propriedade compartilhada - proteste

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Propriedade Compartilhada

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Time sharing

André e Simone estavam passando férias em Fortaleza. O casal estava em uma das praias

da cidade quando, de repente, uma pessoa os abordou. Ofereceu desconto em um restauran-te, um passeio de veleiro e até entrada gratuita em uma famosa discoteca, mas, em troca, queria que o casal assistisse a uma palestra sobre um tal “clube de férias com vantagens em hospedagens”. Os dois foram e ficaram mais de três horas co-nhecendo as acomodações de um hotel. No fi-nal, os organizadores do evento queriam que eles comprassem um pacote de time sharing e pro-meteram que o casal poderia usufruir do local em qualquer semana do ano ou vender o direito para outras pessoas. Ainda disseram que seria muito mais barato do que alugar qualquer casa, mesmo em baixa temporada. Mas André achou que não valeria a pena porque os valores eram altos e o contrato não estava muito claro.O caso retrata uma das várias situações por que passam possíveis clientes de time sharing (tradu-zindo, “tempo compartilhado”). E o que é time sharing? Uma forma de vender pacotes turísticos para o mundo inteiro comum em países euro-peus e que cresce no Brasil. Nesse sistema, você adquire períodos determinados de tempo para desfrutar em hotéis, pousadas, condomínios e re-sorts, além de outros benefícios, como descontos em restaurantes.

Para que o sistema funcione, o uso do imóvel é dividido pelas 52 semanas do ano. Elas são vendi-das separadamente para diversas pessoas, ou seja, você compra a propriedade por um determinado período. A compra é feita pela aquisição de um título, que representa o direito de usar o imóvel pelo número de semanas contratadas. Você tam-bém deve pagar uma taxa de manutenção (na maioria das vezes, anual ou semestral). Os títulos podem ser vitalícios, passando aos herdeiros, ou por períodos determinados – na maioria das ve-zes entre 20 e 30 anos.Assim, se, por exemplo, suas férias são em março, você pode adquirir o direito de usar o apartamento em uma semana desse mês (nas outras semanas, o imóvel é ocupado por outros “proprietários”), pelo resto da vida. E você não fica preso a este período ou empreendimento. Pode utilizar outras semanas em outros hotéis, inclusive no exterior. Para isso, porém, é necessário pagar uma taxa de intercâmbio para as operadoras internacionais. Isso depende do que for contratado em seu título.Tudo parece bonito no discurso, mas você deve ficar atento para não cair em golpes. Há problemas fre-qüentes, como dificuldades em conseguir reservas, acomodações aquém do esperado ou demora no envio dos vou-chers para a viagem e a hospedagem.

Férias garantidas em grandes resorts aparentam ser um bom investimento.Mas você pode ter muitos problemas e nem sempre há proteção contra eles.

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Time sharing

Investimento é bem alto

Para quem não pode comprar um imóvel de veraneio, o time sharing

pode ser uma opção, mas, dependendo do destino, o investimento exigido não é nada baixo.Para dar um exemplo, a demanda de brasileiros interessados em adquirir tem-

poradas em hotéis de Orlando e da Dis-ney na Flórida é tão grande que alguns resorts montaram estruturas de vendas específicas para brasileiros, com atendi-mento em português. O título para uma semana por ano nos EUA chega a custar US$ 40 mil por 30 anos, sem contar as

taxas de manutenção anuais. Some-se a isso a taxa de intercâmbio, que atual-mente é próxima de US$ 150.Nos resorts de luxo brasileiros, os preços são mais baixos, podendo chegar a R$ 20 mil, dependendo do tamanho da aco-modação e da época do ano.

