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2.4 PROPAGAÇÃO DE TRINCAS POR FADIGA
A fadiga em materiais estruturais ocorreu ainda no século XIX, devido
inúmeros acidentes, principalmente na área ferroviária. Notou-se que os componentes
submetidos a carregamentos repetidos, mesmo em níveis bem inferiores ao limite de
escoamento do material, poderiam vir a se romper. Neste mesmo período observou-se para
ligas ferrosas, o limite de carregamento no qual não ocorria falha no material por
carregamento cíclico é denominado limite de fadiga do material. (STROHAECKER, 2005)
Ensaio de fadiga consiste na aplicação de carga cíclica em corpo-de-prova
apropriado e padronizado segundo o tipo de ensaio a ser realizado. É extensamente utilizado
na indústria automobilística. O ensaio mais utilizado em outras modalidades de indústria é o
ensaio de flexão rotativa. O ensaio de fadiga é capaz de fornecer dados quantitativos relativos
às características de um material ou componente ao suportar, por logos períodos, sem se
romper, cargas repetitivas ou cíclicas. Os principais resultados são: limite de resistência à
fadiga (σRf), resistência a fadiga (σf) e vida em fadiga (Nf). A ruptura por fadiga ocorre
quando um material metálico é submetido a tensões flutuantes ou repetitivas, isto é, quando
sob a ação de esforços cíclicos, rompe-se a tensões muito inferiores àquelas determinadas nos
ensaios estáticos de tração e compressão. De uma maneira geral, o ensaio de fadiga pode ser
dividido em categorias que correspondem individualmente ao estudo da nucleação de trincas e
ao estudo da propagação de trincas, conforme mostra a figura 21. (GARCIA, SANTOS,
SPIM, 2000)
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Figura 21: Categorias do ensaio de fadiga.
Fonte: GARCIA, SANTOS, SPIM (p. 131)
Torna-se importante caracterizar os possíveis tipos de tensões cíclicas que
provocam o fenômeno de fadiga, sendo que a tensão aplicada pode ser axial (tração-
compressão), de flexão (dobramento) ou de torção (carga rotativa). A figura 22 A apresenta
um ciclo alternado de aplicação de tensão na forma senoidal. Essa é uma situação idealizada
que se aproxima das condições de serviço de um eixo rotativo funcionando a velocidade
constante e sem sobrecargas. Para esse tipo de ciclo de tensão, as tensões máximas (picos) e
mínimas (vales) são iguais em magnitude: as tensões de tração são consideradas positivas, e
as de compressão, negativas. Na figura 22 B é apresentado um caso geral de ciclo de tensão
que se repete em torno de uma tensão média (σM), no qual os valores da tensão máxima (σmáx)
e da tensão mínima (σmin) não são iguais. Este ciclo pode se deslocar na direção do eixo de
ordenadas, situando-se totalmente no campo de tração ou de compressão, ou em situações em
que as tensões máximas e mínimas tenham sinais opostos. Na figura 22 C, a variação do ciclo
de tensão ocorre aleatoriamente, com ciclos complexos como os que ocorrem em asas de
avião sobrecarregadas por correntes de vento ou em molas da suspensão de veículos que
trafegam por estradas não pavimentadas. (GARCIA, SANTOS, SPIM, 2000)
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Figura 22: Tipos de tensões cíclicas em fadiga
Fonte: GARCIA, SANTOS, SPIM (p. 131)
2.4.1 Resultados do ensaio de fadiga
A obtenção das propriedades de resistência à fadiga em cargas cíclicas são
ensaiados vários corpos-de-prova do mesmo material, com condições idênticas de tratamento
térmico, acabamentos superficial e dimensional para diferentes cargas até a ruptura,
registrando-se o número de ciclos onde a ruptura ocorreu. Inicialmente submete-se o corpo-
de-prova a um ciclo de tensões com uma tensão máxima geralmente elevada, repetindo este
procedimento com outros corpos-de-prova e diminuindo-se gradativamente a tensão máxima
aplicada. (GARCIA, SANTOS, SPIM, 2000)
A curva S-N (S símbolo de stress (tensão), é o modo mais rápido para a
apresentação dos resultados dos ensaios de fadiga. Nessa curva, o número, N, (ou log N) é
colocado no eixo das abscissas e no eixo das ordenadas vai a tensão máxima, que também
pode vir expressa por meio de logaritmo. Na figura 23 são mostrados exemplos de curvas S-
N. É possível notar que quanto menor a tensão máxima aplicada, maior é o número, N,
suportando pelo material para romper. Para os aços, a curva apresenta um patamar que
corresponde justamente ao limite de fadiga do material. Para o caso de existir o patamar,
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constatou-se que basta ensaiar o corpo de prova até 10 milhões de ciclos de tensão e se até
esse número não houver ruptura, a tensão correspondente será o limite de fadiga. (SOUZA,
2000)
Outro parâmetro importante na caracterização do comportamento frente à
fadiga de um material é a vida à fadiga (Nf), que consiste no número de ciclos que causará a
ruptura para um determinado nível de tensão. A figura 18 apresenta resultados de ensaios de
fadiga para alguns materiais em condições de flexão rotativa. Em função do número de ciclos
necessários para que a fratura ocorra, o ensaio pode ser dividido em fadiga de baixo ciclo,
para rupturas abaixo de 104 ciclos e fadiga de alto ciclo para casos acima desse limite.
