projeto final de graduaçao

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Trabalho Final de Graduação Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP Faculdade de Engenharia Civil Arquitetura e Urbanismo aluno: Rodrigo Argenton Freire orientador: Evandro Ziggiatti Monteiro 1. edifício cooperativo; uma central para triagem de materiais recicláveis.

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Edificio cooperativo; central para triagem de materiais reciclaveis.

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Trabalho Final de GraduaçãoUniversidade Estadual de Campinas - UNICAMPFaculdade de Engenharia Civil Arquitetura e Urbanismo

aluno: Rodrigo Argenton Freireorientador: Evandro Ziggiatti Monteiro

1. edifício cooperativo; uma central para triagem de materiais recicláveis.

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1. Apresentação 5

2. Ato, ação e objeto 6

3. Contextualização 19

4. Motivações 29

5. Cenários: existente 39

6. Cenários: proposto 47 7. Material de apoio 51

8. Leitura do local 77

9. Projeto 97

10. Bibliografia 113

Sumário

Page 3: Projeto Final de Graduaçao

apresentação

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Nas calçadas, envoltos em límpidos sacos plásticos, os restos da Leônia de ontem aguardam a carroça do lixeiro. Não só em tubos retorcidos de pasta de dente, lâmpadas queimadas, jornais, recipientes, materiais de embalagem, mas também aquecedores, enciclopédias, pianos, aparelhos de jantar de porcelana: mais do que pelas coisas que todos os dias são fabricadas, vendidas e compradas, a opulência de Leônia se mede pelas coisas que todos os dias são jogadas fora para dar lugar às novas. Tanto que se pergunta se a verdadeira paixão de Leônia é de fato, como dizem, o prazer das coisas novas e diferentes, e não o ato de expelir, de afastar de si, expurgar uma impureza recorrente(...) (CALVINO, 2000)

7__X

apresentação

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apresentação

Consequência direta de um modelo de consumo intenso e baseado na rápida subsitituição de produtos, a geração de resíduos configura-se como um desafio a ser enfrentado pelas cidades. Nesse sentido, o presente trabalho adota o processo reciclagem como foco de atuação por entender que se trata de uma alternativa viável ao atual modelo, baseado em aterros controlados ou lixões1, e utilizado por cerca de 87% dos municípios brasileiros(CEMPRE - Compromisso Empresarial para Reciclagem, 2010). Em “Vida para consumo”, Zygimunt Bauman (2008) menciona a crescente produção de lixo ao explicar o fenômeno do consumismo como um atributo da sociedade. Para ele, os atuais padrões de consumo não são regidos pelo surgimento de novos produtos, mas sim pela criação de novas necessidades, nem sempre essenciais. A maioria dos produtos perde rapidamente o seu significado e valor. Tratam-se de objetos projetados para atingir a obsolescência, de forma a exigir uma produção contínua de bens que são substituídos e jogados fora de maneira tão rápida quanto sua produção. Mas o que acontece com o produto após a sua substituição ou o seu descarte? Sabemos que a caixa de papelão, os flocos de isopor e o plástico-bolha que protegem nossa televisão, antes que ela ocupe o centro da sala, não desaparecem ao serem colocados em sacos plásticos na calçada. A própria televisão, utilizada por um determinado período de tempo e subsitituída por um modelo novo, deverá ser descartada. Em analogia à Lei de Lavoisier: Não se cria e nem se elimina a matéria, apenas a sua transformação é possível. Independentemente da sua destinação final, os componentes de um determinado resíduo irão se decompor. Mas entram aqui algumas questões que devem nortear a opção por um sistema mais

1 Caracterizam-se como lixões áreas onde o descarte de lixo é feito a céu aberto, sem cuidados como proteção do solo ou com a cobertura dos resíduos. Já nos aterros controlados, os resíduos recebem uma cobertura com material inerte (entulho ou material argiloso), mas a contaminação do solo não deixa de ocorrer. Os aterros sanitários configuram-se como uma obra de engenharia, seguindo critérios técnicos mais rigorosos, onde o lixo permanece confinado de modo seguro, o que minimiza as agressões ambientais.

Gráfico 1 - 85% do lixo coletado tem como destino os aterros e lixões.(CEMPRE, 2010)

Figura 1 (ao lado) Objetos descartáveis?(BROKECOMICS, 2011)

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limpo e eficaz: o tempo para se decompor, a área que ocupa e o impacto ambiental causado. A utilização de aterros (sanitários ou controlados) e lixões, no entanto, requer que grandes áreas sejam destinadas a esse fim. No caso dos lixões e aterros controlados, o acúmulo de lixo pode ainda trazer sérios problemas de saúde, com a contaminação do lençol freático ou a transmissão de doenças. Em tempo, vale lembrar que os lixões ou aterros são localizados próximos a áreas industriais, bairros pobres ou favelas, como é o caso da favela do Bamburral, ao lado do aterro sanitário Bandeirante, no município de São Paulo (Imagem 2). Enquanto isso, a opção pela reciclagem ou reutilização de materiais apresenta-se como significante alternativa para as indústrias e cidades. Permite o reaproveitamento de materiais nos processos industriais e pode contribuir significativamente com a diminuição dos custos do setor público e favorecer economicamente a população, organizada em cooperativas de reciclagem, através da coleta, triagem e venda dos materiais recicláveis A importância de uma cooperativa de reciclagem não se limita aos benefícios econômicos e ambientais conseguidos através da sua própria atuação na coleta e venda dos materiais. É também importante agente de transformação social ao ser, enquanto instituição (ou empresa), gerida democraticamente por pessoas que voluntariamente se associam na busca de satisfazer as suas necessidades culturais, econômicas ou sociais2. As contribuições desse modelo de negócio para a redução da pobreza, geração de empregos e inclusão social levaram a ONU a considerar 2012 como o “Ano Internacional do Cooperativismo”. Mas, se o valor de um produto está relacionado muito mais à sua natureza enquanto novidade do que à sua real utilidade, qual o significado, em uma outra escala, de um edifício que durante anos serviu como, por exemplo, vetor do desenvolvimento industrial de um município e hoje, obsoleto, encontra-se praticamente abandonado? Como objeto, em uma escala urbana, o edifício independe

2 Definição por International Co-operative Alliance - www.ica.coop.

Imagem 1 - O aterro Bandeirante e a favela Bamburral (GOOGLE, 2011).

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Gráfico 2 - Número de municípios com coleta seletiva. (CEMPRE, 2010)

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apresentação

do sujeito que o conhece3. Possui existência e história própria. Ou seja, assim como um aparelho celular não perde o seu significado funcional ou simbólico (enquanto representante de uma mudança tecnológica), um edifício também não perde totalmente o seu valor ao deixar de desempenhar a função para qual foi projetado. Um vez inserido no espaço urbano, desprende-se do lote e das funcionalidades internas e passa a contribuir com a formação de uma paisagem, constituída não só pelo elementos físicos mas também históricos e sociais. Estabelecidos os papéis da reutilização ou reciclagem de materiais como alternativas ao processo produtivo e da gestão dos resíduos urbanos; além dos benefícios ambientais, econômicos e sociais; o presente trabalho adota um cenário de funcionamento baseado no desenho de uma rede, gerida cooperativamente, responsável pela coleta dos materiais recicláveis no município de Indaiatuba, SP. É proposto então o projeto de uma central de triagem, beneficiamento, e venda dos materiais recicláveis em uma antiga indústria, a Villanova S.A Metalurgica e Fundição, localizada no centro do município de Indaiatuba-SP. Respaldado na ideia de que o retrofit do edifício caracteriza-se como meio de preservação das suas relações históricas e arquitetônicas, além de possibilitar um menor impacto ambiental em relação a um novo edifício, a escolha do galpão, enquanto local, estende-se para uma discussão acerca da atual função dada a os centros urbanos em nossas cidades.

3 VILHENA, Vasco de Magalhães. Progresso, História Breve de uma Ideia. Lisboa, Editorial Caminho, 1979. Pag. 196.

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ato, ação e objeto

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ato, ação e objeto: desenvolvimento de uma proposta de uma rede para coleta dos materiais recicláveis

e o projeto arquitetônico de uma central de triagem.

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ato, ação e objeto

Entende-se como ato, um comportamento orientado com objetivos e fins definidos formado a partir de 4 elementos principais (E.Rogers apud Santos, M. 2009).

1- um comportamento orientado; 2- que se dá em situações; 3- que é normativamente regulado; 4- que envolve um esforço ou uma motivação

A ação, por sua vez, é compreendida por A. Giddens (1978) como um conjunto de atos ou como um processo formado de subprocessos, atos consecutivos. Ou seja, os atos estabelecem relações de suporte, direta ou indiretamente, entre si de forma a totalizarem-se enquanto ação. O objeto, embora esteja relacionado muitas vezes a existência física, é aqui utilizado como o resultado final de uma ação. Nesse sentido, o presente trabalho é, enquanto ação: o projetar; e os atos, que constituem como componentes de auxílio, ao processo de projeto, são descritos abaixo:

1- levantamento da atual situação da coleta seletiva em Indaiatuba, a partir dos dados disponibilizados pelo próprio município, no sentido de auxiliar o desenho da rede. 2- estudo territorial do município de Indaiatuba, através de documentos e imagens. 3- análise espacial e funcional dos galpões utilizados por cooperativas em funcionamento, a partir de visitas técnicas. 4- estudo da atual situação dos catadores de material reciclável no município de Indaiatuba, a partir de entrevistas, de forma a fornecer subsídios para o desenho da rede de coleta. 5- caracterização do entorno próximo ao local do

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projeto, através do levantamento de fluxos, gabarito, tipologias, vetores de desenvolvimento etc.. 6- caracterização do galpão existente enquanto elemento arquitetônico e histórico. 7- estabelecimento de um cenário desejável para o funcionamento da rede e do galpão de triagem. 8- desenvolvimento das diretrizes projetuais para a rede e para o galpão.

Por fim, são determinados como objetos deste projeto:

1- o desenho da rede municipal de coleta de materiais recicláveis, em um cenário de funcionamento cooperativista no município de Indaiatuba.

