proposta para o ensino da educaÇÃo fÍsica … · a história da educação física no brasil...

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PROPOSTA PARA O ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR P OR MEIO DE

EVENTOS

Autor: Prof. Edson Luiz Pacheco de Moraes1

Orientador: Prof. Luiz Carlos de Almeida Lemos2

Resumo : Este estudo apresentou uma proposta para o ensino da Educação Física Escolar, o qual teve como objetivo geral proporcionar aos educandos das 7ª séries do período matutino do Colégio Estadual Dom Carlos, por meio de eventos uma prática pedagógica para o ensino dos fundamentos teóricos e práticos da Educação Física Escolar. Foram ainda estabelecidos os seguintes objetivos específicos: possibilitar aos professores e educandos de cada série o aprofundamento dos fundamentos teóricos e práticos em relação aos conteúdos estruturantes e elementos articuladores específicos da disciplina de Educação Física; com a realização de “eventos” proporcionarem aos educandos noções básicas sobre os princípios gerais de administração: planejamento, organização, direção e controle; conhecer e vivenciar na prática a realização dos jogos e brincadeiras; oportunizar aos educandos a prática de atividades motoras, cognitivas e sociais por meio de eventos. Para fundamentação teórica deste estudo foram abordadas duas temáticas: A Educação Física no contexto escolar brasileiro e paranaense e os Princípios básicos da teoria geral da administração. Como estratégias de ação, foram realizados três eventos distintos, assim denominados: Maratona do conhecimento, mostra cultural e gincana de jogos e brincadeiras. Após a realização dos eventos foi aplicado um questionário de avaliação, a fim de verificar subjetivamente o nível de satisfação dos alunos referente à proposta. Considerando resultados e os índices das respostas dadas pelos alunos neste estudo, bem como os relatos de depoimentos dos professores no curso de GTR, pode-se concluir que esta prática metodológica é viável e poderá contribuir e fazer parte da construção do plano de trabalho docente dos professores de Educação Física.

Palavras-chave: Administração, Educação Física Escolar, Evento e Prática pedagógica

1 Professor de Educação Física da rede estadual de ensino. Mestre em Educação e especialista em Educação Física Escolar. Integrante do Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná – PDE. [email protected] 2 Técnico Desportivo da Unicentro – Universidade Estadual do Centro-Oeste de Guarapuava. Luizã[email protected]

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1 Introdução

A Educação Física no Brasil vem evoluindo constantemente, quer seja na sua

legislação, na estrutura organizacional, em suas tendências pedagógicas de ensino,

em novas metodologias e estratégias de aprendizagem, nos materiais didáticos e

midiáticos, na informatização do ensino, entre outros fatores e recursos que

contribuem para uma melhoria do ensino em nossas escolas. E, na área da

Educação Física Escolar não é diferente, área esta que foi escolhida como temática

deste estudo.

Percebe-se que tradicionalmente e culturalmente as aulas de Educação

Física são desenvolvidas em nossas escolas dando-se mais ênfase à prática,

relegando a um segundo plano o ensino dos fundamentos teóricos. Pensando nesta

problemática é que surgiu a ideia do autor em realizar este estudo, organizando um

trabalho pautado com o objetivo geral de propor uma prática metodológica para o

ensino dos fundamentos teóricos e práticos da disciplina de Educação Física, por

meio de eventos esportivos.

Foram estabelecidos quatro objetivos específicos: a) Possibilitar aos

professores e educandos de cada série o aprofundamento dos fundamentos teóricos

e práticos em relação aos conteúdos estruturantes e elementos articuladores

específicos da disciplina de Educação Física; b) com a realização de “eventos

esportivos” proporcionar aos educandos noções básicas sobre os princípios gerais

de administração: planejamento, organização, direção e controle; c) conhecer e

vivenciar na prática a realização dos jogos e brincadeiras; d) oportunizar aos

educandos a prática de atividades motoras, cognitivas e sociais por meio de eventos

esportivos.

Para o desenvolvimento deste estudo optou-se por fundamentá-lo a partir de

dois aspectos: A Educação Física no contexto escolar brasileiro e paranaense e nos

princípios básicos da administração geral.

Estes aspectos nortearam o presente estudo, dando sustentação e

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fundamentação, o que possibilitou a partir daí construir esta proposta. A princípio

julgou-se necessário conhecer como a disciplina de Educação Física iniciou e vem

sendo desenvolvida nas escolas de nosso país e principalmente no nosso estado. E,

também utilizando-se dos princípios administrativos, elaborou-se como metodologia

de ensino três eventos denominados: maratona do conhecimento, mostra cultural e

gincana de jogos e brincadeiras, os quais foram organizados no sentido de

desenvolver os fundamentos teóricos e práticos dos conteúdos estruturantes da

disciplina de Educação Física.

1.1 A Educação Física no contexto escolar brasileir o e paranaense

A Educação Física Escolar no Brasil evolui constantemente, mudando

concepções, tendências, princípios e metodologias. Muitas destas mudanças foram

salutares para a melhoria das aulas nos diversos níveis do ensino da disciplina.

A história da Educação Física no Brasil inicia no séc. XIX com teorias vindas

da Europa, com conhecimentos médicos e militares e tendo como base a Ginástica.

O objetivo era o desenvolvimento da saúde e a formação moral. Nesta época a

Educação Física priorizava mais a formação de um corpo forte e sadio e o

desenvolvimento dos aspectos de civismo. Predominando o estilo de ensino

Tradicional Militarista.