Normalmente, a fadiga de alto ciclo está relacionada com as propriedades elásticas do
material, ou seja, resistência mecânica, já que as deformações empregadas durante a
realização do ensaio são predominantemente elásticas, enquanto a fadiga de baixo ciclo é
caracterizada pela presença de deformação plástica cíclica acentuada, possibilitando
determinações do comportamento dúctil do material. (GARCIA, SANTOS, SPIM, 2000)
Figura 23: Resultados obtidos pelo ensaio de fadiga para diferentes materiais
Fonte: GARCIA, SANTOS, SPIM (p. 138)
A maioria dos resultados de fadiga encontrados na literatura foi determinada
para condições de ciclo alternativo de tensões, em que a tensão média é igual a zero. A
influência da tensão média sobre a resistência à fadiga é mostrada qualitativamente na figura
24. Para as situações mais comuns de aplicação de esforços, as tensões máximas a que os
componentes estarão submetidos ocorrem em suas superfície, tendo como conseqüência, a
maioria das trincas que conduzem à ruptura por fadiga tem início na superfície. Podem-se
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dividir os fatores que afetam a superfície de um corpo-de-prova ou componente em três
categorias:
• Rugosidade da superfície
• Variações na resistência à fadiga na superfície (tratamentos
superficiais).
• Variações na tensão residual da superfície
Outro fator de influência na resistência a fadiga é o projeto do componente que
deve atender a condições que favorecem a vida em fadiga do componente.
Figura 24 – Influencia da razão de tensão (A) e da tensão média (B), para o ensaio de fadiga.
Fonte: GARCIA, SANTOS, SPIM (p. 147)
2.4.2 Fadiga e condições microestruturais
Um dos métodos mais eficazes para aumentar o desempenho de um
componente frente à fadiga consiste na imposição de tensões de compressão residuais no
interior de uma fina camada externa de superfície. Com isso, uma tensão de tração superficial
de origem externa será parcialmente anulada e reduzida em magnitude pela tensão de
compressão residual. Com esta configuração a probabilidade de formação de uma trinca e de
uma falha se torna reduzida. No caso de metais dúcteis as tensões residuais são introduzidas
de uma forma mecânica, por de deformações plásticas localizadas na região externa. Um
processo comercialmente conhecido é o jateamento. A influência do processo de jateamento
sobre o comportamento do aço em fadiga está demonstrada esquematicamente na figura 25.
(CALLISTER, 2006)
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Figura 25: Curvas esquemáticas σ-N para a fadiga em um aço normal e em um aço submetido
a tratamento de superfície por jateamento
Fonte: CALLISTER (2006, p. 245)
O endurecimento da camada superficial é uma técnica segundo a qual tanto a
dureza superficial quanto a vida em fadiga são aprimoradas para ligas de aço. Isso é obtido
através de processos de tratamento térmico para endurecimento superficial como: cementação,
nitretação, carbonitretação e têmpera por indução. A melhoria das propriedades de fadiga
resulta do aumento da dureza no interior da camada superficial endurecida, assim como das
tensões de compressão residuais desejadas, cuja formação acompanha o processo de
tratamento térmico superficial.
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3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 MATERIAIS
A matéria prima utilizada tanto para os corpos de prova do ensaio mecânico de
fadiga como para os anéis internos que foram aplicados os tratamentos térmicos foi o aço
baixa liga DIN 100Cr6. Nas amostras que foram determinas as microestruturas, austenita
retida via de difração de raios-x e tensão residual, foi determinado a composição química com
spectômetro modelo Spectromax.
Para a fabricação dos corpos de prova para o ensaio de fadiga, a matéria prima
utilizada foi a mesma do processo de manufatura de rolamentos e esta em forma de barra, o
anel interno foi proveniente do processo de usinagem. A microestrutura prévia para realização
dos tratamentos térmicos foi resultante do processo de tratamento térmico de recozimento de
esferoidização, conforme apresentado na micrografia 1.
Micrografia 1: Microestrutura prévia utilizada em todos os corpos de prova e anéis para
execução dos ensaios.
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3.2 TRATAMENTO TÉRMICO CONVENCIONAL
A seguir temos uma descritiva do forno continuo, utilizado para tratamento
térmico convencional dos corpos de prova para o ensaio de fadiga e dos anéis internos para
verificação da tensão residual e deformação. O dimensionamento do processo foi visando
obter uma microestrutura martensitica com carbonetos finamente dispersos e dureza entre 62
a 65 HRC sendo esta a tolerância normalmente utilizada na indústria de rolamentos.
