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THAYSA TEÓFILO VAZ THIAGO BAZZI WALDEMIR SILGUEIRO JUNIOR ADAPTAÇÃO DO CONTO “A PATA DO MACACO” PARA OBRA AUDIOVISUAL: VÍDEO, MAKING OF E CAMPANHA PUBLICITÁRIA Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Comunicação Social habilitações Rádio e TV e Publicidade e Propaganda pelo Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal de Mato Grosso UFMT, sob a orientação do Professor Joubert Lobato Evangelista. Joubert Lobato Evangelista Cuiabá 2007

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Monografia "ADAPTAÇÃO DO CONTO “A PATA DO MACACO” PARA OBRA AUDIOVISUAL: VÍDEO, MAKING OF E CAMPANHA PUBLICITÁRIA", para obtenção do título de bacharelado em Comunicação Social. Orientador: Joubert Lobato Evangelista. Banca examinadora: Ms. Moacir Francisco Sant'anna, Ms. Aclyse de Mattos e Joubert Evangelista. Discentes: Junior SIlgueiro, Thaysa Teófilo e Thiago Bazzi.Nota obtida: 10Link para o vídeo:Link para o roteiro: http://www.scribd.com/doc/23304289Links para o vídeo: Parte 1: http://www.youtube.com/watch?v=H4bV-N3yutgParte 2: http://www.youtube.com/watch?v=OtAmbZJX-sQ

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THAYSA TEÓFILO VAZTHIAGO BAZZI

WALDEMIR SILGUEIRO JUNIOR

ADAPTAÇÃO DO CONTO “A PATA DO MACACO” PARA OBRAAUDIOVISUAL:

VÍDEO, MAKING OF E CAMPANHA PUBLICITÁRIA

Monografia apresentada como requisitoparcial para obtenção do título de bacharelem Comunicação Social habilitações Rádioe TV e Publicidade e Propaganda peloDepartamento de Comunicação Social daUniversidade Federal de Mato GrossoUFMT, sob a orientação do ProfessorJoubert Lobato Evangelista.

Joubert Lobato Evangelista

Cuiabá

2007

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DEDICATÓRIA

A todas as pessoas que investiram o dia 10de março de 2007 e sua posteriormadrugada na gravação do vídeo.

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AGRADECIMENTOS

Thaysa

Aos meus pais, Izabete e Francisco, amor incontestável, força e patrocínio durante essesanos.À minha irmã Jakeline pelo companheirismo.Aos meus companheiros de monografia, Thiago e Junior.Ao meu namorado Thiago, pelos ensinamentos, paciência e carinho de cada dia.Aos amigos de longa data e aos que fiz durante essa louca jornada chamada faculdade.

Thiago

À minha mãe, Tânia Bazzi por, simplesmente, tudo.Às minhas tias, Nájoa, Nádia, Norma, Kátia (in memorian) e Selma.À minha irmã de coração Tuanne.Aos meus avós Salim e Darcy.Aos amigos Fábio, Léo e Juninho, por não desistirem de mim.Aos meus companheiros de monografia, Thaysa e Junior.À minha namorada Thaysa, principalmente pela compreensão e carinho.À galera da faculdade – CONSEGUIMOS!

Junior

Aos meus pais, “Valdema” e “Cidinha”, que estiveram sempre ao meu lado, emboraseparados por 725 km e pelo amor e carinho incondicionais.Aos meus irmãos, Vinícius e Victor, pela amizade, companheirismo e confidências.Aos meus familiares, em especial, Ademir, Marilene, Madalena e Ivanete por me daremcasa e comida quando necessário.À minha namorada Talita, pelo carinho e paciência.Aos amigos, em especial, Fhred, Pequeno e Plunk, pela parceria e irmandade.Aos meus companheiros de monografia, Thaysa e Thiago, pelos telefonemas para meacordar.A todos que duvidaram de mim.

“Nosso”

Ao nosso orientador, Joubert Lobato.Aos mestres que nos trouxeram até aqui e mostraram o caminho a se seguir.À Bruna, Jana e Francisco, pelo empréstimo da casa-estúdio.À equipe de produção: Juçara, Gilberto, Prota, Celso, Buiú, Nariel, Jhony, Smeagól,Heitor e Gustavo.Ao Gentil, pela dedicação e atenção dispensadas.Ao Pee-Wee, Cavalo e Ankh, pela inspiração.A todas as pessoas que conhecemos no decorrer de nossas vidas, e que colaboraram,direta ou indiretamente, para o nosso desenvolvimento.

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RESUMO

O trabalho a seguir discorre sobre três linguagens distintas: literatura, cinema e

vídeo; e a adaptação de literatura para vídeo, trazendo a experiência prática de produção

audiovisual complementada por sua campanha publicitária. Isso, fazendo uma conexão

teoria-prática e apresentando os resultados obtidos.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 05

1 ASPECTOS DA LITERATURA, CINEMA E VÍDEO ........................................... 071.1 LITERATURA ......................................................................................................... 071.2 CINEMA ................................................................................................................... 081.3 VÍDEO ...................................................................................................................... 10

2 AUTOR E CONTO ..................................................................................................... 122.1 O AUTOR ................................................................................................................. 122.2 O CONTO ................................................................................................................. 13

3 PRODUÇÃO AUDIOVISUAL .................................................................................. 253.1 PRÉ-PRODUÇÃO ................................................................................................... 253.1.1 Roteiro .................................................................................................................... 253.1.2 Adaptação .............................................................................................................. 293.1.3 Preparação ............................................................................................................. 313.2 PRODUÇÃO ............................................................................................................ 323.2.1 Recursos técnicos .................................................................................................. 333.2.2 Recursos humanos ................................................................................................ 333.2.3 Recursos materiais ................................................................................................ 343.2.4 Comandos de gravação ......................................................................................... 363.2.5 Gravação das cenas ............................................................................................... 403.2.6 Making of ............................................................................................................... 403.3 PÓS-PRODUÇÃO ................................................................................................... 423.3.1 Captura .................................................................................................................. 423.3.2 Edição ..................................................................................................................... 423.3.3 Trilha sonora ......................................................................................................... 433.3.4 Finalização ............................................................................................................. 433.3.5 Autoração do DVD ................................................................................................ 43

4 CAMPANHA PUBLICITÁRIA ................................................................................ 444.1 BRIEFING ................................................................................................................ 444.2 PÚBLICO-ALVO .................................................................................................... 464.3 ESTRATÉGIA DE CAMPANHA .......................................................................... 474.4 CRIAÇÃO ................................................................................................................ 51

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CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 59

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO .......................................................................... 63

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA .......................................................................... 64

SITES VISITADOS ....................................................................................................... 65

APÊNDICES .................................................................................................................. 66

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Introdução

Consta no site oficial da Universidade Federal do Estado de Mato Grosso, que o

Curso de Comunicação Social foi criado em 1990 e posteriormente reconhecido através

da Portaria nº. 911, de 20 de Agosto de 1998 do Ministério da Educação e do Desporto.

Na busca de uma formação profissional qualificada e integrada à realidade local, o curso

procura atender aos parâmetros básicos das respectivas habilitações, tendo como

referência um mercado de trabalho que exige, cada vez mais, profissionais que possam

atuar com eficiência em setores diferenciados. Com os avanços tecnológicos e a

complexidade da realidade social em permanente mudança, os meios de comunicação

tornam-se mais sofisticados a cada dia, exigindo uma sólida formação superior dos

professores. A evolução do setor de comunicação exige, de forma inquestionável,

profissionais especializados, com formação adequada e que estejam longe do empirismo.

Busca uma formação de qualidade, atentos às expectativas dos mercados regional e

nacional e às demandas da sociedade pós-moderna. Assim, os estudantes que hoje cursam

as disciplinas da estrutura curricular implantada desde a criação do curso também têm a

possibilidade de acompanhar o desenvolvimento tecnológico da área de comunicação, de

discutir e analisar os diferentes aspectos que permeiam a atividade do comunicador

social, de compreender as novas linguagens e de preparar-se para enfrentar um mercado

cada vez mais competitivo.

Na prática, em decorrência de diversos motivos tais como greves, falta de

professores e equipamentos, os alunos já não experimentam tanto durante a faculdade,

aliando teoria e prática, quanto é proposto na ementa e saem para o mercado de trabalho

precisando aprender muito para se igualarem a profissionais que nem formação

acadêmica possuem.

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Paralelamente a isso vemos a desunião causada pela separação das habilitações –

Radialismo, Publicidade e Propaganda e Jornalismo - que entram juntas na faculdade e se

vêem obrigadas a trilhar rumos diferentes a partir do 4º semestre.

No decorrer do curso esses alunos muitas vezes não executam mais atividades

em parceria, o que torna o entrosamento entre esses futuros profissionais algo inexistente.

Nesse cenário, sentimos a necessidade de trabalharmos juntos mais uma vez; agora muito

mais maduros e capazes de fazer adequadamente o intercâmbio de conhecimento e

informações específicas de cada habilitação. Buscamos um trabalho que nos fizesse

colocar em prática os conhecimentos adquiridos no decorrer do curso. Logo, a produção

de um vídeo, seu making of1 e campanha publicitária foram as maneiras mais eficientes

de fazer essa união, sendo um aluno de radialismo para a produção do vídeo, outro aluno

de radialismo para a confecção do making of e um de publicidade para a elaboração da

campanha publicitária. Assim, o trabalho foi sistematicamente dividido de modo que cada

aluno desenvolveu sua parte para a composição da obra final, que por sua vez, integra

esta monografia.

Decidida a configuração da parte prática da monografia, partimos para a

confecção do roteiro. Optamos por fazer a adaptação de um conto para a linguagem

audiovisual. “A Pata do Macaco”, de W. W. Jacobs, foi o escolhido. Trata-se de um

suspense que data de 1902 e é famoso por ser o primeiro texto ficcional de que se tem

registro, cujo tema ainda hoje mexe com a nossa imaginação: os mortos-vivos.

Para compor o relato do trabalho desenvolvido, esta monografia foi organizada

da seguinte maneira:

O capítulo 1 – Aspectos da literatura, cinema e vídeo – apresenta o histórico das

linguagens usadas.

O capítulo 2 – Autor e conto – explana sobre o autor de “A Pata do Macaco” e

apresenta o conto propriamente dito.

O capítulo 3 – Produção audiovisual – trata das etapas de produção audiovisual e

as particularidades do caso proposto.

O capítulo 4 – Campanha publicitária – apresenta o desenvolvimento da

campanha de promoção do produto audiovisual aplicado ao case “A Pata do Macaco”.

Em Considerações Finais são tecidas análises do trajeto percorrido, bem como

tenta-se deixar sugestões para produções futuras.

1- Do termo inglês “The making of” (a feitura de); jargão para um documentário de bastidores que registrao processo de produção, realização e repercussão de um produto audiovisual.

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CAPÍTULO 1 – ASPECTOS DA LITERATURA, CINEMA E VÍDEO

Este capítulo aborda o histórico das linguagens utilizadas para esta monografia:

literatura, cinema e vídeo, com a finalidade de dar sustentação às discussões posteriores.

1.1 LITERATURA

Na origem, a literatura de todos os povos foi oral. Apesar de originar-se

etimologicamente da palavra letra (do latim, littera, letra), a literatura surgiu nos

primórdios da humanidade, quando o homem ainda desconhecia a escrita e vivia em

tribos nômades, à mercê das forças naturais que ele tentava entender através dos

primeiros cultos religiosos. Lendas e canções eram transmitidas de forma oral através das

gerações. Com o advento da escrita, as paredes das cavernas começaram a receber

pinturas e desenhos simbólicos que passaram a registrar a tradição oral. Mais tarde

surgiriam novas formas para armazenar essas informações, como as tabuletas, óstracos,

papiros e pergaminhos. Dessa maneira, as primeiras obras literárias conhecidas são

registros escritos de composições oriundas de remota tradição oral.

Para Lajolo (1981) a natureza literária de um texto é instaurada pela relação que

as palavras estabelecem com o contexto, com a situação de produção da leitura. Para a

autora,A linguagem parece tornar-se literária quando seu uso instaura um universo,um espaço de interação de subjetividade (autor e leitor) que escapa aoimediatismo, à predictibilidade e ao estereótipo das situações e usos dalinguagem que configuram a vida cotidiana. (LAJOLO, 1981, p.38).

Bertomeu (2006) complementa no sentido em que o texto literário independe das

escolas ocorrentes literárias, visando transmitir uma vivência interior, pessoal ou

universal onde o autor “transmite sua maneira de ver o mundo, liberando ao máximo seu

potencial criativo para transmitir, através da prosa ou da poesia, seus pensamentos”

(2006, p.20).

Uma das características da linguagem literária é a capacidade polissêmica dos

vocábulos, ou seja, a virtude que têm as palavras de, através de um único significante,

apresentar uma variedade de significados. Assim, no dizer de Silva (1986), a linguagem

polissêmica ou plurissignificativa ocorre quando os signos lingüísticos (as frases) portam

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múltiplas dimensões semânticas, tendendo assim, para uma multivalência significativa,

fugindo da plenitude característica do discurso científico e didático.

1.2 CINEMA

Assim como na literatura, o cinema fala por meio de sua linguagem específica.

O escritor se expressa por um conjunto de palavras que formam frases, orações e

períodos. A expressão daquele que escreve se dá através da sintaxe. E o cinema também

tem uma sintaxe que se cristaliza pelo relacionamento dos planos, cenas, seqüências,

sons.

Com o advento da fotografia no inicio do século XIX, começou a busca pela

imagem em movimento. No final deste mesmo século, os inventores Thomas Armat,

Thomas A. Edison, Charles F. Jenkins e Woodville Tnatham dos EUA; Willian Friese-

Greene e Robert W Paul, da Inglaterra; e os irmãos Louis e Auguste Lumière e Etienne

Jules Marey, da França, todos no mesmo período, fizeram descobertas e avanços na

produção de imagens em movimento.

Segundo Rodrigues (2005), a primeira projeção pública de um filme numa tela

ocorreu em 28 de dezembro de 1895 em Paris. Uma série de dez filmes, com duração de

40 a 50 segundos cada, já que os rolos de película tinham 15 metros de comprimento. Os

filmes até hoje mais conhecidos desta primeira sessão chamavam-se "A saída dos

operários da Fábrica Lumière" e "A chegada do trem à Estação Ciotat", cujos títulos

exprimem bem o conteúdo.

Conforme era usada a tecnologia descobriam-se suas possibilidades de uso e,

portanto, dando ordem a um novo código de linguagem visual. Mas sem deixar de citar

que o cinema desde cedo aprendeu a traduzir as linguagens de outras áreas, Eisenstein

(2002) já se perguntava: “e que arte não está perto do cinema?” Da pintura, trouxe a

noção do quadro, do enquadramento, da composição dentro desse quadro (noções essas

que também já haviam sido aprendidas pela fotografia, outra tecnologia de produzir

imagens técnicas, também desenvolvida no século XIX). Do teatro, a noção de

encenação, de cenário, e também uma marca dos primeiros tempos: a câmera imóvel,

virada para o palco, espaço de representação. Da literatura, um pouco mais tarde, a noção

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de montagem, paralela e alternada, de trama e do conflito. Dubois (2004) aponta três

grandes momentos para o desenvolvimento da linguagem cinematográfica - o cinema

mudo, quando a tevê ainda não fazia parte do espaço diagético do cinema, em meados do

século XX, com o surgimento da tevê e, a partir dos anos 80 quando as técnicas do vídeo

passam a ser incorporadas ao fazer cinematográfico.

