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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL CAMPUS DE PATOS CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA MONOGRAFIA UTILIZAÇÃO DE ENXERTO EM MALHA PARA RECONSTRUÇÃO DE DEFEITO DE PELE EM FELINO RELATO DE CASO Diana de Azevedo Lima 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL

CAMPUS DE PATOS

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

MONOGRAFIA

UTILIZAÇÃO DE ENXERTO EM MALHA PARA RECONSTRUÇÃO DE DEFEITO

DE PELE EM FELINO – RELATO DE CASO

Diana de Azevedo Lima

2018

2

UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL

CAMPUS DE PATOS

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

MONOGRAFIA

UTILIZAÇÃO DE ENXERTO EM MALHA PARA RECONSTRUÇÃO DE DEFEITO

DE PELE EM FELINO – RELATO DE CASO

Diana de Azevedo Lima

(Graduanda)

Pedro Isidro da Nóbrega Neto

(Orientador)

Patos, PB

Março, 2018

FICHA CATALOGRÁFICA

L732u

Lima, Diana de Azevedo

Utilização de enxerto em malha para reconstrução de defeito de pele em

felino: relato de caso / Diana de Azevedo Lima. - Patos, 2018.

33f.: il.; Color.

Trabalho de Conclusão de Curso (Medicina Veterinária) – Universidade

Federal de Campina Grande, Centro de Saúde e Tecnologia Rural, 2018.

“Orientação: Prof. Dr. Pedro Isidro da Nóbrega Neto.”

“Co-orientação: Fabricia Geovânia Fernandes Filgueira.”

Referências.

1. Cirurgia reconstrutiva. 2. Ferida. 3. Gato. 4. Pele. 5. Retalho livre.

I. Título.

CDU 616:636.8

AGRADECIMENTOS

Eminentemente agradeço a Deus, por todo amor, por ter sido meu fiel companheiro

durante todos esses anos e mesmo naqueles momentos que perdi minha fé e me afastei de ti, o

senhor sempre aguardou a minha volta. Agradeço por toda coragem e força de vontade para

lutar, pois mesmo falhando me fizeste senti capaz. Obrigada por todas as provações, inclusive

nas em que falhei, pois essas foram as que mais aprendi e vi o quanto o Senhor está junto a

mim.

A meus pais, Dario e Janete, agradeço imensamente todo amor, carinho e

tranquilidade que souberam me passar durante está etapa e a cada ensinamento. Como já disse

outras vezes, são de vocês todas minhas conquistas, por que juntos souberam me transmitir, a

importância do conhecimento, da dignidade e humildade.

À minhas irmãs, que junto a meus pais, me deram apoio e entenderam minha

ausência em momentos importantes de suas vidas. Vocês sempre foram companheiras, nos

momentos bons e ruins, sempre entenderam minhas tristezas e mais que tudo sempre me

ajudaram a alcançar este sonho.

À prof. Dra. Marcia Melo, que fora coordenadora da área da minha primeira paixão

durante o curso. Obrigada de coração por ter me acolhido, me guiado durante este período e

por todas as oportunidades que me deste.

À prof. Dra. Fabrícia filgueira, inspiração profissional, que durante seu período de

docência na UFCG, me mostrou os encantos da cirurgia. Agradeço imensamente a ti pelas

oportunidades que me ofereceu, por mesmo longe e com todos os empecilhos sempre dar todo

suporte para elaboração deste trabalho.

Ao prof. Dr. Pedro Nóbrega por repassar seus conhecimentos de forma clara e por toda

orientação, tanto no estágio como na execução deste trabalho.

Aos demais professores, meu muito obrigado por todos os conhecimentos sobre a

vida e sobre a medicina veterinária, que os senhores souberam transmitir.

À equipe BIOLAB, especialmente a Raizza Barros, a calmaria em pessoa que me

orientou nos momentos mais desesperados da minha vida acadêmica, os meus primeiros

passos foram graças a você. A Laysa, grande amiga, Marília, Saul e Raphael que me ajudam

durante minhas pesquisas, sem vocês nada teria acontecido.

À equipe do centro cirúrgico HV-UFCG, Max, Ana Clara, Gracineide, Fernanda,

Deboráh, Édla, Renato, Lillyan, Hênio e Segundo, obrigada por todos os ensinamentos,

risadas e conversas.

À coordenação de medicina veterinária, principalmente a Fernanda por toda ajuda e

orientação durante esses cinco anos.

À minhas amigas, Luana, Riquele e Thércya, que estiveram juntas a mim desde o

início, nos melhores e piores momentos, vocês foram como irmãs e onde eu for levarei um

pedaço de vocês.

À Moema, Aldenise e Alícia, que foram mais que uma família e sempre me apoiaram

em todos os momentos.

A Vinícius Nunes, que me apoiou, me deu suporte e esteve comigo nos momentos

mais estressantes deste fim de curso, o meu muito obrigada.

Aos meus amigos, Netinho, Joel, Franci, Agrício e Luiz Gonzaga, muito obrigada por

todos os “Vai dá certo, tenha paciência”.

LIMA, DIANA DE AZEVEDO. UTILIZAÇÃO DE ENXERTO EM MALHA PARA

RECONSTRUÇÃO DE DEFEITO DE PELE EM FELINO. Patos, UFCG. 2018. 34 p.

(Trabalho de conclusão de curso de Medicina Veterinária)

RESUMO

O enxerto em malha consiste em uma técnica de cirurgia plástica que tem como finalidade

reconstruir partes da pele que estão danificadas, promovendo cicatrização mais rápida, quando

comparada com a união por segunda intenção, pois minimiza as tensões da ferida e viabiliza

ao paciente um pós-cirúrgico com menor hiperalgesia, facilitando o processo cicatricial. Este

trabalho tem o propósito de relatar o emprego do enxerto livre em malha em defeito cutâneo

em um gato (Felis catus). O Paciente foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade

Federal de Campina Grande, com histórico clínico de ter passado por uma cirurgia de

artrodese tibiotársica do membro pélvico direito (MPD) e no pós-operatório, o paciente exibiu

necrose isquêmica da região metatársica esquerda causada pelo uso de uma bandagem muito

apertada. Foi realizado desbridamento da ferida, retirou-se o tecido necrótico para posterior

formação do tecido de granulação e aplicação de técnica de cirurgia reconstrutiva. A pele

transplantada foi coletada da região torácica com as mesmas medidas do defeito a ser

corrigido. A preparação do enxerto consistiu na retirada do tecido adiposo, e posteriormente,

com uso da lâmina de bisturi fizeram-se vários cortes retilíneos, deixando-o com padrão em

malha. O enxerto foi fixado na ferida com uso de sutura simples separado, após procedimento

cirúrgico usou-se bandagem com hidrogel no membro do animal, onde a troca de curativo

ocorreu com intervalo de quatro dias. Após quarenta e três dias do procedimento cirúrgico,

observou-se completa fixação e cicatrização do enxerto na ferida.

