavelmente natildeo contribuiratildeo para uma proteccedilatildeo mais efetiva contra crimes de atrocidade

Visando o 70o aniversaacuterio da ONU neste ano nossas sugestotildees datildeo ecircnfase agraves mudanccedilas procedimentais e natildeo estruturais do Conselho de Seguranccedila

28Global Public Policy Institute (GPPi)

Os cinco membros permanentes do Conselho de Seguranccedila deveriam dar mais apoio a processos decisoacuterios inclusivos dentro do Conselho e abrir canais informais de consulta sobre mandatos estrateacutegias e operaccedilotildees para todas as partes cruciais em especial potecircncias regionais e grandes colaboradores de pessoal Os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila na ONU limitam severamente seu senso de imparcialidade perante os olhos do mundo Na maioria das crises na Aacutefrica o chamado ldquopenholderrdquo ndash isto eacute o paiacutes responsaacutevel pelo rascunho das resoluccedilotildees do Conselho ndash eacute o antigo Estado colonizador ou os Estados Unidos65 Mesmo sendo uacutetil por dar uma continuidade ao longo dos anos esta organizaccedilatildeo e as relaccedilotildees internas resultantes entre os membros permanentes efetivamente excluem os membros natildeo-permanentes da maior parte das negociaccedilotildees informais onde as decisotildees mais importantes satildeo tomadas

Para que haja uma forma menos exclusiva de tomar decisotildees o precisaria de atores adicionais tanto dentro quanto fora das regiotildees relevantes para desenvolver as capacidades analiacutetica e poliacutetica de cogerenciar de forma construtiva o engajamento do Conselho e as operaccedilotildees de paz ao inveacutes de soacute defender seus proacuteprios interesses Os Estados membros e as organizaccedilotildees da sociedade civil tambeacutem devem continuar as discussotildees sobre um coacutedigo de conduta para limitaccedilatildeo voluntaacuteria do poder de veto em situaccedilotildees de crimes de atrocidade como proposto pelo governo francecircs66

Aleacutem dos procedimentos internos os membros do Conselho devem continuar expandindo as interaccedilotildees informais com as partes relevantes incluindo paiacuteses vizinhos e aqueles que contribuem com pessoal para as operaccedilotildees de paz Isso natildeo precisa se limitar a trocas diplomaacuteticas formais a fim de aumentar a qualidade e aceitaccedilatildeo dos mandatos de peacekeeping os paiacuteses responsaacuteveis pelo rascunho do mandato poderiam incluir a colaboraccedilatildeo de especialistas dos paiacuteses que contribuem com grande nuacutemero de tropas ou de policiais como por exemplo antigos comandantes de tropa ou chefes de poliacutecia67

Atores com credibilidade para fazer conexotildees no debate polarizado sobre intervenccedilatildeo militar devem facilitar os esforccedilos informais para desenvolver um sistema de monitoramento e informaccedilatildeo mais rigoroso para Estados que aderirem agraves missotildees com mandatos da ONUO conceito de Responsabilidade ao Proteger (RwP na sigla em inglecircs) eacute uma das iniciativas mais promissoras para lidar com os desacordos globais sobre o uso abusivo da Responsabilidade de Proteger Quando apresentado pelo Brasil no final de 2011 tal conceito ofereceu uma oportunidade de debate sobre o que poderia ser proteccedilatildeo efetiva e qual deveria ser o papel do uso da forccedila nessa proteccedilatildeo apoacutes a intervenccedilatildeo na Liacutebia quando essas discussotildees estavam extremamente polarizadas68 Apoacutes essa experiecircncia eacute muito improvaacutevel que o Conselho de Seguranccedila futuramente aprove uma resoluccedilatildeo autorizando o uso de forccedilas externas para a proteccedilatildeo com termos tatildeo amplos Com isso a implementaccedilatildeo de algumas ideias da proposta do RwP eacute de interesse de todos os Estados que acreditam que a forccedila deve ser uma ferramenta de uacuteltimo caso disponiacutevel

29Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

agrave comunidade internacional Discussotildees mais profundas satildeo necessaacuterias sobre os criteacuterios e condiccedilotildees considerados para que o Conselho use a forccedila para proteger populaccedilotildees Mesmo que a discussatildeo sobre criteacuterios para o uso da forccedila seja tatildeo antiga quanto a discussatildeo sobre intervenccedilatildeo humanitaacuteria69 todos os Estados membros se beneficiariam de um debate aberto sobre os sucessos e fracassos do uso da forccedila no passado e suas implicaccedilotildees no futuro como supracitado Outra questatildeo mais praacutetica diz respeito a como aumentar a habilidade do Conselho de monitorar aqueles que aderem e executam suas decisotildees Uma sugestatildeo concreta seria adotar elementos do sistema de peacekeeping como relatoacuterios e reuniotildees instrutivas regulares sobre a situaccedilatildeo das delegaccedilotildees para o uso da forccedila por terceiros As resoluccedilotildees poderiam incluir expliacutecitas claacuteusulas de caducidade que obrigariam a aprovaccedilatildeo da extensatildeo do mandato pelo Conselho de Seguranccedila e requerimentos de relatoacuterio regulares e especiacuteficos por parte daqueles Estados membros que aderirem e executarem as decisotildees do oacutergatildeo70 Outra sugestatildeo seria a criaccedilatildeo de mecanismos de responsabilizaccedilatildeo e monitoramento ao criar paineacuteis de especialistas quando os mandatos do Conselho incluiacuterem o uso da forccedila conforme modelo dos comitecircs de sanccedilotildees da ONU Relatoacuterios de comitecircs independentes como esses podem dar origem a uma praacutetica-padratildeo e contribuir para a melhora da qualidade nas decisotildees do Conselho ao longo do tempo seja antes durante ou depois das operaccedilotildees militares71

Potecircncias emergentes e jaacute estabelecidas podem fazer sua parte no avanccedilo das discussotildees sobre as questotildees colocadas pelo RwP Tanto a iniciativa oficial do Brasil quanto a ideia de ldquoProteccedilatildeo Responsaacutevelrdquo colocada por um reconhecido especialista chinecircs72 poderiam ser pontos de partida para discussotildees mais especiacuteficas e operacionais tanto entre os BRICS quanto entre os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila73 Ao inveacutes de rejeitar tais conceitos como sendo ataques agrave Responsabilidade de Proteger as potecircncias ocidentais deveriam ver essas iniciativas como uma oportunidade para um debate construtivo sobre como proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade74

Inserindo a Reflexatildeo e o Aprendizado Constantes em cada Ferramenta PoliacuteticaAinda que haja muita experiecircncia estabelecida com fracassos terriacuteveis e os poucos sucessos qualificados natildeo haacute uma base de conhecimento confiaacutevel sobre como proteger pessoas contra crimes de atrocidade Em geral governos e organizaccedilotildees internacionais continuam tratando cada crise como sendo uacutenica dando pouca atenccedilatildeo agrave reflexatildeo contiacutenua ao aprendizado e agrave adaptaccedilatildeo das poliacuteticas conforme as situaccedilotildees evoluem Os acadecircmicos jaacute aprenderam bem mais sobre o que natildeo funciona em algumas condiccedilotildees do que sobre o que poderia melhorar ndash por um lado porque cada intervenccedilatildeo poliacutetica acontece com contexto proacuteprio e por outro porque resultam de incentivos acadecircmicos e dificuldades de acesso a dados

30Global Public Policy Institute (GPPi)

Governos organizaccedilotildees internacionais sociedade civil e acadecircmicos precisam projetar poliacuteticas que sejam mais adaptaacuteveis ao conhecimento em evoluccedilatildeo e agrave avaliaccedilatildeo de riscos com base em oportunidades internas para reflexatildeo e aprendizado contiacutenuos e colaborativosEnquanto ainda haacute urgecircncia para que medidas sejam tomadas agir de forma responsaacutevel perante tanta incerteza pede que sejamos menos confiantes em nossa habilidade de determinar a melhor poliacutetica possiacutevel para cada situaccedilatildeo Poliacuteticos ativistas e intelectuais devem ser honestos consigo mesmos e transparentes com aqueles que mais sofrem com os impactos dessas poliacuteticas Natildeo haacute soluccedilotildees que tenham sido testadas e comprovadas Tudo que podemos fazer eacute tentar identificar a forma mais responsaacutevel de desenvolver cada caso enquanto nos mantemos preparados e prontos para reagir rapidamente a mudanccedilas e melhorar nossa gama de poliacuteticas instrumentais Este processo experimental de decisatildeo poliacutetica precisa ser constantemente monitorado e avaliado de forma autocriacutetica tanto interna quanto externamente atraveacutes do diaacutelogo franco e honesto entre profissionais sociedades e especialistas externos em todos os niacuteveis desde o monitoramento e avaliaccedilatildeo ateacute os debates mais amplos de poliacutetica puacuteblica sobre a eficaacutecia da forccedila militar e da diplomacia coercitiva na prevenccedilatildeo e resposta a crimes de atrocidade

31Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

1 Como a Genocide Prevention Task Force em um painel fechado de alto-niacutevel nos Estados Unidos apropriadamente argumentou em 2008 Genocide Prevention Task Force lsquoPreventing Genocide A Blueprint for US Policymakersrsquo (Washington DC The American Academy of Diplomacy US Holocaust Memorial Museum US Institute for Peace 2008) Veja tambeacutem Ruben Reike Serena Sharma e Jennifer Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo (Australian Civil-Military Centre e Oxford Institute for Ethics Law and Armed Conflict 2013) 6ff

2 Michael Ignatieff lsquoThe Libya Case a Teachable Momentrsquo Suddeutsche Zeitung Special Supplement http wwwamericanacademydesitesdefaultfilesuploadMSC202012pdf 3 de fevereiro de 2012 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 David Bosco lsquoAbstention Games on the Security Councilrsquo Foreign Policy httpforeignpolicy com20110317abstention-games-on-the-security-council 17 de marccedilo de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

3 Kofi A Annan lsquoTwo Concepts of Sovereigntyrsquo The Economist httpwwweconomistcomnode324795 16 de setembro de 1999 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

4 Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Conflict Security and Development 144 2014 Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

5 Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

6 Rosa Brooks lsquoThe UN Security Council and Civilian Protectionrsquo in Jared Genser e Bruno Ugarte eds The UN Security Council in the Age of Human Rights (New York Cambridge University Press 2013) 12 Sobre a base global para as normas de proteccedilatildeo veja Charles Sampford lsquoA Tale of Two Normsrsquo em Angus Francis Vesselin Popovski e Charles Sampford eds Norms of Protection Responsibility to Protect Protection of Civilians and Their Interaction (United Nations University Press 2012) Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

7 Para uma visatildeo geral do posicionamento do Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia e Aacutefrica do Sul sobre R2P veja os artigos na ediccedilatildeo especial de Conflict Security and Development Brockmeier Kurtz e Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Jaganathan e Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Julian Junk lsquoThe Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Xymena Kurowska lsquoMultipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Lui Tiewa e Zhang Haibin lsquoDebates in China About the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessmentrsquo Conflict Security and Development 2014 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Verhoeven Murthy e Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang Reinicke lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo ediccedilatildeo especial (144) de Conflict Security and Development (London Taylor amp Francis 2014)

8 CSR Murthy e Gerrit Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo Global Society em revisatildeo

9 Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo Global Society em revisatildeo Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo Global Society em revisatildeo

10 Judi Atkins Justifying New Labour Policy (Houndmills Basingstoke Hampshire New York Palgrave Macmillan 2011) 163 Veja por exemplo Stuenkel e Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Erna Burai lsquoParody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian Warrsquo Global Society em revisatildeo

Notas

32Global Public Policy Institute (GPPi)

11 Roland Paris lsquoThe ldquoResponsibility to Protectrdquo and the Structural Problems of Preventive Humanitarian Interventionrsquo International Peacekeeping 215 2014 4

12 Ramesh Thakur lsquoR2Prsquos ldquoStructuralrdquo Problems A Response to Roland Parisrsquo International Peacekeeping 2015 5

13 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

14 Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo Global Society em revisatildeo

15 Julian Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo Global Society em revisatildeo Julian Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo Global Society em revisatildeo

16 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

17 Erna Burai lsquoAfrican Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Groundrsquo Global Society em revisatildeo

18 Ambos os debates em torno das propostas brasileiras de Responsabilidade ao Proteger e o Diaacutelogo Interativo Informal da Assembleia Geral sobre Responsabilidade de Proteger e ldquoAccedilatildeo oportuna e decisivardquo em 2012 constituiacuteram tentativas de defensores de R2P se envolverem em discussotildees sobre o uso da forccedila e R2P Para acessar uma coleccedilatildeo de discursos durante a Assembleia Geral de 2012 veja httpwwwglobalr2porgresources278

19 Sarah Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo em Mary Kaldor e Iavor Rangelov eds The Handbook of Global Security Policy (Chichester West Sussex Wiley Blackwell 2014) 225

20 Alastair Iain Johnston lsquoThinking About Strategic Culturersquo International Security 194 1995 46

21 Pessimismo sobre a eficaacutecia da forccedila no entanto natildeo eacute o mesmo de promover a natildeo-violecircncia Alguns dos maiores defensores do ceticismo em relaccedilatildeo agraves forccedilas militares para proteccedilatildeo frequentemente recorrem a forccedilas militares ou quase militares no acircmbito domeacutestico

22 Otto Bakkano lsquoAU Pushes for Ceasefire Political Solution in Libyarsquo Mail amp Guardian httpmgcoza article2011-05-26-au-pushes-for-ceasefire-political-solution-in-libya 26 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Guido Westerwelle lsquoBundesminister Westerwelle Statement vom 25032011 zu Syrien Jemen Israel und dem Gaza-Streifen Sowie Libyenrsquo Auswartiges Amt httpwwwbrasildiplodeVertretung brasiliende07__AussenpolitikReden_20des_20Au_C3_9FenministersStatemente_20Syrienhtml 25 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

23 Barack Obama David Cameron e Nicolas Sarkozy lsquoLibyarsquos Pathway to Peacersquo The International Herald Tribune httpwwwnytimescom20110415opinion15iht-edlibya15html 15 de abril de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Reuters lsquoKerry Insists No Place for Assad in Syriarsquos Futurersquo Reuters httpwwwreuters comarticle20140117us-syria-crisis-kerry-idUSBREA0G14A20140117 17 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

24 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

25 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

26 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

27 Kersti Larsdotter lsquoExploring the Utility of Armed Force in Peace Operations German and British Approaches in Northern Afghanistanrsquo Small Wars and Insurgencies 193 2008 Taylor B Seybolt Humanitarian Military Intervention The Conditions for Success and Failure (Oxford Oxford University Press 2008) Rupert Smith The Utility of Force The Art of War in the Modern World (London Allen Lane 2005) Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

28 UN Department of Peacekeeping Operations e UN Department of Field Support lsquoOperational Concept on the Protection of Civilians in United Nations Peacekeeping Operationsrsquo (New York 2010) Sarah Sewall Dwight Raymond e Sally Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook (Cambridge MA Harvard Kennedy School 2010)

29 Harry Verhoeven documenta o exemplo de um diplomata chinecircs que ldquopensava que o Ocidente tinha inventado os Janjaweed [miliacutecias proacute- governo em Darfur] como uma desculpa para intervir Mas eles eram de verdade e matavam pessoasrdquo Harry Verhoeven lsquoIs Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa Is Changing Chinarsquo The Washington Quarterly 372 2014 64

33Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

30 BS Chimni lsquoFor Epistemological and Prudent Internationalismrsquo Harvard Law School Human Rights Journal novembro 2012 Greg Simons lsquoThe International Crisis Group and the Manufacturing and Communicating of Crisesrsquo Third World Quarterly 354 2014 Ramesh Thakur lsquoIs the United Nations Racistrsquo The Hindu httpwwwthehinducomopinionleadis-the-united-nations-racistarticle4928624ece 19 de julho de 2013 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

31 Ambassador Liu Zhenmin lsquoStatement by Ambassador Liu Zhenmin at the Plenary Session of the General Assembly on the Question of ldquoResponsibility to Protectrdquorsquo httpresponsibilitytoprotectorgStatement20 by20Ambassador20Liu20Zhenminpdf 24 de julho de 2009 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Zhang Haibin e Lui Tiewa lsquoRealizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and Thereafterrsquo Global Society em revisatildeo

32 Conversa com uma seacuterie de especialistas indianos em evento na Jawaharlal Nehru University (Nova Deacuteli Iacutendia) no dia 21 de Janeiro de 2015

33 IRIN lsquoA New Start for Crisis Reportingrsquo IRIN httpnewirinirinnewsorgpress-release 20 de novembro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34 Veja por exemplo Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoReport of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on United Nations Action in Sri Lankarsquo (New York United Nations 2012)

35 Um bom exemplo foi o briefing do Assessor Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedio para o Conselho de Seguranccedila da ONU depois de sua visita agrave Repuacuteblica Centro-Africana no dia 22 de janeiro de 2014 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoThe Statement of under Secretary-GeneralSpecial Adviser on the Prevention of Genocide Mr Adama Dieng on the Human Rights and Humanitarian Dimensions of the Crisis in the Central African Republicrsquo httpwwwunorgenpreventgenocideadviserpdfSAPG20Statement20at20UNSC20 on20the20situation20in20CAR-202220Jan202014pdf 22 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

36 Morten Bergsmo Quality Control in Fact-Finding (Florence Torkel Opsahl Academic EPublisher 2013) 210

37 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoRights up Front A Plan of Action to Strengthen the UNrsquos Role in Protecting People in Crises Follow-up to the Report of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on UN Action in Sri Lankarsquo (New York 2013)

38 Veja tambeacutem futura publicaccedilatildeo do GPPi Gerrit Kurtz lsquoA New Tool for Civilian Protection - the Human Rights up Front Initiative of the United Nationsrsquo GPPi Policy Brief futura publicaccedilatildeo

39 Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo

40 Jose Ramos-Horta lsquoIndia Right in Asking for More Say in Peacekeeping Operations-Related Decisions Top UN Panel Chiefrsquo Hindustan Times httpwwwhindustantimescomindia-newsindia-right-in-asking- for-more-say-in-peacekeeping-operations-related-decisions-top-un-panel-chiefarticle1-1314354aspx 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 13 de marccedilo de 2015

41 Thomas Biersteker et al lsquoThe Effectiveness of UN Targeted Sanctions - Findings from the Targeted Sanctions Consortium (TSC)rsquo The Graduate Institute Geneva 2013

42 Kirsten Ainley lsquoThe Responsibility to Protect and the International Criminal Court Counteracting the Crisisrsquo International Affairs 911 2015

43 Para distinccedilatildeo entre atividades ldquosistecircmicasrdquo e ldquodirecionadasrdquo veja Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

44 Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo Global Society em revisatildeo

45 Verhoeven e Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo 8 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann lsquoSchutz und Verantwortung Uber die US- Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltatenrsquo (2013)

46 Mike Brand lsquoEmploying lsquoPreventionrsquo to Prevent Mass Atrocitiesrsquo Saferworld httpwwwsaferworldorguk news-and-viewscomment123-employing-apreventiona-to-prevent-mass-atrocities 25 de fevereiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Warren Strobel e Louis Charbonneau lsquoUS Was Slow to Lose Patience as South Sudan Unraveledrsquo Reuters 14 de janeiro de 2014

47 Adam Lupel lsquoUN Adviser on Prevention of Genocide ldquoWe Have to Make Sure the Security Council Actsrdquorsquo httptheglobalobservatoryorg201404un-adviser-on-prevention-of-genocide-we-have-to-make-sure- security-council-acts 28 de abril de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34Global Public Policy Institute (GPPi)

48 Office for the Coordination of Humanitarian Affairs lsquoHumanitarian Bulletin Syriarsquo Humanitarian Bulletin Issue 53 httpreliefwebintsitesreliefwebintfilesresourcesBulletin_no_53_17032015_final_01pdf 1 de fevereiro - 18 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

49 Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

50 Human Rights Watch lsquoGermany QampA on Trial of Two Rwandan Rebel Leadersrsquo httpwwwhrworgde news20110502germany-qa-trial-two-rwandan-rebel-leaders 2 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 23 de marccedilo de 2015

51 Eric Lichtblau lsquoUS Seeks to Deport Bosnians over War Crimesrsquo New York worldus-seeks-to-deport-bosnians-over- Times httpwwwnytimescom20150301war-crimeshtml 28 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

52 Para um argumento similar observando o envolvimento internacional com a Liacutebia em 2015 veja International Crisis Group lsquoLibya Getting Geneva Rightrsquo International Crisis Group Middle East and North Africa Report Nr 157 2015

53 Kurtz e Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo

54 Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo

55 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

56 Alex J Bellamy e Charles T Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo (Asia- Pacific Centre for the Responsibility to Protect 2010) Alex J Bellamy The Responsibility to Protect A Defense (Oxford Oxford University Press 2014)

57 Ashley Jackson lsquoProtecting Civilians The Gap between Norms and Practicersquo (Humanitarian Policy Group 2014)

58 Isso jaacute foi escrito em 2009 no relatoacuterio ldquoNew Horizonrdquo do DPKO ldquoO descompasso entre expectativas e capacidade de promover proteccedilatildeo abrangente criou um significante desafio de credibilidade para as operaccedilotildees de paz da ONUrdquo Department of Peacekeeping Operations lsquoA New Partnership Agenda Charting a New Horizon for UN Peacekeepingrsquo (New York 2009) 20

59 Compare United Nations lsquoFinal Report of the Expert Panel on Technology and Innovation in UN Peacekeepingrsquo httpwwwperformancepeacekeepingorgofflinedownloadpdf 22 de dezembro de 2014

60 Compare United States Mission to the United Nations lsquoRemarks on Peacekeeping in Brussels by Samantha Power US Permanent Representative to the United Nationsrsquo httpusunstategovbriefing statements238660htm 9 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

61 Bellamy and Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo 23-24 Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

62 Isso poderia se basear no Mass Atrocities Response Operations project do US Armyrsquos Peacekeeping and Stability Operations Institute e do Harvard Kennedy Schoolrsquos Carr Center for Human Rights Veja Sewall Raymond e Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook

63 Mats Berdal e David H Ucko lsquoThe United Nations and the Use of Force Between Promise and Perilrsquo Journal of Strategic Studies 375 2014

64 Veja tambeacutem os resultados de um projeto do SIPRI sobre o futuro das operaccedilotildees de paz Jair van der Lijn e Xenia Avezov lsquoThe Future Peace Operations Landscape - Voices from Stakeholders around the Globe - Final Report of the New Geopolitics of Peace Operations Initiativersquo Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) janeiro de 2015

65 Security Council Report lsquoChairs of Subsidiary Bodies and Penholders for 2015rsquo httpwwwsecuritycouncilreportorgmonthly-forecast2015-02chairs_of_subsidiary_bodies_and_penholders_ for_2015php 30 de janeiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

66 Gareth Evans lsquoLimiting the Security Council Vetorsquo Project Syndicate httpwwwproject-syndicateorg commentarysecurity-council-veto-limit-by-gareth-evans-2015-02 4 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Kofi Annan e Gro Harlem Brundtland lsquoFour Ideas for a Stronger UNrsquo The New York Times httpwwwnytimescom20150207opinionkofi-annan-gro-harlem-bruntland-four-ideas-for-a-stronger- unhtml_r=0 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

67 Conversa com ex-comandantes militares Nova Deacuteli janeiro de 2015

68 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

35Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

69 Ibid Murthy e Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo

70 Compare tambeacutem com Bellamy The Responsibility to Protect A Defense 200

71 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

72 Ruan Zongze lsquo阮宗泽中国应倡导ldquo负责任的保护rdquo- ( China deveria defender a Proteccedilatildeo Responsaacutevel)rsquo Global Times (ediccedilatildeo chinesa) httpopinionhuanqiucom11522012-032501163html uacuteltimo acesso em 7 de marccedilo de 2012

73 Andrew Garwood-Gowers lsquoChinarsquos ldquoResponsible Protectionrdquo Concept Re-Interpreting the Responsibility to Protect (R2P) and Military Intervention for Humanitarian Purposesrsquo Asian Journal of International Law disponiacutevel em CJO2015 2015

74 Thorsten Benner lsquoBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiativersquo GPPi Working Paper Series 2013

36Global Public Policy Institute (GPPi)

Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang 4 n 4 2014) A ediccedilatildeo especial conteacutem os seguintes artigos todos disponiacuteveis gratuitamente online Introduction Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier

Regulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protect por Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

Debates in China about the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessment por Liu Tiewa e Zhang Haibin

Emerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protect por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk

Singing the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protect por Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz

Multipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protect por Xymena Kurowska

ldquoOur Identity is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Intervention por Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira

The Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protect por Julian Junk

Em breve laccedilaremos uma ediccedilatildeo especial na Global Society os seguintes artigos que estatildeo atualmente em processo de revisatildeo To Intervene in Darfur or Not Re-examining the R2P Debate and its Impacts por Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira

International Responsibility as Solidarity the Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectory por CSR Murthy e Gerrit Kurtz

Bringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenya por Julian Junk

Testing Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2P por Julian Junk

Parody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian War por Erna Burai

Protection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009 por Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan

Realizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and thereafter por Zhang Haibin e Liu Tiewa

The Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protection por Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

African Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Ground por Erna Burai

Responsibility While Protecting and the Ethics of R2P Implementation por Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier

Outras publicaccedilotildees relacionadasBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiative por Thorsten Benner Seacuterie de Working Papers do GPPi 2013

O Brasil como um Empreendedor Normativo a Responsabilidade ao Proteger por Thorsten Benner Politica Externa v 21 n 4 2013 p 35-46

Germany and the Intervention in Libya por Sarah Brockmeier Survival Global Politics and Strategy v55 n6 2013 p 63ndash90

Schutz und Verantwortung Uber die US-Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltaten por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann Heinrich Boll Foundation June 2013

Internationale Schutzverantwortung - Normative Erwartungen und Politische Praxis por Christopher Daase e Julian Junk (orgs) Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n 1-2 2013

Die Legalisierung der Legitimitat ndash Zur Kritik der Schutzverantwortung als Emerging Norm por Christopher Daase Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n1-2 2013 p 41-62

Emerging Power Exceptional State Elusive Country Explaining Indiarsquos Behavior por Madhan Mohan Jaganathan (com Amna Sunmbul) Proceedings of the International Conference on Social Sciences Chennai 2013 p 308-311

A New Tool for Civilian Protection - The Human Rights up Front Initiative of the United Nations por Gerrit Kurtz GPPi Policy Brief lanccedilamento em breve

Indiarsquos Approach to the Protection of Civilians in Armed Conflicts por CSR Murthy Norwegian Peacebuilding Resource Centre novembro de 2012

Contemporary World Order and Approaches to UN Peacekeeping A South Asian Perspective por CSR Murthy Friedrich Ebert Foundation dezembro de 2012

India-Brazil-South Africa Dialogue Forum (IBSA) The Rise of the Global South por Oliver Stuenkel Routledge Global Institutions 2014

The BRICS and the Future of Global Order por Oliver Stuenkel Lexington Press 2015

The BRICS and the Future of R2P Was Syria or Libya the Exception por Oliver Stuenkel Global Responsibility to Protect v6 n 1 2014 p 3-28

China and Responsibility to Protect Maintenance and Change of its Policy for Intervention por Liu Tiewa The Pacific Review v 25 v1 2012 p 153-173

Is China Like the Other Permanent Members Governmental and Academic Debates about RtoP by Liu Tiewa in Moacutenica Serrano e Thomas G Weiss (orgs) Rallying to the RtoP Cause The International Politics of Human Rights Routledge 2014 p 148-170

Chinese Strategic Culture and the Use of Force Moral and Political Perspectives por Liu Tiewa Journal of Contemporary China v23 n87 2014 p 556-574

Is Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa is Changing China por Harry Verhoeven The Washington Quarterly vol37 n2 2014 p 55-70

Publicaccedilotildees Selecionadas

37Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

AutoresThorsten BennerGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Sarah Brockmeier Global Public Policy InstituteBerlin Germany

Erna BuraiCentral European UniversityBudapest Hungary

CSR MurthyJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Christopher DaasePeace Research InstituteFrankfurt Germany

J Madhan MohanJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Julian JunkPeace Research InstituteFrankfurt Germany

Xymena KurowskaCentral European UniversityBudapest Hungary

Gerrit KurtzGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Liu TiewaPeking University China

Wolfgang ReinickeGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Philipp RotmannGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Ricardo Soares de OliveiraOxford UniversityUnited Kingdom

Matias SpektorFundaccedilatildeo Getulio VargasRio de Janeiro Brazil

Oliver StuenkelFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Marcos TourinhoFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Harry VerhoevenOxford UniversityUnited Kingdom

Zhang HaibinPeking UniversityChina

Global Public Policy Institute (GPPi)Reinhardtstr 7 10117 Berlin GermanyPhone +49 30 275 959 75-0Fax +49 30 275 959 75-99gppigppinet

gppinetglobalnormsnet

2Global Public Policy Institute (GPPi)

Os autores gostariam de agradecer a todos que ofereceram o seu tempo para fazer comentaacuterios ou criacuteticas construtivas sobre o rascunho inicial deste trabalho incluindo Adriana Abdenur Simon Adams Alex Bellamy Bruce Jentleson e todos os participantes de uma seacuterie de eventos ocorridos em Deacutelhi Berlim e Brasiacutelia entre janeiro e marccedilo de 2015 Agradecemos a Inga Nehlsen e Tim Epple por seu excelente apoio agrave pesquisa e a Oliver Read e Esther Yi pela ediccedilatildeo excepcional Agradecemos tambeacutem pelos valiosos trabalhos de traduccedilatildeo de Isabela Fontanella e revisatildeo de Sylvio Henrique Neto

Autores-coordenadoresPhilipp Rotmann e Sarah Brockmeier - Global Public Policy Institute (GPPi)

O conteuacutedo deste policy paper eacute de responsabilidade exclusiva dos autores e do GPPi Em nenhuma circunstacircncia pode ser imputada qualquer responsabilidade agrave Fundaccedilatildeo Volkswagen Compagnia di San Paolo Riksbankens Jubileumsfond ou qualquer outra instituiccedilatildeo-parceira deste trabalho

3Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Uma deacutecada apoacutes as Naccedilotildees Unidas adotarem o princiacutepio da Responsabilidade de Proteger pessoas contra crimes de atrocidade (R2P) os resultados das iniciativas mundiais de proteccedilatildeo de indiviacuteduos continuam traacutegicos Entretanto aqueles que identificam como causa desta falta de progresso um impasse global entre intervencionistas ldquoocidentaisrdquo e fortalezas de soberania ldquonatildeo-ocidentaisrdquo tambeacutem identificam erroneamente o cerne do conflito poliacutetico e natildeo satildeo capazes de se envolver de forma seacuteria com os desafios praacuteticos da proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade

Como uma equipe de acadecircmicos e think-tankers localizados em Pequim Berlim Budapeste Deacutelhi Frankfurt Oxford Rio de Janeiro e Satildeo Paulo analisamos debates globais sobre proteccedilatildeo contra atrocidades com foco em R2P na uacuteltima deacutecada Nas mais de 250 entrevistas feitas em 20 paiacuteses com poliacuteticos diplomatas acadecircmicos e atores da sociedade civil perguntamos como e por que Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia Aacutefrica do Sul e os Estados Unidos se envolveram com tais ideias em referecircncia agraves suas respectivas histoacuterias culturas e poliacuteticas internas

Descobrimos que aleacutem dos ocasionais exerciacutecios retoacutericos houve uma mudanccedila no centro do debate global sobre proteccedilatildeo contra atrocidades A maioria dos atores relevantes em todo o mundo aceita a ideia de que a proteccedilatildeo de populaccedilotildees contra crimes de atrocidade eacute tanto de responsabilidade nacional quanto internacional Haacute uma disposiccedilatildeo muito maior e mais difundida de dar apoio ao que parece ser necessaacuterio para proteger populaccedilotildees contra estes crimes de atrocidade e ateacute mesmo contribuir de forma ativa quando haacute interseccedilatildeo com outros interesses estrateacutegicos Tal predisposiccedilatildeo vai aleacutem de pequenos agrupamentos de Estados sejam eles do ldquoOcidenterdquo dos

ldquointervencionistas liberaisrdquo ou dos paiacuteses Amigos da Responsabilidade de Proteger Ao analisar a questatildeo poliacutetica da proteccedilatildeo descobrimos que nenhuma divisatildeo arbitraacuteria entre ldquoNorterdquo e ldquoSulrdquo ldquoOcidenterdquo e ldquonatildeo-Ocidenterdquo ldquoemergentesrdquo e ldquodesenvolvidosrdquo

ldquodemocraacuteticosrdquo e ldquoautoritaacuteriosrdquo eacute uacutetilCertamente ainda persistem conflitos sobre o que deva ser a proteccedilatildeo em si Eles

estatildeo associados a dois desafios inter-relacionados sobre a proteccedilatildeo na praacutetica como proteger de forma responsaacutevel (ex evitar o abuso do discurso humanitaacuterio pelas grandes potecircncias) e como proteger de forma efetiva Em decorrecircncia do uso da forccedila na Liacutebia em 2011 intervenccedilotildees militares soacute seratildeo consideradas legiacutetimas se forem organizadas de forma a evitar mais abusos por parte das grandes potecircncias Eacute tatildeo difiacutecil garantir efetividade quanto responsabilidade A histoacuteria recente registra frequentemente mais fracassos que sucessos limitados Uma proteccedilatildeo mais efetiva requer natildeo somente o desenvolvimento de instrumentos poliacuteticos mas tambeacutem a avaliaccedilatildeo de riscos e a tentativa de identificar o menor dos males em cada situaccedilatildeo particular

Uma proteccedilatildeo responsaacutevel e efetiva exige o engajamento seacuterio com as muitas dificuldades e dilemas que se potildeem e que vatildeo aleacutem de estereoacutetipos simplistas e ilusoacuterios que dominaram por tanto tempo as discussotildees sobre R2P Aleacutem disso ao inveacutes de evitar o debate sobre o componente militar do R2P os envolvidos devem estabelecer um diaacutelogo mais construtivo e autocriacutetico sobre a paz global e a governanccedila da seguranccedila a

Sumaacuterio Executivo

4Global Public Policy Institute (GPPi)

fim de possibilitar a proteccedilatildeo mais efetiva e responsaacutevel no futuro Esse debate deve ser sobre a efetividade do uso da forccedila na proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade as suas chances de fazer mais bem do que mal e os seus sucessos e fracassos do passado

A fim de contribuir com o progresso desses debates traccedilamos sugestotildees de poliacuteticas em cinco aacutereas-chave

Reduzir a vulnerabilidade das fontes de informaccedilatildeo a acusaccedilotildees de parcialidade Um desafio crucial para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade tem sido as acusaccedilotildees de parcialidade sobre o tipo e interpretaccedilatildeo das informaccedilotildees sobre as atrocidades que satildeo veiculadas pelos governos pela miacutedia ou por grupos da sociedade civil Fica a cargo das grandes empresas de miacutedia e filantropos em especial nas potecircncias emergentes investir em fontes de informaccedilatildeo e anaacutelises independentes e criacuteveis sobre conflitos e direitos humanos Ao mesmo tempo os Estados membros a sociedade civil e as organizaccedilotildees regionais devem melhorar a capacidade da ONU de descobrir fatos e coletar informaccedilotildees de maneira independente

Utilizar ferramentas diplomaacuteticas e civis antecipadamente de forma justa e estrateacutegica Apesar do consenso internacional que atrocidades devem ser evitadas pelo uso sustentaacutevel e antecipado de uma variedade de ferramentas civis a comunidade internacional foi inuacutemeras vezes incapaz de usar tais ferramentas de forma antecipada e decisiva Para que haja progresso na proteccedilatildeo efetiva os Estados membros da ONU em especial as potecircncias emergentes precisam combinar seus compromissos retoacutericos com a vontade poliacutetica e os investimentos necessaacuterios em mais capacidades e ideias Em seus esforccedilos para a prevenccedilatildeo de atrocidades os tomadores de decisatildeo devem impor a todos os atores de um conflito os mesmos padrotildees de comportamento Os governos devem dar prioridade agrave detenccedilatildeo e ao julgamento dos perpetradores de crimes de atrocidade em suas jurisdiccedilotildees e assim como a sociedade civil que defende o conceito do R2P serem cautelosos ao pedir que o Conselho de Seguranccedila da ONU enfrente uma crise emergente

Habilitar Missotildees de Paz da ONU para oferecerem proteccedilatildeo criacutevel Atender a pelo menos um niacutevel moderado de expectativas na proteccedilatildeo por peacekeepers de populaccedilotildees contra crimes de atrocidade requer investimentos adicionais em capacitaccedilatildeo doutrina e treinamento Faz-se necessaacuteria tambeacutem uma reflexatildeo sobre como usar peacekeeping de uma forma mais efetiva em conjunto com instrumentos poliacuteticos Para manter o fraacutegil equiliacutebrio entre os paiacuteses que contribuem com tropas (em sua maioria da Aacutefrica e Aacutesia) os que as financiam (em sua maioria da Europa e da Ameacuterica do Norte) e os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila que estabelecem os mandatos o sistema exige uma melhora na qualidade das contribuiccedilotildees para as tropas das operaccedilotildees de paz (blue-helmet) inclusive por intermeacutedio de uma divisatildeo de trabalho mais justa e equilibrada

Trabalhar para um processo decisoacuterio mais inclusivo sobre accedilotildees militares Um Conselho que eacute capaz tanto de determinar e mobilizar para uma proteccedilatildeo efetiva quanto de limitar o temor sobre o abuso dos discursos humanitaacuterios precisaraacute considerar as opiniotildees de todos os grandes atores poliacuteticos do mundo atual dentre eles os paiacuteses que contribuem com tropas e os grandes financiadores das operaccedilotildees de paz Os cinco membros permanentes do Conselho de Seguranccedila devem apoiar portanto a reforma dos meacutetodos de trabalho do Conselho para que o processo decisoacuterio se torne mais inclusivo e participativo Aleacutem disso todos os Estados membros devem se engajar mais nas discussotildees sobre o sistema de monitoramento e reporting dos Estados que

5Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

implementam missotildees com mandatos da ONU levando em consideraccedilatildeo as questotildees levantadas durante a intervenccedilatildeo na Liacutebia e na proposta da Responsabilidade ao Proteger

Desenvolver a reflexatildeo e o aprendizado constantes em todas as ferramentas poliacuteticas Ainda que haja um grande nuacutemero de experiecircncias fracassadas e poucos casos bem sucedidos natildeo existe uma base de conhecimento confiaacutevel sobre como proteger pessoas contra crimes de atrocidade Considerando toda essa incerteza um processo responsaacutevel de policy-making requer que os governos as organizaccedilotildees internacionais a sociedade civil e o mundo acadecircmico criem poliacuteticas que sejam mais adaptaacuteveis ao conhecimento em evoluccedilatildeo e agrave avaliaccedilatildeo dos riscos com base em oportunidades internas para reflexatildeo e aprendizado contiacutenuos e colaborativos

6Global Public Policy Institute (GPPi)

Para aleacutem dos ldquoOcidentaisrdquo e os ldquoDemaisrdquo O Futuro do R2P 7Resumo 8Resultados de Pesquisa Legados Retoacutericos e Debates Construtivos 10O que eacute Indiscutiacutevel Proteccedilatildeo Contra Crimes de Atrocidade Requer Accedilatildeo Internacional 11O que Ainda eacute Discutiacutevel Como Proteger de Forma Responsaacutevel e Efetiva 12A Controveacutersia Mais Profunda a Forccedila Pode Proteger 14

Opccedilotildees Poliacuteticas para Proteccedilatildeo Mais Efetiva e Responsaacutevel 17Reduzindo a Vulnerabilidade das Fontes de Informaccedilatildeo perante Acusaccedilotildees de Parcialidade 17Usando Ferramentas Diplomaacuteticas e Civis De Forma Antecipada Justa e Estrateacutegica 20Possibilitando que as Missotildees de Paz da ONU Ofereccedilam Proteccedilatildeo Criacutevel 23A Tomada de Decisotildees sobre Accedilotildees Militares 27Inserindo a Reflexatildeo e o Aprendizado Constantes em cada Ferramenta Poliacutetica 29

Notas 31

Publicaccedilotildees Selecionadas 36

Autores 37

Iacutendice

7Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Uma deacutecada apoacutes a adoccedilatildeo pelas Naccedilotildees Unidas do princiacutepio da Responsabilidade de Proteger (R2P) pessoas contra crimes atrozes os histoacutericos das iniciativas mundiais de proteccedilatildeo de indiviacuteduos continuam preocupantes Em 1948 o mundo se comprometeu a

ldquonunca maisrdquo permitir genociacutedios poreacutem por diversas vezes desde entatildeo natildeo cumpriu sua promessa perante tantas viacutetimas de genociacutedio e de atrocidades em massa ndash incluindo Bangladesh em 1971 Camboja em 1978 Ruanda em 1994 e tambeacutem Srebrenica em 1995 uma cataacutestrofe que completou vinte anos em 2015

Enquanto isso milhares de pessoas na Repuacuteblica Centro-Africana Repuacuteblica Democraacutetica do Congo (RDC) Iraque Sudatildeo do Sul Siacuteria e em vaacuterios outros locais sofrem com crimes contra a humanidade crimes de guerra e limpezas eacutetnicas exatamente as violaccedilotildees previstas no compromisso da Responsabilidade de Proteger Em marccedilo de 2011 a ameaccedila iminente de assassinatos em massa de civis na cidade Liacutebia de Bengazi impeliu uma intervenccedilatildeo militar que provavelmente salvou muitas vidas de um massacre Contudo a coalisatildeo liderada pela OTAN optou por uma missatildeo para mudar o regime poliacutetico e seus aliados locais mergulharam o paiacutes em um caos violento que jaacute transbordou suas fronteiras e causou muitas fatalidades Isso aumentou as preocupaccedilotildees sobre o uso abusivo da doutrina do R2P pelas grandes potecircncias assim como sobre o resultado violento das intervenccedilotildees militares Na Siacuteria milhares de civis morreram e milhotildees sofriam enquanto o Conselho de Seguranccedila vivia um impasse poliacutetico Mesmo nos locais em que haacute consenso global para accedilatildeo ndash no Sudatildeo do Sul na Repuacuteblica Centro-Africana ou no norte do Iraque ndash governos e organizaccedilotildees internacionais com frequecircncia tecircm accedilotildees lentas ou ineficazes Isso eacute ainda mais traacutegico porque existe um potencial para accedilotildees que preveniriam crimes atrozes em massa Usar atrocidades como arma de guerra ou instrumento poliacutetico requer planejamento sistemaacutetico e organizaccedilatildeo e estes processos podem ser identificados e interrompidos com accedilotildees cuidadosas e determinadas A mobilizaccedilatildeo internacional tem um papel crucial no alcance de tal objetivo1

Se acreditarmos nos analistas o futuro da proteccedilatildeo contra atrocidades parece ainda pior do que o presente Muitos demostram desesperanccedila perante a ascensatildeo de potecircncias cujas elites se socializaram em oposiccedilatildeo agrave ordem liderada pelo Ocidente que deu origem agrave Responsabilidade de Proteger Previsotildees proeminentes descrevem potecircncias emergentes se opondo ao R2P e com isso acredita-se que nas palavras de Michael Ignatieff ldquoa resistecircncia desses paiacuteses a intervenccedilotildees se torne cada vez mais influenterdquo2

Mesmo que a imagem desoladora do fracasso esteja correta a avaliaccedilatildeo subjacente do impasse global entre os intervencionistas ldquoOcidentaisrdquo e os ldquodemaisrdquo fieacuteis da soberania com um desequiliacutebrio pendendo para este uacuteltimo eacute equivocada em dois

Para aleacutem dos ldquoOcidentaisrdquo e os ldquoDemaisrdquo O Futuro do R2P

8Global Public Policy Institute (GPPi)

aspectos criacuteticos identifica erroneamente o nuacutecleo do conflito poliacutetico e eacute incapaz de se engajar de forma seacuteria com os desafios praacuteticos da proteccedilatildeo contra crimes atrozes Essas conclusotildees satildeo embasadas por dois anos de pesquisas sobre as origens histoacutericas culturais e institucionais de como Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia Aacutefrica do Sul e os Estados Unidos se engajaram no debate sobre a Responsabilidade de Proteger entre 2005 e 2014 e como os conflitos sobre sua aplicabilidade em grandes crises moldaram as expectativas globais da proteccedilatildeo contra atrocidades

Deixar para traacutes os antigos debates sobre soberania e se concentrar naqueles que satildeo relevantes na atualidade gera potencial para um debate mais construtivo que trate das dificuldades e dilemas da proteccedilatildeo aleacutem de buscar soluccedilotildees efetivas e responsaacuteveis

Nossa pesquisa se concentrou nos crimes que se encaixam na definiccedilatildeo da Responsabilidade de Proteger segundo a Cuacutepula Mundial de 2005 genociacutedios crimes contra a humanidade crimes de guerra e limpezas eacuteticas (coletivamente aqui referidos como crimes atrozes) Devido agrave grande escala de sofrimento humano em todo o mundo os tomadores de decisatildeo precisam priorizar seus recursos e atenccedilatildeo tanto entre as diversas crises quanto dentro de cada uma delas Natildeo haacute duacutevidas de que isso eacute difiacutecil Mas por essa mesma razatildeo eacute necessaacuterio fazecirc-lo pois nem todas as violaccedilotildees de direitos humanos devem dar origem aos perigosos debates sobre meios de proteccedilatildeo coercitivos e militares que satildeo intriacutensecos ao R2P

Acreditamos ser crucial manter um profundo senso de humildade em relaccedilatildeo agrave capacidade internacional de oferecer proteccedilatildeo contra estes crimes Atores locais tecircm muito mais poder sobre esta dinacircmica Mesmo quando as medidas satildeo cuidadosamente calculadas para cada contexto as influecircncias externas nunca seratildeo capazes de provocar mais do que uma mudanccedila no equiliacutebrio ndash e para que isso aconteccedila eacute necessaacuterio mais do que os esforccedilos de governos e organizaccedilotildees internacionais mas tambeacutem da sociedade civil do setor privado e particularmente da miacutedia Os resultados da nossa pesquisa e as nossas sugestotildees sobre accedilotildees internacionais que previnam atrocidades devem ser compreendidas levando estas preocupaccedilotildees em consideraccedilatildeo

ResumoNas paacuteginas a seguir delimitamos em duas partes os nossos resultados de pesquisa e as suas implicaccedilotildees sobre as poliacuteticas Na primeira parte apresentamos detalhadamente os nossos resultados Argumentamos que as discussotildees mais importantes sobre a proteccedilatildeo contra crimes atrozes acontecem principalmente com relaccedilatildeo a duas questotildees o uso abusivo dos argumentos humanitaacuterios (proteccedilatildeo responsaacutevel) e o funcionamento da accedilatildeo internacional de proteccedilatildeo (proteccedilatildeo efetiva) Noacutes argumentamos que quando a segunda questatildeo eacute discutida a comunidade internacional e os que advogam pela R2P natildeo devem se intimidar frente ao aspecto mais controverso destas duas perguntas Quando e como a forccedila eacute capaz de proteger se ela for capaz Na segunda parte oferecemos opccedilotildees poliacuteticas para ilustrar formas praacuteticas de proteger de maneira mais efetiva e responsaacutevel

9Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

PROJETO DE PESQUISA

A Evoluccedilatildeo da Norma Global e a Responsabilidade de Proteger

Como uma equipe de pesquisadores acadecircmicos e think-tankers localizados em Pequim Berlim Budapeste Deacutelhi Frankfurt Oxford Rio de Janeiro e Satildeo Paulo analisamos a evoluccedilatildeo global da proteccedilatildeo contra atrocidades com foco em R2P durante a uacuteltima deacutecada Perguntamo-nos como e por que Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia Aacutefrica do Sul e os Estados Unidos se envolveram com tais ideias em referecircncia a suas histoacuterias culturas e poliacuteticas domeacutesticas Publicamos as descobertas em uma ediccedilatildeo especial com acesso gratuito da publicaccedilatildeo ldquoConflict Security and Development (ldquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrdquo)

Depois examinamos como debates especiacuteficos moldaram as expectativas futuras globais sobre a proteccedilatildeo contra atrocidades A maior parte destes debates tem foco em reaccedilotildees internacionais a crimes atrozes praticados em determinados locais ndash Darfur Quecircnia Mianmar Geoacutergia Sri Lanka Liacutebia e Costa do Marfim enquanto outros tratam da ideia do R2P e sua implementaccedilatildeo de formas mais abstratas Estas descobertas seratildeo publicadas posteriormente em 2015 e tambeacutem estaratildeo disponiacuteveis para download gratuito em wwwglobalnormsnet

De forma geral conduzimos mais de 250 entrevistas com poliacuteticos diplomatas acadecircmicos e atores da sociedade civil em 20 paiacuteses e ateacute o momento publicamos 25 artigos ou estudos

Neste trabalho agradecemos o generoso apoio da Fundaccedilatildeo Volkswagen como parte de seu programa ldquoDesafios Europeus e Globaisrdquo em cooperaccedilatildeo com Riksbankens Jubileumsfond e Compagnia di San Paolo

Patrocinadores

Parceiros

10Global Public Policy Institute (GPPi)

ldquoAssim como aprendemos que o mundo natildeo pode se abster enquanto violaccedilotildees brutais e sistemaacuteticas dos direitos humanos acontecem tambeacutem aprendemos que se o objetivo for conseguir o apoio sustentado da populaccedilatildeo mundial a intervenccedilatildeo tem que estar baseada em princiacutepios legiacutetimos e universaisrdquo

Kofi Annan Dois Conceitos de Soberania (1999)3

Justa ou injustamente as elites poliacuteticas na maior parte dos paiacuteses acreditam que a Responsabilidade de Proteger estaacute intrinsicamente ligada agrave pouca consideraccedilatildeo dada pelos mais poderosos aos princiacutepios do direito internacional e a um ldquocomplexo brancordquo de ldquosalvador da paacutetriardquo Por outro lado a oposiccedilatildeo agrave Responsabilidade de Proteger eacute vista comumente como uma insistecircncia ciacutenica da soberania em face ao sofrimento humano ou como uma equivocada solidariedade do Sul Global com regimes repressivos 4

Tais caricaturas satildeo legados da batalha retoacuterica dos anos 1990 Associar o desafio da proteccedilatildeo contra atrocidades agrave soluccedilatildeo da intervenccedilatildeo ndash como feito por Kofi Annan em seu famoso discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU de 1999 ndash eacute macular o primeiro com a carga poliacutetica e histoacuterica do segundo Ao tratar diretamente essa carga Annan endossou uma tentativa de redefinir o conceito de soberania de forma a tirar ecircnfase da proteccedilatildeo coletiva do Estado perante a dominaccedilatildeo externa e a favor da proteccedilatildeo do indiviacuteduo contra danos e ameaccedilas Mas tal ideia de ldquosoberania como responsabilidaderdquo teve efeito contraacuterio ao esperado natildeo somente porque permitiu que intervencionistas ansiosos determinassem de forma seletiva atores que exerciam soberania ldquoresponsaacutevelrdquo ou ldquoirresponsaacutevelrdquo mas tambeacutem que definissem a intervenccedilatildeo como sendo a escolha responsaacutevel Entretanto o argumento moralista intervencionista se tornou hipoacutecrita quando usado por governos cujos histoacutericos de comportamento internacional responsaacutevel natildeo eram tatildeo brilhantes assim Como resultado esta linha de debate arruinou muitas discussotildees sobre a proteccedilatildeo contra crimes atrozes nos anos apoacutes a crise do Kosovo e a invasatildeo do Iraque liderada pelos EUA5

Em nossas pesquisas descobrimos que este debate pernicioso perdeu gradualmente a maior parte de sua relevacircncia poliacutetica na uacuteltima deacutecada em meio agraves controveacutersias sobre a inclusatildeo da Responsabilidade de Proteger no documento final da Cuacutepula Mundial de 2005 e sobre a autorizaccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila para uso

Resultados de Pesquisa Legados Retoacutericos e Debates Construtivos

11Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

de ldquotodos os meios necessaacuteriosrdquo para proteger os civis na Liacutebia Aleacutem dos ocasionais exerciacutecios retoacutericos descobrimos que houve uma mudanccedila no cerne do conflito global sobre a proteccedilatildeo contra crimes atrozes Perante os piores crimes atrozes aconteceu o desgaste da defesa do natildeo-intervencionismo como resistecircncia agrave hegemonia Ocidental Contudo a sombra do imperialismo ainda eacute uma questatildeo a ser considerada Os policymakers ocidentais precisam ser mais cautelosos do que no passado Muito do ceticismo sobre a eficaacutecia do uso das forccedilas militares eacute genuiacutena mesmo se proferida por aqueles que poderiam fazer mais para transformar suas visotildees de diplomacia efetivas em realidade

Obviamente ainda haacute grandes divergecircncias sobre a proteccedilatildeo Elas satildeo concentradas em dois desafios inter-relacionados sobre a proteccedilatildeo na praacutetica como prevenir o uso abusivo dos argumentos humanitaacuterios pelas grandes potecircncias (ldquocomo proteger de forma responsaacutevelrdquo conforme articulado pelo Brasil) e como proteger de forma eficaz particularmente quando pairam as sombras da coerccedilatildeo e do uso da forccedila Ambas as divergecircncias requerem um seacuterio engajamento perante as muitas dificuldades e dilemas que satildeo impostos e vatildeo aleacutem dos estereoacutetipos simplistas e equivocados que haacute muito dominam o debate sobre a Responsabilidade de Proteger

O que eacute Indiscutiacutevel Proteccedilatildeo Contra Crimes de Atrocidade Requer Accedilatildeo InternacionalOs atores relevantes em todo o mundo aceitam a ideia de que a proteccedilatildeo de populaccedilotildees contra crimes de atrocidade eacute de responsabilidade tanto nacional quanto internacional Tal aceitaccedilatildeo vai aleacutem das bases legais do direito internacional humanitaacuterio e da Convenccedilatildeo para a Prevenccedilatildeo e Repressatildeo do Crime de Genociacutedio mas natildeo eacute tampouco um produto do movimento que produziu R2P Ela comeccedilou a emergir jaacute nos anos 90 quando para pessoas e governos ldquoa toleracircncia a atrocidades em massa natildeo pareceu mais aceitaacutevel ndash pareceu algo imoralrdquo 6Desde entatildeo as expectativas sobre proteccedilatildeo cresceu de forma exponencial Demandas morais sobre terceiros ndash humanitaacuterios diplomatas observadores de direitos humanos e ateacute mesmo militares ndash para que ajam de forma preventiva e equilibrem a proteccedilatildeo individual e a soberania estatal acabou excedendo enormemente as capacidades e possibilidades realistas de fazer com que isso aconteccedila

Haacute uma disposiccedilatildeo muito maior e mais difundida em dar apoio ao que parece ser necessaacuterio para proteger populaccedilotildees contra esses crimes de atrocidade e ateacute mesmo em contribuir de forma ativa quando haacute intercessatildeo com outros interesses estrateacutegicos Tal predisposiccedilatildeo vai aleacutem de pequenos grupos de Estados do ldquoOcidenterdquo dos ldquointervencionistas liberaisrdquo ou dos paiacuteses Amigos da Responsabilidade de Proteger Ao analisar a questatildeo poliacutetica da proteccedilatildeo descobrimos que nenhuma divisatildeo arbitraacuteria entre ldquoNorterdquo e ldquoSulrdquo ldquoOcidenterdquo e ldquonatildeo-Ocidenterdquo ldquoemergentesrdquo e ldquodesenvolvidosrdquo

ldquodemocraacuteticosrdquo e ldquoautoritaacuteriosrdquo eacute uacutetil7 Foi o Movimento dos Natildeo-Alinhados que estava pronto para autorizar o fortalecimento da operaccedilatildeo de paz da ONU em Ruanda no ano de 1994 enquanto os Estados Unidos eram ferrenhos opositores Enquanto as potecircncias ocidentais lideraram as intervenccedilotildees no Kosovo e na Liacutebia para proteger civis dezenas de milhares de peacekeepers do Sul da Aacutesia e da Aacutefrica ajudaram a proteger civis em dezenas de missotildees da ONU nos uacuteltimos 20 anos Jaacute durante as negociaccedilotildees da

12Global Public Policy Institute (GPPi)

Cuacutepula Mundial diversas perspectivas que vatildeo aleacutem dessas dicotomias estereotipadas contestaram e contribuiacuteram para a formulaccedilatildeo final do R2P no documento oficial da Cuacutepula 8

Eacute escasso o grupo de governos que se opotildee categoricamente a um papel internacional na proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade independentemente das circunstacircncias Alguns satildeo responsaacuteveis por tais crimes Outros interpretam tudo como parte de uma conspiraccedilatildeo imperialista das grandes potecircncias especialmente dos Estados Unidos As preocupaccedilotildees desses atores natildeo podem ou devem ser levadas em consideraccedilatildeo

O que Ainda eacute Discutiacutevel Como Proteger de Forma Responsaacutevel e EfetivaHaacute um grande grupo de moderados defensores da proteccedilatildeo e ceacuteticos da intervenccedilatildeo cujas preocupaccedilotildees certamente precisam ser levadas em conta de forma mais seacuteria perante os repetidos fracassos e abusos de poder Eles ndash governos de Brasil Iacutendia Aacutefrica do Sul China e Alemanha aleacutem de ativistas especialistas acadecircmicos e alguns tomadores de decisatildeo nos Estados Unidos Reino Unido e Franccedila ndash levantam questotildees legiacutetimas sobre por exemplo como o mundo pode melhorar a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade de forma tanto efetiva quanto responsaacutevel

De diversas formas a saliecircncia emocional e poliacutetica da disputa sobre a natildeo-intervenccedilatildeo haacute muito dificultou estes debates cruciais sobre os resultados praacuteticos da proteccedilatildeo Na maior parte do tempo argumentos sobre as questotildees praacuteticas satildeo feitas ou interpretadas como sendo de maacute-feacute A Liacutebia eacute um desses casos em questatildeo Brasil Iacutendia e Aacutefrica do Sul natildeo criticaram veementemente a intervenccedilatildeo militar de 2011 porque estavam preocupados com violaccedilotildees agrave soberania da Liacutebia ou porque se opunham ao papel internacional na proteccedilatildeo de civis contra atrocidades iminentes em Bengazi Pelo contraacuterio tais paiacuteses reclamaram do abuso de um mandato do Conselho de Seguranccedila de fins poliacuteticos ao inveacutes de proteccedilatildeo ndash neste caso tratava-se de uma mudanccedila no regime com provaacuteveis implicaccedilotildees praacuteticas de um colapso estatal que por sua vez resultaria em riscos adicionais agrave populaccedilatildeo Estes criacuteticos ainda tecircm que combinar a sua retoacuterica de exigir mais e melhor proteccedilatildeo por intermeacutedio de investimentos em ideias e capacidades para fazecirc-la conforme seja necessaacuterio Contudo isso natildeo torna seus argumentos menos vaacutelidos

Haacute uma distinccedilatildeo criacutetica entre dois tipos de situaccedilotildees de atrocidades que dependem do tipo de perpetrador O consenso internacional para agir contra perpetradores natildeo-Estatais mesmo se ligados a forccedilas estatais eacute mais faacutecil de obter do que uma accedilatildeo contra agentes estatais Mesmo que o consentimento governamental de confrontar grupos natildeo-Estatais seja frequentemente incerto e inconsistente como no caso da RDC haacute pouca preocupaccedilatildeo com a soberania desses regimes fracos O debate-chave nesses casos eacute sobre como efetivamente proteger pessoas contra crimes de atrocidade natildeo somente por meio de instrumentos militares mas com maior frequecircncia com o uso de ferramentas civis Isso jaacute eacute bastante desafiador Ainda mais difiacuteceis satildeo os casos em que as forccedilas estatais estatildeo entre os principais perpetradores Nestas situaccedilotildees como na Liacutebia em 2011 e posteriormente na Siacuteria a preocupaccedilatildeo global central com instrumentos coercitivos (de sanccedilotildees a intervenccedilotildees militares) estaacute relacionada ao

13Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

abuso de poder para fins natildeo-humanitaacuterios e com duacutevidas sobre a sabedoria de atacar um Estado que frequentemente serve de protetor para alguns e cuja derrubada pode resultar em riscos adicionais agraves pessoas O histoacuterico mundial na reconstruccedilatildeo de Estados natildeo eacute suficientemente encorajador para rebater tais preocupaccedilotildees

Protegendo de forma responsaacutevel Salvaguardas contra o Abuso pelas Grandes PotecircnciasApoacutes o caso da Liacutebia intervenccedilotildees militares soacute seratildeo consideradas legiacutetimas se feitas de maneira que novos abusos pelas grandes potecircncias sejam prevenidos9 Nesses casos especiais em que haacute o uso da forccedila sem consentimento ainda paira a sombra do imperialismo Na maior parte do mundo ainda eacute recente a lembranccedila do abuso pelas grandes potecircncias hipocritamente encoberto de valores universais O uso de justificativas humanitaacuterias por alguns poliacuteticos britacircnicos e norte-americanos para a invasatildeo do Iraque em 2003 soacute aprofundou estas preocupaccedilotildees com ldquointervenccedilotildees humanitaacuteriasrdquo assim como o uso de argumentos similares pelos russos para justificar a invasatildeo da Geoacutergia em 2008 e da Ucracircnia em 201410 Este senso de hipocrisia daacute origem a uma das principais razotildees para desconfianccedila sobre o R2P desde que o conceito foi criado

Intervenccedilotildees legiacutetimas natildeo requerem um padratildeo irrealista de consistecircncia ou de motivos puramente altruiacutesticos A proteccedilatildeo requer recursos e aceitaccedilatildeo de riscos e na poliacutetica internacional a inconsistecircncia eacute a regra e natildeo a exceccedilatildeo Estados que fornecem as capacidades e assumem os riscos de proteger na maioria dos casos estaratildeo motivados por mais do que puro altruiacutesmo e suas motivaccedilotildees ndash que comeccedilam pela mobilizaccedilatildeo de seus constituintes ndash variam conforme a situaccedilatildeo Tanto os problemas dos ldquomotivos justosrdquo quanto o de ldquoseletividaderdquo levam corretamente a anaacutelises mais minuciosas do uso da forccedila11 ainda que nenhum destes fatores esteja limitado a intervenccedilotildees de proteccedilatildeo e tratem em geral da coerccedilatildeo no atual sistema internacional12 Mesmo que sejam normativamente relevantes e retoricamente uacuteteis para opor intervenccedilotildees particulares tais argumentos natildeo evitam que a maior parte dos atores internacionais apoie uma intervenccedilatildeo aceita como necessaacuteria e possivelmente efetiva Como ilustrado pelo caso da Liacutebia extrapolou-se o limite quando motivos incompatiacuteveis ndash a remoccedilatildeo forccedilosa de Gaddafi e seu regime sem uma loacutegica convincente relacionada agrave proteccedilatildeo ndash foram vistos como superiores agraves preocupaccedilotildees com proteccedilatildeo13

Protegendo de Forma Efetiva O Que Funciona na Praacutetica

A proteccedilatildeo efetiva natildeo eacute mais faacutecil de garantir do que proteccedilatildeo responsaacutevel Enquanto os casos de sucesso foram poucos e limitados tentativas de engajamento pressotildees e intervenccedilotildees militares frequentemente falharam em proteger ou contribuiacuteram com novas ameaccedilas agraves populaccedilotildees Policymakers e acadecircmicos em todo o mundo admitem que sabem muito pouco sobre a proteccedilatildeo efetiva de pessoas contra crimes de atrocidade Para se avanccedilar nessa finalidade faz-se necessaacuterio tanto desenvolver instrumentos poliacuteticos quanto avaliar riscos e tentar identificar o menor de muitos males em vaacuterias situaccedilotildees diversas e particulares O que seraacute efetivamente necessaacuterio e provaacutevel de

14Global Public Policy Institute (GPPi)

obter sucesso estaacute aberto a debate e a desafios em cada caso e natildeo somente quando haacute o uso da forccedila

Uma anaacutelise dos casos que estudamos mostra as incertezas e ambiguidades envolvidas no processo decisoacuterio da proteccedilatildeo Como no caso do Sudatildeo um processo do Tribunal Penal Internacional contra um chefe de Estado contribuiu para o objetivo da proteccedilatildeo 14A proteccedilatildeo eacute aumentada ou dificultada quando uma crise eacute publicamente rotulada como ldquosituaccedilatildeo de R2Prdquo como no Quecircnia ou em Mianmar15 Se o Estado for um perpetrador de crimes de atrocidade haacute algum caso em que a forccedila militar pode ser usada contra ele sem a intenccedilatildeo de mudar o regime ou sem levar o paiacutes ao caos como na Liacutebia16 Quando e como os peacekeepers da ONU devem tomar partido nos conflitos17

Haacute duacutevidas justificaacuteveis sobre as opccedilotildees de poliacuteticas disponiacuteveis e seus riscos Se comparado aos consideraacuteveis esforccedilos para promover o R2P como princiacutepio muito pouco estaacute voltado para descobrir e avaliar tais escolhas difiacuteceis a fim de colocar a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade em praacutetica

A Controveacutersia Mais Profunda a Forccedila Pode ProtegerEnquanto governos ativistas na sociedade civil e representantes da ONU que trabalham com R2P haacute muito tempo tendem a enfatizar taticamente as aacutereas consensuais a maior controveacutersia internacional se refere agrave intervenccedilatildeo militar e ao uso da forccedila para proteccedilatildeo Um debate mais construtivo e autocriacutetico eacute essencial para possibilitar um sistema de proteccedilatildeo mais efetivo e responsaacutevel no futuro e tal debate deve tratar da eficaacutecia do uso da forccedila na proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade suas chances de causar mais resultados positivos do que negativos e seus sucessos e fracassos no passado18 Esse debate natildeo eacute somente relevante nos casos relativamente raros de intervenccedilatildeo militar jaacute que a forccedila e a coerccedilatildeo satildeo parte de uma variedade maior de estrateacutegias de proteccedilatildeo como as sanccedilotildees e as operaccedilotildees de paz Mesmo as ferramentas puramente diplomaacuteticas ou civis satildeo frequentemente vistas como passos que podem escalar o uso da forccedila

Os debates sobre o uso da forccedila ao inveacutes de darem ecircnfase aos meacuteritos e riscos possiacuteveis das diferentes escolhas tecircm se expressado em termos de crenccedilas vagas sobre a eficaacutecia da forccedila militar ajudar a atingir os objetivos poliacuteticos Nos debates analisados encontramos um contraste notaacutevel entre as referecircncias limitadas a estudos estrateacutegicos sobre a utilidade da forccedila nos conflitos modernos e a convicccedilatildeo com a qual os governos apresentam suas opiniotildees sobre este mesmo assunto

Na ldquoausecircncia de doutrina militar e anaacutelise [para proteccedilatildeo de civis]rdquo19 como admitido por um ex-funcionaacuterio do Pentaacutegono (mesmo para o caso dos Estados Unidos) policymakers tendem a se dividir em dogmas fundamentais das suas culturas estrateacutegicas nacionais20 As comunidades estrateacutegicas de alguns paiacuteses satildeo mais otimistas de que o uso da forccedila pode obter bons resultados como forma de proteccedilatildeo a civis enquanto outros satildeo majoritariamente pessimistas e tendem a acreditar que a aplicaccedilatildeo da forccedila militar pioraria a situaccedilatildeo21

Apesar da incerteza inerente a cada crise os atores em cada lado dessa divisatildeo apresentam suas crenccedilas com firmeza frequentemente em termos de truiacutesmos ndash ldquoSoacute pode haver uma soluccedilatildeo poliacuteticardquo 22 ou ldquonatildeo haacute futuro para a Liacutebia Siacuteria com Gaddafi Assad no poderrdquo23 Esses satildeo apenas dois posicionamentos proeminentes que natildeo satildeo

15Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

capazes de reconhecer a realidade complexa de qualquer crise Dessa forma eles convidam a uma troca muacutetua de estereoacutetipos ao inveacutes de uma discussatildeo construtiva Os resultados tecircm sido previsiacuteveis reaccedilotildees antiocidentais no Sul (ldquoeles soacute querem invadir nossos paiacutesesrdquo) e anti-Sul por parte do Ocidente (ldquoeles sempre se juntam a seus colegas ditadoresrdquo) Ambas as partes tentam fazer uso do discurso de responsabilidade para justificar seus pontos de vista ldquoAssumir a responsabilidaderdquo outrora significava assumir riscos e accedilotildees militares caras ateacute que o Brasil desafiou o monopoacutelio intervencionista sobre o termo24

Este contraste entre conhecimento e convicccedilatildeo fica aparente em muitos debates nebulosos sobre peacekeeping tal como a conduccedilatildeo da crise na Costa do Marfim pela ONU em 2010-2011 mas foi mais claramente colocado em debate a forma como Estados Unidos Franccedila e Reino Unido lideraram a intervenccedilatildeo de 2011 na Liacutebia Diplomatas brasileiros experientes por exemplo questionaram a justificativa de uma accedilatildeo militar para uma mudanccedila no regime argumento que nunca foi explicitado por americanos franceses e britacircnicos Por que natildeo cessar os ataques uma vez que as ameaccedilas imediatas agrave populaccedilatildeo civil jaacute haviam sido eliminadas e as forccedilas de Gaddafi jaacute natildeo avanccedilavam mais e desta forma forccedilar todas agraves partes a negociar Que responsabilidade a coalisatildeo intervencionista assumiu pelas accedilotildees de seus aliados de fato em terra as forccedilas rebeldes liacutebias Como a coalisatildeo intervencionista equilibrou os riscos e recompensas das diferentes escolhas estrateacutegicas e por que exatamente ldquonatildeo era possiacutevel imaginar um futuro com Gaddafi no poderrdquo como argumentado por Obama Cameron e Sarkozy no jornal The New York Times25Houve questionamentos similares sobre as sugestotildees de intervenccedilatildeo militar na Siacuteria A ausecircncia de respostas convincentes provavelmente teve um papel muito importante no arquivamento de uma seacuterie de planos para intervenccedilotildees unilaterais ao longo dos anos

O que parece ser um otimismo infundado de que a forccedila seria capaz de atingir objetivos poliacuteticos daacute origem a um desconforto difundido em muitas partes do mundo e que vai aleacutem do objetivo especifico de proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade A invasatildeo do Iraque liderada pelos EUA em 2003 se desdobrou em grandes debates como um exemplo de escolha irresponsaacutevel por uma potecircncia hegemocircnica que tende a instruir outros paiacuteses sobre lideranccedila global responsaacutevel Isso tambeacutem eacute um lembrete valioso de que mesmo a maior forccedila militar do globo eacute claramente incapaz de forccedilar a construccedilatildeo efetiva de uma nova ordem poliacutetica com consequecircncias traacutegicas para milhares de pessoas natildeo soacute no Iraque

Ainda assim durante as crises na Costa do Marfim na Liacutebia em 2011 e na Repuacuteblica Centro-Africana em 2014 o Conselho de Seguranccedila estava pronto para legitimar intervenccedilotildees militares ldquoconforme cada casordquo como foi sugerido pela Cuacutepula Mundial Em cada um desses casos emergiram grandes maiorias que priorizaram a necessidade de accedilatildeo militar em relaccedilatildeo agrave ampla preocupaccedilatildeo com a manutenccedilatildeo da soberania estatal seja atraveacutes de voto a favor no Conselho de Seguranccedila de abstenccedilatildeo para permitir que resoluccedilotildees passassem (como Ruacutessia e China no caso da Liacutebia) ou de apoio financeiro militar ou poliacutetico em outros foacuteruns de discussatildeo

Eacute possiacutevel que haja uma janela de oportunidades surgindo para um debate poliacutetico mais detalhado e criacutetico sobre a eficaacutecia da forccedila militar na proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade Tais debates estatildeo tratando dos objetivos diferentes mas relacionados da luta contra insurgentes e redes terroristas Em ambos os casos haacute uma discussatildeo ponderada nos ciacuterculos militares e policiais assim como em grandes meios

16Global Public Policy Institute (GPPi)

de comunicaccedilatildeo sobre questotildees como execuccedilotildees especiacuteficas de terroristas suspeitos ou taacuteticas de contra-insurgecircncia centradas na populaccedilatildeo

Outro debate similar e criacutetico precisa ser colocado em questatildeo em relaccedilatildeo agrave forccedila e a proteccedilatildeo Ele pode ser construiacutedo a partir de uma tendecircncia recente na direccedilatildeo de mais engajamento com os resultados e meios praacuteticos do uso da forccedila militar para proteccedilatildeo Sociedades e comunidades estrateacutegicas nos EUA Reino Unido e Franccedila mostraram sinais de cansaccedilo em relaccedilatildeo a intervenccedilotildees em geral e particularmente agraves unilaterais Ao mesmo tempo alguns dos defensores mais leais da restriccedilatildeo militar reflexiva ndash como China Brasil e Alemanha ndash comeccedilaram a considerar em determinados casos argumentos a favor da accedilatildeo militar para proteccedilatildeo de civis 26Tanto defensores quanto ceacuteticos da proteccedilatildeo militar se beneficiaratildeo ao forccedilar mais nuances nesses debates Por um lado a demanda por especificidades protegeraacute contra o uso abusivo da autoridade humanitaacuteria para fins escusos Por outro mais transparecircncia ajudaraacute na defesa contra reclamaccedilotildees de abuso Esse debate deve considerar as contribuiccedilotildees acadecircmicas recentes27 mas encontraraacute ferramentas mais especiacuteficas e fundamentais em conceitos poliacuteticos estabelecidos como na doutrina da ONU para proteccedilatildeo de civis e as tentativas dos militares norte-americanos de desenvolver orientaccedilotildees conceituais para ldquooperaccedilotildees de resposta a atrocidades em massardquo28

17Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Se as principais controveacutersias globais sobre a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade envolvem (1) o medo do uso abusivo de argumentos humanitaacuterios e (2) como proteger de forma efetiva quais satildeo as opccedilotildees para melhorar as soluccedilotildees globais de proteccedilatildeo O ponto de partida deve ser o reconhecimento de que a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade como um desafio poliacutetico complexo e natildeo somente como algo paliativo enquanto tenta-se resolver um conflito poliacutetico de maiores dimensotildees Qualquer estrateacutegia de proteccedilatildeo deve ser preparada primeiramente a fim de influenciar os caacutelculos poliacuteticos e militares dos perpetradores e deve levar em consideraccedilatildeo os limites de influecircncias externas sobre eventos domeacutesticos Os atores locais tecircm o maior controle sobre a dinacircmica da violecircncia e eacute difiacutecil prever o efeito dominoacute causado pelas accedilotildees externas O foco no curto prazo do conceito de ldquoresposta raacutepida saiacuteda raacutepidardquo eacute portanto um ato irresponsaacutevel quase independente de contexto mesmo que accedilotildees raacutepidas frequentemente sejam necessaacuterias poliacuteticos ativistas jornalistas e acadecircmicos precisam prestar mais atenccedilatildeo agraves poliacuteticas de longo prazo e a seus planejamentos para que sejam adaptadas agraves mudanccedilas

Com base em nossos resultados e anaacutelise apontamos opccedilotildees poliacuteticas para governos a ONU e organizaccedilotildees regionais aleacutem da miacutedia e da sociedade civil com o intuito de melhorar a credibilidade das ferramentas existentes ao fazer com que seu uso na proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade seja menos vulneraacutevel ao abuso e tenha resultados mais efetivos Comeccedilamos com a necessidade de garantir informaccedilotildees e anaacutelises criacuteveis sobre as situaccedilotildees em que crimes de atrocidade satildeo cometidos Depois oferecemos algumas sugestotildees para o fortalecimento das ferramentas disponiacuteveis aos civis para prevenccedilatildeo e resposta a atrocidades e para que as operaccedilotildees de paz da ONU melhorem a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade Depois indicamos opccedilotildees de reforma importantes para o processo decisoacuterio coletivo sobre accedilotildees militares e terminamos enfatizando a necessidade de um aprendizado contiacutenuo e colaborativo sobre as ferramentas para prevenccedilatildeo de atrocidades

Reduzindo a Vulnerabilidade das Fontes de Informaccedilatildeo perante Acusaccedilotildees de ParcialidadeAntes mesmo de comeccedilar a considerar formas de lidar com futuras ou atuais atrocidades o mundo precisa chegar a um consenso sobre o que estaacute acontecendo em cada situaccedilatildeo Atualmente a disponibilidade de informaccedilatildeo sobre situaccedilotildees especiacuteficas de crises natildeo eacute mais o principal desafio para que accedilotildees de mobilizaccedilatildeo aconteccedilam

Opccedilotildees Poliacuteticas para Proteccedilatildeo Mais Efetiva e Responsaacutevel

18Global Public Policy Institute (GPPi)

Ainda assim acreditamos que um desafio crucial para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade eacute a acusaccedilatildeo de parcialidade sobre o tipo e a interpretaccedilatildeo das informaccedilotildees sobre atrocidades fornecidas por governos pela miacutedia ou por grupos da sociedade civil A confianccedila nos Estados dominantes e nas instituiccedilotildees internacionais encontra-se em niacuteveis tatildeo baixos que mesmo os casos de atrocidades bem documentados como o ocorrido em Darfur foram considerados por alguns como propaganda intervencionista29

Essa desconfianccedila estaacute na maior parte das vezes direcionada a fontes relacionadas ao ldquoOcidenterdquo Fontes financiadas lideradas ou com suas sedes em paiacuteses ocidentais frequentemente satildeo as mais acessiacuteveis natildeo soacute pelas elites poliacuteticas em capitais longiacutenquas mas tambeacutem por paineacuteis de especialistas e investigaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas em paiacuteses em que natildeo haacute extensiva presenccedila de campo da ONU Quando as fontes locais de informaccedilatildeo claramente natildeo satildeo criacuteveis como na Siacuteria jornalistas tecircm acesso restrito a aacutereas violentas e por algumas vezes todas as outras fontes relevantes vecircm de organizaccedilotildees com sede no Ocidente de organizaccedilotildees locais da sociedade civil que dependem de ajuda ocidental ou de financiamento externo e que tecircm uma temaacutetica antigovernamental especiacutefica ou ainda de profissionais ocidentais que trabalham para a ONU30 Por exemplo o governo chinecircs frequentemente enfatiza que a identificaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo internacional de abusos aos direitos humanos no exterior eacute excessivamente dependente de informaccedilotildees ocidentais e pediu para que houvesse sistemas de alerta precoce mais imparciais31 Especialistas indianos dizem que o desafio natildeo eacute a disponibilidade de informaccedilatildeo mas ldquoa interpretaccedilatildeo e o vieacutes que lhe eacute dadordquo32

Grupos de ativistas e a miacutedia tecircm incentivos para simplificar as narrativas e portanto eacute prudente ter um ceticismo saudaacutevel perante as acusaccedilotildees de atrocidades hediondas Ao mesmo tempo presumir que a verdade estaacute no meio-termo de todas as posiccedilotildees seria permitir que propaganda e maacute informaccedilatildeo determinassem o caminho a seguir Criticar realisticamente as fontes requer engajamento com a informaccedilatildeo em si e natildeo apenas a insinuaccedilatildeo de agendas poliacuteticas com base puramente na localizaccedilatildeo geograacutefica financiamento ou educaccedilatildeo

A fim de oferecer um debate melhor informado sobre potenciais crimes de atrocidade as empresas de comunicaccedilatildeo e filantropos principalmente em potecircncias emergentes devem investir em fontes de informaccedilatildeo e anaacutelise independentes e criacuteveis sobre conflitos e direitos humanosAs alegaccedilotildees de parcialidade (sejam a favor ou contra os governos ou outros atores) crescem quando haacute uma escassez de fontes Aqueles que criticam as fontes de informaccedilatildeo existentes satildeo os que sabem melhor qual fonte de financiamento ou de influecircncia teraacute mais credibilidade portanto eacute dever destas pessoas investir adequadamente Se haacute suspeitas sobre as fontes ocidentais de informaccedilatildeo por parte de governos e elites poliacuteticas fora do Ocidente essas podem ajudar a diversificar a base de apoio para ONGs ativistas e redes de informaccedilotildees globais jaacute existentes ou ateacute mesmo investir em plataformas alternativas de monitoramento e anaacutelise baseadas nos mais altos padrotildees de integridade jornaliacutestica Por enquanto com raras exceccedilotildees o investimento em miacutedias livres e acesso agrave informaccedilatildeo natildeo parece ser uma prioridade entre as elites empresariais emergentes mesmo em potecircncias emergentes democraacuteticas Por outro

19Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

lado agecircncias de notiacutecia estatais frequentemente tecircm dificuldade para estabelecer uma reputaccedilatildeo de integridade jornaliacutestica Satildeo raros os grandes investimentos no relato de crises humanitaacuterias tais como recentemente feito pela Fundaccedilatildeo Jynwel com sede em Hong Kong na agora independente organizaccedilatildeo de noticias IRIN33 Organizaccedilotildees de defesa podem contribuir com a reduccedilatildeo das alegaccedilotildees de parcialidade ao natildeo exporem situaccedilotildees de conflito como se fossem preto-no-branco e ao serem transparentes sobre quem as financiam e apoiam Se apresentarem uma extensa lista de notas e fontes em seus relatoacuterios como feito regularmente pelo International Crisis Group e pela Human Rights Watch eacute dever dos criacuteticos se engajar com essas fontes com base nos fatos

Fortalecer e diversificar as informaccedilotildees sobre os riscos de crimes de atrocidade em massa tambeacutem pode significar estabelecer organizaccedilotildees de sociedade civil regionais dedicadas agrave pesquisa criacutevel e confiaacutevel sobre a prevenccedilatildeo de atrocidades Se verdadeiramente baseadas em sociedades locais tais grupos teriam mais acesso a grupos nacionais e regionais de sociedade civil do que as organizaccedilotildees globais com sede em Nova York ou Genebra Consequentemente suas informaccedilotildees e argumentos mais provavelmente obteriam credibilidade poliacutetica a niacutevel global No curto prazo a massa criacutetica necessaacuteria a esses centros da sociedade civil provavelmente seraacute alcanccedilada na Europa ou na Aacutefrica mas a Ameacuterica Latina (com sua iacutempar accedilatildeo ldquoRede Latino-Americana de Prevenccedilatildeo ao Genociacutedio e Atrocidades em Massardquo a niacutevel governamental) e a Aacutesia tambeacutem podem se desenvolver rapidamente

Os Estados membros a sociedade civil e as organizaccedilotildees regionais devem melhorar as capacidades da ONU de coletar informaccedilotildees e desvendar fatos sobre desafios agrave proteccedilatildeo ao oferecer assistecircncia logiacutestica funcionaacuterios a curto-prazo e fontes locais de informaccedilatildeo Ao mesmo tempo em que organizaccedilotildees regionais satildeo cada vez mais capazes de influenciar o entendimento global sobre suas partes do mundo a sua imparcialidade eacute apenas tatildeo criacutevel quanto a das potecircncias regionais que lideram as suas deliberaccedilotildees As Naccedilotildees Unidas natildeo podem entretanto sempre responder sozinhas agraves demandas por informaccedilotildees imparciais e criacuteveis sobre riscos de atrocidade Os mecanismos das Naccedilotildees Unidas frequentemente dependem tanto de fontes governamentais e privadas devido agrave necessidade de agir rapidamente quanto sofrem com a falta de acesso proacuteprio e independente aos locais de risco Aleacutem disso a ONU tambeacutem jaacute esteve sujeita agrave autocensura e foi forccedilada a romper compromissos poliacuteticos34

Todos os Estados membros da ONU precisam fortalecer os mecanismos de coleta de informaccedilatildeo da instituiccedilatildeo suas comissotildees de inqueacuterito e outros oacutergatildeos correlatos Por exemplo sempre que uma violecircncia em massa comeccedila conforme definido pelo Secretaacuterio Geral a ONU deveraacute enviar uma missatildeo para desvendar os fatos a fim de informar melhor as discussotildees no Conselho de Seguranccedila Isso poderaacute ser baseado em um grupo permanente de especialistas preacute-selecionados e deveraacute envolver as agecircncias da ONU relevantes ao tema especialmente o Escritoacuterio de Coordenaccedilatildeo de Assuntos Humanitaacuterios O Alto Comissariado para Direitos Humanos o Conselheiro Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedios e o Departamento de Assuntos Poliacuteticos35 Estados membros devem contribuir tanto com financiamento quanto com especialistas

20Global Public Policy Institute (GPPi)

treinados para essas missotildees O estabelecimento de regras para a contrataccedilatildeo de pessoal poderia ajudar a deixar processos de seleccedilatildeo o mais transparentes possiacutevel e desta forma melhorar a credibilidade e imparcialidade da descoberta de fatos pela ONU36

Estados membros tambeacutem podem ajudar as Naccedilotildees Unidas na implementaccedilatildeo de sua iniciativa ldquoHuman Rights Up Frontrdquo (em portuguecircs ldquoDireitos Humanos Antes de Tudordquo) atraveacutes do qual o Secretariado estaacute criando um sistema simplificado de gerenciamento de informaccedilotildees para tudo que eacute coletado pelas muitas partes do sistema ONU combinando dados jaacute existentes sobre proteccedilatildeo humanitaacuteria proteccedilatildeo dos direitos humanos proteccedilatildeo de mulheres em conflitos armados e proteccedilatildeo de crianccedilas37 Os Estados membros podem dar apoio agrave ONU ao incluir mais informaccedilotildees de atores bilaterais no local desde que a ONU faccedila os investimentos necessaacuterios para o tratamento de dados sensiacuteveis proteccedilatildeo a testemunhas e referecircncias38

Usando Ferramentas Diplomaacuteticas e Civis De Forma Antecipada Justa e EstrateacutegicaApesar das diferenccedilas em ecircnfases retoacutericas haacute um consenso universal que as atrocidades devem ser prevenidas pelo uso antecipado e sustentaacutevel de uma variedade de ferramentas civis disponiacuteveis agrave comunidade internacional Estatildeo incluiacutedas a diplomacia a mediaccedilatildeo e as missotildees poliacuteticas assim como as sanccedilotildees a justiccedila criminal internacional as accedilotildees humanitaacuterias e as ferramentas de peacebuilding apoacutes crises dentre elas a reconstruccedilotildees das instituiccedilotildees estatais e do Estado de direito

Desde os anos 90 a comunidade internacional aprendeu liccedilotildees importantes sobre o uso dessas ferramentas e vem caminhando para desenvolvecirc-las ainda mais Satildeo visiacuteveis os sucessos na diplomacia preventiva como o ocorrido durante a crise poacutes-eleiccedilotildees no Quecircnia em 200839 quando um negociador de alto niacutevel liderou as conversas tendo apoio politico de oacutergatildeos regionais e de todos os membros do Conselho de Seguranccedila expertise da ONU e engajamento da sociedade civil Ao longo dos uacuteltimos 10 anos houve uma significativa expansatildeo das capacidades de negociaccedilatildeo dentro da ONU e das organizaccedilotildees regionais Missotildees poliacuteticas no Timor Leste ou na Guineacute-Bissau podem ter evitado uma nova onda de violecircncia nesses locais40 Sanccedilotildees seletivas provavelmente ajudaram a controlar pessoas que poderiam atrapalhar as primeiras fases do processo de peacebuilding na Libeacuteria Costa do Marfim e Serra Leoa41 O Tribunal Penal Internacional processou e condenou seus primeiros casos e apoiou importantes reformas nos sistemas de justiccedila criminal em muitos paiacuteses42

Ainda assim a comunidade internacional em inuacutemeras vezes natildeo fez uso das ferramentas civis disponiacuteveis de forma antecipada decisiva e sustentaacutevel O consenso que parece existir para o uso de ferramentas civis antecipadamente e como prioridade se desfaz assim que decisotildees poliacuteticas e priorizaccedilatildeo se fazem necessaacuterias Mudar isso eacute difiacutecil Requer ir aleacutem das caricaturas comuns que culpam apenas os paiacuteses ocidentais por investir pouco ou as potecircncias natildeo-ocidentais por repelir as tentativas de influenciar ou pressionar perpetradores e seus cuacutemplices Natildeo soacute as prioridades e interesses competitivos existem de todos os lados mas o desafio tambeacutem eacute marcado pela profunda incerteza sobre como e quando usar tais ferramentas com quais atores e em qual espaccedilo Natildeo haacute uma soluccedilatildeo uacutenica e faacutecil para prevenccedilatildeo resposta ou recuperaccedilatildeo efetiva

21Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Nosso foco eacute em medidas de curto prazo voltadas para os civis em situaccedilotildees em que haacute alta probabilidade ou jaacute haacute ocorrecircncia de atrocidades 43Descobrimos que haacute quatro aacutereas que devem ser especialmente observadas

Os atores (em particular potecircncias emergentes) que mais pedem por diplomacia ferramentas civis e prevenccedilatildeo antecipada precisam traduzir seu compromisso retoacuterico em vontade poliacutetica e os investimentos necessaacuterios em capacidades e ideiasIr aleacutem da retoacuterica sobre prevenccedilatildeo requer vontade poliacutetica para fazer disso uma prioridade Com muita frequecircncia a prevenccedilatildeo contra crimes de atrocidade vai de encontro a outros objetivos poliacuteticos em uma determinada situaccedilatildeo de crise Algumas vezes esses interesses e prioridades estatildeo em extremos opostos No Sri Lanka por exemplo o governo conseguiu alavancar a imensa preocupaccedilatildeo internacional com o contraterrorismo para evitar pressotildees em relaccedilatildeo aos crimes de guerra perpetrados durante o conflito contra os Tigres de Libertaccedilatildeo do Tacircmil Eelam (LTTE) no comeccedilo de 200944 Em Darfur a accedilatildeo diplomaacutetica internacional para acabar com os crimes de atrocidade teve de competir com a prioridade para um acordo de paz na longa guerra civil Norte-Sul no Sudatildeo e com a colaboraccedilatildeo antiterrorista do governo sudanecircs45

Todavia mesmo com a ausecircncia de grandes interesses conflitantes haacute um espaccedilo entre o apoio abstrato para a proteccedilatildeo de populaccedilotildees contra crimes de atrocidade e a vontade poliacutetica de agir dispor-se financeiramente e assumir riscos proporcionais Um exemplo recente de quando investimentos deveriam ter sido feitos antes e de forma mais substancial eacute o Sudatildeo do Sul ndash uma crise que tambeacutem demonstra como as categorias ldquoocidentaisrdquo contra os ldquodemaisrdquo natildeo satildeo uacuteteis na anaacutelise das posiccedilotildees dos paiacuteses sobre proteccedilatildeo Por motivos diversos tanto os Estados Unidos quanto a China apoiaram fortemente o governo de Salva Kiir ignorando sinais importantes ateacute que essa se tornou uma das facccedilotildees combatentes na nova guerra civil do Sudatildeo do Sul46 Na Repuacuteblica Centro-Africana investimentos preacutevios nas iniciativas legais e nas reformas no setor de seguranccedila poderiam ter sido capazes de evitar que o paiacutes atingisse a atual escala de violecircncia47

Como esses e outros exemplos revelam haacute um grande descompasso entre a retoacuterica que demanda mais ldquosoluccedilotildees poliacuteticas e diplomaacuteticasrdquo ndash como constantemente enfatizado por China Ruacutessia Iacutendia Brasil Aacutefrica do Sul (e tambeacutem pela Alemanha e pela Uniatildeo Europeia) ndash e os recursos poliacuteticos e materiais investidos na busca por tais soluccedilotildees Colocar em praacutetica essas ldquosoluccedilotildees poliacuteticasrdquo requer ao mesmo tempo declaraccedilotildees ocasionais e o estabelecimento de capacidades institucionais para o monitoramento dos direitos humanos monitoramento de longo prazo das eleiccedilotildees mediaccedilatildeo e apoio de pessoas com experiecircncia secircnior que possam ser rapidamente acionadas e a construccedilatildeo de instituiccedilotildees nos setores de justiccedila seguranccedila e correlatas normalmente envolvidas com missotildees poliacuteticas da ONU e de organizaccedilotildees regionais Similarmente o uso de ferramentas coercitivas como sanccedilotildees requer tanto a tomada de decisotildees difiacuteceis quanto investimentos e iniciativas para planejar criativamente e melhorar estas ferramentas a fim de que sejam de fato seletivas justas e legalmente soacutelidas ndash em outras palavras que minimizem os riscos de afetarem as pessoas erradas

22Global Public Policy Institute (GPPi)

de acordo com princiacutepios baacutesicos do direito O Tribunal Penal Internacional precisa do comprometimento poliacutetico e da ratificaccedilatildeo do Estatuto de Roma por algumas das naccedilotildees mais poderosas do mundo Tambeacutem precisa de recursos para continuar acompanhando seus casos No miacutenimo tanto as potecircncias emergentes quanto as jaacute estabelecidas precisam melhorar sua assistecircncia humanitaacuteria para aqueles que fogem da violecircncia Por exemplo Estados membros da ONU cederam menos de 50 por cento dos fundos necessaacuterios para a resposta humanitaacuteria na Siacuteria deixando milhares de pessoas necessitadas em 201448

Os governos devem priorizar a detenccedilatildeo e julgamento dos perpetradores de crimes de atrocidade em suas jurisdiccedilotildees Aleacutem das dificuldades poliacuteticas de se lidar com perpetradores que estatildeo no poder como na Siacuteria ou com perpetradores que estatildeo fora do alcance de Estados falidos como na Repuacuteblica Centro-Africana todos os governos podem fazer mais para sancionar ou julgar esses perpetradores por crimes de atrocidade que de alguma forma estejam em suas jurisdiccedilotildees Prevenir e dar respostas aos crimes de atrocidade significa lidar com as motivaccedilotildees e capacidades de perpetradores individuais antes que cometam crimes Tambeacutem significa puni-los por seus atos49 Aqueles que mantecircm seu dinheiro em bancos multinacionais podem estar sujeitos ao congelamento de seus ativos estejam nos bancos na Europa ou na Aacutesia Aqueles que viajam estatildeo sujeitos agrave recusa de vistos e impedimentos de viagem de modo a impactar suas accedilotildees antes de cometerem ou enquanto cometem atrocidades Leis existentes como nos Estados Unidos permitem que imigrantes sejam deportados se houver provas que os liguem a genociacutedios Paiacuteses podem buscar pessoas procuradas pelo Tribunal Penal Internacional e mudar suas leis ou designar forccedilas policiais para processar os piores crimes de atrocidade independentemente dos locais em que foram cometidos

Com muita frequecircncia a falta de atenccedilatildeo e vontade poliacutetica permite que perpetradores vivam livres e confortavelmente apoacutes terem cometido atrocidades ou ateacute mesmo organizar financiar e apoiar atrocidades em andamento mesmo estando no exterior Isso aconteceu com diversos liacutederes das Forccedilas Democraacuteticas Para a Libertaccedilatildeo de Ruanda (FDLR) um grupo miliciano operando no Congo Eles viveram sem problemas na Alemanha durante quase uma deacutecada antes de serem presos e julgados50 Os Estados Unidos apesar de sua recusa em ratificar o Estatuto de Roma recentemente serviu de exemplo ao aumentar seus esforccedilos na procura por suspeitos de crimes de guerra que moram no paiacutes e ao desenvolver propostas que permitem o uso das leis de imigraccedilatildeo para fazer com que perpetradores de atrocidades paguem por seus crimes51

Poliacuteticos devem dar prioridade ao comportamento atual ao avaliar a legitimidade de atores e julgar todos os atores de um conflito pelos mesmos padrotildees Soacute porque em determinado momento haacute um grupo claramente identificaacutevel como perpetrador de atrocidades natildeo significa que outros grupos sejam e continuaratildeo sendo inocentes de tais atos Violecircncia gera mais violecircncia jaacute que grupos ameaccedilados

23Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

se defendem e continuam combatendo o inimigo A Liacutebia eacute um bom exemplo disso Na primavera de 2011 identificar corretamente o regime de Gaddafi como responsaacutevel por crimes de atrocidade foi a decisatildeo correta ndash mas natildeo evitou que os rebeldes cometessem crimes similares posteriormente previsivelmente em alguns grupos tornando quem os apoiava militarmente cuacutemplices De forma similar em 2014 apoiar as forccedilas curdas Peshmerga era a uacutenica forma de prevenir um massacre contra os Yazidis no Iraque ndash mas aqueles que deram apoio natildeo deveriam silenciar-se perante as posteriores mortes em represaacutelia

A escolha de grupos especiacuteficos como aliados eacute facilmente entendida como arbitraacuteria quando o comportamento atual natildeo justifica apoio internacional Um dos argumentos conflitantes de legitimidade poliacutetica acontece quando atores externos escolhem seus aliados locais de forma inconsistente com suas accedilotildees (algumas vezes favorecendo o regime incumbente) e tal escolha eacute facilmente vista como hipoacutecrita52 Poliacuteticos tambeacutem estatildeo vulneraacuteveis a tais acusaccedilotildees quando satildeo seletivos sobre suas criacuteticas a poderes regionais que armam ou apoiam grupo rebeldes como no caso do silecircncio ocidental sobre o envolvimento da Araacutebia Saudita na Siacuteria

Defensores do R2P e da prevenccedilatildeo de atrocidades em governos ou na sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando pedir a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes

No que diz respeito agrave diplomacia preventiva defensores do R2P e da prevenccedilatildeo contra atrocidades incluindo governos e a sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando e como pedem a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes Em algumas situaccedilotildees o Conselho pode deixar a mediaccedilatildeo mais difiacutecil ao elevar o niacutevel de visibilidade poliacutetica de uma crise Ele pode ajudar mediadores ao dar-lhes mais peso um senso de urgecircncia incentivos e desincentivos (ex com sanccedilotildees seletivas proibiccedilotildees de viagem congelamento de ativos embargo de armas investigaccedilotildees estabelecimento de uma missatildeo poliacutetica) Mas em algumas situaccedilotildees pressatildeo internacional vinda dos mais altos niacuteveis que inclui o papel do Conselho de Seguranccedila pode ser contraproducente Isso pode reforccedilar a urgecircncia de um governo em terminar a guerra a todos os custos como no caso do Sri Lanka no comeccedilo de 200953 ou complicar as negociaccedilotildees para acesso humanitaacuterio como em Mianmar em maio de 200854 Em particular quando os casos lidam com governos que jaacute vecircm sendo excluiacutedos da comunidade internacional foacuteruns e canais mais discretos podem ser mais efetivos na tentativa de influenciar mudanccedilas de comportamento

Possibilitando que as Missotildees de Paz da ONU Ofereccedilam Proteccedilatildeo CriacutevelO peacekeeping eacute um sistema com grande legitimidade global que jaacute evita abusos e comeccedilou a dar ecircnfase agrave Proteccedilatildeo de Civis (PoC) em muitas de suas operaccedilotildees A composiccedilatildeo global e o controle rigoroso por parte do Conselho de Seguranccedila deixa as operaccedilotildees de paz muito mais aceitaacuteveis que qualquer outro instrumento como notavelmente o uso da

24Global Public Policy Institute (GPPi)

forccedila por terceiros segundo um mandato do Conselho de Seguranccedila55 Ao mesmo tempo o peacekeeping soacute eacute capaz de lidar com um nuacutemero limitado de desafios agrave proteccedilatildeo a ausecircncia de mecanismos raacutepidos e efetivos de mobilizaccedilatildeo de implementaccedilatildeo faz com que seja impossiacutevel para peacekeepers da ONU responder a ameaccedilas iminentes de crimes de atrocidade e os requerimentos legais e praacuteticos da colaboraccedilatildeo com o governo local limitam uma accedilatildeo efetiva contra os perpetradores dos crimes de atrocidade que sejam parte ou que recebam apoio do governo Mesmo quando os peacekeepers estavam presentes enquanto crimes de atrocidade eram praticados como na Costa do Marfim em 2011 e no Sudatildeo do Sul em 2013 qualquer prevenccedilatildeo efetiva foi ilusoacuteria E onde uma reaccedilatildeo imediata natildeo obteve sucesso os desafios da proteccedilatildeo efetiva contra crimes em andamento rapidamente excedeu a capacidade dos boinas azuis

As vaacuterias maneiras em que as operaccedilotildees de paz poderiam melhor proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade ao estabelecer capacidades reduzir vulnerabilidade (ldquoproteccedilatildeo indiretardquo) e defender contra perpetradores (ldquoproteccedilatildeo diretardquo) jaacute foram explicitadas em outras oportunidades56 Atingir pelo menos um niacutevel moderado de ambiccedilatildeo para que peacekeepers protejam populaccedilotildees contra crimes de atrocidade requereria investimentos adicionais em capacidade doutrina e treinamento Tambeacutem seria necessaacuteria uma anaacutelise mais seacuteria sobre como combinar de forma efetiva o uso do peacekeeping com instrumentos poliacuteticos

O Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz a lideranccedila da missatildeo e os paiacuteses colaboradores precisam informar de forma modesta e transparente os limites das capacidades da ONU na proteccedilatildeo de civis

O comprometimento bem-vindo e necessaacuterio do Conselho de Seguranccedila com a proteccedilatildeo levou a um nuacutemero excessivo de promessas57 que aumentaram a lacuna entre as expectativas locais e a capacidade das missotildees Quando um mandato para milhares de peacekeepers eacute estabelecido com grande alvoroccedilo mas somente uma fraccedilatildeo chega seis meses depois como no Sudatildeo Sul apoacutes o iniacutecio da uacuteltima guerra civil em dezembro de 2013 ou como quando os peacekeepers se recusaram a tomar medidas enquanto crimes de atrocidade eram cometidos nas redondezas (devido ou natildeo ao apoio ou lideranccedila inadequados) como visto recentemente na RDC ou no Sudatildeo pessoas que se reuacutenem ao redor da bandeira azul na esperanccedila de proteccedilatildeo se tornam mais vulneraacuteveis ao perigo do que se estivessem em outro local De forma geral populaccedilotildees ameaccediladas estatildeo em situaccedilotildees melhores com os peacekeepers do que sem eles mas ainda assim a credibilidade das Naccedilotildees Unidas eacute afetada nestes casos58

Tanto a proteccedilatildeo efetiva quanto a responsaacutevel exigem uma comunicaccedilatildeo honesta e transparente com o puacuteblico e com o Conselho de Seguranccedila sobre as capacidades de cada missatildeo e de cada contingente aleacutem da sua disponibilidade para assumir riscos Quando os diplomatas do Conselho criarem ou derem nova autorizaccedilatildeo a outro ambicioso mandato para a proteccedilatildeo de civis eles precisam ser formalmente informados das capacidades e requerimentos que seratildeo necessaacuterios

25Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

A proteccedilatildeo por parte dos peacekeepers requer um salto de qualidade das contribuiccedilotildees para as operaccedilotildees dos boinas azuis e isso exige que o Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz as tropas a poliacutecia e os colaboradores financeiros encontrem uma divisatildeo do trabalho mais justa e equilibradaO equiliacutebrio fraacutegil entre aqueles que contribuem com tropas (em sua maioria da Aacutefrica e da Aacutesia) financiadores (em sua maioria da Europa e Ameacuterica do Norte) e os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila da ONU que emitem mandatos estaacute proacuteximo de se desfazer A insustentaacutevel divisatildeo de trabalho em peacekeeping natildeo eacute uma questatildeo dos ocidentais contra os demais Muitos paiacuteses africanos cansados dos muitos anos de tentativas frustradas de instauraccedilatildeo da paz no continente pelas potecircncias externas cada vez mais requerem e apoiam o uso de forccedila militar para proteger civis e conceder mais tempo para as negociaccedilotildees de paz Por outro lado paiacuteses que tradicionalmente contribuem com muitas tropas estatildeo cada vez mais reticentes em ameaccedilar a vida de seus soldados em locais distantes ndash especialmente aqueles paiacuteses como a Iacutendia cujo papel emergente no mundo criou expectativas de exercer influecircncia sobre escolhas estrateacutegicas que ateacute agora se mantiveram no domiacutenio exclusivo dos membros permanentes Isso tudo combinado com a austeridade imposta agraves forccedilas armadas mais desenvolvidas impossibilitando aumentar suas contribuiccedilotildees de ativos-chave ndash que poderia reduzir os riscos aos boinas azuis ndash vem deixando muitos paiacuteses em desenvolvimento cada vez mais impacientes com um sistema que natildeo funciona mais para eles

Para avanccedilar na prevenccedilatildeo de crimes de atrocidade economias desenvolvidas e em desenvolvimento precisatildeo aumentar os recursos disponibilizados para as missotildees de paz da ONU mas o dever principal de balancear o desequiliacutebrio atual estaacute nas matildeos de paiacuteses com capacidades avanccediladas Eles precisam disponibilizar forccedilas militares e ativos poliacuteticos que satildeo chaves para limitar o risco de todos os boinas azuis e aumentar o custo-benefiacutecio e a eficaacutecia do peacekeeping Isso inclui drones de vigilacircncia veiacuteculos anti-minas hospitais militares evacuaccedilatildeo meacutedica aeacuterea apoio de combate aeacutereo transporte aeacutereo taacutetico equipamentos anti-explosivos e outras tecnologias avanccediladas59

Contudo natildeo satildeo somente paiacuteses da Europa e da Ameacuterica do Norte que disponibilizam pouquiacutessimas tropas e deixam a desejar em suas contribuiccedilotildees (os europeus por exemplo respondem por menos de 7 por cento das tropas de peacekeeping da ONU e menos de 4 por cento das tropas policiais da organizaccedilatildeo60 A Iacutendia tem demonstrado apoio duradouro e extensivo ao peacekeeping ndash uma rara exceccedilatildeo entre paiacuteses com pretensotildees de lideranccedila regional ou global Outros paiacuteses deveriam pensar em seguir o recente exemplo da China e aumentar o nuacutemero de tropas policiais ou civis qualificados disponibilizados agrave ONU Por exemplo o Brasil mesmo com sua lideranccedila no Haiti ainda oferece menos pessoal que os pequenos Togo e Burkina Faso

26Global Public Policy Institute (GPPi)

Todos os membros do Conselho de Seguranccedila e colaboradores do peacekeeping deveriam aumentar a orientaccedilatildeo conceitual o treinamento e a construccedilatildeo de capacidade para a proteccedilatildeo de civis contra crimes de atrocidade

Tanto o desenvolvimento de estrateacutegias poliacuteticas quanto o uso da forccedila para proteccedilatildeo taacutetica de civis carecem grandemente de fundamentos conceituais soacutelidos com a qual qualquer outro tipo de operaccedilatildeo militar pode contar Os desafios poliacuteticos policiais e militares da proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade natildeo recebem a atenccedilatildeo conceitual e os recursos para treinamento adequados em quase todos os paiacuteses61 Natildeo eacute surpreendente que liacutederes de missatildeo e comandantes de tropas operem hoje em dia com base na tentativa e erro sem que haja uma orientaccedilatildeo ou doutrina clara Da mesma forma os membros do Conselho ndash em especial os natildeo-permanentes ndash satildeo forccedilados a tomar decisotildees difiacuteceis sobre a proteccedilatildeo de civis sem que tenham acesso a um oacutergatildeo de anaacutelise poliacutetico-militar sobre quais seriam as consequecircncias de tais accedilotildees A ausecircncia de conceitos claros e amplamente difundidos sobre as formas praacuteticas de proteccedilatildeo (para aleacutem das Zonas de exclusatildeo aeacuterea) contribuem para o estereoacutetipo muacutetuo e suspeitas de motivos escusos

Os Estados Unidos deveriam continuar a expansatildeo da sua Iniciativa Global de Operaccedilotildees de Paz (GPOI na sigla em inglecircs) e sua Parceria Africana de Resposta Raacutepida para Manutenccedilatildeo da Paz que apoiam e reforccedilam a capacidade de outros paiacuteses de treinar e manter competecircncias para a manutenccedilatildeo da paz Ambos os casos deveriam dar mais atenccedilatildeo agraves forccedilas militaresx mais frequentemente usadas no peacekeeping No futuro treinamentos e exerciacutecios da GPOI e outros deveriam incluir especificamente diferentes aspectos de proteccedilatildeo a civis 62 De forma similar a estes programas estadunidenses a Uniatildeo Europeia os governos europeus e de outros locais que possuem forccedilas armadas com tal capacidade deveriam oferecer os treinamentos e equipamentos mais modernos para os colaboradores das operaccedilotildees de paz Isso poderia criar incentivos para que unidades treinadas e equipadas efetivamente trabalhem em conjunto com a ONU a Uniatildeo Africana e as forccedilas sub-regionais na proteccedilatildeo de civis ndash no caso da UE ao novamente dar ecircnfase e expandir a Enable and Enhance Initiative

Usar a avaliaccedilatildeo atual das operaccedilotildees de paz da ONU para construir um consenso entre todas as partes interessadas (Conselho de Seguranccedila e Secretariado assim como colaboradores financeiros de tropas ou de poliacutecia) sobre o uso da forccedila somente para apoiar ndash e nunca substituir ndash uma estrateacutegia poliacutetica para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade e para planejar mandatos e operaccedilotildees adequadamente Como parte do diaacutelogo necessaacuterio sobre a utilidade do uso da forccedila a atual avaliaccedilatildeo das operaccedilotildees de paz da ONU oferece uma oportunidade de reconstruir uma linguagem comum sobre o peacekeeping seus princiacutepios e conceitos baacutesicos suas ambiccedilotildees e desafios para as tarefas de proteccedilatildeo das missotildees da ONU especialmente no que diz respeito ao uso da forccedila Os princiacutepios de consentimento imparcialidade e neutralidade atualizados no Relatoacuterio Brahimi para permitir que peacekeepers ajam contra os violadores dos acordos de paz e perpetradores de atrocidades mais uma vez satildeo distorcidos ou parecem irrelevantes em muitas operaccedilotildees A maioria dos peacekeepers

27Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

de hoje servem em situaccedilotildees de conflito ativo como no Mali ou na Repuacuteblica Centro-Africana Peacekeepers da ONU estatildeo conduzindo operaccedilotildees de combate ativo na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Em outros locais os acordos de deacutecadas atraacutes que deram origem a uma missatildeo natildeo incluem as partes que atualmente ameaccedilam ou sequestram peacekeepers como nas Colinas de Golatilde

Enquanto eacute inevitaacutevel que haja certa ambiguidade sobre os princiacutepios o uso ativo da forccedila para proteger civis soacute eacute capaz de apoiar mas nunca substituir uma estrateacutegia poliacutetica63 Onde natildeo haacute uma estrateacutegia poliacutetica realista para chegar agrave paz deve haver pelo menos uma para limitar os riscos aos civis ndash se necessaacuterio um plano que inclua o apoio de forccedilas militares da ONU como na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Estas questotildees devem ser discutidas de forma honesta pelas partes interessadas nas operaccedilotildees de paz da ONU O abismo que separa as partes nestas discussotildees natildeo estaacute entre os ocidentais que apoiam o uso de mais forccedila e os opositores natildeo-ocidentais Atualmente isso acontece entre paiacuteses que contribuem com muitas tropas como Iacutendia e Paquistatildeo preocupados com o aumento dos riscos agraves suas tropas e uma coalisatildeo mais intervencionista de paiacuteses africanos e europeus ocidentais64

A Tomada de Decisotildees sobre Accedilotildees MilitaresO atual sistema de seguranccedila coletiva que tem o Conselho de Seguranccedila na ONU como peccedila central natildeo estaacute agrave altura da tarefa de prover proteccedilatildeo efetiva e responsaacutevel O Conselho eacute incapaz de agir de forma efetiva quando alguns interesses geopoliacuteticos colidem como no caso da Siacuteria Mas ele fracassa ateacute mesmo em situaccedilotildees em que o abuso do argumento humanitaacuterio natildeo estaacute na pauta e os interesses de membros-chave do Conselho estatildeo alinhados ndash como no caso da Repuacuteblica Centro-Africana ou do Sudatildeo do Sul Um Conselho que tem o poder de estabelecer mandatos mobilizar proteccedilatildeo efetiva e limitar o medo do uso abusivo de argumentos humanitaacuterios precisaria ouvir os maiores atores poliacuteticos do mundo moderno os paiacuteses que contribuem com tropas e os financiadores

Tanto a composiccedilatildeo quanto os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila da ONU refletem a ordem mundial dos anos 1940 A fim de manter a credibilidade do sistema de seguranccedila coletiva restaurar a legitimidade do Conselho de Seguranccedila eacute uma questatildeo urgente e de interesse dos cinco membros permanentes Todavia mesmo estando bem fundadas em termos de justiccedila global e em prospectos de longo prazo para a governanccedila global as propostas jaacute existentes para uma expansatildeo do Conselho ou um papel mais proeminente da Assembleia Geral em assuntos de seguranccedila provavelmente natildeo contribuiratildeo para uma proteccedilatildeo mais efetiva contra crimes de atrocidade

Visando o 70o aniversaacuterio da ONU neste ano nossas sugestotildees datildeo ecircnfase agraves mudanccedilas procedimentais e natildeo estruturais do Conselho de Seguranccedila

28Global Public Policy Institute (GPPi)

Os cinco membros permanentes do Conselho de Seguranccedila deveriam dar mais apoio a processos decisoacuterios inclusivos dentro do Conselho e abrir canais informais de consulta sobre mandatos estrateacutegias e operaccedilotildees para todas as partes cruciais em especial potecircncias regionais e grandes colaboradores de pessoal Os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila na ONU limitam severamente seu senso de imparcialidade perante os olhos do mundo Na maioria das crises na Aacutefrica o chamado ldquopenholderrdquo ndash isto eacute o paiacutes responsaacutevel pelo rascunho das resoluccedilotildees do Conselho ndash eacute o antigo Estado colonizador ou os Estados Unidos65 Mesmo sendo uacutetil por dar uma continuidade ao longo dos anos esta organizaccedilatildeo e as relaccedilotildees internas resultantes entre os membros permanentes efetivamente excluem os membros natildeo-permanentes da maior parte das negociaccedilotildees informais onde as decisotildees mais importantes satildeo tomadas

Para que haja uma forma menos exclusiva de tomar decisotildees o precisaria de atores adicionais tanto dentro quanto fora das regiotildees relevantes para desenvolver as capacidades analiacutetica e poliacutetica de cogerenciar de forma construtiva o engajamento do Conselho e as operaccedilotildees de paz ao inveacutes de soacute defender seus proacuteprios interesses Os Estados membros e as organizaccedilotildees da sociedade civil tambeacutem devem continuar as discussotildees sobre um coacutedigo de conduta para limitaccedilatildeo voluntaacuteria do poder de veto em situaccedilotildees de crimes de atrocidade como proposto pelo governo francecircs66

Aleacutem dos procedimentos internos os membros do Conselho devem continuar expandindo as interaccedilotildees informais com as partes relevantes incluindo paiacuteses vizinhos e aqueles que contribuem com pessoal para as operaccedilotildees de paz Isso natildeo precisa se limitar a trocas diplomaacuteticas formais a fim de aumentar a qualidade e aceitaccedilatildeo dos mandatos de peacekeeping os paiacuteses responsaacuteveis pelo rascunho do mandato poderiam incluir a colaboraccedilatildeo de especialistas dos paiacuteses que contribuem com grande nuacutemero de tropas ou de policiais como por exemplo antigos comandantes de tropa ou chefes de poliacutecia67

Atores com credibilidade para fazer conexotildees no debate polarizado sobre intervenccedilatildeo militar devem facilitar os esforccedilos informais para desenvolver um sistema de monitoramento e informaccedilatildeo mais rigoroso para Estados que aderirem agraves missotildees com mandatos da ONUO conceito de Responsabilidade ao Proteger (RwP na sigla em inglecircs) eacute uma das iniciativas mais promissoras para lidar com os desacordos globais sobre o uso abusivo da Responsabilidade de Proteger Quando apresentado pelo Brasil no final de 2011 tal conceito ofereceu uma oportunidade de debate sobre o que poderia ser proteccedilatildeo efetiva e qual deveria ser o papel do uso da forccedila nessa proteccedilatildeo apoacutes a intervenccedilatildeo na Liacutebia quando essas discussotildees estavam extremamente polarizadas68 Apoacutes essa experiecircncia eacute muito improvaacutevel que o Conselho de Seguranccedila futuramente aprove uma resoluccedilatildeo autorizando o uso de forccedilas externas para a proteccedilatildeo com termos tatildeo amplos Com isso a implementaccedilatildeo de algumas ideias da proposta do RwP eacute de interesse de todos os Estados que acreditam que a forccedila deve ser uma ferramenta de uacuteltimo caso disponiacutevel

29Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

agrave comunidade internacional Discussotildees mais profundas satildeo necessaacuterias sobre os criteacuterios e condiccedilotildees considerados para que o Conselho use a forccedila para proteger populaccedilotildees Mesmo que a discussatildeo sobre criteacuterios para o uso da forccedila seja tatildeo antiga quanto a discussatildeo sobre intervenccedilatildeo humanitaacuteria69 todos os Estados membros se beneficiariam de um debate aberto sobre os sucessos e fracassos do uso da forccedila no passado e suas implicaccedilotildees no futuro como supracitado Outra questatildeo mais praacutetica diz respeito a como aumentar a habilidade do Conselho de monitorar aqueles que aderem e executam suas decisotildees Uma sugestatildeo concreta seria adotar elementos do sistema de peacekeeping como relatoacuterios e reuniotildees instrutivas regulares sobre a situaccedilatildeo das delegaccedilotildees para o uso da forccedila por terceiros As resoluccedilotildees poderiam incluir expliacutecitas claacuteusulas de caducidade que obrigariam a aprovaccedilatildeo da extensatildeo do mandato pelo Conselho de Seguranccedila e requerimentos de relatoacuterio regulares e especiacuteficos por parte daqueles Estados membros que aderirem e executarem as decisotildees do oacutergatildeo70 Outra sugestatildeo seria a criaccedilatildeo de mecanismos de responsabilizaccedilatildeo e monitoramento ao criar paineacuteis de especialistas quando os mandatos do Conselho incluiacuterem o uso da forccedila conforme modelo dos comitecircs de sanccedilotildees da ONU Relatoacuterios de comitecircs independentes como esses podem dar origem a uma praacutetica-padratildeo e contribuir para a melhora da qualidade nas decisotildees do Conselho ao longo do tempo seja antes durante ou depois das operaccedilotildees militares71

Potecircncias emergentes e jaacute estabelecidas podem fazer sua parte no avanccedilo das discussotildees sobre as questotildees colocadas pelo RwP Tanto a iniciativa oficial do Brasil quanto a ideia de ldquoProteccedilatildeo Responsaacutevelrdquo colocada por um reconhecido especialista chinecircs72 poderiam ser pontos de partida para discussotildees mais especiacuteficas e operacionais tanto entre os BRICS quanto entre os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila73 Ao inveacutes de rejeitar tais conceitos como sendo ataques agrave Responsabilidade de Proteger as potecircncias ocidentais deveriam ver essas iniciativas como uma oportunidade para um debate construtivo sobre como proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade74

Inserindo a Reflexatildeo e o Aprendizado Constantes em cada Ferramenta PoliacuteticaAinda que haja muita experiecircncia estabelecida com fracassos terriacuteveis e os poucos sucessos qualificados natildeo haacute uma base de conhecimento confiaacutevel sobre como proteger pessoas contra crimes de atrocidade Em geral governos e organizaccedilotildees internacionais continuam tratando cada crise como sendo uacutenica dando pouca atenccedilatildeo agrave reflexatildeo contiacutenua ao aprendizado e agrave adaptaccedilatildeo das poliacuteticas conforme as situaccedilotildees evoluem Os acadecircmicos jaacute aprenderam bem mais sobre o que natildeo funciona em algumas condiccedilotildees do que sobre o que poderia melhorar ndash por um lado porque cada intervenccedilatildeo poliacutetica acontece com contexto proacuteprio e por outro porque resultam de incentivos acadecircmicos e dificuldades de acesso a dados

30Global Public Policy Institute (GPPi)

Governos organizaccedilotildees internacionais sociedade civil e acadecircmicos precisam projetar poliacuteticas que sejam mais adaptaacuteveis ao conhecimento em evoluccedilatildeo e agrave avaliaccedilatildeo de riscos com base em oportunidades internas para reflexatildeo e aprendizado contiacutenuos e colaborativosEnquanto ainda haacute urgecircncia para que medidas sejam tomadas agir de forma responsaacutevel perante tanta incerteza pede que sejamos menos confiantes em nossa habilidade de determinar a melhor poliacutetica possiacutevel para cada situaccedilatildeo Poliacuteticos ativistas e intelectuais devem ser honestos consigo mesmos e transparentes com aqueles que mais sofrem com os impactos dessas poliacuteticas Natildeo haacute soluccedilotildees que tenham sido testadas e comprovadas Tudo que podemos fazer eacute tentar identificar a forma mais responsaacutevel de desenvolver cada caso enquanto nos mantemos preparados e prontos para reagir rapidamente a mudanccedilas e melhorar nossa gama de poliacuteticas instrumentais Este processo experimental de decisatildeo poliacutetica precisa ser constantemente monitorado e avaliado de forma autocriacutetica tanto interna quanto externamente atraveacutes do diaacutelogo franco e honesto entre profissionais sociedades e especialistas externos em todos os niacuteveis desde o monitoramento e avaliaccedilatildeo ateacute os debates mais amplos de poliacutetica puacuteblica sobre a eficaacutecia da forccedila militar e da diplomacia coercitiva na prevenccedilatildeo e resposta a crimes de atrocidade

31Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

1 Como a Genocide Prevention Task Force em um painel fechado de alto-niacutevel nos Estados Unidos apropriadamente argumentou em 2008 Genocide Prevention Task Force lsquoPreventing Genocide A Blueprint for US Policymakersrsquo (Washington DC The American Academy of Diplomacy US Holocaust Memorial Museum US Institute for Peace 2008) Veja tambeacutem Ruben Reike Serena Sharma e Jennifer Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo (Australian Civil-Military Centre e Oxford Institute for Ethics Law and Armed Conflict 2013) 6ff

2 Michael Ignatieff lsquoThe Libya Case a Teachable Momentrsquo Suddeutsche Zeitung Special Supplement http wwwamericanacademydesitesdefaultfilesuploadMSC202012pdf 3 de fevereiro de 2012 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 David Bosco lsquoAbstention Games on the Security Councilrsquo Foreign Policy httpforeignpolicy com20110317abstention-games-on-the-security-council 17 de marccedilo de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

3 Kofi A Annan lsquoTwo Concepts of Sovereigntyrsquo The Economist httpwwweconomistcomnode324795 16 de setembro de 1999 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

4 Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Conflict Security and Development 144 2014 Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

5 Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

6 Rosa Brooks lsquoThe UN Security Council and Civilian Protectionrsquo in Jared Genser e Bruno Ugarte eds The UN Security Council in the Age of Human Rights (New York Cambridge University Press 2013) 12 Sobre a base global para as normas de proteccedilatildeo veja Charles Sampford lsquoA Tale of Two Normsrsquo em Angus Francis Vesselin Popovski e Charles Sampford eds Norms of Protection Responsibility to Protect Protection of Civilians and Their Interaction (United Nations University Press 2012) Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

7 Para uma visatildeo geral do posicionamento do Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia e Aacutefrica do Sul sobre R2P veja os artigos na ediccedilatildeo especial de Conflict Security and Development Brockmeier Kurtz e Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Jaganathan e Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Julian Junk lsquoThe Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Xymena Kurowska lsquoMultipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Lui Tiewa e Zhang Haibin lsquoDebates in China About the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessmentrsquo Conflict Security and Development 2014 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Verhoeven Murthy e Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang Reinicke lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo ediccedilatildeo especial (144) de Conflict Security and Development (London Taylor amp Francis 2014)

8 CSR Murthy e Gerrit Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo Global Society em revisatildeo

9 Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo Global Society em revisatildeo Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo Global Society em revisatildeo

10 Judi Atkins Justifying New Labour Policy (Houndmills Basingstoke Hampshire New York Palgrave Macmillan 2011) 163 Veja por exemplo Stuenkel e Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Erna Burai lsquoParody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian Warrsquo Global Society em revisatildeo

Notas

32Global Public Policy Institute (GPPi)

11 Roland Paris lsquoThe ldquoResponsibility to Protectrdquo and the Structural Problems of Preventive Humanitarian Interventionrsquo International Peacekeeping 215 2014 4

12 Ramesh Thakur lsquoR2Prsquos ldquoStructuralrdquo Problems A Response to Roland Parisrsquo International Peacekeeping 2015 5

13 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

14 Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo Global Society em revisatildeo

15 Julian Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo Global Society em revisatildeo Julian Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo Global Society em revisatildeo

16 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

17 Erna Burai lsquoAfrican Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Groundrsquo Global Society em revisatildeo

18 Ambos os debates em torno das propostas brasileiras de Responsabilidade ao Proteger e o Diaacutelogo Interativo Informal da Assembleia Geral sobre Responsabilidade de Proteger e ldquoAccedilatildeo oportuna e decisivardquo em 2012 constituiacuteram tentativas de defensores de R2P se envolverem em discussotildees sobre o uso da forccedila e R2P Para acessar uma coleccedilatildeo de discursos durante a Assembleia Geral de 2012 veja httpwwwglobalr2porgresources278

19 Sarah Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo em Mary Kaldor e Iavor Rangelov eds The Handbook of Global Security Policy (Chichester West Sussex Wiley Blackwell 2014) 225

20 Alastair Iain Johnston lsquoThinking About Strategic Culturersquo International Security 194 1995 46

21 Pessimismo sobre a eficaacutecia da forccedila no entanto natildeo eacute o mesmo de promover a natildeo-violecircncia Alguns dos maiores defensores do ceticismo em relaccedilatildeo agraves forccedilas militares para proteccedilatildeo frequentemente recorrem a forccedilas militares ou quase militares no acircmbito domeacutestico

22 Otto Bakkano lsquoAU Pushes for Ceasefire Political Solution in Libyarsquo Mail amp Guardian httpmgcoza article2011-05-26-au-pushes-for-ceasefire-political-solution-in-libya 26 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Guido Westerwelle lsquoBundesminister Westerwelle Statement vom 25032011 zu Syrien Jemen Israel und dem Gaza-Streifen Sowie Libyenrsquo Auswartiges Amt httpwwwbrasildiplodeVertretung brasiliende07__AussenpolitikReden_20des_20Au_C3_9FenministersStatemente_20Syrienhtml 25 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

23 Barack Obama David Cameron e Nicolas Sarkozy lsquoLibyarsquos Pathway to Peacersquo The International Herald Tribune httpwwwnytimescom20110415opinion15iht-edlibya15html 15 de abril de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Reuters lsquoKerry Insists No Place for Assad in Syriarsquos Futurersquo Reuters httpwwwreuters comarticle20140117us-syria-crisis-kerry-idUSBREA0G14A20140117 17 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

24 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

25 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

26 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

27 Kersti Larsdotter lsquoExploring the Utility of Armed Force in Peace Operations German and British Approaches in Northern Afghanistanrsquo Small Wars and Insurgencies 193 2008 Taylor B Seybolt Humanitarian Military Intervention The Conditions for Success and Failure (Oxford Oxford University Press 2008) Rupert Smith The Utility of Force The Art of War in the Modern World (London Allen Lane 2005) Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

28 UN Department of Peacekeeping Operations e UN Department of Field Support lsquoOperational Concept on the Protection of Civilians in United Nations Peacekeeping Operationsrsquo (New York 2010) Sarah Sewall Dwight Raymond e Sally Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook (Cambridge MA Harvard Kennedy School 2010)

29 Harry Verhoeven documenta o exemplo de um diplomata chinecircs que ldquopensava que o Ocidente tinha inventado os Janjaweed [miliacutecias proacute- governo em Darfur] como uma desculpa para intervir Mas eles eram de verdade e matavam pessoasrdquo Harry Verhoeven lsquoIs Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa Is Changing Chinarsquo The Washington Quarterly 372 2014 64

33Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

30 BS Chimni lsquoFor Epistemological and Prudent Internationalismrsquo Harvard Law School Human Rights Journal novembro 2012 Greg Simons lsquoThe International Crisis Group and the Manufacturing and Communicating of Crisesrsquo Third World Quarterly 354 2014 Ramesh Thakur lsquoIs the United Nations Racistrsquo The Hindu httpwwwthehinducomopinionleadis-the-united-nations-racistarticle4928624ece 19 de julho de 2013 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

31 Ambassador Liu Zhenmin lsquoStatement by Ambassador Liu Zhenmin at the Plenary Session of the General Assembly on the Question of ldquoResponsibility to Protectrdquorsquo httpresponsibilitytoprotectorgStatement20 by20Ambassador20Liu20Zhenminpdf 24 de julho de 2009 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Zhang Haibin e Lui Tiewa lsquoRealizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and Thereafterrsquo Global Society em revisatildeo

32 Conversa com uma seacuterie de especialistas indianos em evento na Jawaharlal Nehru University (Nova Deacuteli Iacutendia) no dia 21 de Janeiro de 2015

33 IRIN lsquoA New Start for Crisis Reportingrsquo IRIN httpnewirinirinnewsorgpress-release 20 de novembro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34 Veja por exemplo Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoReport of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on United Nations Action in Sri Lankarsquo (New York United Nations 2012)

35 Um bom exemplo foi o briefing do Assessor Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedio para o Conselho de Seguranccedila da ONU depois de sua visita agrave Repuacuteblica Centro-Africana no dia 22 de janeiro de 2014 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoThe Statement of under Secretary-GeneralSpecial Adviser on the Prevention of Genocide Mr Adama Dieng on the Human Rights and Humanitarian Dimensions of the Crisis in the Central African Republicrsquo httpwwwunorgenpreventgenocideadviserpdfSAPG20Statement20at20UNSC20 on20the20situation20in20CAR-202220Jan202014pdf 22 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

36 Morten Bergsmo Quality Control in Fact-Finding (Florence Torkel Opsahl Academic EPublisher 2013) 210

37 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoRights up Front A Plan of Action to Strengthen the UNrsquos Role in Protecting People in Crises Follow-up to the Report of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on UN Action in Sri Lankarsquo (New York 2013)

38 Veja tambeacutem futura publicaccedilatildeo do GPPi Gerrit Kurtz lsquoA New Tool for Civilian Protection - the Human Rights up Front Initiative of the United Nationsrsquo GPPi Policy Brief futura publicaccedilatildeo

39 Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo

40 Jose Ramos-Horta lsquoIndia Right in Asking for More Say in Peacekeeping Operations-Related Decisions Top UN Panel Chiefrsquo Hindustan Times httpwwwhindustantimescomindia-newsindia-right-in-asking- for-more-say-in-peacekeeping-operations-related-decisions-top-un-panel-chiefarticle1-1314354aspx 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 13 de marccedilo de 2015

41 Thomas Biersteker et al lsquoThe Effectiveness of UN Targeted Sanctions - Findings from the Targeted Sanctions Consortium (TSC)rsquo The Graduate Institute Geneva 2013

42 Kirsten Ainley lsquoThe Responsibility to Protect and the International Criminal Court Counteracting the Crisisrsquo International Affairs 911 2015

43 Para distinccedilatildeo entre atividades ldquosistecircmicasrdquo e ldquodirecionadasrdquo veja Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

44 Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo Global Society em revisatildeo

45 Verhoeven e Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo 8 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann lsquoSchutz und Verantwortung Uber die US- Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltatenrsquo (2013)

46 Mike Brand lsquoEmploying lsquoPreventionrsquo to Prevent Mass Atrocitiesrsquo Saferworld httpwwwsaferworldorguk news-and-viewscomment123-employing-apreventiona-to-prevent-mass-atrocities 25 de fevereiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Warren Strobel e Louis Charbonneau lsquoUS Was Slow to Lose Patience as South Sudan Unraveledrsquo Reuters 14 de janeiro de 2014

47 Adam Lupel lsquoUN Adviser on Prevention of Genocide ldquoWe Have to Make Sure the Security Council Actsrdquorsquo httptheglobalobservatoryorg201404un-adviser-on-prevention-of-genocide-we-have-to-make-sure- security-council-acts 28 de abril de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34Global Public Policy Institute (GPPi)

48 Office for the Coordination of Humanitarian Affairs lsquoHumanitarian Bulletin Syriarsquo Humanitarian Bulletin Issue 53 httpreliefwebintsitesreliefwebintfilesresourcesBulletin_no_53_17032015_final_01pdf 1 de fevereiro - 18 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

49 Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

50 Human Rights Watch lsquoGermany QampA on Trial of Two Rwandan Rebel Leadersrsquo httpwwwhrworgde news20110502germany-qa-trial-two-rwandan-rebel-leaders 2 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 23 de marccedilo de 2015

51 Eric Lichtblau lsquoUS Seeks to Deport Bosnians over War Crimesrsquo New York worldus-seeks-to-deport-bosnians-over- Times httpwwwnytimescom20150301war-crimeshtml 28 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

52 Para um argumento similar observando o envolvimento internacional com a Liacutebia em 2015 veja International Crisis Group lsquoLibya Getting Geneva Rightrsquo International Crisis Group Middle East and North Africa Report Nr 157 2015

53 Kurtz e Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo

54 Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo

55 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

56 Alex J Bellamy e Charles T Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo (Asia- Pacific Centre for the Responsibility to Protect 2010) Alex J Bellamy The Responsibility to Protect A Defense (Oxford Oxford University Press 2014)

57 Ashley Jackson lsquoProtecting Civilians The Gap between Norms and Practicersquo (Humanitarian Policy Group 2014)

58 Isso jaacute foi escrito em 2009 no relatoacuterio ldquoNew Horizonrdquo do DPKO ldquoO descompasso entre expectativas e capacidade de promover proteccedilatildeo abrangente criou um significante desafio de credibilidade para as operaccedilotildees de paz da ONUrdquo Department of Peacekeeping Operations lsquoA New Partnership Agenda Charting a New Horizon for UN Peacekeepingrsquo (New York 2009) 20

59 Compare United Nations lsquoFinal Report of the Expert Panel on Technology and Innovation in UN Peacekeepingrsquo httpwwwperformancepeacekeepingorgofflinedownloadpdf 22 de dezembro de 2014

60 Compare United States Mission to the United Nations lsquoRemarks on Peacekeeping in Brussels by Samantha Power US Permanent Representative to the United Nationsrsquo httpusunstategovbriefing statements238660htm 9 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

61 Bellamy and Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo 23-24 Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

62 Isso poderia se basear no Mass Atrocities Response Operations project do US Armyrsquos Peacekeeping and Stability Operations Institute e do Harvard Kennedy Schoolrsquos Carr Center for Human Rights Veja Sewall Raymond e Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook

63 Mats Berdal e David H Ucko lsquoThe United Nations and the Use of Force Between Promise and Perilrsquo Journal of Strategic Studies 375 2014

64 Veja tambeacutem os resultados de um projeto do SIPRI sobre o futuro das operaccedilotildees de paz Jair van der Lijn e Xenia Avezov lsquoThe Future Peace Operations Landscape - Voices from Stakeholders around the Globe - Final Report of the New Geopolitics of Peace Operations Initiativersquo Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) janeiro de 2015

65 Security Council Report lsquoChairs of Subsidiary Bodies and Penholders for 2015rsquo httpwwwsecuritycouncilreportorgmonthly-forecast2015-02chairs_of_subsidiary_bodies_and_penholders_ for_2015php 30 de janeiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

66 Gareth Evans lsquoLimiting the Security Council Vetorsquo Project Syndicate httpwwwproject-syndicateorg commentarysecurity-council-veto-limit-by-gareth-evans-2015-02 4 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Kofi Annan e Gro Harlem Brundtland lsquoFour Ideas for a Stronger UNrsquo The New York Times httpwwwnytimescom20150207opinionkofi-annan-gro-harlem-bruntland-four-ideas-for-a-stronger- unhtml_r=0 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

67 Conversa com ex-comandantes militares Nova Deacuteli janeiro de 2015

68 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

35Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

69 Ibid Murthy e Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo

70 Compare tambeacutem com Bellamy The Responsibility to Protect A Defense 200

71 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

72 Ruan Zongze lsquo阮宗泽中国应倡导ldquo负责任的保护rdquo- ( China deveria defender a Proteccedilatildeo Responsaacutevel)rsquo Global Times (ediccedilatildeo chinesa) httpopinionhuanqiucom11522012-032501163html uacuteltimo acesso em 7 de marccedilo de 2012

73 Andrew Garwood-Gowers lsquoChinarsquos ldquoResponsible Protectionrdquo Concept Re-Interpreting the Responsibility to Protect (R2P) and Military Intervention for Humanitarian Purposesrsquo Asian Journal of International Law disponiacutevel em CJO2015 2015

74 Thorsten Benner lsquoBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiativersquo GPPi Working Paper Series 2013

36Global Public Policy Institute (GPPi)

Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang 4 n 4 2014) A ediccedilatildeo especial conteacutem os seguintes artigos todos disponiacuteveis gratuitamente online Introduction Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier

Regulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protect por Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

Debates in China about the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessment por Liu Tiewa e Zhang Haibin

Emerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protect por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk

Singing the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protect por Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz

Multipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protect por Xymena Kurowska

ldquoOur Identity is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Intervention por Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira

The Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protect por Julian Junk

Em breve laccedilaremos uma ediccedilatildeo especial na Global Society os seguintes artigos que estatildeo atualmente em processo de revisatildeo To Intervene in Darfur or Not Re-examining the R2P Debate and its Impacts por Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira

International Responsibility as Solidarity the Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectory por CSR Murthy e Gerrit Kurtz

Bringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenya por Julian Junk

Testing Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2P por Julian Junk

Parody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian War por Erna Burai

Protection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009 por Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan

Realizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and thereafter por Zhang Haibin e Liu Tiewa

The Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protection por Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

African Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Ground por Erna Burai

Responsibility While Protecting and the Ethics of R2P Implementation por Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier

Outras publicaccedilotildees relacionadasBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiative por Thorsten Benner Seacuterie de Working Papers do GPPi 2013

O Brasil como um Empreendedor Normativo a Responsabilidade ao Proteger por Thorsten Benner Politica Externa v 21 n 4 2013 p 35-46

Germany and the Intervention in Libya por Sarah Brockmeier Survival Global Politics and Strategy v55 n6 2013 p 63ndash90

Schutz und Verantwortung Uber die US-Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltaten por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann Heinrich Boll Foundation June 2013

Internationale Schutzverantwortung - Normative Erwartungen und Politische Praxis por Christopher Daase e Julian Junk (orgs) Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n 1-2 2013

Die Legalisierung der Legitimitat ndash Zur Kritik der Schutzverantwortung als Emerging Norm por Christopher Daase Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n1-2 2013 p 41-62

Emerging Power Exceptional State Elusive Country Explaining Indiarsquos Behavior por Madhan Mohan Jaganathan (com Amna Sunmbul) Proceedings of the International Conference on Social Sciences Chennai 2013 p 308-311

A New Tool for Civilian Protection - The Human Rights up Front Initiative of the United Nations por Gerrit Kurtz GPPi Policy Brief lanccedilamento em breve

Indiarsquos Approach to the Protection of Civilians in Armed Conflicts por CSR Murthy Norwegian Peacebuilding Resource Centre novembro de 2012

Contemporary World Order and Approaches to UN Peacekeeping A South Asian Perspective por CSR Murthy Friedrich Ebert Foundation dezembro de 2012

India-Brazil-South Africa Dialogue Forum (IBSA) The Rise of the Global South por Oliver Stuenkel Routledge Global Institutions 2014

The BRICS and the Future of Global Order por Oliver Stuenkel Lexington Press 2015

The BRICS and the Future of R2P Was Syria or Libya the Exception por Oliver Stuenkel Global Responsibility to Protect v6 n 1 2014 p 3-28

China and Responsibility to Protect Maintenance and Change of its Policy for Intervention por Liu Tiewa The Pacific Review v 25 v1 2012 p 153-173

Is China Like the Other Permanent Members Governmental and Academic Debates about RtoP by Liu Tiewa in Moacutenica Serrano e Thomas G Weiss (orgs) Rallying to the RtoP Cause The International Politics of Human Rights Routledge 2014 p 148-170

Chinese Strategic Culture and the Use of Force Moral and Political Perspectives por Liu Tiewa Journal of Contemporary China v23 n87 2014 p 556-574

Is Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa is Changing China por Harry Verhoeven The Washington Quarterly vol37 n2 2014 p 55-70

Publicaccedilotildees Selecionadas

37Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

AutoresThorsten BennerGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Sarah Brockmeier Global Public Policy InstituteBerlin Germany

Erna BuraiCentral European UniversityBudapest Hungary

CSR MurthyJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Christopher DaasePeace Research InstituteFrankfurt Germany

J Madhan MohanJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Julian JunkPeace Research InstituteFrankfurt Germany

Xymena KurowskaCentral European UniversityBudapest Hungary

Gerrit KurtzGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Liu TiewaPeking University China

Wolfgang ReinickeGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Philipp RotmannGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Ricardo Soares de OliveiraOxford UniversityUnited Kingdom

Matias SpektorFundaccedilatildeo Getulio VargasRio de Janeiro Brazil

Oliver StuenkelFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Marcos TourinhoFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Harry VerhoevenOxford UniversityUnited Kingdom

Zhang HaibinPeking UniversityChina

Global Public Policy Institute (GPPi)Reinhardtstr 7 10117 Berlin GermanyPhone +49 30 275 959 75-0Fax +49 30 275 959 75-99gppigppinet

gppinetglobalnormsnet

3Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Uma deacutecada apoacutes as Naccedilotildees Unidas adotarem o princiacutepio da Responsabilidade de Proteger pessoas contra crimes de atrocidade (R2P) os resultados das iniciativas mundiais de proteccedilatildeo de indiviacuteduos continuam traacutegicos Entretanto aqueles que identificam como causa desta falta de progresso um impasse global entre intervencionistas ldquoocidentaisrdquo e fortalezas de soberania ldquonatildeo-ocidentaisrdquo tambeacutem identificam erroneamente o cerne do conflito poliacutetico e natildeo satildeo capazes de se envolver de forma seacuteria com os desafios praacuteticos da proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade

Como uma equipe de acadecircmicos e think-tankers localizados em Pequim Berlim Budapeste Deacutelhi Frankfurt Oxford Rio de Janeiro e Satildeo Paulo analisamos debates globais sobre proteccedilatildeo contra atrocidades com foco em R2P na uacuteltima deacutecada Nas mais de 250 entrevistas feitas em 20 paiacuteses com poliacuteticos diplomatas acadecircmicos e atores da sociedade civil perguntamos como e por que Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia Aacutefrica do Sul e os Estados Unidos se envolveram com tais ideias em referecircncia agraves suas respectivas histoacuterias culturas e poliacuteticas internas

Descobrimos que aleacutem dos ocasionais exerciacutecios retoacutericos houve uma mudanccedila no centro do debate global sobre proteccedilatildeo contra atrocidades A maioria dos atores relevantes em todo o mundo aceita a ideia de que a proteccedilatildeo de populaccedilotildees contra crimes de atrocidade eacute tanto de responsabilidade nacional quanto internacional Haacute uma disposiccedilatildeo muito maior e mais difundida de dar apoio ao que parece ser necessaacuterio para proteger populaccedilotildees contra estes crimes de atrocidade e ateacute mesmo contribuir de forma ativa quando haacute interseccedilatildeo com outros interesses estrateacutegicos Tal predisposiccedilatildeo vai aleacutem de pequenos agrupamentos de Estados sejam eles do ldquoOcidenterdquo dos

ldquointervencionistas liberaisrdquo ou dos paiacuteses Amigos da Responsabilidade de Proteger Ao analisar a questatildeo poliacutetica da proteccedilatildeo descobrimos que nenhuma divisatildeo arbitraacuteria entre ldquoNorterdquo e ldquoSulrdquo ldquoOcidenterdquo e ldquonatildeo-Ocidenterdquo ldquoemergentesrdquo e ldquodesenvolvidosrdquo

ldquodemocraacuteticosrdquo e ldquoautoritaacuteriosrdquo eacute uacutetilCertamente ainda persistem conflitos sobre o que deva ser a proteccedilatildeo em si Eles

estatildeo associados a dois desafios inter-relacionados sobre a proteccedilatildeo na praacutetica como proteger de forma responsaacutevel (ex evitar o abuso do discurso humanitaacuterio pelas grandes potecircncias) e como proteger de forma efetiva Em decorrecircncia do uso da forccedila na Liacutebia em 2011 intervenccedilotildees militares soacute seratildeo consideradas legiacutetimas se forem organizadas de forma a evitar mais abusos por parte das grandes potecircncias Eacute tatildeo difiacutecil garantir efetividade quanto responsabilidade A histoacuteria recente registra frequentemente mais fracassos que sucessos limitados Uma proteccedilatildeo mais efetiva requer natildeo somente o desenvolvimento de instrumentos poliacuteticos mas tambeacutem a avaliaccedilatildeo de riscos e a tentativa de identificar o menor dos males em cada situaccedilatildeo particular

Uma proteccedilatildeo responsaacutevel e efetiva exige o engajamento seacuterio com as muitas dificuldades e dilemas que se potildeem e que vatildeo aleacutem de estereoacutetipos simplistas e ilusoacuterios que dominaram por tanto tempo as discussotildees sobre R2P Aleacutem disso ao inveacutes de evitar o debate sobre o componente militar do R2P os envolvidos devem estabelecer um diaacutelogo mais construtivo e autocriacutetico sobre a paz global e a governanccedila da seguranccedila a

Sumaacuterio Executivo

4Global Public Policy Institute (GPPi)

fim de possibilitar a proteccedilatildeo mais efetiva e responsaacutevel no futuro Esse debate deve ser sobre a efetividade do uso da forccedila na proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade as suas chances de fazer mais bem do que mal e os seus sucessos e fracassos do passado

A fim de contribuir com o progresso desses debates traccedilamos sugestotildees de poliacuteticas em cinco aacutereas-chave

Reduzir a vulnerabilidade das fontes de informaccedilatildeo a acusaccedilotildees de parcialidade Um desafio crucial para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade tem sido as acusaccedilotildees de parcialidade sobre o tipo e interpretaccedilatildeo das informaccedilotildees sobre as atrocidades que satildeo veiculadas pelos governos pela miacutedia ou por grupos da sociedade civil Fica a cargo das grandes empresas de miacutedia e filantropos em especial nas potecircncias emergentes investir em fontes de informaccedilatildeo e anaacutelises independentes e criacuteveis sobre conflitos e direitos humanos Ao mesmo tempo os Estados membros a sociedade civil e as organizaccedilotildees regionais devem melhorar a capacidade da ONU de descobrir fatos e coletar informaccedilotildees de maneira independente

Utilizar ferramentas diplomaacuteticas e civis antecipadamente de forma justa e estrateacutegica Apesar do consenso internacional que atrocidades devem ser evitadas pelo uso sustentaacutevel e antecipado de uma variedade de ferramentas civis a comunidade internacional foi inuacutemeras vezes incapaz de usar tais ferramentas de forma antecipada e decisiva Para que haja progresso na proteccedilatildeo efetiva os Estados membros da ONU em especial as potecircncias emergentes precisam combinar seus compromissos retoacutericos com a vontade poliacutetica e os investimentos necessaacuterios em mais capacidades e ideias Em seus esforccedilos para a prevenccedilatildeo de atrocidades os tomadores de decisatildeo devem impor a todos os atores de um conflito os mesmos padrotildees de comportamento Os governos devem dar prioridade agrave detenccedilatildeo e ao julgamento dos perpetradores de crimes de atrocidade em suas jurisdiccedilotildees e assim como a sociedade civil que defende o conceito do R2P serem cautelosos ao pedir que o Conselho de Seguranccedila da ONU enfrente uma crise emergente

Habilitar Missotildees de Paz da ONU para oferecerem proteccedilatildeo criacutevel Atender a pelo menos um niacutevel moderado de expectativas na proteccedilatildeo por peacekeepers de populaccedilotildees contra crimes de atrocidade requer investimentos adicionais em capacitaccedilatildeo doutrina e treinamento Faz-se necessaacuteria tambeacutem uma reflexatildeo sobre como usar peacekeeping de uma forma mais efetiva em conjunto com instrumentos poliacuteticos Para manter o fraacutegil equiliacutebrio entre os paiacuteses que contribuem com tropas (em sua maioria da Aacutefrica e Aacutesia) os que as financiam (em sua maioria da Europa e da Ameacuterica do Norte) e os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila que estabelecem os mandatos o sistema exige uma melhora na qualidade das contribuiccedilotildees para as tropas das operaccedilotildees de paz (blue-helmet) inclusive por intermeacutedio de uma divisatildeo de trabalho mais justa e equilibrada

Trabalhar para um processo decisoacuterio mais inclusivo sobre accedilotildees militares Um Conselho que eacute capaz tanto de determinar e mobilizar para uma proteccedilatildeo efetiva quanto de limitar o temor sobre o abuso dos discursos humanitaacuterios precisaraacute considerar as opiniotildees de todos os grandes atores poliacuteticos do mundo atual dentre eles os paiacuteses que contribuem com tropas e os grandes financiadores das operaccedilotildees de paz Os cinco membros permanentes do Conselho de Seguranccedila devem apoiar portanto a reforma dos meacutetodos de trabalho do Conselho para que o processo decisoacuterio se torne mais inclusivo e participativo Aleacutem disso todos os Estados membros devem se engajar mais nas discussotildees sobre o sistema de monitoramento e reporting dos Estados que

5Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

implementam missotildees com mandatos da ONU levando em consideraccedilatildeo as questotildees levantadas durante a intervenccedilatildeo na Liacutebia e na proposta da Responsabilidade ao Proteger

Desenvolver a reflexatildeo e o aprendizado constantes em todas as ferramentas poliacuteticas Ainda que haja um grande nuacutemero de experiecircncias fracassadas e poucos casos bem sucedidos natildeo existe uma base de conhecimento confiaacutevel sobre como proteger pessoas contra crimes de atrocidade Considerando toda essa incerteza um processo responsaacutevel de policy-making requer que os governos as organizaccedilotildees internacionais a sociedade civil e o mundo acadecircmico criem poliacuteticas que sejam mais adaptaacuteveis ao conhecimento em evoluccedilatildeo e agrave avaliaccedilatildeo dos riscos com base em oportunidades internas para reflexatildeo e aprendizado contiacutenuos e colaborativos

6Global Public Policy Institute (GPPi)

Para aleacutem dos ldquoOcidentaisrdquo e os ldquoDemaisrdquo O Futuro do R2P 7Resumo 8Resultados de Pesquisa Legados Retoacutericos e Debates Construtivos 10O que eacute Indiscutiacutevel Proteccedilatildeo Contra Crimes de Atrocidade Requer Accedilatildeo Internacional 11O que Ainda eacute Discutiacutevel Como Proteger de Forma Responsaacutevel e Efetiva 12A Controveacutersia Mais Profunda a Forccedila Pode Proteger 14

Opccedilotildees Poliacuteticas para Proteccedilatildeo Mais Efetiva e Responsaacutevel 17Reduzindo a Vulnerabilidade das Fontes de Informaccedilatildeo perante Acusaccedilotildees de Parcialidade 17Usando Ferramentas Diplomaacuteticas e Civis De Forma Antecipada Justa e Estrateacutegica 20Possibilitando que as Missotildees de Paz da ONU Ofereccedilam Proteccedilatildeo Criacutevel 23A Tomada de Decisotildees sobre Accedilotildees Militares 27Inserindo a Reflexatildeo e o Aprendizado Constantes em cada Ferramenta Poliacutetica 29

Notas 31

Publicaccedilotildees Selecionadas 36

Autores 37

Iacutendice

7Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Uma deacutecada apoacutes a adoccedilatildeo pelas Naccedilotildees Unidas do princiacutepio da Responsabilidade de Proteger (R2P) pessoas contra crimes atrozes os histoacutericos das iniciativas mundiais de proteccedilatildeo de indiviacuteduos continuam preocupantes Em 1948 o mundo se comprometeu a

ldquonunca maisrdquo permitir genociacutedios poreacutem por diversas vezes desde entatildeo natildeo cumpriu sua promessa perante tantas viacutetimas de genociacutedio e de atrocidades em massa ndash incluindo Bangladesh em 1971 Camboja em 1978 Ruanda em 1994 e tambeacutem Srebrenica em 1995 uma cataacutestrofe que completou vinte anos em 2015

Enquanto isso milhares de pessoas na Repuacuteblica Centro-Africana Repuacuteblica Democraacutetica do Congo (RDC) Iraque Sudatildeo do Sul Siacuteria e em vaacuterios outros locais sofrem com crimes contra a humanidade crimes de guerra e limpezas eacutetnicas exatamente as violaccedilotildees previstas no compromisso da Responsabilidade de Proteger Em marccedilo de 2011 a ameaccedila iminente de assassinatos em massa de civis na cidade Liacutebia de Bengazi impeliu uma intervenccedilatildeo militar que provavelmente salvou muitas vidas de um massacre Contudo a coalisatildeo liderada pela OTAN optou por uma missatildeo para mudar o regime poliacutetico e seus aliados locais mergulharam o paiacutes em um caos violento que jaacute transbordou suas fronteiras e causou muitas fatalidades Isso aumentou as preocupaccedilotildees sobre o uso abusivo da doutrina do R2P pelas grandes potecircncias assim como sobre o resultado violento das intervenccedilotildees militares Na Siacuteria milhares de civis morreram e milhotildees sofriam enquanto o Conselho de Seguranccedila vivia um impasse poliacutetico Mesmo nos locais em que haacute consenso global para accedilatildeo ndash no Sudatildeo do Sul na Repuacuteblica Centro-Africana ou no norte do Iraque ndash governos e organizaccedilotildees internacionais com frequecircncia tecircm accedilotildees lentas ou ineficazes Isso eacute ainda mais traacutegico porque existe um potencial para accedilotildees que preveniriam crimes atrozes em massa Usar atrocidades como arma de guerra ou instrumento poliacutetico requer planejamento sistemaacutetico e organizaccedilatildeo e estes processos podem ser identificados e interrompidos com accedilotildees cuidadosas e determinadas A mobilizaccedilatildeo internacional tem um papel crucial no alcance de tal objetivo1

Se acreditarmos nos analistas o futuro da proteccedilatildeo contra atrocidades parece ainda pior do que o presente Muitos demostram desesperanccedila perante a ascensatildeo de potecircncias cujas elites se socializaram em oposiccedilatildeo agrave ordem liderada pelo Ocidente que deu origem agrave Responsabilidade de Proteger Previsotildees proeminentes descrevem potecircncias emergentes se opondo ao R2P e com isso acredita-se que nas palavras de Michael Ignatieff ldquoa resistecircncia desses paiacuteses a intervenccedilotildees se torne cada vez mais influenterdquo2

Mesmo que a imagem desoladora do fracasso esteja correta a avaliaccedilatildeo subjacente do impasse global entre os intervencionistas ldquoOcidentaisrdquo e os ldquodemaisrdquo fieacuteis da soberania com um desequiliacutebrio pendendo para este uacuteltimo eacute equivocada em dois

Para aleacutem dos ldquoOcidentaisrdquo e os ldquoDemaisrdquo O Futuro do R2P

8Global Public Policy Institute (GPPi)

aspectos criacuteticos identifica erroneamente o nuacutecleo do conflito poliacutetico e eacute incapaz de se engajar de forma seacuteria com os desafios praacuteticos da proteccedilatildeo contra crimes atrozes Essas conclusotildees satildeo embasadas por dois anos de pesquisas sobre as origens histoacutericas culturais e institucionais de como Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia Aacutefrica do Sul e os Estados Unidos se engajaram no debate sobre a Responsabilidade de Proteger entre 2005 e 2014 e como os conflitos sobre sua aplicabilidade em grandes crises moldaram as expectativas globais da proteccedilatildeo contra atrocidades

Deixar para traacutes os antigos debates sobre soberania e se concentrar naqueles que satildeo relevantes na atualidade gera potencial para um debate mais construtivo que trate das dificuldades e dilemas da proteccedilatildeo aleacutem de buscar soluccedilotildees efetivas e responsaacuteveis

Nossa pesquisa se concentrou nos crimes que se encaixam na definiccedilatildeo da Responsabilidade de Proteger segundo a Cuacutepula Mundial de 2005 genociacutedios crimes contra a humanidade crimes de guerra e limpezas eacuteticas (coletivamente aqui referidos como crimes atrozes) Devido agrave grande escala de sofrimento humano em todo o mundo os tomadores de decisatildeo precisam priorizar seus recursos e atenccedilatildeo tanto entre as diversas crises quanto dentro de cada uma delas Natildeo haacute duacutevidas de que isso eacute difiacutecil Mas por essa mesma razatildeo eacute necessaacuterio fazecirc-lo pois nem todas as violaccedilotildees de direitos humanos devem dar origem aos perigosos debates sobre meios de proteccedilatildeo coercitivos e militares que satildeo intriacutensecos ao R2P

Acreditamos ser crucial manter um profundo senso de humildade em relaccedilatildeo agrave capacidade internacional de oferecer proteccedilatildeo contra estes crimes Atores locais tecircm muito mais poder sobre esta dinacircmica Mesmo quando as medidas satildeo cuidadosamente calculadas para cada contexto as influecircncias externas nunca seratildeo capazes de provocar mais do que uma mudanccedila no equiliacutebrio ndash e para que isso aconteccedila eacute necessaacuterio mais do que os esforccedilos de governos e organizaccedilotildees internacionais mas tambeacutem da sociedade civil do setor privado e particularmente da miacutedia Os resultados da nossa pesquisa e as nossas sugestotildees sobre accedilotildees internacionais que previnam atrocidades devem ser compreendidas levando estas preocupaccedilotildees em consideraccedilatildeo

ResumoNas paacuteginas a seguir delimitamos em duas partes os nossos resultados de pesquisa e as suas implicaccedilotildees sobre as poliacuteticas Na primeira parte apresentamos detalhadamente os nossos resultados Argumentamos que as discussotildees mais importantes sobre a proteccedilatildeo contra crimes atrozes acontecem principalmente com relaccedilatildeo a duas questotildees o uso abusivo dos argumentos humanitaacuterios (proteccedilatildeo responsaacutevel) e o funcionamento da accedilatildeo internacional de proteccedilatildeo (proteccedilatildeo efetiva) Noacutes argumentamos que quando a segunda questatildeo eacute discutida a comunidade internacional e os que advogam pela R2P natildeo devem se intimidar frente ao aspecto mais controverso destas duas perguntas Quando e como a forccedila eacute capaz de proteger se ela for capaz Na segunda parte oferecemos opccedilotildees poliacuteticas para ilustrar formas praacuteticas de proteger de maneira mais efetiva e responsaacutevel

9Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

PROJETO DE PESQUISA

A Evoluccedilatildeo da Norma Global e a Responsabilidade de Proteger

Como uma equipe de pesquisadores acadecircmicos e think-tankers localizados em Pequim Berlim Budapeste Deacutelhi Frankfurt Oxford Rio de Janeiro e Satildeo Paulo analisamos a evoluccedilatildeo global da proteccedilatildeo contra atrocidades com foco em R2P durante a uacuteltima deacutecada Perguntamo-nos como e por que Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia Aacutefrica do Sul e os Estados Unidos se envolveram com tais ideias em referecircncia a suas histoacuterias culturas e poliacuteticas domeacutesticas Publicamos as descobertas em uma ediccedilatildeo especial com acesso gratuito da publicaccedilatildeo ldquoConflict Security and Development (ldquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrdquo)

Depois examinamos como debates especiacuteficos moldaram as expectativas futuras globais sobre a proteccedilatildeo contra atrocidades A maior parte destes debates tem foco em reaccedilotildees internacionais a crimes atrozes praticados em determinados locais ndash Darfur Quecircnia Mianmar Geoacutergia Sri Lanka Liacutebia e Costa do Marfim enquanto outros tratam da ideia do R2P e sua implementaccedilatildeo de formas mais abstratas Estas descobertas seratildeo publicadas posteriormente em 2015 e tambeacutem estaratildeo disponiacuteveis para download gratuito em wwwglobalnormsnet

De forma geral conduzimos mais de 250 entrevistas com poliacuteticos diplomatas acadecircmicos e atores da sociedade civil em 20 paiacuteses e ateacute o momento publicamos 25 artigos ou estudos

Neste trabalho agradecemos o generoso apoio da Fundaccedilatildeo Volkswagen como parte de seu programa ldquoDesafios Europeus e Globaisrdquo em cooperaccedilatildeo com Riksbankens Jubileumsfond e Compagnia di San Paolo

Patrocinadores

Parceiros

10Global Public Policy Institute (GPPi)

ldquoAssim como aprendemos que o mundo natildeo pode se abster enquanto violaccedilotildees brutais e sistemaacuteticas dos direitos humanos acontecem tambeacutem aprendemos que se o objetivo for conseguir o apoio sustentado da populaccedilatildeo mundial a intervenccedilatildeo tem que estar baseada em princiacutepios legiacutetimos e universaisrdquo

Kofi Annan Dois Conceitos de Soberania (1999)3

Justa ou injustamente as elites poliacuteticas na maior parte dos paiacuteses acreditam que a Responsabilidade de Proteger estaacute intrinsicamente ligada agrave pouca consideraccedilatildeo dada pelos mais poderosos aos princiacutepios do direito internacional e a um ldquocomplexo brancordquo de ldquosalvador da paacutetriardquo Por outro lado a oposiccedilatildeo agrave Responsabilidade de Proteger eacute vista comumente como uma insistecircncia ciacutenica da soberania em face ao sofrimento humano ou como uma equivocada solidariedade do Sul Global com regimes repressivos 4

Tais caricaturas satildeo legados da batalha retoacuterica dos anos 1990 Associar o desafio da proteccedilatildeo contra atrocidades agrave soluccedilatildeo da intervenccedilatildeo ndash como feito por Kofi Annan em seu famoso discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU de 1999 ndash eacute macular o primeiro com a carga poliacutetica e histoacuterica do segundo Ao tratar diretamente essa carga Annan endossou uma tentativa de redefinir o conceito de soberania de forma a tirar ecircnfase da proteccedilatildeo coletiva do Estado perante a dominaccedilatildeo externa e a favor da proteccedilatildeo do indiviacuteduo contra danos e ameaccedilas Mas tal ideia de ldquosoberania como responsabilidaderdquo teve efeito contraacuterio ao esperado natildeo somente porque permitiu que intervencionistas ansiosos determinassem de forma seletiva atores que exerciam soberania ldquoresponsaacutevelrdquo ou ldquoirresponsaacutevelrdquo mas tambeacutem que definissem a intervenccedilatildeo como sendo a escolha responsaacutevel Entretanto o argumento moralista intervencionista se tornou hipoacutecrita quando usado por governos cujos histoacutericos de comportamento internacional responsaacutevel natildeo eram tatildeo brilhantes assim Como resultado esta linha de debate arruinou muitas discussotildees sobre a proteccedilatildeo contra crimes atrozes nos anos apoacutes a crise do Kosovo e a invasatildeo do Iraque liderada pelos EUA5

Em nossas pesquisas descobrimos que este debate pernicioso perdeu gradualmente a maior parte de sua relevacircncia poliacutetica na uacuteltima deacutecada em meio agraves controveacutersias sobre a inclusatildeo da Responsabilidade de Proteger no documento final da Cuacutepula Mundial de 2005 e sobre a autorizaccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila para uso

Resultados de Pesquisa Legados Retoacutericos e Debates Construtivos

11Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

de ldquotodos os meios necessaacuteriosrdquo para proteger os civis na Liacutebia Aleacutem dos ocasionais exerciacutecios retoacutericos descobrimos que houve uma mudanccedila no cerne do conflito global sobre a proteccedilatildeo contra crimes atrozes Perante os piores crimes atrozes aconteceu o desgaste da defesa do natildeo-intervencionismo como resistecircncia agrave hegemonia Ocidental Contudo a sombra do imperialismo ainda eacute uma questatildeo a ser considerada Os policymakers ocidentais precisam ser mais cautelosos do que no passado Muito do ceticismo sobre a eficaacutecia do uso das forccedilas militares eacute genuiacutena mesmo se proferida por aqueles que poderiam fazer mais para transformar suas visotildees de diplomacia efetivas em realidade

Obviamente ainda haacute grandes divergecircncias sobre a proteccedilatildeo Elas satildeo concentradas em dois desafios inter-relacionados sobre a proteccedilatildeo na praacutetica como prevenir o uso abusivo dos argumentos humanitaacuterios pelas grandes potecircncias (ldquocomo proteger de forma responsaacutevelrdquo conforme articulado pelo Brasil) e como proteger de forma eficaz particularmente quando pairam as sombras da coerccedilatildeo e do uso da forccedila Ambas as divergecircncias requerem um seacuterio engajamento perante as muitas dificuldades e dilemas que satildeo impostos e vatildeo aleacutem dos estereoacutetipos simplistas e equivocados que haacute muito dominam o debate sobre a Responsabilidade de Proteger

O que eacute Indiscutiacutevel Proteccedilatildeo Contra Crimes de Atrocidade Requer Accedilatildeo InternacionalOs atores relevantes em todo o mundo aceitam a ideia de que a proteccedilatildeo de populaccedilotildees contra crimes de atrocidade eacute de responsabilidade tanto nacional quanto internacional Tal aceitaccedilatildeo vai aleacutem das bases legais do direito internacional humanitaacuterio e da Convenccedilatildeo para a Prevenccedilatildeo e Repressatildeo do Crime de Genociacutedio mas natildeo eacute tampouco um produto do movimento que produziu R2P Ela comeccedilou a emergir jaacute nos anos 90 quando para pessoas e governos ldquoa toleracircncia a atrocidades em massa natildeo pareceu mais aceitaacutevel ndash pareceu algo imoralrdquo 6Desde entatildeo as expectativas sobre proteccedilatildeo cresceu de forma exponencial Demandas morais sobre terceiros ndash humanitaacuterios diplomatas observadores de direitos humanos e ateacute mesmo militares ndash para que ajam de forma preventiva e equilibrem a proteccedilatildeo individual e a soberania estatal acabou excedendo enormemente as capacidades e possibilidades realistas de fazer com que isso aconteccedila

Haacute uma disposiccedilatildeo muito maior e mais difundida em dar apoio ao que parece ser necessaacuterio para proteger populaccedilotildees contra esses crimes de atrocidade e ateacute mesmo em contribuir de forma ativa quando haacute intercessatildeo com outros interesses estrateacutegicos Tal predisposiccedilatildeo vai aleacutem de pequenos grupos de Estados do ldquoOcidenterdquo dos ldquointervencionistas liberaisrdquo ou dos paiacuteses Amigos da Responsabilidade de Proteger Ao analisar a questatildeo poliacutetica da proteccedilatildeo descobrimos que nenhuma divisatildeo arbitraacuteria entre ldquoNorterdquo e ldquoSulrdquo ldquoOcidenterdquo e ldquonatildeo-Ocidenterdquo ldquoemergentesrdquo e ldquodesenvolvidosrdquo

ldquodemocraacuteticosrdquo e ldquoautoritaacuteriosrdquo eacute uacutetil7 Foi o Movimento dos Natildeo-Alinhados que estava pronto para autorizar o fortalecimento da operaccedilatildeo de paz da ONU em Ruanda no ano de 1994 enquanto os Estados Unidos eram ferrenhos opositores Enquanto as potecircncias ocidentais lideraram as intervenccedilotildees no Kosovo e na Liacutebia para proteger civis dezenas de milhares de peacekeepers do Sul da Aacutesia e da Aacutefrica ajudaram a proteger civis em dezenas de missotildees da ONU nos uacuteltimos 20 anos Jaacute durante as negociaccedilotildees da

12Global Public Policy Institute (GPPi)

Cuacutepula Mundial diversas perspectivas que vatildeo aleacutem dessas dicotomias estereotipadas contestaram e contribuiacuteram para a formulaccedilatildeo final do R2P no documento oficial da Cuacutepula 8

Eacute escasso o grupo de governos que se opotildee categoricamente a um papel internacional na proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade independentemente das circunstacircncias Alguns satildeo responsaacuteveis por tais crimes Outros interpretam tudo como parte de uma conspiraccedilatildeo imperialista das grandes potecircncias especialmente dos Estados Unidos As preocupaccedilotildees desses atores natildeo podem ou devem ser levadas em consideraccedilatildeo

O que Ainda eacute Discutiacutevel Como Proteger de Forma Responsaacutevel e EfetivaHaacute um grande grupo de moderados defensores da proteccedilatildeo e ceacuteticos da intervenccedilatildeo cujas preocupaccedilotildees certamente precisam ser levadas em conta de forma mais seacuteria perante os repetidos fracassos e abusos de poder Eles ndash governos de Brasil Iacutendia Aacutefrica do Sul China e Alemanha aleacutem de ativistas especialistas acadecircmicos e alguns tomadores de decisatildeo nos Estados Unidos Reino Unido e Franccedila ndash levantam questotildees legiacutetimas sobre por exemplo como o mundo pode melhorar a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade de forma tanto efetiva quanto responsaacutevel

De diversas formas a saliecircncia emocional e poliacutetica da disputa sobre a natildeo-intervenccedilatildeo haacute muito dificultou estes debates cruciais sobre os resultados praacuteticos da proteccedilatildeo Na maior parte do tempo argumentos sobre as questotildees praacuteticas satildeo feitas ou interpretadas como sendo de maacute-feacute A Liacutebia eacute um desses casos em questatildeo Brasil Iacutendia e Aacutefrica do Sul natildeo criticaram veementemente a intervenccedilatildeo militar de 2011 porque estavam preocupados com violaccedilotildees agrave soberania da Liacutebia ou porque se opunham ao papel internacional na proteccedilatildeo de civis contra atrocidades iminentes em Bengazi Pelo contraacuterio tais paiacuteses reclamaram do abuso de um mandato do Conselho de Seguranccedila de fins poliacuteticos ao inveacutes de proteccedilatildeo ndash neste caso tratava-se de uma mudanccedila no regime com provaacuteveis implicaccedilotildees praacuteticas de um colapso estatal que por sua vez resultaria em riscos adicionais agrave populaccedilatildeo Estes criacuteticos ainda tecircm que combinar a sua retoacuterica de exigir mais e melhor proteccedilatildeo por intermeacutedio de investimentos em ideias e capacidades para fazecirc-la conforme seja necessaacuterio Contudo isso natildeo torna seus argumentos menos vaacutelidos

Haacute uma distinccedilatildeo criacutetica entre dois tipos de situaccedilotildees de atrocidades que dependem do tipo de perpetrador O consenso internacional para agir contra perpetradores natildeo-Estatais mesmo se ligados a forccedilas estatais eacute mais faacutecil de obter do que uma accedilatildeo contra agentes estatais Mesmo que o consentimento governamental de confrontar grupos natildeo-Estatais seja frequentemente incerto e inconsistente como no caso da RDC haacute pouca preocupaccedilatildeo com a soberania desses regimes fracos O debate-chave nesses casos eacute sobre como efetivamente proteger pessoas contra crimes de atrocidade natildeo somente por meio de instrumentos militares mas com maior frequecircncia com o uso de ferramentas civis Isso jaacute eacute bastante desafiador Ainda mais difiacuteceis satildeo os casos em que as forccedilas estatais estatildeo entre os principais perpetradores Nestas situaccedilotildees como na Liacutebia em 2011 e posteriormente na Siacuteria a preocupaccedilatildeo global central com instrumentos coercitivos (de sanccedilotildees a intervenccedilotildees militares) estaacute relacionada ao

13Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

abuso de poder para fins natildeo-humanitaacuterios e com duacutevidas sobre a sabedoria de atacar um Estado que frequentemente serve de protetor para alguns e cuja derrubada pode resultar em riscos adicionais agraves pessoas O histoacuterico mundial na reconstruccedilatildeo de Estados natildeo eacute suficientemente encorajador para rebater tais preocupaccedilotildees

Protegendo de forma responsaacutevel Salvaguardas contra o Abuso pelas Grandes PotecircnciasApoacutes o caso da Liacutebia intervenccedilotildees militares soacute seratildeo consideradas legiacutetimas se feitas de maneira que novos abusos pelas grandes potecircncias sejam prevenidos9 Nesses casos especiais em que haacute o uso da forccedila sem consentimento ainda paira a sombra do imperialismo Na maior parte do mundo ainda eacute recente a lembranccedila do abuso pelas grandes potecircncias hipocritamente encoberto de valores universais O uso de justificativas humanitaacuterias por alguns poliacuteticos britacircnicos e norte-americanos para a invasatildeo do Iraque em 2003 soacute aprofundou estas preocupaccedilotildees com ldquointervenccedilotildees humanitaacuteriasrdquo assim como o uso de argumentos similares pelos russos para justificar a invasatildeo da Geoacutergia em 2008 e da Ucracircnia em 201410 Este senso de hipocrisia daacute origem a uma das principais razotildees para desconfianccedila sobre o R2P desde que o conceito foi criado

Intervenccedilotildees legiacutetimas natildeo requerem um padratildeo irrealista de consistecircncia ou de motivos puramente altruiacutesticos A proteccedilatildeo requer recursos e aceitaccedilatildeo de riscos e na poliacutetica internacional a inconsistecircncia eacute a regra e natildeo a exceccedilatildeo Estados que fornecem as capacidades e assumem os riscos de proteger na maioria dos casos estaratildeo motivados por mais do que puro altruiacutesmo e suas motivaccedilotildees ndash que comeccedilam pela mobilizaccedilatildeo de seus constituintes ndash variam conforme a situaccedilatildeo Tanto os problemas dos ldquomotivos justosrdquo quanto o de ldquoseletividaderdquo levam corretamente a anaacutelises mais minuciosas do uso da forccedila11 ainda que nenhum destes fatores esteja limitado a intervenccedilotildees de proteccedilatildeo e tratem em geral da coerccedilatildeo no atual sistema internacional12 Mesmo que sejam normativamente relevantes e retoricamente uacuteteis para opor intervenccedilotildees particulares tais argumentos natildeo evitam que a maior parte dos atores internacionais apoie uma intervenccedilatildeo aceita como necessaacuteria e possivelmente efetiva Como ilustrado pelo caso da Liacutebia extrapolou-se o limite quando motivos incompatiacuteveis ndash a remoccedilatildeo forccedilosa de Gaddafi e seu regime sem uma loacutegica convincente relacionada agrave proteccedilatildeo ndash foram vistos como superiores agraves preocupaccedilotildees com proteccedilatildeo13

Protegendo de Forma Efetiva O Que Funciona na Praacutetica

A proteccedilatildeo efetiva natildeo eacute mais faacutecil de garantir do que proteccedilatildeo responsaacutevel Enquanto os casos de sucesso foram poucos e limitados tentativas de engajamento pressotildees e intervenccedilotildees militares frequentemente falharam em proteger ou contribuiacuteram com novas ameaccedilas agraves populaccedilotildees Policymakers e acadecircmicos em todo o mundo admitem que sabem muito pouco sobre a proteccedilatildeo efetiva de pessoas contra crimes de atrocidade Para se avanccedilar nessa finalidade faz-se necessaacuterio tanto desenvolver instrumentos poliacuteticos quanto avaliar riscos e tentar identificar o menor de muitos males em vaacuterias situaccedilotildees diversas e particulares O que seraacute efetivamente necessaacuterio e provaacutevel de

14Global Public Policy Institute (GPPi)

obter sucesso estaacute aberto a debate e a desafios em cada caso e natildeo somente quando haacute o uso da forccedila

Uma anaacutelise dos casos que estudamos mostra as incertezas e ambiguidades envolvidas no processo decisoacuterio da proteccedilatildeo Como no caso do Sudatildeo um processo do Tribunal Penal Internacional contra um chefe de Estado contribuiu para o objetivo da proteccedilatildeo 14A proteccedilatildeo eacute aumentada ou dificultada quando uma crise eacute publicamente rotulada como ldquosituaccedilatildeo de R2Prdquo como no Quecircnia ou em Mianmar15 Se o Estado for um perpetrador de crimes de atrocidade haacute algum caso em que a forccedila militar pode ser usada contra ele sem a intenccedilatildeo de mudar o regime ou sem levar o paiacutes ao caos como na Liacutebia16 Quando e como os peacekeepers da ONU devem tomar partido nos conflitos17

Haacute duacutevidas justificaacuteveis sobre as opccedilotildees de poliacuteticas disponiacuteveis e seus riscos Se comparado aos consideraacuteveis esforccedilos para promover o R2P como princiacutepio muito pouco estaacute voltado para descobrir e avaliar tais escolhas difiacuteceis a fim de colocar a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade em praacutetica

A Controveacutersia Mais Profunda a Forccedila Pode ProtegerEnquanto governos ativistas na sociedade civil e representantes da ONU que trabalham com R2P haacute muito tempo tendem a enfatizar taticamente as aacutereas consensuais a maior controveacutersia internacional se refere agrave intervenccedilatildeo militar e ao uso da forccedila para proteccedilatildeo Um debate mais construtivo e autocriacutetico eacute essencial para possibilitar um sistema de proteccedilatildeo mais efetivo e responsaacutevel no futuro e tal debate deve tratar da eficaacutecia do uso da forccedila na proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade suas chances de causar mais resultados positivos do que negativos e seus sucessos e fracassos no passado18 Esse debate natildeo eacute somente relevante nos casos relativamente raros de intervenccedilatildeo militar jaacute que a forccedila e a coerccedilatildeo satildeo parte de uma variedade maior de estrateacutegias de proteccedilatildeo como as sanccedilotildees e as operaccedilotildees de paz Mesmo as ferramentas puramente diplomaacuteticas ou civis satildeo frequentemente vistas como passos que podem escalar o uso da forccedila

Os debates sobre o uso da forccedila ao inveacutes de darem ecircnfase aos meacuteritos e riscos possiacuteveis das diferentes escolhas tecircm se expressado em termos de crenccedilas vagas sobre a eficaacutecia da forccedila militar ajudar a atingir os objetivos poliacuteticos Nos debates analisados encontramos um contraste notaacutevel entre as referecircncias limitadas a estudos estrateacutegicos sobre a utilidade da forccedila nos conflitos modernos e a convicccedilatildeo com a qual os governos apresentam suas opiniotildees sobre este mesmo assunto

Na ldquoausecircncia de doutrina militar e anaacutelise [para proteccedilatildeo de civis]rdquo19 como admitido por um ex-funcionaacuterio do Pentaacutegono (mesmo para o caso dos Estados Unidos) policymakers tendem a se dividir em dogmas fundamentais das suas culturas estrateacutegicas nacionais20 As comunidades estrateacutegicas de alguns paiacuteses satildeo mais otimistas de que o uso da forccedila pode obter bons resultados como forma de proteccedilatildeo a civis enquanto outros satildeo majoritariamente pessimistas e tendem a acreditar que a aplicaccedilatildeo da forccedila militar pioraria a situaccedilatildeo21

Apesar da incerteza inerente a cada crise os atores em cada lado dessa divisatildeo apresentam suas crenccedilas com firmeza frequentemente em termos de truiacutesmos ndash ldquoSoacute pode haver uma soluccedilatildeo poliacuteticardquo 22 ou ldquonatildeo haacute futuro para a Liacutebia Siacuteria com Gaddafi Assad no poderrdquo23 Esses satildeo apenas dois posicionamentos proeminentes que natildeo satildeo

15Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

capazes de reconhecer a realidade complexa de qualquer crise Dessa forma eles convidam a uma troca muacutetua de estereoacutetipos ao inveacutes de uma discussatildeo construtiva Os resultados tecircm sido previsiacuteveis reaccedilotildees antiocidentais no Sul (ldquoeles soacute querem invadir nossos paiacutesesrdquo) e anti-Sul por parte do Ocidente (ldquoeles sempre se juntam a seus colegas ditadoresrdquo) Ambas as partes tentam fazer uso do discurso de responsabilidade para justificar seus pontos de vista ldquoAssumir a responsabilidaderdquo outrora significava assumir riscos e accedilotildees militares caras ateacute que o Brasil desafiou o monopoacutelio intervencionista sobre o termo24

Este contraste entre conhecimento e convicccedilatildeo fica aparente em muitos debates nebulosos sobre peacekeeping tal como a conduccedilatildeo da crise na Costa do Marfim pela ONU em 2010-2011 mas foi mais claramente colocado em debate a forma como Estados Unidos Franccedila e Reino Unido lideraram a intervenccedilatildeo de 2011 na Liacutebia Diplomatas brasileiros experientes por exemplo questionaram a justificativa de uma accedilatildeo militar para uma mudanccedila no regime argumento que nunca foi explicitado por americanos franceses e britacircnicos Por que natildeo cessar os ataques uma vez que as ameaccedilas imediatas agrave populaccedilatildeo civil jaacute haviam sido eliminadas e as forccedilas de Gaddafi jaacute natildeo avanccedilavam mais e desta forma forccedilar todas agraves partes a negociar Que responsabilidade a coalisatildeo intervencionista assumiu pelas accedilotildees de seus aliados de fato em terra as forccedilas rebeldes liacutebias Como a coalisatildeo intervencionista equilibrou os riscos e recompensas das diferentes escolhas estrateacutegicas e por que exatamente ldquonatildeo era possiacutevel imaginar um futuro com Gaddafi no poderrdquo como argumentado por Obama Cameron e Sarkozy no jornal The New York Times25Houve questionamentos similares sobre as sugestotildees de intervenccedilatildeo militar na Siacuteria A ausecircncia de respostas convincentes provavelmente teve um papel muito importante no arquivamento de uma seacuterie de planos para intervenccedilotildees unilaterais ao longo dos anos

O que parece ser um otimismo infundado de que a forccedila seria capaz de atingir objetivos poliacuteticos daacute origem a um desconforto difundido em muitas partes do mundo e que vai aleacutem do objetivo especifico de proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade A invasatildeo do Iraque liderada pelos EUA em 2003 se desdobrou em grandes debates como um exemplo de escolha irresponsaacutevel por uma potecircncia hegemocircnica que tende a instruir outros paiacuteses sobre lideranccedila global responsaacutevel Isso tambeacutem eacute um lembrete valioso de que mesmo a maior forccedila militar do globo eacute claramente incapaz de forccedilar a construccedilatildeo efetiva de uma nova ordem poliacutetica com consequecircncias traacutegicas para milhares de pessoas natildeo soacute no Iraque

Ainda assim durante as crises na Costa do Marfim na Liacutebia em 2011 e na Repuacuteblica Centro-Africana em 2014 o Conselho de Seguranccedila estava pronto para legitimar intervenccedilotildees militares ldquoconforme cada casordquo como foi sugerido pela Cuacutepula Mundial Em cada um desses casos emergiram grandes maiorias que priorizaram a necessidade de accedilatildeo militar em relaccedilatildeo agrave ampla preocupaccedilatildeo com a manutenccedilatildeo da soberania estatal seja atraveacutes de voto a favor no Conselho de Seguranccedila de abstenccedilatildeo para permitir que resoluccedilotildees passassem (como Ruacutessia e China no caso da Liacutebia) ou de apoio financeiro militar ou poliacutetico em outros foacuteruns de discussatildeo

Eacute possiacutevel que haja uma janela de oportunidades surgindo para um debate poliacutetico mais detalhado e criacutetico sobre a eficaacutecia da forccedila militar na proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade Tais debates estatildeo tratando dos objetivos diferentes mas relacionados da luta contra insurgentes e redes terroristas Em ambos os casos haacute uma discussatildeo ponderada nos ciacuterculos militares e policiais assim como em grandes meios

16Global Public Policy Institute (GPPi)

de comunicaccedilatildeo sobre questotildees como execuccedilotildees especiacuteficas de terroristas suspeitos ou taacuteticas de contra-insurgecircncia centradas na populaccedilatildeo

Outro debate similar e criacutetico precisa ser colocado em questatildeo em relaccedilatildeo agrave forccedila e a proteccedilatildeo Ele pode ser construiacutedo a partir de uma tendecircncia recente na direccedilatildeo de mais engajamento com os resultados e meios praacuteticos do uso da forccedila militar para proteccedilatildeo Sociedades e comunidades estrateacutegicas nos EUA Reino Unido e Franccedila mostraram sinais de cansaccedilo em relaccedilatildeo a intervenccedilotildees em geral e particularmente agraves unilaterais Ao mesmo tempo alguns dos defensores mais leais da restriccedilatildeo militar reflexiva ndash como China Brasil e Alemanha ndash comeccedilaram a considerar em determinados casos argumentos a favor da accedilatildeo militar para proteccedilatildeo de civis 26Tanto defensores quanto ceacuteticos da proteccedilatildeo militar se beneficiaratildeo ao forccedilar mais nuances nesses debates Por um lado a demanda por especificidades protegeraacute contra o uso abusivo da autoridade humanitaacuteria para fins escusos Por outro mais transparecircncia ajudaraacute na defesa contra reclamaccedilotildees de abuso Esse debate deve considerar as contribuiccedilotildees acadecircmicas recentes27 mas encontraraacute ferramentas mais especiacuteficas e fundamentais em conceitos poliacuteticos estabelecidos como na doutrina da ONU para proteccedilatildeo de civis e as tentativas dos militares norte-americanos de desenvolver orientaccedilotildees conceituais para ldquooperaccedilotildees de resposta a atrocidades em massardquo28

17Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Se as principais controveacutersias globais sobre a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade envolvem (1) o medo do uso abusivo de argumentos humanitaacuterios e (2) como proteger de forma efetiva quais satildeo as opccedilotildees para melhorar as soluccedilotildees globais de proteccedilatildeo O ponto de partida deve ser o reconhecimento de que a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade como um desafio poliacutetico complexo e natildeo somente como algo paliativo enquanto tenta-se resolver um conflito poliacutetico de maiores dimensotildees Qualquer estrateacutegia de proteccedilatildeo deve ser preparada primeiramente a fim de influenciar os caacutelculos poliacuteticos e militares dos perpetradores e deve levar em consideraccedilatildeo os limites de influecircncias externas sobre eventos domeacutesticos Os atores locais tecircm o maior controle sobre a dinacircmica da violecircncia e eacute difiacutecil prever o efeito dominoacute causado pelas accedilotildees externas O foco no curto prazo do conceito de ldquoresposta raacutepida saiacuteda raacutepidardquo eacute portanto um ato irresponsaacutevel quase independente de contexto mesmo que accedilotildees raacutepidas frequentemente sejam necessaacuterias poliacuteticos ativistas jornalistas e acadecircmicos precisam prestar mais atenccedilatildeo agraves poliacuteticas de longo prazo e a seus planejamentos para que sejam adaptadas agraves mudanccedilas

Com base em nossos resultados e anaacutelise apontamos opccedilotildees poliacuteticas para governos a ONU e organizaccedilotildees regionais aleacutem da miacutedia e da sociedade civil com o intuito de melhorar a credibilidade das ferramentas existentes ao fazer com que seu uso na proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade seja menos vulneraacutevel ao abuso e tenha resultados mais efetivos Comeccedilamos com a necessidade de garantir informaccedilotildees e anaacutelises criacuteveis sobre as situaccedilotildees em que crimes de atrocidade satildeo cometidos Depois oferecemos algumas sugestotildees para o fortalecimento das ferramentas disponiacuteveis aos civis para prevenccedilatildeo e resposta a atrocidades e para que as operaccedilotildees de paz da ONU melhorem a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade Depois indicamos opccedilotildees de reforma importantes para o processo decisoacuterio coletivo sobre accedilotildees militares e terminamos enfatizando a necessidade de um aprendizado contiacutenuo e colaborativo sobre as ferramentas para prevenccedilatildeo de atrocidades

Reduzindo a Vulnerabilidade das Fontes de Informaccedilatildeo perante Acusaccedilotildees de ParcialidadeAntes mesmo de comeccedilar a considerar formas de lidar com futuras ou atuais atrocidades o mundo precisa chegar a um consenso sobre o que estaacute acontecendo em cada situaccedilatildeo Atualmente a disponibilidade de informaccedilatildeo sobre situaccedilotildees especiacuteficas de crises natildeo eacute mais o principal desafio para que accedilotildees de mobilizaccedilatildeo aconteccedilam

Opccedilotildees Poliacuteticas para Proteccedilatildeo Mais Efetiva e Responsaacutevel

18Global Public Policy Institute (GPPi)

Ainda assim acreditamos que um desafio crucial para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade eacute a acusaccedilatildeo de parcialidade sobre o tipo e a interpretaccedilatildeo das informaccedilotildees sobre atrocidades fornecidas por governos pela miacutedia ou por grupos da sociedade civil A confianccedila nos Estados dominantes e nas instituiccedilotildees internacionais encontra-se em niacuteveis tatildeo baixos que mesmo os casos de atrocidades bem documentados como o ocorrido em Darfur foram considerados por alguns como propaganda intervencionista29

Essa desconfianccedila estaacute na maior parte das vezes direcionada a fontes relacionadas ao ldquoOcidenterdquo Fontes financiadas lideradas ou com suas sedes em paiacuteses ocidentais frequentemente satildeo as mais acessiacuteveis natildeo soacute pelas elites poliacuteticas em capitais longiacutenquas mas tambeacutem por paineacuteis de especialistas e investigaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas em paiacuteses em que natildeo haacute extensiva presenccedila de campo da ONU Quando as fontes locais de informaccedilatildeo claramente natildeo satildeo criacuteveis como na Siacuteria jornalistas tecircm acesso restrito a aacutereas violentas e por algumas vezes todas as outras fontes relevantes vecircm de organizaccedilotildees com sede no Ocidente de organizaccedilotildees locais da sociedade civil que dependem de ajuda ocidental ou de financiamento externo e que tecircm uma temaacutetica antigovernamental especiacutefica ou ainda de profissionais ocidentais que trabalham para a ONU30 Por exemplo o governo chinecircs frequentemente enfatiza que a identificaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo internacional de abusos aos direitos humanos no exterior eacute excessivamente dependente de informaccedilotildees ocidentais e pediu para que houvesse sistemas de alerta precoce mais imparciais31 Especialistas indianos dizem que o desafio natildeo eacute a disponibilidade de informaccedilatildeo mas ldquoa interpretaccedilatildeo e o vieacutes que lhe eacute dadordquo32

Grupos de ativistas e a miacutedia tecircm incentivos para simplificar as narrativas e portanto eacute prudente ter um ceticismo saudaacutevel perante as acusaccedilotildees de atrocidades hediondas Ao mesmo tempo presumir que a verdade estaacute no meio-termo de todas as posiccedilotildees seria permitir que propaganda e maacute informaccedilatildeo determinassem o caminho a seguir Criticar realisticamente as fontes requer engajamento com a informaccedilatildeo em si e natildeo apenas a insinuaccedilatildeo de agendas poliacuteticas com base puramente na localizaccedilatildeo geograacutefica financiamento ou educaccedilatildeo

A fim de oferecer um debate melhor informado sobre potenciais crimes de atrocidade as empresas de comunicaccedilatildeo e filantropos principalmente em potecircncias emergentes devem investir em fontes de informaccedilatildeo e anaacutelise independentes e criacuteveis sobre conflitos e direitos humanosAs alegaccedilotildees de parcialidade (sejam a favor ou contra os governos ou outros atores) crescem quando haacute uma escassez de fontes Aqueles que criticam as fontes de informaccedilatildeo existentes satildeo os que sabem melhor qual fonte de financiamento ou de influecircncia teraacute mais credibilidade portanto eacute dever destas pessoas investir adequadamente Se haacute suspeitas sobre as fontes ocidentais de informaccedilatildeo por parte de governos e elites poliacuteticas fora do Ocidente essas podem ajudar a diversificar a base de apoio para ONGs ativistas e redes de informaccedilotildees globais jaacute existentes ou ateacute mesmo investir em plataformas alternativas de monitoramento e anaacutelise baseadas nos mais altos padrotildees de integridade jornaliacutestica Por enquanto com raras exceccedilotildees o investimento em miacutedias livres e acesso agrave informaccedilatildeo natildeo parece ser uma prioridade entre as elites empresariais emergentes mesmo em potecircncias emergentes democraacuteticas Por outro

19Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

lado agecircncias de notiacutecia estatais frequentemente tecircm dificuldade para estabelecer uma reputaccedilatildeo de integridade jornaliacutestica Satildeo raros os grandes investimentos no relato de crises humanitaacuterias tais como recentemente feito pela Fundaccedilatildeo Jynwel com sede em Hong Kong na agora independente organizaccedilatildeo de noticias IRIN33 Organizaccedilotildees de defesa podem contribuir com a reduccedilatildeo das alegaccedilotildees de parcialidade ao natildeo exporem situaccedilotildees de conflito como se fossem preto-no-branco e ao serem transparentes sobre quem as financiam e apoiam Se apresentarem uma extensa lista de notas e fontes em seus relatoacuterios como feito regularmente pelo International Crisis Group e pela Human Rights Watch eacute dever dos criacuteticos se engajar com essas fontes com base nos fatos

Fortalecer e diversificar as informaccedilotildees sobre os riscos de crimes de atrocidade em massa tambeacutem pode significar estabelecer organizaccedilotildees de sociedade civil regionais dedicadas agrave pesquisa criacutevel e confiaacutevel sobre a prevenccedilatildeo de atrocidades Se verdadeiramente baseadas em sociedades locais tais grupos teriam mais acesso a grupos nacionais e regionais de sociedade civil do que as organizaccedilotildees globais com sede em Nova York ou Genebra Consequentemente suas informaccedilotildees e argumentos mais provavelmente obteriam credibilidade poliacutetica a niacutevel global No curto prazo a massa criacutetica necessaacuteria a esses centros da sociedade civil provavelmente seraacute alcanccedilada na Europa ou na Aacutefrica mas a Ameacuterica Latina (com sua iacutempar accedilatildeo ldquoRede Latino-Americana de Prevenccedilatildeo ao Genociacutedio e Atrocidades em Massardquo a niacutevel governamental) e a Aacutesia tambeacutem podem se desenvolver rapidamente

Os Estados membros a sociedade civil e as organizaccedilotildees regionais devem melhorar as capacidades da ONU de coletar informaccedilotildees e desvendar fatos sobre desafios agrave proteccedilatildeo ao oferecer assistecircncia logiacutestica funcionaacuterios a curto-prazo e fontes locais de informaccedilatildeo Ao mesmo tempo em que organizaccedilotildees regionais satildeo cada vez mais capazes de influenciar o entendimento global sobre suas partes do mundo a sua imparcialidade eacute apenas tatildeo criacutevel quanto a das potecircncias regionais que lideram as suas deliberaccedilotildees As Naccedilotildees Unidas natildeo podem entretanto sempre responder sozinhas agraves demandas por informaccedilotildees imparciais e criacuteveis sobre riscos de atrocidade Os mecanismos das Naccedilotildees Unidas frequentemente dependem tanto de fontes governamentais e privadas devido agrave necessidade de agir rapidamente quanto sofrem com a falta de acesso proacuteprio e independente aos locais de risco Aleacutem disso a ONU tambeacutem jaacute esteve sujeita agrave autocensura e foi forccedilada a romper compromissos poliacuteticos34

Todos os Estados membros da ONU precisam fortalecer os mecanismos de coleta de informaccedilatildeo da instituiccedilatildeo suas comissotildees de inqueacuterito e outros oacutergatildeos correlatos Por exemplo sempre que uma violecircncia em massa comeccedila conforme definido pelo Secretaacuterio Geral a ONU deveraacute enviar uma missatildeo para desvendar os fatos a fim de informar melhor as discussotildees no Conselho de Seguranccedila Isso poderaacute ser baseado em um grupo permanente de especialistas preacute-selecionados e deveraacute envolver as agecircncias da ONU relevantes ao tema especialmente o Escritoacuterio de Coordenaccedilatildeo de Assuntos Humanitaacuterios O Alto Comissariado para Direitos Humanos o Conselheiro Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedios e o Departamento de Assuntos Poliacuteticos35 Estados membros devem contribuir tanto com financiamento quanto com especialistas

20Global Public Policy Institute (GPPi)

treinados para essas missotildees O estabelecimento de regras para a contrataccedilatildeo de pessoal poderia ajudar a deixar processos de seleccedilatildeo o mais transparentes possiacutevel e desta forma melhorar a credibilidade e imparcialidade da descoberta de fatos pela ONU36

Estados membros tambeacutem podem ajudar as Naccedilotildees Unidas na implementaccedilatildeo de sua iniciativa ldquoHuman Rights Up Frontrdquo (em portuguecircs ldquoDireitos Humanos Antes de Tudordquo) atraveacutes do qual o Secretariado estaacute criando um sistema simplificado de gerenciamento de informaccedilotildees para tudo que eacute coletado pelas muitas partes do sistema ONU combinando dados jaacute existentes sobre proteccedilatildeo humanitaacuteria proteccedilatildeo dos direitos humanos proteccedilatildeo de mulheres em conflitos armados e proteccedilatildeo de crianccedilas37 Os Estados membros podem dar apoio agrave ONU ao incluir mais informaccedilotildees de atores bilaterais no local desde que a ONU faccedila os investimentos necessaacuterios para o tratamento de dados sensiacuteveis proteccedilatildeo a testemunhas e referecircncias38

Usando Ferramentas Diplomaacuteticas e Civis De Forma Antecipada Justa e EstrateacutegicaApesar das diferenccedilas em ecircnfases retoacutericas haacute um consenso universal que as atrocidades devem ser prevenidas pelo uso antecipado e sustentaacutevel de uma variedade de ferramentas civis disponiacuteveis agrave comunidade internacional Estatildeo incluiacutedas a diplomacia a mediaccedilatildeo e as missotildees poliacuteticas assim como as sanccedilotildees a justiccedila criminal internacional as accedilotildees humanitaacuterias e as ferramentas de peacebuilding apoacutes crises dentre elas a reconstruccedilotildees das instituiccedilotildees estatais e do Estado de direito

Desde os anos 90 a comunidade internacional aprendeu liccedilotildees importantes sobre o uso dessas ferramentas e vem caminhando para desenvolvecirc-las ainda mais Satildeo visiacuteveis os sucessos na diplomacia preventiva como o ocorrido durante a crise poacutes-eleiccedilotildees no Quecircnia em 200839 quando um negociador de alto niacutevel liderou as conversas tendo apoio politico de oacutergatildeos regionais e de todos os membros do Conselho de Seguranccedila expertise da ONU e engajamento da sociedade civil Ao longo dos uacuteltimos 10 anos houve uma significativa expansatildeo das capacidades de negociaccedilatildeo dentro da ONU e das organizaccedilotildees regionais Missotildees poliacuteticas no Timor Leste ou na Guineacute-Bissau podem ter evitado uma nova onda de violecircncia nesses locais40 Sanccedilotildees seletivas provavelmente ajudaram a controlar pessoas que poderiam atrapalhar as primeiras fases do processo de peacebuilding na Libeacuteria Costa do Marfim e Serra Leoa41 O Tribunal Penal Internacional processou e condenou seus primeiros casos e apoiou importantes reformas nos sistemas de justiccedila criminal em muitos paiacuteses42

Ainda assim a comunidade internacional em inuacutemeras vezes natildeo fez uso das ferramentas civis disponiacuteveis de forma antecipada decisiva e sustentaacutevel O consenso que parece existir para o uso de ferramentas civis antecipadamente e como prioridade se desfaz assim que decisotildees poliacuteticas e priorizaccedilatildeo se fazem necessaacuterias Mudar isso eacute difiacutecil Requer ir aleacutem das caricaturas comuns que culpam apenas os paiacuteses ocidentais por investir pouco ou as potecircncias natildeo-ocidentais por repelir as tentativas de influenciar ou pressionar perpetradores e seus cuacutemplices Natildeo soacute as prioridades e interesses competitivos existem de todos os lados mas o desafio tambeacutem eacute marcado pela profunda incerteza sobre como e quando usar tais ferramentas com quais atores e em qual espaccedilo Natildeo haacute uma soluccedilatildeo uacutenica e faacutecil para prevenccedilatildeo resposta ou recuperaccedilatildeo efetiva

21Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Nosso foco eacute em medidas de curto prazo voltadas para os civis em situaccedilotildees em que haacute alta probabilidade ou jaacute haacute ocorrecircncia de atrocidades 43Descobrimos que haacute quatro aacutereas que devem ser especialmente observadas

Os atores (em particular potecircncias emergentes) que mais pedem por diplomacia ferramentas civis e prevenccedilatildeo antecipada precisam traduzir seu compromisso retoacuterico em vontade poliacutetica e os investimentos necessaacuterios em capacidades e ideiasIr aleacutem da retoacuterica sobre prevenccedilatildeo requer vontade poliacutetica para fazer disso uma prioridade Com muita frequecircncia a prevenccedilatildeo contra crimes de atrocidade vai de encontro a outros objetivos poliacuteticos em uma determinada situaccedilatildeo de crise Algumas vezes esses interesses e prioridades estatildeo em extremos opostos No Sri Lanka por exemplo o governo conseguiu alavancar a imensa preocupaccedilatildeo internacional com o contraterrorismo para evitar pressotildees em relaccedilatildeo aos crimes de guerra perpetrados durante o conflito contra os Tigres de Libertaccedilatildeo do Tacircmil Eelam (LTTE) no comeccedilo de 200944 Em Darfur a accedilatildeo diplomaacutetica internacional para acabar com os crimes de atrocidade teve de competir com a prioridade para um acordo de paz na longa guerra civil Norte-Sul no Sudatildeo e com a colaboraccedilatildeo antiterrorista do governo sudanecircs45

Todavia mesmo com a ausecircncia de grandes interesses conflitantes haacute um espaccedilo entre o apoio abstrato para a proteccedilatildeo de populaccedilotildees contra crimes de atrocidade e a vontade poliacutetica de agir dispor-se financeiramente e assumir riscos proporcionais Um exemplo recente de quando investimentos deveriam ter sido feitos antes e de forma mais substancial eacute o Sudatildeo do Sul ndash uma crise que tambeacutem demonstra como as categorias ldquoocidentaisrdquo contra os ldquodemaisrdquo natildeo satildeo uacuteteis na anaacutelise das posiccedilotildees dos paiacuteses sobre proteccedilatildeo Por motivos diversos tanto os Estados Unidos quanto a China apoiaram fortemente o governo de Salva Kiir ignorando sinais importantes ateacute que essa se tornou uma das facccedilotildees combatentes na nova guerra civil do Sudatildeo do Sul46 Na Repuacuteblica Centro-Africana investimentos preacutevios nas iniciativas legais e nas reformas no setor de seguranccedila poderiam ter sido capazes de evitar que o paiacutes atingisse a atual escala de violecircncia47

Como esses e outros exemplos revelam haacute um grande descompasso entre a retoacuterica que demanda mais ldquosoluccedilotildees poliacuteticas e diplomaacuteticasrdquo ndash como constantemente enfatizado por China Ruacutessia Iacutendia Brasil Aacutefrica do Sul (e tambeacutem pela Alemanha e pela Uniatildeo Europeia) ndash e os recursos poliacuteticos e materiais investidos na busca por tais soluccedilotildees Colocar em praacutetica essas ldquosoluccedilotildees poliacuteticasrdquo requer ao mesmo tempo declaraccedilotildees ocasionais e o estabelecimento de capacidades institucionais para o monitoramento dos direitos humanos monitoramento de longo prazo das eleiccedilotildees mediaccedilatildeo e apoio de pessoas com experiecircncia secircnior que possam ser rapidamente acionadas e a construccedilatildeo de instituiccedilotildees nos setores de justiccedila seguranccedila e correlatas normalmente envolvidas com missotildees poliacuteticas da ONU e de organizaccedilotildees regionais Similarmente o uso de ferramentas coercitivas como sanccedilotildees requer tanto a tomada de decisotildees difiacuteceis quanto investimentos e iniciativas para planejar criativamente e melhorar estas ferramentas a fim de que sejam de fato seletivas justas e legalmente soacutelidas ndash em outras palavras que minimizem os riscos de afetarem as pessoas erradas

22Global Public Policy Institute (GPPi)

de acordo com princiacutepios baacutesicos do direito O Tribunal Penal Internacional precisa do comprometimento poliacutetico e da ratificaccedilatildeo do Estatuto de Roma por algumas das naccedilotildees mais poderosas do mundo Tambeacutem precisa de recursos para continuar acompanhando seus casos No miacutenimo tanto as potecircncias emergentes quanto as jaacute estabelecidas precisam melhorar sua assistecircncia humanitaacuteria para aqueles que fogem da violecircncia Por exemplo Estados membros da ONU cederam menos de 50 por cento dos fundos necessaacuterios para a resposta humanitaacuteria na Siacuteria deixando milhares de pessoas necessitadas em 201448

Os governos devem priorizar a detenccedilatildeo e julgamento dos perpetradores de crimes de atrocidade em suas jurisdiccedilotildees Aleacutem das dificuldades poliacuteticas de se lidar com perpetradores que estatildeo no poder como na Siacuteria ou com perpetradores que estatildeo fora do alcance de Estados falidos como na Repuacuteblica Centro-Africana todos os governos podem fazer mais para sancionar ou julgar esses perpetradores por crimes de atrocidade que de alguma forma estejam em suas jurisdiccedilotildees Prevenir e dar respostas aos crimes de atrocidade significa lidar com as motivaccedilotildees e capacidades de perpetradores individuais antes que cometam crimes Tambeacutem significa puni-los por seus atos49 Aqueles que mantecircm seu dinheiro em bancos multinacionais podem estar sujeitos ao congelamento de seus ativos estejam nos bancos na Europa ou na Aacutesia Aqueles que viajam estatildeo sujeitos agrave recusa de vistos e impedimentos de viagem de modo a impactar suas accedilotildees antes de cometerem ou enquanto cometem atrocidades Leis existentes como nos Estados Unidos permitem que imigrantes sejam deportados se houver provas que os liguem a genociacutedios Paiacuteses podem buscar pessoas procuradas pelo Tribunal Penal Internacional e mudar suas leis ou designar forccedilas policiais para processar os piores crimes de atrocidade independentemente dos locais em que foram cometidos

Com muita frequecircncia a falta de atenccedilatildeo e vontade poliacutetica permite que perpetradores vivam livres e confortavelmente apoacutes terem cometido atrocidades ou ateacute mesmo organizar financiar e apoiar atrocidades em andamento mesmo estando no exterior Isso aconteceu com diversos liacutederes das Forccedilas Democraacuteticas Para a Libertaccedilatildeo de Ruanda (FDLR) um grupo miliciano operando no Congo Eles viveram sem problemas na Alemanha durante quase uma deacutecada antes de serem presos e julgados50 Os Estados Unidos apesar de sua recusa em ratificar o Estatuto de Roma recentemente serviu de exemplo ao aumentar seus esforccedilos na procura por suspeitos de crimes de guerra que moram no paiacutes e ao desenvolver propostas que permitem o uso das leis de imigraccedilatildeo para fazer com que perpetradores de atrocidades paguem por seus crimes51

Poliacuteticos devem dar prioridade ao comportamento atual ao avaliar a legitimidade de atores e julgar todos os atores de um conflito pelos mesmos padrotildees Soacute porque em determinado momento haacute um grupo claramente identificaacutevel como perpetrador de atrocidades natildeo significa que outros grupos sejam e continuaratildeo sendo inocentes de tais atos Violecircncia gera mais violecircncia jaacute que grupos ameaccedilados

23Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

se defendem e continuam combatendo o inimigo A Liacutebia eacute um bom exemplo disso Na primavera de 2011 identificar corretamente o regime de Gaddafi como responsaacutevel por crimes de atrocidade foi a decisatildeo correta ndash mas natildeo evitou que os rebeldes cometessem crimes similares posteriormente previsivelmente em alguns grupos tornando quem os apoiava militarmente cuacutemplices De forma similar em 2014 apoiar as forccedilas curdas Peshmerga era a uacutenica forma de prevenir um massacre contra os Yazidis no Iraque ndash mas aqueles que deram apoio natildeo deveriam silenciar-se perante as posteriores mortes em represaacutelia

A escolha de grupos especiacuteficos como aliados eacute facilmente entendida como arbitraacuteria quando o comportamento atual natildeo justifica apoio internacional Um dos argumentos conflitantes de legitimidade poliacutetica acontece quando atores externos escolhem seus aliados locais de forma inconsistente com suas accedilotildees (algumas vezes favorecendo o regime incumbente) e tal escolha eacute facilmente vista como hipoacutecrita52 Poliacuteticos tambeacutem estatildeo vulneraacuteveis a tais acusaccedilotildees quando satildeo seletivos sobre suas criacuteticas a poderes regionais que armam ou apoiam grupo rebeldes como no caso do silecircncio ocidental sobre o envolvimento da Araacutebia Saudita na Siacuteria

Defensores do R2P e da prevenccedilatildeo de atrocidades em governos ou na sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando pedir a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes

No que diz respeito agrave diplomacia preventiva defensores do R2P e da prevenccedilatildeo contra atrocidades incluindo governos e a sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando e como pedem a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes Em algumas situaccedilotildees o Conselho pode deixar a mediaccedilatildeo mais difiacutecil ao elevar o niacutevel de visibilidade poliacutetica de uma crise Ele pode ajudar mediadores ao dar-lhes mais peso um senso de urgecircncia incentivos e desincentivos (ex com sanccedilotildees seletivas proibiccedilotildees de viagem congelamento de ativos embargo de armas investigaccedilotildees estabelecimento de uma missatildeo poliacutetica) Mas em algumas situaccedilotildees pressatildeo internacional vinda dos mais altos niacuteveis que inclui o papel do Conselho de Seguranccedila pode ser contraproducente Isso pode reforccedilar a urgecircncia de um governo em terminar a guerra a todos os custos como no caso do Sri Lanka no comeccedilo de 200953 ou complicar as negociaccedilotildees para acesso humanitaacuterio como em Mianmar em maio de 200854 Em particular quando os casos lidam com governos que jaacute vecircm sendo excluiacutedos da comunidade internacional foacuteruns e canais mais discretos podem ser mais efetivos na tentativa de influenciar mudanccedilas de comportamento

Possibilitando que as Missotildees de Paz da ONU Ofereccedilam Proteccedilatildeo CriacutevelO peacekeeping eacute um sistema com grande legitimidade global que jaacute evita abusos e comeccedilou a dar ecircnfase agrave Proteccedilatildeo de Civis (PoC) em muitas de suas operaccedilotildees A composiccedilatildeo global e o controle rigoroso por parte do Conselho de Seguranccedila deixa as operaccedilotildees de paz muito mais aceitaacuteveis que qualquer outro instrumento como notavelmente o uso da

24Global Public Policy Institute (GPPi)

forccedila por terceiros segundo um mandato do Conselho de Seguranccedila55 Ao mesmo tempo o peacekeeping soacute eacute capaz de lidar com um nuacutemero limitado de desafios agrave proteccedilatildeo a ausecircncia de mecanismos raacutepidos e efetivos de mobilizaccedilatildeo de implementaccedilatildeo faz com que seja impossiacutevel para peacekeepers da ONU responder a ameaccedilas iminentes de crimes de atrocidade e os requerimentos legais e praacuteticos da colaboraccedilatildeo com o governo local limitam uma accedilatildeo efetiva contra os perpetradores dos crimes de atrocidade que sejam parte ou que recebam apoio do governo Mesmo quando os peacekeepers estavam presentes enquanto crimes de atrocidade eram praticados como na Costa do Marfim em 2011 e no Sudatildeo do Sul em 2013 qualquer prevenccedilatildeo efetiva foi ilusoacuteria E onde uma reaccedilatildeo imediata natildeo obteve sucesso os desafios da proteccedilatildeo efetiva contra crimes em andamento rapidamente excedeu a capacidade dos boinas azuis

As vaacuterias maneiras em que as operaccedilotildees de paz poderiam melhor proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade ao estabelecer capacidades reduzir vulnerabilidade (ldquoproteccedilatildeo indiretardquo) e defender contra perpetradores (ldquoproteccedilatildeo diretardquo) jaacute foram explicitadas em outras oportunidades56 Atingir pelo menos um niacutevel moderado de ambiccedilatildeo para que peacekeepers protejam populaccedilotildees contra crimes de atrocidade requereria investimentos adicionais em capacidade doutrina e treinamento Tambeacutem seria necessaacuteria uma anaacutelise mais seacuteria sobre como combinar de forma efetiva o uso do peacekeeping com instrumentos poliacuteticos

O Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz a lideranccedila da missatildeo e os paiacuteses colaboradores precisam informar de forma modesta e transparente os limites das capacidades da ONU na proteccedilatildeo de civis

O comprometimento bem-vindo e necessaacuterio do Conselho de Seguranccedila com a proteccedilatildeo levou a um nuacutemero excessivo de promessas57 que aumentaram a lacuna entre as expectativas locais e a capacidade das missotildees Quando um mandato para milhares de peacekeepers eacute estabelecido com grande alvoroccedilo mas somente uma fraccedilatildeo chega seis meses depois como no Sudatildeo Sul apoacutes o iniacutecio da uacuteltima guerra civil em dezembro de 2013 ou como quando os peacekeepers se recusaram a tomar medidas enquanto crimes de atrocidade eram cometidos nas redondezas (devido ou natildeo ao apoio ou lideranccedila inadequados) como visto recentemente na RDC ou no Sudatildeo pessoas que se reuacutenem ao redor da bandeira azul na esperanccedila de proteccedilatildeo se tornam mais vulneraacuteveis ao perigo do que se estivessem em outro local De forma geral populaccedilotildees ameaccediladas estatildeo em situaccedilotildees melhores com os peacekeepers do que sem eles mas ainda assim a credibilidade das Naccedilotildees Unidas eacute afetada nestes casos58

Tanto a proteccedilatildeo efetiva quanto a responsaacutevel exigem uma comunicaccedilatildeo honesta e transparente com o puacuteblico e com o Conselho de Seguranccedila sobre as capacidades de cada missatildeo e de cada contingente aleacutem da sua disponibilidade para assumir riscos Quando os diplomatas do Conselho criarem ou derem nova autorizaccedilatildeo a outro ambicioso mandato para a proteccedilatildeo de civis eles precisam ser formalmente informados das capacidades e requerimentos que seratildeo necessaacuterios

25Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

A proteccedilatildeo por parte dos peacekeepers requer um salto de qualidade das contribuiccedilotildees para as operaccedilotildees dos boinas azuis e isso exige que o Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz as tropas a poliacutecia e os colaboradores financeiros encontrem uma divisatildeo do trabalho mais justa e equilibradaO equiliacutebrio fraacutegil entre aqueles que contribuem com tropas (em sua maioria da Aacutefrica e da Aacutesia) financiadores (em sua maioria da Europa e Ameacuterica do Norte) e os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila da ONU que emitem mandatos estaacute proacuteximo de se desfazer A insustentaacutevel divisatildeo de trabalho em peacekeeping natildeo eacute uma questatildeo dos ocidentais contra os demais Muitos paiacuteses africanos cansados dos muitos anos de tentativas frustradas de instauraccedilatildeo da paz no continente pelas potecircncias externas cada vez mais requerem e apoiam o uso de forccedila militar para proteger civis e conceder mais tempo para as negociaccedilotildees de paz Por outro lado paiacuteses que tradicionalmente contribuem com muitas tropas estatildeo cada vez mais reticentes em ameaccedilar a vida de seus soldados em locais distantes ndash especialmente aqueles paiacuteses como a Iacutendia cujo papel emergente no mundo criou expectativas de exercer influecircncia sobre escolhas estrateacutegicas que ateacute agora se mantiveram no domiacutenio exclusivo dos membros permanentes Isso tudo combinado com a austeridade imposta agraves forccedilas armadas mais desenvolvidas impossibilitando aumentar suas contribuiccedilotildees de ativos-chave ndash que poderia reduzir os riscos aos boinas azuis ndash vem deixando muitos paiacuteses em desenvolvimento cada vez mais impacientes com um sistema que natildeo funciona mais para eles

Para avanccedilar na prevenccedilatildeo de crimes de atrocidade economias desenvolvidas e em desenvolvimento precisatildeo aumentar os recursos disponibilizados para as missotildees de paz da ONU mas o dever principal de balancear o desequiliacutebrio atual estaacute nas matildeos de paiacuteses com capacidades avanccediladas Eles precisam disponibilizar forccedilas militares e ativos poliacuteticos que satildeo chaves para limitar o risco de todos os boinas azuis e aumentar o custo-benefiacutecio e a eficaacutecia do peacekeeping Isso inclui drones de vigilacircncia veiacuteculos anti-minas hospitais militares evacuaccedilatildeo meacutedica aeacuterea apoio de combate aeacutereo transporte aeacutereo taacutetico equipamentos anti-explosivos e outras tecnologias avanccediladas59

Contudo natildeo satildeo somente paiacuteses da Europa e da Ameacuterica do Norte que disponibilizam pouquiacutessimas tropas e deixam a desejar em suas contribuiccedilotildees (os europeus por exemplo respondem por menos de 7 por cento das tropas de peacekeeping da ONU e menos de 4 por cento das tropas policiais da organizaccedilatildeo60 A Iacutendia tem demonstrado apoio duradouro e extensivo ao peacekeeping ndash uma rara exceccedilatildeo entre paiacuteses com pretensotildees de lideranccedila regional ou global Outros paiacuteses deveriam pensar em seguir o recente exemplo da China e aumentar o nuacutemero de tropas policiais ou civis qualificados disponibilizados agrave ONU Por exemplo o Brasil mesmo com sua lideranccedila no Haiti ainda oferece menos pessoal que os pequenos Togo e Burkina Faso

26Global Public Policy Institute (GPPi)

Todos os membros do Conselho de Seguranccedila e colaboradores do peacekeeping deveriam aumentar a orientaccedilatildeo conceitual o treinamento e a construccedilatildeo de capacidade para a proteccedilatildeo de civis contra crimes de atrocidade

Tanto o desenvolvimento de estrateacutegias poliacuteticas quanto o uso da forccedila para proteccedilatildeo taacutetica de civis carecem grandemente de fundamentos conceituais soacutelidos com a qual qualquer outro tipo de operaccedilatildeo militar pode contar Os desafios poliacuteticos policiais e militares da proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade natildeo recebem a atenccedilatildeo conceitual e os recursos para treinamento adequados em quase todos os paiacuteses61 Natildeo eacute surpreendente que liacutederes de missatildeo e comandantes de tropas operem hoje em dia com base na tentativa e erro sem que haja uma orientaccedilatildeo ou doutrina clara Da mesma forma os membros do Conselho ndash em especial os natildeo-permanentes ndash satildeo forccedilados a tomar decisotildees difiacuteceis sobre a proteccedilatildeo de civis sem que tenham acesso a um oacutergatildeo de anaacutelise poliacutetico-militar sobre quais seriam as consequecircncias de tais accedilotildees A ausecircncia de conceitos claros e amplamente difundidos sobre as formas praacuteticas de proteccedilatildeo (para aleacutem das Zonas de exclusatildeo aeacuterea) contribuem para o estereoacutetipo muacutetuo e suspeitas de motivos escusos

Os Estados Unidos deveriam continuar a expansatildeo da sua Iniciativa Global de Operaccedilotildees de Paz (GPOI na sigla em inglecircs) e sua Parceria Africana de Resposta Raacutepida para Manutenccedilatildeo da Paz que apoiam e reforccedilam a capacidade de outros paiacuteses de treinar e manter competecircncias para a manutenccedilatildeo da paz Ambos os casos deveriam dar mais atenccedilatildeo agraves forccedilas militaresx mais frequentemente usadas no peacekeeping No futuro treinamentos e exerciacutecios da GPOI e outros deveriam incluir especificamente diferentes aspectos de proteccedilatildeo a civis 62 De forma similar a estes programas estadunidenses a Uniatildeo Europeia os governos europeus e de outros locais que possuem forccedilas armadas com tal capacidade deveriam oferecer os treinamentos e equipamentos mais modernos para os colaboradores das operaccedilotildees de paz Isso poderia criar incentivos para que unidades treinadas e equipadas efetivamente trabalhem em conjunto com a ONU a Uniatildeo Africana e as forccedilas sub-regionais na proteccedilatildeo de civis ndash no caso da UE ao novamente dar ecircnfase e expandir a Enable and Enhance Initiative

Usar a avaliaccedilatildeo atual das operaccedilotildees de paz da ONU para construir um consenso entre todas as partes interessadas (Conselho de Seguranccedila e Secretariado assim como colaboradores financeiros de tropas ou de poliacutecia) sobre o uso da forccedila somente para apoiar ndash e nunca substituir ndash uma estrateacutegia poliacutetica para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade e para planejar mandatos e operaccedilotildees adequadamente Como parte do diaacutelogo necessaacuterio sobre a utilidade do uso da forccedila a atual avaliaccedilatildeo das operaccedilotildees de paz da ONU oferece uma oportunidade de reconstruir uma linguagem comum sobre o peacekeeping seus princiacutepios e conceitos baacutesicos suas ambiccedilotildees e desafios para as tarefas de proteccedilatildeo das missotildees da ONU especialmente no que diz respeito ao uso da forccedila Os princiacutepios de consentimento imparcialidade e neutralidade atualizados no Relatoacuterio Brahimi para permitir que peacekeepers ajam contra os violadores dos acordos de paz e perpetradores de atrocidades mais uma vez satildeo distorcidos ou parecem irrelevantes em muitas operaccedilotildees A maioria dos peacekeepers

27Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

de hoje servem em situaccedilotildees de conflito ativo como no Mali ou na Repuacuteblica Centro-Africana Peacekeepers da ONU estatildeo conduzindo operaccedilotildees de combate ativo na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Em outros locais os acordos de deacutecadas atraacutes que deram origem a uma missatildeo natildeo incluem as partes que atualmente ameaccedilam ou sequestram peacekeepers como nas Colinas de Golatilde

Enquanto eacute inevitaacutevel que haja certa ambiguidade sobre os princiacutepios o uso ativo da forccedila para proteger civis soacute eacute capaz de apoiar mas nunca substituir uma estrateacutegia poliacutetica63 Onde natildeo haacute uma estrateacutegia poliacutetica realista para chegar agrave paz deve haver pelo menos uma para limitar os riscos aos civis ndash se necessaacuterio um plano que inclua o apoio de forccedilas militares da ONU como na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Estas questotildees devem ser discutidas de forma honesta pelas partes interessadas nas operaccedilotildees de paz da ONU O abismo que separa as partes nestas discussotildees natildeo estaacute entre os ocidentais que apoiam o uso de mais forccedila e os opositores natildeo-ocidentais Atualmente isso acontece entre paiacuteses que contribuem com muitas tropas como Iacutendia e Paquistatildeo preocupados com o aumento dos riscos agraves suas tropas e uma coalisatildeo mais intervencionista de paiacuteses africanos e europeus ocidentais64

A Tomada de Decisotildees sobre Accedilotildees MilitaresO atual sistema de seguranccedila coletiva que tem o Conselho de Seguranccedila na ONU como peccedila central natildeo estaacute agrave altura da tarefa de prover proteccedilatildeo efetiva e responsaacutevel O Conselho eacute incapaz de agir de forma efetiva quando alguns interesses geopoliacuteticos colidem como no caso da Siacuteria Mas ele fracassa ateacute mesmo em situaccedilotildees em que o abuso do argumento humanitaacuterio natildeo estaacute na pauta e os interesses de membros-chave do Conselho estatildeo alinhados ndash como no caso da Repuacuteblica Centro-Africana ou do Sudatildeo do Sul Um Conselho que tem o poder de estabelecer mandatos mobilizar proteccedilatildeo efetiva e limitar o medo do uso abusivo de argumentos humanitaacuterios precisaria ouvir os maiores atores poliacuteticos do mundo moderno os paiacuteses que contribuem com tropas e os financiadores

Tanto a composiccedilatildeo quanto os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila da ONU refletem a ordem mundial dos anos 1940 A fim de manter a credibilidade do sistema de seguranccedila coletiva restaurar a legitimidade do Conselho de Seguranccedila eacute uma questatildeo urgente e de interesse dos cinco membros permanentes Todavia mesmo estando bem fundadas em termos de justiccedila global e em prospectos de longo prazo para a governanccedila global as propostas jaacute existentes para uma expansatildeo do Conselho ou um papel mais proeminente da Assembleia Geral em assuntos de seguranccedila provavelmente natildeo contribuiratildeo para uma proteccedilatildeo mais efetiva contra crimes de atrocidade

Visando o 70o aniversaacuterio da ONU neste ano nossas sugestotildees datildeo ecircnfase agraves mudanccedilas procedimentais e natildeo estruturais do Conselho de Seguranccedila

28Global Public Policy Institute (GPPi)

Os cinco membros permanentes do Conselho de Seguranccedila deveriam dar mais apoio a processos decisoacuterios inclusivos dentro do Conselho e abrir canais informais de consulta sobre mandatos estrateacutegias e operaccedilotildees para todas as partes cruciais em especial potecircncias regionais e grandes colaboradores de pessoal Os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila na ONU limitam severamente seu senso de imparcialidade perante os olhos do mundo Na maioria das crises na Aacutefrica o chamado ldquopenholderrdquo ndash isto eacute o paiacutes responsaacutevel pelo rascunho das resoluccedilotildees do Conselho ndash eacute o antigo Estado colonizador ou os Estados Unidos65 Mesmo sendo uacutetil por dar uma continuidade ao longo dos anos esta organizaccedilatildeo e as relaccedilotildees internas resultantes entre os membros permanentes efetivamente excluem os membros natildeo-permanentes da maior parte das negociaccedilotildees informais onde as decisotildees mais importantes satildeo tomadas

Para que haja uma forma menos exclusiva de tomar decisotildees o precisaria de atores adicionais tanto dentro quanto fora das regiotildees relevantes para desenvolver as capacidades analiacutetica e poliacutetica de cogerenciar de forma construtiva o engajamento do Conselho e as operaccedilotildees de paz ao inveacutes de soacute defender seus proacuteprios interesses Os Estados membros e as organizaccedilotildees da sociedade civil tambeacutem devem continuar as discussotildees sobre um coacutedigo de conduta para limitaccedilatildeo voluntaacuteria do poder de veto em situaccedilotildees de crimes de atrocidade como proposto pelo governo francecircs66

Aleacutem dos procedimentos internos os membros do Conselho devem continuar expandindo as interaccedilotildees informais com as partes relevantes incluindo paiacuteses vizinhos e aqueles que contribuem com pessoal para as operaccedilotildees de paz Isso natildeo precisa se limitar a trocas diplomaacuteticas formais a fim de aumentar a qualidade e aceitaccedilatildeo dos mandatos de peacekeeping os paiacuteses responsaacuteveis pelo rascunho do mandato poderiam incluir a colaboraccedilatildeo de especialistas dos paiacuteses que contribuem com grande nuacutemero de tropas ou de policiais como por exemplo antigos comandantes de tropa ou chefes de poliacutecia67

Atores com credibilidade para fazer conexotildees no debate polarizado sobre intervenccedilatildeo militar devem facilitar os esforccedilos informais para desenvolver um sistema de monitoramento e informaccedilatildeo mais rigoroso para Estados que aderirem agraves missotildees com mandatos da ONUO conceito de Responsabilidade ao Proteger (RwP na sigla em inglecircs) eacute uma das iniciativas mais promissoras para lidar com os desacordos globais sobre o uso abusivo da Responsabilidade de Proteger Quando apresentado pelo Brasil no final de 2011 tal conceito ofereceu uma oportunidade de debate sobre o que poderia ser proteccedilatildeo efetiva e qual deveria ser o papel do uso da forccedila nessa proteccedilatildeo apoacutes a intervenccedilatildeo na Liacutebia quando essas discussotildees estavam extremamente polarizadas68 Apoacutes essa experiecircncia eacute muito improvaacutevel que o Conselho de Seguranccedila futuramente aprove uma resoluccedilatildeo autorizando o uso de forccedilas externas para a proteccedilatildeo com termos tatildeo amplos Com isso a implementaccedilatildeo de algumas ideias da proposta do RwP eacute de interesse de todos os Estados que acreditam que a forccedila deve ser uma ferramenta de uacuteltimo caso disponiacutevel

29Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

agrave comunidade internacional Discussotildees mais profundas satildeo necessaacuterias sobre os criteacuterios e condiccedilotildees considerados para que o Conselho use a forccedila para proteger populaccedilotildees Mesmo que a discussatildeo sobre criteacuterios para o uso da forccedila seja tatildeo antiga quanto a discussatildeo sobre intervenccedilatildeo humanitaacuteria69 todos os Estados membros se beneficiariam de um debate aberto sobre os sucessos e fracassos do uso da forccedila no passado e suas implicaccedilotildees no futuro como supracitado Outra questatildeo mais praacutetica diz respeito a como aumentar a habilidade do Conselho de monitorar aqueles que aderem e executam suas decisotildees Uma sugestatildeo concreta seria adotar elementos do sistema de peacekeeping como relatoacuterios e reuniotildees instrutivas regulares sobre a situaccedilatildeo das delegaccedilotildees para o uso da forccedila por terceiros As resoluccedilotildees poderiam incluir expliacutecitas claacuteusulas de caducidade que obrigariam a aprovaccedilatildeo da extensatildeo do mandato pelo Conselho de Seguranccedila e requerimentos de relatoacuterio regulares e especiacuteficos por parte daqueles Estados membros que aderirem e executarem as decisotildees do oacutergatildeo70 Outra sugestatildeo seria a criaccedilatildeo de mecanismos de responsabilizaccedilatildeo e monitoramento ao criar paineacuteis de especialistas quando os mandatos do Conselho incluiacuterem o uso da forccedila conforme modelo dos comitecircs de sanccedilotildees da ONU Relatoacuterios de comitecircs independentes como esses podem dar origem a uma praacutetica-padratildeo e contribuir para a melhora da qualidade nas decisotildees do Conselho ao longo do tempo seja antes durante ou depois das operaccedilotildees militares71

Potecircncias emergentes e jaacute estabelecidas podem fazer sua parte no avanccedilo das discussotildees sobre as questotildees colocadas pelo RwP Tanto a iniciativa oficial do Brasil quanto a ideia de ldquoProteccedilatildeo Responsaacutevelrdquo colocada por um reconhecido especialista chinecircs72 poderiam ser pontos de partida para discussotildees mais especiacuteficas e operacionais tanto entre os BRICS quanto entre os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila73 Ao inveacutes de rejeitar tais conceitos como sendo ataques agrave Responsabilidade de Proteger as potecircncias ocidentais deveriam ver essas iniciativas como uma oportunidade para um debate construtivo sobre como proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade74

Inserindo a Reflexatildeo e o Aprendizado Constantes em cada Ferramenta PoliacuteticaAinda que haja muita experiecircncia estabelecida com fracassos terriacuteveis e os poucos sucessos qualificados natildeo haacute uma base de conhecimento confiaacutevel sobre como proteger pessoas contra crimes de atrocidade Em geral governos e organizaccedilotildees internacionais continuam tratando cada crise como sendo uacutenica dando pouca atenccedilatildeo agrave reflexatildeo contiacutenua ao aprendizado e agrave adaptaccedilatildeo das poliacuteticas conforme as situaccedilotildees evoluem Os acadecircmicos jaacute aprenderam bem mais sobre o que natildeo funciona em algumas condiccedilotildees do que sobre o que poderia melhorar ndash por um lado porque cada intervenccedilatildeo poliacutetica acontece com contexto proacuteprio e por outro porque resultam de incentivos acadecircmicos e dificuldades de acesso a dados

30Global Public Policy Institute (GPPi)

Governos organizaccedilotildees internacionais sociedade civil e acadecircmicos precisam projetar poliacuteticas que sejam mais adaptaacuteveis ao conhecimento em evoluccedilatildeo e agrave avaliaccedilatildeo de riscos com base em oportunidades internas para reflexatildeo e aprendizado contiacutenuos e colaborativosEnquanto ainda haacute urgecircncia para que medidas sejam tomadas agir de forma responsaacutevel perante tanta incerteza pede que sejamos menos confiantes em nossa habilidade de determinar a melhor poliacutetica possiacutevel para cada situaccedilatildeo Poliacuteticos ativistas e intelectuais devem ser honestos consigo mesmos e transparentes com aqueles que mais sofrem com os impactos dessas poliacuteticas Natildeo haacute soluccedilotildees que tenham sido testadas e comprovadas Tudo que podemos fazer eacute tentar identificar a forma mais responsaacutevel de desenvolver cada caso enquanto nos mantemos preparados e prontos para reagir rapidamente a mudanccedilas e melhorar nossa gama de poliacuteticas instrumentais Este processo experimental de decisatildeo poliacutetica precisa ser constantemente monitorado e avaliado de forma autocriacutetica tanto interna quanto externamente atraveacutes do diaacutelogo franco e honesto entre profissionais sociedades e especialistas externos em todos os niacuteveis desde o monitoramento e avaliaccedilatildeo ateacute os debates mais amplos de poliacutetica puacuteblica sobre a eficaacutecia da forccedila militar e da diplomacia coercitiva na prevenccedilatildeo e resposta a crimes de atrocidade

31Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

1 Como a Genocide Prevention Task Force em um painel fechado de alto-niacutevel nos Estados Unidos apropriadamente argumentou em 2008 Genocide Prevention Task Force lsquoPreventing Genocide A Blueprint for US Policymakersrsquo (Washington DC The American Academy of Diplomacy US Holocaust Memorial Museum US Institute for Peace 2008) Veja tambeacutem Ruben Reike Serena Sharma e Jennifer Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo (Australian Civil-Military Centre e Oxford Institute for Ethics Law and Armed Conflict 2013) 6ff

2 Michael Ignatieff lsquoThe Libya Case a Teachable Momentrsquo Suddeutsche Zeitung Special Supplement http wwwamericanacademydesitesdefaultfilesuploadMSC202012pdf 3 de fevereiro de 2012 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 David Bosco lsquoAbstention Games on the Security Councilrsquo Foreign Policy httpforeignpolicy com20110317abstention-games-on-the-security-council 17 de marccedilo de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

3 Kofi A Annan lsquoTwo Concepts of Sovereigntyrsquo The Economist httpwwweconomistcomnode324795 16 de setembro de 1999 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

4 Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Conflict Security and Development 144 2014 Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

5 Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

6 Rosa Brooks lsquoThe UN Security Council and Civilian Protectionrsquo in Jared Genser e Bruno Ugarte eds The UN Security Council in the Age of Human Rights (New York Cambridge University Press 2013) 12 Sobre a base global para as normas de proteccedilatildeo veja Charles Sampford lsquoA Tale of Two Normsrsquo em Angus Francis Vesselin Popovski e Charles Sampford eds Norms of Protection Responsibility to Protect Protection of Civilians and Their Interaction (United Nations University Press 2012) Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

7 Para uma visatildeo geral do posicionamento do Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia e Aacutefrica do Sul sobre R2P veja os artigos na ediccedilatildeo especial de Conflict Security and Development Brockmeier Kurtz e Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Jaganathan e Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Julian Junk lsquoThe Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Xymena Kurowska lsquoMultipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Lui Tiewa e Zhang Haibin lsquoDebates in China About the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessmentrsquo Conflict Security and Development 2014 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Verhoeven Murthy e Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang Reinicke lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo ediccedilatildeo especial (144) de Conflict Security and Development (London Taylor amp Francis 2014)

8 CSR Murthy e Gerrit Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo Global Society em revisatildeo

9 Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo Global Society em revisatildeo Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo Global Society em revisatildeo

10 Judi Atkins Justifying New Labour Policy (Houndmills Basingstoke Hampshire New York Palgrave Macmillan 2011) 163 Veja por exemplo Stuenkel e Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Erna Burai lsquoParody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian Warrsquo Global Society em revisatildeo

Notas

32Global Public Policy Institute (GPPi)

11 Roland Paris lsquoThe ldquoResponsibility to Protectrdquo and the Structural Problems of Preventive Humanitarian Interventionrsquo International Peacekeeping 215 2014 4

12 Ramesh Thakur lsquoR2Prsquos ldquoStructuralrdquo Problems A Response to Roland Parisrsquo International Peacekeeping 2015 5

13 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

14 Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo Global Society em revisatildeo

15 Julian Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo Global Society em revisatildeo Julian Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo Global Society em revisatildeo

16 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

17 Erna Burai lsquoAfrican Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Groundrsquo Global Society em revisatildeo

18 Ambos os debates em torno das propostas brasileiras de Responsabilidade ao Proteger e o Diaacutelogo Interativo Informal da Assembleia Geral sobre Responsabilidade de Proteger e ldquoAccedilatildeo oportuna e decisivardquo em 2012 constituiacuteram tentativas de defensores de R2P se envolverem em discussotildees sobre o uso da forccedila e R2P Para acessar uma coleccedilatildeo de discursos durante a Assembleia Geral de 2012 veja httpwwwglobalr2porgresources278

19 Sarah Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo em Mary Kaldor e Iavor Rangelov eds The Handbook of Global Security Policy (Chichester West Sussex Wiley Blackwell 2014) 225

20 Alastair Iain Johnston lsquoThinking About Strategic Culturersquo International Security 194 1995 46

21 Pessimismo sobre a eficaacutecia da forccedila no entanto natildeo eacute o mesmo de promover a natildeo-violecircncia Alguns dos maiores defensores do ceticismo em relaccedilatildeo agraves forccedilas militares para proteccedilatildeo frequentemente recorrem a forccedilas militares ou quase militares no acircmbito domeacutestico

22 Otto Bakkano lsquoAU Pushes for Ceasefire Political Solution in Libyarsquo Mail amp Guardian httpmgcoza article2011-05-26-au-pushes-for-ceasefire-political-solution-in-libya 26 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Guido Westerwelle lsquoBundesminister Westerwelle Statement vom 25032011 zu Syrien Jemen Israel und dem Gaza-Streifen Sowie Libyenrsquo Auswartiges Amt httpwwwbrasildiplodeVertretung brasiliende07__AussenpolitikReden_20des_20Au_C3_9FenministersStatemente_20Syrienhtml 25 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

23 Barack Obama David Cameron e Nicolas Sarkozy lsquoLibyarsquos Pathway to Peacersquo The International Herald Tribune httpwwwnytimescom20110415opinion15iht-edlibya15html 15 de abril de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Reuters lsquoKerry Insists No Place for Assad in Syriarsquos Futurersquo Reuters httpwwwreuters comarticle20140117us-syria-crisis-kerry-idUSBREA0G14A20140117 17 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

24 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

25 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

26 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

27 Kersti Larsdotter lsquoExploring the Utility of Armed Force in Peace Operations German and British Approaches in Northern Afghanistanrsquo Small Wars and Insurgencies 193 2008 Taylor B Seybolt Humanitarian Military Intervention The Conditions for Success and Failure (Oxford Oxford University Press 2008) Rupert Smith The Utility of Force The Art of War in the Modern World (London Allen Lane 2005) Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

28 UN Department of Peacekeeping Operations e UN Department of Field Support lsquoOperational Concept on the Protection of Civilians in United Nations Peacekeeping Operationsrsquo (New York 2010) Sarah Sewall Dwight Raymond e Sally Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook (Cambridge MA Harvard Kennedy School 2010)

29 Harry Verhoeven documenta o exemplo de um diplomata chinecircs que ldquopensava que o Ocidente tinha inventado os Janjaweed [miliacutecias proacute- governo em Darfur] como uma desculpa para intervir Mas eles eram de verdade e matavam pessoasrdquo Harry Verhoeven lsquoIs Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa Is Changing Chinarsquo The Washington Quarterly 372 2014 64

33Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

30 BS Chimni lsquoFor Epistemological and Prudent Internationalismrsquo Harvard Law School Human Rights Journal novembro 2012 Greg Simons lsquoThe International Crisis Group and the Manufacturing and Communicating of Crisesrsquo Third World Quarterly 354 2014 Ramesh Thakur lsquoIs the United Nations Racistrsquo The Hindu httpwwwthehinducomopinionleadis-the-united-nations-racistarticle4928624ece 19 de julho de 2013 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

31 Ambassador Liu Zhenmin lsquoStatement by Ambassador Liu Zhenmin at the Plenary Session of the General Assembly on the Question of ldquoResponsibility to Protectrdquorsquo httpresponsibilitytoprotectorgStatement20 by20Ambassador20Liu20Zhenminpdf 24 de julho de 2009 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Zhang Haibin e Lui Tiewa lsquoRealizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and Thereafterrsquo Global Society em revisatildeo

32 Conversa com uma seacuterie de especialistas indianos em evento na Jawaharlal Nehru University (Nova Deacuteli Iacutendia) no dia 21 de Janeiro de 2015

33 IRIN lsquoA New Start for Crisis Reportingrsquo IRIN httpnewirinirinnewsorgpress-release 20 de novembro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34 Veja por exemplo Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoReport of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on United Nations Action in Sri Lankarsquo (New York United Nations 2012)

35 Um bom exemplo foi o briefing do Assessor Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedio para o Conselho de Seguranccedila da ONU depois de sua visita agrave Repuacuteblica Centro-Africana no dia 22 de janeiro de 2014 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoThe Statement of under Secretary-GeneralSpecial Adviser on the Prevention of Genocide Mr Adama Dieng on the Human Rights and Humanitarian Dimensions of the Crisis in the Central African Republicrsquo httpwwwunorgenpreventgenocideadviserpdfSAPG20Statement20at20UNSC20 on20the20situation20in20CAR-202220Jan202014pdf 22 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

36 Morten Bergsmo Quality Control in Fact-Finding (Florence Torkel Opsahl Academic EPublisher 2013) 210

37 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoRights up Front A Plan of Action to Strengthen the UNrsquos Role in Protecting People in Crises Follow-up to the Report of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on UN Action in Sri Lankarsquo (New York 2013)

38 Veja tambeacutem futura publicaccedilatildeo do GPPi Gerrit Kurtz lsquoA New Tool for Civilian Protection - the Human Rights up Front Initiative of the United Nationsrsquo GPPi Policy Brief futura publicaccedilatildeo

39 Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo

40 Jose Ramos-Horta lsquoIndia Right in Asking for More Say in Peacekeeping Operations-Related Decisions Top UN Panel Chiefrsquo Hindustan Times httpwwwhindustantimescomindia-newsindia-right-in-asking- for-more-say-in-peacekeeping-operations-related-decisions-top-un-panel-chiefarticle1-1314354aspx 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 13 de marccedilo de 2015

41 Thomas Biersteker et al lsquoThe Effectiveness of UN Targeted Sanctions - Findings from the Targeted Sanctions Consortium (TSC)rsquo The Graduate Institute Geneva 2013

42 Kirsten Ainley lsquoThe Responsibility to Protect and the International Criminal Court Counteracting the Crisisrsquo International Affairs 911 2015

43 Para distinccedilatildeo entre atividades ldquosistecircmicasrdquo e ldquodirecionadasrdquo veja Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

44 Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo Global Society em revisatildeo

45 Verhoeven e Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo 8 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann lsquoSchutz und Verantwortung Uber die US- Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltatenrsquo (2013)

46 Mike Brand lsquoEmploying lsquoPreventionrsquo to Prevent Mass Atrocitiesrsquo Saferworld httpwwwsaferworldorguk news-and-viewscomment123-employing-apreventiona-to-prevent-mass-atrocities 25 de fevereiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Warren Strobel e Louis Charbonneau lsquoUS Was Slow to Lose Patience as South Sudan Unraveledrsquo Reuters 14 de janeiro de 2014

47 Adam Lupel lsquoUN Adviser on Prevention of Genocide ldquoWe Have to Make Sure the Security Council Actsrdquorsquo httptheglobalobservatoryorg201404un-adviser-on-prevention-of-genocide-we-have-to-make-sure- security-council-acts 28 de abril de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34Global Public Policy Institute (GPPi)

48 Office for the Coordination of Humanitarian Affairs lsquoHumanitarian Bulletin Syriarsquo Humanitarian Bulletin Issue 53 httpreliefwebintsitesreliefwebintfilesresourcesBulletin_no_53_17032015_final_01pdf 1 de fevereiro - 18 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

49 Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

50 Human Rights Watch lsquoGermany QampA on Trial of Two Rwandan Rebel Leadersrsquo httpwwwhrworgde news20110502germany-qa-trial-two-rwandan-rebel-leaders 2 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 23 de marccedilo de 2015

51 Eric Lichtblau lsquoUS Seeks to Deport Bosnians over War Crimesrsquo New York worldus-seeks-to-deport-bosnians-over- Times httpwwwnytimescom20150301war-crimeshtml 28 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

52 Para um argumento similar observando o envolvimento internacional com a Liacutebia em 2015 veja International Crisis Group lsquoLibya Getting Geneva Rightrsquo International Crisis Group Middle East and North Africa Report Nr 157 2015

53 Kurtz e Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo

54 Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo

55 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

56 Alex J Bellamy e Charles T Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo (Asia- Pacific Centre for the Responsibility to Protect 2010) Alex J Bellamy The Responsibility to Protect A Defense (Oxford Oxford University Press 2014)

57 Ashley Jackson lsquoProtecting Civilians The Gap between Norms and Practicersquo (Humanitarian Policy Group 2014)

58 Isso jaacute foi escrito em 2009 no relatoacuterio ldquoNew Horizonrdquo do DPKO ldquoO descompasso entre expectativas e capacidade de promover proteccedilatildeo abrangente criou um significante desafio de credibilidade para as operaccedilotildees de paz da ONUrdquo Department of Peacekeeping Operations lsquoA New Partnership Agenda Charting a New Horizon for UN Peacekeepingrsquo (New York 2009) 20

59 Compare United Nations lsquoFinal Report of the Expert Panel on Technology and Innovation in UN Peacekeepingrsquo httpwwwperformancepeacekeepingorgofflinedownloadpdf 22 de dezembro de 2014

60 Compare United States Mission to the United Nations lsquoRemarks on Peacekeeping in Brussels by Samantha Power US Permanent Representative to the United Nationsrsquo httpusunstategovbriefing statements238660htm 9 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

61 Bellamy and Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo 23-24 Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

62 Isso poderia se basear no Mass Atrocities Response Operations project do US Armyrsquos Peacekeeping and Stability Operations Institute e do Harvard Kennedy Schoolrsquos Carr Center for Human Rights Veja Sewall Raymond e Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook

63 Mats Berdal e David H Ucko lsquoThe United Nations and the Use of Force Between Promise and Perilrsquo Journal of Strategic Studies 375 2014

64 Veja tambeacutem os resultados de um projeto do SIPRI sobre o futuro das operaccedilotildees de paz Jair van der Lijn e Xenia Avezov lsquoThe Future Peace Operations Landscape - Voices from Stakeholders around the Globe - Final Report of the New Geopolitics of Peace Operations Initiativersquo Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) janeiro de 2015

65 Security Council Report lsquoChairs of Subsidiary Bodies and Penholders for 2015rsquo httpwwwsecuritycouncilreportorgmonthly-forecast2015-02chairs_of_subsidiary_bodies_and_penholders_ for_2015php 30 de janeiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

66 Gareth Evans lsquoLimiting the Security Council Vetorsquo Project Syndicate httpwwwproject-syndicateorg commentarysecurity-council-veto-limit-by-gareth-evans-2015-02 4 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Kofi Annan e Gro Harlem Brundtland lsquoFour Ideas for a Stronger UNrsquo The New York Times httpwwwnytimescom20150207opinionkofi-annan-gro-harlem-bruntland-four-ideas-for-a-stronger- unhtml_r=0 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

67 Conversa com ex-comandantes militares Nova Deacuteli janeiro de 2015

68 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

35Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

69 Ibid Murthy e Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo

70 Compare tambeacutem com Bellamy The Responsibility to Protect A Defense 200

71 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

72 Ruan Zongze lsquo阮宗泽中国应倡导ldquo负责任的保护rdquo- ( China deveria defender a Proteccedilatildeo Responsaacutevel)rsquo Global Times (ediccedilatildeo chinesa) httpopinionhuanqiucom11522012-032501163html uacuteltimo acesso em 7 de marccedilo de 2012

73 Andrew Garwood-Gowers lsquoChinarsquos ldquoResponsible Protectionrdquo Concept Re-Interpreting the Responsibility to Protect (R2P) and Military Intervention for Humanitarian Purposesrsquo Asian Journal of International Law disponiacutevel em CJO2015 2015

74 Thorsten Benner lsquoBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiativersquo GPPi Working Paper Series 2013

36Global Public Policy Institute (GPPi)

Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang 4 n 4 2014) A ediccedilatildeo especial conteacutem os seguintes artigos todos disponiacuteveis gratuitamente online Introduction Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier

Regulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protect por Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

Debates in China about the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessment por Liu Tiewa e Zhang Haibin

Emerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protect por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk

Singing the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protect por Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz

Multipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protect por Xymena Kurowska

ldquoOur Identity is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Intervention por Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira

The Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protect por Julian Junk

Em breve laccedilaremos uma ediccedilatildeo especial na Global Society os seguintes artigos que estatildeo atualmente em processo de revisatildeo To Intervene in Darfur or Not Re-examining the R2P Debate and its Impacts por Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira

International Responsibility as Solidarity the Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectory por CSR Murthy e Gerrit Kurtz

Bringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenya por Julian Junk

Testing Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2P por Julian Junk

Parody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian War por Erna Burai

Protection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009 por Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan

Realizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and thereafter por Zhang Haibin e Liu Tiewa

The Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protection por Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

African Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Ground por Erna Burai

Responsibility While Protecting and the Ethics of R2P Implementation por Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier

Outras publicaccedilotildees relacionadasBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiative por Thorsten Benner Seacuterie de Working Papers do GPPi 2013

O Brasil como um Empreendedor Normativo a Responsabilidade ao Proteger por Thorsten Benner Politica Externa v 21 n 4 2013 p 35-46

Germany and the Intervention in Libya por Sarah Brockmeier Survival Global Politics and Strategy v55 n6 2013 p 63ndash90

Schutz und Verantwortung Uber die US-Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltaten por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann Heinrich Boll Foundation June 2013

Internationale Schutzverantwortung - Normative Erwartungen und Politische Praxis por Christopher Daase e Julian Junk (orgs) Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n 1-2 2013

Die Legalisierung der Legitimitat ndash Zur Kritik der Schutzverantwortung als Emerging Norm por Christopher Daase Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n1-2 2013 p 41-62

Emerging Power Exceptional State Elusive Country Explaining Indiarsquos Behavior por Madhan Mohan Jaganathan (com Amna Sunmbul) Proceedings of the International Conference on Social Sciences Chennai 2013 p 308-311

A New Tool for Civilian Protection - The Human Rights up Front Initiative of the United Nations por Gerrit Kurtz GPPi Policy Brief lanccedilamento em breve

Indiarsquos Approach to the Protection of Civilians in Armed Conflicts por CSR Murthy Norwegian Peacebuilding Resource Centre novembro de 2012

Contemporary World Order and Approaches to UN Peacekeeping A South Asian Perspective por CSR Murthy Friedrich Ebert Foundation dezembro de 2012

India-Brazil-South Africa Dialogue Forum (IBSA) The Rise of the Global South por Oliver Stuenkel Routledge Global Institutions 2014

The BRICS and the Future of Global Order por Oliver Stuenkel Lexington Press 2015

The BRICS and the Future of R2P Was Syria or Libya the Exception por Oliver Stuenkel Global Responsibility to Protect v6 n 1 2014 p 3-28

China and Responsibility to Protect Maintenance and Change of its Policy for Intervention por Liu Tiewa The Pacific Review v 25 v1 2012 p 153-173

Is China Like the Other Permanent Members Governmental and Academic Debates about RtoP by Liu Tiewa in Moacutenica Serrano e Thomas G Weiss (orgs) Rallying to the RtoP Cause The International Politics of Human Rights Routledge 2014 p 148-170

Chinese Strategic Culture and the Use of Force Moral and Political Perspectives por Liu Tiewa Journal of Contemporary China v23 n87 2014 p 556-574

Is Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa is Changing China por Harry Verhoeven The Washington Quarterly vol37 n2 2014 p 55-70

Publicaccedilotildees Selecionadas

37Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

AutoresThorsten BennerGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Sarah Brockmeier Global Public Policy InstituteBerlin Germany

Erna BuraiCentral European UniversityBudapest Hungary

CSR MurthyJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Christopher DaasePeace Research InstituteFrankfurt Germany

J Madhan MohanJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Julian JunkPeace Research InstituteFrankfurt Germany

Xymena KurowskaCentral European UniversityBudapest Hungary

Gerrit KurtzGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Liu TiewaPeking University China

Wolfgang ReinickeGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Philipp RotmannGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Ricardo Soares de OliveiraOxford UniversityUnited Kingdom

Matias SpektorFundaccedilatildeo Getulio VargasRio de Janeiro Brazil

Oliver StuenkelFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Marcos TourinhoFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Harry VerhoevenOxford UniversityUnited Kingdom

Zhang HaibinPeking UniversityChina

Global Public Policy Institute (GPPi)Reinhardtstr 7 10117 Berlin GermanyPhone +49 30 275 959 75-0Fax +49 30 275 959 75-99gppigppinet

gppinetglobalnormsnet

4Global Public Policy Institute (GPPi)

fim de possibilitar a proteccedilatildeo mais efetiva e responsaacutevel no futuro Esse debate deve ser sobre a efetividade do uso da forccedila na proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade as suas chances de fazer mais bem do que mal e os seus sucessos e fracassos do passado

A fim de contribuir com o progresso desses debates traccedilamos sugestotildees de poliacuteticas em cinco aacutereas-chave

Reduzir a vulnerabilidade das fontes de informaccedilatildeo a acusaccedilotildees de parcialidade Um desafio crucial para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade tem sido as acusaccedilotildees de parcialidade sobre o tipo e interpretaccedilatildeo das informaccedilotildees sobre as atrocidades que satildeo veiculadas pelos governos pela miacutedia ou por grupos da sociedade civil Fica a cargo das grandes empresas de miacutedia e filantropos em especial nas potecircncias emergentes investir em fontes de informaccedilatildeo e anaacutelises independentes e criacuteveis sobre conflitos e direitos humanos Ao mesmo tempo os Estados membros a sociedade civil e as organizaccedilotildees regionais devem melhorar a capacidade da ONU de descobrir fatos e coletar informaccedilotildees de maneira independente

Utilizar ferramentas diplomaacuteticas e civis antecipadamente de forma justa e estrateacutegica Apesar do consenso internacional que atrocidades devem ser evitadas pelo uso sustentaacutevel e antecipado de uma variedade de ferramentas civis a comunidade internacional foi inuacutemeras vezes incapaz de usar tais ferramentas de forma antecipada e decisiva Para que haja progresso na proteccedilatildeo efetiva os Estados membros da ONU em especial as potecircncias emergentes precisam combinar seus compromissos retoacutericos com a vontade poliacutetica e os investimentos necessaacuterios em mais capacidades e ideias Em seus esforccedilos para a prevenccedilatildeo de atrocidades os tomadores de decisatildeo devem impor a todos os atores de um conflito os mesmos padrotildees de comportamento Os governos devem dar prioridade agrave detenccedilatildeo e ao julgamento dos perpetradores de crimes de atrocidade em suas jurisdiccedilotildees e assim como a sociedade civil que defende o conceito do R2P serem cautelosos ao pedir que o Conselho de Seguranccedila da ONU enfrente uma crise emergente

Habilitar Missotildees de Paz da ONU para oferecerem proteccedilatildeo criacutevel Atender a pelo menos um niacutevel moderado de expectativas na proteccedilatildeo por peacekeepers de populaccedilotildees contra crimes de atrocidade requer investimentos adicionais em capacitaccedilatildeo doutrina e treinamento Faz-se necessaacuteria tambeacutem uma reflexatildeo sobre como usar peacekeeping de uma forma mais efetiva em conjunto com instrumentos poliacuteticos Para manter o fraacutegil equiliacutebrio entre os paiacuteses que contribuem com tropas (em sua maioria da Aacutefrica e Aacutesia) os que as financiam (em sua maioria da Europa e da Ameacuterica do Norte) e os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila que estabelecem os mandatos o sistema exige uma melhora na qualidade das contribuiccedilotildees para as tropas das operaccedilotildees de paz (blue-helmet) inclusive por intermeacutedio de uma divisatildeo de trabalho mais justa e equilibrada

Trabalhar para um processo decisoacuterio mais inclusivo sobre accedilotildees militares Um Conselho que eacute capaz tanto de determinar e mobilizar para uma proteccedilatildeo efetiva quanto de limitar o temor sobre o abuso dos discursos humanitaacuterios precisaraacute considerar as opiniotildees de todos os grandes atores poliacuteticos do mundo atual dentre eles os paiacuteses que contribuem com tropas e os grandes financiadores das operaccedilotildees de paz Os cinco membros permanentes do Conselho de Seguranccedila devem apoiar portanto a reforma dos meacutetodos de trabalho do Conselho para que o processo decisoacuterio se torne mais inclusivo e participativo Aleacutem disso todos os Estados membros devem se engajar mais nas discussotildees sobre o sistema de monitoramento e reporting dos Estados que

5Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

implementam missotildees com mandatos da ONU levando em consideraccedilatildeo as questotildees levantadas durante a intervenccedilatildeo na Liacutebia e na proposta da Responsabilidade ao Proteger

Desenvolver a reflexatildeo e o aprendizado constantes em todas as ferramentas poliacuteticas Ainda que haja um grande nuacutemero de experiecircncias fracassadas e poucos casos bem sucedidos natildeo existe uma base de conhecimento confiaacutevel sobre como proteger pessoas contra crimes de atrocidade Considerando toda essa incerteza um processo responsaacutevel de policy-making requer que os governos as organizaccedilotildees internacionais a sociedade civil e o mundo acadecircmico criem poliacuteticas que sejam mais adaptaacuteveis ao conhecimento em evoluccedilatildeo e agrave avaliaccedilatildeo dos riscos com base em oportunidades internas para reflexatildeo e aprendizado contiacutenuos e colaborativos

6Global Public Policy Institute (GPPi)

Para aleacutem dos ldquoOcidentaisrdquo e os ldquoDemaisrdquo O Futuro do R2P 7Resumo 8Resultados de Pesquisa Legados Retoacutericos e Debates Construtivos 10O que eacute Indiscutiacutevel Proteccedilatildeo Contra Crimes de Atrocidade Requer Accedilatildeo Internacional 11O que Ainda eacute Discutiacutevel Como Proteger de Forma Responsaacutevel e Efetiva 12A Controveacutersia Mais Profunda a Forccedila Pode Proteger 14

Opccedilotildees Poliacuteticas para Proteccedilatildeo Mais Efetiva e Responsaacutevel 17Reduzindo a Vulnerabilidade das Fontes de Informaccedilatildeo perante Acusaccedilotildees de Parcialidade 17Usando Ferramentas Diplomaacuteticas e Civis De Forma Antecipada Justa e Estrateacutegica 20Possibilitando que as Missotildees de Paz da ONU Ofereccedilam Proteccedilatildeo Criacutevel 23A Tomada de Decisotildees sobre Accedilotildees Militares 27Inserindo a Reflexatildeo e o Aprendizado Constantes em cada Ferramenta Poliacutetica 29

Notas 31

Publicaccedilotildees Selecionadas 36

Autores 37

Iacutendice

7Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Uma deacutecada apoacutes a adoccedilatildeo pelas Naccedilotildees Unidas do princiacutepio da Responsabilidade de Proteger (R2P) pessoas contra crimes atrozes os histoacutericos das iniciativas mundiais de proteccedilatildeo de indiviacuteduos continuam preocupantes Em 1948 o mundo se comprometeu a

ldquonunca maisrdquo permitir genociacutedios poreacutem por diversas vezes desde entatildeo natildeo cumpriu sua promessa perante tantas viacutetimas de genociacutedio e de atrocidades em massa ndash incluindo Bangladesh em 1971 Camboja em 1978 Ruanda em 1994 e tambeacutem Srebrenica em 1995 uma cataacutestrofe que completou vinte anos em 2015

Enquanto isso milhares de pessoas na Repuacuteblica Centro-Africana Repuacuteblica Democraacutetica do Congo (RDC) Iraque Sudatildeo do Sul Siacuteria e em vaacuterios outros locais sofrem com crimes contra a humanidade crimes de guerra e limpezas eacutetnicas exatamente as violaccedilotildees previstas no compromisso da Responsabilidade de Proteger Em marccedilo de 2011 a ameaccedila iminente de assassinatos em massa de civis na cidade Liacutebia de Bengazi impeliu uma intervenccedilatildeo militar que provavelmente salvou muitas vidas de um massacre Contudo a coalisatildeo liderada pela OTAN optou por uma missatildeo para mudar o regime poliacutetico e seus aliados locais mergulharam o paiacutes em um caos violento que jaacute transbordou suas fronteiras e causou muitas fatalidades Isso aumentou as preocupaccedilotildees sobre o uso abusivo da doutrina do R2P pelas grandes potecircncias assim como sobre o resultado violento das intervenccedilotildees militares Na Siacuteria milhares de civis morreram e milhotildees sofriam enquanto o Conselho de Seguranccedila vivia um impasse poliacutetico Mesmo nos locais em que haacute consenso global para accedilatildeo ndash no Sudatildeo do Sul na Repuacuteblica Centro-Africana ou no norte do Iraque ndash governos e organizaccedilotildees internacionais com frequecircncia tecircm accedilotildees lentas ou ineficazes Isso eacute ainda mais traacutegico porque existe um potencial para accedilotildees que preveniriam crimes atrozes em massa Usar atrocidades como arma de guerra ou instrumento poliacutetico requer planejamento sistemaacutetico e organizaccedilatildeo e estes processos podem ser identificados e interrompidos com accedilotildees cuidadosas e determinadas A mobilizaccedilatildeo internacional tem um papel crucial no alcance de tal objetivo1

Se acreditarmos nos analistas o futuro da proteccedilatildeo contra atrocidades parece ainda pior do que o presente Muitos demostram desesperanccedila perante a ascensatildeo de potecircncias cujas elites se socializaram em oposiccedilatildeo agrave ordem liderada pelo Ocidente que deu origem agrave Responsabilidade de Proteger Previsotildees proeminentes descrevem potecircncias emergentes se opondo ao R2P e com isso acredita-se que nas palavras de Michael Ignatieff ldquoa resistecircncia desses paiacuteses a intervenccedilotildees se torne cada vez mais influenterdquo2

Mesmo que a imagem desoladora do fracasso esteja correta a avaliaccedilatildeo subjacente do impasse global entre os intervencionistas ldquoOcidentaisrdquo e os ldquodemaisrdquo fieacuteis da soberania com um desequiliacutebrio pendendo para este uacuteltimo eacute equivocada em dois

Para aleacutem dos ldquoOcidentaisrdquo e os ldquoDemaisrdquo O Futuro do R2P

8Global Public Policy Institute (GPPi)

aspectos criacuteticos identifica erroneamente o nuacutecleo do conflito poliacutetico e eacute incapaz de se engajar de forma seacuteria com os desafios praacuteticos da proteccedilatildeo contra crimes atrozes Essas conclusotildees satildeo embasadas por dois anos de pesquisas sobre as origens histoacutericas culturais e institucionais de como Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia Aacutefrica do Sul e os Estados Unidos se engajaram no debate sobre a Responsabilidade de Proteger entre 2005 e 2014 e como os conflitos sobre sua aplicabilidade em grandes crises moldaram as expectativas globais da proteccedilatildeo contra atrocidades

Deixar para traacutes os antigos debates sobre soberania e se concentrar naqueles que satildeo relevantes na atualidade gera potencial para um debate mais construtivo que trate das dificuldades e dilemas da proteccedilatildeo aleacutem de buscar soluccedilotildees efetivas e responsaacuteveis

Nossa pesquisa se concentrou nos crimes que se encaixam na definiccedilatildeo da Responsabilidade de Proteger segundo a Cuacutepula Mundial de 2005 genociacutedios crimes contra a humanidade crimes de guerra e limpezas eacuteticas (coletivamente aqui referidos como crimes atrozes) Devido agrave grande escala de sofrimento humano em todo o mundo os tomadores de decisatildeo precisam priorizar seus recursos e atenccedilatildeo tanto entre as diversas crises quanto dentro de cada uma delas Natildeo haacute duacutevidas de que isso eacute difiacutecil Mas por essa mesma razatildeo eacute necessaacuterio fazecirc-lo pois nem todas as violaccedilotildees de direitos humanos devem dar origem aos perigosos debates sobre meios de proteccedilatildeo coercitivos e militares que satildeo intriacutensecos ao R2P

Acreditamos ser crucial manter um profundo senso de humildade em relaccedilatildeo agrave capacidade internacional de oferecer proteccedilatildeo contra estes crimes Atores locais tecircm muito mais poder sobre esta dinacircmica Mesmo quando as medidas satildeo cuidadosamente calculadas para cada contexto as influecircncias externas nunca seratildeo capazes de provocar mais do que uma mudanccedila no equiliacutebrio ndash e para que isso aconteccedila eacute necessaacuterio mais do que os esforccedilos de governos e organizaccedilotildees internacionais mas tambeacutem da sociedade civil do setor privado e particularmente da miacutedia Os resultados da nossa pesquisa e as nossas sugestotildees sobre accedilotildees internacionais que previnam atrocidades devem ser compreendidas levando estas preocupaccedilotildees em consideraccedilatildeo

ResumoNas paacuteginas a seguir delimitamos em duas partes os nossos resultados de pesquisa e as suas implicaccedilotildees sobre as poliacuteticas Na primeira parte apresentamos detalhadamente os nossos resultados Argumentamos que as discussotildees mais importantes sobre a proteccedilatildeo contra crimes atrozes acontecem principalmente com relaccedilatildeo a duas questotildees o uso abusivo dos argumentos humanitaacuterios (proteccedilatildeo responsaacutevel) e o funcionamento da accedilatildeo internacional de proteccedilatildeo (proteccedilatildeo efetiva) Noacutes argumentamos que quando a segunda questatildeo eacute discutida a comunidade internacional e os que advogam pela R2P natildeo devem se intimidar frente ao aspecto mais controverso destas duas perguntas Quando e como a forccedila eacute capaz de proteger se ela for capaz Na segunda parte oferecemos opccedilotildees poliacuteticas para ilustrar formas praacuteticas de proteger de maneira mais efetiva e responsaacutevel

9Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

PROJETO DE PESQUISA

A Evoluccedilatildeo da Norma Global e a Responsabilidade de Proteger

Como uma equipe de pesquisadores acadecircmicos e think-tankers localizados em Pequim Berlim Budapeste Deacutelhi Frankfurt Oxford Rio de Janeiro e Satildeo Paulo analisamos a evoluccedilatildeo global da proteccedilatildeo contra atrocidades com foco em R2P durante a uacuteltima deacutecada Perguntamo-nos como e por que Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia Aacutefrica do Sul e os Estados Unidos se envolveram com tais ideias em referecircncia a suas histoacuterias culturas e poliacuteticas domeacutesticas Publicamos as descobertas em uma ediccedilatildeo especial com acesso gratuito da publicaccedilatildeo ldquoConflict Security and Development (ldquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrdquo)

Depois examinamos como debates especiacuteficos moldaram as expectativas futuras globais sobre a proteccedilatildeo contra atrocidades A maior parte destes debates tem foco em reaccedilotildees internacionais a crimes atrozes praticados em determinados locais ndash Darfur Quecircnia Mianmar Geoacutergia Sri Lanka Liacutebia e Costa do Marfim enquanto outros tratam da ideia do R2P e sua implementaccedilatildeo de formas mais abstratas Estas descobertas seratildeo publicadas posteriormente em 2015 e tambeacutem estaratildeo disponiacuteveis para download gratuito em wwwglobalnormsnet

De forma geral conduzimos mais de 250 entrevistas com poliacuteticos diplomatas acadecircmicos e atores da sociedade civil em 20 paiacuteses e ateacute o momento publicamos 25 artigos ou estudos

Neste trabalho agradecemos o generoso apoio da Fundaccedilatildeo Volkswagen como parte de seu programa ldquoDesafios Europeus e Globaisrdquo em cooperaccedilatildeo com Riksbankens Jubileumsfond e Compagnia di San Paolo

Patrocinadores

Parceiros

10Global Public Policy Institute (GPPi)

ldquoAssim como aprendemos que o mundo natildeo pode se abster enquanto violaccedilotildees brutais e sistemaacuteticas dos direitos humanos acontecem tambeacutem aprendemos que se o objetivo for conseguir o apoio sustentado da populaccedilatildeo mundial a intervenccedilatildeo tem que estar baseada em princiacutepios legiacutetimos e universaisrdquo

Kofi Annan Dois Conceitos de Soberania (1999)3

Justa ou injustamente as elites poliacuteticas na maior parte dos paiacuteses acreditam que a Responsabilidade de Proteger estaacute intrinsicamente ligada agrave pouca consideraccedilatildeo dada pelos mais poderosos aos princiacutepios do direito internacional e a um ldquocomplexo brancordquo de ldquosalvador da paacutetriardquo Por outro lado a oposiccedilatildeo agrave Responsabilidade de Proteger eacute vista comumente como uma insistecircncia ciacutenica da soberania em face ao sofrimento humano ou como uma equivocada solidariedade do Sul Global com regimes repressivos 4

Tais caricaturas satildeo legados da batalha retoacuterica dos anos 1990 Associar o desafio da proteccedilatildeo contra atrocidades agrave soluccedilatildeo da intervenccedilatildeo ndash como feito por Kofi Annan em seu famoso discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU de 1999 ndash eacute macular o primeiro com a carga poliacutetica e histoacuterica do segundo Ao tratar diretamente essa carga Annan endossou uma tentativa de redefinir o conceito de soberania de forma a tirar ecircnfase da proteccedilatildeo coletiva do Estado perante a dominaccedilatildeo externa e a favor da proteccedilatildeo do indiviacuteduo contra danos e ameaccedilas Mas tal ideia de ldquosoberania como responsabilidaderdquo teve efeito contraacuterio ao esperado natildeo somente porque permitiu que intervencionistas ansiosos determinassem de forma seletiva atores que exerciam soberania ldquoresponsaacutevelrdquo ou ldquoirresponsaacutevelrdquo mas tambeacutem que definissem a intervenccedilatildeo como sendo a escolha responsaacutevel Entretanto o argumento moralista intervencionista se tornou hipoacutecrita quando usado por governos cujos histoacutericos de comportamento internacional responsaacutevel natildeo eram tatildeo brilhantes assim Como resultado esta linha de debate arruinou muitas discussotildees sobre a proteccedilatildeo contra crimes atrozes nos anos apoacutes a crise do Kosovo e a invasatildeo do Iraque liderada pelos EUA5

Em nossas pesquisas descobrimos que este debate pernicioso perdeu gradualmente a maior parte de sua relevacircncia poliacutetica na uacuteltima deacutecada em meio agraves controveacutersias sobre a inclusatildeo da Responsabilidade de Proteger no documento final da Cuacutepula Mundial de 2005 e sobre a autorizaccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila para uso

Resultados de Pesquisa Legados Retoacutericos e Debates Construtivos

11Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

de ldquotodos os meios necessaacuteriosrdquo para proteger os civis na Liacutebia Aleacutem dos ocasionais exerciacutecios retoacutericos descobrimos que houve uma mudanccedila no cerne do conflito global sobre a proteccedilatildeo contra crimes atrozes Perante os piores crimes atrozes aconteceu o desgaste da defesa do natildeo-intervencionismo como resistecircncia agrave hegemonia Ocidental Contudo a sombra do imperialismo ainda eacute uma questatildeo a ser considerada Os policymakers ocidentais precisam ser mais cautelosos do que no passado Muito do ceticismo sobre a eficaacutecia do uso das forccedilas militares eacute genuiacutena mesmo se proferida por aqueles que poderiam fazer mais para transformar suas visotildees de diplomacia efetivas em realidade

Obviamente ainda haacute grandes divergecircncias sobre a proteccedilatildeo Elas satildeo concentradas em dois desafios inter-relacionados sobre a proteccedilatildeo na praacutetica como prevenir o uso abusivo dos argumentos humanitaacuterios pelas grandes potecircncias (ldquocomo proteger de forma responsaacutevelrdquo conforme articulado pelo Brasil) e como proteger de forma eficaz particularmente quando pairam as sombras da coerccedilatildeo e do uso da forccedila Ambas as divergecircncias requerem um seacuterio engajamento perante as muitas dificuldades e dilemas que satildeo impostos e vatildeo aleacutem dos estereoacutetipos simplistas e equivocados que haacute muito dominam o debate sobre a Responsabilidade de Proteger

O que eacute Indiscutiacutevel Proteccedilatildeo Contra Crimes de Atrocidade Requer Accedilatildeo InternacionalOs atores relevantes em todo o mundo aceitam a ideia de que a proteccedilatildeo de populaccedilotildees contra crimes de atrocidade eacute de responsabilidade tanto nacional quanto internacional Tal aceitaccedilatildeo vai aleacutem das bases legais do direito internacional humanitaacuterio e da Convenccedilatildeo para a Prevenccedilatildeo e Repressatildeo do Crime de Genociacutedio mas natildeo eacute tampouco um produto do movimento que produziu R2P Ela comeccedilou a emergir jaacute nos anos 90 quando para pessoas e governos ldquoa toleracircncia a atrocidades em massa natildeo pareceu mais aceitaacutevel ndash pareceu algo imoralrdquo 6Desde entatildeo as expectativas sobre proteccedilatildeo cresceu de forma exponencial Demandas morais sobre terceiros ndash humanitaacuterios diplomatas observadores de direitos humanos e ateacute mesmo militares ndash para que ajam de forma preventiva e equilibrem a proteccedilatildeo individual e a soberania estatal acabou excedendo enormemente as capacidades e possibilidades realistas de fazer com que isso aconteccedila

Haacute uma disposiccedilatildeo muito maior e mais difundida em dar apoio ao que parece ser necessaacuterio para proteger populaccedilotildees contra esses crimes de atrocidade e ateacute mesmo em contribuir de forma ativa quando haacute intercessatildeo com outros interesses estrateacutegicos Tal predisposiccedilatildeo vai aleacutem de pequenos grupos de Estados do ldquoOcidenterdquo dos ldquointervencionistas liberaisrdquo ou dos paiacuteses Amigos da Responsabilidade de Proteger Ao analisar a questatildeo poliacutetica da proteccedilatildeo descobrimos que nenhuma divisatildeo arbitraacuteria entre ldquoNorterdquo e ldquoSulrdquo ldquoOcidenterdquo e ldquonatildeo-Ocidenterdquo ldquoemergentesrdquo e ldquodesenvolvidosrdquo

ldquodemocraacuteticosrdquo e ldquoautoritaacuteriosrdquo eacute uacutetil7 Foi o Movimento dos Natildeo-Alinhados que estava pronto para autorizar o fortalecimento da operaccedilatildeo de paz da ONU em Ruanda no ano de 1994 enquanto os Estados Unidos eram ferrenhos opositores Enquanto as potecircncias ocidentais lideraram as intervenccedilotildees no Kosovo e na Liacutebia para proteger civis dezenas de milhares de peacekeepers do Sul da Aacutesia e da Aacutefrica ajudaram a proteger civis em dezenas de missotildees da ONU nos uacuteltimos 20 anos Jaacute durante as negociaccedilotildees da

12Global Public Policy Institute (GPPi)

Cuacutepula Mundial diversas perspectivas que vatildeo aleacutem dessas dicotomias estereotipadas contestaram e contribuiacuteram para a formulaccedilatildeo final do R2P no documento oficial da Cuacutepula 8

Eacute escasso o grupo de governos que se opotildee categoricamente a um papel internacional na proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade independentemente das circunstacircncias Alguns satildeo responsaacuteveis por tais crimes Outros interpretam tudo como parte de uma conspiraccedilatildeo imperialista das grandes potecircncias especialmente dos Estados Unidos As preocupaccedilotildees desses atores natildeo podem ou devem ser levadas em consideraccedilatildeo

O que Ainda eacute Discutiacutevel Como Proteger de Forma Responsaacutevel e EfetivaHaacute um grande grupo de moderados defensores da proteccedilatildeo e ceacuteticos da intervenccedilatildeo cujas preocupaccedilotildees certamente precisam ser levadas em conta de forma mais seacuteria perante os repetidos fracassos e abusos de poder Eles ndash governos de Brasil Iacutendia Aacutefrica do Sul China e Alemanha aleacutem de ativistas especialistas acadecircmicos e alguns tomadores de decisatildeo nos Estados Unidos Reino Unido e Franccedila ndash levantam questotildees legiacutetimas sobre por exemplo como o mundo pode melhorar a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade de forma tanto efetiva quanto responsaacutevel

De diversas formas a saliecircncia emocional e poliacutetica da disputa sobre a natildeo-intervenccedilatildeo haacute muito dificultou estes debates cruciais sobre os resultados praacuteticos da proteccedilatildeo Na maior parte do tempo argumentos sobre as questotildees praacuteticas satildeo feitas ou interpretadas como sendo de maacute-feacute A Liacutebia eacute um desses casos em questatildeo Brasil Iacutendia e Aacutefrica do Sul natildeo criticaram veementemente a intervenccedilatildeo militar de 2011 porque estavam preocupados com violaccedilotildees agrave soberania da Liacutebia ou porque se opunham ao papel internacional na proteccedilatildeo de civis contra atrocidades iminentes em Bengazi Pelo contraacuterio tais paiacuteses reclamaram do abuso de um mandato do Conselho de Seguranccedila de fins poliacuteticos ao inveacutes de proteccedilatildeo ndash neste caso tratava-se de uma mudanccedila no regime com provaacuteveis implicaccedilotildees praacuteticas de um colapso estatal que por sua vez resultaria em riscos adicionais agrave populaccedilatildeo Estes criacuteticos ainda tecircm que combinar a sua retoacuterica de exigir mais e melhor proteccedilatildeo por intermeacutedio de investimentos em ideias e capacidades para fazecirc-la conforme seja necessaacuterio Contudo isso natildeo torna seus argumentos menos vaacutelidos

Haacute uma distinccedilatildeo criacutetica entre dois tipos de situaccedilotildees de atrocidades que dependem do tipo de perpetrador O consenso internacional para agir contra perpetradores natildeo-Estatais mesmo se ligados a forccedilas estatais eacute mais faacutecil de obter do que uma accedilatildeo contra agentes estatais Mesmo que o consentimento governamental de confrontar grupos natildeo-Estatais seja frequentemente incerto e inconsistente como no caso da RDC haacute pouca preocupaccedilatildeo com a soberania desses regimes fracos O debate-chave nesses casos eacute sobre como efetivamente proteger pessoas contra crimes de atrocidade natildeo somente por meio de instrumentos militares mas com maior frequecircncia com o uso de ferramentas civis Isso jaacute eacute bastante desafiador Ainda mais difiacuteceis satildeo os casos em que as forccedilas estatais estatildeo entre os principais perpetradores Nestas situaccedilotildees como na Liacutebia em 2011 e posteriormente na Siacuteria a preocupaccedilatildeo global central com instrumentos coercitivos (de sanccedilotildees a intervenccedilotildees militares) estaacute relacionada ao

13Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

abuso de poder para fins natildeo-humanitaacuterios e com duacutevidas sobre a sabedoria de atacar um Estado que frequentemente serve de protetor para alguns e cuja derrubada pode resultar em riscos adicionais agraves pessoas O histoacuterico mundial na reconstruccedilatildeo de Estados natildeo eacute suficientemente encorajador para rebater tais preocupaccedilotildees

Protegendo de forma responsaacutevel Salvaguardas contra o Abuso pelas Grandes PotecircnciasApoacutes o caso da Liacutebia intervenccedilotildees militares soacute seratildeo consideradas legiacutetimas se feitas de maneira que novos abusos pelas grandes potecircncias sejam prevenidos9 Nesses casos especiais em que haacute o uso da forccedila sem consentimento ainda paira a sombra do imperialismo Na maior parte do mundo ainda eacute recente a lembranccedila do abuso pelas grandes potecircncias hipocritamente encoberto de valores universais O uso de justificativas humanitaacuterias por alguns poliacuteticos britacircnicos e norte-americanos para a invasatildeo do Iraque em 2003 soacute aprofundou estas preocupaccedilotildees com ldquointervenccedilotildees humanitaacuteriasrdquo assim como o uso de argumentos similares pelos russos para justificar a invasatildeo da Geoacutergia em 2008 e da Ucracircnia em 201410 Este senso de hipocrisia daacute origem a uma das principais razotildees para desconfianccedila sobre o R2P desde que o conceito foi criado

Intervenccedilotildees legiacutetimas natildeo requerem um padratildeo irrealista de consistecircncia ou de motivos puramente altruiacutesticos A proteccedilatildeo requer recursos e aceitaccedilatildeo de riscos e na poliacutetica internacional a inconsistecircncia eacute a regra e natildeo a exceccedilatildeo Estados que fornecem as capacidades e assumem os riscos de proteger na maioria dos casos estaratildeo motivados por mais do que puro altruiacutesmo e suas motivaccedilotildees ndash que comeccedilam pela mobilizaccedilatildeo de seus constituintes ndash variam conforme a situaccedilatildeo Tanto os problemas dos ldquomotivos justosrdquo quanto o de ldquoseletividaderdquo levam corretamente a anaacutelises mais minuciosas do uso da forccedila11 ainda que nenhum destes fatores esteja limitado a intervenccedilotildees de proteccedilatildeo e tratem em geral da coerccedilatildeo no atual sistema internacional12 Mesmo que sejam normativamente relevantes e retoricamente uacuteteis para opor intervenccedilotildees particulares tais argumentos natildeo evitam que a maior parte dos atores internacionais apoie uma intervenccedilatildeo aceita como necessaacuteria e possivelmente efetiva Como ilustrado pelo caso da Liacutebia extrapolou-se o limite quando motivos incompatiacuteveis ndash a remoccedilatildeo forccedilosa de Gaddafi e seu regime sem uma loacutegica convincente relacionada agrave proteccedilatildeo ndash foram vistos como superiores agraves preocupaccedilotildees com proteccedilatildeo13

Protegendo de Forma Efetiva O Que Funciona na Praacutetica

A proteccedilatildeo efetiva natildeo eacute mais faacutecil de garantir do que proteccedilatildeo responsaacutevel Enquanto os casos de sucesso foram poucos e limitados tentativas de engajamento pressotildees e intervenccedilotildees militares frequentemente falharam em proteger ou contribuiacuteram com novas ameaccedilas agraves populaccedilotildees Policymakers e acadecircmicos em todo o mundo admitem que sabem muito pouco sobre a proteccedilatildeo efetiva de pessoas contra crimes de atrocidade Para se avanccedilar nessa finalidade faz-se necessaacuterio tanto desenvolver instrumentos poliacuteticos quanto avaliar riscos e tentar identificar o menor de muitos males em vaacuterias situaccedilotildees diversas e particulares O que seraacute efetivamente necessaacuterio e provaacutevel de

14Global Public Policy Institute (GPPi)

obter sucesso estaacute aberto a debate e a desafios em cada caso e natildeo somente quando haacute o uso da forccedila

Uma anaacutelise dos casos que estudamos mostra as incertezas e ambiguidades envolvidas no processo decisoacuterio da proteccedilatildeo Como no caso do Sudatildeo um processo do Tribunal Penal Internacional contra um chefe de Estado contribuiu para o objetivo da proteccedilatildeo 14A proteccedilatildeo eacute aumentada ou dificultada quando uma crise eacute publicamente rotulada como ldquosituaccedilatildeo de R2Prdquo como no Quecircnia ou em Mianmar15 Se o Estado for um perpetrador de crimes de atrocidade haacute algum caso em que a forccedila militar pode ser usada contra ele sem a intenccedilatildeo de mudar o regime ou sem levar o paiacutes ao caos como na Liacutebia16 Quando e como os peacekeepers da ONU devem tomar partido nos conflitos17

Haacute duacutevidas justificaacuteveis sobre as opccedilotildees de poliacuteticas disponiacuteveis e seus riscos Se comparado aos consideraacuteveis esforccedilos para promover o R2P como princiacutepio muito pouco estaacute voltado para descobrir e avaliar tais escolhas difiacuteceis a fim de colocar a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade em praacutetica

A Controveacutersia Mais Profunda a Forccedila Pode ProtegerEnquanto governos ativistas na sociedade civil e representantes da ONU que trabalham com R2P haacute muito tempo tendem a enfatizar taticamente as aacutereas consensuais a maior controveacutersia internacional se refere agrave intervenccedilatildeo militar e ao uso da forccedila para proteccedilatildeo Um debate mais construtivo e autocriacutetico eacute essencial para possibilitar um sistema de proteccedilatildeo mais efetivo e responsaacutevel no futuro e tal debate deve tratar da eficaacutecia do uso da forccedila na proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade suas chances de causar mais resultados positivos do que negativos e seus sucessos e fracassos no passado18 Esse debate natildeo eacute somente relevante nos casos relativamente raros de intervenccedilatildeo militar jaacute que a forccedila e a coerccedilatildeo satildeo parte de uma variedade maior de estrateacutegias de proteccedilatildeo como as sanccedilotildees e as operaccedilotildees de paz Mesmo as ferramentas puramente diplomaacuteticas ou civis satildeo frequentemente vistas como passos que podem escalar o uso da forccedila

Os debates sobre o uso da forccedila ao inveacutes de darem ecircnfase aos meacuteritos e riscos possiacuteveis das diferentes escolhas tecircm se expressado em termos de crenccedilas vagas sobre a eficaacutecia da forccedila militar ajudar a atingir os objetivos poliacuteticos Nos debates analisados encontramos um contraste notaacutevel entre as referecircncias limitadas a estudos estrateacutegicos sobre a utilidade da forccedila nos conflitos modernos e a convicccedilatildeo com a qual os governos apresentam suas opiniotildees sobre este mesmo assunto

Na ldquoausecircncia de doutrina militar e anaacutelise [para proteccedilatildeo de civis]rdquo19 como admitido por um ex-funcionaacuterio do Pentaacutegono (mesmo para o caso dos Estados Unidos) policymakers tendem a se dividir em dogmas fundamentais das suas culturas estrateacutegicas nacionais20 As comunidades estrateacutegicas de alguns paiacuteses satildeo mais otimistas de que o uso da forccedila pode obter bons resultados como forma de proteccedilatildeo a civis enquanto outros satildeo majoritariamente pessimistas e tendem a acreditar que a aplicaccedilatildeo da forccedila militar pioraria a situaccedilatildeo21

Apesar da incerteza inerente a cada crise os atores em cada lado dessa divisatildeo apresentam suas crenccedilas com firmeza frequentemente em termos de truiacutesmos ndash ldquoSoacute pode haver uma soluccedilatildeo poliacuteticardquo 22 ou ldquonatildeo haacute futuro para a Liacutebia Siacuteria com Gaddafi Assad no poderrdquo23 Esses satildeo apenas dois posicionamentos proeminentes que natildeo satildeo

15Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

capazes de reconhecer a realidade complexa de qualquer crise Dessa forma eles convidam a uma troca muacutetua de estereoacutetipos ao inveacutes de uma discussatildeo construtiva Os resultados tecircm sido previsiacuteveis reaccedilotildees antiocidentais no Sul (ldquoeles soacute querem invadir nossos paiacutesesrdquo) e anti-Sul por parte do Ocidente (ldquoeles sempre se juntam a seus colegas ditadoresrdquo) Ambas as partes tentam fazer uso do discurso de responsabilidade para justificar seus pontos de vista ldquoAssumir a responsabilidaderdquo outrora significava assumir riscos e accedilotildees militares caras ateacute que o Brasil desafiou o monopoacutelio intervencionista sobre o termo24

Este contraste entre conhecimento e convicccedilatildeo fica aparente em muitos debates nebulosos sobre peacekeeping tal como a conduccedilatildeo da crise na Costa do Marfim pela ONU em 2010-2011 mas foi mais claramente colocado em debate a forma como Estados Unidos Franccedila e Reino Unido lideraram a intervenccedilatildeo de 2011 na Liacutebia Diplomatas brasileiros experientes por exemplo questionaram a justificativa de uma accedilatildeo militar para uma mudanccedila no regime argumento que nunca foi explicitado por americanos franceses e britacircnicos Por que natildeo cessar os ataques uma vez que as ameaccedilas imediatas agrave populaccedilatildeo civil jaacute haviam sido eliminadas e as forccedilas de Gaddafi jaacute natildeo avanccedilavam mais e desta forma forccedilar todas agraves partes a negociar Que responsabilidade a coalisatildeo intervencionista assumiu pelas accedilotildees de seus aliados de fato em terra as forccedilas rebeldes liacutebias Como a coalisatildeo intervencionista equilibrou os riscos e recompensas das diferentes escolhas estrateacutegicas e por que exatamente ldquonatildeo era possiacutevel imaginar um futuro com Gaddafi no poderrdquo como argumentado por Obama Cameron e Sarkozy no jornal The New York Times25Houve questionamentos similares sobre as sugestotildees de intervenccedilatildeo militar na Siacuteria A ausecircncia de respostas convincentes provavelmente teve um papel muito importante no arquivamento de uma seacuterie de planos para intervenccedilotildees unilaterais ao longo dos anos

O que parece ser um otimismo infundado de que a forccedila seria capaz de atingir objetivos poliacuteticos daacute origem a um desconforto difundido em muitas partes do mundo e que vai aleacutem do objetivo especifico de proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade A invasatildeo do Iraque liderada pelos EUA em 2003 se desdobrou em grandes debates como um exemplo de escolha irresponsaacutevel por uma potecircncia hegemocircnica que tende a instruir outros paiacuteses sobre lideranccedila global responsaacutevel Isso tambeacutem eacute um lembrete valioso de que mesmo a maior forccedila militar do globo eacute claramente incapaz de forccedilar a construccedilatildeo efetiva de uma nova ordem poliacutetica com consequecircncias traacutegicas para milhares de pessoas natildeo soacute no Iraque

Ainda assim durante as crises na Costa do Marfim na Liacutebia em 2011 e na Repuacuteblica Centro-Africana em 2014 o Conselho de Seguranccedila estava pronto para legitimar intervenccedilotildees militares ldquoconforme cada casordquo como foi sugerido pela Cuacutepula Mundial Em cada um desses casos emergiram grandes maiorias que priorizaram a necessidade de accedilatildeo militar em relaccedilatildeo agrave ampla preocupaccedilatildeo com a manutenccedilatildeo da soberania estatal seja atraveacutes de voto a favor no Conselho de Seguranccedila de abstenccedilatildeo para permitir que resoluccedilotildees passassem (como Ruacutessia e China no caso da Liacutebia) ou de apoio financeiro militar ou poliacutetico em outros foacuteruns de discussatildeo

Eacute possiacutevel que haja uma janela de oportunidades surgindo para um debate poliacutetico mais detalhado e criacutetico sobre a eficaacutecia da forccedila militar na proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade Tais debates estatildeo tratando dos objetivos diferentes mas relacionados da luta contra insurgentes e redes terroristas Em ambos os casos haacute uma discussatildeo ponderada nos ciacuterculos militares e policiais assim como em grandes meios

16Global Public Policy Institute (GPPi)

de comunicaccedilatildeo sobre questotildees como execuccedilotildees especiacuteficas de terroristas suspeitos ou taacuteticas de contra-insurgecircncia centradas na populaccedilatildeo

Outro debate similar e criacutetico precisa ser colocado em questatildeo em relaccedilatildeo agrave forccedila e a proteccedilatildeo Ele pode ser construiacutedo a partir de uma tendecircncia recente na direccedilatildeo de mais engajamento com os resultados e meios praacuteticos do uso da forccedila militar para proteccedilatildeo Sociedades e comunidades estrateacutegicas nos EUA Reino Unido e Franccedila mostraram sinais de cansaccedilo em relaccedilatildeo a intervenccedilotildees em geral e particularmente agraves unilaterais Ao mesmo tempo alguns dos defensores mais leais da restriccedilatildeo militar reflexiva ndash como China Brasil e Alemanha ndash comeccedilaram a considerar em determinados casos argumentos a favor da accedilatildeo militar para proteccedilatildeo de civis 26Tanto defensores quanto ceacuteticos da proteccedilatildeo militar se beneficiaratildeo ao forccedilar mais nuances nesses debates Por um lado a demanda por especificidades protegeraacute contra o uso abusivo da autoridade humanitaacuteria para fins escusos Por outro mais transparecircncia ajudaraacute na defesa contra reclamaccedilotildees de abuso Esse debate deve considerar as contribuiccedilotildees acadecircmicas recentes27 mas encontraraacute ferramentas mais especiacuteficas e fundamentais em conceitos poliacuteticos estabelecidos como na doutrina da ONU para proteccedilatildeo de civis e as tentativas dos militares norte-americanos de desenvolver orientaccedilotildees conceituais para ldquooperaccedilotildees de resposta a atrocidades em massardquo28

17Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Se as principais controveacutersias globais sobre a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade envolvem (1) o medo do uso abusivo de argumentos humanitaacuterios e (2) como proteger de forma efetiva quais satildeo as opccedilotildees para melhorar as soluccedilotildees globais de proteccedilatildeo O ponto de partida deve ser o reconhecimento de que a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade como um desafio poliacutetico complexo e natildeo somente como algo paliativo enquanto tenta-se resolver um conflito poliacutetico de maiores dimensotildees Qualquer estrateacutegia de proteccedilatildeo deve ser preparada primeiramente a fim de influenciar os caacutelculos poliacuteticos e militares dos perpetradores e deve levar em consideraccedilatildeo os limites de influecircncias externas sobre eventos domeacutesticos Os atores locais tecircm o maior controle sobre a dinacircmica da violecircncia e eacute difiacutecil prever o efeito dominoacute causado pelas accedilotildees externas O foco no curto prazo do conceito de ldquoresposta raacutepida saiacuteda raacutepidardquo eacute portanto um ato irresponsaacutevel quase independente de contexto mesmo que accedilotildees raacutepidas frequentemente sejam necessaacuterias poliacuteticos ativistas jornalistas e acadecircmicos precisam prestar mais atenccedilatildeo agraves poliacuteticas de longo prazo e a seus planejamentos para que sejam adaptadas agraves mudanccedilas

Com base em nossos resultados e anaacutelise apontamos opccedilotildees poliacuteticas para governos a ONU e organizaccedilotildees regionais aleacutem da miacutedia e da sociedade civil com o intuito de melhorar a credibilidade das ferramentas existentes ao fazer com que seu uso na proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade seja menos vulneraacutevel ao abuso e tenha resultados mais efetivos Comeccedilamos com a necessidade de garantir informaccedilotildees e anaacutelises criacuteveis sobre as situaccedilotildees em que crimes de atrocidade satildeo cometidos Depois oferecemos algumas sugestotildees para o fortalecimento das ferramentas disponiacuteveis aos civis para prevenccedilatildeo e resposta a atrocidades e para que as operaccedilotildees de paz da ONU melhorem a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade Depois indicamos opccedilotildees de reforma importantes para o processo decisoacuterio coletivo sobre accedilotildees militares e terminamos enfatizando a necessidade de um aprendizado contiacutenuo e colaborativo sobre as ferramentas para prevenccedilatildeo de atrocidades

Reduzindo a Vulnerabilidade das Fontes de Informaccedilatildeo perante Acusaccedilotildees de ParcialidadeAntes mesmo de comeccedilar a considerar formas de lidar com futuras ou atuais atrocidades o mundo precisa chegar a um consenso sobre o que estaacute acontecendo em cada situaccedilatildeo Atualmente a disponibilidade de informaccedilatildeo sobre situaccedilotildees especiacuteficas de crises natildeo eacute mais o principal desafio para que accedilotildees de mobilizaccedilatildeo aconteccedilam

Opccedilotildees Poliacuteticas para Proteccedilatildeo Mais Efetiva e Responsaacutevel

18Global Public Policy Institute (GPPi)

Ainda assim acreditamos que um desafio crucial para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade eacute a acusaccedilatildeo de parcialidade sobre o tipo e a interpretaccedilatildeo das informaccedilotildees sobre atrocidades fornecidas por governos pela miacutedia ou por grupos da sociedade civil A confianccedila nos Estados dominantes e nas instituiccedilotildees internacionais encontra-se em niacuteveis tatildeo baixos que mesmo os casos de atrocidades bem documentados como o ocorrido em Darfur foram considerados por alguns como propaganda intervencionista29

Essa desconfianccedila estaacute na maior parte das vezes direcionada a fontes relacionadas ao ldquoOcidenterdquo Fontes financiadas lideradas ou com suas sedes em paiacuteses ocidentais frequentemente satildeo as mais acessiacuteveis natildeo soacute pelas elites poliacuteticas em capitais longiacutenquas mas tambeacutem por paineacuteis de especialistas e investigaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas em paiacuteses em que natildeo haacute extensiva presenccedila de campo da ONU Quando as fontes locais de informaccedilatildeo claramente natildeo satildeo criacuteveis como na Siacuteria jornalistas tecircm acesso restrito a aacutereas violentas e por algumas vezes todas as outras fontes relevantes vecircm de organizaccedilotildees com sede no Ocidente de organizaccedilotildees locais da sociedade civil que dependem de ajuda ocidental ou de financiamento externo e que tecircm uma temaacutetica antigovernamental especiacutefica ou ainda de profissionais ocidentais que trabalham para a ONU30 Por exemplo o governo chinecircs frequentemente enfatiza que a identificaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo internacional de abusos aos direitos humanos no exterior eacute excessivamente dependente de informaccedilotildees ocidentais e pediu para que houvesse sistemas de alerta precoce mais imparciais31 Especialistas indianos dizem que o desafio natildeo eacute a disponibilidade de informaccedilatildeo mas ldquoa interpretaccedilatildeo e o vieacutes que lhe eacute dadordquo32

Grupos de ativistas e a miacutedia tecircm incentivos para simplificar as narrativas e portanto eacute prudente ter um ceticismo saudaacutevel perante as acusaccedilotildees de atrocidades hediondas Ao mesmo tempo presumir que a verdade estaacute no meio-termo de todas as posiccedilotildees seria permitir que propaganda e maacute informaccedilatildeo determinassem o caminho a seguir Criticar realisticamente as fontes requer engajamento com a informaccedilatildeo em si e natildeo apenas a insinuaccedilatildeo de agendas poliacuteticas com base puramente na localizaccedilatildeo geograacutefica financiamento ou educaccedilatildeo

A fim de oferecer um debate melhor informado sobre potenciais crimes de atrocidade as empresas de comunicaccedilatildeo e filantropos principalmente em potecircncias emergentes devem investir em fontes de informaccedilatildeo e anaacutelise independentes e criacuteveis sobre conflitos e direitos humanosAs alegaccedilotildees de parcialidade (sejam a favor ou contra os governos ou outros atores) crescem quando haacute uma escassez de fontes Aqueles que criticam as fontes de informaccedilatildeo existentes satildeo os que sabem melhor qual fonte de financiamento ou de influecircncia teraacute mais credibilidade portanto eacute dever destas pessoas investir adequadamente Se haacute suspeitas sobre as fontes ocidentais de informaccedilatildeo por parte de governos e elites poliacuteticas fora do Ocidente essas podem ajudar a diversificar a base de apoio para ONGs ativistas e redes de informaccedilotildees globais jaacute existentes ou ateacute mesmo investir em plataformas alternativas de monitoramento e anaacutelise baseadas nos mais altos padrotildees de integridade jornaliacutestica Por enquanto com raras exceccedilotildees o investimento em miacutedias livres e acesso agrave informaccedilatildeo natildeo parece ser uma prioridade entre as elites empresariais emergentes mesmo em potecircncias emergentes democraacuteticas Por outro

19Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

lado agecircncias de notiacutecia estatais frequentemente tecircm dificuldade para estabelecer uma reputaccedilatildeo de integridade jornaliacutestica Satildeo raros os grandes investimentos no relato de crises humanitaacuterias tais como recentemente feito pela Fundaccedilatildeo Jynwel com sede em Hong Kong na agora independente organizaccedilatildeo de noticias IRIN33 Organizaccedilotildees de defesa podem contribuir com a reduccedilatildeo das alegaccedilotildees de parcialidade ao natildeo exporem situaccedilotildees de conflito como se fossem preto-no-branco e ao serem transparentes sobre quem as financiam e apoiam Se apresentarem uma extensa lista de notas e fontes em seus relatoacuterios como feito regularmente pelo International Crisis Group e pela Human Rights Watch eacute dever dos criacuteticos se engajar com essas fontes com base nos fatos

Fortalecer e diversificar as informaccedilotildees sobre os riscos de crimes de atrocidade em massa tambeacutem pode significar estabelecer organizaccedilotildees de sociedade civil regionais dedicadas agrave pesquisa criacutevel e confiaacutevel sobre a prevenccedilatildeo de atrocidades Se verdadeiramente baseadas em sociedades locais tais grupos teriam mais acesso a grupos nacionais e regionais de sociedade civil do que as organizaccedilotildees globais com sede em Nova York ou Genebra Consequentemente suas informaccedilotildees e argumentos mais provavelmente obteriam credibilidade poliacutetica a niacutevel global No curto prazo a massa criacutetica necessaacuteria a esses centros da sociedade civil provavelmente seraacute alcanccedilada na Europa ou na Aacutefrica mas a Ameacuterica Latina (com sua iacutempar accedilatildeo ldquoRede Latino-Americana de Prevenccedilatildeo ao Genociacutedio e Atrocidades em Massardquo a niacutevel governamental) e a Aacutesia tambeacutem podem se desenvolver rapidamente

Os Estados membros a sociedade civil e as organizaccedilotildees regionais devem melhorar as capacidades da ONU de coletar informaccedilotildees e desvendar fatos sobre desafios agrave proteccedilatildeo ao oferecer assistecircncia logiacutestica funcionaacuterios a curto-prazo e fontes locais de informaccedilatildeo Ao mesmo tempo em que organizaccedilotildees regionais satildeo cada vez mais capazes de influenciar o entendimento global sobre suas partes do mundo a sua imparcialidade eacute apenas tatildeo criacutevel quanto a das potecircncias regionais que lideram as suas deliberaccedilotildees As Naccedilotildees Unidas natildeo podem entretanto sempre responder sozinhas agraves demandas por informaccedilotildees imparciais e criacuteveis sobre riscos de atrocidade Os mecanismos das Naccedilotildees Unidas frequentemente dependem tanto de fontes governamentais e privadas devido agrave necessidade de agir rapidamente quanto sofrem com a falta de acesso proacuteprio e independente aos locais de risco Aleacutem disso a ONU tambeacutem jaacute esteve sujeita agrave autocensura e foi forccedilada a romper compromissos poliacuteticos34

Todos os Estados membros da ONU precisam fortalecer os mecanismos de coleta de informaccedilatildeo da instituiccedilatildeo suas comissotildees de inqueacuterito e outros oacutergatildeos correlatos Por exemplo sempre que uma violecircncia em massa comeccedila conforme definido pelo Secretaacuterio Geral a ONU deveraacute enviar uma missatildeo para desvendar os fatos a fim de informar melhor as discussotildees no Conselho de Seguranccedila Isso poderaacute ser baseado em um grupo permanente de especialistas preacute-selecionados e deveraacute envolver as agecircncias da ONU relevantes ao tema especialmente o Escritoacuterio de Coordenaccedilatildeo de Assuntos Humanitaacuterios O Alto Comissariado para Direitos Humanos o Conselheiro Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedios e o Departamento de Assuntos Poliacuteticos35 Estados membros devem contribuir tanto com financiamento quanto com especialistas

20Global Public Policy Institute (GPPi)

treinados para essas missotildees O estabelecimento de regras para a contrataccedilatildeo de pessoal poderia ajudar a deixar processos de seleccedilatildeo o mais transparentes possiacutevel e desta forma melhorar a credibilidade e imparcialidade da descoberta de fatos pela ONU36

Estados membros tambeacutem podem ajudar as Naccedilotildees Unidas na implementaccedilatildeo de sua iniciativa ldquoHuman Rights Up Frontrdquo (em portuguecircs ldquoDireitos Humanos Antes de Tudordquo) atraveacutes do qual o Secretariado estaacute criando um sistema simplificado de gerenciamento de informaccedilotildees para tudo que eacute coletado pelas muitas partes do sistema ONU combinando dados jaacute existentes sobre proteccedilatildeo humanitaacuteria proteccedilatildeo dos direitos humanos proteccedilatildeo de mulheres em conflitos armados e proteccedilatildeo de crianccedilas37 Os Estados membros podem dar apoio agrave ONU ao incluir mais informaccedilotildees de atores bilaterais no local desde que a ONU faccedila os investimentos necessaacuterios para o tratamento de dados sensiacuteveis proteccedilatildeo a testemunhas e referecircncias38

Usando Ferramentas Diplomaacuteticas e Civis De Forma Antecipada Justa e EstrateacutegicaApesar das diferenccedilas em ecircnfases retoacutericas haacute um consenso universal que as atrocidades devem ser prevenidas pelo uso antecipado e sustentaacutevel de uma variedade de ferramentas civis disponiacuteveis agrave comunidade internacional Estatildeo incluiacutedas a diplomacia a mediaccedilatildeo e as missotildees poliacuteticas assim como as sanccedilotildees a justiccedila criminal internacional as accedilotildees humanitaacuterias e as ferramentas de peacebuilding apoacutes crises dentre elas a reconstruccedilotildees das instituiccedilotildees estatais e do Estado de direito

Desde os anos 90 a comunidade internacional aprendeu liccedilotildees importantes sobre o uso dessas ferramentas e vem caminhando para desenvolvecirc-las ainda mais Satildeo visiacuteveis os sucessos na diplomacia preventiva como o ocorrido durante a crise poacutes-eleiccedilotildees no Quecircnia em 200839 quando um negociador de alto niacutevel liderou as conversas tendo apoio politico de oacutergatildeos regionais e de todos os membros do Conselho de Seguranccedila expertise da ONU e engajamento da sociedade civil Ao longo dos uacuteltimos 10 anos houve uma significativa expansatildeo das capacidades de negociaccedilatildeo dentro da ONU e das organizaccedilotildees regionais Missotildees poliacuteticas no Timor Leste ou na Guineacute-Bissau podem ter evitado uma nova onda de violecircncia nesses locais40 Sanccedilotildees seletivas provavelmente ajudaram a controlar pessoas que poderiam atrapalhar as primeiras fases do processo de peacebuilding na Libeacuteria Costa do Marfim e Serra Leoa41 O Tribunal Penal Internacional processou e condenou seus primeiros casos e apoiou importantes reformas nos sistemas de justiccedila criminal em muitos paiacuteses42

Ainda assim a comunidade internacional em inuacutemeras vezes natildeo fez uso das ferramentas civis disponiacuteveis de forma antecipada decisiva e sustentaacutevel O consenso que parece existir para o uso de ferramentas civis antecipadamente e como prioridade se desfaz assim que decisotildees poliacuteticas e priorizaccedilatildeo se fazem necessaacuterias Mudar isso eacute difiacutecil Requer ir aleacutem das caricaturas comuns que culpam apenas os paiacuteses ocidentais por investir pouco ou as potecircncias natildeo-ocidentais por repelir as tentativas de influenciar ou pressionar perpetradores e seus cuacutemplices Natildeo soacute as prioridades e interesses competitivos existem de todos os lados mas o desafio tambeacutem eacute marcado pela profunda incerteza sobre como e quando usar tais ferramentas com quais atores e em qual espaccedilo Natildeo haacute uma soluccedilatildeo uacutenica e faacutecil para prevenccedilatildeo resposta ou recuperaccedilatildeo efetiva

21Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Nosso foco eacute em medidas de curto prazo voltadas para os civis em situaccedilotildees em que haacute alta probabilidade ou jaacute haacute ocorrecircncia de atrocidades 43Descobrimos que haacute quatro aacutereas que devem ser especialmente observadas

Os atores (em particular potecircncias emergentes) que mais pedem por diplomacia ferramentas civis e prevenccedilatildeo antecipada precisam traduzir seu compromisso retoacuterico em vontade poliacutetica e os investimentos necessaacuterios em capacidades e ideiasIr aleacutem da retoacuterica sobre prevenccedilatildeo requer vontade poliacutetica para fazer disso uma prioridade Com muita frequecircncia a prevenccedilatildeo contra crimes de atrocidade vai de encontro a outros objetivos poliacuteticos em uma determinada situaccedilatildeo de crise Algumas vezes esses interesses e prioridades estatildeo em extremos opostos No Sri Lanka por exemplo o governo conseguiu alavancar a imensa preocupaccedilatildeo internacional com o contraterrorismo para evitar pressotildees em relaccedilatildeo aos crimes de guerra perpetrados durante o conflito contra os Tigres de Libertaccedilatildeo do Tacircmil Eelam (LTTE) no comeccedilo de 200944 Em Darfur a accedilatildeo diplomaacutetica internacional para acabar com os crimes de atrocidade teve de competir com a prioridade para um acordo de paz na longa guerra civil Norte-Sul no Sudatildeo e com a colaboraccedilatildeo antiterrorista do governo sudanecircs45

Todavia mesmo com a ausecircncia de grandes interesses conflitantes haacute um espaccedilo entre o apoio abstrato para a proteccedilatildeo de populaccedilotildees contra crimes de atrocidade e a vontade poliacutetica de agir dispor-se financeiramente e assumir riscos proporcionais Um exemplo recente de quando investimentos deveriam ter sido feitos antes e de forma mais substancial eacute o Sudatildeo do Sul ndash uma crise que tambeacutem demonstra como as categorias ldquoocidentaisrdquo contra os ldquodemaisrdquo natildeo satildeo uacuteteis na anaacutelise das posiccedilotildees dos paiacuteses sobre proteccedilatildeo Por motivos diversos tanto os Estados Unidos quanto a China apoiaram fortemente o governo de Salva Kiir ignorando sinais importantes ateacute que essa se tornou uma das facccedilotildees combatentes na nova guerra civil do Sudatildeo do Sul46 Na Repuacuteblica Centro-Africana investimentos preacutevios nas iniciativas legais e nas reformas no setor de seguranccedila poderiam ter sido capazes de evitar que o paiacutes atingisse a atual escala de violecircncia47

Como esses e outros exemplos revelam haacute um grande descompasso entre a retoacuterica que demanda mais ldquosoluccedilotildees poliacuteticas e diplomaacuteticasrdquo ndash como constantemente enfatizado por China Ruacutessia Iacutendia Brasil Aacutefrica do Sul (e tambeacutem pela Alemanha e pela Uniatildeo Europeia) ndash e os recursos poliacuteticos e materiais investidos na busca por tais soluccedilotildees Colocar em praacutetica essas ldquosoluccedilotildees poliacuteticasrdquo requer ao mesmo tempo declaraccedilotildees ocasionais e o estabelecimento de capacidades institucionais para o monitoramento dos direitos humanos monitoramento de longo prazo das eleiccedilotildees mediaccedilatildeo e apoio de pessoas com experiecircncia secircnior que possam ser rapidamente acionadas e a construccedilatildeo de instituiccedilotildees nos setores de justiccedila seguranccedila e correlatas normalmente envolvidas com missotildees poliacuteticas da ONU e de organizaccedilotildees regionais Similarmente o uso de ferramentas coercitivas como sanccedilotildees requer tanto a tomada de decisotildees difiacuteceis quanto investimentos e iniciativas para planejar criativamente e melhorar estas ferramentas a fim de que sejam de fato seletivas justas e legalmente soacutelidas ndash em outras palavras que minimizem os riscos de afetarem as pessoas erradas

22Global Public Policy Institute (GPPi)

de acordo com princiacutepios baacutesicos do direito O Tribunal Penal Internacional precisa do comprometimento poliacutetico e da ratificaccedilatildeo do Estatuto de Roma por algumas das naccedilotildees mais poderosas do mundo Tambeacutem precisa de recursos para continuar acompanhando seus casos No miacutenimo tanto as potecircncias emergentes quanto as jaacute estabelecidas precisam melhorar sua assistecircncia humanitaacuteria para aqueles que fogem da violecircncia Por exemplo Estados membros da ONU cederam menos de 50 por cento dos fundos necessaacuterios para a resposta humanitaacuteria na Siacuteria deixando milhares de pessoas necessitadas em 201448

Os governos devem priorizar a detenccedilatildeo e julgamento dos perpetradores de crimes de atrocidade em suas jurisdiccedilotildees Aleacutem das dificuldades poliacuteticas de se lidar com perpetradores que estatildeo no poder como na Siacuteria ou com perpetradores que estatildeo fora do alcance de Estados falidos como na Repuacuteblica Centro-Africana todos os governos podem fazer mais para sancionar ou julgar esses perpetradores por crimes de atrocidade que de alguma forma estejam em suas jurisdiccedilotildees Prevenir e dar respostas aos crimes de atrocidade significa lidar com as motivaccedilotildees e capacidades de perpetradores individuais antes que cometam crimes Tambeacutem significa puni-los por seus atos49 Aqueles que mantecircm seu dinheiro em bancos multinacionais podem estar sujeitos ao congelamento de seus ativos estejam nos bancos na Europa ou na Aacutesia Aqueles que viajam estatildeo sujeitos agrave recusa de vistos e impedimentos de viagem de modo a impactar suas accedilotildees antes de cometerem ou enquanto cometem atrocidades Leis existentes como nos Estados Unidos permitem que imigrantes sejam deportados se houver provas que os liguem a genociacutedios Paiacuteses podem buscar pessoas procuradas pelo Tribunal Penal Internacional e mudar suas leis ou designar forccedilas policiais para processar os piores crimes de atrocidade independentemente dos locais em que foram cometidos

Com muita frequecircncia a falta de atenccedilatildeo e vontade poliacutetica permite que perpetradores vivam livres e confortavelmente apoacutes terem cometido atrocidades ou ateacute mesmo organizar financiar e apoiar atrocidades em andamento mesmo estando no exterior Isso aconteceu com diversos liacutederes das Forccedilas Democraacuteticas Para a Libertaccedilatildeo de Ruanda (FDLR) um grupo miliciano operando no Congo Eles viveram sem problemas na Alemanha durante quase uma deacutecada antes de serem presos e julgados50 Os Estados Unidos apesar de sua recusa em ratificar o Estatuto de Roma recentemente serviu de exemplo ao aumentar seus esforccedilos na procura por suspeitos de crimes de guerra que moram no paiacutes e ao desenvolver propostas que permitem o uso das leis de imigraccedilatildeo para fazer com que perpetradores de atrocidades paguem por seus crimes51

Poliacuteticos devem dar prioridade ao comportamento atual ao avaliar a legitimidade de atores e julgar todos os atores de um conflito pelos mesmos padrotildees Soacute porque em determinado momento haacute um grupo claramente identificaacutevel como perpetrador de atrocidades natildeo significa que outros grupos sejam e continuaratildeo sendo inocentes de tais atos Violecircncia gera mais violecircncia jaacute que grupos ameaccedilados

23Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

se defendem e continuam combatendo o inimigo A Liacutebia eacute um bom exemplo disso Na primavera de 2011 identificar corretamente o regime de Gaddafi como responsaacutevel por crimes de atrocidade foi a decisatildeo correta ndash mas natildeo evitou que os rebeldes cometessem crimes similares posteriormente previsivelmente em alguns grupos tornando quem os apoiava militarmente cuacutemplices De forma similar em 2014 apoiar as forccedilas curdas Peshmerga era a uacutenica forma de prevenir um massacre contra os Yazidis no Iraque ndash mas aqueles que deram apoio natildeo deveriam silenciar-se perante as posteriores mortes em represaacutelia

A escolha de grupos especiacuteficos como aliados eacute facilmente entendida como arbitraacuteria quando o comportamento atual natildeo justifica apoio internacional Um dos argumentos conflitantes de legitimidade poliacutetica acontece quando atores externos escolhem seus aliados locais de forma inconsistente com suas accedilotildees (algumas vezes favorecendo o regime incumbente) e tal escolha eacute facilmente vista como hipoacutecrita52 Poliacuteticos tambeacutem estatildeo vulneraacuteveis a tais acusaccedilotildees quando satildeo seletivos sobre suas criacuteticas a poderes regionais que armam ou apoiam grupo rebeldes como no caso do silecircncio ocidental sobre o envolvimento da Araacutebia Saudita na Siacuteria

Defensores do R2P e da prevenccedilatildeo de atrocidades em governos ou na sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando pedir a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes

No que diz respeito agrave diplomacia preventiva defensores do R2P e da prevenccedilatildeo contra atrocidades incluindo governos e a sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando e como pedem a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes Em algumas situaccedilotildees o Conselho pode deixar a mediaccedilatildeo mais difiacutecil ao elevar o niacutevel de visibilidade poliacutetica de uma crise Ele pode ajudar mediadores ao dar-lhes mais peso um senso de urgecircncia incentivos e desincentivos (ex com sanccedilotildees seletivas proibiccedilotildees de viagem congelamento de ativos embargo de armas investigaccedilotildees estabelecimento de uma missatildeo poliacutetica) Mas em algumas situaccedilotildees pressatildeo internacional vinda dos mais altos niacuteveis que inclui o papel do Conselho de Seguranccedila pode ser contraproducente Isso pode reforccedilar a urgecircncia de um governo em terminar a guerra a todos os custos como no caso do Sri Lanka no comeccedilo de 200953 ou complicar as negociaccedilotildees para acesso humanitaacuterio como em Mianmar em maio de 200854 Em particular quando os casos lidam com governos que jaacute vecircm sendo excluiacutedos da comunidade internacional foacuteruns e canais mais discretos podem ser mais efetivos na tentativa de influenciar mudanccedilas de comportamento

Possibilitando que as Missotildees de Paz da ONU Ofereccedilam Proteccedilatildeo CriacutevelO peacekeeping eacute um sistema com grande legitimidade global que jaacute evita abusos e comeccedilou a dar ecircnfase agrave Proteccedilatildeo de Civis (PoC) em muitas de suas operaccedilotildees A composiccedilatildeo global e o controle rigoroso por parte do Conselho de Seguranccedila deixa as operaccedilotildees de paz muito mais aceitaacuteveis que qualquer outro instrumento como notavelmente o uso da

24Global Public Policy Institute (GPPi)

forccedila por terceiros segundo um mandato do Conselho de Seguranccedila55 Ao mesmo tempo o peacekeeping soacute eacute capaz de lidar com um nuacutemero limitado de desafios agrave proteccedilatildeo a ausecircncia de mecanismos raacutepidos e efetivos de mobilizaccedilatildeo de implementaccedilatildeo faz com que seja impossiacutevel para peacekeepers da ONU responder a ameaccedilas iminentes de crimes de atrocidade e os requerimentos legais e praacuteticos da colaboraccedilatildeo com o governo local limitam uma accedilatildeo efetiva contra os perpetradores dos crimes de atrocidade que sejam parte ou que recebam apoio do governo Mesmo quando os peacekeepers estavam presentes enquanto crimes de atrocidade eram praticados como na Costa do Marfim em 2011 e no Sudatildeo do Sul em 2013 qualquer prevenccedilatildeo efetiva foi ilusoacuteria E onde uma reaccedilatildeo imediata natildeo obteve sucesso os desafios da proteccedilatildeo efetiva contra crimes em andamento rapidamente excedeu a capacidade dos boinas azuis

As vaacuterias maneiras em que as operaccedilotildees de paz poderiam melhor proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade ao estabelecer capacidades reduzir vulnerabilidade (ldquoproteccedilatildeo indiretardquo) e defender contra perpetradores (ldquoproteccedilatildeo diretardquo) jaacute foram explicitadas em outras oportunidades56 Atingir pelo menos um niacutevel moderado de ambiccedilatildeo para que peacekeepers protejam populaccedilotildees contra crimes de atrocidade requereria investimentos adicionais em capacidade doutrina e treinamento Tambeacutem seria necessaacuteria uma anaacutelise mais seacuteria sobre como combinar de forma efetiva o uso do peacekeeping com instrumentos poliacuteticos

O Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz a lideranccedila da missatildeo e os paiacuteses colaboradores precisam informar de forma modesta e transparente os limites das capacidades da ONU na proteccedilatildeo de civis

O comprometimento bem-vindo e necessaacuterio do Conselho de Seguranccedila com a proteccedilatildeo levou a um nuacutemero excessivo de promessas57 que aumentaram a lacuna entre as expectativas locais e a capacidade das missotildees Quando um mandato para milhares de peacekeepers eacute estabelecido com grande alvoroccedilo mas somente uma fraccedilatildeo chega seis meses depois como no Sudatildeo Sul apoacutes o iniacutecio da uacuteltima guerra civil em dezembro de 2013 ou como quando os peacekeepers se recusaram a tomar medidas enquanto crimes de atrocidade eram cometidos nas redondezas (devido ou natildeo ao apoio ou lideranccedila inadequados) como visto recentemente na RDC ou no Sudatildeo pessoas que se reuacutenem ao redor da bandeira azul na esperanccedila de proteccedilatildeo se tornam mais vulneraacuteveis ao perigo do que se estivessem em outro local De forma geral populaccedilotildees ameaccediladas estatildeo em situaccedilotildees melhores com os peacekeepers do que sem eles mas ainda assim a credibilidade das Naccedilotildees Unidas eacute afetada nestes casos58

Tanto a proteccedilatildeo efetiva quanto a responsaacutevel exigem uma comunicaccedilatildeo honesta e transparente com o puacuteblico e com o Conselho de Seguranccedila sobre as capacidades de cada missatildeo e de cada contingente aleacutem da sua disponibilidade para assumir riscos Quando os diplomatas do Conselho criarem ou derem nova autorizaccedilatildeo a outro ambicioso mandato para a proteccedilatildeo de civis eles precisam ser formalmente informados das capacidades e requerimentos que seratildeo necessaacuterios

25Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

A proteccedilatildeo por parte dos peacekeepers requer um salto de qualidade das contribuiccedilotildees para as operaccedilotildees dos boinas azuis e isso exige que o Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz as tropas a poliacutecia e os colaboradores financeiros encontrem uma divisatildeo do trabalho mais justa e equilibradaO equiliacutebrio fraacutegil entre aqueles que contribuem com tropas (em sua maioria da Aacutefrica e da Aacutesia) financiadores (em sua maioria da Europa e Ameacuterica do Norte) e os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila da ONU que emitem mandatos estaacute proacuteximo de se desfazer A insustentaacutevel divisatildeo de trabalho em peacekeeping natildeo eacute uma questatildeo dos ocidentais contra os demais Muitos paiacuteses africanos cansados dos muitos anos de tentativas frustradas de instauraccedilatildeo da paz no continente pelas potecircncias externas cada vez mais requerem e apoiam o uso de forccedila militar para proteger civis e conceder mais tempo para as negociaccedilotildees de paz Por outro lado paiacuteses que tradicionalmente contribuem com muitas tropas estatildeo cada vez mais reticentes em ameaccedilar a vida de seus soldados em locais distantes ndash especialmente aqueles paiacuteses como a Iacutendia cujo papel emergente no mundo criou expectativas de exercer influecircncia sobre escolhas estrateacutegicas que ateacute agora se mantiveram no domiacutenio exclusivo dos membros permanentes Isso tudo combinado com a austeridade imposta agraves forccedilas armadas mais desenvolvidas impossibilitando aumentar suas contribuiccedilotildees de ativos-chave ndash que poderia reduzir os riscos aos boinas azuis ndash vem deixando muitos paiacuteses em desenvolvimento cada vez mais impacientes com um sistema que natildeo funciona mais para eles

Para avanccedilar na prevenccedilatildeo de crimes de atrocidade economias desenvolvidas e em desenvolvimento precisatildeo aumentar os recursos disponibilizados para as missotildees de paz da ONU mas o dever principal de balancear o desequiliacutebrio atual estaacute nas matildeos de paiacuteses com capacidades avanccediladas Eles precisam disponibilizar forccedilas militares e ativos poliacuteticos que satildeo chaves para limitar o risco de todos os boinas azuis e aumentar o custo-benefiacutecio e a eficaacutecia do peacekeeping Isso inclui drones de vigilacircncia veiacuteculos anti-minas hospitais militares evacuaccedilatildeo meacutedica aeacuterea apoio de combate aeacutereo transporte aeacutereo taacutetico equipamentos anti-explosivos e outras tecnologias avanccediladas59

Contudo natildeo satildeo somente paiacuteses da Europa e da Ameacuterica do Norte que disponibilizam pouquiacutessimas tropas e deixam a desejar em suas contribuiccedilotildees (os europeus por exemplo respondem por menos de 7 por cento das tropas de peacekeeping da ONU e menos de 4 por cento das tropas policiais da organizaccedilatildeo60 A Iacutendia tem demonstrado apoio duradouro e extensivo ao peacekeeping ndash uma rara exceccedilatildeo entre paiacuteses com pretensotildees de lideranccedila regional ou global Outros paiacuteses deveriam pensar em seguir o recente exemplo da China e aumentar o nuacutemero de tropas policiais ou civis qualificados disponibilizados agrave ONU Por exemplo o Brasil mesmo com sua lideranccedila no Haiti ainda oferece menos pessoal que os pequenos Togo e Burkina Faso

26Global Public Policy Institute (GPPi)

Todos os membros do Conselho de Seguranccedila e colaboradores do peacekeeping deveriam aumentar a orientaccedilatildeo conceitual o treinamento e a construccedilatildeo de capacidade para a proteccedilatildeo de civis contra crimes de atrocidade

Tanto o desenvolvimento de estrateacutegias poliacuteticas quanto o uso da forccedila para proteccedilatildeo taacutetica de civis carecem grandemente de fundamentos conceituais soacutelidos com a qual qualquer outro tipo de operaccedilatildeo militar pode contar Os desafios poliacuteticos policiais e militares da proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade natildeo recebem a atenccedilatildeo conceitual e os recursos para treinamento adequados em quase todos os paiacuteses61 Natildeo eacute surpreendente que liacutederes de missatildeo e comandantes de tropas operem hoje em dia com base na tentativa e erro sem que haja uma orientaccedilatildeo ou doutrina clara Da mesma forma os membros do Conselho ndash em especial os natildeo-permanentes ndash satildeo forccedilados a tomar decisotildees difiacuteceis sobre a proteccedilatildeo de civis sem que tenham acesso a um oacutergatildeo de anaacutelise poliacutetico-militar sobre quais seriam as consequecircncias de tais accedilotildees A ausecircncia de conceitos claros e amplamente difundidos sobre as formas praacuteticas de proteccedilatildeo (para aleacutem das Zonas de exclusatildeo aeacuterea) contribuem para o estereoacutetipo muacutetuo e suspeitas de motivos escusos

Os Estados Unidos deveriam continuar a expansatildeo da sua Iniciativa Global de Operaccedilotildees de Paz (GPOI na sigla em inglecircs) e sua Parceria Africana de Resposta Raacutepida para Manutenccedilatildeo da Paz que apoiam e reforccedilam a capacidade de outros paiacuteses de treinar e manter competecircncias para a manutenccedilatildeo da paz Ambos os casos deveriam dar mais atenccedilatildeo agraves forccedilas militaresx mais frequentemente usadas no peacekeeping No futuro treinamentos e exerciacutecios da GPOI e outros deveriam incluir especificamente diferentes aspectos de proteccedilatildeo a civis 62 De forma similar a estes programas estadunidenses a Uniatildeo Europeia os governos europeus e de outros locais que possuem forccedilas armadas com tal capacidade deveriam oferecer os treinamentos e equipamentos mais modernos para os colaboradores das operaccedilotildees de paz Isso poderia criar incentivos para que unidades treinadas e equipadas efetivamente trabalhem em conjunto com a ONU a Uniatildeo Africana e as forccedilas sub-regionais na proteccedilatildeo de civis ndash no caso da UE ao novamente dar ecircnfase e expandir a Enable and Enhance Initiative

Usar a avaliaccedilatildeo atual das operaccedilotildees de paz da ONU para construir um consenso entre todas as partes interessadas (Conselho de Seguranccedila e Secretariado assim como colaboradores financeiros de tropas ou de poliacutecia) sobre o uso da forccedila somente para apoiar ndash e nunca substituir ndash uma estrateacutegia poliacutetica para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade e para planejar mandatos e operaccedilotildees adequadamente Como parte do diaacutelogo necessaacuterio sobre a utilidade do uso da forccedila a atual avaliaccedilatildeo das operaccedilotildees de paz da ONU oferece uma oportunidade de reconstruir uma linguagem comum sobre o peacekeeping seus princiacutepios e conceitos baacutesicos suas ambiccedilotildees e desafios para as tarefas de proteccedilatildeo das missotildees da ONU especialmente no que diz respeito ao uso da forccedila Os princiacutepios de consentimento imparcialidade e neutralidade atualizados no Relatoacuterio Brahimi para permitir que peacekeepers ajam contra os violadores dos acordos de paz e perpetradores de atrocidades mais uma vez satildeo distorcidos ou parecem irrelevantes em muitas operaccedilotildees A maioria dos peacekeepers

27Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

de hoje servem em situaccedilotildees de conflito ativo como no Mali ou na Repuacuteblica Centro-Africana Peacekeepers da ONU estatildeo conduzindo operaccedilotildees de combate ativo na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Em outros locais os acordos de deacutecadas atraacutes que deram origem a uma missatildeo natildeo incluem as partes que atualmente ameaccedilam ou sequestram peacekeepers como nas Colinas de Golatilde

Enquanto eacute inevitaacutevel que haja certa ambiguidade sobre os princiacutepios o uso ativo da forccedila para proteger civis soacute eacute capaz de apoiar mas nunca substituir uma estrateacutegia poliacutetica63 Onde natildeo haacute uma estrateacutegia poliacutetica realista para chegar agrave paz deve haver pelo menos uma para limitar os riscos aos civis ndash se necessaacuterio um plano que inclua o apoio de forccedilas militares da ONU como na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Estas questotildees devem ser discutidas de forma honesta pelas partes interessadas nas operaccedilotildees de paz da ONU O abismo que separa as partes nestas discussotildees natildeo estaacute entre os ocidentais que apoiam o uso de mais forccedila e os opositores natildeo-ocidentais Atualmente isso acontece entre paiacuteses que contribuem com muitas tropas como Iacutendia e Paquistatildeo preocupados com o aumento dos riscos agraves suas tropas e uma coalisatildeo mais intervencionista de paiacuteses africanos e europeus ocidentais64

A Tomada de Decisotildees sobre Accedilotildees MilitaresO atual sistema de seguranccedila coletiva que tem o Conselho de Seguranccedila na ONU como peccedila central natildeo estaacute agrave altura da tarefa de prover proteccedilatildeo efetiva e responsaacutevel O Conselho eacute incapaz de agir de forma efetiva quando alguns interesses geopoliacuteticos colidem como no caso da Siacuteria Mas ele fracassa ateacute mesmo em situaccedilotildees em que o abuso do argumento humanitaacuterio natildeo estaacute na pauta e os interesses de membros-chave do Conselho estatildeo alinhados ndash como no caso da Repuacuteblica Centro-Africana ou do Sudatildeo do Sul Um Conselho que tem o poder de estabelecer mandatos mobilizar proteccedilatildeo efetiva e limitar o medo do uso abusivo de argumentos humanitaacuterios precisaria ouvir os maiores atores poliacuteticos do mundo moderno os paiacuteses que contribuem com tropas e os financiadores

Tanto a composiccedilatildeo quanto os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila da ONU refletem a ordem mundial dos anos 1940 A fim de manter a credibilidade do sistema de seguranccedila coletiva restaurar a legitimidade do Conselho de Seguranccedila eacute uma questatildeo urgente e de interesse dos cinco membros permanentes Todavia mesmo estando bem fundadas em termos de justiccedila global e em prospectos de longo prazo para a governanccedila global as propostas jaacute existentes para uma expansatildeo do Conselho ou um papel mais proeminente da Assembleia Geral em assuntos de seguranccedila provavelmente natildeo contribuiratildeo para uma proteccedilatildeo mais efetiva contra crimes de atrocidade

Visando o 70o aniversaacuterio da ONU neste ano nossas sugestotildees datildeo ecircnfase agraves mudanccedilas procedimentais e natildeo estruturais do Conselho de Seguranccedila

28Global Public Policy Institute (GPPi)

Os cinco membros permanentes do Conselho de Seguranccedila deveriam dar mais apoio a processos decisoacuterios inclusivos dentro do Conselho e abrir canais informais de consulta sobre mandatos estrateacutegias e operaccedilotildees para todas as partes cruciais em especial potecircncias regionais e grandes colaboradores de pessoal Os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila na ONU limitam severamente seu senso de imparcialidade perante os olhos do mundo Na maioria das crises na Aacutefrica o chamado ldquopenholderrdquo ndash isto eacute o paiacutes responsaacutevel pelo rascunho das resoluccedilotildees do Conselho ndash eacute o antigo Estado colonizador ou os Estados Unidos65 Mesmo sendo uacutetil por dar uma continuidade ao longo dos anos esta organizaccedilatildeo e as relaccedilotildees internas resultantes entre os membros permanentes efetivamente excluem os membros natildeo-permanentes da maior parte das negociaccedilotildees informais onde as decisotildees mais importantes satildeo tomadas

Para que haja uma forma menos exclusiva de tomar decisotildees o precisaria de atores adicionais tanto dentro quanto fora das regiotildees relevantes para desenvolver as capacidades analiacutetica e poliacutetica de cogerenciar de forma construtiva o engajamento do Conselho e as operaccedilotildees de paz ao inveacutes de soacute defender seus proacuteprios interesses Os Estados membros e as organizaccedilotildees da sociedade civil tambeacutem devem continuar as discussotildees sobre um coacutedigo de conduta para limitaccedilatildeo voluntaacuteria do poder de veto em situaccedilotildees de crimes de atrocidade como proposto pelo governo francecircs66

Aleacutem dos procedimentos internos os membros do Conselho devem continuar expandindo as interaccedilotildees informais com as partes relevantes incluindo paiacuteses vizinhos e aqueles que contribuem com pessoal para as operaccedilotildees de paz Isso natildeo precisa se limitar a trocas diplomaacuteticas formais a fim de aumentar a qualidade e aceitaccedilatildeo dos mandatos de peacekeeping os paiacuteses responsaacuteveis pelo rascunho do mandato poderiam incluir a colaboraccedilatildeo de especialistas dos paiacuteses que contribuem com grande nuacutemero de tropas ou de policiais como por exemplo antigos comandantes de tropa ou chefes de poliacutecia67

Atores com credibilidade para fazer conexotildees no debate polarizado sobre intervenccedilatildeo militar devem facilitar os esforccedilos informais para desenvolver um sistema de monitoramento e informaccedilatildeo mais rigoroso para Estados que aderirem agraves missotildees com mandatos da ONUO conceito de Responsabilidade ao Proteger (RwP na sigla em inglecircs) eacute uma das iniciativas mais promissoras para lidar com os desacordos globais sobre o uso abusivo da Responsabilidade de Proteger Quando apresentado pelo Brasil no final de 2011 tal conceito ofereceu uma oportunidade de debate sobre o que poderia ser proteccedilatildeo efetiva e qual deveria ser o papel do uso da forccedila nessa proteccedilatildeo apoacutes a intervenccedilatildeo na Liacutebia quando essas discussotildees estavam extremamente polarizadas68 Apoacutes essa experiecircncia eacute muito improvaacutevel que o Conselho de Seguranccedila futuramente aprove uma resoluccedilatildeo autorizando o uso de forccedilas externas para a proteccedilatildeo com termos tatildeo amplos Com isso a implementaccedilatildeo de algumas ideias da proposta do RwP eacute de interesse de todos os Estados que acreditam que a forccedila deve ser uma ferramenta de uacuteltimo caso disponiacutevel

29Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

agrave comunidade internacional Discussotildees mais profundas satildeo necessaacuterias sobre os criteacuterios e condiccedilotildees considerados para que o Conselho use a forccedila para proteger populaccedilotildees Mesmo que a discussatildeo sobre criteacuterios para o uso da forccedila seja tatildeo antiga quanto a discussatildeo sobre intervenccedilatildeo humanitaacuteria69 todos os Estados membros se beneficiariam de um debate aberto sobre os sucessos e fracassos do uso da forccedila no passado e suas implicaccedilotildees no futuro como supracitado Outra questatildeo mais praacutetica diz respeito a como aumentar a habilidade do Conselho de monitorar aqueles que aderem e executam suas decisotildees Uma sugestatildeo concreta seria adotar elementos do sistema de peacekeeping como relatoacuterios e reuniotildees instrutivas regulares sobre a situaccedilatildeo das delegaccedilotildees para o uso da forccedila por terceiros As resoluccedilotildees poderiam incluir expliacutecitas claacuteusulas de caducidade que obrigariam a aprovaccedilatildeo da extensatildeo do mandato pelo Conselho de Seguranccedila e requerimentos de relatoacuterio regulares e especiacuteficos por parte daqueles Estados membros que aderirem e executarem as decisotildees do oacutergatildeo70 Outra sugestatildeo seria a criaccedilatildeo de mecanismos de responsabilizaccedilatildeo e monitoramento ao criar paineacuteis de especialistas quando os mandatos do Conselho incluiacuterem o uso da forccedila conforme modelo dos comitecircs de sanccedilotildees da ONU Relatoacuterios de comitecircs independentes como esses podem dar origem a uma praacutetica-padratildeo e contribuir para a melhora da qualidade nas decisotildees do Conselho ao longo do tempo seja antes durante ou depois das operaccedilotildees militares71

Potecircncias emergentes e jaacute estabelecidas podem fazer sua parte no avanccedilo das discussotildees sobre as questotildees colocadas pelo RwP Tanto a iniciativa oficial do Brasil quanto a ideia de ldquoProteccedilatildeo Responsaacutevelrdquo colocada por um reconhecido especialista chinecircs72 poderiam ser pontos de partida para discussotildees mais especiacuteficas e operacionais tanto entre os BRICS quanto entre os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila73 Ao inveacutes de rejeitar tais conceitos como sendo ataques agrave Responsabilidade de Proteger as potecircncias ocidentais deveriam ver essas iniciativas como uma oportunidade para um debate construtivo sobre como proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade74

Inserindo a Reflexatildeo e o Aprendizado Constantes em cada Ferramenta PoliacuteticaAinda que haja muita experiecircncia estabelecida com fracassos terriacuteveis e os poucos sucessos qualificados natildeo haacute uma base de conhecimento confiaacutevel sobre como proteger pessoas contra crimes de atrocidade Em geral governos e organizaccedilotildees internacionais continuam tratando cada crise como sendo uacutenica dando pouca atenccedilatildeo agrave reflexatildeo contiacutenua ao aprendizado e agrave adaptaccedilatildeo das poliacuteticas conforme as situaccedilotildees evoluem Os acadecircmicos jaacute aprenderam bem mais sobre o que natildeo funciona em algumas condiccedilotildees do que sobre o que poderia melhorar ndash por um lado porque cada intervenccedilatildeo poliacutetica acontece com contexto proacuteprio e por outro porque resultam de incentivos acadecircmicos e dificuldades de acesso a dados

30Global Public Policy Institute (GPPi)

Governos organizaccedilotildees internacionais sociedade civil e acadecircmicos precisam projetar poliacuteticas que sejam mais adaptaacuteveis ao conhecimento em evoluccedilatildeo e agrave avaliaccedilatildeo de riscos com base em oportunidades internas para reflexatildeo e aprendizado contiacutenuos e colaborativosEnquanto ainda haacute urgecircncia para que medidas sejam tomadas agir de forma responsaacutevel perante tanta incerteza pede que sejamos menos confiantes em nossa habilidade de determinar a melhor poliacutetica possiacutevel para cada situaccedilatildeo Poliacuteticos ativistas e intelectuais devem ser honestos consigo mesmos e transparentes com aqueles que mais sofrem com os impactos dessas poliacuteticas Natildeo haacute soluccedilotildees que tenham sido testadas e comprovadas Tudo que podemos fazer eacute tentar identificar a forma mais responsaacutevel de desenvolver cada caso enquanto nos mantemos preparados e prontos para reagir rapidamente a mudanccedilas e melhorar nossa gama de poliacuteticas instrumentais Este processo experimental de decisatildeo poliacutetica precisa ser constantemente monitorado e avaliado de forma autocriacutetica tanto interna quanto externamente atraveacutes do diaacutelogo franco e honesto entre profissionais sociedades e especialistas externos em todos os niacuteveis desde o monitoramento e avaliaccedilatildeo ateacute os debates mais amplos de poliacutetica puacuteblica sobre a eficaacutecia da forccedila militar e da diplomacia coercitiva na prevenccedilatildeo e resposta a crimes de atrocidade

31Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

1 Como a Genocide Prevention Task Force em um painel fechado de alto-niacutevel nos Estados Unidos apropriadamente argumentou em 2008 Genocide Prevention Task Force lsquoPreventing Genocide A Blueprint for US Policymakersrsquo (Washington DC The American Academy of Diplomacy US Holocaust Memorial Museum US Institute for Peace 2008) Veja tambeacutem Ruben Reike Serena Sharma e Jennifer Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo (Australian Civil-Military Centre e Oxford Institute for Ethics Law and Armed Conflict 2013) 6ff

2 Michael Ignatieff lsquoThe Libya Case a Teachable Momentrsquo Suddeutsche Zeitung Special Supplement http wwwamericanacademydesitesdefaultfilesuploadMSC202012pdf 3 de fevereiro de 2012 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 David Bosco lsquoAbstention Games on the Security Councilrsquo Foreign Policy httpforeignpolicy com20110317abstention-games-on-the-security-council 17 de marccedilo de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

3 Kofi A Annan lsquoTwo Concepts of Sovereigntyrsquo The Economist httpwwweconomistcomnode324795 16 de setembro de 1999 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

4 Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Conflict Security and Development 144 2014 Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

5 Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

6 Rosa Brooks lsquoThe UN Security Council and Civilian Protectionrsquo in Jared Genser e Bruno Ugarte eds The UN Security Council in the Age of Human Rights (New York Cambridge University Press 2013) 12 Sobre a base global para as normas de proteccedilatildeo veja Charles Sampford lsquoA Tale of Two Normsrsquo em Angus Francis Vesselin Popovski e Charles Sampford eds Norms of Protection Responsibility to Protect Protection of Civilians and Their Interaction (United Nations University Press 2012) Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

7 Para uma visatildeo geral do posicionamento do Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia e Aacutefrica do Sul sobre R2P veja os artigos na ediccedilatildeo especial de Conflict Security and Development Brockmeier Kurtz e Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Jaganathan e Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Julian Junk lsquoThe Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Xymena Kurowska lsquoMultipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Lui Tiewa e Zhang Haibin lsquoDebates in China About the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessmentrsquo Conflict Security and Development 2014 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Verhoeven Murthy e Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang Reinicke lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo ediccedilatildeo especial (144) de Conflict Security and Development (London Taylor amp Francis 2014)

8 CSR Murthy e Gerrit Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo Global Society em revisatildeo

9 Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo Global Society em revisatildeo Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo Global Society em revisatildeo

10 Judi Atkins Justifying New Labour Policy (Houndmills Basingstoke Hampshire New York Palgrave Macmillan 2011) 163 Veja por exemplo Stuenkel e Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Erna Burai lsquoParody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian Warrsquo Global Society em revisatildeo

Notas

32Global Public Policy Institute (GPPi)

11 Roland Paris lsquoThe ldquoResponsibility to Protectrdquo and the Structural Problems of Preventive Humanitarian Interventionrsquo International Peacekeeping 215 2014 4

12 Ramesh Thakur lsquoR2Prsquos ldquoStructuralrdquo Problems A Response to Roland Parisrsquo International Peacekeeping 2015 5

13 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

14 Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo Global Society em revisatildeo

15 Julian Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo Global Society em revisatildeo Julian Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo Global Society em revisatildeo

16 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

17 Erna Burai lsquoAfrican Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Groundrsquo Global Society em revisatildeo

18 Ambos os debates em torno das propostas brasileiras de Responsabilidade ao Proteger e o Diaacutelogo Interativo Informal da Assembleia Geral sobre Responsabilidade de Proteger e ldquoAccedilatildeo oportuna e decisivardquo em 2012 constituiacuteram tentativas de defensores de R2P se envolverem em discussotildees sobre o uso da forccedila e R2P Para acessar uma coleccedilatildeo de discursos durante a Assembleia Geral de 2012 veja httpwwwglobalr2porgresources278

19 Sarah Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo em Mary Kaldor e Iavor Rangelov eds The Handbook of Global Security Policy (Chichester West Sussex Wiley Blackwell 2014) 225

20 Alastair Iain Johnston lsquoThinking About Strategic Culturersquo International Security 194 1995 46

21 Pessimismo sobre a eficaacutecia da forccedila no entanto natildeo eacute o mesmo de promover a natildeo-violecircncia Alguns dos maiores defensores do ceticismo em relaccedilatildeo agraves forccedilas militares para proteccedilatildeo frequentemente recorrem a forccedilas militares ou quase militares no acircmbito domeacutestico

22 Otto Bakkano lsquoAU Pushes for Ceasefire Political Solution in Libyarsquo Mail amp Guardian httpmgcoza article2011-05-26-au-pushes-for-ceasefire-political-solution-in-libya 26 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Guido Westerwelle lsquoBundesminister Westerwelle Statement vom 25032011 zu Syrien Jemen Israel und dem Gaza-Streifen Sowie Libyenrsquo Auswartiges Amt httpwwwbrasildiplodeVertretung brasiliende07__AussenpolitikReden_20des_20Au_C3_9FenministersStatemente_20Syrienhtml 25 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

23 Barack Obama David Cameron e Nicolas Sarkozy lsquoLibyarsquos Pathway to Peacersquo The International Herald Tribune httpwwwnytimescom20110415opinion15iht-edlibya15html 15 de abril de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Reuters lsquoKerry Insists No Place for Assad in Syriarsquos Futurersquo Reuters httpwwwreuters comarticle20140117us-syria-crisis-kerry-idUSBREA0G14A20140117 17 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

24 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

25 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

26 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

27 Kersti Larsdotter lsquoExploring the Utility of Armed Force in Peace Operations German and British Approaches in Northern Afghanistanrsquo Small Wars and Insurgencies 193 2008 Taylor B Seybolt Humanitarian Military Intervention The Conditions for Success and Failure (Oxford Oxford University Press 2008) Rupert Smith The Utility of Force The Art of War in the Modern World (London Allen Lane 2005) Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

28 UN Department of Peacekeeping Operations e UN Department of Field Support lsquoOperational Concept on the Protection of Civilians in United Nations Peacekeeping Operationsrsquo (New York 2010) Sarah Sewall Dwight Raymond e Sally Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook (Cambridge MA Harvard Kennedy School 2010)

29 Harry Verhoeven documenta o exemplo de um diplomata chinecircs que ldquopensava que o Ocidente tinha inventado os Janjaweed [miliacutecias proacute- governo em Darfur] como uma desculpa para intervir Mas eles eram de verdade e matavam pessoasrdquo Harry Verhoeven lsquoIs Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa Is Changing Chinarsquo The Washington Quarterly 372 2014 64

33Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

30 BS Chimni lsquoFor Epistemological and Prudent Internationalismrsquo Harvard Law School Human Rights Journal novembro 2012 Greg Simons lsquoThe International Crisis Group and the Manufacturing and Communicating of Crisesrsquo Third World Quarterly 354 2014 Ramesh Thakur lsquoIs the United Nations Racistrsquo The Hindu httpwwwthehinducomopinionleadis-the-united-nations-racistarticle4928624ece 19 de julho de 2013 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

31 Ambassador Liu Zhenmin lsquoStatement by Ambassador Liu Zhenmin at the Plenary Session of the General Assembly on the Question of ldquoResponsibility to Protectrdquorsquo httpresponsibilitytoprotectorgStatement20 by20Ambassador20Liu20Zhenminpdf 24 de julho de 2009 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Zhang Haibin e Lui Tiewa lsquoRealizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and Thereafterrsquo Global Society em revisatildeo

32 Conversa com uma seacuterie de especialistas indianos em evento na Jawaharlal Nehru University (Nova Deacuteli Iacutendia) no dia 21 de Janeiro de 2015

33 IRIN lsquoA New Start for Crisis Reportingrsquo IRIN httpnewirinirinnewsorgpress-release 20 de novembro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34 Veja por exemplo Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoReport of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on United Nations Action in Sri Lankarsquo (New York United Nations 2012)

35 Um bom exemplo foi o briefing do Assessor Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedio para o Conselho de Seguranccedila da ONU depois de sua visita agrave Repuacuteblica Centro-Africana no dia 22 de janeiro de 2014 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoThe Statement of under Secretary-GeneralSpecial Adviser on the Prevention of Genocide Mr Adama Dieng on the Human Rights and Humanitarian Dimensions of the Crisis in the Central African Republicrsquo httpwwwunorgenpreventgenocideadviserpdfSAPG20Statement20at20UNSC20 on20the20situation20in20CAR-202220Jan202014pdf 22 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

36 Morten Bergsmo Quality Control in Fact-Finding (Florence Torkel Opsahl Academic EPublisher 2013) 210

37 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoRights up Front A Plan of Action to Strengthen the UNrsquos Role in Protecting People in Crises Follow-up to the Report of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on UN Action in Sri Lankarsquo (New York 2013)

38 Veja tambeacutem futura publicaccedilatildeo do GPPi Gerrit Kurtz lsquoA New Tool for Civilian Protection - the Human Rights up Front Initiative of the United Nationsrsquo GPPi Policy Brief futura publicaccedilatildeo

39 Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo

40 Jose Ramos-Horta lsquoIndia Right in Asking for More Say in Peacekeeping Operations-Related Decisions Top UN Panel Chiefrsquo Hindustan Times httpwwwhindustantimescomindia-newsindia-right-in-asking- for-more-say-in-peacekeeping-operations-related-decisions-top-un-panel-chiefarticle1-1314354aspx 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 13 de marccedilo de 2015

41 Thomas Biersteker et al lsquoThe Effectiveness of UN Targeted Sanctions - Findings from the Targeted Sanctions Consortium (TSC)rsquo The Graduate Institute Geneva 2013

42 Kirsten Ainley lsquoThe Responsibility to Protect and the International Criminal Court Counteracting the Crisisrsquo International Affairs 911 2015

43 Para distinccedilatildeo entre atividades ldquosistecircmicasrdquo e ldquodirecionadasrdquo veja Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

44 Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo Global Society em revisatildeo

45 Verhoeven e Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo 8 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann lsquoSchutz und Verantwortung Uber die US- Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltatenrsquo (2013)

46 Mike Brand lsquoEmploying lsquoPreventionrsquo to Prevent Mass Atrocitiesrsquo Saferworld httpwwwsaferworldorguk news-and-viewscomment123-employing-apreventiona-to-prevent-mass-atrocities 25 de fevereiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Warren Strobel e Louis Charbonneau lsquoUS Was Slow to Lose Patience as South Sudan Unraveledrsquo Reuters 14 de janeiro de 2014

47 Adam Lupel lsquoUN Adviser on Prevention of Genocide ldquoWe Have to Make Sure the Security Council Actsrdquorsquo httptheglobalobservatoryorg201404un-adviser-on-prevention-of-genocide-we-have-to-make-sure- security-council-acts 28 de abril de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34Global Public Policy Institute (GPPi)

48 Office for the Coordination of Humanitarian Affairs lsquoHumanitarian Bulletin Syriarsquo Humanitarian Bulletin Issue 53 httpreliefwebintsitesreliefwebintfilesresourcesBulletin_no_53_17032015_final_01pdf 1 de fevereiro - 18 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

49 Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

50 Human Rights Watch lsquoGermany QampA on Trial of Two Rwandan Rebel Leadersrsquo httpwwwhrworgde news20110502germany-qa-trial-two-rwandan-rebel-leaders 2 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 23 de marccedilo de 2015

51 Eric Lichtblau lsquoUS Seeks to Deport Bosnians over War Crimesrsquo New York worldus-seeks-to-deport-bosnians-over- Times httpwwwnytimescom20150301war-crimeshtml 28 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

52 Para um argumento similar observando o envolvimento internacional com a Liacutebia em 2015 veja International Crisis Group lsquoLibya Getting Geneva Rightrsquo International Crisis Group Middle East and North Africa Report Nr 157 2015

53 Kurtz e Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo

54 Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo

55 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

56 Alex J Bellamy e Charles T Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo (Asia- Pacific Centre for the Responsibility to Protect 2010) Alex J Bellamy The Responsibility to Protect A Defense (Oxford Oxford University Press 2014)

57 Ashley Jackson lsquoProtecting Civilians The Gap between Norms and Practicersquo (Humanitarian Policy Group 2014)

58 Isso jaacute foi escrito em 2009 no relatoacuterio ldquoNew Horizonrdquo do DPKO ldquoO descompasso entre expectativas e capacidade de promover proteccedilatildeo abrangente criou um significante desafio de credibilidade para as operaccedilotildees de paz da ONUrdquo Department of Peacekeeping Operations lsquoA New Partnership Agenda Charting a New Horizon for UN Peacekeepingrsquo (New York 2009) 20

59 Compare United Nations lsquoFinal Report of the Expert Panel on Technology and Innovation in UN Peacekeepingrsquo httpwwwperformancepeacekeepingorgofflinedownloadpdf 22 de dezembro de 2014

60 Compare United States Mission to the United Nations lsquoRemarks on Peacekeeping in Brussels by Samantha Power US Permanent Representative to the United Nationsrsquo httpusunstategovbriefing statements238660htm 9 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

61 Bellamy and Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo 23-24 Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

62 Isso poderia se basear no Mass Atrocities Response Operations project do US Armyrsquos Peacekeeping and Stability Operations Institute e do Harvard Kennedy Schoolrsquos Carr Center for Human Rights Veja Sewall Raymond e Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook

63 Mats Berdal e David H Ucko lsquoThe United Nations and the Use of Force Between Promise and Perilrsquo Journal of Strategic Studies 375 2014

64 Veja tambeacutem os resultados de um projeto do SIPRI sobre o futuro das operaccedilotildees de paz Jair van der Lijn e Xenia Avezov lsquoThe Future Peace Operations Landscape - Voices from Stakeholders around the Globe - Final Report of the New Geopolitics of Peace Operations Initiativersquo Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) janeiro de 2015

65 Security Council Report lsquoChairs of Subsidiary Bodies and Penholders for 2015rsquo httpwwwsecuritycouncilreportorgmonthly-forecast2015-02chairs_of_subsidiary_bodies_and_penholders_ for_2015php 30 de janeiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

66 Gareth Evans lsquoLimiting the Security Council Vetorsquo Project Syndicate httpwwwproject-syndicateorg commentarysecurity-council-veto-limit-by-gareth-evans-2015-02 4 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Kofi Annan e Gro Harlem Brundtland lsquoFour Ideas for a Stronger UNrsquo The New York Times httpwwwnytimescom20150207opinionkofi-annan-gro-harlem-bruntland-four-ideas-for-a-stronger- unhtml_r=0 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

67 Conversa com ex-comandantes militares Nova Deacuteli janeiro de 2015

68 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

35Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

69 Ibid Murthy e Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo

70 Compare tambeacutem com Bellamy The Responsibility to Protect A Defense 200

71 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

72 Ruan Zongze lsquo阮宗泽中国应倡导ldquo负责任的保护rdquo- ( China deveria defender a Proteccedilatildeo Responsaacutevel)rsquo Global Times (ediccedilatildeo chinesa) httpopinionhuanqiucom11522012-032501163html uacuteltimo acesso em 7 de marccedilo de 2012

73 Andrew Garwood-Gowers lsquoChinarsquos ldquoResponsible Protectionrdquo Concept Re-Interpreting the Responsibility to Protect (R2P) and Military Intervention for Humanitarian Purposesrsquo Asian Journal of International Law disponiacutevel em CJO2015 2015

74 Thorsten Benner lsquoBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiativersquo GPPi Working Paper Series 2013

36Global Public Policy Institute (GPPi)

Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang 4 n 4 2014) A ediccedilatildeo especial conteacutem os seguintes artigos todos disponiacuteveis gratuitamente online Introduction Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier

Regulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protect por Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

Debates in China about the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessment por Liu Tiewa e Zhang Haibin

Emerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protect por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk

Singing the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protect por Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz

Multipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protect por Xymena Kurowska

ldquoOur Identity is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Intervention por Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira

The Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protect por Julian Junk

Em breve laccedilaremos uma ediccedilatildeo especial na Global Society os seguintes artigos que estatildeo atualmente em processo de revisatildeo To Intervene in Darfur or Not Re-examining the R2P Debate and its Impacts por Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira

International Responsibility as Solidarity the Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectory por CSR Murthy e Gerrit Kurtz

Bringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenya por Julian Junk

Testing Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2P por Julian Junk

Parody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian War por Erna Burai

Protection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009 por Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan

Realizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and thereafter por Zhang Haibin e Liu Tiewa

The Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protection por Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

African Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Ground por Erna Burai

Responsibility While Protecting and the Ethics of R2P Implementation por Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier

Outras publicaccedilotildees relacionadasBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiative por Thorsten Benner Seacuterie de Working Papers do GPPi 2013

O Brasil como um Empreendedor Normativo a Responsabilidade ao Proteger por Thorsten Benner Politica Externa v 21 n 4 2013 p 35-46

Germany and the Intervention in Libya por Sarah Brockmeier Survival Global Politics and Strategy v55 n6 2013 p 63ndash90

Schutz und Verantwortung Uber die US-Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltaten por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann Heinrich Boll Foundation June 2013

Internationale Schutzverantwortung - Normative Erwartungen und Politische Praxis por Christopher Daase e Julian Junk (orgs) Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n 1-2 2013

Die Legalisierung der Legitimitat ndash Zur Kritik der Schutzverantwortung als Emerging Norm por Christopher Daase Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n1-2 2013 p 41-62

Emerging Power Exceptional State Elusive Country Explaining Indiarsquos Behavior por Madhan Mohan Jaganathan (com Amna Sunmbul) Proceedings of the International Conference on Social Sciences Chennai 2013 p 308-311

A New Tool for Civilian Protection - The Human Rights up Front Initiative of the United Nations por Gerrit Kurtz GPPi Policy Brief lanccedilamento em breve

Indiarsquos Approach to the Protection of Civilians in Armed Conflicts por CSR Murthy Norwegian Peacebuilding Resource Centre novembro de 2012

Contemporary World Order and Approaches to UN Peacekeeping A South Asian Perspective por CSR Murthy Friedrich Ebert Foundation dezembro de 2012

India-Brazil-South Africa Dialogue Forum (IBSA) The Rise of the Global South por Oliver Stuenkel Routledge Global Institutions 2014

The BRICS and the Future of Global Order por Oliver Stuenkel Lexington Press 2015

The BRICS and the Future of R2P Was Syria or Libya the Exception por Oliver Stuenkel Global Responsibility to Protect v6 n 1 2014 p 3-28

China and Responsibility to Protect Maintenance and Change of its Policy for Intervention por Liu Tiewa The Pacific Review v 25 v1 2012 p 153-173

Is China Like the Other Permanent Members Governmental and Academic Debates about RtoP by Liu Tiewa in Moacutenica Serrano e Thomas G Weiss (orgs) Rallying to the RtoP Cause The International Politics of Human Rights Routledge 2014 p 148-170

Chinese Strategic Culture and the Use of Force Moral and Political Perspectives por Liu Tiewa Journal of Contemporary China v23 n87 2014 p 556-574

Is Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa is Changing China por Harry Verhoeven The Washington Quarterly vol37 n2 2014 p 55-70

Publicaccedilotildees Selecionadas

37Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

AutoresThorsten BennerGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Sarah Brockmeier Global Public Policy InstituteBerlin Germany

Erna BuraiCentral European UniversityBudapest Hungary

CSR MurthyJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Christopher DaasePeace Research InstituteFrankfurt Germany

J Madhan MohanJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Julian JunkPeace Research InstituteFrankfurt Germany

Xymena KurowskaCentral European UniversityBudapest Hungary

Gerrit KurtzGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Liu TiewaPeking University China

Wolfgang ReinickeGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Philipp RotmannGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Ricardo Soares de OliveiraOxford UniversityUnited Kingdom

Matias SpektorFundaccedilatildeo Getulio VargasRio de Janeiro Brazil

Oliver StuenkelFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Marcos TourinhoFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Harry VerhoevenOxford UniversityUnited Kingdom

Zhang HaibinPeking UniversityChina

Global Public Policy Institute (GPPi)Reinhardtstr 7 10117 Berlin GermanyPhone +49 30 275 959 75-0Fax +49 30 275 959 75-99gppigppinet

gppinetglobalnormsnet

5Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

implementam missotildees com mandatos da ONU levando em consideraccedilatildeo as questotildees levantadas durante a intervenccedilatildeo na Liacutebia e na proposta da Responsabilidade ao Proteger

Desenvolver a reflexatildeo e o aprendizado constantes em todas as ferramentas poliacuteticas Ainda que haja um grande nuacutemero de experiecircncias fracassadas e poucos casos bem sucedidos natildeo existe uma base de conhecimento confiaacutevel sobre como proteger pessoas contra crimes de atrocidade Considerando toda essa incerteza um processo responsaacutevel de policy-making requer que os governos as organizaccedilotildees internacionais a sociedade civil e o mundo acadecircmico criem poliacuteticas que sejam mais adaptaacuteveis ao conhecimento em evoluccedilatildeo e agrave avaliaccedilatildeo dos riscos com base em oportunidades internas para reflexatildeo e aprendizado contiacutenuos e colaborativos

6Global Public Policy Institute (GPPi)

Para aleacutem dos ldquoOcidentaisrdquo e os ldquoDemaisrdquo O Futuro do R2P 7Resumo 8Resultados de Pesquisa Legados Retoacutericos e Debates Construtivos 10O que eacute Indiscutiacutevel Proteccedilatildeo Contra Crimes de Atrocidade Requer Accedilatildeo Internacional 11O que Ainda eacute Discutiacutevel Como Proteger de Forma Responsaacutevel e Efetiva 12A Controveacutersia Mais Profunda a Forccedila Pode Proteger 14

Opccedilotildees Poliacuteticas para Proteccedilatildeo Mais Efetiva e Responsaacutevel 17Reduzindo a Vulnerabilidade das Fontes de Informaccedilatildeo perante Acusaccedilotildees de Parcialidade 17Usando Ferramentas Diplomaacuteticas e Civis De Forma Antecipada Justa e Estrateacutegica 20Possibilitando que as Missotildees de Paz da ONU Ofereccedilam Proteccedilatildeo Criacutevel 23A Tomada de Decisotildees sobre Accedilotildees Militares 27Inserindo a Reflexatildeo e o Aprendizado Constantes em cada Ferramenta Poliacutetica 29

Notas 31

Publicaccedilotildees Selecionadas 36

Autores 37

Iacutendice

7Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Uma deacutecada apoacutes a adoccedilatildeo pelas Naccedilotildees Unidas do princiacutepio da Responsabilidade de Proteger (R2P) pessoas contra crimes atrozes os histoacutericos das iniciativas mundiais de proteccedilatildeo de indiviacuteduos continuam preocupantes Em 1948 o mundo se comprometeu a

ldquonunca maisrdquo permitir genociacutedios poreacutem por diversas vezes desde entatildeo natildeo cumpriu sua promessa perante tantas viacutetimas de genociacutedio e de atrocidades em massa ndash incluindo Bangladesh em 1971 Camboja em 1978 Ruanda em 1994 e tambeacutem Srebrenica em 1995 uma cataacutestrofe que completou vinte anos em 2015

Enquanto isso milhares de pessoas na Repuacuteblica Centro-Africana Repuacuteblica Democraacutetica do Congo (RDC) Iraque Sudatildeo do Sul Siacuteria e em vaacuterios outros locais sofrem com crimes contra a humanidade crimes de guerra e limpezas eacutetnicas exatamente as violaccedilotildees previstas no compromisso da Responsabilidade de Proteger Em marccedilo de 2011 a ameaccedila iminente de assassinatos em massa de civis na cidade Liacutebia de Bengazi impeliu uma intervenccedilatildeo militar que provavelmente salvou muitas vidas de um massacre Contudo a coalisatildeo liderada pela OTAN optou por uma missatildeo para mudar o regime poliacutetico e seus aliados locais mergulharam o paiacutes em um caos violento que jaacute transbordou suas fronteiras e causou muitas fatalidades Isso aumentou as preocupaccedilotildees sobre o uso abusivo da doutrina do R2P pelas grandes potecircncias assim como sobre o resultado violento das intervenccedilotildees militares Na Siacuteria milhares de civis morreram e milhotildees sofriam enquanto o Conselho de Seguranccedila vivia um impasse poliacutetico Mesmo nos locais em que haacute consenso global para accedilatildeo ndash no Sudatildeo do Sul na Repuacuteblica Centro-Africana ou no norte do Iraque ndash governos e organizaccedilotildees internacionais com frequecircncia tecircm accedilotildees lentas ou ineficazes Isso eacute ainda mais traacutegico porque existe um potencial para accedilotildees que preveniriam crimes atrozes em massa Usar atrocidades como arma de guerra ou instrumento poliacutetico requer planejamento sistemaacutetico e organizaccedilatildeo e estes processos podem ser identificados e interrompidos com accedilotildees cuidadosas e determinadas A mobilizaccedilatildeo internacional tem um papel crucial no alcance de tal objetivo1

Se acreditarmos nos analistas o futuro da proteccedilatildeo contra atrocidades parece ainda pior do que o presente Muitos demostram desesperanccedila perante a ascensatildeo de potecircncias cujas elites se socializaram em oposiccedilatildeo agrave ordem liderada pelo Ocidente que deu origem agrave Responsabilidade de Proteger Previsotildees proeminentes descrevem potecircncias emergentes se opondo ao R2P e com isso acredita-se que nas palavras de Michael Ignatieff ldquoa resistecircncia desses paiacuteses a intervenccedilotildees se torne cada vez mais influenterdquo2

Mesmo que a imagem desoladora do fracasso esteja correta a avaliaccedilatildeo subjacente do impasse global entre os intervencionistas ldquoOcidentaisrdquo e os ldquodemaisrdquo fieacuteis da soberania com um desequiliacutebrio pendendo para este uacuteltimo eacute equivocada em dois

Para aleacutem dos ldquoOcidentaisrdquo e os ldquoDemaisrdquo O Futuro do R2P

8Global Public Policy Institute (GPPi)

aspectos criacuteticos identifica erroneamente o nuacutecleo do conflito poliacutetico e eacute incapaz de se engajar de forma seacuteria com os desafios praacuteticos da proteccedilatildeo contra crimes atrozes Essas conclusotildees satildeo embasadas por dois anos de pesquisas sobre as origens histoacutericas culturais e institucionais de como Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia Aacutefrica do Sul e os Estados Unidos se engajaram no debate sobre a Responsabilidade de Proteger entre 2005 e 2014 e como os conflitos sobre sua aplicabilidade em grandes crises moldaram as expectativas globais da proteccedilatildeo contra atrocidades

Deixar para traacutes os antigos debates sobre soberania e se concentrar naqueles que satildeo relevantes na atualidade gera potencial para um debate mais construtivo que trate das dificuldades e dilemas da proteccedilatildeo aleacutem de buscar soluccedilotildees efetivas e responsaacuteveis

Nossa pesquisa se concentrou nos crimes que se encaixam na definiccedilatildeo da Responsabilidade de Proteger segundo a Cuacutepula Mundial de 2005 genociacutedios crimes contra a humanidade crimes de guerra e limpezas eacuteticas (coletivamente aqui referidos como crimes atrozes) Devido agrave grande escala de sofrimento humano em todo o mundo os tomadores de decisatildeo precisam priorizar seus recursos e atenccedilatildeo tanto entre as diversas crises quanto dentro de cada uma delas Natildeo haacute duacutevidas de que isso eacute difiacutecil Mas por essa mesma razatildeo eacute necessaacuterio fazecirc-lo pois nem todas as violaccedilotildees de direitos humanos devem dar origem aos perigosos debates sobre meios de proteccedilatildeo coercitivos e militares que satildeo intriacutensecos ao R2P

Acreditamos ser crucial manter um profundo senso de humildade em relaccedilatildeo agrave capacidade internacional de oferecer proteccedilatildeo contra estes crimes Atores locais tecircm muito mais poder sobre esta dinacircmica Mesmo quando as medidas satildeo cuidadosamente calculadas para cada contexto as influecircncias externas nunca seratildeo capazes de provocar mais do que uma mudanccedila no equiliacutebrio ndash e para que isso aconteccedila eacute necessaacuterio mais do que os esforccedilos de governos e organizaccedilotildees internacionais mas tambeacutem da sociedade civil do setor privado e particularmente da miacutedia Os resultados da nossa pesquisa e as nossas sugestotildees sobre accedilotildees internacionais que previnam atrocidades devem ser compreendidas levando estas preocupaccedilotildees em consideraccedilatildeo

ResumoNas paacuteginas a seguir delimitamos em duas partes os nossos resultados de pesquisa e as suas implicaccedilotildees sobre as poliacuteticas Na primeira parte apresentamos detalhadamente os nossos resultados Argumentamos que as discussotildees mais importantes sobre a proteccedilatildeo contra crimes atrozes acontecem principalmente com relaccedilatildeo a duas questotildees o uso abusivo dos argumentos humanitaacuterios (proteccedilatildeo responsaacutevel) e o funcionamento da accedilatildeo internacional de proteccedilatildeo (proteccedilatildeo efetiva) Noacutes argumentamos que quando a segunda questatildeo eacute discutida a comunidade internacional e os que advogam pela R2P natildeo devem se intimidar frente ao aspecto mais controverso destas duas perguntas Quando e como a forccedila eacute capaz de proteger se ela for capaz Na segunda parte oferecemos opccedilotildees poliacuteticas para ilustrar formas praacuteticas de proteger de maneira mais efetiva e responsaacutevel

9Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

PROJETO DE PESQUISA

A Evoluccedilatildeo da Norma Global e a Responsabilidade de Proteger

Como uma equipe de pesquisadores acadecircmicos e think-tankers localizados em Pequim Berlim Budapeste Deacutelhi Frankfurt Oxford Rio de Janeiro e Satildeo Paulo analisamos a evoluccedilatildeo global da proteccedilatildeo contra atrocidades com foco em R2P durante a uacuteltima deacutecada Perguntamo-nos como e por que Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia Aacutefrica do Sul e os Estados Unidos se envolveram com tais ideias em referecircncia a suas histoacuterias culturas e poliacuteticas domeacutesticas Publicamos as descobertas em uma ediccedilatildeo especial com acesso gratuito da publicaccedilatildeo ldquoConflict Security and Development (ldquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrdquo)

Depois examinamos como debates especiacuteficos moldaram as expectativas futuras globais sobre a proteccedilatildeo contra atrocidades A maior parte destes debates tem foco em reaccedilotildees internacionais a crimes atrozes praticados em determinados locais ndash Darfur Quecircnia Mianmar Geoacutergia Sri Lanka Liacutebia e Costa do Marfim enquanto outros tratam da ideia do R2P e sua implementaccedilatildeo de formas mais abstratas Estas descobertas seratildeo publicadas posteriormente em 2015 e tambeacutem estaratildeo disponiacuteveis para download gratuito em wwwglobalnormsnet

De forma geral conduzimos mais de 250 entrevistas com poliacuteticos diplomatas acadecircmicos e atores da sociedade civil em 20 paiacuteses e ateacute o momento publicamos 25 artigos ou estudos

Neste trabalho agradecemos o generoso apoio da Fundaccedilatildeo Volkswagen como parte de seu programa ldquoDesafios Europeus e Globaisrdquo em cooperaccedilatildeo com Riksbankens Jubileumsfond e Compagnia di San Paolo

Patrocinadores

Parceiros

10Global Public Policy Institute (GPPi)

ldquoAssim como aprendemos que o mundo natildeo pode se abster enquanto violaccedilotildees brutais e sistemaacuteticas dos direitos humanos acontecem tambeacutem aprendemos que se o objetivo for conseguir o apoio sustentado da populaccedilatildeo mundial a intervenccedilatildeo tem que estar baseada em princiacutepios legiacutetimos e universaisrdquo

Kofi Annan Dois Conceitos de Soberania (1999)3

Justa ou injustamente as elites poliacuteticas na maior parte dos paiacuteses acreditam que a Responsabilidade de Proteger estaacute intrinsicamente ligada agrave pouca consideraccedilatildeo dada pelos mais poderosos aos princiacutepios do direito internacional e a um ldquocomplexo brancordquo de ldquosalvador da paacutetriardquo Por outro lado a oposiccedilatildeo agrave Responsabilidade de Proteger eacute vista comumente como uma insistecircncia ciacutenica da soberania em face ao sofrimento humano ou como uma equivocada solidariedade do Sul Global com regimes repressivos 4

Tais caricaturas satildeo legados da batalha retoacuterica dos anos 1990 Associar o desafio da proteccedilatildeo contra atrocidades agrave soluccedilatildeo da intervenccedilatildeo ndash como feito por Kofi Annan em seu famoso discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU de 1999 ndash eacute macular o primeiro com a carga poliacutetica e histoacuterica do segundo Ao tratar diretamente essa carga Annan endossou uma tentativa de redefinir o conceito de soberania de forma a tirar ecircnfase da proteccedilatildeo coletiva do Estado perante a dominaccedilatildeo externa e a favor da proteccedilatildeo do indiviacuteduo contra danos e ameaccedilas Mas tal ideia de ldquosoberania como responsabilidaderdquo teve efeito contraacuterio ao esperado natildeo somente porque permitiu que intervencionistas ansiosos determinassem de forma seletiva atores que exerciam soberania ldquoresponsaacutevelrdquo ou ldquoirresponsaacutevelrdquo mas tambeacutem que definissem a intervenccedilatildeo como sendo a escolha responsaacutevel Entretanto o argumento moralista intervencionista se tornou hipoacutecrita quando usado por governos cujos histoacutericos de comportamento internacional responsaacutevel natildeo eram tatildeo brilhantes assim Como resultado esta linha de debate arruinou muitas discussotildees sobre a proteccedilatildeo contra crimes atrozes nos anos apoacutes a crise do Kosovo e a invasatildeo do Iraque liderada pelos EUA5

Em nossas pesquisas descobrimos que este debate pernicioso perdeu gradualmente a maior parte de sua relevacircncia poliacutetica na uacuteltima deacutecada em meio agraves controveacutersias sobre a inclusatildeo da Responsabilidade de Proteger no documento final da Cuacutepula Mundial de 2005 e sobre a autorizaccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila para uso

Resultados de Pesquisa Legados Retoacutericos e Debates Construtivos

11Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

de ldquotodos os meios necessaacuteriosrdquo para proteger os civis na Liacutebia Aleacutem dos ocasionais exerciacutecios retoacutericos descobrimos que houve uma mudanccedila no cerne do conflito global sobre a proteccedilatildeo contra crimes atrozes Perante os piores crimes atrozes aconteceu o desgaste da defesa do natildeo-intervencionismo como resistecircncia agrave hegemonia Ocidental Contudo a sombra do imperialismo ainda eacute uma questatildeo a ser considerada Os policymakers ocidentais precisam ser mais cautelosos do que no passado Muito do ceticismo sobre a eficaacutecia do uso das forccedilas militares eacute genuiacutena mesmo se proferida por aqueles que poderiam fazer mais para transformar suas visotildees de diplomacia efetivas em realidade

Obviamente ainda haacute grandes divergecircncias sobre a proteccedilatildeo Elas satildeo concentradas em dois desafios inter-relacionados sobre a proteccedilatildeo na praacutetica como prevenir o uso abusivo dos argumentos humanitaacuterios pelas grandes potecircncias (ldquocomo proteger de forma responsaacutevelrdquo conforme articulado pelo Brasil) e como proteger de forma eficaz particularmente quando pairam as sombras da coerccedilatildeo e do uso da forccedila Ambas as divergecircncias requerem um seacuterio engajamento perante as muitas dificuldades e dilemas que satildeo impostos e vatildeo aleacutem dos estereoacutetipos simplistas e equivocados que haacute muito dominam o debate sobre a Responsabilidade de Proteger

O que eacute Indiscutiacutevel Proteccedilatildeo Contra Crimes de Atrocidade Requer Accedilatildeo InternacionalOs atores relevantes em todo o mundo aceitam a ideia de que a proteccedilatildeo de populaccedilotildees contra crimes de atrocidade eacute de responsabilidade tanto nacional quanto internacional Tal aceitaccedilatildeo vai aleacutem das bases legais do direito internacional humanitaacuterio e da Convenccedilatildeo para a Prevenccedilatildeo e Repressatildeo do Crime de Genociacutedio mas natildeo eacute tampouco um produto do movimento que produziu R2P Ela comeccedilou a emergir jaacute nos anos 90 quando para pessoas e governos ldquoa toleracircncia a atrocidades em massa natildeo pareceu mais aceitaacutevel ndash pareceu algo imoralrdquo 6Desde entatildeo as expectativas sobre proteccedilatildeo cresceu de forma exponencial Demandas morais sobre terceiros ndash humanitaacuterios diplomatas observadores de direitos humanos e ateacute mesmo militares ndash para que ajam de forma preventiva e equilibrem a proteccedilatildeo individual e a soberania estatal acabou excedendo enormemente as capacidades e possibilidades realistas de fazer com que isso aconteccedila

Haacute uma disposiccedilatildeo muito maior e mais difundida em dar apoio ao que parece ser necessaacuterio para proteger populaccedilotildees contra esses crimes de atrocidade e ateacute mesmo em contribuir de forma ativa quando haacute intercessatildeo com outros interesses estrateacutegicos Tal predisposiccedilatildeo vai aleacutem de pequenos grupos de Estados do ldquoOcidenterdquo dos ldquointervencionistas liberaisrdquo ou dos paiacuteses Amigos da Responsabilidade de Proteger Ao analisar a questatildeo poliacutetica da proteccedilatildeo descobrimos que nenhuma divisatildeo arbitraacuteria entre ldquoNorterdquo e ldquoSulrdquo ldquoOcidenterdquo e ldquonatildeo-Ocidenterdquo ldquoemergentesrdquo e ldquodesenvolvidosrdquo

ldquodemocraacuteticosrdquo e ldquoautoritaacuteriosrdquo eacute uacutetil7 Foi o Movimento dos Natildeo-Alinhados que estava pronto para autorizar o fortalecimento da operaccedilatildeo de paz da ONU em Ruanda no ano de 1994 enquanto os Estados Unidos eram ferrenhos opositores Enquanto as potecircncias ocidentais lideraram as intervenccedilotildees no Kosovo e na Liacutebia para proteger civis dezenas de milhares de peacekeepers do Sul da Aacutesia e da Aacutefrica ajudaram a proteger civis em dezenas de missotildees da ONU nos uacuteltimos 20 anos Jaacute durante as negociaccedilotildees da

12Global Public Policy Institute (GPPi)

Cuacutepula Mundial diversas perspectivas que vatildeo aleacutem dessas dicotomias estereotipadas contestaram e contribuiacuteram para a formulaccedilatildeo final do R2P no documento oficial da Cuacutepula 8

Eacute escasso o grupo de governos que se opotildee categoricamente a um papel internacional na proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade independentemente das circunstacircncias Alguns satildeo responsaacuteveis por tais crimes Outros interpretam tudo como parte de uma conspiraccedilatildeo imperialista das grandes potecircncias especialmente dos Estados Unidos As preocupaccedilotildees desses atores natildeo podem ou devem ser levadas em consideraccedilatildeo

O que Ainda eacute Discutiacutevel Como Proteger de Forma Responsaacutevel e EfetivaHaacute um grande grupo de moderados defensores da proteccedilatildeo e ceacuteticos da intervenccedilatildeo cujas preocupaccedilotildees certamente precisam ser levadas em conta de forma mais seacuteria perante os repetidos fracassos e abusos de poder Eles ndash governos de Brasil Iacutendia Aacutefrica do Sul China e Alemanha aleacutem de ativistas especialistas acadecircmicos e alguns tomadores de decisatildeo nos Estados Unidos Reino Unido e Franccedila ndash levantam questotildees legiacutetimas sobre por exemplo como o mundo pode melhorar a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade de forma tanto efetiva quanto responsaacutevel

De diversas formas a saliecircncia emocional e poliacutetica da disputa sobre a natildeo-intervenccedilatildeo haacute muito dificultou estes debates cruciais sobre os resultados praacuteticos da proteccedilatildeo Na maior parte do tempo argumentos sobre as questotildees praacuteticas satildeo feitas ou interpretadas como sendo de maacute-feacute A Liacutebia eacute um desses casos em questatildeo Brasil Iacutendia e Aacutefrica do Sul natildeo criticaram veementemente a intervenccedilatildeo militar de 2011 porque estavam preocupados com violaccedilotildees agrave soberania da Liacutebia ou porque se opunham ao papel internacional na proteccedilatildeo de civis contra atrocidades iminentes em Bengazi Pelo contraacuterio tais paiacuteses reclamaram do abuso de um mandato do Conselho de Seguranccedila de fins poliacuteticos ao inveacutes de proteccedilatildeo ndash neste caso tratava-se de uma mudanccedila no regime com provaacuteveis implicaccedilotildees praacuteticas de um colapso estatal que por sua vez resultaria em riscos adicionais agrave populaccedilatildeo Estes criacuteticos ainda tecircm que combinar a sua retoacuterica de exigir mais e melhor proteccedilatildeo por intermeacutedio de investimentos em ideias e capacidades para fazecirc-la conforme seja necessaacuterio Contudo isso natildeo torna seus argumentos menos vaacutelidos

Haacute uma distinccedilatildeo criacutetica entre dois tipos de situaccedilotildees de atrocidades que dependem do tipo de perpetrador O consenso internacional para agir contra perpetradores natildeo-Estatais mesmo se ligados a forccedilas estatais eacute mais faacutecil de obter do que uma accedilatildeo contra agentes estatais Mesmo que o consentimento governamental de confrontar grupos natildeo-Estatais seja frequentemente incerto e inconsistente como no caso da RDC haacute pouca preocupaccedilatildeo com a soberania desses regimes fracos O debate-chave nesses casos eacute sobre como efetivamente proteger pessoas contra crimes de atrocidade natildeo somente por meio de instrumentos militares mas com maior frequecircncia com o uso de ferramentas civis Isso jaacute eacute bastante desafiador Ainda mais difiacuteceis satildeo os casos em que as forccedilas estatais estatildeo entre os principais perpetradores Nestas situaccedilotildees como na Liacutebia em 2011 e posteriormente na Siacuteria a preocupaccedilatildeo global central com instrumentos coercitivos (de sanccedilotildees a intervenccedilotildees militares) estaacute relacionada ao

13Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

abuso de poder para fins natildeo-humanitaacuterios e com duacutevidas sobre a sabedoria de atacar um Estado que frequentemente serve de protetor para alguns e cuja derrubada pode resultar em riscos adicionais agraves pessoas O histoacuterico mundial na reconstruccedilatildeo de Estados natildeo eacute suficientemente encorajador para rebater tais preocupaccedilotildees

Protegendo de forma responsaacutevel Salvaguardas contra o Abuso pelas Grandes PotecircnciasApoacutes o caso da Liacutebia intervenccedilotildees militares soacute seratildeo consideradas legiacutetimas se feitas de maneira que novos abusos pelas grandes potecircncias sejam prevenidos9 Nesses casos especiais em que haacute o uso da forccedila sem consentimento ainda paira a sombra do imperialismo Na maior parte do mundo ainda eacute recente a lembranccedila do abuso pelas grandes potecircncias hipocritamente encoberto de valores universais O uso de justificativas humanitaacuterias por alguns poliacuteticos britacircnicos e norte-americanos para a invasatildeo do Iraque em 2003 soacute aprofundou estas preocupaccedilotildees com ldquointervenccedilotildees humanitaacuteriasrdquo assim como o uso de argumentos similares pelos russos para justificar a invasatildeo da Geoacutergia em 2008 e da Ucracircnia em 201410 Este senso de hipocrisia daacute origem a uma das principais razotildees para desconfianccedila sobre o R2P desde que o conceito foi criado

Intervenccedilotildees legiacutetimas natildeo requerem um padratildeo irrealista de consistecircncia ou de motivos puramente altruiacutesticos A proteccedilatildeo requer recursos e aceitaccedilatildeo de riscos e na poliacutetica internacional a inconsistecircncia eacute a regra e natildeo a exceccedilatildeo Estados que fornecem as capacidades e assumem os riscos de proteger na maioria dos casos estaratildeo motivados por mais do que puro altruiacutesmo e suas motivaccedilotildees ndash que comeccedilam pela mobilizaccedilatildeo de seus constituintes ndash variam conforme a situaccedilatildeo Tanto os problemas dos ldquomotivos justosrdquo quanto o de ldquoseletividaderdquo levam corretamente a anaacutelises mais minuciosas do uso da forccedila11 ainda que nenhum destes fatores esteja limitado a intervenccedilotildees de proteccedilatildeo e tratem em geral da coerccedilatildeo no atual sistema internacional12 Mesmo que sejam normativamente relevantes e retoricamente uacuteteis para opor intervenccedilotildees particulares tais argumentos natildeo evitam que a maior parte dos atores internacionais apoie uma intervenccedilatildeo aceita como necessaacuteria e possivelmente efetiva Como ilustrado pelo caso da Liacutebia extrapolou-se o limite quando motivos incompatiacuteveis ndash a remoccedilatildeo forccedilosa de Gaddafi e seu regime sem uma loacutegica convincente relacionada agrave proteccedilatildeo ndash foram vistos como superiores agraves preocupaccedilotildees com proteccedilatildeo13

Protegendo de Forma Efetiva O Que Funciona na Praacutetica

A proteccedilatildeo efetiva natildeo eacute mais faacutecil de garantir do que proteccedilatildeo responsaacutevel Enquanto os casos de sucesso foram poucos e limitados tentativas de engajamento pressotildees e intervenccedilotildees militares frequentemente falharam em proteger ou contribuiacuteram com novas ameaccedilas agraves populaccedilotildees Policymakers e acadecircmicos em todo o mundo admitem que sabem muito pouco sobre a proteccedilatildeo efetiva de pessoas contra crimes de atrocidade Para se avanccedilar nessa finalidade faz-se necessaacuterio tanto desenvolver instrumentos poliacuteticos quanto avaliar riscos e tentar identificar o menor de muitos males em vaacuterias situaccedilotildees diversas e particulares O que seraacute efetivamente necessaacuterio e provaacutevel de

14Global Public Policy Institute (GPPi)

obter sucesso estaacute aberto a debate e a desafios em cada caso e natildeo somente quando haacute o uso da forccedila

Uma anaacutelise dos casos que estudamos mostra as incertezas e ambiguidades envolvidas no processo decisoacuterio da proteccedilatildeo Como no caso do Sudatildeo um processo do Tribunal Penal Internacional contra um chefe de Estado contribuiu para o objetivo da proteccedilatildeo 14A proteccedilatildeo eacute aumentada ou dificultada quando uma crise eacute publicamente rotulada como ldquosituaccedilatildeo de R2Prdquo como no Quecircnia ou em Mianmar15 Se o Estado for um perpetrador de crimes de atrocidade haacute algum caso em que a forccedila militar pode ser usada contra ele sem a intenccedilatildeo de mudar o regime ou sem levar o paiacutes ao caos como na Liacutebia16 Quando e como os peacekeepers da ONU devem tomar partido nos conflitos17

Haacute duacutevidas justificaacuteveis sobre as opccedilotildees de poliacuteticas disponiacuteveis e seus riscos Se comparado aos consideraacuteveis esforccedilos para promover o R2P como princiacutepio muito pouco estaacute voltado para descobrir e avaliar tais escolhas difiacuteceis a fim de colocar a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade em praacutetica

A Controveacutersia Mais Profunda a Forccedila Pode ProtegerEnquanto governos ativistas na sociedade civil e representantes da ONU que trabalham com R2P haacute muito tempo tendem a enfatizar taticamente as aacutereas consensuais a maior controveacutersia internacional se refere agrave intervenccedilatildeo militar e ao uso da forccedila para proteccedilatildeo Um debate mais construtivo e autocriacutetico eacute essencial para possibilitar um sistema de proteccedilatildeo mais efetivo e responsaacutevel no futuro e tal debate deve tratar da eficaacutecia do uso da forccedila na proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade suas chances de causar mais resultados positivos do que negativos e seus sucessos e fracassos no passado18 Esse debate natildeo eacute somente relevante nos casos relativamente raros de intervenccedilatildeo militar jaacute que a forccedila e a coerccedilatildeo satildeo parte de uma variedade maior de estrateacutegias de proteccedilatildeo como as sanccedilotildees e as operaccedilotildees de paz Mesmo as ferramentas puramente diplomaacuteticas ou civis satildeo frequentemente vistas como passos que podem escalar o uso da forccedila

Os debates sobre o uso da forccedila ao inveacutes de darem ecircnfase aos meacuteritos e riscos possiacuteveis das diferentes escolhas tecircm se expressado em termos de crenccedilas vagas sobre a eficaacutecia da forccedila militar ajudar a atingir os objetivos poliacuteticos Nos debates analisados encontramos um contraste notaacutevel entre as referecircncias limitadas a estudos estrateacutegicos sobre a utilidade da forccedila nos conflitos modernos e a convicccedilatildeo com a qual os governos apresentam suas opiniotildees sobre este mesmo assunto

Na ldquoausecircncia de doutrina militar e anaacutelise [para proteccedilatildeo de civis]rdquo19 como admitido por um ex-funcionaacuterio do Pentaacutegono (mesmo para o caso dos Estados Unidos) policymakers tendem a se dividir em dogmas fundamentais das suas culturas estrateacutegicas nacionais20 As comunidades estrateacutegicas de alguns paiacuteses satildeo mais otimistas de que o uso da forccedila pode obter bons resultados como forma de proteccedilatildeo a civis enquanto outros satildeo majoritariamente pessimistas e tendem a acreditar que a aplicaccedilatildeo da forccedila militar pioraria a situaccedilatildeo21

Apesar da incerteza inerente a cada crise os atores em cada lado dessa divisatildeo apresentam suas crenccedilas com firmeza frequentemente em termos de truiacutesmos ndash ldquoSoacute pode haver uma soluccedilatildeo poliacuteticardquo 22 ou ldquonatildeo haacute futuro para a Liacutebia Siacuteria com Gaddafi Assad no poderrdquo23 Esses satildeo apenas dois posicionamentos proeminentes que natildeo satildeo

15Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

capazes de reconhecer a realidade complexa de qualquer crise Dessa forma eles convidam a uma troca muacutetua de estereoacutetipos ao inveacutes de uma discussatildeo construtiva Os resultados tecircm sido previsiacuteveis reaccedilotildees antiocidentais no Sul (ldquoeles soacute querem invadir nossos paiacutesesrdquo) e anti-Sul por parte do Ocidente (ldquoeles sempre se juntam a seus colegas ditadoresrdquo) Ambas as partes tentam fazer uso do discurso de responsabilidade para justificar seus pontos de vista ldquoAssumir a responsabilidaderdquo outrora significava assumir riscos e accedilotildees militares caras ateacute que o Brasil desafiou o monopoacutelio intervencionista sobre o termo24

Este contraste entre conhecimento e convicccedilatildeo fica aparente em muitos debates nebulosos sobre peacekeeping tal como a conduccedilatildeo da crise na Costa do Marfim pela ONU em 2010-2011 mas foi mais claramente colocado em debate a forma como Estados Unidos Franccedila e Reino Unido lideraram a intervenccedilatildeo de 2011 na Liacutebia Diplomatas brasileiros experientes por exemplo questionaram a justificativa de uma accedilatildeo militar para uma mudanccedila no regime argumento que nunca foi explicitado por americanos franceses e britacircnicos Por que natildeo cessar os ataques uma vez que as ameaccedilas imediatas agrave populaccedilatildeo civil jaacute haviam sido eliminadas e as forccedilas de Gaddafi jaacute natildeo avanccedilavam mais e desta forma forccedilar todas agraves partes a negociar Que responsabilidade a coalisatildeo intervencionista assumiu pelas accedilotildees de seus aliados de fato em terra as forccedilas rebeldes liacutebias Como a coalisatildeo intervencionista equilibrou os riscos e recompensas das diferentes escolhas estrateacutegicas e por que exatamente ldquonatildeo era possiacutevel imaginar um futuro com Gaddafi no poderrdquo como argumentado por Obama Cameron e Sarkozy no jornal The New York Times25Houve questionamentos similares sobre as sugestotildees de intervenccedilatildeo militar na Siacuteria A ausecircncia de respostas convincentes provavelmente teve um papel muito importante no arquivamento de uma seacuterie de planos para intervenccedilotildees unilaterais ao longo dos anos

O que parece ser um otimismo infundado de que a forccedila seria capaz de atingir objetivos poliacuteticos daacute origem a um desconforto difundido em muitas partes do mundo e que vai aleacutem do objetivo especifico de proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade A invasatildeo do Iraque liderada pelos EUA em 2003 se desdobrou em grandes debates como um exemplo de escolha irresponsaacutevel por uma potecircncia hegemocircnica que tende a instruir outros paiacuteses sobre lideranccedila global responsaacutevel Isso tambeacutem eacute um lembrete valioso de que mesmo a maior forccedila militar do globo eacute claramente incapaz de forccedilar a construccedilatildeo efetiva de uma nova ordem poliacutetica com consequecircncias traacutegicas para milhares de pessoas natildeo soacute no Iraque

Ainda assim durante as crises na Costa do Marfim na Liacutebia em 2011 e na Repuacuteblica Centro-Africana em 2014 o Conselho de Seguranccedila estava pronto para legitimar intervenccedilotildees militares ldquoconforme cada casordquo como foi sugerido pela Cuacutepula Mundial Em cada um desses casos emergiram grandes maiorias que priorizaram a necessidade de accedilatildeo militar em relaccedilatildeo agrave ampla preocupaccedilatildeo com a manutenccedilatildeo da soberania estatal seja atraveacutes de voto a favor no Conselho de Seguranccedila de abstenccedilatildeo para permitir que resoluccedilotildees passassem (como Ruacutessia e China no caso da Liacutebia) ou de apoio financeiro militar ou poliacutetico em outros foacuteruns de discussatildeo

Eacute possiacutevel que haja uma janela de oportunidades surgindo para um debate poliacutetico mais detalhado e criacutetico sobre a eficaacutecia da forccedila militar na proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade Tais debates estatildeo tratando dos objetivos diferentes mas relacionados da luta contra insurgentes e redes terroristas Em ambos os casos haacute uma discussatildeo ponderada nos ciacuterculos militares e policiais assim como em grandes meios

16Global Public Policy Institute (GPPi)

de comunicaccedilatildeo sobre questotildees como execuccedilotildees especiacuteficas de terroristas suspeitos ou taacuteticas de contra-insurgecircncia centradas na populaccedilatildeo

Outro debate similar e criacutetico precisa ser colocado em questatildeo em relaccedilatildeo agrave forccedila e a proteccedilatildeo Ele pode ser construiacutedo a partir de uma tendecircncia recente na direccedilatildeo de mais engajamento com os resultados e meios praacuteticos do uso da forccedila militar para proteccedilatildeo Sociedades e comunidades estrateacutegicas nos EUA Reino Unido e Franccedila mostraram sinais de cansaccedilo em relaccedilatildeo a intervenccedilotildees em geral e particularmente agraves unilaterais Ao mesmo tempo alguns dos defensores mais leais da restriccedilatildeo militar reflexiva ndash como China Brasil e Alemanha ndash comeccedilaram a considerar em determinados casos argumentos a favor da accedilatildeo militar para proteccedilatildeo de civis 26Tanto defensores quanto ceacuteticos da proteccedilatildeo militar se beneficiaratildeo ao forccedilar mais nuances nesses debates Por um lado a demanda por especificidades protegeraacute contra o uso abusivo da autoridade humanitaacuteria para fins escusos Por outro mais transparecircncia ajudaraacute na defesa contra reclamaccedilotildees de abuso Esse debate deve considerar as contribuiccedilotildees acadecircmicas recentes27 mas encontraraacute ferramentas mais especiacuteficas e fundamentais em conceitos poliacuteticos estabelecidos como na doutrina da ONU para proteccedilatildeo de civis e as tentativas dos militares norte-americanos de desenvolver orientaccedilotildees conceituais para ldquooperaccedilotildees de resposta a atrocidades em massardquo28

17Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Se as principais controveacutersias globais sobre a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade envolvem (1) o medo do uso abusivo de argumentos humanitaacuterios e (2) como proteger de forma efetiva quais satildeo as opccedilotildees para melhorar as soluccedilotildees globais de proteccedilatildeo O ponto de partida deve ser o reconhecimento de que a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade como um desafio poliacutetico complexo e natildeo somente como algo paliativo enquanto tenta-se resolver um conflito poliacutetico de maiores dimensotildees Qualquer estrateacutegia de proteccedilatildeo deve ser preparada primeiramente a fim de influenciar os caacutelculos poliacuteticos e militares dos perpetradores e deve levar em consideraccedilatildeo os limites de influecircncias externas sobre eventos domeacutesticos Os atores locais tecircm o maior controle sobre a dinacircmica da violecircncia e eacute difiacutecil prever o efeito dominoacute causado pelas accedilotildees externas O foco no curto prazo do conceito de ldquoresposta raacutepida saiacuteda raacutepidardquo eacute portanto um ato irresponsaacutevel quase independente de contexto mesmo que accedilotildees raacutepidas frequentemente sejam necessaacuterias poliacuteticos ativistas jornalistas e acadecircmicos precisam prestar mais atenccedilatildeo agraves poliacuteticas de longo prazo e a seus planejamentos para que sejam adaptadas agraves mudanccedilas

Com base em nossos resultados e anaacutelise apontamos opccedilotildees poliacuteticas para governos a ONU e organizaccedilotildees regionais aleacutem da miacutedia e da sociedade civil com o intuito de melhorar a credibilidade das ferramentas existentes ao fazer com que seu uso na proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade seja menos vulneraacutevel ao abuso e tenha resultados mais efetivos Comeccedilamos com a necessidade de garantir informaccedilotildees e anaacutelises criacuteveis sobre as situaccedilotildees em que crimes de atrocidade satildeo cometidos Depois oferecemos algumas sugestotildees para o fortalecimento das ferramentas disponiacuteveis aos civis para prevenccedilatildeo e resposta a atrocidades e para que as operaccedilotildees de paz da ONU melhorem a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade Depois indicamos opccedilotildees de reforma importantes para o processo decisoacuterio coletivo sobre accedilotildees militares e terminamos enfatizando a necessidade de um aprendizado contiacutenuo e colaborativo sobre as ferramentas para prevenccedilatildeo de atrocidades

Reduzindo a Vulnerabilidade das Fontes de Informaccedilatildeo perante Acusaccedilotildees de ParcialidadeAntes mesmo de comeccedilar a considerar formas de lidar com futuras ou atuais atrocidades o mundo precisa chegar a um consenso sobre o que estaacute acontecendo em cada situaccedilatildeo Atualmente a disponibilidade de informaccedilatildeo sobre situaccedilotildees especiacuteficas de crises natildeo eacute mais o principal desafio para que accedilotildees de mobilizaccedilatildeo aconteccedilam

Opccedilotildees Poliacuteticas para Proteccedilatildeo Mais Efetiva e Responsaacutevel

18Global Public Policy Institute (GPPi)

Ainda assim acreditamos que um desafio crucial para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade eacute a acusaccedilatildeo de parcialidade sobre o tipo e a interpretaccedilatildeo das informaccedilotildees sobre atrocidades fornecidas por governos pela miacutedia ou por grupos da sociedade civil A confianccedila nos Estados dominantes e nas instituiccedilotildees internacionais encontra-se em niacuteveis tatildeo baixos que mesmo os casos de atrocidades bem documentados como o ocorrido em Darfur foram considerados por alguns como propaganda intervencionista29

Essa desconfianccedila estaacute na maior parte das vezes direcionada a fontes relacionadas ao ldquoOcidenterdquo Fontes financiadas lideradas ou com suas sedes em paiacuteses ocidentais frequentemente satildeo as mais acessiacuteveis natildeo soacute pelas elites poliacuteticas em capitais longiacutenquas mas tambeacutem por paineacuteis de especialistas e investigaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas em paiacuteses em que natildeo haacute extensiva presenccedila de campo da ONU Quando as fontes locais de informaccedilatildeo claramente natildeo satildeo criacuteveis como na Siacuteria jornalistas tecircm acesso restrito a aacutereas violentas e por algumas vezes todas as outras fontes relevantes vecircm de organizaccedilotildees com sede no Ocidente de organizaccedilotildees locais da sociedade civil que dependem de ajuda ocidental ou de financiamento externo e que tecircm uma temaacutetica antigovernamental especiacutefica ou ainda de profissionais ocidentais que trabalham para a ONU30 Por exemplo o governo chinecircs frequentemente enfatiza que a identificaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo internacional de abusos aos direitos humanos no exterior eacute excessivamente dependente de informaccedilotildees ocidentais e pediu para que houvesse sistemas de alerta precoce mais imparciais31 Especialistas indianos dizem que o desafio natildeo eacute a disponibilidade de informaccedilatildeo mas ldquoa interpretaccedilatildeo e o vieacutes que lhe eacute dadordquo32

Grupos de ativistas e a miacutedia tecircm incentivos para simplificar as narrativas e portanto eacute prudente ter um ceticismo saudaacutevel perante as acusaccedilotildees de atrocidades hediondas Ao mesmo tempo presumir que a verdade estaacute no meio-termo de todas as posiccedilotildees seria permitir que propaganda e maacute informaccedilatildeo determinassem o caminho a seguir Criticar realisticamente as fontes requer engajamento com a informaccedilatildeo em si e natildeo apenas a insinuaccedilatildeo de agendas poliacuteticas com base puramente na localizaccedilatildeo geograacutefica financiamento ou educaccedilatildeo

A fim de oferecer um debate melhor informado sobre potenciais crimes de atrocidade as empresas de comunicaccedilatildeo e filantropos principalmente em potecircncias emergentes devem investir em fontes de informaccedilatildeo e anaacutelise independentes e criacuteveis sobre conflitos e direitos humanosAs alegaccedilotildees de parcialidade (sejam a favor ou contra os governos ou outros atores) crescem quando haacute uma escassez de fontes Aqueles que criticam as fontes de informaccedilatildeo existentes satildeo os que sabem melhor qual fonte de financiamento ou de influecircncia teraacute mais credibilidade portanto eacute dever destas pessoas investir adequadamente Se haacute suspeitas sobre as fontes ocidentais de informaccedilatildeo por parte de governos e elites poliacuteticas fora do Ocidente essas podem ajudar a diversificar a base de apoio para ONGs ativistas e redes de informaccedilotildees globais jaacute existentes ou ateacute mesmo investir em plataformas alternativas de monitoramento e anaacutelise baseadas nos mais altos padrotildees de integridade jornaliacutestica Por enquanto com raras exceccedilotildees o investimento em miacutedias livres e acesso agrave informaccedilatildeo natildeo parece ser uma prioridade entre as elites empresariais emergentes mesmo em potecircncias emergentes democraacuteticas Por outro

19Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

lado agecircncias de notiacutecia estatais frequentemente tecircm dificuldade para estabelecer uma reputaccedilatildeo de integridade jornaliacutestica Satildeo raros os grandes investimentos no relato de crises humanitaacuterias tais como recentemente feito pela Fundaccedilatildeo Jynwel com sede em Hong Kong na agora independente organizaccedilatildeo de noticias IRIN33 Organizaccedilotildees de defesa podem contribuir com a reduccedilatildeo das alegaccedilotildees de parcialidade ao natildeo exporem situaccedilotildees de conflito como se fossem preto-no-branco e ao serem transparentes sobre quem as financiam e apoiam Se apresentarem uma extensa lista de notas e fontes em seus relatoacuterios como feito regularmente pelo International Crisis Group e pela Human Rights Watch eacute dever dos criacuteticos se engajar com essas fontes com base nos fatos

Fortalecer e diversificar as informaccedilotildees sobre os riscos de crimes de atrocidade em massa tambeacutem pode significar estabelecer organizaccedilotildees de sociedade civil regionais dedicadas agrave pesquisa criacutevel e confiaacutevel sobre a prevenccedilatildeo de atrocidades Se verdadeiramente baseadas em sociedades locais tais grupos teriam mais acesso a grupos nacionais e regionais de sociedade civil do que as organizaccedilotildees globais com sede em Nova York ou Genebra Consequentemente suas informaccedilotildees e argumentos mais provavelmente obteriam credibilidade poliacutetica a niacutevel global No curto prazo a massa criacutetica necessaacuteria a esses centros da sociedade civil provavelmente seraacute alcanccedilada na Europa ou na Aacutefrica mas a Ameacuterica Latina (com sua iacutempar accedilatildeo ldquoRede Latino-Americana de Prevenccedilatildeo ao Genociacutedio e Atrocidades em Massardquo a niacutevel governamental) e a Aacutesia tambeacutem podem se desenvolver rapidamente

Os Estados membros a sociedade civil e as organizaccedilotildees regionais devem melhorar as capacidades da ONU de coletar informaccedilotildees e desvendar fatos sobre desafios agrave proteccedilatildeo ao oferecer assistecircncia logiacutestica funcionaacuterios a curto-prazo e fontes locais de informaccedilatildeo Ao mesmo tempo em que organizaccedilotildees regionais satildeo cada vez mais capazes de influenciar o entendimento global sobre suas partes do mundo a sua imparcialidade eacute apenas tatildeo criacutevel quanto a das potecircncias regionais que lideram as suas deliberaccedilotildees As Naccedilotildees Unidas natildeo podem entretanto sempre responder sozinhas agraves demandas por informaccedilotildees imparciais e criacuteveis sobre riscos de atrocidade Os mecanismos das Naccedilotildees Unidas frequentemente dependem tanto de fontes governamentais e privadas devido agrave necessidade de agir rapidamente quanto sofrem com a falta de acesso proacuteprio e independente aos locais de risco Aleacutem disso a ONU tambeacutem jaacute esteve sujeita agrave autocensura e foi forccedilada a romper compromissos poliacuteticos34

Todos os Estados membros da ONU precisam fortalecer os mecanismos de coleta de informaccedilatildeo da instituiccedilatildeo suas comissotildees de inqueacuterito e outros oacutergatildeos correlatos Por exemplo sempre que uma violecircncia em massa comeccedila conforme definido pelo Secretaacuterio Geral a ONU deveraacute enviar uma missatildeo para desvendar os fatos a fim de informar melhor as discussotildees no Conselho de Seguranccedila Isso poderaacute ser baseado em um grupo permanente de especialistas preacute-selecionados e deveraacute envolver as agecircncias da ONU relevantes ao tema especialmente o Escritoacuterio de Coordenaccedilatildeo de Assuntos Humanitaacuterios O Alto Comissariado para Direitos Humanos o Conselheiro Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedios e o Departamento de Assuntos Poliacuteticos35 Estados membros devem contribuir tanto com financiamento quanto com especialistas

20Global Public Policy Institute (GPPi)

treinados para essas missotildees O estabelecimento de regras para a contrataccedilatildeo de pessoal poderia ajudar a deixar processos de seleccedilatildeo o mais transparentes possiacutevel e desta forma melhorar a credibilidade e imparcialidade da descoberta de fatos pela ONU36

Estados membros tambeacutem podem ajudar as Naccedilotildees Unidas na implementaccedilatildeo de sua iniciativa ldquoHuman Rights Up Frontrdquo (em portuguecircs ldquoDireitos Humanos Antes de Tudordquo) atraveacutes do qual o Secretariado estaacute criando um sistema simplificado de gerenciamento de informaccedilotildees para tudo que eacute coletado pelas muitas partes do sistema ONU combinando dados jaacute existentes sobre proteccedilatildeo humanitaacuteria proteccedilatildeo dos direitos humanos proteccedilatildeo de mulheres em conflitos armados e proteccedilatildeo de crianccedilas37 Os Estados membros podem dar apoio agrave ONU ao incluir mais informaccedilotildees de atores bilaterais no local desde que a ONU faccedila os investimentos necessaacuterios para o tratamento de dados sensiacuteveis proteccedilatildeo a testemunhas e referecircncias38

Usando Ferramentas Diplomaacuteticas e Civis De Forma Antecipada Justa e EstrateacutegicaApesar das diferenccedilas em ecircnfases retoacutericas haacute um consenso universal que as atrocidades devem ser prevenidas pelo uso antecipado e sustentaacutevel de uma variedade de ferramentas civis disponiacuteveis agrave comunidade internacional Estatildeo incluiacutedas a diplomacia a mediaccedilatildeo e as missotildees poliacuteticas assim como as sanccedilotildees a justiccedila criminal internacional as accedilotildees humanitaacuterias e as ferramentas de peacebuilding apoacutes crises dentre elas a reconstruccedilotildees das instituiccedilotildees estatais e do Estado de direito

Desde os anos 90 a comunidade internacional aprendeu liccedilotildees importantes sobre o uso dessas ferramentas e vem caminhando para desenvolvecirc-las ainda mais Satildeo visiacuteveis os sucessos na diplomacia preventiva como o ocorrido durante a crise poacutes-eleiccedilotildees no Quecircnia em 200839 quando um negociador de alto niacutevel liderou as conversas tendo apoio politico de oacutergatildeos regionais e de todos os membros do Conselho de Seguranccedila expertise da ONU e engajamento da sociedade civil Ao longo dos uacuteltimos 10 anos houve uma significativa expansatildeo das capacidades de negociaccedilatildeo dentro da ONU e das organizaccedilotildees regionais Missotildees poliacuteticas no Timor Leste ou na Guineacute-Bissau podem ter evitado uma nova onda de violecircncia nesses locais40 Sanccedilotildees seletivas provavelmente ajudaram a controlar pessoas que poderiam atrapalhar as primeiras fases do processo de peacebuilding na Libeacuteria Costa do Marfim e Serra Leoa41 O Tribunal Penal Internacional processou e condenou seus primeiros casos e apoiou importantes reformas nos sistemas de justiccedila criminal em muitos paiacuteses42

Ainda assim a comunidade internacional em inuacutemeras vezes natildeo fez uso das ferramentas civis disponiacuteveis de forma antecipada decisiva e sustentaacutevel O consenso que parece existir para o uso de ferramentas civis antecipadamente e como prioridade se desfaz assim que decisotildees poliacuteticas e priorizaccedilatildeo se fazem necessaacuterias Mudar isso eacute difiacutecil Requer ir aleacutem das caricaturas comuns que culpam apenas os paiacuteses ocidentais por investir pouco ou as potecircncias natildeo-ocidentais por repelir as tentativas de influenciar ou pressionar perpetradores e seus cuacutemplices Natildeo soacute as prioridades e interesses competitivos existem de todos os lados mas o desafio tambeacutem eacute marcado pela profunda incerteza sobre como e quando usar tais ferramentas com quais atores e em qual espaccedilo Natildeo haacute uma soluccedilatildeo uacutenica e faacutecil para prevenccedilatildeo resposta ou recuperaccedilatildeo efetiva

21Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Nosso foco eacute em medidas de curto prazo voltadas para os civis em situaccedilotildees em que haacute alta probabilidade ou jaacute haacute ocorrecircncia de atrocidades 43Descobrimos que haacute quatro aacutereas que devem ser especialmente observadas

Os atores (em particular potecircncias emergentes) que mais pedem por diplomacia ferramentas civis e prevenccedilatildeo antecipada precisam traduzir seu compromisso retoacuterico em vontade poliacutetica e os investimentos necessaacuterios em capacidades e ideiasIr aleacutem da retoacuterica sobre prevenccedilatildeo requer vontade poliacutetica para fazer disso uma prioridade Com muita frequecircncia a prevenccedilatildeo contra crimes de atrocidade vai de encontro a outros objetivos poliacuteticos em uma determinada situaccedilatildeo de crise Algumas vezes esses interesses e prioridades estatildeo em extremos opostos No Sri Lanka por exemplo o governo conseguiu alavancar a imensa preocupaccedilatildeo internacional com o contraterrorismo para evitar pressotildees em relaccedilatildeo aos crimes de guerra perpetrados durante o conflito contra os Tigres de Libertaccedilatildeo do Tacircmil Eelam (LTTE) no comeccedilo de 200944 Em Darfur a accedilatildeo diplomaacutetica internacional para acabar com os crimes de atrocidade teve de competir com a prioridade para um acordo de paz na longa guerra civil Norte-Sul no Sudatildeo e com a colaboraccedilatildeo antiterrorista do governo sudanecircs45

Todavia mesmo com a ausecircncia de grandes interesses conflitantes haacute um espaccedilo entre o apoio abstrato para a proteccedilatildeo de populaccedilotildees contra crimes de atrocidade e a vontade poliacutetica de agir dispor-se financeiramente e assumir riscos proporcionais Um exemplo recente de quando investimentos deveriam ter sido feitos antes e de forma mais substancial eacute o Sudatildeo do Sul ndash uma crise que tambeacutem demonstra como as categorias ldquoocidentaisrdquo contra os ldquodemaisrdquo natildeo satildeo uacuteteis na anaacutelise das posiccedilotildees dos paiacuteses sobre proteccedilatildeo Por motivos diversos tanto os Estados Unidos quanto a China apoiaram fortemente o governo de Salva Kiir ignorando sinais importantes ateacute que essa se tornou uma das facccedilotildees combatentes na nova guerra civil do Sudatildeo do Sul46 Na Repuacuteblica Centro-Africana investimentos preacutevios nas iniciativas legais e nas reformas no setor de seguranccedila poderiam ter sido capazes de evitar que o paiacutes atingisse a atual escala de violecircncia47

Como esses e outros exemplos revelam haacute um grande descompasso entre a retoacuterica que demanda mais ldquosoluccedilotildees poliacuteticas e diplomaacuteticasrdquo ndash como constantemente enfatizado por China Ruacutessia Iacutendia Brasil Aacutefrica do Sul (e tambeacutem pela Alemanha e pela Uniatildeo Europeia) ndash e os recursos poliacuteticos e materiais investidos na busca por tais soluccedilotildees Colocar em praacutetica essas ldquosoluccedilotildees poliacuteticasrdquo requer ao mesmo tempo declaraccedilotildees ocasionais e o estabelecimento de capacidades institucionais para o monitoramento dos direitos humanos monitoramento de longo prazo das eleiccedilotildees mediaccedilatildeo e apoio de pessoas com experiecircncia secircnior que possam ser rapidamente acionadas e a construccedilatildeo de instituiccedilotildees nos setores de justiccedila seguranccedila e correlatas normalmente envolvidas com missotildees poliacuteticas da ONU e de organizaccedilotildees regionais Similarmente o uso de ferramentas coercitivas como sanccedilotildees requer tanto a tomada de decisotildees difiacuteceis quanto investimentos e iniciativas para planejar criativamente e melhorar estas ferramentas a fim de que sejam de fato seletivas justas e legalmente soacutelidas ndash em outras palavras que minimizem os riscos de afetarem as pessoas erradas

22Global Public Policy Institute (GPPi)

de acordo com princiacutepios baacutesicos do direito O Tribunal Penal Internacional precisa do comprometimento poliacutetico e da ratificaccedilatildeo do Estatuto de Roma por algumas das naccedilotildees mais poderosas do mundo Tambeacutem precisa de recursos para continuar acompanhando seus casos No miacutenimo tanto as potecircncias emergentes quanto as jaacute estabelecidas precisam melhorar sua assistecircncia humanitaacuteria para aqueles que fogem da violecircncia Por exemplo Estados membros da ONU cederam menos de 50 por cento dos fundos necessaacuterios para a resposta humanitaacuteria na Siacuteria deixando milhares de pessoas necessitadas em 201448

Os governos devem priorizar a detenccedilatildeo e julgamento dos perpetradores de crimes de atrocidade em suas jurisdiccedilotildees Aleacutem das dificuldades poliacuteticas de se lidar com perpetradores que estatildeo no poder como na Siacuteria ou com perpetradores que estatildeo fora do alcance de Estados falidos como na Repuacuteblica Centro-Africana todos os governos podem fazer mais para sancionar ou julgar esses perpetradores por crimes de atrocidade que de alguma forma estejam em suas jurisdiccedilotildees Prevenir e dar respostas aos crimes de atrocidade significa lidar com as motivaccedilotildees e capacidades de perpetradores individuais antes que cometam crimes Tambeacutem significa puni-los por seus atos49 Aqueles que mantecircm seu dinheiro em bancos multinacionais podem estar sujeitos ao congelamento de seus ativos estejam nos bancos na Europa ou na Aacutesia Aqueles que viajam estatildeo sujeitos agrave recusa de vistos e impedimentos de viagem de modo a impactar suas accedilotildees antes de cometerem ou enquanto cometem atrocidades Leis existentes como nos Estados Unidos permitem que imigrantes sejam deportados se houver provas que os liguem a genociacutedios Paiacuteses podem buscar pessoas procuradas pelo Tribunal Penal Internacional e mudar suas leis ou designar forccedilas policiais para processar os piores crimes de atrocidade independentemente dos locais em que foram cometidos

Com muita frequecircncia a falta de atenccedilatildeo e vontade poliacutetica permite que perpetradores vivam livres e confortavelmente apoacutes terem cometido atrocidades ou ateacute mesmo organizar financiar e apoiar atrocidades em andamento mesmo estando no exterior Isso aconteceu com diversos liacutederes das Forccedilas Democraacuteticas Para a Libertaccedilatildeo de Ruanda (FDLR) um grupo miliciano operando no Congo Eles viveram sem problemas na Alemanha durante quase uma deacutecada antes de serem presos e julgados50 Os Estados Unidos apesar de sua recusa em ratificar o Estatuto de Roma recentemente serviu de exemplo ao aumentar seus esforccedilos na procura por suspeitos de crimes de guerra que moram no paiacutes e ao desenvolver propostas que permitem o uso das leis de imigraccedilatildeo para fazer com que perpetradores de atrocidades paguem por seus crimes51

Poliacuteticos devem dar prioridade ao comportamento atual ao avaliar a legitimidade de atores e julgar todos os atores de um conflito pelos mesmos padrotildees Soacute porque em determinado momento haacute um grupo claramente identificaacutevel como perpetrador de atrocidades natildeo significa que outros grupos sejam e continuaratildeo sendo inocentes de tais atos Violecircncia gera mais violecircncia jaacute que grupos ameaccedilados

23Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

se defendem e continuam combatendo o inimigo A Liacutebia eacute um bom exemplo disso Na primavera de 2011 identificar corretamente o regime de Gaddafi como responsaacutevel por crimes de atrocidade foi a decisatildeo correta ndash mas natildeo evitou que os rebeldes cometessem crimes similares posteriormente previsivelmente em alguns grupos tornando quem os apoiava militarmente cuacutemplices De forma similar em 2014 apoiar as forccedilas curdas Peshmerga era a uacutenica forma de prevenir um massacre contra os Yazidis no Iraque ndash mas aqueles que deram apoio natildeo deveriam silenciar-se perante as posteriores mortes em represaacutelia

A escolha de grupos especiacuteficos como aliados eacute facilmente entendida como arbitraacuteria quando o comportamento atual natildeo justifica apoio internacional Um dos argumentos conflitantes de legitimidade poliacutetica acontece quando atores externos escolhem seus aliados locais de forma inconsistente com suas accedilotildees (algumas vezes favorecendo o regime incumbente) e tal escolha eacute facilmente vista como hipoacutecrita52 Poliacuteticos tambeacutem estatildeo vulneraacuteveis a tais acusaccedilotildees quando satildeo seletivos sobre suas criacuteticas a poderes regionais que armam ou apoiam grupo rebeldes como no caso do silecircncio ocidental sobre o envolvimento da Araacutebia Saudita na Siacuteria

Defensores do R2P e da prevenccedilatildeo de atrocidades em governos ou na sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando pedir a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes

No que diz respeito agrave diplomacia preventiva defensores do R2P e da prevenccedilatildeo contra atrocidades incluindo governos e a sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando e como pedem a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes Em algumas situaccedilotildees o Conselho pode deixar a mediaccedilatildeo mais difiacutecil ao elevar o niacutevel de visibilidade poliacutetica de uma crise Ele pode ajudar mediadores ao dar-lhes mais peso um senso de urgecircncia incentivos e desincentivos (ex com sanccedilotildees seletivas proibiccedilotildees de viagem congelamento de ativos embargo de armas investigaccedilotildees estabelecimento de uma missatildeo poliacutetica) Mas em algumas situaccedilotildees pressatildeo internacional vinda dos mais altos niacuteveis que inclui o papel do Conselho de Seguranccedila pode ser contraproducente Isso pode reforccedilar a urgecircncia de um governo em terminar a guerra a todos os custos como no caso do Sri Lanka no comeccedilo de 200953 ou complicar as negociaccedilotildees para acesso humanitaacuterio como em Mianmar em maio de 200854 Em particular quando os casos lidam com governos que jaacute vecircm sendo excluiacutedos da comunidade internacional foacuteruns e canais mais discretos podem ser mais efetivos na tentativa de influenciar mudanccedilas de comportamento

Possibilitando que as Missotildees de Paz da ONU Ofereccedilam Proteccedilatildeo CriacutevelO peacekeeping eacute um sistema com grande legitimidade global que jaacute evita abusos e comeccedilou a dar ecircnfase agrave Proteccedilatildeo de Civis (PoC) em muitas de suas operaccedilotildees A composiccedilatildeo global e o controle rigoroso por parte do Conselho de Seguranccedila deixa as operaccedilotildees de paz muito mais aceitaacuteveis que qualquer outro instrumento como notavelmente o uso da

24Global Public Policy Institute (GPPi)

forccedila por terceiros segundo um mandato do Conselho de Seguranccedila55 Ao mesmo tempo o peacekeeping soacute eacute capaz de lidar com um nuacutemero limitado de desafios agrave proteccedilatildeo a ausecircncia de mecanismos raacutepidos e efetivos de mobilizaccedilatildeo de implementaccedilatildeo faz com que seja impossiacutevel para peacekeepers da ONU responder a ameaccedilas iminentes de crimes de atrocidade e os requerimentos legais e praacuteticos da colaboraccedilatildeo com o governo local limitam uma accedilatildeo efetiva contra os perpetradores dos crimes de atrocidade que sejam parte ou que recebam apoio do governo Mesmo quando os peacekeepers estavam presentes enquanto crimes de atrocidade eram praticados como na Costa do Marfim em 2011 e no Sudatildeo do Sul em 2013 qualquer prevenccedilatildeo efetiva foi ilusoacuteria E onde uma reaccedilatildeo imediata natildeo obteve sucesso os desafios da proteccedilatildeo efetiva contra crimes em andamento rapidamente excedeu a capacidade dos boinas azuis

As vaacuterias maneiras em que as operaccedilotildees de paz poderiam melhor proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade ao estabelecer capacidades reduzir vulnerabilidade (ldquoproteccedilatildeo indiretardquo) e defender contra perpetradores (ldquoproteccedilatildeo diretardquo) jaacute foram explicitadas em outras oportunidades56 Atingir pelo menos um niacutevel moderado de ambiccedilatildeo para que peacekeepers protejam populaccedilotildees contra crimes de atrocidade requereria investimentos adicionais em capacidade doutrina e treinamento Tambeacutem seria necessaacuteria uma anaacutelise mais seacuteria sobre como combinar de forma efetiva o uso do peacekeeping com instrumentos poliacuteticos

O Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz a lideranccedila da missatildeo e os paiacuteses colaboradores precisam informar de forma modesta e transparente os limites das capacidades da ONU na proteccedilatildeo de civis

O comprometimento bem-vindo e necessaacuterio do Conselho de Seguranccedila com a proteccedilatildeo levou a um nuacutemero excessivo de promessas57 que aumentaram a lacuna entre as expectativas locais e a capacidade das missotildees Quando um mandato para milhares de peacekeepers eacute estabelecido com grande alvoroccedilo mas somente uma fraccedilatildeo chega seis meses depois como no Sudatildeo Sul apoacutes o iniacutecio da uacuteltima guerra civil em dezembro de 2013 ou como quando os peacekeepers se recusaram a tomar medidas enquanto crimes de atrocidade eram cometidos nas redondezas (devido ou natildeo ao apoio ou lideranccedila inadequados) como visto recentemente na RDC ou no Sudatildeo pessoas que se reuacutenem ao redor da bandeira azul na esperanccedila de proteccedilatildeo se tornam mais vulneraacuteveis ao perigo do que se estivessem em outro local De forma geral populaccedilotildees ameaccediladas estatildeo em situaccedilotildees melhores com os peacekeepers do que sem eles mas ainda assim a credibilidade das Naccedilotildees Unidas eacute afetada nestes casos58

Tanto a proteccedilatildeo efetiva quanto a responsaacutevel exigem uma comunicaccedilatildeo honesta e transparente com o puacuteblico e com o Conselho de Seguranccedila sobre as capacidades de cada missatildeo e de cada contingente aleacutem da sua disponibilidade para assumir riscos Quando os diplomatas do Conselho criarem ou derem nova autorizaccedilatildeo a outro ambicioso mandato para a proteccedilatildeo de civis eles precisam ser formalmente informados das capacidades e requerimentos que seratildeo necessaacuterios

25Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

A proteccedilatildeo por parte dos peacekeepers requer um salto de qualidade das contribuiccedilotildees para as operaccedilotildees dos boinas azuis e isso exige que o Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz as tropas a poliacutecia e os colaboradores financeiros encontrem uma divisatildeo do trabalho mais justa e equilibradaO equiliacutebrio fraacutegil entre aqueles que contribuem com tropas (em sua maioria da Aacutefrica e da Aacutesia) financiadores (em sua maioria da Europa e Ameacuterica do Norte) e os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila da ONU que emitem mandatos estaacute proacuteximo de se desfazer A insustentaacutevel divisatildeo de trabalho em peacekeeping natildeo eacute uma questatildeo dos ocidentais contra os demais Muitos paiacuteses africanos cansados dos muitos anos de tentativas frustradas de instauraccedilatildeo da paz no continente pelas potecircncias externas cada vez mais requerem e apoiam o uso de forccedila militar para proteger civis e conceder mais tempo para as negociaccedilotildees de paz Por outro lado paiacuteses que tradicionalmente contribuem com muitas tropas estatildeo cada vez mais reticentes em ameaccedilar a vida de seus soldados em locais distantes ndash especialmente aqueles paiacuteses como a Iacutendia cujo papel emergente no mundo criou expectativas de exercer influecircncia sobre escolhas estrateacutegicas que ateacute agora se mantiveram no domiacutenio exclusivo dos membros permanentes Isso tudo combinado com a austeridade imposta agraves forccedilas armadas mais desenvolvidas impossibilitando aumentar suas contribuiccedilotildees de ativos-chave ndash que poderia reduzir os riscos aos boinas azuis ndash vem deixando muitos paiacuteses em desenvolvimento cada vez mais impacientes com um sistema que natildeo funciona mais para eles

Para avanccedilar na prevenccedilatildeo de crimes de atrocidade economias desenvolvidas e em desenvolvimento precisatildeo aumentar os recursos disponibilizados para as missotildees de paz da ONU mas o dever principal de balancear o desequiliacutebrio atual estaacute nas matildeos de paiacuteses com capacidades avanccediladas Eles precisam disponibilizar forccedilas militares e ativos poliacuteticos que satildeo chaves para limitar o risco de todos os boinas azuis e aumentar o custo-benefiacutecio e a eficaacutecia do peacekeeping Isso inclui drones de vigilacircncia veiacuteculos anti-minas hospitais militares evacuaccedilatildeo meacutedica aeacuterea apoio de combate aeacutereo transporte aeacutereo taacutetico equipamentos anti-explosivos e outras tecnologias avanccediladas59

Contudo natildeo satildeo somente paiacuteses da Europa e da Ameacuterica do Norte que disponibilizam pouquiacutessimas tropas e deixam a desejar em suas contribuiccedilotildees (os europeus por exemplo respondem por menos de 7 por cento das tropas de peacekeeping da ONU e menos de 4 por cento das tropas policiais da organizaccedilatildeo60 A Iacutendia tem demonstrado apoio duradouro e extensivo ao peacekeeping ndash uma rara exceccedilatildeo entre paiacuteses com pretensotildees de lideranccedila regional ou global Outros paiacuteses deveriam pensar em seguir o recente exemplo da China e aumentar o nuacutemero de tropas policiais ou civis qualificados disponibilizados agrave ONU Por exemplo o Brasil mesmo com sua lideranccedila no Haiti ainda oferece menos pessoal que os pequenos Togo e Burkina Faso

26Global Public Policy Institute (GPPi)

Todos os membros do Conselho de Seguranccedila e colaboradores do peacekeeping deveriam aumentar a orientaccedilatildeo conceitual o treinamento e a construccedilatildeo de capacidade para a proteccedilatildeo de civis contra crimes de atrocidade

Tanto o desenvolvimento de estrateacutegias poliacuteticas quanto o uso da forccedila para proteccedilatildeo taacutetica de civis carecem grandemente de fundamentos conceituais soacutelidos com a qual qualquer outro tipo de operaccedilatildeo militar pode contar Os desafios poliacuteticos policiais e militares da proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade natildeo recebem a atenccedilatildeo conceitual e os recursos para treinamento adequados em quase todos os paiacuteses61 Natildeo eacute surpreendente que liacutederes de missatildeo e comandantes de tropas operem hoje em dia com base na tentativa e erro sem que haja uma orientaccedilatildeo ou doutrina clara Da mesma forma os membros do Conselho ndash em especial os natildeo-permanentes ndash satildeo forccedilados a tomar decisotildees difiacuteceis sobre a proteccedilatildeo de civis sem que tenham acesso a um oacutergatildeo de anaacutelise poliacutetico-militar sobre quais seriam as consequecircncias de tais accedilotildees A ausecircncia de conceitos claros e amplamente difundidos sobre as formas praacuteticas de proteccedilatildeo (para aleacutem das Zonas de exclusatildeo aeacuterea) contribuem para o estereoacutetipo muacutetuo e suspeitas de motivos escusos

Os Estados Unidos deveriam continuar a expansatildeo da sua Iniciativa Global de Operaccedilotildees de Paz (GPOI na sigla em inglecircs) e sua Parceria Africana de Resposta Raacutepida para Manutenccedilatildeo da Paz que apoiam e reforccedilam a capacidade de outros paiacuteses de treinar e manter competecircncias para a manutenccedilatildeo da paz Ambos os casos deveriam dar mais atenccedilatildeo agraves forccedilas militaresx mais frequentemente usadas no peacekeeping No futuro treinamentos e exerciacutecios da GPOI e outros deveriam incluir especificamente diferentes aspectos de proteccedilatildeo a civis 62 De forma similar a estes programas estadunidenses a Uniatildeo Europeia os governos europeus e de outros locais que possuem forccedilas armadas com tal capacidade deveriam oferecer os treinamentos e equipamentos mais modernos para os colaboradores das operaccedilotildees de paz Isso poderia criar incentivos para que unidades treinadas e equipadas efetivamente trabalhem em conjunto com a ONU a Uniatildeo Africana e as forccedilas sub-regionais na proteccedilatildeo de civis ndash no caso da UE ao novamente dar ecircnfase e expandir a Enable and Enhance Initiative

Usar a avaliaccedilatildeo atual das operaccedilotildees de paz da ONU para construir um consenso entre todas as partes interessadas (Conselho de Seguranccedila e Secretariado assim como colaboradores financeiros de tropas ou de poliacutecia) sobre o uso da forccedila somente para apoiar ndash e nunca substituir ndash uma estrateacutegia poliacutetica para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade e para planejar mandatos e operaccedilotildees adequadamente Como parte do diaacutelogo necessaacuterio sobre a utilidade do uso da forccedila a atual avaliaccedilatildeo das operaccedilotildees de paz da ONU oferece uma oportunidade de reconstruir uma linguagem comum sobre o peacekeeping seus princiacutepios e conceitos baacutesicos suas ambiccedilotildees e desafios para as tarefas de proteccedilatildeo das missotildees da ONU especialmente no que diz respeito ao uso da forccedila Os princiacutepios de consentimento imparcialidade e neutralidade atualizados no Relatoacuterio Brahimi para permitir que peacekeepers ajam contra os violadores dos acordos de paz e perpetradores de atrocidades mais uma vez satildeo distorcidos ou parecem irrelevantes em muitas operaccedilotildees A maioria dos peacekeepers

27Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

de hoje servem em situaccedilotildees de conflito ativo como no Mali ou na Repuacuteblica Centro-Africana Peacekeepers da ONU estatildeo conduzindo operaccedilotildees de combate ativo na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Em outros locais os acordos de deacutecadas atraacutes que deram origem a uma missatildeo natildeo incluem as partes que atualmente ameaccedilam ou sequestram peacekeepers como nas Colinas de Golatilde

Enquanto eacute inevitaacutevel que haja certa ambiguidade sobre os princiacutepios o uso ativo da forccedila para proteger civis soacute eacute capaz de apoiar mas nunca substituir uma estrateacutegia poliacutetica63 Onde natildeo haacute uma estrateacutegia poliacutetica realista para chegar agrave paz deve haver pelo menos uma para limitar os riscos aos civis ndash se necessaacuterio um plano que inclua o apoio de forccedilas militares da ONU como na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Estas questotildees devem ser discutidas de forma honesta pelas partes interessadas nas operaccedilotildees de paz da ONU O abismo que separa as partes nestas discussotildees natildeo estaacute entre os ocidentais que apoiam o uso de mais forccedila e os opositores natildeo-ocidentais Atualmente isso acontece entre paiacuteses que contribuem com muitas tropas como Iacutendia e Paquistatildeo preocupados com o aumento dos riscos agraves suas tropas e uma coalisatildeo mais intervencionista de paiacuteses africanos e europeus ocidentais64

A Tomada de Decisotildees sobre Accedilotildees MilitaresO atual sistema de seguranccedila coletiva que tem o Conselho de Seguranccedila na ONU como peccedila central natildeo estaacute agrave altura da tarefa de prover proteccedilatildeo efetiva e responsaacutevel O Conselho eacute incapaz de agir de forma efetiva quando alguns interesses geopoliacuteticos colidem como no caso da Siacuteria Mas ele fracassa ateacute mesmo em situaccedilotildees em que o abuso do argumento humanitaacuterio natildeo estaacute na pauta e os interesses de membros-chave do Conselho estatildeo alinhados ndash como no caso da Repuacuteblica Centro-Africana ou do Sudatildeo do Sul Um Conselho que tem o poder de estabelecer mandatos mobilizar proteccedilatildeo efetiva e limitar o medo do uso abusivo de argumentos humanitaacuterios precisaria ouvir os maiores atores poliacuteticos do mundo moderno os paiacuteses que contribuem com tropas e os financiadores

Tanto a composiccedilatildeo quanto os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila da ONU refletem a ordem mundial dos anos 1940 A fim de manter a credibilidade do sistema de seguranccedila coletiva restaurar a legitimidade do Conselho de Seguranccedila eacute uma questatildeo urgente e de interesse dos cinco membros permanentes Todavia mesmo estando bem fundadas em termos de justiccedila global e em prospectos de longo prazo para a governanccedila global as propostas jaacute existentes para uma expansatildeo do Conselho ou um papel mais proeminente da Assembleia Geral em assuntos de seguranccedila provavelmente natildeo contribuiratildeo para uma proteccedilatildeo mais efetiva contra crimes de atrocidade

Visando o 70o aniversaacuterio da ONU neste ano nossas sugestotildees datildeo ecircnfase agraves mudanccedilas procedimentais e natildeo estruturais do Conselho de Seguranccedila

28Global Public Policy Institute (GPPi)

Os cinco membros permanentes do Conselho de Seguranccedila deveriam dar mais apoio a processos decisoacuterios inclusivos dentro do Conselho e abrir canais informais de consulta sobre mandatos estrateacutegias e operaccedilotildees para todas as partes cruciais em especial potecircncias regionais e grandes colaboradores de pessoal Os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila na ONU limitam severamente seu senso de imparcialidade perante os olhos do mundo Na maioria das crises na Aacutefrica o chamado ldquopenholderrdquo ndash isto eacute o paiacutes responsaacutevel pelo rascunho das resoluccedilotildees do Conselho ndash eacute o antigo Estado colonizador ou os Estados Unidos65 Mesmo sendo uacutetil por dar uma continuidade ao longo dos anos esta organizaccedilatildeo e as relaccedilotildees internas resultantes entre os membros permanentes efetivamente excluem os membros natildeo-permanentes da maior parte das negociaccedilotildees informais onde as decisotildees mais importantes satildeo tomadas

Para que haja uma forma menos exclusiva de tomar decisotildees o precisaria de atores adicionais tanto dentro quanto fora das regiotildees relevantes para desenvolver as capacidades analiacutetica e poliacutetica de cogerenciar de forma construtiva o engajamento do Conselho e as operaccedilotildees de paz ao inveacutes de soacute defender seus proacuteprios interesses Os Estados membros e as organizaccedilotildees da sociedade civil tambeacutem devem continuar as discussotildees sobre um coacutedigo de conduta para limitaccedilatildeo voluntaacuteria do poder de veto em situaccedilotildees de crimes de atrocidade como proposto pelo governo francecircs66

Aleacutem dos procedimentos internos os membros do Conselho devem continuar expandindo as interaccedilotildees informais com as partes relevantes incluindo paiacuteses vizinhos e aqueles que contribuem com pessoal para as operaccedilotildees de paz Isso natildeo precisa se limitar a trocas diplomaacuteticas formais a fim de aumentar a qualidade e aceitaccedilatildeo dos mandatos de peacekeeping os paiacuteses responsaacuteveis pelo rascunho do mandato poderiam incluir a colaboraccedilatildeo de especialistas dos paiacuteses que contribuem com grande nuacutemero de tropas ou de policiais como por exemplo antigos comandantes de tropa ou chefes de poliacutecia67

Atores com credibilidade para fazer conexotildees no debate polarizado sobre intervenccedilatildeo militar devem facilitar os esforccedilos informais para desenvolver um sistema de monitoramento e informaccedilatildeo mais rigoroso para Estados que aderirem agraves missotildees com mandatos da ONUO conceito de Responsabilidade ao Proteger (RwP na sigla em inglecircs) eacute uma das iniciativas mais promissoras para lidar com os desacordos globais sobre o uso abusivo da Responsabilidade de Proteger Quando apresentado pelo Brasil no final de 2011 tal conceito ofereceu uma oportunidade de debate sobre o que poderia ser proteccedilatildeo efetiva e qual deveria ser o papel do uso da forccedila nessa proteccedilatildeo apoacutes a intervenccedilatildeo na Liacutebia quando essas discussotildees estavam extremamente polarizadas68 Apoacutes essa experiecircncia eacute muito improvaacutevel que o Conselho de Seguranccedila futuramente aprove uma resoluccedilatildeo autorizando o uso de forccedilas externas para a proteccedilatildeo com termos tatildeo amplos Com isso a implementaccedilatildeo de algumas ideias da proposta do RwP eacute de interesse de todos os Estados que acreditam que a forccedila deve ser uma ferramenta de uacuteltimo caso disponiacutevel

29Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

agrave comunidade internacional Discussotildees mais profundas satildeo necessaacuterias sobre os criteacuterios e condiccedilotildees considerados para que o Conselho use a forccedila para proteger populaccedilotildees Mesmo que a discussatildeo sobre criteacuterios para o uso da forccedila seja tatildeo antiga quanto a discussatildeo sobre intervenccedilatildeo humanitaacuteria69 todos os Estados membros se beneficiariam de um debate aberto sobre os sucessos e fracassos do uso da forccedila no passado e suas implicaccedilotildees no futuro como supracitado Outra questatildeo mais praacutetica diz respeito a como aumentar a habilidade do Conselho de monitorar aqueles que aderem e executam suas decisotildees Uma sugestatildeo concreta seria adotar elementos do sistema de peacekeeping como relatoacuterios e reuniotildees instrutivas regulares sobre a situaccedilatildeo das delegaccedilotildees para o uso da forccedila por terceiros As resoluccedilotildees poderiam incluir expliacutecitas claacuteusulas de caducidade que obrigariam a aprovaccedilatildeo da extensatildeo do mandato pelo Conselho de Seguranccedila e requerimentos de relatoacuterio regulares e especiacuteficos por parte daqueles Estados membros que aderirem e executarem as decisotildees do oacutergatildeo70 Outra sugestatildeo seria a criaccedilatildeo de mecanismos de responsabilizaccedilatildeo e monitoramento ao criar paineacuteis de especialistas quando os mandatos do Conselho incluiacuterem o uso da forccedila conforme modelo dos comitecircs de sanccedilotildees da ONU Relatoacuterios de comitecircs independentes como esses podem dar origem a uma praacutetica-padratildeo e contribuir para a melhora da qualidade nas decisotildees do Conselho ao longo do tempo seja antes durante ou depois das operaccedilotildees militares71

Potecircncias emergentes e jaacute estabelecidas podem fazer sua parte no avanccedilo das discussotildees sobre as questotildees colocadas pelo RwP Tanto a iniciativa oficial do Brasil quanto a ideia de ldquoProteccedilatildeo Responsaacutevelrdquo colocada por um reconhecido especialista chinecircs72 poderiam ser pontos de partida para discussotildees mais especiacuteficas e operacionais tanto entre os BRICS quanto entre os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila73 Ao inveacutes de rejeitar tais conceitos como sendo ataques agrave Responsabilidade de Proteger as potecircncias ocidentais deveriam ver essas iniciativas como uma oportunidade para um debate construtivo sobre como proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade74

Inserindo a Reflexatildeo e o Aprendizado Constantes em cada Ferramenta PoliacuteticaAinda que haja muita experiecircncia estabelecida com fracassos terriacuteveis e os poucos sucessos qualificados natildeo haacute uma base de conhecimento confiaacutevel sobre como proteger pessoas contra crimes de atrocidade Em geral governos e organizaccedilotildees internacionais continuam tratando cada crise como sendo uacutenica dando pouca atenccedilatildeo agrave reflexatildeo contiacutenua ao aprendizado e agrave adaptaccedilatildeo das poliacuteticas conforme as situaccedilotildees evoluem Os acadecircmicos jaacute aprenderam bem mais sobre o que natildeo funciona em algumas condiccedilotildees do que sobre o que poderia melhorar ndash por um lado porque cada intervenccedilatildeo poliacutetica acontece com contexto proacuteprio e por outro porque resultam de incentivos acadecircmicos e dificuldades de acesso a dados

30Global Public Policy Institute (GPPi)

Governos organizaccedilotildees internacionais sociedade civil e acadecircmicos precisam projetar poliacuteticas que sejam mais adaptaacuteveis ao conhecimento em evoluccedilatildeo e agrave avaliaccedilatildeo de riscos com base em oportunidades internas para reflexatildeo e aprendizado contiacutenuos e colaborativosEnquanto ainda haacute urgecircncia para que medidas sejam tomadas agir de forma responsaacutevel perante tanta incerteza pede que sejamos menos confiantes em nossa habilidade de determinar a melhor poliacutetica possiacutevel para cada situaccedilatildeo Poliacuteticos ativistas e intelectuais devem ser honestos consigo mesmos e transparentes com aqueles que mais sofrem com os impactos dessas poliacuteticas Natildeo haacute soluccedilotildees que tenham sido testadas e comprovadas Tudo que podemos fazer eacute tentar identificar a forma mais responsaacutevel de desenvolver cada caso enquanto nos mantemos preparados e prontos para reagir rapidamente a mudanccedilas e melhorar nossa gama de poliacuteticas instrumentais Este processo experimental de decisatildeo poliacutetica precisa ser constantemente monitorado e avaliado de forma autocriacutetica tanto interna quanto externamente atraveacutes do diaacutelogo franco e honesto entre profissionais sociedades e especialistas externos em todos os niacuteveis desde o monitoramento e avaliaccedilatildeo ateacute os debates mais amplos de poliacutetica puacuteblica sobre a eficaacutecia da forccedila militar e da diplomacia coercitiva na prevenccedilatildeo e resposta a crimes de atrocidade

31Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

1 Como a Genocide Prevention Task Force em um painel fechado de alto-niacutevel nos Estados Unidos apropriadamente argumentou em 2008 Genocide Prevention Task Force lsquoPreventing Genocide A Blueprint for US Policymakersrsquo (Washington DC The American Academy of Diplomacy US Holocaust Memorial Museum US Institute for Peace 2008) Veja tambeacutem Ruben Reike Serena Sharma e Jennifer Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo (Australian Civil-Military Centre e Oxford Institute for Ethics Law and Armed Conflict 2013) 6ff

2 Michael Ignatieff lsquoThe Libya Case a Teachable Momentrsquo Suddeutsche Zeitung Special Supplement http wwwamericanacademydesitesdefaultfilesuploadMSC202012pdf 3 de fevereiro de 2012 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 David Bosco lsquoAbstention Games on the Security Councilrsquo Foreign Policy httpforeignpolicy com20110317abstention-games-on-the-security-council 17 de marccedilo de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

3 Kofi A Annan lsquoTwo Concepts of Sovereigntyrsquo The Economist httpwwweconomistcomnode324795 16 de setembro de 1999 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

4 Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Conflict Security and Development 144 2014 Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

5 Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

6 Rosa Brooks lsquoThe UN Security Council and Civilian Protectionrsquo in Jared Genser e Bruno Ugarte eds The UN Security Council in the Age of Human Rights (New York Cambridge University Press 2013) 12 Sobre a base global para as normas de proteccedilatildeo veja Charles Sampford lsquoA Tale of Two Normsrsquo em Angus Francis Vesselin Popovski e Charles Sampford eds Norms of Protection Responsibility to Protect Protection of Civilians and Their Interaction (United Nations University Press 2012) Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

7 Para uma visatildeo geral do posicionamento do Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia e Aacutefrica do Sul sobre R2P veja os artigos na ediccedilatildeo especial de Conflict Security and Development Brockmeier Kurtz e Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Jaganathan e Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Julian Junk lsquoThe Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Xymena Kurowska lsquoMultipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Lui Tiewa e Zhang Haibin lsquoDebates in China About the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessmentrsquo Conflict Security and Development 2014 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Verhoeven Murthy e Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang Reinicke lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo ediccedilatildeo especial (144) de Conflict Security and Development (London Taylor amp Francis 2014)

8 CSR Murthy e Gerrit Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo Global Society em revisatildeo

9 Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo Global Society em revisatildeo Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo Global Society em revisatildeo

10 Judi Atkins Justifying New Labour Policy (Houndmills Basingstoke Hampshire New York Palgrave Macmillan 2011) 163 Veja por exemplo Stuenkel e Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Erna Burai lsquoParody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian Warrsquo Global Society em revisatildeo

Notas

32Global Public Policy Institute (GPPi)

11 Roland Paris lsquoThe ldquoResponsibility to Protectrdquo and the Structural Problems of Preventive Humanitarian Interventionrsquo International Peacekeeping 215 2014 4

12 Ramesh Thakur lsquoR2Prsquos ldquoStructuralrdquo Problems A Response to Roland Parisrsquo International Peacekeeping 2015 5

13 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

14 Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo Global Society em revisatildeo

15 Julian Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo Global Society em revisatildeo Julian Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo Global Society em revisatildeo

16 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

17 Erna Burai lsquoAfrican Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Groundrsquo Global Society em revisatildeo

18 Ambos os debates em torno das propostas brasileiras de Responsabilidade ao Proteger e o Diaacutelogo Interativo Informal da Assembleia Geral sobre Responsabilidade de Proteger e ldquoAccedilatildeo oportuna e decisivardquo em 2012 constituiacuteram tentativas de defensores de R2P se envolverem em discussotildees sobre o uso da forccedila e R2P Para acessar uma coleccedilatildeo de discursos durante a Assembleia Geral de 2012 veja httpwwwglobalr2porgresources278

19 Sarah Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo em Mary Kaldor e Iavor Rangelov eds The Handbook of Global Security Policy (Chichester West Sussex Wiley Blackwell 2014) 225

20 Alastair Iain Johnston lsquoThinking About Strategic Culturersquo International Security 194 1995 46

21 Pessimismo sobre a eficaacutecia da forccedila no entanto natildeo eacute o mesmo de promover a natildeo-violecircncia Alguns dos maiores defensores do ceticismo em relaccedilatildeo agraves forccedilas militares para proteccedilatildeo frequentemente recorrem a forccedilas militares ou quase militares no acircmbito domeacutestico

22 Otto Bakkano lsquoAU Pushes for Ceasefire Political Solution in Libyarsquo Mail amp Guardian httpmgcoza article2011-05-26-au-pushes-for-ceasefire-political-solution-in-libya 26 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Guido Westerwelle lsquoBundesminister Westerwelle Statement vom 25032011 zu Syrien Jemen Israel und dem Gaza-Streifen Sowie Libyenrsquo Auswartiges Amt httpwwwbrasildiplodeVertretung brasiliende07__AussenpolitikReden_20des_20Au_C3_9FenministersStatemente_20Syrienhtml 25 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

23 Barack Obama David Cameron e Nicolas Sarkozy lsquoLibyarsquos Pathway to Peacersquo The International Herald Tribune httpwwwnytimescom20110415opinion15iht-edlibya15html 15 de abril de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Reuters lsquoKerry Insists No Place for Assad in Syriarsquos Futurersquo Reuters httpwwwreuters comarticle20140117us-syria-crisis-kerry-idUSBREA0G14A20140117 17 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

24 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

25 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

26 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

27 Kersti Larsdotter lsquoExploring the Utility of Armed Force in Peace Operations German and British Approaches in Northern Afghanistanrsquo Small Wars and Insurgencies 193 2008 Taylor B Seybolt Humanitarian Military Intervention The Conditions for Success and Failure (Oxford Oxford University Press 2008) Rupert Smith The Utility of Force The Art of War in the Modern World (London Allen Lane 2005) Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

28 UN Department of Peacekeeping Operations e UN Department of Field Support lsquoOperational Concept on the Protection of Civilians in United Nations Peacekeeping Operationsrsquo (New York 2010) Sarah Sewall Dwight Raymond e Sally Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook (Cambridge MA Harvard Kennedy School 2010)

29 Harry Verhoeven documenta o exemplo de um diplomata chinecircs que ldquopensava que o Ocidente tinha inventado os Janjaweed [miliacutecias proacute- governo em Darfur] como uma desculpa para intervir Mas eles eram de verdade e matavam pessoasrdquo Harry Verhoeven lsquoIs Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa Is Changing Chinarsquo The Washington Quarterly 372 2014 64

33Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

30 BS Chimni lsquoFor Epistemological and Prudent Internationalismrsquo Harvard Law School Human Rights Journal novembro 2012 Greg Simons lsquoThe International Crisis Group and the Manufacturing and Communicating of Crisesrsquo Third World Quarterly 354 2014 Ramesh Thakur lsquoIs the United Nations Racistrsquo The Hindu httpwwwthehinducomopinionleadis-the-united-nations-racistarticle4928624ece 19 de julho de 2013 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

31 Ambassador Liu Zhenmin lsquoStatement by Ambassador Liu Zhenmin at the Plenary Session of the General Assembly on the Question of ldquoResponsibility to Protectrdquorsquo httpresponsibilitytoprotectorgStatement20 by20Ambassador20Liu20Zhenminpdf 24 de julho de 2009 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Zhang Haibin e Lui Tiewa lsquoRealizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and Thereafterrsquo Global Society em revisatildeo

32 Conversa com uma seacuterie de especialistas indianos em evento na Jawaharlal Nehru University (Nova Deacuteli Iacutendia) no dia 21 de Janeiro de 2015

33 IRIN lsquoA New Start for Crisis Reportingrsquo IRIN httpnewirinirinnewsorgpress-release 20 de novembro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34 Veja por exemplo Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoReport of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on United Nations Action in Sri Lankarsquo (New York United Nations 2012)

35 Um bom exemplo foi o briefing do Assessor Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedio para o Conselho de Seguranccedila da ONU depois de sua visita agrave Repuacuteblica Centro-Africana no dia 22 de janeiro de 2014 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoThe Statement of under Secretary-GeneralSpecial Adviser on the Prevention of Genocide Mr Adama Dieng on the Human Rights and Humanitarian Dimensions of the Crisis in the Central African Republicrsquo httpwwwunorgenpreventgenocideadviserpdfSAPG20Statement20at20UNSC20 on20the20situation20in20CAR-202220Jan202014pdf 22 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

36 Morten Bergsmo Quality Control in Fact-Finding (Florence Torkel Opsahl Academic EPublisher 2013) 210

37 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoRights up Front A Plan of Action to Strengthen the UNrsquos Role in Protecting People in Crises Follow-up to the Report of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on UN Action in Sri Lankarsquo (New York 2013)

38 Veja tambeacutem futura publicaccedilatildeo do GPPi Gerrit Kurtz lsquoA New Tool for Civilian Protection - the Human Rights up Front Initiative of the United Nationsrsquo GPPi Policy Brief futura publicaccedilatildeo

39 Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo

40 Jose Ramos-Horta lsquoIndia Right in Asking for More Say in Peacekeeping Operations-Related Decisions Top UN Panel Chiefrsquo Hindustan Times httpwwwhindustantimescomindia-newsindia-right-in-asking- for-more-say-in-peacekeeping-operations-related-decisions-top-un-panel-chiefarticle1-1314354aspx 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 13 de marccedilo de 2015

41 Thomas Biersteker et al lsquoThe Effectiveness of UN Targeted Sanctions - Findings from the Targeted Sanctions Consortium (TSC)rsquo The Graduate Institute Geneva 2013

42 Kirsten Ainley lsquoThe Responsibility to Protect and the International Criminal Court Counteracting the Crisisrsquo International Affairs 911 2015

43 Para distinccedilatildeo entre atividades ldquosistecircmicasrdquo e ldquodirecionadasrdquo veja Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

44 Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo Global Society em revisatildeo

45 Verhoeven e Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo 8 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann lsquoSchutz und Verantwortung Uber die US- Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltatenrsquo (2013)

46 Mike Brand lsquoEmploying lsquoPreventionrsquo to Prevent Mass Atrocitiesrsquo Saferworld httpwwwsaferworldorguk news-and-viewscomment123-employing-apreventiona-to-prevent-mass-atrocities 25 de fevereiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Warren Strobel e Louis Charbonneau lsquoUS Was Slow to Lose Patience as South Sudan Unraveledrsquo Reuters 14 de janeiro de 2014

47 Adam Lupel lsquoUN Adviser on Prevention of Genocide ldquoWe Have to Make Sure the Security Council Actsrdquorsquo httptheglobalobservatoryorg201404un-adviser-on-prevention-of-genocide-we-have-to-make-sure- security-council-acts 28 de abril de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34Global Public Policy Institute (GPPi)

48 Office for the Coordination of Humanitarian Affairs lsquoHumanitarian Bulletin Syriarsquo Humanitarian Bulletin Issue 53 httpreliefwebintsitesreliefwebintfilesresourcesBulletin_no_53_17032015_final_01pdf 1 de fevereiro - 18 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

49 Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

50 Human Rights Watch lsquoGermany QampA on Trial of Two Rwandan Rebel Leadersrsquo httpwwwhrworgde news20110502germany-qa-trial-two-rwandan-rebel-leaders 2 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 23 de marccedilo de 2015

51 Eric Lichtblau lsquoUS Seeks to Deport Bosnians over War Crimesrsquo New York worldus-seeks-to-deport-bosnians-over- Times httpwwwnytimescom20150301war-crimeshtml 28 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

52 Para um argumento similar observando o envolvimento internacional com a Liacutebia em 2015 veja International Crisis Group lsquoLibya Getting Geneva Rightrsquo International Crisis Group Middle East and North Africa Report Nr 157 2015

53 Kurtz e Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo

54 Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo

55 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

56 Alex J Bellamy e Charles T Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo (Asia- Pacific Centre for the Responsibility to Protect 2010) Alex J Bellamy The Responsibility to Protect A Defense (Oxford Oxford University Press 2014)

57 Ashley Jackson lsquoProtecting Civilians The Gap between Norms and Practicersquo (Humanitarian Policy Group 2014)

58 Isso jaacute foi escrito em 2009 no relatoacuterio ldquoNew Horizonrdquo do DPKO ldquoO descompasso entre expectativas e capacidade de promover proteccedilatildeo abrangente criou um significante desafio de credibilidade para as operaccedilotildees de paz da ONUrdquo Department of Peacekeeping Operations lsquoA New Partnership Agenda Charting a New Horizon for UN Peacekeepingrsquo (New York 2009) 20

59 Compare United Nations lsquoFinal Report of the Expert Panel on Technology and Innovation in UN Peacekeepingrsquo httpwwwperformancepeacekeepingorgofflinedownloadpdf 22 de dezembro de 2014

60 Compare United States Mission to the United Nations lsquoRemarks on Peacekeeping in Brussels by Samantha Power US Permanent Representative to the United Nationsrsquo httpusunstategovbriefing statements238660htm 9 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

61 Bellamy and Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo 23-24 Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

62 Isso poderia se basear no Mass Atrocities Response Operations project do US Armyrsquos Peacekeeping and Stability Operations Institute e do Harvard Kennedy Schoolrsquos Carr Center for Human Rights Veja Sewall Raymond e Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook

63 Mats Berdal e David H Ucko lsquoThe United Nations and the Use of Force Between Promise and Perilrsquo Journal of Strategic Studies 375 2014

64 Veja tambeacutem os resultados de um projeto do SIPRI sobre o futuro das operaccedilotildees de paz Jair van der Lijn e Xenia Avezov lsquoThe Future Peace Operations Landscape - Voices from Stakeholders around the Globe - Final Report of the New Geopolitics of Peace Operations Initiativersquo Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) janeiro de 2015

65 Security Council Report lsquoChairs of Subsidiary Bodies and Penholders for 2015rsquo httpwwwsecuritycouncilreportorgmonthly-forecast2015-02chairs_of_subsidiary_bodies_and_penholders_ for_2015php 30 de janeiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

66 Gareth Evans lsquoLimiting the Security Council Vetorsquo Project Syndicate httpwwwproject-syndicateorg commentarysecurity-council-veto-limit-by-gareth-evans-2015-02 4 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Kofi Annan e Gro Harlem Brundtland lsquoFour Ideas for a Stronger UNrsquo The New York Times httpwwwnytimescom20150207opinionkofi-annan-gro-harlem-bruntland-four-ideas-for-a-stronger- unhtml_r=0 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

67 Conversa com ex-comandantes militares Nova Deacuteli janeiro de 2015

68 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

35Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

69 Ibid Murthy e Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo

70 Compare tambeacutem com Bellamy The Responsibility to Protect A Defense 200

71 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

72 Ruan Zongze lsquo阮宗泽中国应倡导ldquo负责任的保护rdquo- ( China deveria defender a Proteccedilatildeo Responsaacutevel)rsquo Global Times (ediccedilatildeo chinesa) httpopinionhuanqiucom11522012-032501163html uacuteltimo acesso em 7 de marccedilo de 2012

73 Andrew Garwood-Gowers lsquoChinarsquos ldquoResponsible Protectionrdquo Concept Re-Interpreting the Responsibility to Protect (R2P) and Military Intervention for Humanitarian Purposesrsquo Asian Journal of International Law disponiacutevel em CJO2015 2015

74 Thorsten Benner lsquoBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiativersquo GPPi Working Paper Series 2013

36Global Public Policy Institute (GPPi)

Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang 4 n 4 2014) A ediccedilatildeo especial conteacutem os seguintes artigos todos disponiacuteveis gratuitamente online Introduction Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier

Regulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protect por Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

Debates in China about the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessment por Liu Tiewa e Zhang Haibin

Emerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protect por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk

Singing the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protect por Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz

Multipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protect por Xymena Kurowska

ldquoOur Identity is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Intervention por Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira

The Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protect por Julian Junk

Em breve laccedilaremos uma ediccedilatildeo especial na Global Society os seguintes artigos que estatildeo atualmente em processo de revisatildeo To Intervene in Darfur or Not Re-examining the R2P Debate and its Impacts por Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira

International Responsibility as Solidarity the Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectory por CSR Murthy e Gerrit Kurtz

Bringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenya por Julian Junk

Testing Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2P por Julian Junk

Parody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian War por Erna Burai

Protection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009 por Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan

Realizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and thereafter por Zhang Haibin e Liu Tiewa

The Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protection por Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

African Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Ground por Erna Burai

Responsibility While Protecting and the Ethics of R2P Implementation por Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier

Outras publicaccedilotildees relacionadasBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiative por Thorsten Benner Seacuterie de Working Papers do GPPi 2013

O Brasil como um Empreendedor Normativo a Responsabilidade ao Proteger por Thorsten Benner Politica Externa v 21 n 4 2013 p 35-46

Germany and the Intervention in Libya por Sarah Brockmeier Survival Global Politics and Strategy v55 n6 2013 p 63ndash90

Schutz und Verantwortung Uber die US-Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltaten por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann Heinrich Boll Foundation June 2013

Internationale Schutzverantwortung - Normative Erwartungen und Politische Praxis por Christopher Daase e Julian Junk (orgs) Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n 1-2 2013

Die Legalisierung der Legitimitat ndash Zur Kritik der Schutzverantwortung als Emerging Norm por Christopher Daase Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n1-2 2013 p 41-62

Emerging Power Exceptional State Elusive Country Explaining Indiarsquos Behavior por Madhan Mohan Jaganathan (com Amna Sunmbul) Proceedings of the International Conference on Social Sciences Chennai 2013 p 308-311

A New Tool for Civilian Protection - The Human Rights up Front Initiative of the United Nations por Gerrit Kurtz GPPi Policy Brief lanccedilamento em breve

Indiarsquos Approach to the Protection of Civilians in Armed Conflicts por CSR Murthy Norwegian Peacebuilding Resource Centre novembro de 2012

Contemporary World Order and Approaches to UN Peacekeeping A South Asian Perspective por CSR Murthy Friedrich Ebert Foundation dezembro de 2012

India-Brazil-South Africa Dialogue Forum (IBSA) The Rise of the Global South por Oliver Stuenkel Routledge Global Institutions 2014

The BRICS and the Future of Global Order por Oliver Stuenkel Lexington Press 2015

The BRICS and the Future of R2P Was Syria or Libya the Exception por Oliver Stuenkel Global Responsibility to Protect v6 n 1 2014 p 3-28

China and Responsibility to Protect Maintenance and Change of its Policy for Intervention por Liu Tiewa The Pacific Review v 25 v1 2012 p 153-173

Is China Like the Other Permanent Members Governmental and Academic Debates about RtoP by Liu Tiewa in Moacutenica Serrano e Thomas G Weiss (orgs) Rallying to the RtoP Cause The International Politics of Human Rights Routledge 2014 p 148-170

Chinese Strategic Culture and the Use of Force Moral and Political Perspectives por Liu Tiewa Journal of Contemporary China v23 n87 2014 p 556-574

Is Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa is Changing China por Harry Verhoeven The Washington Quarterly vol37 n2 2014 p 55-70

Publicaccedilotildees Selecionadas

37Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

AutoresThorsten BennerGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Sarah Brockmeier Global Public Policy InstituteBerlin Germany

Erna BuraiCentral European UniversityBudapest Hungary

CSR MurthyJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Christopher DaasePeace Research InstituteFrankfurt Germany

J Madhan MohanJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Julian JunkPeace Research InstituteFrankfurt Germany

Xymena KurowskaCentral European UniversityBudapest Hungary

Gerrit KurtzGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Liu TiewaPeking University China

Wolfgang ReinickeGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Philipp RotmannGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Ricardo Soares de OliveiraOxford UniversityUnited Kingdom

Matias SpektorFundaccedilatildeo Getulio VargasRio de Janeiro Brazil

Oliver StuenkelFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Marcos TourinhoFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Harry VerhoevenOxford UniversityUnited Kingdom

Zhang HaibinPeking UniversityChina

Global Public Policy Institute (GPPi)Reinhardtstr 7 10117 Berlin GermanyPhone +49 30 275 959 75-0Fax +49 30 275 959 75-99gppigppinet

gppinetglobalnormsnet

6Global Public Policy Institute (GPPi)

Para aleacutem dos ldquoOcidentaisrdquo e os ldquoDemaisrdquo O Futuro do R2P 7Resumo 8Resultados de Pesquisa Legados Retoacutericos e Debates Construtivos 10O que eacute Indiscutiacutevel Proteccedilatildeo Contra Crimes de Atrocidade Requer Accedilatildeo Internacional 11O que Ainda eacute Discutiacutevel Como Proteger de Forma Responsaacutevel e Efetiva 12A Controveacutersia Mais Profunda a Forccedila Pode Proteger 14

Opccedilotildees Poliacuteticas para Proteccedilatildeo Mais Efetiva e Responsaacutevel 17Reduzindo a Vulnerabilidade das Fontes de Informaccedilatildeo perante Acusaccedilotildees de Parcialidade 17Usando Ferramentas Diplomaacuteticas e Civis De Forma Antecipada Justa e Estrateacutegica 20Possibilitando que as Missotildees de Paz da ONU Ofereccedilam Proteccedilatildeo Criacutevel 23A Tomada de Decisotildees sobre Accedilotildees Militares 27Inserindo a Reflexatildeo e o Aprendizado Constantes em cada Ferramenta Poliacutetica 29

Notas 31

Publicaccedilotildees Selecionadas 36

Autores 37

Iacutendice

7Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Uma deacutecada apoacutes a adoccedilatildeo pelas Naccedilotildees Unidas do princiacutepio da Responsabilidade de Proteger (R2P) pessoas contra crimes atrozes os histoacutericos das iniciativas mundiais de proteccedilatildeo de indiviacuteduos continuam preocupantes Em 1948 o mundo se comprometeu a

ldquonunca maisrdquo permitir genociacutedios poreacutem por diversas vezes desde entatildeo natildeo cumpriu sua promessa perante tantas viacutetimas de genociacutedio e de atrocidades em massa ndash incluindo Bangladesh em 1971 Camboja em 1978 Ruanda em 1994 e tambeacutem Srebrenica em 1995 uma cataacutestrofe que completou vinte anos em 2015

Enquanto isso milhares de pessoas na Repuacuteblica Centro-Africana Repuacuteblica Democraacutetica do Congo (RDC) Iraque Sudatildeo do Sul Siacuteria e em vaacuterios outros locais sofrem com crimes contra a humanidade crimes de guerra e limpezas eacutetnicas exatamente as violaccedilotildees previstas no compromisso da Responsabilidade de Proteger Em marccedilo de 2011 a ameaccedila iminente de assassinatos em massa de civis na cidade Liacutebia de Bengazi impeliu uma intervenccedilatildeo militar que provavelmente salvou muitas vidas de um massacre Contudo a coalisatildeo liderada pela OTAN optou por uma missatildeo para mudar o regime poliacutetico e seus aliados locais mergulharam o paiacutes em um caos violento que jaacute transbordou suas fronteiras e causou muitas fatalidades Isso aumentou as preocupaccedilotildees sobre o uso abusivo da doutrina do R2P pelas grandes potecircncias assim como sobre o resultado violento das intervenccedilotildees militares Na Siacuteria milhares de civis morreram e milhotildees sofriam enquanto o Conselho de Seguranccedila vivia um impasse poliacutetico Mesmo nos locais em que haacute consenso global para accedilatildeo ndash no Sudatildeo do Sul na Repuacuteblica Centro-Africana ou no norte do Iraque ndash governos e organizaccedilotildees internacionais com frequecircncia tecircm accedilotildees lentas ou ineficazes Isso eacute ainda mais traacutegico porque existe um potencial para accedilotildees que preveniriam crimes atrozes em massa Usar atrocidades como arma de guerra ou instrumento poliacutetico requer planejamento sistemaacutetico e organizaccedilatildeo e estes processos podem ser identificados e interrompidos com accedilotildees cuidadosas e determinadas A mobilizaccedilatildeo internacional tem um papel crucial no alcance de tal objetivo1

Se acreditarmos nos analistas o futuro da proteccedilatildeo contra atrocidades parece ainda pior do que o presente Muitos demostram desesperanccedila perante a ascensatildeo de potecircncias cujas elites se socializaram em oposiccedilatildeo agrave ordem liderada pelo Ocidente que deu origem agrave Responsabilidade de Proteger Previsotildees proeminentes descrevem potecircncias emergentes se opondo ao R2P e com isso acredita-se que nas palavras de Michael Ignatieff ldquoa resistecircncia desses paiacuteses a intervenccedilotildees se torne cada vez mais influenterdquo2

Mesmo que a imagem desoladora do fracasso esteja correta a avaliaccedilatildeo subjacente do impasse global entre os intervencionistas ldquoOcidentaisrdquo e os ldquodemaisrdquo fieacuteis da soberania com um desequiliacutebrio pendendo para este uacuteltimo eacute equivocada em dois

Para aleacutem dos ldquoOcidentaisrdquo e os ldquoDemaisrdquo O Futuro do R2P

8Global Public Policy Institute (GPPi)

aspectos criacuteticos identifica erroneamente o nuacutecleo do conflito poliacutetico e eacute incapaz de se engajar de forma seacuteria com os desafios praacuteticos da proteccedilatildeo contra crimes atrozes Essas conclusotildees satildeo embasadas por dois anos de pesquisas sobre as origens histoacutericas culturais e institucionais de como Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia Aacutefrica do Sul e os Estados Unidos se engajaram no debate sobre a Responsabilidade de Proteger entre 2005 e 2014 e como os conflitos sobre sua aplicabilidade em grandes crises moldaram as expectativas globais da proteccedilatildeo contra atrocidades

Deixar para traacutes os antigos debates sobre soberania e se concentrar naqueles que satildeo relevantes na atualidade gera potencial para um debate mais construtivo que trate das dificuldades e dilemas da proteccedilatildeo aleacutem de buscar soluccedilotildees efetivas e responsaacuteveis

Nossa pesquisa se concentrou nos crimes que se encaixam na definiccedilatildeo da Responsabilidade de Proteger segundo a Cuacutepula Mundial de 2005 genociacutedios crimes contra a humanidade crimes de guerra e limpezas eacuteticas (coletivamente aqui referidos como crimes atrozes) Devido agrave grande escala de sofrimento humano em todo o mundo os tomadores de decisatildeo precisam priorizar seus recursos e atenccedilatildeo tanto entre as diversas crises quanto dentro de cada uma delas Natildeo haacute duacutevidas de que isso eacute difiacutecil Mas por essa mesma razatildeo eacute necessaacuterio fazecirc-lo pois nem todas as violaccedilotildees de direitos humanos devem dar origem aos perigosos debates sobre meios de proteccedilatildeo coercitivos e militares que satildeo intriacutensecos ao R2P

Acreditamos ser crucial manter um profundo senso de humildade em relaccedilatildeo agrave capacidade internacional de oferecer proteccedilatildeo contra estes crimes Atores locais tecircm muito mais poder sobre esta dinacircmica Mesmo quando as medidas satildeo cuidadosamente calculadas para cada contexto as influecircncias externas nunca seratildeo capazes de provocar mais do que uma mudanccedila no equiliacutebrio ndash e para que isso aconteccedila eacute necessaacuterio mais do que os esforccedilos de governos e organizaccedilotildees internacionais mas tambeacutem da sociedade civil do setor privado e particularmente da miacutedia Os resultados da nossa pesquisa e as nossas sugestotildees sobre accedilotildees internacionais que previnam atrocidades devem ser compreendidas levando estas preocupaccedilotildees em consideraccedilatildeo

ResumoNas paacuteginas a seguir delimitamos em duas partes os nossos resultados de pesquisa e as suas implicaccedilotildees sobre as poliacuteticas Na primeira parte apresentamos detalhadamente os nossos resultados Argumentamos que as discussotildees mais importantes sobre a proteccedilatildeo contra crimes atrozes acontecem principalmente com relaccedilatildeo a duas questotildees o uso abusivo dos argumentos humanitaacuterios (proteccedilatildeo responsaacutevel) e o funcionamento da accedilatildeo internacional de proteccedilatildeo (proteccedilatildeo efetiva) Noacutes argumentamos que quando a segunda questatildeo eacute discutida a comunidade internacional e os que advogam pela R2P natildeo devem se intimidar frente ao aspecto mais controverso destas duas perguntas Quando e como a forccedila eacute capaz de proteger se ela for capaz Na segunda parte oferecemos opccedilotildees poliacuteticas para ilustrar formas praacuteticas de proteger de maneira mais efetiva e responsaacutevel

9Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

PROJETO DE PESQUISA

A Evoluccedilatildeo da Norma Global e a Responsabilidade de Proteger

Como uma equipe de pesquisadores acadecircmicos e think-tankers localizados em Pequim Berlim Budapeste Deacutelhi Frankfurt Oxford Rio de Janeiro e Satildeo Paulo analisamos a evoluccedilatildeo global da proteccedilatildeo contra atrocidades com foco em R2P durante a uacuteltima deacutecada Perguntamo-nos como e por que Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia Aacutefrica do Sul e os Estados Unidos se envolveram com tais ideias em referecircncia a suas histoacuterias culturas e poliacuteticas domeacutesticas Publicamos as descobertas em uma ediccedilatildeo especial com acesso gratuito da publicaccedilatildeo ldquoConflict Security and Development (ldquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrdquo)

Depois examinamos como debates especiacuteficos moldaram as expectativas futuras globais sobre a proteccedilatildeo contra atrocidades A maior parte destes debates tem foco em reaccedilotildees internacionais a crimes atrozes praticados em determinados locais ndash Darfur Quecircnia Mianmar Geoacutergia Sri Lanka Liacutebia e Costa do Marfim enquanto outros tratam da ideia do R2P e sua implementaccedilatildeo de formas mais abstratas Estas descobertas seratildeo publicadas posteriormente em 2015 e tambeacutem estaratildeo disponiacuteveis para download gratuito em wwwglobalnormsnet

De forma geral conduzimos mais de 250 entrevistas com poliacuteticos diplomatas acadecircmicos e atores da sociedade civil em 20 paiacuteses e ateacute o momento publicamos 25 artigos ou estudos

Neste trabalho agradecemos o generoso apoio da Fundaccedilatildeo Volkswagen como parte de seu programa ldquoDesafios Europeus e Globaisrdquo em cooperaccedilatildeo com Riksbankens Jubileumsfond e Compagnia di San Paolo

Patrocinadores

Parceiros

10Global Public Policy Institute (GPPi)

ldquoAssim como aprendemos que o mundo natildeo pode se abster enquanto violaccedilotildees brutais e sistemaacuteticas dos direitos humanos acontecem tambeacutem aprendemos que se o objetivo for conseguir o apoio sustentado da populaccedilatildeo mundial a intervenccedilatildeo tem que estar baseada em princiacutepios legiacutetimos e universaisrdquo

Kofi Annan Dois Conceitos de Soberania (1999)3

Justa ou injustamente as elites poliacuteticas na maior parte dos paiacuteses acreditam que a Responsabilidade de Proteger estaacute intrinsicamente ligada agrave pouca consideraccedilatildeo dada pelos mais poderosos aos princiacutepios do direito internacional e a um ldquocomplexo brancordquo de ldquosalvador da paacutetriardquo Por outro lado a oposiccedilatildeo agrave Responsabilidade de Proteger eacute vista comumente como uma insistecircncia ciacutenica da soberania em face ao sofrimento humano ou como uma equivocada solidariedade do Sul Global com regimes repressivos 4

Tais caricaturas satildeo legados da batalha retoacuterica dos anos 1990 Associar o desafio da proteccedilatildeo contra atrocidades agrave soluccedilatildeo da intervenccedilatildeo ndash como feito por Kofi Annan em seu famoso discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU de 1999 ndash eacute macular o primeiro com a carga poliacutetica e histoacuterica do segundo Ao tratar diretamente essa carga Annan endossou uma tentativa de redefinir o conceito de soberania de forma a tirar ecircnfase da proteccedilatildeo coletiva do Estado perante a dominaccedilatildeo externa e a favor da proteccedilatildeo do indiviacuteduo contra danos e ameaccedilas Mas tal ideia de ldquosoberania como responsabilidaderdquo teve efeito contraacuterio ao esperado natildeo somente porque permitiu que intervencionistas ansiosos determinassem de forma seletiva atores que exerciam soberania ldquoresponsaacutevelrdquo ou ldquoirresponsaacutevelrdquo mas tambeacutem que definissem a intervenccedilatildeo como sendo a escolha responsaacutevel Entretanto o argumento moralista intervencionista se tornou hipoacutecrita quando usado por governos cujos histoacutericos de comportamento internacional responsaacutevel natildeo eram tatildeo brilhantes assim Como resultado esta linha de debate arruinou muitas discussotildees sobre a proteccedilatildeo contra crimes atrozes nos anos apoacutes a crise do Kosovo e a invasatildeo do Iraque liderada pelos EUA5

Em nossas pesquisas descobrimos que este debate pernicioso perdeu gradualmente a maior parte de sua relevacircncia poliacutetica na uacuteltima deacutecada em meio agraves controveacutersias sobre a inclusatildeo da Responsabilidade de Proteger no documento final da Cuacutepula Mundial de 2005 e sobre a autorizaccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila para uso

Resultados de Pesquisa Legados Retoacutericos e Debates Construtivos

11Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

de ldquotodos os meios necessaacuteriosrdquo para proteger os civis na Liacutebia Aleacutem dos ocasionais exerciacutecios retoacutericos descobrimos que houve uma mudanccedila no cerne do conflito global sobre a proteccedilatildeo contra crimes atrozes Perante os piores crimes atrozes aconteceu o desgaste da defesa do natildeo-intervencionismo como resistecircncia agrave hegemonia Ocidental Contudo a sombra do imperialismo ainda eacute uma questatildeo a ser considerada Os policymakers ocidentais precisam ser mais cautelosos do que no passado Muito do ceticismo sobre a eficaacutecia do uso das forccedilas militares eacute genuiacutena mesmo se proferida por aqueles que poderiam fazer mais para transformar suas visotildees de diplomacia efetivas em realidade

Obviamente ainda haacute grandes divergecircncias sobre a proteccedilatildeo Elas satildeo concentradas em dois desafios inter-relacionados sobre a proteccedilatildeo na praacutetica como prevenir o uso abusivo dos argumentos humanitaacuterios pelas grandes potecircncias (ldquocomo proteger de forma responsaacutevelrdquo conforme articulado pelo Brasil) e como proteger de forma eficaz particularmente quando pairam as sombras da coerccedilatildeo e do uso da forccedila Ambas as divergecircncias requerem um seacuterio engajamento perante as muitas dificuldades e dilemas que satildeo impostos e vatildeo aleacutem dos estereoacutetipos simplistas e equivocados que haacute muito dominam o debate sobre a Responsabilidade de Proteger

O que eacute Indiscutiacutevel Proteccedilatildeo Contra Crimes de Atrocidade Requer Accedilatildeo InternacionalOs atores relevantes em todo o mundo aceitam a ideia de que a proteccedilatildeo de populaccedilotildees contra crimes de atrocidade eacute de responsabilidade tanto nacional quanto internacional Tal aceitaccedilatildeo vai aleacutem das bases legais do direito internacional humanitaacuterio e da Convenccedilatildeo para a Prevenccedilatildeo e Repressatildeo do Crime de Genociacutedio mas natildeo eacute tampouco um produto do movimento que produziu R2P Ela comeccedilou a emergir jaacute nos anos 90 quando para pessoas e governos ldquoa toleracircncia a atrocidades em massa natildeo pareceu mais aceitaacutevel ndash pareceu algo imoralrdquo 6Desde entatildeo as expectativas sobre proteccedilatildeo cresceu de forma exponencial Demandas morais sobre terceiros ndash humanitaacuterios diplomatas observadores de direitos humanos e ateacute mesmo militares ndash para que ajam de forma preventiva e equilibrem a proteccedilatildeo individual e a soberania estatal acabou excedendo enormemente as capacidades e possibilidades realistas de fazer com que isso aconteccedila

Haacute uma disposiccedilatildeo muito maior e mais difundida em dar apoio ao que parece ser necessaacuterio para proteger populaccedilotildees contra esses crimes de atrocidade e ateacute mesmo em contribuir de forma ativa quando haacute intercessatildeo com outros interesses estrateacutegicos Tal predisposiccedilatildeo vai aleacutem de pequenos grupos de Estados do ldquoOcidenterdquo dos ldquointervencionistas liberaisrdquo ou dos paiacuteses Amigos da Responsabilidade de Proteger Ao analisar a questatildeo poliacutetica da proteccedilatildeo descobrimos que nenhuma divisatildeo arbitraacuteria entre ldquoNorterdquo e ldquoSulrdquo ldquoOcidenterdquo e ldquonatildeo-Ocidenterdquo ldquoemergentesrdquo e ldquodesenvolvidosrdquo

ldquodemocraacuteticosrdquo e ldquoautoritaacuteriosrdquo eacute uacutetil7 Foi o Movimento dos Natildeo-Alinhados que estava pronto para autorizar o fortalecimento da operaccedilatildeo de paz da ONU em Ruanda no ano de 1994 enquanto os Estados Unidos eram ferrenhos opositores Enquanto as potecircncias ocidentais lideraram as intervenccedilotildees no Kosovo e na Liacutebia para proteger civis dezenas de milhares de peacekeepers do Sul da Aacutesia e da Aacutefrica ajudaram a proteger civis em dezenas de missotildees da ONU nos uacuteltimos 20 anos Jaacute durante as negociaccedilotildees da

12Global Public Policy Institute (GPPi)

Cuacutepula Mundial diversas perspectivas que vatildeo aleacutem dessas dicotomias estereotipadas contestaram e contribuiacuteram para a formulaccedilatildeo final do R2P no documento oficial da Cuacutepula 8

Eacute escasso o grupo de governos que se opotildee categoricamente a um papel internacional na proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade independentemente das circunstacircncias Alguns satildeo responsaacuteveis por tais crimes Outros interpretam tudo como parte de uma conspiraccedilatildeo imperialista das grandes potecircncias especialmente dos Estados Unidos As preocupaccedilotildees desses atores natildeo podem ou devem ser levadas em consideraccedilatildeo

O que Ainda eacute Discutiacutevel Como Proteger de Forma Responsaacutevel e EfetivaHaacute um grande grupo de moderados defensores da proteccedilatildeo e ceacuteticos da intervenccedilatildeo cujas preocupaccedilotildees certamente precisam ser levadas em conta de forma mais seacuteria perante os repetidos fracassos e abusos de poder Eles ndash governos de Brasil Iacutendia Aacutefrica do Sul China e Alemanha aleacutem de ativistas especialistas acadecircmicos e alguns tomadores de decisatildeo nos Estados Unidos Reino Unido e Franccedila ndash levantam questotildees legiacutetimas sobre por exemplo como o mundo pode melhorar a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade de forma tanto efetiva quanto responsaacutevel

De diversas formas a saliecircncia emocional e poliacutetica da disputa sobre a natildeo-intervenccedilatildeo haacute muito dificultou estes debates cruciais sobre os resultados praacuteticos da proteccedilatildeo Na maior parte do tempo argumentos sobre as questotildees praacuteticas satildeo feitas ou interpretadas como sendo de maacute-feacute A Liacutebia eacute um desses casos em questatildeo Brasil Iacutendia e Aacutefrica do Sul natildeo criticaram veementemente a intervenccedilatildeo militar de 2011 porque estavam preocupados com violaccedilotildees agrave soberania da Liacutebia ou porque se opunham ao papel internacional na proteccedilatildeo de civis contra atrocidades iminentes em Bengazi Pelo contraacuterio tais paiacuteses reclamaram do abuso de um mandato do Conselho de Seguranccedila de fins poliacuteticos ao inveacutes de proteccedilatildeo ndash neste caso tratava-se de uma mudanccedila no regime com provaacuteveis implicaccedilotildees praacuteticas de um colapso estatal que por sua vez resultaria em riscos adicionais agrave populaccedilatildeo Estes criacuteticos ainda tecircm que combinar a sua retoacuterica de exigir mais e melhor proteccedilatildeo por intermeacutedio de investimentos em ideias e capacidades para fazecirc-la conforme seja necessaacuterio Contudo isso natildeo torna seus argumentos menos vaacutelidos

Haacute uma distinccedilatildeo criacutetica entre dois tipos de situaccedilotildees de atrocidades que dependem do tipo de perpetrador O consenso internacional para agir contra perpetradores natildeo-Estatais mesmo se ligados a forccedilas estatais eacute mais faacutecil de obter do que uma accedilatildeo contra agentes estatais Mesmo que o consentimento governamental de confrontar grupos natildeo-Estatais seja frequentemente incerto e inconsistente como no caso da RDC haacute pouca preocupaccedilatildeo com a soberania desses regimes fracos O debate-chave nesses casos eacute sobre como efetivamente proteger pessoas contra crimes de atrocidade natildeo somente por meio de instrumentos militares mas com maior frequecircncia com o uso de ferramentas civis Isso jaacute eacute bastante desafiador Ainda mais difiacuteceis satildeo os casos em que as forccedilas estatais estatildeo entre os principais perpetradores Nestas situaccedilotildees como na Liacutebia em 2011 e posteriormente na Siacuteria a preocupaccedilatildeo global central com instrumentos coercitivos (de sanccedilotildees a intervenccedilotildees militares) estaacute relacionada ao

13Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

abuso de poder para fins natildeo-humanitaacuterios e com duacutevidas sobre a sabedoria de atacar um Estado que frequentemente serve de protetor para alguns e cuja derrubada pode resultar em riscos adicionais agraves pessoas O histoacuterico mundial na reconstruccedilatildeo de Estados natildeo eacute suficientemente encorajador para rebater tais preocupaccedilotildees

Protegendo de forma responsaacutevel Salvaguardas contra o Abuso pelas Grandes PotecircnciasApoacutes o caso da Liacutebia intervenccedilotildees militares soacute seratildeo consideradas legiacutetimas se feitas de maneira que novos abusos pelas grandes potecircncias sejam prevenidos9 Nesses casos especiais em que haacute o uso da forccedila sem consentimento ainda paira a sombra do imperialismo Na maior parte do mundo ainda eacute recente a lembranccedila do abuso pelas grandes potecircncias hipocritamente encoberto de valores universais O uso de justificativas humanitaacuterias por alguns poliacuteticos britacircnicos e norte-americanos para a invasatildeo do Iraque em 2003 soacute aprofundou estas preocupaccedilotildees com ldquointervenccedilotildees humanitaacuteriasrdquo assim como o uso de argumentos similares pelos russos para justificar a invasatildeo da Geoacutergia em 2008 e da Ucracircnia em 201410 Este senso de hipocrisia daacute origem a uma das principais razotildees para desconfianccedila sobre o R2P desde que o conceito foi criado

Intervenccedilotildees legiacutetimas natildeo requerem um padratildeo irrealista de consistecircncia ou de motivos puramente altruiacutesticos A proteccedilatildeo requer recursos e aceitaccedilatildeo de riscos e na poliacutetica internacional a inconsistecircncia eacute a regra e natildeo a exceccedilatildeo Estados que fornecem as capacidades e assumem os riscos de proteger na maioria dos casos estaratildeo motivados por mais do que puro altruiacutesmo e suas motivaccedilotildees ndash que comeccedilam pela mobilizaccedilatildeo de seus constituintes ndash variam conforme a situaccedilatildeo Tanto os problemas dos ldquomotivos justosrdquo quanto o de ldquoseletividaderdquo levam corretamente a anaacutelises mais minuciosas do uso da forccedila11 ainda que nenhum destes fatores esteja limitado a intervenccedilotildees de proteccedilatildeo e tratem em geral da coerccedilatildeo no atual sistema internacional12 Mesmo que sejam normativamente relevantes e retoricamente uacuteteis para opor intervenccedilotildees particulares tais argumentos natildeo evitam que a maior parte dos atores internacionais apoie uma intervenccedilatildeo aceita como necessaacuteria e possivelmente efetiva Como ilustrado pelo caso da Liacutebia extrapolou-se o limite quando motivos incompatiacuteveis ndash a remoccedilatildeo forccedilosa de Gaddafi e seu regime sem uma loacutegica convincente relacionada agrave proteccedilatildeo ndash foram vistos como superiores agraves preocupaccedilotildees com proteccedilatildeo13

Protegendo de Forma Efetiva O Que Funciona na Praacutetica

A proteccedilatildeo efetiva natildeo eacute mais faacutecil de garantir do que proteccedilatildeo responsaacutevel Enquanto os casos de sucesso foram poucos e limitados tentativas de engajamento pressotildees e intervenccedilotildees militares frequentemente falharam em proteger ou contribuiacuteram com novas ameaccedilas agraves populaccedilotildees Policymakers e acadecircmicos em todo o mundo admitem que sabem muito pouco sobre a proteccedilatildeo efetiva de pessoas contra crimes de atrocidade Para se avanccedilar nessa finalidade faz-se necessaacuterio tanto desenvolver instrumentos poliacuteticos quanto avaliar riscos e tentar identificar o menor de muitos males em vaacuterias situaccedilotildees diversas e particulares O que seraacute efetivamente necessaacuterio e provaacutevel de

14Global Public Policy Institute (GPPi)

obter sucesso estaacute aberto a debate e a desafios em cada caso e natildeo somente quando haacute o uso da forccedila

Uma anaacutelise dos casos que estudamos mostra as incertezas e ambiguidades envolvidas no processo decisoacuterio da proteccedilatildeo Como no caso do Sudatildeo um processo do Tribunal Penal Internacional contra um chefe de Estado contribuiu para o objetivo da proteccedilatildeo 14A proteccedilatildeo eacute aumentada ou dificultada quando uma crise eacute publicamente rotulada como ldquosituaccedilatildeo de R2Prdquo como no Quecircnia ou em Mianmar15 Se o Estado for um perpetrador de crimes de atrocidade haacute algum caso em que a forccedila militar pode ser usada contra ele sem a intenccedilatildeo de mudar o regime ou sem levar o paiacutes ao caos como na Liacutebia16 Quando e como os peacekeepers da ONU devem tomar partido nos conflitos17

Haacute duacutevidas justificaacuteveis sobre as opccedilotildees de poliacuteticas disponiacuteveis e seus riscos Se comparado aos consideraacuteveis esforccedilos para promover o R2P como princiacutepio muito pouco estaacute voltado para descobrir e avaliar tais escolhas difiacuteceis a fim de colocar a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade em praacutetica

A Controveacutersia Mais Profunda a Forccedila Pode ProtegerEnquanto governos ativistas na sociedade civil e representantes da ONU que trabalham com R2P haacute muito tempo tendem a enfatizar taticamente as aacutereas consensuais a maior controveacutersia internacional se refere agrave intervenccedilatildeo militar e ao uso da forccedila para proteccedilatildeo Um debate mais construtivo e autocriacutetico eacute essencial para possibilitar um sistema de proteccedilatildeo mais efetivo e responsaacutevel no futuro e tal debate deve tratar da eficaacutecia do uso da forccedila na proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade suas chances de causar mais resultados positivos do que negativos e seus sucessos e fracassos no passado18 Esse debate natildeo eacute somente relevante nos casos relativamente raros de intervenccedilatildeo militar jaacute que a forccedila e a coerccedilatildeo satildeo parte de uma variedade maior de estrateacutegias de proteccedilatildeo como as sanccedilotildees e as operaccedilotildees de paz Mesmo as ferramentas puramente diplomaacuteticas ou civis satildeo frequentemente vistas como passos que podem escalar o uso da forccedila

Os debates sobre o uso da forccedila ao inveacutes de darem ecircnfase aos meacuteritos e riscos possiacuteveis das diferentes escolhas tecircm se expressado em termos de crenccedilas vagas sobre a eficaacutecia da forccedila militar ajudar a atingir os objetivos poliacuteticos Nos debates analisados encontramos um contraste notaacutevel entre as referecircncias limitadas a estudos estrateacutegicos sobre a utilidade da forccedila nos conflitos modernos e a convicccedilatildeo com a qual os governos apresentam suas opiniotildees sobre este mesmo assunto

Na ldquoausecircncia de doutrina militar e anaacutelise [para proteccedilatildeo de civis]rdquo19 como admitido por um ex-funcionaacuterio do Pentaacutegono (mesmo para o caso dos Estados Unidos) policymakers tendem a se dividir em dogmas fundamentais das suas culturas estrateacutegicas nacionais20 As comunidades estrateacutegicas de alguns paiacuteses satildeo mais otimistas de que o uso da forccedila pode obter bons resultados como forma de proteccedilatildeo a civis enquanto outros satildeo majoritariamente pessimistas e tendem a acreditar que a aplicaccedilatildeo da forccedila militar pioraria a situaccedilatildeo21

Apesar da incerteza inerente a cada crise os atores em cada lado dessa divisatildeo apresentam suas crenccedilas com firmeza frequentemente em termos de truiacutesmos ndash ldquoSoacute pode haver uma soluccedilatildeo poliacuteticardquo 22 ou ldquonatildeo haacute futuro para a Liacutebia Siacuteria com Gaddafi Assad no poderrdquo23 Esses satildeo apenas dois posicionamentos proeminentes que natildeo satildeo

15Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

capazes de reconhecer a realidade complexa de qualquer crise Dessa forma eles convidam a uma troca muacutetua de estereoacutetipos ao inveacutes de uma discussatildeo construtiva Os resultados tecircm sido previsiacuteveis reaccedilotildees antiocidentais no Sul (ldquoeles soacute querem invadir nossos paiacutesesrdquo) e anti-Sul por parte do Ocidente (ldquoeles sempre se juntam a seus colegas ditadoresrdquo) Ambas as partes tentam fazer uso do discurso de responsabilidade para justificar seus pontos de vista ldquoAssumir a responsabilidaderdquo outrora significava assumir riscos e accedilotildees militares caras ateacute que o Brasil desafiou o monopoacutelio intervencionista sobre o termo24

Este contraste entre conhecimento e convicccedilatildeo fica aparente em muitos debates nebulosos sobre peacekeeping tal como a conduccedilatildeo da crise na Costa do Marfim pela ONU em 2010-2011 mas foi mais claramente colocado em debate a forma como Estados Unidos Franccedila e Reino Unido lideraram a intervenccedilatildeo de 2011 na Liacutebia Diplomatas brasileiros experientes por exemplo questionaram a justificativa de uma accedilatildeo militar para uma mudanccedila no regime argumento que nunca foi explicitado por americanos franceses e britacircnicos Por que natildeo cessar os ataques uma vez que as ameaccedilas imediatas agrave populaccedilatildeo civil jaacute haviam sido eliminadas e as forccedilas de Gaddafi jaacute natildeo avanccedilavam mais e desta forma forccedilar todas agraves partes a negociar Que responsabilidade a coalisatildeo intervencionista assumiu pelas accedilotildees de seus aliados de fato em terra as forccedilas rebeldes liacutebias Como a coalisatildeo intervencionista equilibrou os riscos e recompensas das diferentes escolhas estrateacutegicas e por que exatamente ldquonatildeo era possiacutevel imaginar um futuro com Gaddafi no poderrdquo como argumentado por Obama Cameron e Sarkozy no jornal The New York Times25Houve questionamentos similares sobre as sugestotildees de intervenccedilatildeo militar na Siacuteria A ausecircncia de respostas convincentes provavelmente teve um papel muito importante no arquivamento de uma seacuterie de planos para intervenccedilotildees unilaterais ao longo dos anos

O que parece ser um otimismo infundado de que a forccedila seria capaz de atingir objetivos poliacuteticos daacute origem a um desconforto difundido em muitas partes do mundo e que vai aleacutem do objetivo especifico de proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade A invasatildeo do Iraque liderada pelos EUA em 2003 se desdobrou em grandes debates como um exemplo de escolha irresponsaacutevel por uma potecircncia hegemocircnica que tende a instruir outros paiacuteses sobre lideranccedila global responsaacutevel Isso tambeacutem eacute um lembrete valioso de que mesmo a maior forccedila militar do globo eacute claramente incapaz de forccedilar a construccedilatildeo efetiva de uma nova ordem poliacutetica com consequecircncias traacutegicas para milhares de pessoas natildeo soacute no Iraque

Ainda assim durante as crises na Costa do Marfim na Liacutebia em 2011 e na Repuacuteblica Centro-Africana em 2014 o Conselho de Seguranccedila estava pronto para legitimar intervenccedilotildees militares ldquoconforme cada casordquo como foi sugerido pela Cuacutepula Mundial Em cada um desses casos emergiram grandes maiorias que priorizaram a necessidade de accedilatildeo militar em relaccedilatildeo agrave ampla preocupaccedilatildeo com a manutenccedilatildeo da soberania estatal seja atraveacutes de voto a favor no Conselho de Seguranccedila de abstenccedilatildeo para permitir que resoluccedilotildees passassem (como Ruacutessia e China no caso da Liacutebia) ou de apoio financeiro militar ou poliacutetico em outros foacuteruns de discussatildeo

Eacute possiacutevel que haja uma janela de oportunidades surgindo para um debate poliacutetico mais detalhado e criacutetico sobre a eficaacutecia da forccedila militar na proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade Tais debates estatildeo tratando dos objetivos diferentes mas relacionados da luta contra insurgentes e redes terroristas Em ambos os casos haacute uma discussatildeo ponderada nos ciacuterculos militares e policiais assim como em grandes meios

16Global Public Policy Institute (GPPi)

de comunicaccedilatildeo sobre questotildees como execuccedilotildees especiacuteficas de terroristas suspeitos ou taacuteticas de contra-insurgecircncia centradas na populaccedilatildeo

Outro debate similar e criacutetico precisa ser colocado em questatildeo em relaccedilatildeo agrave forccedila e a proteccedilatildeo Ele pode ser construiacutedo a partir de uma tendecircncia recente na direccedilatildeo de mais engajamento com os resultados e meios praacuteticos do uso da forccedila militar para proteccedilatildeo Sociedades e comunidades estrateacutegicas nos EUA Reino Unido e Franccedila mostraram sinais de cansaccedilo em relaccedilatildeo a intervenccedilotildees em geral e particularmente agraves unilaterais Ao mesmo tempo alguns dos defensores mais leais da restriccedilatildeo militar reflexiva ndash como China Brasil e Alemanha ndash comeccedilaram a considerar em determinados casos argumentos a favor da accedilatildeo militar para proteccedilatildeo de civis 26Tanto defensores quanto ceacuteticos da proteccedilatildeo militar se beneficiaratildeo ao forccedilar mais nuances nesses debates Por um lado a demanda por especificidades protegeraacute contra o uso abusivo da autoridade humanitaacuteria para fins escusos Por outro mais transparecircncia ajudaraacute na defesa contra reclamaccedilotildees de abuso Esse debate deve considerar as contribuiccedilotildees acadecircmicas recentes27 mas encontraraacute ferramentas mais especiacuteficas e fundamentais em conceitos poliacuteticos estabelecidos como na doutrina da ONU para proteccedilatildeo de civis e as tentativas dos militares norte-americanos de desenvolver orientaccedilotildees conceituais para ldquooperaccedilotildees de resposta a atrocidades em massardquo28

17Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Se as principais controveacutersias globais sobre a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade envolvem (1) o medo do uso abusivo de argumentos humanitaacuterios e (2) como proteger de forma efetiva quais satildeo as opccedilotildees para melhorar as soluccedilotildees globais de proteccedilatildeo O ponto de partida deve ser o reconhecimento de que a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade como um desafio poliacutetico complexo e natildeo somente como algo paliativo enquanto tenta-se resolver um conflito poliacutetico de maiores dimensotildees Qualquer estrateacutegia de proteccedilatildeo deve ser preparada primeiramente a fim de influenciar os caacutelculos poliacuteticos e militares dos perpetradores e deve levar em consideraccedilatildeo os limites de influecircncias externas sobre eventos domeacutesticos Os atores locais tecircm o maior controle sobre a dinacircmica da violecircncia e eacute difiacutecil prever o efeito dominoacute causado pelas accedilotildees externas O foco no curto prazo do conceito de ldquoresposta raacutepida saiacuteda raacutepidardquo eacute portanto um ato irresponsaacutevel quase independente de contexto mesmo que accedilotildees raacutepidas frequentemente sejam necessaacuterias poliacuteticos ativistas jornalistas e acadecircmicos precisam prestar mais atenccedilatildeo agraves poliacuteticas de longo prazo e a seus planejamentos para que sejam adaptadas agraves mudanccedilas

Com base em nossos resultados e anaacutelise apontamos opccedilotildees poliacuteticas para governos a ONU e organizaccedilotildees regionais aleacutem da miacutedia e da sociedade civil com o intuito de melhorar a credibilidade das ferramentas existentes ao fazer com que seu uso na proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade seja menos vulneraacutevel ao abuso e tenha resultados mais efetivos Comeccedilamos com a necessidade de garantir informaccedilotildees e anaacutelises criacuteveis sobre as situaccedilotildees em que crimes de atrocidade satildeo cometidos Depois oferecemos algumas sugestotildees para o fortalecimento das ferramentas disponiacuteveis aos civis para prevenccedilatildeo e resposta a atrocidades e para que as operaccedilotildees de paz da ONU melhorem a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade Depois indicamos opccedilotildees de reforma importantes para o processo decisoacuterio coletivo sobre accedilotildees militares e terminamos enfatizando a necessidade de um aprendizado contiacutenuo e colaborativo sobre as ferramentas para prevenccedilatildeo de atrocidades

Reduzindo a Vulnerabilidade das Fontes de Informaccedilatildeo perante Acusaccedilotildees de ParcialidadeAntes mesmo de comeccedilar a considerar formas de lidar com futuras ou atuais atrocidades o mundo precisa chegar a um consenso sobre o que estaacute acontecendo em cada situaccedilatildeo Atualmente a disponibilidade de informaccedilatildeo sobre situaccedilotildees especiacuteficas de crises natildeo eacute mais o principal desafio para que accedilotildees de mobilizaccedilatildeo aconteccedilam

Opccedilotildees Poliacuteticas para Proteccedilatildeo Mais Efetiva e Responsaacutevel

18Global Public Policy Institute (GPPi)

Ainda assim acreditamos que um desafio crucial para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade eacute a acusaccedilatildeo de parcialidade sobre o tipo e a interpretaccedilatildeo das informaccedilotildees sobre atrocidades fornecidas por governos pela miacutedia ou por grupos da sociedade civil A confianccedila nos Estados dominantes e nas instituiccedilotildees internacionais encontra-se em niacuteveis tatildeo baixos que mesmo os casos de atrocidades bem documentados como o ocorrido em Darfur foram considerados por alguns como propaganda intervencionista29

Essa desconfianccedila estaacute na maior parte das vezes direcionada a fontes relacionadas ao ldquoOcidenterdquo Fontes financiadas lideradas ou com suas sedes em paiacuteses ocidentais frequentemente satildeo as mais acessiacuteveis natildeo soacute pelas elites poliacuteticas em capitais longiacutenquas mas tambeacutem por paineacuteis de especialistas e investigaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas em paiacuteses em que natildeo haacute extensiva presenccedila de campo da ONU Quando as fontes locais de informaccedilatildeo claramente natildeo satildeo criacuteveis como na Siacuteria jornalistas tecircm acesso restrito a aacutereas violentas e por algumas vezes todas as outras fontes relevantes vecircm de organizaccedilotildees com sede no Ocidente de organizaccedilotildees locais da sociedade civil que dependem de ajuda ocidental ou de financiamento externo e que tecircm uma temaacutetica antigovernamental especiacutefica ou ainda de profissionais ocidentais que trabalham para a ONU30 Por exemplo o governo chinecircs frequentemente enfatiza que a identificaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo internacional de abusos aos direitos humanos no exterior eacute excessivamente dependente de informaccedilotildees ocidentais e pediu para que houvesse sistemas de alerta precoce mais imparciais31 Especialistas indianos dizem que o desafio natildeo eacute a disponibilidade de informaccedilatildeo mas ldquoa interpretaccedilatildeo e o vieacutes que lhe eacute dadordquo32

Grupos de ativistas e a miacutedia tecircm incentivos para simplificar as narrativas e portanto eacute prudente ter um ceticismo saudaacutevel perante as acusaccedilotildees de atrocidades hediondas Ao mesmo tempo presumir que a verdade estaacute no meio-termo de todas as posiccedilotildees seria permitir que propaganda e maacute informaccedilatildeo determinassem o caminho a seguir Criticar realisticamente as fontes requer engajamento com a informaccedilatildeo em si e natildeo apenas a insinuaccedilatildeo de agendas poliacuteticas com base puramente na localizaccedilatildeo geograacutefica financiamento ou educaccedilatildeo

A fim de oferecer um debate melhor informado sobre potenciais crimes de atrocidade as empresas de comunicaccedilatildeo e filantropos principalmente em potecircncias emergentes devem investir em fontes de informaccedilatildeo e anaacutelise independentes e criacuteveis sobre conflitos e direitos humanosAs alegaccedilotildees de parcialidade (sejam a favor ou contra os governos ou outros atores) crescem quando haacute uma escassez de fontes Aqueles que criticam as fontes de informaccedilatildeo existentes satildeo os que sabem melhor qual fonte de financiamento ou de influecircncia teraacute mais credibilidade portanto eacute dever destas pessoas investir adequadamente Se haacute suspeitas sobre as fontes ocidentais de informaccedilatildeo por parte de governos e elites poliacuteticas fora do Ocidente essas podem ajudar a diversificar a base de apoio para ONGs ativistas e redes de informaccedilotildees globais jaacute existentes ou ateacute mesmo investir em plataformas alternativas de monitoramento e anaacutelise baseadas nos mais altos padrotildees de integridade jornaliacutestica Por enquanto com raras exceccedilotildees o investimento em miacutedias livres e acesso agrave informaccedilatildeo natildeo parece ser uma prioridade entre as elites empresariais emergentes mesmo em potecircncias emergentes democraacuteticas Por outro

19Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

lado agecircncias de notiacutecia estatais frequentemente tecircm dificuldade para estabelecer uma reputaccedilatildeo de integridade jornaliacutestica Satildeo raros os grandes investimentos no relato de crises humanitaacuterias tais como recentemente feito pela Fundaccedilatildeo Jynwel com sede em Hong Kong na agora independente organizaccedilatildeo de noticias IRIN33 Organizaccedilotildees de defesa podem contribuir com a reduccedilatildeo das alegaccedilotildees de parcialidade ao natildeo exporem situaccedilotildees de conflito como se fossem preto-no-branco e ao serem transparentes sobre quem as financiam e apoiam Se apresentarem uma extensa lista de notas e fontes em seus relatoacuterios como feito regularmente pelo International Crisis Group e pela Human Rights Watch eacute dever dos criacuteticos se engajar com essas fontes com base nos fatos

Fortalecer e diversificar as informaccedilotildees sobre os riscos de crimes de atrocidade em massa tambeacutem pode significar estabelecer organizaccedilotildees de sociedade civil regionais dedicadas agrave pesquisa criacutevel e confiaacutevel sobre a prevenccedilatildeo de atrocidades Se verdadeiramente baseadas em sociedades locais tais grupos teriam mais acesso a grupos nacionais e regionais de sociedade civil do que as organizaccedilotildees globais com sede em Nova York ou Genebra Consequentemente suas informaccedilotildees e argumentos mais provavelmente obteriam credibilidade poliacutetica a niacutevel global No curto prazo a massa criacutetica necessaacuteria a esses centros da sociedade civil provavelmente seraacute alcanccedilada na Europa ou na Aacutefrica mas a Ameacuterica Latina (com sua iacutempar accedilatildeo ldquoRede Latino-Americana de Prevenccedilatildeo ao Genociacutedio e Atrocidades em Massardquo a niacutevel governamental) e a Aacutesia tambeacutem podem se desenvolver rapidamente

Os Estados membros a sociedade civil e as organizaccedilotildees regionais devem melhorar as capacidades da ONU de coletar informaccedilotildees e desvendar fatos sobre desafios agrave proteccedilatildeo ao oferecer assistecircncia logiacutestica funcionaacuterios a curto-prazo e fontes locais de informaccedilatildeo Ao mesmo tempo em que organizaccedilotildees regionais satildeo cada vez mais capazes de influenciar o entendimento global sobre suas partes do mundo a sua imparcialidade eacute apenas tatildeo criacutevel quanto a das potecircncias regionais que lideram as suas deliberaccedilotildees As Naccedilotildees Unidas natildeo podem entretanto sempre responder sozinhas agraves demandas por informaccedilotildees imparciais e criacuteveis sobre riscos de atrocidade Os mecanismos das Naccedilotildees Unidas frequentemente dependem tanto de fontes governamentais e privadas devido agrave necessidade de agir rapidamente quanto sofrem com a falta de acesso proacuteprio e independente aos locais de risco Aleacutem disso a ONU tambeacutem jaacute esteve sujeita agrave autocensura e foi forccedilada a romper compromissos poliacuteticos34

Todos os Estados membros da ONU precisam fortalecer os mecanismos de coleta de informaccedilatildeo da instituiccedilatildeo suas comissotildees de inqueacuterito e outros oacutergatildeos correlatos Por exemplo sempre que uma violecircncia em massa comeccedila conforme definido pelo Secretaacuterio Geral a ONU deveraacute enviar uma missatildeo para desvendar os fatos a fim de informar melhor as discussotildees no Conselho de Seguranccedila Isso poderaacute ser baseado em um grupo permanente de especialistas preacute-selecionados e deveraacute envolver as agecircncias da ONU relevantes ao tema especialmente o Escritoacuterio de Coordenaccedilatildeo de Assuntos Humanitaacuterios O Alto Comissariado para Direitos Humanos o Conselheiro Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedios e o Departamento de Assuntos Poliacuteticos35 Estados membros devem contribuir tanto com financiamento quanto com especialistas

20Global Public Policy Institute (GPPi)

treinados para essas missotildees O estabelecimento de regras para a contrataccedilatildeo de pessoal poderia ajudar a deixar processos de seleccedilatildeo o mais transparentes possiacutevel e desta forma melhorar a credibilidade e imparcialidade da descoberta de fatos pela ONU36

Estados membros tambeacutem podem ajudar as Naccedilotildees Unidas na implementaccedilatildeo de sua iniciativa ldquoHuman Rights Up Frontrdquo (em portuguecircs ldquoDireitos Humanos Antes de Tudordquo) atraveacutes do qual o Secretariado estaacute criando um sistema simplificado de gerenciamento de informaccedilotildees para tudo que eacute coletado pelas muitas partes do sistema ONU combinando dados jaacute existentes sobre proteccedilatildeo humanitaacuteria proteccedilatildeo dos direitos humanos proteccedilatildeo de mulheres em conflitos armados e proteccedilatildeo de crianccedilas37 Os Estados membros podem dar apoio agrave ONU ao incluir mais informaccedilotildees de atores bilaterais no local desde que a ONU faccedila os investimentos necessaacuterios para o tratamento de dados sensiacuteveis proteccedilatildeo a testemunhas e referecircncias38

Usando Ferramentas Diplomaacuteticas e Civis De Forma Antecipada Justa e EstrateacutegicaApesar das diferenccedilas em ecircnfases retoacutericas haacute um consenso universal que as atrocidades devem ser prevenidas pelo uso antecipado e sustentaacutevel de uma variedade de ferramentas civis disponiacuteveis agrave comunidade internacional Estatildeo incluiacutedas a diplomacia a mediaccedilatildeo e as missotildees poliacuteticas assim como as sanccedilotildees a justiccedila criminal internacional as accedilotildees humanitaacuterias e as ferramentas de peacebuilding apoacutes crises dentre elas a reconstruccedilotildees das instituiccedilotildees estatais e do Estado de direito

Desde os anos 90 a comunidade internacional aprendeu liccedilotildees importantes sobre o uso dessas ferramentas e vem caminhando para desenvolvecirc-las ainda mais Satildeo visiacuteveis os sucessos na diplomacia preventiva como o ocorrido durante a crise poacutes-eleiccedilotildees no Quecircnia em 200839 quando um negociador de alto niacutevel liderou as conversas tendo apoio politico de oacutergatildeos regionais e de todos os membros do Conselho de Seguranccedila expertise da ONU e engajamento da sociedade civil Ao longo dos uacuteltimos 10 anos houve uma significativa expansatildeo das capacidades de negociaccedilatildeo dentro da ONU e das organizaccedilotildees regionais Missotildees poliacuteticas no Timor Leste ou na Guineacute-Bissau podem ter evitado uma nova onda de violecircncia nesses locais40 Sanccedilotildees seletivas provavelmente ajudaram a controlar pessoas que poderiam atrapalhar as primeiras fases do processo de peacebuilding na Libeacuteria Costa do Marfim e Serra Leoa41 O Tribunal Penal Internacional processou e condenou seus primeiros casos e apoiou importantes reformas nos sistemas de justiccedila criminal em muitos paiacuteses42

Ainda assim a comunidade internacional em inuacutemeras vezes natildeo fez uso das ferramentas civis disponiacuteveis de forma antecipada decisiva e sustentaacutevel O consenso que parece existir para o uso de ferramentas civis antecipadamente e como prioridade se desfaz assim que decisotildees poliacuteticas e priorizaccedilatildeo se fazem necessaacuterias Mudar isso eacute difiacutecil Requer ir aleacutem das caricaturas comuns que culpam apenas os paiacuteses ocidentais por investir pouco ou as potecircncias natildeo-ocidentais por repelir as tentativas de influenciar ou pressionar perpetradores e seus cuacutemplices Natildeo soacute as prioridades e interesses competitivos existem de todos os lados mas o desafio tambeacutem eacute marcado pela profunda incerteza sobre como e quando usar tais ferramentas com quais atores e em qual espaccedilo Natildeo haacute uma soluccedilatildeo uacutenica e faacutecil para prevenccedilatildeo resposta ou recuperaccedilatildeo efetiva

21Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Nosso foco eacute em medidas de curto prazo voltadas para os civis em situaccedilotildees em que haacute alta probabilidade ou jaacute haacute ocorrecircncia de atrocidades 43Descobrimos que haacute quatro aacutereas que devem ser especialmente observadas

Os atores (em particular potecircncias emergentes) que mais pedem por diplomacia ferramentas civis e prevenccedilatildeo antecipada precisam traduzir seu compromisso retoacuterico em vontade poliacutetica e os investimentos necessaacuterios em capacidades e ideiasIr aleacutem da retoacuterica sobre prevenccedilatildeo requer vontade poliacutetica para fazer disso uma prioridade Com muita frequecircncia a prevenccedilatildeo contra crimes de atrocidade vai de encontro a outros objetivos poliacuteticos em uma determinada situaccedilatildeo de crise Algumas vezes esses interesses e prioridades estatildeo em extremos opostos No Sri Lanka por exemplo o governo conseguiu alavancar a imensa preocupaccedilatildeo internacional com o contraterrorismo para evitar pressotildees em relaccedilatildeo aos crimes de guerra perpetrados durante o conflito contra os Tigres de Libertaccedilatildeo do Tacircmil Eelam (LTTE) no comeccedilo de 200944 Em Darfur a accedilatildeo diplomaacutetica internacional para acabar com os crimes de atrocidade teve de competir com a prioridade para um acordo de paz na longa guerra civil Norte-Sul no Sudatildeo e com a colaboraccedilatildeo antiterrorista do governo sudanecircs45

Todavia mesmo com a ausecircncia de grandes interesses conflitantes haacute um espaccedilo entre o apoio abstrato para a proteccedilatildeo de populaccedilotildees contra crimes de atrocidade e a vontade poliacutetica de agir dispor-se financeiramente e assumir riscos proporcionais Um exemplo recente de quando investimentos deveriam ter sido feitos antes e de forma mais substancial eacute o Sudatildeo do Sul ndash uma crise que tambeacutem demonstra como as categorias ldquoocidentaisrdquo contra os ldquodemaisrdquo natildeo satildeo uacuteteis na anaacutelise das posiccedilotildees dos paiacuteses sobre proteccedilatildeo Por motivos diversos tanto os Estados Unidos quanto a China apoiaram fortemente o governo de Salva Kiir ignorando sinais importantes ateacute que essa se tornou uma das facccedilotildees combatentes na nova guerra civil do Sudatildeo do Sul46 Na Repuacuteblica Centro-Africana investimentos preacutevios nas iniciativas legais e nas reformas no setor de seguranccedila poderiam ter sido capazes de evitar que o paiacutes atingisse a atual escala de violecircncia47

Como esses e outros exemplos revelam haacute um grande descompasso entre a retoacuterica que demanda mais ldquosoluccedilotildees poliacuteticas e diplomaacuteticasrdquo ndash como constantemente enfatizado por China Ruacutessia Iacutendia Brasil Aacutefrica do Sul (e tambeacutem pela Alemanha e pela Uniatildeo Europeia) ndash e os recursos poliacuteticos e materiais investidos na busca por tais soluccedilotildees Colocar em praacutetica essas ldquosoluccedilotildees poliacuteticasrdquo requer ao mesmo tempo declaraccedilotildees ocasionais e o estabelecimento de capacidades institucionais para o monitoramento dos direitos humanos monitoramento de longo prazo das eleiccedilotildees mediaccedilatildeo e apoio de pessoas com experiecircncia secircnior que possam ser rapidamente acionadas e a construccedilatildeo de instituiccedilotildees nos setores de justiccedila seguranccedila e correlatas normalmente envolvidas com missotildees poliacuteticas da ONU e de organizaccedilotildees regionais Similarmente o uso de ferramentas coercitivas como sanccedilotildees requer tanto a tomada de decisotildees difiacuteceis quanto investimentos e iniciativas para planejar criativamente e melhorar estas ferramentas a fim de que sejam de fato seletivas justas e legalmente soacutelidas ndash em outras palavras que minimizem os riscos de afetarem as pessoas erradas

22Global Public Policy Institute (GPPi)

de acordo com princiacutepios baacutesicos do direito O Tribunal Penal Internacional precisa do comprometimento poliacutetico e da ratificaccedilatildeo do Estatuto de Roma por algumas das naccedilotildees mais poderosas do mundo Tambeacutem precisa de recursos para continuar acompanhando seus casos No miacutenimo tanto as potecircncias emergentes quanto as jaacute estabelecidas precisam melhorar sua assistecircncia humanitaacuteria para aqueles que fogem da violecircncia Por exemplo Estados membros da ONU cederam menos de 50 por cento dos fundos necessaacuterios para a resposta humanitaacuteria na Siacuteria deixando milhares de pessoas necessitadas em 201448

Os governos devem priorizar a detenccedilatildeo e julgamento dos perpetradores de crimes de atrocidade em suas jurisdiccedilotildees Aleacutem das dificuldades poliacuteticas de se lidar com perpetradores que estatildeo no poder como na Siacuteria ou com perpetradores que estatildeo fora do alcance de Estados falidos como na Repuacuteblica Centro-Africana todos os governos podem fazer mais para sancionar ou julgar esses perpetradores por crimes de atrocidade que de alguma forma estejam em suas jurisdiccedilotildees Prevenir e dar respostas aos crimes de atrocidade significa lidar com as motivaccedilotildees e capacidades de perpetradores individuais antes que cometam crimes Tambeacutem significa puni-los por seus atos49 Aqueles que mantecircm seu dinheiro em bancos multinacionais podem estar sujeitos ao congelamento de seus ativos estejam nos bancos na Europa ou na Aacutesia Aqueles que viajam estatildeo sujeitos agrave recusa de vistos e impedimentos de viagem de modo a impactar suas accedilotildees antes de cometerem ou enquanto cometem atrocidades Leis existentes como nos Estados Unidos permitem que imigrantes sejam deportados se houver provas que os liguem a genociacutedios Paiacuteses podem buscar pessoas procuradas pelo Tribunal Penal Internacional e mudar suas leis ou designar forccedilas policiais para processar os piores crimes de atrocidade independentemente dos locais em que foram cometidos

Com muita frequecircncia a falta de atenccedilatildeo e vontade poliacutetica permite que perpetradores vivam livres e confortavelmente apoacutes terem cometido atrocidades ou ateacute mesmo organizar financiar e apoiar atrocidades em andamento mesmo estando no exterior Isso aconteceu com diversos liacutederes das Forccedilas Democraacuteticas Para a Libertaccedilatildeo de Ruanda (FDLR) um grupo miliciano operando no Congo Eles viveram sem problemas na Alemanha durante quase uma deacutecada antes de serem presos e julgados50 Os Estados Unidos apesar de sua recusa em ratificar o Estatuto de Roma recentemente serviu de exemplo ao aumentar seus esforccedilos na procura por suspeitos de crimes de guerra que moram no paiacutes e ao desenvolver propostas que permitem o uso das leis de imigraccedilatildeo para fazer com que perpetradores de atrocidades paguem por seus crimes51

Poliacuteticos devem dar prioridade ao comportamento atual ao avaliar a legitimidade de atores e julgar todos os atores de um conflito pelos mesmos padrotildees Soacute porque em determinado momento haacute um grupo claramente identificaacutevel como perpetrador de atrocidades natildeo significa que outros grupos sejam e continuaratildeo sendo inocentes de tais atos Violecircncia gera mais violecircncia jaacute que grupos ameaccedilados

23Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

se defendem e continuam combatendo o inimigo A Liacutebia eacute um bom exemplo disso Na primavera de 2011 identificar corretamente o regime de Gaddafi como responsaacutevel por crimes de atrocidade foi a decisatildeo correta ndash mas natildeo evitou que os rebeldes cometessem crimes similares posteriormente previsivelmente em alguns grupos tornando quem os apoiava militarmente cuacutemplices De forma similar em 2014 apoiar as forccedilas curdas Peshmerga era a uacutenica forma de prevenir um massacre contra os Yazidis no Iraque ndash mas aqueles que deram apoio natildeo deveriam silenciar-se perante as posteriores mortes em represaacutelia

A escolha de grupos especiacuteficos como aliados eacute facilmente entendida como arbitraacuteria quando o comportamento atual natildeo justifica apoio internacional Um dos argumentos conflitantes de legitimidade poliacutetica acontece quando atores externos escolhem seus aliados locais de forma inconsistente com suas accedilotildees (algumas vezes favorecendo o regime incumbente) e tal escolha eacute facilmente vista como hipoacutecrita52 Poliacuteticos tambeacutem estatildeo vulneraacuteveis a tais acusaccedilotildees quando satildeo seletivos sobre suas criacuteticas a poderes regionais que armam ou apoiam grupo rebeldes como no caso do silecircncio ocidental sobre o envolvimento da Araacutebia Saudita na Siacuteria

Defensores do R2P e da prevenccedilatildeo de atrocidades em governos ou na sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando pedir a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes

No que diz respeito agrave diplomacia preventiva defensores do R2P e da prevenccedilatildeo contra atrocidades incluindo governos e a sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando e como pedem a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes Em algumas situaccedilotildees o Conselho pode deixar a mediaccedilatildeo mais difiacutecil ao elevar o niacutevel de visibilidade poliacutetica de uma crise Ele pode ajudar mediadores ao dar-lhes mais peso um senso de urgecircncia incentivos e desincentivos (ex com sanccedilotildees seletivas proibiccedilotildees de viagem congelamento de ativos embargo de armas investigaccedilotildees estabelecimento de uma missatildeo poliacutetica) Mas em algumas situaccedilotildees pressatildeo internacional vinda dos mais altos niacuteveis que inclui o papel do Conselho de Seguranccedila pode ser contraproducente Isso pode reforccedilar a urgecircncia de um governo em terminar a guerra a todos os custos como no caso do Sri Lanka no comeccedilo de 200953 ou complicar as negociaccedilotildees para acesso humanitaacuterio como em Mianmar em maio de 200854 Em particular quando os casos lidam com governos que jaacute vecircm sendo excluiacutedos da comunidade internacional foacuteruns e canais mais discretos podem ser mais efetivos na tentativa de influenciar mudanccedilas de comportamento

Possibilitando que as Missotildees de Paz da ONU Ofereccedilam Proteccedilatildeo CriacutevelO peacekeeping eacute um sistema com grande legitimidade global que jaacute evita abusos e comeccedilou a dar ecircnfase agrave Proteccedilatildeo de Civis (PoC) em muitas de suas operaccedilotildees A composiccedilatildeo global e o controle rigoroso por parte do Conselho de Seguranccedila deixa as operaccedilotildees de paz muito mais aceitaacuteveis que qualquer outro instrumento como notavelmente o uso da

24Global Public Policy Institute (GPPi)

forccedila por terceiros segundo um mandato do Conselho de Seguranccedila55 Ao mesmo tempo o peacekeeping soacute eacute capaz de lidar com um nuacutemero limitado de desafios agrave proteccedilatildeo a ausecircncia de mecanismos raacutepidos e efetivos de mobilizaccedilatildeo de implementaccedilatildeo faz com que seja impossiacutevel para peacekeepers da ONU responder a ameaccedilas iminentes de crimes de atrocidade e os requerimentos legais e praacuteticos da colaboraccedilatildeo com o governo local limitam uma accedilatildeo efetiva contra os perpetradores dos crimes de atrocidade que sejam parte ou que recebam apoio do governo Mesmo quando os peacekeepers estavam presentes enquanto crimes de atrocidade eram praticados como na Costa do Marfim em 2011 e no Sudatildeo do Sul em 2013 qualquer prevenccedilatildeo efetiva foi ilusoacuteria E onde uma reaccedilatildeo imediata natildeo obteve sucesso os desafios da proteccedilatildeo efetiva contra crimes em andamento rapidamente excedeu a capacidade dos boinas azuis

As vaacuterias maneiras em que as operaccedilotildees de paz poderiam melhor proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade ao estabelecer capacidades reduzir vulnerabilidade (ldquoproteccedilatildeo indiretardquo) e defender contra perpetradores (ldquoproteccedilatildeo diretardquo) jaacute foram explicitadas em outras oportunidades56 Atingir pelo menos um niacutevel moderado de ambiccedilatildeo para que peacekeepers protejam populaccedilotildees contra crimes de atrocidade requereria investimentos adicionais em capacidade doutrina e treinamento Tambeacutem seria necessaacuteria uma anaacutelise mais seacuteria sobre como combinar de forma efetiva o uso do peacekeeping com instrumentos poliacuteticos

O Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz a lideranccedila da missatildeo e os paiacuteses colaboradores precisam informar de forma modesta e transparente os limites das capacidades da ONU na proteccedilatildeo de civis

O comprometimento bem-vindo e necessaacuterio do Conselho de Seguranccedila com a proteccedilatildeo levou a um nuacutemero excessivo de promessas57 que aumentaram a lacuna entre as expectativas locais e a capacidade das missotildees Quando um mandato para milhares de peacekeepers eacute estabelecido com grande alvoroccedilo mas somente uma fraccedilatildeo chega seis meses depois como no Sudatildeo Sul apoacutes o iniacutecio da uacuteltima guerra civil em dezembro de 2013 ou como quando os peacekeepers se recusaram a tomar medidas enquanto crimes de atrocidade eram cometidos nas redondezas (devido ou natildeo ao apoio ou lideranccedila inadequados) como visto recentemente na RDC ou no Sudatildeo pessoas que se reuacutenem ao redor da bandeira azul na esperanccedila de proteccedilatildeo se tornam mais vulneraacuteveis ao perigo do que se estivessem em outro local De forma geral populaccedilotildees ameaccediladas estatildeo em situaccedilotildees melhores com os peacekeepers do que sem eles mas ainda assim a credibilidade das Naccedilotildees Unidas eacute afetada nestes casos58

Tanto a proteccedilatildeo efetiva quanto a responsaacutevel exigem uma comunicaccedilatildeo honesta e transparente com o puacuteblico e com o Conselho de Seguranccedila sobre as capacidades de cada missatildeo e de cada contingente aleacutem da sua disponibilidade para assumir riscos Quando os diplomatas do Conselho criarem ou derem nova autorizaccedilatildeo a outro ambicioso mandato para a proteccedilatildeo de civis eles precisam ser formalmente informados das capacidades e requerimentos que seratildeo necessaacuterios

25Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

A proteccedilatildeo por parte dos peacekeepers requer um salto de qualidade das contribuiccedilotildees para as operaccedilotildees dos boinas azuis e isso exige que o Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz as tropas a poliacutecia e os colaboradores financeiros encontrem uma divisatildeo do trabalho mais justa e equilibradaO equiliacutebrio fraacutegil entre aqueles que contribuem com tropas (em sua maioria da Aacutefrica e da Aacutesia) financiadores (em sua maioria da Europa e Ameacuterica do Norte) e os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila da ONU que emitem mandatos estaacute proacuteximo de se desfazer A insustentaacutevel divisatildeo de trabalho em peacekeeping natildeo eacute uma questatildeo dos ocidentais contra os demais Muitos paiacuteses africanos cansados dos muitos anos de tentativas frustradas de instauraccedilatildeo da paz no continente pelas potecircncias externas cada vez mais requerem e apoiam o uso de forccedila militar para proteger civis e conceder mais tempo para as negociaccedilotildees de paz Por outro lado paiacuteses que tradicionalmente contribuem com muitas tropas estatildeo cada vez mais reticentes em ameaccedilar a vida de seus soldados em locais distantes ndash especialmente aqueles paiacuteses como a Iacutendia cujo papel emergente no mundo criou expectativas de exercer influecircncia sobre escolhas estrateacutegicas que ateacute agora se mantiveram no domiacutenio exclusivo dos membros permanentes Isso tudo combinado com a austeridade imposta agraves forccedilas armadas mais desenvolvidas impossibilitando aumentar suas contribuiccedilotildees de ativos-chave ndash que poderia reduzir os riscos aos boinas azuis ndash vem deixando muitos paiacuteses em desenvolvimento cada vez mais impacientes com um sistema que natildeo funciona mais para eles

Para avanccedilar na prevenccedilatildeo de crimes de atrocidade economias desenvolvidas e em desenvolvimento precisatildeo aumentar os recursos disponibilizados para as missotildees de paz da ONU mas o dever principal de balancear o desequiliacutebrio atual estaacute nas matildeos de paiacuteses com capacidades avanccediladas Eles precisam disponibilizar forccedilas militares e ativos poliacuteticos que satildeo chaves para limitar o risco de todos os boinas azuis e aumentar o custo-benefiacutecio e a eficaacutecia do peacekeeping Isso inclui drones de vigilacircncia veiacuteculos anti-minas hospitais militares evacuaccedilatildeo meacutedica aeacuterea apoio de combate aeacutereo transporte aeacutereo taacutetico equipamentos anti-explosivos e outras tecnologias avanccediladas59

Contudo natildeo satildeo somente paiacuteses da Europa e da Ameacuterica do Norte que disponibilizam pouquiacutessimas tropas e deixam a desejar em suas contribuiccedilotildees (os europeus por exemplo respondem por menos de 7 por cento das tropas de peacekeeping da ONU e menos de 4 por cento das tropas policiais da organizaccedilatildeo60 A Iacutendia tem demonstrado apoio duradouro e extensivo ao peacekeeping ndash uma rara exceccedilatildeo entre paiacuteses com pretensotildees de lideranccedila regional ou global Outros paiacuteses deveriam pensar em seguir o recente exemplo da China e aumentar o nuacutemero de tropas policiais ou civis qualificados disponibilizados agrave ONU Por exemplo o Brasil mesmo com sua lideranccedila no Haiti ainda oferece menos pessoal que os pequenos Togo e Burkina Faso

26Global Public Policy Institute (GPPi)

Todos os membros do Conselho de Seguranccedila e colaboradores do peacekeeping deveriam aumentar a orientaccedilatildeo conceitual o treinamento e a construccedilatildeo de capacidade para a proteccedilatildeo de civis contra crimes de atrocidade

