projeto de pós-doutoradoportal.if.usp.br/pesquisa/sites/portal.if.usp.br... · 3 neste projeto...
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Universidade de São Paulo
- Instituto de Física -
Projeto de Pós-Doutorado
Relações de estrutura-propriedade de materiais
inorgânicos luminescentes obtidos por método
assistido por radiação micro-ondas
Dr. José Miranda de Carvalho
Profª. Drª. Marcia Carvalho de Abreu Fantini
Supervisora
São Paulo
22/02/2017
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RESUMO
Materiais inorgânicos conversores de energia estão em franco desenvolvimento e
possuem fundamental importância na sociedade moderna na forma de células solares [1],
baterias ópticas [2], LEDs para iluminação [3], dispositivos de armazenamento de memória
digital, etc.
Desde meados de 1990, estes materiais inorgânicos têm exercido um papel fundamental
na tecnologia emergente de iluminação de estado sólido (solid state lighting, SSL). O PC-LED
(phosphor converting lighting emitting diode) é uma combinação entre um LED (lighting
emitting diode) que emite no UV-próximo ou azul e um fósforo que absorve esta radiação e
emite em comprimentos de onda mais longos (verde, amarelo e vermelho etc.)
O desafio atual está no desenvolvimento de materiais luminescentes ativados por
radiação solar, que possuem aplicação desde iluminação de emergência até diagnósticos de
doenças e tumores.
Além disso, na atual situação econômica mundial, alternativas de síntese menos
dispendiosas energeticamente, aliadas a materiais de baixo custo, são de extrema necessidade,
para garantir que o processo de obtenção dos materiais seja sustentável. A utilização de
matéria prima barata e abundante e novas rotas sintéticas de baixo custo energético na
obtenção de fósforos de alta qualidade, aliado a aplicação na tecnologia de iluminação de
estado sólido, pode trazer economia energética significativa em níveis mundiais.
Os luminóforos mais comumente utilizados para conversão de energia luminosa
consistem de materiais inorgânicos oriundos de óxidos, nitretos, oxinitretos, oxisulfetos e
fluoretos, que são normalmente dopados com íons terras raras (Ce3+
ou Eu2+
). Estes íons
possuem configurações eletrônicas [Xe]4f1 e [Xe]4f
7 para os íons cério e európio,
respectivamente. As cores de emissão destes íons são oriundas de transições
interconfiguracionais (4f5d) que podem ser sintonizadas para regiões apropriadas do espectro
visível e, portanto, dependem fortemente do campo ligante da matriz hospedeira.
Alternativamente, outros íons, como metais de transição d (Ti, Mn, e Cr) possuem
potencial para serem aplicados como ativadores em luminóforos, devido a seu baixo custo,
abundância e facilidade de separação. Os íons que particularmente chamam a atenção na área
de luminescência são o Ti, por possuir banda de emissão larga e sintonizável, na região do
visível, e o Mn por possuir banda larga de emissão na região do vermelho.
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Neste projeto serão desenvolvidas novas rotas de obtenção de luminóforos para
aplicação em conversão de energia luminosa, entre elas: i) Síntese em estado-sólido assistida
por radiação micro-ondas e ii) Síntese de estado-sólido convencional (método cerâmico).
Além do mais serão investigadas as propriedades espectroscópicas dos materiais
luminescentes com base: i) No estudo das relações de estrutura-propriedade dos materiais; ii)
na estrutura dos níveis de energia dos íons emissores envolvidos, bem como processos de
transferência e migração de energia; iii) nas propriedades ópticas - tempos de vida () e
rendimentos quânticos de emissão (qexp). Por fim, o projeto contempla a fabricação de
dispositivos emissores de luz branca com os fósforos de alta qualidade, bem como o estudo
das suas propriedades fotoluminescentes.
Os mecanismos das reações inorgânicas assistidas por radiação micro-ondas serão
estudados a partir da análise ex-situ e in-situ das reações utilizando a técnica de difração de
raios X, visando correlacionar propriedades estruturais com eficiência luminescente. Também
serão analisados os processos fotoluminescentes dos materiais obtidos a fim de facilitar o
desenho de novos materiais luminescentes.
RELEVÂNCIA DO TEMA - ESTADO DA ARTE
Desde de o início da civilização moderna, a busca por alternativas energéticas tem sido
um desafio para o incremento da qualidade de vida e desenvolvimento social e tecnológico.
Desde a lâmpada de filamento de tungstênio (incandescência), passando pelas halógenas e
lâmpadas de tubo fluorescente, muitos anos de pesquisa e desenvolvimento foram necessários
para se otimizar a iluminação dos mais diversos tipos de ambientes.
Nesse contexto surgem os materiais de estado-sólido para conversão de energia
luminosa, que podem ser sumarizados na figura 1:
Figura 1. Diagrama esquemático mostrando as funções dos materiais inorgânicos
conversores de energia luminosa.
