projeto de terapia do pac

20
TERAPIA FONOAUDIOLÓGICA NOS TRANSTORNOS DE PROCESSAMENTO AUDITIVO CLÍNICA UNIARA DE FONOAUDIOLOGIA Prof. Me. Luciana Rueda Sborowski Prof. Me. Sandra Caucabene Sicchiroli PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL: é como o sistema auditivo periférico e central recebe, analisa e organiza aquilo que ouvimos. O som, o estímulo sonoro, percorre um longo caminho pelo sistema nervoso, desde a orelha até o córtex cerebral, passando por várias “estações” do chamado tronco cerebral. Cada “estação” é responsável por diferentes habilidades como a atenção a um som, a detecção de onde ele vem e a identificação do seu significado, entre outras funções. Para que todo esse caminho seja percorrido sem desvios, todas as partes ou estruturas envolvidas devem estar perfeitas. Existe uma enorme rede de neurônios que se ligam nesse caminho, que é muito complexo. À vezes ocorrem alguns desvios, seja por imaturidade desses neurônios, ou por outros motivos. Em alguns casos, a criança pode também não ter sido exposta a muitas experiências auditivas e o estímulo sonoro não saber qual caminho percorrer. Nestes casos, a criança apresenta, então, TRANSTORNOS NO PROCESSAMENTO AUDITIVO (TPA). ALTERAÇÕES MAIS COMUNS EM INDIVÍDUOS COM TPA: 1

Upload: tamiris-akbart

Post on 03-Oct-2015

10 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

jknjdd

TRANSCRIPT

PROJETO DE TERAPIA FONOAUDIOLGICA NOS TRANSTORNOS DE PROCESSAMENTO AUDITIVO

PAGE 1

TERAPIA FONOAUDIOLGICA NOS TRANSTORNOS DE PROCESSAMENTO AUDITIVOCLNICA UNIARA DE FONOAUDIOLOGIA

Prof. Me. Luciana Rueda Sborowski

Prof. Me. Sandra Caucabene Sicchiroli

PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL: como o sistema auditivo perifrico e central recebe, analisa e organiza aquilo que ouvimos. O som, o estmulo sonoro, percorre um longo caminho pelo sistema nervoso, desde a orelha at o crtex cerebral, passando por vrias estaes do chamado tronco cerebral. Cada estao responsvel por diferentes habilidades como a ateno a um som, a deteco de onde ele vem e a identificao do seu significado, entre outras funes. Para que todo esse caminho seja percorrido sem desvios, todas as partes ou estruturas envolvidas devem estar perfeitas. Existe uma enorme rede de neurnios que se ligam nesse caminho, que muito complexo. vezes ocorrem alguns desvios, seja por imaturidade desses neurnios, ou por outros motivos. Em alguns casos, a criana pode tambm no ter sido exposta a muitas experincias auditivas e o estmulo sonoro no saber qual caminho percorrer. Nestes casos, a criana apresenta, ento, TRANSTORNOS NO PROCESSAMENTO AUDITIVO (TPA).ALTERAES MAIS COMUNS EM INDIVDUOS COM TPA:

Memorizar informaes recebidas auditivamente; Dificuldade com relao localizao sonora e discriminao auditiva; Dificuldades de ateno dificuldade em compreender na presena de mensagem competitiva ou rudo; Dificuldades com ordenao temporal; Alteraes nas tarefas de conscincia fonolgica; Alteraes quanto habilidade de fechamento auditivo, ou seja, em compreender a mensagem quando parte dela foi perdida; Alteraes no que diz respeito ateno seletiva, isto , manter ateno a uma informao na presena de outras;

Dificuldades em co0mpreender conceitos verbais e associ-los a conceitos visuais e/ou idias abstratas;

Dificuldade na compreenso de piadas, palavras com duplo sentido, entre outras;

Disgrafia;

Alterao de alguns fonemas acusticamente semelhantes, principalmente /r/ e /l/.

AVALIAO DO PROCESSAMENTO AUDITIVODeve incluir os seguintes procedimentos: anamnese detalhada; avaliao da funo auditiva perifrica; tarefas monoaurais de baixa redundncia; tarefas de interao binaural; tarefas de escuta dictica e tarefas de processamento temporal.