Palavras-chave: cirurgia reconstrutiva, ferida, gato, pele, retalho livre.

LIMA, DIANA DE AZEVEDO. UTILIZAÇÃO DE ENXERTO EM MALHA PARA

RECONSTRUÇÃO DE DEFEITO DE PELE EM FELINO. Patos, UFCG. 2018. 34 p.

(Work of completion of Veterinary Medicine)

ABSTRACT

The mesh graft consists of a plastic surgery technique that aims to reconstruct parts of the skin

that are damaged, promoting faster healing, when compared to a union by second intention, as

it minimizes as wound stresses and enables the patient to have a post- with less hyperalgesia,

facilitating the cicatricial process. This work has the purpose of reporting the use of free mesh

grafts in skin defects in a cat (Felis catus). The patient was attended at the Veterinary Hospital

of the Federal University of Campina Grande, with a clinical history of having undergone

tibio-artery surgery of the right pelvic limb (MPD) and in the postoperative period, the patient

exhibited ischemic necrosis of the left metatarsal region caused by use of a very tight

bandage. Debridement of the wound was performed, the necrotic tissue was removed for

subsequent granulation tissue formation and reconstructive surgery technique. The

transplanted skin was collected from the thoracic region with the same measures of the defect

to be corrected. The preparation of the graft consisted of the removal of the adipose tissue,

and later, with the use of the scalpel blade, several straight cuts were made, leaving it with

mesh pattern. The graft was fixed to the wound with the use of a separate single suture. After

the surgical procedure, a bandage with hydrogel was applied to the limb of the animal, where

the dressing change occurred at intervals of four days. After forty-three days of the surgical

procedure, complete fixation and healing of the graft in the wound was observed.

Key-words: reconstructive surgery, wound, cat, skin, flap free.

LISTA DE FIGURAS

Página

Figura 1. Representação esquemática da vascularização de animais de pele solta (A)

comparado a animais de pele fixa (B). É exibido os vasos cutâneos diretos (1), os vasos

muscolocutâneos (2), o plexo subdérmico (3), plexo cutâneo (4) e plexo papilar (5). Ainda

pode-se diferenciar as camadas da pele em, epiderme (a), derme (b) e hipoderme (c)..........13

Figura 2. Paciente felino exibindo a extremidade do membro pélvico esquerdo (MPE)

necrosado após uso de bandagem de Robert Jones ................................................................ 25

Figura 3 Membro pélvico esquerdo de felino (leito receptor) apresentando tecido de

granulação sadio antes de receber o enxerto em malha ............................. .............................26

Figura 4. Fixação transoperatória do enxerto em malha no membro pélvico esquerdo de um

felino.........................................................................................................................................27

Figura 5. Região em que foi aplicado o enxerto em malha, no membro pélvico esquerdo de

felino, apresentando fixação completa e cicatrização após quarenta e três dias do

procedimento cirúrgico............................................................................................................28

SUMÁRIO

Página

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 10

2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................... 11

2.1 Anatomia e fisiologia da pele e anexos ....................................................................................... 11

2.1.1 Vascularização e inervação cutânea ..................................................................................... 12

2.2 Feridas cutâneas: Definição e classificação ............................................................................. 13

2.2.1 Tipos de feridas cutâneas ..................................................................................................... 14

2.3.1 Estágios da cicatrização ........................................................................................................ 16

2.3.2 Tipos de cicatrização ............................................................................................................ 19

2.3.3 Tratamento de feridas abertas............................................................................................... 20

2.4 Técnica cirúrgica reconstrutiva ................................................................................................... 23

3 RELATO DE CASO ............................................................................................................ 24

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 29

5 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 31

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 32

10

1 INTRODUÇÃO

A pele é considerada o maior órgão do corpo. É integrada por três camadas, que

juntas desempenham inúmeras funções, sendo barreiras contra micro-organismos invasores,

proporcionando o armazenamento de água, agindo como protetor físico contra impactos e nos

mamíferos, propiciando a termorregulação.

As técnicas de reconstruções cirúrgicas são utilizadas na clínica médica veterinária

para cessar defeitos de solução de continuidade da pele, secundários a traumas, anomalias

congênitas e patologias. Promove cicatrização mais rápida, quando comparada com a

cicatrização por segunda intenção e diminui a tensão das feridas, permitindo que o paciente

tenha um pós-cirúrgico mais rápido e menos traumático. É relevante a escolha da técnica

adequada para o caso envolvido para impedir complicações desnecessárias e minimizar o

tempo necessário para cicatrização.

A ferida é uma das causas que se opta pelo uso da cirurgia plástica reconstrutiva,

sendo de suma importância que o cirurgião tenha a habilidade de distinguir os estágios

cicatriciais, tomando as precauções necessárias durante este, desta forma a ferida terá um leito

adequado para promover a cicatrização primária.

O enxerto em malha consiste em uma técnica reconstrutiva, em que um bloco de pele é

retirado totalmente de um leito, e após um determinado processo, é inserido no leito da ferida

para reestabelecer a continuidade da pele. Está técnica pode ser empregada quando há tecido

de granulação saudável, pois a sobrevivência do enxerto irá depender da ótima vascularização

do leito receptor.

A relevância desse estudo é condizente com o sucesso e a importância da técnica

relatada, a fim de aperfeiçoar a estética e acelerar as cicatrizações retardada pele,

especialmente em regiões de pouca pele, onde o uso de outras técnicas reconstrutivas é

inviável. Este trabalho tem o propósito de relatar o emprego do enxerto livre em malha em

defeito cutâneo em um gato (Felis catus).

11

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Anatomia e fisiologia da pele e anexos

A pele é acreditada como o tecido mais extenso do organismo, elevado ao estatuto de

órgão, esse tecido age como uma barreira física, química e microbiológica, onde os elementos

sensoriais promovem a percepção de sensações, como calor, prurido e dor. A compleição da

pele pode modificar-se de acordo com a espécie e raça, distinta regiões do corpo, sexo e idade

dos animais envolvidos. As estruturas variantes são a localização dos folículos pilosos, das

glândulas anexas, da epiderme e derme (SCOTT et al., 2001; VULCANO, 2009).