Segundo Comparato

A linguagem cinematográfica introduziu uma nova concepção de tempo eespaço em sua reprodução do mundo. O espaço perdeu sua qualidade estática epassou a ser movimento, incorporando as características do tempo histórico. Oespaço-tempo pode parar,como nos close-ups2, pode voltar ao passado, comonos flash-back3s pode dar um salto e nos revelar o futuro (COMPARATO,1983,p 76).

Em 1896, apenas sete meses depois da histórica exibição dos filmes dos irmãos

Lumière em Paris, foi realizada no Rio de Janeiro, a primeira sessão de cinema no Brasil.

Um ano depois, Paschoal Segreto e José Roberto Cunha Salles inauguraram, na Rua do

Ouvidor, uma sala permanente. Em 1898, Afonso Segreto rodou o primeiro filme

brasileiro: algumas cenas da baía de Guanabara. Seguiram-se pequenos filmes sobre o

cotidiano carioca e filmagens de pontos importantes da cidade, como o Largo do

Machado e a Igreja da Candelária, no estilo dos documentários franceses do início do

século.

Nos primeiros dez anos a produção de filmes era fraca devido à falta de energia

elétrica, porém em 1907 com a instalação de usinas hidrelétricas a energia passou a ser

mais confiável e a industria cinematográfica no Brasil começou a se expandir. Em 1908

já havia 20 salas de cinema no Rio de Janeiro, boa parte delas com suas próprias equipes

de filmagem. A comercialização de filmes estrangeiros é seguida por uma promissora

produção nacional.

2 Plano que enfatiza um detalhe. Primeiro plano.3 Interrupção de uma sequência cronológica narrativa pela interpolação de eventos ocorridos anteriormente.

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1.3 VÍDEO

Nos anos 50 teve início a era TV no Brasil. Segundo o Site Tudo Sobre TV4 o

Brasil foi o quarto país no mundo a possuir emissora de televisão, ficando atrás somente

dos Estados Unidos, França e Inglaterra. A primeira emissora nacional foi a TV Tupi

canal 3, a televisão teve seus primeiros anos marcados pela fase de aprendizagem, tanto

técnica quanto artisticamente. Já em 1959 entra em cena o videotape5, equipamento que

dá a possibilidade de gravarmos, editarmos e regravarmos as cenas que até então eram

todas feitas exclusivamente ao vivo na TV. Com o desenvolvimento do videotape, não foi

só a tevê que se beneficiou. Vários realizadores cinematográficos passaram a utilizar a

imagem videográfica como teste para as suas produções; com isso, a experimentação

também retornou no campo da produção cinematográfica.

Segundo Machado (1996) podem-se distinguir três fases na curta história do vídeo

brasileiro.

“Nos anos 70, o vídeo foi explorado exclusivamente por artistas plásticos quebuscavam novos meios e suportes para suas idéias criativas. A exibição serestringia então ao circuito sofisticado dos museus e galerias de arte. Nos anos80, surge a geração do vídeo independente, que amplia o alcance do vídeocriativo, atingindo um público mais largo. Eram geralmente jovens recémsaídos das universidades, que faziam um movimento ruidoso e enérgico,tentando transformar a Imagem eletrônica num fato da cultura de nosso tempo.O horizonte dessa geração passa a ser a televisão e não mais o circuito eruditoda vídeo-arte praticada pelos pioneiros. A terceira e mais recente geração devideomakers brasileiros não representa propriamente uma virada radical deestilo, forma e conteúdo em relação às outras duas fases já vividas pelo vídeo.Na verdade, essa nova geração, que desponta publicamente nos anos 90, tiraproveito de toda a experiência acumulada, faz a síntese das outras duasgerações e parte para um trabalho mais maduro, de solidificação das conquistasanteriores. A maioria dos representantes dessa nova geração vem do ciclo dovídeo independente, optando, todavia por um trabalho mais pessoal, maisautoral, menos militante ou socialmente engajado, retomando, portanto certasdiretrizes da geração dos pioneiros” (MACHADO, 1996, p. 37) .

O vídeo despontou no Brasil, a partir de meados da década de 70, como um dos

fenômenos culturais mais importantes e duradouros.

4 http://www.tudosobretv.com.br/history/tv50.htm5 Fita magnética em que é possível gravar áudio e vídeo. Pode também ser o nome da máquina gravadora.

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Este capítulo abordou o tema literatura, cinema e vídeo através dos seus aspectos

fundamentais que oferecem sustentação à posterior transposição de uma linguagem para a

outra, a qual será verificada no capítulo 3 desta monografia.

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CAPÍTULO 2 – AUTOR E CONTO

Para ser realizada a transposição da linguagem literária para a linguagem

audiovisual foi utilizado o conto “A Pata do Macaco” de W. W. Jacobs. O interesse por

este conto em específico se deu pelo fato de ser o primeiro a tratar do assunto “mortos

que voltam à vida”. O primeiro contato com ele foi na leitura do livro “Dança Macabra”,

de Stephen King, em um capítulo que tratava das histórias de horror cujos monstros não

são mostrados, mantendo o suspense pela carga emocional da trama.

Desta maneira, este capítulo apresenta o autor e sua obra na íntegra.

2.1 O AUTOR

Segundo Merriman (2005) W. W. Jacobs (1863 – 1943) foi um autor britânico

que se tornou mais conhecido por seu conto macabro “A Pata do Macaco” (The

Monkey’s Paw), de 1902.

William Wymark Jacobs nasceu em 8 de setembro em Wapping, Londres,

Inglaterra. Foi o filho mais velho do casal William Gage Jacobs e sua primeira mulher,

Sophia Wymark, falecida quando Jacobs era muito novo. Seu pai foi gerente do cais

South Devon, e o jovem Jacobs juntamente com seus irmãos passaram grande parte da

infância observando as idas e vindas de navios cargueiros e suas tripulações.

O jovem W. W. – como passou a ser chamado pelos amigos – era tímido e

retraído. Freqüentou uma escola particular em Londres e então foi para a Universidade

Birkbeck. Em 1879 se tornou caixeiro do serviço público e de 1883 até 1899 foi do

departamento de economias de um banco. Um salário regular era muito bem vindo,

levando-se em consideração a sua infância pobre, mas por volta de 1885 W.W. passou a

mandar esquetes anônimas para serem publicadas nas revistas Blackfriars. No final dos

anos 90 teve algumas de suas histórias ilustradas por Jerome K, Jerome e Robert Barr em

circulação pelas revistas satíricas The Idler e Today, tendo alguns de seus trabalhos

também aceitos pela Stand. Suas primeiras histórias eram fracas, mas mostravam que o

rapaz tinha um futuro promissor como escritor. Grandes críticos literários da época como

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Henry James, G. K. Chesterton e Christopher Morley teceram comentários favoráveis a

ele.

Em 1896 Jacobs lançou sua primeira coletânea de contos, intitulada “Many

Cargoes”, seguido por um romance chamado “The Skipper’s Wooing” e, em 1898 outra

coletânea de contos “Sea Urchins”. Em 1899 Jacobs, acreditado de seus dotes como

escritor, abandonou o serviço público para se dedicar integralmente a seus manuscritos.

Em 1900 se casa com Agnes Eleanor com quem teve 5 filhos.

O romance “At Sunwich Port” (1902) e “Dialstone Lane” (1904) foram

considerados os seus melhores, mostrando seu talento excepcional para os personagens

ingênuos e situações satíricas. A maioria de suas histórias retratou a classe baixa inglesa e

tinham finais surpreendentes. “The Lady of the Barge” (1902) continha, entre outros

contos, “The Monkey’s Paw” (A Pata do Macaco). Seu último livro de contos foi “Night

Watches”, lançado em 1914.

William Wymark Jacobs morreu em Hornsey Lane, Islington, Londres em 1° de

setembro 1943.

2.2 O CONTO

O conto “A Pata do Macaco” foi publicado na obra “The Lady of Barge” (Jacobs,

1902), uma coletânea de contos do autor. No quadro 2.1 sua transcrição na íntegra

disponível em (http://www.contosimortais.pop.com.br/patadomacaco.htm).

Quadro 2.1 – Transcrição do conto “A Pata do Macaco”

I

Lá fora, a noite estava fria e úmida, mas na pequena sala de visitas de Labumum Villa os

postigos estavam abaixados e o fogo queimava na lareira. Pai e filho jogavam xadrez: o

primeiro tinha idéias sobre o jogo que envolviam mudanças radicais, colocando o rei em

perigo tão desnecessário que até provocava comentários da velha senhora de cabelos

brancos, que tricotava serenamente perto do fogo.

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- Ouça o vento - disse o Sr. White, que, tendo visto tarde demais um erro fatal, queria

evitar que o filho o visse.

- Estou escutando - disse o último, estudando o tabuleiro ao esticar a mão.

- Xeque.

- Eu duvido que ele venha hoje à noite - disse o pai, com a mão parada em cima do

tabuleiro.

- Mate - replicou o filho.

- Essa é a desvantagem de se viver tão afastado - vociferou o Sr. White, com um a

violência súbita e inesperada. - De todos os lugares desertos e lamacentos para se viver,

este é o pior. O caminho é um atoleiro, e a estrada uma torrente. Não sei o que as pessoas

têm na cabeça. Acho que, como só sobraram duas casas na estrada, elas acham que não

faz mal.

- Não se preocupe, querido - disse a esposa em tom apaziguador. - Talvez você ganhe a

próxima partida.

O Sr. White levantou os olhos bruscamente a tempo de perceber uma troca de olhares

entre mãe e filho. As palavras morreram em seus lábios, e ele escondeu um sorriso de

culpa atrás da barba fina e grisalha.

- Aí vem ele - disse Herbert White, quando o portão bateu ruidosamente e passos pesados

se aproximaram da porta.

O velho levantou-se com uma pressa hospitaleira e, ao abrir a porta, foi ouvido

cumprimentando o recém chegado. Este também o cumprimentou, e a Sra. White tossiu

ligeiramente quando o marido entrou na sala, seguido por um homem alto e corpulento,

com olhos pequenos e nariz vermelho.

- Sargento Morris - disse ele, apresentando-o.

O sargento apertou as mãos e, sentando-se no lugar que lhe ofereceram perto do fogo,

observou satisfeito o anfitrião pegar uísque e copos, e colocar uma pequena chaleira de

cobre no fogo.

Depois do terceiro copo, seus olhos ficaram mais brilhantes, e ele começou a falar, o

pequeno círculo familiar olhando com interessante este visitante de lugares distantes,

quando ele empertigou os ombros largos na cadeira e falou de cenários selvagens e feitos

intrépidos: de guerras, pragas e povos estranhos.

- Vinte e um anos nessa vida - disse o Sr. White, olhando para a esposa e o filho. -

Quando ele foi embora era um rapazinho no armazém. Agora olhem só para ele.

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- Ele não parece ter sofrido muitos reveses - disse a Sra. White amavelmente.

- Eu gostaria de ir à Índia - disse o velho - só para conhecer, compreende?

- Você está bem melhor aqui - disse o sargento, sacudindo a cabeça. Pôs o copo vazio na

mesa e, suspirando baixinho, sacudiu a cabeça novamente.

- Eu gostaria de ver aqueles velhos templos, os faquires e os nativos - disse o velho. - O

que foi que você começou a me contar outro dia sobre uma pata de macaco ou algo assim

Morris?

- Nada - disse o soldado rapidamente. - Não é nada de importante.

- Pata de macaco? - perguntou a Sra. White, curiosa.

- Bem, é só um pouco do que se poderia chamar de magia, talvez - disse o sargento com

falso ar distraído.

Os três ouvintes debruçaram-se nas cadeiras interessados. O visitante levou o copo vazio

à boca distraidamente e depois recolocou-o onde estava. O dono da casa tornou a enchê-

lo.

- Aparentemente - disse o sargento, mexendo no bolso - é só uma patinha comum

dissecada.

Tirou uma coisa do bolso e mostrou-a. A Sra. White recuou com uma careta, mas o filho,

pegando-a, examinou-a com curiosidade.

- E o que há de especial nela? - perguntou o Sr. White ao pegá-la da mão do filho e,

depois de examiná-la, colocá-la sobre a mesa.

- Foi encantada por um velho faquir - disse o sargento -, um homem muito santo. Ele

queria provar que o destino regia a vida das pessoas, e que aqueles que interferissem nele

seriam castigados. Fez um encantamento pelo qual três homens distintos poderiam fazer,

cada um, três pedidos a ela.

A maneira dele ao dizer isso foi tão solene que os ouvintes perceberam que suas risadas

estavam um pouco fora de propósito.

- Bem, por que não faz os seus três pedidos, senhor? - disse Herbert White astutamente.

O soldado olhou para ele como olham as pessoas de meia-idade para um jovem

presunçoso.

- Eu fiz - disse ele calmamente, e seu rosto marcado empalideceu.

- E teve mesmo os três desejos satisfeitos? - perguntou a Sra. White.

- Tive - disse o sargento, e o copo bateu nos dentes fortes.

- E alguém mais fez os pedidos? - insistiu a senhora.

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16

- O primeiro homem realizou os três desejos - foi a resposta. - Eu não sei quais foram os

dois primeiros, mas o terceiro foi para morrer. Por isso é que consegui a pata.

Seu tom de voz era tão grave que o grupo ficou em silêncio.

- Se você conseguiu realizar os três desejos, ela não serve mais para você Morris - disse o

velho finalmente. - Para que você guarda essa pata?

O soldado meneou a cabeça.

- Por capricho, suponho - disse lentamente. - Cheguei a pensar em vendê-la, mas acho

que não o farei. Ela já causou muitas desgraças. Além disso, as pessoas não vão comprar.

Acham que é um conto de fadas, algumas delas; e as que acreditam querem tentar

primeiro para pagar depois.

- Se você pudesse fazer mais três pedidos - disse o velho, olhando para ele atentamente -,

você os faria?

- Eu não sei - disse o outro. - Eu não sei.

Pegou a pata e, balançando-a entre os dedos, de repente jogou-a no fogo.

White, com um ligeiro grito, abaixou-se e tirou-a de lá.

- É melhor deixar que ela se queime - disse o soldado solenemente.

- Se você não quer mais, Morris - disse o outro -, me dá.

- Não - disse o amigo obstinadamente. - Eu a joguei no fogo. Se você ficar com ela, não

me culpe pelo que acontecer. Jogue isso no fogo outra vez, como um homem sensato.

O outro sacudiu a cabeça e examinou sua nova aquisição atentamente.

- Como você faz para pedir? - perguntou.

- Segure a pata na mão direita e faça o pedido em voz alta - disse o sargento -, mas eu o

advirto sobre as conseqüências.

- Parece um conto das Mil e uma noites - disse a Sra. White, ao se levantar e começar a

pôr o jantar na mesa. - Você não acha que deveria pedir quatro pares de mão para mim?

- Se quer fazer um pedido - disse ele asperamente -, peça algo sensato. O Sr. White

colocou a pata no bolso novamente e, arrumando as cadeiras acenou para que o amigo

fosse para a mesa. Durante o jantar o talismã foi parcialmente esquecido, e depois os três

ficaram escutando, fascinados, um segundo capítulo das aventuras do soldado na Índia.