Para avaliar se o time sharing é interessante, você pode com-parar o custo desse sistema com a compra de um imóvel para veraneio ou com a estadia tradicional em hotéis. No primeiro caso, você deve avaliar quanto vai gastar com a aquisição e a manutenção do imóvel (despesas de conservação, emprega-dos, impostos...), que é um bem patrimonial e provavelmente passará para os seus herdeiros. Às vezes, mesmo para uso de apenas uma semana por ano, o valor de aquisição do título de time sharing pode chegar ao de um imóvel, dependendo da localização e do tamanho, entre outros fatores.Comparar com estadias em hotéis é mais objetivo e fizemos isso para você. Em nosso exemplo, consideramos a hospeda-gem, tanto no sistema time sharing como na forma tradicional, em um apartamento mobiliado e completo no Apart-Hotel Búzios Internacional, em Búzios, balneário muito procurado no Rio de Janeiro. Veja o caso de uma família de quatro pessoas, que se hospeda durante sete dias, todo ano, na alta temporada.O custo da hospedagem dessa família no apart-hotel seria de R$ 2,1 mil. A mes-ma família, hospedada nas mesmas con-dições, mas no sistema de time sharing (administrado pela CMMC Turismo), gastaria R$ 5 mil pelo pagamento do tí-tulo e R$ 1 mil de taxa de manutenção anual, num total de R$ 6 mil – valor que seria até barato considerando a média do mercado. A diferença é que, no ano seguinte, se fosse repetir a temporada, a família teria de pagar novamente R$ 2,1 mil pela hospedagem no modo conven-cional, mas, no time sharing, só pagaria os

R$ 1 mil da taxa de manutenção.Depois de cinco anos de hospedagem a família teria gasto R$ 10,5 mil na hospedagem convencional e R$ 10 mil no sis-tema de time sharing. Em resumo, conforme se vê no gráfi-co abaixo, o time sharing no apart-hotel de Búzios só seria vantajoso se nossa família permanecesse passando suas férias ali pelo menos por cinco anos. Isso considerando também que, após esse prazo, o valor da taxa anual de manutenção continuará sendo menor que os R$ 2,1 mil da hospedagem. Assim, o time sharing só vale a pena quando o valor pago pelo título (investimento inicial) for diluído num período de tempo que torne a hospedagem pelo sistema mais barata do que a tradicional.

Ideal é usufruir por longo tempo

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Time sharing

Previna-se, antes de tudo

Para saber se o time sharing pode ser uma opção interessante, faça primeiro algumas perguntas

para você mesmo. Você realmente viaja com fre-qüência? Costuma ir ao exterior? Faz questão de se hospedar em resorts ou hotéis de alto luxo? Se você decidir aderir ao sistema, tome alguns cui-dados na hora de contratá-lo.• Leia o contrato e as condições gerais com muita atenção.• Analise se o investimento inicial e a taxa de ma-nutenção cabem no seu orçamento.• Veja as formas previstas de rescisão do contrato, pois

você pode, no futuro, desistir de participar do sistema.• Entre em contato com os hotéis indicados para confirmar se são mesmo credenciados, aceitam reservas com o título, cobram alguma taxa extra e quais serviços estão incluídos.• Verifique se o agente de turismo está cadastra-do na Embratur ou se é representante da agência de turismo pela qual se apresentou, que também deve ser cadastrada na Embratur.• Vale a pena checar no site do Tribunal de Justiça do seu estado se a empresa é ré em muitas ações, o que indica possíveis problemas.

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Dois tipos de golpe são praticados com freqüência – a venda de títulos com promessa de lucro na

revenda ou de empreendimentos que não existem. No primeiro caso, desconfie de um comerciante que ofereça títulos de time sharing como se fosse um grande negócio para ganhar dinheiro fácil e rápido. Esses “profissionais” afirmam que os títulos sofrem alta valorização no mercado imobiliário e, posteriormente, você poderá revendê-los, inclusi-ve para a própria empresa que o vendeu, lucrando milhões. Só que a empresa não recompra os títulos, muito menos por valores mais altos, e dificilmente você conseguirá revendê-los sem uma assistência. Eles nem informam que você deve pagar uma taxa de manutenção anual e uma taxa de intercâmbio se desejar utilizar os serviços de hotéis fora da rede ou no exterior. Ou seja: você não consegue obter o lucro prometido e ainda assume um custo que não tinha previsto.