No final dos anos 30 e início dos anos 40, a Educação Física teve o Esporte

como um dos conteúdos predominantes e mais trabalhados nas aulas, onde

predominava o contexto esportivo do rendimento, competição, comparação de

recordes, regulamentação rígida e a racionalização de meios e técnicas, sem se

preocupar com a reflexão crítica desse conhecimento. A escola passou a ser um

local direcionado para a formação dos atletas. Mais tarde, com a promulgação da Lei

de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n. 4.024/61 e com o golpe militar no

Brasil, em 1964, o esporte passou a ser tratado com maior ênfase, especialmente

durante as aulas de Educação Física.

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Segundo Taborda de Oliveira (2001, p.33) “As práticas escolares de

Educação Física passaram a ter como fundamento primeiro a técnica esportiva, o

gesto técnico, a repetição, enfim, a redução das possibilidades corporais a algumas

poucas técnicas estereotipadas”. É a era da aptidão física e do esporte na escola.

Corroborando com esta idéia, Campos (2007, p.21) diz que “Os conteúdos

da Educação Física são reproduzidos em aulas como meio para alcançar um

rendimento baseado na aptidão física”.

Na década de 70, a Lei 5692/71, por meio de seu artigo 7º e pelo Decreto n.

69450/71, manteve o caráter obrigatório da disciplina de Educação Física nas

escolas, passando a ter uma legislação específica e sendo integrada como atividade

escolar regular e obrigatória no currículo de todos os cursos e níveis dos sistemas

de ensino. A Educação Física escolar de caráter esportivo, competitivo foi

duramente combatida pela corrente pedagógica da psicomotricidade que surgia no

mesmo período.

Etimologicamente, a Psicomotricidade tem sua origem no termo grego psyché, que significa alma, e do verbo latino moto, que significa mover freqüentemente, agitar fortemente. Ou seja, Psico: mente, pensa, e, Motricidade: motor, movimento. Então a psicomotricidade tem por objetivo o estudo do homem através do corpo em movimento nas relações com o seu mundo interno e externo (NEGRINE, 1987, p.32).

Com o fim do regime militar e abertura política, na década de 80 começou

um processo de redemocratização social e o sistema educacional passou por um

processo de reformulação. Onde a formação dos professores não ficou mais restrita

às ciências naturais e biológicas.

A partir daí houve um movimento de renovação do pensamento pedagógico

da Educação Física, buscando o reconhecimento dessa disciplina como campo de

conhecimento escolar.

No final da década de 80 e início da década de 90, estabeleceram-se no

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estado do Paraná várias discussões com a colaboração dos professores da rede

para elaboração do Currículo Básico, fundamentado na pedagogia histórico-crítica,

identificando-se numa perspectiva progressista e crítica sob os pressupostos

teóricos do materialismo-dialético.

Este documento caracterizou-se por ser uma proposta avançada em que o

mero exercício físico deveria dar lugar a uma formação de seres humanos capazes

de questionar e transformar a realidade social em que vivem. O reflexo desse

contexto mostra a possibilidade de tomada de consciência dos educandos sobre

seus próprios corpos, não no sentido biológico, mas especialmente em relação ao

meio social.

Há que se reconsiderar, na maneira de conceber a Educação Física, a perspectiva de privilegiar o pensar sobre o fazer diante das necessidades e características do ser, necessidades que são compreendidas também na dimensão dos aspectos socioculturais (CAMPOS, 2007, p.21).

É fundamental entender a dialética de desenvolvimento e aperfeiçoamento

do corpo na história e na sociedade, para que a Educação Física passe de

coadjuvante para disciplina integrante e também responsável pelo processo

educacional, buscando seu verdadeiro espaço: o da área de conhecimento e não

meramente uma atividade curricular.

A partir daí uma nova era inicia para e Educação Física com a aprovação da

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB n. 9394/96), o Ministério da

Educação (MEC) apresentou os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) para a

disciplina de Educação Física, documento este a nível nacional.

Campos (2007, p.18), diz que “A Educação Física deve ser integrada à

proposta pedagógica da escola e ser pensada com as outras matérias nos diferentes

níveis de ensino que compõem a Educação Básica”.

Ainda que, a Educação Física, considerada parte integrante do currículo,

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deverá assumir também a responsabilidade que lhe é devida nesse processo

educacional de contribuir com as finalidades educacionais indicadas na LDBEN para

a Educação Básica.

Pode-se dizer que apesar da redação aparentemente progressista, os PCNs

constituíram-se como uma proposta teórica incoerente, pois as suas concepções

pedagógicas apresentadas valorizaram o individualismo e a adaptação do sujeito à

sociedade, ao invés de construir e oportunizar o acesso a conhecimentos que

possibilitem aos educandos a formação crítica.

Ainda, nos dias de hoje nota-se uma prática de ensino da Educação Física definida a partir de metas que visam melhorar as habilidades e capacidades do aluno diante dos conteúdos da Educação Física realizados em aula, destacando o aspecto da aptidão física em detrimento da formação integral do ser (aspectos socioculturais, motores, cognitivos e afetivos) (CASTELLANI FILHO, Apud CAMPOS, 1998, p.20).

Surge, fruto de um longo processo de discussão coletiva entre 2004 e 2008,

onde envolveu os professores da Rede Estadual de Ensino, as Diretrizes

Curriculares Estaduais de Educação Física do Estado do Paraná, onde se definiu

como Conteúdos Estruturantes: o Esporte, os Jogos e Brincadeiras, a Ginástica, as

Lutas e a Dança. E, também os Elementos Articuladores3, tendo como objeto de

estudo a cultura corporal e que agora se apresentam como fundamento para o

trabalho pedagógico na escola.

Campos (2007, p.21) enfatiza que “a cultura corporal poderá ser

contextualizada e interpretada, a fim de ser compreendida e não apenas

reproduzida”.