As alteraes podem ser classificadas nos seguintes subtipos:Dficits em:

Decodificao

Codificao:

- integrao- associao

OrganizaoTERAPIA FONOAUDIOLGICA DOS TPAs:

1.Controle acstico e auxlio visual Modificaes do ambiente de audio:- acstica da sala de aula

- relao fala-rudo (FM)

Posio da criana na sala de aula

Zona de estudo silenciosa, sem distraes auditivas e visuais

Exemplos:

- mudar a criana para uma sala mais silenciosa

- explorar atividades visuais: trabalhar com desenhos, esquemas, gestos, etc

2. Estratgias para uma comunicao mais eficiente

Trabalhar ateno: chamar a criana pelo nome + toques suaves

Avaliao da compreenso

Reformular mensagens no compreendidas: reduzir complexidade, nvel de vocabulrio, etc

Uso de instrues curtas

Preparao de conceitos e vocabulrios novos antes das aulas

Lista de vocabulrio chave

Escrever as instrues: anotaes organizadas e lembretes

Auxlio visual: associaes audiovisuais

Ajuda individual: apoio escolar

Fazer intervalos mais freqentes (insistir = frustrao)

3. Tampo monoaural como auxlio de audio Usar tampo de natao cortado ao meio ou molde sem abertura. A criana continua ouvindo sem ouvir o zum-zum da classe, sem dispersar em terapia. Atenua em 30dB o barulho.

- em terapia: ocluir o lado melhor para estimular mais o lado pior

- em casa e na escola: ocluir o lado pior

4. Assistncia quanto memria, fala e linguagem: - relao entre TPA e distrbios de aprendizagem

- valorizar pistas de lingg e aspectos cognitivos no treinamento

- elaborar um esquema para a criana ter acesso

- pedir para um colega da classe ficar responsvel por escrever na agenda e a me, em casa, para ajudar a lembrar os lembretes e a tarefa.

5. Treinamento auditivo

Objetivo: fortalecer os processos e as habilidades auditivas, alm de facilitar as estratgias de compensao.- dessensibilizao da fala em presena de rudo

- estimulao mono e binaural

- anlise e sntese fonmica

- atividades para remediar o problema: interveno direta nas reas deficitrias;

- estratgias compensatrias: junto com as modificaes ambientais, so designadas a melhorar o acesso e o uso da informao auditiva.ESTRATGIAS TERAPUTICAS NO TREINAMENTO DAS HABILIDADES AUDITIVAS: NVEIS DE ESTIMULAO

1. LOCALIZAO

Ateno aos sons

Respostas ldicas condicionadas

Localizao da fonte sonora

Exemplos: - utilizando um som (sino, estalar de dedos, etc), comear perto da criana e ir aumentando a distncia; - fazer trilha sonora: a criana, com mscara de dormir, deve acompanhar o som; - ir aumentando a dificuldade: chocalho e sino (a criana deve dizer qual o som e a localizao do mesmo).2. MEMRIA SEQNCIAL Treino com sons no verbais: ambientais, onomatopias, rtmicos.Exemplos: sons X figuras

- utilizar duas figuras (ex: comendo salgadinho e amassando papel). A terapeuta, por trs da criana, faz os barulhos em seqncia, os quais devem ser identificados. - jogo: voc conhece esse som?: utilizar uma figura grande com vrios estmulos. A criana deve ouvir 2 ou 3 sons e apont-los na seqncia correta. (primeiro em silncio e depois com barulho de fundo) - trabalhar com ritmo dar o modelo e a criana deve repetir (teclado, palmas, etc)

Treino com sons verbais: em seqncias de:

- nmeros telefone, tabuada, etc

- slabas memria e discriminao

- palavras dentro de um campo semntico (ex: livro Deu Branco Alvarez)

- logatomos estmulos complexos sem significado

- ordens / frases Ex: trava-lnguas, ordens engraadas para a criana cumprir, etc.

3. FECHAMENTO: habilidade de complementar subjetivamente e transformar em completa uma forma incompleta. Auditivo. Ex: completar palavras liquidifica.....

Gramtico. Ex: completar frases Ontem eu fui ao.....

Auditivo-verbal. Ex: surdo/sonoro dentro de um significado, dar a palavra correta. (Ex: pato e bato- animal de penas que sabe nadar) 4. FIGURA/FUNDO: habilidade em eleger um estmulo auditivo como informao principal, em detrimento a outros estmulos competitivos.

- Rudo branco rdio ou tv fora do ar

- Msica orquestrada (suave/mais agitada)

- Msica cantada

- Fala competitiva (histrias/narrao de jogo de futebol/hora do Brasil, etc) Trabalhar as estratgias (memria, ateno, sntese, etc) com o rudo de fundo.

Identificar quais os rudos que mais incomodam.

Explicar o porqu do uso do rudo competitivo.

Exemplos: -gravador com histria num ouvido e CD com palavras para repetir no outro ouvido.

- fone com um dos ouvidos em silncio, trabalhar a outra orelha (Se quiser trabalhar OD, tirar todo o volume do fone esquerdo e trabalhar com o direito).5. ANLISE E SNTESE a) DISCRIMINAO AUDITIVA: habilidade de perceber semelhanas e diferenas entre sons: ambientais, onomatopicos, palavras, slabas e fonemas.

