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Escola Fundamental São Judas Tadeu PROJETO O LUGAR ONDE VIVO

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Escola Fundamental São Judas Tadeu

PROJETO

O LUGAR ONDE VIVO

Lauro de Freitas

2006

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Fonte Programa Escola que Vale

PROJETO

O LUGAR ONDE VIVO

Lauro de Freitas

2006

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O LUGAR ONDE VIVO

Temas Transversais: Pluralidade cultural, ética, meio ambiente.

Público: da Alfabetização à 4ª série do Ensino Fundamental

Tempo de duração: 2 meses

Fontes de informação: Revistas, jornais, livros, documentos históricos, Internet, gravuras, retratos, vídeos, passeios etc.

Colaboradores: Entrevista com familiares, pessoas da comunidade, especialistas, instituições etc.

JUSTIFICATIVAOs lugares têm características próprias que os tornam únicos e, de certa forma, incomparáveis. Afinal de contas,

toda cidade tem algo de diferente e particular para contar ou mostrar ao seu visitante. Seus edifícios, praças e ruas

podem nos revelar parte de sua identidade e nos permitem recuperar e recriar as histórias ali vividas. Muitas vezes,

as próprias pessoas, suas lembranças e aventuras é que tornam o lugar atrativo. O mais importante é que estejamos

abertos para conhecer e valorizar o que há de bonito, curioso e interessante em cada lugar, sobretudo, no lugar onde

vivemos.

O escritor Ítalo Calvino diz que existem muitas maneiras de falar de uma cidade. Uma delas é descrevê-la. Falar de

suas torres, pontes, bairros e feiras, todas as informações a respeito da cidade no passado, presente e futuro.

Porém, apenas as descrições podem fazer com que a cidade desapareça enquanto paisagem. Então, como fazer o

olhar recuperar a paisagem no sentido de imprimir-lhe significado, ou seja, a partir de novos conhecimentos, atribuir

outros sentidos para o que já se estava habituado a ver?

Este projeto foi elaborado justamente com o objetivo de possibilitar aos alunos conhecer a cidade onde vivem,

estabelecendo com ela um novo vínculo de prazer e valorização de seu patrimônio histórico, cultural e natural.

Valorizar o patrimônio do lugar onde vivemos é fundamental. Quantos de nós passamos a vida sem conhecer um

edifício histórico que marca a paisagem local, uma mata preservada na cidade vizinha ou os acontecimentos que

fizeram o lugar onde vivemos ser aquilo que é hoje? Aqui, a escola tem um papel essencial: com atividades

organizadas pelo professor, os alunos podem conhecer o patrimônio histórico e natural da sua cidade ou região por

meio de imagens, textos, depoimentos de pessoas da comunidade ou visitas ao local.

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Existe uma relação afetiva com o local escolhido para estudo? Os alunos conseguem distinguir, na paisagem, o que

é natural e merece ser preservado, daquilo que já faz parte da ação do homem? São capazes de definir se essa

ação é positiva ou negativa? O que podemos fazer, co-responsáveis que somos, para melhorar a qualidade de vida

desse lugar? Promover campanhas? Confeccionar cartazes? Que problemas elegeremos como prioritários para

serem discutidos nesse momento? A quem recorrer? Como fazer? Através de leituras, debates, relatos de vivências,

pesquisas de campo, fotos, entrevistas e outros registros, a classe poderá coletar dados significativos que ajudarão a

elaborar o produto final deste projeto.

Muitos são os recortes possíveis deste trabalho. Os alunos poderão trabalhar pesquisando as influências dos

diferentes povos em sua cidade (e, neste caso, estudar a imigração, a incorporação dos costumes locais, a mudança

de hábitos, o contato com outras culturas etc.). Outra possibilidade é o trabalho com retratos (aqui, a relação entre

rostos e paisagens é a temática), o olhar para as construções urbanas (as janelas, os muros, as estátuas, os

diferentes estilos de arquitetura que também contam muito sobre o lugar); eleger um bairro com características

bastante particulares como recorte para o estudo; criar campanhas na cidade para tentar solucionar problemas

observados a partir dos estudos e outros.