- Se a história sobre a pata de macaco não for mais verdadeira do que as que nos contou -

disse Herbert, quando a porta se fechou atrás do convidado, que partiu a tempo de pegar o

último trem-, nós não devemos dar muito crédito a ela.

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- Você deu alguma coisa a ele por ela, papai? - perguntou a Sra. White, olhando para o

marido atentamente.

- Pouca coisa - disse ele, corando ligeiramente. - Ele não queria aceitar, mas eu o fiz

aceitar. E ele tornou a insistir que eu jogasse fora.

- É claro - disse Herbert, fingindo estar horrorizado. - Ora, nós vamos ser ricos, famosos e

felizes. Peça para ser um imperador, papai, para começar, então você não vai ser mais

dominado pela mulher.

Ele correu em volta da mesa, perseguido pela Sra. White armada com uma capa de

poltrona.

O Sr. White tirou a pata do bolso e olhou para ela dubiamente.

- Eu não sei o que pedir, é um fato - disse lentamente. - Eu acho que tenho tudo o que

quero.

- Se você acabasse de pagar a casa ficaria bem feliz, não ficaria? - disse Herbert, com a

mão no ombro dele. - Bem, peça 200 libras, então, isso dá.

O pai, sorrindo envergonhado pela própria ingenuidade, segurou o talismã, quando o

filho, com uma cara solene, um tanto franzida por uma piscadela de olhos para a mãe,

sentou-se no piano e tocou alguns acordes para fazer fundo.

- Eu desejo 200 libras - disse o velho distintamente.

Um rangido do piano seguiu-se às palavras, interrompido por um grito estridente do

velho. A mulher e o filho correram até ele.

- Ela se mexeu - gritou ele, com um olhar de nojo para o objeto caído no chão. - Quando

eu fiz o pedido, ela se contorceu na minha mão como uma cobra.

- Bem, eu não vejo o dinheiro - disse o filho ao pegá-la e colocá-la em cima da mesa - e

aposto que nunca vou ver.

- Deve ter sido imaginação sua, papai - disse a esposa, olhando para ele ansiosamente.

Ele sacudiu a cabeça.

- Não faz mal, não aconteceu nada, mas a coisa me deu um susto assim mesmo.

Eles se sentaram perto do fogo novamente enquanto os dois homens acabavam de fumar

cachimbos. Lá fora, o vento zunia mais do que nunca, e o velho teve um sobressalto com

o barulho de uma porta batendo no andar de cima. Um silêncio estranho e opressivo

abateu-se sobre todos os três, e perdurou até o velho casal se levantar e ir dormir.

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- Eu espero que vocês encontrem o dinheiro dentro de um grande saco no meio da cama -

disse Herbert, ao lhes desejar boa noite - e algo terrível agachado em cima do armário

observando vocês guardarem seu dinheiro maldito.

Ficou sentado sozinho na escuridão, olhando para o fogo baixo e vendo caras nele. A

última cara foi tão feia e tão simiesca que ele olhou para ela assombrado. A cara ficou tão

vivida que, com uma risada inquieta, ele procurou um copo na mesa que tivesse um

pouco de água para jogar no fogo. Sua mão pegou na pata de macaco, e com um ligeiro

estremecimento ele limpou a mão no casaco e foi dormir.

II

Na claridade do sol de inverno, na manhã seguinte, quando este banhou a mesa do café,

ele riu de seus temores. Havia um ar de naturalidade na sala que não existia na noite

anterior, e a pequena pata suja estava jogada na mesa de canto com um descuido que não

atribuía grande crença a suas virtudes.

- Eu creio que todos os velhos soldados são iguais - disse a Sra. White. - Essa idéia de dar

ouvidos a tal tolice! Como é que se pode realizar desejos hoje em dia? E se fosse

possível, como é que iam aparecer 200 libras, papai?

- caindo do céu, talvez - disse Herbert, com ar brincalhão.

- Morris disse que as coisas aconteciam com tanta naturalidade - disse o pai - que a gente

podia até achar que era coincidência.

- Bem, não gaste o dinheiro antes de eu voltar - disse Herbert, ao se levantar da mesa. -

Estou com medo de que você se torne um homem mesquinho e avarento, e vamos ter de

renegá-lo.

A mãe riu e, acompanhando-o até a porta, viu-o descer a rua. Voltando à mesa do café,

divertiu-se à custa da credulidade do marido. O que não a impediu de correr até a porta

com a batida do carteiro, nem de se referir a sargentos da reserva com vício de beber,

quando descobriu que o correio trouxera uma conta do alfaiate.

- Herbert vai dizer uma das suas gracinhas quando chegar em casa - disse ela, quando se

sentaram para jantar.

- Com certeza - disse o Sr. White, servindo-se de cerveja -, mas, apesar de tudo, a coisa se

mexeu na minha mão; eu posso jurar.

- Foi impressão - disse a senhora apaziguadoramente.

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- Estou dizendo que se mexeu - replicou o outro. - Não há dúvida; eu tinha acabado... O

que houve?

A mulher não respondeu. Estava observando os movimentos misteriosos de um homem

do lado de fora, que, espiando com indecisão para a casa, parecia estar tentando tomar a

decisão de entrar. Lembrando-se das 200 libras, ela reparou que o estranho estava bem-

vestido e usava um chapéu de seda novo.

Por três vezes ele parou no portão, e depois caminhou novamente. Da quarta vez ficou

com a mão parada sobre ele, e depois com uma súbita resolução abriu-o e entrou. A Sra.

White no mesmo momento desamarrou o avental rapidamente, colocando-o debaixo da

almofada da cadeira. Convidou o estranho, que parecia deslocado, a entrar. Ele olhou

para ela furtivamente, e ouviu preocupado, a senhora desculpar-se pela aparência da sala,

e pelo casaco do marido, uma roupa que ele geralmente reservava para o jardim. Então

ela esperou, com paciência, que ele falasse do que se tratava, mas, a princípio, ele ficou

estranhamente calado.

- Eu... pediram-me para vir aqui - disse ele finalmente, e abaixando-se tirou um pedaço de

algodão das calças. - Eu venho representando "Maw&Meggins".

A senhora sobressaltou-se.

- Aconteceu alguma coisa? - perguntou ela, ofegante - Acontecem alguma coisa a

Herbert? O que é? O que é?

O marido interveio.

- Calma, calma, mamãe - disse ele rapidamente. - Sente-se e não tire conclusões

precipitadas. O senhor certamente não trouxe más notícias, não é, senhor - e olhou para o

outro ansiosamente.

- Eu lamento... - começou o visitante.

- Ele está ferido? - perguntou a mãe desesperada.

O visitante assentiu com a cabeça.

- Muito ferido - disse. - Mas não está sofrendo.

- Ah, graças a Deus! - disse a senhora, apertando as mãos. - Graças a Deus! Graças...

Parou de falar de repente quando o significado sinistro da afirmativa se abateu sobre ela,

e ela viu a terrível confirmação de seus temores no rosto desviado do outro. Prendeu a

respiração e, virando-se para o marido, menos perspicaz, pôs a mão trêmula sobre a dele.

Seguiu-se um demorado silêncio.

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- Ele foi apanhado pela máquina - repetiu o Sr. White, estonteado. - Ah!

Sim.

Ficou sentado olhando para a janela e, tomando a mão da esposa entra as suas, apertou-a

como tinha vontade de fazer nos velhos tempos de namoro há quase 40 anos.

- Ele era o único que nos restava - disse ele, voltando-se amavelmente para o visitante. -

É difícil.

O outro tossiu e, levantando-se, caminhou lentamente até a janela.

- A firma me pediu para transmitir os nossos sinceros pêsames a vocês por sua grande

perda - disse ele, sem olhar para trás. - Eu peço que compreendam que sou apenas um

empregado da firma e estou apenas obedecendo ordens.

Não houve resposta; o rosto da senhora estava branco, os olhos parados e a respiração

inaudível; no rosto do marido havia um olhar que o amigo sargento talvez tivesse na

primeira batalha.

- Devo dizer que "Maw&Meggins" estão isentos de toda responsabilidade - continuou o

outro. - Eles não têm nenhuma dívida com a família, mas, em consideração aos serviços

de seu filho, desejam presenteá-los com uma certa soma como compensação.

O Sr. White largou a mão da esposa e, pondo-se de pé, olhou para o visitante horrorizado.

Seus lábios secos pronunciaram as palavras:

- Quanto?

- Duzentas libras - foi a resposta.

Indiferente ao grito da esposa, o velho sorriu fracamente, estendeu as mãos como um

homem cego e caiu, desfalecido, no chão.

III

No enorme cemitério novo, a alguns quilômetros de distância, os velhos enterraram seu

morto e voltaram para casa mergulhada em sombras e silêncio. Tudo terminara tão rápido

que a princípio nem se davam conta do que acontecera, e ficaram num estado de

expectativa como se fosse acontecer mais alguma coisa - algo mais que aliviasse esse

fardo, pesado demais para corações velhos.

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Mas os dias se passaram, e a expectativa deu lugar à resignação - a resignação

desesperançada dos velhos, às vezes chamada erradamente de apatia. Algumas vezes nem

trocavam uma palavra, pois agora não tinham nada do que falar e os dias eram compridos

e desanimados.

Foi por volta de uma semana depois que o velho, acordando subitamente de noite,

estendeu o braço e viu-se sozinho. O quarto estava no escuro e o ruído de soluços

baixinhos vinha da janela. Ele se levantou na cama e ficou ouvindo.

- Volte para a cama - disse ele ternamente. - Você vai ficar gelada.

- Está mais frio para ele - disse a senhora, e chorou novamente.

O som de seus soluços apagou-se nos ouvidos dele. A cama estava quente, e seus olhos

pesados de sono. Ele cochilava a todo instante e acabou pegando no sono, quando um

súbito grito histérico da esposa o despertou com um sobressalto.

- A pata! - gritou histericamente. - A pata de macaco!

Ele se levantou, alarmado.

- Onde? Onde está? O que houve?

Ela correu agitada até ele.

- Eu quero a pata - disse ela calmamente. - Você não a destruiu?

- Está na sala, em cima da prateleira - replicou ele atônito. - Por quê?

Ela chorou e riu ao mesmo tempo e, debruçando-se, beijou-o no rosto.

- Só tive essa idéia agora - disse ela histericamente. - Por que não pensei nisso antes? Por

que você não pensou nisso antes?

- Pensar em quê? - perguntou ele.

- Nos outros dois desejos - replicou ela rapidamente. - Nós só fizemos um pedido.

- Não foi suficiente? - perguntou ele, irado.

- Não - gritou ela, triunfante; - ainda vamos fazer um.

Desça, apanhe a pata rapidamente, e deseje que o nosso filho viva novamente.

O homem sentou-se na cama e arrancou as cobertas de cima do corpo trêmulo.

- Meu bom Deus, você está louca! Gritou ele, horrorizado.

- Pegue aquela coisa - disse ela, ofegante -, pegue depressa, e faça o pedido... Ah, meu

filho, meu filho!

O Marido riscou um fósforo e acendeu a vela.

- Volte para a cama - disse ele, incerto. - Você não sabe o que está dizendo.

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- Nós conseguimos satisfazer o primeiro pedido - disse a senhora, febrilmente. - Por que

não o segundo?

- Foi uma coincidência - gaguejou o velho.

- Vá buscar a pata e faça o pedido - gritou a esposa, tremendo de excitação.

O velho virou-se, olhou para ela, e sua voz tremeu.

- Ele já está morto há 10 dias e, além disso, ele... - eu não queria lhe dizer isso, mas... só

consegui reconhecê-lo pela roupa. Se já estava tão horrível para você ver, imagine agora?

- Traga-o de volta - gritou a senhora, e o arrastou para a porta. - Você acha que tenho

medo do filho que criei?

Ele desceu na escuridão, foi tateando até a sala e depois até a lareira. O talismã estava no

lugar, e um medo horrível de que o desejo ainda não expresso pudesse trazer o filho

mutilado apossou-se dele, e ficou sem ar ao perceber que perdera a direção da porta. Com

a testa fria de suor, ele deu volta na mesa, tateando, e foi-se amparando na parede até se

achar no corredor com a coisa nociva na mão.

Até o rosto da esposa parecia mudado quando ele entrou no quarto. Estava branco e

ansioso, e para seu temor parecia ter um olhar estranho. Ele sentiu medo dela.

- Peça! - gritou ela, com voz forte.

- Isso é loucura - disse ele, com voz trêmula.

- Peça! - repetiu a esposa.

Ele levantou a mão.

- Eu desejo que meu filho viva novamente.

O talismã caiu no chão, e ele olhou para a coisa com medo.

Então afundou numa cadeira, trêmulo, quando a esposa, com os olhos ardentes, foi até a

janela e levantou a persiana.

Ficou sentado até ficar arrepiado de frio, olhando ocasionalmente para a figura da velha

senhora espiando pela janela.

O cotoco de vela, que queimara até a beirada do castiçal de porcelana, jogava sombras

sobre o teto e as paredes, até que, com um bruxulear maior do que os outros, se apagou.

O velho, com uma imensa sensação de alívio pelo fracasso do talismã, voltou para a

cama, e um ou dois minutos depois a senhora veio silenciosamente para o seu lado.

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Nenhum dos dois disse nada, mas permaneceram deitados em silêncio, ouvindo o tique-

taque do relógio. Um degrau rangeu, e um rato correu guinchando através do muro. A

escuridão era opressiva e, depois de ficar deitado por algum tempo, criando coragem, ele

pegou a caixa de fósforos e, acendendo um, foi até embaixo para pegar uma vela.

Nos pés da escada o fósforo se apagou, e ele parou para riscar outro; no mesmo momento

ouviu-se uma batida na porta da frente, tão baixa e furtiva que quase não se fazia ouvir.

Os fósforos caíram-lhe da mão e espalharam-se no corredor. Ele permaneceu imóvel,

com a respiração presa até a batida se repetir. Então virou-se e fugiu rapidamente para o

quarto, fechando a porta atrás de si.

Uma terceira batida ressoou pela casa.

- O que é isso? - gritou a senhora, levantando-se.

- Um rato - disse o velho com voz trêmula -, um rato. Ele passou por mim na escada.

A esposa sentou-se na cama, escutando. Uma batida alta ressoou pela casa.

- É Herbert! - gritou. - É Herbert!

Ela correu até a porta, mas o marido ficou na frente dela e, pegando-a pelo braço,

segurou-a com força.

- O que você vai fazer? - sussurrou ele com voz rouca.

- É meu filho; é Herbert! - gritou ela, debatendo-se mecanicamente. - Eu esqueci que ele

estava a 10 quilômetros daqui. Por que está me segurando? Me solte. Eu tenho de abrir a

porta.

- Pelo amor de Deus não deixe entrar - gritou o velho tremendo.

- Você está com medo do próprio filho - gritou ela, debatendo-se. - Me solte. Eu já vou,

Herbert; eu já vou.

Ouviu-se mais uma batida, e mais outra. A senhora com um arrancão súbito soltou-se e

saiu correndo do quarto. O marido seguiu-a até a escada e chamou-a enquanto ela corria

para baixo. Ele ouviu a corrente chocalhar e a tranca do chão ser puxada lenta e

firmemente do lugar. Então a voz da senhora soou, nervosa e ofegante.

