proposta de um modelo de frota mista para uma...
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LEONARDO MALUTA
PROPOSTA DE UM MODELO DE FROTA MISTA PARA UMA
EMPRESA DO RAMO ALIMENTÍCIO
São Paulo 2006
Trabalho de Formatura apresentado à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do Diploma de Engenheiro de Produção
LEONARDO MALUTA
PROPOSTA DE UM MODELO DE FROTA MISTA PARA UMA
EMPRESA DO RAMO ALIMENTÍCIO
São Paulo 2006
Trabalho de Formatura apresentado à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do Diploma de Engenheiro de Produção Orientador: Hugo Tsugunobu Yoshida Yoshizaki
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais que sempre me apoiaram e incentivaram.
Ao Professor Livre Docente Hugo Yoshizaki pela orientação deste trabalho.
Aos Mestres Celso Hino e Fabiano Stringher pela ajuda e apoio com o
trabalho.
Aos amigos Enrico, Eduardo, Daniel, Henrique e Ana Flávia pelas sugestões.
A Mariana, Mario, Alfredo, Dimas, Vanderlei, Wilson, Wollf, Fábio e Tramarin
pelo apoio, disponibilidade de tempo e dados.
A todos os professores do Departamento de Engenharia de Produção da
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo pela formação que obtive nestes
três anos.
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo analisar o transporte de uma empresa
do ramo alimentício, estudando a viabilidade da manutenção do modelo vigente de
uso de frota própria para o transporte de seus produtos acabados. É utilizada análise
de três alternativas de transporte, comparando diferença de custos entre estas. São
analisados a manutenção do uso da frota própria, a terceirização das rotas e um
modelo misto entre os dois em que a frota própria é mantida e o terceiro é utilizado
para atendimento dos picos de demanda. São testadas todas as proporções
possíveis, entre tamanho de frota terceira e própria dentro de cada rota. Para isso é
utilizado um modelo de custeio da frota própria, que deriva em uma metodologia
para avaliação do uso de uma frota mista (terceira e própria) e dimensionamento de
frota própria.
Palavras-chave: Logística (Administração de Materiais), Terceirização e Transporte
de Carga.
ABSTRACT
The present work has as objective analyze the transportation of a nourishing
industry’s company, studying the viability of keep the present model, based on
private fleet for the transportation of its finished products. For that are evaluated
three alternatives of transport and the difference of costs between these alternatives:
the maintenance of its own fleet, the outsourcing of the routes and a mixing model
between both where the private fleet is kept and for-hire carriers are contracted for
attend the demand peaks.
Keywords: Logistic, Outsourcing and Truckload.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1-1 - Localização das unidades da empresa..................................................17 Figura 2-1 - Baú de três eixos com capacidade volumétrica de 90m³.......................27 Figura 2-2 - Carreta 3 eixos rebaixada......................................................................27 Figura 4-1 - Modelo de cálculo geral para frota mista ...............................................42 Figura 4-2 - Modelo de custeio da frota mista ...........................................................43 Figura 4-3 - Modelo de Decisão ................................................................................45 Figura 4-4 - Modelo de cálculo de distância percorrida.............................................46 Figura 5-1 - Circuito2.................................................................................................51 Figura 5-2 - Demanda divisão 1 ................................................................................55 Figura 5-3 - Gráfico da Variação da Demanda..........................................................57 Figura 5-4 - Gráfico da demanda por veículos ..........................................................58 Figura 5-5 - Gráfico da interação da demanda entre as rotas...................................59 Figura 5-6 - Gráfico do frete terceiro versus distância...............................................65 Figura 5-7 - Gráfico Frete Spot por Planta. ...............................................................66 Figura 6-1 - Resultados das rotas Planta_PR ...........................................................69 Figura 6-2 - Resultados das rotas Planta_SP ...........................................................70 Figura 6-3 - Resultados das rotas Planta_MG ..........................................................70 Figura 6-4 - Resultados das rotas Planta_PE ...........................................................71 Figura 6-5 - Gráfico tipo de rota versus carga transportada......................................72 Figura 6-6 - Gráfico tipo de rota versus variação da carga na rota ...........................72 Figura 6-7 - Gráfico tipo de rota versus distância......................................................73 Figura 6-8 - Análise de Sensibilidade à Demanda ....................................................76 Figura 6-9 - Analise de Sensibilidade ao Frete Terceiro ...........................................77 Figura 6-10 - Análise de Sensibilidade aos Custos Variáveis ...................................77 Figura 6-11 - Análise de Sensibilidade aos Custos Fixos .........................................78 Figura 6-12 - Análise de Sensibilidade a Produtividade da Frota Terceira................79 Figura 6-13 - Análise de Sensibilidade a Produtividade da Frota Própria .................80 Figura 6-14 - Análise de Sensibilidade à Variação de Demanda ..............................81
LISTA DE TABELAS Tabela 5-1 - Circuitos ................................................................................................50 Tabela 5-2 - Produtividade da Frota Própria .............................................................54 Tabela 5-3 - Despachos por Planta...........................................................................55 Tabela 5-4 - Análise Distância das Rotas .................................................................56 Tabela 5-5 - Análise das Distâncias das Rotas por Carga ........................................57 Tabela 5-6 - Tamanho e idade da frota da empresa .................................................59 Tabela 5-7 - Custos da Frota Própria em 2005 .........................................................60 Tabela 5-8 - Custos Variáveis para Frota Própria .....................................................61 Tabela 5-9 - Custos fixos da frota própria da empresa .............................................63 Tabela 5-10 - Benchmarking dos Custos ..................................................................64 Tabela 6-1 - Indicação das Rotas..............................................................................68 Tabela 6-2 - Porcentagem da classificação das rotas...............................................68 Tabela 6-3 - Classificação das rotas por porcentagem da carga transportada .........69 Tabela 6-4 - Resultados dos Circuitos ......................................................................74 Tabela 6-5 - Resultados das Frotas ..........................................................................74 Tabela 6-6 - Comparação resultados da metodologia...............................................75 Tabela 6-7 - Resultados do Modelo ..........................................................................75 Tabela 6-8 - Análise Resultados das Rotas por classificação da distância...............82 Tabela 6-9 - Análise Resultados das rotas por classificação da distância e carga transportada ..............................................................................................................82 Tabela 6-10 - Análise da quilometragem rodada por frota própria ............................83 Tabela 7-1 - Relação Frota Mista e Totalmente Terceira ..........................................85 Tabela 7-2 - Comparação de Custos da Alternativa Proposta ..................................86
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CDV Centro de distribuição de vendas
CD Centro de distribuição
ANTT Agência Nacional de Transportes Terrestres
TL Truck Load (Carga Lotação ou Transporte Direto)
LTL Less than Truck Load (Carga Fracionada ou Transporte Consolidado)
CFRP Colaborative Planning, Forecasting and Replenishment
NTC Associação Nacional das Empresas do Transporte de Cargas
Contran Conselho Nacional de Trânsito
SUMÁRIO
1 Introdução................................................................................................ 14
1.1 Objetivo ............................................................................................... 14
1.2 Caracterização do Problema ............................................................... 14
1.3 A Empresa........................................................................................... 15 1.3.1 Divisão 1 ...................................................................................... 15 1.3.2 Divisão 2 ...................................................................................... 16 1.3.3 Vínculo com a empresa................................................................ 17
1.4 Relevância do estudo para a empresa ................................................ 17
1.5 Justificativa do Estudo ......................................................................... 18
1.6 Termos ligados à área de transportes ................................................. 19
1.7 Organização do trabalho ..................................................................... 20
2 Revisão Bibliográfica.............................................................................. 21
2.1 Transporte Rodoviário de Carga.......................................................... 21
2.2 Decisão sobre propriedade da frota..................................................... 22
2.3 Transporte Colaborativo ...................................................................... 24
2.4 Custo do Transporte ............................................................................ 25
2.5 Legislação e Equipamentos de Transporte ......................................... 27
2.6 Hierarquia de Decisões ....................................................................... 28
2.7 Transporte por Terceiros ..................................................................... 28
2.8 Mercado Brasileiro de Transporte Rodoviário de Cargas .................... 29
2.9 Outros Estudos na Empresa................................................................ 30
3 Definição do Problema............................................................................ 31
4 Metodologia ............................................................................................. 34
4.1 Levantamento de rotas ........................................................................ 35
4.2 Cálculo da produtividade da frota própria ............................................ 35
4.3 Custeio da frota própria ....................................................................... 36
4.4 Apuração de cada rota para transporte terceiro .................................. 41
4.5 Quantificação do custo da frota mista.................................................. 41
4.6 Análise de Alternativas ........................................................................ 44
4.7 Metodologia de tomada de resultados................................................. 46
5 Levantamento de Dados e Aplicação ao caso real .............................. 49
5.1 Análise das Rotas................................................................................ 49 5.1.1 Cálculo da Distância..................................................................... 52 5.1.2 Cálculo da Produtividade ............................................................. 52 5.1.3 Análise das rotas.......................................................................... 55 5.1.4 Análise da interação da demanda das rotas ................................ 58
5.2 Análise da Frota Própria ...................................................................... 59 5.2.1 Análise do custo variáveis da frota própria................................... 60 5.2.2 Análise do custo fixo da frota própria ........................................... 61 5.2.3 Benchmarking custos da frota própria.......................................... 64
5.3 Análise Frete Terceiro ......................................................................... 64
5.4 Análise das alternativas rota a rota...................................................... 67
6 Resultados ............................................................................................... 68
6.1 Resultados das rotas ........................................................................... 68 6.1.1 Mapas dos Resultados................................................................. 69 6.1.2 Análise dos Resultados das Rotas............................................... 71
6.2 Resultados dos circuitos...................................................................... 73
6.3 Frota .................................................................................................... 74
6.4 Custos ................................................................................................. 74
6.5 Análise de Sensibilidade...................................................................... 75 6.5.1 Impacto da Demanda................................................................... 76 6.5.2 Impacto do Frete .......................................................................... 76 6.5.3 Impacto dos Custos Variáveis...................................................... 77 6.5.4 Impacto dos Custos Fixos ............................................................ 78 6.5.5 Carregamento máximo da Frota Terceira .................................... 78
6.5.6 Impacto da Produtividade da Frota Própria.................................. 79 6.5.6 Impacto da Variação da Demanda............................................... 80
6.6 Relação entre resultados das rotas e frete terceiro ............................. 81
7 Conclusão e Implementação .................................................................. 84
7.1 Metodologia ......................................................................................... 84
7.2 Resultados para a empresa................................................................. 84
7.3 Plano de Implementação ..................................................................... 86
7.4 Conclusões Finais ............................................................................... 87
7.5 Proposta Estudos Futuros ................................................................... 88
Bibliografia.................................................................................................. 90
Anexo A....................................................................................................... 92
Anexo B....................................................................................................... 95
Anexo C....................................................................................................... 96
Anexo D....................................................................................................... 99
Capítulo 1 – Introdução 14
1 Introdução
1.1 Objetivo
Este trabalho tem como objetivo analisar o transporte de produtos acabados
de uma divisão de uma empresa do ramo alimentício, que utiliza
preponderantemente frota própria. O trabalho visa propor um modelo alternativo com
uso misto de frota própria e terceirizada, aproveitando as vantagens de cada uma e,
em conseqüência, diminuindo a conta frete da empresa.
Além disso, o trabalho visa desenvolver uma metodologia para dimensionar o
número de veículos próprios que a empresa deve manter, possibilitando ao
departamento de logística o uso de uma ferramenta de fácil aplicação para revisão
constante do tamanho de sua frota.
1.2 Caracterização do Problema
Uma das divisões da empresa, doravante divisão 1, utiliza basicamente frota
própria. Outra, doravante divisão 2, apóia-se inteiramente em transportadoras de
terceiros.
O trabalho focará no estudo da frota própria da divisão 1. Esta frota é
dedicada ao transporte de produtos acabados entre as fábricas, que também tem
função de centro de distribuição, e entre estas fábricas e pequenos centros de
distribuição regionais espalhados pelo país, doravante nomeados de CDVs (centros
de distribuição de vendas).
A empresa também aproveita viagens vazias de retorno realizadas pela frota
própria, transportando matéria prima dos fornecedores para fábricas da divisão 1 e 2
e produtos acabados das fábricas para os centros de distribuição da divisão 2.
A empresa vem encontrando dificuldades em aprovar investimentos na
compra e troca de veículos por falta de estudos que comprovem os benefícios do
modelo de frota própria. Atualmente esta frota se encontra com média de 9.8 anos,
Capítulo 1 – Introdução 15
segundo dados passados pela própria empresa, mas existem veículos com mais de
20 anos ainda em uso.
Segundo Imparato et al. (1988), em estudo realizado para Mercedes-benz, a
idade ideal de troca de um veículo rodoviário seria entre cinco e oito anos,
dependendo da severidade da operação a qual este está submetido.
O foco do estudo será avaliar o modelo de frota própria, comparando o custo
desta com o de transportadoras terceirizadas. Para tanto também será necessária
uma revisão da malha logística da empresa, avaliando se a estratégia do uso de
viagens vazias da frota própria empregada atualmente é um modelo interessante ou
não.
1.3 A Empresa
A empresa é uma grande multinacional do ramo alimentício, posicionada
entre as cinco maiores do mundo, com sede nos Estados Unidos da América. No
Brasil está organizada em quatro divisões cada uma responsável por uma linha de
produtos bastante diferenciados. Em 2005, a empresa faturou mais de 32 bilhões de
dólares e atualmente emprega mais de 155 mil empregados, segundo dados
publicados em seu site. No Brasil, ela emprega mais de sete mil funcionários e
faturou mais de um bilhão de reais em 2005, segundo periódico Valor Econômico
(publicação de 13/10/2005).
1.3.1 Divisão 1
Atualmente tal divisão conta com quatro fábricas espalhadas pelo país. A
localização dessas está especificada na figura 1-1. As fábricas abastecem
diretamente os CDVs que têm como função efetuar as entregas nos pontos de
vendas finais, como bares e padarias. As fábricas têm linhas de produção em
comum, o que resulta em um fluxo entre fábricas pequeno.
Cada CDV conta com uma frota de veículos próprios para o abastecimento
dos pontos de venda. Esta frota de distribuição secundária não será abordada neste
trabalho.
Capítulo 1 – Introdução 16
A empresa adota esta estratégia de distribuição pulverizada, devido ao fato de
seus produtos serem caracterizados como produtos de impulso, ou seja, se o
consumidor não os encontra disponível no ponto de venda, ele provavelmente não
irá se deslocar até outro para comprar, caracterizando uma venda perdida.
Outro entrave à logística da divisão 1 é o peso dos seus produtos acabados.
Estes são volumosos, o que gera problemas, devido limitação do espaço para carga
nos veículos. Uma carreta da empresa não carrega mais do que sete toneladas de
produtos acabados, quando a capacidade desta, limitada por legislação nacional,
seria de 16 toneladas. Este tema será mais bem comentado no segundo capitulo.
As fábricas possuem, cada qual, certas quantidades de veículos alocados,
que funcionam como sistemas independentes, operados por equipes diferentes. As
ordens de transporte chegam a estas equipes em um prazo máximo de dois dias
antes do seu embarque criando dificuldades para um planejamento de embarques.
1.3.2 Divisão 2
A divisão 2 tem uma estrutura logística mais tradicional, concentrando a
entrega de seus produtos em grandes atacadistas e distribuidores. Esta não conta
com frota própria, confiando no serviço de transportadoras terceiras.
Atualmente esta divisão conta com quatro fábricas pelo país e dois centros de
distribuição como mostra figura 1-1.
As fábricas enviam sua produção aos centros de distribuição que abastecem
os clientes. O abastecimento direto da fábrica não é usual, pois o espaço físico
reduzido no interior das expedições destas não permite a montagem de mix
completo de produtos para envio. Este só acontece quando há a compra de um lote
fechado (uma carreta) de determinado produto.
Capítulo 1 – Introdução 17
Figura 1-1 - Localização das unidades da empresa
1.3.3 Vínculo com a empresa
O autor realizou estágio na Fundação Vanzolini e realizou seu Trabalho de
Formatura durante realização de consultoria à empresa objeto desse estudo na área
de transporte tendo total acesso a dados requeridos por este estudo e permissão da
mesma.
1.4 Relevância do estudo para a empresa
Os investimentos da empresa são aprovados pela matriz americana e a última
vem dificultando dispêndios na compra e troca de veículos. Isso ocasionou certo
sucateamento da frota, com veículos com idades superiores a 20 anos ainda sendo
utilizados.
Capítulo 1 – Introdução 18
Além do objetivo de redução de custos, o trabalho trará impactos no nível
operacional, diminuindo complexidade da operação. Atualmente, as ordens de
transporte são atendidas com frota própria até a capacidade total desta. Quando
esta é ultrapassada pela demanda, transporte de terceiros é contratado não
havendo muita preocupação na sua alocação em rotas de menor custo em relação à
frota própria (na verdade, a empresa não tem conhecimento de qual seria esta
diferença).
Há um controle mensal sobre os custos totais de transporte da divisão 1
incluindo frota própria e terceira, visando medir crescimento em relação ao período
anterior, mas este não entra em detalhes por rota.
O presente trabalho visa mudar esta visão classificando as rotas da empresa
em mais apropriadas ao transporte terceiro, próprio ou um misto dos dois, alocando
número determinado de veículos a certos conjuntos de rotas, e classificando os
outros como mais apropriados ao transporte terceiro.
Logo quando uma ordem de transporte chegar ao pessoal operacional, estes
já saberão como agir, contratando um serviço de terceiro em rotas apropriadas ao
transporte terceiro e nas rotas apropriadas ao transporte próprio alocando frota
própria dedicada àquele conjunto de rotas.
1.5 Justificativa do Estudo
A decisão de utilização de frota própria implica que a empresa passa a
assumir todos os custos fixos dos veículos e o risco de não conseguir utilizá-los, mas
por outro lado, garante o controle da operação.
Tal tema é interessante para um trabalho de formatura para o curso de
engenharia de produção, pois exige tanto conhecimentos adquiridos na área de
logística quanto conhecimentos de custos e avaliação de investimento.