- dar pistas proprioceptivas e visuais: Ex: Que som vou fazer? produzir o movimento articulatrio para a criana identificar qual o som. Explicar que para cada som, existe uma letra.

- Speeh Pitch (GRAM) para trabalhar surda/sonora. A criana v o som e depois o produz, sentindo na garganta; b) CONSCINCIA FONOLGICA: percepo da estrutura sonora das palavras faladas.

a habilidade de se refletir explicitamente a estrutura sonora das palavras faladas

a habilidade de perceber palavras como uma seqncia de fonemas e de identificar esses fonemas dentro das palavras e das slabas

grandes evidncias na literatura da relao entre dificuldades no aprendizado de leitura e escrita e as habilidades fonolgicas

Exemplos: - utilizar coarticulao. Ex: ssssssooo (no ssss, boca em sorriso passar para o bico: ooooo)

- tcnica das boquinhas e tesourinha

problema de conscincia fonolgica dficit de decodificaoProcessamento da leitura: internamente l-se pelo processador fonolgicoPROCESSADOR CONTEXTUAL

PROCESSADOR SEMNTICO

PROCESSAMENTO PROCESSAMENTO FONOLGICO FONOLGICO

ESCRITATestes de conscincia fonolgica:

# CD Ortografando (Capovilla)

# CONFIAS (caixinha azul) com: ncleo silbico e ncleo fonmico: - sntese silbica - segmentao fonmica

- sntese fonmica - excluso fonmica

- percepo de rimas - transposio fonmica

Tem 30 itens e a criana necessita acertar 25.

Exemplos de estratgias para terapia:

- segmentao: quais sons formam as palavras (imagem da tesourinha)

- imagem articulatria X som: batom no papel; chocolate no lbio e papel, etc...associando depois aos grafemas.

- tcnica das boquinhas

- Com trocas de fonemas surdos/sonoros:

verificar habilidade de sonorizao

exerccios ativadores: - B prolongado

- som nasal + estalo de lngua

- som basal

- izzzzzzz

- ajjjjjjjjjjj ir olhando no grfico

- ivvvvvv

* apoio e monitoramento: Gram, Speech Pitch, Vox Metria

c) ASSOCIAO FONEMA - GRAFEMA- livros Capovilla: - Problemas de leitura e escrita

- Alfabetizao Mtodo Fnico

6. PADRES DE FREQNCIA E DURAO Seqncias com discriminao de:

- freqncia

- durao

percepo da tonicidade, nfase e prosdia em slaba tnica

Exemplos:

- primeiro trabalhar com som. Ex: no teclado, nos copos com diferentes nveis de gua (diferenas grandes e ir dificultando para diferenas menores). Ir colocando ritmo junto.

- leituras com nfases diferentes. Ex: Ontem eu fui ao cinema com a Ana. Enfatizar, na leitura, a palavra ontem e depois perguntar: Quando?

Ir mudando o foco da nfase e as perguntas pertinentes (Com quem? Onde?)

7. ASSOCIAO

INTEGRAO INTER HEMISFRICA: criana com desordem de codificao (integrao) ou com atraso na neuromaturao pode se beneficiar com exerccios que estimulem a integrao inter-hemisfrica de informaes.

- teste dictico com dgitos

- teste dictico com sons e figuras (4 opes para escolher)- teste dictico no verbal (comeando cada vez num estmulo)- no usar o ABFW porque as crianas decoram; ou usar 20 (das 40) seqncias no teste; trabalhar a criana e na retestagem usar as outras 20.

Exerccios de integrao inter hemisfrica:

integrao binaural (ateno dividida) separao binaural (ateno seletiva)

identificao verbal de objetos com pistas na mo esquerda (Ex pegar uma bola com a mo esquerda e falar sobre)

descrio de uma figura enquanto ela desenhada

atividades com msica e canto

respostas motoras a comandos verbais, realizadas com o lado esquerdo do corpo

dar coreografias (ex: bater p e levantar as mo; com msica dar 4 passos para a frente e 4 passos para trs; esfregar a cabea com uma mo enquanto bate a outra mo na barriga, etc).

8.TREINAMENTO DAS HABILIDADES AUDITIVAS COM OS TESTES ESPECIAIS

# CD player, fone de ouvido mono / estreo (abaixar o volume de um lado do fone ir diminuindo a diferena entre os dois fones):

fala com rudo branco

testes dicticos: - sons ambientais

- com dgitos

- consoante X vogal

SSW (com cuidado)

Fala com rudo branco

Gravar histria e outra fita com frases com a voz do terapeuta pedir para repetir as frases.

