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PROJETO INTERDISCIPLINAR
PROJETO INTERDISCIPLINAR
EMPREENDEDOR / EMPREENDEDORISMO
Andréia de Oliveira Santos
Náutilos Alves de Andrade
Kelly Rodrigues da Silva Gusmão
Sâmara Rangel Barbosa
Taciana de Freitas Marques Teixeira
Vera Lúcia Pereira Fontinate
Belo Horizonte 2008
4 º P E R Í O D O D E A D M I N I S T R A Ç Ã O - N O I T E1
PROJETO INTERDISCIPLINAR
Andréia de Oliveira Santos
Náutilos Alves de Andrade
Kelly Rodrigues da Silva Gusmão
Sâmara Rangel Barbosa
Taciana de Freitas Marques Teixeira
Vera Lúcia Pereira Fontinate
EMPREENDEDORISMO SOCIAL
Orientador: Profª. Adriana Maria da Costa
Projeto Interdisciplinar apresentado ao Curso de Administração da Faculdade Novos Horizontes, como requisito parcial para aprovação nas disciplinas do 4º período.
Belo Horizonte2008
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AGRADECIMENTOS
Agradecemos a todos aqueles que direta ou indiretamente ns ajudaram a realizar
esse trabalho.
Expressamos também o nosso agradecimento a Professora Adriana Costa pelo
apoio prestado e pela disponibilidade manifestada em orientar-nos no decorrer do
semestre, para a realização dessa pesquisa.
Em especial, agradecemos ao Sr. Mozart, proprietário da empresa Ingleza ao nos
receber de portas abertas e aos seus funcionários pelo carinho e cooperação.
Aos nossos amigos e à nossa família, pela compreensão e apoio manifestado ao
longo de todo esse semestre para a realização e desenvolvimento desta pesquisa, e, em
especial, a Deus por nos capacitar para a realização deste trabalho.
A todos eles, o nosso sincero obrigado.
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EPÍGRAFE
ENTRE AMIGOS
Para que serve um amigo? Para rachar a gasolina, emprestar a prancha, recomendar um disco, dar carona pra
festa, passar cola, caminhar no shopping, segurar a barra. Todas as alternativas estão corretas, porém isso não
basta para guardar um amigo do lado esquerdo do peito.
Milan Kundera, escritor tcheco, escreveu em seu último livro, "A Identidade", que a amizade é indispensável
para o bom funcionamento da memória e para a integridade do próprio eu. Chama os amigos de testemunhas do
passado e diz que eles são nossos espelhos, que através deles podemos nos olhar. Vai além: diz que toda
amizade é uma aliança contra a adversidade, aliança sem a qual o ser humano ficaria desarmado contra seus
inimigos.
Verdade verdadeira. Amigos recentes custam a perceber essa aliança, não valorizam ainda o que está sendo
construído. São amizades não testadas pelo tempo, não se sabe se enfrentarão com solidez as tempestades ou se
serão varridos numa chuva de verão. Veremos.
Um amigo não racha apenas a gasolina: racham lembranças, crises de choro, experiências. Racha a culpa, racha
segredos.
Um amigo não empresta apenas a prancha. Empresta o verbo, empresta o ombro, empresta o tempo, empresta o
calor e a jaqueta.
Um amigo não recomenda apenas um disco. Recomenda cautela, recomenda um emprego, recomenda um país.
Um amigo não dá carona apenas pra festa. Leva-te pro mundo dele, e topa conhecer o teu.
Um amigo não passa apenas cola. Passa contigo um aperto, passa junto o reveillon.
Um amigo não caminha apenas no shopping. Anda em silêncio na dor, entra contigo em campo, sai do fracasso
ao teu lado.
Um amigo não segura a barra, apenas. Segura a mão, a ausência, segura uma confissão, segura o tranco, o
palavrão, segura o elevador.
Duas dúzias de amigos assim ninguém tem. Se tiver um, amém.
Martha Medeiros
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PROJETO INTERDISCIPLINAR
Resumo
Empreendedorismo é uma tradução da palavra entrepreneursbip, popularizada pela importação do inglês e originada da palavra francesa entrepreuneur. Ações desenvolvidas apontam à direção do empreendedorismo no Brasil através de programas SOFTEX e GENESIS que apóiam atividades de empreendedorismo em software, estimulando o ensino da disciplina em universidades e a geração de novas empresas de software. EMPRETEC e Jovem Empreendedor do SEBRAE buscam ações voltadas à capacitação de empreendedores no atual cenário brasileiro. No Brasil o termo empreendedorismo social passou a se popularizar nos anos 90, evidenciado pelo aumento da problematização social, com menores gastos do setor público nesta área, evolução das organizações do terceiro setor e da participação das empresas no investimento e ações na área social. Atualmente essa participação é obrigatória, conforme previsto na Lei de Cotas nas empresas. O empreendedor social assume uma atitude pró-ativa no que se refere ou no que diz respeito ao desenvolvimento integrado da sua comunidade, da sua cidade ou do seu país. A busca por mudanças, por melhorias, por uma visão voltada para o social, muda aos poucos a perpespectiva de vida dos portadores de necessidades especiais, retirando-os da situação de risco social, da exclusão. O aumento de tantos problemas sociais se agrava ainda mais na medida em que não se busca a participação de empreendedores na busca não apenas da realização profissional, mas também a realização pessoal de si e dos favorecidos. A Lei de Cotas, visando exigir as empresas a destinarem parte de suas vagas aos portadores de necessidades especiais. Nesse contexto a empresa Ingleza antes dessa obrigatoriedade, antecipa-se ao manter em seu quadro de funcionários deficientes visuais e físicos.