Além disto, o estudo trás forte impacto para a empresa, trazendo novas
visões e metodologias visando diminuir custo de transporte, em um segmento que
não é uma de suas competências essenciais.
Capítulo 1 – Introdução 19
1.6 Termos ligados à área de transportes
A seguir são detalhados alguns termos específicos de transporte rodoviário
para facilitar compreensão do restante do trabalho:
• Cavalo: termo usado para nomear o veículo trator de um conjunto
rodoviário.
• Carreta, carroceria ou semi-reboque: é a parte tracionada, que
comporta a carga de um conjunto rodoviário.
• Conjunto rodoviário: veículo rodoviário composto de duas ou mais
partes, sendo uma parte tratora e demais tracionadas, aonde são
assentadas as cargas.
• Baú: tipo de carroceria fechada, similar a um container, que protege a
carga de intempéries.
• Transportador Autônomo: A ANTT, Agência Nacional de Transportes
Terrestres, define como transportador autônomo o proprietário ou co-
proprietário de um veículo rodoviário de carga. Também é conhecido
no mercado como carreteiro. É o proprietário de um veículo rodoviário
de carga que presta serviços para transportadoras e empresas.
• Frota mista: termo utilizado neste trabalho para designar transporte
próprio e terceiro dentro de uma mesma rota.
• Frete Terceiro: valor pago a transportadora pela prestação de serviço
de transporte.
• Transportador: empresa que presta serviço de transportes.
• Embarcador: empresa que se serve do serviço de transporte de outra
empresa e embarca carga nos veículos desta.
Capítulo 1 – Introdução 20
1.7 Organização do trabalho
O trabalho está organizado em sete capítulos:
• Capítulo 1 – Introdução: Apresenta o problema e sua relevância.
• Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica: Discute a bibliografia relacionada
ao problema.
• Capítulo 3 – Definição do Problema: Define o problema e discute
seus impactos na empresa.
• Capítulo 4 – Metodologia: Apresenta a metodologia utilizada para
resolução do problema.
• Capítulo 5 – Levantamento de Dados e Aplicação ao Caso Real: Apresenta os dados levantados na empresa e como foi o processo de
aplicação da metodologia para o caso.
• Capítulo 6 – Resultados: Apresenta e analisa os resultados da
metodologia para o caso da empresa.
• Capítulo 7 – Conclusão e Implementação: apresenta conclusões
finais sobre a metodologia e discorre sobre a implementação dos
resultados.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 21
2 Revisão Bibliográfica
Neste capítulo encontra-se a revisão bibliográfica do estudo. A pesquisa foi
focada em três temas: a decisão de propriedade da frota, transporte rodoviário direto
e custeio de transporte rodoviário.
Outros temas como: hierarquia de decisão em transportes, legislação
brasileira de transportes rodoviários e mercado brasileiro de transportadoras,
também foram abordados para facilitar compreensão do problema.
2.1 Transporte Rodoviário de Carga
Segundo Caplice e Sheffi (2003) o transporte rodoviário de carga pode ser
dividido em Direto e Consolidado. Os transportadores de carga lotação (TL –
Truckload) atendem diretamente origem e destino sem paradas para consolidação
de cargas. Já os transportadores de carga fracionada (LTL – Less than Truckload)
atendem destino e origem através de centros de consolidação de carga onde
ocorrem paradas para transbordo, onde pequenas cargas são unidas para aumentar
eficiência do transporte.
A frota da empresa estudada pode ser avaliada como uma transportadora de
carga de lotação já que esta não faz consolidação de cargas.
Segundo Caplice e Sheffi (2003) a maior parte dos custos do transporte direto
pode ser dividido na viagem com carga (line-haul moviment) e na viagem vazia até o
ponto de carregamento (follow-on-load). Mas este custo não consegue ser
precisado, para cada rota e embarcador, pelo transportador devido a incertezas
quanto variação da demanda e lead time entre uma carga e outra.
Outra consideração sobre custo do transporte direto levantado por Caplice e
Sheffi (2003) é quanto à viagem vazia. O custo de uma rota será menor quanto
maior for a probabilidade de o transportador conseguir uma carga de retorno, ou
seja, uma viagem com carga do destino da primeira rota até o ponto de partida
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 22
desta. O transporte de carga tem grande economia de escopo, ou seja, a rota não
terá menor custo por volume transportado quanto maior for esse volume (economia
de escala). Esse custo dependerá de outros fatores como probabilidade de carga de
retorno e variabilidade da demanda e lead times no embarque. Ou seja, quanto
maior for o uso do equipamento em rotas produtivas (com carga), maior a diluição do
custo fixo deste e menor será o custo por distância rodada.
Aqui fica claro que a frota própria é mais indicada para rotas em que a
demanda por viagem tenha certa constância e no qual a empresa consiga aproveitar
viagens de retorno, fazendo com que o veículo não rode vazio nem que fique parado
ocioso.
Este trabalho traz mais uma contribuição para o estudo de transporte direto,
compilando metodologias para análise de viabilidade da frota própria da empresa em
estudo que poderia muito bem ser empregado para análise se uma transportadora
deve ou não dedicar frota exclusiva para algumas rotas de seus clientes.
2.2 Decisão sobre propriedade da frota
Segundo Fleury (2002) a decisão de propriedade da frota estaria diretamente
relacionada a cinco fatores: capacitação interna, competência do setor, cargas de
retorno, tamanho da operação e modais a serem utilizados.
A empresa, como já citado, utiliza-se do modal rodoviário. Este se caracteriza
por não ser intensivo em capital, e nele há uma grande variação de equipamentos e
volumes o que, segundo Fleury (2002), aumenta a atratividade para frota própria.
Quanto à carga de retorno, a empresa utiliza-se deste instrumento,
aproveitando algumas viagens de retorno para o transporte de matérias-primas e
produtos acabados próprios.
Fleury (2002) cita quanto maior a operação, maior a atratividade da frota
própria, mas não especifica o ponto de ruptura entre maior atratividade da frota
própria ou de operações terceiras.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 23
A capacitação interna tange sobre competência da empresa em gerir sua
frota. A empresa necessita manter profissionais preparados, infra-estrutura e
tecnologia para esta gestão.
A competência do setor está relacionada se existe um fornecedor para o
serviço de transporte da empresa adaptado às suas necessidades. A frota própria da
empresa tem vantagens em relação a transportadoras terceiras, pois conta com
carretas adaptadas ao transporte de carga volumosa com capacidade volumétrica
de 110 m³, quanto o normal no mercado são carretas com 90 m³.
No Brasil o uso de frota própria não é usual, sendo que 83% das maiores
empresas brasileiras não se utilizam desta, e 90% das que mantém veículos
próprios, também se utilizam de serviços de terceiros para complementar sua
capacidade de transporte (Fleury, 2002).
Segundo Wanke (1998) e Figueiredo; Fleury e Wanke (2003) os possíveis
motivos para a terceirização de transportes seriam:
• Focalização no core business da empresa;
• Redução de custos;
• Redução do investimento em ativos;
• Aumento do nível de serviço prestado aos clientes;
• Estabilizar receitas e despesas;
• Busca de maior flexibilidade do serviço.
Mas segundo Figueiredo; Fleury e Wanke (2003) a terceirização pode trazer
os seguintes problemas potenciais:
• Risco de perder acesso a informações chave do processo;
• Incapacidade de o contratado atender as metas combinadas pela
empresa com o cliente
• Dependência da empresa ao fornecedor de transportes
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 24
Já para Ballou (2005) as principais razões que levam as empresas a
adotarem serviço próprio seriam:
• Confiabilidade do serviço;
• Tempos menores dos ciclos dos pedidos;
• Capacidade de reação a emergências;
• Melhoria de contato com o cliente.
Cavenaghi et al. (1997) faz uma análise econômica da frota própria de uma
empresa de bens de consumo, visando decisão entre manutenção desta ou sua
terceirização. Seus produtos também são caracterizados como volumosos. Segundo
os autores, esta é uma das razões para esta empresa adotar tal modalidade de
transporte.
A análise de Cavenaghi et al. (1997) se baseia em margens de contribuição
que a frota própria da empresa traz para amortização de seus custos fixos. A
empresa tem receitas com este transporte já que entrega seus produtos diretamente
a seus clientes cobrando uma taxa pelo transporte embutida na nota fiscal de venda
(modalidade de venda CIF).
Como o estudo está concentrado em rotas de transferência, a metodologia
aplicada por Cavenaghi et al. (1997) não é aplicável, dado que este transporte não
gera receitas para a empresa. O estudo basicamente se concentrará na análise de
alternativas de menor custo. Outra limitação do estudo de Cavenaghi et al. (1997) é
a concentração em apenas uma rota. Não há qualquer discussão quanto: interação
entre rotas e utilização de equipamentos em mais de uma rota.
2.3 Transporte Colaborativo
Segundo Botter; Tacla e Hino (2006), transporte colaborativo pode ser
definido como o aproveitamento do mesmo equipamento de transporte para um ciclo
fechado de movimentação de cargas. Este conceito foi instituído em 2000 pelo fórum
“CFRP” (Colaborative Planning, Forecasting and Replenishment).
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 25
O conceito de transporte colaborativo abrange desde membros dentro da
mesma cadeia logística quanto por membros de duas cadeias complementares.
Stringher (2004) otimiza a malha de uma empresa que fabrica produtos da linha
branca que utiliza frota dedicada, criando ciclos fechados, diminuindo as distâncias
percorridas com veículo vazio, otimizando o uso do equipamento e diminuindo conta
frete da empresa. Já Botter; Tacla e Hino (2006) utilizam o conceito para empresas
de duas cadeias logísticas distintas, também conseguindo ganhos em frete, com a
criação de ciclos.
A empresa utiliza-se deste conceito. Segundo entrevista com os gestores, a
empresa tenta integrar rotas de entregas aos clientes com as de abastecimento de
matéria-prima às fábricas e até mesmo já chegou a transportar produtos de outras
empresas com sua frota própria, aproveitando-se de viagens de retorno. Mas estas
só são realizadas quando há veículos disponíveis. Com a obsolescência da frota e a
falta de estudos na área que consigam comprovar os ganhos destas operações a
cúpula da empresa, esta estratégia vem sendo abandonada, segundo os mesmos
gestores.
2.4 Custo do Transporte
O modelo de custeio desenvolvido pela DECOPE/NTC (Departamento de
Custos Operacionais e Pesquisas Econômicas / Associação Nacional das Empresas
do Transporte de Carga) utilizado como base por Ferri (2005), Stringher (2004) e
Lima (2001) divide os custos do transporte de carga em fixos, que dependem do
tempo e não do uso do equipamento, e variáveis, que dependem da distância
rodada pelo equipamento. O modelo de custeio se encontra disponível em
www.ntc.org.br.
Os custos variáveis levantados pelo modelo são:
• Combustíveis
• Pneus, câmaras e recapagens
• Peças e material de manutenção
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 26
• Lubrificantes
• Lavagem e engraxamento
Os custos fixos levantados pelo modelo são:
• Remuneração do capital
• Salário e encargos do motorista
• Salários e encargos do pessoal da oficina
• Reposição do veículo
• Reposição da carroceria
• Licenciamento
• Seguro do veículo
• Seguro de responsabilidade facultativo
Este trabalho segue esse mesmo modelo, com algumas adaptações para o
caso específico não sendo objetivo deste propor um novo modelo. A principal
adaptação seria quanto à remuneração do capital e reposição do cavalo e
carroceria. No modelo NTC, a reposição do veículo é calculada como depreciação
linear, sem levar em conta o custo de oportunidade da empresa. Este custo de
oportunidade, que é chamado pela NTC de taxa de juros, entra na remuneração do
capital sobre o valor de compra do veículo.
Segundo Elrich e Moraes (2005), o modelo apropriado para esse cálculo seria
estabelecer um tempo de reposição do veículo, calcular o valor presente líquido do
preço de revenda após sua vida útil, subtrair do custo de compra, e estabelecer
como valor de remuneração do capital a série uniforme deste valor na vida útil do
veículo.
Outro ponto falho é a não contabilização do Imposto de Renda, dado que o
conjunto (cavalo e carroceria) é um ativo depreciável que gera créditos para a
empresa.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 27
2.5 Legislação e Equipamentos de Transporte
A legislação que tange sobre limites de pesos e medidas de veículos
rodoviários é mais conhecida como “Lei da Balança”. Segundo Reis (2004), esta na
verdade é um conjunto de normas e de resoluções do Contran (Conselho Nacional
de Trânsito).
A legislação determina, por exemplo, que um cavalo com um baú de três
eixos pese, no máximo, junto com a carga 41.5 toneladas para sua livre circulação
nas rodovias nacionais. Isso acarreta que tal equipamento tenha capacidade de
carga útil de aproximadamente 27 toneladas. A legislação também limita o
comprimento de tal veículo a 18.15 metros e altura a 4.40 metros.
Figura 2-1 - Baú de três eixos com capacidade volumétrica de 90m³.
Devido aos produtos da divisão 1 serem volumosos, tal carreta carregaria
apenas 5.5 toneladas quando seus 90 metros cúbicos de capacidade estiverem
preenchidos. Por isso a empresa conta com carretas especiais rebaixadas, com 110
metros cúbicos de capacidade volumétrica e adaptadas ao tamanho das
embalagens de seus produtos, que conseguem carregar até 6.5 toneladas de carga.
Figura 2-2 - Carreta 3 eixos rebaixada
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 28
2.6 Hierarquia de Decisões
Para Ballou (2005) o planejamento logístico se desenvolve em três níveis:
estratégico, tático e operacional. O planejamento estratégico é de longo prazo,
geralmente com período de revisão de mais de um ano. O tático seria de médio
prazo, com horizonte temporal de menos de um ano. Finalmente, o operacional é de
curto prazo com decisões tomadas diariamente ou ainda de hora em hora. Na
questão do transportes, ao nível estratégico caberia a decisão quanto à seleção do
modal de transportes, ao tático, o leasing periódico dos equipamentos de transporte,
e ao operacional, o roteamento e despacho dos veículos. O nível estratégico
trabalha com dados menos precisos e mais agregados que os dados do nível
operacional.
Já Fleury (2002) defende apenas dois níveis de planejamento e decisão em
transportes. O nível estratégico é responsável por: escolha de modais, decisão
sobre propriedade da frota, seleção e negociação com transportadoras e política de
consolidação da carga. O nível operacional ficaria com: planejamento de
embarques, programação dos veículos, roteirização, auditoria de fretes e
gerenciamento de avarias.
Entender como estão distribuídos cada nível de decisão pela organização, é
fundamental para implantação do trabalho, já que este afeta tanto decisões
estratégicas, como propriedade da frota quanto operacionais de planejamento de
embarques. No trabalho foi dado um enfoque ao nível estratégico, procurando
responder quanto à viabilidade da manutenção da frota própria da empresa.
2.7 Transporte por Terceiros
O serviço de transporte fornecido por terceiros, mais conhecido no mercado
como frete terceiro, pode ser dividido em com contrato e sem contrato. O sem
contrato é mais conhecido como spot. Este tem a tendência a ser mais caro que o
com contrato, pois o transportador embute nos seus custos todas as incertezas de
ter uma nova carga ou não, já que aqui o embarcador não tem nenhuma obrigação
com o transportador.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 29
O frete com contrato apesar de ser mais barato exige comprometimento do
embarcador com transportadora e vice e versa. Muitos destes contratos prevêem
multas para falhas por parte de ambos.
O nível de comprometimento entre embarcador e transportador varia
conforme o tipo de contrato. Existem desde contratos para uma única rota sem
exclusividade para o transportador, até contratos em que um transportador é
exclusivo e responsável por atender toda uma região do país.
Também há diferenças em relação ao uso do equipamento de transportes.
Em alguns contratos este é de uso exclusivo de apenas um cliente, também
chamados de contrato de frota dedicada. Neste a empresa assume todo o risco de
usar ou não o equipamento, já que neste a remuneração é normalmente um fixo por
período, que cobre os custos fixos do equipamento e margem do transportador, mais
um adicional por quilômetro rodado. A metodologia empregada nesta análise
também poderia ser adaptada para estudo de viabilidade de uma frota dedicada.
Atualmente a empresa utiliza-se de frete spot na divisão 1. Não há muita
certeza de quais rotas serão efetuadas por transportadores terceiros e qual será
este volume. Um dos objetivos do estudo é identificar rotas apropriadas para
transporte terceiro e não para frota própria. Nestas rotas poderiam ser negociados
contratos, abaixando ainda mais os custos para a empresa.
Outra possibilidade que o estudo não tange sobre, mas que poderia ser
considerado pela empresa são contratos de frota dedicada onde a empresa contrata
uma transportadora para assumir sua frota própria que passa a ser de propriedade
da transportadora. Isto permitiria a empresa concentrar esforços no seu core
business e não em transportes.
2.8 Mercado Brasileiro de Transporte Rodoviário de Cargas
O modal rodoviário é preponderante no Brasil no transporte de cargas sendo
responsável por 62% de toda a carga transportada no país, segundo dados da NTC.
Segundo Lima (2006), um dos problemas atuais do transporte rodoviário é a
falta de regulamentação do setor, o que gera um grande número de players no
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 30
mercado, levando transportadoras a reduzirem o preço de fretes. Segundo dados da
ANTT, existem atualmente 719,741 registros de transportadores sendo 85%
autônomos.
Esta baixa remuneração leva a uma frota envelhecida, e a uma estrutura de
transportadoras pequenas com infra-estrutura precária. Segundo dados da NTC,
mais de 70% dos caminhões utilizados no país têm mais de 10 anos de uso.
2.9 Outros Estudos na Empresa
Ferri (2005) também estuda a frota própria da empresa, sem analisar os
circuitos hoje empregados pela empresa e classificando as rotas na época do estudo
usualmente feitas por frota própria em mais apropriadas para frota própria e mais
apropriadas para frota terceira.
O presente estudo traz como contribuição a Ferri (2005) a análise da
alternativa de se manter frota própria em uma rota e atender os picos de demanda
desta rota com frota terceira, ou seja, frota mista, além das duas alternativas acima.