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Por esse motivo, a pesquisa em materiais conversores de energia luminosa está em
evidência e crescendo a cada dia. Atualmente, existem desafios primordiais sobre materiais
inorgânicos conversores de energia, entre eles:
i) Desenvolvimento de novos materiais luminescentes a base de metais de transição d, que
ofereçam eficiência comparável às terras raras para aplicação em materiais
luminescentes persistentes e baterias ópticas. [4]
ii) Desenvolvimento de novos materiais luminescente eficientes para aplicação em LED
para iluminação de estado sólido que possibilite a obtenção de uma lâmpada com maior
índice de cromaticidade e sintonização de cores de acordo como ritmo circadiano
humano. [5]
iii) Desenvolvimento de novos materiais luminescentes a base de metais de transição d que
possuam emissão no infravermelho próximo para aplicação em biomarcadores. [6]
O projeto propõe soluções sintéticas para obtenção de novos materiais, utilizando
matéria prima abundante e barata, por métodos energeticamente eficientes. O estudo de
estrutura-propriedade dos materiais proporcionará uma compreensão aprofundada dos
sistemas e dos caminhos sintéticos. Além disso, vale destacar a importância do
desenvolvimento de mecanismos de síntese e modelos que possam auxiliar o design de novos
materiais.
1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
1.1. Materiais luminescentes a base de Ti3+
Os materiais que apresentam o fenômeno de luminescência persistente são usados
diariamente em aplicações em dispositivos de iluminação de emergência, porém, também
possuem potencial em imageamento biológico, equipamentos de visão noturna e aumento de
eficiência em células solares. Entretanto, todos os materiais luminescentes persistentes
disponíveis comercialmente contém íons terras raras e metais pesados. A necessidade de se
utilizar elementos terras raras, bem como elementos do tipo Ga e Ge aumentos os custos de
produção consideravelmente. Além disso, muitos metais pesados são considerados causadores
de efeitos adversos a saúde.
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Os materiais mais eficientes disponíveis comercialmente nos dias de hoje são
Sr2MgSi2O7:Eu2+
,Dy3+
(azul, >30 h), SrAl2O4:Eu2+
,Dy3+ (verde, >20 h) e
Y2O2S:Eu3+
,Mg2+
,TiIV
(vermelho, >5 h). Esses materiais apresentam ótima eficiência para as
cores primárias principais (RGB), porém não existem materiais persistentes que emitem luz
branca com eficiência. Os principais materiais emissores de luz branca são CdSiO3:Dy3+
(até
5 h), CaSnO3:Pr3+
(> 3 h), Ca2MgSi2O7:Dy3+
(> 3 h) e CaZnGe2O6:Dy3+
(> 3 h).
Dentre as alternativas de íons ativadores para materiais luminescentes persistentes, o íon
Ti3+
possui características únicas, tais quais, bandas largas de emissão e absorção, bem como
sintonização de cores de emissão desde azul, amarelo, até o vermelho. Dessa forma,
introduzindo o íon Ti3+
em um ambiente químico propício pode-se obter luz branca devida as
diferentes contribuições espectrais obtidas com esse íon. Além disso, a emissão do íon Ti3+
é
altamente eficiente: a emissão oriunda da zircônia foi atribuída a impurezas de Ti3+
na ordem
de 100-300 ppm. [7]
Materiais inorgânicos embasados em estrutura de minerais do tipo sodalita e hackmanita
foram estudados recentemente pelo grupo do Prof. Dr. Lastusarari, na Universidade de Turku,
na Finlândia e se mostram promissores para luminescência persistente oriunda do íon Ti3+
,
com grande eficiência, longa duração e emissão de cor sintonizável, bem como emissão
branca. [4,8]
1.2. Materiais luminescentes à base de MnIV
Materiais inorgânicos ativados pelo íon MnIV
estão surgindo como uma nova classe de
compostos emissores de luz vermelha, como alternativa aos materiais comerciais de oxinitreto
dopados com íons Eu2+
. Por possuir grande eficiência de emissão na região do vermelho e
poder ser excitado na região de um LED InGaN, essa nova classe de material encontra
aplicação em dispositivos de LED de luz quente (warm light).
MnIV
pertence aos metais de transição d com configuração eletrônica 3d3. Uma
característica espectral interessante dos íons MnIV
é a presença de um espectro de emissão que
exibe ao mesmo tempo bandas largas e finas, devido a sua configuração eletrônica distinta.
Além disso, suas propriedades ópticas são fortemente influenciadas pelo campo cristalino e
simetria local dos íons. Por exemplo, as bandas de excitação e emissão do MnIV
em matrizes
de óxidos são normalmente centradas em ~300 nm e ~650 nm, respectivamente. Entretanto,
quando os íons MnIV
se encontram em matrizes de fluoreto com sítio de coordenação
octaédrico, uma intensa banda de excitação é detectada em ~460 nm, enquanto que a emissão
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tem características de linhas finas em ~630 nm. Essas características espectroscópicas únicas
fornecem os requerimentos para um luminóforo vermelho ideal para aplicação em LEDs com
luz branca quente e com grande índice de cromaticidade.