Palavras-chave: Lei de Cotas – Empreendedorismo Social - inclusão social de
deficientes
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SUMÁRIO
1 – INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 7
1.1 – METODOLOGIA ................................................................................................................ 9
2 - EMPREENDEDORISMO .......................................................................................................... 10
2.1 – ORIGEM ......................................................................................................................... 10
2.2 – DEFINIÇÃO ..................................................................................................................... 10
3 - TIPOS DE EMPREENDEDORES ................................................................................................ 11
4 - CARACTERÍSTICAS DE UM EMPREENDEDOR DE SUCESSO ..................................................... 13
5 - EMPREENDEDORISMO SOCIAL NO BRASIL ............................................................................ 15
6 - EMPREENDEDORISMO SOCIAL .............................................................................................. 18
6.1 - DESAFIOS DO EMPREENDEDORISMO SOCIAL ................................................................. 19
6.2 – BENEFÍCIOS .................................................................................................................... 21
7 - LEI DE COTAS ......................................................................................................................... 22
7.1 - O QUE É A LEI DE COTAS ................................................................................................. 22
7.2 - O QUE É DEFICIÊNCIA ..................................................................................................... 23
7.3 - CONTRATAÇÃO DE DEFICIENTES .................................................................................... 23
7.4 - QUESTÃO PREVIDENCIÁRIA ............................................................................................ 23
7.5 - VANTAGENS E DIFICULDADES NA CONTRATAÇÃO DE DEFICIENTES ............................... 24
8 - PESQUISA DE CAMPO ............................................................................................................ 25
8.1 - A EMPRESA ..................................................................................................................... 25
9 - ANÁLISE DE DADOS ............................................................................................................... 27
10 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................... 29
11 – BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................................... 31
APÊNDICE ................................................................................................................................... 33
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1 – INTRODUÇÃO
No contexto atual as diante das ameaças e oportunidades resultantes do estado
de desequilíbrio socioeconômico de diversos setores da sociedade mobilizam-se na
busca de respostas aos problemas crônicos de proporções globais. Desta forma, o
empreendedorismo social tem se tornado alvo de discussões seja no meio acadêmico ou
empresarial.
Para a execução deste projeto foi realizada uma pesquisa na empresa Ingleza
Indústria e Comércio Ltda., localizada na cidade de Santa Luzia – Minas Gerais, no
período de março a abril de 2008, com o intuito de evidenciar as ações antes da
obrigatoriedade da lei de cotas.
Assim levantamos o seguinte questionamento:
O que leva o empreendedor a ter/manter ações de empreendedorismo social
antes da obrigatoriedade da lei de cotas?
Para responder a este questionamento será necessário averiguar variáveis como:
• Razões que levaram a Ingleza a manter um setor que emprega apenas
portadores de necessidades especiais;
• Atendimento ou não da Lei de Cotas nas empresas;
• Perfil do empreendedor dentro do empreendedorismo social;
Trabalharemos com a hipótese de que se o número de famílias beneficiadas pelo
empreendedorismo social atinge o percentual de 4% exigido pela Lei de Cotas, então se
confirma à participação das empresas no investimento do setor social.
O objetivo geral desta pesquisa é verificar quais ações foram tomadas diante da
obrigatoriedade da Lei de Cotas e estas são mantidas pela Ingleza e a repercussão desta
em relação aos colaboradores, além de conhecer o seu perfil empreendedor na área do
empreendedorismo social.
O tema em questão, empreendedorismo social, particularmente a sua relação
com a Lei de Cotas chamou-nos atenção por teoricamente proporcionar melhor
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qualidade de vida para as pessoas atendidas neste processo de inclusão social, promover
o emprego, diminuir a exclusão social e acima de tudo, a criação de valor social para a
comunidade.
Segundo Neto e Froes (2002:12), o objetivo final do empreendedorismo social é
retirar as pessoas da situação de risco social e, na medida do possível, desenvolver-lhes
as capacidades e aptidões naturais, buscando propiciar-lhes plena inclusão social.
Buscaremos com base nos autores Neto e Froes e autores como Chiavenato,
Dolabela, Dornelas dentre outros, fundamentação teórica para comprovar que o
empreendedorismo social pode ser considerado como agente de transformação da
sociedade.
Um dos motivos para a escolha deste tema foi a oportunidade de fácil acesso de
informações teóricas e de contar com uma empresa que demonstrou interesse em abrir
as suas portas e nos fornecer informações necessárias para a realização da pesquisa e de
fácil localização.
O tema empreendedorismo social foi escolhido também, por se tratar de um
tema que vem sendo muito divulgado atualmente, a necessidade da sociedade conhecer
mais sobre o assunto e a criação da Lei de Cotas que possibilita a geração de empregos
pessoas portadoras de necessidades especiais.
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1.1 – METODOLOGIA
Esta é uma pesquisa qualitativa que buscou conhecer o trabalho de empreendedorismo
social da empresa Ingleza.
A metodologia foi dividida em 6 etapas:
1) Pesquisa bibliográfica
2) Contato preliminar com a diretoria da Ingleza com finalidade de
permissão da pesquisa.
3) Pesquisa de campo com entrevista estruturada realizada com o
proprietário e 4 funcionários portadores de necessidades especiais do
setor de fabricação velas.
4) Visita à empresa Ingleza foi de forma guiada com procedimentos éticos,
com a finalidade de proteção de informações industriais.
5) Realização de filmagens do espaço físico e estrutura da empresa,
entrevista com o proprietário e funcionários.
6) Análise da pesquisa de campo: discurso textual e comparativo com o
referencial teórico, discussão com o grupo e considerações finais.
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2 - EMPREENDEDORISMO
2.1 – ORIGEM
Empreendedorismo é uma tradução da palavra entrepreneursbip, popularizada
pela importação do inglês e originada da palavra francesa entrepreuneur que, segundo
Dornelas (2001), significa aquele que assume riscos e começa algo novo.