Além deste ponto Ferri (2005) não deixa claro como considera a ociosidade
da frota em seu modelo, já que aloca os custos fixos por horas utilizadas da frota em
cada rota. Não é mencionado quem assume o custo das horas em que o veículo fica
parado.
Tal estudo não foi implementado, ficando ainda a dúvida na empresa se o
modelo de frota própria é apropriado ou não para o transporte de seus produtos.
Capítulo 3 – Definição do Problema 31
3 Definição do Problema
O problema consiste na decisão da manutenção ou extinção do modelo de
transporte da empresa com o uso de frota própria para a movimentação dos
produtos acabados da divisão 1 entre suas fábricas e destas para os CDVs. Neste
foi focado o plano estratégico, reunindo todos os produtos em uma só agregação
para a análise, não se preocupando com detalhes de cada operação, utilizando
dados gerais de produtividade.
A empresa conta hoje com uma frota envelhecida com média de 9.8 anos e
tem dificuldades em conseguir investimentos em frota de sua matriz, que se localiza
nos Estados Unidos.
A terceirização amenizaria este problema e poderia trazer ganhos financeiros
em relação ao uso da frota própria, dado que segundo Imparato et al. (1988), os
custos de manutenção e o consumo de combustível são diretamente proporcionais à
idade da frota.
Outro problema de se ter uma frota própria está em arcar com os custos fixos
desta, ou seja, a empresa pode assumir estes custos, correndo o risco de ter que
bancá-los mesmo que o veículo não rode, ou pagar algum prêmio (margem do
terceiro) para alguma transportadora assumi-los.
A frota própria é mais indicada para situações em que a demanda pelo
serviço de transportes seja constante, onde o veículo não fique ocioso. Quando esta
demanda é muito variável, manter uma frota própria para apenas atender os picos
de demanda não é aconselhável, já que, deste modo, a empresa passaria a arcar
com grande ociosidade do sistema.
Segundo Fleury (2002) outro problema de se manter frota própria, que estaria
mais ligado à gestão financeira da empresa e não a operação, é a acumulação de
ativos, que diminui índices de retorno sobre ativo (ROA) da empresa.
Capítulo 3 – Definição do Problema 32
Outro benefício que a terceirização traria à empresa, segundo Fleury (2002),
seria deixar de empenhar esforços e investimentos em transportes, possibilitando
maior focalização no seu core business.
Segundo Prahalad e Hamel (1990) apud Laurindo e Carvalho (2003), uma
competência essencial de uma empresa: deve permitir a esta ter acesso a um amplo
mercado, trazer benefício aos consumidores e ser algo difícil de ser imitado por seus
competidores. A distribuição secundária entre CDVs e clientes, é uma competência
essencial da empresa. Esta permite a distribuição direta em pontos de venda que
aumenta a possibilidade do cliente final encontrar seus produtos e a diferencia de
seus concorrentes.
Já a distribuição primária, ou transporte entre fábricas e CDVs, a qual o
estudo abrange, não é uma competência essencial. Este não agrega qualquer valor
aos clientes e pode muito bem ser executado por um terceiro.
Além disso, a empresa não corre o risco de perder informações chaves do
processo, que segundo Wanke (1998) seria uma desvantagem do processo de
terceirização, pois controla a origem e o destino desta distribuição.
Outro ponto que não penaliza a terceirização no caso é o risco de o terceiro
não conseguir atender o nível de serviço exigido pela empresa. Este pode ser
amenizado por firmação de contrato e facilmente controlável, pois esta controla tanto
origem quanto os destinos das rotas.
O trabalho propõe duas alternativas além do uso da frota própria para
resolução do problema. Uma proposta é terceirizar o serviço de transporte. E a outra
é usar um modelo misto entre os outros dois, em que a frota própria atende a
demanda regular e o terceiro só é contratado para atender picos de demanda. Para
este novo modelo de frota mista a metodologia também terá que responder quantos
veículos próprios a empresa deve manter.
Mas este modelo proposto deve ser aplicável. As ordens de transporte
chegam aos gestores da frota em no máximo dois dias antes do embarque. Estes se
tiverem veículos próprios disponíveis, embarcam a carga nestes, caso contrário,
contratam o serviço de uma transportadora.
Capítulo 3 – Definição do Problema 33
Dado esta limitação na previsão do embarque, o modelo proposto não deve
exigir muita complexidade na sua operação. Ele não pode exigir, por exemplo, uma
previsão com acurácia dos embarques, dado que o embarcador não tem muita
certeza qual a demanda de transporte para os próximos dias.
Além disso, a proposta de resolução do problema necessita ser facilmente
replicável. O sistema de transporte não é estático, ele sofre variações de demanda,
custos e rotas ao longo do tempo. Os gestores necessitarão utilizar a metodologia
com certa freqüência para avaliar o tamanho de frota ideal para cada nova mudança
nas condições do transporte.
Resumindo, o problema consiste em avaliar o sistema de frota própria atual,
propondo um modelo alternativo, com terceirização total ou parcial, com intuito de
diminuir custo do transporte. Este deve ser de fácil implementação dadas as
características da operação apresentadas anteriormente e deve possibilitar
mudanças, prevendo alterações nas condições do transporte .
Capítulo 4 – Metodologia 34
4 Metodologia
Neste capítulo é descrita uma metodologia genérica para resolução do
problema. Esta consiste em um modelo de custeio padrão para transporte próprio e
terceiro que permita a quantificação dos custos rota a rota para situação de uso de
frota própria, terceira e mista. Ele segue a seguinte seqüência:
1. Levantamento de rotas
2. Cálculo da produtividade da frota própria
3. Custeio da frota própria
4. Apuração de cada rota para transporte terceiro
5. Quantificação do custo para frota mista
6. Análise das alternativas
Optou-se por uma metodologia que classificasse rota a rota, para facilitar
implantação dos resultados, apesar da perda incorrida com a falta de interação entre
estas (uso do mesmo veículo em mais de uma rota). A classificação entre terceira,
própria e mista e a alocação de cavalos nas rotas facilita operação e não necessita
de grandes mudanças no nível operacional.
Poderia se optar por uma metodologia que otimizasse a alocação de veículos
às rotas, permitindo interação entre estas. Mas, para a empresa absorver o ganho
deste modelo, seria necessário mudanças no nível operacional, com treinamento de
pessoal e compras de ferramentas otimizantes para alocação dos veículos e
mudanças na previsão de embarques.
Também houve preocupação com a facilidade de reaplicação desta
metodologia. Este trabalho teve foco no dimensionamento da frota e classificação
das rotas para situação da empresa prevista para o ano de 2007. Mas a empresa
Capítulo 4 – Metodologia 35
terá que aplicar esta metodologia ainda muitas vezes, sempre que houver mudanças
na sua malha logística, na sua demanda ou nos seus custos.
4.1 Levantamento de rotas
O primeiro passo da metodologia é o levantamento de todas as rotas aonde a
frota própria é utilizada. Nestas rotas é necessário também o levantamento dos
seguintes dados para o período que se deseja analisar:
• Origem e destinos e as respectivas distâncias rodoviárias entre estes
pontos;
• Tempos de carregamento e descarregamento;
• Demanda por transporte e sua variação no tempo.
Neste trabalho foi adotado como período de variação uma semana, pois a
distribuição entre Fábricas e CDVs não exige um ótimo nível de serviço, sendo
perfeitamente aceitável a junção de viagens dentro deste período, facilitando assim
a coleta de dados e cálculos da metodologia. Caso a necessidade de nível de
serviço fosse maior poderia se adotar um período menor.
4.2 Cálculo da produtividade da frota própria
A produtividade da frota própria está ligada à capacidade de transporte de um
veículo da empresa em determinado período de tempo. Esta dependerá, em cada
rota, da distância total percorrida, tempos de carregamento e descarregamento, da
velocidade média do veículo e da capacidade de carga do veículo.
A capacidade semanal de transporte de um veículo foi calculada pela
seguinte fórmula adaptada de Stringher (2004):
cvTdTc
VmDist
HsCm *
++=
Capítulo 4 – Metodologia 36
Onde Cm é a capacidade de transporte em uma semana do veículo em kg.
Hs são as horas disponíveis para o veículo rodar em uma semana, Dist é a
distância rodoviária total percorrida pelo veículo na rota tanto na ida como na volta,
Vm é a velocidade média do veículo em km/hora, Tc é o tempo de carregamento na
origem da rota em horas, Td é a soma de todos os tempos de descarregamento em
horas, cv é o carregamento máximo do veículo em kg.
4.3 Custeio da frota própria
Como já utilizado em Ferri (2005) e Stringher (2004), este trabalho segue
modelo de custeio da NTC/DECOPE com algumas adaptações para o caso
estudado. Nesta metodologia os custos da frota própria são divididos em fixos e
variáveis. Os custos variáveis são os que dependem da distância rodada pelo
veículo. Os fixos são os que dependem do tamanho da frota própria.
Os custos variáveis levantados pela NTC são os seguintes:
• Peças, acessórios e materiais de manutenção: O custo de manutenção
depende diretamente da estratégia de manutenção, da idade da frota e
do tipo da operação. Rodar por rodovias deterioradas implica em
maiores custos de manutenção. Rodar com cargas leves implica em
menores custos de manutenção. A NTC estima que tal custo mensal
seja de 1% do valor do veículo sem pneus. Mas cada tipo de operação
terá um custo específico de manutenção. A fórmula de custeio é a
seguinte:
mensal
mmensalm D
CC =
Onde mC é o custo variável com manutenção em R$/km. mmensalC é o
gasto médio mensal com manutenção pela empresa em R$ e mensalD é
a distância média rodada pela frota da empresa em km.
• Combustível: Este custo também depende diretamente da operação da
frota. Ele é dado pela seguinte fórmula:
Capítulo 4 – Metodologia 37
ndP
C cC Re=
Onde CC é o custo variável com combustível em R$/km. cP é o preço
do combustível em R$/l e ndRe é o rendimento médio da frota da
empresa dado em km/l.
• Lubrificantes: Este é a soma dos gastos com lubrificantes de motor e
de transmissão. Este depende da distância rodada pelos cavalos e os
pontos de troca de óleo indicados pelos fabricantes dos mesmos. A
fórmula de cálculo indicada pela NTC é a seguinte:
)(*)(*QC
VCCVDPLCVRQMVCPLMClu
+++=
Onde luC é o custo variável com lubrificantes dado R$/km. PLM é o
preço do lubrificante do motor em R$/l. VC é o volume do cárter do
motor em l. QM é a quilometragem recomendada pelo fabricante do
cavalo para troca integral do óleo de motor. VR é a taxa de reposição
parcial de óleo do motor em l/km. PLC é o preço do lubrificante de
transmissão. VD é o volume do diferencial do cavalo em l. VCC é o
volume da caixa de câmbio em l. QC é a quilometragem recomendada
pelo fabricante para troca integral do óleo de transmissão.
• Lavagens e graxas: Aqui são computadas os custo com lavagem e
lubrificação externa do veículo. A fórmula de custeio indicada pela NTC
é a seguinte
la
lala Q
PC =
laC é o custo variável com a lavagem do veículo em R$/km. laP é o
preço de uma lavagem em R$ e laQ é a quilometragem rodada entre
lavagens para a frota da empresa.
Capítulo 4 – Metodologia 38
• Pneus e recauchutagens: A vida útil de pneus e conseqüentemente
seus custos estão relacionados com o tipo de operação a que está
submetido o veículo. Peso de cargas transportadas e tipo de terreno
que o conjunto roda influi na vida útil do pneu. Segundo manual da
NTC apenas 80% dos pneus permite recapagem, ou seja, recuperação
após sua vida útil. Segundo o mesmo manual o cálculo para custo de
pneus por quilometragem rodada é a seguinte:
p
pppp V
NRNPC
)*()**2.1( +=
Onde pC é o custo variável de pneu em R$/km. pP é o preço de pneu,
câmara e protetor em R$. pN é o número de pneus do conjunto: cavalo
mais carreta. R é o preço de uma recapagem em R$. pV é a vida útil
de um pneu em km.
Os custos variáveis se dão da seguinte forma:
mclulap CCCCCCV ++++=
Este custo depende diretamente da quilometragem rodada pela frota e estão
na forma de R$/km.
Os custos fixos também são os levantados pela NTC, adaptados para a
situação em que o número de carretas é maior que o de cavalos. Estes seguem
abaixo:
• Remuneração do capital empatado: Este custo remunera o capital
imobilizado da empresa em veículos. O manual da NTC considera
como remuneração do capital um valor calculado como a depreciação
linear do veículo ano a ano, durante sua vida útil mais um percentual,
que ele chama de taxas de juros, sobre o valor de compra do veículo.
Este método não é o mais apropriado. Segundo Elrich e Moraes
(2005), deveria se utilizar metodologia de reposição de equipamento,
calculando o valor presente líquido do preço de venda projetado do
Capítulo 4 – Metodologia 39
veículo após sua vida útil pelo custo de oportunidade da empresa,
subtrair esse valor do preço de compra e depois calcular este valor em
equivalente uniforme pela vida útil do veículo utilizando novamente o
custo de oportunidade, tanto para carretas quanto para cavalos. O
equivalente uniforme seria o que cada cavalo ou carreta deveria render
por ano para remunerar o capital empatado. A fórmula utilizada e
adaptada de Elrich e Moraes (2005) é a seguinte:
−++
+
−+−+
+
+
−=1)1(
)1(**)1(
*1)1(
)1(**)1( ncr
ncr
ncrcr
crcv
crncv
ncv
ncvcv
cv iii
iPv
PcNN
iii
iPv
PcRC
RC é o valor necessário que cada cavalo gere como remuneração do
capital em R$ por ano. cvPc é o preço de compra de um cavalo em R$.
cvPv é o preço de venda do cavalo após sua vida útil em R$. i é a taxa
mínima de atratividade utilizada pela empresa. ncv é a vida útil de um
cavalo para a empresa em anos. crN e cvN são o número de carretas e
cavalos, respectivamente, utilizados hoje pela empresa. Este termo
serve para manter a proporção atual entre cavalos e carretas. crPc é o
preço de compra de uma carreta nova. crPv é o custo de venda de uma
carreta da empresa após sua vida útil. ncr é a vida útil de uma carreta
para a empresa em anos
• Custo com motoristas: A NTC considera que o custo do motorista é
1,96 vezes o seu salário. Este valor seria suficiente para englobar
todos os encargos trabalhistas, mas não considera as diárias pagas. A
diária é uma remuneração destinada a cobrir despesas com
alimentação e hospedagem dos motoristas. Por isso a formula utilizada
pela NTC foi adaptada e ficou da seguinte forma:
( )cv
m
NN
DiáriasBenefíciososEncSalárioSM *arg +++=
SM é o custo anual da empresa com motoristas por cavalo em R$.
Salário é o salário que a companhia paga a cada motorista em R$/ano.
Capítulo 4 – Metodologia 40
osEncarg são os custos da companhia com encargos trabalhista para
cada motorista em R$/ano. Benefícios são a parcela de custos que a
companhia tem com cada motorista pelos benefícios concedidos a
estes em R$/ano. Diárias é o valor pago a cada motorista pelas diárias
concedidas a estes em R$/ano. mN e cvN é o número de motoristas e
cavalos, respectivamente, atualmente na companhia. Este último valor
serve para ajustar o custo com cada motorista, para um custo com
motorista por cavalo.
• Licenciamento e outras taxas: Aqui são computados todos os tributos
que incidem sobre a frota, necessários para a sua livre circulação em
vias públicas. A fórmula utilizada foi a seguinte:
TLIPVADPVATLC ++=
Sendo LC o custo com taxas de cada cavalo em R$/ano. DPVAT é o
custo com o seguro por danos pessoais causados por veículos
automotores para cada cavalo em R$/ano. IPVA é custo com o
imposto de veículos automotores por cavalo em R$/ano. TL é a taxa
de licenciamento por cavalo em R$/ano.
• Seguros ( SG ): Segundo o modelo da NTC um item do modelo de
custeio seria destinado a seguro do veículo, do equipamento e de
responsabilidade civil facultativo.
• Custos administrativos ( AD ): Estes englobam todos os custos para
administração da frota própria. Estes, segundo a NTC, devem incluir
salários e benefícios da gerência, aluguéis de escritórios, custo com
telefone, energia elétrica e manutenção dos escritórios, taxas e
impostos.
• Desconto no Imposto de Renda ( IR ): Este item não consta no modelo
da NTC. Mas como veículos são bens depreciáveis, e a sua
depreciação entra como despesa no balanço da empresa e pode ser
descontada do imposto de renda. Segundo Elrich e Moraes (2005), o
Capítulo 4 – Metodologia 41
valor deste desconto seria o valor a depreciar no ano multiplicado pela
alíquota de imposto de renda.
Os custos fixos ficaram da seguinte forma:
IRADSGLCSMRCCF −++++=
Estes custos estão na forma de R$/ano por cavalo e estão ligados com a
propriedade ou não de um cavalo. Se a empresa aumentar em mais um cavalo sua
frota terá o valor de CF como custo adicional, mesmo que este cavalo fique parado.
4.4 Apuração de cada rota para transporte terceiro
Para cada uma das rotas identificadas devem ser levantados os preços de
fretes de transportadoras por viagem. Após, é necessário apurar o número de
viagens terceiras necessárias para cada rota seguindo tal fórmula:
∑=
=
52
1i t
irr Cm
DNt
Onde rNt é o numero de viagens terceiras necessárias para a rota r em um
ano. irD é a demanda disponibilizada pela empresa para a rota r no período i, no
caso do trabalho utilizou-se período de uma semana, logo irD seria a demanda da
rota r na semana i. tCm é o carregamento máximo em cada viagem para frota
terceira.
Depois, deve ser calculado o custo se tal rota fosse totalmente terceirizada,
multiplicando o número de viagens pelo preço do frete por viagem para a rota. Este
número posteriormente é armazenado para comparação com o custeio da frota
própria.