O processo do forno contínuo utilizados no ensaio constitui de um sistema de
alimentação automático com a finalidade de alimentar contínua e automaticamente, com uma
taxa de produção de 400 kg/h, sendo esta a capacidade térmica do forno. Após a alimentação
todas as peças passam por um sistema de desengraxe por jatos de água denominados máquina
de lavar tem a função de carregar o forno de têmpera. O forno de têmpera constitui de uma
esteira contínua em uma carcaça metálica revestida internamente por refratários, com três
zonas de aquecimento por resistências, esta etapa do processo ocorre a austenitização, sob
atmosfera controlada e protetora de metanol, GLP e nitrogênio, com recirculação forçada. A
próxima etapa é o tanque de resfriamento, onde as peças caem por queda livre no óleo, sendo
este dimensionado para o processo com uma velocidade máxima de resfriamento de 103 °C/s
a 693 °C com o tempo de 30 segundos a 300°C e viscosidade a 220 Cst. Esta uma das etapas
mais críticas do processo. A figura 26 mostra a curva de resfriamento do óleo utilizado a
140°C.
Curva de resfriamento
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
0 15 30 45 60 75
Tempo (s)
Tem
pera
tura
(C
)
0 25 50 75 100 125
Velocidade (C/s)
Tempo/Temperatura Velocidade
Figura 26: Curva de resfriamento do óleo utilizado no tratamento térmico convencional
Fonte: SKF
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O próximo estágio é a estabilização com água gelada definido o percentual de
austenita retida. As duas últimas etapas do processo são uma máquina de lavar com a função
de eliminar ou diminuir o arraste de óleo gerado no tanque de resfriamento, seguido do forno
de revenimento, este é constituído por uma esteira contínua com quatro zonas de
aquecimento, é nesta etapa do processo acontecem as transformações microestruturais finais e
por conseqüência a propriedade final do rolamento é determinada.
Toda a descrição pode ser observada nas figuras 27 e 28 na página 49, que
esquematizam o processo de têmpera e revenimento convencional em fornos contínuos.
Figura 27: Desenho esquemático da planta do forno contínuo
Fonte: SKF
Figura 28: Desenho esquemático da vista lateral do forno, da etapa do processo de
aquecimento e resfriamento
Fonte: SKF
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Os parâmetros de processo que foram utilizados do tratamento térmico convencional
estão descritos na tabela 3.
Tabela 3: Parâmetros de processo utilizados para o tratamento térmico convencional
Etapa do processo Especificação
Tempo de Austenitização 23 min Temperatura de Austenitização 850 ºC
Meio de Resfriamento Óleo Tempo de Resfriamento 15 min
Temperatura de Resfriamento 140 ºC Tempo de Estabilização 15 min
Temperatura de Estabilização 10 ºC Tempo de Revenimento 120 min
Temperatura de Revenimento 180 ºC
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3.3 TRATAMENTO TÉRMICO POR INDUÇÃO
Para os anéis internos de rolamento, o processo de tratamento térmico com
aquecimento por indução foi aplicado em laboratório, utilizando uma máquina de indução
Uniscan com a freqüência de 10 Khz e potencia de 200 Kw. O processo de austenitização foi
aplicado sem atmosfera controlada, devido a velocidade do processo, em um dispositivo
desenvolvido para o anel interno para assegurar a homogeneidade do aquecimento, conforme
apresentado na figura 29. Visando obter uma microestrutura martensitica com carbonetos
uniformemente distribuídos e homogêneos, após a têmpera foi aplicado um revenimento
convencional.
Figura 29: Desenho esquemático do dispositivo para aquecimento por indução
Fonte: SKF
Após o aquecimento foi aplicado o resfriamento em solução de água e
polietilenoglicol (PAG) com um dispositivo especial para realizar a têmpera presa, com
objetivo de controlar a deformação durante o resfriamento, conforme apresentado na figura
30. A velocidade de resfriamento máxima do polímero °C/s a °C com tempo de s a 300°C. Os
demais parâmetros de processo utilizados podem ser verificados na tabela 4 e figura 31.
Dispositivo mecânico
Anel
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Figura 30: Foto do dispositivo para
controle de deformação do processo de indução durante o resfriamento do anel interno.
Fonte: SKF
Tabela 4: Parâmetros de processo utilizados para o processo de indução dos anéis internos
Etapa do processo Especificação
Tempo de Austenitização 15 segundos Temperatura de Austenitização 950 ºC Energia Máxima Consumida 174 Kws
Meio de Resfriamento Solução de polímero PAG 12 % Tempo de Resfriamento 15 segundos
Temperatura de Resfriamento 40 ºC Tempo de Revenimento 120 min
Temperatura de Revenimento 180 ºC
Figura 31: Curva de resfriamento do polímero utilizado, em várias concentrações de banho
Fonte: UCON UC-1765
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Para os corpos de prova para o ensaio de fadiga foi utilizado uma máquina de
indução Uniscam com 7 Khz de freqüência, com escaneamento duplo, ou seja foi aplicado
duas vezes o aquecimento por indução no corpo de prova para garantir a transformação da
microestrutura na superfície e núcleo, na figuras 32 e 33 é possível verificar o processo de
aquecimento por indução. Na tabela 5 se encontram os parâmetros de processo utilizados.