Este mesmo autor nos diz que, na Idade Média, empreendedor era o indivíduo
que gerenciava projetos de produção, utilizando os recursos disponíveis. Já no século
XVII, o empreendedor correspondia aos profissionais que realizavam acordos
contratuais, enxergavam oportunidades de negócios e assumiam riscos. A partir do
século XVIII, provavelmente devido ao processo de industrialização do mundo, houve
uma diferenciação entre capitalista e empreendedor.
Ainda segundo Dornelas (2001), no final do século XIV e no início do século
XX, os empreendedores foram confundidos com os gerentes ou administradores, o que
também ocorre nos dias atuais, sendo analisados como aqueles que fazem parte da
organização da empresa, planejam, dirigem e controlam as ações desenvolvidas nas
organizações, mas sempre a serviço do capitalismo.
2.2 – DEFINIÇÃO
Vários conceitos associam o termo empreendedorismo com inovação,
transformação e ousadia.
Segundo Dornelas (20031, citado por Dornelas, 2004), empreendedorismo
significa fazer algo novo, diferente, mudar a situação atual e buscar, de forma
incessante, novas oportunidades de negócio, tendo como foco a inovação e a criação de
valor.
1 Apud DORNELAS, 2003
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De acordo com Dolabela (1999:43), o empreendedorismo é utilizado para
designar os estudos relativos ao empreendedor, do seu perfil, suas origens, seu sistema
de atividades, seu universo de atuação.
Segundo o conceito de empreendedorismo desenvolvido pelo Serviço Brasileiro
de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE, o empreendedor é o indivíduo que
possui ou busca desenvolver uma atitude de inquietação, ousadia e pró-atividade na
relação com o mundo, condicionada por características pessoais, pela cultura e pelo
ambiente, que favorece a interferência criativa e realizadora, no meio em busca de
ganhos econômicos e sociais. 2
De acordo com Shumpeter 3 (1949, citado por Dornelas, 2001), o empreendedor
é o que destrói a economia existente para introduzir novos produtos e serviços, pela
inovação das formas de organização ou pela exploração de novos recursos e materiais.
“O empreendedor é a pessoa que inicia e/ou opera um negócio para
realizar uma idéia ou projeto pessoal, assumindo riscos e
responsabilidades e inovando continuamente”. (CHIAVENATO,
2005, pág. 3)
Dornelas (2004), conclui que podemos definir empreendedorismo de várias
maneiras, porém, a essência se resume em fazer diferente, empregar recursos
disponíveis de forma criativa, assumir riscos, buscar oportunidades e inovar.
3 - TIPOS DE EMPREENDEDORES
Acredita-se que ser empreendedor é um fenômeno individual, é ter um talento
que brota, e um potencial que o ser humano possui, porém necessita de algumas
2 Ver site SEBRAE: www.sebrae.com.br3 Apud SHUMPETER,19494 º P E R Í O D O D E A D M I N I S T R A Ç Ã O - N O I T E
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condições indispensáveis para gerar grandes efeitos na sociedade.
Conforme Dolabela (2003), as condições para ser empreendedor estão ligadas ao
ambiente macro, à democracia, à cooperação e à estrutura de poder. Ser empreendedor
também requer um conhecimento de um caminho bem complexo que imaginam e que
demanda uma visão bem ampla das causas e das conseqüências dos fatores que
vivenciam.
Dolabela (2000:25) define o empreendedor como uma pessoa que emprenha
toda sua energia na inovação e no crescimento, manifestando-se de duas maneiras:
criando sua empresa ou desenvolvendo alguma coisa completamente nova em uma
empresa persistente (que herdou ou comprou, por exemplo). Nova empresa, novo
produto, novo mercado, nova maneira de fazer, introduzir inovações, assumindo riscos,
seja na forma de administrar, vender, fabricar, distribuir ou de fazer propaganda dos
seus produtos e/ou serviços, sempre agregando novos valores.
Dentro das varias características que o empreendedor possui, destaca-se aquela
em que este agrega valor às economias mundiais. Segundo Bolton4, citado por Leite e
Oliveira (2007), pode destacar três tipos de empreendedores:
Empreendedor Corporativo
É aquele que, a partir de uma idéia, inicia novos negócios, inventa uma nova
técnica ou até uma nova forma de atuação comercial, sempre buscando transformar seus
produtos em um produto de sucesso. São pessoas que investem em seu desenvolvimento
dentro da organização, pessoas dotadas de iniciativa, que têm uma visão do futuro e que
favorecem o destaque no mercado de trabalho, da empresa, dos produtos e de si mesmo,
sempre respeitando a cultura e a política organizacional.
Empreendedor Interno
É aquele profissional que tem característica semelhante ao do empreendedor,
mas em vez de iniciar novos empreendimentos por iniciativa própria, colocando essas
4 Apud BOLTON, 1997
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capacidades ao serviço de uma empresa já existente, é um profissional independente que
gerencia suas ações sem vínculo específico com uma organização.
Empreendedor Social
São aqueles que assumem uma atitude pró-ativa no que se refere ou no que diz
respeito ao desenvolvimento integrado da sua comunidade, da sua cidade ou do seu
país, sempre promovendo mudanças, reunindo recursos e constituindo benefícios à
comunidade voluntária e terceiro setor. É aquele que contribui para a resolução de
problemas sociais, ligados à pobreza, às drogas, à integração de eficientes, à exclusão
social, etc. Normalmente colaboram com Organizações não Governamentais e com
instituições governamentais sem se refugiar na escassez de recursos.
Todas estas considerações nos fazem perceber que existem vários caminhos na
carreira empreendedora, mas é preciso saber que uma carreira empreendedora é ter o
conhecimento e visão do próprio futuro, pois o futuro empreendedor corre o risco de
não alcançar um grande sucesso em um negócio se optar por um campo ou área
desconhecida, procurar sempre conhecer a si próprio e buscar realizar seus projetos sem
ultrapassar os seus princípios e valores na organização.