Tanto o desenvolvimento de estrateacutegias poliacuteticas quanto o uso da forccedila para proteccedilatildeo taacutetica de civis carecem grandemente de fundamentos conceituais soacutelidos com a qual qualquer outro tipo de operaccedilatildeo militar pode contar Os desafios poliacuteticos policiais e militares da proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade natildeo recebem a atenccedilatildeo conceitual e os recursos para treinamento adequados em quase todos os paiacuteses61 Natildeo eacute surpreendente que liacutederes de missatildeo e comandantes de tropas operem hoje em dia com base na tentativa e erro sem que haja uma orientaccedilatildeo ou doutrina clara Da mesma forma os membros do Conselho ndash em especial os natildeo-permanentes ndash satildeo forccedilados a tomar decisotildees difiacuteceis sobre a proteccedilatildeo de civis sem que tenham acesso a um oacutergatildeo de anaacutelise poliacutetico-militar sobre quais seriam as consequecircncias de tais accedilotildees A ausecircncia de conceitos claros e amplamente difundidos sobre as formas praacuteticas de proteccedilatildeo (para aleacutem das Zonas de exclusatildeo aeacuterea) contribuem para o estereoacutetipo muacutetuo e suspeitas de motivos escusos

Os Estados Unidos deveriam continuar a expansatildeo da sua Iniciativa Global de Operaccedilotildees de Paz (GPOI na sigla em inglecircs) e sua Parceria Africana de Resposta Raacutepida para Manutenccedilatildeo da Paz que apoiam e reforccedilam a capacidade de outros paiacuteses de treinar e manter competecircncias para a manutenccedilatildeo da paz Ambos os casos deveriam dar mais atenccedilatildeo agraves forccedilas militaresx mais frequentemente usadas no peacekeeping No futuro treinamentos e exerciacutecios da GPOI e outros deveriam incluir especificamente diferentes aspectos de proteccedilatildeo a civis 62 De forma similar a estes programas estadunidenses a Uniatildeo Europeia os governos europeus e de outros locais que possuem forccedilas armadas com tal capacidade deveriam oferecer os treinamentos e equipamentos mais modernos para os colaboradores das operaccedilotildees de paz Isso poderia criar incentivos para que unidades treinadas e equipadas efetivamente trabalhem em conjunto com a ONU a Uniatildeo Africana e as forccedilas sub-regionais na proteccedilatildeo de civis ndash no caso da UE ao novamente dar ecircnfase e expandir a Enable and Enhance Initiative

Usar a avaliaccedilatildeo atual das operaccedilotildees de paz da ONU para construir um consenso entre todas as partes interessadas (Conselho de Seguranccedila e Secretariado assim como colaboradores financeiros de tropas ou de poliacutecia) sobre o uso da forccedila somente para apoiar ndash e nunca substituir ndash uma estrateacutegia poliacutetica para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade e para planejar mandatos e operaccedilotildees adequadamente Como parte do diaacutelogo necessaacuterio sobre a utilidade do uso da forccedila a atual avaliaccedilatildeo das operaccedilotildees de paz da ONU oferece uma oportunidade de reconstruir uma linguagem comum sobre o peacekeeping seus princiacutepios e conceitos baacutesicos suas ambiccedilotildees e desafios para as tarefas de proteccedilatildeo das missotildees da ONU especialmente no que diz respeito ao uso da forccedila Os princiacutepios de consentimento imparcialidade e neutralidade atualizados no Relatoacuterio Brahimi para permitir que peacekeepers ajam contra os violadores dos acordos de paz e perpetradores de atrocidades mais uma vez satildeo distorcidos ou parecem irrelevantes em muitas operaccedilotildees A maioria dos peacekeepers

27Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

de hoje servem em situaccedilotildees de conflito ativo como no Mali ou na Repuacuteblica Centro-Africana Peacekeepers da ONU estatildeo conduzindo operaccedilotildees de combate ativo na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Em outros locais os acordos de deacutecadas atraacutes que deram origem a uma missatildeo natildeo incluem as partes que atualmente ameaccedilam ou sequestram peacekeepers como nas Colinas de Golatilde

Enquanto eacute inevitaacutevel que haja certa ambiguidade sobre os princiacutepios o uso ativo da forccedila para proteger civis soacute eacute capaz de apoiar mas nunca substituir uma estrateacutegia poliacutetica63 Onde natildeo haacute uma estrateacutegia poliacutetica realista para chegar agrave paz deve haver pelo menos uma para limitar os riscos aos civis ndash se necessaacuterio um plano que inclua o apoio de forccedilas militares da ONU como na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Estas questotildees devem ser discutidas de forma honesta pelas partes interessadas nas operaccedilotildees de paz da ONU O abismo que separa as partes nestas discussotildees natildeo estaacute entre os ocidentais que apoiam o uso de mais forccedila e os opositores natildeo-ocidentais Atualmente isso acontece entre paiacuteses que contribuem com muitas tropas como Iacutendia e Paquistatildeo preocupados com o aumento dos riscos agraves suas tropas e uma coalisatildeo mais intervencionista de paiacuteses africanos e europeus ocidentais64

A Tomada de Decisotildees sobre Accedilotildees MilitaresO atual sistema de seguranccedila coletiva que tem o Conselho de Seguranccedila na ONU como peccedila central natildeo estaacute agrave altura da tarefa de prover proteccedilatildeo efetiva e responsaacutevel O Conselho eacute incapaz de agir de forma efetiva quando alguns interesses geopoliacuteticos colidem como no caso da Siacuteria Mas ele fracassa ateacute mesmo em situaccedilotildees em que o abuso do argumento humanitaacuterio natildeo estaacute na pauta e os interesses de membros-chave do Conselho estatildeo alinhados ndash como no caso da Repuacuteblica Centro-Africana ou do Sudatildeo do Sul Um Conselho que tem o poder de estabelecer mandatos mobilizar proteccedilatildeo efetiva e limitar o medo do uso abusivo de argumentos humanitaacuterios precisaria ouvir os maiores atores poliacuteticos do mundo moderno os paiacuteses que contribuem com tropas e os financiadores

Tanto a composiccedilatildeo quanto os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila da ONU refletem a ordem mundial dos anos 1940 A fim de manter a credibilidade do sistema de seguranccedila coletiva restaurar a legitimidade do Conselho de Seguranccedila eacute uma questatildeo urgente e de interesse dos cinco membros permanentes Todavia mesmo estando bem fundadas em termos de justiccedila global e em prospectos de longo prazo para a governanccedila global as propostas jaacute existentes para uma expansatildeo do Conselho ou um papel mais proeminente da Assembleia Geral em assuntos de seguranccedila provavelmente natildeo contribuiratildeo para uma proteccedilatildeo mais efetiva contra crimes de atrocidade

Visando o 70o aniversaacuterio da ONU neste ano nossas sugestotildees datildeo ecircnfase agraves mudanccedilas procedimentais e natildeo estruturais do Conselho de Seguranccedila

28Global Public Policy Institute (GPPi)

Os cinco membros permanentes do Conselho de Seguranccedila deveriam dar mais apoio a processos decisoacuterios inclusivos dentro do Conselho e abrir canais informais de consulta sobre mandatos estrateacutegias e operaccedilotildees para todas as partes cruciais em especial potecircncias regionais e grandes colaboradores de pessoal Os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila na ONU limitam severamente seu senso de imparcialidade perante os olhos do mundo Na maioria das crises na Aacutefrica o chamado ldquopenholderrdquo ndash isto eacute o paiacutes responsaacutevel pelo rascunho das resoluccedilotildees do Conselho ndash eacute o antigo Estado colonizador ou os Estados Unidos65 Mesmo sendo uacutetil por dar uma continuidade ao longo dos anos esta organizaccedilatildeo e as relaccedilotildees internas resultantes entre os membros permanentes efetivamente excluem os membros natildeo-permanentes da maior parte das negociaccedilotildees informais onde as decisotildees mais importantes satildeo tomadas

Para que haja uma forma menos exclusiva de tomar decisotildees o precisaria de atores adicionais tanto dentro quanto fora das regiotildees relevantes para desenvolver as capacidades analiacutetica e poliacutetica de cogerenciar de forma construtiva o engajamento do Conselho e as operaccedilotildees de paz ao inveacutes de soacute defender seus proacuteprios interesses Os Estados membros e as organizaccedilotildees da sociedade civil tambeacutem devem continuar as discussotildees sobre um coacutedigo de conduta para limitaccedilatildeo voluntaacuteria do poder de veto em situaccedilotildees de crimes de atrocidade como proposto pelo governo francecircs66

Aleacutem dos procedimentos internos os membros do Conselho devem continuar expandindo as interaccedilotildees informais com as partes relevantes incluindo paiacuteses vizinhos e aqueles que contribuem com pessoal para as operaccedilotildees de paz Isso natildeo precisa se limitar a trocas diplomaacuteticas formais a fim de aumentar a qualidade e aceitaccedilatildeo dos mandatos de peacekeeping os paiacuteses responsaacuteveis pelo rascunho do mandato poderiam incluir a colaboraccedilatildeo de especialistas dos paiacuteses que contribuem com grande nuacutemero de tropas ou de policiais como por exemplo antigos comandantes de tropa ou chefes de poliacutecia67

Atores com credibilidade para fazer conexotildees no debate polarizado sobre intervenccedilatildeo militar devem facilitar os esforccedilos informais para desenvolver um sistema de monitoramento e informaccedilatildeo mais rigoroso para Estados que aderirem agraves missotildees com mandatos da ONUO conceito de Responsabilidade ao Proteger (RwP na sigla em inglecircs) eacute uma das iniciativas mais promissoras para lidar com os desacordos globais sobre o uso abusivo da Responsabilidade de Proteger Quando apresentado pelo Brasil no final de 2011 tal conceito ofereceu uma oportunidade de debate sobre o que poderia ser proteccedilatildeo efetiva e qual deveria ser o papel do uso da forccedila nessa proteccedilatildeo apoacutes a intervenccedilatildeo na Liacutebia quando essas discussotildees estavam extremamente polarizadas68 Apoacutes essa experiecircncia eacute muito improvaacutevel que o Conselho de Seguranccedila futuramente aprove uma resoluccedilatildeo autorizando o uso de forccedilas externas para a proteccedilatildeo com termos tatildeo amplos Com isso a implementaccedilatildeo de algumas ideias da proposta do RwP eacute de interesse de todos os Estados que acreditam que a forccedila deve ser uma ferramenta de uacuteltimo caso disponiacutevel

29Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

agrave comunidade internacional Discussotildees mais profundas satildeo necessaacuterias sobre os criteacuterios e condiccedilotildees considerados para que o Conselho use a forccedila para proteger populaccedilotildees Mesmo que a discussatildeo sobre criteacuterios para o uso da forccedila seja tatildeo antiga quanto a discussatildeo sobre intervenccedilatildeo humanitaacuteria69 todos os Estados membros se beneficiariam de um debate aberto sobre os sucessos e fracassos do uso da forccedila no passado e suas implicaccedilotildees no futuro como supracitado Outra questatildeo mais praacutetica diz respeito a como aumentar a habilidade do Conselho de monitorar aqueles que aderem e executam suas decisotildees Uma sugestatildeo concreta seria adotar elementos do sistema de peacekeeping como relatoacuterios e reuniotildees instrutivas regulares sobre a situaccedilatildeo das delegaccedilotildees para o uso da forccedila por terceiros As resoluccedilotildees poderiam incluir expliacutecitas claacuteusulas de caducidade que obrigariam a aprovaccedilatildeo da extensatildeo do mandato pelo Conselho de Seguranccedila e requerimentos de relatoacuterio regulares e especiacuteficos por parte daqueles Estados membros que aderirem e executarem as decisotildees do oacutergatildeo70 Outra sugestatildeo seria a criaccedilatildeo de mecanismos de responsabilizaccedilatildeo e monitoramento ao criar paineacuteis de especialistas quando os mandatos do Conselho incluiacuterem o uso da forccedila conforme modelo dos comitecircs de sanccedilotildees da ONU Relatoacuterios de comitecircs independentes como esses podem dar origem a uma praacutetica-padratildeo e contribuir para a melhora da qualidade nas decisotildees do Conselho ao longo do tempo seja antes durante ou depois das operaccedilotildees militares71

Potecircncias emergentes e jaacute estabelecidas podem fazer sua parte no avanccedilo das discussotildees sobre as questotildees colocadas pelo RwP Tanto a iniciativa oficial do Brasil quanto a ideia de ldquoProteccedilatildeo Responsaacutevelrdquo colocada por um reconhecido especialista chinecircs72 poderiam ser pontos de partida para discussotildees mais especiacuteficas e operacionais tanto entre os BRICS quanto entre os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila73 Ao inveacutes de rejeitar tais conceitos como sendo ataques agrave Responsabilidade de Proteger as potecircncias ocidentais deveriam ver essas iniciativas como uma oportunidade para um debate construtivo sobre como proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade74

Inserindo a Reflexatildeo e o Aprendizado Constantes em cada Ferramenta PoliacuteticaAinda que haja muita experiecircncia estabelecida com fracassos terriacuteveis e os poucos sucessos qualificados natildeo haacute uma base de conhecimento confiaacutevel sobre como proteger pessoas contra crimes de atrocidade Em geral governos e organizaccedilotildees internacionais continuam tratando cada crise como sendo uacutenica dando pouca atenccedilatildeo agrave reflexatildeo contiacutenua ao aprendizado e agrave adaptaccedilatildeo das poliacuteticas conforme as situaccedilotildees evoluem Os acadecircmicos jaacute aprenderam bem mais sobre o que natildeo funciona em algumas condiccedilotildees do que sobre o que poderia melhorar ndash por um lado porque cada intervenccedilatildeo poliacutetica acontece com contexto proacuteprio e por outro porque resultam de incentivos acadecircmicos e dificuldades de acesso a dados

30Global Public Policy Institute (GPPi)

Governos organizaccedilotildees internacionais sociedade civil e acadecircmicos precisam projetar poliacuteticas que sejam mais adaptaacuteveis ao conhecimento em evoluccedilatildeo e agrave avaliaccedilatildeo de riscos com base em oportunidades internas para reflexatildeo e aprendizado contiacutenuos e colaborativosEnquanto ainda haacute urgecircncia para que medidas sejam tomadas agir de forma responsaacutevel perante tanta incerteza pede que sejamos menos confiantes em nossa habilidade de determinar a melhor poliacutetica possiacutevel para cada situaccedilatildeo Poliacuteticos ativistas e intelectuais devem ser honestos consigo mesmos e transparentes com aqueles que mais sofrem com os impactos dessas poliacuteticas Natildeo haacute soluccedilotildees que tenham sido testadas e comprovadas Tudo que podemos fazer eacute tentar identificar a forma mais responsaacutevel de desenvolver cada caso enquanto nos mantemos preparados e prontos para reagir rapidamente a mudanccedilas e melhorar nossa gama de poliacuteticas instrumentais Este processo experimental de decisatildeo poliacutetica precisa ser constantemente monitorado e avaliado de forma autocriacutetica tanto interna quanto externamente atraveacutes do diaacutelogo franco e honesto entre profissionais sociedades e especialistas externos em todos os niacuteveis desde o monitoramento e avaliaccedilatildeo ateacute os debates mais amplos de poliacutetica puacuteblica sobre a eficaacutecia da forccedila militar e da diplomacia coercitiva na prevenccedilatildeo e resposta a crimes de atrocidade

31Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

1 Como a Genocide Prevention Task Force em um painel fechado de alto-niacutevel nos Estados Unidos apropriadamente argumentou em 2008 Genocide Prevention Task Force lsquoPreventing Genocide A Blueprint for US Policymakersrsquo (Washington DC The American Academy of Diplomacy US Holocaust Memorial Museum US Institute for Peace 2008) Veja tambeacutem Ruben Reike Serena Sharma e Jennifer Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo (Australian Civil-Military Centre e Oxford Institute for Ethics Law and Armed Conflict 2013) 6ff

2 Michael Ignatieff lsquoThe Libya Case a Teachable Momentrsquo Suddeutsche Zeitung Special Supplement http wwwamericanacademydesitesdefaultfilesuploadMSC202012pdf 3 de fevereiro de 2012 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 David Bosco lsquoAbstention Games on the Security Councilrsquo Foreign Policy httpforeignpolicy com20110317abstention-games-on-the-security-council 17 de marccedilo de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

3 Kofi A Annan lsquoTwo Concepts of Sovereigntyrsquo The Economist httpwwweconomistcomnode324795 16 de setembro de 1999 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

4 Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Conflict Security and Development 144 2014 Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

5 Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

6 Rosa Brooks lsquoThe UN Security Council and Civilian Protectionrsquo in Jared Genser e Bruno Ugarte eds The UN Security Council in the Age of Human Rights (New York Cambridge University Press 2013) 12 Sobre a base global para as normas de proteccedilatildeo veja Charles Sampford lsquoA Tale of Two Normsrsquo em Angus Francis Vesselin Popovski e Charles Sampford eds Norms of Protection Responsibility to Protect Protection of Civilians and Their Interaction (United Nations University Press 2012) Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

7 Para uma visatildeo geral do posicionamento do Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia e Aacutefrica do Sul sobre R2P veja os artigos na ediccedilatildeo especial de Conflict Security and Development Brockmeier Kurtz e Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Jaganathan e Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Julian Junk lsquoThe Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Xymena Kurowska lsquoMultipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Lui Tiewa e Zhang Haibin lsquoDebates in China About the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessmentrsquo Conflict Security and Development 2014 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Verhoeven Murthy e Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang Reinicke lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo ediccedilatildeo especial (144) de Conflict Security and Development (London Taylor amp Francis 2014)

8 CSR Murthy e Gerrit Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo Global Society em revisatildeo

9 Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo Global Society em revisatildeo Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo Global Society em revisatildeo

10 Judi Atkins Justifying New Labour Policy (Houndmills Basingstoke Hampshire New York Palgrave Macmillan 2011) 163 Veja por exemplo Stuenkel e Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Erna Burai lsquoParody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian Warrsquo Global Society em revisatildeo

Notas

32Global Public Policy Institute (GPPi)

11 Roland Paris lsquoThe ldquoResponsibility to Protectrdquo and the Structural Problems of Preventive Humanitarian Interventionrsquo International Peacekeeping 215 2014 4

12 Ramesh Thakur lsquoR2Prsquos ldquoStructuralrdquo Problems A Response to Roland Parisrsquo International Peacekeeping 2015 5

13 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

14 Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo Global Society em revisatildeo

15 Julian Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo Global Society em revisatildeo Julian Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo Global Society em revisatildeo

16 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

17 Erna Burai lsquoAfrican Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Groundrsquo Global Society em revisatildeo

18 Ambos os debates em torno das propostas brasileiras de Responsabilidade ao Proteger e o Diaacutelogo Interativo Informal da Assembleia Geral sobre Responsabilidade de Proteger e ldquoAccedilatildeo oportuna e decisivardquo em 2012 constituiacuteram tentativas de defensores de R2P se envolverem em discussotildees sobre o uso da forccedila e R2P Para acessar uma coleccedilatildeo de discursos durante a Assembleia Geral de 2012 veja httpwwwglobalr2porgresources278

19 Sarah Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo em Mary Kaldor e Iavor Rangelov eds The Handbook of Global Security Policy (Chichester West Sussex Wiley Blackwell 2014) 225

20 Alastair Iain Johnston lsquoThinking About Strategic Culturersquo International Security 194 1995 46

21 Pessimismo sobre a eficaacutecia da forccedila no entanto natildeo eacute o mesmo de promover a natildeo-violecircncia Alguns dos maiores defensores do ceticismo em relaccedilatildeo agraves forccedilas militares para proteccedilatildeo frequentemente recorrem a forccedilas militares ou quase militares no acircmbito domeacutestico

22 Otto Bakkano lsquoAU Pushes for Ceasefire Political Solution in Libyarsquo Mail amp Guardian httpmgcoza article2011-05-26-au-pushes-for-ceasefire-political-solution-in-libya 26 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Guido Westerwelle lsquoBundesminister Westerwelle Statement vom 25032011 zu Syrien Jemen Israel und dem Gaza-Streifen Sowie Libyenrsquo Auswartiges Amt httpwwwbrasildiplodeVertretung brasiliende07__AussenpolitikReden_20des_20Au_C3_9FenministersStatemente_20Syrienhtml 25 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

23 Barack Obama David Cameron e Nicolas Sarkozy lsquoLibyarsquos Pathway to Peacersquo The International Herald Tribune httpwwwnytimescom20110415opinion15iht-edlibya15html 15 de abril de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Reuters lsquoKerry Insists No Place for Assad in Syriarsquos Futurersquo Reuters httpwwwreuters comarticle20140117us-syria-crisis-kerry-idUSBREA0G14A20140117 17 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

24 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

25 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

26 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

27 Kersti Larsdotter lsquoExploring the Utility of Armed Force in Peace Operations German and British Approaches in Northern Afghanistanrsquo Small Wars and Insurgencies 193 2008 Taylor B Seybolt Humanitarian Military Intervention The Conditions for Success and Failure (Oxford Oxford University Press 2008) Rupert Smith The Utility of Force The Art of War in the Modern World (London Allen Lane 2005) Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

28 UN Department of Peacekeeping Operations e UN Department of Field Support lsquoOperational Concept on the Protection of Civilians in United Nations Peacekeeping Operationsrsquo (New York 2010) Sarah Sewall Dwight Raymond e Sally Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook (Cambridge MA Harvard Kennedy School 2010)

29 Harry Verhoeven documenta o exemplo de um diplomata chinecircs que ldquopensava que o Ocidente tinha inventado os Janjaweed [miliacutecias proacute- governo em Darfur] como uma desculpa para intervir Mas eles eram de verdade e matavam pessoasrdquo Harry Verhoeven lsquoIs Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa Is Changing Chinarsquo The Washington Quarterly 372 2014 64

33Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

30 BS Chimni lsquoFor Epistemological and Prudent Internationalismrsquo Harvard Law School Human Rights Journal novembro 2012 Greg Simons lsquoThe International Crisis Group and the Manufacturing and Communicating of Crisesrsquo Third World Quarterly 354 2014 Ramesh Thakur lsquoIs the United Nations Racistrsquo The Hindu httpwwwthehinducomopinionleadis-the-united-nations-racistarticle4928624ece 19 de julho de 2013 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

31 Ambassador Liu Zhenmin lsquoStatement by Ambassador Liu Zhenmin at the Plenary Session of the General Assembly on the Question of ldquoResponsibility to Protectrdquorsquo httpresponsibilitytoprotectorgStatement20 by20Ambassador20Liu20Zhenminpdf 24 de julho de 2009 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Zhang Haibin e Lui Tiewa lsquoRealizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and Thereafterrsquo Global Society em revisatildeo

32 Conversa com uma seacuterie de especialistas indianos em evento na Jawaharlal Nehru University (Nova Deacuteli Iacutendia) no dia 21 de Janeiro de 2015

33 IRIN lsquoA New Start for Crisis Reportingrsquo IRIN httpnewirinirinnewsorgpress-release 20 de novembro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34 Veja por exemplo Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoReport of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on United Nations Action in Sri Lankarsquo (New York United Nations 2012)

35 Um bom exemplo foi o briefing do Assessor Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedio para o Conselho de Seguranccedila da ONU depois de sua visita agrave Repuacuteblica Centro-Africana no dia 22 de janeiro de 2014 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoThe Statement of under Secretary-GeneralSpecial Adviser on the Prevention of Genocide Mr Adama Dieng on the Human Rights and Humanitarian Dimensions of the Crisis in the Central African Republicrsquo httpwwwunorgenpreventgenocideadviserpdfSAPG20Statement20at20UNSC20 on20the20situation20in20CAR-202220Jan202014pdf 22 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

36 Morten Bergsmo Quality Control in Fact-Finding (Florence Torkel Opsahl Academic EPublisher 2013) 210

37 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoRights up Front A Plan of Action to Strengthen the UNrsquos Role in Protecting People in Crises Follow-up to the Report of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on UN Action in Sri Lankarsquo (New York 2013)

38 Veja tambeacutem futura publicaccedilatildeo do GPPi Gerrit Kurtz lsquoA New Tool for Civilian Protection - the Human Rights up Front Initiative of the United Nationsrsquo GPPi Policy Brief futura publicaccedilatildeo

39 Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo

40 Jose Ramos-Horta lsquoIndia Right in Asking for More Say in Peacekeeping Operations-Related Decisions Top UN Panel Chiefrsquo Hindustan Times httpwwwhindustantimescomindia-newsindia-right-in-asking- for-more-say-in-peacekeeping-operations-related-decisions-top-un-panel-chiefarticle1-1314354aspx 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 13 de marccedilo de 2015

41 Thomas Biersteker et al lsquoThe Effectiveness of UN Targeted Sanctions - Findings from the Targeted Sanctions Consortium (TSC)rsquo The Graduate Institute Geneva 2013

42 Kirsten Ainley lsquoThe Responsibility to Protect and the International Criminal Court Counteracting the Crisisrsquo International Affairs 911 2015

43 Para distinccedilatildeo entre atividades ldquosistecircmicasrdquo e ldquodirecionadasrdquo veja Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

44 Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo Global Society em revisatildeo

45 Verhoeven e Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo 8 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann lsquoSchutz und Verantwortung Uber die US- Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltatenrsquo (2013)

46 Mike Brand lsquoEmploying lsquoPreventionrsquo to Prevent Mass Atrocitiesrsquo Saferworld httpwwwsaferworldorguk news-and-viewscomment123-employing-apreventiona-to-prevent-mass-atrocities 25 de fevereiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Warren Strobel e Louis Charbonneau lsquoUS Was Slow to Lose Patience as South Sudan Unraveledrsquo Reuters 14 de janeiro de 2014

47 Adam Lupel lsquoUN Adviser on Prevention of Genocide ldquoWe Have to Make Sure the Security Council Actsrdquorsquo httptheglobalobservatoryorg201404un-adviser-on-prevention-of-genocide-we-have-to-make-sure- security-council-acts 28 de abril de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34Global Public Policy Institute (GPPi)

48 Office for the Coordination of Humanitarian Affairs lsquoHumanitarian Bulletin Syriarsquo Humanitarian Bulletin Issue 53 httpreliefwebintsitesreliefwebintfilesresourcesBulletin_no_53_17032015_final_01pdf 1 de fevereiro - 18 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

49 Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

50 Human Rights Watch lsquoGermany QampA on Trial of Two Rwandan Rebel Leadersrsquo httpwwwhrworgde news20110502germany-qa-trial-two-rwandan-rebel-leaders 2 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 23 de marccedilo de 2015

51 Eric Lichtblau lsquoUS Seeks to Deport Bosnians over War Crimesrsquo New York worldus-seeks-to-deport-bosnians-over- Times httpwwwnytimescom20150301war-crimeshtml 28 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

52 Para um argumento similar observando o envolvimento internacional com a Liacutebia em 2015 veja International Crisis Group lsquoLibya Getting Geneva Rightrsquo International Crisis Group Middle East and North Africa Report Nr 157 2015

53 Kurtz e Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo

54 Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo

55 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

56 Alex J Bellamy e Charles T Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo (Asia- Pacific Centre for the Responsibility to Protect 2010) Alex J Bellamy The Responsibility to Protect A Defense (Oxford Oxford University Press 2014)

57 Ashley Jackson lsquoProtecting Civilians The Gap between Norms and Practicersquo (Humanitarian Policy Group 2014)

58 Isso jaacute foi escrito em 2009 no relatoacuterio ldquoNew Horizonrdquo do DPKO ldquoO descompasso entre expectativas e capacidade de promover proteccedilatildeo abrangente criou um significante desafio de credibilidade para as operaccedilotildees de paz da ONUrdquo Department of Peacekeeping Operations lsquoA New Partnership Agenda Charting a New Horizon for UN Peacekeepingrsquo (New York 2009) 20

59 Compare United Nations lsquoFinal Report of the Expert Panel on Technology and Innovation in UN Peacekeepingrsquo httpwwwperformancepeacekeepingorgofflinedownloadpdf 22 de dezembro de 2014

60 Compare United States Mission to the United Nations lsquoRemarks on Peacekeeping in Brussels by Samantha Power US Permanent Representative to the United Nationsrsquo httpusunstategovbriefing statements238660htm 9 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

61 Bellamy and Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo 23-24 Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

62 Isso poderia se basear no Mass Atrocities Response Operations project do US Armyrsquos Peacekeeping and Stability Operations Institute e do Harvard Kennedy Schoolrsquos Carr Center for Human Rights Veja Sewall Raymond e Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook

63 Mats Berdal e David H Ucko lsquoThe United Nations and the Use of Force Between Promise and Perilrsquo Journal of Strategic Studies 375 2014

64 Veja tambeacutem os resultados de um projeto do SIPRI sobre o futuro das operaccedilotildees de paz Jair van der Lijn e Xenia Avezov lsquoThe Future Peace Operations Landscape - Voices from Stakeholders around the Globe - Final Report of the New Geopolitics of Peace Operations Initiativersquo Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) janeiro de 2015

65 Security Council Report lsquoChairs of Subsidiary Bodies and Penholders for 2015rsquo httpwwwsecuritycouncilreportorgmonthly-forecast2015-02chairs_of_subsidiary_bodies_and_penholders_ for_2015php 30 de janeiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

66 Gareth Evans lsquoLimiting the Security Council Vetorsquo Project Syndicate httpwwwproject-syndicateorg commentarysecurity-council-veto-limit-by-gareth-evans-2015-02 4 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Kofi Annan e Gro Harlem Brundtland lsquoFour Ideas for a Stronger UNrsquo The New York Times httpwwwnytimescom20150207opinionkofi-annan-gro-harlem-bruntland-four-ideas-for-a-stronger- unhtml_r=0 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

67 Conversa com ex-comandantes militares Nova Deacuteli janeiro de 2015

68 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

35Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

69 Ibid Murthy e Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo

70 Compare tambeacutem com Bellamy The Responsibility to Protect A Defense 200

71 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

72 Ruan Zongze lsquo阮宗泽中国应倡导ldquo负责任的保护rdquo- ( China deveria defender a Proteccedilatildeo Responsaacutevel)rsquo Global Times (ediccedilatildeo chinesa) httpopinionhuanqiucom11522012-032501163html uacuteltimo acesso em 7 de marccedilo de 2012

73 Andrew Garwood-Gowers lsquoChinarsquos ldquoResponsible Protectionrdquo Concept Re-Interpreting the Responsibility to Protect (R2P) and Military Intervention for Humanitarian Purposesrsquo Asian Journal of International Law disponiacutevel em CJO2015 2015

74 Thorsten Benner lsquoBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiativersquo GPPi Working Paper Series 2013

36Global Public Policy Institute (GPPi)

Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang 4 n 4 2014) A ediccedilatildeo especial conteacutem os seguintes artigos todos disponiacuteveis gratuitamente online Introduction Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier

Regulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protect por Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

Debates in China about the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessment por Liu Tiewa e Zhang Haibin

Emerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protect por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk

Singing the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protect por Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz

Multipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protect por Xymena Kurowska

ldquoOur Identity is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Intervention por Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira

The Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protect por Julian Junk

Em breve laccedilaremos uma ediccedilatildeo especial na Global Society os seguintes artigos que estatildeo atualmente em processo de revisatildeo To Intervene in Darfur or Not Re-examining the R2P Debate and its Impacts por Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira

International Responsibility as Solidarity the Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectory por CSR Murthy e Gerrit Kurtz

Bringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenya por Julian Junk

Testing Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2P por Julian Junk

Parody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian War por Erna Burai

Protection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009 por Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan

Realizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and thereafter por Zhang Haibin e Liu Tiewa

The Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protection por Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

African Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Ground por Erna Burai

Responsibility While Protecting and the Ethics of R2P Implementation por Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier

Outras publicaccedilotildees relacionadasBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiative por Thorsten Benner Seacuterie de Working Papers do GPPi 2013

O Brasil como um Empreendedor Normativo a Responsabilidade ao Proteger por Thorsten Benner Politica Externa v 21 n 4 2013 p 35-46

Germany and the Intervention in Libya por Sarah Brockmeier Survival Global Politics and Strategy v55 n6 2013 p 63ndash90

Schutz und Verantwortung Uber die US-Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltaten por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann Heinrich Boll Foundation June 2013

Internationale Schutzverantwortung - Normative Erwartungen und Politische Praxis por Christopher Daase e Julian Junk (orgs) Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n 1-2 2013

Die Legalisierung der Legitimitat ndash Zur Kritik der Schutzverantwortung als Emerging Norm por Christopher Daase Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n1-2 2013 p 41-62

Emerging Power Exceptional State Elusive Country Explaining Indiarsquos Behavior por Madhan Mohan Jaganathan (com Amna Sunmbul) Proceedings of the International Conference on Social Sciences Chennai 2013 p 308-311

A New Tool for Civilian Protection - The Human Rights up Front Initiative of the United Nations por Gerrit Kurtz GPPi Policy Brief lanccedilamento em breve

Indiarsquos Approach to the Protection of Civilians in Armed Conflicts por CSR Murthy Norwegian Peacebuilding Resource Centre novembro de 2012

Contemporary World Order and Approaches to UN Peacekeeping A South Asian Perspective por CSR Murthy Friedrich Ebert Foundation dezembro de 2012

India-Brazil-South Africa Dialogue Forum (IBSA) The Rise of the Global South por Oliver Stuenkel Routledge Global Institutions 2014

The BRICS and the Future of Global Order por Oliver Stuenkel Lexington Press 2015

The BRICS and the Future of R2P Was Syria or Libya the Exception por Oliver Stuenkel Global Responsibility to Protect v6 n 1 2014 p 3-28

China and Responsibility to Protect Maintenance and Change of its Policy for Intervention por Liu Tiewa The Pacific Review v 25 v1 2012 p 153-173

Is China Like the Other Permanent Members Governmental and Academic Debates about RtoP by Liu Tiewa in Moacutenica Serrano e Thomas G Weiss (orgs) Rallying to the RtoP Cause The International Politics of Human Rights Routledge 2014 p 148-170

Chinese Strategic Culture and the Use of Force Moral and Political Perspectives por Liu Tiewa Journal of Contemporary China v23 n87 2014 p 556-574

Is Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa is Changing China por Harry Verhoeven The Washington Quarterly vol37 n2 2014 p 55-70

Publicaccedilotildees Selecionadas

37Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

AutoresThorsten BennerGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Sarah Brockmeier Global Public Policy InstituteBerlin Germany

Erna BuraiCentral European UniversityBudapest Hungary

CSR MurthyJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Christopher DaasePeace Research InstituteFrankfurt Germany

J Madhan MohanJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Julian JunkPeace Research InstituteFrankfurt Germany

Xymena KurowskaCentral European UniversityBudapest Hungary

Gerrit KurtzGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Liu TiewaPeking University China

Wolfgang ReinickeGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Philipp RotmannGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Ricardo Soares de OliveiraOxford UniversityUnited Kingdom

Matias SpektorFundaccedilatildeo Getulio VargasRio de Janeiro Brazil

Oliver StuenkelFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Marcos TourinhoFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Harry VerhoevenOxford UniversityUnited Kingdom

Zhang HaibinPeking UniversityChina

Global Public Policy Institute (GPPi)Reinhardtstr 7 10117 Berlin GermanyPhone +49 30 275 959 75-0Fax +49 30 275 959 75-99gppigppinet

gppinetglobalnormsnet

7Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Uma deacutecada apoacutes a adoccedilatildeo pelas Naccedilotildees Unidas do princiacutepio da Responsabilidade de Proteger (R2P) pessoas contra crimes atrozes os histoacutericos das iniciativas mundiais de proteccedilatildeo de indiviacuteduos continuam preocupantes Em 1948 o mundo se comprometeu a

ldquonunca maisrdquo permitir genociacutedios poreacutem por diversas vezes desde entatildeo natildeo cumpriu sua promessa perante tantas viacutetimas de genociacutedio e de atrocidades em massa ndash incluindo Bangladesh em 1971 Camboja em 1978 Ruanda em 1994 e tambeacutem Srebrenica em 1995 uma cataacutestrofe que completou vinte anos em 2015

Enquanto isso milhares de pessoas na Repuacuteblica Centro-Africana Repuacuteblica Democraacutetica do Congo (RDC) Iraque Sudatildeo do Sul Siacuteria e em vaacuterios outros locais sofrem com crimes contra a humanidade crimes de guerra e limpezas eacutetnicas exatamente as violaccedilotildees previstas no compromisso da Responsabilidade de Proteger Em marccedilo de 2011 a ameaccedila iminente de assassinatos em massa de civis na cidade Liacutebia de Bengazi impeliu uma intervenccedilatildeo militar que provavelmente salvou muitas vidas de um massacre Contudo a coalisatildeo liderada pela OTAN optou por uma missatildeo para mudar o regime poliacutetico e seus aliados locais mergulharam o paiacutes em um caos violento que jaacute transbordou suas fronteiras e causou muitas fatalidades Isso aumentou as preocupaccedilotildees sobre o uso abusivo da doutrina do R2P pelas grandes potecircncias assim como sobre o resultado violento das intervenccedilotildees militares Na Siacuteria milhares de civis morreram e milhotildees sofriam enquanto o Conselho de Seguranccedila vivia um impasse poliacutetico Mesmo nos locais em que haacute consenso global para accedilatildeo ndash no Sudatildeo do Sul na Repuacuteblica Centro-Africana ou no norte do Iraque ndash governos e organizaccedilotildees internacionais com frequecircncia tecircm accedilotildees lentas ou ineficazes Isso eacute ainda mais traacutegico porque existe um potencial para accedilotildees que preveniriam crimes atrozes em massa Usar atrocidades como arma de guerra ou instrumento poliacutetico requer planejamento sistemaacutetico e organizaccedilatildeo e estes processos podem ser identificados e interrompidos com accedilotildees cuidadosas e determinadas A mobilizaccedilatildeo internacional tem um papel crucial no alcance de tal objetivo1

Se acreditarmos nos analistas o futuro da proteccedilatildeo contra atrocidades parece ainda pior do que o presente Muitos demostram desesperanccedila perante a ascensatildeo de potecircncias cujas elites se socializaram em oposiccedilatildeo agrave ordem liderada pelo Ocidente que deu origem agrave Responsabilidade de Proteger Previsotildees proeminentes descrevem potecircncias emergentes se opondo ao R2P e com isso acredita-se que nas palavras de Michael Ignatieff ldquoa resistecircncia desses paiacuteses a intervenccedilotildees se torne cada vez mais influenterdquo2

Mesmo que a imagem desoladora do fracasso esteja correta a avaliaccedilatildeo subjacente do impasse global entre os intervencionistas ldquoOcidentaisrdquo e os ldquodemaisrdquo fieacuteis da soberania com um desequiliacutebrio pendendo para este uacuteltimo eacute equivocada em dois

Para aleacutem dos ldquoOcidentaisrdquo e os ldquoDemaisrdquo O Futuro do R2P

8Global Public Policy Institute (GPPi)

aspectos criacuteticos identifica erroneamente o nuacutecleo do conflito poliacutetico e eacute incapaz de se engajar de forma seacuteria com os desafios praacuteticos da proteccedilatildeo contra crimes atrozes Essas conclusotildees satildeo embasadas por dois anos de pesquisas sobre as origens histoacutericas culturais e institucionais de como Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia Aacutefrica do Sul e os Estados Unidos se engajaram no debate sobre a Responsabilidade de Proteger entre 2005 e 2014 e como os conflitos sobre sua aplicabilidade em grandes crises moldaram as expectativas globais da proteccedilatildeo contra atrocidades

Deixar para traacutes os antigos debates sobre soberania e se concentrar naqueles que satildeo relevantes na atualidade gera potencial para um debate mais construtivo que trate das dificuldades e dilemas da proteccedilatildeo aleacutem de buscar soluccedilotildees efetivas e responsaacuteveis

Nossa pesquisa se concentrou nos crimes que se encaixam na definiccedilatildeo da Responsabilidade de Proteger segundo a Cuacutepula Mundial de 2005 genociacutedios crimes contra a humanidade crimes de guerra e limpezas eacuteticas (coletivamente aqui referidos como crimes atrozes) Devido agrave grande escala de sofrimento humano em todo o mundo os tomadores de decisatildeo precisam priorizar seus recursos e atenccedilatildeo tanto entre as diversas crises quanto dentro de cada uma delas Natildeo haacute duacutevidas de que isso eacute difiacutecil Mas por essa mesma razatildeo eacute necessaacuterio fazecirc-lo pois nem todas as violaccedilotildees de direitos humanos devem dar origem aos perigosos debates sobre meios de proteccedilatildeo coercitivos e militares que satildeo intriacutensecos ao R2P

Acreditamos ser crucial manter um profundo senso de humildade em relaccedilatildeo agrave capacidade internacional de oferecer proteccedilatildeo contra estes crimes Atores locais tecircm muito mais poder sobre esta dinacircmica Mesmo quando as medidas satildeo cuidadosamente calculadas para cada contexto as influecircncias externas nunca seratildeo capazes de provocar mais do que uma mudanccedila no equiliacutebrio ndash e para que isso aconteccedila eacute necessaacuterio mais do que os esforccedilos de governos e organizaccedilotildees internacionais mas tambeacutem da sociedade civil do setor privado e particularmente da miacutedia Os resultados da nossa pesquisa e as nossas sugestotildees sobre accedilotildees internacionais que previnam atrocidades devem ser compreendidas levando estas preocupaccedilotildees em consideraccedilatildeo

ResumoNas paacuteginas a seguir delimitamos em duas partes os nossos resultados de pesquisa e as suas implicaccedilotildees sobre as poliacuteticas Na primeira parte apresentamos detalhadamente os nossos resultados Argumentamos que as discussotildees mais importantes sobre a proteccedilatildeo contra crimes atrozes acontecem principalmente com relaccedilatildeo a duas questotildees o uso abusivo dos argumentos humanitaacuterios (proteccedilatildeo responsaacutevel) e o funcionamento da accedilatildeo internacional de proteccedilatildeo (proteccedilatildeo efetiva) Noacutes argumentamos que quando a segunda questatildeo eacute discutida a comunidade internacional e os que advogam pela R2P natildeo devem se intimidar frente ao aspecto mais controverso destas duas perguntas Quando e como a forccedila eacute capaz de proteger se ela for capaz Na segunda parte oferecemos opccedilotildees poliacuteticas para ilustrar formas praacuteticas de proteger de maneira mais efetiva e responsaacutevel

9Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

PROJETO DE PESQUISA

A Evoluccedilatildeo da Norma Global e a Responsabilidade de Proteger

Como uma equipe de pesquisadores acadecircmicos e think-tankers localizados em Pequim Berlim Budapeste Deacutelhi Frankfurt Oxford Rio de Janeiro e Satildeo Paulo analisamos a evoluccedilatildeo global da proteccedilatildeo contra atrocidades com foco em R2P durante a uacuteltima deacutecada Perguntamo-nos como e por que Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia Aacutefrica do Sul e os Estados Unidos se envolveram com tais ideias em referecircncia a suas histoacuterias culturas e poliacuteticas domeacutesticas Publicamos as descobertas em uma ediccedilatildeo especial com acesso gratuito da publicaccedilatildeo ldquoConflict Security and Development (ldquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrdquo)

Depois examinamos como debates especiacuteficos moldaram as expectativas futuras globais sobre a proteccedilatildeo contra atrocidades A maior parte destes debates tem foco em reaccedilotildees internacionais a crimes atrozes praticados em determinados locais ndash Darfur Quecircnia Mianmar Geoacutergia Sri Lanka Liacutebia e Costa do Marfim enquanto outros tratam da ideia do R2P e sua implementaccedilatildeo de formas mais abstratas Estas descobertas seratildeo publicadas posteriormente em 2015 e tambeacutem estaratildeo disponiacuteveis para download gratuito em wwwglobalnormsnet

De forma geral conduzimos mais de 250 entrevistas com poliacuteticos diplomatas acadecircmicos e atores da sociedade civil em 20 paiacuteses e ateacute o momento publicamos 25 artigos ou estudos

Neste trabalho agradecemos o generoso apoio da Fundaccedilatildeo Volkswagen como parte de seu programa ldquoDesafios Europeus e Globaisrdquo em cooperaccedilatildeo com Riksbankens Jubileumsfond e Compagnia di San Paolo

Patrocinadores

Parceiros

10Global Public Policy Institute (GPPi)

ldquoAssim como aprendemos que o mundo natildeo pode se abster enquanto violaccedilotildees brutais e sistemaacuteticas dos direitos humanos acontecem tambeacutem aprendemos que se o objetivo for conseguir o apoio sustentado da populaccedilatildeo mundial a intervenccedilatildeo tem que estar baseada em princiacutepios legiacutetimos e universaisrdquo

Kofi Annan Dois Conceitos de Soberania (1999)3

Justa ou injustamente as elites poliacuteticas na maior parte dos paiacuteses acreditam que a Responsabilidade de Proteger estaacute intrinsicamente ligada agrave pouca consideraccedilatildeo dada pelos mais poderosos aos princiacutepios do direito internacional e a um ldquocomplexo brancordquo de ldquosalvador da paacutetriardquo Por outro lado a oposiccedilatildeo agrave Responsabilidade de Proteger eacute vista comumente como uma insistecircncia ciacutenica da soberania em face ao sofrimento humano ou como uma equivocada solidariedade do Sul Global com regimes repressivos 4

Tais caricaturas satildeo legados da batalha retoacuterica dos anos 1990 Associar o desafio da proteccedilatildeo contra atrocidades agrave soluccedilatildeo da intervenccedilatildeo ndash como feito por Kofi Annan em seu famoso discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU de 1999 ndash eacute macular o primeiro com a carga poliacutetica e histoacuterica do segundo Ao tratar diretamente essa carga Annan endossou uma tentativa de redefinir o conceito de soberania de forma a tirar ecircnfase da proteccedilatildeo coletiva do Estado perante a dominaccedilatildeo externa e a favor da proteccedilatildeo do indiviacuteduo contra danos e ameaccedilas Mas tal ideia de ldquosoberania como responsabilidaderdquo teve efeito contraacuterio ao esperado natildeo somente porque permitiu que intervencionistas ansiosos determinassem de forma seletiva atores que exerciam soberania ldquoresponsaacutevelrdquo ou ldquoirresponsaacutevelrdquo mas tambeacutem que definissem a intervenccedilatildeo como sendo a escolha responsaacutevel Entretanto o argumento moralista intervencionista se tornou hipoacutecrita quando usado por governos cujos histoacutericos de comportamento internacional responsaacutevel natildeo eram tatildeo brilhantes assim Como resultado esta linha de debate arruinou muitas discussotildees sobre a proteccedilatildeo contra crimes atrozes nos anos apoacutes a crise do Kosovo e a invasatildeo do Iraque liderada pelos EUA5

Em nossas pesquisas descobrimos que este debate pernicioso perdeu gradualmente a maior parte de sua relevacircncia poliacutetica na uacuteltima deacutecada em meio agraves controveacutersias sobre a inclusatildeo da Responsabilidade de Proteger no documento final da Cuacutepula Mundial de 2005 e sobre a autorizaccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila para uso

Resultados de Pesquisa Legados Retoacutericos e Debates Construtivos

11Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

de ldquotodos os meios necessaacuteriosrdquo para proteger os civis na Liacutebia Aleacutem dos ocasionais exerciacutecios retoacutericos descobrimos que houve uma mudanccedila no cerne do conflito global sobre a proteccedilatildeo contra crimes atrozes Perante os piores crimes atrozes aconteceu o desgaste da defesa do natildeo-intervencionismo como resistecircncia agrave hegemonia Ocidental Contudo a sombra do imperialismo ainda eacute uma questatildeo a ser considerada Os policymakers ocidentais precisam ser mais cautelosos do que no passado Muito do ceticismo sobre a eficaacutecia do uso das forccedilas militares eacute genuiacutena mesmo se proferida por aqueles que poderiam fazer mais para transformar suas visotildees de diplomacia efetivas em realidade

Obviamente ainda haacute grandes divergecircncias sobre a proteccedilatildeo Elas satildeo concentradas em dois desafios inter-relacionados sobre a proteccedilatildeo na praacutetica como prevenir o uso abusivo dos argumentos humanitaacuterios pelas grandes potecircncias (ldquocomo proteger de forma responsaacutevelrdquo conforme articulado pelo Brasil) e como proteger de forma eficaz particularmente quando pairam as sombras da coerccedilatildeo e do uso da forccedila Ambas as divergecircncias requerem um seacuterio engajamento perante as muitas dificuldades e dilemas que satildeo impostos e vatildeo aleacutem dos estereoacutetipos simplistas e equivocados que haacute muito dominam o debate sobre a Responsabilidade de Proteger

O que eacute Indiscutiacutevel Proteccedilatildeo Contra Crimes de Atrocidade Requer Accedilatildeo InternacionalOs atores relevantes em todo o mundo aceitam a ideia de que a proteccedilatildeo de populaccedilotildees contra crimes de atrocidade eacute de responsabilidade tanto nacional quanto internacional Tal aceitaccedilatildeo vai aleacutem das bases legais do direito internacional humanitaacuterio e da Convenccedilatildeo para a Prevenccedilatildeo e Repressatildeo do Crime de Genociacutedio mas natildeo eacute tampouco um produto do movimento que produziu R2P Ela comeccedilou a emergir jaacute nos anos 90 quando para pessoas e governos ldquoa toleracircncia a atrocidades em massa natildeo pareceu mais aceitaacutevel ndash pareceu algo imoralrdquo 6Desde entatildeo as expectativas sobre proteccedilatildeo cresceu de forma exponencial Demandas morais sobre terceiros ndash humanitaacuterios diplomatas observadores de direitos humanos e ateacute mesmo militares ndash para que ajam de forma preventiva e equilibrem a proteccedilatildeo individual e a soberania estatal acabou excedendo enormemente as capacidades e possibilidades realistas de fazer com que isso aconteccedila

Haacute uma disposiccedilatildeo muito maior e mais difundida em dar apoio ao que parece ser necessaacuterio para proteger populaccedilotildees contra esses crimes de atrocidade e ateacute mesmo em contribuir de forma ativa quando haacute intercessatildeo com outros interesses estrateacutegicos Tal predisposiccedilatildeo vai aleacutem de pequenos grupos de Estados do ldquoOcidenterdquo dos ldquointervencionistas liberaisrdquo ou dos paiacuteses Amigos da Responsabilidade de Proteger Ao analisar a questatildeo poliacutetica da proteccedilatildeo descobrimos que nenhuma divisatildeo arbitraacuteria entre ldquoNorterdquo e ldquoSulrdquo ldquoOcidenterdquo e ldquonatildeo-Ocidenterdquo ldquoemergentesrdquo e ldquodesenvolvidosrdquo

ldquodemocraacuteticosrdquo e ldquoautoritaacuteriosrdquo eacute uacutetil7 Foi o Movimento dos Natildeo-Alinhados que estava pronto para autorizar o fortalecimento da operaccedilatildeo de paz da ONU em Ruanda no ano de 1994 enquanto os Estados Unidos eram ferrenhos opositores Enquanto as potecircncias ocidentais lideraram as intervenccedilotildees no Kosovo e na Liacutebia para proteger civis dezenas de milhares de peacekeepers do Sul da Aacutesia e da Aacutefrica ajudaram a proteger civis em dezenas de missotildees da ONU nos uacuteltimos 20 anos Jaacute durante as negociaccedilotildees da

12Global Public Policy Institute (GPPi)

Cuacutepula Mundial diversas perspectivas que vatildeo aleacutem dessas dicotomias estereotipadas contestaram e contribuiacuteram para a formulaccedilatildeo final do R2P no documento oficial da Cuacutepula 8

Eacute escasso o grupo de governos que se opotildee categoricamente a um papel internacional na proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade independentemente das circunstacircncias Alguns satildeo responsaacuteveis por tais crimes Outros interpretam tudo como parte de uma conspiraccedilatildeo imperialista das grandes potecircncias especialmente dos Estados Unidos As preocupaccedilotildees desses atores natildeo podem ou devem ser levadas em consideraccedilatildeo

O que Ainda eacute Discutiacutevel Como Proteger de Forma Responsaacutevel e EfetivaHaacute um grande grupo de moderados defensores da proteccedilatildeo e ceacuteticos da intervenccedilatildeo cujas preocupaccedilotildees certamente precisam ser levadas em conta de forma mais seacuteria perante os repetidos fracassos e abusos de poder Eles ndash governos de Brasil Iacutendia Aacutefrica do Sul China e Alemanha aleacutem de ativistas especialistas acadecircmicos e alguns tomadores de decisatildeo nos Estados Unidos Reino Unido e Franccedila ndash levantam questotildees legiacutetimas sobre por exemplo como o mundo pode melhorar a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade de forma tanto efetiva quanto responsaacutevel

De diversas formas a saliecircncia emocional e poliacutetica da disputa sobre a natildeo-intervenccedilatildeo haacute muito dificultou estes debates cruciais sobre os resultados praacuteticos da proteccedilatildeo Na maior parte do tempo argumentos sobre as questotildees praacuteticas satildeo feitas ou interpretadas como sendo de maacute-feacute A Liacutebia eacute um desses casos em questatildeo Brasil Iacutendia e Aacutefrica do Sul natildeo criticaram veementemente a intervenccedilatildeo militar de 2011 porque estavam preocupados com violaccedilotildees agrave soberania da Liacutebia ou porque se opunham ao papel internacional na proteccedilatildeo de civis contra atrocidades iminentes em Bengazi Pelo contraacuterio tais paiacuteses reclamaram do abuso de um mandato do Conselho de Seguranccedila de fins poliacuteticos ao inveacutes de proteccedilatildeo ndash neste caso tratava-se de uma mudanccedila no regime com provaacuteveis implicaccedilotildees praacuteticas de um colapso estatal que por sua vez resultaria em riscos adicionais agrave populaccedilatildeo Estes criacuteticos ainda tecircm que combinar a sua retoacuterica de exigir mais e melhor proteccedilatildeo por intermeacutedio de investimentos em ideias e capacidades para fazecirc-la conforme seja necessaacuterio Contudo isso natildeo torna seus argumentos menos vaacutelidos

Haacute uma distinccedilatildeo criacutetica entre dois tipos de situaccedilotildees de atrocidades que dependem do tipo de perpetrador O consenso internacional para agir contra perpetradores natildeo-Estatais mesmo se ligados a forccedilas estatais eacute mais faacutecil de obter do que uma accedilatildeo contra agentes estatais Mesmo que o consentimento governamental de confrontar grupos natildeo-Estatais seja frequentemente incerto e inconsistente como no caso da RDC haacute pouca preocupaccedilatildeo com a soberania desses regimes fracos O debate-chave nesses casos eacute sobre como efetivamente proteger pessoas contra crimes de atrocidade natildeo somente por meio de instrumentos militares mas com maior frequecircncia com o uso de ferramentas civis Isso jaacute eacute bastante desafiador Ainda mais difiacuteceis satildeo os casos em que as forccedilas estatais estatildeo entre os principais perpetradores Nestas situaccedilotildees como na Liacutebia em 2011 e posteriormente na Siacuteria a preocupaccedilatildeo global central com instrumentos coercitivos (de sanccedilotildees a intervenccedilotildees militares) estaacute relacionada ao

13Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

abuso de poder para fins natildeo-humanitaacuterios e com duacutevidas sobre a sabedoria de atacar um Estado que frequentemente serve de protetor para alguns e cuja derrubada pode resultar em riscos adicionais agraves pessoas O histoacuterico mundial na reconstruccedilatildeo de Estados natildeo eacute suficientemente encorajador para rebater tais preocupaccedilotildees

Protegendo de forma responsaacutevel Salvaguardas contra o Abuso pelas Grandes PotecircnciasApoacutes o caso da Liacutebia intervenccedilotildees militares soacute seratildeo consideradas legiacutetimas se feitas de maneira que novos abusos pelas grandes potecircncias sejam prevenidos9 Nesses casos especiais em que haacute o uso da forccedila sem consentimento ainda paira a sombra do imperialismo Na maior parte do mundo ainda eacute recente a lembranccedila do abuso pelas grandes potecircncias hipocritamente encoberto de valores universais O uso de justificativas humanitaacuterias por alguns poliacuteticos britacircnicos e norte-americanos para a invasatildeo do Iraque em 2003 soacute aprofundou estas preocupaccedilotildees com ldquointervenccedilotildees humanitaacuteriasrdquo assim como o uso de argumentos similares pelos russos para justificar a invasatildeo da Geoacutergia em 2008 e da Ucracircnia em 201410 Este senso de hipocrisia daacute origem a uma das principais razotildees para desconfianccedila sobre o R2P desde que o conceito foi criado

Intervenccedilotildees legiacutetimas natildeo requerem um padratildeo irrealista de consistecircncia ou de motivos puramente altruiacutesticos A proteccedilatildeo requer recursos e aceitaccedilatildeo de riscos e na poliacutetica internacional a inconsistecircncia eacute a regra e natildeo a exceccedilatildeo Estados que fornecem as capacidades e assumem os riscos de proteger na maioria dos casos estaratildeo motivados por mais do que puro altruiacutesmo e suas motivaccedilotildees ndash que comeccedilam pela mobilizaccedilatildeo de seus constituintes ndash variam conforme a situaccedilatildeo Tanto os problemas dos ldquomotivos justosrdquo quanto o de ldquoseletividaderdquo levam corretamente a anaacutelises mais minuciosas do uso da forccedila11 ainda que nenhum destes fatores esteja limitado a intervenccedilotildees de proteccedilatildeo e tratem em geral da coerccedilatildeo no atual sistema internacional12 Mesmo que sejam normativamente relevantes e retoricamente uacuteteis para opor intervenccedilotildees particulares tais argumentos natildeo evitam que a maior parte dos atores internacionais apoie uma intervenccedilatildeo aceita como necessaacuteria e possivelmente efetiva Como ilustrado pelo caso da Liacutebia extrapolou-se o limite quando motivos incompatiacuteveis ndash a remoccedilatildeo forccedilosa de Gaddafi e seu regime sem uma loacutegica convincente relacionada agrave proteccedilatildeo ndash foram vistos como superiores agraves preocupaccedilotildees com proteccedilatildeo13

Protegendo de Forma Efetiva O Que Funciona na Praacutetica

A proteccedilatildeo efetiva natildeo eacute mais faacutecil de garantir do que proteccedilatildeo responsaacutevel Enquanto os casos de sucesso foram poucos e limitados tentativas de engajamento pressotildees e intervenccedilotildees militares frequentemente falharam em proteger ou contribuiacuteram com novas ameaccedilas agraves populaccedilotildees Policymakers e acadecircmicos em todo o mundo admitem que sabem muito pouco sobre a proteccedilatildeo efetiva de pessoas contra crimes de atrocidade Para se avanccedilar nessa finalidade faz-se necessaacuterio tanto desenvolver instrumentos poliacuteticos quanto avaliar riscos e tentar identificar o menor de muitos males em vaacuterias situaccedilotildees diversas e particulares O que seraacute efetivamente necessaacuterio e provaacutevel de

14Global Public Policy Institute (GPPi)

obter sucesso estaacute aberto a debate e a desafios em cada caso e natildeo somente quando haacute o uso da forccedila

Uma anaacutelise dos casos que estudamos mostra as incertezas e ambiguidades envolvidas no processo decisoacuterio da proteccedilatildeo Como no caso do Sudatildeo um processo do Tribunal Penal Internacional contra um chefe de Estado contribuiu para o objetivo da proteccedilatildeo 14A proteccedilatildeo eacute aumentada ou dificultada quando uma crise eacute publicamente rotulada como ldquosituaccedilatildeo de R2Prdquo como no Quecircnia ou em Mianmar15 Se o Estado for um perpetrador de crimes de atrocidade haacute algum caso em que a forccedila militar pode ser usada contra ele sem a intenccedilatildeo de mudar o regime ou sem levar o paiacutes ao caos como na Liacutebia16 Quando e como os peacekeepers da ONU devem tomar partido nos conflitos17

Haacute duacutevidas justificaacuteveis sobre as opccedilotildees de poliacuteticas disponiacuteveis e seus riscos Se comparado aos consideraacuteveis esforccedilos para promover o R2P como princiacutepio muito pouco estaacute voltado para descobrir e avaliar tais escolhas difiacuteceis a fim de colocar a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade em praacutetica

A Controveacutersia Mais Profunda a Forccedila Pode ProtegerEnquanto governos ativistas na sociedade civil e representantes da ONU que trabalham com R2P haacute muito tempo tendem a enfatizar taticamente as aacutereas consensuais a maior controveacutersia internacional se refere agrave intervenccedilatildeo militar e ao uso da forccedila para proteccedilatildeo Um debate mais construtivo e autocriacutetico eacute essencial para possibilitar um sistema de proteccedilatildeo mais efetivo e responsaacutevel no futuro e tal debate deve tratar da eficaacutecia do uso da forccedila na proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade suas chances de causar mais resultados positivos do que negativos e seus sucessos e fracassos no passado18 Esse debate natildeo eacute somente relevante nos casos relativamente raros de intervenccedilatildeo militar jaacute que a forccedila e a coerccedilatildeo satildeo parte de uma variedade maior de estrateacutegias de proteccedilatildeo como as sanccedilotildees e as operaccedilotildees de paz Mesmo as ferramentas puramente diplomaacuteticas ou civis satildeo frequentemente vistas como passos que podem escalar o uso da forccedila

Os debates sobre o uso da forccedila ao inveacutes de darem ecircnfase aos meacuteritos e riscos possiacuteveis das diferentes escolhas tecircm se expressado em termos de crenccedilas vagas sobre a eficaacutecia da forccedila militar ajudar a atingir os objetivos poliacuteticos Nos debates analisados encontramos um contraste notaacutevel entre as referecircncias limitadas a estudos estrateacutegicos sobre a utilidade da forccedila nos conflitos modernos e a convicccedilatildeo com a qual os governos apresentam suas opiniotildees sobre este mesmo assunto

Na ldquoausecircncia de doutrina militar e anaacutelise [para proteccedilatildeo de civis]rdquo19 como admitido por um ex-funcionaacuterio do Pentaacutegono (mesmo para o caso dos Estados Unidos) policymakers tendem a se dividir em dogmas fundamentais das suas culturas estrateacutegicas nacionais20 As comunidades estrateacutegicas de alguns paiacuteses satildeo mais otimistas de que o uso da forccedila pode obter bons resultados como forma de proteccedilatildeo a civis enquanto outros satildeo majoritariamente pessimistas e tendem a acreditar que a aplicaccedilatildeo da forccedila militar pioraria a situaccedilatildeo21

Apesar da incerteza inerente a cada crise os atores em cada lado dessa divisatildeo apresentam suas crenccedilas com firmeza frequentemente em termos de truiacutesmos ndash ldquoSoacute pode haver uma soluccedilatildeo poliacuteticardquo 22 ou ldquonatildeo haacute futuro para a Liacutebia Siacuteria com Gaddafi Assad no poderrdquo23 Esses satildeo apenas dois posicionamentos proeminentes que natildeo satildeo

15Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

capazes de reconhecer a realidade complexa de qualquer crise Dessa forma eles convidam a uma troca muacutetua de estereoacutetipos ao inveacutes de uma discussatildeo construtiva Os resultados tecircm sido previsiacuteveis reaccedilotildees antiocidentais no Sul (ldquoeles soacute querem invadir nossos paiacutesesrdquo) e anti-Sul por parte do Ocidente (ldquoeles sempre se juntam a seus colegas ditadoresrdquo) Ambas as partes tentam fazer uso do discurso de responsabilidade para justificar seus pontos de vista ldquoAssumir a responsabilidaderdquo outrora significava assumir riscos e accedilotildees militares caras ateacute que o Brasil desafiou o monopoacutelio intervencionista sobre o termo24

Este contraste entre conhecimento e convicccedilatildeo fica aparente em muitos debates nebulosos sobre peacekeeping tal como a conduccedilatildeo da crise na Costa do Marfim pela ONU em 2010-2011 mas foi mais claramente colocado em debate a forma como Estados Unidos Franccedila e Reino Unido lideraram a intervenccedilatildeo de 2011 na Liacutebia Diplomatas brasileiros experientes por exemplo questionaram a justificativa de uma accedilatildeo militar para uma mudanccedila no regime argumento que nunca foi explicitado por americanos franceses e britacircnicos Por que natildeo cessar os ataques uma vez que as ameaccedilas imediatas agrave populaccedilatildeo civil jaacute haviam sido eliminadas e as forccedilas de Gaddafi jaacute natildeo avanccedilavam mais e desta forma forccedilar todas agraves partes a negociar Que responsabilidade a coalisatildeo intervencionista assumiu pelas accedilotildees de seus aliados de fato em terra as forccedilas rebeldes liacutebias Como a coalisatildeo intervencionista equilibrou os riscos e recompensas das diferentes escolhas estrateacutegicas e por que exatamente ldquonatildeo era possiacutevel imaginar um futuro com Gaddafi no poderrdquo como argumentado por Obama Cameron e Sarkozy no jornal The New York Times25Houve questionamentos similares sobre as sugestotildees de intervenccedilatildeo militar na Siacuteria A ausecircncia de respostas convincentes provavelmente teve um papel muito importante no arquivamento de uma seacuterie de planos para intervenccedilotildees unilaterais ao longo dos anos

O que parece ser um otimismo infundado de que a forccedila seria capaz de atingir objetivos poliacuteticos daacute origem a um desconforto difundido em muitas partes do mundo e que vai aleacutem do objetivo especifico de proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade A invasatildeo do Iraque liderada pelos EUA em 2003 se desdobrou em grandes debates como um exemplo de escolha irresponsaacutevel por uma potecircncia hegemocircnica que tende a instruir outros paiacuteses sobre lideranccedila global responsaacutevel Isso tambeacutem eacute um lembrete valioso de que mesmo a maior forccedila militar do globo eacute claramente incapaz de forccedilar a construccedilatildeo efetiva de uma nova ordem poliacutetica com consequecircncias traacutegicas para milhares de pessoas natildeo soacute no Iraque

Ainda assim durante as crises na Costa do Marfim na Liacutebia em 2011 e na Repuacuteblica Centro-Africana em 2014 o Conselho de Seguranccedila estava pronto para legitimar intervenccedilotildees militares ldquoconforme cada casordquo como foi sugerido pela Cuacutepula Mundial Em cada um desses casos emergiram grandes maiorias que priorizaram a necessidade de accedilatildeo militar em relaccedilatildeo agrave ampla preocupaccedilatildeo com a manutenccedilatildeo da soberania estatal seja atraveacutes de voto a favor no Conselho de Seguranccedila de abstenccedilatildeo para permitir que resoluccedilotildees passassem (como Ruacutessia e China no caso da Liacutebia) ou de apoio financeiro militar ou poliacutetico em outros foacuteruns de discussatildeo

Eacute possiacutevel que haja uma janela de oportunidades surgindo para um debate poliacutetico mais detalhado e criacutetico sobre a eficaacutecia da forccedila militar na proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade Tais debates estatildeo tratando dos objetivos diferentes mas relacionados da luta contra insurgentes e redes terroristas Em ambos os casos haacute uma discussatildeo ponderada nos ciacuterculos militares e policiais assim como em grandes meios

16Global Public Policy Institute (GPPi)

de comunicaccedilatildeo sobre questotildees como execuccedilotildees especiacuteficas de terroristas suspeitos ou taacuteticas de contra-insurgecircncia centradas na populaccedilatildeo

Outro debate similar e criacutetico precisa ser colocado em questatildeo em relaccedilatildeo agrave forccedila e a proteccedilatildeo Ele pode ser construiacutedo a partir de uma tendecircncia recente na direccedilatildeo de mais engajamento com os resultados e meios praacuteticos do uso da forccedila militar para proteccedilatildeo Sociedades e comunidades estrateacutegicas nos EUA Reino Unido e Franccedila mostraram sinais de cansaccedilo em relaccedilatildeo a intervenccedilotildees em geral e particularmente agraves unilaterais Ao mesmo tempo alguns dos defensores mais leais da restriccedilatildeo militar reflexiva ndash como China Brasil e Alemanha ndash comeccedilaram a considerar em determinados casos argumentos a favor da accedilatildeo militar para proteccedilatildeo de civis 26Tanto defensores quanto ceacuteticos da proteccedilatildeo militar se beneficiaratildeo ao forccedilar mais nuances nesses debates Por um lado a demanda por especificidades protegeraacute contra o uso abusivo da autoridade humanitaacuteria para fins escusos Por outro mais transparecircncia ajudaraacute na defesa contra reclamaccedilotildees de abuso Esse debate deve considerar as contribuiccedilotildees acadecircmicas recentes27 mas encontraraacute ferramentas mais especiacuteficas e fundamentais em conceitos poliacuteticos estabelecidos como na doutrina da ONU para proteccedilatildeo de civis e as tentativas dos militares norte-americanos de desenvolver orientaccedilotildees conceituais para ldquooperaccedilotildees de resposta a atrocidades em massardquo28

17Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Se as principais controveacutersias globais sobre a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade envolvem (1) o medo do uso abusivo de argumentos humanitaacuterios e (2) como proteger de forma efetiva quais satildeo as opccedilotildees para melhorar as soluccedilotildees globais de proteccedilatildeo O ponto de partida deve ser o reconhecimento de que a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade como um desafio poliacutetico complexo e natildeo somente como algo paliativo enquanto tenta-se resolver um conflito poliacutetico de maiores dimensotildees Qualquer estrateacutegia de proteccedilatildeo deve ser preparada primeiramente a fim de influenciar os caacutelculos poliacuteticos e militares dos perpetradores e deve levar em consideraccedilatildeo os limites de influecircncias externas sobre eventos domeacutesticos Os atores locais tecircm o maior controle sobre a dinacircmica da violecircncia e eacute difiacutecil prever o efeito dominoacute causado pelas accedilotildees externas O foco no curto prazo do conceito de ldquoresposta raacutepida saiacuteda raacutepidardquo eacute portanto um ato irresponsaacutevel quase independente de contexto mesmo que accedilotildees raacutepidas frequentemente sejam necessaacuterias poliacuteticos ativistas jornalistas e acadecircmicos precisam prestar mais atenccedilatildeo agraves poliacuteticas de longo prazo e a seus planejamentos para que sejam adaptadas agraves mudanccedilas

Com base em nossos resultados e anaacutelise apontamos opccedilotildees poliacuteticas para governos a ONU e organizaccedilotildees regionais aleacutem da miacutedia e da sociedade civil com o intuito de melhorar a credibilidade das ferramentas existentes ao fazer com que seu uso na proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade seja menos vulneraacutevel ao abuso e tenha resultados mais efetivos Comeccedilamos com a necessidade de garantir informaccedilotildees e anaacutelises criacuteveis sobre as situaccedilotildees em que crimes de atrocidade satildeo cometidos Depois oferecemos algumas sugestotildees para o fortalecimento das ferramentas disponiacuteveis aos civis para prevenccedilatildeo e resposta a atrocidades e para que as operaccedilotildees de paz da ONU melhorem a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade Depois indicamos opccedilotildees de reforma importantes para o processo decisoacuterio coletivo sobre accedilotildees militares e terminamos enfatizando a necessidade de um aprendizado contiacutenuo e colaborativo sobre as ferramentas para prevenccedilatildeo de atrocidades

Reduzindo a Vulnerabilidade das Fontes de Informaccedilatildeo perante Acusaccedilotildees de ParcialidadeAntes mesmo de comeccedilar a considerar formas de lidar com futuras ou atuais atrocidades o mundo precisa chegar a um consenso sobre o que estaacute acontecendo em cada situaccedilatildeo Atualmente a disponibilidade de informaccedilatildeo sobre situaccedilotildees especiacuteficas de crises natildeo eacute mais o principal desafio para que accedilotildees de mobilizaccedilatildeo aconteccedilam

Opccedilotildees Poliacuteticas para Proteccedilatildeo Mais Efetiva e Responsaacutevel

18Global Public Policy Institute (GPPi)

Ainda assim acreditamos que um desafio crucial para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade eacute a acusaccedilatildeo de parcialidade sobre o tipo e a interpretaccedilatildeo das informaccedilotildees sobre atrocidades fornecidas por governos pela miacutedia ou por grupos da sociedade civil A confianccedila nos Estados dominantes e nas instituiccedilotildees internacionais encontra-se em niacuteveis tatildeo baixos que mesmo os casos de atrocidades bem documentados como o ocorrido em Darfur foram considerados por alguns como propaganda intervencionista29

Essa desconfianccedila estaacute na maior parte das vezes direcionada a fontes relacionadas ao ldquoOcidenterdquo Fontes financiadas lideradas ou com suas sedes em paiacuteses ocidentais frequentemente satildeo as mais acessiacuteveis natildeo soacute pelas elites poliacuteticas em capitais longiacutenquas mas tambeacutem por paineacuteis de especialistas e investigaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas em paiacuteses em que natildeo haacute extensiva presenccedila de campo da ONU Quando as fontes locais de informaccedilatildeo claramente natildeo satildeo criacuteveis como na Siacuteria jornalistas tecircm acesso restrito a aacutereas violentas e por algumas vezes todas as outras fontes relevantes vecircm de organizaccedilotildees com sede no Ocidente de organizaccedilotildees locais da sociedade civil que dependem de ajuda ocidental ou de financiamento externo e que tecircm uma temaacutetica antigovernamental especiacutefica ou ainda de profissionais ocidentais que trabalham para a ONU30 Por exemplo o governo chinecircs frequentemente enfatiza que a identificaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo internacional de abusos aos direitos humanos no exterior eacute excessivamente dependente de informaccedilotildees ocidentais e pediu para que houvesse sistemas de alerta precoce mais imparciais31 Especialistas indianos dizem que o desafio natildeo eacute a disponibilidade de informaccedilatildeo mas ldquoa interpretaccedilatildeo e o vieacutes que lhe eacute dadordquo32

Grupos de ativistas e a miacutedia tecircm incentivos para simplificar as narrativas e portanto eacute prudente ter um ceticismo saudaacutevel perante as acusaccedilotildees de atrocidades hediondas Ao mesmo tempo presumir que a verdade estaacute no meio-termo de todas as posiccedilotildees seria permitir que propaganda e maacute informaccedilatildeo determinassem o caminho a seguir Criticar realisticamente as fontes requer engajamento com a informaccedilatildeo em si e natildeo apenas a insinuaccedilatildeo de agendas poliacuteticas com base puramente na localizaccedilatildeo geograacutefica financiamento ou educaccedilatildeo

A fim de oferecer um debate melhor informado sobre potenciais crimes de atrocidade as empresas de comunicaccedilatildeo e filantropos principalmente em potecircncias emergentes devem investir em fontes de informaccedilatildeo e anaacutelise independentes e criacuteveis sobre conflitos e direitos humanosAs alegaccedilotildees de parcialidade (sejam a favor ou contra os governos ou outros atores) crescem quando haacute uma escassez de fontes Aqueles que criticam as fontes de informaccedilatildeo existentes satildeo os que sabem melhor qual fonte de financiamento ou de influecircncia teraacute mais credibilidade portanto eacute dever destas pessoas investir adequadamente Se haacute suspeitas sobre as fontes ocidentais de informaccedilatildeo por parte de governos e elites poliacuteticas fora do Ocidente essas podem ajudar a diversificar a base de apoio para ONGs ativistas e redes de informaccedilotildees globais jaacute existentes ou ateacute mesmo investir em plataformas alternativas de monitoramento e anaacutelise baseadas nos mais altos padrotildees de integridade jornaliacutestica Por enquanto com raras exceccedilotildees o investimento em miacutedias livres e acesso agrave informaccedilatildeo natildeo parece ser uma prioridade entre as elites empresariais emergentes mesmo em potecircncias emergentes democraacuteticas Por outro

19Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

lado agecircncias de notiacutecia estatais frequentemente tecircm dificuldade para estabelecer uma reputaccedilatildeo de integridade jornaliacutestica Satildeo raros os grandes investimentos no relato de crises humanitaacuterias tais como recentemente feito pela Fundaccedilatildeo Jynwel com sede em Hong Kong na agora independente organizaccedilatildeo de noticias IRIN33 Organizaccedilotildees de defesa podem contribuir com a reduccedilatildeo das alegaccedilotildees de parcialidade ao natildeo exporem situaccedilotildees de conflito como se fossem preto-no-branco e ao serem transparentes sobre quem as financiam e apoiam Se apresentarem uma extensa lista de notas e fontes em seus relatoacuterios como feito regularmente pelo International Crisis Group e pela Human Rights Watch eacute dever dos criacuteticos se engajar com essas fontes com base nos fatos

Fortalecer e diversificar as informaccedilotildees sobre os riscos de crimes de atrocidade em massa tambeacutem pode significar estabelecer organizaccedilotildees de sociedade civil regionais dedicadas agrave pesquisa criacutevel e confiaacutevel sobre a prevenccedilatildeo de atrocidades Se verdadeiramente baseadas em sociedades locais tais grupos teriam mais acesso a grupos nacionais e regionais de sociedade civil do que as organizaccedilotildees globais com sede em Nova York ou Genebra Consequentemente suas informaccedilotildees e argumentos mais provavelmente obteriam credibilidade poliacutetica a niacutevel global No curto prazo a massa criacutetica necessaacuteria a esses centros da sociedade civil provavelmente seraacute alcanccedilada na Europa ou na Aacutefrica mas a Ameacuterica Latina (com sua iacutempar accedilatildeo ldquoRede Latino-Americana de Prevenccedilatildeo ao Genociacutedio e Atrocidades em Massardquo a niacutevel governamental) e a Aacutesia tambeacutem podem se desenvolver rapidamente

Os Estados membros a sociedade civil e as organizaccedilotildees regionais devem melhorar as capacidades da ONU de coletar informaccedilotildees e desvendar fatos sobre desafios agrave proteccedilatildeo ao oferecer assistecircncia logiacutestica funcionaacuterios a curto-prazo e fontes locais de informaccedilatildeo Ao mesmo tempo em que organizaccedilotildees regionais satildeo cada vez mais capazes de influenciar o entendimento global sobre suas partes do mundo a sua imparcialidade eacute apenas tatildeo criacutevel quanto a das potecircncias regionais que lideram as suas deliberaccedilotildees As Naccedilotildees Unidas natildeo podem entretanto sempre responder sozinhas agraves demandas por informaccedilotildees imparciais e criacuteveis sobre riscos de atrocidade Os mecanismos das Naccedilotildees Unidas frequentemente dependem tanto de fontes governamentais e privadas devido agrave necessidade de agir rapidamente quanto sofrem com a falta de acesso proacuteprio e independente aos locais de risco Aleacutem disso a ONU tambeacutem jaacute esteve sujeita agrave autocensura e foi forccedilada a romper compromissos poliacuteticos34

Todos os Estados membros da ONU precisam fortalecer os mecanismos de coleta de informaccedilatildeo da instituiccedilatildeo suas comissotildees de inqueacuterito e outros oacutergatildeos correlatos Por exemplo sempre que uma violecircncia em massa comeccedila conforme definido pelo Secretaacuterio Geral a ONU deveraacute enviar uma missatildeo para desvendar os fatos a fim de informar melhor as discussotildees no Conselho de Seguranccedila Isso poderaacute ser baseado em um grupo permanente de especialistas preacute-selecionados e deveraacute envolver as agecircncias da ONU relevantes ao tema especialmente o Escritoacuterio de Coordenaccedilatildeo de Assuntos Humanitaacuterios O Alto Comissariado para Direitos Humanos o Conselheiro Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedios e o Departamento de Assuntos Poliacuteticos35 Estados membros devem contribuir tanto com financiamento quanto com especialistas

20Global Public Policy Institute (GPPi)

treinados para essas missotildees O estabelecimento de regras para a contrataccedilatildeo de pessoal poderia ajudar a deixar processos de seleccedilatildeo o mais transparentes possiacutevel e desta forma melhorar a credibilidade e imparcialidade da descoberta de fatos pela ONU36

Estados membros tambeacutem podem ajudar as Naccedilotildees Unidas na implementaccedilatildeo de sua iniciativa ldquoHuman Rights Up Frontrdquo (em portuguecircs ldquoDireitos Humanos Antes de Tudordquo) atraveacutes do qual o Secretariado estaacute criando um sistema simplificado de gerenciamento de informaccedilotildees para tudo que eacute coletado pelas muitas partes do sistema ONU combinando dados jaacute existentes sobre proteccedilatildeo humanitaacuteria proteccedilatildeo dos direitos humanos proteccedilatildeo de mulheres em conflitos armados e proteccedilatildeo de crianccedilas37 Os Estados membros podem dar apoio agrave ONU ao incluir mais informaccedilotildees de atores bilaterais no local desde que a ONU faccedila os investimentos necessaacuterios para o tratamento de dados sensiacuteveis proteccedilatildeo a testemunhas e referecircncias38

Usando Ferramentas Diplomaacuteticas e Civis De Forma Antecipada Justa e EstrateacutegicaApesar das diferenccedilas em ecircnfases retoacutericas haacute um consenso universal que as atrocidades devem ser prevenidas pelo uso antecipado e sustentaacutevel de uma variedade de ferramentas civis disponiacuteveis agrave comunidade internacional Estatildeo incluiacutedas a diplomacia a mediaccedilatildeo e as missotildees poliacuteticas assim como as sanccedilotildees a justiccedila criminal internacional as accedilotildees humanitaacuterias e as ferramentas de peacebuilding apoacutes crises dentre elas a reconstruccedilotildees das instituiccedilotildees estatais e do Estado de direito

Desde os anos 90 a comunidade internacional aprendeu liccedilotildees importantes sobre o uso dessas ferramentas e vem caminhando para desenvolvecirc-las ainda mais Satildeo visiacuteveis os sucessos na diplomacia preventiva como o ocorrido durante a crise poacutes-eleiccedilotildees no Quecircnia em 200839 quando um negociador de alto niacutevel liderou as conversas tendo apoio politico de oacutergatildeos regionais e de todos os membros do Conselho de Seguranccedila expertise da ONU e engajamento da sociedade civil Ao longo dos uacuteltimos 10 anos houve uma significativa expansatildeo das capacidades de negociaccedilatildeo dentro da ONU e das organizaccedilotildees regionais Missotildees poliacuteticas no Timor Leste ou na Guineacute-Bissau podem ter evitado uma nova onda de violecircncia nesses locais40 Sanccedilotildees seletivas provavelmente ajudaram a controlar pessoas que poderiam atrapalhar as primeiras fases do processo de peacebuilding na Libeacuteria Costa do Marfim e Serra Leoa41 O Tribunal Penal Internacional processou e condenou seus primeiros casos e apoiou importantes reformas nos sistemas de justiccedila criminal em muitos paiacuteses42

Ainda assim a comunidade internacional em inuacutemeras vezes natildeo fez uso das ferramentas civis disponiacuteveis de forma antecipada decisiva e sustentaacutevel O consenso que parece existir para o uso de ferramentas civis antecipadamente e como prioridade se desfaz assim que decisotildees poliacuteticas e priorizaccedilatildeo se fazem necessaacuterias Mudar isso eacute difiacutecil Requer ir aleacutem das caricaturas comuns que culpam apenas os paiacuteses ocidentais por investir pouco ou as potecircncias natildeo-ocidentais por repelir as tentativas de influenciar ou pressionar perpetradores e seus cuacutemplices Natildeo soacute as prioridades e interesses competitivos existem de todos os lados mas o desafio tambeacutem eacute marcado pela profunda incerteza sobre como e quando usar tais ferramentas com quais atores e em qual espaccedilo Natildeo haacute uma soluccedilatildeo uacutenica e faacutecil para prevenccedilatildeo resposta ou recuperaccedilatildeo efetiva

21Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Nosso foco eacute em medidas de curto prazo voltadas para os civis em situaccedilotildees em que haacute alta probabilidade ou jaacute haacute ocorrecircncia de atrocidades 43Descobrimos que haacute quatro aacutereas que devem ser especialmente observadas

Os atores (em particular potecircncias emergentes) que mais pedem por diplomacia ferramentas civis e prevenccedilatildeo antecipada precisam traduzir seu compromisso retoacuterico em vontade poliacutetica e os investimentos necessaacuterios em capacidades e ideiasIr aleacutem da retoacuterica sobre prevenccedilatildeo requer vontade poliacutetica para fazer disso uma prioridade Com muita frequecircncia a prevenccedilatildeo contra crimes de atrocidade vai de encontro a outros objetivos poliacuteticos em uma determinada situaccedilatildeo de crise Algumas vezes esses interesses e prioridades estatildeo em extremos opostos No Sri Lanka por exemplo o governo conseguiu alavancar a imensa preocupaccedilatildeo internacional com o contraterrorismo para evitar pressotildees em relaccedilatildeo aos crimes de guerra perpetrados durante o conflito contra os Tigres de Libertaccedilatildeo do Tacircmil Eelam (LTTE) no comeccedilo de 200944 Em Darfur a accedilatildeo diplomaacutetica internacional para acabar com os crimes de atrocidade teve de competir com a prioridade para um acordo de paz na longa guerra civil Norte-Sul no Sudatildeo e com a colaboraccedilatildeo antiterrorista do governo sudanecircs45

Todavia mesmo com a ausecircncia de grandes interesses conflitantes haacute um espaccedilo entre o apoio abstrato para a proteccedilatildeo de populaccedilotildees contra crimes de atrocidade e a vontade poliacutetica de agir dispor-se financeiramente e assumir riscos proporcionais Um exemplo recente de quando investimentos deveriam ter sido feitos antes e de forma mais substancial eacute o Sudatildeo do Sul ndash uma crise que tambeacutem demonstra como as categorias ldquoocidentaisrdquo contra os ldquodemaisrdquo natildeo satildeo uacuteteis na anaacutelise das posiccedilotildees dos paiacuteses sobre proteccedilatildeo Por motivos diversos tanto os Estados Unidos quanto a China apoiaram fortemente o governo de Salva Kiir ignorando sinais importantes ateacute que essa se tornou uma das facccedilotildees combatentes na nova guerra civil do Sudatildeo do Sul46 Na Repuacuteblica Centro-Africana investimentos preacutevios nas iniciativas legais e nas reformas no setor de seguranccedila poderiam ter sido capazes de evitar que o paiacutes atingisse a atual escala de violecircncia47

Como esses e outros exemplos revelam haacute um grande descompasso entre a retoacuterica que demanda mais ldquosoluccedilotildees poliacuteticas e diplomaacuteticasrdquo ndash como constantemente enfatizado por China Ruacutessia Iacutendia Brasil Aacutefrica do Sul (e tambeacutem pela Alemanha e pela Uniatildeo Europeia) ndash e os recursos poliacuteticos e materiais investidos na busca por tais soluccedilotildees Colocar em praacutetica essas ldquosoluccedilotildees poliacuteticasrdquo requer ao mesmo tempo declaraccedilotildees ocasionais e o estabelecimento de capacidades institucionais para o monitoramento dos direitos humanos monitoramento de longo prazo das eleiccedilotildees mediaccedilatildeo e apoio de pessoas com experiecircncia secircnior que possam ser rapidamente acionadas e a construccedilatildeo de instituiccedilotildees nos setores de justiccedila seguranccedila e correlatas normalmente envolvidas com missotildees poliacuteticas da ONU e de organizaccedilotildees regionais Similarmente o uso de ferramentas coercitivas como sanccedilotildees requer tanto a tomada de decisotildees difiacuteceis quanto investimentos e iniciativas para planejar criativamente e melhorar estas ferramentas a fim de que sejam de fato seletivas justas e legalmente soacutelidas ndash em outras palavras que minimizem os riscos de afetarem as pessoas erradas

22Global Public Policy Institute (GPPi)

de acordo com princiacutepios baacutesicos do direito O Tribunal Penal Internacional precisa do comprometimento poliacutetico e da ratificaccedilatildeo do Estatuto de Roma por algumas das naccedilotildees mais poderosas do mundo Tambeacutem precisa de recursos para continuar acompanhando seus casos No miacutenimo tanto as potecircncias emergentes quanto as jaacute estabelecidas precisam melhorar sua assistecircncia humanitaacuteria para aqueles que fogem da violecircncia Por exemplo Estados membros da ONU cederam menos de 50 por cento dos fundos necessaacuterios para a resposta humanitaacuteria na Siacuteria deixando milhares de pessoas necessitadas em 201448

Os governos devem priorizar a detenccedilatildeo e julgamento dos perpetradores de crimes de atrocidade em suas jurisdiccedilotildees Aleacutem das dificuldades poliacuteticas de se lidar com perpetradores que estatildeo no poder como na Siacuteria ou com perpetradores que estatildeo fora do alcance de Estados falidos como na Repuacuteblica Centro-Africana todos os governos podem fazer mais para sancionar ou julgar esses perpetradores por crimes de atrocidade que de alguma forma estejam em suas jurisdiccedilotildees Prevenir e dar respostas aos crimes de atrocidade significa lidar com as motivaccedilotildees e capacidades de perpetradores individuais antes que cometam crimes Tambeacutem significa puni-los por seus atos49 Aqueles que mantecircm seu dinheiro em bancos multinacionais podem estar sujeitos ao congelamento de seus ativos estejam nos bancos na Europa ou na Aacutesia Aqueles que viajam estatildeo sujeitos agrave recusa de vistos e impedimentos de viagem de modo a impactar suas accedilotildees antes de cometerem ou enquanto cometem atrocidades Leis existentes como nos Estados Unidos permitem que imigrantes sejam deportados se houver provas que os liguem a genociacutedios Paiacuteses podem buscar pessoas procuradas pelo Tribunal Penal Internacional e mudar suas leis ou designar forccedilas policiais para processar os piores crimes de atrocidade independentemente dos locais em que foram cometidos

Com muita frequecircncia a falta de atenccedilatildeo e vontade poliacutetica permite que perpetradores vivam livres e confortavelmente apoacutes terem cometido atrocidades ou ateacute mesmo organizar financiar e apoiar atrocidades em andamento mesmo estando no exterior Isso aconteceu com diversos liacutederes das Forccedilas Democraacuteticas Para a Libertaccedilatildeo de Ruanda (FDLR) um grupo miliciano operando no Congo Eles viveram sem problemas na Alemanha durante quase uma deacutecada antes de serem presos e julgados50 Os Estados Unidos apesar de sua recusa em ratificar o Estatuto de Roma recentemente serviu de exemplo ao aumentar seus esforccedilos na procura por suspeitos de crimes de guerra que moram no paiacutes e ao desenvolver propostas que permitem o uso das leis de imigraccedilatildeo para fazer com que perpetradores de atrocidades paguem por seus crimes51

Poliacuteticos devem dar prioridade ao comportamento atual ao avaliar a legitimidade de atores e julgar todos os atores de um conflito pelos mesmos padrotildees Soacute porque em determinado momento haacute um grupo claramente identificaacutevel como perpetrador de atrocidades natildeo significa que outros grupos sejam e continuaratildeo sendo inocentes de tais atos Violecircncia gera mais violecircncia jaacute que grupos ameaccedilados

23Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

se defendem e continuam combatendo o inimigo A Liacutebia eacute um bom exemplo disso Na primavera de 2011 identificar corretamente o regime de Gaddafi como responsaacutevel por crimes de atrocidade foi a decisatildeo correta ndash mas natildeo evitou que os rebeldes cometessem crimes similares posteriormente previsivelmente em alguns grupos tornando quem os apoiava militarmente cuacutemplices De forma similar em 2014 apoiar as forccedilas curdas Peshmerga era a uacutenica forma de prevenir um massacre contra os Yazidis no Iraque ndash mas aqueles que deram apoio natildeo deveriam silenciar-se perante as posteriores mortes em represaacutelia

A escolha de grupos especiacuteficos como aliados eacute facilmente entendida como arbitraacuteria quando o comportamento atual natildeo justifica apoio internacional Um dos argumentos conflitantes de legitimidade poliacutetica acontece quando atores externos escolhem seus aliados locais de forma inconsistente com suas accedilotildees (algumas vezes favorecendo o regime incumbente) e tal escolha eacute facilmente vista como hipoacutecrita52 Poliacuteticos tambeacutem estatildeo vulneraacuteveis a tais acusaccedilotildees quando satildeo seletivos sobre suas criacuteticas a poderes regionais que armam ou apoiam grupo rebeldes como no caso do silecircncio ocidental sobre o envolvimento da Araacutebia Saudita na Siacuteria

Defensores do R2P e da prevenccedilatildeo de atrocidades em governos ou na sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando pedir a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes

No que diz respeito agrave diplomacia preventiva defensores do R2P e da prevenccedilatildeo contra atrocidades incluindo governos e a sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando e como pedem a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes Em algumas situaccedilotildees o Conselho pode deixar a mediaccedilatildeo mais difiacutecil ao elevar o niacutevel de visibilidade poliacutetica de uma crise Ele pode ajudar mediadores ao dar-lhes mais peso um senso de urgecircncia incentivos e desincentivos (ex com sanccedilotildees seletivas proibiccedilotildees de viagem congelamento de ativos embargo de armas investigaccedilotildees estabelecimento de uma missatildeo poliacutetica) Mas em algumas situaccedilotildees pressatildeo internacional vinda dos mais altos niacuteveis que inclui o papel do Conselho de Seguranccedila pode ser contraproducente Isso pode reforccedilar a urgecircncia de um governo em terminar a guerra a todos os custos como no caso do Sri Lanka no comeccedilo de 200953 ou complicar as negociaccedilotildees para acesso humanitaacuterio como em Mianmar em maio de 200854 Em particular quando os casos lidam com governos que jaacute vecircm sendo excluiacutedos da comunidade internacional foacuteruns e canais mais discretos podem ser mais efetivos na tentativa de influenciar mudanccedilas de comportamento

Possibilitando que as Missotildees de Paz da ONU Ofereccedilam Proteccedilatildeo CriacutevelO peacekeeping eacute um sistema com grande legitimidade global que jaacute evita abusos e comeccedilou a dar ecircnfase agrave Proteccedilatildeo de Civis (PoC) em muitas de suas operaccedilotildees A composiccedilatildeo global e o controle rigoroso por parte do Conselho de Seguranccedila deixa as operaccedilotildees de paz muito mais aceitaacuteveis que qualquer outro instrumento como notavelmente o uso da

24Global Public Policy Institute (GPPi)

forccedila por terceiros segundo um mandato do Conselho de Seguranccedila55 Ao mesmo tempo o peacekeeping soacute eacute capaz de lidar com um nuacutemero limitado de desafios agrave proteccedilatildeo a ausecircncia de mecanismos raacutepidos e efetivos de mobilizaccedilatildeo de implementaccedilatildeo faz com que seja impossiacutevel para peacekeepers da ONU responder a ameaccedilas iminentes de crimes de atrocidade e os requerimentos legais e praacuteticos da colaboraccedilatildeo com o governo local limitam uma accedilatildeo efetiva contra os perpetradores dos crimes de atrocidade que sejam parte ou que recebam apoio do governo Mesmo quando os peacekeepers estavam presentes enquanto crimes de atrocidade eram praticados como na Costa do Marfim em 2011 e no Sudatildeo do Sul em 2013 qualquer prevenccedilatildeo efetiva foi ilusoacuteria E onde uma reaccedilatildeo imediata natildeo obteve sucesso os desafios da proteccedilatildeo efetiva contra crimes em andamento rapidamente excedeu a capacidade dos boinas azuis

As vaacuterias maneiras em que as operaccedilotildees de paz poderiam melhor proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade ao estabelecer capacidades reduzir vulnerabilidade (ldquoproteccedilatildeo indiretardquo) e defender contra perpetradores (ldquoproteccedilatildeo diretardquo) jaacute foram explicitadas em outras oportunidades56 Atingir pelo menos um niacutevel moderado de ambiccedilatildeo para que peacekeepers protejam populaccedilotildees contra crimes de atrocidade requereria investimentos adicionais em capacidade doutrina e treinamento Tambeacutem seria necessaacuteria uma anaacutelise mais seacuteria sobre como combinar de forma efetiva o uso do peacekeeping com instrumentos poliacuteticos

O Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz a lideranccedila da missatildeo e os paiacuteses colaboradores precisam informar de forma modesta e transparente os limites das capacidades da ONU na proteccedilatildeo de civis

O comprometimento bem-vindo e necessaacuterio do Conselho de Seguranccedila com a proteccedilatildeo levou a um nuacutemero excessivo de promessas57 que aumentaram a lacuna entre as expectativas locais e a capacidade das missotildees Quando um mandato para milhares de peacekeepers eacute estabelecido com grande alvoroccedilo mas somente uma fraccedilatildeo chega seis meses depois como no Sudatildeo Sul apoacutes o iniacutecio da uacuteltima guerra civil em dezembro de 2013 ou como quando os peacekeepers se recusaram a tomar medidas enquanto crimes de atrocidade eram cometidos nas redondezas (devido ou natildeo ao apoio ou lideranccedila inadequados) como visto recentemente na RDC ou no Sudatildeo pessoas que se reuacutenem ao redor da bandeira azul na esperanccedila de proteccedilatildeo se tornam mais vulneraacuteveis ao perigo do que se estivessem em outro local De forma geral populaccedilotildees ameaccediladas estatildeo em situaccedilotildees melhores com os peacekeepers do que sem eles mas ainda assim a credibilidade das Naccedilotildees Unidas eacute afetada nestes casos58

Tanto a proteccedilatildeo efetiva quanto a responsaacutevel exigem uma comunicaccedilatildeo honesta e transparente com o puacuteblico e com o Conselho de Seguranccedila sobre as capacidades de cada missatildeo e de cada contingente aleacutem da sua disponibilidade para assumir riscos Quando os diplomatas do Conselho criarem ou derem nova autorizaccedilatildeo a outro ambicioso mandato para a proteccedilatildeo de civis eles precisam ser formalmente informados das capacidades e requerimentos que seratildeo necessaacuterios

25Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

A proteccedilatildeo por parte dos peacekeepers requer um salto de qualidade das contribuiccedilotildees para as operaccedilotildees dos boinas azuis e isso exige que o Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz as tropas a poliacutecia e os colaboradores financeiros encontrem uma divisatildeo do trabalho mais justa e equilibradaO equiliacutebrio fraacutegil entre aqueles que contribuem com tropas (em sua maioria da Aacutefrica e da Aacutesia) financiadores (em sua maioria da Europa e Ameacuterica do Norte) e os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila da ONU que emitem mandatos estaacute proacuteximo de se desfazer A insustentaacutevel divisatildeo de trabalho em peacekeeping natildeo eacute uma questatildeo dos ocidentais contra os demais Muitos paiacuteses africanos cansados dos muitos anos de tentativas frustradas de instauraccedilatildeo da paz no continente pelas potecircncias externas cada vez mais requerem e apoiam o uso de forccedila militar para proteger civis e conceder mais tempo para as negociaccedilotildees de paz Por outro lado paiacuteses que tradicionalmente contribuem com muitas tropas estatildeo cada vez mais reticentes em ameaccedilar a vida de seus soldados em locais distantes ndash especialmente aqueles paiacuteses como a Iacutendia cujo papel emergente no mundo criou expectativas de exercer influecircncia sobre escolhas estrateacutegicas que ateacute agora se mantiveram no domiacutenio exclusivo dos membros permanentes Isso tudo combinado com a austeridade imposta agraves forccedilas armadas mais desenvolvidas impossibilitando aumentar suas contribuiccedilotildees de ativos-chave ndash que poderia reduzir os riscos aos boinas azuis ndash vem deixando muitos paiacuteses em desenvolvimento cada vez mais impacientes com um sistema que natildeo funciona mais para eles

Para avanccedilar na prevenccedilatildeo de crimes de atrocidade economias desenvolvidas e em desenvolvimento precisatildeo aumentar os recursos disponibilizados para as missotildees de paz da ONU mas o dever principal de balancear o desequiliacutebrio atual estaacute nas matildeos de paiacuteses com capacidades avanccediladas Eles precisam disponibilizar forccedilas militares e ativos poliacuteticos que satildeo chaves para limitar o risco de todos os boinas azuis e aumentar o custo-benefiacutecio e a eficaacutecia do peacekeeping Isso inclui drones de vigilacircncia veiacuteculos anti-minas hospitais militares evacuaccedilatildeo meacutedica aeacuterea apoio de combate aeacutereo transporte aeacutereo taacutetico equipamentos anti-explosivos e outras tecnologias avanccediladas59

Contudo natildeo satildeo somente paiacuteses da Europa e da Ameacuterica do Norte que disponibilizam pouquiacutessimas tropas e deixam a desejar em suas contribuiccedilotildees (os europeus por exemplo respondem por menos de 7 por cento das tropas de peacekeeping da ONU e menos de 4 por cento das tropas policiais da organizaccedilatildeo60 A Iacutendia tem demonstrado apoio duradouro e extensivo ao peacekeeping ndash uma rara exceccedilatildeo entre paiacuteses com pretensotildees de lideranccedila regional ou global Outros paiacuteses deveriam pensar em seguir o recente exemplo da China e aumentar o nuacutemero de tropas policiais ou civis qualificados disponibilizados agrave ONU Por exemplo o Brasil mesmo com sua lideranccedila no Haiti ainda oferece menos pessoal que os pequenos Togo e Burkina Faso

26Global Public Policy Institute (GPPi)

Todos os membros do Conselho de Seguranccedila e colaboradores do peacekeeping deveriam aumentar a orientaccedilatildeo conceitual o treinamento e a construccedilatildeo de capacidade para a proteccedilatildeo de civis contra crimes de atrocidade

Tanto o desenvolvimento de estrateacutegias poliacuteticas quanto o uso da forccedila para proteccedilatildeo taacutetica de civis carecem grandemente de fundamentos conceituais soacutelidos com a qual qualquer outro tipo de operaccedilatildeo militar pode contar Os desafios poliacuteticos policiais e militares da proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade natildeo recebem a atenccedilatildeo conceitual e os recursos para treinamento adequados em quase todos os paiacuteses61 Natildeo eacute surpreendente que liacutederes de missatildeo e comandantes de tropas operem hoje em dia com base na tentativa e erro sem que haja uma orientaccedilatildeo ou doutrina clara Da mesma forma os membros do Conselho ndash em especial os natildeo-permanentes ndash satildeo forccedilados a tomar decisotildees difiacuteceis sobre a proteccedilatildeo de civis sem que tenham acesso a um oacutergatildeo de anaacutelise poliacutetico-militar sobre quais seriam as consequecircncias de tais accedilotildees A ausecircncia de conceitos claros e amplamente difundidos sobre as formas praacuteticas de proteccedilatildeo (para aleacutem das Zonas de exclusatildeo aeacuterea) contribuem para o estereoacutetipo muacutetuo e suspeitas de motivos escusos

Os Estados Unidos deveriam continuar a expansatildeo da sua Iniciativa Global de Operaccedilotildees de Paz (GPOI na sigla em inglecircs) e sua Parceria Africana de Resposta Raacutepida para Manutenccedilatildeo da Paz que apoiam e reforccedilam a capacidade de outros paiacuteses de treinar e manter competecircncias para a manutenccedilatildeo da paz Ambos os casos deveriam dar mais atenccedilatildeo agraves forccedilas militaresx mais frequentemente usadas no peacekeeping No futuro treinamentos e exerciacutecios da GPOI e outros deveriam incluir especificamente diferentes aspectos de proteccedilatildeo a civis 62 De forma similar a estes programas estadunidenses a Uniatildeo Europeia os governos europeus e de outros locais que possuem forccedilas armadas com tal capacidade deveriam oferecer os treinamentos e equipamentos mais modernos para os colaboradores das operaccedilotildees de paz Isso poderia criar incentivos para que unidades treinadas e equipadas efetivamente trabalhem em conjunto com a ONU a Uniatildeo Africana e as forccedilas sub-regionais na proteccedilatildeo de civis ndash no caso da UE ao novamente dar ecircnfase e expandir a Enable and Enhance Initiative

Usar a avaliaccedilatildeo atual das operaccedilotildees de paz da ONU para construir um consenso entre todas as partes interessadas (Conselho de Seguranccedila e Secretariado assim como colaboradores financeiros de tropas ou de poliacutecia) sobre o uso da forccedila somente para apoiar ndash e nunca substituir ndash uma estrateacutegia poliacutetica para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade e para planejar mandatos e operaccedilotildees adequadamente Como parte do diaacutelogo necessaacuterio sobre a utilidade do uso da forccedila a atual avaliaccedilatildeo das operaccedilotildees de paz da ONU oferece uma oportunidade de reconstruir uma linguagem comum sobre o peacekeeping seus princiacutepios e conceitos baacutesicos suas ambiccedilotildees e desafios para as tarefas de proteccedilatildeo das missotildees da ONU especialmente no que diz respeito ao uso da forccedila Os princiacutepios de consentimento imparcialidade e neutralidade atualizados no Relatoacuterio Brahimi para permitir que peacekeepers ajam contra os violadores dos acordos de paz e perpetradores de atrocidades mais uma vez satildeo distorcidos ou parecem irrelevantes em muitas operaccedilotildees A maioria dos peacekeepers

27Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

de hoje servem em situaccedilotildees de conflito ativo como no Mali ou na Repuacuteblica Centro-Africana Peacekeepers da ONU estatildeo conduzindo operaccedilotildees de combate ativo na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Em outros locais os acordos de deacutecadas atraacutes que deram origem a uma missatildeo natildeo incluem as partes que atualmente ameaccedilam ou sequestram peacekeepers como nas Colinas de Golatilde

Enquanto eacute inevitaacutevel que haja certa ambiguidade sobre os princiacutepios o uso ativo da forccedila para proteger civis soacute eacute capaz de apoiar mas nunca substituir uma estrateacutegia poliacutetica63 Onde natildeo haacute uma estrateacutegia poliacutetica realista para chegar agrave paz deve haver pelo menos uma para limitar os riscos aos civis ndash se necessaacuterio um plano que inclua o apoio de forccedilas militares da ONU como na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Estas questotildees devem ser discutidas de forma honesta pelas partes interessadas nas operaccedilotildees de paz da ONU O abismo que separa as partes nestas discussotildees natildeo estaacute entre os ocidentais que apoiam o uso de mais forccedila e os opositores natildeo-ocidentais Atualmente isso acontece entre paiacuteses que contribuem com muitas tropas como Iacutendia e Paquistatildeo preocupados com o aumento dos riscos agraves suas tropas e uma coalisatildeo mais intervencionista de paiacuteses africanos e europeus ocidentais64

A Tomada de Decisotildees sobre Accedilotildees MilitaresO atual sistema de seguranccedila coletiva que tem o Conselho de Seguranccedila na ONU como peccedila central natildeo estaacute agrave altura da tarefa de prover proteccedilatildeo efetiva e responsaacutevel O Conselho eacute incapaz de agir de forma efetiva quando alguns interesses geopoliacuteticos colidem como no caso da Siacuteria Mas ele fracassa ateacute mesmo em situaccedilotildees em que o abuso do argumento humanitaacuterio natildeo estaacute na pauta e os interesses de membros-chave do Conselho estatildeo alinhados ndash como no caso da Repuacuteblica Centro-Africana ou do Sudatildeo do Sul Um Conselho que tem o poder de estabelecer mandatos mobilizar proteccedilatildeo efetiva e limitar o medo do uso abusivo de argumentos humanitaacuterios precisaria ouvir os maiores atores poliacuteticos do mundo moderno os paiacuteses que contribuem com tropas e os financiadores

Tanto a composiccedilatildeo quanto os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila da ONU refletem a ordem mundial dos anos 1940 A fim de manter a credibilidade do sistema de seguranccedila coletiva restaurar a legitimidade do Conselho de Seguranccedila eacute uma questatildeo urgente e de interesse dos cinco membros permanentes Todavia mesmo estando bem fundadas em termos de justiccedila global e em prospectos de longo prazo para a governanccedila global as propostas jaacute existentes para uma expansatildeo do Conselho ou um papel mais proeminente da Assembleia Geral em assuntos de seguranccedila provavelmente natildeo contribuiratildeo para uma proteccedilatildeo mais efetiva contra crimes de atrocidade

Visando o 70o aniversaacuterio da ONU neste ano nossas sugestotildees datildeo ecircnfase agraves mudanccedilas procedimentais e natildeo estruturais do Conselho de Seguranccedila

28Global Public Policy Institute (GPPi)

Os cinco membros permanentes do Conselho de Seguranccedila deveriam dar mais apoio a processos decisoacuterios inclusivos dentro do Conselho e abrir canais informais de consulta sobre mandatos estrateacutegias e operaccedilotildees para todas as partes cruciais em especial potecircncias regionais e grandes colaboradores de pessoal Os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila na ONU limitam severamente seu senso de imparcialidade perante os olhos do mundo Na maioria das crises na Aacutefrica o chamado ldquopenholderrdquo ndash isto eacute o paiacutes responsaacutevel pelo rascunho das resoluccedilotildees do Conselho ndash eacute o antigo Estado colonizador ou os Estados Unidos65 Mesmo sendo uacutetil por dar uma continuidade ao longo dos anos esta organizaccedilatildeo e as relaccedilotildees internas resultantes entre os membros permanentes efetivamente excluem os membros natildeo-permanentes da maior parte das negociaccedilotildees informais onde as decisotildees mais importantes satildeo tomadas

Para que haja uma forma menos exclusiva de tomar decisotildees o precisaria de atores adicionais tanto dentro quanto fora das regiotildees relevantes para desenvolver as capacidades analiacutetica e poliacutetica de cogerenciar de forma construtiva o engajamento do Conselho e as operaccedilotildees de paz ao inveacutes de soacute defender seus proacuteprios interesses Os Estados membros e as organizaccedilotildees da sociedade civil tambeacutem devem continuar as discussotildees sobre um coacutedigo de conduta para limitaccedilatildeo voluntaacuteria do poder de veto em situaccedilotildees de crimes de atrocidade como proposto pelo governo francecircs66

Aleacutem dos procedimentos internos os membros do Conselho devem continuar expandindo as interaccedilotildees informais com as partes relevantes incluindo paiacuteses vizinhos e aqueles que contribuem com pessoal para as operaccedilotildees de paz Isso natildeo precisa se limitar a trocas diplomaacuteticas formais a fim de aumentar a qualidade e aceitaccedilatildeo dos mandatos de peacekeeping os paiacuteses responsaacuteveis pelo rascunho do mandato poderiam incluir a colaboraccedilatildeo de especialistas dos paiacuteses que contribuem com grande nuacutemero de tropas ou de policiais como por exemplo antigos comandantes de tropa ou chefes de poliacutecia67

Atores com credibilidade para fazer conexotildees no debate polarizado sobre intervenccedilatildeo militar devem facilitar os esforccedilos informais para desenvolver um sistema de monitoramento e informaccedilatildeo mais rigoroso para Estados que aderirem agraves missotildees com mandatos da ONUO conceito de Responsabilidade ao Proteger (RwP na sigla em inglecircs) eacute uma das iniciativas mais promissoras para lidar com os desacordos globais sobre o uso abusivo da Responsabilidade de Proteger Quando apresentado pelo Brasil no final de 2011 tal conceito ofereceu uma oportunidade de debate sobre o que poderia ser proteccedilatildeo efetiva e qual deveria ser o papel do uso da forccedila nessa proteccedilatildeo apoacutes a intervenccedilatildeo na Liacutebia quando essas discussotildees estavam extremamente polarizadas68 Apoacutes essa experiecircncia eacute muito improvaacutevel que o Conselho de Seguranccedila futuramente aprove uma resoluccedilatildeo autorizando o uso de forccedilas externas para a proteccedilatildeo com termos tatildeo amplos Com isso a implementaccedilatildeo de algumas ideias da proposta do RwP eacute de interesse de todos os Estados que acreditam que a forccedila deve ser uma ferramenta de uacuteltimo caso disponiacutevel

29Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

agrave comunidade internacional Discussotildees mais profundas satildeo necessaacuterias sobre os criteacuterios e condiccedilotildees considerados para que o Conselho use a forccedila para proteger populaccedilotildees Mesmo que a discussatildeo sobre criteacuterios para o uso da forccedila seja tatildeo antiga quanto a discussatildeo sobre intervenccedilatildeo humanitaacuteria69 todos os Estados membros se beneficiariam de um debate aberto sobre os sucessos e fracassos do uso da forccedila no passado e suas implicaccedilotildees no futuro como supracitado Outra questatildeo mais praacutetica diz respeito a como aumentar a habilidade do Conselho de monitorar aqueles que aderem e executam suas decisotildees Uma sugestatildeo concreta seria adotar elementos do sistema de peacekeeping como relatoacuterios e reuniotildees instrutivas regulares sobre a situaccedilatildeo das delegaccedilotildees para o uso da forccedila por terceiros As resoluccedilotildees poderiam incluir expliacutecitas claacuteusulas de caducidade que obrigariam a aprovaccedilatildeo da extensatildeo do mandato pelo Conselho de Seguranccedila e requerimentos de relatoacuterio regulares e especiacuteficos por parte daqueles Estados membros que aderirem e executarem as decisotildees do oacutergatildeo70 Outra sugestatildeo seria a criaccedilatildeo de mecanismos de responsabilizaccedilatildeo e monitoramento ao criar paineacuteis de especialistas quando os mandatos do Conselho incluiacuterem o uso da forccedila conforme modelo dos comitecircs de sanccedilotildees da ONU Relatoacuterios de comitecircs independentes como esses podem dar origem a uma praacutetica-padratildeo e contribuir para a melhora da qualidade nas decisotildees do Conselho ao longo do tempo seja antes durante ou depois das operaccedilotildees militares71

Potecircncias emergentes e jaacute estabelecidas podem fazer sua parte no avanccedilo das discussotildees sobre as questotildees colocadas pelo RwP Tanto a iniciativa oficial do Brasil quanto a ideia de ldquoProteccedilatildeo Responsaacutevelrdquo colocada por um reconhecido especialista chinecircs72 poderiam ser pontos de partida para discussotildees mais especiacuteficas e operacionais tanto entre os BRICS quanto entre os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila73 Ao inveacutes de rejeitar tais conceitos como sendo ataques agrave Responsabilidade de Proteger as potecircncias ocidentais deveriam ver essas iniciativas como uma oportunidade para um debate construtivo sobre como proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade74

Inserindo a Reflexatildeo e o Aprendizado Constantes em cada Ferramenta PoliacuteticaAinda que haja muita experiecircncia estabelecida com fracassos terriacuteveis e os poucos sucessos qualificados natildeo haacute uma base de conhecimento confiaacutevel sobre como proteger pessoas contra crimes de atrocidade Em geral governos e organizaccedilotildees internacionais continuam tratando cada crise como sendo uacutenica dando pouca atenccedilatildeo agrave reflexatildeo contiacutenua ao aprendizado e agrave adaptaccedilatildeo das poliacuteticas conforme as situaccedilotildees evoluem Os acadecircmicos jaacute aprenderam bem mais sobre o que natildeo funciona em algumas condiccedilotildees do que sobre o que poderia melhorar ndash por um lado porque cada intervenccedilatildeo poliacutetica acontece com contexto proacuteprio e por outro porque resultam de incentivos acadecircmicos e dificuldades de acesso a dados

30Global Public Policy Institute (GPPi)

Governos organizaccedilotildees internacionais sociedade civil e acadecircmicos precisam projetar poliacuteticas que sejam mais adaptaacuteveis ao conhecimento em evoluccedilatildeo e agrave avaliaccedilatildeo de riscos com base em oportunidades internas para reflexatildeo e aprendizado contiacutenuos e colaborativosEnquanto ainda haacute urgecircncia para que medidas sejam tomadas agir de forma responsaacutevel perante tanta incerteza pede que sejamos menos confiantes em nossa habilidade de determinar a melhor poliacutetica possiacutevel para cada situaccedilatildeo Poliacuteticos ativistas e intelectuais devem ser honestos consigo mesmos e transparentes com aqueles que mais sofrem com os impactos dessas poliacuteticas Natildeo haacute soluccedilotildees que tenham sido testadas e comprovadas Tudo que podemos fazer eacute tentar identificar a forma mais responsaacutevel de desenvolver cada caso enquanto nos mantemos preparados e prontos para reagir rapidamente a mudanccedilas e melhorar nossa gama de poliacuteticas instrumentais Este processo experimental de decisatildeo poliacutetica precisa ser constantemente monitorado e avaliado de forma autocriacutetica tanto interna quanto externamente atraveacutes do diaacutelogo franco e honesto entre profissionais sociedades e especialistas externos em todos os niacuteveis desde o monitoramento e avaliaccedilatildeo ateacute os debates mais amplos de poliacutetica puacuteblica sobre a eficaacutecia da forccedila militar e da diplomacia coercitiva na prevenccedilatildeo e resposta a crimes de atrocidade

31Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

1 Como a Genocide Prevention Task Force em um painel fechado de alto-niacutevel nos Estados Unidos apropriadamente argumentou em 2008 Genocide Prevention Task Force lsquoPreventing Genocide A Blueprint for US Policymakersrsquo (Washington DC The American Academy of Diplomacy US Holocaust Memorial Museum US Institute for Peace 2008) Veja tambeacutem Ruben Reike Serena Sharma e Jennifer Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo (Australian Civil-Military Centre e Oxford Institute for Ethics Law and Armed Conflict 2013) 6ff

2 Michael Ignatieff lsquoThe Libya Case a Teachable Momentrsquo Suddeutsche Zeitung Special Supplement http wwwamericanacademydesitesdefaultfilesuploadMSC202012pdf 3 de fevereiro de 2012 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 David Bosco lsquoAbstention Games on the Security Councilrsquo Foreign Policy httpforeignpolicy com20110317abstention-games-on-the-security-council 17 de marccedilo de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

3 Kofi A Annan lsquoTwo Concepts of Sovereigntyrsquo The Economist httpwwweconomistcomnode324795 16 de setembro de 1999 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

4 Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Conflict Security and Development 144 2014 Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

5 Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

6 Rosa Brooks lsquoThe UN Security Council and Civilian Protectionrsquo in Jared Genser e Bruno Ugarte eds The UN Security Council in the Age of Human Rights (New York Cambridge University Press 2013) 12 Sobre a base global para as normas de proteccedilatildeo veja Charles Sampford lsquoA Tale of Two Normsrsquo em Angus Francis Vesselin Popovski e Charles Sampford eds Norms of Protection Responsibility to Protect Protection of Civilians and Their Interaction (United Nations University Press 2012) Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

7 Para uma visatildeo geral do posicionamento do Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia e Aacutefrica do Sul sobre R2P veja os artigos na ediccedilatildeo especial de Conflict Security and Development Brockmeier Kurtz e Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Jaganathan e Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Julian Junk lsquoThe Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Xymena Kurowska lsquoMultipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Lui Tiewa e Zhang Haibin lsquoDebates in China About the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessmentrsquo Conflict Security and Development 2014 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Verhoeven Murthy e Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang Reinicke lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo ediccedilatildeo especial (144) de Conflict Security and Development (London Taylor amp Francis 2014)

8 CSR Murthy e Gerrit Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo Global Society em revisatildeo

9 Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo Global Society em revisatildeo Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo Global Society em revisatildeo

10 Judi Atkins Justifying New Labour Policy (Houndmills Basingstoke Hampshire New York Palgrave Macmillan 2011) 163 Veja por exemplo Stuenkel e Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Erna Burai lsquoParody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian Warrsquo Global Society em revisatildeo

Notas

32Global Public Policy Institute (GPPi)

11 Roland Paris lsquoThe ldquoResponsibility to Protectrdquo and the Structural Problems of Preventive Humanitarian Interventionrsquo International Peacekeeping 215 2014 4

12 Ramesh Thakur lsquoR2Prsquos ldquoStructuralrdquo Problems A Response to Roland Parisrsquo International Peacekeeping 2015 5

13 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

14 Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo Global Society em revisatildeo

15 Julian Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo Global Society em revisatildeo Julian Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo Global Society em revisatildeo

16 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

17 Erna Burai lsquoAfrican Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Groundrsquo Global Society em revisatildeo

18 Ambos os debates em torno das propostas brasileiras de Responsabilidade ao Proteger e o Diaacutelogo Interativo Informal da Assembleia Geral sobre Responsabilidade de Proteger e ldquoAccedilatildeo oportuna e decisivardquo em 2012 constituiacuteram tentativas de defensores de R2P se envolverem em discussotildees sobre o uso da forccedila e R2P Para acessar uma coleccedilatildeo de discursos durante a Assembleia Geral de 2012 veja httpwwwglobalr2porgresources278

19 Sarah Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo em Mary Kaldor e Iavor Rangelov eds The Handbook of Global Security Policy (Chichester West Sussex Wiley Blackwell 2014) 225

20 Alastair Iain Johnston lsquoThinking About Strategic Culturersquo International Security 194 1995 46

21 Pessimismo sobre a eficaacutecia da forccedila no entanto natildeo eacute o mesmo de promover a natildeo-violecircncia Alguns dos maiores defensores do ceticismo em relaccedilatildeo agraves forccedilas militares para proteccedilatildeo frequentemente recorrem a forccedilas militares ou quase militares no acircmbito domeacutestico

22 Otto Bakkano lsquoAU Pushes for Ceasefire Political Solution in Libyarsquo Mail amp Guardian httpmgcoza article2011-05-26-au-pushes-for-ceasefire-political-solution-in-libya 26 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Guido Westerwelle lsquoBundesminister Westerwelle Statement vom 25032011 zu Syrien Jemen Israel und dem Gaza-Streifen Sowie Libyenrsquo Auswartiges Amt httpwwwbrasildiplodeVertretung brasiliende07__AussenpolitikReden_20des_20Au_C3_9FenministersStatemente_20Syrienhtml 25 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

23 Barack Obama David Cameron e Nicolas Sarkozy lsquoLibyarsquos Pathway to Peacersquo The International Herald Tribune httpwwwnytimescom20110415opinion15iht-edlibya15html 15 de abril de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Reuters lsquoKerry Insists No Place for Assad in Syriarsquos Futurersquo Reuters httpwwwreuters comarticle20140117us-syria-crisis-kerry-idUSBREA0G14A20140117 17 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

24 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

25 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

26 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

27 Kersti Larsdotter lsquoExploring the Utility of Armed Force in Peace Operations German and British Approaches in Northern Afghanistanrsquo Small Wars and Insurgencies 193 2008 Taylor B Seybolt Humanitarian Military Intervention The Conditions for Success and Failure (Oxford Oxford University Press 2008) Rupert Smith The Utility of Force The Art of War in the Modern World (London Allen Lane 2005) Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

28 UN Department of Peacekeeping Operations e UN Department of Field Support lsquoOperational Concept on the Protection of Civilians in United Nations Peacekeeping Operationsrsquo (New York 2010) Sarah Sewall Dwight Raymond e Sally Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook (Cambridge MA Harvard Kennedy School 2010)

29 Harry Verhoeven documenta o exemplo de um diplomata chinecircs que ldquopensava que o Ocidente tinha inventado os Janjaweed [miliacutecias proacute- governo em Darfur] como uma desculpa para intervir Mas eles eram de verdade e matavam pessoasrdquo Harry Verhoeven lsquoIs Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa Is Changing Chinarsquo The Washington Quarterly 372 2014 64

33Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

30 BS Chimni lsquoFor Epistemological and Prudent Internationalismrsquo Harvard Law School Human Rights Journal novembro 2012 Greg Simons lsquoThe International Crisis Group and the Manufacturing and Communicating of Crisesrsquo Third World Quarterly 354 2014 Ramesh Thakur lsquoIs the United Nations Racistrsquo The Hindu httpwwwthehinducomopinionleadis-the-united-nations-racistarticle4928624ece 19 de julho de 2013 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

31 Ambassador Liu Zhenmin lsquoStatement by Ambassador Liu Zhenmin at the Plenary Session of the General Assembly on the Question of ldquoResponsibility to Protectrdquorsquo httpresponsibilitytoprotectorgStatement20 by20Ambassador20Liu20Zhenminpdf 24 de julho de 2009 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Zhang Haibin e Lui Tiewa lsquoRealizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and Thereafterrsquo Global Society em revisatildeo

32 Conversa com uma seacuterie de especialistas indianos em evento na Jawaharlal Nehru University (Nova Deacuteli Iacutendia) no dia 21 de Janeiro de 2015

33 IRIN lsquoA New Start for Crisis Reportingrsquo IRIN httpnewirinirinnewsorgpress-release 20 de novembro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34 Veja por exemplo Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoReport of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on United Nations Action in Sri Lankarsquo (New York United Nations 2012)

35 Um bom exemplo foi o briefing do Assessor Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedio para o Conselho de Seguranccedila da ONU depois de sua visita agrave Repuacuteblica Centro-Africana no dia 22 de janeiro de 2014 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoThe Statement of under Secretary-GeneralSpecial Adviser on the Prevention of Genocide Mr Adama Dieng on the Human Rights and Humanitarian Dimensions of the Crisis in the Central African Republicrsquo httpwwwunorgenpreventgenocideadviserpdfSAPG20Statement20at20UNSC20 on20the20situation20in20CAR-202220Jan202014pdf 22 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

36 Morten Bergsmo Quality Control in Fact-Finding (Florence Torkel Opsahl Academic EPublisher 2013) 210

37 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoRights up Front A Plan of Action to Strengthen the UNrsquos Role in Protecting People in Crises Follow-up to the Report of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on UN Action in Sri Lankarsquo (New York 2013)

38 Veja tambeacutem futura publicaccedilatildeo do GPPi Gerrit Kurtz lsquoA New Tool for Civilian Protection - the Human Rights up Front Initiative of the United Nationsrsquo GPPi Policy Brief futura publicaccedilatildeo

39 Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo

40 Jose Ramos-Horta lsquoIndia Right in Asking for More Say in Peacekeeping Operations-Related Decisions Top UN Panel Chiefrsquo Hindustan Times httpwwwhindustantimescomindia-newsindia-right-in-asking- for-more-say-in-peacekeeping-operations-related-decisions-top-un-panel-chiefarticle1-1314354aspx 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 13 de marccedilo de 2015

41 Thomas Biersteker et al lsquoThe Effectiveness of UN Targeted Sanctions - Findings from the Targeted Sanctions Consortium (TSC)rsquo The Graduate Institute Geneva 2013

42 Kirsten Ainley lsquoThe Responsibility to Protect and the International Criminal Court Counteracting the Crisisrsquo International Affairs 911 2015

43 Para distinccedilatildeo entre atividades ldquosistecircmicasrdquo e ldquodirecionadasrdquo veja Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

44 Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo Global Society em revisatildeo

45 Verhoeven e Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo 8 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann lsquoSchutz und Verantwortung Uber die US- Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltatenrsquo (2013)

46 Mike Brand lsquoEmploying lsquoPreventionrsquo to Prevent Mass Atrocitiesrsquo Saferworld httpwwwsaferworldorguk news-and-viewscomment123-employing-apreventiona-to-prevent-mass-atrocities 25 de fevereiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Warren Strobel e Louis Charbonneau lsquoUS Was Slow to Lose Patience as South Sudan Unraveledrsquo Reuters 14 de janeiro de 2014

47 Adam Lupel lsquoUN Adviser on Prevention of Genocide ldquoWe Have to Make Sure the Security Council Actsrdquorsquo httptheglobalobservatoryorg201404un-adviser-on-prevention-of-genocide-we-have-to-make-sure- security-council-acts 28 de abril de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34Global Public Policy Institute (GPPi)

48 Office for the Coordination of Humanitarian Affairs lsquoHumanitarian Bulletin Syriarsquo Humanitarian Bulletin Issue 53 httpreliefwebintsitesreliefwebintfilesresourcesBulletin_no_53_17032015_final_01pdf 1 de fevereiro - 18 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

49 Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

50 Human Rights Watch lsquoGermany QampA on Trial of Two Rwandan Rebel Leadersrsquo httpwwwhrworgde news20110502germany-qa-trial-two-rwandan-rebel-leaders 2 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 23 de marccedilo de 2015

51 Eric Lichtblau lsquoUS Seeks to Deport Bosnians over War Crimesrsquo New York worldus-seeks-to-deport-bosnians-over- Times httpwwwnytimescom20150301war-crimeshtml 28 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

52 Para um argumento similar observando o envolvimento internacional com a Liacutebia em 2015 veja International Crisis Group lsquoLibya Getting Geneva Rightrsquo International Crisis Group Middle East and North Africa Report Nr 157 2015

53 Kurtz e Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo

54 Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo

55 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

56 Alex J Bellamy e Charles T Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo (Asia- Pacific Centre for the Responsibility to Protect 2010) Alex J Bellamy The Responsibility to Protect A Defense (Oxford Oxford University Press 2014)

57 Ashley Jackson lsquoProtecting Civilians The Gap between Norms and Practicersquo (Humanitarian Policy Group 2014)

58 Isso jaacute foi escrito em 2009 no relatoacuterio ldquoNew Horizonrdquo do DPKO ldquoO descompasso entre expectativas e capacidade de promover proteccedilatildeo abrangente criou um significante desafio de credibilidade para as operaccedilotildees de paz da ONUrdquo Department of Peacekeeping Operations lsquoA New Partnership Agenda Charting a New Horizon for UN Peacekeepingrsquo (New York 2009) 20

59 Compare United Nations lsquoFinal Report of the Expert Panel on Technology and Innovation in UN Peacekeepingrsquo httpwwwperformancepeacekeepingorgofflinedownloadpdf 22 de dezembro de 2014

60 Compare United States Mission to the United Nations lsquoRemarks on Peacekeeping in Brussels by Samantha Power US Permanent Representative to the United Nationsrsquo httpusunstategovbriefing statements238660htm 9 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

61 Bellamy and Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo 23-24 Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

62 Isso poderia se basear no Mass Atrocities Response Operations project do US Armyrsquos Peacekeeping and Stability Operations Institute e do Harvard Kennedy Schoolrsquos Carr Center for Human Rights Veja Sewall Raymond e Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook

63 Mats Berdal e David H Ucko lsquoThe United Nations and the Use of Force Between Promise and Perilrsquo Journal of Strategic Studies 375 2014

64 Veja tambeacutem os resultados de um projeto do SIPRI sobre o futuro das operaccedilotildees de paz Jair van der Lijn e Xenia Avezov lsquoThe Future Peace Operations Landscape - Voices from Stakeholders around the Globe - Final Report of the New Geopolitics of Peace Operations Initiativersquo Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) janeiro de 2015

65 Security Council Report lsquoChairs of Subsidiary Bodies and Penholders for 2015rsquo httpwwwsecuritycouncilreportorgmonthly-forecast2015-02chairs_of_subsidiary_bodies_and_penholders_ for_2015php 30 de janeiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

66 Gareth Evans lsquoLimiting the Security Council Vetorsquo Project Syndicate httpwwwproject-syndicateorg commentarysecurity-council-veto-limit-by-gareth-evans-2015-02 4 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Kofi Annan e Gro Harlem Brundtland lsquoFour Ideas for a Stronger UNrsquo The New York Times httpwwwnytimescom20150207opinionkofi-annan-gro-harlem-bruntland-four-ideas-for-a-stronger- unhtml_r=0 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

67 Conversa com ex-comandantes militares Nova Deacuteli janeiro de 2015

68 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

35Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

69 Ibid Murthy e Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo

70 Compare tambeacutem com Bellamy The Responsibility to Protect A Defense 200

71 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

72 Ruan Zongze lsquo阮宗泽中国应倡导ldquo负责任的保护rdquo- ( China deveria defender a Proteccedilatildeo Responsaacutevel)rsquo Global Times (ediccedilatildeo chinesa) httpopinionhuanqiucom11522012-032501163html uacuteltimo acesso em 7 de marccedilo de 2012

73 Andrew Garwood-Gowers lsquoChinarsquos ldquoResponsible Protectionrdquo Concept Re-Interpreting the Responsibility to Protect (R2P) and Military Intervention for Humanitarian Purposesrsquo Asian Journal of International Law disponiacutevel em CJO2015 2015

74 Thorsten Benner lsquoBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiativersquo GPPi Working Paper Series 2013

36Global Public Policy Institute (GPPi)

Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang 4 n 4 2014) A ediccedilatildeo especial conteacutem os seguintes artigos todos disponiacuteveis gratuitamente online Introduction Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier

Regulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protect por Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

Debates in China about the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessment por Liu Tiewa e Zhang Haibin

Emerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protect por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk

Singing the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protect por Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz

Multipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protect por Xymena Kurowska

ldquoOur Identity is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Intervention por Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira

The Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protect por Julian Junk

Em breve laccedilaremos uma ediccedilatildeo especial na Global Society os seguintes artigos que estatildeo atualmente em processo de revisatildeo To Intervene in Darfur or Not Re-examining the R2P Debate and its Impacts por Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira

International Responsibility as Solidarity the Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectory por CSR Murthy e Gerrit Kurtz

Bringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenya por Julian Junk

Testing Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2P por Julian Junk

Parody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian War por Erna Burai

Protection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009 por Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan

Realizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and thereafter por Zhang Haibin e Liu Tiewa

The Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protection por Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

African Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Ground por Erna Burai

Responsibility While Protecting and the Ethics of R2P Implementation por Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier

Outras publicaccedilotildees relacionadasBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiative por Thorsten Benner Seacuterie de Working Papers do GPPi 2013

O Brasil como um Empreendedor Normativo a Responsabilidade ao Proteger por Thorsten Benner Politica Externa v 21 n 4 2013 p 35-46

Germany and the Intervention in Libya por Sarah Brockmeier Survival Global Politics and Strategy v55 n6 2013 p 63ndash90

Schutz und Verantwortung Uber die US-Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltaten por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann Heinrich Boll Foundation June 2013

Internationale Schutzverantwortung - Normative Erwartungen und Politische Praxis por Christopher Daase e Julian Junk (orgs) Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n 1-2 2013

Die Legalisierung der Legitimitat ndash Zur Kritik der Schutzverantwortung als Emerging Norm por Christopher Daase Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n1-2 2013 p 41-62

Emerging Power Exceptional State Elusive Country Explaining Indiarsquos Behavior por Madhan Mohan Jaganathan (com Amna Sunmbul) Proceedings of the International Conference on Social Sciences Chennai 2013 p 308-311

A New Tool for Civilian Protection - The Human Rights up Front Initiative of the United Nations por Gerrit Kurtz GPPi Policy Brief lanccedilamento em breve

Indiarsquos Approach to the Protection of Civilians in Armed Conflicts por CSR Murthy Norwegian Peacebuilding Resource Centre novembro de 2012

Contemporary World Order and Approaches to UN Peacekeeping A South Asian Perspective por CSR Murthy Friedrich Ebert Foundation dezembro de 2012

India-Brazil-South Africa Dialogue Forum (IBSA) The Rise of the Global South por Oliver Stuenkel Routledge Global Institutions 2014

The BRICS and the Future of Global Order por Oliver Stuenkel Lexington Press 2015

The BRICS and the Future of R2P Was Syria or Libya the Exception por Oliver Stuenkel Global Responsibility to Protect v6 n 1 2014 p 3-28

China and Responsibility to Protect Maintenance and Change of its Policy for Intervention por Liu Tiewa The Pacific Review v 25 v1 2012 p 153-173

Is China Like the Other Permanent Members Governmental and Academic Debates about RtoP by Liu Tiewa in Moacutenica Serrano e Thomas G Weiss (orgs) Rallying to the RtoP Cause The International Politics of Human Rights Routledge 2014 p 148-170

Chinese Strategic Culture and the Use of Force Moral and Political Perspectives por Liu Tiewa Journal of Contemporary China v23 n87 2014 p 556-574

Is Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa is Changing China por Harry Verhoeven The Washington Quarterly vol37 n2 2014 p 55-70

Publicaccedilotildees Selecionadas

37Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

AutoresThorsten BennerGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Sarah Brockmeier Global Public Policy InstituteBerlin Germany

Erna BuraiCentral European UniversityBudapest Hungary

CSR MurthyJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Christopher DaasePeace Research InstituteFrankfurt Germany

J Madhan MohanJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Julian JunkPeace Research InstituteFrankfurt Germany

Xymena KurowskaCentral European UniversityBudapest Hungary

Gerrit KurtzGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Liu TiewaPeking University China

Wolfgang ReinickeGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Philipp RotmannGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Ricardo Soares de OliveiraOxford UniversityUnited Kingdom

Matias SpektorFundaccedilatildeo Getulio VargasRio de Janeiro Brazil

Oliver StuenkelFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Marcos TourinhoFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Harry VerhoevenOxford UniversityUnited Kingdom

Zhang HaibinPeking UniversityChina

Global Public Policy Institute (GPPi)Reinhardtstr 7 10117 Berlin GermanyPhone +49 30 275 959 75-0Fax +49 30 275 959 75-99gppigppinet

gppinetglobalnormsnet

8Global Public Policy Institute (GPPi)

aspectos criacuteticos identifica erroneamente o nuacutecleo do conflito poliacutetico e eacute incapaz de se engajar de forma seacuteria com os desafios praacuteticos da proteccedilatildeo contra crimes atrozes Essas conclusotildees satildeo embasadas por dois anos de pesquisas sobre as origens histoacutericas culturais e institucionais de como Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia Aacutefrica do Sul e os Estados Unidos se engajaram no debate sobre a Responsabilidade de Proteger entre 2005 e 2014 e como os conflitos sobre sua aplicabilidade em grandes crises moldaram as expectativas globais da proteccedilatildeo contra atrocidades

Deixar para traacutes os antigos debates sobre soberania e se concentrar naqueles que satildeo relevantes na atualidade gera potencial para um debate mais construtivo que trate das dificuldades e dilemas da proteccedilatildeo aleacutem de buscar soluccedilotildees efetivas e responsaacuteveis

Nossa pesquisa se concentrou nos crimes que se encaixam na definiccedilatildeo da Responsabilidade de Proteger segundo a Cuacutepula Mundial de 2005 genociacutedios crimes contra a humanidade crimes de guerra e limpezas eacuteticas (coletivamente aqui referidos como crimes atrozes) Devido agrave grande escala de sofrimento humano em todo o mundo os tomadores de decisatildeo precisam priorizar seus recursos e atenccedilatildeo tanto entre as diversas crises quanto dentro de cada uma delas Natildeo haacute duacutevidas de que isso eacute difiacutecil Mas por essa mesma razatildeo eacute necessaacuterio fazecirc-lo pois nem todas as violaccedilotildees de direitos humanos devem dar origem aos perigosos debates sobre meios de proteccedilatildeo coercitivos e militares que satildeo intriacutensecos ao R2P

Acreditamos ser crucial manter um profundo senso de humildade em relaccedilatildeo agrave capacidade internacional de oferecer proteccedilatildeo contra estes crimes Atores locais tecircm muito mais poder sobre esta dinacircmica Mesmo quando as medidas satildeo cuidadosamente calculadas para cada contexto as influecircncias externas nunca seratildeo capazes de provocar mais do que uma mudanccedila no equiliacutebrio ndash e para que isso aconteccedila eacute necessaacuterio mais do que os esforccedilos de governos e organizaccedilotildees internacionais mas tambeacutem da sociedade civil do setor privado e particularmente da miacutedia Os resultados da nossa pesquisa e as nossas sugestotildees sobre accedilotildees internacionais que previnam atrocidades devem ser compreendidas levando estas preocupaccedilotildees em consideraccedilatildeo

ResumoNas paacuteginas a seguir delimitamos em duas partes os nossos resultados de pesquisa e as suas implicaccedilotildees sobre as poliacuteticas Na primeira parte apresentamos detalhadamente os nossos resultados Argumentamos que as discussotildees mais importantes sobre a proteccedilatildeo contra crimes atrozes acontecem principalmente com relaccedilatildeo a duas questotildees o uso abusivo dos argumentos humanitaacuterios (proteccedilatildeo responsaacutevel) e o funcionamento da accedilatildeo internacional de proteccedilatildeo (proteccedilatildeo efetiva) Noacutes argumentamos que quando a segunda questatildeo eacute discutida a comunidade internacional e os que advogam pela R2P natildeo devem se intimidar frente ao aspecto mais controverso destas duas perguntas Quando e como a forccedila eacute capaz de proteger se ela for capaz Na segunda parte oferecemos opccedilotildees poliacuteticas para ilustrar formas praacuteticas de proteger de maneira mais efetiva e responsaacutevel

9Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

PROJETO DE PESQUISA

A Evoluccedilatildeo da Norma Global e a Responsabilidade de Proteger

Como uma equipe de pesquisadores acadecircmicos e think-tankers localizados em Pequim Berlim Budapeste Deacutelhi Frankfurt Oxford Rio de Janeiro e Satildeo Paulo analisamos a evoluccedilatildeo global da proteccedilatildeo contra atrocidades com foco em R2P durante a uacuteltima deacutecada Perguntamo-nos como e por que Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia Aacutefrica do Sul e os Estados Unidos se envolveram com tais ideias em referecircncia a suas histoacuterias culturas e poliacuteticas domeacutesticas Publicamos as descobertas em uma ediccedilatildeo especial com acesso gratuito da publicaccedilatildeo ldquoConflict Security and Development (ldquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrdquo)

Depois examinamos como debates especiacuteficos moldaram as expectativas futuras globais sobre a proteccedilatildeo contra atrocidades A maior parte destes debates tem foco em reaccedilotildees internacionais a crimes atrozes praticados em determinados locais ndash Darfur Quecircnia Mianmar Geoacutergia Sri Lanka Liacutebia e Costa do Marfim enquanto outros tratam da ideia do R2P e sua implementaccedilatildeo de formas mais abstratas Estas descobertas seratildeo publicadas posteriormente em 2015 e tambeacutem estaratildeo disponiacuteveis para download gratuito em wwwglobalnormsnet

De forma geral conduzimos mais de 250 entrevistas com poliacuteticos diplomatas acadecircmicos e atores da sociedade civil em 20 paiacuteses e ateacute o momento publicamos 25 artigos ou estudos

Neste trabalho agradecemos o generoso apoio da Fundaccedilatildeo Volkswagen como parte de seu programa ldquoDesafios Europeus e Globaisrdquo em cooperaccedilatildeo com Riksbankens Jubileumsfond e Compagnia di San Paolo

Patrocinadores

Parceiros

10Global Public Policy Institute (GPPi)

ldquoAssim como aprendemos que o mundo natildeo pode se abster enquanto violaccedilotildees brutais e sistemaacuteticas dos direitos humanos acontecem tambeacutem aprendemos que se o objetivo for conseguir o apoio sustentado da populaccedilatildeo mundial a intervenccedilatildeo tem que estar baseada em princiacutepios legiacutetimos e universaisrdquo

Kofi Annan Dois Conceitos de Soberania (1999)3

Justa ou injustamente as elites poliacuteticas na maior parte dos paiacuteses acreditam que a Responsabilidade de Proteger estaacute intrinsicamente ligada agrave pouca consideraccedilatildeo dada pelos mais poderosos aos princiacutepios do direito internacional e a um ldquocomplexo brancordquo de ldquosalvador da paacutetriardquo Por outro lado a oposiccedilatildeo agrave Responsabilidade de Proteger eacute vista comumente como uma insistecircncia ciacutenica da soberania em face ao sofrimento humano ou como uma equivocada solidariedade do Sul Global com regimes repressivos 4

Tais caricaturas satildeo legados da batalha retoacuterica dos anos 1990 Associar o desafio da proteccedilatildeo contra atrocidades agrave soluccedilatildeo da intervenccedilatildeo ndash como feito por Kofi Annan em seu famoso discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU de 1999 ndash eacute macular o primeiro com a carga poliacutetica e histoacuterica do segundo Ao tratar diretamente essa carga Annan endossou uma tentativa de redefinir o conceito de soberania de forma a tirar ecircnfase da proteccedilatildeo coletiva do Estado perante a dominaccedilatildeo externa e a favor da proteccedilatildeo do indiviacuteduo contra danos e ameaccedilas Mas tal ideia de ldquosoberania como responsabilidaderdquo teve efeito contraacuterio ao esperado natildeo somente porque permitiu que intervencionistas ansiosos determinassem de forma seletiva atores que exerciam soberania ldquoresponsaacutevelrdquo ou ldquoirresponsaacutevelrdquo mas tambeacutem que definissem a intervenccedilatildeo como sendo a escolha responsaacutevel Entretanto o argumento moralista intervencionista se tornou hipoacutecrita quando usado por governos cujos histoacutericos de comportamento internacional responsaacutevel natildeo eram tatildeo brilhantes assim Como resultado esta linha de debate arruinou muitas discussotildees sobre a proteccedilatildeo contra crimes atrozes nos anos apoacutes a crise do Kosovo e a invasatildeo do Iraque liderada pelos EUA5

Em nossas pesquisas descobrimos que este debate pernicioso perdeu gradualmente a maior parte de sua relevacircncia poliacutetica na uacuteltima deacutecada em meio agraves controveacutersias sobre a inclusatildeo da Responsabilidade de Proteger no documento final da Cuacutepula Mundial de 2005 e sobre a autorizaccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila para uso

Resultados de Pesquisa Legados Retoacutericos e Debates Construtivos

11Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

de ldquotodos os meios necessaacuteriosrdquo para proteger os civis na Liacutebia Aleacutem dos ocasionais exerciacutecios retoacutericos descobrimos que houve uma mudanccedila no cerne do conflito global sobre a proteccedilatildeo contra crimes atrozes Perante os piores crimes atrozes aconteceu o desgaste da defesa do natildeo-intervencionismo como resistecircncia agrave hegemonia Ocidental Contudo a sombra do imperialismo ainda eacute uma questatildeo a ser considerada Os policymakers ocidentais precisam ser mais cautelosos do que no passado Muito do ceticismo sobre a eficaacutecia do uso das forccedilas militares eacute genuiacutena mesmo se proferida por aqueles que poderiam fazer mais para transformar suas visotildees de diplomacia efetivas em realidade

Obviamente ainda haacute grandes divergecircncias sobre a proteccedilatildeo Elas satildeo concentradas em dois desafios inter-relacionados sobre a proteccedilatildeo na praacutetica como prevenir o uso abusivo dos argumentos humanitaacuterios pelas grandes potecircncias (ldquocomo proteger de forma responsaacutevelrdquo conforme articulado pelo Brasil) e como proteger de forma eficaz particularmente quando pairam as sombras da coerccedilatildeo e do uso da forccedila Ambas as divergecircncias requerem um seacuterio engajamento perante as muitas dificuldades e dilemas que satildeo impostos e vatildeo aleacutem dos estereoacutetipos simplistas e equivocados que haacute muito dominam o debate sobre a Responsabilidade de Proteger

O que eacute Indiscutiacutevel Proteccedilatildeo Contra Crimes de Atrocidade Requer Accedilatildeo InternacionalOs atores relevantes em todo o mundo aceitam a ideia de que a proteccedilatildeo de populaccedilotildees contra crimes de atrocidade eacute de responsabilidade tanto nacional quanto internacional Tal aceitaccedilatildeo vai aleacutem das bases legais do direito internacional humanitaacuterio e da Convenccedilatildeo para a Prevenccedilatildeo e Repressatildeo do Crime de Genociacutedio mas natildeo eacute tampouco um produto do movimento que produziu R2P Ela comeccedilou a emergir jaacute nos anos 90 quando para pessoas e governos ldquoa toleracircncia a atrocidades em massa natildeo pareceu mais aceitaacutevel ndash pareceu algo imoralrdquo 6Desde entatildeo as expectativas sobre proteccedilatildeo cresceu de forma exponencial Demandas morais sobre terceiros ndash humanitaacuterios diplomatas observadores de direitos humanos e ateacute mesmo militares ndash para que ajam de forma preventiva e equilibrem a proteccedilatildeo individual e a soberania estatal acabou excedendo enormemente as capacidades e possibilidades realistas de fazer com que isso aconteccedila

Haacute uma disposiccedilatildeo muito maior e mais difundida em dar apoio ao que parece ser necessaacuterio para proteger populaccedilotildees contra esses crimes de atrocidade e ateacute mesmo em contribuir de forma ativa quando haacute intercessatildeo com outros interesses estrateacutegicos Tal predisposiccedilatildeo vai aleacutem de pequenos grupos de Estados do ldquoOcidenterdquo dos ldquointervencionistas liberaisrdquo ou dos paiacuteses Amigos da Responsabilidade de Proteger Ao analisar a questatildeo poliacutetica da proteccedilatildeo descobrimos que nenhuma divisatildeo arbitraacuteria entre ldquoNorterdquo e ldquoSulrdquo ldquoOcidenterdquo e ldquonatildeo-Ocidenterdquo ldquoemergentesrdquo e ldquodesenvolvidosrdquo

ldquodemocraacuteticosrdquo e ldquoautoritaacuteriosrdquo eacute uacutetil7 Foi o Movimento dos Natildeo-Alinhados que estava pronto para autorizar o fortalecimento da operaccedilatildeo de paz da ONU em Ruanda no ano de 1994 enquanto os Estados Unidos eram ferrenhos opositores Enquanto as potecircncias ocidentais lideraram as intervenccedilotildees no Kosovo e na Liacutebia para proteger civis dezenas de milhares de peacekeepers do Sul da Aacutesia e da Aacutefrica ajudaram a proteger civis em dezenas de missotildees da ONU nos uacuteltimos 20 anos Jaacute durante as negociaccedilotildees da

12Global Public Policy Institute (GPPi)

Cuacutepula Mundial diversas perspectivas que vatildeo aleacutem dessas dicotomias estereotipadas contestaram e contribuiacuteram para a formulaccedilatildeo final do R2P no documento oficial da Cuacutepula 8

Eacute escasso o grupo de governos que se opotildee categoricamente a um papel internacional na proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade independentemente das circunstacircncias Alguns satildeo responsaacuteveis por tais crimes Outros interpretam tudo como parte de uma conspiraccedilatildeo imperialista das grandes potecircncias especialmente dos Estados Unidos As preocupaccedilotildees desses atores natildeo podem ou devem ser levadas em consideraccedilatildeo

O que Ainda eacute Discutiacutevel Como Proteger de Forma Responsaacutevel e EfetivaHaacute um grande grupo de moderados defensores da proteccedilatildeo e ceacuteticos da intervenccedilatildeo cujas preocupaccedilotildees certamente precisam ser levadas em conta de forma mais seacuteria perante os repetidos fracassos e abusos de poder Eles ndash governos de Brasil Iacutendia Aacutefrica do Sul China e Alemanha aleacutem de ativistas especialistas acadecircmicos e alguns tomadores de decisatildeo nos Estados Unidos Reino Unido e Franccedila ndash levantam questotildees legiacutetimas sobre por exemplo como o mundo pode melhorar a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade de forma tanto efetiva quanto responsaacutevel

De diversas formas a saliecircncia emocional e poliacutetica da disputa sobre a natildeo-intervenccedilatildeo haacute muito dificultou estes debates cruciais sobre os resultados praacuteticos da proteccedilatildeo Na maior parte do tempo argumentos sobre as questotildees praacuteticas satildeo feitas ou interpretadas como sendo de maacute-feacute A Liacutebia eacute um desses casos em questatildeo Brasil Iacutendia e Aacutefrica do Sul natildeo criticaram veementemente a intervenccedilatildeo militar de 2011 porque estavam preocupados com violaccedilotildees agrave soberania da Liacutebia ou porque se opunham ao papel internacional na proteccedilatildeo de civis contra atrocidades iminentes em Bengazi Pelo contraacuterio tais paiacuteses reclamaram do abuso de um mandato do Conselho de Seguranccedila de fins poliacuteticos ao inveacutes de proteccedilatildeo ndash neste caso tratava-se de uma mudanccedila no regime com provaacuteveis implicaccedilotildees praacuteticas de um colapso estatal que por sua vez resultaria em riscos adicionais agrave populaccedilatildeo Estes criacuteticos ainda tecircm que combinar a sua retoacuterica de exigir mais e melhor proteccedilatildeo por intermeacutedio de investimentos em ideias e capacidades para fazecirc-la conforme seja necessaacuterio Contudo isso natildeo torna seus argumentos menos vaacutelidos

Haacute uma distinccedilatildeo criacutetica entre dois tipos de situaccedilotildees de atrocidades que dependem do tipo de perpetrador O consenso internacional para agir contra perpetradores natildeo-Estatais mesmo se ligados a forccedilas estatais eacute mais faacutecil de obter do que uma accedilatildeo contra agentes estatais Mesmo que o consentimento governamental de confrontar grupos natildeo-Estatais seja frequentemente incerto e inconsistente como no caso da RDC haacute pouca preocupaccedilatildeo com a soberania desses regimes fracos O debate-chave nesses casos eacute sobre como efetivamente proteger pessoas contra crimes de atrocidade natildeo somente por meio de instrumentos militares mas com maior frequecircncia com o uso de ferramentas civis Isso jaacute eacute bastante desafiador Ainda mais difiacuteceis satildeo os casos em que as forccedilas estatais estatildeo entre os principais perpetradores Nestas situaccedilotildees como na Liacutebia em 2011 e posteriormente na Siacuteria a preocupaccedilatildeo global central com instrumentos coercitivos (de sanccedilotildees a intervenccedilotildees militares) estaacute relacionada ao

13Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

abuso de poder para fins natildeo-humanitaacuterios e com duacutevidas sobre a sabedoria de atacar um Estado que frequentemente serve de protetor para alguns e cuja derrubada pode resultar em riscos adicionais agraves pessoas O histoacuterico mundial na reconstruccedilatildeo de Estados natildeo eacute suficientemente encorajador para rebater tais preocupaccedilotildees

Protegendo de forma responsaacutevel Salvaguardas contra o Abuso pelas Grandes PotecircnciasApoacutes o caso da Liacutebia intervenccedilotildees militares soacute seratildeo consideradas legiacutetimas se feitas de maneira que novos abusos pelas grandes potecircncias sejam prevenidos9 Nesses casos especiais em que haacute o uso da forccedila sem consentimento ainda paira a sombra do imperialismo Na maior parte do mundo ainda eacute recente a lembranccedila do abuso pelas grandes potecircncias hipocritamente encoberto de valores universais O uso de justificativas humanitaacuterias por alguns poliacuteticos britacircnicos e norte-americanos para a invasatildeo do Iraque em 2003 soacute aprofundou estas preocupaccedilotildees com ldquointervenccedilotildees humanitaacuteriasrdquo assim como o uso de argumentos similares pelos russos para justificar a invasatildeo da Geoacutergia em 2008 e da Ucracircnia em 201410 Este senso de hipocrisia daacute origem a uma das principais razotildees para desconfianccedila sobre o R2P desde que o conceito foi criado

Intervenccedilotildees legiacutetimas natildeo requerem um padratildeo irrealista de consistecircncia ou de motivos puramente altruiacutesticos A proteccedilatildeo requer recursos e aceitaccedilatildeo de riscos e na poliacutetica internacional a inconsistecircncia eacute a regra e natildeo a exceccedilatildeo Estados que fornecem as capacidades e assumem os riscos de proteger na maioria dos casos estaratildeo motivados por mais do que puro altruiacutesmo e suas motivaccedilotildees ndash que comeccedilam pela mobilizaccedilatildeo de seus constituintes ndash variam conforme a situaccedilatildeo Tanto os problemas dos ldquomotivos justosrdquo quanto o de ldquoseletividaderdquo levam corretamente a anaacutelises mais minuciosas do uso da forccedila11 ainda que nenhum destes fatores esteja limitado a intervenccedilotildees de proteccedilatildeo e tratem em geral da coerccedilatildeo no atual sistema internacional12 Mesmo que sejam normativamente relevantes e retoricamente uacuteteis para opor intervenccedilotildees particulares tais argumentos natildeo evitam que a maior parte dos atores internacionais apoie uma intervenccedilatildeo aceita como necessaacuteria e possivelmente efetiva Como ilustrado pelo caso da Liacutebia extrapolou-se o limite quando motivos incompatiacuteveis ndash a remoccedilatildeo forccedilosa de Gaddafi e seu regime sem uma loacutegica convincente relacionada agrave proteccedilatildeo ndash foram vistos como superiores agraves preocupaccedilotildees com proteccedilatildeo13

Protegendo de Forma Efetiva O Que Funciona na Praacutetica

A proteccedilatildeo efetiva natildeo eacute mais faacutecil de garantir do que proteccedilatildeo responsaacutevel Enquanto os casos de sucesso foram poucos e limitados tentativas de engajamento pressotildees e intervenccedilotildees militares frequentemente falharam em proteger ou contribuiacuteram com novas ameaccedilas agraves populaccedilotildees Policymakers e acadecircmicos em todo o mundo admitem que sabem muito pouco sobre a proteccedilatildeo efetiva de pessoas contra crimes de atrocidade Para se avanccedilar nessa finalidade faz-se necessaacuterio tanto desenvolver instrumentos poliacuteticos quanto avaliar riscos e tentar identificar o menor de muitos males em vaacuterias situaccedilotildees diversas e particulares O que seraacute efetivamente necessaacuterio e provaacutevel de

14Global Public Policy Institute (GPPi)

obter sucesso estaacute aberto a debate e a desafios em cada caso e natildeo somente quando haacute o uso da forccedila

Uma anaacutelise dos casos que estudamos mostra as incertezas e ambiguidades envolvidas no processo decisoacuterio da proteccedilatildeo Como no caso do Sudatildeo um processo do Tribunal Penal Internacional contra um chefe de Estado contribuiu para o objetivo da proteccedilatildeo 14A proteccedilatildeo eacute aumentada ou dificultada quando uma crise eacute publicamente rotulada como ldquosituaccedilatildeo de R2Prdquo como no Quecircnia ou em Mianmar15 Se o Estado for um perpetrador de crimes de atrocidade haacute algum caso em que a forccedila militar pode ser usada contra ele sem a intenccedilatildeo de mudar o regime ou sem levar o paiacutes ao caos como na Liacutebia16 Quando e como os peacekeepers da ONU devem tomar partido nos conflitos17

Haacute duacutevidas justificaacuteveis sobre as opccedilotildees de poliacuteticas disponiacuteveis e seus riscos Se comparado aos consideraacuteveis esforccedilos para promover o R2P como princiacutepio muito pouco estaacute voltado para descobrir e avaliar tais escolhas difiacuteceis a fim de colocar a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade em praacutetica

A Controveacutersia Mais Profunda a Forccedila Pode ProtegerEnquanto governos ativistas na sociedade civil e representantes da ONU que trabalham com R2P haacute muito tempo tendem a enfatizar taticamente as aacutereas consensuais a maior controveacutersia internacional se refere agrave intervenccedilatildeo militar e ao uso da forccedila para proteccedilatildeo Um debate mais construtivo e autocriacutetico eacute essencial para possibilitar um sistema de proteccedilatildeo mais efetivo e responsaacutevel no futuro e tal debate deve tratar da eficaacutecia do uso da forccedila na proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade suas chances de causar mais resultados positivos do que negativos e seus sucessos e fracassos no passado18 Esse debate natildeo eacute somente relevante nos casos relativamente raros de intervenccedilatildeo militar jaacute que a forccedila e a coerccedilatildeo satildeo parte de uma variedade maior de estrateacutegias de proteccedilatildeo como as sanccedilotildees e as operaccedilotildees de paz Mesmo as ferramentas puramente diplomaacuteticas ou civis satildeo frequentemente vistas como passos que podem escalar o uso da forccedila

Os debates sobre o uso da forccedila ao inveacutes de darem ecircnfase aos meacuteritos e riscos possiacuteveis das diferentes escolhas tecircm se expressado em termos de crenccedilas vagas sobre a eficaacutecia da forccedila militar ajudar a atingir os objetivos poliacuteticos Nos debates analisados encontramos um contraste notaacutevel entre as referecircncias limitadas a estudos estrateacutegicos sobre a utilidade da forccedila nos conflitos modernos e a convicccedilatildeo com a qual os governos apresentam suas opiniotildees sobre este mesmo assunto

Na ldquoausecircncia de doutrina militar e anaacutelise [para proteccedilatildeo de civis]rdquo19 como admitido por um ex-funcionaacuterio do Pentaacutegono (mesmo para o caso dos Estados Unidos) policymakers tendem a se dividir em dogmas fundamentais das suas culturas estrateacutegicas nacionais20 As comunidades estrateacutegicas de alguns paiacuteses satildeo mais otimistas de que o uso da forccedila pode obter bons resultados como forma de proteccedilatildeo a civis enquanto outros satildeo majoritariamente pessimistas e tendem a acreditar que a aplicaccedilatildeo da forccedila militar pioraria a situaccedilatildeo21

Apesar da incerteza inerente a cada crise os atores em cada lado dessa divisatildeo apresentam suas crenccedilas com firmeza frequentemente em termos de truiacutesmos ndash ldquoSoacute pode haver uma soluccedilatildeo poliacuteticardquo 22 ou ldquonatildeo haacute futuro para a Liacutebia Siacuteria com Gaddafi Assad no poderrdquo23 Esses satildeo apenas dois posicionamentos proeminentes que natildeo satildeo

15Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

capazes de reconhecer a realidade complexa de qualquer crise Dessa forma eles convidam a uma troca muacutetua de estereoacutetipos ao inveacutes de uma discussatildeo construtiva Os resultados tecircm sido previsiacuteveis reaccedilotildees antiocidentais no Sul (ldquoeles soacute querem invadir nossos paiacutesesrdquo) e anti-Sul por parte do Ocidente (ldquoeles sempre se juntam a seus colegas ditadoresrdquo) Ambas as partes tentam fazer uso do discurso de responsabilidade para justificar seus pontos de vista ldquoAssumir a responsabilidaderdquo outrora significava assumir riscos e accedilotildees militares caras ateacute que o Brasil desafiou o monopoacutelio intervencionista sobre o termo24

Este contraste entre conhecimento e convicccedilatildeo fica aparente em muitos debates nebulosos sobre peacekeeping tal como a conduccedilatildeo da crise na Costa do Marfim pela ONU em 2010-2011 mas foi mais claramente colocado em debate a forma como Estados Unidos Franccedila e Reino Unido lideraram a intervenccedilatildeo de 2011 na Liacutebia Diplomatas brasileiros experientes por exemplo questionaram a justificativa de uma accedilatildeo militar para uma mudanccedila no regime argumento que nunca foi explicitado por americanos franceses e britacircnicos Por que natildeo cessar os ataques uma vez que as ameaccedilas imediatas agrave populaccedilatildeo civil jaacute haviam sido eliminadas e as forccedilas de Gaddafi jaacute natildeo avanccedilavam mais e desta forma forccedilar todas agraves partes a negociar Que responsabilidade a coalisatildeo intervencionista assumiu pelas accedilotildees de seus aliados de fato em terra as forccedilas rebeldes liacutebias Como a coalisatildeo intervencionista equilibrou os riscos e recompensas das diferentes escolhas estrateacutegicas e por que exatamente ldquonatildeo era possiacutevel imaginar um futuro com Gaddafi no poderrdquo como argumentado por Obama Cameron e Sarkozy no jornal The New York Times25Houve questionamentos similares sobre as sugestotildees de intervenccedilatildeo militar na Siacuteria A ausecircncia de respostas convincentes provavelmente teve um papel muito importante no arquivamento de uma seacuterie de planos para intervenccedilotildees unilaterais ao longo dos anos

O que parece ser um otimismo infundado de que a forccedila seria capaz de atingir objetivos poliacuteticos daacute origem a um desconforto difundido em muitas partes do mundo e que vai aleacutem do objetivo especifico de proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade A invasatildeo do Iraque liderada pelos EUA em 2003 se desdobrou em grandes debates como um exemplo de escolha irresponsaacutevel por uma potecircncia hegemocircnica que tende a instruir outros paiacuteses sobre lideranccedila global responsaacutevel Isso tambeacutem eacute um lembrete valioso de que mesmo a maior forccedila militar do globo eacute claramente incapaz de forccedilar a construccedilatildeo efetiva de uma nova ordem poliacutetica com consequecircncias traacutegicas para milhares de pessoas natildeo soacute no Iraque

Ainda assim durante as crises na Costa do Marfim na Liacutebia em 2011 e na Repuacuteblica Centro-Africana em 2014 o Conselho de Seguranccedila estava pronto para legitimar intervenccedilotildees militares ldquoconforme cada casordquo como foi sugerido pela Cuacutepula Mundial Em cada um desses casos emergiram grandes maiorias que priorizaram a necessidade de accedilatildeo militar em relaccedilatildeo agrave ampla preocupaccedilatildeo com a manutenccedilatildeo da soberania estatal seja atraveacutes de voto a favor no Conselho de Seguranccedila de abstenccedilatildeo para permitir que resoluccedilotildees passassem (como Ruacutessia e China no caso da Liacutebia) ou de apoio financeiro militar ou poliacutetico em outros foacuteruns de discussatildeo

Eacute possiacutevel que haja uma janela de oportunidades surgindo para um debate poliacutetico mais detalhado e criacutetico sobre a eficaacutecia da forccedila militar na proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade Tais debates estatildeo tratando dos objetivos diferentes mas relacionados da luta contra insurgentes e redes terroristas Em ambos os casos haacute uma discussatildeo ponderada nos ciacuterculos militares e policiais assim como em grandes meios

16Global Public Policy Institute (GPPi)

de comunicaccedilatildeo sobre questotildees como execuccedilotildees especiacuteficas de terroristas suspeitos ou taacuteticas de contra-insurgecircncia centradas na populaccedilatildeo

Outro debate similar e criacutetico precisa ser colocado em questatildeo em relaccedilatildeo agrave forccedila e a proteccedilatildeo Ele pode ser construiacutedo a partir de uma tendecircncia recente na direccedilatildeo de mais engajamento com os resultados e meios praacuteticos do uso da forccedila militar para proteccedilatildeo Sociedades e comunidades estrateacutegicas nos EUA Reino Unido e Franccedila mostraram sinais de cansaccedilo em relaccedilatildeo a intervenccedilotildees em geral e particularmente agraves unilaterais Ao mesmo tempo alguns dos defensores mais leais da restriccedilatildeo militar reflexiva ndash como China Brasil e Alemanha ndash comeccedilaram a considerar em determinados casos argumentos a favor da accedilatildeo militar para proteccedilatildeo de civis 26Tanto defensores quanto ceacuteticos da proteccedilatildeo militar se beneficiaratildeo ao forccedilar mais nuances nesses debates Por um lado a demanda por especificidades protegeraacute contra o uso abusivo da autoridade humanitaacuteria para fins escusos Por outro mais transparecircncia ajudaraacute na defesa contra reclamaccedilotildees de abuso Esse debate deve considerar as contribuiccedilotildees acadecircmicas recentes27 mas encontraraacute ferramentas mais especiacuteficas e fundamentais em conceitos poliacuteticos estabelecidos como na doutrina da ONU para proteccedilatildeo de civis e as tentativas dos militares norte-americanos de desenvolver orientaccedilotildees conceituais para ldquooperaccedilotildees de resposta a atrocidades em massardquo28

17Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Se as principais controveacutersias globais sobre a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade envolvem (1) o medo do uso abusivo de argumentos humanitaacuterios e (2) como proteger de forma efetiva quais satildeo as opccedilotildees para melhorar as soluccedilotildees globais de proteccedilatildeo O ponto de partida deve ser o reconhecimento de que a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade como um desafio poliacutetico complexo e natildeo somente como algo paliativo enquanto tenta-se resolver um conflito poliacutetico de maiores dimensotildees Qualquer estrateacutegia de proteccedilatildeo deve ser preparada primeiramente a fim de influenciar os caacutelculos poliacuteticos e militares dos perpetradores e deve levar em consideraccedilatildeo os limites de influecircncias externas sobre eventos domeacutesticos Os atores locais tecircm o maior controle sobre a dinacircmica da violecircncia e eacute difiacutecil prever o efeito dominoacute causado pelas accedilotildees externas O foco no curto prazo do conceito de ldquoresposta raacutepida saiacuteda raacutepidardquo eacute portanto um ato irresponsaacutevel quase independente de contexto mesmo que accedilotildees raacutepidas frequentemente sejam necessaacuterias poliacuteticos ativistas jornalistas e acadecircmicos precisam prestar mais atenccedilatildeo agraves poliacuteticas de longo prazo e a seus planejamentos para que sejam adaptadas agraves mudanccedilas

Com base em nossos resultados e anaacutelise apontamos opccedilotildees poliacuteticas para governos a ONU e organizaccedilotildees regionais aleacutem da miacutedia e da sociedade civil com o intuito de melhorar a credibilidade das ferramentas existentes ao fazer com que seu uso na proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade seja menos vulneraacutevel ao abuso e tenha resultados mais efetivos Comeccedilamos com a necessidade de garantir informaccedilotildees e anaacutelises criacuteveis sobre as situaccedilotildees em que crimes de atrocidade satildeo cometidos Depois oferecemos algumas sugestotildees para o fortalecimento das ferramentas disponiacuteveis aos civis para prevenccedilatildeo e resposta a atrocidades e para que as operaccedilotildees de paz da ONU melhorem a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade Depois indicamos opccedilotildees de reforma importantes para o processo decisoacuterio coletivo sobre accedilotildees militares e terminamos enfatizando a necessidade de um aprendizado contiacutenuo e colaborativo sobre as ferramentas para prevenccedilatildeo de atrocidades

Reduzindo a Vulnerabilidade das Fontes de Informaccedilatildeo perante Acusaccedilotildees de ParcialidadeAntes mesmo de comeccedilar a considerar formas de lidar com futuras ou atuais atrocidades o mundo precisa chegar a um consenso sobre o que estaacute acontecendo em cada situaccedilatildeo Atualmente a disponibilidade de informaccedilatildeo sobre situaccedilotildees especiacuteficas de crises natildeo eacute mais o principal desafio para que accedilotildees de mobilizaccedilatildeo aconteccedilam

Opccedilotildees Poliacuteticas para Proteccedilatildeo Mais Efetiva e Responsaacutevel

18Global Public Policy Institute (GPPi)

Ainda assim acreditamos que um desafio crucial para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade eacute a acusaccedilatildeo de parcialidade sobre o tipo e a interpretaccedilatildeo das informaccedilotildees sobre atrocidades fornecidas por governos pela miacutedia ou por grupos da sociedade civil A confianccedila nos Estados dominantes e nas instituiccedilotildees internacionais encontra-se em niacuteveis tatildeo baixos que mesmo os casos de atrocidades bem documentados como o ocorrido em Darfur foram considerados por alguns como propaganda intervencionista29

Essa desconfianccedila estaacute na maior parte das vezes direcionada a fontes relacionadas ao ldquoOcidenterdquo Fontes financiadas lideradas ou com suas sedes em paiacuteses ocidentais frequentemente satildeo as mais acessiacuteveis natildeo soacute pelas elites poliacuteticas em capitais longiacutenquas mas tambeacutem por paineacuteis de especialistas e investigaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas em paiacuteses em que natildeo haacute extensiva presenccedila de campo da ONU Quando as fontes locais de informaccedilatildeo claramente natildeo satildeo criacuteveis como na Siacuteria jornalistas tecircm acesso restrito a aacutereas violentas e por algumas vezes todas as outras fontes relevantes vecircm de organizaccedilotildees com sede no Ocidente de organizaccedilotildees locais da sociedade civil que dependem de ajuda ocidental ou de financiamento externo e que tecircm uma temaacutetica antigovernamental especiacutefica ou ainda de profissionais ocidentais que trabalham para a ONU30 Por exemplo o governo chinecircs frequentemente enfatiza que a identificaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo internacional de abusos aos direitos humanos no exterior eacute excessivamente dependente de informaccedilotildees ocidentais e pediu para que houvesse sistemas de alerta precoce mais imparciais31 Especialistas indianos dizem que o desafio natildeo eacute a disponibilidade de informaccedilatildeo mas ldquoa interpretaccedilatildeo e o vieacutes que lhe eacute dadordquo32

Grupos de ativistas e a miacutedia tecircm incentivos para simplificar as narrativas e portanto eacute prudente ter um ceticismo saudaacutevel perante as acusaccedilotildees de atrocidades hediondas Ao mesmo tempo presumir que a verdade estaacute no meio-termo de todas as posiccedilotildees seria permitir que propaganda e maacute informaccedilatildeo determinassem o caminho a seguir Criticar realisticamente as fontes requer engajamento com a informaccedilatildeo em si e natildeo apenas a insinuaccedilatildeo de agendas poliacuteticas com base puramente na localizaccedilatildeo geograacutefica financiamento ou educaccedilatildeo

A fim de oferecer um debate melhor informado sobre potenciais crimes de atrocidade as empresas de comunicaccedilatildeo e filantropos principalmente em potecircncias emergentes devem investir em fontes de informaccedilatildeo e anaacutelise independentes e criacuteveis sobre conflitos e direitos humanosAs alegaccedilotildees de parcialidade (sejam a favor ou contra os governos ou outros atores) crescem quando haacute uma escassez de fontes Aqueles que criticam as fontes de informaccedilatildeo existentes satildeo os que sabem melhor qual fonte de financiamento ou de influecircncia teraacute mais credibilidade portanto eacute dever destas pessoas investir adequadamente Se haacute suspeitas sobre as fontes ocidentais de informaccedilatildeo por parte de governos e elites poliacuteticas fora do Ocidente essas podem ajudar a diversificar a base de apoio para ONGs ativistas e redes de informaccedilotildees globais jaacute existentes ou ateacute mesmo investir em plataformas alternativas de monitoramento e anaacutelise baseadas nos mais altos padrotildees de integridade jornaliacutestica Por enquanto com raras exceccedilotildees o investimento em miacutedias livres e acesso agrave informaccedilatildeo natildeo parece ser uma prioridade entre as elites empresariais emergentes mesmo em potecircncias emergentes democraacuteticas Por outro

19Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

lado agecircncias de notiacutecia estatais frequentemente tecircm dificuldade para estabelecer uma reputaccedilatildeo de integridade jornaliacutestica Satildeo raros os grandes investimentos no relato de crises humanitaacuterias tais como recentemente feito pela Fundaccedilatildeo Jynwel com sede em Hong Kong na agora independente organizaccedilatildeo de noticias IRIN33 Organizaccedilotildees de defesa podem contribuir com a reduccedilatildeo das alegaccedilotildees de parcialidade ao natildeo exporem situaccedilotildees de conflito como se fossem preto-no-branco e ao serem transparentes sobre quem as financiam e apoiam Se apresentarem uma extensa lista de notas e fontes em seus relatoacuterios como feito regularmente pelo International Crisis Group e pela Human Rights Watch eacute dever dos criacuteticos se engajar com essas fontes com base nos fatos

Fortalecer e diversificar as informaccedilotildees sobre os riscos de crimes de atrocidade em massa tambeacutem pode significar estabelecer organizaccedilotildees de sociedade civil regionais dedicadas agrave pesquisa criacutevel e confiaacutevel sobre a prevenccedilatildeo de atrocidades Se verdadeiramente baseadas em sociedades locais tais grupos teriam mais acesso a grupos nacionais e regionais de sociedade civil do que as organizaccedilotildees globais com sede em Nova York ou Genebra Consequentemente suas informaccedilotildees e argumentos mais provavelmente obteriam credibilidade poliacutetica a niacutevel global No curto prazo a massa criacutetica necessaacuteria a esses centros da sociedade civil provavelmente seraacute alcanccedilada na Europa ou na Aacutefrica mas a Ameacuterica Latina (com sua iacutempar accedilatildeo ldquoRede Latino-Americana de Prevenccedilatildeo ao Genociacutedio e Atrocidades em Massardquo a niacutevel governamental) e a Aacutesia tambeacutem podem se desenvolver rapidamente

Os Estados membros a sociedade civil e as organizaccedilotildees regionais devem melhorar as capacidades da ONU de coletar informaccedilotildees e desvendar fatos sobre desafios agrave proteccedilatildeo ao oferecer assistecircncia logiacutestica funcionaacuterios a curto-prazo e fontes locais de informaccedilatildeo Ao mesmo tempo em que organizaccedilotildees regionais satildeo cada vez mais capazes de influenciar o entendimento global sobre suas partes do mundo a sua imparcialidade eacute apenas tatildeo criacutevel quanto a das potecircncias regionais que lideram as suas deliberaccedilotildees As Naccedilotildees Unidas natildeo podem entretanto sempre responder sozinhas agraves demandas por informaccedilotildees imparciais e criacuteveis sobre riscos de atrocidade Os mecanismos das Naccedilotildees Unidas frequentemente dependem tanto de fontes governamentais e privadas devido agrave necessidade de agir rapidamente quanto sofrem com a falta de acesso proacuteprio e independente aos locais de risco Aleacutem disso a ONU tambeacutem jaacute esteve sujeita agrave autocensura e foi forccedilada a romper compromissos poliacuteticos34

Todos os Estados membros da ONU precisam fortalecer os mecanismos de coleta de informaccedilatildeo da instituiccedilatildeo suas comissotildees de inqueacuterito e outros oacutergatildeos correlatos Por exemplo sempre que uma violecircncia em massa comeccedila conforme definido pelo Secretaacuterio Geral a ONU deveraacute enviar uma missatildeo para desvendar os fatos a fim de informar melhor as discussotildees no Conselho de Seguranccedila Isso poderaacute ser baseado em um grupo permanente de especialistas preacute-selecionados e deveraacute envolver as agecircncias da ONU relevantes ao tema especialmente o Escritoacuterio de Coordenaccedilatildeo de Assuntos Humanitaacuterios O Alto Comissariado para Direitos Humanos o Conselheiro Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedios e o Departamento de Assuntos Poliacuteticos35 Estados membros devem contribuir tanto com financiamento quanto com especialistas

20Global Public Policy Institute (GPPi)

treinados para essas missotildees O estabelecimento de regras para a contrataccedilatildeo de pessoal poderia ajudar a deixar processos de seleccedilatildeo o mais transparentes possiacutevel e desta forma melhorar a credibilidade e imparcialidade da descoberta de fatos pela ONU36

Estados membros tambeacutem podem ajudar as Naccedilotildees Unidas na implementaccedilatildeo de sua iniciativa ldquoHuman Rights Up Frontrdquo (em portuguecircs ldquoDireitos Humanos Antes de Tudordquo) atraveacutes do qual o Secretariado estaacute criando um sistema simplificado de gerenciamento de informaccedilotildees para tudo que eacute coletado pelas muitas partes do sistema ONU combinando dados jaacute existentes sobre proteccedilatildeo humanitaacuteria proteccedilatildeo dos direitos humanos proteccedilatildeo de mulheres em conflitos armados e proteccedilatildeo de crianccedilas37 Os Estados membros podem dar apoio agrave ONU ao incluir mais informaccedilotildees de atores bilaterais no local desde que a ONU faccedila os investimentos necessaacuterios para o tratamento de dados sensiacuteveis proteccedilatildeo a testemunhas e referecircncias38

Usando Ferramentas Diplomaacuteticas e Civis De Forma Antecipada Justa e EstrateacutegicaApesar das diferenccedilas em ecircnfases retoacutericas haacute um consenso universal que as atrocidades devem ser prevenidas pelo uso antecipado e sustentaacutevel de uma variedade de ferramentas civis disponiacuteveis agrave comunidade internacional Estatildeo incluiacutedas a diplomacia a mediaccedilatildeo e as missotildees poliacuteticas assim como as sanccedilotildees a justiccedila criminal internacional as accedilotildees humanitaacuterias e as ferramentas de peacebuilding apoacutes crises dentre elas a reconstruccedilotildees das instituiccedilotildees estatais e do Estado de direito

Desde os anos 90 a comunidade internacional aprendeu liccedilotildees importantes sobre o uso dessas ferramentas e vem caminhando para desenvolvecirc-las ainda mais Satildeo visiacuteveis os sucessos na diplomacia preventiva como o ocorrido durante a crise poacutes-eleiccedilotildees no Quecircnia em 200839 quando um negociador de alto niacutevel liderou as conversas tendo apoio politico de oacutergatildeos regionais e de todos os membros do Conselho de Seguranccedila expertise da ONU e engajamento da sociedade civil Ao longo dos uacuteltimos 10 anos houve uma significativa expansatildeo das capacidades de negociaccedilatildeo dentro da ONU e das organizaccedilotildees regionais Missotildees poliacuteticas no Timor Leste ou na Guineacute-Bissau podem ter evitado uma nova onda de violecircncia nesses locais40 Sanccedilotildees seletivas provavelmente ajudaram a controlar pessoas que poderiam atrapalhar as primeiras fases do processo de peacebuilding na Libeacuteria Costa do Marfim e Serra Leoa41 O Tribunal Penal Internacional processou e condenou seus primeiros casos e apoiou importantes reformas nos sistemas de justiccedila criminal em muitos paiacuteses42

Ainda assim a comunidade internacional em inuacutemeras vezes natildeo fez uso das ferramentas civis disponiacuteveis de forma antecipada decisiva e sustentaacutevel O consenso que parece existir para o uso de ferramentas civis antecipadamente e como prioridade se desfaz assim que decisotildees poliacuteticas e priorizaccedilatildeo se fazem necessaacuterias Mudar isso eacute difiacutecil Requer ir aleacutem das caricaturas comuns que culpam apenas os paiacuteses ocidentais por investir pouco ou as potecircncias natildeo-ocidentais por repelir as tentativas de influenciar ou pressionar perpetradores e seus cuacutemplices Natildeo soacute as prioridades e interesses competitivos existem de todos os lados mas o desafio tambeacutem eacute marcado pela profunda incerteza sobre como e quando usar tais ferramentas com quais atores e em qual espaccedilo Natildeo haacute uma soluccedilatildeo uacutenica e faacutecil para prevenccedilatildeo resposta ou recuperaccedilatildeo efetiva

21Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Nosso foco eacute em medidas de curto prazo voltadas para os civis em situaccedilotildees em que haacute alta probabilidade ou jaacute haacute ocorrecircncia de atrocidades 43Descobrimos que haacute quatro aacutereas que devem ser especialmente observadas

Os atores (em particular potecircncias emergentes) que mais pedem por diplomacia ferramentas civis e prevenccedilatildeo antecipada precisam traduzir seu compromisso retoacuterico em vontade poliacutetica e os investimentos necessaacuterios em capacidades e ideiasIr aleacutem da retoacuterica sobre prevenccedilatildeo requer vontade poliacutetica para fazer disso uma prioridade Com muita frequecircncia a prevenccedilatildeo contra crimes de atrocidade vai de encontro a outros objetivos poliacuteticos em uma determinada situaccedilatildeo de crise Algumas vezes esses interesses e prioridades estatildeo em extremos opostos No Sri Lanka por exemplo o governo conseguiu alavancar a imensa preocupaccedilatildeo internacional com o contraterrorismo para evitar pressotildees em relaccedilatildeo aos crimes de guerra perpetrados durante o conflito contra os Tigres de Libertaccedilatildeo do Tacircmil Eelam (LTTE) no comeccedilo de 200944 Em Darfur a accedilatildeo diplomaacutetica internacional para acabar com os crimes de atrocidade teve de competir com a prioridade para um acordo de paz na longa guerra civil Norte-Sul no Sudatildeo e com a colaboraccedilatildeo antiterrorista do governo sudanecircs45

Todavia mesmo com a ausecircncia de grandes interesses conflitantes haacute um espaccedilo entre o apoio abstrato para a proteccedilatildeo de populaccedilotildees contra crimes de atrocidade e a vontade poliacutetica de agir dispor-se financeiramente e assumir riscos proporcionais Um exemplo recente de quando investimentos deveriam ter sido feitos antes e de forma mais substancial eacute o Sudatildeo do Sul ndash uma crise que tambeacutem demonstra como as categorias ldquoocidentaisrdquo contra os ldquodemaisrdquo natildeo satildeo uacuteteis na anaacutelise das posiccedilotildees dos paiacuteses sobre proteccedilatildeo Por motivos diversos tanto os Estados Unidos quanto a China apoiaram fortemente o governo de Salva Kiir ignorando sinais importantes ateacute que essa se tornou uma das facccedilotildees combatentes na nova guerra civil do Sudatildeo do Sul46 Na Repuacuteblica Centro-Africana investimentos preacutevios nas iniciativas legais e nas reformas no setor de seguranccedila poderiam ter sido capazes de evitar que o paiacutes atingisse a atual escala de violecircncia47

Como esses e outros exemplos revelam haacute um grande descompasso entre a retoacuterica que demanda mais ldquosoluccedilotildees poliacuteticas e diplomaacuteticasrdquo ndash como constantemente enfatizado por China Ruacutessia Iacutendia Brasil Aacutefrica do Sul (e tambeacutem pela Alemanha e pela Uniatildeo Europeia) ndash e os recursos poliacuteticos e materiais investidos na busca por tais soluccedilotildees Colocar em praacutetica essas ldquosoluccedilotildees poliacuteticasrdquo requer ao mesmo tempo declaraccedilotildees ocasionais e o estabelecimento de capacidades institucionais para o monitoramento dos direitos humanos monitoramento de longo prazo das eleiccedilotildees mediaccedilatildeo e apoio de pessoas com experiecircncia secircnior que possam ser rapidamente acionadas e a construccedilatildeo de instituiccedilotildees nos setores de justiccedila seguranccedila e correlatas normalmente envolvidas com missotildees poliacuteticas da ONU e de organizaccedilotildees regionais Similarmente o uso de ferramentas coercitivas como sanccedilotildees requer tanto a tomada de decisotildees difiacuteceis quanto investimentos e iniciativas para planejar criativamente e melhorar estas ferramentas a fim de que sejam de fato seletivas justas e legalmente soacutelidas ndash em outras palavras que minimizem os riscos de afetarem as pessoas erradas

22Global Public Policy Institute (GPPi)

de acordo com princiacutepios baacutesicos do direito O Tribunal Penal Internacional precisa do comprometimento poliacutetico e da ratificaccedilatildeo do Estatuto de Roma por algumas das naccedilotildees mais poderosas do mundo Tambeacutem precisa de recursos para continuar acompanhando seus casos No miacutenimo tanto as potecircncias emergentes quanto as jaacute estabelecidas precisam melhorar sua assistecircncia humanitaacuteria para aqueles que fogem da violecircncia Por exemplo Estados membros da ONU cederam menos de 50 por cento dos fundos necessaacuterios para a resposta humanitaacuteria na Siacuteria deixando milhares de pessoas necessitadas em 201448

Os governos devem priorizar a detenccedilatildeo e julgamento dos perpetradores de crimes de atrocidade em suas jurisdiccedilotildees Aleacutem das dificuldades poliacuteticas de se lidar com perpetradores que estatildeo no poder como na Siacuteria ou com perpetradores que estatildeo fora do alcance de Estados falidos como na Repuacuteblica Centro-Africana todos os governos podem fazer mais para sancionar ou julgar esses perpetradores por crimes de atrocidade que de alguma forma estejam em suas jurisdiccedilotildees Prevenir e dar respostas aos crimes de atrocidade significa lidar com as motivaccedilotildees e capacidades de perpetradores individuais antes que cometam crimes Tambeacutem significa puni-los por seus atos49 Aqueles que mantecircm seu dinheiro em bancos multinacionais podem estar sujeitos ao congelamento de seus ativos estejam nos bancos na Europa ou na Aacutesia Aqueles que viajam estatildeo sujeitos agrave recusa de vistos e impedimentos de viagem de modo a impactar suas accedilotildees antes de cometerem ou enquanto cometem atrocidades Leis existentes como nos Estados Unidos permitem que imigrantes sejam deportados se houver provas que os liguem a genociacutedios Paiacuteses podem buscar pessoas procuradas pelo Tribunal Penal Internacional e mudar suas leis ou designar forccedilas policiais para processar os piores crimes de atrocidade independentemente dos locais em que foram cometidos

Com muita frequecircncia a falta de atenccedilatildeo e vontade poliacutetica permite que perpetradores vivam livres e confortavelmente apoacutes terem cometido atrocidades ou ateacute mesmo organizar financiar e apoiar atrocidades em andamento mesmo estando no exterior Isso aconteceu com diversos liacutederes das Forccedilas Democraacuteticas Para a Libertaccedilatildeo de Ruanda (FDLR) um grupo miliciano operando no Congo Eles viveram sem problemas na Alemanha durante quase uma deacutecada antes de serem presos e julgados50 Os Estados Unidos apesar de sua recusa em ratificar o Estatuto de Roma recentemente serviu de exemplo ao aumentar seus esforccedilos na procura por suspeitos de crimes de guerra que moram no paiacutes e ao desenvolver propostas que permitem o uso das leis de imigraccedilatildeo para fazer com que perpetradores de atrocidades paguem por seus crimes51

Poliacuteticos devem dar prioridade ao comportamento atual ao avaliar a legitimidade de atores e julgar todos os atores de um conflito pelos mesmos padrotildees Soacute porque em determinado momento haacute um grupo claramente identificaacutevel como perpetrador de atrocidades natildeo significa que outros grupos sejam e continuaratildeo sendo inocentes de tais atos Violecircncia gera mais violecircncia jaacute que grupos ameaccedilados

23Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

se defendem e continuam combatendo o inimigo A Liacutebia eacute um bom exemplo disso Na primavera de 2011 identificar corretamente o regime de Gaddafi como responsaacutevel por crimes de atrocidade foi a decisatildeo correta ndash mas natildeo evitou que os rebeldes cometessem crimes similares posteriormente previsivelmente em alguns grupos tornando quem os apoiava militarmente cuacutemplices De forma similar em 2014 apoiar as forccedilas curdas Peshmerga era a uacutenica forma de prevenir um massacre contra os Yazidis no Iraque ndash mas aqueles que deram apoio natildeo deveriam silenciar-se perante as posteriores mortes em represaacutelia

A escolha de grupos especiacuteficos como aliados eacute facilmente entendida como arbitraacuteria quando o comportamento atual natildeo justifica apoio internacional Um dos argumentos conflitantes de legitimidade poliacutetica acontece quando atores externos escolhem seus aliados locais de forma inconsistente com suas accedilotildees (algumas vezes favorecendo o regime incumbente) e tal escolha eacute facilmente vista como hipoacutecrita52 Poliacuteticos tambeacutem estatildeo vulneraacuteveis a tais acusaccedilotildees quando satildeo seletivos sobre suas criacuteticas a poderes regionais que armam ou apoiam grupo rebeldes como no caso do silecircncio ocidental sobre o envolvimento da Araacutebia Saudita na Siacuteria

Defensores do R2P e da prevenccedilatildeo de atrocidades em governos ou na sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando pedir a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes

No que diz respeito agrave diplomacia preventiva defensores do R2P e da prevenccedilatildeo contra atrocidades incluindo governos e a sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando e como pedem a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes Em algumas situaccedilotildees o Conselho pode deixar a mediaccedilatildeo mais difiacutecil ao elevar o niacutevel de visibilidade poliacutetica de uma crise Ele pode ajudar mediadores ao dar-lhes mais peso um senso de urgecircncia incentivos e desincentivos (ex com sanccedilotildees seletivas proibiccedilotildees de viagem congelamento de ativos embargo de armas investigaccedilotildees estabelecimento de uma missatildeo poliacutetica) Mas em algumas situaccedilotildees pressatildeo internacional vinda dos mais altos niacuteveis que inclui o papel do Conselho de Seguranccedila pode ser contraproducente Isso pode reforccedilar a urgecircncia de um governo em terminar a guerra a todos os custos como no caso do Sri Lanka no comeccedilo de 200953 ou complicar as negociaccedilotildees para acesso humanitaacuterio como em Mianmar em maio de 200854 Em particular quando os casos lidam com governos que jaacute vecircm sendo excluiacutedos da comunidade internacional foacuteruns e canais mais discretos podem ser mais efetivos na tentativa de influenciar mudanccedilas de comportamento

Possibilitando que as Missotildees de Paz da ONU Ofereccedilam Proteccedilatildeo CriacutevelO peacekeeping eacute um sistema com grande legitimidade global que jaacute evita abusos e comeccedilou a dar ecircnfase agrave Proteccedilatildeo de Civis (PoC) em muitas de suas operaccedilotildees A composiccedilatildeo global e o controle rigoroso por parte do Conselho de Seguranccedila deixa as operaccedilotildees de paz muito mais aceitaacuteveis que qualquer outro instrumento como notavelmente o uso da

24Global Public Policy Institute (GPPi)

forccedila por terceiros segundo um mandato do Conselho de Seguranccedila55 Ao mesmo tempo o peacekeeping soacute eacute capaz de lidar com um nuacutemero limitado de desafios agrave proteccedilatildeo a ausecircncia de mecanismos raacutepidos e efetivos de mobilizaccedilatildeo de implementaccedilatildeo faz com que seja impossiacutevel para peacekeepers da ONU responder a ameaccedilas iminentes de crimes de atrocidade e os requerimentos legais e praacuteticos da colaboraccedilatildeo com o governo local limitam uma accedilatildeo efetiva contra os perpetradores dos crimes de atrocidade que sejam parte ou que recebam apoio do governo Mesmo quando os peacekeepers estavam presentes enquanto crimes de atrocidade eram praticados como na Costa do Marfim em 2011 e no Sudatildeo do Sul em 2013 qualquer prevenccedilatildeo efetiva foi ilusoacuteria E onde uma reaccedilatildeo imediata natildeo obteve sucesso os desafios da proteccedilatildeo efetiva contra crimes em andamento rapidamente excedeu a capacidade dos boinas azuis

As vaacuterias maneiras em que as operaccedilotildees de paz poderiam melhor proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade ao estabelecer capacidades reduzir vulnerabilidade (ldquoproteccedilatildeo indiretardquo) e defender contra perpetradores (ldquoproteccedilatildeo diretardquo) jaacute foram explicitadas em outras oportunidades56 Atingir pelo menos um niacutevel moderado de ambiccedilatildeo para que peacekeepers protejam populaccedilotildees contra crimes de atrocidade requereria investimentos adicionais em capacidade doutrina e treinamento Tambeacutem seria necessaacuteria uma anaacutelise mais seacuteria sobre como combinar de forma efetiva o uso do peacekeeping com instrumentos poliacuteticos

O Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz a lideranccedila da missatildeo e os paiacuteses colaboradores precisam informar de forma modesta e transparente os limites das capacidades da ONU na proteccedilatildeo de civis

O comprometimento bem-vindo e necessaacuterio do Conselho de Seguranccedila com a proteccedilatildeo levou a um nuacutemero excessivo de promessas57 que aumentaram a lacuna entre as expectativas locais e a capacidade das missotildees Quando um mandato para milhares de peacekeepers eacute estabelecido com grande alvoroccedilo mas somente uma fraccedilatildeo chega seis meses depois como no Sudatildeo Sul apoacutes o iniacutecio da uacuteltima guerra civil em dezembro de 2013 ou como quando os peacekeepers se recusaram a tomar medidas enquanto crimes de atrocidade eram cometidos nas redondezas (devido ou natildeo ao apoio ou lideranccedila inadequados) como visto recentemente na RDC ou no Sudatildeo pessoas que se reuacutenem ao redor da bandeira azul na esperanccedila de proteccedilatildeo se tornam mais vulneraacuteveis ao perigo do que se estivessem em outro local De forma geral populaccedilotildees ameaccediladas estatildeo em situaccedilotildees melhores com os peacekeepers do que sem eles mas ainda assim a credibilidade das Naccedilotildees Unidas eacute afetada nestes casos58

Tanto a proteccedilatildeo efetiva quanto a responsaacutevel exigem uma comunicaccedilatildeo honesta e transparente com o puacuteblico e com o Conselho de Seguranccedila sobre as capacidades de cada missatildeo e de cada contingente aleacutem da sua disponibilidade para assumir riscos Quando os diplomatas do Conselho criarem ou derem nova autorizaccedilatildeo a outro ambicioso mandato para a proteccedilatildeo de civis eles precisam ser formalmente informados das capacidades e requerimentos que seratildeo necessaacuterios

25Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

A proteccedilatildeo por parte dos peacekeepers requer um salto de qualidade das contribuiccedilotildees para as operaccedilotildees dos boinas azuis e isso exige que o Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz as tropas a poliacutecia e os colaboradores financeiros encontrem uma divisatildeo do trabalho mais justa e equilibradaO equiliacutebrio fraacutegil entre aqueles que contribuem com tropas (em sua maioria da Aacutefrica e da Aacutesia) financiadores (em sua maioria da Europa e Ameacuterica do Norte) e os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila da ONU que emitem mandatos estaacute proacuteximo de se desfazer A insustentaacutevel divisatildeo de trabalho em peacekeeping natildeo eacute uma questatildeo dos ocidentais contra os demais Muitos paiacuteses africanos cansados dos muitos anos de tentativas frustradas de instauraccedilatildeo da paz no continente pelas potecircncias externas cada vez mais requerem e apoiam o uso de forccedila militar para proteger civis e conceder mais tempo para as negociaccedilotildees de paz Por outro lado paiacuteses que tradicionalmente contribuem com muitas tropas estatildeo cada vez mais reticentes em ameaccedilar a vida de seus soldados em locais distantes ndash especialmente aqueles paiacuteses como a Iacutendia cujo papel emergente no mundo criou expectativas de exercer influecircncia sobre escolhas estrateacutegicas que ateacute agora se mantiveram no domiacutenio exclusivo dos membros permanentes Isso tudo combinado com a austeridade imposta agraves forccedilas armadas mais desenvolvidas impossibilitando aumentar suas contribuiccedilotildees de ativos-chave ndash que poderia reduzir os riscos aos boinas azuis ndash vem deixando muitos paiacuteses em desenvolvimento cada vez mais impacientes com um sistema que natildeo funciona mais para eles

Para avanccedilar na prevenccedilatildeo de crimes de atrocidade economias desenvolvidas e em desenvolvimento precisatildeo aumentar os recursos disponibilizados para as missotildees de paz da ONU mas o dever principal de balancear o desequiliacutebrio atual estaacute nas matildeos de paiacuteses com capacidades avanccediladas Eles precisam disponibilizar forccedilas militares e ativos poliacuteticos que satildeo chaves para limitar o risco de todos os boinas azuis e aumentar o custo-benefiacutecio e a eficaacutecia do peacekeeping Isso inclui drones de vigilacircncia veiacuteculos anti-minas hospitais militares evacuaccedilatildeo meacutedica aeacuterea apoio de combate aeacutereo transporte aeacutereo taacutetico equipamentos anti-explosivos e outras tecnologias avanccediladas59

Contudo natildeo satildeo somente paiacuteses da Europa e da Ameacuterica do Norte que disponibilizam pouquiacutessimas tropas e deixam a desejar em suas contribuiccedilotildees (os europeus por exemplo respondem por menos de 7 por cento das tropas de peacekeeping da ONU e menos de 4 por cento das tropas policiais da organizaccedilatildeo60 A Iacutendia tem demonstrado apoio duradouro e extensivo ao peacekeeping ndash uma rara exceccedilatildeo entre paiacuteses com pretensotildees de lideranccedila regional ou global Outros paiacuteses deveriam pensar em seguir o recente exemplo da China e aumentar o nuacutemero de tropas policiais ou civis qualificados disponibilizados agrave ONU Por exemplo o Brasil mesmo com sua lideranccedila no Haiti ainda oferece menos pessoal que os pequenos Togo e Burkina Faso

26Global Public Policy Institute (GPPi)

Todos os membros do Conselho de Seguranccedila e colaboradores do peacekeeping deveriam aumentar a orientaccedilatildeo conceitual o treinamento e a construccedilatildeo de capacidade para a proteccedilatildeo de civis contra crimes de atrocidade

Tanto o desenvolvimento de estrateacutegias poliacuteticas quanto o uso da forccedila para proteccedilatildeo taacutetica de civis carecem grandemente de fundamentos conceituais soacutelidos com a qual qualquer outro tipo de operaccedilatildeo militar pode contar Os desafios poliacuteticos policiais e militares da proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade natildeo recebem a atenccedilatildeo conceitual e os recursos para treinamento adequados em quase todos os paiacuteses61 Natildeo eacute surpreendente que liacutederes de missatildeo e comandantes de tropas operem hoje em dia com base na tentativa e erro sem que haja uma orientaccedilatildeo ou doutrina clara Da mesma forma os membros do Conselho ndash em especial os natildeo-permanentes ndash satildeo forccedilados a tomar decisotildees difiacuteceis sobre a proteccedilatildeo de civis sem que tenham acesso a um oacutergatildeo de anaacutelise poliacutetico-militar sobre quais seriam as consequecircncias de tais accedilotildees A ausecircncia de conceitos claros e amplamente difundidos sobre as formas praacuteticas de proteccedilatildeo (para aleacutem das Zonas de exclusatildeo aeacuterea) contribuem para o estereoacutetipo muacutetuo e suspeitas de motivos escusos

Os Estados Unidos deveriam continuar a expansatildeo da sua Iniciativa Global de Operaccedilotildees de Paz (GPOI na sigla em inglecircs) e sua Parceria Africana de Resposta Raacutepida para Manutenccedilatildeo da Paz que apoiam e reforccedilam a capacidade de outros paiacuteses de treinar e manter competecircncias para a manutenccedilatildeo da paz Ambos os casos deveriam dar mais atenccedilatildeo agraves forccedilas militaresx mais frequentemente usadas no peacekeeping No futuro treinamentos e exerciacutecios da GPOI e outros deveriam incluir especificamente diferentes aspectos de proteccedilatildeo a civis 62 De forma similar a estes programas estadunidenses a Uniatildeo Europeia os governos europeus e de outros locais que possuem forccedilas armadas com tal capacidade deveriam oferecer os treinamentos e equipamentos mais modernos para os colaboradores das operaccedilotildees de paz Isso poderia criar incentivos para que unidades treinadas e equipadas efetivamente trabalhem em conjunto com a ONU a Uniatildeo Africana e as forccedilas sub-regionais na proteccedilatildeo de civis ndash no caso da UE ao novamente dar ecircnfase e expandir a Enable and Enhance Initiative

Usar a avaliaccedilatildeo atual das operaccedilotildees de paz da ONU para construir um consenso entre todas as partes interessadas (Conselho de Seguranccedila e Secretariado assim como colaboradores financeiros de tropas ou de poliacutecia) sobre o uso da forccedila somente para apoiar ndash e nunca substituir ndash uma estrateacutegia poliacutetica para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade e para planejar mandatos e operaccedilotildees adequadamente Como parte do diaacutelogo necessaacuterio sobre a utilidade do uso da forccedila a atual avaliaccedilatildeo das operaccedilotildees de paz da ONU oferece uma oportunidade de reconstruir uma linguagem comum sobre o peacekeeping seus princiacutepios e conceitos baacutesicos suas ambiccedilotildees e desafios para as tarefas de proteccedilatildeo das missotildees da ONU especialmente no que diz respeito ao uso da forccedila Os princiacutepios de consentimento imparcialidade e neutralidade atualizados no Relatoacuterio Brahimi para permitir que peacekeepers ajam contra os violadores dos acordos de paz e perpetradores de atrocidades mais uma vez satildeo distorcidos ou parecem irrelevantes em muitas operaccedilotildees A maioria dos peacekeepers

27Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

de hoje servem em situaccedilotildees de conflito ativo como no Mali ou na Repuacuteblica Centro-Africana Peacekeepers da ONU estatildeo conduzindo operaccedilotildees de combate ativo na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Em outros locais os acordos de deacutecadas atraacutes que deram origem a uma missatildeo natildeo incluem as partes que atualmente ameaccedilam ou sequestram peacekeepers como nas Colinas de Golatilde

Enquanto eacute inevitaacutevel que haja certa ambiguidade sobre os princiacutepios o uso ativo da forccedila para proteger civis soacute eacute capaz de apoiar mas nunca substituir uma estrateacutegia poliacutetica63 Onde natildeo haacute uma estrateacutegia poliacutetica realista para chegar agrave paz deve haver pelo menos uma para limitar os riscos aos civis ndash se necessaacuterio um plano que inclua o apoio de forccedilas militares da ONU como na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Estas questotildees devem ser discutidas de forma honesta pelas partes interessadas nas operaccedilotildees de paz da ONU O abismo que separa as partes nestas discussotildees natildeo estaacute entre os ocidentais que apoiam o uso de mais forccedila e os opositores natildeo-ocidentais Atualmente isso acontece entre paiacuteses que contribuem com muitas tropas como Iacutendia e Paquistatildeo preocupados com o aumento dos riscos agraves suas tropas e uma coalisatildeo mais intervencionista de paiacuteses africanos e europeus ocidentais64

A Tomada de Decisotildees sobre Accedilotildees MilitaresO atual sistema de seguranccedila coletiva que tem o Conselho de Seguranccedila na ONU como peccedila central natildeo estaacute agrave altura da tarefa de prover proteccedilatildeo efetiva e responsaacutevel O Conselho eacute incapaz de agir de forma efetiva quando alguns interesses geopoliacuteticos colidem como no caso da Siacuteria Mas ele fracassa ateacute mesmo em situaccedilotildees em que o abuso do argumento humanitaacuterio natildeo estaacute na pauta e os interesses de membros-chave do Conselho estatildeo alinhados ndash como no caso da Repuacuteblica Centro-Africana ou do Sudatildeo do Sul Um Conselho que tem o poder de estabelecer mandatos mobilizar proteccedilatildeo efetiva e limitar o medo do uso abusivo de argumentos humanitaacuterios precisaria ouvir os maiores atores poliacuteticos do mundo moderno os paiacuteses que contribuem com tropas e os financiadores

Tanto a composiccedilatildeo quanto os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila da ONU refletem a ordem mundial dos anos 1940 A fim de manter a credibilidade do sistema de seguranccedila coletiva restaurar a legitimidade do Conselho de Seguranccedila eacute uma questatildeo urgente e de interesse dos cinco membros permanentes Todavia mesmo estando bem fundadas em termos de justiccedila global e em prospectos de longo prazo para a governanccedila global as propostas jaacute existentes para uma expansatildeo do Conselho ou um papel mais proeminente da Assembleia Geral em assuntos de seguranccedila provavelmente natildeo contribuiratildeo para uma proteccedilatildeo mais efetiva contra crimes de atrocidade

Visando o 70o aniversaacuterio da ONU neste ano nossas sugestotildees datildeo ecircnfase agraves mudanccedilas procedimentais e natildeo estruturais do Conselho de Seguranccedila

28Global Public Policy Institute (GPPi)

Os cinco membros permanentes do Conselho de Seguranccedila deveriam dar mais apoio a processos decisoacuterios inclusivos dentro do Conselho e abrir canais informais de consulta sobre mandatos estrateacutegias e operaccedilotildees para todas as partes cruciais em especial potecircncias regionais e grandes colaboradores de pessoal Os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila na ONU limitam severamente seu senso de imparcialidade perante os olhos do mundo Na maioria das crises na Aacutefrica o chamado ldquopenholderrdquo ndash isto eacute o paiacutes responsaacutevel pelo rascunho das resoluccedilotildees do Conselho ndash eacute o antigo Estado colonizador ou os Estados Unidos65 Mesmo sendo uacutetil por dar uma continuidade ao longo dos anos esta organizaccedilatildeo e as relaccedilotildees internas resultantes entre os membros permanentes efetivamente excluem os membros natildeo-permanentes da maior parte das negociaccedilotildees informais onde as decisotildees mais importantes satildeo tomadas

Para que haja uma forma menos exclusiva de tomar decisotildees o precisaria de atores adicionais tanto dentro quanto fora das regiotildees relevantes para desenvolver as capacidades analiacutetica e poliacutetica de cogerenciar de forma construtiva o engajamento do Conselho e as operaccedilotildees de paz ao inveacutes de soacute defender seus proacuteprios interesses Os Estados membros e as organizaccedilotildees da sociedade civil tambeacutem devem continuar as discussotildees sobre um coacutedigo de conduta para limitaccedilatildeo voluntaacuteria do poder de veto em situaccedilotildees de crimes de atrocidade como proposto pelo governo francecircs66

Aleacutem dos procedimentos internos os membros do Conselho devem continuar expandindo as interaccedilotildees informais com as partes relevantes incluindo paiacuteses vizinhos e aqueles que contribuem com pessoal para as operaccedilotildees de paz Isso natildeo precisa se limitar a trocas diplomaacuteticas formais a fim de aumentar a qualidade e aceitaccedilatildeo dos mandatos de peacekeeping os paiacuteses responsaacuteveis pelo rascunho do mandato poderiam incluir a colaboraccedilatildeo de especialistas dos paiacuteses que contribuem com grande nuacutemero de tropas ou de policiais como por exemplo antigos comandantes de tropa ou chefes de poliacutecia67

Atores com credibilidade para fazer conexotildees no debate polarizado sobre intervenccedilatildeo militar devem facilitar os esforccedilos informais para desenvolver um sistema de monitoramento e informaccedilatildeo mais rigoroso para Estados que aderirem agraves missotildees com mandatos da ONUO conceito de Responsabilidade ao Proteger (RwP na sigla em inglecircs) eacute uma das iniciativas mais promissoras para lidar com os desacordos globais sobre o uso abusivo da Responsabilidade de Proteger Quando apresentado pelo Brasil no final de 2011 tal conceito ofereceu uma oportunidade de debate sobre o que poderia ser proteccedilatildeo efetiva e qual deveria ser o papel do uso da forccedila nessa proteccedilatildeo apoacutes a intervenccedilatildeo na Liacutebia quando essas discussotildees estavam extremamente polarizadas68 Apoacutes essa experiecircncia eacute muito improvaacutevel que o Conselho de Seguranccedila futuramente aprove uma resoluccedilatildeo autorizando o uso de forccedilas externas para a proteccedilatildeo com termos tatildeo amplos Com isso a implementaccedilatildeo de algumas ideias da proposta do RwP eacute de interesse de todos os Estados que acreditam que a forccedila deve ser uma ferramenta de uacuteltimo caso disponiacutevel

29Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

agrave comunidade internacional Discussotildees mais profundas satildeo necessaacuterias sobre os criteacuterios e condiccedilotildees considerados para que o Conselho use a forccedila para proteger populaccedilotildees Mesmo que a discussatildeo sobre criteacuterios para o uso da forccedila seja tatildeo antiga quanto a discussatildeo sobre intervenccedilatildeo humanitaacuteria69 todos os Estados membros se beneficiariam de um debate aberto sobre os sucessos e fracassos do uso da forccedila no passado e suas implicaccedilotildees no futuro como supracitado Outra questatildeo mais praacutetica diz respeito a como aumentar a habilidade do Conselho de monitorar aqueles que aderem e executam suas decisotildees Uma sugestatildeo concreta seria adotar elementos do sistema de peacekeeping como relatoacuterios e reuniotildees instrutivas regulares sobre a situaccedilatildeo das delegaccedilotildees para o uso da forccedila por terceiros As resoluccedilotildees poderiam incluir expliacutecitas claacuteusulas de caducidade que obrigariam a aprovaccedilatildeo da extensatildeo do mandato pelo Conselho de Seguranccedila e requerimentos de relatoacuterio regulares e especiacuteficos por parte daqueles Estados membros que aderirem e executarem as decisotildees do oacutergatildeo70 Outra sugestatildeo seria a criaccedilatildeo de mecanismos de responsabilizaccedilatildeo e monitoramento ao criar paineacuteis de especialistas quando os mandatos do Conselho incluiacuterem o uso da forccedila conforme modelo dos comitecircs de sanccedilotildees da ONU Relatoacuterios de comitecircs independentes como esses podem dar origem a uma praacutetica-padratildeo e contribuir para a melhora da qualidade nas decisotildees do Conselho ao longo do tempo seja antes durante ou depois das operaccedilotildees militares71

Potecircncias emergentes e jaacute estabelecidas podem fazer sua parte no avanccedilo das discussotildees sobre as questotildees colocadas pelo RwP Tanto a iniciativa oficial do Brasil quanto a ideia de ldquoProteccedilatildeo Responsaacutevelrdquo colocada por um reconhecido especialista chinecircs72 poderiam ser pontos de partida para discussotildees mais especiacuteficas e operacionais tanto entre os BRICS quanto entre os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila73 Ao inveacutes de rejeitar tais conceitos como sendo ataques agrave Responsabilidade de Proteger as potecircncias ocidentais deveriam ver essas iniciativas como uma oportunidade para um debate construtivo sobre como proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade74

Inserindo a Reflexatildeo e o Aprendizado Constantes em cada Ferramenta PoliacuteticaAinda que haja muita experiecircncia estabelecida com fracassos terriacuteveis e os poucos sucessos qualificados natildeo haacute uma base de conhecimento confiaacutevel sobre como proteger pessoas contra crimes de atrocidade Em geral governos e organizaccedilotildees internacionais continuam tratando cada crise como sendo uacutenica dando pouca atenccedilatildeo agrave reflexatildeo contiacutenua ao aprendizado e agrave adaptaccedilatildeo das poliacuteticas conforme as situaccedilotildees evoluem Os acadecircmicos jaacute aprenderam bem mais sobre o que natildeo funciona em algumas condiccedilotildees do que sobre o que poderia melhorar ndash por um lado porque cada intervenccedilatildeo poliacutetica acontece com contexto proacuteprio e por outro porque resultam de incentivos acadecircmicos e dificuldades de acesso a dados

30Global Public Policy Institute (GPPi)

Governos organizaccedilotildees internacionais sociedade civil e acadecircmicos precisam projetar poliacuteticas que sejam mais adaptaacuteveis ao conhecimento em evoluccedilatildeo e agrave avaliaccedilatildeo de riscos com base em oportunidades internas para reflexatildeo e aprendizado contiacutenuos e colaborativosEnquanto ainda haacute urgecircncia para que medidas sejam tomadas agir de forma responsaacutevel perante tanta incerteza pede que sejamos menos confiantes em nossa habilidade de determinar a melhor poliacutetica possiacutevel para cada situaccedilatildeo Poliacuteticos ativistas e intelectuais devem ser honestos consigo mesmos e transparentes com aqueles que mais sofrem com os impactos dessas poliacuteticas Natildeo haacute soluccedilotildees que tenham sido testadas e comprovadas Tudo que podemos fazer eacute tentar identificar a forma mais responsaacutevel de desenvolver cada caso enquanto nos mantemos preparados e prontos para reagir rapidamente a mudanccedilas e melhorar nossa gama de poliacuteticas instrumentais Este processo experimental de decisatildeo poliacutetica precisa ser constantemente monitorado e avaliado de forma autocriacutetica tanto interna quanto externamente atraveacutes do diaacutelogo franco e honesto entre profissionais sociedades e especialistas externos em todos os niacuteveis desde o monitoramento e avaliaccedilatildeo ateacute os debates mais amplos de poliacutetica puacuteblica sobre a eficaacutecia da forccedila militar e da diplomacia coercitiva na prevenccedilatildeo e resposta a crimes de atrocidade

31Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

1 Como a Genocide Prevention Task Force em um painel fechado de alto-niacutevel nos Estados Unidos apropriadamente argumentou em 2008 Genocide Prevention Task Force lsquoPreventing Genocide A Blueprint for US Policymakersrsquo (Washington DC The American Academy of Diplomacy US Holocaust Memorial Museum US Institute for Peace 2008) Veja tambeacutem Ruben Reike Serena Sharma e Jennifer Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo (Australian Civil-Military Centre e Oxford Institute for Ethics Law and Armed Conflict 2013) 6ff

2 Michael Ignatieff lsquoThe Libya Case a Teachable Momentrsquo Suddeutsche Zeitung Special Supplement http wwwamericanacademydesitesdefaultfilesuploadMSC202012pdf 3 de fevereiro de 2012 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 David Bosco lsquoAbstention Games on the Security Councilrsquo Foreign Policy httpforeignpolicy com20110317abstention-games-on-the-security-council 17 de marccedilo de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

3 Kofi A Annan lsquoTwo Concepts of Sovereigntyrsquo The Economist httpwwweconomistcomnode324795 16 de setembro de 1999 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

4 Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Conflict Security and Development 144 2014 Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

5 Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

6 Rosa Brooks lsquoThe UN Security Council and Civilian Protectionrsquo in Jared Genser e Bruno Ugarte eds The UN Security Council in the Age of Human Rights (New York Cambridge University Press 2013) 12 Sobre a base global para as normas de proteccedilatildeo veja Charles Sampford lsquoA Tale of Two Normsrsquo em Angus Francis Vesselin Popovski e Charles Sampford eds Norms of Protection Responsibility to Protect Protection of Civilians and Their Interaction (United Nations University Press 2012) Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

7 Para uma visatildeo geral do posicionamento do Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia e Aacutefrica do Sul sobre R2P veja os artigos na ediccedilatildeo especial de Conflict Security and Development Brockmeier Kurtz e Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Jaganathan e Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Julian Junk lsquoThe Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Xymena Kurowska lsquoMultipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Lui Tiewa e Zhang Haibin lsquoDebates in China About the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessmentrsquo Conflict Security and Development 2014 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Verhoeven Murthy e Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang Reinicke lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo ediccedilatildeo especial (144) de Conflict Security and Development (London Taylor amp Francis 2014)

8 CSR Murthy e Gerrit Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo Global Society em revisatildeo

9 Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo Global Society em revisatildeo Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo Global Society em revisatildeo

10 Judi Atkins Justifying New Labour Policy (Houndmills Basingstoke Hampshire New York Palgrave Macmillan 2011) 163 Veja por exemplo Stuenkel e Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Erna Burai lsquoParody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian Warrsquo Global Society em revisatildeo

Notas

32Global Public Policy Institute (GPPi)

11 Roland Paris lsquoThe ldquoResponsibility to Protectrdquo and the Structural Problems of Preventive Humanitarian Interventionrsquo International Peacekeeping 215 2014 4

12 Ramesh Thakur lsquoR2Prsquos ldquoStructuralrdquo Problems A Response to Roland Parisrsquo International Peacekeeping 2015 5

13 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

14 Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo Global Society em revisatildeo

15 Julian Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo Global Society em revisatildeo Julian Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo Global Society em revisatildeo

16 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

17 Erna Burai lsquoAfrican Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Groundrsquo Global Society em revisatildeo

18 Ambos os debates em torno das propostas brasileiras de Responsabilidade ao Proteger e o Diaacutelogo Interativo Informal da Assembleia Geral sobre Responsabilidade de Proteger e ldquoAccedilatildeo oportuna e decisivardquo em 2012 constituiacuteram tentativas de defensores de R2P se envolverem em discussotildees sobre o uso da forccedila e R2P Para acessar uma coleccedilatildeo de discursos durante a Assembleia Geral de 2012 veja httpwwwglobalr2porgresources278

19 Sarah Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo em Mary Kaldor e Iavor Rangelov eds The Handbook of Global Security Policy (Chichester West Sussex Wiley Blackwell 2014) 225

20 Alastair Iain Johnston lsquoThinking About Strategic Culturersquo International Security 194 1995 46

21 Pessimismo sobre a eficaacutecia da forccedila no entanto natildeo eacute o mesmo de promover a natildeo-violecircncia Alguns dos maiores defensores do ceticismo em relaccedilatildeo agraves forccedilas militares para proteccedilatildeo frequentemente recorrem a forccedilas militares ou quase militares no acircmbito domeacutestico

22 Otto Bakkano lsquoAU Pushes for Ceasefire Political Solution in Libyarsquo Mail amp Guardian httpmgcoza article2011-05-26-au-pushes-for-ceasefire-political-solution-in-libya 26 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Guido Westerwelle lsquoBundesminister Westerwelle Statement vom 25032011 zu Syrien Jemen Israel und dem Gaza-Streifen Sowie Libyenrsquo Auswartiges Amt httpwwwbrasildiplodeVertretung brasiliende07__AussenpolitikReden_20des_20Au_C3_9FenministersStatemente_20Syrienhtml 25 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

23 Barack Obama David Cameron e Nicolas Sarkozy lsquoLibyarsquos Pathway to Peacersquo The International Herald Tribune httpwwwnytimescom20110415opinion15iht-edlibya15html 15 de abril de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Reuters lsquoKerry Insists No Place for Assad in Syriarsquos Futurersquo Reuters httpwwwreuters comarticle20140117us-syria-crisis-kerry-idUSBREA0G14A20140117 17 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

24 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

25 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

26 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

27 Kersti Larsdotter lsquoExploring the Utility of Armed Force in Peace Operations German and British Approaches in Northern Afghanistanrsquo Small Wars and Insurgencies 193 2008 Taylor B Seybolt Humanitarian Military Intervention The Conditions for Success and Failure (Oxford Oxford University Press 2008) Rupert Smith The Utility of Force The Art of War in the Modern World (London Allen Lane 2005) Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

28 UN Department of Peacekeeping Operations e UN Department of Field Support lsquoOperational Concept on the Protection of Civilians in United Nations Peacekeeping Operationsrsquo (New York 2010) Sarah Sewall Dwight Raymond e Sally Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook (Cambridge MA Harvard Kennedy School 2010)

29 Harry Verhoeven documenta o exemplo de um diplomata chinecircs que ldquopensava que o Ocidente tinha inventado os Janjaweed [miliacutecias proacute- governo em Darfur] como uma desculpa para intervir Mas eles eram de verdade e matavam pessoasrdquo Harry Verhoeven lsquoIs Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa Is Changing Chinarsquo The Washington Quarterly 372 2014 64

33Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

30 BS Chimni lsquoFor Epistemological and Prudent Internationalismrsquo Harvard Law School Human Rights Journal novembro 2012 Greg Simons lsquoThe International Crisis Group and the Manufacturing and Communicating of Crisesrsquo Third World Quarterly 354 2014 Ramesh Thakur lsquoIs the United Nations Racistrsquo The Hindu httpwwwthehinducomopinionleadis-the-united-nations-racistarticle4928624ece 19 de julho de 2013 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

31 Ambassador Liu Zhenmin lsquoStatement by Ambassador Liu Zhenmin at the Plenary Session of the General Assembly on the Question of ldquoResponsibility to Protectrdquorsquo httpresponsibilitytoprotectorgStatement20 by20Ambassador20Liu20Zhenminpdf 24 de julho de 2009 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Zhang Haibin e Lui Tiewa lsquoRealizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and Thereafterrsquo Global Society em revisatildeo

32 Conversa com uma seacuterie de especialistas indianos em evento na Jawaharlal Nehru University (Nova Deacuteli Iacutendia) no dia 21 de Janeiro de 2015

33 IRIN lsquoA New Start for Crisis Reportingrsquo IRIN httpnewirinirinnewsorgpress-release 20 de novembro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34 Veja por exemplo Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoReport of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on United Nations Action in Sri Lankarsquo (New York United Nations 2012)

35 Um bom exemplo foi o briefing do Assessor Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedio para o Conselho de Seguranccedila da ONU depois de sua visita agrave Repuacuteblica Centro-Africana no dia 22 de janeiro de 2014 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoThe Statement of under Secretary-GeneralSpecial Adviser on the Prevention of Genocide Mr Adama Dieng on the Human Rights and Humanitarian Dimensions of the Crisis in the Central African Republicrsquo httpwwwunorgenpreventgenocideadviserpdfSAPG20Statement20at20UNSC20 on20the20situation20in20CAR-202220Jan202014pdf 22 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

36 Morten Bergsmo Quality Control in Fact-Finding (Florence Torkel Opsahl Academic EPublisher 2013) 210

37 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoRights up Front A Plan of Action to Strengthen the UNrsquos Role in Protecting People in Crises Follow-up to the Report of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on UN Action in Sri Lankarsquo (New York 2013)

38 Veja tambeacutem futura publicaccedilatildeo do GPPi Gerrit Kurtz lsquoA New Tool for Civilian Protection - the Human Rights up Front Initiative of the United Nationsrsquo GPPi Policy Brief futura publicaccedilatildeo

39 Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo

40 Jose Ramos-Horta lsquoIndia Right in Asking for More Say in Peacekeeping Operations-Related Decisions Top UN Panel Chiefrsquo Hindustan Times httpwwwhindustantimescomindia-newsindia-right-in-asking- for-more-say-in-peacekeeping-operations-related-decisions-top-un-panel-chiefarticle1-1314354aspx 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 13 de marccedilo de 2015

41 Thomas Biersteker et al lsquoThe Effectiveness of UN Targeted Sanctions - Findings from the Targeted Sanctions Consortium (TSC)rsquo The Graduate Institute Geneva 2013

42 Kirsten Ainley lsquoThe Responsibility to Protect and the International Criminal Court Counteracting the Crisisrsquo International Affairs 911 2015

43 Para distinccedilatildeo entre atividades ldquosistecircmicasrdquo e ldquodirecionadasrdquo veja Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

44 Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo Global Society em revisatildeo

45 Verhoeven e Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo 8 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann lsquoSchutz und Verantwortung Uber die US- Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltatenrsquo (2013)

46 Mike Brand lsquoEmploying lsquoPreventionrsquo to Prevent Mass Atrocitiesrsquo Saferworld httpwwwsaferworldorguk news-and-viewscomment123-employing-apreventiona-to-prevent-mass-atrocities 25 de fevereiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Warren Strobel e Louis Charbonneau lsquoUS Was Slow to Lose Patience as South Sudan Unraveledrsquo Reuters 14 de janeiro de 2014

47 Adam Lupel lsquoUN Adviser on Prevention of Genocide ldquoWe Have to Make Sure the Security Council Actsrdquorsquo httptheglobalobservatoryorg201404un-adviser-on-prevention-of-genocide-we-have-to-make-sure- security-council-acts 28 de abril de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34Global Public Policy Institute (GPPi)

48 Office for the Coordination of Humanitarian Affairs lsquoHumanitarian Bulletin Syriarsquo Humanitarian Bulletin Issue 53 httpreliefwebintsitesreliefwebintfilesresourcesBulletin_no_53_17032015_final_01pdf 1 de fevereiro - 18 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

49 Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

50 Human Rights Watch lsquoGermany QampA on Trial of Two Rwandan Rebel Leadersrsquo httpwwwhrworgde news20110502germany-qa-trial-two-rwandan-rebel-leaders 2 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 23 de marccedilo de 2015

51 Eric Lichtblau lsquoUS Seeks to Deport Bosnians over War Crimesrsquo New York worldus-seeks-to-deport-bosnians-over- Times httpwwwnytimescom20150301war-crimeshtml 28 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

52 Para um argumento similar observando o envolvimento internacional com a Liacutebia em 2015 veja International Crisis Group lsquoLibya Getting Geneva Rightrsquo International Crisis Group Middle East and North Africa Report Nr 157 2015

53 Kurtz e Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo

54 Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo

55 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

56 Alex J Bellamy e Charles T Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo (Asia- Pacific Centre for the Responsibility to Protect 2010) Alex J Bellamy The Responsibility to Protect A Defense (Oxford Oxford University Press 2014)

57 Ashley Jackson lsquoProtecting Civilians The Gap between Norms and Practicersquo (Humanitarian Policy Group 2014)

58 Isso jaacute foi escrito em 2009 no relatoacuterio ldquoNew Horizonrdquo do DPKO ldquoO descompasso entre expectativas e capacidade de promover proteccedilatildeo abrangente criou um significante desafio de credibilidade para as operaccedilotildees de paz da ONUrdquo Department of Peacekeeping Operations lsquoA New Partnership Agenda Charting a New Horizon for UN Peacekeepingrsquo (New York 2009) 20

59 Compare United Nations lsquoFinal Report of the Expert Panel on Technology and Innovation in UN Peacekeepingrsquo httpwwwperformancepeacekeepingorgofflinedownloadpdf 22 de dezembro de 2014

60 Compare United States Mission to the United Nations lsquoRemarks on Peacekeeping in Brussels by Samantha Power US Permanent Representative to the United Nationsrsquo httpusunstategovbriefing statements238660htm 9 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

61 Bellamy and Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo 23-24 Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

62 Isso poderia se basear no Mass Atrocities Response Operations project do US Armyrsquos Peacekeeping and Stability Operations Institute e do Harvard Kennedy Schoolrsquos Carr Center for Human Rights Veja Sewall Raymond e Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook

63 Mats Berdal e David H Ucko lsquoThe United Nations and the Use of Force Between Promise and Perilrsquo Journal of Strategic Studies 375 2014

64 Veja tambeacutem os resultados de um projeto do SIPRI sobre o futuro das operaccedilotildees de paz Jair van der Lijn e Xenia Avezov lsquoThe Future Peace Operations Landscape - Voices from Stakeholders around the Globe - Final Report of the New Geopolitics of Peace Operations Initiativersquo Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) janeiro de 2015

65 Security Council Report lsquoChairs of Subsidiary Bodies and Penholders for 2015rsquo httpwwwsecuritycouncilreportorgmonthly-forecast2015-02chairs_of_subsidiary_bodies_and_penholders_ for_2015php 30 de janeiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

66 Gareth Evans lsquoLimiting the Security Council Vetorsquo Project Syndicate httpwwwproject-syndicateorg commentarysecurity-council-veto-limit-by-gareth-evans-2015-02 4 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Kofi Annan e Gro Harlem Brundtland lsquoFour Ideas for a Stronger UNrsquo The New York Times httpwwwnytimescom20150207opinionkofi-annan-gro-harlem-bruntland-four-ideas-for-a-stronger- unhtml_r=0 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

67 Conversa com ex-comandantes militares Nova Deacuteli janeiro de 2015

68 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

35Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

69 Ibid Murthy e Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo

70 Compare tambeacutem com Bellamy The Responsibility to Protect A Defense 200

71 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

72 Ruan Zongze lsquo阮宗泽中国应倡导ldquo负责任的保护rdquo- ( China deveria defender a Proteccedilatildeo Responsaacutevel)rsquo Global Times (ediccedilatildeo chinesa) httpopinionhuanqiucom11522012-032501163html uacuteltimo acesso em 7 de marccedilo de 2012

73 Andrew Garwood-Gowers lsquoChinarsquos ldquoResponsible Protectionrdquo Concept Re-Interpreting the Responsibility to Protect (R2P) and Military Intervention for Humanitarian Purposesrsquo Asian Journal of International Law disponiacutevel em CJO2015 2015

74 Thorsten Benner lsquoBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiativersquo GPPi Working Paper Series 2013

36Global Public Policy Institute (GPPi)

Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang 4 n 4 2014) A ediccedilatildeo especial conteacutem os seguintes artigos todos disponiacuteveis gratuitamente online Introduction Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier

Regulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protect por Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

Debates in China about the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessment por Liu Tiewa e Zhang Haibin

Emerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protect por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk

Singing the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protect por Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz

Multipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protect por Xymena Kurowska

ldquoOur Identity is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Intervention por Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira

The Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protect por Julian Junk

Em breve laccedilaremos uma ediccedilatildeo especial na Global Society os seguintes artigos que estatildeo atualmente em processo de revisatildeo To Intervene in Darfur or Not Re-examining the R2P Debate and its Impacts por Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira

International Responsibility as Solidarity the Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectory por CSR Murthy e Gerrit Kurtz

Bringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenya por Julian Junk

Testing Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2P por Julian Junk

Parody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian War por Erna Burai

Protection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009 por Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan

Realizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and thereafter por Zhang Haibin e Liu Tiewa

The Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protection por Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

African Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Ground por Erna Burai

Responsibility While Protecting and the Ethics of R2P Implementation por Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier

Outras publicaccedilotildees relacionadasBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiative por Thorsten Benner Seacuterie de Working Papers do GPPi 2013

O Brasil como um Empreendedor Normativo a Responsabilidade ao Proteger por Thorsten Benner Politica Externa v 21 n 4 2013 p 35-46

Germany and the Intervention in Libya por Sarah Brockmeier Survival Global Politics and Strategy v55 n6 2013 p 63ndash90

Schutz und Verantwortung Uber die US-Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltaten por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann Heinrich Boll Foundation June 2013

Internationale Schutzverantwortung - Normative Erwartungen und Politische Praxis por Christopher Daase e Julian Junk (orgs) Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n 1-2 2013

Die Legalisierung der Legitimitat ndash Zur Kritik der Schutzverantwortung als Emerging Norm por Christopher Daase Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n1-2 2013 p 41-62

Emerging Power Exceptional State Elusive Country Explaining Indiarsquos Behavior por Madhan Mohan Jaganathan (com Amna Sunmbul) Proceedings of the International Conference on Social Sciences Chennai 2013 p 308-311

A New Tool for Civilian Protection - The Human Rights up Front Initiative of the United Nations por Gerrit Kurtz GPPi Policy Brief lanccedilamento em breve

Indiarsquos Approach to the Protection of Civilians in Armed Conflicts por CSR Murthy Norwegian Peacebuilding Resource Centre novembro de 2012

Contemporary World Order and Approaches to UN Peacekeeping A South Asian Perspective por CSR Murthy Friedrich Ebert Foundation dezembro de 2012

India-Brazil-South Africa Dialogue Forum (IBSA) The Rise of the Global South por Oliver Stuenkel Routledge Global Institutions 2014

The BRICS and the Future of Global Order por Oliver Stuenkel Lexington Press 2015

The BRICS and the Future of R2P Was Syria or Libya the Exception por Oliver Stuenkel Global Responsibility to Protect v6 n 1 2014 p 3-28

China and Responsibility to Protect Maintenance and Change of its Policy for Intervention por Liu Tiewa The Pacific Review v 25 v1 2012 p 153-173

Is China Like the Other Permanent Members Governmental and Academic Debates about RtoP by Liu Tiewa in Moacutenica Serrano e Thomas G Weiss (orgs) Rallying to the RtoP Cause The International Politics of Human Rights Routledge 2014 p 148-170

Chinese Strategic Culture and the Use of Force Moral and Political Perspectives por Liu Tiewa Journal of Contemporary China v23 n87 2014 p 556-574

Is Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa is Changing China por Harry Verhoeven The Washington Quarterly vol37 n2 2014 p 55-70

Publicaccedilotildees Selecionadas

37Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

AutoresThorsten BennerGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Sarah Brockmeier Global Public Policy InstituteBerlin Germany

Erna BuraiCentral European UniversityBudapest Hungary

CSR MurthyJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Christopher DaasePeace Research InstituteFrankfurt Germany

J Madhan MohanJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Julian JunkPeace Research InstituteFrankfurt Germany

Xymena KurowskaCentral European UniversityBudapest Hungary

Gerrit KurtzGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Liu TiewaPeking University China

Wolfgang ReinickeGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Philipp RotmannGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Ricardo Soares de OliveiraOxford UniversityUnited Kingdom

Matias SpektorFundaccedilatildeo Getulio VargasRio de Janeiro Brazil

Oliver StuenkelFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Marcos TourinhoFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Harry VerhoevenOxford UniversityUnited Kingdom

Zhang HaibinPeking UniversityChina

Global Public Policy Institute (GPPi)Reinhardtstr 7 10117 Berlin GermanyPhone +49 30 275 959 75-0Fax +49 30 275 959 75-99gppigppinet

gppinetglobalnormsnet

9Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

PROJETO DE PESQUISA

A Evoluccedilatildeo da Norma Global e a Responsabilidade de Proteger

Como uma equipe de pesquisadores acadecircmicos e think-tankers localizados em Pequim Berlim Budapeste Deacutelhi Frankfurt Oxford Rio de Janeiro e Satildeo Paulo analisamos a evoluccedilatildeo global da proteccedilatildeo contra atrocidades com foco em R2P durante a uacuteltima deacutecada Perguntamo-nos como e por que Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia Aacutefrica do Sul e os Estados Unidos se envolveram com tais ideias em referecircncia a suas histoacuterias culturas e poliacuteticas domeacutesticas Publicamos as descobertas em uma ediccedilatildeo especial com acesso gratuito da publicaccedilatildeo ldquoConflict Security and Development (ldquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrdquo)

Depois examinamos como debates especiacuteficos moldaram as expectativas futuras globais sobre a proteccedilatildeo contra atrocidades A maior parte destes debates tem foco em reaccedilotildees internacionais a crimes atrozes praticados em determinados locais ndash Darfur Quecircnia Mianmar Geoacutergia Sri Lanka Liacutebia e Costa do Marfim enquanto outros tratam da ideia do R2P e sua implementaccedilatildeo de formas mais abstratas Estas descobertas seratildeo publicadas posteriormente em 2015 e tambeacutem estaratildeo disponiacuteveis para download gratuito em wwwglobalnormsnet

De forma geral conduzimos mais de 250 entrevistas com poliacuteticos diplomatas acadecircmicos e atores da sociedade civil em 20 paiacuteses e ateacute o momento publicamos 25 artigos ou estudos

Neste trabalho agradecemos o generoso apoio da Fundaccedilatildeo Volkswagen como parte de seu programa ldquoDesafios Europeus e Globaisrdquo em cooperaccedilatildeo com Riksbankens Jubileumsfond e Compagnia di San Paolo

Patrocinadores

Parceiros

10Global Public Policy Institute (GPPi)

ldquoAssim como aprendemos que o mundo natildeo pode se abster enquanto violaccedilotildees brutais e sistemaacuteticas dos direitos humanos acontecem tambeacutem aprendemos que se o objetivo for conseguir o apoio sustentado da populaccedilatildeo mundial a intervenccedilatildeo tem que estar baseada em princiacutepios legiacutetimos e universaisrdquo

Kofi Annan Dois Conceitos de Soberania (1999)3

Justa ou injustamente as elites poliacuteticas na maior parte dos paiacuteses acreditam que a Responsabilidade de Proteger estaacute intrinsicamente ligada agrave pouca consideraccedilatildeo dada pelos mais poderosos aos princiacutepios do direito internacional e a um ldquocomplexo brancordquo de ldquosalvador da paacutetriardquo Por outro lado a oposiccedilatildeo agrave Responsabilidade de Proteger eacute vista comumente como uma insistecircncia ciacutenica da soberania em face ao sofrimento humano ou como uma equivocada solidariedade do Sul Global com regimes repressivos 4

Tais caricaturas satildeo legados da batalha retoacuterica dos anos 1990 Associar o desafio da proteccedilatildeo contra atrocidades agrave soluccedilatildeo da intervenccedilatildeo ndash como feito por Kofi Annan em seu famoso discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU de 1999 ndash eacute macular o primeiro com a carga poliacutetica e histoacuterica do segundo Ao tratar diretamente essa carga Annan endossou uma tentativa de redefinir o conceito de soberania de forma a tirar ecircnfase da proteccedilatildeo coletiva do Estado perante a dominaccedilatildeo externa e a favor da proteccedilatildeo do indiviacuteduo contra danos e ameaccedilas Mas tal ideia de ldquosoberania como responsabilidaderdquo teve efeito contraacuterio ao esperado natildeo somente porque permitiu que intervencionistas ansiosos determinassem de forma seletiva atores que exerciam soberania ldquoresponsaacutevelrdquo ou ldquoirresponsaacutevelrdquo mas tambeacutem que definissem a intervenccedilatildeo como sendo a escolha responsaacutevel Entretanto o argumento moralista intervencionista se tornou hipoacutecrita quando usado por governos cujos histoacutericos de comportamento internacional responsaacutevel natildeo eram tatildeo brilhantes assim Como resultado esta linha de debate arruinou muitas discussotildees sobre a proteccedilatildeo contra crimes atrozes nos anos apoacutes a crise do Kosovo e a invasatildeo do Iraque liderada pelos EUA5

Em nossas pesquisas descobrimos que este debate pernicioso perdeu gradualmente a maior parte de sua relevacircncia poliacutetica na uacuteltima deacutecada em meio agraves controveacutersias sobre a inclusatildeo da Responsabilidade de Proteger no documento final da Cuacutepula Mundial de 2005 e sobre a autorizaccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila para uso

Resultados de Pesquisa Legados Retoacutericos e Debates Construtivos

11Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

de ldquotodos os meios necessaacuteriosrdquo para proteger os civis na Liacutebia Aleacutem dos ocasionais exerciacutecios retoacutericos descobrimos que houve uma mudanccedila no cerne do conflito global sobre a proteccedilatildeo contra crimes atrozes Perante os piores crimes atrozes aconteceu o desgaste da defesa do natildeo-intervencionismo como resistecircncia agrave hegemonia Ocidental Contudo a sombra do imperialismo ainda eacute uma questatildeo a ser considerada Os policymakers ocidentais precisam ser mais cautelosos do que no passado Muito do ceticismo sobre a eficaacutecia do uso das forccedilas militares eacute genuiacutena mesmo se proferida por aqueles que poderiam fazer mais para transformar suas visotildees de diplomacia efetivas em realidade

Obviamente ainda haacute grandes divergecircncias sobre a proteccedilatildeo Elas satildeo concentradas em dois desafios inter-relacionados sobre a proteccedilatildeo na praacutetica como prevenir o uso abusivo dos argumentos humanitaacuterios pelas grandes potecircncias (ldquocomo proteger de forma responsaacutevelrdquo conforme articulado pelo Brasil) e como proteger de forma eficaz particularmente quando pairam as sombras da coerccedilatildeo e do uso da forccedila Ambas as divergecircncias requerem um seacuterio engajamento perante as muitas dificuldades e dilemas que satildeo impostos e vatildeo aleacutem dos estereoacutetipos simplistas e equivocados que haacute muito dominam o debate sobre a Responsabilidade de Proteger

O que eacute Indiscutiacutevel Proteccedilatildeo Contra Crimes de Atrocidade Requer Accedilatildeo InternacionalOs atores relevantes em todo o mundo aceitam a ideia de que a proteccedilatildeo de populaccedilotildees contra crimes de atrocidade eacute de responsabilidade tanto nacional quanto internacional Tal aceitaccedilatildeo vai aleacutem das bases legais do direito internacional humanitaacuterio e da Convenccedilatildeo para a Prevenccedilatildeo e Repressatildeo do Crime de Genociacutedio mas natildeo eacute tampouco um produto do movimento que produziu R2P Ela comeccedilou a emergir jaacute nos anos 90 quando para pessoas e governos ldquoa toleracircncia a atrocidades em massa natildeo pareceu mais aceitaacutevel ndash pareceu algo imoralrdquo 6Desde entatildeo as expectativas sobre proteccedilatildeo cresceu de forma exponencial Demandas morais sobre terceiros ndash humanitaacuterios diplomatas observadores de direitos humanos e ateacute mesmo militares ndash para que ajam de forma preventiva e equilibrem a proteccedilatildeo individual e a soberania estatal acabou excedendo enormemente as capacidades e possibilidades realistas de fazer com que isso aconteccedila

Haacute uma disposiccedilatildeo muito maior e mais difundida em dar apoio ao que parece ser necessaacuterio para proteger populaccedilotildees contra esses crimes de atrocidade e ateacute mesmo em contribuir de forma ativa quando haacute intercessatildeo com outros interesses estrateacutegicos Tal predisposiccedilatildeo vai aleacutem de pequenos grupos de Estados do ldquoOcidenterdquo dos ldquointervencionistas liberaisrdquo ou dos paiacuteses Amigos da Responsabilidade de Proteger Ao analisar a questatildeo poliacutetica da proteccedilatildeo descobrimos que nenhuma divisatildeo arbitraacuteria entre ldquoNorterdquo e ldquoSulrdquo ldquoOcidenterdquo e ldquonatildeo-Ocidenterdquo ldquoemergentesrdquo e ldquodesenvolvidosrdquo

ldquodemocraacuteticosrdquo e ldquoautoritaacuteriosrdquo eacute uacutetil7 Foi o Movimento dos Natildeo-Alinhados que estava pronto para autorizar o fortalecimento da operaccedilatildeo de paz da ONU em Ruanda no ano de 1994 enquanto os Estados Unidos eram ferrenhos opositores Enquanto as potecircncias ocidentais lideraram as intervenccedilotildees no Kosovo e na Liacutebia para proteger civis dezenas de milhares de peacekeepers do Sul da Aacutesia e da Aacutefrica ajudaram a proteger civis em dezenas de missotildees da ONU nos uacuteltimos 20 anos Jaacute durante as negociaccedilotildees da

12Global Public Policy Institute (GPPi)

Cuacutepula Mundial diversas perspectivas que vatildeo aleacutem dessas dicotomias estereotipadas contestaram e contribuiacuteram para a formulaccedilatildeo final do R2P no documento oficial da Cuacutepula 8

Eacute escasso o grupo de governos que se opotildee categoricamente a um papel internacional na proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade independentemente das circunstacircncias Alguns satildeo responsaacuteveis por tais crimes Outros interpretam tudo como parte de uma conspiraccedilatildeo imperialista das grandes potecircncias especialmente dos Estados Unidos As preocupaccedilotildees desses atores natildeo podem ou devem ser levadas em consideraccedilatildeo

O que Ainda eacute Discutiacutevel Como Proteger de Forma Responsaacutevel e EfetivaHaacute um grande grupo de moderados defensores da proteccedilatildeo e ceacuteticos da intervenccedilatildeo cujas preocupaccedilotildees certamente precisam ser levadas em conta de forma mais seacuteria perante os repetidos fracassos e abusos de poder Eles ndash governos de Brasil Iacutendia Aacutefrica do Sul China e Alemanha aleacutem de ativistas especialistas acadecircmicos e alguns tomadores de decisatildeo nos Estados Unidos Reino Unido e Franccedila ndash levantam questotildees legiacutetimas sobre por exemplo como o mundo pode melhorar a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade de forma tanto efetiva quanto responsaacutevel

De diversas formas a saliecircncia emocional e poliacutetica da disputa sobre a natildeo-intervenccedilatildeo haacute muito dificultou estes debates cruciais sobre os resultados praacuteticos da proteccedilatildeo Na maior parte do tempo argumentos sobre as questotildees praacuteticas satildeo feitas ou interpretadas como sendo de maacute-feacute A Liacutebia eacute um desses casos em questatildeo Brasil Iacutendia e Aacutefrica do Sul natildeo criticaram veementemente a intervenccedilatildeo militar de 2011 porque estavam preocupados com violaccedilotildees agrave soberania da Liacutebia ou porque se opunham ao papel internacional na proteccedilatildeo de civis contra atrocidades iminentes em Bengazi Pelo contraacuterio tais paiacuteses reclamaram do abuso de um mandato do Conselho de Seguranccedila de fins poliacuteticos ao inveacutes de proteccedilatildeo ndash neste caso tratava-se de uma mudanccedila no regime com provaacuteveis implicaccedilotildees praacuteticas de um colapso estatal que por sua vez resultaria em riscos adicionais agrave populaccedilatildeo Estes criacuteticos ainda tecircm que combinar a sua retoacuterica de exigir mais e melhor proteccedilatildeo por intermeacutedio de investimentos em ideias e capacidades para fazecirc-la conforme seja necessaacuterio Contudo isso natildeo torna seus argumentos menos vaacutelidos

Haacute uma distinccedilatildeo criacutetica entre dois tipos de situaccedilotildees de atrocidades que dependem do tipo de perpetrador O consenso internacional para agir contra perpetradores natildeo-Estatais mesmo se ligados a forccedilas estatais eacute mais faacutecil de obter do que uma accedilatildeo contra agentes estatais Mesmo que o consentimento governamental de confrontar grupos natildeo-Estatais seja frequentemente incerto e inconsistente como no caso da RDC haacute pouca preocupaccedilatildeo com a soberania desses regimes fracos O debate-chave nesses casos eacute sobre como efetivamente proteger pessoas contra crimes de atrocidade natildeo somente por meio de instrumentos militares mas com maior frequecircncia com o uso de ferramentas civis Isso jaacute eacute bastante desafiador Ainda mais difiacuteceis satildeo os casos em que as forccedilas estatais estatildeo entre os principais perpetradores Nestas situaccedilotildees como na Liacutebia em 2011 e posteriormente na Siacuteria a preocupaccedilatildeo global central com instrumentos coercitivos (de sanccedilotildees a intervenccedilotildees militares) estaacute relacionada ao

13Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

abuso de poder para fins natildeo-humanitaacuterios e com duacutevidas sobre a sabedoria de atacar um Estado que frequentemente serve de protetor para alguns e cuja derrubada pode resultar em riscos adicionais agraves pessoas O histoacuterico mundial na reconstruccedilatildeo de Estados natildeo eacute suficientemente encorajador para rebater tais preocupaccedilotildees

Protegendo de forma responsaacutevel Salvaguardas contra o Abuso pelas Grandes PotecircnciasApoacutes o caso da Liacutebia intervenccedilotildees militares soacute seratildeo consideradas legiacutetimas se feitas de maneira que novos abusos pelas grandes potecircncias sejam prevenidos9 Nesses casos especiais em que haacute o uso da forccedila sem consentimento ainda paira a sombra do imperialismo Na maior parte do mundo ainda eacute recente a lembranccedila do abuso pelas grandes potecircncias hipocritamente encoberto de valores universais O uso de justificativas humanitaacuterias por alguns poliacuteticos britacircnicos e norte-americanos para a invasatildeo do Iraque em 2003 soacute aprofundou estas preocupaccedilotildees com ldquointervenccedilotildees humanitaacuteriasrdquo assim como o uso de argumentos similares pelos russos para justificar a invasatildeo da Geoacutergia em 2008 e da Ucracircnia em 201410 Este senso de hipocrisia daacute origem a uma das principais razotildees para desconfianccedila sobre o R2P desde que o conceito foi criado

Intervenccedilotildees legiacutetimas natildeo requerem um padratildeo irrealista de consistecircncia ou de motivos puramente altruiacutesticos A proteccedilatildeo requer recursos e aceitaccedilatildeo de riscos e na poliacutetica internacional a inconsistecircncia eacute a regra e natildeo a exceccedilatildeo Estados que fornecem as capacidades e assumem os riscos de proteger na maioria dos casos estaratildeo motivados por mais do que puro altruiacutesmo e suas motivaccedilotildees ndash que comeccedilam pela mobilizaccedilatildeo de seus constituintes ndash variam conforme a situaccedilatildeo Tanto os problemas dos ldquomotivos justosrdquo quanto o de ldquoseletividaderdquo levam corretamente a anaacutelises mais minuciosas do uso da forccedila11 ainda que nenhum destes fatores esteja limitado a intervenccedilotildees de proteccedilatildeo e tratem em geral da coerccedilatildeo no atual sistema internacional12 Mesmo que sejam normativamente relevantes e retoricamente uacuteteis para opor intervenccedilotildees particulares tais argumentos natildeo evitam que a maior parte dos atores internacionais apoie uma intervenccedilatildeo aceita como necessaacuteria e possivelmente efetiva Como ilustrado pelo caso da Liacutebia extrapolou-se o limite quando motivos incompatiacuteveis ndash a remoccedilatildeo forccedilosa de Gaddafi e seu regime sem uma loacutegica convincente relacionada agrave proteccedilatildeo ndash foram vistos como superiores agraves preocupaccedilotildees com proteccedilatildeo13

Protegendo de Forma Efetiva O Que Funciona na Praacutetica

A proteccedilatildeo efetiva natildeo eacute mais faacutecil de garantir do que proteccedilatildeo responsaacutevel Enquanto os casos de sucesso foram poucos e limitados tentativas de engajamento pressotildees e intervenccedilotildees militares frequentemente falharam em proteger ou contribuiacuteram com novas ameaccedilas agraves populaccedilotildees Policymakers e acadecircmicos em todo o mundo admitem que sabem muito pouco sobre a proteccedilatildeo efetiva de pessoas contra crimes de atrocidade Para se avanccedilar nessa finalidade faz-se necessaacuterio tanto desenvolver instrumentos poliacuteticos quanto avaliar riscos e tentar identificar o menor de muitos males em vaacuterias situaccedilotildees diversas e particulares O que seraacute efetivamente necessaacuterio e provaacutevel de

14Global Public Policy Institute (GPPi)

obter sucesso estaacute aberto a debate e a desafios em cada caso e natildeo somente quando haacute o uso da forccedila

Uma anaacutelise dos casos que estudamos mostra as incertezas e ambiguidades envolvidas no processo decisoacuterio da proteccedilatildeo Como no caso do Sudatildeo um processo do Tribunal Penal Internacional contra um chefe de Estado contribuiu para o objetivo da proteccedilatildeo 14A proteccedilatildeo eacute aumentada ou dificultada quando uma crise eacute publicamente rotulada como ldquosituaccedilatildeo de R2Prdquo como no Quecircnia ou em Mianmar15 Se o Estado for um perpetrador de crimes de atrocidade haacute algum caso em que a forccedila militar pode ser usada contra ele sem a intenccedilatildeo de mudar o regime ou sem levar o paiacutes ao caos como na Liacutebia16 Quando e como os peacekeepers da ONU devem tomar partido nos conflitos17

Haacute duacutevidas justificaacuteveis sobre as opccedilotildees de poliacuteticas disponiacuteveis e seus riscos Se comparado aos consideraacuteveis esforccedilos para promover o R2P como princiacutepio muito pouco estaacute voltado para descobrir e avaliar tais escolhas difiacuteceis a fim de colocar a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade em praacutetica

A Controveacutersia Mais Profunda a Forccedila Pode ProtegerEnquanto governos ativistas na sociedade civil e representantes da ONU que trabalham com R2P haacute muito tempo tendem a enfatizar taticamente as aacutereas consensuais a maior controveacutersia internacional se refere agrave intervenccedilatildeo militar e ao uso da forccedila para proteccedilatildeo Um debate mais construtivo e autocriacutetico eacute essencial para possibilitar um sistema de proteccedilatildeo mais efetivo e responsaacutevel no futuro e tal debate deve tratar da eficaacutecia do uso da forccedila na proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade suas chances de causar mais resultados positivos do que negativos e seus sucessos e fracassos no passado18 Esse debate natildeo eacute somente relevante nos casos relativamente raros de intervenccedilatildeo militar jaacute que a forccedila e a coerccedilatildeo satildeo parte de uma variedade maior de estrateacutegias de proteccedilatildeo como as sanccedilotildees e as operaccedilotildees de paz Mesmo as ferramentas puramente diplomaacuteticas ou civis satildeo frequentemente vistas como passos que podem escalar o uso da forccedila

Os debates sobre o uso da forccedila ao inveacutes de darem ecircnfase aos meacuteritos e riscos possiacuteveis das diferentes escolhas tecircm se expressado em termos de crenccedilas vagas sobre a eficaacutecia da forccedila militar ajudar a atingir os objetivos poliacuteticos Nos debates analisados encontramos um contraste notaacutevel entre as referecircncias limitadas a estudos estrateacutegicos sobre a utilidade da forccedila nos conflitos modernos e a convicccedilatildeo com a qual os governos apresentam suas opiniotildees sobre este mesmo assunto

Na ldquoausecircncia de doutrina militar e anaacutelise [para proteccedilatildeo de civis]rdquo19 como admitido por um ex-funcionaacuterio do Pentaacutegono (mesmo para o caso dos Estados Unidos) policymakers tendem a se dividir em dogmas fundamentais das suas culturas estrateacutegicas nacionais20 As comunidades estrateacutegicas de alguns paiacuteses satildeo mais otimistas de que o uso da forccedila pode obter bons resultados como forma de proteccedilatildeo a civis enquanto outros satildeo majoritariamente pessimistas e tendem a acreditar que a aplicaccedilatildeo da forccedila militar pioraria a situaccedilatildeo21

Apesar da incerteza inerente a cada crise os atores em cada lado dessa divisatildeo apresentam suas crenccedilas com firmeza frequentemente em termos de truiacutesmos ndash ldquoSoacute pode haver uma soluccedilatildeo poliacuteticardquo 22 ou ldquonatildeo haacute futuro para a Liacutebia Siacuteria com Gaddafi Assad no poderrdquo23 Esses satildeo apenas dois posicionamentos proeminentes que natildeo satildeo

15Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

capazes de reconhecer a realidade complexa de qualquer crise Dessa forma eles convidam a uma troca muacutetua de estereoacutetipos ao inveacutes de uma discussatildeo construtiva Os resultados tecircm sido previsiacuteveis reaccedilotildees antiocidentais no Sul (ldquoeles soacute querem invadir nossos paiacutesesrdquo) e anti-Sul por parte do Ocidente (ldquoeles sempre se juntam a seus colegas ditadoresrdquo) Ambas as partes tentam fazer uso do discurso de responsabilidade para justificar seus pontos de vista ldquoAssumir a responsabilidaderdquo outrora significava assumir riscos e accedilotildees militares caras ateacute que o Brasil desafiou o monopoacutelio intervencionista sobre o termo24

Este contraste entre conhecimento e convicccedilatildeo fica aparente em muitos debates nebulosos sobre peacekeeping tal como a conduccedilatildeo da crise na Costa do Marfim pela ONU em 2010-2011 mas foi mais claramente colocado em debate a forma como Estados Unidos Franccedila e Reino Unido lideraram a intervenccedilatildeo de 2011 na Liacutebia Diplomatas brasileiros experientes por exemplo questionaram a justificativa de uma accedilatildeo militar para uma mudanccedila no regime argumento que nunca foi explicitado por americanos franceses e britacircnicos Por que natildeo cessar os ataques uma vez que as ameaccedilas imediatas agrave populaccedilatildeo civil jaacute haviam sido eliminadas e as forccedilas de Gaddafi jaacute natildeo avanccedilavam mais e desta forma forccedilar todas agraves partes a negociar Que responsabilidade a coalisatildeo intervencionista assumiu pelas accedilotildees de seus aliados de fato em terra as forccedilas rebeldes liacutebias Como a coalisatildeo intervencionista equilibrou os riscos e recompensas das diferentes escolhas estrateacutegicas e por que exatamente ldquonatildeo era possiacutevel imaginar um futuro com Gaddafi no poderrdquo como argumentado por Obama Cameron e Sarkozy no jornal The New York Times25Houve questionamentos similares sobre as sugestotildees de intervenccedilatildeo militar na Siacuteria A ausecircncia de respostas convincentes provavelmente teve um papel muito importante no arquivamento de uma seacuterie de planos para intervenccedilotildees unilaterais ao longo dos anos

O que parece ser um otimismo infundado de que a forccedila seria capaz de atingir objetivos poliacuteticos daacute origem a um desconforto difundido em muitas partes do mundo e que vai aleacutem do objetivo especifico de proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade A invasatildeo do Iraque liderada pelos EUA em 2003 se desdobrou em grandes debates como um exemplo de escolha irresponsaacutevel por uma potecircncia hegemocircnica que tende a instruir outros paiacuteses sobre lideranccedila global responsaacutevel Isso tambeacutem eacute um lembrete valioso de que mesmo a maior forccedila militar do globo eacute claramente incapaz de forccedilar a construccedilatildeo efetiva de uma nova ordem poliacutetica com consequecircncias traacutegicas para milhares de pessoas natildeo soacute no Iraque

Ainda assim durante as crises na Costa do Marfim na Liacutebia em 2011 e na Repuacuteblica Centro-Africana em 2014 o Conselho de Seguranccedila estava pronto para legitimar intervenccedilotildees militares ldquoconforme cada casordquo como foi sugerido pela Cuacutepula Mundial Em cada um desses casos emergiram grandes maiorias que priorizaram a necessidade de accedilatildeo militar em relaccedilatildeo agrave ampla preocupaccedilatildeo com a manutenccedilatildeo da soberania estatal seja atraveacutes de voto a favor no Conselho de Seguranccedila de abstenccedilatildeo para permitir que resoluccedilotildees passassem (como Ruacutessia e China no caso da Liacutebia) ou de apoio financeiro militar ou poliacutetico em outros foacuteruns de discussatildeo

Eacute possiacutevel que haja uma janela de oportunidades surgindo para um debate poliacutetico mais detalhado e criacutetico sobre a eficaacutecia da forccedila militar na proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade Tais debates estatildeo tratando dos objetivos diferentes mas relacionados da luta contra insurgentes e redes terroristas Em ambos os casos haacute uma discussatildeo ponderada nos ciacuterculos militares e policiais assim como em grandes meios

16Global Public Policy Institute (GPPi)

de comunicaccedilatildeo sobre questotildees como execuccedilotildees especiacuteficas de terroristas suspeitos ou taacuteticas de contra-insurgecircncia centradas na populaccedilatildeo

Outro debate similar e criacutetico precisa ser colocado em questatildeo em relaccedilatildeo agrave forccedila e a proteccedilatildeo Ele pode ser construiacutedo a partir de uma tendecircncia recente na direccedilatildeo de mais engajamento com os resultados e meios praacuteticos do uso da forccedila militar para proteccedilatildeo Sociedades e comunidades estrateacutegicas nos EUA Reino Unido e Franccedila mostraram sinais de cansaccedilo em relaccedilatildeo a intervenccedilotildees em geral e particularmente agraves unilaterais Ao mesmo tempo alguns dos defensores mais leais da restriccedilatildeo militar reflexiva ndash como China Brasil e Alemanha ndash comeccedilaram a considerar em determinados casos argumentos a favor da accedilatildeo militar para proteccedilatildeo de civis 26Tanto defensores quanto ceacuteticos da proteccedilatildeo militar se beneficiaratildeo ao forccedilar mais nuances nesses debates Por um lado a demanda por especificidades protegeraacute contra o uso abusivo da autoridade humanitaacuteria para fins escusos Por outro mais transparecircncia ajudaraacute na defesa contra reclamaccedilotildees de abuso Esse debate deve considerar as contribuiccedilotildees acadecircmicas recentes27 mas encontraraacute ferramentas mais especiacuteficas e fundamentais em conceitos poliacuteticos estabelecidos como na doutrina da ONU para proteccedilatildeo de civis e as tentativas dos militares norte-americanos de desenvolver orientaccedilotildees conceituais para ldquooperaccedilotildees de resposta a atrocidades em massardquo28

17Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Se as principais controveacutersias globais sobre a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade envolvem (1) o medo do uso abusivo de argumentos humanitaacuterios e (2) como proteger de forma efetiva quais satildeo as opccedilotildees para melhorar as soluccedilotildees globais de proteccedilatildeo O ponto de partida deve ser o reconhecimento de que a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade como um desafio poliacutetico complexo e natildeo somente como algo paliativo enquanto tenta-se resolver um conflito poliacutetico de maiores dimensotildees Qualquer estrateacutegia de proteccedilatildeo deve ser preparada primeiramente a fim de influenciar os caacutelculos poliacuteticos e militares dos perpetradores e deve levar em consideraccedilatildeo os limites de influecircncias externas sobre eventos domeacutesticos Os atores locais tecircm o maior controle sobre a dinacircmica da violecircncia e eacute difiacutecil prever o efeito dominoacute causado pelas accedilotildees externas O foco no curto prazo do conceito de ldquoresposta raacutepida saiacuteda raacutepidardquo eacute portanto um ato irresponsaacutevel quase independente de contexto mesmo que accedilotildees raacutepidas frequentemente sejam necessaacuterias poliacuteticos ativistas jornalistas e acadecircmicos precisam prestar mais atenccedilatildeo agraves poliacuteticas de longo prazo e a seus planejamentos para que sejam adaptadas agraves mudanccedilas

Com base em nossos resultados e anaacutelise apontamos opccedilotildees poliacuteticas para governos a ONU e organizaccedilotildees regionais aleacutem da miacutedia e da sociedade civil com o intuito de melhorar a credibilidade das ferramentas existentes ao fazer com que seu uso na proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade seja menos vulneraacutevel ao abuso e tenha resultados mais efetivos Comeccedilamos com a necessidade de garantir informaccedilotildees e anaacutelises criacuteveis sobre as situaccedilotildees em que crimes de atrocidade satildeo cometidos Depois oferecemos algumas sugestotildees para o fortalecimento das ferramentas disponiacuteveis aos civis para prevenccedilatildeo e resposta a atrocidades e para que as operaccedilotildees de paz da ONU melhorem a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade Depois indicamos opccedilotildees de reforma importantes para o processo decisoacuterio coletivo sobre accedilotildees militares e terminamos enfatizando a necessidade de um aprendizado contiacutenuo e colaborativo sobre as ferramentas para prevenccedilatildeo de atrocidades

Reduzindo a Vulnerabilidade das Fontes de Informaccedilatildeo perante Acusaccedilotildees de ParcialidadeAntes mesmo de comeccedilar a considerar formas de lidar com futuras ou atuais atrocidades o mundo precisa chegar a um consenso sobre o que estaacute acontecendo em cada situaccedilatildeo Atualmente a disponibilidade de informaccedilatildeo sobre situaccedilotildees especiacuteficas de crises natildeo eacute mais o principal desafio para que accedilotildees de mobilizaccedilatildeo aconteccedilam

Opccedilotildees Poliacuteticas para Proteccedilatildeo Mais Efetiva e Responsaacutevel

18Global Public Policy Institute (GPPi)

Ainda assim acreditamos que um desafio crucial para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade eacute a acusaccedilatildeo de parcialidade sobre o tipo e a interpretaccedilatildeo das informaccedilotildees sobre atrocidades fornecidas por governos pela miacutedia ou por grupos da sociedade civil A confianccedila nos Estados dominantes e nas instituiccedilotildees internacionais encontra-se em niacuteveis tatildeo baixos que mesmo os casos de atrocidades bem documentados como o ocorrido em Darfur foram considerados por alguns como propaganda intervencionista29

Essa desconfianccedila estaacute na maior parte das vezes direcionada a fontes relacionadas ao ldquoOcidenterdquo Fontes financiadas lideradas ou com suas sedes em paiacuteses ocidentais frequentemente satildeo as mais acessiacuteveis natildeo soacute pelas elites poliacuteticas em capitais longiacutenquas mas tambeacutem por paineacuteis de especialistas e investigaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas em paiacuteses em que natildeo haacute extensiva presenccedila de campo da ONU Quando as fontes locais de informaccedilatildeo claramente natildeo satildeo criacuteveis como na Siacuteria jornalistas tecircm acesso restrito a aacutereas violentas e por algumas vezes todas as outras fontes relevantes vecircm de organizaccedilotildees com sede no Ocidente de organizaccedilotildees locais da sociedade civil que dependem de ajuda ocidental ou de financiamento externo e que tecircm uma temaacutetica antigovernamental especiacutefica ou ainda de profissionais ocidentais que trabalham para a ONU30 Por exemplo o governo chinecircs frequentemente enfatiza que a identificaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo internacional de abusos aos direitos humanos no exterior eacute excessivamente dependente de informaccedilotildees ocidentais e pediu para que houvesse sistemas de alerta precoce mais imparciais31 Especialistas indianos dizem que o desafio natildeo eacute a disponibilidade de informaccedilatildeo mas ldquoa interpretaccedilatildeo e o vieacutes que lhe eacute dadordquo32