- A tranca - gritou ela alto. - Desça que eu não consigo puxar a tranca.

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Mas o marido estava de joelhos no chão, procurando a pata desesperadamente. Se pelo

menos conseguisse encontrá-la antes que a coisa entrasse. Uma série de batidas

reverberou pela casa, e ele ouviu o arrastar de uma cadeira quando a esposa a colocou no

corredor encostada na porta. Ouviu o ranger da tranca quando esta se destravou

lentamente, e no mesmo momento encontrou a pata de macaco, e desesperadamente fez o

terceiro e último pedido.

As batidas pararam subitamente, embora ainda ecoassem na casa. Ele ouviu a cadeira ser

arrastada de volta, e a porta se abrir. Um vento frio subiu pela escada, e um gemido alto e

demorado de decepção e tristeza da esposa lhe deu coragem para correr até ela e depois

até o portão. O lampião da rua que tremulava do outro lado brilhava numa estrada

silenciosa e deserta.

“A Pata do Macaco” conta a história de uma família que ganha de um amigo

sargento, uma pata de macaco enfeitiçada que realiza desejos, mas leva algo em troca.

Após um pedido de dinheiro, os pais recebem a notícia de que o filho morrera e a

indenização por sua morte era o valor pedido. A mãe, em choque deseja trazer o filho de

volta, mas o pai não quer, receando que ele volte um monstro. O pai faz o pedido, porém,

enquanto sua mulher vai abrir a porta para recepcionar o filho, o pai pede à pata que o

filho desapareça e quando sua mulher abre a porta, não há nada ali.

A partir do conto exposto em linguagem literária será desenvolvida a adaptação

para linguagem audiovisual no capítulo 3.

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CAPÍTULO 3 - PRODUÇÃO AUDIOVISUAL

A produção se divide basicamente em: Pré-produção, Produção e Pós-produção, a

partir destas existem processos menores que, em conjunto, dão origem ao produto final.

Este capítulo apresenta estas etapas.

Para a produção de “A Pata do Macaco” foi criada a produtora fictícia “Cavalo de

Trolha Pictures”.

3.1 PRÉ-PRODUÇÃO

A pré-produção é a fase onde são levantadas todas as necessidades do vídeo e são

definidos prazos para a execução de todas as etapas. Nesse momento, determina-se a

estética do vídeo e todo seu planejamento.

A pré-produção se subdivide em roteiro, adaptação e preparação.

3.1.1 Roteiro

O roteiro é a posição chave na fabricação de um filme, pois é a partir dele quese decide o filme. Um bom roteirista é aquele que conhece a fundo a técnicacinematográfica, pois é preciso escrever coisas filmáveis, do contrario oroteiro não passa do sonho impossível de um filme (CARRIÉRE, 1994).

Um roteiro é uma história contada com imagens, expressas dramaticamente em

uma estrutura definida, com início meio e fim, não necessariamente nessa ordem.

Segundo Rodrigues (2005) na elaboração de um roteiro, o roteirista normalmente o

desenvolve da seguinte forma:

Storyline: É a trama central proposta pelo roteirista, contada em um parágrafo de

4 a 6 linhas. Nela devem estar expressos o conflito, começo, meio e fim. O quadro 3.1

mostra a storyline de “A Pata do Macaco”.

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Quadro 3.1 – storyline “A Pata do Macaco”

Uma família que ganha de um amigo uma pata de macaco enfeitiçada, que realiza desejos mas

leva algo em troca. O pai, duvidando, pede mil e duzentos reais. No outro dia um advogado da

firma onde o seu filho trabalha lhes dá a notícia de que este morrera e a indenização era quantia

pedida. Após três semanas, a mãe perturbada, deseja trazer o filho de volta, mas o pai não quer,

receando que ele volte um monstro, mesmo assim faz o pedido. Quando sua esposa vai abrir a

porta para o filho, o pai deseja que ele desapareça. Ela abre a porta e não vê ninguém.

Sinopse: A sinopse é a história contada através de uma seqüência de ações, sem

espaço para caixas de diálogo, informações técnicas e marcações de cena. É uma etapa

importante da produção audiovisual, uma vez que serve de guia para a construção do

roteiro final. Anexo a ela pode ser encontrado o perfil dos personagens (opcional). O

quadro 3.2 mostra a sinopse de “A Pata do Macaco”.

Quadro 3.2 – sinopse “A Pata do Macaco”

Alfredo e Madalena Pereira visitam o túmulo de seu filho Helberth alguns dias após a sua

morte. Ao longe, Sargento Brandão os observa com expressão de negação.

Nas semanas que se seguem, o casal, acometido por uma profunda tristeza, permanece

inconsolável. Até que em mais uma noite de insônia, Madalena não se agüenta e ordena

ao marido que peça o filho de volta. Alfredo olha incrédulo.

Três semanas antes, Sgt. Brandão dirige seu carro por uma estrada lamacenta. A família

Pereira se entretém enquanto o espera. Helberth vence a partida de xadrez que disputava

com Sr. Alfredo e ri para a mãe que os assistia. O sargento chega e eles o recepcionam na

varanda da casa.

Sr. Alfredo e Sgt. Brandão tomam aperitivos enquanto Madalena e Helberth servem a

mesa do jantar. Durante a refeição, o sargento conta suas aventuras pela Índia, onde

passara bom tempo de sua carreira militar.

Após o jantar, Alfredo o questiona sobre uma tal pata de macaco que o sargento

mencionara em uma conversa anterior. O sargento tenta desconversar mas Alfredo insiste

no assunto. Brandão então começa a contar que a pata é um artefato mágico, que certa

feita fora encantada por um faquir indiano, cujo objetivo era provar que ninguém pode

interferir no destino sem conseqüências. O objeto tinha o poder de realizar três desejos

em troca de algo, e poderia ser utilizado por três homens diferentes.

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Madalena o pergunta se os seus desejos já haviam sido atendidos. Ele responde que sim.

Diz também que só conseguiu a pata pois o primeiro homem que a possuiu desejou, como

terceiro pedido, a morte. Nesse momento, ele retira a pata do bolso e a mostra. Sr.

Alfredo questiona o motivo de ele ainda estar com a pata. O sargento diz que não sabe e

faz menção de quebrá-la. Alfredo pede para ficar com ela já que não mais o servia. Este

por sua vez, tenta dissuadi-lo em vão. Alfredo então engrossa a voz e, chamando o

sargento pelo primeiro nome, ordena que lhe dê a pata e é atendido.

Sgt. Brandão deixa a propriedade e a família se reúne em torno da pata, ainda duvidando

de seus poderes. Mesmo assim Alfredo faz um pedido de mil e duzentos reais. A luz da

sala pisca e a pata treme em sua mão, que a atira em um canto. Todos vão dormir.

Ao raiar do dia, a família toma café da manhã unida. Helberth sai para trabalhar e os pais

continuam com seus afazeres domésticos.

No fim da tarde, vem à porta um senhor de terno preto e valise em mãos, dizendo ser da

siderúrgica onde Helberth trabalhava. Ele informa ao casal que seu filho sofrera um

acidente grave com a fornalha e havia morrido. Disse também que o valor da indenização

era de mil e duzentos reais. Madalena cai em prantos e Alfredo desfalece.

Três semanas depois, em mais uma noite de insônia, Madalena não se agüenta e ordena

ao marido que peça o filho de volta. Alfredo olha incrédulo e a princípio titubeia, mas

acaba por atender à vontade de Madalena. Após fazer o pedido à pata, nada acontece e

eles voltam para a cama. Madalena não consegue dormir e fica caminhando pelo quarto.

Ouvem-se pegadas e batidas leves à porta. Madalena diz a Alfredo que é Helberth e corre

para abrir a porta para ele, se atrapalhando no caminho com os objetos da casa e com o

molho de chaves.

Enquanto Madalena vai abrir a porta, Alfredo fica imaginando como seu filho deve ter

ficado depois do acidente e visualiza um monstro atacando sua mulher. Com essa visão,

procura desesperadamente a pata pelo quarto. Quando a encontra, pede a ela que a coisa

que está à porta desapareça.

Madalena consegue por fim abrir a porta da cozinha, mas o que quer que estivera lá fora

já havia desaparecido. Alfredo a aquece com um cobertor nos ombros e fecha a porta.

Roteiro Literário: é o roteiro montado com os diálogos, podendo ter as cenas

enumeradas ou não, mas sem informações técnicas.

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Roteiro Técnico: roteiro decupado pelo diretor com indicações de planos,

movimentos de câmera. Será o guia de trabalho da equipe técnica.

Comparato (1995) complementa essa conceituação dizendo que o roteiro é o

audiovisual grafado. Uma forma literária transitiva, que só existe até ser transformada em

produto audiovisual, mas sem ele nada pode ser dito. Um roteiro bem escrito não garante

um filme bem feito, mas sem ele, não existe um bom filme.

O método adotado para a elaboração do nosso roteiro é o proposto por Syd Field,

em Manual do roteiro (Field, 1982) a utilização de cartões que descrevam cada cena ou

seqüência. A principal característica desse método é a facilidade na visualização do texto,

o que nos permitiu maior mobilidade na organização destas cenas e seqüências na

estrutura do roteiro.

Escreve-se a idéia para cada cena ou seqüência num único cartão, e talvez

algumas breves palavras de descrição para ajudar quando for escrever. Os cartões

utilizados para a confecção do roteiro deste trabalho estão disponíveis no Apêndice A.

Field (1982) indica cartões de 12 X 8 cm, a história determina quantos cartões irá

precisar. Com os cartões preenchidos, pode-se montar a cena do jeito que quiser,

rearranjá-las, acrescentar algumas e omitir outras.

Antes da montagem dos cartões, estávamos presos à estrutura apresentada no

conto. A ordem dos acontecimentos seguia uma linearidade cronológica. Escritos os

cartões, essa ordem pôde ser alterada, o que deixou a história, na concepção dos

roteiristas, mais interessante. Preferimos então, apresentar todos os personagens nos

instantes iniciais do vídeo, trazendo a cena do cemitério para o começo e inserindo nela o

sargento; e nas duas cenas seguintes mostrando a dor do pai e a sua parcela de culpa na

morte do filho. Com isso o conflito do vídeo foi exposto e a história começa a se

desenrolar.

Foram sugeridos para a edição alguns recursos visuais, como flash-back e lapse-

time6 . O flash-back foi utilizado para, primeiramente, apresentar Helberth – o filho – ao

expectador. Segundo, para mostrar que o velório que acabara de acontecer era o dele.

Terceiro, para deixar explícito o apego dos pais para com o filho. O lapse-time foi

utilizado para conduzir a trama de volta à linearidade.

6 Do inglês lapso no tempo. Intervenção proposital na velocidade de execução.

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Para conferir à história a dramaticidade desejada, lançamos mão de elementos

físicos – cigarros e bebidas –, psicológicos – comportamento dos personagens – e

técnicos – movimentos de câmera, angulações, iluminação e trilha sonora.

O roteiro passou por dois tratamentos até sua versão final. O primeiro previa a

cena 01 (cemitério) como sendo de um enterro. Porém, durante a pesquisa de locação

deparamo-nos com a não autorização por parte do cemitério, pois seu Departamento de

Marketing estava com uma campanha em andamento para desvincular o clima pesado de

morte daquele ambiente. Assim, adaptamos o roteiro de modo a não mostrar o enterro,

mas somente os pais fazendo uma visita ao túmulo do filho alguns dias depois de seu

acidente.

3.1.2 Adaptação

As relações entre a linguagem audiovisual e a linguagem literária são antigas.

Antes da invenção do direito autoral, em 1910, os cineastas simplesmente roubavam

histórias dos livros. Em 1911, Gabriele d'Annunzio7 vendeu toda a sua obra, já escrita e

futura, para uma empresa cinematográfica italiana. Desde então, milhares de livros têm

sido adaptados para o cinema.

Segundo Comparato (1983) adaptação é uma transcrição de linguagem onde

mudamos o suporte lingüístico usado para contar uma história. Isto equivale ao ato de

transubstanciar, isto é, de transformar a substância, já que uma obra é a expressão de uma

linguagem.

Quando você adapta um romance, peça de teatro, artigo ou mesmo umacanção pra roteiro, você está trocando um forma pela outra. Escrevendo umroteiro baseado em outro material. (FIELD, 1982, p.174)

O roteirista iniciante, geralmente, acha mais fácil adaptar do que escrever um original.

Imaginar que uma adaptação é mais fácil que um original é um erro monumental, diz

Comparato (1983) que ainda retrata o que deve ser levado em considerarão quando se

deseja adaptar:

Se a obra é traduzível para a linguagem cinematográfica ou televisiva.

7 Poeta e dramaturgo italiano.

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Deve seguir o mesmo processo de criação de um original, isto é,fazer uma

storyline, desenvolver um argumento, etc.

Reduzir o material aos elementos principais e daí começar a trabalhar.

Ter tempo de reflexão

Ser fiel ao original, evitando, no entanto, o simples transportar – é essencial

transformar sem transfigurar.

Estar atento para a questão do direito autoral

No que se refere à adaptação extraída de um conto o autor faz a seguinte

consideração: Dada a característica básica do conto, a síntese, um parágrafo de um conto

pode conter material suficiente para todo um seriado. Portanto, no trabalho de adaptação

de um conto, encontramos o material em sua forma mais condensada e a partir daí,

construiremos tudo: o diálogo, ação dramática, personagens, plots, paralelos etc.

No conto “A pata do macaco”, a história se passa no início do século XX com todas

as suas peculiaridades, bem como vestimentas, meios de transporte, costumes, linguajar e

arquitetura, dentre outras.

Optamos, primeiramente, por deixar a história contemporânea, mas sem um período

específico definido. Por se tratar de uma obra estrangeira com uma produção brasileira,

os nomes foram substituídos para melhor se adequar ao perfil do roteiro, entendimento do

público e fluidez nos diálogos.

Os cenários também foram adaptados. Os originais passavam-se numa região fria,

com tapetes pesados, bebidas quentes, lareira, cortinas e vestimentas condizentes. Não

sendo essa a nossa realidade, fizemos a composição de cena com elementos tropicais.

Para preencher algumas lacunas que são legadas, na obra literária, à imaginação do

leitor, inserimos alguns elementos que não constavam do original, tal qual o carro como

meio de transporte, a presença do sargento no cemitério, bem como o flash-back e lapse-

time na fase da edição.O roteiro adaptado de “A Pata do Macaco” segue no Apêndice B.

Depois de elaborado o roteiro adaptado foi criado o seu storyboard, descrição visual

de cada plano em pequenos desenhos. No vídeo “A Pata do Macaco” tiramos fotos das

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cenas e tratamos de modo que ficassem semelhantes a desenhos. O exemplo de

storyboard utilizado em “A Pata do Macaco” está disponível no Apêndice C.

3.1.3 Preparação

A preparação é uma das partes mais importantes de um vídeo ou filme. Depois do

roteiro pronto fazemos um levantamento minucioso de tudo que será necessário para que

o vídeo seja feito de acordo com a visão e as necessidades do diretor. Rodrigues (2005)

salienta que as fases da preparação são: pesquisa, reconhecimento ou checagem,

decupagem de direção, decupagem técnica de produção e cronograma.