Uma compreensão que prevê questionamentos sobre por que se faz, pode

levar a critica em relação à função de quem define este fazer e ainda promover a

3 Cultura corporal e corpo, cultura corporal e ludicidade, cultura corporal e saúde, cultura corporal e mundo do trabalho, cultura corporal e desportivização, cultura corporal – técnica e tática, cultura corporal e lazer, cultura corporal e diversidade e cultura corporal e mídia.

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criatividade de poder escolher a própria prática corporal e até mesmo modificá-la,

em um exercício de autonomia indispensável para o alcance dos fins educacionais.

No Estado do Paraná entende-se a escola como um espaço que, dentre

outras funções, deve garantir o acesso aos alunos ao conhecimento produzido

historicamente pela humanidade de forma crítica.

Tendo como objeto de estudo e de ensino a Cultura Corporal , a Educação Física poderá e deverá garantir o acesso ao conhecimento e à reflexão crítica de inúmeras manifestações ou práticas corporais historicamente produzidas pela humanidade, na busca de contribuir com um ideal mais amplo de formação do ser humano crítico e reflexivo, reconhecendo-se, que é produto, mas também agente histórico, político, social e cultural”.( DCEF – PR, 2008).

Neste sentido Campos (2007, p.22) enfatiza que “os aspectos socioculturais

sejam privilegiados em aulas de Educação Física na escola, nas quais o interesse

do sujeito, na perspectiva do coletivo, precisa ser levado em conta”.

A Educação Física deve ser assumir de fato seu papel na escola, produzindo

e promovendo conhecimentos, instigando e motivando os alunos a conhecer seus

conteúdos de maneira mais aprofundada levando a uma melhor formação.

Campos (2007, p.22) afirma ainda que “Assim, podemos falar de um

conhecimento em Educação Física aproximando-se dos outros conteúdos

curriculares tradicionalmente reconhecidos por promover conhecimentos específicos

na escola e por auxiliar na formação do indivíduo”.

Atualmente a Educação Física vem superando preconceitos estabelecidos,

onde se tinha a visão de uma disciplina sem conteúdos e que simplesmente realiza

atividades motoras sem nenhum aprofundamento de seus fundamentos.

No intuito de superar a condição de atividade da Educação Física e alcançar o status de prática pedagógica, uma questão se faz fundamental qual seja, a de buscar estimular a autonomia dos envolvidos no processo

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de ensino-aprendizagem na escola (professores e alunos), promovendo a conscientização e a apropriação, por parte dos professores, sobre o que se ensina, e, por parte dos alunos, sobre o que se aprende (CAMPOS, 2007, p.23)

Entre outros objetivos, esta proposta busca estimular a autonomia de

professores e alunos, por meio da elaboração/planejamento, organização e

realização de eventos na área da Educação Física.

1.2 Princípios básicos da administração

Com o objetivo de estruturar e fundamentar o estudo de eventos será

abordado alguns aspectos pertinentes aos princípios básicos da teoria geral da

administração.

Fayol (apud FARIAS,1979, p.40) diz que: “Administrar é prever, organizar,

comandar, coordenar e controlar”.

Consideramos também a definição de um conceituado professor do tema no

Brasil, Chiavenato, para ele administração é:

Interpretar os objetivos propostos pela organização e transformá-los em ação organizacional por meio do planejamento, organização, direção e controle de todos os esforços realizados em todas as áreas e em todos os níveis da organização, a fim de alcançar tais objetivos da maneira mais adequada à situação (CHIAVENATO, apud POIT, 2006, p.33)

Como base destes conceitos básicos acima citados parte-se para a

fundamentação das discussões acerca de como bem administrar um evento, como

no caso específico deste estudo.

O bom administrador de um evento deve antes de tudo saber exercer a

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função de liderança. Encontramos na literatura três tipos de liderança:

Autoritária ou Autocrática, onde apenas a líder fixa as diretrizes e determina providências para a execução das tarefas. Determina também, qual é a tarefa de cada um e como deve ser executada. A Democrática, onde as diretrizes são debatidas e decididas em grupo, sempre estimuladas pelo líder, o próprio grupo esboça as providências e as técnicas para atingir os principais objetivos apenas solicitando aconselhamento técnico ao líder quando o grupo julga necessário. E, a Liberal, onde há liberdade completa para as decisões grupais ou individuais, com uma mínima participação do líder. Neste tipo de liderança há uma absoluta falta de participação do líder (POIT, 2006, p.38).

Na atualidade e na pratica, o verdadeiro líder assume as três posturas

anteriores, de acordo com a situação momentânea.

Liderar é uma questão de bom senso, ou seja, saber posicionar-se na medida

certa em relação às pessoas e as circunstâncias.

É evidente que atitudes autocráticas ou liberais em excesso provocam

insegurança e ansiedade, assim, o líder deve saber ser democrático, sem perder a

autoridade; e ser liberal, mas não ser indiferente.

O evento vem da capacidade do homem de criar, nasce com uma idéia,

muitas vezes simples, e vai ganhando contornos chegando a atingir grandes

proporções.

As pessoas precisam participar de eventos para enfrentarem a realidade do seu cotidiano. Se a vida real é difícil, árdua, estável, rotineira, o evento deve proporcionar uma experiência prazerosa, muitas emoções e um desfecho imprevisível para todos aqueles que dele participam. Um evento vale pelo seu conteúdo de emoção, fantasia, participação e realização (MELO NETO, 2003, p.41).

A fantasia é indispensável nos eventos, pois o participante espera sempre

algo novo e finalmente a realização onde o mesmo julga-se feliz de ter participado.

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Evento é um conjunto de ações profissionais previamente planejadas, que segue uma seqüência lógica de preceitos e conceitos administrativos, com o objetivo de alcançar resultados que possam ser qualificados e quantificados junto ao público alvo (POIT, 2006, p.19).