1.3. Materiais luminescentes à base de Cr3+
A fotoluminescência e a luminescência persistente na região do infravermelho próximo
(NIR) é ainda pouco estudada na literatura. Os íons ativadores mais comumente utilizados
para emissão nessa região espectral podem ser Yb3+
e Nd3+
. Emissores na região do vermelho
utilizando íons terras raras (R), como CaS:Eu2+
ou Y2O2S:Eu3+
foram extensivamente
investigados nos últimos anos. No entanto, em geral, os sulfetos são higroscópicos, dessa
forma, apresentam problemas na estabilidade química para aplicações em meios biológicos.
Recentemente, investigações utilizando metais de transição d como ativadores na região
do vermelho e NIR tem crescido. Novos estudos com materiais dopados com Cr3+
apresentando luminescência persistente, estabilidade química, emissão na região transparente
para os tecidos biológicos (600 – 1100 nm) e duradoura luminescência persistente,
apresentaram resultados promissores com sondas em imageamento biológico. A vantagem
dos fósforos dopados com Cr3+
é que muitos dos compostos que apresentam esse fenômeno
podem ser excitados na região do visível, dessa forma, para aplicações em imageamento de
longa duração é possível aplicar o fósforo previamente excitado no tecido biológico. Além
disso, o material pode funcionar como um coletor de radiação solar, uma vez que pode ser
excitado pelo sol.
No início dessa década, novos fósforos com luminescência persistente a base de gálio
dopados com Cr3+
foram estudados. Em especial o fósforo Zn3Ga2Ge2O10:Cr3+
com emissão
no NIR, atinge aproximadamente um tempo de emissão de 360 horas, de acordo com a
literatura.
Nesses sistemas há uma eficiente substituição dos íons Ga3+
por íons Cr3+
em sítios
octaédricos distorcidos. É sugerido na literatura que os mecanismos de luminescência
persistente de íons Cr3+
em materiais a base de gálio podem depender exclusivamente da
estrutura cristalina em volta do gálio ou os níveis de energia gerados por esse íon. Isto é
baseado na variedade de defeitos em suas estruturas (vacâncias de Ga3+
ou defeitos antisítio)
que podem atuar como armadilhas de elétrons (ou buracos) e melhorar a duração e
intensidade da luminescência persistente.
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1.4. Justificativa do Plano de Pesquisa
O projeto em questão justifica-se por estar voltado para obtenção de materiais
luminescentes eficientes, por meio da preparação de baixo custo energético, através de
precursores de baixo custo, no sentido de obter materiais de alta qualidade espectroscópica.
Os luminóforos serão projetados para sanar os principais desafios encontrados na área de
materiais inorgânicos conversores de energia luminosa:
Usando luminóforos single-phase à base de Ti3+
como baterias ópticas:
Baterias ópticas são materiais que possuem a habilidade de armazenar energia luminosa
oriunda de diversas fontes, e.g. luz solar, e que subsequentemente liberam energia na forma de luz
de comprimento de onda controlado. O fenômeno é regido pela temperatura: a baixas
temperaturas o material está apto a armazenar energia luminosa através da irradiação; quando se
pretende obter a emissão do material, eleva-se a temperatura a níveis desejados.
Tais materiais estão em franco desenvolvimento nos últimos anos, utilizando-se materiais
luminescentes persistentes altamente eficientes. Entre esses materiais, ainda não se obteve um
luminóforo emissor de luz branca com eficiência comparada aos materiais no estado da arte. Esses
materiais mostram excelente performance apenas para as cores primárias. Em princípio, poderia
se obter qualquer cor de emissão persistente pela combinação das cores de emissão primárias,
porém o fato de que cada material possui um comportamento de decaimento diferente, a
combinação é impossível. Dessa forma, é necessário o desenvolvimento de um luminóforo single-
phase emissor de luz sintonizável.
O Dr. José Miranda de Carvalho, juntamente com o grupo Inorganic Materials Chemistry
da Universidade de Turku, sob a supervisão do Prof. Dr. Mika Lastusaari, desenvolveram o
material inédito que se apresenta altamente promissor. Os materiais inorgânicos inspirados em
minerais hackmanita, de formula geral (LixNa1-x)8Al6Si6O24(Cl1-2ySy)2:zTi3+
possuem emissão
persistente de luz branca (cold white) por 12 hrs (limite de detecção: 0.3 mcd/m2)
Nesse projeto propõe-se o estudo das relações de estrutura-propriedade dos materiais de
hackmanita sintética de modo a estender a compreensão das propriedades do sistema e
aperfeiçoar a sua persistência luminescente e consequentemente sua viabilidade de aplicação.
Paralelamente, pretende-se estudar também os mecanismos de formação da hackmanita
sintética através de metodologias de análise in-situ.
Aumentando o índice de cromaticidade de LEDs usando luminóforos dopados MnIV
:
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Os dispositivos LED atuais sofrem com uma deficiência no índice de cromaticidade
do produto final, pois a maioria dos fósforos disponíveis possui baixa emissão na região do
vermelho, devido a bandas de emissão assimétricas do íon Ce3+
. Isso faz com que os objetos
iluminados pelo LED tenham discrepância de cores para o observador. Para tentar sanar tal
deficiência, fósforos com emissão no vermelho, com altos rendimentos quânticos, baseados
nos íons Mn serão desenvolvidos. Neste projeto serão considerados as matrizes dos tipos
fluoretos, MTiF6 (M+: Li, Na e K). O desenvolvimento sistemático de síntese assistida por
radiação micro-ondas será proposto.