A primeira medida que deve ser tomada para o desenvolvimento de qualquer

produção é a elaboração de uma pesquisa. O produtor deve fazer sua própria pesquisa a

fim de saber exatamente o conteúdo do roteiro, podendo assim providenciar tudo que é

necessário para a gravação do vídeo.

Para que as gravações sejam feitas é necessário um reconhecimento geral, dentro

desse item Watts (1990) destaca alguns:

1 – Examinar a locação;

2 – Conversar com o pessoal do local;

3 – Verificar a posição do Sol;

4 – Trabalhar as possíveis seqüências;

5 – Procurar tomadas de cena interessantes, particularmente aquelas que

mostrem ação ou que digam “tudo”;

6 – Testar a eletricidade da locação e fontes de perigo para a gravação de

som e vídeo;

7 – Checar problemas de ruído, tanto os óbvios como os menos evidentes;

8 – Verificar duas vezes as autorizações para a gravação;

9 – Checar se todos os envolvidos sabem os dias e horas das filmagens.

Conferir no calendário os feriados, marés e outros eventos que impediriam as filmagens;

10 – Providenciar alimentação e banheiros para a equipe. Arrumar lugar

para estacionar os veículos;

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11 – Perguntar se serão necessários walkie-talkies e equipamentos

especiais;

12 – Tirar fotografias que possam ajudar os técnicos;

13 – Pensar em fotos de divulgação. Neste caso, arrumar um fotógrafo para

estar no dia da filmagem;

14 – Dar instruções claras de como chegar à locação.

A decupagem de direção é feita pelo diretor, que define planos, lentes, movimento

de câmeras e de atores.

Decupagem técnica de produção é feita pelo produtor, que define cenografia,

figurino e materiais de apoio. A decupagem técnica de “A Pata do Macaco” segue no

Apêndice D

Quanto ao cronograma, divide-se em físico, definindo-se em termos de datas as

etapas da realização do vídeo, e analítico, que determina os dias e o que vai se gravar em

cada dia. Fluxograma é a visualização do cronograma físico, e mapa de produção é a

visualização do cronograma analítico.

3.2 PRODUÇÃO

A produção é o período que envolve a gravação propriamente dita. Nessa

etapa o produtor cria condições técnicas, humanas e de infra-estrutura para que seja

executada de acordo com o roteiro e o plano de gravação, feitos durante a pré-produção,

deixando os atores e equipe sob a supervisão do diretor.

A produção do vídeo “A Pata do Macaco”, contou com duas locações: o

cemitério Parque Bom Jesus e uma chácara na estrada para a Chapada dos Guimarães, no

km 10, próxima ao clube Praia Clube. Ao todo foram 15 pessoas com funções

previamente definidas. As gravações começaram às 9h da manhã do dia 10 de março de

2007 no cemitério, depois seguimos para a chácara onde permanecemos até as 9h da

manhã do dia 11de março.

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3.2.1 Recursos técnicos

Inclui-se aqui todo o conjunto de equipamentos indispensáveis para a

produção de um vídeo. Os equipamentos utilizados para a gravação do vídeo foram:

01 Câmera MiniDV JVC

01 Câmera MiniDV Sony

01 Câmera Handycam Panasonic

01 Monitor

03 Spots8 1000 watts

01 Microfone Shotgun

Kit traveling

Folhas de isopor

3.2.2 Recursos humanos

Inclui-se aqui todo o pessoal que vai na frente e atrás da câmera.

Elenco

Alfredo Pereira: Gilberto Nasser

Madalena Pereira: Juçara Naccioli

Helberth Pereira: Celso Gayoso

Sargento Brandão: Protasius Terrificus

Nivaldo Moraes: Thiago Bazzi

Dublê: Leonardo Miranda (Smeagól)

Técnica

Direção geral: Junior Silgueiro

Assistente de direção: Thiago Bazzi

Produção: Thaysa Teófilo

Assistente de produção: Eliezer Gentil

Direção de fotografia: Carlos Augusto (Buiú)

8 Também chamado de "marmita" pelo formato característico retangular mas possui vasta nomenclatura enão existe um consenso sobre como chamá-lo. É luz aberta que se utiliza de uma lâmpada de quartzo(halógena).

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Câmera 1: Carlos Augusto (Buiú)

Câmera 2: Thiago Bazzi

Boom: Leonardo Miranda (Smeagól)

Still: Gustavo Adriano RSS

Continuísmo: Heitor Rodrigues

Direção de arte: Eliezer Gentil

Maquiagem: Jhony Arisi e Nariel Iatskiu

Platô: Talita Ormond

3.2.3 Recursos materiais

Inclui-se aqui todo o material listado através da decupagem técnica de produção

do roteiro.

Cenografia: No conto “A Pata do Macaco” a história era ambientada no início do

século XX, em uma região de clima frio com descrição de objetos bem carregados. Nós

resolvemos adaptar para a nossa realidade, região tropical com objetos mais leves, ex: no

conto há uma lareira na sala, a qual nós excluímos do roteiro.

Durante a elaboração do roteiro já tínhamos definido a locação e em cima do que

já havia na casa trabalhamos os objetos que viriam a complementar o ambiente. No

cemitério usamos somente uma vela. Na casa abusamos de artigos religiosos sempre em

algum canto da casa tinha alguma cruz, santo que passasse a religiosidade da família. A

casa que serviu de locação era composta de moveis simples que se encaixavam na

proposta do roteiro. O quadro3. 3 mostra os objetos de cenografia.

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Quadro 3.3 - Objetos de cenografia

DIREÇÃO ARTELapide, vela e flores;Cinzeiro, cigarros, copo, garrafa, chá, cadeiras*, mesa de centro, rede;Cama casal*, guarda-roupas*, 2 criados*, santa, quadro*, terço, ventilador*, 2lençóis, edredon, cobertor/manta, 2 travesseiros, 2 fronhas, cortinas*, jarra c/ água,copo, chapeleiro/cabideiro;Terço ou crucifixo no espelho do carro, lanterna luz branca, pilhas D;Jogo de Xadrez , mesa centro;02 Toalha de mesa, panela c/ galinhada, travessa* c/ salada de alface e tomate, 4pratos*, 1 concha, 1 pegador de salada, talheres*, copos*, garrafa de bebida (chá),jarra de água ou suco, cesta c/ pão, guardanapo;Sofá*, rack*, TV*, som*, vídeo cassette*, cortina*, criado c/ jarro de flores*,crucifixo na parede, bíblia na estante, livros, porta-retratos, enfeites de estante,quadro*, criado* c/ oratório (embaixo do quadro);Pasta 007Cobertor/manta

Figurino: O figurino dos personagens foi composto através da analise do roteiro

buscando o perfil da historia como: faixa etária dos personagens, locação, clima e perfil

psicológico de cada um. O quadro 3.4 mostra o figurino de todos os personagens.

Quadro 3.4- Figurino dos personagensQUANT. FIGURINO CENAS

Terno preto simples, camisa m. longa branca, sapato –Chapéu.

I

Sandálias, calça social, camisa manga longa, óculos II; V; VICamisa manga curta, calça social, sandálias VII; VIII

ALFREDO04 Figurinos

Pijama, sandálias III; IX; XI; XIII; XVConjunto preto saia/blusa, sapato - Colar pérola?, lençobranco e terço, foto do filho, bolsa? I

Saia, blusa, sandália, (avental) (Presilha) V; VIVestido ; lenço de cabelo VII; VIII

MADALENA04 Figurinos

Camisola, penhoar, pantufa III; IX; X; XII; XIV; XVCalça sarja*, sandália, camiseta vermelha V; VIHELBERTH

02 Figurinos Sapa-tênis, calça sarja, camisa manga curta * VIITerno Preto, camisa branca, gravata preta, sapato - Óculos,pasta

IADVOGADO02 Figurinos Terno, camisa, gravata vermelha, sapato VIII

Jaqueta preta, calça preta, camisa vermelha, sapato -Corrente dog tag, relógio, óculos ray-ban IBRANDÃO

02 Figurinos Botina de trilha, calça cargo cáqui, camiseta branca IV

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Material de apoio: Todos os objetos necessários para dar suporte produção no

desenvolvimento do trabalho. Ex: fita crepe, toalhas para os atores e pranchetas. O

quadro 3.5 mostra os materiais de apoio usados pela produção.

Quadro 3.5 – materiais de apoio para produção

3.2.4 Comandos de gravação

A produção deve sempre contar com fichas de controle de cada departamento para

eventuais dúvidas quanto ao figurino, cenário e a parte técnica. Para tal desenvolvemos

algumas fichas que seguem nos exemplos a seguir:

Ordem do dia: informativo a toda a equipe sobre as condições de gravação do

dia, horários e deslocamento da equipe. O quadro 3.6 ilustra o modelo utilizado para a

gravação de “A Pata do Macaco”.

PRODUÇÃO

água;lanche;transporteágua;almoçolancherefrigerantepapel higiênicosaco p/ lixocopo descartávelcorda p/ varalpregomartelopalito de denteprendedores deroupablocos deanotação

fita adesivaagulhabarbantepapel pardolâmpadaslanternapranchetaferro de passar roupasbom ar/desinfetante5 toalhas de rosto –toalha de banhovassourarodocanetasmaquiagempapel sulfiteextensões

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Quadro 3.6 – Ordem do dia 10/03/07

ORDEM DO DIA 10/03/07

Vídeo: A PATA DO MACACO

Diretor: Junior Silgueiro

Locação 1/ endereço: cemitério Parque Bom Jesus (Parque Cuiabá)

Locação 2/ endereço: Chácara km 8 estrada para Chapada

LOCAÇÃO 1

CHEGADA DA EQUIPE DE ARTE 6:30 h

CHEGADA DIRETOR DE FOTOGRAFIA E EQUIPAMENTOS 6:30 h

CHEGADA DO ELENCO 7 h

MAQUIAGEM 7:30 h

ENSAIANDO 8 h

RODANDO SEQÜÊNCIA 9 h

DESMONTAR EQUIPAMENTO 11 h

LOCAÇÃO 2 CHEGADA 13 h

ALMOÇO 13:30 h

Ficha de continuidade: contém as informações de cada um dos takes gravados. Indica

plano, locação cenário, elenco, ambiente, figurino e indicações de som. O quadro 3.7

ilustra o modelo de ficha de continuidade adotado para as gravações.

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Quadro 3.8 – Ficha de continuidade

FICHA DE CONTINUIDADE

Data:____/____/____

VÍDEO:___________________________

AMBIENTE:

SEQ - CENA

Locação: INT – EXT – DIA – NOITE

CÂMERA SOM HORA

PLANO

ELENCO: FIGURINO: OBS:

CENÁRIO:

Obs.:

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Plano de gravação: serve de orientação para o diretor em relação a ordem em que

serão capturadas as imagens, levando em consideração que as cenas não precisam

necessariamente ser gravadas na mesma ordem que estão dipostas no roteiro. O plano de

gravação é elaborado na pré-produção, podendo sofre alterações durante as gravações. O

quadro 3.9 ilustra o plano de gravação. O plano de gravação completo segue no Apêndice

E.

Quadro 3.9 – Plano de gravação

Plano de Gravação – A PATA DO MACACO

DATA : LOCAÇÃO: SEQÜÊNCIA: PERSONAGENS:

10/03/07 CEMITÉRIO CENA 1/SEQ 1/

GRAMADO/EXT-DIA/

ALFREDO/MADALE

NA/SGT. BRANDÃO

CEMITÉRIO CENA.1/SEQ.2/ÁRVORE-

CEMITERIO/EXT- DIA

SGT BRANDÃO

10/03/07 CASA CENA 7/SEQ 1/

COZINHA/INT- DIA

ALFREDO/MADALE

NA/HELBERTH

10/03/07 CASA CENA

7/SEQ3/COZINHA/INT-

DIA

MADALENA

10/03/07 CASA CENA

7/SEQ4/VARANDA-

VARAL/INT- DIA

MADALENA

10/03/07 CASA CENA 7/SEQ5/COZINHA/

FORNO

MADALENA

10/03/07 CASA CENA 7/SEQ6/ JANELA/

ALFREDO JANELA

MADALENA/

ALFREDO

10/03/07 CASA CENA 8/SEQ1/PORTA

SALA/ INT-DIA

MADALENA

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3.2.5 Gravação das cenas

Com todo o cenário preparado, atores ensaiados , iniciam-se as gravações. Nessa

etapa o diretor é o carro chefe; através do plano de gravação, storyboard e com

acompanhamento minucioso das cenas no monitor de vídeo, ele diz até quando gravar.

Normalmente, cada cena é repetida mais de uma vez, mesmo que tenha dado certo na

primeira. É uma questão de garantia para dar mais opções na fase de edição sem que haja

furos e/ou necessidade de voltar ao set de gravação para refazer uma cena.

Para a gravação do vídeo “A pata do macaco”, foram utilizadas duas câmeras

trabalhando em plano e contra-plano. A iluminação foi conseguida colocando-se spots

atrás de geladeiras9 com uma folha de papel vegetal na frente como difusor. Somente na

seqüência do quarto, à noite, as geladeiras foram dispensadas e dois spots de 1000 watts

foram postos a aproximadamente 4 metros de altura e 8 metros de distância da casa

simulando postes. A maioria dos planos são monótonos, com a câmera fixa para

expressar a vida tranqüila e pacata levada pela família Pereira. Somente na seqüência

final dá-se um dinamismo fazendo uma pan10 acelerada para acompanhar a mãe e sua

ânsia pela volta do filho.

3.2.6 Making of

O termo refere-se a expressão em inglês “the making of” e traduz-se literalmente

como "a feitura de", ou seja, o processo de fazer algo. Usa-se também a expressão

“behind the scenes” (algo como "por trás das cenas") O making of é um pequeno

documentário de bastidores que registra o processo de pré-produção, produção e pós-

produção de um produto audiovisual. Pode-se também, inserir entrevistas com o elenco e

a equipe técnica.

O making of de “A Pata do Macaco”, traz além das cenas de bastidores feitas com

uma terceira câmera, uma entrevista com os roteiristas do vídeo. Eles falam da pré-

produção, de como se deu o processo de adaptação do conto e da preparação para as

9 Quatro folhas de isopor unidas pelas extremidades formando uma caixa retangular semelhante a uma“geladeira”. Pode-se usá-la combinada a outros elementos como difusores e gelatinas, para difundir ourebater a luz.

10 Movimento de câmera horizontal para a esquerda ou direita, mantendo o eixo central fixo.

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gravações. Há também uma entrevista com o diretor, onde ele fala das gravações, dos

cenários e da maquiagem.

O Quadro 3.10 mostra o pré-roteiro do making of de “A Pata do Macaco”.

Quadro 3.10 – Pré-roteiro do making of de “A Pata do Macaco”

CAVALO DE TROLHA PICTURES

A PATA DO MACACO – PRÉ-ROTEIRO DE MAKING OF

Entrevista com os roteiristas, onde tecem comentários acerca da concepção do projeto,

elaboração do roteiro, personagens e produção. Intercalar imagens da locação quando esta

for citada.

Entrevista com o diretor abordando questões relacionadas ao acompanhamento das

gravações e maquiagem. Intercalar com cenas de bastidores e da composição da

maquiagem.

Orientação: excluir áudio do entrevistador na montagem final.