Figura 32: Foto do aquecimento por indução do corpo de prova
Fonte: SKF
Figura 33: Foto do sistema de resfriamento aplicado no corpo de prova
Fonte: SKF
Tabela 5: Parâmetros de processo utilizados para o processo de indução dos corpos de prova
Etapa do processo Especificação
Tempo de Austenitização 15 segundos Temperatura de Austenitização 950 ºC Energia Máxima Consumida 5535 Kws
Meio de Resfriamento Solução de polímero PAG 12 % Tempo de Resfriamento 15 segundos
Temperatura de Resfriamento 40 ºC Tempo de Revenimento 120 min
Temperatura de Revenimento 180 ºC
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3.4 ENSAIOS DE FADIGA E ANÁLISE DAS SUPERFÍCIES DE FRATURA
A definição para o ensaio de fadiga é a aplicação de uma carga cíclica em um
corpo de prova, é extremamente utilizado na indústria automobilística e o mais empregado é o
ensaio de flexão rotativa, fornece dados quantitativo de resistência e analisa a formação de
trincas. Pode sofrer influência das seguintes variáveis: temperatura, ambiente, microestrutura,
propriedade do material entre outras. Nas figuras 34 e 35 pode-se observar um desenho com
o esquema da máquina onde foi realizado o ensaio.
Figura 34: Esquema da máquina para o ensaio de flexão rotativa
Figura 35: Esquema do sistema de fixação do corpo de prova e da carga aplicada.
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O ensaio de flexão rotativa foi efetuado em 40 corpos de prova, sendo 20 peças
para tratamento térmico convencional e 20 peças para tratamento térmico por indução. Nas
figuras 36 e 37 é possível observar fotos da máquina para ensaio de flexão rotativo utilizada.
Figura 36: Vista frontal da máquina de ensaio flexão rotativa
Fonte: LABORATÓRIO MACKENZIE
Figura 37: Detalhe da fixação do corpo de prova e aplicação da carga
Fonte: LABORATÓRIO MACKENZIE
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Após os ensaios de fadiga, as superfícies de fratura foram observadas e
analisadas com o auxílio do microscópio eletrônico de varredura (MEV) da Philips XL-30,
acoplado com um sistema de análise química, por energia dispersiva de raios-X (EDS).
3.5 ANÁLISES MICROESTRUTURAIS
3.3.1 Metalografia óptica
Com o objetivo de verificar a alteração da microestrutura durante os
tratamentos térmicos, foram realizadas análises metalográficas em quatro áreas diferentes da
peça para cada processo de tratamento térmico, conforme indicado na figura 34. Os resultados
obtidos foram dos anéis internos. As amostras foram preparadas utilizando o método de
lixamento convencional com as lixas de granulação120, 220, 600 e polimento final. Todas as
amostras foram atacadas com o reativo nital 1,5 % e analisadas no microscópio óptico.
Para o denileamento dos contornos de grão austenítico após os tratamentos
térmicos, utilizou-se uma solução supersaturada de ácido pícrico em água destilada contendo
uma pequena quantidade de detergente neutro e de 5 a 10 gotas de HCL concentrado por 100
ml de solução. Após o polimento com pasta de diamante de 1µm, a amostra é submergida na
solução entre 2 e 5 minutos e polida levemente para remover a corrosão localizada. O
processo se repete até o delineamento dos contornos de grão. O tamanho de grão foi
quantificado pelo método de intercepto linear e por comparação com uma tabela conforme
norma ISO R 643 para tamanho de grão.
3.3.2 Dureza
Para verificar a alteração da propriedade mecânica durante os tratamentos
térmicos, foram medidos os perfis de dureza de um anel para cada processo de tratamento
térmico aplicado, conforme indicado na figura 38. O perfil foi determinado em pontos de
dureza em quatro áreas diferentes no anel com as seguintes distâncias de medição em relação
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a superfície externa: 0,1, 0,5, 1,0, 1,5 e 2,0 mm. As medidas de microdureza foram feitas em
um durômetro marca Microtest 3212B com carga de 1 Kgf tendo os resultados em HV1.
Figura 38: Pontos de medição para determinação do perfil de dureza dos anéis
Fonte: SKF
3.3.4 Determinação dos níveis de austenita retida e tensões residuais por difratometria de raios-x
As medidas de tensão residual foram feitas num difratômetro de raios-X da
marca Rigaku, modelo Dmax, utilizando a radiação kα do cromo e medindo-se no plano (211)
e aplicando o método do Sin2(ψ). Um dispositivo apropriado para servir como porta-amostra
foi desenvolvido para que o feixe de raios-X incidisse exatamente numa posição determinada
da superfície externa dos anéis dos rolamentos, conforme mostra a figura 39. As medidas de
tensão residual foram feitas no perfil dos anéis em 9 pontos da superfície externa para até uma
profundidade de 350 µm. As medidas foram feitas depois do processo de tratamento térmico.
Para as medidas foram coletadas duas amostras de forma aleatória para cada processo de
tratamento térmico.
Para determinação da austenita retida nos rolamentos nas diversas condições de
tratamento térmico foi utilizado um difratômetro de raios-X da marca Rigaku e aplicado o
método de ritveld.