Desenvolvendo materiais luminescentes dopados com Cr3+
que armazenem energia
solar:
Materiais que possuem a habilidade de absorver a radiação solar possuem aplicações em
diversas áreas, entre elas no aumento da eficiência de células solares, e extensão do período
de funcionamento após o pôr-do-sol. Nos últimos anos, os materiais que ganharam mais
atenção foram os galatos dopados com íons Cr3+
, por possuírem uma sobreposição satisfatória
do espectro de excitação com a emissão solar. Tais materiais estão no estado da arte no que se
diz respeito a eficiência de luminescência persistente no infravermelho próximo.
Neste projeto propõe-se o estudo das relações de estrutura-propriedade de materiais a
base gálio dopado com íons Cr3+
, para aplicação em energia solar.
2. OBJETIVOS
Os principais objetivos do projeto são:
1. A partir do método de síntese de estado sólido convencional (cerâmico) e assistido por
radiação micro-ondas, obter materiais luminescentes de alta eficiência contendo íons
ativadores de metais de transição d (Ti, Mn e Cr).
2. Estudar a rota sintética de luminóforos citados anteriormente por métodos de determinação
estrutural ex-situ e in-situ, utilizando diversas fontes, por exemplo, difração de raios X de
pó (XPD) e de radiação síncrotron (SR-XPD) e absorção de raios X (XAS).
3. Estudar as propriedades texturais de superfície e porosidade através de técnicas de
adsorção/dessorção de N2 (NAI) e espalhamento de raios X a baixo ângulo (SAXS).
4. Estudar o as propriedades morfológicas e de tamanho de partícula utilizando as técnicas de
microscopia eletrônica de varredura e transmissão (SEM e TEM).
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5. Estudar as propriedades dielétricas do material, bem como processos de transferência de
elétrons e centros de cores (vacâncias e defeitos) utilizando técnicas de espectroscopia
paramagnética eletrônica (EPR).
6. Realizar o estudo das propriedades espectroscópicas (fotoluminescência e
espectrofotometria) dos materiais obtidos e fazer relações de estrutura-propriedade entre as
diferentes classes de materiais. Obter mecanismos do processo luminescente por meio de
dados experimentais.
7. Checar a aplicabilidade dos materiais nos dispositivos propostos: LEDs para iluminação e
armazenamento de energia solar.
3. METODOLOGIA
3.1. Síntese dos materiais luminescentes
A metodologia mais empregada na síntese de fósforos comercialmente utilizados em
solid-state lighting é a reação de estado sólido, ou método cerâmico. O método cerâmico
consiste em homogeneizar os precursores, normalmente óxidos ou carbonatos de metais, em
almofariz ou moinhos de bolas, e com esse procedimento obter um pó triturado e de aparência
homogênea. Em seguida o material precursor é tratado termicamente a altas temperaturas,
onde ocorre a reação.
No projeto em questão os luminóforos também serão sintetizados a partir do método de
reação de estado-sólido assistida por radiação micro-ondas [9–11], que consiste no
aquecimento dielétrico pontual do material precursor, de maneira rápida, eficiente e sem
perdas energéticas. O aquecimento dielétrico está relacionado, principalmente, com a
constante dielétrica do material, e pode alcançar temperaturas pontuais tão altas quanto 2000
K. A vantagem deste método está principalmente na alta cristalinidade do material final,
homogeneidade de fase cristalina, produto final sem impurezas orgânicas, baixa geração de
resíduos (síntese verde), síntese rápida (10-25 min) e baixo custo energético.
Para a frequência de micro-ondas utilizada de 2,45 GHz poucos materiais refratários
absorvem radiação. Comumente, a absorção de radiação micro-ondas se dá pela perda
dielétrica que é característica de cada material. Quando a perda dielétrica do material é alta
ocorre absorção da radiação de micro-ondas e decaimento de estados vibracionais excitados,
liberando a energia absorvida em forma de calor [10]. É sabido que materiais cerâmicos
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possuem baixa perda dielétrica, portanto são praticamente transparentes a radiação de micro-
ondas na temperatura ambiente. A perda dielétrica, entretanto, é uma propriedade física do
material que varia em função da temperatura. Dessa forma, é possível utilizar um susceptor
(substância que absorva bem a radiação de micro-ondas) para aumentar, inicialmente, a
temperatura do meio reacional. Uma vez aquecido, a perda dielétrica do material cerâmico
precursor sofre mudanças, e a radiação micro-ondas é absorvida diretamente pelo material,
aquecendo-o pontualmente. A função dos absorvedores (susceptores) de micro-ondas pode
também ser a geração in-situ de uma atmosfera redutora, inerte ou oxidante, dependendo do
susceptor escolhido.