4 - CARACTERÍSTICAS DE UM EMPREENDEDOR DE SUCESSO
Muitos pesquisadores apresentam diferentes resultados quando procuram
identificar as características de um empreendedor de sucesso.
Para Dutra (2001), o empreendedor é um indivíduo visionário, que aproveita as
oportunidades. Dentro das características citadas por ele está iniciativa, criatividade,
persistência e comprometimento.
Segundo Ângelo (2003), empreendedorismo envolve todas as fusões, atividades
e ações ligadas à percepção de oportunidades de criação. Ele destaca cinco elementos
fundamentais que caracteriza um empreendedor de sucesso: criatividade, força de
vontade, foco na geração de valor e disposição para correr riscos.
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De acordo com pesquisas desenvolvidas pelo SEBRAE5, algumas características
são decisivas para quem pretende se aventurar pelo mundo dos negócios. São elas:
- Assumir riscos
- Aproveitar as oportunidades
- Conhecer o ramo em que pretende atuar
- Saber organizar
- Saber tomar decisões
- Ter espírito de liderança
- Ter talento
- Ser independente
- Manter o otimismo
Baseada nas pesquisas do SEBRAE e dos autores DUTRA (2001) e ANGELO
(2003) definem-se algumas das características mais importantes de um empreendedor
de sucesso:
Visão Sistêmica: o empreendedor tem visão de como será o futuro para seu negócio e
ainda tem habilidade de implementar seus sonhos.
Tomada de Decisões: não se sentem inseguros, tomam decisões corretas na hora certa,
principalmente em momentos de adversidade, sendo isso muito importante para o
sucesso, e vão além, implementam suas ações rapidamente.
Determinação e Dinamismo: programam suas ações com total comprometimento,
atropelam adversidades, ultrapassam obstáculos, com uma vontade de “fazer acontecer”,
sempre dinâmico, cultivam certo inconformismo diante da rotina.
Dedicação: comprometem o relacionamento com amigos, família e até com a própria
saúde. São trabalhadores exemplares, encontrando energia para continuar, até quando
encontram obstáculos pela frente, são incansáveis e loucos pelo trabalho.
5 Disponível no site: www.sebrae.com.br
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Disposição para assumir riscos: o empreendedor assume vários riscos ao iniciar seu
próprio negócio: riscos financeiros, riscos familiares e riscos psicológicos. Eles
preferem situações arriscadas até o ponto em que podem exercer determinado controle
pessoal sobre o resultado, em contraste com situações de jogo em que o resultado
depende apenas de sorte. A preferência pelo risco moderado reflete a autoconfiança do
empreendedor.
Criatividade: buscam sempre realizar algo novo, diferente ou único. Percebem coisas
que normalmente passam despercebidas para os outros.
Iniciativa: é fazer o que precisa ser feito, sem que seja solicitado. É agir sem ser
mandado, conquistando sua própria autonomia. Quem tem iniciativa não gosta de
depender de ninguém para conquistar suas realizações e está sempre conduzindo várias
coisas ao mesmo tempo.
Segundo Hisrich (20046, citado por ADAIR 2007), um dos fatores mais
importante que leva um indivíduo a ter a atitude de empreender começa desde pequeno;
ele cita o ambiente familiar na infância, valores pessoais, idade, história profissional,
rede de apoio moral e rede de apoio profissional.
Para Adair (2007), por trás de um empreendedor de sucesso, há sempre uma
série de tentativas frustradas, por isso carregam consigo alguma história de fracasso.
Para o autor, é importante que o empreendedor conte com apoio moral dos amigos,
cônjuges e familiares, pois esta força se torna muito importante para o sucesso do
empreendedor.
5 - EMPREENDEDORISMO SOCIAL NO BRASIL
O empreendedorismo no Brasil inicia-se na década de 1990, tendo ocorrido a
criação de entidades, como Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e pequenas Empresas
- SEBRAE e Sociedade Brasileira para Exportação de Software - SOFTEX. Antes da
criação destas entidades raramente comentava-se sobre o empreendedorismo e a
iniciativa para a criação de pequenas empresas.6 Apud HISRICH, 2004
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A situação política e econômica do Brasil não era favorável e não ocorria um
apoio para o mercado empreendedor. Pode-se afirmar que o SEBRAE é um dos
principais órgãos do pequeno empresário, e que busca junto a essa entidade o apoio
necessário para instituir a sua empresa, e também a consultoria para a solução das
principais dificuldades do setor.
O início do empreendedorismo no Brasil nos anos 90 pode ser comparado ao
histórico da entidade SOFTEX, implantada com o objetivo de transportar as empresas
de software do Brasil ao mercado externo, através de inúmeras ações que resultavam ao
empresário de informática melhor capacitação em gestão e tecnologia.
Através dos programas elaborados pela SOFTEX em todos os países, juntamente
com universidades e cursos de informática, ocorreu o interesse da sociedade brasileira
para o assunto empreendedorismo. Este tema era desconhecido e desacreditado pelos
pequenos empresários.
O Brasil entrou neste milênio com potencial para desenvolver programas
importantes de ensino de empreendedorismo.
No gráfico abaixo, apresentamos dados estimados, coletados através de uma
pesquisa sobre Empreendedorismo, apoiada pelo SEBRAE, realizada pela Pontifícia
Universidade Católica do Paraná. Eles refletem a distribuição da população adulta no
país.
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Figura 1 - Distribuição da população adulta no país. Fonte SEBRAE
De cada 100 empreendedores brasileiros
• 31 residem nas regiões Norte/ Nordeste;
• 46 residem na região Sudeste;
• 23 residem nas regiões Sul/ Centro-Oeste.
