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PRÓS E OS CONTRAS DO PARACETAMOL
Alex Bastos Borges e Daiane dos Santos Rodrigues
Faculdades Integradas Facvest.
Lages, Brasil.
Resumo: Foi realizada uma pesquisa séria sobre o medicamento
paracetamol em busca de seus prós e contras e novas fórmulas que
possam fazer o mesmo efeito, sem danos hepáticos.
Palavras-chaves: paracetamol, acetaminofeno e analgésicos.
Abstract: A serious research about the medicine paracetamol took
place in order to clarify the pros and cons and also new formulas that
can make the same effect, without hepatic damages.
Key words: paracetamol, acetaminofen and analgesics.
INTRODUÇÃO
Uma breve história do paracetamol(1)
Como um dos produtos farmacêuticos mais consumidos ao redor do mundo, o Paracetamol, cuja origem remonta às últimas décadas do século XIX quando, em uma busca ansiosa por medicamentos capazes de reduzir a febre no tratamento de infecções, os pesquisadores descobriram que esse composto possuía tal característica antipirética. Anteriormente, os efeitos antipiréticos eram obtidos através de compostos naturais, dentre os quais vale citar a casca de salgueiros, precursor dos atuais salicilatos (derivados do ácido salicílico, mais conhecida atualmente como aspirina). Muitos desses compostos eram de difícil obtenção e, portanto, economicamente desfavoráveis para a população em geral. Era clara e urgente a necessidade de compostos sintéticos e mais baratos. Duas alternativas, em especial, foram desenvolvidas; em 1886 a acetanilida e, em 1887, a fenacetina. Ambas tinham uma vantagem sobre os compostos naturais anteriores: possuiam não somente efeitos antipiréticos, mas também analgésicos. Em 1893 um outro composto, agora conhecido como Paracetamol foi descoberto. Notou-se que ele possuía uma ação analgésica e antipirética imediata.
Em 1895, outros trabalhos realizados sobre esse composto indicaram que ele
poderia estar presente na urina de pacientes tratados com fenacetina e, em 1899, foi
comprovado que esse composto, hoje chamado de paracetamol, era um metabólito
urinário da fenacetina. Em 1948, Brodie e Axelrod provaram que o paracetamol era o
produto principal do metabolismo de ambas, fenacetina e acetanilida. Este, e outros
trabalhos sobre o mesmo tema, levaram à idéia de que os efeitos clínicos dessas drogas
deviam-se à conversão imediata destas em paracetamol, ocorrida em nosso organismo.
Essa idéia foi suportada por posteriores trabalhos que indicavam que os efeitos
analgésicos e antipiréticos do paracetamol eram de mesma ordem que os da fenacetina
e da acetanilida. Posteriormente, descobriu-se que a fenacetina tem seus efeitos
independentemente da sua conversão em paracetamol.
Os trabalhos de Brodie e Axelrod levaram à introdução de comprimidos de
500mg de paracetamol no mercado farmacêutico britânico, em 1956, ainda sob
prescrição médica. A partir de então, a droga adquiriu popularidade e, nos dias atuais, é
o analgésico mais aceito no mercado britânico.
MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa realizada constituiu de uma consulta a livros científicos, sites médicos e um artigo científico encontrado obtido pelo portal eletrônico Google. As palavras-chave utilizadas foram: Paracetamol, Acetaminofeno e Analgésicos.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Características farmacêuticas do paracetamol(2)
O paracetamol, assim como a aspirina, pertence a uma classe de drogas
chamadas de “drogas não estereoidais antiinflamatórias” ou, mais resumidamente,
NSAIDs (do inglês non-stereoidal antiinflamatory drugs). São drogas que aliviam a
dor e reduzem os inchaços, ocasionalmente causados por impactos ou feridas.