Para atmosferas redutoras por exemplo, o carvão ativo é utilizado na maioria dos casos,
pois gera monóxido de carbono pela sua queima incompleta durante a reação. Em casos de
uma atmosfera levemente redutora é possível utilizar carbeto de silício (SiC), que fornece
menores quantidades de CO. Entretanto, para síntese de materiais que necessitam de
atmosfera oxidante, como, e.g., supercondutores do tipo YBa2Cu3O7-δ, é comum se utilizar
óxidos metálicos como susceptores, tais quais CuO e Fe2O3 [12].
Por exemplo, o setup experimental a ser utilizado no projeto está ilustrado na figura 2. O
porta-amostra é composto de um cadinho de alumina de 5 mL, que é inserido em um cadinho
de alumina de 20 mL, contendo o absorvedor (carbono granular, SiC, CuO, etc.). O sistema é
coberto com um disco de alumina, e inserido em um bloco isolante térmico de
aluminosilicato. O bloco de aluminosilicato é então inserido na cavidade do forno de micro-
ondas convencional em posição fora do centro, para garantir absorção homogênea da radiação
pela rotação do sistema. O uso de diferentes absorvedores de radiação de micro-ondas possui
a vantagem de aquecer o sistema rapidamente a altas temperaturas, e.g., carbono granular
chega a temperaturas próximas de 1300 K em poucos minutos. Uma atmosfera redutora é
formada no caso do carbono aquecido a altas temperaturas pela formação local de CO durante
sua queima incompleta, sendo utilizado para reduzir espécies de interesse no material. Vale
informar que esta técnica foi desenvolvida no IQUSP pelo Dr. José Carvalho a partir de
conhecimentos adquiridos no Material Research Laboratory na Universidade de Santa
Bárbara da Califórnia, durante estágio de doutoramento sanduíche.
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Figura 2. Diagrama esquemático do aparato experimental utilizado na preparação de materiais sólidos
assistido por radiação micro-ondas.
3.2. Caracterização
Na caracterização de materiais inorgânicos cristalinos é importante obter informações
principalmente sobre sua estrutura. Além da caracterização estrutural, serão estudadas as
relações de estrutura-propriedade envolvendo materiais luminescentes. As técnicas utilizadas
neste estudo são mostradas a seguir:
- Difração de Raios X - pelo método do pó (XPD)
Uma das ferramentas mais importantes na caracterização de estruturas sólidas é a
Difração Raios X, pelo método do pó. Nessa análise, um padrão de difração é obtido, usando
um difratômetro onde a intensidade e posição (2θ) do feixe de Raios X são correlacionados
com um padrão de difração associado a um sistema cristalino específico. O padrão de difração
funciona como uma impressão digital para identificar a fase e estrutura de um sólido. No caso
dos materiais inorgânicos, essa técnica é usada para verificar o sucesso da síntese, determinar
e refinar o parâmetro de rede da amostra e obter uma aproximação do tamanho dos cristais
baseado na largura dos picos. Um exemplo de XPD para um material luminescente
inorgânico, utilizado em LEDs, é mostrado na figura 3. O refinamento de Rietveld (figura 3)
Cavidade do micro-ondas Material Precursor
Isolante térmico
Cadinho (5 mL)
Susceptor Cadinho (20 mL)
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será aplicado para os materiais do projeto, utilizando o código de Rietveld do programa GSAS
[13].
Os difratogramas de raios X serão obtidos no Laboratório de Cristalografia (LCr) do
IFUSP em um difratômetro D8 Discover da Bruker, geometria 2θ-θ, equipado com filtro de
Ni e detector bidimensional Lynx-Eye. A radiação utilizada é a do CuKα (λ = 0,15418 Å) e o
passo de 0,002 °. O laboratório também conta com um difratômetro Rigaku, modelo Ultima
Plus, geometria θ-θ, com monocromador de grafite. O projeto também prevê a utilização da
linha de luz D10B - XPD do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS-CNPEM),
Campinas-SP.
Figura 3. Difração de raios X por radiação sincrotron para o material Y3Al5O12:Ce obtido com 5 %
(m/m) de BaF2 como fluxo. Os pontos representam o dado experimental, a curva laranja o ajuste
calculado total. As representações nas cores azul e rosa mostram os difratogramas calculados
individualmente para os cristais de YAG e c-BaF2, respectivamente. A diferença entre o dado
experimental e calculado também é apresentado.
- Microscopia Eletrônica de Varredura e Transmissão – MEV e MET
Nas medidas de Microscopia Eletrônica de Varredura (Scanning Electron Microscopy -
SEM), a superfície da amostra é varrida por um feixe de elétrons e após a interação com o
material os elétrons espalhados são detectados. A partir das imagens SEM é possível obter
informações sobre a topologia e composição química. No modo de Elétrons Secundários (SE),
2,5 5,0 7,5
0
80
160
240
c-BaF2
Exp.
Calc. Total
Calc. YAG
Calc. c-BaF2
Diferença
Inte
nsid
ad
e (
kco
un
ts)
Q (Å-1)
YAG
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os elétrons de baixa energia proveniente de uma camada de poucos nanômetros são
detectados. Esse modo permite obter informações topográficas com uma resolução da ordem
de 5-20 nm.