De acordo com pesquisas da Global Entrepreneurship Monitor no ano de 20007,
o Brasil figura como um dos principais mercados com habitantes adultos que começam
um novo negócio.
Conforme Dornelas (2001), algumas ações desenvolvidas apontam a direção do
empreendedorismo:
1) Programas SOFTEX e GENESIS que apóiam atividades de
empreendedorismo em software, estimulando o ensino da disciplina em
universidades e a geração de novas empresas de software.
2) Ações voltadas à capacitação do empreendedor, como os programas
EMPRETEC e Jovem Empreendedor do SEBRAE.
3) Diversos cursos e programas criados nas universidades brasileiras para o
ensino do empreendedorismo.
4) Explosão do movimento de criação de empresas de Internet no país,
motivando o surgimento de entidades.
7 Ver site SEBRAE: www.sebrae.com.br
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5) Crescimento do movimento de incubadoras de empresas no Brasil.
Deve-se quebrar o paradigma de não reconhecer aquela pessoa que obtém
conquistas e ajudam a construir o país e gerar riquezas, que são na realidade os grandes
empreendedores.
6 - EMPREENDEDORISMO SOCIAL
Pode-se dizer que nos últimos anos a palavra empreendedorismo social tem se
tornado quase uma palavra da moda. Mas poucas pessoas sabem o que realmente
significa este termo nos dias atuais.
Neto e Froes (2002) apontam diferenças entre o empreendedorismo privado e o
empreendedorismo social. Para eles o empreendedorismo privado é de natureza
individual, produzindo bens e serviços para o mercado, indo à busca do lucro e
satisfação de seus clientes. O empreendedorismo social, objeto de estudo, é voltado para
o conjunto, tem como foco principal os problemas sociais envolvendo membros da
comunidade.
O objetivo final do empreendedorismo social é retirar as pessoas da situação de risco social e, na medida do possível, desenvolver-lhes as capacidades e aptidões naturais, buscando propiciar-lhes plena inclusão social (Neto e Froes, 2002:12).
No Brasil o termo "empreendedorismo social" passou a se popularizar nos anos
90, evidenciado pelo aumento da problematização social, com menores gastos do setor
público nesta área, evolução das organizações do terceiro setor e da participação das
empresas no investimento e ações na área social.
Com o aumento dos problemas sociais que atingem o Brasil, a exclusão social
tornou-se agravante na vida das pessoas, exigindo assim a participação de todos para
reverter esse quadro que atinge o país.
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Exige-se a mudança de atitude, relacionada para o desenvolvimento sustentável
da sociedade em geral, principalmente em comunidades desfavorecidas pela má
distribuição de renda.
6.1 - DESAFIOS DO EMPREENDEDORISMO SOCIAL
No empreendedorismo social os desafios estão ligados diretamente a
condicionamentos sociais, econômicos, políticos e, sobretudo culturais e ambientais.
Tem como objetivo principal a comunidade, que é o seu campo de atuação.
Para Neto e Froes (2006), as ações do empreendedorismo social para serem bem
sucedidas deverão seguir exigências como:
• Mudanças de comportamento da população;
• Preservação das culturas locais;
• Desenvolvimento de processos de participação;
• Introdução e pratica de novas formas de inserção social;
• Engajamento das pessoas no processo;
• Incentivo à iniciativa de auto-sustentação;
• Incentivo à adoção de comportamentos responsáveis e éticos;
• Autogeração de renda e emprego.
A partir dessas exigências é possível definir os desafios do empreendedorismo
social que são:
1. Mudar comportamentos da população;
2. Utilizar processos de participação
3. Inovar em termos de inserção social;
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4. Engajar pessoas no processo de empreendedorismo social;
5. Minorar os impactos indesejáveis na cultura local e no meio ambiente;
6. Assegurar o uso sustentável de áreas naturais;
7. Garantir a proteção das culturas locais;
8. Incentivar iniciativas de auto-sustentação;
9. Incentivar comportamentos responsáveis e éticos;
10. Produzir renda e criar empregos;
11. Criar uma cultura de auto-sustentabilidade;
12. Criar novas organizações sociais e torná-las mais atuantes;
13. Criar e implantar instrumentos legais e políticas públicas de incentivo ao
empreendedor social;
14. Melhorar a qualidade de vida das populações envolvidas;
15. Gerar alternativas econômicas para a população local;
16. Criar e implementar critérios conservacionistas de desenvolvimento
sustentável;
17. Administrar as pressões da comunidade;
18. Criar fontes viáveis de financiamento para as iniciativas empreendedoras
locais;
19. Criar novas fontes alternativas e não tradicionais de desenvolvimento
local e regional;
20. Toda a população, e não apenas um pequeno segmento populacional,
pode ser beneficiada;
A partir dos desafios é possível analisar as dimensões do empreendedorismo
social de ordem psicossocial de como mudar comportamentos, engajar pessoas no
processo de dimensão cultural preservando as culturas locais de dimensão econômica ao
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criar empregos, melhorar a qualidade de vida de dimensão política, como criar novas
organizações sociais de dimensão ambiental, como assegurar o uso sustentável dos
recursos naturais existentes de dimensão regulamentória/institucional, como criar e
implementar instrumentos legais e políticas públicas de incentivo ao empreendimento
social.
6.2 – BENEFÍCIOS
Como agente no processo de transformação da sociedade o empreendedorismo
social se caracteriza por diversos elementos. Conforme Neto e Froes (2002), esses
elementos são:
• Aumento do nível de conhecimento da comunidade local com relação
aos recursos existentes, capacidades e competências disponíveis em seu
meio;
• Aumento do nível de consciência da comunidade com relação ao seu
próprio desenvolvimento;
• Mudança de valores das pessoas que são sensibilizadas, encorajadas e
fortalecidas em sua auto-estima;
• Aumento da participação dos membros da comunidade em ações
empreendedoras locais;
• Aumento do sentimento de conexão das pessoas com a sua cidade, terra e
culturas;
• Estímulo ao surgimento de novas idéias que incluem alternativas
sustentáveis para o desenvolvimento;
• Transformação da população em proprietária e operadora dos
empreendimentos sociais locais;
• Inclusão social da comunidade;
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• Inclusão social da comunidade;
• Busca de maior auto-estima pelos membros da comunidade;
• Melhoria da qualidade de vida dos habitantes.