4.5 Quantificação do custo da frota mista
A metodologia aplicada enumera todas as alternativas de alocação de cavalos
próprios por rota e armazena os custos levantados para cada situação. Ela segue a
estrutura da figura 4-1.
Capítulo 4 – Metodologia 42
O primeiro passo do modelo de cálculo da frota mista é determinar o número
máximo de cavalos próprios que devem ser alocados em uma rota para que ela seja
atendida totalmente com frota própria (n). Ele é calculado a partir do fluxo do período
de maior movimentação em cada rota. Esse fluxo é dividido pela produtividade em
kg de um cavalo na rota no período, já previamente demonstrado no item 4.2, cujo
resultado deverá ser arredondado para cima, por exemplo, se o resultado é 5.1,
esse valor é arredondado para 6 cavalos.
Calcula n (número máximo de cavalos
próprios)
n > 0
Calcula e armazena custo para n cavalos próprios alocados na
rota
n = n - 1
Finaliza
SIM
NÃO
Calcula n (número máximo de cavalos
próprios)
n > 0
Calcula e armazena custo para n cavalos próprios alocados na
rota
n = n - 1
Finaliza
SIM
NÃO
Calcula n (número máximo de cavalos
próprios)
n > 0
Calcula e armazena custo para n cavalos próprios alocados na
rota
n = n - 1
Finaliza
SIM
NÃO
Figura 4-1 - Modelo de cálculo geral para frota mista
A partir de quantos cavalos devem ser alocados na rota, o modelo calcula
quanto é o custo da operação de se atender o máximo possível das viagens com os
cavalos alocados e o resto com frota terceira. O processo de cálculo e
armazenagem dos custos para cada um dos n analisados é mostrado na figura 4-2.
O processo Finaliza, consiste na escolha da alocação de cavalos na rota que
resulta no menor custo. Este está exemplificado na figura 4-3.
Capítulo 4 – Metodologia 43
I = 52
I > 0
Custo(n) = Custo(n) + Bi Custo(n) = Custo(n) +Ai
Di > n
Custo(n) = Custo(n) + n*CF
I = I -1
Custo(n) = 0
Não
Não
Sim
Sim
n
Finaliza
I = 52
I > 0
Custo(n) = Custo(n) + Bi Custo(n) = Custo(n) +Ai
Di > n
Custo(n) = Custo(n) + n*CF
I = I -1
Custo(n) = 0
Não
Não
Sim
Sim
n
Finaliza
Figura 4-2 - Modelo de custeio da frota mista
Onde:
• Custo(n) – é o custo total em R$ para a quantidade alocada n de
cavalos próprios.
• I – representa o número de períodos que o modelo analisa. No caso
deste trabalho foram 52 semanas.
• Di – representa a demanda da rota por cavalos próprios na semana i. É
calculado dividindo o fluxo da rota para semana i em kg pela
produtividade de um cavalo na rota por semana em kg, já demonstrado
no item 4.2.
• n – número de cavalos próprios alocados na rota.
• Ai – custo variável da rota na semana i. Neste caso toda a demanda é
atendida por frota própria logo seu custo pode ser calculado a partir do
carregamento máximo:
Capítulo 4 – Metodologia 44
CVdistCpFiAi **
=
Fi é o fluxo da rota no período i em kg, Cp é o carregamento em kg da
frota própria (6500kg neste estudo), a sua divisão estabelece o número
de viagens efetuadas pela frota própria na semana i, esta é arredonda
para cima. dist é a distância total percorrida pelo cavalo na rota, CV é
o custo variável da frota própria resultado do modelo de custeio.
• Bi – custo variável da rota na semana i. Neste caso o transportador
terceiro é utilizado para atender o que a frota própria não consegue
atender. O custo desta operação foi calculado da seguinte forma:
( ) freteCt
odnFiCVdistCp
odnBi *Pr***Pr*
−
+
=
n é o número de cavalos alocados na rota, odPr é a produtividade do
cavalo na rota em kg. No segundo campo da adição é computado
quanto fluxo ainda falta a ser transportado na rota no período i, após
divide-se este valor pelo carregamento da frota terceira (Ct ) e após
multiplicasse pelo preço do frete para uma viagem na rota ( frete ).
• CF – é o custo fixo levantado no modelo de custeio para cada cavalo.
• Finaliza – neste processo o custo final da rota para n cavalos alocados
é armazenado para comparações.
4.6 Análise de Alternativas
O último passo da metodologia é a comparação para cada rota dos custos
para frota terceira, calculados no item 4.4, com os custos para os diferentes n
cavalos alocados a cada rota, item 4.5, e a escolha do menor, sendo que o maior n
seria o caso de rota inteiramente própria, como mostra fluxograma da figura 4-3.
Capítulo 4 – Metodologia 45
Calcula n máx min = ∞
Custo(n) < min
j = n
min = Custo(n)
n = n -1
finaliza n ≥ 0NãoNão Sim
Sim
Calcula n máx min = ∞
Custo(n) < min
j = n
min = Custo(n)
n = n -1
finaliza n ≥ 0NãoNão Sim
Sim
Figura 4-3 - Modelo de Decisão
Onde:
• Custo(n) – é o custo para n cavalos alocados na rota, demonstrado o
cálculo no item 4.5. Custo(0) seria o custo da rota totalmente
terceirizada, demonstrado no item 4.4.
• n – número de cavalos alocados na rota.
• Calcula n max – calcula valor de n para que a rota seja atendida
totalmente por frota própria. Este é conseguido a partir da divisão
demanda em kg da semana de maior movimentação na rota pela
produtividade da frota própria em kg/semana, demonstrado no item 4.2.
• finaliza – armazena a variável min, que seria o custo para situação de
menor custo para a rota. Também armazena o número de cavalos (j)
alocados a rota para a operação de menor custo.
Por esta metodologia as rotas com volumes mais constantes e com maior
número de viagens, ou seja, as rotas que têm mais contribuição a dar para
pagamento do custo fixo dos cavalos alocados a ela, são priorizadas a serem
mantidas como frota própria. Estas seriam as mais indicadas ao transporte próprio
Capítulo 4 – Metodologia 46
segundo Fleury (2002). As rotas com menos cargas e de volumes inconstantes ao
longo das semanas seriam priorizadas para transporte terceiro. As intermediárias
seriam mais apropriadas ao transporte misto.
Mas tudo está muito influenciado pelo preço do frete terceiro. Como citam
Caplice e Sheffi (2003), o transporte direto tem economias de escopo e não de
escala, logo se uma transportadora tiver um grande fluxo de caminhões em sentindo
contrário a alguma rota levantada, poderia oferecer um frete barato para aproveitar
esta volta vazia, o que tornaria o preço competitivo mesmo em rotas mais
apropriadas para frota própria.
4.7 Metodologia de tomada de resultados
Foi elaborada também uma metodologia para tomada de resultados para
cada alternativa proposta, visando observar a proporção entre frota própria e terceira
em uma rota mista.
O parâmetro escolhido para esta análise foi a distância percorrida por cada
uma das frotas (terceira e própria), pois a partir desta podem ser facilmente
derivados os custos com frota própria e frete terceiro.
I = 52
I > 0
Distp = Distp + Fi Distp = Distp +Ci
Di > Nm
I = I -1
Distp = 0
Não
NãoSim
Sim
Nm
Finaliza
Distt = 0
Distt = Distt + Ei
I = 52
I > 0
Distp = Distp + Fi Distp = Distp +Ci
Di > Nm
I = I -1
Distp = 0
Não
NãoSim
Sim
Nm
Finaliza
Distt = 0
Distt = Distt + Ei
Figura 4-4 - Modelo de cálculo de distância percorrida
Onde:
Capítulo 4 – Metodologia 47
• Nm – é o número de cavalos alocados a rota na situação de menor
custo.
• I – Como no anterior, representa o número de períodos analisados. No
caso 52 semanas.
• Distp – distância acumulada rodada pela frota própria na rota.
• Distt – distância acumulada rodada pela frota terceira na rota.
• Di – como no anterior, é a demanda por cavalos próprios no período i.
É encontrado dividindo a demanda do período i na rota em kg pela
produtividade da frota própria.
• Ci – é a distância percorrida pela frota própria no período i no caso de
nesse período todo o transporte ser efetuado pela frota própria. É
calculado da seguinte forma.
distCpFiCi *
=
Fi é o fluxo da rota no período i em kg, Cp é o carregamento em kg da
frota própria (6500kg neste estudo), a sua divisão estabelece o número
de viagens efetuadas pela frota própria no período i, esta é arredonda
para cima para garantir que o número de viagem não seja quebrado.
dist é a distância total percorrida pelo cavalo na rota.
• Ei – é a distância percorrida pela frota terceira no período i. É calculado
da seguinte forma:
( ) distCt
odNmFiEi *Pr*
−
=
Onde Nm é o número de cavalos ótimos para aquela rota e odPr é a
produtividade do cavalo próprio na rota em kg. Ct é o carregamento
médio da frota terceira, neste trabalho considerado 5500 kg. Pela
Capítulo 4 – Metodologia 48
fórmula é encontrado o número de viagens terceiras necessárias no
período i e multiplicado pela distância.
• Fi – é a distância percorrida pela frota própria no caso de um período
em que não é possível atender toda demanda de transporte apenas
com frota própria. Pode ser calculado pela fórmula:
distCp
odNmFi *Pr*
=
A metodologia calcula semana a semana os valores percorridos por cada
frota e os guarda nas variáveis Distp e Distt que são armazenados para análise do
resultado de menor custo.
Capítulo 5 – Levantamento de dados e aplicação ao caso real 49
5 Levantamento de Dados e Aplicação ao caso real
Neste capítulo são apresentadas as análises dos dados fornecidos pela
empresa e a aplicação da metodologia para a situação prevista para o ano de 2007.
Alguns dados sofreram modificações para preservar sigilo da empresa. Estas
modificações não alteraram as conclusões do estudo.
5.1 Análise das Rotas
Como foi citado, o primeiro passo da metodologia foi o levantamento das
rotas efetuadas pela empresa com frota própria e seus respectivos fluxos para o ano
de 2005. Foi aplicado um fator de crescimento da demanda de 2005 para 2007. Tais
dados não serão publicados para preservar sigilo da empresa.
Para também preservar a localização das atuais unidades da empresas, as
unidades da divisão 1 receberam as seguintes denominações: Planta_MG,
Planta_PE, Planta_PR, Planta_SP. É oportuno relembrar que em tal divisão, os
centros de distribuição são integrados às plantas produtivas.
As plantas da divisão 2 receberam as seguintes denominações: Planta_AL-2,
Planta_RJ-2, Planta_RS-2, Planta_SP-2. Já seus centros de distribuição foram
nomeados de: CD_AL-2, CD_SP-2.
Os CDVs receberam a seguinte denominação aleatoriamente: CDV1, CDV2,
CDV3, ... , CDV81. Os fornecedores seguiram a mesma lógica: Forn1, Forn2,... ,
Forn4.
A maioria das rotas tinha como origens as fábricas da divisão 1, e como
destino um ou mais CDVs, ou uma das próprias fábricas. As rotas com um destino
receberam a denominação de rotas simples. As rotas com mais de um destino
receberam a denominação de cluster. No total a empresa conta com 17 rotas cujo
destino é um cluster.
Capítulo 5 – Levantamento de dados e aplicação ao caso real 50
Para todas as rotas foram medidos: média de demanda semanal em
toneladas e o desvio padrão entre as semanas. Tais dados modificados e que foram
utilizados no estudo estão disponíveis no Anexo A.
Além destas, algumas rotas tinham a viagem de retorno aproveitada para o
transporte de matérias primas e produtos acabados das duas divisões. Estas
receberam a denominação de circuito. Estes estão detalhados na tabela 5-1. Cada
circuito foi quebrado, gerando várias rotas simples e clusters que também estão
detalhados no Anexo A. Por exemplo, a rota com origem na Planta_PR e destino na
Planta_SP também é analisada separadamente apesar de fazer parte do Circuito1.
O objetivo disto é a posterior análise de viabilidade dos circuitos comparando seus
custos com os das rotas desagregadas.
Tabela 5-1 - Circuitos
Circuito Origem Parada 1 Parada 2 Parada 3Circuito1 Planta_PR Planta_SPCircuito2 Planta_SP Cluster9 Fornecedor1 Planta_SP-2Circuito3 Planta_SP CDV66 Fornecedor2 Planta_SP-2Circuito4 Planta_SP Cluster12 Planta_SP-2Circuito5 Planta_SP Cluster6 Planta_RJ-2 CD_SP-2Circuito6 Planta_SP Cluster4 Fornecedor3 Planta_SP-2Circuito7 Planta_SP Cluster6 Planta_SP-2Circuito8 Planta_SP CDV62 Planta_SP-2Circuito9 Planta_PR Cluster10 Planta_RS-2 CD_SP-2Circuito10 Planta_SP CDV44 Planta_SP-2Circuito11 Planta_SP Cluster12 Fornecedor4
No circuito os deslocamentos finais ocorrem da última parada até o ponto de
origem, podendo ou não a carreta estar carregada. A figura 5-1 mostra isso,
exemplificando o Circuito2.
A demanda do circuito foi computada como a menor demanda por viagem
dentre as rotas semana a semana que compõem o circuito. Ou seja, o circuito só
acontece quando todas as suas partes têm demanda por transporte.
Além do circuito, foram geradas duplicações das rotas do circuito com
demanda igual àquela não atendida pelo circuito, onde isso se fez necessário. Logo
o custo total do circuito para comparação com o conjunto das rotas simples e
clusters desagregados será o custo do circuito mais o das rotas com as demandas
residuais, denominadas rotas residuais.
Capítulo 5 – Levantamento de dados e aplicação ao caso real 51
A demanda por viagem em cada rota neste caso não é proporcional à
tonelagem movimentada na rota, já que aqui se misturam matérias-primas e
produtos acabados da divisão 1 e 2. Pela lei da balança, o veículo padrão da
companhia (cavalo + baú de 2 eixos) teria capacidade de transportar no máximo 16
toneladas de carga útil.
Tomou-se como hipótese para que rotas de transporte de produtos e matérias
primas da divisão 2 caracterizados como densos tenham carregamento máximo de
16 toneladas e as rotas dos produtos da divisão 1 e suas matérias-primas,
caracterizados como volumosos, continuaram obedecendo hipótese geral de 6.5
toneladas de carregamento máximo.
No Anexo B se encontram as demandas médias por circuito por semana e o
seu respectivo desvio padrão modificado para utilização no estudo. Além dos
circuitos, no Anexo B, são computados as média da demanda residual das rotas dos
circuitos.
Figura 5-1 - Circuito2
Capítulo 5 – Levantamento de dados e aplicação ao caso real 52
5.1.1 Cálculo da Distância
O próximo passo da metodologia foi o levantamento das distâncias
percorridas nas rotas. Foi necessário o cálculo das mesmas já que a empresa não
tem nenhum registro destes valores. Foi utilizado o método das distâncias
geodésicas, citado por Ballou (2005). Este método calcula distâncias lineares entre
dois pontos no globo terrestre a partir de suas respectivas latitude e longitude. Foi
aplicado um fator multiplicador da distância de 1.22, número utilizado em outros
estudos da empresa, pois a distância rodoviária não á mesma que a linear. A
fórmula para tal cálculo é:
)]}cos(*)cos(* *)cos()(*)({arccos[**
BAB
ABATERRAAB
LongLongLatLatLatsenLatsenRkd
−+=
Onde:
dAB: a distância entre os pontos A e B (km).
k: é o fator multiplicador da distância.
RTERRA: é o valor do raio da Terra (6334 km).
LatA: é a latitude do ponto A (radiano).
LatB: é a latitude do ponto B (radiano).
LongA: é a longitude do ponto A (radiano).
LongB: é a longitude do ponto B (radiano).
A distância total percorrida pelo cavalo se encontra no Anexo A para cada
rota simples e cluster e no Anexo B para os circuitos.
5.1.2 Cálculo da Produtividade
Para cálculo da produtividade foram consideradas as seguintes hipóteses,
levantadas dos dados da operação da mesma:
Capítulo 5 – Levantamento de dados e aplicação ao caso real 53
• Um motorista para cada caminhão, sendo que o número de motoristas
extras é suficiente para cobrir férias e dispensas médicas;
• Não foi considerada logística reversa, ou seja, não foi considerado o
retorno de materiais descartáveis e devoluções dos CDVs para as
plantas;
• Velocidade Média dos veículos é a mesma, 60 km/h;
• Tempo de descarregamento é o mesmo para todos os CDVs (4 horas);
• Tempo de carregamento e descarregamento nos fornecedores e
unidades da divisão 2 é de 4 horas;
• Tempo de descarregamento nas fábricas da divisão 1 é de 4 horas, já
que as carretas pertencem cada uma a uma frota, não havendo trocas.
• O tempo de carregamento nas plantas é nulo, pois número de carretas
é suficientemente maior que o número de cavalos, a ponto de quando
um cavalo chegue ao carregamento a carreta já esteja carregada;
• Capacidade máxima de carregamento da frota própria é de 6.5
toneladas;
• Capacidade máxima de carregamento da frota terceira é de 5.5
toneladas;
• A jornada do motorista da empresa é de 10 horas.
• O cavalo não faz uma nova viagem no dia que retorna à fábrica, ao
menos que esta viagem consiga ser completada durante as horas
restantes da jornada do motorista.
• Viagens podem ser concentradas no período de uma semana, dado
que não se destinam aos clientes finais.
