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Abril 2012 Projeto Editorial Prof. Renato Delmanto Faculdade Cásper Líbero

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Abril 2012

Projeto Editorial Prof. Renato Delmanto

Faculdade Cásper Líbero

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• Fórmula Editorial:

– É o conceito de jornalismo que pretende praticar

– Esse conceito baseia-se nos valores, na missão e crenças do veículo / empresa

– Demonstra como o veículo vê e interpreta os fatos

• Projeto Editorial:

– Permite que o público se identifiquem com os pontos de vista e posicionamentos do veículo

– Ajuda o público a “entender” os fatos que mais interferem nas suas vidas

• Essa definição é que dá consistência e credibilidade ao veículo

– Qual tipo de jornalismo e qual tipo de cobertura fará

Projeto Editorial

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Referências

Jornalismo EUA: • O princípio da objetividade tem conseqüências no

estilo de escrever.

• Os dois têm de ser compatíveis. Um deve reforçar o outro.

• “A ideologia do jornalismo americano é de que o repórter de notícias deve reportar, não interpretar. O falso tempo presente das manchetes é simbólico disso; sugere que a reportagem é um flagrante fotográfico, uma imagem perfeita (...). O tempo pretérito na notícia, ao mesmo tempo, dá ao leitor a sensação de que tudo que ele lê é história; pode ser documentado, pode ser confirmado ou ser provado falso. Não é especulação. Não é opinião.”

(C. E. Lins da Silva, “O Adiantado da Hora”)

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Referências

Jornalismo EUA

• As bases fundamentais do estilo americano de fazer jornalismo são: – Notícias escritas no modo indicativo

– Ordem direta

– Pirâmide invertida

– Lead com resposta às perguntas fundamentais (quem, o que, quando, onde, como e por quê)

– Frases curtas

– Vocabulário simples (C. E. Lins da Silva, Idem)

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Conceitos

Editorial

• “É o gênero jornalístico que expressa a opinião oficial da empresa diante dos fatos de maior repercussão no momento”. (...)

• Os editoriais não refletem apenas a opinião de seus “proprietários nominais”, mas “o consenso das opiniões que emanam dos diferentes núcleos que participam da propriedade da organização (sócios e controladores)”.

(José Arbex, “Gêneros Jornalísticos na Folha de S.Paulo”)

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Conceitos

Editorial

• “Editorial é o texto, sempre não-assinado, em que o jornal exprime formalmente a sua opinião”

(Manual de Redação, Folha de S.Paulo)

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Conceitos

Editorial • O editorial deve ser entendido como um espaço de

contradições. “Seu discurso constitui uma teia de articulações políticas e por isso representa um exercício permanente de equilíbrio semântico”

• Por ser um espaço de contradições, o processo de produção do editorial revela a maneira pela qual a empresa jornalística se insere no mercado e em relação ao Estado, bem como a maneira pela qual a empresa articula-se internamente no sentido de responder às questões colocadas pela conjuntura política e econômica do país.

(José Arbex, “Gêneros Jornalísticos na Folha de S.Paulo”)

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Conceitos

Editorial

• “No caso específico (do editorial) da Folha, que não tem feição própria, ideologicamente definida, mas que optou por uma linha muito mais suscetível às oscilações da opinião pública como estratégia de mercado.”

(José Arbex, Idem)

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Conceitos

Editorial • “Acho a opinião do jornal o mais importante. A objetividade é

importantíssima, essencial, na medida humana possível, no noticiário...

• Fala-se muito da imparcialidade na imprensa. Imparcialidade sim, na apresentação da notícia, agora isso não significa neutralidade.

• No caso ‘Estadão’, o que o caracteriza e o deu força durante toda a sua existência foi o fato dele assumir sistematicamente posições quando há confronto de idéias e de concepções políticas.

• A grande força do jornal sempre foi a página 3 e mais do que nunca agora, quando o comprador, o assinante já sabe o que ele vai ler no jornal do dia seguinte quando ele compra ou quando ele o recebe em sua casa.”

(Ruy Mesquita, entrevista ao Observatório da Imprensa, 2005)

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O Projeto Folha

Justificativa • A Folha estabelece como premissa de sua linha

editorial a busca por um jornalismo crítico, apartidário e pluralista.

• Essas características, que norteiam o trabalho dos profissionais do Grupo Folha, foram detalhadas a partir de 1981 em diferentes projetos editoriais.

• Desde então, foram produzidos seis textos que procuram traduzir na prática os princípios que constituem, no seu conjunto, o Projeto Folha.