2- o projeto de retrofit e readequação do galpão industrial “Alfredo Villanova S.A.”, incluído no cenário de funcionamento da rede proposta.

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situação territorial município de Indaiatuba - SPdados, topografia, imagenssetorização da rede

cooperativas de reciclagemem funcionamentofluxos, ambientes, qualidade do ambientereferências positivas ou negativas

catadores de material reciclávelno município de Indaiatubaentrevistasatuação. problemas enfrentados

galpão (Central de triagem)entorno próximofluxos, tipologias, gabarito etc...diretrizes projetuais

galpão (Central de triagem)elementro histórico e arquitetônicoplantas, fachadas, técnica construtiva etc...critérios de intervenção

cenário propostocooperativismodados e conclusões critérios projetuais

diretrizescenário propostoquantificação, fluxos, materiaisprojeto

situação da coleta seletivamunicípio de Indaiatuba - SPdados municipaispadrões quantitativos e qualitativos

comportamento orientadosituaçõesregulações, processosesforço ou motivação

ação

atos

Aspectos sociais da reciclagem

atos analíticos e descritivos

atos propositivos

Objeto: o desenho da rede municipal de coleta de materiais recicláveis, em um cenário de funcionamento cooperativista no município de Indaiatuba

Objeto: o projeto de retrofit e readequação do galpão industrial “Alfredo Villanova S.A.”, incluído no cenário de funcionamento da rede proposta.

Atribu

tos dos edifício

Elementos do município

A reciclagem no município

Aspe

ctos

pol

ítico

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ciais

Elementos de projeto

Figura 2 - XXXXXX

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ato: contextualização

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Preocupações ambientais em escala global e regional. Apesar das preocupações ambientais ocorrerem de forma pontual ao longo da história, é a partir do fim da década de 60 que o tema ganha foco. Na década de 70, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), é criado com o objetivo de incentivar e apoiar o crescimento sustentável das nações em desenvolvimento, a partir de políticas e ações que visam a proteção do meio ambiente. Ainda sob responsabilidade da ONU, em 1987, é publicado um documento chamado de “Nosso Futuro Comum” ou “Relatório Brundtland” no qual é estabelecida a definição de desenvolvimento sustentável como “(...) a capacidade de atender às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades.” (CMMAD (COMISSÃO MUNDIAL DE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO), 1991). A partir do Relatório Brundtland, outros eventos e publicações são feitos na década de 1990, em que países assinam acordos se comprometendo a agir em prol de um desenvolvimento comum. Um desses importantes eventos ficou conhecido como ”Rio92”, cujo resultado foi a publicação de um programa de ação chamado agenda 21. Em escala local, no caso da Região Metropolitana de Campinas (RMC), foi divulgada em 2007 a “Carta de Indaiatuba” (anexo I), documento que estabelece ações conjuntas dos municípios para promover um desenvolvimento sustentável nos próximos 10 anos. Dentre as propostas da carta, uma delas diz respeito à gestão dos resíduos sólidos na região.

“Viabilizar um sistema metropolitano de resíduos sólidos, contemplando a formulação de um Plano Sócio-Ambiental Metropolitano de Resíduos Sólidos, a produção consorciada de biocombustíveis a partir da coleta de óleos usados e a realização de um Fórum Metropolitano de Inclusão Sócio-Econômico e Ambiental dos Catadores de Materiais Recicláveis. O sistema

contextualização

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regional irá contemplar a viabilização de uma central metropolitana de reciclagem e compostagem, (...) uma rede de ecopontos para produtos descartáveis, para resíduos sólidos e inertes, pneus, baterias, pilhas e outros produtos perigosos (...).” (I SEMINÁRIO RMC DO MEIO AMBIENTE, 2007)

Embora elaborada em 2007, as propostas da ´Carta de Indaiatuba´ ainda permanecem no papel e poucas atitudes, ou praticamente nenhuma, foram adotadas entre os municípios, incluindo a questão dos resíduos sólidos.

Desenvolvimento sustentável e o processo de produção sustentável

No relatório Brundtland, dividido em três partes principais – Preocupações comuns, Desafios comuns e Esforços comuns – são levantados dados, questionamentos e propostas de soluções que constituem como uma agenda global para a mudança. Em referência ao desenvolvimento industrial, e em específico ao uso dos recursos naturais, dois capítulos inteiros fazem referência à necessidade de uma mudança significativa no processo produtivo. E por processo produtivo, entende-se também a fase pós-uso de um produto e sua destinação final.

“A indústria e seus produtos exercem um impacto sobre a base de recursos naturais da civilização ao longo de todo o ciclo de exploração e extração de matérias-primas, sua transformação em produtos, consumo de energia, formação de resíduos, uso e eliminação dos produtos pelos consumidores. Tais impactos podem ser positivos, melhorando a qualidade de um recurso ou ampliando seus usos; ou podem ser negativos, devido à poluição causada pelo processo e pelo produto, ou ainda ao esgotamentoou deterioração dos recursos.” (Nosso Futuro Comum, 1991)

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O documento Agenda 21 também traz a necessidade de mudanças no modelo utilizado para tratamento e destinação dos resíduos sólidos, indicando que o preço os serviços, como aterros sanitários, poderiam ter o custo dobrado em apenas alguns anos.

“The exhaustion of traditional disposal sites, stricter environmental controls governing waste disposal and increasing quantities of more persistent wastes, particularly in industrialized countries, have all contributed to a rapid increase in the cost of waste disposal services. Costs could double or triple by the end of the decade. Some current disposal practices pose a threat to the environment. As the economics of waste disposal services change, waste recycling and resource recovery are becoming increasingly cost-effective. Future waste management programmes should take maximum advantage of resource-efficient approaches to the control of wastes. These activities should be carried out in conjunction with public education programmes. It is important that markets for products from reclaimed materials be identified in the development of reuse and recycling programmes.“ (Agenda 21, 1992)

O documento também defende o encorajamento, através de políticas públicas, às indústrias e atividades industriais eficientes que priorizem fontes renováveis de energia e recursos naturais. (Nosso Futuro Comum, 1991, p. 238). Tal encorajamento deveria ocorrer através do estabelecimento de metas, regulamentações, incentivo e padrões ambientais. No Brasil, o último exemplo de regulamentação que visa a promoção de um desenvolvimento sustentável é a aprovação da lei que institui a “Política Nacional dos Resíduos Sólidos”-(Lei Federal N°12.305/2010). As regulamentações, no entanto, podem constituir mudanças significativas no funcionamento das empresas e muitas vezes geram a necessidade de um aumento no capital para satisfazer as obrigações impostas pela legislação. Muitas dessas empresas, em especial as pequenas e médias, são incapazes de custear as mudanças

contextualização

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necessárias. É com essa noção de realidade que o relatório explicita a necessidade de um suporte por parte poder público.

“As empresas de pequena e média escala, que constituem o maior segmento da indústria em muitas nações, necessitam de informações e, em certos casos, de assistência técnica e financeira do setor público. (...) Os governos devem encorajar os esforços cooperativos entre as pequenas empresas – por exemplo, em pesquisas conjuntas sobre questões ambientais, ou no uso comum dos sistemas de controle da poluição e de tratamento dos rejeitos.” (Nosso Futuro Comum, 1991)

Pode-se concluir que a reutilização e reciclagem de materiais são processos alternativos aos aterros sanitários importantes. A existência de um centro comum destinado ao tratamento correto dos resíduos permite a adequação dessas empresas à legislação, diminui os custos e aumenta o volume de resíduos tratados. Além disso, suporta uma ação conjunta dos municípios no desenvolvimento de tecnologias para aprimoramento dos sistemas e no apoio às cooperativas de catadores de material reciclado.

Reciclagem e os catadores de material reciclável

A reciclagem não é um conceito surgido a partir das preocupações de ambientalistas. É, na verdade, uma preocupação e uma atitude que ocorre muito antes, em sociedades que se viam em situação de escassez dos recursos necessários à manutenção do desenvolvimento. Entretanto, é somente após a revolução industrial que a reciclagem passa a ser vista como oportunidade de negócios. Nos Estados Unidos, por exemplo, surge, em 1913, a 1° associação voltada para as indústrias de reciclagem A crise de 1929 também é um exemplo de um período em que pessoas passaram a comercializar peças usadas de metal e outros materiais.(THE ECONOMIST, 2007)

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contextualização

Do ponto de vista ambiental, um estudo conduzido pela Universidade da Dinamarca em que verificou 55 análises de ciclo de vida dos materiais em três cenários diferentes: reciclagem, aterros ou incineração, concluiu que em 83% dos cenários a reciclagem apresenta-se como melhor opção em termos ambientais. Os benefícios variam entre a diminuição no uso dos recursos naturais, na emissão de gases responsáveis pelo efeito-estufa e no uso de energia. Só como exemplo, a utilização de alumínio reciclado pode reduzir em 95% o consumo de energia. No Brasil, a reciclagem possui uma grande importância social e econômica, representada na atuação dos catadores de materiais recicláveis e das cooperativas de reciclagem. Entre catadores associados a cooperativas e catadores independentes, estima-se que cerca de 1.000.000 de pessoas tenham a reciclagem como fonte de renda. Em tempo, 90% daquilo que é reciclado no país passa pela mão dos catadores. (MNCR MOVIMENTO NACIONAL DOS CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS, 2009) No entanto, enquanto 98% do alumínio consumido no país é reciclado, o índice de reciclagem no país é de cerca de 13% (incluindo papéis, plásticos, vidros, alumínios etc...). (CEMPRE, 2010). Uma possível explicação para tal diferença refere-se ao valor agregado do alumínio e sua fácil obtenção no meio urbano. Segundo o CEMPRE (Compromisso Empresarial pela Reciclagem), uma associação sem fins lucrativos dedicada a promoção da reciclagem e gerenciamento integrado do lixo, a alternativa para aumentar o índice de resíduos reciclados é o investimento na capacitação, desenvolvimento de tecnologias e financiamento voltados aos catadores e às Cooperativas. A instituição da Política Nacional de Resíduos Sólidos é um estímulo à consolidação do processo de reciclagem como destinação final do lixo. A Lei ainda prevê o estímulo ao desenvolvimento de cooperativas e de parcerias público-privadas para implantação de redes integradas para o tratamento dos resíduos sólidos urbanos. Nesse contexto, o estímulo dado à reciclagem deve-se traduzir em uma otimização do processo, respaldado no seu valor social e econômico.