O trabalho pressupõe que o professor planeje a leitura de diversos tipos de textos (enciclopédias, documentos

históricos, notas ou notícias de jornais que se referem à cidade etc.) para que os alunos aprendam a encontrar,

selecionar, resumir e integrar informações relevantes vindas de diversas fontes e, assim, poderem escrever textos

informativos e descritivos. Para que estas atividades sejam desenvolvidas é importante que o professor faça um

levantamento do material escrito existente com o objetivo de realizar um projeto de leitura e escrita. A falta de textos

para ler e pesquisar empobrece o trabalho, pois os alunos deixam de ter um modelo de referência para o

desenvolvimento dos seus próprios textos. Isso, porém, não deve inviabilizar o projeto, mas indica a necessidade de

mais cuidado e atenção do professor na busca de outras fontes. Muito provavelmente, existem pessoas na

comunidade que conhecem fatos e curiosidades sobre a cidade e podem enriquecer a pesquisa; além disso, a leitura

de textos sobre outros lugares oferece bons modelos de textos informativos.

A máquina fotográfica tem, neste projeto, um papel especial. Com ela na mão, os alunos poderão captar imagens

que desvendam a originalidade de seus olhares sobre os elementos que compõem a paisagem urbana e/ou rural do

lugar onde vivem. Poderão ver e rever detalhes da paisagem, eleger aquilo que querem ressaltar e valorizar através

do casamento entre o que se estudou e o que se vai registrar (essa é uma questão importante que o professor deve

ter em mente, a fim de não sair com sua classe fotografando só por fotografar). Como a fotografia geralmente é

acompanhada por pequenos textos descritivos, chamados de legendas, os alunos terão a chance de produzir textos

sintéticos e objetivos sobre um conteúdo que já lhes é familiar. O nome do lugar retratado, a data de construção de

um edifício ou a breve explicação sobre uma reserva natural são exemplos do que poderá aparecer nas legendas. É

importante analisar com a classe a linguagem usada para escrever legendas, tomando certos cuidados:

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► Em geral, não existe ponto final nas legendas (apenas intermediário, caso se trate de uma legenda com duas frases).

► Devem, sempre que possível, cumprir duas funções simultaneamente: descrever a foto, com o verbo, de preferência, no presente, e dar uma informação.

► Quando for o caso, faz-se necessário usar informações adicionais (esquerda, direita, de bigode etc.) para que o leitor saiba quem é cada uma das pessoas da foto.

► Em fotos com um rosto em destaque, é possível mencionar alguma característica da pessoa. Exemplo - “Seu José: primeiro morador do bairro”.

► Duas ou mais fotos dispostas lado a lado podem ter uma única legenda.

► Faz-se necessário evitar descrições óbvias.

► Como além das legendas, os alunos do segundo ciclo também produzirão textos maiores que contextualizem determinado grupo de fotos, é indispensável que o detalhe referido na legenda conste nos textos. Esses são textos informativos e, além de oferecerem suporte para a criação de legendas, podem gerar propostas de escritas de resumos dos estudos.

É importante ressaltar que, nessa faixa etária, os alunos estão desenvolvendo não só a competência leitora e

escritora como também as relacionadas à fala e à audição. Portanto, o projeto favorece atividades que tenham a

elaboração e o registro de entrevistas e relatos.

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APRENDIZAGEM DOS ALUNOS:

PRÁTICA DE LEITURA

Selecionar, de maneira cada vez mais autônoma, na biblioteca da sala ou da escola, os textos e as informações de fontes variadas já lidas pelo professor (livros, enciclopédias, revistas, depoimentos etc.) e de atividades de campo.

Localizar informações, apoiando-se em títulos, subtítulos, imagens, negritos e selecionar as que são relevantes, utilizando procedimentos de escrita como copiar a informação que interessa conservar, grifar etc.