A pele apresenta numerosas funções, sendo uma de suas funções atuar como barreira

protetora do organismo contra o meio externo, impedindo a perda de água corporal, eletrólitos

e macromoléculas, e por possuir esta característica, possibilita um ambiente propício para o

suporte dos órgãos internos. Outras finalidades deste tecido seria proporcionar a elasticidade e

flexibilidade ao corpo e permite o armazenamento de água, a termorregulação e a atuação do

tecido no combate a microrganismos. Além disso, possui mecanismos protetores contra

radiação solar, é um indicador de patologias e essencial na produção da vitamina D (LLOYD,

1999; NESBITT, 2001; WILKINSON et al., 2004; NOLI, 2006; VULCANO, 2009)

A origem embrionária deste órgão é de uma porção do folheto ectodérmico e outra do

folheto mesodérmico. A pele é composta pela epiderme, sendo essa a camada mais superficial

que por sua vez é composta pelo epitélio estratificado queratinizado. Em seguida, a derme

consiste em tecido conjuntivo responsável pelo suporte da epiderme e união da pele ao tecido

subcutâneo, nela também está presente células de defesa do organismo, como dendrócitos,

plasmócitos e linfócitos, que atuam na atividade antimicrobiana da pele. A camada mais

profunda é a hipoderme, também conhecida como tecido subcutâneo, tecido conjuntivo

frouxo, em sua maior parte composta por células adiposas e elásticas (Figura1)

(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2008; CAMPBELL, 2013; MILLER et al., 2013).

Na pele estão presentes estruturas que juntas formam seus anexos, cada uma dessas

estruturas apresentam uma atribuição específica e desempenham suas funções em sintonia

com o corpo e o ambiente, assim os pelos, as glândulas e garras são as estruturas que integram

os anexos da pele (SINOWATZ, 2010; CAMPBELL et al., 2013).

O folículo piloso se desenvolve desde a epiderme, surgindo primeiro na cabeça e

seguindo gradativamente pelo resto do corpo, cada folículo possui um bulbo, um pelo, uma

glândula sebácea e sudorípara, um músculo eretor do pelo e outras estruturas anexadas. Eles

12

são agrupados em primário e secundário exibindo, pois apresentam algumas diferenças

estruturais onde, o folículo secundário pode possuir apenas glândulas sebáceas e o folículo

primário encontra-se mais profundo na derme, adverso ao secundário (SINOWATZ, 2010;

CAMPBELL et al., 2013).

Na pele ainda são encontrados os pelos sinusais, sendo esses mais espessos e presentes

na região do lábio, pálpebra e face e atuam como mecanorreceptores de ação lenta, já os pelos

tilotríquios estão presentes por todo o corpo e atuam como mecanorreceptores de ação rápida,

esses dois tipos de pelos são classificados como variações de pelos táteis (SINOWATZ, 2010;

CAMPBELL et al., 2013).

As glândulas sebáceas são alveolares simples e atuam na produção e excreção do

sebo, produzido pelos ácinos, que possui potencial hidratante, lubrificante para pele

impermeabilizante para os pelos. Por sua vez as glândulas sudoríparas são glândulas tubulares

simples, que produzem o suor, o qual atua na termorregulação dos mamíferos. As glândulas

sebáceas e sudoríparas estão presentes no corpo independentemente dos folículos pilosos. A

composição das garras e unhas é de queratina e possui diversas funções, como proteção,

auxiliar na alimentação e caça (SINOWATZ, 2010).

2.1.1 Vascularização e inervação cutânea

Na pele dos cães e dos gatos estão presentes três plexos de veias e artérias na derme e

tecido subcutâneo. O plexo subpapilar promove a irrigação mais superficial da derme e tem o

ofício de irrigar as papilas epidérmicas, este é um ramo do plexo cutâneo que por sua vez

irriga as glândulas sebáceas, o plexo cutâneo deriva de divisões do plexo subdérmico

(BRAGULLA et al., 2004; PAVLETIC, 2010).

O plexo subdérmico é a principal rede de vascularização da pele, pois fornece

suprimentos para os bulbos, folículos pilosos, glândulas tubulares e porções distais dos ductos

e músculos eretores do pelo. Os vasos linfáticos da pele drenam para o plexo linfático

subcutâneo (BRAGULLA et al., 2004; PAVLETIC, 2010).

Os animais de pele solta, como os gatos, possuem vasos cutâneos diretos,

esses se direcionam paralelamente ao plano da derme e continuam com os plexos vasculares

citados acima. Em outras espécies de pele fixa, como o cavalo, a vascularização da pele é

formada por vasos musculocutâneo, que atravessam perpendicularmente o interior da pele,

estes vasos também estão presentes em maior quantidade (Figura 1) (PIPPI, 2009).

13

Figura 1. Representação esquemática da vascularização de animais

de pele solta (A) comparado a animais de pele fixa

(B). É exibido os vasos cutâneos diretos (1), vasos

muscolocutâneos (2), o plexo subdérmico (3), plexo

cutâneo (4) e plexo papilar (5). Ainda pode-se

diferenciar as camadas da pele em, epiderme (a), derme

(b) e hipoderme (c).

Fonte: PAVLETIC, 2003.

Em conformidade com essas características, a irrigação cutânea de animais de pele

solta, como os felinos, dificulta o uso da técnica reconstrutiva de enxerto, pois a formação da

neovascularização é um obstáculo. Nestes animais indica-se o uso de retalhos, já que a

vascularização segue junto à porção de pele (PIPPI, 2009).

Estão presentes na derme nervos autônomos e sensoriais. Os nervos autônomos são

constituídos de fibras simpáticas e forma o plexo perivascular, este é responsável pela

inervação dos vasos sanguíneos, das glândulas e dos músculos eretores do pelo (BRAGULLA

et al., 2004).

As fibras sensoriais são organizadas para formar o plexo nervoso da derme, este em

conjunto com o plexo nervoso subcutâneo, remete informações sensoriais de pressão, tato,

temperatura e dor, para maximizar a captação desses estímulos, o plexo sensorial está em

interação com os folículos pilosos (BRAGULLA et al., 2004).

2.2 Feridas cutâneas: Definição e classificação

A B

2

4

3 3

4

5 5

a

b

c

1

14

A ferida é definida como uma perda da continuidade cutânea mucosa do tecido, e

está associada à injúria traumática. No entanto está indica lesão específica de uma

determinada área e, traumatismo já é designado para lesões físicas de aspectos gerais. As

feridas são consequências da absorção de energias transmitidas aos tecidos corpóreos durante

o impacto, e a gravidade das lesões irá depender principalmente da quantidade de energia

envolvida (WHITE, 1999; PAVLETIC, 2010).

As feridas são classificadas quanto à solução de continuidade na superfície externa e

prejuízo da espessura cutânea. São classificadas em feridas abertas, as quais exibem

descontinuidade da pele, sendo exemplo, as lacerações, queimaduras, avulsões e úlceras, e

fechadas, na qual a camada superficial continua intacta, protegendo a ferida de

contaminações, são exemplos, esmagamento, contusões e hematomas (POPE, 2009;

HENGEL et al., 2013).

As feridas cirúrgicas são classificadas quanto ao grau de contaminação, sendo

divididas em limpas, limpas-contaminadas, contaminadas e infectadas. A limpa é realizada

sob condições assépticas, tratando-se de feridas cirúrgicas que não envolvem os tratos

respiratório, digestório e urogenital. As limpas-contaminadas ocorrem quando há

envolvimento das condições assépticas e quando envolvem os tratos citados acima

(WALDRON; ZIMMERMAN, 2003; MICHAEL et al., 2014).