1999

2001

2004

2006

2009

150.000

500.000

1.000.000

Gráfico 3 - Evolução do número de catadores (CEMPRE, 2010)

Gráfico 4 - Proporção entre taxa de reciclagem do alumínio e índice de reciclagem no país (ABRELPE, 2010)

98%

13%

2008

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Dessa maneira, é necessário criar meios que permitam o maior aproveitamento dos materiais reciclados, através do desenvolvimento tecnológico, da capacitação e de um gerenciamento integrado.

O Papel social das Cooperativas

Uma crise é um estado de transformação, um momento decisivo em que tensões e instabilidades atigem o nível máximo e a mudança se torna inevitável. Crises implicam no questionamento de crenças e hábitos, e requer um ajuste na nossa percepção e em nosso modelos vigentes.

(Verb Crisis, 2008. tradução do autor)

Segundo Ban Ki-moon, secretário geral da ONU, as cooperativas são uma “lembrança para toda a comunidade de que é possível atingir tanto a viabilidade econômica quanto a responsabilidade social”. A recente campanha, lançada pela ONU, que promove o ano de 2012 como o “Ano Internacional do Cooperativismo” é resultado dessa avaliação a respeito da contribuição do cooperativismo na promoção da igualdade social e econômica. O modelo cooperativista é definido, pela “Aliança Internacional pelo Cooperativismo (ICA)” como:

“(...)uma associação autônoma de pessoas unidas volutariamente com o objetivo de atingir as suas aspirações e necessidades econômicas, sociais e culturais através de uma empresa de propriedade em conjunto e democraticamente gerida.”(ICA, 2007)

Esse modelo é uma alternativa para a população em um cenário de poucas oportunidades de crescimento econômico e inclusão social. Os benefícios são ainda mais evidentes em períodos de crise. Um exemplo do fortalecimento do cooperativismo é a atual crise financeira, que resultou em uma crise de empregos. Estudos mostram que, enquanto empresas privadas enfrentam graves

Figura 3 - Logo do “Ano Internacional das Cooperativas” lançado pela ONU. (ONU,2011)

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contextualização

problemas econômicos, as cooperativas apresentam resultados positivos. (Resilience of the Cooperative Business Model in Times of Crisis, 2009) A falta de empregos tem sido a causa para o surgimento de novas cooperativas e em novos segmentos. Uma reportagem do jornal alemão Deustche Welle (2009) mostra que na Alemanha foram fundadas cerca de 250 cooperativas em diferentes setores de atuação, como a saúde e energia, em função da crise econômica de 2008. No Brasil, grande parte das cooperativas se originam também a partir da dificuldade dos cooperados em se inserir no mercado de trabalho.(CEMPRE, 2010) Em uma visão mais otimista a respeito do modo de atuação e produção cooperativa, Andre Gorz (2010) exalta também a possibilidade do compartilhamento de conhecimento e de tecnologias em um cenário futuro:

“(...) apontam para um futuro em que praticamente tudo o que é necessário e desejável poderá ser produzido em ateliês cooperativos ou comunais; em que as atividades de produção poderão ser combinadas com o aprendizado e o ensino, com a experimentação e a pesquisa(...) Os ateliês comunais de autoprodução serão interconectados em escala global, poderão trocar e partilhar suas experiências, invenções, ideias, descobertas. O trabalho será produtor de cultura, e a autoprodução, um modo de satisfação” (GORZ, 2010)

A proposta de Gorz traz ao termo cooperativa certo significado tecnológico e de inovação. Podemos até imaginar espaços comunitários voltados para, não somente, a produção de bens, mas também para a prestação de serviços, capacitação, desenvolvimento tecnológico e inovação, funcionando sob a ótica do cooperativismo.

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motivações

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motivações

Tema

Qual o papel do arquiteto? Embora a pergunta permita múltiplas respostas, variantes conforme o ponto de vista ou ideologia, sua discussão permite estabelecer diretrizes para a escolha tanto do tema de trabalho quanto do local de intervenção. Como ponto de partida, “Os princípios de Hannover”, um documento cujo objetivo era inspirar uma abordagem sustentável no projeto, tem em seu prólogo a seguinte reflexão a respeito do modelo de desenvolvimento presente, para, em seguida, apresentar uma lista de princípios que funcionam como “ideais a serem seguidos no processo complexo de trabalhar no ambiente contemporâneo”. (NESBITT, 2008) Embora a publicação seja de 1992, suas reinvidicações ainda são atuais.

“Human society needs to aspire to an integration of its material, spiritual and ecological elements. Current technologies, processes and means tend to separate these facets rather than connect them. Nature uses the sun’s energy to create interdependent systems in which complexity and diversity imply sustainability. In contrast, industrialized society extracts energy for systems designed to reduce natural complexity. The challenge for humanity is to develop human design processes which enable us to remain in the natural context. Almost every phase of the design, manufacturing, and construction processes requires reconsideration. Linear systems of thought, or short-term programs which justify ignorant, indifferent, or arrogant means are not farsighted enough to serve the future of the interaction between humanity and nature. We must employ both current knowledge and ancient wisdom in our efforts to conceive and realize the physical transformation, care and maintenance of the Earth.” (MCDONOUGH,1992)

É preciso buscar soluções que viabilizem um modelo de sociedade menos prejudicial a si mesmo e ao meio que ocupa.

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A integração entre elementos materiais, espirituais e ecológicos, sistemas complexos de diversificados, sistemas cíclicos de produção são exemplos de como é possível uma forma alternativa de desenvolvimento que garanta uma relação mais próxima entre o homem e o meio natural. O arquiteto, nesse caso, pode contribuir com a proposta de soluções projetuais que permitam a integração do indivíduo com o ambiente, natural ou construído, além de ampliar a percepção deste em relação ao espaço e aos seus atos. Em “Os princípios de Hannover” e em seu livro em conjunto com Michael Braungart, “Cradle to Cradle” (2008), Mcdonough propõe que os sistemas lineares de produção sejam repensados de forma a eliminar o conceito de desperdício. Para isso, deve-se propor modelos cíclicos de produção com a reutilização e reciclagem de materiais. O modelo cíclico de produção funciona em analogia à ecologia(Fig.4).(YEANG, 2008) A reutilização e a engenharia reversa são preferenciais à reciclagem, pois eliminam a necessidade de reprocessamento dos materiais. No entanto, atualmente poucos produtos são desenhados de forma que suas partes possam ser facilmente desmontadas e reutilizadas. Enquanto esse modelo não é realidade, a reciclagem atua como substituto e desempenha importante papel tanto como alternativa à destinação do lixo como na diminuição do uso de recursos naturais. O desenho e dimensionamento adequado de locais constitui uma ferramenta necessária para o aprimoramento da reciclagem como alternativa. Um projeto bem estruturado permite minimizar as perdas e otimizar o processo. Nas cidades, os centros urbanos são responsáveis por grande parte da geração de resíduos sólidos, em virtude da presença de comércios e serviços. É possível verificar a presença significativa de catadores de material reciclável atuando no centro das cidades. Apesar da existência em grande número de catadores, muitos não estão organizados em nenhuma cooperativa, e por esse motivo sua atuação acontece de forma ineficiente. Além disso, muitos desses catadores, ficam sujeitos a vender seus materiais por um baixo valor, uma vez que a falta de um local impede que seja

Sol

RecursosRenováveisNão-Renováveis

Processo 1

Resíduo 1Recurso 2

Produto 1

Processo 2

Resíduo 2Recurso 3

Produto 2

Processo n

Resíduo 3Recurso 4

Produto 3

Figura 4. A economia natural e circular (adaptado de Yeang, 2008)

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motivações

agregado valor ao produto através da triagem, prensa, etc. Uma vez organizados e em um local adequado, que permita e otimize a execução de atividades necessárias, os catadores podem aumentar o valor de venda de seus materiais e ainda contar com uma melhor condição de trabalho.

Local A escolha do local, lote, para implantação tem como origem a adoção de três princípios básicos. Primeiramente, o volume de lixo produzido e a quantidade de catadores presentes deveriam sugerir uma possível região para implantação da central de triagem. Apesar do modelo atual empregado nas cidades priorizar locais afastados da área urbana como destinação final dos resíduos sólidos, é um modelo insustentável do ponto de vista econômico pois grande parte dos custos acaba sendo utilizada para o transporte. No município de Indaiatuba verificou-se uma concentração de catadores nas áreas centrais. (Mapa 1) O segundo princípio refere-se à natureza do lote a ser

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$

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$$$$$$$

Figura 5. Modelo em que os catadores não possuem um local adequado para triagem e prensa dos materiais coletados

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$$ $

$$$ $

Cooperativa

Figura 6. Modelo em que é possível agregar valor ao material através da Cooperativa, e assim, aumentar a renda dos catadores

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0 0.5km 1.0km 2.0km

Mapa 1 - Locais onde foi verificada a presença de catadores no município de Indaiatuba - SP