Os estelionatários chegam a levar consumidores desavisados a investir muito dinheiro, apostando na valorização. Foi justamente o que aconteceu com D.P.G., do Rio de Janeiro, que entrou com uma ação contra a empresa American Tour Club. Ele adquiriu 50 títulos de direito de uso de hospe-dagem por tempo compartilhado, pagando R$ 1,2 mil por cada um, com a promessa de que poderia revendê-los por mais de R$ 11 mil para a própria empresa, isto é, um lucro de quase dez vezes. O pior é que D.P.G. fez empréstimos em mais de um banco para pagar os títulos, acreditando que logo teria o retorno prometido e poderia quitar as dí-vidas. A Justiça condenou a empresa a American Tour Club a restituir o valor gasto na compra do título e a pagar uma indenização por danos morais de R$ 2 mil pela propaganda enganosa. O mesmo caso aconteceu com outras pessoas que também foram vítimas da empresa.

Lucro fácil não existe

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Outro golpe comum é a comercialização de tem-poradas em um empreendimento que ainda não

existe. Os estelionatários se apresentam como gran-des investidores do mercado imobiliário e organizam um evento de vendas num hotel luxuoso. Na maioria das vezes, mostram um resort com parque aquático, restaurantes, vasta área de lazer e outras maravilhas, inclusive com plantas e projetos do empreendimento. Oferecem os títulos por valores variados (dependendo de local, época do ano, número de pessoas por hospe-

dagem, entre outros dados) e garantem a entrega do imóvel para alguns anos. O problema é que o empre-endimento nunca sai do papel, isto é, o título não vale nada e você nem consegue mais achar os vendedores.Desconfie de convites para lançamentos de empre-endimentos de luxo ou coquetéis em hotéis luxuo-sos. Os cuidados são os mesmos que você deve ter quando comprar um imóvel na planta. Verifique, principalmente, a transparência e a saúde financeira de todos os envolvidos.

Outro problema comum é com a reserva das tem-poradas nos resorts, pois às vezes não há vagas

disponíveis, principalmente na alta temporada. Se sua temporada é fixa em uma semana num deter-minado hotel, você pode ter certeza de que sua hos-pedagem está garantida. Mas, se sua temporada não for fixa para um período ou não estiver vinculada a um empreendimento, você pode encontrar dificul-dades. Em regra, você fica com direito a um crédito que pode ser usado em anos seguintes. Se você se sentir prejudicado e não encontrar solução amigá-vel, pode reclamar na Justiça por causa da falha do serviço. Afinal, você adquiriu o título esperando se hospedar e isso tem que ser cumprido.Foi o que aconteceu com M.L.A., do Rio de Janei-ro, que adquiriu temporadas da empresa Vacation Time, filiada da RCI (empresa responsável por ad-

ministrar as reservas no exterior). Ela encontrou dificuldades para fazer reservas diversas vezes. Em nove anos pagando a taxa anual, só conseguiu hos-pedagem duas vezes. Além disso, reclamou que a qualidade dos hotéis não correspondia ao valor investido e à propaganda que recebeu quando aderiu ao sistema. A consumidora entrou com seis ações contra a RCI, e ao final acabou chegando a um acordo com a empresa. Ela abriu mão do título e desistiu de todas as ações judiciais em troca de uma hospedagem num resort de luxo com toda a família. Na hora de cumprir o acordo, contudo, a empresa deixou de entregar as passagens aéreas e os vouchers para hospedagem. Por isso, M.L.A. aca-bou ganhando uma indenização por danos morais de R$ 3 mil, mais R$ 804 de reembolso pelo valor que pagou viajando por conta própria.