Mecanismo de atuação do paracetamol(1)(4)
A humanidade tem usado as NSAIDs em diversas formas por mais de 3500
anos. As estimativas variam, mas parece que consome-se, em média, cerca de 40000
toneladas de aspirina (a NSAID mais comum), o que corresponderia a cerca de 120
bilhões de comprimidos, por ano. Isso sem levar-se em consideração as outras NSAIDs
disponíveis e consumidas no mundo inteiro. Mas, mesmo com esse consumo exaustivo
e de longa data dessas drogas, ainda não se possui um conhecimento completo de como
elas agem tão bem no organismo humano. Apenas recentemente (há uns 30 anos), os
primeiros passos rumo a esse entendimento começaram a ser dados, com o advento da
biologia molecular e da Farmacologia
Características físicas e químicas do paracetamol (2)(3)
O nome oficial do paracetamol é 4-acetamidofenol. Em algumas publicações,
ele é descrito como sendo 4-hidroxiacetanilida ou N-acetil-p-aminofenol; é também
conhecido, especialmente nos Estados Unidos, como Acetaminofeno. O paracetamol é
um pó cristalino branco e sem odor, com um gosto amargo, solúvel em setenta partes
de água à temperatura ambiente; em sete partes de álcool etílico 95%; treze partes de
acetona; quarenta partes de glicerol; nove partes de propileno glicol; cinqüenta partes
de clorofórmio, ou em dez partes de álcool metílico. Também é solúvel em soluções de
hidróxidos alcalinos. É insolúvel em benzeno e em éter. Uma solução aquosa saturada
tem pH aproximadamente igual a seis e é estável (meia-vida de 20 anos,
aproximadamente) mas sua estabilidade decresce em condições ácidas ou básicas,
causando a decomposição lenta do composto em ácido acético e p-aminofenol. Sua
fórmula molecular é C8H9NO2 e pode ser representado estruturalmente como mostrado
abaixo:
ALGUMAS PROPRIEDADES FÍSICAS E QUÍMICAS
DO PARACETAMOL
Aparência: Pó ou grãos brancos;
Odor: Não apresenta;
Sabor: Levemente amargo;
Solubilidade: 1,1g/100g de água a 25°C;
pH: 6,5 (solução saturada)
Ponto de fusão: Entre 167 e 173 °C
Estabilidade: É estável sob condições comuns de uso e armazenamento
Produto da decomposição: Na presença de calor e água, a substância hidrolisa-se em ácido acético e p-aminofenol. Sua combustão pode produzir monóxido de carbono, dióxido de carbono e óxidos de nitrogênio
Prós(6)(7)
Conhecido nos Estados Unidos como acetaminofeno, é o analgésico-antipirético
de eleição para os pacientes alérgicos ao ácido acetilsalicílico ou com antecedentes de
úlcera péptica. Sua eficácia é equivalente à do ácido acetilsalicílico, mas não possui
propriedades antiinflamatórias.
Não existem grupos de pessoas que não possam usar o paracetamol.
Ele não apresenta interações indesejáveis com outros fármacos.
Pode ser indicado para crianças e bebês, ao contrário da aspirina.
Não existem efeitos colaterais quando a dose for a recomendada.
É indicado para: cefaléia(dor de cabeça), dismenorréia,(cólica menstrual),
mialgia leve e moderada(dor muscular), artralgia(dor nas articulações), febre, dor pós-
parto, dor pós-operatório e dor crônica causada pelo câncer.
Contras(5)(6)(7)
O paracetamol é um analgésico eficaz, mas também muito perigoso, sendo a
maior causa de danos agudos ao fígado.
“Entre os medicamentos com contra-indicações,
é provavelmente a menor diferença entre a
quantidade necessária para fazer efeito e a
quantidade suficiente para causar danos."
(Sidney Wolfe, Revista New Scientist)
Como o paracetamol é um ingrediente em várias outras formulações, de
medicamentos para a gripe até narcóticos controlados como o Vicodin, é fácil tomar o
dobro da dose, bastando que o paciente tome dois medicamentos que tenham o
paracetamol como ingrediente.
O uso do paracetamol é seguro quando usado conforme o prescrito, mas não é
necessário muito mais do que a dose recomendada para que ele cause danos ao fígado,
eventualmente até fatais.
Overdose
Para uma dose de paracetamol de 1000mg, o pico do nível de paracetamol no
sangue é de 20mg/litro, e ocorre entre 30 minutos a 2 horas após a ingestão. O tempo de
meia vida no organismo é de cerca de 2 horas.