As contaminadas referem-se às lesões traumáticas, com elevado comprometimento

da assepsia e que envolvem incisões em áreas inflamadas ou contaminadas. Por último, as

infectadas são feridas traumáticas, ocorridas a um longo tempo, com certo grau de infecção,

apresentando em média, valores superiores a 105 bactérias por grama de tecido (WALDRON;

ZIMMERMAN, 2003; MICHAEL et al., 2014).

O grau de contaminação de um ferimento irá depender do tempo de exposição:

feridas com menos de seis horas de duração possuem grau mínimo de contaminação; feridas

com 6 a 12 horas de ocorrido possuem um grau significativo de contaminação, já as feridas

ocorridas a mais de 12 horas possuem um grau elevado de contaminação. Salienta-se que essa

classificação é arbitrária, por variar dependendo dos cuidados feitos no paciente após a lesão

(WALDRON; ZIMMERMAN, 2003; PAVILETIC, 2010).

2.2.1 Tipos de feridas cutâneas

A incisão e laceração retratam o tipo de ferimento causado por cortes na superfície

da pele, a incisão decorre de uma lesão regular através de procedimento cirúrgico, onde a

15

lâmina de bisturi é mais comumente utilizada, este tipo detém uma lesão com margens limpas,

sem risco de infecção microbiana e no geral, sem dano aos tecidos circunvizinhos (POPE,

2009; PAVLETIC, 2010).

A laceração de pele decorre de cortes com profundidade e formas irregulares sucedido

de lesões traumáticas por facas, latas, cacos de vidro, o risco de infecção irá depender do grau

de contaminação do objeto e se o paciente possui um sistema imunológico eficiente. Estes

tipos de lesões são comumente hemorrágicos, facilitando a irrigação e limpeza da ferida

(POPE, 2009; PAVLETIC, 2010).

Os casos de lacerações muito profundas em que as lesões permitem acesso às

cavidades corpóreas passam a ser classificado como ferimento puntiforme, esse tipo de lesão

é causada por objetos pontiagudos, que provocam lesões em forma de orifício no tecido

atingido. As mordidas em brigas entre animais é a causa mais frequente da lesão, devido o

dente canino exibir característica de um objeto perfurante, é um ferimento contaminado e

infectado devido ao elevado números de bactérias presentes na boca (WHITE, 1999).

Nas lesões por cisalhamento, os tecidos superficiais e profundos como a pele,

músculos e ossos, são extraídos do corpo através de uma força exercida por um objeto, essas

lesões são comuns em acidentes rodoviários, atingindo principalmente os membros e detêm

de elevado grau de contaminação da ferida. A localização do ferimento muitas vezes

impossibilita o uso de técnicas reconstrutivas, devido à ausência de tecidos mole no local

(POPE, 2009).

Outro tipo de ferimento na medicina veterinária são as queimaduras, elas são

oriundas da exposição do animal a elevadas temperaturas, a exposição por radiação solar e ao

contato com substâncias químicas e eletricidade. As queimaduras são classificas de acordo

com a gravidade e o grau de profundidade em, primeiro grau que ocorrem apenas na região

epidérmica, segundo grau quando inclui a região da derme, terceiro grau no momento em que

atinge toda região cutânea e quarto grau são as lesões profundas que atingem musculatura e

tecido ósseo (POPE, 2009).

As úlceras de decúbito são categorizadas como feridas por pressão e são resultado

da compressão da pele sobre regiões ósseas mais protuberantes, a compressão do tecido

provoca isquemia dos micro vasos sanguíneos regionais, e posterior morte do tecido

isquêmico. Este ferimento é predisposto a infecções e acomete principalmente nas regiões de

olécrano, da asa do ílio e tuberosidade do ísquio (PAVLETIC, 2010).

As feridas iatrogênicas estão relacionadas à categoria de feridas causadas por erros

nos tratamentos médicos. Algumas variações das feridas iatrogênicas são a aplicação

16

imprecisa de medicamentos, sendo esses ministrados por outra via de acesso fora à

recomendada, a utilização de agulhas contaminadas e a utilização errônea de pensos e

bandagens para imobilização (LOPES, 2016).

As bandagens quando são elaboradas muito apertadas causam compressão excessiva

da pele, e logo dos vasos sanguíneos, o que leva a isquemia deste e posterior necrose do

tecido envolvido. A lesão pode ser complexa, levando até a perda de dígito ou do membro

envolvido. Outros fatores como o prolongamento de talas, pensos molhados ou úmidos e, a

proteção imprópria de áreas vulneráveis podem provocar lesões de pele (WHITE, 1999;

LOPES, 2016).

2.3 Cicatrização de ferida

A cicatrização é um processo biológico iniciado após lesão do tecido, com o intuito de

restaurar a continuidade. Consiste em processos que englobam inúmeros mecanismos básicos

e mediadores químicos integrados em diferentes fases de cicatrização, este processo decorre

de forma similar entre os diferentes órgãos, porém alguns órgãos respondem de forma

singular, sendo através do processo de regeneração ou cicatrização (ACKERMANN, 2012).

No processo de cicatrização as células lesionadas perdem sua função e posteriormente

são restauradas e substituídas por tecido conjuntivo. Este processo é divido em estágios

distintos, os quais são denominados de fase de hemostasia, inflamatória e de reparo, sendo

esse subdividido em fase fibroblástica, de epitelização, de contração e remodelagem

(HENGEL et al., 2013; WILLARD et al., 2014).

A cicatrização tecidual se manifesta de maneira distinta entre o cão e o gato

doméstico, entretanto, este último possui uma cicatrização mais lenta. Isto é fundamentada

por alguns fatores fisiológicos da espécie, como, a perfusão tecidual, a formação de tecido de

granulação, a contração e a epitelização tecidual serem mais lentas nesta espécie (BOHLING;

HENDERSON, 2006).

2.3.1 Estágios da cicatrização

A fase de hemostasia ocorre logo após um ferimento cutâneo e vascular com

extravasamento dos componentes do sangue e linfa para o meio externo, após o trauma ocorre

à ativação dos compostos vasoativos tais como, as catecolaminas, serotonina, bradicinina e

17

endotelina, iniciando a vasoconstricção na tentativa de reduzir a hemorragia (TIZARD, 2010;

HENGEL et al, 2013).

Após 5 a 10 minutos de vasoconstricção é iniciado o processo de vasodilatação,

através dos vasoativos histamina, prostaglandina e fator complemento, ocorrendo também a

ativação das plaquetas com formação do tampão plaquetário, logo o coágulo sanguíneo

garante a hemostasia e fornece estrutura para migração celular (PAVLETIC, 2010; HENGEL

et al, 2013; WILLARD et al., 2014).