Em qualquer atividade de nossa vida é imprescindível um bom planejamento

e organização de nossas ações. Tudo o que se quer realizar deverá ser feito de

forma bem pensada, sistemática e coerente.

Um evento esportivo deve ser planejado, organizado e executado por uma

equipe de pessoas ou colaboradores criteriosamente ajustadas a função. É

necessário que os envolvidos possuam espírito de equipe e estejam imbuídos dos

mesmos propósitos e objetivos. Cada um em seu setor deverá desempenhar da

melhor maneira possível suas atribuições e tarefas.

São princípios administrativos básicos para a formulação de um bom

trabalho: pesquisa, planejamento, organização direção e controle.

Inicialmente como base de um trabalho se faz necessário decidir o que se

quer fazer, e é por meio de uma intenção e pesquisa que decide-se o que será

realizado. Pesquisar junto ao grupo para ver a viabilidade de realização de um

evento, ouvir opiniões sobre o tema, traçar metas e objetivos do que se quer

realizar. Este é um princípio fundamental para o bom desenvolvimento de um

projeto/evento, pois quando um grupo define coletivamente o que se quer realizar,

então a probabilidade de sucesso será maior.

Como segunda etapa para elaboração do projeto, passamos para o

planejamento de nossas ações, onde verifica-se todas as possibilidades de ações

que pretende-se realizar no decorrer do evento. O planejamento como todo o projeto

deverá seguir fases distintas de ações.

Planejamento é processo de busca de equilíbrio entre meios e fins, entre recursos e objetivos {...} O ato de planejar é sempre processo de reflexão, de tomada de decisão sobre a ação; processo de previsão de

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necessidades e racionalização de emprego de meios (materiais) e recursos (humanos) disponíveis, visando à concretização de objetivos, em prazos determinados e etapas definidas, a partir dos resultados das avaliações (PADILHA, 2001, p. 30).

O planejamento é o ponto de partida do processo administrativo do evento.

Qualquer organização deve trabalhar em função de resultados esperado a curto,

médio e longo prazo. Pode-se dizer que o planejamento constitui uma função básica

em administração.

O papel do planejamento é identificar e detalhar todo o percurso rumo aos resultados, evitando ou diminuindo a ocorrência de erros e imprevistos que possam comprometer o sucesso do trabalho, tudo de maneira contínua, uniforme e flexível (REZENDE, 2000, p.22).

Segundo Poit (2006, p.34) “Planejar é determinar os objetivos a serem

atingidos e ordenar os meios para alcançá-los, ou ainda, uma antecipação dos

resultados a alcançar”.

Concluindo esta etapa concordamos com Farias (1979, p.45) que diz que

planejamento é: “Determinação do curso de ação adequado para se atingir um

objetivo ou meta previamente fixada”.

Seguindo esta metodologia, passamos para a fase de organização. Esta fase

está relacionada à construção de uma estrutura de recursos, onde as partes que

compõem um todo podem ser dispostas a fim de melhor atender a determinados

objetivos.

“Organizar eventos é uma atividade eclética e por isso naturalmente

fascinante” (POIT, 2000, p.16). Na organização de um evento ocorre uma

articulação muito grande entre os envolvidos favorecendo o desenvolvimento dos

aspectos sociais entre os mesmos. Provavelmente a existência do evento tenha

vindo da necessidade do homem congregar pessoas, viver em grupos, compartilhar

emoções, comemorar vitórias, entre outros.

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Os profissionais da área consideram que a combinação entre talento e organização tende a levar ao sucesso, à certeza da obtenção de resultados expressivos, desde que a organização seja entendida como a sinergia entre trabalho em equipe, liderança e planejamento (BASTOS, 2003, s/p).

Concordando com a afirmativa do autor sobre que a combinação entre talento

e organização certamente levará ao sucesso, vale acrescentar ainda que para ter

mais êxito no evento se faz necessário muita boa vontade por parte dos envolvidos.

Terry (apud FARIAS, 1979, p. 52) define organização como sendo “o

estabelecimento de efetivas relações de autoridade entre trabalho, pessoas e

lugares de trabalho escolhidos para que um grupo possa trabalhar junto

eficientemente”.

Organização consiste em estruturar e coordenar as diversas atividades necessárias para colocar o planejamento em execução, através da utilização de recursos humanos (organização social) e recursos não-humanos (organização material) (REZENDE, 2000, p.31).

Toda organização é precedida de um bom planejamento. A organização

deverá ser realizada por meio de reuniões, projetos, planos, propostas, controle de

resultados e muita boa vontade com o objetivo de tornar os resultados mais

eficazes, seguros e econômicos.

É através da função de organização que se realiza a divisão do trabalho entre as equipes especializadas, atribuem-se responsabilidades e racionaliza-se o trabalho e coordenação entre todas as atividades. Ou seja, a função organização é a responsável por fazer o evento atingir seus principais objetivos com o menor dispêndio de recursos (POIT, 2006, p.38).

Podemos dividir a organização em dois aspectos: construção de estrutura de

recursos (humanos, materiais e financeiros) e construção de estrutura de operações

(agrupamentos das atividades, divisão das tarefas, definição de autoridade e

responsabilidades).

A direção do evento vem em seguida, onde nesta fase direcionamos os

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trabalhos previamente planejados através de instruções claras e objetivas,

motivando os envolvidos para a execução do estabelecido.

Pode-se dizer que a direção é quarta etapa que compõe o processo

administrativo, a ser seguida após a pesquisa, o planejamento e a organização.