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motivações

priorizado. A escolha por um “brownfield” (áreas abandonadas, contaminadas ou não, anteriormente utilizados por indústrias e comércios) parte do pressuposto que deve-se proteger ao máximo áreas ainda não alteradas (“Greenfields”). Segundo Yeang, esse tipo de terreno deve ser priorizado quando existe a possibilidade de se escolher o local de implantação do projeto, pois além de permitir o reparo e a remediação das áreas contaminadas, reduz a pressão em locais ainda não urbanizados. (YEANG, 2008) Por último, buscou-se locar a central de triagem próxima aos acessos de fácil circulação (avenidas). A proximidade com avenidas permite que a chegada e saída de materiais aconteça sem causar grandes perturbações na malha viária, além de minimizar as distâncias e o tempo gasto com o transporte. (Mapa 2) A partir desse processo, o terreno escolhido é localizado na área Central, expansão do Centro antigo, do município de Indaiatuba. O local escolhido para intervenção é ocupado por uma antiga indústria desativada, a “Alfredo Villanova S.A Metalúrgica e Fundição”. Embora a natureza do uso proposto para a reocupação do galpão inativo possa provocar questionamentos quanto a sua adequação, o desejo de tornar evidente a problemática do lixo e permitir aos catadores um local adequado para a execução do seu trabalho condiz com o discurso de Diane Ghirardo, em A arquitetura da fraude, quando trata a respeito da cidade de Manchester:

“A cidade é construída de modo tão peculiar que uma pessoa pode morar nela durante anos e anos, ir e vir todos os dias e nunca passar perto de um bairro operário ou mesmo de operários – desde que ela se limite a tratar de seus negócios ou a sair a passeio. A razão disso é que por um acordo tácito e inconsciente, ou por uma intenção explícita e consciente, os bairros operários são visivelmente separados das áreas da cidade reservadas à classe média.(...) Jamais vi, em parte alguma, tão delicada sensibilidade para esconder tudo o que possa ofender os olhos e os nervos das classes médias.” (in: NESBITT, 2008)

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rebmuNegaPdraobpilC—20

0km 0.5km 1.0km 5.0km

Av. Pres. Kennedy

Av. Pres. Vargas

Av. Conceição

Av. E

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Av. Visc. Indaiatuba

Av. E

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Rod. Ermênio de Oliv

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CAMPINAS

Av. Ário Barnabé

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Mapa 2 Principais avenidas de Indaiatuba e Rodovia Ermênio de Oliveira Penteado.

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motivações

Mapa 3 (acima)Município de Indaiatuba

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0km 0.5km 1.0km 5.0km

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Praça Scyllas

Av. Presidente Kennedy

Av. Itororó

Rua

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Rua

Cand

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Mapa 4 (superior direito)Região do galpão

Imagem 2 (ao lado)Região do galpão(GOOGLE)

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Assim como a cidade de Manchester, percebe-se que nossas cidades também buscam esconder aquilo que não é desejável, aos olhos de uma classe dominante. Esconde-se as indústrias, afasta-se os bairros pobres e exclui-se os operários. Em tempo, a reocupação do galpão industrial abandonado, através de um projeto de readequação espacial, é também uma tentativa de resgatar o seu valor enquanto símbolo, ao compreede-lo como patrimônio industrial; um vestígio físico da cultura industrial de valor histórico, tecnológico, social, arquitetônico ou científico.(CARTA DE NIZHNY TAGIL, 2003) Este trabalho busca uma solução harmoniosa e integrada entre o espaço ou edifício, cujo uso tende a se opor às diretrizes de desenvolvimento urbano em vigência. Ao mesmo tempo, procura-se criar um espaço condizente com o significado do termo cooperativismo, ou seja, um espaço democrático e acessível.

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cenários: existente

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41__

Como subsídio à proposta da rede de coleta, propõe-se uma breve descrição histórica da evolução urbana do município de Indaiatuba-SP e do atual funcionamento do sistema de coleta e tratamento dos resíduos sólidos em vigência.

O município de Indaiatuba:

A cidade de Indaiatuba tem como data da sua constituição como munícipio o dia 09 de dezembro de 1830, sendo até então chamado de povoado de Cocais, pertencente a Vila de Itu. O projeto urbano da cidade inicia-se no século XIX, com um traçado quadriculado, feito “a cordel”, conforme a tradição racionalista já implantada nas cidades portuguesas e em algumas Vilas brasileiras desde o século XVIII. Esse traçado mantém-se no centro histórico da cidade até hoje. (Prefeitura Municipal de Indaiatuba, 2011) No século XX, Indaiatuba apresentou grande crescimento econômico e populacional, impulsionados pela substituição do açucar pelo café, e pela instalação de indústrias. Nos anos 60 e 70 foi implantado o primeiro plano diretor de Indaiatuba, assinado por Jorge Wilheim em 1968. (WILHEIM, 1968) Esse desenho foi o responsável por guiar a expansão da malha urbana até a década de 80. A partir desse momento, o grande fluxo migratório para o município resultou em ocupações irregulares no sul da cidade. Já no final dos anos 80, o arquiteto e urbanista Ruy Ohtake apresentou à cidade um projeto que propunha o traçado do Parque Ecológico como principal vetor urbanístico para o crescimento futuro da cidade. O projeto norteou a expansão urbana da cidade ligando a cidade antiga, hoje na zona norte, à recente zona sul da cidade, conhecida como Morada do Sol. O projeto urbano de Ruy Ohtake previa o atendimento de uma população com 250.000 habitantes, número que está próximo a ser atingido. (IBGE,2011) Atualmente, é um dos 19 municípios integrantes da Região Metropolitana de Campinas (RMC), criada por lei em 19 de junho de 2000 (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2000). A

cenários: existente

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42__

RMC vem se tornando um importante vetor de desenvolvimento econômico industrial do Estado de São Paulo, como pólo industrial e tecnológico. A presença do Aeroporto Internacional de Viracopos, o entrocamento de importantes rodovias e a relativa proximidade com o Porto de Santos garantem à região uma atratividade singular para empresas e indústrias. (PLANO DIRETOR DO AEROPORTO INTERNACIONAL DE VIRACOPOS, 2009)

Mapa 5. Indaiatuba, RMC e o Aeroporto de Viracopos

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1850

1980-90

Parque Ecológico

1990-2011

1938

1964

Galpão da VillanovaCom. Ind. FundiçãoMetalúrigca. Local de implantaçãoda Central de Triagem

1800

1830

1840

1870

1900

1910

1920

1930

1940

1950

1960

1970

1980

1990

2000

2010

1810

1820

Bairro rural da Vila de Itu, no caminho das tropas que iam ao sul do país.

Início da concentração urbana com aconstrução da Igreja Matriz em 1813Construção da Casa n°1 e Casarão (1810-1820)

Constituição como município em 09 de dezembro de 1830

Elevação à categoria de cidade em 1906

Início da industrialização com indústrias detransformação da madeira

68% de área urbanizada

POPULAÇÃO

142

10.290

11.253

19.697

30.556

56.237

117.790

147.050

201.848

Instalação da Villanova Ind. e Com.Fundição Metalúrgica na rua Candelária

Plano Diretor desenvolvido por Jorge Wilheim

Início da ocupação da região Sul do municípioRevisão do Plano Diretor por Ruy Ohtake, caracterizando o Parque Ecológico como o vetor da expansão do Município

7.070

3.749

1.0km 5.0km

Mapa 6 - Evolução urbana e populacional do município de Indaiatuba - SP

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cenários: existente

Nese contexto, o município de Indaiatuba tem atraído um grande número de empresas, centros logísticos e novos residentes. Mas quais as consequências desse crescimento? O atual modelo de gestão dos resíduos sólidos é compatível com o atual ritmo de crescimento urbano e com as premissas de desenvolvimento sustentável?

O atual cenário do sistema de coleta e tratamento dos resíduos sólidos do município de Indaiatuba.

O município coleta mensalmente entre 4.500 e 5.0001 toneladas de resíduo sólido domiciliar, através do sistema de coleta porta-a-porta e destinado ao aterro sanitário (localizado no município) da empresa CORPUS, responsável pela coleta. (Prefeitura Municipal de Indaiatuba, 2011). Cerca de 80 toneladas2 de material reciclável são obtidas através de 26 Ecopontos, caçambas instaladas em diversos pontos da cidade conforme imagem 3. Existe também um programa chamado de “Cata-bagulho” destinado a recolher madeiras, objetos, móveis e pneus. No mês de setembro3 a quantidade de material coletado chegou a 500kg, valor significamente baixo. Por fim, ainda existe uma iniciativa para a utilização de óleo de cozinha na produção de biodiesel. É possível concluir que embora o município apresente um variável número de programas voltados a coleta seletiva, os números mostram que a taxa de material aproveitado é relativamente pequena em relação ao volume total destinado ao aterro sanitário. A existência de um programa de coleta seletiva, nesse caso, não pressupõe a correta gestão dos resíduos sólidos. Não existe nenhuma cooperativa em funcionamento no município, embora seja possível encontrar um grande número de catadores de material reciclável nas ruas, que acabam vendendo o seu material para intermediários a preços mais baixos que o de mercado.

1 Valores de referência no intervalo dos meses de junho à outubro de 2011. Dados disponíveis em: http://www.indaiatuba.sp.gov.br/ (último acesso, novembro/2011)2 idem.3 idem.

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Devido à ausência de cooperativas de reciclagem, todo o material reciclável coletado através dos ecopontos é destinado a central de triagem de propriedade da CORPUS, localizada juntamente. Conforme uma visita realizada à central (descrita na página 64), verificou-se que grande parte do material reciclável que chega para ser triado é desperdiçado e aterrado.

Imagem 3. Caçambas para coleta de material reciclável.

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cenários: proposto

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Cenário proposto

Com o objetivo de estabelecer um programa adequado para o projeto, estipula-se um cenário desejado. Esse cenário estabelece primeiramente a existência de uma rede de coleta seletiva de base cooperativista. Essa rede possui uma central que coordena e gerencia todo o processo de coleta, triagem e venda dos materiais. (Figura 8).

cenários: atual x proposto

LEGENDALocais de consumoCentrais de coletaCentral de triagem

Figura 8 - Modelo proposto para o funcionamento da rede municipal de reciclagem.