Por outro lado, na microscopia eletrônica de transmissão (Transmission Electron
Microscopy, TEM) é possível analisar amostras finas nas quais o feixe de elétrons possa
atravessar. A imagem do TEM é determinada com iluminação axial através de uma abertura
da lente objetiva, que permite que vários feixes difratados possam ser combinados com o
feixe transmitido axial de modo a formar a imagem da amostra. A partir dessa imagem é
possível obter informação estrutural, como simetria da célula unitária, orientação dos cristais,
defeitos de rede, etc.
A figura 4 mostra um exemplo da morfologia dos cristais de Y3Al5O12:Ce3+
obtidos
pelo método de aquecimento rápido assistido por micro-ondas, com diferentes condições
experimentais, na Universidade da Califórnia.
As imagens de microscopia serão realizadas na central analítica do IQ-USP onde
dispõem-se de um Microscópio Eletrônico de Varredura JEOL JSM-740 1F Field Emission
Scanning Electron Microscope.
Figura 4. Microscopias dos materiais Y3Al5O12:Ce3+
obtidos utilizando diferentes fluxos: (a) BaF2, (b)
NaF e (c) sem fluxo.
- Adsorção/Dessorção de N2 - NAI
Adsorção é um processo onde as moléculas de um gás ou de uma solução ligam-se
numa camada densa sobre uma superfície sólida ou líquida. As moléculas que interagem com
a superfície são chamadas de adsorbato enquanto que a substância que adsorve as moléculas é
chamada de adsorvente. O processo em que as moléculas do gás se ligam a superfície é
chamado de adsorção e a remoção dessas moléculas da superfície é chamada de dessorção.
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Através do método de adsorção/dessorção é possível medir de maneira indireta a área
superficial de um material poroso. Com isso é possível entender as propriedades texturais do
material, como a área superficial e o tamanho de poro.
A caracterização morfológica dos poros do material será realizada no LCr no IFUSP
através da técnica de adsorção/dessorção de nitrogênio utilizando-se um porosímetro
ASAP2020 da Micromeritics. As áreas específicas de microporos e mesoporos serão
calculadas através do método BET e t-plot.
- Espalhamento de raios X a baixo ângulo - SAXS
SAXS (Small Angle X-ray Scattering) é uma técnica muito utilizada para a análise de
partículas (ou fase subdividida) de dimensões coloidais dispersas em uma matriz de densidade
eletrônica homogênea. SAXS é uma técnica importante para analisar materiais heterogêneos,
caracterizar estruturas fractais, materiais nanoporosos, separação de microfase, compósitos
nanocristalinos. As análises, através de modelos, se baseiam nas concentrações relativas das
densidades eletrônicas, distribuição de raios, correlação e forma das partículas dispersas.
Os experimentos de SAXS serão realizados no Laboratório de Cristalografia (LCr
IFUSP) no equipamento NANOSTAR da Bruker. O equipamento possui como fonte de raios
X um tubo microfoco da Xenocs. A colimação é feita por espelhos Gobel que selecionam o
comprimento de onda Kα do cobre. O alinhamento é feito por 3 pinholes ao longo da linha do
equipamento, que possui um detector bidimensional multifilamentar a gás (Vantec). O sistema
é controlado pelo software da Bruker e Xenocs.
Medidas de SAXS poderão ser utilizadas para medidas de porosidade dos materiais ou a
para investigar formação de agregados nanométricos na matriz.
- Absorção de raios X – XAS
A espectroscopia de absorção de raios X permite determinar a estrutura de ordem local
e os estados de oxidação de um elemento químico, através da análise da absorção em energias
próximas à borda de absorção. Estas medidas são realizadas nas linhas de luz do LNLS.
Medidas de XAS no LNLS poderão contribuir para o estudo da estrutura de ordem local
e dos estados de oxidação dos elementos químicos Ti, Cr e Mn, cujas energias da borda K são
4966 eV, 5989 eV e 6539 eV, respectivamente. A linha XAFS1 do LNLS poderá ser utilizada
nestas medidas.
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3.3. Utilização de técnicas in-situ para determinação de mecanismos de
formação de partícula
Na última década uma grande gama de aplicação tem demonstrado que as técnicas de
micro-ondas oferecem rotas viáveis de síntese de uma extensiva seleção de sólidos em toda
tabela periódica. Entretanto, as razões por trás das vantagens que os métodos de micro-ondas
trazem ainda não estão muito claros. É sabido que as reações assistidas por micro-ondas
diminuem significativamente os tempos de reação, as temperaturas de reação, oferecendo
mecanismos diferentes e novos produtos, quando comparado com métodos convencionais de
estado-sólido. As análises dos produtos obtidos por reações assistidas por micro-ondas
permitem a caracterização dos materiais formados, porém, fornecem poucas informações
sobre os mecanismos dessas reações, e como e por quê ocorrem. Dessa forma, sondas de
reação in situ são necessárias para se obter informações adicionais.
Na figura 5 pode-se observar um exemplo de um probe de micro-ondas que se pretende
desenvolver nesse projeto. O probe consiste de uma antena de micro-ondas em um sistema
fechado, contendo um sistema de detecção de temperatura. O método in-situ assistido por
micro-ondas será comparado com o método in-situ de aquecimento convencional. Medidas
ex-situ serão utilizadas no início do projeto.