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Figura 39: Ponto de medição do perfil de tensão residual
Fonte: SKF
3.3.5 Teste para identificar níveis de deformação
Para a análise dimensional foram utilizados anéis internos de rolamentos
conforme dimensional apresentado na figura 40, Para o desenvolvimento de novos
rolamentos, é necessário realizar ensaios dimensionais após o tratamento térmico, com o
objetivo de identificar os níveis de deformação e também para o dimensionamento do sobre-
metal ideal para a próxima operação, no caso na fabricação de rolamentos a retífica. Todo o
dimensionamento foi feito com a utilização de um aparelho especial utilizado no processo de
fabricação de rolamentos, conforme o princípio e pontos de medição mostrados na figura 41.
Com este aparelho podemos determinar a ovalização cada peça, conforme a descrição abaixo:
Ovalização = Ø Máximo – Ø Mínimo
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Figura 40: Método de medição e dimensional do anel utilizado no ensaio
Fonte: SKF
Figura 41: Aparelho de medição utilizado para determinar a ovalização
Fonte: SKF
Outro parâmetro observado foi a planicidade após os dois tratamentos
térmicos. O nível de deformação nesta dimensão determina o sobre-metal da altura do anel
cota “B”. O método utilizado se encontra na figura 42.
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Figura 42: Aparelho de medição utilizado para determinar a planicidade
Fonte: SKF
3.3.6 Método para identificação da deformação em diferentes tratamentos térmicos
Este método determina qual o processo de tratamento térmico que gera níveis
de deformação mais significante. As medições foram realizadas em 50 amostras de anéis
internos, para determinar a ovalização e planicidade.
Figura 43: Fluxograma do teste para identificação da deformação em diferentes tratamentos
térmicos
Fonte: SKF
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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Para os dois anéis internos analisados foram obtidos os resultados de
composição química conforme a tabela 6. Os valores encontrados indicam que as duas
matérias prima utilizadas estão com a composição química dentro do especificado para o aço
DIN 100 Cr6, mostrando praticamente a mesma temperabilidade, vale destacar os valores
encontrados de carbono e cromo.
Tabela 6: Resultados da composição química das peças de cada processo de tratamento
térmico
Amostra C Mn P max S max Si Cr Cu Al Tratamento térmico
Convencional 0,98 0,32 0,021 0,011 0,25 1,44 0,13 0,027
Tratamento térmico austenitização por Indução
0,98 0,32 0,02 0,011 0,24 1,47 0,07 0,023
Após a aplicação dos tratamentos térmicos, verificou-se o perfil de dureza para
cada amostra, conforme indicam as tabelas 7 e 8. Os resultados evidenciam que o dois
tratamentos térmicos tiveram um processo homogêneo devido a baixa variabilidade no perfil
de dureza, que pode estar ligado diretamente ao revenimento convencional
Tabela 7: Resultados do perfil de dureza para tratamento térmico convencional
Distância (mm) \ Dureza (HV1) Área 1 Área 2 Área 3 Área 4 0,1 742 742 742 742 0,5 742 742 742 742 1,0 742 742 742 742 1,5 742 742 742 742 2,0 742 742 742 757
Tabela 8: Resultados do perfil de dureza para tratamento térmico com austenitização por
indução
Distância (mm) \ Dureza (HV1) Área 1 Área 2 Área 3 Área 4 0,1 742 742 757 742 0,5 742 742 742 742 1,0 742 713 742 742 1,5 742 742 742 742 2,0 742 757 742 757
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Após a medição do perfil de dureza, foram verificadas as microestruturas e o
tamanho de grão austenítico em quatro regiões diferentes, conforme apresentado na figura 38
da página 65, por meio da microscopia óptica, resultantes do processo de tratamento térmico
convencional, conforme apresentado nas micrografias 2 a 6. Devido à aplicação do processo
de austenitização com 850°C em 23 minutos, a dissolução parcial de carbono e carbonetos foi
em uma condição homogênea, resultando em uma martensita fina com carbonetos
uniformemente distribuídos. As micrografias 11 a 15 evidenciam que mesmo com as altas
taxas de aquecimento no processo de tratamento térmico com austenitização por indução a
microestrutura é tão homogênea quanto o processo de tratamento térmico convencional.