A direção promove e garante o funcionamento da empresa (evento) e está intimamente relacionada a seus funcionários (organizadores), uma vez que estes precisam empenhar-se em seus cargos e funções com vistas a atingirem o que deles se espera, contribuindo assim na busca dos objetivos da empresa (evento) (REZENDE, 2000, p.37).

Para que o evento tenha sucesso é necessário que os envolvidos estejam

preparados adequadamente e suficientemente motivados para a execução do

mesmo.

Como última etapa do processo administrativo de um evento abordar-se-á

nesta fase o Controle ou Avaliação das atividades planejadas.

O controle exprime o significado de um elemento que irá garantir que o plano siga rumo aos objetivos, através da verificação permanente das etapas do processo, permitindo assim identificar possíveis erros e desvios de rota, possibilitando sua correção em tempo hábil e evitando, dessa maneira, prejuízos e atrasos que possam comprometer os resultados (REZENDE, 2000, p.42).

Durante todo o processo de realização de um evento, deve-se tomar atenção

aos aspectos de controle e avaliação do mesmo, pois os resultados e objetivos que

espera-se alcançar dependerão de um minucioso acompanhamento de todas as

atividades propostas neste evento.

Controle é a identificação de problemas internos ou externos e manutenção do processo de planejamento em um ciclo contínuo. Devemos verificar de maneira permanente se as fases do processo estão de acordo com o programa adotado, bem como assinalar e encaminhar as falhas e erros para que possam ser corrigidos sem prejuízo do objetivo principal (POIT, 2006, p.39).

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No processo de Controle, devem-se realizar constantemente reuniões com as

equipes de trabalho, em busca de opiniões a respeito das tarefas e atividades que

estão sendo realizadas, uma vez que os executores do evento possuem outro

ângulo de visão e, portanto, podem apresentar novas e significativas propostas para

a elaboração do evento.

Em síntese as etapas do processo administrativo na construção de um evento

baseiam-se no que diz Farias (1979, p. 42) “O planejamento projeta os objetivos, a

organização fornece os recursos, o comando e a coordenação equilibram a ação e o

controle corrige os desvios para que os objetivos sejam necessariamente atingidos”.

2 Desenvolvimento

Este estudo caracterizou-se por um tipo de pesquisa-ação e teve como meta

abranger alunos do Ensino Fundamental e Ensino Médio Normal do Colégio

Estadual Dom Carlos EF e EM no município de Palmas – PR.

Para Kemmis e McTaggart (1988) apud Richardson (s/d) fazer pesquisa-

ação significa planejar, observar, agir e refletir de maneira mais consciente, mais

sistemática e mais rigorosa o que fazemos na nossa experiência diária.

Complementando Tripp (2005, p.445) diz que: A pesquisa-ação educacional

é principalmente uma estratégia para o desenvolvimento de professores e

pesquisadores de modo que eles possam utilizar suas pesquisas para aprimorar seu

ensino e, em decorrência, o aprendizado.

Corroborando com os conceitos dos autores acima citados, este tipo de

pesquisa ratifica a proposta deste estudo, pois fundamenta nossas experiências e

possibilita a aplicação das mesmas, a fim de melhorar o processo ensino

aprendizagem.

Como uma das estratégias de ação, as atividades foram desenvolvidas

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separadamente em cada série e turno, a fim de alcançar os objetivos de acordo com

os Conteúdos Estruturantes da disciplina.

Os alunos do Ensino Médio Normal participaram como colaboradores e

organizadores dos eventos e os alunos do Ensino Fundamental participaram como

grupo experimental.

Em relação aos alunos do ensino médio normal, os mesmos receberam

orientações referentes aos princípios básicos da administração, e em seguida foram

organizados em equipes de trabalho com a finalidade de aplicar os eventos.

Como proposta deste projeto as turmas escolhidas de forma intencional

foram três sétimas séries do período matutino do Colégio Estadual Dom Carlos EF e

EM. Participaram efetivamente na aplicação dos eventos 64 (sessenta e quatro)

alunos de sétima séries, como grupo experimental e 21 (vinte e um) alunos do

ensino médio normal, como colaboradores e organizadores. Justifica-se a escolha

destas turmas, pelo motivo das mesmas serem turmas de regência do autor do

referido estudo.

As atividades do projeto foram desenvolvidas em três eventos utilizando-se

os conteúdos específicos da Educação Física: o esporte , especificamente

estudando o histórico das copas do mundo de futebol e os jogos e brincadeiras . Na

primeira etapa foi realizado o primeiro evento, denominado como: Maratona do

Conhecimento, na segunda etapa foi realizado o segundo evento, denominado

como: Mostra Cultural, e, para finalizar, foi realizada a terceira etapa, denominada

como: a Gincana de Jogos e Brincadeiras. As atividades realizadas nos eventos

estão descritas detalhadamente no Material Didático confeccionado pela autor deste

estudo. O referido material será disponibilizado no Portal Diaadiaeducação4, após a

conclusão do programa PDE 2010.

Para a realização dos eventos: Maratona do Conhecimento, Mostra Cultural e

Gincana de Jogos e Brincadeiras, os alunos das três turmas foram divididos em 05

grupos e identificados pelas cores: azul, verde, amarelo, preto e vermelho. A 4 Diaadiaeducação – Portal Educacional do governo do Estado do Paraná. www.diaadiaedcacao.pr.gov.br

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estratégia de escolha dos componentes dos grupos foi realizada de forma aleatória,

somente se observando a composição igualitária em número e gênero.. Para

realização de cada evento os componentes mudaram de grupo, ou seja, nenhum

aluno repetiu o mesmo grupo (cor) nos três eventos.

Os educandos antecipadamente tiveram a possibilidade de conhecer e

preparar-se a respeito dos conteúdos que foram abordados, por meio de referencial

bibliográfico e aulas expositivas ministradas pelo autor.