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Só mesmo no papel

A forma de abordagem no momento das vendas também pode ser um problema. Se não é em

eventos chiques num hotel luxuoso, os vendedores aproveitam para abordar turistas que estejam de fé-rias, em momentos de descontração. Envolvem os turistas num clima de euforia, oferecendo cortesias e brindes. Foi justamente o que aconteceu com André e Simone. Os vendedores falam sobre as vantagens do sistema, formas facilitadas de pagamento e hospe-dagem dos sonhos para toda família. Para um turista que está vulnerável, encantado com suas férias, o mo-mento não é adequado para pensar em negócios, ler contratos ou calcular se o custo cabe no orçamento.

A única norma da Embratur que regulamenta o sis-tema proíbe estratégias de venda que visem iludir o consumidor, como cláusulas contratuais abusivas, propagandas enganosas e cobrança de serviços não esclarecidos suficientemente, restrições já previstas pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC). Da mesma forma, ela ainda garante o direito de arrepen-dimento, com a devolução integral dos valores pagos se a pessoa desistir do título em sete dias.A propósito, como o CDC é uma lei, prevalece so-bre o regulamento da Embratur. Assim, as deter-minações do CDC devem ser consideradas mesmo nos pontos não abordados pela norma.

Aproveite suas férias em paz

Nem sempre há vagas

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Se você acha que foi enganado por um vendedor e a empresa não devolver os valores pagos, você pode (e deve) entrar na Justiça. Para isso, terá que demonstrar que foi vítima de pro-paganda enganosa ou que não teve conhecimento prévio de todas as condições que envolvem o sistema. O ideal é guardar uma cópia do contrato, as faturas de pagamento das taxas e as propagandas (panfletos, e-mails, cartões de visita...). Todos esses documentos serão fundamentais na hora de exigir seus direitos. Em algumas situações, vale até pedir uma indeniza-ção por danos morais. Independente do problema, entre em contato com a PRO TESTE para intermediarmos o seu caso. E lembre-se sempre que, em compras ocorridas fora do estabele-cimento comercial, você pode desistir em até sete dias.

Justiça pode ser a solução

Embora o time sharing já exista no Brasil há mais de 20 anos, nem sempre houve regras sobre a sua co-

mercialização e o seu funcionamento. As empresas de turismo tinham total liberdade para agir da forma que quisessem. Somente em 1997 o Ministério do Turismo, por meio da Embratur, reconheceu que o consumidor deveria ter seus direitos protegidos pelo Poder Público, editando regras para todos os agentes que atuam neste sistema.

As regras, porém, são muito genéricas. Elas não mencionam nada sobre o funcionamento do siste-ma, nem citam eventuais riscos para os consumi-dores. Permitem que a maior parte das obrigações assumidas seja disposta no contrato, não havendo parâmetros mínimos a serem respeitados. E como, obviamente, trata-se de um contrato de adesão, o consumidor não pode discutir as regras. Apenas pode assinar embaixo se desejar aderir.

Regulamentação é muito fraca

A norma da Embratur se limita a autorizar que sejam comercializados períodos de ocupação

em “dias, semanas ou meses de um ano”, mas não diz por quantos anos. Nem ao menos estipula um prazo mínimo ou máximo que garanta a vanta-gem do sistema. A princípio, não seria vantajoso, por exemplo, pagar o valor do título, mais as ta-xas de manutenção anual e de intercâmbio, para utilizar apenas por um fim de semana uma vez por ano, durante três anos. Seria mais viável fazer

a reserva tradicional no hotel em que você deseja se hospedar, a menos que a diária fosse mais cara do que todos esses custos.E mais: como não há previsão de prazos máximos de validade dos títulos, eles podem ser vitalícios. Com isso, se você desiste de possuir o título, não tem como devolvê-lo, pois as empresas nunca fa-zem a recompra nem rescindem o contrato. Você terá que vendê-lo para outra pessoa ou exigir a rescisão do contrato na Justiça.