3.2.7 Desprodução

Terminadas as gravações, todos os objetos de cena, figurinos, equipamentos e

materiais de apoio devem ser desmontados e devolvidos.

A produção do vídeo “A pata do macaco” foi toda feita com materiais cedidos.

Como a casa que serviu de locação era afastada da cidade, levamos muitos aparatos

técnicos para que nada faltasse. Em geral não tivemos grandes problemas. Tal qual a

produção, à desprodução também cabe uma lista de checagem.

checar os equipamentos e objetos de cenografia que devem ser devolvidos;

organizar todos os figurinos usados;

checar conservação da locação;

levar equipe de volta à cidade.

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3.3 PÓS-PRODUÇÃO

A pós-produção é a fase de finalização da obra. Após a gravação é feita a captura

do material bruto, edição (compilação e ordenação de cenas, correção de cores,

tratamento de áudio), trilha sonora, finalização e autoração do DVD.

3.3.1 Captura

Devido ao fato da edição ser toda feita em ilha não-linear, fez-se necessária a

transposição do material bruto do meio físico (fita MiniDV) para o meio digital (Hard

Disk). A captura se deu via placa firewire11 , onde um software decodifica os sinais

magnéticos enviados pela câmera e o transforma em arquivos editáveis de computador.

3.3.2 Edição

A edição é feita através da compilação e ordenação de cenas, correção de cores e

tratamento de áudio.

A compilação e ordenação de cenas é a parte mais trabalhosa do processo de

edição e também a que demanda mais tempo. É onde todo o material capturado é

assistido e analisado, e as melhores cenas são selecionadas e ordenadas de acordo com o

previsto no roteiro.

A correção de cores se deu ao fato das câmeras serem de fabricantes distintos, o

que trouxe um problema no que tange à temperatura das cores, onde uma câmera tinha

cores mais frias e outra, mais quentes. Tal fato obrigou-nos a investir algum tempo no

tratamento das imagens a fim de minimizar a diferença de cor entre as mesmas. O

software utilizado foi o Adobe After Effects que nos permite fazer ajustes finos na

imagem ainda que não fique exatamente igual a da outra câmera.

11 Meio de transmissão serial que permite uma conexão fácil de diversos tipos de dispositivos aocomputador em alta velocidade (50Mb/s).

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Todo o áudio capturado junto às imagens foi separado e tratado individualmente.

Os diálogos foram separados dos efeitos sonoros e cada um recebeu o tratamento

específico. Eliminação de ruídos, corte de freqüências indesejadas e normalização foram

alguns dos processos inerentes a essa fase.

3.3.3 Trilha sonora

Aliada aos efeitos, a trilha é a responsável pelo ambiente sonoro. É ela quem

designa a um produto audiovisual o humor, o suspense ou o romantismo necessários. No

nosso caso, a trilha sonora ficou a cargo de um profissional contratado exclusivamente

para tal função. Desse modo, obtivemos uma maior fidelidade da trilha em função do

vídeo, tendo em vista o fato dele não ter participado do processo de criação. Assim,

isento de opiniões previamente formadas, ficou livre para criar com base única e

exclusivamente no material que lhe foi entregue, ou seja, o vídeo já editado.

3.3.4 Finalização

Nessa etapa são feitos os últimos ajustes no produto audiovisual. Foram unidos ao

vídeo, o áudio e a trilha sonora já tratados e modulados. Foram inseridos os créditos, as

logos e os agradecimentos finais.

3.3.5 Autoração do DVD

Autoração é o processo de criação, edição, legendagem e dublagem de um filme

ou vídeo para a mídia DVD. Neste processo foram criados os menus, a navegação e os

acessos aos extras e demais conteúdos do DVD.

A finalização do vídeo marcou, o início da campanha publicitária, com a

finalidade de promover o mesmo entre os demais concorrentes em festivais de cinema e

vídeo. A campanha publicitária é apresentada no capítulo 4 desta monografia.

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CAPÍTULO 4 - CAMPANHA PUBLICITÁRIA

Quando um novo produto é posto à disposição do mercado, faz-se necessária uma

campanha publicitária para que as pessoas o conheçam e com isso possam se sentir

impelidas a consumi-lo.

Este capítulo trata da campanha publicitária do vídeo “A Pata do Macaco”, que

neste trabalho foi dividida em briefing, público alvo, estratégia de campanha, plano de

mídia e criação das peças.

Inicialmente foi criada a “Bazzi Casa de Criação”, agência fictícia responsável

pela campanha.

4.1 BRIEFING

O briefing é o primeiro contato da agência com o problema do cliente. É o que dá

o embasamento para o trabalho focado nos objetivos. Segundo Corrêa (1998.p.81),

“briefing é o conjunto de dados fornecidos pelo anunciante para orientar a sua agência na

elaboração de um trabalho de propaganda, promoção de vendas ou relações públicas”.

Um bom briefing deve, segundo Corrêa (1998), responder às perguntas:

Quem está ou estava atuando?

O que aconteceu ou está acontecendo?

Como ocorreu ou está ocorrendo?

Onde, em que lugar?

Quando, em que período?

Com essas perguntas respondidas, pode-se montar um panorama da situação e traçar

os objetivos com clareza. O quadro 4.1 mostra o briefing de “A Pata do Macaco”.

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Quadro 4.1 - Briefing

BAZZI CASA DE CRIAÇÃO - BRIEFING

Produto: Vídeo “A Pata do Macaco”

O vídeo “A Pata do Macaco” é uma produção audiovisual independente idealizada,

roteirizada, produzida e dirigida por três estudantes de Comunicação Social, com o

objetivo primeiro de apresentá-lo como sua monografia no curso.

O roteiro é adaptado da obra literária homônima de W. W. Jacobs e traz uma história de

suspense envolvente sobre mistério, magia e crendice popular. É a primeira história a

tratar de mortos que voltam do túmulo.

Satisfeitos com o resultado final, os três decidiram por enviá-lo para concorrer em

festivais de cinema e vídeo brasileiros.

O público-alvo

Freqüentadores de festivais de cinema e vídeo. De idades, sexos e costumes variados, a

única coisa aparentemente em comum entre esse público é o gosto pelo cinema “fora dos

padrões”, estilo característico dos festivais.

O mercado

Os canais de distribuição do vídeo ao público final serão os festivais de cinema e vídeo.

Sendo assim ele deverá atrair a atenção das pessoas entre os demais filmes e vídeo que

estarão em cartaz.

É impossível conhecer antecipadamente quais os concorrentes de “A Pata do Macaco”,

pois a programação exata dos festivais geralmente é fechada com menos de um mês de

antecedência.

Via de regra, os concorrentes serão filmes e vídeos nas mesmas condições:

independentes, desconhecidos do grande público e realizados com poucos recursos.

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Objetivos

O objetivo da campanha é fazer com que o espectador do festival se interesse pelo vídeo

e o assista, ou seja, predispô-lo à compra.

Estratégia sugerida

Dado o objetivo acima, a sugestão de estratégia é que os materiais sejam para o PDV

(ponto de venda), ou seja, os cinemas onde será exibido “A Pata do Macaco”.

A verba para a campanha é escassa. Economizar ao máximo.

Cliente: CAVALO DE TROLHA PICTURES

4.2 PÚBLICO-ALVO

Depois de recebido e aprovado o briefing, a agência parte para o planejamento da

campanha. O próximo passo é estudar junto ao cliente o seu público-alvo. Como diz

Kotler (2004), se o cliente não souber claramente quem é o seu público, esse deverá ser o

primeiro assunto a estudar.

“Em relação ao público específico, um filme precisa especificar seu público, não

só em seu texto, mas também em sua campanha publicitária” (Turner, 1997, p.100). “A

Pata do Macaco” não pôde passar por uma adaptação do roteiro aos desejos do público,

por se tratar de uma transposição de um conto literário para uma obra audiovisual. Sendo

assim, o objetivo desta campanha é aproximar o espectador do vídeo e gerar impulso de

compra, não se atendo ao julgamento do público sobre o vídeo.

O público-alvo são os freqüentadores de festivais de cinema, locais onde o vídeo

será exibido. Tais pessoas, como observado no briefing, não possuem distinção clara de

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idade, sexo e classe social. Para a identificação visual pode ser utilizada a única

característica visível em comum – o gosto pelo cinema fora dos padrões.

De um modo geral, são pessoas que buscam avaliar o filme ou vídeo por sua

linguagem, por seus padrões de cores, por angulações, estilos de direção, dentre outras

características, muitas subjetivas. Diferente dos espectadores de cinemas comerciais, que

se atém principalmente ao que é dito através de diálogos e narrações.

Além de chamar a atenção desse público, as peças de divulgação devem despertar

nele o desejo de assistir a esse vídeo em detrimento de outros em cartaz. Isso só será

alcançado caso haja identificação entre o espectador e o vídeo.

4.3 ESTRATÉGIA DE CAMPANHA

De posse do briefing e definido o público-alvo é traçada a estratégia de campanha.

Levando em consideração a verba disponibilizada pelo cliente e adequando-a ao interesse

maior (fazer o público assistir “A Pata do Macaco”), os esforços foram concentrados no

PDV12, onde se efetiva a decisão de compra, e em mídias alternativas.

De acordo com Camila Galatti, em entrevista para o site do Festival de Cinema e

vídeo do Rio de Janeiro, “é importante investir em propaganda e promoção em mídia

impressa e eletrônica, mas sem esquecer da internet, hoje em dia a ferramenta de maior

adequação para o publico alvo interessado em cinema”13 .

Para tanto foram confeccionados um banner para exposição destacada na

bilheteria dos cinemas, trailler do vídeo para divulgação pelo site YouTube14, atual líder

da internet em exibição de vídeos originais, segundo sua assessoria de imprensa. Além

desse material, foi feito anúncio de revista contendo o resumo do vídeo, para veiculação

em revistas especializadas e no material de divulgação dos próprios festivais, bem como a

capa do DVD, que será colocado à venda no valor de R$ 15,00 nos cinemas onde o vídeo

será exibido.

12 Ponto de Venda13 Entrevista disponível em

http://2006.festivaldorio.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=232&sid=4214 http://www.youtube.com

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O merchandising é, na definição do DICIONÁRIO de Economia15 , um “conjunto

de técnicas comerciais que visam promover o consumo, através da apresentação e

localização dos produtos nos locais de venda”. Essa estratégia é utilizada para promover

um produto entre os demais no PDV.

As ações de merchandising podem englobar displays, embalagens, cartazes,

totens, móbiles, entre outros.

Das técnicas utilizadas, a mais simples e mais importante operação demerchandising é a exibitécnica.Todas as ações de propaganda, promoção, etc. convergem para um único ponto– o ponto de venda. É o momento em que se tem a resposta. Aí a coisa virasucesso ou fracasso. Embalagem, design, boa exposição, arrumação, materialpromocional, decoração... a boa exibitécnica enfim é que pode ditar qual odestino do produto (SANT’ANNA, 1996, p. 23)

As ações de merchandising para “A Pata do Macaco” se resumem em um banner

para os cinemas e capa do DVD, a fim de destacá-lo dentre a concorrência.

Plano de mídia: segundo o GLOSSÁRIO de Propaganda do Site Terra16, é o

“trabalho resultante do processo de análise de dados e alternativas que estabelece uma

ação a ser desenvolvida em mídia para uma determinada situação mercadológica”. É uma

espécie de relatório que a agência apresenta ao cliente propondo uma solução ao seu

problema.

No Quadro 4.2 observa-se o plano de mídia proposto para “A Pata do Macaco”.

15 http://www.esfgabinete.com/dicionario16http://publicidade.terra.com.br/criativos/glossario.html - acesso em 05/04/2007

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Quadro 4.2 – Plano de mídia

BAZZI CASA DE CRIAÇÃO – PLANO DE MÍDIA

Produto: Vídeo “A Pata do Macaco”

Campanha: Lançamento

Apresentação

Com a finalidade de praticar o conhecimento adquirido no curso de comunicação social,

os alunos Junior Silgueiro, Thaysa Teófilo e Thiago Bazzi decidiram fazer um vídeo que

pudesse ser apresentado como sua monografia. Satisfeitos com o resultado final, surgiu o

desejo de enviá-lo aos festivais de cinema e vídeo. Para produzir o vídeo, criaram a

produtora “Cavalo de Trolha Pictures”, contratante desta agência.

A história é uma adaptação do conto “A Pata do Macaco” de W. W. Jacobs, o primeiro a

tratar do assunto “mortos que voltam” e leva o espectador a refletir sobre a ganância e

sobre a manipulação do destino.

Análise de público-alvo

Quem poderá assistir ao vídeo são os freqüentadores de festivais de cinema e vídeo.

Pessoas de sexo e idades variadas que possuem em comum um senso crítico mais

apurado que a maioria do público dos cinemas comerciais. Observam melhor a linguagem

não-verbal e gostam de filmes “fora dos padrões”.

Análise de mercado

Os canais de distribuição do vídeo ao público final serão os festivais de cinema e vídeo.

Sendo assim ele deverá atrair a atenção das pessoas entre os demais filmes e vídeo que

estarão em cartaz.

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É impossível conhecer antecipadamente quais os concorrentes de “A Pata do Macaco”,

pois a programação exata dos festivais geralmente é fechada com menos de um mês de

antecedência.

Via de regra, os concorrentes serão filmes e vídeos nas mesmas condições:

independentes, desconhecidos do grande público e realizados com poucos recursos.

Duração da campanha

A duração da campanha é variável. Tendo em vista que os festivais de cinema e vídeo

têm entre 3 e 7 dias de duração, a campanha será iniciada junto com o festival e perdurará

até o dia de apresentação de “A Pata do Macaco”.

Estratégia de mídia

Elaboração de trailler com duração aproximada de 30 segundos para ser veiculada no site

YouTube e para divulgação junto do material dos festivais. O tempo de duração é

estrategicamente curto para que não pese no site, deixando rápida a sua visualização e

para facilitar a seleção entre os materiais dos festivais.

Elaboração de banner para o PDV.

Elaboração da capa do DVD, a fim de destacá-lo dentre os demais que possam estar a

venda.

Elaboração de anúncio para revista contendo resumo do filme

Táticas de mídia

Exibição do banner perto da bilheteria do festival, para estimular a compra de ingressos

para a sessão correspondente a “A Pata do Macaco”.

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Também será colocado à venda nos locais de exibição um DVD contendo, além do

próprio vídeo, o making of e fotos, ao valor de R$15,00.

Execução da mídia

Criação de banner R$ 150,00

Criação de capa para DVD R$ 150,00

Criação de anúncio para revista R$ 150,00

Impressão de material gráfico R$ 150,00

Elaboração de roteiro de trailler R$ 200,00

Edição do trailler R$ 600,00

Total R$ 1.400,00

Cliente: CAVALO DE TROLHA PICTURES

Vale lembrar que a produção de “A Pata do Macaco” foi feita de forma

independente, todos os valores expostos neste plano (com exceção da impressão do

material gráfico) são figurativos, uma vez que as peças foram idealizadas e concebidas

pelos componentes do grupo.

4.4 CRIAÇÃO

Aprovado o plano de mídia, o próximo passo foi a criação das peças que iriam

compor a campanha.