Paracetamol é metabolizado pelo fígado, sendo que 90% é metabolizado para
glucoronídeos e sulfatos, 5% é eliminado sem metabolização, e apenas 5% é oxidado
para benzoquinoneimina. O produto da oxidação, a benzoquinoneimina é uma
substância altamente reativa e normalmente se combina com glutationas, presentes no
fígado. Se a dose de benzoquinoneimina for muito alta, toda as glutationas são
consumidas e, neste ponto, a benzoquinoneimina reage com a proteína do fígado,
levando a injúrias no órgão. O tempo requerido para o consumo total das glutationas e o
posterior ataque à proteína do fígado é de 3 a 4 dias.
A dose letal de paracetamol é superior a 15 gramas.
O tratamento da overdose consiste no tratamento sintomático seguido da
administraçao de um antídoto. Existem dois antídotos eficazes: metionina (ingestão
oral) e acetilcisteína (aplicação intravenosa), em seguida uma lavagem estomacal ou
indução de êmese com xarope de ipecacuanha.
Ambos restauram a capacidade do fígado em produzir glutationas para
combinação com a benzoquinoneimina.
CONCLUSÕES(5)
Concluimos que indubitavelmente o
paracetamol trouxe para a humanidade
benefícios analgésicos e antipiréticos. Mas
como a auto-medicação é um mal que atinge
não só as classes menos favorecidas, os riscos
de exageros e danos hepáticos são iguais para
todos.
Enquanto a FDA (Food and Drug
Administration), órgão responsável pela
regulamentação de saúde nos EUA, quer
diminuir a dosagem recomendada de
paracetamol por dia por paciente, um painel de
especialistas também recomendou à FDA a
retirada total do paracetamol da formulação de
medicamentos controlados.
Agora, pela primeira vez, uma
alternativa mais segura ao paracetamol poderá
ser fabricada de forma mais barata.
O SCP-1, que é feito de uma molécula
de paracetamol unida a uma molécula de sacarina. Nos testes iniciais em humanos, o
SCP-1 parece não produzir os mesmos efeitos colaterais tóxicos do paracetamol.
Pesquisadores da Universidade de Nova Orleans, descobriram pela primeira vez
uma forma de sintetizar o SCP-1 de forma barata e em largas quantidades, abrindo
caminho para que a alternativa possa chegar ao mercado.
É isso, acreditamos que a própria ciência reverterá o quadro de danos hepáticos.
Enquanto esperamos pelos conhecimentos farmacêuticos por parte dos médicos, a
atenção farmacêutica dos farmacêuticos e as propagandas governamentais contra a
auto-medicação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Pharmaweb: History of Paracetamol. Disponível em:
<http://www.pharmweb.net/pwmirror/pwy/paracetamol/pharmwebpic5.html>(
Acessado em: 08.10.2009)
2. Bruno Ramos, Thales I. P de Deus e Wendel T. Mendes. Extração e
Identificação do Analgésico. Disponível em: Paracetamol.
<www.geocities.com/ramos.bruno/academic/paracetamol.doc>(Acessado em:
09.10.2009)
3. Environmental Health & Safety. MSDS: Paracetamol D.C. Disponível em:
<http://bulkpharm.mallinckrodt.com/_attachments/msds/PARC2.htm>.
(Acessado em 16.10.09)
4. Warner, T. D.; Mitchell, J. A. Cyclooxigenase-3 (COX-3): Filling in the gaps
toward a COX continuum?. Proceedings of the National Academy of
Sciences of the United States of America (PNAS). Disponível em:
<http://www.pubmedcentral.nih.gov/articlerender.fcgi?artid=129677>.
(Acessado em 09.10.09)
5. Diário da Saúde: Analgésico substitui paracetamol sem causar danos no
fígado. New Scientist: 07/08/09
Disponível em: <http://www.diariodasaude.com.br/> (Acessado em 16.10.09)
6. Korolkovas, Andrejus. Dicionário Terapêutico Guanabara/ Andrejus
Korolkovas, Francisco Faustino de Albuquerque Carneiro da França;
colaborador Bruno Carlos de Almeida Cunha. – 14. ed. – Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2007.
7. Separação da Panacetina: Informações sobre o paracetamol. Disponível
em: < http://www.qmc.ufsc.br/organica/exp7/paracetamol.html> (Acessado
em 17.10.09)