A partir dos dados da operação da empresa, geraram-se as hipóteses e por
fim chegou-se a uma capacidade semanal que um cavalo consegue transportar em
Capítulo 5 – Levantamento de dados e aplicação ao caso real 54
uma rota simples, conforme demonstrado no capítulo de metodologia, a partir da
distância percorrida na rota (ida mais volta), como a tabela abaixo exemplifica:
Tabela 5-2 - Produtividade da Frota Própria
Dias Rodados
tempo rodado
distancias (km)
viagens por
semana
produtividade máxima (kg)
1 6 360 7.00 34,125.00 2 16 960 3.50 17,062.50 3 26 1560 2.33 11,375.00 4 36 2160 1.75 8,531.25 5 46 2760 1.40 6,825.00 6 56 3360 1.17 5,687.50 7 66 3960 1.00 4,875.00 8 76 4560 0.88 4,265.63 9 86 5160 0.78 3,791.67 10 96 5760 0.70 3,412.50 11 106 6360 0.64 3,102.27
Como o motorista da empresa roda apenas 10 horas por dia por questões
trabalhistas e o tempo de carregamento na fábrica é nulo e o de descarregamento é
de quatro horas, e uma nova viagem não é iniciada no mesmo dia que ocorre uma
chegada à fábrica, por exemplo, em uma viagem de um dia ele teria apenas
disponível 6 horas para rodar. Como a velocidade média considerada foi de 60 km/h,
ele conseguiria rodar 180 km na ida (3*60) e 180 km na volta. Logo para rotas
simples com distâncias rodadas menores de 360 km um cavalo conseguiria fazer até
sete viagens por semana, o que totalizaria, pelo carregamento máximo transportado
de 6500 kg em cada viagem, uma capacidade de transportar até 45500 kg por
semana. Na carga máxima semanal foi considerado um fator de 75% para
compensar folgas semanais dos motoristas e paradas técnicas para manutenção do
equipamento.
Para clusters e circuitos o cálculo da produtividade é similar, apenas deve-se
levar em conta o maior número de paradas, que afeta negativamente no tempo
disponível para o cavalo rodar. Estes valores se encontram no Anexo A para as
rotas simples e clusters e no anexo B para os circuitos.
Capítulo 5 – Levantamento de dados e aplicação ao caso real 55
5.1.3 Análise das rotas
Com os dados apresentados pela empresa foram feitas análises para extrair
conclusões a respeito da concentração da malha e distribuição da demanda.
É possível notar grande concentração tanto da demanda quanto da operação
da empresa no Sul e Sudeste. Pela tabela 5-2, percebe-se que as plantas
localizadas no estado de São Paulo e Paraná são responsáveis por mais de 80 %
dos despachos da empresa.
Tabela 5-3 - Despachos por Planta
origem Porcentagem da emissãoPlanta_MG 12%Planta_PE 3%Planta_PR 29%Planta_SP 56%
Já a demanda de produtos da divisão 1 pelos CDVs pode ser observada pela
figura 5-2. Nela observa-se que apenas os estados do Rio de Janeiro e São Paulo
são responsáveis por aproximadamente 50% da demanda nacional, que está
fortemente concentrada nas respectivas regiões metropolitanas das capitais destes
estados. Na figura 5-2 cada circunferência representa a demanda de um CDV, e o
seu raio é diretamente proporcional à demanda deste CDV. A escala entre o raio da
circunferência e a demanda do CDV não é revelada para preservar sigilo da
empresa.
Figura 5-2 - Demanda divisão 1
Capítulo 5 – Levantamento de dados e aplicação ao caso real 56
Já para análise das distâncias das rotas utilizou-se a classificação em rotas
curtas, médias e longas. Definiram-se rotas curtas como rotas em que uma viagem
não leve mais que dois dias com frota própria, ou seja, rotas menores de 480 km. As
rotas médias são as que não levam mais de quatro dias, ou rotas entre pontos não
mais distantes que 1080 km. As demais foram classificadas como longas.
Como era esperado já que a empresa tem distribuição pulverizada e conta
com várias unidades fabris pelo país e entrega seus produtos em alguns pontos de
consolidação e armazenagem, os CDVs, a grande maioria das suas rotas são
caracterizadas como curtas e médias.
Esse padrão é seguido também pelas plantas. Apenas a Planta_MG e
Planta_SP tem um porcentual um pouco acima da média nas rotas longas pois
abastecem o Nordeste com alguns produtos que a Planta_PE não fabrica.
Tabela 5-4 - Análise Distância das Rotas
origem Rota PorcentagemPlanta_MG curta 42%
média 42%longa 16%
Planta_PE curta 57%média 43%longa 0%
Planta_PR curta 47%média 47%longa 7%
Planta_SP curta 44%média 42%longa 14%
Total curta 46%média 44%longa 11%
Quando se observa o porcentual em peso transportado, pode-se dizer que as
rotas longas são inexpressivas, sendo nas Planta_PE e Planta_PR este porcentual
próximo a zero.
Capítulo 5 – Levantamento de dados e aplicação ao caso real 57
Tabela 5-5 - Análise das Distâncias das Rotas por Carga
origem Rotas Porc. em pesoPlanta_MG curta 46%
média 45%longa 8%
Planta_PE curta 11%média 89%longa 0%
Planta_PR curta 55%média 45%longa 0%
Planta_SP curta 63%média 33%longa 4%
Total curta 57%média 40%longa 3%
Além da demanda por transporte e distância das rotas, a variação da
demanda dentro de cada rota teve especial atenção. No trabalho de Ferri (2005),
este afirma que não há sazonalidade na demanda, mas sua análise apenas observa
demanda mês a mês. Observando semana a semana é possível notar uma grande
variação. Na Figura 5-3, o gráfico mostra como é esta variação da demanda total da
divisão 1. O patamar mínimo não é zero como mostra o gráfico. Isso foi adotado
para preservar sigilo da empresa.
Variação da Demanda
-
200.00
400.00
600.00
800.00
1,000.00
1,200.00
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51
Semana
Dem
anda
Mod
ifica
da (t
on)
Figura 5-3 - Gráfico da Variação da Demanda
Esta variação chega a ser de quase 800 toneladas na maior variação entre
uma semana e outra. Isto é normal no mercado, não é uma exclusividade da
empresa, já que a demanda de consumo não é regular. Ainda há pressão dos
Capítulo 5 – Levantamento de dados e aplicação ao caso real 58
vendedores que necessitam fechar suas cotas de venda o que leva a uma
concentração nas semanas finais de cada mês.
O gráfico da figura 5-4, mostra como seria a necessidade de veículos caso
toda a demanda de todas as rotas fossem atendidas por frota própria, conforme a
produtividade da frota própria rota a rota calculada no item anterior. Para isso seria
necessário alocar mais de 270 cavalos a frota, sendo que em certas semanas quase
100 veículos ficariam parados.
Por isso a necessidade de se observar a ociosidade da frota. Esta deve entrar
penalizando os custos. A empresa não deve manter frota para atender os picos, pois
isto acarretaria em altos custos.
Variação da Demanda por Veículos
160
180
200
220
240
260
280
300
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51
Semanas
Dem
anda
por
Veí
culo
s
Figura 5-4 - Gráfico da demanda por veículos
5.1.4 Análise da interação da demanda das rotas
Esta análise se propõe a estudar a interação entre a demanda das rotas. O
gráfico da figura 5-5 mostra a porcentagem das rotas que segue a mesma tendência
de crescimento ou decréscimo da demanda total.
Como era de se esperar a tendência de variação não é a mesma para todas
as rotas. Mas cerca de 70 % das rotas semana a semana segue a mesma
Capítulo 5 – Levantamento de dados e aplicação ao caso real 59
tendência, não dando muito espaço para interação entre as mesmas, com
compartilhamento de veículos.
Interação da demanda entre as rotas
0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%
100%
Seman
a 2
Seman
a 5
Seman
a 8
Seman
a 11
Seman
a 14
Seman
a 17
Seman
a 20
Seman
a 23
Seman
a 26
Seman
a 29
Seman
a 32
Seman
a 35
Seman
a 38
Seman
a 41
Seman
a 44
Seman
a 47
Seman
a 50
Semanas
% d
as ro
tas
segu
e m
esm
a te
ndên
cia
Figura 5-5 - Gráfico da interação da demanda entre as rotas
5.2 Análise da Frota Própria
Aqui vale mais uma vez ressaltar que a empresa trabalha com o conceito de
que cada veículo está alocado a uma fábrica e este atende apenas rotas e circuitos
com origem naquela fábrica. Cada conjunto de veículos alocados a uma fábrica é
nomeado frota daquela planta.
A empresa forneceu o número de carretas e cavalos alocados a cada frota,
seus respectivos modelos e idade. Estes dados estão resumidos na tabela 5-6.
Tabela 5-6 - Tamanho e idade da frota da empresa
Dados / Frotas Planta_SP Planta_PR Planta_MG Planta_PE Totalnº de cavalos 81 52 33 3 169idade média dos cavalos (anos) 8.6 11.5 10.5 7.7 9.8 nº de carretas 176 87 48 5 316idade média dos carretas (anos) 10.5 9.6 14.9 10.3 10.9
Pode se perceber que a Planta_SP conta com praticamente 50% da frota
própria da empresa e é ai que está a frota mais nova. Segundo gerente da empresa,
a frota mais nova se concentra na Planta_SP por causa da legislação ambiental
Capítulo 5 – Levantamento de dados e aplicação ao caso real 60
mais rígida do estado de São Paulo em relação aos outros do país, principalmente
na região metropolitana de São Paulo.
5.2.1 Análise do custo variáveis da frota própria
A empresa também forneceu os gastos totais e a quilometragem rodada por
frota no ano de 2005. Estes se encontram na tabela 5-7, modificados por um fator
para preservar sigilo da empresa. Os valores na tabela foram os utilizados no
trabalho.
Tabela 5-7 - Custos da Frota Própria em 2005
Dados / Frotas Planta_SP Planta_PR Planta_MG Planta_PE TotalDesp. c/ Combustivel e Lubrificantes (R$) 5,152,393.03 4,303,958.42 2,652,627.10 341,178.00 12,450,156.55
Desp. c/ Pneus e Camaras (R$) 803,812.15 358,241.28 498,708.40 83,792.40 1,744,554.23 Desp. c/ Reparo de Veiculos (R$) 2,764,150.62 1,381,248.54 1,406,642.59 212,631.60 5,764,673.35 Desp. c/ Lavagem de Veiculos (R$) 196,262.40 98,092.96 13,518.00 - 307,873.36 Licenciamento de Veiculos/Ipva (R$) 184,885.93 83,157.00 62,645.50 13,260.00 343,948.43 km percorrida 8,584,000 6,657,000 4,614,000 391,588 20,246,588
Abaixo, os custos variáveis da frota própria e seus respectivos cálculos são
mostrados conforme metodologia:
• Peças, acessórios e materiais de manutenção: Estes custos são
contabilizados pela empresa mês a mês por frota. Para cálculo da
parcela da manutenção nos custos variáveis foram divididos os gastos
totais em 2005 com manutenção pela quilometragem rodada em 2005
por frota, conforme metodologia.
• Combustível: A empresa forneceu o rendimento médio de cada frota
em km/l. Foi utilizado o preço do diesel pago pela companhia em
dezembro de 2005, como valor de preço de combustível. O cálculo
segue a metodologia.
• Lubrificantes: Aqui não foi possível seguir metodologia. A empresa não
disponibilizou todos os dados requeridos pra isso. Foram utilizados
valores contabilizados como gastos totais em 2005 com lubrificantes
divididos pela quilometragem rodada pela frota própria em 2005.
Capítulo 5 – Levantamento de dados e aplicação ao caso real 61
• Lavagens e Graxas: Conforme metodologia, foram divididos os gastos
em 2005 com lavagens e graxas pela quilometragem rodada em 2005
pela frota própria.
• Pneus e recauchutagens: Aqui também não foi possível aplicar
metodologia desenvolvida pela NTC. Utilizou-se a mesma estratégia,
dividindo-se os gastos com pneus e recauchutagens em 2005 pela
quilometragem rodada por frota em 2005.
A tabela 5-8 resume todos os custos variáveis adotados para resolução da
problemática.
Tabela 5-8 - Custos Variáveis para Frota Própria
Custos Variáveis Planta_SP Planta_PR Planta_MG Planta_PE TotalCombustivel (R$/km) 0.69 0.68 0.72 0.71 0.69 Lubrificantes (R$/km) 0.02 0.02 0.02 0.01 0.02 Pneus e Camaras (R$/km) 0.08 0.07 0.14 0.12 0.09
Reparo e Manutencao (R$/km) 0.32 0.20 0.30 0.36 0.28 Lavagem (R$/km) 0.02 0.01 0.00 0.01 0.02 Total (R$/km) 1.11 0.97 1.16 1.21 1.09
Pode-se perceber que as frotas de MG e PE são as que apresentam os
maiores custos variáveis e a do PR a de menor. Apesar de ter a frota mais antiga a
frota da Planta_PR é a que tem menores custos de manutenção, gastos com pneus
e o melhor rendimento de combustível. Isso não soube ser explicado pelo pessoal
da empresa, mas não é o foco deste estudo.
Para evitar estas diferenças de custos entre frotas, foi utilizado como custo
variável no estudo, o valor médio entre as plantas de 1.09 R$/km rodado.
5.2.2 Análise do custo fixo da frota própria
Abaixo, os custos fixos da frota própria e seus respectivos cálculos são
mostrados conforme metodologia:
• Remuneração do capital empatado: Aqui a metodologia seguiu a de Elrich e
Moraes (2005) para cálculo de remuneração de capital para equipamentos,
adaptado para o caso da empresa. Adotou-se a mesma estratégia que Ferri
(2005), criando um valor médio de remuneração de capital por veículo, e não
Capítulo 5 – Levantamento de dados e aplicação ao caso real 62
foram analisados equipamento a equipamento, o quanto estes deveriam
render de remuneração de capital durante os anos restantes de sua vida útil.
Foram considerados como a vida útil de um cavalo 15 anos e a de uma
carreta 25 anos, idade em que normalmente são vendidos tais equipamentos
pela empresa, segundo a própria. Como preço de compra de um cavalo novo,
foi considerado o preço da última compra de um cavalo pela empresa em
2005: modelo Scania P94, 4x2 a um custo R$181,720.00. Já que este se trata
de um modelo novo, para preço de venda após 15 anos foi utilizado o valor,
levantado no site da Fundação Instituto de Pesquisa Econômicas
(http://www.fipe.org.br/indices/veiculos) para um modelo similar com potência
similar, com mesmo número de eixos, com tração apenas dianteira, da
mesma montadora e também utilizado pela empresa, o Scania R113H. Este
modelo com 15 anos de uso está cotado a R$117,769.00. O valor de compra
de uma carreta foi considerado também o preço da última compra efetuada
pela empresa: R$ 68,562.00 e o valor de venda nulo já que o valor é pequeno
diante das ordens de grandezas dos demais valores. Foi mantida a mesma
relação atual entre número de carretas e cavalos de 1.87. A taxa mínima de
atratividade considerada pela empresa para área de transportes é de 11%,
mesma adotada no estudo. Utilizando fórmula apresentada na metodologia se
chega a um valor de remuneração de capital anual de R$37,070.30 por
cavalo, levando em conta também remuneração das carretas.
• Custo com motoristas: Cada planta tem um salário base de motorista
diferente. Para eliminar diferenças entre as plantas foi utilizado como valor de
salário a média pelas plantas, ponderada pelo número de motoristas em cada
planta, multiplicado por um fator para manter sigilo da empresa. Os benefícios
também são diferentes. Foi utilizado fator padrão de 1.96 sobre o valor do
salário para cobrir encargos e benefícios trabalhistas. O valor de diária paga
pela empresa é de R$24.30, e a jornada de 23 dias por mês, o valor da diária
incrementa R$558.90 ao custo com motorista por mês. Totalizando o valor
anual de salários, encargos, benefícios e diárias, chega-se a um custo de
R$48,917.28 por motorista, utilizando a proporção atual entre motoristas e
cavalos de 1.20, o valor por cavalo anual de gastos com motorista é de
R$58,760.39.
Capítulo 5 – Levantamento de dados e aplicação ao caso real 63
• Licenciamento e outras taxas: Os valores com taxas são contabilizados por
frota. Foi utilizado o valor pago em 2005 dividido pelo número de cavalos de
cada frota.
• Custos Administrativos: Estes também são contabilizados por frota e foram
calculados da mesma maneira que o item anterior. Nota-se que esta é uma
aproximação, a redução de um cavalo na frota não reduz necessariamente na
mesma proporção os custos administrativos. Por ser a Planta_PE uma fábrica
nova, a empresa não contava com estes dados. Por ser a operação de
pequeno porte em Pernambuco (conta com apenas 3 cavalos), seu custo
administrativo foi anulado.
• Desconto com Imposto de Renda: A empresa disponibilizou valor a ser
declarado como despesa com depreciação de veículos em 2007 para a frota
atual que foi multiplicado pela alíquota de Imposto de Renda. Este foi dividido
pelo número de cavalos para se chegar ao desconto em R$/cavalo.
• Seguros: Este item não foi computado neste trabalho, pois a empresa não
utiliza tais instrumentos, preferindo correr o risco de ter que arcar com as
conseqüências de algum acidente ou sinistro.
A tabela 5-9 traz o resumo dos custos fixos já ajustados por cavalo para
facilitar comparação entre as frotas. Nota-se que o custo da Planta_PR é um dos
mais baixos devido baixos custos administrativos e baixas taxas e impostos. O
menor custo dos impostos se deve a maior idade da frota, já que o IPVA é menor
quanto maior for a idade do veículo. Já a razão da Planta_PR ter os menores custos
administrativos não ficaram muito claros. Para não levar em conta estas diferenças,
foi adotado o custo médio entre as fábricas que se encontra na última coluna da
tabela.
Tabela 5-9 - Custos fixos da frota própria da empresa
Custos Fixos (R$/(cavalo*ano)) Planta_SP Planta_PR Planta_MG Planta_PE TotalRemunaração do capital empatado 37,070.30 37,070.30 37,070.30 37,070.30 37,070.30 Custo com motoristas 58,760.39 58,760.39 58,760.39 58,760.39 58,760.39 Licenciamento e outras taxas 1,975.28 1,358.77 1,740.15 3,683.33 1,769.28 Custos Administrativos 7,800.54 2,840.84 8,384.39 - 6,280.55 Desconto no imposto de renda (1,668.36) (1,668.36) (1,668.36) (1,668.36) (1,668.36) Total 103,938.15 98,361.95 104,286.88 97,845.67 102,212.17
Capítulo 5 – Levantamento de dados e aplicação ao caso real 64
5.2.3 Benchmarking custos da frota própria
Para melhor interpretar os dados sobre os custos da frota própria foi efetuada
uma comparação com dados de mercado. Foi utilizada a tabela de custos do site
economia e transporte, comparada aos custos reais da empresa. Esta é disponível
em www.economiaetransporte.com.br/site/planilha.asp. Foi utilizado uma média para
os custos de um cavalo pesado e de um baú 2 eixos. A comparação se encontra na
tabela 5-10.