Para a comunidade, os benefícios são diversos, promovendo o emprego, diminuindo a
exclusão social acima de tudo a criação de valor social para a comunidade.
7 - LEI DE COTAS
Segundo o último censo realizado no Brasil em 2.000 pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatísticas – IBGE, 14,5% da população brasileira tinham algum tipo de
deficiência, o que dá aproximadamente 24,5 milhões de pessoas. Estas pessoas têm
grandes dificuldades para encontrar emprego, sofrendo discriminação e preconceito.
Mesmo quando sua insuficiência física não afeta o desempenho profissional, não
conseguem a vaga.
A partir da constituição de 1988, o Poder Público ficou obrigado a estabelecer
cotas para deficientes em seu quadro funcional (Art. 37, VIII). E, a partir da Lei de nº.
8.213, de 24 de junho de 1991 esta obrigação foi estendida a todas as empresas.
7.1 - O QUE É A LEI DE COTAS
A Lei 8.213/91 também conhecida como Lei de Cotas, determina cotas mínimas
de trabalhadores com algum tipo de deficiência para as empresas com 100 ou mais
empregados. De acordo com a Lei de Cotas, as empresas que têm entre 100 e 200
empregados devem reservar pelo menos 2% da quantidade de vagas disponíveis para
profissionais com deficiência. Já para as empresas que tem de 201 a 500 funcionários a
cota sobe para 3%; para as que tem de 501 a 1.000 funcionários a cota é de 4%; e
acima de 1.000 funcionários a cota estipulada pela lei é de 5%.
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7.2 - O QUE É DEFICIÊNCIA
De acordo com o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência
(CONADE), pelo Decreto 5.296/04, deficiência é "toda perda ou anormalidade de uma
estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o
desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano".
As pessoas com visão monocular (aquelas que tem deficiência visual em apenas
um olho), surdez em um ouvido, com deficiência mental leve, ou deficiência física que
não impossibilite à pessoa a execução normal das atividades do corpo, não são
beneficiados pela Lei 8.213/91.
7.3 - CONTRATAÇÃO DE DEFICIENTES
Segundo Denise Lapolla de Paula8, procuradora do Trabalho do MPT da
Segunda Região, em São Paulo, a contratação através da Lei de Cotas respeita a
Consolidação das Leis Trabalhistas. Ou seja, o deficiente não tem privilégios. O
deficiente contratado, não tem nenhuma vantagem em relação aos outros funcionários.
É importante ressaltar isso, até para deixar claro que ninguém é demitido para que o
deficiente seja contratado.
7.4 - QUESTÃO PREVIDENCIÁRIA
Segundo a advogada especialista em direito do trabalho Maria Lúcia Benhame,
em reportagem para o Jornal Última Instância, em maio de 2.007, embora existam
vários outros problemas para serem superados sobre a questão, não raro, a própria
família do deficiente, que é de baixa renda, não quer que ele trabalhe, e a razão é a
8 Ver site: www.abiquim.org.br
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perda do benefício previdenciário. Pois segundo a Lei Previdenciário 8.472/93, os
portadores de deficiência têm pagamento de benefício de prestação continuada.
Pela regra, se o portador de deficiência for considerado apto para exercer uma
função, ele perde o benefício, tendo a renda mensal cancelada definitivamente a partir
do momento que as condições que justificaram a concessão não estiverem mais
presentes.
Dessa forma, o deficiente que é demitido, recebe as verbas trabalhistas normais e
o seguro-desemprego. Mas no caso de não conseguir outra recolocação, ficará ao
desamparo, pois a partir do momento que aceitou um emprego perdeu o direito ao
benefício previdenciário.
7.5 - VANTAGENS E DIFICULDADES NA CONTRATAÇÃO DE DEFICIENTES
A inserção dos deficientes no mercado de trabalho esbarra em muitos percalços
que vão desde a dificuldade de acesso às empresas, à má qualidade dos transportes e das
vias públicas, passando ainda pela falta de estrutura nas empresas para receber os
deficientes, até as condições jurídicas envolvidas.
Segundo a coordenadora do Centro de Capacitação e Orientação para o Trabalho
da APAE-SP, Elisabeth Teixeira9, “o objetivo é identificar no mercado onde cada um se
encaixa”. Os portadores de deficiência, segundo ela, “possuem habilidades que, se bem
exploradas, se destacam, como acatar ordens, respeitar hierarquia e apresentar
assiduidade e pontualidade acima da média”.
“Eles se agarram à oportunidade com muito carinho e personalidade. A grande
dificuldade é a desinformação. Para a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), trata-
se de um profissional comum que não tem regalias, como horário reduzido de trabalho,
por exemplo,” explica Elisabeth.
9 Ver site: www.primeiramao.com.br
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8 - PESQUISA DE CAMPO
8.1 - A EMPRESA
A criação
No início dos anos 60 a Ingleza Indústria e Comércio Limitada, iniciou suas
atividades num galpão de 80m2. A produção era artesanal na fabricação de cera pasta,
cera para calçados e velas, utilizando fogão a lenha.
Estruturação
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PROJETO INTERDISCIPLINAR
Nos primórdios da década de 70, o número de funcionários aumentou; o
maquinário da fábrica se modernizou; o espaço físico cresceu, e o mix de produto
aumentou, principalmente nos setores de ceras, desinfetantes e detergentes. Algumas
ceras especiais como a vermelhão, a pigmentada, a preta e a emulsionada, ganharam
espaço na produção.