A fase inflamatória tem início com o aumento da permeabilidade vascular que concede

acesso do plasma e fibrina ao meio extravascular, esses preenchem o ferimento e ocluem os

vasos linfáticos com o propósito de localizar a inflamação. As plaquetas liberam fatores

quimiotáticos de leucócitos no local da lesão para combater os microrganismos e corpos

estranhos independentemente da presença destes. A primeira célula a chegar ao sítio de

inflamação é o mastócito que atua na quimiotaxia de outros leucócitos e junto às plaquetas e

macrófagos inicia e mantêm a fase proliferativa através da quimiotaxia de células

mesenquimatosas (TIZART, 2010; WILLARD et al., 2014).

Após quimiotaxia, as primeiras células a chegarem no sítio de inflamação são os

monócitos e neutrófilos. Os monócitos são primordiais para o processo de cicatrização, pois

sintetizam fatores de crescimento que colaboram na formação e remodelagem do tecido. Em

24 horas, os monócitos convertem-se em macrófagos, que por sua vez secretam colagenases,

removendo todas as bactérias, tecido necrótico e corpos estranhos, eles também secretam

fatores de crescimento, que coordenam a formação do tecido de granulação e quimiotáticos, o

qual conduzem os outros macrófagos e células gigantes multinucleadas ao tecido deteriorado.

Eles ainda desempenham função na estimulação da angiogênese e modulam a produção de

matriz extracelular dos ferimentos (WILLARD et al., 2014).

Os neutrófilos impossibilitam a infecção e atuam na fagocitose de restos celulares e

microrganismos. Ao final de sua vida útil, quando degenerados, eles liberam produtos tóxicos

e enzimas, os produtos tóxicos favorecem a decomposição bacteriana, de resíduos

extracelulares e matéria necrótica, e mais adiante na estimulação dos monócitos. Apesar de

suas funções, os neutrófilos não são de suma importância para a cicatrização da lesão. Os

linfócitos são as últimas células a manifestarem-se no sítio de infecção, eles secretam fatores

que estimulam ou inibem a migração de mais células e a produção de proteínas, expandindo

ou reduzindo a infecção. Contudo, os linfócitos melhoram o ritmo a qualidade do reparo no

tecido (WILLARD et al., 2014).

18

As plaquetas e os macrófagos estimulam o início da fase fibroblástica com o

recrutamento das células mesenquimais, nesta fase a lesão encontra-se em meio ácido (baixa

tensão de oxigênio) e ocorre a diferenciação do fibroblasto, que se torna a célula mais

predominante. As citocinas e os fatores de crescimento estimulam os fibroblastos a

proliferar-se no tecido circundante e a migrarem para a área da lesão através dos filamentos de

fibrina do tampão plaquetário. Após o declínio da fase inflamatória, os fibroblastos ingressam

na ferida dando início a produção e deposição do colágeno, proteoglicanos, elastina e

mucopolissacarídeos, com a finalidade de preencher o espaço, orientar o colágeno secretado e

sintetizar a matriz extracelular, logo ocorre o preenchimento da ferida (ACKRMANN, 2012;

WILLARD et al., 2014).

A angiogênese ocorre na fase fibroblástica e é dependente da interação de citocinas,

produzidas pelos macrófagos, com a matriz extracelular, deste modo estimulando a migração

e proliferação das células endoteliais. Os capilares em formação tem origem de vasos

sanguíneos já existentes, nos quais as células endoteliais migram, em forma de colunas, destes

vasos em direção ao ferimento, unindo-se a vasos rompidos e elevando a tensão de oxigênio

na ferida. Os canais linfáticos crescem da mesma forma que os vasos sanguíneos, entretanto

lentamente e sua drenagem neste momento encontra-se inferior (TIZART, 2010).

Esta fase é inibida na presença de infecção, já que o meio ideal para seu

desenvolvimento é modificado. O conjunto de tecido fibroso, novos vasos e fibroblastos

formam o tecido de granulação na coloração vermelho brilhoso. Este tecido fornece uma

barreira contra infecção, uma superfície para migração de células epiteliais e uma fonte de

miofibroblastos. O crescimento deste tecido, fisiologicamente, é inibido quando o mesmo

entra em contato com as bordas da ferida. O tecido de granulação é formado em dois a três

dias após a lesão (ACKRMANN, 2012; WILLARD et al., 2014).

A fase de epitelização inicia-se após a formação do tecido de granulação e indica o

processo o qual ocorre mobilização das células epiteliais na margem do ferimento para

reposição da nova epiderme. Neste período as citocinas e outros fatores liberados pelos

macrófagos, fibroblastos e células epiteliais estimulam a mitose, para a replicação celular, e a

migração de células epidérmicas (HOSGOOD, 2006; PAVLETIC, 2010; WILLARD, 2014).

Para que ocorra o processo de mobilização, as células passam por uma mudança

fenotípica, onde os monofilamentos intracelulares são retraídos, há a formação de filamentos

de actina citoplasmáticas periféricas e os desmossomos e hemidesmossomos são introvertidos

provisoriamente, permitindo a migração celular, esta ocorre de forma aleatória, porém são

19

coordenadas pelas fibras de colágeno e pelas integrinas, sendo essas proteínas da membrana

celular (HOSGOOD, 2006; PAVLETIC, 2010).

A migração adicional de células é inibida pelo contato com as membranas de outras

células. Esta fase, nos ferimentos suturados e com boa aposição de bordas, inicia quase

imediatamente, já que, geralmente, não há defeitos para o tecido de granulação preencher.

Alguns fatores como a anóxia, podem impedir a mitose e a migração celular, e as bandagens

secas, desbridam o epitélio recém-formado, podendo atrapalhar o estágio de epitelização

(HOSGOOD, 2006; PAVLETIC, 2010).

A fase de contração é o período em há a redução da ferida por meio da contração dos

miofibroblastos presente na borda do ferimento, as feridas tornam-se menores entre o quinto e

nono dia após o trauma. A contração ocorre simultaneamente à formação do tecido de

granulação e com a epitelização. Esta fase pode ser comprometida pelo uso de corticoides, por

fármacos que interfiram na formação dos microtúbulos, aplicação local de relaxantes de

músculos liso e nos casos em que a pele ao redor da lesão seja fixa, inelástica ou esteja sob

tensão, esses fatores comprometem as funções dos miofibroblastos (PAVLETIC, 2010;

WILLARD, 2014).

A fase de remodelagem ou maturação é o estágio final da cicatrização, ela começa

assim que o colágeno é depositado devidamente nos ferimentos, em torno de 17 dias depois

da lesão e pode prosseguir por anos. As fibras tornam-se mais espessas e são orientadas ao

longo das linhas de tensão, já as fibras de colágeno que são ineficazes e desorientadas são

degradadas por enzimas proteolíticas, secretadas por macrófagos, fibroblastos, células

endoteliais e epiteliais. No início, o ferimento ganha em torno de 20% de força tênsil e ao

longo do tempo essa força progride lentamente, entretanto somente 80% da força inicial deste

tecido poderão ser recuperadas (WILLARD, 2014).