Tabela 5-10 - Benchmarking dos Custos diferença (%)
Custos Variáveis por kmCombustivel e Lubrificantes(R$/km) -23%Pneus e Camaras (R$/km) -63%
Reparo e Manutencao (R$/km) -24%Lavagem (R$/km) -746%Total (R$/km) -37%Custos Fixos por mêsCusto com motorista (R$/mês) 56%Licenciamento de Veiculos/Ipva (R$/mês) -157%Remuneração do Capital e Depreciação (R$/mês) 15%Total (R$/mês) 34%
É notável a diferença, quase 40%, entre os custos variáveis de mercado e os
da empresa. Uma das razões apresentadas para essa diferença são as
características da operação. Os produtos da empresa são leves, sendo o
carregamento máximo do caminhão de 6.5 toneladas, o que diminui a necessidade
de manutenções e reparos e o consumo de pneus e combustíveis.
Outro ponto com grande diferença é a remuneração de motorista. A empresa
tem um custo com motoristas maior que o mercado. A idade da frota reflete no custo
de taxas e licenciamento dos veículos que é menor que a média de mercado.
5.3 Análise Frete Terceiro
A empresa disponibilizou o frete terceiro por viagem para cada rota, seja
destino cluster ou CDV. Este frete se caracteriza como spot, onde não há nenhum
contrato e nenhuma responsabilidade entre as partes, embarcador e transportadora.
Se o embarcador necessitar de um veículo e a transportadora não quiser atendê-lo,
isto não implica nenhuma penalidade para a mesma. Se o embarcador não contratar
a transportadora em determinado período isto também não implica em penalidades.
Capítulo 5 – Levantamento de dados e aplicação ao caso real 65
A empresa conta com várias cotações de diferentes transportadoras para as
mesmas rotas. Já que este é um frete spot, com tendência a ser mais caro que um
frete sobre contrato, foi utilizado a menor cotação para cada rota como valor de frete
terceiro a se utilizar nos próximos passos da metodologia. Isto minimiza os efeitos de
o frete spot ser mais caro que um frete sob contrato. Ou seja, apesar de estar
utilizando o menor frete para cada rota, a análise ainda pode ser considerada
conservadora.
Os fretes utilizados para cada rota se encontram também no anexo A. Para
os circuitos não havia cotação, já que estes atualmente são efetuados apenas pela
frota própria. Para contornar tal situação, foi utilizada a soma de todas as rotas que
compõe o circuito. Estes valores se encontram no Anexo B.
Distância X Custo Frete Terceiroy = 2,6027x + 419,64
R2 = 0,9169
0100020003000400050006000700080009000
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500
Distância (km)
Fret
e Sp
ot (R
$)
Figura 5-6 - Gráfico do frete terceiro versus distância
Pelo gráfico da figura 5-6 é possível afirmar que os fretes variam linearmente
com a distância. Logo é justo comparar, entre as frotas, o valor do frete pela
distância. Este gráfico contempla apenas as rotas, não estão relatados os circuitos.
Capítulo 5 – Levantamento de dados e aplicação ao caso real 66
Frete Spot por Planta
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
030
060
090
012
0015
0018
0021
0024
0027
0030
0033
0036
0039
00
Distância (km)
Fret
e Sp
ot (R
$)
Planta_PRPlanta_SPPlanta_MGPlanta_PE
Figura 5-7 - Gráfico Frete Spot por Planta.
Na figura 5-7, encontra-se um gráfico com as linhas de tendência do frete
terceiro pela distância em cada planta. Apesar de algumas linhas de tendência
serem mais aderentes e outras nem tanto como os da Planta_PE, devido ao
reduzido número de rotas e conseqüentemente de valores de frete, é possível tirar
algumas evidencias deste gráfico.
É possível perceber que os fretes da Planta_PE se encontram em um
patamar mais elevado para distâncias curtas, as quais podem ser caracterizadas
suas rotas que variam de 0 a 850 km. Esta planta pelos valores de frete terceiro
tenderá a concentrar seu transporte em frota própria.
É possível também notar que a Planta_PR é onde se encontrou os menores
valores de frete entre as plantas. Aqui provavelmente a tendência maior será de
terceirização.
Já a Planta_MG apresenta, como comportamento, ter fretes baratos em
relação às outras plantas em distâncias curtas e fretes mais caros em longas
distâncias. Provavelmente aqui, as rotas de curta distância terão maior tendência à
terceirização e as longas a manter frota própria.
Capítulo 5 – Levantamento de dados e aplicação ao caso real 67
5.4 Análise das alternativas rota a rota
Com todos os dados acima foi possível efetuar a análise das alternativas a
cada rota. Primeiro, conforme metodologia, foi calculado o custo para cada rota de
ser totalmente atendido com frota terceira. Após foi aplicado modelo de custeio da
frota mista para diferente número de cavalos alocados a rota, conforme explicado no
capítulo anterior.
Esta rotina foi implementada em VBA, linguagem do Microsoft Excel, pois os
dados se encontravam em planilhas, o que facilitou a entrada de dados.
A melhor alternativa e o número de cavalos próprios alocados a cada rota se
encontram no anexo C. Nenhum cavalo próprio alocado em uma rota significa que
aquela rota está sendo totalmente atendida com frota terceira. A apresentação e
discussão dos resultados se encontram detalhado no próximo capítulo.
Capítulo 6 – Resultados 68
6 Resultados
6.1 Resultados das rotas
O resultado final indicou a manutenção de 86 cavalos. Das 114 rotas simples
e clusters analisados, apenas três indicaram serem apropriados a continuar apenas
com o transporte da frota própria, indicando que o modelo vigente na empresa não é
adequado.
No total, 28 rotas foram indicadas como apropriadas para o transporte misto,
três para o próprio e as 83 rotas restantes indicaram como mais apropriadas ao
transporte terceiro. Há forte tendência a terceirização.
Tabela 6-1 - Indicação das Rotas
Frota / Rota mista própria terceira Total geralPlanta_MG 8 0 11 19Planta_PR 6 1 38 45Planta_SP 12 1 30 43Planta_PE 2 1 4 7Total geral 28 3 83 114
A Planta_PR é a que obteve maior porcentagem de rotas terceiras dentre
todas as frotas. Já a Planta_PE teve a maior tendência a manter frota própria, porém
a porcentagem de rotas inteiramente próprias não passou de 5% no total.
Tabela 6-2 - Porcentagem da classificação das rotas
Frota / Rota mista própria terceiraPlanta_MG 42% 0% 58%Planta_PR 13% 2% 84%Planta_SP 30% 2% 68%Planta_PE 29% 14% 57%Total geral 25% 3% 72%
Observando o percentual de carga transportada pelo tipo de rotas, percebe-se
uma tendência de terceirização das rotas de menor demanda, pois apesar das rotas
terceiras representarem 72 % dos totais das rotas, elas só transportam 50% da
carga total.
Capítulo 6 – Resultados 69
Tabela 6-3 - Classificação das rotas por porcentagem da carga transportada
Frota / Rota mista (ton) própria (ton) terceira (ton)Planta_MG 42% 0% 58%Planta_PR 22% 2% 76%Planta_SP 62% 2% 36%Palnta_PE 46% 12% 42%Total geral 48% 2% 50%
6.1.1 Mapas dos Resultados
Nas quatro figuras a seguir estão plotados mapas com resultados de cada
planta. Não é possível notar nenhuma relação direta entre a distância e a
classificação das rotas em terceira ou mista. Apenas é nítido que todas as rotas
próprias são de pequena distância, mas há também rotas curtas classificadas como
terceiras e mistas.
Figura 6-1 - Resultados das rotas Planta_PR
Capítulo 6 – Resultados 70
Figura 6-2 - Resultados das rotas Planta_SP
Figura 6-3 - Resultados das rotas Planta_MG
Capítulo 6 – Resultados 71
Figura 6-4 - Resultados das rotas Planta_PE
6.1.2 Análise dos Resultados das Rotas
Esta análise teve como intuito descobrir padrões na classificação em terceiro,
misto e próprio. Esta também teve como alvo verificar a aderência à realidade da
metodologia e coerência com outros trabalhos na área.
Pela figura 6-5 é possível observar que as maiores rotas são mistas. Em
quanto as menores podem ser tanto próprias quanto mistas ou terceiras. As rotas
próprias são todas pequenas, com menos de 2000 toneladas/ano.
Capítulo 6 – Resultados 72
Tipo de Rota X Carga Transportada
0
20004000
6000
8000
1000012000
14000
16000
Rotas
Car
ga T
ranp
orta
da (t
on/a
no)
mistaprópriaterceira
Figura 6-5 - Gráfico tipo de rota versus carga transportada
Em relação à variação da carga entre as semanas, os resultados seguem o
que era previsto. As maiores variações são encontradas em rotas mistas e terceiras.
Ou seja, nas rotas com alta ociosidade, a responsabilidade de assumir custos fixos
fica com o transportador terceiro. Essa variação foi medida pelo desvio padrão da
série temporal de 52 semanas da demanda para cada rota.
Tipo de Rota x Variação da carga por semana na rota (ton)
-
10.00
20.00
30.00
40.00
50.00
Tipo de Rota
Des
vio
Pad
rão
da R
ota
por
sem
ana
(tons
)
mistaprópriaterceira
Figura 6-6 - Gráfico tipo de rota versus variação da carga na rota
Quanto à distância a única relação que é possível tirar é que todas as rotas
próprias são de curta distância com menos de 500 km.
Capítulo 6 – Resultados 73
Tipo de Rota X Distância
-
500,00
1.000,00
1.500,00
2.000,00
2.500,00
3.000,00
3.500,00
Tipo de Rota
Dis
tânc
ia (k
m)
mistaprópriaterceira
Figura 6-7 - Gráfico tipo de rota versus distância
Diferentemente de Ferri (2005), não há uma relação clara em que as rotas de
menor distância têm tendência a serem próprias e as terceiras de maior distância.
Existem rotas curtas tanto terceiras quanto próprias e mistas. E existem rotas longas
mistas e terceiras.
6.2 Resultados dos circuitos
Para cada circuito foi analisado um a um o custo, entre as alternativas de se
manter o circuito ou desfazê-lo, desmembrando as rotas. As análises encontram-se
resumidas na tabela 6-4. A diferença da tabela abaixo é entre o custo do circuito e
das rotas separadas. O valor negativo representa que o custo do circuito é menor
que o das rotas separadas.
Aqui vale ressaltar que além das rotas da divisão 1 calculadas no item
anterior, entraram no custo das rotas isoladas o custo do frete terceiro das rotas da
divisão 2 e o frete das rotas de origem em fornecedor e destino fábricas da divisão 1.
Capítulo 6 – Resultados 74
Tabela 6-4 - Resultados dos Circuitos
Circuitos Diferença Ação Tipo circuitocircuito1 -31.1% manter mistocircuito2 3.2% desmembrar mistocircuito3 -0.6% manter mistocircuito4 5.2% desmembrar mistocircuito5 7.6% desmembrar terceirocircuito6 -27.8% manter mistocircuito7 -9.1% manter mistocircuito8 6.3% desmembrar mistocircuito9 0.0% desmembrar terceirocircuito10 -6.7% manter mistocircuito11 -19.0% manter misto
Os circuitos que apresentaram uma melhora em relação a rotas isoladas
foram mantidos. Todos os custos e número de cavalos alocados nos circuitos se
encontram no Anexo D.
A alternativa com os circuitos que obtiveram custos menores que as rotas
isoladas mais todos os resultados das rotas que não fazem parte destes circuitos,
apresentados nos itens iniciais deste capítulo, foi considerada melhor alternativa e
será analisada no decorrer do trabalho.
6.3 Frota
Pela tabela 6-5, é possível perceber que a metodologia recomenda uma
redução sensível do número de cavalos nas frotas. Apesar do crescimento da
demanda a metodologia recomenda redução de 50% na frota.
Tabela 6-5 - Resultados das Frotas
Dados / Frotas Planta_SP Planta_PR Planta_MG Planta_PE Totalnº de cavalos atuais 81 52 33 3 169nº de cavalos modelo 61 11 11 3 86redução 25% 79% 67% 0% 49%
6.4 Custos
Não foi possível apresentar comparação da resposta da metodologia com a
situação atual da empresa devido o objetivo de manter dados estratégicos da
empresa sob sigilo. Para avaliar a resposta da metodologia, foi calculado custo para
situação hipotética em que todas as rotas são atendidas por frota própria permitindo
Capítulo 6 – Resultados 75
interação dos veículos entre as rotas, para demanda 2005 e para os custos
modificados utilizados no estudo, nomeado de baseline. Depois a metodologia foi
aplicada à demanda de 2005, nomeado de Situação 2005 para os mesmos custos.
Esta comparação se encontra na tabela 6-6.
Tabela 6-6 - Comparação resultados da metodologia
Modelo Baseline Situação 2005Frota PrópriaCustos Variáveis (R$) 18,272,436.11 14,240,027.84 Custos Fixos (R$) 24,985,608.21 15,780,384.13 Total (R$) 43,258,044.32 30,020,411.97 Frete Terceiro - 11,257,612.08 Total (R$) 43,258,044.32 41,278,024.05 Diferença -4.6%
É possível notar que a metodologia tem tendência a aumentar aproveitamento
da frota própria, pois relação entre custos fixos e variáveis da metodologia é melhor
do que no cenário de comparação, terceirizando rotas com grandes ociosidades,
trazendo redução de custos, apesar de não permitir interação entre as rotas.
Para os custos utilizados no modelo e para a demanda projetada para 2007,
ano em que o estudo quer encontrar melhor alternativa, permitindo que a empresa
se adeque até lá, se encontram na tabela 6-7. Nota-se uma maior tendência à
terceirização dado algumas premissas não válidas utilizadas nos modelos
anteriores.
Tabela 6-7 - Resultados do Modelo
Modelo Custos (R$)Frota Própriacustos Variáveis 8,647,606.95 Custos Fixos 10,548,295.55 Total 19,195,902.50 Frete Terceiro 32,456,690.05 Total 51,652,592.55
6.5 Análise de Sensibilidade
Aqui são analisadas as respostas da metodologia a mudança de alguns
parâmetros e premissas. Aqui foram testadas mais quatro situações além da real
para cada parâmetro. Foram testados valores 15% e 7.5% menores que os
utilizados e valores 7.5% e 15% maiores.
Capítulo 6 – Resultados 76
6.5.1 Impacto da Demanda
É possível notar pelo gráfico que a demanda tem forte impacto nos
resultados. O tamanho da frota própria e os custos são diretamente proporcionais à
esta. Isto indica que o estudo necessita revisão, quando ocorrem mudanças na
demanda.
Análise de Sensibilidade da Demanda
-15.0%
-10.0%
-5.0%
0.0%
5.0%
10.0%
15.0%
-15% -7.5% 0 +7.5% +15%
Demanda
Impa
cto
Impacto nosCusto
Impacto naQuantidadede VeículosPróprios
Figura 6-8 - Análise de Sensibilidade à Demanda
6.5.2 Impacto do Frete
O impacto do frete terceiro sobre custos não é muito significativo, um
aumento de 15% em todos os fretes de todas as rotas acarreta em um aumento de
aproximadamente de 3% no custo total. Isto se deve ao aumento da importância da
frota própria com aumento do frete terceiro. Já o impacto na frota própria é
significativo, principalmente com a redução do frete terceiro.
Capítulo 6 – Resultados 77
análise de Sensibilidade ao Frete Terceiro
-20.0%
-15.0%
-10.0%
-5.0%
0.0%
5.0%
10.0%
15.0%
-15% -7.5% 0 +7.5% +15%
Frete Terceiro
Impa
cto
Impacto nosCusto
Impacto naQuantidadede VeículosPróprios
Figura 6-9 - Analise de Sensibilidade ao Frete Terceiro
6.5.3 Impacto dos Custos Variáveis
Os custos variáveis da frota própria não têm grande impacto nos resultados.
Logo caso ocorra algum aumento de combustível ou algum outro componente do
custo variável, os resultados não necessitam de imediata revisão.
Análise de Sensibilidade do CV
-8.0%
-6.0%
-4.0%
-2.0%
0.0%
2.0%
4.0%
6.0%
8.0%
-15% -7.5% 0 +7.5% +15%
Custo Variável da Frota Própria
Impa
cto
Impacto nosCusto
Impacto naQuantidadede VeículosPróprios
Figura 6-10 - Análise de Sensibilidade aos Custos Variáveis
Capítulo 6 – Resultados 78
6.5.4 Impacto dos Custos Fixos
Os custos fixos da frota própria também não têm impacto significativo nos
resultados da metodologia, não necessitando revisão imediata com pequenas
alterações dos seus componentes.
Análise de Sensibilidade do CF
-8.0%
-6.0%
-4.0%
-2.0%
0.0%
2.0%
4.0%
6.0%
8.0%
-15% -7.5% 0 +7.5% +15%
Custos Fixos da Frota Própria
Impa
ctos
Impacto nosCusto
Impacto naQuantidadede VeículosPróprios
Figura 6-11 - Análise de Sensibilidade aos Custos Fixos
6.5.5 Carregamento máximo da Frota Terceira
O carregamento máximo utilizado para frota terceira é de 5500 toneladas para
uma carreta de 90 metros cúbicos. Ou seja, um conjunto com carreta de 90 metros
cúbicos tem capacidade máxima de transportar 5500 toneladas de produtos
acabados da divisão 1 devido limitação de volume. Esta análise foi efetuada
pensando na possibilidade de uma transportadora oferecer carretas mais adaptadas
ao transporte de produtos volumosos, como carretas de 100 ou 105 metros cúbicos
de volume de carga. O gráfico mostra que a mudança em custos não é muito
significativa, um aumento de 15% de capacidade acarreta uma diminuição de menos
de 8% nos custos. Mas o impacto na frota própria é expressivo o aumento de 15%
na produtividade reduz em quase 50% necessidade de frota própria para situação de
menor custo. Além disso, com carregamento 15% maior, a diferença de custos entre
Capítulo 6 – Resultados 79
a situação de menor custo e a situação com todas as rotas terceirizadas fica em 8%,
contra 12% no carregamento de 5500 toneladas.