Prazos não são estipulados

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Como vimos, o time sharing tem vá-rios problemas. Por isso, a PRO TESTE aponta soluções para resolvê-los.• Definição de um prazo mínimo de validade que garanta a vantagem do negócio para o consumidor.• Possibilidade de rescisão do con-trato com a recompra do título pela empresa ou renegociação do título por intermédio da administradora. • Comprovação do patrimônio líqui-do de todos os agentes do sistema capaz de garantir a manutenção dele e proteger o consumidor em caso de falência.• Explicação detalhada do termo “equipado” na descrição do aparta-mento utilizado.• Elaboração de regras sobre reserva e intercâmbio, garantindo a hospe-dagem vinculada a um determinado período.• Informação de todos os valores em moeda nacional para o consumidor ter noção exata dos custos.• Existência de canais de denúncia e reclamação (ouvidoria) para o con-sumidor, favorecendo a fiscalização do sistema.

O que a PRO TESTE exige

De acordo com a norma da Embratur, o quarto ou apartamento deve ser

“mobiliado e equipado”, mas não existe definição do o que seja “equipado”. Isso vai depender do tipo de hospedagem oferecido por cada empreendimen-to, que pode ser um resort, um hotel ou uma pousada. Fica difícil saber se a norma foi cumprida se você está num hotel sem estrelas, que não tenha ar-condicionado, água quente ou frigobar, mas está bem mobiliado.

Além disso, o que acontece com o usu-ário no caso de falência da empresa que administra o sistema ou mesmo do hotel? Não há exigência de garan-tia pelos empreendedores, como a existência de um patrimônio mínimo capaz de garantir o funcionamento do sistema. Nesse caso, você seria um dos vários credores que deveria habilitar seu crédito no processo de falência, ou seja, o jeito seria rezar para sobrar um pouco para reembolsá-lo do valor pago

pelo título.A norma fala ainda sobre a permuta das temporadas, mas não estipula re-gras com relação à preferência na reser-va, não limita os valores cobrados pelo intercâmbio nem determina o câmbio que deve ser obedecido para cobran-ças em moedas estrangeiras. Apenas se limita a dizer que a permuta deve ser feita de acordo com as regras do con-trato, ou seja, não há qualquer prote-ção ao consumidor.

A norma também determina que todos os agentes do sistema (hotel, empresa

de turismo e administradores de inter-câmbio) devem ser cadastrados na Em-bratur para funcionar no país. Contudo, não se encontra nos sites do Ministério do Turismo e da Embratur qualquer informação sobre eles. Não há uma lis-ta cadastral exclusiva das empresas que atuam neste sistema. A única informa-ção sobre o assunto é a regulamentação, mas não dá para identificar as empresas de viagens e turismo ou hotéis e empre-endimentos que atuam no mercado. Fora que as informações não dão deta-lhes sobre o sistema ou a empresa.Se você receber a proposta de uma empresa e tiver o nome completo ou o CNPJ dela, até consegue ver se ela é cadastrada na Embratur, mas não po-

derá listar todas as empresas para com-pará-las ou mesmo encontrá-las. Para completar, não há meios para fazer denúncias aos órgãos que regulam ou fiscalizam as empresas do setor.A Embratur se preocupou em garantir o desenvolvimento de um sistema que gera novas oportunidades aos empre-sários do ramo do turismo, mas pouco se preocupou com o consumidor. Em resumo, o setor de turismo ganhou um novo campo para explorar, mas, por outro lado, o consumidor ficou mais uma vez desprotegido. Talvez, por isso, quando ouvimos a expressão time sha-ring, mal sabemos do que se trata. Des-sa maneira, a PRO TESTE enviou uma notificação à Embratur, apontando as falhas que encontramos e pedindo maior atenção ao sistema.

Sem garantias para falência

Turismo protegido, consumidor não

Se você tem ou teve alguma experiência bem ou má sucedida com time sha-ring, mande para a PRO TESTE. Vamos retomar o tema futuramente e pode-mos usar o seu caso.

Conte o seu caso