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Patrícia Mata A Escola da Realização: um meio para a intervenção do Serviço Social numa questão social errática Março 2017 Projeto de Intervenção Social do Mestrado em Serviço Social, apresentado à Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, sob orientação da Mestre Rosa da Primavera Carvalho Neves de Castro

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Patrícia Mata

A Escola da Realização: um meio para a

intervenção do Serviço Social numa questão social errática

Março 2017

Projeto de Intervenção Social do Mestrado em Serviço Social,

apresentado à Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, sob

orientação da Mestre Rosa da Primavera Carvalho Neves de Castro

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Projeto de Intervenção Social do Mestrado em Serviço Social,

apresentado à Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, sob

orientação da Mestre Rosa da Primavera Carvalho Neves de Castro

Mestrado em Serviço Social

A Escola da Realização: um meio para a

intervenção do Serviço Social numa questão social errática

Março 2017

Patrícia Mata

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PENSAMENTO

“Kimani Ng’ang’a Maruge: I will continue learning, I want to become a vet.

Jane Obinchu: [laughing] A vet? Maruge, you’ll be almost 100 years old.

Kimani Ng’ang’a Maruge: I’ll learn until I have soil in my ears”

- The First Grader (2010)

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais, à minha família e ao André.

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AGRADECIMENTOS

Na finitude desta etapa de enorme enriquecimento pessoal e académico, apraz-

se essencial gratificar todas as pessoas que me permitiram e acompanharam nesta

caminhada, contribuindo para que este momento fosse possível de concretizar.

Assim, primeiramente, revela-se de extrema importância agradecer às

entidades que possibilitaram a realização deste Trabalho de Projeto. Neste sentido,

agradeço especialmente ao Presidente da União de Freguesias de Taveiro, Ameal e

Arzila, o Excelentíssimo Senhor Jorge Mendes, por, desde logo, ter aceite o projeto na

Freguesia de Taveiro e disponibilizar todo o apoio possível para a sua concretização.

Agradeço também à Presidente da União de Freguesias de Alcobaça e Vestiaria, a

Excelentíssima Senhora Isabel Fonseca, por me ter recebido nas instalações desta

freguesia e ter dialogado comigo sobre o projeto existente na sua freguesia,

apresentando o mesmo linhas bastante ténues com o do presente documento, e por ter

sido tão amável para comigo. Para além destes visados, não poderia deixar de

agradecer à Dr.ª Teresa Dias Silva, da Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares -

Direção de Serviços Da Região Do Centro [DGEstE-DSRC], por tão prontamente me

ter recebido nas instalações da Direção Regional de Educação do Centro e explicado

todo o processo de certificação dos indivíduos deste projeto, bem como por me ter

apaziguado quanto à pertinência de um projeto desta natureza. Ademais, agradeço

também ao Professor Doutor Licínio Lima pelo facto de se ter disponibilizado a

responder a uma simples mensagem, através do correio eletrónico, que enviei sem

nunca contar com uma resposta, mas que me fez perceber a pertinência do tema na

hodiernidade.

Posteriormente, mas não menos importante, agradeço às docentes da

Licenciatura e Mestrado em Serviço Social, da Faculdade de Psicologia e de Ciências

da Educação da Universidade de Coimbra, que, ao longo desta caminhada de quase

seis anos, transferiram preciosos conhecimentos e me permitiram tornar mais reativa

quanto às políticas vigentes neste Mundo. Saio desta escola com vontade de fazer do

Mundo um lugar repleto de tolerância e respeito pelo outro, com a tenacidade de

construir pontes entre os indivíduos e não muros.

Neste sentido, agradeço, com maior atenção e apreço, à Orientadora Dr.ª Rosa

da Primavera Carvalho Neves de Castro que, ao longo desta etapa, esteve sempre

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disponível para escutar as minhas dúvidas e angústias, sem nunca descurar no apoio,

na tranquilização e motivação.

Agradeço também à turma de Mestrado de Serviço Social do ano 2015/2017,

pelos momentos que passámos, os bons e o maus, e, principalmente, ao grupo das 5

Mestres, pela Amizade que permanece, resultante de instantes de alegria e angústia,

demarcados pelo auxílio umas às outras!

Acabando por me repetir, mas como nunca me canso de o proferir, um imenso

obrigada, por tudo, aos meus pais, por me terem ensinado o que é o Amor

Incondicional e ser uma felizarda por tê-los como pais. À minha família por, sem dar

por ela, conseguir fazer-me muito feliz e, não menos importante, ao meu André, por

todos os momentos abdicados em prol deste desafio do Mestrado, mas que se manteve

perseverante do meu/nosso lado! Palavras não conseguem expressar o Orgulho que

tenho em/de vocês e por ser tão vossa…

E um obrigada especialmente a ti, Avó Conceição, que não saberias ler este

trabalho e que em tanto me inspiraste para o fazer… Espero que to leiam aí em cima!

Obrigada!

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RESUMO

O presente Trabalho de Projeto debruça-se sobre a problemática da Educação

de Adultos e Idosos e a forma como o Serviço Social pode promover a inclusão social

através da sua implementação. Acredita-se que os indivíduos, tidos em conta para este

projeto de intervenção social, poderão experimentar a plena participação na sociedade,

entendendo-se que este poderá vir a ser uma mais-valia e um ganho de ferramentas

para a reivindicação de direitos e para a sua realização, a nível pessoal e societal, bem

como uma forma de promoção da democracia, da justiça, da igualdade e do

desenvolvimento socioeconómico e científico.