Reconhecer as imagens, gráficos e esquemas que, geralmente, acompanham esse tipo de texto como fonte de informação.

Adquirir mais confiança em si mesmos como leitores, atrevendo-se a antecipar o significado dos textos e preocupando-se, depois, em verificar suas antecipações.

Utilizar dados disponíveis nos títulos, subtítulos, imagens, capas, contracapas e índices para fazer antecipações e verificá-las.

Ajustar a modalidade de leitura ao propósito e ao tipo de texto (usar índices dos livros para localizar informações; ler rapidamente títulos e subtítulos até encontrar a informação que se busca; ler minuciosamente o texto, uma vez encontradas as informações necessárias etc.)

Coordenar informações proporcionadas pelo texto com aqueles provenientes das imagens.

Estabelecer relações entre diversos textos acerca de um mesmo tema

Distinguir o que se entende e o que não se entende no texto que está sendo lido.

Utilizar recursos para compreender ou superar dificuldades de compreensão durante a leitura (pedir ajuda aos colegas ou ao professor, reler o trecho que provoca dificuldades, continuar a leitura com a intenção de que o mesmo texto permita resolver as dúvidas ou consultar novos materiais para esclarecê-las).

Procurar compreender o significado de uma palavra desconhecida no texto a partir do contexto, do estabelecimento de relações com outros textos lidos e da busca no dicionário (principalmente, nos casos em que o significado exato da palavra é fundamental).

PRÁTICA DE ESCRITA

Escrever textos de referência que acompanham as imagens das paisagens locais, considerando as diferentes maneiras de relacioná-las à parte escrita (setas, números, títulos, pequenos textos).

Produzir pequenos textos informativos sobre o assunto estudado (produção oral com destino escrito), utilizando marcas da linguagem que se escreve e do gênero que se produz, considerando algumas de suas características principais (utilizar termos científicos mais freqüentes como ‘relevo, ‘vegetação’, ‘estilo das fachadas’; não manifestar opiniões pessoais; evitar o uso de pronomes pessoais etc.).

Escrever listas e legendas referentes ao assunto estudado, utilizando os conhecimentos disponíveis sobre o sistema de escrita, pedindo, com precisão crescente, as informações de que necessita, fazendo perguntas cada vez mais específicas.

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Ao escrever, organizar em blocos de assunto as informações selecionadas para a produção do texto.

Ao escrever, utilizar títulos, subtítulos, imagens e legendas (quando necessário) – recursos próprios dos textos informativos.

Estabelecer relações com a escrita de palavras conhecidas e recorrer a diversas fontes de informação existentes na classe em situações de escrita por si mesmos.

Colaborar em situações de produção coletiva de textos, acompanhando seu desenvolvimento, dando idéias acerca do que deve ser escrito, suprimido, ou modificado; utilizando sinais de pontuação já estudados em aula etc.

Colaborar em situações de produção de textos em duplas ou em pequenos grupos, atendo-se à sua função (que pode ser a de produtor, revisor ou escriba).

Utilizar procedimentos e recursos próprios da produção de textos quando a tarefa for realizada em dupla ou em pequenos grupos (planejar o que vai escrever, estabelecendo os aspectos fundamentais e sua ordem provável; utilizar informações provenientes de fontes diversas; fazer rascunhos; revisar seu próprio texto simultaneamente à produção; discutir com outros leitores aspectos problemáticos do texto; reler o que se está escrevendo etc.)

Começar a assumir o ponto de vista de leitor ao reler seus escritos, revisando o texto, cuidando de sua legibilidade.

Revisar o texto do ponto de vista ortográfico, considerando as regularidades aprendidas e a ortografia convencional de palavras de uso freqüente, uso de maiúscula ou minúscula a partir da distinção entre nomes próprios e comuns e no início de orações.

COMUNICAÇÃO ORAL

Saber falar sobre o conteúdo estudado, seja durante a socialização do que foi pesquisado, seja na apresentação de seminários ou durante o monitoramento de uma exposição, considerando o propósito da comunicação e o público.