(“Conheça a Folha”, http://www.folha.uol.com.br)

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O Projeto Folha

1981 • O objetivo de um jornal como a Folha é, antes de

mais nada, oferecer três coisas ao seu público leitor: informação correta, interpretação competente sobre essa informação e pluralidade de opiniões sobre os fatos.

• Por informação correta entende-se a descrição de tudo aquilo capaz de afetar a vida e os interesses que se acredita serem os dos leitores. Essa descrição é realizada na forma mais sintética, despojada e distanciada possível (embora seja quase sempre impossível atingir a neutralidade absoluta. Ao contrário, isso é raramente factível).

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O Projeto Folha

1981 (cont.) • Por interpretações competentes (...) entendem-se os

comentários e análises redigidos por profissionais que, conforme os critérios adotados pelo jornal, aliam o domínio sobre uma determinada área do conhecimento ou da atividade humana ao domínio sobre a técnica de escrever.

• Por pluralidade de opiniões (...) entende-se a publicação de textos, artigos, depoimentos, entrevistas etc. que, tomadas em seu conjunto, funcionem como uma reprodução mais ou menos fiel da forma pela qual as opiniões existem e se distribuem no interior da sociedade.

• A ossatura de um jornal, o que lhe sustenta o corpo dando-lhe consistência e forma, são as reportagens, os textos noticiosos e as fotos de boa qualidade. Editoriais e artigos apenas complementam essa ossatura, que segue sendo a essência do jornal.

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O Projeto Folha

1984 • As idéias gerais que norteiam o modelo de jornalismo

que vimos procurando pôr em prática estão condensadas a seguir. Trata-se de um jornalismo crítico, pluralista, apartidário e moderno.

• Crítico - Não basta relatar os fatos, é preciso expô-los à crítica. Por definição, qualquer fato jornalístico é objeto da crítica jornalística. (...) Pode ser crítica que o repórter realiza quando compara fatos, estabelece analogias e veicula diferentes versões sobre um mesmo fato.

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O Projeto Folha

1984 (cont.) • Pluralista - O melhor serviço público que um jornal não-

partidário pode fazer é tornar essa realidade transparente; é reproduzir, em suas páginas, e na proporção mais exata possível, a forma pela qual as divergências se distribuem no interior da opinião pública. O jornal não quer impor suas opções ao leitor, não quer aprisioná-lo numa camisa-de-força ideológica, não quer tiranizá-lo.

• Apartidário – Ser um jornal apartidário não significa ser um jornal que não toma partido. Pelo contrário, a Folha faz questão de tomar partido no maior número possível de temas. Cada questão é uma questão, e nós tomamos partido em relação a ela especialmente, não em relação à estratégia geral de quem a propõe, seja um partido, um grupo etc.

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O Projeto Folha

1985 • A crítica mais forte é que revela fatos documentados

e incontestáveis, mostrando a conexão entre eles sempre que essa conexão também estiver comprovada. Tal crítica é mais eficaz do que qualquer crítica adjetiva, baseada em opiniões, travestidas ou não de "interpretação".

• Praticar a crítica substantiva, assim definida, contra tudo e contra todos, é obrigação não apenas moral mas política do jornalismo, especialmente em um país que as circunstâncias dotaram tão generosamente de problemas e de possibilidades.

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O Projeto Folha

1985 (cont.) • Temos que ampliar o espaço da prestação de serviço no

jornal e aumentar o grau de didatismo do material publicado. Essas duas características são inestimáveis na luta que visa transformar a Folha num produto de primeira necessidade para o público leitor, caminho obrigatório do desenvolvimento e da própria sobrevivência dos jornais.

• Quanto ao didatismo, é fundamental que os textos partam sempre do pressuposto de que o leitor não está familiarizado com o assunto e pode nunca ter lido sobre ele antes. Tudo deve ser explicado, esclarecido e detalhado - de forma concisa e exata, numa linguagem tanto coloquial e direta quanto possível.

• A rigor, tudo o que puder ser dito sob a forma de quadro, mapa, gráfico ou tabela não deve ser dito sob a forma de texto.

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O Projeto Folha

1986 • Vamos insistir na necessidade de modernizar o estilo

jornalístico e de abordar assuntos sob pontos de vista que correspondem às necessidades emergentes na vida do leitor. Vamos procurar enfoques originais e diferenciados. Vamos preservar a atitude editorial de apartidarismo. Vamos manter a preocupação com o didatismo.

• Cada texto publicado na Folha deve ser claro e explicativo o bastante para ser lido com utilidade pelo leigo, sofisticado o bastante para ser lido pelo especialista e enriquecido sempre por uma dimensão de serviço que o fará lido por ambos. (...) É necessário apresentar os assuntos de forma lógica, clara e fácil para quem vai ler.