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O funcionamento da rede é feito a partir da divisão da cidade em setores de coleta. Com a atuação dos catadores, o material é coletado nas residências, comércios e outros, para ser então encaminhado para um local de armazenamento temporário. Nesses locais, verifica-se a qualidade do material coletado e separa-se de forma primária aquilo que é reciclável do que não é. Como muitas vezes o material seco (reciclável) chega misturado com o material úmido, estima-se que essa pré-triagem consiga retirar cerca de 60-70% do material não aproveitável. Esse valor é estipulado a partir do que foi verificado nas visitas às cooperativas e na entrevista com o catador de materiais recicláveis, Clóvis (página 53). O objetivo de armazenar o material coletado pelos catadores antes de ser enviado à central é minimizar os custos com o transporte, além de diminuir o percurso feito pelos catadores. Em seguida, ao atingir um volume adequado, o material é encaminhado para a central de triagem, através de caminhões-gaiola. Já a Central é responsável pela separação e venda do material, além desse material também poder ser utilizado em ateliês ou ofinicinas para a produção de peças de arte ou produtos úteis ao dia-a-dia. Além disso, a central de triagem será responsável pela capacitação dos catadores através de aulas, palestras e pesquisas.

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material de apoio: entrevista, visitas e referências

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Entrevista

A entrevista foi realizada com Clóvis Donizete dos Santos, 53 anos e residente no município de Indaiatuba. Atua como catador de materiais recicláveis há 8 anos e atualmente coleta cerca de 200kg de material reciclável por dia. A conversa aconteceu no dia 10/04/2011, um domingo de manhã. Clóvis falou sobre suas opiniões e seu dia-a-dia. Parte dessa conversa está transcrita a seguir.

Hoje, eu acredito que se você conseguisse um local que você consiga levar o material coletado, fazer a triagem, aí você vai agregar valor ao material. Você vai quantificar os iguais, agregar valor e vai deixar de trabalhar com esses “quebra-faca”que tem aí.(ferro-velho) (...) Porque eles tão comparando que a minha vontade seria fazer um negocio sem obedecer ISO9000 sem obecer vigilância sanitária. Não é isso que eu quero, eu quero um negocio que obedeça todas as normas e leis pra você fazer a triagem. Você coleta com um carrinho desse aí (apontando para o carrinho que utiliza), você vai lá e vende. Você já fez a triagem, aí você chega ali, vendeu, o cara pega tudo o que você fez, todo o seu trabalho, “montoa” tudo, manda lá para o depósito dele central, lá ele tem uma equipe fazendo triagem daquilo que você já triou, entendeu? Então ao invés dele agregar valor àquilo que eu fiz, o que que ele faz?ele monta tudo, aí ele paga um funcionário, o mínimo pra ele, um salário mínimo pra ele. Ele chega em mim e fala, você pegou de graça então vou ganhar 100% em cima de você pra “mim” pagar um salario mínimo “praquele”, só pro cara pensar que ele tem carteira assinada e tá percebendo um valor no final do mês, mas ele nao é catador de papelão, ele trabalha numa empresa. Aí aquela empresa que ele trabalha, ele trabalha 3, 4, 5 dias, aí se encosta.... lá pro inss, vai pra não sei aonde, (...). Eu quero que a prefeitura ceda o local e os elementos

material de apoio

Imagem 4 - Clóvis durante entrevista

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que estão ali desenvolvendo o trabalho pagam a água, paga luz, paga telefone. Só que a gente tá num local. Só que aí depois vai sair o dinheiro, só que eu tenho quantidade, tenho volume pra venda. (...) As empresas de ferro-velho daqui têm medo de conversar com o empresário da fonte, o cara que precisa da matéria prima. Eles são pior que nós, ele já tem o dinheiro pra comprar, aí ele vendendo com 100% mais, ele já ta ganhando 100%, ele ganha 100% a hora que o material chega pra ele, esse é o atravessador, o mateiral chega a custo zero pra ele. Entao quando sai da minha mão, ele ganha 1000% em cima. É isso que as pessoas não entendem. O cara compra um quilo de sucata seu por R$0,30 sabe qual o preço que ele vende? R$ 1,00. (...)

Sobre os catadoresOs que você vê na rua, 25% daquilo que é catador, só que tem os enrustidos, aquele cara que não aparece com o carrinho, ele tem carro próprio, tem melhor condição que eu... tem kombi, tem caminhonete...

CentroNào é que eu fico mais no centro, é que eu sou limitado. Se eu cato hoje por exemplo, não tenho onde vender, aí coleta, não tem onde vender, tem que parar, ficar aí olhando pro peixe (sentado de frente a um lago). Depois ele vai embora pra casa, se eu coloco lá, aí o vizinho depois chega e fala “ -eee vou chamar a sanitária amanhã”. Pronto, acabou com o catador, o catador já não pode trabalar. Você fica limitado. Agora, se você tem onde colocar o material, você trabalha 24 horas por dia, você quer saber de dinheiro, que se dane o meio ambiente, modo de falar né? Porque é investimento, aí você começa, tá mais sossegado financeiramente, começa a adminsitrar melhor. aí você coloca a inteligência... (...) vamo trabalhar assim, porque aí a gente vai aumentar a produtividade, nao a produção. (...)

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material de apoio

Após a entrevista, Clóvis fez um convite para acompanhá-lo durante uma manhã de sábado para mostrar o caminho percorrido por ele, a forma de trabalho, a quantidade de material coletado e o valor recebido ao vender para o ferro-velho.

Após a coleta do material nos restaurantes , que levou 2 horas de trabalho, foi necessário caminhar por cerca de 1,8km para poder vender o material em um ferro-velho . O valor recebido por Clóvis foi de R$17,00, pelos 70kg de material coletados. Embora fosse possível fazer outro percurso, um pouco mais curto, Clóvis explicou que o caminho percorrido por ele possui uma inclinação menos acentuada e menor fluxo de veículos.

Imagem 6 - Caminho percorrido para coleta e venda do material. (GOOGLE - editado)

0m100m

200m

Imagem 5 - Clóvis coletando o material reciclável (acervo pessoal)

Local escolhido para a Central de Triagem.

O material reciclável foi coletado em dois restaurantes no centro da cidade. Em 90 metros, Clóvis coletou cerca de 70kg de material reciclável. A separação foi feita por ele no próprio local, para aumentar o valor recebido na venda dos materiais.

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Visitas técnicas

Foram realizadas 3 visitas técnicas; em 2 cooperativas no município de Campinas-SP e 1 na central de triagem da empresa CORPUS, responsável pela coleta dos resíduos de Indaiatuba-SP. Durante as visitas, foram verificados os fluxos, equipamentos existentes, o layout, a qualidade do espaço, setorização, entre outros. A partir de uma análise crítica pessoal e da própria opinião dos cooperados, foi possível estabelecer os aspectos positivos e negativos das centrais e que serviram como subsídios ao projetos.

Cooperativa Nossa Senhora Aparecida (RECICLAR)

A visita à Cooperativa Reciclar foi realizada no dia 06 de maio de 2011 e contou com o apoio da cooperada Rosilda, responsável pelo controle de entrada e saída de material e de produção dos cooperados. Ao chegar ao local, antes de entrar, foi feita uma breve leitura sobre o local de implantação. Localizada na Rua Serra Dourada, 167, no Jardim Baroneza em Campinas - SP, a cooperativa divide o espaço juntamente com um bairro predominantemente residencial, e ocupa um terreno cedido pela Prefeitura de Campinas. Sua presença não gera impactos visuais signifcativos, e fora do local não se percebe qualquer presença de cheiro ou ruído proveniente das atividades internas. No momento da visita, um caminhão estava sendo carregado com PET triado para venda. Ao entrar, Rosilda permitiu que fossem tiradas imagens do local e pediu para aguardar um momento para que pudesse sentar e conversar. A partir da conversa e da visita ao local foram extraídos alguns dados referentes à organização da cooperativa quanto ao espaço físico e à estrutura de funcionamento.

Dados técnicos:

Área do lote: 2.000m²

Área construída:780m²

Adm: 174m²Triagem: 170m²Estoque: 410m²

N° de cooperados:40

Quantidade de material triado por mês: 100 -120 ton

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material de apoio

Imagem 8 - Área para triagem (acervo pessoal)Imagem 7 - Material para ser triado (acervo pessoal)

Imagem 9 - Material já triado e e prensado (acervo pessoal)

Imagem 10 - Material prensado sendo enviado para o comprador (acervo pessoal)

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Quanto ao espaço físico, a cooperativa apresenta um fluxo bem estruturado dos materiais, em um processo linear. O terreno apresenta uma declividade natural que foi aproveitada para descarregar o material reciclável e carregar as mesas de triagem (imagem 7). O desnível é importante, segundo Rosilda, pois permite que o material seja colocado nas mesas de triagem sem a necessidade de esforço físico para erguer o material, o que, em uma cooperativa predominantemente feminina, seria inviável. No entanto, o caminho inverso, do material já triado e prensado, precisa subir por uma rampa para ser colocado nos caminhões. Atualmente, a cooperativa utiliza um carrinho manual para fazer essa movimentação, mas, ainda assim, exige certo esforço. A área de triagem, onde fica a maior parte dos cooperados (imagem 8) é relativamente pequena e gera certos problemas de circulação. Apesar disso, o layout permite que as cooperadas, separadas em 4 por mesa, possam conversar durante o trabalho. Após a triagem, o material é encaminhado para a prensa, processo que é realizado durante a madrugada. Em tempo, a cooperativa funciona em dois turnos de 6 horas (7:00-13:00 / 13:00-19:00) e na madrugada, apenas um ou dois cooperados (homens) trabalham. Apesar de manter grande parte do material coberto, alguns materiais acabam expostos ao clima devido à falta de espaço. Perde-se muito material, em especial o papéis, nos períodos de chuva. O espaço administrativo é adequado ao tamanho da cooperativa e responde bem às necessidades dos cooperados. A copa, utilizada apenas nas pausas para o café, não possui fechamentos laterais e é localizada de frente a sucata sem qualquer barreira. No entanto, o encontro para um café aumenta a relação entre os cooperados.

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material de apoio

Figura 10 - Fluxo dos materiais na cooperativa RECICLAR(WINNIK, 2011)

Prensa

Não triados

Mesas

Esto

que

pren

sado

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Estoque triadosAdm.