Realizar entrevistas, sabendo adequar o discurso, bem como, uma situação de interlocução, mantendo o propósito de obter as informações necessárias.

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SABERES DOS PROFESSORES:

Propor situações em que os alunos possam expressar opiniões, comentários e sensações decorrentes

da leitura de um texto, gravura, fotos ou um tema específico.

Saber selecionar fotos de paisagens locais e de outros lugares para que os alunos possam fazer

comparações.

Explorar gravura e fotos, valorizando-as como documento histórico.

Utilizar o conhecimento sobre a evolução da escrita dos alunos no planejamento das atividades de

alfabetização para aqueles que ainda não compreenderam a base alfabética.

Conhecer questões relativas ao ensino e à aprendizagem da ortografia.

Saber planejar atividades de pesquisa, tendo claro que estes são procedimentos e atitudes que se

ensinam na escola.

Saber organizar os alunos para que façam pesquisas de campo, dividindo tarefas, conversando sobre

as atitudes esperadas, sobre como fazer a coleta e o registro de dados etc.

Aprender a formar grupos de trabalho de forma criteriosa, de modo a favorecer as aprendizagens de

todos e saber negociar com os alunos a importância de tal conduta didática.

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DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

CONHECENDO AS PAISAGENS

O que será que os alunos conhecem sobre o patrimônio histórico, cultural e natural do lugar onde vivem? É

interessante que o professor faça esse levantamento e converse com eles sobre o que já conhecem ou

gostariam de conhecer. A discussão sobre o assunto permitirá uma reflexão sobre os valores dos alunos a

respeito do lugar onde vivem e o reconhecimento ou não daquilo que é considerado patrimônio local. Nesta

etapa, é importante que o professor traga materiais e, até mesmo, pessoas da comunidade para que as

crianças possam levantar dados e informações novas que ampliem seus conhecimentos. É bom também

que possam comparar diferentes épocas, reconhecer alterações na paisagem e saber sobre os

acontecimentos mais marcantes através de documentos históricos, textos informativos ou entrevistas com

pessoas da comunidade, material que deverá ser previamente selecionado pelo professor.

Pode acontecer de os alunos conhecerem poucos lugares “interessantes”. Sendo assim, caberá ao

professor criar possibilidades com as quais as crianças aprendam a valorizar e a olhar para os mesmos

locais, porém com “outros olhos”. Após esse levantamento prévio, o professor poderá propor que façam

uma entrevista com os pais ou outros familiares para que tenham mais informações sobre o lugar onde

moram.

Para a situação de entrevista, é importante lembrar de alguns procedimentos que o professor deve

considerar:

elaborar as questões junto com as crianças, fazendo já algumas intervenções, caso necessário, para que as perguntas fiquem claras e as crianças possam se sentir parte integrante do trabalho; agendar um dia para a entrega das entrevistas; socializar as descobertas (pode-se fazer um texto coletivo, contendo as informações trazidas pelas crianças).

Vamos imaginar, por exemplo, que o lugar em que se vive tenha muita influência indígena. O que há na

cidade que mostra isso claramente? Restaurantes com comidas típicas desse povo? Artesanato nas

barracas das feiras? Rostos que se misturam nas ruas? Festas tradicionais? Queremos dizer que a leitura

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da paisagem conta muito sobre um local. Em Londres, mesmo se não soubermos nada a respeito da

história da cidade, poderemos deduzir que há influência da cultura hindu. A comida indiana está presente

em vários restaurantes; ao caminharmos pelas ruas, conseguimos reconhecer claramente os tipos

humanos não europeus, e assim, outros aspectos também denotam as origens e influências de lá.

Oferecer aos alunos oportunidades para que estabeleçam essas relações é fundamental para a construção

do olhar.