No primeiro evento: Maratona do Conhecimento foi elaborada 10 (dez)

questões pertinentes aos Conteúdos Estruturantes da disciplina de Educação Física,

utilizando-se questionários, cruzadinhas, perguntas isoladas, entre outras formas de

averiguar o conhecimento do aluno e atrelada a estas respostas foram realizadas da

mesma forma 10 (dez) atividades motoras de jogos de estafetas, tendo como

objetivo desenvolver aspectos físicos, como: velocidade, resistência cardio-

respiratória, força abdominal, força dos membros superiores, força dos membros

inferiores, agilidade e equilíbrio e habilidades motoras com bola.

No segundo evento: Mostra Cultural, cada grupo teve como meta produzir

um material em forma de painel referente aos temas escolhidos e posteriormente

apresentá-lo, utilizando a metodologia de exposição oral e exposição dos painéis.

Como estratégia de ação foi sorteada uma edição da Copa do Mundo de Futebol em

que o Brasil sagrou-se campeão para cada grupo, e, após o sorteio cada grupo teve

que construir o seu painel com as dimensões de 90 cm X 1,20cm. Os painéis foram

apresentados para a comunidade escolar por ocasião da realização da Mostra

Cultural do Colégio.

E, no terceiro evento Gincana de Jogos e Brincadeiras, foram elaboradas 10

tarefas sem a conotação da competição ou disputa, mas sim de forma onde deveria

prevalecer a integração, a cooperação, a inclusão e a sociabilização entre os

participantes.

As atividades foram realizadas nas dependências do Colégio, utilizando-se o

ginásio de esportes, a quadra externa, o pátio, as salas de aula, a biblioteca e o

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laboratório de informática.

Em cada evento foi elaborado um quadro de pontuação, a fim de tabular os

resultados conseguidos pelos grupos em cada atividade. Posteriormente foi

realizada a classificação geral dos grupos. Importante destacar aqui, que desde o

início da implementação do projeto os alunos estavam cientes de que, o mais

importante seria a sua participação nas atividades e não a classificação final dos

grupos. Mesmo porque os alunos fizeram o revezamento nas cores dos grupos.

Ao final dos três eventos todos os alunos receberam como premiação uma

gostosa degustação de sorvete como incentivo pela participação nos eventos.

Após a realização dos eventos e finalizando a implementação do projeto, foi

aplicado o questionário a fim de verificar o nível de satisfação dos alunos referente à

proposta apresentada.

Paralelamente e relacionado a este estudo, foi realizado um curso a

distância denominado GTR5 - Grupo de Trabalho em Rede. Este curso foi tutorado

pelo autor desta pesquisa no período compreendido entre agosto a dezembro de

2011 e realizado no MOODLE6, o qual é vinculado ao portal dia a dia educação da

SEED, sendo que o mesmo fez parte dos trabalhos do PDE 2010, tendo 08 (oito)

alunos inscritos inicialmente e, 07 (sete) alunos concluintes.

Neste curso de trabalho em rede discutiram-se três tópicos: a) a importância

do estudo dos fundamentos teóricos e práticos da disciplina de Educação Física; b)

a viabilidade de execução da referida proposta; c) a vivência dos cursistas com

eventos esportivos nas escolas onde atuam.

Vejamos alguns depoimentos dos cursistas:

• 7 “Com certeza acredito que exista a necessidade do trabalho teórico na disciplina de Educação Física, passou o tempo em que nossas aulas eram entendidas como atividade física, existe uma necessidade urgente

5 GTR - Grupo de trabalho em Rede. A tutoria de um curso a distância faz parte das atividades dos professores participantes do programa PDE. 6 Moodle – Plataforma onde é realizado o curso a distância para os professores da rede de ensino. 7 Carla Regina Wingert de Moraes – Professora da rede estadual de ensino – Palmas PR.

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de comprometimento dos professores, pois compete a nós liderarmos essa luta para conquistarmos o espaço de fato como disciplina que faz parte do currículo e tem sua importância na formação do aluno. Quanto à metodologia proposta considero muito interessante, bem fundamentada, e conseguindo associar à teoria a prática, o que é fundamental para que nossos alunos tenham envolvimento com os conteúdos propostos”.

• 8 “A fundamentação teórica é sim de grande valia nas aulas de Educação Física, pois é através dela que fundamentamos o conhecimento prático da aula de Educação Física dando um suporte para o aprendizado. A metodologia de eventos proposta neste projeto faz com que os educandos compreendam como é a forma de organizar uma competição ou gincana tendo como base a fundamentação teórica a organização os materiais e recursos necessários para o evento. Enfim para que o aprendizado aconteça é necessária sim, sua fundamentação bem embasada nos critérios do conteúdo estruturante. A metodologia utilizada para atingir objetivos é necessária pois envolve os alunos para conhecimento da Organização do Evento .E trás consigo toda a responsabilidade e dedicação para que o Evento aconteça de forma organizada envolvendo a pesquisa a integração além de transformar a monotonia das aulas sem um diferencial, incentivando a competição a formação de valores, planejamento, controle a direção, influenciando positivamente no aprendizado dos educandos”.

• 9 “Considero viável sim a aplicação da proposta, pelo fato de trabalhar em Escola de Educação Especial com aluno deficiente intelectual penso que teria que fazer pequenas adaptações em especial na Maratona do Conhecimento, seria possível sim que os mesmos participassem das três propostas. Quanto a questão de recursos materiais, humanos, físicos na escola que trabalho temos sim, e fazemos parte de uma equipe de trabalho que gosta de inovações e desafios. Importante ressaltar que tua proposta além de explanar as atividades, nos oferece a fundamentação necessária nas questões de organização de eventos, e como proposta fica a ideia para envolvermos outros conteúdos que podem ser de interesse dos alunos e sugeridos pelos professores. Os três eventos: Maratona do Conhecimento, Mostra Cultural e Gincana de Jogos e Brincadeiras complementam e enriquecem o conteúdo trabalhado, também acredito que considerando as individualidades de nossos alunos possibilitam atender as expectativas e as preferências de cada aluno por serem atividades diferenciadas, aumentando a motivação para a participação”.