Copa

Sucata

Entra

da

Saíd

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Imagem 11 - As cadeiras Reciclar (acervo próprio)

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Cooperativa Bom Sucesso

A visita à cooperativa Bom Sucesso aconteceu no dia 21 de julho. Instalada em um galpão doado pela prefeitura, a cooperativa apresenta uma produção relativamente baixa, o que impede o desenvolvimento e a implantação de algumas melhorias na cooperativa. A visita foi guiada por Maria Cecília, responsável pela organização e controle de produção. Primeiramente foi mostradao a área externo galpão, onde foi possível verificar certa quantidade de materiais, mas não em grande volume. Em seguida foi mostrado o galpão utilizado para triagem e o percurso do material no processo de triagem. O galpão construído pela prefeitura, embora em bom estado e de tamanho compatível, não oferece um layout adequado ao trabalho dos cooperados. Além disso, o material que chega ao local é colocado diretamente no chão, formando um grande monte e impedindo a circulação adequada. Os recicláveis são, então, levados para as mesas de triagem, pelas próprias cooperadas. A triagem é feita em mesas individuais que impedem a comunicação entre as cooperadas e não otimizam a separação dos materiais. No entanto, o galpão oferece uma boa iluminação natural, adequada ao trabalho realizado. Por ser relativamente novo, ele não apresenta problemas estruturais. Por fim, conclui-se que o projeto do galpão não levou em consideração alguns aspectos importantes para o funcionamento da cooperativa. Entende-se que o acesso por um portão central para descarga e carga dos materiais influenciou na setorização do galpão. Foi verificado que, embora a configuração atual seja conflitante, é possível uma melhor adequação ao local.

material de apoio

Dados técnicos:

Área do lote: 2.400m²

Área construída:654m²

Adm: 93m²Triagem: 65m²Estoque: 290m²

N° de cooperados:16

Quantidade de material triado por mês: 26 ton

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AdmCopa

TriagemEstoque

Triagem

EstoqueM

at. triado

Mat. triado

Prensa

TriadosImagem 11 - Fluxo dos materiais na cooperativa Bom Sucesso(WINNIK, 2011)

Entrada

Saída

Mat. Bruto

Imagem 12 - Acesso por portão central Imagem 13 - Material triado com material bruto

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Imagem 14 - Material triado antes de ser prensado

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Central de Triagem da CORPUS

A central de triagem da CORPUS localiza-se junto ao aterro sanitário de Indaiatuba, a 8 km do centro da cidade. A visita foi realizada juntamente com um grupo interessado em instalar uma cooperativa no município de Valinhos - SP. O material reciclável é coletado nos ecopontos distribuidos pela cidade por uma caminhão específico para coleta seletiva. O material é levado até a central de triagem, onde os funcionários da própria empresa fazem a separação do material em esteiras automáticas. O galpão, assim como acontece na cooperativa Reciclar, também aproveita a declividade do terreno para distribuir o material. A diferença é que, no caso da Corpus, esse desnível é maior, o que acabou possibilitando a instalação de um alimentador que também atua na armazenagem do material até ele ser triado. Conforme os funcionários separam o material, esse alimentador libera, por gravidade, mais materiais para as esteiras. O fluxo acontece de maneira linear, o que torna o processo organizado. No entanto, verifica-se que a utilização da esteira faz com que grande parte dos materiais não seja triada, uma vez que a velocidade imposta impede uma separação correta. Soma-se isso o fato de que o material que não é triado é destinado automaticamente ao aterro sanitário. Embora a central tenha todas as condições para um processo otimizado, a quantidade de material triado é relativamente baixa, cerca de 80 toneladas por mês. Se considerarmos que a empresa atua no próprio município, esse número deveria ser maior.

Dados técnicos:

Área do lote: 4.000m²

Área construída:não informado

N° de funcionários:19

Quantidade de material triado por mês: 80 ton

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Imagem 16 - Material sendo colocado no funil para abastecer mesas (acervo pessoal)

Imagem 15 - Material para ser triado (acervo pessoal)

Imagem 17 - Foto do “funil” e esteiras de triagem(acervo pessoal)

Imagem 18 - Triagem do material (acervo pessoal)

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Referências Projetuais

Projeto de um Centro de Reciclagem de Resíduos Urbanos de Valdemingómez.

Arquitetos: Abalos & Herreros Localização: MadriProjeto: 1996 – 1999 O projeto em questão faz parte de um conjunto de ações adotadas pela municipalidade de Madri, visando a otimização do processo de triagem e reciclagem dos resíduos sólidos urbanos. O projeto é implantando no local que será futuramente parte do Parque Regional do Sudeste, cujo objetivo é minimizar as diferenças sociais e econômicas entre o Norte e o Sul do município. Por esse motivo, após 25 anos de operação - fim de sua vida útil -, o edifício poderá ser utilizado como infra-estrutura do próprio parque ou ser desmontado e reciclado. O edifício de reciclagem centraliza um conjunto heterogêneo de processos de seleção e processamento dos materiais, armazenamento, estúdios e oficinas estão unificados abaixo de uma cobertura verde inclinada que acompanha tanto o desenho das esteiras quanto o terreno onde está localizado. Quanto ao uso de materiais, percebe-se um clara preocupação em utilizar materiais condizentes tanto com o caráter industrial do processo de reciclagem quanto pela facilidade em se desmontar o edifício e reciclar seus componentes. A estrutura metálica, o policarbonato reciclado e o concreto pré-moldado compõem basicamente todo o projeto. O programa do centro de reciclagem é complementado com a presença de um museu ambiental, cujo objetivo é orientar e conscientizar os visitantes a respeito da reciclagem. Além do museu, interno ao edifício, duas construções se localizam externamente, uma destinada ao tratamento dos compostos orgânicos, e a segunda, controla o acesso de veículos e pesa os caminhões que chegam ao local.

Figura 12 - O edíficio será futuramente reaproveitado para funcionar como um parque.

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67__X

material de apoio

Imagem 19 - Implantação do Centro de ReciclagemValdemingómez. (GOOGLE)

Figura 13 - Planta da Central de Reciclagem(2G)

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Figura 14 - Corte demonstrando descarga e níveis do projeto (2G)

Figura 15 - Corte com sistema de esteiras para triagem automática do material (2G)

Imagem 20 - Foto da Central de Reciclagem (2G)

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material de apoio

9.3 Projeto de um Centro de Reciclagem em Paris – PARIS XV

Arquiteto: Jean-François Capeille Localização: Paris Projeto: 2005

O projeto do Centro de Triagem Paris XV faz parte de uma série de projetos distribuidos pela Região Metropolitana de Paris (imagem 29). O SYCTOM, a Agência Metropolitana de Resíduos de Paris, é responsável pelo gerenciamento dessa rede de triagem, incineração e geração de metano a partir do lixo coletado. Atualmente a rede conta com 8 Centrais em operação, além de 3 em construção e 6 em fase de projeto. O projeto Paris XV destaca-se por ter como objetivo a qualidade arquitetônica e ambiental, além de obter a certificação HQE (Haute Qualité Environnementale). O desejo por um projeto de qualidade justifica-se pela sua implantação na área urbana de Paris. O Paris XV constitui-se como uma ambição da empresa SYCTOM em tratar os resíduos próximo aos locais em que eles são produzidos, reduzindo o incomôdo gerado pelo tráfego de caminhões. Segundo François Dagnaud, presidente da SYCTOM, cada novo centro de triagem inserido no meio urbano contribui para o desenvolvimento de uma nova forma de ecologia urbana necessária para o desenvolvimento sustentável. (SYCTOM, 2011) A escolha de materiais foi feita seguindo a idéia de se utilizar materiais recicláveis ou reciclados: concreto, madeira, aço e alumínio. O isolamento térmico é feito utilizando-se celulose e a tubulação para o sistema de água é de PEAD (Polietileno de Alta Densidade) reciclado. Além dos materiais empregados na cosntrução, são utilizados também um sistema de captação de água da chuva, painéis solares e painéis fotovoltaicos, além da cobertura verde.

Dados técnicos:

Toneladas de lixo triado por ano = 15.000 ton

Pessoas atendidas = 350.000

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Figura 16 - Centrais de Triagem distribuidos na Região Metropolitana de Paris (SYCTOM)

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Quanto aos trabalhadores, uma série de medidas foram tomadas de forma a garantir boas condições de trabalho:

- Grandes clarabóias que permitem boa iluminação natural juntamente com a presença de vegetação garantem um melhor conforto visual;- As áreas de triagem possuem isolamento acústico;- O fluxo e a taxa de umidade pode ser ajustados em cada local;- Sistemas de exaustão foram instalados para evitar o desconforto devido à poeira; - Sistemas de ventilação e desodorização foram concebidos nas áreas de coleta do material.

Pode-se perceber que, assim como no projeto de Ábalos e Herreros em Madri, o projeto do arquiteto Jean-François Capeille contempla um espaço para visitação e preocupa-se com a qualidade estética do edifício, de forma a trazer a discussão sobre o tema de resíduos sólidos para a população sem degradar o entorno local.

material de apoio

Imagem 21 - Local de implantação da Central de Triagem Paris XV (GOOGLE)

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Imagem 22 - Paris XV (Thierry Deshedin)

Imagem 23 - Paris XV (Thierry Deshedin)

Figura 17 - Preocupações ambientais do edifício Paris XV (SYCTOM)

Parede verdeDois terraços com vegetação Pátio interno para

iluminação natural

Painéis solares

Reaproveitamento daágua de chuva

Cobertura verde sobre a área de triagem

circulação ordenada através da vegetação

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73__

9.4 MAAG

Arquiteto: Escritório OOS Localização: Winterthur – SuíçaProjeto: 2004

A implantação do projeto do galpão de reciclagem acontece em um bairro predominantemente residencial e ocupa uma área de 6500m². (Imagem 34) Seu volume é permeável, i.e. translúcido, garantindo a visualização do processo de triagem que ocorre em seu interior, e o pé-direito alto e sem fechamento da área de armazenamento dos materiais recicláveis permite uma leitura clara dos edifícios em sua volta. (Imagem 35) A transparência permite uma aproximação maior entre a comunidade e a empresa de reciclagem, o que é importante, pois uma das características do local é permitir a entrega voluntária de materiais recicláveis.

material de apoio

Imagem 24 - Implantação do galpão em uma área residencial e comercial (GOOGLE)

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O projeto contempla 5 programas distintos: um local para coleta e entrega voluntária, uma área para armazenamento dos materiais, oficinas de triagem, uma praça e um estacionamento. Quanto à praça (Imagem 36), esta localiza-se na cobertura do edifício, ao lado do estacionamento. Sua presença é marcante devido às cores utilizadas, enquanto a iluminação e a sinalização empregada fazem com que o local aparente ser um campo de pouso. Embora seja pouco convidativa, a praça expressa a idéia de reciclagem através dos bancos, preenchidos com materiais descartados. A solução simples, dada aos bancos, apresenta um apelo simbólico muito forte.