Já falamos que é importante fazer registros do que for sendo descoberto. Para isso, textos coletivos que

têm o professor como escriba são interessantes. Mesmo nos momentos em que o professor escreve o que

as crianças ditam, são elas quem estão produzindo o texto (no caso, oral com destino escrito). Depois de

revisados pela classe, esse material poderá ir para o mural da sala e também ser copiado pelas crianças

em seus cadernos. O papel do escriba pode se alterar (quando uma criança que ainda não se alfabetizou

dita para a outra que já está alfabetizada). A estratégia possibilita que as crianças aprendam a trabalhar

em duplas e também percebam que podem pedir ajuda não só aos professores.

Há ainda propostas consideradas boas situações de aprendizagem e que favorecem tanto a participação

das crianças alfabetizadas como a das ainda não-alfabetizadas: escrita de um bilhete, convidando as

pessoas que serão entrevistadas para virem à escola; escrita de um bilhete, pedindo a autorização dos

pais ou responsáveis para o passeio turístico que será programado; leitura de lista da classe, contendo os

pontos turísticos estudados; leitura de imagens; relatos etc. Com relação aos bilhetes, por exemplo,

normalmente já vêm prontos e são entregues aos alunos sem uma leitura prévia. A criança passa a ser

uma mera intermediária entre a escola e a família. Por que isso acontece? Estamos perdendo uma grande

oportunidade de trabalhar com uma situação de comunicação real através da escrita. Se nós planejarmos a

elaboração do texto junto com os alunos, eles poderão aprender sobre esse tipo de texto e sua função,

além de poderem esperar por uma resposta de seus pais (mesmo que seus pais não sejam alfabetizados,

a criança saberá o que está escrito no bilhete para informá-los).

Outras possibilidades interessantes são: montar painéis contendo as curiosidades da nossa terra (atividade

que poderá ser elaborada através de leituras feitas pelo professor sobre lugares, pessoas, comidas típicas,

brincadeiras etc.); colecionar fotos antigas e atuais de um mesmo lugar tendo títulos e legendas que

traduzam as modificações; colecionar documentos históricos; fazer exposições com os desenhos de

observação dos alunos a respeito dos lugares estudados; e outras.

ESTUDANDO AS PAISAGENS E COLETANDO IMAGENS

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Nessa etapa do projeto, os alunos deverão decidir que paisagens serão registradas e compor uma lista

coletiva das mesmas. É importante que o grupo discuta e justifique o valor da paisagem a ser estudada, de

acordo com o que se pretende enfocar. Por exemplo: se a intenção é apresentar a arquitetura local no

período do Brasil colônia, quais as construções que melhor apresentam características dessa época? Se a

intenção é apresentar as condições de moradia do seu bairro, quais são as paisagens que melhor retratam

essa questão? Dessa forma, a seleção das paisagens não é aleatória, mas, sim, baseada em estudos.

Os alunos devem reconhecer a leitura como algo interessante e desafiador. Podemos pensar em vários

objetivos de leitura para compreendermos a paisagem local. Vamos imaginar que estamos estudando a

influência indígena na cultura da cidade. O que cabe aqui como atividade de leitura? Algumas sugestões:

O professor lê para os alunos textos que tratam de informar sobre os costumes de determinada tribo (rituais de casamento e nascimento, comidas típicas, a relação dos ingredientes dessas comidas com o que a natureza da região oferece, objetos utilizados no cotidiano, vestimentas etc.).

O professor apresenta para os alunos documentos históricos que mostram a trajetória desse povo na cidade (os índios sempre moraram no mesmo lugar ou tiveram que se mudar em função do crescimento da cidade? As mudanças provocaram diferenças em seu jeito de viver? Se, no início, eles viviam perto de um rio e agora, não, houve mudanças na culinária, por exemplo? Etc.).

Os alunos lêem imagens por conta própria (durante os passeios ou observando fotos). Quais são as melhores imagens para fazer com que meus alunos aprendam sobre os costumes indígenas? É interessante também o grupo observar fotos ou gravuras produzidas em diferentes épocas históricas para discutir as marcas que retratam aspectos da alteração da paisagem relacionadas às mudanças culturais, sociais e ambientais. Essas intervenções possibilitam aos alunos a compreensão sobre o valor e a importância da documentação e da preservação histórica, como também favorecem uma melhor compreensão das causas que provocam transformações nas paisagens.