Em 2004, inaugurou sua nova unidade industrial em Santa Luzia, município da
região metropolitana de Belo Horizonte, conquistando a vice-liderança nacional do
segmento de multiuso e o selo ABRINQ, como empresa Amiga da Criança. Hoje ela
conta com 527 funcionários dos quais 12 são portadores de deficiência auditiva e visual.
Ingleza Cidadã
Segundo informações da própria empresa, a saúde, a qualidade de vida e o bem-
estar dos milhões de consumidores da Ingleza espalhados de Norte a Sul do país são as
principais preocupações da empresa quando inicia o processo de desenvolvimento de
um novo produto. Esse "tripé" de cuidados especiais orienta todo o processo produtivo
da empresa, buscando garantir comprometimento da com as pessoas e com o meio
ambiente.
O termo responsabilidade social, segundo consta, faz parte da história da Ingleza
desde a sua fundação, há 48 anos. O respeito às exigências da legislação e ao padrão
internacional de proteção à saúde na fabricação de produtos, aliado à condição digna de
trabalho dos funcionários, são mostras da preocupação com o próximo que a empresa
estabelece como filosofia de vida no relacionamento com todos os seus públicos. Para a
Ingleza, abraçar uma causa social é contribuir para transformar a realidade e o futuro de
quem acredita numa oportunidade de vida nova.
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PROJETO INTERDISCIPLINAR
Fonte: Ingleza
Dentro da fábrica, a empresa dedica vagas de trabalho para os portadores de
necessidades especiais, principalmente os deficientes visuais e auditivos agindo dentro
do conceito de responsabilidade social. A Ingleza foi uma das pioneiras no Brasil na
contratação desta mão de obra especial, muito antes de se falar na lei de cotas nas
empresas. Para a empresa, “eles são ‘eficientes’ e não deficientes”.
9 - ANÁLISE DE DADOS
O empresário Sr. Mozar atua no mercado como empreendedor há mais de 40
anos. Um dos sinais de visão empreendedora do Sr. Mozar, pode ser visto quando ele
montou sua mercearia em 1958, onde comercializava laticínios e depois de algum
tempo, passou a vender a “cera ingleza”. Além de vender, também aprendeu a fazer a
cera e em 1959 / 60, comprou a marca INGLEZA e se tornou o proprietário desta
grande empresa.
Segundo ele, a empresa começou com apenas um funcionário, que era ele.
Atualmente, ele conta com um número de 527 funcionários. O primeiro produto a ser
fabricado era a cera em pasta, sendo que hoje eles contam com um portifólio muito
maior, oferecendo produtos de limpeza e bem estar para seus clientes.
Para o Sr. Mozar, o trabalho social é indispensável para o sucesso da empresa.
Com isso, a Ingleza, muito antes da Lei de Cotas, contrata portadores de necessidades
especiais, dentre eles os deficientes visuais e auditivos que começaram a ser contratados
em 1975.
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PROJETO INTERDISCIPLINAR
Atualmente, a empresa conta com um quadro de quatro funcionários que
possuem deficiência visual que atuam no setor de produção de velas. Segundo o Sr.
Mozar, não existe um treinamento padrão para esses funcionários, sendo que o
treinamento é feito pelos próprios colegas de trabalho, porém, a preocupação com o
bem estar desses funcionários vai muito além. Além de proporcionar o bem estar do
funcionário disponibilizando local de descanso, lazer e ainda refeição balanceada, ele
disse que pretende fazer com que a distância percorrida por esses funcionários na
trajetória da casa para o trabalho seja a menor possível e para isso, analisa a
possibilidade de trazer esses funcionários para morarem mais perto da empresa,
Na entrevista com os portadores de necessidades especiais, podemos analisar
que houve uma facilidade de adaptação para a execução da embalagem das velas.
Segundos os funcionários entrevistados, não houve qualquer tipo de dificuldade
no processo seletivo e no aprendizado do serviço. Relataram que a relação entre os
colegas de trabalho é muito boa e que não existe nenhum tipo de discriminação por
parte da empresa no geral.
Para o Sr. Sebastião, deficiente visual que trabalha há 25 anos na empresa, o
trabalho trouxe uma grande mudança em sua vida, pois proporcionou uma nova rotina
em que ele pode conhecer e conviver com novas pessoas.
Já para Claudecir ingressou na empresa com deficiente auditivo e hoje também
deficiente visual, trabalha há 17 anos na Ingleza, o emprego também trouxe uma grande
mudança, tanto financeira quanto familiar. Com o dinheiro, ajudou sua mãe e hoje,
sustenta sua família que é composta pela esposa e três filhos.
Claudecir ao relatar sua história de vida deixou um grande incentivo e exemplo,
disse que pretende estudar e procurar sempre melhorar suas oportunidades.
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10 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Muito se discute sobre a efetiva participação dos portadores de necessidades
especiais na sociedade e até que ponto eles podem, dentro de suas limitações, participar
do mercado de trabalho de forma ativa.
A inclusão dos portadores de necessidades especiais no mercado de trabalho, em
um primeiro momento, era tratada como uma questão de inclusão social, sendo que,
através de programas específicos governamentais, as empresas ao contratar portadores
de necessidades especiais, receberiam benefícios.
A questão da inclusão dos portadores de necessidades especiais a partir de 1.989
deixa de ser social para ser legal. Com a promulgação da lei 7.853, houve mudanças na
legislação, e especificamente o artigo 93 da lei 8.213/91, que determina a quantidade de
cotas a serem preenchidas por deficientes em razão proporcional ao número de
empregados da empresa. E ainda, entraram em vigor os Decretos 3.298 de 1.999 e 5.296
de 2.004, ambos focados na questão da inclusão de portadores de necessidades
especiais.