Grupos de ativistas e a miacutedia tecircm incentivos para simplificar as narrativas e portanto eacute prudente ter um ceticismo saudaacutevel perante as acusaccedilotildees de atrocidades hediondas Ao mesmo tempo presumir que a verdade estaacute no meio-termo de todas as posiccedilotildees seria permitir que propaganda e maacute informaccedilatildeo determinassem o caminho a seguir Criticar realisticamente as fontes requer engajamento com a informaccedilatildeo em si e natildeo apenas a insinuaccedilatildeo de agendas poliacuteticas com base puramente na localizaccedilatildeo geograacutefica financiamento ou educaccedilatildeo

A fim de oferecer um debate melhor informado sobre potenciais crimes de atrocidade as empresas de comunicaccedilatildeo e filantropos principalmente em potecircncias emergentes devem investir em fontes de informaccedilatildeo e anaacutelise independentes e criacuteveis sobre conflitos e direitos humanosAs alegaccedilotildees de parcialidade (sejam a favor ou contra os governos ou outros atores) crescem quando haacute uma escassez de fontes Aqueles que criticam as fontes de informaccedilatildeo existentes satildeo os que sabem melhor qual fonte de financiamento ou de influecircncia teraacute mais credibilidade portanto eacute dever destas pessoas investir adequadamente Se haacute suspeitas sobre as fontes ocidentais de informaccedilatildeo por parte de governos e elites poliacuteticas fora do Ocidente essas podem ajudar a diversificar a base de apoio para ONGs ativistas e redes de informaccedilotildees globais jaacute existentes ou ateacute mesmo investir em plataformas alternativas de monitoramento e anaacutelise baseadas nos mais altos padrotildees de integridade jornaliacutestica Por enquanto com raras exceccedilotildees o investimento em miacutedias livres e acesso agrave informaccedilatildeo natildeo parece ser uma prioridade entre as elites empresariais emergentes mesmo em potecircncias emergentes democraacuteticas Por outro

19Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

lado agecircncias de notiacutecia estatais frequentemente tecircm dificuldade para estabelecer uma reputaccedilatildeo de integridade jornaliacutestica Satildeo raros os grandes investimentos no relato de crises humanitaacuterias tais como recentemente feito pela Fundaccedilatildeo Jynwel com sede em Hong Kong na agora independente organizaccedilatildeo de noticias IRIN33 Organizaccedilotildees de defesa podem contribuir com a reduccedilatildeo das alegaccedilotildees de parcialidade ao natildeo exporem situaccedilotildees de conflito como se fossem preto-no-branco e ao serem transparentes sobre quem as financiam e apoiam Se apresentarem uma extensa lista de notas e fontes em seus relatoacuterios como feito regularmente pelo International Crisis Group e pela Human Rights Watch eacute dever dos criacuteticos se engajar com essas fontes com base nos fatos

Fortalecer e diversificar as informaccedilotildees sobre os riscos de crimes de atrocidade em massa tambeacutem pode significar estabelecer organizaccedilotildees de sociedade civil regionais dedicadas agrave pesquisa criacutevel e confiaacutevel sobre a prevenccedilatildeo de atrocidades Se verdadeiramente baseadas em sociedades locais tais grupos teriam mais acesso a grupos nacionais e regionais de sociedade civil do que as organizaccedilotildees globais com sede em Nova York ou Genebra Consequentemente suas informaccedilotildees e argumentos mais provavelmente obteriam credibilidade poliacutetica a niacutevel global No curto prazo a massa criacutetica necessaacuteria a esses centros da sociedade civil provavelmente seraacute alcanccedilada na Europa ou na Aacutefrica mas a Ameacuterica Latina (com sua iacutempar accedilatildeo ldquoRede Latino-Americana de Prevenccedilatildeo ao Genociacutedio e Atrocidades em Massardquo a niacutevel governamental) e a Aacutesia tambeacutem podem se desenvolver rapidamente

Os Estados membros a sociedade civil e as organizaccedilotildees regionais devem melhorar as capacidades da ONU de coletar informaccedilotildees e desvendar fatos sobre desafios agrave proteccedilatildeo ao oferecer assistecircncia logiacutestica funcionaacuterios a curto-prazo e fontes locais de informaccedilatildeo Ao mesmo tempo em que organizaccedilotildees regionais satildeo cada vez mais capazes de influenciar o entendimento global sobre suas partes do mundo a sua imparcialidade eacute apenas tatildeo criacutevel quanto a das potecircncias regionais que lideram as suas deliberaccedilotildees As Naccedilotildees Unidas natildeo podem entretanto sempre responder sozinhas agraves demandas por informaccedilotildees imparciais e criacuteveis sobre riscos de atrocidade Os mecanismos das Naccedilotildees Unidas frequentemente dependem tanto de fontes governamentais e privadas devido agrave necessidade de agir rapidamente quanto sofrem com a falta de acesso proacuteprio e independente aos locais de risco Aleacutem disso a ONU tambeacutem jaacute esteve sujeita agrave autocensura e foi forccedilada a romper compromissos poliacuteticos34

Todos os Estados membros da ONU precisam fortalecer os mecanismos de coleta de informaccedilatildeo da instituiccedilatildeo suas comissotildees de inqueacuterito e outros oacutergatildeos correlatos Por exemplo sempre que uma violecircncia em massa comeccedila conforme definido pelo Secretaacuterio Geral a ONU deveraacute enviar uma missatildeo para desvendar os fatos a fim de informar melhor as discussotildees no Conselho de Seguranccedila Isso poderaacute ser baseado em um grupo permanente de especialistas preacute-selecionados e deveraacute envolver as agecircncias da ONU relevantes ao tema especialmente o Escritoacuterio de Coordenaccedilatildeo de Assuntos Humanitaacuterios O Alto Comissariado para Direitos Humanos o Conselheiro Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedios e o Departamento de Assuntos Poliacuteticos35 Estados membros devem contribuir tanto com financiamento quanto com especialistas

20Global Public Policy Institute (GPPi)

treinados para essas missotildees O estabelecimento de regras para a contrataccedilatildeo de pessoal poderia ajudar a deixar processos de seleccedilatildeo o mais transparentes possiacutevel e desta forma melhorar a credibilidade e imparcialidade da descoberta de fatos pela ONU36

Estados membros tambeacutem podem ajudar as Naccedilotildees Unidas na implementaccedilatildeo de sua iniciativa ldquoHuman Rights Up Frontrdquo (em portuguecircs ldquoDireitos Humanos Antes de Tudordquo) atraveacutes do qual o Secretariado estaacute criando um sistema simplificado de gerenciamento de informaccedilotildees para tudo que eacute coletado pelas muitas partes do sistema ONU combinando dados jaacute existentes sobre proteccedilatildeo humanitaacuteria proteccedilatildeo dos direitos humanos proteccedilatildeo de mulheres em conflitos armados e proteccedilatildeo de crianccedilas37 Os Estados membros podem dar apoio agrave ONU ao incluir mais informaccedilotildees de atores bilaterais no local desde que a ONU faccedila os investimentos necessaacuterios para o tratamento de dados sensiacuteveis proteccedilatildeo a testemunhas e referecircncias38

Usando Ferramentas Diplomaacuteticas e Civis De Forma Antecipada Justa e EstrateacutegicaApesar das diferenccedilas em ecircnfases retoacutericas haacute um consenso universal que as atrocidades devem ser prevenidas pelo uso antecipado e sustentaacutevel de uma variedade de ferramentas civis disponiacuteveis agrave comunidade internacional Estatildeo incluiacutedas a diplomacia a mediaccedilatildeo e as missotildees poliacuteticas assim como as sanccedilotildees a justiccedila criminal internacional as accedilotildees humanitaacuterias e as ferramentas de peacebuilding apoacutes crises dentre elas a reconstruccedilotildees das instituiccedilotildees estatais e do Estado de direito

Desde os anos 90 a comunidade internacional aprendeu liccedilotildees importantes sobre o uso dessas ferramentas e vem caminhando para desenvolvecirc-las ainda mais Satildeo visiacuteveis os sucessos na diplomacia preventiva como o ocorrido durante a crise poacutes-eleiccedilotildees no Quecircnia em 200839 quando um negociador de alto niacutevel liderou as conversas tendo apoio politico de oacutergatildeos regionais e de todos os membros do Conselho de Seguranccedila expertise da ONU e engajamento da sociedade civil Ao longo dos uacuteltimos 10 anos houve uma significativa expansatildeo das capacidades de negociaccedilatildeo dentro da ONU e das organizaccedilotildees regionais Missotildees poliacuteticas no Timor Leste ou na Guineacute-Bissau podem ter evitado uma nova onda de violecircncia nesses locais40 Sanccedilotildees seletivas provavelmente ajudaram a controlar pessoas que poderiam atrapalhar as primeiras fases do processo de peacebuilding na Libeacuteria Costa do Marfim e Serra Leoa41 O Tribunal Penal Internacional processou e condenou seus primeiros casos e apoiou importantes reformas nos sistemas de justiccedila criminal em muitos paiacuteses42

Ainda assim a comunidade internacional em inuacutemeras vezes natildeo fez uso das ferramentas civis disponiacuteveis de forma antecipada decisiva e sustentaacutevel O consenso que parece existir para o uso de ferramentas civis antecipadamente e como prioridade se desfaz assim que decisotildees poliacuteticas e priorizaccedilatildeo se fazem necessaacuterias Mudar isso eacute difiacutecil Requer ir aleacutem das caricaturas comuns que culpam apenas os paiacuteses ocidentais por investir pouco ou as potecircncias natildeo-ocidentais por repelir as tentativas de influenciar ou pressionar perpetradores e seus cuacutemplices Natildeo soacute as prioridades e interesses competitivos existem de todos os lados mas o desafio tambeacutem eacute marcado pela profunda incerteza sobre como e quando usar tais ferramentas com quais atores e em qual espaccedilo Natildeo haacute uma soluccedilatildeo uacutenica e faacutecil para prevenccedilatildeo resposta ou recuperaccedilatildeo efetiva

21Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Nosso foco eacute em medidas de curto prazo voltadas para os civis em situaccedilotildees em que haacute alta probabilidade ou jaacute haacute ocorrecircncia de atrocidades 43Descobrimos que haacute quatro aacutereas que devem ser especialmente observadas

Os atores (em particular potecircncias emergentes) que mais pedem por diplomacia ferramentas civis e prevenccedilatildeo antecipada precisam traduzir seu compromisso retoacuterico em vontade poliacutetica e os investimentos necessaacuterios em capacidades e ideiasIr aleacutem da retoacuterica sobre prevenccedilatildeo requer vontade poliacutetica para fazer disso uma prioridade Com muita frequecircncia a prevenccedilatildeo contra crimes de atrocidade vai de encontro a outros objetivos poliacuteticos em uma determinada situaccedilatildeo de crise Algumas vezes esses interesses e prioridades estatildeo em extremos opostos No Sri Lanka por exemplo o governo conseguiu alavancar a imensa preocupaccedilatildeo internacional com o contraterrorismo para evitar pressotildees em relaccedilatildeo aos crimes de guerra perpetrados durante o conflito contra os Tigres de Libertaccedilatildeo do Tacircmil Eelam (LTTE) no comeccedilo de 200944 Em Darfur a accedilatildeo diplomaacutetica internacional para acabar com os crimes de atrocidade teve de competir com a prioridade para um acordo de paz na longa guerra civil Norte-Sul no Sudatildeo e com a colaboraccedilatildeo antiterrorista do governo sudanecircs45

Todavia mesmo com a ausecircncia de grandes interesses conflitantes haacute um espaccedilo entre o apoio abstrato para a proteccedilatildeo de populaccedilotildees contra crimes de atrocidade e a vontade poliacutetica de agir dispor-se financeiramente e assumir riscos proporcionais Um exemplo recente de quando investimentos deveriam ter sido feitos antes e de forma mais substancial eacute o Sudatildeo do Sul ndash uma crise que tambeacutem demonstra como as categorias ldquoocidentaisrdquo contra os ldquodemaisrdquo natildeo satildeo uacuteteis na anaacutelise das posiccedilotildees dos paiacuteses sobre proteccedilatildeo Por motivos diversos tanto os Estados Unidos quanto a China apoiaram fortemente o governo de Salva Kiir ignorando sinais importantes ateacute que essa se tornou uma das facccedilotildees combatentes na nova guerra civil do Sudatildeo do Sul46 Na Repuacuteblica Centro-Africana investimentos preacutevios nas iniciativas legais e nas reformas no setor de seguranccedila poderiam ter sido capazes de evitar que o paiacutes atingisse a atual escala de violecircncia47

Como esses e outros exemplos revelam haacute um grande descompasso entre a retoacuterica que demanda mais ldquosoluccedilotildees poliacuteticas e diplomaacuteticasrdquo ndash como constantemente enfatizado por China Ruacutessia Iacutendia Brasil Aacutefrica do Sul (e tambeacutem pela Alemanha e pela Uniatildeo Europeia) ndash e os recursos poliacuteticos e materiais investidos na busca por tais soluccedilotildees Colocar em praacutetica essas ldquosoluccedilotildees poliacuteticasrdquo requer ao mesmo tempo declaraccedilotildees ocasionais e o estabelecimento de capacidades institucionais para o monitoramento dos direitos humanos monitoramento de longo prazo das eleiccedilotildees mediaccedilatildeo e apoio de pessoas com experiecircncia secircnior que possam ser rapidamente acionadas e a construccedilatildeo de instituiccedilotildees nos setores de justiccedila seguranccedila e correlatas normalmente envolvidas com missotildees poliacuteticas da ONU e de organizaccedilotildees regionais Similarmente o uso de ferramentas coercitivas como sanccedilotildees requer tanto a tomada de decisotildees difiacuteceis quanto investimentos e iniciativas para planejar criativamente e melhorar estas ferramentas a fim de que sejam de fato seletivas justas e legalmente soacutelidas ndash em outras palavras que minimizem os riscos de afetarem as pessoas erradas

22Global Public Policy Institute (GPPi)

de acordo com princiacutepios baacutesicos do direito O Tribunal Penal Internacional precisa do comprometimento poliacutetico e da ratificaccedilatildeo do Estatuto de Roma por algumas das naccedilotildees mais poderosas do mundo Tambeacutem precisa de recursos para continuar acompanhando seus casos No miacutenimo tanto as potecircncias emergentes quanto as jaacute estabelecidas precisam melhorar sua assistecircncia humanitaacuteria para aqueles que fogem da violecircncia Por exemplo Estados membros da ONU cederam menos de 50 por cento dos fundos necessaacuterios para a resposta humanitaacuteria na Siacuteria deixando milhares de pessoas necessitadas em 201448

Os governos devem priorizar a detenccedilatildeo e julgamento dos perpetradores de crimes de atrocidade em suas jurisdiccedilotildees Aleacutem das dificuldades poliacuteticas de se lidar com perpetradores que estatildeo no poder como na Siacuteria ou com perpetradores que estatildeo fora do alcance de Estados falidos como na Repuacuteblica Centro-Africana todos os governos podem fazer mais para sancionar ou julgar esses perpetradores por crimes de atrocidade que de alguma forma estejam em suas jurisdiccedilotildees Prevenir e dar respostas aos crimes de atrocidade significa lidar com as motivaccedilotildees e capacidades de perpetradores individuais antes que cometam crimes Tambeacutem significa puni-los por seus atos49 Aqueles que mantecircm seu dinheiro em bancos multinacionais podem estar sujeitos ao congelamento de seus ativos estejam nos bancos na Europa ou na Aacutesia Aqueles que viajam estatildeo sujeitos agrave recusa de vistos e impedimentos de viagem de modo a impactar suas accedilotildees antes de cometerem ou enquanto cometem atrocidades Leis existentes como nos Estados Unidos permitem que imigrantes sejam deportados se houver provas que os liguem a genociacutedios Paiacuteses podem buscar pessoas procuradas pelo Tribunal Penal Internacional e mudar suas leis ou designar forccedilas policiais para processar os piores crimes de atrocidade independentemente dos locais em que foram cometidos

Com muita frequecircncia a falta de atenccedilatildeo e vontade poliacutetica permite que perpetradores vivam livres e confortavelmente apoacutes terem cometido atrocidades ou ateacute mesmo organizar financiar e apoiar atrocidades em andamento mesmo estando no exterior Isso aconteceu com diversos liacutederes das Forccedilas Democraacuteticas Para a Libertaccedilatildeo de Ruanda (FDLR) um grupo miliciano operando no Congo Eles viveram sem problemas na Alemanha durante quase uma deacutecada antes de serem presos e julgados50 Os Estados Unidos apesar de sua recusa em ratificar o Estatuto de Roma recentemente serviu de exemplo ao aumentar seus esforccedilos na procura por suspeitos de crimes de guerra que moram no paiacutes e ao desenvolver propostas que permitem o uso das leis de imigraccedilatildeo para fazer com que perpetradores de atrocidades paguem por seus crimes51

Poliacuteticos devem dar prioridade ao comportamento atual ao avaliar a legitimidade de atores e julgar todos os atores de um conflito pelos mesmos padrotildees Soacute porque em determinado momento haacute um grupo claramente identificaacutevel como perpetrador de atrocidades natildeo significa que outros grupos sejam e continuaratildeo sendo inocentes de tais atos Violecircncia gera mais violecircncia jaacute que grupos ameaccedilados

23Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

se defendem e continuam combatendo o inimigo A Liacutebia eacute um bom exemplo disso Na primavera de 2011 identificar corretamente o regime de Gaddafi como responsaacutevel por crimes de atrocidade foi a decisatildeo correta ndash mas natildeo evitou que os rebeldes cometessem crimes similares posteriormente previsivelmente em alguns grupos tornando quem os apoiava militarmente cuacutemplices De forma similar em 2014 apoiar as forccedilas curdas Peshmerga era a uacutenica forma de prevenir um massacre contra os Yazidis no Iraque ndash mas aqueles que deram apoio natildeo deveriam silenciar-se perante as posteriores mortes em represaacutelia

A escolha de grupos especiacuteficos como aliados eacute facilmente entendida como arbitraacuteria quando o comportamento atual natildeo justifica apoio internacional Um dos argumentos conflitantes de legitimidade poliacutetica acontece quando atores externos escolhem seus aliados locais de forma inconsistente com suas accedilotildees (algumas vezes favorecendo o regime incumbente) e tal escolha eacute facilmente vista como hipoacutecrita52 Poliacuteticos tambeacutem estatildeo vulneraacuteveis a tais acusaccedilotildees quando satildeo seletivos sobre suas criacuteticas a poderes regionais que armam ou apoiam grupo rebeldes como no caso do silecircncio ocidental sobre o envolvimento da Araacutebia Saudita na Siacuteria

Defensores do R2P e da prevenccedilatildeo de atrocidades em governos ou na sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando pedir a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes

No que diz respeito agrave diplomacia preventiva defensores do R2P e da prevenccedilatildeo contra atrocidades incluindo governos e a sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando e como pedem a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes Em algumas situaccedilotildees o Conselho pode deixar a mediaccedilatildeo mais difiacutecil ao elevar o niacutevel de visibilidade poliacutetica de uma crise Ele pode ajudar mediadores ao dar-lhes mais peso um senso de urgecircncia incentivos e desincentivos (ex com sanccedilotildees seletivas proibiccedilotildees de viagem congelamento de ativos embargo de armas investigaccedilotildees estabelecimento de uma missatildeo poliacutetica) Mas em algumas situaccedilotildees pressatildeo internacional vinda dos mais altos niacuteveis que inclui o papel do Conselho de Seguranccedila pode ser contraproducente Isso pode reforccedilar a urgecircncia de um governo em terminar a guerra a todos os custos como no caso do Sri Lanka no comeccedilo de 200953 ou complicar as negociaccedilotildees para acesso humanitaacuterio como em Mianmar em maio de 200854 Em particular quando os casos lidam com governos que jaacute vecircm sendo excluiacutedos da comunidade internacional foacuteruns e canais mais discretos podem ser mais efetivos na tentativa de influenciar mudanccedilas de comportamento

Possibilitando que as Missotildees de Paz da ONU Ofereccedilam Proteccedilatildeo CriacutevelO peacekeeping eacute um sistema com grande legitimidade global que jaacute evita abusos e comeccedilou a dar ecircnfase agrave Proteccedilatildeo de Civis (PoC) em muitas de suas operaccedilotildees A composiccedilatildeo global e o controle rigoroso por parte do Conselho de Seguranccedila deixa as operaccedilotildees de paz muito mais aceitaacuteveis que qualquer outro instrumento como notavelmente o uso da

24Global Public Policy Institute (GPPi)

forccedila por terceiros segundo um mandato do Conselho de Seguranccedila55 Ao mesmo tempo o peacekeeping soacute eacute capaz de lidar com um nuacutemero limitado de desafios agrave proteccedilatildeo a ausecircncia de mecanismos raacutepidos e efetivos de mobilizaccedilatildeo de implementaccedilatildeo faz com que seja impossiacutevel para peacekeepers da ONU responder a ameaccedilas iminentes de crimes de atrocidade e os requerimentos legais e praacuteticos da colaboraccedilatildeo com o governo local limitam uma accedilatildeo efetiva contra os perpetradores dos crimes de atrocidade que sejam parte ou que recebam apoio do governo Mesmo quando os peacekeepers estavam presentes enquanto crimes de atrocidade eram praticados como na Costa do Marfim em 2011 e no Sudatildeo do Sul em 2013 qualquer prevenccedilatildeo efetiva foi ilusoacuteria E onde uma reaccedilatildeo imediata natildeo obteve sucesso os desafios da proteccedilatildeo efetiva contra crimes em andamento rapidamente excedeu a capacidade dos boinas azuis

As vaacuterias maneiras em que as operaccedilotildees de paz poderiam melhor proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade ao estabelecer capacidades reduzir vulnerabilidade (ldquoproteccedilatildeo indiretardquo) e defender contra perpetradores (ldquoproteccedilatildeo diretardquo) jaacute foram explicitadas em outras oportunidades56 Atingir pelo menos um niacutevel moderado de ambiccedilatildeo para que peacekeepers protejam populaccedilotildees contra crimes de atrocidade requereria investimentos adicionais em capacidade doutrina e treinamento Tambeacutem seria necessaacuteria uma anaacutelise mais seacuteria sobre como combinar de forma efetiva o uso do peacekeeping com instrumentos poliacuteticos

O Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz a lideranccedila da missatildeo e os paiacuteses colaboradores precisam informar de forma modesta e transparente os limites das capacidades da ONU na proteccedilatildeo de civis

O comprometimento bem-vindo e necessaacuterio do Conselho de Seguranccedila com a proteccedilatildeo levou a um nuacutemero excessivo de promessas57 que aumentaram a lacuna entre as expectativas locais e a capacidade das missotildees Quando um mandato para milhares de peacekeepers eacute estabelecido com grande alvoroccedilo mas somente uma fraccedilatildeo chega seis meses depois como no Sudatildeo Sul apoacutes o iniacutecio da uacuteltima guerra civil em dezembro de 2013 ou como quando os peacekeepers se recusaram a tomar medidas enquanto crimes de atrocidade eram cometidos nas redondezas (devido ou natildeo ao apoio ou lideranccedila inadequados) como visto recentemente na RDC ou no Sudatildeo pessoas que se reuacutenem ao redor da bandeira azul na esperanccedila de proteccedilatildeo se tornam mais vulneraacuteveis ao perigo do que se estivessem em outro local De forma geral populaccedilotildees ameaccediladas estatildeo em situaccedilotildees melhores com os peacekeepers do que sem eles mas ainda assim a credibilidade das Naccedilotildees Unidas eacute afetada nestes casos58

Tanto a proteccedilatildeo efetiva quanto a responsaacutevel exigem uma comunicaccedilatildeo honesta e transparente com o puacuteblico e com o Conselho de Seguranccedila sobre as capacidades de cada missatildeo e de cada contingente aleacutem da sua disponibilidade para assumir riscos Quando os diplomatas do Conselho criarem ou derem nova autorizaccedilatildeo a outro ambicioso mandato para a proteccedilatildeo de civis eles precisam ser formalmente informados das capacidades e requerimentos que seratildeo necessaacuterios

25Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

A proteccedilatildeo por parte dos peacekeepers requer um salto de qualidade das contribuiccedilotildees para as operaccedilotildees dos boinas azuis e isso exige que o Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz as tropas a poliacutecia e os colaboradores financeiros encontrem uma divisatildeo do trabalho mais justa e equilibradaO equiliacutebrio fraacutegil entre aqueles que contribuem com tropas (em sua maioria da Aacutefrica e da Aacutesia) financiadores (em sua maioria da Europa e Ameacuterica do Norte) e os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila da ONU que emitem mandatos estaacute proacuteximo de se desfazer A insustentaacutevel divisatildeo de trabalho em peacekeeping natildeo eacute uma questatildeo dos ocidentais contra os demais Muitos paiacuteses africanos cansados dos muitos anos de tentativas frustradas de instauraccedilatildeo da paz no continente pelas potecircncias externas cada vez mais requerem e apoiam o uso de forccedila militar para proteger civis e conceder mais tempo para as negociaccedilotildees de paz Por outro lado paiacuteses que tradicionalmente contribuem com muitas tropas estatildeo cada vez mais reticentes em ameaccedilar a vida de seus soldados em locais distantes ndash especialmente aqueles paiacuteses como a Iacutendia cujo papel emergente no mundo criou expectativas de exercer influecircncia sobre escolhas estrateacutegicas que ateacute agora se mantiveram no domiacutenio exclusivo dos membros permanentes Isso tudo combinado com a austeridade imposta agraves forccedilas armadas mais desenvolvidas impossibilitando aumentar suas contribuiccedilotildees de ativos-chave ndash que poderia reduzir os riscos aos boinas azuis ndash vem deixando muitos paiacuteses em desenvolvimento cada vez mais impacientes com um sistema que natildeo funciona mais para eles

Para avanccedilar na prevenccedilatildeo de crimes de atrocidade economias desenvolvidas e em desenvolvimento precisatildeo aumentar os recursos disponibilizados para as missotildees de paz da ONU mas o dever principal de balancear o desequiliacutebrio atual estaacute nas matildeos de paiacuteses com capacidades avanccediladas Eles precisam disponibilizar forccedilas militares e ativos poliacuteticos que satildeo chaves para limitar o risco de todos os boinas azuis e aumentar o custo-benefiacutecio e a eficaacutecia do peacekeeping Isso inclui drones de vigilacircncia veiacuteculos anti-minas hospitais militares evacuaccedilatildeo meacutedica aeacuterea apoio de combate aeacutereo transporte aeacutereo taacutetico equipamentos anti-explosivos e outras tecnologias avanccediladas59

Contudo natildeo satildeo somente paiacuteses da Europa e da Ameacuterica do Norte que disponibilizam pouquiacutessimas tropas e deixam a desejar em suas contribuiccedilotildees (os europeus por exemplo respondem por menos de 7 por cento das tropas de peacekeeping da ONU e menos de 4 por cento das tropas policiais da organizaccedilatildeo60 A Iacutendia tem demonstrado apoio duradouro e extensivo ao peacekeeping ndash uma rara exceccedilatildeo entre paiacuteses com pretensotildees de lideranccedila regional ou global Outros paiacuteses deveriam pensar em seguir o recente exemplo da China e aumentar o nuacutemero de tropas policiais ou civis qualificados disponibilizados agrave ONU Por exemplo o Brasil mesmo com sua lideranccedila no Haiti ainda oferece menos pessoal que os pequenos Togo e Burkina Faso

26Global Public Policy Institute (GPPi)

Todos os membros do Conselho de Seguranccedila e colaboradores do peacekeeping deveriam aumentar a orientaccedilatildeo conceitual o treinamento e a construccedilatildeo de capacidade para a proteccedilatildeo de civis contra crimes de atrocidade

Tanto o desenvolvimento de estrateacutegias poliacuteticas quanto o uso da forccedila para proteccedilatildeo taacutetica de civis carecem grandemente de fundamentos conceituais soacutelidos com a qual qualquer outro tipo de operaccedilatildeo militar pode contar Os desafios poliacuteticos policiais e militares da proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade natildeo recebem a atenccedilatildeo conceitual e os recursos para treinamento adequados em quase todos os paiacuteses61 Natildeo eacute surpreendente que liacutederes de missatildeo e comandantes de tropas operem hoje em dia com base na tentativa e erro sem que haja uma orientaccedilatildeo ou doutrina clara Da mesma forma os membros do Conselho ndash em especial os natildeo-permanentes ndash satildeo forccedilados a tomar decisotildees difiacuteceis sobre a proteccedilatildeo de civis sem que tenham acesso a um oacutergatildeo de anaacutelise poliacutetico-militar sobre quais seriam as consequecircncias de tais accedilotildees A ausecircncia de conceitos claros e amplamente difundidos sobre as formas praacuteticas de proteccedilatildeo (para aleacutem das Zonas de exclusatildeo aeacuterea) contribuem para o estereoacutetipo muacutetuo e suspeitas de motivos escusos

Os Estados Unidos deveriam continuar a expansatildeo da sua Iniciativa Global de Operaccedilotildees de Paz (GPOI na sigla em inglecircs) e sua Parceria Africana de Resposta Raacutepida para Manutenccedilatildeo da Paz que apoiam e reforccedilam a capacidade de outros paiacuteses de treinar e manter competecircncias para a manutenccedilatildeo da paz Ambos os casos deveriam dar mais atenccedilatildeo agraves forccedilas militaresx mais frequentemente usadas no peacekeeping No futuro treinamentos e exerciacutecios da GPOI e outros deveriam incluir especificamente diferentes aspectos de proteccedilatildeo a civis 62 De forma similar a estes programas estadunidenses a Uniatildeo Europeia os governos europeus e de outros locais que possuem forccedilas armadas com tal capacidade deveriam oferecer os treinamentos e equipamentos mais modernos para os colaboradores das operaccedilotildees de paz Isso poderia criar incentivos para que unidades treinadas e equipadas efetivamente trabalhem em conjunto com a ONU a Uniatildeo Africana e as forccedilas sub-regionais na proteccedilatildeo de civis ndash no caso da UE ao novamente dar ecircnfase e expandir a Enable and Enhance Initiative

Usar a avaliaccedilatildeo atual das operaccedilotildees de paz da ONU para construir um consenso entre todas as partes interessadas (Conselho de Seguranccedila e Secretariado assim como colaboradores financeiros de tropas ou de poliacutecia) sobre o uso da forccedila somente para apoiar ndash e nunca substituir ndash uma estrateacutegia poliacutetica para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade e para planejar mandatos e operaccedilotildees adequadamente Como parte do diaacutelogo necessaacuterio sobre a utilidade do uso da forccedila a atual avaliaccedilatildeo das operaccedilotildees de paz da ONU oferece uma oportunidade de reconstruir uma linguagem comum sobre o peacekeeping seus princiacutepios e conceitos baacutesicos suas ambiccedilotildees e desafios para as tarefas de proteccedilatildeo das missotildees da ONU especialmente no que diz respeito ao uso da forccedila Os princiacutepios de consentimento imparcialidade e neutralidade atualizados no Relatoacuterio Brahimi para permitir que peacekeepers ajam contra os violadores dos acordos de paz e perpetradores de atrocidades mais uma vez satildeo distorcidos ou parecem irrelevantes em muitas operaccedilotildees A maioria dos peacekeepers

27Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

de hoje servem em situaccedilotildees de conflito ativo como no Mali ou na Repuacuteblica Centro-Africana Peacekeepers da ONU estatildeo conduzindo operaccedilotildees de combate ativo na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Em outros locais os acordos de deacutecadas atraacutes que deram origem a uma missatildeo natildeo incluem as partes que atualmente ameaccedilam ou sequestram peacekeepers como nas Colinas de Golatilde

Enquanto eacute inevitaacutevel que haja certa ambiguidade sobre os princiacutepios o uso ativo da forccedila para proteger civis soacute eacute capaz de apoiar mas nunca substituir uma estrateacutegia poliacutetica63 Onde natildeo haacute uma estrateacutegia poliacutetica realista para chegar agrave paz deve haver pelo menos uma para limitar os riscos aos civis ndash se necessaacuterio um plano que inclua o apoio de forccedilas militares da ONU como na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Estas questotildees devem ser discutidas de forma honesta pelas partes interessadas nas operaccedilotildees de paz da ONU O abismo que separa as partes nestas discussotildees natildeo estaacute entre os ocidentais que apoiam o uso de mais forccedila e os opositores natildeo-ocidentais Atualmente isso acontece entre paiacuteses que contribuem com muitas tropas como Iacutendia e Paquistatildeo preocupados com o aumento dos riscos agraves suas tropas e uma coalisatildeo mais intervencionista de paiacuteses africanos e europeus ocidentais64

A Tomada de Decisotildees sobre Accedilotildees MilitaresO atual sistema de seguranccedila coletiva que tem o Conselho de Seguranccedila na ONU como peccedila central natildeo estaacute agrave altura da tarefa de prover proteccedilatildeo efetiva e responsaacutevel O Conselho eacute incapaz de agir de forma efetiva quando alguns interesses geopoliacuteticos colidem como no caso da Siacuteria Mas ele fracassa ateacute mesmo em situaccedilotildees em que o abuso do argumento humanitaacuterio natildeo estaacute na pauta e os interesses de membros-chave do Conselho estatildeo alinhados ndash como no caso da Repuacuteblica Centro-Africana ou do Sudatildeo do Sul Um Conselho que tem o poder de estabelecer mandatos mobilizar proteccedilatildeo efetiva e limitar o medo do uso abusivo de argumentos humanitaacuterios precisaria ouvir os maiores atores poliacuteticos do mundo moderno os paiacuteses que contribuem com tropas e os financiadores

Tanto a composiccedilatildeo quanto os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila da ONU refletem a ordem mundial dos anos 1940 A fim de manter a credibilidade do sistema de seguranccedila coletiva restaurar a legitimidade do Conselho de Seguranccedila eacute uma questatildeo urgente e de interesse dos cinco membros permanentes Todavia mesmo estando bem fundadas em termos de justiccedila global e em prospectos de longo prazo para a governanccedila global as propostas jaacute existentes para uma expansatildeo do Conselho ou um papel mais proeminente da Assembleia Geral em assuntos de seguranccedila provavelmente natildeo contribuiratildeo para uma proteccedilatildeo mais efetiva contra crimes de atrocidade

Visando o 70o aniversaacuterio da ONU neste ano nossas sugestotildees datildeo ecircnfase agraves mudanccedilas procedimentais e natildeo estruturais do Conselho de Seguranccedila

28Global Public Policy Institute (GPPi)

Os cinco membros permanentes do Conselho de Seguranccedila deveriam dar mais apoio a processos decisoacuterios inclusivos dentro do Conselho e abrir canais informais de consulta sobre mandatos estrateacutegias e operaccedilotildees para todas as partes cruciais em especial potecircncias regionais e grandes colaboradores de pessoal Os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila na ONU limitam severamente seu senso de imparcialidade perante os olhos do mundo Na maioria das crises na Aacutefrica o chamado ldquopenholderrdquo ndash isto eacute o paiacutes responsaacutevel pelo rascunho das resoluccedilotildees do Conselho ndash eacute o antigo Estado colonizador ou os Estados Unidos65 Mesmo sendo uacutetil por dar uma continuidade ao longo dos anos esta organizaccedilatildeo e as relaccedilotildees internas resultantes entre os membros permanentes efetivamente excluem os membros natildeo-permanentes da maior parte das negociaccedilotildees informais onde as decisotildees mais importantes satildeo tomadas

Para que haja uma forma menos exclusiva de tomar decisotildees o precisaria de atores adicionais tanto dentro quanto fora das regiotildees relevantes para desenvolver as capacidades analiacutetica e poliacutetica de cogerenciar de forma construtiva o engajamento do Conselho e as operaccedilotildees de paz ao inveacutes de soacute defender seus proacuteprios interesses Os Estados membros e as organizaccedilotildees da sociedade civil tambeacutem devem continuar as discussotildees sobre um coacutedigo de conduta para limitaccedilatildeo voluntaacuteria do poder de veto em situaccedilotildees de crimes de atrocidade como proposto pelo governo francecircs66

Aleacutem dos procedimentos internos os membros do Conselho devem continuar expandindo as interaccedilotildees informais com as partes relevantes incluindo paiacuteses vizinhos e aqueles que contribuem com pessoal para as operaccedilotildees de paz Isso natildeo precisa se limitar a trocas diplomaacuteticas formais a fim de aumentar a qualidade e aceitaccedilatildeo dos mandatos de peacekeeping os paiacuteses responsaacuteveis pelo rascunho do mandato poderiam incluir a colaboraccedilatildeo de especialistas dos paiacuteses que contribuem com grande nuacutemero de tropas ou de policiais como por exemplo antigos comandantes de tropa ou chefes de poliacutecia67

Atores com credibilidade para fazer conexotildees no debate polarizado sobre intervenccedilatildeo militar devem facilitar os esforccedilos informais para desenvolver um sistema de monitoramento e informaccedilatildeo mais rigoroso para Estados que aderirem agraves missotildees com mandatos da ONUO conceito de Responsabilidade ao Proteger (RwP na sigla em inglecircs) eacute uma das iniciativas mais promissoras para lidar com os desacordos globais sobre o uso abusivo da Responsabilidade de Proteger Quando apresentado pelo Brasil no final de 2011 tal conceito ofereceu uma oportunidade de debate sobre o que poderia ser proteccedilatildeo efetiva e qual deveria ser o papel do uso da forccedila nessa proteccedilatildeo apoacutes a intervenccedilatildeo na Liacutebia quando essas discussotildees estavam extremamente polarizadas68 Apoacutes essa experiecircncia eacute muito improvaacutevel que o Conselho de Seguranccedila futuramente aprove uma resoluccedilatildeo autorizando o uso de forccedilas externas para a proteccedilatildeo com termos tatildeo amplos Com isso a implementaccedilatildeo de algumas ideias da proposta do RwP eacute de interesse de todos os Estados que acreditam que a forccedila deve ser uma ferramenta de uacuteltimo caso disponiacutevel

29Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

agrave comunidade internacional Discussotildees mais profundas satildeo necessaacuterias sobre os criteacuterios e condiccedilotildees considerados para que o Conselho use a forccedila para proteger populaccedilotildees Mesmo que a discussatildeo sobre criteacuterios para o uso da forccedila seja tatildeo antiga quanto a discussatildeo sobre intervenccedilatildeo humanitaacuteria69 todos os Estados membros se beneficiariam de um debate aberto sobre os sucessos e fracassos do uso da forccedila no passado e suas implicaccedilotildees no futuro como supracitado Outra questatildeo mais praacutetica diz respeito a como aumentar a habilidade do Conselho de monitorar aqueles que aderem e executam suas decisotildees Uma sugestatildeo concreta seria adotar elementos do sistema de peacekeeping como relatoacuterios e reuniotildees instrutivas regulares sobre a situaccedilatildeo das delegaccedilotildees para o uso da forccedila por terceiros As resoluccedilotildees poderiam incluir expliacutecitas claacuteusulas de caducidade que obrigariam a aprovaccedilatildeo da extensatildeo do mandato pelo Conselho de Seguranccedila e requerimentos de relatoacuterio regulares e especiacuteficos por parte daqueles Estados membros que aderirem e executarem as decisotildees do oacutergatildeo70 Outra sugestatildeo seria a criaccedilatildeo de mecanismos de responsabilizaccedilatildeo e monitoramento ao criar paineacuteis de especialistas quando os mandatos do Conselho incluiacuterem o uso da forccedila conforme modelo dos comitecircs de sanccedilotildees da ONU Relatoacuterios de comitecircs independentes como esses podem dar origem a uma praacutetica-padratildeo e contribuir para a melhora da qualidade nas decisotildees do Conselho ao longo do tempo seja antes durante ou depois das operaccedilotildees militares71

Potecircncias emergentes e jaacute estabelecidas podem fazer sua parte no avanccedilo das discussotildees sobre as questotildees colocadas pelo RwP Tanto a iniciativa oficial do Brasil quanto a ideia de ldquoProteccedilatildeo Responsaacutevelrdquo colocada por um reconhecido especialista chinecircs72 poderiam ser pontos de partida para discussotildees mais especiacuteficas e operacionais tanto entre os BRICS quanto entre os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila73 Ao inveacutes de rejeitar tais conceitos como sendo ataques agrave Responsabilidade de Proteger as potecircncias ocidentais deveriam ver essas iniciativas como uma oportunidade para um debate construtivo sobre como proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade74

Inserindo a Reflexatildeo e o Aprendizado Constantes em cada Ferramenta PoliacuteticaAinda que haja muita experiecircncia estabelecida com fracassos terriacuteveis e os poucos sucessos qualificados natildeo haacute uma base de conhecimento confiaacutevel sobre como proteger pessoas contra crimes de atrocidade Em geral governos e organizaccedilotildees internacionais continuam tratando cada crise como sendo uacutenica dando pouca atenccedilatildeo agrave reflexatildeo contiacutenua ao aprendizado e agrave adaptaccedilatildeo das poliacuteticas conforme as situaccedilotildees evoluem Os acadecircmicos jaacute aprenderam bem mais sobre o que natildeo funciona em algumas condiccedilotildees do que sobre o que poderia melhorar ndash por um lado porque cada intervenccedilatildeo poliacutetica acontece com contexto proacuteprio e por outro porque resultam de incentivos acadecircmicos e dificuldades de acesso a dados

30Global Public Policy Institute (GPPi)

Governos organizaccedilotildees internacionais sociedade civil e acadecircmicos precisam projetar poliacuteticas que sejam mais adaptaacuteveis ao conhecimento em evoluccedilatildeo e agrave avaliaccedilatildeo de riscos com base em oportunidades internas para reflexatildeo e aprendizado contiacutenuos e colaborativosEnquanto ainda haacute urgecircncia para que medidas sejam tomadas agir de forma responsaacutevel perante tanta incerteza pede que sejamos menos confiantes em nossa habilidade de determinar a melhor poliacutetica possiacutevel para cada situaccedilatildeo Poliacuteticos ativistas e intelectuais devem ser honestos consigo mesmos e transparentes com aqueles que mais sofrem com os impactos dessas poliacuteticas Natildeo haacute soluccedilotildees que tenham sido testadas e comprovadas Tudo que podemos fazer eacute tentar identificar a forma mais responsaacutevel de desenvolver cada caso enquanto nos mantemos preparados e prontos para reagir rapidamente a mudanccedilas e melhorar nossa gama de poliacuteticas instrumentais Este processo experimental de decisatildeo poliacutetica precisa ser constantemente monitorado e avaliado de forma autocriacutetica tanto interna quanto externamente atraveacutes do diaacutelogo franco e honesto entre profissionais sociedades e especialistas externos em todos os niacuteveis desde o monitoramento e avaliaccedilatildeo ateacute os debates mais amplos de poliacutetica puacuteblica sobre a eficaacutecia da forccedila militar e da diplomacia coercitiva na prevenccedilatildeo e resposta a crimes de atrocidade

31Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

1 Como a Genocide Prevention Task Force em um painel fechado de alto-niacutevel nos Estados Unidos apropriadamente argumentou em 2008 Genocide Prevention Task Force lsquoPreventing Genocide A Blueprint for US Policymakersrsquo (Washington DC The American Academy of Diplomacy US Holocaust Memorial Museum US Institute for Peace 2008) Veja tambeacutem Ruben Reike Serena Sharma e Jennifer Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo (Australian Civil-Military Centre e Oxford Institute for Ethics Law and Armed Conflict 2013) 6ff

2 Michael Ignatieff lsquoThe Libya Case a Teachable Momentrsquo Suddeutsche Zeitung Special Supplement http wwwamericanacademydesitesdefaultfilesuploadMSC202012pdf 3 de fevereiro de 2012 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 David Bosco lsquoAbstention Games on the Security Councilrsquo Foreign Policy httpforeignpolicy com20110317abstention-games-on-the-security-council 17 de marccedilo de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

3 Kofi A Annan lsquoTwo Concepts of Sovereigntyrsquo The Economist httpwwweconomistcomnode324795 16 de setembro de 1999 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

4 Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Conflict Security and Development 144 2014 Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

5 Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

6 Rosa Brooks lsquoThe UN Security Council and Civilian Protectionrsquo in Jared Genser e Bruno Ugarte eds The UN Security Council in the Age of Human Rights (New York Cambridge University Press 2013) 12 Sobre a base global para as normas de proteccedilatildeo veja Charles Sampford lsquoA Tale of Two Normsrsquo em Angus Francis Vesselin Popovski e Charles Sampford eds Norms of Protection Responsibility to Protect Protection of Civilians and Their Interaction (United Nations University Press 2012) Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

7 Para uma visatildeo geral do posicionamento do Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia e Aacutefrica do Sul sobre R2P veja os artigos na ediccedilatildeo especial de Conflict Security and Development Brockmeier Kurtz e Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Jaganathan e Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Julian Junk lsquoThe Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Xymena Kurowska lsquoMultipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Lui Tiewa e Zhang Haibin lsquoDebates in China About the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessmentrsquo Conflict Security and Development 2014 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Verhoeven Murthy e Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang Reinicke lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo ediccedilatildeo especial (144) de Conflict Security and Development (London Taylor amp Francis 2014)

8 CSR Murthy e Gerrit Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo Global Society em revisatildeo

9 Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo Global Society em revisatildeo Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo Global Society em revisatildeo

10 Judi Atkins Justifying New Labour Policy (Houndmills Basingstoke Hampshire New York Palgrave Macmillan 2011) 163 Veja por exemplo Stuenkel e Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Erna Burai lsquoParody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian Warrsquo Global Society em revisatildeo

Notas

32Global Public Policy Institute (GPPi)

11 Roland Paris lsquoThe ldquoResponsibility to Protectrdquo and the Structural Problems of Preventive Humanitarian Interventionrsquo International Peacekeeping 215 2014 4

12 Ramesh Thakur lsquoR2Prsquos ldquoStructuralrdquo Problems A Response to Roland Parisrsquo International Peacekeeping 2015 5

13 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

14 Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo Global Society em revisatildeo

15 Julian Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo Global Society em revisatildeo Julian Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo Global Society em revisatildeo

16 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

17 Erna Burai lsquoAfrican Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Groundrsquo Global Society em revisatildeo

18 Ambos os debates em torno das propostas brasileiras de Responsabilidade ao Proteger e o Diaacutelogo Interativo Informal da Assembleia Geral sobre Responsabilidade de Proteger e ldquoAccedilatildeo oportuna e decisivardquo em 2012 constituiacuteram tentativas de defensores de R2P se envolverem em discussotildees sobre o uso da forccedila e R2P Para acessar uma coleccedilatildeo de discursos durante a Assembleia Geral de 2012 veja httpwwwglobalr2porgresources278

19 Sarah Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo em Mary Kaldor e Iavor Rangelov eds The Handbook of Global Security Policy (Chichester West Sussex Wiley Blackwell 2014) 225

20 Alastair Iain Johnston lsquoThinking About Strategic Culturersquo International Security 194 1995 46

21 Pessimismo sobre a eficaacutecia da forccedila no entanto natildeo eacute o mesmo de promover a natildeo-violecircncia Alguns dos maiores defensores do ceticismo em relaccedilatildeo agraves forccedilas militares para proteccedilatildeo frequentemente recorrem a forccedilas militares ou quase militares no acircmbito domeacutestico

22 Otto Bakkano lsquoAU Pushes for Ceasefire Political Solution in Libyarsquo Mail amp Guardian httpmgcoza article2011-05-26-au-pushes-for-ceasefire-political-solution-in-libya 26 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Guido Westerwelle lsquoBundesminister Westerwelle Statement vom 25032011 zu Syrien Jemen Israel und dem Gaza-Streifen Sowie Libyenrsquo Auswartiges Amt httpwwwbrasildiplodeVertretung brasiliende07__AussenpolitikReden_20des_20Au_C3_9FenministersStatemente_20Syrienhtml 25 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

23 Barack Obama David Cameron e Nicolas Sarkozy lsquoLibyarsquos Pathway to Peacersquo The International Herald Tribune httpwwwnytimescom20110415opinion15iht-edlibya15html 15 de abril de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Reuters lsquoKerry Insists No Place for Assad in Syriarsquos Futurersquo Reuters httpwwwreuters comarticle20140117us-syria-crisis-kerry-idUSBREA0G14A20140117 17 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

24 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

25 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

26 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

27 Kersti Larsdotter lsquoExploring the Utility of Armed Force in Peace Operations German and British Approaches in Northern Afghanistanrsquo Small Wars and Insurgencies 193 2008 Taylor B Seybolt Humanitarian Military Intervention The Conditions for Success and Failure (Oxford Oxford University Press 2008) Rupert Smith The Utility of Force The Art of War in the Modern World (London Allen Lane 2005) Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

28 UN Department of Peacekeeping Operations e UN Department of Field Support lsquoOperational Concept on the Protection of Civilians in United Nations Peacekeeping Operationsrsquo (New York 2010) Sarah Sewall Dwight Raymond e Sally Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook (Cambridge MA Harvard Kennedy School 2010)

29 Harry Verhoeven documenta o exemplo de um diplomata chinecircs que ldquopensava que o Ocidente tinha inventado os Janjaweed [miliacutecias proacute- governo em Darfur] como uma desculpa para intervir Mas eles eram de verdade e matavam pessoasrdquo Harry Verhoeven lsquoIs Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa Is Changing Chinarsquo The Washington Quarterly 372 2014 64

33Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

30 BS Chimni lsquoFor Epistemological and Prudent Internationalismrsquo Harvard Law School Human Rights Journal novembro 2012 Greg Simons lsquoThe International Crisis Group and the Manufacturing and Communicating of Crisesrsquo Third World Quarterly 354 2014 Ramesh Thakur lsquoIs the United Nations Racistrsquo The Hindu httpwwwthehinducomopinionleadis-the-united-nations-racistarticle4928624ece 19 de julho de 2013 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

31 Ambassador Liu Zhenmin lsquoStatement by Ambassador Liu Zhenmin at the Plenary Session of the General Assembly on the Question of ldquoResponsibility to Protectrdquorsquo httpresponsibilitytoprotectorgStatement20 by20Ambassador20Liu20Zhenminpdf 24 de julho de 2009 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Zhang Haibin e Lui Tiewa lsquoRealizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and Thereafterrsquo Global Society em revisatildeo

32 Conversa com uma seacuterie de especialistas indianos em evento na Jawaharlal Nehru University (Nova Deacuteli Iacutendia) no dia 21 de Janeiro de 2015

33 IRIN lsquoA New Start for Crisis Reportingrsquo IRIN httpnewirinirinnewsorgpress-release 20 de novembro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34 Veja por exemplo Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoReport of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on United Nations Action in Sri Lankarsquo (New York United Nations 2012)

35 Um bom exemplo foi o briefing do Assessor Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedio para o Conselho de Seguranccedila da ONU depois de sua visita agrave Repuacuteblica Centro-Africana no dia 22 de janeiro de 2014 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoThe Statement of under Secretary-GeneralSpecial Adviser on the Prevention of Genocide Mr Adama Dieng on the Human Rights and Humanitarian Dimensions of the Crisis in the Central African Republicrsquo httpwwwunorgenpreventgenocideadviserpdfSAPG20Statement20at20UNSC20 on20the20situation20in20CAR-202220Jan202014pdf 22 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

36 Morten Bergsmo Quality Control in Fact-Finding (Florence Torkel Opsahl Academic EPublisher 2013) 210

37 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoRights up Front A Plan of Action to Strengthen the UNrsquos Role in Protecting People in Crises Follow-up to the Report of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on UN Action in Sri Lankarsquo (New York 2013)

38 Veja tambeacutem futura publicaccedilatildeo do GPPi Gerrit Kurtz lsquoA New Tool for Civilian Protection - the Human Rights up Front Initiative of the United Nationsrsquo GPPi Policy Brief futura publicaccedilatildeo

39 Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo

40 Jose Ramos-Horta lsquoIndia Right in Asking for More Say in Peacekeeping Operations-Related Decisions Top UN Panel Chiefrsquo Hindustan Times httpwwwhindustantimescomindia-newsindia-right-in-asking- for-more-say-in-peacekeeping-operations-related-decisions-top-un-panel-chiefarticle1-1314354aspx 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 13 de marccedilo de 2015

41 Thomas Biersteker et al lsquoThe Effectiveness of UN Targeted Sanctions - Findings from the Targeted Sanctions Consortium (TSC)rsquo The Graduate Institute Geneva 2013

42 Kirsten Ainley lsquoThe Responsibility to Protect and the International Criminal Court Counteracting the Crisisrsquo International Affairs 911 2015

43 Para distinccedilatildeo entre atividades ldquosistecircmicasrdquo e ldquodirecionadasrdquo veja Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

44 Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo Global Society em revisatildeo

45 Verhoeven e Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo 8 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann lsquoSchutz und Verantwortung Uber die US- Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltatenrsquo (2013)

46 Mike Brand lsquoEmploying lsquoPreventionrsquo to Prevent Mass Atrocitiesrsquo Saferworld httpwwwsaferworldorguk news-and-viewscomment123-employing-apreventiona-to-prevent-mass-atrocities 25 de fevereiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Warren Strobel e Louis Charbonneau lsquoUS Was Slow to Lose Patience as South Sudan Unraveledrsquo Reuters 14 de janeiro de 2014

47 Adam Lupel lsquoUN Adviser on Prevention of Genocide ldquoWe Have to Make Sure the Security Council Actsrdquorsquo httptheglobalobservatoryorg201404un-adviser-on-prevention-of-genocide-we-have-to-make-sure- security-council-acts 28 de abril de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34Global Public Policy Institute (GPPi)

48 Office for the Coordination of Humanitarian Affairs lsquoHumanitarian Bulletin Syriarsquo Humanitarian Bulletin Issue 53 httpreliefwebintsitesreliefwebintfilesresourcesBulletin_no_53_17032015_final_01pdf 1 de fevereiro - 18 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

49 Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

50 Human Rights Watch lsquoGermany QampA on Trial of Two Rwandan Rebel Leadersrsquo httpwwwhrworgde news20110502germany-qa-trial-two-rwandan-rebel-leaders 2 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 23 de marccedilo de 2015

51 Eric Lichtblau lsquoUS Seeks to Deport Bosnians over War Crimesrsquo New York worldus-seeks-to-deport-bosnians-over- Times httpwwwnytimescom20150301war-crimeshtml 28 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

52 Para um argumento similar observando o envolvimento internacional com a Liacutebia em 2015 veja International Crisis Group lsquoLibya Getting Geneva Rightrsquo International Crisis Group Middle East and North Africa Report Nr 157 2015

53 Kurtz e Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo

54 Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo

55 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

56 Alex J Bellamy e Charles T Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo (Asia- Pacific Centre for the Responsibility to Protect 2010) Alex J Bellamy The Responsibility to Protect A Defense (Oxford Oxford University Press 2014)

57 Ashley Jackson lsquoProtecting Civilians The Gap between Norms and Practicersquo (Humanitarian Policy Group 2014)

58 Isso jaacute foi escrito em 2009 no relatoacuterio ldquoNew Horizonrdquo do DPKO ldquoO descompasso entre expectativas e capacidade de promover proteccedilatildeo abrangente criou um significante desafio de credibilidade para as operaccedilotildees de paz da ONUrdquo Department of Peacekeeping Operations lsquoA New Partnership Agenda Charting a New Horizon for UN Peacekeepingrsquo (New York 2009) 20

59 Compare United Nations lsquoFinal Report of the Expert Panel on Technology and Innovation in UN Peacekeepingrsquo httpwwwperformancepeacekeepingorgofflinedownloadpdf 22 de dezembro de 2014

60 Compare United States Mission to the United Nations lsquoRemarks on Peacekeeping in Brussels by Samantha Power US Permanent Representative to the United Nationsrsquo httpusunstategovbriefing statements238660htm 9 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

61 Bellamy and Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo 23-24 Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

62 Isso poderia se basear no Mass Atrocities Response Operations project do US Armyrsquos Peacekeeping and Stability Operations Institute e do Harvard Kennedy Schoolrsquos Carr Center for Human Rights Veja Sewall Raymond e Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook

63 Mats Berdal e David H Ucko lsquoThe United Nations and the Use of Force Between Promise and Perilrsquo Journal of Strategic Studies 375 2014

64 Veja tambeacutem os resultados de um projeto do SIPRI sobre o futuro das operaccedilotildees de paz Jair van der Lijn e Xenia Avezov lsquoThe Future Peace Operations Landscape - Voices from Stakeholders around the Globe - Final Report of the New Geopolitics of Peace Operations Initiativersquo Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) janeiro de 2015

65 Security Council Report lsquoChairs of Subsidiary Bodies and Penholders for 2015rsquo httpwwwsecuritycouncilreportorgmonthly-forecast2015-02chairs_of_subsidiary_bodies_and_penholders_ for_2015php 30 de janeiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

66 Gareth Evans lsquoLimiting the Security Council Vetorsquo Project Syndicate httpwwwproject-syndicateorg commentarysecurity-council-veto-limit-by-gareth-evans-2015-02 4 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Kofi Annan e Gro Harlem Brundtland lsquoFour Ideas for a Stronger UNrsquo The New York Times httpwwwnytimescom20150207opinionkofi-annan-gro-harlem-bruntland-four-ideas-for-a-stronger- unhtml_r=0 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

67 Conversa com ex-comandantes militares Nova Deacuteli janeiro de 2015

68 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

35Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

69 Ibid Murthy e Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo

70 Compare tambeacutem com Bellamy The Responsibility to Protect A Defense 200

71 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

72 Ruan Zongze lsquo阮宗泽中国应倡导ldquo负责任的保护rdquo- ( China deveria defender a Proteccedilatildeo Responsaacutevel)rsquo Global Times (ediccedilatildeo chinesa) httpopinionhuanqiucom11522012-032501163html uacuteltimo acesso em 7 de marccedilo de 2012

73 Andrew Garwood-Gowers lsquoChinarsquos ldquoResponsible Protectionrdquo Concept Re-Interpreting the Responsibility to Protect (R2P) and Military Intervention for Humanitarian Purposesrsquo Asian Journal of International Law disponiacutevel em CJO2015 2015

74 Thorsten Benner lsquoBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiativersquo GPPi Working Paper Series 2013

36Global Public Policy Institute (GPPi)

Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang 4 n 4 2014) A ediccedilatildeo especial conteacutem os seguintes artigos todos disponiacuteveis gratuitamente online Introduction Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier

Regulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protect por Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

Debates in China about the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessment por Liu Tiewa e Zhang Haibin

Emerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protect por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk

Singing the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protect por Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz

Multipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protect por Xymena Kurowska

ldquoOur Identity is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Intervention por Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira

The Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protect por Julian Junk

Em breve laccedilaremos uma ediccedilatildeo especial na Global Society os seguintes artigos que estatildeo atualmente em processo de revisatildeo To Intervene in Darfur or Not Re-examining the R2P Debate and its Impacts por Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira

International Responsibility as Solidarity the Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectory por CSR Murthy e Gerrit Kurtz

Bringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenya por Julian Junk

Testing Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2P por Julian Junk

Parody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian War por Erna Burai

Protection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009 por Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan

Realizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and thereafter por Zhang Haibin e Liu Tiewa

The Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protection por Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

African Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Ground por Erna Burai

Responsibility While Protecting and the Ethics of R2P Implementation por Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier

Outras publicaccedilotildees relacionadasBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiative por Thorsten Benner Seacuterie de Working Papers do GPPi 2013

O Brasil como um Empreendedor Normativo a Responsabilidade ao Proteger por Thorsten Benner Politica Externa v 21 n 4 2013 p 35-46

Germany and the Intervention in Libya por Sarah Brockmeier Survival Global Politics and Strategy v55 n6 2013 p 63ndash90

Schutz und Verantwortung Uber die US-Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltaten por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann Heinrich Boll Foundation June 2013

Internationale Schutzverantwortung - Normative Erwartungen und Politische Praxis por Christopher Daase e Julian Junk (orgs) Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n 1-2 2013

Die Legalisierung der Legitimitat ndash Zur Kritik der Schutzverantwortung als Emerging Norm por Christopher Daase Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n1-2 2013 p 41-62

Emerging Power Exceptional State Elusive Country Explaining Indiarsquos Behavior por Madhan Mohan Jaganathan (com Amna Sunmbul) Proceedings of the International Conference on Social Sciences Chennai 2013 p 308-311

A New Tool for Civilian Protection - The Human Rights up Front Initiative of the United Nations por Gerrit Kurtz GPPi Policy Brief lanccedilamento em breve

Indiarsquos Approach to the Protection of Civilians in Armed Conflicts por CSR Murthy Norwegian Peacebuilding Resource Centre novembro de 2012

Contemporary World Order and Approaches to UN Peacekeeping A South Asian Perspective por CSR Murthy Friedrich Ebert Foundation dezembro de 2012

India-Brazil-South Africa Dialogue Forum (IBSA) The Rise of the Global South por Oliver Stuenkel Routledge Global Institutions 2014

The BRICS and the Future of Global Order por Oliver Stuenkel Lexington Press 2015

The BRICS and the Future of R2P Was Syria or Libya the Exception por Oliver Stuenkel Global Responsibility to Protect v6 n 1 2014 p 3-28

China and Responsibility to Protect Maintenance and Change of its Policy for Intervention por Liu Tiewa The Pacific Review v 25 v1 2012 p 153-173

Is China Like the Other Permanent Members Governmental and Academic Debates about RtoP by Liu Tiewa in Moacutenica Serrano e Thomas G Weiss (orgs) Rallying to the RtoP Cause The International Politics of Human Rights Routledge 2014 p 148-170

Chinese Strategic Culture and the Use of Force Moral and Political Perspectives por Liu Tiewa Journal of Contemporary China v23 n87 2014 p 556-574

Is Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa is Changing China por Harry Verhoeven The Washington Quarterly vol37 n2 2014 p 55-70

Publicaccedilotildees Selecionadas

37Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

AutoresThorsten BennerGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Sarah Brockmeier Global Public Policy InstituteBerlin Germany

Erna BuraiCentral European UniversityBudapest Hungary

CSR MurthyJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Christopher DaasePeace Research InstituteFrankfurt Germany

J Madhan MohanJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Julian JunkPeace Research InstituteFrankfurt Germany

Xymena KurowskaCentral European UniversityBudapest Hungary

Gerrit KurtzGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Liu TiewaPeking University China

Wolfgang ReinickeGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Philipp RotmannGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Ricardo Soares de OliveiraOxford UniversityUnited Kingdom

Matias SpektorFundaccedilatildeo Getulio VargasRio de Janeiro Brazil

Oliver StuenkelFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Marcos TourinhoFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Harry VerhoevenOxford UniversityUnited Kingdom

Zhang HaibinPeking UniversityChina

Global Public Policy Institute (GPPi)Reinhardtstr 7 10117 Berlin GermanyPhone +49 30 275 959 75-0Fax +49 30 275 959 75-99gppigppinet

gppinetglobalnormsnet

10Global Public Policy Institute (GPPi)

ldquoAssim como aprendemos que o mundo natildeo pode se abster enquanto violaccedilotildees brutais e sistemaacuteticas dos direitos humanos acontecem tambeacutem aprendemos que se o objetivo for conseguir o apoio sustentado da populaccedilatildeo mundial a intervenccedilatildeo tem que estar baseada em princiacutepios legiacutetimos e universaisrdquo

Kofi Annan Dois Conceitos de Soberania (1999)3

Justa ou injustamente as elites poliacuteticas na maior parte dos paiacuteses acreditam que a Responsabilidade de Proteger estaacute intrinsicamente ligada agrave pouca consideraccedilatildeo dada pelos mais poderosos aos princiacutepios do direito internacional e a um ldquocomplexo brancordquo de ldquosalvador da paacutetriardquo Por outro lado a oposiccedilatildeo agrave Responsabilidade de Proteger eacute vista comumente como uma insistecircncia ciacutenica da soberania em face ao sofrimento humano ou como uma equivocada solidariedade do Sul Global com regimes repressivos 4

Tais caricaturas satildeo legados da batalha retoacuterica dos anos 1990 Associar o desafio da proteccedilatildeo contra atrocidades agrave soluccedilatildeo da intervenccedilatildeo ndash como feito por Kofi Annan em seu famoso discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU de 1999 ndash eacute macular o primeiro com a carga poliacutetica e histoacuterica do segundo Ao tratar diretamente essa carga Annan endossou uma tentativa de redefinir o conceito de soberania de forma a tirar ecircnfase da proteccedilatildeo coletiva do Estado perante a dominaccedilatildeo externa e a favor da proteccedilatildeo do indiviacuteduo contra danos e ameaccedilas Mas tal ideia de ldquosoberania como responsabilidaderdquo teve efeito contraacuterio ao esperado natildeo somente porque permitiu que intervencionistas ansiosos determinassem de forma seletiva atores que exerciam soberania ldquoresponsaacutevelrdquo ou ldquoirresponsaacutevelrdquo mas tambeacutem que definissem a intervenccedilatildeo como sendo a escolha responsaacutevel Entretanto o argumento moralista intervencionista se tornou hipoacutecrita quando usado por governos cujos histoacutericos de comportamento internacional responsaacutevel natildeo eram tatildeo brilhantes assim Como resultado esta linha de debate arruinou muitas discussotildees sobre a proteccedilatildeo contra crimes atrozes nos anos apoacutes a crise do Kosovo e a invasatildeo do Iraque liderada pelos EUA5

Em nossas pesquisas descobrimos que este debate pernicioso perdeu gradualmente a maior parte de sua relevacircncia poliacutetica na uacuteltima deacutecada em meio agraves controveacutersias sobre a inclusatildeo da Responsabilidade de Proteger no documento final da Cuacutepula Mundial de 2005 e sobre a autorizaccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila para uso

Resultados de Pesquisa Legados Retoacutericos e Debates Construtivos

11Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

de ldquotodos os meios necessaacuteriosrdquo para proteger os civis na Liacutebia Aleacutem dos ocasionais exerciacutecios retoacutericos descobrimos que houve uma mudanccedila no cerne do conflito global sobre a proteccedilatildeo contra crimes atrozes Perante os piores crimes atrozes aconteceu o desgaste da defesa do natildeo-intervencionismo como resistecircncia agrave hegemonia Ocidental Contudo a sombra do imperialismo ainda eacute uma questatildeo a ser considerada Os policymakers ocidentais precisam ser mais cautelosos do que no passado Muito do ceticismo sobre a eficaacutecia do uso das forccedilas militares eacute genuiacutena mesmo se proferida por aqueles que poderiam fazer mais para transformar suas visotildees de diplomacia efetivas em realidade

Obviamente ainda haacute grandes divergecircncias sobre a proteccedilatildeo Elas satildeo concentradas em dois desafios inter-relacionados sobre a proteccedilatildeo na praacutetica como prevenir o uso abusivo dos argumentos humanitaacuterios pelas grandes potecircncias (ldquocomo proteger de forma responsaacutevelrdquo conforme articulado pelo Brasil) e como proteger de forma eficaz particularmente quando pairam as sombras da coerccedilatildeo e do uso da forccedila Ambas as divergecircncias requerem um seacuterio engajamento perante as muitas dificuldades e dilemas que satildeo impostos e vatildeo aleacutem dos estereoacutetipos simplistas e equivocados que haacute muito dominam o debate sobre a Responsabilidade de Proteger

O que eacute Indiscutiacutevel Proteccedilatildeo Contra Crimes de Atrocidade Requer Accedilatildeo InternacionalOs atores relevantes em todo o mundo aceitam a ideia de que a proteccedilatildeo de populaccedilotildees contra crimes de atrocidade eacute de responsabilidade tanto nacional quanto internacional Tal aceitaccedilatildeo vai aleacutem das bases legais do direito internacional humanitaacuterio e da Convenccedilatildeo para a Prevenccedilatildeo e Repressatildeo do Crime de Genociacutedio mas natildeo eacute tampouco um produto do movimento que produziu R2P Ela comeccedilou a emergir jaacute nos anos 90 quando para pessoas e governos ldquoa toleracircncia a atrocidades em massa natildeo pareceu mais aceitaacutevel ndash pareceu algo imoralrdquo 6Desde entatildeo as expectativas sobre proteccedilatildeo cresceu de forma exponencial Demandas morais sobre terceiros ndash humanitaacuterios diplomatas observadores de direitos humanos e ateacute mesmo militares ndash para que ajam de forma preventiva e equilibrem a proteccedilatildeo individual e a soberania estatal acabou excedendo enormemente as capacidades e possibilidades realistas de fazer com que isso aconteccedila

Haacute uma disposiccedilatildeo muito maior e mais difundida em dar apoio ao que parece ser necessaacuterio para proteger populaccedilotildees contra esses crimes de atrocidade e ateacute mesmo em contribuir de forma ativa quando haacute intercessatildeo com outros interesses estrateacutegicos Tal predisposiccedilatildeo vai aleacutem de pequenos grupos de Estados do ldquoOcidenterdquo dos ldquointervencionistas liberaisrdquo ou dos paiacuteses Amigos da Responsabilidade de Proteger Ao analisar a questatildeo poliacutetica da proteccedilatildeo descobrimos que nenhuma divisatildeo arbitraacuteria entre ldquoNorterdquo e ldquoSulrdquo ldquoOcidenterdquo e ldquonatildeo-Ocidenterdquo ldquoemergentesrdquo e ldquodesenvolvidosrdquo

ldquodemocraacuteticosrdquo e ldquoautoritaacuteriosrdquo eacute uacutetil7 Foi o Movimento dos Natildeo-Alinhados que estava pronto para autorizar o fortalecimento da operaccedilatildeo de paz da ONU em Ruanda no ano de 1994 enquanto os Estados Unidos eram ferrenhos opositores Enquanto as potecircncias ocidentais lideraram as intervenccedilotildees no Kosovo e na Liacutebia para proteger civis dezenas de milhares de peacekeepers do Sul da Aacutesia e da Aacutefrica ajudaram a proteger civis em dezenas de missotildees da ONU nos uacuteltimos 20 anos Jaacute durante as negociaccedilotildees da

12Global Public Policy Institute (GPPi)

Cuacutepula Mundial diversas perspectivas que vatildeo aleacutem dessas dicotomias estereotipadas contestaram e contribuiacuteram para a formulaccedilatildeo final do R2P no documento oficial da Cuacutepula 8

Eacute escasso o grupo de governos que se opotildee categoricamente a um papel internacional na proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade independentemente das circunstacircncias Alguns satildeo responsaacuteveis por tais crimes Outros interpretam tudo como parte de uma conspiraccedilatildeo imperialista das grandes potecircncias especialmente dos Estados Unidos As preocupaccedilotildees desses atores natildeo podem ou devem ser levadas em consideraccedilatildeo

O que Ainda eacute Discutiacutevel Como Proteger de Forma Responsaacutevel e EfetivaHaacute um grande grupo de moderados defensores da proteccedilatildeo e ceacuteticos da intervenccedilatildeo cujas preocupaccedilotildees certamente precisam ser levadas em conta de forma mais seacuteria perante os repetidos fracassos e abusos de poder Eles ndash governos de Brasil Iacutendia Aacutefrica do Sul China e Alemanha aleacutem de ativistas especialistas acadecircmicos e alguns tomadores de decisatildeo nos Estados Unidos Reino Unido e Franccedila ndash levantam questotildees legiacutetimas sobre por exemplo como o mundo pode melhorar a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade de forma tanto efetiva quanto responsaacutevel

De diversas formas a saliecircncia emocional e poliacutetica da disputa sobre a natildeo-intervenccedilatildeo haacute muito dificultou estes debates cruciais sobre os resultados praacuteticos da proteccedilatildeo Na maior parte do tempo argumentos sobre as questotildees praacuteticas satildeo feitas ou interpretadas como sendo de maacute-feacute A Liacutebia eacute um desses casos em questatildeo Brasil Iacutendia e Aacutefrica do Sul natildeo criticaram veementemente a intervenccedilatildeo militar de 2011 porque estavam preocupados com violaccedilotildees agrave soberania da Liacutebia ou porque se opunham ao papel internacional na proteccedilatildeo de civis contra atrocidades iminentes em Bengazi Pelo contraacuterio tais paiacuteses reclamaram do abuso de um mandato do Conselho de Seguranccedila de fins poliacuteticos ao inveacutes de proteccedilatildeo ndash neste caso tratava-se de uma mudanccedila no regime com provaacuteveis implicaccedilotildees praacuteticas de um colapso estatal que por sua vez resultaria em riscos adicionais agrave populaccedilatildeo Estes criacuteticos ainda tecircm que combinar a sua retoacuterica de exigir mais e melhor proteccedilatildeo por intermeacutedio de investimentos em ideias e capacidades para fazecirc-la conforme seja necessaacuterio Contudo isso natildeo torna seus argumentos menos vaacutelidos

Haacute uma distinccedilatildeo criacutetica entre dois tipos de situaccedilotildees de atrocidades que dependem do tipo de perpetrador O consenso internacional para agir contra perpetradores natildeo-Estatais mesmo se ligados a forccedilas estatais eacute mais faacutecil de obter do que uma accedilatildeo contra agentes estatais Mesmo que o consentimento governamental de confrontar grupos natildeo-Estatais seja frequentemente incerto e inconsistente como no caso da RDC haacute pouca preocupaccedilatildeo com a soberania desses regimes fracos O debate-chave nesses casos eacute sobre como efetivamente proteger pessoas contra crimes de atrocidade natildeo somente por meio de instrumentos militares mas com maior frequecircncia com o uso de ferramentas civis Isso jaacute eacute bastante desafiador Ainda mais difiacuteceis satildeo os casos em que as forccedilas estatais estatildeo entre os principais perpetradores Nestas situaccedilotildees como na Liacutebia em 2011 e posteriormente na Siacuteria a preocupaccedilatildeo global central com instrumentos coercitivos (de sanccedilotildees a intervenccedilotildees militares) estaacute relacionada ao

13Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

abuso de poder para fins natildeo-humanitaacuterios e com duacutevidas sobre a sabedoria de atacar um Estado que frequentemente serve de protetor para alguns e cuja derrubada pode resultar em riscos adicionais agraves pessoas O histoacuterico mundial na reconstruccedilatildeo de Estados natildeo eacute suficientemente encorajador para rebater tais preocupaccedilotildees

Protegendo de forma responsaacutevel Salvaguardas contra o Abuso pelas Grandes PotecircnciasApoacutes o caso da Liacutebia intervenccedilotildees militares soacute seratildeo consideradas legiacutetimas se feitas de maneira que novos abusos pelas grandes potecircncias sejam prevenidos9 Nesses casos especiais em que haacute o uso da forccedila sem consentimento ainda paira a sombra do imperialismo Na maior parte do mundo ainda eacute recente a lembranccedila do abuso pelas grandes potecircncias hipocritamente encoberto de valores universais O uso de justificativas humanitaacuterias por alguns poliacuteticos britacircnicos e norte-americanos para a invasatildeo do Iraque em 2003 soacute aprofundou estas preocupaccedilotildees com ldquointervenccedilotildees humanitaacuteriasrdquo assim como o uso de argumentos similares pelos russos para justificar a invasatildeo da Geoacutergia em 2008 e da Ucracircnia em 201410 Este senso de hipocrisia daacute origem a uma das principais razotildees para desconfianccedila sobre o R2P desde que o conceito foi criado

Intervenccedilotildees legiacutetimas natildeo requerem um padratildeo irrealista de consistecircncia ou de motivos puramente altruiacutesticos A proteccedilatildeo requer recursos e aceitaccedilatildeo de riscos e na poliacutetica internacional a inconsistecircncia eacute a regra e natildeo a exceccedilatildeo Estados que fornecem as capacidades e assumem os riscos de proteger na maioria dos casos estaratildeo motivados por mais do que puro altruiacutesmo e suas motivaccedilotildees ndash que comeccedilam pela mobilizaccedilatildeo de seus constituintes ndash variam conforme a situaccedilatildeo Tanto os problemas dos ldquomotivos justosrdquo quanto o de ldquoseletividaderdquo levam corretamente a anaacutelises mais minuciosas do uso da forccedila11 ainda que nenhum destes fatores esteja limitado a intervenccedilotildees de proteccedilatildeo e tratem em geral da coerccedilatildeo no atual sistema internacional12 Mesmo que sejam normativamente relevantes e retoricamente uacuteteis para opor intervenccedilotildees particulares tais argumentos natildeo evitam que a maior parte dos atores internacionais apoie uma intervenccedilatildeo aceita como necessaacuteria e possivelmente efetiva Como ilustrado pelo caso da Liacutebia extrapolou-se o limite quando motivos incompatiacuteveis ndash a remoccedilatildeo forccedilosa de Gaddafi e seu regime sem uma loacutegica convincente relacionada agrave proteccedilatildeo ndash foram vistos como superiores agraves preocupaccedilotildees com proteccedilatildeo13

Protegendo de Forma Efetiva O Que Funciona na Praacutetica

A proteccedilatildeo efetiva natildeo eacute mais faacutecil de garantir do que proteccedilatildeo responsaacutevel Enquanto os casos de sucesso foram poucos e limitados tentativas de engajamento pressotildees e intervenccedilotildees militares frequentemente falharam em proteger ou contribuiacuteram com novas ameaccedilas agraves populaccedilotildees Policymakers e acadecircmicos em todo o mundo admitem que sabem muito pouco sobre a proteccedilatildeo efetiva de pessoas contra crimes de atrocidade Para se avanccedilar nessa finalidade faz-se necessaacuterio tanto desenvolver instrumentos poliacuteticos quanto avaliar riscos e tentar identificar o menor de muitos males em vaacuterias situaccedilotildees diversas e particulares O que seraacute efetivamente necessaacuterio e provaacutevel de

14Global Public Policy Institute (GPPi)

obter sucesso estaacute aberto a debate e a desafios em cada caso e natildeo somente quando haacute o uso da forccedila

Uma anaacutelise dos casos que estudamos mostra as incertezas e ambiguidades envolvidas no processo decisoacuterio da proteccedilatildeo Como no caso do Sudatildeo um processo do Tribunal Penal Internacional contra um chefe de Estado contribuiu para o objetivo da proteccedilatildeo 14A proteccedilatildeo eacute aumentada ou dificultada quando uma crise eacute publicamente rotulada como ldquosituaccedilatildeo de R2Prdquo como no Quecircnia ou em Mianmar15 Se o Estado for um perpetrador de crimes de atrocidade haacute algum caso em que a forccedila militar pode ser usada contra ele sem a intenccedilatildeo de mudar o regime ou sem levar o paiacutes ao caos como na Liacutebia16 Quando e como os peacekeepers da ONU devem tomar partido nos conflitos17

Haacute duacutevidas justificaacuteveis sobre as opccedilotildees de poliacuteticas disponiacuteveis e seus riscos Se comparado aos consideraacuteveis esforccedilos para promover o R2P como princiacutepio muito pouco estaacute voltado para descobrir e avaliar tais escolhas difiacuteceis a fim de colocar a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade em praacutetica

A Controveacutersia Mais Profunda a Forccedila Pode ProtegerEnquanto governos ativistas na sociedade civil e representantes da ONU que trabalham com R2P haacute muito tempo tendem a enfatizar taticamente as aacutereas consensuais a maior controveacutersia internacional se refere agrave intervenccedilatildeo militar e ao uso da forccedila para proteccedilatildeo Um debate mais construtivo e autocriacutetico eacute essencial para possibilitar um sistema de proteccedilatildeo mais efetivo e responsaacutevel no futuro e tal debate deve tratar da eficaacutecia do uso da forccedila na proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade suas chances de causar mais resultados positivos do que negativos e seus sucessos e fracassos no passado18 Esse debate natildeo eacute somente relevante nos casos relativamente raros de intervenccedilatildeo militar jaacute que a forccedila e a coerccedilatildeo satildeo parte de uma variedade maior de estrateacutegias de proteccedilatildeo como as sanccedilotildees e as operaccedilotildees de paz Mesmo as ferramentas puramente diplomaacuteticas ou civis satildeo frequentemente vistas como passos que podem escalar o uso da forccedila

Os debates sobre o uso da forccedila ao inveacutes de darem ecircnfase aos meacuteritos e riscos possiacuteveis das diferentes escolhas tecircm se expressado em termos de crenccedilas vagas sobre a eficaacutecia da forccedila militar ajudar a atingir os objetivos poliacuteticos Nos debates analisados encontramos um contraste notaacutevel entre as referecircncias limitadas a estudos estrateacutegicos sobre a utilidade da forccedila nos conflitos modernos e a convicccedilatildeo com a qual os governos apresentam suas opiniotildees sobre este mesmo assunto

Na ldquoausecircncia de doutrina militar e anaacutelise [para proteccedilatildeo de civis]rdquo19 como admitido por um ex-funcionaacuterio do Pentaacutegono (mesmo para o caso dos Estados Unidos) policymakers tendem a se dividir em dogmas fundamentais das suas culturas estrateacutegicas nacionais20 As comunidades estrateacutegicas de alguns paiacuteses satildeo mais otimistas de que o uso da forccedila pode obter bons resultados como forma de proteccedilatildeo a civis enquanto outros satildeo majoritariamente pessimistas e tendem a acreditar que a aplicaccedilatildeo da forccedila militar pioraria a situaccedilatildeo21

Apesar da incerteza inerente a cada crise os atores em cada lado dessa divisatildeo apresentam suas crenccedilas com firmeza frequentemente em termos de truiacutesmos ndash ldquoSoacute pode haver uma soluccedilatildeo poliacuteticardquo 22 ou ldquonatildeo haacute futuro para a Liacutebia Siacuteria com Gaddafi Assad no poderrdquo23 Esses satildeo apenas dois posicionamentos proeminentes que natildeo satildeo

15Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

capazes de reconhecer a realidade complexa de qualquer crise Dessa forma eles convidam a uma troca muacutetua de estereoacutetipos ao inveacutes de uma discussatildeo construtiva Os resultados tecircm sido previsiacuteveis reaccedilotildees antiocidentais no Sul (ldquoeles soacute querem invadir nossos paiacutesesrdquo) e anti-Sul por parte do Ocidente (ldquoeles sempre se juntam a seus colegas ditadoresrdquo) Ambas as partes tentam fazer uso do discurso de responsabilidade para justificar seus pontos de vista ldquoAssumir a responsabilidaderdquo outrora significava assumir riscos e accedilotildees militares caras ateacute que o Brasil desafiou o monopoacutelio intervencionista sobre o termo24

Este contraste entre conhecimento e convicccedilatildeo fica aparente em muitos debates nebulosos sobre peacekeeping tal como a conduccedilatildeo da crise na Costa do Marfim pela ONU em 2010-2011 mas foi mais claramente colocado em debate a forma como Estados Unidos Franccedila e Reino Unido lideraram a intervenccedilatildeo de 2011 na Liacutebia Diplomatas brasileiros experientes por exemplo questionaram a justificativa de uma accedilatildeo militar para uma mudanccedila no regime argumento que nunca foi explicitado por americanos franceses e britacircnicos Por que natildeo cessar os ataques uma vez que as ameaccedilas imediatas agrave populaccedilatildeo civil jaacute haviam sido eliminadas e as forccedilas de Gaddafi jaacute natildeo avanccedilavam mais e desta forma forccedilar todas agraves partes a negociar Que responsabilidade a coalisatildeo intervencionista assumiu pelas accedilotildees de seus aliados de fato em terra as forccedilas rebeldes liacutebias Como a coalisatildeo intervencionista equilibrou os riscos e recompensas das diferentes escolhas estrateacutegicas e por que exatamente ldquonatildeo era possiacutevel imaginar um futuro com Gaddafi no poderrdquo como argumentado por Obama Cameron e Sarkozy no jornal The New York Times25Houve questionamentos similares sobre as sugestotildees de intervenccedilatildeo militar na Siacuteria A ausecircncia de respostas convincentes provavelmente teve um papel muito importante no arquivamento de uma seacuterie de planos para intervenccedilotildees unilaterais ao longo dos anos

O que parece ser um otimismo infundado de que a forccedila seria capaz de atingir objetivos poliacuteticos daacute origem a um desconforto difundido em muitas partes do mundo e que vai aleacutem do objetivo especifico de proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade A invasatildeo do Iraque liderada pelos EUA em 2003 se desdobrou em grandes debates como um exemplo de escolha irresponsaacutevel por uma potecircncia hegemocircnica que tende a instruir outros paiacuteses sobre lideranccedila global responsaacutevel Isso tambeacutem eacute um lembrete valioso de que mesmo a maior forccedila militar do globo eacute claramente incapaz de forccedilar a construccedilatildeo efetiva de uma nova ordem poliacutetica com consequecircncias traacutegicas para milhares de pessoas natildeo soacute no Iraque

Ainda assim durante as crises na Costa do Marfim na Liacutebia em 2011 e na Repuacuteblica Centro-Africana em 2014 o Conselho de Seguranccedila estava pronto para legitimar intervenccedilotildees militares ldquoconforme cada casordquo como foi sugerido pela Cuacutepula Mundial Em cada um desses casos emergiram grandes maiorias que priorizaram a necessidade de accedilatildeo militar em relaccedilatildeo agrave ampla preocupaccedilatildeo com a manutenccedilatildeo da soberania estatal seja atraveacutes de voto a favor no Conselho de Seguranccedila de abstenccedilatildeo para permitir que resoluccedilotildees passassem (como Ruacutessia e China no caso da Liacutebia) ou de apoio financeiro militar ou poliacutetico em outros foacuteruns de discussatildeo

Eacute possiacutevel que haja uma janela de oportunidades surgindo para um debate poliacutetico mais detalhado e criacutetico sobre a eficaacutecia da forccedila militar na proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade Tais debates estatildeo tratando dos objetivos diferentes mas relacionados da luta contra insurgentes e redes terroristas Em ambos os casos haacute uma discussatildeo ponderada nos ciacuterculos militares e policiais assim como em grandes meios

16Global Public Policy Institute (GPPi)

de comunicaccedilatildeo sobre questotildees como execuccedilotildees especiacuteficas de terroristas suspeitos ou taacuteticas de contra-insurgecircncia centradas na populaccedilatildeo

Outro debate similar e criacutetico precisa ser colocado em questatildeo em relaccedilatildeo agrave forccedila e a proteccedilatildeo Ele pode ser construiacutedo a partir de uma tendecircncia recente na direccedilatildeo de mais engajamento com os resultados e meios praacuteticos do uso da forccedila militar para proteccedilatildeo Sociedades e comunidades estrateacutegicas nos EUA Reino Unido e Franccedila mostraram sinais de cansaccedilo em relaccedilatildeo a intervenccedilotildees em geral e particularmente agraves unilaterais Ao mesmo tempo alguns dos defensores mais leais da restriccedilatildeo militar reflexiva ndash como China Brasil e Alemanha ndash comeccedilaram a considerar em determinados casos argumentos a favor da accedilatildeo militar para proteccedilatildeo de civis 26Tanto defensores quanto ceacuteticos da proteccedilatildeo militar se beneficiaratildeo ao forccedilar mais nuances nesses debates Por um lado a demanda por especificidades protegeraacute contra o uso abusivo da autoridade humanitaacuteria para fins escusos Por outro mais transparecircncia ajudaraacute na defesa contra reclamaccedilotildees de abuso Esse debate deve considerar as contribuiccedilotildees acadecircmicas recentes27 mas encontraraacute ferramentas mais especiacuteficas e fundamentais em conceitos poliacuteticos estabelecidos como na doutrina da ONU para proteccedilatildeo de civis e as tentativas dos militares norte-americanos de desenvolver orientaccedilotildees conceituais para ldquooperaccedilotildees de resposta a atrocidades em massardquo28

17Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Se as principais controveacutersias globais sobre a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade envolvem (1) o medo do uso abusivo de argumentos humanitaacuterios e (2) como proteger de forma efetiva quais satildeo as opccedilotildees para melhorar as soluccedilotildees globais de proteccedilatildeo O ponto de partida deve ser o reconhecimento de que a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade como um desafio poliacutetico complexo e natildeo somente como algo paliativo enquanto tenta-se resolver um conflito poliacutetico de maiores dimensotildees Qualquer estrateacutegia de proteccedilatildeo deve ser preparada primeiramente a fim de influenciar os caacutelculos poliacuteticos e militares dos perpetradores e deve levar em consideraccedilatildeo os limites de influecircncias externas sobre eventos domeacutesticos Os atores locais tecircm o maior controle sobre a dinacircmica da violecircncia e eacute difiacutecil prever o efeito dominoacute causado pelas accedilotildees externas O foco no curto prazo do conceito de ldquoresposta raacutepida saiacuteda raacutepidardquo eacute portanto um ato irresponsaacutevel quase independente de contexto mesmo que accedilotildees raacutepidas frequentemente sejam necessaacuterias poliacuteticos ativistas jornalistas e acadecircmicos precisam prestar mais atenccedilatildeo agraves poliacuteticas de longo prazo e a seus planejamentos para que sejam adaptadas agraves mudanccedilas

Com base em nossos resultados e anaacutelise apontamos opccedilotildees poliacuteticas para governos a ONU e organizaccedilotildees regionais aleacutem da miacutedia e da sociedade civil com o intuito de melhorar a credibilidade das ferramentas existentes ao fazer com que seu uso na proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade seja menos vulneraacutevel ao abuso e tenha resultados mais efetivos Comeccedilamos com a necessidade de garantir informaccedilotildees e anaacutelises criacuteveis sobre as situaccedilotildees em que crimes de atrocidade satildeo cometidos Depois oferecemos algumas sugestotildees para o fortalecimento das ferramentas disponiacuteveis aos civis para prevenccedilatildeo e resposta a atrocidades e para que as operaccedilotildees de paz da ONU melhorem a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade Depois indicamos opccedilotildees de reforma importantes para o processo decisoacuterio coletivo sobre accedilotildees militares e terminamos enfatizando a necessidade de um aprendizado contiacutenuo e colaborativo sobre as ferramentas para prevenccedilatildeo de atrocidades

Reduzindo a Vulnerabilidade das Fontes de Informaccedilatildeo perante Acusaccedilotildees de ParcialidadeAntes mesmo de comeccedilar a considerar formas de lidar com futuras ou atuais atrocidades o mundo precisa chegar a um consenso sobre o que estaacute acontecendo em cada situaccedilatildeo Atualmente a disponibilidade de informaccedilatildeo sobre situaccedilotildees especiacuteficas de crises natildeo eacute mais o principal desafio para que accedilotildees de mobilizaccedilatildeo aconteccedilam

Opccedilotildees Poliacuteticas para Proteccedilatildeo Mais Efetiva e Responsaacutevel

18Global Public Policy Institute (GPPi)

Ainda assim acreditamos que um desafio crucial para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade eacute a acusaccedilatildeo de parcialidade sobre o tipo e a interpretaccedilatildeo das informaccedilotildees sobre atrocidades fornecidas por governos pela miacutedia ou por grupos da sociedade civil A confianccedila nos Estados dominantes e nas instituiccedilotildees internacionais encontra-se em niacuteveis tatildeo baixos que mesmo os casos de atrocidades bem documentados como o ocorrido em Darfur foram considerados por alguns como propaganda intervencionista29

Essa desconfianccedila estaacute na maior parte das vezes direcionada a fontes relacionadas ao ldquoOcidenterdquo Fontes financiadas lideradas ou com suas sedes em paiacuteses ocidentais frequentemente satildeo as mais acessiacuteveis natildeo soacute pelas elites poliacuteticas em capitais longiacutenquas mas tambeacutem por paineacuteis de especialistas e investigaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas em paiacuteses em que natildeo haacute extensiva presenccedila de campo da ONU Quando as fontes locais de informaccedilatildeo claramente natildeo satildeo criacuteveis como na Siacuteria jornalistas tecircm acesso restrito a aacutereas violentas e por algumas vezes todas as outras fontes relevantes vecircm de organizaccedilotildees com sede no Ocidente de organizaccedilotildees locais da sociedade civil que dependem de ajuda ocidental ou de financiamento externo e que tecircm uma temaacutetica antigovernamental especiacutefica ou ainda de profissionais ocidentais que trabalham para a ONU30 Por exemplo o governo chinecircs frequentemente enfatiza que a identificaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo internacional de abusos aos direitos humanos no exterior eacute excessivamente dependente de informaccedilotildees ocidentais e pediu para que houvesse sistemas de alerta precoce mais imparciais31 Especialistas indianos dizem que o desafio natildeo eacute a disponibilidade de informaccedilatildeo mas ldquoa interpretaccedilatildeo e o vieacutes que lhe eacute dadordquo32

Grupos de ativistas e a miacutedia tecircm incentivos para simplificar as narrativas e portanto eacute prudente ter um ceticismo saudaacutevel perante as acusaccedilotildees de atrocidades hediondas Ao mesmo tempo presumir que a verdade estaacute no meio-termo de todas as posiccedilotildees seria permitir que propaganda e maacute informaccedilatildeo determinassem o caminho a seguir Criticar realisticamente as fontes requer engajamento com a informaccedilatildeo em si e natildeo apenas a insinuaccedilatildeo de agendas poliacuteticas com base puramente na localizaccedilatildeo geograacutefica financiamento ou educaccedilatildeo

A fim de oferecer um debate melhor informado sobre potenciais crimes de atrocidade as empresas de comunicaccedilatildeo e filantropos principalmente em potecircncias emergentes devem investir em fontes de informaccedilatildeo e anaacutelise independentes e criacuteveis sobre conflitos e direitos humanosAs alegaccedilotildees de parcialidade (sejam a favor ou contra os governos ou outros atores) crescem quando haacute uma escassez de fontes Aqueles que criticam as fontes de informaccedilatildeo existentes satildeo os que sabem melhor qual fonte de financiamento ou de influecircncia teraacute mais credibilidade portanto eacute dever destas pessoas investir adequadamente Se haacute suspeitas sobre as fontes ocidentais de informaccedilatildeo por parte de governos e elites poliacuteticas fora do Ocidente essas podem ajudar a diversificar a base de apoio para ONGs ativistas e redes de informaccedilotildees globais jaacute existentes ou ateacute mesmo investir em plataformas alternativas de monitoramento e anaacutelise baseadas nos mais altos padrotildees de integridade jornaliacutestica Por enquanto com raras exceccedilotildees o investimento em miacutedias livres e acesso agrave informaccedilatildeo natildeo parece ser uma prioridade entre as elites empresariais emergentes mesmo em potecircncias emergentes democraacuteticas Por outro

19Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

lado agecircncias de notiacutecia estatais frequentemente tecircm dificuldade para estabelecer uma reputaccedilatildeo de integridade jornaliacutestica Satildeo raros os grandes investimentos no relato de crises humanitaacuterias tais como recentemente feito pela Fundaccedilatildeo Jynwel com sede em Hong Kong na agora independente organizaccedilatildeo de noticias IRIN33 Organizaccedilotildees de defesa podem contribuir com a reduccedilatildeo das alegaccedilotildees de parcialidade ao natildeo exporem situaccedilotildees de conflito como se fossem preto-no-branco e ao serem transparentes sobre quem as financiam e apoiam Se apresentarem uma extensa lista de notas e fontes em seus relatoacuterios como feito regularmente pelo International Crisis Group e pela Human Rights Watch eacute dever dos criacuteticos se engajar com essas fontes com base nos fatos

Fortalecer e diversificar as informaccedilotildees sobre os riscos de crimes de atrocidade em massa tambeacutem pode significar estabelecer organizaccedilotildees de sociedade civil regionais dedicadas agrave pesquisa criacutevel e confiaacutevel sobre a prevenccedilatildeo de atrocidades Se verdadeiramente baseadas em sociedades locais tais grupos teriam mais acesso a grupos nacionais e regionais de sociedade civil do que as organizaccedilotildees globais com sede em Nova York ou Genebra Consequentemente suas informaccedilotildees e argumentos mais provavelmente obteriam credibilidade poliacutetica a niacutevel global No curto prazo a massa criacutetica necessaacuteria a esses centros da sociedade civil provavelmente seraacute alcanccedilada na Europa ou na Aacutefrica mas a Ameacuterica Latina (com sua iacutempar accedilatildeo ldquoRede Latino-Americana de Prevenccedilatildeo ao Genociacutedio e Atrocidades em Massardquo a niacutevel governamental) e a Aacutesia tambeacutem podem se desenvolver rapidamente

Os Estados membros a sociedade civil e as organizaccedilotildees regionais devem melhorar as capacidades da ONU de coletar informaccedilotildees e desvendar fatos sobre desafios agrave proteccedilatildeo ao oferecer assistecircncia logiacutestica funcionaacuterios a curto-prazo e fontes locais de informaccedilatildeo Ao mesmo tempo em que organizaccedilotildees regionais satildeo cada vez mais capazes de influenciar o entendimento global sobre suas partes do mundo a sua imparcialidade eacute apenas tatildeo criacutevel quanto a das potecircncias regionais que lideram as suas deliberaccedilotildees As Naccedilotildees Unidas natildeo podem entretanto sempre responder sozinhas agraves demandas por informaccedilotildees imparciais e criacuteveis sobre riscos de atrocidade Os mecanismos das Naccedilotildees Unidas frequentemente dependem tanto de fontes governamentais e privadas devido agrave necessidade de agir rapidamente quanto sofrem com a falta de acesso proacuteprio e independente aos locais de risco Aleacutem disso a ONU tambeacutem jaacute esteve sujeita agrave autocensura e foi forccedilada a romper compromissos poliacuteticos34

Todos os Estados membros da ONU precisam fortalecer os mecanismos de coleta de informaccedilatildeo da instituiccedilatildeo suas comissotildees de inqueacuterito e outros oacutergatildeos correlatos Por exemplo sempre que uma violecircncia em massa comeccedila conforme definido pelo Secretaacuterio Geral a ONU deveraacute enviar uma missatildeo para desvendar os fatos a fim de informar melhor as discussotildees no Conselho de Seguranccedila Isso poderaacute ser baseado em um grupo permanente de especialistas preacute-selecionados e deveraacute envolver as agecircncias da ONU relevantes ao tema especialmente o Escritoacuterio de Coordenaccedilatildeo de Assuntos Humanitaacuterios O Alto Comissariado para Direitos Humanos o Conselheiro Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedios e o Departamento de Assuntos Poliacuteticos35 Estados membros devem contribuir tanto com financiamento quanto com especialistas

20Global Public Policy Institute (GPPi)

treinados para essas missotildees O estabelecimento de regras para a contrataccedilatildeo de pessoal poderia ajudar a deixar processos de seleccedilatildeo o mais transparentes possiacutevel e desta forma melhorar a credibilidade e imparcialidade da descoberta de fatos pela ONU36

Estados membros tambeacutem podem ajudar as Naccedilotildees Unidas na implementaccedilatildeo de sua iniciativa ldquoHuman Rights Up Frontrdquo (em portuguecircs ldquoDireitos Humanos Antes de Tudordquo) atraveacutes do qual o Secretariado estaacute criando um sistema simplificado de gerenciamento de informaccedilotildees para tudo que eacute coletado pelas muitas partes do sistema ONU combinando dados jaacute existentes sobre proteccedilatildeo humanitaacuteria proteccedilatildeo dos direitos humanos proteccedilatildeo de mulheres em conflitos armados e proteccedilatildeo de crianccedilas37 Os Estados membros podem dar apoio agrave ONU ao incluir mais informaccedilotildees de atores bilaterais no local desde que a ONU faccedila os investimentos necessaacuterios para o tratamento de dados sensiacuteveis proteccedilatildeo a testemunhas e referecircncias38

Usando Ferramentas Diplomaacuteticas e Civis De Forma Antecipada Justa e EstrateacutegicaApesar das diferenccedilas em ecircnfases retoacutericas haacute um consenso universal que as atrocidades devem ser prevenidas pelo uso antecipado e sustentaacutevel de uma variedade de ferramentas civis disponiacuteveis agrave comunidade internacional Estatildeo incluiacutedas a diplomacia a mediaccedilatildeo e as missotildees poliacuteticas assim como as sanccedilotildees a justiccedila criminal internacional as accedilotildees humanitaacuterias e as ferramentas de peacebuilding apoacutes crises dentre elas a reconstruccedilotildees das instituiccedilotildees estatais e do Estado de direito

Desde os anos 90 a comunidade internacional aprendeu liccedilotildees importantes sobre o uso dessas ferramentas e vem caminhando para desenvolvecirc-las ainda mais Satildeo visiacuteveis os sucessos na diplomacia preventiva como o ocorrido durante a crise poacutes-eleiccedilotildees no Quecircnia em 200839 quando um negociador de alto niacutevel liderou as conversas tendo apoio politico de oacutergatildeos regionais e de todos os membros do Conselho de Seguranccedila expertise da ONU e engajamento da sociedade civil Ao longo dos uacuteltimos 10 anos houve uma significativa expansatildeo das capacidades de negociaccedilatildeo dentro da ONU e das organizaccedilotildees regionais Missotildees poliacuteticas no Timor Leste ou na Guineacute-Bissau podem ter evitado uma nova onda de violecircncia nesses locais40 Sanccedilotildees seletivas provavelmente ajudaram a controlar pessoas que poderiam atrapalhar as primeiras fases do processo de peacebuilding na Libeacuteria Costa do Marfim e Serra Leoa41 O Tribunal Penal Internacional processou e condenou seus primeiros casos e apoiou importantes reformas nos sistemas de justiccedila criminal em muitos paiacuteses42

Ainda assim a comunidade internacional em inuacutemeras vezes natildeo fez uso das ferramentas civis disponiacuteveis de forma antecipada decisiva e sustentaacutevel O consenso que parece existir para o uso de ferramentas civis antecipadamente e como prioridade se desfaz assim que decisotildees poliacuteticas e priorizaccedilatildeo se fazem necessaacuterias Mudar isso eacute difiacutecil Requer ir aleacutem das caricaturas comuns que culpam apenas os paiacuteses ocidentais por investir pouco ou as potecircncias natildeo-ocidentais por repelir as tentativas de influenciar ou pressionar perpetradores e seus cuacutemplices Natildeo soacute as prioridades e interesses competitivos existem de todos os lados mas o desafio tambeacutem eacute marcado pela profunda incerteza sobre como e quando usar tais ferramentas com quais atores e em qual espaccedilo Natildeo haacute uma soluccedilatildeo uacutenica e faacutecil para prevenccedilatildeo resposta ou recuperaccedilatildeo efetiva

21Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Nosso foco eacute em medidas de curto prazo voltadas para os civis em situaccedilotildees em que haacute alta probabilidade ou jaacute haacute ocorrecircncia de atrocidades 43Descobrimos que haacute quatro aacutereas que devem ser especialmente observadas

Os atores (em particular potecircncias emergentes) que mais pedem por diplomacia ferramentas civis e prevenccedilatildeo antecipada precisam traduzir seu compromisso retoacuterico em vontade poliacutetica e os investimentos necessaacuterios em capacidades e ideiasIr aleacutem da retoacuterica sobre prevenccedilatildeo requer vontade poliacutetica para fazer disso uma prioridade Com muita frequecircncia a prevenccedilatildeo contra crimes de atrocidade vai de encontro a outros objetivos poliacuteticos em uma determinada situaccedilatildeo de crise Algumas vezes esses interesses e prioridades estatildeo em extremos opostos No Sri Lanka por exemplo o governo conseguiu alavancar a imensa preocupaccedilatildeo internacional com o contraterrorismo para evitar pressotildees em relaccedilatildeo aos crimes de guerra perpetrados durante o conflito contra os Tigres de Libertaccedilatildeo do Tacircmil Eelam (LTTE) no comeccedilo de 200944 Em Darfur a accedilatildeo diplomaacutetica internacional para acabar com os crimes de atrocidade teve de competir com a prioridade para um acordo de paz na longa guerra civil Norte-Sul no Sudatildeo e com a colaboraccedilatildeo antiterrorista do governo sudanecircs45

Todavia mesmo com a ausecircncia de grandes interesses conflitantes haacute um espaccedilo entre o apoio abstrato para a proteccedilatildeo de populaccedilotildees contra crimes de atrocidade e a vontade poliacutetica de agir dispor-se financeiramente e assumir riscos proporcionais Um exemplo recente de quando investimentos deveriam ter sido feitos antes e de forma mais substancial eacute o Sudatildeo do Sul ndash uma crise que tambeacutem demonstra como as categorias ldquoocidentaisrdquo contra os ldquodemaisrdquo natildeo satildeo uacuteteis na anaacutelise das posiccedilotildees dos paiacuteses sobre proteccedilatildeo Por motivos diversos tanto os Estados Unidos quanto a China apoiaram fortemente o governo de Salva Kiir ignorando sinais importantes ateacute que essa se tornou uma das facccedilotildees combatentes na nova guerra civil do Sudatildeo do Sul46 Na Repuacuteblica Centro-Africana investimentos preacutevios nas iniciativas legais e nas reformas no setor de seguranccedila poderiam ter sido capazes de evitar que o paiacutes atingisse a atual escala de violecircncia47

Como esses e outros exemplos revelam haacute um grande descompasso entre a retoacuterica que demanda mais ldquosoluccedilotildees poliacuteticas e diplomaacuteticasrdquo ndash como constantemente enfatizado por China Ruacutessia Iacutendia Brasil Aacutefrica do Sul (e tambeacutem pela Alemanha e pela Uniatildeo Europeia) ndash e os recursos poliacuteticos e materiais investidos na busca por tais soluccedilotildees Colocar em praacutetica essas ldquosoluccedilotildees poliacuteticasrdquo requer ao mesmo tempo declaraccedilotildees ocasionais e o estabelecimento de capacidades institucionais para o monitoramento dos direitos humanos monitoramento de longo prazo das eleiccedilotildees mediaccedilatildeo e apoio de pessoas com experiecircncia secircnior que possam ser rapidamente acionadas e a construccedilatildeo de instituiccedilotildees nos setores de justiccedila seguranccedila e correlatas normalmente envolvidas com missotildees poliacuteticas da ONU e de organizaccedilotildees regionais Similarmente o uso de ferramentas coercitivas como sanccedilotildees requer tanto a tomada de decisotildees difiacuteceis quanto investimentos e iniciativas para planejar criativamente e melhorar estas ferramentas a fim de que sejam de fato seletivas justas e legalmente soacutelidas ndash em outras palavras que minimizem os riscos de afetarem as pessoas erradas

22Global Public Policy Institute (GPPi)

de acordo com princiacutepios baacutesicos do direito O Tribunal Penal Internacional precisa do comprometimento poliacutetico e da ratificaccedilatildeo do Estatuto de Roma por algumas das naccedilotildees mais poderosas do mundo Tambeacutem precisa de recursos para continuar acompanhando seus casos No miacutenimo tanto as potecircncias emergentes quanto as jaacute estabelecidas precisam melhorar sua assistecircncia humanitaacuteria para aqueles que fogem da violecircncia Por exemplo Estados membros da ONU cederam menos de 50 por cento dos fundos necessaacuterios para a resposta humanitaacuteria na Siacuteria deixando milhares de pessoas necessitadas em 201448

Os governos devem priorizar a detenccedilatildeo e julgamento dos perpetradores de crimes de atrocidade em suas jurisdiccedilotildees Aleacutem das dificuldades poliacuteticas de se lidar com perpetradores que estatildeo no poder como na Siacuteria ou com perpetradores que estatildeo fora do alcance de Estados falidos como na Repuacuteblica Centro-Africana todos os governos podem fazer mais para sancionar ou julgar esses perpetradores por crimes de atrocidade que de alguma forma estejam em suas jurisdiccedilotildees Prevenir e dar respostas aos crimes de atrocidade significa lidar com as motivaccedilotildees e capacidades de perpetradores individuais antes que cometam crimes Tambeacutem significa puni-los por seus atos49 Aqueles que mantecircm seu dinheiro em bancos multinacionais podem estar sujeitos ao congelamento de seus ativos estejam nos bancos na Europa ou na Aacutesia Aqueles que viajam estatildeo sujeitos agrave recusa de vistos e impedimentos de viagem de modo a impactar suas accedilotildees antes de cometerem ou enquanto cometem atrocidades Leis existentes como nos Estados Unidos permitem que imigrantes sejam deportados se houver provas que os liguem a genociacutedios Paiacuteses podem buscar pessoas procuradas pelo Tribunal Penal Internacional e mudar suas leis ou designar forccedilas policiais para processar os piores crimes de atrocidade independentemente dos locais em que foram cometidos

Com muita frequecircncia a falta de atenccedilatildeo e vontade poliacutetica permite que perpetradores vivam livres e confortavelmente apoacutes terem cometido atrocidades ou ateacute mesmo organizar financiar e apoiar atrocidades em andamento mesmo estando no exterior Isso aconteceu com diversos liacutederes das Forccedilas Democraacuteticas Para a Libertaccedilatildeo de Ruanda (FDLR) um grupo miliciano operando no Congo Eles viveram sem problemas na Alemanha durante quase uma deacutecada antes de serem presos e julgados50 Os Estados Unidos apesar de sua recusa em ratificar o Estatuto de Roma recentemente serviu de exemplo ao aumentar seus esforccedilos na procura por suspeitos de crimes de guerra que moram no paiacutes e ao desenvolver propostas que permitem o uso das leis de imigraccedilatildeo para fazer com que perpetradores de atrocidades paguem por seus crimes51

Poliacuteticos devem dar prioridade ao comportamento atual ao avaliar a legitimidade de atores e julgar todos os atores de um conflito pelos mesmos padrotildees Soacute porque em determinado momento haacute um grupo claramente identificaacutevel como perpetrador de atrocidades natildeo significa que outros grupos sejam e continuaratildeo sendo inocentes de tais atos Violecircncia gera mais violecircncia jaacute que grupos ameaccedilados

23Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

se defendem e continuam combatendo o inimigo A Liacutebia eacute um bom exemplo disso Na primavera de 2011 identificar corretamente o regime de Gaddafi como responsaacutevel por crimes de atrocidade foi a decisatildeo correta ndash mas natildeo evitou que os rebeldes cometessem crimes similares posteriormente previsivelmente em alguns grupos tornando quem os apoiava militarmente cuacutemplices De forma similar em 2014 apoiar as forccedilas curdas Peshmerga era a uacutenica forma de prevenir um massacre contra os Yazidis no Iraque ndash mas aqueles que deram apoio natildeo deveriam silenciar-se perante as posteriores mortes em represaacutelia

A escolha de grupos especiacuteficos como aliados eacute facilmente entendida como arbitraacuteria quando o comportamento atual natildeo justifica apoio internacional Um dos argumentos conflitantes de legitimidade poliacutetica acontece quando atores externos escolhem seus aliados locais de forma inconsistente com suas accedilotildees (algumas vezes favorecendo o regime incumbente) e tal escolha eacute facilmente vista como hipoacutecrita52 Poliacuteticos tambeacutem estatildeo vulneraacuteveis a tais acusaccedilotildees quando satildeo seletivos sobre suas criacuteticas a poderes regionais que armam ou apoiam grupo rebeldes como no caso do silecircncio ocidental sobre o envolvimento da Araacutebia Saudita na Siacuteria

Defensores do R2P e da prevenccedilatildeo de atrocidades em governos ou na sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando pedir a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes

No que diz respeito agrave diplomacia preventiva defensores do R2P e da prevenccedilatildeo contra atrocidades incluindo governos e a sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando e como pedem a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes Em algumas situaccedilotildees o Conselho pode deixar a mediaccedilatildeo mais difiacutecil ao elevar o niacutevel de visibilidade poliacutetica de uma crise Ele pode ajudar mediadores ao dar-lhes mais peso um senso de urgecircncia incentivos e desincentivos (ex com sanccedilotildees seletivas proibiccedilotildees de viagem congelamento de ativos embargo de armas investigaccedilotildees estabelecimento de uma missatildeo poliacutetica) Mas em algumas situaccedilotildees pressatildeo internacional vinda dos mais altos niacuteveis que inclui o papel do Conselho de Seguranccedila pode ser contraproducente Isso pode reforccedilar a urgecircncia de um governo em terminar a guerra a todos os custos como no caso do Sri Lanka no comeccedilo de 200953 ou complicar as negociaccedilotildees para acesso humanitaacuterio como em Mianmar em maio de 200854 Em particular quando os casos lidam com governos que jaacute vecircm sendo excluiacutedos da comunidade internacional foacuteruns e canais mais discretos podem ser mais efetivos na tentativa de influenciar mudanccedilas de comportamento

Possibilitando que as Missotildees de Paz da ONU Ofereccedilam Proteccedilatildeo CriacutevelO peacekeeping eacute um sistema com grande legitimidade global que jaacute evita abusos e comeccedilou a dar ecircnfase agrave Proteccedilatildeo de Civis (PoC) em muitas de suas operaccedilotildees A composiccedilatildeo global e o controle rigoroso por parte do Conselho de Seguranccedila deixa as operaccedilotildees de paz muito mais aceitaacuteveis que qualquer outro instrumento como notavelmente o uso da

24Global Public Policy Institute (GPPi)

forccedila por terceiros segundo um mandato do Conselho de Seguranccedila55 Ao mesmo tempo o peacekeeping soacute eacute capaz de lidar com um nuacutemero limitado de desafios agrave proteccedilatildeo a ausecircncia de mecanismos raacutepidos e efetivos de mobilizaccedilatildeo de implementaccedilatildeo faz com que seja impossiacutevel para peacekeepers da ONU responder a ameaccedilas iminentes de crimes de atrocidade e os requerimentos legais e praacuteticos da colaboraccedilatildeo com o governo local limitam uma accedilatildeo efetiva contra os perpetradores dos crimes de atrocidade que sejam parte ou que recebam apoio do governo Mesmo quando os peacekeepers estavam presentes enquanto crimes de atrocidade eram praticados como na Costa do Marfim em 2011 e no Sudatildeo do Sul em 2013 qualquer prevenccedilatildeo efetiva foi ilusoacuteria E onde uma reaccedilatildeo imediata natildeo obteve sucesso os desafios da proteccedilatildeo efetiva contra crimes em andamento rapidamente excedeu a capacidade dos boinas azuis

As vaacuterias maneiras em que as operaccedilotildees de paz poderiam melhor proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade ao estabelecer capacidades reduzir vulnerabilidade (ldquoproteccedilatildeo indiretardquo) e defender contra perpetradores (ldquoproteccedilatildeo diretardquo) jaacute foram explicitadas em outras oportunidades56 Atingir pelo menos um niacutevel moderado de ambiccedilatildeo para que peacekeepers protejam populaccedilotildees contra crimes de atrocidade requereria investimentos adicionais em capacidade doutrina e treinamento Tambeacutem seria necessaacuteria uma anaacutelise mais seacuteria sobre como combinar de forma efetiva o uso do peacekeeping com instrumentos poliacuteticos

O Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz a lideranccedila da missatildeo e os paiacuteses colaboradores precisam informar de forma modesta e transparente os limites das capacidades da ONU na proteccedilatildeo de civis

O comprometimento bem-vindo e necessaacuterio do Conselho de Seguranccedila com a proteccedilatildeo levou a um nuacutemero excessivo de promessas57 que aumentaram a lacuna entre as expectativas locais e a capacidade das missotildees Quando um mandato para milhares de peacekeepers eacute estabelecido com grande alvoroccedilo mas somente uma fraccedilatildeo chega seis meses depois como no Sudatildeo Sul apoacutes o iniacutecio da uacuteltima guerra civil em dezembro de 2013 ou como quando os peacekeepers se recusaram a tomar medidas enquanto crimes de atrocidade eram cometidos nas redondezas (devido ou natildeo ao apoio ou lideranccedila inadequados) como visto recentemente na RDC ou no Sudatildeo pessoas que se reuacutenem ao redor da bandeira azul na esperanccedila de proteccedilatildeo se tornam mais vulneraacuteveis ao perigo do que se estivessem em outro local De forma geral populaccedilotildees ameaccediladas estatildeo em situaccedilotildees melhores com os peacekeepers do que sem eles mas ainda assim a credibilidade das Naccedilotildees Unidas eacute afetada nestes casos58

Tanto a proteccedilatildeo efetiva quanto a responsaacutevel exigem uma comunicaccedilatildeo honesta e transparente com o puacuteblico e com o Conselho de Seguranccedila sobre as capacidades de cada missatildeo e de cada contingente aleacutem da sua disponibilidade para assumir riscos Quando os diplomatas do Conselho criarem ou derem nova autorizaccedilatildeo a outro ambicioso mandato para a proteccedilatildeo de civis eles precisam ser formalmente informados das capacidades e requerimentos que seratildeo necessaacuterios

25Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

A proteccedilatildeo por parte dos peacekeepers requer um salto de qualidade das contribuiccedilotildees para as operaccedilotildees dos boinas azuis e isso exige que o Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz as tropas a poliacutecia e os colaboradores financeiros encontrem uma divisatildeo do trabalho mais justa e equilibradaO equiliacutebrio fraacutegil entre aqueles que contribuem com tropas (em sua maioria da Aacutefrica e da Aacutesia) financiadores (em sua maioria da Europa e Ameacuterica do Norte) e os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila da ONU que emitem mandatos estaacute proacuteximo de se desfazer A insustentaacutevel divisatildeo de trabalho em peacekeeping natildeo eacute uma questatildeo dos ocidentais contra os demais Muitos paiacuteses africanos cansados dos muitos anos de tentativas frustradas de instauraccedilatildeo da paz no continente pelas potecircncias externas cada vez mais requerem e apoiam o uso de forccedila militar para proteger civis e conceder mais tempo para as negociaccedilotildees de paz Por outro lado paiacuteses que tradicionalmente contribuem com muitas tropas estatildeo cada vez mais reticentes em ameaccedilar a vida de seus soldados em locais distantes ndash especialmente aqueles paiacuteses como a Iacutendia cujo papel emergente no mundo criou expectativas de exercer influecircncia sobre escolhas estrateacutegicas que ateacute agora se mantiveram no domiacutenio exclusivo dos membros permanentes Isso tudo combinado com a austeridade imposta agraves forccedilas armadas mais desenvolvidas impossibilitando aumentar suas contribuiccedilotildees de ativos-chave ndash que poderia reduzir os riscos aos boinas azuis ndash vem deixando muitos paiacuteses em desenvolvimento cada vez mais impacientes com um sistema que natildeo funciona mais para eles

Para avanccedilar na prevenccedilatildeo de crimes de atrocidade economias desenvolvidas e em desenvolvimento precisatildeo aumentar os recursos disponibilizados para as missotildees de paz da ONU mas o dever principal de balancear o desequiliacutebrio atual estaacute nas matildeos de paiacuteses com capacidades avanccediladas Eles precisam disponibilizar forccedilas militares e ativos poliacuteticos que satildeo chaves para limitar o risco de todos os boinas azuis e aumentar o custo-benefiacutecio e a eficaacutecia do peacekeeping Isso inclui drones de vigilacircncia veiacuteculos anti-minas hospitais militares evacuaccedilatildeo meacutedica aeacuterea apoio de combate aeacutereo transporte aeacutereo taacutetico equipamentos anti-explosivos e outras tecnologias avanccediladas59

Contudo natildeo satildeo somente paiacuteses da Europa e da Ameacuterica do Norte que disponibilizam pouquiacutessimas tropas e deixam a desejar em suas contribuiccedilotildees (os europeus por exemplo respondem por menos de 7 por cento das tropas de peacekeeping da ONU e menos de 4 por cento das tropas policiais da organizaccedilatildeo60 A Iacutendia tem demonstrado apoio duradouro e extensivo ao peacekeeping ndash uma rara exceccedilatildeo entre paiacuteses com pretensotildees de lideranccedila regional ou global Outros paiacuteses deveriam pensar em seguir o recente exemplo da China e aumentar o nuacutemero de tropas policiais ou civis qualificados disponibilizados agrave ONU Por exemplo o Brasil mesmo com sua lideranccedila no Haiti ainda oferece menos pessoal que os pequenos Togo e Burkina Faso

26Global Public Policy Institute (GPPi)

Todos os membros do Conselho de Seguranccedila e colaboradores do peacekeeping deveriam aumentar a orientaccedilatildeo conceitual o treinamento e a construccedilatildeo de capacidade para a proteccedilatildeo de civis contra crimes de atrocidade

Tanto o desenvolvimento de estrateacutegias poliacuteticas quanto o uso da forccedila para proteccedilatildeo taacutetica de civis carecem grandemente de fundamentos conceituais soacutelidos com a qual qualquer outro tipo de operaccedilatildeo militar pode contar Os desafios poliacuteticos policiais e militares da proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade natildeo recebem a atenccedilatildeo conceitual e os recursos para treinamento adequados em quase todos os paiacuteses61 Natildeo eacute surpreendente que liacutederes de missatildeo e comandantes de tropas operem hoje em dia com base na tentativa e erro sem que haja uma orientaccedilatildeo ou doutrina clara Da mesma forma os membros do Conselho ndash em especial os natildeo-permanentes ndash satildeo forccedilados a tomar decisotildees difiacuteceis sobre a proteccedilatildeo de civis sem que tenham acesso a um oacutergatildeo de anaacutelise poliacutetico-militar sobre quais seriam as consequecircncias de tais accedilotildees A ausecircncia de conceitos claros e amplamente difundidos sobre as formas praacuteticas de proteccedilatildeo (para aleacutem das Zonas de exclusatildeo aeacuterea) contribuem para o estereoacutetipo muacutetuo e suspeitas de motivos escusos

Os Estados Unidos deveriam continuar a expansatildeo da sua Iniciativa Global de Operaccedilotildees de Paz (GPOI na sigla em inglecircs) e sua Parceria Africana de Resposta Raacutepida para Manutenccedilatildeo da Paz que apoiam e reforccedilam a capacidade de outros paiacuteses de treinar e manter competecircncias para a manutenccedilatildeo da paz Ambos os casos deveriam dar mais atenccedilatildeo agraves forccedilas militaresx mais frequentemente usadas no peacekeeping No futuro treinamentos e exerciacutecios da GPOI e outros deveriam incluir especificamente diferentes aspectos de proteccedilatildeo a civis 62 De forma similar a estes programas estadunidenses a Uniatildeo Europeia os governos europeus e de outros locais que possuem forccedilas armadas com tal capacidade deveriam oferecer os treinamentos e equipamentos mais modernos para os colaboradores das operaccedilotildees de paz Isso poderia criar incentivos para que unidades treinadas e equipadas efetivamente trabalhem em conjunto com a ONU a Uniatildeo Africana e as forccedilas sub-regionais na proteccedilatildeo de civis ndash no caso da UE ao novamente dar ecircnfase e expandir a Enable and Enhance Initiative

Usar a avaliaccedilatildeo atual das operaccedilotildees de paz da ONU para construir um consenso entre todas as partes interessadas (Conselho de Seguranccedila e Secretariado assim como colaboradores financeiros de tropas ou de poliacutecia) sobre o uso da forccedila somente para apoiar ndash e nunca substituir ndash uma estrateacutegia poliacutetica para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade e para planejar mandatos e operaccedilotildees adequadamente Como parte do diaacutelogo necessaacuterio sobre a utilidade do uso da forccedila a atual avaliaccedilatildeo das operaccedilotildees de paz da ONU oferece uma oportunidade de reconstruir uma linguagem comum sobre o peacekeeping seus princiacutepios e conceitos baacutesicos suas ambiccedilotildees e desafios para as tarefas de proteccedilatildeo das missotildees da ONU especialmente no que diz respeito ao uso da forccedila Os princiacutepios de consentimento imparcialidade e neutralidade atualizados no Relatoacuterio Brahimi para permitir que peacekeepers ajam contra os violadores dos acordos de paz e perpetradores de atrocidades mais uma vez satildeo distorcidos ou parecem irrelevantes em muitas operaccedilotildees A maioria dos peacekeepers

27Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

de hoje servem em situaccedilotildees de conflito ativo como no Mali ou na Repuacuteblica Centro-Africana Peacekeepers da ONU estatildeo conduzindo operaccedilotildees de combate ativo na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Em outros locais os acordos de deacutecadas atraacutes que deram origem a uma missatildeo natildeo incluem as partes que atualmente ameaccedilam ou sequestram peacekeepers como nas Colinas de Golatilde

Enquanto eacute inevitaacutevel que haja certa ambiguidade sobre os princiacutepios o uso ativo da forccedila para proteger civis soacute eacute capaz de apoiar mas nunca substituir uma estrateacutegia poliacutetica63 Onde natildeo haacute uma estrateacutegia poliacutetica realista para chegar agrave paz deve haver pelo menos uma para limitar os riscos aos civis ndash se necessaacuterio um plano que inclua o apoio de forccedilas militares da ONU como na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Estas questotildees devem ser discutidas de forma honesta pelas partes interessadas nas operaccedilotildees de paz da ONU O abismo que separa as partes nestas discussotildees natildeo estaacute entre os ocidentais que apoiam o uso de mais forccedila e os opositores natildeo-ocidentais Atualmente isso acontece entre paiacuteses que contribuem com muitas tropas como Iacutendia e Paquistatildeo preocupados com o aumento dos riscos agraves suas tropas e uma coalisatildeo mais intervencionista de paiacuteses africanos e europeus ocidentais64

A Tomada de Decisotildees sobre Accedilotildees MilitaresO atual sistema de seguranccedila coletiva que tem o Conselho de Seguranccedila na ONU como peccedila central natildeo estaacute agrave altura da tarefa de prover proteccedilatildeo efetiva e responsaacutevel O Conselho eacute incapaz de agir de forma efetiva quando alguns interesses geopoliacuteticos colidem como no caso da Siacuteria Mas ele fracassa ateacute mesmo em situaccedilotildees em que o abuso do argumento humanitaacuterio natildeo estaacute na pauta e os interesses de membros-chave do Conselho estatildeo alinhados ndash como no caso da Repuacuteblica Centro-Africana ou do Sudatildeo do Sul Um Conselho que tem o poder de estabelecer mandatos mobilizar proteccedilatildeo efetiva e limitar o medo do uso abusivo de argumentos humanitaacuterios precisaria ouvir os maiores atores poliacuteticos do mundo moderno os paiacuteses que contribuem com tropas e os financiadores

Tanto a composiccedilatildeo quanto os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila da ONU refletem a ordem mundial dos anos 1940 A fim de manter a credibilidade do sistema de seguranccedila coletiva restaurar a legitimidade do Conselho de Seguranccedila eacute uma questatildeo urgente e de interesse dos cinco membros permanentes Todavia mesmo estando bem fundadas em termos de justiccedila global e em prospectos de longo prazo para a governanccedila global as propostas jaacute existentes para uma expansatildeo do Conselho ou um papel mais proeminente da Assembleia Geral em assuntos de seguranccedila provavelmente natildeo contribuiratildeo para uma proteccedilatildeo mais efetiva contra crimes de atrocidade

Visando o 70o aniversaacuterio da ONU neste ano nossas sugestotildees datildeo ecircnfase agraves mudanccedilas procedimentais e natildeo estruturais do Conselho de Seguranccedila

28Global Public Policy Institute (GPPi)

Os cinco membros permanentes do Conselho de Seguranccedila deveriam dar mais apoio a processos decisoacuterios inclusivos dentro do Conselho e abrir canais informais de consulta sobre mandatos estrateacutegias e operaccedilotildees para todas as partes cruciais em especial potecircncias regionais e grandes colaboradores de pessoal Os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila na ONU limitam severamente seu senso de imparcialidade perante os olhos do mundo Na maioria das crises na Aacutefrica o chamado ldquopenholderrdquo ndash isto eacute o paiacutes responsaacutevel pelo rascunho das resoluccedilotildees do Conselho ndash eacute o antigo Estado colonizador ou os Estados Unidos65 Mesmo sendo uacutetil por dar uma continuidade ao longo dos anos esta organizaccedilatildeo e as relaccedilotildees internas resultantes entre os membros permanentes efetivamente excluem os membros natildeo-permanentes da maior parte das negociaccedilotildees informais onde as decisotildees mais importantes satildeo tomadas

Para que haja uma forma menos exclusiva de tomar decisotildees o precisaria de atores adicionais tanto dentro quanto fora das regiotildees relevantes para desenvolver as capacidades analiacutetica e poliacutetica de cogerenciar de forma construtiva o engajamento do Conselho e as operaccedilotildees de paz ao inveacutes de soacute defender seus proacuteprios interesses Os Estados membros e as organizaccedilotildees da sociedade civil tambeacutem devem continuar as discussotildees sobre um coacutedigo de conduta para limitaccedilatildeo voluntaacuteria do poder de veto em situaccedilotildees de crimes de atrocidade como proposto pelo governo francecircs66

Aleacutem dos procedimentos internos os membros do Conselho devem continuar expandindo as interaccedilotildees informais com as partes relevantes incluindo paiacuteses vizinhos e aqueles que contribuem com pessoal para as operaccedilotildees de paz Isso natildeo precisa se limitar a trocas diplomaacuteticas formais a fim de aumentar a qualidade e aceitaccedilatildeo dos mandatos de peacekeeping os paiacuteses responsaacuteveis pelo rascunho do mandato poderiam incluir a colaboraccedilatildeo de especialistas dos paiacuteses que contribuem com grande nuacutemero de tropas ou de policiais como por exemplo antigos comandantes de tropa ou chefes de poliacutecia67

Atores com credibilidade para fazer conexotildees no debate polarizado sobre intervenccedilatildeo militar devem facilitar os esforccedilos informais para desenvolver um sistema de monitoramento e informaccedilatildeo mais rigoroso para Estados que aderirem agraves missotildees com mandatos da ONUO conceito de Responsabilidade ao Proteger (RwP na sigla em inglecircs) eacute uma das iniciativas mais promissoras para lidar com os desacordos globais sobre o uso abusivo da Responsabilidade de Proteger Quando apresentado pelo Brasil no final de 2011 tal conceito ofereceu uma oportunidade de debate sobre o que poderia ser proteccedilatildeo efetiva e qual deveria ser o papel do uso da forccedila nessa proteccedilatildeo apoacutes a intervenccedilatildeo na Liacutebia quando essas discussotildees estavam extremamente polarizadas68 Apoacutes essa experiecircncia eacute muito improvaacutevel que o Conselho de Seguranccedila futuramente aprove uma resoluccedilatildeo autorizando o uso de forccedilas externas para a proteccedilatildeo com termos tatildeo amplos Com isso a implementaccedilatildeo de algumas ideias da proposta do RwP eacute de interesse de todos os Estados que acreditam que a forccedila deve ser uma ferramenta de uacuteltimo caso disponiacutevel

29Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

agrave comunidade internacional Discussotildees mais profundas satildeo necessaacuterias sobre os criteacuterios e condiccedilotildees considerados para que o Conselho use a forccedila para proteger populaccedilotildees Mesmo que a discussatildeo sobre criteacuterios para o uso da forccedila seja tatildeo antiga quanto a discussatildeo sobre intervenccedilatildeo humanitaacuteria69 todos os Estados membros se beneficiariam de um debate aberto sobre os sucessos e fracassos do uso da forccedila no passado e suas implicaccedilotildees no futuro como supracitado Outra questatildeo mais praacutetica diz respeito a como aumentar a habilidade do Conselho de monitorar aqueles que aderem e executam suas decisotildees Uma sugestatildeo concreta seria adotar elementos do sistema de peacekeeping como relatoacuterios e reuniotildees instrutivas regulares sobre a situaccedilatildeo das delegaccedilotildees para o uso da forccedila por terceiros As resoluccedilotildees poderiam incluir expliacutecitas claacuteusulas de caducidade que obrigariam a aprovaccedilatildeo da extensatildeo do mandato pelo Conselho de Seguranccedila e requerimentos de relatoacuterio regulares e especiacuteficos por parte daqueles Estados membros que aderirem e executarem as decisotildees do oacutergatildeo70 Outra sugestatildeo seria a criaccedilatildeo de mecanismos de responsabilizaccedilatildeo e monitoramento ao criar paineacuteis de especialistas quando os mandatos do Conselho incluiacuterem o uso da forccedila conforme modelo dos comitecircs de sanccedilotildees da ONU Relatoacuterios de comitecircs independentes como esses podem dar origem a uma praacutetica-padratildeo e contribuir para a melhora da qualidade nas decisotildees do Conselho ao longo do tempo seja antes durante ou depois das operaccedilotildees militares71

Potecircncias emergentes e jaacute estabelecidas podem fazer sua parte no avanccedilo das discussotildees sobre as questotildees colocadas pelo RwP Tanto a iniciativa oficial do Brasil quanto a ideia de ldquoProteccedilatildeo Responsaacutevelrdquo colocada por um reconhecido especialista chinecircs72 poderiam ser pontos de partida para discussotildees mais especiacuteficas e operacionais tanto entre os BRICS quanto entre os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila73 Ao inveacutes de rejeitar tais conceitos como sendo ataques agrave Responsabilidade de Proteger as potecircncias ocidentais deveriam ver essas iniciativas como uma oportunidade para um debate construtivo sobre como proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade74

Inserindo a Reflexatildeo e o Aprendizado Constantes em cada Ferramenta PoliacuteticaAinda que haja muita experiecircncia estabelecida com fracassos terriacuteveis e os poucos sucessos qualificados natildeo haacute uma base de conhecimento confiaacutevel sobre como proteger pessoas contra crimes de atrocidade Em geral governos e organizaccedilotildees internacionais continuam tratando cada crise como sendo uacutenica dando pouca atenccedilatildeo agrave reflexatildeo contiacutenua ao aprendizado e agrave adaptaccedilatildeo das poliacuteticas conforme as situaccedilotildees evoluem Os acadecircmicos jaacute aprenderam bem mais sobre o que natildeo funciona em algumas condiccedilotildees do que sobre o que poderia melhorar ndash por um lado porque cada intervenccedilatildeo poliacutetica acontece com contexto proacuteprio e por outro porque resultam de incentivos acadecircmicos e dificuldades de acesso a dados

30Global Public Policy Institute (GPPi)

Governos organizaccedilotildees internacionais sociedade civil e acadecircmicos precisam projetar poliacuteticas que sejam mais adaptaacuteveis ao conhecimento em evoluccedilatildeo e agrave avaliaccedilatildeo de riscos com base em oportunidades internas para reflexatildeo e aprendizado contiacutenuos e colaborativosEnquanto ainda haacute urgecircncia para que medidas sejam tomadas agir de forma responsaacutevel perante tanta incerteza pede que sejamos menos confiantes em nossa habilidade de determinar a melhor poliacutetica possiacutevel para cada situaccedilatildeo Poliacuteticos ativistas e intelectuais devem ser honestos consigo mesmos e transparentes com aqueles que mais sofrem com os impactos dessas poliacuteticas Natildeo haacute soluccedilotildees que tenham sido testadas e comprovadas Tudo que podemos fazer eacute tentar identificar a forma mais responsaacutevel de desenvolver cada caso enquanto nos mantemos preparados e prontos para reagir rapidamente a mudanccedilas e melhorar nossa gama de poliacuteticas instrumentais Este processo experimental de decisatildeo poliacutetica precisa ser constantemente monitorado e avaliado de forma autocriacutetica tanto interna quanto externamente atraveacutes do diaacutelogo franco e honesto entre profissionais sociedades e especialistas externos em todos os niacuteveis desde o monitoramento e avaliaccedilatildeo ateacute os debates mais amplos de poliacutetica puacuteblica sobre a eficaacutecia da forccedila militar e da diplomacia coercitiva na prevenccedilatildeo e resposta a crimes de atrocidade

31Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

1 Como a Genocide Prevention Task Force em um painel fechado de alto-niacutevel nos Estados Unidos apropriadamente argumentou em 2008 Genocide Prevention Task Force lsquoPreventing Genocide A Blueprint for US Policymakersrsquo (Washington DC The American Academy of Diplomacy US Holocaust Memorial Museum US Institute for Peace 2008) Veja tambeacutem Ruben Reike Serena Sharma e Jennifer Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo (Australian Civil-Military Centre e Oxford Institute for Ethics Law and Armed Conflict 2013) 6ff

2 Michael Ignatieff lsquoThe Libya Case a Teachable Momentrsquo Suddeutsche Zeitung Special Supplement http wwwamericanacademydesitesdefaultfilesuploadMSC202012pdf 3 de fevereiro de 2012 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 David Bosco lsquoAbstention Games on the Security Councilrsquo Foreign Policy httpforeignpolicy com20110317abstention-games-on-the-security-council 17 de marccedilo de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

3 Kofi A Annan lsquoTwo Concepts of Sovereigntyrsquo The Economist httpwwweconomistcomnode324795 16 de setembro de 1999 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

4 Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Conflict Security and Development 144 2014 Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

5 Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

6 Rosa Brooks lsquoThe UN Security Council and Civilian Protectionrsquo in Jared Genser e Bruno Ugarte eds The UN Security Council in the Age of Human Rights (New York Cambridge University Press 2013) 12 Sobre a base global para as normas de proteccedilatildeo veja Charles Sampford lsquoA Tale of Two Normsrsquo em Angus Francis Vesselin Popovski e Charles Sampford eds Norms of Protection Responsibility to Protect Protection of Civilians and Their Interaction (United Nations University Press 2012) Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

7 Para uma visatildeo geral do posicionamento do Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia e Aacutefrica do Sul sobre R2P veja os artigos na ediccedilatildeo especial de Conflict Security and Development Brockmeier Kurtz e Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Jaganathan e Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Julian Junk lsquoThe Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Xymena Kurowska lsquoMultipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Lui Tiewa e Zhang Haibin lsquoDebates in China About the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessmentrsquo Conflict Security and Development 2014 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Verhoeven Murthy e Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang Reinicke lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo ediccedilatildeo especial (144) de Conflict Security and Development (London Taylor amp Francis 2014)

8 CSR Murthy e Gerrit Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo Global Society em revisatildeo

9 Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo Global Society em revisatildeo Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo Global Society em revisatildeo

10 Judi Atkins Justifying New Labour Policy (Houndmills Basingstoke Hampshire New York Palgrave Macmillan 2011) 163 Veja por exemplo Stuenkel e Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Erna Burai lsquoParody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian Warrsquo Global Society em revisatildeo

Notas

32Global Public Policy Institute (GPPi)

11 Roland Paris lsquoThe ldquoResponsibility to Protectrdquo and the Structural Problems of Preventive Humanitarian Interventionrsquo International Peacekeeping 215 2014 4

12 Ramesh Thakur lsquoR2Prsquos ldquoStructuralrdquo Problems A Response to Roland Parisrsquo International Peacekeeping 2015 5

13 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

14 Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo Global Society em revisatildeo

15 Julian Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo Global Society em revisatildeo Julian Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo Global Society em revisatildeo

16 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

17 Erna Burai lsquoAfrican Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Groundrsquo Global Society em revisatildeo

18 Ambos os debates em torno das propostas brasileiras de Responsabilidade ao Proteger e o Diaacutelogo Interativo Informal da Assembleia Geral sobre Responsabilidade de Proteger e ldquoAccedilatildeo oportuna e decisivardquo em 2012 constituiacuteram tentativas de defensores de R2P se envolverem em discussotildees sobre o uso da forccedila e R2P Para acessar uma coleccedilatildeo de discursos durante a Assembleia Geral de 2012 veja httpwwwglobalr2porgresources278

19 Sarah Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo em Mary Kaldor e Iavor Rangelov eds The Handbook of Global Security Policy (Chichester West Sussex Wiley Blackwell 2014) 225

20 Alastair Iain Johnston lsquoThinking About Strategic Culturersquo International Security 194 1995 46

21 Pessimismo sobre a eficaacutecia da forccedila no entanto natildeo eacute o mesmo de promover a natildeo-violecircncia Alguns dos maiores defensores do ceticismo em relaccedilatildeo agraves forccedilas militares para proteccedilatildeo frequentemente recorrem a forccedilas militares ou quase militares no acircmbito domeacutestico

22 Otto Bakkano lsquoAU Pushes for Ceasefire Political Solution in Libyarsquo Mail amp Guardian httpmgcoza article2011-05-26-au-pushes-for-ceasefire-political-solution-in-libya 26 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Guido Westerwelle lsquoBundesminister Westerwelle Statement vom 25032011 zu Syrien Jemen Israel und dem Gaza-Streifen Sowie Libyenrsquo Auswartiges Amt httpwwwbrasildiplodeVertretung brasiliende07__AussenpolitikReden_20des_20Au_C3_9FenministersStatemente_20Syrienhtml 25 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

23 Barack Obama David Cameron e Nicolas Sarkozy lsquoLibyarsquos Pathway to Peacersquo The International Herald Tribune httpwwwnytimescom20110415opinion15iht-edlibya15html 15 de abril de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Reuters lsquoKerry Insists No Place for Assad in Syriarsquos Futurersquo Reuters httpwwwreuters comarticle20140117us-syria-crisis-kerry-idUSBREA0G14A20140117 17 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

24 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

25 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

26 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

27 Kersti Larsdotter lsquoExploring the Utility of Armed Force in Peace Operations German and British Approaches in Northern Afghanistanrsquo Small Wars and Insurgencies 193 2008 Taylor B Seybolt Humanitarian Military Intervention The Conditions for Success and Failure (Oxford Oxford University Press 2008) Rupert Smith The Utility of Force The Art of War in the Modern World (London Allen Lane 2005) Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

28 UN Department of Peacekeeping Operations e UN Department of Field Support lsquoOperational Concept on the Protection of Civilians in United Nations Peacekeeping Operationsrsquo (New York 2010) Sarah Sewall Dwight Raymond e Sally Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook (Cambridge MA Harvard Kennedy School 2010)

29 Harry Verhoeven documenta o exemplo de um diplomata chinecircs que ldquopensava que o Ocidente tinha inventado os Janjaweed [miliacutecias proacute- governo em Darfur] como uma desculpa para intervir Mas eles eram de verdade e matavam pessoasrdquo Harry Verhoeven lsquoIs Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa Is Changing Chinarsquo The Washington Quarterly 372 2014 64

33Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

30 BS Chimni lsquoFor Epistemological and Prudent Internationalismrsquo Harvard Law School Human Rights Journal novembro 2012 Greg Simons lsquoThe International Crisis Group and the Manufacturing and Communicating of Crisesrsquo Third World Quarterly 354 2014 Ramesh Thakur lsquoIs the United Nations Racistrsquo The Hindu httpwwwthehinducomopinionleadis-the-united-nations-racistarticle4928624ece 19 de julho de 2013 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

31 Ambassador Liu Zhenmin lsquoStatement by Ambassador Liu Zhenmin at the Plenary Session of the General Assembly on the Question of ldquoResponsibility to Protectrdquorsquo httpresponsibilitytoprotectorgStatement20 by20Ambassador20Liu20Zhenminpdf 24 de julho de 2009 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Zhang Haibin e Lui Tiewa lsquoRealizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and Thereafterrsquo Global Society em revisatildeo

32 Conversa com uma seacuterie de especialistas indianos em evento na Jawaharlal Nehru University (Nova Deacuteli Iacutendia) no dia 21 de Janeiro de 2015

33 IRIN lsquoA New Start for Crisis Reportingrsquo IRIN httpnewirinirinnewsorgpress-release 20 de novembro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34 Veja por exemplo Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoReport of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on United Nations Action in Sri Lankarsquo (New York United Nations 2012)

35 Um bom exemplo foi o briefing do Assessor Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedio para o Conselho de Seguranccedila da ONU depois de sua visita agrave Repuacuteblica Centro-Africana no dia 22 de janeiro de 2014 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoThe Statement of under Secretary-GeneralSpecial Adviser on the Prevention of Genocide Mr Adama Dieng on the Human Rights and Humanitarian Dimensions of the Crisis in the Central African Republicrsquo httpwwwunorgenpreventgenocideadviserpdfSAPG20Statement20at20UNSC20 on20the20situation20in20CAR-202220Jan202014pdf 22 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

36 Morten Bergsmo Quality Control in Fact-Finding (Florence Torkel Opsahl Academic EPublisher 2013) 210

37 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoRights up Front A Plan of Action to Strengthen the UNrsquos Role in Protecting People in Crises Follow-up to the Report of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on UN Action in Sri Lankarsquo (New York 2013)

38 Veja tambeacutem futura publicaccedilatildeo do GPPi Gerrit Kurtz lsquoA New Tool for Civilian Protection - the Human Rights up Front Initiative of the United Nationsrsquo GPPi Policy Brief futura publicaccedilatildeo

39 Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo

40 Jose Ramos-Horta lsquoIndia Right in Asking for More Say in Peacekeeping Operations-Related Decisions Top UN Panel Chiefrsquo Hindustan Times httpwwwhindustantimescomindia-newsindia-right-in-asking- for-more-say-in-peacekeeping-operations-related-decisions-top-un-panel-chiefarticle1-1314354aspx 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 13 de marccedilo de 2015

41 Thomas Biersteker et al lsquoThe Effectiveness of UN Targeted Sanctions - Findings from the Targeted Sanctions Consortium (TSC)rsquo The Graduate Institute Geneva 2013

42 Kirsten Ainley lsquoThe Responsibility to Protect and the International Criminal Court Counteracting the Crisisrsquo International Affairs 911 2015

43 Para distinccedilatildeo entre atividades ldquosistecircmicasrdquo e ldquodirecionadasrdquo veja Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

44 Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo Global Society em revisatildeo

45 Verhoeven e Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo 8 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann lsquoSchutz und Verantwortung Uber die US- Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltatenrsquo (2013)

46 Mike Brand lsquoEmploying lsquoPreventionrsquo to Prevent Mass Atrocitiesrsquo Saferworld httpwwwsaferworldorguk news-and-viewscomment123-employing-apreventiona-to-prevent-mass-atrocities 25 de fevereiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Warren Strobel e Louis Charbonneau lsquoUS Was Slow to Lose Patience as South Sudan Unraveledrsquo Reuters 14 de janeiro de 2014

47 Adam Lupel lsquoUN Adviser on Prevention of Genocide ldquoWe Have to Make Sure the Security Council Actsrdquorsquo httptheglobalobservatoryorg201404un-adviser-on-prevention-of-genocide-we-have-to-make-sure- security-council-acts 28 de abril de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34Global Public Policy Institute (GPPi)

48 Office for the Coordination of Humanitarian Affairs lsquoHumanitarian Bulletin Syriarsquo Humanitarian Bulletin Issue 53 httpreliefwebintsitesreliefwebintfilesresourcesBulletin_no_53_17032015_final_01pdf 1 de fevereiro - 18 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

49 Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

50 Human Rights Watch lsquoGermany QampA on Trial of Two Rwandan Rebel Leadersrsquo httpwwwhrworgde news20110502germany-qa-trial-two-rwandan-rebel-leaders 2 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 23 de marccedilo de 2015

51 Eric Lichtblau lsquoUS Seeks to Deport Bosnians over War Crimesrsquo New York worldus-seeks-to-deport-bosnians-over- Times httpwwwnytimescom20150301war-crimeshtml 28 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

52 Para um argumento similar observando o envolvimento internacional com a Liacutebia em 2015 veja International Crisis Group lsquoLibya Getting Geneva Rightrsquo International Crisis Group Middle East and North Africa Report Nr 157 2015

53 Kurtz e Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo

54 Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo

55 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

56 Alex J Bellamy e Charles T Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo (Asia- Pacific Centre for the Responsibility to Protect 2010) Alex J Bellamy The Responsibility to Protect A Defense (Oxford Oxford University Press 2014)

57 Ashley Jackson lsquoProtecting Civilians The Gap between Norms and Practicersquo (Humanitarian Policy Group 2014)

58 Isso jaacute foi escrito em 2009 no relatoacuterio ldquoNew Horizonrdquo do DPKO ldquoO descompasso entre expectativas e capacidade de promover proteccedilatildeo abrangente criou um significante desafio de credibilidade para as operaccedilotildees de paz da ONUrdquo Department of Peacekeeping Operations lsquoA New Partnership Agenda Charting a New Horizon for UN Peacekeepingrsquo (New York 2009) 20

59 Compare United Nations lsquoFinal Report of the Expert Panel on Technology and Innovation in UN Peacekeepingrsquo httpwwwperformancepeacekeepingorgofflinedownloadpdf 22 de dezembro de 2014

60 Compare United States Mission to the United Nations lsquoRemarks on Peacekeeping in Brussels by Samantha Power US Permanent Representative to the United Nationsrsquo httpusunstategovbriefing statements238660htm 9 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

61 Bellamy and Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo 23-24 Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

62 Isso poderia se basear no Mass Atrocities Response Operations project do US Armyrsquos Peacekeeping and Stability Operations Institute e do Harvard Kennedy Schoolrsquos Carr Center for Human Rights Veja Sewall Raymond e Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook

63 Mats Berdal e David H Ucko lsquoThe United Nations and the Use of Force Between Promise and Perilrsquo Journal of Strategic Studies 375 2014

64 Veja tambeacutem os resultados de um projeto do SIPRI sobre o futuro das operaccedilotildees de paz Jair van der Lijn e Xenia Avezov lsquoThe Future Peace Operations Landscape - Voices from Stakeholders around the Globe - Final Report of the New Geopolitics of Peace Operations Initiativersquo Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) janeiro de 2015

65 Security Council Report lsquoChairs of Subsidiary Bodies and Penholders for 2015rsquo httpwwwsecuritycouncilreportorgmonthly-forecast2015-02chairs_of_subsidiary_bodies_and_penholders_ for_2015php 30 de janeiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

66 Gareth Evans lsquoLimiting the Security Council Vetorsquo Project Syndicate httpwwwproject-syndicateorg commentarysecurity-council-veto-limit-by-gareth-evans-2015-02 4 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Kofi Annan e Gro Harlem Brundtland lsquoFour Ideas for a Stronger UNrsquo The New York Times httpwwwnytimescom20150207opinionkofi-annan-gro-harlem-bruntland-four-ideas-for-a-stronger- unhtml_r=0 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

67 Conversa com ex-comandantes militares Nova Deacuteli janeiro de 2015

68 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

35Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

69 Ibid Murthy e Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo

70 Compare tambeacutem com Bellamy The Responsibility to Protect A Defense 200

71 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

72 Ruan Zongze lsquo阮宗泽中国应倡导ldquo负责任的保护rdquo- ( China deveria defender a Proteccedilatildeo Responsaacutevel)rsquo Global Times (ediccedilatildeo chinesa) httpopinionhuanqiucom11522012-032501163html uacuteltimo acesso em 7 de marccedilo de 2012

73 Andrew Garwood-Gowers lsquoChinarsquos ldquoResponsible Protectionrdquo Concept Re-Interpreting the Responsibility to Protect (R2P) and Military Intervention for Humanitarian Purposesrsquo Asian Journal of International Law disponiacutevel em CJO2015 2015

74 Thorsten Benner lsquoBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiativersquo GPPi Working Paper Series 2013

36Global Public Policy Institute (GPPi)

Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang 4 n 4 2014) A ediccedilatildeo especial conteacutem os seguintes artigos todos disponiacuteveis gratuitamente online Introduction Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier

Regulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protect por Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

Debates in China about the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessment por Liu Tiewa e Zhang Haibin

Emerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protect por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk

Singing the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protect por Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz

Multipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protect por Xymena Kurowska

ldquoOur Identity is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Intervention por Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira

The Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protect por Julian Junk

Em breve laccedilaremos uma ediccedilatildeo especial na Global Society os seguintes artigos que estatildeo atualmente em processo de revisatildeo To Intervene in Darfur or Not Re-examining the R2P Debate and its Impacts por Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira

International Responsibility as Solidarity the Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectory por CSR Murthy e Gerrit Kurtz

Bringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenya por Julian Junk

Testing Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2P por Julian Junk

Parody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian War por Erna Burai

Protection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009 por Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan

Realizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and thereafter por Zhang Haibin e Liu Tiewa

The Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protection por Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

African Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Ground por Erna Burai

Responsibility While Protecting and the Ethics of R2P Implementation por Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier

Outras publicaccedilotildees relacionadasBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiative por Thorsten Benner Seacuterie de Working Papers do GPPi 2013

O Brasil como um Empreendedor Normativo a Responsabilidade ao Proteger por Thorsten Benner Politica Externa v 21 n 4 2013 p 35-46

Germany and the Intervention in Libya por Sarah Brockmeier Survival Global Politics and Strategy v55 n6 2013 p 63ndash90

Schutz und Verantwortung Uber die US-Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltaten por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann Heinrich Boll Foundation June 2013

Internationale Schutzverantwortung - Normative Erwartungen und Politische Praxis por Christopher Daase e Julian Junk (orgs) Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n 1-2 2013

Die Legalisierung der Legitimitat ndash Zur Kritik der Schutzverantwortung als Emerging Norm por Christopher Daase Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n1-2 2013 p 41-62

Emerging Power Exceptional State Elusive Country Explaining Indiarsquos Behavior por Madhan Mohan Jaganathan (com Amna Sunmbul) Proceedings of the International Conference on Social Sciences Chennai 2013 p 308-311

A New Tool for Civilian Protection - The Human Rights up Front Initiative of the United Nations por Gerrit Kurtz GPPi Policy Brief lanccedilamento em breve

Indiarsquos Approach to the Protection of Civilians in Armed Conflicts por CSR Murthy Norwegian Peacebuilding Resource Centre novembro de 2012

Contemporary World Order and Approaches to UN Peacekeeping A South Asian Perspective por CSR Murthy Friedrich Ebert Foundation dezembro de 2012

India-Brazil-South Africa Dialogue Forum (IBSA) The Rise of the Global South por Oliver Stuenkel Routledge Global Institutions 2014

The BRICS and the Future of Global Order por Oliver Stuenkel Lexington Press 2015

The BRICS and the Future of R2P Was Syria or Libya the Exception por Oliver Stuenkel Global Responsibility to Protect v6 n 1 2014 p 3-28

China and Responsibility to Protect Maintenance and Change of its Policy for Intervention por Liu Tiewa The Pacific Review v 25 v1 2012 p 153-173

Is China Like the Other Permanent Members Governmental and Academic Debates about RtoP by Liu Tiewa in Moacutenica Serrano e Thomas G Weiss (orgs) Rallying to the RtoP Cause The International Politics of Human Rights Routledge 2014 p 148-170

Chinese Strategic Culture and the Use of Force Moral and Political Perspectives por Liu Tiewa Journal of Contemporary China v23 n87 2014 p 556-574

Is Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa is Changing China por Harry Verhoeven The Washington Quarterly vol37 n2 2014 p 55-70

Publicaccedilotildees Selecionadas

37Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

AutoresThorsten BennerGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Sarah Brockmeier Global Public Policy InstituteBerlin Germany

Erna BuraiCentral European UniversityBudapest Hungary

CSR MurthyJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Christopher DaasePeace Research InstituteFrankfurt Germany

J Madhan MohanJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Julian JunkPeace Research InstituteFrankfurt Germany

Xymena KurowskaCentral European UniversityBudapest Hungary

Gerrit KurtzGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Liu TiewaPeking University China

Wolfgang ReinickeGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Philipp RotmannGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Ricardo Soares de OliveiraOxford UniversityUnited Kingdom

Matias SpektorFundaccedilatildeo Getulio VargasRio de Janeiro Brazil

Oliver StuenkelFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Marcos TourinhoFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Harry VerhoevenOxford UniversityUnited Kingdom

Zhang HaibinPeking UniversityChina

Global Public Policy Institute (GPPi)Reinhardtstr 7 10117 Berlin GermanyPhone +49 30 275 959 75-0Fax +49 30 275 959 75-99gppigppinet

gppinetglobalnormsnet

11Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

de ldquotodos os meios necessaacuteriosrdquo para proteger os civis na Liacutebia Aleacutem dos ocasionais exerciacutecios retoacutericos descobrimos que houve uma mudanccedila no cerne do conflito global sobre a proteccedilatildeo contra crimes atrozes Perante os piores crimes atrozes aconteceu o desgaste da defesa do natildeo-intervencionismo como resistecircncia agrave hegemonia Ocidental Contudo a sombra do imperialismo ainda eacute uma questatildeo a ser considerada Os policymakers ocidentais precisam ser mais cautelosos do que no passado Muito do ceticismo sobre a eficaacutecia do uso das forccedilas militares eacute genuiacutena mesmo se proferida por aqueles que poderiam fazer mais para transformar suas visotildees de diplomacia efetivas em realidade

Obviamente ainda haacute grandes divergecircncias sobre a proteccedilatildeo Elas satildeo concentradas em dois desafios inter-relacionados sobre a proteccedilatildeo na praacutetica como prevenir o uso abusivo dos argumentos humanitaacuterios pelas grandes potecircncias (ldquocomo proteger de forma responsaacutevelrdquo conforme articulado pelo Brasil) e como proteger de forma eficaz particularmente quando pairam as sombras da coerccedilatildeo e do uso da forccedila Ambas as divergecircncias requerem um seacuterio engajamento perante as muitas dificuldades e dilemas que satildeo impostos e vatildeo aleacutem dos estereoacutetipos simplistas e equivocados que haacute muito dominam o debate sobre a Responsabilidade de Proteger

O que eacute Indiscutiacutevel Proteccedilatildeo Contra Crimes de Atrocidade Requer Accedilatildeo InternacionalOs atores relevantes em todo o mundo aceitam a ideia de que a proteccedilatildeo de populaccedilotildees contra crimes de atrocidade eacute de responsabilidade tanto nacional quanto internacional Tal aceitaccedilatildeo vai aleacutem das bases legais do direito internacional humanitaacuterio e da Convenccedilatildeo para a Prevenccedilatildeo e Repressatildeo do Crime de Genociacutedio mas natildeo eacute tampouco um produto do movimento que produziu R2P Ela comeccedilou a emergir jaacute nos anos 90 quando para pessoas e governos ldquoa toleracircncia a atrocidades em massa natildeo pareceu mais aceitaacutevel ndash pareceu algo imoralrdquo 6Desde entatildeo as expectativas sobre proteccedilatildeo cresceu de forma exponencial Demandas morais sobre terceiros ndash humanitaacuterios diplomatas observadores de direitos humanos e ateacute mesmo militares ndash para que ajam de forma preventiva e equilibrem a proteccedilatildeo individual e a soberania estatal acabou excedendo enormemente as capacidades e possibilidades realistas de fazer com que isso aconteccedila

Haacute uma disposiccedilatildeo muito maior e mais difundida em dar apoio ao que parece ser necessaacuterio para proteger populaccedilotildees contra esses crimes de atrocidade e ateacute mesmo em contribuir de forma ativa quando haacute intercessatildeo com outros interesses estrateacutegicos Tal predisposiccedilatildeo vai aleacutem de pequenos grupos de Estados do ldquoOcidenterdquo dos ldquointervencionistas liberaisrdquo ou dos paiacuteses Amigos da Responsabilidade de Proteger Ao analisar a questatildeo poliacutetica da proteccedilatildeo descobrimos que nenhuma divisatildeo arbitraacuteria entre ldquoNorterdquo e ldquoSulrdquo ldquoOcidenterdquo e ldquonatildeo-Ocidenterdquo ldquoemergentesrdquo e ldquodesenvolvidosrdquo

ldquodemocraacuteticosrdquo e ldquoautoritaacuteriosrdquo eacute uacutetil7 Foi o Movimento dos Natildeo-Alinhados que estava pronto para autorizar o fortalecimento da operaccedilatildeo de paz da ONU em Ruanda no ano de 1994 enquanto os Estados Unidos eram ferrenhos opositores Enquanto as potecircncias ocidentais lideraram as intervenccedilotildees no Kosovo e na Liacutebia para proteger civis dezenas de milhares de peacekeepers do Sul da Aacutesia e da Aacutefrica ajudaram a proteger civis em dezenas de missotildees da ONU nos uacuteltimos 20 anos Jaacute durante as negociaccedilotildees da

12Global Public Policy Institute (GPPi)

Cuacutepula Mundial diversas perspectivas que vatildeo aleacutem dessas dicotomias estereotipadas contestaram e contribuiacuteram para a formulaccedilatildeo final do R2P no documento oficial da Cuacutepula 8

Eacute escasso o grupo de governos que se opotildee categoricamente a um papel internacional na proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade independentemente das circunstacircncias Alguns satildeo responsaacuteveis por tais crimes Outros interpretam tudo como parte de uma conspiraccedilatildeo imperialista das grandes potecircncias especialmente dos Estados Unidos As preocupaccedilotildees desses atores natildeo podem ou devem ser levadas em consideraccedilatildeo

O que Ainda eacute Discutiacutevel Como Proteger de Forma Responsaacutevel e EfetivaHaacute um grande grupo de moderados defensores da proteccedilatildeo e ceacuteticos da intervenccedilatildeo cujas preocupaccedilotildees certamente precisam ser levadas em conta de forma mais seacuteria perante os repetidos fracassos e abusos de poder Eles ndash governos de Brasil Iacutendia Aacutefrica do Sul China e Alemanha aleacutem de ativistas especialistas acadecircmicos e alguns tomadores de decisatildeo nos Estados Unidos Reino Unido e Franccedila ndash levantam questotildees legiacutetimas sobre por exemplo como o mundo pode melhorar a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade de forma tanto efetiva quanto responsaacutevel

De diversas formas a saliecircncia emocional e poliacutetica da disputa sobre a natildeo-intervenccedilatildeo haacute muito dificultou estes debates cruciais sobre os resultados praacuteticos da proteccedilatildeo Na maior parte do tempo argumentos sobre as questotildees praacuteticas satildeo feitas ou interpretadas como sendo de maacute-feacute A Liacutebia eacute um desses casos em questatildeo Brasil Iacutendia e Aacutefrica do Sul natildeo criticaram veementemente a intervenccedilatildeo militar de 2011 porque estavam preocupados com violaccedilotildees agrave soberania da Liacutebia ou porque se opunham ao papel internacional na proteccedilatildeo de civis contra atrocidades iminentes em Bengazi Pelo contraacuterio tais paiacuteses reclamaram do abuso de um mandato do Conselho de Seguranccedila de fins poliacuteticos ao inveacutes de proteccedilatildeo ndash neste caso tratava-se de uma mudanccedila no regime com provaacuteveis implicaccedilotildees praacuteticas de um colapso estatal que por sua vez resultaria em riscos adicionais agrave populaccedilatildeo Estes criacuteticos ainda tecircm que combinar a sua retoacuterica de exigir mais e melhor proteccedilatildeo por intermeacutedio de investimentos em ideias e capacidades para fazecirc-la conforme seja necessaacuterio Contudo isso natildeo torna seus argumentos menos vaacutelidos

Haacute uma distinccedilatildeo criacutetica entre dois tipos de situaccedilotildees de atrocidades que dependem do tipo de perpetrador O consenso internacional para agir contra perpetradores natildeo-Estatais mesmo se ligados a forccedilas estatais eacute mais faacutecil de obter do que uma accedilatildeo contra agentes estatais Mesmo que o consentimento governamental de confrontar grupos natildeo-Estatais seja frequentemente incerto e inconsistente como no caso da RDC haacute pouca preocupaccedilatildeo com a soberania desses regimes fracos O debate-chave nesses casos eacute sobre como efetivamente proteger pessoas contra crimes de atrocidade natildeo somente por meio de instrumentos militares mas com maior frequecircncia com o uso de ferramentas civis Isso jaacute eacute bastante desafiador Ainda mais difiacuteceis satildeo os casos em que as forccedilas estatais estatildeo entre os principais perpetradores Nestas situaccedilotildees como na Liacutebia em 2011 e posteriormente na Siacuteria a preocupaccedilatildeo global central com instrumentos coercitivos (de sanccedilotildees a intervenccedilotildees militares) estaacute relacionada ao

13Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

abuso de poder para fins natildeo-humanitaacuterios e com duacutevidas sobre a sabedoria de atacar um Estado que frequentemente serve de protetor para alguns e cuja derrubada pode resultar em riscos adicionais agraves pessoas O histoacuterico mundial na reconstruccedilatildeo de Estados natildeo eacute suficientemente encorajador para rebater tais preocupaccedilotildees

Protegendo de forma responsaacutevel Salvaguardas contra o Abuso pelas Grandes PotecircnciasApoacutes o caso da Liacutebia intervenccedilotildees militares soacute seratildeo consideradas legiacutetimas se feitas de maneira que novos abusos pelas grandes potecircncias sejam prevenidos9 Nesses casos especiais em que haacute o uso da forccedila sem consentimento ainda paira a sombra do imperialismo Na maior parte do mundo ainda eacute recente a lembranccedila do abuso pelas grandes potecircncias hipocritamente encoberto de valores universais O uso de justificativas humanitaacuterias por alguns poliacuteticos britacircnicos e norte-americanos para a invasatildeo do Iraque em 2003 soacute aprofundou estas preocupaccedilotildees com ldquointervenccedilotildees humanitaacuteriasrdquo assim como o uso de argumentos similares pelos russos para justificar a invasatildeo da Geoacutergia em 2008 e da Ucracircnia em 201410 Este senso de hipocrisia daacute origem a uma das principais razotildees para desconfianccedila sobre o R2P desde que o conceito foi criado

Intervenccedilotildees legiacutetimas natildeo requerem um padratildeo irrealista de consistecircncia ou de motivos puramente altruiacutesticos A proteccedilatildeo requer recursos e aceitaccedilatildeo de riscos e na poliacutetica internacional a inconsistecircncia eacute a regra e natildeo a exceccedilatildeo Estados que fornecem as capacidades e assumem os riscos de proteger na maioria dos casos estaratildeo motivados por mais do que puro altruiacutesmo e suas motivaccedilotildees ndash que comeccedilam pela mobilizaccedilatildeo de seus constituintes ndash variam conforme a situaccedilatildeo Tanto os problemas dos ldquomotivos justosrdquo quanto o de ldquoseletividaderdquo levam corretamente a anaacutelises mais minuciosas do uso da forccedila11 ainda que nenhum destes fatores esteja limitado a intervenccedilotildees de proteccedilatildeo e tratem em geral da coerccedilatildeo no atual sistema internacional12 Mesmo que sejam normativamente relevantes e retoricamente uacuteteis para opor intervenccedilotildees particulares tais argumentos natildeo evitam que a maior parte dos atores internacionais apoie uma intervenccedilatildeo aceita como necessaacuteria e possivelmente efetiva Como ilustrado pelo caso da Liacutebia extrapolou-se o limite quando motivos incompatiacuteveis ndash a remoccedilatildeo forccedilosa de Gaddafi e seu regime sem uma loacutegica convincente relacionada agrave proteccedilatildeo ndash foram vistos como superiores agraves preocupaccedilotildees com proteccedilatildeo13

Protegendo de Forma Efetiva O Que Funciona na Praacutetica

A proteccedilatildeo efetiva natildeo eacute mais faacutecil de garantir do que proteccedilatildeo responsaacutevel Enquanto os casos de sucesso foram poucos e limitados tentativas de engajamento pressotildees e intervenccedilotildees militares frequentemente falharam em proteger ou contribuiacuteram com novas ameaccedilas agraves populaccedilotildees Policymakers e acadecircmicos em todo o mundo admitem que sabem muito pouco sobre a proteccedilatildeo efetiva de pessoas contra crimes de atrocidade Para se avanccedilar nessa finalidade faz-se necessaacuterio tanto desenvolver instrumentos poliacuteticos quanto avaliar riscos e tentar identificar o menor de muitos males em vaacuterias situaccedilotildees diversas e particulares O que seraacute efetivamente necessaacuterio e provaacutevel de

14Global Public Policy Institute (GPPi)

obter sucesso estaacute aberto a debate e a desafios em cada caso e natildeo somente quando haacute o uso da forccedila

Uma anaacutelise dos casos que estudamos mostra as incertezas e ambiguidades envolvidas no processo decisoacuterio da proteccedilatildeo Como no caso do Sudatildeo um processo do Tribunal Penal Internacional contra um chefe de Estado contribuiu para o objetivo da proteccedilatildeo 14A proteccedilatildeo eacute aumentada ou dificultada quando uma crise eacute publicamente rotulada como ldquosituaccedilatildeo de R2Prdquo como no Quecircnia ou em Mianmar15 Se o Estado for um perpetrador de crimes de atrocidade haacute algum caso em que a forccedila militar pode ser usada contra ele sem a intenccedilatildeo de mudar o regime ou sem levar o paiacutes ao caos como na Liacutebia16 Quando e como os peacekeepers da ONU devem tomar partido nos conflitos17

Haacute duacutevidas justificaacuteveis sobre as opccedilotildees de poliacuteticas disponiacuteveis e seus riscos Se comparado aos consideraacuteveis esforccedilos para promover o R2P como princiacutepio muito pouco estaacute voltado para descobrir e avaliar tais escolhas difiacuteceis a fim de colocar a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade em praacutetica

A Controveacutersia Mais Profunda a Forccedila Pode ProtegerEnquanto governos ativistas na sociedade civil e representantes da ONU que trabalham com R2P haacute muito tempo tendem a enfatizar taticamente as aacutereas consensuais a maior controveacutersia internacional se refere agrave intervenccedilatildeo militar e ao uso da forccedila para proteccedilatildeo Um debate mais construtivo e autocriacutetico eacute essencial para possibilitar um sistema de proteccedilatildeo mais efetivo e responsaacutevel no futuro e tal debate deve tratar da eficaacutecia do uso da forccedila na proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade suas chances de causar mais resultados positivos do que negativos e seus sucessos e fracassos no passado18 Esse debate natildeo eacute somente relevante nos casos relativamente raros de intervenccedilatildeo militar jaacute que a forccedila e a coerccedilatildeo satildeo parte de uma variedade maior de estrateacutegias de proteccedilatildeo como as sanccedilotildees e as operaccedilotildees de paz Mesmo as ferramentas puramente diplomaacuteticas ou civis satildeo frequentemente vistas como passos que podem escalar o uso da forccedila

Os debates sobre o uso da forccedila ao inveacutes de darem ecircnfase aos meacuteritos e riscos possiacuteveis das diferentes escolhas tecircm se expressado em termos de crenccedilas vagas sobre a eficaacutecia da forccedila militar ajudar a atingir os objetivos poliacuteticos Nos debates analisados encontramos um contraste notaacutevel entre as referecircncias limitadas a estudos estrateacutegicos sobre a utilidade da forccedila nos conflitos modernos e a convicccedilatildeo com a qual os governos apresentam suas opiniotildees sobre este mesmo assunto

Na ldquoausecircncia de doutrina militar e anaacutelise [para proteccedilatildeo de civis]rdquo19 como admitido por um ex-funcionaacuterio do Pentaacutegono (mesmo para o caso dos Estados Unidos) policymakers tendem a se dividir em dogmas fundamentais das suas culturas estrateacutegicas nacionais20 As comunidades estrateacutegicas de alguns paiacuteses satildeo mais otimistas de que o uso da forccedila pode obter bons resultados como forma de proteccedilatildeo a civis enquanto outros satildeo majoritariamente pessimistas e tendem a acreditar que a aplicaccedilatildeo da forccedila militar pioraria a situaccedilatildeo21

Apesar da incerteza inerente a cada crise os atores em cada lado dessa divisatildeo apresentam suas crenccedilas com firmeza frequentemente em termos de truiacutesmos ndash ldquoSoacute pode haver uma soluccedilatildeo poliacuteticardquo 22 ou ldquonatildeo haacute futuro para a Liacutebia Siacuteria com Gaddafi Assad no poderrdquo23 Esses satildeo apenas dois posicionamentos proeminentes que natildeo satildeo

15Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

capazes de reconhecer a realidade complexa de qualquer crise Dessa forma eles convidam a uma troca muacutetua de estereoacutetipos ao inveacutes de uma discussatildeo construtiva Os resultados tecircm sido previsiacuteveis reaccedilotildees antiocidentais no Sul (ldquoeles soacute querem invadir nossos paiacutesesrdquo) e anti-Sul por parte do Ocidente (ldquoeles sempre se juntam a seus colegas ditadoresrdquo) Ambas as partes tentam fazer uso do discurso de responsabilidade para justificar seus pontos de vista ldquoAssumir a responsabilidaderdquo outrora significava assumir riscos e accedilotildees militares caras ateacute que o Brasil desafiou o monopoacutelio intervencionista sobre o termo24

Este contraste entre conhecimento e convicccedilatildeo fica aparente em muitos debates nebulosos sobre peacekeeping tal como a conduccedilatildeo da crise na Costa do Marfim pela ONU em 2010-2011 mas foi mais claramente colocado em debate a forma como Estados Unidos Franccedila e Reino Unido lideraram a intervenccedilatildeo de 2011 na Liacutebia Diplomatas brasileiros experientes por exemplo questionaram a justificativa de uma accedilatildeo militar para uma mudanccedila no regime argumento que nunca foi explicitado por americanos franceses e britacircnicos Por que natildeo cessar os ataques uma vez que as ameaccedilas imediatas agrave populaccedilatildeo civil jaacute haviam sido eliminadas e as forccedilas de Gaddafi jaacute natildeo avanccedilavam mais e desta forma forccedilar todas agraves partes a negociar Que responsabilidade a coalisatildeo intervencionista assumiu pelas accedilotildees de seus aliados de fato em terra as forccedilas rebeldes liacutebias Como a coalisatildeo intervencionista equilibrou os riscos e recompensas das diferentes escolhas estrateacutegicas e por que exatamente ldquonatildeo era possiacutevel imaginar um futuro com Gaddafi no poderrdquo como argumentado por Obama Cameron e Sarkozy no jornal The New York Times25Houve questionamentos similares sobre as sugestotildees de intervenccedilatildeo militar na Siacuteria A ausecircncia de respostas convincentes provavelmente teve um papel muito importante no arquivamento de uma seacuterie de planos para intervenccedilotildees unilaterais ao longo dos anos

O que parece ser um otimismo infundado de que a forccedila seria capaz de atingir objetivos poliacuteticos daacute origem a um desconforto difundido em muitas partes do mundo e que vai aleacutem do objetivo especifico de proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade A invasatildeo do Iraque liderada pelos EUA em 2003 se desdobrou em grandes debates como um exemplo de escolha irresponsaacutevel por uma potecircncia hegemocircnica que tende a instruir outros paiacuteses sobre lideranccedila global responsaacutevel Isso tambeacutem eacute um lembrete valioso de que mesmo a maior forccedila militar do globo eacute claramente incapaz de forccedilar a construccedilatildeo efetiva de uma nova ordem poliacutetica com consequecircncias traacutegicas para milhares de pessoas natildeo soacute no Iraque

Ainda assim durante as crises na Costa do Marfim na Liacutebia em 2011 e na Repuacuteblica Centro-Africana em 2014 o Conselho de Seguranccedila estava pronto para legitimar intervenccedilotildees militares ldquoconforme cada casordquo como foi sugerido pela Cuacutepula Mundial Em cada um desses casos emergiram grandes maiorias que priorizaram a necessidade de accedilatildeo militar em relaccedilatildeo agrave ampla preocupaccedilatildeo com a manutenccedilatildeo da soberania estatal seja atraveacutes de voto a favor no Conselho de Seguranccedila de abstenccedilatildeo para permitir que resoluccedilotildees passassem (como Ruacutessia e China no caso da Liacutebia) ou de apoio financeiro militar ou poliacutetico em outros foacuteruns de discussatildeo

Eacute possiacutevel que haja uma janela de oportunidades surgindo para um debate poliacutetico mais detalhado e criacutetico sobre a eficaacutecia da forccedila militar na proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade Tais debates estatildeo tratando dos objetivos diferentes mas relacionados da luta contra insurgentes e redes terroristas Em ambos os casos haacute uma discussatildeo ponderada nos ciacuterculos militares e policiais assim como em grandes meios

16Global Public Policy Institute (GPPi)

de comunicaccedilatildeo sobre questotildees como execuccedilotildees especiacuteficas de terroristas suspeitos ou taacuteticas de contra-insurgecircncia centradas na populaccedilatildeo

Outro debate similar e criacutetico precisa ser colocado em questatildeo em relaccedilatildeo agrave forccedila e a proteccedilatildeo Ele pode ser construiacutedo a partir de uma tendecircncia recente na direccedilatildeo de mais engajamento com os resultados e meios praacuteticos do uso da forccedila militar para proteccedilatildeo Sociedades e comunidades estrateacutegicas nos EUA Reino Unido e Franccedila mostraram sinais de cansaccedilo em relaccedilatildeo a intervenccedilotildees em geral e particularmente agraves unilaterais Ao mesmo tempo alguns dos defensores mais leais da restriccedilatildeo militar reflexiva ndash como China Brasil e Alemanha ndash comeccedilaram a considerar em determinados casos argumentos a favor da accedilatildeo militar para proteccedilatildeo de civis 26Tanto defensores quanto ceacuteticos da proteccedilatildeo militar se beneficiaratildeo ao forccedilar mais nuances nesses debates Por um lado a demanda por especificidades protegeraacute contra o uso abusivo da autoridade humanitaacuteria para fins escusos Por outro mais transparecircncia ajudaraacute na defesa contra reclamaccedilotildees de abuso Esse debate deve considerar as contribuiccedilotildees acadecircmicas recentes27 mas encontraraacute ferramentas mais especiacuteficas e fundamentais em conceitos poliacuteticos estabelecidos como na doutrina da ONU para proteccedilatildeo de civis e as tentativas dos militares norte-americanos de desenvolver orientaccedilotildees conceituais para ldquooperaccedilotildees de resposta a atrocidades em massardquo28

17Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Se as principais controveacutersias globais sobre a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade envolvem (1) o medo do uso abusivo de argumentos humanitaacuterios e (2) como proteger de forma efetiva quais satildeo as opccedilotildees para melhorar as soluccedilotildees globais de proteccedilatildeo O ponto de partida deve ser o reconhecimento de que a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade como um desafio poliacutetico complexo e natildeo somente como algo paliativo enquanto tenta-se resolver um conflito poliacutetico de maiores dimensotildees Qualquer estrateacutegia de proteccedilatildeo deve ser preparada primeiramente a fim de influenciar os caacutelculos poliacuteticos e militares dos perpetradores e deve levar em consideraccedilatildeo os limites de influecircncias externas sobre eventos domeacutesticos Os atores locais tecircm o maior controle sobre a dinacircmica da violecircncia e eacute difiacutecil prever o efeito dominoacute causado pelas accedilotildees externas O foco no curto prazo do conceito de ldquoresposta raacutepida saiacuteda raacutepidardquo eacute portanto um ato irresponsaacutevel quase independente de contexto mesmo que accedilotildees raacutepidas frequentemente sejam necessaacuterias poliacuteticos ativistas jornalistas e acadecircmicos precisam prestar mais atenccedilatildeo agraves poliacuteticas de longo prazo e a seus planejamentos para que sejam adaptadas agraves mudanccedilas

Com base em nossos resultados e anaacutelise apontamos opccedilotildees poliacuteticas para governos a ONU e organizaccedilotildees regionais aleacutem da miacutedia e da sociedade civil com o intuito de melhorar a credibilidade das ferramentas existentes ao fazer com que seu uso na proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade seja menos vulneraacutevel ao abuso e tenha resultados mais efetivos Comeccedilamos com a necessidade de garantir informaccedilotildees e anaacutelises criacuteveis sobre as situaccedilotildees em que crimes de atrocidade satildeo cometidos Depois oferecemos algumas sugestotildees para o fortalecimento das ferramentas disponiacuteveis aos civis para prevenccedilatildeo e resposta a atrocidades e para que as operaccedilotildees de paz da ONU melhorem a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade Depois indicamos opccedilotildees de reforma importantes para o processo decisoacuterio coletivo sobre accedilotildees militares e terminamos enfatizando a necessidade de um aprendizado contiacutenuo e colaborativo sobre as ferramentas para prevenccedilatildeo de atrocidades

Reduzindo a Vulnerabilidade das Fontes de Informaccedilatildeo perante Acusaccedilotildees de ParcialidadeAntes mesmo de comeccedilar a considerar formas de lidar com futuras ou atuais atrocidades o mundo precisa chegar a um consenso sobre o que estaacute acontecendo em cada situaccedilatildeo Atualmente a disponibilidade de informaccedilatildeo sobre situaccedilotildees especiacuteficas de crises natildeo eacute mais o principal desafio para que accedilotildees de mobilizaccedilatildeo aconteccedilam

Opccedilotildees Poliacuteticas para Proteccedilatildeo Mais Efetiva e Responsaacutevel

18Global Public Policy Institute (GPPi)

Ainda assim acreditamos que um desafio crucial para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade eacute a acusaccedilatildeo de parcialidade sobre o tipo e a interpretaccedilatildeo das informaccedilotildees sobre atrocidades fornecidas por governos pela miacutedia ou por grupos da sociedade civil A confianccedila nos Estados dominantes e nas instituiccedilotildees internacionais encontra-se em niacuteveis tatildeo baixos que mesmo os casos de atrocidades bem documentados como o ocorrido em Darfur foram considerados por alguns como propaganda intervencionista29

Essa desconfianccedila estaacute na maior parte das vezes direcionada a fontes relacionadas ao ldquoOcidenterdquo Fontes financiadas lideradas ou com suas sedes em paiacuteses ocidentais frequentemente satildeo as mais acessiacuteveis natildeo soacute pelas elites poliacuteticas em capitais longiacutenquas mas tambeacutem por paineacuteis de especialistas e investigaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas em paiacuteses em que natildeo haacute extensiva presenccedila de campo da ONU Quando as fontes locais de informaccedilatildeo claramente natildeo satildeo criacuteveis como na Siacuteria jornalistas tecircm acesso restrito a aacutereas violentas e por algumas vezes todas as outras fontes relevantes vecircm de organizaccedilotildees com sede no Ocidente de organizaccedilotildees locais da sociedade civil que dependem de ajuda ocidental ou de financiamento externo e que tecircm uma temaacutetica antigovernamental especiacutefica ou ainda de profissionais ocidentais que trabalham para a ONU30 Por exemplo o governo chinecircs frequentemente enfatiza que a identificaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo internacional de abusos aos direitos humanos no exterior eacute excessivamente dependente de informaccedilotildees ocidentais e pediu para que houvesse sistemas de alerta precoce mais imparciais31 Especialistas indianos dizem que o desafio natildeo eacute a disponibilidade de informaccedilatildeo mas ldquoa interpretaccedilatildeo e o vieacutes que lhe eacute dadordquo32

Grupos de ativistas e a miacutedia tecircm incentivos para simplificar as narrativas e portanto eacute prudente ter um ceticismo saudaacutevel perante as acusaccedilotildees de atrocidades hediondas Ao mesmo tempo presumir que a verdade estaacute no meio-termo de todas as posiccedilotildees seria permitir que propaganda e maacute informaccedilatildeo determinassem o caminho a seguir Criticar realisticamente as fontes requer engajamento com a informaccedilatildeo em si e natildeo apenas a insinuaccedilatildeo de agendas poliacuteticas com base puramente na localizaccedilatildeo geograacutefica financiamento ou educaccedilatildeo

A fim de oferecer um debate melhor informado sobre potenciais crimes de atrocidade as empresas de comunicaccedilatildeo e filantropos principalmente em potecircncias emergentes devem investir em fontes de informaccedilatildeo e anaacutelise independentes e criacuteveis sobre conflitos e direitos humanosAs alegaccedilotildees de parcialidade (sejam a favor ou contra os governos ou outros atores) crescem quando haacute uma escassez de fontes Aqueles que criticam as fontes de informaccedilatildeo existentes satildeo os que sabem melhor qual fonte de financiamento ou de influecircncia teraacute mais credibilidade portanto eacute dever destas pessoas investir adequadamente Se haacute suspeitas sobre as fontes ocidentais de informaccedilatildeo por parte de governos e elites poliacuteticas fora do Ocidente essas podem ajudar a diversificar a base de apoio para ONGs ativistas e redes de informaccedilotildees globais jaacute existentes ou ateacute mesmo investir em plataformas alternativas de monitoramento e anaacutelise baseadas nos mais altos padrotildees de integridade jornaliacutestica Por enquanto com raras exceccedilotildees o investimento em miacutedias livres e acesso agrave informaccedilatildeo natildeo parece ser uma prioridade entre as elites empresariais emergentes mesmo em potecircncias emergentes democraacuteticas Por outro

19Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

lado agecircncias de notiacutecia estatais frequentemente tecircm dificuldade para estabelecer uma reputaccedilatildeo de integridade jornaliacutestica Satildeo raros os grandes investimentos no relato de crises humanitaacuterias tais como recentemente feito pela Fundaccedilatildeo Jynwel com sede em Hong Kong na agora independente organizaccedilatildeo de noticias IRIN33 Organizaccedilotildees de defesa podem contribuir com a reduccedilatildeo das alegaccedilotildees de parcialidade ao natildeo exporem situaccedilotildees de conflito como se fossem preto-no-branco e ao serem transparentes sobre quem as financiam e apoiam Se apresentarem uma extensa lista de notas e fontes em seus relatoacuterios como feito regularmente pelo International Crisis Group e pela Human Rights Watch eacute dever dos criacuteticos se engajar com essas fontes com base nos fatos

Fortalecer e diversificar as informaccedilotildees sobre os riscos de crimes de atrocidade em massa tambeacutem pode significar estabelecer organizaccedilotildees de sociedade civil regionais dedicadas agrave pesquisa criacutevel e confiaacutevel sobre a prevenccedilatildeo de atrocidades Se verdadeiramente baseadas em sociedades locais tais grupos teriam mais acesso a grupos nacionais e regionais de sociedade civil do que as organizaccedilotildees globais com sede em Nova York ou Genebra Consequentemente suas informaccedilotildees e argumentos mais provavelmente obteriam credibilidade poliacutetica a niacutevel global No curto prazo a massa criacutetica necessaacuteria a esses centros da sociedade civil provavelmente seraacute alcanccedilada na Europa ou na Aacutefrica mas a Ameacuterica Latina (com sua iacutempar accedilatildeo ldquoRede Latino-Americana de Prevenccedilatildeo ao Genociacutedio e Atrocidades em Massardquo a niacutevel governamental) e a Aacutesia tambeacutem podem se desenvolver rapidamente

Os Estados membros a sociedade civil e as organizaccedilotildees regionais devem melhorar as capacidades da ONU de coletar informaccedilotildees e desvendar fatos sobre desafios agrave proteccedilatildeo ao oferecer assistecircncia logiacutestica funcionaacuterios a curto-prazo e fontes locais de informaccedilatildeo Ao mesmo tempo em que organizaccedilotildees regionais satildeo cada vez mais capazes de influenciar o entendimento global sobre suas partes do mundo a sua imparcialidade eacute apenas tatildeo criacutevel quanto a das potecircncias regionais que lideram as suas deliberaccedilotildees As Naccedilotildees Unidas natildeo podem entretanto sempre responder sozinhas agraves demandas por informaccedilotildees imparciais e criacuteveis sobre riscos de atrocidade Os mecanismos das Naccedilotildees Unidas frequentemente dependem tanto de fontes governamentais e privadas devido agrave necessidade de agir rapidamente quanto sofrem com a falta de acesso proacuteprio e independente aos locais de risco Aleacutem disso a ONU tambeacutem jaacute esteve sujeita agrave autocensura e foi forccedilada a romper compromissos poliacuteticos34

Todos os Estados membros da ONU precisam fortalecer os mecanismos de coleta de informaccedilatildeo da instituiccedilatildeo suas comissotildees de inqueacuterito e outros oacutergatildeos correlatos Por exemplo sempre que uma violecircncia em massa comeccedila conforme definido pelo Secretaacuterio Geral a ONU deveraacute enviar uma missatildeo para desvendar os fatos a fim de informar melhor as discussotildees no Conselho de Seguranccedila Isso poderaacute ser baseado em um grupo permanente de especialistas preacute-selecionados e deveraacute envolver as agecircncias da ONU relevantes ao tema especialmente o Escritoacuterio de Coordenaccedilatildeo de Assuntos Humanitaacuterios O Alto Comissariado para Direitos Humanos o Conselheiro Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedios e o Departamento de Assuntos Poliacuteticos35 Estados membros devem contribuir tanto com financiamento quanto com especialistas

20Global Public Policy Institute (GPPi)

treinados para essas missotildees O estabelecimento de regras para a contrataccedilatildeo de pessoal poderia ajudar a deixar processos de seleccedilatildeo o mais transparentes possiacutevel e desta forma melhorar a credibilidade e imparcialidade da descoberta de fatos pela ONU36

Estados membros tambeacutem podem ajudar as Naccedilotildees Unidas na implementaccedilatildeo de sua iniciativa ldquoHuman Rights Up Frontrdquo (em portuguecircs ldquoDireitos Humanos Antes de Tudordquo) atraveacutes do qual o Secretariado estaacute criando um sistema simplificado de gerenciamento de informaccedilotildees para tudo que eacute coletado pelas muitas partes do sistema ONU combinando dados jaacute existentes sobre proteccedilatildeo humanitaacuteria proteccedilatildeo dos direitos humanos proteccedilatildeo de mulheres em conflitos armados e proteccedilatildeo de crianccedilas37 Os Estados membros podem dar apoio agrave ONU ao incluir mais informaccedilotildees de atores bilaterais no local desde que a ONU faccedila os investimentos necessaacuterios para o tratamento de dados sensiacuteveis proteccedilatildeo a testemunhas e referecircncias38

Usando Ferramentas Diplomaacuteticas e Civis De Forma Antecipada Justa e EstrateacutegicaApesar das diferenccedilas em ecircnfases retoacutericas haacute um consenso universal que as atrocidades devem ser prevenidas pelo uso antecipado e sustentaacutevel de uma variedade de ferramentas civis disponiacuteveis agrave comunidade internacional Estatildeo incluiacutedas a diplomacia a mediaccedilatildeo e as missotildees poliacuteticas assim como as sanccedilotildees a justiccedila criminal internacional as accedilotildees humanitaacuterias e as ferramentas de peacebuilding apoacutes crises dentre elas a reconstruccedilotildees das instituiccedilotildees estatais e do Estado de direito

Desde os anos 90 a comunidade internacional aprendeu liccedilotildees importantes sobre o uso dessas ferramentas e vem caminhando para desenvolvecirc-las ainda mais Satildeo visiacuteveis os sucessos na diplomacia preventiva como o ocorrido durante a crise poacutes-eleiccedilotildees no Quecircnia em 200839 quando um negociador de alto niacutevel liderou as conversas tendo apoio politico de oacutergatildeos regionais e de todos os membros do Conselho de Seguranccedila expertise da ONU e engajamento da sociedade civil Ao longo dos uacuteltimos 10 anos houve uma significativa expansatildeo das capacidades de negociaccedilatildeo dentro da ONU e das organizaccedilotildees regionais Missotildees poliacuteticas no Timor Leste ou na Guineacute-Bissau podem ter evitado uma nova onda de violecircncia nesses locais40 Sanccedilotildees seletivas provavelmente ajudaram a controlar pessoas que poderiam atrapalhar as primeiras fases do processo de peacebuilding na Libeacuteria Costa do Marfim e Serra Leoa41 O Tribunal Penal Internacional processou e condenou seus primeiros casos e apoiou importantes reformas nos sistemas de justiccedila criminal em muitos paiacuteses42

Ainda assim a comunidade internacional em inuacutemeras vezes natildeo fez uso das ferramentas civis disponiacuteveis de forma antecipada decisiva e sustentaacutevel O consenso que parece existir para o uso de ferramentas civis antecipadamente e como prioridade se desfaz assim que decisotildees poliacuteticas e priorizaccedilatildeo se fazem necessaacuterias Mudar isso eacute difiacutecil Requer ir aleacutem das caricaturas comuns que culpam apenas os paiacuteses ocidentais por investir pouco ou as potecircncias natildeo-ocidentais por repelir as tentativas de influenciar ou pressionar perpetradores e seus cuacutemplices Natildeo soacute as prioridades e interesses competitivos existem de todos os lados mas o desafio tambeacutem eacute marcado pela profunda incerteza sobre como e quando usar tais ferramentas com quais atores e em qual espaccedilo Natildeo haacute uma soluccedilatildeo uacutenica e faacutecil para prevenccedilatildeo resposta ou recuperaccedilatildeo efetiva

21Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Nosso foco eacute em medidas de curto prazo voltadas para os civis em situaccedilotildees em que haacute alta probabilidade ou jaacute haacute ocorrecircncia de atrocidades 43Descobrimos que haacute quatro aacutereas que devem ser especialmente observadas

Os atores (em particular potecircncias emergentes) que mais pedem por diplomacia ferramentas civis e prevenccedilatildeo antecipada precisam traduzir seu compromisso retoacuterico em vontade poliacutetica e os investimentos necessaacuterios em capacidades e ideiasIr aleacutem da retoacuterica sobre prevenccedilatildeo requer vontade poliacutetica para fazer disso uma prioridade Com muita frequecircncia a prevenccedilatildeo contra crimes de atrocidade vai de encontro a outros objetivos poliacuteticos em uma determinada situaccedilatildeo de crise Algumas vezes esses interesses e prioridades estatildeo em extremos opostos No Sri Lanka por exemplo o governo conseguiu alavancar a imensa preocupaccedilatildeo internacional com o contraterrorismo para evitar pressotildees em relaccedilatildeo aos crimes de guerra perpetrados durante o conflito contra os Tigres de Libertaccedilatildeo do Tacircmil Eelam (LTTE) no comeccedilo de 200944 Em Darfur a accedilatildeo diplomaacutetica internacional para acabar com os crimes de atrocidade teve de competir com a prioridade para um acordo de paz na longa guerra civil Norte-Sul no Sudatildeo e com a colaboraccedilatildeo antiterrorista do governo sudanecircs45

Todavia mesmo com a ausecircncia de grandes interesses conflitantes haacute um espaccedilo entre o apoio abstrato para a proteccedilatildeo de populaccedilotildees contra crimes de atrocidade e a vontade poliacutetica de agir dispor-se financeiramente e assumir riscos proporcionais Um exemplo recente de quando investimentos deveriam ter sido feitos antes e de forma mais substancial eacute o Sudatildeo do Sul ndash uma crise que tambeacutem demonstra como as categorias ldquoocidentaisrdquo contra os ldquodemaisrdquo natildeo satildeo uacuteteis na anaacutelise das posiccedilotildees dos paiacuteses sobre proteccedilatildeo Por motivos diversos tanto os Estados Unidos quanto a China apoiaram fortemente o governo de Salva Kiir ignorando sinais importantes ateacute que essa se tornou uma das facccedilotildees combatentes na nova guerra civil do Sudatildeo do Sul46 Na Repuacuteblica Centro-Africana investimentos preacutevios nas iniciativas legais e nas reformas no setor de seguranccedila poderiam ter sido capazes de evitar que o paiacutes atingisse a atual escala de violecircncia47

Como esses e outros exemplos revelam haacute um grande descompasso entre a retoacuterica que demanda mais ldquosoluccedilotildees poliacuteticas e diplomaacuteticasrdquo ndash como constantemente enfatizado por China Ruacutessia Iacutendia Brasil Aacutefrica do Sul (e tambeacutem pela Alemanha e pela Uniatildeo Europeia) ndash e os recursos poliacuteticos e materiais investidos na busca por tais soluccedilotildees Colocar em praacutetica essas ldquosoluccedilotildees poliacuteticasrdquo requer ao mesmo tempo declaraccedilotildees ocasionais e o estabelecimento de capacidades institucionais para o monitoramento dos direitos humanos monitoramento de longo prazo das eleiccedilotildees mediaccedilatildeo e apoio de pessoas com experiecircncia secircnior que possam ser rapidamente acionadas e a construccedilatildeo de instituiccedilotildees nos setores de justiccedila seguranccedila e correlatas normalmente envolvidas com missotildees poliacuteticas da ONU e de organizaccedilotildees regionais Similarmente o uso de ferramentas coercitivas como sanccedilotildees requer tanto a tomada de decisotildees difiacuteceis quanto investimentos e iniciativas para planejar criativamente e melhorar estas ferramentas a fim de que sejam de fato seletivas justas e legalmente soacutelidas ndash em outras palavras que minimizem os riscos de afetarem as pessoas erradas

22Global Public Policy Institute (GPPi)

de acordo com princiacutepios baacutesicos do direito O Tribunal Penal Internacional precisa do comprometimento poliacutetico e da ratificaccedilatildeo do Estatuto de Roma por algumas das naccedilotildees mais poderosas do mundo Tambeacutem precisa de recursos para continuar acompanhando seus casos No miacutenimo tanto as potecircncias emergentes quanto as jaacute estabelecidas precisam melhorar sua assistecircncia humanitaacuteria para aqueles que fogem da violecircncia Por exemplo Estados membros da ONU cederam menos de 50 por cento dos fundos necessaacuterios para a resposta humanitaacuteria na Siacuteria deixando milhares de pessoas necessitadas em 201448

Os governos devem priorizar a detenccedilatildeo e julgamento dos perpetradores de crimes de atrocidade em suas jurisdiccedilotildees Aleacutem das dificuldades poliacuteticas de se lidar com perpetradores que estatildeo no poder como na Siacuteria ou com perpetradores que estatildeo fora do alcance de Estados falidos como na Repuacuteblica Centro-Africana todos os governos podem fazer mais para sancionar ou julgar esses perpetradores por crimes de atrocidade que de alguma forma estejam em suas jurisdiccedilotildees Prevenir e dar respostas aos crimes de atrocidade significa lidar com as motivaccedilotildees e capacidades de perpetradores individuais antes que cometam crimes Tambeacutem significa puni-los por seus atos49 Aqueles que mantecircm seu dinheiro em bancos multinacionais podem estar sujeitos ao congelamento de seus ativos estejam nos bancos na Europa ou na Aacutesia Aqueles que viajam estatildeo sujeitos agrave recusa de vistos e impedimentos de viagem de modo a impactar suas accedilotildees antes de cometerem ou enquanto cometem atrocidades Leis existentes como nos Estados Unidos permitem que imigrantes sejam deportados se houver provas que os liguem a genociacutedios Paiacuteses podem buscar pessoas procuradas pelo Tribunal Penal Internacional e mudar suas leis ou designar forccedilas policiais para processar os piores crimes de atrocidade independentemente dos locais em que foram cometidos

Com muita frequecircncia a falta de atenccedilatildeo e vontade poliacutetica permite que perpetradores vivam livres e confortavelmente apoacutes terem cometido atrocidades ou ateacute mesmo organizar financiar e apoiar atrocidades em andamento mesmo estando no exterior Isso aconteceu com diversos liacutederes das Forccedilas Democraacuteticas Para a Libertaccedilatildeo de Ruanda (FDLR) um grupo miliciano operando no Congo Eles viveram sem problemas na Alemanha durante quase uma deacutecada antes de serem presos e julgados50 Os Estados Unidos apesar de sua recusa em ratificar o Estatuto de Roma recentemente serviu de exemplo ao aumentar seus esforccedilos na procura por suspeitos de crimes de guerra que moram no paiacutes e ao desenvolver propostas que permitem o uso das leis de imigraccedilatildeo para fazer com que perpetradores de atrocidades paguem por seus crimes51

Poliacuteticos devem dar prioridade ao comportamento atual ao avaliar a legitimidade de atores e julgar todos os atores de um conflito pelos mesmos padrotildees Soacute porque em determinado momento haacute um grupo claramente identificaacutevel como perpetrador de atrocidades natildeo significa que outros grupos sejam e continuaratildeo sendo inocentes de tais atos Violecircncia gera mais violecircncia jaacute que grupos ameaccedilados

23Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

se defendem e continuam combatendo o inimigo A Liacutebia eacute um bom exemplo disso Na primavera de 2011 identificar corretamente o regime de Gaddafi como responsaacutevel por crimes de atrocidade foi a decisatildeo correta ndash mas natildeo evitou que os rebeldes cometessem crimes similares posteriormente previsivelmente em alguns grupos tornando quem os apoiava militarmente cuacutemplices De forma similar em 2014 apoiar as forccedilas curdas Peshmerga era a uacutenica forma de prevenir um massacre contra os Yazidis no Iraque ndash mas aqueles que deram apoio natildeo deveriam silenciar-se perante as posteriores mortes em represaacutelia

A escolha de grupos especiacuteficos como aliados eacute facilmente entendida como arbitraacuteria quando o comportamento atual natildeo justifica apoio internacional Um dos argumentos conflitantes de legitimidade poliacutetica acontece quando atores externos escolhem seus aliados locais de forma inconsistente com suas accedilotildees (algumas vezes favorecendo o regime incumbente) e tal escolha eacute facilmente vista como hipoacutecrita52 Poliacuteticos tambeacutem estatildeo vulneraacuteveis a tais acusaccedilotildees quando satildeo seletivos sobre suas criacuteticas a poderes regionais que armam ou apoiam grupo rebeldes como no caso do silecircncio ocidental sobre o envolvimento da Araacutebia Saudita na Siacuteria

Defensores do R2P e da prevenccedilatildeo de atrocidades em governos ou na sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando pedir a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes

No que diz respeito agrave diplomacia preventiva defensores do R2P e da prevenccedilatildeo contra atrocidades incluindo governos e a sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando e como pedem a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes Em algumas situaccedilotildees o Conselho pode deixar a mediaccedilatildeo mais difiacutecil ao elevar o niacutevel de visibilidade poliacutetica de uma crise Ele pode ajudar mediadores ao dar-lhes mais peso um senso de urgecircncia incentivos e desincentivos (ex com sanccedilotildees seletivas proibiccedilotildees de viagem congelamento de ativos embargo de armas investigaccedilotildees estabelecimento de uma missatildeo poliacutetica) Mas em algumas situaccedilotildees pressatildeo internacional vinda dos mais altos niacuteveis que inclui o papel do Conselho de Seguranccedila pode ser contraproducente Isso pode reforccedilar a urgecircncia de um governo em terminar a guerra a todos os custos como no caso do Sri Lanka no comeccedilo de 200953 ou complicar as negociaccedilotildees para acesso humanitaacuterio como em Mianmar em maio de 200854 Em particular quando os casos lidam com governos que jaacute vecircm sendo excluiacutedos da comunidade internacional foacuteruns e canais mais discretos podem ser mais efetivos na tentativa de influenciar mudanccedilas de comportamento

Possibilitando que as Missotildees de Paz da ONU Ofereccedilam Proteccedilatildeo CriacutevelO peacekeeping eacute um sistema com grande legitimidade global que jaacute evita abusos e comeccedilou a dar ecircnfase agrave Proteccedilatildeo de Civis (PoC) em muitas de suas operaccedilotildees A composiccedilatildeo global e o controle rigoroso por parte do Conselho de Seguranccedila deixa as operaccedilotildees de paz muito mais aceitaacuteveis que qualquer outro instrumento como notavelmente o uso da

24Global Public Policy Institute (GPPi)

forccedila por terceiros segundo um mandato do Conselho de Seguranccedila55 Ao mesmo tempo o peacekeeping soacute eacute capaz de lidar com um nuacutemero limitado de desafios agrave proteccedilatildeo a ausecircncia de mecanismos raacutepidos e efetivos de mobilizaccedilatildeo de implementaccedilatildeo faz com que seja impossiacutevel para peacekeepers da ONU responder a ameaccedilas iminentes de crimes de atrocidade e os requerimentos legais e praacuteticos da colaboraccedilatildeo com o governo local limitam uma accedilatildeo efetiva contra os perpetradores dos crimes de atrocidade que sejam parte ou que recebam apoio do governo Mesmo quando os peacekeepers estavam presentes enquanto crimes de atrocidade eram praticados como na Costa do Marfim em 2011 e no Sudatildeo do Sul em 2013 qualquer prevenccedilatildeo efetiva foi ilusoacuteria E onde uma reaccedilatildeo imediata natildeo obteve sucesso os desafios da proteccedilatildeo efetiva contra crimes em andamento rapidamente excedeu a capacidade dos boinas azuis

As vaacuterias maneiras em que as operaccedilotildees de paz poderiam melhor proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade ao estabelecer capacidades reduzir vulnerabilidade (ldquoproteccedilatildeo indiretardquo) e defender contra perpetradores (ldquoproteccedilatildeo diretardquo) jaacute foram explicitadas em outras oportunidades56 Atingir pelo menos um niacutevel moderado de ambiccedilatildeo para que peacekeepers protejam populaccedilotildees contra crimes de atrocidade requereria investimentos adicionais em capacidade doutrina e treinamento Tambeacutem seria necessaacuteria uma anaacutelise mais seacuteria sobre como combinar de forma efetiva o uso do peacekeeping com instrumentos poliacuteticos

O Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz a lideranccedila da missatildeo e os paiacuteses colaboradores precisam informar de forma modesta e transparente os limites das capacidades da ONU na proteccedilatildeo de civis

O comprometimento bem-vindo e necessaacuterio do Conselho de Seguranccedila com a proteccedilatildeo levou a um nuacutemero excessivo de promessas57 que aumentaram a lacuna entre as expectativas locais e a capacidade das missotildees Quando um mandato para milhares de peacekeepers eacute estabelecido com grande alvoroccedilo mas somente uma fraccedilatildeo chega seis meses depois como no Sudatildeo Sul apoacutes o iniacutecio da uacuteltima guerra civil em dezembro de 2013 ou como quando os peacekeepers se recusaram a tomar medidas enquanto crimes de atrocidade eram cometidos nas redondezas (devido ou natildeo ao apoio ou lideranccedila inadequados) como visto recentemente na RDC ou no Sudatildeo pessoas que se reuacutenem ao redor da bandeira azul na esperanccedila de proteccedilatildeo se tornam mais vulneraacuteveis ao perigo do que se estivessem em outro local De forma geral populaccedilotildees ameaccediladas estatildeo em situaccedilotildees melhores com os peacekeepers do que sem eles mas ainda assim a credibilidade das Naccedilotildees Unidas eacute afetada nestes casos58

Tanto a proteccedilatildeo efetiva quanto a responsaacutevel exigem uma comunicaccedilatildeo honesta e transparente com o puacuteblico e com o Conselho de Seguranccedila sobre as capacidades de cada missatildeo e de cada contingente aleacutem da sua disponibilidade para assumir riscos Quando os diplomatas do Conselho criarem ou derem nova autorizaccedilatildeo a outro ambicioso mandato para a proteccedilatildeo de civis eles precisam ser formalmente informados das capacidades e requerimentos que seratildeo necessaacuterios

25Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

A proteccedilatildeo por parte dos peacekeepers requer um salto de qualidade das contribuiccedilotildees para as operaccedilotildees dos boinas azuis e isso exige que o Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz as tropas a poliacutecia e os colaboradores financeiros encontrem uma divisatildeo do trabalho mais justa e equilibradaO equiliacutebrio fraacutegil entre aqueles que contribuem com tropas (em sua maioria da Aacutefrica e da Aacutesia) financiadores (em sua maioria da Europa e Ameacuterica do Norte) e os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila da ONU que emitem mandatos estaacute proacuteximo de se desfazer A insustentaacutevel divisatildeo de trabalho em peacekeeping natildeo eacute uma questatildeo dos ocidentais contra os demais Muitos paiacuteses africanos cansados dos muitos anos de tentativas frustradas de instauraccedilatildeo da paz no continente pelas potecircncias externas cada vez mais requerem e apoiam o uso de forccedila militar para proteger civis e conceder mais tempo para as negociaccedilotildees de paz Por outro lado paiacuteses que tradicionalmente contribuem com muitas tropas estatildeo cada vez mais reticentes em ameaccedilar a vida de seus soldados em locais distantes ndash especialmente aqueles paiacuteses como a Iacutendia cujo papel emergente no mundo criou expectativas de exercer influecircncia sobre escolhas estrateacutegicas que ateacute agora se mantiveram no domiacutenio exclusivo dos membros permanentes Isso tudo combinado com a austeridade imposta agraves forccedilas armadas mais desenvolvidas impossibilitando aumentar suas contribuiccedilotildees de ativos-chave ndash que poderia reduzir os riscos aos boinas azuis ndash vem deixando muitos paiacuteses em desenvolvimento cada vez mais impacientes com um sistema que natildeo funciona mais para eles

Para avanccedilar na prevenccedilatildeo de crimes de atrocidade economias desenvolvidas e em desenvolvimento precisatildeo aumentar os recursos disponibilizados para as missotildees de paz da ONU mas o dever principal de balancear o desequiliacutebrio atual estaacute nas matildeos de paiacuteses com capacidades avanccediladas Eles precisam disponibilizar forccedilas militares e ativos poliacuteticos que satildeo chaves para limitar o risco de todos os boinas azuis e aumentar o custo-benefiacutecio e a eficaacutecia do peacekeeping Isso inclui drones de vigilacircncia veiacuteculos anti-minas hospitais militares evacuaccedilatildeo meacutedica aeacuterea apoio de combate aeacutereo transporte aeacutereo taacutetico equipamentos anti-explosivos e outras tecnologias avanccediladas59

Contudo natildeo satildeo somente paiacuteses da Europa e da Ameacuterica do Norte que disponibilizam pouquiacutessimas tropas e deixam a desejar em suas contribuiccedilotildees (os europeus por exemplo respondem por menos de 7 por cento das tropas de peacekeeping da ONU e menos de 4 por cento das tropas policiais da organizaccedilatildeo60 A Iacutendia tem demonstrado apoio duradouro e extensivo ao peacekeeping ndash uma rara exceccedilatildeo entre paiacuteses com pretensotildees de lideranccedila regional ou global Outros paiacuteses deveriam pensar em seguir o recente exemplo da China e aumentar o nuacutemero de tropas policiais ou civis qualificados disponibilizados agrave ONU Por exemplo o Brasil mesmo com sua lideranccedila no Haiti ainda oferece menos pessoal que os pequenos Togo e Burkina Faso

26Global Public Policy Institute (GPPi)

Todos os membros do Conselho de Seguranccedila e colaboradores do peacekeeping deveriam aumentar a orientaccedilatildeo conceitual o treinamento e a construccedilatildeo de capacidade para a proteccedilatildeo de civis contra crimes de atrocidade

Tanto o desenvolvimento de estrateacutegias poliacuteticas quanto o uso da forccedila para proteccedilatildeo taacutetica de civis carecem grandemente de fundamentos conceituais soacutelidos com a qual qualquer outro tipo de operaccedilatildeo militar pode contar Os desafios poliacuteticos policiais e militares da proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade natildeo recebem a atenccedilatildeo conceitual e os recursos para treinamento adequados em quase todos os paiacuteses61 Natildeo eacute surpreendente que liacutederes de missatildeo e comandantes de tropas operem hoje em dia com base na tentativa e erro sem que haja uma orientaccedilatildeo ou doutrina clara Da mesma forma os membros do Conselho ndash em especial os natildeo-permanentes ndash satildeo forccedilados a tomar decisotildees difiacuteceis sobre a proteccedilatildeo de civis sem que tenham acesso a um oacutergatildeo de anaacutelise poliacutetico-militar sobre quais seriam as consequecircncias de tais accedilotildees A ausecircncia de conceitos claros e amplamente difundidos sobre as formas praacuteticas de proteccedilatildeo (para aleacutem das Zonas de exclusatildeo aeacuterea) contribuem para o estereoacutetipo muacutetuo e suspeitas de motivos escusos

Os Estados Unidos deveriam continuar a expansatildeo da sua Iniciativa Global de Operaccedilotildees de Paz (GPOI na sigla em inglecircs) e sua Parceria Africana de Resposta Raacutepida para Manutenccedilatildeo da Paz que apoiam e reforccedilam a capacidade de outros paiacuteses de treinar e manter competecircncias para a manutenccedilatildeo da paz Ambos os casos deveriam dar mais atenccedilatildeo agraves forccedilas militaresx mais frequentemente usadas no peacekeeping No futuro treinamentos e exerciacutecios da GPOI e outros deveriam incluir especificamente diferentes aspectos de proteccedilatildeo a civis 62 De forma similar a estes programas estadunidenses a Uniatildeo Europeia os governos europeus e de outros locais que possuem forccedilas armadas com tal capacidade deveriam oferecer os treinamentos e equipamentos mais modernos para os colaboradores das operaccedilotildees de paz Isso poderia criar incentivos para que unidades treinadas e equipadas efetivamente trabalhem em conjunto com a ONU a Uniatildeo Africana e as forccedilas sub-regionais na proteccedilatildeo de civis ndash no caso da UE ao novamente dar ecircnfase e expandir a Enable and Enhance Initiative

Usar a avaliaccedilatildeo atual das operaccedilotildees de paz da ONU para construir um consenso entre todas as partes interessadas (Conselho de Seguranccedila e Secretariado assim como colaboradores financeiros de tropas ou de poliacutecia) sobre o uso da forccedila somente para apoiar ndash e nunca substituir ndash uma estrateacutegia poliacutetica para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade e para planejar mandatos e operaccedilotildees adequadamente Como parte do diaacutelogo necessaacuterio sobre a utilidade do uso da forccedila a atual avaliaccedilatildeo das operaccedilotildees de paz da ONU oferece uma oportunidade de reconstruir uma linguagem comum sobre o peacekeeping seus princiacutepios e conceitos baacutesicos suas ambiccedilotildees e desafios para as tarefas de proteccedilatildeo das missotildees da ONU especialmente no que diz respeito ao uso da forccedila Os princiacutepios de consentimento imparcialidade e neutralidade atualizados no Relatoacuterio Brahimi para permitir que peacekeepers ajam contra os violadores dos acordos de paz e perpetradores de atrocidades mais uma vez satildeo distorcidos ou parecem irrelevantes em muitas operaccedilotildees A maioria dos peacekeepers

27Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

de hoje servem em situaccedilotildees de conflito ativo como no Mali ou na Repuacuteblica Centro-Africana Peacekeepers da ONU estatildeo conduzindo operaccedilotildees de combate ativo na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Em outros locais os acordos de deacutecadas atraacutes que deram origem a uma missatildeo natildeo incluem as partes que atualmente ameaccedilam ou sequestram peacekeepers como nas Colinas de Golatilde

Enquanto eacute inevitaacutevel que haja certa ambiguidade sobre os princiacutepios o uso ativo da forccedila para proteger civis soacute eacute capaz de apoiar mas nunca substituir uma estrateacutegia poliacutetica63 Onde natildeo haacute uma estrateacutegia poliacutetica realista para chegar agrave paz deve haver pelo menos uma para limitar os riscos aos civis ndash se necessaacuterio um plano que inclua o apoio de forccedilas militares da ONU como na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Estas questotildees devem ser discutidas de forma honesta pelas partes interessadas nas operaccedilotildees de paz da ONU O abismo que separa as partes nestas discussotildees natildeo estaacute entre os ocidentais que apoiam o uso de mais forccedila e os opositores natildeo-ocidentais Atualmente isso acontece entre paiacuteses que contribuem com muitas tropas como Iacutendia e Paquistatildeo preocupados com o aumento dos riscos agraves suas tropas e uma coalisatildeo mais intervencionista de paiacuteses africanos e europeus ocidentais64

A Tomada de Decisotildees sobre Accedilotildees MilitaresO atual sistema de seguranccedila coletiva que tem o Conselho de Seguranccedila na ONU como peccedila central natildeo estaacute agrave altura da tarefa de prover proteccedilatildeo efetiva e responsaacutevel O Conselho eacute incapaz de agir de forma efetiva quando alguns interesses geopoliacuteticos colidem como no caso da Siacuteria Mas ele fracassa ateacute mesmo em situaccedilotildees em que o abuso do argumento humanitaacuterio natildeo estaacute na pauta e os interesses de membros-chave do Conselho estatildeo alinhados ndash como no caso da Repuacuteblica Centro-Africana ou do Sudatildeo do Sul Um Conselho que tem o poder de estabelecer mandatos mobilizar proteccedilatildeo efetiva e limitar o medo do uso abusivo de argumentos humanitaacuterios precisaria ouvir os maiores atores poliacuteticos do mundo moderno os paiacuteses que contribuem com tropas e os financiadores

Tanto a composiccedilatildeo quanto os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila da ONU refletem a ordem mundial dos anos 1940 A fim de manter a credibilidade do sistema de seguranccedila coletiva restaurar a legitimidade do Conselho de Seguranccedila eacute uma questatildeo urgente e de interesse dos cinco membros permanentes Todavia mesmo estando bem fundadas em termos de justiccedila global e em prospectos de longo prazo para a governanccedila global as propostas jaacute existentes para uma expansatildeo do Conselho ou um papel mais proeminente da Assembleia Geral em assuntos de seguranccedila provavelmente natildeo contribuiratildeo para uma proteccedilatildeo mais efetiva contra crimes de atrocidade

Visando o 70o aniversaacuterio da ONU neste ano nossas sugestotildees datildeo ecircnfase agraves mudanccedilas procedimentais e natildeo estruturais do Conselho de Seguranccedila

28Global Public Policy Institute (GPPi)

Os cinco membros permanentes do Conselho de Seguranccedila deveriam dar mais apoio a processos decisoacuterios inclusivos dentro do Conselho e abrir canais informais de consulta sobre mandatos estrateacutegias e operaccedilotildees para todas as partes cruciais em especial potecircncias regionais e grandes colaboradores de pessoal Os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila na ONU limitam severamente seu senso de imparcialidade perante os olhos do mundo Na maioria das crises na Aacutefrica o chamado ldquopenholderrdquo ndash isto eacute o paiacutes responsaacutevel pelo rascunho das resoluccedilotildees do Conselho ndash eacute o antigo Estado colonizador ou os Estados Unidos65 Mesmo sendo uacutetil por dar uma continuidade ao longo dos anos esta organizaccedilatildeo e as relaccedilotildees internas resultantes entre os membros permanentes efetivamente excluem os membros natildeo-permanentes da maior parte das negociaccedilotildees informais onde as decisotildees mais importantes satildeo tomadas

Para que haja uma forma menos exclusiva de tomar decisotildees o precisaria de atores adicionais tanto dentro quanto fora das regiotildees relevantes para desenvolver as capacidades analiacutetica e poliacutetica de cogerenciar de forma construtiva o engajamento do Conselho e as operaccedilotildees de paz ao inveacutes de soacute defender seus proacuteprios interesses Os Estados membros e as organizaccedilotildees da sociedade civil tambeacutem devem continuar as discussotildees sobre um coacutedigo de conduta para limitaccedilatildeo voluntaacuteria do poder de veto em situaccedilotildees de crimes de atrocidade como proposto pelo governo francecircs66

Aleacutem dos procedimentos internos os membros do Conselho devem continuar expandindo as interaccedilotildees informais com as partes relevantes incluindo paiacuteses vizinhos e aqueles que contribuem com pessoal para as operaccedilotildees de paz Isso natildeo precisa se limitar a trocas diplomaacuteticas formais a fim de aumentar a qualidade e aceitaccedilatildeo dos mandatos de peacekeeping os paiacuteses responsaacuteveis pelo rascunho do mandato poderiam incluir a colaboraccedilatildeo de especialistas dos paiacuteses que contribuem com grande nuacutemero de tropas ou de policiais como por exemplo antigos comandantes de tropa ou chefes de poliacutecia67

Atores com credibilidade para fazer conexotildees no debate polarizado sobre intervenccedilatildeo militar devem facilitar os esforccedilos informais para desenvolver um sistema de monitoramento e informaccedilatildeo mais rigoroso para Estados que aderirem agraves missotildees com mandatos da ONUO conceito de Responsabilidade ao Proteger (RwP na sigla em inglecircs) eacute uma das iniciativas mais promissoras para lidar com os desacordos globais sobre o uso abusivo da Responsabilidade de Proteger Quando apresentado pelo Brasil no final de 2011 tal conceito ofereceu uma oportunidade de debate sobre o que poderia ser proteccedilatildeo efetiva e qual deveria ser o papel do uso da forccedila nessa proteccedilatildeo apoacutes a intervenccedilatildeo na Liacutebia quando essas discussotildees estavam extremamente polarizadas68 Apoacutes essa experiecircncia eacute muito improvaacutevel que o Conselho de Seguranccedila futuramente aprove uma resoluccedilatildeo autorizando o uso de forccedilas externas para a proteccedilatildeo com termos tatildeo amplos Com isso a implementaccedilatildeo de algumas ideias da proposta do RwP eacute de interesse de todos os Estados que acreditam que a forccedila deve ser uma ferramenta de uacuteltimo caso disponiacutevel

29Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

agrave comunidade internacional Discussotildees mais profundas satildeo necessaacuterias sobre os criteacuterios e condiccedilotildees considerados para que o Conselho use a forccedila para proteger populaccedilotildees Mesmo que a discussatildeo sobre criteacuterios para o uso da forccedila seja tatildeo antiga quanto a discussatildeo sobre intervenccedilatildeo humanitaacuteria69 todos os Estados membros se beneficiariam de um debate aberto sobre os sucessos e fracassos do uso da forccedila no passado e suas implicaccedilotildees no futuro como supracitado Outra questatildeo mais praacutetica diz respeito a como aumentar a habilidade do Conselho de monitorar aqueles que aderem e executam suas decisotildees Uma sugestatildeo concreta seria adotar elementos do sistema de peacekeeping como relatoacuterios e reuniotildees instrutivas regulares sobre a situaccedilatildeo das delegaccedilotildees para o uso da forccedila por terceiros As resoluccedilotildees poderiam incluir expliacutecitas claacuteusulas de caducidade que obrigariam a aprovaccedilatildeo da extensatildeo do mandato pelo Conselho de Seguranccedila e requerimentos de relatoacuterio regulares e especiacuteficos por parte daqueles Estados membros que aderirem e executarem as decisotildees do oacutergatildeo70 Outra sugestatildeo seria a criaccedilatildeo de mecanismos de responsabilizaccedilatildeo e monitoramento ao criar paineacuteis de especialistas quando os mandatos do Conselho incluiacuterem o uso da forccedila conforme modelo dos comitecircs de sanccedilotildees da ONU Relatoacuterios de comitecircs independentes como esses podem dar origem a uma praacutetica-padratildeo e contribuir para a melhora da qualidade nas decisotildees do Conselho ao longo do tempo seja antes durante ou depois das operaccedilotildees militares71

Potecircncias emergentes e jaacute estabelecidas podem fazer sua parte no avanccedilo das discussotildees sobre as questotildees colocadas pelo RwP Tanto a iniciativa oficial do Brasil quanto a ideia de ldquoProteccedilatildeo Responsaacutevelrdquo colocada por um reconhecido especialista chinecircs72 poderiam ser pontos de partida para discussotildees mais especiacuteficas e operacionais tanto entre os BRICS quanto entre os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila73 Ao inveacutes de rejeitar tais conceitos como sendo ataques agrave Responsabilidade de Proteger as potecircncias ocidentais deveriam ver essas iniciativas como uma oportunidade para um debate construtivo sobre como proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade74

Inserindo a Reflexatildeo e o Aprendizado Constantes em cada Ferramenta PoliacuteticaAinda que haja muita experiecircncia estabelecida com fracassos terriacuteveis e os poucos sucessos qualificados natildeo haacute uma base de conhecimento confiaacutevel sobre como proteger pessoas contra crimes de atrocidade Em geral governos e organizaccedilotildees internacionais continuam tratando cada crise como sendo uacutenica dando pouca atenccedilatildeo agrave reflexatildeo contiacutenua ao aprendizado e agrave adaptaccedilatildeo das poliacuteticas conforme as situaccedilotildees evoluem Os acadecircmicos jaacute aprenderam bem mais sobre o que natildeo funciona em algumas condiccedilotildees do que sobre o que poderia melhorar ndash por um lado porque cada intervenccedilatildeo poliacutetica acontece com contexto proacuteprio e por outro porque resultam de incentivos acadecircmicos e dificuldades de acesso a dados

30Global Public Policy Institute (GPPi)

Governos organizaccedilotildees internacionais sociedade civil e acadecircmicos precisam projetar poliacuteticas que sejam mais adaptaacuteveis ao conhecimento em evoluccedilatildeo e agrave avaliaccedilatildeo de riscos com base em oportunidades internas para reflexatildeo e aprendizado contiacutenuos e colaborativosEnquanto ainda haacute urgecircncia para que medidas sejam tomadas agir de forma responsaacutevel perante tanta incerteza pede que sejamos menos confiantes em nossa habilidade de determinar a melhor poliacutetica possiacutevel para cada situaccedilatildeo Poliacuteticos ativistas e intelectuais devem ser honestos consigo mesmos e transparentes com aqueles que mais sofrem com os impactos dessas poliacuteticas Natildeo haacute soluccedilotildees que tenham sido testadas e comprovadas Tudo que podemos fazer eacute tentar identificar a forma mais responsaacutevel de desenvolver cada caso enquanto nos mantemos preparados e prontos para reagir rapidamente a mudanccedilas e melhorar nossa gama de poliacuteticas instrumentais Este processo experimental de decisatildeo poliacutetica precisa ser constantemente monitorado e avaliado de forma autocriacutetica tanto interna quanto externamente atraveacutes do diaacutelogo franco e honesto entre profissionais sociedades e especialistas externos em todos os niacuteveis desde o monitoramento e avaliaccedilatildeo ateacute os debates mais amplos de poliacutetica puacuteblica sobre a eficaacutecia da forccedila militar e da diplomacia coercitiva na prevenccedilatildeo e resposta a crimes de atrocidade

31Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

1 Como a Genocide Prevention Task Force em um painel fechado de alto-niacutevel nos Estados Unidos apropriadamente argumentou em 2008 Genocide Prevention Task Force lsquoPreventing Genocide A Blueprint for US Policymakersrsquo (Washington DC The American Academy of Diplomacy US Holocaust Memorial Museum US Institute for Peace 2008) Veja tambeacutem Ruben Reike Serena Sharma e Jennifer Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo (Australian Civil-Military Centre e Oxford Institute for Ethics Law and Armed Conflict 2013) 6ff

2 Michael Ignatieff lsquoThe Libya Case a Teachable Momentrsquo Suddeutsche Zeitung Special Supplement http wwwamericanacademydesitesdefaultfilesuploadMSC202012pdf 3 de fevereiro de 2012 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 David Bosco lsquoAbstention Games on the Security Councilrsquo Foreign Policy httpforeignpolicy com20110317abstention-games-on-the-security-council 17 de marccedilo de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

3 Kofi A Annan lsquoTwo Concepts of Sovereigntyrsquo The Economist httpwwweconomistcomnode324795 16 de setembro de 1999 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

4 Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Conflict Security and Development 144 2014 Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

5 Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

6 Rosa Brooks lsquoThe UN Security Council and Civilian Protectionrsquo in Jared Genser e Bruno Ugarte eds The UN Security Council in the Age of Human Rights (New York Cambridge University Press 2013) 12 Sobre a base global para as normas de proteccedilatildeo veja Charles Sampford lsquoA Tale of Two Normsrsquo em Angus Francis Vesselin Popovski e Charles Sampford eds Norms of Protection Responsibility to Protect Protection of Civilians and Their Interaction (United Nations University Press 2012) Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

7 Para uma visatildeo geral do posicionamento do Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia e Aacutefrica do Sul sobre R2P veja os artigos na ediccedilatildeo especial de Conflict Security and Development Brockmeier Kurtz e Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Jaganathan e Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Julian Junk lsquoThe Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Xymena Kurowska lsquoMultipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Lui Tiewa e Zhang Haibin lsquoDebates in China About the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessmentrsquo Conflict Security and Development 2014 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Verhoeven Murthy e Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang Reinicke lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo ediccedilatildeo especial (144) de Conflict Security and Development (London Taylor amp Francis 2014)

8 CSR Murthy e Gerrit Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo Global Society em revisatildeo

9 Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo Global Society em revisatildeo Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo Global Society em revisatildeo

10 Judi Atkins Justifying New Labour Policy (Houndmills Basingstoke Hampshire New York Palgrave Macmillan 2011) 163 Veja por exemplo Stuenkel e Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Erna Burai lsquoParody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian Warrsquo Global Society em revisatildeo

Notas

32Global Public Policy Institute (GPPi)

11 Roland Paris lsquoThe ldquoResponsibility to Protectrdquo and the Structural Problems of Preventive Humanitarian Interventionrsquo International Peacekeeping 215 2014 4

12 Ramesh Thakur lsquoR2Prsquos ldquoStructuralrdquo Problems A Response to Roland Parisrsquo International Peacekeeping 2015 5

13 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

14 Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo Global Society em revisatildeo

15 Julian Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo Global Society em revisatildeo Julian Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo Global Society em revisatildeo

16 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

17 Erna Burai lsquoAfrican Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Groundrsquo Global Society em revisatildeo

18 Ambos os debates em torno das propostas brasileiras de Responsabilidade ao Proteger e o Diaacutelogo Interativo Informal da Assembleia Geral sobre Responsabilidade de Proteger e ldquoAccedilatildeo oportuna e decisivardquo em 2012 constituiacuteram tentativas de defensores de R2P se envolverem em discussotildees sobre o uso da forccedila e R2P Para acessar uma coleccedilatildeo de discursos durante a Assembleia Geral de 2012 veja httpwwwglobalr2porgresources278

19 Sarah Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo em Mary Kaldor e Iavor Rangelov eds The Handbook of Global Security Policy (Chichester West Sussex Wiley Blackwell 2014) 225

20 Alastair Iain Johnston lsquoThinking About Strategic Culturersquo International Security 194 1995 46

21 Pessimismo sobre a eficaacutecia da forccedila no entanto natildeo eacute o mesmo de promover a natildeo-violecircncia Alguns dos maiores defensores do ceticismo em relaccedilatildeo agraves forccedilas militares para proteccedilatildeo frequentemente recorrem a forccedilas militares ou quase militares no acircmbito domeacutestico

22 Otto Bakkano lsquoAU Pushes for Ceasefire Political Solution in Libyarsquo Mail amp Guardian httpmgcoza article2011-05-26-au-pushes-for-ceasefire-political-solution-in-libya 26 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Guido Westerwelle lsquoBundesminister Westerwelle Statement vom 25032011 zu Syrien Jemen Israel und dem Gaza-Streifen Sowie Libyenrsquo Auswartiges Amt httpwwwbrasildiplodeVertretung brasiliende07__AussenpolitikReden_20des_20Au_C3_9FenministersStatemente_20Syrienhtml 25 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

23 Barack Obama David Cameron e Nicolas Sarkozy lsquoLibyarsquos Pathway to Peacersquo The International Herald Tribune httpwwwnytimescom20110415opinion15iht-edlibya15html 15 de abril de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Reuters lsquoKerry Insists No Place for Assad in Syriarsquos Futurersquo Reuters httpwwwreuters comarticle20140117us-syria-crisis-kerry-idUSBREA0G14A20140117 17 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

24 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

25 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

26 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

27 Kersti Larsdotter lsquoExploring the Utility of Armed Force in Peace Operations German and British Approaches in Northern Afghanistanrsquo Small Wars and Insurgencies 193 2008 Taylor B Seybolt Humanitarian Military Intervention The Conditions for Success and Failure (Oxford Oxford University Press 2008) Rupert Smith The Utility of Force The Art of War in the Modern World (London Allen Lane 2005) Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

28 UN Department of Peacekeeping Operations e UN Department of Field Support lsquoOperational Concept on the Protection of Civilians in United Nations Peacekeeping Operationsrsquo (New York 2010) Sarah Sewall Dwight Raymond e Sally Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook (Cambridge MA Harvard Kennedy School 2010)

29 Harry Verhoeven documenta o exemplo de um diplomata chinecircs que ldquopensava que o Ocidente tinha inventado os Janjaweed [miliacutecias proacute- governo em Darfur] como uma desculpa para intervir Mas eles eram de verdade e matavam pessoasrdquo Harry Verhoeven lsquoIs Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa Is Changing Chinarsquo The Washington Quarterly 372 2014 64

33Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

30 BS Chimni lsquoFor Epistemological and Prudent Internationalismrsquo Harvard Law School Human Rights Journal novembro 2012 Greg Simons lsquoThe International Crisis Group and the Manufacturing and Communicating of Crisesrsquo Third World Quarterly 354 2014 Ramesh Thakur lsquoIs the United Nations Racistrsquo The Hindu httpwwwthehinducomopinionleadis-the-united-nations-racistarticle4928624ece 19 de julho de 2013 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

31 Ambassador Liu Zhenmin lsquoStatement by Ambassador Liu Zhenmin at the Plenary Session of the General Assembly on the Question of ldquoResponsibility to Protectrdquorsquo httpresponsibilitytoprotectorgStatement20 by20Ambassador20Liu20Zhenminpdf 24 de julho de 2009 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Zhang Haibin e Lui Tiewa lsquoRealizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and Thereafterrsquo Global Society em revisatildeo

32 Conversa com uma seacuterie de especialistas indianos em evento na Jawaharlal Nehru University (Nova Deacuteli Iacutendia) no dia 21 de Janeiro de 2015

33 IRIN lsquoA New Start for Crisis Reportingrsquo IRIN httpnewirinirinnewsorgpress-release 20 de novembro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34 Veja por exemplo Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoReport of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on United Nations Action in Sri Lankarsquo (New York United Nations 2012)

35 Um bom exemplo foi o briefing do Assessor Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedio para o Conselho de Seguranccedila da ONU depois de sua visita agrave Repuacuteblica Centro-Africana no dia 22 de janeiro de 2014 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoThe Statement of under Secretary-GeneralSpecial Adviser on the Prevention of Genocide Mr Adama Dieng on the Human Rights and Humanitarian Dimensions of the Crisis in the Central African Republicrsquo httpwwwunorgenpreventgenocideadviserpdfSAPG20Statement20at20UNSC20 on20the20situation20in20CAR-202220Jan202014pdf 22 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

36 Morten Bergsmo Quality Control in Fact-Finding (Florence Torkel Opsahl Academic EPublisher 2013) 210

37 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoRights up Front A Plan of Action to Strengthen the UNrsquos Role in Protecting People in Crises Follow-up to the Report of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on UN Action in Sri Lankarsquo (New York 2013)

38 Veja tambeacutem futura publicaccedilatildeo do GPPi Gerrit Kurtz lsquoA New Tool for Civilian Protection - the Human Rights up Front Initiative of the United Nationsrsquo GPPi Policy Brief futura publicaccedilatildeo

39 Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo

40 Jose Ramos-Horta lsquoIndia Right in Asking for More Say in Peacekeeping Operations-Related Decisions Top UN Panel Chiefrsquo Hindustan Times httpwwwhindustantimescomindia-newsindia-right-in-asking- for-more-say-in-peacekeeping-operations-related-decisions-top-un-panel-chiefarticle1-1314354aspx 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 13 de marccedilo de 2015

41 Thomas Biersteker et al lsquoThe Effectiveness of UN Targeted Sanctions - Findings from the Targeted Sanctions Consortium (TSC)rsquo The Graduate Institute Geneva 2013

42 Kirsten Ainley lsquoThe Responsibility to Protect and the International Criminal Court Counteracting the Crisisrsquo International Affairs 911 2015

43 Para distinccedilatildeo entre atividades ldquosistecircmicasrdquo e ldquodirecionadasrdquo veja Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

44 Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo Global Society em revisatildeo

45 Verhoeven e Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo 8 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann lsquoSchutz und Verantwortung Uber die US- Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltatenrsquo (2013)

46 Mike Brand lsquoEmploying lsquoPreventionrsquo to Prevent Mass Atrocitiesrsquo Saferworld httpwwwsaferworldorguk news-and-viewscomment123-employing-apreventiona-to-prevent-mass-atrocities 25 de fevereiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Warren Strobel e Louis Charbonneau lsquoUS Was Slow to Lose Patience as South Sudan Unraveledrsquo Reuters 14 de janeiro de 2014

47 Adam Lupel lsquoUN Adviser on Prevention of Genocide ldquoWe Have to Make Sure the Security Council Actsrdquorsquo httptheglobalobservatoryorg201404un-adviser-on-prevention-of-genocide-we-have-to-make-sure- security-council-acts 28 de abril de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34Global Public Policy Institute (GPPi)

48 Office for the Coordination of Humanitarian Affairs lsquoHumanitarian Bulletin Syriarsquo Humanitarian Bulletin Issue 53 httpreliefwebintsitesreliefwebintfilesresourcesBulletin_no_53_17032015_final_01pdf 1 de fevereiro - 18 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

49 Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

50 Human Rights Watch lsquoGermany QampA on Trial of Two Rwandan Rebel Leadersrsquo httpwwwhrworgde news20110502germany-qa-trial-two-rwandan-rebel-leaders 2 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 23 de marccedilo de 2015

51 Eric Lichtblau lsquoUS Seeks to Deport Bosnians over War Crimesrsquo New York worldus-seeks-to-deport-bosnians-over- Times httpwwwnytimescom20150301war-crimeshtml 28 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

52 Para um argumento similar observando o envolvimento internacional com a Liacutebia em 2015 veja International Crisis Group lsquoLibya Getting Geneva Rightrsquo International Crisis Group Middle East and North Africa Report Nr 157 2015

53 Kurtz e Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo

54 Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo

55 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

56 Alex J Bellamy e Charles T Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo (Asia- Pacific Centre for the Responsibility to Protect 2010) Alex J Bellamy The Responsibility to Protect A Defense (Oxford Oxford University Press 2014)

57 Ashley Jackson lsquoProtecting Civilians The Gap between Norms and Practicersquo (Humanitarian Policy Group 2014)

58 Isso jaacute foi escrito em 2009 no relatoacuterio ldquoNew Horizonrdquo do DPKO ldquoO descompasso entre expectativas e capacidade de promover proteccedilatildeo abrangente criou um significante desafio de credibilidade para as operaccedilotildees de paz da ONUrdquo Department of Peacekeeping Operations lsquoA New Partnership Agenda Charting a New Horizon for UN Peacekeepingrsquo (New York 2009) 20

59 Compare United Nations lsquoFinal Report of the Expert Panel on Technology and Innovation in UN Peacekeepingrsquo httpwwwperformancepeacekeepingorgofflinedownloadpdf 22 de dezembro de 2014

60 Compare United States Mission to the United Nations lsquoRemarks on Peacekeeping in Brussels by Samantha Power US Permanent Representative to the United Nationsrsquo httpusunstategovbriefing statements238660htm 9 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

61 Bellamy and Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo 23-24 Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

62 Isso poderia se basear no Mass Atrocities Response Operations project do US Armyrsquos Peacekeeping and Stability Operations Institute e do Harvard Kennedy Schoolrsquos Carr Center for Human Rights Veja Sewall Raymond e Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook

63 Mats Berdal e David H Ucko lsquoThe United Nations and the Use of Force Between Promise and Perilrsquo Journal of Strategic Studies 375 2014

64 Veja tambeacutem os resultados de um projeto do SIPRI sobre o futuro das operaccedilotildees de paz Jair van der Lijn e Xenia Avezov lsquoThe Future Peace Operations Landscape - Voices from Stakeholders around the Globe - Final Report of the New Geopolitics of Peace Operations Initiativersquo Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) janeiro de 2015

65 Security Council Report lsquoChairs of Subsidiary Bodies and Penholders for 2015rsquo httpwwwsecuritycouncilreportorgmonthly-forecast2015-02chairs_of_subsidiary_bodies_and_penholders_ for_2015php 30 de janeiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

66 Gareth Evans lsquoLimiting the Security Council Vetorsquo Project Syndicate httpwwwproject-syndicateorg commentarysecurity-council-veto-limit-by-gareth-evans-2015-02 4 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Kofi Annan e Gro Harlem Brundtland lsquoFour Ideas for a Stronger UNrsquo The New York Times httpwwwnytimescom20150207opinionkofi-annan-gro-harlem-bruntland-four-ideas-for-a-stronger- unhtml_r=0 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

67 Conversa com ex-comandantes militares Nova Deacuteli janeiro de 2015

68 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

35Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

69 Ibid Murthy e Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo

70 Compare tambeacutem com Bellamy The Responsibility to Protect A Defense 200

71 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

72 Ruan Zongze lsquo阮宗泽中国应倡导ldquo负责任的保护rdquo- ( China deveria defender a Proteccedilatildeo Responsaacutevel)rsquo Global Times (ediccedilatildeo chinesa) httpopinionhuanqiucom11522012-032501163html uacuteltimo acesso em 7 de marccedilo de 2012

73 Andrew Garwood-Gowers lsquoChinarsquos ldquoResponsible Protectionrdquo Concept Re-Interpreting the Responsibility to Protect (R2P) and Military Intervention for Humanitarian Purposesrsquo Asian Journal of International Law disponiacutevel em CJO2015 2015

74 Thorsten Benner lsquoBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiativersquo GPPi Working Paper Series 2013

36Global Public Policy Institute (GPPi)

Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang 4 n 4 2014) A ediccedilatildeo especial conteacutem os seguintes artigos todos disponiacuteveis gratuitamente online Introduction Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier

Regulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protect por Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

Debates in China about the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessment por Liu Tiewa e Zhang Haibin

Emerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protect por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk

Singing the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protect por Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz

Multipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protect por Xymena Kurowska

ldquoOur Identity is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Intervention por Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira

The Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protect por Julian Junk

Em breve laccedilaremos uma ediccedilatildeo especial na Global Society os seguintes artigos que estatildeo atualmente em processo de revisatildeo To Intervene in Darfur or Not Re-examining the R2P Debate and its Impacts por Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira

International Responsibility as Solidarity the Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectory por CSR Murthy e Gerrit Kurtz

Bringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenya por Julian Junk

Testing Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2P por Julian Junk

Parody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian War por Erna Burai

Protection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009 por Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan

Realizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and thereafter por Zhang Haibin e Liu Tiewa

The Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protection por Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

African Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Ground por Erna Burai

Responsibility While Protecting and the Ethics of R2P Implementation por Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier

Outras publicaccedilotildees relacionadasBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiative por Thorsten Benner Seacuterie de Working Papers do GPPi 2013

O Brasil como um Empreendedor Normativo a Responsabilidade ao Proteger por Thorsten Benner Politica Externa v 21 n 4 2013 p 35-46

Germany and the Intervention in Libya por Sarah Brockmeier Survival Global Politics and Strategy v55 n6 2013 p 63ndash90

Schutz und Verantwortung Uber die US-Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltaten por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann Heinrich Boll Foundation June 2013

Internationale Schutzverantwortung - Normative Erwartungen und Politische Praxis por Christopher Daase e Julian Junk (orgs) Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n 1-2 2013

Die Legalisierung der Legitimitat ndash Zur Kritik der Schutzverantwortung als Emerging Norm por Christopher Daase Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n1-2 2013 p 41-62

Emerging Power Exceptional State Elusive Country Explaining Indiarsquos Behavior por Madhan Mohan Jaganathan (com Amna Sunmbul) Proceedings of the International Conference on Social Sciences Chennai 2013 p 308-311

A New Tool for Civilian Protection - The Human Rights up Front Initiative of the United Nations por Gerrit Kurtz GPPi Policy Brief lanccedilamento em breve

Indiarsquos Approach to the Protection of Civilians in Armed Conflicts por CSR Murthy Norwegian Peacebuilding Resource Centre novembro de 2012

Contemporary World Order and Approaches to UN Peacekeeping A South Asian Perspective por CSR Murthy Friedrich Ebert Foundation dezembro de 2012

India-Brazil-South Africa Dialogue Forum (IBSA) The Rise of the Global South por Oliver Stuenkel Routledge Global Institutions 2014

The BRICS and the Future of Global Order por Oliver Stuenkel Lexington Press 2015

The BRICS and the Future of R2P Was Syria or Libya the Exception por Oliver Stuenkel Global Responsibility to Protect v6 n 1 2014 p 3-28

China and Responsibility to Protect Maintenance and Change of its Policy for Intervention por Liu Tiewa The Pacific Review v 25 v1 2012 p 153-173

Is China Like the Other Permanent Members Governmental and Academic Debates about RtoP by Liu Tiewa in Moacutenica Serrano e Thomas G Weiss (orgs) Rallying to the RtoP Cause The International Politics of Human Rights Routledge 2014 p 148-170

Chinese Strategic Culture and the Use of Force Moral and Political Perspectives por Liu Tiewa Journal of Contemporary China v23 n87 2014 p 556-574

Is Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa is Changing China por Harry Verhoeven The Washington Quarterly vol37 n2 2014 p 55-70

Publicaccedilotildees Selecionadas

37Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

AutoresThorsten BennerGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Sarah Brockmeier Global Public Policy InstituteBerlin Germany

Erna BuraiCentral European UniversityBudapest Hungary

CSR MurthyJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Christopher DaasePeace Research InstituteFrankfurt Germany

J Madhan MohanJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Julian JunkPeace Research InstituteFrankfurt Germany

Xymena KurowskaCentral European UniversityBudapest Hungary

Gerrit KurtzGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Liu TiewaPeking University China

Wolfgang ReinickeGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Philipp RotmannGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Ricardo Soares de OliveiraOxford UniversityUnited Kingdom

Matias SpektorFundaccedilatildeo Getulio VargasRio de Janeiro Brazil

Oliver StuenkelFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Marcos TourinhoFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Harry VerhoevenOxford UniversityUnited Kingdom

Zhang HaibinPeking UniversityChina

Global Public Policy Institute (GPPi)Reinhardtstr 7 10117 Berlin GermanyPhone +49 30 275 959 75-0Fax +49 30 275 959 75-99gppigppinet

gppinetglobalnormsnet

12Global Public Policy Institute (GPPi)

Cuacutepula Mundial diversas perspectivas que vatildeo aleacutem dessas dicotomias estereotipadas contestaram e contribuiacuteram para a formulaccedilatildeo final do R2P no documento oficial da Cuacutepula 8

Eacute escasso o grupo de governos que se opotildee categoricamente a um papel internacional na proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade independentemente das circunstacircncias Alguns satildeo responsaacuteveis por tais crimes Outros interpretam tudo como parte de uma conspiraccedilatildeo imperialista das grandes potecircncias especialmente dos Estados Unidos As preocupaccedilotildees desses atores natildeo podem ou devem ser levadas em consideraccedilatildeo

O que Ainda eacute Discutiacutevel Como Proteger de Forma Responsaacutevel e EfetivaHaacute um grande grupo de moderados defensores da proteccedilatildeo e ceacuteticos da intervenccedilatildeo cujas preocupaccedilotildees certamente precisam ser levadas em conta de forma mais seacuteria perante os repetidos fracassos e abusos de poder Eles ndash governos de Brasil Iacutendia Aacutefrica do Sul China e Alemanha aleacutem de ativistas especialistas acadecircmicos e alguns tomadores de decisatildeo nos Estados Unidos Reino Unido e Franccedila ndash levantam questotildees legiacutetimas sobre por exemplo como o mundo pode melhorar a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade de forma tanto efetiva quanto responsaacutevel

De diversas formas a saliecircncia emocional e poliacutetica da disputa sobre a natildeo-intervenccedilatildeo haacute muito dificultou estes debates cruciais sobre os resultados praacuteticos da proteccedilatildeo Na maior parte do tempo argumentos sobre as questotildees praacuteticas satildeo feitas ou interpretadas como sendo de maacute-feacute A Liacutebia eacute um desses casos em questatildeo Brasil Iacutendia e Aacutefrica do Sul natildeo criticaram veementemente a intervenccedilatildeo militar de 2011 porque estavam preocupados com violaccedilotildees agrave soberania da Liacutebia ou porque se opunham ao papel internacional na proteccedilatildeo de civis contra atrocidades iminentes em Bengazi Pelo contraacuterio tais paiacuteses reclamaram do abuso de um mandato do Conselho de Seguranccedila de fins poliacuteticos ao inveacutes de proteccedilatildeo ndash neste caso tratava-se de uma mudanccedila no regime com provaacuteveis implicaccedilotildees praacuteticas de um colapso estatal que por sua vez resultaria em riscos adicionais agrave populaccedilatildeo Estes criacuteticos ainda tecircm que combinar a sua retoacuterica de exigir mais e melhor proteccedilatildeo por intermeacutedio de investimentos em ideias e capacidades para fazecirc-la conforme seja necessaacuterio Contudo isso natildeo torna seus argumentos menos vaacutelidos

Haacute uma distinccedilatildeo criacutetica entre dois tipos de situaccedilotildees de atrocidades que dependem do tipo de perpetrador O consenso internacional para agir contra perpetradores natildeo-Estatais mesmo se ligados a forccedilas estatais eacute mais faacutecil de obter do que uma accedilatildeo contra agentes estatais Mesmo que o consentimento governamental de confrontar grupos natildeo-Estatais seja frequentemente incerto e inconsistente como no caso da RDC haacute pouca preocupaccedilatildeo com a soberania desses regimes fracos O debate-chave nesses casos eacute sobre como efetivamente proteger pessoas contra crimes de atrocidade natildeo somente por meio de instrumentos militares mas com maior frequecircncia com o uso de ferramentas civis Isso jaacute eacute bastante desafiador Ainda mais difiacuteceis satildeo os casos em que as forccedilas estatais estatildeo entre os principais perpetradores Nestas situaccedilotildees como na Liacutebia em 2011 e posteriormente na Siacuteria a preocupaccedilatildeo global central com instrumentos coercitivos (de sanccedilotildees a intervenccedilotildees militares) estaacute relacionada ao

13Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

abuso de poder para fins natildeo-humanitaacuterios e com duacutevidas sobre a sabedoria de atacar um Estado que frequentemente serve de protetor para alguns e cuja derrubada pode resultar em riscos adicionais agraves pessoas O histoacuterico mundial na reconstruccedilatildeo de Estados natildeo eacute suficientemente encorajador para rebater tais preocupaccedilotildees

Protegendo de forma responsaacutevel Salvaguardas contra o Abuso pelas Grandes PotecircnciasApoacutes o caso da Liacutebia intervenccedilotildees militares soacute seratildeo consideradas legiacutetimas se feitas de maneira que novos abusos pelas grandes potecircncias sejam prevenidos9 Nesses casos especiais em que haacute o uso da forccedila sem consentimento ainda paira a sombra do imperialismo Na maior parte do mundo ainda eacute recente a lembranccedila do abuso pelas grandes potecircncias hipocritamente encoberto de valores universais O uso de justificativas humanitaacuterias por alguns poliacuteticos britacircnicos e norte-americanos para a invasatildeo do Iraque em 2003 soacute aprofundou estas preocupaccedilotildees com ldquointervenccedilotildees humanitaacuteriasrdquo assim como o uso de argumentos similares pelos russos para justificar a invasatildeo da Geoacutergia em 2008 e da Ucracircnia em 201410 Este senso de hipocrisia daacute origem a uma das principais razotildees para desconfianccedila sobre o R2P desde que o conceito foi criado

Intervenccedilotildees legiacutetimas natildeo requerem um padratildeo irrealista de consistecircncia ou de motivos puramente altruiacutesticos A proteccedilatildeo requer recursos e aceitaccedilatildeo de riscos e na poliacutetica internacional a inconsistecircncia eacute a regra e natildeo a exceccedilatildeo Estados que fornecem as capacidades e assumem os riscos de proteger na maioria dos casos estaratildeo motivados por mais do que puro altruiacutesmo e suas motivaccedilotildees ndash que comeccedilam pela mobilizaccedilatildeo de seus constituintes ndash variam conforme a situaccedilatildeo Tanto os problemas dos ldquomotivos justosrdquo quanto o de ldquoseletividaderdquo levam corretamente a anaacutelises mais minuciosas do uso da forccedila11 ainda que nenhum destes fatores esteja limitado a intervenccedilotildees de proteccedilatildeo e tratem em geral da coerccedilatildeo no atual sistema internacional12 Mesmo que sejam normativamente relevantes e retoricamente uacuteteis para opor intervenccedilotildees particulares tais argumentos natildeo evitam que a maior parte dos atores internacionais apoie uma intervenccedilatildeo aceita como necessaacuteria e possivelmente efetiva Como ilustrado pelo caso da Liacutebia extrapolou-se o limite quando motivos incompatiacuteveis ndash a remoccedilatildeo forccedilosa de Gaddafi e seu regime sem uma loacutegica convincente relacionada agrave proteccedilatildeo ndash foram vistos como superiores agraves preocupaccedilotildees com proteccedilatildeo13

Protegendo de Forma Efetiva O Que Funciona na Praacutetica

A proteccedilatildeo efetiva natildeo eacute mais faacutecil de garantir do que proteccedilatildeo responsaacutevel Enquanto os casos de sucesso foram poucos e limitados tentativas de engajamento pressotildees e intervenccedilotildees militares frequentemente falharam em proteger ou contribuiacuteram com novas ameaccedilas agraves populaccedilotildees Policymakers e acadecircmicos em todo o mundo admitem que sabem muito pouco sobre a proteccedilatildeo efetiva de pessoas contra crimes de atrocidade Para se avanccedilar nessa finalidade faz-se necessaacuterio tanto desenvolver instrumentos poliacuteticos quanto avaliar riscos e tentar identificar o menor de muitos males em vaacuterias situaccedilotildees diversas e particulares O que seraacute efetivamente necessaacuterio e provaacutevel de

14Global Public Policy Institute (GPPi)

obter sucesso estaacute aberto a debate e a desafios em cada caso e natildeo somente quando haacute o uso da forccedila

Uma anaacutelise dos casos que estudamos mostra as incertezas e ambiguidades envolvidas no processo decisoacuterio da proteccedilatildeo Como no caso do Sudatildeo um processo do Tribunal Penal Internacional contra um chefe de Estado contribuiu para o objetivo da proteccedilatildeo 14A proteccedilatildeo eacute aumentada ou dificultada quando uma crise eacute publicamente rotulada como ldquosituaccedilatildeo de R2Prdquo como no Quecircnia ou em Mianmar15 Se o Estado for um perpetrador de crimes de atrocidade haacute algum caso em que a forccedila militar pode ser usada contra ele sem a intenccedilatildeo de mudar o regime ou sem levar o paiacutes ao caos como na Liacutebia16 Quando e como os peacekeepers da ONU devem tomar partido nos conflitos17

Haacute duacutevidas justificaacuteveis sobre as opccedilotildees de poliacuteticas disponiacuteveis e seus riscos Se comparado aos consideraacuteveis esforccedilos para promover o R2P como princiacutepio muito pouco estaacute voltado para descobrir e avaliar tais escolhas difiacuteceis a fim de colocar a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade em praacutetica

A Controveacutersia Mais Profunda a Forccedila Pode ProtegerEnquanto governos ativistas na sociedade civil e representantes da ONU que trabalham com R2P haacute muito tempo tendem a enfatizar taticamente as aacutereas consensuais a maior controveacutersia internacional se refere agrave intervenccedilatildeo militar e ao uso da forccedila para proteccedilatildeo Um debate mais construtivo e autocriacutetico eacute essencial para possibilitar um sistema de proteccedilatildeo mais efetivo e responsaacutevel no futuro e tal debate deve tratar da eficaacutecia do uso da forccedila na proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade suas chances de causar mais resultados positivos do que negativos e seus sucessos e fracassos no passado18 Esse debate natildeo eacute somente relevante nos casos relativamente raros de intervenccedilatildeo militar jaacute que a forccedila e a coerccedilatildeo satildeo parte de uma variedade maior de estrateacutegias de proteccedilatildeo como as sanccedilotildees e as operaccedilotildees de paz Mesmo as ferramentas puramente diplomaacuteticas ou civis satildeo frequentemente vistas como passos que podem escalar o uso da forccedila

Os debates sobre o uso da forccedila ao inveacutes de darem ecircnfase aos meacuteritos e riscos possiacuteveis das diferentes escolhas tecircm se expressado em termos de crenccedilas vagas sobre a eficaacutecia da forccedila militar ajudar a atingir os objetivos poliacuteticos Nos debates analisados encontramos um contraste notaacutevel entre as referecircncias limitadas a estudos estrateacutegicos sobre a utilidade da forccedila nos conflitos modernos e a convicccedilatildeo com a qual os governos apresentam suas opiniotildees sobre este mesmo assunto

Na ldquoausecircncia de doutrina militar e anaacutelise [para proteccedilatildeo de civis]rdquo19 como admitido por um ex-funcionaacuterio do Pentaacutegono (mesmo para o caso dos Estados Unidos) policymakers tendem a se dividir em dogmas fundamentais das suas culturas estrateacutegicas nacionais20 As comunidades estrateacutegicas de alguns paiacuteses satildeo mais otimistas de que o uso da forccedila pode obter bons resultados como forma de proteccedilatildeo a civis enquanto outros satildeo majoritariamente pessimistas e tendem a acreditar que a aplicaccedilatildeo da forccedila militar pioraria a situaccedilatildeo21

Apesar da incerteza inerente a cada crise os atores em cada lado dessa divisatildeo apresentam suas crenccedilas com firmeza frequentemente em termos de truiacutesmos ndash ldquoSoacute pode haver uma soluccedilatildeo poliacuteticardquo 22 ou ldquonatildeo haacute futuro para a Liacutebia Siacuteria com Gaddafi Assad no poderrdquo23 Esses satildeo apenas dois posicionamentos proeminentes que natildeo satildeo

15Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

capazes de reconhecer a realidade complexa de qualquer crise Dessa forma eles convidam a uma troca muacutetua de estereoacutetipos ao inveacutes de uma discussatildeo construtiva Os resultados tecircm sido previsiacuteveis reaccedilotildees antiocidentais no Sul (ldquoeles soacute querem invadir nossos paiacutesesrdquo) e anti-Sul por parte do Ocidente (ldquoeles sempre se juntam a seus colegas ditadoresrdquo) Ambas as partes tentam fazer uso do discurso de responsabilidade para justificar seus pontos de vista ldquoAssumir a responsabilidaderdquo outrora significava assumir riscos e accedilotildees militares caras ateacute que o Brasil desafiou o monopoacutelio intervencionista sobre o termo24

Este contraste entre conhecimento e convicccedilatildeo fica aparente em muitos debates nebulosos sobre peacekeeping tal como a conduccedilatildeo da crise na Costa do Marfim pela ONU em 2010-2011 mas foi mais claramente colocado em debate a forma como Estados Unidos Franccedila e Reino Unido lideraram a intervenccedilatildeo de 2011 na Liacutebia Diplomatas brasileiros experientes por exemplo questionaram a justificativa de uma accedilatildeo militar para uma mudanccedila no regime argumento que nunca foi explicitado por americanos franceses e britacircnicos Por que natildeo cessar os ataques uma vez que as ameaccedilas imediatas agrave populaccedilatildeo civil jaacute haviam sido eliminadas e as forccedilas de Gaddafi jaacute natildeo avanccedilavam mais e desta forma forccedilar todas agraves partes a negociar Que responsabilidade a coalisatildeo intervencionista assumiu pelas accedilotildees de seus aliados de fato em terra as forccedilas rebeldes liacutebias Como a coalisatildeo intervencionista equilibrou os riscos e recompensas das diferentes escolhas estrateacutegicas e por que exatamente ldquonatildeo era possiacutevel imaginar um futuro com Gaddafi no poderrdquo como argumentado por Obama Cameron e Sarkozy no jornal The New York Times25Houve questionamentos similares sobre as sugestotildees de intervenccedilatildeo militar na Siacuteria A ausecircncia de respostas convincentes provavelmente teve um papel muito importante no arquivamento de uma seacuterie de planos para intervenccedilotildees unilaterais ao longo dos anos

O que parece ser um otimismo infundado de que a forccedila seria capaz de atingir objetivos poliacuteticos daacute origem a um desconforto difundido em muitas partes do mundo e que vai aleacutem do objetivo especifico de proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade A invasatildeo do Iraque liderada pelos EUA em 2003 se desdobrou em grandes debates como um exemplo de escolha irresponsaacutevel por uma potecircncia hegemocircnica que tende a instruir outros paiacuteses sobre lideranccedila global responsaacutevel Isso tambeacutem eacute um lembrete valioso de que mesmo a maior forccedila militar do globo eacute claramente incapaz de forccedilar a construccedilatildeo efetiva de uma nova ordem poliacutetica com consequecircncias traacutegicas para milhares de pessoas natildeo soacute no Iraque

Ainda assim durante as crises na Costa do Marfim na Liacutebia em 2011 e na Repuacuteblica Centro-Africana em 2014 o Conselho de Seguranccedila estava pronto para legitimar intervenccedilotildees militares ldquoconforme cada casordquo como foi sugerido pela Cuacutepula Mundial Em cada um desses casos emergiram grandes maiorias que priorizaram a necessidade de accedilatildeo militar em relaccedilatildeo agrave ampla preocupaccedilatildeo com a manutenccedilatildeo da soberania estatal seja atraveacutes de voto a favor no Conselho de Seguranccedila de abstenccedilatildeo para permitir que resoluccedilotildees passassem (como Ruacutessia e China no caso da Liacutebia) ou de apoio financeiro militar ou poliacutetico em outros foacuteruns de discussatildeo

Eacute possiacutevel que haja uma janela de oportunidades surgindo para um debate poliacutetico mais detalhado e criacutetico sobre a eficaacutecia da forccedila militar na proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade Tais debates estatildeo tratando dos objetivos diferentes mas relacionados da luta contra insurgentes e redes terroristas Em ambos os casos haacute uma discussatildeo ponderada nos ciacuterculos militares e policiais assim como em grandes meios

16Global Public Policy Institute (GPPi)

de comunicaccedilatildeo sobre questotildees como execuccedilotildees especiacuteficas de terroristas suspeitos ou taacuteticas de contra-insurgecircncia centradas na populaccedilatildeo

Outro debate similar e criacutetico precisa ser colocado em questatildeo em relaccedilatildeo agrave forccedila e a proteccedilatildeo Ele pode ser construiacutedo a partir de uma tendecircncia recente na direccedilatildeo de mais engajamento com os resultados e meios praacuteticos do uso da forccedila militar para proteccedilatildeo Sociedades e comunidades estrateacutegicas nos EUA Reino Unido e Franccedila mostraram sinais de cansaccedilo em relaccedilatildeo a intervenccedilotildees em geral e particularmente agraves unilaterais Ao mesmo tempo alguns dos defensores mais leais da restriccedilatildeo militar reflexiva ndash como China Brasil e Alemanha ndash comeccedilaram a considerar em determinados casos argumentos a favor da accedilatildeo militar para proteccedilatildeo de civis 26Tanto defensores quanto ceacuteticos da proteccedilatildeo militar se beneficiaratildeo ao forccedilar mais nuances nesses debates Por um lado a demanda por especificidades protegeraacute contra o uso abusivo da autoridade humanitaacuteria para fins escusos Por outro mais transparecircncia ajudaraacute na defesa contra reclamaccedilotildees de abuso Esse debate deve considerar as contribuiccedilotildees acadecircmicas recentes27 mas encontraraacute ferramentas mais especiacuteficas e fundamentais em conceitos poliacuteticos estabelecidos como na doutrina da ONU para proteccedilatildeo de civis e as tentativas dos militares norte-americanos de desenvolver orientaccedilotildees conceituais para ldquooperaccedilotildees de resposta a atrocidades em massardquo28

17Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Se as principais controveacutersias globais sobre a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade envolvem (1) o medo do uso abusivo de argumentos humanitaacuterios e (2) como proteger de forma efetiva quais satildeo as opccedilotildees para melhorar as soluccedilotildees globais de proteccedilatildeo O ponto de partida deve ser o reconhecimento de que a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade como um desafio poliacutetico complexo e natildeo somente como algo paliativo enquanto tenta-se resolver um conflito poliacutetico de maiores dimensotildees Qualquer estrateacutegia de proteccedilatildeo deve ser preparada primeiramente a fim de influenciar os caacutelculos poliacuteticos e militares dos perpetradores e deve levar em consideraccedilatildeo os limites de influecircncias externas sobre eventos domeacutesticos Os atores locais tecircm o maior controle sobre a dinacircmica da violecircncia e eacute difiacutecil prever o efeito dominoacute causado pelas accedilotildees externas O foco no curto prazo do conceito de ldquoresposta raacutepida saiacuteda raacutepidardquo eacute portanto um ato irresponsaacutevel quase independente de contexto mesmo que accedilotildees raacutepidas frequentemente sejam necessaacuterias poliacuteticos ativistas jornalistas e acadecircmicos precisam prestar mais atenccedilatildeo agraves poliacuteticas de longo prazo e a seus planejamentos para que sejam adaptadas agraves mudanccedilas

Com base em nossos resultados e anaacutelise apontamos opccedilotildees poliacuteticas para governos a ONU e organizaccedilotildees regionais aleacutem da miacutedia e da sociedade civil com o intuito de melhorar a credibilidade das ferramentas existentes ao fazer com que seu uso na proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade seja menos vulneraacutevel ao abuso e tenha resultados mais efetivos Comeccedilamos com a necessidade de garantir informaccedilotildees e anaacutelises criacuteveis sobre as situaccedilotildees em que crimes de atrocidade satildeo cometidos Depois oferecemos algumas sugestotildees para o fortalecimento das ferramentas disponiacuteveis aos civis para prevenccedilatildeo e resposta a atrocidades e para que as operaccedilotildees de paz da ONU melhorem a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade Depois indicamos opccedilotildees de reforma importantes para o processo decisoacuterio coletivo sobre accedilotildees militares e terminamos enfatizando a necessidade de um aprendizado contiacutenuo e colaborativo sobre as ferramentas para prevenccedilatildeo de atrocidades

Reduzindo a Vulnerabilidade das Fontes de Informaccedilatildeo perante Acusaccedilotildees de ParcialidadeAntes mesmo de comeccedilar a considerar formas de lidar com futuras ou atuais atrocidades o mundo precisa chegar a um consenso sobre o que estaacute acontecendo em cada situaccedilatildeo Atualmente a disponibilidade de informaccedilatildeo sobre situaccedilotildees especiacuteficas de crises natildeo eacute mais o principal desafio para que accedilotildees de mobilizaccedilatildeo aconteccedilam

Opccedilotildees Poliacuteticas para Proteccedilatildeo Mais Efetiva e Responsaacutevel

18Global Public Policy Institute (GPPi)

Ainda assim acreditamos que um desafio crucial para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade eacute a acusaccedilatildeo de parcialidade sobre o tipo e a interpretaccedilatildeo das informaccedilotildees sobre atrocidades fornecidas por governos pela miacutedia ou por grupos da sociedade civil A confianccedila nos Estados dominantes e nas instituiccedilotildees internacionais encontra-se em niacuteveis tatildeo baixos que mesmo os casos de atrocidades bem documentados como o ocorrido em Darfur foram considerados por alguns como propaganda intervencionista29