Os alunos associam diferentes legendas às imagens correspondentes.

Sabemos que para adquirir conhecimentos não basta ouvir. Na verdade, as crianças interpretam o que

ouvem, pensam e refletem sobre as questões a partir do que já conhecem. Assim, é importante que o

professor explicite os motivos pelos quais quer compartilhar o texto com as crianças: “Vou ler este texto

para vocês, porque conta uma história interessante sobre a Igreja de nossa cidade” ou “Vou ler uma

curiosidade sobre a nossa escola. Vocês sabiam que aqui, neste local onde ela está construída, já existiu

um lago? O que será que aconteceu para que ele desaparecesse?” ou “Esta é uma foto de um lugar

conhecido da nossa cidade; embaixo estão escritas algumas informações sobre ele. O que vocês acham

que está escrito?”. Assim, os alunos terão a oportunidade de desenvolver algumas estratégias que irão

ajudá-los a entender melhor o significado do texto, evitando a mera decodificação do que está escrito.

Também devemos criar condições para que os alunos ampliem os conhecimentos a respeito do assunto a

ser estudado propondo, por exemplo, entrevistas com pessoas.

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Estudos encaminhados, o grupo precisará decidir quais as paisagens que merecem ser documentadas e,

em seguida, torna-se imprescindível a elaboração de um roteiro sobre as paisagens a serem fotografadas.

Nesse momento, é importante que os alunos se apropriem do uso da máquina fotográfica com vistas a

uma boa apreensão da paisagem, segundo o domínio técnico e, naturalmente, guiado pela intenção de seu

olhar. Finalmente, os alunos, com a ajuda do professor, deverão organizar uma saída para fotografar os

lugares escolhidos.

ORGANIZANDO TAREFAS

É a hora de decidir quais os locais a serem registrados e as outras formas de registro que serão utilizadas,

além da máquina fotográfica (desenhos de observação, por exemplo). Para isso, o professor poderá dividir

a classe em grupos, organizando um rodízio de tarefas. Exemplo: um fotografa; outro registra as

informações que serão necessárias para complementar os conhecimentos sobre a paisagem; um terceiro

faz as perguntas de uma entrevista; um quarto grava etc. Outra estratégia possível é colocar cada grupo da

classe como responsável pelo registro de um local para que, ao voltarem para a classe, possa haver a

socialização dos conhecimentos adquiridos com os outros grupos. Através desses procedimentos, o

professor estará desenvolvendo a importância do registro e do trabalho em equipe.

Escrevendo legendas e produzindo textos informativos

Para a exposição das fotografias torna-se necessária a elaboração de legendas que forneçam informações

sobre as paisagens registradas.O professor deverá oferecer modelos de textos de referência – no caso, as

legendas encontradas sempre acompanhando as fotos de jornais, revistas e livros. Durante a análise dos

modelos, devem ser problematizados os seguintes aspectos:

A estrutura do texto-legenda (textos curtos, que indicam aspectos da fotografia que se pretende destacar).

Os recursos gráficos usados na sua diagramação, tais como os diferentes tipos de fontes, marcadores e

destaques ( “negrito”, aspas para indicar uma fala - imaginemos que é uma legenda para uma foto de uma

pessoa que disse, em entrevista, algo muito interessante). Para tanto, é importante que os alunos leiam

revistas, jornais, livros e cartões-postais, nos quais esses textos são utilizados para explicar uma imagem

ou destacar uma informação. Essa aproximação lhes permitirá descobrir para que servem os títulos e as

legendas. É o momento em que estarão lendo para aprender como escrever.