Devido ao processo de indução ocorrer em taxas de aquecimento muito elevadas, 950°C em
15 segundos, este processo gerou uma alta dissolução de carbono e carbonetos e uma fração
maior de austenita retida próximo a 15,3%, podendo estar relacionado com diminuição da
temperatura inicial e final da transformação martensítica. Se comparado com o processo
convencional onde a microestrutura apresentou um menor índice de austenita retida próximo
de 7,8 %, outro fator determinante para o resultado, foi a utilização da estabilização em água
gelada após o resfriamento em óleo, aumentando o percentual de martensita transformada. As
condições de austenitização determinaram as condições finais da microestrutura e contribuem
para a resistência final do componente. (ROLLMANN, KAISER, KLOOS, BERGER)
Micrografia 2: Microestrutura da área 1 tratamento térmico convencional
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Micrografia 3: Microestrutura área 2 tratamento térmico convencional
Micrografia 4: Microestrutura área 3 tratamento térmico convencional
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Micrografia 5: Microestrutura da área 4 tratamento térmico convencional
Micrografia 6: Microestrutura do núcleo – tratamento térmico convencional, com dureza de
62 HRC, 7,8% de austenita retida e isento de descarbonetação
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Micrografia 7: Tamanho de grão austenítico área 1 convencional
Micrografia 8: Tamanho de grão austenítico área 2 processo convencional
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Micrografia 9: Tamanho de grão austenítico área 3 processo convencional
Micrografia 10: Tamanho de grão austenítico área 4 processo convencional
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Micrografia 11: Microestrutura da área 1 processo de austenitização por indução
Micrografia 12: Microestrutura da área 2 processo de austenitização por indução
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Micrografia 13: Microestrutura da área 3 processo de austenitização por indução
Micrografia 14: Microestrutura da área 4 processo de austenitização por indução
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Micrografia 15: Microestrutura do núcleo resultante do processo de austenitização por
indução, com dureza de 61 HRC, 15,3 % de austenita retida e isento de descarbonetação
Micrografia 16: Tamanho de grão austenítico área 1 processo de austenitização por indução
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Micrografia 17: Tamanho de grão austenítico área 2 processo de austenitização por indução
Micrografia 18: Tamanho de grão austenítico área 3 processo de austenitização por indução
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Micrografia 19: Tamanho de grão austenítico área 3 processo de austenitização por indução
A comparação entre as microestruturas indicam o efeito da taxa de
aquecimento até a temperatura máxima para os dois tipos de tratamento térmico. O tratamento
térmico convencional, portanto, menor taxa de aquecimento sendo 36,95 °C/s até 850 °C teve
uma melhor distribuição na dissolução de carbono, particulamente concentrada nas regiões
próximas aos contornos de grão austenítico micrografia 6. (CLARKE, TYNE,2006)
A velocidade de aquecimento por indução de alta freqüência varia de 27 a 227
°C/s, o que chega a 100 vezes mais rápido que a velocidade de aquecimento no forno
convencional e condiciona importantes particularidades da transformação microestrutural. Isto
ocorre porque a velocidade de nucleação da austenita cresce mais rapidamente que a sua
velocidade de crescimento linear. As micrografias 11 a 15 indicam uma condição homogênea
em toda a seção transversal do anel, resultado da estabilidade do processo de aquecimento e
resfriamento. (CLARKE, TYNE,2006)
Mesmo com uma maior taxa de aquecimento, o processo por indução resultou
praticamente no mesmo tamanho de grão austenítico final que o processo convencional. sendo
classificado como número 9 ASTM, sugerindo que as propriedades mecânicas são muito
próximas para os dois processos, o não crescimento de grão foi atrelado a difusão de átomos
pequenos de carbono devido a um aquecimento em 950 °C e rápido resfriamento após 15
segundos O delineamento dos contornos de grão da microestrutura para o processo por
indução não ficaram com a mesma intensidade do processo convencional sendo que o reativo
83
utilizado oxida o contorno de grão quando tem segregação de fósforo (P), quando o material é
austenitizado em forno convencional o tempo de austenitização é maior dando tempo para o
fósforo (P) segregar para o contorno de grão. A duas amostras não apresentaram nível de
descarbonetação perceptível via microscopia óptica, mesmo para o processo de indução que
não utilizou nenhum tipo de atmosfera controlada.
Os gráficos 5 e 10 são apresentados os resultados obtidos da análise
dimensional de ovalização dos anéis internos de rolamento utilizando como referência o
diâmetro Dk e para planicidade. No gráfico é possível observar a diferença das médias e o
desvio padrão dimensional entre os processos de têmpera convencional e por indução. Este
resultado já era esperado, devido à falta de controle de posição da peça durante o resfriamento
convencional gerando diferentes gradientes térmicos durante a transformação de fase. No
processo por indução, todas as peças foram aquecidas e resfriadas utilizando um dispositivo
mecânico que garantiu a mesma posição, resultando em melhores resultados. O processo de
tratamento térmico por indução gerou menores deformações que processos de tratamento
térmicos convencional. (TOTTEN, 2007)
O nível de ovalização pode ser observado nos gráficos 5 e 6 e indicam o que
61% dos anéis temperados no processo convencional estão acima da tolerância exigida para o
processo de retífica, enquanto apenas 17 % dos anéis temperados no processo por indução,
ficaram acima da tolerância. Um dos fatores para esta diferença esta durante o aquecimento,
Se a posição do componente durante a austenitização não é uma variável controlada do
processo, isto se torna um fator significante que pode ser explicado pela fluência devido a
gravidade. Quando o aço é elevado a altas temperaturas, para este processo até 850°C, a
fluência pode ocorrer abaixo do limite de escoamento. A fluência é um processo contínuo
dependente do tempo, outros fatores também podem ter contribuído para uma maior
deformação para o processo convencional, como atrito entre as peças durante o aquecimento
induzindo diferentes pontos de fluência. (Surm, Kessler, Hoffmann, Mayr,2005)
84
Gráfico 5: Capabilidade ovalização após tratamento térmico convencional
Gráfico 6: Capabilidade ovalização tratamento térmico com aquecimento por Indução
85
Gráfico 7: Valores de ovalização após os tratamentos térmicos
Gráfico 8: Capabilidade planicidade após tratamento térmico convencional
86
Gráfico 9: Capabilidade planicidade após têmpera por indução
Gráfico 10: Valores de ovalização após os tratamentos térmicos
As tensões que são geradas internamente podem ser de duas naturezas: tensões
estruturais e tensões térmicas, sendo que estas últimas ocorrem ao fato das diferentes seções
das peças se resfriarem em velocidades diferentes. Quando essas tensões internas ultrapassam
87
o limite de escoamento do aço, ocorre sua deformação plástica e as peças apresentarão essas
deformações não desejadas (ovalização). Os resultados dimensionais encontrados para
planicidade conforme os gráficos 8 a 10 determinam que os dois processos geram valores
aceitáveis e podem ser considerados os mesmos.