O processo de criação publicitária consiste em reunir dados para organizar o

pensamento, focar os objetivos e trabalhar com criatividade a disposição de elementos

visuais e/ou sonoros para que formem uma mensagem de fácil interpretação pelo

interlocutor. Essa mensagem tem de ser clara e persuasiva o suficiente para induzir a

compra.

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A publicidade está longe de ser uma ciência pura. Não existe fórmula para seproduzir propaganda, nem os computadores têm demonstrado qualquerinclinação para a área criativa.[...] O trabalho de criação consiste, primeiramente em achar uma idéia quesirva de tema ou diretriz – o que dizer. Em seguida saber como apresentar otema – como dizer – e determinar através de que gênero de veículos ela podeser levada mais rápida e vantajosamente, ao conhecimento do grupoconsumidor visado. Enfim, é encontrar a proposição de compra(SANT’ANNA, 1996, p. 147).

O material gráfico foi criado observando os parâmetros:

Conter necessariamente cores quentes, de preferência tons vermelhos17 . Para o

logotipo18 do vídeo foi escolhida uma fonte estilo grunge que remete a

deformidade, coisas incompletas, como se algo fora retirado dali, tal qual

aconteceu à família Pereira.

Fazer referência ao fato de que o vídeo é adaptação do conto “A Pata do Macaco”

de W. W. Jacobs. Tal escritor é um marco na história da literatura de horror e

ficou famoso justamente pelo conto em questão, justificando a relevância desta

informação.

Conter elementos subjetivos, que despertem a curiosidade do público. Para isso

foi utilizada uma fotografia tirada durante as gravações que mostra a pata de

macaco usada no vídeo fazendo sombra sobre um tabuleiro de xadrez. Sobre este

mesmo tabuleiro está a peça “rei” caída. A sombra da pata ameaça o rei, fazendo

uma alusão à ameaça que a tal pata é para a família Pereira na pessoa de seu chefe

Alfredo.

O texto verbal deve ser curto, objetivo e descrever o vídeo sendo revelador o

suficiente para despertar a curiosidade e o interesse do interlocutor.

17 Wellington Carrion frisa em seu artigo “O Vermelho” em sua coluna emhttp://www.imasters.com.br/artigo/3268/teoria/o_vermelho - “É a cor guerreira, que é muito encontradana guerra pela devastação das armas de fogo e pelo sangue, é também da cruz vermelha salvadora e doalerta, é incitadora de atenção, sempre inquieta e de destaque. Cor do inferno e seu fogo intenso, assimcomo a cor do demônio e suas tentações. Simboliza a imortalidade”.

18 Logotipo refere-se à forma particular como o nome da marca é representado graficamente, pela escolhaou desenho de uma tipografia específica.

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O trailler contém:

Imagens diversas de todos os personagens do vídeo: Alfredo, Madalena e

Helberth Pereira, Sargento Brandão e Nivaldo Moraes.

Trilha sonora adequada às imagens mostradas e ao ritmo com que elas são

intercaladas. Também passa um clima de suspense.

Não há narração em OFF. A mensagem passada pelo trailler é dada pelos

próprios personagens, aumentando a tensão.

As Figuras 4.1, 4.2 e 4.3; e o Quadro 4.3 correspondem, respectivamente ao banner,

anúncio de revista, capa do DVD e roteiro do trailler.

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Figura 4.1 - Banner

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Figura 4.2 - Anúncio para revista

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Figura 4.3 - Capa do DVD

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Quadro 4.3 - Roteiro do trailler

BAZZI CASA DE CRIAÇÃO

TRAILLER “A PATA DO MACACO” – DURAÇÃO 30”

Vídeo Áudio

Tela preta por 1s corta seco para

Madalena em close-up.

Corta seco para

Entra BG (a definir) e mantém.

Efeito de baque surdo.

Madalena: Pede ele de volta, Alfredo!

Alfredo e Helberth jogando xadrez.

Câmera de frente para Alfredo.

Corta seco para

Helberth: Xeque-mate.

Família sentada à mesa de jantar.

Sargento Brandão balança a pata de

macaco em frente a Alfredo. Helberth

se movimenta e abaixa a mão

estendida de Alfredo.

Corta seco para

Efeito de baque surdo.

Nivaldo Moraes entrega cheque para

Alfredo. Madalena está sentada ao

seu lado no sofá, em prantos.

Corta seco para

Alfredo sentado no sofá com a pata

na mão. Efeito especial de inversão

de cores, piscando duas vezes muito

rápido.

Corta seco para

Efeito de baque surdo.

Família sentada à mesa de jantar.

Corta seco para

Alfredo: E o que é que tem de tão

especial nela?

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Sargento Brandão e Alfredo sentados

na varanda. Câmera de frente para o

sargento.

Corta seco para

Sgt. Brandão: Até mais do que

gostaria, acredite.

Close-up do rosto de Alfredo.

Corta seco para

Alfredo: Me dê a pata!

Subjetiva do Sargento Brandão no

cemitério. Em segundo plano,

Alfredo e Madalena agachados em

frente a um túmulo. O Sargento traga

o cigarro, solta a fumaça e sai de

cena.

Corta seco para

Efeito de baque surdo.

Efeito de choro.

Logotipo do filme. Mantém por 3s .

Fade out.

Efeito de baque surdo.

Desce BG e corta.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao iniciarmos este projeto não sabíamos ao certo sua magnitude. Começou como

muitos outros: despretensioso, porém com algumas idéias audaciosas. Algumas dúvidas,

principalmente quanto aos nossos objetivos, permeavam nossas primeiras reuniões, que

com o passar dos dias foram se tornando cada vez mais objetivas e produtivas. Já não se

parecia com um trabalho acadêmico qualquer; tomava cara e forma de uma monografia

cujo tema tratava de linguagens distintas e igualmente complexas, porém

complementares: literatura, cinema e vídeo.

Escolhemos o conto que seria trabalhado - “A Pata do Macaco” de W. W. Jacobs

e fizemos a sua leitura. Após alguns dias nos reunimos e cada um o reescreveu à sua

maneira. Deste modo discutimos e unimos o que achamos relevante na “versão” de cada

um da história. Até então, decidíamos o quanto fiel ao conto seria a nossa adaptação.

A partir daí fomos em busca da teorização das linguagens literária,

cinematográfica e audiovisual, para compreender as peculiaridades inerentes a cada uma

delas. Com isso alcançaríamos, na adaptação, a transposição correta dos meios, sem que o

produto final sentisse a falta de elementos presentes no texto.

A linguagem literária é baseada no ideal imaginativo de cada leitor. O autor

descreve as cenas e o leitor decodifica a mensagem criando um “filme imaginário” com

peças e personagens criados por si mesmo. Com o aparato do vídeo, esse ideal

imaginativo se perde e a visão do espectador passa a ser condicionada à mesma visão do

roteirista. A nossa maior preocupação na confecção do roteiro foi manter a visão do autor

sob a nossa interpretação e realidade. Tal objetivo foi alcançado com sucesso.

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Estruturar a pré-produção dentro do roteiro adaptado demandou uma pesquisa e

planejamento sólidos, mantendo sempre a conexão teoria-prática. Finalizar essa etapa

com êxito foi a nossa garantia de diminuição de problemas durante a gravação. Fazer a

decupagem técnica do roteiro deixou claro todos os tópicos que deveriam ser checados.

Para esta decupagem fizemos visitas às locações, verificando todos os elementos que

pudessem auxiliar-nos na execução do que foi proposto no roteiro.

Na elaboração do primeiro cronograma, reservamos dois finais de semana para as

gravações. Nesta época, nos atentamos que a data da inscrição do Festival de Cinema e

Vídeo de Cuiabá estava muito próxima e gostaríamos de participar de sua mostra

competitiva. Assim, reduzimos o tempo de gravação para somente um final de semana,

na tentativa de finalizar o vídeo antes do final desse prazo. Essa decisão fez com que as

gravações se estendessem madrugada adentro, deixando a equipe física e mentalmente

cansada, acarretando, a partir de determinado horário, na falta de atenção a alguns

detalhes, como close-ups dos personagens. Devido ao cansaço, também ocorreram

enquadramentos falhos e alguns erros de continuidade. Por serem de fabricantes distintos,

as câmeras usadas apresentaram temperaturas de cores diferentes, o que nos obrigou a

investir algum tempo na correção das mesmas na fase da edição. Apesar dos

contratempos, o material bruto atendeu às nossas necessidades e conseguimos reuni-los e

organizá-los de modo satisfatório na pós-produção.

Com o fim da parte prática demos início ao processo inverso: relatar no papel a

experiência de produzir um vídeo. Foi quando percebemos que estávamos desconstruindo

a proposta principal do nosso trabalho, que é “da linguagem literária para a linguagem

audiovisual”. Neste momento, tivemos que descrever a linguagem audiovisual (vídeo) na

linguagem literária (monografia), para que esse processo fosse concluído estruturamos a

monografia em capítulos, buscando, em nosso trabalho prático, os exemplos sempre que

se faziam necessários.

Planejar uma campanha publicitária também não foi fácil. A princípio, foi

idealizada uma campanha de lançamento, porém, analisando o mercado, público alvo e os

objetivos que a equipe almejava, ela não seria suficiente. Partimos para um planejamento

de campanha, algo que pudesse se estender por mais tempo e de forma mais eficiente.

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Uma miopia inicial não nos permitiu enxergar quem seria exatamente o público

alvo da campanha e cometemos o erro fatal da publicidade: tentar falar para todos e não

falar para ninguém. Após a primeira correção e em consultas com professores

conseguimos definir o público, que não se encaixa em padrões de classe social, faixa

etária ou sexo, mas simplesmente pelo seu gosto comum: festivais de cinema e vídeo.

Buscamos então a teoria necessária para fundamentar as estratégias escolhidas na

campanha, orientar a escolha das mídias e a criação das peças. Encontramos o abrigo

necessário na obra de Armando Sant’anna, Roberto Corrêa, Philip Kotler, dentre tantos

outros, lidos e assimilados no decorrer dos quatro anos de curso.

A participação de todos os alunos do grupo da monografia se fez mais presente na

campanha publicitária, no que tange à criação das peças. O conhecimento do meio

audiovisual permitiu um trailler a contento e a sensibilidade artística permitiu peças

gráficas agradáveis aos olhos e, aliados ao conhecimento em publicidade, tecnicamente

corretas.

A realização deste trabalho propiciou aos envolvidos um valioso intercâmbio de

conhecimento. Tanto para nós, enquanto idealizadores e coordenadores, quanto para o

elenco e equipe técnica de apoio. Nos fez buscar e pesquisar desde as origens da literatura

até as tecnologias para autoração de DVD, aprendendo neste percurso o quão

enriquecedora a teoria pode ser e, aliada à prática nos diferencia dos “profissionais de

mercado” a quem nos referimos na introdução.

Agora, compreendemos plenamente o porquê das teorias incessantes e por tantas

vezes enfadonhas: fugir do empirismo - uma vez que o profissional não sabe explicar o

que está fazendo, provavelmente não o faz da maneira certa. O amadurecimento

proporcionado por um trabalho científico torna-se um incentivo à continuidade da vida

acadêmica.

Ao aluno de Publicidade, um mergulho na área de Radialismo mostrou que o

processo de criação e produção de um vídeo requer muito mais que “uma idéia na cabeça

e uma câmera na mão”; é necessária muita organização e disciplina para que o resultado

final esteja a contento.

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Aos alunos de Radialismo, aprender sobre Publicidade abriu os olhos para como

funciona o mercado, como é feito um planejamento de campanha e como é concebida a

criação publicitária, onde cada elemento tem uma razão de ser. É muito mais que “mas a

outra cor é mais bonita”.

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REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

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COMPARATO, Doc. Da Criação ao Roteiro. Rio de Janeiro: Rocco, 1995.

CORRÊA, Roberto. Planejamento e Propaganda. São Paulo: Global, 1998.

DUBOIS, Philippe. Cinema, vídeo, Godard. São Paulo: Cosac Naify, 2004.

EISENSTEIN, Serguei. A forma do filme. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.

FIELD, Syd. Manual do roteiro. Rio de Janeiro: Objetiva, 1982.

KOTLER, Philip. Os 10 pecados mortais do Marketing; causas, sintomas e soluções.Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.

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BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

CARRIÈRE, Jean Claude; BONITZER, Pascal. Prática do Roteiro Cinematográfico.São Paulo: JSN, 1996.

CESAR, Newton. Direção de Arte em Propaganda. São Paulo: Futura, 2000.

HOWARD, David; MABLEY, Edward. Teoria e Prática do Roteiro. Rio de Janeiro:Globo, 2006.

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_____________. Angústia. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1988.

_____________. Dança macabra. São Paulo: Objetiva, 2001.

_____________. O cemitério. São Paulo: Planeta de Agostini, 2004.

_____________. O iluminado. São Paulo: Abril Cultural, 1984.

MOSS, Hugo. Como formatar seu roteiro. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2002.

OGILVY, David. Confissões de um publicitário. Rio de Janeiro: Bertrand, 1993.

REY, Marcos. O Roteirista Profissional. São Paulo: Editora Ática, 1995.

SERRA, Floriano. A arte e a técnica do vídeo do roteiro à edição. São Paulo: Summus,1986.

VANOYE, Francis; GOLIOT-LÉTÉ, Anne. Ensaio sobre análise fílmica. Campinas:Papirus, 1994.

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SITES VISITADOS

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IMASTERS. Disponível em <http://www.imasters.com.br>. Acesso em 25 mar. 2007.

ON LINE literature. Disponível em <http://www.online-literature.com/ww-jacobs>.Acesso em 22 mar. 2007.

SAMPA on line. Disponível em <http://www.sampaonline.com.br>. Acesso em 22 mar.2007.

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TUDO sobre TV. Disponível em <http://www.tudosobretv.com.br/history/tv50.htm>.Acesso em 22 mar. 2007.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A – Cartões

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1Oração no cemitério

2Durante algumas

semanas, abatidos pelaculpa da morte do filho, o

pai tem flashbacks daconvivência harmoniosa

com o filho

3Em uma das noites de

insônia, a mãe lembra dapata e pede ao marido

que traga o filho de volta

4Sargento dirige emestrada de terra em

direção à casa da famíliaWhite

5Família se entretém

tranquilamente enquantoespera o visitante

6Visitante chega, é

recepcionado e começama conversar

7Família janta em

companhia do visitante

8Visitante introduz à

família a pata do macaco

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9Pai compra a pata dovisitante que reluta einsiste em destruí-la

10Após a partida do

visitante a família faztroça da pata, porém o SrWhite faz um pedido de

dinheiro

11Ao raiar do dia a famíliatoma café unida. O filhosai para o trabalho e o

casal fica com seusafazeres domésticos

12No final da tarde um

homem de terno e valiseem mãos bate à porta dacasa dizendo que o filhomorrera e a indenizaçãoera a quantia que o Sr.

White pedira

13Pressionado o Sr. Whitefaz o pedido à pata, masnos instantes seguintes

nada acontece

14A Sra. White ouve

barulhos e acredita que éseu filho e corre para

abrir a porta

15O Sr. White pede à pataque seu filho volte para

o cemitério

16A Sra. White abre a porta

e não há nada ali.

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APÊNDICE B – Roteiro

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APÊNDICE C – Exemplo de storyboard

Cena 9 – Plano 1

Som de PALMAS. Madalena olhapela janela.