Análise de Sensibilidade à Produtividade da Frota Terceira
-60.0%
-40.0%
-20.0%
0.0%
20.0%
40.0%
60.0%
80.0%
100.0%
-15% -7.5% 0 +7.5% +15%
Produtividade da Frota Terceira
Impa
cto Impacto nos
Custo
Impacto naQuantidadede VeículosPróprios
Figura 6-12 - Análise de Sensibilidade a Produtividade da Frota Terceira
6.5.6 Impacto da Produtividade da Frota Própria
Para resolução do problema foram utilizadas produtividades gerais, que
variavam conforme distância. Não houve preocupação com casos específicos. Esta
análise visa quantificar o impacto da mudança da produtividade nas rotas nos
resultados, a fim de analisar o ganho do esforço em detalhar a produtividade rota a
rota. A variação do custo com a variação da produtividade da frota própria é menor
proporcionalmente. Um aumento de 15% na produtividade da frota própria em todas
as rotas acarretaria uma diminuição de menos de 4% nos custos (vide figura 6-13).
Este esforço não teria grande impacto nos custos, mas sim no tamanho da frota
própria. O mesmo aumento de 15 % na produtividade da frota própria acarretaria em
um aumento de quase 30% no tamanho da frota própria.
Capítulo 6 – Resultados 80
Análise de Sensibilidade à Produtividade da Frota Própria
-40.0%
-30.0%
-20.0%
-10.0%
0.0%
10.0%
20.0%
30.0%
40.0%
-15% -7.5% 0 +7.5% +15%
Produtividade da Frota Própria
Impa
cto
Impacto nosCusto
Impacto naQuantidadede VeículosPróprios
Figura 6-13 - Análise de Sensibilidade a Produtividade da Frota Própria
6.5.6 Impacto da Variação da Demanda
Para analisar a resposta da metodologia a variação da demanda foi proposta
a análise cujos resultados se encontram no gráfico da figura 6-14. Para analisar o
impacto da variação de demanda foi necessário modificar a demanda de cada
semana de cada rota da seguinte forma:
fatorrDi
DirDirrDi i *52
52
1
−+=′∑=
Na qual a amplitude de cada ponto em relação à média da demanda de toda
a rota é alterada conforme o fator. Se este fator é negativo a variação da demanda
de cada rota é reduzida, diminuindo a amplitude de cada ponto proporcionalmente
ao valor do fator, que pode variar de -1 a 1, sem alterar a demanda total da rota. Já
se o fator for positivo, a variação da demanda é ampliada sem também alterar a
demanda total. Se for nulo, a variação da demanda se mantém igual a real.
É possível perceber que a alteração da demanda não altera
proporcionalmente os custos, pois quando os picos de demanda têm suas
Capítulo 6 – Resultados 81
amplitudes aumentadas, a frota própria é reduzida, aumentando a proporção de frota
terceira. Já quando a variação de demanda é reduzida os custos são reduzidos com
aumento da proporção de frota própria em relação à terceira.
Análise de Sensibilidade à Variação da Demanda
-8.0%
-6.0%
-4.0%
-2.0%
0.0%
2.0%
4.0%
6.0%
8.0%
-15% -7.5% 0 +7.5% +15%
Variabilidade da Demanda
Impa
cto
Impacto nosCusto
Impacto naQuantidade deVeículosPróprios
Figura 6-14 - Análise de Sensibilidade à Variação de Demanda
6.6 Relação entre resultados das rotas e frete terceiro
Para reconhecer os efeitos nos resultados das diferenças entre os valores de
frete terceiro pelas origens exposto no item 5.3, foram elaboradas as tabelas 6-8 e
6-9. A divisão entre rotas curtas, médias e longas segue mesmo critério do item
5.1.3 deste trabalho.
Realmente não há uma relação clara entre terceirização e a distância das
rotas. Tanto o número de rotas terceiras e o peso da carga transportada por rotas
terceiras diminuem das rotas médias para as longas, apesar de todas as rotas
próprias serem curtas.
Também não ficou claro o comportamento do frete diferenciado entre as
Plantas PE e MG. A Planta_PE tem um frete mais caro pra as distâncias curtas em
relação as outras plantas e conforme aumento de distância esta diferença diminui.
Este comportamento não refletiu diretamente na classificação das rotas.
Capítulo 6 – Resultados 82
Tabela 6-8 - Análise Resultados das Rotas por classificação da distância
origem viagem Classificação Porcentagem em rotas
Planta_MG curta mista 25%terceira 75%
média mista 37%terceira 63%
longa mista 100%Planta_PE curta própria 25%
terceira 75%média mista 67%
terceira 33%Planta_PR curta mista 24%
própria 5%terceira 71%
média mista 5%terceira 95%
longa terceira 100%Planta_SP curta mista 58%
própria 5%terceira 37%
média mista 17%terceira 83%
longa mista 17%terceira 83%
Total curta mista 35%própria 6%terceira 60%
média mista 18%terceira 82%
longa mista 27%terceira 73%
Tabela 6-9 - Análise Resultados das rotas por classificação da distância e carga transportada
origem viagem Classificação
Porcentagem em peso
Planta_MG curta mista 57%terceira 43%
média mista 55%terceira 45%
longa mista 100%Planta_PE curta própria 5%
terceira 95%média mista 12%
terceira 88%Planta_PR curta mista 35%
própria 4%terceira 61%
média mista 1%terceira 99%
longa terceira 100%Planta_SP curta mista 38%
própria 3%terceira 59%
média mista 14%terceira 86%
longa mista 43%terceira 57%
Total curta mista 39%própria 3%terceira 58%
média mista 21%terceira 79%
longa mista 31%terceira 69%
Capítulo 6 – Resultados 83
Como pela classificação das rotas a análise não ficou clara. A tabela 6-10 foi
proposta. Nela está computada a quilometragem rodada pela frota própria e frota
terceira por classificação de rota.
Para a Planta_MG e a Planta_PE há uma tendência de se aumentar a
importância relativa da frota própria com o aumento da distância das rotas. Já para
as Planta_PR e Planta_SP esta tendência é a inversa.
Por esta tabela, é possível notar que há coerência entre o comportamento da
classificação das rotas por sua distância para a Planta_MG. Como a Planta_MG
tem fretes baratos em relação as outras plantas para distâncias curtas, isto pode ter
influenciado a grande diferença da participação da frota própria entre rotas curtas e
longas. Mas o mesmo não pode ser afirmado para a Planta_PE, que tem
comportamento inverso a Planta_MG em relação ao preço de frete pela distância da
rota e mesmo assim apresentou comportamento similar na classificação da rota pela
quilometragem rodada pela frota própria.
Tabela 6-10 - Análise da quilometragem rodada por frota própria
origem viagem km frota própia km frota terceiraPlanta_MG curta 34% 66%
média 26% 74%longa 87% 13%
Planta_PE curta 57% 43%média 84% 16%
Planta_PR curta 56% 44%média 10% 90%longa 0% 100%
Planta_SP curta 78% 22%média 42% 58%longa 25% 75%
Total curta 66% 34%média 32% 68%longa 53% 47%
Não é possível tirar uma relação clara entre distância e classificação da rota
em mista, terceira e própria e entre comportamento do frete terceiro por planta e a
mesma classificação da rota.
O resultado de cada rota depende de vários fatores e aparentemente não tem
nenhum que se prepondere sobre os outros em todas as rotas.
Capítulo 7 – Conclusão e Implementação 84
7 Conclusão e Implementação
7.1 Metodologia
A metodologia se mostrou aplicável ao caso. Existiram ganhos significativos.
A estratégia de uso de frota mista se mostrou a mais viável para o caso, sendo a
classificação em mista muito mais significativa do que em inteiramente própria.
Apesar de não ter limitação quanto ao número máximo de cavalos alocados e
tratar o frete terceiro como um custo variável, a metodologia pode ser expandida
para problemas além da determinação do tamanho de uma frota própria de uma
empresa. Esta pode também ser aplicada por uma transportadora para determinar
tamanho ótimo de uma frota dedicada a uma rota e quantos autônomos contratar em
determinado período, aplicando a metodologia à previsão de carga na rota.
Além disso, como a metodologia utiliza análise explícita, com a valoração de
todas as alternativas possíveis, essa é facilmente adaptável para tratar outros casos,
como frete terceiro sob contrato que exija algum pagamento fixo por período.
Outra vantagem do uso da análise explícita é a facilidade de se observar
situações que não sejam a de menor custo já que para estas, todos os custos
também são levantados.
7.2 Resultados para a empresa
A primeira contribuição do trabalho para a empresa foi o modelo de custeio.
Atualmente a empresa emprega sistema de custeio levando em conta apenas
depreciação dos equipamentos de transporte, sem nenhuma penalização nos custos
para remunerar o capital parado nos veículos.
Apesar da boa manutenção dos veículos e o uso de veículos adaptados que
em teoria ajudam a empresa a ter uma boa produtividade da frota, a um baixo custo
de operação, com baixos gastos em insumos, como é possível notar na comparação
Capítulo 7 – Conclusão e Implementação 85
com os custos gerais de mercado (item 5.2.3), outros quesitos como remuneração
dos motoristas e a produtividade destes, totalmente irreais em relação ao que o
mercado segue, influenciaram na terceirização de várias rotas.
O resultado da metodologia indica a manutenção de uma frota própria cerca
de 50% menor que a atual. A diferença, como pode ser observada na tabela 7-1,
entre a alternativa de menor custo e a alternativa com transporte totalmente terceiro
é de 13%. É válido o esforço de administrar tal frota para obter tal economia? Ainda
mais que o custo utilizado para frete terceiro neste estudo pode ser minorado com a
assinatura de contrato entre a empresa e transportadoras, com garantia de cargas
para a transportadora.
Tabela 7-1 - Relação Frota Mista e Totalmente Terceira
ModeloCustos Frota Mista
(R$)Custos Frota Terceira (R$) Diferença
Frota Própriacustos Variáveis 8,647,606.95 - Custos Fixos 10,548,295.55 - Total 19,195,902.50 - Frete Terceiro 32,456,690.05 58,435,272.35 Total 51,652,592.55 58,435,272.35 13%
Em vez de manter a frota distribuída pelas fábricas, como indica a alternativa
de menor custo, a empresa poderia terceirizar totalmente certas frotas e manter
outras.
A empresa poderia terceirizar as rotas com origem nas Planta_PR, Planta_PE
e Planta_MG pois nestas a diferença entre a alternativa de menor custo e a
totalmente terceira é respectivamente: 2%, 1% e 6%. E manter a frota própria da
Planta_SP, onde esta diferença salta para 17%. Nesta fábrica é interessante o
modelo de frota mista, pois há oportunidade de aproveitamento das viagens de volta
da frota própria com cargas da divisão 2 e de fornecedores. Para as rotas simples e
clusters na Planta_SP a diferença entre misto e terceiro é de 4% e nos circuitos de
36%. Isto facilitaria administração e centralizaria decisão sobre a frota própria,
possibilitando uma maior integração com a divisão 2. Ainda, o acréscimo nos custos
seria de menos de 2% como mostra tabela 7-2 para esse cenário em relação ao de
menor custo.
Capítulo 7 – Conclusão e Implementação 86
Tabela 7-2 - Comparação de Custos da Alternativa Proposta
ModeloCustos Frota
Mista (R$)
Custos Alternativa Proposta(R$) Diferença
Frota Própriacustos Variáveis 8,647,606.95 5,651,512.35 Custos Fixos 10,548,295.55 4,660,902.38 Total 19,195,902.50 10,312,414.73 Frete Terceiro 32,456,690.05 42,043,280.68 Total 51,652,592.55 52,355,695.40 1.4%
Um dos grandes entraves à aplicação dos resultados é custo de implantação.
Este não foi revelado pela empresa, mas segundo gerentes, os motoristas têm
grande tempo de casa, sendo os custos para demití-los de grande vulto. Estes
custos poderiam ser compensados pela venda dos cavalos e carretas. Uma das
primeiras implicações deste trabalho na empresa foi o congelamento na contratação
de novos motoristas.
7.3 Plano de Implementação
O trabalho teve especial preocupação com a implementação dos resultados,
escolhendo uma metodologia que viabilizasse a captura dos ganhos no nível
operacional, como já discutido na definição do problema.
Optou-se por uma metodologia que “enxergue” as rotas de maneira separada
para facilitar implementação. Poderia se aplicar modelos de otimização para melhor
alocação dos cavalos nas rotas, mas que exigiriam a compra de uma ferramenta de
alocação dos veículos para a captura deste ganho no nível operacional.
O planejamento da implementação foi elaborado conforme modelo de
hierarquia de decisão proposto por Ballou (2005). Da análise dos resultados derivou
três planos, um para cada nível de planejamento:
• Estratégico: No plano estratégico, a metodologia deveria ser
empregada de períodos em períodos para determinar o tamanho da
frota para diferentes alternativas e avaliar plano de compra ou venda
da frota. Tanto o aumento de custos da frota própria, quanto aumento
do frete terceiro não causam impactos graves nos resultados, conforme
análise de sensibilidade efetuada. Logo, ficou determinado período de
Capítulo 7 – Conclusão e Implementação 87
revisão de um ano e horizonte de planejamento de um ano, pois a
empresa faz seu plano de investimentos uma vez por ano e este plano
deve ser aprovado pela matriz. Não é usual a aprovação de
investimentos que estejam fora deste plano, sendo ineficaz empregar
mais frequentemente a metodologia. Neste planejamento anual deveria
se utilizar uma projeção da demanda para o próximo ano e se
incorporar a mudança nos custos entre um planejamento e outro.
• Tático: No plano tático, ficaria a responsabilidade dos contratos com
transportadoras para atendimento das rotas classificadas como
terceiras no plano estratégico. Estes deveriam ser anuais,
possibilitando modificação conforme plano estratégico. Neste também
ficaria a responsabilidade da cotação e controle dos fretes spot para as
rotas classificadas como mista.
• Operacional: ao plano operacional cabe o planejamento das operações
diárias. Alocando cavalos nas rotas mistas e próprias e solicitando
serviço a transportadoras pelo aumento de demanda em alguma rota
mista que não possa ser atendido pela frota própria.
7.4 Conclusões Finais
O trabalho mostrou que o modelo de frota própria, atualmente empregado
pela empresa, não é interessante. A primeira contribuição do trabalho foi a criação
de um modelo de custeio e a sua comparação com dados de mercado o que já
mostrou indícios de que os custos fixos da empresa são elevados.
Outro paradigma interno que o trabalho se propôs a quebrar é que o
transporte terceiro sempre é mais caro que transporte próprio devido a margem de
lucro do terceiro. Isso não é realidade: se não se tem volume suficiente para ocupar
um veículo todo o tempo, acaba-se arcando com custos fixos sem rodar com o
veículo, o que pode ser mais caro que a margem de lucro de um terceiro,
principalmente no Brasil, onde os patamares de fretes estão muito baixos (vide item
2.8).
Capítulo 7 – Conclusão e Implementação 88
Isto só foi possível de mostrar, pois diferentemente de Ferri (2005), nesta
metodologia cada rota é penalizada com sua ociosidade, pois o custo fixo não é
rateado e influi diretamente na rota na qual o cavalo é alocado. A ociosidade não é
computada como uma ineficiência da empresa como um todo, já que, no transporte,
há concentrações de carga em certos períodos e não há como manter o sistema
sem ociosidade, caso seja baseado inteiramente em frota própria. Esta metodologia
tenta minimizar o impacto na ociosidade da frota destas oscilações na demanda por
serviço de transporte com o uso do spot, mas mesmo assim muitas rotas pelo
volume transportado ou por estas oscilações não são interessantes para o modelo
de frota própria ou mista.
Mas algumas destas rotas podem ter tido as condições de serem apropriadas
para frota própria, mas o frete oferecido por algum terceiro, por ser muito barato, fez
a metodologia as classificar como terceiras. Algumas destas rotas podem se
encaixar como retorno de alguma rota de uma transportadora, que cotou preços
baixos para o trecho.
Não foi encontrado nenhum fator que influenciasse preponderantemente a
terceirização de todas as rotas. A manutenção de frota própria ou a terceirização em
uma rota depende de uma série de fatores como: distância, cotação do frete terceiro,
demanda por transporte na rota, variação desta demanda ao longo do tempo e
aproveitamento do retorno.
7.5 Proposta Estudos Futuros
A metodologia atual apresenta melhorias em relação a outras utilizadas no
passado para resolver o problema da empresa, mas ainda pode ser melhorada. Os
principais pontos de melhoria levantados no decorrer da elaboração do trabalho e
outros pontos relacionados a logística da empresa com potencial para derivar novos
estudos foram:
• Estudo para mensuração do tempo ótimo para renovação da frota da
empresa.
Capítulo 7 – Conclusão e Implementação 89
• Estudo para criação de novos circuitos para empresa integrando
divisões 1 e 2.
• Estudo para conjugação de destinos de forma a minimizar a
ociosidade, e não utilizando os clusters atuais.
• Estudo de uma metodologia que permita a interação entre as rotas,
como Ferri (2005) e penalize a ociosidade, como neste trabalho. O
estudo poderia fugir um pouco da metodologia de terceirizar ou manter
uma rota e focar no dimensionamento da frota, e esta passar a ser
utilizada da melhor maneira, e não alocada a rotas, levantando também
as melhorias necessárias para isso na operação da empresa.
• Estudo para entender o que levou a empresa a escolher o modelo de
frota própria no passado e mantê-lo inalterado até hoje.
• Estudo para dimensionar o tamanho de frota das carretas da empresa
para novo sistema.
• Estudo sobre as condições de trabalho do motorista da empresa.