2.3.2 Tipos de cicatrização

A cicatrização pode ocorrer de três formas distintas, união por primeira, segunda ou

terceira intenção. Alguns fatores influenciam a cicatrização que será estabelecida, como a

distância entre as margens da ferida, pois sítios de muita tensão podem levar a deiscência da

sutura, o nível de contaminação, lesões com ocorrência superior a 6 horas, fatores extrínsecos

e intrínsecos (ACKRMANN, 2012).

A união por primeira intenção compreende as feridas em que as margens podem ser

justapostas por meio de sutura. Este tipo de cicatrização é priorizado para feridas não sépticas,

20

como em casos de incisões cirúrgicas, feridas que tenham menos de 6 horas de ocorrido e

lesões tem que haja possibilidade de reposicionar as margens. Este método de cicatrização

reduz o espaço morto, sendo o mais indicado por necessitar de menor quantidade de matriz

extracelular e tecido de granulação (ACKRMANN, 2012).

As fases de cicatrização também se finalizam rapidamente, devido a menor quantidade

de tecido necrótico, mínima presença de microrganismo e por causar menor dano na

membrana basal. Mantendo-se a justaposição das margens, as células basais do epitélio

escamoso sofrem hiperplasia e recobrem o defeito em torno de três a cinco dias

(ACKRMANN, 2012).

A união por segunda intenção entende-se as feridas na qual as margens não podem ser

justapostas por meio de sutura, pois apresenta maior defeito na pele, ocasionando um processo

cicatricial mais complexo e demorado. Neste tipo de cicatrização, a fase inflamatória é mais

longa, havendo maior quantidade de tecido necrótico e risco de desenvolve infecções

secundárias, também há maior formação do tecido de granulação na fase fibroblástica

(ACKRMANN, 2012; WILLARD, 2014).

Os outros estágios como a contração e epitelização são mais demorados, pois as

dimensões da ferida são maiores ou devido à formação desorganizada do tecido de

granulação. Este tipo de cicatrização acontece em feridas contaminadas ou com presença de

corpo estranho, feridas de alta tensão onde as bordas não podem ser justaposicionadas, em

casos de deiscência e em lesões ocorridas a mais de seis horas (ACKRMANN, 2012;

WILLRD, 2014).

Entendem-se como união por terceira intenção as lesões de pele a qual são tratadas

como ferida aberta, porém ao desenvolver-se um tecido de granulação sadio a lesão será

tratada por primeira intenção. Esta técnica pode ser usada em feridas em sepse e em situações

na qual a lesão de pele é extensa impedindo a união por primeira intenção, é uma técnica

essencial na rotina das cirurgias reconstrutivas (WILLARD, 2014).

2.3.3 Tratamento de feridas abertas

Imediatamente ao ocorrer um trauma, os ferimentos devem ser cobertos por uma

bandagem limpa e seca para impedir a contaminação adicional e interromper a hemorragia, e

assim minimizar o risco de acontecer o choque hipovolêmico. A primeira etapa a se seguir,

principalmente em paciente politraumatizados é a avaliação para determinar o risco de morte,

21

em seguida são tomadas medidas necessárias para estabilização do mesmo (MACPHAIL,

2014).

Os ferimentos ocorridos a menos de 6 horas, onde há um leve trauma do tecido e

mínima contaminação, são tratados por lavagem, debridamento e fechamento primário. Por

sua vez, os ferimentos que há grave lesão tecidual, elevado índice de contaminação e com

mais de 6 horas do ocorrido são tratados como segunda intenção, para possibilitar o

debridamento e a redução do número de bactérias (PAVLETIC, 2010; MACPHAIL, 2014).

A área à volta do ferimento deve ser vastamente preparada, com tricotomia dos pelos

e uma limpeza primária através de solução fisiológica, dessa forma, é feito o controle inicial

mecanicamente pela remoção dos contaminantes maiores. Após as precauções iniciais, as

lesões que estão severamente contaminadas deverão ser cultivadas e passadas por análise de

antibiograma, a seleção dos antibióticos deve ser baseada os resultados da cultura e na

sensibilidade descritas pelo antibiograma (HENGEL et al., 2013; MACPHAIL, 2014).

O tecido desvitalizado compromete a defesa local e atrasa a cicatrização, então deve

ser retirado pelo desbridamento, o objetivo é remover corpos estranhos, microrganismos,

tecido necrótico ou danificado para obter uma ferida limpa. Os vasos sanguíneos, nervos,

tendões e ossos devem ser mantidos intactos, a menos que esteja em processo de morte

celular. O desbridamento pode ser realizado através de excisão cirúrgica, mecanismos

autolíticos, enzimas, bandagens secas-úmidas e por métodos biocirúrgicos (MACPHAIL,

2014).

No desbridamento cirúrgico, o tecido necrótico é retirado em camadas mais

superficiais e progride, a partes mais profundas. Os músculos devem ser desbridados até

sangrar e contrair-se, o risco deste método é a excisão de uma quantidade abundante de tecido

viável. Essa técnica pode ser combinada com o desbridamento autolítico, que consiste na

criação de um meio úmido por meio de bandagens hidrofílicas, como exemplo o hidrogel,

fazendo com que as enzimas endógenas dissolvam os contaminantes da superfície e o tecido

desvitalizado, é uma técnica altamente seletiva para o tecido necrótico e menos dolorosa para

o paciente, entretanto cursa um processo mais demorado (PAVLETIC, 2010; MACPHAIL,

2014).

O desbridamento com bandagem constitui um desbridamento mecânico, onde os

curativos são deixados para secar e aderir-se a superfície do ferimento, quando são removidos

levam junto a si os detritos e as camadas superficiais do leito da ferida. Este curativo é mais

eficiente na primeira fase da cicatrização, pois a bandagem pode absorver os exsudato da

ferida, no entanto se usados nas fases seguintes poderá remover as novas células e atrasar o

22

processo cicatricial. Esta técnica é dolorosa e não seletiva, podendo traumatizar o tecido

saudável (HENGEL et al., 2013).

O desbridamento enzimático é benéfico para pacientes que apresentam elevado risco

de morte durante a anestesia e quando o desbridamento cirúrgico pode causar danos em

tecidos saudáveis que serão necessários na reconstrução. Comumente são usadas enzimas que

englobam tripsina, fibrinolisina, quimotripsina, desoxirribonuclease e colagenase, estas

decompõem o tecido necrótico e destroem o coágulo e a biopelícula bacteriana, promovendo

maior contato dos antibióticos com o ferimento. Estes agentes podem ser usados no auxílio da

lavagem e desbridamento cirúrgico (HENGEL et al., 2013).