Os valores do perfil de tensão residual das peças tratadas nos dois processos
são apresentados na tabela 9 e no figura 46. O perfil de tensão residual apresentado nas duas
peças pode ser considerado os mesmos principalmente porque o erro na medida de tensão
residual por difração de raios-X pode atingir até ± 30 MPa. Portanto, a explicação para uma
menor ovalização das peças tratadas no processo por indução parece estar relacionada ao
dispositivo mecânico que garante um melhor posicionamento das peças durante o
aquecimento e resfriamento. Outro fator fundamental para os mesmos valores de tensão
residual foi à aplicação do revenimento convencional para ambos os processos.
Tabela 9: Valores de tensão residual para os processos de indução e convencoanl.
Distância da superfície (µm) Indução (MPa) Convencional (Mpa) 0 160 162 10 117 107 20 81 19 40 -23 -72 60 5 -35
100 11 31 150 20 89 250 24 23 350 75 107
88
350250150100604020100
150
100
50
0
-50
-100
Distância da Superfície (µm)
MPa
Indução
Convencional
Variable
Resultados Tensão Residual
Gráfico 11: Valores de tensão residual após os tratamentos térmicos
Nas tabelas 10 e 11 são apresentados os resultados de fadiga dos corpos-de-
prova do aço DIN 100 Cr6 submetidos à têmpera por indução e convencional e revenimento.
Alguns corpos-de-prova ensaiados em fadiga romperam fora da seção reduzida, devido
provavelmente a trincas provenientes da retifica. Estes corpos-de-prova não foram incluídos
nas tabelas 10 e 11. Nota-se nas tabelas 10 e 11 que, em geral, os corpos-de-prova suportavam
um alto número de ciclos (acima de 10.000.000) ou rompiam com um baixo número de ciclos,
da ordem de dezenas de milhares de ciclos. Poucos corpos-de-prova romperam com um
número intermediário de ciclos, entre centenas de milhares e alguns milhões. Este fato pode
estar relacionado com os problemas citados de retifica nos corpos-de-prova. Numa análise dos
resultados apresentados nas tabelas 10 e 11 não pode-se notar diferenças significativas entre
os comportamentos em fadiga dos corpos-de-prova submetidos à têmpera convencional e por
indução.
89
Tabela 10 Resultados dos ensaios de fadiga dos corpos-de-prova do aço DIN 100 Cr6
submetidos à têmpera por indução e revenimento
Corpo-de-prova Tensão Máxima [MPa] Número de Ciclos até a
Ruptura 2 982,6 22.100 4 1.091,8 11.700 6 655,1 412.000 8 873,4 42.100 10 873,4 19.400 12 545,9 10.000.000 14 436,7 10.000.000 16 1.091,8 45.000 18 764,3 10.000.000 20 655,1 10.000.000 22 818,8 859.500 24 982,6 23.000 26 982,6 16.600 28 873,4 40.800 30 873,4 10.700 32 818,8 44.700 34 818,8 19.100 36 818,8 13.200 38 764,3 3.231.300
* Ensaio interrompido com 107 ciclos sem romper.
Tabela 11: Resultados dos ensaios de fadiga dos corpos-de-prova do aço DIN 100 Cr6
submetido à têmpera convencional e revenimento.
Corpo-de-prova Tensão Máxima [MPa]
Número de Ciclos até a Ruptura
1 982,6 263.000 3 873,4 79.700 5 1.091,8 15.700 7 1.091,8 37.100 9 982,6 56.500 11 873,4 47.900 13 436,7 10.000.000 15 545,9 10.000.000 17 764,3 31.200 19 764,3 10.000.000 21 655,1 10.000.000 23 982,6 9.700 25 873,4 14.500 27 818,8 114.300 29 764,3
* Ensaio interrompido com 107 ciclos sem romper.
90
No gráfico 12 foi colocada num mesmo sistema de coordenadas a tensão
máxima do ciclo de tensão reversa versus o logaritmo do número de ciclos até a ruptura,
obtidos nos ensaios de fadiga dos corpos-de-prova do aço DIN 100 Cr6 submetidos à têmpera
por indução e convencional e revenimento. Os ensaios de fadiga dos corpos-de-prova que
suportaram 107 ciclos ou mais foram interrompidos sem fraturar e este número de ciclos foi
utilizado no gráfico. Nota-se nesta figura, apesar das dificuldades experimentais, que para os
dois tratamento térmicos o limite de fadiga se encontra na faixa entre 700 e 750 MPa.