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O Projeto Folha

1988 • Segmentamos o jornal em cadernos e suplementos, de

modo a organizar psicologicamente a leitura e atrair novas frações do leitorado.

• O senso do concreto, do prático, do preciso, não se opõe à imaginação; ao contrário, é o que dá conteúdo e interesse jornalístico

• Mais e mais as decisões jornalísticas – seja na edição, seja na pauta - terão necessariamente um quê de arbitrário: pode-se, a partir de um fato "leve", circunstancial, apenas curioso, criar um grande assunto, descobrir uma nova área de interesse.

• Mas para isso é necessário, antes de tudo, ter fatos concretos, solidamente apurados, ricos de detalhe, capazes por si próprios, e não por malabarismos de edição, de despertar o interesse do leitor.

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O Projeto Folha

1997 • A transição de um texto estritamente informativo,

tolhido por normas pouco flexíveis, para um outro padrão textual que admita um componente de análise e certa liberdade estilística é conseqüência da evolução que estamos procurando identificar.

• A um texto noticioso mais flexível deve corresponder um domínio superior do idioma, bem como redobrada vigilância quanto à verificação prévia das informações, à precisão e inteireza dos relatos, à sustentação técnica das análises e à isenção necessária para assegurar o acesso do leitor aos diferentes pontos de vista suscitados pelos fatos.

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O Projeto Folha

Manual de Filosofia e Formatos (2006) • Em maio de 2006, a Folha distribuiu internamente um

Manual que justificava a implantação de um novo projeto gráfico.

• O “Manual de Filosofia e Formatos” trouxe um completo detalhamento das mudanças implementadas e as razões por que foram feitas.

• O trabalho foi produzido sob orientação da mesma equipe que cuidou da reforma e tem óbvias pretensões didáticas.

• O texto que abre o Manual (“Um Jornal em Duas Velocidades”) dá o tom do que se pretende tanto com o Manual quanto com a reforma em si.

(Baseado em texto publicado em Jornalistas & Cia, Edição 541)

(O jornal em duas velocidades, 25/05/2006)

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O Projeto Folha

Manual de Filosofia e Formatos (2006) • Hoje o leitor perde cada vez mais tempo no trânsito, dedica

cada vez mais tempo à sua capacitação profissional, fala cada vez mais tempo ao celular, gasta cada vez mais tempo nos e-mails, despende cada vez mais tempo em novas plataformas de mídia.

• Por conta disso, o público fica extremamente grato toda vez que o jornal faz algo que facilite (não necessariamente acelere ou encurte) a sua experiência de leitura.

• A Folha ostenta um forte capital político e institucional, graças ao projeto editorial inovador e bem-sucedido que disseminou no jornalismo brasileiro conceitos como independência, pluralismo e apartidarismo. Mas outro forte atributo é o fato de ser reconhecido como amigável, clean, divertido, bem diagramado, fácil de consultar.

(O jornal em duas velocidades, 25/05/2006)

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O Projeto Folha

Manual de Filosofia e Formatos (2006) • Essa reforma (...) não faz pirotecnia tipográfica nem impõe

contorcionismos morfológicos. Tampouco lança uma cruzada antitexto, pelo contrário. A Folha não renunciará ao papel de diário mais influente do Brasil, líder do mercado de quality papers. Se o leitor se dispõe a penetrar, digamos, em sete assuntos por edição, cabe ao jornal zelar para que os sete assuntos estejam tratados com sofisticação.

• Daí a dupla ambição deste projeto: enriquecer o percurso e impedir a dispersão de quem apenas folheia o produto e, ao mesmo tempo, garantir a satisfação de quem mergulha no conteúdo. As novas ferramentas gráficas transcendem o aspecto visual.

• Servem de alavanca para o exercício de um jornalismo mais focado, analítico, minucioso e denso – um desafio que deverá implicar novos procedimentos e um repensar do fazer jornal.

(O jornal em duas velocidades, 25/05/2006)

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O Projeto Folha

Despedida do Ombudsman (2008) • “Esta é a 51ª e derradeira coluna dominical que escrevo

como ombudsman da Folha. Assumi em 5 de abril de 2007, e o meu mandato se encerrou anteontem. Embora o estatuto autorize a renovação por mais dois períodos, não houve acordo com a direção do jornal para a continuidade.

• A Folha condicionou minha permanência ao fim da circulação na internet das críticas diárias do ombudsman. A reivindicação me foi apresentada há meses. Não concordei. Diante do impasse, deixo o posto. Oitavo jornalista a ocupar a função, torno-me o segundo a não prosseguir por mais um ano. Todos foram convidados a ficar. Sou o primeiro a ter como exigência, para renovar, o retrocesso na transparência do seu trabalho.”