Essa desconfianccedila estaacute na maior parte das vezes direcionada a fontes relacionadas ao ldquoOcidenterdquo Fontes financiadas lideradas ou com suas sedes em paiacuteses ocidentais frequentemente satildeo as mais acessiacuteveis natildeo soacute pelas elites poliacuteticas em capitais longiacutenquas mas tambeacutem por paineacuteis de especialistas e investigaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas em paiacuteses em que natildeo haacute extensiva presenccedila de campo da ONU Quando as fontes locais de informaccedilatildeo claramente natildeo satildeo criacuteveis como na Siacuteria jornalistas tecircm acesso restrito a aacutereas violentas e por algumas vezes todas as outras fontes relevantes vecircm de organizaccedilotildees com sede no Ocidente de organizaccedilotildees locais da sociedade civil que dependem de ajuda ocidental ou de financiamento externo e que tecircm uma temaacutetica antigovernamental especiacutefica ou ainda de profissionais ocidentais que trabalham para a ONU30 Por exemplo o governo chinecircs frequentemente enfatiza que a identificaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo internacional de abusos aos direitos humanos no exterior eacute excessivamente dependente de informaccedilotildees ocidentais e pediu para que houvesse sistemas de alerta precoce mais imparciais31 Especialistas indianos dizem que o desafio natildeo eacute a disponibilidade de informaccedilatildeo mas ldquoa interpretaccedilatildeo e o vieacutes que lhe eacute dadordquo32

Grupos de ativistas e a miacutedia tecircm incentivos para simplificar as narrativas e portanto eacute prudente ter um ceticismo saudaacutevel perante as acusaccedilotildees de atrocidades hediondas Ao mesmo tempo presumir que a verdade estaacute no meio-termo de todas as posiccedilotildees seria permitir que propaganda e maacute informaccedilatildeo determinassem o caminho a seguir Criticar realisticamente as fontes requer engajamento com a informaccedilatildeo em si e natildeo apenas a insinuaccedilatildeo de agendas poliacuteticas com base puramente na localizaccedilatildeo geograacutefica financiamento ou educaccedilatildeo

A fim de oferecer um debate melhor informado sobre potenciais crimes de atrocidade as empresas de comunicaccedilatildeo e filantropos principalmente em potecircncias emergentes devem investir em fontes de informaccedilatildeo e anaacutelise independentes e criacuteveis sobre conflitos e direitos humanosAs alegaccedilotildees de parcialidade (sejam a favor ou contra os governos ou outros atores) crescem quando haacute uma escassez de fontes Aqueles que criticam as fontes de informaccedilatildeo existentes satildeo os que sabem melhor qual fonte de financiamento ou de influecircncia teraacute mais credibilidade portanto eacute dever destas pessoas investir adequadamente Se haacute suspeitas sobre as fontes ocidentais de informaccedilatildeo por parte de governos e elites poliacuteticas fora do Ocidente essas podem ajudar a diversificar a base de apoio para ONGs ativistas e redes de informaccedilotildees globais jaacute existentes ou ateacute mesmo investir em plataformas alternativas de monitoramento e anaacutelise baseadas nos mais altos padrotildees de integridade jornaliacutestica Por enquanto com raras exceccedilotildees o investimento em miacutedias livres e acesso agrave informaccedilatildeo natildeo parece ser uma prioridade entre as elites empresariais emergentes mesmo em potecircncias emergentes democraacuteticas Por outro

19Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

lado agecircncias de notiacutecia estatais frequentemente tecircm dificuldade para estabelecer uma reputaccedilatildeo de integridade jornaliacutestica Satildeo raros os grandes investimentos no relato de crises humanitaacuterias tais como recentemente feito pela Fundaccedilatildeo Jynwel com sede em Hong Kong na agora independente organizaccedilatildeo de noticias IRIN33 Organizaccedilotildees de defesa podem contribuir com a reduccedilatildeo das alegaccedilotildees de parcialidade ao natildeo exporem situaccedilotildees de conflito como se fossem preto-no-branco e ao serem transparentes sobre quem as financiam e apoiam Se apresentarem uma extensa lista de notas e fontes em seus relatoacuterios como feito regularmente pelo International Crisis Group e pela Human Rights Watch eacute dever dos criacuteticos se engajar com essas fontes com base nos fatos

Fortalecer e diversificar as informaccedilotildees sobre os riscos de crimes de atrocidade em massa tambeacutem pode significar estabelecer organizaccedilotildees de sociedade civil regionais dedicadas agrave pesquisa criacutevel e confiaacutevel sobre a prevenccedilatildeo de atrocidades Se verdadeiramente baseadas em sociedades locais tais grupos teriam mais acesso a grupos nacionais e regionais de sociedade civil do que as organizaccedilotildees globais com sede em Nova York ou Genebra Consequentemente suas informaccedilotildees e argumentos mais provavelmente obteriam credibilidade poliacutetica a niacutevel global No curto prazo a massa criacutetica necessaacuteria a esses centros da sociedade civil provavelmente seraacute alcanccedilada na Europa ou na Aacutefrica mas a Ameacuterica Latina (com sua iacutempar accedilatildeo ldquoRede Latino-Americana de Prevenccedilatildeo ao Genociacutedio e Atrocidades em Massardquo a niacutevel governamental) e a Aacutesia tambeacutem podem se desenvolver rapidamente

Os Estados membros a sociedade civil e as organizaccedilotildees regionais devem melhorar as capacidades da ONU de coletar informaccedilotildees e desvendar fatos sobre desafios agrave proteccedilatildeo ao oferecer assistecircncia logiacutestica funcionaacuterios a curto-prazo e fontes locais de informaccedilatildeo Ao mesmo tempo em que organizaccedilotildees regionais satildeo cada vez mais capazes de influenciar o entendimento global sobre suas partes do mundo a sua imparcialidade eacute apenas tatildeo criacutevel quanto a das potecircncias regionais que lideram as suas deliberaccedilotildees As Naccedilotildees Unidas natildeo podem entretanto sempre responder sozinhas agraves demandas por informaccedilotildees imparciais e criacuteveis sobre riscos de atrocidade Os mecanismos das Naccedilotildees Unidas frequentemente dependem tanto de fontes governamentais e privadas devido agrave necessidade de agir rapidamente quanto sofrem com a falta de acesso proacuteprio e independente aos locais de risco Aleacutem disso a ONU tambeacutem jaacute esteve sujeita agrave autocensura e foi forccedilada a romper compromissos poliacuteticos34

Todos os Estados membros da ONU precisam fortalecer os mecanismos de coleta de informaccedilatildeo da instituiccedilatildeo suas comissotildees de inqueacuterito e outros oacutergatildeos correlatos Por exemplo sempre que uma violecircncia em massa comeccedila conforme definido pelo Secretaacuterio Geral a ONU deveraacute enviar uma missatildeo para desvendar os fatos a fim de informar melhor as discussotildees no Conselho de Seguranccedila Isso poderaacute ser baseado em um grupo permanente de especialistas preacute-selecionados e deveraacute envolver as agecircncias da ONU relevantes ao tema especialmente o Escritoacuterio de Coordenaccedilatildeo de Assuntos Humanitaacuterios O Alto Comissariado para Direitos Humanos o Conselheiro Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedios e o Departamento de Assuntos Poliacuteticos35 Estados membros devem contribuir tanto com financiamento quanto com especialistas

20Global Public Policy Institute (GPPi)

treinados para essas missotildees O estabelecimento de regras para a contrataccedilatildeo de pessoal poderia ajudar a deixar processos de seleccedilatildeo o mais transparentes possiacutevel e desta forma melhorar a credibilidade e imparcialidade da descoberta de fatos pela ONU36

Estados membros tambeacutem podem ajudar as Naccedilotildees Unidas na implementaccedilatildeo de sua iniciativa ldquoHuman Rights Up Frontrdquo (em portuguecircs ldquoDireitos Humanos Antes de Tudordquo) atraveacutes do qual o Secretariado estaacute criando um sistema simplificado de gerenciamento de informaccedilotildees para tudo que eacute coletado pelas muitas partes do sistema ONU combinando dados jaacute existentes sobre proteccedilatildeo humanitaacuteria proteccedilatildeo dos direitos humanos proteccedilatildeo de mulheres em conflitos armados e proteccedilatildeo de crianccedilas37 Os Estados membros podem dar apoio agrave ONU ao incluir mais informaccedilotildees de atores bilaterais no local desde que a ONU faccedila os investimentos necessaacuterios para o tratamento de dados sensiacuteveis proteccedilatildeo a testemunhas e referecircncias38

Usando Ferramentas Diplomaacuteticas e Civis De Forma Antecipada Justa e EstrateacutegicaApesar das diferenccedilas em ecircnfases retoacutericas haacute um consenso universal que as atrocidades devem ser prevenidas pelo uso antecipado e sustentaacutevel de uma variedade de ferramentas civis disponiacuteveis agrave comunidade internacional Estatildeo incluiacutedas a diplomacia a mediaccedilatildeo e as missotildees poliacuteticas assim como as sanccedilotildees a justiccedila criminal internacional as accedilotildees humanitaacuterias e as ferramentas de peacebuilding apoacutes crises dentre elas a reconstruccedilotildees das instituiccedilotildees estatais e do Estado de direito

Desde os anos 90 a comunidade internacional aprendeu liccedilotildees importantes sobre o uso dessas ferramentas e vem caminhando para desenvolvecirc-las ainda mais Satildeo visiacuteveis os sucessos na diplomacia preventiva como o ocorrido durante a crise poacutes-eleiccedilotildees no Quecircnia em 200839 quando um negociador de alto niacutevel liderou as conversas tendo apoio politico de oacutergatildeos regionais e de todos os membros do Conselho de Seguranccedila expertise da ONU e engajamento da sociedade civil Ao longo dos uacuteltimos 10 anos houve uma significativa expansatildeo das capacidades de negociaccedilatildeo dentro da ONU e das organizaccedilotildees regionais Missotildees poliacuteticas no Timor Leste ou na Guineacute-Bissau podem ter evitado uma nova onda de violecircncia nesses locais40 Sanccedilotildees seletivas provavelmente ajudaram a controlar pessoas que poderiam atrapalhar as primeiras fases do processo de peacebuilding na Libeacuteria Costa do Marfim e Serra Leoa41 O Tribunal Penal Internacional processou e condenou seus primeiros casos e apoiou importantes reformas nos sistemas de justiccedila criminal em muitos paiacuteses42

Ainda assim a comunidade internacional em inuacutemeras vezes natildeo fez uso das ferramentas civis disponiacuteveis de forma antecipada decisiva e sustentaacutevel O consenso que parece existir para o uso de ferramentas civis antecipadamente e como prioridade se desfaz assim que decisotildees poliacuteticas e priorizaccedilatildeo se fazem necessaacuterias Mudar isso eacute difiacutecil Requer ir aleacutem das caricaturas comuns que culpam apenas os paiacuteses ocidentais por investir pouco ou as potecircncias natildeo-ocidentais por repelir as tentativas de influenciar ou pressionar perpetradores e seus cuacutemplices Natildeo soacute as prioridades e interesses competitivos existem de todos os lados mas o desafio tambeacutem eacute marcado pela profunda incerteza sobre como e quando usar tais ferramentas com quais atores e em qual espaccedilo Natildeo haacute uma soluccedilatildeo uacutenica e faacutecil para prevenccedilatildeo resposta ou recuperaccedilatildeo efetiva

21Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Nosso foco eacute em medidas de curto prazo voltadas para os civis em situaccedilotildees em que haacute alta probabilidade ou jaacute haacute ocorrecircncia de atrocidades 43Descobrimos que haacute quatro aacutereas que devem ser especialmente observadas

Os atores (em particular potecircncias emergentes) que mais pedem por diplomacia ferramentas civis e prevenccedilatildeo antecipada precisam traduzir seu compromisso retoacuterico em vontade poliacutetica e os investimentos necessaacuterios em capacidades e ideiasIr aleacutem da retoacuterica sobre prevenccedilatildeo requer vontade poliacutetica para fazer disso uma prioridade Com muita frequecircncia a prevenccedilatildeo contra crimes de atrocidade vai de encontro a outros objetivos poliacuteticos em uma determinada situaccedilatildeo de crise Algumas vezes esses interesses e prioridades estatildeo em extremos opostos No Sri Lanka por exemplo o governo conseguiu alavancar a imensa preocupaccedilatildeo internacional com o contraterrorismo para evitar pressotildees em relaccedilatildeo aos crimes de guerra perpetrados durante o conflito contra os Tigres de Libertaccedilatildeo do Tacircmil Eelam (LTTE) no comeccedilo de 200944 Em Darfur a accedilatildeo diplomaacutetica internacional para acabar com os crimes de atrocidade teve de competir com a prioridade para um acordo de paz na longa guerra civil Norte-Sul no Sudatildeo e com a colaboraccedilatildeo antiterrorista do governo sudanecircs45

Todavia mesmo com a ausecircncia de grandes interesses conflitantes haacute um espaccedilo entre o apoio abstrato para a proteccedilatildeo de populaccedilotildees contra crimes de atrocidade e a vontade poliacutetica de agir dispor-se financeiramente e assumir riscos proporcionais Um exemplo recente de quando investimentos deveriam ter sido feitos antes e de forma mais substancial eacute o Sudatildeo do Sul ndash uma crise que tambeacutem demonstra como as categorias ldquoocidentaisrdquo contra os ldquodemaisrdquo natildeo satildeo uacuteteis na anaacutelise das posiccedilotildees dos paiacuteses sobre proteccedilatildeo Por motivos diversos tanto os Estados Unidos quanto a China apoiaram fortemente o governo de Salva Kiir ignorando sinais importantes ateacute que essa se tornou uma das facccedilotildees combatentes na nova guerra civil do Sudatildeo do Sul46 Na Repuacuteblica Centro-Africana investimentos preacutevios nas iniciativas legais e nas reformas no setor de seguranccedila poderiam ter sido capazes de evitar que o paiacutes atingisse a atual escala de violecircncia47

Como esses e outros exemplos revelam haacute um grande descompasso entre a retoacuterica que demanda mais ldquosoluccedilotildees poliacuteticas e diplomaacuteticasrdquo ndash como constantemente enfatizado por China Ruacutessia Iacutendia Brasil Aacutefrica do Sul (e tambeacutem pela Alemanha e pela Uniatildeo Europeia) ndash e os recursos poliacuteticos e materiais investidos na busca por tais soluccedilotildees Colocar em praacutetica essas ldquosoluccedilotildees poliacuteticasrdquo requer ao mesmo tempo declaraccedilotildees ocasionais e o estabelecimento de capacidades institucionais para o monitoramento dos direitos humanos monitoramento de longo prazo das eleiccedilotildees mediaccedilatildeo e apoio de pessoas com experiecircncia secircnior que possam ser rapidamente acionadas e a construccedilatildeo de instituiccedilotildees nos setores de justiccedila seguranccedila e correlatas normalmente envolvidas com missotildees poliacuteticas da ONU e de organizaccedilotildees regionais Similarmente o uso de ferramentas coercitivas como sanccedilotildees requer tanto a tomada de decisotildees difiacuteceis quanto investimentos e iniciativas para planejar criativamente e melhorar estas ferramentas a fim de que sejam de fato seletivas justas e legalmente soacutelidas ndash em outras palavras que minimizem os riscos de afetarem as pessoas erradas

22Global Public Policy Institute (GPPi)

de acordo com princiacutepios baacutesicos do direito O Tribunal Penal Internacional precisa do comprometimento poliacutetico e da ratificaccedilatildeo do Estatuto de Roma por algumas das naccedilotildees mais poderosas do mundo Tambeacutem precisa de recursos para continuar acompanhando seus casos No miacutenimo tanto as potecircncias emergentes quanto as jaacute estabelecidas precisam melhorar sua assistecircncia humanitaacuteria para aqueles que fogem da violecircncia Por exemplo Estados membros da ONU cederam menos de 50 por cento dos fundos necessaacuterios para a resposta humanitaacuteria na Siacuteria deixando milhares de pessoas necessitadas em 201448

Os governos devem priorizar a detenccedilatildeo e julgamento dos perpetradores de crimes de atrocidade em suas jurisdiccedilotildees Aleacutem das dificuldades poliacuteticas de se lidar com perpetradores que estatildeo no poder como na Siacuteria ou com perpetradores que estatildeo fora do alcance de Estados falidos como na Repuacuteblica Centro-Africana todos os governos podem fazer mais para sancionar ou julgar esses perpetradores por crimes de atrocidade que de alguma forma estejam em suas jurisdiccedilotildees Prevenir e dar respostas aos crimes de atrocidade significa lidar com as motivaccedilotildees e capacidades de perpetradores individuais antes que cometam crimes Tambeacutem significa puni-los por seus atos49 Aqueles que mantecircm seu dinheiro em bancos multinacionais podem estar sujeitos ao congelamento de seus ativos estejam nos bancos na Europa ou na Aacutesia Aqueles que viajam estatildeo sujeitos agrave recusa de vistos e impedimentos de viagem de modo a impactar suas accedilotildees antes de cometerem ou enquanto cometem atrocidades Leis existentes como nos Estados Unidos permitem que imigrantes sejam deportados se houver provas que os liguem a genociacutedios Paiacuteses podem buscar pessoas procuradas pelo Tribunal Penal Internacional e mudar suas leis ou designar forccedilas policiais para processar os piores crimes de atrocidade independentemente dos locais em que foram cometidos

Com muita frequecircncia a falta de atenccedilatildeo e vontade poliacutetica permite que perpetradores vivam livres e confortavelmente apoacutes terem cometido atrocidades ou ateacute mesmo organizar financiar e apoiar atrocidades em andamento mesmo estando no exterior Isso aconteceu com diversos liacutederes das Forccedilas Democraacuteticas Para a Libertaccedilatildeo de Ruanda (FDLR) um grupo miliciano operando no Congo Eles viveram sem problemas na Alemanha durante quase uma deacutecada antes de serem presos e julgados50 Os Estados Unidos apesar de sua recusa em ratificar o Estatuto de Roma recentemente serviu de exemplo ao aumentar seus esforccedilos na procura por suspeitos de crimes de guerra que moram no paiacutes e ao desenvolver propostas que permitem o uso das leis de imigraccedilatildeo para fazer com que perpetradores de atrocidades paguem por seus crimes51

Poliacuteticos devem dar prioridade ao comportamento atual ao avaliar a legitimidade de atores e julgar todos os atores de um conflito pelos mesmos padrotildees Soacute porque em determinado momento haacute um grupo claramente identificaacutevel como perpetrador de atrocidades natildeo significa que outros grupos sejam e continuaratildeo sendo inocentes de tais atos Violecircncia gera mais violecircncia jaacute que grupos ameaccedilados

23Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

se defendem e continuam combatendo o inimigo A Liacutebia eacute um bom exemplo disso Na primavera de 2011 identificar corretamente o regime de Gaddafi como responsaacutevel por crimes de atrocidade foi a decisatildeo correta ndash mas natildeo evitou que os rebeldes cometessem crimes similares posteriormente previsivelmente em alguns grupos tornando quem os apoiava militarmente cuacutemplices De forma similar em 2014 apoiar as forccedilas curdas Peshmerga era a uacutenica forma de prevenir um massacre contra os Yazidis no Iraque ndash mas aqueles que deram apoio natildeo deveriam silenciar-se perante as posteriores mortes em represaacutelia

A escolha de grupos especiacuteficos como aliados eacute facilmente entendida como arbitraacuteria quando o comportamento atual natildeo justifica apoio internacional Um dos argumentos conflitantes de legitimidade poliacutetica acontece quando atores externos escolhem seus aliados locais de forma inconsistente com suas accedilotildees (algumas vezes favorecendo o regime incumbente) e tal escolha eacute facilmente vista como hipoacutecrita52 Poliacuteticos tambeacutem estatildeo vulneraacuteveis a tais acusaccedilotildees quando satildeo seletivos sobre suas criacuteticas a poderes regionais que armam ou apoiam grupo rebeldes como no caso do silecircncio ocidental sobre o envolvimento da Araacutebia Saudita na Siacuteria

Defensores do R2P e da prevenccedilatildeo de atrocidades em governos ou na sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando pedir a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes

No que diz respeito agrave diplomacia preventiva defensores do R2P e da prevenccedilatildeo contra atrocidades incluindo governos e a sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando e como pedem a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes Em algumas situaccedilotildees o Conselho pode deixar a mediaccedilatildeo mais difiacutecil ao elevar o niacutevel de visibilidade poliacutetica de uma crise Ele pode ajudar mediadores ao dar-lhes mais peso um senso de urgecircncia incentivos e desincentivos (ex com sanccedilotildees seletivas proibiccedilotildees de viagem congelamento de ativos embargo de armas investigaccedilotildees estabelecimento de uma missatildeo poliacutetica) Mas em algumas situaccedilotildees pressatildeo internacional vinda dos mais altos niacuteveis que inclui o papel do Conselho de Seguranccedila pode ser contraproducente Isso pode reforccedilar a urgecircncia de um governo em terminar a guerra a todos os custos como no caso do Sri Lanka no comeccedilo de 200953 ou complicar as negociaccedilotildees para acesso humanitaacuterio como em Mianmar em maio de 200854 Em particular quando os casos lidam com governos que jaacute vecircm sendo excluiacutedos da comunidade internacional foacuteruns e canais mais discretos podem ser mais efetivos na tentativa de influenciar mudanccedilas de comportamento

Possibilitando que as Missotildees de Paz da ONU Ofereccedilam Proteccedilatildeo CriacutevelO peacekeeping eacute um sistema com grande legitimidade global que jaacute evita abusos e comeccedilou a dar ecircnfase agrave Proteccedilatildeo de Civis (PoC) em muitas de suas operaccedilotildees A composiccedilatildeo global e o controle rigoroso por parte do Conselho de Seguranccedila deixa as operaccedilotildees de paz muito mais aceitaacuteveis que qualquer outro instrumento como notavelmente o uso da

24Global Public Policy Institute (GPPi)

forccedila por terceiros segundo um mandato do Conselho de Seguranccedila55 Ao mesmo tempo o peacekeeping soacute eacute capaz de lidar com um nuacutemero limitado de desafios agrave proteccedilatildeo a ausecircncia de mecanismos raacutepidos e efetivos de mobilizaccedilatildeo de implementaccedilatildeo faz com que seja impossiacutevel para peacekeepers da ONU responder a ameaccedilas iminentes de crimes de atrocidade e os requerimentos legais e praacuteticos da colaboraccedilatildeo com o governo local limitam uma accedilatildeo efetiva contra os perpetradores dos crimes de atrocidade que sejam parte ou que recebam apoio do governo Mesmo quando os peacekeepers estavam presentes enquanto crimes de atrocidade eram praticados como na Costa do Marfim em 2011 e no Sudatildeo do Sul em 2013 qualquer prevenccedilatildeo efetiva foi ilusoacuteria E onde uma reaccedilatildeo imediata natildeo obteve sucesso os desafios da proteccedilatildeo efetiva contra crimes em andamento rapidamente excedeu a capacidade dos boinas azuis

As vaacuterias maneiras em que as operaccedilotildees de paz poderiam melhor proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade ao estabelecer capacidades reduzir vulnerabilidade (ldquoproteccedilatildeo indiretardquo) e defender contra perpetradores (ldquoproteccedilatildeo diretardquo) jaacute foram explicitadas em outras oportunidades56 Atingir pelo menos um niacutevel moderado de ambiccedilatildeo para que peacekeepers protejam populaccedilotildees contra crimes de atrocidade requereria investimentos adicionais em capacidade doutrina e treinamento Tambeacutem seria necessaacuteria uma anaacutelise mais seacuteria sobre como combinar de forma efetiva o uso do peacekeeping com instrumentos poliacuteticos

O Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz a lideranccedila da missatildeo e os paiacuteses colaboradores precisam informar de forma modesta e transparente os limites das capacidades da ONU na proteccedilatildeo de civis

O comprometimento bem-vindo e necessaacuterio do Conselho de Seguranccedila com a proteccedilatildeo levou a um nuacutemero excessivo de promessas57 que aumentaram a lacuna entre as expectativas locais e a capacidade das missotildees Quando um mandato para milhares de peacekeepers eacute estabelecido com grande alvoroccedilo mas somente uma fraccedilatildeo chega seis meses depois como no Sudatildeo Sul apoacutes o iniacutecio da uacuteltima guerra civil em dezembro de 2013 ou como quando os peacekeepers se recusaram a tomar medidas enquanto crimes de atrocidade eram cometidos nas redondezas (devido ou natildeo ao apoio ou lideranccedila inadequados) como visto recentemente na RDC ou no Sudatildeo pessoas que se reuacutenem ao redor da bandeira azul na esperanccedila de proteccedilatildeo se tornam mais vulneraacuteveis ao perigo do que se estivessem em outro local De forma geral populaccedilotildees ameaccediladas estatildeo em situaccedilotildees melhores com os peacekeepers do que sem eles mas ainda assim a credibilidade das Naccedilotildees Unidas eacute afetada nestes casos58

Tanto a proteccedilatildeo efetiva quanto a responsaacutevel exigem uma comunicaccedilatildeo honesta e transparente com o puacuteblico e com o Conselho de Seguranccedila sobre as capacidades de cada missatildeo e de cada contingente aleacutem da sua disponibilidade para assumir riscos Quando os diplomatas do Conselho criarem ou derem nova autorizaccedilatildeo a outro ambicioso mandato para a proteccedilatildeo de civis eles precisam ser formalmente informados das capacidades e requerimentos que seratildeo necessaacuterios

25Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

A proteccedilatildeo por parte dos peacekeepers requer um salto de qualidade das contribuiccedilotildees para as operaccedilotildees dos boinas azuis e isso exige que o Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz as tropas a poliacutecia e os colaboradores financeiros encontrem uma divisatildeo do trabalho mais justa e equilibradaO equiliacutebrio fraacutegil entre aqueles que contribuem com tropas (em sua maioria da Aacutefrica e da Aacutesia) financiadores (em sua maioria da Europa e Ameacuterica do Norte) e os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila da ONU que emitem mandatos estaacute proacuteximo de se desfazer A insustentaacutevel divisatildeo de trabalho em peacekeeping natildeo eacute uma questatildeo dos ocidentais contra os demais Muitos paiacuteses africanos cansados dos muitos anos de tentativas frustradas de instauraccedilatildeo da paz no continente pelas potecircncias externas cada vez mais requerem e apoiam o uso de forccedila militar para proteger civis e conceder mais tempo para as negociaccedilotildees de paz Por outro lado paiacuteses que tradicionalmente contribuem com muitas tropas estatildeo cada vez mais reticentes em ameaccedilar a vida de seus soldados em locais distantes ndash especialmente aqueles paiacuteses como a Iacutendia cujo papel emergente no mundo criou expectativas de exercer influecircncia sobre escolhas estrateacutegicas que ateacute agora se mantiveram no domiacutenio exclusivo dos membros permanentes Isso tudo combinado com a austeridade imposta agraves forccedilas armadas mais desenvolvidas impossibilitando aumentar suas contribuiccedilotildees de ativos-chave ndash que poderia reduzir os riscos aos boinas azuis ndash vem deixando muitos paiacuteses em desenvolvimento cada vez mais impacientes com um sistema que natildeo funciona mais para eles

Para avanccedilar na prevenccedilatildeo de crimes de atrocidade economias desenvolvidas e em desenvolvimento precisatildeo aumentar os recursos disponibilizados para as missotildees de paz da ONU mas o dever principal de balancear o desequiliacutebrio atual estaacute nas matildeos de paiacuteses com capacidades avanccediladas Eles precisam disponibilizar forccedilas militares e ativos poliacuteticos que satildeo chaves para limitar o risco de todos os boinas azuis e aumentar o custo-benefiacutecio e a eficaacutecia do peacekeeping Isso inclui drones de vigilacircncia veiacuteculos anti-minas hospitais militares evacuaccedilatildeo meacutedica aeacuterea apoio de combate aeacutereo transporte aeacutereo taacutetico equipamentos anti-explosivos e outras tecnologias avanccediladas59

Contudo natildeo satildeo somente paiacuteses da Europa e da Ameacuterica do Norte que disponibilizam pouquiacutessimas tropas e deixam a desejar em suas contribuiccedilotildees (os europeus por exemplo respondem por menos de 7 por cento das tropas de peacekeeping da ONU e menos de 4 por cento das tropas policiais da organizaccedilatildeo60 A Iacutendia tem demonstrado apoio duradouro e extensivo ao peacekeeping ndash uma rara exceccedilatildeo entre paiacuteses com pretensotildees de lideranccedila regional ou global Outros paiacuteses deveriam pensar em seguir o recente exemplo da China e aumentar o nuacutemero de tropas policiais ou civis qualificados disponibilizados agrave ONU Por exemplo o Brasil mesmo com sua lideranccedila no Haiti ainda oferece menos pessoal que os pequenos Togo e Burkina Faso

26Global Public Policy Institute (GPPi)

Todos os membros do Conselho de Seguranccedila e colaboradores do peacekeeping deveriam aumentar a orientaccedilatildeo conceitual o treinamento e a construccedilatildeo de capacidade para a proteccedilatildeo de civis contra crimes de atrocidade

Tanto o desenvolvimento de estrateacutegias poliacuteticas quanto o uso da forccedila para proteccedilatildeo taacutetica de civis carecem grandemente de fundamentos conceituais soacutelidos com a qual qualquer outro tipo de operaccedilatildeo militar pode contar Os desafios poliacuteticos policiais e militares da proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade natildeo recebem a atenccedilatildeo conceitual e os recursos para treinamento adequados em quase todos os paiacuteses61 Natildeo eacute surpreendente que liacutederes de missatildeo e comandantes de tropas operem hoje em dia com base na tentativa e erro sem que haja uma orientaccedilatildeo ou doutrina clara Da mesma forma os membros do Conselho ndash em especial os natildeo-permanentes ndash satildeo forccedilados a tomar decisotildees difiacuteceis sobre a proteccedilatildeo de civis sem que tenham acesso a um oacutergatildeo de anaacutelise poliacutetico-militar sobre quais seriam as consequecircncias de tais accedilotildees A ausecircncia de conceitos claros e amplamente difundidos sobre as formas praacuteticas de proteccedilatildeo (para aleacutem das Zonas de exclusatildeo aeacuterea) contribuem para o estereoacutetipo muacutetuo e suspeitas de motivos escusos

Os Estados Unidos deveriam continuar a expansatildeo da sua Iniciativa Global de Operaccedilotildees de Paz (GPOI na sigla em inglecircs) e sua Parceria Africana de Resposta Raacutepida para Manutenccedilatildeo da Paz que apoiam e reforccedilam a capacidade de outros paiacuteses de treinar e manter competecircncias para a manutenccedilatildeo da paz Ambos os casos deveriam dar mais atenccedilatildeo agraves forccedilas militaresx mais frequentemente usadas no peacekeeping No futuro treinamentos e exerciacutecios da GPOI e outros deveriam incluir especificamente diferentes aspectos de proteccedilatildeo a civis 62 De forma similar a estes programas estadunidenses a Uniatildeo Europeia os governos europeus e de outros locais que possuem forccedilas armadas com tal capacidade deveriam oferecer os treinamentos e equipamentos mais modernos para os colaboradores das operaccedilotildees de paz Isso poderia criar incentivos para que unidades treinadas e equipadas efetivamente trabalhem em conjunto com a ONU a Uniatildeo Africana e as forccedilas sub-regionais na proteccedilatildeo de civis ndash no caso da UE ao novamente dar ecircnfase e expandir a Enable and Enhance Initiative

Usar a avaliaccedilatildeo atual das operaccedilotildees de paz da ONU para construir um consenso entre todas as partes interessadas (Conselho de Seguranccedila e Secretariado assim como colaboradores financeiros de tropas ou de poliacutecia) sobre o uso da forccedila somente para apoiar ndash e nunca substituir ndash uma estrateacutegia poliacutetica para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade e para planejar mandatos e operaccedilotildees adequadamente Como parte do diaacutelogo necessaacuterio sobre a utilidade do uso da forccedila a atual avaliaccedilatildeo das operaccedilotildees de paz da ONU oferece uma oportunidade de reconstruir uma linguagem comum sobre o peacekeeping seus princiacutepios e conceitos baacutesicos suas ambiccedilotildees e desafios para as tarefas de proteccedilatildeo das missotildees da ONU especialmente no que diz respeito ao uso da forccedila Os princiacutepios de consentimento imparcialidade e neutralidade atualizados no Relatoacuterio Brahimi para permitir que peacekeepers ajam contra os violadores dos acordos de paz e perpetradores de atrocidades mais uma vez satildeo distorcidos ou parecem irrelevantes em muitas operaccedilotildees A maioria dos peacekeepers

27Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

de hoje servem em situaccedilotildees de conflito ativo como no Mali ou na Repuacuteblica Centro-Africana Peacekeepers da ONU estatildeo conduzindo operaccedilotildees de combate ativo na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Em outros locais os acordos de deacutecadas atraacutes que deram origem a uma missatildeo natildeo incluem as partes que atualmente ameaccedilam ou sequestram peacekeepers como nas Colinas de Golatilde

Enquanto eacute inevitaacutevel que haja certa ambiguidade sobre os princiacutepios o uso ativo da forccedila para proteger civis soacute eacute capaz de apoiar mas nunca substituir uma estrateacutegia poliacutetica63 Onde natildeo haacute uma estrateacutegia poliacutetica realista para chegar agrave paz deve haver pelo menos uma para limitar os riscos aos civis ndash se necessaacuterio um plano que inclua o apoio de forccedilas militares da ONU como na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Estas questotildees devem ser discutidas de forma honesta pelas partes interessadas nas operaccedilotildees de paz da ONU O abismo que separa as partes nestas discussotildees natildeo estaacute entre os ocidentais que apoiam o uso de mais forccedila e os opositores natildeo-ocidentais Atualmente isso acontece entre paiacuteses que contribuem com muitas tropas como Iacutendia e Paquistatildeo preocupados com o aumento dos riscos agraves suas tropas e uma coalisatildeo mais intervencionista de paiacuteses africanos e europeus ocidentais64

A Tomada de Decisotildees sobre Accedilotildees MilitaresO atual sistema de seguranccedila coletiva que tem o Conselho de Seguranccedila na ONU como peccedila central natildeo estaacute agrave altura da tarefa de prover proteccedilatildeo efetiva e responsaacutevel O Conselho eacute incapaz de agir de forma efetiva quando alguns interesses geopoliacuteticos colidem como no caso da Siacuteria Mas ele fracassa ateacute mesmo em situaccedilotildees em que o abuso do argumento humanitaacuterio natildeo estaacute na pauta e os interesses de membros-chave do Conselho estatildeo alinhados ndash como no caso da Repuacuteblica Centro-Africana ou do Sudatildeo do Sul Um Conselho que tem o poder de estabelecer mandatos mobilizar proteccedilatildeo efetiva e limitar o medo do uso abusivo de argumentos humanitaacuterios precisaria ouvir os maiores atores poliacuteticos do mundo moderno os paiacuteses que contribuem com tropas e os financiadores

Tanto a composiccedilatildeo quanto os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila da ONU refletem a ordem mundial dos anos 1940 A fim de manter a credibilidade do sistema de seguranccedila coletiva restaurar a legitimidade do Conselho de Seguranccedila eacute uma questatildeo urgente e de interesse dos cinco membros permanentes Todavia mesmo estando bem fundadas em termos de justiccedila global e em prospectos de longo prazo para a governanccedila global as propostas jaacute existentes para uma expansatildeo do Conselho ou um papel mais proeminente da Assembleia Geral em assuntos de seguranccedila provavelmente natildeo contribuiratildeo para uma proteccedilatildeo mais efetiva contra crimes de atrocidade

Visando o 70o aniversaacuterio da ONU neste ano nossas sugestotildees datildeo ecircnfase agraves mudanccedilas procedimentais e natildeo estruturais do Conselho de Seguranccedila

28Global Public Policy Institute (GPPi)

Os cinco membros permanentes do Conselho de Seguranccedila deveriam dar mais apoio a processos decisoacuterios inclusivos dentro do Conselho e abrir canais informais de consulta sobre mandatos estrateacutegias e operaccedilotildees para todas as partes cruciais em especial potecircncias regionais e grandes colaboradores de pessoal Os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila na ONU limitam severamente seu senso de imparcialidade perante os olhos do mundo Na maioria das crises na Aacutefrica o chamado ldquopenholderrdquo ndash isto eacute o paiacutes responsaacutevel pelo rascunho das resoluccedilotildees do Conselho ndash eacute o antigo Estado colonizador ou os Estados Unidos65 Mesmo sendo uacutetil por dar uma continuidade ao longo dos anos esta organizaccedilatildeo e as relaccedilotildees internas resultantes entre os membros permanentes efetivamente excluem os membros natildeo-permanentes da maior parte das negociaccedilotildees informais onde as decisotildees mais importantes satildeo tomadas

Para que haja uma forma menos exclusiva de tomar decisotildees o precisaria de atores adicionais tanto dentro quanto fora das regiotildees relevantes para desenvolver as capacidades analiacutetica e poliacutetica de cogerenciar de forma construtiva o engajamento do Conselho e as operaccedilotildees de paz ao inveacutes de soacute defender seus proacuteprios interesses Os Estados membros e as organizaccedilotildees da sociedade civil tambeacutem devem continuar as discussotildees sobre um coacutedigo de conduta para limitaccedilatildeo voluntaacuteria do poder de veto em situaccedilotildees de crimes de atrocidade como proposto pelo governo francecircs66

Aleacutem dos procedimentos internos os membros do Conselho devem continuar expandindo as interaccedilotildees informais com as partes relevantes incluindo paiacuteses vizinhos e aqueles que contribuem com pessoal para as operaccedilotildees de paz Isso natildeo precisa se limitar a trocas diplomaacuteticas formais a fim de aumentar a qualidade e aceitaccedilatildeo dos mandatos de peacekeeping os paiacuteses responsaacuteveis pelo rascunho do mandato poderiam incluir a colaboraccedilatildeo de especialistas dos paiacuteses que contribuem com grande nuacutemero de tropas ou de policiais como por exemplo antigos comandantes de tropa ou chefes de poliacutecia67

Atores com credibilidade para fazer conexotildees no debate polarizado sobre intervenccedilatildeo militar devem facilitar os esforccedilos informais para desenvolver um sistema de monitoramento e informaccedilatildeo mais rigoroso para Estados que aderirem agraves missotildees com mandatos da ONUO conceito de Responsabilidade ao Proteger (RwP na sigla em inglecircs) eacute uma das iniciativas mais promissoras para lidar com os desacordos globais sobre o uso abusivo da Responsabilidade de Proteger Quando apresentado pelo Brasil no final de 2011 tal conceito ofereceu uma oportunidade de debate sobre o que poderia ser proteccedilatildeo efetiva e qual deveria ser o papel do uso da forccedila nessa proteccedilatildeo apoacutes a intervenccedilatildeo na Liacutebia quando essas discussotildees estavam extremamente polarizadas68 Apoacutes essa experiecircncia eacute muito improvaacutevel que o Conselho de Seguranccedila futuramente aprove uma resoluccedilatildeo autorizando o uso de forccedilas externas para a proteccedilatildeo com termos tatildeo amplos Com isso a implementaccedilatildeo de algumas ideias da proposta do RwP eacute de interesse de todos os Estados que acreditam que a forccedila deve ser uma ferramenta de uacuteltimo caso disponiacutevel

29Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

agrave comunidade internacional Discussotildees mais profundas satildeo necessaacuterias sobre os criteacuterios e condiccedilotildees considerados para que o Conselho use a forccedila para proteger populaccedilotildees Mesmo que a discussatildeo sobre criteacuterios para o uso da forccedila seja tatildeo antiga quanto a discussatildeo sobre intervenccedilatildeo humanitaacuteria69 todos os Estados membros se beneficiariam de um debate aberto sobre os sucessos e fracassos do uso da forccedila no passado e suas implicaccedilotildees no futuro como supracitado Outra questatildeo mais praacutetica diz respeito a como aumentar a habilidade do Conselho de monitorar aqueles que aderem e executam suas decisotildees Uma sugestatildeo concreta seria adotar elementos do sistema de peacekeeping como relatoacuterios e reuniotildees instrutivas regulares sobre a situaccedilatildeo das delegaccedilotildees para o uso da forccedila por terceiros As resoluccedilotildees poderiam incluir expliacutecitas claacuteusulas de caducidade que obrigariam a aprovaccedilatildeo da extensatildeo do mandato pelo Conselho de Seguranccedila e requerimentos de relatoacuterio regulares e especiacuteficos por parte daqueles Estados membros que aderirem e executarem as decisotildees do oacutergatildeo70 Outra sugestatildeo seria a criaccedilatildeo de mecanismos de responsabilizaccedilatildeo e monitoramento ao criar paineacuteis de especialistas quando os mandatos do Conselho incluiacuterem o uso da forccedila conforme modelo dos comitecircs de sanccedilotildees da ONU Relatoacuterios de comitecircs independentes como esses podem dar origem a uma praacutetica-padratildeo e contribuir para a melhora da qualidade nas decisotildees do Conselho ao longo do tempo seja antes durante ou depois das operaccedilotildees militares71

Potecircncias emergentes e jaacute estabelecidas podem fazer sua parte no avanccedilo das discussotildees sobre as questotildees colocadas pelo RwP Tanto a iniciativa oficial do Brasil quanto a ideia de ldquoProteccedilatildeo Responsaacutevelrdquo colocada por um reconhecido especialista chinecircs72 poderiam ser pontos de partida para discussotildees mais especiacuteficas e operacionais tanto entre os BRICS quanto entre os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila73 Ao inveacutes de rejeitar tais conceitos como sendo ataques agrave Responsabilidade de Proteger as potecircncias ocidentais deveriam ver essas iniciativas como uma oportunidade para um debate construtivo sobre como proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade74

Inserindo a Reflexatildeo e o Aprendizado Constantes em cada Ferramenta PoliacuteticaAinda que haja muita experiecircncia estabelecida com fracassos terriacuteveis e os poucos sucessos qualificados natildeo haacute uma base de conhecimento confiaacutevel sobre como proteger pessoas contra crimes de atrocidade Em geral governos e organizaccedilotildees internacionais continuam tratando cada crise como sendo uacutenica dando pouca atenccedilatildeo agrave reflexatildeo contiacutenua ao aprendizado e agrave adaptaccedilatildeo das poliacuteticas conforme as situaccedilotildees evoluem Os acadecircmicos jaacute aprenderam bem mais sobre o que natildeo funciona em algumas condiccedilotildees do que sobre o que poderia melhorar ndash por um lado porque cada intervenccedilatildeo poliacutetica acontece com contexto proacuteprio e por outro porque resultam de incentivos acadecircmicos e dificuldades de acesso a dados

30Global Public Policy Institute (GPPi)

Governos organizaccedilotildees internacionais sociedade civil e acadecircmicos precisam projetar poliacuteticas que sejam mais adaptaacuteveis ao conhecimento em evoluccedilatildeo e agrave avaliaccedilatildeo de riscos com base em oportunidades internas para reflexatildeo e aprendizado contiacutenuos e colaborativosEnquanto ainda haacute urgecircncia para que medidas sejam tomadas agir de forma responsaacutevel perante tanta incerteza pede que sejamos menos confiantes em nossa habilidade de determinar a melhor poliacutetica possiacutevel para cada situaccedilatildeo Poliacuteticos ativistas e intelectuais devem ser honestos consigo mesmos e transparentes com aqueles que mais sofrem com os impactos dessas poliacuteticas Natildeo haacute soluccedilotildees que tenham sido testadas e comprovadas Tudo que podemos fazer eacute tentar identificar a forma mais responsaacutevel de desenvolver cada caso enquanto nos mantemos preparados e prontos para reagir rapidamente a mudanccedilas e melhorar nossa gama de poliacuteticas instrumentais Este processo experimental de decisatildeo poliacutetica precisa ser constantemente monitorado e avaliado de forma autocriacutetica tanto interna quanto externamente atraveacutes do diaacutelogo franco e honesto entre profissionais sociedades e especialistas externos em todos os niacuteveis desde o monitoramento e avaliaccedilatildeo ateacute os debates mais amplos de poliacutetica puacuteblica sobre a eficaacutecia da forccedila militar e da diplomacia coercitiva na prevenccedilatildeo e resposta a crimes de atrocidade

31Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

1 Como a Genocide Prevention Task Force em um painel fechado de alto-niacutevel nos Estados Unidos apropriadamente argumentou em 2008 Genocide Prevention Task Force lsquoPreventing Genocide A Blueprint for US Policymakersrsquo (Washington DC The American Academy of Diplomacy US Holocaust Memorial Museum US Institute for Peace 2008) Veja tambeacutem Ruben Reike Serena Sharma e Jennifer Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo (Australian Civil-Military Centre e Oxford Institute for Ethics Law and Armed Conflict 2013) 6ff

2 Michael Ignatieff lsquoThe Libya Case a Teachable Momentrsquo Suddeutsche Zeitung Special Supplement http wwwamericanacademydesitesdefaultfilesuploadMSC202012pdf 3 de fevereiro de 2012 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 David Bosco lsquoAbstention Games on the Security Councilrsquo Foreign Policy httpforeignpolicy com20110317abstention-games-on-the-security-council 17 de marccedilo de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

3 Kofi A Annan lsquoTwo Concepts of Sovereigntyrsquo The Economist httpwwweconomistcomnode324795 16 de setembro de 1999 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

4 Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Conflict Security and Development 144 2014 Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

5 Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

6 Rosa Brooks lsquoThe UN Security Council and Civilian Protectionrsquo in Jared Genser e Bruno Ugarte eds The UN Security Council in the Age of Human Rights (New York Cambridge University Press 2013) 12 Sobre a base global para as normas de proteccedilatildeo veja Charles Sampford lsquoA Tale of Two Normsrsquo em Angus Francis Vesselin Popovski e Charles Sampford eds Norms of Protection Responsibility to Protect Protection of Civilians and Their Interaction (United Nations University Press 2012) Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

7 Para uma visatildeo geral do posicionamento do Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia e Aacutefrica do Sul sobre R2P veja os artigos na ediccedilatildeo especial de Conflict Security and Development Brockmeier Kurtz e Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Jaganathan e Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Julian Junk lsquoThe Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Xymena Kurowska lsquoMultipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Lui Tiewa e Zhang Haibin lsquoDebates in China About the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessmentrsquo Conflict Security and Development 2014 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Verhoeven Murthy e Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang Reinicke lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo ediccedilatildeo especial (144) de Conflict Security and Development (London Taylor amp Francis 2014)

8 CSR Murthy e Gerrit Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo Global Society em revisatildeo

9 Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo Global Society em revisatildeo Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo Global Society em revisatildeo

10 Judi Atkins Justifying New Labour Policy (Houndmills Basingstoke Hampshire New York Palgrave Macmillan 2011) 163 Veja por exemplo Stuenkel e Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Erna Burai lsquoParody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian Warrsquo Global Society em revisatildeo

Notas

32Global Public Policy Institute (GPPi)

11 Roland Paris lsquoThe ldquoResponsibility to Protectrdquo and the Structural Problems of Preventive Humanitarian Interventionrsquo International Peacekeeping 215 2014 4

12 Ramesh Thakur lsquoR2Prsquos ldquoStructuralrdquo Problems A Response to Roland Parisrsquo International Peacekeeping 2015 5

13 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

14 Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo Global Society em revisatildeo

15 Julian Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo Global Society em revisatildeo Julian Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo Global Society em revisatildeo

16 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

17 Erna Burai lsquoAfrican Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Groundrsquo Global Society em revisatildeo

18 Ambos os debates em torno das propostas brasileiras de Responsabilidade ao Proteger e o Diaacutelogo Interativo Informal da Assembleia Geral sobre Responsabilidade de Proteger e ldquoAccedilatildeo oportuna e decisivardquo em 2012 constituiacuteram tentativas de defensores de R2P se envolverem em discussotildees sobre o uso da forccedila e R2P Para acessar uma coleccedilatildeo de discursos durante a Assembleia Geral de 2012 veja httpwwwglobalr2porgresources278

19 Sarah Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo em Mary Kaldor e Iavor Rangelov eds The Handbook of Global Security Policy (Chichester West Sussex Wiley Blackwell 2014) 225

20 Alastair Iain Johnston lsquoThinking About Strategic Culturersquo International Security 194 1995 46

21 Pessimismo sobre a eficaacutecia da forccedila no entanto natildeo eacute o mesmo de promover a natildeo-violecircncia Alguns dos maiores defensores do ceticismo em relaccedilatildeo agraves forccedilas militares para proteccedilatildeo frequentemente recorrem a forccedilas militares ou quase militares no acircmbito domeacutestico

22 Otto Bakkano lsquoAU Pushes for Ceasefire Political Solution in Libyarsquo Mail amp Guardian httpmgcoza article2011-05-26-au-pushes-for-ceasefire-political-solution-in-libya 26 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Guido Westerwelle lsquoBundesminister Westerwelle Statement vom 25032011 zu Syrien Jemen Israel und dem Gaza-Streifen Sowie Libyenrsquo Auswartiges Amt httpwwwbrasildiplodeVertretung brasiliende07__AussenpolitikReden_20des_20Au_C3_9FenministersStatemente_20Syrienhtml 25 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

23 Barack Obama David Cameron e Nicolas Sarkozy lsquoLibyarsquos Pathway to Peacersquo The International Herald Tribune httpwwwnytimescom20110415opinion15iht-edlibya15html 15 de abril de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Reuters lsquoKerry Insists No Place for Assad in Syriarsquos Futurersquo Reuters httpwwwreuters comarticle20140117us-syria-crisis-kerry-idUSBREA0G14A20140117 17 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

24 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

25 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

26 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

27 Kersti Larsdotter lsquoExploring the Utility of Armed Force in Peace Operations German and British Approaches in Northern Afghanistanrsquo Small Wars and Insurgencies 193 2008 Taylor B Seybolt Humanitarian Military Intervention The Conditions for Success and Failure (Oxford Oxford University Press 2008) Rupert Smith The Utility of Force The Art of War in the Modern World (London Allen Lane 2005) Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

28 UN Department of Peacekeeping Operations e UN Department of Field Support lsquoOperational Concept on the Protection of Civilians in United Nations Peacekeeping Operationsrsquo (New York 2010) Sarah Sewall Dwight Raymond e Sally Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook (Cambridge MA Harvard Kennedy School 2010)

29 Harry Verhoeven documenta o exemplo de um diplomata chinecircs que ldquopensava que o Ocidente tinha inventado os Janjaweed [miliacutecias proacute- governo em Darfur] como uma desculpa para intervir Mas eles eram de verdade e matavam pessoasrdquo Harry Verhoeven lsquoIs Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa Is Changing Chinarsquo The Washington Quarterly 372 2014 64

33Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

30 BS Chimni lsquoFor Epistemological and Prudent Internationalismrsquo Harvard Law School Human Rights Journal novembro 2012 Greg Simons lsquoThe International Crisis Group and the Manufacturing and Communicating of Crisesrsquo Third World Quarterly 354 2014 Ramesh Thakur lsquoIs the United Nations Racistrsquo The Hindu httpwwwthehinducomopinionleadis-the-united-nations-racistarticle4928624ece 19 de julho de 2013 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

31 Ambassador Liu Zhenmin lsquoStatement by Ambassador Liu Zhenmin at the Plenary Session of the General Assembly on the Question of ldquoResponsibility to Protectrdquorsquo httpresponsibilitytoprotectorgStatement20 by20Ambassador20Liu20Zhenminpdf 24 de julho de 2009 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Zhang Haibin e Lui Tiewa lsquoRealizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and Thereafterrsquo Global Society em revisatildeo

32 Conversa com uma seacuterie de especialistas indianos em evento na Jawaharlal Nehru University (Nova Deacuteli Iacutendia) no dia 21 de Janeiro de 2015

33 IRIN lsquoA New Start for Crisis Reportingrsquo IRIN httpnewirinirinnewsorgpress-release 20 de novembro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34 Veja por exemplo Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoReport of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on United Nations Action in Sri Lankarsquo (New York United Nations 2012)

35 Um bom exemplo foi o briefing do Assessor Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedio para o Conselho de Seguranccedila da ONU depois de sua visita agrave Repuacuteblica Centro-Africana no dia 22 de janeiro de 2014 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoThe Statement of under Secretary-GeneralSpecial Adviser on the Prevention of Genocide Mr Adama Dieng on the Human Rights and Humanitarian Dimensions of the Crisis in the Central African Republicrsquo httpwwwunorgenpreventgenocideadviserpdfSAPG20Statement20at20UNSC20 on20the20situation20in20CAR-202220Jan202014pdf 22 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

36 Morten Bergsmo Quality Control in Fact-Finding (Florence Torkel Opsahl Academic EPublisher 2013) 210

37 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoRights up Front A Plan of Action to Strengthen the UNrsquos Role in Protecting People in Crises Follow-up to the Report of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on UN Action in Sri Lankarsquo (New York 2013)

38 Veja tambeacutem futura publicaccedilatildeo do GPPi Gerrit Kurtz lsquoA New Tool for Civilian Protection - the Human Rights up Front Initiative of the United Nationsrsquo GPPi Policy Brief futura publicaccedilatildeo

39 Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo

40 Jose Ramos-Horta lsquoIndia Right in Asking for More Say in Peacekeeping Operations-Related Decisions Top UN Panel Chiefrsquo Hindustan Times httpwwwhindustantimescomindia-newsindia-right-in-asking- for-more-say-in-peacekeeping-operations-related-decisions-top-un-panel-chiefarticle1-1314354aspx 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 13 de marccedilo de 2015

41 Thomas Biersteker et al lsquoThe Effectiveness of UN Targeted Sanctions - Findings from the Targeted Sanctions Consortium (TSC)rsquo The Graduate Institute Geneva 2013

42 Kirsten Ainley lsquoThe Responsibility to Protect and the International Criminal Court Counteracting the Crisisrsquo International Affairs 911 2015

43 Para distinccedilatildeo entre atividades ldquosistecircmicasrdquo e ldquodirecionadasrdquo veja Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

44 Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo Global Society em revisatildeo

45 Verhoeven e Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo 8 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann lsquoSchutz und Verantwortung Uber die US- Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltatenrsquo (2013)

46 Mike Brand lsquoEmploying lsquoPreventionrsquo to Prevent Mass Atrocitiesrsquo Saferworld httpwwwsaferworldorguk news-and-viewscomment123-employing-apreventiona-to-prevent-mass-atrocities 25 de fevereiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Warren Strobel e Louis Charbonneau lsquoUS Was Slow to Lose Patience as South Sudan Unraveledrsquo Reuters 14 de janeiro de 2014

47 Adam Lupel lsquoUN Adviser on Prevention of Genocide ldquoWe Have to Make Sure the Security Council Actsrdquorsquo httptheglobalobservatoryorg201404un-adviser-on-prevention-of-genocide-we-have-to-make-sure- security-council-acts 28 de abril de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34Global Public Policy Institute (GPPi)

48 Office for the Coordination of Humanitarian Affairs lsquoHumanitarian Bulletin Syriarsquo Humanitarian Bulletin Issue 53 httpreliefwebintsitesreliefwebintfilesresourcesBulletin_no_53_17032015_final_01pdf 1 de fevereiro - 18 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

49 Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

50 Human Rights Watch lsquoGermany QampA on Trial of Two Rwandan Rebel Leadersrsquo httpwwwhrworgde news20110502germany-qa-trial-two-rwandan-rebel-leaders 2 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 23 de marccedilo de 2015

51 Eric Lichtblau lsquoUS Seeks to Deport Bosnians over War Crimesrsquo New York worldus-seeks-to-deport-bosnians-over- Times httpwwwnytimescom20150301war-crimeshtml 28 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

52 Para um argumento similar observando o envolvimento internacional com a Liacutebia em 2015 veja International Crisis Group lsquoLibya Getting Geneva Rightrsquo International Crisis Group Middle East and North Africa Report Nr 157 2015

53 Kurtz e Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo

54 Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo

55 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

56 Alex J Bellamy e Charles T Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo (Asia- Pacific Centre for the Responsibility to Protect 2010) Alex J Bellamy The Responsibility to Protect A Defense (Oxford Oxford University Press 2014)

57 Ashley Jackson lsquoProtecting Civilians The Gap between Norms and Practicersquo (Humanitarian Policy Group 2014)

58 Isso jaacute foi escrito em 2009 no relatoacuterio ldquoNew Horizonrdquo do DPKO ldquoO descompasso entre expectativas e capacidade de promover proteccedilatildeo abrangente criou um significante desafio de credibilidade para as operaccedilotildees de paz da ONUrdquo Department of Peacekeeping Operations lsquoA New Partnership Agenda Charting a New Horizon for UN Peacekeepingrsquo (New York 2009) 20

59 Compare United Nations lsquoFinal Report of the Expert Panel on Technology and Innovation in UN Peacekeepingrsquo httpwwwperformancepeacekeepingorgofflinedownloadpdf 22 de dezembro de 2014

60 Compare United States Mission to the United Nations lsquoRemarks on Peacekeeping in Brussels by Samantha Power US Permanent Representative to the United Nationsrsquo httpusunstategovbriefing statements238660htm 9 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

61 Bellamy and Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo 23-24 Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

62 Isso poderia se basear no Mass Atrocities Response Operations project do US Armyrsquos Peacekeeping and Stability Operations Institute e do Harvard Kennedy Schoolrsquos Carr Center for Human Rights Veja Sewall Raymond e Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook

63 Mats Berdal e David H Ucko lsquoThe United Nations and the Use of Force Between Promise and Perilrsquo Journal of Strategic Studies 375 2014

64 Veja tambeacutem os resultados de um projeto do SIPRI sobre o futuro das operaccedilotildees de paz Jair van der Lijn e Xenia Avezov lsquoThe Future Peace Operations Landscape - Voices from Stakeholders around the Globe - Final Report of the New Geopolitics of Peace Operations Initiativersquo Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) janeiro de 2015

65 Security Council Report lsquoChairs of Subsidiary Bodies and Penholders for 2015rsquo httpwwwsecuritycouncilreportorgmonthly-forecast2015-02chairs_of_subsidiary_bodies_and_penholders_ for_2015php 30 de janeiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

66 Gareth Evans lsquoLimiting the Security Council Vetorsquo Project Syndicate httpwwwproject-syndicateorg commentarysecurity-council-veto-limit-by-gareth-evans-2015-02 4 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Kofi Annan e Gro Harlem Brundtland lsquoFour Ideas for a Stronger UNrsquo The New York Times httpwwwnytimescom20150207opinionkofi-annan-gro-harlem-bruntland-four-ideas-for-a-stronger- unhtml_r=0 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

67 Conversa com ex-comandantes militares Nova Deacuteli janeiro de 2015

68 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

35Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

69 Ibid Murthy e Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo

70 Compare tambeacutem com Bellamy The Responsibility to Protect A Defense 200

71 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

72 Ruan Zongze lsquo阮宗泽中国应倡导ldquo负责任的保护rdquo- ( China deveria defender a Proteccedilatildeo Responsaacutevel)rsquo Global Times (ediccedilatildeo chinesa) httpopinionhuanqiucom11522012-032501163html uacuteltimo acesso em 7 de marccedilo de 2012

73 Andrew Garwood-Gowers lsquoChinarsquos ldquoResponsible Protectionrdquo Concept Re-Interpreting the Responsibility to Protect (R2P) and Military Intervention for Humanitarian Purposesrsquo Asian Journal of International Law disponiacutevel em CJO2015 2015

74 Thorsten Benner lsquoBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiativersquo GPPi Working Paper Series 2013

36Global Public Policy Institute (GPPi)

Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang 4 n 4 2014) A ediccedilatildeo especial conteacutem os seguintes artigos todos disponiacuteveis gratuitamente online Introduction Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier

Regulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protect por Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

Debates in China about the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessment por Liu Tiewa e Zhang Haibin

Emerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protect por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk

Singing the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protect por Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz

Multipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protect por Xymena Kurowska

ldquoOur Identity is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Intervention por Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira

The Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protect por Julian Junk

Em breve laccedilaremos uma ediccedilatildeo especial na Global Society os seguintes artigos que estatildeo atualmente em processo de revisatildeo To Intervene in Darfur or Not Re-examining the R2P Debate and its Impacts por Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira

International Responsibility as Solidarity the Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectory por CSR Murthy e Gerrit Kurtz

Bringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenya por Julian Junk

Testing Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2P por Julian Junk

Parody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian War por Erna Burai

Protection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009 por Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan

Realizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and thereafter por Zhang Haibin e Liu Tiewa

The Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protection por Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

African Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Ground por Erna Burai

Responsibility While Protecting and the Ethics of R2P Implementation por Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier

Outras publicaccedilotildees relacionadasBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiative por Thorsten Benner Seacuterie de Working Papers do GPPi 2013

O Brasil como um Empreendedor Normativo a Responsabilidade ao Proteger por Thorsten Benner Politica Externa v 21 n 4 2013 p 35-46

Germany and the Intervention in Libya por Sarah Brockmeier Survival Global Politics and Strategy v55 n6 2013 p 63ndash90

Schutz und Verantwortung Uber die US-Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltaten por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann Heinrich Boll Foundation June 2013

Internationale Schutzverantwortung - Normative Erwartungen und Politische Praxis por Christopher Daase e Julian Junk (orgs) Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n 1-2 2013

Die Legalisierung der Legitimitat ndash Zur Kritik der Schutzverantwortung als Emerging Norm por Christopher Daase Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n1-2 2013 p 41-62

Emerging Power Exceptional State Elusive Country Explaining Indiarsquos Behavior por Madhan Mohan Jaganathan (com Amna Sunmbul) Proceedings of the International Conference on Social Sciences Chennai 2013 p 308-311

A New Tool for Civilian Protection - The Human Rights up Front Initiative of the United Nations por Gerrit Kurtz GPPi Policy Brief lanccedilamento em breve

Indiarsquos Approach to the Protection of Civilians in Armed Conflicts por CSR Murthy Norwegian Peacebuilding Resource Centre novembro de 2012

Contemporary World Order and Approaches to UN Peacekeeping A South Asian Perspective por CSR Murthy Friedrich Ebert Foundation dezembro de 2012

India-Brazil-South Africa Dialogue Forum (IBSA) The Rise of the Global South por Oliver Stuenkel Routledge Global Institutions 2014

The BRICS and the Future of Global Order por Oliver Stuenkel Lexington Press 2015

The BRICS and the Future of R2P Was Syria or Libya the Exception por Oliver Stuenkel Global Responsibility to Protect v6 n 1 2014 p 3-28

China and Responsibility to Protect Maintenance and Change of its Policy for Intervention por Liu Tiewa The Pacific Review v 25 v1 2012 p 153-173

Is China Like the Other Permanent Members Governmental and Academic Debates about RtoP by Liu Tiewa in Moacutenica Serrano e Thomas G Weiss (orgs) Rallying to the RtoP Cause The International Politics of Human Rights Routledge 2014 p 148-170

Chinese Strategic Culture and the Use of Force Moral and Political Perspectives por Liu Tiewa Journal of Contemporary China v23 n87 2014 p 556-574

Is Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa is Changing China por Harry Verhoeven The Washington Quarterly vol37 n2 2014 p 55-70

Publicaccedilotildees Selecionadas

37Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

AutoresThorsten BennerGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Sarah Brockmeier Global Public Policy InstituteBerlin Germany

Erna BuraiCentral European UniversityBudapest Hungary

CSR MurthyJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Christopher DaasePeace Research InstituteFrankfurt Germany

J Madhan MohanJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Julian JunkPeace Research InstituteFrankfurt Germany

Xymena KurowskaCentral European UniversityBudapest Hungary

Gerrit KurtzGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Liu TiewaPeking University China

Wolfgang ReinickeGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Philipp RotmannGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Ricardo Soares de OliveiraOxford UniversityUnited Kingdom

Matias SpektorFundaccedilatildeo Getulio VargasRio de Janeiro Brazil

Oliver StuenkelFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Marcos TourinhoFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Harry VerhoevenOxford UniversityUnited Kingdom

Zhang HaibinPeking UniversityChina

Global Public Policy Institute (GPPi)Reinhardtstr 7 10117 Berlin GermanyPhone +49 30 275 959 75-0Fax +49 30 275 959 75-99gppigppinet

gppinetglobalnormsnet

13Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

abuso de poder para fins natildeo-humanitaacuterios e com duacutevidas sobre a sabedoria de atacar um Estado que frequentemente serve de protetor para alguns e cuja derrubada pode resultar em riscos adicionais agraves pessoas O histoacuterico mundial na reconstruccedilatildeo de Estados natildeo eacute suficientemente encorajador para rebater tais preocupaccedilotildees

Protegendo de forma responsaacutevel Salvaguardas contra o Abuso pelas Grandes PotecircnciasApoacutes o caso da Liacutebia intervenccedilotildees militares soacute seratildeo consideradas legiacutetimas se feitas de maneira que novos abusos pelas grandes potecircncias sejam prevenidos9 Nesses casos especiais em que haacute o uso da forccedila sem consentimento ainda paira a sombra do imperialismo Na maior parte do mundo ainda eacute recente a lembranccedila do abuso pelas grandes potecircncias hipocritamente encoberto de valores universais O uso de justificativas humanitaacuterias por alguns poliacuteticos britacircnicos e norte-americanos para a invasatildeo do Iraque em 2003 soacute aprofundou estas preocupaccedilotildees com ldquointervenccedilotildees humanitaacuteriasrdquo assim como o uso de argumentos similares pelos russos para justificar a invasatildeo da Geoacutergia em 2008 e da Ucracircnia em 201410 Este senso de hipocrisia daacute origem a uma das principais razotildees para desconfianccedila sobre o R2P desde que o conceito foi criado

Intervenccedilotildees legiacutetimas natildeo requerem um padratildeo irrealista de consistecircncia ou de motivos puramente altruiacutesticos A proteccedilatildeo requer recursos e aceitaccedilatildeo de riscos e na poliacutetica internacional a inconsistecircncia eacute a regra e natildeo a exceccedilatildeo Estados que fornecem as capacidades e assumem os riscos de proteger na maioria dos casos estaratildeo motivados por mais do que puro altruiacutesmo e suas motivaccedilotildees ndash que comeccedilam pela mobilizaccedilatildeo de seus constituintes ndash variam conforme a situaccedilatildeo Tanto os problemas dos ldquomotivos justosrdquo quanto o de ldquoseletividaderdquo levam corretamente a anaacutelises mais minuciosas do uso da forccedila11 ainda que nenhum destes fatores esteja limitado a intervenccedilotildees de proteccedilatildeo e tratem em geral da coerccedilatildeo no atual sistema internacional12 Mesmo que sejam normativamente relevantes e retoricamente uacuteteis para opor intervenccedilotildees particulares tais argumentos natildeo evitam que a maior parte dos atores internacionais apoie uma intervenccedilatildeo aceita como necessaacuteria e possivelmente efetiva Como ilustrado pelo caso da Liacutebia extrapolou-se o limite quando motivos incompatiacuteveis ndash a remoccedilatildeo forccedilosa de Gaddafi e seu regime sem uma loacutegica convincente relacionada agrave proteccedilatildeo ndash foram vistos como superiores agraves preocupaccedilotildees com proteccedilatildeo13

Protegendo de Forma Efetiva O Que Funciona na Praacutetica

A proteccedilatildeo efetiva natildeo eacute mais faacutecil de garantir do que proteccedilatildeo responsaacutevel Enquanto os casos de sucesso foram poucos e limitados tentativas de engajamento pressotildees e intervenccedilotildees militares frequentemente falharam em proteger ou contribuiacuteram com novas ameaccedilas agraves populaccedilotildees Policymakers e acadecircmicos em todo o mundo admitem que sabem muito pouco sobre a proteccedilatildeo efetiva de pessoas contra crimes de atrocidade Para se avanccedilar nessa finalidade faz-se necessaacuterio tanto desenvolver instrumentos poliacuteticos quanto avaliar riscos e tentar identificar o menor de muitos males em vaacuterias situaccedilotildees diversas e particulares O que seraacute efetivamente necessaacuterio e provaacutevel de

14Global Public Policy Institute (GPPi)

obter sucesso estaacute aberto a debate e a desafios em cada caso e natildeo somente quando haacute o uso da forccedila

Uma anaacutelise dos casos que estudamos mostra as incertezas e ambiguidades envolvidas no processo decisoacuterio da proteccedilatildeo Como no caso do Sudatildeo um processo do Tribunal Penal Internacional contra um chefe de Estado contribuiu para o objetivo da proteccedilatildeo 14A proteccedilatildeo eacute aumentada ou dificultada quando uma crise eacute publicamente rotulada como ldquosituaccedilatildeo de R2Prdquo como no Quecircnia ou em Mianmar15 Se o Estado for um perpetrador de crimes de atrocidade haacute algum caso em que a forccedila militar pode ser usada contra ele sem a intenccedilatildeo de mudar o regime ou sem levar o paiacutes ao caos como na Liacutebia16 Quando e como os peacekeepers da ONU devem tomar partido nos conflitos17

Haacute duacutevidas justificaacuteveis sobre as opccedilotildees de poliacuteticas disponiacuteveis e seus riscos Se comparado aos consideraacuteveis esforccedilos para promover o R2P como princiacutepio muito pouco estaacute voltado para descobrir e avaliar tais escolhas difiacuteceis a fim de colocar a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade em praacutetica

A Controveacutersia Mais Profunda a Forccedila Pode ProtegerEnquanto governos ativistas na sociedade civil e representantes da ONU que trabalham com R2P haacute muito tempo tendem a enfatizar taticamente as aacutereas consensuais a maior controveacutersia internacional se refere agrave intervenccedilatildeo militar e ao uso da forccedila para proteccedilatildeo Um debate mais construtivo e autocriacutetico eacute essencial para possibilitar um sistema de proteccedilatildeo mais efetivo e responsaacutevel no futuro e tal debate deve tratar da eficaacutecia do uso da forccedila na proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade suas chances de causar mais resultados positivos do que negativos e seus sucessos e fracassos no passado18 Esse debate natildeo eacute somente relevante nos casos relativamente raros de intervenccedilatildeo militar jaacute que a forccedila e a coerccedilatildeo satildeo parte de uma variedade maior de estrateacutegias de proteccedilatildeo como as sanccedilotildees e as operaccedilotildees de paz Mesmo as ferramentas puramente diplomaacuteticas ou civis satildeo frequentemente vistas como passos que podem escalar o uso da forccedila

Os debates sobre o uso da forccedila ao inveacutes de darem ecircnfase aos meacuteritos e riscos possiacuteveis das diferentes escolhas tecircm se expressado em termos de crenccedilas vagas sobre a eficaacutecia da forccedila militar ajudar a atingir os objetivos poliacuteticos Nos debates analisados encontramos um contraste notaacutevel entre as referecircncias limitadas a estudos estrateacutegicos sobre a utilidade da forccedila nos conflitos modernos e a convicccedilatildeo com a qual os governos apresentam suas opiniotildees sobre este mesmo assunto

Na ldquoausecircncia de doutrina militar e anaacutelise [para proteccedilatildeo de civis]rdquo19 como admitido por um ex-funcionaacuterio do Pentaacutegono (mesmo para o caso dos Estados Unidos) policymakers tendem a se dividir em dogmas fundamentais das suas culturas estrateacutegicas nacionais20 As comunidades estrateacutegicas de alguns paiacuteses satildeo mais otimistas de que o uso da forccedila pode obter bons resultados como forma de proteccedilatildeo a civis enquanto outros satildeo majoritariamente pessimistas e tendem a acreditar que a aplicaccedilatildeo da forccedila militar pioraria a situaccedilatildeo21

Apesar da incerteza inerente a cada crise os atores em cada lado dessa divisatildeo apresentam suas crenccedilas com firmeza frequentemente em termos de truiacutesmos ndash ldquoSoacute pode haver uma soluccedilatildeo poliacuteticardquo 22 ou ldquonatildeo haacute futuro para a Liacutebia Siacuteria com Gaddafi Assad no poderrdquo23 Esses satildeo apenas dois posicionamentos proeminentes que natildeo satildeo

15Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

capazes de reconhecer a realidade complexa de qualquer crise Dessa forma eles convidam a uma troca muacutetua de estereoacutetipos ao inveacutes de uma discussatildeo construtiva Os resultados tecircm sido previsiacuteveis reaccedilotildees antiocidentais no Sul (ldquoeles soacute querem invadir nossos paiacutesesrdquo) e anti-Sul por parte do Ocidente (ldquoeles sempre se juntam a seus colegas ditadoresrdquo) Ambas as partes tentam fazer uso do discurso de responsabilidade para justificar seus pontos de vista ldquoAssumir a responsabilidaderdquo outrora significava assumir riscos e accedilotildees militares caras ateacute que o Brasil desafiou o monopoacutelio intervencionista sobre o termo24

Este contraste entre conhecimento e convicccedilatildeo fica aparente em muitos debates nebulosos sobre peacekeeping tal como a conduccedilatildeo da crise na Costa do Marfim pela ONU em 2010-2011 mas foi mais claramente colocado em debate a forma como Estados Unidos Franccedila e Reino Unido lideraram a intervenccedilatildeo de 2011 na Liacutebia Diplomatas brasileiros experientes por exemplo questionaram a justificativa de uma accedilatildeo militar para uma mudanccedila no regime argumento que nunca foi explicitado por americanos franceses e britacircnicos Por que natildeo cessar os ataques uma vez que as ameaccedilas imediatas agrave populaccedilatildeo civil jaacute haviam sido eliminadas e as forccedilas de Gaddafi jaacute natildeo avanccedilavam mais e desta forma forccedilar todas agraves partes a negociar Que responsabilidade a coalisatildeo intervencionista assumiu pelas accedilotildees de seus aliados de fato em terra as forccedilas rebeldes liacutebias Como a coalisatildeo intervencionista equilibrou os riscos e recompensas das diferentes escolhas estrateacutegicas e por que exatamente ldquonatildeo era possiacutevel imaginar um futuro com Gaddafi no poderrdquo como argumentado por Obama Cameron e Sarkozy no jornal The New York Times25Houve questionamentos similares sobre as sugestotildees de intervenccedilatildeo militar na Siacuteria A ausecircncia de respostas convincentes provavelmente teve um papel muito importante no arquivamento de uma seacuterie de planos para intervenccedilotildees unilaterais ao longo dos anos

O que parece ser um otimismo infundado de que a forccedila seria capaz de atingir objetivos poliacuteticos daacute origem a um desconforto difundido em muitas partes do mundo e que vai aleacutem do objetivo especifico de proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade A invasatildeo do Iraque liderada pelos EUA em 2003 se desdobrou em grandes debates como um exemplo de escolha irresponsaacutevel por uma potecircncia hegemocircnica que tende a instruir outros paiacuteses sobre lideranccedila global responsaacutevel Isso tambeacutem eacute um lembrete valioso de que mesmo a maior forccedila militar do globo eacute claramente incapaz de forccedilar a construccedilatildeo efetiva de uma nova ordem poliacutetica com consequecircncias traacutegicas para milhares de pessoas natildeo soacute no Iraque

Ainda assim durante as crises na Costa do Marfim na Liacutebia em 2011 e na Repuacuteblica Centro-Africana em 2014 o Conselho de Seguranccedila estava pronto para legitimar intervenccedilotildees militares ldquoconforme cada casordquo como foi sugerido pela Cuacutepula Mundial Em cada um desses casos emergiram grandes maiorias que priorizaram a necessidade de accedilatildeo militar em relaccedilatildeo agrave ampla preocupaccedilatildeo com a manutenccedilatildeo da soberania estatal seja atraveacutes de voto a favor no Conselho de Seguranccedila de abstenccedilatildeo para permitir que resoluccedilotildees passassem (como Ruacutessia e China no caso da Liacutebia) ou de apoio financeiro militar ou poliacutetico em outros foacuteruns de discussatildeo

Eacute possiacutevel que haja uma janela de oportunidades surgindo para um debate poliacutetico mais detalhado e criacutetico sobre a eficaacutecia da forccedila militar na proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade Tais debates estatildeo tratando dos objetivos diferentes mas relacionados da luta contra insurgentes e redes terroristas Em ambos os casos haacute uma discussatildeo ponderada nos ciacuterculos militares e policiais assim como em grandes meios

16Global Public Policy Institute (GPPi)

de comunicaccedilatildeo sobre questotildees como execuccedilotildees especiacuteficas de terroristas suspeitos ou taacuteticas de contra-insurgecircncia centradas na populaccedilatildeo

Outro debate similar e criacutetico precisa ser colocado em questatildeo em relaccedilatildeo agrave forccedila e a proteccedilatildeo Ele pode ser construiacutedo a partir de uma tendecircncia recente na direccedilatildeo de mais engajamento com os resultados e meios praacuteticos do uso da forccedila militar para proteccedilatildeo Sociedades e comunidades estrateacutegicas nos EUA Reino Unido e Franccedila mostraram sinais de cansaccedilo em relaccedilatildeo a intervenccedilotildees em geral e particularmente agraves unilaterais Ao mesmo tempo alguns dos defensores mais leais da restriccedilatildeo militar reflexiva ndash como China Brasil e Alemanha ndash comeccedilaram a considerar em determinados casos argumentos a favor da accedilatildeo militar para proteccedilatildeo de civis 26Tanto defensores quanto ceacuteticos da proteccedilatildeo militar se beneficiaratildeo ao forccedilar mais nuances nesses debates Por um lado a demanda por especificidades protegeraacute contra o uso abusivo da autoridade humanitaacuteria para fins escusos Por outro mais transparecircncia ajudaraacute na defesa contra reclamaccedilotildees de abuso Esse debate deve considerar as contribuiccedilotildees acadecircmicas recentes27 mas encontraraacute ferramentas mais especiacuteficas e fundamentais em conceitos poliacuteticos estabelecidos como na doutrina da ONU para proteccedilatildeo de civis e as tentativas dos militares norte-americanos de desenvolver orientaccedilotildees conceituais para ldquooperaccedilotildees de resposta a atrocidades em massardquo28

17Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Se as principais controveacutersias globais sobre a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade envolvem (1) o medo do uso abusivo de argumentos humanitaacuterios e (2) como proteger de forma efetiva quais satildeo as opccedilotildees para melhorar as soluccedilotildees globais de proteccedilatildeo O ponto de partida deve ser o reconhecimento de que a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade como um desafio poliacutetico complexo e natildeo somente como algo paliativo enquanto tenta-se resolver um conflito poliacutetico de maiores dimensotildees Qualquer estrateacutegia de proteccedilatildeo deve ser preparada primeiramente a fim de influenciar os caacutelculos poliacuteticos e militares dos perpetradores e deve levar em consideraccedilatildeo os limites de influecircncias externas sobre eventos domeacutesticos Os atores locais tecircm o maior controle sobre a dinacircmica da violecircncia e eacute difiacutecil prever o efeito dominoacute causado pelas accedilotildees externas O foco no curto prazo do conceito de ldquoresposta raacutepida saiacuteda raacutepidardquo eacute portanto um ato irresponsaacutevel quase independente de contexto mesmo que accedilotildees raacutepidas frequentemente sejam necessaacuterias poliacuteticos ativistas jornalistas e acadecircmicos precisam prestar mais atenccedilatildeo agraves poliacuteticas de longo prazo e a seus planejamentos para que sejam adaptadas agraves mudanccedilas

Com base em nossos resultados e anaacutelise apontamos opccedilotildees poliacuteticas para governos a ONU e organizaccedilotildees regionais aleacutem da miacutedia e da sociedade civil com o intuito de melhorar a credibilidade das ferramentas existentes ao fazer com que seu uso na proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade seja menos vulneraacutevel ao abuso e tenha resultados mais efetivos Comeccedilamos com a necessidade de garantir informaccedilotildees e anaacutelises criacuteveis sobre as situaccedilotildees em que crimes de atrocidade satildeo cometidos Depois oferecemos algumas sugestotildees para o fortalecimento das ferramentas disponiacuteveis aos civis para prevenccedilatildeo e resposta a atrocidades e para que as operaccedilotildees de paz da ONU melhorem a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade Depois indicamos opccedilotildees de reforma importantes para o processo decisoacuterio coletivo sobre accedilotildees militares e terminamos enfatizando a necessidade de um aprendizado contiacutenuo e colaborativo sobre as ferramentas para prevenccedilatildeo de atrocidades

Reduzindo a Vulnerabilidade das Fontes de Informaccedilatildeo perante Acusaccedilotildees de ParcialidadeAntes mesmo de comeccedilar a considerar formas de lidar com futuras ou atuais atrocidades o mundo precisa chegar a um consenso sobre o que estaacute acontecendo em cada situaccedilatildeo Atualmente a disponibilidade de informaccedilatildeo sobre situaccedilotildees especiacuteficas de crises natildeo eacute mais o principal desafio para que accedilotildees de mobilizaccedilatildeo aconteccedilam

Opccedilotildees Poliacuteticas para Proteccedilatildeo Mais Efetiva e Responsaacutevel

18Global Public Policy Institute (GPPi)

Ainda assim acreditamos que um desafio crucial para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade eacute a acusaccedilatildeo de parcialidade sobre o tipo e a interpretaccedilatildeo das informaccedilotildees sobre atrocidades fornecidas por governos pela miacutedia ou por grupos da sociedade civil A confianccedila nos Estados dominantes e nas instituiccedilotildees internacionais encontra-se em niacuteveis tatildeo baixos que mesmo os casos de atrocidades bem documentados como o ocorrido em Darfur foram considerados por alguns como propaganda intervencionista29

Essa desconfianccedila estaacute na maior parte das vezes direcionada a fontes relacionadas ao ldquoOcidenterdquo Fontes financiadas lideradas ou com suas sedes em paiacuteses ocidentais frequentemente satildeo as mais acessiacuteveis natildeo soacute pelas elites poliacuteticas em capitais longiacutenquas mas tambeacutem por paineacuteis de especialistas e investigaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas em paiacuteses em que natildeo haacute extensiva presenccedila de campo da ONU Quando as fontes locais de informaccedilatildeo claramente natildeo satildeo criacuteveis como na Siacuteria jornalistas tecircm acesso restrito a aacutereas violentas e por algumas vezes todas as outras fontes relevantes vecircm de organizaccedilotildees com sede no Ocidente de organizaccedilotildees locais da sociedade civil que dependem de ajuda ocidental ou de financiamento externo e que tecircm uma temaacutetica antigovernamental especiacutefica ou ainda de profissionais ocidentais que trabalham para a ONU30 Por exemplo o governo chinecircs frequentemente enfatiza que a identificaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo internacional de abusos aos direitos humanos no exterior eacute excessivamente dependente de informaccedilotildees ocidentais e pediu para que houvesse sistemas de alerta precoce mais imparciais31 Especialistas indianos dizem que o desafio natildeo eacute a disponibilidade de informaccedilatildeo mas ldquoa interpretaccedilatildeo e o vieacutes que lhe eacute dadordquo32

Grupos de ativistas e a miacutedia tecircm incentivos para simplificar as narrativas e portanto eacute prudente ter um ceticismo saudaacutevel perante as acusaccedilotildees de atrocidades hediondas Ao mesmo tempo presumir que a verdade estaacute no meio-termo de todas as posiccedilotildees seria permitir que propaganda e maacute informaccedilatildeo determinassem o caminho a seguir Criticar realisticamente as fontes requer engajamento com a informaccedilatildeo em si e natildeo apenas a insinuaccedilatildeo de agendas poliacuteticas com base puramente na localizaccedilatildeo geograacutefica financiamento ou educaccedilatildeo

A fim de oferecer um debate melhor informado sobre potenciais crimes de atrocidade as empresas de comunicaccedilatildeo e filantropos principalmente em potecircncias emergentes devem investir em fontes de informaccedilatildeo e anaacutelise independentes e criacuteveis sobre conflitos e direitos humanosAs alegaccedilotildees de parcialidade (sejam a favor ou contra os governos ou outros atores) crescem quando haacute uma escassez de fontes Aqueles que criticam as fontes de informaccedilatildeo existentes satildeo os que sabem melhor qual fonte de financiamento ou de influecircncia teraacute mais credibilidade portanto eacute dever destas pessoas investir adequadamente Se haacute suspeitas sobre as fontes ocidentais de informaccedilatildeo por parte de governos e elites poliacuteticas fora do Ocidente essas podem ajudar a diversificar a base de apoio para ONGs ativistas e redes de informaccedilotildees globais jaacute existentes ou ateacute mesmo investir em plataformas alternativas de monitoramento e anaacutelise baseadas nos mais altos padrotildees de integridade jornaliacutestica Por enquanto com raras exceccedilotildees o investimento em miacutedias livres e acesso agrave informaccedilatildeo natildeo parece ser uma prioridade entre as elites empresariais emergentes mesmo em potecircncias emergentes democraacuteticas Por outro

19Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

lado agecircncias de notiacutecia estatais frequentemente tecircm dificuldade para estabelecer uma reputaccedilatildeo de integridade jornaliacutestica Satildeo raros os grandes investimentos no relato de crises humanitaacuterias tais como recentemente feito pela Fundaccedilatildeo Jynwel com sede em Hong Kong na agora independente organizaccedilatildeo de noticias IRIN33 Organizaccedilotildees de defesa podem contribuir com a reduccedilatildeo das alegaccedilotildees de parcialidade ao natildeo exporem situaccedilotildees de conflito como se fossem preto-no-branco e ao serem transparentes sobre quem as financiam e apoiam Se apresentarem uma extensa lista de notas e fontes em seus relatoacuterios como feito regularmente pelo International Crisis Group e pela Human Rights Watch eacute dever dos criacuteticos se engajar com essas fontes com base nos fatos

Fortalecer e diversificar as informaccedilotildees sobre os riscos de crimes de atrocidade em massa tambeacutem pode significar estabelecer organizaccedilotildees de sociedade civil regionais dedicadas agrave pesquisa criacutevel e confiaacutevel sobre a prevenccedilatildeo de atrocidades Se verdadeiramente baseadas em sociedades locais tais grupos teriam mais acesso a grupos nacionais e regionais de sociedade civil do que as organizaccedilotildees globais com sede em Nova York ou Genebra Consequentemente suas informaccedilotildees e argumentos mais provavelmente obteriam credibilidade poliacutetica a niacutevel global No curto prazo a massa criacutetica necessaacuteria a esses centros da sociedade civil provavelmente seraacute alcanccedilada na Europa ou na Aacutefrica mas a Ameacuterica Latina (com sua iacutempar accedilatildeo ldquoRede Latino-Americana de Prevenccedilatildeo ao Genociacutedio e Atrocidades em Massardquo a niacutevel governamental) e a Aacutesia tambeacutem podem se desenvolver rapidamente

Os Estados membros a sociedade civil e as organizaccedilotildees regionais devem melhorar as capacidades da ONU de coletar informaccedilotildees e desvendar fatos sobre desafios agrave proteccedilatildeo ao oferecer assistecircncia logiacutestica funcionaacuterios a curto-prazo e fontes locais de informaccedilatildeo Ao mesmo tempo em que organizaccedilotildees regionais satildeo cada vez mais capazes de influenciar o entendimento global sobre suas partes do mundo a sua imparcialidade eacute apenas tatildeo criacutevel quanto a das potecircncias regionais que lideram as suas deliberaccedilotildees As Naccedilotildees Unidas natildeo podem entretanto sempre responder sozinhas agraves demandas por informaccedilotildees imparciais e criacuteveis sobre riscos de atrocidade Os mecanismos das Naccedilotildees Unidas frequentemente dependem tanto de fontes governamentais e privadas devido agrave necessidade de agir rapidamente quanto sofrem com a falta de acesso proacuteprio e independente aos locais de risco Aleacutem disso a ONU tambeacutem jaacute esteve sujeita agrave autocensura e foi forccedilada a romper compromissos poliacuteticos34

Todos os Estados membros da ONU precisam fortalecer os mecanismos de coleta de informaccedilatildeo da instituiccedilatildeo suas comissotildees de inqueacuterito e outros oacutergatildeos correlatos Por exemplo sempre que uma violecircncia em massa comeccedila conforme definido pelo Secretaacuterio Geral a ONU deveraacute enviar uma missatildeo para desvendar os fatos a fim de informar melhor as discussotildees no Conselho de Seguranccedila Isso poderaacute ser baseado em um grupo permanente de especialistas preacute-selecionados e deveraacute envolver as agecircncias da ONU relevantes ao tema especialmente o Escritoacuterio de Coordenaccedilatildeo de Assuntos Humanitaacuterios O Alto Comissariado para Direitos Humanos o Conselheiro Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedios e o Departamento de Assuntos Poliacuteticos35 Estados membros devem contribuir tanto com financiamento quanto com especialistas

20Global Public Policy Institute (GPPi)

treinados para essas missotildees O estabelecimento de regras para a contrataccedilatildeo de pessoal poderia ajudar a deixar processos de seleccedilatildeo o mais transparentes possiacutevel e desta forma melhorar a credibilidade e imparcialidade da descoberta de fatos pela ONU36

Estados membros tambeacutem podem ajudar as Naccedilotildees Unidas na implementaccedilatildeo de sua iniciativa ldquoHuman Rights Up Frontrdquo (em portuguecircs ldquoDireitos Humanos Antes de Tudordquo) atraveacutes do qual o Secretariado estaacute criando um sistema simplificado de gerenciamento de informaccedilotildees para tudo que eacute coletado pelas muitas partes do sistema ONU combinando dados jaacute existentes sobre proteccedilatildeo humanitaacuteria proteccedilatildeo dos direitos humanos proteccedilatildeo de mulheres em conflitos armados e proteccedilatildeo de crianccedilas37 Os Estados membros podem dar apoio agrave ONU ao incluir mais informaccedilotildees de atores bilaterais no local desde que a ONU faccedila os investimentos necessaacuterios para o tratamento de dados sensiacuteveis proteccedilatildeo a testemunhas e referecircncias38

Usando Ferramentas Diplomaacuteticas e Civis De Forma Antecipada Justa e EstrateacutegicaApesar das diferenccedilas em ecircnfases retoacutericas haacute um consenso universal que as atrocidades devem ser prevenidas pelo uso antecipado e sustentaacutevel de uma variedade de ferramentas civis disponiacuteveis agrave comunidade internacional Estatildeo incluiacutedas a diplomacia a mediaccedilatildeo e as missotildees poliacuteticas assim como as sanccedilotildees a justiccedila criminal internacional as accedilotildees humanitaacuterias e as ferramentas de peacebuilding apoacutes crises dentre elas a reconstruccedilotildees das instituiccedilotildees estatais e do Estado de direito

Desde os anos 90 a comunidade internacional aprendeu liccedilotildees importantes sobre o uso dessas ferramentas e vem caminhando para desenvolvecirc-las ainda mais Satildeo visiacuteveis os sucessos na diplomacia preventiva como o ocorrido durante a crise poacutes-eleiccedilotildees no Quecircnia em 200839 quando um negociador de alto niacutevel liderou as conversas tendo apoio politico de oacutergatildeos regionais e de todos os membros do Conselho de Seguranccedila expertise da ONU e engajamento da sociedade civil Ao longo dos uacuteltimos 10 anos houve uma significativa expansatildeo das capacidades de negociaccedilatildeo dentro da ONU e das organizaccedilotildees regionais Missotildees poliacuteticas no Timor Leste ou na Guineacute-Bissau podem ter evitado uma nova onda de violecircncia nesses locais40 Sanccedilotildees seletivas provavelmente ajudaram a controlar pessoas que poderiam atrapalhar as primeiras fases do processo de peacebuilding na Libeacuteria Costa do Marfim e Serra Leoa41 O Tribunal Penal Internacional processou e condenou seus primeiros casos e apoiou importantes reformas nos sistemas de justiccedila criminal em muitos paiacuteses42

Ainda assim a comunidade internacional em inuacutemeras vezes natildeo fez uso das ferramentas civis disponiacuteveis de forma antecipada decisiva e sustentaacutevel O consenso que parece existir para o uso de ferramentas civis antecipadamente e como prioridade se desfaz assim que decisotildees poliacuteticas e priorizaccedilatildeo se fazem necessaacuterias Mudar isso eacute difiacutecil Requer ir aleacutem das caricaturas comuns que culpam apenas os paiacuteses ocidentais por investir pouco ou as potecircncias natildeo-ocidentais por repelir as tentativas de influenciar ou pressionar perpetradores e seus cuacutemplices Natildeo soacute as prioridades e interesses competitivos existem de todos os lados mas o desafio tambeacutem eacute marcado pela profunda incerteza sobre como e quando usar tais ferramentas com quais atores e em qual espaccedilo Natildeo haacute uma soluccedilatildeo uacutenica e faacutecil para prevenccedilatildeo resposta ou recuperaccedilatildeo efetiva

21Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Nosso foco eacute em medidas de curto prazo voltadas para os civis em situaccedilotildees em que haacute alta probabilidade ou jaacute haacute ocorrecircncia de atrocidades 43Descobrimos que haacute quatro aacutereas que devem ser especialmente observadas

Os atores (em particular potecircncias emergentes) que mais pedem por diplomacia ferramentas civis e prevenccedilatildeo antecipada precisam traduzir seu compromisso retoacuterico em vontade poliacutetica e os investimentos necessaacuterios em capacidades e ideiasIr aleacutem da retoacuterica sobre prevenccedilatildeo requer vontade poliacutetica para fazer disso uma prioridade Com muita frequecircncia a prevenccedilatildeo contra crimes de atrocidade vai de encontro a outros objetivos poliacuteticos em uma determinada situaccedilatildeo de crise Algumas vezes esses interesses e prioridades estatildeo em extremos opostos No Sri Lanka por exemplo o governo conseguiu alavancar a imensa preocupaccedilatildeo internacional com o contraterrorismo para evitar pressotildees em relaccedilatildeo aos crimes de guerra perpetrados durante o conflito contra os Tigres de Libertaccedilatildeo do Tacircmil Eelam (LTTE) no comeccedilo de 200944 Em Darfur a accedilatildeo diplomaacutetica internacional para acabar com os crimes de atrocidade teve de competir com a prioridade para um acordo de paz na longa guerra civil Norte-Sul no Sudatildeo e com a colaboraccedilatildeo antiterrorista do governo sudanecircs45

Todavia mesmo com a ausecircncia de grandes interesses conflitantes haacute um espaccedilo entre o apoio abstrato para a proteccedilatildeo de populaccedilotildees contra crimes de atrocidade e a vontade poliacutetica de agir dispor-se financeiramente e assumir riscos proporcionais Um exemplo recente de quando investimentos deveriam ter sido feitos antes e de forma mais substancial eacute o Sudatildeo do Sul ndash uma crise que tambeacutem demonstra como as categorias ldquoocidentaisrdquo contra os ldquodemaisrdquo natildeo satildeo uacuteteis na anaacutelise das posiccedilotildees dos paiacuteses sobre proteccedilatildeo Por motivos diversos tanto os Estados Unidos quanto a China apoiaram fortemente o governo de Salva Kiir ignorando sinais importantes ateacute que essa se tornou uma das facccedilotildees combatentes na nova guerra civil do Sudatildeo do Sul46 Na Repuacuteblica Centro-Africana investimentos preacutevios nas iniciativas legais e nas reformas no setor de seguranccedila poderiam ter sido capazes de evitar que o paiacutes atingisse a atual escala de violecircncia47

Como esses e outros exemplos revelam haacute um grande descompasso entre a retoacuterica que demanda mais ldquosoluccedilotildees poliacuteticas e diplomaacuteticasrdquo ndash como constantemente enfatizado por China Ruacutessia Iacutendia Brasil Aacutefrica do Sul (e tambeacutem pela Alemanha e pela Uniatildeo Europeia) ndash e os recursos poliacuteticos e materiais investidos na busca por tais soluccedilotildees Colocar em praacutetica essas ldquosoluccedilotildees poliacuteticasrdquo requer ao mesmo tempo declaraccedilotildees ocasionais e o estabelecimento de capacidades institucionais para o monitoramento dos direitos humanos monitoramento de longo prazo das eleiccedilotildees mediaccedilatildeo e apoio de pessoas com experiecircncia secircnior que possam ser rapidamente acionadas e a construccedilatildeo de instituiccedilotildees nos setores de justiccedila seguranccedila e correlatas normalmente envolvidas com missotildees poliacuteticas da ONU e de organizaccedilotildees regionais Similarmente o uso de ferramentas coercitivas como sanccedilotildees requer tanto a tomada de decisotildees difiacuteceis quanto investimentos e iniciativas para planejar criativamente e melhorar estas ferramentas a fim de que sejam de fato seletivas justas e legalmente soacutelidas ndash em outras palavras que minimizem os riscos de afetarem as pessoas erradas

22Global Public Policy Institute (GPPi)

de acordo com princiacutepios baacutesicos do direito O Tribunal Penal Internacional precisa do comprometimento poliacutetico e da ratificaccedilatildeo do Estatuto de Roma por algumas das naccedilotildees mais poderosas do mundo Tambeacutem precisa de recursos para continuar acompanhando seus casos No miacutenimo tanto as potecircncias emergentes quanto as jaacute estabelecidas precisam melhorar sua assistecircncia humanitaacuteria para aqueles que fogem da violecircncia Por exemplo Estados membros da ONU cederam menos de 50 por cento dos fundos necessaacuterios para a resposta humanitaacuteria na Siacuteria deixando milhares de pessoas necessitadas em 201448

Os governos devem priorizar a detenccedilatildeo e julgamento dos perpetradores de crimes de atrocidade em suas jurisdiccedilotildees Aleacutem das dificuldades poliacuteticas de se lidar com perpetradores que estatildeo no poder como na Siacuteria ou com perpetradores que estatildeo fora do alcance de Estados falidos como na Repuacuteblica Centro-Africana todos os governos podem fazer mais para sancionar ou julgar esses perpetradores por crimes de atrocidade que de alguma forma estejam em suas jurisdiccedilotildees Prevenir e dar respostas aos crimes de atrocidade significa lidar com as motivaccedilotildees e capacidades de perpetradores individuais antes que cometam crimes Tambeacutem significa puni-los por seus atos49 Aqueles que mantecircm seu dinheiro em bancos multinacionais podem estar sujeitos ao congelamento de seus ativos estejam nos bancos na Europa ou na Aacutesia Aqueles que viajam estatildeo sujeitos agrave recusa de vistos e impedimentos de viagem de modo a impactar suas accedilotildees antes de cometerem ou enquanto cometem atrocidades Leis existentes como nos Estados Unidos permitem que imigrantes sejam deportados se houver provas que os liguem a genociacutedios Paiacuteses podem buscar pessoas procuradas pelo Tribunal Penal Internacional e mudar suas leis ou designar forccedilas policiais para processar os piores crimes de atrocidade independentemente dos locais em que foram cometidos

Com muita frequecircncia a falta de atenccedilatildeo e vontade poliacutetica permite que perpetradores vivam livres e confortavelmente apoacutes terem cometido atrocidades ou ateacute mesmo organizar financiar e apoiar atrocidades em andamento mesmo estando no exterior Isso aconteceu com diversos liacutederes das Forccedilas Democraacuteticas Para a Libertaccedilatildeo de Ruanda (FDLR) um grupo miliciano operando no Congo Eles viveram sem problemas na Alemanha durante quase uma deacutecada antes de serem presos e julgados50 Os Estados Unidos apesar de sua recusa em ratificar o Estatuto de Roma recentemente serviu de exemplo ao aumentar seus esforccedilos na procura por suspeitos de crimes de guerra que moram no paiacutes e ao desenvolver propostas que permitem o uso das leis de imigraccedilatildeo para fazer com que perpetradores de atrocidades paguem por seus crimes51

Poliacuteticos devem dar prioridade ao comportamento atual ao avaliar a legitimidade de atores e julgar todos os atores de um conflito pelos mesmos padrotildees Soacute porque em determinado momento haacute um grupo claramente identificaacutevel como perpetrador de atrocidades natildeo significa que outros grupos sejam e continuaratildeo sendo inocentes de tais atos Violecircncia gera mais violecircncia jaacute que grupos ameaccedilados

23Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

se defendem e continuam combatendo o inimigo A Liacutebia eacute um bom exemplo disso Na primavera de 2011 identificar corretamente o regime de Gaddafi como responsaacutevel por crimes de atrocidade foi a decisatildeo correta ndash mas natildeo evitou que os rebeldes cometessem crimes similares posteriormente previsivelmente em alguns grupos tornando quem os apoiava militarmente cuacutemplices De forma similar em 2014 apoiar as forccedilas curdas Peshmerga era a uacutenica forma de prevenir um massacre contra os Yazidis no Iraque ndash mas aqueles que deram apoio natildeo deveriam silenciar-se perante as posteriores mortes em represaacutelia

A escolha de grupos especiacuteficos como aliados eacute facilmente entendida como arbitraacuteria quando o comportamento atual natildeo justifica apoio internacional Um dos argumentos conflitantes de legitimidade poliacutetica acontece quando atores externos escolhem seus aliados locais de forma inconsistente com suas accedilotildees (algumas vezes favorecendo o regime incumbente) e tal escolha eacute facilmente vista como hipoacutecrita52 Poliacuteticos tambeacutem estatildeo vulneraacuteveis a tais acusaccedilotildees quando satildeo seletivos sobre suas criacuteticas a poderes regionais que armam ou apoiam grupo rebeldes como no caso do silecircncio ocidental sobre o envolvimento da Araacutebia Saudita na Siacuteria

Defensores do R2P e da prevenccedilatildeo de atrocidades em governos ou na sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando pedir a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes

No que diz respeito agrave diplomacia preventiva defensores do R2P e da prevenccedilatildeo contra atrocidades incluindo governos e a sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando e como pedem a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes Em algumas situaccedilotildees o Conselho pode deixar a mediaccedilatildeo mais difiacutecil ao elevar o niacutevel de visibilidade poliacutetica de uma crise Ele pode ajudar mediadores ao dar-lhes mais peso um senso de urgecircncia incentivos e desincentivos (ex com sanccedilotildees seletivas proibiccedilotildees de viagem congelamento de ativos embargo de armas investigaccedilotildees estabelecimento de uma missatildeo poliacutetica) Mas em algumas situaccedilotildees pressatildeo internacional vinda dos mais altos niacuteveis que inclui o papel do Conselho de Seguranccedila pode ser contraproducente Isso pode reforccedilar a urgecircncia de um governo em terminar a guerra a todos os custos como no caso do Sri Lanka no comeccedilo de 200953 ou complicar as negociaccedilotildees para acesso humanitaacuterio como em Mianmar em maio de 200854 Em particular quando os casos lidam com governos que jaacute vecircm sendo excluiacutedos da comunidade internacional foacuteruns e canais mais discretos podem ser mais efetivos na tentativa de influenciar mudanccedilas de comportamento

Possibilitando que as Missotildees de Paz da ONU Ofereccedilam Proteccedilatildeo CriacutevelO peacekeeping eacute um sistema com grande legitimidade global que jaacute evita abusos e comeccedilou a dar ecircnfase agrave Proteccedilatildeo de Civis (PoC) em muitas de suas operaccedilotildees A composiccedilatildeo global e o controle rigoroso por parte do Conselho de Seguranccedila deixa as operaccedilotildees de paz muito mais aceitaacuteveis que qualquer outro instrumento como notavelmente o uso da

24Global Public Policy Institute (GPPi)

forccedila por terceiros segundo um mandato do Conselho de Seguranccedila55 Ao mesmo tempo o peacekeeping soacute eacute capaz de lidar com um nuacutemero limitado de desafios agrave proteccedilatildeo a ausecircncia de mecanismos raacutepidos e efetivos de mobilizaccedilatildeo de implementaccedilatildeo faz com que seja impossiacutevel para peacekeepers da ONU responder a ameaccedilas iminentes de crimes de atrocidade e os requerimentos legais e praacuteticos da colaboraccedilatildeo com o governo local limitam uma accedilatildeo efetiva contra os perpetradores dos crimes de atrocidade que sejam parte ou que recebam apoio do governo Mesmo quando os peacekeepers estavam presentes enquanto crimes de atrocidade eram praticados como na Costa do Marfim em 2011 e no Sudatildeo do Sul em 2013 qualquer prevenccedilatildeo efetiva foi ilusoacuteria E onde uma reaccedilatildeo imediata natildeo obteve sucesso os desafios da proteccedilatildeo efetiva contra crimes em andamento rapidamente excedeu a capacidade dos boinas azuis

As vaacuterias maneiras em que as operaccedilotildees de paz poderiam melhor proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade ao estabelecer capacidades reduzir vulnerabilidade (ldquoproteccedilatildeo indiretardquo) e defender contra perpetradores (ldquoproteccedilatildeo diretardquo) jaacute foram explicitadas em outras oportunidades56 Atingir pelo menos um niacutevel moderado de ambiccedilatildeo para que peacekeepers protejam populaccedilotildees contra crimes de atrocidade requereria investimentos adicionais em capacidade doutrina e treinamento Tambeacutem seria necessaacuteria uma anaacutelise mais seacuteria sobre como combinar de forma efetiva o uso do peacekeeping com instrumentos poliacuteticos

O Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz a lideranccedila da missatildeo e os paiacuteses colaboradores precisam informar de forma modesta e transparente os limites das capacidades da ONU na proteccedilatildeo de civis

O comprometimento bem-vindo e necessaacuterio do Conselho de Seguranccedila com a proteccedilatildeo levou a um nuacutemero excessivo de promessas57 que aumentaram a lacuna entre as expectativas locais e a capacidade das missotildees Quando um mandato para milhares de peacekeepers eacute estabelecido com grande alvoroccedilo mas somente uma fraccedilatildeo chega seis meses depois como no Sudatildeo Sul apoacutes o iniacutecio da uacuteltima guerra civil em dezembro de 2013 ou como quando os peacekeepers se recusaram a tomar medidas enquanto crimes de atrocidade eram cometidos nas redondezas (devido ou natildeo ao apoio ou lideranccedila inadequados) como visto recentemente na RDC ou no Sudatildeo pessoas que se reuacutenem ao redor da bandeira azul na esperanccedila de proteccedilatildeo se tornam mais vulneraacuteveis ao perigo do que se estivessem em outro local De forma geral populaccedilotildees ameaccediladas estatildeo em situaccedilotildees melhores com os peacekeepers do que sem eles mas ainda assim a credibilidade das Naccedilotildees Unidas eacute afetada nestes casos58

Tanto a proteccedilatildeo efetiva quanto a responsaacutevel exigem uma comunicaccedilatildeo honesta e transparente com o puacuteblico e com o Conselho de Seguranccedila sobre as capacidades de cada missatildeo e de cada contingente aleacutem da sua disponibilidade para assumir riscos Quando os diplomatas do Conselho criarem ou derem nova autorizaccedilatildeo a outro ambicioso mandato para a proteccedilatildeo de civis eles precisam ser formalmente informados das capacidades e requerimentos que seratildeo necessaacuterios

25Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

A proteccedilatildeo por parte dos peacekeepers requer um salto de qualidade das contribuiccedilotildees para as operaccedilotildees dos boinas azuis e isso exige que o Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz as tropas a poliacutecia e os colaboradores financeiros encontrem uma divisatildeo do trabalho mais justa e equilibradaO equiliacutebrio fraacutegil entre aqueles que contribuem com tropas (em sua maioria da Aacutefrica e da Aacutesia) financiadores (em sua maioria da Europa e Ameacuterica do Norte) e os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila da ONU que emitem mandatos estaacute proacuteximo de se desfazer A insustentaacutevel divisatildeo de trabalho em peacekeeping natildeo eacute uma questatildeo dos ocidentais contra os demais Muitos paiacuteses africanos cansados dos muitos anos de tentativas frustradas de instauraccedilatildeo da paz no continente pelas potecircncias externas cada vez mais requerem e apoiam o uso de forccedila militar para proteger civis e conceder mais tempo para as negociaccedilotildees de paz Por outro lado paiacuteses que tradicionalmente contribuem com muitas tropas estatildeo cada vez mais reticentes em ameaccedilar a vida de seus soldados em locais distantes ndash especialmente aqueles paiacuteses como a Iacutendia cujo papel emergente no mundo criou expectativas de exercer influecircncia sobre escolhas estrateacutegicas que ateacute agora se mantiveram no domiacutenio exclusivo dos membros permanentes Isso tudo combinado com a austeridade imposta agraves forccedilas armadas mais desenvolvidas impossibilitando aumentar suas contribuiccedilotildees de ativos-chave ndash que poderia reduzir os riscos aos boinas azuis ndash vem deixando muitos paiacuteses em desenvolvimento cada vez mais impacientes com um sistema que natildeo funciona mais para eles

Para avanccedilar na prevenccedilatildeo de crimes de atrocidade economias desenvolvidas e em desenvolvimento precisatildeo aumentar os recursos disponibilizados para as missotildees de paz da ONU mas o dever principal de balancear o desequiliacutebrio atual estaacute nas matildeos de paiacuteses com capacidades avanccediladas Eles precisam disponibilizar forccedilas militares e ativos poliacuteticos que satildeo chaves para limitar o risco de todos os boinas azuis e aumentar o custo-benefiacutecio e a eficaacutecia do peacekeeping Isso inclui drones de vigilacircncia veiacuteculos anti-minas hospitais militares evacuaccedilatildeo meacutedica aeacuterea apoio de combate aeacutereo transporte aeacutereo taacutetico equipamentos anti-explosivos e outras tecnologias avanccediladas59

Contudo natildeo satildeo somente paiacuteses da Europa e da Ameacuterica do Norte que disponibilizam pouquiacutessimas tropas e deixam a desejar em suas contribuiccedilotildees (os europeus por exemplo respondem por menos de 7 por cento das tropas de peacekeeping da ONU e menos de 4 por cento das tropas policiais da organizaccedilatildeo60 A Iacutendia tem demonstrado apoio duradouro e extensivo ao peacekeeping ndash uma rara exceccedilatildeo entre paiacuteses com pretensotildees de lideranccedila regional ou global Outros paiacuteses deveriam pensar em seguir o recente exemplo da China e aumentar o nuacutemero de tropas policiais ou civis qualificados disponibilizados agrave ONU Por exemplo o Brasil mesmo com sua lideranccedila no Haiti ainda oferece menos pessoal que os pequenos Togo e Burkina Faso

26Global Public Policy Institute (GPPi)

Todos os membros do Conselho de Seguranccedila e colaboradores do peacekeeping deveriam aumentar a orientaccedilatildeo conceitual o treinamento e a construccedilatildeo de capacidade para a proteccedilatildeo de civis contra crimes de atrocidade

Tanto o desenvolvimento de estrateacutegias poliacuteticas quanto o uso da forccedila para proteccedilatildeo taacutetica de civis carecem grandemente de fundamentos conceituais soacutelidos com a qual qualquer outro tipo de operaccedilatildeo militar pode contar Os desafios poliacuteticos policiais e militares da proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade natildeo recebem a atenccedilatildeo conceitual e os recursos para treinamento adequados em quase todos os paiacuteses61 Natildeo eacute surpreendente que liacutederes de missatildeo e comandantes de tropas operem hoje em dia com base na tentativa e erro sem que haja uma orientaccedilatildeo ou doutrina clara Da mesma forma os membros do Conselho ndash em especial os natildeo-permanentes ndash satildeo forccedilados a tomar decisotildees difiacuteceis sobre a proteccedilatildeo de civis sem que tenham acesso a um oacutergatildeo de anaacutelise poliacutetico-militar sobre quais seriam as consequecircncias de tais accedilotildees A ausecircncia de conceitos claros e amplamente difundidos sobre as formas praacuteticas de proteccedilatildeo (para aleacutem das Zonas de exclusatildeo aeacuterea) contribuem para o estereoacutetipo muacutetuo e suspeitas de motivos escusos

Os Estados Unidos deveriam continuar a expansatildeo da sua Iniciativa Global de Operaccedilotildees de Paz (GPOI na sigla em inglecircs) e sua Parceria Africana de Resposta Raacutepida para Manutenccedilatildeo da Paz que apoiam e reforccedilam a capacidade de outros paiacuteses de treinar e manter competecircncias para a manutenccedilatildeo da paz Ambos os casos deveriam dar mais atenccedilatildeo agraves forccedilas militaresx mais frequentemente usadas no peacekeeping No futuro treinamentos e exerciacutecios da GPOI e outros deveriam incluir especificamente diferentes aspectos de proteccedilatildeo a civis 62 De forma similar a estes programas estadunidenses a Uniatildeo Europeia os governos europeus e de outros locais que possuem forccedilas armadas com tal capacidade deveriam oferecer os treinamentos e equipamentos mais modernos para os colaboradores das operaccedilotildees de paz Isso poderia criar incentivos para que unidades treinadas e equipadas efetivamente trabalhem em conjunto com a ONU a Uniatildeo Africana e as forccedilas sub-regionais na proteccedilatildeo de civis ndash no caso da UE ao novamente dar ecircnfase e expandir a Enable and Enhance Initiative

Usar a avaliaccedilatildeo atual das operaccedilotildees de paz da ONU para construir um consenso entre todas as partes interessadas (Conselho de Seguranccedila e Secretariado assim como colaboradores financeiros de tropas ou de poliacutecia) sobre o uso da forccedila somente para apoiar ndash e nunca substituir ndash uma estrateacutegia poliacutetica para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade e para planejar mandatos e operaccedilotildees adequadamente Como parte do diaacutelogo necessaacuterio sobre a utilidade do uso da forccedila a atual avaliaccedilatildeo das operaccedilotildees de paz da ONU oferece uma oportunidade de reconstruir uma linguagem comum sobre o peacekeeping seus princiacutepios e conceitos baacutesicos suas ambiccedilotildees e desafios para as tarefas de proteccedilatildeo das missotildees da ONU especialmente no que diz respeito ao uso da forccedila Os princiacutepios de consentimento imparcialidade e neutralidade atualizados no Relatoacuterio Brahimi para permitir que peacekeepers ajam contra os violadores dos acordos de paz e perpetradores de atrocidades mais uma vez satildeo distorcidos ou parecem irrelevantes em muitas operaccedilotildees A maioria dos peacekeepers

27Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

de hoje servem em situaccedilotildees de conflito ativo como no Mali ou na Repuacuteblica Centro-Africana Peacekeepers da ONU estatildeo conduzindo operaccedilotildees de combate ativo na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Em outros locais os acordos de deacutecadas atraacutes que deram origem a uma missatildeo natildeo incluem as partes que atualmente ameaccedilam ou sequestram peacekeepers como nas Colinas de Golatilde

Enquanto eacute inevitaacutevel que haja certa ambiguidade sobre os princiacutepios o uso ativo da forccedila para proteger civis soacute eacute capaz de apoiar mas nunca substituir uma estrateacutegia poliacutetica63 Onde natildeo haacute uma estrateacutegia poliacutetica realista para chegar agrave paz deve haver pelo menos uma para limitar os riscos aos civis ndash se necessaacuterio um plano que inclua o apoio de forccedilas militares da ONU como na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Estas questotildees devem ser discutidas de forma honesta pelas partes interessadas nas operaccedilotildees de paz da ONU O abismo que separa as partes nestas discussotildees natildeo estaacute entre os ocidentais que apoiam o uso de mais forccedila e os opositores natildeo-ocidentais Atualmente isso acontece entre paiacuteses que contribuem com muitas tropas como Iacutendia e Paquistatildeo preocupados com o aumento dos riscos agraves suas tropas e uma coalisatildeo mais intervencionista de paiacuteses africanos e europeus ocidentais64

A Tomada de Decisotildees sobre Accedilotildees MilitaresO atual sistema de seguranccedila coletiva que tem o Conselho de Seguranccedila na ONU como peccedila central natildeo estaacute agrave altura da tarefa de prover proteccedilatildeo efetiva e responsaacutevel O Conselho eacute incapaz de agir de forma efetiva quando alguns interesses geopoliacuteticos colidem como no caso da Siacuteria Mas ele fracassa ateacute mesmo em situaccedilotildees em que o abuso do argumento humanitaacuterio natildeo estaacute na pauta e os interesses de membros-chave do Conselho estatildeo alinhados ndash como no caso da Repuacuteblica Centro-Africana ou do Sudatildeo do Sul Um Conselho que tem o poder de estabelecer mandatos mobilizar proteccedilatildeo efetiva e limitar o medo do uso abusivo de argumentos humanitaacuterios precisaria ouvir os maiores atores poliacuteticos do mundo moderno os paiacuteses que contribuem com tropas e os financiadores

Tanto a composiccedilatildeo quanto os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila da ONU refletem a ordem mundial dos anos 1940 A fim de manter a credibilidade do sistema de seguranccedila coletiva restaurar a legitimidade do Conselho de Seguranccedila eacute uma questatildeo urgente e de interesse dos cinco membros permanentes Todavia mesmo estando bem fundadas em termos de justiccedila global e em prospectos de longo prazo para a governanccedila global as propostas jaacute existentes para uma expansatildeo do Conselho ou um papel mais proeminente da Assembleia Geral em assuntos de seguranccedila provavelmente natildeo contribuiratildeo para uma proteccedilatildeo mais efetiva contra crimes de atrocidade

Visando o 70o aniversaacuterio da ONU neste ano nossas sugestotildees datildeo ecircnfase agraves mudanccedilas procedimentais e natildeo estruturais do Conselho de Seguranccedila

28Global Public Policy Institute (GPPi)

Os cinco membros permanentes do Conselho de Seguranccedila deveriam dar mais apoio a processos decisoacuterios inclusivos dentro do Conselho e abrir canais informais de consulta sobre mandatos estrateacutegias e operaccedilotildees para todas as partes cruciais em especial potecircncias regionais e grandes colaboradores de pessoal Os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila na ONU limitam severamente seu senso de imparcialidade perante os olhos do mundo Na maioria das crises na Aacutefrica o chamado ldquopenholderrdquo ndash isto eacute o paiacutes responsaacutevel pelo rascunho das resoluccedilotildees do Conselho ndash eacute o antigo Estado colonizador ou os Estados Unidos65 Mesmo sendo uacutetil por dar uma continuidade ao longo dos anos esta organizaccedilatildeo e as relaccedilotildees internas resultantes entre os membros permanentes efetivamente excluem os membros natildeo-permanentes da maior parte das negociaccedilotildees informais onde as decisotildees mais importantes satildeo tomadas

Para que haja uma forma menos exclusiva de tomar decisotildees o precisaria de atores adicionais tanto dentro quanto fora das regiotildees relevantes para desenvolver as capacidades analiacutetica e poliacutetica de cogerenciar de forma construtiva o engajamento do Conselho e as operaccedilotildees de paz ao inveacutes de soacute defender seus proacuteprios interesses Os Estados membros e as organizaccedilotildees da sociedade civil tambeacutem devem continuar as discussotildees sobre um coacutedigo de conduta para limitaccedilatildeo voluntaacuteria do poder de veto em situaccedilotildees de crimes de atrocidade como proposto pelo governo francecircs66

Aleacutem dos procedimentos internos os membros do Conselho devem continuar expandindo as interaccedilotildees informais com as partes relevantes incluindo paiacuteses vizinhos e aqueles que contribuem com pessoal para as operaccedilotildees de paz Isso natildeo precisa se limitar a trocas diplomaacuteticas formais a fim de aumentar a qualidade e aceitaccedilatildeo dos mandatos de peacekeeping os paiacuteses responsaacuteveis pelo rascunho do mandato poderiam incluir a colaboraccedilatildeo de especialistas dos paiacuteses que contribuem com grande nuacutemero de tropas ou de policiais como por exemplo antigos comandantes de tropa ou chefes de poliacutecia67

Atores com credibilidade para fazer conexotildees no debate polarizado sobre intervenccedilatildeo militar devem facilitar os esforccedilos informais para desenvolver um sistema de monitoramento e informaccedilatildeo mais rigoroso para Estados que aderirem agraves missotildees com mandatos da ONUO conceito de Responsabilidade ao Proteger (RwP na sigla em inglecircs) eacute uma das iniciativas mais promissoras para lidar com os desacordos globais sobre o uso abusivo da Responsabilidade de Proteger Quando apresentado pelo Brasil no final de 2011 tal conceito ofereceu uma oportunidade de debate sobre o que poderia ser proteccedilatildeo efetiva e qual deveria ser o papel do uso da forccedila nessa proteccedilatildeo apoacutes a intervenccedilatildeo na Liacutebia quando essas discussotildees estavam extremamente polarizadas68 Apoacutes essa experiecircncia eacute muito improvaacutevel que o Conselho de Seguranccedila futuramente aprove uma resoluccedilatildeo autorizando o uso de forccedilas externas para a proteccedilatildeo com termos tatildeo amplos Com isso a implementaccedilatildeo de algumas ideias da proposta do RwP eacute de interesse de todos os Estados que acreditam que a forccedila deve ser uma ferramenta de uacuteltimo caso disponiacutevel

29Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

agrave comunidade internacional Discussotildees mais profundas satildeo necessaacuterias sobre os criteacuterios e condiccedilotildees considerados para que o Conselho use a forccedila para proteger populaccedilotildees Mesmo que a discussatildeo sobre criteacuterios para o uso da forccedila seja tatildeo antiga quanto a discussatildeo sobre intervenccedilatildeo humanitaacuteria69 todos os Estados membros se beneficiariam de um debate aberto sobre os sucessos e fracassos do uso da forccedila no passado e suas implicaccedilotildees no futuro como supracitado Outra questatildeo mais praacutetica diz respeito a como aumentar a habilidade do Conselho de monitorar aqueles que aderem e executam suas decisotildees Uma sugestatildeo concreta seria adotar elementos do sistema de peacekeeping como relatoacuterios e reuniotildees instrutivas regulares sobre a situaccedilatildeo das delegaccedilotildees para o uso da forccedila por terceiros As resoluccedilotildees poderiam incluir expliacutecitas claacuteusulas de caducidade que obrigariam a aprovaccedilatildeo da extensatildeo do mandato pelo Conselho de Seguranccedila e requerimentos de relatoacuterio regulares e especiacuteficos por parte daqueles Estados membros que aderirem e executarem as decisotildees do oacutergatildeo70 Outra sugestatildeo seria a criaccedilatildeo de mecanismos de responsabilizaccedilatildeo e monitoramento ao criar paineacuteis de especialistas quando os mandatos do Conselho incluiacuterem o uso da forccedila conforme modelo dos comitecircs de sanccedilotildees da ONU Relatoacuterios de comitecircs independentes como esses podem dar origem a uma praacutetica-padratildeo e contribuir para a melhora da qualidade nas decisotildees do Conselho ao longo do tempo seja antes durante ou depois das operaccedilotildees militares71

Potecircncias emergentes e jaacute estabelecidas podem fazer sua parte no avanccedilo das discussotildees sobre as questotildees colocadas pelo RwP Tanto a iniciativa oficial do Brasil quanto a ideia de ldquoProteccedilatildeo Responsaacutevelrdquo colocada por um reconhecido especialista chinecircs72 poderiam ser pontos de partida para discussotildees mais especiacuteficas e operacionais tanto entre os BRICS quanto entre os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila73 Ao inveacutes de rejeitar tais conceitos como sendo ataques agrave Responsabilidade de Proteger as potecircncias ocidentais deveriam ver essas iniciativas como uma oportunidade para um debate construtivo sobre como proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade74

Inserindo a Reflexatildeo e o Aprendizado Constantes em cada Ferramenta PoliacuteticaAinda que haja muita experiecircncia estabelecida com fracassos terriacuteveis e os poucos sucessos qualificados natildeo haacute uma base de conhecimento confiaacutevel sobre como proteger pessoas contra crimes de atrocidade Em geral governos e organizaccedilotildees internacionais continuam tratando cada crise como sendo uacutenica dando pouca atenccedilatildeo agrave reflexatildeo contiacutenua ao aprendizado e agrave adaptaccedilatildeo das poliacuteticas conforme as situaccedilotildees evoluem Os acadecircmicos jaacute aprenderam bem mais sobre o que natildeo funciona em algumas condiccedilotildees do que sobre o que poderia melhorar ndash por um lado porque cada intervenccedilatildeo poliacutetica acontece com contexto proacuteprio e por outro porque resultam de incentivos acadecircmicos e dificuldades de acesso a dados

30Global Public Policy Institute (GPPi)

Governos organizaccedilotildees internacionais sociedade civil e acadecircmicos precisam projetar poliacuteticas que sejam mais adaptaacuteveis ao conhecimento em evoluccedilatildeo e agrave avaliaccedilatildeo de riscos com base em oportunidades internas para reflexatildeo e aprendizado contiacutenuos e colaborativosEnquanto ainda haacute urgecircncia para que medidas sejam tomadas agir de forma responsaacutevel perante tanta incerteza pede que sejamos menos confiantes em nossa habilidade de determinar a melhor poliacutetica possiacutevel para cada situaccedilatildeo Poliacuteticos ativistas e intelectuais devem ser honestos consigo mesmos e transparentes com aqueles que mais sofrem com os impactos dessas poliacuteticas Natildeo haacute soluccedilotildees que tenham sido testadas e comprovadas Tudo que podemos fazer eacute tentar identificar a forma mais responsaacutevel de desenvolver cada caso enquanto nos mantemos preparados e prontos para reagir rapidamente a mudanccedilas e melhorar nossa gama de poliacuteticas instrumentais Este processo experimental de decisatildeo poliacutetica precisa ser constantemente monitorado e avaliado de forma autocriacutetica tanto interna quanto externamente atraveacutes do diaacutelogo franco e honesto entre profissionais sociedades e especialistas externos em todos os niacuteveis desde o monitoramento e avaliaccedilatildeo ateacute os debates mais amplos de poliacutetica puacuteblica sobre a eficaacutecia da forccedila militar e da diplomacia coercitiva na prevenccedilatildeo e resposta a crimes de atrocidade

31Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

1 Como a Genocide Prevention Task Force em um painel fechado de alto-niacutevel nos Estados Unidos apropriadamente argumentou em 2008 Genocide Prevention Task Force lsquoPreventing Genocide A Blueprint for US Policymakersrsquo (Washington DC The American Academy of Diplomacy US Holocaust Memorial Museum US Institute for Peace 2008) Veja tambeacutem Ruben Reike Serena Sharma e Jennifer Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo (Australian Civil-Military Centre e Oxford Institute for Ethics Law and Armed Conflict 2013) 6ff

2 Michael Ignatieff lsquoThe Libya Case a Teachable Momentrsquo Suddeutsche Zeitung Special Supplement http wwwamericanacademydesitesdefaultfilesuploadMSC202012pdf 3 de fevereiro de 2012 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 David Bosco lsquoAbstention Games on the Security Councilrsquo Foreign Policy httpforeignpolicy com20110317abstention-games-on-the-security-council 17 de marccedilo de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

3 Kofi A Annan lsquoTwo Concepts of Sovereigntyrsquo The Economist httpwwweconomistcomnode324795 16 de setembro de 1999 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

4 Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Conflict Security and Development 144 2014 Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

5 Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

6 Rosa Brooks lsquoThe UN Security Council and Civilian Protectionrsquo in Jared Genser e Bruno Ugarte eds The UN Security Council in the Age of Human Rights (New York Cambridge University Press 2013) 12 Sobre a base global para as normas de proteccedilatildeo veja Charles Sampford lsquoA Tale of Two Normsrsquo em Angus Francis Vesselin Popovski e Charles Sampford eds Norms of Protection Responsibility to Protect Protection of Civilians and Their Interaction (United Nations University Press 2012) Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

7 Para uma visatildeo geral do posicionamento do Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia e Aacutefrica do Sul sobre R2P veja os artigos na ediccedilatildeo especial de Conflict Security and Development Brockmeier Kurtz e Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Jaganathan e Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Julian Junk lsquoThe Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Xymena Kurowska lsquoMultipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Lui Tiewa e Zhang Haibin lsquoDebates in China About the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessmentrsquo Conflict Security and Development 2014 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Verhoeven Murthy e Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang Reinicke lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo ediccedilatildeo especial (144) de Conflict Security and Development (London Taylor amp Francis 2014)

8 CSR Murthy e Gerrit Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo Global Society em revisatildeo

9 Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo Global Society em revisatildeo Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo Global Society em revisatildeo

10 Judi Atkins Justifying New Labour Policy (Houndmills Basingstoke Hampshire New York Palgrave Macmillan 2011) 163 Veja por exemplo Stuenkel e Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Erna Burai lsquoParody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian Warrsquo Global Society em revisatildeo

Notas

32Global Public Policy Institute (GPPi)

11 Roland Paris lsquoThe ldquoResponsibility to Protectrdquo and the Structural Problems of Preventive Humanitarian Interventionrsquo International Peacekeeping 215 2014 4

12 Ramesh Thakur lsquoR2Prsquos ldquoStructuralrdquo Problems A Response to Roland Parisrsquo International Peacekeeping 2015 5

13 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

14 Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo Global Society em revisatildeo

15 Julian Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo Global Society em revisatildeo Julian Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo Global Society em revisatildeo

16 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

17 Erna Burai lsquoAfrican Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Groundrsquo Global Society em revisatildeo

18 Ambos os debates em torno das propostas brasileiras de Responsabilidade ao Proteger e o Diaacutelogo Interativo Informal da Assembleia Geral sobre Responsabilidade de Proteger e ldquoAccedilatildeo oportuna e decisivardquo em 2012 constituiacuteram tentativas de defensores de R2P se envolverem em discussotildees sobre o uso da forccedila e R2P Para acessar uma coleccedilatildeo de discursos durante a Assembleia Geral de 2012 veja httpwwwglobalr2porgresources278

19 Sarah Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo em Mary Kaldor e Iavor Rangelov eds The Handbook of Global Security Policy (Chichester West Sussex Wiley Blackwell 2014) 225

20 Alastair Iain Johnston lsquoThinking About Strategic Culturersquo International Security 194 1995 46

21 Pessimismo sobre a eficaacutecia da forccedila no entanto natildeo eacute o mesmo de promover a natildeo-violecircncia Alguns dos maiores defensores do ceticismo em relaccedilatildeo agraves forccedilas militares para proteccedilatildeo frequentemente recorrem a forccedilas militares ou quase militares no acircmbito domeacutestico

22 Otto Bakkano lsquoAU Pushes for Ceasefire Political Solution in Libyarsquo Mail amp Guardian httpmgcoza article2011-05-26-au-pushes-for-ceasefire-political-solution-in-libya 26 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Guido Westerwelle lsquoBundesminister Westerwelle Statement vom 25032011 zu Syrien Jemen Israel und dem Gaza-Streifen Sowie Libyenrsquo Auswartiges Amt httpwwwbrasildiplodeVertretung brasiliende07__AussenpolitikReden_20des_20Au_C3_9FenministersStatemente_20Syrienhtml 25 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

23 Barack Obama David Cameron e Nicolas Sarkozy lsquoLibyarsquos Pathway to Peacersquo The International Herald Tribune httpwwwnytimescom20110415opinion15iht-edlibya15html 15 de abril de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Reuters lsquoKerry Insists No Place for Assad in Syriarsquos Futurersquo Reuters httpwwwreuters comarticle20140117us-syria-crisis-kerry-idUSBREA0G14A20140117 17 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

24 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

25 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

26 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

27 Kersti Larsdotter lsquoExploring the Utility of Armed Force in Peace Operations German and British Approaches in Northern Afghanistanrsquo Small Wars and Insurgencies 193 2008 Taylor B Seybolt Humanitarian Military Intervention The Conditions for Success and Failure (Oxford Oxford University Press 2008) Rupert Smith The Utility of Force The Art of War in the Modern World (London Allen Lane 2005) Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

28 UN Department of Peacekeeping Operations e UN Department of Field Support lsquoOperational Concept on the Protection of Civilians in United Nations Peacekeeping Operationsrsquo (New York 2010) Sarah Sewall Dwight Raymond e Sally Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook (Cambridge MA Harvard Kennedy School 2010)

29 Harry Verhoeven documenta o exemplo de um diplomata chinecircs que ldquopensava que o Ocidente tinha inventado os Janjaweed [miliacutecias proacute- governo em Darfur] como uma desculpa para intervir Mas eles eram de verdade e matavam pessoasrdquo Harry Verhoeven lsquoIs Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa Is Changing Chinarsquo The Washington Quarterly 372 2014 64

33Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

30 BS Chimni lsquoFor Epistemological and Prudent Internationalismrsquo Harvard Law School Human Rights Journal novembro 2012 Greg Simons lsquoThe International Crisis Group and the Manufacturing and Communicating of Crisesrsquo Third World Quarterly 354 2014 Ramesh Thakur lsquoIs the United Nations Racistrsquo The Hindu httpwwwthehinducomopinionleadis-the-united-nations-racistarticle4928624ece 19 de julho de 2013 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

31 Ambassador Liu Zhenmin lsquoStatement by Ambassador Liu Zhenmin at the Plenary Session of the General Assembly on the Question of ldquoResponsibility to Protectrdquorsquo httpresponsibilitytoprotectorgStatement20 by20Ambassador20Liu20Zhenminpdf 24 de julho de 2009 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Zhang Haibin e Lui Tiewa lsquoRealizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and Thereafterrsquo Global Society em revisatildeo

32 Conversa com uma seacuterie de especialistas indianos em evento na Jawaharlal Nehru University (Nova Deacuteli Iacutendia) no dia 21 de Janeiro de 2015

33 IRIN lsquoA New Start for Crisis Reportingrsquo IRIN httpnewirinirinnewsorgpress-release 20 de novembro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34 Veja por exemplo Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoReport of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on United Nations Action in Sri Lankarsquo (New York United Nations 2012)

35 Um bom exemplo foi o briefing do Assessor Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedio para o Conselho de Seguranccedila da ONU depois de sua visita agrave Repuacuteblica Centro-Africana no dia 22 de janeiro de 2014 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoThe Statement of under Secretary-GeneralSpecial Adviser on the Prevention of Genocide Mr Adama Dieng on the Human Rights and Humanitarian Dimensions of the Crisis in the Central African Republicrsquo httpwwwunorgenpreventgenocideadviserpdfSAPG20Statement20at20UNSC20 on20the20situation20in20CAR-202220Jan202014pdf 22 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

36 Morten Bergsmo Quality Control in Fact-Finding (Florence Torkel Opsahl Academic EPublisher 2013) 210

37 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoRights up Front A Plan of Action to Strengthen the UNrsquos Role in Protecting People in Crises Follow-up to the Report of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on UN Action in Sri Lankarsquo (New York 2013)

38 Veja tambeacutem futura publicaccedilatildeo do GPPi Gerrit Kurtz lsquoA New Tool for Civilian Protection - the Human Rights up Front Initiative of the United Nationsrsquo GPPi Policy Brief futura publicaccedilatildeo

39 Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo

40 Jose Ramos-Horta lsquoIndia Right in Asking for More Say in Peacekeeping Operations-Related Decisions Top UN Panel Chiefrsquo Hindustan Times httpwwwhindustantimescomindia-newsindia-right-in-asking- for-more-say-in-peacekeeping-operations-related-decisions-top-un-panel-chiefarticle1-1314354aspx 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 13 de marccedilo de 2015

41 Thomas Biersteker et al lsquoThe Effectiveness of UN Targeted Sanctions - Findings from the Targeted Sanctions Consortium (TSC)rsquo The Graduate Institute Geneva 2013

42 Kirsten Ainley lsquoThe Responsibility to Protect and the International Criminal Court Counteracting the Crisisrsquo International Affairs 911 2015

43 Para distinccedilatildeo entre atividades ldquosistecircmicasrdquo e ldquodirecionadasrdquo veja Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

44 Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo Global Society em revisatildeo

45 Verhoeven e Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo 8 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann lsquoSchutz und Verantwortung Uber die US- Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltatenrsquo (2013)

46 Mike Brand lsquoEmploying lsquoPreventionrsquo to Prevent Mass Atrocitiesrsquo Saferworld httpwwwsaferworldorguk news-and-viewscomment123-employing-apreventiona-to-prevent-mass-atrocities 25 de fevereiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Warren Strobel e Louis Charbonneau lsquoUS Was Slow to Lose Patience as South Sudan Unraveledrsquo Reuters 14 de janeiro de 2014

47 Adam Lupel lsquoUN Adviser on Prevention of Genocide ldquoWe Have to Make Sure the Security Council Actsrdquorsquo httptheglobalobservatoryorg201404un-adviser-on-prevention-of-genocide-we-have-to-make-sure- security-council-acts 28 de abril de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34Global Public Policy Institute (GPPi)

48 Office for the Coordination of Humanitarian Affairs lsquoHumanitarian Bulletin Syriarsquo Humanitarian Bulletin Issue 53 httpreliefwebintsitesreliefwebintfilesresourcesBulletin_no_53_17032015_final_01pdf 1 de fevereiro - 18 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

49 Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

50 Human Rights Watch lsquoGermany QampA on Trial of Two Rwandan Rebel Leadersrsquo httpwwwhrworgde news20110502germany-qa-trial-two-rwandan-rebel-leaders 2 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 23 de marccedilo de 2015

51 Eric Lichtblau lsquoUS Seeks to Deport Bosnians over War Crimesrsquo New York worldus-seeks-to-deport-bosnians-over- Times httpwwwnytimescom20150301war-crimeshtml 28 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

52 Para um argumento similar observando o envolvimento internacional com a Liacutebia em 2015 veja International Crisis Group lsquoLibya Getting Geneva Rightrsquo International Crisis Group Middle East and North Africa Report Nr 157 2015

53 Kurtz e Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo

54 Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo

55 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

56 Alex J Bellamy e Charles T Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo (Asia- Pacific Centre for the Responsibility to Protect 2010) Alex J Bellamy The Responsibility to Protect A Defense (Oxford Oxford University Press 2014)

57 Ashley Jackson lsquoProtecting Civilians The Gap between Norms and Practicersquo (Humanitarian Policy Group 2014)

58 Isso jaacute foi escrito em 2009 no relatoacuterio ldquoNew Horizonrdquo do DPKO ldquoO descompasso entre expectativas e capacidade de promover proteccedilatildeo abrangente criou um significante desafio de credibilidade para as operaccedilotildees de paz da ONUrdquo Department of Peacekeeping Operations lsquoA New Partnership Agenda Charting a New Horizon for UN Peacekeepingrsquo (New York 2009) 20

59 Compare United Nations lsquoFinal Report of the Expert Panel on Technology and Innovation in UN Peacekeepingrsquo httpwwwperformancepeacekeepingorgofflinedownloadpdf 22 de dezembro de 2014

60 Compare United States Mission to the United Nations lsquoRemarks on Peacekeeping in Brussels by Samantha Power US Permanent Representative to the United Nationsrsquo httpusunstategovbriefing statements238660htm 9 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

61 Bellamy and Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo 23-24 Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

62 Isso poderia se basear no Mass Atrocities Response Operations project do US Armyrsquos Peacekeeping and Stability Operations Institute e do Harvard Kennedy Schoolrsquos Carr Center for Human Rights Veja Sewall Raymond e Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook

63 Mats Berdal e David H Ucko lsquoThe United Nations and the Use of Force Between Promise and Perilrsquo Journal of Strategic Studies 375 2014

64 Veja tambeacutem os resultados de um projeto do SIPRI sobre o futuro das operaccedilotildees de paz Jair van der Lijn e Xenia Avezov lsquoThe Future Peace Operations Landscape - Voices from Stakeholders around the Globe - Final Report of the New Geopolitics of Peace Operations Initiativersquo Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) janeiro de 2015

65 Security Council Report lsquoChairs of Subsidiary Bodies and Penholders for 2015rsquo httpwwwsecuritycouncilreportorgmonthly-forecast2015-02chairs_of_subsidiary_bodies_and_penholders_ for_2015php 30 de janeiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

66 Gareth Evans lsquoLimiting the Security Council Vetorsquo Project Syndicate httpwwwproject-syndicateorg commentarysecurity-council-veto-limit-by-gareth-evans-2015-02 4 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Kofi Annan e Gro Harlem Brundtland lsquoFour Ideas for a Stronger UNrsquo The New York Times httpwwwnytimescom20150207opinionkofi-annan-gro-harlem-bruntland-four-ideas-for-a-stronger- unhtml_r=0 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

67 Conversa com ex-comandantes militares Nova Deacuteli janeiro de 2015

68 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

35Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

69 Ibid Murthy e Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo

70 Compare tambeacutem com Bellamy The Responsibility to Protect A Defense 200

71 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

72 Ruan Zongze lsquo阮宗泽中国应倡导ldquo负责任的保护rdquo- ( China deveria defender a Proteccedilatildeo Responsaacutevel)rsquo Global Times (ediccedilatildeo chinesa) httpopinionhuanqiucom11522012-032501163html uacuteltimo acesso em 7 de marccedilo de 2012

73 Andrew Garwood-Gowers lsquoChinarsquos ldquoResponsible Protectionrdquo Concept Re-Interpreting the Responsibility to Protect (R2P) and Military Intervention for Humanitarian Purposesrsquo Asian Journal of International Law disponiacutevel em CJO2015 2015

74 Thorsten Benner lsquoBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiativersquo GPPi Working Paper Series 2013

36Global Public Policy Institute (GPPi)

Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang 4 n 4 2014) A ediccedilatildeo especial conteacutem os seguintes artigos todos disponiacuteveis gratuitamente online Introduction Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier

Regulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protect por Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

Debates in China about the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessment por Liu Tiewa e Zhang Haibin

Emerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protect por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk

Singing the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protect por Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz

Multipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protect por Xymena Kurowska

ldquoOur Identity is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Intervention por Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira

The Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protect por Julian Junk

Em breve laccedilaremos uma ediccedilatildeo especial na Global Society os seguintes artigos que estatildeo atualmente em processo de revisatildeo To Intervene in Darfur or Not Re-examining the R2P Debate and its Impacts por Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira

International Responsibility as Solidarity the Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectory por CSR Murthy e Gerrit Kurtz

Bringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenya por Julian Junk

Testing Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2P por Julian Junk

Parody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian War por Erna Burai

Protection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009 por Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan

Realizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and thereafter por Zhang Haibin e Liu Tiewa

The Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protection por Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

African Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Ground por Erna Burai

Responsibility While Protecting and the Ethics of R2P Implementation por Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier

Outras publicaccedilotildees relacionadasBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiative por Thorsten Benner Seacuterie de Working Papers do GPPi 2013

O Brasil como um Empreendedor Normativo a Responsabilidade ao Proteger por Thorsten Benner Politica Externa v 21 n 4 2013 p 35-46

Germany and the Intervention in Libya por Sarah Brockmeier Survival Global Politics and Strategy v55 n6 2013 p 63ndash90

Schutz und Verantwortung Uber die US-Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltaten por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann Heinrich Boll Foundation June 2013

Internationale Schutzverantwortung - Normative Erwartungen und Politische Praxis por Christopher Daase e Julian Junk (orgs) Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n 1-2 2013

Die Legalisierung der Legitimitat ndash Zur Kritik der Schutzverantwortung als Emerging Norm por Christopher Daase Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n1-2 2013 p 41-62

Emerging Power Exceptional State Elusive Country Explaining Indiarsquos Behavior por Madhan Mohan Jaganathan (com Amna Sunmbul) Proceedings of the International Conference on Social Sciences Chennai 2013 p 308-311

A New Tool for Civilian Protection - The Human Rights up Front Initiative of the United Nations por Gerrit Kurtz GPPi Policy Brief lanccedilamento em breve

Indiarsquos Approach to the Protection of Civilians in Armed Conflicts por CSR Murthy Norwegian Peacebuilding Resource Centre novembro de 2012

Contemporary World Order and Approaches to UN Peacekeeping A South Asian Perspective por CSR Murthy Friedrich Ebert Foundation dezembro de 2012

India-Brazil-South Africa Dialogue Forum (IBSA) The Rise of the Global South por Oliver Stuenkel Routledge Global Institutions 2014

The BRICS and the Future of Global Order por Oliver Stuenkel Lexington Press 2015

The BRICS and the Future of R2P Was Syria or Libya the Exception por Oliver Stuenkel Global Responsibility to Protect v6 n 1 2014 p 3-28

China and Responsibility to Protect Maintenance and Change of its Policy for Intervention por Liu Tiewa The Pacific Review v 25 v1 2012 p 153-173

Is China Like the Other Permanent Members Governmental and Academic Debates about RtoP by Liu Tiewa in Moacutenica Serrano e Thomas G Weiss (orgs) Rallying to the RtoP Cause The International Politics of Human Rights Routledge 2014 p 148-170

Chinese Strategic Culture and the Use of Force Moral and Political Perspectives por Liu Tiewa Journal of Contemporary China v23 n87 2014 p 556-574

Is Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa is Changing China por Harry Verhoeven The Washington Quarterly vol37 n2 2014 p 55-70

Publicaccedilotildees Selecionadas

37Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

AutoresThorsten BennerGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Sarah Brockmeier Global Public Policy InstituteBerlin Germany

Erna BuraiCentral European UniversityBudapest Hungary

CSR MurthyJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Christopher DaasePeace Research InstituteFrankfurt Germany

J Madhan MohanJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Julian JunkPeace Research InstituteFrankfurt Germany

Xymena KurowskaCentral European UniversityBudapest Hungary

Gerrit KurtzGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Liu TiewaPeking University China

Wolfgang ReinickeGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Philipp RotmannGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Ricardo Soares de OliveiraOxford UniversityUnited Kingdom

Matias SpektorFundaccedilatildeo Getulio VargasRio de Janeiro Brazil

Oliver StuenkelFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Marcos TourinhoFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Harry VerhoevenOxford UniversityUnited Kingdom

Zhang HaibinPeking UniversityChina

Global Public Policy Institute (GPPi)Reinhardtstr 7 10117 Berlin GermanyPhone +49 30 275 959 75-0Fax +49 30 275 959 75-99gppigppinet

gppinetglobalnormsnet

14Global Public Policy Institute (GPPi)

obter sucesso estaacute aberto a debate e a desafios em cada caso e natildeo somente quando haacute o uso da forccedila

Uma anaacutelise dos casos que estudamos mostra as incertezas e ambiguidades envolvidas no processo decisoacuterio da proteccedilatildeo Como no caso do Sudatildeo um processo do Tribunal Penal Internacional contra um chefe de Estado contribuiu para o objetivo da proteccedilatildeo 14A proteccedilatildeo eacute aumentada ou dificultada quando uma crise eacute publicamente rotulada como ldquosituaccedilatildeo de R2Prdquo como no Quecircnia ou em Mianmar15 Se o Estado for um perpetrador de crimes de atrocidade haacute algum caso em que a forccedila militar pode ser usada contra ele sem a intenccedilatildeo de mudar o regime ou sem levar o paiacutes ao caos como na Liacutebia16 Quando e como os peacekeepers da ONU devem tomar partido nos conflitos17

Haacute duacutevidas justificaacuteveis sobre as opccedilotildees de poliacuteticas disponiacuteveis e seus riscos Se comparado aos consideraacuteveis esforccedilos para promover o R2P como princiacutepio muito pouco estaacute voltado para descobrir e avaliar tais escolhas difiacuteceis a fim de colocar a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade em praacutetica

A Controveacutersia Mais Profunda a Forccedila Pode ProtegerEnquanto governos ativistas na sociedade civil e representantes da ONU que trabalham com R2P haacute muito tempo tendem a enfatizar taticamente as aacutereas consensuais a maior controveacutersia internacional se refere agrave intervenccedilatildeo militar e ao uso da forccedila para proteccedilatildeo Um debate mais construtivo e autocriacutetico eacute essencial para possibilitar um sistema de proteccedilatildeo mais efetivo e responsaacutevel no futuro e tal debate deve tratar da eficaacutecia do uso da forccedila na proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade suas chances de causar mais resultados positivos do que negativos e seus sucessos e fracassos no passado18 Esse debate natildeo eacute somente relevante nos casos relativamente raros de intervenccedilatildeo militar jaacute que a forccedila e a coerccedilatildeo satildeo parte de uma variedade maior de estrateacutegias de proteccedilatildeo como as sanccedilotildees e as operaccedilotildees de paz Mesmo as ferramentas puramente diplomaacuteticas ou civis satildeo frequentemente vistas como passos que podem escalar o uso da forccedila

Os debates sobre o uso da forccedila ao inveacutes de darem ecircnfase aos meacuteritos e riscos possiacuteveis das diferentes escolhas tecircm se expressado em termos de crenccedilas vagas sobre a eficaacutecia da forccedila militar ajudar a atingir os objetivos poliacuteticos Nos debates analisados encontramos um contraste notaacutevel entre as referecircncias limitadas a estudos estrateacutegicos sobre a utilidade da forccedila nos conflitos modernos e a convicccedilatildeo com a qual os governos apresentam suas opiniotildees sobre este mesmo assunto

Na ldquoausecircncia de doutrina militar e anaacutelise [para proteccedilatildeo de civis]rdquo19 como admitido por um ex-funcionaacuterio do Pentaacutegono (mesmo para o caso dos Estados Unidos) policymakers tendem a se dividir em dogmas fundamentais das suas culturas estrateacutegicas nacionais20 As comunidades estrateacutegicas de alguns paiacuteses satildeo mais otimistas de que o uso da forccedila pode obter bons resultados como forma de proteccedilatildeo a civis enquanto outros satildeo majoritariamente pessimistas e tendem a acreditar que a aplicaccedilatildeo da forccedila militar pioraria a situaccedilatildeo21

Apesar da incerteza inerente a cada crise os atores em cada lado dessa divisatildeo apresentam suas crenccedilas com firmeza frequentemente em termos de truiacutesmos ndash ldquoSoacute pode haver uma soluccedilatildeo poliacuteticardquo 22 ou ldquonatildeo haacute futuro para a Liacutebia Siacuteria com Gaddafi Assad no poderrdquo23 Esses satildeo apenas dois posicionamentos proeminentes que natildeo satildeo

15Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

capazes de reconhecer a realidade complexa de qualquer crise Dessa forma eles convidam a uma troca muacutetua de estereoacutetipos ao inveacutes de uma discussatildeo construtiva Os resultados tecircm sido previsiacuteveis reaccedilotildees antiocidentais no Sul (ldquoeles soacute querem invadir nossos paiacutesesrdquo) e anti-Sul por parte do Ocidente (ldquoeles sempre se juntam a seus colegas ditadoresrdquo) Ambas as partes tentam fazer uso do discurso de responsabilidade para justificar seus pontos de vista ldquoAssumir a responsabilidaderdquo outrora significava assumir riscos e accedilotildees militares caras ateacute que o Brasil desafiou o monopoacutelio intervencionista sobre o termo24

Este contraste entre conhecimento e convicccedilatildeo fica aparente em muitos debates nebulosos sobre peacekeeping tal como a conduccedilatildeo da crise na Costa do Marfim pela ONU em 2010-2011 mas foi mais claramente colocado em debate a forma como Estados Unidos Franccedila e Reino Unido lideraram a intervenccedilatildeo de 2011 na Liacutebia Diplomatas brasileiros experientes por exemplo questionaram a justificativa de uma accedilatildeo militar para uma mudanccedila no regime argumento que nunca foi explicitado por americanos franceses e britacircnicos Por que natildeo cessar os ataques uma vez que as ameaccedilas imediatas agrave populaccedilatildeo civil jaacute haviam sido eliminadas e as forccedilas de Gaddafi jaacute natildeo avanccedilavam mais e desta forma forccedilar todas agraves partes a negociar Que responsabilidade a coalisatildeo intervencionista assumiu pelas accedilotildees de seus aliados de fato em terra as forccedilas rebeldes liacutebias Como a coalisatildeo intervencionista equilibrou os riscos e recompensas das diferentes escolhas estrateacutegicas e por que exatamente ldquonatildeo era possiacutevel imaginar um futuro com Gaddafi no poderrdquo como argumentado por Obama Cameron e Sarkozy no jornal The New York Times25Houve questionamentos similares sobre as sugestotildees de intervenccedilatildeo militar na Siacuteria A ausecircncia de respostas convincentes provavelmente teve um papel muito importante no arquivamento de uma seacuterie de planos para intervenccedilotildees unilaterais ao longo dos anos

O que parece ser um otimismo infundado de que a forccedila seria capaz de atingir objetivos poliacuteticos daacute origem a um desconforto difundido em muitas partes do mundo e que vai aleacutem do objetivo especifico de proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade A invasatildeo do Iraque liderada pelos EUA em 2003 se desdobrou em grandes debates como um exemplo de escolha irresponsaacutevel por uma potecircncia hegemocircnica que tende a instruir outros paiacuteses sobre lideranccedila global responsaacutevel Isso tambeacutem eacute um lembrete valioso de que mesmo a maior forccedila militar do globo eacute claramente incapaz de forccedilar a construccedilatildeo efetiva de uma nova ordem poliacutetica com consequecircncias traacutegicas para milhares de pessoas natildeo soacute no Iraque

Ainda assim durante as crises na Costa do Marfim na Liacutebia em 2011 e na Repuacuteblica Centro-Africana em 2014 o Conselho de Seguranccedila estava pronto para legitimar intervenccedilotildees militares ldquoconforme cada casordquo como foi sugerido pela Cuacutepula Mundial Em cada um desses casos emergiram grandes maiorias que priorizaram a necessidade de accedilatildeo militar em relaccedilatildeo agrave ampla preocupaccedilatildeo com a manutenccedilatildeo da soberania estatal seja atraveacutes de voto a favor no Conselho de Seguranccedila de abstenccedilatildeo para permitir que resoluccedilotildees passassem (como Ruacutessia e China no caso da Liacutebia) ou de apoio financeiro militar ou poliacutetico em outros foacuteruns de discussatildeo

Eacute possiacutevel que haja uma janela de oportunidades surgindo para um debate poliacutetico mais detalhado e criacutetico sobre a eficaacutecia da forccedila militar na proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade Tais debates estatildeo tratando dos objetivos diferentes mas relacionados da luta contra insurgentes e redes terroristas Em ambos os casos haacute uma discussatildeo ponderada nos ciacuterculos militares e policiais assim como em grandes meios

16Global Public Policy Institute (GPPi)

de comunicaccedilatildeo sobre questotildees como execuccedilotildees especiacuteficas de terroristas suspeitos ou taacuteticas de contra-insurgecircncia centradas na populaccedilatildeo

Outro debate similar e criacutetico precisa ser colocado em questatildeo em relaccedilatildeo agrave forccedila e a proteccedilatildeo Ele pode ser construiacutedo a partir de uma tendecircncia recente na direccedilatildeo de mais engajamento com os resultados e meios praacuteticos do uso da forccedila militar para proteccedilatildeo Sociedades e comunidades estrateacutegicas nos EUA Reino Unido e Franccedila mostraram sinais de cansaccedilo em relaccedilatildeo a intervenccedilotildees em geral e particularmente agraves unilaterais Ao mesmo tempo alguns dos defensores mais leais da restriccedilatildeo militar reflexiva ndash como China Brasil e Alemanha ndash comeccedilaram a considerar em determinados casos argumentos a favor da accedilatildeo militar para proteccedilatildeo de civis 26Tanto defensores quanto ceacuteticos da proteccedilatildeo militar se beneficiaratildeo ao forccedilar mais nuances nesses debates Por um lado a demanda por especificidades protegeraacute contra o uso abusivo da autoridade humanitaacuteria para fins escusos Por outro mais transparecircncia ajudaraacute na defesa contra reclamaccedilotildees de abuso Esse debate deve considerar as contribuiccedilotildees acadecircmicas recentes27 mas encontraraacute ferramentas mais especiacuteficas e fundamentais em conceitos poliacuteticos estabelecidos como na doutrina da ONU para proteccedilatildeo de civis e as tentativas dos militares norte-americanos de desenvolver orientaccedilotildees conceituais para ldquooperaccedilotildees de resposta a atrocidades em massardquo28

17Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Se as principais controveacutersias globais sobre a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade envolvem (1) o medo do uso abusivo de argumentos humanitaacuterios e (2) como proteger de forma efetiva quais satildeo as opccedilotildees para melhorar as soluccedilotildees globais de proteccedilatildeo O ponto de partida deve ser o reconhecimento de que a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade como um desafio poliacutetico complexo e natildeo somente como algo paliativo enquanto tenta-se resolver um conflito poliacutetico de maiores dimensotildees Qualquer estrateacutegia de proteccedilatildeo deve ser preparada primeiramente a fim de influenciar os caacutelculos poliacuteticos e militares dos perpetradores e deve levar em consideraccedilatildeo os limites de influecircncias externas sobre eventos domeacutesticos Os atores locais tecircm o maior controle sobre a dinacircmica da violecircncia e eacute difiacutecil prever o efeito dominoacute causado pelas accedilotildees externas O foco no curto prazo do conceito de ldquoresposta raacutepida saiacuteda raacutepidardquo eacute portanto um ato irresponsaacutevel quase independente de contexto mesmo que accedilotildees raacutepidas frequentemente sejam necessaacuterias poliacuteticos ativistas jornalistas e acadecircmicos precisam prestar mais atenccedilatildeo agraves poliacuteticas de longo prazo e a seus planejamentos para que sejam adaptadas agraves mudanccedilas

Com base em nossos resultados e anaacutelise apontamos opccedilotildees poliacuteticas para governos a ONU e organizaccedilotildees regionais aleacutem da miacutedia e da sociedade civil com o intuito de melhorar a credibilidade das ferramentas existentes ao fazer com que seu uso na proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade seja menos vulneraacutevel ao abuso e tenha resultados mais efetivos Comeccedilamos com a necessidade de garantir informaccedilotildees e anaacutelises criacuteveis sobre as situaccedilotildees em que crimes de atrocidade satildeo cometidos Depois oferecemos algumas sugestotildees para o fortalecimento das ferramentas disponiacuteveis aos civis para prevenccedilatildeo e resposta a atrocidades e para que as operaccedilotildees de paz da ONU melhorem a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade Depois indicamos opccedilotildees de reforma importantes para o processo decisoacuterio coletivo sobre accedilotildees militares e terminamos enfatizando a necessidade de um aprendizado contiacutenuo e colaborativo sobre as ferramentas para prevenccedilatildeo de atrocidades

Reduzindo a Vulnerabilidade das Fontes de Informaccedilatildeo perante Acusaccedilotildees de ParcialidadeAntes mesmo de comeccedilar a considerar formas de lidar com futuras ou atuais atrocidades o mundo precisa chegar a um consenso sobre o que estaacute acontecendo em cada situaccedilatildeo Atualmente a disponibilidade de informaccedilatildeo sobre situaccedilotildees especiacuteficas de crises natildeo eacute mais o principal desafio para que accedilotildees de mobilizaccedilatildeo aconteccedilam

Opccedilotildees Poliacuteticas para Proteccedilatildeo Mais Efetiva e Responsaacutevel

18Global Public Policy Institute (GPPi)

Ainda assim acreditamos que um desafio crucial para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade eacute a acusaccedilatildeo de parcialidade sobre o tipo e a interpretaccedilatildeo das informaccedilotildees sobre atrocidades fornecidas por governos pela miacutedia ou por grupos da sociedade civil A confianccedila nos Estados dominantes e nas instituiccedilotildees internacionais encontra-se em niacuteveis tatildeo baixos que mesmo os casos de atrocidades bem documentados como o ocorrido em Darfur foram considerados por alguns como propaganda intervencionista29

Essa desconfianccedila estaacute na maior parte das vezes direcionada a fontes relacionadas ao ldquoOcidenterdquo Fontes financiadas lideradas ou com suas sedes em paiacuteses ocidentais frequentemente satildeo as mais acessiacuteveis natildeo soacute pelas elites poliacuteticas em capitais longiacutenquas mas tambeacutem por paineacuteis de especialistas e investigaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas em paiacuteses em que natildeo haacute extensiva presenccedila de campo da ONU Quando as fontes locais de informaccedilatildeo claramente natildeo satildeo criacuteveis como na Siacuteria jornalistas tecircm acesso restrito a aacutereas violentas e por algumas vezes todas as outras fontes relevantes vecircm de organizaccedilotildees com sede no Ocidente de organizaccedilotildees locais da sociedade civil que dependem de ajuda ocidental ou de financiamento externo e que tecircm uma temaacutetica antigovernamental especiacutefica ou ainda de profissionais ocidentais que trabalham para a ONU30 Por exemplo o governo chinecircs frequentemente enfatiza que a identificaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo internacional de abusos aos direitos humanos no exterior eacute excessivamente dependente de informaccedilotildees ocidentais e pediu para que houvesse sistemas de alerta precoce mais imparciais31 Especialistas indianos dizem que o desafio natildeo eacute a disponibilidade de informaccedilatildeo mas ldquoa interpretaccedilatildeo e o vieacutes que lhe eacute dadordquo32

Grupos de ativistas e a miacutedia tecircm incentivos para simplificar as narrativas e portanto eacute prudente ter um ceticismo saudaacutevel perante as acusaccedilotildees de atrocidades hediondas Ao mesmo tempo presumir que a verdade estaacute no meio-termo de todas as posiccedilotildees seria permitir que propaganda e maacute informaccedilatildeo determinassem o caminho a seguir Criticar realisticamente as fontes requer engajamento com a informaccedilatildeo em si e natildeo apenas a insinuaccedilatildeo de agendas poliacuteticas com base puramente na localizaccedilatildeo geograacutefica financiamento ou educaccedilatildeo

A fim de oferecer um debate melhor informado sobre potenciais crimes de atrocidade as empresas de comunicaccedilatildeo e filantropos principalmente em potecircncias emergentes devem investir em fontes de informaccedilatildeo e anaacutelise independentes e criacuteveis sobre conflitos e direitos humanosAs alegaccedilotildees de parcialidade (sejam a favor ou contra os governos ou outros atores) crescem quando haacute uma escassez de fontes Aqueles que criticam as fontes de informaccedilatildeo existentes satildeo os que sabem melhor qual fonte de financiamento ou de influecircncia teraacute mais credibilidade portanto eacute dever destas pessoas investir adequadamente Se haacute suspeitas sobre as fontes ocidentais de informaccedilatildeo por parte de governos e elites poliacuteticas fora do Ocidente essas podem ajudar a diversificar a base de apoio para ONGs ativistas e redes de informaccedilotildees globais jaacute existentes ou ateacute mesmo investir em plataformas alternativas de monitoramento e anaacutelise baseadas nos mais altos padrotildees de integridade jornaliacutestica Por enquanto com raras exceccedilotildees o investimento em miacutedias livres e acesso agrave informaccedilatildeo natildeo parece ser uma prioridade entre as elites empresariais emergentes mesmo em potecircncias emergentes democraacuteticas Por outro

19Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

lado agecircncias de notiacutecia estatais frequentemente tecircm dificuldade para estabelecer uma reputaccedilatildeo de integridade jornaliacutestica Satildeo raros os grandes investimentos no relato de crises humanitaacuterias tais como recentemente feito pela Fundaccedilatildeo Jynwel com sede em Hong Kong na agora independente organizaccedilatildeo de noticias IRIN33 Organizaccedilotildees de defesa podem contribuir com a reduccedilatildeo das alegaccedilotildees de parcialidade ao natildeo exporem situaccedilotildees de conflito como se fossem preto-no-branco e ao serem transparentes sobre quem as financiam e apoiam Se apresentarem uma extensa lista de notas e fontes em seus relatoacuterios como feito regularmente pelo International Crisis Group e pela Human Rights Watch eacute dever dos criacuteticos se engajar com essas fontes com base nos fatos

Fortalecer e diversificar as informaccedilotildees sobre os riscos de crimes de atrocidade em massa tambeacutem pode significar estabelecer organizaccedilotildees de sociedade civil regionais dedicadas agrave pesquisa criacutevel e confiaacutevel sobre a prevenccedilatildeo de atrocidades Se verdadeiramente baseadas em sociedades locais tais grupos teriam mais acesso a grupos nacionais e regionais de sociedade civil do que as organizaccedilotildees globais com sede em Nova York ou Genebra Consequentemente suas informaccedilotildees e argumentos mais provavelmente obteriam credibilidade poliacutetica a niacutevel global No curto prazo a massa criacutetica necessaacuteria a esses centros da sociedade civil provavelmente seraacute alcanccedilada na Europa ou na Aacutefrica mas a Ameacuterica Latina (com sua iacutempar accedilatildeo ldquoRede Latino-Americana de Prevenccedilatildeo ao Genociacutedio e Atrocidades em Massardquo a niacutevel governamental) e a Aacutesia tambeacutem podem se desenvolver rapidamente

Os Estados membros a sociedade civil e as organizaccedilotildees regionais devem melhorar as capacidades da ONU de coletar informaccedilotildees e desvendar fatos sobre desafios agrave proteccedilatildeo ao oferecer assistecircncia logiacutestica funcionaacuterios a curto-prazo e fontes locais de informaccedilatildeo Ao mesmo tempo em que organizaccedilotildees regionais satildeo cada vez mais capazes de influenciar o entendimento global sobre suas partes do mundo a sua imparcialidade eacute apenas tatildeo criacutevel quanto a das potecircncias regionais que lideram as suas deliberaccedilotildees As Naccedilotildees Unidas natildeo podem entretanto sempre responder sozinhas agraves demandas por informaccedilotildees imparciais e criacuteveis sobre riscos de atrocidade Os mecanismos das Naccedilotildees Unidas frequentemente dependem tanto de fontes governamentais e privadas devido agrave necessidade de agir rapidamente quanto sofrem com a falta de acesso proacuteprio e independente aos locais de risco Aleacutem disso a ONU tambeacutem jaacute esteve sujeita agrave autocensura e foi forccedilada a romper compromissos poliacuteticos34

Todos os Estados membros da ONU precisam fortalecer os mecanismos de coleta de informaccedilatildeo da instituiccedilatildeo suas comissotildees de inqueacuterito e outros oacutergatildeos correlatos Por exemplo sempre que uma violecircncia em massa comeccedila conforme definido pelo Secretaacuterio Geral a ONU deveraacute enviar uma missatildeo para desvendar os fatos a fim de informar melhor as discussotildees no Conselho de Seguranccedila Isso poderaacute ser baseado em um grupo permanente de especialistas preacute-selecionados e deveraacute envolver as agecircncias da ONU relevantes ao tema especialmente o Escritoacuterio de Coordenaccedilatildeo de Assuntos Humanitaacuterios O Alto Comissariado para Direitos Humanos o Conselheiro Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedios e o Departamento de Assuntos Poliacuteticos35 Estados membros devem contribuir tanto com financiamento quanto com especialistas

20Global Public Policy Institute (GPPi)

treinados para essas missotildees O estabelecimento de regras para a contrataccedilatildeo de pessoal poderia ajudar a deixar processos de seleccedilatildeo o mais transparentes possiacutevel e desta forma melhorar a credibilidade e imparcialidade da descoberta de fatos pela ONU36

Estados membros tambeacutem podem ajudar as Naccedilotildees Unidas na implementaccedilatildeo de sua iniciativa ldquoHuman Rights Up Frontrdquo (em portuguecircs ldquoDireitos Humanos Antes de Tudordquo) atraveacutes do qual o Secretariado estaacute criando um sistema simplificado de gerenciamento de informaccedilotildees para tudo que eacute coletado pelas muitas partes do sistema ONU combinando dados jaacute existentes sobre proteccedilatildeo humanitaacuteria proteccedilatildeo dos direitos humanos proteccedilatildeo de mulheres em conflitos armados e proteccedilatildeo de crianccedilas37 Os Estados membros podem dar apoio agrave ONU ao incluir mais informaccedilotildees de atores bilaterais no local desde que a ONU faccedila os investimentos necessaacuterios para o tratamento de dados sensiacuteveis proteccedilatildeo a testemunhas e referecircncias38

Usando Ferramentas Diplomaacuteticas e Civis De Forma Antecipada Justa e EstrateacutegicaApesar das diferenccedilas em ecircnfases retoacutericas haacute um consenso universal que as atrocidades devem ser prevenidas pelo uso antecipado e sustentaacutevel de uma variedade de ferramentas civis disponiacuteveis agrave comunidade internacional Estatildeo incluiacutedas a diplomacia a mediaccedilatildeo e as missotildees poliacuteticas assim como as sanccedilotildees a justiccedila criminal internacional as accedilotildees humanitaacuterias e as ferramentas de peacebuilding apoacutes crises dentre elas a reconstruccedilotildees das instituiccedilotildees estatais e do Estado de direito

Desde os anos 90 a comunidade internacional aprendeu liccedilotildees importantes sobre o uso dessas ferramentas e vem caminhando para desenvolvecirc-las ainda mais Satildeo visiacuteveis os sucessos na diplomacia preventiva como o ocorrido durante a crise poacutes-eleiccedilotildees no Quecircnia em 200839 quando um negociador de alto niacutevel liderou as conversas tendo apoio politico de oacutergatildeos regionais e de todos os membros do Conselho de Seguranccedila expertise da ONU e engajamento da sociedade civil Ao longo dos uacuteltimos 10 anos houve uma significativa expansatildeo das capacidades de negociaccedilatildeo dentro da ONU e das organizaccedilotildees regionais Missotildees poliacuteticas no Timor Leste ou na Guineacute-Bissau podem ter evitado uma nova onda de violecircncia nesses locais40 Sanccedilotildees seletivas provavelmente ajudaram a controlar pessoas que poderiam atrapalhar as primeiras fases do processo de peacebuilding na Libeacuteria Costa do Marfim e Serra Leoa41 O Tribunal Penal Internacional processou e condenou seus primeiros casos e apoiou importantes reformas nos sistemas de justiccedila criminal em muitos paiacuteses42

Ainda assim a comunidade internacional em inuacutemeras vezes natildeo fez uso das ferramentas civis disponiacuteveis de forma antecipada decisiva e sustentaacutevel O consenso que parece existir para o uso de ferramentas civis antecipadamente e como prioridade se desfaz assim que decisotildees poliacuteticas e priorizaccedilatildeo se fazem necessaacuterias Mudar isso eacute difiacutecil Requer ir aleacutem das caricaturas comuns que culpam apenas os paiacuteses ocidentais por investir pouco ou as potecircncias natildeo-ocidentais por repelir as tentativas de influenciar ou pressionar perpetradores e seus cuacutemplices Natildeo soacute as prioridades e interesses competitivos existem de todos os lados mas o desafio tambeacutem eacute marcado pela profunda incerteza sobre como e quando usar tais ferramentas com quais atores e em qual espaccedilo Natildeo haacute uma soluccedilatildeo uacutenica e faacutecil para prevenccedilatildeo resposta ou recuperaccedilatildeo efetiva

21Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Nosso foco eacute em medidas de curto prazo voltadas para os civis em situaccedilotildees em que haacute alta probabilidade ou jaacute haacute ocorrecircncia de atrocidades 43Descobrimos que haacute quatro aacutereas que devem ser especialmente observadas

Os atores (em particular potecircncias emergentes) que mais pedem por diplomacia ferramentas civis e prevenccedilatildeo antecipada precisam traduzir seu compromisso retoacuterico em vontade poliacutetica e os investimentos necessaacuterios em capacidades e ideiasIr aleacutem da retoacuterica sobre prevenccedilatildeo requer vontade poliacutetica para fazer disso uma prioridade Com muita frequecircncia a prevenccedilatildeo contra crimes de atrocidade vai de encontro a outros objetivos poliacuteticos em uma determinada situaccedilatildeo de crise Algumas vezes esses interesses e prioridades estatildeo em extremos opostos No Sri Lanka por exemplo o governo conseguiu alavancar a imensa preocupaccedilatildeo internacional com o contraterrorismo para evitar pressotildees em relaccedilatildeo aos crimes de guerra perpetrados durante o conflito contra os Tigres de Libertaccedilatildeo do Tacircmil Eelam (LTTE) no comeccedilo de 200944 Em Darfur a accedilatildeo diplomaacutetica internacional para acabar com os crimes de atrocidade teve de competir com a prioridade para um acordo de paz na longa guerra civil Norte-Sul no Sudatildeo e com a colaboraccedilatildeo antiterrorista do governo sudanecircs45

Todavia mesmo com a ausecircncia de grandes interesses conflitantes haacute um espaccedilo entre o apoio abstrato para a proteccedilatildeo de populaccedilotildees contra crimes de atrocidade e a vontade poliacutetica de agir dispor-se financeiramente e assumir riscos proporcionais Um exemplo recente de quando investimentos deveriam ter sido feitos antes e de forma mais substancial eacute o Sudatildeo do Sul ndash uma crise que tambeacutem demonstra como as categorias ldquoocidentaisrdquo contra os ldquodemaisrdquo natildeo satildeo uacuteteis na anaacutelise das posiccedilotildees dos paiacuteses sobre proteccedilatildeo Por motivos diversos tanto os Estados Unidos quanto a China apoiaram fortemente o governo de Salva Kiir ignorando sinais importantes ateacute que essa se tornou uma das facccedilotildees combatentes na nova guerra civil do Sudatildeo do Sul46 Na Repuacuteblica Centro-Africana investimentos preacutevios nas iniciativas legais e nas reformas no setor de seguranccedila poderiam ter sido capazes de evitar que o paiacutes atingisse a atual escala de violecircncia47

Como esses e outros exemplos revelam haacute um grande descompasso entre a retoacuterica que demanda mais ldquosoluccedilotildees poliacuteticas e diplomaacuteticasrdquo ndash como constantemente enfatizado por China Ruacutessia Iacutendia Brasil Aacutefrica do Sul (e tambeacutem pela Alemanha e pela Uniatildeo Europeia) ndash e os recursos poliacuteticos e materiais investidos na busca por tais soluccedilotildees Colocar em praacutetica essas ldquosoluccedilotildees poliacuteticasrdquo requer ao mesmo tempo declaraccedilotildees ocasionais e o estabelecimento de capacidades institucionais para o monitoramento dos direitos humanos monitoramento de longo prazo das eleiccedilotildees mediaccedilatildeo e apoio de pessoas com experiecircncia secircnior que possam ser rapidamente acionadas e a construccedilatildeo de instituiccedilotildees nos setores de justiccedila seguranccedila e correlatas normalmente envolvidas com missotildees poliacuteticas da ONU e de organizaccedilotildees regionais Similarmente o uso de ferramentas coercitivas como sanccedilotildees requer tanto a tomada de decisotildees difiacuteceis quanto investimentos e iniciativas para planejar criativamente e melhorar estas ferramentas a fim de que sejam de fato seletivas justas e legalmente soacutelidas ndash em outras palavras que minimizem os riscos de afetarem as pessoas erradas

22Global Public Policy Institute (GPPi)

de acordo com princiacutepios baacutesicos do direito O Tribunal Penal Internacional precisa do comprometimento poliacutetico e da ratificaccedilatildeo do Estatuto de Roma por algumas das naccedilotildees mais poderosas do mundo Tambeacutem precisa de recursos para continuar acompanhando seus casos No miacutenimo tanto as potecircncias emergentes quanto as jaacute estabelecidas precisam melhorar sua assistecircncia humanitaacuteria para aqueles que fogem da violecircncia Por exemplo Estados membros da ONU cederam menos de 50 por cento dos fundos necessaacuterios para a resposta humanitaacuteria na Siacuteria deixando milhares de pessoas necessitadas em 201448

Os governos devem priorizar a detenccedilatildeo e julgamento dos perpetradores de crimes de atrocidade em suas jurisdiccedilotildees Aleacutem das dificuldades poliacuteticas de se lidar com perpetradores que estatildeo no poder como na Siacuteria ou com perpetradores que estatildeo fora do alcance de Estados falidos como na Repuacuteblica Centro-Africana todos os governos podem fazer mais para sancionar ou julgar esses perpetradores por crimes de atrocidade que de alguma forma estejam em suas jurisdiccedilotildees Prevenir e dar respostas aos crimes de atrocidade significa lidar com as motivaccedilotildees e capacidades de perpetradores individuais antes que cometam crimes Tambeacutem significa puni-los por seus atos49 Aqueles que mantecircm seu dinheiro em bancos multinacionais podem estar sujeitos ao congelamento de seus ativos estejam nos bancos na Europa ou na Aacutesia Aqueles que viajam estatildeo sujeitos agrave recusa de vistos e impedimentos de viagem de modo a impactar suas accedilotildees antes de cometerem ou enquanto cometem atrocidades Leis existentes como nos Estados Unidos permitem que imigrantes sejam deportados se houver provas que os liguem a genociacutedios Paiacuteses podem buscar pessoas procuradas pelo Tribunal Penal Internacional e mudar suas leis ou designar forccedilas policiais para processar os piores crimes de atrocidade independentemente dos locais em que foram cometidos

Com muita frequecircncia a falta de atenccedilatildeo e vontade poliacutetica permite que perpetradores vivam livres e confortavelmente apoacutes terem cometido atrocidades ou ateacute mesmo organizar financiar e apoiar atrocidades em andamento mesmo estando no exterior Isso aconteceu com diversos liacutederes das Forccedilas Democraacuteticas Para a Libertaccedilatildeo de Ruanda (FDLR) um grupo miliciano operando no Congo Eles viveram sem problemas na Alemanha durante quase uma deacutecada antes de serem presos e julgados50 Os Estados Unidos apesar de sua recusa em ratificar o Estatuto de Roma recentemente serviu de exemplo ao aumentar seus esforccedilos na procura por suspeitos de crimes de guerra que moram no paiacutes e ao desenvolver propostas que permitem o uso das leis de imigraccedilatildeo para fazer com que perpetradores de atrocidades paguem por seus crimes51

Poliacuteticos devem dar prioridade ao comportamento atual ao avaliar a legitimidade de atores e julgar todos os atores de um conflito pelos mesmos padrotildees Soacute porque em determinado momento haacute um grupo claramente identificaacutevel como perpetrador de atrocidades natildeo significa que outros grupos sejam e continuaratildeo sendo inocentes de tais atos Violecircncia gera mais violecircncia jaacute que grupos ameaccedilados

23Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

se defendem e continuam combatendo o inimigo A Liacutebia eacute um bom exemplo disso Na primavera de 2011 identificar corretamente o regime de Gaddafi como responsaacutevel por crimes de atrocidade foi a decisatildeo correta ndash mas natildeo evitou que os rebeldes cometessem crimes similares posteriormente previsivelmente em alguns grupos tornando quem os apoiava militarmente cuacutemplices De forma similar em 2014 apoiar as forccedilas curdas Peshmerga era a uacutenica forma de prevenir um massacre contra os Yazidis no Iraque ndash mas aqueles que deram apoio natildeo deveriam silenciar-se perante as posteriores mortes em represaacutelia

A escolha de grupos especiacuteficos como aliados eacute facilmente entendida como arbitraacuteria quando o comportamento atual natildeo justifica apoio internacional Um dos argumentos conflitantes de legitimidade poliacutetica acontece quando atores externos escolhem seus aliados locais de forma inconsistente com suas accedilotildees (algumas vezes favorecendo o regime incumbente) e tal escolha eacute facilmente vista como hipoacutecrita52 Poliacuteticos tambeacutem estatildeo vulneraacuteveis a tais acusaccedilotildees quando satildeo seletivos sobre suas criacuteticas a poderes regionais que armam ou apoiam grupo rebeldes como no caso do silecircncio ocidental sobre o envolvimento da Araacutebia Saudita na Siacuteria

Defensores do R2P e da prevenccedilatildeo de atrocidades em governos ou na sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando pedir a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes

No que diz respeito agrave diplomacia preventiva defensores do R2P e da prevenccedilatildeo contra atrocidades incluindo governos e a sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando e como pedem a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes Em algumas situaccedilotildees o Conselho pode deixar a mediaccedilatildeo mais difiacutecil ao elevar o niacutevel de visibilidade poliacutetica de uma crise Ele pode ajudar mediadores ao dar-lhes mais peso um senso de urgecircncia incentivos e desincentivos (ex com sanccedilotildees seletivas proibiccedilotildees de viagem congelamento de ativos embargo de armas investigaccedilotildees estabelecimento de uma missatildeo poliacutetica) Mas em algumas situaccedilotildees pressatildeo internacional vinda dos mais altos niacuteveis que inclui o papel do Conselho de Seguranccedila pode ser contraproducente Isso pode reforccedilar a urgecircncia de um governo em terminar a guerra a todos os custos como no caso do Sri Lanka no comeccedilo de 200953 ou complicar as negociaccedilotildees para acesso humanitaacuterio como em Mianmar em maio de 200854 Em particular quando os casos lidam com governos que jaacute vecircm sendo excluiacutedos da comunidade internacional foacuteruns e canais mais discretos podem ser mais efetivos na tentativa de influenciar mudanccedilas de comportamento

Possibilitando que as Missotildees de Paz da ONU Ofereccedilam Proteccedilatildeo CriacutevelO peacekeeping eacute um sistema com grande legitimidade global que jaacute evita abusos e comeccedilou a dar ecircnfase agrave Proteccedilatildeo de Civis (PoC) em muitas de suas operaccedilotildees A composiccedilatildeo global e o controle rigoroso por parte do Conselho de Seguranccedila deixa as operaccedilotildees de paz muito mais aceitaacuteveis que qualquer outro instrumento como notavelmente o uso da

24Global Public Policy Institute (GPPi)

forccedila por terceiros segundo um mandato do Conselho de Seguranccedila55 Ao mesmo tempo o peacekeeping soacute eacute capaz de lidar com um nuacutemero limitado de desafios agrave proteccedilatildeo a ausecircncia de mecanismos raacutepidos e efetivos de mobilizaccedilatildeo de implementaccedilatildeo faz com que seja impossiacutevel para peacekeepers da ONU responder a ameaccedilas iminentes de crimes de atrocidade e os requerimentos legais e praacuteticos da colaboraccedilatildeo com o governo local limitam uma accedilatildeo efetiva contra os perpetradores dos crimes de atrocidade que sejam parte ou que recebam apoio do governo Mesmo quando os peacekeepers estavam presentes enquanto crimes de atrocidade eram praticados como na Costa do Marfim em 2011 e no Sudatildeo do Sul em 2013 qualquer prevenccedilatildeo efetiva foi ilusoacuteria E onde uma reaccedilatildeo imediata natildeo obteve sucesso os desafios da proteccedilatildeo efetiva contra crimes em andamento rapidamente excedeu a capacidade dos boinas azuis

As vaacuterias maneiras em que as operaccedilotildees de paz poderiam melhor proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade ao estabelecer capacidades reduzir vulnerabilidade (ldquoproteccedilatildeo indiretardquo) e defender contra perpetradores (ldquoproteccedilatildeo diretardquo) jaacute foram explicitadas em outras oportunidades56 Atingir pelo menos um niacutevel moderado de ambiccedilatildeo para que peacekeepers protejam populaccedilotildees contra crimes de atrocidade requereria investimentos adicionais em capacidade doutrina e treinamento Tambeacutem seria necessaacuteria uma anaacutelise mais seacuteria sobre como combinar de forma efetiva o uso do peacekeeping com instrumentos poliacuteticos

O Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz a lideranccedila da missatildeo e os paiacuteses colaboradores precisam informar de forma modesta e transparente os limites das capacidades da ONU na proteccedilatildeo de civis

O comprometimento bem-vindo e necessaacuterio do Conselho de Seguranccedila com a proteccedilatildeo levou a um nuacutemero excessivo de promessas57 que aumentaram a lacuna entre as expectativas locais e a capacidade das missotildees Quando um mandato para milhares de peacekeepers eacute estabelecido com grande alvoroccedilo mas somente uma fraccedilatildeo chega seis meses depois como no Sudatildeo Sul apoacutes o iniacutecio da uacuteltima guerra civil em dezembro de 2013 ou como quando os peacekeepers se recusaram a tomar medidas enquanto crimes de atrocidade eram cometidos nas redondezas (devido ou natildeo ao apoio ou lideranccedila inadequados) como visto recentemente na RDC ou no Sudatildeo pessoas que se reuacutenem ao redor da bandeira azul na esperanccedila de proteccedilatildeo se tornam mais vulneraacuteveis ao perigo do que se estivessem em outro local De forma geral populaccedilotildees ameaccediladas estatildeo em situaccedilotildees melhores com os peacekeepers do que sem eles mas ainda assim a credibilidade das Naccedilotildees Unidas eacute afetada nestes casos58

Tanto a proteccedilatildeo efetiva quanto a responsaacutevel exigem uma comunicaccedilatildeo honesta e transparente com o puacuteblico e com o Conselho de Seguranccedila sobre as capacidades de cada missatildeo e de cada contingente aleacutem da sua disponibilidade para assumir riscos Quando os diplomatas do Conselho criarem ou derem nova autorizaccedilatildeo a outro ambicioso mandato para a proteccedilatildeo de civis eles precisam ser formalmente informados das capacidades e requerimentos que seratildeo necessaacuterios

25Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

A proteccedilatildeo por parte dos peacekeepers requer um salto de qualidade das contribuiccedilotildees para as operaccedilotildees dos boinas azuis e isso exige que o Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz as tropas a poliacutecia e os colaboradores financeiros encontrem uma divisatildeo do trabalho mais justa e equilibradaO equiliacutebrio fraacutegil entre aqueles que contribuem com tropas (em sua maioria da Aacutefrica e da Aacutesia) financiadores (em sua maioria da Europa e Ameacuterica do Norte) e os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila da ONU que emitem mandatos estaacute proacuteximo de se desfazer A insustentaacutevel divisatildeo de trabalho em peacekeeping natildeo eacute uma questatildeo dos ocidentais contra os demais Muitos paiacuteses africanos cansados dos muitos anos de tentativas frustradas de instauraccedilatildeo da paz no continente pelas potecircncias externas cada vez mais requerem e apoiam o uso de forccedila militar para proteger civis e conceder mais tempo para as negociaccedilotildees de paz Por outro lado paiacuteses que tradicionalmente contribuem com muitas tropas estatildeo cada vez mais reticentes em ameaccedilar a vida de seus soldados em locais distantes ndash especialmente aqueles paiacuteses como a Iacutendia cujo papel emergente no mundo criou expectativas de exercer influecircncia sobre escolhas estrateacutegicas que ateacute agora se mantiveram no domiacutenio exclusivo dos membros permanentes Isso tudo combinado com a austeridade imposta agraves forccedilas armadas mais desenvolvidas impossibilitando aumentar suas contribuiccedilotildees de ativos-chave ndash que poderia reduzir os riscos aos boinas azuis ndash vem deixando muitos paiacuteses em desenvolvimento cada vez mais impacientes com um sistema que natildeo funciona mais para eles

Para avanccedilar na prevenccedilatildeo de crimes de atrocidade economias desenvolvidas e em desenvolvimento precisatildeo aumentar os recursos disponibilizados para as missotildees de paz da ONU mas o dever principal de balancear o desequiliacutebrio atual estaacute nas matildeos de paiacuteses com capacidades avanccediladas Eles precisam disponibilizar forccedilas militares e ativos poliacuteticos que satildeo chaves para limitar o risco de todos os boinas azuis e aumentar o custo-benefiacutecio e a eficaacutecia do peacekeeping Isso inclui drones de vigilacircncia veiacuteculos anti-minas hospitais militares evacuaccedilatildeo meacutedica aeacuterea apoio de combate aeacutereo transporte aeacutereo taacutetico equipamentos anti-explosivos e outras tecnologias avanccediladas59

Contudo natildeo satildeo somente paiacuteses da Europa e da Ameacuterica do Norte que disponibilizam pouquiacutessimas tropas e deixam a desejar em suas contribuiccedilotildees (os europeus por exemplo respondem por menos de 7 por cento das tropas de peacekeeping da ONU e menos de 4 por cento das tropas policiais da organizaccedilatildeo60 A Iacutendia tem demonstrado apoio duradouro e extensivo ao peacekeeping ndash uma rara exceccedilatildeo entre paiacuteses com pretensotildees de lideranccedila regional ou global Outros paiacuteses deveriam pensar em seguir o recente exemplo da China e aumentar o nuacutemero de tropas policiais ou civis qualificados disponibilizados agrave ONU Por exemplo o Brasil mesmo com sua lideranccedila no Haiti ainda oferece menos pessoal que os pequenos Togo e Burkina Faso

26Global Public Policy Institute (GPPi)

Todos os membros do Conselho de Seguranccedila e colaboradores do peacekeeping deveriam aumentar a orientaccedilatildeo conceitual o treinamento e a construccedilatildeo de capacidade para a proteccedilatildeo de civis contra crimes de atrocidade

Tanto o desenvolvimento de estrateacutegias poliacuteticas quanto o uso da forccedila para proteccedilatildeo taacutetica de civis carecem grandemente de fundamentos conceituais soacutelidos com a qual qualquer outro tipo de operaccedilatildeo militar pode contar Os desafios poliacuteticos policiais e militares da proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade natildeo recebem a atenccedilatildeo conceitual e os recursos para treinamento adequados em quase todos os paiacuteses61 Natildeo eacute surpreendente que liacutederes de missatildeo e comandantes de tropas operem hoje em dia com base na tentativa e erro sem que haja uma orientaccedilatildeo ou doutrina clara Da mesma forma os membros do Conselho ndash em especial os natildeo-permanentes ndash satildeo forccedilados a tomar decisotildees difiacuteceis sobre a proteccedilatildeo de civis sem que tenham acesso a um oacutergatildeo de anaacutelise poliacutetico-militar sobre quais seriam as consequecircncias de tais accedilotildees A ausecircncia de conceitos claros e amplamente difundidos sobre as formas praacuteticas de proteccedilatildeo (para aleacutem das Zonas de exclusatildeo aeacuterea) contribuem para o estereoacutetipo muacutetuo e suspeitas de motivos escusos

Os Estados Unidos deveriam continuar a expansatildeo da sua Iniciativa Global de Operaccedilotildees de Paz (GPOI na sigla em inglecircs) e sua Parceria Africana de Resposta Raacutepida para Manutenccedilatildeo da Paz que apoiam e reforccedilam a capacidade de outros paiacuteses de treinar e manter competecircncias para a manutenccedilatildeo da paz Ambos os casos deveriam dar mais atenccedilatildeo agraves forccedilas militaresx mais frequentemente usadas no peacekeeping No futuro treinamentos e exerciacutecios da GPOI e outros deveriam incluir especificamente diferentes aspectos de proteccedilatildeo a civis 62 De forma similar a estes programas estadunidenses a Uniatildeo Europeia os governos europeus e de outros locais que possuem forccedilas armadas com tal capacidade deveriam oferecer os treinamentos e equipamentos mais modernos para os colaboradores das operaccedilotildees de paz Isso poderia criar incentivos para que unidades treinadas e equipadas efetivamente trabalhem em conjunto com a ONU a Uniatildeo Africana e as forccedilas sub-regionais na proteccedilatildeo de civis ndash no caso da UE ao novamente dar ecircnfase e expandir a Enable and Enhance Initiative

Usar a avaliaccedilatildeo atual das operaccedilotildees de paz da ONU para construir um consenso entre todas as partes interessadas (Conselho de Seguranccedila e Secretariado assim como colaboradores financeiros de tropas ou de poliacutecia) sobre o uso da forccedila somente para apoiar ndash e nunca substituir ndash uma estrateacutegia poliacutetica para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade e para planejar mandatos e operaccedilotildees adequadamente Como parte do diaacutelogo necessaacuterio sobre a utilidade do uso da forccedila a atual avaliaccedilatildeo das operaccedilotildees de paz da ONU oferece uma oportunidade de reconstruir uma linguagem comum sobre o peacekeeping seus princiacutepios e conceitos baacutesicos suas ambiccedilotildees e desafios para as tarefas de proteccedilatildeo das missotildees da ONU especialmente no que diz respeito ao uso da forccedila Os princiacutepios de consentimento imparcialidade e neutralidade atualizados no Relatoacuterio Brahimi para permitir que peacekeepers ajam contra os violadores dos acordos de paz e perpetradores de atrocidades mais uma vez satildeo distorcidos ou parecem irrelevantes em muitas operaccedilotildees A maioria dos peacekeepers

27Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

de hoje servem em situaccedilotildees de conflito ativo como no Mali ou na Repuacuteblica Centro-Africana Peacekeepers da ONU estatildeo conduzindo operaccedilotildees de combate ativo na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Em outros locais os acordos de deacutecadas atraacutes que deram origem a uma missatildeo natildeo incluem as partes que atualmente ameaccedilam ou sequestram peacekeepers como nas Colinas de Golatilde

Enquanto eacute inevitaacutevel que haja certa ambiguidade sobre os princiacutepios o uso ativo da forccedila para proteger civis soacute eacute capaz de apoiar mas nunca substituir uma estrateacutegia poliacutetica63 Onde natildeo haacute uma estrateacutegia poliacutetica realista para chegar agrave paz deve haver pelo menos uma para limitar os riscos aos civis ndash se necessaacuterio um plano que inclua o apoio de forccedilas militares da ONU como na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Estas questotildees devem ser discutidas de forma honesta pelas partes interessadas nas operaccedilotildees de paz da ONU O abismo que separa as partes nestas discussotildees natildeo estaacute entre os ocidentais que apoiam o uso de mais forccedila e os opositores natildeo-ocidentais Atualmente isso acontece entre paiacuteses que contribuem com muitas tropas como Iacutendia e Paquistatildeo preocupados com o aumento dos riscos agraves suas tropas e uma coalisatildeo mais intervencionista de paiacuteses africanos e europeus ocidentais64

A Tomada de Decisotildees sobre Accedilotildees MilitaresO atual sistema de seguranccedila coletiva que tem o Conselho de Seguranccedila na ONU como peccedila central natildeo estaacute agrave altura da tarefa de prover proteccedilatildeo efetiva e responsaacutevel O Conselho eacute incapaz de agir de forma efetiva quando alguns interesses geopoliacuteticos colidem como no caso da Siacuteria Mas ele fracassa ateacute mesmo em situaccedilotildees em que o abuso do argumento humanitaacuterio natildeo estaacute na pauta e os interesses de membros-chave do Conselho estatildeo alinhados ndash como no caso da Repuacuteblica Centro-Africana ou do Sudatildeo do Sul Um Conselho que tem o poder de estabelecer mandatos mobilizar proteccedilatildeo efetiva e limitar o medo do uso abusivo de argumentos humanitaacuterios precisaria ouvir os maiores atores poliacuteticos do mundo moderno os paiacuteses que contribuem com tropas e os financiadores

Tanto a composiccedilatildeo quanto os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila da ONU refletem a ordem mundial dos anos 1940 A fim de manter a credibilidade do sistema de seguranccedila coletiva restaurar a legitimidade do Conselho de Seguranccedila eacute uma questatildeo urgente e de interesse dos cinco membros permanentes Todavia mesmo estando bem fundadas em termos de justiccedila global e em prospectos de longo prazo para a governanccedila global as propostas jaacute existentes para uma expansatildeo do Conselho ou um papel mais proeminente da Assembleia Geral em assuntos de seguranccedila provavelmente natildeo contribuiratildeo para uma proteccedilatildeo mais efetiva contra crimes de atrocidade

Visando o 70o aniversaacuterio da ONU neste ano nossas sugestotildees datildeo ecircnfase agraves mudanccedilas procedimentais e natildeo estruturais do Conselho de Seguranccedila

28Global Public Policy Institute (GPPi)

Os cinco membros permanentes do Conselho de Seguranccedila deveriam dar mais apoio a processos decisoacuterios inclusivos dentro do Conselho e abrir canais informais de consulta sobre mandatos estrateacutegias e operaccedilotildees para todas as partes cruciais em especial potecircncias regionais e grandes colaboradores de pessoal Os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila na ONU limitam severamente seu senso de imparcialidade perante os olhos do mundo Na maioria das crises na Aacutefrica o chamado ldquopenholderrdquo ndash isto eacute o paiacutes responsaacutevel pelo rascunho das resoluccedilotildees do Conselho ndash eacute o antigo Estado colonizador ou os Estados Unidos65 Mesmo sendo uacutetil por dar uma continuidade ao longo dos anos esta organizaccedilatildeo e as relaccedilotildees internas resultantes entre os membros permanentes efetivamente excluem os membros natildeo-permanentes da maior parte das negociaccedilotildees informais onde as decisotildees mais importantes satildeo tomadas

Para que haja uma forma menos exclusiva de tomar decisotildees o precisaria de atores adicionais tanto dentro quanto fora das regiotildees relevantes para desenvolver as capacidades analiacutetica e poliacutetica de cogerenciar de forma construtiva o engajamento do Conselho e as operaccedilotildees de paz ao inveacutes de soacute defender seus proacuteprios interesses Os Estados membros e as organizaccedilotildees da sociedade civil tambeacutem devem continuar as discussotildees sobre um coacutedigo de conduta para limitaccedilatildeo voluntaacuteria do poder de veto em situaccedilotildees de crimes de atrocidade como proposto pelo governo francecircs66

Aleacutem dos procedimentos internos os membros do Conselho devem continuar expandindo as interaccedilotildees informais com as partes relevantes incluindo paiacuteses vizinhos e aqueles que contribuem com pessoal para as operaccedilotildees de paz Isso natildeo precisa se limitar a trocas diplomaacuteticas formais a fim de aumentar a qualidade e aceitaccedilatildeo dos mandatos de peacekeeping os paiacuteses responsaacuteveis pelo rascunho do mandato poderiam incluir a colaboraccedilatildeo de especialistas dos paiacuteses que contribuem com grande nuacutemero de tropas ou de policiais como por exemplo antigos comandantes de tropa ou chefes de poliacutecia67

Atores com credibilidade para fazer conexotildees no debate polarizado sobre intervenccedilatildeo militar devem facilitar os esforccedilos informais para desenvolver um sistema de monitoramento e informaccedilatildeo mais rigoroso para Estados que aderirem agraves missotildees com mandatos da ONUO conceito de Responsabilidade ao Proteger (RwP na sigla em inglecircs) eacute uma das iniciativas mais promissoras para lidar com os desacordos globais sobre o uso abusivo da Responsabilidade de Proteger Quando apresentado pelo Brasil no final de 2011 tal conceito ofereceu uma oportunidade de debate sobre o que poderia ser proteccedilatildeo efetiva e qual deveria ser o papel do uso da forccedila nessa proteccedilatildeo apoacutes a intervenccedilatildeo na Liacutebia quando essas discussotildees estavam extremamente polarizadas68 Apoacutes essa experiecircncia eacute muito improvaacutevel que o Conselho de Seguranccedila futuramente aprove uma resoluccedilatildeo autorizando o uso de forccedilas externas para a proteccedilatildeo com termos tatildeo amplos Com isso a implementaccedilatildeo de algumas ideias da proposta do RwP eacute de interesse de todos os Estados que acreditam que a forccedila deve ser uma ferramenta de uacuteltimo caso disponiacutevel

29Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

agrave comunidade internacional Discussotildees mais profundas satildeo necessaacuterias sobre os criteacuterios e condiccedilotildees considerados para que o Conselho use a forccedila para proteger populaccedilotildees Mesmo que a discussatildeo sobre criteacuterios para o uso da forccedila seja tatildeo antiga quanto a discussatildeo sobre intervenccedilatildeo humanitaacuteria69 todos os Estados membros se beneficiariam de um debate aberto sobre os sucessos e fracassos do uso da forccedila no passado e suas implicaccedilotildees no futuro como supracitado Outra questatildeo mais praacutetica diz respeito a como aumentar a habilidade do Conselho de monitorar aqueles que aderem e executam suas decisotildees Uma sugestatildeo concreta seria adotar elementos do sistema de peacekeeping como relatoacuterios e reuniotildees instrutivas regulares sobre a situaccedilatildeo das delegaccedilotildees para o uso da forccedila por terceiros As resoluccedilotildees poderiam incluir expliacutecitas claacuteusulas de caducidade que obrigariam a aprovaccedilatildeo da extensatildeo do mandato pelo Conselho de Seguranccedila e requerimentos de relatoacuterio regulares e especiacuteficos por parte daqueles Estados membros que aderirem e executarem as decisotildees do oacutergatildeo70 Outra sugestatildeo seria a criaccedilatildeo de mecanismos de responsabilizaccedilatildeo e monitoramento ao criar paineacuteis de especialistas quando os mandatos do Conselho incluiacuterem o uso da forccedila conforme modelo dos comitecircs de sanccedilotildees da ONU Relatoacuterios de comitecircs independentes como esses podem dar origem a uma praacutetica-padratildeo e contribuir para a melhora da qualidade nas decisotildees do Conselho ao longo do tempo seja antes durante ou depois das operaccedilotildees militares71

Potecircncias emergentes e jaacute estabelecidas podem fazer sua parte no avanccedilo das discussotildees sobre as questotildees colocadas pelo RwP Tanto a iniciativa oficial do Brasil quanto a ideia de ldquoProteccedilatildeo Responsaacutevelrdquo colocada por um reconhecido especialista chinecircs72 poderiam ser pontos de partida para discussotildees mais especiacuteficas e operacionais tanto entre os BRICS quanto entre os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila73 Ao inveacutes de rejeitar tais conceitos como sendo ataques agrave Responsabilidade de Proteger as potecircncias ocidentais deveriam ver essas iniciativas como uma oportunidade para um debate construtivo sobre como proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade74

Inserindo a Reflexatildeo e o Aprendizado Constantes em cada Ferramenta PoliacuteticaAinda que haja muita experiecircncia estabelecida com fracassos terriacuteveis e os poucos sucessos qualificados natildeo haacute uma base de conhecimento confiaacutevel sobre como proteger pessoas contra crimes de atrocidade Em geral governos e organizaccedilotildees internacionais continuam tratando cada crise como sendo uacutenica dando pouca atenccedilatildeo agrave reflexatildeo contiacutenua ao aprendizado e agrave adaptaccedilatildeo das poliacuteticas conforme as situaccedilotildees evoluem Os acadecircmicos jaacute aprenderam bem mais sobre o que natildeo funciona em algumas condiccedilotildees do que sobre o que poderia melhorar ndash por um lado porque cada intervenccedilatildeo poliacutetica acontece com contexto proacuteprio e por outro porque resultam de incentivos acadecircmicos e dificuldades de acesso a dados

30Global Public Policy Institute (GPPi)

Governos organizaccedilotildees internacionais sociedade civil e acadecircmicos precisam projetar poliacuteticas que sejam mais adaptaacuteveis ao conhecimento em evoluccedilatildeo e agrave avaliaccedilatildeo de riscos com base em oportunidades internas para reflexatildeo e aprendizado contiacutenuos e colaborativosEnquanto ainda haacute urgecircncia para que medidas sejam tomadas agir de forma responsaacutevel perante tanta incerteza pede que sejamos menos confiantes em nossa habilidade de determinar a melhor poliacutetica possiacutevel para cada situaccedilatildeo Poliacuteticos ativistas e intelectuais devem ser honestos consigo mesmos e transparentes com aqueles que mais sofrem com os impactos dessas poliacuteticas Natildeo haacute soluccedilotildees que tenham sido testadas e comprovadas Tudo que podemos fazer eacute tentar identificar a forma mais responsaacutevel de desenvolver cada caso enquanto nos mantemos preparados e prontos para reagir rapidamente a mudanccedilas e melhorar nossa gama de poliacuteticas instrumentais Este processo experimental de decisatildeo poliacutetica precisa ser constantemente monitorado e avaliado de forma autocriacutetica tanto interna quanto externamente atraveacutes do diaacutelogo franco e honesto entre profissionais sociedades e especialistas externos em todos os niacuteveis desde o monitoramento e avaliaccedilatildeo ateacute os debates mais amplos de poliacutetica puacuteblica sobre a eficaacutecia da forccedila militar e da diplomacia coercitiva na prevenccedilatildeo e resposta a crimes de atrocidade

31Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

1 Como a Genocide Prevention Task Force em um painel fechado de alto-niacutevel nos Estados Unidos apropriadamente argumentou em 2008 Genocide Prevention Task Force lsquoPreventing Genocide A Blueprint for US Policymakersrsquo (Washington DC The American Academy of Diplomacy US Holocaust Memorial Museum US Institute for Peace 2008) Veja tambeacutem Ruben Reike Serena Sharma e Jennifer Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo (Australian Civil-Military Centre e Oxford Institute for Ethics Law and Armed Conflict 2013) 6ff

2 Michael Ignatieff lsquoThe Libya Case a Teachable Momentrsquo Suddeutsche Zeitung Special Supplement http wwwamericanacademydesitesdefaultfilesuploadMSC202012pdf 3 de fevereiro de 2012 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 David Bosco lsquoAbstention Games on the Security Councilrsquo Foreign Policy httpforeignpolicy com20110317abstention-games-on-the-security-council 17 de marccedilo de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

3 Kofi A Annan lsquoTwo Concepts of Sovereigntyrsquo The Economist httpwwweconomistcomnode324795 16 de setembro de 1999 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

4 Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Conflict Security and Development 144 2014 Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

5 Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

6 Rosa Brooks lsquoThe UN Security Council and Civilian Protectionrsquo in Jared Genser e Bruno Ugarte eds The UN Security Council in the Age of Human Rights (New York Cambridge University Press 2013) 12 Sobre a base global para as normas de proteccedilatildeo veja Charles Sampford lsquoA Tale of Two Normsrsquo em Angus Francis Vesselin Popovski e Charles Sampford eds Norms of Protection Responsibility to Protect Protection of Civilians and Their Interaction (United Nations University Press 2012) Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

7 Para uma visatildeo geral do posicionamento do Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia e Aacutefrica do Sul sobre R2P veja os artigos na ediccedilatildeo especial de Conflict Security and Development Brockmeier Kurtz e Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Jaganathan e Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Julian Junk lsquoThe Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Xymena Kurowska lsquoMultipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Lui Tiewa e Zhang Haibin lsquoDebates in China About the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessmentrsquo Conflict Security and Development 2014 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Verhoeven Murthy e Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang Reinicke lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo ediccedilatildeo especial (144) de Conflict Security and Development (London Taylor amp Francis 2014)

8 CSR Murthy e Gerrit Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo Global Society em revisatildeo

9 Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo Global Society em revisatildeo Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo Global Society em revisatildeo

10 Judi Atkins Justifying New Labour Policy (Houndmills Basingstoke Hampshire New York Palgrave Macmillan 2011) 163 Veja por exemplo Stuenkel e Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Erna Burai lsquoParody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian Warrsquo Global Society em revisatildeo

Notas

32Global Public Policy Institute (GPPi)

11 Roland Paris lsquoThe ldquoResponsibility to Protectrdquo and the Structural Problems of Preventive Humanitarian Interventionrsquo International Peacekeeping 215 2014 4

12 Ramesh Thakur lsquoR2Prsquos ldquoStructuralrdquo Problems A Response to Roland Parisrsquo International Peacekeeping 2015 5

13 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

14 Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo Global Society em revisatildeo

15 Julian Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo Global Society em revisatildeo Julian Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo Global Society em revisatildeo

16 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

17 Erna Burai lsquoAfrican Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Groundrsquo Global Society em revisatildeo

18 Ambos os debates em torno das propostas brasileiras de Responsabilidade ao Proteger e o Diaacutelogo Interativo Informal da Assembleia Geral sobre Responsabilidade de Proteger e ldquoAccedilatildeo oportuna e decisivardquo em 2012 constituiacuteram tentativas de defensores de R2P se envolverem em discussotildees sobre o uso da forccedila e R2P Para acessar uma coleccedilatildeo de discursos durante a Assembleia Geral de 2012 veja httpwwwglobalr2porgresources278

19 Sarah Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo em Mary Kaldor e Iavor Rangelov eds The Handbook of Global Security Policy (Chichester West Sussex Wiley Blackwell 2014) 225

20 Alastair Iain Johnston lsquoThinking About Strategic Culturersquo International Security 194 1995 46

21 Pessimismo sobre a eficaacutecia da forccedila no entanto natildeo eacute o mesmo de promover a natildeo-violecircncia Alguns dos maiores defensores do ceticismo em relaccedilatildeo agraves forccedilas militares para proteccedilatildeo frequentemente recorrem a forccedilas militares ou quase militares no acircmbito domeacutestico

22 Otto Bakkano lsquoAU Pushes for Ceasefire Political Solution in Libyarsquo Mail amp Guardian httpmgcoza article2011-05-26-au-pushes-for-ceasefire-political-solution-in-libya 26 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Guido Westerwelle lsquoBundesminister Westerwelle Statement vom 25032011 zu Syrien Jemen Israel und dem Gaza-Streifen Sowie Libyenrsquo Auswartiges Amt httpwwwbrasildiplodeVertretung brasiliende07__AussenpolitikReden_20des_20Au_C3_9FenministersStatemente_20Syrienhtml 25 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

23 Barack Obama David Cameron e Nicolas Sarkozy lsquoLibyarsquos Pathway to Peacersquo The International Herald Tribune httpwwwnytimescom20110415opinion15iht-edlibya15html 15 de abril de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Reuters lsquoKerry Insists No Place for Assad in Syriarsquos Futurersquo Reuters httpwwwreuters comarticle20140117us-syria-crisis-kerry-idUSBREA0G14A20140117 17 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

24 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

25 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

26 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

27 Kersti Larsdotter lsquoExploring the Utility of Armed Force in Peace Operations German and British Approaches in Northern Afghanistanrsquo Small Wars and Insurgencies 193 2008 Taylor B Seybolt Humanitarian Military Intervention The Conditions for Success and Failure (Oxford Oxford University Press 2008) Rupert Smith The Utility of Force The Art of War in the Modern World (London Allen Lane 2005) Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

28 UN Department of Peacekeeping Operations e UN Department of Field Support lsquoOperational Concept on the Protection of Civilians in United Nations Peacekeeping Operationsrsquo (New York 2010) Sarah Sewall Dwight Raymond e Sally Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook (Cambridge MA Harvard Kennedy School 2010)

29 Harry Verhoeven documenta o exemplo de um diplomata chinecircs que ldquopensava que o Ocidente tinha inventado os Janjaweed [miliacutecias proacute- governo em Darfur] como uma desculpa para intervir Mas eles eram de verdade e matavam pessoasrdquo Harry Verhoeven lsquoIs Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa Is Changing Chinarsquo The Washington Quarterly 372 2014 64

33Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

30 BS Chimni lsquoFor Epistemological and Prudent Internationalismrsquo Harvard Law School Human Rights Journal novembro 2012 Greg Simons lsquoThe International Crisis Group and the Manufacturing and Communicating of Crisesrsquo Third World Quarterly 354 2014 Ramesh Thakur lsquoIs the United Nations Racistrsquo The Hindu httpwwwthehinducomopinionleadis-the-united-nations-racistarticle4928624ece 19 de julho de 2013 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

31 Ambassador Liu Zhenmin lsquoStatement by Ambassador Liu Zhenmin at the Plenary Session of the General Assembly on the Question of ldquoResponsibility to Protectrdquorsquo httpresponsibilitytoprotectorgStatement20 by20Ambassador20Liu20Zhenminpdf 24 de julho de 2009 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Zhang Haibin e Lui Tiewa lsquoRealizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and Thereafterrsquo Global Society em revisatildeo

32 Conversa com uma seacuterie de especialistas indianos em evento na Jawaharlal Nehru University (Nova Deacuteli Iacutendia) no dia 21 de Janeiro de 2015

33 IRIN lsquoA New Start for Crisis Reportingrsquo IRIN httpnewirinirinnewsorgpress-release 20 de novembro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34 Veja por exemplo Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoReport of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on United Nations Action in Sri Lankarsquo (New York United Nations 2012)

35 Um bom exemplo foi o briefing do Assessor Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedio para o Conselho de Seguranccedila da ONU depois de sua visita agrave Repuacuteblica Centro-Africana no dia 22 de janeiro de 2014 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoThe Statement of under Secretary-GeneralSpecial Adviser on the Prevention of Genocide Mr Adama Dieng on the Human Rights and Humanitarian Dimensions of the Crisis in the Central African Republicrsquo httpwwwunorgenpreventgenocideadviserpdfSAPG20Statement20at20UNSC20 on20the20situation20in20CAR-202220Jan202014pdf 22 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

36 Morten Bergsmo Quality Control in Fact-Finding (Florence Torkel Opsahl Academic EPublisher 2013) 210

37 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoRights up Front A Plan of Action to Strengthen the UNrsquos Role in Protecting People in Crises Follow-up to the Report of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on UN Action in Sri Lankarsquo (New York 2013)

38 Veja tambeacutem futura publicaccedilatildeo do GPPi Gerrit Kurtz lsquoA New Tool for Civilian Protection - the Human Rights up Front Initiative of the United Nationsrsquo GPPi Policy Brief futura publicaccedilatildeo

39 Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo

40 Jose Ramos-Horta lsquoIndia Right in Asking for More Say in Peacekeeping Operations-Related Decisions Top UN Panel Chiefrsquo Hindustan Times httpwwwhindustantimescomindia-newsindia-right-in-asking- for-more-say-in-peacekeeping-operations-related-decisions-top-un-panel-chiefarticle1-1314354aspx 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 13 de marccedilo de 2015

41 Thomas Biersteker et al lsquoThe Effectiveness of UN Targeted Sanctions - Findings from the Targeted Sanctions Consortium (TSC)rsquo The Graduate Institute Geneva 2013

42 Kirsten Ainley lsquoThe Responsibility to Protect and the International Criminal Court Counteracting the Crisisrsquo International Affairs 911 2015

43 Para distinccedilatildeo entre atividades ldquosistecircmicasrdquo e ldquodirecionadasrdquo veja Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

44 Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo Global Society em revisatildeo

45 Verhoeven e Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo 8 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann lsquoSchutz und Verantwortung Uber die US- Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltatenrsquo (2013)

46 Mike Brand lsquoEmploying lsquoPreventionrsquo to Prevent Mass Atrocitiesrsquo Saferworld httpwwwsaferworldorguk news-and-viewscomment123-employing-apreventiona-to-prevent-mass-atrocities 25 de fevereiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Warren Strobel e Louis Charbonneau lsquoUS Was Slow to Lose Patience as South Sudan Unraveledrsquo Reuters 14 de janeiro de 2014

47 Adam Lupel lsquoUN Adviser on Prevention of Genocide ldquoWe Have to Make Sure the Security Council Actsrdquorsquo httptheglobalobservatoryorg201404un-adviser-on-prevention-of-genocide-we-have-to-make-sure- security-council-acts 28 de abril de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34Global Public Policy Institute (GPPi)

48 Office for the Coordination of Humanitarian Affairs lsquoHumanitarian Bulletin Syriarsquo Humanitarian Bulletin Issue 53 httpreliefwebintsitesreliefwebintfilesresourcesBulletin_no_53_17032015_final_01pdf 1 de fevereiro - 18 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

49 Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

50 Human Rights Watch lsquoGermany QampA on Trial of Two Rwandan Rebel Leadersrsquo httpwwwhrworgde news20110502germany-qa-trial-two-rwandan-rebel-leaders 2 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 23 de marccedilo de 2015

51 Eric Lichtblau lsquoUS Seeks to Deport Bosnians over War Crimesrsquo New York worldus-seeks-to-deport-bosnians-over- Times httpwwwnytimescom20150301war-crimeshtml 28 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

52 Para um argumento similar observando o envolvimento internacional com a Liacutebia em 2015 veja International Crisis Group lsquoLibya Getting Geneva Rightrsquo International Crisis Group Middle East and North Africa Report Nr 157 2015

53 Kurtz e Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo

54 Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo

55 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

56 Alex J Bellamy e Charles T Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo (Asia- Pacific Centre for the Responsibility to Protect 2010) Alex J Bellamy The Responsibility to Protect A Defense (Oxford Oxford University Press 2014)

57 Ashley Jackson lsquoProtecting Civilians The Gap between Norms and Practicersquo (Humanitarian Policy Group 2014)

58 Isso jaacute foi escrito em 2009 no relatoacuterio ldquoNew Horizonrdquo do DPKO ldquoO descompasso entre expectativas e capacidade de promover proteccedilatildeo abrangente criou um significante desafio de credibilidade para as operaccedilotildees de paz da ONUrdquo Department of Peacekeeping Operations lsquoA New Partnership Agenda Charting a New Horizon for UN Peacekeepingrsquo (New York 2009) 20

59 Compare United Nations lsquoFinal Report of the Expert Panel on Technology and Innovation in UN Peacekeepingrsquo httpwwwperformancepeacekeepingorgofflinedownloadpdf 22 de dezembro de 2014

60 Compare United States Mission to the United Nations lsquoRemarks on Peacekeeping in Brussels by Samantha Power US Permanent Representative to the United Nationsrsquo httpusunstategovbriefing statements238660htm 9 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

61 Bellamy and Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo 23-24 Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

62 Isso poderia se basear no Mass Atrocities Response Operations project do US Armyrsquos Peacekeeping and Stability Operations Institute e do Harvard Kennedy Schoolrsquos Carr Center for Human Rights Veja Sewall Raymond e Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook

63 Mats Berdal e David H Ucko lsquoThe United Nations and the Use of Force Between Promise and Perilrsquo Journal of Strategic Studies 375 2014

64 Veja tambeacutem os resultados de um projeto do SIPRI sobre o futuro das operaccedilotildees de paz Jair van der Lijn e Xenia Avezov lsquoThe Future Peace Operations Landscape - Voices from Stakeholders around the Globe - Final Report of the New Geopolitics of Peace Operations Initiativersquo Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) janeiro de 2015

65 Security Council Report lsquoChairs of Subsidiary Bodies and Penholders for 2015rsquo httpwwwsecuritycouncilreportorgmonthly-forecast2015-02chairs_of_subsidiary_bodies_and_penholders_ for_2015php 30 de janeiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

66 Gareth Evans lsquoLimiting the Security Council Vetorsquo Project Syndicate httpwwwproject-syndicateorg commentarysecurity-council-veto-limit-by-gareth-evans-2015-02 4 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Kofi Annan e Gro Harlem Brundtland lsquoFour Ideas for a Stronger UNrsquo The New York Times httpwwwnytimescom20150207opinionkofi-annan-gro-harlem-bruntland-four-ideas-for-a-stronger- unhtml_r=0 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

67 Conversa com ex-comandantes militares Nova Deacuteli janeiro de 2015

68 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

35Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

69 Ibid Murthy e Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo

70 Compare tambeacutem com Bellamy The Responsibility to Protect A Defense 200

71 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

72 Ruan Zongze lsquo阮宗泽中国应倡导ldquo负责任的保护rdquo- ( China deveria defender a Proteccedilatildeo Responsaacutevel)rsquo Global Times (ediccedilatildeo chinesa) httpopinionhuanqiucom11522012-032501163html uacuteltimo acesso em 7 de marccedilo de 2012

73 Andrew Garwood-Gowers lsquoChinarsquos ldquoResponsible Protectionrdquo Concept Re-Interpreting the Responsibility to Protect (R2P) and Military Intervention for Humanitarian Purposesrsquo Asian Journal of International Law disponiacutevel em CJO2015 2015

74 Thorsten Benner lsquoBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiativersquo GPPi Working Paper Series 2013

36Global Public Policy Institute (GPPi)

Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang 4 n 4 2014) A ediccedilatildeo especial conteacutem os seguintes artigos todos disponiacuteveis gratuitamente online Introduction Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier

Regulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protect por Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

Debates in China about the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessment por Liu Tiewa e Zhang Haibin

Emerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protect por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk

Singing the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protect por Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz

Multipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protect por Xymena Kurowska

ldquoOur Identity is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Intervention por Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira

The Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protect por Julian Junk

Em breve laccedilaremos uma ediccedilatildeo especial na Global Society os seguintes artigos que estatildeo atualmente em processo de revisatildeo To Intervene in Darfur or Not Re-examining the R2P Debate and its Impacts por Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira

International Responsibility as Solidarity the Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectory por CSR Murthy e Gerrit Kurtz

Bringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenya por Julian Junk

Testing Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2P por Julian Junk

Parody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian War por Erna Burai

Protection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009 por Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan

Realizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and thereafter por Zhang Haibin e Liu Tiewa

The Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protection por Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

African Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Ground por Erna Burai

Responsibility While Protecting and the Ethics of R2P Implementation por Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier

Outras publicaccedilotildees relacionadasBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiative por Thorsten Benner Seacuterie de Working Papers do GPPi 2013

O Brasil como um Empreendedor Normativo a Responsabilidade ao Proteger por Thorsten Benner Politica Externa v 21 n 4 2013 p 35-46

Germany and the Intervention in Libya por Sarah Brockmeier Survival Global Politics and Strategy v55 n6 2013 p 63ndash90

Schutz und Verantwortung Uber die US-Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltaten por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann Heinrich Boll Foundation June 2013

Internationale Schutzverantwortung - Normative Erwartungen und Politische Praxis por Christopher Daase e Julian Junk (orgs) Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n 1-2 2013

Die Legalisierung der Legitimitat ndash Zur Kritik der Schutzverantwortung als Emerging Norm por Christopher Daase Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n1-2 2013 p 41-62

Emerging Power Exceptional State Elusive Country Explaining Indiarsquos Behavior por Madhan Mohan Jaganathan (com Amna Sunmbul) Proceedings of the International Conference on Social Sciences Chennai 2013 p 308-311

A New Tool for Civilian Protection - The Human Rights up Front Initiative of the United Nations por Gerrit Kurtz GPPi Policy Brief lanccedilamento em breve

Indiarsquos Approach to the Protection of Civilians in Armed Conflicts por CSR Murthy Norwegian Peacebuilding Resource Centre novembro de 2012

Contemporary World Order and Approaches to UN Peacekeeping A South Asian Perspective por CSR Murthy Friedrich Ebert Foundation dezembro de 2012

India-Brazil-South Africa Dialogue Forum (IBSA) The Rise of the Global South por Oliver Stuenkel Routledge Global Institutions 2014

The BRICS and the Future of Global Order por Oliver Stuenkel Lexington Press 2015

The BRICS and the Future of R2P Was Syria or Libya the Exception por Oliver Stuenkel Global Responsibility to Protect v6 n 1 2014 p 3-28

China and Responsibility to Protect Maintenance and Change of its Policy for Intervention por Liu Tiewa The Pacific Review v 25 v1 2012 p 153-173

Is China Like the Other Permanent Members Governmental and Academic Debates about RtoP by Liu Tiewa in Moacutenica Serrano e Thomas G Weiss (orgs) Rallying to the RtoP Cause The International Politics of Human Rights Routledge 2014 p 148-170

Chinese Strategic Culture and the Use of Force Moral and Political Perspectives por Liu Tiewa Journal of Contemporary China v23 n87 2014 p 556-574

Is Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa is Changing China por Harry Verhoeven The Washington Quarterly vol37 n2 2014 p 55-70

Publicaccedilotildees Selecionadas

37Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

AutoresThorsten BennerGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Sarah Brockmeier Global Public Policy InstituteBerlin Germany

Erna BuraiCentral European UniversityBudapest Hungary

CSR MurthyJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Christopher DaasePeace Research InstituteFrankfurt Germany

J Madhan MohanJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Julian JunkPeace Research InstituteFrankfurt Germany

Xymena KurowskaCentral European UniversityBudapest Hungary

Gerrit KurtzGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Liu TiewaPeking University China

Wolfgang ReinickeGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Philipp RotmannGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Ricardo Soares de OliveiraOxford UniversityUnited Kingdom

Matias SpektorFundaccedilatildeo Getulio VargasRio de Janeiro Brazil

Oliver StuenkelFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Marcos TourinhoFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Harry VerhoevenOxford UniversityUnited Kingdom

Zhang HaibinPeking UniversityChina

Global Public Policy Institute (GPPi)Reinhardtstr 7 10117 Berlin GermanyPhone +49 30 275 959 75-0Fax +49 30 275 959 75-99gppigppinet

gppinetglobalnormsnet

15Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

capazes de reconhecer a realidade complexa de qualquer crise Dessa forma eles convidam a uma troca muacutetua de estereoacutetipos ao inveacutes de uma discussatildeo construtiva Os resultados tecircm sido previsiacuteveis reaccedilotildees antiocidentais no Sul (ldquoeles soacute querem invadir nossos paiacutesesrdquo) e anti-Sul por parte do Ocidente (ldquoeles sempre se juntam a seus colegas ditadoresrdquo) Ambas as partes tentam fazer uso do discurso de responsabilidade para justificar seus pontos de vista ldquoAssumir a responsabilidaderdquo outrora significava assumir riscos e accedilotildees militares caras ateacute que o Brasil desafiou o monopoacutelio intervencionista sobre o termo24

Este contraste entre conhecimento e convicccedilatildeo fica aparente em muitos debates nebulosos sobre peacekeeping tal como a conduccedilatildeo da crise na Costa do Marfim pela ONU em 2010-2011 mas foi mais claramente colocado em debate a forma como Estados Unidos Franccedila e Reino Unido lideraram a intervenccedilatildeo de 2011 na Liacutebia Diplomatas brasileiros experientes por exemplo questionaram a justificativa de uma accedilatildeo militar para uma mudanccedila no regime argumento que nunca foi explicitado por americanos franceses e britacircnicos Por que natildeo cessar os ataques uma vez que as ameaccedilas imediatas agrave populaccedilatildeo civil jaacute haviam sido eliminadas e as forccedilas de Gaddafi jaacute natildeo avanccedilavam mais e desta forma forccedilar todas agraves partes a negociar Que responsabilidade a coalisatildeo intervencionista assumiu pelas accedilotildees de seus aliados de fato em terra as forccedilas rebeldes liacutebias Como a coalisatildeo intervencionista equilibrou os riscos e recompensas das diferentes escolhas estrateacutegicas e por que exatamente ldquonatildeo era possiacutevel imaginar um futuro com Gaddafi no poderrdquo como argumentado por Obama Cameron e Sarkozy no jornal The New York Times25Houve questionamentos similares sobre as sugestotildees de intervenccedilatildeo militar na Siacuteria A ausecircncia de respostas convincentes provavelmente teve um papel muito importante no arquivamento de uma seacuterie de planos para intervenccedilotildees unilaterais ao longo dos anos

O que parece ser um otimismo infundado de que a forccedila seria capaz de atingir objetivos poliacuteticos daacute origem a um desconforto difundido em muitas partes do mundo e que vai aleacutem do objetivo especifico de proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade A invasatildeo do Iraque liderada pelos EUA em 2003 se desdobrou em grandes debates como um exemplo de escolha irresponsaacutevel por uma potecircncia hegemocircnica que tende a instruir outros paiacuteses sobre lideranccedila global responsaacutevel Isso tambeacutem eacute um lembrete valioso de que mesmo a maior forccedila militar do globo eacute claramente incapaz de forccedilar a construccedilatildeo efetiva de uma nova ordem poliacutetica com consequecircncias traacutegicas para milhares de pessoas natildeo soacute no Iraque

Ainda assim durante as crises na Costa do Marfim na Liacutebia em 2011 e na Repuacuteblica Centro-Africana em 2014 o Conselho de Seguranccedila estava pronto para legitimar intervenccedilotildees militares ldquoconforme cada casordquo como foi sugerido pela Cuacutepula Mundial Em cada um desses casos emergiram grandes maiorias que priorizaram a necessidade de accedilatildeo militar em relaccedilatildeo agrave ampla preocupaccedilatildeo com a manutenccedilatildeo da soberania estatal seja atraveacutes de voto a favor no Conselho de Seguranccedila de abstenccedilatildeo para permitir que resoluccedilotildees passassem (como Ruacutessia e China no caso da Liacutebia) ou de apoio financeiro militar ou poliacutetico em outros foacuteruns de discussatildeo

Eacute possiacutevel que haja uma janela de oportunidades surgindo para um debate poliacutetico mais detalhado e criacutetico sobre a eficaacutecia da forccedila militar na proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade Tais debates estatildeo tratando dos objetivos diferentes mas relacionados da luta contra insurgentes e redes terroristas Em ambos os casos haacute uma discussatildeo ponderada nos ciacuterculos militares e policiais assim como em grandes meios

16Global Public Policy Institute (GPPi)

de comunicaccedilatildeo sobre questotildees como execuccedilotildees especiacuteficas de terroristas suspeitos ou taacuteticas de contra-insurgecircncia centradas na populaccedilatildeo

Outro debate similar e criacutetico precisa ser colocado em questatildeo em relaccedilatildeo agrave forccedila e a proteccedilatildeo Ele pode ser construiacutedo a partir de uma tendecircncia recente na direccedilatildeo de mais engajamento com os resultados e meios praacuteticos do uso da forccedila militar para proteccedilatildeo Sociedades e comunidades estrateacutegicas nos EUA Reino Unido e Franccedila mostraram sinais de cansaccedilo em relaccedilatildeo a intervenccedilotildees em geral e particularmente agraves unilaterais Ao mesmo tempo alguns dos defensores mais leais da restriccedilatildeo militar reflexiva ndash como China Brasil e Alemanha ndash comeccedilaram a considerar em determinados casos argumentos a favor da accedilatildeo militar para proteccedilatildeo de civis 26Tanto defensores quanto ceacuteticos da proteccedilatildeo militar se beneficiaratildeo ao forccedilar mais nuances nesses debates Por um lado a demanda por especificidades protegeraacute contra o uso abusivo da autoridade humanitaacuteria para fins escusos Por outro mais transparecircncia ajudaraacute na defesa contra reclamaccedilotildees de abuso Esse debate deve considerar as contribuiccedilotildees acadecircmicas recentes27 mas encontraraacute ferramentas mais especiacuteficas e fundamentais em conceitos poliacuteticos estabelecidos como na doutrina da ONU para proteccedilatildeo de civis e as tentativas dos militares norte-americanos de desenvolver orientaccedilotildees conceituais para ldquooperaccedilotildees de resposta a atrocidades em massardquo28

17Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Se as principais controveacutersias globais sobre a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade envolvem (1) o medo do uso abusivo de argumentos humanitaacuterios e (2) como proteger de forma efetiva quais satildeo as opccedilotildees para melhorar as soluccedilotildees globais de proteccedilatildeo O ponto de partida deve ser o reconhecimento de que a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade como um desafio poliacutetico complexo e natildeo somente como algo paliativo enquanto tenta-se resolver um conflito poliacutetico de maiores dimensotildees Qualquer estrateacutegia de proteccedilatildeo deve ser preparada primeiramente a fim de influenciar os caacutelculos poliacuteticos e militares dos perpetradores e deve levar em consideraccedilatildeo os limites de influecircncias externas sobre eventos domeacutesticos Os atores locais tecircm o maior controle sobre a dinacircmica da violecircncia e eacute difiacutecil prever o efeito dominoacute causado pelas accedilotildees externas O foco no curto prazo do conceito de ldquoresposta raacutepida saiacuteda raacutepidardquo eacute portanto um ato irresponsaacutevel quase independente de contexto mesmo que accedilotildees raacutepidas frequentemente sejam necessaacuterias poliacuteticos ativistas jornalistas e acadecircmicos precisam prestar mais atenccedilatildeo agraves poliacuteticas de longo prazo e a seus planejamentos para que sejam adaptadas agraves mudanccedilas

Com base em nossos resultados e anaacutelise apontamos opccedilotildees poliacuteticas para governos a ONU e organizaccedilotildees regionais aleacutem da miacutedia e da sociedade civil com o intuito de melhorar a credibilidade das ferramentas existentes ao fazer com que seu uso na proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade seja menos vulneraacutevel ao abuso e tenha resultados mais efetivos Comeccedilamos com a necessidade de garantir informaccedilotildees e anaacutelises criacuteveis sobre as situaccedilotildees em que crimes de atrocidade satildeo cometidos Depois oferecemos algumas sugestotildees para o fortalecimento das ferramentas disponiacuteveis aos civis para prevenccedilatildeo e resposta a atrocidades e para que as operaccedilotildees de paz da ONU melhorem a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade Depois indicamos opccedilotildees de reforma importantes para o processo decisoacuterio coletivo sobre accedilotildees militares e terminamos enfatizando a necessidade de um aprendizado contiacutenuo e colaborativo sobre as ferramentas para prevenccedilatildeo de atrocidades

Reduzindo a Vulnerabilidade das Fontes de Informaccedilatildeo perante Acusaccedilotildees de ParcialidadeAntes mesmo de comeccedilar a considerar formas de lidar com futuras ou atuais atrocidades o mundo precisa chegar a um consenso sobre o que estaacute acontecendo em cada situaccedilatildeo Atualmente a disponibilidade de informaccedilatildeo sobre situaccedilotildees especiacuteficas de crises natildeo eacute mais o principal desafio para que accedilotildees de mobilizaccedilatildeo aconteccedilam

Opccedilotildees Poliacuteticas para Proteccedilatildeo Mais Efetiva e Responsaacutevel

18Global Public Policy Institute (GPPi)

Ainda assim acreditamos que um desafio crucial para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade eacute a acusaccedilatildeo de parcialidade sobre o tipo e a interpretaccedilatildeo das informaccedilotildees sobre atrocidades fornecidas por governos pela miacutedia ou por grupos da sociedade civil A confianccedila nos Estados dominantes e nas instituiccedilotildees internacionais encontra-se em niacuteveis tatildeo baixos que mesmo os casos de atrocidades bem documentados como o ocorrido em Darfur foram considerados por alguns como propaganda intervencionista29

Essa desconfianccedila estaacute na maior parte das vezes direcionada a fontes relacionadas ao ldquoOcidenterdquo Fontes financiadas lideradas ou com suas sedes em paiacuteses ocidentais frequentemente satildeo as mais acessiacuteveis natildeo soacute pelas elites poliacuteticas em capitais longiacutenquas mas tambeacutem por paineacuteis de especialistas e investigaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas em paiacuteses em que natildeo haacute extensiva presenccedila de campo da ONU Quando as fontes locais de informaccedilatildeo claramente natildeo satildeo criacuteveis como na Siacuteria jornalistas tecircm acesso restrito a aacutereas violentas e por algumas vezes todas as outras fontes relevantes vecircm de organizaccedilotildees com sede no Ocidente de organizaccedilotildees locais da sociedade civil que dependem de ajuda ocidental ou de financiamento externo e que tecircm uma temaacutetica antigovernamental especiacutefica ou ainda de profissionais ocidentais que trabalham para a ONU30 Por exemplo o governo chinecircs frequentemente enfatiza que a identificaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo internacional de abusos aos direitos humanos no exterior eacute excessivamente dependente de informaccedilotildees ocidentais e pediu para que houvesse sistemas de alerta precoce mais imparciais31 Especialistas indianos dizem que o desafio natildeo eacute a disponibilidade de informaccedilatildeo mas ldquoa interpretaccedilatildeo e o vieacutes que lhe eacute dadordquo32

Grupos de ativistas e a miacutedia tecircm incentivos para simplificar as narrativas e portanto eacute prudente ter um ceticismo saudaacutevel perante as acusaccedilotildees de atrocidades hediondas Ao mesmo tempo presumir que a verdade estaacute no meio-termo de todas as posiccedilotildees seria permitir que propaganda e maacute informaccedilatildeo determinassem o caminho a seguir Criticar realisticamente as fontes requer engajamento com a informaccedilatildeo em si e natildeo apenas a insinuaccedilatildeo de agendas poliacuteticas com base puramente na localizaccedilatildeo geograacutefica financiamento ou educaccedilatildeo

A fim de oferecer um debate melhor informado sobre potenciais crimes de atrocidade as empresas de comunicaccedilatildeo e filantropos principalmente em potecircncias emergentes devem investir em fontes de informaccedilatildeo e anaacutelise independentes e criacuteveis sobre conflitos e direitos humanosAs alegaccedilotildees de parcialidade (sejam a favor ou contra os governos ou outros atores) crescem quando haacute uma escassez de fontes Aqueles que criticam as fontes de informaccedilatildeo existentes satildeo os que sabem melhor qual fonte de financiamento ou de influecircncia teraacute mais credibilidade portanto eacute dever destas pessoas investir adequadamente Se haacute suspeitas sobre as fontes ocidentais de informaccedilatildeo por parte de governos e elites poliacuteticas fora do Ocidente essas podem ajudar a diversificar a base de apoio para ONGs ativistas e redes de informaccedilotildees globais jaacute existentes ou ateacute mesmo investir em plataformas alternativas de monitoramento e anaacutelise baseadas nos mais altos padrotildees de integridade jornaliacutestica Por enquanto com raras exceccedilotildees o investimento em miacutedias livres e acesso agrave informaccedilatildeo natildeo parece ser uma prioridade entre as elites empresariais emergentes mesmo em potecircncias emergentes democraacuteticas Por outro

19Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

lado agecircncias de notiacutecia estatais frequentemente tecircm dificuldade para estabelecer uma reputaccedilatildeo de integridade jornaliacutestica Satildeo raros os grandes investimentos no relato de crises humanitaacuterias tais como recentemente feito pela Fundaccedilatildeo Jynwel com sede em Hong Kong na agora independente organizaccedilatildeo de noticias IRIN33 Organizaccedilotildees de defesa podem contribuir com a reduccedilatildeo das alegaccedilotildees de parcialidade ao natildeo exporem situaccedilotildees de conflito como se fossem preto-no-branco e ao serem transparentes sobre quem as financiam e apoiam Se apresentarem uma extensa lista de notas e fontes em seus relatoacuterios como feito regularmente pelo International Crisis Group e pela Human Rights Watch eacute dever dos criacuteticos se engajar com essas fontes com base nos fatos

Fortalecer e diversificar as informaccedilotildees sobre os riscos de crimes de atrocidade em massa tambeacutem pode significar estabelecer organizaccedilotildees de sociedade civil regionais dedicadas agrave pesquisa criacutevel e confiaacutevel sobre a prevenccedilatildeo de atrocidades Se verdadeiramente baseadas em sociedades locais tais grupos teriam mais acesso a grupos nacionais e regionais de sociedade civil do que as organizaccedilotildees globais com sede em Nova York ou Genebra Consequentemente suas informaccedilotildees e argumentos mais provavelmente obteriam credibilidade poliacutetica a niacutevel global No curto prazo a massa criacutetica necessaacuteria a esses centros da sociedade civil provavelmente seraacute alcanccedilada na Europa ou na Aacutefrica mas a Ameacuterica Latina (com sua iacutempar accedilatildeo ldquoRede Latino-Americana de Prevenccedilatildeo ao Genociacutedio e Atrocidades em Massardquo a niacutevel governamental) e a Aacutesia tambeacutem podem se desenvolver rapidamente

Os Estados membros a sociedade civil e as organizaccedilotildees regionais devem melhorar as capacidades da ONU de coletar informaccedilotildees e desvendar fatos sobre desafios agrave proteccedilatildeo ao oferecer assistecircncia logiacutestica funcionaacuterios a curto-prazo e fontes locais de informaccedilatildeo Ao mesmo tempo em que organizaccedilotildees regionais satildeo cada vez mais capazes de influenciar o entendimento global sobre suas partes do mundo a sua imparcialidade eacute apenas tatildeo criacutevel quanto a das potecircncias regionais que lideram as suas deliberaccedilotildees As Naccedilotildees Unidas natildeo podem entretanto sempre responder sozinhas agraves demandas por informaccedilotildees imparciais e criacuteveis sobre riscos de atrocidade Os mecanismos das Naccedilotildees Unidas frequentemente dependem tanto de fontes governamentais e privadas devido agrave necessidade de agir rapidamente quanto sofrem com a falta de acesso proacuteprio e independente aos locais de risco Aleacutem disso a ONU tambeacutem jaacute esteve sujeita agrave autocensura e foi forccedilada a romper compromissos poliacuteticos34

Todos os Estados membros da ONU precisam fortalecer os mecanismos de coleta de informaccedilatildeo da instituiccedilatildeo suas comissotildees de inqueacuterito e outros oacutergatildeos correlatos Por exemplo sempre que uma violecircncia em massa comeccedila conforme definido pelo Secretaacuterio Geral a ONU deveraacute enviar uma missatildeo para desvendar os fatos a fim de informar melhor as discussotildees no Conselho de Seguranccedila Isso poderaacute ser baseado em um grupo permanente de especialistas preacute-selecionados e deveraacute envolver as agecircncias da ONU relevantes ao tema especialmente o Escritoacuterio de Coordenaccedilatildeo de Assuntos Humanitaacuterios O Alto Comissariado para Direitos Humanos o Conselheiro Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedios e o Departamento de Assuntos Poliacuteticos35 Estados membros devem contribuir tanto com financiamento quanto com especialistas

20Global Public Policy Institute (GPPi)

treinados para essas missotildees O estabelecimento de regras para a contrataccedilatildeo de pessoal poderia ajudar a deixar processos de seleccedilatildeo o mais transparentes possiacutevel e desta forma melhorar a credibilidade e imparcialidade da descoberta de fatos pela ONU36

Estados membros tambeacutem podem ajudar as Naccedilotildees Unidas na implementaccedilatildeo de sua iniciativa ldquoHuman Rights Up Frontrdquo (em portuguecircs ldquoDireitos Humanos Antes de Tudordquo) atraveacutes do qual o Secretariado estaacute criando um sistema simplificado de gerenciamento de informaccedilotildees para tudo que eacute coletado pelas muitas partes do sistema ONU combinando dados jaacute existentes sobre proteccedilatildeo humanitaacuteria proteccedilatildeo dos direitos humanos proteccedilatildeo de mulheres em conflitos armados e proteccedilatildeo de crianccedilas37 Os Estados membros podem dar apoio agrave ONU ao incluir mais informaccedilotildees de atores bilaterais no local desde que a ONU faccedila os investimentos necessaacuterios para o tratamento de dados sensiacuteveis proteccedilatildeo a testemunhas e referecircncias38

Usando Ferramentas Diplomaacuteticas e Civis De Forma Antecipada Justa e EstrateacutegicaApesar das diferenccedilas em ecircnfases retoacutericas haacute um consenso universal que as atrocidades devem ser prevenidas pelo uso antecipado e sustentaacutevel de uma variedade de ferramentas civis disponiacuteveis agrave comunidade internacional Estatildeo incluiacutedas a diplomacia a mediaccedilatildeo e as missotildees poliacuteticas assim como as sanccedilotildees a justiccedila criminal internacional as accedilotildees humanitaacuterias e as ferramentas de peacebuilding apoacutes crises dentre elas a reconstruccedilotildees das instituiccedilotildees estatais e do Estado de direito

Desde os anos 90 a comunidade internacional aprendeu liccedilotildees importantes sobre o uso dessas ferramentas e vem caminhando para desenvolvecirc-las ainda mais Satildeo visiacuteveis os sucessos na diplomacia preventiva como o ocorrido durante a crise poacutes-eleiccedilotildees no Quecircnia em 200839 quando um negociador de alto niacutevel liderou as conversas tendo apoio politico de oacutergatildeos regionais e de todos os membros do Conselho de Seguranccedila expertise da ONU e engajamento da sociedade civil Ao longo dos uacuteltimos 10 anos houve uma significativa expansatildeo das capacidades de negociaccedilatildeo dentro da ONU e das organizaccedilotildees regionais Missotildees poliacuteticas no Timor Leste ou na Guineacute-Bissau podem ter evitado uma nova onda de violecircncia nesses locais40 Sanccedilotildees seletivas provavelmente ajudaram a controlar pessoas que poderiam atrapalhar as primeiras fases do processo de peacebuilding na Libeacuteria Costa do Marfim e Serra Leoa41 O Tribunal Penal Internacional processou e condenou seus primeiros casos e apoiou importantes reformas nos sistemas de justiccedila criminal em muitos paiacuteses42

Ainda assim a comunidade internacional em inuacutemeras vezes natildeo fez uso das ferramentas civis disponiacuteveis de forma antecipada decisiva e sustentaacutevel O consenso que parece existir para o uso de ferramentas civis antecipadamente e como prioridade se desfaz assim que decisotildees poliacuteticas e priorizaccedilatildeo se fazem necessaacuterias Mudar isso eacute difiacutecil Requer ir aleacutem das caricaturas comuns que culpam apenas os paiacuteses ocidentais por investir pouco ou as potecircncias natildeo-ocidentais por repelir as tentativas de influenciar ou pressionar perpetradores e seus cuacutemplices Natildeo soacute as prioridades e interesses competitivos existem de todos os lados mas o desafio tambeacutem eacute marcado pela profunda incerteza sobre como e quando usar tais ferramentas com quais atores e em qual espaccedilo Natildeo haacute uma soluccedilatildeo uacutenica e faacutecil para prevenccedilatildeo resposta ou recuperaccedilatildeo efetiva

21Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Nosso foco eacute em medidas de curto prazo voltadas para os civis em situaccedilotildees em que haacute alta probabilidade ou jaacute haacute ocorrecircncia de atrocidades 43Descobrimos que haacute quatro aacutereas que devem ser especialmente observadas

Os atores (em particular potecircncias emergentes) que mais pedem por diplomacia ferramentas civis e prevenccedilatildeo antecipada precisam traduzir seu compromisso retoacuterico em vontade poliacutetica e os investimentos necessaacuterios em capacidades e ideiasIr aleacutem da retoacuterica sobre prevenccedilatildeo requer vontade poliacutetica para fazer disso uma prioridade Com muita frequecircncia a prevenccedilatildeo contra crimes de atrocidade vai de encontro a outros objetivos poliacuteticos em uma determinada situaccedilatildeo de crise Algumas vezes esses interesses e prioridades estatildeo em extremos opostos No Sri Lanka por exemplo o governo conseguiu alavancar a imensa preocupaccedilatildeo internacional com o contraterrorismo para evitar pressotildees em relaccedilatildeo aos crimes de guerra perpetrados durante o conflito contra os Tigres de Libertaccedilatildeo do Tacircmil Eelam (LTTE) no comeccedilo de 200944 Em Darfur a accedilatildeo diplomaacutetica internacional para acabar com os crimes de atrocidade teve de competir com a prioridade para um acordo de paz na longa guerra civil Norte-Sul no Sudatildeo e com a colaboraccedilatildeo antiterrorista do governo sudanecircs45

Todavia mesmo com a ausecircncia de grandes interesses conflitantes haacute um espaccedilo entre o apoio abstrato para a proteccedilatildeo de populaccedilotildees contra crimes de atrocidade e a vontade poliacutetica de agir dispor-se financeiramente e assumir riscos proporcionais Um exemplo recente de quando investimentos deveriam ter sido feitos antes e de forma mais substancial eacute o Sudatildeo do Sul ndash uma crise que tambeacutem demonstra como as categorias ldquoocidentaisrdquo contra os ldquodemaisrdquo natildeo satildeo uacuteteis na anaacutelise das posiccedilotildees dos paiacuteses sobre proteccedilatildeo Por motivos diversos tanto os Estados Unidos quanto a China apoiaram fortemente o governo de Salva Kiir ignorando sinais importantes ateacute que essa se tornou uma das facccedilotildees combatentes na nova guerra civil do Sudatildeo do Sul46 Na Repuacuteblica Centro-Africana investimentos preacutevios nas iniciativas legais e nas reformas no setor de seguranccedila poderiam ter sido capazes de evitar que o paiacutes atingisse a atual escala de violecircncia47

Como esses e outros exemplos revelam haacute um grande descompasso entre a retoacuterica que demanda mais ldquosoluccedilotildees poliacuteticas e diplomaacuteticasrdquo ndash como constantemente enfatizado por China Ruacutessia Iacutendia Brasil Aacutefrica do Sul (e tambeacutem pela Alemanha e pela Uniatildeo Europeia) ndash e os recursos poliacuteticos e materiais investidos na busca por tais soluccedilotildees Colocar em praacutetica essas ldquosoluccedilotildees poliacuteticasrdquo requer ao mesmo tempo declaraccedilotildees ocasionais e o estabelecimento de capacidades institucionais para o monitoramento dos direitos humanos monitoramento de longo prazo das eleiccedilotildees mediaccedilatildeo e apoio de pessoas com experiecircncia secircnior que possam ser rapidamente acionadas e a construccedilatildeo de instituiccedilotildees nos setores de justiccedila seguranccedila e correlatas normalmente envolvidas com missotildees poliacuteticas da ONU e de organizaccedilotildees regionais Similarmente o uso de ferramentas coercitivas como sanccedilotildees requer tanto a tomada de decisotildees difiacuteceis quanto investimentos e iniciativas para planejar criativamente e melhorar estas ferramentas a fim de que sejam de fato seletivas justas e legalmente soacutelidas ndash em outras palavras que minimizem os riscos de afetarem as pessoas erradas

22Global Public Policy Institute (GPPi)

de acordo com princiacutepios baacutesicos do direito O Tribunal Penal Internacional precisa do comprometimento poliacutetico e da ratificaccedilatildeo do Estatuto de Roma por algumas das naccedilotildees mais poderosas do mundo Tambeacutem precisa de recursos para continuar acompanhando seus casos No miacutenimo tanto as potecircncias emergentes quanto as jaacute estabelecidas precisam melhorar sua assistecircncia humanitaacuteria para aqueles que fogem da violecircncia Por exemplo Estados membros da ONU cederam menos de 50 por cento dos fundos necessaacuterios para a resposta humanitaacuteria na Siacuteria deixando milhares de pessoas necessitadas em 201448

Os governos devem priorizar a detenccedilatildeo e julgamento dos perpetradores de crimes de atrocidade em suas jurisdiccedilotildees Aleacutem das dificuldades poliacuteticas de se lidar com perpetradores que estatildeo no poder como na Siacuteria ou com perpetradores que estatildeo fora do alcance de Estados falidos como na Repuacuteblica Centro-Africana todos os governos podem fazer mais para sancionar ou julgar esses perpetradores por crimes de atrocidade que de alguma forma estejam em suas jurisdiccedilotildees Prevenir e dar respostas aos crimes de atrocidade significa lidar com as motivaccedilotildees e capacidades de perpetradores individuais antes que cometam crimes Tambeacutem significa puni-los por seus atos49 Aqueles que mantecircm seu dinheiro em bancos multinacionais podem estar sujeitos ao congelamento de seus ativos estejam nos bancos na Europa ou na Aacutesia Aqueles que viajam estatildeo sujeitos agrave recusa de vistos e impedimentos de viagem de modo a impactar suas accedilotildees antes de cometerem ou enquanto cometem atrocidades Leis existentes como nos Estados Unidos permitem que imigrantes sejam deportados se houver provas que os liguem a genociacutedios Paiacuteses podem buscar pessoas procuradas pelo Tribunal Penal Internacional e mudar suas leis ou designar forccedilas policiais para processar os piores crimes de atrocidade independentemente dos locais em que foram cometidos

Com muita frequecircncia a falta de atenccedilatildeo e vontade poliacutetica permite que perpetradores vivam livres e confortavelmente apoacutes terem cometido atrocidades ou ateacute mesmo organizar financiar e apoiar atrocidades em andamento mesmo estando no exterior Isso aconteceu com diversos liacutederes das Forccedilas Democraacuteticas Para a Libertaccedilatildeo de Ruanda (FDLR) um grupo miliciano operando no Congo Eles viveram sem problemas na Alemanha durante quase uma deacutecada antes de serem presos e julgados50 Os Estados Unidos apesar de sua recusa em ratificar o Estatuto de Roma recentemente serviu de exemplo ao aumentar seus esforccedilos na procura por suspeitos de crimes de guerra que moram no paiacutes e ao desenvolver propostas que permitem o uso das leis de imigraccedilatildeo para fazer com que perpetradores de atrocidades paguem por seus crimes51

Poliacuteticos devem dar prioridade ao comportamento atual ao avaliar a legitimidade de atores e julgar todos os atores de um conflito pelos mesmos padrotildees Soacute porque em determinado momento haacute um grupo claramente identificaacutevel como perpetrador de atrocidades natildeo significa que outros grupos sejam e continuaratildeo sendo inocentes de tais atos Violecircncia gera mais violecircncia jaacute que grupos ameaccedilados

23Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

se defendem e continuam combatendo o inimigo A Liacutebia eacute um bom exemplo disso Na primavera de 2011 identificar corretamente o regime de Gaddafi como responsaacutevel por crimes de atrocidade foi a decisatildeo correta ndash mas natildeo evitou que os rebeldes cometessem crimes similares posteriormente previsivelmente em alguns grupos tornando quem os apoiava militarmente cuacutemplices De forma similar em 2014 apoiar as forccedilas curdas Peshmerga era a uacutenica forma de prevenir um massacre contra os Yazidis no Iraque ndash mas aqueles que deram apoio natildeo deveriam silenciar-se perante as posteriores mortes em represaacutelia

A escolha de grupos especiacuteficos como aliados eacute facilmente entendida como arbitraacuteria quando o comportamento atual natildeo justifica apoio internacional Um dos argumentos conflitantes de legitimidade poliacutetica acontece quando atores externos escolhem seus aliados locais de forma inconsistente com suas accedilotildees (algumas vezes favorecendo o regime incumbente) e tal escolha eacute facilmente vista como hipoacutecrita52 Poliacuteticos tambeacutem estatildeo vulneraacuteveis a tais acusaccedilotildees quando satildeo seletivos sobre suas criacuteticas a poderes regionais que armam ou apoiam grupo rebeldes como no caso do silecircncio ocidental sobre o envolvimento da Araacutebia Saudita na Siacuteria

Defensores do R2P e da prevenccedilatildeo de atrocidades em governos ou na sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando pedir a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes

No que diz respeito agrave diplomacia preventiva defensores do R2P e da prevenccedilatildeo contra atrocidades incluindo governos e a sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando e como pedem a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes Em algumas situaccedilotildees o Conselho pode deixar a mediaccedilatildeo mais difiacutecil ao elevar o niacutevel de visibilidade poliacutetica de uma crise Ele pode ajudar mediadores ao dar-lhes mais peso um senso de urgecircncia incentivos e desincentivos (ex com sanccedilotildees seletivas proibiccedilotildees de viagem congelamento de ativos embargo de armas investigaccedilotildees estabelecimento de uma missatildeo poliacutetica) Mas em algumas situaccedilotildees pressatildeo internacional vinda dos mais altos niacuteveis que inclui o papel do Conselho de Seguranccedila pode ser contraproducente Isso pode reforccedilar a urgecircncia de um governo em terminar a guerra a todos os custos como no caso do Sri Lanka no comeccedilo de 200953 ou complicar as negociaccedilotildees para acesso humanitaacuterio como em Mianmar em maio de 200854 Em particular quando os casos lidam com governos que jaacute vecircm sendo excluiacutedos da comunidade internacional foacuteruns e canais mais discretos podem ser mais efetivos na tentativa de influenciar mudanccedilas de comportamento

Possibilitando que as Missotildees de Paz da ONU Ofereccedilam Proteccedilatildeo CriacutevelO peacekeeping eacute um sistema com grande legitimidade global que jaacute evita abusos e comeccedilou a dar ecircnfase agrave Proteccedilatildeo de Civis (PoC) em muitas de suas operaccedilotildees A composiccedilatildeo global e o controle rigoroso por parte do Conselho de Seguranccedila deixa as operaccedilotildees de paz muito mais aceitaacuteveis que qualquer outro instrumento como notavelmente o uso da

24Global Public Policy Institute (GPPi)

forccedila por terceiros segundo um mandato do Conselho de Seguranccedila55 Ao mesmo tempo o peacekeeping soacute eacute capaz de lidar com um nuacutemero limitado de desafios agrave proteccedilatildeo a ausecircncia de mecanismos raacutepidos e efetivos de mobilizaccedilatildeo de implementaccedilatildeo faz com que seja impossiacutevel para peacekeepers da ONU responder a ameaccedilas iminentes de crimes de atrocidade e os requerimentos legais e praacuteticos da colaboraccedilatildeo com o governo local limitam uma accedilatildeo efetiva contra os perpetradores dos crimes de atrocidade que sejam parte ou que recebam apoio do governo Mesmo quando os peacekeepers estavam presentes enquanto crimes de atrocidade eram praticados como na Costa do Marfim em 2011 e no Sudatildeo do Sul em 2013 qualquer prevenccedilatildeo efetiva foi ilusoacuteria E onde uma reaccedilatildeo imediata natildeo obteve sucesso os desafios da proteccedilatildeo efetiva contra crimes em andamento rapidamente excedeu a capacidade dos boinas azuis

As vaacuterias maneiras em que as operaccedilotildees de paz poderiam melhor proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade ao estabelecer capacidades reduzir vulnerabilidade (ldquoproteccedilatildeo indiretardquo) e defender contra perpetradores (ldquoproteccedilatildeo diretardquo) jaacute foram explicitadas em outras oportunidades56 Atingir pelo menos um niacutevel moderado de ambiccedilatildeo para que peacekeepers protejam populaccedilotildees contra crimes de atrocidade requereria investimentos adicionais em capacidade doutrina e treinamento Tambeacutem seria necessaacuteria uma anaacutelise mais seacuteria sobre como combinar de forma efetiva o uso do peacekeeping com instrumentos poliacuteticos

O Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz a lideranccedila da missatildeo e os paiacuteses colaboradores precisam informar de forma modesta e transparente os limites das capacidades da ONU na proteccedilatildeo de civis

O comprometimento bem-vindo e necessaacuterio do Conselho de Seguranccedila com a proteccedilatildeo levou a um nuacutemero excessivo de promessas57 que aumentaram a lacuna entre as expectativas locais e a capacidade das missotildees Quando um mandato para milhares de peacekeepers eacute estabelecido com grande alvoroccedilo mas somente uma fraccedilatildeo chega seis meses depois como no Sudatildeo Sul apoacutes o iniacutecio da uacuteltima guerra civil em dezembro de 2013 ou como quando os peacekeepers se recusaram a tomar medidas enquanto crimes de atrocidade eram cometidos nas redondezas (devido ou natildeo ao apoio ou lideranccedila inadequados) como visto recentemente na RDC ou no Sudatildeo pessoas que se reuacutenem ao redor da bandeira azul na esperanccedila de proteccedilatildeo se tornam mais vulneraacuteveis ao perigo do que se estivessem em outro local De forma geral populaccedilotildees ameaccediladas estatildeo em situaccedilotildees melhores com os peacekeepers do que sem eles mas ainda assim a credibilidade das Naccedilotildees Unidas eacute afetada nestes casos58

Tanto a proteccedilatildeo efetiva quanto a responsaacutevel exigem uma comunicaccedilatildeo honesta e transparente com o puacuteblico e com o Conselho de Seguranccedila sobre as capacidades de cada missatildeo e de cada contingente aleacutem da sua disponibilidade para assumir riscos Quando os diplomatas do Conselho criarem ou derem nova autorizaccedilatildeo a outro ambicioso mandato para a proteccedilatildeo de civis eles precisam ser formalmente informados das capacidades e requerimentos que seratildeo necessaacuterios

25Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

A proteccedilatildeo por parte dos peacekeepers requer um salto de qualidade das contribuiccedilotildees para as operaccedilotildees dos boinas azuis e isso exige que o Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz as tropas a poliacutecia e os colaboradores financeiros encontrem uma divisatildeo do trabalho mais justa e equilibradaO equiliacutebrio fraacutegil entre aqueles que contribuem com tropas (em sua maioria da Aacutefrica e da Aacutesia) financiadores (em sua maioria da Europa e Ameacuterica do Norte) e os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila da ONU que emitem mandatos estaacute proacuteximo de se desfazer A insustentaacutevel divisatildeo de trabalho em peacekeeping natildeo eacute uma questatildeo dos ocidentais contra os demais Muitos paiacuteses africanos cansados dos muitos anos de tentativas frustradas de instauraccedilatildeo da paz no continente pelas potecircncias externas cada vez mais requerem e apoiam o uso de forccedila militar para proteger civis e conceder mais tempo para as negociaccedilotildees de paz Por outro lado paiacuteses que tradicionalmente contribuem com muitas tropas estatildeo cada vez mais reticentes em ameaccedilar a vida de seus soldados em locais distantes ndash especialmente aqueles paiacuteses como a Iacutendia cujo papel emergente no mundo criou expectativas de exercer influecircncia sobre escolhas estrateacutegicas que ateacute agora se mantiveram no domiacutenio exclusivo dos membros permanentes Isso tudo combinado com a austeridade imposta agraves forccedilas armadas mais desenvolvidas impossibilitando aumentar suas contribuiccedilotildees de ativos-chave ndash que poderia reduzir os riscos aos boinas azuis ndash vem deixando muitos paiacuteses em desenvolvimento cada vez mais impacientes com um sistema que natildeo funciona mais para eles

Para avanccedilar na prevenccedilatildeo de crimes de atrocidade economias desenvolvidas e em desenvolvimento precisatildeo aumentar os recursos disponibilizados para as missotildees de paz da ONU mas o dever principal de balancear o desequiliacutebrio atual estaacute nas matildeos de paiacuteses com capacidades avanccediladas Eles precisam disponibilizar forccedilas militares e ativos poliacuteticos que satildeo chaves para limitar o risco de todos os boinas azuis e aumentar o custo-benefiacutecio e a eficaacutecia do peacekeeping Isso inclui drones de vigilacircncia veiacuteculos anti-minas hospitais militares evacuaccedilatildeo meacutedica aeacuterea apoio de combate aeacutereo transporte aeacutereo taacutetico equipamentos anti-explosivos e outras tecnologias avanccediladas59

Contudo natildeo satildeo somente paiacuteses da Europa e da Ameacuterica do Norte que disponibilizam pouquiacutessimas tropas e deixam a desejar em suas contribuiccedilotildees (os europeus por exemplo respondem por menos de 7 por cento das tropas de peacekeeping da ONU e menos de 4 por cento das tropas policiais da organizaccedilatildeo60 A Iacutendia tem demonstrado apoio duradouro e extensivo ao peacekeeping ndash uma rara exceccedilatildeo entre paiacuteses com pretensotildees de lideranccedila regional ou global Outros paiacuteses deveriam pensar em seguir o recente exemplo da China e aumentar o nuacutemero de tropas policiais ou civis qualificados disponibilizados agrave ONU Por exemplo o Brasil mesmo com sua lideranccedila no Haiti ainda oferece menos pessoal que os pequenos Togo e Burkina Faso

26Global Public Policy Institute (GPPi)

Todos os membros do Conselho de Seguranccedila e colaboradores do peacekeeping deveriam aumentar a orientaccedilatildeo conceitual o treinamento e a construccedilatildeo de capacidade para a proteccedilatildeo de civis contra crimes de atrocidade

Tanto o desenvolvimento de estrateacutegias poliacuteticas quanto o uso da forccedila para proteccedilatildeo taacutetica de civis carecem grandemente de fundamentos conceituais soacutelidos com a qual qualquer outro tipo de operaccedilatildeo militar pode contar Os desafios poliacuteticos policiais e militares da proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade natildeo recebem a atenccedilatildeo conceitual e os recursos para treinamento adequados em quase todos os paiacuteses61 Natildeo eacute surpreendente que liacutederes de missatildeo e comandantes de tropas operem hoje em dia com base na tentativa e erro sem que haja uma orientaccedilatildeo ou doutrina clara Da mesma forma os membros do Conselho ndash em especial os natildeo-permanentes ndash satildeo forccedilados a tomar decisotildees difiacuteceis sobre a proteccedilatildeo de civis sem que tenham acesso a um oacutergatildeo de anaacutelise poliacutetico-militar sobre quais seriam as consequecircncias de tais accedilotildees A ausecircncia de conceitos claros e amplamente difundidos sobre as formas praacuteticas de proteccedilatildeo (para aleacutem das Zonas de exclusatildeo aeacuterea) contribuem para o estereoacutetipo muacutetuo e suspeitas de motivos escusos

Os Estados Unidos deveriam continuar a expansatildeo da sua Iniciativa Global de Operaccedilotildees de Paz (GPOI na sigla em inglecircs) e sua Parceria Africana de Resposta Raacutepida para Manutenccedilatildeo da Paz que apoiam e reforccedilam a capacidade de outros paiacuteses de treinar e manter competecircncias para a manutenccedilatildeo da paz Ambos os casos deveriam dar mais atenccedilatildeo agraves forccedilas militaresx mais frequentemente usadas no peacekeeping No futuro treinamentos e exerciacutecios da GPOI e outros deveriam incluir especificamente diferentes aspectos de proteccedilatildeo a civis 62 De forma similar a estes programas estadunidenses a Uniatildeo Europeia os governos europeus e de outros locais que possuem forccedilas armadas com tal capacidade deveriam oferecer os treinamentos e equipamentos mais modernos para os colaboradores das operaccedilotildees de paz Isso poderia criar incentivos para que unidades treinadas e equipadas efetivamente trabalhem em conjunto com a ONU a Uniatildeo Africana e as forccedilas sub-regionais na proteccedilatildeo de civis ndash no caso da UE ao novamente dar ecircnfase e expandir a Enable and Enhance Initiative

Usar a avaliaccedilatildeo atual das operaccedilotildees de paz da ONU para construir um consenso entre todas as partes interessadas (Conselho de Seguranccedila e Secretariado assim como colaboradores financeiros de tropas ou de poliacutecia) sobre o uso da forccedila somente para apoiar ndash e nunca substituir ndash uma estrateacutegia poliacutetica para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade e para planejar mandatos e operaccedilotildees adequadamente Como parte do diaacutelogo necessaacuterio sobre a utilidade do uso da forccedila a atual avaliaccedilatildeo das operaccedilotildees de paz da ONU oferece uma oportunidade de reconstruir uma linguagem comum sobre o peacekeeping seus princiacutepios e conceitos baacutesicos suas ambiccedilotildees e desafios para as tarefas de proteccedilatildeo das missotildees da ONU especialmente no que diz respeito ao uso da forccedila Os princiacutepios de consentimento imparcialidade e neutralidade atualizados no Relatoacuterio Brahimi para permitir que peacekeepers ajam contra os violadores dos acordos de paz e perpetradores de atrocidades mais uma vez satildeo distorcidos ou parecem irrelevantes em muitas operaccedilotildees A maioria dos peacekeepers

27Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

de hoje servem em situaccedilotildees de conflito ativo como no Mali ou na Repuacuteblica Centro-Africana Peacekeepers da ONU estatildeo conduzindo operaccedilotildees de combate ativo na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Em outros locais os acordos de deacutecadas atraacutes que deram origem a uma missatildeo natildeo incluem as partes que atualmente ameaccedilam ou sequestram peacekeepers como nas Colinas de Golatilde