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PROJETO INTERDISCIPLINAR
Após a análise das entrevistas verificou-se que a Ingleza, com uma visão
empreendedora, mas com os olhos voltados para o social, inclui, em seu quadro de
funcionários, mesmo antes da obrigatoriedade da Lei de Cotas, portadores de
necessidades especiais que trabalham ativamente na linha de produção.
A inclusão dessas pessoas resgata a auto-estima, a confiança em si mesma,
maior comprometimento com o trabalho e a esperança de um futuro mais promissor.
Através desta pesquisa, conseguimos verificar e comprovar que o que leva o
empreendedor a ter/manter ações de empreendedorismo social antes da obrigatoriedade
da lei de cotas é o comprometimento que ele tem com a sociedade com a consciência de
que para o crescimento como ser humano e até mesmo da empresa, depende de um
mundo melhor. Outro fator que corrobora nossa pesquisa é que o governo, sozinho, não
consegue dar assistência a todos, de forma que as empresas precisam cumprir o seu
papel social, procurando de alguma forma minimizar as dificuldades que os portadores
de deficiência têm para a inserção em um mercado de trabalho cada vez mais
competitivo fazendo isso com a consciência, independente de leis que os obriguem a
quaisquer ações.
Conclui-se com este projeto, que o caráter empreendedor pode estar diretamente
ligado às ações sociais, especificamente na inclusão de portadores de necessidades
especiais no mercado de trabalho, enxergando que a ação social não seja simplesmente
um tipo de caridade, mas sim que o empreendedorismo social repercute de modo
positivo na sociedade.
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PROJETO INTERDISCIPLINAR
11 – BIBLIOGRAFIA
• ADAIR, Marcelo Marinho. Empreendedorismo. São Paulo: Thomson, 2007.
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Empreendedores Brasileiros, Vivendo e Aprendendo com grandes nomes. Rio de
Janeiro: Campus (2003).
• BRITO, Vanessa. Do empreendedorismo empresarial ao social: Mudanças de
paradigmas, em curso desde a segunda metade do século XX, geraram novo
conceito e prática de empreendedorismo. Disponível em:
<http://www.sebrae.com.br> consulta em 03 mar./2008.
• CHIAVENATO, Idalberto. Empreendedorismo: Dando asas ao espírito
empreendedor. São Paulo: Saraiva, 2005.
• DIANA, Mariana. Empresas têm dificuldade para preencher cota de
deficientes. Disponível em <http://www.ultimahoranews.com.>Consulta em 06
abr./2008.
• DOLABELA, Fernando. Oficina do Empreendedor. São Paulo: Cultura, 1999.
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PROJETO INTERDISCIPLINAR
• DOLABELA, Fernando - Pedagogia Empreendedora. São Paulo: Editora Cultura, , 2003.
• DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo: Transformando Idéias
em negócios. Rio de Janeiro: Elsevier, 2001.
• DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo Corporativo. São Paulo:
Elsevier, 2003.
• DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo Corporativo: Conceitos e
Aplicações - Revista de Negócios, Blumenau, abril/junho 2004.
• DRUCKER, P.F. Inovações e espírito empreendedor. São Paulo: Pioneira,
1986.
• KORNIJEZUK, Fernando Bandeira Sacenco. Características Empreendedoras
de Pequenos Empresários de Brasília. Disponível em: <
http://www.unb.br>.BRASILIA, 2004. Consulta em 05 abr./2008.
• LEITE, Andréia e OLIVEIRA, Filipe. Empreendedorismo e Novas Tendências.
Disponível em: <http://www.editvalue.com>. Consulta em 04/04/2008
• NETO, Francisco P. de Melo. Empreendedorismo Social: A Transição para a
Sociedade Sustentável. Rio de Janeiro: Editora Qualitymark, 2002.
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PROJETO INTERDISCIPLINAR
APÊNDICE
Questionário para Pesquisa de Campo da
Faculdade Novos Horizontes
Sobre a Empresa
1 – De onde surgiu a idéia da criação da Ingleza?
2 – Quais foram as dificuldades enfrentadas para a abertura da empresa?
3 – A empresa começou com quantos funcionários?
4 – Atualmente, quantos funcionários compõem o quadro da empresa?
5 – No início da empresa, quais eram os produtos oferecidos? Existia algum diferencial?
6 – Para o senhor, o que significa o termo “empreendedorismo”?
7 – Em sua opinião, quais as características necessárias para ser considerado um
empreendedor?
Sobre a Lei de Cotas
1 – Quando o senhor decidiu contratar deficientes visuais em sua empresa?
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PROJETO INTERDISCIPLINAR
2 – Houve algum treinamento? Quais eram as maiores dificuldades encontradas?
3 – Houve dificuldades na adaptação do ambiente de trabalho para que o acesso ao setor
fosse mais fácil?
4 – Houve algum tipo de discriminação por parte dos outros funcionários?
5 – O senhor ao contratar deficientes visuais já tinha conhecimento da Lei de Cotas?
6 – Qual parecer e sugestões o senhor daria aos empreendedores que ainda não aderiram
à Lei de Cotas?
Para os portadores de deficiência visual
1 – Como você tomou conhecimento sobre a oportunidade de trabalhar nesta empresa?
2 – Houve alguma dificuldade em relação ao processo seletivo?
3 – As adaptações feitas pela empresa os atende satisfatoriamente?
4 – O que mudou na sua vida e de seus familiares com esta oportunidade de trabalho?
5 – Em algum momento você se sentiu discriminado por seus colegas de trabalho?
6 – Quais são suas expectativas com relação ao futuro?
7 – Que incentivo você daria para outros portadores de deficiência com relação à busca
por um emprego?
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