Figura 5. Diagrama esquemático de um probe de micro-ondas para medidas de difração de
raios X in-situ durante a síntese de estado-sólido assistida por radiação micro-ondas [14].
4. ESTUDO FOTOLUMINESCENTE
Dois tipos principais de íons serão estudados no projeto: metais d e f. Os íons de metais
d (Ti e Mn) serão utilizados como ativadores por possuírem níveis de energia que possibilitam
a emissão na região do visível. No caso do íon Ti3+
(3d1), a principal transição eletrônica
ocorre entre os orbitais d-d (t2g→eg, para um ambiente octaédrico) que possuem forte
influência do campo ligante e consequentemente apresenta bandas de excitação e emissão
16
largas [15]. O íon TiIV
(3d0) também pode participar dos processos fotoluminescentes pois
possui uma transição de transferência de carga ligante-metal bem conhecida (O2-
→TiIV
). O
íon MnIV
é bem conhecido na literatura por possuir bandas emissões finas na região do
vermelho, oriunda de transições eletrônicas entre os orbitais d-d (Absorção: 4A2→
4T2 e
Emissão: 2Eg→
4A2). O desdobramento do campo ligante (Dq) pode ser calculado a partir dos
espectros eletrônicos dos metais d, por meio da equação [9]:
𝐷𝑞 =1
6𝑍𝑒2
𝑟4
𝑅5
Onde Z é a valência do íon metálico, e é a carga elementar do elétron (1,602 x 10-19
C), r é o
raio da função de onda do orbital d e R é o comprimento de ligação entre o íon ativador e o
ligante.
Os elementos 4f possuem uma complexa estrutura eletrônica e possuem transições
eletrônicas intraconfiguracionais (f-f) e interconfiguracionais (f-d). Os elementos 4f a serem
utilizados nesse projeto serão os íons Ce3+
e Eu2+
, que possuem transições eletrônicas do tipo
f-d, que são permitidas pela regra de Laporte e, consequentemente, possuem alto coeficiente
de absortividade molar. Pelo fato das transições f-d possuírem participação de orbitais d, a
interação com o ambiente químico é grande e dessa forma as bandas de absorção e emissão
são largas. No caso do íon Ce3+
, as transições eletrônicas do tipo f-d ocorrem entre os níveis
de energia fundamentais 2F5/2 e
2F7/2 com os orbitais 5d. No caso do Eu
2+, as transições
eletrônicas ocorrem entre o estado fundamental (8S7/2) e os orbitais 5d.
A partir dos espectros de excitação e emissão dos materiais luminescentes preparados
neste trabalho pode-se obter informações sobre os processos de transferência de energia
ligante-metal e as propriedades ópticas dos íons emissores de luz. O estudo fotoluminescente
dos fósforos será feito embasado nos espectros de excitação e emissão a temperatura ambiente
e baixa temperatura (77 K). Os espectros excitação dos materiais luminescentes fornecerão os
dados espectroscópico necessários para saber se os fósforos serão aplicáveis sob excitação por
LEDs de InGaN (~430 nm) ou GaN (~450 nm).
Os espectros de excitação também fornecem informações sobre a estrutura dos níveis de
energia e sobre as atribuições das emissões relacionadas dos mecanismos do processo de
fotoluminescência. Por outro lado, os espectros de emissão dos materiais luminescentes
fornecerão dados sobre a cor de emissão dos compostos, largura de bandas e possibilidade de
aplicação em SSL como emissor branco. Estes espectros também fornecem informações
espectroscópicas importantes sobre o centro emissor, ambiente químico da emissão e
17
desdobramento do campo cristalino. Estes espectros de excitação e emissão serão realizados
também a baixa temperatura (77 K) para resolver as transições excluindo as contribuições
vibracionais. Tais espectros também fornecem informações na elucidação dos processos de
luminescência.
Os espectros de emissão dos materiais luminescente serão registrados em função da
temperatura (temperatura ambiente até 200 ºC) para se verificar o quenching de temperatura,
que após tratamento matemático, fornece parâmetros físicos importantes como energia de
desativação térmica da luminescência [16,17], parâmetro muito importante para aplicação dos
fósforos em SSL, devido a termalização dos dispositivos de LED de alta potência.
Estudos de rendimento quântico absoluto de emissão serão realizados de acordo com a
metodologia descrita por Greenham et al [18] para os fósforos sintetizados. Estes dados são
importantes para se calcular a eficiência desse fósforo; quanta radiação absorvida é de fato
convertida em luz. De posse desses dados é possível saber se os fósforos sintetizados podem
ser aplicados em LEDs emissores de luz branca para SSL.
Os equipamentos necessários para realização dos experimentos estão disponíveis no
Laboratório dos Elementos do Bloco-f, no Instituto de Química da Universidade de São
Paulo.