Enquanto eacute inevitaacutevel que haja certa ambiguidade sobre os princiacutepios o uso ativo da forccedila para proteger civis soacute eacute capaz de apoiar mas nunca substituir uma estrateacutegia poliacutetica63 Onde natildeo haacute uma estrateacutegia poliacutetica realista para chegar agrave paz deve haver pelo menos uma para limitar os riscos aos civis ndash se necessaacuterio um plano que inclua o apoio de forccedilas militares da ONU como na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Estas questotildees devem ser discutidas de forma honesta pelas partes interessadas nas operaccedilotildees de paz da ONU O abismo que separa as partes nestas discussotildees natildeo estaacute entre os ocidentais que apoiam o uso de mais forccedila e os opositores natildeo-ocidentais Atualmente isso acontece entre paiacuteses que contribuem com muitas tropas como Iacutendia e Paquistatildeo preocupados com o aumento dos riscos agraves suas tropas e uma coalisatildeo mais intervencionista de paiacuteses africanos e europeus ocidentais64

A Tomada de Decisotildees sobre Accedilotildees MilitaresO atual sistema de seguranccedila coletiva que tem o Conselho de Seguranccedila na ONU como peccedila central natildeo estaacute agrave altura da tarefa de prover proteccedilatildeo efetiva e responsaacutevel O Conselho eacute incapaz de agir de forma efetiva quando alguns interesses geopoliacuteticos colidem como no caso da Siacuteria Mas ele fracassa ateacute mesmo em situaccedilotildees em que o abuso do argumento humanitaacuterio natildeo estaacute na pauta e os interesses de membros-chave do Conselho estatildeo alinhados ndash como no caso da Repuacuteblica Centro-Africana ou do Sudatildeo do Sul Um Conselho que tem o poder de estabelecer mandatos mobilizar proteccedilatildeo efetiva e limitar o medo do uso abusivo de argumentos humanitaacuterios precisaria ouvir os maiores atores poliacuteticos do mundo moderno os paiacuteses que contribuem com tropas e os financiadores

Tanto a composiccedilatildeo quanto os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila da ONU refletem a ordem mundial dos anos 1940 A fim de manter a credibilidade do sistema de seguranccedila coletiva restaurar a legitimidade do Conselho de Seguranccedila eacute uma questatildeo urgente e de interesse dos cinco membros permanentes Todavia mesmo estando bem fundadas em termos de justiccedila global e em prospectos de longo prazo para a governanccedila global as propostas jaacute existentes para uma expansatildeo do Conselho ou um papel mais proeminente da Assembleia Geral em assuntos de seguranccedila provavelmente natildeo contribuiratildeo para uma proteccedilatildeo mais efetiva contra crimes de atrocidade

Visando o 70o aniversaacuterio da ONU neste ano nossas sugestotildees datildeo ecircnfase agraves mudanccedilas procedimentais e natildeo estruturais do Conselho de Seguranccedila

28Global Public Policy Institute (GPPi)

Os cinco membros permanentes do Conselho de Seguranccedila deveriam dar mais apoio a processos decisoacuterios inclusivos dentro do Conselho e abrir canais informais de consulta sobre mandatos estrateacutegias e operaccedilotildees para todas as partes cruciais em especial potecircncias regionais e grandes colaboradores de pessoal Os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila na ONU limitam severamente seu senso de imparcialidade perante os olhos do mundo Na maioria das crises na Aacutefrica o chamado ldquopenholderrdquo ndash isto eacute o paiacutes responsaacutevel pelo rascunho das resoluccedilotildees do Conselho ndash eacute o antigo Estado colonizador ou os Estados Unidos65 Mesmo sendo uacutetil por dar uma continuidade ao longo dos anos esta organizaccedilatildeo e as relaccedilotildees internas resultantes entre os membros permanentes efetivamente excluem os membros natildeo-permanentes da maior parte das negociaccedilotildees informais onde as decisotildees mais importantes satildeo tomadas

Para que haja uma forma menos exclusiva de tomar decisotildees o precisaria de atores adicionais tanto dentro quanto fora das regiotildees relevantes para desenvolver as capacidades analiacutetica e poliacutetica de cogerenciar de forma construtiva o engajamento do Conselho e as operaccedilotildees de paz ao inveacutes de soacute defender seus proacuteprios interesses Os Estados membros e as organizaccedilotildees da sociedade civil tambeacutem devem continuar as discussotildees sobre um coacutedigo de conduta para limitaccedilatildeo voluntaacuteria do poder de veto em situaccedilotildees de crimes de atrocidade como proposto pelo governo francecircs66

Aleacutem dos procedimentos internos os membros do Conselho devem continuar expandindo as interaccedilotildees informais com as partes relevantes incluindo paiacuteses vizinhos e aqueles que contribuem com pessoal para as operaccedilotildees de paz Isso natildeo precisa se limitar a trocas diplomaacuteticas formais a fim de aumentar a qualidade e aceitaccedilatildeo dos mandatos de peacekeeping os paiacuteses responsaacuteveis pelo rascunho do mandato poderiam incluir a colaboraccedilatildeo de especialistas dos paiacuteses que contribuem com grande nuacutemero de tropas ou de policiais como por exemplo antigos comandantes de tropa ou chefes de poliacutecia67

Atores com credibilidade para fazer conexotildees no debate polarizado sobre intervenccedilatildeo militar devem facilitar os esforccedilos informais para desenvolver um sistema de monitoramento e informaccedilatildeo mais rigoroso para Estados que aderirem agraves missotildees com mandatos da ONUO conceito de Responsabilidade ao Proteger (RwP na sigla em inglecircs) eacute uma das iniciativas mais promissoras para lidar com os desacordos globais sobre o uso abusivo da Responsabilidade de Proteger Quando apresentado pelo Brasil no final de 2011 tal conceito ofereceu uma oportunidade de debate sobre o que poderia ser proteccedilatildeo efetiva e qual deveria ser o papel do uso da forccedila nessa proteccedilatildeo apoacutes a intervenccedilatildeo na Liacutebia quando essas discussotildees estavam extremamente polarizadas68 Apoacutes essa experiecircncia eacute muito improvaacutevel que o Conselho de Seguranccedila futuramente aprove uma resoluccedilatildeo autorizando o uso de forccedilas externas para a proteccedilatildeo com termos tatildeo amplos Com isso a implementaccedilatildeo de algumas ideias da proposta do RwP eacute de interesse de todos os Estados que acreditam que a forccedila deve ser uma ferramenta de uacuteltimo caso disponiacutevel

29Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

agrave comunidade internacional Discussotildees mais profundas satildeo necessaacuterias sobre os criteacuterios e condiccedilotildees considerados para que o Conselho use a forccedila para proteger populaccedilotildees Mesmo que a discussatildeo sobre criteacuterios para o uso da forccedila seja tatildeo antiga quanto a discussatildeo sobre intervenccedilatildeo humanitaacuteria69 todos os Estados membros se beneficiariam de um debate aberto sobre os sucessos e fracassos do uso da forccedila no passado e suas implicaccedilotildees no futuro como supracitado Outra questatildeo mais praacutetica diz respeito a como aumentar a habilidade do Conselho de monitorar aqueles que aderem e executam suas decisotildees Uma sugestatildeo concreta seria adotar elementos do sistema de peacekeeping como relatoacuterios e reuniotildees instrutivas regulares sobre a situaccedilatildeo das delegaccedilotildees para o uso da forccedila por terceiros As resoluccedilotildees poderiam incluir expliacutecitas claacuteusulas de caducidade que obrigariam a aprovaccedilatildeo da extensatildeo do mandato pelo Conselho de Seguranccedila e requerimentos de relatoacuterio regulares e especiacuteficos por parte daqueles Estados membros que aderirem e executarem as decisotildees do oacutergatildeo70 Outra sugestatildeo seria a criaccedilatildeo de mecanismos de responsabilizaccedilatildeo e monitoramento ao criar paineacuteis de especialistas quando os mandatos do Conselho incluiacuterem o uso da forccedila conforme modelo dos comitecircs de sanccedilotildees da ONU Relatoacuterios de comitecircs independentes como esses podem dar origem a uma praacutetica-padratildeo e contribuir para a melhora da qualidade nas decisotildees do Conselho ao longo do tempo seja antes durante ou depois das operaccedilotildees militares71

Potecircncias emergentes e jaacute estabelecidas podem fazer sua parte no avanccedilo das discussotildees sobre as questotildees colocadas pelo RwP Tanto a iniciativa oficial do Brasil quanto a ideia de ldquoProteccedilatildeo Responsaacutevelrdquo colocada por um reconhecido especialista chinecircs72 poderiam ser pontos de partida para discussotildees mais especiacuteficas e operacionais tanto entre os BRICS quanto entre os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila73 Ao inveacutes de rejeitar tais conceitos como sendo ataques agrave Responsabilidade de Proteger as potecircncias ocidentais deveriam ver essas iniciativas como uma oportunidade para um debate construtivo sobre como proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade74

Inserindo a Reflexatildeo e o Aprendizado Constantes em cada Ferramenta PoliacuteticaAinda que haja muita experiecircncia estabelecida com fracassos terriacuteveis e os poucos sucessos qualificados natildeo haacute uma base de conhecimento confiaacutevel sobre como proteger pessoas contra crimes de atrocidade Em geral governos e organizaccedilotildees internacionais continuam tratando cada crise como sendo uacutenica dando pouca atenccedilatildeo agrave reflexatildeo contiacutenua ao aprendizado e agrave adaptaccedilatildeo das poliacuteticas conforme as situaccedilotildees evoluem Os acadecircmicos jaacute aprenderam bem mais sobre o que natildeo funciona em algumas condiccedilotildees do que sobre o que poderia melhorar ndash por um lado porque cada intervenccedilatildeo poliacutetica acontece com contexto proacuteprio e por outro porque resultam de incentivos acadecircmicos e dificuldades de acesso a dados

30Global Public Policy Institute (GPPi)

Governos organizaccedilotildees internacionais sociedade civil e acadecircmicos precisam projetar poliacuteticas que sejam mais adaptaacuteveis ao conhecimento em evoluccedilatildeo e agrave avaliaccedilatildeo de riscos com base em oportunidades internas para reflexatildeo e aprendizado contiacutenuos e colaborativosEnquanto ainda haacute urgecircncia para que medidas sejam tomadas agir de forma responsaacutevel perante tanta incerteza pede que sejamos menos confiantes em nossa habilidade de determinar a melhor poliacutetica possiacutevel para cada situaccedilatildeo Poliacuteticos ativistas e intelectuais devem ser honestos consigo mesmos e transparentes com aqueles que mais sofrem com os impactos dessas poliacuteticas Natildeo haacute soluccedilotildees que tenham sido testadas e comprovadas Tudo que podemos fazer eacute tentar identificar a forma mais responsaacutevel de desenvolver cada caso enquanto nos mantemos preparados e prontos para reagir rapidamente a mudanccedilas e melhorar nossa gama de poliacuteticas instrumentais Este processo experimental de decisatildeo poliacutetica precisa ser constantemente monitorado e avaliado de forma autocriacutetica tanto interna quanto externamente atraveacutes do diaacutelogo franco e honesto entre profissionais sociedades e especialistas externos em todos os niacuteveis desde o monitoramento e avaliaccedilatildeo ateacute os debates mais amplos de poliacutetica puacuteblica sobre a eficaacutecia da forccedila militar e da diplomacia coercitiva na prevenccedilatildeo e resposta a crimes de atrocidade

31Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

1 Como a Genocide Prevention Task Force em um painel fechado de alto-niacutevel nos Estados Unidos apropriadamente argumentou em 2008 Genocide Prevention Task Force lsquoPreventing Genocide A Blueprint for US Policymakersrsquo (Washington DC The American Academy of Diplomacy US Holocaust Memorial Museum US Institute for Peace 2008) Veja tambeacutem Ruben Reike Serena Sharma e Jennifer Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo (Australian Civil-Military Centre e Oxford Institute for Ethics Law and Armed Conflict 2013) 6ff

2 Michael Ignatieff lsquoThe Libya Case a Teachable Momentrsquo Suddeutsche Zeitung Special Supplement http wwwamericanacademydesitesdefaultfilesuploadMSC202012pdf 3 de fevereiro de 2012 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 David Bosco lsquoAbstention Games on the Security Councilrsquo Foreign Policy httpforeignpolicy com20110317abstention-games-on-the-security-council 17 de marccedilo de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

3 Kofi A Annan lsquoTwo Concepts of Sovereigntyrsquo The Economist httpwwweconomistcomnode324795 16 de setembro de 1999 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

4 Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Conflict Security and Development 144 2014 Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

5 Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

6 Rosa Brooks lsquoThe UN Security Council and Civilian Protectionrsquo in Jared Genser e Bruno Ugarte eds The UN Security Council in the Age of Human Rights (New York Cambridge University Press 2013) 12 Sobre a base global para as normas de proteccedilatildeo veja Charles Sampford lsquoA Tale of Two Normsrsquo em Angus Francis Vesselin Popovski e Charles Sampford eds Norms of Protection Responsibility to Protect Protection of Civilians and Their Interaction (United Nations University Press 2012) Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

7 Para uma visatildeo geral do posicionamento do Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia e Aacutefrica do Sul sobre R2P veja os artigos na ediccedilatildeo especial de Conflict Security and Development Brockmeier Kurtz e Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Jaganathan e Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Julian Junk lsquoThe Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Xymena Kurowska lsquoMultipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Lui Tiewa e Zhang Haibin lsquoDebates in China About the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessmentrsquo Conflict Security and Development 2014 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Verhoeven Murthy e Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang Reinicke lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo ediccedilatildeo especial (144) de Conflict Security and Development (London Taylor amp Francis 2014)

8 CSR Murthy e Gerrit Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo Global Society em revisatildeo

9 Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo Global Society em revisatildeo Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo Global Society em revisatildeo

10 Judi Atkins Justifying New Labour Policy (Houndmills Basingstoke Hampshire New York Palgrave Macmillan 2011) 163 Veja por exemplo Stuenkel e Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Erna Burai lsquoParody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian Warrsquo Global Society em revisatildeo

Notas

32Global Public Policy Institute (GPPi)

11 Roland Paris lsquoThe ldquoResponsibility to Protectrdquo and the Structural Problems of Preventive Humanitarian Interventionrsquo International Peacekeeping 215 2014 4

12 Ramesh Thakur lsquoR2Prsquos ldquoStructuralrdquo Problems A Response to Roland Parisrsquo International Peacekeeping 2015 5

13 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

14 Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo Global Society em revisatildeo

15 Julian Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo Global Society em revisatildeo Julian Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo Global Society em revisatildeo

16 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

17 Erna Burai lsquoAfrican Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Groundrsquo Global Society em revisatildeo

18 Ambos os debates em torno das propostas brasileiras de Responsabilidade ao Proteger e o Diaacutelogo Interativo Informal da Assembleia Geral sobre Responsabilidade de Proteger e ldquoAccedilatildeo oportuna e decisivardquo em 2012 constituiacuteram tentativas de defensores de R2P se envolverem em discussotildees sobre o uso da forccedila e R2P Para acessar uma coleccedilatildeo de discursos durante a Assembleia Geral de 2012 veja httpwwwglobalr2porgresources278

19 Sarah Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo em Mary Kaldor e Iavor Rangelov eds The Handbook of Global Security Policy (Chichester West Sussex Wiley Blackwell 2014) 225

20 Alastair Iain Johnston lsquoThinking About Strategic Culturersquo International Security 194 1995 46

21 Pessimismo sobre a eficaacutecia da forccedila no entanto natildeo eacute o mesmo de promover a natildeo-violecircncia Alguns dos maiores defensores do ceticismo em relaccedilatildeo agraves forccedilas militares para proteccedilatildeo frequentemente recorrem a forccedilas militares ou quase militares no acircmbito domeacutestico

22 Otto Bakkano lsquoAU Pushes for Ceasefire Political Solution in Libyarsquo Mail amp Guardian httpmgcoza article2011-05-26-au-pushes-for-ceasefire-political-solution-in-libya 26 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Guido Westerwelle lsquoBundesminister Westerwelle Statement vom 25032011 zu Syrien Jemen Israel und dem Gaza-Streifen Sowie Libyenrsquo Auswartiges Amt httpwwwbrasildiplodeVertretung brasiliende07__AussenpolitikReden_20des_20Au_C3_9FenministersStatemente_20Syrienhtml 25 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

23 Barack Obama David Cameron e Nicolas Sarkozy lsquoLibyarsquos Pathway to Peacersquo The International Herald Tribune httpwwwnytimescom20110415opinion15iht-edlibya15html 15 de abril de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Reuters lsquoKerry Insists No Place for Assad in Syriarsquos Futurersquo Reuters httpwwwreuters comarticle20140117us-syria-crisis-kerry-idUSBREA0G14A20140117 17 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

24 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

25 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

26 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

27 Kersti Larsdotter lsquoExploring the Utility of Armed Force in Peace Operations German and British Approaches in Northern Afghanistanrsquo Small Wars and Insurgencies 193 2008 Taylor B Seybolt Humanitarian Military Intervention The Conditions for Success and Failure (Oxford Oxford University Press 2008) Rupert Smith The Utility of Force The Art of War in the Modern World (London Allen Lane 2005) Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

28 UN Department of Peacekeeping Operations e UN Department of Field Support lsquoOperational Concept on the Protection of Civilians in United Nations Peacekeeping Operationsrsquo (New York 2010) Sarah Sewall Dwight Raymond e Sally Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook (Cambridge MA Harvard Kennedy School 2010)

29 Harry Verhoeven documenta o exemplo de um diplomata chinecircs que ldquopensava que o Ocidente tinha inventado os Janjaweed [miliacutecias proacute- governo em Darfur] como uma desculpa para intervir Mas eles eram de verdade e matavam pessoasrdquo Harry Verhoeven lsquoIs Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa Is Changing Chinarsquo The Washington Quarterly 372 2014 64

33Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

30 BS Chimni lsquoFor Epistemological and Prudent Internationalismrsquo Harvard Law School Human Rights Journal novembro 2012 Greg Simons lsquoThe International Crisis Group and the Manufacturing and Communicating of Crisesrsquo Third World Quarterly 354 2014 Ramesh Thakur lsquoIs the United Nations Racistrsquo The Hindu httpwwwthehinducomopinionleadis-the-united-nations-racistarticle4928624ece 19 de julho de 2013 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

31 Ambassador Liu Zhenmin lsquoStatement by Ambassador Liu Zhenmin at the Plenary Session of the General Assembly on the Question of ldquoResponsibility to Protectrdquorsquo httpresponsibilitytoprotectorgStatement20 by20Ambassador20Liu20Zhenminpdf 24 de julho de 2009 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Zhang Haibin e Lui Tiewa lsquoRealizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and Thereafterrsquo Global Society em revisatildeo

32 Conversa com uma seacuterie de especialistas indianos em evento na Jawaharlal Nehru University (Nova Deacuteli Iacutendia) no dia 21 de Janeiro de 2015

33 IRIN lsquoA New Start for Crisis Reportingrsquo IRIN httpnewirinirinnewsorgpress-release 20 de novembro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34 Veja por exemplo Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoReport of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on United Nations Action in Sri Lankarsquo (New York United Nations 2012)

35 Um bom exemplo foi o briefing do Assessor Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedio para o Conselho de Seguranccedila da ONU depois de sua visita agrave Repuacuteblica Centro-Africana no dia 22 de janeiro de 2014 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoThe Statement of under Secretary-GeneralSpecial Adviser on the Prevention of Genocide Mr Adama Dieng on the Human Rights and Humanitarian Dimensions of the Crisis in the Central African Republicrsquo httpwwwunorgenpreventgenocideadviserpdfSAPG20Statement20at20UNSC20 on20the20situation20in20CAR-202220Jan202014pdf 22 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

36 Morten Bergsmo Quality Control in Fact-Finding (Florence Torkel Opsahl Academic EPublisher 2013) 210

37 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoRights up Front A Plan of Action to Strengthen the UNrsquos Role in Protecting People in Crises Follow-up to the Report of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on UN Action in Sri Lankarsquo (New York 2013)

38 Veja tambeacutem futura publicaccedilatildeo do GPPi Gerrit Kurtz lsquoA New Tool for Civilian Protection - the Human Rights up Front Initiative of the United Nationsrsquo GPPi Policy Brief futura publicaccedilatildeo

39 Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo

40 Jose Ramos-Horta lsquoIndia Right in Asking for More Say in Peacekeeping Operations-Related Decisions Top UN Panel Chiefrsquo Hindustan Times httpwwwhindustantimescomindia-newsindia-right-in-asking- for-more-say-in-peacekeeping-operations-related-decisions-top-un-panel-chiefarticle1-1314354aspx 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 13 de marccedilo de 2015

41 Thomas Biersteker et al lsquoThe Effectiveness of UN Targeted Sanctions - Findings from the Targeted Sanctions Consortium (TSC)rsquo The Graduate Institute Geneva 2013

42 Kirsten Ainley lsquoThe Responsibility to Protect and the International Criminal Court Counteracting the Crisisrsquo International Affairs 911 2015

43 Para distinccedilatildeo entre atividades ldquosistecircmicasrdquo e ldquodirecionadasrdquo veja Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

44 Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo Global Society em revisatildeo

45 Verhoeven e Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo 8 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann lsquoSchutz und Verantwortung Uber die US- Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltatenrsquo (2013)

46 Mike Brand lsquoEmploying lsquoPreventionrsquo to Prevent Mass Atrocitiesrsquo Saferworld httpwwwsaferworldorguk news-and-viewscomment123-employing-apreventiona-to-prevent-mass-atrocities 25 de fevereiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Warren Strobel e Louis Charbonneau lsquoUS Was Slow to Lose Patience as South Sudan Unraveledrsquo Reuters 14 de janeiro de 2014

47 Adam Lupel lsquoUN Adviser on Prevention of Genocide ldquoWe Have to Make Sure the Security Council Actsrdquorsquo httptheglobalobservatoryorg201404un-adviser-on-prevention-of-genocide-we-have-to-make-sure- security-council-acts 28 de abril de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34Global Public Policy Institute (GPPi)

48 Office for the Coordination of Humanitarian Affairs lsquoHumanitarian Bulletin Syriarsquo Humanitarian Bulletin Issue 53 httpreliefwebintsitesreliefwebintfilesresourcesBulletin_no_53_17032015_final_01pdf 1 de fevereiro - 18 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

49 Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

50 Human Rights Watch lsquoGermany QampA on Trial of Two Rwandan Rebel Leadersrsquo httpwwwhrworgde news20110502germany-qa-trial-two-rwandan-rebel-leaders 2 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 23 de marccedilo de 2015

51 Eric Lichtblau lsquoUS Seeks to Deport Bosnians over War Crimesrsquo New York worldus-seeks-to-deport-bosnians-over- Times httpwwwnytimescom20150301war-crimeshtml 28 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

52 Para um argumento similar observando o envolvimento internacional com a Liacutebia em 2015 veja International Crisis Group lsquoLibya Getting Geneva Rightrsquo International Crisis Group Middle East and North Africa Report Nr 157 2015

53 Kurtz e Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo

54 Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo

55 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

56 Alex J Bellamy e Charles T Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo (Asia- Pacific Centre for the Responsibility to Protect 2010) Alex J Bellamy The Responsibility to Protect A Defense (Oxford Oxford University Press 2014)

57 Ashley Jackson lsquoProtecting Civilians The Gap between Norms and Practicersquo (Humanitarian Policy Group 2014)

58 Isso jaacute foi escrito em 2009 no relatoacuterio ldquoNew Horizonrdquo do DPKO ldquoO descompasso entre expectativas e capacidade de promover proteccedilatildeo abrangente criou um significante desafio de credibilidade para as operaccedilotildees de paz da ONUrdquo Department of Peacekeeping Operations lsquoA New Partnership Agenda Charting a New Horizon for UN Peacekeepingrsquo (New York 2009) 20

59 Compare United Nations lsquoFinal Report of the Expert Panel on Technology and Innovation in UN Peacekeepingrsquo httpwwwperformancepeacekeepingorgofflinedownloadpdf 22 de dezembro de 2014

60 Compare United States Mission to the United Nations lsquoRemarks on Peacekeeping in Brussels by Samantha Power US Permanent Representative to the United Nationsrsquo httpusunstategovbriefing statements238660htm 9 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

61 Bellamy and Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo 23-24 Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

62 Isso poderia se basear no Mass Atrocities Response Operations project do US Armyrsquos Peacekeeping and Stability Operations Institute e do Harvard Kennedy Schoolrsquos Carr Center for Human Rights Veja Sewall Raymond e Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook

63 Mats Berdal e David H Ucko lsquoThe United Nations and the Use of Force Between Promise and Perilrsquo Journal of Strategic Studies 375 2014

64 Veja tambeacutem os resultados de um projeto do SIPRI sobre o futuro das operaccedilotildees de paz Jair van der Lijn e Xenia Avezov lsquoThe Future Peace Operations Landscape - Voices from Stakeholders around the Globe - Final Report of the New Geopolitics of Peace Operations Initiativersquo Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) janeiro de 2015

65 Security Council Report lsquoChairs of Subsidiary Bodies and Penholders for 2015rsquo httpwwwsecuritycouncilreportorgmonthly-forecast2015-02chairs_of_subsidiary_bodies_and_penholders_ for_2015php 30 de janeiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

66 Gareth Evans lsquoLimiting the Security Council Vetorsquo Project Syndicate httpwwwproject-syndicateorg commentarysecurity-council-veto-limit-by-gareth-evans-2015-02 4 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Kofi Annan e Gro Harlem Brundtland lsquoFour Ideas for a Stronger UNrsquo The New York Times httpwwwnytimescom20150207opinionkofi-annan-gro-harlem-bruntland-four-ideas-for-a-stronger- unhtml_r=0 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

67 Conversa com ex-comandantes militares Nova Deacuteli janeiro de 2015

68 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

35Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

69 Ibid Murthy e Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo

70 Compare tambeacutem com Bellamy The Responsibility to Protect A Defense 200

71 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

72 Ruan Zongze lsquo阮宗泽中国应倡导ldquo负责任的保护rdquo- ( China deveria defender a Proteccedilatildeo Responsaacutevel)rsquo Global Times (ediccedilatildeo chinesa) httpopinionhuanqiucom11522012-032501163html uacuteltimo acesso em 7 de marccedilo de 2012

73 Andrew Garwood-Gowers lsquoChinarsquos ldquoResponsible Protectionrdquo Concept Re-Interpreting the Responsibility to Protect (R2P) and Military Intervention for Humanitarian Purposesrsquo Asian Journal of International Law disponiacutevel em CJO2015 2015

74 Thorsten Benner lsquoBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiativersquo GPPi Working Paper Series 2013

36Global Public Policy Institute (GPPi)

Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang 4 n 4 2014) A ediccedilatildeo especial conteacutem os seguintes artigos todos disponiacuteveis gratuitamente online Introduction Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier

Regulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protect por Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

Debates in China about the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessment por Liu Tiewa e Zhang Haibin

Emerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protect por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk

Singing the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protect por Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz

Multipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protect por Xymena Kurowska

ldquoOur Identity is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Intervention por Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira

The Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protect por Julian Junk

Em breve laccedilaremos uma ediccedilatildeo especial na Global Society os seguintes artigos que estatildeo atualmente em processo de revisatildeo To Intervene in Darfur or Not Re-examining the R2P Debate and its Impacts por Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira

International Responsibility as Solidarity the Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectory por CSR Murthy e Gerrit Kurtz

Bringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenya por Julian Junk

Testing Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2P por Julian Junk

Parody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian War por Erna Burai

Protection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009 por Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan

Realizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and thereafter por Zhang Haibin e Liu Tiewa

The Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protection por Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

African Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Ground por Erna Burai

Responsibility While Protecting and the Ethics of R2P Implementation por Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier

Outras publicaccedilotildees relacionadasBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiative por Thorsten Benner Seacuterie de Working Papers do GPPi 2013

O Brasil como um Empreendedor Normativo a Responsabilidade ao Proteger por Thorsten Benner Politica Externa v 21 n 4 2013 p 35-46

Germany and the Intervention in Libya por Sarah Brockmeier Survival Global Politics and Strategy v55 n6 2013 p 63ndash90

Schutz und Verantwortung Uber die US-Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltaten por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann Heinrich Boll Foundation June 2013

Internationale Schutzverantwortung - Normative Erwartungen und Politische Praxis por Christopher Daase e Julian Junk (orgs) Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n 1-2 2013

Die Legalisierung der Legitimitat ndash Zur Kritik der Schutzverantwortung als Emerging Norm por Christopher Daase Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n1-2 2013 p 41-62

Emerging Power Exceptional State Elusive Country Explaining Indiarsquos Behavior por Madhan Mohan Jaganathan (com Amna Sunmbul) Proceedings of the International Conference on Social Sciences Chennai 2013 p 308-311

A New Tool for Civilian Protection - The Human Rights up Front Initiative of the United Nations por Gerrit Kurtz GPPi Policy Brief lanccedilamento em breve

Indiarsquos Approach to the Protection of Civilians in Armed Conflicts por CSR Murthy Norwegian Peacebuilding Resource Centre novembro de 2012

Contemporary World Order and Approaches to UN Peacekeeping A South Asian Perspective por CSR Murthy Friedrich Ebert Foundation dezembro de 2012

India-Brazil-South Africa Dialogue Forum (IBSA) The Rise of the Global South por Oliver Stuenkel Routledge Global Institutions 2014

The BRICS and the Future of Global Order por Oliver Stuenkel Lexington Press 2015

The BRICS and the Future of R2P Was Syria or Libya the Exception por Oliver Stuenkel Global Responsibility to Protect v6 n 1 2014 p 3-28

China and Responsibility to Protect Maintenance and Change of its Policy for Intervention por Liu Tiewa The Pacific Review v 25 v1 2012 p 153-173

Is China Like the Other Permanent Members Governmental and Academic Debates about RtoP by Liu Tiewa in Moacutenica Serrano e Thomas G Weiss (orgs) Rallying to the RtoP Cause The International Politics of Human Rights Routledge 2014 p 148-170

Chinese Strategic Culture and the Use of Force Moral and Political Perspectives por Liu Tiewa Journal of Contemporary China v23 n87 2014 p 556-574

Is Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa is Changing China por Harry Verhoeven The Washington Quarterly vol37 n2 2014 p 55-70

Publicaccedilotildees Selecionadas

37Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

AutoresThorsten BennerGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Sarah Brockmeier Global Public Policy InstituteBerlin Germany

Erna BuraiCentral European UniversityBudapest Hungary

CSR MurthyJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Christopher DaasePeace Research InstituteFrankfurt Germany

J Madhan MohanJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Julian JunkPeace Research InstituteFrankfurt Germany

Xymena KurowskaCentral European UniversityBudapest Hungary

Gerrit KurtzGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Liu TiewaPeking University China

Wolfgang ReinickeGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Philipp RotmannGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Ricardo Soares de OliveiraOxford UniversityUnited Kingdom

Matias SpektorFundaccedilatildeo Getulio VargasRio de Janeiro Brazil

Oliver StuenkelFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Marcos TourinhoFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Harry VerhoevenOxford UniversityUnited Kingdom

Zhang HaibinPeking UniversityChina

Global Public Policy Institute (GPPi)Reinhardtstr 7 10117 Berlin GermanyPhone +49 30 275 959 75-0Fax +49 30 275 959 75-99gppigppinet

gppinetglobalnormsnet

16Global Public Policy Institute (GPPi)

de comunicaccedilatildeo sobre questotildees como execuccedilotildees especiacuteficas de terroristas suspeitos ou taacuteticas de contra-insurgecircncia centradas na populaccedilatildeo

Outro debate similar e criacutetico precisa ser colocado em questatildeo em relaccedilatildeo agrave forccedila e a proteccedilatildeo Ele pode ser construiacutedo a partir de uma tendecircncia recente na direccedilatildeo de mais engajamento com os resultados e meios praacuteticos do uso da forccedila militar para proteccedilatildeo Sociedades e comunidades estrateacutegicas nos EUA Reino Unido e Franccedila mostraram sinais de cansaccedilo em relaccedilatildeo a intervenccedilotildees em geral e particularmente agraves unilaterais Ao mesmo tempo alguns dos defensores mais leais da restriccedilatildeo militar reflexiva ndash como China Brasil e Alemanha ndash comeccedilaram a considerar em determinados casos argumentos a favor da accedilatildeo militar para proteccedilatildeo de civis 26Tanto defensores quanto ceacuteticos da proteccedilatildeo militar se beneficiaratildeo ao forccedilar mais nuances nesses debates Por um lado a demanda por especificidades protegeraacute contra o uso abusivo da autoridade humanitaacuteria para fins escusos Por outro mais transparecircncia ajudaraacute na defesa contra reclamaccedilotildees de abuso Esse debate deve considerar as contribuiccedilotildees acadecircmicas recentes27 mas encontraraacute ferramentas mais especiacuteficas e fundamentais em conceitos poliacuteticos estabelecidos como na doutrina da ONU para proteccedilatildeo de civis e as tentativas dos militares norte-americanos de desenvolver orientaccedilotildees conceituais para ldquooperaccedilotildees de resposta a atrocidades em massardquo28

17Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Se as principais controveacutersias globais sobre a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade envolvem (1) o medo do uso abusivo de argumentos humanitaacuterios e (2) como proteger de forma efetiva quais satildeo as opccedilotildees para melhorar as soluccedilotildees globais de proteccedilatildeo O ponto de partida deve ser o reconhecimento de que a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade como um desafio poliacutetico complexo e natildeo somente como algo paliativo enquanto tenta-se resolver um conflito poliacutetico de maiores dimensotildees Qualquer estrateacutegia de proteccedilatildeo deve ser preparada primeiramente a fim de influenciar os caacutelculos poliacuteticos e militares dos perpetradores e deve levar em consideraccedilatildeo os limites de influecircncias externas sobre eventos domeacutesticos Os atores locais tecircm o maior controle sobre a dinacircmica da violecircncia e eacute difiacutecil prever o efeito dominoacute causado pelas accedilotildees externas O foco no curto prazo do conceito de ldquoresposta raacutepida saiacuteda raacutepidardquo eacute portanto um ato irresponsaacutevel quase independente de contexto mesmo que accedilotildees raacutepidas frequentemente sejam necessaacuterias poliacuteticos ativistas jornalistas e acadecircmicos precisam prestar mais atenccedilatildeo agraves poliacuteticas de longo prazo e a seus planejamentos para que sejam adaptadas agraves mudanccedilas

Com base em nossos resultados e anaacutelise apontamos opccedilotildees poliacuteticas para governos a ONU e organizaccedilotildees regionais aleacutem da miacutedia e da sociedade civil com o intuito de melhorar a credibilidade das ferramentas existentes ao fazer com que seu uso na proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade seja menos vulneraacutevel ao abuso e tenha resultados mais efetivos Comeccedilamos com a necessidade de garantir informaccedilotildees e anaacutelises criacuteveis sobre as situaccedilotildees em que crimes de atrocidade satildeo cometidos Depois oferecemos algumas sugestotildees para o fortalecimento das ferramentas disponiacuteveis aos civis para prevenccedilatildeo e resposta a atrocidades e para que as operaccedilotildees de paz da ONU melhorem a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade Depois indicamos opccedilotildees de reforma importantes para o processo decisoacuterio coletivo sobre accedilotildees militares e terminamos enfatizando a necessidade de um aprendizado contiacutenuo e colaborativo sobre as ferramentas para prevenccedilatildeo de atrocidades

Reduzindo a Vulnerabilidade das Fontes de Informaccedilatildeo perante Acusaccedilotildees de ParcialidadeAntes mesmo de comeccedilar a considerar formas de lidar com futuras ou atuais atrocidades o mundo precisa chegar a um consenso sobre o que estaacute acontecendo em cada situaccedilatildeo Atualmente a disponibilidade de informaccedilatildeo sobre situaccedilotildees especiacuteficas de crises natildeo eacute mais o principal desafio para que accedilotildees de mobilizaccedilatildeo aconteccedilam

Opccedilotildees Poliacuteticas para Proteccedilatildeo Mais Efetiva e Responsaacutevel

18Global Public Policy Institute (GPPi)

Ainda assim acreditamos que um desafio crucial para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade eacute a acusaccedilatildeo de parcialidade sobre o tipo e a interpretaccedilatildeo das informaccedilotildees sobre atrocidades fornecidas por governos pela miacutedia ou por grupos da sociedade civil A confianccedila nos Estados dominantes e nas instituiccedilotildees internacionais encontra-se em niacuteveis tatildeo baixos que mesmo os casos de atrocidades bem documentados como o ocorrido em Darfur foram considerados por alguns como propaganda intervencionista29

Essa desconfianccedila estaacute na maior parte das vezes direcionada a fontes relacionadas ao ldquoOcidenterdquo Fontes financiadas lideradas ou com suas sedes em paiacuteses ocidentais frequentemente satildeo as mais acessiacuteveis natildeo soacute pelas elites poliacuteticas em capitais longiacutenquas mas tambeacutem por paineacuteis de especialistas e investigaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas em paiacuteses em que natildeo haacute extensiva presenccedila de campo da ONU Quando as fontes locais de informaccedilatildeo claramente natildeo satildeo criacuteveis como na Siacuteria jornalistas tecircm acesso restrito a aacutereas violentas e por algumas vezes todas as outras fontes relevantes vecircm de organizaccedilotildees com sede no Ocidente de organizaccedilotildees locais da sociedade civil que dependem de ajuda ocidental ou de financiamento externo e que tecircm uma temaacutetica antigovernamental especiacutefica ou ainda de profissionais ocidentais que trabalham para a ONU30 Por exemplo o governo chinecircs frequentemente enfatiza que a identificaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo internacional de abusos aos direitos humanos no exterior eacute excessivamente dependente de informaccedilotildees ocidentais e pediu para que houvesse sistemas de alerta precoce mais imparciais31 Especialistas indianos dizem que o desafio natildeo eacute a disponibilidade de informaccedilatildeo mas ldquoa interpretaccedilatildeo e o vieacutes que lhe eacute dadordquo32

Grupos de ativistas e a miacutedia tecircm incentivos para simplificar as narrativas e portanto eacute prudente ter um ceticismo saudaacutevel perante as acusaccedilotildees de atrocidades hediondas Ao mesmo tempo presumir que a verdade estaacute no meio-termo de todas as posiccedilotildees seria permitir que propaganda e maacute informaccedilatildeo determinassem o caminho a seguir Criticar realisticamente as fontes requer engajamento com a informaccedilatildeo em si e natildeo apenas a insinuaccedilatildeo de agendas poliacuteticas com base puramente na localizaccedilatildeo geograacutefica financiamento ou educaccedilatildeo

A fim de oferecer um debate melhor informado sobre potenciais crimes de atrocidade as empresas de comunicaccedilatildeo e filantropos principalmente em potecircncias emergentes devem investir em fontes de informaccedilatildeo e anaacutelise independentes e criacuteveis sobre conflitos e direitos humanosAs alegaccedilotildees de parcialidade (sejam a favor ou contra os governos ou outros atores) crescem quando haacute uma escassez de fontes Aqueles que criticam as fontes de informaccedilatildeo existentes satildeo os que sabem melhor qual fonte de financiamento ou de influecircncia teraacute mais credibilidade portanto eacute dever destas pessoas investir adequadamente Se haacute suspeitas sobre as fontes ocidentais de informaccedilatildeo por parte de governos e elites poliacuteticas fora do Ocidente essas podem ajudar a diversificar a base de apoio para ONGs ativistas e redes de informaccedilotildees globais jaacute existentes ou ateacute mesmo investir em plataformas alternativas de monitoramento e anaacutelise baseadas nos mais altos padrotildees de integridade jornaliacutestica Por enquanto com raras exceccedilotildees o investimento em miacutedias livres e acesso agrave informaccedilatildeo natildeo parece ser uma prioridade entre as elites empresariais emergentes mesmo em potecircncias emergentes democraacuteticas Por outro

19Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

lado agecircncias de notiacutecia estatais frequentemente tecircm dificuldade para estabelecer uma reputaccedilatildeo de integridade jornaliacutestica Satildeo raros os grandes investimentos no relato de crises humanitaacuterias tais como recentemente feito pela Fundaccedilatildeo Jynwel com sede em Hong Kong na agora independente organizaccedilatildeo de noticias IRIN33 Organizaccedilotildees de defesa podem contribuir com a reduccedilatildeo das alegaccedilotildees de parcialidade ao natildeo exporem situaccedilotildees de conflito como se fossem preto-no-branco e ao serem transparentes sobre quem as financiam e apoiam Se apresentarem uma extensa lista de notas e fontes em seus relatoacuterios como feito regularmente pelo International Crisis Group e pela Human Rights Watch eacute dever dos criacuteticos se engajar com essas fontes com base nos fatos

Fortalecer e diversificar as informaccedilotildees sobre os riscos de crimes de atrocidade em massa tambeacutem pode significar estabelecer organizaccedilotildees de sociedade civil regionais dedicadas agrave pesquisa criacutevel e confiaacutevel sobre a prevenccedilatildeo de atrocidades Se verdadeiramente baseadas em sociedades locais tais grupos teriam mais acesso a grupos nacionais e regionais de sociedade civil do que as organizaccedilotildees globais com sede em Nova York ou Genebra Consequentemente suas informaccedilotildees e argumentos mais provavelmente obteriam credibilidade poliacutetica a niacutevel global No curto prazo a massa criacutetica necessaacuteria a esses centros da sociedade civil provavelmente seraacute alcanccedilada na Europa ou na Aacutefrica mas a Ameacuterica Latina (com sua iacutempar accedilatildeo ldquoRede Latino-Americana de Prevenccedilatildeo ao Genociacutedio e Atrocidades em Massardquo a niacutevel governamental) e a Aacutesia tambeacutem podem se desenvolver rapidamente

Os Estados membros a sociedade civil e as organizaccedilotildees regionais devem melhorar as capacidades da ONU de coletar informaccedilotildees e desvendar fatos sobre desafios agrave proteccedilatildeo ao oferecer assistecircncia logiacutestica funcionaacuterios a curto-prazo e fontes locais de informaccedilatildeo Ao mesmo tempo em que organizaccedilotildees regionais satildeo cada vez mais capazes de influenciar o entendimento global sobre suas partes do mundo a sua imparcialidade eacute apenas tatildeo criacutevel quanto a das potecircncias regionais que lideram as suas deliberaccedilotildees As Naccedilotildees Unidas natildeo podem entretanto sempre responder sozinhas agraves demandas por informaccedilotildees imparciais e criacuteveis sobre riscos de atrocidade Os mecanismos das Naccedilotildees Unidas frequentemente dependem tanto de fontes governamentais e privadas devido agrave necessidade de agir rapidamente quanto sofrem com a falta de acesso proacuteprio e independente aos locais de risco Aleacutem disso a ONU tambeacutem jaacute esteve sujeita agrave autocensura e foi forccedilada a romper compromissos poliacuteticos34

Todos os Estados membros da ONU precisam fortalecer os mecanismos de coleta de informaccedilatildeo da instituiccedilatildeo suas comissotildees de inqueacuterito e outros oacutergatildeos correlatos Por exemplo sempre que uma violecircncia em massa comeccedila conforme definido pelo Secretaacuterio Geral a ONU deveraacute enviar uma missatildeo para desvendar os fatos a fim de informar melhor as discussotildees no Conselho de Seguranccedila Isso poderaacute ser baseado em um grupo permanente de especialistas preacute-selecionados e deveraacute envolver as agecircncias da ONU relevantes ao tema especialmente o Escritoacuterio de Coordenaccedilatildeo de Assuntos Humanitaacuterios O Alto Comissariado para Direitos Humanos o Conselheiro Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedios e o Departamento de Assuntos Poliacuteticos35 Estados membros devem contribuir tanto com financiamento quanto com especialistas

20Global Public Policy Institute (GPPi)

treinados para essas missotildees O estabelecimento de regras para a contrataccedilatildeo de pessoal poderia ajudar a deixar processos de seleccedilatildeo o mais transparentes possiacutevel e desta forma melhorar a credibilidade e imparcialidade da descoberta de fatos pela ONU36

Estados membros tambeacutem podem ajudar as Naccedilotildees Unidas na implementaccedilatildeo de sua iniciativa ldquoHuman Rights Up Frontrdquo (em portuguecircs ldquoDireitos Humanos Antes de Tudordquo) atraveacutes do qual o Secretariado estaacute criando um sistema simplificado de gerenciamento de informaccedilotildees para tudo que eacute coletado pelas muitas partes do sistema ONU combinando dados jaacute existentes sobre proteccedilatildeo humanitaacuteria proteccedilatildeo dos direitos humanos proteccedilatildeo de mulheres em conflitos armados e proteccedilatildeo de crianccedilas37 Os Estados membros podem dar apoio agrave ONU ao incluir mais informaccedilotildees de atores bilaterais no local desde que a ONU faccedila os investimentos necessaacuterios para o tratamento de dados sensiacuteveis proteccedilatildeo a testemunhas e referecircncias38

Usando Ferramentas Diplomaacuteticas e Civis De Forma Antecipada Justa e EstrateacutegicaApesar das diferenccedilas em ecircnfases retoacutericas haacute um consenso universal que as atrocidades devem ser prevenidas pelo uso antecipado e sustentaacutevel de uma variedade de ferramentas civis disponiacuteveis agrave comunidade internacional Estatildeo incluiacutedas a diplomacia a mediaccedilatildeo e as missotildees poliacuteticas assim como as sanccedilotildees a justiccedila criminal internacional as accedilotildees humanitaacuterias e as ferramentas de peacebuilding apoacutes crises dentre elas a reconstruccedilotildees das instituiccedilotildees estatais e do Estado de direito

Desde os anos 90 a comunidade internacional aprendeu liccedilotildees importantes sobre o uso dessas ferramentas e vem caminhando para desenvolvecirc-las ainda mais Satildeo visiacuteveis os sucessos na diplomacia preventiva como o ocorrido durante a crise poacutes-eleiccedilotildees no Quecircnia em 200839 quando um negociador de alto niacutevel liderou as conversas tendo apoio politico de oacutergatildeos regionais e de todos os membros do Conselho de Seguranccedila expertise da ONU e engajamento da sociedade civil Ao longo dos uacuteltimos 10 anos houve uma significativa expansatildeo das capacidades de negociaccedilatildeo dentro da ONU e das organizaccedilotildees regionais Missotildees poliacuteticas no Timor Leste ou na Guineacute-Bissau podem ter evitado uma nova onda de violecircncia nesses locais40 Sanccedilotildees seletivas provavelmente ajudaram a controlar pessoas que poderiam atrapalhar as primeiras fases do processo de peacebuilding na Libeacuteria Costa do Marfim e Serra Leoa41 O Tribunal Penal Internacional processou e condenou seus primeiros casos e apoiou importantes reformas nos sistemas de justiccedila criminal em muitos paiacuteses42

Ainda assim a comunidade internacional em inuacutemeras vezes natildeo fez uso das ferramentas civis disponiacuteveis de forma antecipada decisiva e sustentaacutevel O consenso que parece existir para o uso de ferramentas civis antecipadamente e como prioridade se desfaz assim que decisotildees poliacuteticas e priorizaccedilatildeo se fazem necessaacuterias Mudar isso eacute difiacutecil Requer ir aleacutem das caricaturas comuns que culpam apenas os paiacuteses ocidentais por investir pouco ou as potecircncias natildeo-ocidentais por repelir as tentativas de influenciar ou pressionar perpetradores e seus cuacutemplices Natildeo soacute as prioridades e interesses competitivos existem de todos os lados mas o desafio tambeacutem eacute marcado pela profunda incerteza sobre como e quando usar tais ferramentas com quais atores e em qual espaccedilo Natildeo haacute uma soluccedilatildeo uacutenica e faacutecil para prevenccedilatildeo resposta ou recuperaccedilatildeo efetiva

21Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Nosso foco eacute em medidas de curto prazo voltadas para os civis em situaccedilotildees em que haacute alta probabilidade ou jaacute haacute ocorrecircncia de atrocidades 43Descobrimos que haacute quatro aacutereas que devem ser especialmente observadas

Os atores (em particular potecircncias emergentes) que mais pedem por diplomacia ferramentas civis e prevenccedilatildeo antecipada precisam traduzir seu compromisso retoacuterico em vontade poliacutetica e os investimentos necessaacuterios em capacidades e ideiasIr aleacutem da retoacuterica sobre prevenccedilatildeo requer vontade poliacutetica para fazer disso uma prioridade Com muita frequecircncia a prevenccedilatildeo contra crimes de atrocidade vai de encontro a outros objetivos poliacuteticos em uma determinada situaccedilatildeo de crise Algumas vezes esses interesses e prioridades estatildeo em extremos opostos No Sri Lanka por exemplo o governo conseguiu alavancar a imensa preocupaccedilatildeo internacional com o contraterrorismo para evitar pressotildees em relaccedilatildeo aos crimes de guerra perpetrados durante o conflito contra os Tigres de Libertaccedilatildeo do Tacircmil Eelam (LTTE) no comeccedilo de 200944 Em Darfur a accedilatildeo diplomaacutetica internacional para acabar com os crimes de atrocidade teve de competir com a prioridade para um acordo de paz na longa guerra civil Norte-Sul no Sudatildeo e com a colaboraccedilatildeo antiterrorista do governo sudanecircs45

Todavia mesmo com a ausecircncia de grandes interesses conflitantes haacute um espaccedilo entre o apoio abstrato para a proteccedilatildeo de populaccedilotildees contra crimes de atrocidade e a vontade poliacutetica de agir dispor-se financeiramente e assumir riscos proporcionais Um exemplo recente de quando investimentos deveriam ter sido feitos antes e de forma mais substancial eacute o Sudatildeo do Sul ndash uma crise que tambeacutem demonstra como as categorias ldquoocidentaisrdquo contra os ldquodemaisrdquo natildeo satildeo uacuteteis na anaacutelise das posiccedilotildees dos paiacuteses sobre proteccedilatildeo Por motivos diversos tanto os Estados Unidos quanto a China apoiaram fortemente o governo de Salva Kiir ignorando sinais importantes ateacute que essa se tornou uma das facccedilotildees combatentes na nova guerra civil do Sudatildeo do Sul46 Na Repuacuteblica Centro-Africana investimentos preacutevios nas iniciativas legais e nas reformas no setor de seguranccedila poderiam ter sido capazes de evitar que o paiacutes atingisse a atual escala de violecircncia47

Como esses e outros exemplos revelam haacute um grande descompasso entre a retoacuterica que demanda mais ldquosoluccedilotildees poliacuteticas e diplomaacuteticasrdquo ndash como constantemente enfatizado por China Ruacutessia Iacutendia Brasil Aacutefrica do Sul (e tambeacutem pela Alemanha e pela Uniatildeo Europeia) ndash e os recursos poliacuteticos e materiais investidos na busca por tais soluccedilotildees Colocar em praacutetica essas ldquosoluccedilotildees poliacuteticasrdquo requer ao mesmo tempo declaraccedilotildees ocasionais e o estabelecimento de capacidades institucionais para o monitoramento dos direitos humanos monitoramento de longo prazo das eleiccedilotildees mediaccedilatildeo e apoio de pessoas com experiecircncia secircnior que possam ser rapidamente acionadas e a construccedilatildeo de instituiccedilotildees nos setores de justiccedila seguranccedila e correlatas normalmente envolvidas com missotildees poliacuteticas da ONU e de organizaccedilotildees regionais Similarmente o uso de ferramentas coercitivas como sanccedilotildees requer tanto a tomada de decisotildees difiacuteceis quanto investimentos e iniciativas para planejar criativamente e melhorar estas ferramentas a fim de que sejam de fato seletivas justas e legalmente soacutelidas ndash em outras palavras que minimizem os riscos de afetarem as pessoas erradas

22Global Public Policy Institute (GPPi)

de acordo com princiacutepios baacutesicos do direito O Tribunal Penal Internacional precisa do comprometimento poliacutetico e da ratificaccedilatildeo do Estatuto de Roma por algumas das naccedilotildees mais poderosas do mundo Tambeacutem precisa de recursos para continuar acompanhando seus casos No miacutenimo tanto as potecircncias emergentes quanto as jaacute estabelecidas precisam melhorar sua assistecircncia humanitaacuteria para aqueles que fogem da violecircncia Por exemplo Estados membros da ONU cederam menos de 50 por cento dos fundos necessaacuterios para a resposta humanitaacuteria na Siacuteria deixando milhares de pessoas necessitadas em 201448

Os governos devem priorizar a detenccedilatildeo e julgamento dos perpetradores de crimes de atrocidade em suas jurisdiccedilotildees Aleacutem das dificuldades poliacuteticas de se lidar com perpetradores que estatildeo no poder como na Siacuteria ou com perpetradores que estatildeo fora do alcance de Estados falidos como na Repuacuteblica Centro-Africana todos os governos podem fazer mais para sancionar ou julgar esses perpetradores por crimes de atrocidade que de alguma forma estejam em suas jurisdiccedilotildees Prevenir e dar respostas aos crimes de atrocidade significa lidar com as motivaccedilotildees e capacidades de perpetradores individuais antes que cometam crimes Tambeacutem significa puni-los por seus atos49 Aqueles que mantecircm seu dinheiro em bancos multinacionais podem estar sujeitos ao congelamento de seus ativos estejam nos bancos na Europa ou na Aacutesia Aqueles que viajam estatildeo sujeitos agrave recusa de vistos e impedimentos de viagem de modo a impactar suas accedilotildees antes de cometerem ou enquanto cometem atrocidades Leis existentes como nos Estados Unidos permitem que imigrantes sejam deportados se houver provas que os liguem a genociacutedios Paiacuteses podem buscar pessoas procuradas pelo Tribunal Penal Internacional e mudar suas leis ou designar forccedilas policiais para processar os piores crimes de atrocidade independentemente dos locais em que foram cometidos

Com muita frequecircncia a falta de atenccedilatildeo e vontade poliacutetica permite que perpetradores vivam livres e confortavelmente apoacutes terem cometido atrocidades ou ateacute mesmo organizar financiar e apoiar atrocidades em andamento mesmo estando no exterior Isso aconteceu com diversos liacutederes das Forccedilas Democraacuteticas Para a Libertaccedilatildeo de Ruanda (FDLR) um grupo miliciano operando no Congo Eles viveram sem problemas na Alemanha durante quase uma deacutecada antes de serem presos e julgados50 Os Estados Unidos apesar de sua recusa em ratificar o Estatuto de Roma recentemente serviu de exemplo ao aumentar seus esforccedilos na procura por suspeitos de crimes de guerra que moram no paiacutes e ao desenvolver propostas que permitem o uso das leis de imigraccedilatildeo para fazer com que perpetradores de atrocidades paguem por seus crimes51

Poliacuteticos devem dar prioridade ao comportamento atual ao avaliar a legitimidade de atores e julgar todos os atores de um conflito pelos mesmos padrotildees Soacute porque em determinado momento haacute um grupo claramente identificaacutevel como perpetrador de atrocidades natildeo significa que outros grupos sejam e continuaratildeo sendo inocentes de tais atos Violecircncia gera mais violecircncia jaacute que grupos ameaccedilados

23Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

se defendem e continuam combatendo o inimigo A Liacutebia eacute um bom exemplo disso Na primavera de 2011 identificar corretamente o regime de Gaddafi como responsaacutevel por crimes de atrocidade foi a decisatildeo correta ndash mas natildeo evitou que os rebeldes cometessem crimes similares posteriormente previsivelmente em alguns grupos tornando quem os apoiava militarmente cuacutemplices De forma similar em 2014 apoiar as forccedilas curdas Peshmerga era a uacutenica forma de prevenir um massacre contra os Yazidis no Iraque ndash mas aqueles que deram apoio natildeo deveriam silenciar-se perante as posteriores mortes em represaacutelia

A escolha de grupos especiacuteficos como aliados eacute facilmente entendida como arbitraacuteria quando o comportamento atual natildeo justifica apoio internacional Um dos argumentos conflitantes de legitimidade poliacutetica acontece quando atores externos escolhem seus aliados locais de forma inconsistente com suas accedilotildees (algumas vezes favorecendo o regime incumbente) e tal escolha eacute facilmente vista como hipoacutecrita52 Poliacuteticos tambeacutem estatildeo vulneraacuteveis a tais acusaccedilotildees quando satildeo seletivos sobre suas criacuteticas a poderes regionais que armam ou apoiam grupo rebeldes como no caso do silecircncio ocidental sobre o envolvimento da Araacutebia Saudita na Siacuteria

Defensores do R2P e da prevenccedilatildeo de atrocidades em governos ou na sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando pedir a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes

No que diz respeito agrave diplomacia preventiva defensores do R2P e da prevenccedilatildeo contra atrocidades incluindo governos e a sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando e como pedem a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes Em algumas situaccedilotildees o Conselho pode deixar a mediaccedilatildeo mais difiacutecil ao elevar o niacutevel de visibilidade poliacutetica de uma crise Ele pode ajudar mediadores ao dar-lhes mais peso um senso de urgecircncia incentivos e desincentivos (ex com sanccedilotildees seletivas proibiccedilotildees de viagem congelamento de ativos embargo de armas investigaccedilotildees estabelecimento de uma missatildeo poliacutetica) Mas em algumas situaccedilotildees pressatildeo internacional vinda dos mais altos niacuteveis que inclui o papel do Conselho de Seguranccedila pode ser contraproducente Isso pode reforccedilar a urgecircncia de um governo em terminar a guerra a todos os custos como no caso do Sri Lanka no comeccedilo de 200953 ou complicar as negociaccedilotildees para acesso humanitaacuterio como em Mianmar em maio de 200854 Em particular quando os casos lidam com governos que jaacute vecircm sendo excluiacutedos da comunidade internacional foacuteruns e canais mais discretos podem ser mais efetivos na tentativa de influenciar mudanccedilas de comportamento

Possibilitando que as Missotildees de Paz da ONU Ofereccedilam Proteccedilatildeo CriacutevelO peacekeeping eacute um sistema com grande legitimidade global que jaacute evita abusos e comeccedilou a dar ecircnfase agrave Proteccedilatildeo de Civis (PoC) em muitas de suas operaccedilotildees A composiccedilatildeo global e o controle rigoroso por parte do Conselho de Seguranccedila deixa as operaccedilotildees de paz muito mais aceitaacuteveis que qualquer outro instrumento como notavelmente o uso da

24Global Public Policy Institute (GPPi)

forccedila por terceiros segundo um mandato do Conselho de Seguranccedila55 Ao mesmo tempo o peacekeeping soacute eacute capaz de lidar com um nuacutemero limitado de desafios agrave proteccedilatildeo a ausecircncia de mecanismos raacutepidos e efetivos de mobilizaccedilatildeo de implementaccedilatildeo faz com que seja impossiacutevel para peacekeepers da ONU responder a ameaccedilas iminentes de crimes de atrocidade e os requerimentos legais e praacuteticos da colaboraccedilatildeo com o governo local limitam uma accedilatildeo efetiva contra os perpetradores dos crimes de atrocidade que sejam parte ou que recebam apoio do governo Mesmo quando os peacekeepers estavam presentes enquanto crimes de atrocidade eram praticados como na Costa do Marfim em 2011 e no Sudatildeo do Sul em 2013 qualquer prevenccedilatildeo efetiva foi ilusoacuteria E onde uma reaccedilatildeo imediata natildeo obteve sucesso os desafios da proteccedilatildeo efetiva contra crimes em andamento rapidamente excedeu a capacidade dos boinas azuis

As vaacuterias maneiras em que as operaccedilotildees de paz poderiam melhor proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade ao estabelecer capacidades reduzir vulnerabilidade (ldquoproteccedilatildeo indiretardquo) e defender contra perpetradores (ldquoproteccedilatildeo diretardquo) jaacute foram explicitadas em outras oportunidades56 Atingir pelo menos um niacutevel moderado de ambiccedilatildeo para que peacekeepers protejam populaccedilotildees contra crimes de atrocidade requereria investimentos adicionais em capacidade doutrina e treinamento Tambeacutem seria necessaacuteria uma anaacutelise mais seacuteria sobre como combinar de forma efetiva o uso do peacekeeping com instrumentos poliacuteticos

O Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz a lideranccedila da missatildeo e os paiacuteses colaboradores precisam informar de forma modesta e transparente os limites das capacidades da ONU na proteccedilatildeo de civis

O comprometimento bem-vindo e necessaacuterio do Conselho de Seguranccedila com a proteccedilatildeo levou a um nuacutemero excessivo de promessas57 que aumentaram a lacuna entre as expectativas locais e a capacidade das missotildees Quando um mandato para milhares de peacekeepers eacute estabelecido com grande alvoroccedilo mas somente uma fraccedilatildeo chega seis meses depois como no Sudatildeo Sul apoacutes o iniacutecio da uacuteltima guerra civil em dezembro de 2013 ou como quando os peacekeepers se recusaram a tomar medidas enquanto crimes de atrocidade eram cometidos nas redondezas (devido ou natildeo ao apoio ou lideranccedila inadequados) como visto recentemente na RDC ou no Sudatildeo pessoas que se reuacutenem ao redor da bandeira azul na esperanccedila de proteccedilatildeo se tornam mais vulneraacuteveis ao perigo do que se estivessem em outro local De forma geral populaccedilotildees ameaccediladas estatildeo em situaccedilotildees melhores com os peacekeepers do que sem eles mas ainda assim a credibilidade das Naccedilotildees Unidas eacute afetada nestes casos58

Tanto a proteccedilatildeo efetiva quanto a responsaacutevel exigem uma comunicaccedilatildeo honesta e transparente com o puacuteblico e com o Conselho de Seguranccedila sobre as capacidades de cada missatildeo e de cada contingente aleacutem da sua disponibilidade para assumir riscos Quando os diplomatas do Conselho criarem ou derem nova autorizaccedilatildeo a outro ambicioso mandato para a proteccedilatildeo de civis eles precisam ser formalmente informados das capacidades e requerimentos que seratildeo necessaacuterios

25Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

A proteccedilatildeo por parte dos peacekeepers requer um salto de qualidade das contribuiccedilotildees para as operaccedilotildees dos boinas azuis e isso exige que o Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz as tropas a poliacutecia e os colaboradores financeiros encontrem uma divisatildeo do trabalho mais justa e equilibradaO equiliacutebrio fraacutegil entre aqueles que contribuem com tropas (em sua maioria da Aacutefrica e da Aacutesia) financiadores (em sua maioria da Europa e Ameacuterica do Norte) e os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila da ONU que emitem mandatos estaacute proacuteximo de se desfazer A insustentaacutevel divisatildeo de trabalho em peacekeeping natildeo eacute uma questatildeo dos ocidentais contra os demais Muitos paiacuteses africanos cansados dos muitos anos de tentativas frustradas de instauraccedilatildeo da paz no continente pelas potecircncias externas cada vez mais requerem e apoiam o uso de forccedila militar para proteger civis e conceder mais tempo para as negociaccedilotildees de paz Por outro lado paiacuteses que tradicionalmente contribuem com muitas tropas estatildeo cada vez mais reticentes em ameaccedilar a vida de seus soldados em locais distantes ndash especialmente aqueles paiacuteses como a Iacutendia cujo papel emergente no mundo criou expectativas de exercer influecircncia sobre escolhas estrateacutegicas que ateacute agora se mantiveram no domiacutenio exclusivo dos membros permanentes Isso tudo combinado com a austeridade imposta agraves forccedilas armadas mais desenvolvidas impossibilitando aumentar suas contribuiccedilotildees de ativos-chave ndash que poderia reduzir os riscos aos boinas azuis ndash vem deixando muitos paiacuteses em desenvolvimento cada vez mais impacientes com um sistema que natildeo funciona mais para eles

Para avanccedilar na prevenccedilatildeo de crimes de atrocidade economias desenvolvidas e em desenvolvimento precisatildeo aumentar os recursos disponibilizados para as missotildees de paz da ONU mas o dever principal de balancear o desequiliacutebrio atual estaacute nas matildeos de paiacuteses com capacidades avanccediladas Eles precisam disponibilizar forccedilas militares e ativos poliacuteticos que satildeo chaves para limitar o risco de todos os boinas azuis e aumentar o custo-benefiacutecio e a eficaacutecia do peacekeeping Isso inclui drones de vigilacircncia veiacuteculos anti-minas hospitais militares evacuaccedilatildeo meacutedica aeacuterea apoio de combate aeacutereo transporte aeacutereo taacutetico equipamentos anti-explosivos e outras tecnologias avanccediladas59

Contudo natildeo satildeo somente paiacuteses da Europa e da Ameacuterica do Norte que disponibilizam pouquiacutessimas tropas e deixam a desejar em suas contribuiccedilotildees (os europeus por exemplo respondem por menos de 7 por cento das tropas de peacekeeping da ONU e menos de 4 por cento das tropas policiais da organizaccedilatildeo60 A Iacutendia tem demonstrado apoio duradouro e extensivo ao peacekeeping ndash uma rara exceccedilatildeo entre paiacuteses com pretensotildees de lideranccedila regional ou global Outros paiacuteses deveriam pensar em seguir o recente exemplo da China e aumentar o nuacutemero de tropas policiais ou civis qualificados disponibilizados agrave ONU Por exemplo o Brasil mesmo com sua lideranccedila no Haiti ainda oferece menos pessoal que os pequenos Togo e Burkina Faso

26Global Public Policy Institute (GPPi)

Todos os membros do Conselho de Seguranccedila e colaboradores do peacekeeping deveriam aumentar a orientaccedilatildeo conceitual o treinamento e a construccedilatildeo de capacidade para a proteccedilatildeo de civis contra crimes de atrocidade

Tanto o desenvolvimento de estrateacutegias poliacuteticas quanto o uso da forccedila para proteccedilatildeo taacutetica de civis carecem grandemente de fundamentos conceituais soacutelidos com a qual qualquer outro tipo de operaccedilatildeo militar pode contar Os desafios poliacuteticos policiais e militares da proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade natildeo recebem a atenccedilatildeo conceitual e os recursos para treinamento adequados em quase todos os paiacuteses61 Natildeo eacute surpreendente que liacutederes de missatildeo e comandantes de tropas operem hoje em dia com base na tentativa e erro sem que haja uma orientaccedilatildeo ou doutrina clara Da mesma forma os membros do Conselho ndash em especial os natildeo-permanentes ndash satildeo forccedilados a tomar decisotildees difiacuteceis sobre a proteccedilatildeo de civis sem que tenham acesso a um oacutergatildeo de anaacutelise poliacutetico-militar sobre quais seriam as consequecircncias de tais accedilotildees A ausecircncia de conceitos claros e amplamente difundidos sobre as formas praacuteticas de proteccedilatildeo (para aleacutem das Zonas de exclusatildeo aeacuterea) contribuem para o estereoacutetipo muacutetuo e suspeitas de motivos escusos

Os Estados Unidos deveriam continuar a expansatildeo da sua Iniciativa Global de Operaccedilotildees de Paz (GPOI na sigla em inglecircs) e sua Parceria Africana de Resposta Raacutepida para Manutenccedilatildeo da Paz que apoiam e reforccedilam a capacidade de outros paiacuteses de treinar e manter competecircncias para a manutenccedilatildeo da paz Ambos os casos deveriam dar mais atenccedilatildeo agraves forccedilas militaresx mais frequentemente usadas no peacekeeping No futuro treinamentos e exerciacutecios da GPOI e outros deveriam incluir especificamente diferentes aspectos de proteccedilatildeo a civis 62 De forma similar a estes programas estadunidenses a Uniatildeo Europeia os governos europeus e de outros locais que possuem forccedilas armadas com tal capacidade deveriam oferecer os treinamentos e equipamentos mais modernos para os colaboradores das operaccedilotildees de paz Isso poderia criar incentivos para que unidades treinadas e equipadas efetivamente trabalhem em conjunto com a ONU a Uniatildeo Africana e as forccedilas sub-regionais na proteccedilatildeo de civis ndash no caso da UE ao novamente dar ecircnfase e expandir a Enable and Enhance Initiative

Usar a avaliaccedilatildeo atual das operaccedilotildees de paz da ONU para construir um consenso entre todas as partes interessadas (Conselho de Seguranccedila e Secretariado assim como colaboradores financeiros de tropas ou de poliacutecia) sobre o uso da forccedila somente para apoiar ndash e nunca substituir ndash uma estrateacutegia poliacutetica para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade e para planejar mandatos e operaccedilotildees adequadamente Como parte do diaacutelogo necessaacuterio sobre a utilidade do uso da forccedila a atual avaliaccedilatildeo das operaccedilotildees de paz da ONU oferece uma oportunidade de reconstruir uma linguagem comum sobre o peacekeeping seus princiacutepios e conceitos baacutesicos suas ambiccedilotildees e desafios para as tarefas de proteccedilatildeo das missotildees da ONU especialmente no que diz respeito ao uso da forccedila Os princiacutepios de consentimento imparcialidade e neutralidade atualizados no Relatoacuterio Brahimi para permitir que peacekeepers ajam contra os violadores dos acordos de paz e perpetradores de atrocidades mais uma vez satildeo distorcidos ou parecem irrelevantes em muitas operaccedilotildees A maioria dos peacekeepers

27Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

de hoje servem em situaccedilotildees de conflito ativo como no Mali ou na Repuacuteblica Centro-Africana Peacekeepers da ONU estatildeo conduzindo operaccedilotildees de combate ativo na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Em outros locais os acordos de deacutecadas atraacutes que deram origem a uma missatildeo natildeo incluem as partes que atualmente ameaccedilam ou sequestram peacekeepers como nas Colinas de Golatilde

Enquanto eacute inevitaacutevel que haja certa ambiguidade sobre os princiacutepios o uso ativo da forccedila para proteger civis soacute eacute capaz de apoiar mas nunca substituir uma estrateacutegia poliacutetica63 Onde natildeo haacute uma estrateacutegia poliacutetica realista para chegar agrave paz deve haver pelo menos uma para limitar os riscos aos civis ndash se necessaacuterio um plano que inclua o apoio de forccedilas militares da ONU como na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Estas questotildees devem ser discutidas de forma honesta pelas partes interessadas nas operaccedilotildees de paz da ONU O abismo que separa as partes nestas discussotildees natildeo estaacute entre os ocidentais que apoiam o uso de mais forccedila e os opositores natildeo-ocidentais Atualmente isso acontece entre paiacuteses que contribuem com muitas tropas como Iacutendia e Paquistatildeo preocupados com o aumento dos riscos agraves suas tropas e uma coalisatildeo mais intervencionista de paiacuteses africanos e europeus ocidentais64

A Tomada de Decisotildees sobre Accedilotildees MilitaresO atual sistema de seguranccedila coletiva que tem o Conselho de Seguranccedila na ONU como peccedila central natildeo estaacute agrave altura da tarefa de prover proteccedilatildeo efetiva e responsaacutevel O Conselho eacute incapaz de agir de forma efetiva quando alguns interesses geopoliacuteticos colidem como no caso da Siacuteria Mas ele fracassa ateacute mesmo em situaccedilotildees em que o abuso do argumento humanitaacuterio natildeo estaacute na pauta e os interesses de membros-chave do Conselho estatildeo alinhados ndash como no caso da Repuacuteblica Centro-Africana ou do Sudatildeo do Sul Um Conselho que tem o poder de estabelecer mandatos mobilizar proteccedilatildeo efetiva e limitar o medo do uso abusivo de argumentos humanitaacuterios precisaria ouvir os maiores atores poliacuteticos do mundo moderno os paiacuteses que contribuem com tropas e os financiadores

Tanto a composiccedilatildeo quanto os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila da ONU refletem a ordem mundial dos anos 1940 A fim de manter a credibilidade do sistema de seguranccedila coletiva restaurar a legitimidade do Conselho de Seguranccedila eacute uma questatildeo urgente e de interesse dos cinco membros permanentes Todavia mesmo estando bem fundadas em termos de justiccedila global e em prospectos de longo prazo para a governanccedila global as propostas jaacute existentes para uma expansatildeo do Conselho ou um papel mais proeminente da Assembleia Geral em assuntos de seguranccedila provavelmente natildeo contribuiratildeo para uma proteccedilatildeo mais efetiva contra crimes de atrocidade

Visando o 70o aniversaacuterio da ONU neste ano nossas sugestotildees datildeo ecircnfase agraves mudanccedilas procedimentais e natildeo estruturais do Conselho de Seguranccedila

28Global Public Policy Institute (GPPi)

Os cinco membros permanentes do Conselho de Seguranccedila deveriam dar mais apoio a processos decisoacuterios inclusivos dentro do Conselho e abrir canais informais de consulta sobre mandatos estrateacutegias e operaccedilotildees para todas as partes cruciais em especial potecircncias regionais e grandes colaboradores de pessoal Os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila na ONU limitam severamente seu senso de imparcialidade perante os olhos do mundo Na maioria das crises na Aacutefrica o chamado ldquopenholderrdquo ndash isto eacute o paiacutes responsaacutevel pelo rascunho das resoluccedilotildees do Conselho ndash eacute o antigo Estado colonizador ou os Estados Unidos65 Mesmo sendo uacutetil por dar uma continuidade ao longo dos anos esta organizaccedilatildeo e as relaccedilotildees internas resultantes entre os membros permanentes efetivamente excluem os membros natildeo-permanentes da maior parte das negociaccedilotildees informais onde as decisotildees mais importantes satildeo tomadas

Para que haja uma forma menos exclusiva de tomar decisotildees o precisaria de atores adicionais tanto dentro quanto fora das regiotildees relevantes para desenvolver as capacidades analiacutetica e poliacutetica de cogerenciar de forma construtiva o engajamento do Conselho e as operaccedilotildees de paz ao inveacutes de soacute defender seus proacuteprios interesses Os Estados membros e as organizaccedilotildees da sociedade civil tambeacutem devem continuar as discussotildees sobre um coacutedigo de conduta para limitaccedilatildeo voluntaacuteria do poder de veto em situaccedilotildees de crimes de atrocidade como proposto pelo governo francecircs66

Aleacutem dos procedimentos internos os membros do Conselho devem continuar expandindo as interaccedilotildees informais com as partes relevantes incluindo paiacuteses vizinhos e aqueles que contribuem com pessoal para as operaccedilotildees de paz Isso natildeo precisa se limitar a trocas diplomaacuteticas formais a fim de aumentar a qualidade e aceitaccedilatildeo dos mandatos de peacekeeping os paiacuteses responsaacuteveis pelo rascunho do mandato poderiam incluir a colaboraccedilatildeo de especialistas dos paiacuteses que contribuem com grande nuacutemero de tropas ou de policiais como por exemplo antigos comandantes de tropa ou chefes de poliacutecia67

Atores com credibilidade para fazer conexotildees no debate polarizado sobre intervenccedilatildeo militar devem facilitar os esforccedilos informais para desenvolver um sistema de monitoramento e informaccedilatildeo mais rigoroso para Estados que aderirem agraves missotildees com mandatos da ONUO conceito de Responsabilidade ao Proteger (RwP na sigla em inglecircs) eacute uma das iniciativas mais promissoras para lidar com os desacordos globais sobre o uso abusivo da Responsabilidade de Proteger Quando apresentado pelo Brasil no final de 2011 tal conceito ofereceu uma oportunidade de debate sobre o que poderia ser proteccedilatildeo efetiva e qual deveria ser o papel do uso da forccedila nessa proteccedilatildeo apoacutes a intervenccedilatildeo na Liacutebia quando essas discussotildees estavam extremamente polarizadas68 Apoacutes essa experiecircncia eacute muito improvaacutevel que o Conselho de Seguranccedila futuramente aprove uma resoluccedilatildeo autorizando o uso de forccedilas externas para a proteccedilatildeo com termos tatildeo amplos Com isso a implementaccedilatildeo de algumas ideias da proposta do RwP eacute de interesse de todos os Estados que acreditam que a forccedila deve ser uma ferramenta de uacuteltimo caso disponiacutevel

29Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

agrave comunidade internacional Discussotildees mais profundas satildeo necessaacuterias sobre os criteacuterios e condiccedilotildees considerados para que o Conselho use a forccedila para proteger populaccedilotildees Mesmo que a discussatildeo sobre criteacuterios para o uso da forccedila seja tatildeo antiga quanto a discussatildeo sobre intervenccedilatildeo humanitaacuteria69 todos os Estados membros se beneficiariam de um debate aberto sobre os sucessos e fracassos do uso da forccedila no passado e suas implicaccedilotildees no futuro como supracitado Outra questatildeo mais praacutetica diz respeito a como aumentar a habilidade do Conselho de monitorar aqueles que aderem e executam suas decisotildees Uma sugestatildeo concreta seria adotar elementos do sistema de peacekeeping como relatoacuterios e reuniotildees instrutivas regulares sobre a situaccedilatildeo das delegaccedilotildees para o uso da forccedila por terceiros As resoluccedilotildees poderiam incluir expliacutecitas claacuteusulas de caducidade que obrigariam a aprovaccedilatildeo da extensatildeo do mandato pelo Conselho de Seguranccedila e requerimentos de relatoacuterio regulares e especiacuteficos por parte daqueles Estados membros que aderirem e executarem as decisotildees do oacutergatildeo70 Outra sugestatildeo seria a criaccedilatildeo de mecanismos de responsabilizaccedilatildeo e monitoramento ao criar paineacuteis de especialistas quando os mandatos do Conselho incluiacuterem o uso da forccedila conforme modelo dos comitecircs de sanccedilotildees da ONU Relatoacuterios de comitecircs independentes como esses podem dar origem a uma praacutetica-padratildeo e contribuir para a melhora da qualidade nas decisotildees do Conselho ao longo do tempo seja antes durante ou depois das operaccedilotildees militares71

Potecircncias emergentes e jaacute estabelecidas podem fazer sua parte no avanccedilo das discussotildees sobre as questotildees colocadas pelo RwP Tanto a iniciativa oficial do Brasil quanto a ideia de ldquoProteccedilatildeo Responsaacutevelrdquo colocada por um reconhecido especialista chinecircs72 poderiam ser pontos de partida para discussotildees mais especiacuteficas e operacionais tanto entre os BRICS quanto entre os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila73 Ao inveacutes de rejeitar tais conceitos como sendo ataques agrave Responsabilidade de Proteger as potecircncias ocidentais deveriam ver essas iniciativas como uma oportunidade para um debate construtivo sobre como proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade74

Inserindo a Reflexatildeo e o Aprendizado Constantes em cada Ferramenta PoliacuteticaAinda que haja muita experiecircncia estabelecida com fracassos terriacuteveis e os poucos sucessos qualificados natildeo haacute uma base de conhecimento confiaacutevel sobre como proteger pessoas contra crimes de atrocidade Em geral governos e organizaccedilotildees internacionais continuam tratando cada crise como sendo uacutenica dando pouca atenccedilatildeo agrave reflexatildeo contiacutenua ao aprendizado e agrave adaptaccedilatildeo das poliacuteticas conforme as situaccedilotildees evoluem Os acadecircmicos jaacute aprenderam bem mais sobre o que natildeo funciona em algumas condiccedilotildees do que sobre o que poderia melhorar ndash por um lado porque cada intervenccedilatildeo poliacutetica acontece com contexto proacuteprio e por outro porque resultam de incentivos acadecircmicos e dificuldades de acesso a dados

30Global Public Policy Institute (GPPi)

Governos organizaccedilotildees internacionais sociedade civil e acadecircmicos precisam projetar poliacuteticas que sejam mais adaptaacuteveis ao conhecimento em evoluccedilatildeo e agrave avaliaccedilatildeo de riscos com base em oportunidades internas para reflexatildeo e aprendizado contiacutenuos e colaborativosEnquanto ainda haacute urgecircncia para que medidas sejam tomadas agir de forma responsaacutevel perante tanta incerteza pede que sejamos menos confiantes em nossa habilidade de determinar a melhor poliacutetica possiacutevel para cada situaccedilatildeo Poliacuteticos ativistas e intelectuais devem ser honestos consigo mesmos e transparentes com aqueles que mais sofrem com os impactos dessas poliacuteticas Natildeo haacute soluccedilotildees que tenham sido testadas e comprovadas Tudo que podemos fazer eacute tentar identificar a forma mais responsaacutevel de desenvolver cada caso enquanto nos mantemos preparados e prontos para reagir rapidamente a mudanccedilas e melhorar nossa gama de poliacuteticas instrumentais Este processo experimental de decisatildeo poliacutetica precisa ser constantemente monitorado e avaliado de forma autocriacutetica tanto interna quanto externamente atraveacutes do diaacutelogo franco e honesto entre profissionais sociedades e especialistas externos em todos os niacuteveis desde o monitoramento e avaliaccedilatildeo ateacute os debates mais amplos de poliacutetica puacuteblica sobre a eficaacutecia da forccedila militar e da diplomacia coercitiva na prevenccedilatildeo e resposta a crimes de atrocidade

31Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

1 Como a Genocide Prevention Task Force em um painel fechado de alto-niacutevel nos Estados Unidos apropriadamente argumentou em 2008 Genocide Prevention Task Force lsquoPreventing Genocide A Blueprint for US Policymakersrsquo (Washington DC The American Academy of Diplomacy US Holocaust Memorial Museum US Institute for Peace 2008) Veja tambeacutem Ruben Reike Serena Sharma e Jennifer Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo (Australian Civil-Military Centre e Oxford Institute for Ethics Law and Armed Conflict 2013) 6ff

2 Michael Ignatieff lsquoThe Libya Case a Teachable Momentrsquo Suddeutsche Zeitung Special Supplement http wwwamericanacademydesitesdefaultfilesuploadMSC202012pdf 3 de fevereiro de 2012 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 David Bosco lsquoAbstention Games on the Security Councilrsquo Foreign Policy httpforeignpolicy com20110317abstention-games-on-the-security-council 17 de marccedilo de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

3 Kofi A Annan lsquoTwo Concepts of Sovereigntyrsquo The Economist httpwwweconomistcomnode324795 16 de setembro de 1999 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

4 Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Conflict Security and Development 144 2014 Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

5 Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

6 Rosa Brooks lsquoThe UN Security Council and Civilian Protectionrsquo in Jared Genser e Bruno Ugarte eds The UN Security Council in the Age of Human Rights (New York Cambridge University Press 2013) 12 Sobre a base global para as normas de proteccedilatildeo veja Charles Sampford lsquoA Tale of Two Normsrsquo em Angus Francis Vesselin Popovski e Charles Sampford eds Norms of Protection Responsibility to Protect Protection of Civilians and Their Interaction (United Nations University Press 2012) Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

7 Para uma visatildeo geral do posicionamento do Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia e Aacutefrica do Sul sobre R2P veja os artigos na ediccedilatildeo especial de Conflict Security and Development Brockmeier Kurtz e Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Jaganathan e Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Julian Junk lsquoThe Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Xymena Kurowska lsquoMultipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Lui Tiewa e Zhang Haibin lsquoDebates in China About the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessmentrsquo Conflict Security and Development 2014 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Verhoeven Murthy e Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang Reinicke lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo ediccedilatildeo especial (144) de Conflict Security and Development (London Taylor amp Francis 2014)

8 CSR Murthy e Gerrit Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo Global Society em revisatildeo

9 Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo Global Society em revisatildeo Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo Global Society em revisatildeo

10 Judi Atkins Justifying New Labour Policy (Houndmills Basingstoke Hampshire New York Palgrave Macmillan 2011) 163 Veja por exemplo Stuenkel e Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Erna Burai lsquoParody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian Warrsquo Global Society em revisatildeo

Notas

32Global Public Policy Institute (GPPi)

11 Roland Paris lsquoThe ldquoResponsibility to Protectrdquo and the Structural Problems of Preventive Humanitarian Interventionrsquo International Peacekeeping 215 2014 4

12 Ramesh Thakur lsquoR2Prsquos ldquoStructuralrdquo Problems A Response to Roland Parisrsquo International Peacekeeping 2015 5

13 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

14 Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo Global Society em revisatildeo

15 Julian Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo Global Society em revisatildeo Julian Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo Global Society em revisatildeo

16 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

17 Erna Burai lsquoAfrican Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Groundrsquo Global Society em revisatildeo

18 Ambos os debates em torno das propostas brasileiras de Responsabilidade ao Proteger e o Diaacutelogo Interativo Informal da Assembleia Geral sobre Responsabilidade de Proteger e ldquoAccedilatildeo oportuna e decisivardquo em 2012 constituiacuteram tentativas de defensores de R2P se envolverem em discussotildees sobre o uso da forccedila e R2P Para acessar uma coleccedilatildeo de discursos durante a Assembleia Geral de 2012 veja httpwwwglobalr2porgresources278

19 Sarah Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo em Mary Kaldor e Iavor Rangelov eds The Handbook of Global Security Policy (Chichester West Sussex Wiley Blackwell 2014) 225

20 Alastair Iain Johnston lsquoThinking About Strategic Culturersquo International Security 194 1995 46

21 Pessimismo sobre a eficaacutecia da forccedila no entanto natildeo eacute o mesmo de promover a natildeo-violecircncia Alguns dos maiores defensores do ceticismo em relaccedilatildeo agraves forccedilas militares para proteccedilatildeo frequentemente recorrem a forccedilas militares ou quase militares no acircmbito domeacutestico

22 Otto Bakkano lsquoAU Pushes for Ceasefire Political Solution in Libyarsquo Mail amp Guardian httpmgcoza article2011-05-26-au-pushes-for-ceasefire-political-solution-in-libya 26 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Guido Westerwelle lsquoBundesminister Westerwelle Statement vom 25032011 zu Syrien Jemen Israel und dem Gaza-Streifen Sowie Libyenrsquo Auswartiges Amt httpwwwbrasildiplodeVertretung brasiliende07__AussenpolitikReden_20des_20Au_C3_9FenministersStatemente_20Syrienhtml 25 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

23 Barack Obama David Cameron e Nicolas Sarkozy lsquoLibyarsquos Pathway to Peacersquo The International Herald Tribune httpwwwnytimescom20110415opinion15iht-edlibya15html 15 de abril de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Reuters lsquoKerry Insists No Place for Assad in Syriarsquos Futurersquo Reuters httpwwwreuters comarticle20140117us-syria-crisis-kerry-idUSBREA0G14A20140117 17 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

24 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

25 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

26 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

27 Kersti Larsdotter lsquoExploring the Utility of Armed Force in Peace Operations German and British Approaches in Northern Afghanistanrsquo Small Wars and Insurgencies 193 2008 Taylor B Seybolt Humanitarian Military Intervention The Conditions for Success and Failure (Oxford Oxford University Press 2008) Rupert Smith The Utility of Force The Art of War in the Modern World (London Allen Lane 2005) Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

28 UN Department of Peacekeeping Operations e UN Department of Field Support lsquoOperational Concept on the Protection of Civilians in United Nations Peacekeeping Operationsrsquo (New York 2010) Sarah Sewall Dwight Raymond e Sally Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook (Cambridge MA Harvard Kennedy School 2010)

29 Harry Verhoeven documenta o exemplo de um diplomata chinecircs que ldquopensava que o Ocidente tinha inventado os Janjaweed [miliacutecias proacute- governo em Darfur] como uma desculpa para intervir Mas eles eram de verdade e matavam pessoasrdquo Harry Verhoeven lsquoIs Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa Is Changing Chinarsquo The Washington Quarterly 372 2014 64

33Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

30 BS Chimni lsquoFor Epistemological and Prudent Internationalismrsquo Harvard Law School Human Rights Journal novembro 2012 Greg Simons lsquoThe International Crisis Group and the Manufacturing and Communicating of Crisesrsquo Third World Quarterly 354 2014 Ramesh Thakur lsquoIs the United Nations Racistrsquo The Hindu httpwwwthehinducomopinionleadis-the-united-nations-racistarticle4928624ece 19 de julho de 2013 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

31 Ambassador Liu Zhenmin lsquoStatement by Ambassador Liu Zhenmin at the Plenary Session of the General Assembly on the Question of ldquoResponsibility to Protectrdquorsquo httpresponsibilitytoprotectorgStatement20 by20Ambassador20Liu20Zhenminpdf 24 de julho de 2009 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Zhang Haibin e Lui Tiewa lsquoRealizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and Thereafterrsquo Global Society em revisatildeo

32 Conversa com uma seacuterie de especialistas indianos em evento na Jawaharlal Nehru University (Nova Deacuteli Iacutendia) no dia 21 de Janeiro de 2015

33 IRIN lsquoA New Start for Crisis Reportingrsquo IRIN httpnewirinirinnewsorgpress-release 20 de novembro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34 Veja por exemplo Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoReport of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on United Nations Action in Sri Lankarsquo (New York United Nations 2012)

35 Um bom exemplo foi o briefing do Assessor Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedio para o Conselho de Seguranccedila da ONU depois de sua visita agrave Repuacuteblica Centro-Africana no dia 22 de janeiro de 2014 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoThe Statement of under Secretary-GeneralSpecial Adviser on the Prevention of Genocide Mr Adama Dieng on the Human Rights and Humanitarian Dimensions of the Crisis in the Central African Republicrsquo httpwwwunorgenpreventgenocideadviserpdfSAPG20Statement20at20UNSC20 on20the20situation20in20CAR-202220Jan202014pdf 22 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

36 Morten Bergsmo Quality Control in Fact-Finding (Florence Torkel Opsahl Academic EPublisher 2013) 210

37 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoRights up Front A Plan of Action to Strengthen the UNrsquos Role in Protecting People in Crises Follow-up to the Report of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on UN Action in Sri Lankarsquo (New York 2013)

38 Veja tambeacutem futura publicaccedilatildeo do GPPi Gerrit Kurtz lsquoA New Tool for Civilian Protection - the Human Rights up Front Initiative of the United Nationsrsquo GPPi Policy Brief futura publicaccedilatildeo

39 Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo

40 Jose Ramos-Horta lsquoIndia Right in Asking for More Say in Peacekeeping Operations-Related Decisions Top UN Panel Chiefrsquo Hindustan Times httpwwwhindustantimescomindia-newsindia-right-in-asking- for-more-say-in-peacekeeping-operations-related-decisions-top-un-panel-chiefarticle1-1314354aspx 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 13 de marccedilo de 2015

41 Thomas Biersteker et al lsquoThe Effectiveness of UN Targeted Sanctions - Findings from the Targeted Sanctions Consortium (TSC)rsquo The Graduate Institute Geneva 2013

42 Kirsten Ainley lsquoThe Responsibility to Protect and the International Criminal Court Counteracting the Crisisrsquo International Affairs 911 2015

43 Para distinccedilatildeo entre atividades ldquosistecircmicasrdquo e ldquodirecionadasrdquo veja Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

44 Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo Global Society em revisatildeo

45 Verhoeven e Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo 8 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann lsquoSchutz und Verantwortung Uber die US- Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltatenrsquo (2013)

46 Mike Brand lsquoEmploying lsquoPreventionrsquo to Prevent Mass Atrocitiesrsquo Saferworld httpwwwsaferworldorguk news-and-viewscomment123-employing-apreventiona-to-prevent-mass-atrocities 25 de fevereiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Warren Strobel e Louis Charbonneau lsquoUS Was Slow to Lose Patience as South Sudan Unraveledrsquo Reuters 14 de janeiro de 2014

47 Adam Lupel lsquoUN Adviser on Prevention of Genocide ldquoWe Have to Make Sure the Security Council Actsrdquorsquo httptheglobalobservatoryorg201404un-adviser-on-prevention-of-genocide-we-have-to-make-sure- security-council-acts 28 de abril de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34Global Public Policy Institute (GPPi)

48 Office for the Coordination of Humanitarian Affairs lsquoHumanitarian Bulletin Syriarsquo Humanitarian Bulletin Issue 53 httpreliefwebintsitesreliefwebintfilesresourcesBulletin_no_53_17032015_final_01pdf 1 de fevereiro - 18 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

49 Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

50 Human Rights Watch lsquoGermany QampA on Trial of Two Rwandan Rebel Leadersrsquo httpwwwhrworgde news20110502germany-qa-trial-two-rwandan-rebel-leaders 2 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 23 de marccedilo de 2015

51 Eric Lichtblau lsquoUS Seeks to Deport Bosnians over War Crimesrsquo New York worldus-seeks-to-deport-bosnians-over- Times httpwwwnytimescom20150301war-crimeshtml 28 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

52 Para um argumento similar observando o envolvimento internacional com a Liacutebia em 2015 veja International Crisis Group lsquoLibya Getting Geneva Rightrsquo International Crisis Group Middle East and North Africa Report Nr 157 2015

53 Kurtz e Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo

54 Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo

55 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

56 Alex J Bellamy e Charles T Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo (Asia- Pacific Centre for the Responsibility to Protect 2010) Alex J Bellamy The Responsibility to Protect A Defense (Oxford Oxford University Press 2014)

57 Ashley Jackson lsquoProtecting Civilians The Gap between Norms and Practicersquo (Humanitarian Policy Group 2014)

58 Isso jaacute foi escrito em 2009 no relatoacuterio ldquoNew Horizonrdquo do DPKO ldquoO descompasso entre expectativas e capacidade de promover proteccedilatildeo abrangente criou um significante desafio de credibilidade para as operaccedilotildees de paz da ONUrdquo Department of Peacekeeping Operations lsquoA New Partnership Agenda Charting a New Horizon for UN Peacekeepingrsquo (New York 2009) 20

59 Compare United Nations lsquoFinal Report of the Expert Panel on Technology and Innovation in UN Peacekeepingrsquo httpwwwperformancepeacekeepingorgofflinedownloadpdf 22 de dezembro de 2014

60 Compare United States Mission to the United Nations lsquoRemarks on Peacekeeping in Brussels by Samantha Power US Permanent Representative to the United Nationsrsquo httpusunstategovbriefing statements238660htm 9 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

61 Bellamy and Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo 23-24 Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

62 Isso poderia se basear no Mass Atrocities Response Operations project do US Armyrsquos Peacekeeping and Stability Operations Institute e do Harvard Kennedy Schoolrsquos Carr Center for Human Rights Veja Sewall Raymond e Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook

63 Mats Berdal e David H Ucko lsquoThe United Nations and the Use of Force Between Promise and Perilrsquo Journal of Strategic Studies 375 2014

64 Veja tambeacutem os resultados de um projeto do SIPRI sobre o futuro das operaccedilotildees de paz Jair van der Lijn e Xenia Avezov lsquoThe Future Peace Operations Landscape - Voices from Stakeholders around the Globe - Final Report of the New Geopolitics of Peace Operations Initiativersquo Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) janeiro de 2015

65 Security Council Report lsquoChairs of Subsidiary Bodies and Penholders for 2015rsquo httpwwwsecuritycouncilreportorgmonthly-forecast2015-02chairs_of_subsidiary_bodies_and_penholders_ for_2015php 30 de janeiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

66 Gareth Evans lsquoLimiting the Security Council Vetorsquo Project Syndicate httpwwwproject-syndicateorg commentarysecurity-council-veto-limit-by-gareth-evans-2015-02 4 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Kofi Annan e Gro Harlem Brundtland lsquoFour Ideas for a Stronger UNrsquo The New York Times httpwwwnytimescom20150207opinionkofi-annan-gro-harlem-bruntland-four-ideas-for-a-stronger- unhtml_r=0 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

67 Conversa com ex-comandantes militares Nova Deacuteli janeiro de 2015

68 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

35Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

69 Ibid Murthy e Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo

70 Compare tambeacutem com Bellamy The Responsibility to Protect A Defense 200

71 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

72 Ruan Zongze lsquo阮宗泽中国应倡导ldquo负责任的保护rdquo- ( China deveria defender a Proteccedilatildeo Responsaacutevel)rsquo Global Times (ediccedilatildeo chinesa) httpopinionhuanqiucom11522012-032501163html uacuteltimo acesso em 7 de marccedilo de 2012

73 Andrew Garwood-Gowers lsquoChinarsquos ldquoResponsible Protectionrdquo Concept Re-Interpreting the Responsibility to Protect (R2P) and Military Intervention for Humanitarian Purposesrsquo Asian Journal of International Law disponiacutevel em CJO2015 2015

74 Thorsten Benner lsquoBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiativersquo GPPi Working Paper Series 2013

36Global Public Policy Institute (GPPi)

Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang 4 n 4 2014) A ediccedilatildeo especial conteacutem os seguintes artigos todos disponiacuteveis gratuitamente online Introduction Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier

Regulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protect por Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

Debates in China about the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessment por Liu Tiewa e Zhang Haibin

Emerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protect por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk

Singing the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protect por Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz

Multipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protect por Xymena Kurowska

ldquoOur Identity is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Intervention por Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira

The Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protect por Julian Junk

Em breve laccedilaremos uma ediccedilatildeo especial na Global Society os seguintes artigos que estatildeo atualmente em processo de revisatildeo To Intervene in Darfur or Not Re-examining the R2P Debate and its Impacts por Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira

International Responsibility as Solidarity the Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectory por CSR Murthy e Gerrit Kurtz

Bringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenya por Julian Junk

Testing Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2P por Julian Junk

Parody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian War por Erna Burai

Protection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009 por Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan

Realizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and thereafter por Zhang Haibin e Liu Tiewa

The Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protection por Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

African Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Ground por Erna Burai

Responsibility While Protecting and the Ethics of R2P Implementation por Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier

Outras publicaccedilotildees relacionadasBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiative por Thorsten Benner Seacuterie de Working Papers do GPPi 2013

O Brasil como um Empreendedor Normativo a Responsabilidade ao Proteger por Thorsten Benner Politica Externa v 21 n 4 2013 p 35-46

Germany and the Intervention in Libya por Sarah Brockmeier Survival Global Politics and Strategy v55 n6 2013 p 63ndash90

Schutz und Verantwortung Uber die US-Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltaten por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann Heinrich Boll Foundation June 2013

Internationale Schutzverantwortung - Normative Erwartungen und Politische Praxis por Christopher Daase e Julian Junk (orgs) Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n 1-2 2013

Die Legalisierung der Legitimitat ndash Zur Kritik der Schutzverantwortung als Emerging Norm por Christopher Daase Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n1-2 2013 p 41-62

Emerging Power Exceptional State Elusive Country Explaining Indiarsquos Behavior por Madhan Mohan Jaganathan (com Amna Sunmbul) Proceedings of the International Conference on Social Sciences Chennai 2013 p 308-311

A New Tool for Civilian Protection - The Human Rights up Front Initiative of the United Nations por Gerrit Kurtz GPPi Policy Brief lanccedilamento em breve

Indiarsquos Approach to the Protection of Civilians in Armed Conflicts por CSR Murthy Norwegian Peacebuilding Resource Centre novembro de 2012

Contemporary World Order and Approaches to UN Peacekeeping A South Asian Perspective por CSR Murthy Friedrich Ebert Foundation dezembro de 2012

India-Brazil-South Africa Dialogue Forum (IBSA) The Rise of the Global South por Oliver Stuenkel Routledge Global Institutions 2014

The BRICS and the Future of Global Order por Oliver Stuenkel Lexington Press 2015

The BRICS and the Future of R2P Was Syria or Libya the Exception por Oliver Stuenkel Global Responsibility to Protect v6 n 1 2014 p 3-28

China and Responsibility to Protect Maintenance and Change of its Policy for Intervention por Liu Tiewa The Pacific Review v 25 v1 2012 p 153-173

Is China Like the Other Permanent Members Governmental and Academic Debates about RtoP by Liu Tiewa in Moacutenica Serrano e Thomas G Weiss (orgs) Rallying to the RtoP Cause The International Politics of Human Rights Routledge 2014 p 148-170

Chinese Strategic Culture and the Use of Force Moral and Political Perspectives por Liu Tiewa Journal of Contemporary China v23 n87 2014 p 556-574

Is Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa is Changing China por Harry Verhoeven The Washington Quarterly vol37 n2 2014 p 55-70

Publicaccedilotildees Selecionadas

37Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

AutoresThorsten BennerGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Sarah Brockmeier Global Public Policy InstituteBerlin Germany

Erna BuraiCentral European UniversityBudapest Hungary

CSR MurthyJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Christopher DaasePeace Research InstituteFrankfurt Germany

J Madhan MohanJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Julian JunkPeace Research InstituteFrankfurt Germany

Xymena KurowskaCentral European UniversityBudapest Hungary

Gerrit KurtzGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Liu TiewaPeking University China

Wolfgang ReinickeGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Philipp RotmannGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Ricardo Soares de OliveiraOxford UniversityUnited Kingdom

Matias SpektorFundaccedilatildeo Getulio VargasRio de Janeiro Brazil

Oliver StuenkelFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Marcos TourinhoFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Harry VerhoevenOxford UniversityUnited Kingdom

Zhang HaibinPeking UniversityChina

Global Public Policy Institute (GPPi)Reinhardtstr 7 10117 Berlin GermanyPhone +49 30 275 959 75-0Fax +49 30 275 959 75-99gppigppinet

gppinetglobalnormsnet

17Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Se as principais controveacutersias globais sobre a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade envolvem (1) o medo do uso abusivo de argumentos humanitaacuterios e (2) como proteger de forma efetiva quais satildeo as opccedilotildees para melhorar as soluccedilotildees globais de proteccedilatildeo O ponto de partida deve ser o reconhecimento de que a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade como um desafio poliacutetico complexo e natildeo somente como algo paliativo enquanto tenta-se resolver um conflito poliacutetico de maiores dimensotildees Qualquer estrateacutegia de proteccedilatildeo deve ser preparada primeiramente a fim de influenciar os caacutelculos poliacuteticos e militares dos perpetradores e deve levar em consideraccedilatildeo os limites de influecircncias externas sobre eventos domeacutesticos Os atores locais tecircm o maior controle sobre a dinacircmica da violecircncia e eacute difiacutecil prever o efeito dominoacute causado pelas accedilotildees externas O foco no curto prazo do conceito de ldquoresposta raacutepida saiacuteda raacutepidardquo eacute portanto um ato irresponsaacutevel quase independente de contexto mesmo que accedilotildees raacutepidas frequentemente sejam necessaacuterias poliacuteticos ativistas jornalistas e acadecircmicos precisam prestar mais atenccedilatildeo agraves poliacuteticas de longo prazo e a seus planejamentos para que sejam adaptadas agraves mudanccedilas

Com base em nossos resultados e anaacutelise apontamos opccedilotildees poliacuteticas para governos a ONU e organizaccedilotildees regionais aleacutem da miacutedia e da sociedade civil com o intuito de melhorar a credibilidade das ferramentas existentes ao fazer com que seu uso na proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade seja menos vulneraacutevel ao abuso e tenha resultados mais efetivos Comeccedilamos com a necessidade de garantir informaccedilotildees e anaacutelises criacuteveis sobre as situaccedilotildees em que crimes de atrocidade satildeo cometidos Depois oferecemos algumas sugestotildees para o fortalecimento das ferramentas disponiacuteveis aos civis para prevenccedilatildeo e resposta a atrocidades e para que as operaccedilotildees de paz da ONU melhorem a proteccedilatildeo de pessoas contra crimes de atrocidade Depois indicamos opccedilotildees de reforma importantes para o processo decisoacuterio coletivo sobre accedilotildees militares e terminamos enfatizando a necessidade de um aprendizado contiacutenuo e colaborativo sobre as ferramentas para prevenccedilatildeo de atrocidades

Reduzindo a Vulnerabilidade das Fontes de Informaccedilatildeo perante Acusaccedilotildees de ParcialidadeAntes mesmo de comeccedilar a considerar formas de lidar com futuras ou atuais atrocidades o mundo precisa chegar a um consenso sobre o que estaacute acontecendo em cada situaccedilatildeo Atualmente a disponibilidade de informaccedilatildeo sobre situaccedilotildees especiacuteficas de crises natildeo eacute mais o principal desafio para que accedilotildees de mobilizaccedilatildeo aconteccedilam

Opccedilotildees Poliacuteticas para Proteccedilatildeo Mais Efetiva e Responsaacutevel

18Global Public Policy Institute (GPPi)

Ainda assim acreditamos que um desafio crucial para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade eacute a acusaccedilatildeo de parcialidade sobre o tipo e a interpretaccedilatildeo das informaccedilotildees sobre atrocidades fornecidas por governos pela miacutedia ou por grupos da sociedade civil A confianccedila nos Estados dominantes e nas instituiccedilotildees internacionais encontra-se em niacuteveis tatildeo baixos que mesmo os casos de atrocidades bem documentados como o ocorrido em Darfur foram considerados por alguns como propaganda intervencionista29

Essa desconfianccedila estaacute na maior parte das vezes direcionada a fontes relacionadas ao ldquoOcidenterdquo Fontes financiadas lideradas ou com suas sedes em paiacuteses ocidentais frequentemente satildeo as mais acessiacuteveis natildeo soacute pelas elites poliacuteticas em capitais longiacutenquas mas tambeacutem por paineacuteis de especialistas e investigaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas em paiacuteses em que natildeo haacute extensiva presenccedila de campo da ONU Quando as fontes locais de informaccedilatildeo claramente natildeo satildeo criacuteveis como na Siacuteria jornalistas tecircm acesso restrito a aacutereas violentas e por algumas vezes todas as outras fontes relevantes vecircm de organizaccedilotildees com sede no Ocidente de organizaccedilotildees locais da sociedade civil que dependem de ajuda ocidental ou de financiamento externo e que tecircm uma temaacutetica antigovernamental especiacutefica ou ainda de profissionais ocidentais que trabalham para a ONU30 Por exemplo o governo chinecircs frequentemente enfatiza que a identificaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo internacional de abusos aos direitos humanos no exterior eacute excessivamente dependente de informaccedilotildees ocidentais e pediu para que houvesse sistemas de alerta precoce mais imparciais31 Especialistas indianos dizem que o desafio natildeo eacute a disponibilidade de informaccedilatildeo mas ldquoa interpretaccedilatildeo e o vieacutes que lhe eacute dadordquo32

Grupos de ativistas e a miacutedia tecircm incentivos para simplificar as narrativas e portanto eacute prudente ter um ceticismo saudaacutevel perante as acusaccedilotildees de atrocidades hediondas Ao mesmo tempo presumir que a verdade estaacute no meio-termo de todas as posiccedilotildees seria permitir que propaganda e maacute informaccedilatildeo determinassem o caminho a seguir Criticar realisticamente as fontes requer engajamento com a informaccedilatildeo em si e natildeo apenas a insinuaccedilatildeo de agendas poliacuteticas com base puramente na localizaccedilatildeo geograacutefica financiamento ou educaccedilatildeo

A fim de oferecer um debate melhor informado sobre potenciais crimes de atrocidade as empresas de comunicaccedilatildeo e filantropos principalmente em potecircncias emergentes devem investir em fontes de informaccedilatildeo e anaacutelise independentes e criacuteveis sobre conflitos e direitos humanosAs alegaccedilotildees de parcialidade (sejam a favor ou contra os governos ou outros atores) crescem quando haacute uma escassez de fontes Aqueles que criticam as fontes de informaccedilatildeo existentes satildeo os que sabem melhor qual fonte de financiamento ou de influecircncia teraacute mais credibilidade portanto eacute dever destas pessoas investir adequadamente Se haacute suspeitas sobre as fontes ocidentais de informaccedilatildeo por parte de governos e elites poliacuteticas fora do Ocidente essas podem ajudar a diversificar a base de apoio para ONGs ativistas e redes de informaccedilotildees globais jaacute existentes ou ateacute mesmo investir em plataformas alternativas de monitoramento e anaacutelise baseadas nos mais altos padrotildees de integridade jornaliacutestica Por enquanto com raras exceccedilotildees o investimento em miacutedias livres e acesso agrave informaccedilatildeo natildeo parece ser uma prioridade entre as elites empresariais emergentes mesmo em potecircncias emergentes democraacuteticas Por outro

19Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

lado agecircncias de notiacutecia estatais frequentemente tecircm dificuldade para estabelecer uma reputaccedilatildeo de integridade jornaliacutestica Satildeo raros os grandes investimentos no relato de crises humanitaacuterias tais como recentemente feito pela Fundaccedilatildeo Jynwel com sede em Hong Kong na agora independente organizaccedilatildeo de noticias IRIN33 Organizaccedilotildees de defesa podem contribuir com a reduccedilatildeo das alegaccedilotildees de parcialidade ao natildeo exporem situaccedilotildees de conflito como se fossem preto-no-branco e ao serem transparentes sobre quem as financiam e apoiam Se apresentarem uma extensa lista de notas e fontes em seus relatoacuterios como feito regularmente pelo International Crisis Group e pela Human Rights Watch eacute dever dos criacuteticos se engajar com essas fontes com base nos fatos

Fortalecer e diversificar as informaccedilotildees sobre os riscos de crimes de atrocidade em massa tambeacutem pode significar estabelecer organizaccedilotildees de sociedade civil regionais dedicadas agrave pesquisa criacutevel e confiaacutevel sobre a prevenccedilatildeo de atrocidades Se verdadeiramente baseadas em sociedades locais tais grupos teriam mais acesso a grupos nacionais e regionais de sociedade civil do que as organizaccedilotildees globais com sede em Nova York ou Genebra Consequentemente suas informaccedilotildees e argumentos mais provavelmente obteriam credibilidade poliacutetica a niacutevel global No curto prazo a massa criacutetica necessaacuteria a esses centros da sociedade civil provavelmente seraacute alcanccedilada na Europa ou na Aacutefrica mas a Ameacuterica Latina (com sua iacutempar accedilatildeo ldquoRede Latino-Americana de Prevenccedilatildeo ao Genociacutedio e Atrocidades em Massardquo a niacutevel governamental) e a Aacutesia tambeacutem podem se desenvolver rapidamente

Os Estados membros a sociedade civil e as organizaccedilotildees regionais devem melhorar as capacidades da ONU de coletar informaccedilotildees e desvendar fatos sobre desafios agrave proteccedilatildeo ao oferecer assistecircncia logiacutestica funcionaacuterios a curto-prazo e fontes locais de informaccedilatildeo Ao mesmo tempo em que organizaccedilotildees regionais satildeo cada vez mais capazes de influenciar o entendimento global sobre suas partes do mundo a sua imparcialidade eacute apenas tatildeo criacutevel quanto a das potecircncias regionais que lideram as suas deliberaccedilotildees As Naccedilotildees Unidas natildeo podem entretanto sempre responder sozinhas agraves demandas por informaccedilotildees imparciais e criacuteveis sobre riscos de atrocidade Os mecanismos das Naccedilotildees Unidas frequentemente dependem tanto de fontes governamentais e privadas devido agrave necessidade de agir rapidamente quanto sofrem com a falta de acesso proacuteprio e independente aos locais de risco Aleacutem disso a ONU tambeacutem jaacute esteve sujeita agrave autocensura e foi forccedilada a romper compromissos poliacuteticos34

Todos os Estados membros da ONU precisam fortalecer os mecanismos de coleta de informaccedilatildeo da instituiccedilatildeo suas comissotildees de inqueacuterito e outros oacutergatildeos correlatos Por exemplo sempre que uma violecircncia em massa comeccedila conforme definido pelo Secretaacuterio Geral a ONU deveraacute enviar uma missatildeo para desvendar os fatos a fim de informar melhor as discussotildees no Conselho de Seguranccedila Isso poderaacute ser baseado em um grupo permanente de especialistas preacute-selecionados e deveraacute envolver as agecircncias da ONU relevantes ao tema especialmente o Escritoacuterio de Coordenaccedilatildeo de Assuntos Humanitaacuterios O Alto Comissariado para Direitos Humanos o Conselheiro Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedios e o Departamento de Assuntos Poliacuteticos35 Estados membros devem contribuir tanto com financiamento quanto com especialistas

20Global Public Policy Institute (GPPi)

treinados para essas missotildees O estabelecimento de regras para a contrataccedilatildeo de pessoal poderia ajudar a deixar processos de seleccedilatildeo o mais transparentes possiacutevel e desta forma melhorar a credibilidade e imparcialidade da descoberta de fatos pela ONU36

Estados membros tambeacutem podem ajudar as Naccedilotildees Unidas na implementaccedilatildeo de sua iniciativa ldquoHuman Rights Up Frontrdquo (em portuguecircs ldquoDireitos Humanos Antes de Tudordquo) atraveacutes do qual o Secretariado estaacute criando um sistema simplificado de gerenciamento de informaccedilotildees para tudo que eacute coletado pelas muitas partes do sistema ONU combinando dados jaacute existentes sobre proteccedilatildeo humanitaacuteria proteccedilatildeo dos direitos humanos proteccedilatildeo de mulheres em conflitos armados e proteccedilatildeo de crianccedilas37 Os Estados membros podem dar apoio agrave ONU ao incluir mais informaccedilotildees de atores bilaterais no local desde que a ONU faccedila os investimentos necessaacuterios para o tratamento de dados sensiacuteveis proteccedilatildeo a testemunhas e referecircncias38

Usando Ferramentas Diplomaacuteticas e Civis De Forma Antecipada Justa e EstrateacutegicaApesar das diferenccedilas em ecircnfases retoacutericas haacute um consenso universal que as atrocidades devem ser prevenidas pelo uso antecipado e sustentaacutevel de uma variedade de ferramentas civis disponiacuteveis agrave comunidade internacional Estatildeo incluiacutedas a diplomacia a mediaccedilatildeo e as missotildees poliacuteticas assim como as sanccedilotildees a justiccedila criminal internacional as accedilotildees humanitaacuterias e as ferramentas de peacebuilding apoacutes crises dentre elas a reconstruccedilotildees das instituiccedilotildees estatais e do Estado de direito

Desde os anos 90 a comunidade internacional aprendeu liccedilotildees importantes sobre o uso dessas ferramentas e vem caminhando para desenvolvecirc-las ainda mais Satildeo visiacuteveis os sucessos na diplomacia preventiva como o ocorrido durante a crise poacutes-eleiccedilotildees no Quecircnia em 200839 quando um negociador de alto niacutevel liderou as conversas tendo apoio politico de oacutergatildeos regionais e de todos os membros do Conselho de Seguranccedila expertise da ONU e engajamento da sociedade civil Ao longo dos uacuteltimos 10 anos houve uma significativa expansatildeo das capacidades de negociaccedilatildeo dentro da ONU e das organizaccedilotildees regionais Missotildees poliacuteticas no Timor Leste ou na Guineacute-Bissau podem ter evitado uma nova onda de violecircncia nesses locais40 Sanccedilotildees seletivas provavelmente ajudaram a controlar pessoas que poderiam atrapalhar as primeiras fases do processo de peacebuilding na Libeacuteria Costa do Marfim e Serra Leoa41 O Tribunal Penal Internacional processou e condenou seus primeiros casos e apoiou importantes reformas nos sistemas de justiccedila criminal em muitos paiacuteses42

Ainda assim a comunidade internacional em inuacutemeras vezes natildeo fez uso das ferramentas civis disponiacuteveis de forma antecipada decisiva e sustentaacutevel O consenso que parece existir para o uso de ferramentas civis antecipadamente e como prioridade se desfaz assim que decisotildees poliacuteticas e priorizaccedilatildeo se fazem necessaacuterias Mudar isso eacute difiacutecil Requer ir aleacutem das caricaturas comuns que culpam apenas os paiacuteses ocidentais por investir pouco ou as potecircncias natildeo-ocidentais por repelir as tentativas de influenciar ou pressionar perpetradores e seus cuacutemplices Natildeo soacute as prioridades e interesses competitivos existem de todos os lados mas o desafio tambeacutem eacute marcado pela profunda incerteza sobre como e quando usar tais ferramentas com quais atores e em qual espaccedilo Natildeo haacute uma soluccedilatildeo uacutenica e faacutecil para prevenccedilatildeo resposta ou recuperaccedilatildeo efetiva

21Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Nosso foco eacute em medidas de curto prazo voltadas para os civis em situaccedilotildees em que haacute alta probabilidade ou jaacute haacute ocorrecircncia de atrocidades 43Descobrimos que haacute quatro aacutereas que devem ser especialmente observadas

Os atores (em particular potecircncias emergentes) que mais pedem por diplomacia ferramentas civis e prevenccedilatildeo antecipada precisam traduzir seu compromisso retoacuterico em vontade poliacutetica e os investimentos necessaacuterios em capacidades e ideiasIr aleacutem da retoacuterica sobre prevenccedilatildeo requer vontade poliacutetica para fazer disso uma prioridade Com muita frequecircncia a prevenccedilatildeo contra crimes de atrocidade vai de encontro a outros objetivos poliacuteticos em uma determinada situaccedilatildeo de crise Algumas vezes esses interesses e prioridades estatildeo em extremos opostos No Sri Lanka por exemplo o governo conseguiu alavancar a imensa preocupaccedilatildeo internacional com o contraterrorismo para evitar pressotildees em relaccedilatildeo aos crimes de guerra perpetrados durante o conflito contra os Tigres de Libertaccedilatildeo do Tacircmil Eelam (LTTE) no comeccedilo de 200944 Em Darfur a accedilatildeo diplomaacutetica internacional para acabar com os crimes de atrocidade teve de competir com a prioridade para um acordo de paz na longa guerra civil Norte-Sul no Sudatildeo e com a colaboraccedilatildeo antiterrorista do governo sudanecircs45

Todavia mesmo com a ausecircncia de grandes interesses conflitantes haacute um espaccedilo entre o apoio abstrato para a proteccedilatildeo de populaccedilotildees contra crimes de atrocidade e a vontade poliacutetica de agir dispor-se financeiramente e assumir riscos proporcionais Um exemplo recente de quando investimentos deveriam ter sido feitos antes e de forma mais substancial eacute o Sudatildeo do Sul ndash uma crise que tambeacutem demonstra como as categorias ldquoocidentaisrdquo contra os ldquodemaisrdquo natildeo satildeo uacuteteis na anaacutelise das posiccedilotildees dos paiacuteses sobre proteccedilatildeo Por motivos diversos tanto os Estados Unidos quanto a China apoiaram fortemente o governo de Salva Kiir ignorando sinais importantes ateacute que essa se tornou uma das facccedilotildees combatentes na nova guerra civil do Sudatildeo do Sul46 Na Repuacuteblica Centro-Africana investimentos preacutevios nas iniciativas legais e nas reformas no setor de seguranccedila poderiam ter sido capazes de evitar que o paiacutes atingisse a atual escala de violecircncia47

Como esses e outros exemplos revelam haacute um grande descompasso entre a retoacuterica que demanda mais ldquosoluccedilotildees poliacuteticas e diplomaacuteticasrdquo ndash como constantemente enfatizado por China Ruacutessia Iacutendia Brasil Aacutefrica do Sul (e tambeacutem pela Alemanha e pela Uniatildeo Europeia) ndash e os recursos poliacuteticos e materiais investidos na busca por tais soluccedilotildees Colocar em praacutetica essas ldquosoluccedilotildees poliacuteticasrdquo requer ao mesmo tempo declaraccedilotildees ocasionais e o estabelecimento de capacidades institucionais para o monitoramento dos direitos humanos monitoramento de longo prazo das eleiccedilotildees mediaccedilatildeo e apoio de pessoas com experiecircncia secircnior que possam ser rapidamente acionadas e a construccedilatildeo de instituiccedilotildees nos setores de justiccedila seguranccedila e correlatas normalmente envolvidas com missotildees poliacuteticas da ONU e de organizaccedilotildees regionais Similarmente o uso de ferramentas coercitivas como sanccedilotildees requer tanto a tomada de decisotildees difiacuteceis quanto investimentos e iniciativas para planejar criativamente e melhorar estas ferramentas a fim de que sejam de fato seletivas justas e legalmente soacutelidas ndash em outras palavras que minimizem os riscos de afetarem as pessoas erradas

22Global Public Policy Institute (GPPi)

de acordo com princiacutepios baacutesicos do direito O Tribunal Penal Internacional precisa do comprometimento poliacutetico e da ratificaccedilatildeo do Estatuto de Roma por algumas das naccedilotildees mais poderosas do mundo Tambeacutem precisa de recursos para continuar acompanhando seus casos No miacutenimo tanto as potecircncias emergentes quanto as jaacute estabelecidas precisam melhorar sua assistecircncia humanitaacuteria para aqueles que fogem da violecircncia Por exemplo Estados membros da ONU cederam menos de 50 por cento dos fundos necessaacuterios para a resposta humanitaacuteria na Siacuteria deixando milhares de pessoas necessitadas em 201448

Os governos devem priorizar a detenccedilatildeo e julgamento dos perpetradores de crimes de atrocidade em suas jurisdiccedilotildees Aleacutem das dificuldades poliacuteticas de se lidar com perpetradores que estatildeo no poder como na Siacuteria ou com perpetradores que estatildeo fora do alcance de Estados falidos como na Repuacuteblica Centro-Africana todos os governos podem fazer mais para sancionar ou julgar esses perpetradores por crimes de atrocidade que de alguma forma estejam em suas jurisdiccedilotildees Prevenir e dar respostas aos crimes de atrocidade significa lidar com as motivaccedilotildees e capacidades de perpetradores individuais antes que cometam crimes Tambeacutem significa puni-los por seus atos49 Aqueles que mantecircm seu dinheiro em bancos multinacionais podem estar sujeitos ao congelamento de seus ativos estejam nos bancos na Europa ou na Aacutesia Aqueles que viajam estatildeo sujeitos agrave recusa de vistos e impedimentos de viagem de modo a impactar suas accedilotildees antes de cometerem ou enquanto cometem atrocidades Leis existentes como nos Estados Unidos permitem que imigrantes sejam deportados se houver provas que os liguem a genociacutedios Paiacuteses podem buscar pessoas procuradas pelo Tribunal Penal Internacional e mudar suas leis ou designar forccedilas policiais para processar os piores crimes de atrocidade independentemente dos locais em que foram cometidos

Com muita frequecircncia a falta de atenccedilatildeo e vontade poliacutetica permite que perpetradores vivam livres e confortavelmente apoacutes terem cometido atrocidades ou ateacute mesmo organizar financiar e apoiar atrocidades em andamento mesmo estando no exterior Isso aconteceu com diversos liacutederes das Forccedilas Democraacuteticas Para a Libertaccedilatildeo de Ruanda (FDLR) um grupo miliciano operando no Congo Eles viveram sem problemas na Alemanha durante quase uma deacutecada antes de serem presos e julgados50 Os Estados Unidos apesar de sua recusa em ratificar o Estatuto de Roma recentemente serviu de exemplo ao aumentar seus esforccedilos na procura por suspeitos de crimes de guerra que moram no paiacutes e ao desenvolver propostas que permitem o uso das leis de imigraccedilatildeo para fazer com que perpetradores de atrocidades paguem por seus crimes51

Poliacuteticos devem dar prioridade ao comportamento atual ao avaliar a legitimidade de atores e julgar todos os atores de um conflito pelos mesmos padrotildees Soacute porque em determinado momento haacute um grupo claramente identificaacutevel como perpetrador de atrocidades natildeo significa que outros grupos sejam e continuaratildeo sendo inocentes de tais atos Violecircncia gera mais violecircncia jaacute que grupos ameaccedilados

23Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

se defendem e continuam combatendo o inimigo A Liacutebia eacute um bom exemplo disso Na primavera de 2011 identificar corretamente o regime de Gaddafi como responsaacutevel por crimes de atrocidade foi a decisatildeo correta ndash mas natildeo evitou que os rebeldes cometessem crimes similares posteriormente previsivelmente em alguns grupos tornando quem os apoiava militarmente cuacutemplices De forma similar em 2014 apoiar as forccedilas curdas Peshmerga era a uacutenica forma de prevenir um massacre contra os Yazidis no Iraque ndash mas aqueles que deram apoio natildeo deveriam silenciar-se perante as posteriores mortes em represaacutelia

A escolha de grupos especiacuteficos como aliados eacute facilmente entendida como arbitraacuteria quando o comportamento atual natildeo justifica apoio internacional Um dos argumentos conflitantes de legitimidade poliacutetica acontece quando atores externos escolhem seus aliados locais de forma inconsistente com suas accedilotildees (algumas vezes favorecendo o regime incumbente) e tal escolha eacute facilmente vista como hipoacutecrita52 Poliacuteticos tambeacutem estatildeo vulneraacuteveis a tais acusaccedilotildees quando satildeo seletivos sobre suas criacuteticas a poderes regionais que armam ou apoiam grupo rebeldes como no caso do silecircncio ocidental sobre o envolvimento da Araacutebia Saudita na Siacuteria

Defensores do R2P e da prevenccedilatildeo de atrocidades em governos ou na sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando pedir a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes

No que diz respeito agrave diplomacia preventiva defensores do R2P e da prevenccedilatildeo contra atrocidades incluindo governos e a sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando e como pedem a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes Em algumas situaccedilotildees o Conselho pode deixar a mediaccedilatildeo mais difiacutecil ao elevar o niacutevel de visibilidade poliacutetica de uma crise Ele pode ajudar mediadores ao dar-lhes mais peso um senso de urgecircncia incentivos e desincentivos (ex com sanccedilotildees seletivas proibiccedilotildees de viagem congelamento de ativos embargo de armas investigaccedilotildees estabelecimento de uma missatildeo poliacutetica) Mas em algumas situaccedilotildees pressatildeo internacional vinda dos mais altos niacuteveis que inclui o papel do Conselho de Seguranccedila pode ser contraproducente Isso pode reforccedilar a urgecircncia de um governo em terminar a guerra a todos os custos como no caso do Sri Lanka no comeccedilo de 200953 ou complicar as negociaccedilotildees para acesso humanitaacuterio como em Mianmar em maio de 200854 Em particular quando os casos lidam com governos que jaacute vecircm sendo excluiacutedos da comunidade internacional foacuteruns e canais mais discretos podem ser mais efetivos na tentativa de influenciar mudanccedilas de comportamento

Possibilitando que as Missotildees de Paz da ONU Ofereccedilam Proteccedilatildeo CriacutevelO peacekeeping eacute um sistema com grande legitimidade global que jaacute evita abusos e comeccedilou a dar ecircnfase agrave Proteccedilatildeo de Civis (PoC) em muitas de suas operaccedilotildees A composiccedilatildeo global e o controle rigoroso por parte do Conselho de Seguranccedila deixa as operaccedilotildees de paz muito mais aceitaacuteveis que qualquer outro instrumento como notavelmente o uso da

24Global Public Policy Institute (GPPi)

forccedila por terceiros segundo um mandato do Conselho de Seguranccedila55 Ao mesmo tempo o peacekeeping soacute eacute capaz de lidar com um nuacutemero limitado de desafios agrave proteccedilatildeo a ausecircncia de mecanismos raacutepidos e efetivos de mobilizaccedilatildeo de implementaccedilatildeo faz com que seja impossiacutevel para peacekeepers da ONU responder a ameaccedilas iminentes de crimes de atrocidade e os requerimentos legais e praacuteticos da colaboraccedilatildeo com o governo local limitam uma accedilatildeo efetiva contra os perpetradores dos crimes de atrocidade que sejam parte ou que recebam apoio do governo Mesmo quando os peacekeepers estavam presentes enquanto crimes de atrocidade eram praticados como na Costa do Marfim em 2011 e no Sudatildeo do Sul em 2013 qualquer prevenccedilatildeo efetiva foi ilusoacuteria E onde uma reaccedilatildeo imediata natildeo obteve sucesso os desafios da proteccedilatildeo efetiva contra crimes em andamento rapidamente excedeu a capacidade dos boinas azuis

As vaacuterias maneiras em que as operaccedilotildees de paz poderiam melhor proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade ao estabelecer capacidades reduzir vulnerabilidade (ldquoproteccedilatildeo indiretardquo) e defender contra perpetradores (ldquoproteccedilatildeo diretardquo) jaacute foram explicitadas em outras oportunidades56 Atingir pelo menos um niacutevel moderado de ambiccedilatildeo para que peacekeepers protejam populaccedilotildees contra crimes de atrocidade requereria investimentos adicionais em capacidade doutrina e treinamento Tambeacutem seria necessaacuteria uma anaacutelise mais seacuteria sobre como combinar de forma efetiva o uso do peacekeeping com instrumentos poliacuteticos

O Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz a lideranccedila da missatildeo e os paiacuteses colaboradores precisam informar de forma modesta e transparente os limites das capacidades da ONU na proteccedilatildeo de civis

O comprometimento bem-vindo e necessaacuterio do Conselho de Seguranccedila com a proteccedilatildeo levou a um nuacutemero excessivo de promessas57 que aumentaram a lacuna entre as expectativas locais e a capacidade das missotildees Quando um mandato para milhares de peacekeepers eacute estabelecido com grande alvoroccedilo mas somente uma fraccedilatildeo chega seis meses depois como no Sudatildeo Sul apoacutes o iniacutecio da uacuteltima guerra civil em dezembro de 2013 ou como quando os peacekeepers se recusaram a tomar medidas enquanto crimes de atrocidade eram cometidos nas redondezas (devido ou natildeo ao apoio ou lideranccedila inadequados) como visto recentemente na RDC ou no Sudatildeo pessoas que se reuacutenem ao redor da bandeira azul na esperanccedila de proteccedilatildeo se tornam mais vulneraacuteveis ao perigo do que se estivessem em outro local De forma geral populaccedilotildees ameaccediladas estatildeo em situaccedilotildees melhores com os peacekeepers do que sem eles mas ainda assim a credibilidade das Naccedilotildees Unidas eacute afetada nestes casos58

Tanto a proteccedilatildeo efetiva quanto a responsaacutevel exigem uma comunicaccedilatildeo honesta e transparente com o puacuteblico e com o Conselho de Seguranccedila sobre as capacidades de cada missatildeo e de cada contingente aleacutem da sua disponibilidade para assumir riscos Quando os diplomatas do Conselho criarem ou derem nova autorizaccedilatildeo a outro ambicioso mandato para a proteccedilatildeo de civis eles precisam ser formalmente informados das capacidades e requerimentos que seratildeo necessaacuterios

25Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

A proteccedilatildeo por parte dos peacekeepers requer um salto de qualidade das contribuiccedilotildees para as operaccedilotildees dos boinas azuis e isso exige que o Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz as tropas a poliacutecia e os colaboradores financeiros encontrem uma divisatildeo do trabalho mais justa e equilibradaO equiliacutebrio fraacutegil entre aqueles que contribuem com tropas (em sua maioria da Aacutefrica e da Aacutesia) financiadores (em sua maioria da Europa e Ameacuterica do Norte) e os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila da ONU que emitem mandatos estaacute proacuteximo de se desfazer A insustentaacutevel divisatildeo de trabalho em peacekeeping natildeo eacute uma questatildeo dos ocidentais contra os demais Muitos paiacuteses africanos cansados dos muitos anos de tentativas frustradas de instauraccedilatildeo da paz no continente pelas potecircncias externas cada vez mais requerem e apoiam o uso de forccedila militar para proteger civis e conceder mais tempo para as negociaccedilotildees de paz Por outro lado paiacuteses que tradicionalmente contribuem com muitas tropas estatildeo cada vez mais reticentes em ameaccedilar a vida de seus soldados em locais distantes ndash especialmente aqueles paiacuteses como a Iacutendia cujo papel emergente no mundo criou expectativas de exercer influecircncia sobre escolhas estrateacutegicas que ateacute agora se mantiveram no domiacutenio exclusivo dos membros permanentes Isso tudo combinado com a austeridade imposta agraves forccedilas armadas mais desenvolvidas impossibilitando aumentar suas contribuiccedilotildees de ativos-chave ndash que poderia reduzir os riscos aos boinas azuis ndash vem deixando muitos paiacuteses em desenvolvimento cada vez mais impacientes com um sistema que natildeo funciona mais para eles

Para avanccedilar na prevenccedilatildeo de crimes de atrocidade economias desenvolvidas e em desenvolvimento precisatildeo aumentar os recursos disponibilizados para as missotildees de paz da ONU mas o dever principal de balancear o desequiliacutebrio atual estaacute nas matildeos de paiacuteses com capacidades avanccediladas Eles precisam disponibilizar forccedilas militares e ativos poliacuteticos que satildeo chaves para limitar o risco de todos os boinas azuis e aumentar o custo-benefiacutecio e a eficaacutecia do peacekeeping Isso inclui drones de vigilacircncia veiacuteculos anti-minas hospitais militares evacuaccedilatildeo meacutedica aeacuterea apoio de combate aeacutereo transporte aeacutereo taacutetico equipamentos anti-explosivos e outras tecnologias avanccediladas59

Contudo natildeo satildeo somente paiacuteses da Europa e da Ameacuterica do Norte que disponibilizam pouquiacutessimas tropas e deixam a desejar em suas contribuiccedilotildees (os europeus por exemplo respondem por menos de 7 por cento das tropas de peacekeeping da ONU e menos de 4 por cento das tropas policiais da organizaccedilatildeo60 A Iacutendia tem demonstrado apoio duradouro e extensivo ao peacekeeping ndash uma rara exceccedilatildeo entre paiacuteses com pretensotildees de lideranccedila regional ou global Outros paiacuteses deveriam pensar em seguir o recente exemplo da China e aumentar o nuacutemero de tropas policiais ou civis qualificados disponibilizados agrave ONU Por exemplo o Brasil mesmo com sua lideranccedila no Haiti ainda oferece menos pessoal que os pequenos Togo e Burkina Faso

26Global Public Policy Institute (GPPi)

Todos os membros do Conselho de Seguranccedila e colaboradores do peacekeeping deveriam aumentar a orientaccedilatildeo conceitual o treinamento e a construccedilatildeo de capacidade para a proteccedilatildeo de civis contra crimes de atrocidade

Tanto o desenvolvimento de estrateacutegias poliacuteticas quanto o uso da forccedila para proteccedilatildeo taacutetica de civis carecem grandemente de fundamentos conceituais soacutelidos com a qual qualquer outro tipo de operaccedilatildeo militar pode contar Os desafios poliacuteticos policiais e militares da proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade natildeo recebem a atenccedilatildeo conceitual e os recursos para treinamento adequados em quase todos os paiacuteses61 Natildeo eacute surpreendente que liacutederes de missatildeo e comandantes de tropas operem hoje em dia com base na tentativa e erro sem que haja uma orientaccedilatildeo ou doutrina clara Da mesma forma os membros do Conselho ndash em especial os natildeo-permanentes ndash satildeo forccedilados a tomar decisotildees difiacuteceis sobre a proteccedilatildeo de civis sem que tenham acesso a um oacutergatildeo de anaacutelise poliacutetico-militar sobre quais seriam as consequecircncias de tais accedilotildees A ausecircncia de conceitos claros e amplamente difundidos sobre as formas praacuteticas de proteccedilatildeo (para aleacutem das Zonas de exclusatildeo aeacuterea) contribuem para o estereoacutetipo muacutetuo e suspeitas de motivos escusos

Os Estados Unidos deveriam continuar a expansatildeo da sua Iniciativa Global de Operaccedilotildees de Paz (GPOI na sigla em inglecircs) e sua Parceria Africana de Resposta Raacutepida para Manutenccedilatildeo da Paz que apoiam e reforccedilam a capacidade de outros paiacuteses de treinar e manter competecircncias para a manutenccedilatildeo da paz Ambos os casos deveriam dar mais atenccedilatildeo agraves forccedilas militaresx mais frequentemente usadas no peacekeeping No futuro treinamentos e exerciacutecios da GPOI e outros deveriam incluir especificamente diferentes aspectos de proteccedilatildeo a civis 62 De forma similar a estes programas estadunidenses a Uniatildeo Europeia os governos europeus e de outros locais que possuem forccedilas armadas com tal capacidade deveriam oferecer os treinamentos e equipamentos mais modernos para os colaboradores das operaccedilotildees de paz Isso poderia criar incentivos para que unidades treinadas e equipadas efetivamente trabalhem em conjunto com a ONU a Uniatildeo Africana e as forccedilas sub-regionais na proteccedilatildeo de civis ndash no caso da UE ao novamente dar ecircnfase e expandir a Enable and Enhance Initiative

Usar a avaliaccedilatildeo atual das operaccedilotildees de paz da ONU para construir um consenso entre todas as partes interessadas (Conselho de Seguranccedila e Secretariado assim como colaboradores financeiros de tropas ou de poliacutecia) sobre o uso da forccedila somente para apoiar ndash e nunca substituir ndash uma estrateacutegia poliacutetica para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade e para planejar mandatos e operaccedilotildees adequadamente Como parte do diaacutelogo necessaacuterio sobre a utilidade do uso da forccedila a atual avaliaccedilatildeo das operaccedilotildees de paz da ONU oferece uma oportunidade de reconstruir uma linguagem comum sobre o peacekeeping seus princiacutepios e conceitos baacutesicos suas ambiccedilotildees e desafios para as tarefas de proteccedilatildeo das missotildees da ONU especialmente no que diz respeito ao uso da forccedila Os princiacutepios de consentimento imparcialidade e neutralidade atualizados no Relatoacuterio Brahimi para permitir que peacekeepers ajam contra os violadores dos acordos de paz e perpetradores de atrocidades mais uma vez satildeo distorcidos ou parecem irrelevantes em muitas operaccedilotildees A maioria dos peacekeepers

27Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

de hoje servem em situaccedilotildees de conflito ativo como no Mali ou na Repuacuteblica Centro-Africana Peacekeepers da ONU estatildeo conduzindo operaccedilotildees de combate ativo na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Em outros locais os acordos de deacutecadas atraacutes que deram origem a uma missatildeo natildeo incluem as partes que atualmente ameaccedilam ou sequestram peacekeepers como nas Colinas de Golatilde

Enquanto eacute inevitaacutevel que haja certa ambiguidade sobre os princiacutepios o uso ativo da forccedila para proteger civis soacute eacute capaz de apoiar mas nunca substituir uma estrateacutegia poliacutetica63 Onde natildeo haacute uma estrateacutegia poliacutetica realista para chegar agrave paz deve haver pelo menos uma para limitar os riscos aos civis ndash se necessaacuterio um plano que inclua o apoio de forccedilas militares da ONU como na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Estas questotildees devem ser discutidas de forma honesta pelas partes interessadas nas operaccedilotildees de paz da ONU O abismo que separa as partes nestas discussotildees natildeo estaacute entre os ocidentais que apoiam o uso de mais forccedila e os opositores natildeo-ocidentais Atualmente isso acontece entre paiacuteses que contribuem com muitas tropas como Iacutendia e Paquistatildeo preocupados com o aumento dos riscos agraves suas tropas e uma coalisatildeo mais intervencionista de paiacuteses africanos e europeus ocidentais64

A Tomada de Decisotildees sobre Accedilotildees MilitaresO atual sistema de seguranccedila coletiva que tem o Conselho de Seguranccedila na ONU como peccedila central natildeo estaacute agrave altura da tarefa de prover proteccedilatildeo efetiva e responsaacutevel O Conselho eacute incapaz de agir de forma efetiva quando alguns interesses geopoliacuteticos colidem como no caso da Siacuteria Mas ele fracassa ateacute mesmo em situaccedilotildees em que o abuso do argumento humanitaacuterio natildeo estaacute na pauta e os interesses de membros-chave do Conselho estatildeo alinhados ndash como no caso da Repuacuteblica Centro-Africana ou do Sudatildeo do Sul Um Conselho que tem o poder de estabelecer mandatos mobilizar proteccedilatildeo efetiva e limitar o medo do uso abusivo de argumentos humanitaacuterios precisaria ouvir os maiores atores poliacuteticos do mundo moderno os paiacuteses que contribuem com tropas e os financiadores

Tanto a composiccedilatildeo quanto os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila da ONU refletem a ordem mundial dos anos 1940 A fim de manter a credibilidade do sistema de seguranccedila coletiva restaurar a legitimidade do Conselho de Seguranccedila eacute uma questatildeo urgente e de interesse dos cinco membros permanentes Todavia mesmo estando bem fundadas em termos de justiccedila global e em prospectos de longo prazo para a governanccedila global as propostas jaacute existentes para uma expansatildeo do Conselho ou um papel mais proeminente da Assembleia Geral em assuntos de seguranccedila provavelmente natildeo contribuiratildeo para uma proteccedilatildeo mais efetiva contra crimes de atrocidade

Visando o 70o aniversaacuterio da ONU neste ano nossas sugestotildees datildeo ecircnfase agraves mudanccedilas procedimentais e natildeo estruturais do Conselho de Seguranccedila

28Global Public Policy Institute (GPPi)

Os cinco membros permanentes do Conselho de Seguranccedila deveriam dar mais apoio a processos decisoacuterios inclusivos dentro do Conselho e abrir canais informais de consulta sobre mandatos estrateacutegias e operaccedilotildees para todas as partes cruciais em especial potecircncias regionais e grandes colaboradores de pessoal Os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila na ONU limitam severamente seu senso de imparcialidade perante os olhos do mundo Na maioria das crises na Aacutefrica o chamado ldquopenholderrdquo ndash isto eacute o paiacutes responsaacutevel pelo rascunho das resoluccedilotildees do Conselho ndash eacute o antigo Estado colonizador ou os Estados Unidos65 Mesmo sendo uacutetil por dar uma continuidade ao longo dos anos esta organizaccedilatildeo e as relaccedilotildees internas resultantes entre os membros permanentes efetivamente excluem os membros natildeo-permanentes da maior parte das negociaccedilotildees informais onde as decisotildees mais importantes satildeo tomadas

Para que haja uma forma menos exclusiva de tomar decisotildees o precisaria de atores adicionais tanto dentro quanto fora das regiotildees relevantes para desenvolver as capacidades analiacutetica e poliacutetica de cogerenciar de forma construtiva o engajamento do Conselho e as operaccedilotildees de paz ao inveacutes de soacute defender seus proacuteprios interesses Os Estados membros e as organizaccedilotildees da sociedade civil tambeacutem devem continuar as discussotildees sobre um coacutedigo de conduta para limitaccedilatildeo voluntaacuteria do poder de veto em situaccedilotildees de crimes de atrocidade como proposto pelo governo francecircs66

Aleacutem dos procedimentos internos os membros do Conselho devem continuar expandindo as interaccedilotildees informais com as partes relevantes incluindo paiacuteses vizinhos e aqueles que contribuem com pessoal para as operaccedilotildees de paz Isso natildeo precisa se limitar a trocas diplomaacuteticas formais a fim de aumentar a qualidade e aceitaccedilatildeo dos mandatos de peacekeeping os paiacuteses responsaacuteveis pelo rascunho do mandato poderiam incluir a colaboraccedilatildeo de especialistas dos paiacuteses que contribuem com grande nuacutemero de tropas ou de policiais como por exemplo antigos comandantes de tropa ou chefes de poliacutecia67

Atores com credibilidade para fazer conexotildees no debate polarizado sobre intervenccedilatildeo militar devem facilitar os esforccedilos informais para desenvolver um sistema de monitoramento e informaccedilatildeo mais rigoroso para Estados que aderirem agraves missotildees com mandatos da ONUO conceito de Responsabilidade ao Proteger (RwP na sigla em inglecircs) eacute uma das iniciativas mais promissoras para lidar com os desacordos globais sobre o uso abusivo da Responsabilidade de Proteger Quando apresentado pelo Brasil no final de 2011 tal conceito ofereceu uma oportunidade de debate sobre o que poderia ser proteccedilatildeo efetiva e qual deveria ser o papel do uso da forccedila nessa proteccedilatildeo apoacutes a intervenccedilatildeo na Liacutebia quando essas discussotildees estavam extremamente polarizadas68 Apoacutes essa experiecircncia eacute muito improvaacutevel que o Conselho de Seguranccedila futuramente aprove uma resoluccedilatildeo autorizando o uso de forccedilas externas para a proteccedilatildeo com termos tatildeo amplos Com isso a implementaccedilatildeo de algumas ideias da proposta do RwP eacute de interesse de todos os Estados que acreditam que a forccedila deve ser uma ferramenta de uacuteltimo caso disponiacutevel

29Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

agrave comunidade internacional Discussotildees mais profundas satildeo necessaacuterias sobre os criteacuterios e condiccedilotildees considerados para que o Conselho use a forccedila para proteger populaccedilotildees Mesmo que a discussatildeo sobre criteacuterios para o uso da forccedila seja tatildeo antiga quanto a discussatildeo sobre intervenccedilatildeo humanitaacuteria69 todos os Estados membros se beneficiariam de um debate aberto sobre os sucessos e fracassos do uso da forccedila no passado e suas implicaccedilotildees no futuro como supracitado Outra questatildeo mais praacutetica diz respeito a como aumentar a habilidade do Conselho de monitorar aqueles que aderem e executam suas decisotildees Uma sugestatildeo concreta seria adotar elementos do sistema de peacekeeping como relatoacuterios e reuniotildees instrutivas regulares sobre a situaccedilatildeo das delegaccedilotildees para o uso da forccedila por terceiros As resoluccedilotildees poderiam incluir expliacutecitas claacuteusulas de caducidade que obrigariam a aprovaccedilatildeo da extensatildeo do mandato pelo Conselho de Seguranccedila e requerimentos de relatoacuterio regulares e especiacuteficos por parte daqueles Estados membros que aderirem e executarem as decisotildees do oacutergatildeo70 Outra sugestatildeo seria a criaccedilatildeo de mecanismos de responsabilizaccedilatildeo e monitoramento ao criar paineacuteis de especialistas quando os mandatos do Conselho incluiacuterem o uso da forccedila conforme modelo dos comitecircs de sanccedilotildees da ONU Relatoacuterios de comitecircs independentes como esses podem dar origem a uma praacutetica-padratildeo e contribuir para a melhora da qualidade nas decisotildees do Conselho ao longo do tempo seja antes durante ou depois das operaccedilotildees militares71

Potecircncias emergentes e jaacute estabelecidas podem fazer sua parte no avanccedilo das discussotildees sobre as questotildees colocadas pelo RwP Tanto a iniciativa oficial do Brasil quanto a ideia de ldquoProteccedilatildeo Responsaacutevelrdquo colocada por um reconhecido especialista chinecircs72 poderiam ser pontos de partida para discussotildees mais especiacuteficas e operacionais tanto entre os BRICS quanto entre os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila73 Ao inveacutes de rejeitar tais conceitos como sendo ataques agrave Responsabilidade de Proteger as potecircncias ocidentais deveriam ver essas iniciativas como uma oportunidade para um debate construtivo sobre como proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade74

Inserindo a Reflexatildeo e o Aprendizado Constantes em cada Ferramenta PoliacuteticaAinda que haja muita experiecircncia estabelecida com fracassos terriacuteveis e os poucos sucessos qualificados natildeo haacute uma base de conhecimento confiaacutevel sobre como proteger pessoas contra crimes de atrocidade Em geral governos e organizaccedilotildees internacionais continuam tratando cada crise como sendo uacutenica dando pouca atenccedilatildeo agrave reflexatildeo contiacutenua ao aprendizado e agrave adaptaccedilatildeo das poliacuteticas conforme as situaccedilotildees evoluem Os acadecircmicos jaacute aprenderam bem mais sobre o que natildeo funciona em algumas condiccedilotildees do que sobre o que poderia melhorar ndash por um lado porque cada intervenccedilatildeo poliacutetica acontece com contexto proacuteprio e por outro porque resultam de incentivos acadecircmicos e dificuldades de acesso a dados

30Global Public Policy Institute (GPPi)

Governos organizaccedilotildees internacionais sociedade civil e acadecircmicos precisam projetar poliacuteticas que sejam mais adaptaacuteveis ao conhecimento em evoluccedilatildeo e agrave avaliaccedilatildeo de riscos com base em oportunidades internas para reflexatildeo e aprendizado contiacutenuos e colaborativosEnquanto ainda haacute urgecircncia para que medidas sejam tomadas agir de forma responsaacutevel perante tanta incerteza pede que sejamos menos confiantes em nossa habilidade de determinar a melhor poliacutetica possiacutevel para cada situaccedilatildeo Poliacuteticos ativistas e intelectuais devem ser honestos consigo mesmos e transparentes com aqueles que mais sofrem com os impactos dessas poliacuteticas Natildeo haacute soluccedilotildees que tenham sido testadas e comprovadas Tudo que podemos fazer eacute tentar identificar a forma mais responsaacutevel de desenvolver cada caso enquanto nos mantemos preparados e prontos para reagir rapidamente a mudanccedilas e melhorar nossa gama de poliacuteticas instrumentais Este processo experimental de decisatildeo poliacutetica precisa ser constantemente monitorado e avaliado de forma autocriacutetica tanto interna quanto externamente atraveacutes do diaacutelogo franco e honesto entre profissionais sociedades e especialistas externos em todos os niacuteveis desde o monitoramento e avaliaccedilatildeo ateacute os debates mais amplos de poliacutetica puacuteblica sobre a eficaacutecia da forccedila militar e da diplomacia coercitiva na prevenccedilatildeo e resposta a crimes de atrocidade

31Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

1 Como a Genocide Prevention Task Force em um painel fechado de alto-niacutevel nos Estados Unidos apropriadamente argumentou em 2008 Genocide Prevention Task Force lsquoPreventing Genocide A Blueprint for US Policymakersrsquo (Washington DC The American Academy of Diplomacy US Holocaust Memorial Museum US Institute for Peace 2008) Veja tambeacutem Ruben Reike Serena Sharma e Jennifer Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo (Australian Civil-Military Centre e Oxford Institute for Ethics Law and Armed Conflict 2013) 6ff

2 Michael Ignatieff lsquoThe Libya Case a Teachable Momentrsquo Suddeutsche Zeitung Special Supplement http wwwamericanacademydesitesdefaultfilesuploadMSC202012pdf 3 de fevereiro de 2012 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 David Bosco lsquoAbstention Games on the Security Councilrsquo Foreign Policy httpforeignpolicy com20110317abstention-games-on-the-security-council 17 de marccedilo de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

3 Kofi A Annan lsquoTwo Concepts of Sovereigntyrsquo The Economist httpwwweconomistcomnode324795 16 de setembro de 1999 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

4 Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Conflict Security and Development 144 2014 Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

5 Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

6 Rosa Brooks lsquoThe UN Security Council and Civilian Protectionrsquo in Jared Genser e Bruno Ugarte eds The UN Security Council in the Age of Human Rights (New York Cambridge University Press 2013) 12 Sobre a base global para as normas de proteccedilatildeo veja Charles Sampford lsquoA Tale of Two Normsrsquo em Angus Francis Vesselin Popovski e Charles Sampford eds Norms of Protection Responsibility to Protect Protection of Civilians and Their Interaction (United Nations University Press 2012) Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

7 Para uma visatildeo geral do posicionamento do Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia e Aacutefrica do Sul sobre R2P veja os artigos na ediccedilatildeo especial de Conflict Security and Development Brockmeier Kurtz e Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Jaganathan e Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Julian Junk lsquoThe Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Xymena Kurowska lsquoMultipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Lui Tiewa e Zhang Haibin lsquoDebates in China About the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessmentrsquo Conflict Security and Development 2014 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Verhoeven Murthy e Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang Reinicke lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo ediccedilatildeo especial (144) de Conflict Security and Development (London Taylor amp Francis 2014)

8 CSR Murthy e Gerrit Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo Global Society em revisatildeo

9 Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo Global Society em revisatildeo Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo Global Society em revisatildeo

10 Judi Atkins Justifying New Labour Policy (Houndmills Basingstoke Hampshire New York Palgrave Macmillan 2011) 163 Veja por exemplo Stuenkel e Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Erna Burai lsquoParody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian Warrsquo Global Society em revisatildeo

Notas

32Global Public Policy Institute (GPPi)

11 Roland Paris lsquoThe ldquoResponsibility to Protectrdquo and the Structural Problems of Preventive Humanitarian Interventionrsquo International Peacekeeping 215 2014 4

12 Ramesh Thakur lsquoR2Prsquos ldquoStructuralrdquo Problems A Response to Roland Parisrsquo International Peacekeeping 2015 5

13 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

14 Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo Global Society em revisatildeo

15 Julian Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo Global Society em revisatildeo Julian Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo Global Society em revisatildeo

16 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

17 Erna Burai lsquoAfrican Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Groundrsquo Global Society em revisatildeo

18 Ambos os debates em torno das propostas brasileiras de Responsabilidade ao Proteger e o Diaacutelogo Interativo Informal da Assembleia Geral sobre Responsabilidade de Proteger e ldquoAccedilatildeo oportuna e decisivardquo em 2012 constituiacuteram tentativas de defensores de R2P se envolverem em discussotildees sobre o uso da forccedila e R2P Para acessar uma coleccedilatildeo de discursos durante a Assembleia Geral de 2012 veja httpwwwglobalr2porgresources278

19 Sarah Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo em Mary Kaldor e Iavor Rangelov eds The Handbook of Global Security Policy (Chichester West Sussex Wiley Blackwell 2014) 225

20 Alastair Iain Johnston lsquoThinking About Strategic Culturersquo International Security 194 1995 46

21 Pessimismo sobre a eficaacutecia da forccedila no entanto natildeo eacute o mesmo de promover a natildeo-violecircncia Alguns dos maiores defensores do ceticismo em relaccedilatildeo agraves forccedilas militares para proteccedilatildeo frequentemente recorrem a forccedilas militares ou quase militares no acircmbito domeacutestico

22 Otto Bakkano lsquoAU Pushes for Ceasefire Political Solution in Libyarsquo Mail amp Guardian httpmgcoza article2011-05-26-au-pushes-for-ceasefire-political-solution-in-libya 26 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Guido Westerwelle lsquoBundesminister Westerwelle Statement vom 25032011 zu Syrien Jemen Israel und dem Gaza-Streifen Sowie Libyenrsquo Auswartiges Amt httpwwwbrasildiplodeVertretung brasiliende07__AussenpolitikReden_20des_20Au_C3_9FenministersStatemente_20Syrienhtml 25 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

23 Barack Obama David Cameron e Nicolas Sarkozy lsquoLibyarsquos Pathway to Peacersquo The International Herald Tribune httpwwwnytimescom20110415opinion15iht-edlibya15html 15 de abril de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Reuters lsquoKerry Insists No Place for Assad in Syriarsquos Futurersquo Reuters httpwwwreuters comarticle20140117us-syria-crisis-kerry-idUSBREA0G14A20140117 17 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

24 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

25 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

26 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

27 Kersti Larsdotter lsquoExploring the Utility of Armed Force in Peace Operations German and British Approaches in Northern Afghanistanrsquo Small Wars and Insurgencies 193 2008 Taylor B Seybolt Humanitarian Military Intervention The Conditions for Success and Failure (Oxford Oxford University Press 2008) Rupert Smith The Utility of Force The Art of War in the Modern World (London Allen Lane 2005) Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

28 UN Department of Peacekeeping Operations e UN Department of Field Support lsquoOperational Concept on the Protection of Civilians in United Nations Peacekeeping Operationsrsquo (New York 2010) Sarah Sewall Dwight Raymond e Sally Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook (Cambridge MA Harvard Kennedy School 2010)

29 Harry Verhoeven documenta o exemplo de um diplomata chinecircs que ldquopensava que o Ocidente tinha inventado os Janjaweed [miliacutecias proacute- governo em Darfur] como uma desculpa para intervir Mas eles eram de verdade e matavam pessoasrdquo Harry Verhoeven lsquoIs Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa Is Changing Chinarsquo The Washington Quarterly 372 2014 64

33Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

30 BS Chimni lsquoFor Epistemological and Prudent Internationalismrsquo Harvard Law School Human Rights Journal novembro 2012 Greg Simons lsquoThe International Crisis Group and the Manufacturing and Communicating of Crisesrsquo Third World Quarterly 354 2014 Ramesh Thakur lsquoIs the United Nations Racistrsquo The Hindu httpwwwthehinducomopinionleadis-the-united-nations-racistarticle4928624ece 19 de julho de 2013 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

31 Ambassador Liu Zhenmin lsquoStatement by Ambassador Liu Zhenmin at the Plenary Session of the General Assembly on the Question of ldquoResponsibility to Protectrdquorsquo httpresponsibilitytoprotectorgStatement20 by20Ambassador20Liu20Zhenminpdf 24 de julho de 2009 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Zhang Haibin e Lui Tiewa lsquoRealizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and Thereafterrsquo Global Society em revisatildeo

32 Conversa com uma seacuterie de especialistas indianos em evento na Jawaharlal Nehru University (Nova Deacuteli Iacutendia) no dia 21 de Janeiro de 2015

33 IRIN lsquoA New Start for Crisis Reportingrsquo IRIN httpnewirinirinnewsorgpress-release 20 de novembro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34 Veja por exemplo Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoReport of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on United Nations Action in Sri Lankarsquo (New York United Nations 2012)

35 Um bom exemplo foi o briefing do Assessor Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedio para o Conselho de Seguranccedila da ONU depois de sua visita agrave Repuacuteblica Centro-Africana no dia 22 de janeiro de 2014 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoThe Statement of under Secretary-GeneralSpecial Adviser on the Prevention of Genocide Mr Adama Dieng on the Human Rights and Humanitarian Dimensions of the Crisis in the Central African Republicrsquo httpwwwunorgenpreventgenocideadviserpdfSAPG20Statement20at20UNSC20 on20the20situation20in20CAR-202220Jan202014pdf 22 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

36 Morten Bergsmo Quality Control in Fact-Finding (Florence Torkel Opsahl Academic EPublisher 2013) 210

37 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoRights up Front A Plan of Action to Strengthen the UNrsquos Role in Protecting People in Crises Follow-up to the Report of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on UN Action in Sri Lankarsquo (New York 2013)

38 Veja tambeacutem futura publicaccedilatildeo do GPPi Gerrit Kurtz lsquoA New Tool for Civilian Protection - the Human Rights up Front Initiative of the United Nationsrsquo GPPi Policy Brief futura publicaccedilatildeo

39 Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo

40 Jose Ramos-Horta lsquoIndia Right in Asking for More Say in Peacekeeping Operations-Related Decisions Top UN Panel Chiefrsquo Hindustan Times httpwwwhindustantimescomindia-newsindia-right-in-asking- for-more-say-in-peacekeeping-operations-related-decisions-top-un-panel-chiefarticle1-1314354aspx 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 13 de marccedilo de 2015

41 Thomas Biersteker et al lsquoThe Effectiveness of UN Targeted Sanctions - Findings from the Targeted Sanctions Consortium (TSC)rsquo The Graduate Institute Geneva 2013

42 Kirsten Ainley lsquoThe Responsibility to Protect and the International Criminal Court Counteracting the Crisisrsquo International Affairs 911 2015

43 Para distinccedilatildeo entre atividades ldquosistecircmicasrdquo e ldquodirecionadasrdquo veja Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

44 Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo Global Society em revisatildeo

45 Verhoeven e Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo 8 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann lsquoSchutz und Verantwortung Uber die US- Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltatenrsquo (2013)

46 Mike Brand lsquoEmploying lsquoPreventionrsquo to Prevent Mass Atrocitiesrsquo Saferworld httpwwwsaferworldorguk news-and-viewscomment123-employing-apreventiona-to-prevent-mass-atrocities 25 de fevereiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Warren Strobel e Louis Charbonneau lsquoUS Was Slow to Lose Patience as South Sudan Unraveledrsquo Reuters 14 de janeiro de 2014

47 Adam Lupel lsquoUN Adviser on Prevention of Genocide ldquoWe Have to Make Sure the Security Council Actsrdquorsquo httptheglobalobservatoryorg201404un-adviser-on-prevention-of-genocide-we-have-to-make-sure- security-council-acts 28 de abril de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34Global Public Policy Institute (GPPi)

48 Office for the Coordination of Humanitarian Affairs lsquoHumanitarian Bulletin Syriarsquo Humanitarian Bulletin Issue 53 httpreliefwebintsitesreliefwebintfilesresourcesBulletin_no_53_17032015_final_01pdf 1 de fevereiro - 18 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

49 Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

50 Human Rights Watch lsquoGermany QampA on Trial of Two Rwandan Rebel Leadersrsquo httpwwwhrworgde news20110502germany-qa-trial-two-rwandan-rebel-leaders 2 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 23 de marccedilo de 2015

51 Eric Lichtblau lsquoUS Seeks to Deport Bosnians over War Crimesrsquo New York worldus-seeks-to-deport-bosnians-over- Times httpwwwnytimescom20150301war-crimeshtml 28 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

52 Para um argumento similar observando o envolvimento internacional com a Liacutebia em 2015 veja International Crisis Group lsquoLibya Getting Geneva Rightrsquo International Crisis Group Middle East and North Africa Report Nr 157 2015

53 Kurtz e Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo

54 Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo

55 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

56 Alex J Bellamy e Charles T Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo (Asia- Pacific Centre for the Responsibility to Protect 2010) Alex J Bellamy The Responsibility to Protect A Defense (Oxford Oxford University Press 2014)

57 Ashley Jackson lsquoProtecting Civilians The Gap between Norms and Practicersquo (Humanitarian Policy Group 2014)

58 Isso jaacute foi escrito em 2009 no relatoacuterio ldquoNew Horizonrdquo do DPKO ldquoO descompasso entre expectativas e capacidade de promover proteccedilatildeo abrangente criou um significante desafio de credibilidade para as operaccedilotildees de paz da ONUrdquo Department of Peacekeeping Operations lsquoA New Partnership Agenda Charting a New Horizon for UN Peacekeepingrsquo (New York 2009) 20

59 Compare United Nations lsquoFinal Report of the Expert Panel on Technology and Innovation in UN Peacekeepingrsquo httpwwwperformancepeacekeepingorgofflinedownloadpdf 22 de dezembro de 2014

60 Compare United States Mission to the United Nations lsquoRemarks on Peacekeeping in Brussels by Samantha Power US Permanent Representative to the United Nationsrsquo httpusunstategovbriefing statements238660htm 9 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

61 Bellamy and Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo 23-24 Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

62 Isso poderia se basear no Mass Atrocities Response Operations project do US Armyrsquos Peacekeeping and Stability Operations Institute e do Harvard Kennedy Schoolrsquos Carr Center for Human Rights Veja Sewall Raymond e Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook

63 Mats Berdal e David H Ucko lsquoThe United Nations and the Use of Force Between Promise and Perilrsquo Journal of Strategic Studies 375 2014

64 Veja tambeacutem os resultados de um projeto do SIPRI sobre o futuro das operaccedilotildees de paz Jair van der Lijn e Xenia Avezov lsquoThe Future Peace Operations Landscape - Voices from Stakeholders around the Globe - Final Report of the New Geopolitics of Peace Operations Initiativersquo Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) janeiro de 2015

65 Security Council Report lsquoChairs of Subsidiary Bodies and Penholders for 2015rsquo httpwwwsecuritycouncilreportorgmonthly-forecast2015-02chairs_of_subsidiary_bodies_and_penholders_ for_2015php 30 de janeiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

66 Gareth Evans lsquoLimiting the Security Council Vetorsquo Project Syndicate httpwwwproject-syndicateorg commentarysecurity-council-veto-limit-by-gareth-evans-2015-02 4 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Kofi Annan e Gro Harlem Brundtland lsquoFour Ideas for a Stronger UNrsquo The New York Times httpwwwnytimescom20150207opinionkofi-annan-gro-harlem-bruntland-four-ideas-for-a-stronger- unhtml_r=0 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

67 Conversa com ex-comandantes militares Nova Deacuteli janeiro de 2015

68 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

35Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

69 Ibid Murthy e Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo

70 Compare tambeacutem com Bellamy The Responsibility to Protect A Defense 200

71 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

72 Ruan Zongze lsquo阮宗泽中国应倡导ldquo负责任的保护rdquo- ( China deveria defender a Proteccedilatildeo Responsaacutevel)rsquo Global Times (ediccedilatildeo chinesa) httpopinionhuanqiucom11522012-032501163html uacuteltimo acesso em 7 de marccedilo de 2012

73 Andrew Garwood-Gowers lsquoChinarsquos ldquoResponsible Protectionrdquo Concept Re-Interpreting the Responsibility to Protect (R2P) and Military Intervention for Humanitarian Purposesrsquo Asian Journal of International Law disponiacutevel em CJO2015 2015

74 Thorsten Benner lsquoBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiativersquo GPPi Working Paper Series 2013

36Global Public Policy Institute (GPPi)

Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang 4 n 4 2014) A ediccedilatildeo especial conteacutem os seguintes artigos todos disponiacuteveis gratuitamente online Introduction Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier

Regulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protect por Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

Debates in China about the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessment por Liu Tiewa e Zhang Haibin

Emerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protect por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk

Singing the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protect por Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz

Multipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protect por Xymena Kurowska

ldquoOur Identity is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Intervention por Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira

The Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protect por Julian Junk

Em breve laccedilaremos uma ediccedilatildeo especial na Global Society os seguintes artigos que estatildeo atualmente em processo de revisatildeo To Intervene in Darfur or Not Re-examining the R2P Debate and its Impacts por Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira

International Responsibility as Solidarity the Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectory por CSR Murthy e Gerrit Kurtz

Bringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenya por Julian Junk

Testing Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2P por Julian Junk

Parody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian War por Erna Burai

Protection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009 por Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan

Realizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and thereafter por Zhang Haibin e Liu Tiewa

The Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protection por Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

African Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Ground por Erna Burai

Responsibility While Protecting and the Ethics of R2P Implementation por Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier

Outras publicaccedilotildees relacionadasBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiative por Thorsten Benner Seacuterie de Working Papers do GPPi 2013

O Brasil como um Empreendedor Normativo a Responsabilidade ao Proteger por Thorsten Benner Politica Externa v 21 n 4 2013 p 35-46

Germany and the Intervention in Libya por Sarah Brockmeier Survival Global Politics and Strategy v55 n6 2013 p 63ndash90

Schutz und Verantwortung Uber die US-Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltaten por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann Heinrich Boll Foundation June 2013

Internationale Schutzverantwortung - Normative Erwartungen und Politische Praxis por Christopher Daase e Julian Junk (orgs) Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n 1-2 2013

Die Legalisierung der Legitimitat ndash Zur Kritik der Schutzverantwortung als Emerging Norm por Christopher Daase Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n1-2 2013 p 41-62

Emerging Power Exceptional State Elusive Country Explaining Indiarsquos Behavior por Madhan Mohan Jaganathan (com Amna Sunmbul) Proceedings of the International Conference on Social Sciences Chennai 2013 p 308-311

A New Tool for Civilian Protection - The Human Rights up Front Initiative of the United Nations por Gerrit Kurtz GPPi Policy Brief lanccedilamento em breve

Indiarsquos Approach to the Protection of Civilians in Armed Conflicts por CSR Murthy Norwegian Peacebuilding Resource Centre novembro de 2012

Contemporary World Order and Approaches to UN Peacekeeping A South Asian Perspective por CSR Murthy Friedrich Ebert Foundation dezembro de 2012

India-Brazil-South Africa Dialogue Forum (IBSA) The Rise of the Global South por Oliver Stuenkel Routledge Global Institutions 2014

The BRICS and the Future of Global Order por Oliver Stuenkel Lexington Press 2015

The BRICS and the Future of R2P Was Syria or Libya the Exception por Oliver Stuenkel Global Responsibility to Protect v6 n 1 2014 p 3-28

China and Responsibility to Protect Maintenance and Change of its Policy for Intervention por Liu Tiewa The Pacific Review v 25 v1 2012 p 153-173

Is China Like the Other Permanent Members Governmental and Academic Debates about RtoP by Liu Tiewa in Moacutenica Serrano e Thomas G Weiss (orgs) Rallying to the RtoP Cause The International Politics of Human Rights Routledge 2014 p 148-170

Chinese Strategic Culture and the Use of Force Moral and Political Perspectives por Liu Tiewa Journal of Contemporary China v23 n87 2014 p 556-574

Is Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa is Changing China por Harry Verhoeven The Washington Quarterly vol37 n2 2014 p 55-70

Publicaccedilotildees Selecionadas

37Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

AutoresThorsten BennerGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Sarah Brockmeier Global Public Policy InstituteBerlin Germany

Erna BuraiCentral European UniversityBudapest Hungary

CSR MurthyJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Christopher DaasePeace Research InstituteFrankfurt Germany

J Madhan MohanJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Julian JunkPeace Research InstituteFrankfurt Germany

Xymena KurowskaCentral European UniversityBudapest Hungary

Gerrit KurtzGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Liu TiewaPeking University China

Wolfgang ReinickeGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Philipp RotmannGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Ricardo Soares de OliveiraOxford UniversityUnited Kingdom

Matias SpektorFundaccedilatildeo Getulio VargasRio de Janeiro Brazil

Oliver StuenkelFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Marcos TourinhoFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Harry VerhoevenOxford UniversityUnited Kingdom

Zhang HaibinPeking UniversityChina

Global Public Policy Institute (GPPi)Reinhardtstr 7 10117 Berlin GermanyPhone +49 30 275 959 75-0Fax +49 30 275 959 75-99gppigppinet

gppinetglobalnormsnet

18Global Public Policy Institute (GPPi)

Ainda assim acreditamos que um desafio crucial para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade eacute a acusaccedilatildeo de parcialidade sobre o tipo e a interpretaccedilatildeo das informaccedilotildees sobre atrocidades fornecidas por governos pela miacutedia ou por grupos da sociedade civil A confianccedila nos Estados dominantes e nas instituiccedilotildees internacionais encontra-se em niacuteveis tatildeo baixos que mesmo os casos de atrocidades bem documentados como o ocorrido em Darfur foram considerados por alguns como propaganda intervencionista29

Essa desconfianccedila estaacute na maior parte das vezes direcionada a fontes relacionadas ao ldquoOcidenterdquo Fontes financiadas lideradas ou com suas sedes em paiacuteses ocidentais frequentemente satildeo as mais acessiacuteveis natildeo soacute pelas elites poliacuteticas em capitais longiacutenquas mas tambeacutem por paineacuteis de especialistas e investigaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas em paiacuteses em que natildeo haacute extensiva presenccedila de campo da ONU Quando as fontes locais de informaccedilatildeo claramente natildeo satildeo criacuteveis como na Siacuteria jornalistas tecircm acesso restrito a aacutereas violentas e por algumas vezes todas as outras fontes relevantes vecircm de organizaccedilotildees com sede no Ocidente de organizaccedilotildees locais da sociedade civil que dependem de ajuda ocidental ou de financiamento externo e que tecircm uma temaacutetica antigovernamental especiacutefica ou ainda de profissionais ocidentais que trabalham para a ONU30 Por exemplo o governo chinecircs frequentemente enfatiza que a identificaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo internacional de abusos aos direitos humanos no exterior eacute excessivamente dependente de informaccedilotildees ocidentais e pediu para que houvesse sistemas de alerta precoce mais imparciais31 Especialistas indianos dizem que o desafio natildeo eacute a disponibilidade de informaccedilatildeo mas ldquoa interpretaccedilatildeo e o vieacutes que lhe eacute dadordquo32

Grupos de ativistas e a miacutedia tecircm incentivos para simplificar as narrativas e portanto eacute prudente ter um ceticismo saudaacutevel perante as acusaccedilotildees de atrocidades hediondas Ao mesmo tempo presumir que a verdade estaacute no meio-termo de todas as posiccedilotildees seria permitir que propaganda e maacute informaccedilatildeo determinassem o caminho a seguir Criticar realisticamente as fontes requer engajamento com a informaccedilatildeo em si e natildeo apenas a insinuaccedilatildeo de agendas poliacuteticas com base puramente na localizaccedilatildeo geograacutefica financiamento ou educaccedilatildeo

A fim de oferecer um debate melhor informado sobre potenciais crimes de atrocidade as empresas de comunicaccedilatildeo e filantropos principalmente em potecircncias emergentes devem investir em fontes de informaccedilatildeo e anaacutelise independentes e criacuteveis sobre conflitos e direitos humanosAs alegaccedilotildees de parcialidade (sejam a favor ou contra os governos ou outros atores) crescem quando haacute uma escassez de fontes Aqueles que criticam as fontes de informaccedilatildeo existentes satildeo os que sabem melhor qual fonte de financiamento ou de influecircncia teraacute mais credibilidade portanto eacute dever destas pessoas investir adequadamente Se haacute suspeitas sobre as fontes ocidentais de informaccedilatildeo por parte de governos e elites poliacuteticas fora do Ocidente essas podem ajudar a diversificar a base de apoio para ONGs ativistas e redes de informaccedilotildees globais jaacute existentes ou ateacute mesmo investir em plataformas alternativas de monitoramento e anaacutelise baseadas nos mais altos padrotildees de integridade jornaliacutestica Por enquanto com raras exceccedilotildees o investimento em miacutedias livres e acesso agrave informaccedilatildeo natildeo parece ser uma prioridade entre as elites empresariais emergentes mesmo em potecircncias emergentes democraacuteticas Por outro

19Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

lado agecircncias de notiacutecia estatais frequentemente tecircm dificuldade para estabelecer uma reputaccedilatildeo de integridade jornaliacutestica Satildeo raros os grandes investimentos no relato de crises humanitaacuterias tais como recentemente feito pela Fundaccedilatildeo Jynwel com sede em Hong Kong na agora independente organizaccedilatildeo de noticias IRIN33 Organizaccedilotildees de defesa podem contribuir com a reduccedilatildeo das alegaccedilotildees de parcialidade ao natildeo exporem situaccedilotildees de conflito como se fossem preto-no-branco e ao serem transparentes sobre quem as financiam e apoiam Se apresentarem uma extensa lista de notas e fontes em seus relatoacuterios como feito regularmente pelo International Crisis Group e pela Human Rights Watch eacute dever dos criacuteticos se engajar com essas fontes com base nos fatos

Fortalecer e diversificar as informaccedilotildees sobre os riscos de crimes de atrocidade em massa tambeacutem pode significar estabelecer organizaccedilotildees de sociedade civil regionais dedicadas agrave pesquisa criacutevel e confiaacutevel sobre a prevenccedilatildeo de atrocidades Se verdadeiramente baseadas em sociedades locais tais grupos teriam mais acesso a grupos nacionais e regionais de sociedade civil do que as organizaccedilotildees globais com sede em Nova York ou Genebra Consequentemente suas informaccedilotildees e argumentos mais provavelmente obteriam credibilidade poliacutetica a niacutevel global No curto prazo a massa criacutetica necessaacuteria a esses centros da sociedade civil provavelmente seraacute alcanccedilada na Europa ou na Aacutefrica mas a Ameacuterica Latina (com sua iacutempar accedilatildeo ldquoRede Latino-Americana de Prevenccedilatildeo ao Genociacutedio e Atrocidades em Massardquo a niacutevel governamental) e a Aacutesia tambeacutem podem se desenvolver rapidamente

Os Estados membros a sociedade civil e as organizaccedilotildees regionais devem melhorar as capacidades da ONU de coletar informaccedilotildees e desvendar fatos sobre desafios agrave proteccedilatildeo ao oferecer assistecircncia logiacutestica funcionaacuterios a curto-prazo e fontes locais de informaccedilatildeo Ao mesmo tempo em que organizaccedilotildees regionais satildeo cada vez mais capazes de influenciar o entendimento global sobre suas partes do mundo a sua imparcialidade eacute apenas tatildeo criacutevel quanto a das potecircncias regionais que lideram as suas deliberaccedilotildees As Naccedilotildees Unidas natildeo podem entretanto sempre responder sozinhas agraves demandas por informaccedilotildees imparciais e criacuteveis sobre riscos de atrocidade Os mecanismos das Naccedilotildees Unidas frequentemente dependem tanto de fontes governamentais e privadas devido agrave necessidade de agir rapidamente quanto sofrem com a falta de acesso proacuteprio e independente aos locais de risco Aleacutem disso a ONU tambeacutem jaacute esteve sujeita agrave autocensura e foi forccedilada a romper compromissos poliacuteticos34

Todos os Estados membros da ONU precisam fortalecer os mecanismos de coleta de informaccedilatildeo da instituiccedilatildeo suas comissotildees de inqueacuterito e outros oacutergatildeos correlatos Por exemplo sempre que uma violecircncia em massa comeccedila conforme definido pelo Secretaacuterio Geral a ONU deveraacute enviar uma missatildeo para desvendar os fatos a fim de informar melhor as discussotildees no Conselho de Seguranccedila Isso poderaacute ser baseado em um grupo permanente de especialistas preacute-selecionados e deveraacute envolver as agecircncias da ONU relevantes ao tema especialmente o Escritoacuterio de Coordenaccedilatildeo de Assuntos Humanitaacuterios O Alto Comissariado para Direitos Humanos o Conselheiro Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedios e o Departamento de Assuntos Poliacuteticos35 Estados membros devem contribuir tanto com financiamento quanto com especialistas

20Global Public Policy Institute (GPPi)

treinados para essas missotildees O estabelecimento de regras para a contrataccedilatildeo de pessoal poderia ajudar a deixar processos de seleccedilatildeo o mais transparentes possiacutevel e desta forma melhorar a credibilidade e imparcialidade da descoberta de fatos pela ONU36

Estados membros tambeacutem podem ajudar as Naccedilotildees Unidas na implementaccedilatildeo de sua iniciativa ldquoHuman Rights Up Frontrdquo (em portuguecircs ldquoDireitos Humanos Antes de Tudordquo) atraveacutes do qual o Secretariado estaacute criando um sistema simplificado de gerenciamento de informaccedilotildees para tudo que eacute coletado pelas muitas partes do sistema ONU combinando dados jaacute existentes sobre proteccedilatildeo humanitaacuteria proteccedilatildeo dos direitos humanos proteccedilatildeo de mulheres em conflitos armados e proteccedilatildeo de crianccedilas37 Os Estados membros podem dar apoio agrave ONU ao incluir mais informaccedilotildees de atores bilaterais no local desde que a ONU faccedila os investimentos necessaacuterios para o tratamento de dados sensiacuteveis proteccedilatildeo a testemunhas e referecircncias38

Usando Ferramentas Diplomaacuteticas e Civis De Forma Antecipada Justa e EstrateacutegicaApesar das diferenccedilas em ecircnfases retoacutericas haacute um consenso universal que as atrocidades devem ser prevenidas pelo uso antecipado e sustentaacutevel de uma variedade de ferramentas civis disponiacuteveis agrave comunidade internacional Estatildeo incluiacutedas a diplomacia a mediaccedilatildeo e as missotildees poliacuteticas assim como as sanccedilotildees a justiccedila criminal internacional as accedilotildees humanitaacuterias e as ferramentas de peacebuilding apoacutes crises dentre elas a reconstruccedilotildees das instituiccedilotildees estatais e do Estado de direito

Desde os anos 90 a comunidade internacional aprendeu liccedilotildees importantes sobre o uso dessas ferramentas e vem caminhando para desenvolvecirc-las ainda mais Satildeo visiacuteveis os sucessos na diplomacia preventiva como o ocorrido durante a crise poacutes-eleiccedilotildees no Quecircnia em 200839 quando um negociador de alto niacutevel liderou as conversas tendo apoio politico de oacutergatildeos regionais e de todos os membros do Conselho de Seguranccedila expertise da ONU e engajamento da sociedade civil Ao longo dos uacuteltimos 10 anos houve uma significativa expansatildeo das capacidades de negociaccedilatildeo dentro da ONU e das organizaccedilotildees regionais Missotildees poliacuteticas no Timor Leste ou na Guineacute-Bissau podem ter evitado uma nova onda de violecircncia nesses locais40 Sanccedilotildees seletivas provavelmente ajudaram a controlar pessoas que poderiam atrapalhar as primeiras fases do processo de peacebuilding na Libeacuteria Costa do Marfim e Serra Leoa41 O Tribunal Penal Internacional processou e condenou seus primeiros casos e apoiou importantes reformas nos sistemas de justiccedila criminal em muitos paiacuteses42

Ainda assim a comunidade internacional em inuacutemeras vezes natildeo fez uso das ferramentas civis disponiacuteveis de forma antecipada decisiva e sustentaacutevel O consenso que parece existir para o uso de ferramentas civis antecipadamente e como prioridade se desfaz assim que decisotildees poliacuteticas e priorizaccedilatildeo se fazem necessaacuterias Mudar isso eacute difiacutecil Requer ir aleacutem das caricaturas comuns que culpam apenas os paiacuteses ocidentais por investir pouco ou as potecircncias natildeo-ocidentais por repelir as tentativas de influenciar ou pressionar perpetradores e seus cuacutemplices Natildeo soacute as prioridades e interesses competitivos existem de todos os lados mas o desafio tambeacutem eacute marcado pela profunda incerteza sobre como e quando usar tais ferramentas com quais atores e em qual espaccedilo Natildeo haacute uma soluccedilatildeo uacutenica e faacutecil para prevenccedilatildeo resposta ou recuperaccedilatildeo efetiva

21Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Nosso foco eacute em medidas de curto prazo voltadas para os civis em situaccedilotildees em que haacute alta probabilidade ou jaacute haacute ocorrecircncia de atrocidades 43Descobrimos que haacute quatro aacutereas que devem ser especialmente observadas

Os atores (em particular potecircncias emergentes) que mais pedem por diplomacia ferramentas civis e prevenccedilatildeo antecipada precisam traduzir seu compromisso retoacuterico em vontade poliacutetica e os investimentos necessaacuterios em capacidades e ideiasIr aleacutem da retoacuterica sobre prevenccedilatildeo requer vontade poliacutetica para fazer disso uma prioridade Com muita frequecircncia a prevenccedilatildeo contra crimes de atrocidade vai de encontro a outros objetivos poliacuteticos em uma determinada situaccedilatildeo de crise Algumas vezes esses interesses e prioridades estatildeo em extremos opostos No Sri Lanka por exemplo o governo conseguiu alavancar a imensa preocupaccedilatildeo internacional com o contraterrorismo para evitar pressotildees em relaccedilatildeo aos crimes de guerra perpetrados durante o conflito contra os Tigres de Libertaccedilatildeo do Tacircmil Eelam (LTTE) no comeccedilo de 200944 Em Darfur a accedilatildeo diplomaacutetica internacional para acabar com os crimes de atrocidade teve de competir com a prioridade para um acordo de paz na longa guerra civil Norte-Sul no Sudatildeo e com a colaboraccedilatildeo antiterrorista do governo sudanecircs45

Todavia mesmo com a ausecircncia de grandes interesses conflitantes haacute um espaccedilo entre o apoio abstrato para a proteccedilatildeo de populaccedilotildees contra crimes de atrocidade e a vontade poliacutetica de agir dispor-se financeiramente e assumir riscos proporcionais Um exemplo recente de quando investimentos deveriam ter sido feitos antes e de forma mais substancial eacute o Sudatildeo do Sul ndash uma crise que tambeacutem demonstra como as categorias ldquoocidentaisrdquo contra os ldquodemaisrdquo natildeo satildeo uacuteteis na anaacutelise das posiccedilotildees dos paiacuteses sobre proteccedilatildeo Por motivos diversos tanto os Estados Unidos quanto a China apoiaram fortemente o governo de Salva Kiir ignorando sinais importantes ateacute que essa se tornou uma das facccedilotildees combatentes na nova guerra civil do Sudatildeo do Sul46 Na Repuacuteblica Centro-Africana investimentos preacutevios nas iniciativas legais e nas reformas no setor de seguranccedila poderiam ter sido capazes de evitar que o paiacutes atingisse a atual escala de violecircncia47

Como esses e outros exemplos revelam haacute um grande descompasso entre a retoacuterica que demanda mais ldquosoluccedilotildees poliacuteticas e diplomaacuteticasrdquo ndash como constantemente enfatizado por China Ruacutessia Iacutendia Brasil Aacutefrica do Sul (e tambeacutem pela Alemanha e pela Uniatildeo Europeia) ndash e os recursos poliacuteticos e materiais investidos na busca por tais soluccedilotildees Colocar em praacutetica essas ldquosoluccedilotildees poliacuteticasrdquo requer ao mesmo tempo declaraccedilotildees ocasionais e o estabelecimento de capacidades institucionais para o monitoramento dos direitos humanos monitoramento de longo prazo das eleiccedilotildees mediaccedilatildeo e apoio de pessoas com experiecircncia secircnior que possam ser rapidamente acionadas e a construccedilatildeo de instituiccedilotildees nos setores de justiccedila seguranccedila e correlatas normalmente envolvidas com missotildees poliacuteticas da ONU e de organizaccedilotildees regionais Similarmente o uso de ferramentas coercitivas como sanccedilotildees requer tanto a tomada de decisotildees difiacuteceis quanto investimentos e iniciativas para planejar criativamente e melhorar estas ferramentas a fim de que sejam de fato seletivas justas e legalmente soacutelidas ndash em outras palavras que minimizem os riscos de afetarem as pessoas erradas

22Global Public Policy Institute (GPPi)

de acordo com princiacutepios baacutesicos do direito O Tribunal Penal Internacional precisa do comprometimento poliacutetico e da ratificaccedilatildeo do Estatuto de Roma por algumas das naccedilotildees mais poderosas do mundo Tambeacutem precisa de recursos para continuar acompanhando seus casos No miacutenimo tanto as potecircncias emergentes quanto as jaacute estabelecidas precisam melhorar sua assistecircncia humanitaacuteria para aqueles que fogem da violecircncia Por exemplo Estados membros da ONU cederam menos de 50 por cento dos fundos necessaacuterios para a resposta humanitaacuteria na Siacuteria deixando milhares de pessoas necessitadas em 201448

Os governos devem priorizar a detenccedilatildeo e julgamento dos perpetradores de crimes de atrocidade em suas jurisdiccedilotildees Aleacutem das dificuldades poliacuteticas de se lidar com perpetradores que estatildeo no poder como na Siacuteria ou com perpetradores que estatildeo fora do alcance de Estados falidos como na Repuacuteblica Centro-Africana todos os governos podem fazer mais para sancionar ou julgar esses perpetradores por crimes de atrocidade que de alguma forma estejam em suas jurisdiccedilotildees Prevenir e dar respostas aos crimes de atrocidade significa lidar com as motivaccedilotildees e capacidades de perpetradores individuais antes que cometam crimes Tambeacutem significa puni-los por seus atos49 Aqueles que mantecircm seu dinheiro em bancos multinacionais podem estar sujeitos ao congelamento de seus ativos estejam nos bancos na Europa ou na Aacutesia Aqueles que viajam estatildeo sujeitos agrave recusa de vistos e impedimentos de viagem de modo a impactar suas accedilotildees antes de cometerem ou enquanto cometem atrocidades Leis existentes como nos Estados Unidos permitem que imigrantes sejam deportados se houver provas que os liguem a genociacutedios Paiacuteses podem buscar pessoas procuradas pelo Tribunal Penal Internacional e mudar suas leis ou designar forccedilas policiais para processar os piores crimes de atrocidade independentemente dos locais em que foram cometidos

Com muita frequecircncia a falta de atenccedilatildeo e vontade poliacutetica permite que perpetradores vivam livres e confortavelmente apoacutes terem cometido atrocidades ou ateacute mesmo organizar financiar e apoiar atrocidades em andamento mesmo estando no exterior Isso aconteceu com diversos liacutederes das Forccedilas Democraacuteticas Para a Libertaccedilatildeo de Ruanda (FDLR) um grupo miliciano operando no Congo Eles viveram sem problemas na Alemanha durante quase uma deacutecada antes de serem presos e julgados50 Os Estados Unidos apesar de sua recusa em ratificar o Estatuto de Roma recentemente serviu de exemplo ao aumentar seus esforccedilos na procura por suspeitos de crimes de guerra que moram no paiacutes e ao desenvolver propostas que permitem o uso das leis de imigraccedilatildeo para fazer com que perpetradores de atrocidades paguem por seus crimes51

Poliacuteticos devem dar prioridade ao comportamento atual ao avaliar a legitimidade de atores e julgar todos os atores de um conflito pelos mesmos padrotildees Soacute porque em determinado momento haacute um grupo claramente identificaacutevel como perpetrador de atrocidades natildeo significa que outros grupos sejam e continuaratildeo sendo inocentes de tais atos Violecircncia gera mais violecircncia jaacute que grupos ameaccedilados

23Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

se defendem e continuam combatendo o inimigo A Liacutebia eacute um bom exemplo disso Na primavera de 2011 identificar corretamente o regime de Gaddafi como responsaacutevel por crimes de atrocidade foi a decisatildeo correta ndash mas natildeo evitou que os rebeldes cometessem crimes similares posteriormente previsivelmente em alguns grupos tornando quem os apoiava militarmente cuacutemplices De forma similar em 2014 apoiar as forccedilas curdas Peshmerga era a uacutenica forma de prevenir um massacre contra os Yazidis no Iraque ndash mas aqueles que deram apoio natildeo deveriam silenciar-se perante as posteriores mortes em represaacutelia

A escolha de grupos especiacuteficos como aliados eacute facilmente entendida como arbitraacuteria quando o comportamento atual natildeo justifica apoio internacional Um dos argumentos conflitantes de legitimidade poliacutetica acontece quando atores externos escolhem seus aliados locais de forma inconsistente com suas accedilotildees (algumas vezes favorecendo o regime incumbente) e tal escolha eacute facilmente vista como hipoacutecrita52 Poliacuteticos tambeacutem estatildeo vulneraacuteveis a tais acusaccedilotildees quando satildeo seletivos sobre suas criacuteticas a poderes regionais que armam ou apoiam grupo rebeldes como no caso do silecircncio ocidental sobre o envolvimento da Araacutebia Saudita na Siacuteria

Defensores do R2P e da prevenccedilatildeo de atrocidades em governos ou na sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando pedir a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes

No que diz respeito agrave diplomacia preventiva defensores do R2P e da prevenccedilatildeo contra atrocidades incluindo governos e a sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando e como pedem a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes Em algumas situaccedilotildees o Conselho pode deixar a mediaccedilatildeo mais difiacutecil ao elevar o niacutevel de visibilidade poliacutetica de uma crise Ele pode ajudar mediadores ao dar-lhes mais peso um senso de urgecircncia incentivos e desincentivos (ex com sanccedilotildees seletivas proibiccedilotildees de viagem congelamento de ativos embargo de armas investigaccedilotildees estabelecimento de uma missatildeo poliacutetica) Mas em algumas situaccedilotildees pressatildeo internacional vinda dos mais altos niacuteveis que inclui o papel do Conselho de Seguranccedila pode ser contraproducente Isso pode reforccedilar a urgecircncia de um governo em terminar a guerra a todos os custos como no caso do Sri Lanka no comeccedilo de 200953 ou complicar as negociaccedilotildees para acesso humanitaacuterio como em Mianmar em maio de 200854 Em particular quando os casos lidam com governos que jaacute vecircm sendo excluiacutedos da comunidade internacional foacuteruns e canais mais discretos podem ser mais efetivos na tentativa de influenciar mudanccedilas de comportamento

Possibilitando que as Missotildees de Paz da ONU Ofereccedilam Proteccedilatildeo CriacutevelO peacekeeping eacute um sistema com grande legitimidade global que jaacute evita abusos e comeccedilou a dar ecircnfase agrave Proteccedilatildeo de Civis (PoC) em muitas de suas operaccedilotildees A composiccedilatildeo global e o controle rigoroso por parte do Conselho de Seguranccedila deixa as operaccedilotildees de paz muito mais aceitaacuteveis que qualquer outro instrumento como notavelmente o uso da

24Global Public Policy Institute (GPPi)

forccedila por terceiros segundo um mandato do Conselho de Seguranccedila55 Ao mesmo tempo o peacekeeping soacute eacute capaz de lidar com um nuacutemero limitado de desafios agrave proteccedilatildeo a ausecircncia de mecanismos raacutepidos e efetivos de mobilizaccedilatildeo de implementaccedilatildeo faz com que seja impossiacutevel para peacekeepers da ONU responder a ameaccedilas iminentes de crimes de atrocidade e os requerimentos legais e praacuteticos da colaboraccedilatildeo com o governo local limitam uma accedilatildeo efetiva contra os perpetradores dos crimes de atrocidade que sejam parte ou que recebam apoio do governo Mesmo quando os peacekeepers estavam presentes enquanto crimes de atrocidade eram praticados como na Costa do Marfim em 2011 e no Sudatildeo do Sul em 2013 qualquer prevenccedilatildeo efetiva foi ilusoacuteria E onde uma reaccedilatildeo imediata natildeo obteve sucesso os desafios da proteccedilatildeo efetiva contra crimes em andamento rapidamente excedeu a capacidade dos boinas azuis

As vaacuterias maneiras em que as operaccedilotildees de paz poderiam melhor proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade ao estabelecer capacidades reduzir vulnerabilidade (ldquoproteccedilatildeo indiretardquo) e defender contra perpetradores (ldquoproteccedilatildeo diretardquo) jaacute foram explicitadas em outras oportunidades56 Atingir pelo menos um niacutevel moderado de ambiccedilatildeo para que peacekeepers protejam populaccedilotildees contra crimes de atrocidade requereria investimentos adicionais em capacidade doutrina e treinamento Tambeacutem seria necessaacuteria uma anaacutelise mais seacuteria sobre como combinar de forma efetiva o uso do peacekeeping com instrumentos poliacuteticos

O Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz a lideranccedila da missatildeo e os paiacuteses colaboradores precisam informar de forma modesta e transparente os limites das capacidades da ONU na proteccedilatildeo de civis

O comprometimento bem-vindo e necessaacuterio do Conselho de Seguranccedila com a proteccedilatildeo levou a um nuacutemero excessivo de promessas57 que aumentaram a lacuna entre as expectativas locais e a capacidade das missotildees Quando um mandato para milhares de peacekeepers eacute estabelecido com grande alvoroccedilo mas somente uma fraccedilatildeo chega seis meses depois como no Sudatildeo Sul apoacutes o iniacutecio da uacuteltima guerra civil em dezembro de 2013 ou como quando os peacekeepers se recusaram a tomar medidas enquanto crimes de atrocidade eram cometidos nas redondezas (devido ou natildeo ao apoio ou lideranccedila inadequados) como visto recentemente na RDC ou no Sudatildeo pessoas que se reuacutenem ao redor da bandeira azul na esperanccedila de proteccedilatildeo se tornam mais vulneraacuteveis ao perigo do que se estivessem em outro local De forma geral populaccedilotildees ameaccediladas estatildeo em situaccedilotildees melhores com os peacekeepers do que sem eles mas ainda assim a credibilidade das Naccedilotildees Unidas eacute afetada nestes casos58

Tanto a proteccedilatildeo efetiva quanto a responsaacutevel exigem uma comunicaccedilatildeo honesta e transparente com o puacuteblico e com o Conselho de Seguranccedila sobre as capacidades de cada missatildeo e de cada contingente aleacutem da sua disponibilidade para assumir riscos Quando os diplomatas do Conselho criarem ou derem nova autorizaccedilatildeo a outro ambicioso mandato para a proteccedilatildeo de civis eles precisam ser formalmente informados das capacidades e requerimentos que seratildeo necessaacuterios

25Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

A proteccedilatildeo por parte dos peacekeepers requer um salto de qualidade das contribuiccedilotildees para as operaccedilotildees dos boinas azuis e isso exige que o Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz as tropas a poliacutecia e os colaboradores financeiros encontrem uma divisatildeo do trabalho mais justa e equilibradaO equiliacutebrio fraacutegil entre aqueles que contribuem com tropas (em sua maioria da Aacutefrica e da Aacutesia) financiadores (em sua maioria da Europa e Ameacuterica do Norte) e os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila da ONU que emitem mandatos estaacute proacuteximo de se desfazer A insustentaacutevel divisatildeo de trabalho em peacekeeping natildeo eacute uma questatildeo dos ocidentais contra os demais Muitos paiacuteses africanos cansados dos muitos anos de tentativas frustradas de instauraccedilatildeo da paz no continente pelas potecircncias externas cada vez mais requerem e apoiam o uso de forccedila militar para proteger civis e conceder mais tempo para as negociaccedilotildees de paz Por outro lado paiacuteses que tradicionalmente contribuem com muitas tropas estatildeo cada vez mais reticentes em ameaccedilar a vida de seus soldados em locais distantes ndash especialmente aqueles paiacuteses como a Iacutendia cujo papel emergente no mundo criou expectativas de exercer influecircncia sobre escolhas estrateacutegicas que ateacute agora se mantiveram no domiacutenio exclusivo dos membros permanentes Isso tudo combinado com a austeridade imposta agraves forccedilas armadas mais desenvolvidas impossibilitando aumentar suas contribuiccedilotildees de ativos-chave ndash que poderia reduzir os riscos aos boinas azuis ndash vem deixando muitos paiacuteses em desenvolvimento cada vez mais impacientes com um sistema que natildeo funciona mais para eles

Para avanccedilar na prevenccedilatildeo de crimes de atrocidade economias desenvolvidas e em desenvolvimento precisatildeo aumentar os recursos disponibilizados para as missotildees de paz da ONU mas o dever principal de balancear o desequiliacutebrio atual estaacute nas matildeos de paiacuteses com capacidades avanccediladas Eles precisam disponibilizar forccedilas militares e ativos poliacuteticos que satildeo chaves para limitar o risco de todos os boinas azuis e aumentar o custo-benefiacutecio e a eficaacutecia do peacekeeping Isso inclui drones de vigilacircncia veiacuteculos anti-minas hospitais militares evacuaccedilatildeo meacutedica aeacuterea apoio de combate aeacutereo transporte aeacutereo taacutetico equipamentos anti-explosivos e outras tecnologias avanccediladas59

Contudo natildeo satildeo somente paiacuteses da Europa e da Ameacuterica do Norte que disponibilizam pouquiacutessimas tropas e deixam a desejar em suas contribuiccedilotildees (os europeus por exemplo respondem por menos de 7 por cento das tropas de peacekeeping da ONU e menos de 4 por cento das tropas policiais da organizaccedilatildeo60 A Iacutendia tem demonstrado apoio duradouro e extensivo ao peacekeeping ndash uma rara exceccedilatildeo entre paiacuteses com pretensotildees de lideranccedila regional ou global Outros paiacuteses deveriam pensar em seguir o recente exemplo da China e aumentar o nuacutemero de tropas policiais ou civis qualificados disponibilizados agrave ONU Por exemplo o Brasil mesmo com sua lideranccedila no Haiti ainda oferece menos pessoal que os pequenos Togo e Burkina Faso

26Global Public Policy Institute (GPPi)

Todos os membros do Conselho de Seguranccedila e colaboradores do peacekeeping deveriam aumentar a orientaccedilatildeo conceitual o treinamento e a construccedilatildeo de capacidade para a proteccedilatildeo de civis contra crimes de atrocidade

Tanto o desenvolvimento de estrateacutegias poliacuteticas quanto o uso da forccedila para proteccedilatildeo taacutetica de civis carecem grandemente de fundamentos conceituais soacutelidos com a qual qualquer outro tipo de operaccedilatildeo militar pode contar Os desafios poliacuteticos policiais e militares da proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade natildeo recebem a atenccedilatildeo conceitual e os recursos para treinamento adequados em quase todos os paiacuteses61 Natildeo eacute surpreendente que liacutederes de missatildeo e comandantes de tropas operem hoje em dia com base na tentativa e erro sem que haja uma orientaccedilatildeo ou doutrina clara Da mesma forma os membros do Conselho ndash em especial os natildeo-permanentes ndash satildeo forccedilados a tomar decisotildees difiacuteceis sobre a proteccedilatildeo de civis sem que tenham acesso a um oacutergatildeo de anaacutelise poliacutetico-militar sobre quais seriam as consequecircncias de tais accedilotildees A ausecircncia de conceitos claros e amplamente difundidos sobre as formas praacuteticas de proteccedilatildeo (para aleacutem das Zonas de exclusatildeo aeacuterea) contribuem para o estereoacutetipo muacutetuo e suspeitas de motivos escusos

Os Estados Unidos deveriam continuar a expansatildeo da sua Iniciativa Global de Operaccedilotildees de Paz (GPOI na sigla em inglecircs) e sua Parceria Africana de Resposta Raacutepida para Manutenccedilatildeo da Paz que apoiam e reforccedilam a capacidade de outros paiacuteses de treinar e manter competecircncias para a manutenccedilatildeo da paz Ambos os casos deveriam dar mais atenccedilatildeo agraves forccedilas militaresx mais frequentemente usadas no peacekeeping No futuro treinamentos e exerciacutecios da GPOI e outros deveriam incluir especificamente diferentes aspectos de proteccedilatildeo a civis 62 De forma similar a estes programas estadunidenses a Uniatildeo Europeia os governos europeus e de outros locais que possuem forccedilas armadas com tal capacidade deveriam oferecer os treinamentos e equipamentos mais modernos para os colaboradores das operaccedilotildees de paz Isso poderia criar incentivos para que unidades treinadas e equipadas efetivamente trabalhem em conjunto com a ONU a Uniatildeo Africana e as forccedilas sub-regionais na proteccedilatildeo de civis ndash no caso da UE ao novamente dar ecircnfase e expandir a Enable and Enhance Initiative

Usar a avaliaccedilatildeo atual das operaccedilotildees de paz da ONU para construir um consenso entre todas as partes interessadas (Conselho de Seguranccedila e Secretariado assim como colaboradores financeiros de tropas ou de poliacutecia) sobre o uso da forccedila somente para apoiar ndash e nunca substituir ndash uma estrateacutegia poliacutetica para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade e para planejar mandatos e operaccedilotildees adequadamente Como parte do diaacutelogo necessaacuterio sobre a utilidade do uso da forccedila a atual avaliaccedilatildeo das operaccedilotildees de paz da ONU oferece uma oportunidade de reconstruir uma linguagem comum sobre o peacekeeping seus princiacutepios e conceitos baacutesicos suas ambiccedilotildees e desafios para as tarefas de proteccedilatildeo das missotildees da ONU especialmente no que diz respeito ao uso da forccedila Os princiacutepios de consentimento imparcialidade e neutralidade atualizados no Relatoacuterio Brahimi para permitir que peacekeepers ajam contra os violadores dos acordos de paz e perpetradores de atrocidades mais uma vez satildeo distorcidos ou parecem irrelevantes em muitas operaccedilotildees A maioria dos peacekeepers

27Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

de hoje servem em situaccedilotildees de conflito ativo como no Mali ou na Repuacuteblica Centro-Africana Peacekeepers da ONU estatildeo conduzindo operaccedilotildees de combate ativo na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Em outros locais os acordos de deacutecadas atraacutes que deram origem a uma missatildeo natildeo incluem as partes que atualmente ameaccedilam ou sequestram peacekeepers como nas Colinas de Golatilde

Enquanto eacute inevitaacutevel que haja certa ambiguidade sobre os princiacutepios o uso ativo da forccedila para proteger civis soacute eacute capaz de apoiar mas nunca substituir uma estrateacutegia poliacutetica63 Onde natildeo haacute uma estrateacutegia poliacutetica realista para chegar agrave paz deve haver pelo menos uma para limitar os riscos aos civis ndash se necessaacuterio um plano que inclua o apoio de forccedilas militares da ONU como na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Estas questotildees devem ser discutidas de forma honesta pelas partes interessadas nas operaccedilotildees de paz da ONU O abismo que separa as partes nestas discussotildees natildeo estaacute entre os ocidentais que apoiam o uso de mais forccedila e os opositores natildeo-ocidentais Atualmente isso acontece entre paiacuteses que contribuem com muitas tropas como Iacutendia e Paquistatildeo preocupados com o aumento dos riscos agraves suas tropas e uma coalisatildeo mais intervencionista de paiacuteses africanos e europeus ocidentais64

A Tomada de Decisotildees sobre Accedilotildees MilitaresO atual sistema de seguranccedila coletiva que tem o Conselho de Seguranccedila na ONU como peccedila central natildeo estaacute agrave altura da tarefa de prover proteccedilatildeo efetiva e responsaacutevel O Conselho eacute incapaz de agir de forma efetiva quando alguns interesses geopoliacuteticos colidem como no caso da Siacuteria Mas ele fracassa ateacute mesmo em situaccedilotildees em que o abuso do argumento humanitaacuterio natildeo estaacute na pauta e os interesses de membros-chave do Conselho estatildeo alinhados ndash como no caso da Repuacuteblica Centro-Africana ou do Sudatildeo do Sul Um Conselho que tem o poder de estabelecer mandatos mobilizar proteccedilatildeo efetiva e limitar o medo do uso abusivo de argumentos humanitaacuterios precisaria ouvir os maiores atores poliacuteticos do mundo moderno os paiacuteses que contribuem com tropas e os financiadores

Tanto a composiccedilatildeo quanto os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila da ONU refletem a ordem mundial dos anos 1940 A fim de manter a credibilidade do sistema de seguranccedila coletiva restaurar a legitimidade do Conselho de Seguranccedila eacute uma questatildeo urgente e de interesse dos cinco membros permanentes Todavia mesmo estando bem fundadas em termos de justiccedila global e em prospectos de longo prazo para a governanccedila global as propostas jaacute existentes para uma expansatildeo do Conselho ou um papel mais proeminente da Assembleia Geral em assuntos de seguranccedila provavelmente natildeo contribuiratildeo para uma proteccedilatildeo mais efetiva contra crimes de atrocidade

Visando o 70o aniversaacuterio da ONU neste ano nossas sugestotildees datildeo ecircnfase agraves mudanccedilas procedimentais e natildeo estruturais do Conselho de Seguranccedila

28Global Public Policy Institute (GPPi)

Os cinco membros permanentes do Conselho de Seguranccedila deveriam dar mais apoio a processos decisoacuterios inclusivos dentro do Conselho e abrir canais informais de consulta sobre mandatos estrateacutegias e operaccedilotildees para todas as partes cruciais em especial potecircncias regionais e grandes colaboradores de pessoal Os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila na ONU limitam severamente seu senso de imparcialidade perante os olhos do mundo Na maioria das crises na Aacutefrica o chamado ldquopenholderrdquo ndash isto eacute o paiacutes responsaacutevel pelo rascunho das resoluccedilotildees do Conselho ndash eacute o antigo Estado colonizador ou os Estados Unidos65 Mesmo sendo uacutetil por dar uma continuidade ao longo dos anos esta organizaccedilatildeo e as relaccedilotildees internas resultantes entre os membros permanentes efetivamente excluem os membros natildeo-permanentes da maior parte das negociaccedilotildees informais onde as decisotildees mais importantes satildeo tomadas

Para que haja uma forma menos exclusiva de tomar decisotildees o precisaria de atores adicionais tanto dentro quanto fora das regiotildees relevantes para desenvolver as capacidades analiacutetica e poliacutetica de cogerenciar de forma construtiva o engajamento do Conselho e as operaccedilotildees de paz ao inveacutes de soacute defender seus proacuteprios interesses Os Estados membros e as organizaccedilotildees da sociedade civil tambeacutem devem continuar as discussotildees sobre um coacutedigo de conduta para limitaccedilatildeo voluntaacuteria do poder de veto em situaccedilotildees de crimes de atrocidade como proposto pelo governo francecircs66

Aleacutem dos procedimentos internos os membros do Conselho devem continuar expandindo as interaccedilotildees informais com as partes relevantes incluindo paiacuteses vizinhos e aqueles que contribuem com pessoal para as operaccedilotildees de paz Isso natildeo precisa se limitar a trocas diplomaacuteticas formais a fim de aumentar a qualidade e aceitaccedilatildeo dos mandatos de peacekeeping os paiacuteses responsaacuteveis pelo rascunho do mandato poderiam incluir a colaboraccedilatildeo de especialistas dos paiacuteses que contribuem com grande nuacutemero de tropas ou de policiais como por exemplo antigos comandantes de tropa ou chefes de poliacutecia67

Atores com credibilidade para fazer conexotildees no debate polarizado sobre intervenccedilatildeo militar devem facilitar os esforccedilos informais para desenvolver um sistema de monitoramento e informaccedilatildeo mais rigoroso para Estados que aderirem agraves missotildees com mandatos da ONUO conceito de Responsabilidade ao Proteger (RwP na sigla em inglecircs) eacute uma das iniciativas mais promissoras para lidar com os desacordos globais sobre o uso abusivo da Responsabilidade de Proteger Quando apresentado pelo Brasil no final de 2011 tal conceito ofereceu uma oportunidade de debate sobre o que poderia ser proteccedilatildeo efetiva e qual deveria ser o papel do uso da forccedila nessa proteccedilatildeo apoacutes a intervenccedilatildeo na Liacutebia quando essas discussotildees estavam extremamente polarizadas68 Apoacutes essa experiecircncia eacute muito improvaacutevel que o Conselho de Seguranccedila futuramente aprove uma resoluccedilatildeo autorizando o uso de forccedilas externas para a proteccedilatildeo com termos tatildeo amplos Com isso a implementaccedilatildeo de algumas ideias da proposta do RwP eacute de interesse de todos os Estados que acreditam que a forccedila deve ser uma ferramenta de uacuteltimo caso disponiacutevel

29Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

agrave comunidade internacional Discussotildees mais profundas satildeo necessaacuterias sobre os criteacuterios e condiccedilotildees considerados para que o Conselho use a forccedila para proteger populaccedilotildees Mesmo que a discussatildeo sobre criteacuterios para o uso da forccedila seja tatildeo antiga quanto a discussatildeo sobre intervenccedilatildeo humanitaacuteria69 todos os Estados membros se beneficiariam de um debate aberto sobre os sucessos e fracassos do uso da forccedila no passado e suas implicaccedilotildees no futuro como supracitado Outra questatildeo mais praacutetica diz respeito a como aumentar a habilidade do Conselho de monitorar aqueles que aderem e executam suas decisotildees Uma sugestatildeo concreta seria adotar elementos do sistema de peacekeeping como relatoacuterios e reuniotildees instrutivas regulares sobre a situaccedilatildeo das delegaccedilotildees para o uso da forccedila por terceiros As resoluccedilotildees poderiam incluir expliacutecitas claacuteusulas de caducidade que obrigariam a aprovaccedilatildeo da extensatildeo do mandato pelo Conselho de Seguranccedila e requerimentos de relatoacuterio regulares e especiacuteficos por parte daqueles Estados membros que aderirem e executarem as decisotildees do oacutergatildeo70 Outra sugestatildeo seria a criaccedilatildeo de mecanismos de responsabilizaccedilatildeo e monitoramento ao criar paineacuteis de especialistas quando os mandatos do Conselho incluiacuterem o uso da forccedila conforme modelo dos comitecircs de sanccedilotildees da ONU Relatoacuterios de comitecircs independentes como esses podem dar origem a uma praacutetica-padratildeo e contribuir para a melhora da qualidade nas decisotildees do Conselho ao longo do tempo seja antes durante ou depois das operaccedilotildees militares71

Potecircncias emergentes e jaacute estabelecidas podem fazer sua parte no avanccedilo das discussotildees sobre as questotildees colocadas pelo RwP Tanto a iniciativa oficial do Brasil quanto a ideia de ldquoProteccedilatildeo Responsaacutevelrdquo colocada por um reconhecido especialista chinecircs72 poderiam ser pontos de partida para discussotildees mais especiacuteficas e operacionais tanto entre os BRICS quanto entre os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila73 Ao inveacutes de rejeitar tais conceitos como sendo ataques agrave Responsabilidade de Proteger as potecircncias ocidentais deveriam ver essas iniciativas como uma oportunidade para um debate construtivo sobre como proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade74

Inserindo a Reflexatildeo e o Aprendizado Constantes em cada Ferramenta PoliacuteticaAinda que haja muita experiecircncia estabelecida com fracassos terriacuteveis e os poucos sucessos qualificados natildeo haacute uma base de conhecimento confiaacutevel sobre como proteger pessoas contra crimes de atrocidade Em geral governos e organizaccedilotildees internacionais continuam tratando cada crise como sendo uacutenica dando pouca atenccedilatildeo agrave reflexatildeo contiacutenua ao aprendizado e agrave adaptaccedilatildeo das poliacuteticas conforme as situaccedilotildees evoluem Os acadecircmicos jaacute aprenderam bem mais sobre o que natildeo funciona em algumas condiccedilotildees do que sobre o que poderia melhorar ndash por um lado porque cada intervenccedilatildeo poliacutetica acontece com contexto proacuteprio e por outro porque resultam de incentivos acadecircmicos e dificuldades de acesso a dados

30Global Public Policy Institute (GPPi)

Governos organizaccedilotildees internacionais sociedade civil e acadecircmicos precisam projetar poliacuteticas que sejam mais adaptaacuteveis ao conhecimento em evoluccedilatildeo e agrave avaliaccedilatildeo de riscos com base em oportunidades internas para reflexatildeo e aprendizado contiacutenuos e colaborativosEnquanto ainda haacute urgecircncia para que medidas sejam tomadas agir de forma responsaacutevel perante tanta incerteza pede que sejamos menos confiantes em nossa habilidade de determinar a melhor poliacutetica possiacutevel para cada situaccedilatildeo Poliacuteticos ativistas e intelectuais devem ser honestos consigo mesmos e transparentes com aqueles que mais sofrem com os impactos dessas poliacuteticas Natildeo haacute soluccedilotildees que tenham sido testadas e comprovadas Tudo que podemos fazer eacute tentar identificar a forma mais responsaacutevel de desenvolver cada caso enquanto nos mantemos preparados e prontos para reagir rapidamente a mudanccedilas e melhorar nossa gama de poliacuteticas instrumentais Este processo experimental de decisatildeo poliacutetica precisa ser constantemente monitorado e avaliado de forma autocriacutetica tanto interna quanto externamente atraveacutes do diaacutelogo franco e honesto entre profissionais sociedades e especialistas externos em todos os niacuteveis desde o monitoramento e avaliaccedilatildeo ateacute os debates mais amplos de poliacutetica puacuteblica sobre a eficaacutecia da forccedila militar e da diplomacia coercitiva na prevenccedilatildeo e resposta a crimes de atrocidade

31Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

1 Como a Genocide Prevention Task Force em um painel fechado de alto-niacutevel nos Estados Unidos apropriadamente argumentou em 2008 Genocide Prevention Task Force lsquoPreventing Genocide A Blueprint for US Policymakersrsquo (Washington DC The American Academy of Diplomacy US Holocaust Memorial Museum US Institute for Peace 2008) Veja tambeacutem Ruben Reike Serena Sharma e Jennifer Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo (Australian Civil-Military Centre e Oxford Institute for Ethics Law and Armed Conflict 2013) 6ff

2 Michael Ignatieff lsquoThe Libya Case a Teachable Momentrsquo Suddeutsche Zeitung Special Supplement http wwwamericanacademydesitesdefaultfilesuploadMSC202012pdf 3 de fevereiro de 2012 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 David Bosco lsquoAbstention Games on the Security Councilrsquo Foreign Policy httpforeignpolicy com20110317abstention-games-on-the-security-council 17 de marccedilo de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

3 Kofi A Annan lsquoTwo Concepts of Sovereigntyrsquo The Economist httpwwweconomistcomnode324795 16 de setembro de 1999 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

4 Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Conflict Security and Development 144 2014 Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

5 Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

6 Rosa Brooks lsquoThe UN Security Council and Civilian Protectionrsquo in Jared Genser e Bruno Ugarte eds The UN Security Council in the Age of Human Rights (New York Cambridge University Press 2013) 12 Sobre a base global para as normas de proteccedilatildeo veja Charles Sampford lsquoA Tale of Two Normsrsquo em Angus Francis Vesselin Popovski e Charles Sampford eds Norms of Protection Responsibility to Protect Protection of Civilians and Their Interaction (United Nations University Press 2012) Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

7 Para uma visatildeo geral do posicionamento do Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia e Aacutefrica do Sul sobre R2P veja os artigos na ediccedilatildeo especial de Conflict Security and Development Brockmeier Kurtz e Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Jaganathan e Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Julian Junk lsquoThe Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Xymena Kurowska lsquoMultipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Lui Tiewa e Zhang Haibin lsquoDebates in China About the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessmentrsquo Conflict Security and Development 2014 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Verhoeven Murthy e Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang Reinicke lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo ediccedilatildeo especial (144) de Conflict Security and Development (London Taylor amp Francis 2014)

8 CSR Murthy e Gerrit Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo Global Society em revisatildeo

9 Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo Global Society em revisatildeo Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo Global Society em revisatildeo

10 Judi Atkins Justifying New Labour Policy (Houndmills Basingstoke Hampshire New York Palgrave Macmillan 2011) 163 Veja por exemplo Stuenkel e Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Erna Burai lsquoParody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian Warrsquo Global Society em revisatildeo

Notas

32Global Public Policy Institute (GPPi)

11 Roland Paris lsquoThe ldquoResponsibility to Protectrdquo and the Structural Problems of Preventive Humanitarian Interventionrsquo International Peacekeeping 215 2014 4

12 Ramesh Thakur lsquoR2Prsquos ldquoStructuralrdquo Problems A Response to Roland Parisrsquo International Peacekeeping 2015 5

13 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

14 Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo Global Society em revisatildeo

15 Julian Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo Global Society em revisatildeo Julian Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo Global Society em revisatildeo

16 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

17 Erna Burai lsquoAfrican Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Groundrsquo Global Society em revisatildeo

18 Ambos os debates em torno das propostas brasileiras de Responsabilidade ao Proteger e o Diaacutelogo Interativo Informal da Assembleia Geral sobre Responsabilidade de Proteger e ldquoAccedilatildeo oportuna e decisivardquo em 2012 constituiacuteram tentativas de defensores de R2P se envolverem em discussotildees sobre o uso da forccedila e R2P Para acessar uma coleccedilatildeo de discursos durante a Assembleia Geral de 2012 veja httpwwwglobalr2porgresources278

19 Sarah Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo em Mary Kaldor e Iavor Rangelov eds The Handbook of Global Security Policy (Chichester West Sussex Wiley Blackwell 2014) 225

20 Alastair Iain Johnston lsquoThinking About Strategic Culturersquo International Security 194 1995 46

21 Pessimismo sobre a eficaacutecia da forccedila no entanto natildeo eacute o mesmo de promover a natildeo-violecircncia Alguns dos maiores defensores do ceticismo em relaccedilatildeo agraves forccedilas militares para proteccedilatildeo frequentemente recorrem a forccedilas militares ou quase militares no acircmbito domeacutestico

22 Otto Bakkano lsquoAU Pushes for Ceasefire Political Solution in Libyarsquo Mail amp Guardian httpmgcoza article2011-05-26-au-pushes-for-ceasefire-political-solution-in-libya 26 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Guido Westerwelle lsquoBundesminister Westerwelle Statement vom 25032011 zu Syrien Jemen Israel und dem Gaza-Streifen Sowie Libyenrsquo Auswartiges Amt httpwwwbrasildiplodeVertretung brasiliende07__AussenpolitikReden_20des_20Au_C3_9FenministersStatemente_20Syrienhtml 25 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

23 Barack Obama David Cameron e Nicolas Sarkozy lsquoLibyarsquos Pathway to Peacersquo The International Herald Tribune httpwwwnytimescom20110415opinion15iht-edlibya15html 15 de abril de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Reuters lsquoKerry Insists No Place for Assad in Syriarsquos Futurersquo Reuters httpwwwreuters comarticle20140117us-syria-crisis-kerry-idUSBREA0G14A20140117 17 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

24 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

25 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

26 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

27 Kersti Larsdotter lsquoExploring the Utility of Armed Force in Peace Operations German and British Approaches in Northern Afghanistanrsquo Small Wars and Insurgencies 193 2008 Taylor B Seybolt Humanitarian Military Intervention The Conditions for Success and Failure (Oxford Oxford University Press 2008) Rupert Smith The Utility of Force The Art of War in the Modern World (London Allen Lane 2005) Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

28 UN Department of Peacekeeping Operations e UN Department of Field Support lsquoOperational Concept on the Protection of Civilians in United Nations Peacekeeping Operationsrsquo (New York 2010) Sarah Sewall Dwight Raymond e Sally Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook (Cambridge MA Harvard Kennedy School 2010)

29 Harry Verhoeven documenta o exemplo de um diplomata chinecircs que ldquopensava que o Ocidente tinha inventado os Janjaweed [miliacutecias proacute- governo em Darfur] como uma desculpa para intervir Mas eles eram de verdade e matavam pessoasrdquo Harry Verhoeven lsquoIs Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa Is Changing Chinarsquo The Washington Quarterly 372 2014 64

33Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

30 BS Chimni lsquoFor Epistemological and Prudent Internationalismrsquo Harvard Law School Human Rights Journal novembro 2012 Greg Simons lsquoThe International Crisis Group and the Manufacturing and Communicating of Crisesrsquo Third World Quarterly 354 2014 Ramesh Thakur lsquoIs the United Nations Racistrsquo The Hindu httpwwwthehinducomopinionleadis-the-united-nations-racistarticle4928624ece 19 de julho de 2013 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

31 Ambassador Liu Zhenmin lsquoStatement by Ambassador Liu Zhenmin at the Plenary Session of the General Assembly on the Question of ldquoResponsibility to Protectrdquorsquo httpresponsibilitytoprotectorgStatement20 by20Ambassador20Liu20Zhenminpdf 24 de julho de 2009 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Zhang Haibin e Lui Tiewa lsquoRealizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and Thereafterrsquo Global Society em revisatildeo

32 Conversa com uma seacuterie de especialistas indianos em evento na Jawaharlal Nehru University (Nova Deacuteli Iacutendia) no dia 21 de Janeiro de 2015

33 IRIN lsquoA New Start for Crisis Reportingrsquo IRIN httpnewirinirinnewsorgpress-release 20 de novembro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34 Veja por exemplo Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoReport of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on United Nations Action in Sri Lankarsquo (New York United Nations 2012)

35 Um bom exemplo foi o briefing do Assessor Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedio para o Conselho de Seguranccedila da ONU depois de sua visita agrave Repuacuteblica Centro-Africana no dia 22 de janeiro de 2014 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoThe Statement of under Secretary-GeneralSpecial Adviser on the Prevention of Genocide Mr Adama Dieng on the Human Rights and Humanitarian Dimensions of the Crisis in the Central African Republicrsquo httpwwwunorgenpreventgenocideadviserpdfSAPG20Statement20at20UNSC20 on20the20situation20in20CAR-202220Jan202014pdf 22 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

36 Morten Bergsmo Quality Control in Fact-Finding (Florence Torkel Opsahl Academic EPublisher 2013) 210

37 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoRights up Front A Plan of Action to Strengthen the UNrsquos Role in Protecting People in Crises Follow-up to the Report of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on UN Action in Sri Lankarsquo (New York 2013)

38 Veja tambeacutem futura publicaccedilatildeo do GPPi Gerrit Kurtz lsquoA New Tool for Civilian Protection - the Human Rights up Front Initiative of the United Nationsrsquo GPPi Policy Brief futura publicaccedilatildeo

39 Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo

40 Jose Ramos-Horta lsquoIndia Right in Asking for More Say in Peacekeeping Operations-Related Decisions Top UN Panel Chiefrsquo Hindustan Times httpwwwhindustantimescomindia-newsindia-right-in-asking- for-more-say-in-peacekeeping-operations-related-decisions-top-un-panel-chiefarticle1-1314354aspx 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 13 de marccedilo de 2015

41 Thomas Biersteker et al lsquoThe Effectiveness of UN Targeted Sanctions - Findings from the Targeted Sanctions Consortium (TSC)rsquo The Graduate Institute Geneva 2013

42 Kirsten Ainley lsquoThe Responsibility to Protect and the International Criminal Court Counteracting the Crisisrsquo International Affairs 911 2015

43 Para distinccedilatildeo entre atividades ldquosistecircmicasrdquo e ldquodirecionadasrdquo veja Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

44 Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo Global Society em revisatildeo

45 Verhoeven e Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo 8 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann lsquoSchutz und Verantwortung Uber die US- Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltatenrsquo (2013)

46 Mike Brand lsquoEmploying lsquoPreventionrsquo to Prevent Mass Atrocitiesrsquo Saferworld httpwwwsaferworldorguk news-and-viewscomment123-employing-apreventiona-to-prevent-mass-atrocities 25 de fevereiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Warren Strobel e Louis Charbonneau lsquoUS Was Slow to Lose Patience as South Sudan Unraveledrsquo Reuters 14 de janeiro de 2014

47 Adam Lupel lsquoUN Adviser on Prevention of Genocide ldquoWe Have to Make Sure the Security Council Actsrdquorsquo httptheglobalobservatoryorg201404un-adviser-on-prevention-of-genocide-we-have-to-make-sure- security-council-acts 28 de abril de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34Global Public Policy Institute (GPPi)

48 Office for the Coordination of Humanitarian Affairs lsquoHumanitarian Bulletin Syriarsquo Humanitarian Bulletin Issue 53 httpreliefwebintsitesreliefwebintfilesresourcesBulletin_no_53_17032015_final_01pdf 1 de fevereiro - 18 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

49 Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

50 Human Rights Watch lsquoGermany QampA on Trial of Two Rwandan Rebel Leadersrsquo httpwwwhrworgde news20110502germany-qa-trial-two-rwandan-rebel-leaders 2 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 23 de marccedilo de 2015

51 Eric Lichtblau lsquoUS Seeks to Deport Bosnians over War Crimesrsquo New York worldus-seeks-to-deport-bosnians-over- Times httpwwwnytimescom20150301war-crimeshtml 28 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

52 Para um argumento similar observando o envolvimento internacional com a Liacutebia em 2015 veja International Crisis Group lsquoLibya Getting Geneva Rightrsquo International Crisis Group Middle East and North Africa Report Nr 157 2015

53 Kurtz e Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo

54 Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo

55 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

56 Alex J Bellamy e Charles T Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo (Asia- Pacific Centre for the Responsibility to Protect 2010) Alex J Bellamy The Responsibility to Protect A Defense (Oxford Oxford University Press 2014)

57 Ashley Jackson lsquoProtecting Civilians The Gap between Norms and Practicersquo (Humanitarian Policy Group 2014)

58 Isso jaacute foi escrito em 2009 no relatoacuterio ldquoNew Horizonrdquo do DPKO ldquoO descompasso entre expectativas e capacidade de promover proteccedilatildeo abrangente criou um significante desafio de credibilidade para as operaccedilotildees de paz da ONUrdquo Department of Peacekeeping Operations lsquoA New Partnership Agenda Charting a New Horizon for UN Peacekeepingrsquo (New York 2009) 20

59 Compare United Nations lsquoFinal Report of the Expert Panel on Technology and Innovation in UN Peacekeepingrsquo httpwwwperformancepeacekeepingorgofflinedownloadpdf 22 de dezembro de 2014

60 Compare United States Mission to the United Nations lsquoRemarks on Peacekeeping in Brussels by Samantha Power US Permanent Representative to the United Nationsrsquo httpusunstategovbriefing statements238660htm 9 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

61 Bellamy and Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo 23-24 Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

62 Isso poderia se basear no Mass Atrocities Response Operations project do US Armyrsquos Peacekeeping and Stability Operations Institute e do Harvard Kennedy Schoolrsquos Carr Center for Human Rights Veja Sewall Raymond e Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook

63 Mats Berdal e David H Ucko lsquoThe United Nations and the Use of Force Between Promise and Perilrsquo Journal of Strategic Studies 375 2014

64 Veja tambeacutem os resultados de um projeto do SIPRI sobre o futuro das operaccedilotildees de paz Jair van der Lijn e Xenia Avezov lsquoThe Future Peace Operations Landscape - Voices from Stakeholders around the Globe - Final Report of the New Geopolitics of Peace Operations Initiativersquo Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) janeiro de 2015

65 Security Council Report lsquoChairs of Subsidiary Bodies and Penholders for 2015rsquo httpwwwsecuritycouncilreportorgmonthly-forecast2015-02chairs_of_subsidiary_bodies_and_penholders_ for_2015php 30 de janeiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

66 Gareth Evans lsquoLimiting the Security Council Vetorsquo Project Syndicate httpwwwproject-syndicateorg commentarysecurity-council-veto-limit-by-gareth-evans-2015-02 4 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Kofi Annan e Gro Harlem Brundtland lsquoFour Ideas for a Stronger UNrsquo The New York Times httpwwwnytimescom20150207opinionkofi-annan-gro-harlem-bruntland-four-ideas-for-a-stronger- unhtml_r=0 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

67 Conversa com ex-comandantes militares Nova Deacuteli janeiro de 2015

68 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

35Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

69 Ibid Murthy e Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo

70 Compare tambeacutem com Bellamy The Responsibility to Protect A Defense 200

71 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

72 Ruan Zongze lsquo阮宗泽中国应倡导ldquo负责任的保护rdquo- ( China deveria defender a Proteccedilatildeo Responsaacutevel)rsquo Global Times (ediccedilatildeo chinesa) httpopinionhuanqiucom11522012-032501163html uacuteltimo acesso em 7 de marccedilo de 2012

73 Andrew Garwood-Gowers lsquoChinarsquos ldquoResponsible Protectionrdquo Concept Re-Interpreting the Responsibility to Protect (R2P) and Military Intervention for Humanitarian Purposesrsquo Asian Journal of International Law disponiacutevel em CJO2015 2015

74 Thorsten Benner lsquoBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiativersquo GPPi Working Paper Series 2013

36Global Public Policy Institute (GPPi)

Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang 4 n 4 2014) A ediccedilatildeo especial conteacutem os seguintes artigos todos disponiacuteveis gratuitamente online Introduction Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier

Regulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protect por Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

Debates in China about the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessment por Liu Tiewa e Zhang Haibin

Emerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protect por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk

Singing the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protect por Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz

Multipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protect por Xymena Kurowska

ldquoOur Identity is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Intervention por Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira

The Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protect por Julian Junk

Em breve laccedilaremos uma ediccedilatildeo especial na Global Society os seguintes artigos que estatildeo atualmente em processo de revisatildeo To Intervene in Darfur or Not Re-examining the R2P Debate and its Impacts por Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira

International Responsibility as Solidarity the Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectory por CSR Murthy e Gerrit Kurtz

Bringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenya por Julian Junk

Testing Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2P por Julian Junk

Parody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian War por Erna Burai

Protection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009 por Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan

Realizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and thereafter por Zhang Haibin e Liu Tiewa

The Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protection por Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

African Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Ground por Erna Burai

Responsibility While Protecting and the Ethics of R2P Implementation por Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier

Outras publicaccedilotildees relacionadasBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiative por Thorsten Benner Seacuterie de Working Papers do GPPi 2013

O Brasil como um Empreendedor Normativo a Responsabilidade ao Proteger por Thorsten Benner Politica Externa v 21 n 4 2013 p 35-46

Germany and the Intervention in Libya por Sarah Brockmeier Survival Global Politics and Strategy v55 n6 2013 p 63ndash90

Schutz und Verantwortung Uber die US-Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltaten por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann Heinrich Boll Foundation June 2013

Internationale Schutzverantwortung - Normative Erwartungen und Politische Praxis por Christopher Daase e Julian Junk (orgs) Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n 1-2 2013

Die Legalisierung der Legitimitat ndash Zur Kritik der Schutzverantwortung als Emerging Norm por Christopher Daase Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n1-2 2013 p 41-62

Emerging Power Exceptional State Elusive Country Explaining Indiarsquos Behavior por Madhan Mohan Jaganathan (com Amna Sunmbul) Proceedings of the International Conference on Social Sciences Chennai 2013 p 308-311

A New Tool for Civilian Protection - The Human Rights up Front Initiative of the United Nations por Gerrit Kurtz GPPi Policy Brief lanccedilamento em breve

Indiarsquos Approach to the Protection of Civilians in Armed Conflicts por CSR Murthy Norwegian Peacebuilding Resource Centre novembro de 2012

Contemporary World Order and Approaches to UN Peacekeeping A South Asian Perspective por CSR Murthy Friedrich Ebert Foundation dezembro de 2012

India-Brazil-South Africa Dialogue Forum (IBSA) The Rise of the Global South por Oliver Stuenkel Routledge Global Institutions 2014

The BRICS and the Future of Global Order por Oliver Stuenkel Lexington Press 2015

The BRICS and the Future of R2P Was Syria or Libya the Exception por Oliver Stuenkel Global Responsibility to Protect v6 n 1 2014 p 3-28

China and Responsibility to Protect Maintenance and Change of its Policy for Intervention por Liu Tiewa The Pacific Review v 25 v1 2012 p 153-173

Is China Like the Other Permanent Members Governmental and Academic Debates about RtoP by Liu Tiewa in Moacutenica Serrano e Thomas G Weiss (orgs) Rallying to the RtoP Cause The International Politics of Human Rights Routledge 2014 p 148-170

Chinese Strategic Culture and the Use of Force Moral and Political Perspectives por Liu Tiewa Journal of Contemporary China v23 n87 2014 p 556-574

Is Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa is Changing China por Harry Verhoeven The Washington Quarterly vol37 n2 2014 p 55-70

Publicaccedilotildees Selecionadas

37Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

AutoresThorsten BennerGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Sarah Brockmeier Global Public Policy InstituteBerlin Germany

Erna BuraiCentral European UniversityBudapest Hungary

CSR MurthyJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Christopher DaasePeace Research InstituteFrankfurt Germany

J Madhan MohanJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Julian JunkPeace Research InstituteFrankfurt Germany

Xymena KurowskaCentral European UniversityBudapest Hungary

Gerrit KurtzGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Liu TiewaPeking University China

Wolfgang ReinickeGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Philipp RotmannGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Ricardo Soares de OliveiraOxford UniversityUnited Kingdom

Matias SpektorFundaccedilatildeo Getulio VargasRio de Janeiro Brazil

Oliver StuenkelFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Marcos TourinhoFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Harry VerhoevenOxford UniversityUnited Kingdom

Zhang HaibinPeking UniversityChina

Global Public Policy Institute (GPPi)Reinhardtstr 7 10117 Berlin GermanyPhone +49 30 275 959 75-0Fax +49 30 275 959 75-99gppigppinet

gppinetglobalnormsnet

19Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

lado agecircncias de notiacutecia estatais frequentemente tecircm dificuldade para estabelecer uma reputaccedilatildeo de integridade jornaliacutestica Satildeo raros os grandes investimentos no relato de crises humanitaacuterias tais como recentemente feito pela Fundaccedilatildeo Jynwel com sede em Hong Kong na agora independente organizaccedilatildeo de noticias IRIN33 Organizaccedilotildees de defesa podem contribuir com a reduccedilatildeo das alegaccedilotildees de parcialidade ao natildeo exporem situaccedilotildees de conflito como se fossem preto-no-branco e ao serem transparentes sobre quem as financiam e apoiam Se apresentarem uma extensa lista de notas e fontes em seus relatoacuterios como feito regularmente pelo International Crisis Group e pela Human Rights Watch eacute dever dos criacuteticos se engajar com essas fontes com base nos fatos

Fortalecer e diversificar as informaccedilotildees sobre os riscos de crimes de atrocidade em massa tambeacutem pode significar estabelecer organizaccedilotildees de sociedade civil regionais dedicadas agrave pesquisa criacutevel e confiaacutevel sobre a prevenccedilatildeo de atrocidades Se verdadeiramente baseadas em sociedades locais tais grupos teriam mais acesso a grupos nacionais e regionais de sociedade civil do que as organizaccedilotildees globais com sede em Nova York ou Genebra Consequentemente suas informaccedilotildees e argumentos mais provavelmente obteriam credibilidade poliacutetica a niacutevel global No curto prazo a massa criacutetica necessaacuteria a esses centros da sociedade civil provavelmente seraacute alcanccedilada na Europa ou na Aacutefrica mas a Ameacuterica Latina (com sua iacutempar accedilatildeo ldquoRede Latino-Americana de Prevenccedilatildeo ao Genociacutedio e Atrocidades em Massardquo a niacutevel governamental) e a Aacutesia tambeacutem podem se desenvolver rapidamente

Os Estados membros a sociedade civil e as organizaccedilotildees regionais devem melhorar as capacidades da ONU de coletar informaccedilotildees e desvendar fatos sobre desafios agrave proteccedilatildeo ao oferecer assistecircncia logiacutestica funcionaacuterios a curto-prazo e fontes locais de informaccedilatildeo Ao mesmo tempo em que organizaccedilotildees regionais satildeo cada vez mais capazes de influenciar o entendimento global sobre suas partes do mundo a sua imparcialidade eacute apenas tatildeo criacutevel quanto a das potecircncias regionais que lideram as suas deliberaccedilotildees As Naccedilotildees Unidas natildeo podem entretanto sempre responder sozinhas agraves demandas por informaccedilotildees imparciais e criacuteveis sobre riscos de atrocidade Os mecanismos das Naccedilotildees Unidas frequentemente dependem tanto de fontes governamentais e privadas devido agrave necessidade de agir rapidamente quanto sofrem com a falta de acesso proacuteprio e independente aos locais de risco Aleacutem disso a ONU tambeacutem jaacute esteve sujeita agrave autocensura e foi forccedilada a romper compromissos poliacuteticos34

Todos os Estados membros da ONU precisam fortalecer os mecanismos de coleta de informaccedilatildeo da instituiccedilatildeo suas comissotildees de inqueacuterito e outros oacutergatildeos correlatos Por exemplo sempre que uma violecircncia em massa comeccedila conforme definido pelo Secretaacuterio Geral a ONU deveraacute enviar uma missatildeo para desvendar os fatos a fim de informar melhor as discussotildees no Conselho de Seguranccedila Isso poderaacute ser baseado em um grupo permanente de especialistas preacute-selecionados e deveraacute envolver as agecircncias da ONU relevantes ao tema especialmente o Escritoacuterio de Coordenaccedilatildeo de Assuntos Humanitaacuterios O Alto Comissariado para Direitos Humanos o Conselheiro Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedios e o Departamento de Assuntos Poliacuteticos35 Estados membros devem contribuir tanto com financiamento quanto com especialistas

20Global Public Policy Institute (GPPi)

treinados para essas missotildees O estabelecimento de regras para a contrataccedilatildeo de pessoal poderia ajudar a deixar processos de seleccedilatildeo o mais transparentes possiacutevel e desta forma melhorar a credibilidade e imparcialidade da descoberta de fatos pela ONU36

Estados membros tambeacutem podem ajudar as Naccedilotildees Unidas na implementaccedilatildeo de sua iniciativa ldquoHuman Rights Up Frontrdquo (em portuguecircs ldquoDireitos Humanos Antes de Tudordquo) atraveacutes do qual o Secretariado estaacute criando um sistema simplificado de gerenciamento de informaccedilotildees para tudo que eacute coletado pelas muitas partes do sistema ONU combinando dados jaacute existentes sobre proteccedilatildeo humanitaacuteria proteccedilatildeo dos direitos humanos proteccedilatildeo de mulheres em conflitos armados e proteccedilatildeo de crianccedilas37 Os Estados membros podem dar apoio agrave ONU ao incluir mais informaccedilotildees de atores bilaterais no local desde que a ONU faccedila os investimentos necessaacuterios para o tratamento de dados sensiacuteveis proteccedilatildeo a testemunhas e referecircncias38

Usando Ferramentas Diplomaacuteticas e Civis De Forma Antecipada Justa e EstrateacutegicaApesar das diferenccedilas em ecircnfases retoacutericas haacute um consenso universal que as atrocidades devem ser prevenidas pelo uso antecipado e sustentaacutevel de uma variedade de ferramentas civis disponiacuteveis agrave comunidade internacional Estatildeo incluiacutedas a diplomacia a mediaccedilatildeo e as missotildees poliacuteticas assim como as sanccedilotildees a justiccedila criminal internacional as accedilotildees humanitaacuterias e as ferramentas de peacebuilding apoacutes crises dentre elas a reconstruccedilotildees das instituiccedilotildees estatais e do Estado de direito

Desde os anos 90 a comunidade internacional aprendeu liccedilotildees importantes sobre o uso dessas ferramentas e vem caminhando para desenvolvecirc-las ainda mais Satildeo visiacuteveis os sucessos na diplomacia preventiva como o ocorrido durante a crise poacutes-eleiccedilotildees no Quecircnia em 200839 quando um negociador de alto niacutevel liderou as conversas tendo apoio politico de oacutergatildeos regionais e de todos os membros do Conselho de Seguranccedila expertise da ONU e engajamento da sociedade civil Ao longo dos uacuteltimos 10 anos houve uma significativa expansatildeo das capacidades de negociaccedilatildeo dentro da ONU e das organizaccedilotildees regionais Missotildees poliacuteticas no Timor Leste ou na Guineacute-Bissau podem ter evitado uma nova onda de violecircncia nesses locais40 Sanccedilotildees seletivas provavelmente ajudaram a controlar pessoas que poderiam atrapalhar as primeiras fases do processo de peacebuilding na Libeacuteria Costa do Marfim e Serra Leoa41 O Tribunal Penal Internacional processou e condenou seus primeiros casos e apoiou importantes reformas nos sistemas de justiccedila criminal em muitos paiacuteses42

Ainda assim a comunidade internacional em inuacutemeras vezes natildeo fez uso das ferramentas civis disponiacuteveis de forma antecipada decisiva e sustentaacutevel O consenso que parece existir para o uso de ferramentas civis antecipadamente e como prioridade se desfaz assim que decisotildees poliacuteticas e priorizaccedilatildeo se fazem necessaacuterias Mudar isso eacute difiacutecil Requer ir aleacutem das caricaturas comuns que culpam apenas os paiacuteses ocidentais por investir pouco ou as potecircncias natildeo-ocidentais por repelir as tentativas de influenciar ou pressionar perpetradores e seus cuacutemplices Natildeo soacute as prioridades e interesses competitivos existem de todos os lados mas o desafio tambeacutem eacute marcado pela profunda incerteza sobre como e quando usar tais ferramentas com quais atores e em qual espaccedilo Natildeo haacute uma soluccedilatildeo uacutenica e faacutecil para prevenccedilatildeo resposta ou recuperaccedilatildeo efetiva

21Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Nosso foco eacute em medidas de curto prazo voltadas para os civis em situaccedilotildees em que haacute alta probabilidade ou jaacute haacute ocorrecircncia de atrocidades 43Descobrimos que haacute quatro aacutereas que devem ser especialmente observadas

Os atores (em particular potecircncias emergentes) que mais pedem por diplomacia ferramentas civis e prevenccedilatildeo antecipada precisam traduzir seu compromisso retoacuterico em vontade poliacutetica e os investimentos necessaacuterios em capacidades e ideiasIr aleacutem da retoacuterica sobre prevenccedilatildeo requer vontade poliacutetica para fazer disso uma prioridade Com muita frequecircncia a prevenccedilatildeo contra crimes de atrocidade vai de encontro a outros objetivos poliacuteticos em uma determinada situaccedilatildeo de crise Algumas vezes esses interesses e prioridades estatildeo em extremos opostos No Sri Lanka por exemplo o governo conseguiu alavancar a imensa preocupaccedilatildeo internacional com o contraterrorismo para evitar pressotildees em relaccedilatildeo aos crimes de guerra perpetrados durante o conflito contra os Tigres de Libertaccedilatildeo do Tacircmil Eelam (LTTE) no comeccedilo de 200944 Em Darfur a accedilatildeo diplomaacutetica internacional para acabar com os crimes de atrocidade teve de competir com a prioridade para um acordo de paz na longa guerra civil Norte-Sul no Sudatildeo e com a colaboraccedilatildeo antiterrorista do governo sudanecircs45

Todavia mesmo com a ausecircncia de grandes interesses conflitantes haacute um espaccedilo entre o apoio abstrato para a proteccedilatildeo de populaccedilotildees contra crimes de atrocidade e a vontade poliacutetica de agir dispor-se financeiramente e assumir riscos proporcionais Um exemplo recente de quando investimentos deveriam ter sido feitos antes e de forma mais substancial eacute o Sudatildeo do Sul ndash uma crise que tambeacutem demonstra como as categorias ldquoocidentaisrdquo contra os ldquodemaisrdquo natildeo satildeo uacuteteis na anaacutelise das posiccedilotildees dos paiacuteses sobre proteccedilatildeo Por motivos diversos tanto os Estados Unidos quanto a China apoiaram fortemente o governo de Salva Kiir ignorando sinais importantes ateacute que essa se tornou uma das facccedilotildees combatentes na nova guerra civil do Sudatildeo do Sul46 Na Repuacuteblica Centro-Africana investimentos preacutevios nas iniciativas legais e nas reformas no setor de seguranccedila poderiam ter sido capazes de evitar que o paiacutes atingisse a atual escala de violecircncia47

Como esses e outros exemplos revelam haacute um grande descompasso entre a retoacuterica que demanda mais ldquosoluccedilotildees poliacuteticas e diplomaacuteticasrdquo ndash como constantemente enfatizado por China Ruacutessia Iacutendia Brasil Aacutefrica do Sul (e tambeacutem pela Alemanha e pela Uniatildeo Europeia) ndash e os recursos poliacuteticos e materiais investidos na busca por tais soluccedilotildees Colocar em praacutetica essas ldquosoluccedilotildees poliacuteticasrdquo requer ao mesmo tempo declaraccedilotildees ocasionais e o estabelecimento de capacidades institucionais para o monitoramento dos direitos humanos monitoramento de longo prazo das eleiccedilotildees mediaccedilatildeo e apoio de pessoas com experiecircncia secircnior que possam ser rapidamente acionadas e a construccedilatildeo de instituiccedilotildees nos setores de justiccedila seguranccedila e correlatas normalmente envolvidas com missotildees poliacuteticas da ONU e de organizaccedilotildees regionais Similarmente o uso de ferramentas coercitivas como sanccedilotildees requer tanto a tomada de decisotildees difiacuteceis quanto investimentos e iniciativas para planejar criativamente e melhorar estas ferramentas a fim de que sejam de fato seletivas justas e legalmente soacutelidas ndash em outras palavras que minimizem os riscos de afetarem as pessoas erradas

22Global Public Policy Institute (GPPi)

de acordo com princiacutepios baacutesicos do direito O Tribunal Penal Internacional precisa do comprometimento poliacutetico e da ratificaccedilatildeo do Estatuto de Roma por algumas das naccedilotildees mais poderosas do mundo Tambeacutem precisa de recursos para continuar acompanhando seus casos No miacutenimo tanto as potecircncias emergentes quanto as jaacute estabelecidas precisam melhorar sua assistecircncia humanitaacuteria para aqueles que fogem da violecircncia Por exemplo Estados membros da ONU cederam menos de 50 por cento dos fundos necessaacuterios para a resposta humanitaacuteria na Siacuteria deixando milhares de pessoas necessitadas em 201448

Os governos devem priorizar a detenccedilatildeo e julgamento dos perpetradores de crimes de atrocidade em suas jurisdiccedilotildees Aleacutem das dificuldades poliacuteticas de se lidar com perpetradores que estatildeo no poder como na Siacuteria ou com perpetradores que estatildeo fora do alcance de Estados falidos como na Repuacuteblica Centro-Africana todos os governos podem fazer mais para sancionar ou julgar esses perpetradores por crimes de atrocidade que de alguma forma estejam em suas jurisdiccedilotildees Prevenir e dar respostas aos crimes de atrocidade significa lidar com as motivaccedilotildees e capacidades de perpetradores individuais antes que cometam crimes Tambeacutem significa puni-los por seus atos49 Aqueles que mantecircm seu dinheiro em bancos multinacionais podem estar sujeitos ao congelamento de seus ativos estejam nos bancos na Europa ou na Aacutesia Aqueles que viajam estatildeo sujeitos agrave recusa de vistos e impedimentos de viagem de modo a impactar suas accedilotildees antes de cometerem ou enquanto cometem atrocidades Leis existentes como nos Estados Unidos permitem que imigrantes sejam deportados se houver provas que os liguem a genociacutedios Paiacuteses podem buscar pessoas procuradas pelo Tribunal Penal Internacional e mudar suas leis ou designar forccedilas policiais para processar os piores crimes de atrocidade independentemente dos locais em que foram cometidos

Com muita frequecircncia a falta de atenccedilatildeo e vontade poliacutetica permite que perpetradores vivam livres e confortavelmente apoacutes terem cometido atrocidades ou ateacute mesmo organizar financiar e apoiar atrocidades em andamento mesmo estando no exterior Isso aconteceu com diversos liacutederes das Forccedilas Democraacuteticas Para a Libertaccedilatildeo de Ruanda (FDLR) um grupo miliciano operando no Congo Eles viveram sem problemas na Alemanha durante quase uma deacutecada antes de serem presos e julgados50 Os Estados Unidos apesar de sua recusa em ratificar o Estatuto de Roma recentemente serviu de exemplo ao aumentar seus esforccedilos na procura por suspeitos de crimes de guerra que moram no paiacutes e ao desenvolver propostas que permitem o uso das leis de imigraccedilatildeo para fazer com que perpetradores de atrocidades paguem por seus crimes51

Poliacuteticos devem dar prioridade ao comportamento atual ao avaliar a legitimidade de atores e julgar todos os atores de um conflito pelos mesmos padrotildees Soacute porque em determinado momento haacute um grupo claramente identificaacutevel como perpetrador de atrocidades natildeo significa que outros grupos sejam e continuaratildeo sendo inocentes de tais atos Violecircncia gera mais violecircncia jaacute que grupos ameaccedilados

23Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

se defendem e continuam combatendo o inimigo A Liacutebia eacute um bom exemplo disso Na primavera de 2011 identificar corretamente o regime de Gaddafi como responsaacutevel por crimes de atrocidade foi a decisatildeo correta ndash mas natildeo evitou que os rebeldes cometessem crimes similares posteriormente previsivelmente em alguns grupos tornando quem os apoiava militarmente cuacutemplices De forma similar em 2014 apoiar as forccedilas curdas Peshmerga era a uacutenica forma de prevenir um massacre contra os Yazidis no Iraque ndash mas aqueles que deram apoio natildeo deveriam silenciar-se perante as posteriores mortes em represaacutelia

A escolha de grupos especiacuteficos como aliados eacute facilmente entendida como arbitraacuteria quando o comportamento atual natildeo justifica apoio internacional Um dos argumentos conflitantes de legitimidade poliacutetica acontece quando atores externos escolhem seus aliados locais de forma inconsistente com suas accedilotildees (algumas vezes favorecendo o regime incumbente) e tal escolha eacute facilmente vista como hipoacutecrita52 Poliacuteticos tambeacutem estatildeo vulneraacuteveis a tais acusaccedilotildees quando satildeo seletivos sobre suas criacuteticas a poderes regionais que armam ou apoiam grupo rebeldes como no caso do silecircncio ocidental sobre o envolvimento da Araacutebia Saudita na Siacuteria

Defensores do R2P e da prevenccedilatildeo de atrocidades em governos ou na sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando pedir a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes

No que diz respeito agrave diplomacia preventiva defensores do R2P e da prevenccedilatildeo contra atrocidades incluindo governos e a sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando e como pedem a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes Em algumas situaccedilotildees o Conselho pode deixar a mediaccedilatildeo mais difiacutecil ao elevar o niacutevel de visibilidade poliacutetica de uma crise Ele pode ajudar mediadores ao dar-lhes mais peso um senso de urgecircncia incentivos e desincentivos (ex com sanccedilotildees seletivas proibiccedilotildees de viagem congelamento de ativos embargo de armas investigaccedilotildees estabelecimento de uma missatildeo poliacutetica) Mas em algumas situaccedilotildees pressatildeo internacional vinda dos mais altos niacuteveis que inclui o papel do Conselho de Seguranccedila pode ser contraproducente Isso pode reforccedilar a urgecircncia de um governo em terminar a guerra a todos os custos como no caso do Sri Lanka no comeccedilo de 200953 ou complicar as negociaccedilotildees para acesso humanitaacuterio como em Mianmar em maio de 200854 Em particular quando os casos lidam com governos que jaacute vecircm sendo excluiacutedos da comunidade internacional foacuteruns e canais mais discretos podem ser mais efetivos na tentativa de influenciar mudanccedilas de comportamento

Possibilitando que as Missotildees de Paz da ONU Ofereccedilam Proteccedilatildeo CriacutevelO peacekeeping eacute um sistema com grande legitimidade global que jaacute evita abusos e comeccedilou a dar ecircnfase agrave Proteccedilatildeo de Civis (PoC) em muitas de suas operaccedilotildees A composiccedilatildeo global e o controle rigoroso por parte do Conselho de Seguranccedila deixa as operaccedilotildees de paz muito mais aceitaacuteveis que qualquer outro instrumento como notavelmente o uso da

24Global Public Policy Institute (GPPi)

forccedila por terceiros segundo um mandato do Conselho de Seguranccedila55 Ao mesmo tempo o peacekeeping soacute eacute capaz de lidar com um nuacutemero limitado de desafios agrave proteccedilatildeo a ausecircncia de mecanismos raacutepidos e efetivos de mobilizaccedilatildeo de implementaccedilatildeo faz com que seja impossiacutevel para peacekeepers da ONU responder a ameaccedilas iminentes de crimes de atrocidade e os requerimentos legais e praacuteticos da colaboraccedilatildeo com o governo local limitam uma accedilatildeo efetiva contra os perpetradores dos crimes de atrocidade que sejam parte ou que recebam apoio do governo Mesmo quando os peacekeepers estavam presentes enquanto crimes de atrocidade eram praticados como na Costa do Marfim em 2011 e no Sudatildeo do Sul em 2013 qualquer prevenccedilatildeo efetiva foi ilusoacuteria E onde uma reaccedilatildeo imediata natildeo obteve sucesso os desafios da proteccedilatildeo efetiva contra crimes em andamento rapidamente excedeu a capacidade dos boinas azuis

As vaacuterias maneiras em que as operaccedilotildees de paz poderiam melhor proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade ao estabelecer capacidades reduzir vulnerabilidade (ldquoproteccedilatildeo indiretardquo) e defender contra perpetradores (ldquoproteccedilatildeo diretardquo) jaacute foram explicitadas em outras oportunidades56 Atingir pelo menos um niacutevel moderado de ambiccedilatildeo para que peacekeepers protejam populaccedilotildees contra crimes de atrocidade requereria investimentos adicionais em capacidade doutrina e treinamento Tambeacutem seria necessaacuteria uma anaacutelise mais seacuteria sobre como combinar de forma efetiva o uso do peacekeeping com instrumentos poliacuteticos

O Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz a lideranccedila da missatildeo e os paiacuteses colaboradores precisam informar de forma modesta e transparente os limites das capacidades da ONU na proteccedilatildeo de civis

O comprometimento bem-vindo e necessaacuterio do Conselho de Seguranccedila com a proteccedilatildeo levou a um nuacutemero excessivo de promessas57 que aumentaram a lacuna entre as expectativas locais e a capacidade das missotildees Quando um mandato para milhares de peacekeepers eacute estabelecido com grande alvoroccedilo mas somente uma fraccedilatildeo chega seis meses depois como no Sudatildeo Sul apoacutes o iniacutecio da uacuteltima guerra civil em dezembro de 2013 ou como quando os peacekeepers se recusaram a tomar medidas enquanto crimes de atrocidade eram cometidos nas redondezas (devido ou natildeo ao apoio ou lideranccedila inadequados) como visto recentemente na RDC ou no Sudatildeo pessoas que se reuacutenem ao redor da bandeira azul na esperanccedila de proteccedilatildeo se tornam mais vulneraacuteveis ao perigo do que se estivessem em outro local De forma geral populaccedilotildees ameaccediladas estatildeo em situaccedilotildees melhores com os peacekeepers do que sem eles mas ainda assim a credibilidade das Naccedilotildees Unidas eacute afetada nestes casos58

Tanto a proteccedilatildeo efetiva quanto a responsaacutevel exigem uma comunicaccedilatildeo honesta e transparente com o puacuteblico e com o Conselho de Seguranccedila sobre as capacidades de cada missatildeo e de cada contingente aleacutem da sua disponibilidade para assumir riscos Quando os diplomatas do Conselho criarem ou derem nova autorizaccedilatildeo a outro ambicioso mandato para a proteccedilatildeo de civis eles precisam ser formalmente informados das capacidades e requerimentos que seratildeo necessaacuterios

25Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

A proteccedilatildeo por parte dos peacekeepers requer um salto de qualidade das contribuiccedilotildees para as operaccedilotildees dos boinas azuis e isso exige que o Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz as tropas a poliacutecia e os colaboradores financeiros encontrem uma divisatildeo do trabalho mais justa e equilibradaO equiliacutebrio fraacutegil entre aqueles que contribuem com tropas (em sua maioria da Aacutefrica e da Aacutesia) financiadores (em sua maioria da Europa e Ameacuterica do Norte) e os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila da ONU que emitem mandatos estaacute proacuteximo de se desfazer A insustentaacutevel divisatildeo de trabalho em peacekeeping natildeo eacute uma questatildeo dos ocidentais contra os demais Muitos paiacuteses africanos cansados dos muitos anos de tentativas frustradas de instauraccedilatildeo da paz no continente pelas potecircncias externas cada vez mais requerem e apoiam o uso de forccedila militar para proteger civis e conceder mais tempo para as negociaccedilotildees de paz Por outro lado paiacuteses que tradicionalmente contribuem com muitas tropas estatildeo cada vez mais reticentes em ameaccedilar a vida de seus soldados em locais distantes ndash especialmente aqueles paiacuteses como a Iacutendia cujo papel emergente no mundo criou expectativas de exercer influecircncia sobre escolhas estrateacutegicas que ateacute agora se mantiveram no domiacutenio exclusivo dos membros permanentes Isso tudo combinado com a austeridade imposta agraves forccedilas armadas mais desenvolvidas impossibilitando aumentar suas contribuiccedilotildees de ativos-chave ndash que poderia reduzir os riscos aos boinas azuis ndash vem deixando muitos paiacuteses em desenvolvimento cada vez mais impacientes com um sistema que natildeo funciona mais para eles

Para avanccedilar na prevenccedilatildeo de crimes de atrocidade economias desenvolvidas e em desenvolvimento precisatildeo aumentar os recursos disponibilizados para as missotildees de paz da ONU mas o dever principal de balancear o desequiliacutebrio atual estaacute nas matildeos de paiacuteses com capacidades avanccediladas Eles precisam disponibilizar forccedilas militares e ativos poliacuteticos que satildeo chaves para limitar o risco de todos os boinas azuis e aumentar o custo-benefiacutecio e a eficaacutecia do peacekeeping Isso inclui drones de vigilacircncia veiacuteculos anti-minas hospitais militares evacuaccedilatildeo meacutedica aeacuterea apoio de combate aeacutereo transporte aeacutereo taacutetico equipamentos anti-explosivos e outras tecnologias avanccediladas59

Contudo natildeo satildeo somente paiacuteses da Europa e da Ameacuterica do Norte que disponibilizam pouquiacutessimas tropas e deixam a desejar em suas contribuiccedilotildees (os europeus por exemplo respondem por menos de 7 por cento das tropas de peacekeeping da ONU e menos de 4 por cento das tropas policiais da organizaccedilatildeo60 A Iacutendia tem demonstrado apoio duradouro e extensivo ao peacekeeping ndash uma rara exceccedilatildeo entre paiacuteses com pretensotildees de lideranccedila regional ou global Outros paiacuteses deveriam pensar em seguir o recente exemplo da China e aumentar o nuacutemero de tropas policiais ou civis qualificados disponibilizados agrave ONU Por exemplo o Brasil mesmo com sua lideranccedila no Haiti ainda oferece menos pessoal que os pequenos Togo e Burkina Faso

26Global Public Policy Institute (GPPi)

Todos os membros do Conselho de Seguranccedila e colaboradores do peacekeeping deveriam aumentar a orientaccedilatildeo conceitual o treinamento e a construccedilatildeo de capacidade para a proteccedilatildeo de civis contra crimes de atrocidade

Tanto o desenvolvimento de estrateacutegias poliacuteticas quanto o uso da forccedila para proteccedilatildeo taacutetica de civis carecem grandemente de fundamentos conceituais soacutelidos com a qual qualquer outro tipo de operaccedilatildeo militar pode contar Os desafios poliacuteticos policiais e militares da proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade natildeo recebem a atenccedilatildeo conceitual e os recursos para treinamento adequados em quase todos os paiacuteses61 Natildeo eacute surpreendente que liacutederes de missatildeo e comandantes de tropas operem hoje em dia com base na tentativa e erro sem que haja uma orientaccedilatildeo ou doutrina clara Da mesma forma os membros do Conselho ndash em especial os natildeo-permanentes ndash satildeo forccedilados a tomar decisotildees difiacuteceis sobre a proteccedilatildeo de civis sem que tenham acesso a um oacutergatildeo de anaacutelise poliacutetico-militar sobre quais seriam as consequecircncias de tais accedilotildees A ausecircncia de conceitos claros e amplamente difundidos sobre as formas praacuteticas de proteccedilatildeo (para aleacutem das Zonas de exclusatildeo aeacuterea) contribuem para o estereoacutetipo muacutetuo e suspeitas de motivos escusos

Os Estados Unidos deveriam continuar a expansatildeo da sua Iniciativa Global de Operaccedilotildees de Paz (GPOI na sigla em inglecircs) e sua Parceria Africana de Resposta Raacutepida para Manutenccedilatildeo da Paz que apoiam e reforccedilam a capacidade de outros paiacuteses de treinar e manter competecircncias para a manutenccedilatildeo da paz Ambos os casos deveriam dar mais atenccedilatildeo agraves forccedilas militaresx mais frequentemente usadas no peacekeeping No futuro treinamentos e exerciacutecios da GPOI e outros deveriam incluir especificamente diferentes aspectos de proteccedilatildeo a civis 62 De forma similar a estes programas estadunidenses a Uniatildeo Europeia os governos europeus e de outros locais que possuem forccedilas armadas com tal capacidade deveriam oferecer os treinamentos e equipamentos mais modernos para os colaboradores das operaccedilotildees de paz Isso poderia criar incentivos para que unidades treinadas e equipadas efetivamente trabalhem em conjunto com a ONU a Uniatildeo Africana e as forccedilas sub-regionais na proteccedilatildeo de civis ndash no caso da UE ao novamente dar ecircnfase e expandir a Enable and Enhance Initiative

Usar a avaliaccedilatildeo atual das operaccedilotildees de paz da ONU para construir um consenso entre todas as partes interessadas (Conselho de Seguranccedila e Secretariado assim como colaboradores financeiros de tropas ou de poliacutecia) sobre o uso da forccedila somente para apoiar ndash e nunca substituir ndash uma estrateacutegia poliacutetica para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade e para planejar mandatos e operaccedilotildees adequadamente Como parte do diaacutelogo necessaacuterio sobre a utilidade do uso da forccedila a atual avaliaccedilatildeo das operaccedilotildees de paz da ONU oferece uma oportunidade de reconstruir uma linguagem comum sobre o peacekeeping seus princiacutepios e conceitos baacutesicos suas ambiccedilotildees e desafios para as tarefas de proteccedilatildeo das missotildees da ONU especialmente no que diz respeito ao uso da forccedila Os princiacutepios de consentimento imparcialidade e neutralidade atualizados no Relatoacuterio Brahimi para permitir que peacekeepers ajam contra os violadores dos acordos de paz e perpetradores de atrocidades mais uma vez satildeo distorcidos ou parecem irrelevantes em muitas operaccedilotildees A maioria dos peacekeepers

27Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

de hoje servem em situaccedilotildees de conflito ativo como no Mali ou na Repuacuteblica Centro-Africana Peacekeepers da ONU estatildeo conduzindo operaccedilotildees de combate ativo na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Em outros locais os acordos de deacutecadas atraacutes que deram origem a uma missatildeo natildeo incluem as partes que atualmente ameaccedilam ou sequestram peacekeepers como nas Colinas de Golatilde

Enquanto eacute inevitaacutevel que haja certa ambiguidade sobre os princiacutepios o uso ativo da forccedila para proteger civis soacute eacute capaz de apoiar mas nunca substituir uma estrateacutegia poliacutetica63 Onde natildeo haacute uma estrateacutegia poliacutetica realista para chegar agrave paz deve haver pelo menos uma para limitar os riscos aos civis ndash se necessaacuterio um plano que inclua o apoio de forccedilas militares da ONU como na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Estas questotildees devem ser discutidas de forma honesta pelas partes interessadas nas operaccedilotildees de paz da ONU O abismo que separa as partes nestas discussotildees natildeo estaacute entre os ocidentais que apoiam o uso de mais forccedila e os opositores natildeo-ocidentais Atualmente isso acontece entre paiacuteses que contribuem com muitas tropas como Iacutendia e Paquistatildeo preocupados com o aumento dos riscos agraves suas tropas e uma coalisatildeo mais intervencionista de paiacuteses africanos e europeus ocidentais64

A Tomada de Decisotildees sobre Accedilotildees MilitaresO atual sistema de seguranccedila coletiva que tem o Conselho de Seguranccedila na ONU como peccedila central natildeo estaacute agrave altura da tarefa de prover proteccedilatildeo efetiva e responsaacutevel O Conselho eacute incapaz de agir de forma efetiva quando alguns interesses geopoliacuteticos colidem como no caso da Siacuteria Mas ele fracassa ateacute mesmo em situaccedilotildees em que o abuso do argumento humanitaacuterio natildeo estaacute na pauta e os interesses de membros-chave do Conselho estatildeo alinhados ndash como no caso da Repuacuteblica Centro-Africana ou do Sudatildeo do Sul Um Conselho que tem o poder de estabelecer mandatos mobilizar proteccedilatildeo efetiva e limitar o medo do uso abusivo de argumentos humanitaacuterios precisaria ouvir os maiores atores poliacuteticos do mundo moderno os paiacuteses que contribuem com tropas e os financiadores

Tanto a composiccedilatildeo quanto os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila da ONU refletem a ordem mundial dos anos 1940 A fim de manter a credibilidade do sistema de seguranccedila coletiva restaurar a legitimidade do Conselho de Seguranccedila eacute uma questatildeo urgente e de interesse dos cinco membros permanentes Todavia mesmo estando bem fundadas em termos de justiccedila global e em prospectos de longo prazo para a governanccedila global as propostas jaacute existentes para uma expansatildeo do Conselho ou um papel mais proeminente da Assembleia Geral em assuntos de seguranccedila provavelmente natildeo contribuiratildeo para uma proteccedilatildeo mais efetiva contra crimes de atrocidade

Visando o 70o aniversaacuterio da ONU neste ano nossas sugestotildees datildeo ecircnfase agraves mudanccedilas procedimentais e natildeo estruturais do Conselho de Seguranccedila

28Global Public Policy Institute (GPPi)