(Mário Magalhães, 06/04/2008)

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O Projeto Folha

Despedida do Ombudsman (2008) • Desde 2000 as críticas (do Ombudsman) vão ao ar. Por oito

anos, os leitores puderam monitorar a atividade cotidiana de quem tem a atribuição de representá-los.

• Não poderão mais.

• O comando da Folha esgrimiu um argumento para a decisão: no ambiente de concorrência exacerbada do mercado jornalístico, idéias e sugestões do ombudsman são implementadas por outros diários.

De fato, isso ocorre.

E continuará a ocorrer.

• Quase 20 anos atrás, as críticas ainda denominadas internas eram distribuídas em papel à Redação. Acabavam nas bancadas de outros jornais. Um deles veiculou publicidade alardeando elogio do ombudsman. (Mário Magalhães, 06/04/2008)

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O Projeto Folha

Despedida do Ombudsman (2008) • Com a difusão por e-mail, será ainda mais difícil conter a

distribuição irregular das anotações do ouvidor. (...) Que segredo sobrevive a centenas de destinatários?

• Já os leitores ditos comuns, os que fazem a fortuna de toda empreitada jornalística de sucesso, serão barrados. A medida não resolve o problema a cuja solução se propõe, mas prejudica quem é alheio a ele.

• A não-renovação do mandato é legítima, respeita a Constituição do jornal. Sua direção tem a prerrogativa de convidar ou não o ombudsman a permanecer. E de estabelecer as normas. Não há quebra de contrato, e sim respeito.

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O Projeto Folha

Despedida do Ombudsman (2008) • O ombudsman deve ser um instrumento dos leitores. Se os

pronunciamentos semanais ficam inacessíveis (...), reduz-se a fiscalização dos leitores sobre aquele cuja atribuição é batalhar em nome deles.

• O ombudsman incapaz de zelar pela manutenção da transparência do seu ofício carece de autoridade para combater pela transparência do jornal. Como cobrar o que se topou diminuir?

• A tendência mundial é de expansão da transparência das organizações jornalísticas. A novidade da Folha aparece na contramão.

(Mário Magalhães, 06/04/2008)

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O Projeto Folha

O “Jornal do Futuro” (2010)

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O Projeto Folha

Sete vidas do Jornalismo (2010) • De tempos em tempos, o assim chamado "negativismo" da

imprensa se volta contra ela própria. Foi assim sempre que o advento de mudanças tecnológicas veio afetar o modo de transmissão de informações: o telégrafo, o cinema, o rádio, a TV e agora a internet.

• Durante décadas, o jornalismo clássico, dito de qualidade – que cultiva compromissos com a exatidão do que publica, com a relevância coletiva dos temas que aborda, com a manutenção do debate público – foi sustentado por um modelo econômico hoje em risco. Talvez jornais, revistas e livros impressos venham a desaparecer, talvez não. O papel impresso tem o carisma da credibilidade e da duração.

• A fotografia não suprimiu as artes plásticas, nem a TV liquidou o cinema...

(Otavio Frias Filho, 23/05/2010)

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O Projeto Folha

Sete vidas do Jornalismo (2010) • Mas é pouco provável que o jornalismo de qualidade, tal

como definido acima, desapareça da face da terra.

• Conforme mais pessoas imergem no oceano de dados na rede, maior é a demanda por um veículo capaz de apurar melhor, selecionar, resumir, analisar e hierarquizar.

• Esse veículo, no papel ou na tela, se chama jornal

• Um jornalismo de qualidade é dispendioso. Continuará a valer seu preço para aquela parcela crescente de pessoas interessadas em saber mais e melhor.

• Mas, para tanto, é preciso ter a humildade de aprender. Reconhecer que os jornais são muitas vezes cansativos, previsíveis, prolixos, distantes, redundantes, parciais – cifrados para o leigo e superficiais para o especialista.

(Otavio Frias Filho, 23/05/2010)

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O Projeto Folha

O perfil do leitor (Anos 80)

• Campanha das Diretas-Já atraiu leitores universitários

• A Folha é com certeza o jornal que encontra maior repercussão entre os jovens. Foi o que primeiro compreendeu as possibilidades da abertura política e o que mais se beneficiou com ela, beneficiando a democratização. É o jornal pelo que a maioria dos intelectuais optou. É o mais discutido nas escolas de comunicação e nos debates sobre a imprensa brasileira.

(Projeto Folha, 1984)

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O Projeto Folha

O perfil do leitor (2011)

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O Projeto Folha

O perfil do leitor (2011)

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O Projeto Folha

A diferença que não há *

(*) Texto de Luiz Egypto, no Observatório da Imprensa, 31/03/2009