Imagem 25 - MAAG, área de armazenamento de materiais recicláveis.

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Imagem 26 - Praça locada na cobertura do galpão (OOS)

Imagem 27 - Área interna do galpão. (MAAG)

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leitura do local

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O local para desenvolvimento do projeto da Central de triagem

O local escolhido para implantação da Central de Triagem, conforme já mencionado, consiste em um antigo galpão industrial abandonado, a antiga sede da Alfredo Villanova S.A. IND e COM. A indústria atuava antigamente como uma Fundição Metalúrgica. Poucos dados podem ser encontrados sobre a empresa. Sabe-se, no entanto, que sua fundação aconteceu no ano de 1939 e sua transferência para o atual local acontece na década de 50 em virtude do seu crescimento. Em 13.000m² de terreno e cerca de 8000m² de construção, a indústria atinge o seu ápice de desenvolvimento na década de 70, chegando a ter cerca de 700 funcionários. No entanto a partir dos anos 80, a indústria passou a diminuir a produção e praticamente

leitura do local

0m50m

100m200m

Shop

ping

Ja

ragu

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itérioCem

itério Vi

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Ind.

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om.

Praça Scyllas

Av. Presidente Kennedy

Av. ItororóRu

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Nove

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Rua

Cand

elár

ia

Imagem 28 - Local e entorno do projeto. (GOOGLE).

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parou de produzir. Atualmente, 3 funcionários são responsáveis pela segurança do local e pela montagem de alguns produtos, como raladores de queijo e moedores de carne. Embora tenha uma importante participação na história do município, existem poucos documentos e registros sobre a antiga industria, que hoje após passar por duas reformas encontra-se completamente desconfigurada (imagem 31). Tanto a presença do shopping quanto a proximidade com o centro comercial resultam em um fluxo contínuo de veículos na rua XV de Novembro. (Imagem 10) e nas avenidas próximas ao local. Ao mesmo tempo, a Rua Candelária possui um pequeno fluxo de veículos a partir do cruzamento com a rua Humaita. O Edifício: Impressões sobre o local

Ao passar pela rua XV de Novembro, em sentido ao centro antigo da cidade, quase não se percebe a presença do antigo galpão. De costas para o Shopping Jaraguá, único na cidade até o mês de maio de 2011, sua fachada transformou-se em um catálogo vivo para propaganda de comércios e serviços. Quase não se percebe que aquele edifício foi um dia ocupado e que contribuía, juntamente com outras indústrias até então existentes, com a vida daquela região. Hoje, esse papel é exercido pelo próprio Shopping e pelo fluxo de veículos e pessoas que transitam em sentido ao centro. As tipologias que podem ser encontradas no entorno imediato chegam a ser contraditórias. O antigo cemitério ao lado do galpão contrasta sua presença, quase que indesejada, com o Shopping. Seu muro confunde-se com o galpão de forma que não é possível, para um transeunte distraído, perceber onde termina o cemitério e onde começa o galpão. Na rua Candelária, embora seja uma via utilizada para quem sai do centro, o fluxo de veículos e pessoas é muito menor quando comparado ao da rua paralela, a XV de Novembro. Ainda existem, de frente ao Galpão e em volta da praça Scyllas L. de Sampaio muitas residências, e talvez esse seja o motivo para o menor fluxo em relação à rua XV de Novembro.

Legenda

Residencial

Comercial

Serviços

Industrial

Mapa 7 - Levantamento de usos e gabarito do entorno.

1 Fotografia (direção)

Galpão

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Villa

nova

In

d. e

Com

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Av. Itororó

Av. Presidente Kennedy

Rua

XV d

e No

vem

bro

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elár

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Rua Santos Dumont

Rua Santos Dumont

Rua Humaita

RECI

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Reci

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0m50m

100m

200m

12

3

4

56

7

8

9 10

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Imagem 29 - Vista do Shopping (acervo pessoal) Imagem 30 - Vista da Fachada do Galpão na rua XV de Novembro (acervo pessoal)

Imagem 31 - Vista da Fachada do Galpão na rua XV de Novembro (acervo pessoal)

Imagem 32 - Encontro do galpão com o cemitério na rua XV de Novembro (acervo pessoal)

1 2

3 4

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5Imagem 33 - Fachada do Galpão Alfredo Villanova na rua Candelária (acervo pessoal)

Imagem 34 - Vista do alimentador para a fornalha (acervo pessoal)

6

7Imagem 35 - Vista da rua Humaita, no final do cemitério (acervo pessoal)

Imagem 36 - Vista da Avenida Itororó, esquina do galpão com o Shopping 8

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A entrada para o galpão, também na rua Candelária e de frente à praça, permite o acesso tanto daqueles que chegam com o carro quanto para os que chegam a pé, além de ter funcionado no passado como acesso de caminhões para carga e descarga de mercadorias. Antes de entrar, percebe-se uma grande quantidade de árvores altas na calçada, dispostas de 6 em 6 metros aproximadamente. Ao entrar pelo portão, um amplo espaço, antigamente destinado como estacionamento e área de lazer dos funcionários, abre-se ao visitante. Tanto à direita quanto à esquerda concentram-se algumas árvores que sombreiam o pátio interno e criam um cenário agradável, fresco e convidativo para uma pausa no trabalho. Depois, ao olhar o local por uma imagem aérea, as árvores da antiga fábrica parecem se confundir com a vegetação da praça em frente e com as árvores colocadas na calçada, fato que devido à disposição, formam um eixo que percorre a extensão do quarteirão. Já dentro de um dos galpões, a iluminação natural, com parte do telhado já destruído, é suficiente para a compreensão do espaço, praticamente sem divisões. As janelas, em grande número e com peitoril levemente alto, levam à curiosidade em se saber o que acontece do lado de fora. Do lado de fora, a vontade é de saber o que acontece do lado de dentro. E ao olhar de fora para dentro, percebe-se antes de tudo o jogo de texturas e luz, causado principalmente pela estrutura em madeira do telhado. Ao deixar o galpão, percebe-se que as casas ao redor ainda resistem ao avanço dos estabelecimentos comerciais e de serviços que aos poucos ocupam e modificam a rotina do local. Alguns prédios já começam a marcar presença e a definir a paisagem urbana. No entanto, enquanto as mudanças ocorrem, o galpão Alfredo Villanova S.A. Ind. e Com. permance inalterado, escondido atrás das placas de propaganda.

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Imagem 37 - Fachada da antiga fábrica Alfredo Villanova S.A (editada)

8

Direção da câmera

Sentido da sequência

Figura 18 - esquema dos pontos das fotos.

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Cemitério Local do projeto

Shopping

Rua XV de Novembro

Rua Santos Dum

ont

Av. Itororó

Imagem 38 - Perspectiva superior do entorno do projeto. (acervo pessoal)

Imagem 39 - Identificação do galpão Alfredo Villanova, Shooping Jaraguá e cemitério

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Av. Presidente Kennedy

Rua XV de novembro

Av. Itororó

Rua

Sant

os D

umon

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VISTA 2

Fluxo de veículos

VISTA 1

Legenda

Alto

Médio

Baixo

VISTA 3

VISTA 4

A presença de uma escola particular, gera um intenso fluxo de veículos nos períodos de entrada e saída dos alunos. Além disso, é possível verificar um grande fluxo de pessoas que transitam entre o shopping e a escola

O ponto com maior fluxo de automóveis é o encontro da Rua XV de Novembro com a Av. Itororó, durante todo o dia. Atinge maior movimento entre 7:00 - 8:00 e 17:00 - 19:00

Galpão Alfredo Villanova S.AUm grande número de pessoas utiliza a rua para estacionar os carros enquanto fazem compras.

A presença do shopping aumenta significamente o fluxo de veículos durante os finais-de-semana, em especial durante a noite.

Empresa de reciclagem de plásticos. Embora, seja constante o número de caminhões na empresa, eles não impedem a fluidez do trânsito no local

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50m

50m

50m

9m

9m

9m

9m

50m

100m

100m

100m

100m

Gabaritos

Galpão Alfredo Villanova

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O Edifício: aspectos atuais

Acessos: O edifício possui um único acesso para veículos e pessoas, originalmente utilizado para entrada e saída de funcionários e controle de carga e descarga. Sem acesso para a rua XV de novembro, o edifício fica isolado da via com com maior fluxo de pessoas e veículos.

leitura do local

Acesso

Mapa 8 - Acessos, sentido das vias e pontos de onibus

Rua

XV d

e No

vem

bro

Rua

Cand

elár

ia

200m

100m

Sentido da via

Pontos de ônibus

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Estudo de Insolação

Junho - 8:00am

Dezembro - 8:00am Dezembro - 10:00am Dezembro - 4:00pm

Junho - 10:00am Junho - 4:00pm200m 200m

100m 100m

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Insolação: Durante o começo da manhã o galpão é sombreado, principalmente no solstício de inverno (21 de junho), em alguns momentos, pelos edifícios localizados a leste e nordeste. No entanto, percebe-se que em poucos momentos o edifício ficou totalmente sombreado. O sol passa a incidir diretamente na fachada voltada para a rua XV de novembro a partir das 9:00m em 21 de junho e 8:20am em 21 dezembro (conforme simulações). Por outro lado, o sol da tarde incidiria diretamente no galpão, se não fosse a presença de algumas árvores localizadas na calçada da Rua Candelária, que sombreiam o edifício. Ao mesmo tempo, a vegetação presente no pátio interno protege a área aberta e oferece um bom sombreamento durante o período da tarde.