Os cinco membros permanentes do Conselho de Seguranccedila deveriam dar mais apoio a processos decisoacuterios inclusivos dentro do Conselho e abrir canais informais de consulta sobre mandatos estrateacutegias e operaccedilotildees para todas as partes cruciais em especial potecircncias regionais e grandes colaboradores de pessoal Os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila na ONU limitam severamente seu senso de imparcialidade perante os olhos do mundo Na maioria das crises na Aacutefrica o chamado ldquopenholderrdquo ndash isto eacute o paiacutes responsaacutevel pelo rascunho das resoluccedilotildees do Conselho ndash eacute o antigo Estado colonizador ou os Estados Unidos65 Mesmo sendo uacutetil por dar uma continuidade ao longo dos anos esta organizaccedilatildeo e as relaccedilotildees internas resultantes entre os membros permanentes efetivamente excluem os membros natildeo-permanentes da maior parte das negociaccedilotildees informais onde as decisotildees mais importantes satildeo tomadas

Para que haja uma forma menos exclusiva de tomar decisotildees o precisaria de atores adicionais tanto dentro quanto fora das regiotildees relevantes para desenvolver as capacidades analiacutetica e poliacutetica de cogerenciar de forma construtiva o engajamento do Conselho e as operaccedilotildees de paz ao inveacutes de soacute defender seus proacuteprios interesses Os Estados membros e as organizaccedilotildees da sociedade civil tambeacutem devem continuar as discussotildees sobre um coacutedigo de conduta para limitaccedilatildeo voluntaacuteria do poder de veto em situaccedilotildees de crimes de atrocidade como proposto pelo governo francecircs66

Aleacutem dos procedimentos internos os membros do Conselho devem continuar expandindo as interaccedilotildees informais com as partes relevantes incluindo paiacuteses vizinhos e aqueles que contribuem com pessoal para as operaccedilotildees de paz Isso natildeo precisa se limitar a trocas diplomaacuteticas formais a fim de aumentar a qualidade e aceitaccedilatildeo dos mandatos de peacekeeping os paiacuteses responsaacuteveis pelo rascunho do mandato poderiam incluir a colaboraccedilatildeo de especialistas dos paiacuteses que contribuem com grande nuacutemero de tropas ou de policiais como por exemplo antigos comandantes de tropa ou chefes de poliacutecia67

Atores com credibilidade para fazer conexotildees no debate polarizado sobre intervenccedilatildeo militar devem facilitar os esforccedilos informais para desenvolver um sistema de monitoramento e informaccedilatildeo mais rigoroso para Estados que aderirem agraves missotildees com mandatos da ONUO conceito de Responsabilidade ao Proteger (RwP na sigla em inglecircs) eacute uma das iniciativas mais promissoras para lidar com os desacordos globais sobre o uso abusivo da Responsabilidade de Proteger Quando apresentado pelo Brasil no final de 2011 tal conceito ofereceu uma oportunidade de debate sobre o que poderia ser proteccedilatildeo efetiva e qual deveria ser o papel do uso da forccedila nessa proteccedilatildeo apoacutes a intervenccedilatildeo na Liacutebia quando essas discussotildees estavam extremamente polarizadas68 Apoacutes essa experiecircncia eacute muito improvaacutevel que o Conselho de Seguranccedila futuramente aprove uma resoluccedilatildeo autorizando o uso de forccedilas externas para a proteccedilatildeo com termos tatildeo amplos Com isso a implementaccedilatildeo de algumas ideias da proposta do RwP eacute de interesse de todos os Estados que acreditam que a forccedila deve ser uma ferramenta de uacuteltimo caso disponiacutevel

29Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

agrave comunidade internacional Discussotildees mais profundas satildeo necessaacuterias sobre os criteacuterios e condiccedilotildees considerados para que o Conselho use a forccedila para proteger populaccedilotildees Mesmo que a discussatildeo sobre criteacuterios para o uso da forccedila seja tatildeo antiga quanto a discussatildeo sobre intervenccedilatildeo humanitaacuteria69 todos os Estados membros se beneficiariam de um debate aberto sobre os sucessos e fracassos do uso da forccedila no passado e suas implicaccedilotildees no futuro como supracitado Outra questatildeo mais praacutetica diz respeito a como aumentar a habilidade do Conselho de monitorar aqueles que aderem e executam suas decisotildees Uma sugestatildeo concreta seria adotar elementos do sistema de peacekeeping como relatoacuterios e reuniotildees instrutivas regulares sobre a situaccedilatildeo das delegaccedilotildees para o uso da forccedila por terceiros As resoluccedilotildees poderiam incluir expliacutecitas claacuteusulas de caducidade que obrigariam a aprovaccedilatildeo da extensatildeo do mandato pelo Conselho de Seguranccedila e requerimentos de relatoacuterio regulares e especiacuteficos por parte daqueles Estados membros que aderirem e executarem as decisotildees do oacutergatildeo70 Outra sugestatildeo seria a criaccedilatildeo de mecanismos de responsabilizaccedilatildeo e monitoramento ao criar paineacuteis de especialistas quando os mandatos do Conselho incluiacuterem o uso da forccedila conforme modelo dos comitecircs de sanccedilotildees da ONU Relatoacuterios de comitecircs independentes como esses podem dar origem a uma praacutetica-padratildeo e contribuir para a melhora da qualidade nas decisotildees do Conselho ao longo do tempo seja antes durante ou depois das operaccedilotildees militares71

Potecircncias emergentes e jaacute estabelecidas podem fazer sua parte no avanccedilo das discussotildees sobre as questotildees colocadas pelo RwP Tanto a iniciativa oficial do Brasil quanto a ideia de ldquoProteccedilatildeo Responsaacutevelrdquo colocada por um reconhecido especialista chinecircs72 poderiam ser pontos de partida para discussotildees mais especiacuteficas e operacionais tanto entre os BRICS quanto entre os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila73 Ao inveacutes de rejeitar tais conceitos como sendo ataques agrave Responsabilidade de Proteger as potecircncias ocidentais deveriam ver essas iniciativas como uma oportunidade para um debate construtivo sobre como proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade74

Inserindo a Reflexatildeo e o Aprendizado Constantes em cada Ferramenta PoliacuteticaAinda que haja muita experiecircncia estabelecida com fracassos terriacuteveis e os poucos sucessos qualificados natildeo haacute uma base de conhecimento confiaacutevel sobre como proteger pessoas contra crimes de atrocidade Em geral governos e organizaccedilotildees internacionais continuam tratando cada crise como sendo uacutenica dando pouca atenccedilatildeo agrave reflexatildeo contiacutenua ao aprendizado e agrave adaptaccedilatildeo das poliacuteticas conforme as situaccedilotildees evoluem Os acadecircmicos jaacute aprenderam bem mais sobre o que natildeo funciona em algumas condiccedilotildees do que sobre o que poderia melhorar ndash por um lado porque cada intervenccedilatildeo poliacutetica acontece com contexto proacuteprio e por outro porque resultam de incentivos acadecircmicos e dificuldades de acesso a dados

30Global Public Policy Institute (GPPi)

Governos organizaccedilotildees internacionais sociedade civil e acadecircmicos precisam projetar poliacuteticas que sejam mais adaptaacuteveis ao conhecimento em evoluccedilatildeo e agrave avaliaccedilatildeo de riscos com base em oportunidades internas para reflexatildeo e aprendizado contiacutenuos e colaborativosEnquanto ainda haacute urgecircncia para que medidas sejam tomadas agir de forma responsaacutevel perante tanta incerteza pede que sejamos menos confiantes em nossa habilidade de determinar a melhor poliacutetica possiacutevel para cada situaccedilatildeo Poliacuteticos ativistas e intelectuais devem ser honestos consigo mesmos e transparentes com aqueles que mais sofrem com os impactos dessas poliacuteticas Natildeo haacute soluccedilotildees que tenham sido testadas e comprovadas Tudo que podemos fazer eacute tentar identificar a forma mais responsaacutevel de desenvolver cada caso enquanto nos mantemos preparados e prontos para reagir rapidamente a mudanccedilas e melhorar nossa gama de poliacuteticas instrumentais Este processo experimental de decisatildeo poliacutetica precisa ser constantemente monitorado e avaliado de forma autocriacutetica tanto interna quanto externamente atraveacutes do diaacutelogo franco e honesto entre profissionais sociedades e especialistas externos em todos os niacuteveis desde o monitoramento e avaliaccedilatildeo ateacute os debates mais amplos de poliacutetica puacuteblica sobre a eficaacutecia da forccedila militar e da diplomacia coercitiva na prevenccedilatildeo e resposta a crimes de atrocidade

31Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

1 Como a Genocide Prevention Task Force em um painel fechado de alto-niacutevel nos Estados Unidos apropriadamente argumentou em 2008 Genocide Prevention Task Force lsquoPreventing Genocide A Blueprint for US Policymakersrsquo (Washington DC The American Academy of Diplomacy US Holocaust Memorial Museum US Institute for Peace 2008) Veja tambeacutem Ruben Reike Serena Sharma e Jennifer Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo (Australian Civil-Military Centre e Oxford Institute for Ethics Law and Armed Conflict 2013) 6ff

2 Michael Ignatieff lsquoThe Libya Case a Teachable Momentrsquo Suddeutsche Zeitung Special Supplement http wwwamericanacademydesitesdefaultfilesuploadMSC202012pdf 3 de fevereiro de 2012 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 David Bosco lsquoAbstention Games on the Security Councilrsquo Foreign Policy httpforeignpolicy com20110317abstention-games-on-the-security-council 17 de marccedilo de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

3 Kofi A Annan lsquoTwo Concepts of Sovereigntyrsquo The Economist httpwwweconomistcomnode324795 16 de setembro de 1999 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

4 Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Conflict Security and Development 144 2014 Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

5 Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

6 Rosa Brooks lsquoThe UN Security Council and Civilian Protectionrsquo in Jared Genser e Bruno Ugarte eds The UN Security Council in the Age of Human Rights (New York Cambridge University Press 2013) 12 Sobre a base global para as normas de proteccedilatildeo veja Charles Sampford lsquoA Tale of Two Normsrsquo em Angus Francis Vesselin Popovski e Charles Sampford eds Norms of Protection Responsibility to Protect Protection of Civilians and Their Interaction (United Nations University Press 2012) Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

7 Para uma visatildeo geral do posicionamento do Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia e Aacutefrica do Sul sobre R2P veja os artigos na ediccedilatildeo especial de Conflict Security and Development Brockmeier Kurtz e Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Jaganathan e Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Julian Junk lsquoThe Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Xymena Kurowska lsquoMultipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Lui Tiewa e Zhang Haibin lsquoDebates in China About the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessmentrsquo Conflict Security and Development 2014 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Verhoeven Murthy e Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang Reinicke lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo ediccedilatildeo especial (144) de Conflict Security and Development (London Taylor amp Francis 2014)

8 CSR Murthy e Gerrit Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo Global Society em revisatildeo

9 Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo Global Society em revisatildeo Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo Global Society em revisatildeo

10 Judi Atkins Justifying New Labour Policy (Houndmills Basingstoke Hampshire New York Palgrave Macmillan 2011) 163 Veja por exemplo Stuenkel e Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Erna Burai lsquoParody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian Warrsquo Global Society em revisatildeo

Notas

32Global Public Policy Institute (GPPi)

11 Roland Paris lsquoThe ldquoResponsibility to Protectrdquo and the Structural Problems of Preventive Humanitarian Interventionrsquo International Peacekeeping 215 2014 4

12 Ramesh Thakur lsquoR2Prsquos ldquoStructuralrdquo Problems A Response to Roland Parisrsquo International Peacekeeping 2015 5

13 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

14 Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo Global Society em revisatildeo

15 Julian Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo Global Society em revisatildeo Julian Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo Global Society em revisatildeo

16 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

17 Erna Burai lsquoAfrican Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Groundrsquo Global Society em revisatildeo

18 Ambos os debates em torno das propostas brasileiras de Responsabilidade ao Proteger e o Diaacutelogo Interativo Informal da Assembleia Geral sobre Responsabilidade de Proteger e ldquoAccedilatildeo oportuna e decisivardquo em 2012 constituiacuteram tentativas de defensores de R2P se envolverem em discussotildees sobre o uso da forccedila e R2P Para acessar uma coleccedilatildeo de discursos durante a Assembleia Geral de 2012 veja httpwwwglobalr2porgresources278

19 Sarah Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo em Mary Kaldor e Iavor Rangelov eds The Handbook of Global Security Policy (Chichester West Sussex Wiley Blackwell 2014) 225

20 Alastair Iain Johnston lsquoThinking About Strategic Culturersquo International Security 194 1995 46

21 Pessimismo sobre a eficaacutecia da forccedila no entanto natildeo eacute o mesmo de promover a natildeo-violecircncia Alguns dos maiores defensores do ceticismo em relaccedilatildeo agraves forccedilas militares para proteccedilatildeo frequentemente recorrem a forccedilas militares ou quase militares no acircmbito domeacutestico

22 Otto Bakkano lsquoAU Pushes for Ceasefire Political Solution in Libyarsquo Mail amp Guardian httpmgcoza article2011-05-26-au-pushes-for-ceasefire-political-solution-in-libya 26 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Guido Westerwelle lsquoBundesminister Westerwelle Statement vom 25032011 zu Syrien Jemen Israel und dem Gaza-Streifen Sowie Libyenrsquo Auswartiges Amt httpwwwbrasildiplodeVertretung brasiliende07__AussenpolitikReden_20des_20Au_C3_9FenministersStatemente_20Syrienhtml 25 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

23 Barack Obama David Cameron e Nicolas Sarkozy lsquoLibyarsquos Pathway to Peacersquo The International Herald Tribune httpwwwnytimescom20110415opinion15iht-edlibya15html 15 de abril de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Reuters lsquoKerry Insists No Place for Assad in Syriarsquos Futurersquo Reuters httpwwwreuters comarticle20140117us-syria-crisis-kerry-idUSBREA0G14A20140117 17 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

24 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

25 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

26 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

27 Kersti Larsdotter lsquoExploring the Utility of Armed Force in Peace Operations German and British Approaches in Northern Afghanistanrsquo Small Wars and Insurgencies 193 2008 Taylor B Seybolt Humanitarian Military Intervention The Conditions for Success and Failure (Oxford Oxford University Press 2008) Rupert Smith The Utility of Force The Art of War in the Modern World (London Allen Lane 2005) Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

28 UN Department of Peacekeeping Operations e UN Department of Field Support lsquoOperational Concept on the Protection of Civilians in United Nations Peacekeeping Operationsrsquo (New York 2010) Sarah Sewall Dwight Raymond e Sally Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook (Cambridge MA Harvard Kennedy School 2010)

29 Harry Verhoeven documenta o exemplo de um diplomata chinecircs que ldquopensava que o Ocidente tinha inventado os Janjaweed [miliacutecias proacute- governo em Darfur] como uma desculpa para intervir Mas eles eram de verdade e matavam pessoasrdquo Harry Verhoeven lsquoIs Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa Is Changing Chinarsquo The Washington Quarterly 372 2014 64

33Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

30 BS Chimni lsquoFor Epistemological and Prudent Internationalismrsquo Harvard Law School Human Rights Journal novembro 2012 Greg Simons lsquoThe International Crisis Group and the Manufacturing and Communicating of Crisesrsquo Third World Quarterly 354 2014 Ramesh Thakur lsquoIs the United Nations Racistrsquo The Hindu httpwwwthehinducomopinionleadis-the-united-nations-racistarticle4928624ece 19 de julho de 2013 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

31 Ambassador Liu Zhenmin lsquoStatement by Ambassador Liu Zhenmin at the Plenary Session of the General Assembly on the Question of ldquoResponsibility to Protectrdquorsquo httpresponsibilitytoprotectorgStatement20 by20Ambassador20Liu20Zhenminpdf 24 de julho de 2009 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Zhang Haibin e Lui Tiewa lsquoRealizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and Thereafterrsquo Global Society em revisatildeo

32 Conversa com uma seacuterie de especialistas indianos em evento na Jawaharlal Nehru University (Nova Deacuteli Iacutendia) no dia 21 de Janeiro de 2015

33 IRIN lsquoA New Start for Crisis Reportingrsquo IRIN httpnewirinirinnewsorgpress-release 20 de novembro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34 Veja por exemplo Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoReport of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on United Nations Action in Sri Lankarsquo (New York United Nations 2012)

35 Um bom exemplo foi o briefing do Assessor Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedio para o Conselho de Seguranccedila da ONU depois de sua visita agrave Repuacuteblica Centro-Africana no dia 22 de janeiro de 2014 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoThe Statement of under Secretary-GeneralSpecial Adviser on the Prevention of Genocide Mr Adama Dieng on the Human Rights and Humanitarian Dimensions of the Crisis in the Central African Republicrsquo httpwwwunorgenpreventgenocideadviserpdfSAPG20Statement20at20UNSC20 on20the20situation20in20CAR-202220Jan202014pdf 22 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

36 Morten Bergsmo Quality Control in Fact-Finding (Florence Torkel Opsahl Academic EPublisher 2013) 210

37 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoRights up Front A Plan of Action to Strengthen the UNrsquos Role in Protecting People in Crises Follow-up to the Report of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on UN Action in Sri Lankarsquo (New York 2013)

38 Veja tambeacutem futura publicaccedilatildeo do GPPi Gerrit Kurtz lsquoA New Tool for Civilian Protection - the Human Rights up Front Initiative of the United Nationsrsquo GPPi Policy Brief futura publicaccedilatildeo

39 Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo

40 Jose Ramos-Horta lsquoIndia Right in Asking for More Say in Peacekeeping Operations-Related Decisions Top UN Panel Chiefrsquo Hindustan Times httpwwwhindustantimescomindia-newsindia-right-in-asking- for-more-say-in-peacekeeping-operations-related-decisions-top-un-panel-chiefarticle1-1314354aspx 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 13 de marccedilo de 2015

41 Thomas Biersteker et al lsquoThe Effectiveness of UN Targeted Sanctions - Findings from the Targeted Sanctions Consortium (TSC)rsquo The Graduate Institute Geneva 2013

42 Kirsten Ainley lsquoThe Responsibility to Protect and the International Criminal Court Counteracting the Crisisrsquo International Affairs 911 2015

43 Para distinccedilatildeo entre atividades ldquosistecircmicasrdquo e ldquodirecionadasrdquo veja Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

44 Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo Global Society em revisatildeo

45 Verhoeven e Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo 8 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann lsquoSchutz und Verantwortung Uber die US- Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltatenrsquo (2013)

46 Mike Brand lsquoEmploying lsquoPreventionrsquo to Prevent Mass Atrocitiesrsquo Saferworld httpwwwsaferworldorguk news-and-viewscomment123-employing-apreventiona-to-prevent-mass-atrocities 25 de fevereiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Warren Strobel e Louis Charbonneau lsquoUS Was Slow to Lose Patience as South Sudan Unraveledrsquo Reuters 14 de janeiro de 2014

47 Adam Lupel lsquoUN Adviser on Prevention of Genocide ldquoWe Have to Make Sure the Security Council Actsrdquorsquo httptheglobalobservatoryorg201404un-adviser-on-prevention-of-genocide-we-have-to-make-sure- security-council-acts 28 de abril de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34Global Public Policy Institute (GPPi)

48 Office for the Coordination of Humanitarian Affairs lsquoHumanitarian Bulletin Syriarsquo Humanitarian Bulletin Issue 53 httpreliefwebintsitesreliefwebintfilesresourcesBulletin_no_53_17032015_final_01pdf 1 de fevereiro - 18 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

49 Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

50 Human Rights Watch lsquoGermany QampA on Trial of Two Rwandan Rebel Leadersrsquo httpwwwhrworgde news20110502germany-qa-trial-two-rwandan-rebel-leaders 2 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 23 de marccedilo de 2015

51 Eric Lichtblau lsquoUS Seeks to Deport Bosnians over War Crimesrsquo New York worldus-seeks-to-deport-bosnians-over- Times httpwwwnytimescom20150301war-crimeshtml 28 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

52 Para um argumento similar observando o envolvimento internacional com a Liacutebia em 2015 veja International Crisis Group lsquoLibya Getting Geneva Rightrsquo International Crisis Group Middle East and North Africa Report Nr 157 2015

53 Kurtz e Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo

54 Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo

55 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

56 Alex J Bellamy e Charles T Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo (Asia- Pacific Centre for the Responsibility to Protect 2010) Alex J Bellamy The Responsibility to Protect A Defense (Oxford Oxford University Press 2014)

57 Ashley Jackson lsquoProtecting Civilians The Gap between Norms and Practicersquo (Humanitarian Policy Group 2014)

58 Isso jaacute foi escrito em 2009 no relatoacuterio ldquoNew Horizonrdquo do DPKO ldquoO descompasso entre expectativas e capacidade de promover proteccedilatildeo abrangente criou um significante desafio de credibilidade para as operaccedilotildees de paz da ONUrdquo Department of Peacekeeping Operations lsquoA New Partnership Agenda Charting a New Horizon for UN Peacekeepingrsquo (New York 2009) 20

59 Compare United Nations lsquoFinal Report of the Expert Panel on Technology and Innovation in UN Peacekeepingrsquo httpwwwperformancepeacekeepingorgofflinedownloadpdf 22 de dezembro de 2014

60 Compare United States Mission to the United Nations lsquoRemarks on Peacekeeping in Brussels by Samantha Power US Permanent Representative to the United Nationsrsquo httpusunstategovbriefing statements238660htm 9 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

61 Bellamy and Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo 23-24 Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

62 Isso poderia se basear no Mass Atrocities Response Operations project do US Armyrsquos Peacekeeping and Stability Operations Institute e do Harvard Kennedy Schoolrsquos Carr Center for Human Rights Veja Sewall Raymond e Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook

63 Mats Berdal e David H Ucko lsquoThe United Nations and the Use of Force Between Promise and Perilrsquo Journal of Strategic Studies 375 2014

64 Veja tambeacutem os resultados de um projeto do SIPRI sobre o futuro das operaccedilotildees de paz Jair van der Lijn e Xenia Avezov lsquoThe Future Peace Operations Landscape - Voices from Stakeholders around the Globe - Final Report of the New Geopolitics of Peace Operations Initiativersquo Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) janeiro de 2015

65 Security Council Report lsquoChairs of Subsidiary Bodies and Penholders for 2015rsquo httpwwwsecuritycouncilreportorgmonthly-forecast2015-02chairs_of_subsidiary_bodies_and_penholders_ for_2015php 30 de janeiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

66 Gareth Evans lsquoLimiting the Security Council Vetorsquo Project Syndicate httpwwwproject-syndicateorg commentarysecurity-council-veto-limit-by-gareth-evans-2015-02 4 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Kofi Annan e Gro Harlem Brundtland lsquoFour Ideas for a Stronger UNrsquo The New York Times httpwwwnytimescom20150207opinionkofi-annan-gro-harlem-bruntland-four-ideas-for-a-stronger- unhtml_r=0 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

67 Conversa com ex-comandantes militares Nova Deacuteli janeiro de 2015

68 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

35Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

69 Ibid Murthy e Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo

70 Compare tambeacutem com Bellamy The Responsibility to Protect A Defense 200

71 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

72 Ruan Zongze lsquo阮宗泽中国应倡导ldquo负责任的保护rdquo- ( China deveria defender a Proteccedilatildeo Responsaacutevel)rsquo Global Times (ediccedilatildeo chinesa) httpopinionhuanqiucom11522012-032501163html uacuteltimo acesso em 7 de marccedilo de 2012

73 Andrew Garwood-Gowers lsquoChinarsquos ldquoResponsible Protectionrdquo Concept Re-Interpreting the Responsibility to Protect (R2P) and Military Intervention for Humanitarian Purposesrsquo Asian Journal of International Law disponiacutevel em CJO2015 2015

74 Thorsten Benner lsquoBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiativersquo GPPi Working Paper Series 2013

36Global Public Policy Institute (GPPi)

Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang 4 n 4 2014) A ediccedilatildeo especial conteacutem os seguintes artigos todos disponiacuteveis gratuitamente online Introduction Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier

Regulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protect por Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

Debates in China about the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessment por Liu Tiewa e Zhang Haibin

Emerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protect por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk

Singing the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protect por Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz

Multipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protect por Xymena Kurowska

ldquoOur Identity is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Intervention por Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira

The Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protect por Julian Junk

Em breve laccedilaremos uma ediccedilatildeo especial na Global Society os seguintes artigos que estatildeo atualmente em processo de revisatildeo To Intervene in Darfur or Not Re-examining the R2P Debate and its Impacts por Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira

International Responsibility as Solidarity the Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectory por CSR Murthy e Gerrit Kurtz

Bringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenya por Julian Junk

Testing Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2P por Julian Junk

Parody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian War por Erna Burai

Protection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009 por Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan

Realizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and thereafter por Zhang Haibin e Liu Tiewa

The Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protection por Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

African Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Ground por Erna Burai

Responsibility While Protecting and the Ethics of R2P Implementation por Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier

Outras publicaccedilotildees relacionadasBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiative por Thorsten Benner Seacuterie de Working Papers do GPPi 2013

O Brasil como um Empreendedor Normativo a Responsabilidade ao Proteger por Thorsten Benner Politica Externa v 21 n 4 2013 p 35-46

Germany and the Intervention in Libya por Sarah Brockmeier Survival Global Politics and Strategy v55 n6 2013 p 63ndash90

Schutz und Verantwortung Uber die US-Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltaten por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann Heinrich Boll Foundation June 2013

Internationale Schutzverantwortung - Normative Erwartungen und Politische Praxis por Christopher Daase e Julian Junk (orgs) Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n 1-2 2013

Die Legalisierung der Legitimitat ndash Zur Kritik der Schutzverantwortung als Emerging Norm por Christopher Daase Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n1-2 2013 p 41-62

Emerging Power Exceptional State Elusive Country Explaining Indiarsquos Behavior por Madhan Mohan Jaganathan (com Amna Sunmbul) Proceedings of the International Conference on Social Sciences Chennai 2013 p 308-311

A New Tool for Civilian Protection - The Human Rights up Front Initiative of the United Nations por Gerrit Kurtz GPPi Policy Brief lanccedilamento em breve

Indiarsquos Approach to the Protection of Civilians in Armed Conflicts por CSR Murthy Norwegian Peacebuilding Resource Centre novembro de 2012

Contemporary World Order and Approaches to UN Peacekeeping A South Asian Perspective por CSR Murthy Friedrich Ebert Foundation dezembro de 2012

India-Brazil-South Africa Dialogue Forum (IBSA) The Rise of the Global South por Oliver Stuenkel Routledge Global Institutions 2014

The BRICS and the Future of Global Order por Oliver Stuenkel Lexington Press 2015

The BRICS and the Future of R2P Was Syria or Libya the Exception por Oliver Stuenkel Global Responsibility to Protect v6 n 1 2014 p 3-28

China and Responsibility to Protect Maintenance and Change of its Policy for Intervention por Liu Tiewa The Pacific Review v 25 v1 2012 p 153-173

Is China Like the Other Permanent Members Governmental and Academic Debates about RtoP by Liu Tiewa in Moacutenica Serrano e Thomas G Weiss (orgs) Rallying to the RtoP Cause The International Politics of Human Rights Routledge 2014 p 148-170

Chinese Strategic Culture and the Use of Force Moral and Political Perspectives por Liu Tiewa Journal of Contemporary China v23 n87 2014 p 556-574

Is Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa is Changing China por Harry Verhoeven The Washington Quarterly vol37 n2 2014 p 55-70

Publicaccedilotildees Selecionadas

37Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

AutoresThorsten BennerGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Sarah Brockmeier Global Public Policy InstituteBerlin Germany

Erna BuraiCentral European UniversityBudapest Hungary

CSR MurthyJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Christopher DaasePeace Research InstituteFrankfurt Germany

J Madhan MohanJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Julian JunkPeace Research InstituteFrankfurt Germany

Xymena KurowskaCentral European UniversityBudapest Hungary

Gerrit KurtzGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Liu TiewaPeking University China

Wolfgang ReinickeGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Philipp RotmannGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Ricardo Soares de OliveiraOxford UniversityUnited Kingdom

Matias SpektorFundaccedilatildeo Getulio VargasRio de Janeiro Brazil

Oliver StuenkelFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Marcos TourinhoFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Harry VerhoevenOxford UniversityUnited Kingdom

Zhang HaibinPeking UniversityChina

Global Public Policy Institute (GPPi)Reinhardtstr 7 10117 Berlin GermanyPhone +49 30 275 959 75-0Fax +49 30 275 959 75-99gppigppinet

gppinetglobalnormsnet

20Global Public Policy Institute (GPPi)

treinados para essas missotildees O estabelecimento de regras para a contrataccedilatildeo de pessoal poderia ajudar a deixar processos de seleccedilatildeo o mais transparentes possiacutevel e desta forma melhorar a credibilidade e imparcialidade da descoberta de fatos pela ONU36

Estados membros tambeacutem podem ajudar as Naccedilotildees Unidas na implementaccedilatildeo de sua iniciativa ldquoHuman Rights Up Frontrdquo (em portuguecircs ldquoDireitos Humanos Antes de Tudordquo) atraveacutes do qual o Secretariado estaacute criando um sistema simplificado de gerenciamento de informaccedilotildees para tudo que eacute coletado pelas muitas partes do sistema ONU combinando dados jaacute existentes sobre proteccedilatildeo humanitaacuteria proteccedilatildeo dos direitos humanos proteccedilatildeo de mulheres em conflitos armados e proteccedilatildeo de crianccedilas37 Os Estados membros podem dar apoio agrave ONU ao incluir mais informaccedilotildees de atores bilaterais no local desde que a ONU faccedila os investimentos necessaacuterios para o tratamento de dados sensiacuteveis proteccedilatildeo a testemunhas e referecircncias38

Usando Ferramentas Diplomaacuteticas e Civis De Forma Antecipada Justa e EstrateacutegicaApesar das diferenccedilas em ecircnfases retoacutericas haacute um consenso universal que as atrocidades devem ser prevenidas pelo uso antecipado e sustentaacutevel de uma variedade de ferramentas civis disponiacuteveis agrave comunidade internacional Estatildeo incluiacutedas a diplomacia a mediaccedilatildeo e as missotildees poliacuteticas assim como as sanccedilotildees a justiccedila criminal internacional as accedilotildees humanitaacuterias e as ferramentas de peacebuilding apoacutes crises dentre elas a reconstruccedilotildees das instituiccedilotildees estatais e do Estado de direito

Desde os anos 90 a comunidade internacional aprendeu liccedilotildees importantes sobre o uso dessas ferramentas e vem caminhando para desenvolvecirc-las ainda mais Satildeo visiacuteveis os sucessos na diplomacia preventiva como o ocorrido durante a crise poacutes-eleiccedilotildees no Quecircnia em 200839 quando um negociador de alto niacutevel liderou as conversas tendo apoio politico de oacutergatildeos regionais e de todos os membros do Conselho de Seguranccedila expertise da ONU e engajamento da sociedade civil Ao longo dos uacuteltimos 10 anos houve uma significativa expansatildeo das capacidades de negociaccedilatildeo dentro da ONU e das organizaccedilotildees regionais Missotildees poliacuteticas no Timor Leste ou na Guineacute-Bissau podem ter evitado uma nova onda de violecircncia nesses locais40 Sanccedilotildees seletivas provavelmente ajudaram a controlar pessoas que poderiam atrapalhar as primeiras fases do processo de peacebuilding na Libeacuteria Costa do Marfim e Serra Leoa41 O Tribunal Penal Internacional processou e condenou seus primeiros casos e apoiou importantes reformas nos sistemas de justiccedila criminal em muitos paiacuteses42

Ainda assim a comunidade internacional em inuacutemeras vezes natildeo fez uso das ferramentas civis disponiacuteveis de forma antecipada decisiva e sustentaacutevel O consenso que parece existir para o uso de ferramentas civis antecipadamente e como prioridade se desfaz assim que decisotildees poliacuteticas e priorizaccedilatildeo se fazem necessaacuterias Mudar isso eacute difiacutecil Requer ir aleacutem das caricaturas comuns que culpam apenas os paiacuteses ocidentais por investir pouco ou as potecircncias natildeo-ocidentais por repelir as tentativas de influenciar ou pressionar perpetradores e seus cuacutemplices Natildeo soacute as prioridades e interesses competitivos existem de todos os lados mas o desafio tambeacutem eacute marcado pela profunda incerteza sobre como e quando usar tais ferramentas com quais atores e em qual espaccedilo Natildeo haacute uma soluccedilatildeo uacutenica e faacutecil para prevenccedilatildeo resposta ou recuperaccedilatildeo efetiva

21Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Nosso foco eacute em medidas de curto prazo voltadas para os civis em situaccedilotildees em que haacute alta probabilidade ou jaacute haacute ocorrecircncia de atrocidades 43Descobrimos que haacute quatro aacutereas que devem ser especialmente observadas

Os atores (em particular potecircncias emergentes) que mais pedem por diplomacia ferramentas civis e prevenccedilatildeo antecipada precisam traduzir seu compromisso retoacuterico em vontade poliacutetica e os investimentos necessaacuterios em capacidades e ideiasIr aleacutem da retoacuterica sobre prevenccedilatildeo requer vontade poliacutetica para fazer disso uma prioridade Com muita frequecircncia a prevenccedilatildeo contra crimes de atrocidade vai de encontro a outros objetivos poliacuteticos em uma determinada situaccedilatildeo de crise Algumas vezes esses interesses e prioridades estatildeo em extremos opostos No Sri Lanka por exemplo o governo conseguiu alavancar a imensa preocupaccedilatildeo internacional com o contraterrorismo para evitar pressotildees em relaccedilatildeo aos crimes de guerra perpetrados durante o conflito contra os Tigres de Libertaccedilatildeo do Tacircmil Eelam (LTTE) no comeccedilo de 200944 Em Darfur a accedilatildeo diplomaacutetica internacional para acabar com os crimes de atrocidade teve de competir com a prioridade para um acordo de paz na longa guerra civil Norte-Sul no Sudatildeo e com a colaboraccedilatildeo antiterrorista do governo sudanecircs45

Todavia mesmo com a ausecircncia de grandes interesses conflitantes haacute um espaccedilo entre o apoio abstrato para a proteccedilatildeo de populaccedilotildees contra crimes de atrocidade e a vontade poliacutetica de agir dispor-se financeiramente e assumir riscos proporcionais Um exemplo recente de quando investimentos deveriam ter sido feitos antes e de forma mais substancial eacute o Sudatildeo do Sul ndash uma crise que tambeacutem demonstra como as categorias ldquoocidentaisrdquo contra os ldquodemaisrdquo natildeo satildeo uacuteteis na anaacutelise das posiccedilotildees dos paiacuteses sobre proteccedilatildeo Por motivos diversos tanto os Estados Unidos quanto a China apoiaram fortemente o governo de Salva Kiir ignorando sinais importantes ateacute que essa se tornou uma das facccedilotildees combatentes na nova guerra civil do Sudatildeo do Sul46 Na Repuacuteblica Centro-Africana investimentos preacutevios nas iniciativas legais e nas reformas no setor de seguranccedila poderiam ter sido capazes de evitar que o paiacutes atingisse a atual escala de violecircncia47

Como esses e outros exemplos revelam haacute um grande descompasso entre a retoacuterica que demanda mais ldquosoluccedilotildees poliacuteticas e diplomaacuteticasrdquo ndash como constantemente enfatizado por China Ruacutessia Iacutendia Brasil Aacutefrica do Sul (e tambeacutem pela Alemanha e pela Uniatildeo Europeia) ndash e os recursos poliacuteticos e materiais investidos na busca por tais soluccedilotildees Colocar em praacutetica essas ldquosoluccedilotildees poliacuteticasrdquo requer ao mesmo tempo declaraccedilotildees ocasionais e o estabelecimento de capacidades institucionais para o monitoramento dos direitos humanos monitoramento de longo prazo das eleiccedilotildees mediaccedilatildeo e apoio de pessoas com experiecircncia secircnior que possam ser rapidamente acionadas e a construccedilatildeo de instituiccedilotildees nos setores de justiccedila seguranccedila e correlatas normalmente envolvidas com missotildees poliacuteticas da ONU e de organizaccedilotildees regionais Similarmente o uso de ferramentas coercitivas como sanccedilotildees requer tanto a tomada de decisotildees difiacuteceis quanto investimentos e iniciativas para planejar criativamente e melhorar estas ferramentas a fim de que sejam de fato seletivas justas e legalmente soacutelidas ndash em outras palavras que minimizem os riscos de afetarem as pessoas erradas

22Global Public Policy Institute (GPPi)

de acordo com princiacutepios baacutesicos do direito O Tribunal Penal Internacional precisa do comprometimento poliacutetico e da ratificaccedilatildeo do Estatuto de Roma por algumas das naccedilotildees mais poderosas do mundo Tambeacutem precisa de recursos para continuar acompanhando seus casos No miacutenimo tanto as potecircncias emergentes quanto as jaacute estabelecidas precisam melhorar sua assistecircncia humanitaacuteria para aqueles que fogem da violecircncia Por exemplo Estados membros da ONU cederam menos de 50 por cento dos fundos necessaacuterios para a resposta humanitaacuteria na Siacuteria deixando milhares de pessoas necessitadas em 201448

Os governos devem priorizar a detenccedilatildeo e julgamento dos perpetradores de crimes de atrocidade em suas jurisdiccedilotildees Aleacutem das dificuldades poliacuteticas de se lidar com perpetradores que estatildeo no poder como na Siacuteria ou com perpetradores que estatildeo fora do alcance de Estados falidos como na Repuacuteblica Centro-Africana todos os governos podem fazer mais para sancionar ou julgar esses perpetradores por crimes de atrocidade que de alguma forma estejam em suas jurisdiccedilotildees Prevenir e dar respostas aos crimes de atrocidade significa lidar com as motivaccedilotildees e capacidades de perpetradores individuais antes que cometam crimes Tambeacutem significa puni-los por seus atos49 Aqueles que mantecircm seu dinheiro em bancos multinacionais podem estar sujeitos ao congelamento de seus ativos estejam nos bancos na Europa ou na Aacutesia Aqueles que viajam estatildeo sujeitos agrave recusa de vistos e impedimentos de viagem de modo a impactar suas accedilotildees antes de cometerem ou enquanto cometem atrocidades Leis existentes como nos Estados Unidos permitem que imigrantes sejam deportados se houver provas que os liguem a genociacutedios Paiacuteses podem buscar pessoas procuradas pelo Tribunal Penal Internacional e mudar suas leis ou designar forccedilas policiais para processar os piores crimes de atrocidade independentemente dos locais em que foram cometidos

Com muita frequecircncia a falta de atenccedilatildeo e vontade poliacutetica permite que perpetradores vivam livres e confortavelmente apoacutes terem cometido atrocidades ou ateacute mesmo organizar financiar e apoiar atrocidades em andamento mesmo estando no exterior Isso aconteceu com diversos liacutederes das Forccedilas Democraacuteticas Para a Libertaccedilatildeo de Ruanda (FDLR) um grupo miliciano operando no Congo Eles viveram sem problemas na Alemanha durante quase uma deacutecada antes de serem presos e julgados50 Os Estados Unidos apesar de sua recusa em ratificar o Estatuto de Roma recentemente serviu de exemplo ao aumentar seus esforccedilos na procura por suspeitos de crimes de guerra que moram no paiacutes e ao desenvolver propostas que permitem o uso das leis de imigraccedilatildeo para fazer com que perpetradores de atrocidades paguem por seus crimes51

Poliacuteticos devem dar prioridade ao comportamento atual ao avaliar a legitimidade de atores e julgar todos os atores de um conflito pelos mesmos padrotildees Soacute porque em determinado momento haacute um grupo claramente identificaacutevel como perpetrador de atrocidades natildeo significa que outros grupos sejam e continuaratildeo sendo inocentes de tais atos Violecircncia gera mais violecircncia jaacute que grupos ameaccedilados

23Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

se defendem e continuam combatendo o inimigo A Liacutebia eacute um bom exemplo disso Na primavera de 2011 identificar corretamente o regime de Gaddafi como responsaacutevel por crimes de atrocidade foi a decisatildeo correta ndash mas natildeo evitou que os rebeldes cometessem crimes similares posteriormente previsivelmente em alguns grupos tornando quem os apoiava militarmente cuacutemplices De forma similar em 2014 apoiar as forccedilas curdas Peshmerga era a uacutenica forma de prevenir um massacre contra os Yazidis no Iraque ndash mas aqueles que deram apoio natildeo deveriam silenciar-se perante as posteriores mortes em represaacutelia

A escolha de grupos especiacuteficos como aliados eacute facilmente entendida como arbitraacuteria quando o comportamento atual natildeo justifica apoio internacional Um dos argumentos conflitantes de legitimidade poliacutetica acontece quando atores externos escolhem seus aliados locais de forma inconsistente com suas accedilotildees (algumas vezes favorecendo o regime incumbente) e tal escolha eacute facilmente vista como hipoacutecrita52 Poliacuteticos tambeacutem estatildeo vulneraacuteveis a tais acusaccedilotildees quando satildeo seletivos sobre suas criacuteticas a poderes regionais que armam ou apoiam grupo rebeldes como no caso do silecircncio ocidental sobre o envolvimento da Araacutebia Saudita na Siacuteria

Defensores do R2P e da prevenccedilatildeo de atrocidades em governos ou na sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando pedir a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes

No que diz respeito agrave diplomacia preventiva defensores do R2P e da prevenccedilatildeo contra atrocidades incluindo governos e a sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando e como pedem a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes Em algumas situaccedilotildees o Conselho pode deixar a mediaccedilatildeo mais difiacutecil ao elevar o niacutevel de visibilidade poliacutetica de uma crise Ele pode ajudar mediadores ao dar-lhes mais peso um senso de urgecircncia incentivos e desincentivos (ex com sanccedilotildees seletivas proibiccedilotildees de viagem congelamento de ativos embargo de armas investigaccedilotildees estabelecimento de uma missatildeo poliacutetica) Mas em algumas situaccedilotildees pressatildeo internacional vinda dos mais altos niacuteveis que inclui o papel do Conselho de Seguranccedila pode ser contraproducente Isso pode reforccedilar a urgecircncia de um governo em terminar a guerra a todos os custos como no caso do Sri Lanka no comeccedilo de 200953 ou complicar as negociaccedilotildees para acesso humanitaacuterio como em Mianmar em maio de 200854 Em particular quando os casos lidam com governos que jaacute vecircm sendo excluiacutedos da comunidade internacional foacuteruns e canais mais discretos podem ser mais efetivos na tentativa de influenciar mudanccedilas de comportamento

Possibilitando que as Missotildees de Paz da ONU Ofereccedilam Proteccedilatildeo CriacutevelO peacekeeping eacute um sistema com grande legitimidade global que jaacute evita abusos e comeccedilou a dar ecircnfase agrave Proteccedilatildeo de Civis (PoC) em muitas de suas operaccedilotildees A composiccedilatildeo global e o controle rigoroso por parte do Conselho de Seguranccedila deixa as operaccedilotildees de paz muito mais aceitaacuteveis que qualquer outro instrumento como notavelmente o uso da

24Global Public Policy Institute (GPPi)

forccedila por terceiros segundo um mandato do Conselho de Seguranccedila55 Ao mesmo tempo o peacekeeping soacute eacute capaz de lidar com um nuacutemero limitado de desafios agrave proteccedilatildeo a ausecircncia de mecanismos raacutepidos e efetivos de mobilizaccedilatildeo de implementaccedilatildeo faz com que seja impossiacutevel para peacekeepers da ONU responder a ameaccedilas iminentes de crimes de atrocidade e os requerimentos legais e praacuteticos da colaboraccedilatildeo com o governo local limitam uma accedilatildeo efetiva contra os perpetradores dos crimes de atrocidade que sejam parte ou que recebam apoio do governo Mesmo quando os peacekeepers estavam presentes enquanto crimes de atrocidade eram praticados como na Costa do Marfim em 2011 e no Sudatildeo do Sul em 2013 qualquer prevenccedilatildeo efetiva foi ilusoacuteria E onde uma reaccedilatildeo imediata natildeo obteve sucesso os desafios da proteccedilatildeo efetiva contra crimes em andamento rapidamente excedeu a capacidade dos boinas azuis

As vaacuterias maneiras em que as operaccedilotildees de paz poderiam melhor proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade ao estabelecer capacidades reduzir vulnerabilidade (ldquoproteccedilatildeo indiretardquo) e defender contra perpetradores (ldquoproteccedilatildeo diretardquo) jaacute foram explicitadas em outras oportunidades56 Atingir pelo menos um niacutevel moderado de ambiccedilatildeo para que peacekeepers protejam populaccedilotildees contra crimes de atrocidade requereria investimentos adicionais em capacidade doutrina e treinamento Tambeacutem seria necessaacuteria uma anaacutelise mais seacuteria sobre como combinar de forma efetiva o uso do peacekeeping com instrumentos poliacuteticos

O Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz a lideranccedila da missatildeo e os paiacuteses colaboradores precisam informar de forma modesta e transparente os limites das capacidades da ONU na proteccedilatildeo de civis

O comprometimento bem-vindo e necessaacuterio do Conselho de Seguranccedila com a proteccedilatildeo levou a um nuacutemero excessivo de promessas57 que aumentaram a lacuna entre as expectativas locais e a capacidade das missotildees Quando um mandato para milhares de peacekeepers eacute estabelecido com grande alvoroccedilo mas somente uma fraccedilatildeo chega seis meses depois como no Sudatildeo Sul apoacutes o iniacutecio da uacuteltima guerra civil em dezembro de 2013 ou como quando os peacekeepers se recusaram a tomar medidas enquanto crimes de atrocidade eram cometidos nas redondezas (devido ou natildeo ao apoio ou lideranccedila inadequados) como visto recentemente na RDC ou no Sudatildeo pessoas que se reuacutenem ao redor da bandeira azul na esperanccedila de proteccedilatildeo se tornam mais vulneraacuteveis ao perigo do que se estivessem em outro local De forma geral populaccedilotildees ameaccediladas estatildeo em situaccedilotildees melhores com os peacekeepers do que sem eles mas ainda assim a credibilidade das Naccedilotildees Unidas eacute afetada nestes casos58

Tanto a proteccedilatildeo efetiva quanto a responsaacutevel exigem uma comunicaccedilatildeo honesta e transparente com o puacuteblico e com o Conselho de Seguranccedila sobre as capacidades de cada missatildeo e de cada contingente aleacutem da sua disponibilidade para assumir riscos Quando os diplomatas do Conselho criarem ou derem nova autorizaccedilatildeo a outro ambicioso mandato para a proteccedilatildeo de civis eles precisam ser formalmente informados das capacidades e requerimentos que seratildeo necessaacuterios

25Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

A proteccedilatildeo por parte dos peacekeepers requer um salto de qualidade das contribuiccedilotildees para as operaccedilotildees dos boinas azuis e isso exige que o Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz as tropas a poliacutecia e os colaboradores financeiros encontrem uma divisatildeo do trabalho mais justa e equilibradaO equiliacutebrio fraacutegil entre aqueles que contribuem com tropas (em sua maioria da Aacutefrica e da Aacutesia) financiadores (em sua maioria da Europa e Ameacuterica do Norte) e os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila da ONU que emitem mandatos estaacute proacuteximo de se desfazer A insustentaacutevel divisatildeo de trabalho em peacekeeping natildeo eacute uma questatildeo dos ocidentais contra os demais Muitos paiacuteses africanos cansados dos muitos anos de tentativas frustradas de instauraccedilatildeo da paz no continente pelas potecircncias externas cada vez mais requerem e apoiam o uso de forccedila militar para proteger civis e conceder mais tempo para as negociaccedilotildees de paz Por outro lado paiacuteses que tradicionalmente contribuem com muitas tropas estatildeo cada vez mais reticentes em ameaccedilar a vida de seus soldados em locais distantes ndash especialmente aqueles paiacuteses como a Iacutendia cujo papel emergente no mundo criou expectativas de exercer influecircncia sobre escolhas estrateacutegicas que ateacute agora se mantiveram no domiacutenio exclusivo dos membros permanentes Isso tudo combinado com a austeridade imposta agraves forccedilas armadas mais desenvolvidas impossibilitando aumentar suas contribuiccedilotildees de ativos-chave ndash que poderia reduzir os riscos aos boinas azuis ndash vem deixando muitos paiacuteses em desenvolvimento cada vez mais impacientes com um sistema que natildeo funciona mais para eles

Para avanccedilar na prevenccedilatildeo de crimes de atrocidade economias desenvolvidas e em desenvolvimento precisatildeo aumentar os recursos disponibilizados para as missotildees de paz da ONU mas o dever principal de balancear o desequiliacutebrio atual estaacute nas matildeos de paiacuteses com capacidades avanccediladas Eles precisam disponibilizar forccedilas militares e ativos poliacuteticos que satildeo chaves para limitar o risco de todos os boinas azuis e aumentar o custo-benefiacutecio e a eficaacutecia do peacekeeping Isso inclui drones de vigilacircncia veiacuteculos anti-minas hospitais militares evacuaccedilatildeo meacutedica aeacuterea apoio de combate aeacutereo transporte aeacutereo taacutetico equipamentos anti-explosivos e outras tecnologias avanccediladas59

Contudo natildeo satildeo somente paiacuteses da Europa e da Ameacuterica do Norte que disponibilizam pouquiacutessimas tropas e deixam a desejar em suas contribuiccedilotildees (os europeus por exemplo respondem por menos de 7 por cento das tropas de peacekeeping da ONU e menos de 4 por cento das tropas policiais da organizaccedilatildeo60 A Iacutendia tem demonstrado apoio duradouro e extensivo ao peacekeeping ndash uma rara exceccedilatildeo entre paiacuteses com pretensotildees de lideranccedila regional ou global Outros paiacuteses deveriam pensar em seguir o recente exemplo da China e aumentar o nuacutemero de tropas policiais ou civis qualificados disponibilizados agrave ONU Por exemplo o Brasil mesmo com sua lideranccedila no Haiti ainda oferece menos pessoal que os pequenos Togo e Burkina Faso

26Global Public Policy Institute (GPPi)

Todos os membros do Conselho de Seguranccedila e colaboradores do peacekeeping deveriam aumentar a orientaccedilatildeo conceitual o treinamento e a construccedilatildeo de capacidade para a proteccedilatildeo de civis contra crimes de atrocidade

Tanto o desenvolvimento de estrateacutegias poliacuteticas quanto o uso da forccedila para proteccedilatildeo taacutetica de civis carecem grandemente de fundamentos conceituais soacutelidos com a qual qualquer outro tipo de operaccedilatildeo militar pode contar Os desafios poliacuteticos policiais e militares da proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade natildeo recebem a atenccedilatildeo conceitual e os recursos para treinamento adequados em quase todos os paiacuteses61 Natildeo eacute surpreendente que liacutederes de missatildeo e comandantes de tropas operem hoje em dia com base na tentativa e erro sem que haja uma orientaccedilatildeo ou doutrina clara Da mesma forma os membros do Conselho ndash em especial os natildeo-permanentes ndash satildeo forccedilados a tomar decisotildees difiacuteceis sobre a proteccedilatildeo de civis sem que tenham acesso a um oacutergatildeo de anaacutelise poliacutetico-militar sobre quais seriam as consequecircncias de tais accedilotildees A ausecircncia de conceitos claros e amplamente difundidos sobre as formas praacuteticas de proteccedilatildeo (para aleacutem das Zonas de exclusatildeo aeacuterea) contribuem para o estereoacutetipo muacutetuo e suspeitas de motivos escusos

Os Estados Unidos deveriam continuar a expansatildeo da sua Iniciativa Global de Operaccedilotildees de Paz (GPOI na sigla em inglecircs) e sua Parceria Africana de Resposta Raacutepida para Manutenccedilatildeo da Paz que apoiam e reforccedilam a capacidade de outros paiacuteses de treinar e manter competecircncias para a manutenccedilatildeo da paz Ambos os casos deveriam dar mais atenccedilatildeo agraves forccedilas militaresx mais frequentemente usadas no peacekeeping No futuro treinamentos e exerciacutecios da GPOI e outros deveriam incluir especificamente diferentes aspectos de proteccedilatildeo a civis 62 De forma similar a estes programas estadunidenses a Uniatildeo Europeia os governos europeus e de outros locais que possuem forccedilas armadas com tal capacidade deveriam oferecer os treinamentos e equipamentos mais modernos para os colaboradores das operaccedilotildees de paz Isso poderia criar incentivos para que unidades treinadas e equipadas efetivamente trabalhem em conjunto com a ONU a Uniatildeo Africana e as forccedilas sub-regionais na proteccedilatildeo de civis ndash no caso da UE ao novamente dar ecircnfase e expandir a Enable and Enhance Initiative

Usar a avaliaccedilatildeo atual das operaccedilotildees de paz da ONU para construir um consenso entre todas as partes interessadas (Conselho de Seguranccedila e Secretariado assim como colaboradores financeiros de tropas ou de poliacutecia) sobre o uso da forccedila somente para apoiar ndash e nunca substituir ndash uma estrateacutegia poliacutetica para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade e para planejar mandatos e operaccedilotildees adequadamente Como parte do diaacutelogo necessaacuterio sobre a utilidade do uso da forccedila a atual avaliaccedilatildeo das operaccedilotildees de paz da ONU oferece uma oportunidade de reconstruir uma linguagem comum sobre o peacekeeping seus princiacutepios e conceitos baacutesicos suas ambiccedilotildees e desafios para as tarefas de proteccedilatildeo das missotildees da ONU especialmente no que diz respeito ao uso da forccedila Os princiacutepios de consentimento imparcialidade e neutralidade atualizados no Relatoacuterio Brahimi para permitir que peacekeepers ajam contra os violadores dos acordos de paz e perpetradores de atrocidades mais uma vez satildeo distorcidos ou parecem irrelevantes em muitas operaccedilotildees A maioria dos peacekeepers

27Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

de hoje servem em situaccedilotildees de conflito ativo como no Mali ou na Repuacuteblica Centro-Africana Peacekeepers da ONU estatildeo conduzindo operaccedilotildees de combate ativo na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Em outros locais os acordos de deacutecadas atraacutes que deram origem a uma missatildeo natildeo incluem as partes que atualmente ameaccedilam ou sequestram peacekeepers como nas Colinas de Golatilde

Enquanto eacute inevitaacutevel que haja certa ambiguidade sobre os princiacutepios o uso ativo da forccedila para proteger civis soacute eacute capaz de apoiar mas nunca substituir uma estrateacutegia poliacutetica63 Onde natildeo haacute uma estrateacutegia poliacutetica realista para chegar agrave paz deve haver pelo menos uma para limitar os riscos aos civis ndash se necessaacuterio um plano que inclua o apoio de forccedilas militares da ONU como na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Estas questotildees devem ser discutidas de forma honesta pelas partes interessadas nas operaccedilotildees de paz da ONU O abismo que separa as partes nestas discussotildees natildeo estaacute entre os ocidentais que apoiam o uso de mais forccedila e os opositores natildeo-ocidentais Atualmente isso acontece entre paiacuteses que contribuem com muitas tropas como Iacutendia e Paquistatildeo preocupados com o aumento dos riscos agraves suas tropas e uma coalisatildeo mais intervencionista de paiacuteses africanos e europeus ocidentais64

A Tomada de Decisotildees sobre Accedilotildees MilitaresO atual sistema de seguranccedila coletiva que tem o Conselho de Seguranccedila na ONU como peccedila central natildeo estaacute agrave altura da tarefa de prover proteccedilatildeo efetiva e responsaacutevel O Conselho eacute incapaz de agir de forma efetiva quando alguns interesses geopoliacuteticos colidem como no caso da Siacuteria Mas ele fracassa ateacute mesmo em situaccedilotildees em que o abuso do argumento humanitaacuterio natildeo estaacute na pauta e os interesses de membros-chave do Conselho estatildeo alinhados ndash como no caso da Repuacuteblica Centro-Africana ou do Sudatildeo do Sul Um Conselho que tem o poder de estabelecer mandatos mobilizar proteccedilatildeo efetiva e limitar o medo do uso abusivo de argumentos humanitaacuterios precisaria ouvir os maiores atores poliacuteticos do mundo moderno os paiacuteses que contribuem com tropas e os financiadores

Tanto a composiccedilatildeo quanto os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila da ONU refletem a ordem mundial dos anos 1940 A fim de manter a credibilidade do sistema de seguranccedila coletiva restaurar a legitimidade do Conselho de Seguranccedila eacute uma questatildeo urgente e de interesse dos cinco membros permanentes Todavia mesmo estando bem fundadas em termos de justiccedila global e em prospectos de longo prazo para a governanccedila global as propostas jaacute existentes para uma expansatildeo do Conselho ou um papel mais proeminente da Assembleia Geral em assuntos de seguranccedila provavelmente natildeo contribuiratildeo para uma proteccedilatildeo mais efetiva contra crimes de atrocidade

Visando o 70o aniversaacuterio da ONU neste ano nossas sugestotildees datildeo ecircnfase agraves mudanccedilas procedimentais e natildeo estruturais do Conselho de Seguranccedila

28Global Public Policy Institute (GPPi)

Os cinco membros permanentes do Conselho de Seguranccedila deveriam dar mais apoio a processos decisoacuterios inclusivos dentro do Conselho e abrir canais informais de consulta sobre mandatos estrateacutegias e operaccedilotildees para todas as partes cruciais em especial potecircncias regionais e grandes colaboradores de pessoal Os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila na ONU limitam severamente seu senso de imparcialidade perante os olhos do mundo Na maioria das crises na Aacutefrica o chamado ldquopenholderrdquo ndash isto eacute o paiacutes responsaacutevel pelo rascunho das resoluccedilotildees do Conselho ndash eacute o antigo Estado colonizador ou os Estados Unidos65 Mesmo sendo uacutetil por dar uma continuidade ao longo dos anos esta organizaccedilatildeo e as relaccedilotildees internas resultantes entre os membros permanentes efetivamente excluem os membros natildeo-permanentes da maior parte das negociaccedilotildees informais onde as decisotildees mais importantes satildeo tomadas

Para que haja uma forma menos exclusiva de tomar decisotildees o precisaria de atores adicionais tanto dentro quanto fora das regiotildees relevantes para desenvolver as capacidades analiacutetica e poliacutetica de cogerenciar de forma construtiva o engajamento do Conselho e as operaccedilotildees de paz ao inveacutes de soacute defender seus proacuteprios interesses Os Estados membros e as organizaccedilotildees da sociedade civil tambeacutem devem continuar as discussotildees sobre um coacutedigo de conduta para limitaccedilatildeo voluntaacuteria do poder de veto em situaccedilotildees de crimes de atrocidade como proposto pelo governo francecircs66

Aleacutem dos procedimentos internos os membros do Conselho devem continuar expandindo as interaccedilotildees informais com as partes relevantes incluindo paiacuteses vizinhos e aqueles que contribuem com pessoal para as operaccedilotildees de paz Isso natildeo precisa se limitar a trocas diplomaacuteticas formais a fim de aumentar a qualidade e aceitaccedilatildeo dos mandatos de peacekeeping os paiacuteses responsaacuteveis pelo rascunho do mandato poderiam incluir a colaboraccedilatildeo de especialistas dos paiacuteses que contribuem com grande nuacutemero de tropas ou de policiais como por exemplo antigos comandantes de tropa ou chefes de poliacutecia67

Atores com credibilidade para fazer conexotildees no debate polarizado sobre intervenccedilatildeo militar devem facilitar os esforccedilos informais para desenvolver um sistema de monitoramento e informaccedilatildeo mais rigoroso para Estados que aderirem agraves missotildees com mandatos da ONUO conceito de Responsabilidade ao Proteger (RwP na sigla em inglecircs) eacute uma das iniciativas mais promissoras para lidar com os desacordos globais sobre o uso abusivo da Responsabilidade de Proteger Quando apresentado pelo Brasil no final de 2011 tal conceito ofereceu uma oportunidade de debate sobre o que poderia ser proteccedilatildeo efetiva e qual deveria ser o papel do uso da forccedila nessa proteccedilatildeo apoacutes a intervenccedilatildeo na Liacutebia quando essas discussotildees estavam extremamente polarizadas68 Apoacutes essa experiecircncia eacute muito improvaacutevel que o Conselho de Seguranccedila futuramente aprove uma resoluccedilatildeo autorizando o uso de forccedilas externas para a proteccedilatildeo com termos tatildeo amplos Com isso a implementaccedilatildeo de algumas ideias da proposta do RwP eacute de interesse de todos os Estados que acreditam que a forccedila deve ser uma ferramenta de uacuteltimo caso disponiacutevel

29Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

agrave comunidade internacional Discussotildees mais profundas satildeo necessaacuterias sobre os criteacuterios e condiccedilotildees considerados para que o Conselho use a forccedila para proteger populaccedilotildees Mesmo que a discussatildeo sobre criteacuterios para o uso da forccedila seja tatildeo antiga quanto a discussatildeo sobre intervenccedilatildeo humanitaacuteria69 todos os Estados membros se beneficiariam de um debate aberto sobre os sucessos e fracassos do uso da forccedila no passado e suas implicaccedilotildees no futuro como supracitado Outra questatildeo mais praacutetica diz respeito a como aumentar a habilidade do Conselho de monitorar aqueles que aderem e executam suas decisotildees Uma sugestatildeo concreta seria adotar elementos do sistema de peacekeeping como relatoacuterios e reuniotildees instrutivas regulares sobre a situaccedilatildeo das delegaccedilotildees para o uso da forccedila por terceiros As resoluccedilotildees poderiam incluir expliacutecitas claacuteusulas de caducidade que obrigariam a aprovaccedilatildeo da extensatildeo do mandato pelo Conselho de Seguranccedila e requerimentos de relatoacuterio regulares e especiacuteficos por parte daqueles Estados membros que aderirem e executarem as decisotildees do oacutergatildeo70 Outra sugestatildeo seria a criaccedilatildeo de mecanismos de responsabilizaccedilatildeo e monitoramento ao criar paineacuteis de especialistas quando os mandatos do Conselho incluiacuterem o uso da forccedila conforme modelo dos comitecircs de sanccedilotildees da ONU Relatoacuterios de comitecircs independentes como esses podem dar origem a uma praacutetica-padratildeo e contribuir para a melhora da qualidade nas decisotildees do Conselho ao longo do tempo seja antes durante ou depois das operaccedilotildees militares71

Potecircncias emergentes e jaacute estabelecidas podem fazer sua parte no avanccedilo das discussotildees sobre as questotildees colocadas pelo RwP Tanto a iniciativa oficial do Brasil quanto a ideia de ldquoProteccedilatildeo Responsaacutevelrdquo colocada por um reconhecido especialista chinecircs72 poderiam ser pontos de partida para discussotildees mais especiacuteficas e operacionais tanto entre os BRICS quanto entre os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila73 Ao inveacutes de rejeitar tais conceitos como sendo ataques agrave Responsabilidade de Proteger as potecircncias ocidentais deveriam ver essas iniciativas como uma oportunidade para um debate construtivo sobre como proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade74

Inserindo a Reflexatildeo e o Aprendizado Constantes em cada Ferramenta PoliacuteticaAinda que haja muita experiecircncia estabelecida com fracassos terriacuteveis e os poucos sucessos qualificados natildeo haacute uma base de conhecimento confiaacutevel sobre como proteger pessoas contra crimes de atrocidade Em geral governos e organizaccedilotildees internacionais continuam tratando cada crise como sendo uacutenica dando pouca atenccedilatildeo agrave reflexatildeo contiacutenua ao aprendizado e agrave adaptaccedilatildeo das poliacuteticas conforme as situaccedilotildees evoluem Os acadecircmicos jaacute aprenderam bem mais sobre o que natildeo funciona em algumas condiccedilotildees do que sobre o que poderia melhorar ndash por um lado porque cada intervenccedilatildeo poliacutetica acontece com contexto proacuteprio e por outro porque resultam de incentivos acadecircmicos e dificuldades de acesso a dados

30Global Public Policy Institute (GPPi)

Governos organizaccedilotildees internacionais sociedade civil e acadecircmicos precisam projetar poliacuteticas que sejam mais adaptaacuteveis ao conhecimento em evoluccedilatildeo e agrave avaliaccedilatildeo de riscos com base em oportunidades internas para reflexatildeo e aprendizado contiacutenuos e colaborativosEnquanto ainda haacute urgecircncia para que medidas sejam tomadas agir de forma responsaacutevel perante tanta incerteza pede que sejamos menos confiantes em nossa habilidade de determinar a melhor poliacutetica possiacutevel para cada situaccedilatildeo Poliacuteticos ativistas e intelectuais devem ser honestos consigo mesmos e transparentes com aqueles que mais sofrem com os impactos dessas poliacuteticas Natildeo haacute soluccedilotildees que tenham sido testadas e comprovadas Tudo que podemos fazer eacute tentar identificar a forma mais responsaacutevel de desenvolver cada caso enquanto nos mantemos preparados e prontos para reagir rapidamente a mudanccedilas e melhorar nossa gama de poliacuteticas instrumentais Este processo experimental de decisatildeo poliacutetica precisa ser constantemente monitorado e avaliado de forma autocriacutetica tanto interna quanto externamente atraveacutes do diaacutelogo franco e honesto entre profissionais sociedades e especialistas externos em todos os niacuteveis desde o monitoramento e avaliaccedilatildeo ateacute os debates mais amplos de poliacutetica puacuteblica sobre a eficaacutecia da forccedila militar e da diplomacia coercitiva na prevenccedilatildeo e resposta a crimes de atrocidade

31Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

1 Como a Genocide Prevention Task Force em um painel fechado de alto-niacutevel nos Estados Unidos apropriadamente argumentou em 2008 Genocide Prevention Task Force lsquoPreventing Genocide A Blueprint for US Policymakersrsquo (Washington DC The American Academy of Diplomacy US Holocaust Memorial Museum US Institute for Peace 2008) Veja tambeacutem Ruben Reike Serena Sharma e Jennifer Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo (Australian Civil-Military Centre e Oxford Institute for Ethics Law and Armed Conflict 2013) 6ff

2 Michael Ignatieff lsquoThe Libya Case a Teachable Momentrsquo Suddeutsche Zeitung Special Supplement http wwwamericanacademydesitesdefaultfilesuploadMSC202012pdf 3 de fevereiro de 2012 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 David Bosco lsquoAbstention Games on the Security Councilrsquo Foreign Policy httpforeignpolicy com20110317abstention-games-on-the-security-council 17 de marccedilo de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

3 Kofi A Annan lsquoTwo Concepts of Sovereigntyrsquo The Economist httpwwweconomistcomnode324795 16 de setembro de 1999 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

4 Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Conflict Security and Development 144 2014 Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

5 Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

6 Rosa Brooks lsquoThe UN Security Council and Civilian Protectionrsquo in Jared Genser e Bruno Ugarte eds The UN Security Council in the Age of Human Rights (New York Cambridge University Press 2013) 12 Sobre a base global para as normas de proteccedilatildeo veja Charles Sampford lsquoA Tale of Two Normsrsquo em Angus Francis Vesselin Popovski e Charles Sampford eds Norms of Protection Responsibility to Protect Protection of Civilians and Their Interaction (United Nations University Press 2012) Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

7 Para uma visatildeo geral do posicionamento do Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia e Aacutefrica do Sul sobre R2P veja os artigos na ediccedilatildeo especial de Conflict Security and Development Brockmeier Kurtz e Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Jaganathan e Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Julian Junk lsquoThe Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Xymena Kurowska lsquoMultipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Lui Tiewa e Zhang Haibin lsquoDebates in China About the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessmentrsquo Conflict Security and Development 2014 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Verhoeven Murthy e Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang Reinicke lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo ediccedilatildeo especial (144) de Conflict Security and Development (London Taylor amp Francis 2014)

8 CSR Murthy e Gerrit Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo Global Society em revisatildeo

9 Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo Global Society em revisatildeo Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo Global Society em revisatildeo

10 Judi Atkins Justifying New Labour Policy (Houndmills Basingstoke Hampshire New York Palgrave Macmillan 2011) 163 Veja por exemplo Stuenkel e Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Erna Burai lsquoParody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian Warrsquo Global Society em revisatildeo

Notas

32Global Public Policy Institute (GPPi)

11 Roland Paris lsquoThe ldquoResponsibility to Protectrdquo and the Structural Problems of Preventive Humanitarian Interventionrsquo International Peacekeeping 215 2014 4

12 Ramesh Thakur lsquoR2Prsquos ldquoStructuralrdquo Problems A Response to Roland Parisrsquo International Peacekeeping 2015 5

13 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

14 Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo Global Society em revisatildeo

15 Julian Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo Global Society em revisatildeo Julian Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo Global Society em revisatildeo

16 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

17 Erna Burai lsquoAfrican Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Groundrsquo Global Society em revisatildeo

18 Ambos os debates em torno das propostas brasileiras de Responsabilidade ao Proteger e o Diaacutelogo Interativo Informal da Assembleia Geral sobre Responsabilidade de Proteger e ldquoAccedilatildeo oportuna e decisivardquo em 2012 constituiacuteram tentativas de defensores de R2P se envolverem em discussotildees sobre o uso da forccedila e R2P Para acessar uma coleccedilatildeo de discursos durante a Assembleia Geral de 2012 veja httpwwwglobalr2porgresources278

19 Sarah Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo em Mary Kaldor e Iavor Rangelov eds The Handbook of Global Security Policy (Chichester West Sussex Wiley Blackwell 2014) 225

20 Alastair Iain Johnston lsquoThinking About Strategic Culturersquo International Security 194 1995 46

21 Pessimismo sobre a eficaacutecia da forccedila no entanto natildeo eacute o mesmo de promover a natildeo-violecircncia Alguns dos maiores defensores do ceticismo em relaccedilatildeo agraves forccedilas militares para proteccedilatildeo frequentemente recorrem a forccedilas militares ou quase militares no acircmbito domeacutestico

22 Otto Bakkano lsquoAU Pushes for Ceasefire Political Solution in Libyarsquo Mail amp Guardian httpmgcoza article2011-05-26-au-pushes-for-ceasefire-political-solution-in-libya 26 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Guido Westerwelle lsquoBundesminister Westerwelle Statement vom 25032011 zu Syrien Jemen Israel und dem Gaza-Streifen Sowie Libyenrsquo Auswartiges Amt httpwwwbrasildiplodeVertretung brasiliende07__AussenpolitikReden_20des_20Au_C3_9FenministersStatemente_20Syrienhtml 25 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

23 Barack Obama David Cameron e Nicolas Sarkozy lsquoLibyarsquos Pathway to Peacersquo The International Herald Tribune httpwwwnytimescom20110415opinion15iht-edlibya15html 15 de abril de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Reuters lsquoKerry Insists No Place for Assad in Syriarsquos Futurersquo Reuters httpwwwreuters comarticle20140117us-syria-crisis-kerry-idUSBREA0G14A20140117 17 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

24 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

25 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

26 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

27 Kersti Larsdotter lsquoExploring the Utility of Armed Force in Peace Operations German and British Approaches in Northern Afghanistanrsquo Small Wars and Insurgencies 193 2008 Taylor B Seybolt Humanitarian Military Intervention The Conditions for Success and Failure (Oxford Oxford University Press 2008) Rupert Smith The Utility of Force The Art of War in the Modern World (London Allen Lane 2005) Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

28 UN Department of Peacekeeping Operations e UN Department of Field Support lsquoOperational Concept on the Protection of Civilians in United Nations Peacekeeping Operationsrsquo (New York 2010) Sarah Sewall Dwight Raymond e Sally Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook (Cambridge MA Harvard Kennedy School 2010)

29 Harry Verhoeven documenta o exemplo de um diplomata chinecircs que ldquopensava que o Ocidente tinha inventado os Janjaweed [miliacutecias proacute- governo em Darfur] como uma desculpa para intervir Mas eles eram de verdade e matavam pessoasrdquo Harry Verhoeven lsquoIs Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa Is Changing Chinarsquo The Washington Quarterly 372 2014 64

33Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

30 BS Chimni lsquoFor Epistemological and Prudent Internationalismrsquo Harvard Law School Human Rights Journal novembro 2012 Greg Simons lsquoThe International Crisis Group and the Manufacturing and Communicating of Crisesrsquo Third World Quarterly 354 2014 Ramesh Thakur lsquoIs the United Nations Racistrsquo The Hindu httpwwwthehinducomopinionleadis-the-united-nations-racistarticle4928624ece 19 de julho de 2013 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

31 Ambassador Liu Zhenmin lsquoStatement by Ambassador Liu Zhenmin at the Plenary Session of the General Assembly on the Question of ldquoResponsibility to Protectrdquorsquo httpresponsibilitytoprotectorgStatement20 by20Ambassador20Liu20Zhenminpdf 24 de julho de 2009 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Zhang Haibin e Lui Tiewa lsquoRealizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and Thereafterrsquo Global Society em revisatildeo

32 Conversa com uma seacuterie de especialistas indianos em evento na Jawaharlal Nehru University (Nova Deacuteli Iacutendia) no dia 21 de Janeiro de 2015

33 IRIN lsquoA New Start for Crisis Reportingrsquo IRIN httpnewirinirinnewsorgpress-release 20 de novembro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34 Veja por exemplo Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoReport of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on United Nations Action in Sri Lankarsquo (New York United Nations 2012)

35 Um bom exemplo foi o briefing do Assessor Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedio para o Conselho de Seguranccedila da ONU depois de sua visita agrave Repuacuteblica Centro-Africana no dia 22 de janeiro de 2014 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoThe Statement of under Secretary-GeneralSpecial Adviser on the Prevention of Genocide Mr Adama Dieng on the Human Rights and Humanitarian Dimensions of the Crisis in the Central African Republicrsquo httpwwwunorgenpreventgenocideadviserpdfSAPG20Statement20at20UNSC20 on20the20situation20in20CAR-202220Jan202014pdf 22 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

36 Morten Bergsmo Quality Control in Fact-Finding (Florence Torkel Opsahl Academic EPublisher 2013) 210

37 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoRights up Front A Plan of Action to Strengthen the UNrsquos Role in Protecting People in Crises Follow-up to the Report of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on UN Action in Sri Lankarsquo (New York 2013)

38 Veja tambeacutem futura publicaccedilatildeo do GPPi Gerrit Kurtz lsquoA New Tool for Civilian Protection - the Human Rights up Front Initiative of the United Nationsrsquo GPPi Policy Brief futura publicaccedilatildeo

39 Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo

40 Jose Ramos-Horta lsquoIndia Right in Asking for More Say in Peacekeeping Operations-Related Decisions Top UN Panel Chiefrsquo Hindustan Times httpwwwhindustantimescomindia-newsindia-right-in-asking- for-more-say-in-peacekeeping-operations-related-decisions-top-un-panel-chiefarticle1-1314354aspx 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 13 de marccedilo de 2015

41 Thomas Biersteker et al lsquoThe Effectiveness of UN Targeted Sanctions - Findings from the Targeted Sanctions Consortium (TSC)rsquo The Graduate Institute Geneva 2013

42 Kirsten Ainley lsquoThe Responsibility to Protect and the International Criminal Court Counteracting the Crisisrsquo International Affairs 911 2015

43 Para distinccedilatildeo entre atividades ldquosistecircmicasrdquo e ldquodirecionadasrdquo veja Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

44 Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo Global Society em revisatildeo

45 Verhoeven e Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo 8 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann lsquoSchutz und Verantwortung Uber die US- Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltatenrsquo (2013)

46 Mike Brand lsquoEmploying lsquoPreventionrsquo to Prevent Mass Atrocitiesrsquo Saferworld httpwwwsaferworldorguk news-and-viewscomment123-employing-apreventiona-to-prevent-mass-atrocities 25 de fevereiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Warren Strobel e Louis Charbonneau lsquoUS Was Slow to Lose Patience as South Sudan Unraveledrsquo Reuters 14 de janeiro de 2014

47 Adam Lupel lsquoUN Adviser on Prevention of Genocide ldquoWe Have to Make Sure the Security Council Actsrdquorsquo httptheglobalobservatoryorg201404un-adviser-on-prevention-of-genocide-we-have-to-make-sure- security-council-acts 28 de abril de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34Global Public Policy Institute (GPPi)

48 Office for the Coordination of Humanitarian Affairs lsquoHumanitarian Bulletin Syriarsquo Humanitarian Bulletin Issue 53 httpreliefwebintsitesreliefwebintfilesresourcesBulletin_no_53_17032015_final_01pdf 1 de fevereiro - 18 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

49 Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

50 Human Rights Watch lsquoGermany QampA on Trial of Two Rwandan Rebel Leadersrsquo httpwwwhrworgde news20110502germany-qa-trial-two-rwandan-rebel-leaders 2 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 23 de marccedilo de 2015

51 Eric Lichtblau lsquoUS Seeks to Deport Bosnians over War Crimesrsquo New York worldus-seeks-to-deport-bosnians-over- Times httpwwwnytimescom20150301war-crimeshtml 28 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

52 Para um argumento similar observando o envolvimento internacional com a Liacutebia em 2015 veja International Crisis Group lsquoLibya Getting Geneva Rightrsquo International Crisis Group Middle East and North Africa Report Nr 157 2015

53 Kurtz e Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo

54 Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo

55 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

56 Alex J Bellamy e Charles T Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo (Asia- Pacific Centre for the Responsibility to Protect 2010) Alex J Bellamy The Responsibility to Protect A Defense (Oxford Oxford University Press 2014)

57 Ashley Jackson lsquoProtecting Civilians The Gap between Norms and Practicersquo (Humanitarian Policy Group 2014)

58 Isso jaacute foi escrito em 2009 no relatoacuterio ldquoNew Horizonrdquo do DPKO ldquoO descompasso entre expectativas e capacidade de promover proteccedilatildeo abrangente criou um significante desafio de credibilidade para as operaccedilotildees de paz da ONUrdquo Department of Peacekeeping Operations lsquoA New Partnership Agenda Charting a New Horizon for UN Peacekeepingrsquo (New York 2009) 20

59 Compare United Nations lsquoFinal Report of the Expert Panel on Technology and Innovation in UN Peacekeepingrsquo httpwwwperformancepeacekeepingorgofflinedownloadpdf 22 de dezembro de 2014

60 Compare United States Mission to the United Nations lsquoRemarks on Peacekeeping in Brussels by Samantha Power US Permanent Representative to the United Nationsrsquo httpusunstategovbriefing statements238660htm 9 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

61 Bellamy and Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo 23-24 Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

62 Isso poderia se basear no Mass Atrocities Response Operations project do US Armyrsquos Peacekeeping and Stability Operations Institute e do Harvard Kennedy Schoolrsquos Carr Center for Human Rights Veja Sewall Raymond e Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook

63 Mats Berdal e David H Ucko lsquoThe United Nations and the Use of Force Between Promise and Perilrsquo Journal of Strategic Studies 375 2014

64 Veja tambeacutem os resultados de um projeto do SIPRI sobre o futuro das operaccedilotildees de paz Jair van der Lijn e Xenia Avezov lsquoThe Future Peace Operations Landscape - Voices from Stakeholders around the Globe - Final Report of the New Geopolitics of Peace Operations Initiativersquo Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) janeiro de 2015

65 Security Council Report lsquoChairs of Subsidiary Bodies and Penholders for 2015rsquo httpwwwsecuritycouncilreportorgmonthly-forecast2015-02chairs_of_subsidiary_bodies_and_penholders_ for_2015php 30 de janeiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

66 Gareth Evans lsquoLimiting the Security Council Vetorsquo Project Syndicate httpwwwproject-syndicateorg commentarysecurity-council-veto-limit-by-gareth-evans-2015-02 4 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Kofi Annan e Gro Harlem Brundtland lsquoFour Ideas for a Stronger UNrsquo The New York Times httpwwwnytimescom20150207opinionkofi-annan-gro-harlem-bruntland-four-ideas-for-a-stronger- unhtml_r=0 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

67 Conversa com ex-comandantes militares Nova Deacuteli janeiro de 2015

68 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

35Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

69 Ibid Murthy e Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo

70 Compare tambeacutem com Bellamy The Responsibility to Protect A Defense 200

71 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

72 Ruan Zongze lsquo阮宗泽中国应倡导ldquo负责任的保护rdquo- ( China deveria defender a Proteccedilatildeo Responsaacutevel)rsquo Global Times (ediccedilatildeo chinesa) httpopinionhuanqiucom11522012-032501163html uacuteltimo acesso em 7 de marccedilo de 2012

73 Andrew Garwood-Gowers lsquoChinarsquos ldquoResponsible Protectionrdquo Concept Re-Interpreting the Responsibility to Protect (R2P) and Military Intervention for Humanitarian Purposesrsquo Asian Journal of International Law disponiacutevel em CJO2015 2015

74 Thorsten Benner lsquoBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiativersquo GPPi Working Paper Series 2013

36Global Public Policy Institute (GPPi)

Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang 4 n 4 2014) A ediccedilatildeo especial conteacutem os seguintes artigos todos disponiacuteveis gratuitamente online Introduction Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier

Regulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protect por Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

Debates in China about the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessment por Liu Tiewa e Zhang Haibin

Emerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protect por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk

Singing the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protect por Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz

Multipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protect por Xymena Kurowska

ldquoOur Identity is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Intervention por Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira

The Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protect por Julian Junk

Em breve laccedilaremos uma ediccedilatildeo especial na Global Society os seguintes artigos que estatildeo atualmente em processo de revisatildeo To Intervene in Darfur or Not Re-examining the R2P Debate and its Impacts por Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira

International Responsibility as Solidarity the Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectory por CSR Murthy e Gerrit Kurtz

Bringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenya por Julian Junk

Testing Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2P por Julian Junk

Parody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian War por Erna Burai

Protection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009 por Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan

Realizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and thereafter por Zhang Haibin e Liu Tiewa

The Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protection por Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

African Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Ground por Erna Burai

Responsibility While Protecting and the Ethics of R2P Implementation por Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier

Outras publicaccedilotildees relacionadasBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiative por Thorsten Benner Seacuterie de Working Papers do GPPi 2013

O Brasil como um Empreendedor Normativo a Responsabilidade ao Proteger por Thorsten Benner Politica Externa v 21 n 4 2013 p 35-46

Germany and the Intervention in Libya por Sarah Brockmeier Survival Global Politics and Strategy v55 n6 2013 p 63ndash90

Schutz und Verantwortung Uber die US-Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltaten por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann Heinrich Boll Foundation June 2013

Internationale Schutzverantwortung - Normative Erwartungen und Politische Praxis por Christopher Daase e Julian Junk (orgs) Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n 1-2 2013

Die Legalisierung der Legitimitat ndash Zur Kritik der Schutzverantwortung als Emerging Norm por Christopher Daase Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n1-2 2013 p 41-62

Emerging Power Exceptional State Elusive Country Explaining Indiarsquos Behavior por Madhan Mohan Jaganathan (com Amna Sunmbul) Proceedings of the International Conference on Social Sciences Chennai 2013 p 308-311

A New Tool for Civilian Protection - The Human Rights up Front Initiative of the United Nations por Gerrit Kurtz GPPi Policy Brief lanccedilamento em breve

Indiarsquos Approach to the Protection of Civilians in Armed Conflicts por CSR Murthy Norwegian Peacebuilding Resource Centre novembro de 2012

Contemporary World Order and Approaches to UN Peacekeeping A South Asian Perspective por CSR Murthy Friedrich Ebert Foundation dezembro de 2012

India-Brazil-South Africa Dialogue Forum (IBSA) The Rise of the Global South por Oliver Stuenkel Routledge Global Institutions 2014

The BRICS and the Future of Global Order por Oliver Stuenkel Lexington Press 2015

The BRICS and the Future of R2P Was Syria or Libya the Exception por Oliver Stuenkel Global Responsibility to Protect v6 n 1 2014 p 3-28

China and Responsibility to Protect Maintenance and Change of its Policy for Intervention por Liu Tiewa The Pacific Review v 25 v1 2012 p 153-173

Is China Like the Other Permanent Members Governmental and Academic Debates about RtoP by Liu Tiewa in Moacutenica Serrano e Thomas G Weiss (orgs) Rallying to the RtoP Cause The International Politics of Human Rights Routledge 2014 p 148-170

Chinese Strategic Culture and the Use of Force Moral and Political Perspectives por Liu Tiewa Journal of Contemporary China v23 n87 2014 p 556-574

Is Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa is Changing China por Harry Verhoeven The Washington Quarterly vol37 n2 2014 p 55-70

Publicaccedilotildees Selecionadas

37Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

AutoresThorsten BennerGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Sarah Brockmeier Global Public Policy InstituteBerlin Germany

Erna BuraiCentral European UniversityBudapest Hungary

CSR MurthyJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Christopher DaasePeace Research InstituteFrankfurt Germany

J Madhan MohanJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Julian JunkPeace Research InstituteFrankfurt Germany

Xymena KurowskaCentral European UniversityBudapest Hungary

Gerrit KurtzGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Liu TiewaPeking University China

Wolfgang ReinickeGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Philipp RotmannGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Ricardo Soares de OliveiraOxford UniversityUnited Kingdom

Matias SpektorFundaccedilatildeo Getulio VargasRio de Janeiro Brazil

Oliver StuenkelFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Marcos TourinhoFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Harry VerhoevenOxford UniversityUnited Kingdom

Zhang HaibinPeking UniversityChina

Global Public Policy Institute (GPPi)Reinhardtstr 7 10117 Berlin GermanyPhone +49 30 275 959 75-0Fax +49 30 275 959 75-99gppigppinet

gppinetglobalnormsnet

21Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

Nosso foco eacute em medidas de curto prazo voltadas para os civis em situaccedilotildees em que haacute alta probabilidade ou jaacute haacute ocorrecircncia de atrocidades 43Descobrimos que haacute quatro aacutereas que devem ser especialmente observadas

Os atores (em particular potecircncias emergentes) que mais pedem por diplomacia ferramentas civis e prevenccedilatildeo antecipada precisam traduzir seu compromisso retoacuterico em vontade poliacutetica e os investimentos necessaacuterios em capacidades e ideiasIr aleacutem da retoacuterica sobre prevenccedilatildeo requer vontade poliacutetica para fazer disso uma prioridade Com muita frequecircncia a prevenccedilatildeo contra crimes de atrocidade vai de encontro a outros objetivos poliacuteticos em uma determinada situaccedilatildeo de crise Algumas vezes esses interesses e prioridades estatildeo em extremos opostos No Sri Lanka por exemplo o governo conseguiu alavancar a imensa preocupaccedilatildeo internacional com o contraterrorismo para evitar pressotildees em relaccedilatildeo aos crimes de guerra perpetrados durante o conflito contra os Tigres de Libertaccedilatildeo do Tacircmil Eelam (LTTE) no comeccedilo de 200944 Em Darfur a accedilatildeo diplomaacutetica internacional para acabar com os crimes de atrocidade teve de competir com a prioridade para um acordo de paz na longa guerra civil Norte-Sul no Sudatildeo e com a colaboraccedilatildeo antiterrorista do governo sudanecircs45

Todavia mesmo com a ausecircncia de grandes interesses conflitantes haacute um espaccedilo entre o apoio abstrato para a proteccedilatildeo de populaccedilotildees contra crimes de atrocidade e a vontade poliacutetica de agir dispor-se financeiramente e assumir riscos proporcionais Um exemplo recente de quando investimentos deveriam ter sido feitos antes e de forma mais substancial eacute o Sudatildeo do Sul ndash uma crise que tambeacutem demonstra como as categorias ldquoocidentaisrdquo contra os ldquodemaisrdquo natildeo satildeo uacuteteis na anaacutelise das posiccedilotildees dos paiacuteses sobre proteccedilatildeo Por motivos diversos tanto os Estados Unidos quanto a China apoiaram fortemente o governo de Salva Kiir ignorando sinais importantes ateacute que essa se tornou uma das facccedilotildees combatentes na nova guerra civil do Sudatildeo do Sul46 Na Repuacuteblica Centro-Africana investimentos preacutevios nas iniciativas legais e nas reformas no setor de seguranccedila poderiam ter sido capazes de evitar que o paiacutes atingisse a atual escala de violecircncia47

Como esses e outros exemplos revelam haacute um grande descompasso entre a retoacuterica que demanda mais ldquosoluccedilotildees poliacuteticas e diplomaacuteticasrdquo ndash como constantemente enfatizado por China Ruacutessia Iacutendia Brasil Aacutefrica do Sul (e tambeacutem pela Alemanha e pela Uniatildeo Europeia) ndash e os recursos poliacuteticos e materiais investidos na busca por tais soluccedilotildees Colocar em praacutetica essas ldquosoluccedilotildees poliacuteticasrdquo requer ao mesmo tempo declaraccedilotildees ocasionais e o estabelecimento de capacidades institucionais para o monitoramento dos direitos humanos monitoramento de longo prazo das eleiccedilotildees mediaccedilatildeo e apoio de pessoas com experiecircncia secircnior que possam ser rapidamente acionadas e a construccedilatildeo de instituiccedilotildees nos setores de justiccedila seguranccedila e correlatas normalmente envolvidas com missotildees poliacuteticas da ONU e de organizaccedilotildees regionais Similarmente o uso de ferramentas coercitivas como sanccedilotildees requer tanto a tomada de decisotildees difiacuteceis quanto investimentos e iniciativas para planejar criativamente e melhorar estas ferramentas a fim de que sejam de fato seletivas justas e legalmente soacutelidas ndash em outras palavras que minimizem os riscos de afetarem as pessoas erradas

22Global Public Policy Institute (GPPi)

de acordo com princiacutepios baacutesicos do direito O Tribunal Penal Internacional precisa do comprometimento poliacutetico e da ratificaccedilatildeo do Estatuto de Roma por algumas das naccedilotildees mais poderosas do mundo Tambeacutem precisa de recursos para continuar acompanhando seus casos No miacutenimo tanto as potecircncias emergentes quanto as jaacute estabelecidas precisam melhorar sua assistecircncia humanitaacuteria para aqueles que fogem da violecircncia Por exemplo Estados membros da ONU cederam menos de 50 por cento dos fundos necessaacuterios para a resposta humanitaacuteria na Siacuteria deixando milhares de pessoas necessitadas em 201448

Os governos devem priorizar a detenccedilatildeo e julgamento dos perpetradores de crimes de atrocidade em suas jurisdiccedilotildees Aleacutem das dificuldades poliacuteticas de se lidar com perpetradores que estatildeo no poder como na Siacuteria ou com perpetradores que estatildeo fora do alcance de Estados falidos como na Repuacuteblica Centro-Africana todos os governos podem fazer mais para sancionar ou julgar esses perpetradores por crimes de atrocidade que de alguma forma estejam em suas jurisdiccedilotildees Prevenir e dar respostas aos crimes de atrocidade significa lidar com as motivaccedilotildees e capacidades de perpetradores individuais antes que cometam crimes Tambeacutem significa puni-los por seus atos49 Aqueles que mantecircm seu dinheiro em bancos multinacionais podem estar sujeitos ao congelamento de seus ativos estejam nos bancos na Europa ou na Aacutesia Aqueles que viajam estatildeo sujeitos agrave recusa de vistos e impedimentos de viagem de modo a impactar suas accedilotildees antes de cometerem ou enquanto cometem atrocidades Leis existentes como nos Estados Unidos permitem que imigrantes sejam deportados se houver provas que os liguem a genociacutedios Paiacuteses podem buscar pessoas procuradas pelo Tribunal Penal Internacional e mudar suas leis ou designar forccedilas policiais para processar os piores crimes de atrocidade independentemente dos locais em que foram cometidos

Com muita frequecircncia a falta de atenccedilatildeo e vontade poliacutetica permite que perpetradores vivam livres e confortavelmente apoacutes terem cometido atrocidades ou ateacute mesmo organizar financiar e apoiar atrocidades em andamento mesmo estando no exterior Isso aconteceu com diversos liacutederes das Forccedilas Democraacuteticas Para a Libertaccedilatildeo de Ruanda (FDLR) um grupo miliciano operando no Congo Eles viveram sem problemas na Alemanha durante quase uma deacutecada antes de serem presos e julgados50 Os Estados Unidos apesar de sua recusa em ratificar o Estatuto de Roma recentemente serviu de exemplo ao aumentar seus esforccedilos na procura por suspeitos de crimes de guerra que moram no paiacutes e ao desenvolver propostas que permitem o uso das leis de imigraccedilatildeo para fazer com que perpetradores de atrocidades paguem por seus crimes51

Poliacuteticos devem dar prioridade ao comportamento atual ao avaliar a legitimidade de atores e julgar todos os atores de um conflito pelos mesmos padrotildees Soacute porque em determinado momento haacute um grupo claramente identificaacutevel como perpetrador de atrocidades natildeo significa que outros grupos sejam e continuaratildeo sendo inocentes de tais atos Violecircncia gera mais violecircncia jaacute que grupos ameaccedilados

23Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

se defendem e continuam combatendo o inimigo A Liacutebia eacute um bom exemplo disso Na primavera de 2011 identificar corretamente o regime de Gaddafi como responsaacutevel por crimes de atrocidade foi a decisatildeo correta ndash mas natildeo evitou que os rebeldes cometessem crimes similares posteriormente previsivelmente em alguns grupos tornando quem os apoiava militarmente cuacutemplices De forma similar em 2014 apoiar as forccedilas curdas Peshmerga era a uacutenica forma de prevenir um massacre contra os Yazidis no Iraque ndash mas aqueles que deram apoio natildeo deveriam silenciar-se perante as posteriores mortes em represaacutelia

A escolha de grupos especiacuteficos como aliados eacute facilmente entendida como arbitraacuteria quando o comportamento atual natildeo justifica apoio internacional Um dos argumentos conflitantes de legitimidade poliacutetica acontece quando atores externos escolhem seus aliados locais de forma inconsistente com suas accedilotildees (algumas vezes favorecendo o regime incumbente) e tal escolha eacute facilmente vista como hipoacutecrita52 Poliacuteticos tambeacutem estatildeo vulneraacuteveis a tais acusaccedilotildees quando satildeo seletivos sobre suas criacuteticas a poderes regionais que armam ou apoiam grupo rebeldes como no caso do silecircncio ocidental sobre o envolvimento da Araacutebia Saudita na Siacuteria

Defensores do R2P e da prevenccedilatildeo de atrocidades em governos ou na sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando pedir a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes

No que diz respeito agrave diplomacia preventiva defensores do R2P e da prevenccedilatildeo contra atrocidades incluindo governos e a sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando e como pedem a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes Em algumas situaccedilotildees o Conselho pode deixar a mediaccedilatildeo mais difiacutecil ao elevar o niacutevel de visibilidade poliacutetica de uma crise Ele pode ajudar mediadores ao dar-lhes mais peso um senso de urgecircncia incentivos e desincentivos (ex com sanccedilotildees seletivas proibiccedilotildees de viagem congelamento de ativos embargo de armas investigaccedilotildees estabelecimento de uma missatildeo poliacutetica) Mas em algumas situaccedilotildees pressatildeo internacional vinda dos mais altos niacuteveis que inclui o papel do Conselho de Seguranccedila pode ser contraproducente Isso pode reforccedilar a urgecircncia de um governo em terminar a guerra a todos os custos como no caso do Sri Lanka no comeccedilo de 200953 ou complicar as negociaccedilotildees para acesso humanitaacuterio como em Mianmar em maio de 200854 Em particular quando os casos lidam com governos que jaacute vecircm sendo excluiacutedos da comunidade internacional foacuteruns e canais mais discretos podem ser mais efetivos na tentativa de influenciar mudanccedilas de comportamento

Possibilitando que as Missotildees de Paz da ONU Ofereccedilam Proteccedilatildeo CriacutevelO peacekeeping eacute um sistema com grande legitimidade global que jaacute evita abusos e comeccedilou a dar ecircnfase agrave Proteccedilatildeo de Civis (PoC) em muitas de suas operaccedilotildees A composiccedilatildeo global e o controle rigoroso por parte do Conselho de Seguranccedila deixa as operaccedilotildees de paz muito mais aceitaacuteveis que qualquer outro instrumento como notavelmente o uso da

24Global Public Policy Institute (GPPi)

forccedila por terceiros segundo um mandato do Conselho de Seguranccedila55 Ao mesmo tempo o peacekeeping soacute eacute capaz de lidar com um nuacutemero limitado de desafios agrave proteccedilatildeo a ausecircncia de mecanismos raacutepidos e efetivos de mobilizaccedilatildeo de implementaccedilatildeo faz com que seja impossiacutevel para peacekeepers da ONU responder a ameaccedilas iminentes de crimes de atrocidade e os requerimentos legais e praacuteticos da colaboraccedilatildeo com o governo local limitam uma accedilatildeo efetiva contra os perpetradores dos crimes de atrocidade que sejam parte ou que recebam apoio do governo Mesmo quando os peacekeepers estavam presentes enquanto crimes de atrocidade eram praticados como na Costa do Marfim em 2011 e no Sudatildeo do Sul em 2013 qualquer prevenccedilatildeo efetiva foi ilusoacuteria E onde uma reaccedilatildeo imediata natildeo obteve sucesso os desafios da proteccedilatildeo efetiva contra crimes em andamento rapidamente excedeu a capacidade dos boinas azuis

As vaacuterias maneiras em que as operaccedilotildees de paz poderiam melhor proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade ao estabelecer capacidades reduzir vulnerabilidade (ldquoproteccedilatildeo indiretardquo) e defender contra perpetradores (ldquoproteccedilatildeo diretardquo) jaacute foram explicitadas em outras oportunidades56 Atingir pelo menos um niacutevel moderado de ambiccedilatildeo para que peacekeepers protejam populaccedilotildees contra crimes de atrocidade requereria investimentos adicionais em capacidade doutrina e treinamento Tambeacutem seria necessaacuteria uma anaacutelise mais seacuteria sobre como combinar de forma efetiva o uso do peacekeeping com instrumentos poliacuteticos

O Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz a lideranccedila da missatildeo e os paiacuteses colaboradores precisam informar de forma modesta e transparente os limites das capacidades da ONU na proteccedilatildeo de civis

O comprometimento bem-vindo e necessaacuterio do Conselho de Seguranccedila com a proteccedilatildeo levou a um nuacutemero excessivo de promessas57 que aumentaram a lacuna entre as expectativas locais e a capacidade das missotildees Quando um mandato para milhares de peacekeepers eacute estabelecido com grande alvoroccedilo mas somente uma fraccedilatildeo chega seis meses depois como no Sudatildeo Sul apoacutes o iniacutecio da uacuteltima guerra civil em dezembro de 2013 ou como quando os peacekeepers se recusaram a tomar medidas enquanto crimes de atrocidade eram cometidos nas redondezas (devido ou natildeo ao apoio ou lideranccedila inadequados) como visto recentemente na RDC ou no Sudatildeo pessoas que se reuacutenem ao redor da bandeira azul na esperanccedila de proteccedilatildeo se tornam mais vulneraacuteveis ao perigo do que se estivessem em outro local De forma geral populaccedilotildees ameaccediladas estatildeo em situaccedilotildees melhores com os peacekeepers do que sem eles mas ainda assim a credibilidade das Naccedilotildees Unidas eacute afetada nestes casos58

Tanto a proteccedilatildeo efetiva quanto a responsaacutevel exigem uma comunicaccedilatildeo honesta e transparente com o puacuteblico e com o Conselho de Seguranccedila sobre as capacidades de cada missatildeo e de cada contingente aleacutem da sua disponibilidade para assumir riscos Quando os diplomatas do Conselho criarem ou derem nova autorizaccedilatildeo a outro ambicioso mandato para a proteccedilatildeo de civis eles precisam ser formalmente informados das capacidades e requerimentos que seratildeo necessaacuterios

25Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

A proteccedilatildeo por parte dos peacekeepers requer um salto de qualidade das contribuiccedilotildees para as operaccedilotildees dos boinas azuis e isso exige que o Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz as tropas a poliacutecia e os colaboradores financeiros encontrem uma divisatildeo do trabalho mais justa e equilibradaO equiliacutebrio fraacutegil entre aqueles que contribuem com tropas (em sua maioria da Aacutefrica e da Aacutesia) financiadores (em sua maioria da Europa e Ameacuterica do Norte) e os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila da ONU que emitem mandatos estaacute proacuteximo de se desfazer A insustentaacutevel divisatildeo de trabalho em peacekeeping natildeo eacute uma questatildeo dos ocidentais contra os demais Muitos paiacuteses africanos cansados dos muitos anos de tentativas frustradas de instauraccedilatildeo da paz no continente pelas potecircncias externas cada vez mais requerem e apoiam o uso de forccedila militar para proteger civis e conceder mais tempo para as negociaccedilotildees de paz Por outro lado paiacuteses que tradicionalmente contribuem com muitas tropas estatildeo cada vez mais reticentes em ameaccedilar a vida de seus soldados em locais distantes ndash especialmente aqueles paiacuteses como a Iacutendia cujo papel emergente no mundo criou expectativas de exercer influecircncia sobre escolhas estrateacutegicas que ateacute agora se mantiveram no domiacutenio exclusivo dos membros permanentes Isso tudo combinado com a austeridade imposta agraves forccedilas armadas mais desenvolvidas impossibilitando aumentar suas contribuiccedilotildees de ativos-chave ndash que poderia reduzir os riscos aos boinas azuis ndash vem deixando muitos paiacuteses em desenvolvimento cada vez mais impacientes com um sistema que natildeo funciona mais para eles

Para avanccedilar na prevenccedilatildeo de crimes de atrocidade economias desenvolvidas e em desenvolvimento precisatildeo aumentar os recursos disponibilizados para as missotildees de paz da ONU mas o dever principal de balancear o desequiliacutebrio atual estaacute nas matildeos de paiacuteses com capacidades avanccediladas Eles precisam disponibilizar forccedilas militares e ativos poliacuteticos que satildeo chaves para limitar o risco de todos os boinas azuis e aumentar o custo-benefiacutecio e a eficaacutecia do peacekeeping Isso inclui drones de vigilacircncia veiacuteculos anti-minas hospitais militares evacuaccedilatildeo meacutedica aeacuterea apoio de combate aeacutereo transporte aeacutereo taacutetico equipamentos anti-explosivos e outras tecnologias avanccediladas59

Contudo natildeo satildeo somente paiacuteses da Europa e da Ameacuterica do Norte que disponibilizam pouquiacutessimas tropas e deixam a desejar em suas contribuiccedilotildees (os europeus por exemplo respondem por menos de 7 por cento das tropas de peacekeeping da ONU e menos de 4 por cento das tropas policiais da organizaccedilatildeo60 A Iacutendia tem demonstrado apoio duradouro e extensivo ao peacekeeping ndash uma rara exceccedilatildeo entre paiacuteses com pretensotildees de lideranccedila regional ou global Outros paiacuteses deveriam pensar em seguir o recente exemplo da China e aumentar o nuacutemero de tropas policiais ou civis qualificados disponibilizados agrave ONU Por exemplo o Brasil mesmo com sua lideranccedila no Haiti ainda oferece menos pessoal que os pequenos Togo e Burkina Faso

26Global Public Policy Institute (GPPi)

Todos os membros do Conselho de Seguranccedila e colaboradores do peacekeeping deveriam aumentar a orientaccedilatildeo conceitual o treinamento e a construccedilatildeo de capacidade para a proteccedilatildeo de civis contra crimes de atrocidade

Tanto o desenvolvimento de estrateacutegias poliacuteticas quanto o uso da forccedila para proteccedilatildeo taacutetica de civis carecem grandemente de fundamentos conceituais soacutelidos com a qual qualquer outro tipo de operaccedilatildeo militar pode contar Os desafios poliacuteticos policiais e militares da proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade natildeo recebem a atenccedilatildeo conceitual e os recursos para treinamento adequados em quase todos os paiacuteses61 Natildeo eacute surpreendente que liacutederes de missatildeo e comandantes de tropas operem hoje em dia com base na tentativa e erro sem que haja uma orientaccedilatildeo ou doutrina clara Da mesma forma os membros do Conselho ndash em especial os natildeo-permanentes ndash satildeo forccedilados a tomar decisotildees difiacuteceis sobre a proteccedilatildeo de civis sem que tenham acesso a um oacutergatildeo de anaacutelise poliacutetico-militar sobre quais seriam as consequecircncias de tais accedilotildees A ausecircncia de conceitos claros e amplamente difundidos sobre as formas praacuteticas de proteccedilatildeo (para aleacutem das Zonas de exclusatildeo aeacuterea) contribuem para o estereoacutetipo muacutetuo e suspeitas de motivos escusos

Os Estados Unidos deveriam continuar a expansatildeo da sua Iniciativa Global de Operaccedilotildees de Paz (GPOI na sigla em inglecircs) e sua Parceria Africana de Resposta Raacutepida para Manutenccedilatildeo da Paz que apoiam e reforccedilam a capacidade de outros paiacuteses de treinar e manter competecircncias para a manutenccedilatildeo da paz Ambos os casos deveriam dar mais atenccedilatildeo agraves forccedilas militaresx mais frequentemente usadas no peacekeeping No futuro treinamentos e exerciacutecios da GPOI e outros deveriam incluir especificamente diferentes aspectos de proteccedilatildeo a civis 62 De forma similar a estes programas estadunidenses a Uniatildeo Europeia os governos europeus e de outros locais que possuem forccedilas armadas com tal capacidade deveriam oferecer os treinamentos e equipamentos mais modernos para os colaboradores das operaccedilotildees de paz Isso poderia criar incentivos para que unidades treinadas e equipadas efetivamente trabalhem em conjunto com a ONU a Uniatildeo Africana e as forccedilas sub-regionais na proteccedilatildeo de civis ndash no caso da UE ao novamente dar ecircnfase e expandir a Enable and Enhance Initiative

Usar a avaliaccedilatildeo atual das operaccedilotildees de paz da ONU para construir um consenso entre todas as partes interessadas (Conselho de Seguranccedila e Secretariado assim como colaboradores financeiros de tropas ou de poliacutecia) sobre o uso da forccedila somente para apoiar ndash e nunca substituir ndash uma estrateacutegia poliacutetica para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade e para planejar mandatos e operaccedilotildees adequadamente Como parte do diaacutelogo necessaacuterio sobre a utilidade do uso da forccedila a atual avaliaccedilatildeo das operaccedilotildees de paz da ONU oferece uma oportunidade de reconstruir uma linguagem comum sobre o peacekeeping seus princiacutepios e conceitos baacutesicos suas ambiccedilotildees e desafios para as tarefas de proteccedilatildeo das missotildees da ONU especialmente no que diz respeito ao uso da forccedila Os princiacutepios de consentimento imparcialidade e neutralidade atualizados no Relatoacuterio Brahimi para permitir que peacekeepers ajam contra os violadores dos acordos de paz e perpetradores de atrocidades mais uma vez satildeo distorcidos ou parecem irrelevantes em muitas operaccedilotildees A maioria dos peacekeepers

27Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

de hoje servem em situaccedilotildees de conflito ativo como no Mali ou na Repuacuteblica Centro-Africana Peacekeepers da ONU estatildeo conduzindo operaccedilotildees de combate ativo na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Em outros locais os acordos de deacutecadas atraacutes que deram origem a uma missatildeo natildeo incluem as partes que atualmente ameaccedilam ou sequestram peacekeepers como nas Colinas de Golatilde

Enquanto eacute inevitaacutevel que haja certa ambiguidade sobre os princiacutepios o uso ativo da forccedila para proteger civis soacute eacute capaz de apoiar mas nunca substituir uma estrateacutegia poliacutetica63 Onde natildeo haacute uma estrateacutegia poliacutetica realista para chegar agrave paz deve haver pelo menos uma para limitar os riscos aos civis ndash se necessaacuterio um plano que inclua o apoio de forccedilas militares da ONU como na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Estas questotildees devem ser discutidas de forma honesta pelas partes interessadas nas operaccedilotildees de paz da ONU O abismo que separa as partes nestas discussotildees natildeo estaacute entre os ocidentais que apoiam o uso de mais forccedila e os opositores natildeo-ocidentais Atualmente isso acontece entre paiacuteses que contribuem com muitas tropas como Iacutendia e Paquistatildeo preocupados com o aumento dos riscos agraves suas tropas e uma coalisatildeo mais intervencionista de paiacuteses africanos e europeus ocidentais64

A Tomada de Decisotildees sobre Accedilotildees MilitaresO atual sistema de seguranccedila coletiva que tem o Conselho de Seguranccedila na ONU como peccedila central natildeo estaacute agrave altura da tarefa de prover proteccedilatildeo efetiva e responsaacutevel O Conselho eacute incapaz de agir de forma efetiva quando alguns interesses geopoliacuteticos colidem como no caso da Siacuteria Mas ele fracassa ateacute mesmo em situaccedilotildees em que o abuso do argumento humanitaacuterio natildeo estaacute na pauta e os interesses de membros-chave do Conselho estatildeo alinhados ndash como no caso da Repuacuteblica Centro-Africana ou do Sudatildeo do Sul Um Conselho que tem o poder de estabelecer mandatos mobilizar proteccedilatildeo efetiva e limitar o medo do uso abusivo de argumentos humanitaacuterios precisaria ouvir os maiores atores poliacuteticos do mundo moderno os paiacuteses que contribuem com tropas e os financiadores

Tanto a composiccedilatildeo quanto os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila da ONU refletem a ordem mundial dos anos 1940 A fim de manter a credibilidade do sistema de seguranccedila coletiva restaurar a legitimidade do Conselho de Seguranccedila eacute uma questatildeo urgente e de interesse dos cinco membros permanentes Todavia mesmo estando bem fundadas em termos de justiccedila global e em prospectos de longo prazo para a governanccedila global as propostas jaacute existentes para uma expansatildeo do Conselho ou um papel mais proeminente da Assembleia Geral em assuntos de seguranccedila provavelmente natildeo contribuiratildeo para uma proteccedilatildeo mais efetiva contra crimes de atrocidade

Visando o 70o aniversaacuterio da ONU neste ano nossas sugestotildees datildeo ecircnfase agraves mudanccedilas procedimentais e natildeo estruturais do Conselho de Seguranccedila

28Global Public Policy Institute (GPPi)

Os cinco membros permanentes do Conselho de Seguranccedila deveriam dar mais apoio a processos decisoacuterios inclusivos dentro do Conselho e abrir canais informais de consulta sobre mandatos estrateacutegias e operaccedilotildees para todas as partes cruciais em especial potecircncias regionais e grandes colaboradores de pessoal Os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila na ONU limitam severamente seu senso de imparcialidade perante os olhos do mundo Na maioria das crises na Aacutefrica o chamado ldquopenholderrdquo ndash isto eacute o paiacutes responsaacutevel pelo rascunho das resoluccedilotildees do Conselho ndash eacute o antigo Estado colonizador ou os Estados Unidos65 Mesmo sendo uacutetil por dar uma continuidade ao longo dos anos esta organizaccedilatildeo e as relaccedilotildees internas resultantes entre os membros permanentes efetivamente excluem os membros natildeo-permanentes da maior parte das negociaccedilotildees informais onde as decisotildees mais importantes satildeo tomadas

Para que haja uma forma menos exclusiva de tomar decisotildees o precisaria de atores adicionais tanto dentro quanto fora das regiotildees relevantes para desenvolver as capacidades analiacutetica e poliacutetica de cogerenciar de forma construtiva o engajamento do Conselho e as operaccedilotildees de paz ao inveacutes de soacute defender seus proacuteprios interesses Os Estados membros e as organizaccedilotildees da sociedade civil tambeacutem devem continuar as discussotildees sobre um coacutedigo de conduta para limitaccedilatildeo voluntaacuteria do poder de veto em situaccedilotildees de crimes de atrocidade como proposto pelo governo francecircs66

Aleacutem dos procedimentos internos os membros do Conselho devem continuar expandindo as interaccedilotildees informais com as partes relevantes incluindo paiacuteses vizinhos e aqueles que contribuem com pessoal para as operaccedilotildees de paz Isso natildeo precisa se limitar a trocas diplomaacuteticas formais a fim de aumentar a qualidade e aceitaccedilatildeo dos mandatos de peacekeeping os paiacuteses responsaacuteveis pelo rascunho do mandato poderiam incluir a colaboraccedilatildeo de especialistas dos paiacuteses que contribuem com grande nuacutemero de tropas ou de policiais como por exemplo antigos comandantes de tropa ou chefes de poliacutecia67

Atores com credibilidade para fazer conexotildees no debate polarizado sobre intervenccedilatildeo militar devem facilitar os esforccedilos informais para desenvolver um sistema de monitoramento e informaccedilatildeo mais rigoroso para Estados que aderirem agraves missotildees com mandatos da ONUO conceito de Responsabilidade ao Proteger (RwP na sigla em inglecircs) eacute uma das iniciativas mais promissoras para lidar com os desacordos globais sobre o uso abusivo da Responsabilidade de Proteger Quando apresentado pelo Brasil no final de 2011 tal conceito ofereceu uma oportunidade de debate sobre o que poderia ser proteccedilatildeo efetiva e qual deveria ser o papel do uso da forccedila nessa proteccedilatildeo apoacutes a intervenccedilatildeo na Liacutebia quando essas discussotildees estavam extremamente polarizadas68 Apoacutes essa experiecircncia eacute muito improvaacutevel que o Conselho de Seguranccedila futuramente aprove uma resoluccedilatildeo autorizando o uso de forccedilas externas para a proteccedilatildeo com termos tatildeo amplos Com isso a implementaccedilatildeo de algumas ideias da proposta do RwP eacute de interesse de todos os Estados que acreditam que a forccedila deve ser uma ferramenta de uacuteltimo caso disponiacutevel

29Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

agrave comunidade internacional Discussotildees mais profundas satildeo necessaacuterias sobre os criteacuterios e condiccedilotildees considerados para que o Conselho use a forccedila para proteger populaccedilotildees Mesmo que a discussatildeo sobre criteacuterios para o uso da forccedila seja tatildeo antiga quanto a discussatildeo sobre intervenccedilatildeo humanitaacuteria69 todos os Estados membros se beneficiariam de um debate aberto sobre os sucessos e fracassos do uso da forccedila no passado e suas implicaccedilotildees no futuro como supracitado Outra questatildeo mais praacutetica diz respeito a como aumentar a habilidade do Conselho de monitorar aqueles que aderem e executam suas decisotildees Uma sugestatildeo concreta seria adotar elementos do sistema de peacekeeping como relatoacuterios e reuniotildees instrutivas regulares sobre a situaccedilatildeo das delegaccedilotildees para o uso da forccedila por terceiros As resoluccedilotildees poderiam incluir expliacutecitas claacuteusulas de caducidade que obrigariam a aprovaccedilatildeo da extensatildeo do mandato pelo Conselho de Seguranccedila e requerimentos de relatoacuterio regulares e especiacuteficos por parte daqueles Estados membros que aderirem e executarem as decisotildees do oacutergatildeo70 Outra sugestatildeo seria a criaccedilatildeo de mecanismos de responsabilizaccedilatildeo e monitoramento ao criar paineacuteis de especialistas quando os mandatos do Conselho incluiacuterem o uso da forccedila conforme modelo dos comitecircs de sanccedilotildees da ONU Relatoacuterios de comitecircs independentes como esses podem dar origem a uma praacutetica-padratildeo e contribuir para a melhora da qualidade nas decisotildees do Conselho ao longo do tempo seja antes durante ou depois das operaccedilotildees militares71

Potecircncias emergentes e jaacute estabelecidas podem fazer sua parte no avanccedilo das discussotildees sobre as questotildees colocadas pelo RwP Tanto a iniciativa oficial do Brasil quanto a ideia de ldquoProteccedilatildeo Responsaacutevelrdquo colocada por um reconhecido especialista chinecircs72 poderiam ser pontos de partida para discussotildees mais especiacuteficas e operacionais tanto entre os BRICS quanto entre os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila73 Ao inveacutes de rejeitar tais conceitos como sendo ataques agrave Responsabilidade de Proteger as potecircncias ocidentais deveriam ver essas iniciativas como uma oportunidade para um debate construtivo sobre como proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade74

Inserindo a Reflexatildeo e o Aprendizado Constantes em cada Ferramenta PoliacuteticaAinda que haja muita experiecircncia estabelecida com fracassos terriacuteveis e os poucos sucessos qualificados natildeo haacute uma base de conhecimento confiaacutevel sobre como proteger pessoas contra crimes de atrocidade Em geral governos e organizaccedilotildees internacionais continuam tratando cada crise como sendo uacutenica dando pouca atenccedilatildeo agrave reflexatildeo contiacutenua ao aprendizado e agrave adaptaccedilatildeo das poliacuteticas conforme as situaccedilotildees evoluem Os acadecircmicos jaacute aprenderam bem mais sobre o que natildeo funciona em algumas condiccedilotildees do que sobre o que poderia melhorar ndash por um lado porque cada intervenccedilatildeo poliacutetica acontece com contexto proacuteprio e por outro porque resultam de incentivos acadecircmicos e dificuldades de acesso a dados

30Global Public Policy Institute (GPPi)

Governos organizaccedilotildees internacionais sociedade civil e acadecircmicos precisam projetar poliacuteticas que sejam mais adaptaacuteveis ao conhecimento em evoluccedilatildeo e agrave avaliaccedilatildeo de riscos com base em oportunidades internas para reflexatildeo e aprendizado contiacutenuos e colaborativosEnquanto ainda haacute urgecircncia para que medidas sejam tomadas agir de forma responsaacutevel perante tanta incerteza pede que sejamos menos confiantes em nossa habilidade de determinar a melhor poliacutetica possiacutevel para cada situaccedilatildeo Poliacuteticos ativistas e intelectuais devem ser honestos consigo mesmos e transparentes com aqueles que mais sofrem com os impactos dessas poliacuteticas Natildeo haacute soluccedilotildees que tenham sido testadas e comprovadas Tudo que podemos fazer eacute tentar identificar a forma mais responsaacutevel de desenvolver cada caso enquanto nos mantemos preparados e prontos para reagir rapidamente a mudanccedilas e melhorar nossa gama de poliacuteticas instrumentais Este processo experimental de decisatildeo poliacutetica precisa ser constantemente monitorado e avaliado de forma autocriacutetica tanto interna quanto externamente atraveacutes do diaacutelogo franco e honesto entre profissionais sociedades e especialistas externos em todos os niacuteveis desde o monitoramento e avaliaccedilatildeo ateacute os debates mais amplos de poliacutetica puacuteblica sobre a eficaacutecia da forccedila militar e da diplomacia coercitiva na prevenccedilatildeo e resposta a crimes de atrocidade

31Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

1 Como a Genocide Prevention Task Force em um painel fechado de alto-niacutevel nos Estados Unidos apropriadamente argumentou em 2008 Genocide Prevention Task Force lsquoPreventing Genocide A Blueprint for US Policymakersrsquo (Washington DC The American Academy of Diplomacy US Holocaust Memorial Museum US Institute for Peace 2008) Veja tambeacutem Ruben Reike Serena Sharma e Jennifer Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo (Australian Civil-Military Centre e Oxford Institute for Ethics Law and Armed Conflict 2013) 6ff

2 Michael Ignatieff lsquoThe Libya Case a Teachable Momentrsquo Suddeutsche Zeitung Special Supplement http wwwamericanacademydesitesdefaultfilesuploadMSC202012pdf 3 de fevereiro de 2012 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 David Bosco lsquoAbstention Games on the Security Councilrsquo Foreign Policy httpforeignpolicy com20110317abstention-games-on-the-security-council 17 de marccedilo de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

3 Kofi A Annan lsquoTwo Concepts of Sovereigntyrsquo The Economist httpwwweconomistcomnode324795 16 de setembro de 1999 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

4 Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Conflict Security and Development 144 2014 Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

5 Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

6 Rosa Brooks lsquoThe UN Security Council and Civilian Protectionrsquo in Jared Genser e Bruno Ugarte eds The UN Security Council in the Age of Human Rights (New York Cambridge University Press 2013) 12 Sobre a base global para as normas de proteccedilatildeo veja Charles Sampford lsquoA Tale of Two Normsrsquo em Angus Francis Vesselin Popovski e Charles Sampford eds Norms of Protection Responsibility to Protect Protection of Civilians and Their Interaction (United Nations University Press 2012) Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

7 Para uma visatildeo geral do posicionamento do Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia e Aacutefrica do Sul sobre R2P veja os artigos na ediccedilatildeo especial de Conflict Security and Development Brockmeier Kurtz e Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Jaganathan e Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Julian Junk lsquoThe Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Xymena Kurowska lsquoMultipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Lui Tiewa e Zhang Haibin lsquoDebates in China About the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessmentrsquo Conflict Security and Development 2014 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Verhoeven Murthy e Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang Reinicke lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo ediccedilatildeo especial (144) de Conflict Security and Development (London Taylor amp Francis 2014)

8 CSR Murthy e Gerrit Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo Global Society em revisatildeo

9 Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo Global Society em revisatildeo Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo Global Society em revisatildeo

10 Judi Atkins Justifying New Labour Policy (Houndmills Basingstoke Hampshire New York Palgrave Macmillan 2011) 163 Veja por exemplo Stuenkel e Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Erna Burai lsquoParody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian Warrsquo Global Society em revisatildeo

Notas

32Global Public Policy Institute (GPPi)

11 Roland Paris lsquoThe ldquoResponsibility to Protectrdquo and the Structural Problems of Preventive Humanitarian Interventionrsquo International Peacekeeping 215 2014 4

12 Ramesh Thakur lsquoR2Prsquos ldquoStructuralrdquo Problems A Response to Roland Parisrsquo International Peacekeeping 2015 5

13 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

14 Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo Global Society em revisatildeo

15 Julian Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo Global Society em revisatildeo Julian Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo Global Society em revisatildeo

16 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

17 Erna Burai lsquoAfrican Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Groundrsquo Global Society em revisatildeo

18 Ambos os debates em torno das propostas brasileiras de Responsabilidade ao Proteger e o Diaacutelogo Interativo Informal da Assembleia Geral sobre Responsabilidade de Proteger e ldquoAccedilatildeo oportuna e decisivardquo em 2012 constituiacuteram tentativas de defensores de R2P se envolverem em discussotildees sobre o uso da forccedila e R2P Para acessar uma coleccedilatildeo de discursos durante a Assembleia Geral de 2012 veja httpwwwglobalr2porgresources278

19 Sarah Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo em Mary Kaldor e Iavor Rangelov eds The Handbook of Global Security Policy (Chichester West Sussex Wiley Blackwell 2014) 225

20 Alastair Iain Johnston lsquoThinking About Strategic Culturersquo International Security 194 1995 46

21 Pessimismo sobre a eficaacutecia da forccedila no entanto natildeo eacute o mesmo de promover a natildeo-violecircncia Alguns dos maiores defensores do ceticismo em relaccedilatildeo agraves forccedilas militares para proteccedilatildeo frequentemente recorrem a forccedilas militares ou quase militares no acircmbito domeacutestico

22 Otto Bakkano lsquoAU Pushes for Ceasefire Political Solution in Libyarsquo Mail amp Guardian httpmgcoza article2011-05-26-au-pushes-for-ceasefire-political-solution-in-libya 26 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Guido Westerwelle lsquoBundesminister Westerwelle Statement vom 25032011 zu Syrien Jemen Israel und dem Gaza-Streifen Sowie Libyenrsquo Auswartiges Amt httpwwwbrasildiplodeVertretung brasiliende07__AussenpolitikReden_20des_20Au_C3_9FenministersStatemente_20Syrienhtml 25 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

23 Barack Obama David Cameron e Nicolas Sarkozy lsquoLibyarsquos Pathway to Peacersquo The International Herald Tribune httpwwwnytimescom20110415opinion15iht-edlibya15html 15 de abril de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Reuters lsquoKerry Insists No Place for Assad in Syriarsquos Futurersquo Reuters httpwwwreuters comarticle20140117us-syria-crisis-kerry-idUSBREA0G14A20140117 17 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

24 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

25 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

26 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

27 Kersti Larsdotter lsquoExploring the Utility of Armed Force in Peace Operations German and British Approaches in Northern Afghanistanrsquo Small Wars and Insurgencies 193 2008 Taylor B Seybolt Humanitarian Military Intervention The Conditions for Success and Failure (Oxford Oxford University Press 2008) Rupert Smith The Utility of Force The Art of War in the Modern World (London Allen Lane 2005) Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

28 UN Department of Peacekeeping Operations e UN Department of Field Support lsquoOperational Concept on the Protection of Civilians in United Nations Peacekeeping Operationsrsquo (New York 2010) Sarah Sewall Dwight Raymond e Sally Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook (Cambridge MA Harvard Kennedy School 2010)

29 Harry Verhoeven documenta o exemplo de um diplomata chinecircs que ldquopensava que o Ocidente tinha inventado os Janjaweed [miliacutecias proacute- governo em Darfur] como uma desculpa para intervir Mas eles eram de verdade e matavam pessoasrdquo Harry Verhoeven lsquoIs Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa Is Changing Chinarsquo The Washington Quarterly 372 2014 64

33Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

30 BS Chimni lsquoFor Epistemological and Prudent Internationalismrsquo Harvard Law School Human Rights Journal novembro 2012 Greg Simons lsquoThe International Crisis Group and the Manufacturing and Communicating of Crisesrsquo Third World Quarterly 354 2014 Ramesh Thakur lsquoIs the United Nations Racistrsquo The Hindu httpwwwthehinducomopinionleadis-the-united-nations-racistarticle4928624ece 19 de julho de 2013 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

31 Ambassador Liu Zhenmin lsquoStatement by Ambassador Liu Zhenmin at the Plenary Session of the General Assembly on the Question of ldquoResponsibility to Protectrdquorsquo httpresponsibilitytoprotectorgStatement20 by20Ambassador20Liu20Zhenminpdf 24 de julho de 2009 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Zhang Haibin e Lui Tiewa lsquoRealizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and Thereafterrsquo Global Society em revisatildeo

32 Conversa com uma seacuterie de especialistas indianos em evento na Jawaharlal Nehru University (Nova Deacuteli Iacutendia) no dia 21 de Janeiro de 2015

33 IRIN lsquoA New Start for Crisis Reportingrsquo IRIN httpnewirinirinnewsorgpress-release 20 de novembro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34 Veja por exemplo Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoReport of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on United Nations Action in Sri Lankarsquo (New York United Nations 2012)

35 Um bom exemplo foi o briefing do Assessor Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedio para o Conselho de Seguranccedila da ONU depois de sua visita agrave Repuacuteblica Centro-Africana no dia 22 de janeiro de 2014 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoThe Statement of under Secretary-GeneralSpecial Adviser on the Prevention of Genocide Mr Adama Dieng on the Human Rights and Humanitarian Dimensions of the Crisis in the Central African Republicrsquo httpwwwunorgenpreventgenocideadviserpdfSAPG20Statement20at20UNSC20 on20the20situation20in20CAR-202220Jan202014pdf 22 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

36 Morten Bergsmo Quality Control in Fact-Finding (Florence Torkel Opsahl Academic EPublisher 2013) 210

37 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoRights up Front A Plan of Action to Strengthen the UNrsquos Role in Protecting People in Crises Follow-up to the Report of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on UN Action in Sri Lankarsquo (New York 2013)

38 Veja tambeacutem futura publicaccedilatildeo do GPPi Gerrit Kurtz lsquoA New Tool for Civilian Protection - the Human Rights up Front Initiative of the United Nationsrsquo GPPi Policy Brief futura publicaccedilatildeo

39 Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo

40 Jose Ramos-Horta lsquoIndia Right in Asking for More Say in Peacekeeping Operations-Related Decisions Top UN Panel Chiefrsquo Hindustan Times httpwwwhindustantimescomindia-newsindia-right-in-asking- for-more-say-in-peacekeeping-operations-related-decisions-top-un-panel-chiefarticle1-1314354aspx 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 13 de marccedilo de 2015

41 Thomas Biersteker et al lsquoThe Effectiveness of UN Targeted Sanctions - Findings from the Targeted Sanctions Consortium (TSC)rsquo The Graduate Institute Geneva 2013

42 Kirsten Ainley lsquoThe Responsibility to Protect and the International Criminal Court Counteracting the Crisisrsquo International Affairs 911 2015

43 Para distinccedilatildeo entre atividades ldquosistecircmicasrdquo e ldquodirecionadasrdquo veja Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

44 Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo Global Society em revisatildeo

45 Verhoeven e Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo 8 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann lsquoSchutz und Verantwortung Uber die US- Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltatenrsquo (2013)

46 Mike Brand lsquoEmploying lsquoPreventionrsquo to Prevent Mass Atrocitiesrsquo Saferworld httpwwwsaferworldorguk news-and-viewscomment123-employing-apreventiona-to-prevent-mass-atrocities 25 de fevereiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Warren Strobel e Louis Charbonneau lsquoUS Was Slow to Lose Patience as South Sudan Unraveledrsquo Reuters 14 de janeiro de 2014

47 Adam Lupel lsquoUN Adviser on Prevention of Genocide ldquoWe Have to Make Sure the Security Council Actsrdquorsquo httptheglobalobservatoryorg201404un-adviser-on-prevention-of-genocide-we-have-to-make-sure- security-council-acts 28 de abril de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34Global Public Policy Institute (GPPi)

48 Office for the Coordination of Humanitarian Affairs lsquoHumanitarian Bulletin Syriarsquo Humanitarian Bulletin Issue 53 httpreliefwebintsitesreliefwebintfilesresourcesBulletin_no_53_17032015_final_01pdf 1 de fevereiro - 18 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

49 Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

50 Human Rights Watch lsquoGermany QampA on Trial of Two Rwandan Rebel Leadersrsquo httpwwwhrworgde news20110502germany-qa-trial-two-rwandan-rebel-leaders 2 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 23 de marccedilo de 2015

51 Eric Lichtblau lsquoUS Seeks to Deport Bosnians over War Crimesrsquo New York worldus-seeks-to-deport-bosnians-over- Times httpwwwnytimescom20150301war-crimeshtml 28 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

52 Para um argumento similar observando o envolvimento internacional com a Liacutebia em 2015 veja International Crisis Group lsquoLibya Getting Geneva Rightrsquo International Crisis Group Middle East and North Africa Report Nr 157 2015

53 Kurtz e Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo

54 Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo

55 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

56 Alex J Bellamy e Charles T Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo (Asia- Pacific Centre for the Responsibility to Protect 2010) Alex J Bellamy The Responsibility to Protect A Defense (Oxford Oxford University Press 2014)

57 Ashley Jackson lsquoProtecting Civilians The Gap between Norms and Practicersquo (Humanitarian Policy Group 2014)

58 Isso jaacute foi escrito em 2009 no relatoacuterio ldquoNew Horizonrdquo do DPKO ldquoO descompasso entre expectativas e capacidade de promover proteccedilatildeo abrangente criou um significante desafio de credibilidade para as operaccedilotildees de paz da ONUrdquo Department of Peacekeeping Operations lsquoA New Partnership Agenda Charting a New Horizon for UN Peacekeepingrsquo (New York 2009) 20

59 Compare United Nations lsquoFinal Report of the Expert Panel on Technology and Innovation in UN Peacekeepingrsquo httpwwwperformancepeacekeepingorgofflinedownloadpdf 22 de dezembro de 2014

60 Compare United States Mission to the United Nations lsquoRemarks on Peacekeeping in Brussels by Samantha Power US Permanent Representative to the United Nationsrsquo httpusunstategovbriefing statements238660htm 9 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

61 Bellamy and Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo 23-24 Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

62 Isso poderia se basear no Mass Atrocities Response Operations project do US Armyrsquos Peacekeeping and Stability Operations Institute e do Harvard Kennedy Schoolrsquos Carr Center for Human Rights Veja Sewall Raymond e Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook

63 Mats Berdal e David H Ucko lsquoThe United Nations and the Use of Force Between Promise and Perilrsquo Journal of Strategic Studies 375 2014

64 Veja tambeacutem os resultados de um projeto do SIPRI sobre o futuro das operaccedilotildees de paz Jair van der Lijn e Xenia Avezov lsquoThe Future Peace Operations Landscape - Voices from Stakeholders around the Globe - Final Report of the New Geopolitics of Peace Operations Initiativersquo Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) janeiro de 2015

65 Security Council Report lsquoChairs of Subsidiary Bodies and Penholders for 2015rsquo httpwwwsecuritycouncilreportorgmonthly-forecast2015-02chairs_of_subsidiary_bodies_and_penholders_ for_2015php 30 de janeiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

66 Gareth Evans lsquoLimiting the Security Council Vetorsquo Project Syndicate httpwwwproject-syndicateorg commentarysecurity-council-veto-limit-by-gareth-evans-2015-02 4 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Kofi Annan e Gro Harlem Brundtland lsquoFour Ideas for a Stronger UNrsquo The New York Times httpwwwnytimescom20150207opinionkofi-annan-gro-harlem-bruntland-four-ideas-for-a-stronger- unhtml_r=0 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

67 Conversa com ex-comandantes militares Nova Deacuteli janeiro de 2015

68 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

35Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

69 Ibid Murthy e Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo

70 Compare tambeacutem com Bellamy The Responsibility to Protect A Defense 200

71 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

72 Ruan Zongze lsquo阮宗泽中国应倡导ldquo负责任的保护rdquo- ( China deveria defender a Proteccedilatildeo Responsaacutevel)rsquo Global Times (ediccedilatildeo chinesa) httpopinionhuanqiucom11522012-032501163html uacuteltimo acesso em 7 de marccedilo de 2012

73 Andrew Garwood-Gowers lsquoChinarsquos ldquoResponsible Protectionrdquo Concept Re-Interpreting the Responsibility to Protect (R2P) and Military Intervention for Humanitarian Purposesrsquo Asian Journal of International Law disponiacutevel em CJO2015 2015

74 Thorsten Benner lsquoBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiativersquo GPPi Working Paper Series 2013

36Global Public Policy Institute (GPPi)

Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang 4 n 4 2014) A ediccedilatildeo especial conteacutem os seguintes artigos todos disponiacuteveis gratuitamente online Introduction Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier

Regulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protect por Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

Debates in China about the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessment por Liu Tiewa e Zhang Haibin

Emerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protect por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk

Singing the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protect por Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz

Multipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protect por Xymena Kurowska

ldquoOur Identity is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Intervention por Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira

The Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protect por Julian Junk

Em breve laccedilaremos uma ediccedilatildeo especial na Global Society os seguintes artigos que estatildeo atualmente em processo de revisatildeo To Intervene in Darfur or Not Re-examining the R2P Debate and its Impacts por Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira

International Responsibility as Solidarity the Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectory por CSR Murthy e Gerrit Kurtz

Bringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenya por Julian Junk

Testing Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2P por Julian Junk

Parody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian War por Erna Burai

Protection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009 por Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan

Realizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and thereafter por Zhang Haibin e Liu Tiewa

The Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protection por Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

African Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Ground por Erna Burai

Responsibility While Protecting and the Ethics of R2P Implementation por Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier

Outras publicaccedilotildees relacionadasBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiative por Thorsten Benner Seacuterie de Working Papers do GPPi 2013

O Brasil como um Empreendedor Normativo a Responsabilidade ao Proteger por Thorsten Benner Politica Externa v 21 n 4 2013 p 35-46

Germany and the Intervention in Libya por Sarah Brockmeier Survival Global Politics and Strategy v55 n6 2013 p 63ndash90

Schutz und Verantwortung Uber die US-Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltaten por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann Heinrich Boll Foundation June 2013

Internationale Schutzverantwortung - Normative Erwartungen und Politische Praxis por Christopher Daase e Julian Junk (orgs) Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n 1-2 2013

Die Legalisierung der Legitimitat ndash Zur Kritik der Schutzverantwortung als Emerging Norm por Christopher Daase Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n1-2 2013 p 41-62

Emerging Power Exceptional State Elusive Country Explaining Indiarsquos Behavior por Madhan Mohan Jaganathan (com Amna Sunmbul) Proceedings of the International Conference on Social Sciences Chennai 2013 p 308-311

A New Tool for Civilian Protection - The Human Rights up Front Initiative of the United Nations por Gerrit Kurtz GPPi Policy Brief lanccedilamento em breve

Indiarsquos Approach to the Protection of Civilians in Armed Conflicts por CSR Murthy Norwegian Peacebuilding Resource Centre novembro de 2012

Contemporary World Order and Approaches to UN Peacekeeping A South Asian Perspective por CSR Murthy Friedrich Ebert Foundation dezembro de 2012

India-Brazil-South Africa Dialogue Forum (IBSA) The Rise of the Global South por Oliver Stuenkel Routledge Global Institutions 2014

The BRICS and the Future of Global Order por Oliver Stuenkel Lexington Press 2015

The BRICS and the Future of R2P Was Syria or Libya the Exception por Oliver Stuenkel Global Responsibility to Protect v6 n 1 2014 p 3-28

China and Responsibility to Protect Maintenance and Change of its Policy for Intervention por Liu Tiewa The Pacific Review v 25 v1 2012 p 153-173

Is China Like the Other Permanent Members Governmental and Academic Debates about RtoP by Liu Tiewa in Moacutenica Serrano e Thomas G Weiss (orgs) Rallying to the RtoP Cause The International Politics of Human Rights Routledge 2014 p 148-170

Chinese Strategic Culture and the Use of Force Moral and Political Perspectives por Liu Tiewa Journal of Contemporary China v23 n87 2014 p 556-574

Is Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa is Changing China por Harry Verhoeven The Washington Quarterly vol37 n2 2014 p 55-70

Publicaccedilotildees Selecionadas

37Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

AutoresThorsten BennerGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Sarah Brockmeier Global Public Policy InstituteBerlin Germany

Erna BuraiCentral European UniversityBudapest Hungary

CSR MurthyJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Christopher DaasePeace Research InstituteFrankfurt Germany

J Madhan MohanJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Julian JunkPeace Research InstituteFrankfurt Germany

Xymena KurowskaCentral European UniversityBudapest Hungary

Gerrit KurtzGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Liu TiewaPeking University China

Wolfgang ReinickeGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Philipp RotmannGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Ricardo Soares de OliveiraOxford UniversityUnited Kingdom

Matias SpektorFundaccedilatildeo Getulio VargasRio de Janeiro Brazil

Oliver StuenkelFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Marcos TourinhoFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Harry VerhoevenOxford UniversityUnited Kingdom

Zhang HaibinPeking UniversityChina

Global Public Policy Institute (GPPi)Reinhardtstr 7 10117 Berlin GermanyPhone +49 30 275 959 75-0Fax +49 30 275 959 75-99gppigppinet

gppinetglobalnormsnet

22Global Public Policy Institute (GPPi)

de acordo com princiacutepios baacutesicos do direito O Tribunal Penal Internacional precisa do comprometimento poliacutetico e da ratificaccedilatildeo do Estatuto de Roma por algumas das naccedilotildees mais poderosas do mundo Tambeacutem precisa de recursos para continuar acompanhando seus casos No miacutenimo tanto as potecircncias emergentes quanto as jaacute estabelecidas precisam melhorar sua assistecircncia humanitaacuteria para aqueles que fogem da violecircncia Por exemplo Estados membros da ONU cederam menos de 50 por cento dos fundos necessaacuterios para a resposta humanitaacuteria na Siacuteria deixando milhares de pessoas necessitadas em 201448

Os governos devem priorizar a detenccedilatildeo e julgamento dos perpetradores de crimes de atrocidade em suas jurisdiccedilotildees Aleacutem das dificuldades poliacuteticas de se lidar com perpetradores que estatildeo no poder como na Siacuteria ou com perpetradores que estatildeo fora do alcance de Estados falidos como na Repuacuteblica Centro-Africana todos os governos podem fazer mais para sancionar ou julgar esses perpetradores por crimes de atrocidade que de alguma forma estejam em suas jurisdiccedilotildees Prevenir e dar respostas aos crimes de atrocidade significa lidar com as motivaccedilotildees e capacidades de perpetradores individuais antes que cometam crimes Tambeacutem significa puni-los por seus atos49 Aqueles que mantecircm seu dinheiro em bancos multinacionais podem estar sujeitos ao congelamento de seus ativos estejam nos bancos na Europa ou na Aacutesia Aqueles que viajam estatildeo sujeitos agrave recusa de vistos e impedimentos de viagem de modo a impactar suas accedilotildees antes de cometerem ou enquanto cometem atrocidades Leis existentes como nos Estados Unidos permitem que imigrantes sejam deportados se houver provas que os liguem a genociacutedios Paiacuteses podem buscar pessoas procuradas pelo Tribunal Penal Internacional e mudar suas leis ou designar forccedilas policiais para processar os piores crimes de atrocidade independentemente dos locais em que foram cometidos

Com muita frequecircncia a falta de atenccedilatildeo e vontade poliacutetica permite que perpetradores vivam livres e confortavelmente apoacutes terem cometido atrocidades ou ateacute mesmo organizar financiar e apoiar atrocidades em andamento mesmo estando no exterior Isso aconteceu com diversos liacutederes das Forccedilas Democraacuteticas Para a Libertaccedilatildeo de Ruanda (FDLR) um grupo miliciano operando no Congo Eles viveram sem problemas na Alemanha durante quase uma deacutecada antes de serem presos e julgados50 Os Estados Unidos apesar de sua recusa em ratificar o Estatuto de Roma recentemente serviu de exemplo ao aumentar seus esforccedilos na procura por suspeitos de crimes de guerra que moram no paiacutes e ao desenvolver propostas que permitem o uso das leis de imigraccedilatildeo para fazer com que perpetradores de atrocidades paguem por seus crimes51

Poliacuteticos devem dar prioridade ao comportamento atual ao avaliar a legitimidade de atores e julgar todos os atores de um conflito pelos mesmos padrotildees Soacute porque em determinado momento haacute um grupo claramente identificaacutevel como perpetrador de atrocidades natildeo significa que outros grupos sejam e continuaratildeo sendo inocentes de tais atos Violecircncia gera mais violecircncia jaacute que grupos ameaccedilados

23Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

se defendem e continuam combatendo o inimigo A Liacutebia eacute um bom exemplo disso Na primavera de 2011 identificar corretamente o regime de Gaddafi como responsaacutevel por crimes de atrocidade foi a decisatildeo correta ndash mas natildeo evitou que os rebeldes cometessem crimes similares posteriormente previsivelmente em alguns grupos tornando quem os apoiava militarmente cuacutemplices De forma similar em 2014 apoiar as forccedilas curdas Peshmerga era a uacutenica forma de prevenir um massacre contra os Yazidis no Iraque ndash mas aqueles que deram apoio natildeo deveriam silenciar-se perante as posteriores mortes em represaacutelia

A escolha de grupos especiacuteficos como aliados eacute facilmente entendida como arbitraacuteria quando o comportamento atual natildeo justifica apoio internacional Um dos argumentos conflitantes de legitimidade poliacutetica acontece quando atores externos escolhem seus aliados locais de forma inconsistente com suas accedilotildees (algumas vezes favorecendo o regime incumbente) e tal escolha eacute facilmente vista como hipoacutecrita52 Poliacuteticos tambeacutem estatildeo vulneraacuteveis a tais acusaccedilotildees quando satildeo seletivos sobre suas criacuteticas a poderes regionais que armam ou apoiam grupo rebeldes como no caso do silecircncio ocidental sobre o envolvimento da Araacutebia Saudita na Siacuteria

Defensores do R2P e da prevenccedilatildeo de atrocidades em governos ou na sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando pedir a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes

No que diz respeito agrave diplomacia preventiva defensores do R2P e da prevenccedilatildeo contra atrocidades incluindo governos e a sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando e como pedem a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes Em algumas situaccedilotildees o Conselho pode deixar a mediaccedilatildeo mais difiacutecil ao elevar o niacutevel de visibilidade poliacutetica de uma crise Ele pode ajudar mediadores ao dar-lhes mais peso um senso de urgecircncia incentivos e desincentivos (ex com sanccedilotildees seletivas proibiccedilotildees de viagem congelamento de ativos embargo de armas investigaccedilotildees estabelecimento de uma missatildeo poliacutetica) Mas em algumas situaccedilotildees pressatildeo internacional vinda dos mais altos niacuteveis que inclui o papel do Conselho de Seguranccedila pode ser contraproducente Isso pode reforccedilar a urgecircncia de um governo em terminar a guerra a todos os custos como no caso do Sri Lanka no comeccedilo de 200953 ou complicar as negociaccedilotildees para acesso humanitaacuterio como em Mianmar em maio de 200854 Em particular quando os casos lidam com governos que jaacute vecircm sendo excluiacutedos da comunidade internacional foacuteruns e canais mais discretos podem ser mais efetivos na tentativa de influenciar mudanccedilas de comportamento

Possibilitando que as Missotildees de Paz da ONU Ofereccedilam Proteccedilatildeo CriacutevelO peacekeeping eacute um sistema com grande legitimidade global que jaacute evita abusos e comeccedilou a dar ecircnfase agrave Proteccedilatildeo de Civis (PoC) em muitas de suas operaccedilotildees A composiccedilatildeo global e o controle rigoroso por parte do Conselho de Seguranccedila deixa as operaccedilotildees de paz muito mais aceitaacuteveis que qualquer outro instrumento como notavelmente o uso da

24Global Public Policy Institute (GPPi)

forccedila por terceiros segundo um mandato do Conselho de Seguranccedila55 Ao mesmo tempo o peacekeeping soacute eacute capaz de lidar com um nuacutemero limitado de desafios agrave proteccedilatildeo a ausecircncia de mecanismos raacutepidos e efetivos de mobilizaccedilatildeo de implementaccedilatildeo faz com que seja impossiacutevel para peacekeepers da ONU responder a ameaccedilas iminentes de crimes de atrocidade e os requerimentos legais e praacuteticos da colaboraccedilatildeo com o governo local limitam uma accedilatildeo efetiva contra os perpetradores dos crimes de atrocidade que sejam parte ou que recebam apoio do governo Mesmo quando os peacekeepers estavam presentes enquanto crimes de atrocidade eram praticados como na Costa do Marfim em 2011 e no Sudatildeo do Sul em 2013 qualquer prevenccedilatildeo efetiva foi ilusoacuteria E onde uma reaccedilatildeo imediata natildeo obteve sucesso os desafios da proteccedilatildeo efetiva contra crimes em andamento rapidamente excedeu a capacidade dos boinas azuis

As vaacuterias maneiras em que as operaccedilotildees de paz poderiam melhor proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade ao estabelecer capacidades reduzir vulnerabilidade (ldquoproteccedilatildeo indiretardquo) e defender contra perpetradores (ldquoproteccedilatildeo diretardquo) jaacute foram explicitadas em outras oportunidades56 Atingir pelo menos um niacutevel moderado de ambiccedilatildeo para que peacekeepers protejam populaccedilotildees contra crimes de atrocidade requereria investimentos adicionais em capacidade doutrina e treinamento Tambeacutem seria necessaacuteria uma anaacutelise mais seacuteria sobre como combinar de forma efetiva o uso do peacekeeping com instrumentos poliacuteticos

O Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz a lideranccedila da missatildeo e os paiacuteses colaboradores precisam informar de forma modesta e transparente os limites das capacidades da ONU na proteccedilatildeo de civis

O comprometimento bem-vindo e necessaacuterio do Conselho de Seguranccedila com a proteccedilatildeo levou a um nuacutemero excessivo de promessas57 que aumentaram a lacuna entre as expectativas locais e a capacidade das missotildees Quando um mandato para milhares de peacekeepers eacute estabelecido com grande alvoroccedilo mas somente uma fraccedilatildeo chega seis meses depois como no Sudatildeo Sul apoacutes o iniacutecio da uacuteltima guerra civil em dezembro de 2013 ou como quando os peacekeepers se recusaram a tomar medidas enquanto crimes de atrocidade eram cometidos nas redondezas (devido ou natildeo ao apoio ou lideranccedila inadequados) como visto recentemente na RDC ou no Sudatildeo pessoas que se reuacutenem ao redor da bandeira azul na esperanccedila de proteccedilatildeo se tornam mais vulneraacuteveis ao perigo do que se estivessem em outro local De forma geral populaccedilotildees ameaccediladas estatildeo em situaccedilotildees melhores com os peacekeepers do que sem eles mas ainda assim a credibilidade das Naccedilotildees Unidas eacute afetada nestes casos58

Tanto a proteccedilatildeo efetiva quanto a responsaacutevel exigem uma comunicaccedilatildeo honesta e transparente com o puacuteblico e com o Conselho de Seguranccedila sobre as capacidades de cada missatildeo e de cada contingente aleacutem da sua disponibilidade para assumir riscos Quando os diplomatas do Conselho criarem ou derem nova autorizaccedilatildeo a outro ambicioso mandato para a proteccedilatildeo de civis eles precisam ser formalmente informados das capacidades e requerimentos que seratildeo necessaacuterios

25Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

A proteccedilatildeo por parte dos peacekeepers requer um salto de qualidade das contribuiccedilotildees para as operaccedilotildees dos boinas azuis e isso exige que o Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz as tropas a poliacutecia e os colaboradores financeiros encontrem uma divisatildeo do trabalho mais justa e equilibradaO equiliacutebrio fraacutegil entre aqueles que contribuem com tropas (em sua maioria da Aacutefrica e da Aacutesia) financiadores (em sua maioria da Europa e Ameacuterica do Norte) e os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila da ONU que emitem mandatos estaacute proacuteximo de se desfazer A insustentaacutevel divisatildeo de trabalho em peacekeeping natildeo eacute uma questatildeo dos ocidentais contra os demais Muitos paiacuteses africanos cansados dos muitos anos de tentativas frustradas de instauraccedilatildeo da paz no continente pelas potecircncias externas cada vez mais requerem e apoiam o uso de forccedila militar para proteger civis e conceder mais tempo para as negociaccedilotildees de paz Por outro lado paiacuteses que tradicionalmente contribuem com muitas tropas estatildeo cada vez mais reticentes em ameaccedilar a vida de seus soldados em locais distantes ndash especialmente aqueles paiacuteses como a Iacutendia cujo papel emergente no mundo criou expectativas de exercer influecircncia sobre escolhas estrateacutegicas que ateacute agora se mantiveram no domiacutenio exclusivo dos membros permanentes Isso tudo combinado com a austeridade imposta agraves forccedilas armadas mais desenvolvidas impossibilitando aumentar suas contribuiccedilotildees de ativos-chave ndash que poderia reduzir os riscos aos boinas azuis ndash vem deixando muitos paiacuteses em desenvolvimento cada vez mais impacientes com um sistema que natildeo funciona mais para eles

Para avanccedilar na prevenccedilatildeo de crimes de atrocidade economias desenvolvidas e em desenvolvimento precisatildeo aumentar os recursos disponibilizados para as missotildees de paz da ONU mas o dever principal de balancear o desequiliacutebrio atual estaacute nas matildeos de paiacuteses com capacidades avanccediladas Eles precisam disponibilizar forccedilas militares e ativos poliacuteticos que satildeo chaves para limitar o risco de todos os boinas azuis e aumentar o custo-benefiacutecio e a eficaacutecia do peacekeeping Isso inclui drones de vigilacircncia veiacuteculos anti-minas hospitais militares evacuaccedilatildeo meacutedica aeacuterea apoio de combate aeacutereo transporte aeacutereo taacutetico equipamentos anti-explosivos e outras tecnologias avanccediladas59

Contudo natildeo satildeo somente paiacuteses da Europa e da Ameacuterica do Norte que disponibilizam pouquiacutessimas tropas e deixam a desejar em suas contribuiccedilotildees (os europeus por exemplo respondem por menos de 7 por cento das tropas de peacekeeping da ONU e menos de 4 por cento das tropas policiais da organizaccedilatildeo60 A Iacutendia tem demonstrado apoio duradouro e extensivo ao peacekeeping ndash uma rara exceccedilatildeo entre paiacuteses com pretensotildees de lideranccedila regional ou global Outros paiacuteses deveriam pensar em seguir o recente exemplo da China e aumentar o nuacutemero de tropas policiais ou civis qualificados disponibilizados agrave ONU Por exemplo o Brasil mesmo com sua lideranccedila no Haiti ainda oferece menos pessoal que os pequenos Togo e Burkina Faso

26Global Public Policy Institute (GPPi)

Todos os membros do Conselho de Seguranccedila e colaboradores do peacekeeping deveriam aumentar a orientaccedilatildeo conceitual o treinamento e a construccedilatildeo de capacidade para a proteccedilatildeo de civis contra crimes de atrocidade

Tanto o desenvolvimento de estrateacutegias poliacuteticas quanto o uso da forccedila para proteccedilatildeo taacutetica de civis carecem grandemente de fundamentos conceituais soacutelidos com a qual qualquer outro tipo de operaccedilatildeo militar pode contar Os desafios poliacuteticos policiais e militares da proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade natildeo recebem a atenccedilatildeo conceitual e os recursos para treinamento adequados em quase todos os paiacuteses61 Natildeo eacute surpreendente que liacutederes de missatildeo e comandantes de tropas operem hoje em dia com base na tentativa e erro sem que haja uma orientaccedilatildeo ou doutrina clara Da mesma forma os membros do Conselho ndash em especial os natildeo-permanentes ndash satildeo forccedilados a tomar decisotildees difiacuteceis sobre a proteccedilatildeo de civis sem que tenham acesso a um oacutergatildeo de anaacutelise poliacutetico-militar sobre quais seriam as consequecircncias de tais accedilotildees A ausecircncia de conceitos claros e amplamente difundidos sobre as formas praacuteticas de proteccedilatildeo (para aleacutem das Zonas de exclusatildeo aeacuterea) contribuem para o estereoacutetipo muacutetuo e suspeitas de motivos escusos

Os Estados Unidos deveriam continuar a expansatildeo da sua Iniciativa Global de Operaccedilotildees de Paz (GPOI na sigla em inglecircs) e sua Parceria Africana de Resposta Raacutepida para Manutenccedilatildeo da Paz que apoiam e reforccedilam a capacidade de outros paiacuteses de treinar e manter competecircncias para a manutenccedilatildeo da paz Ambos os casos deveriam dar mais atenccedilatildeo agraves forccedilas militaresx mais frequentemente usadas no peacekeeping No futuro treinamentos e exerciacutecios da GPOI e outros deveriam incluir especificamente diferentes aspectos de proteccedilatildeo a civis 62 De forma similar a estes programas estadunidenses a Uniatildeo Europeia os governos europeus e de outros locais que possuem forccedilas armadas com tal capacidade deveriam oferecer os treinamentos e equipamentos mais modernos para os colaboradores das operaccedilotildees de paz Isso poderia criar incentivos para que unidades treinadas e equipadas efetivamente trabalhem em conjunto com a ONU a Uniatildeo Africana e as forccedilas sub-regionais na proteccedilatildeo de civis ndash no caso da UE ao novamente dar ecircnfase e expandir a Enable and Enhance Initiative

Usar a avaliaccedilatildeo atual das operaccedilotildees de paz da ONU para construir um consenso entre todas as partes interessadas (Conselho de Seguranccedila e Secretariado assim como colaboradores financeiros de tropas ou de poliacutecia) sobre o uso da forccedila somente para apoiar ndash e nunca substituir ndash uma estrateacutegia poliacutetica para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade e para planejar mandatos e operaccedilotildees adequadamente Como parte do diaacutelogo necessaacuterio sobre a utilidade do uso da forccedila a atual avaliaccedilatildeo das operaccedilotildees de paz da ONU oferece uma oportunidade de reconstruir uma linguagem comum sobre o peacekeeping seus princiacutepios e conceitos baacutesicos suas ambiccedilotildees e desafios para as tarefas de proteccedilatildeo das missotildees da ONU especialmente no que diz respeito ao uso da forccedila Os princiacutepios de consentimento imparcialidade e neutralidade atualizados no Relatoacuterio Brahimi para permitir que peacekeepers ajam contra os violadores dos acordos de paz e perpetradores de atrocidades mais uma vez satildeo distorcidos ou parecem irrelevantes em muitas operaccedilotildees A maioria dos peacekeepers

27Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

de hoje servem em situaccedilotildees de conflito ativo como no Mali ou na Repuacuteblica Centro-Africana Peacekeepers da ONU estatildeo conduzindo operaccedilotildees de combate ativo na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Em outros locais os acordos de deacutecadas atraacutes que deram origem a uma missatildeo natildeo incluem as partes que atualmente ameaccedilam ou sequestram peacekeepers como nas Colinas de Golatilde

Enquanto eacute inevitaacutevel que haja certa ambiguidade sobre os princiacutepios o uso ativo da forccedila para proteger civis soacute eacute capaz de apoiar mas nunca substituir uma estrateacutegia poliacutetica63 Onde natildeo haacute uma estrateacutegia poliacutetica realista para chegar agrave paz deve haver pelo menos uma para limitar os riscos aos civis ndash se necessaacuterio um plano que inclua o apoio de forccedilas militares da ONU como na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Estas questotildees devem ser discutidas de forma honesta pelas partes interessadas nas operaccedilotildees de paz da ONU O abismo que separa as partes nestas discussotildees natildeo estaacute entre os ocidentais que apoiam o uso de mais forccedila e os opositores natildeo-ocidentais Atualmente isso acontece entre paiacuteses que contribuem com muitas tropas como Iacutendia e Paquistatildeo preocupados com o aumento dos riscos agraves suas tropas e uma coalisatildeo mais intervencionista de paiacuteses africanos e europeus ocidentais64

A Tomada de Decisotildees sobre Accedilotildees MilitaresO atual sistema de seguranccedila coletiva que tem o Conselho de Seguranccedila na ONU como peccedila central natildeo estaacute agrave altura da tarefa de prover proteccedilatildeo efetiva e responsaacutevel O Conselho eacute incapaz de agir de forma efetiva quando alguns interesses geopoliacuteticos colidem como no caso da Siacuteria Mas ele fracassa ateacute mesmo em situaccedilotildees em que o abuso do argumento humanitaacuterio natildeo estaacute na pauta e os interesses de membros-chave do Conselho estatildeo alinhados ndash como no caso da Repuacuteblica Centro-Africana ou do Sudatildeo do Sul Um Conselho que tem o poder de estabelecer mandatos mobilizar proteccedilatildeo efetiva e limitar o medo do uso abusivo de argumentos humanitaacuterios precisaria ouvir os maiores atores poliacuteticos do mundo moderno os paiacuteses que contribuem com tropas e os financiadores

Tanto a composiccedilatildeo quanto os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila da ONU refletem a ordem mundial dos anos 1940 A fim de manter a credibilidade do sistema de seguranccedila coletiva restaurar a legitimidade do Conselho de Seguranccedila eacute uma questatildeo urgente e de interesse dos cinco membros permanentes Todavia mesmo estando bem fundadas em termos de justiccedila global e em prospectos de longo prazo para a governanccedila global as propostas jaacute existentes para uma expansatildeo do Conselho ou um papel mais proeminente da Assembleia Geral em assuntos de seguranccedila provavelmente natildeo contribuiratildeo para uma proteccedilatildeo mais efetiva contra crimes de atrocidade

Visando o 70o aniversaacuterio da ONU neste ano nossas sugestotildees datildeo ecircnfase agraves mudanccedilas procedimentais e natildeo estruturais do Conselho de Seguranccedila

28Global Public Policy Institute (GPPi)

Os cinco membros permanentes do Conselho de Seguranccedila deveriam dar mais apoio a processos decisoacuterios inclusivos dentro do Conselho e abrir canais informais de consulta sobre mandatos estrateacutegias e operaccedilotildees para todas as partes cruciais em especial potecircncias regionais e grandes colaboradores de pessoal Os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila na ONU limitam severamente seu senso de imparcialidade perante os olhos do mundo Na maioria das crises na Aacutefrica o chamado ldquopenholderrdquo ndash isto eacute o paiacutes responsaacutevel pelo rascunho das resoluccedilotildees do Conselho ndash eacute o antigo Estado colonizador ou os Estados Unidos65 Mesmo sendo uacutetil por dar uma continuidade ao longo dos anos esta organizaccedilatildeo e as relaccedilotildees internas resultantes entre os membros permanentes efetivamente excluem os membros natildeo-permanentes da maior parte das negociaccedilotildees informais onde as decisotildees mais importantes satildeo tomadas

Para que haja uma forma menos exclusiva de tomar decisotildees o precisaria de atores adicionais tanto dentro quanto fora das regiotildees relevantes para desenvolver as capacidades analiacutetica e poliacutetica de cogerenciar de forma construtiva o engajamento do Conselho e as operaccedilotildees de paz ao inveacutes de soacute defender seus proacuteprios interesses Os Estados membros e as organizaccedilotildees da sociedade civil tambeacutem devem continuar as discussotildees sobre um coacutedigo de conduta para limitaccedilatildeo voluntaacuteria do poder de veto em situaccedilotildees de crimes de atrocidade como proposto pelo governo francecircs66

Aleacutem dos procedimentos internos os membros do Conselho devem continuar expandindo as interaccedilotildees informais com as partes relevantes incluindo paiacuteses vizinhos e aqueles que contribuem com pessoal para as operaccedilotildees de paz Isso natildeo precisa se limitar a trocas diplomaacuteticas formais a fim de aumentar a qualidade e aceitaccedilatildeo dos mandatos de peacekeeping os paiacuteses responsaacuteveis pelo rascunho do mandato poderiam incluir a colaboraccedilatildeo de especialistas dos paiacuteses que contribuem com grande nuacutemero de tropas ou de policiais como por exemplo antigos comandantes de tropa ou chefes de poliacutecia67

Atores com credibilidade para fazer conexotildees no debate polarizado sobre intervenccedilatildeo militar devem facilitar os esforccedilos informais para desenvolver um sistema de monitoramento e informaccedilatildeo mais rigoroso para Estados que aderirem agraves missotildees com mandatos da ONUO conceito de Responsabilidade ao Proteger (RwP na sigla em inglecircs) eacute uma das iniciativas mais promissoras para lidar com os desacordos globais sobre o uso abusivo da Responsabilidade de Proteger Quando apresentado pelo Brasil no final de 2011 tal conceito ofereceu uma oportunidade de debate sobre o que poderia ser proteccedilatildeo efetiva e qual deveria ser o papel do uso da forccedila nessa proteccedilatildeo apoacutes a intervenccedilatildeo na Liacutebia quando essas discussotildees estavam extremamente polarizadas68 Apoacutes essa experiecircncia eacute muito improvaacutevel que o Conselho de Seguranccedila futuramente aprove uma resoluccedilatildeo autorizando o uso de forccedilas externas para a proteccedilatildeo com termos tatildeo amplos Com isso a implementaccedilatildeo de algumas ideias da proposta do RwP eacute de interesse de todos os Estados que acreditam que a forccedila deve ser uma ferramenta de uacuteltimo caso disponiacutevel

29Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

agrave comunidade internacional Discussotildees mais profundas satildeo necessaacuterias sobre os criteacuterios e condiccedilotildees considerados para que o Conselho use a forccedila para proteger populaccedilotildees Mesmo que a discussatildeo sobre criteacuterios para o uso da forccedila seja tatildeo antiga quanto a discussatildeo sobre intervenccedilatildeo humanitaacuteria69 todos os Estados membros se beneficiariam de um debate aberto sobre os sucessos e fracassos do uso da forccedila no passado e suas implicaccedilotildees no futuro como supracitado Outra questatildeo mais praacutetica diz respeito a como aumentar a habilidade do Conselho de monitorar aqueles que aderem e executam suas decisotildees Uma sugestatildeo concreta seria adotar elementos do sistema de peacekeeping como relatoacuterios e reuniotildees instrutivas regulares sobre a situaccedilatildeo das delegaccedilotildees para o uso da forccedila por terceiros As resoluccedilotildees poderiam incluir expliacutecitas claacuteusulas de caducidade que obrigariam a aprovaccedilatildeo da extensatildeo do mandato pelo Conselho de Seguranccedila e requerimentos de relatoacuterio regulares e especiacuteficos por parte daqueles Estados membros que aderirem e executarem as decisotildees do oacutergatildeo70 Outra sugestatildeo seria a criaccedilatildeo de mecanismos de responsabilizaccedilatildeo e monitoramento ao criar paineacuteis de especialistas quando os mandatos do Conselho incluiacuterem o uso da forccedila conforme modelo dos comitecircs de sanccedilotildees da ONU Relatoacuterios de comitecircs independentes como esses podem dar origem a uma praacutetica-padratildeo e contribuir para a melhora da qualidade nas decisotildees do Conselho ao longo do tempo seja antes durante ou depois das operaccedilotildees militares71

Potecircncias emergentes e jaacute estabelecidas podem fazer sua parte no avanccedilo das discussotildees sobre as questotildees colocadas pelo RwP Tanto a iniciativa oficial do Brasil quanto a ideia de ldquoProteccedilatildeo Responsaacutevelrdquo colocada por um reconhecido especialista chinecircs72 poderiam ser pontos de partida para discussotildees mais especiacuteficas e operacionais tanto entre os BRICS quanto entre os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila73 Ao inveacutes de rejeitar tais conceitos como sendo ataques agrave Responsabilidade de Proteger as potecircncias ocidentais deveriam ver essas iniciativas como uma oportunidade para um debate construtivo sobre como proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade74

Inserindo a Reflexatildeo e o Aprendizado Constantes em cada Ferramenta PoliacuteticaAinda que haja muita experiecircncia estabelecida com fracassos terriacuteveis e os poucos sucessos qualificados natildeo haacute uma base de conhecimento confiaacutevel sobre como proteger pessoas contra crimes de atrocidade Em geral governos e organizaccedilotildees internacionais continuam tratando cada crise como sendo uacutenica dando pouca atenccedilatildeo agrave reflexatildeo contiacutenua ao aprendizado e agrave adaptaccedilatildeo das poliacuteticas conforme as situaccedilotildees evoluem Os acadecircmicos jaacute aprenderam bem mais sobre o que natildeo funciona em algumas condiccedilotildees do que sobre o que poderia melhorar ndash por um lado porque cada intervenccedilatildeo poliacutetica acontece com contexto proacuteprio e por outro porque resultam de incentivos acadecircmicos e dificuldades de acesso a dados

30Global Public Policy Institute (GPPi)

Governos organizaccedilotildees internacionais sociedade civil e acadecircmicos precisam projetar poliacuteticas que sejam mais adaptaacuteveis ao conhecimento em evoluccedilatildeo e agrave avaliaccedilatildeo de riscos com base em oportunidades internas para reflexatildeo e aprendizado contiacutenuos e colaborativosEnquanto ainda haacute urgecircncia para que medidas sejam tomadas agir de forma responsaacutevel perante tanta incerteza pede que sejamos menos confiantes em nossa habilidade de determinar a melhor poliacutetica possiacutevel para cada situaccedilatildeo Poliacuteticos ativistas e intelectuais devem ser honestos consigo mesmos e transparentes com aqueles que mais sofrem com os impactos dessas poliacuteticas Natildeo haacute soluccedilotildees que tenham sido testadas e comprovadas Tudo que podemos fazer eacute tentar identificar a forma mais responsaacutevel de desenvolver cada caso enquanto nos mantemos preparados e prontos para reagir rapidamente a mudanccedilas e melhorar nossa gama de poliacuteticas instrumentais Este processo experimental de decisatildeo poliacutetica precisa ser constantemente monitorado e avaliado de forma autocriacutetica tanto interna quanto externamente atraveacutes do diaacutelogo franco e honesto entre profissionais sociedades e especialistas externos em todos os niacuteveis desde o monitoramento e avaliaccedilatildeo ateacute os debates mais amplos de poliacutetica puacuteblica sobre a eficaacutecia da forccedila militar e da diplomacia coercitiva na prevenccedilatildeo e resposta a crimes de atrocidade

31Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

1 Como a Genocide Prevention Task Force em um painel fechado de alto-niacutevel nos Estados Unidos apropriadamente argumentou em 2008 Genocide Prevention Task Force lsquoPreventing Genocide A Blueprint for US Policymakersrsquo (Washington DC The American Academy of Diplomacy US Holocaust Memorial Museum US Institute for Peace 2008) Veja tambeacutem Ruben Reike Serena Sharma e Jennifer Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo (Australian Civil-Military Centre e Oxford Institute for Ethics Law and Armed Conflict 2013) 6ff

2 Michael Ignatieff lsquoThe Libya Case a Teachable Momentrsquo Suddeutsche Zeitung Special Supplement http wwwamericanacademydesitesdefaultfilesuploadMSC202012pdf 3 de fevereiro de 2012 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 David Bosco lsquoAbstention Games on the Security Councilrsquo Foreign Policy httpforeignpolicy com20110317abstention-games-on-the-security-council 17 de marccedilo de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

3 Kofi A Annan lsquoTwo Concepts of Sovereigntyrsquo The Economist httpwwweconomistcomnode324795 16 de setembro de 1999 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

4 Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Conflict Security and Development 144 2014 Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

5 Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

6 Rosa Brooks lsquoThe UN Security Council and Civilian Protectionrsquo in Jared Genser e Bruno Ugarte eds The UN Security Council in the Age of Human Rights (New York Cambridge University Press 2013) 12 Sobre a base global para as normas de proteccedilatildeo veja Charles Sampford lsquoA Tale of Two Normsrsquo em Angus Francis Vesselin Popovski e Charles Sampford eds Norms of Protection Responsibility to Protect Protection of Civilians and Their Interaction (United Nations University Press 2012) Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

7 Para uma visatildeo geral do posicionamento do Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia e Aacutefrica do Sul sobre R2P veja os artigos na ediccedilatildeo especial de Conflict Security and Development Brockmeier Kurtz e Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Jaganathan e Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Julian Junk lsquoThe Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Xymena Kurowska lsquoMultipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Lui Tiewa e Zhang Haibin lsquoDebates in China About the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessmentrsquo Conflict Security and Development 2014 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Verhoeven Murthy e Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang Reinicke lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo ediccedilatildeo especial (144) de Conflict Security and Development (London Taylor amp Francis 2014)

8 CSR Murthy e Gerrit Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo Global Society em revisatildeo

9 Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo Global Society em revisatildeo Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo Global Society em revisatildeo

10 Judi Atkins Justifying New Labour Policy (Houndmills Basingstoke Hampshire New York Palgrave Macmillan 2011) 163 Veja por exemplo Stuenkel e Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Erna Burai lsquoParody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian Warrsquo Global Society em revisatildeo

Notas

32Global Public Policy Institute (GPPi)

11 Roland Paris lsquoThe ldquoResponsibility to Protectrdquo and the Structural Problems of Preventive Humanitarian Interventionrsquo International Peacekeeping 215 2014 4

12 Ramesh Thakur lsquoR2Prsquos ldquoStructuralrdquo Problems A Response to Roland Parisrsquo International Peacekeeping 2015 5

13 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

14 Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo Global Society em revisatildeo

15 Julian Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo Global Society em revisatildeo Julian Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo Global Society em revisatildeo

16 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

17 Erna Burai lsquoAfrican Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Groundrsquo Global Society em revisatildeo

18 Ambos os debates em torno das propostas brasileiras de Responsabilidade ao Proteger e o Diaacutelogo Interativo Informal da Assembleia Geral sobre Responsabilidade de Proteger e ldquoAccedilatildeo oportuna e decisivardquo em 2012 constituiacuteram tentativas de defensores de R2P se envolverem em discussotildees sobre o uso da forccedila e R2P Para acessar uma coleccedilatildeo de discursos durante a Assembleia Geral de 2012 veja httpwwwglobalr2porgresources278

19 Sarah Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo em Mary Kaldor e Iavor Rangelov eds The Handbook of Global Security Policy (Chichester West Sussex Wiley Blackwell 2014) 225

20 Alastair Iain Johnston lsquoThinking About Strategic Culturersquo International Security 194 1995 46

21 Pessimismo sobre a eficaacutecia da forccedila no entanto natildeo eacute o mesmo de promover a natildeo-violecircncia Alguns dos maiores defensores do ceticismo em relaccedilatildeo agraves forccedilas militares para proteccedilatildeo frequentemente recorrem a forccedilas militares ou quase militares no acircmbito domeacutestico

22 Otto Bakkano lsquoAU Pushes for Ceasefire Political Solution in Libyarsquo Mail amp Guardian httpmgcoza article2011-05-26-au-pushes-for-ceasefire-political-solution-in-libya 26 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Guido Westerwelle lsquoBundesminister Westerwelle Statement vom 25032011 zu Syrien Jemen Israel und dem Gaza-Streifen Sowie Libyenrsquo Auswartiges Amt httpwwwbrasildiplodeVertretung brasiliende07__AussenpolitikReden_20des_20Au_C3_9FenministersStatemente_20Syrienhtml 25 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

23 Barack Obama David Cameron e Nicolas Sarkozy lsquoLibyarsquos Pathway to Peacersquo The International Herald Tribune httpwwwnytimescom20110415opinion15iht-edlibya15html 15 de abril de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Reuters lsquoKerry Insists No Place for Assad in Syriarsquos Futurersquo Reuters httpwwwreuters comarticle20140117us-syria-crisis-kerry-idUSBREA0G14A20140117 17 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

24 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

25 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

26 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

27 Kersti Larsdotter lsquoExploring the Utility of Armed Force in Peace Operations German and British Approaches in Northern Afghanistanrsquo Small Wars and Insurgencies 193 2008 Taylor B Seybolt Humanitarian Military Intervention The Conditions for Success and Failure (Oxford Oxford University Press 2008) Rupert Smith The Utility of Force The Art of War in the Modern World (London Allen Lane 2005) Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

28 UN Department of Peacekeeping Operations e UN Department of Field Support lsquoOperational Concept on the Protection of Civilians in United Nations Peacekeeping Operationsrsquo (New York 2010) Sarah Sewall Dwight Raymond e Sally Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook (Cambridge MA Harvard Kennedy School 2010)

29 Harry Verhoeven documenta o exemplo de um diplomata chinecircs que ldquopensava que o Ocidente tinha inventado os Janjaweed [miliacutecias proacute- governo em Darfur] como uma desculpa para intervir Mas eles eram de verdade e matavam pessoasrdquo Harry Verhoeven lsquoIs Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa Is Changing Chinarsquo The Washington Quarterly 372 2014 64

33Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

30 BS Chimni lsquoFor Epistemological and Prudent Internationalismrsquo Harvard Law School Human Rights Journal novembro 2012 Greg Simons lsquoThe International Crisis Group and the Manufacturing and Communicating of Crisesrsquo Third World Quarterly 354 2014 Ramesh Thakur lsquoIs the United Nations Racistrsquo The Hindu httpwwwthehinducomopinionleadis-the-united-nations-racistarticle4928624ece 19 de julho de 2013 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

31 Ambassador Liu Zhenmin lsquoStatement by Ambassador Liu Zhenmin at the Plenary Session of the General Assembly on the Question of ldquoResponsibility to Protectrdquorsquo httpresponsibilitytoprotectorgStatement20 by20Ambassador20Liu20Zhenminpdf 24 de julho de 2009 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Zhang Haibin e Lui Tiewa lsquoRealizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and Thereafterrsquo Global Society em revisatildeo

32 Conversa com uma seacuterie de especialistas indianos em evento na Jawaharlal Nehru University (Nova Deacuteli Iacutendia) no dia 21 de Janeiro de 2015

33 IRIN lsquoA New Start for Crisis Reportingrsquo IRIN httpnewirinirinnewsorgpress-release 20 de novembro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34 Veja por exemplo Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoReport of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on United Nations Action in Sri Lankarsquo (New York United Nations 2012)

35 Um bom exemplo foi o briefing do Assessor Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedio para o Conselho de Seguranccedila da ONU depois de sua visita agrave Repuacuteblica Centro-Africana no dia 22 de janeiro de 2014 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoThe Statement of under Secretary-GeneralSpecial Adviser on the Prevention of Genocide Mr Adama Dieng on the Human Rights and Humanitarian Dimensions of the Crisis in the Central African Republicrsquo httpwwwunorgenpreventgenocideadviserpdfSAPG20Statement20at20UNSC20 on20the20situation20in20CAR-202220Jan202014pdf 22 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

36 Morten Bergsmo Quality Control in Fact-Finding (Florence Torkel Opsahl Academic EPublisher 2013) 210

37 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoRights up Front A Plan of Action to Strengthen the UNrsquos Role in Protecting People in Crises Follow-up to the Report of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on UN Action in Sri Lankarsquo (New York 2013)

38 Veja tambeacutem futura publicaccedilatildeo do GPPi Gerrit Kurtz lsquoA New Tool for Civilian Protection - the Human Rights up Front Initiative of the United Nationsrsquo GPPi Policy Brief futura publicaccedilatildeo

39 Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo

40 Jose Ramos-Horta lsquoIndia Right in Asking for More Say in Peacekeeping Operations-Related Decisions Top UN Panel Chiefrsquo Hindustan Times httpwwwhindustantimescomindia-newsindia-right-in-asking- for-more-say-in-peacekeeping-operations-related-decisions-top-un-panel-chiefarticle1-1314354aspx 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 13 de marccedilo de 2015

41 Thomas Biersteker et al lsquoThe Effectiveness of UN Targeted Sanctions - Findings from the Targeted Sanctions Consortium (TSC)rsquo The Graduate Institute Geneva 2013

42 Kirsten Ainley lsquoThe Responsibility to Protect and the International Criminal Court Counteracting the Crisisrsquo International Affairs 911 2015

43 Para distinccedilatildeo entre atividades ldquosistecircmicasrdquo e ldquodirecionadasrdquo veja Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

44 Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo Global Society em revisatildeo

45 Verhoeven e Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo 8 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann lsquoSchutz und Verantwortung Uber die US- Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltatenrsquo (2013)

46 Mike Brand lsquoEmploying lsquoPreventionrsquo to Prevent Mass Atrocitiesrsquo Saferworld httpwwwsaferworldorguk news-and-viewscomment123-employing-apreventiona-to-prevent-mass-atrocities 25 de fevereiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Warren Strobel e Louis Charbonneau lsquoUS Was Slow to Lose Patience as South Sudan Unraveledrsquo Reuters 14 de janeiro de 2014

47 Adam Lupel lsquoUN Adviser on Prevention of Genocide ldquoWe Have to Make Sure the Security Council Actsrdquorsquo httptheglobalobservatoryorg201404un-adviser-on-prevention-of-genocide-we-have-to-make-sure- security-council-acts 28 de abril de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34Global Public Policy Institute (GPPi)

48 Office for the Coordination of Humanitarian Affairs lsquoHumanitarian Bulletin Syriarsquo Humanitarian Bulletin Issue 53 httpreliefwebintsitesreliefwebintfilesresourcesBulletin_no_53_17032015_final_01pdf 1 de fevereiro - 18 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

49 Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

50 Human Rights Watch lsquoGermany QampA on Trial of Two Rwandan Rebel Leadersrsquo httpwwwhrworgde news20110502germany-qa-trial-two-rwandan-rebel-leaders 2 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 23 de marccedilo de 2015

51 Eric Lichtblau lsquoUS Seeks to Deport Bosnians over War Crimesrsquo New York worldus-seeks-to-deport-bosnians-over- Times httpwwwnytimescom20150301war-crimeshtml 28 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

52 Para um argumento similar observando o envolvimento internacional com a Liacutebia em 2015 veja International Crisis Group lsquoLibya Getting Geneva Rightrsquo International Crisis Group Middle East and North Africa Report Nr 157 2015

53 Kurtz e Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo

54 Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo

55 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

56 Alex J Bellamy e Charles T Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo (Asia- Pacific Centre for the Responsibility to Protect 2010) Alex J Bellamy The Responsibility to Protect A Defense (Oxford Oxford University Press 2014)

57 Ashley Jackson lsquoProtecting Civilians The Gap between Norms and Practicersquo (Humanitarian Policy Group 2014)

58 Isso jaacute foi escrito em 2009 no relatoacuterio ldquoNew Horizonrdquo do DPKO ldquoO descompasso entre expectativas e capacidade de promover proteccedilatildeo abrangente criou um significante desafio de credibilidade para as operaccedilotildees de paz da ONUrdquo Department of Peacekeeping Operations lsquoA New Partnership Agenda Charting a New Horizon for UN Peacekeepingrsquo (New York 2009) 20

59 Compare United Nations lsquoFinal Report of the Expert Panel on Technology and Innovation in UN Peacekeepingrsquo httpwwwperformancepeacekeepingorgofflinedownloadpdf 22 de dezembro de 2014

60 Compare United States Mission to the United Nations lsquoRemarks on Peacekeeping in Brussels by Samantha Power US Permanent Representative to the United Nationsrsquo httpusunstategovbriefing statements238660htm 9 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

61 Bellamy and Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo 23-24 Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

62 Isso poderia se basear no Mass Atrocities Response Operations project do US Armyrsquos Peacekeeping and Stability Operations Institute e do Harvard Kennedy Schoolrsquos Carr Center for Human Rights Veja Sewall Raymond e Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook

63 Mats Berdal e David H Ucko lsquoThe United Nations and the Use of Force Between Promise and Perilrsquo Journal of Strategic Studies 375 2014

64 Veja tambeacutem os resultados de um projeto do SIPRI sobre o futuro das operaccedilotildees de paz Jair van der Lijn e Xenia Avezov lsquoThe Future Peace Operations Landscape - Voices from Stakeholders around the Globe - Final Report of the New Geopolitics of Peace Operations Initiativersquo Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) janeiro de 2015

65 Security Council Report lsquoChairs of Subsidiary Bodies and Penholders for 2015rsquo httpwwwsecuritycouncilreportorgmonthly-forecast2015-02chairs_of_subsidiary_bodies_and_penholders_ for_2015php 30 de janeiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

66 Gareth Evans lsquoLimiting the Security Council Vetorsquo Project Syndicate httpwwwproject-syndicateorg commentarysecurity-council-veto-limit-by-gareth-evans-2015-02 4 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Kofi Annan e Gro Harlem Brundtland lsquoFour Ideas for a Stronger UNrsquo The New York Times httpwwwnytimescom20150207opinionkofi-annan-gro-harlem-bruntland-four-ideas-for-a-stronger- unhtml_r=0 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

67 Conversa com ex-comandantes militares Nova Deacuteli janeiro de 2015

68 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

35Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

69 Ibid Murthy e Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo

70 Compare tambeacutem com Bellamy The Responsibility to Protect A Defense 200

71 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

72 Ruan Zongze lsquo阮宗泽中国应倡导ldquo负责任的保护rdquo- ( China deveria defender a Proteccedilatildeo Responsaacutevel)rsquo Global Times (ediccedilatildeo chinesa) httpopinionhuanqiucom11522012-032501163html uacuteltimo acesso em 7 de marccedilo de 2012

73 Andrew Garwood-Gowers lsquoChinarsquos ldquoResponsible Protectionrdquo Concept Re-Interpreting the Responsibility to Protect (R2P) and Military Intervention for Humanitarian Purposesrsquo Asian Journal of International Law disponiacutevel em CJO2015 2015

74 Thorsten Benner lsquoBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiativersquo GPPi Working Paper Series 2013

36Global Public Policy Institute (GPPi)

Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang 4 n 4 2014) A ediccedilatildeo especial conteacutem os seguintes artigos todos disponiacuteveis gratuitamente online Introduction Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier

Regulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protect por Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

Debates in China about the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessment por Liu Tiewa e Zhang Haibin

Emerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protect por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk

Singing the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protect por Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz

Multipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protect por Xymena Kurowska

ldquoOur Identity is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Intervention por Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira

The Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protect por Julian Junk

Em breve laccedilaremos uma ediccedilatildeo especial na Global Society os seguintes artigos que estatildeo atualmente em processo de revisatildeo To Intervene in Darfur or Not Re-examining the R2P Debate and its Impacts por Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira

International Responsibility as Solidarity the Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectory por CSR Murthy e Gerrit Kurtz

Bringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenya por Julian Junk

Testing Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2P por Julian Junk

Parody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian War por Erna Burai

Protection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009 por Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan

Realizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and thereafter por Zhang Haibin e Liu Tiewa

The Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protection por Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

African Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Ground por Erna Burai

Responsibility While Protecting and the Ethics of R2P Implementation por Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier

Outras publicaccedilotildees relacionadasBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiative por Thorsten Benner Seacuterie de Working Papers do GPPi 2013

O Brasil como um Empreendedor Normativo a Responsabilidade ao Proteger por Thorsten Benner Politica Externa v 21 n 4 2013 p 35-46

Germany and the Intervention in Libya por Sarah Brockmeier Survival Global Politics and Strategy v55 n6 2013 p 63ndash90

Schutz und Verantwortung Uber die US-Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltaten por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann Heinrich Boll Foundation June 2013

Internationale Schutzverantwortung - Normative Erwartungen und Politische Praxis por Christopher Daase e Julian Junk (orgs) Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n 1-2 2013

Die Legalisierung der Legitimitat ndash Zur Kritik der Schutzverantwortung als Emerging Norm por Christopher Daase Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n1-2 2013 p 41-62

Emerging Power Exceptional State Elusive Country Explaining Indiarsquos Behavior por Madhan Mohan Jaganathan (com Amna Sunmbul) Proceedings of the International Conference on Social Sciences Chennai 2013 p 308-311

A New Tool for Civilian Protection - The Human Rights up Front Initiative of the United Nations por Gerrit Kurtz GPPi Policy Brief lanccedilamento em breve

Indiarsquos Approach to the Protection of Civilians in Armed Conflicts por CSR Murthy Norwegian Peacebuilding Resource Centre novembro de 2012

Contemporary World Order and Approaches to UN Peacekeeping A South Asian Perspective por CSR Murthy Friedrich Ebert Foundation dezembro de 2012

India-Brazil-South Africa Dialogue Forum (IBSA) The Rise of the Global South por Oliver Stuenkel Routledge Global Institutions 2014

The BRICS and the Future of Global Order por Oliver Stuenkel Lexington Press 2015

The BRICS and the Future of R2P Was Syria or Libya the Exception por Oliver Stuenkel Global Responsibility to Protect v6 n 1 2014 p 3-28

China and Responsibility to Protect Maintenance and Change of its Policy for Intervention por Liu Tiewa The Pacific Review v 25 v1 2012 p 153-173

Is China Like the Other Permanent Members Governmental and Academic Debates about RtoP by Liu Tiewa in Moacutenica Serrano e Thomas G Weiss (orgs) Rallying to the RtoP Cause The International Politics of Human Rights Routledge 2014 p 148-170

Chinese Strategic Culture and the Use of Force Moral and Political Perspectives por Liu Tiewa Journal of Contemporary China v23 n87 2014 p 556-574

Is Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa is Changing China por Harry Verhoeven The Washington Quarterly vol37 n2 2014 p 55-70

Publicaccedilotildees Selecionadas

37Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

AutoresThorsten BennerGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Sarah Brockmeier Global Public Policy InstituteBerlin Germany

Erna BuraiCentral European UniversityBudapest Hungary

CSR MurthyJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Christopher DaasePeace Research InstituteFrankfurt Germany

J Madhan MohanJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Julian JunkPeace Research InstituteFrankfurt Germany

Xymena KurowskaCentral European UniversityBudapest Hungary

Gerrit KurtzGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Liu TiewaPeking University China

Wolfgang ReinickeGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Philipp RotmannGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Ricardo Soares de OliveiraOxford UniversityUnited Kingdom

Matias SpektorFundaccedilatildeo Getulio VargasRio de Janeiro Brazil

Oliver StuenkelFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Marcos TourinhoFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Harry VerhoevenOxford UniversityUnited Kingdom

Zhang HaibinPeking UniversityChina

Global Public Policy Institute (GPPi)Reinhardtstr 7 10117 Berlin GermanyPhone +49 30 275 959 75-0Fax +49 30 275 959 75-99gppigppinet

gppinetglobalnormsnet

23Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

se defendem e continuam combatendo o inimigo A Liacutebia eacute um bom exemplo disso Na primavera de 2011 identificar corretamente o regime de Gaddafi como responsaacutevel por crimes de atrocidade foi a decisatildeo correta ndash mas natildeo evitou que os rebeldes cometessem crimes similares posteriormente previsivelmente em alguns grupos tornando quem os apoiava militarmente cuacutemplices De forma similar em 2014 apoiar as forccedilas curdas Peshmerga era a uacutenica forma de prevenir um massacre contra os Yazidis no Iraque ndash mas aqueles que deram apoio natildeo deveriam silenciar-se perante as posteriores mortes em represaacutelia

A escolha de grupos especiacuteficos como aliados eacute facilmente entendida como arbitraacuteria quando o comportamento atual natildeo justifica apoio internacional Um dos argumentos conflitantes de legitimidade poliacutetica acontece quando atores externos escolhem seus aliados locais de forma inconsistente com suas accedilotildees (algumas vezes favorecendo o regime incumbente) e tal escolha eacute facilmente vista como hipoacutecrita52 Poliacuteticos tambeacutem estatildeo vulneraacuteveis a tais acusaccedilotildees quando satildeo seletivos sobre suas criacuteticas a poderes regionais que armam ou apoiam grupo rebeldes como no caso do silecircncio ocidental sobre o envolvimento da Araacutebia Saudita na Siacuteria

Defensores do R2P e da prevenccedilatildeo de atrocidades em governos ou na sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando pedir a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes

No que diz respeito agrave diplomacia preventiva defensores do R2P e da prevenccedilatildeo contra atrocidades incluindo governos e a sociedade civil precisam ser cuidadosos sobre quando e como pedem a consideraccedilatildeo do Conselho de Seguranccedila sobre crises emergentes Em algumas situaccedilotildees o Conselho pode deixar a mediaccedilatildeo mais difiacutecil ao elevar o niacutevel de visibilidade poliacutetica de uma crise Ele pode ajudar mediadores ao dar-lhes mais peso um senso de urgecircncia incentivos e desincentivos (ex com sanccedilotildees seletivas proibiccedilotildees de viagem congelamento de ativos embargo de armas investigaccedilotildees estabelecimento de uma missatildeo poliacutetica) Mas em algumas situaccedilotildees pressatildeo internacional vinda dos mais altos niacuteveis que inclui o papel do Conselho de Seguranccedila pode ser contraproducente Isso pode reforccedilar a urgecircncia de um governo em terminar a guerra a todos os custos como no caso do Sri Lanka no comeccedilo de 200953 ou complicar as negociaccedilotildees para acesso humanitaacuterio como em Mianmar em maio de 200854 Em particular quando os casos lidam com governos que jaacute vecircm sendo excluiacutedos da comunidade internacional foacuteruns e canais mais discretos podem ser mais efetivos na tentativa de influenciar mudanccedilas de comportamento

Possibilitando que as Missotildees de Paz da ONU Ofereccedilam Proteccedilatildeo CriacutevelO peacekeeping eacute um sistema com grande legitimidade global que jaacute evita abusos e comeccedilou a dar ecircnfase agrave Proteccedilatildeo de Civis (PoC) em muitas de suas operaccedilotildees A composiccedilatildeo global e o controle rigoroso por parte do Conselho de Seguranccedila deixa as operaccedilotildees de paz muito mais aceitaacuteveis que qualquer outro instrumento como notavelmente o uso da

24Global Public Policy Institute (GPPi)

forccedila por terceiros segundo um mandato do Conselho de Seguranccedila55 Ao mesmo tempo o peacekeeping soacute eacute capaz de lidar com um nuacutemero limitado de desafios agrave proteccedilatildeo a ausecircncia de mecanismos raacutepidos e efetivos de mobilizaccedilatildeo de implementaccedilatildeo faz com que seja impossiacutevel para peacekeepers da ONU responder a ameaccedilas iminentes de crimes de atrocidade e os requerimentos legais e praacuteticos da colaboraccedilatildeo com o governo local limitam uma accedilatildeo efetiva contra os perpetradores dos crimes de atrocidade que sejam parte ou que recebam apoio do governo Mesmo quando os peacekeepers estavam presentes enquanto crimes de atrocidade eram praticados como na Costa do Marfim em 2011 e no Sudatildeo do Sul em 2013 qualquer prevenccedilatildeo efetiva foi ilusoacuteria E onde uma reaccedilatildeo imediata natildeo obteve sucesso os desafios da proteccedilatildeo efetiva contra crimes em andamento rapidamente excedeu a capacidade dos boinas azuis

As vaacuterias maneiras em que as operaccedilotildees de paz poderiam melhor proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade ao estabelecer capacidades reduzir vulnerabilidade (ldquoproteccedilatildeo indiretardquo) e defender contra perpetradores (ldquoproteccedilatildeo diretardquo) jaacute foram explicitadas em outras oportunidades56 Atingir pelo menos um niacutevel moderado de ambiccedilatildeo para que peacekeepers protejam populaccedilotildees contra crimes de atrocidade requereria investimentos adicionais em capacidade doutrina e treinamento Tambeacutem seria necessaacuteria uma anaacutelise mais seacuteria sobre como combinar de forma efetiva o uso do peacekeeping com instrumentos poliacuteticos

O Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz a lideranccedila da missatildeo e os paiacuteses colaboradores precisam informar de forma modesta e transparente os limites das capacidades da ONU na proteccedilatildeo de civis

O comprometimento bem-vindo e necessaacuterio do Conselho de Seguranccedila com a proteccedilatildeo levou a um nuacutemero excessivo de promessas57 que aumentaram a lacuna entre as expectativas locais e a capacidade das missotildees Quando um mandato para milhares de peacekeepers eacute estabelecido com grande alvoroccedilo mas somente uma fraccedilatildeo chega seis meses depois como no Sudatildeo Sul apoacutes o iniacutecio da uacuteltima guerra civil em dezembro de 2013 ou como quando os peacekeepers se recusaram a tomar medidas enquanto crimes de atrocidade eram cometidos nas redondezas (devido ou natildeo ao apoio ou lideranccedila inadequados) como visto recentemente na RDC ou no Sudatildeo pessoas que se reuacutenem ao redor da bandeira azul na esperanccedila de proteccedilatildeo se tornam mais vulneraacuteveis ao perigo do que se estivessem em outro local De forma geral populaccedilotildees ameaccediladas estatildeo em situaccedilotildees melhores com os peacekeepers do que sem eles mas ainda assim a credibilidade das Naccedilotildees Unidas eacute afetada nestes casos58

Tanto a proteccedilatildeo efetiva quanto a responsaacutevel exigem uma comunicaccedilatildeo honesta e transparente com o puacuteblico e com o Conselho de Seguranccedila sobre as capacidades de cada missatildeo e de cada contingente aleacutem da sua disponibilidade para assumir riscos Quando os diplomatas do Conselho criarem ou derem nova autorizaccedilatildeo a outro ambicioso mandato para a proteccedilatildeo de civis eles precisam ser formalmente informados das capacidades e requerimentos que seratildeo necessaacuterios

25Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

A proteccedilatildeo por parte dos peacekeepers requer um salto de qualidade das contribuiccedilotildees para as operaccedilotildees dos boinas azuis e isso exige que o Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz as tropas a poliacutecia e os colaboradores financeiros encontrem uma divisatildeo do trabalho mais justa e equilibradaO equiliacutebrio fraacutegil entre aqueles que contribuem com tropas (em sua maioria da Aacutefrica e da Aacutesia) financiadores (em sua maioria da Europa e Ameacuterica do Norte) e os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila da ONU que emitem mandatos estaacute proacuteximo de se desfazer A insustentaacutevel divisatildeo de trabalho em peacekeeping natildeo eacute uma questatildeo dos ocidentais contra os demais Muitos paiacuteses africanos cansados dos muitos anos de tentativas frustradas de instauraccedilatildeo da paz no continente pelas potecircncias externas cada vez mais requerem e apoiam o uso de forccedila militar para proteger civis e conceder mais tempo para as negociaccedilotildees de paz Por outro lado paiacuteses que tradicionalmente contribuem com muitas tropas estatildeo cada vez mais reticentes em ameaccedilar a vida de seus soldados em locais distantes ndash especialmente aqueles paiacuteses como a Iacutendia cujo papel emergente no mundo criou expectativas de exercer influecircncia sobre escolhas estrateacutegicas que ateacute agora se mantiveram no domiacutenio exclusivo dos membros permanentes Isso tudo combinado com a austeridade imposta agraves forccedilas armadas mais desenvolvidas impossibilitando aumentar suas contribuiccedilotildees de ativos-chave ndash que poderia reduzir os riscos aos boinas azuis ndash vem deixando muitos paiacuteses em desenvolvimento cada vez mais impacientes com um sistema que natildeo funciona mais para eles

Para avanccedilar na prevenccedilatildeo de crimes de atrocidade economias desenvolvidas e em desenvolvimento precisatildeo aumentar os recursos disponibilizados para as missotildees de paz da ONU mas o dever principal de balancear o desequiliacutebrio atual estaacute nas matildeos de paiacuteses com capacidades avanccediladas Eles precisam disponibilizar forccedilas militares e ativos poliacuteticos que satildeo chaves para limitar o risco de todos os boinas azuis e aumentar o custo-benefiacutecio e a eficaacutecia do peacekeeping Isso inclui drones de vigilacircncia veiacuteculos anti-minas hospitais militares evacuaccedilatildeo meacutedica aeacuterea apoio de combate aeacutereo transporte aeacutereo taacutetico equipamentos anti-explosivos e outras tecnologias avanccediladas59

Contudo natildeo satildeo somente paiacuteses da Europa e da Ameacuterica do Norte que disponibilizam pouquiacutessimas tropas e deixam a desejar em suas contribuiccedilotildees (os europeus por exemplo respondem por menos de 7 por cento das tropas de peacekeeping da ONU e menos de 4 por cento das tropas policiais da organizaccedilatildeo60 A Iacutendia tem demonstrado apoio duradouro e extensivo ao peacekeeping ndash uma rara exceccedilatildeo entre paiacuteses com pretensotildees de lideranccedila regional ou global Outros paiacuteses deveriam pensar em seguir o recente exemplo da China e aumentar o nuacutemero de tropas policiais ou civis qualificados disponibilizados agrave ONU Por exemplo o Brasil mesmo com sua lideranccedila no Haiti ainda oferece menos pessoal que os pequenos Togo e Burkina Faso

26Global Public Policy Institute (GPPi)

Todos os membros do Conselho de Seguranccedila e colaboradores do peacekeeping deveriam aumentar a orientaccedilatildeo conceitual o treinamento e a construccedilatildeo de capacidade para a proteccedilatildeo de civis contra crimes de atrocidade

Tanto o desenvolvimento de estrateacutegias poliacuteticas quanto o uso da forccedila para proteccedilatildeo taacutetica de civis carecem grandemente de fundamentos conceituais soacutelidos com a qual qualquer outro tipo de operaccedilatildeo militar pode contar Os desafios poliacuteticos policiais e militares da proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade natildeo recebem a atenccedilatildeo conceitual e os recursos para treinamento adequados em quase todos os paiacuteses61 Natildeo eacute surpreendente que liacutederes de missatildeo e comandantes de tropas operem hoje em dia com base na tentativa e erro sem que haja uma orientaccedilatildeo ou doutrina clara Da mesma forma os membros do Conselho ndash em especial os natildeo-permanentes ndash satildeo forccedilados a tomar decisotildees difiacuteceis sobre a proteccedilatildeo de civis sem que tenham acesso a um oacutergatildeo de anaacutelise poliacutetico-militar sobre quais seriam as consequecircncias de tais accedilotildees A ausecircncia de conceitos claros e amplamente difundidos sobre as formas praacuteticas de proteccedilatildeo (para aleacutem das Zonas de exclusatildeo aeacuterea) contribuem para o estereoacutetipo muacutetuo e suspeitas de motivos escusos

Os Estados Unidos deveriam continuar a expansatildeo da sua Iniciativa Global de Operaccedilotildees de Paz (GPOI na sigla em inglecircs) e sua Parceria Africana de Resposta Raacutepida para Manutenccedilatildeo da Paz que apoiam e reforccedilam a capacidade de outros paiacuteses de treinar e manter competecircncias para a manutenccedilatildeo da paz Ambos os casos deveriam dar mais atenccedilatildeo agraves forccedilas militaresx mais frequentemente usadas no peacekeeping No futuro treinamentos e exerciacutecios da GPOI e outros deveriam incluir especificamente diferentes aspectos de proteccedilatildeo a civis 62 De forma similar a estes programas estadunidenses a Uniatildeo Europeia os governos europeus e de outros locais que possuem forccedilas armadas com tal capacidade deveriam oferecer os treinamentos e equipamentos mais modernos para os colaboradores das operaccedilotildees de paz Isso poderia criar incentivos para que unidades treinadas e equipadas efetivamente trabalhem em conjunto com a ONU a Uniatildeo Africana e as forccedilas sub-regionais na proteccedilatildeo de civis ndash no caso da UE ao novamente dar ecircnfase e expandir a Enable and Enhance Initiative

Usar a avaliaccedilatildeo atual das operaccedilotildees de paz da ONU para construir um consenso entre todas as partes interessadas (Conselho de Seguranccedila e Secretariado assim como colaboradores financeiros de tropas ou de poliacutecia) sobre o uso da forccedila somente para apoiar ndash e nunca substituir ndash uma estrateacutegia poliacutetica para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade e para planejar mandatos e operaccedilotildees adequadamente Como parte do diaacutelogo necessaacuterio sobre a utilidade do uso da forccedila a atual avaliaccedilatildeo das operaccedilotildees de paz da ONU oferece uma oportunidade de reconstruir uma linguagem comum sobre o peacekeeping seus princiacutepios e conceitos baacutesicos suas ambiccedilotildees e desafios para as tarefas de proteccedilatildeo das missotildees da ONU especialmente no que diz respeito ao uso da forccedila Os princiacutepios de consentimento imparcialidade e neutralidade atualizados no Relatoacuterio Brahimi para permitir que peacekeepers ajam contra os violadores dos acordos de paz e perpetradores de atrocidades mais uma vez satildeo distorcidos ou parecem irrelevantes em muitas operaccedilotildees A maioria dos peacekeepers

27Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

de hoje servem em situaccedilotildees de conflito ativo como no Mali ou na Repuacuteblica Centro-Africana Peacekeepers da ONU estatildeo conduzindo operaccedilotildees de combate ativo na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Em outros locais os acordos de deacutecadas atraacutes que deram origem a uma missatildeo natildeo incluem as partes que atualmente ameaccedilam ou sequestram peacekeepers como nas Colinas de Golatilde

Enquanto eacute inevitaacutevel que haja certa ambiguidade sobre os princiacutepios o uso ativo da forccedila para proteger civis soacute eacute capaz de apoiar mas nunca substituir uma estrateacutegia poliacutetica63 Onde natildeo haacute uma estrateacutegia poliacutetica realista para chegar agrave paz deve haver pelo menos uma para limitar os riscos aos civis ndash se necessaacuterio um plano que inclua o apoio de forccedilas militares da ONU como na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Estas questotildees devem ser discutidas de forma honesta pelas partes interessadas nas operaccedilotildees de paz da ONU O abismo que separa as partes nestas discussotildees natildeo estaacute entre os ocidentais que apoiam o uso de mais forccedila e os opositores natildeo-ocidentais Atualmente isso acontece entre paiacuteses que contribuem com muitas tropas como Iacutendia e Paquistatildeo preocupados com o aumento dos riscos agraves suas tropas e uma coalisatildeo mais intervencionista de paiacuteses africanos e europeus ocidentais64

A Tomada de Decisotildees sobre Accedilotildees MilitaresO atual sistema de seguranccedila coletiva que tem o Conselho de Seguranccedila na ONU como peccedila central natildeo estaacute agrave altura da tarefa de prover proteccedilatildeo efetiva e responsaacutevel O Conselho eacute incapaz de agir de forma efetiva quando alguns interesses geopoliacuteticos colidem como no caso da Siacuteria Mas ele fracassa ateacute mesmo em situaccedilotildees em que o abuso do argumento humanitaacuterio natildeo estaacute na pauta e os interesses de membros-chave do Conselho estatildeo alinhados ndash como no caso da Repuacuteblica Centro-Africana ou do Sudatildeo do Sul Um Conselho que tem o poder de estabelecer mandatos mobilizar proteccedilatildeo efetiva e limitar o medo do uso abusivo de argumentos humanitaacuterios precisaria ouvir os maiores atores poliacuteticos do mundo moderno os paiacuteses que contribuem com tropas e os financiadores

Tanto a composiccedilatildeo quanto os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila da ONU refletem a ordem mundial dos anos 1940 A fim de manter a credibilidade do sistema de seguranccedila coletiva restaurar a legitimidade do Conselho de Seguranccedila eacute uma questatildeo urgente e de interesse dos cinco membros permanentes Todavia mesmo estando bem fundadas em termos de justiccedila global e em prospectos de longo prazo para a governanccedila global as propostas jaacute existentes para uma expansatildeo do Conselho ou um papel mais proeminente da Assembleia Geral em assuntos de seguranccedila provavelmente natildeo contribuiratildeo para uma proteccedilatildeo mais efetiva contra crimes de atrocidade

Visando o 70o aniversaacuterio da ONU neste ano nossas sugestotildees datildeo ecircnfase agraves mudanccedilas procedimentais e natildeo estruturais do Conselho de Seguranccedila

28Global Public Policy Institute (GPPi)

Os cinco membros permanentes do Conselho de Seguranccedila deveriam dar mais apoio a processos decisoacuterios inclusivos dentro do Conselho e abrir canais informais de consulta sobre mandatos estrateacutegias e operaccedilotildees para todas as partes cruciais em especial potecircncias regionais e grandes colaboradores de pessoal Os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila na ONU limitam severamente seu senso de imparcialidade perante os olhos do mundo Na maioria das crises na Aacutefrica o chamado ldquopenholderrdquo ndash isto eacute o paiacutes responsaacutevel pelo rascunho das resoluccedilotildees do Conselho ndash eacute o antigo Estado colonizador ou os Estados Unidos65 Mesmo sendo uacutetil por dar uma continuidade ao longo dos anos esta organizaccedilatildeo e as relaccedilotildees internas resultantes entre os membros permanentes efetivamente excluem os membros natildeo-permanentes da maior parte das negociaccedilotildees informais onde as decisotildees mais importantes satildeo tomadas

Para que haja uma forma menos exclusiva de tomar decisotildees o precisaria de atores adicionais tanto dentro quanto fora das regiotildees relevantes para desenvolver as capacidades analiacutetica e poliacutetica de cogerenciar de forma construtiva o engajamento do Conselho e as operaccedilotildees de paz ao inveacutes de soacute defender seus proacuteprios interesses Os Estados membros e as organizaccedilotildees da sociedade civil tambeacutem devem continuar as discussotildees sobre um coacutedigo de conduta para limitaccedilatildeo voluntaacuteria do poder de veto em situaccedilotildees de crimes de atrocidade como proposto pelo governo francecircs66

Aleacutem dos procedimentos internos os membros do Conselho devem continuar expandindo as interaccedilotildees informais com as partes relevantes incluindo paiacuteses vizinhos e aqueles que contribuem com pessoal para as operaccedilotildees de paz Isso natildeo precisa se limitar a trocas diplomaacuteticas formais a fim de aumentar a qualidade e aceitaccedilatildeo dos mandatos de peacekeeping os paiacuteses responsaacuteveis pelo rascunho do mandato poderiam incluir a colaboraccedilatildeo de especialistas dos paiacuteses que contribuem com grande nuacutemero de tropas ou de policiais como por exemplo antigos comandantes de tropa ou chefes de poliacutecia67

Atores com credibilidade para fazer conexotildees no debate polarizado sobre intervenccedilatildeo militar devem facilitar os esforccedilos informais para desenvolver um sistema de monitoramento e informaccedilatildeo mais rigoroso para Estados que aderirem agraves missotildees com mandatos da ONUO conceito de Responsabilidade ao Proteger (RwP na sigla em inglecircs) eacute uma das iniciativas mais promissoras para lidar com os desacordos globais sobre o uso abusivo da Responsabilidade de Proteger Quando apresentado pelo Brasil no final de 2011 tal conceito ofereceu uma oportunidade de debate sobre o que poderia ser proteccedilatildeo efetiva e qual deveria ser o papel do uso da forccedila nessa proteccedilatildeo apoacutes a intervenccedilatildeo na Liacutebia quando essas discussotildees estavam extremamente polarizadas68 Apoacutes essa experiecircncia eacute muito improvaacutevel que o Conselho de Seguranccedila futuramente aprove uma resoluccedilatildeo autorizando o uso de forccedilas externas para a proteccedilatildeo com termos tatildeo amplos Com isso a implementaccedilatildeo de algumas ideias da proposta do RwP eacute de interesse de todos os Estados que acreditam que a forccedila deve ser uma ferramenta de uacuteltimo caso disponiacutevel

29Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

agrave comunidade internacional Discussotildees mais profundas satildeo necessaacuterias sobre os criteacuterios e condiccedilotildees considerados para que o Conselho use a forccedila para proteger populaccedilotildees Mesmo que a discussatildeo sobre criteacuterios para o uso da forccedila seja tatildeo antiga quanto a discussatildeo sobre intervenccedilatildeo humanitaacuteria69 todos os Estados membros se beneficiariam de um debate aberto sobre os sucessos e fracassos do uso da forccedila no passado e suas implicaccedilotildees no futuro como supracitado Outra questatildeo mais praacutetica diz respeito a como aumentar a habilidade do Conselho de monitorar aqueles que aderem e executam suas decisotildees Uma sugestatildeo concreta seria adotar elementos do sistema de peacekeeping como relatoacuterios e reuniotildees instrutivas regulares sobre a situaccedilatildeo das delegaccedilotildees para o uso da forccedila por terceiros As resoluccedilotildees poderiam incluir expliacutecitas claacuteusulas de caducidade que obrigariam a aprovaccedilatildeo da extensatildeo do mandato pelo Conselho de Seguranccedila e requerimentos de relatoacuterio regulares e especiacuteficos por parte daqueles Estados membros que aderirem e executarem as decisotildees do oacutergatildeo70 Outra sugestatildeo seria a criaccedilatildeo de mecanismos de responsabilizaccedilatildeo e monitoramento ao criar paineacuteis de especialistas quando os mandatos do Conselho incluiacuterem o uso da forccedila conforme modelo dos comitecircs de sanccedilotildees da ONU Relatoacuterios de comitecircs independentes como esses podem dar origem a uma praacutetica-padratildeo e contribuir para a melhora da qualidade nas decisotildees do Conselho ao longo do tempo seja antes durante ou depois das operaccedilotildees militares71

Potecircncias emergentes e jaacute estabelecidas podem fazer sua parte no avanccedilo das discussotildees sobre as questotildees colocadas pelo RwP Tanto a iniciativa oficial do Brasil quanto a ideia de ldquoProteccedilatildeo Responsaacutevelrdquo colocada por um reconhecido especialista chinecircs72 poderiam ser pontos de partida para discussotildees mais especiacuteficas e operacionais tanto entre os BRICS quanto entre os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila73 Ao inveacutes de rejeitar tais conceitos como sendo ataques agrave Responsabilidade de Proteger as potecircncias ocidentais deveriam ver essas iniciativas como uma oportunidade para um debate construtivo sobre como proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade74

Inserindo a Reflexatildeo e o Aprendizado Constantes em cada Ferramenta PoliacuteticaAinda que haja muita experiecircncia estabelecida com fracassos terriacuteveis e os poucos sucessos qualificados natildeo haacute uma base de conhecimento confiaacutevel sobre como proteger pessoas contra crimes de atrocidade Em geral governos e organizaccedilotildees internacionais continuam tratando cada crise como sendo uacutenica dando pouca atenccedilatildeo agrave reflexatildeo contiacutenua ao aprendizado e agrave adaptaccedilatildeo das poliacuteticas conforme as situaccedilotildees evoluem Os acadecircmicos jaacute aprenderam bem mais sobre o que natildeo funciona em algumas condiccedilotildees do que sobre o que poderia melhorar ndash por um lado porque cada intervenccedilatildeo poliacutetica acontece com contexto proacuteprio e por outro porque resultam de incentivos acadecircmicos e dificuldades de acesso a dados

30Global Public Policy Institute (GPPi)

Governos organizaccedilotildees internacionais sociedade civil e acadecircmicos precisam projetar poliacuteticas que sejam mais adaptaacuteveis ao conhecimento em evoluccedilatildeo e agrave avaliaccedilatildeo de riscos com base em oportunidades internas para reflexatildeo e aprendizado contiacutenuos e colaborativosEnquanto ainda haacute urgecircncia para que medidas sejam tomadas agir de forma responsaacutevel perante tanta incerteza pede que sejamos menos confiantes em nossa habilidade de determinar a melhor poliacutetica possiacutevel para cada situaccedilatildeo Poliacuteticos ativistas e intelectuais devem ser honestos consigo mesmos e transparentes com aqueles que mais sofrem com os impactos dessas poliacuteticas Natildeo haacute soluccedilotildees que tenham sido testadas e comprovadas Tudo que podemos fazer eacute tentar identificar a forma mais responsaacutevel de desenvolver cada caso enquanto nos mantemos preparados e prontos para reagir rapidamente a mudanccedilas e melhorar nossa gama de poliacuteticas instrumentais Este processo experimental de decisatildeo poliacutetica precisa ser constantemente monitorado e avaliado de forma autocriacutetica tanto interna quanto externamente atraveacutes do diaacutelogo franco e honesto entre profissionais sociedades e especialistas externos em todos os niacuteveis desde o monitoramento e avaliaccedilatildeo ateacute os debates mais amplos de poliacutetica puacuteblica sobre a eficaacutecia da forccedila militar e da diplomacia coercitiva na prevenccedilatildeo e resposta a crimes de atrocidade

31Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

1 Como a Genocide Prevention Task Force em um painel fechado de alto-niacutevel nos Estados Unidos apropriadamente argumentou em 2008 Genocide Prevention Task Force lsquoPreventing Genocide A Blueprint for US Policymakersrsquo (Washington DC The American Academy of Diplomacy US Holocaust Memorial Museum US Institute for Peace 2008) Veja tambeacutem Ruben Reike Serena Sharma e Jennifer Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo (Australian Civil-Military Centre e Oxford Institute for Ethics Law and Armed Conflict 2013) 6ff

2 Michael Ignatieff lsquoThe Libya Case a Teachable Momentrsquo Suddeutsche Zeitung Special Supplement http wwwamericanacademydesitesdefaultfilesuploadMSC202012pdf 3 de fevereiro de 2012 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 David Bosco lsquoAbstention Games on the Security Councilrsquo Foreign Policy httpforeignpolicy com20110317abstention-games-on-the-security-council 17 de marccedilo de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

3 Kofi A Annan lsquoTwo Concepts of Sovereigntyrsquo The Economist httpwwweconomistcomnode324795 16 de setembro de 1999 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

4 Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Conflict Security and Development 144 2014 Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

5 Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

6 Rosa Brooks lsquoThe UN Security Council and Civilian Protectionrsquo in Jared Genser e Bruno Ugarte eds The UN Security Council in the Age of Human Rights (New York Cambridge University Press 2013) 12 Sobre a base global para as normas de proteccedilatildeo veja Charles Sampford lsquoA Tale of Two Normsrsquo em Angus Francis Vesselin Popovski e Charles Sampford eds Norms of Protection Responsibility to Protect Protection of Civilians and Their Interaction (United Nations University Press 2012) Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

7 Para uma visatildeo geral do posicionamento do Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia e Aacutefrica do Sul sobre R2P veja os artigos na ediccedilatildeo especial de Conflict Security and Development Brockmeier Kurtz e Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Jaganathan e Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Julian Junk lsquoThe Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Xymena Kurowska lsquoMultipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Lui Tiewa e Zhang Haibin lsquoDebates in China About the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessmentrsquo Conflict Security and Development 2014 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Verhoeven Murthy e Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang Reinicke lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo ediccedilatildeo especial (144) de Conflict Security and Development (London Taylor amp Francis 2014)

8 CSR Murthy e Gerrit Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo Global Society em revisatildeo

9 Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo Global Society em revisatildeo Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo Global Society em revisatildeo

10 Judi Atkins Justifying New Labour Policy (Houndmills Basingstoke Hampshire New York Palgrave Macmillan 2011) 163 Veja por exemplo Stuenkel e Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Erna Burai lsquoParody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian Warrsquo Global Society em revisatildeo

Notas

32Global Public Policy Institute (GPPi)

11 Roland Paris lsquoThe ldquoResponsibility to Protectrdquo and the Structural Problems of Preventive Humanitarian Interventionrsquo International Peacekeeping 215 2014 4

12 Ramesh Thakur lsquoR2Prsquos ldquoStructuralrdquo Problems A Response to Roland Parisrsquo International Peacekeeping 2015 5

13 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

14 Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo Global Society em revisatildeo

15 Julian Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo Global Society em revisatildeo Julian Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo Global Society em revisatildeo

16 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

17 Erna Burai lsquoAfrican Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Groundrsquo Global Society em revisatildeo

18 Ambos os debates em torno das propostas brasileiras de Responsabilidade ao Proteger e o Diaacutelogo Interativo Informal da Assembleia Geral sobre Responsabilidade de Proteger e ldquoAccedilatildeo oportuna e decisivardquo em 2012 constituiacuteram tentativas de defensores de R2P se envolverem em discussotildees sobre o uso da forccedila e R2P Para acessar uma coleccedilatildeo de discursos durante a Assembleia Geral de 2012 veja httpwwwglobalr2porgresources278

19 Sarah Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo em Mary Kaldor e Iavor Rangelov eds The Handbook of Global Security Policy (Chichester West Sussex Wiley Blackwell 2014) 225

20 Alastair Iain Johnston lsquoThinking About Strategic Culturersquo International Security 194 1995 46

21 Pessimismo sobre a eficaacutecia da forccedila no entanto natildeo eacute o mesmo de promover a natildeo-violecircncia Alguns dos maiores defensores do ceticismo em relaccedilatildeo agraves forccedilas militares para proteccedilatildeo frequentemente recorrem a forccedilas militares ou quase militares no acircmbito domeacutestico

22 Otto Bakkano lsquoAU Pushes for Ceasefire Political Solution in Libyarsquo Mail amp Guardian httpmgcoza article2011-05-26-au-pushes-for-ceasefire-political-solution-in-libya 26 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Guido Westerwelle lsquoBundesminister Westerwelle Statement vom 25032011 zu Syrien Jemen Israel und dem Gaza-Streifen Sowie Libyenrsquo Auswartiges Amt httpwwwbrasildiplodeVertretung brasiliende07__AussenpolitikReden_20des_20Au_C3_9FenministersStatemente_20Syrienhtml 25 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

23 Barack Obama David Cameron e Nicolas Sarkozy lsquoLibyarsquos Pathway to Peacersquo The International Herald Tribune httpwwwnytimescom20110415opinion15iht-edlibya15html 15 de abril de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Reuters lsquoKerry Insists No Place for Assad in Syriarsquos Futurersquo Reuters httpwwwreuters comarticle20140117us-syria-crisis-kerry-idUSBREA0G14A20140117 17 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

24 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

25 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

26 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

27 Kersti Larsdotter lsquoExploring the Utility of Armed Force in Peace Operations German and British Approaches in Northern Afghanistanrsquo Small Wars and Insurgencies 193 2008 Taylor B Seybolt Humanitarian Military Intervention The Conditions for Success and Failure (Oxford Oxford University Press 2008) Rupert Smith The Utility of Force The Art of War in the Modern World (London Allen Lane 2005) Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

28 UN Department of Peacekeeping Operations e UN Department of Field Support lsquoOperational Concept on the Protection of Civilians in United Nations Peacekeeping Operationsrsquo (New York 2010) Sarah Sewall Dwight Raymond e Sally Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook (Cambridge MA Harvard Kennedy School 2010)

29 Harry Verhoeven documenta o exemplo de um diplomata chinecircs que ldquopensava que o Ocidente tinha inventado os Janjaweed [miliacutecias proacute- governo em Darfur] como uma desculpa para intervir Mas eles eram de verdade e matavam pessoasrdquo Harry Verhoeven lsquoIs Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa Is Changing Chinarsquo The Washington Quarterly 372 2014 64

33Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

30 BS Chimni lsquoFor Epistemological and Prudent Internationalismrsquo Harvard Law School Human Rights Journal novembro 2012 Greg Simons lsquoThe International Crisis Group and the Manufacturing and Communicating of Crisesrsquo Third World Quarterly 354 2014 Ramesh Thakur lsquoIs the United Nations Racistrsquo The Hindu httpwwwthehinducomopinionleadis-the-united-nations-racistarticle4928624ece 19 de julho de 2013 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

31 Ambassador Liu Zhenmin lsquoStatement by Ambassador Liu Zhenmin at the Plenary Session of the General Assembly on the Question of ldquoResponsibility to Protectrdquorsquo httpresponsibilitytoprotectorgStatement20 by20Ambassador20Liu20Zhenminpdf 24 de julho de 2009 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Zhang Haibin e Lui Tiewa lsquoRealizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and Thereafterrsquo Global Society em revisatildeo

32 Conversa com uma seacuterie de especialistas indianos em evento na Jawaharlal Nehru University (Nova Deacuteli Iacutendia) no dia 21 de Janeiro de 2015

33 IRIN lsquoA New Start for Crisis Reportingrsquo IRIN httpnewirinirinnewsorgpress-release 20 de novembro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34 Veja por exemplo Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoReport of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on United Nations Action in Sri Lankarsquo (New York United Nations 2012)

35 Um bom exemplo foi o briefing do Assessor Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedio para o Conselho de Seguranccedila da ONU depois de sua visita agrave Repuacuteblica Centro-Africana no dia 22 de janeiro de 2014 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoThe Statement of under Secretary-GeneralSpecial Adviser on the Prevention of Genocide Mr Adama Dieng on the Human Rights and Humanitarian Dimensions of the Crisis in the Central African Republicrsquo httpwwwunorgenpreventgenocideadviserpdfSAPG20Statement20at20UNSC20 on20the20situation20in20CAR-202220Jan202014pdf 22 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

36 Morten Bergsmo Quality Control in Fact-Finding (Florence Torkel Opsahl Academic EPublisher 2013) 210

37 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoRights up Front A Plan of Action to Strengthen the UNrsquos Role in Protecting People in Crises Follow-up to the Report of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on UN Action in Sri Lankarsquo (New York 2013)

38 Veja tambeacutem futura publicaccedilatildeo do GPPi Gerrit Kurtz lsquoA New Tool for Civilian Protection - the Human Rights up Front Initiative of the United Nationsrsquo GPPi Policy Brief futura publicaccedilatildeo

39 Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo

40 Jose Ramos-Horta lsquoIndia Right in Asking for More Say in Peacekeeping Operations-Related Decisions Top UN Panel Chiefrsquo Hindustan Times httpwwwhindustantimescomindia-newsindia-right-in-asking- for-more-say-in-peacekeeping-operations-related-decisions-top-un-panel-chiefarticle1-1314354aspx 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 13 de marccedilo de 2015

41 Thomas Biersteker et al lsquoThe Effectiveness of UN Targeted Sanctions - Findings from the Targeted Sanctions Consortium (TSC)rsquo The Graduate Institute Geneva 2013

42 Kirsten Ainley lsquoThe Responsibility to Protect and the International Criminal Court Counteracting the Crisisrsquo International Affairs 911 2015

43 Para distinccedilatildeo entre atividades ldquosistecircmicasrdquo e ldquodirecionadasrdquo veja Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

44 Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo Global Society em revisatildeo

45 Verhoeven e Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo 8 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann lsquoSchutz und Verantwortung Uber die US- Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltatenrsquo (2013)

46 Mike Brand lsquoEmploying lsquoPreventionrsquo to Prevent Mass Atrocitiesrsquo Saferworld httpwwwsaferworldorguk news-and-viewscomment123-employing-apreventiona-to-prevent-mass-atrocities 25 de fevereiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Warren Strobel e Louis Charbonneau lsquoUS Was Slow to Lose Patience as South Sudan Unraveledrsquo Reuters 14 de janeiro de 2014

47 Adam Lupel lsquoUN Adviser on Prevention of Genocide ldquoWe Have to Make Sure the Security Council Actsrdquorsquo httptheglobalobservatoryorg201404un-adviser-on-prevention-of-genocide-we-have-to-make-sure- security-council-acts 28 de abril de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34Global Public Policy Institute (GPPi)

48 Office for the Coordination of Humanitarian Affairs lsquoHumanitarian Bulletin Syriarsquo Humanitarian Bulletin Issue 53 httpreliefwebintsitesreliefwebintfilesresourcesBulletin_no_53_17032015_final_01pdf 1 de fevereiro - 18 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

49 Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

50 Human Rights Watch lsquoGermany QampA on Trial of Two Rwandan Rebel Leadersrsquo httpwwwhrworgde news20110502germany-qa-trial-two-rwandan-rebel-leaders 2 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 23 de marccedilo de 2015

51 Eric Lichtblau lsquoUS Seeks to Deport Bosnians over War Crimesrsquo New York worldus-seeks-to-deport-bosnians-over- Times httpwwwnytimescom20150301war-crimeshtml 28 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

52 Para um argumento similar observando o envolvimento internacional com a Liacutebia em 2015 veja International Crisis Group lsquoLibya Getting Geneva Rightrsquo International Crisis Group Middle East and North Africa Report Nr 157 2015

53 Kurtz e Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo

54 Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo

55 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

56 Alex J Bellamy e Charles T Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo (Asia- Pacific Centre for the Responsibility to Protect 2010) Alex J Bellamy The Responsibility to Protect A Defense (Oxford Oxford University Press 2014)

57 Ashley Jackson lsquoProtecting Civilians The Gap between Norms and Practicersquo (Humanitarian Policy Group 2014)

58 Isso jaacute foi escrito em 2009 no relatoacuterio ldquoNew Horizonrdquo do DPKO ldquoO descompasso entre expectativas e capacidade de promover proteccedilatildeo abrangente criou um significante desafio de credibilidade para as operaccedilotildees de paz da ONUrdquo Department of Peacekeeping Operations lsquoA New Partnership Agenda Charting a New Horizon for UN Peacekeepingrsquo (New York 2009) 20

59 Compare United Nations lsquoFinal Report of the Expert Panel on Technology and Innovation in UN Peacekeepingrsquo httpwwwperformancepeacekeepingorgofflinedownloadpdf 22 de dezembro de 2014

60 Compare United States Mission to the United Nations lsquoRemarks on Peacekeeping in Brussels by Samantha Power US Permanent Representative to the United Nationsrsquo httpusunstategovbriefing statements238660htm 9 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

61 Bellamy and Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo 23-24 Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

62 Isso poderia se basear no Mass Atrocities Response Operations project do US Armyrsquos Peacekeeping and Stability Operations Institute e do Harvard Kennedy Schoolrsquos Carr Center for Human Rights Veja Sewall Raymond e Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook

63 Mats Berdal e David H Ucko lsquoThe United Nations and the Use of Force Between Promise and Perilrsquo Journal of Strategic Studies 375 2014

64 Veja tambeacutem os resultados de um projeto do SIPRI sobre o futuro das operaccedilotildees de paz Jair van der Lijn e Xenia Avezov lsquoThe Future Peace Operations Landscape - Voices from Stakeholders around the Globe - Final Report of the New Geopolitics of Peace Operations Initiativersquo Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) janeiro de 2015

65 Security Council Report lsquoChairs of Subsidiary Bodies and Penholders for 2015rsquo httpwwwsecuritycouncilreportorgmonthly-forecast2015-02chairs_of_subsidiary_bodies_and_penholders_ for_2015php 30 de janeiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

66 Gareth Evans lsquoLimiting the Security Council Vetorsquo Project Syndicate httpwwwproject-syndicateorg commentarysecurity-council-veto-limit-by-gareth-evans-2015-02 4 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Kofi Annan e Gro Harlem Brundtland lsquoFour Ideas for a Stronger UNrsquo The New York Times httpwwwnytimescom20150207opinionkofi-annan-gro-harlem-bruntland-four-ideas-for-a-stronger- unhtml_r=0 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

67 Conversa com ex-comandantes militares Nova Deacuteli janeiro de 2015

68 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

35Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

69 Ibid Murthy e Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo

70 Compare tambeacutem com Bellamy The Responsibility to Protect A Defense 200

71 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

72 Ruan Zongze lsquo阮宗泽中国应倡导ldquo负责任的保护rdquo- ( China deveria defender a Proteccedilatildeo Responsaacutevel)rsquo Global Times (ediccedilatildeo chinesa) httpopinionhuanqiucom11522012-032501163html uacuteltimo acesso em 7 de marccedilo de 2012

73 Andrew Garwood-Gowers lsquoChinarsquos ldquoResponsible Protectionrdquo Concept Re-Interpreting the Responsibility to Protect (R2P) and Military Intervention for Humanitarian Purposesrsquo Asian Journal of International Law disponiacutevel em CJO2015 2015

74 Thorsten Benner lsquoBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiativersquo GPPi Working Paper Series 2013

36Global Public Policy Institute (GPPi)

Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang 4 n 4 2014) A ediccedilatildeo especial conteacutem os seguintes artigos todos disponiacuteveis gratuitamente online Introduction Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier

Regulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protect por Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

Debates in China about the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessment por Liu Tiewa e Zhang Haibin

Emerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protect por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk

Singing the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protect por Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz

Multipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protect por Xymena Kurowska

ldquoOur Identity is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Intervention por Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira

The Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protect por Julian Junk

Em breve laccedilaremos uma ediccedilatildeo especial na Global Society os seguintes artigos que estatildeo atualmente em processo de revisatildeo To Intervene in Darfur or Not Re-examining the R2P Debate and its Impacts por Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira

International Responsibility as Solidarity the Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectory por CSR Murthy e Gerrit Kurtz

Bringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenya por Julian Junk

Testing Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2P por Julian Junk

Parody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian War por Erna Burai

Protection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009 por Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan

Realizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and thereafter por Zhang Haibin e Liu Tiewa

The Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protection por Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

African Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Ground por Erna Burai

Responsibility While Protecting and the Ethics of R2P Implementation por Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier

Outras publicaccedilotildees relacionadasBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiative por Thorsten Benner Seacuterie de Working Papers do GPPi 2013

O Brasil como um Empreendedor Normativo a Responsabilidade ao Proteger por Thorsten Benner Politica Externa v 21 n 4 2013 p 35-46

Germany and the Intervention in Libya por Sarah Brockmeier Survival Global Politics and Strategy v55 n6 2013 p 63ndash90

Schutz und Verantwortung Uber die US-Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltaten por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann Heinrich Boll Foundation June 2013

Internationale Schutzverantwortung - Normative Erwartungen und Politische Praxis por Christopher Daase e Julian Junk (orgs) Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n 1-2 2013

Die Legalisierung der Legitimitat ndash Zur Kritik der Schutzverantwortung als Emerging Norm por Christopher Daase Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n1-2 2013 p 41-62

Emerging Power Exceptional State Elusive Country Explaining Indiarsquos Behavior por Madhan Mohan Jaganathan (com Amna Sunmbul) Proceedings of the International Conference on Social Sciences Chennai 2013 p 308-311

A New Tool for Civilian Protection - The Human Rights up Front Initiative of the United Nations por Gerrit Kurtz GPPi Policy Brief lanccedilamento em breve

Indiarsquos Approach to the Protection of Civilians in Armed Conflicts por CSR Murthy Norwegian Peacebuilding Resource Centre novembro de 2012

Contemporary World Order and Approaches to UN Peacekeeping A South Asian Perspective por CSR Murthy Friedrich Ebert Foundation dezembro de 2012

India-Brazil-South Africa Dialogue Forum (IBSA) The Rise of the Global South por Oliver Stuenkel Routledge Global Institutions 2014

The BRICS and the Future of Global Order por Oliver Stuenkel Lexington Press 2015

The BRICS and the Future of R2P Was Syria or Libya the Exception por Oliver Stuenkel Global Responsibility to Protect v6 n 1 2014 p 3-28

China and Responsibility to Protect Maintenance and Change of its Policy for Intervention por Liu Tiewa The Pacific Review v 25 v1 2012 p 153-173

Is China Like the Other Permanent Members Governmental and Academic Debates about RtoP by Liu Tiewa in Moacutenica Serrano e Thomas G Weiss (orgs) Rallying to the RtoP Cause The International Politics of Human Rights Routledge 2014 p 148-170

Chinese Strategic Culture and the Use of Force Moral and Political Perspectives por Liu Tiewa Journal of Contemporary China v23 n87 2014 p 556-574

Is Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa is Changing China por Harry Verhoeven The Washington Quarterly vol37 n2 2014 p 55-70

Publicaccedilotildees Selecionadas

37Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

AutoresThorsten BennerGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Sarah Brockmeier Global Public Policy InstituteBerlin Germany

Erna BuraiCentral European UniversityBudapest Hungary

CSR MurthyJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Christopher DaasePeace Research InstituteFrankfurt Germany

J Madhan MohanJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Julian JunkPeace Research InstituteFrankfurt Germany

Xymena KurowskaCentral European UniversityBudapest Hungary

Gerrit KurtzGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Liu TiewaPeking University China

Wolfgang ReinickeGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Philipp RotmannGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Ricardo Soares de OliveiraOxford UniversityUnited Kingdom

Matias SpektorFundaccedilatildeo Getulio VargasRio de Janeiro Brazil

Oliver StuenkelFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Marcos TourinhoFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Harry VerhoevenOxford UniversityUnited Kingdom

Zhang HaibinPeking UniversityChina

Global Public Policy Institute (GPPi)Reinhardtstr 7 10117 Berlin GermanyPhone +49 30 275 959 75-0Fax +49 30 275 959 75-99gppigppinet

gppinetglobalnormsnet

24Global Public Policy Institute (GPPi)

forccedila por terceiros segundo um mandato do Conselho de Seguranccedila55 Ao mesmo tempo o peacekeeping soacute eacute capaz de lidar com um nuacutemero limitado de desafios agrave proteccedilatildeo a ausecircncia de mecanismos raacutepidos e efetivos de mobilizaccedilatildeo de implementaccedilatildeo faz com que seja impossiacutevel para peacekeepers da ONU responder a ameaccedilas iminentes de crimes de atrocidade e os requerimentos legais e praacuteticos da colaboraccedilatildeo com o governo local limitam uma accedilatildeo efetiva contra os perpetradores dos crimes de atrocidade que sejam parte ou que recebam apoio do governo Mesmo quando os peacekeepers estavam presentes enquanto crimes de atrocidade eram praticados como na Costa do Marfim em 2011 e no Sudatildeo do Sul em 2013 qualquer prevenccedilatildeo efetiva foi ilusoacuteria E onde uma reaccedilatildeo imediata natildeo obteve sucesso os desafios da proteccedilatildeo efetiva contra crimes em andamento rapidamente excedeu a capacidade dos boinas azuis

As vaacuterias maneiras em que as operaccedilotildees de paz poderiam melhor proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade ao estabelecer capacidades reduzir vulnerabilidade (ldquoproteccedilatildeo indiretardquo) e defender contra perpetradores (ldquoproteccedilatildeo diretardquo) jaacute foram explicitadas em outras oportunidades56 Atingir pelo menos um niacutevel moderado de ambiccedilatildeo para que peacekeepers protejam populaccedilotildees contra crimes de atrocidade requereria investimentos adicionais em capacidade doutrina e treinamento Tambeacutem seria necessaacuteria uma anaacutelise mais seacuteria sobre como combinar de forma efetiva o uso do peacekeeping com instrumentos poliacuteticos

O Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz a lideranccedila da missatildeo e os paiacuteses colaboradores precisam informar de forma modesta e transparente os limites das capacidades da ONU na proteccedilatildeo de civis

O comprometimento bem-vindo e necessaacuterio do Conselho de Seguranccedila com a proteccedilatildeo levou a um nuacutemero excessivo de promessas57 que aumentaram a lacuna entre as expectativas locais e a capacidade das missotildees Quando um mandato para milhares de peacekeepers eacute estabelecido com grande alvoroccedilo mas somente uma fraccedilatildeo chega seis meses depois como no Sudatildeo Sul apoacutes o iniacutecio da uacuteltima guerra civil em dezembro de 2013 ou como quando os peacekeepers se recusaram a tomar medidas enquanto crimes de atrocidade eram cometidos nas redondezas (devido ou natildeo ao apoio ou lideranccedila inadequados) como visto recentemente na RDC ou no Sudatildeo pessoas que se reuacutenem ao redor da bandeira azul na esperanccedila de proteccedilatildeo se tornam mais vulneraacuteveis ao perigo do que se estivessem em outro local De forma geral populaccedilotildees ameaccediladas estatildeo em situaccedilotildees melhores com os peacekeepers do que sem eles mas ainda assim a credibilidade das Naccedilotildees Unidas eacute afetada nestes casos58

Tanto a proteccedilatildeo efetiva quanto a responsaacutevel exigem uma comunicaccedilatildeo honesta e transparente com o puacuteblico e com o Conselho de Seguranccedila sobre as capacidades de cada missatildeo e de cada contingente aleacutem da sua disponibilidade para assumir riscos Quando os diplomatas do Conselho criarem ou derem nova autorizaccedilatildeo a outro ambicioso mandato para a proteccedilatildeo de civis eles precisam ser formalmente informados das capacidades e requerimentos que seratildeo necessaacuterios

25Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

A proteccedilatildeo por parte dos peacekeepers requer um salto de qualidade das contribuiccedilotildees para as operaccedilotildees dos boinas azuis e isso exige que o Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz as tropas a poliacutecia e os colaboradores financeiros encontrem uma divisatildeo do trabalho mais justa e equilibradaO equiliacutebrio fraacutegil entre aqueles que contribuem com tropas (em sua maioria da Aacutefrica e da Aacutesia) financiadores (em sua maioria da Europa e Ameacuterica do Norte) e os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila da ONU que emitem mandatos estaacute proacuteximo de se desfazer A insustentaacutevel divisatildeo de trabalho em peacekeeping natildeo eacute uma questatildeo dos ocidentais contra os demais Muitos paiacuteses africanos cansados dos muitos anos de tentativas frustradas de instauraccedilatildeo da paz no continente pelas potecircncias externas cada vez mais requerem e apoiam o uso de forccedila militar para proteger civis e conceder mais tempo para as negociaccedilotildees de paz Por outro lado paiacuteses que tradicionalmente contribuem com muitas tropas estatildeo cada vez mais reticentes em ameaccedilar a vida de seus soldados em locais distantes ndash especialmente aqueles paiacuteses como a Iacutendia cujo papel emergente no mundo criou expectativas de exercer influecircncia sobre escolhas estrateacutegicas que ateacute agora se mantiveram no domiacutenio exclusivo dos membros permanentes Isso tudo combinado com a austeridade imposta agraves forccedilas armadas mais desenvolvidas impossibilitando aumentar suas contribuiccedilotildees de ativos-chave ndash que poderia reduzir os riscos aos boinas azuis ndash vem deixando muitos paiacuteses em desenvolvimento cada vez mais impacientes com um sistema que natildeo funciona mais para eles

Para avanccedilar na prevenccedilatildeo de crimes de atrocidade economias desenvolvidas e em desenvolvimento precisatildeo aumentar os recursos disponibilizados para as missotildees de paz da ONU mas o dever principal de balancear o desequiliacutebrio atual estaacute nas matildeos de paiacuteses com capacidades avanccediladas Eles precisam disponibilizar forccedilas militares e ativos poliacuteticos que satildeo chaves para limitar o risco de todos os boinas azuis e aumentar o custo-benefiacutecio e a eficaacutecia do peacekeeping Isso inclui drones de vigilacircncia veiacuteculos anti-minas hospitais militares evacuaccedilatildeo meacutedica aeacuterea apoio de combate aeacutereo transporte aeacutereo taacutetico equipamentos anti-explosivos e outras tecnologias avanccediladas59

Contudo natildeo satildeo somente paiacuteses da Europa e da Ameacuterica do Norte que disponibilizam pouquiacutessimas tropas e deixam a desejar em suas contribuiccedilotildees (os europeus por exemplo respondem por menos de 7 por cento das tropas de peacekeeping da ONU e menos de 4 por cento das tropas policiais da organizaccedilatildeo60 A Iacutendia tem demonstrado apoio duradouro e extensivo ao peacekeeping ndash uma rara exceccedilatildeo entre paiacuteses com pretensotildees de lideranccedila regional ou global Outros paiacuteses deveriam pensar em seguir o recente exemplo da China e aumentar o nuacutemero de tropas policiais ou civis qualificados disponibilizados agrave ONU Por exemplo o Brasil mesmo com sua lideranccedila no Haiti ainda oferece menos pessoal que os pequenos Togo e Burkina Faso

26Global Public Policy Institute (GPPi)

Todos os membros do Conselho de Seguranccedila e colaboradores do peacekeeping deveriam aumentar a orientaccedilatildeo conceitual o treinamento e a construccedilatildeo de capacidade para a proteccedilatildeo de civis contra crimes de atrocidade

Tanto o desenvolvimento de estrateacutegias poliacuteticas quanto o uso da forccedila para proteccedilatildeo taacutetica de civis carecem grandemente de fundamentos conceituais soacutelidos com a qual qualquer outro tipo de operaccedilatildeo militar pode contar Os desafios poliacuteticos policiais e militares da proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade natildeo recebem a atenccedilatildeo conceitual e os recursos para treinamento adequados em quase todos os paiacuteses61 Natildeo eacute surpreendente que liacutederes de missatildeo e comandantes de tropas operem hoje em dia com base na tentativa e erro sem que haja uma orientaccedilatildeo ou doutrina clara Da mesma forma os membros do Conselho ndash em especial os natildeo-permanentes ndash satildeo forccedilados a tomar decisotildees difiacuteceis sobre a proteccedilatildeo de civis sem que tenham acesso a um oacutergatildeo de anaacutelise poliacutetico-militar sobre quais seriam as consequecircncias de tais accedilotildees A ausecircncia de conceitos claros e amplamente difundidos sobre as formas praacuteticas de proteccedilatildeo (para aleacutem das Zonas de exclusatildeo aeacuterea) contribuem para o estereoacutetipo muacutetuo e suspeitas de motivos escusos

Os Estados Unidos deveriam continuar a expansatildeo da sua Iniciativa Global de Operaccedilotildees de Paz (GPOI na sigla em inglecircs) e sua Parceria Africana de Resposta Raacutepida para Manutenccedilatildeo da Paz que apoiam e reforccedilam a capacidade de outros paiacuteses de treinar e manter competecircncias para a manutenccedilatildeo da paz Ambos os casos deveriam dar mais atenccedilatildeo agraves forccedilas militaresx mais frequentemente usadas no peacekeeping No futuro treinamentos e exerciacutecios da GPOI e outros deveriam incluir especificamente diferentes aspectos de proteccedilatildeo a civis 62 De forma similar a estes programas estadunidenses a Uniatildeo Europeia os governos europeus e de outros locais que possuem forccedilas armadas com tal capacidade deveriam oferecer os treinamentos e equipamentos mais modernos para os colaboradores das operaccedilotildees de paz Isso poderia criar incentivos para que unidades treinadas e equipadas efetivamente trabalhem em conjunto com a ONU a Uniatildeo Africana e as forccedilas sub-regionais na proteccedilatildeo de civis ndash no caso da UE ao novamente dar ecircnfase e expandir a Enable and Enhance Initiative

Usar a avaliaccedilatildeo atual das operaccedilotildees de paz da ONU para construir um consenso entre todas as partes interessadas (Conselho de Seguranccedila e Secretariado assim como colaboradores financeiros de tropas ou de poliacutecia) sobre o uso da forccedila somente para apoiar ndash e nunca substituir ndash uma estrateacutegia poliacutetica para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade e para planejar mandatos e operaccedilotildees adequadamente Como parte do diaacutelogo necessaacuterio sobre a utilidade do uso da forccedila a atual avaliaccedilatildeo das operaccedilotildees de paz da ONU oferece uma oportunidade de reconstruir uma linguagem comum sobre o peacekeeping seus princiacutepios e conceitos baacutesicos suas ambiccedilotildees e desafios para as tarefas de proteccedilatildeo das missotildees da ONU especialmente no que diz respeito ao uso da forccedila Os princiacutepios de consentimento imparcialidade e neutralidade atualizados no Relatoacuterio Brahimi para permitir que peacekeepers ajam contra os violadores dos acordos de paz e perpetradores de atrocidades mais uma vez satildeo distorcidos ou parecem irrelevantes em muitas operaccedilotildees A maioria dos peacekeepers

27Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

de hoje servem em situaccedilotildees de conflito ativo como no Mali ou na Repuacuteblica Centro-Africana Peacekeepers da ONU estatildeo conduzindo operaccedilotildees de combate ativo na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Em outros locais os acordos de deacutecadas atraacutes que deram origem a uma missatildeo natildeo incluem as partes que atualmente ameaccedilam ou sequestram peacekeepers como nas Colinas de Golatilde

Enquanto eacute inevitaacutevel que haja certa ambiguidade sobre os princiacutepios o uso ativo da forccedila para proteger civis soacute eacute capaz de apoiar mas nunca substituir uma estrateacutegia poliacutetica63 Onde natildeo haacute uma estrateacutegia poliacutetica realista para chegar agrave paz deve haver pelo menos uma para limitar os riscos aos civis ndash se necessaacuterio um plano que inclua o apoio de forccedilas militares da ONU como na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Estas questotildees devem ser discutidas de forma honesta pelas partes interessadas nas operaccedilotildees de paz da ONU O abismo que separa as partes nestas discussotildees natildeo estaacute entre os ocidentais que apoiam o uso de mais forccedila e os opositores natildeo-ocidentais Atualmente isso acontece entre paiacuteses que contribuem com muitas tropas como Iacutendia e Paquistatildeo preocupados com o aumento dos riscos agraves suas tropas e uma coalisatildeo mais intervencionista de paiacuteses africanos e europeus ocidentais64

A Tomada de Decisotildees sobre Accedilotildees MilitaresO atual sistema de seguranccedila coletiva que tem o Conselho de Seguranccedila na ONU como peccedila central natildeo estaacute agrave altura da tarefa de prover proteccedilatildeo efetiva e responsaacutevel O Conselho eacute incapaz de agir de forma efetiva quando alguns interesses geopoliacuteticos colidem como no caso da Siacuteria Mas ele fracassa ateacute mesmo em situaccedilotildees em que o abuso do argumento humanitaacuterio natildeo estaacute na pauta e os interesses de membros-chave do Conselho estatildeo alinhados ndash como no caso da Repuacuteblica Centro-Africana ou do Sudatildeo do Sul Um Conselho que tem o poder de estabelecer mandatos mobilizar proteccedilatildeo efetiva e limitar o medo do uso abusivo de argumentos humanitaacuterios precisaria ouvir os maiores atores poliacuteticos do mundo moderno os paiacuteses que contribuem com tropas e os financiadores

Tanto a composiccedilatildeo quanto os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila da ONU refletem a ordem mundial dos anos 1940 A fim de manter a credibilidade do sistema de seguranccedila coletiva restaurar a legitimidade do Conselho de Seguranccedila eacute uma questatildeo urgente e de interesse dos cinco membros permanentes Todavia mesmo estando bem fundadas em termos de justiccedila global e em prospectos de longo prazo para a governanccedila global as propostas jaacute existentes para uma expansatildeo do Conselho ou um papel mais proeminente da Assembleia Geral em assuntos de seguranccedila provavelmente natildeo contribuiratildeo para uma proteccedilatildeo mais efetiva contra crimes de atrocidade

Visando o 70o aniversaacuterio da ONU neste ano nossas sugestotildees datildeo ecircnfase agraves mudanccedilas procedimentais e natildeo estruturais do Conselho de Seguranccedila

28Global Public Policy Institute (GPPi)

Os cinco membros permanentes do Conselho de Seguranccedila deveriam dar mais apoio a processos decisoacuterios inclusivos dentro do Conselho e abrir canais informais de consulta sobre mandatos estrateacutegias e operaccedilotildees para todas as partes cruciais em especial potecircncias regionais e grandes colaboradores de pessoal Os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila na ONU limitam severamente seu senso de imparcialidade perante os olhos do mundo Na maioria das crises na Aacutefrica o chamado ldquopenholderrdquo ndash isto eacute o paiacutes responsaacutevel pelo rascunho das resoluccedilotildees do Conselho ndash eacute o antigo Estado colonizador ou os Estados Unidos65 Mesmo sendo uacutetil por dar uma continuidade ao longo dos anos esta organizaccedilatildeo e as relaccedilotildees internas resultantes entre os membros permanentes efetivamente excluem os membros natildeo-permanentes da maior parte das negociaccedilotildees informais onde as decisotildees mais importantes satildeo tomadas

Para que haja uma forma menos exclusiva de tomar decisotildees o precisaria de atores adicionais tanto dentro quanto fora das regiotildees relevantes para desenvolver as capacidades analiacutetica e poliacutetica de cogerenciar de forma construtiva o engajamento do Conselho e as operaccedilotildees de paz ao inveacutes de soacute defender seus proacuteprios interesses Os Estados membros e as organizaccedilotildees da sociedade civil tambeacutem devem continuar as discussotildees sobre um coacutedigo de conduta para limitaccedilatildeo voluntaacuteria do poder de veto em situaccedilotildees de crimes de atrocidade como proposto pelo governo francecircs66

Aleacutem dos procedimentos internos os membros do Conselho devem continuar expandindo as interaccedilotildees informais com as partes relevantes incluindo paiacuteses vizinhos e aqueles que contribuem com pessoal para as operaccedilotildees de paz Isso natildeo precisa se limitar a trocas diplomaacuteticas formais a fim de aumentar a qualidade e aceitaccedilatildeo dos mandatos de peacekeeping os paiacuteses responsaacuteveis pelo rascunho do mandato poderiam incluir a colaboraccedilatildeo de especialistas dos paiacuteses que contribuem com grande nuacutemero de tropas ou de policiais como por exemplo antigos comandantes de tropa ou chefes de poliacutecia67

Atores com credibilidade para fazer conexotildees no debate polarizado sobre intervenccedilatildeo militar devem facilitar os esforccedilos informais para desenvolver um sistema de monitoramento e informaccedilatildeo mais rigoroso para Estados que aderirem agraves missotildees com mandatos da ONUO conceito de Responsabilidade ao Proteger (RwP na sigla em inglecircs) eacute uma das iniciativas mais promissoras para lidar com os desacordos globais sobre o uso abusivo da Responsabilidade de Proteger Quando apresentado pelo Brasil no final de 2011 tal conceito ofereceu uma oportunidade de debate sobre o que poderia ser proteccedilatildeo efetiva e qual deveria ser o papel do uso da forccedila nessa proteccedilatildeo apoacutes a intervenccedilatildeo na Liacutebia quando essas discussotildees estavam extremamente polarizadas68 Apoacutes essa experiecircncia eacute muito improvaacutevel que o Conselho de Seguranccedila futuramente aprove uma resoluccedilatildeo autorizando o uso de forccedilas externas para a proteccedilatildeo com termos tatildeo amplos Com isso a implementaccedilatildeo de algumas ideias da proposta do RwP eacute de interesse de todos os Estados que acreditam que a forccedila deve ser uma ferramenta de uacuteltimo caso disponiacutevel

29Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

agrave comunidade internacional Discussotildees mais profundas satildeo necessaacuterias sobre os criteacuterios e condiccedilotildees considerados para que o Conselho use a forccedila para proteger populaccedilotildees Mesmo que a discussatildeo sobre criteacuterios para o uso da forccedila seja tatildeo antiga quanto a discussatildeo sobre intervenccedilatildeo humanitaacuteria69 todos os Estados membros se beneficiariam de um debate aberto sobre os sucessos e fracassos do uso da forccedila no passado e suas implicaccedilotildees no futuro como supracitado Outra questatildeo mais praacutetica diz respeito a como aumentar a habilidade do Conselho de monitorar aqueles que aderem e executam suas decisotildees Uma sugestatildeo concreta seria adotar elementos do sistema de peacekeeping como relatoacuterios e reuniotildees instrutivas regulares sobre a situaccedilatildeo das delegaccedilotildees para o uso da forccedila por terceiros As resoluccedilotildees poderiam incluir expliacutecitas claacuteusulas de caducidade que obrigariam a aprovaccedilatildeo da extensatildeo do mandato pelo Conselho de Seguranccedila e requerimentos de relatoacuterio regulares e especiacuteficos por parte daqueles Estados membros que aderirem e executarem as decisotildees do oacutergatildeo70 Outra sugestatildeo seria a criaccedilatildeo de mecanismos de responsabilizaccedilatildeo e monitoramento ao criar paineacuteis de especialistas quando os mandatos do Conselho incluiacuterem o uso da forccedila conforme modelo dos comitecircs de sanccedilotildees da ONU Relatoacuterios de comitecircs independentes como esses podem dar origem a uma praacutetica-padratildeo e contribuir para a melhora da qualidade nas decisotildees do Conselho ao longo do tempo seja antes durante ou depois das operaccedilotildees militares71

Potecircncias emergentes e jaacute estabelecidas podem fazer sua parte no avanccedilo das discussotildees sobre as questotildees colocadas pelo RwP Tanto a iniciativa oficial do Brasil quanto a ideia de ldquoProteccedilatildeo Responsaacutevelrdquo colocada por um reconhecido especialista chinecircs72 poderiam ser pontos de partida para discussotildees mais especiacuteficas e operacionais tanto entre os BRICS quanto entre os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila73 Ao inveacutes de rejeitar tais conceitos como sendo ataques agrave Responsabilidade de Proteger as potecircncias ocidentais deveriam ver essas iniciativas como uma oportunidade para um debate construtivo sobre como proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade74

Inserindo a Reflexatildeo e o Aprendizado Constantes em cada Ferramenta PoliacuteticaAinda que haja muita experiecircncia estabelecida com fracassos terriacuteveis e os poucos sucessos qualificados natildeo haacute uma base de conhecimento confiaacutevel sobre como proteger pessoas contra crimes de atrocidade Em geral governos e organizaccedilotildees internacionais continuam tratando cada crise como sendo uacutenica dando pouca atenccedilatildeo agrave reflexatildeo contiacutenua ao aprendizado e agrave adaptaccedilatildeo das poliacuteticas conforme as situaccedilotildees evoluem Os acadecircmicos jaacute aprenderam bem mais sobre o que natildeo funciona em algumas condiccedilotildees do que sobre o que poderia melhorar ndash por um lado porque cada intervenccedilatildeo poliacutetica acontece com contexto proacuteprio e por outro porque resultam de incentivos acadecircmicos e dificuldades de acesso a dados

30Global Public Policy Institute (GPPi)

Governos organizaccedilotildees internacionais sociedade civil e acadecircmicos precisam projetar poliacuteticas que sejam mais adaptaacuteveis ao conhecimento em evoluccedilatildeo e agrave avaliaccedilatildeo de riscos com base em oportunidades internas para reflexatildeo e aprendizado contiacutenuos e colaborativosEnquanto ainda haacute urgecircncia para que medidas sejam tomadas agir de forma responsaacutevel perante tanta incerteza pede que sejamos menos confiantes em nossa habilidade de determinar a melhor poliacutetica possiacutevel para cada situaccedilatildeo Poliacuteticos ativistas e intelectuais devem ser honestos consigo mesmos e transparentes com aqueles que mais sofrem com os impactos dessas poliacuteticas Natildeo haacute soluccedilotildees que tenham sido testadas e comprovadas Tudo que podemos fazer eacute tentar identificar a forma mais responsaacutevel de desenvolver cada caso enquanto nos mantemos preparados e prontos para reagir rapidamente a mudanccedilas e melhorar nossa gama de poliacuteticas instrumentais Este processo experimental de decisatildeo poliacutetica precisa ser constantemente monitorado e avaliado de forma autocriacutetica tanto interna quanto externamente atraveacutes do diaacutelogo franco e honesto entre profissionais sociedades e especialistas externos em todos os niacuteveis desde o monitoramento e avaliaccedilatildeo ateacute os debates mais amplos de poliacutetica puacuteblica sobre a eficaacutecia da forccedila militar e da diplomacia coercitiva na prevenccedilatildeo e resposta a crimes de atrocidade

31Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

1 Como a Genocide Prevention Task Force em um painel fechado de alto-niacutevel nos Estados Unidos apropriadamente argumentou em 2008 Genocide Prevention Task Force lsquoPreventing Genocide A Blueprint for US Policymakersrsquo (Washington DC The American Academy of Diplomacy US Holocaust Memorial Museum US Institute for Peace 2008) Veja tambeacutem Ruben Reike Serena Sharma e Jennifer Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo (Australian Civil-Military Centre e Oxford Institute for Ethics Law and Armed Conflict 2013) 6ff

2 Michael Ignatieff lsquoThe Libya Case a Teachable Momentrsquo Suddeutsche Zeitung Special Supplement http wwwamericanacademydesitesdefaultfilesuploadMSC202012pdf 3 de fevereiro de 2012 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 David Bosco lsquoAbstention Games on the Security Councilrsquo Foreign Policy httpforeignpolicy com20110317abstention-games-on-the-security-council 17 de marccedilo de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

3 Kofi A Annan lsquoTwo Concepts of Sovereigntyrsquo The Economist httpwwweconomistcomnode324795 16 de setembro de 1999 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

4 Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Conflict Security and Development 144 2014 Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

5 Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

6 Rosa Brooks lsquoThe UN Security Council and Civilian Protectionrsquo in Jared Genser e Bruno Ugarte eds The UN Security Council in the Age of Human Rights (New York Cambridge University Press 2013) 12 Sobre a base global para as normas de proteccedilatildeo veja Charles Sampford lsquoA Tale of Two Normsrsquo em Angus Francis Vesselin Popovski e Charles Sampford eds Norms of Protection Responsibility to Protect Protection of Civilians and Their Interaction (United Nations University Press 2012) Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

7 Para uma visatildeo geral do posicionamento do Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia e Aacutefrica do Sul sobre R2P veja os artigos na ediccedilatildeo especial de Conflict Security and Development Brockmeier Kurtz e Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Jaganathan e Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Julian Junk lsquoThe Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Xymena Kurowska lsquoMultipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Lui Tiewa e Zhang Haibin lsquoDebates in China About the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessmentrsquo Conflict Security and Development 2014 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Verhoeven Murthy e Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang Reinicke lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo ediccedilatildeo especial (144) de Conflict Security and Development (London Taylor amp Francis 2014)

8 CSR Murthy e Gerrit Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo Global Society em revisatildeo

9 Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo Global Society em revisatildeo Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo Global Society em revisatildeo

10 Judi Atkins Justifying New Labour Policy (Houndmills Basingstoke Hampshire New York Palgrave Macmillan 2011) 163 Veja por exemplo Stuenkel e Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Erna Burai lsquoParody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian Warrsquo Global Society em revisatildeo

Notas

32Global Public Policy Institute (GPPi)

11 Roland Paris lsquoThe ldquoResponsibility to Protectrdquo and the Structural Problems of Preventive Humanitarian Interventionrsquo International Peacekeeping 215 2014 4

12 Ramesh Thakur lsquoR2Prsquos ldquoStructuralrdquo Problems A Response to Roland Parisrsquo International Peacekeeping 2015 5

13 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

14 Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo Global Society em revisatildeo

15 Julian Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo Global Society em revisatildeo Julian Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo Global Society em revisatildeo

16 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

17 Erna Burai lsquoAfrican Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Groundrsquo Global Society em revisatildeo

18 Ambos os debates em torno das propostas brasileiras de Responsabilidade ao Proteger e o Diaacutelogo Interativo Informal da Assembleia Geral sobre Responsabilidade de Proteger e ldquoAccedilatildeo oportuna e decisivardquo em 2012 constituiacuteram tentativas de defensores de R2P se envolverem em discussotildees sobre o uso da forccedila e R2P Para acessar uma coleccedilatildeo de discursos durante a Assembleia Geral de 2012 veja httpwwwglobalr2porgresources278

19 Sarah Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo em Mary Kaldor e Iavor Rangelov eds The Handbook of Global Security Policy (Chichester West Sussex Wiley Blackwell 2014) 225

20 Alastair Iain Johnston lsquoThinking About Strategic Culturersquo International Security 194 1995 46

21 Pessimismo sobre a eficaacutecia da forccedila no entanto natildeo eacute o mesmo de promover a natildeo-violecircncia Alguns dos maiores defensores do ceticismo em relaccedilatildeo agraves forccedilas militares para proteccedilatildeo frequentemente recorrem a forccedilas militares ou quase militares no acircmbito domeacutestico

22 Otto Bakkano lsquoAU Pushes for Ceasefire Political Solution in Libyarsquo Mail amp Guardian httpmgcoza article2011-05-26-au-pushes-for-ceasefire-political-solution-in-libya 26 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Guido Westerwelle lsquoBundesminister Westerwelle Statement vom 25032011 zu Syrien Jemen Israel und dem Gaza-Streifen Sowie Libyenrsquo Auswartiges Amt httpwwwbrasildiplodeVertretung brasiliende07__AussenpolitikReden_20des_20Au_C3_9FenministersStatemente_20Syrienhtml 25 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

23 Barack Obama David Cameron e Nicolas Sarkozy lsquoLibyarsquos Pathway to Peacersquo The International Herald Tribune httpwwwnytimescom20110415opinion15iht-edlibya15html 15 de abril de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Reuters lsquoKerry Insists No Place for Assad in Syriarsquos Futurersquo Reuters httpwwwreuters comarticle20140117us-syria-crisis-kerry-idUSBREA0G14A20140117 17 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

24 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

25 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

26 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

27 Kersti Larsdotter lsquoExploring the Utility of Armed Force in Peace Operations German and British Approaches in Northern Afghanistanrsquo Small Wars and Insurgencies 193 2008 Taylor B Seybolt Humanitarian Military Intervention The Conditions for Success and Failure (Oxford Oxford University Press 2008) Rupert Smith The Utility of Force The Art of War in the Modern World (London Allen Lane 2005) Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

28 UN Department of Peacekeeping Operations e UN Department of Field Support lsquoOperational Concept on the Protection of Civilians in United Nations Peacekeeping Operationsrsquo (New York 2010) Sarah Sewall Dwight Raymond e Sally Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook (Cambridge MA Harvard Kennedy School 2010)

29 Harry Verhoeven documenta o exemplo de um diplomata chinecircs que ldquopensava que o Ocidente tinha inventado os Janjaweed [miliacutecias proacute- governo em Darfur] como uma desculpa para intervir Mas eles eram de verdade e matavam pessoasrdquo Harry Verhoeven lsquoIs Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa Is Changing Chinarsquo The Washington Quarterly 372 2014 64

33Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

30 BS Chimni lsquoFor Epistemological and Prudent Internationalismrsquo Harvard Law School Human Rights Journal novembro 2012 Greg Simons lsquoThe International Crisis Group and the Manufacturing and Communicating of Crisesrsquo Third World Quarterly 354 2014 Ramesh Thakur lsquoIs the United Nations Racistrsquo The Hindu httpwwwthehinducomopinionleadis-the-united-nations-racistarticle4928624ece 19 de julho de 2013 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

31 Ambassador Liu Zhenmin lsquoStatement by Ambassador Liu Zhenmin at the Plenary Session of the General Assembly on the Question of ldquoResponsibility to Protectrdquorsquo httpresponsibilitytoprotectorgStatement20 by20Ambassador20Liu20Zhenminpdf 24 de julho de 2009 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Zhang Haibin e Lui Tiewa lsquoRealizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and Thereafterrsquo Global Society em revisatildeo

32 Conversa com uma seacuterie de especialistas indianos em evento na Jawaharlal Nehru University (Nova Deacuteli Iacutendia) no dia 21 de Janeiro de 2015

33 IRIN lsquoA New Start for Crisis Reportingrsquo IRIN httpnewirinirinnewsorgpress-release 20 de novembro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34 Veja por exemplo Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoReport of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on United Nations Action in Sri Lankarsquo (New York United Nations 2012)

35 Um bom exemplo foi o briefing do Assessor Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedio para o Conselho de Seguranccedila da ONU depois de sua visita agrave Repuacuteblica Centro-Africana no dia 22 de janeiro de 2014 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoThe Statement of under Secretary-GeneralSpecial Adviser on the Prevention of Genocide Mr Adama Dieng on the Human Rights and Humanitarian Dimensions of the Crisis in the Central African Republicrsquo httpwwwunorgenpreventgenocideadviserpdfSAPG20Statement20at20UNSC20 on20the20situation20in20CAR-202220Jan202014pdf 22 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

36 Morten Bergsmo Quality Control in Fact-Finding (Florence Torkel Opsahl Academic EPublisher 2013) 210

37 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoRights up Front A Plan of Action to Strengthen the UNrsquos Role in Protecting People in Crises Follow-up to the Report of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on UN Action in Sri Lankarsquo (New York 2013)

38 Veja tambeacutem futura publicaccedilatildeo do GPPi Gerrit Kurtz lsquoA New Tool for Civilian Protection - the Human Rights up Front Initiative of the United Nationsrsquo GPPi Policy Brief futura publicaccedilatildeo

39 Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo

40 Jose Ramos-Horta lsquoIndia Right in Asking for More Say in Peacekeeping Operations-Related Decisions Top UN Panel Chiefrsquo Hindustan Times httpwwwhindustantimescomindia-newsindia-right-in-asking- for-more-say-in-peacekeeping-operations-related-decisions-top-un-panel-chiefarticle1-1314354aspx 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 13 de marccedilo de 2015

41 Thomas Biersteker et al lsquoThe Effectiveness of UN Targeted Sanctions - Findings from the Targeted Sanctions Consortium (TSC)rsquo The Graduate Institute Geneva 2013

42 Kirsten Ainley lsquoThe Responsibility to Protect and the International Criminal Court Counteracting the Crisisrsquo International Affairs 911 2015

43 Para distinccedilatildeo entre atividades ldquosistecircmicasrdquo e ldquodirecionadasrdquo veja Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

44 Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo Global Society em revisatildeo

45 Verhoeven e Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo 8 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann lsquoSchutz und Verantwortung Uber die US- Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltatenrsquo (2013)

46 Mike Brand lsquoEmploying lsquoPreventionrsquo to Prevent Mass Atrocitiesrsquo Saferworld httpwwwsaferworldorguk news-and-viewscomment123-employing-apreventiona-to-prevent-mass-atrocities 25 de fevereiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Warren Strobel e Louis Charbonneau lsquoUS Was Slow to Lose Patience as South Sudan Unraveledrsquo Reuters 14 de janeiro de 2014