• 10 “A Proposta para o ensino da Educação Física Escolar por meio de eventos é bastante interessante e, com certeza, terá resultados positivos e alcançará os objetivos propostos. O ensino dos fundamentos

8 Juliane Borges da Rosa – Professora da rede estadual de ensino – Palmas PR. 9 Carla Regina Wingert de Moraes – Professora da rede estadual de ensino – Palmas PR. 10 Marco Vanderley Bianchessi – Professor da rede estadual de ensino – Curitiba PR.

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teóricos/práticos da Educação Física mediante a realização de eventos como a maratona do conhecimento, mostra cultural e gincana de jogos e brincadeiras, sendo bem planejada e organizada, irá promover o conhecimento dos conteúdos de educação física, melhoria das relações, interação e desenvolvimento integral do aluno. As atividades sugeridas para serem aplicadas na escola são motivadoras, de fácil entendimento e requer a utilização de poucos materiais e recursos humanos e financeiros, o que facilita a sua execução e implementação na escola. Na escola em que atuo a sua aplicação seria viável e bem aceita pelos estudantes, uma vez que a realização da gincana já é tradicional e acontece todos os anos (atividades diversas)”.

• 11 “Na minha Escola temos a realização da gincana todos os anos, onde cada turma é considerada uma equipe e sendo desenvolvidas diversas atividades, tarefas e provas gradualmente no decorrer do ano letivo. São planejadas diversas atividades artísticas, culturais, recreativas, educativas e esportivas, tendo como centro a Direção e Equipe Pedagógica da Escola. Alguns exemplos de provas e atividades que podem ser incluídas numa gincana: manutenção da limpeza da sala de aula; arrecadação de papéis, brinquedos, livros, etc; atividades recreativas como corrida do saco, cabo de guerra, corrida de estafeta, etc; torneios de xadrez, futsal, voleibol, etc; questionário com perguntas e respostas culturais; apresentação de canto e dança; e muitas outras. No final do ano a equipe/turma que obtiver a maior pontuação geral, será considerada a vencedora e os alunos ganham um passeio para um local especial (chácara, parque, etc.). De maneira geral, a participação, envolvimento e motivação dos estudantes são enormes, atingindo grande parte dos objetivos esperados. Já, em relação aos professores e demais educadores, a maioria se envolve pouco, sendo conduzida, como de costume, pelos professores de Artes e Educação Física”.

• 12 “Onde trabalhava, tinha uma Gincana Cultural na semana de eventos, que coincidia com o dia do estudante em agosto. Nessa gincana, curiosamente, todas as disciplinas eram citadas na parte cultural onde as equipes escolhiam alunos para responder perguntas de várias disciplinas, mas não tinha nada de Educação Física, pois os professores ficavam responsáveis somente de aplicar as atividades práticas, foi então que eu sugeri que no próximo ano fossem acrescentadas perguntas de Educação Física, pois são disciplinas do currículo escolar. E no ano seguinte foram incluídas questões sobre futebol, basquete, vôlei e handebol”.

Após a realização da avaliação realizada com os alunos participantes da

proposta, estes depoimentos vêm ratificar e endossar o presente estudo,

11 Marco Vanderley Bianchessi – Professor da rede estadual de ensino – Curitiba PR. 12 Marcelo Ferreira da Silva – Guaratuba PR.

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destacando sua fundamentação e organização das atividades. E, como verificamos

as atividades propostas podem ser ajustadas e adaptadas de acordo com a

realidade de cada escola.

Para avaliar a sensação subjetiva em relação ao nível de satisfação, foi

aplicado o questionário abaixo, contendo escalas referentes às atividades propostas

neste estudo. As questões foram referentes à identificação do aluno como idade e

tempo de estudo na Escola.

Cada aluno respondeu individualmente, após explanação de utilização da

escalas e para verificação do nível de satisfação em relação à proposta, o indivíduo

foi indagado quanto à metodologia aplicada.

Para melhor entendimento dos indivíduos em relação às questões, foi

utilizada uma escala de intensidade adaptada de Corllet e Wilson (1986 apud

PORTELA, 2008, p.85) que consiste em uma linha traçada de 10 cm, em cujas

extremidades foram colocadas duas posições extremas com relação à pergunta

(“sim” e “não”). Os alunos após serem questionados, marcaram sobre a linha a sua

sensação com relação à pergunta. Posteriormente, os dados foram convertidos em

sensações medidas em porcentagens. Como a linha demarcada possuiu 10 cm,

cada centímetro equivale a 10 % da escala.

A seguir apresentaremos a análise dos dados das 06 (seis) questões relativas

à metodologia aplicada no projeto. A partir da análise realizada destas questões foi

possível conhecer a opinião dos alunos participantes em relação ao nível de

satisfação do estudo e avaliar se os objetivos propostos foram devidamente

atingidos. Como parâmetro de avaliação foi utilizada a nota 07 (sete),

correspondente a 70% da escala de intensidade adaptada de Corllet e Wilson.

Usamos o parâmetro 70% por se tratar de eventos esportivos, onde foram realizadas

várias atividades motoras e cognitivas que por suas características próprias

despertam o interesse dos alunos, naturalmente.