O desbridamento biocirúrgico implica-se em terapia com as larvas da mosta Lucicia

sericata, popularmente conhecida como mosca varejeira, as quais desbridam o ferimento pela

liberação de enzimas no ferimento (MACPHAIL, 2014).

Todas as feridas apresentam algum risco de estabelecerem uma infeção. A

contaminação advém de fontes ambiental, cutânea ou endógena. As feridas traumáticas são

contaminadas através de fontes ambientais e quando abertas estabelecem condições

favoráveis à formação de biofilmes. Alguns sinais clínicos, como tecido de granulação de

baixa qualidade e aumento do volume de exsudado, indicam contaminação bacteriana

(KRAHWINKEL; BOOTHE, 2006).

A utilização de antibióticos sistémicos deve-se iniciar quando há contaminação

existência de tecidos cuja viabilidade seja questionável após técnicas de desbridamento e

manifestação de sinais sistémicos de infeção, ou em pacientes imunocomprometidos. A

terapia com antibióticos sistémicos é crucial no maneio das feridas crônicas e infetadas

(KRAHWINKEL; BOOTHE, 2006).

Os ferimentos devem ser limpos diariamente e as soluções de limpeza devem ter

propriedades antissépticas ideais e com baixa citotoxidade. Estas soluções são usadas

principalmente nos estágios iniciais da cicatrização, para diminuir a carga de micro-

organismos. À medida que o ferimento mantem-se limpo e saudável, as soluções antissépticas

são contraindicadas, pois estas são citotóxicas e podem prolongar a cicatrização da ferida

(PAVLETIC, 2010).

A clorexidina dilucanato a 0,05%, o povidona-iodo a 0,1%, são descritos como

agentes adequados para limpeza das lesões. No momento em que a ferida apresentar um

tecido de granulação sadio a ferida pode ser tratada através da união por primeira intenção.

Em lesões crônicas, as terapias a laser são indicadas para estimular a cicatrização, visto que

23

diminuem a fase inflamatória e liberam fatores que irão estimular a fase proliferativa

(PAVLETIC, 2010; MACPHAIL, 2014).

2.4 Técnica cirúrgica reconstrutiva

O enxerto é classificado de acordo com sítio doador em, autoenxerto, o qual o tecido

doador e a região receptora advêm do mesmo animal. O isoenxerto é aquele que é obtido de

um doador da mesma espécie e geneticamente igual ao receptor. O aloenxerto é obtido de

doadores da mesma espécie, porém geneticamente diferentes. Por a pele apresentar-se como

antígeno, o enxerto corre o risco de rejeição. O enxerto no qual o doador e receptor são de

espécies diferentes é classificado como xenoenxerto, o objetivo deste é recobrir

temporariamente defeitos extensos (SWAIM, 2007).

As técnicas reconstrutivas são divididas em retalhos pediculados ou enxertos livres.

Os retalhos pediculares são parcialmente destacados da pele, sem a base, o pedículo, que

matém o suprimento sanguíneo para o tecido destacado. É usado em ferida cirúrgicas sob

tensão, para evitar a cicatrização por segunda intenção, e em áreas isquêmicas, assim

aumentando o aporte sanguíneo local (SAKUMA et al., 2003; MACPHAIL, 2014). Os

retalhos pediculares são divididos pelas técnicas de avanço, rotacionais, transposição,

interpolação, em bolsa, tubulares e padrão axial. Ao escolher essa técnica, deve-se sempre

levar em consideração a proporção largura vezes base, onde a base pedicular deve ser sempre

mais ampla do que a largura, evitando assim a necrose do mesmo (SWAIM, 2007).

Os enxertos livres são classificados quanto à espessura, podendo ser completa ou

parcial, e quanto à forma, em bloco ou em malha. O enxerto de espessura completa utiliza a

epiderme e a derme de um fragmento de pele, possui o aspecto mais próximo da pele normal,

pois o crescimento de pelos ocorre em todas as áreas, e suporta um traumatismo tão bem

quanto à pele circundante. O de espessura parcial é composto de epiderme e camadas

variáveis de derme, esse por sua vez tem maior viabilidade, porem são mais frágeis e

geralmente não possui um crescimento piloso adequado (FOWLER, 2006; SWAIM, 2007).

Enxertos em bloco utilizam uma camada uniforme de pele, tendo um melhor resultado

estético. Já o enxerto em malha é usado um bloco de pele fenestrada, formando uma em

malha de pequenas incisões em fileiras paralelas, em formas de fendas alternadas (SWAIM,

2007).

O enxerto em malha promove flexibilidade e remodelamento, sendo adaptável a

vários tipos de lesões. Pode ser expandido, com capacidade de recobrir lesões extensas, sendo

24

ideais quando o doador dispõe de pouco tecido para abranger toda a lesão. Outra vantagem

marcante desse implante é permitir a drenagem de exsudato pelas suas fendas, garantindo a

aderência do enxerto ao leito receptor e evitando a formação de seroma e o insucesso da

técnica (SWAIM, 2007; HEADLUND, 2008).

Alguns autores descrevem que o cão e o felino não respondem de forma adequada aos

enxertos livres, em razão de essas espécies apresentarem apenas as artérias cutâneas diretas e

por todos os vasos cutâneos possuir um curso paralelo à pele, sendo dificultada a

neovascularização (PAVLETIC, 2003; PIPPI, 2009).

3 RELATO DE CASO

Um gato doméstico de um ano de idade, sem raça definida, sexo masculino com peso

de 4 kg, foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Campina Grande,

HV-UFCG, com histórico clínico de ter passado por uma cirurgia de artrodese tibiotársica do

membro pélvico direito (MPE) e no pós-operatório, ter sido submetido à, uma bandagem de

Robert Jones, nesse período, a bandagem estava muito apertada e causou necrose isquêmica

da pele na extremidade do membro, causando uma ferida extensa envolvendo os metatarsos.

Ao exame físico, o animal apresentou necrose na região dos metatarsos dorsal e

plantar do MPD. Foi realizado o desbridamento da ferida, retirando-se todo tecido necrosado.

Observou-se que os coxins apresentavam-se rosados e que a necrose ficou limitada a pele,

sem envolver as estruturas adjacentes. Como exames complementares, solicitou-se

hemograma que apresentou valores dentro dos limites normais para a espécie, e radiografia

simples do membro, não sendo visualizadas alterações ósseas na região acometida (Figura 2).

25

Figura 2. Paciente felino exibindo a

extremidade do membro

pélvico esquerdo (MPE)

necrosado após uso de

bandagem de Robert Jones.

Fonte: HV-UFCG, 2017.

A ferida foi tratada por segunda intenção, através do desbridamento cirúrgico

bandagens com hidrogel. O tecido de granulação apareceu sete dias após o desbridamento

cirúrgico (Figura 3) e optou-se por fazer um enxerto livre em malha para auxiliar na

cicatrização.