47 Adam Lupel lsquoUN Adviser on Prevention of Genocide ldquoWe Have to Make Sure the Security Council Actsrdquorsquo httptheglobalobservatoryorg201404un-adviser-on-prevention-of-genocide-we-have-to-make-sure- security-council-acts 28 de abril de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34Global Public Policy Institute (GPPi)

48 Office for the Coordination of Humanitarian Affairs lsquoHumanitarian Bulletin Syriarsquo Humanitarian Bulletin Issue 53 httpreliefwebintsitesreliefwebintfilesresourcesBulletin_no_53_17032015_final_01pdf 1 de fevereiro - 18 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

49 Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

50 Human Rights Watch lsquoGermany QampA on Trial of Two Rwandan Rebel Leadersrsquo httpwwwhrworgde news20110502germany-qa-trial-two-rwandan-rebel-leaders 2 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 23 de marccedilo de 2015

51 Eric Lichtblau lsquoUS Seeks to Deport Bosnians over War Crimesrsquo New York worldus-seeks-to-deport-bosnians-over- Times httpwwwnytimescom20150301war-crimeshtml 28 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

52 Para um argumento similar observando o envolvimento internacional com a Liacutebia em 2015 veja International Crisis Group lsquoLibya Getting Geneva Rightrsquo International Crisis Group Middle East and North Africa Report Nr 157 2015

53 Kurtz e Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo

54 Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo

55 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

56 Alex J Bellamy e Charles T Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo (Asia- Pacific Centre for the Responsibility to Protect 2010) Alex J Bellamy The Responsibility to Protect A Defense (Oxford Oxford University Press 2014)

57 Ashley Jackson lsquoProtecting Civilians The Gap between Norms and Practicersquo (Humanitarian Policy Group 2014)

58 Isso jaacute foi escrito em 2009 no relatoacuterio ldquoNew Horizonrdquo do DPKO ldquoO descompasso entre expectativas e capacidade de promover proteccedilatildeo abrangente criou um significante desafio de credibilidade para as operaccedilotildees de paz da ONUrdquo Department of Peacekeeping Operations lsquoA New Partnership Agenda Charting a New Horizon for UN Peacekeepingrsquo (New York 2009) 20

59 Compare United Nations lsquoFinal Report of the Expert Panel on Technology and Innovation in UN Peacekeepingrsquo httpwwwperformancepeacekeepingorgofflinedownloadpdf 22 de dezembro de 2014

60 Compare United States Mission to the United Nations lsquoRemarks on Peacekeeping in Brussels by Samantha Power US Permanent Representative to the United Nationsrsquo httpusunstategovbriefing statements238660htm 9 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

61 Bellamy and Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo 23-24 Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

62 Isso poderia se basear no Mass Atrocities Response Operations project do US Armyrsquos Peacekeeping and Stability Operations Institute e do Harvard Kennedy Schoolrsquos Carr Center for Human Rights Veja Sewall Raymond e Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook

63 Mats Berdal e David H Ucko lsquoThe United Nations and the Use of Force Between Promise and Perilrsquo Journal of Strategic Studies 375 2014

64 Veja tambeacutem os resultados de um projeto do SIPRI sobre o futuro das operaccedilotildees de paz Jair van der Lijn e Xenia Avezov lsquoThe Future Peace Operations Landscape - Voices from Stakeholders around the Globe - Final Report of the New Geopolitics of Peace Operations Initiativersquo Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) janeiro de 2015

65 Security Council Report lsquoChairs of Subsidiary Bodies and Penholders for 2015rsquo httpwwwsecuritycouncilreportorgmonthly-forecast2015-02chairs_of_subsidiary_bodies_and_penholders_ for_2015php 30 de janeiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

66 Gareth Evans lsquoLimiting the Security Council Vetorsquo Project Syndicate httpwwwproject-syndicateorg commentarysecurity-council-veto-limit-by-gareth-evans-2015-02 4 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Kofi Annan e Gro Harlem Brundtland lsquoFour Ideas for a Stronger UNrsquo The New York Times httpwwwnytimescom20150207opinionkofi-annan-gro-harlem-bruntland-four-ideas-for-a-stronger- unhtml_r=0 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

67 Conversa com ex-comandantes militares Nova Deacuteli janeiro de 2015

68 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

35Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

69 Ibid Murthy e Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo

70 Compare tambeacutem com Bellamy The Responsibility to Protect A Defense 200

71 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

72 Ruan Zongze lsquo阮宗泽中国应倡导ldquo负责任的保护rdquo- ( China deveria defender a Proteccedilatildeo Responsaacutevel)rsquo Global Times (ediccedilatildeo chinesa) httpopinionhuanqiucom11522012-032501163html uacuteltimo acesso em 7 de marccedilo de 2012

73 Andrew Garwood-Gowers lsquoChinarsquos ldquoResponsible Protectionrdquo Concept Re-Interpreting the Responsibility to Protect (R2P) and Military Intervention for Humanitarian Purposesrsquo Asian Journal of International Law disponiacutevel em CJO2015 2015

74 Thorsten Benner lsquoBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiativersquo GPPi Working Paper Series 2013

36Global Public Policy Institute (GPPi)

Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang 4 n 4 2014) A ediccedilatildeo especial conteacutem os seguintes artigos todos disponiacuteveis gratuitamente online Introduction Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier

Regulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protect por Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

Debates in China about the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessment por Liu Tiewa e Zhang Haibin

Emerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protect por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk

Singing the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protect por Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz

Multipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protect por Xymena Kurowska

ldquoOur Identity is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Intervention por Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira

The Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protect por Julian Junk

Em breve laccedilaremos uma ediccedilatildeo especial na Global Society os seguintes artigos que estatildeo atualmente em processo de revisatildeo To Intervene in Darfur or Not Re-examining the R2P Debate and its Impacts por Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira

International Responsibility as Solidarity the Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectory por CSR Murthy e Gerrit Kurtz

Bringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenya por Julian Junk

Testing Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2P por Julian Junk

Parody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian War por Erna Burai

Protection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009 por Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan

Realizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and thereafter por Zhang Haibin e Liu Tiewa

The Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protection por Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

African Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Ground por Erna Burai

Responsibility While Protecting and the Ethics of R2P Implementation por Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier

Outras publicaccedilotildees relacionadasBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiative por Thorsten Benner Seacuterie de Working Papers do GPPi 2013

O Brasil como um Empreendedor Normativo a Responsabilidade ao Proteger por Thorsten Benner Politica Externa v 21 n 4 2013 p 35-46

Germany and the Intervention in Libya por Sarah Brockmeier Survival Global Politics and Strategy v55 n6 2013 p 63ndash90

Schutz und Verantwortung Uber die US-Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltaten por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann Heinrich Boll Foundation June 2013

Internationale Schutzverantwortung - Normative Erwartungen und Politische Praxis por Christopher Daase e Julian Junk (orgs) Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n 1-2 2013

Die Legalisierung der Legitimitat ndash Zur Kritik der Schutzverantwortung als Emerging Norm por Christopher Daase Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n1-2 2013 p 41-62

Emerging Power Exceptional State Elusive Country Explaining Indiarsquos Behavior por Madhan Mohan Jaganathan (com Amna Sunmbul) Proceedings of the International Conference on Social Sciences Chennai 2013 p 308-311

A New Tool for Civilian Protection - The Human Rights up Front Initiative of the United Nations por Gerrit Kurtz GPPi Policy Brief lanccedilamento em breve

Indiarsquos Approach to the Protection of Civilians in Armed Conflicts por CSR Murthy Norwegian Peacebuilding Resource Centre novembro de 2012

Contemporary World Order and Approaches to UN Peacekeeping A South Asian Perspective por CSR Murthy Friedrich Ebert Foundation dezembro de 2012

India-Brazil-South Africa Dialogue Forum (IBSA) The Rise of the Global South por Oliver Stuenkel Routledge Global Institutions 2014

The BRICS and the Future of Global Order por Oliver Stuenkel Lexington Press 2015

The BRICS and the Future of R2P Was Syria or Libya the Exception por Oliver Stuenkel Global Responsibility to Protect v6 n 1 2014 p 3-28

China and Responsibility to Protect Maintenance and Change of its Policy for Intervention por Liu Tiewa The Pacific Review v 25 v1 2012 p 153-173

Is China Like the Other Permanent Members Governmental and Academic Debates about RtoP by Liu Tiewa in Moacutenica Serrano e Thomas G Weiss (orgs) Rallying to the RtoP Cause The International Politics of Human Rights Routledge 2014 p 148-170

Chinese Strategic Culture and the Use of Force Moral and Political Perspectives por Liu Tiewa Journal of Contemporary China v23 n87 2014 p 556-574

Is Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa is Changing China por Harry Verhoeven The Washington Quarterly vol37 n2 2014 p 55-70

Publicaccedilotildees Selecionadas

37Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

AutoresThorsten BennerGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Sarah Brockmeier Global Public Policy InstituteBerlin Germany

Erna BuraiCentral European UniversityBudapest Hungary

CSR MurthyJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Christopher DaasePeace Research InstituteFrankfurt Germany

J Madhan MohanJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Julian JunkPeace Research InstituteFrankfurt Germany

Xymena KurowskaCentral European UniversityBudapest Hungary

Gerrit KurtzGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Liu TiewaPeking University China

Wolfgang ReinickeGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Philipp RotmannGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Ricardo Soares de OliveiraOxford UniversityUnited Kingdom

Matias SpektorFundaccedilatildeo Getulio VargasRio de Janeiro Brazil

Oliver StuenkelFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Marcos TourinhoFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Harry VerhoevenOxford UniversityUnited Kingdom

Zhang HaibinPeking UniversityChina

Global Public Policy Institute (GPPi)Reinhardtstr 7 10117 Berlin GermanyPhone +49 30 275 959 75-0Fax +49 30 275 959 75-99gppigppinet

gppinetglobalnormsnet

25Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

A proteccedilatildeo por parte dos peacekeepers requer um salto de qualidade das contribuiccedilotildees para as operaccedilotildees dos boinas azuis e isso exige que o Conselho de Seguranccedila o Departamento de Operaccedilotildees de Paz as tropas a poliacutecia e os colaboradores financeiros encontrem uma divisatildeo do trabalho mais justa e equilibradaO equiliacutebrio fraacutegil entre aqueles que contribuem com tropas (em sua maioria da Aacutefrica e da Aacutesia) financiadores (em sua maioria da Europa e Ameacuterica do Norte) e os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila da ONU que emitem mandatos estaacute proacuteximo de se desfazer A insustentaacutevel divisatildeo de trabalho em peacekeeping natildeo eacute uma questatildeo dos ocidentais contra os demais Muitos paiacuteses africanos cansados dos muitos anos de tentativas frustradas de instauraccedilatildeo da paz no continente pelas potecircncias externas cada vez mais requerem e apoiam o uso de forccedila militar para proteger civis e conceder mais tempo para as negociaccedilotildees de paz Por outro lado paiacuteses que tradicionalmente contribuem com muitas tropas estatildeo cada vez mais reticentes em ameaccedilar a vida de seus soldados em locais distantes ndash especialmente aqueles paiacuteses como a Iacutendia cujo papel emergente no mundo criou expectativas de exercer influecircncia sobre escolhas estrateacutegicas que ateacute agora se mantiveram no domiacutenio exclusivo dos membros permanentes Isso tudo combinado com a austeridade imposta agraves forccedilas armadas mais desenvolvidas impossibilitando aumentar suas contribuiccedilotildees de ativos-chave ndash que poderia reduzir os riscos aos boinas azuis ndash vem deixando muitos paiacuteses em desenvolvimento cada vez mais impacientes com um sistema que natildeo funciona mais para eles

Para avanccedilar na prevenccedilatildeo de crimes de atrocidade economias desenvolvidas e em desenvolvimento precisatildeo aumentar os recursos disponibilizados para as missotildees de paz da ONU mas o dever principal de balancear o desequiliacutebrio atual estaacute nas matildeos de paiacuteses com capacidades avanccediladas Eles precisam disponibilizar forccedilas militares e ativos poliacuteticos que satildeo chaves para limitar o risco de todos os boinas azuis e aumentar o custo-benefiacutecio e a eficaacutecia do peacekeeping Isso inclui drones de vigilacircncia veiacuteculos anti-minas hospitais militares evacuaccedilatildeo meacutedica aeacuterea apoio de combate aeacutereo transporte aeacutereo taacutetico equipamentos anti-explosivos e outras tecnologias avanccediladas59

Contudo natildeo satildeo somente paiacuteses da Europa e da Ameacuterica do Norte que disponibilizam pouquiacutessimas tropas e deixam a desejar em suas contribuiccedilotildees (os europeus por exemplo respondem por menos de 7 por cento das tropas de peacekeeping da ONU e menos de 4 por cento das tropas policiais da organizaccedilatildeo60 A Iacutendia tem demonstrado apoio duradouro e extensivo ao peacekeeping ndash uma rara exceccedilatildeo entre paiacuteses com pretensotildees de lideranccedila regional ou global Outros paiacuteses deveriam pensar em seguir o recente exemplo da China e aumentar o nuacutemero de tropas policiais ou civis qualificados disponibilizados agrave ONU Por exemplo o Brasil mesmo com sua lideranccedila no Haiti ainda oferece menos pessoal que os pequenos Togo e Burkina Faso

26Global Public Policy Institute (GPPi)

Todos os membros do Conselho de Seguranccedila e colaboradores do peacekeeping deveriam aumentar a orientaccedilatildeo conceitual o treinamento e a construccedilatildeo de capacidade para a proteccedilatildeo de civis contra crimes de atrocidade

Tanto o desenvolvimento de estrateacutegias poliacuteticas quanto o uso da forccedila para proteccedilatildeo taacutetica de civis carecem grandemente de fundamentos conceituais soacutelidos com a qual qualquer outro tipo de operaccedilatildeo militar pode contar Os desafios poliacuteticos policiais e militares da proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade natildeo recebem a atenccedilatildeo conceitual e os recursos para treinamento adequados em quase todos os paiacuteses61 Natildeo eacute surpreendente que liacutederes de missatildeo e comandantes de tropas operem hoje em dia com base na tentativa e erro sem que haja uma orientaccedilatildeo ou doutrina clara Da mesma forma os membros do Conselho ndash em especial os natildeo-permanentes ndash satildeo forccedilados a tomar decisotildees difiacuteceis sobre a proteccedilatildeo de civis sem que tenham acesso a um oacutergatildeo de anaacutelise poliacutetico-militar sobre quais seriam as consequecircncias de tais accedilotildees A ausecircncia de conceitos claros e amplamente difundidos sobre as formas praacuteticas de proteccedilatildeo (para aleacutem das Zonas de exclusatildeo aeacuterea) contribuem para o estereoacutetipo muacutetuo e suspeitas de motivos escusos

Os Estados Unidos deveriam continuar a expansatildeo da sua Iniciativa Global de Operaccedilotildees de Paz (GPOI na sigla em inglecircs) e sua Parceria Africana de Resposta Raacutepida para Manutenccedilatildeo da Paz que apoiam e reforccedilam a capacidade de outros paiacuteses de treinar e manter competecircncias para a manutenccedilatildeo da paz Ambos os casos deveriam dar mais atenccedilatildeo agraves forccedilas militaresx mais frequentemente usadas no peacekeeping No futuro treinamentos e exerciacutecios da GPOI e outros deveriam incluir especificamente diferentes aspectos de proteccedilatildeo a civis 62 De forma similar a estes programas estadunidenses a Uniatildeo Europeia os governos europeus e de outros locais que possuem forccedilas armadas com tal capacidade deveriam oferecer os treinamentos e equipamentos mais modernos para os colaboradores das operaccedilotildees de paz Isso poderia criar incentivos para que unidades treinadas e equipadas efetivamente trabalhem em conjunto com a ONU a Uniatildeo Africana e as forccedilas sub-regionais na proteccedilatildeo de civis ndash no caso da UE ao novamente dar ecircnfase e expandir a Enable and Enhance Initiative

Usar a avaliaccedilatildeo atual das operaccedilotildees de paz da ONU para construir um consenso entre todas as partes interessadas (Conselho de Seguranccedila e Secretariado assim como colaboradores financeiros de tropas ou de poliacutecia) sobre o uso da forccedila somente para apoiar ndash e nunca substituir ndash uma estrateacutegia poliacutetica para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade e para planejar mandatos e operaccedilotildees adequadamente Como parte do diaacutelogo necessaacuterio sobre a utilidade do uso da forccedila a atual avaliaccedilatildeo das operaccedilotildees de paz da ONU oferece uma oportunidade de reconstruir uma linguagem comum sobre o peacekeeping seus princiacutepios e conceitos baacutesicos suas ambiccedilotildees e desafios para as tarefas de proteccedilatildeo das missotildees da ONU especialmente no que diz respeito ao uso da forccedila Os princiacutepios de consentimento imparcialidade e neutralidade atualizados no Relatoacuterio Brahimi para permitir que peacekeepers ajam contra os violadores dos acordos de paz e perpetradores de atrocidades mais uma vez satildeo distorcidos ou parecem irrelevantes em muitas operaccedilotildees A maioria dos peacekeepers

27Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

de hoje servem em situaccedilotildees de conflito ativo como no Mali ou na Repuacuteblica Centro-Africana Peacekeepers da ONU estatildeo conduzindo operaccedilotildees de combate ativo na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Em outros locais os acordos de deacutecadas atraacutes que deram origem a uma missatildeo natildeo incluem as partes que atualmente ameaccedilam ou sequestram peacekeepers como nas Colinas de Golatilde

Enquanto eacute inevitaacutevel que haja certa ambiguidade sobre os princiacutepios o uso ativo da forccedila para proteger civis soacute eacute capaz de apoiar mas nunca substituir uma estrateacutegia poliacutetica63 Onde natildeo haacute uma estrateacutegia poliacutetica realista para chegar agrave paz deve haver pelo menos uma para limitar os riscos aos civis ndash se necessaacuterio um plano que inclua o apoio de forccedilas militares da ONU como na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Estas questotildees devem ser discutidas de forma honesta pelas partes interessadas nas operaccedilotildees de paz da ONU O abismo que separa as partes nestas discussotildees natildeo estaacute entre os ocidentais que apoiam o uso de mais forccedila e os opositores natildeo-ocidentais Atualmente isso acontece entre paiacuteses que contribuem com muitas tropas como Iacutendia e Paquistatildeo preocupados com o aumento dos riscos agraves suas tropas e uma coalisatildeo mais intervencionista de paiacuteses africanos e europeus ocidentais64

A Tomada de Decisotildees sobre Accedilotildees MilitaresO atual sistema de seguranccedila coletiva que tem o Conselho de Seguranccedila na ONU como peccedila central natildeo estaacute agrave altura da tarefa de prover proteccedilatildeo efetiva e responsaacutevel O Conselho eacute incapaz de agir de forma efetiva quando alguns interesses geopoliacuteticos colidem como no caso da Siacuteria Mas ele fracassa ateacute mesmo em situaccedilotildees em que o abuso do argumento humanitaacuterio natildeo estaacute na pauta e os interesses de membros-chave do Conselho estatildeo alinhados ndash como no caso da Repuacuteblica Centro-Africana ou do Sudatildeo do Sul Um Conselho que tem o poder de estabelecer mandatos mobilizar proteccedilatildeo efetiva e limitar o medo do uso abusivo de argumentos humanitaacuterios precisaria ouvir os maiores atores poliacuteticos do mundo moderno os paiacuteses que contribuem com tropas e os financiadores

Tanto a composiccedilatildeo quanto os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila da ONU refletem a ordem mundial dos anos 1940 A fim de manter a credibilidade do sistema de seguranccedila coletiva restaurar a legitimidade do Conselho de Seguranccedila eacute uma questatildeo urgente e de interesse dos cinco membros permanentes Todavia mesmo estando bem fundadas em termos de justiccedila global e em prospectos de longo prazo para a governanccedila global as propostas jaacute existentes para uma expansatildeo do Conselho ou um papel mais proeminente da Assembleia Geral em assuntos de seguranccedila provavelmente natildeo contribuiratildeo para uma proteccedilatildeo mais efetiva contra crimes de atrocidade

Visando o 70o aniversaacuterio da ONU neste ano nossas sugestotildees datildeo ecircnfase agraves mudanccedilas procedimentais e natildeo estruturais do Conselho de Seguranccedila

28Global Public Policy Institute (GPPi)

Os cinco membros permanentes do Conselho de Seguranccedila deveriam dar mais apoio a processos decisoacuterios inclusivos dentro do Conselho e abrir canais informais de consulta sobre mandatos estrateacutegias e operaccedilotildees para todas as partes cruciais em especial potecircncias regionais e grandes colaboradores de pessoal Os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila na ONU limitam severamente seu senso de imparcialidade perante os olhos do mundo Na maioria das crises na Aacutefrica o chamado ldquopenholderrdquo ndash isto eacute o paiacutes responsaacutevel pelo rascunho das resoluccedilotildees do Conselho ndash eacute o antigo Estado colonizador ou os Estados Unidos65 Mesmo sendo uacutetil por dar uma continuidade ao longo dos anos esta organizaccedilatildeo e as relaccedilotildees internas resultantes entre os membros permanentes efetivamente excluem os membros natildeo-permanentes da maior parte das negociaccedilotildees informais onde as decisotildees mais importantes satildeo tomadas

Para que haja uma forma menos exclusiva de tomar decisotildees o precisaria de atores adicionais tanto dentro quanto fora das regiotildees relevantes para desenvolver as capacidades analiacutetica e poliacutetica de cogerenciar de forma construtiva o engajamento do Conselho e as operaccedilotildees de paz ao inveacutes de soacute defender seus proacuteprios interesses Os Estados membros e as organizaccedilotildees da sociedade civil tambeacutem devem continuar as discussotildees sobre um coacutedigo de conduta para limitaccedilatildeo voluntaacuteria do poder de veto em situaccedilotildees de crimes de atrocidade como proposto pelo governo francecircs66

Aleacutem dos procedimentos internos os membros do Conselho devem continuar expandindo as interaccedilotildees informais com as partes relevantes incluindo paiacuteses vizinhos e aqueles que contribuem com pessoal para as operaccedilotildees de paz Isso natildeo precisa se limitar a trocas diplomaacuteticas formais a fim de aumentar a qualidade e aceitaccedilatildeo dos mandatos de peacekeeping os paiacuteses responsaacuteveis pelo rascunho do mandato poderiam incluir a colaboraccedilatildeo de especialistas dos paiacuteses que contribuem com grande nuacutemero de tropas ou de policiais como por exemplo antigos comandantes de tropa ou chefes de poliacutecia67

Atores com credibilidade para fazer conexotildees no debate polarizado sobre intervenccedilatildeo militar devem facilitar os esforccedilos informais para desenvolver um sistema de monitoramento e informaccedilatildeo mais rigoroso para Estados que aderirem agraves missotildees com mandatos da ONUO conceito de Responsabilidade ao Proteger (RwP na sigla em inglecircs) eacute uma das iniciativas mais promissoras para lidar com os desacordos globais sobre o uso abusivo da Responsabilidade de Proteger Quando apresentado pelo Brasil no final de 2011 tal conceito ofereceu uma oportunidade de debate sobre o que poderia ser proteccedilatildeo efetiva e qual deveria ser o papel do uso da forccedila nessa proteccedilatildeo apoacutes a intervenccedilatildeo na Liacutebia quando essas discussotildees estavam extremamente polarizadas68 Apoacutes essa experiecircncia eacute muito improvaacutevel que o Conselho de Seguranccedila futuramente aprove uma resoluccedilatildeo autorizando o uso de forccedilas externas para a proteccedilatildeo com termos tatildeo amplos Com isso a implementaccedilatildeo de algumas ideias da proposta do RwP eacute de interesse de todos os Estados que acreditam que a forccedila deve ser uma ferramenta de uacuteltimo caso disponiacutevel

29Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

agrave comunidade internacional Discussotildees mais profundas satildeo necessaacuterias sobre os criteacuterios e condiccedilotildees considerados para que o Conselho use a forccedila para proteger populaccedilotildees Mesmo que a discussatildeo sobre criteacuterios para o uso da forccedila seja tatildeo antiga quanto a discussatildeo sobre intervenccedilatildeo humanitaacuteria69 todos os Estados membros se beneficiariam de um debate aberto sobre os sucessos e fracassos do uso da forccedila no passado e suas implicaccedilotildees no futuro como supracitado Outra questatildeo mais praacutetica diz respeito a como aumentar a habilidade do Conselho de monitorar aqueles que aderem e executam suas decisotildees Uma sugestatildeo concreta seria adotar elementos do sistema de peacekeeping como relatoacuterios e reuniotildees instrutivas regulares sobre a situaccedilatildeo das delegaccedilotildees para o uso da forccedila por terceiros As resoluccedilotildees poderiam incluir expliacutecitas claacuteusulas de caducidade que obrigariam a aprovaccedilatildeo da extensatildeo do mandato pelo Conselho de Seguranccedila e requerimentos de relatoacuterio regulares e especiacuteficos por parte daqueles Estados membros que aderirem e executarem as decisotildees do oacutergatildeo70 Outra sugestatildeo seria a criaccedilatildeo de mecanismos de responsabilizaccedilatildeo e monitoramento ao criar paineacuteis de especialistas quando os mandatos do Conselho incluiacuterem o uso da forccedila conforme modelo dos comitecircs de sanccedilotildees da ONU Relatoacuterios de comitecircs independentes como esses podem dar origem a uma praacutetica-padratildeo e contribuir para a melhora da qualidade nas decisotildees do Conselho ao longo do tempo seja antes durante ou depois das operaccedilotildees militares71

Potecircncias emergentes e jaacute estabelecidas podem fazer sua parte no avanccedilo das discussotildees sobre as questotildees colocadas pelo RwP Tanto a iniciativa oficial do Brasil quanto a ideia de ldquoProteccedilatildeo Responsaacutevelrdquo colocada por um reconhecido especialista chinecircs72 poderiam ser pontos de partida para discussotildees mais especiacuteficas e operacionais tanto entre os BRICS quanto entre os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila73 Ao inveacutes de rejeitar tais conceitos como sendo ataques agrave Responsabilidade de Proteger as potecircncias ocidentais deveriam ver essas iniciativas como uma oportunidade para um debate construtivo sobre como proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade74

Inserindo a Reflexatildeo e o Aprendizado Constantes em cada Ferramenta PoliacuteticaAinda que haja muita experiecircncia estabelecida com fracassos terriacuteveis e os poucos sucessos qualificados natildeo haacute uma base de conhecimento confiaacutevel sobre como proteger pessoas contra crimes de atrocidade Em geral governos e organizaccedilotildees internacionais continuam tratando cada crise como sendo uacutenica dando pouca atenccedilatildeo agrave reflexatildeo contiacutenua ao aprendizado e agrave adaptaccedilatildeo das poliacuteticas conforme as situaccedilotildees evoluem Os acadecircmicos jaacute aprenderam bem mais sobre o que natildeo funciona em algumas condiccedilotildees do que sobre o que poderia melhorar ndash por um lado porque cada intervenccedilatildeo poliacutetica acontece com contexto proacuteprio e por outro porque resultam de incentivos acadecircmicos e dificuldades de acesso a dados

30Global Public Policy Institute (GPPi)

Governos organizaccedilotildees internacionais sociedade civil e acadecircmicos precisam projetar poliacuteticas que sejam mais adaptaacuteveis ao conhecimento em evoluccedilatildeo e agrave avaliaccedilatildeo de riscos com base em oportunidades internas para reflexatildeo e aprendizado contiacutenuos e colaborativosEnquanto ainda haacute urgecircncia para que medidas sejam tomadas agir de forma responsaacutevel perante tanta incerteza pede que sejamos menos confiantes em nossa habilidade de determinar a melhor poliacutetica possiacutevel para cada situaccedilatildeo Poliacuteticos ativistas e intelectuais devem ser honestos consigo mesmos e transparentes com aqueles que mais sofrem com os impactos dessas poliacuteticas Natildeo haacute soluccedilotildees que tenham sido testadas e comprovadas Tudo que podemos fazer eacute tentar identificar a forma mais responsaacutevel de desenvolver cada caso enquanto nos mantemos preparados e prontos para reagir rapidamente a mudanccedilas e melhorar nossa gama de poliacuteticas instrumentais Este processo experimental de decisatildeo poliacutetica precisa ser constantemente monitorado e avaliado de forma autocriacutetica tanto interna quanto externamente atraveacutes do diaacutelogo franco e honesto entre profissionais sociedades e especialistas externos em todos os niacuteveis desde o monitoramento e avaliaccedilatildeo ateacute os debates mais amplos de poliacutetica puacuteblica sobre a eficaacutecia da forccedila militar e da diplomacia coercitiva na prevenccedilatildeo e resposta a crimes de atrocidade

31Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

1 Como a Genocide Prevention Task Force em um painel fechado de alto-niacutevel nos Estados Unidos apropriadamente argumentou em 2008 Genocide Prevention Task Force lsquoPreventing Genocide A Blueprint for US Policymakersrsquo (Washington DC The American Academy of Diplomacy US Holocaust Memorial Museum US Institute for Peace 2008) Veja tambeacutem Ruben Reike Serena Sharma e Jennifer Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo (Australian Civil-Military Centre e Oxford Institute for Ethics Law and Armed Conflict 2013) 6ff

2 Michael Ignatieff lsquoThe Libya Case a Teachable Momentrsquo Suddeutsche Zeitung Special Supplement http wwwamericanacademydesitesdefaultfilesuploadMSC202012pdf 3 de fevereiro de 2012 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 David Bosco lsquoAbstention Games on the Security Councilrsquo Foreign Policy httpforeignpolicy com20110317abstention-games-on-the-security-council 17 de marccedilo de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

3 Kofi A Annan lsquoTwo Concepts of Sovereigntyrsquo The Economist httpwwweconomistcomnode324795 16 de setembro de 1999 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

4 Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Conflict Security and Development 144 2014 Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

5 Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

6 Rosa Brooks lsquoThe UN Security Council and Civilian Protectionrsquo in Jared Genser e Bruno Ugarte eds The UN Security Council in the Age of Human Rights (New York Cambridge University Press 2013) 12 Sobre a base global para as normas de proteccedilatildeo veja Charles Sampford lsquoA Tale of Two Normsrsquo em Angus Francis Vesselin Popovski e Charles Sampford eds Norms of Protection Responsibility to Protect Protection of Civilians and Their Interaction (United Nations University Press 2012) Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

7 Para uma visatildeo geral do posicionamento do Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia e Aacutefrica do Sul sobre R2P veja os artigos na ediccedilatildeo especial de Conflict Security and Development Brockmeier Kurtz e Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Jaganathan e Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Julian Junk lsquoThe Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Xymena Kurowska lsquoMultipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Lui Tiewa e Zhang Haibin lsquoDebates in China About the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessmentrsquo Conflict Security and Development 2014 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Verhoeven Murthy e Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang Reinicke lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo ediccedilatildeo especial (144) de Conflict Security and Development (London Taylor amp Francis 2014)

8 CSR Murthy e Gerrit Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo Global Society em revisatildeo

9 Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo Global Society em revisatildeo Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo Global Society em revisatildeo

10 Judi Atkins Justifying New Labour Policy (Houndmills Basingstoke Hampshire New York Palgrave Macmillan 2011) 163 Veja por exemplo Stuenkel e Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Erna Burai lsquoParody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian Warrsquo Global Society em revisatildeo

Notas

32Global Public Policy Institute (GPPi)

11 Roland Paris lsquoThe ldquoResponsibility to Protectrdquo and the Structural Problems of Preventive Humanitarian Interventionrsquo International Peacekeeping 215 2014 4

12 Ramesh Thakur lsquoR2Prsquos ldquoStructuralrdquo Problems A Response to Roland Parisrsquo International Peacekeeping 2015 5

13 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

14 Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo Global Society em revisatildeo

15 Julian Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo Global Society em revisatildeo Julian Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo Global Society em revisatildeo

16 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

17 Erna Burai lsquoAfrican Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Groundrsquo Global Society em revisatildeo

18 Ambos os debates em torno das propostas brasileiras de Responsabilidade ao Proteger e o Diaacutelogo Interativo Informal da Assembleia Geral sobre Responsabilidade de Proteger e ldquoAccedilatildeo oportuna e decisivardquo em 2012 constituiacuteram tentativas de defensores de R2P se envolverem em discussotildees sobre o uso da forccedila e R2P Para acessar uma coleccedilatildeo de discursos durante a Assembleia Geral de 2012 veja httpwwwglobalr2porgresources278

19 Sarah Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo em Mary Kaldor e Iavor Rangelov eds The Handbook of Global Security Policy (Chichester West Sussex Wiley Blackwell 2014) 225

20 Alastair Iain Johnston lsquoThinking About Strategic Culturersquo International Security 194 1995 46

21 Pessimismo sobre a eficaacutecia da forccedila no entanto natildeo eacute o mesmo de promover a natildeo-violecircncia Alguns dos maiores defensores do ceticismo em relaccedilatildeo agraves forccedilas militares para proteccedilatildeo frequentemente recorrem a forccedilas militares ou quase militares no acircmbito domeacutestico

22 Otto Bakkano lsquoAU Pushes for Ceasefire Political Solution in Libyarsquo Mail amp Guardian httpmgcoza article2011-05-26-au-pushes-for-ceasefire-political-solution-in-libya 26 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Guido Westerwelle lsquoBundesminister Westerwelle Statement vom 25032011 zu Syrien Jemen Israel und dem Gaza-Streifen Sowie Libyenrsquo Auswartiges Amt httpwwwbrasildiplodeVertretung brasiliende07__AussenpolitikReden_20des_20Au_C3_9FenministersStatemente_20Syrienhtml 25 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

23 Barack Obama David Cameron e Nicolas Sarkozy lsquoLibyarsquos Pathway to Peacersquo The International Herald Tribune httpwwwnytimescom20110415opinion15iht-edlibya15html 15 de abril de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Reuters lsquoKerry Insists No Place for Assad in Syriarsquos Futurersquo Reuters httpwwwreuters comarticle20140117us-syria-crisis-kerry-idUSBREA0G14A20140117 17 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

24 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

25 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

26 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

27 Kersti Larsdotter lsquoExploring the Utility of Armed Force in Peace Operations German and British Approaches in Northern Afghanistanrsquo Small Wars and Insurgencies 193 2008 Taylor B Seybolt Humanitarian Military Intervention The Conditions for Success and Failure (Oxford Oxford University Press 2008) Rupert Smith The Utility of Force The Art of War in the Modern World (London Allen Lane 2005) Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

28 UN Department of Peacekeeping Operations e UN Department of Field Support lsquoOperational Concept on the Protection of Civilians in United Nations Peacekeeping Operationsrsquo (New York 2010) Sarah Sewall Dwight Raymond e Sally Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook (Cambridge MA Harvard Kennedy School 2010)

29 Harry Verhoeven documenta o exemplo de um diplomata chinecircs que ldquopensava que o Ocidente tinha inventado os Janjaweed [miliacutecias proacute- governo em Darfur] como uma desculpa para intervir Mas eles eram de verdade e matavam pessoasrdquo Harry Verhoeven lsquoIs Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa Is Changing Chinarsquo The Washington Quarterly 372 2014 64

33Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

30 BS Chimni lsquoFor Epistemological and Prudent Internationalismrsquo Harvard Law School Human Rights Journal novembro 2012 Greg Simons lsquoThe International Crisis Group and the Manufacturing and Communicating of Crisesrsquo Third World Quarterly 354 2014 Ramesh Thakur lsquoIs the United Nations Racistrsquo The Hindu httpwwwthehinducomopinionleadis-the-united-nations-racistarticle4928624ece 19 de julho de 2013 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

31 Ambassador Liu Zhenmin lsquoStatement by Ambassador Liu Zhenmin at the Plenary Session of the General Assembly on the Question of ldquoResponsibility to Protectrdquorsquo httpresponsibilitytoprotectorgStatement20 by20Ambassador20Liu20Zhenminpdf 24 de julho de 2009 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Zhang Haibin e Lui Tiewa lsquoRealizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and Thereafterrsquo Global Society em revisatildeo

32 Conversa com uma seacuterie de especialistas indianos em evento na Jawaharlal Nehru University (Nova Deacuteli Iacutendia) no dia 21 de Janeiro de 2015

33 IRIN lsquoA New Start for Crisis Reportingrsquo IRIN httpnewirinirinnewsorgpress-release 20 de novembro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34 Veja por exemplo Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoReport of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on United Nations Action in Sri Lankarsquo (New York United Nations 2012)

35 Um bom exemplo foi o briefing do Assessor Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedio para o Conselho de Seguranccedila da ONU depois de sua visita agrave Repuacuteblica Centro-Africana no dia 22 de janeiro de 2014 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoThe Statement of under Secretary-GeneralSpecial Adviser on the Prevention of Genocide Mr Adama Dieng on the Human Rights and Humanitarian Dimensions of the Crisis in the Central African Republicrsquo httpwwwunorgenpreventgenocideadviserpdfSAPG20Statement20at20UNSC20 on20the20situation20in20CAR-202220Jan202014pdf 22 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

36 Morten Bergsmo Quality Control in Fact-Finding (Florence Torkel Opsahl Academic EPublisher 2013) 210

37 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoRights up Front A Plan of Action to Strengthen the UNrsquos Role in Protecting People in Crises Follow-up to the Report of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on UN Action in Sri Lankarsquo (New York 2013)

38 Veja tambeacutem futura publicaccedilatildeo do GPPi Gerrit Kurtz lsquoA New Tool for Civilian Protection - the Human Rights up Front Initiative of the United Nationsrsquo GPPi Policy Brief futura publicaccedilatildeo

39 Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo

40 Jose Ramos-Horta lsquoIndia Right in Asking for More Say in Peacekeeping Operations-Related Decisions Top UN Panel Chiefrsquo Hindustan Times httpwwwhindustantimescomindia-newsindia-right-in-asking- for-more-say-in-peacekeeping-operations-related-decisions-top-un-panel-chiefarticle1-1314354aspx 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 13 de marccedilo de 2015

41 Thomas Biersteker et al lsquoThe Effectiveness of UN Targeted Sanctions - Findings from the Targeted Sanctions Consortium (TSC)rsquo The Graduate Institute Geneva 2013

42 Kirsten Ainley lsquoThe Responsibility to Protect and the International Criminal Court Counteracting the Crisisrsquo International Affairs 911 2015

43 Para distinccedilatildeo entre atividades ldquosistecircmicasrdquo e ldquodirecionadasrdquo veja Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

44 Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo Global Society em revisatildeo

45 Verhoeven e Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo 8 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann lsquoSchutz und Verantwortung Uber die US- Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltatenrsquo (2013)

46 Mike Brand lsquoEmploying lsquoPreventionrsquo to Prevent Mass Atrocitiesrsquo Saferworld httpwwwsaferworldorguk news-and-viewscomment123-employing-apreventiona-to-prevent-mass-atrocities 25 de fevereiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Warren Strobel e Louis Charbonneau lsquoUS Was Slow to Lose Patience as South Sudan Unraveledrsquo Reuters 14 de janeiro de 2014

47 Adam Lupel lsquoUN Adviser on Prevention of Genocide ldquoWe Have to Make Sure the Security Council Actsrdquorsquo httptheglobalobservatoryorg201404un-adviser-on-prevention-of-genocide-we-have-to-make-sure- security-council-acts 28 de abril de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34Global Public Policy Institute (GPPi)

48 Office for the Coordination of Humanitarian Affairs lsquoHumanitarian Bulletin Syriarsquo Humanitarian Bulletin Issue 53 httpreliefwebintsitesreliefwebintfilesresourcesBulletin_no_53_17032015_final_01pdf 1 de fevereiro - 18 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

49 Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

50 Human Rights Watch lsquoGermany QampA on Trial of Two Rwandan Rebel Leadersrsquo httpwwwhrworgde news20110502germany-qa-trial-two-rwandan-rebel-leaders 2 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 23 de marccedilo de 2015

51 Eric Lichtblau lsquoUS Seeks to Deport Bosnians over War Crimesrsquo New York worldus-seeks-to-deport-bosnians-over- Times httpwwwnytimescom20150301war-crimeshtml 28 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

52 Para um argumento similar observando o envolvimento internacional com a Liacutebia em 2015 veja International Crisis Group lsquoLibya Getting Geneva Rightrsquo International Crisis Group Middle East and North Africa Report Nr 157 2015

53 Kurtz e Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo

54 Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo

55 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

56 Alex J Bellamy e Charles T Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo (Asia- Pacific Centre for the Responsibility to Protect 2010) Alex J Bellamy The Responsibility to Protect A Defense (Oxford Oxford University Press 2014)

57 Ashley Jackson lsquoProtecting Civilians The Gap between Norms and Practicersquo (Humanitarian Policy Group 2014)

58 Isso jaacute foi escrito em 2009 no relatoacuterio ldquoNew Horizonrdquo do DPKO ldquoO descompasso entre expectativas e capacidade de promover proteccedilatildeo abrangente criou um significante desafio de credibilidade para as operaccedilotildees de paz da ONUrdquo Department of Peacekeeping Operations lsquoA New Partnership Agenda Charting a New Horizon for UN Peacekeepingrsquo (New York 2009) 20

59 Compare United Nations lsquoFinal Report of the Expert Panel on Technology and Innovation in UN Peacekeepingrsquo httpwwwperformancepeacekeepingorgofflinedownloadpdf 22 de dezembro de 2014

60 Compare United States Mission to the United Nations lsquoRemarks on Peacekeeping in Brussels by Samantha Power US Permanent Representative to the United Nationsrsquo httpusunstategovbriefing statements238660htm 9 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

61 Bellamy and Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo 23-24 Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

62 Isso poderia se basear no Mass Atrocities Response Operations project do US Armyrsquos Peacekeeping and Stability Operations Institute e do Harvard Kennedy Schoolrsquos Carr Center for Human Rights Veja Sewall Raymond e Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook

63 Mats Berdal e David H Ucko lsquoThe United Nations and the Use of Force Between Promise and Perilrsquo Journal of Strategic Studies 375 2014

64 Veja tambeacutem os resultados de um projeto do SIPRI sobre o futuro das operaccedilotildees de paz Jair van der Lijn e Xenia Avezov lsquoThe Future Peace Operations Landscape - Voices from Stakeholders around the Globe - Final Report of the New Geopolitics of Peace Operations Initiativersquo Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) janeiro de 2015

65 Security Council Report lsquoChairs of Subsidiary Bodies and Penholders for 2015rsquo httpwwwsecuritycouncilreportorgmonthly-forecast2015-02chairs_of_subsidiary_bodies_and_penholders_ for_2015php 30 de janeiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

66 Gareth Evans lsquoLimiting the Security Council Vetorsquo Project Syndicate httpwwwproject-syndicateorg commentarysecurity-council-veto-limit-by-gareth-evans-2015-02 4 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Kofi Annan e Gro Harlem Brundtland lsquoFour Ideas for a Stronger UNrsquo The New York Times httpwwwnytimescom20150207opinionkofi-annan-gro-harlem-bruntland-four-ideas-for-a-stronger- unhtml_r=0 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

67 Conversa com ex-comandantes militares Nova Deacuteli janeiro de 2015

68 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

35Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

69 Ibid Murthy e Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo

70 Compare tambeacutem com Bellamy The Responsibility to Protect A Defense 200

71 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

72 Ruan Zongze lsquo阮宗泽中国应倡导ldquo负责任的保护rdquo- ( China deveria defender a Proteccedilatildeo Responsaacutevel)rsquo Global Times (ediccedilatildeo chinesa) httpopinionhuanqiucom11522012-032501163html uacuteltimo acesso em 7 de marccedilo de 2012

73 Andrew Garwood-Gowers lsquoChinarsquos ldquoResponsible Protectionrdquo Concept Re-Interpreting the Responsibility to Protect (R2P) and Military Intervention for Humanitarian Purposesrsquo Asian Journal of International Law disponiacutevel em CJO2015 2015

74 Thorsten Benner lsquoBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiativersquo GPPi Working Paper Series 2013

36Global Public Policy Institute (GPPi)

Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang 4 n 4 2014) A ediccedilatildeo especial conteacutem os seguintes artigos todos disponiacuteveis gratuitamente online Introduction Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier

Regulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protect por Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

Debates in China about the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessment por Liu Tiewa e Zhang Haibin

Emerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protect por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk

Singing the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protect por Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz

Multipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protect por Xymena Kurowska

ldquoOur Identity is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Intervention por Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira

The Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protect por Julian Junk

Em breve laccedilaremos uma ediccedilatildeo especial na Global Society os seguintes artigos que estatildeo atualmente em processo de revisatildeo To Intervene in Darfur or Not Re-examining the R2P Debate and its Impacts por Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira

International Responsibility as Solidarity the Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectory por CSR Murthy e Gerrit Kurtz

Bringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenya por Julian Junk

Testing Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2P por Julian Junk

Parody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian War por Erna Burai

Protection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009 por Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan

Realizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and thereafter por Zhang Haibin e Liu Tiewa

The Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protection por Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

African Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Ground por Erna Burai

Responsibility While Protecting and the Ethics of R2P Implementation por Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier

Outras publicaccedilotildees relacionadasBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiative por Thorsten Benner Seacuterie de Working Papers do GPPi 2013

O Brasil como um Empreendedor Normativo a Responsabilidade ao Proteger por Thorsten Benner Politica Externa v 21 n 4 2013 p 35-46

Germany and the Intervention in Libya por Sarah Brockmeier Survival Global Politics and Strategy v55 n6 2013 p 63ndash90

Schutz und Verantwortung Uber die US-Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltaten por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann Heinrich Boll Foundation June 2013

Internationale Schutzverantwortung - Normative Erwartungen und Politische Praxis por Christopher Daase e Julian Junk (orgs) Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n 1-2 2013

Die Legalisierung der Legitimitat ndash Zur Kritik der Schutzverantwortung als Emerging Norm por Christopher Daase Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n1-2 2013 p 41-62

Emerging Power Exceptional State Elusive Country Explaining Indiarsquos Behavior por Madhan Mohan Jaganathan (com Amna Sunmbul) Proceedings of the International Conference on Social Sciences Chennai 2013 p 308-311

A New Tool for Civilian Protection - The Human Rights up Front Initiative of the United Nations por Gerrit Kurtz GPPi Policy Brief lanccedilamento em breve

Indiarsquos Approach to the Protection of Civilians in Armed Conflicts por CSR Murthy Norwegian Peacebuilding Resource Centre novembro de 2012

Contemporary World Order and Approaches to UN Peacekeeping A South Asian Perspective por CSR Murthy Friedrich Ebert Foundation dezembro de 2012

India-Brazil-South Africa Dialogue Forum (IBSA) The Rise of the Global South por Oliver Stuenkel Routledge Global Institutions 2014

The BRICS and the Future of Global Order por Oliver Stuenkel Lexington Press 2015

The BRICS and the Future of R2P Was Syria or Libya the Exception por Oliver Stuenkel Global Responsibility to Protect v6 n 1 2014 p 3-28

China and Responsibility to Protect Maintenance and Change of its Policy for Intervention por Liu Tiewa The Pacific Review v 25 v1 2012 p 153-173

Is China Like the Other Permanent Members Governmental and Academic Debates about RtoP by Liu Tiewa in Moacutenica Serrano e Thomas G Weiss (orgs) Rallying to the RtoP Cause The International Politics of Human Rights Routledge 2014 p 148-170

Chinese Strategic Culture and the Use of Force Moral and Political Perspectives por Liu Tiewa Journal of Contemporary China v23 n87 2014 p 556-574

Is Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa is Changing China por Harry Verhoeven The Washington Quarterly vol37 n2 2014 p 55-70

Publicaccedilotildees Selecionadas

37Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

AutoresThorsten BennerGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Sarah Brockmeier Global Public Policy InstituteBerlin Germany

Erna BuraiCentral European UniversityBudapest Hungary

CSR MurthyJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Christopher DaasePeace Research InstituteFrankfurt Germany

J Madhan MohanJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Julian JunkPeace Research InstituteFrankfurt Germany

Xymena KurowskaCentral European UniversityBudapest Hungary

Gerrit KurtzGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Liu TiewaPeking University China

Wolfgang ReinickeGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Philipp RotmannGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Ricardo Soares de OliveiraOxford UniversityUnited Kingdom

Matias SpektorFundaccedilatildeo Getulio VargasRio de Janeiro Brazil

Oliver StuenkelFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Marcos TourinhoFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Harry VerhoevenOxford UniversityUnited Kingdom

Zhang HaibinPeking UniversityChina

Global Public Policy Institute (GPPi)Reinhardtstr 7 10117 Berlin GermanyPhone +49 30 275 959 75-0Fax +49 30 275 959 75-99gppigppinet

gppinetglobalnormsnet

26Global Public Policy Institute (GPPi)

Todos os membros do Conselho de Seguranccedila e colaboradores do peacekeeping deveriam aumentar a orientaccedilatildeo conceitual o treinamento e a construccedilatildeo de capacidade para a proteccedilatildeo de civis contra crimes de atrocidade

Tanto o desenvolvimento de estrateacutegias poliacuteticas quanto o uso da forccedila para proteccedilatildeo taacutetica de civis carecem grandemente de fundamentos conceituais soacutelidos com a qual qualquer outro tipo de operaccedilatildeo militar pode contar Os desafios poliacuteticos policiais e militares da proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade natildeo recebem a atenccedilatildeo conceitual e os recursos para treinamento adequados em quase todos os paiacuteses61 Natildeo eacute surpreendente que liacutederes de missatildeo e comandantes de tropas operem hoje em dia com base na tentativa e erro sem que haja uma orientaccedilatildeo ou doutrina clara Da mesma forma os membros do Conselho ndash em especial os natildeo-permanentes ndash satildeo forccedilados a tomar decisotildees difiacuteceis sobre a proteccedilatildeo de civis sem que tenham acesso a um oacutergatildeo de anaacutelise poliacutetico-militar sobre quais seriam as consequecircncias de tais accedilotildees A ausecircncia de conceitos claros e amplamente difundidos sobre as formas praacuteticas de proteccedilatildeo (para aleacutem das Zonas de exclusatildeo aeacuterea) contribuem para o estereoacutetipo muacutetuo e suspeitas de motivos escusos

Os Estados Unidos deveriam continuar a expansatildeo da sua Iniciativa Global de Operaccedilotildees de Paz (GPOI na sigla em inglecircs) e sua Parceria Africana de Resposta Raacutepida para Manutenccedilatildeo da Paz que apoiam e reforccedilam a capacidade de outros paiacuteses de treinar e manter competecircncias para a manutenccedilatildeo da paz Ambos os casos deveriam dar mais atenccedilatildeo agraves forccedilas militaresx mais frequentemente usadas no peacekeeping No futuro treinamentos e exerciacutecios da GPOI e outros deveriam incluir especificamente diferentes aspectos de proteccedilatildeo a civis 62 De forma similar a estes programas estadunidenses a Uniatildeo Europeia os governos europeus e de outros locais que possuem forccedilas armadas com tal capacidade deveriam oferecer os treinamentos e equipamentos mais modernos para os colaboradores das operaccedilotildees de paz Isso poderia criar incentivos para que unidades treinadas e equipadas efetivamente trabalhem em conjunto com a ONU a Uniatildeo Africana e as forccedilas sub-regionais na proteccedilatildeo de civis ndash no caso da UE ao novamente dar ecircnfase e expandir a Enable and Enhance Initiative

Usar a avaliaccedilatildeo atual das operaccedilotildees de paz da ONU para construir um consenso entre todas as partes interessadas (Conselho de Seguranccedila e Secretariado assim como colaboradores financeiros de tropas ou de poliacutecia) sobre o uso da forccedila somente para apoiar ndash e nunca substituir ndash uma estrateacutegia poliacutetica para a proteccedilatildeo contra crimes de atrocidade e para planejar mandatos e operaccedilotildees adequadamente Como parte do diaacutelogo necessaacuterio sobre a utilidade do uso da forccedila a atual avaliaccedilatildeo das operaccedilotildees de paz da ONU oferece uma oportunidade de reconstruir uma linguagem comum sobre o peacekeeping seus princiacutepios e conceitos baacutesicos suas ambiccedilotildees e desafios para as tarefas de proteccedilatildeo das missotildees da ONU especialmente no que diz respeito ao uso da forccedila Os princiacutepios de consentimento imparcialidade e neutralidade atualizados no Relatoacuterio Brahimi para permitir que peacekeepers ajam contra os violadores dos acordos de paz e perpetradores de atrocidades mais uma vez satildeo distorcidos ou parecem irrelevantes em muitas operaccedilotildees A maioria dos peacekeepers

27Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

de hoje servem em situaccedilotildees de conflito ativo como no Mali ou na Repuacuteblica Centro-Africana Peacekeepers da ONU estatildeo conduzindo operaccedilotildees de combate ativo na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Em outros locais os acordos de deacutecadas atraacutes que deram origem a uma missatildeo natildeo incluem as partes que atualmente ameaccedilam ou sequestram peacekeepers como nas Colinas de Golatilde

Enquanto eacute inevitaacutevel que haja certa ambiguidade sobre os princiacutepios o uso ativo da forccedila para proteger civis soacute eacute capaz de apoiar mas nunca substituir uma estrateacutegia poliacutetica63 Onde natildeo haacute uma estrateacutegia poliacutetica realista para chegar agrave paz deve haver pelo menos uma para limitar os riscos aos civis ndash se necessaacuterio um plano que inclua o apoio de forccedilas militares da ONU como na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Estas questotildees devem ser discutidas de forma honesta pelas partes interessadas nas operaccedilotildees de paz da ONU O abismo que separa as partes nestas discussotildees natildeo estaacute entre os ocidentais que apoiam o uso de mais forccedila e os opositores natildeo-ocidentais Atualmente isso acontece entre paiacuteses que contribuem com muitas tropas como Iacutendia e Paquistatildeo preocupados com o aumento dos riscos agraves suas tropas e uma coalisatildeo mais intervencionista de paiacuteses africanos e europeus ocidentais64

A Tomada de Decisotildees sobre Accedilotildees MilitaresO atual sistema de seguranccedila coletiva que tem o Conselho de Seguranccedila na ONU como peccedila central natildeo estaacute agrave altura da tarefa de prover proteccedilatildeo efetiva e responsaacutevel O Conselho eacute incapaz de agir de forma efetiva quando alguns interesses geopoliacuteticos colidem como no caso da Siacuteria Mas ele fracassa ateacute mesmo em situaccedilotildees em que o abuso do argumento humanitaacuterio natildeo estaacute na pauta e os interesses de membros-chave do Conselho estatildeo alinhados ndash como no caso da Repuacuteblica Centro-Africana ou do Sudatildeo do Sul Um Conselho que tem o poder de estabelecer mandatos mobilizar proteccedilatildeo efetiva e limitar o medo do uso abusivo de argumentos humanitaacuterios precisaria ouvir os maiores atores poliacuteticos do mundo moderno os paiacuteses que contribuem com tropas e os financiadores

Tanto a composiccedilatildeo quanto os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila da ONU refletem a ordem mundial dos anos 1940 A fim de manter a credibilidade do sistema de seguranccedila coletiva restaurar a legitimidade do Conselho de Seguranccedila eacute uma questatildeo urgente e de interesse dos cinco membros permanentes Todavia mesmo estando bem fundadas em termos de justiccedila global e em prospectos de longo prazo para a governanccedila global as propostas jaacute existentes para uma expansatildeo do Conselho ou um papel mais proeminente da Assembleia Geral em assuntos de seguranccedila provavelmente natildeo contribuiratildeo para uma proteccedilatildeo mais efetiva contra crimes de atrocidade

Visando o 70o aniversaacuterio da ONU neste ano nossas sugestotildees datildeo ecircnfase agraves mudanccedilas procedimentais e natildeo estruturais do Conselho de Seguranccedila

28Global Public Policy Institute (GPPi)

Os cinco membros permanentes do Conselho de Seguranccedila deveriam dar mais apoio a processos decisoacuterios inclusivos dentro do Conselho e abrir canais informais de consulta sobre mandatos estrateacutegias e operaccedilotildees para todas as partes cruciais em especial potecircncias regionais e grandes colaboradores de pessoal Os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila na ONU limitam severamente seu senso de imparcialidade perante os olhos do mundo Na maioria das crises na Aacutefrica o chamado ldquopenholderrdquo ndash isto eacute o paiacutes responsaacutevel pelo rascunho das resoluccedilotildees do Conselho ndash eacute o antigo Estado colonizador ou os Estados Unidos65 Mesmo sendo uacutetil por dar uma continuidade ao longo dos anos esta organizaccedilatildeo e as relaccedilotildees internas resultantes entre os membros permanentes efetivamente excluem os membros natildeo-permanentes da maior parte das negociaccedilotildees informais onde as decisotildees mais importantes satildeo tomadas

Para que haja uma forma menos exclusiva de tomar decisotildees o precisaria de atores adicionais tanto dentro quanto fora das regiotildees relevantes para desenvolver as capacidades analiacutetica e poliacutetica de cogerenciar de forma construtiva o engajamento do Conselho e as operaccedilotildees de paz ao inveacutes de soacute defender seus proacuteprios interesses Os Estados membros e as organizaccedilotildees da sociedade civil tambeacutem devem continuar as discussotildees sobre um coacutedigo de conduta para limitaccedilatildeo voluntaacuteria do poder de veto em situaccedilotildees de crimes de atrocidade como proposto pelo governo francecircs66

Aleacutem dos procedimentos internos os membros do Conselho devem continuar expandindo as interaccedilotildees informais com as partes relevantes incluindo paiacuteses vizinhos e aqueles que contribuem com pessoal para as operaccedilotildees de paz Isso natildeo precisa se limitar a trocas diplomaacuteticas formais a fim de aumentar a qualidade e aceitaccedilatildeo dos mandatos de peacekeeping os paiacuteses responsaacuteveis pelo rascunho do mandato poderiam incluir a colaboraccedilatildeo de especialistas dos paiacuteses que contribuem com grande nuacutemero de tropas ou de policiais como por exemplo antigos comandantes de tropa ou chefes de poliacutecia67

Atores com credibilidade para fazer conexotildees no debate polarizado sobre intervenccedilatildeo militar devem facilitar os esforccedilos informais para desenvolver um sistema de monitoramento e informaccedilatildeo mais rigoroso para Estados que aderirem agraves missotildees com mandatos da ONUO conceito de Responsabilidade ao Proteger (RwP na sigla em inglecircs) eacute uma das iniciativas mais promissoras para lidar com os desacordos globais sobre o uso abusivo da Responsabilidade de Proteger Quando apresentado pelo Brasil no final de 2011 tal conceito ofereceu uma oportunidade de debate sobre o que poderia ser proteccedilatildeo efetiva e qual deveria ser o papel do uso da forccedila nessa proteccedilatildeo apoacutes a intervenccedilatildeo na Liacutebia quando essas discussotildees estavam extremamente polarizadas68 Apoacutes essa experiecircncia eacute muito improvaacutevel que o Conselho de Seguranccedila futuramente aprove uma resoluccedilatildeo autorizando o uso de forccedilas externas para a proteccedilatildeo com termos tatildeo amplos Com isso a implementaccedilatildeo de algumas ideias da proposta do RwP eacute de interesse de todos os Estados que acreditam que a forccedila deve ser uma ferramenta de uacuteltimo caso disponiacutevel

29Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

agrave comunidade internacional Discussotildees mais profundas satildeo necessaacuterias sobre os criteacuterios e condiccedilotildees considerados para que o Conselho use a forccedila para proteger populaccedilotildees Mesmo que a discussatildeo sobre criteacuterios para o uso da forccedila seja tatildeo antiga quanto a discussatildeo sobre intervenccedilatildeo humanitaacuteria69 todos os Estados membros se beneficiariam de um debate aberto sobre os sucessos e fracassos do uso da forccedila no passado e suas implicaccedilotildees no futuro como supracitado Outra questatildeo mais praacutetica diz respeito a como aumentar a habilidade do Conselho de monitorar aqueles que aderem e executam suas decisotildees Uma sugestatildeo concreta seria adotar elementos do sistema de peacekeeping como relatoacuterios e reuniotildees instrutivas regulares sobre a situaccedilatildeo das delegaccedilotildees para o uso da forccedila por terceiros As resoluccedilotildees poderiam incluir expliacutecitas claacuteusulas de caducidade que obrigariam a aprovaccedilatildeo da extensatildeo do mandato pelo Conselho de Seguranccedila e requerimentos de relatoacuterio regulares e especiacuteficos por parte daqueles Estados membros que aderirem e executarem as decisotildees do oacutergatildeo70 Outra sugestatildeo seria a criaccedilatildeo de mecanismos de responsabilizaccedilatildeo e monitoramento ao criar paineacuteis de especialistas quando os mandatos do Conselho incluiacuterem o uso da forccedila conforme modelo dos comitecircs de sanccedilotildees da ONU Relatoacuterios de comitecircs independentes como esses podem dar origem a uma praacutetica-padratildeo e contribuir para a melhora da qualidade nas decisotildees do Conselho ao longo do tempo seja antes durante ou depois das operaccedilotildees militares71

Potecircncias emergentes e jaacute estabelecidas podem fazer sua parte no avanccedilo das discussotildees sobre as questotildees colocadas pelo RwP Tanto a iniciativa oficial do Brasil quanto a ideia de ldquoProteccedilatildeo Responsaacutevelrdquo colocada por um reconhecido especialista chinecircs72 poderiam ser pontos de partida para discussotildees mais especiacuteficas e operacionais tanto entre os BRICS quanto entre os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila73 Ao inveacutes de rejeitar tais conceitos como sendo ataques agrave Responsabilidade de Proteger as potecircncias ocidentais deveriam ver essas iniciativas como uma oportunidade para um debate construtivo sobre como proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade74

Inserindo a Reflexatildeo e o Aprendizado Constantes em cada Ferramenta PoliacuteticaAinda que haja muita experiecircncia estabelecida com fracassos terriacuteveis e os poucos sucessos qualificados natildeo haacute uma base de conhecimento confiaacutevel sobre como proteger pessoas contra crimes de atrocidade Em geral governos e organizaccedilotildees internacionais continuam tratando cada crise como sendo uacutenica dando pouca atenccedilatildeo agrave reflexatildeo contiacutenua ao aprendizado e agrave adaptaccedilatildeo das poliacuteticas conforme as situaccedilotildees evoluem Os acadecircmicos jaacute aprenderam bem mais sobre o que natildeo funciona em algumas condiccedilotildees do que sobre o que poderia melhorar ndash por um lado porque cada intervenccedilatildeo poliacutetica acontece com contexto proacuteprio e por outro porque resultam de incentivos acadecircmicos e dificuldades de acesso a dados

30Global Public Policy Institute (GPPi)

Governos organizaccedilotildees internacionais sociedade civil e acadecircmicos precisam projetar poliacuteticas que sejam mais adaptaacuteveis ao conhecimento em evoluccedilatildeo e agrave avaliaccedilatildeo de riscos com base em oportunidades internas para reflexatildeo e aprendizado contiacutenuos e colaborativosEnquanto ainda haacute urgecircncia para que medidas sejam tomadas agir de forma responsaacutevel perante tanta incerteza pede que sejamos menos confiantes em nossa habilidade de determinar a melhor poliacutetica possiacutevel para cada situaccedilatildeo Poliacuteticos ativistas e intelectuais devem ser honestos consigo mesmos e transparentes com aqueles que mais sofrem com os impactos dessas poliacuteticas Natildeo haacute soluccedilotildees que tenham sido testadas e comprovadas Tudo que podemos fazer eacute tentar identificar a forma mais responsaacutevel de desenvolver cada caso enquanto nos mantemos preparados e prontos para reagir rapidamente a mudanccedilas e melhorar nossa gama de poliacuteticas instrumentais Este processo experimental de decisatildeo poliacutetica precisa ser constantemente monitorado e avaliado de forma autocriacutetica tanto interna quanto externamente atraveacutes do diaacutelogo franco e honesto entre profissionais sociedades e especialistas externos em todos os niacuteveis desde o monitoramento e avaliaccedilatildeo ateacute os debates mais amplos de poliacutetica puacuteblica sobre a eficaacutecia da forccedila militar e da diplomacia coercitiva na prevenccedilatildeo e resposta a crimes de atrocidade

31Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

1 Como a Genocide Prevention Task Force em um painel fechado de alto-niacutevel nos Estados Unidos apropriadamente argumentou em 2008 Genocide Prevention Task Force lsquoPreventing Genocide A Blueprint for US Policymakersrsquo (Washington DC The American Academy of Diplomacy US Holocaust Memorial Museum US Institute for Peace 2008) Veja tambeacutem Ruben Reike Serena Sharma e Jennifer Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo (Australian Civil-Military Centre e Oxford Institute for Ethics Law and Armed Conflict 2013) 6ff

2 Michael Ignatieff lsquoThe Libya Case a Teachable Momentrsquo Suddeutsche Zeitung Special Supplement http wwwamericanacademydesitesdefaultfilesuploadMSC202012pdf 3 de fevereiro de 2012 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 David Bosco lsquoAbstention Games on the Security Councilrsquo Foreign Policy httpforeignpolicy com20110317abstention-games-on-the-security-council 17 de marccedilo de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

3 Kofi A Annan lsquoTwo Concepts of Sovereigntyrsquo The Economist httpwwweconomistcomnode324795 16 de setembro de 1999 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

4 Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Conflict Security and Development 144 2014 Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

5 Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

6 Rosa Brooks lsquoThe UN Security Council and Civilian Protectionrsquo in Jared Genser e Bruno Ugarte eds The UN Security Council in the Age of Human Rights (New York Cambridge University Press 2013) 12 Sobre a base global para as normas de proteccedilatildeo veja Charles Sampford lsquoA Tale of Two Normsrsquo em Angus Francis Vesselin Popovski e Charles Sampford eds Norms of Protection Responsibility to Protect Protection of Civilians and Their Interaction (United Nations University Press 2012) Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

7 Para uma visatildeo geral do posicionamento do Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia e Aacutefrica do Sul sobre R2P veja os artigos na ediccedilatildeo especial de Conflict Security and Development Brockmeier Kurtz e Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Jaganathan e Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Julian Junk lsquoThe Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Xymena Kurowska lsquoMultipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Lui Tiewa e Zhang Haibin lsquoDebates in China About the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessmentrsquo Conflict Security and Development 2014 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Verhoeven Murthy e Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang Reinicke lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo ediccedilatildeo especial (144) de Conflict Security and Development (London Taylor amp Francis 2014)

8 CSR Murthy e Gerrit Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo Global Society em revisatildeo

9 Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo Global Society em revisatildeo Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo Global Society em revisatildeo

10 Judi Atkins Justifying New Labour Policy (Houndmills Basingstoke Hampshire New York Palgrave Macmillan 2011) 163 Veja por exemplo Stuenkel e Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Erna Burai lsquoParody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian Warrsquo Global Society em revisatildeo

Notas

32Global Public Policy Institute (GPPi)

11 Roland Paris lsquoThe ldquoResponsibility to Protectrdquo and the Structural Problems of Preventive Humanitarian Interventionrsquo International Peacekeeping 215 2014 4

12 Ramesh Thakur lsquoR2Prsquos ldquoStructuralrdquo Problems A Response to Roland Parisrsquo International Peacekeeping 2015 5

13 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

14 Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo Global Society em revisatildeo

15 Julian Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo Global Society em revisatildeo Julian Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo Global Society em revisatildeo

16 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

17 Erna Burai lsquoAfrican Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Groundrsquo Global Society em revisatildeo

18 Ambos os debates em torno das propostas brasileiras de Responsabilidade ao Proteger e o Diaacutelogo Interativo Informal da Assembleia Geral sobre Responsabilidade de Proteger e ldquoAccedilatildeo oportuna e decisivardquo em 2012 constituiacuteram tentativas de defensores de R2P se envolverem em discussotildees sobre o uso da forccedila e R2P Para acessar uma coleccedilatildeo de discursos durante a Assembleia Geral de 2012 veja httpwwwglobalr2porgresources278

19 Sarah Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo em Mary Kaldor e Iavor Rangelov eds The Handbook of Global Security Policy (Chichester West Sussex Wiley Blackwell 2014) 225

20 Alastair Iain Johnston lsquoThinking About Strategic Culturersquo International Security 194 1995 46

21 Pessimismo sobre a eficaacutecia da forccedila no entanto natildeo eacute o mesmo de promover a natildeo-violecircncia Alguns dos maiores defensores do ceticismo em relaccedilatildeo agraves forccedilas militares para proteccedilatildeo frequentemente recorrem a forccedilas militares ou quase militares no acircmbito domeacutestico

22 Otto Bakkano lsquoAU Pushes for Ceasefire Political Solution in Libyarsquo Mail amp Guardian httpmgcoza article2011-05-26-au-pushes-for-ceasefire-political-solution-in-libya 26 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Guido Westerwelle lsquoBundesminister Westerwelle Statement vom 25032011 zu Syrien Jemen Israel und dem Gaza-Streifen Sowie Libyenrsquo Auswartiges Amt httpwwwbrasildiplodeVertretung brasiliende07__AussenpolitikReden_20des_20Au_C3_9FenministersStatemente_20Syrienhtml 25 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

23 Barack Obama David Cameron e Nicolas Sarkozy lsquoLibyarsquos Pathway to Peacersquo The International Herald Tribune httpwwwnytimescom20110415opinion15iht-edlibya15html 15 de abril de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Reuters lsquoKerry Insists No Place for Assad in Syriarsquos Futurersquo Reuters httpwwwreuters comarticle20140117us-syria-crisis-kerry-idUSBREA0G14A20140117 17 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

24 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

25 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

26 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

27 Kersti Larsdotter lsquoExploring the Utility of Armed Force in Peace Operations German and British Approaches in Northern Afghanistanrsquo Small Wars and Insurgencies 193 2008 Taylor B Seybolt Humanitarian Military Intervention The Conditions for Success and Failure (Oxford Oxford University Press 2008) Rupert Smith The Utility of Force The Art of War in the Modern World (London Allen Lane 2005) Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

28 UN Department of Peacekeeping Operations e UN Department of Field Support lsquoOperational Concept on the Protection of Civilians in United Nations Peacekeeping Operationsrsquo (New York 2010) Sarah Sewall Dwight Raymond e Sally Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook (Cambridge MA Harvard Kennedy School 2010)

29 Harry Verhoeven documenta o exemplo de um diplomata chinecircs que ldquopensava que o Ocidente tinha inventado os Janjaweed [miliacutecias proacute- governo em Darfur] como uma desculpa para intervir Mas eles eram de verdade e matavam pessoasrdquo Harry Verhoeven lsquoIs Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa Is Changing Chinarsquo The Washington Quarterly 372 2014 64

33Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

30 BS Chimni lsquoFor Epistemological and Prudent Internationalismrsquo Harvard Law School Human Rights Journal novembro 2012 Greg Simons lsquoThe International Crisis Group and the Manufacturing and Communicating of Crisesrsquo Third World Quarterly 354 2014 Ramesh Thakur lsquoIs the United Nations Racistrsquo The Hindu httpwwwthehinducomopinionleadis-the-united-nations-racistarticle4928624ece 19 de julho de 2013 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

31 Ambassador Liu Zhenmin lsquoStatement by Ambassador Liu Zhenmin at the Plenary Session of the General Assembly on the Question of ldquoResponsibility to Protectrdquorsquo httpresponsibilitytoprotectorgStatement20 by20Ambassador20Liu20Zhenminpdf 24 de julho de 2009 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Zhang Haibin e Lui Tiewa lsquoRealizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and Thereafterrsquo Global Society em revisatildeo

32 Conversa com uma seacuterie de especialistas indianos em evento na Jawaharlal Nehru University (Nova Deacuteli Iacutendia) no dia 21 de Janeiro de 2015

33 IRIN lsquoA New Start for Crisis Reportingrsquo IRIN httpnewirinirinnewsorgpress-release 20 de novembro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34 Veja por exemplo Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoReport of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on United Nations Action in Sri Lankarsquo (New York United Nations 2012)

35 Um bom exemplo foi o briefing do Assessor Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedio para o Conselho de Seguranccedila da ONU depois de sua visita agrave Repuacuteblica Centro-Africana no dia 22 de janeiro de 2014 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoThe Statement of under Secretary-GeneralSpecial Adviser on the Prevention of Genocide Mr Adama Dieng on the Human Rights and Humanitarian Dimensions of the Crisis in the Central African Republicrsquo httpwwwunorgenpreventgenocideadviserpdfSAPG20Statement20at20UNSC20 on20the20situation20in20CAR-202220Jan202014pdf 22 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

36 Morten Bergsmo Quality Control in Fact-Finding (Florence Torkel Opsahl Academic EPublisher 2013) 210

37 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoRights up Front A Plan of Action to Strengthen the UNrsquos Role in Protecting People in Crises Follow-up to the Report of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on UN Action in Sri Lankarsquo (New York 2013)

38 Veja tambeacutem futura publicaccedilatildeo do GPPi Gerrit Kurtz lsquoA New Tool for Civilian Protection - the Human Rights up Front Initiative of the United Nationsrsquo GPPi Policy Brief futura publicaccedilatildeo

39 Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo

40 Jose Ramos-Horta lsquoIndia Right in Asking for More Say in Peacekeeping Operations-Related Decisions Top UN Panel Chiefrsquo Hindustan Times httpwwwhindustantimescomindia-newsindia-right-in-asking- for-more-say-in-peacekeeping-operations-related-decisions-top-un-panel-chiefarticle1-1314354aspx 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 13 de marccedilo de 2015

41 Thomas Biersteker et al lsquoThe Effectiveness of UN Targeted Sanctions - Findings from the Targeted Sanctions Consortium (TSC)rsquo The Graduate Institute Geneva 2013

42 Kirsten Ainley lsquoThe Responsibility to Protect and the International Criminal Court Counteracting the Crisisrsquo International Affairs 911 2015

43 Para distinccedilatildeo entre atividades ldquosistecircmicasrdquo e ldquodirecionadasrdquo veja Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

44 Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo Global Society em revisatildeo

45 Verhoeven e Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo 8 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann lsquoSchutz und Verantwortung Uber die US- Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltatenrsquo (2013)

46 Mike Brand lsquoEmploying lsquoPreventionrsquo to Prevent Mass Atrocitiesrsquo Saferworld httpwwwsaferworldorguk news-and-viewscomment123-employing-apreventiona-to-prevent-mass-atrocities 25 de fevereiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Warren Strobel e Louis Charbonneau lsquoUS Was Slow to Lose Patience as South Sudan Unraveledrsquo Reuters 14 de janeiro de 2014

47 Adam Lupel lsquoUN Adviser on Prevention of Genocide ldquoWe Have to Make Sure the Security Council Actsrdquorsquo httptheglobalobservatoryorg201404un-adviser-on-prevention-of-genocide-we-have-to-make-sure- security-council-acts 28 de abril de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34Global Public Policy Institute (GPPi)

48 Office for the Coordination of Humanitarian Affairs lsquoHumanitarian Bulletin Syriarsquo Humanitarian Bulletin Issue 53 httpreliefwebintsitesreliefwebintfilesresourcesBulletin_no_53_17032015_final_01pdf 1 de fevereiro - 18 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

49 Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

50 Human Rights Watch lsquoGermany QampA on Trial of Two Rwandan Rebel Leadersrsquo httpwwwhrworgde news20110502germany-qa-trial-two-rwandan-rebel-leaders 2 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 23 de marccedilo de 2015

51 Eric Lichtblau lsquoUS Seeks to Deport Bosnians over War Crimesrsquo New York worldus-seeks-to-deport-bosnians-over- Times httpwwwnytimescom20150301war-crimeshtml 28 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

52 Para um argumento similar observando o envolvimento internacional com a Liacutebia em 2015 veja International Crisis Group lsquoLibya Getting Geneva Rightrsquo International Crisis Group Middle East and North Africa Report Nr 157 2015

53 Kurtz e Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo

54 Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo

55 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

56 Alex J Bellamy e Charles T Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo (Asia- Pacific Centre for the Responsibility to Protect 2010) Alex J Bellamy The Responsibility to Protect A Defense (Oxford Oxford University Press 2014)

57 Ashley Jackson lsquoProtecting Civilians The Gap between Norms and Practicersquo (Humanitarian Policy Group 2014)

58 Isso jaacute foi escrito em 2009 no relatoacuterio ldquoNew Horizonrdquo do DPKO ldquoO descompasso entre expectativas e capacidade de promover proteccedilatildeo abrangente criou um significante desafio de credibilidade para as operaccedilotildees de paz da ONUrdquo Department of Peacekeeping Operations lsquoA New Partnership Agenda Charting a New Horizon for UN Peacekeepingrsquo (New York 2009) 20

59 Compare United Nations lsquoFinal Report of the Expert Panel on Technology and Innovation in UN Peacekeepingrsquo httpwwwperformancepeacekeepingorgofflinedownloadpdf 22 de dezembro de 2014

60 Compare United States Mission to the United Nations lsquoRemarks on Peacekeeping in Brussels by Samantha Power US Permanent Representative to the United Nationsrsquo httpusunstategovbriefing statements238660htm 9 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

61 Bellamy and Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo 23-24 Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

62 Isso poderia se basear no Mass Atrocities Response Operations project do US Armyrsquos Peacekeeping and Stability Operations Institute e do Harvard Kennedy Schoolrsquos Carr Center for Human Rights Veja Sewall Raymond e Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook

63 Mats Berdal e David H Ucko lsquoThe United Nations and the Use of Force Between Promise and Perilrsquo Journal of Strategic Studies 375 2014

64 Veja tambeacutem os resultados de um projeto do SIPRI sobre o futuro das operaccedilotildees de paz Jair van der Lijn e Xenia Avezov lsquoThe Future Peace Operations Landscape - Voices from Stakeholders around the Globe - Final Report of the New Geopolitics of Peace Operations Initiativersquo Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) janeiro de 2015

65 Security Council Report lsquoChairs of Subsidiary Bodies and Penholders for 2015rsquo httpwwwsecuritycouncilreportorgmonthly-forecast2015-02chairs_of_subsidiary_bodies_and_penholders_ for_2015php 30 de janeiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

66 Gareth Evans lsquoLimiting the Security Council Vetorsquo Project Syndicate httpwwwproject-syndicateorg commentarysecurity-council-veto-limit-by-gareth-evans-2015-02 4 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Kofi Annan e Gro Harlem Brundtland lsquoFour Ideas for a Stronger UNrsquo The New York Times httpwwwnytimescom20150207opinionkofi-annan-gro-harlem-bruntland-four-ideas-for-a-stronger- unhtml_r=0 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

67 Conversa com ex-comandantes militares Nova Deacuteli janeiro de 2015

68 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

35Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

69 Ibid Murthy e Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo

70 Compare tambeacutem com Bellamy The Responsibility to Protect A Defense 200

71 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

72 Ruan Zongze lsquo阮宗泽中国应倡导ldquo负责任的保护rdquo- ( China deveria defender a Proteccedilatildeo Responsaacutevel)rsquo Global Times (ediccedilatildeo chinesa) httpopinionhuanqiucom11522012-032501163html uacuteltimo acesso em 7 de marccedilo de 2012

73 Andrew Garwood-Gowers lsquoChinarsquos ldquoResponsible Protectionrdquo Concept Re-Interpreting the Responsibility to Protect (R2P) and Military Intervention for Humanitarian Purposesrsquo Asian Journal of International Law disponiacutevel em CJO2015 2015

74 Thorsten Benner lsquoBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiativersquo GPPi Working Paper Series 2013

36Global Public Policy Institute (GPPi)

Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang 4 n 4 2014) A ediccedilatildeo especial conteacutem os seguintes artigos todos disponiacuteveis gratuitamente online Introduction Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier

Regulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protect por Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

Debates in China about the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessment por Liu Tiewa e Zhang Haibin

Emerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protect por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk

Singing the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protect por Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz

Multipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protect por Xymena Kurowska

ldquoOur Identity is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Intervention por Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira

The Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protect por Julian Junk

Em breve laccedilaremos uma ediccedilatildeo especial na Global Society os seguintes artigos que estatildeo atualmente em processo de revisatildeo To Intervene in Darfur or Not Re-examining the R2P Debate and its Impacts por Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira

International Responsibility as Solidarity the Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectory por CSR Murthy e Gerrit Kurtz

Bringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenya por Julian Junk

Testing Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2P por Julian Junk

Parody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian War por Erna Burai

Protection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009 por Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan

Realizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and thereafter por Zhang Haibin e Liu Tiewa

The Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protection por Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

African Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Ground por Erna Burai

Responsibility While Protecting and the Ethics of R2P Implementation por Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier

Outras publicaccedilotildees relacionadasBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiative por Thorsten Benner Seacuterie de Working Papers do GPPi 2013

O Brasil como um Empreendedor Normativo a Responsabilidade ao Proteger por Thorsten Benner Politica Externa v 21 n 4 2013 p 35-46

Germany and the Intervention in Libya por Sarah Brockmeier Survival Global Politics and Strategy v55 n6 2013 p 63ndash90

Schutz und Verantwortung Uber die US-Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltaten por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann Heinrich Boll Foundation June 2013

Internationale Schutzverantwortung - Normative Erwartungen und Politische Praxis por Christopher Daase e Julian Junk (orgs) Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n 1-2 2013

Die Legalisierung der Legitimitat ndash Zur Kritik der Schutzverantwortung als Emerging Norm por Christopher Daase Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n1-2 2013 p 41-62

Emerging Power Exceptional State Elusive Country Explaining Indiarsquos Behavior por Madhan Mohan Jaganathan (com Amna Sunmbul) Proceedings of the International Conference on Social Sciences Chennai 2013 p 308-311

A New Tool for Civilian Protection - The Human Rights up Front Initiative of the United Nations por Gerrit Kurtz GPPi Policy Brief lanccedilamento em breve

Indiarsquos Approach to the Protection of Civilians in Armed Conflicts por CSR Murthy Norwegian Peacebuilding Resource Centre novembro de 2012

Contemporary World Order and Approaches to UN Peacekeeping A South Asian Perspective por CSR Murthy Friedrich Ebert Foundation dezembro de 2012

India-Brazil-South Africa Dialogue Forum (IBSA) The Rise of the Global South por Oliver Stuenkel Routledge Global Institutions 2014

The BRICS and the Future of Global Order por Oliver Stuenkel Lexington Press 2015

The BRICS and the Future of R2P Was Syria or Libya the Exception por Oliver Stuenkel Global Responsibility to Protect v6 n 1 2014 p 3-28

China and Responsibility to Protect Maintenance and Change of its Policy for Intervention por Liu Tiewa The Pacific Review v 25 v1 2012 p 153-173

Is China Like the Other Permanent Members Governmental and Academic Debates about RtoP by Liu Tiewa in Moacutenica Serrano e Thomas G Weiss (orgs) Rallying to the RtoP Cause The International Politics of Human Rights Routledge 2014 p 148-170

Chinese Strategic Culture and the Use of Force Moral and Political Perspectives por Liu Tiewa Journal of Contemporary China v23 n87 2014 p 556-574

Is Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa is Changing China por Harry Verhoeven The Washington Quarterly vol37 n2 2014 p 55-70

Publicaccedilotildees Selecionadas

37Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

AutoresThorsten BennerGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Sarah Brockmeier Global Public Policy InstituteBerlin Germany

Erna BuraiCentral European UniversityBudapest Hungary

CSR MurthyJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Christopher DaasePeace Research InstituteFrankfurt Germany

J Madhan MohanJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Julian JunkPeace Research InstituteFrankfurt Germany

Xymena KurowskaCentral European UniversityBudapest Hungary

Gerrit KurtzGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Liu TiewaPeking University China

Wolfgang ReinickeGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Philipp RotmannGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Ricardo Soares de OliveiraOxford UniversityUnited Kingdom

Matias SpektorFundaccedilatildeo Getulio VargasRio de Janeiro Brazil

Oliver StuenkelFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Marcos TourinhoFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Harry VerhoevenOxford UniversityUnited Kingdom

Zhang HaibinPeking UniversityChina

Global Public Policy Institute (GPPi)Reinhardtstr 7 10117 Berlin GermanyPhone +49 30 275 959 75-0Fax +49 30 275 959 75-99gppigppinet

gppinetglobalnormsnet

27Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

de hoje servem em situaccedilotildees de conflito ativo como no Mali ou na Repuacuteblica Centro-Africana Peacekeepers da ONU estatildeo conduzindo operaccedilotildees de combate ativo na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Em outros locais os acordos de deacutecadas atraacutes que deram origem a uma missatildeo natildeo incluem as partes que atualmente ameaccedilam ou sequestram peacekeepers como nas Colinas de Golatilde

Enquanto eacute inevitaacutevel que haja certa ambiguidade sobre os princiacutepios o uso ativo da forccedila para proteger civis soacute eacute capaz de apoiar mas nunca substituir uma estrateacutegia poliacutetica63 Onde natildeo haacute uma estrateacutegia poliacutetica realista para chegar agrave paz deve haver pelo menos uma para limitar os riscos aos civis ndash se necessaacuterio um plano que inclua o apoio de forccedilas militares da ONU como na Repuacuteblica Democraacutetica do Congo Estas questotildees devem ser discutidas de forma honesta pelas partes interessadas nas operaccedilotildees de paz da ONU O abismo que separa as partes nestas discussotildees natildeo estaacute entre os ocidentais que apoiam o uso de mais forccedila e os opositores natildeo-ocidentais Atualmente isso acontece entre paiacuteses que contribuem com muitas tropas como Iacutendia e Paquistatildeo preocupados com o aumento dos riscos agraves suas tropas e uma coalisatildeo mais intervencionista de paiacuteses africanos e europeus ocidentais64

A Tomada de Decisotildees sobre Accedilotildees MilitaresO atual sistema de seguranccedila coletiva que tem o Conselho de Seguranccedila na ONU como peccedila central natildeo estaacute agrave altura da tarefa de prover proteccedilatildeo efetiva e responsaacutevel O Conselho eacute incapaz de agir de forma efetiva quando alguns interesses geopoliacuteticos colidem como no caso da Siacuteria Mas ele fracassa ateacute mesmo em situaccedilotildees em que o abuso do argumento humanitaacuterio natildeo estaacute na pauta e os interesses de membros-chave do Conselho estatildeo alinhados ndash como no caso da Repuacuteblica Centro-Africana ou do Sudatildeo do Sul Um Conselho que tem o poder de estabelecer mandatos mobilizar proteccedilatildeo efetiva e limitar o medo do uso abusivo de argumentos humanitaacuterios precisaria ouvir os maiores atores poliacuteticos do mundo moderno os paiacuteses que contribuem com tropas e os financiadores

Tanto a composiccedilatildeo quanto os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila da ONU refletem a ordem mundial dos anos 1940 A fim de manter a credibilidade do sistema de seguranccedila coletiva restaurar a legitimidade do Conselho de Seguranccedila eacute uma questatildeo urgente e de interesse dos cinco membros permanentes Todavia mesmo estando bem fundadas em termos de justiccedila global e em prospectos de longo prazo para a governanccedila global as propostas jaacute existentes para uma expansatildeo do Conselho ou um papel mais proeminente da Assembleia Geral em assuntos de seguranccedila provavelmente natildeo contribuiratildeo para uma proteccedilatildeo mais efetiva contra crimes de atrocidade

Visando o 70o aniversaacuterio da ONU neste ano nossas sugestotildees datildeo ecircnfase agraves mudanccedilas procedimentais e natildeo estruturais do Conselho de Seguranccedila

28Global Public Policy Institute (GPPi)

Os cinco membros permanentes do Conselho de Seguranccedila deveriam dar mais apoio a processos decisoacuterios inclusivos dentro do Conselho e abrir canais informais de consulta sobre mandatos estrateacutegias e operaccedilotildees para todas as partes cruciais em especial potecircncias regionais e grandes colaboradores de pessoal Os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila na ONU limitam severamente seu senso de imparcialidade perante os olhos do mundo Na maioria das crises na Aacutefrica o chamado ldquopenholderrdquo ndash isto eacute o paiacutes responsaacutevel pelo rascunho das resoluccedilotildees do Conselho ndash eacute o antigo Estado colonizador ou os Estados Unidos65 Mesmo sendo uacutetil por dar uma continuidade ao longo dos anos esta organizaccedilatildeo e as relaccedilotildees internas resultantes entre os membros permanentes efetivamente excluem os membros natildeo-permanentes da maior parte das negociaccedilotildees informais onde as decisotildees mais importantes satildeo tomadas

Para que haja uma forma menos exclusiva de tomar decisotildees o precisaria de atores adicionais tanto dentro quanto fora das regiotildees relevantes para desenvolver as capacidades analiacutetica e poliacutetica de cogerenciar de forma construtiva o engajamento do Conselho e as operaccedilotildees de paz ao inveacutes de soacute defender seus proacuteprios interesses Os Estados membros e as organizaccedilotildees da sociedade civil tambeacutem devem continuar as discussotildees sobre um coacutedigo de conduta para limitaccedilatildeo voluntaacuteria do poder de veto em situaccedilotildees de crimes de atrocidade como proposto pelo governo francecircs66

Aleacutem dos procedimentos internos os membros do Conselho devem continuar expandindo as interaccedilotildees informais com as partes relevantes incluindo paiacuteses vizinhos e aqueles que contribuem com pessoal para as operaccedilotildees de paz Isso natildeo precisa se limitar a trocas diplomaacuteticas formais a fim de aumentar a qualidade e aceitaccedilatildeo dos mandatos de peacekeeping os paiacuteses responsaacuteveis pelo rascunho do mandato poderiam incluir a colaboraccedilatildeo de especialistas dos paiacuteses que contribuem com grande nuacutemero de tropas ou de policiais como por exemplo antigos comandantes de tropa ou chefes de poliacutecia67

Atores com credibilidade para fazer conexotildees no debate polarizado sobre intervenccedilatildeo militar devem facilitar os esforccedilos informais para desenvolver um sistema de monitoramento e informaccedilatildeo mais rigoroso para Estados que aderirem agraves missotildees com mandatos da ONUO conceito de Responsabilidade ao Proteger (RwP na sigla em inglecircs) eacute uma das iniciativas mais promissoras para lidar com os desacordos globais sobre o uso abusivo da Responsabilidade de Proteger Quando apresentado pelo Brasil no final de 2011 tal conceito ofereceu uma oportunidade de debate sobre o que poderia ser proteccedilatildeo efetiva e qual deveria ser o papel do uso da forccedila nessa proteccedilatildeo apoacutes a intervenccedilatildeo na Liacutebia quando essas discussotildees estavam extremamente polarizadas68 Apoacutes essa experiecircncia eacute muito improvaacutevel que o Conselho de Seguranccedila futuramente aprove uma resoluccedilatildeo autorizando o uso de forccedilas externas para a proteccedilatildeo com termos tatildeo amplos Com isso a implementaccedilatildeo de algumas ideias da proposta do RwP eacute de interesse de todos os Estados que acreditam que a forccedila deve ser uma ferramenta de uacuteltimo caso disponiacutevel

29Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

agrave comunidade internacional Discussotildees mais profundas satildeo necessaacuterias sobre os criteacuterios e condiccedilotildees considerados para que o Conselho use a forccedila para proteger populaccedilotildees Mesmo que a discussatildeo sobre criteacuterios para o uso da forccedila seja tatildeo antiga quanto a discussatildeo sobre intervenccedilatildeo humanitaacuteria69 todos os Estados membros se beneficiariam de um debate aberto sobre os sucessos e fracassos do uso da forccedila no passado e suas implicaccedilotildees no futuro como supracitado Outra questatildeo mais praacutetica diz respeito a como aumentar a habilidade do Conselho de monitorar aqueles que aderem e executam suas decisotildees Uma sugestatildeo concreta seria adotar elementos do sistema de peacekeeping como relatoacuterios e reuniotildees instrutivas regulares sobre a situaccedilatildeo das delegaccedilotildees para o uso da forccedila por terceiros As resoluccedilotildees poderiam incluir expliacutecitas claacuteusulas de caducidade que obrigariam a aprovaccedilatildeo da extensatildeo do mandato pelo Conselho de Seguranccedila e requerimentos de relatoacuterio regulares e especiacuteficos por parte daqueles Estados membros que aderirem e executarem as decisotildees do oacutergatildeo70 Outra sugestatildeo seria a criaccedilatildeo de mecanismos de responsabilizaccedilatildeo e monitoramento ao criar paineacuteis de especialistas quando os mandatos do Conselho incluiacuterem o uso da forccedila conforme modelo dos comitecircs de sanccedilotildees da ONU Relatoacuterios de comitecircs independentes como esses podem dar origem a uma praacutetica-padratildeo e contribuir para a melhora da qualidade nas decisotildees do Conselho ao longo do tempo seja antes durante ou depois das operaccedilotildees militares71

Potecircncias emergentes e jaacute estabelecidas podem fazer sua parte no avanccedilo das discussotildees sobre as questotildees colocadas pelo RwP Tanto a iniciativa oficial do Brasil quanto a ideia de ldquoProteccedilatildeo Responsaacutevelrdquo colocada por um reconhecido especialista chinecircs72 poderiam ser pontos de partida para discussotildees mais especiacuteficas e operacionais tanto entre os BRICS quanto entre os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila73 Ao inveacutes de rejeitar tais conceitos como sendo ataques agrave Responsabilidade de Proteger as potecircncias ocidentais deveriam ver essas iniciativas como uma oportunidade para um debate construtivo sobre como proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade74

Inserindo a Reflexatildeo e o Aprendizado Constantes em cada Ferramenta PoliacuteticaAinda que haja muita experiecircncia estabelecida com fracassos terriacuteveis e os poucos sucessos qualificados natildeo haacute uma base de conhecimento confiaacutevel sobre como proteger pessoas contra crimes de atrocidade Em geral governos e organizaccedilotildees internacionais continuam tratando cada crise como sendo uacutenica dando pouca atenccedilatildeo agrave reflexatildeo contiacutenua ao aprendizado e agrave adaptaccedilatildeo das poliacuteticas conforme as situaccedilotildees evoluem Os acadecircmicos jaacute aprenderam bem mais sobre o que natildeo funciona em algumas condiccedilotildees do que sobre o que poderia melhorar ndash por um lado porque cada intervenccedilatildeo poliacutetica acontece com contexto proacuteprio e por outro porque resultam de incentivos acadecircmicos e dificuldades de acesso a dados

30Global Public Policy Institute (GPPi)

Governos organizaccedilotildees internacionais sociedade civil e acadecircmicos precisam projetar poliacuteticas que sejam mais adaptaacuteveis ao conhecimento em evoluccedilatildeo e agrave avaliaccedilatildeo de riscos com base em oportunidades internas para reflexatildeo e aprendizado contiacutenuos e colaborativosEnquanto ainda haacute urgecircncia para que medidas sejam tomadas agir de forma responsaacutevel perante tanta incerteza pede que sejamos menos confiantes em nossa habilidade de determinar a melhor poliacutetica possiacutevel para cada situaccedilatildeo Poliacuteticos ativistas e intelectuais devem ser honestos consigo mesmos e transparentes com aqueles que mais sofrem com os impactos dessas poliacuteticas Natildeo haacute soluccedilotildees que tenham sido testadas e comprovadas Tudo que podemos fazer eacute tentar identificar a forma mais responsaacutevel de desenvolver cada caso enquanto nos mantemos preparados e prontos para reagir rapidamente a mudanccedilas e melhorar nossa gama de poliacuteticas instrumentais Este processo experimental de decisatildeo poliacutetica precisa ser constantemente monitorado e avaliado de forma autocriacutetica tanto interna quanto externamente atraveacutes do diaacutelogo franco e honesto entre profissionais sociedades e especialistas externos em todos os niacuteveis desde o monitoramento e avaliaccedilatildeo ateacute os debates mais amplos de poliacutetica puacuteblica sobre a eficaacutecia da forccedila militar e da diplomacia coercitiva na prevenccedilatildeo e resposta a crimes de atrocidade

31Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

1 Como a Genocide Prevention Task Force em um painel fechado de alto-niacutevel nos Estados Unidos apropriadamente argumentou em 2008 Genocide Prevention Task Force lsquoPreventing Genocide A Blueprint for US Policymakersrsquo (Washington DC The American Academy of Diplomacy US Holocaust Memorial Museum US Institute for Peace 2008) Veja tambeacutem Ruben Reike Serena Sharma e Jennifer Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo (Australian Civil-Military Centre e Oxford Institute for Ethics Law and Armed Conflict 2013) 6ff

2 Michael Ignatieff lsquoThe Libya Case a Teachable Momentrsquo Suddeutsche Zeitung Special Supplement http wwwamericanacademydesitesdefaultfilesuploadMSC202012pdf 3 de fevereiro de 2012 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 David Bosco lsquoAbstention Games on the Security Councilrsquo Foreign Policy httpforeignpolicy com20110317abstention-games-on-the-security-council 17 de marccedilo de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

3 Kofi A Annan lsquoTwo Concepts of Sovereigntyrsquo The Economist httpwwweconomistcomnode324795 16 de setembro de 1999 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

4 Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Conflict Security and Development 144 2014 Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

5 Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

6 Rosa Brooks lsquoThe UN Security Council and Civilian Protectionrsquo in Jared Genser e Bruno Ugarte eds The UN Security Council in the Age of Human Rights (New York Cambridge University Press 2013) 12 Sobre a base global para as normas de proteccedilatildeo veja Charles Sampford lsquoA Tale of Two Normsrsquo em Angus Francis Vesselin Popovski e Charles Sampford eds Norms of Protection Responsibility to Protect Protection of Civilians and Their Interaction (United Nations University Press 2012) Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

7 Para uma visatildeo geral do posicionamento do Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia e Aacutefrica do Sul sobre R2P veja os artigos na ediccedilatildeo especial de Conflict Security and Development Brockmeier Kurtz e Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Jaganathan e Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Julian Junk lsquoThe Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Xymena Kurowska lsquoMultipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Lui Tiewa e Zhang Haibin lsquoDebates in China About the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessmentrsquo Conflict Security and Development 2014 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Verhoeven Murthy e Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang Reinicke lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo ediccedilatildeo especial (144) de Conflict Security and Development (London Taylor amp Francis 2014)

8 CSR Murthy e Gerrit Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo Global Society em revisatildeo

9 Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo Global Society em revisatildeo Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo Global Society em revisatildeo

10 Judi Atkins Justifying New Labour Policy (Houndmills Basingstoke Hampshire New York Palgrave Macmillan 2011) 163 Veja por exemplo Stuenkel e Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Erna Burai lsquoParody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian Warrsquo Global Society em revisatildeo

Notas

32Global Public Policy Institute (GPPi)

11 Roland Paris lsquoThe ldquoResponsibility to Protectrdquo and the Structural Problems of Preventive Humanitarian Interventionrsquo International Peacekeeping 215 2014 4

12 Ramesh Thakur lsquoR2Prsquos ldquoStructuralrdquo Problems A Response to Roland Parisrsquo International Peacekeeping 2015 5

13 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

14 Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo Global Society em revisatildeo

15 Julian Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo Global Society em revisatildeo Julian Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo Global Society em revisatildeo

16 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

17 Erna Burai lsquoAfrican Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Groundrsquo Global Society em revisatildeo

18 Ambos os debates em torno das propostas brasileiras de Responsabilidade ao Proteger e o Diaacutelogo Interativo Informal da Assembleia Geral sobre Responsabilidade de Proteger e ldquoAccedilatildeo oportuna e decisivardquo em 2012 constituiacuteram tentativas de defensores de R2P se envolverem em discussotildees sobre o uso da forccedila e R2P Para acessar uma coleccedilatildeo de discursos durante a Assembleia Geral de 2012 veja httpwwwglobalr2porgresources278

19 Sarah Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo em Mary Kaldor e Iavor Rangelov eds The Handbook of Global Security Policy (Chichester West Sussex Wiley Blackwell 2014) 225

20 Alastair Iain Johnston lsquoThinking About Strategic Culturersquo International Security 194 1995 46

21 Pessimismo sobre a eficaacutecia da forccedila no entanto natildeo eacute o mesmo de promover a natildeo-violecircncia Alguns dos maiores defensores do ceticismo em relaccedilatildeo agraves forccedilas militares para proteccedilatildeo frequentemente recorrem a forccedilas militares ou quase militares no acircmbito domeacutestico

22 Otto Bakkano lsquoAU Pushes for Ceasefire Political Solution in Libyarsquo Mail amp Guardian httpmgcoza article2011-05-26-au-pushes-for-ceasefire-political-solution-in-libya 26 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Guido Westerwelle lsquoBundesminister Westerwelle Statement vom 25032011 zu Syrien Jemen Israel und dem Gaza-Streifen Sowie Libyenrsquo Auswartiges Amt httpwwwbrasildiplodeVertretung brasiliende07__AussenpolitikReden_20des_20Au_C3_9FenministersStatemente_20Syrienhtml 25 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

23 Barack Obama David Cameron e Nicolas Sarkozy lsquoLibyarsquos Pathway to Peacersquo The International Herald Tribune httpwwwnytimescom20110415opinion15iht-edlibya15html 15 de abril de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Reuters lsquoKerry Insists No Place for Assad in Syriarsquos Futurersquo Reuters httpwwwreuters comarticle20140117us-syria-crisis-kerry-idUSBREA0G14A20140117 17 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

24 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

25 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

26 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

27 Kersti Larsdotter lsquoExploring the Utility of Armed Force in Peace Operations German and British Approaches in Northern Afghanistanrsquo Small Wars and Insurgencies 193 2008 Taylor B Seybolt Humanitarian Military Intervention The Conditions for Success and Failure (Oxford Oxford University Press 2008) Rupert Smith The Utility of Force The Art of War in the Modern World (London Allen Lane 2005) Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

28 UN Department of Peacekeeping Operations e UN Department of Field Support lsquoOperational Concept on the Protection of Civilians in United Nations Peacekeeping Operationsrsquo (New York 2010) Sarah Sewall Dwight Raymond e Sally Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook (Cambridge MA Harvard Kennedy School 2010)

29 Harry Verhoeven documenta o exemplo de um diplomata chinecircs que ldquopensava que o Ocidente tinha inventado os Janjaweed [miliacutecias proacute- governo em Darfur] como uma desculpa para intervir Mas eles eram de verdade e matavam pessoasrdquo Harry Verhoeven lsquoIs Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa Is Changing Chinarsquo The Washington Quarterly 372 2014 64

33Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

30 BS Chimni lsquoFor Epistemological and Prudent Internationalismrsquo Harvard Law School Human Rights Journal novembro 2012 Greg Simons lsquoThe International Crisis Group and the Manufacturing and Communicating of Crisesrsquo Third World Quarterly 354 2014 Ramesh Thakur lsquoIs the United Nations Racistrsquo The Hindu httpwwwthehinducomopinionleadis-the-united-nations-racistarticle4928624ece 19 de julho de 2013 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

31 Ambassador Liu Zhenmin lsquoStatement by Ambassador Liu Zhenmin at the Plenary Session of the General Assembly on the Question of ldquoResponsibility to Protectrdquorsquo httpresponsibilitytoprotectorgStatement20 by20Ambassador20Liu20Zhenminpdf 24 de julho de 2009 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Zhang Haibin e Lui Tiewa lsquoRealizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and Thereafterrsquo Global Society em revisatildeo

32 Conversa com uma seacuterie de especialistas indianos em evento na Jawaharlal Nehru University (Nova Deacuteli Iacutendia) no dia 21 de Janeiro de 2015

33 IRIN lsquoA New Start for Crisis Reportingrsquo IRIN httpnewirinirinnewsorgpress-release 20 de novembro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34 Veja por exemplo Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoReport of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on United Nations Action in Sri Lankarsquo (New York United Nations 2012)

35 Um bom exemplo foi o briefing do Assessor Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedio para o Conselho de Seguranccedila da ONU depois de sua visita agrave Repuacuteblica Centro-Africana no dia 22 de janeiro de 2014 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoThe Statement of under Secretary-GeneralSpecial Adviser on the Prevention of Genocide Mr Adama Dieng on the Human Rights and Humanitarian Dimensions of the Crisis in the Central African Republicrsquo httpwwwunorgenpreventgenocideadviserpdfSAPG20Statement20at20UNSC20 on20the20situation20in20CAR-202220Jan202014pdf 22 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

36 Morten Bergsmo Quality Control in Fact-Finding (Florence Torkel Opsahl Academic EPublisher 2013) 210

37 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoRights up Front A Plan of Action to Strengthen the UNrsquos Role in Protecting People in Crises Follow-up to the Report of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on UN Action in Sri Lankarsquo (New York 2013)

38 Veja tambeacutem futura publicaccedilatildeo do GPPi Gerrit Kurtz lsquoA New Tool for Civilian Protection - the Human Rights up Front Initiative of the United Nationsrsquo GPPi Policy Brief futura publicaccedilatildeo

39 Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo

40 Jose Ramos-Horta lsquoIndia Right in Asking for More Say in Peacekeeping Operations-Related Decisions Top UN Panel Chiefrsquo Hindustan Times httpwwwhindustantimescomindia-newsindia-right-in-asking- for-more-say-in-peacekeeping-operations-related-decisions-top-un-panel-chiefarticle1-1314354aspx 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 13 de marccedilo de 2015

41 Thomas Biersteker et al lsquoThe Effectiveness of UN Targeted Sanctions - Findings from the Targeted Sanctions Consortium (TSC)rsquo The Graduate Institute Geneva 2013

42 Kirsten Ainley lsquoThe Responsibility to Protect and the International Criminal Court Counteracting the Crisisrsquo International Affairs 911 2015

43 Para distinccedilatildeo entre atividades ldquosistecircmicasrdquo e ldquodirecionadasrdquo veja Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

44 Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo Global Society em revisatildeo

45 Verhoeven e Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo 8 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann lsquoSchutz und Verantwortung Uber die US- Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltatenrsquo (2013)

46 Mike Brand lsquoEmploying lsquoPreventionrsquo to Prevent Mass Atrocitiesrsquo Saferworld httpwwwsaferworldorguk news-and-viewscomment123-employing-apreventiona-to-prevent-mass-atrocities 25 de fevereiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Warren Strobel e Louis Charbonneau lsquoUS Was Slow to Lose Patience as South Sudan Unraveledrsquo Reuters 14 de janeiro de 2014

47 Adam Lupel lsquoUN Adviser on Prevention of Genocide ldquoWe Have to Make Sure the Security Council Actsrdquorsquo httptheglobalobservatoryorg201404un-adviser-on-prevention-of-genocide-we-have-to-make-sure- security-council-acts 28 de abril de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34Global Public Policy Institute (GPPi)

48 Office for the Coordination of Humanitarian Affairs lsquoHumanitarian Bulletin Syriarsquo Humanitarian Bulletin Issue 53 httpreliefwebintsitesreliefwebintfilesresourcesBulletin_no_53_17032015_final_01pdf 1 de fevereiro - 18 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

49 Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

50 Human Rights Watch lsquoGermany QampA on Trial of Two Rwandan Rebel Leadersrsquo httpwwwhrworgde news20110502germany-qa-trial-two-rwandan-rebel-leaders 2 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 23 de marccedilo de 2015

51 Eric Lichtblau lsquoUS Seeks to Deport Bosnians over War Crimesrsquo New York worldus-seeks-to-deport-bosnians-over- Times httpwwwnytimescom20150301war-crimeshtml 28 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

52 Para um argumento similar observando o envolvimento internacional com a Liacutebia em 2015 veja International Crisis Group lsquoLibya Getting Geneva Rightrsquo International Crisis Group Middle East and North Africa Report Nr 157 2015

53 Kurtz e Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo

54 Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo

55 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

56 Alex J Bellamy e Charles T Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo (Asia- Pacific Centre for the Responsibility to Protect 2010) Alex J Bellamy The Responsibility to Protect A Defense (Oxford Oxford University Press 2014)

57 Ashley Jackson lsquoProtecting Civilians The Gap between Norms and Practicersquo (Humanitarian Policy Group 2014)

58 Isso jaacute foi escrito em 2009 no relatoacuterio ldquoNew Horizonrdquo do DPKO ldquoO descompasso entre expectativas e capacidade de promover proteccedilatildeo abrangente criou um significante desafio de credibilidade para as operaccedilotildees de paz da ONUrdquo Department of Peacekeeping Operations lsquoA New Partnership Agenda Charting a New Horizon for UN Peacekeepingrsquo (New York 2009) 20

59 Compare United Nations lsquoFinal Report of the Expert Panel on Technology and Innovation in UN Peacekeepingrsquo httpwwwperformancepeacekeepingorgofflinedownloadpdf 22 de dezembro de 2014

60 Compare United States Mission to the United Nations lsquoRemarks on Peacekeeping in Brussels by Samantha Power US Permanent Representative to the United Nationsrsquo httpusunstategovbriefing statements238660htm 9 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

61 Bellamy and Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo 23-24 Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

62 Isso poderia se basear no Mass Atrocities Response Operations project do US Armyrsquos Peacekeeping and Stability Operations Institute e do Harvard Kennedy Schoolrsquos Carr Center for Human Rights Veja Sewall Raymond e Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook

63 Mats Berdal e David H Ucko lsquoThe United Nations and the Use of Force Between Promise and Perilrsquo Journal of Strategic Studies 375 2014

64 Veja tambeacutem os resultados de um projeto do SIPRI sobre o futuro das operaccedilotildees de paz Jair van der Lijn e Xenia Avezov lsquoThe Future Peace Operations Landscape - Voices from Stakeholders around the Globe - Final Report of the New Geopolitics of Peace Operations Initiativersquo Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) janeiro de 2015

65 Security Council Report lsquoChairs of Subsidiary Bodies and Penholders for 2015rsquo httpwwwsecuritycouncilreportorgmonthly-forecast2015-02chairs_of_subsidiary_bodies_and_penholders_ for_2015php 30 de janeiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

66 Gareth Evans lsquoLimiting the Security Council Vetorsquo Project Syndicate httpwwwproject-syndicateorg commentarysecurity-council-veto-limit-by-gareth-evans-2015-02 4 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Kofi Annan e Gro Harlem Brundtland lsquoFour Ideas for a Stronger UNrsquo The New York Times httpwwwnytimescom20150207opinionkofi-annan-gro-harlem-bruntland-four-ideas-for-a-stronger- unhtml_r=0 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

67 Conversa com ex-comandantes militares Nova Deacuteli janeiro de 2015

68 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

35Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

69 Ibid Murthy e Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo

70 Compare tambeacutem com Bellamy The Responsibility to Protect A Defense 200

71 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

72 Ruan Zongze lsquo阮宗泽中国应倡导ldquo负责任的保护rdquo- ( China deveria defender a Proteccedilatildeo Responsaacutevel)rsquo Global Times (ediccedilatildeo chinesa) httpopinionhuanqiucom11522012-032501163html uacuteltimo acesso em 7 de marccedilo de 2012

73 Andrew Garwood-Gowers lsquoChinarsquos ldquoResponsible Protectionrdquo Concept Re-Interpreting the Responsibility to Protect (R2P) and Military Intervention for Humanitarian Purposesrsquo Asian Journal of International Law disponiacutevel em CJO2015 2015

74 Thorsten Benner lsquoBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiativersquo GPPi Working Paper Series 2013

36Global Public Policy Institute (GPPi)

Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang 4 n 4 2014) A ediccedilatildeo especial conteacutem os seguintes artigos todos disponiacuteveis gratuitamente online Introduction Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier

Regulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protect por Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

Debates in China about the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessment por Liu Tiewa e Zhang Haibin

Emerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protect por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk

Singing the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protect por Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz

Multipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protect por Xymena Kurowska

ldquoOur Identity is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Intervention por Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira

The Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protect por Julian Junk

Em breve laccedilaremos uma ediccedilatildeo especial na Global Society os seguintes artigos que estatildeo atualmente em processo de revisatildeo To Intervene in Darfur or Not Re-examining the R2P Debate and its Impacts por Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira

International Responsibility as Solidarity the Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectory por CSR Murthy e Gerrit Kurtz

Bringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenya por Julian Junk

Testing Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2P por Julian Junk

Parody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian War por Erna Burai

Protection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009 por Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan

Realizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and thereafter por Zhang Haibin e Liu Tiewa

The Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protection por Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

African Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Ground por Erna Burai

Responsibility While Protecting and the Ethics of R2P Implementation por Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier

Outras publicaccedilotildees relacionadasBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiative por Thorsten Benner Seacuterie de Working Papers do GPPi 2013

O Brasil como um Empreendedor Normativo a Responsabilidade ao Proteger por Thorsten Benner Politica Externa v 21 n 4 2013 p 35-46

Germany and the Intervention in Libya por Sarah Brockmeier Survival Global Politics and Strategy v55 n6 2013 p 63ndash90

Schutz und Verantwortung Uber die US-Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltaten por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann Heinrich Boll Foundation June 2013

Internationale Schutzverantwortung - Normative Erwartungen und Politische Praxis por Christopher Daase e Julian Junk (orgs) Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n 1-2 2013

Die Legalisierung der Legitimitat ndash Zur Kritik der Schutzverantwortung als Emerging Norm por Christopher Daase Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n1-2 2013 p 41-62

Emerging Power Exceptional State Elusive Country Explaining Indiarsquos Behavior por Madhan Mohan Jaganathan (com Amna Sunmbul) Proceedings of the International Conference on Social Sciences Chennai 2013 p 308-311

A New Tool for Civilian Protection - The Human Rights up Front Initiative of the United Nations por Gerrit Kurtz GPPi Policy Brief lanccedilamento em breve

Indiarsquos Approach to the Protection of Civilians in Armed Conflicts por CSR Murthy Norwegian Peacebuilding Resource Centre novembro de 2012

Contemporary World Order and Approaches to UN Peacekeeping A South Asian Perspective por CSR Murthy Friedrich Ebert Foundation dezembro de 2012

India-Brazil-South Africa Dialogue Forum (IBSA) The Rise of the Global South por Oliver Stuenkel Routledge Global Institutions 2014

The BRICS and the Future of Global Order por Oliver Stuenkel Lexington Press 2015

The BRICS and the Future of R2P Was Syria or Libya the Exception por Oliver Stuenkel Global Responsibility to Protect v6 n 1 2014 p 3-28

China and Responsibility to Protect Maintenance and Change of its Policy for Intervention por Liu Tiewa The Pacific Review v 25 v1 2012 p 153-173

Is China Like the Other Permanent Members Governmental and Academic Debates about RtoP by Liu Tiewa in Moacutenica Serrano e Thomas G Weiss (orgs) Rallying to the RtoP Cause The International Politics of Human Rights Routledge 2014 p 148-170

Chinese Strategic Culture and the Use of Force Moral and Political Perspectives por Liu Tiewa Journal of Contemporary China v23 n87 2014 p 556-574

Is Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa is Changing China por Harry Verhoeven The Washington Quarterly vol37 n2 2014 p 55-70

Publicaccedilotildees Selecionadas

37Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

AutoresThorsten BennerGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Sarah Brockmeier Global Public Policy InstituteBerlin Germany

Erna BuraiCentral European UniversityBudapest Hungary

CSR MurthyJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Christopher DaasePeace Research InstituteFrankfurt Germany

J Madhan MohanJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Julian JunkPeace Research InstituteFrankfurt Germany

Xymena KurowskaCentral European UniversityBudapest Hungary

Gerrit KurtzGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Liu TiewaPeking University China

Wolfgang ReinickeGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Philipp RotmannGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Ricardo Soares de OliveiraOxford UniversityUnited Kingdom

Matias SpektorFundaccedilatildeo Getulio VargasRio de Janeiro Brazil

Oliver StuenkelFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Marcos TourinhoFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Harry VerhoevenOxford UniversityUnited Kingdom

Zhang HaibinPeking UniversityChina

Global Public Policy Institute (GPPi)Reinhardtstr 7 10117 Berlin GermanyPhone +49 30 275 959 75-0Fax +49 30 275 959 75-99gppigppinet

gppinetglobalnormsnet

28Global Public Policy Institute (GPPi)

Os cinco membros permanentes do Conselho de Seguranccedila deveriam dar mais apoio a processos decisoacuterios inclusivos dentro do Conselho e abrir canais informais de consulta sobre mandatos estrateacutegias e operaccedilotildees para todas as partes cruciais em especial potecircncias regionais e grandes colaboradores de pessoal Os meacutetodos de trabalho do Conselho de Seguranccedila na ONU limitam severamente seu senso de imparcialidade perante os olhos do mundo Na maioria das crises na Aacutefrica o chamado ldquopenholderrdquo ndash isto eacute o paiacutes responsaacutevel pelo rascunho das resoluccedilotildees do Conselho ndash eacute o antigo Estado colonizador ou os Estados Unidos65 Mesmo sendo uacutetil por dar uma continuidade ao longo dos anos esta organizaccedilatildeo e as relaccedilotildees internas resultantes entre os membros permanentes efetivamente excluem os membros natildeo-permanentes da maior parte das negociaccedilotildees informais onde as decisotildees mais importantes satildeo tomadas

Para que haja uma forma menos exclusiva de tomar decisotildees o precisaria de atores adicionais tanto dentro quanto fora das regiotildees relevantes para desenvolver as capacidades analiacutetica e poliacutetica de cogerenciar de forma construtiva o engajamento do Conselho e as operaccedilotildees de paz ao inveacutes de soacute defender seus proacuteprios interesses Os Estados membros e as organizaccedilotildees da sociedade civil tambeacutem devem continuar as discussotildees sobre um coacutedigo de conduta para limitaccedilatildeo voluntaacuteria do poder de veto em situaccedilotildees de crimes de atrocidade como proposto pelo governo francecircs66

Aleacutem dos procedimentos internos os membros do Conselho devem continuar expandindo as interaccedilotildees informais com as partes relevantes incluindo paiacuteses vizinhos e aqueles que contribuem com pessoal para as operaccedilotildees de paz Isso natildeo precisa se limitar a trocas diplomaacuteticas formais a fim de aumentar a qualidade e aceitaccedilatildeo dos mandatos de peacekeeping os paiacuteses responsaacuteveis pelo rascunho do mandato poderiam incluir a colaboraccedilatildeo de especialistas dos paiacuteses que contribuem com grande nuacutemero de tropas ou de policiais como por exemplo antigos comandantes de tropa ou chefes de poliacutecia67

Atores com credibilidade para fazer conexotildees no debate polarizado sobre intervenccedilatildeo militar devem facilitar os esforccedilos informais para desenvolver um sistema de monitoramento e informaccedilatildeo mais rigoroso para Estados que aderirem agraves missotildees com mandatos da ONUO conceito de Responsabilidade ao Proteger (RwP na sigla em inglecircs) eacute uma das iniciativas mais promissoras para lidar com os desacordos globais sobre o uso abusivo da Responsabilidade de Proteger Quando apresentado pelo Brasil no final de 2011 tal conceito ofereceu uma oportunidade de debate sobre o que poderia ser proteccedilatildeo efetiva e qual deveria ser o papel do uso da forccedila nessa proteccedilatildeo apoacutes a intervenccedilatildeo na Liacutebia quando essas discussotildees estavam extremamente polarizadas68 Apoacutes essa experiecircncia eacute muito improvaacutevel que o Conselho de Seguranccedila futuramente aprove uma resoluccedilatildeo autorizando o uso de forccedilas externas para a proteccedilatildeo com termos tatildeo amplos Com isso a implementaccedilatildeo de algumas ideias da proposta do RwP eacute de interesse de todos os Estados que acreditam que a forccedila deve ser uma ferramenta de uacuteltimo caso disponiacutevel

29Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

agrave comunidade internacional Discussotildees mais profundas satildeo necessaacuterias sobre os criteacuterios e condiccedilotildees considerados para que o Conselho use a forccedila para proteger populaccedilotildees Mesmo que a discussatildeo sobre criteacuterios para o uso da forccedila seja tatildeo antiga quanto a discussatildeo sobre intervenccedilatildeo humanitaacuteria69 todos os Estados membros se beneficiariam de um debate aberto sobre os sucessos e fracassos do uso da forccedila no passado e suas implicaccedilotildees no futuro como supracitado Outra questatildeo mais praacutetica diz respeito a como aumentar a habilidade do Conselho de monitorar aqueles que aderem e executam suas decisotildees Uma sugestatildeo concreta seria adotar elementos do sistema de peacekeeping como relatoacuterios e reuniotildees instrutivas regulares sobre a situaccedilatildeo das delegaccedilotildees para o uso da forccedila por terceiros As resoluccedilotildees poderiam incluir expliacutecitas claacuteusulas de caducidade que obrigariam a aprovaccedilatildeo da extensatildeo do mandato pelo Conselho de Seguranccedila e requerimentos de relatoacuterio regulares e especiacuteficos por parte daqueles Estados membros que aderirem e executarem as decisotildees do oacutergatildeo70 Outra sugestatildeo seria a criaccedilatildeo de mecanismos de responsabilizaccedilatildeo e monitoramento ao criar paineacuteis de especialistas quando os mandatos do Conselho incluiacuterem o uso da forccedila conforme modelo dos comitecircs de sanccedilotildees da ONU Relatoacuterios de comitecircs independentes como esses podem dar origem a uma praacutetica-padratildeo e contribuir para a melhora da qualidade nas decisotildees do Conselho ao longo do tempo seja antes durante ou depois das operaccedilotildees militares71

Potecircncias emergentes e jaacute estabelecidas podem fazer sua parte no avanccedilo das discussotildees sobre as questotildees colocadas pelo RwP Tanto a iniciativa oficial do Brasil quanto a ideia de ldquoProteccedilatildeo Responsaacutevelrdquo colocada por um reconhecido especialista chinecircs72 poderiam ser pontos de partida para discussotildees mais especiacuteficas e operacionais tanto entre os BRICS quanto entre os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila73 Ao inveacutes de rejeitar tais conceitos como sendo ataques agrave Responsabilidade de Proteger as potecircncias ocidentais deveriam ver essas iniciativas como uma oportunidade para um debate construtivo sobre como proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade74

Inserindo a Reflexatildeo e o Aprendizado Constantes em cada Ferramenta PoliacuteticaAinda que haja muita experiecircncia estabelecida com fracassos terriacuteveis e os poucos sucessos qualificados natildeo haacute uma base de conhecimento confiaacutevel sobre como proteger pessoas contra crimes de atrocidade Em geral governos e organizaccedilotildees internacionais continuam tratando cada crise como sendo uacutenica dando pouca atenccedilatildeo agrave reflexatildeo contiacutenua ao aprendizado e agrave adaptaccedilatildeo das poliacuteticas conforme as situaccedilotildees evoluem Os acadecircmicos jaacute aprenderam bem mais sobre o que natildeo funciona em algumas condiccedilotildees do que sobre o que poderia melhorar ndash por um lado porque cada intervenccedilatildeo poliacutetica acontece com contexto proacuteprio e por outro porque resultam de incentivos acadecircmicos e dificuldades de acesso a dados

30Global Public Policy Institute (GPPi)

Governos organizaccedilotildees internacionais sociedade civil e acadecircmicos precisam projetar poliacuteticas que sejam mais adaptaacuteveis ao conhecimento em evoluccedilatildeo e agrave avaliaccedilatildeo de riscos com base em oportunidades internas para reflexatildeo e aprendizado contiacutenuos e colaborativosEnquanto ainda haacute urgecircncia para que medidas sejam tomadas agir de forma responsaacutevel perante tanta incerteza pede que sejamos menos confiantes em nossa habilidade de determinar a melhor poliacutetica possiacutevel para cada situaccedilatildeo Poliacuteticos ativistas e intelectuais devem ser honestos consigo mesmos e transparentes com aqueles que mais sofrem com os impactos dessas poliacuteticas Natildeo haacute soluccedilotildees que tenham sido testadas e comprovadas Tudo que podemos fazer eacute tentar identificar a forma mais responsaacutevel de desenvolver cada caso enquanto nos mantemos preparados e prontos para reagir rapidamente a mudanccedilas e melhorar nossa gama de poliacuteticas instrumentais Este processo experimental de decisatildeo poliacutetica precisa ser constantemente monitorado e avaliado de forma autocriacutetica tanto interna quanto externamente atraveacutes do diaacutelogo franco e honesto entre profissionais sociedades e especialistas externos em todos os niacuteveis desde o monitoramento e avaliaccedilatildeo ateacute os debates mais amplos de poliacutetica puacuteblica sobre a eficaacutecia da forccedila militar e da diplomacia coercitiva na prevenccedilatildeo e resposta a crimes de atrocidade

31Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

1 Como a Genocide Prevention Task Force em um painel fechado de alto-niacutevel nos Estados Unidos apropriadamente argumentou em 2008 Genocide Prevention Task Force lsquoPreventing Genocide A Blueprint for US Policymakersrsquo (Washington DC The American Academy of Diplomacy US Holocaust Memorial Museum US Institute for Peace 2008) Veja tambeacutem Ruben Reike Serena Sharma e Jennifer Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo (Australian Civil-Military Centre e Oxford Institute for Ethics Law and Armed Conflict 2013) 6ff

2 Michael Ignatieff lsquoThe Libya Case a Teachable Momentrsquo Suddeutsche Zeitung Special Supplement http wwwamericanacademydesitesdefaultfilesuploadMSC202012pdf 3 de fevereiro de 2012 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 David Bosco lsquoAbstention Games on the Security Councilrsquo Foreign Policy httpforeignpolicy com20110317abstention-games-on-the-security-council 17 de marccedilo de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

3 Kofi A Annan lsquoTwo Concepts of Sovereigntyrsquo The Economist httpwwweconomistcomnode324795 16 de setembro de 1999 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

4 Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Conflict Security and Development 144 2014 Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

5 Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

6 Rosa Brooks lsquoThe UN Security Council and Civilian Protectionrsquo in Jared Genser e Bruno Ugarte eds The UN Security Council in the Age of Human Rights (New York Cambridge University Press 2013) 12 Sobre a base global para as normas de proteccedilatildeo veja Charles Sampford lsquoA Tale of Two Normsrsquo em Angus Francis Vesselin Popovski e Charles Sampford eds Norms of Protection Responsibility to Protect Protection of Civilians and Their Interaction (United Nations University Press 2012) Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

7 Para uma visatildeo geral do posicionamento do Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia e Aacutefrica do Sul sobre R2P veja os artigos na ediccedilatildeo especial de Conflict Security and Development Brockmeier Kurtz e Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Jaganathan e Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Julian Junk lsquoThe Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Xymena Kurowska lsquoMultipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Lui Tiewa e Zhang Haibin lsquoDebates in China About the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessmentrsquo Conflict Security and Development 2014 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Verhoeven Murthy e Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang Reinicke lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo ediccedilatildeo especial (144) de Conflict Security and Development (London Taylor amp Francis 2014)

8 CSR Murthy e Gerrit Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo Global Society em revisatildeo

9 Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo Global Society em revisatildeo Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo Global Society em revisatildeo

10 Judi Atkins Justifying New Labour Policy (Houndmills Basingstoke Hampshire New York Palgrave Macmillan 2011) 163 Veja por exemplo Stuenkel e Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Erna Burai lsquoParody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian Warrsquo Global Society em revisatildeo

Notas

32Global Public Policy Institute (GPPi)

11 Roland Paris lsquoThe ldquoResponsibility to Protectrdquo and the Structural Problems of Preventive Humanitarian Interventionrsquo International Peacekeeping 215 2014 4

12 Ramesh Thakur lsquoR2Prsquos ldquoStructuralrdquo Problems A Response to Roland Parisrsquo International Peacekeeping 2015 5

13 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

14 Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo Global Society em revisatildeo

15 Julian Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo Global Society em revisatildeo Julian Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo Global Society em revisatildeo

16 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

17 Erna Burai lsquoAfrican Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Groundrsquo Global Society em revisatildeo

18 Ambos os debates em torno das propostas brasileiras de Responsabilidade ao Proteger e o Diaacutelogo Interativo Informal da Assembleia Geral sobre Responsabilidade de Proteger e ldquoAccedilatildeo oportuna e decisivardquo em 2012 constituiacuteram tentativas de defensores de R2P se envolverem em discussotildees sobre o uso da forccedila e R2P Para acessar uma coleccedilatildeo de discursos durante a Assembleia Geral de 2012 veja httpwwwglobalr2porgresources278

19 Sarah Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo em Mary Kaldor e Iavor Rangelov eds The Handbook of Global Security Policy (Chichester West Sussex Wiley Blackwell 2014) 225

20 Alastair Iain Johnston lsquoThinking About Strategic Culturersquo International Security 194 1995 46

21 Pessimismo sobre a eficaacutecia da forccedila no entanto natildeo eacute o mesmo de promover a natildeo-violecircncia Alguns dos maiores defensores do ceticismo em relaccedilatildeo agraves forccedilas militares para proteccedilatildeo frequentemente recorrem a forccedilas militares ou quase militares no acircmbito domeacutestico

22 Otto Bakkano lsquoAU Pushes for Ceasefire Political Solution in Libyarsquo Mail amp Guardian httpmgcoza article2011-05-26-au-pushes-for-ceasefire-political-solution-in-libya 26 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Guido Westerwelle lsquoBundesminister Westerwelle Statement vom 25032011 zu Syrien Jemen Israel und dem Gaza-Streifen Sowie Libyenrsquo Auswartiges Amt httpwwwbrasildiplodeVertretung brasiliende07__AussenpolitikReden_20des_20Au_C3_9FenministersStatemente_20Syrienhtml 25 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

23 Barack Obama David Cameron e Nicolas Sarkozy lsquoLibyarsquos Pathway to Peacersquo The International Herald Tribune httpwwwnytimescom20110415opinion15iht-edlibya15html 15 de abril de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Reuters lsquoKerry Insists No Place for Assad in Syriarsquos Futurersquo Reuters httpwwwreuters comarticle20140117us-syria-crisis-kerry-idUSBREA0G14A20140117 17 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

24 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

25 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

26 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

27 Kersti Larsdotter lsquoExploring the Utility of Armed Force in Peace Operations German and British Approaches in Northern Afghanistanrsquo Small Wars and Insurgencies 193 2008 Taylor B Seybolt Humanitarian Military Intervention The Conditions for Success and Failure (Oxford Oxford University Press 2008) Rupert Smith The Utility of Force The Art of War in the Modern World (London Allen Lane 2005) Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

28 UN Department of Peacekeeping Operations e UN Department of Field Support lsquoOperational Concept on the Protection of Civilians in United Nations Peacekeeping Operationsrsquo (New York 2010) Sarah Sewall Dwight Raymond e Sally Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook (Cambridge MA Harvard Kennedy School 2010)

29 Harry Verhoeven documenta o exemplo de um diplomata chinecircs que ldquopensava que o Ocidente tinha inventado os Janjaweed [miliacutecias proacute- governo em Darfur] como uma desculpa para intervir Mas eles eram de verdade e matavam pessoasrdquo Harry Verhoeven lsquoIs Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa Is Changing Chinarsquo The Washington Quarterly 372 2014 64

33Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

30 BS Chimni lsquoFor Epistemological and Prudent Internationalismrsquo Harvard Law School Human Rights Journal novembro 2012 Greg Simons lsquoThe International Crisis Group and the Manufacturing and Communicating of Crisesrsquo Third World Quarterly 354 2014 Ramesh Thakur lsquoIs the United Nations Racistrsquo The Hindu httpwwwthehinducomopinionleadis-the-united-nations-racistarticle4928624ece 19 de julho de 2013 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

31 Ambassador Liu Zhenmin lsquoStatement by Ambassador Liu Zhenmin at the Plenary Session of the General Assembly on the Question of ldquoResponsibility to Protectrdquorsquo httpresponsibilitytoprotectorgStatement20 by20Ambassador20Liu20Zhenminpdf 24 de julho de 2009 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Zhang Haibin e Lui Tiewa lsquoRealizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and Thereafterrsquo Global Society em revisatildeo

32 Conversa com uma seacuterie de especialistas indianos em evento na Jawaharlal Nehru University (Nova Deacuteli Iacutendia) no dia 21 de Janeiro de 2015

33 IRIN lsquoA New Start for Crisis Reportingrsquo IRIN httpnewirinirinnewsorgpress-release 20 de novembro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34 Veja por exemplo Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoReport of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on United Nations Action in Sri Lankarsquo (New York United Nations 2012)

35 Um bom exemplo foi o briefing do Assessor Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedio para o Conselho de Seguranccedila da ONU depois de sua visita agrave Repuacuteblica Centro-Africana no dia 22 de janeiro de 2014 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoThe Statement of under Secretary-GeneralSpecial Adviser on the Prevention of Genocide Mr Adama Dieng on the Human Rights and Humanitarian Dimensions of the Crisis in the Central African Republicrsquo httpwwwunorgenpreventgenocideadviserpdfSAPG20Statement20at20UNSC20 on20the20situation20in20CAR-202220Jan202014pdf 22 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

36 Morten Bergsmo Quality Control in Fact-Finding (Florence Torkel Opsahl Academic EPublisher 2013) 210

37 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoRights up Front A Plan of Action to Strengthen the UNrsquos Role in Protecting People in Crises Follow-up to the Report of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on UN Action in Sri Lankarsquo (New York 2013)

38 Veja tambeacutem futura publicaccedilatildeo do GPPi Gerrit Kurtz lsquoA New Tool for Civilian Protection - the Human Rights up Front Initiative of the United Nationsrsquo GPPi Policy Brief futura publicaccedilatildeo

39 Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo

40 Jose Ramos-Horta lsquoIndia Right in Asking for More Say in Peacekeeping Operations-Related Decisions Top UN Panel Chiefrsquo Hindustan Times httpwwwhindustantimescomindia-newsindia-right-in-asking- for-more-say-in-peacekeeping-operations-related-decisions-top-un-panel-chiefarticle1-1314354aspx 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 13 de marccedilo de 2015

41 Thomas Biersteker et al lsquoThe Effectiveness of UN Targeted Sanctions - Findings from the Targeted Sanctions Consortium (TSC)rsquo The Graduate Institute Geneva 2013

42 Kirsten Ainley lsquoThe Responsibility to Protect and the International Criminal Court Counteracting the Crisisrsquo International Affairs 911 2015

43 Para distinccedilatildeo entre atividades ldquosistecircmicasrdquo e ldquodirecionadasrdquo veja Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

44 Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo Global Society em revisatildeo

45 Verhoeven e Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo 8 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann lsquoSchutz und Verantwortung Uber die US- Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltatenrsquo (2013)

46 Mike Brand lsquoEmploying lsquoPreventionrsquo to Prevent Mass Atrocitiesrsquo Saferworld httpwwwsaferworldorguk news-and-viewscomment123-employing-apreventiona-to-prevent-mass-atrocities 25 de fevereiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Warren Strobel e Louis Charbonneau lsquoUS Was Slow to Lose Patience as South Sudan Unraveledrsquo Reuters 14 de janeiro de 2014

47 Adam Lupel lsquoUN Adviser on Prevention of Genocide ldquoWe Have to Make Sure the Security Council Actsrdquorsquo httptheglobalobservatoryorg201404un-adviser-on-prevention-of-genocide-we-have-to-make-sure- security-council-acts 28 de abril de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34Global Public Policy Institute (GPPi)

48 Office for the Coordination of Humanitarian Affairs lsquoHumanitarian Bulletin Syriarsquo Humanitarian Bulletin Issue 53 httpreliefwebintsitesreliefwebintfilesresourcesBulletin_no_53_17032015_final_01pdf 1 de fevereiro - 18 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

49 Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

50 Human Rights Watch lsquoGermany QampA on Trial of Two Rwandan Rebel Leadersrsquo httpwwwhrworgde news20110502germany-qa-trial-two-rwandan-rebel-leaders 2 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 23 de marccedilo de 2015

51 Eric Lichtblau lsquoUS Seeks to Deport Bosnians over War Crimesrsquo New York worldus-seeks-to-deport-bosnians-over- Times httpwwwnytimescom20150301war-crimeshtml 28 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

52 Para um argumento similar observando o envolvimento internacional com a Liacutebia em 2015 veja International Crisis Group lsquoLibya Getting Geneva Rightrsquo International Crisis Group Middle East and North Africa Report Nr 157 2015

53 Kurtz e Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo

54 Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo

55 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

56 Alex J Bellamy e Charles T Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo (Asia- Pacific Centre for the Responsibility to Protect 2010) Alex J Bellamy The Responsibility to Protect A Defense (Oxford Oxford University Press 2014)

57 Ashley Jackson lsquoProtecting Civilians The Gap between Norms and Practicersquo (Humanitarian Policy Group 2014)

58 Isso jaacute foi escrito em 2009 no relatoacuterio ldquoNew Horizonrdquo do DPKO ldquoO descompasso entre expectativas e capacidade de promover proteccedilatildeo abrangente criou um significante desafio de credibilidade para as operaccedilotildees de paz da ONUrdquo Department of Peacekeeping Operations lsquoA New Partnership Agenda Charting a New Horizon for UN Peacekeepingrsquo (New York 2009) 20

59 Compare United Nations lsquoFinal Report of the Expert Panel on Technology and Innovation in UN Peacekeepingrsquo httpwwwperformancepeacekeepingorgofflinedownloadpdf 22 de dezembro de 2014

60 Compare United States Mission to the United Nations lsquoRemarks on Peacekeeping in Brussels by Samantha Power US Permanent Representative to the United Nationsrsquo httpusunstategovbriefing statements238660htm 9 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

61 Bellamy and Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo 23-24 Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

62 Isso poderia se basear no Mass Atrocities Response Operations project do US Armyrsquos Peacekeeping and Stability Operations Institute e do Harvard Kennedy Schoolrsquos Carr Center for Human Rights Veja Sewall Raymond e Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook

63 Mats Berdal e David H Ucko lsquoThe United Nations and the Use of Force Between Promise and Perilrsquo Journal of Strategic Studies 375 2014

64 Veja tambeacutem os resultados de um projeto do SIPRI sobre o futuro das operaccedilotildees de paz Jair van der Lijn e Xenia Avezov lsquoThe Future Peace Operations Landscape - Voices from Stakeholders around the Globe - Final Report of the New Geopolitics of Peace Operations Initiativersquo Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) janeiro de 2015

65 Security Council Report lsquoChairs of Subsidiary Bodies and Penholders for 2015rsquo httpwwwsecuritycouncilreportorgmonthly-forecast2015-02chairs_of_subsidiary_bodies_and_penholders_ for_2015php 30 de janeiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

66 Gareth Evans lsquoLimiting the Security Council Vetorsquo Project Syndicate httpwwwproject-syndicateorg commentarysecurity-council-veto-limit-by-gareth-evans-2015-02 4 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Kofi Annan e Gro Harlem Brundtland lsquoFour Ideas for a Stronger UNrsquo The New York Times httpwwwnytimescom20150207opinionkofi-annan-gro-harlem-bruntland-four-ideas-for-a-stronger- unhtml_r=0 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

67 Conversa com ex-comandantes militares Nova Deacuteli janeiro de 2015

68 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

35Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

69 Ibid Murthy e Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo

70 Compare tambeacutem com Bellamy The Responsibility to Protect A Defense 200

71 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

72 Ruan Zongze lsquo阮宗泽中国应倡导ldquo负责任的保护rdquo- ( China deveria defender a Proteccedilatildeo Responsaacutevel)rsquo Global Times (ediccedilatildeo chinesa) httpopinionhuanqiucom11522012-032501163html uacuteltimo acesso em 7 de marccedilo de 2012

73 Andrew Garwood-Gowers lsquoChinarsquos ldquoResponsible Protectionrdquo Concept Re-Interpreting the Responsibility to Protect (R2P) and Military Intervention for Humanitarian Purposesrsquo Asian Journal of International Law disponiacutevel em CJO2015 2015

74 Thorsten Benner lsquoBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiativersquo GPPi Working Paper Series 2013

36Global Public Policy Institute (GPPi)

Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang 4 n 4 2014) A ediccedilatildeo especial conteacutem os seguintes artigos todos disponiacuteveis gratuitamente online Introduction Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier

Regulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protect por Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

Debates in China about the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessment por Liu Tiewa e Zhang Haibin

Emerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protect por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk

Singing the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protect por Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz

Multipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protect por Xymena Kurowska

ldquoOur Identity is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Intervention por Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira

The Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protect por Julian Junk

Em breve laccedilaremos uma ediccedilatildeo especial na Global Society os seguintes artigos que estatildeo atualmente em processo de revisatildeo To Intervene in Darfur or Not Re-examining the R2P Debate and its Impacts por Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira

International Responsibility as Solidarity the Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectory por CSR Murthy e Gerrit Kurtz

Bringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenya por Julian Junk

Testing Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2P por Julian Junk

Parody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian War por Erna Burai

Protection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009 por Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan

Realizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and thereafter por Zhang Haibin e Liu Tiewa

The Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protection por Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

African Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Ground por Erna Burai

Responsibility While Protecting and the Ethics of R2P Implementation por Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier

Outras publicaccedilotildees relacionadasBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiative por Thorsten Benner Seacuterie de Working Papers do GPPi 2013

O Brasil como um Empreendedor Normativo a Responsabilidade ao Proteger por Thorsten Benner Politica Externa v 21 n 4 2013 p 35-46

Germany and the Intervention in Libya por Sarah Brockmeier Survival Global Politics and Strategy v55 n6 2013 p 63ndash90

Schutz und Verantwortung Uber die US-Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltaten por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann Heinrich Boll Foundation June 2013

Internationale Schutzverantwortung - Normative Erwartungen und Politische Praxis por Christopher Daase e Julian Junk (orgs) Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n 1-2 2013

Die Legalisierung der Legitimitat ndash Zur Kritik der Schutzverantwortung als Emerging Norm por Christopher Daase Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n1-2 2013 p 41-62

Emerging Power Exceptional State Elusive Country Explaining Indiarsquos Behavior por Madhan Mohan Jaganathan (com Amna Sunmbul) Proceedings of the International Conference on Social Sciences Chennai 2013 p 308-311

A New Tool for Civilian Protection - The Human Rights up Front Initiative of the United Nations por Gerrit Kurtz GPPi Policy Brief lanccedilamento em breve

Indiarsquos Approach to the Protection of Civilians in Armed Conflicts por CSR Murthy Norwegian Peacebuilding Resource Centre novembro de 2012

Contemporary World Order and Approaches to UN Peacekeeping A South Asian Perspective por CSR Murthy Friedrich Ebert Foundation dezembro de 2012

India-Brazil-South Africa Dialogue Forum (IBSA) The Rise of the Global South por Oliver Stuenkel Routledge Global Institutions 2014

The BRICS and the Future of Global Order por Oliver Stuenkel Lexington Press 2015

The BRICS and the Future of R2P Was Syria or Libya the Exception por Oliver Stuenkel Global Responsibility to Protect v6 n 1 2014 p 3-28

China and Responsibility to Protect Maintenance and Change of its Policy for Intervention por Liu Tiewa The Pacific Review v 25 v1 2012 p 153-173

Is China Like the Other Permanent Members Governmental and Academic Debates about RtoP by Liu Tiewa in Moacutenica Serrano e Thomas G Weiss (orgs) Rallying to the RtoP Cause The International Politics of Human Rights Routledge 2014 p 148-170

Chinese Strategic Culture and the Use of Force Moral and Political Perspectives por Liu Tiewa Journal of Contemporary China v23 n87 2014 p 556-574

Is Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa is Changing China por Harry Verhoeven The Washington Quarterly vol37 n2 2014 p 55-70

Publicaccedilotildees Selecionadas

37Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

AutoresThorsten BennerGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Sarah Brockmeier Global Public Policy InstituteBerlin Germany

Erna BuraiCentral European UniversityBudapest Hungary

CSR MurthyJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Christopher DaasePeace Research InstituteFrankfurt Germany

J Madhan MohanJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Julian JunkPeace Research InstituteFrankfurt Germany

Xymena KurowskaCentral European UniversityBudapest Hungary

Gerrit KurtzGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Liu TiewaPeking University China

Wolfgang ReinickeGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Philipp RotmannGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Ricardo Soares de OliveiraOxford UniversityUnited Kingdom

Matias SpektorFundaccedilatildeo Getulio VargasRio de Janeiro Brazil

Oliver StuenkelFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Marcos TourinhoFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Harry VerhoevenOxford UniversityUnited Kingdom

Zhang HaibinPeking UniversityChina

Global Public Policy Institute (GPPi)Reinhardtstr 7 10117 Berlin GermanyPhone +49 30 275 959 75-0Fax +49 30 275 959 75-99gppigppinet

gppinetglobalnormsnet

29Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

agrave comunidade internacional Discussotildees mais profundas satildeo necessaacuterias sobre os criteacuterios e condiccedilotildees considerados para que o Conselho use a forccedila para proteger populaccedilotildees Mesmo que a discussatildeo sobre criteacuterios para o uso da forccedila seja tatildeo antiga quanto a discussatildeo sobre intervenccedilatildeo humanitaacuteria69 todos os Estados membros se beneficiariam de um debate aberto sobre os sucessos e fracassos do uso da forccedila no passado e suas implicaccedilotildees no futuro como supracitado Outra questatildeo mais praacutetica diz respeito a como aumentar a habilidade do Conselho de monitorar aqueles que aderem e executam suas decisotildees Uma sugestatildeo concreta seria adotar elementos do sistema de peacekeeping como relatoacuterios e reuniotildees instrutivas regulares sobre a situaccedilatildeo das delegaccedilotildees para o uso da forccedila por terceiros As resoluccedilotildees poderiam incluir expliacutecitas claacuteusulas de caducidade que obrigariam a aprovaccedilatildeo da extensatildeo do mandato pelo Conselho de Seguranccedila e requerimentos de relatoacuterio regulares e especiacuteficos por parte daqueles Estados membros que aderirem e executarem as decisotildees do oacutergatildeo70 Outra sugestatildeo seria a criaccedilatildeo de mecanismos de responsabilizaccedilatildeo e monitoramento ao criar paineacuteis de especialistas quando os mandatos do Conselho incluiacuterem o uso da forccedila conforme modelo dos comitecircs de sanccedilotildees da ONU Relatoacuterios de comitecircs independentes como esses podem dar origem a uma praacutetica-padratildeo e contribuir para a melhora da qualidade nas decisotildees do Conselho ao longo do tempo seja antes durante ou depois das operaccedilotildees militares71

Potecircncias emergentes e jaacute estabelecidas podem fazer sua parte no avanccedilo das discussotildees sobre as questotildees colocadas pelo RwP Tanto a iniciativa oficial do Brasil quanto a ideia de ldquoProteccedilatildeo Responsaacutevelrdquo colocada por um reconhecido especialista chinecircs72 poderiam ser pontos de partida para discussotildees mais especiacuteficas e operacionais tanto entre os BRICS quanto entre os membros permanentes do Conselho de Seguranccedila73 Ao inveacutes de rejeitar tais conceitos como sendo ataques agrave Responsabilidade de Proteger as potecircncias ocidentais deveriam ver essas iniciativas como uma oportunidade para um debate construtivo sobre como proteger populaccedilotildees contra crimes de atrocidade74

Inserindo a Reflexatildeo e o Aprendizado Constantes em cada Ferramenta PoliacuteticaAinda que haja muita experiecircncia estabelecida com fracassos terriacuteveis e os poucos sucessos qualificados natildeo haacute uma base de conhecimento confiaacutevel sobre como proteger pessoas contra crimes de atrocidade Em geral governos e organizaccedilotildees internacionais continuam tratando cada crise como sendo uacutenica dando pouca atenccedilatildeo agrave reflexatildeo contiacutenua ao aprendizado e agrave adaptaccedilatildeo das poliacuteticas conforme as situaccedilotildees evoluem Os acadecircmicos jaacute aprenderam bem mais sobre o que natildeo funciona em algumas condiccedilotildees do que sobre o que poderia melhorar ndash por um lado porque cada intervenccedilatildeo poliacutetica acontece com contexto proacuteprio e por outro porque resultam de incentivos acadecircmicos e dificuldades de acesso a dados

30Global Public Policy Institute (GPPi)

Governos organizaccedilotildees internacionais sociedade civil e acadecircmicos precisam projetar poliacuteticas que sejam mais adaptaacuteveis ao conhecimento em evoluccedilatildeo e agrave avaliaccedilatildeo de riscos com base em oportunidades internas para reflexatildeo e aprendizado contiacutenuos e colaborativosEnquanto ainda haacute urgecircncia para que medidas sejam tomadas agir de forma responsaacutevel perante tanta incerteza pede que sejamos menos confiantes em nossa habilidade de determinar a melhor poliacutetica possiacutevel para cada situaccedilatildeo Poliacuteticos ativistas e intelectuais devem ser honestos consigo mesmos e transparentes com aqueles que mais sofrem com os impactos dessas poliacuteticas Natildeo haacute soluccedilotildees que tenham sido testadas e comprovadas Tudo que podemos fazer eacute tentar identificar a forma mais responsaacutevel de desenvolver cada caso enquanto nos mantemos preparados e prontos para reagir rapidamente a mudanccedilas e melhorar nossa gama de poliacuteticas instrumentais Este processo experimental de decisatildeo poliacutetica precisa ser constantemente monitorado e avaliado de forma autocriacutetica tanto interna quanto externamente atraveacutes do diaacutelogo franco e honesto entre profissionais sociedades e especialistas externos em todos os niacuteveis desde o monitoramento e avaliaccedilatildeo ateacute os debates mais amplos de poliacutetica puacuteblica sobre a eficaacutecia da forccedila militar e da diplomacia coercitiva na prevenccedilatildeo e resposta a crimes de atrocidade

31Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

1 Como a Genocide Prevention Task Force em um painel fechado de alto-niacutevel nos Estados Unidos apropriadamente argumentou em 2008 Genocide Prevention Task Force lsquoPreventing Genocide A Blueprint for US Policymakersrsquo (Washington DC The American Academy of Diplomacy US Holocaust Memorial Museum US Institute for Peace 2008) Veja tambeacutem Ruben Reike Serena Sharma e Jennifer Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo (Australian Civil-Military Centre e Oxford Institute for Ethics Law and Armed Conflict 2013) 6ff

2 Michael Ignatieff lsquoThe Libya Case a Teachable Momentrsquo Suddeutsche Zeitung Special Supplement http wwwamericanacademydesitesdefaultfilesuploadMSC202012pdf 3 de fevereiro de 2012 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 David Bosco lsquoAbstention Games on the Security Councilrsquo Foreign Policy httpforeignpolicy com20110317abstention-games-on-the-security-council 17 de marccedilo de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

3 Kofi A Annan lsquoTwo Concepts of Sovereigntyrsquo The Economist httpwwweconomistcomnode324795 16 de setembro de 1999 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

4 Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Conflict Security and Development 144 2014 Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

5 Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

6 Rosa Brooks lsquoThe UN Security Council and Civilian Protectionrsquo in Jared Genser e Bruno Ugarte eds The UN Security Council in the Age of Human Rights (New York Cambridge University Press 2013) 12 Sobre a base global para as normas de proteccedilatildeo veja Charles Sampford lsquoA Tale of Two Normsrsquo em Angus Francis Vesselin Popovski e Charles Sampford eds Norms of Protection Responsibility to Protect Protection of Civilians and Their Interaction (United Nations University Press 2012) Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

7 Para uma visatildeo geral do posicionamento do Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia e Aacutefrica do Sul sobre R2P veja os artigos na ediccedilatildeo especial de Conflict Security and Development Brockmeier Kurtz e Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Jaganathan e Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Julian Junk lsquoThe Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Xymena Kurowska lsquoMultipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Lui Tiewa e Zhang Haibin lsquoDebates in China About the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessmentrsquo Conflict Security and Development 2014 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Verhoeven Murthy e Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang Reinicke lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo ediccedilatildeo especial (144) de Conflict Security and Development (London Taylor amp Francis 2014)

8 CSR Murthy e Gerrit Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo Global Society em revisatildeo

9 Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo Global Society em revisatildeo Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo Global Society em revisatildeo

10 Judi Atkins Justifying New Labour Policy (Houndmills Basingstoke Hampshire New York Palgrave Macmillan 2011) 163 Veja por exemplo Stuenkel e Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Erna Burai lsquoParody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian Warrsquo Global Society em revisatildeo

Notas

32Global Public Policy Institute (GPPi)

11 Roland Paris lsquoThe ldquoResponsibility to Protectrdquo and the Structural Problems of Preventive Humanitarian Interventionrsquo International Peacekeeping 215 2014 4

12 Ramesh Thakur lsquoR2Prsquos ldquoStructuralrdquo Problems A Response to Roland Parisrsquo International Peacekeeping 2015 5

13 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

14 Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo Global Society em revisatildeo

15 Julian Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo Global Society em revisatildeo Julian Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo Global Society em revisatildeo

16 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

17 Erna Burai lsquoAfrican Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Groundrsquo Global Society em revisatildeo

18 Ambos os debates em torno das propostas brasileiras de Responsabilidade ao Proteger e o Diaacutelogo Interativo Informal da Assembleia Geral sobre Responsabilidade de Proteger e ldquoAccedilatildeo oportuna e decisivardquo em 2012 constituiacuteram tentativas de defensores de R2P se envolverem em discussotildees sobre o uso da forccedila e R2P Para acessar uma coleccedilatildeo de discursos durante a Assembleia Geral de 2012 veja httpwwwglobalr2porgresources278

19 Sarah Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo em Mary Kaldor e Iavor Rangelov eds The Handbook of Global Security Policy (Chichester West Sussex Wiley Blackwell 2014) 225

20 Alastair Iain Johnston lsquoThinking About Strategic Culturersquo International Security 194 1995 46

21 Pessimismo sobre a eficaacutecia da forccedila no entanto natildeo eacute o mesmo de promover a natildeo-violecircncia Alguns dos maiores defensores do ceticismo em relaccedilatildeo agraves forccedilas militares para proteccedilatildeo frequentemente recorrem a forccedilas militares ou quase militares no acircmbito domeacutestico

22 Otto Bakkano lsquoAU Pushes for Ceasefire Political Solution in Libyarsquo Mail amp Guardian httpmgcoza article2011-05-26-au-pushes-for-ceasefire-political-solution-in-libya 26 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Guido Westerwelle lsquoBundesminister Westerwelle Statement vom 25032011 zu Syrien Jemen Israel und dem Gaza-Streifen Sowie Libyenrsquo Auswartiges Amt httpwwwbrasildiplodeVertretung brasiliende07__AussenpolitikReden_20des_20Au_C3_9FenministersStatemente_20Syrienhtml 25 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

23 Barack Obama David Cameron e Nicolas Sarkozy lsquoLibyarsquos Pathway to Peacersquo The International Herald Tribune httpwwwnytimescom20110415opinion15iht-edlibya15html 15 de abril de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Reuters lsquoKerry Insists No Place for Assad in Syriarsquos Futurersquo Reuters httpwwwreuters comarticle20140117us-syria-crisis-kerry-idUSBREA0G14A20140117 17 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

24 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

25 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

26 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

27 Kersti Larsdotter lsquoExploring the Utility of Armed Force in Peace Operations German and British Approaches in Northern Afghanistanrsquo Small Wars and Insurgencies 193 2008 Taylor B Seybolt Humanitarian Military Intervention The Conditions for Success and Failure (Oxford Oxford University Press 2008) Rupert Smith The Utility of Force The Art of War in the Modern World (London Allen Lane 2005) Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

28 UN Department of Peacekeeping Operations e UN Department of Field Support lsquoOperational Concept on the Protection of Civilians in United Nations Peacekeeping Operationsrsquo (New York 2010) Sarah Sewall Dwight Raymond e Sally Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook (Cambridge MA Harvard Kennedy School 2010)

29 Harry Verhoeven documenta o exemplo de um diplomata chinecircs que ldquopensava que o Ocidente tinha inventado os Janjaweed [miliacutecias proacute- governo em Darfur] como uma desculpa para intervir Mas eles eram de verdade e matavam pessoasrdquo Harry Verhoeven lsquoIs Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa Is Changing Chinarsquo The Washington Quarterly 372 2014 64

33Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

30 BS Chimni lsquoFor Epistemological and Prudent Internationalismrsquo Harvard Law School Human Rights Journal novembro 2012 Greg Simons lsquoThe International Crisis Group and the Manufacturing and Communicating of Crisesrsquo Third World Quarterly 354 2014 Ramesh Thakur lsquoIs the United Nations Racistrsquo The Hindu httpwwwthehinducomopinionleadis-the-united-nations-racistarticle4928624ece 19 de julho de 2013 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

31 Ambassador Liu Zhenmin lsquoStatement by Ambassador Liu Zhenmin at the Plenary Session of the General Assembly on the Question of ldquoResponsibility to Protectrdquorsquo httpresponsibilitytoprotectorgStatement20 by20Ambassador20Liu20Zhenminpdf 24 de julho de 2009 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Zhang Haibin e Lui Tiewa lsquoRealizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and Thereafterrsquo Global Society em revisatildeo

32 Conversa com uma seacuterie de especialistas indianos em evento na Jawaharlal Nehru University (Nova Deacuteli Iacutendia) no dia 21 de Janeiro de 2015

33 IRIN lsquoA New Start for Crisis Reportingrsquo IRIN httpnewirinirinnewsorgpress-release 20 de novembro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34 Veja por exemplo Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoReport of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on United Nations Action in Sri Lankarsquo (New York United Nations 2012)

35 Um bom exemplo foi o briefing do Assessor Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedio para o Conselho de Seguranccedila da ONU depois de sua visita agrave Repuacuteblica Centro-Africana no dia 22 de janeiro de 2014 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoThe Statement of under Secretary-GeneralSpecial Adviser on the Prevention of Genocide Mr Adama Dieng on the Human Rights and Humanitarian Dimensions of the Crisis in the Central African Republicrsquo httpwwwunorgenpreventgenocideadviserpdfSAPG20Statement20at20UNSC20 on20the20situation20in20CAR-202220Jan202014pdf 22 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

36 Morten Bergsmo Quality Control in Fact-Finding (Florence Torkel Opsahl Academic EPublisher 2013) 210

37 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoRights up Front A Plan of Action to Strengthen the UNrsquos Role in Protecting People in Crises Follow-up to the Report of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on UN Action in Sri Lankarsquo (New York 2013)

38 Veja tambeacutem futura publicaccedilatildeo do GPPi Gerrit Kurtz lsquoA New Tool for Civilian Protection - the Human Rights up Front Initiative of the United Nationsrsquo GPPi Policy Brief futura publicaccedilatildeo

39 Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo

40 Jose Ramos-Horta lsquoIndia Right in Asking for More Say in Peacekeeping Operations-Related Decisions Top UN Panel Chiefrsquo Hindustan Times httpwwwhindustantimescomindia-newsindia-right-in-asking- for-more-say-in-peacekeeping-operations-related-decisions-top-un-panel-chiefarticle1-1314354aspx 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 13 de marccedilo de 2015

41 Thomas Biersteker et al lsquoThe Effectiveness of UN Targeted Sanctions - Findings from the Targeted Sanctions Consortium (TSC)rsquo The Graduate Institute Geneva 2013

42 Kirsten Ainley lsquoThe Responsibility to Protect and the International Criminal Court Counteracting the Crisisrsquo International Affairs 911 2015

43 Para distinccedilatildeo entre atividades ldquosistecircmicasrdquo e ldquodirecionadasrdquo veja Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

44 Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo Global Society em revisatildeo

45 Verhoeven e Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo 8 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann lsquoSchutz und Verantwortung Uber die US- Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltatenrsquo (2013)

46 Mike Brand lsquoEmploying lsquoPreventionrsquo to Prevent Mass Atrocitiesrsquo Saferworld httpwwwsaferworldorguk news-and-viewscomment123-employing-apreventiona-to-prevent-mass-atrocities 25 de fevereiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Warren Strobel e Louis Charbonneau lsquoUS Was Slow to Lose Patience as South Sudan Unraveledrsquo Reuters 14 de janeiro de 2014

47 Adam Lupel lsquoUN Adviser on Prevention of Genocide ldquoWe Have to Make Sure the Security Council Actsrdquorsquo httptheglobalobservatoryorg201404un-adviser-on-prevention-of-genocide-we-have-to-make-sure- security-council-acts 28 de abril de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34Global Public Policy Institute (GPPi)

48 Office for the Coordination of Humanitarian Affairs lsquoHumanitarian Bulletin Syriarsquo Humanitarian Bulletin Issue 53 httpreliefwebintsitesreliefwebintfilesresourcesBulletin_no_53_17032015_final_01pdf 1 de fevereiro - 18 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

49 Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

50 Human Rights Watch lsquoGermany QampA on Trial of Two Rwandan Rebel Leadersrsquo httpwwwhrworgde news20110502germany-qa-trial-two-rwandan-rebel-leaders 2 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 23 de marccedilo de 2015

51 Eric Lichtblau lsquoUS Seeks to Deport Bosnians over War Crimesrsquo New York worldus-seeks-to-deport-bosnians-over- Times httpwwwnytimescom20150301war-crimeshtml 28 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

52 Para um argumento similar observando o envolvimento internacional com a Liacutebia em 2015 veja International Crisis Group lsquoLibya Getting Geneva Rightrsquo International Crisis Group Middle East and North Africa Report Nr 157 2015

53 Kurtz e Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo

54 Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo

55 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

56 Alex J Bellamy e Charles T Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo (Asia- Pacific Centre for the Responsibility to Protect 2010) Alex J Bellamy The Responsibility to Protect A Defense (Oxford Oxford University Press 2014)

57 Ashley Jackson lsquoProtecting Civilians The Gap between Norms and Practicersquo (Humanitarian Policy Group 2014)

58 Isso jaacute foi escrito em 2009 no relatoacuterio ldquoNew Horizonrdquo do DPKO ldquoO descompasso entre expectativas e capacidade de promover proteccedilatildeo abrangente criou um significante desafio de credibilidade para as operaccedilotildees de paz da ONUrdquo Department of Peacekeeping Operations lsquoA New Partnership Agenda Charting a New Horizon for UN Peacekeepingrsquo (New York 2009) 20

59 Compare United Nations lsquoFinal Report of the Expert Panel on Technology and Innovation in UN Peacekeepingrsquo httpwwwperformancepeacekeepingorgofflinedownloadpdf 22 de dezembro de 2014

60 Compare United States Mission to the United Nations lsquoRemarks on Peacekeeping in Brussels by Samantha Power US Permanent Representative to the United Nationsrsquo httpusunstategovbriefing statements238660htm 9 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

61 Bellamy and Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo 23-24 Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

62 Isso poderia se basear no Mass Atrocities Response Operations project do US Armyrsquos Peacekeeping and Stability Operations Institute e do Harvard Kennedy Schoolrsquos Carr Center for Human Rights Veja Sewall Raymond e Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook

63 Mats Berdal e David H Ucko lsquoThe United Nations and the Use of Force Between Promise and Perilrsquo Journal of Strategic Studies 375 2014

64 Veja tambeacutem os resultados de um projeto do SIPRI sobre o futuro das operaccedilotildees de paz Jair van der Lijn e Xenia Avezov lsquoThe Future Peace Operations Landscape - Voices from Stakeholders around the Globe - Final Report of the New Geopolitics of Peace Operations Initiativersquo Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) janeiro de 2015

65 Security Council Report lsquoChairs of Subsidiary Bodies and Penholders for 2015rsquo httpwwwsecuritycouncilreportorgmonthly-forecast2015-02chairs_of_subsidiary_bodies_and_penholders_ for_2015php 30 de janeiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

66 Gareth Evans lsquoLimiting the Security Council Vetorsquo Project Syndicate httpwwwproject-syndicateorg commentarysecurity-council-veto-limit-by-gareth-evans-2015-02 4 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Kofi Annan e Gro Harlem Brundtland lsquoFour Ideas for a Stronger UNrsquo The New York Times httpwwwnytimescom20150207opinionkofi-annan-gro-harlem-bruntland-four-ideas-for-a-stronger- unhtml_r=0 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

67 Conversa com ex-comandantes militares Nova Deacuteli janeiro de 2015

68 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

35Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

69 Ibid Murthy e Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo

70 Compare tambeacutem com Bellamy The Responsibility to Protect A Defense 200

71 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

72 Ruan Zongze lsquo阮宗泽中国应倡导ldquo负责任的保护rdquo- ( China deveria defender a Proteccedilatildeo Responsaacutevel)rsquo Global Times (ediccedilatildeo chinesa) httpopinionhuanqiucom11522012-032501163html uacuteltimo acesso em 7 de marccedilo de 2012

73 Andrew Garwood-Gowers lsquoChinarsquos ldquoResponsible Protectionrdquo Concept Re-Interpreting the Responsibility to Protect (R2P) and Military Intervention for Humanitarian Purposesrsquo Asian Journal of International Law disponiacutevel em CJO2015 2015

74 Thorsten Benner lsquoBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiativersquo GPPi Working Paper Series 2013

36Global Public Policy Institute (GPPi)

Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang 4 n 4 2014) A ediccedilatildeo especial conteacutem os seguintes artigos todos disponiacuteveis gratuitamente online Introduction Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier

Regulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protect por Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

Debates in China about the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessment por Liu Tiewa e Zhang Haibin

Emerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protect por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk

Singing the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protect por Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz

Multipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protect por Xymena Kurowska

ldquoOur Identity is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Intervention por Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira

The Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protect por Julian Junk

Em breve laccedilaremos uma ediccedilatildeo especial na Global Society os seguintes artigos que estatildeo atualmente em processo de revisatildeo To Intervene in Darfur or Not Re-examining the R2P Debate and its Impacts por Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira

International Responsibility as Solidarity the Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectory por CSR Murthy e Gerrit Kurtz

Bringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenya por Julian Junk

Testing Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2P por Julian Junk

Parody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian War por Erna Burai

Protection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009 por Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan

Realizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and thereafter por Zhang Haibin e Liu Tiewa

The Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protection por Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

African Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Ground por Erna Burai

Responsibility While Protecting and the Ethics of R2P Implementation por Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier

Outras publicaccedilotildees relacionadasBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiative por Thorsten Benner Seacuterie de Working Papers do GPPi 2013

O Brasil como um Empreendedor Normativo a Responsabilidade ao Proteger por Thorsten Benner Politica Externa v 21 n 4 2013 p 35-46

Germany and the Intervention in Libya por Sarah Brockmeier Survival Global Politics and Strategy v55 n6 2013 p 63ndash90

Schutz und Verantwortung Uber die US-Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltaten por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann Heinrich Boll Foundation June 2013

Internationale Schutzverantwortung - Normative Erwartungen und Politische Praxis por Christopher Daase e Julian Junk (orgs) Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n 1-2 2013

Die Legalisierung der Legitimitat ndash Zur Kritik der Schutzverantwortung als Emerging Norm por Christopher Daase Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n1-2 2013 p 41-62

Emerging Power Exceptional State Elusive Country Explaining Indiarsquos Behavior por Madhan Mohan Jaganathan (com Amna Sunmbul) Proceedings of the International Conference on Social Sciences Chennai 2013 p 308-311

A New Tool for Civilian Protection - The Human Rights up Front Initiative of the United Nations por Gerrit Kurtz GPPi Policy Brief lanccedilamento em breve

Indiarsquos Approach to the Protection of Civilians in Armed Conflicts por CSR Murthy Norwegian Peacebuilding Resource Centre novembro de 2012

Contemporary World Order and Approaches to UN Peacekeeping A South Asian Perspective por CSR Murthy Friedrich Ebert Foundation dezembro de 2012

India-Brazil-South Africa Dialogue Forum (IBSA) The Rise of the Global South por Oliver Stuenkel Routledge Global Institutions 2014

The BRICS and the Future of Global Order por Oliver Stuenkel Lexington Press 2015

The BRICS and the Future of R2P Was Syria or Libya the Exception por Oliver Stuenkel Global Responsibility to Protect v6 n 1 2014 p 3-28

China and Responsibility to Protect Maintenance and Change of its Policy for Intervention por Liu Tiewa The Pacific Review v 25 v1 2012 p 153-173

Is China Like the Other Permanent Members Governmental and Academic Debates about RtoP by Liu Tiewa in Moacutenica Serrano e Thomas G Weiss (orgs) Rallying to the RtoP Cause The International Politics of Human Rights Routledge 2014 p 148-170

Chinese Strategic Culture and the Use of Force Moral and Political Perspectives por Liu Tiewa Journal of Contemporary China v23 n87 2014 p 556-574

Is Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa is Changing China por Harry Verhoeven The Washington Quarterly vol37 n2 2014 p 55-70

Publicaccedilotildees Selecionadas

37Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

AutoresThorsten BennerGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Sarah Brockmeier Global Public Policy InstituteBerlin Germany

Erna BuraiCentral European UniversityBudapest Hungary

CSR MurthyJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Christopher DaasePeace Research InstituteFrankfurt Germany

J Madhan MohanJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Julian JunkPeace Research InstituteFrankfurt Germany

Xymena KurowskaCentral European UniversityBudapest Hungary

Gerrit KurtzGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Liu TiewaPeking University China

Wolfgang ReinickeGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Philipp RotmannGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Ricardo Soares de OliveiraOxford UniversityUnited Kingdom

Matias SpektorFundaccedilatildeo Getulio VargasRio de Janeiro Brazil

Oliver StuenkelFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Marcos TourinhoFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Harry VerhoevenOxford UniversityUnited Kingdom

Zhang HaibinPeking UniversityChina

Global Public Policy Institute (GPPi)Reinhardtstr 7 10117 Berlin GermanyPhone +49 30 275 959 75-0Fax +49 30 275 959 75-99gppigppinet

gppinetglobalnormsnet

30Global Public Policy Institute (GPPi)

Governos organizaccedilotildees internacionais sociedade civil e acadecircmicos precisam projetar poliacuteticas que sejam mais adaptaacuteveis ao conhecimento em evoluccedilatildeo e agrave avaliaccedilatildeo de riscos com base em oportunidades internas para reflexatildeo e aprendizado contiacutenuos e colaborativosEnquanto ainda haacute urgecircncia para que medidas sejam tomadas agir de forma responsaacutevel perante tanta incerteza pede que sejamos menos confiantes em nossa habilidade de determinar a melhor poliacutetica possiacutevel para cada situaccedilatildeo Poliacuteticos ativistas e intelectuais devem ser honestos consigo mesmos e transparentes com aqueles que mais sofrem com os impactos dessas poliacuteticas Natildeo haacute soluccedilotildees que tenham sido testadas e comprovadas Tudo que podemos fazer eacute tentar identificar a forma mais responsaacutevel de desenvolver cada caso enquanto nos mantemos preparados e prontos para reagir rapidamente a mudanccedilas e melhorar nossa gama de poliacuteticas instrumentais Este processo experimental de decisatildeo poliacutetica precisa ser constantemente monitorado e avaliado de forma autocriacutetica tanto interna quanto externamente atraveacutes do diaacutelogo franco e honesto entre profissionais sociedades e especialistas externos em todos os niacuteveis desde o monitoramento e avaliaccedilatildeo ateacute os debates mais amplos de poliacutetica puacuteblica sobre a eficaacutecia da forccedila militar e da diplomacia coercitiva na prevenccedilatildeo e resposta a crimes de atrocidade

31Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

1 Como a Genocide Prevention Task Force em um painel fechado de alto-niacutevel nos Estados Unidos apropriadamente argumentou em 2008 Genocide Prevention Task Force lsquoPreventing Genocide A Blueprint for US Policymakersrsquo (Washington DC The American Academy of Diplomacy US Holocaust Memorial Museum US Institute for Peace 2008) Veja tambeacutem Ruben Reike Serena Sharma e Jennifer Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo (Australian Civil-Military Centre e Oxford Institute for Ethics Law and Armed Conflict 2013) 6ff

2 Michael Ignatieff lsquoThe Libya Case a Teachable Momentrsquo Suddeutsche Zeitung Special Supplement http wwwamericanacademydesitesdefaultfilesuploadMSC202012pdf 3 de fevereiro de 2012 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 David Bosco lsquoAbstention Games on the Security Councilrsquo Foreign Policy httpforeignpolicy com20110317abstention-games-on-the-security-council 17 de marccedilo de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

3 Kofi A Annan lsquoTwo Concepts of Sovereigntyrsquo The Economist httpwwweconomistcomnode324795 16 de setembro de 1999 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

4 Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Conflict Security and Development 144 2014 Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

5 Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

6 Rosa Brooks lsquoThe UN Security Council and Civilian Protectionrsquo in Jared Genser e Bruno Ugarte eds The UN Security Council in the Age of Human Rights (New York Cambridge University Press 2013) 12 Sobre a base global para as normas de proteccedilatildeo veja Charles Sampford lsquoA Tale of Two Normsrsquo em Angus Francis Vesselin Popovski e Charles Sampford eds Norms of Protection Responsibility to Protect Protection of Civilians and Their Interaction (United Nations University Press 2012) Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

7 Para uma visatildeo geral do posicionamento do Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia e Aacutefrica do Sul sobre R2P veja os artigos na ediccedilatildeo especial de Conflict Security and Development Brockmeier Kurtz e Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Jaganathan e Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Julian Junk lsquoThe Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Xymena Kurowska lsquoMultipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Lui Tiewa e Zhang Haibin lsquoDebates in China About the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessmentrsquo Conflict Security and Development 2014 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Verhoeven Murthy e Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang Reinicke lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo ediccedilatildeo especial (144) de Conflict Security and Development (London Taylor amp Francis 2014)

8 CSR Murthy e Gerrit Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo Global Society em revisatildeo

9 Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo Global Society em revisatildeo Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo Global Society em revisatildeo

10 Judi Atkins Justifying New Labour Policy (Houndmills Basingstoke Hampshire New York Palgrave Macmillan 2011) 163 Veja por exemplo Stuenkel e Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Erna Burai lsquoParody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian Warrsquo Global Society em revisatildeo

Notas

32Global Public Policy Institute (GPPi)

11 Roland Paris lsquoThe ldquoResponsibility to Protectrdquo and the Structural Problems of Preventive Humanitarian Interventionrsquo International Peacekeeping 215 2014 4

12 Ramesh Thakur lsquoR2Prsquos ldquoStructuralrdquo Problems A Response to Roland Parisrsquo International Peacekeeping 2015 5

13 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

14 Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo Global Society em revisatildeo

15 Julian Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo Global Society em revisatildeo Julian Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo Global Society em revisatildeo

16 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

17 Erna Burai lsquoAfrican Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Groundrsquo Global Society em revisatildeo

18 Ambos os debates em torno das propostas brasileiras de Responsabilidade ao Proteger e o Diaacutelogo Interativo Informal da Assembleia Geral sobre Responsabilidade de Proteger e ldquoAccedilatildeo oportuna e decisivardquo em 2012 constituiacuteram tentativas de defensores de R2P se envolverem em discussotildees sobre o uso da forccedila e R2P Para acessar uma coleccedilatildeo de discursos durante a Assembleia Geral de 2012 veja httpwwwglobalr2porgresources278

19 Sarah Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo em Mary Kaldor e Iavor Rangelov eds The Handbook of Global Security Policy (Chichester West Sussex Wiley Blackwell 2014) 225

20 Alastair Iain Johnston lsquoThinking About Strategic Culturersquo International Security 194 1995 46

21 Pessimismo sobre a eficaacutecia da forccedila no entanto natildeo eacute o mesmo de promover a natildeo-violecircncia Alguns dos maiores defensores do ceticismo em relaccedilatildeo agraves forccedilas militares para proteccedilatildeo frequentemente recorrem a forccedilas militares ou quase militares no acircmbito domeacutestico

22 Otto Bakkano lsquoAU Pushes for Ceasefire Political Solution in Libyarsquo Mail amp Guardian httpmgcoza article2011-05-26-au-pushes-for-ceasefire-political-solution-in-libya 26 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Guido Westerwelle lsquoBundesminister Westerwelle Statement vom 25032011 zu Syrien Jemen Israel und dem Gaza-Streifen Sowie Libyenrsquo Auswartiges Amt httpwwwbrasildiplodeVertretung brasiliende07__AussenpolitikReden_20des_20Au_C3_9FenministersStatemente_20Syrienhtml 25 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

23 Barack Obama David Cameron e Nicolas Sarkozy lsquoLibyarsquos Pathway to Peacersquo The International Herald Tribune httpwwwnytimescom20110415opinion15iht-edlibya15html 15 de abril de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Reuters lsquoKerry Insists No Place for Assad in Syriarsquos Futurersquo Reuters httpwwwreuters comarticle20140117us-syria-crisis-kerry-idUSBREA0G14A20140117 17 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

24 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

25 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

26 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

27 Kersti Larsdotter lsquoExploring the Utility of Armed Force in Peace Operations German and British Approaches in Northern Afghanistanrsquo Small Wars and Insurgencies 193 2008 Taylor B Seybolt Humanitarian Military Intervention The Conditions for Success and Failure (Oxford Oxford University Press 2008) Rupert Smith The Utility of Force The Art of War in the Modern World (London Allen Lane 2005) Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

28 UN Department of Peacekeeping Operations e UN Department of Field Support lsquoOperational Concept on the Protection of Civilians in United Nations Peacekeeping Operationsrsquo (New York 2010) Sarah Sewall Dwight Raymond e Sally Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook (Cambridge MA Harvard Kennedy School 2010)

29 Harry Verhoeven documenta o exemplo de um diplomata chinecircs que ldquopensava que o Ocidente tinha inventado os Janjaweed [miliacutecias proacute- governo em Darfur] como uma desculpa para intervir Mas eles eram de verdade e matavam pessoasrdquo Harry Verhoeven lsquoIs Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa Is Changing Chinarsquo The Washington Quarterly 372 2014 64

33Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

30 BS Chimni lsquoFor Epistemological and Prudent Internationalismrsquo Harvard Law School Human Rights Journal novembro 2012 Greg Simons lsquoThe International Crisis Group and the Manufacturing and Communicating of Crisesrsquo Third World Quarterly 354 2014 Ramesh Thakur lsquoIs the United Nations Racistrsquo The Hindu httpwwwthehinducomopinionleadis-the-united-nations-racistarticle4928624ece 19 de julho de 2013 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

31 Ambassador Liu Zhenmin lsquoStatement by Ambassador Liu Zhenmin at the Plenary Session of the General Assembly on the Question of ldquoResponsibility to Protectrdquorsquo httpresponsibilitytoprotectorgStatement20 by20Ambassador20Liu20Zhenminpdf 24 de julho de 2009 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Zhang Haibin e Lui Tiewa lsquoRealizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and Thereafterrsquo Global Society em revisatildeo

32 Conversa com uma seacuterie de especialistas indianos em evento na Jawaharlal Nehru University (Nova Deacuteli Iacutendia) no dia 21 de Janeiro de 2015

33 IRIN lsquoA New Start for Crisis Reportingrsquo IRIN httpnewirinirinnewsorgpress-release 20 de novembro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34 Veja por exemplo Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoReport of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on United Nations Action in Sri Lankarsquo (New York United Nations 2012)

35 Um bom exemplo foi o briefing do Assessor Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedio para o Conselho de Seguranccedila da ONU depois de sua visita agrave Repuacuteblica Centro-Africana no dia 22 de janeiro de 2014 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoThe Statement of under Secretary-GeneralSpecial Adviser on the Prevention of Genocide Mr Adama Dieng on the Human Rights and Humanitarian Dimensions of the Crisis in the Central African Republicrsquo httpwwwunorgenpreventgenocideadviserpdfSAPG20Statement20at20UNSC20 on20the20situation20in20CAR-202220Jan202014pdf 22 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

36 Morten Bergsmo Quality Control in Fact-Finding (Florence Torkel Opsahl Academic EPublisher 2013) 210

37 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoRights up Front A Plan of Action to Strengthen the UNrsquos Role in Protecting People in Crises Follow-up to the Report of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on UN Action in Sri Lankarsquo (New York 2013)

38 Veja tambeacutem futura publicaccedilatildeo do GPPi Gerrit Kurtz lsquoA New Tool for Civilian Protection - the Human Rights up Front Initiative of the United Nationsrsquo GPPi Policy Brief futura publicaccedilatildeo

39 Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo

40 Jose Ramos-Horta lsquoIndia Right in Asking for More Say in Peacekeeping Operations-Related Decisions Top UN Panel Chiefrsquo Hindustan Times httpwwwhindustantimescomindia-newsindia-right-in-asking- for-more-say-in-peacekeeping-operations-related-decisions-top-un-panel-chiefarticle1-1314354aspx 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 13 de marccedilo de 2015

41 Thomas Biersteker et al lsquoThe Effectiveness of UN Targeted Sanctions - Findings from the Targeted Sanctions Consortium (TSC)rsquo The Graduate Institute Geneva 2013

42 Kirsten Ainley lsquoThe Responsibility to Protect and the International Criminal Court Counteracting the Crisisrsquo International Affairs 911 2015

43 Para distinccedilatildeo entre atividades ldquosistecircmicasrdquo e ldquodirecionadasrdquo veja Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

44 Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo Global Society em revisatildeo

45 Verhoeven e Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo 8 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann lsquoSchutz und Verantwortung Uber die US- Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltatenrsquo (2013)

46 Mike Brand lsquoEmploying lsquoPreventionrsquo to Prevent Mass Atrocitiesrsquo Saferworld httpwwwsaferworldorguk news-and-viewscomment123-employing-apreventiona-to-prevent-mass-atrocities 25 de fevereiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Warren Strobel e Louis Charbonneau lsquoUS Was Slow to Lose Patience as South Sudan Unraveledrsquo Reuters 14 de janeiro de 2014

47 Adam Lupel lsquoUN Adviser on Prevention of Genocide ldquoWe Have to Make Sure the Security Council Actsrdquorsquo httptheglobalobservatoryorg201404un-adviser-on-prevention-of-genocide-we-have-to-make-sure- security-council-acts 28 de abril de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34Global Public Policy Institute (GPPi)

48 Office for the Coordination of Humanitarian Affairs lsquoHumanitarian Bulletin Syriarsquo Humanitarian Bulletin Issue 53 httpreliefwebintsitesreliefwebintfilesresourcesBulletin_no_53_17032015_final_01pdf 1 de fevereiro - 18 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

49 Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

50 Human Rights Watch lsquoGermany QampA on Trial of Two Rwandan Rebel Leadersrsquo httpwwwhrworgde news20110502germany-qa-trial-two-rwandan-rebel-leaders 2 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 23 de marccedilo de 2015

51 Eric Lichtblau lsquoUS Seeks to Deport Bosnians over War Crimesrsquo New York worldus-seeks-to-deport-bosnians-over- Times httpwwwnytimescom20150301war-crimeshtml 28 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

52 Para um argumento similar observando o envolvimento internacional com a Liacutebia em 2015 veja International Crisis Group lsquoLibya Getting Geneva Rightrsquo International Crisis Group Middle East and North Africa Report Nr 157 2015

53 Kurtz e Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo

54 Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo

55 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

56 Alex J Bellamy e Charles T Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo (Asia- Pacific Centre for the Responsibility to Protect 2010) Alex J Bellamy The Responsibility to Protect A Defense (Oxford Oxford University Press 2014)

57 Ashley Jackson lsquoProtecting Civilians The Gap between Norms and Practicersquo (Humanitarian Policy Group 2014)

58 Isso jaacute foi escrito em 2009 no relatoacuterio ldquoNew Horizonrdquo do DPKO ldquoO descompasso entre expectativas e capacidade de promover proteccedilatildeo abrangente criou um significante desafio de credibilidade para as operaccedilotildees de paz da ONUrdquo Department of Peacekeeping Operations lsquoA New Partnership Agenda Charting a New Horizon for UN Peacekeepingrsquo (New York 2009) 20

59 Compare United Nations lsquoFinal Report of the Expert Panel on Technology and Innovation in UN Peacekeepingrsquo httpwwwperformancepeacekeepingorgofflinedownloadpdf 22 de dezembro de 2014

60 Compare United States Mission to the United Nations lsquoRemarks on Peacekeeping in Brussels by Samantha Power US Permanent Representative to the United Nationsrsquo httpusunstategovbriefing statements238660htm 9 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

61 Bellamy and Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo 23-24 Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

62 Isso poderia se basear no Mass Atrocities Response Operations project do US Armyrsquos Peacekeeping and Stability Operations Institute e do Harvard Kennedy Schoolrsquos Carr Center for Human Rights Veja Sewall Raymond e Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook

63 Mats Berdal e David H Ucko lsquoThe United Nations and the Use of Force Between Promise and Perilrsquo Journal of Strategic Studies 375 2014

64 Veja tambeacutem os resultados de um projeto do SIPRI sobre o futuro das operaccedilotildees de paz Jair van der Lijn e Xenia Avezov lsquoThe Future Peace Operations Landscape - Voices from Stakeholders around the Globe - Final Report of the New Geopolitics of Peace Operations Initiativersquo Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) janeiro de 2015

65 Security Council Report lsquoChairs of Subsidiary Bodies and Penholders for 2015rsquo httpwwwsecuritycouncilreportorgmonthly-forecast2015-02chairs_of_subsidiary_bodies_and_penholders_ for_2015php 30 de janeiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

66 Gareth Evans lsquoLimiting the Security Council Vetorsquo Project Syndicate httpwwwproject-syndicateorg commentarysecurity-council-veto-limit-by-gareth-evans-2015-02 4 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Kofi Annan e Gro Harlem Brundtland lsquoFour Ideas for a Stronger UNrsquo The New York Times httpwwwnytimescom20150207opinionkofi-annan-gro-harlem-bruntland-four-ideas-for-a-stronger- unhtml_r=0 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

67 Conversa com ex-comandantes militares Nova Deacuteli janeiro de 2015

68 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

35Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

69 Ibid Murthy e Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo

70 Compare tambeacutem com Bellamy The Responsibility to Protect A Defense 200

71 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

72 Ruan Zongze lsquo阮宗泽中国应倡导ldquo负责任的保护rdquo- ( China deveria defender a Proteccedilatildeo Responsaacutevel)rsquo Global Times (ediccedilatildeo chinesa) httpopinionhuanqiucom11522012-032501163html uacuteltimo acesso em 7 de marccedilo de 2012

73 Andrew Garwood-Gowers lsquoChinarsquos ldquoResponsible Protectionrdquo Concept Re-Interpreting the Responsibility to Protect (R2P) and Military Intervention for Humanitarian Purposesrsquo Asian Journal of International Law disponiacutevel em CJO2015 2015

74 Thorsten Benner lsquoBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiativersquo GPPi Working Paper Series 2013

36Global Public Policy Institute (GPPi)

Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang 4 n 4 2014) A ediccedilatildeo especial conteacutem os seguintes artigos todos disponiacuteveis gratuitamente online Introduction Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier

Regulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protect por Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

Debates in China about the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessment por Liu Tiewa e Zhang Haibin

Emerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protect por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk

Singing the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protect por Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz

Multipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protect por Xymena Kurowska

ldquoOur Identity is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Intervention por Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira

The Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protect por Julian Junk

Em breve laccedilaremos uma ediccedilatildeo especial na Global Society os seguintes artigos que estatildeo atualmente em processo de revisatildeo To Intervene in Darfur or Not Re-examining the R2P Debate and its Impacts por Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira

International Responsibility as Solidarity the Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectory por CSR Murthy e Gerrit Kurtz

Bringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenya por Julian Junk

Testing Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2P por Julian Junk

Parody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian War por Erna Burai

Protection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009 por Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan

Realizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and thereafter por Zhang Haibin e Liu Tiewa

The Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protection por Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

African Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Ground por Erna Burai

Responsibility While Protecting and the Ethics of R2P Implementation por Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier

Outras publicaccedilotildees relacionadasBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiative por Thorsten Benner Seacuterie de Working Papers do GPPi 2013

O Brasil como um Empreendedor Normativo a Responsabilidade ao Proteger por Thorsten Benner Politica Externa v 21 n 4 2013 p 35-46

Germany and the Intervention in Libya por Sarah Brockmeier Survival Global Politics and Strategy v55 n6 2013 p 63ndash90

Schutz und Verantwortung Uber die US-Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltaten por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann Heinrich Boll Foundation June 2013

Internationale Schutzverantwortung - Normative Erwartungen und Politische Praxis por Christopher Daase e Julian Junk (orgs) Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n 1-2 2013

Die Legalisierung der Legitimitat ndash Zur Kritik der Schutzverantwortung als Emerging Norm por Christopher Daase Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n1-2 2013 p 41-62

Emerging Power Exceptional State Elusive Country Explaining Indiarsquos Behavior por Madhan Mohan Jaganathan (com Amna Sunmbul) Proceedings of the International Conference on Social Sciences Chennai 2013 p 308-311

A New Tool for Civilian Protection - The Human Rights up Front Initiative of the United Nations por Gerrit Kurtz GPPi Policy Brief lanccedilamento em breve

Indiarsquos Approach to the Protection of Civilians in Armed Conflicts por CSR Murthy Norwegian Peacebuilding Resource Centre novembro de 2012

Contemporary World Order and Approaches to UN Peacekeeping A South Asian Perspective por CSR Murthy Friedrich Ebert Foundation dezembro de 2012

India-Brazil-South Africa Dialogue Forum (IBSA) The Rise of the Global South por Oliver Stuenkel Routledge Global Institutions 2014

The BRICS and the Future of Global Order por Oliver Stuenkel Lexington Press 2015

The BRICS and the Future of R2P Was Syria or Libya the Exception por Oliver Stuenkel Global Responsibility to Protect v6 n 1 2014 p 3-28

China and Responsibility to Protect Maintenance and Change of its Policy for Intervention por Liu Tiewa The Pacific Review v 25 v1 2012 p 153-173

Is China Like the Other Permanent Members Governmental and Academic Debates about RtoP by Liu Tiewa in Moacutenica Serrano e Thomas G Weiss (orgs) Rallying to the RtoP Cause The International Politics of Human Rights Routledge 2014 p 148-170

Chinese Strategic Culture and the Use of Force Moral and Political Perspectives por Liu Tiewa Journal of Contemporary China v23 n87 2014 p 556-574

Is Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa is Changing China por Harry Verhoeven The Washington Quarterly vol37 n2 2014 p 55-70

Publicaccedilotildees Selecionadas

37Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

AutoresThorsten BennerGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Sarah Brockmeier Global Public Policy InstituteBerlin Germany

Erna BuraiCentral European UniversityBudapest Hungary

CSR MurthyJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Christopher DaasePeace Research InstituteFrankfurt Germany

J Madhan MohanJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Julian JunkPeace Research InstituteFrankfurt Germany

Xymena KurowskaCentral European UniversityBudapest Hungary

Gerrit KurtzGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Liu TiewaPeking University China

Wolfgang ReinickeGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Philipp RotmannGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Ricardo Soares de OliveiraOxford UniversityUnited Kingdom

Matias SpektorFundaccedilatildeo Getulio VargasRio de Janeiro Brazil

Oliver StuenkelFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Marcos TourinhoFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Harry VerhoevenOxford UniversityUnited Kingdom

Zhang HaibinPeking UniversityChina

Global Public Policy Institute (GPPi)Reinhardtstr 7 10117 Berlin GermanyPhone +49 30 275 959 75-0Fax +49 30 275 959 75-99gppigppinet

gppinetglobalnormsnet

31Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

1 Como a Genocide Prevention Task Force em um painel fechado de alto-niacutevel nos Estados Unidos apropriadamente argumentou em 2008 Genocide Prevention Task Force lsquoPreventing Genocide A Blueprint for US Policymakersrsquo (Washington DC The American Academy of Diplomacy US Holocaust Memorial Museum US Institute for Peace 2008) Veja tambeacutem Ruben Reike Serena Sharma e Jennifer Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo (Australian Civil-Military Centre e Oxford Institute for Ethics Law and Armed Conflict 2013) 6ff

2 Michael Ignatieff lsquoThe Libya Case a Teachable Momentrsquo Suddeutsche Zeitung Special Supplement http wwwamericanacademydesitesdefaultfilesuploadMSC202012pdf 3 de fevereiro de 2012 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 David Bosco lsquoAbstention Games on the Security Councilrsquo Foreign Policy httpforeignpolicy com20110317abstention-games-on-the-security-council 17 de marccedilo de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

3 Kofi A Annan lsquoTwo Concepts of Sovereigntyrsquo The Economist httpwwweconomistcomnode324795 16 de setembro de 1999 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

4 Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Conflict Security and Development 144 2014 Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

5 Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Conflict Security and Development 144 2014

6 Rosa Brooks lsquoThe UN Security Council and Civilian Protectionrsquo in Jared Genser e Bruno Ugarte eds The UN Security Council in the Age of Human Rights (New York Cambridge University Press 2013) 12 Sobre a base global para as normas de proteccedilatildeo veja Charles Sampford lsquoA Tale of Two Normsrsquo em Angus Francis Vesselin Popovski e Charles Sampford eds Norms of Protection Responsibility to Protect Protection of Civilians and Their Interaction (United Nations University Press 2012) Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

7 Para uma visatildeo geral do posicionamento do Brasil China Europa Iacutendia Ruacutessia e Aacutefrica do Sul sobre R2P veja os artigos na ediccedilatildeo especial de Conflict Security and Development Brockmeier Kurtz e Junk lsquoEmerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protectrsquo Jaganathan e Kurtz lsquoSinging the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protectrsquo Julian Junk lsquoThe Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Xymena Kurowska lsquoMultipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Lui Tiewa e Zhang Haibin lsquoDebates in China About the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessmentrsquo Conflict Security and Development 2014 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Conflict Security amp Development 144 2014 Verhoeven Murthy e Soares de Oliveira lsquoldquoOur Identity Is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Interventionrsquo Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang Reinicke lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo ediccedilatildeo especial (144) de Conflict Security and Development (London Taylor amp Francis 2014)

8 CSR Murthy e Gerrit Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo Global Society em revisatildeo

9 Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo Global Society em revisatildeo Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo Global Society em revisatildeo

10 Judi Atkins Justifying New Labour Policy (Houndmills Basingstoke Hampshire New York Palgrave Macmillan 2011) 163 Veja por exemplo Stuenkel e Tourinho lsquoRegulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protectrsquo Erna Burai lsquoParody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian Warrsquo Global Society em revisatildeo

Notas

32Global Public Policy Institute (GPPi)

11 Roland Paris lsquoThe ldquoResponsibility to Protectrdquo and the Structural Problems of Preventive Humanitarian Interventionrsquo International Peacekeeping 215 2014 4

12 Ramesh Thakur lsquoR2Prsquos ldquoStructuralrdquo Problems A Response to Roland Parisrsquo International Peacekeeping 2015 5

13 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

14 Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo Global Society em revisatildeo

15 Julian Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo Global Society em revisatildeo Julian Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo Global Society em revisatildeo

16 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

17 Erna Burai lsquoAfrican Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Groundrsquo Global Society em revisatildeo

18 Ambos os debates em torno das propostas brasileiras de Responsabilidade ao Proteger e o Diaacutelogo Interativo Informal da Assembleia Geral sobre Responsabilidade de Proteger e ldquoAccedilatildeo oportuna e decisivardquo em 2012 constituiacuteram tentativas de defensores de R2P se envolverem em discussotildees sobre o uso da forccedila e R2P Para acessar uma coleccedilatildeo de discursos durante a Assembleia Geral de 2012 veja httpwwwglobalr2porgresources278

19 Sarah Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo em Mary Kaldor e Iavor Rangelov eds The Handbook of Global Security Policy (Chichester West Sussex Wiley Blackwell 2014) 225

20 Alastair Iain Johnston lsquoThinking About Strategic Culturersquo International Security 194 1995 46

21 Pessimismo sobre a eficaacutecia da forccedila no entanto natildeo eacute o mesmo de promover a natildeo-violecircncia Alguns dos maiores defensores do ceticismo em relaccedilatildeo agraves forccedilas militares para proteccedilatildeo frequentemente recorrem a forccedilas militares ou quase militares no acircmbito domeacutestico

22 Otto Bakkano lsquoAU Pushes for Ceasefire Political Solution in Libyarsquo Mail amp Guardian httpmgcoza article2011-05-26-au-pushes-for-ceasefire-political-solution-in-libya 26 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Guido Westerwelle lsquoBundesminister Westerwelle Statement vom 25032011 zu Syrien Jemen Israel und dem Gaza-Streifen Sowie Libyenrsquo Auswartiges Amt httpwwwbrasildiplodeVertretung brasiliende07__AussenpolitikReden_20des_20Au_C3_9FenministersStatemente_20Syrienhtml 25 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

23 Barack Obama David Cameron e Nicolas Sarkozy lsquoLibyarsquos Pathway to Peacersquo The International Herald Tribune httpwwwnytimescom20110415opinion15iht-edlibya15html 15 de abril de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Reuters lsquoKerry Insists No Place for Assad in Syriarsquos Futurersquo Reuters httpwwwreuters comarticle20140117us-syria-crisis-kerry-idUSBREA0G14A20140117 17 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

24 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

25 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

26 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

27 Kersti Larsdotter lsquoExploring the Utility of Armed Force in Peace Operations German and British Approaches in Northern Afghanistanrsquo Small Wars and Insurgencies 193 2008 Taylor B Seybolt Humanitarian Military Intervention The Conditions for Success and Failure (Oxford Oxford University Press 2008) Rupert Smith The Utility of Force The Art of War in the Modern World (London Allen Lane 2005) Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

28 UN Department of Peacekeeping Operations e UN Department of Field Support lsquoOperational Concept on the Protection of Civilians in United Nations Peacekeeping Operationsrsquo (New York 2010) Sarah Sewall Dwight Raymond e Sally Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook (Cambridge MA Harvard Kennedy School 2010)

29 Harry Verhoeven documenta o exemplo de um diplomata chinecircs que ldquopensava que o Ocidente tinha inventado os Janjaweed [miliacutecias proacute- governo em Darfur] como uma desculpa para intervir Mas eles eram de verdade e matavam pessoasrdquo Harry Verhoeven lsquoIs Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa Is Changing Chinarsquo The Washington Quarterly 372 2014 64

33Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

30 BS Chimni lsquoFor Epistemological and Prudent Internationalismrsquo Harvard Law School Human Rights Journal novembro 2012 Greg Simons lsquoThe International Crisis Group and the Manufacturing and Communicating of Crisesrsquo Third World Quarterly 354 2014 Ramesh Thakur lsquoIs the United Nations Racistrsquo The Hindu httpwwwthehinducomopinionleadis-the-united-nations-racistarticle4928624ece 19 de julho de 2013 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

31 Ambassador Liu Zhenmin lsquoStatement by Ambassador Liu Zhenmin at the Plenary Session of the General Assembly on the Question of ldquoResponsibility to Protectrdquorsquo httpresponsibilitytoprotectorgStatement20 by20Ambassador20Liu20Zhenminpdf 24 de julho de 2009 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Zhang Haibin e Lui Tiewa lsquoRealizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and Thereafterrsquo Global Society em revisatildeo

32 Conversa com uma seacuterie de especialistas indianos em evento na Jawaharlal Nehru University (Nova Deacuteli Iacutendia) no dia 21 de Janeiro de 2015

33 IRIN lsquoA New Start for Crisis Reportingrsquo IRIN httpnewirinirinnewsorgpress-release 20 de novembro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34 Veja por exemplo Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoReport of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on United Nations Action in Sri Lankarsquo (New York United Nations 2012)

35 Um bom exemplo foi o briefing do Assessor Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedio para o Conselho de Seguranccedila da ONU depois de sua visita agrave Repuacuteblica Centro-Africana no dia 22 de janeiro de 2014 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoThe Statement of under Secretary-GeneralSpecial Adviser on the Prevention of Genocide Mr Adama Dieng on the Human Rights and Humanitarian Dimensions of the Crisis in the Central African Republicrsquo httpwwwunorgenpreventgenocideadviserpdfSAPG20Statement20at20UNSC20 on20the20situation20in20CAR-202220Jan202014pdf 22 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

36 Morten Bergsmo Quality Control in Fact-Finding (Florence Torkel Opsahl Academic EPublisher 2013) 210

37 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoRights up Front A Plan of Action to Strengthen the UNrsquos Role in Protecting People in Crises Follow-up to the Report of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on UN Action in Sri Lankarsquo (New York 2013)

38 Veja tambeacutem futura publicaccedilatildeo do GPPi Gerrit Kurtz lsquoA New Tool for Civilian Protection - the Human Rights up Front Initiative of the United Nationsrsquo GPPi Policy Brief futura publicaccedilatildeo

39 Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo

40 Jose Ramos-Horta lsquoIndia Right in Asking for More Say in Peacekeeping Operations-Related Decisions Top UN Panel Chiefrsquo Hindustan Times httpwwwhindustantimescomindia-newsindia-right-in-asking- for-more-say-in-peacekeeping-operations-related-decisions-top-un-panel-chiefarticle1-1314354aspx 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 13 de marccedilo de 2015

41 Thomas Biersteker et al lsquoThe Effectiveness of UN Targeted Sanctions - Findings from the Targeted Sanctions Consortium (TSC)rsquo The Graduate Institute Geneva 2013

42 Kirsten Ainley lsquoThe Responsibility to Protect and the International Criminal Court Counteracting the Crisisrsquo International Affairs 911 2015

43 Para distinccedilatildeo entre atividades ldquosistecircmicasrdquo e ldquodirecionadasrdquo veja Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

44 Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo Global Society em revisatildeo

45 Verhoeven e Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo 8 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann lsquoSchutz und Verantwortung Uber die US- Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltatenrsquo (2013)

46 Mike Brand lsquoEmploying lsquoPreventionrsquo to Prevent Mass Atrocitiesrsquo Saferworld httpwwwsaferworldorguk news-and-viewscomment123-employing-apreventiona-to-prevent-mass-atrocities 25 de fevereiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Warren Strobel e Louis Charbonneau lsquoUS Was Slow to Lose Patience as South Sudan Unraveledrsquo Reuters 14 de janeiro de 2014

47 Adam Lupel lsquoUN Adviser on Prevention of Genocide ldquoWe Have to Make Sure the Security Council Actsrdquorsquo httptheglobalobservatoryorg201404un-adviser-on-prevention-of-genocide-we-have-to-make-sure- security-council-acts 28 de abril de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34Global Public Policy Institute (GPPi)

48 Office for the Coordination of Humanitarian Affairs lsquoHumanitarian Bulletin Syriarsquo Humanitarian Bulletin Issue 53 httpreliefwebintsitesreliefwebintfilesresourcesBulletin_no_53_17032015_final_01pdf 1 de fevereiro - 18 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

49 Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

50 Human Rights Watch lsquoGermany QampA on Trial of Two Rwandan Rebel Leadersrsquo httpwwwhrworgde news20110502germany-qa-trial-two-rwandan-rebel-leaders 2 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 23 de marccedilo de 2015

51 Eric Lichtblau lsquoUS Seeks to Deport Bosnians over War Crimesrsquo New York worldus-seeks-to-deport-bosnians-over- Times httpwwwnytimescom20150301war-crimeshtml 28 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

52 Para um argumento similar observando o envolvimento internacional com a Liacutebia em 2015 veja International Crisis Group lsquoLibya Getting Geneva Rightrsquo International Crisis Group Middle East and North Africa Report Nr 157 2015

53 Kurtz e Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo

54 Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo

55 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

56 Alex J Bellamy e Charles T Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo (Asia- Pacific Centre for the Responsibility to Protect 2010) Alex J Bellamy The Responsibility to Protect A Defense (Oxford Oxford University Press 2014)

57 Ashley Jackson lsquoProtecting Civilians The Gap between Norms and Practicersquo (Humanitarian Policy Group 2014)

58 Isso jaacute foi escrito em 2009 no relatoacuterio ldquoNew Horizonrdquo do DPKO ldquoO descompasso entre expectativas e capacidade de promover proteccedilatildeo abrangente criou um significante desafio de credibilidade para as operaccedilotildees de paz da ONUrdquo Department of Peacekeeping Operations lsquoA New Partnership Agenda Charting a New Horizon for UN Peacekeepingrsquo (New York 2009) 20

59 Compare United Nations lsquoFinal Report of the Expert Panel on Technology and Innovation in UN Peacekeepingrsquo httpwwwperformancepeacekeepingorgofflinedownloadpdf 22 de dezembro de 2014

60 Compare United States Mission to the United Nations lsquoRemarks on Peacekeeping in Brussels by Samantha Power US Permanent Representative to the United Nationsrsquo httpusunstategovbriefing statements238660htm 9 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

61 Bellamy and Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo 23-24 Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

62 Isso poderia se basear no Mass Atrocities Response Operations project do US Armyrsquos Peacekeeping and Stability Operations Institute e do Harvard Kennedy Schoolrsquos Carr Center for Human Rights Veja Sewall Raymond e Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook

63 Mats Berdal e David H Ucko lsquoThe United Nations and the Use of Force Between Promise and Perilrsquo Journal of Strategic Studies 375 2014

64 Veja tambeacutem os resultados de um projeto do SIPRI sobre o futuro das operaccedilotildees de paz Jair van der Lijn e Xenia Avezov lsquoThe Future Peace Operations Landscape - Voices from Stakeholders around the Globe - Final Report of the New Geopolitics of Peace Operations Initiativersquo Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) janeiro de 2015

65 Security Council Report lsquoChairs of Subsidiary Bodies and Penholders for 2015rsquo httpwwwsecuritycouncilreportorgmonthly-forecast2015-02chairs_of_subsidiary_bodies_and_penholders_ for_2015php 30 de janeiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

66 Gareth Evans lsquoLimiting the Security Council Vetorsquo Project Syndicate httpwwwproject-syndicateorg commentarysecurity-council-veto-limit-by-gareth-evans-2015-02 4 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Kofi Annan e Gro Harlem Brundtland lsquoFour Ideas for a Stronger UNrsquo The New York Times httpwwwnytimescom20150207opinionkofi-annan-gro-harlem-bruntland-four-ideas-for-a-stronger- unhtml_r=0 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

67 Conversa com ex-comandantes militares Nova Deacuteli janeiro de 2015

68 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

35Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

69 Ibid Murthy e Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo

70 Compare tambeacutem com Bellamy The Responsibility to Protect A Defense 200

71 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

72 Ruan Zongze lsquo阮宗泽中国应倡导ldquo负责任的保护rdquo- ( China deveria defender a Proteccedilatildeo Responsaacutevel)rsquo Global Times (ediccedilatildeo chinesa) httpopinionhuanqiucom11522012-032501163html uacuteltimo acesso em 7 de marccedilo de 2012

73 Andrew Garwood-Gowers lsquoChinarsquos ldquoResponsible Protectionrdquo Concept Re-Interpreting the Responsibility to Protect (R2P) and Military Intervention for Humanitarian Purposesrsquo Asian Journal of International Law disponiacutevel em CJO2015 2015

74 Thorsten Benner lsquoBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiativersquo GPPi Working Paper Series 2013

36Global Public Policy Institute (GPPi)

Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang 4 n 4 2014) A ediccedilatildeo especial conteacutem os seguintes artigos todos disponiacuteveis gratuitamente online Introduction Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier

Regulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protect por Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

Debates in China about the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessment por Liu Tiewa e Zhang Haibin

Emerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protect por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk

Singing the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protect por Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz

Multipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protect por Xymena Kurowska

ldquoOur Identity is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Intervention por Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira

The Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protect por Julian Junk

Em breve laccedilaremos uma ediccedilatildeo especial na Global Society os seguintes artigos que estatildeo atualmente em processo de revisatildeo To Intervene in Darfur or Not Re-examining the R2P Debate and its Impacts por Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira

International Responsibility as Solidarity the Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectory por CSR Murthy e Gerrit Kurtz

Bringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenya por Julian Junk

Testing Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2P por Julian Junk

Parody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian War por Erna Burai

Protection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009 por Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan

Realizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and thereafter por Zhang Haibin e Liu Tiewa

The Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protection por Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

African Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Ground por Erna Burai

Responsibility While Protecting and the Ethics of R2P Implementation por Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier

Outras publicaccedilotildees relacionadasBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiative por Thorsten Benner Seacuterie de Working Papers do GPPi 2013

O Brasil como um Empreendedor Normativo a Responsabilidade ao Proteger por Thorsten Benner Politica Externa v 21 n 4 2013 p 35-46

Germany and the Intervention in Libya por Sarah Brockmeier Survival Global Politics and Strategy v55 n6 2013 p 63ndash90

Schutz und Verantwortung Uber die US-Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltaten por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann Heinrich Boll Foundation June 2013

Internationale Schutzverantwortung - Normative Erwartungen und Politische Praxis por Christopher Daase e Julian Junk (orgs) Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n 1-2 2013

Die Legalisierung der Legitimitat ndash Zur Kritik der Schutzverantwortung als Emerging Norm por Christopher Daase Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n1-2 2013 p 41-62

Emerging Power Exceptional State Elusive Country Explaining Indiarsquos Behavior por Madhan Mohan Jaganathan (com Amna Sunmbul) Proceedings of the International Conference on Social Sciences Chennai 2013 p 308-311

A New Tool for Civilian Protection - The Human Rights up Front Initiative of the United Nations por Gerrit Kurtz GPPi Policy Brief lanccedilamento em breve

Indiarsquos Approach to the Protection of Civilians in Armed Conflicts por CSR Murthy Norwegian Peacebuilding Resource Centre novembro de 2012

Contemporary World Order and Approaches to UN Peacekeeping A South Asian Perspective por CSR Murthy Friedrich Ebert Foundation dezembro de 2012

India-Brazil-South Africa Dialogue Forum (IBSA) The Rise of the Global South por Oliver Stuenkel Routledge Global Institutions 2014

The BRICS and the Future of Global Order por Oliver Stuenkel Lexington Press 2015

The BRICS and the Future of R2P Was Syria or Libya the Exception por Oliver Stuenkel Global Responsibility to Protect v6 n 1 2014 p 3-28

China and Responsibility to Protect Maintenance and Change of its Policy for Intervention por Liu Tiewa The Pacific Review v 25 v1 2012 p 153-173

Is China Like the Other Permanent Members Governmental and Academic Debates about RtoP by Liu Tiewa in Moacutenica Serrano e Thomas G Weiss (orgs) Rallying to the RtoP Cause The International Politics of Human Rights Routledge 2014 p 148-170

Chinese Strategic Culture and the Use of Force Moral and Political Perspectives por Liu Tiewa Journal of Contemporary China v23 n87 2014 p 556-574

Is Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa is Changing China por Harry Verhoeven The Washington Quarterly vol37 n2 2014 p 55-70

Publicaccedilotildees Selecionadas

37Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

AutoresThorsten BennerGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Sarah Brockmeier Global Public Policy InstituteBerlin Germany

Erna BuraiCentral European UniversityBudapest Hungary

CSR MurthyJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Christopher DaasePeace Research InstituteFrankfurt Germany

J Madhan MohanJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Julian JunkPeace Research InstituteFrankfurt Germany

Xymena KurowskaCentral European UniversityBudapest Hungary

Gerrit KurtzGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Liu TiewaPeking University China

Wolfgang ReinickeGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Philipp RotmannGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Ricardo Soares de OliveiraOxford UniversityUnited Kingdom

Matias SpektorFundaccedilatildeo Getulio VargasRio de Janeiro Brazil

Oliver StuenkelFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Marcos TourinhoFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Harry VerhoevenOxford UniversityUnited Kingdom

Zhang HaibinPeking UniversityChina

Global Public Policy Institute (GPPi)Reinhardtstr 7 10117 Berlin GermanyPhone +49 30 275 959 75-0Fax +49 30 275 959 75-99gppigppinet

gppinetglobalnormsnet

32Global Public Policy Institute (GPPi)

11 Roland Paris lsquoThe ldquoResponsibility to Protectrdquo and the Structural Problems of Preventive Humanitarian Interventionrsquo International Peacekeeping 215 2014 4

12 Ramesh Thakur lsquoR2Prsquos ldquoStructuralrdquo Problems A Response to Roland Parisrsquo International Peacekeeping 2015 5

13 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

14 Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo Global Society em revisatildeo

15 Julian Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo Global Society em revisatildeo Julian Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo Global Society em revisatildeo

16 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

17 Erna Burai lsquoAfrican Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Groundrsquo Global Society em revisatildeo

18 Ambos os debates em torno das propostas brasileiras de Responsabilidade ao Proteger e o Diaacutelogo Interativo Informal da Assembleia Geral sobre Responsabilidade de Proteger e ldquoAccedilatildeo oportuna e decisivardquo em 2012 constituiacuteram tentativas de defensores de R2P se envolverem em discussotildees sobre o uso da forccedila e R2P Para acessar uma coleccedilatildeo de discursos durante a Assembleia Geral de 2012 veja httpwwwglobalr2porgresources278

19 Sarah Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo em Mary Kaldor e Iavor Rangelov eds The Handbook of Global Security Policy (Chichester West Sussex Wiley Blackwell 2014) 225

20 Alastair Iain Johnston lsquoThinking About Strategic Culturersquo International Security 194 1995 46

21 Pessimismo sobre a eficaacutecia da forccedila no entanto natildeo eacute o mesmo de promover a natildeo-violecircncia Alguns dos maiores defensores do ceticismo em relaccedilatildeo agraves forccedilas militares para proteccedilatildeo frequentemente recorrem a forccedilas militares ou quase militares no acircmbito domeacutestico

22 Otto Bakkano lsquoAU Pushes for Ceasefire Political Solution in Libyarsquo Mail amp Guardian httpmgcoza article2011-05-26-au-pushes-for-ceasefire-political-solution-in-libya 26 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Guido Westerwelle lsquoBundesminister Westerwelle Statement vom 25032011 zu Syrien Jemen Israel und dem Gaza-Streifen Sowie Libyenrsquo Auswartiges Amt httpwwwbrasildiplodeVertretung brasiliende07__AussenpolitikReden_20des_20Au_C3_9FenministersStatemente_20Syrienhtml 25 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

23 Barack Obama David Cameron e Nicolas Sarkozy lsquoLibyarsquos Pathway to Peacersquo The International Herald Tribune httpwwwnytimescom20110415opinion15iht-edlibya15html 15 de abril de 2011 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Reuters lsquoKerry Insists No Place for Assad in Syriarsquos Futurersquo Reuters httpwwwreuters comarticle20140117us-syria-crisis-kerry-idUSBREA0G14A20140117 17 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

24 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquoldquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

25 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

26 Rotmann Kurtz e Brockmeier lsquoMajor Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protectrsquo

27 Kersti Larsdotter lsquoExploring the Utility of Armed Force in Peace Operations German and British Approaches in Northern Afghanistanrsquo Small Wars and Insurgencies 193 2008 Taylor B Seybolt Humanitarian Military Intervention The Conditions for Success and Failure (Oxford Oxford University Press 2008) Rupert Smith The Utility of Force The Art of War in the Modern World (London Allen Lane 2005) Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

28 UN Department of Peacekeeping Operations e UN Department of Field Support lsquoOperational Concept on the Protection of Civilians in United Nations Peacekeeping Operationsrsquo (New York 2010) Sarah Sewall Dwight Raymond e Sally Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook (Cambridge MA Harvard Kennedy School 2010)

29 Harry Verhoeven documenta o exemplo de um diplomata chinecircs que ldquopensava que o Ocidente tinha inventado os Janjaweed [miliacutecias proacute- governo em Darfur] como uma desculpa para intervir Mas eles eram de verdade e matavam pessoasrdquo Harry Verhoeven lsquoIs Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa Is Changing Chinarsquo The Washington Quarterly 372 2014 64

33Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

30 BS Chimni lsquoFor Epistemological and Prudent Internationalismrsquo Harvard Law School Human Rights Journal novembro 2012 Greg Simons lsquoThe International Crisis Group and the Manufacturing and Communicating of Crisesrsquo Third World Quarterly 354 2014 Ramesh Thakur lsquoIs the United Nations Racistrsquo The Hindu httpwwwthehinducomopinionleadis-the-united-nations-racistarticle4928624ece 19 de julho de 2013 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

31 Ambassador Liu Zhenmin lsquoStatement by Ambassador Liu Zhenmin at the Plenary Session of the General Assembly on the Question of ldquoResponsibility to Protectrdquorsquo httpresponsibilitytoprotectorgStatement20 by20Ambassador20Liu20Zhenminpdf 24 de julho de 2009 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Zhang Haibin e Lui Tiewa lsquoRealizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and Thereafterrsquo Global Society em revisatildeo

32 Conversa com uma seacuterie de especialistas indianos em evento na Jawaharlal Nehru University (Nova Deacuteli Iacutendia) no dia 21 de Janeiro de 2015

33 IRIN lsquoA New Start for Crisis Reportingrsquo IRIN httpnewirinirinnewsorgpress-release 20 de novembro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34 Veja por exemplo Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoReport of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on United Nations Action in Sri Lankarsquo (New York United Nations 2012)

35 Um bom exemplo foi o briefing do Assessor Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedio para o Conselho de Seguranccedila da ONU depois de sua visita agrave Repuacuteblica Centro-Africana no dia 22 de janeiro de 2014 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoThe Statement of under Secretary-GeneralSpecial Adviser on the Prevention of Genocide Mr Adama Dieng on the Human Rights and Humanitarian Dimensions of the Crisis in the Central African Republicrsquo httpwwwunorgenpreventgenocideadviserpdfSAPG20Statement20at20UNSC20 on20the20situation20in20CAR-202220Jan202014pdf 22 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

36 Morten Bergsmo Quality Control in Fact-Finding (Florence Torkel Opsahl Academic EPublisher 2013) 210

37 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoRights up Front A Plan of Action to Strengthen the UNrsquos Role in Protecting People in Crises Follow-up to the Report of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on UN Action in Sri Lankarsquo (New York 2013)

38 Veja tambeacutem futura publicaccedilatildeo do GPPi Gerrit Kurtz lsquoA New Tool for Civilian Protection - the Human Rights up Front Initiative of the United Nationsrsquo GPPi Policy Brief futura publicaccedilatildeo

39 Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo

40 Jose Ramos-Horta lsquoIndia Right in Asking for More Say in Peacekeeping Operations-Related Decisions Top UN Panel Chiefrsquo Hindustan Times httpwwwhindustantimescomindia-newsindia-right-in-asking- for-more-say-in-peacekeeping-operations-related-decisions-top-un-panel-chiefarticle1-1314354aspx 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 13 de marccedilo de 2015

41 Thomas Biersteker et al lsquoThe Effectiveness of UN Targeted Sanctions - Findings from the Targeted Sanctions Consortium (TSC)rsquo The Graduate Institute Geneva 2013

42 Kirsten Ainley lsquoThe Responsibility to Protect and the International Criminal Court Counteracting the Crisisrsquo International Affairs 911 2015

43 Para distinccedilatildeo entre atividades ldquosistecircmicasrdquo e ldquodirecionadasrdquo veja Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

44 Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo Global Society em revisatildeo

45 Verhoeven e Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo 8 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann lsquoSchutz und Verantwortung Uber die US- Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltatenrsquo (2013)

46 Mike Brand lsquoEmploying lsquoPreventionrsquo to Prevent Mass Atrocitiesrsquo Saferworld httpwwwsaferworldorguk news-and-viewscomment123-employing-apreventiona-to-prevent-mass-atrocities 25 de fevereiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Warren Strobel e Louis Charbonneau lsquoUS Was Slow to Lose Patience as South Sudan Unraveledrsquo Reuters 14 de janeiro de 2014

47 Adam Lupel lsquoUN Adviser on Prevention of Genocide ldquoWe Have to Make Sure the Security Council Actsrdquorsquo httptheglobalobservatoryorg201404un-adviser-on-prevention-of-genocide-we-have-to-make-sure- security-council-acts 28 de abril de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34Global Public Policy Institute (GPPi)

48 Office for the Coordination of Humanitarian Affairs lsquoHumanitarian Bulletin Syriarsquo Humanitarian Bulletin Issue 53 httpreliefwebintsitesreliefwebintfilesresourcesBulletin_no_53_17032015_final_01pdf 1 de fevereiro - 18 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

49 Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

50 Human Rights Watch lsquoGermany QampA on Trial of Two Rwandan Rebel Leadersrsquo httpwwwhrworgde news20110502germany-qa-trial-two-rwandan-rebel-leaders 2 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 23 de marccedilo de 2015

51 Eric Lichtblau lsquoUS Seeks to Deport Bosnians over War Crimesrsquo New York worldus-seeks-to-deport-bosnians-over- Times httpwwwnytimescom20150301war-crimeshtml 28 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

52 Para um argumento similar observando o envolvimento internacional com a Liacutebia em 2015 veja International Crisis Group lsquoLibya Getting Geneva Rightrsquo International Crisis Group Middle East and North Africa Report Nr 157 2015

53 Kurtz e Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo

54 Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo

55 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

56 Alex J Bellamy e Charles T Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo (Asia- Pacific Centre for the Responsibility to Protect 2010) Alex J Bellamy The Responsibility to Protect A Defense (Oxford Oxford University Press 2014)

57 Ashley Jackson lsquoProtecting Civilians The Gap between Norms and Practicersquo (Humanitarian Policy Group 2014)

58 Isso jaacute foi escrito em 2009 no relatoacuterio ldquoNew Horizonrdquo do DPKO ldquoO descompasso entre expectativas e capacidade de promover proteccedilatildeo abrangente criou um significante desafio de credibilidade para as operaccedilotildees de paz da ONUrdquo Department of Peacekeeping Operations lsquoA New Partnership Agenda Charting a New Horizon for UN Peacekeepingrsquo (New York 2009) 20

59 Compare United Nations lsquoFinal Report of the Expert Panel on Technology and Innovation in UN Peacekeepingrsquo httpwwwperformancepeacekeepingorgofflinedownloadpdf 22 de dezembro de 2014

60 Compare United States Mission to the United Nations lsquoRemarks on Peacekeeping in Brussels by Samantha Power US Permanent Representative to the United Nationsrsquo httpusunstategovbriefing statements238660htm 9 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

61 Bellamy and Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo 23-24 Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

62 Isso poderia se basear no Mass Atrocities Response Operations project do US Armyrsquos Peacekeeping and Stability Operations Institute e do Harvard Kennedy Schoolrsquos Carr Center for Human Rights Veja Sewall Raymond e Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook

63 Mats Berdal e David H Ucko lsquoThe United Nations and the Use of Force Between Promise and Perilrsquo Journal of Strategic Studies 375 2014

64 Veja tambeacutem os resultados de um projeto do SIPRI sobre o futuro das operaccedilotildees de paz Jair van der Lijn e Xenia Avezov lsquoThe Future Peace Operations Landscape - Voices from Stakeholders around the Globe - Final Report of the New Geopolitics of Peace Operations Initiativersquo Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) janeiro de 2015

65 Security Council Report lsquoChairs of Subsidiary Bodies and Penholders for 2015rsquo httpwwwsecuritycouncilreportorgmonthly-forecast2015-02chairs_of_subsidiary_bodies_and_penholders_ for_2015php 30 de janeiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

66 Gareth Evans lsquoLimiting the Security Council Vetorsquo Project Syndicate httpwwwproject-syndicateorg commentarysecurity-council-veto-limit-by-gareth-evans-2015-02 4 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Kofi Annan e Gro Harlem Brundtland lsquoFour Ideas for a Stronger UNrsquo The New York Times httpwwwnytimescom20150207opinionkofi-annan-gro-harlem-bruntland-four-ideas-for-a-stronger- unhtml_r=0 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

67 Conversa com ex-comandantes militares Nova Deacuteli janeiro de 2015

68 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

35Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

69 Ibid Murthy e Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo

70 Compare tambeacutem com Bellamy The Responsibility to Protect A Defense 200

71 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

72 Ruan Zongze lsquo阮宗泽中国应倡导ldquo负责任的保护rdquo- ( China deveria defender a Proteccedilatildeo Responsaacutevel)rsquo Global Times (ediccedilatildeo chinesa) httpopinionhuanqiucom11522012-032501163html uacuteltimo acesso em 7 de marccedilo de 2012

73 Andrew Garwood-Gowers lsquoChinarsquos ldquoResponsible Protectionrdquo Concept Re-Interpreting the Responsibility to Protect (R2P) and Military Intervention for Humanitarian Purposesrsquo Asian Journal of International Law disponiacutevel em CJO2015 2015

74 Thorsten Benner lsquoBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiativersquo GPPi Working Paper Series 2013

36Global Public Policy Institute (GPPi)

Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang 4 n 4 2014) A ediccedilatildeo especial conteacutem os seguintes artigos todos disponiacuteveis gratuitamente online Introduction Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier

Regulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protect por Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

Debates in China about the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessment por Liu Tiewa e Zhang Haibin

Emerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protect por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk

Singing the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protect por Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz

Multipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protect por Xymena Kurowska

ldquoOur Identity is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Intervention por Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira

The Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protect por Julian Junk

Em breve laccedilaremos uma ediccedilatildeo especial na Global Society os seguintes artigos que estatildeo atualmente em processo de revisatildeo To Intervene in Darfur or Not Re-examining the R2P Debate and its Impacts por Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira

International Responsibility as Solidarity the Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectory por CSR Murthy e Gerrit Kurtz

Bringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenya por Julian Junk

Testing Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2P por Julian Junk

Parody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian War por Erna Burai

Protection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009 por Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan

Realizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and thereafter por Zhang Haibin e Liu Tiewa

The Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protection por Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

African Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Ground por Erna Burai

Responsibility While Protecting and the Ethics of R2P Implementation por Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier

Outras publicaccedilotildees relacionadasBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiative por Thorsten Benner Seacuterie de Working Papers do GPPi 2013

O Brasil como um Empreendedor Normativo a Responsabilidade ao Proteger por Thorsten Benner Politica Externa v 21 n 4 2013 p 35-46

Germany and the Intervention in Libya por Sarah Brockmeier Survival Global Politics and Strategy v55 n6 2013 p 63ndash90

Schutz und Verantwortung Uber die US-Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltaten por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann Heinrich Boll Foundation June 2013

Internationale Schutzverantwortung - Normative Erwartungen und Politische Praxis por Christopher Daase e Julian Junk (orgs) Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n 1-2 2013

Die Legalisierung der Legitimitat ndash Zur Kritik der Schutzverantwortung als Emerging Norm por Christopher Daase Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n1-2 2013 p 41-62

Emerging Power Exceptional State Elusive Country Explaining Indiarsquos Behavior por Madhan Mohan Jaganathan (com Amna Sunmbul) Proceedings of the International Conference on Social Sciences Chennai 2013 p 308-311

A New Tool for Civilian Protection - The Human Rights up Front Initiative of the United Nations por Gerrit Kurtz GPPi Policy Brief lanccedilamento em breve

Indiarsquos Approach to the Protection of Civilians in Armed Conflicts por CSR Murthy Norwegian Peacebuilding Resource Centre novembro de 2012

Contemporary World Order and Approaches to UN Peacekeeping A South Asian Perspective por CSR Murthy Friedrich Ebert Foundation dezembro de 2012

India-Brazil-South Africa Dialogue Forum (IBSA) The Rise of the Global South por Oliver Stuenkel Routledge Global Institutions 2014

The BRICS and the Future of Global Order por Oliver Stuenkel Lexington Press 2015

The BRICS and the Future of R2P Was Syria or Libya the Exception por Oliver Stuenkel Global Responsibility to Protect v6 n 1 2014 p 3-28

China and Responsibility to Protect Maintenance and Change of its Policy for Intervention por Liu Tiewa The Pacific Review v 25 v1 2012 p 153-173

Is China Like the Other Permanent Members Governmental and Academic Debates about RtoP by Liu Tiewa in Moacutenica Serrano e Thomas G Weiss (orgs) Rallying to the RtoP Cause The International Politics of Human Rights Routledge 2014 p 148-170

Chinese Strategic Culture and the Use of Force Moral and Political Perspectives por Liu Tiewa Journal of Contemporary China v23 n87 2014 p 556-574

Is Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa is Changing China por Harry Verhoeven The Washington Quarterly vol37 n2 2014 p 55-70

Publicaccedilotildees Selecionadas

37Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

AutoresThorsten BennerGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Sarah Brockmeier Global Public Policy InstituteBerlin Germany

Erna BuraiCentral European UniversityBudapest Hungary

CSR MurthyJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Christopher DaasePeace Research InstituteFrankfurt Germany

J Madhan MohanJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Julian JunkPeace Research InstituteFrankfurt Germany

Xymena KurowskaCentral European UniversityBudapest Hungary

Gerrit KurtzGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Liu TiewaPeking University China

Wolfgang ReinickeGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Philipp RotmannGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Ricardo Soares de OliveiraOxford UniversityUnited Kingdom

Matias SpektorFundaccedilatildeo Getulio VargasRio de Janeiro Brazil

Oliver StuenkelFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Marcos TourinhoFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Harry VerhoevenOxford UniversityUnited Kingdom

Zhang HaibinPeking UniversityChina

Global Public Policy Institute (GPPi)Reinhardtstr 7 10117 Berlin GermanyPhone +49 30 275 959 75-0Fax +49 30 275 959 75-99gppigppinet

gppinetglobalnormsnet

33Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

30 BS Chimni lsquoFor Epistemological and Prudent Internationalismrsquo Harvard Law School Human Rights Journal novembro 2012 Greg Simons lsquoThe International Crisis Group and the Manufacturing and Communicating of Crisesrsquo Third World Quarterly 354 2014 Ramesh Thakur lsquoIs the United Nations Racistrsquo The Hindu httpwwwthehinducomopinionleadis-the-united-nations-racistarticle4928624ece 19 de julho de 2013 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

31 Ambassador Liu Zhenmin lsquoStatement by Ambassador Liu Zhenmin at the Plenary Session of the General Assembly on the Question of ldquoResponsibility to Protectrdquorsquo httpresponsibilitytoprotectorgStatement20 by20Ambassador20Liu20Zhenminpdf 24 de julho de 2009 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Zhang Haibin e Lui Tiewa lsquoRealizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and Thereafterrsquo Global Society em revisatildeo

32 Conversa com uma seacuterie de especialistas indianos em evento na Jawaharlal Nehru University (Nova Deacuteli Iacutendia) no dia 21 de Janeiro de 2015

33 IRIN lsquoA New Start for Crisis Reportingrsquo IRIN httpnewirinirinnewsorgpress-release 20 de novembro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34 Veja por exemplo Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoReport of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on United Nations Action in Sri Lankarsquo (New York United Nations 2012)

35 Um bom exemplo foi o briefing do Assessor Especial para Prevenccedilatildeo de Genociacutedio para o Conselho de Seguranccedila da ONU depois de sua visita agrave Repuacuteblica Centro-Africana no dia 22 de janeiro de 2014 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoThe Statement of under Secretary-GeneralSpecial Adviser on the Prevention of Genocide Mr Adama Dieng on the Human Rights and Humanitarian Dimensions of the Crisis in the Central African Republicrsquo httpwwwunorgenpreventgenocideadviserpdfSAPG20Statement20at20UNSC20 on20the20situation20in20CAR-202220Jan202014pdf 22 de janeiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

36 Morten Bergsmo Quality Control in Fact-Finding (Florence Torkel Opsahl Academic EPublisher 2013) 210

37 Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas lsquoRights up Front A Plan of Action to Strengthen the UNrsquos Role in Protecting People in Crises Follow-up to the Report of the Secretary-Generalrsquos Internal Review Panel on UN Action in Sri Lankarsquo (New York 2013)

38 Veja tambeacutem futura publicaccedilatildeo do GPPi Gerrit Kurtz lsquoA New Tool for Civilian Protection - the Human Rights up Front Initiative of the United Nationsrsquo GPPi Policy Brief futura publicaccedilatildeo

39 Junk lsquoBringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenyarsquo

40 Jose Ramos-Horta lsquoIndia Right in Asking for More Say in Peacekeeping Operations-Related Decisions Top UN Panel Chiefrsquo Hindustan Times httpwwwhindustantimescomindia-newsindia-right-in-asking- for-more-say-in-peacekeeping-operations-related-decisions-top-un-panel-chiefarticle1-1314354aspx 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 13 de marccedilo de 2015

41 Thomas Biersteker et al lsquoThe Effectiveness of UN Targeted Sanctions - Findings from the Targeted Sanctions Consortium (TSC)rsquo The Graduate Institute Geneva 2013

42 Kirsten Ainley lsquoThe Responsibility to Protect and the International Criminal Court Counteracting the Crisisrsquo International Affairs 911 2015

43 Para distinccedilatildeo entre atividades ldquosistecircmicasrdquo e ldquodirecionadasrdquo veja Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

44 Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo Global Society em revisatildeo

45 Verhoeven e Soares de Oliveira lsquoTo Intervene in Darfur or Not Re-Examining the R2P Debate and Its Impactsrsquo 8 Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann lsquoSchutz und Verantwortung Uber die US- Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltatenrsquo (2013)

46 Mike Brand lsquoEmploying lsquoPreventionrsquo to Prevent Mass Atrocitiesrsquo Saferworld httpwwwsaferworldorguk news-and-viewscomment123-employing-apreventiona-to-prevent-mass-atrocities 25 de fevereiro de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Warren Strobel e Louis Charbonneau lsquoUS Was Slow to Lose Patience as South Sudan Unraveledrsquo Reuters 14 de janeiro de 2014

47 Adam Lupel lsquoUN Adviser on Prevention of Genocide ldquoWe Have to Make Sure the Security Council Actsrdquorsquo httptheglobalobservatoryorg201404un-adviser-on-prevention-of-genocide-we-have-to-make-sure- security-council-acts 28 de abril de 2014 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

34Global Public Policy Institute (GPPi)

48 Office for the Coordination of Humanitarian Affairs lsquoHumanitarian Bulletin Syriarsquo Humanitarian Bulletin Issue 53 httpreliefwebintsitesreliefwebintfilesresourcesBulletin_no_53_17032015_final_01pdf 1 de fevereiro - 18 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

49 Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

50 Human Rights Watch lsquoGermany QampA on Trial of Two Rwandan Rebel Leadersrsquo httpwwwhrworgde news20110502germany-qa-trial-two-rwandan-rebel-leaders 2 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 23 de marccedilo de 2015

51 Eric Lichtblau lsquoUS Seeks to Deport Bosnians over War Crimesrsquo New York worldus-seeks-to-deport-bosnians-over- Times httpwwwnytimescom20150301war-crimeshtml 28 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

52 Para um argumento similar observando o envolvimento internacional com a Liacutebia em 2015 veja International Crisis Group lsquoLibya Getting Geneva Rightrsquo International Crisis Group Middle East and North Africa Report Nr 157 2015

53 Kurtz e Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo

54 Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo

55 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

56 Alex J Bellamy e Charles T Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo (Asia- Pacific Centre for the Responsibility to Protect 2010) Alex J Bellamy The Responsibility to Protect A Defense (Oxford Oxford University Press 2014)

57 Ashley Jackson lsquoProtecting Civilians The Gap between Norms and Practicersquo (Humanitarian Policy Group 2014)

58 Isso jaacute foi escrito em 2009 no relatoacuterio ldquoNew Horizonrdquo do DPKO ldquoO descompasso entre expectativas e capacidade de promover proteccedilatildeo abrangente criou um significante desafio de credibilidade para as operaccedilotildees de paz da ONUrdquo Department of Peacekeeping Operations lsquoA New Partnership Agenda Charting a New Horizon for UN Peacekeepingrsquo (New York 2009) 20

59 Compare United Nations lsquoFinal Report of the Expert Panel on Technology and Innovation in UN Peacekeepingrsquo httpwwwperformancepeacekeepingorgofflinedownloadpdf 22 de dezembro de 2014

60 Compare United States Mission to the United Nations lsquoRemarks on Peacekeeping in Brussels by Samantha Power US Permanent Representative to the United Nationsrsquo httpusunstategovbriefing statements238660htm 9 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

61 Bellamy and Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo 23-24 Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

62 Isso poderia se basear no Mass Atrocities Response Operations project do US Armyrsquos Peacekeeping and Stability Operations Institute e do Harvard Kennedy Schoolrsquos Carr Center for Human Rights Veja Sewall Raymond e Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook

63 Mats Berdal e David H Ucko lsquoThe United Nations and the Use of Force Between Promise and Perilrsquo Journal of Strategic Studies 375 2014

64 Veja tambeacutem os resultados de um projeto do SIPRI sobre o futuro das operaccedilotildees de paz Jair van der Lijn e Xenia Avezov lsquoThe Future Peace Operations Landscape - Voices from Stakeholders around the Globe - Final Report of the New Geopolitics of Peace Operations Initiativersquo Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) janeiro de 2015

65 Security Council Report lsquoChairs of Subsidiary Bodies and Penholders for 2015rsquo httpwwwsecuritycouncilreportorgmonthly-forecast2015-02chairs_of_subsidiary_bodies_and_penholders_ for_2015php 30 de janeiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

66 Gareth Evans lsquoLimiting the Security Council Vetorsquo Project Syndicate httpwwwproject-syndicateorg commentarysecurity-council-veto-limit-by-gareth-evans-2015-02 4 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Kofi Annan e Gro Harlem Brundtland lsquoFour Ideas for a Stronger UNrsquo The New York Times httpwwwnytimescom20150207opinionkofi-annan-gro-harlem-bruntland-four-ideas-for-a-stronger- unhtml_r=0 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

67 Conversa com ex-comandantes militares Nova Deacuteli janeiro de 2015

68 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

35Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

69 Ibid Murthy e Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo

70 Compare tambeacutem com Bellamy The Responsibility to Protect A Defense 200

71 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

72 Ruan Zongze lsquo阮宗泽中国应倡导ldquo负责任的保护rdquo- ( China deveria defender a Proteccedilatildeo Responsaacutevel)rsquo Global Times (ediccedilatildeo chinesa) httpopinionhuanqiucom11522012-032501163html uacuteltimo acesso em 7 de marccedilo de 2012

73 Andrew Garwood-Gowers lsquoChinarsquos ldquoResponsible Protectionrdquo Concept Re-Interpreting the Responsibility to Protect (R2P) and Military Intervention for Humanitarian Purposesrsquo Asian Journal of International Law disponiacutevel em CJO2015 2015

74 Thorsten Benner lsquoBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiativersquo GPPi Working Paper Series 2013

36Global Public Policy Institute (GPPi)

Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang 4 n 4 2014) A ediccedilatildeo especial conteacutem os seguintes artigos todos disponiacuteveis gratuitamente online Introduction Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier

Regulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protect por Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

Debates in China about the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessment por Liu Tiewa e Zhang Haibin

Emerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protect por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk

Singing the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protect por Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz

Multipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protect por Xymena Kurowska

ldquoOur Identity is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Intervention por Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira

The Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protect por Julian Junk

Em breve laccedilaremos uma ediccedilatildeo especial na Global Society os seguintes artigos que estatildeo atualmente em processo de revisatildeo To Intervene in Darfur or Not Re-examining the R2P Debate and its Impacts por Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira

International Responsibility as Solidarity the Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectory por CSR Murthy e Gerrit Kurtz

Bringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenya por Julian Junk

Testing Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2P por Julian Junk

Parody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian War por Erna Burai

Protection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009 por Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan

Realizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and thereafter por Zhang Haibin e Liu Tiewa

The Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protection por Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

African Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Ground por Erna Burai

Responsibility While Protecting and the Ethics of R2P Implementation por Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier

Outras publicaccedilotildees relacionadasBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiative por Thorsten Benner Seacuterie de Working Papers do GPPi 2013

O Brasil como um Empreendedor Normativo a Responsabilidade ao Proteger por Thorsten Benner Politica Externa v 21 n 4 2013 p 35-46

Germany and the Intervention in Libya por Sarah Brockmeier Survival Global Politics and Strategy v55 n6 2013 p 63ndash90

Schutz und Verantwortung Uber die US-Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltaten por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann Heinrich Boll Foundation June 2013

Internationale Schutzverantwortung - Normative Erwartungen und Politische Praxis por Christopher Daase e Julian Junk (orgs) Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n 1-2 2013

Die Legalisierung der Legitimitat ndash Zur Kritik der Schutzverantwortung als Emerging Norm por Christopher Daase Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n1-2 2013 p 41-62

Emerging Power Exceptional State Elusive Country Explaining Indiarsquos Behavior por Madhan Mohan Jaganathan (com Amna Sunmbul) Proceedings of the International Conference on Social Sciences Chennai 2013 p 308-311

A New Tool for Civilian Protection - The Human Rights up Front Initiative of the United Nations por Gerrit Kurtz GPPi Policy Brief lanccedilamento em breve

Indiarsquos Approach to the Protection of Civilians in Armed Conflicts por CSR Murthy Norwegian Peacebuilding Resource Centre novembro de 2012

Contemporary World Order and Approaches to UN Peacekeeping A South Asian Perspective por CSR Murthy Friedrich Ebert Foundation dezembro de 2012

India-Brazil-South Africa Dialogue Forum (IBSA) The Rise of the Global South por Oliver Stuenkel Routledge Global Institutions 2014

The BRICS and the Future of Global Order por Oliver Stuenkel Lexington Press 2015

The BRICS and the Future of R2P Was Syria or Libya the Exception por Oliver Stuenkel Global Responsibility to Protect v6 n 1 2014 p 3-28

China and Responsibility to Protect Maintenance and Change of its Policy for Intervention por Liu Tiewa The Pacific Review v 25 v1 2012 p 153-173

Is China Like the Other Permanent Members Governmental and Academic Debates about RtoP by Liu Tiewa in Moacutenica Serrano e Thomas G Weiss (orgs) Rallying to the RtoP Cause The International Politics of Human Rights Routledge 2014 p 148-170

Chinese Strategic Culture and the Use of Force Moral and Political Perspectives por Liu Tiewa Journal of Contemporary China v23 n87 2014 p 556-574

Is Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa is Changing China por Harry Verhoeven The Washington Quarterly vol37 n2 2014 p 55-70

Publicaccedilotildees Selecionadas

37Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

AutoresThorsten BennerGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Sarah Brockmeier Global Public Policy InstituteBerlin Germany

Erna BuraiCentral European UniversityBudapest Hungary

CSR MurthyJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Christopher DaasePeace Research InstituteFrankfurt Germany

J Madhan MohanJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Julian JunkPeace Research InstituteFrankfurt Germany

Xymena KurowskaCentral European UniversityBudapest Hungary

Gerrit KurtzGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Liu TiewaPeking University China

Wolfgang ReinickeGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Philipp RotmannGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Ricardo Soares de OliveiraOxford UniversityUnited Kingdom

Matias SpektorFundaccedilatildeo Getulio VargasRio de Janeiro Brazil

Oliver StuenkelFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Marcos TourinhoFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Harry VerhoevenOxford UniversityUnited Kingdom

Zhang HaibinPeking UniversityChina

Global Public Policy Institute (GPPi)Reinhardtstr 7 10117 Berlin GermanyPhone +49 30 275 959 75-0Fax +49 30 275 959 75-99gppigppinet

gppinetglobalnormsnet

34Global Public Policy Institute (GPPi)

48 Office for the Coordination of Humanitarian Affairs lsquoHumanitarian Bulletin Syriarsquo Humanitarian Bulletin Issue 53 httpreliefwebintsitesreliefwebintfilesresourcesBulletin_no_53_17032015_final_01pdf 1 de fevereiro - 18 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

49 Reike Sharma e Welsh lsquoA Strategic Framework for Mass Atrocity Preventionrsquo

50 Human Rights Watch lsquoGermany QampA on Trial of Two Rwandan Rebel Leadersrsquo httpwwwhrworgde news20110502germany-qa-trial-two-rwandan-rebel-leaders 2 de maio de 2011 uacuteltimo acesso em 23 de marccedilo de 2015

51 Eric Lichtblau lsquoUS Seeks to Deport Bosnians over War Crimesrsquo New York worldus-seeks-to-deport-bosnians-over- Times httpwwwnytimescom20150301war-crimeshtml 28 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

52 Para um argumento similar observando o envolvimento internacional com a Liacutebia em 2015 veja International Crisis Group lsquoLibya Getting Geneva Rightrsquo International Crisis Group Middle East and North Africa Report Nr 157 2015

53 Kurtz e Jaganathan lsquoProtection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009rsquo

54 Junk lsquoTesting Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2Prsquo

55 Brockmeier Stuenkel e Tourinho lsquoThe Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protectionrsquo

56 Alex J Bellamy e Charles T Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo (Asia- Pacific Centre for the Responsibility to Protect 2010) Alex J Bellamy The Responsibility to Protect A Defense (Oxford Oxford University Press 2014)

57 Ashley Jackson lsquoProtecting Civilians The Gap between Norms and Practicersquo (Humanitarian Policy Group 2014)

58 Isso jaacute foi escrito em 2009 no relatoacuterio ldquoNew Horizonrdquo do DPKO ldquoO descompasso entre expectativas e capacidade de promover proteccedilatildeo abrangente criou um significante desafio de credibilidade para as operaccedilotildees de paz da ONUrdquo Department of Peacekeeping Operations lsquoA New Partnership Agenda Charting a New Horizon for UN Peacekeepingrsquo (New York 2009) 20

59 Compare United Nations lsquoFinal Report of the Expert Panel on Technology and Innovation in UN Peacekeepingrsquo httpwwwperformancepeacekeepingorgofflinedownloadpdf 22 de dezembro de 2014

60 Compare United States Mission to the United Nations lsquoRemarks on Peacekeeping in Brussels by Samantha Power US Permanent Representative to the United Nationsrsquo httpusunstategovbriefing statements238660htm 9 de marccedilo de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015

61 Bellamy and Hunt lsquoMainstreaming the Responsibility to Protect in Peace Operationsrsquo 23-24 Sewall lsquoCivilian Protectionrsquo

62 Isso poderia se basear no Mass Atrocities Response Operations project do US Armyrsquos Peacekeeping and Stability Operations Institute e do Harvard Kennedy Schoolrsquos Carr Center for Human Rights Veja Sewall Raymond e Chin Mass Atrocity Response Operations A Military Planning Handbook

63 Mats Berdal e David H Ucko lsquoThe United Nations and the Use of Force Between Promise and Perilrsquo Journal of Strategic Studies 375 2014

64 Veja tambeacutem os resultados de um projeto do SIPRI sobre o futuro das operaccedilotildees de paz Jair van der Lijn e Xenia Avezov lsquoThe Future Peace Operations Landscape - Voices from Stakeholders around the Globe - Final Report of the New Geopolitics of Peace Operations Initiativersquo Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) janeiro de 2015

65 Security Council Report lsquoChairs of Subsidiary Bodies and Penholders for 2015rsquo httpwwwsecuritycouncilreportorgmonthly-forecast2015-02chairs_of_subsidiary_bodies_and_penholders_ for_2015php 30 de janeiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

66 Gareth Evans lsquoLimiting the Security Council Vetorsquo Project Syndicate httpwwwproject-syndicateorg commentarysecurity-council-veto-limit-by-gareth-evans-2015-02 4 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 9 de janeiro de 2015 Kofi Annan e Gro Harlem Brundtland lsquoFour Ideas for a Stronger UNrsquo The New York Times httpwwwnytimescom20150207opinionkofi-annan-gro-harlem-bruntland-four-ideas-for-a-stronger- unhtml_r=0 6 de fevereiro de 2015 uacuteltimo acesso em 20 de marccedilo de 2015

67 Conversa com ex-comandantes militares Nova Deacuteli janeiro de 2015

68 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

35Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

69 Ibid Murthy e Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo

70 Compare tambeacutem com Bellamy The Responsibility to Protect A Defense 200

71 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

72 Ruan Zongze lsquo阮宗泽中国应倡导ldquo负责任的保护rdquo- ( China deveria defender a Proteccedilatildeo Responsaacutevel)rsquo Global Times (ediccedilatildeo chinesa) httpopinionhuanqiucom11522012-032501163html uacuteltimo acesso em 7 de marccedilo de 2012

73 Andrew Garwood-Gowers lsquoChinarsquos ldquoResponsible Protectionrdquo Concept Re-Interpreting the Responsibility to Protect (R2P) and Military Intervention for Humanitarian Purposesrsquo Asian Journal of International Law disponiacutevel em CJO2015 2015

74 Thorsten Benner lsquoBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiativersquo GPPi Working Paper Series 2013

36Global Public Policy Institute (GPPi)

Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang 4 n 4 2014) A ediccedilatildeo especial conteacutem os seguintes artigos todos disponiacuteveis gratuitamente online Introduction Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier

Regulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protect por Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

Debates in China about the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessment por Liu Tiewa e Zhang Haibin

Emerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protect por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk

Singing the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protect por Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz

Multipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protect por Xymena Kurowska

ldquoOur Identity is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Intervention por Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira

The Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protect por Julian Junk

Em breve laccedilaremos uma ediccedilatildeo especial na Global Society os seguintes artigos que estatildeo atualmente em processo de revisatildeo To Intervene in Darfur or Not Re-examining the R2P Debate and its Impacts por Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira

International Responsibility as Solidarity the Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectory por CSR Murthy e Gerrit Kurtz

Bringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenya por Julian Junk

Testing Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2P por Julian Junk

Parody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian War por Erna Burai

Protection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009 por Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan

Realizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and thereafter por Zhang Haibin e Liu Tiewa

The Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protection por Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

African Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Ground por Erna Burai

Responsibility While Protecting and the Ethics of R2P Implementation por Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier

Outras publicaccedilotildees relacionadasBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiative por Thorsten Benner Seacuterie de Working Papers do GPPi 2013

O Brasil como um Empreendedor Normativo a Responsabilidade ao Proteger por Thorsten Benner Politica Externa v 21 n 4 2013 p 35-46

Germany and the Intervention in Libya por Sarah Brockmeier Survival Global Politics and Strategy v55 n6 2013 p 63ndash90

Schutz und Verantwortung Uber die US-Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltaten por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann Heinrich Boll Foundation June 2013

Internationale Schutzverantwortung - Normative Erwartungen und Politische Praxis por Christopher Daase e Julian Junk (orgs) Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n 1-2 2013

Die Legalisierung der Legitimitat ndash Zur Kritik der Schutzverantwortung als Emerging Norm por Christopher Daase Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n1-2 2013 p 41-62

Emerging Power Exceptional State Elusive Country Explaining Indiarsquos Behavior por Madhan Mohan Jaganathan (com Amna Sunmbul) Proceedings of the International Conference on Social Sciences Chennai 2013 p 308-311

A New Tool for Civilian Protection - The Human Rights up Front Initiative of the United Nations por Gerrit Kurtz GPPi Policy Brief lanccedilamento em breve

Indiarsquos Approach to the Protection of Civilians in Armed Conflicts por CSR Murthy Norwegian Peacebuilding Resource Centre novembro de 2012

Contemporary World Order and Approaches to UN Peacekeeping A South Asian Perspective por CSR Murthy Friedrich Ebert Foundation dezembro de 2012

India-Brazil-South Africa Dialogue Forum (IBSA) The Rise of the Global South por Oliver Stuenkel Routledge Global Institutions 2014

The BRICS and the Future of Global Order por Oliver Stuenkel Lexington Press 2015

The BRICS and the Future of R2P Was Syria or Libya the Exception por Oliver Stuenkel Global Responsibility to Protect v6 n 1 2014 p 3-28

China and Responsibility to Protect Maintenance and Change of its Policy for Intervention por Liu Tiewa The Pacific Review v 25 v1 2012 p 153-173

Is China Like the Other Permanent Members Governmental and Academic Debates about RtoP by Liu Tiewa in Moacutenica Serrano e Thomas G Weiss (orgs) Rallying to the RtoP Cause The International Politics of Human Rights Routledge 2014 p 148-170

Chinese Strategic Culture and the Use of Force Moral and Political Perspectives por Liu Tiewa Journal of Contemporary China v23 n87 2014 p 556-574

Is Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa is Changing China por Harry Verhoeven The Washington Quarterly vol37 n2 2014 p 55-70

Publicaccedilotildees Selecionadas

37Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

AutoresThorsten BennerGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Sarah Brockmeier Global Public Policy InstituteBerlin Germany

Erna BuraiCentral European UniversityBudapest Hungary

CSR MurthyJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Christopher DaasePeace Research InstituteFrankfurt Germany

J Madhan MohanJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Julian JunkPeace Research InstituteFrankfurt Germany

Xymena KurowskaCentral European UniversityBudapest Hungary

Gerrit KurtzGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Liu TiewaPeking University China

Wolfgang ReinickeGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Philipp RotmannGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Ricardo Soares de OliveiraOxford UniversityUnited Kingdom

Matias SpektorFundaccedilatildeo Getulio VargasRio de Janeiro Brazil

Oliver StuenkelFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Marcos TourinhoFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Harry VerhoevenOxford UniversityUnited Kingdom

Zhang HaibinPeking UniversityChina

Global Public Policy Institute (GPPi)Reinhardtstr 7 10117 Berlin GermanyPhone +49 30 275 959 75-0Fax +49 30 275 959 75-99gppigppinet

gppinetglobalnormsnet

35Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

69 Ibid Murthy e Kurtz lsquoInternational Responsibility as Solidarity The Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectoryrsquo

70 Compare tambeacutem com Bellamy The Responsibility to Protect A Defense 200

71 Tourinho Stuenkel e Brockmeier lsquolsquolsquoResponsibility While Protectingrdquo and the Ethics of R2P Implementationrsquo

72 Ruan Zongze lsquo阮宗泽中国应倡导ldquo负责任的保护rdquo- ( China deveria defender a Proteccedilatildeo Responsaacutevel)rsquo Global Times (ediccedilatildeo chinesa) httpopinionhuanqiucom11522012-032501163html uacuteltimo acesso em 7 de marccedilo de 2012

73 Andrew Garwood-Gowers lsquoChinarsquos ldquoResponsible Protectionrdquo Concept Re-Interpreting the Responsibility to Protect (R2P) and Military Intervention for Humanitarian Purposesrsquo Asian Journal of International Law disponiacutevel em CJO2015 2015

74 Thorsten Benner lsquoBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiativersquo GPPi Working Paper Series 2013

36Global Public Policy Institute (GPPi)

Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang 4 n 4 2014) A ediccedilatildeo especial conteacutem os seguintes artigos todos disponiacuteveis gratuitamente online Introduction Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier

Regulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protect por Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

Debates in China about the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessment por Liu Tiewa e Zhang Haibin

Emerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protect por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk

Singing the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protect por Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz

Multipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protect por Xymena Kurowska

ldquoOur Identity is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Intervention por Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira

The Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protect por Julian Junk

Em breve laccedilaremos uma ediccedilatildeo especial na Global Society os seguintes artigos que estatildeo atualmente em processo de revisatildeo To Intervene in Darfur or Not Re-examining the R2P Debate and its Impacts por Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira

International Responsibility as Solidarity the Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectory por CSR Murthy e Gerrit Kurtz

Bringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenya por Julian Junk

Testing Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2P por Julian Junk

Parody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian War por Erna Burai

Protection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009 por Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan

Realizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and thereafter por Zhang Haibin e Liu Tiewa

The Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protection por Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

African Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Ground por Erna Burai

Responsibility While Protecting and the Ethics of R2P Implementation por Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier

Outras publicaccedilotildees relacionadasBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiative por Thorsten Benner Seacuterie de Working Papers do GPPi 2013

O Brasil como um Empreendedor Normativo a Responsabilidade ao Proteger por Thorsten Benner Politica Externa v 21 n 4 2013 p 35-46

Germany and the Intervention in Libya por Sarah Brockmeier Survival Global Politics and Strategy v55 n6 2013 p 63ndash90

Schutz und Verantwortung Uber die US-Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltaten por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann Heinrich Boll Foundation June 2013

Internationale Schutzverantwortung - Normative Erwartungen und Politische Praxis por Christopher Daase e Julian Junk (orgs) Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n 1-2 2013

Die Legalisierung der Legitimitat ndash Zur Kritik der Schutzverantwortung als Emerging Norm por Christopher Daase Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n1-2 2013 p 41-62

Emerging Power Exceptional State Elusive Country Explaining Indiarsquos Behavior por Madhan Mohan Jaganathan (com Amna Sunmbul) Proceedings of the International Conference on Social Sciences Chennai 2013 p 308-311

A New Tool for Civilian Protection - The Human Rights up Front Initiative of the United Nations por Gerrit Kurtz GPPi Policy Brief lanccedilamento em breve

Indiarsquos Approach to the Protection of Civilians in Armed Conflicts por CSR Murthy Norwegian Peacebuilding Resource Centre novembro de 2012

Contemporary World Order and Approaches to UN Peacekeeping A South Asian Perspective por CSR Murthy Friedrich Ebert Foundation dezembro de 2012

India-Brazil-South Africa Dialogue Forum (IBSA) The Rise of the Global South por Oliver Stuenkel Routledge Global Institutions 2014

The BRICS and the Future of Global Order por Oliver Stuenkel Lexington Press 2015

The BRICS and the Future of R2P Was Syria or Libya the Exception por Oliver Stuenkel Global Responsibility to Protect v6 n 1 2014 p 3-28

China and Responsibility to Protect Maintenance and Change of its Policy for Intervention por Liu Tiewa The Pacific Review v 25 v1 2012 p 153-173

Is China Like the Other Permanent Members Governmental and Academic Debates about RtoP by Liu Tiewa in Moacutenica Serrano e Thomas G Weiss (orgs) Rallying to the RtoP Cause The International Politics of Human Rights Routledge 2014 p 148-170

Chinese Strategic Culture and the Use of Force Moral and Political Perspectives por Liu Tiewa Journal of Contemporary China v23 n87 2014 p 556-574

Is Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa is Changing China por Harry Verhoeven The Washington Quarterly vol37 n2 2014 p 55-70

Publicaccedilotildees Selecionadas

37Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

AutoresThorsten BennerGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Sarah Brockmeier Global Public Policy InstituteBerlin Germany

Erna BuraiCentral European UniversityBudapest Hungary

CSR MurthyJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Christopher DaasePeace Research InstituteFrankfurt Germany

J Madhan MohanJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Julian JunkPeace Research InstituteFrankfurt Germany

Xymena KurowskaCentral European UniversityBudapest Hungary

Gerrit KurtzGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Liu TiewaPeking University China

Wolfgang ReinickeGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Philipp RotmannGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Ricardo Soares de OliveiraOxford UniversityUnited Kingdom

Matias SpektorFundaccedilatildeo Getulio VargasRio de Janeiro Brazil

Oliver StuenkelFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Marcos TourinhoFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Harry VerhoevenOxford UniversityUnited Kingdom

Zhang HaibinPeking UniversityChina

Global Public Policy Institute (GPPi)Reinhardtstr 7 10117 Berlin GermanyPhone +49 30 275 959 75-0Fax +49 30 275 959 75-99gppigppinet

gppinetglobalnormsnet

36Global Public Policy Institute (GPPi)

Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Thorsten Benner e Wolfgang 4 n 4 2014) A ediccedilatildeo especial conteacutem os seguintes artigos todos disponiacuteveis gratuitamente online Introduction Major Powers and the Contested Evolution of a Responsibility to Protect por Philipp Rotmann Gerrit Kurtz e Sarah Brockmeier

Regulating Intervention Brazil and the Responsibility to Protect por Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

Debates in China about the Responsibility to Protect as a Developing International Norm A General Assessment por Liu Tiewa e Zhang Haibin

Emerging Norm and Rhetorical Tool Europe and a Responsibility to Protect por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Julian Junk

Singing the Tune of Sovereignty India and the Responsibility to Protect por Madhan Mohan Jaganathan e Gerrit Kurtz

Multipolarity as Resistance to Liberal Norms Russiarsquos Position on Responsibility to Protect por Xymena Kurowska

ldquoOur Identity is Our Currencyrdquo South Africa the Responsibility to Protect and the Logic of African Intervention por Harry Verhoeven CSR Murthy e Ricardo Soares de Oliveira

The Two-Level Politics of Support - US Foreign Policy and the Responsibility to Protect por Julian Junk

Em breve laccedilaremos uma ediccedilatildeo especial na Global Society os seguintes artigos que estatildeo atualmente em processo de revisatildeo To Intervene in Darfur or Not Re-examining the R2P Debate and its Impacts por Harry Verhoeven e Ricardo Soares de Oliveira

International Responsibility as Solidarity the Impact of the World Summit Negotiations on R2Prsquos Trajectory por CSR Murthy e Gerrit Kurtz

Bringing the Non-Coercive Dimensions of R2P to the Fore The Case of Kenya por Julian Junk

Testing Boundaries ndash Myanmar Nargis and the Scope of R2P por Julian Junk

Parody as Norm Contestation Normative Jujitsu around the 2008 Russian-Georgian War por Erna Burai

Protection in Peril Counterterrorism Discourse and International Engagement in Sri Lanka in 2009 por Gerrit Kurtz e Madhan Mohan Jaganathan

Realizing Effective and Responsible Protection Discussions and Development of the RtoP Concept in the 2009 UNGA Debate and thereafter por Zhang Haibin e Liu Tiewa

The Impact of the Libya Intervention Debates on Norms of Protection por Sarah Brockmeier Oliver Stuenkel e Marcos Tourinho

African Visions of a Responsibility to Protect Cocircte drsquoIvoire as a Testing Ground por Erna Burai

Responsibility While Protecting and the Ethics of R2P Implementation por Marcos Tourinho Oliver Stuenkel e Sarah Brockmeier

Outras publicaccedilotildees relacionadasBrazil as a Norm Entrepreneur The ldquoResponsibility While Protectingrdquo Initiative por Thorsten Benner Seacuterie de Working Papers do GPPi 2013

O Brasil como um Empreendedor Normativo a Responsabilidade ao Proteger por Thorsten Benner Politica Externa v 21 n 4 2013 p 35-46

Germany and the Intervention in Libya por Sarah Brockmeier Survival Global Politics and Strategy v55 n6 2013 p 63ndash90

Schutz und Verantwortung Uber die US-Auszligenpolitik zur Verhinderung von Graueltaten por Sarah Brockmeier Gerrit Kurtz e Philipp Rotmann Heinrich Boll Foundation June 2013

Internationale Schutzverantwortung - Normative Erwartungen und Politische Praxis por Christopher Daase e Julian Junk (orgs) Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n 1-2 2013

Die Legalisierung der Legitimitat ndash Zur Kritik der Schutzverantwortung als Emerging Norm por Christopher Daase Die Friedens-Warte Journal of International Peace and Organization v 88 n1-2 2013 p 41-62

Emerging Power Exceptional State Elusive Country Explaining Indiarsquos Behavior por Madhan Mohan Jaganathan (com Amna Sunmbul) Proceedings of the International Conference on Social Sciences Chennai 2013 p 308-311

A New Tool for Civilian Protection - The Human Rights up Front Initiative of the United Nations por Gerrit Kurtz GPPi Policy Brief lanccedilamento em breve

Indiarsquos Approach to the Protection of Civilians in Armed Conflicts por CSR Murthy Norwegian Peacebuilding Resource Centre novembro de 2012

Contemporary World Order and Approaches to UN Peacekeeping A South Asian Perspective por CSR Murthy Friedrich Ebert Foundation dezembro de 2012

India-Brazil-South Africa Dialogue Forum (IBSA) The Rise of the Global South por Oliver Stuenkel Routledge Global Institutions 2014

The BRICS and the Future of Global Order por Oliver Stuenkel Lexington Press 2015

The BRICS and the Future of R2P Was Syria or Libya the Exception por Oliver Stuenkel Global Responsibility to Protect v6 n 1 2014 p 3-28

China and Responsibility to Protect Maintenance and Change of its Policy for Intervention por Liu Tiewa The Pacific Review v 25 v1 2012 p 153-173

Is China Like the Other Permanent Members Governmental and Academic Debates about RtoP by Liu Tiewa in Moacutenica Serrano e Thomas G Weiss (orgs) Rallying to the RtoP Cause The International Politics of Human Rights Routledge 2014 p 148-170

Chinese Strategic Culture and the Use of Force Moral and Political Perspectives por Liu Tiewa Journal of Contemporary China v23 n87 2014 p 556-574

Is Beijingrsquos Non-Interference Policy History How Africa is Changing China por Harry Verhoeven The Washington Quarterly vol37 n2 2014 p 55-70

Publicaccedilotildees Selecionadas

37Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

AutoresThorsten BennerGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Sarah Brockmeier Global Public Policy InstituteBerlin Germany

Erna BuraiCentral European UniversityBudapest Hungary

CSR MurthyJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Christopher DaasePeace Research InstituteFrankfurt Germany

J Madhan MohanJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Julian JunkPeace Research InstituteFrankfurt Germany

Xymena KurowskaCentral European UniversityBudapest Hungary

Gerrit KurtzGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Liu TiewaPeking University China

Wolfgang ReinickeGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Philipp RotmannGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Ricardo Soares de OliveiraOxford UniversityUnited Kingdom

Matias SpektorFundaccedilatildeo Getulio VargasRio de Janeiro Brazil

Oliver StuenkelFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Marcos TourinhoFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Harry VerhoevenOxford UniversityUnited Kingdom

Zhang HaibinPeking UniversityChina

Global Public Policy Institute (GPPi)Reinhardtstr 7 10117 Berlin GermanyPhone +49 30 275 959 75-0Fax +49 30 275 959 75-99gppigppinet

gppinetglobalnormsnet

37Proteccedilatildeo Efetiva e Responsaacutevel contra Crimes de Atrocidade A Caminho de uma Accedilatildeo Global

AutoresThorsten BennerGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Sarah Brockmeier Global Public Policy InstituteBerlin Germany

Erna BuraiCentral European UniversityBudapest Hungary

CSR MurthyJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Christopher DaasePeace Research InstituteFrankfurt Germany

J Madhan MohanJawaharlal Nehru UniversityNew Delhi India

Julian JunkPeace Research InstituteFrankfurt Germany

Xymena KurowskaCentral European UniversityBudapest Hungary

Gerrit KurtzGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Liu TiewaPeking University China

Wolfgang ReinickeGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Philipp RotmannGlobal Public Policy InstituteBerlin Germany

Ricardo Soares de OliveiraOxford UniversityUnited Kingdom

Matias SpektorFundaccedilatildeo Getulio VargasRio de Janeiro Brazil

Oliver StuenkelFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Marcos TourinhoFundaccedilatildeo Getulio VargasSatildeo Paulo Brazil

Harry VerhoevenOxford UniversityUnited Kingdom

Zhang HaibinPeking UniversityChina

Global Public Policy Institute (GPPi)Reinhardtstr 7 10117 Berlin GermanyPhone +49 30 275 959 75-0Fax +49 30 275 959 75-99gppigppinet

gppinetglobalnormsnet

Global Public Policy Institute (GPPi)Reinhardtstr 7 10117 Berlin GermanyPhone +49 30 275 959 75-0Fax +49 30 275 959 75-99gppigppinet

gppinetglobalnormsnet