3 4 5 6 7 8
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
1100
1200
Convencional
Indução
Te
nsão
Má
xim
a [M
Pa]
Log Número de Ciclos
Gráfico 12: Tensão máxima em função do logaritmo do número de ciclos até a ruptura dos
corpos-de-prova do aço DIN 100 Cr6 submetidos à têmpera por indução e convencional e
revenimento, e ensaiados em fadiga.
Na figura 44 é apresentada uma visão geral da superfície de fratura do corpo-
de-prova 1, temperado de maneira convencional, submetido ao ensaio de fadiga. O ensaio foi
executado com uma tensão relativamente elevada. Observa-se nesta visão geral uma nítida
linha dividindo a superfície de fratura em duas regiões. Este perfil da fratura ocorreu em todos
os corpos-de-prova ensaiados em fadiga, tanto os submetidos à têmpera convencional como
por indução. Observa-se também em todos os corpos-de-prova o início da propagação das
trincas na periferia das superfícies de fratura, como mostrado em detalhe na figura 45. Na
figura 46 é apresentada um detalhe da iniciação da trinca da superfície de fratura do corpo-de-
91
prova 6. Este corpo-de-prova foi submetido à têmpera por indução e o ensaio de fadiga foi
executado a uma tensão mais baixa. Observa-se que a região de propagação de trinca do
corpo-de-prova 6 se estendeu por uma região maior do que no corpo-de-prova 1. Nos corpos-
de-prova ensaiados em fadiga em tensões mais elevadas, como os corpos-de-prova 4 e 5
(figura 47 e 48), as regiões de propagação de trincas são praticamente imperceptíveis,
conduzindo o material a uma rápida ruptura com baixos ciclos.
Figura 44 Visão geral da superfície de fratura do corpo-de-prova 1 ensaiado em fadiga e
observada por microscopia eletrônica de varredura.
92
Figura 45 Detalhe da periferia da superfície de fratura do corpo-de-prova 1 ensaiado em
fadiga e observada por microscopia eletrônica de varredura.
Figura 46: Detalhe da periferia da superfície de fratura do corpo-de-prova 6 ensaiado em
fadiga e observada por microscopia eletrônica de varredura
93
Figura 47: Detalhe da periferia da superfície de fratura do corpo-de-prova 4 ensaiado em
fadiga e observada por microscopia eletrônica de varredura.
Figura 48: Detalhe da periferia da superfície de fratura do corpo-de-prova 5 ensaiado em
fadiga e observada por microscopia eletrônica de varredura
94
Nas figuras 49 e 50 são apresentados detalhes das superfícies de fratura dos
corpos-de-prova 1 e 6. Não existe grandes diferenças entre as superfícies de fratura dos
corpos-de-prova submetidos a têmpera convencional e por indução. Notam-se nestas figuras a
presença de microcavidades coexistindo com facetas de quasi clivagem. Nas superfícies de
fratura dos corpos-de-prova submetidos a ensaios de fadiga com tensões maiores (corpos-de-
prova 4 e 5) observam-se os mesmos aspectos. Contudo, parece existir uma quantidade maior
de regiões com a presença de facetas de quasi clivagem, como pode ser observado na figura
51. Outra característica que parece ocorrer nas superfícies de fratura dos corpos-de-prova
submetidos à têmpera por indução é a indicação de uma morfologia de martensita diferente do
processo convencional.
Figura 49: Detalhe da superfície de fratura do corpo-de-prova 1 ensaiado em fadiga e
observada por microscopia eletrônica de varredura.
95
Figura 50: Detalhe da superfície de fratura do corpo-de-prova 6 ensaiado em fadiga e
observada por microscopia eletrônica de varredura.
Figura 51: Detalhe da superfície de fratura do corpo-de-prova 6 ensaiado em fadiga e
observada por microscopia eletrônica de varredura.
96
5 CONCLUSÕES
A análise dimensional e as medidas de tensão residual por difração de raios-X
dos anéis de rolamentos aço cromo submetido a tratamentos térmico convencional e indução
evidenciaram as seguintes conclusões:
• O processo de têmpera por indução e revenimento convencional
provocou uma ovalização menor nos anéis de rolamento do que o processo
convencional.
• Os resultados de microestrutura e dureza para o processo de
indução indicam que o processo pode ser aplicado em rolamentos.
• Os valores obtidos de tensão residual não permitem definir
nenhuma relação com a deformação final do produto porém sustentam a aplicação
deste processo para rolamentos manufaturados em aço DIN100 Cr6.
• A industrialização do processo de indução vai eliminar os
controles dimensionais intermediários e possibilita a não utilização de atmosfera
controlada.
• Os resultados do ensaio de fadiga indicaram que os dois
processos de tratamento térmico possuem os limites de fadiga próximos.
• Para continuação deste trabalho torna-se importante o
desenvolvimento do processo de revenimento por indução e testes de bancada em
rolamentos montados.
97
REFERÊNCIAS
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99
APÊNDICE A
Resultados ensaio jominy para o aço 100Cr6, temperatura de austenitização de 850° C para
diferentes tempos de austenitização