4.1. Demonstração de aplicação
Após sintetizados os materiais serão introduzidos em matriz de resina de silicone, de
acordo com o procedimento descrito na referência [19], e montados sobre LEDs de (In,Ga)N,
de acordo com a excitação desejada. Montado o dispositivo, a luminescência é medida em
função da corrente aplicada no LED. Neste caso, é necessário esse estudo para determinar a
eficácia do dispositivo eletroluminescente, parâmetro físico importante na área de SSL,
medido em lm/W. Tais medidas serão efetuadas utilizando-se um dispositivo eletrônico
modulador de pulso (pulse width modulator, PWM), controlado por um micro-controlador
open-source Arduino, com interface escrita em programação JAVA para Windows. A figura
6 ilustra um protótipo de LED emissor de luz branca, montado no Laboratório de Elementos
do Bloco f, utilizando um LED emissor de luz azul, aliado ao material YAG:Ce3+
, obtido por
reação de estado-sólido assistida por radiação micro-ondas.
18
Figura 4. Dispositivo de LED emissor de luz branca, montado com resina de silicone e o fósforo
YAG:Ce3+
.
5. CRONOGRAMA DO PROJETO
O cronograma do projeto prevê três atividades paralelas, porém relacionadas com a
mesma linha de pesquisa: Desenvolvimento e aplicação de materiais inorgânicos conversores
de energia. Estudo fotoluminescente direcionado de materiais sintetizados, juntamente com a
aplicação desses luminóforos em LEDs emissores brancos. Paralelamente, as rotas sintéticas
serão estudadas e mecanismos de síntese desenvolvidos através de medidas de difração e
espalhamento de raios X ex-situ e in-situ.
No início do trabalho, a preparação dos materiais luminescentes e otimização em termos
das concentrações dos íons emissores versus intensidade da fotoluminescência será
fundamental para se otimizar os fósforos e obter candidatos para possível aplicação. A síntese
dos materiais será caracterizada por meio das técnicas de Difração de pó de Raios X (XPD)
para se verificar a estrutura do material (Tabela 1). Também será utilizada a técnica de
Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) que servirá para analisar a morfologia do
material luminescente preparado.
Como caracterizações ópticas serão registrados espectros de absorção, excitação,
emissão e curvas de decaimentos na região do UV-visível. As caracterizações estruturais e
ópticas nesta fase serão fundamentais para otimizar e determinar a funcionalidade do fósforo.
O projeto também tem como objetivo principal montar (fabricar) os dispositivos emissores de
luz branca e estudar suas propriedades fotônicas (Tabela 1).
Por fim, os dados obtidos no projeto de pesquisa serão apresentados em congressos
científicos no País e no exterior. Além do mais, o trabalho desenvolvido será submetido para
publicação em periódicos com seletiva política editorial (Tabela 1).
19
Tabela 1. Cronograma de execução proposto para o desenvolvimento do projeto de pesquisa
realizado no Pós-doutorado.
ETAPAS TRIMESTRE
1° 2° 3° 4° 5° 6° 7° 8°
Preparação do setup experimental para síntese de
micro-ondas X X X X
Preparação dos materiais luminescentes, inseridos
nas problemáticas propostas. X X X X X X
Caracterização estrutural e morfológica dos
materiais. X X X X X
Espectros de absorção, excitação, emissão e
curvas de decaimentos. X X X X X
Caracterização das propriedades dielétricas dos
materiais. X X X X X
Desenvolvimento dos dispositivos de LEDs e
realização de medidas. X X X X
Participação na formação de Recursos Humanos
em nível de Iniciação Científica. X X X X
Redação e publicações científicas. X X X X
8. COLABORAÇÕES
O projeto conta com colaborações nacionais e internacionais de modo a garantir o seu
desenvolvimento completo. Por se tratar de um projeto multidisciplinar são necessárias
colaborações com diversos institutos e grupos de pesquisa. Na área de espectroscopia de
luminescência o projeto conta com a colaboração do Prof. Dr. Hermi Felinto de Brito
(ANEXO I), do Instituto de Química da USP, cedendo o acesso ao laboratório e facilidades
experimentais. Entre elas um fluorímetro de alta performance SPEX Fluorolog-3 e um
espectrômetro de absorção de UV-VIS de estado sólido da Shimadzu.
Na área de caracterização das propriedades de luminescência persistente o projeto conta
com a colaboração internacional do Prof. Dr. Mika Lastusaari (ANEXO II), líder do grupo
Inorganic Materials Chemistry, da Universidade de Turku, na Finlândia. O laboratório conta
com facilidades experimentais, tais quais, medidor de luminância total e termoluminescência.
Além disso, o laboratório conta a expertise do Dr. Jari Sinkkonen do laboratório de
ressonância magnética de estado sólido (SSNMR) que auxiliará na determinação estrutural
dos materiais. Além disso, o Prof. Dr. Mika Lastusaari possui ampla colaboração com o Prof.
20
Dr. Fikret Mamedov do Ångström Laboratoriet, em Uppsala, na Suécia. O laboratório possui
facilidades de última geração para determinação de propriedades dielétricas utilizando EPR.
Na área de instrumentação técnica e radiação síncrotron, a Dr. Cristiane Rodella
coordenadora da linha XPD do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron foi convidada a
colaborar no projeto de forma a auxiliar na instalação do probe de micro-ondas para medição
in-situ na linha XPD do LNLS.
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