No momento seguinte, os alunos vão planejar o que escrever em função das paisagens registradas. O

texto deverá fornecer uma idéia geral ou destacar um aspecto, atendendo àquilo que os alunos pretendem

comunicar. Aqui, o professor poderá propor atividades diversificadas, nas quais essas questões são

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colocadas aos alunos para que decidam coletivamente o conteúdo das legendas. Pode, inclusive, a partir

de uma mesma foto, propor que construam legendas que destaquem diferentes aspectos. Isso possibilitará

o aprendizado de que a legenda está sempre vinculada àquilo que se pretende comunicar.

Só, então, o professor deverá propor aos alunos que produzam as legendas definitivas para as suas

próprias fotografias, visando a exposição, ou seja, depois de terem tido bons parâmetros. Finalizando essa

etapa, o grupo deverá analisar o conteúdo das legendas, verificando se as pessoas que irão visitar a

exposição poderão compreender a relação entre a fotografia e a informação veiculada. Abre-se espaço

para a revisão não apenas do conteúdo do material escrito, mas também da forma como o texto foi escrito.

A MONTAGEM DA EXPOSIÇÃO FINAL

Finalmente, é preciso organizar a exposição. Para isso, é importante definir os critérios para a seleção das

fotografias, o que poderá ser feito a partir da conversa com um profissional que organiza esse tipo de

evento ou um fotógrafo. A organização da exposição depende também do espaço disponível e do tema

retratado nas imagens. As fotografias deverão ser organizadas de forma cronológica? Podem se agrupar

por temas dentro do estudo? Ou existem outros agrupamentos mais interessantes? São questões que o

professor poderá colocar para os alunos. Além disso, é necessário decidir sobre o tamanho das fotografias,

produzir uma moldura para que elas fiquem mais bonitas, escrever as legendas etc. Pode-se ainda propor

a confecção dos cartões postais, que poderão ser feitos pelos próprios alunos a partir de desenhos de

observação e cujo suporte serão as fotos selecionadas para a exposição.

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SUGESTÕES DE PRODUTO FINAL

Produção de cartões-postais para troca de correspondência com os alunos de outros municípios participantes do Programa.

Elaboração de um livro sobre as paisagens da região. (que pode ser dado de presente aos pais, a outras escolas ou à biblioteca pública).

Nesse ciclo, seria interessante fazer uma coletânea de fotos com suas legendas.

Elaboração de uma agenda ilustrada com fotografias.

Organização de um seminário para os pais ou outras classes da escola, utilizando todos os materiais coletados ao longo do projeto.

Elaboração de uma exposição de fotos antigas e atuais como se fosse um grande painel, contendo também os textos produzidos pelos alunos.

ATIVIDADES PERMANENTES

Atividades permanentes são situações didáticas propostas com regularidade, cujo objetivo é constituir

atitudes, desenvolver hábitos e dar apoio aos estudos realizados.

Hora da curiosidade sobre nossa cidade ou bairro.

O professor poderá estabelecer com as crianças um dia da semana para esta atividade.Todos podem

trazer para a classe uma curiosidade (pode ser uma foto, uma notícia, uma história que escutou sobre a

cidade, uma lembrança de seus pais etc.)

Canto da leitura

O professor poderá planejar, por exemplo, duas vezes por semana, um momento de leitura individual e

silenciosa dos materiais e livros do projeto. Mesmo as crianças que ainda não são leitoras podem participar

manuseando os materiais, trocando idéias com os colegas etc. O professor também poderá ler para os

alunos diversos tipos de textos relacionados ao projeto.

Roda de conversa

Momento previsto na rotina para discutir assuntos específicos do projeto como temas selecionados pelo

professor para serem debatidos em grupo, curiosidades, elaboração de entrevistas e outros.

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SUGESTÕES BIBLIOGRÁFICAS

BOSI, Ecléa. Memória e Sociedade: Lembranças de Velhos. São Paulo: Cia das Letras, 1994.

BRENTANI, Gerda. Eu me Lembro. São Paulo: Cia das Letrinhas, 1993.

NESTROVSKY, Artur. Histórias de Avô e Avó. São Paulo: Cia das Letrinhas, 1998.

PAUWELLS, Geraldo. Atlas Geográfico. São Paulo: Melhoramentos, 1996.