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Figura 1 - Questão 03

Fonte: o autor, 2010.

Na questão 03, verificou-se que as atividades propostas foram avaliadas pela

totalidade dos alunos como atividades interessantes, tendo em vista, que todos

atribuíram notas acima dos 70% esperado. Pode-se observar que 67% dos alunos

avaliaram com a nota máxima, ou seja, nota 10 (dez) e 33% dos alunos avaliaram

entre a nota 07 (sete), 08 (oito) e 09 (nove).

Figura 2 – Questão 04

Fonte: o autor, 2010

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Na questão 04, em relação a participação das atividades, percebeu-se que

87% dos alunos participaram efetivamente acima do índice esperado dos 70% e

somente 13% dos alunos ficaram abaixo deste índice. . Em relação a esta questão

pode-se justificar que o índice baixo de participação deu-se principalmente pelo

motivo de que, o segundo evento teve de ser transferido duas vezes devido a

adversidades meteorológicas, fato que contribui negativamente em relação a

ausência dos alunos.

Figura 3 – Questão 05

Fonte: o autor, 2010

Na questão 05, observou-se que a grande maioria, ou seja 83% dos alunos

concordaram que o tema abordado foi interessante, percentual este superior ao

índice esperado de 70%, enquanto que somente 17% dos alunos responderam

abaixo do índice esperado. Portanto, comprava-se com os resultados obtidos que,

se os conteúdos escolhidos para nossas aulas foram de interesse dos alunos, a

probabilidade de bons resultados em nossas ações aumenta significativamente.

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Figura 4 – Questão 06

Fonte: o autor, 2010

Na questão 06, que é verificar se a proposta contribui para o ensino dos

fundamentos teóricos e práticos da disciplina, verificou-se de acordo com os

resultados que 97% dos alunos concordam que as atividades contribuíram para seu

aprendizado, e somente 3% dos alunos responderam abaixo do índice de 70%,

porém ressalta-se que estes 3% responderam com a nota 06 (seis), portanto bem

próximo do índice esperado. Comprava-se com os resultados que houve uma

melhora significativa em relação à aprendizagem dos conteúdos propostos.

Figura 5 – Questão 07

Fonte: o autor, 2010

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Na questão 07, onde existia a preocupação em relação a aceitação dos

alunos por conta de trabalhar os fundamentos teóricos da disciplina, pois como

ressaltado neste estudo, culturalmente os alunos tem uma preferência pelas

atividades práticas na disciplina de Educação Física, verificou-se uma grata surpresa

nas respostas dadas pelos alunos. Constatou-se que, 90% dos alunos responderam

obtendo o índice ou acima do esperado de 70%, e, somente 10% dos alunos

responderam abaixo deste índice. Portanto, concluí-se desta forma que os alunos

acham sim importante estudar a teoria dos fundamentos da disciplina de Educação

Física, e que a proposta realizada atingiu o objetivo esperado.

Figura 6 – Questão 08

Fonte: o autor, 2010

Na questão 08, finalizando a análise do questionário percebe-se que 87% dos

alunos gostariam que a proposta fizesse parte do planejamento das aulas de

Educação Física da escola, e, somente 13% responderam abaixo do índice

esperado. Portanto, não concordam com a proposta apresentada.

Considerando os resultados das respostas dadas pelos alunos e os índices

alcançados neste estudo, pode-se concluir que esta prática metodológica é viável e

poderá contribuir na construção do plano de trabalho docente dos professores de

Educação Física da rede de ensino de nosso Estado.

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Conclusão

O evento quer seja, esportivo, cultural, social ou educativo é parte integrante

do plano de ação da escola e dos planos de trabalho docente dos professores. Esta

proposta apresentada que teve como objetivo geral propor uma prática pedagógica

para o ensino dos fundamentos teóricos e práticos, por meio de eventos poderá

contribuir para enriquecer o rol de atividades realizadas nas escolas.

É preciso que os profissionais da área de Educação Física sejam motivados e

incentivados a implementar propostas semelhantes a esta. Para isso é necessário o

envolvimento dos mesmos com a comunidade escolar, no sentido de planejar,

organizar e executar tais atividades, avaliando posteriormente seus objetivos e

resultados.

Por trata-se de uma proposta, não foi objetivo deste estudo apresentar uma

receita a ser seguida, mas sim dar uma sugestão para os professores da rede

estadual de ensino de uma prática pedagógica diferenciada, a qual poderá auxiliar

no processo de ensino aprendizagem dos educandos e professores.

Espera-se que mais profissionais, se estimulem e se encorajem a usar esta

ou outras metodologias semelhantes em seus planos de trabalho docente e ainda,

que mais escolas as insiram em seus planos de ação.

Após a realização dos três eventos e a aplicação do questionário de

avaliação, pode-se constatar que os objetivos da proposta foram atingidos. Em

relação aos fundamentos teóricos e práticos, foram bem aceitos pelos alunos e os

mesmos tiveram de acordo com os resultados das avaliações, um excelente

aproveitamento.

Quanto aos princípios administrativos, observou-se que os alunos tiveram

uma nova visão de como organizar e realizar um evento, pois todas as etapas foram

realizadas de acordo com o planejado e de uma forma bem organizada, contribuindo

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para a reflexão e contextualização em relação ao desenvolvimento da autonomia de

nossos educandos.

Finalizando, pode-se afirmar que, com os resultados obtidos esta proposta

atingiu plenamente seus objetivos, e que, como sugestão de metodologia para o

ensino da Educação Física Escolar poderá ser adotada pelos professores da rede

estadual, bem como, pelos professores da rede municipal e particular. Sugere-se,

porém, que a proposta e a metodologia sejam ajustadas e adaptadas de acordo com

a realidade de cada escola.

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