Treinamento em cabine mas trazer para o cotidiano do paciente casa e escola. Se no fizer isso, melhora habilidade, mas no a eficincia. Muitas vezes o treino fora da cabine melhor. Coordenao ocular: ateno para nistagmo, pois atrapalha a leitura, o estudo, etc.

9. ESTRATGIAS METALINGSTICAS

Metalinguagem: habilidade para pensar sobre a linguagem na sua forma abstrata, falar sobre sua forma (regras) e seu contedo (anlises, julgamentos)

- Por qu voc fez isso? Se voc no fizesse isso, o que faria?

Primeiro treino auditivo e depois: Organizao e estoque de palavras: palavras com mltiplo sentido Conscincia Fonolgica

Linguagem figurativa: metforas, piadas, expresses idiomticas

Compreenso:

- habilidade de entender o significado da fala

- responder questes

- seguir instrues e ordens memria seqencial

- silogismos (que cor o cavalo branco de Napoleo?), histrias, metforas, piadas (perguntar se entendeu, explicar)

- parafrasear (contar a mesma histria com personagens diferentes)

- compreenso com rudo (figura-fundo)

- sempre filmar para a criana se monitorarATIVIDADES QUE ENVOLVEM METALINGUAGEM E HABILIDADES AUDITIVAS

Memria

Categorizao de objetos, figuras e palavras com anlise de critrios Dramatizao de histrias lidas ou ouvidas

Fazer a criana escrever uma histria, montar o cenrio, dramatizar e filmar, para ver como muda

Filmar a criana gravando uma propaganda

Resumir histrias ou notcias

Desenvolver tcnicas de memorizao, elaborao de resumos e esquemas, organizar palavras-chaves Associao com referncias visuais: ativa Hemisfrio Direito Planejamentos, agendas, anotaes

Lxico Aumentar e qualificar o vocabulrio

Aumentar o fechamento: derivao contextual do significado da palavra

Compreenso de metforas

Leitura e compreenso de piadas e fbulas

Na leitura: ao encontrar palavras difceis, parar, ver o significado, dar opes. Em outras situaes, formar frases diferentes com aquelas palavras.

Sintaxe Disposio das palavras na frase e das frases no discurso (Ex: recortar a frase colocar em ordem)

Relao lgica das frases entre si Correta construo gramatical

Seqncias lgico temporais

Recortes / construes de frases e histrias

Identificar e corrigir frases com absurdos lxicos e gramaticais usar do bom-humor Exposio diria da criana a histrias

Induzir a criana a escrever um jornal, colocando humor no final

Aspectos cognitivos: inflexibilidade cognitiva / dificuldades analticas ou conceituais

Percepo: cores, formas, tamanhos

Generalizao e abstrao: a partir das categorizaes

Deduo e Inferncia: a partir de silogismo

Raciocnio e Soluo de problemas

Imaginao: elaborar solues para problemas hipotticos

Auto anlise e Conscincia:

- aumentar auto-estima e motivao

- lidar com as frustraes

- reforar aspectos positivos

- identificar as dificuldades e elaborar alternativas

10. ESTRATGIAS METACOGNITIVAS Metacognio: conscincia e uso apropriado do conhecimento; conscincia das tarefas e das variveis que podem alterar seu desempenho. Planejamento, monitoramento e regulao do desempenho. Inclui:

Ateno

Aprendizagem

Uso da linguagem

Fase consciente e ativa no desenvolvimento do conhecimento.(o indivduo deve perceber suas dificuldades e ter conscincia das tarefas (estratgias) para se ajudar)

11. ESTRATGIAS COMPENSATRIAS

(se no der de um jeito, faa de outro)

Estimular o indivduo a:

Monitorar sua compreenso

Identificar suas dificuldades

Elaborar solues alternativas

Ser um ouvinte ativo ao invs de passivo

SNTESE DA ABORDAGEM TERAPUTICA NOS TPAs

O que trabalhar na terapia de:

DECODIFICAO:

Treino das habilidades auditivas de conscincia fonolgica associadas leitura

Melhorar a qualidade acstica do sinal auditivo

Pr-ensinar novas informaes

CODIFICAO:

Figura-fundo Exerccios inter-hemisfricos Uso reduzido de pistas multi-modais Treino de prosdia e de msicas Identificao de palavras-chave Estimulao de linguagem combinada com estratgias compensatriasORGANIZAO:

Treino da memria para sons em seqncia:- sons verbais: seqncia lgico-temporal de textos

- sons no-verbais: ritmo, prosdia da fala

Estimulao de linguagem

Material elaborado a partir do curso de Terapia das Desordens do Processamento Auditivo nos Distrbios da Comunicao (I e II), ministrado pela Prof. Dra. Ingrid [email protected]