Planta e Sistema construtivo

leitura do local

Galpão 1*

Oficina

Vestiário

Cozinha

Adm.Adm.

Serralheria

Inutilizado

Galpão 2

Cem

itério

* O galpão 1 foi parcialmente demolido (pilareas e cobertura) em agosto/2011.

Figura 19 - planta esquemática da indústria.

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Imagem 40 - Foto interna do galpão demolido em agosto de 2011 (acervo pessoal)

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O silo alimentador da fornalha possui um valor simbólico importante na caracterização do edifício

Espaço interno: Pilares e vigas modulados e em estrtura de concreto.A água da chuva é coletada e levada até os tanques externos por canos que descem pelos pilares

As janelas utilizadas nos galpões são padronizadas em duas dimensões diferentes. Necessitam de reparos e troca de vidros quebrados

Cobertura em telha francesa. Percebe-se que em alguns locais, algumas telhas foram substituidas por telhas translúcidas, aumentando a iluminação natural proporcionada pelos sheds. A cobertura possui sheds

voltado para o sul de forma a garantir a iluminação natural para funcionamento do edifício. Necessita de alguns reparos e troca de vidros.

Treliças em estrutura de madeira. As treliças do galpão maior encontravam-se deterioradas pela ação da chuva.Por esse motivo, em agosto de 2011 foram reitiradas juntamente com os pilares e vigas

Fechamento em tijolo e barro com reboque.

Acesso de veículos e pessoas.

Caixa d´aguaSentido da perspectiva

Galpão 1: Demolido parcialemtne (cobertura, vigas e pilares) em agosto de 2011

Aspectos do edifício existente

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Imagem 41 - Foto interna do galpão demolido em agosto de 2011 (acervo pessoal)

Imagem 42 - Foto interna do galpão existente (acervo pessoal)

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Figura 20 - Alterações no edíficio Legenda

Remoção da cobertura e pilares em Agosto (2011)Áreas externas sem condições de uso

Amplianção ao projeto original

A

A

leitura do localAspectos do edifíco existente: ampliações, remoções e áreas críticas

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Figura 21- Corte esquemático de um setor do galpão original antes da demolição. Escala 1:500

Figura 22 - Detalhe da treliça do shed. Escala 1:100

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projeto

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99__

projeto

Desenho da rede de coleta e triagem de resíduos sólidos A partir do cenário existente no município, propõe-se o desenho de uma rede para coleta e triagem de materiais recicláveis.

Dados do Município de Indaiatuba

População: 201.848 (IBGE, 2011) Total de lixo domiciliar coletado: 4.681,14* ton/mês Material reciclável coletado e triado (prefeitura): 70,74* ton/mês Material reciclável coletado e não triado: 4.681,14 . 0.4** = 1.872,00 ton Relação reciclável/coletado: 70,74/1.872,00 = 3.7% Taxa nacional para a reciclagem: 13% (CEMPRE,2010) Diferença entre média nacional e total reciclável no município: 14% - 3,7% = 10,3% = 188,00 ton.

Dados para dimensionamento da rede Capacidade de absorção desejado pela a rede. = 40% do total de lixo domiciliar gerado = 700,00 ton. Número de centrais de coleta proposto = 7

* Valores de referência para o mês de abril/2011 (Prefeitura Municipal de Indaiatuba)** Relação lixo reciclável/ lixo gerado (CEMPRE, 2010)

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A coleta é realizada porta-a-porta, através da atuação dos catadores, ou pelos eco-pontos já existentes no município. A divisão das áreas de coleta teve origem na declividade da região. O motivo pela adoção dessa estratégia consiste no fato de que os catadores, ao utilizar o carrinho, poderem percorrer um trajeto maior. Por esse motivo, as regiões 1-6 possuem uma declividade pouco acentuada conforme mostra o perfil (Imagens 38). A região 7, no entanto, além de ser pouco adensada, possui uma declividade acentuada. Por esse motivo, para a região 7, especificou-se o uso de caminhões para a coleta e transporte do material reciclável. Após a coleta, o material reciclável é armazenado em centrais de coleta localizadas em cada região. A partir de determinado volume, o material é transportado por caminhões para a Central de Triagem, localizada na Região 5. (ver imagem 2 e mapa 3)

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101__

projeto

Mapa 9 - Curvas de nível de 10 em 10 metros estimadas (desenho baseado em dados do Google Earth)

605m

615m

625m

635m

625m

615m

Mapeamento topográfico

Escala 1:75000

Aterro Sanitário2km

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Capítulo

0km0.5km

1.0km

2.0km

Linha indicativa para perfil do terreno (ver pag. 101)

Setorizaçãoda rede

Mapa 9 - Setorização da rede

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Imagem 38 - Perfil do terreno das regiões 1,2 e 3(GOOGLE)

624m

610m

600m

590m

580m

568m

595m

585m

578m

570m

560m

634m

630m

625m

621m

0.5km 1km 1.5km 2km 2.5km 3km 3.5km

0.5km 1km 1.5km 2km 2.5km 3km 3.5km

0.25km 0.5km 0.75km 1km 1.25km 1.5km 1.75km

Área 1 634m

630m625m

621m585m

639m

630m622m

615m608m

653m

645m640m635m563m

0.25km 0.5km 0.75km 1km 1.25km 1.4km

0.5km 1km 1.5km 2km 2.5km

0.5km 1km 1.5km 2km 2.5km 3km 3.5km

Imagem 39 - Perfil do terreno das regiões 4,5 e 6(GOOGLE)

Inclinação dos setores

Setor 1 Setor 4

Setor 2 Setor 5

Setor 3 Setor 6

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104__

Imagem 38 - Perfil do terreno das regiões 1,2,3,4,5,6(GOOGLE)

500m

525m

550m

575m

600m

625m

650m

0.5km 1km 1.5km 2km 2.5km 3km 3.5km

Setores Área Inclinação (%)

1 1,45km² + 3.5% / - 2.2%2 1,98km² + 2.5% / - 2.4%3 2,72km² + 1.0% / - 3.2%4 2,32km² + 1.3% / - 2.4%5 6,00km² + 1.5% / - 0.6%6 1,4km² + 1.5% / - 2.8%

Tabela - Inclinação média de cada área (%)

Inclinação dos setores

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O edifício cooperativo

O programa do edifício contempla primeiramente a existência da central de triagem de materiais recicláveis. Para o seu dimensionamento e layout foi necessário um levantamento da quantidade de material reciclável. O valor especificado na página 99 (700 ton/mês) tem como base a quantidade de material coletado no município e a capacidade do edifício já existente.

projeto

Cada cooperado é capaz de triar em média 250kg em 6 horas de trabalho. (SEBRAE,2003)

Para atender a capacidade de triagem proposta, 140 cooperados dividem-se em dois turnos, 5 dias por semana.

Cada mesa de triagem comporta 7/8 cooperados.

230kg

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106__

Em 11 mesas de triagem.os cooperados triam cerca de20 tipos de materias diferentes, além dos orgânicos e rejeitos.(SEBRAE,2003)

O rejeito é enviado ao aterro sanitário ou a incineração

O resíduo orgânico é encaminhadoa compostagem. O material triado é enviado para

a prensa ou para as oficinas.

Nas oficinas, será utilizado na produção de novos produtos.

Após a prensa, o material será armazenado e vendido.

$$$$$$$

$$$$$$$

$$$$$$$

Depois de produzidos as novas peças são vendidas nas lojas ou expostas na galeria.

O composto gerado poderá ser vendido ou utilizado na própria horta local.

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Setorização

projeto

Acesso/Serviços

Vestiários

Auditório

Pesquisa/Administração

Passeio

Café

Restaurante

Recepção

Salas de aula

Figura 23 - Setorização do edifício

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Acessos

Biblioteca

Visitantes

Lojas, exposições e café

Cooperados

Caminhões

Figura 24 - Acessos

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Praça, água e símbolos.

O desenho da praça busca explorar a materialidade dos materiais através dos decks propostos e dos espelhos d´agua, conectados entre si. Essa conexão tem como ponto inicial, as cisternas localizadas no centro dos galpões. Elas recebem a água da chuva através da cobertura e alimentam os espelhos d’agua e a horta, que utiliza métodos comuns de cultivo e hidroponia. O silo da antiga indústria, por sua vez consiste em um importante simbolo enquanto representante histórico das funções que ali ocorriam no passado.

projeto

Figura 25 - Decks em madeira e metálica

Figura 26 (lado)- Perspectiva geral

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Sistema estrutural dos módulos internos

Para a setorização do espaço interno, salas administrativas, oficinas, vestiários etc... é proposto a utilização de um sistema em steelframing. A rápida montagem, menor geração de resíduos e possibilidade de desmontagem dos ambientes é uma das características que determinaram a escolha do sistema. Além disso, propõe-se também a utilização de pisos elevados para passagem de cabeamento. O recuo de 40 cm da base, em relação a fachada permite que, para o observador seja percebida o contraste entre o que é novo e o que é existente no galpão original.

Figura 27 - Detalhe construtivo dos módulos internos escala 1:10

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Cobertura do galpão de triagem

Uma vez que a cobertura do galpão onde está localizada a triagem dos materiais foi demolida, optou-se pela alteração nos eixos em relação ao edifício original. A proposta é de alinhar a cobertura com o norte e deixar as aberturas do shed voltadas para o sul. Além disso, a utilização de painéis fotovoltaicos seriam otimizados com a orientação proposta.

projeto

Figura 28 - Galpão após demolição de pilares e cobertura em agosto (2011)

Figura 29 - modulação estrutural proposta. Figura 29 - cobertura. escala 1:1000

Cobertura translúcida sobre horta

Painéis fotovoltaicos

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bibliografia

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Page 112: Projeto Final de Graduaçao

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