Otimizar a jornada de trabalho, levando em conta a relação entre
produtividade do motorista, custo de horas extras e riscos com
jornadas longas.
90
Bibliografia
BALLOU, R. H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos / Logística Empresarial. 5ª ed. Bookman, Porto Alegre, 2005. BOTTER, R. C.; TACLA D.; HINO C. M. Estudo e aplicação de transporte colaborativo para cargas de grande volume. Revista Pesquisa Operacional v.26 n.1, Rio de Janeiro, jan./abr. 2006. CAPLICE, C.; SHEFFI, Y. Optimization Based Procurement for Transportation Services. Journal of Business Logistics 24:2, p. 109-128, 2003. CAVENAGHI, V.; COLIN E. C.; GARCIA C. A.; REIS H. L.; BRUNSTEIN I. Análise Econômica do Setor de Transportes de uma empresa de bens de consumo. Anais do 4º Simpósio de Engenharia de Produção, UNESP/FET, 1997. EHRLICH, P. J.; MORAES, E. A. Engenharia econômica. 6ª ed. Atlas, São Paulo, 2005. FERRI, E. B. Análise de terceirização de frota própria de uma empresa do ramo alimentício. Trabalho de Formatura apresentado à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Brasil, 2005. FIGUEIREDO, K.F.; FLEURY, P.F.; WANKE, P. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos: planejamento do fluxo de produtos e dos recursos. São Paulo: Editora Atlas, 2003. 483 p FLEURY, P. F. Gestão estratégica do transporte. Coppead, Centro de Estudo em Logística, 2002. Disponível em: http://www.cel.coppead.ufrj.br/fr-estrat-trans.htm. Acessado em: 15/07/2006. IMPARATO, L. R.; SANTOS A. R.; PADE T. R.; MARIOTTO A.; ADAMO P. J. Administração do Transporte de Carga. 1ª ed. Estudo técnico Mercedez, 1988. LAURINDO, F. J. B.; CARVALHO, M. M.. Estratégias para Competitividade.São Paulo, Futura, 2003, 74p.
91
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92
Anexo A
origem destino
Demanda média por semana (ton)
Desvio padrão (ton) Distância (km)
Produtividade (ton/semana)
Frete (R$/viagem)
Planta_MG CDV26 27.00 6.01 1417.23 11.38 2000.00 Planta_MG CDV27 12.55 5.05 1108.55 11.38 2228.70 Planta_MG CDV29 7.24 3.57 1004.62 11.38 2300.00 Planta_MG CDV32 15.75 5.01 371.42 17.06 552.50 Planta_MG CDV36 7.70 2.76 4510.00 4.27 7100.00 Planta_MG CDV37 11.84 4.95 1575.30 8.53 2200.00 Planta_MG CDV41 19.13 6.71 737.50 17.06 1190.00 Planta_MG CDV46 81.74 18.89 135.95 68.25 400.00 Planta_MG CDV52 12.83 6.14 731.05 17.06 1360.00 Planta_MG CDV54 9.28 4.27 892.88 17.06 1462.00 Planta_MG CDV60 7.12 2.91 1136.24 11.38 2601.00 Planta_MG CDV63 7.36 2.99 2332.00 6.83 4068.00 Planta_MG CDV66 14.71 4.91 789.87 17.06 1343.00 Planta_MG CDV70 24.25 10.31 1111.26 11.38 1800.00 Planta_MG CDV71 18.86 6.28 420.04 17.06 1326.00 Planta_MG CDV72 27.85 6.02 1075.56 11.38 1938.00 Planta_MG CDV73 5.51 4.33 855.93 17.06 1808.00 Planta_MG Cluster3 17.22 5.91 4402.00 4.27 6990.00 Planta_MG Cluster14 56.88 13.76 1015.38 11.38 1800.00 Planta_PR Planta_SP 108.45 23.47 768.00 17.06 1318.80 Planta_PR CDV20 2.39 3.46 1287.02 11.38 1939.00 Planta_PR CDV22 0.58 1.85 918.66 17.06 1738.80 Planta_PR CDV23 19.40 6.46 998.75 11.38 1648.00 Planta_PR CDV24 1.74 2.44 698.53 17.06 1552.00 Planta_PR CDV25 28.70 6.59 404.66 17.06 840.00 Planta_PR CDV26 0.01 0.05 2789.36 5.69 2920.40 Planta_PR CDV27 0.17 0.71 2012.17 8.53 2270.00 Planta_PR CDV29 0.23 0.85 2314.60 6.83 2855.00 Planta_PR CDV31 20.12 6.40 978.06 11.38 1610.00 Planta_PR CDV33 26.78 6.18 937.95 17.06 1625.00 Planta_PR CDV35 38.74 7.84 618.68 17.06 1350.00 Planta_PR CDV39 21.14 6.68 445.55 17.06 840.00 Planta_PR CDV41 0.13 0.51 1866.87 8.53 2670.00 Planta_PR CDV42 0.19 0.69 895.79 17.06 1329.60 Planta_PR CDV43 34.27 9.43 771.77 17.06 1380.00 Planta_PR CDV46 2.14 2.89 2097.92 8.53 2450.00 Planta_PR CDV47 0.41 1.07 940.87 17.06 1324.00 Planta_PR CDV48 90.68 14.36 72.89 34.13 250.00 Planta_PR CDV51 11.55 4.57 197.67 34.13 599.00 Planta_PR CDV53 35.54 5.23 1897.11 8.53 2515.50 Planta_PR CDV54 0.06 0.36 1819.09 8.53 2377.00 Planta_PR CDV56 2.32 3.83 1056.34 11.38 1852.50
93
Planta_PR CDV58 0.09 0.53 1273.88 11.38 1954.80 Planta_PR CDV61 15.40 3.86 2013.12 8.53 2586.70 Planta_PR CDV62 0.10 0.56 1105.67 11.38 1350.00 Planta_PR CDV65 0.96 1.95 828.46 17.06 1300.00 Planta_PR CDV67 4.80 6.23 1332.63 11.38 1263.20 Planta_PR CDV68 1.26 3.70 745.94 17.06 1398.00 Planta_PR CDV69 1.14 2.46 942.64 17.06 1664.40 Planta_PR CDV70 0.10 0.58 1859.14 8.53 2584.80 Planta_PR CDV72 0.04 0.14 2740.65 6.83 3462.00 Planta_PR CDV73 0.20 0.69 1646.49 8.53 2253.20 Planta_PR Cluster5 10.86 9.63 1843.44 8.53 2327.00 Planta_PR CDV28 18.22 7.15 889.41 17.06 1595.00 Planta_PR Cluster2 34.04 9.82 1349.53 11.38 1745.60 Planta_PR Cluster15 95.20 14.02 1120.86 11.38 1800.60 Planta_PR CDV34 25.77 5.36 1326.49 11.38 2217.70 Planta_PR CDV38 17.88 4.54 566.62 17.06 864.40 Planta_PR Cluster16 45.70 8.92 234.88 34.13 700.00 Planta_PR Cluster17 57.10 7.92 911.74 17.06 1588.00 Planta_PR Cluster10 139.14 19.75 1397.50 11.38 2088.60 Planta_PR Cluster13 4.47 7.02 859.39 17.06 1200.00 Planta_PR CDV55 22.18 4.54 225.63 34.13 713.20 Planta_PR CDV64 22.48 5.61 1675.72 8.53 2256.00 Planta_SP Planta_MG 64.54 21.92 1288.00 11.38 2180.00 Planta_SP CDV18 141.97 36.73 768.00 17.06 2000.00 Planta_SP CDV20 24.05 7.72 1068.83 11.38 1773.00 Planta_SP CDV21 24.68 7.19 492.45 17.06 960.00 Planta_SP CDV22 35.35 10.19 569.04 17.06 1120.00 Planta_SP CDV24 21.69 8.64 583.27 17.06 1000.00 Planta_SP CDV26 26.46 9.37 2147.56 8.53 2950.00 Planta_SP CDV27 19.14 9.35 1360.00 11.38 2080.00 Planta_SP CDV29 21.89 8.67 1608.97 8.53 2180.00 Planta_SP CDV32 6.41 2.12 1190.36 11.38 1980.00 Planta_SP CDV35 0.11 0.65 1267.42 11.38 2300.00 Planta_SP CDV36 1.87 1.20 6059.03 3.10 8495.10 Planta_SP CDV37 45.57 10.43 1971.16 8.53 2703.50 Planta_SP Cluster9 72.03 15.41 2147.56 8.53 2950.00 Planta_SP CDV41 9.71 7.37 1122.30 11.38 2020.11 Planta_SP Cluster7 16.12 7.97 1190.36 11.38 2020.11 Planta_SP CDV42 33.32 8.78 102.36 68.25 500.00 Planta_SP CDV46 32.36 10.17 1290.72 11.38 2050.00 Planta_SP CDV49 0.16 0.92 2170.08 6.83 4400.00 Planta_SP CDV52 11.71 3.97 757.32 17.06 1480.00 Planta_SP CDV54 14.44 6.70 1112.16 11.38 1980.00 Planta_SP CDV56 23.43 6.77 1094.78 11.38 1862.50 Planta_SP CDV58 48.98 10.82 613.45 17.06 1120.00 Planta_SP CDV59 20.49 7.11 276.86 34.13 800.00 Planta_SP CDV60 14.17 5.85 2225.69 6.83 2794.40 Planta_SP CDV62 40.19 10.61 360.19 34.13 1000.00 Planta_SP CDV63 3.96 2.41 3806.26 4.88 5770.00 Planta_SP CDV65 53.11 19.82 283.06 34.13 1125.00 Planta_SP CDV66 12.74 4.58 595.99 17.06 1280.00 Planta_SP CDV67 27.18 9.02 900.26 17.06 1720.00
94
Planta_SP CDV68 51.03 12.32 61.68 68.25 500.00 Planta_SP CDV69 16.57 7.21 253.22 34.13 850.00 Planta_SP CDV70 14.04 5.65 1258.14 11.38 2150.00 Planta_SP CDV71 3.61 2.67 1638.39 8.53 2750.00 Planta_SP CDV72 33.34 10.21 1999.08 8.53 2544.40 Planta_SP Cluster8 47.50 13.18 2225.69 6.83 2794.40 Planta_SP CDV73 30.98 11.44 919.33 17.06 1700.00 Planta_SP Cluster4 11.35 6.81 5981.67 3.79 8485.10 Planta_SP Cluster6 198.28 46.56 1007.41 11.38 2200.00 Planta_SP CDV30 21.68 5.65 432.17 17.06 850.00 Planta_SP Cluster12 339.22 43.26 192.87 34.13 800.00 Planta_SP CDV44 19.63 6.24 601.04 17.06 1100.00 Planta_SP Cluster1 80.19 15.61 149.12 34.13 500.00 Planta_PE CDV19 0.92 0.43 1036.18 11.38 2800.00 Planta_PE CDV36 5.72 2.75 1582.64 8.53 3136.00 Planta_PE CDV40 0.51 0.44 249.66 34.13 1680.00 Planta_PE CDV45 3.50 1.51 474.98 17.06 2240.00 Planta_PE CDV50 1.10 0.73 642.68 17.06 2240.00 Planta_PE CDV57 9.94 4.02 40.00 68.25 630.00 Planta_PE CDV63 7.90 2.89 1697.41 8.53 3200.00
95
Anexo B
origem Destino
Demanda média por
semana (ton) Desvio
padrão (ton) Distância
(km) Produtividade (ton/semana)
Frete (R$/viagem)
Circuito 1 99.46 20.86 768.00 17.06 3086.48 Planta_PR Planta_SP 8.98 14.35 768.00 17.06 1318.80 Planta_SP Planta_PR 42.51 31.79 768.00 17.06 2000.00 Circuito 2 22.85 4.89 2547.56 5.69 4710.00 Planta_SP Cluster 9 49.18 10.52 2147.56 8.53 2950.00 Circuito 3 12.74 4.58 995.99 8.53 2272.00 Circuito 4 339.22 43.26 272.87 17.06 1152.00 Circuito 5 198.28 46.56 1087.41 11.38 1668.50 Circuito 6 11.35 6.81 5981.67 3.50 11466.38 Circuito 7 198.28 46.56 1087.41 11.38 2552.00 Circuito 8 40.19 10.61 360.19 17.06 1352.00 Circuito 9 139.14 19.75 2256.89 5.69 4008.60 circuito 10 19.63 6.24 601.04 17.06 1152.00 Circuito 11 176.67 22.53 232.87 34.13 1488.00 Planta_SP Cluster 12 162.55 20.73 192.87 34.13 800.00
96
Anexo C
Origem Destino Classificação
numero de cavalos alocados
Planta_MG CDV26 Terceira 0 Planta_MG CDV27 Mista 1 Planta_MG CDV29 Mista 1 Planta_MG CDV32 Terceira 0 Planta_MG CDV36 Mista 2 Planta_MG CDV37 Terceira 0 Planta_MG CDV41 Terceira 0 Planta_MG CDV46 Mista 1 Planta_MG CDV52 Terceira 0 Planta_MG CDV54 Terceira 0 Planta_MG CDV60 Mista 1 Planta_MG CDV63 Mista 1 Planta_MG CDV66 Terceira 0 Planta_MG CDV70 Terceira 0 Planta_MG CDV71 Mista 1 Planta_MG CDV72 Terceira 0 Planta_MG CDV73 Terceira 0 Planta_MG Cluster3 Mista 3 Planta_MG Cluster14 Terceira 0 Planta_PR Planta_SP Terceira 0 Planta_PR CDV20 Terceira 0 Planta_PR CDV22 Terceira 0 Planta_PR CDV23 Terceira 0 Planta_PR CDV24 Terceira 0 Planta_PR CDV25 Terceira 0 Planta_PR CDV26 Terceira 0 Planta_PR CDV27 Terceira 0 Planta_PR CDV29 Terceira 0 Planta_PR CDV31 Terceira 0 Planta_PR CDV33 Mista 1 Planta_PR CDV35 Mista 2 Planta_PR CDV39 Terceira 0 Planta_PR CDV41 Terceira 0 Planta_PR CDV42 Terceira 0 Planta_PR CDV43 Terceira 0 Planta_PR CDV46 Terceira 0 Planta_PR CDV47 Terceira 0 Planta_PR CDV48 Terceira 0 Planta_PR CDV51 Terceira 0 Planta_PR CDV53 Terceira 0 Planta_PR CDV54 Terceira 0 Planta_PR CDV56 Terceira 0 Planta_PR CDV58 Terceira 0 Planta_PR CDV61 Terceira 0
97
Planta_PR CDV62 Terceira 0 Planta_PR CDV65 Terceira 0 Planta_PR CDV67 Terceira 0 Planta_PR CDV68 Terceira 0 Planta_PR CDV69 Terceira 0 Planta_PR CDV70 Terceira 0 Planta_PR CDV72 Terceira 0 Planta_PR CDV73 Terceira 0 Planta_PR Cluster5 Terceira 0 Planta_PR CDV28 Mista 1 Planta_PR Cluster2 Terceira 0 Planta_PR Cluster15 Terceira 0 Planta_PR CDV34 Mista 2 Planta_PR CDV38 Terceira 0 Planta_PR Cluster16 Mista 1 Planta_PR Cluster17 Mista 3 Planta_PR Cluster10 Terceira 0 Planta_PR Cluster13 Terceira 0 Planta_PR CDV55 Própria 1 Planta_PR CDV64 Terceira 0 Planta_SP Planta_MG Mista 4 Planta_SP CDV18 Mista 8 Planta_SP CDV20 Terceira 0 Planta_SP CDV21 Terceira 0 Planta_SP CDV22 Terceira 0 Planta_SP CDV24 Terceira 0 Planta_SP CDV26 Terceira 0 Planta_SP CDV27 Terceira 0 Planta_SP CDV29 Terceira 0 Planta_SP CDV32 Terceira 0 Planta_SP CDV35 Terceira 0 Planta_SP CDV36 Terceira 0 Planta_SP CDV37 Terceira 0 Planta_SP Cluster9 Terceira 0 Planta_SP CDV41 Terceira 0 Planta_SP Cluster7 Terceira 0 Planta_SP CDV42 Própria 1 Planta_SP CDV46 Terceira 0 Planta_SP CDV49 Terceira 0 Planta_SP CDV52 Mista 1 Planta_SP CDV54 Terceira 0 Planta_SP CDV56 Terceira 0 Planta_SP CDV58 Terceira 0 Planta_SP CDV59 Mista 1 Planta_SP CDV60 Terceira 0 Planta_SP CDV62 Mista 1 Planta_SP CDV63 Terceira 0 Planta_SP CDV65 Mista 2 Planta_SP CDV66 Terceira 0 Planta_SP CDV67 Mista 1 Planta_SP CDV68 Mista 1 Planta_SP CDV69 Mista 1
98
Planta_SP CDV70 Mista 1 Planta_SP CDV71 Terceira 0 Planta_SP CDV72 Terceira 0 Planta_SP Cluster8 Terceira 0 Planta_SP CDV73 Mista 1 Planta_SP Cluster4 Mista 3 Planta_SP Cluster6 Mista 13 Planta_SP CDV30 Terceira 0 Planta_SP Cluster12 Mista 9 Planta_SP CDV44 Terceira 0 Planta_SP Cluster1 Mista 2 Planta_PE CDV19 Terceira 0 Planta_PE CDV36 Mista 1 Planta_PE CDV40 Terceira 0 Planta_PE CDV45 Própria 1 Planta_PE CDV50 Terceira 0 Planta_PE CDV57 Terceira 0 Planta_PE CDV63 Mista 1
99
Anexo D
Origem destino Classificação
número de cavalos alocados
Circuito 1 mista 6Planta_PR Planta_SP terceira 0Planta_SP Planta_PR mista 2Circuito 2 mista 4Planta_SP Cluster 9 terceira 0Circuito 3 mista 1Circuito 4 mista 13Circuito 5 terceira 0Circuito 6 mista 4Circuito 7 mista 13Circuito 8 mista 2Circuito 9 terceira 0circuito 10 mista 1Circuito 11 mista 5Planta_SP Cluster 12 mista 4