26

Figura 3. Membro pélvico esquerdo de felino

(leito receptor) apresentando tecido

de granulação sadio antes de receber

o enxerto em malha.

Fonte: HV-UFCG, 2017.

Administrou-se como medicação pré-anestésica acepromazina 0,2% (0,08 mg/kg)

associada morfina 1% (0,2 mg/kg) na mesma seringa por via intramuscular (IM). A indução

anestésica foi realizada com propofol 1% (4 mg/kg) por via intravenosa (IV) e intubação

endotraqueal com sonda. A manutenção anestésica deu-se com isofluorano diluído em

oxigênio a 100% em circuito Baraka.

A cirurgia consistiu em duas etapas: retirada do enxerto do leito doador e preparação

do leito receptor com posterior fixação do enxerto. O tecido a ser transplantado foi coletado

na região torácica lateral direita com as mesmas medidas do defeito a ser corrigido. A pele

retirada foi armazenada em solução fisiológica estéril, enquanto o leito doador foi suturado

com redução de espaço morto com fio poliglactina 910 3-0, padrão zigue-zague, e a

dermorrafia com fio de náilon 3-0 e padrão simples separado.

A segunda parte do procedimento cirúrgico consistiu na preparação do leito receptor

através de retirada das bordas de pele que estavam em processo de epitelização e

reavivamento da ferida com lâmina de bisturi. Também foi necessário fazer a amputação do

27

terceiro dígito e das unhas do segundo e do primeiro dígito. Em seguida, cobriu-se a ferida

com uma gaze umedecida com solução fisiológica.

A preparação do enxerto consistiu na retirada do tecido adiposo, e posteriormente,

colocou-o sob uma superfície lisa de metal e com lâmina de bisturi fez-se vários cortes

retilíneos, deixando-o como uma malha. Logo em seguida, fixou-se o enxerto sobre a ferida e

com fio de náilon 4-0 foram feitas suturas simples separadas entre o enxerto e o tecido

adjacente (Figura 4).

Figura 4. Fixação transoperatória do

enxerto em malha no

membro pélvico esquerdo de

um felino.

Fonte: HV-UFCG, 2017.

Uma bandagem utilizando hidrogel foi feita no membro do animal. A troca de

curativo ocorreu quatro dias após o procedimento cirúrgico. O demais curativos foram feitos

com solução fisiológica e Furanil pomada, sendo trocados a cada 24horas e sempre fazendo

uma bandagem impermeável.

A terapia pós-operatória consistiu em cefalexina (30 mg/kg) a cada 12 horas (BID)

durante 20 dias, ranitidina (2,2 mg/kg, BID, durante 20 dias), meloxicam (0,1 mg/kg, a cada

28

24 horas, SID, durante 3 dias), tramadol (2mg/kg, a cada 8 horas, TID, durante 7 dias) e

dipirona (25mg/kg, TID, durante 3 dias).

No décimo quarto dia de pós-operatório, havia presença de uma área de necrose na

região plantar. Quarenta e três dias após o procedimento cirúrgico observou-se completa

fixação e cicatrização do enxerto na ferida (Figura 5).

Figura 5. Região em que foi aplicado o enxerto em

malha, no membro pélvico esquerdo de

felino, apresentando fixação completa e

cicatrização após quarenta e três dias do

procedimento cirúrgico.

Fonte: HV-UFCG, 2017.

29

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Este relato aborda o uso de enxerto em malha em membro pélvico de felino após

necrose isquêmica da região metatársica. Alguns autores descreverem que os caninos e os

felinos não respondem de adequadamente a plástica com uso de enxerto livre, pois estas

espécies possuem algumas particularidades anatômicas, sendo essas a presença de artérias

cutâneas diretas, o que dificultar o estabelecimento da neovascularização (PAVLETIC, 2003;

PIPPI, 2009).

No caso relatado optou-se pelo uso do enxerto em malha devido à extremidade do

membro pélvico não permitir o uso de outras técnicas reconstrutivas, pois havia pouca

quantidade de pele no local, e está possuía menos flexibilidade que nas outras regiões. As

lesões localizadas na extremidade do membro, também favorece a formação de seroma, este é

uma das causas relacionada à perda do enxerto. As fendas presente no enxerto em malha

previnem a formação de seromas e hematomas, pois possibilita o extravasamento deste pelas

fendas (POPE, 1990).

O paciente apresentou cicatrização completa com quarenta e três dias após o

procedimento cirúrgico. Algumas características fisiológicas do gato fazem com que possuam

um processo de cicatrização mais lento que o cão. Isto é fundamentada em razão da perfusão

tecidual, que nos gatos os vasos cutâneos são menos organizados, a formação de tecido de

granulação e a epitelização é mais demorada e com origem nas bordas das feridas,

progredindo lentamente ao centro (BOHLING; HENDERSON, 2006). Amaral et al (2004)

obteve resultados semelhantes ao usar técnica de sutura combinado com cola de fibrina para a

fixação do enxerto, a cicatrização foi evidente aos trinta dias de pós-operatório.

A presença da área de necrose na região plantar pode estar associada à falha da técnica

cirúrgica, provocando tensão no enxerto, dificultando assim a angioneogênese e a fatores

anatômicos, que complica a neovascularização entre o enxerto e a pele (PAVLETIC, 2003;

PIPPI, 2009). Outras causas citadas são falha da técnica na preparação do enxerto, infecção,

seroma e hematoma (DEGNER,2007; SLATTER, 2007).

O intervalo de troca de quatro dias da bandagem teve o propósito de diminuir a

movimentação do enxerto durante a manipulação do curativo e impedir a ruptura das fibras de

colágeno, formação da angioneogênese e interferência na cicatrização. O uso do hidrogel foi

essencial para manter a umidade do curativo e reidratar os tecidos, mesmo com o enxerto em

malha concedendo a excreção de fluidos (PAVLETIC, 2010; SAIM et al., 2011).

30

O intervalo de troca não promoveu contaminação da ferida e apresentou uma boa

resposta a técnica. Pavletic (2010) preconiza a troca das bandagens com hidrogel de três a

quatro dias, usando-as em tecido de granulação sadio e Saim (2011) sugere a troca a cada três

dias em feridas não infectadas. Já Pope (1990) aconselha a troca com maior frequência para

evitar acúmulo de fluidos e prevenir maceração do enxerto. O objetivo da bandagem, além de

proteção é aperfeiçoar o contato do enxerto com o leito da ferida e permitir adequada

angiogênese (ZANINI et al. 2004).

31

5 CONCLUSÃO

A técnica de reconstrução com enxerto livre em malha mostrou-se efetiva por ter

promovido completa cicatrização da ferida na extremidade do membro pélvico com

preservação dos coxins plantares e, assim melhora a macha do paciente, e conceder melhor

qualidade de vida e estética ao animal.

32

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