Cena 9 – Plano 2

MADALENA

Alfredo! Atende o homem noportão!

Cena 9 – Plano 3

Alfredo passa pela janela em

direção ao portão da casa.
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APÊNDICE D – Decupagem técnica de produção

CENA 1 - EXT.CEMITÉRIO.DIA

ALFREDO E MADALENA PEREIRA deixam uma flor em um túmulo. Alfredo permanece de péenquanto Madalena faz uma oração. Ao longe, SGT BRANDÃO observa casal com expressão de

negação enquanto fuma um cigarro.

(take 1 - câmera em plano aberto. Vê-se a figura do Sgt. Ao longe. take 2 - câmera atrás do Sgt.pessoas longe. 1º foco nele, depois foco nas pessoas seguido de pan PG)

FICHA DE PRODUÇÃOPERSONAGEM ATOR FIGURINO ADEREÇO MAQUIAGEM DIREÇÃO

ARTEALFREDO GILBERTO Terno preto simples,

camisa m. longa branca,sapato

Chapéu Natural de vídeo

MADALENA JUSSARA Conjunto preto saia/blusa,sapato

lenço branco e terço Natural de vídeoCabelo preso

SGTO. BRANDÃO PROTAZIUS Jaqueta preta, calça preta,camisa vermelha, sapato

Corrente dog tag,relógio, óculos ray-ban

Natural de vídeo

Flores, vela,terço

EQUIPE TÉCNICA BUIÚ, THIAGO

CENA 2 - EXT.CASA - VARANDA.NOITE

ALFREDO sentado na varanda, cinzeiro cheio, copo de bebida por terminar, introspectivo, olharvago. Alterna cena com flashbacks de momentos felizes com o filho (partidas de xadrez, família em

oração, momentos e olhares de cumplicidade).

FICHA DE PRODUÇÃOPERSONAGEM ATOR FIGURINO ADEREÇO MAQUIAGEM DIREÇÃO ARTEALFREDO GILBERTO Sandálias, calça

social, camisamanga longa*

Natural de vídeo Cinzeiro, cigarros,copo, garrafa, chá,cadeiras, mesa decentro, rede

EQUIPE TÉCNICA BUIÚ, THIAGO

*Obs: o mesmo figurino p/ jogo de xadrez, se for seguir com o plano do movimento sincronizadopegar copo - mudar peça xadrez na CENA 05

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CENA 3 - INT.CASA - QUARTO.NOITE

Durante mais uma noite de insônia o casal revira na cama.

Madalena se levanta, caminha perdida pelo quarto, encosta na janela, olhar vago, de repente tem umestalo e diz ao marido.

FICHA DE PRODUÇÃOPERSONAGEM ATOR FIGURINO ADEREÇO MAQUIAGEM DIREÇÃO ARTEALFREDO GILBERTO Pijama,

sandáliasNatural de vídeo

MADALENA JUSSARA Camisola,penhoar,pantufa

Natural de vídeo

Cama casal, guarda-roupas, 2 criados, santa,quadro, terço, ventilador,2 lençóis, edredon,cobertor/manta, 2travesseiros, 2 fronhas,cortinas, jarra c/ água,copo,chapeleiro/cabideiro

EQUIPE TÉCNICA BUIÚ, THIAGO

CENA 4 - INT.CARRO.NOITE

Sgt. Brandão dirige por estrada de terra.

FICHA DE PRODUÇÃOPERSONAGEM ATOR FIGURINO ADEREÇO MAQUIAGEM DIREÇÃO

ARTESARGENTOBRANDÃO

PROTAZIUS Botina de trilha,calça cargocáqui, camisetabranca

Relógio, dogtag,

Natural de vídeo Terço ou crucifixono espelho docarro, lanterna luzbranca, pilhas D

EQUIPE TÉCNICA BUIÚ, THIAGO

CENA 5 - EXT.CASA - VARANDA.NOITE

Alfredo e Helberth jogam uma partida de xadrez onde nitidamente o filho leva vantagem.

FICHA DE PRODUÇÃOPERSONAGEM ATOR FIGURINO ADEREÇO MAQUIAGEM DIREÇÃO

ARTEALFREDO GILBERTO * Sandálias, calça

social, camisa mangalonga

Natural de vídeo

HELBERTH CELSO Calça sarja, sandália,camiseta vermelha

Natural de vídeo

Jogo de Xadrez ,mesa centro

EQUIPE TÉCNICA BUIÚ, THIAGO

*OBS: o mesmo figurino da CENA 02

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Jogo de xadrez. Sgt. Brandão chega de carro e o estaciona no quintal. Helberth fecha o portão eAlfredo adianta-se para recepcionar o Sgt. Brandão e acomodá-lo.

CENA 6 - EXT.CASA - VARANDA.NOITE MOMENTOS DEPOIS

Alfredo e Sgt. Brandão tomam licor e conversam. Madalena e Helberth servem a mesa de jantar.

FICHA DE PRODUÇÃOPERSONAGEM ATOR FIGURINO ADEREÇO MAQUIAGEM DIREÇÃO ARTEALFREDO GILBERTO * Sandálias,

calça social,camisa mangalonga

Natural de vídeo

HELBERTH CELSO Calça sarja,sandália,camisetavermelha

Natural de vídeo

MADALENA JUSSARA Saia, blusa,sandália,avental

Presilha Natural de vídeo

SARGENTOBRANDÃO

PROTAZIUS Botina detrilha, calçacargo cáqui,camisetabranca

Relógio,dog tag,

Natural de vídeo

Toalha de mesa,panela c/ galinhada,travessa c/ salada dealface e tomate, 4pratos, 1 concha, 1pegador de salada,talheres, copos,garrafa de bebida(chá), jarra de água ousuco, cesta c/ pão,guardanapo

EQUIPE TÉCNICA BUIÚ, THIAGO

CORTA PARA:O carro deixa a propriedade. A família acompanha a partida com o olhar e entra na casa.

CENA 7 - INT.CASA - SALA.NOITE

Alfredo, Helberth e Madalena conversam.

FICHA DE PRODUÇÃOPERSONAGEM ATOR FIGURINO ADEREÇO MAQUIAGEM DIREÇÃO ARTEALFREDO GILBERTO * Sandálias,

calça social,camisa mangalonga

Natural de vídeo

HELBERTH CELSO Calça sarja,sandália,camisetavermelha**

Natural de vídeo

MADALENA JUSSARA Saia, blusa,sandália***

Presilha Natural de vídeo

Sofá, rack, TV, som,vídeo cassette, cortina,criado c/ jarro deflores, crucifixo naparede, bíblia naestante, livros, porta-retratos, enfeites deestante, quadro.

EQUIPE TÉCNICA BUIÚ, THIAGO

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CENA 8 - INT.CASA - COZINHA.DIA – MANHÃ

Alfredo, Helberth e Madalena tomam café da manhã.

FICHA DE PRODUÇÃOPERSONAGEM ATOR FIGURINO ADEREÇO MAQUIAGEM DIREÇÃO ARTEALFREDO GILBERTO Camisa

manga curta,calça social,sandálias,

Natural de vídeo

HELBERTH CELSO Sapatênis,calça sarja,camisamanga curta

Pasta Natural de vídeo

MADALENA JUSSARA Vestido Natural de vídeo

Mesa, 3 cadeiras, tolhade mesa, fogão,geladeira, guardanapos,pia, paneleiro,liquidificador, garrafa decafé, chaleira, leite, café,açúcar, coador,margarina, bolo, formade bolo redonda c/ furo,pão francês, faca decozinha, relógio,fruteira, banana, laranja,baleiro, bolacha, papeltoalha

EQUIPE TÉCNICA BUIÚ, THIAGO

CENA 9 - INT.CASA - COZINHA.DIA - MAIS TARDE

Madalena estende roupasMadalena tira bolo forno

Palmas no portão

Alfredo passa pela janela para atender

CENA 10 - INT.CASA - SALA - DIA

Madalena tira o lenço, abre a porta e cumprimenta o visitante. Alfredo manda o Advogado entrar.

FICHA DE PRODUÇÃOPERSONAGEM ATOR FIGURINO ADEREÇO MAQUIAGEM DIREÇÃO

ARTEALFREDO GILBERTO Camisa manga curta,

calça social, sandálias,Natural de vídeo

MADALENA JUSSARA Vestido Natural de vídeoO ADVOGADO THIAGO Terno, camisa, gravata

vermelha, sapatoPasta 007 Natural de vídeo

Sala

EQUIPE TÉCNICA BUIÚ, JUNIOR

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CENA 11 - INT.CASA - QUARTO.NOITE

LAPSE TIME das cenas iniciais (1, 2 e 3) aceleradas em 5 segundos. O tempo desacelera paravelocidade normal quando Madalena diz.

FICHA DE PRODUÇÃOPERSONAGEM ATOR FIGURINO ADEREÇO MAQUIAGEM DIREÇÃO

ARTEALFREDO GILBERTO Pijama, sandálias Natural de vídeoMADALENA JUSSARA Camisola, penhoar,

pantufaNatural de vídeo

Quarto

EQUIPE TÉCNICA BUIÚ, THIAGO

Nada acontece. Alfredo busca um copo de água e traz para Madalena. Algum tempo de espera.Alfredo pega no sono, mas Madalena fica revirando na cama Uivos e latidos de cachorros, Som dePEGADAS fora da casa. Som de BATIDAS leves à porta. Madalena cutuca Alfredo.

CENA 12 - EXT.NOITE (PENSAMENTO DE ALFREDO)

POV DE HELBERTH

A porta da cozinha se abre e revela Madalena com um sorriso no rosto que instantaneamente setransforma em um GRITO DE PAVOR. Helberth ataca Madalena, que se protege com seus braços.

VOLTA À CENA

ALTERNA SÉRIE DE PLANOS DA CENA 13

CENA 13 - QUARTO.NOITE

A) Alfredo procura pela PATA pelo quarto.C) Alfredo tateia o lençol em busca da pata.E) Alfredo pega a pata.

FICHA DE PRODUÇÃOPERSONAGEM ATOR FIGURINO ADEREÇO MAQUIAGEM DIREÇÃO

ARTEALFREDO GILBERTO Pijama, sandálias Natural de vídeo QuartoEQUIPE TÉCNICA BUIÚ, THIAGO

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CENA 13 - COZINHA.NOITE

B) Madalena se dirige à porta da sala.D) Madalena não encontra nada na sala e vai para a porta da cozinha.F) Madalena pega o molho de chaves e se atrapalha tentando abrir a porta.G) Madalena consegue colocar a chave na fechadura e a gira.

FICHA DE PRODUÇÃOPERSONAGEM ATOR FIGURINO ADEREÇO MAQUIAGEM DIREÇÃO

ARTEMADALENA JUSSARA Camisola, penhoar,

pantufaNatural de vídeo

EQUIPE TÉCNICA BUIÚ, THIAGO

CENA 14 - INT.CASA - QUARTO.NOITE

Alfredo ainda ajoelhado segura a pata na mão direita e diz.

FICHA DE PRODUÇÃOPERSONAGEM ATOR FIGURINO ADEREÇO MAQUIAGEM DIREÇÃO

ARTEALFREDO GILBERTO Pijama, sandálias Natural de vídeo QuartoEQUIPE TÉCNICA BUIÚ, THIAGO

CENAS 15 - COZINHA.NOITE

O barulho de batidas cessa. Madalena abre a porta e não há nada do lado de fora.

FICHA DE PRODUÇÃOPERSONAGEM ATOR FIGURINO ADEREÇO MAQUIAGEM DIREÇÃO

ARTEMADALENA JUSSARA Camisola, penhoar,

chineloNatural de vídeo

EQUIPE TÉCNICA BUIÚ, THIAGO

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CENA 16 - EXT.CASA.NOITE

Madalena à porta com expressão de decepção. Alfredo chega por trás com um cobertor e o depositasobre seus ombros. A porta se fecha.

FICHA DE PRODUÇÃOPERSONAGEM ATOR FIGURINO ADEREÇO MAQUIAGEM DIREÇÃO

ARTEALFREDO GILBERTO Pijama, sandálias Cobertor/manta Natural de vídeoMADALENA JUSSARA Camisola,

penhoar, pantufaNatural de vídeo

EQUIPE TÉCNICA BUIÚ, THIAGO

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APÊNDICE E – Plano de gravação

PLANO DE GRAVAÇÃO

A PATA DO MACACO

DATA : LOCAÇÃO: SEQÜÊNCIA: PERSONAGENS:10/03/07 CEMITÉRIO CENA 1/SEQ 1/ GRAMADO/EXT-

DIA/ALFREDO/MADALENA/SGT. BRANDÃO

CEMITÉRIO CENA 1/SEQ 2/ ÁRVORE-CEMITERIO/EXT- DIA

10/03/07 CASA CENA 7/SEQ 1/COZINHA/INT- DIA ALFREDO/MADALENA/HELBERTH

10/03/07 CASA CENA 7/SEQ 2/ QUARTO/INT- DIA MADALENA

10/03/07 CASA CENA 7/SEQ3/COZINHA/INT- DIA MADALENA

10/03/07 CASA CENA 7/SEQ4/VARANDA-VARAL/INT- DIA

MADALENA

10/03/07 CASACENA 7/SEQ5/COZINHA/FORNO

MADALENA

10/03/07 CASACENA 7/SEQ6/ JANELA/ ALFREDOJANELA

MADALENA/ ALFREDO

10/03/07 CASACENA 8/SEQ1/PORTA SALA/ INT-DIA

MADALENA

10/03/07 CASACENA 8/SEQ 2/PORTA SALA /INT-DIA

MADALENA/ALFREDO/ADVOGADO

10/03/07 CASACENA8/SEQ 3/ SOFÁ-SALA/INT-DIA

MADALENA/ALFREDO/ADVOGADO

10/03/07 CASA CENA 2/ SEQ 1/VARANDA/EXT-NOITE

ALFREDO

10/03/07 CASA CENA5 /SEQ 1/ VARANDA/EXT-NOITE

ALFREDO/HELBERTH

10/03/07 CASA CENA 5/SEQ 2/PORTÃO / EXT-NOITE

HELBERT

10/03/07 CASA CENA 5/SEQ 3/ VARANDA /EXT-NOITE

SG BRANDÃO/ ALFREDO/HELBERTH

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10/03/07 CASA CENA 5/ SEQ 4/ VARANDA/EXT-NOITE

SGT. BRANDÃO/ ALFREDO/HELBERTH/MADALENA

10/0307 CASA CENA 5/SEQ5/ VARANDA-JANTAR/EXT -NOITE

SG BRANDÃO/ ALFREDO/HELBERTH/MADALENA

10/03/07 CASA CENA 5/ SEQ 6/ PORTÃO-CARRO/EXT-NOITE

CARRO/ HELBERTH/MADALENA/ALFREDO

10/03/07CASA CENA 6/SEQ 1/SALA-PATA/INT-

NOITEMADALENA/ALFREDO/HELBERTH

10/03/07 CASA CENA 6/SEQ 2/ SALA-PATA/INT-NOITE

ALFREDO/HELBERTH

10/03/07 CASA CENA 6/SEQ 3/ SALA-SOFA/OFF/INT-NOITE

ALFREDO

10/03/07 CASA CENA 6/SEQ 4/ SALA –SOFA/INTER-NOITE

ALFREDO/HELBERTH