Ao longo deste projeto foram utilizadas diversas estratégias metodológicas

para a obtenção de dados significativos a nível conceptual, estatístico, legislativo e

operacional, das quais se destacam a observação não participativa, a pesquisa

bibliográfica, a análise documental e as entrevistas exploratórias. Desta forma foi

possível recolher diferentes dados conceptuais, os quais permitiram a realização de um

importante diagnóstico social, estando este repartido em quatro partes, nomeadamente:

o enquadramento do tema, a problemática de intervenção, o território de intervenção e

o diagnóstico de viabilidade real. Esta última fase tornou-se fulcral, pois possibilitou a

compreensão da pertinência do tema bem como a perceção de como este permanece

intrínseco nas sociedades contemporâneas. Para além disto, utilizou-se o método

prospetivo de análise S.W.O.T no sentido de compreender as fragilidades do projeto,

bem como as formas de superação das mesmas.

Palavra-chave: Educação de Adultos e Idosos, Serviço Social, Inovação Social,

Projeto de Intervenção Social.

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ABSTRACT

The present Project Work focuses on the issue of Adult and Elderly Education

and how Social Work can promote the social inclusion through the realization of this

project. It is believed that the individuals considered for this social intervention project

will be able to experience full participation in society, understanding that this could be

an added and a gain of tools for the claim of rights and for their realization, on a

personal and societal level, as well as a way of promoting democracy, justice, equality,

socio-economic and scientific development.

Throughout this project, several methodological strategies were used to obtain

significant conceptual, statistical, legislative and operational data, such as non-

participatory observation, bibliographic research, documentary analysis and

exploratory interviews. Through these, it was possible to collect different conceptual

data, which allowed the realization of an important social diagnosis, which was

divided into four parts, that is: the framework of the theme, the intervention problem,

the territory of intervention and diagnosis of real viability. This last phase became

central to the project, as it enabled the understanding of the pertinence of the theme as

well as the perception of how it remains intrinsic in contemporary societies. In

addition, the prospective method of S.W.O.T analysis was used to understand the

weaknesses of the project as well as the overcoming of these.

Keywords:Adult and Elderly Education; Social Work; Social Innovation; Social

Intervention Project.

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LISTA DE ABREVIATURAS OU SIGLAS

ANEFA – Agência Nacional de Educação e Formação de Adultos

APEFA – Associação Portuguesa de Educação e Formação de Adultos

ATM – Automated Teller Machine

CEARTE – Centro de Formação Profissional do Artesanato

CECOA – Centro de Formação Profissional para o Comércio e Afins

CTT – Correios e Telecomunicações de Portugal

DGEstE-DSRC – Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares - Direção de

Serviços Da Região Do Centro

Dr.º/ Dr.ª – Doutor/a

DREC – Direção Geral de Educação do Centro

E.B. – Escola Básica

EFA – Educação e Formação de Adultos

Exmo./ Exma. – Excelentíssimo/a

FCG – Fundação Calouste Gulbenkian

I.e. – Isto é

IASSW – International Association of Schools of Social Work

IEFP – Instituto de Emprego e de Formação Profissional

IFSW – International Federation of Social Workers

INE – Instituto Nacional de Estatística

Nº - Número

OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico

ODM – Objetivos de Desenvolvimento do Milénio

ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

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OEI – Organização de Estados Ibero-americanos

ONU – Organização das Nações Unidas

PNAEBA – Plano Nacional de Alfabetização e Educação de Base de Adultos

PNDES – Plano Nacional de Desenvolvimento Económico e Social

PNE – Plano Nacional de Emprego

Prof. º/Prof.ª – Professor/a

RMG – Rendimento Mínimo Garantido

RVCC – Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências

SEEBS – Secretário de Estado dos Ensinos Básico e Secundário

SMTUC – Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra

SWOT – Strengths, Weaknesses, Opportunities e Threats

UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

UNRIC – Centro de Informação Regional das Nações Unidas para a Europa Ocidental

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 – Percentagem de população com 10 ou mais anos em situação de

analfabetismo

60

Tabela 2 – Gráfico de taxas de analfabetismo por Regiões e Municípios 61

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Atividades realizadas para a sustentabilidade do projeto “A

Escola da Realização” e seus objetivos

117

Figura 2 – Metas do projeto “A Escola da Realização” 72

Figura 3 – Cronograma de Atividades a realizar no “A Escola da

Realização” e seus objetivos

120

Figura 4 – Estrutura Organizacional (Recursos Humanos, materiais e

financeiros) do projeto “A Escola da Realização”

75

Figura 5 – Discriminação dos materiais escolares e referidos custos 124

Figura 6 – Preços por aulas consoante o orçamento disponibilizado 125

Figura 7 – Indicadores de Avaliação do projeto “A Escola da Realização” 126

Figura 8 – Análise S.W.O.T do Projeto “A Escola da Realização” 127

Figura 9- Cruzamento de quadrantes da análise S.W.O.T. 128

Figura 10 – Cronograma de Atividades para a elaboração do projeto “A

Escola da Realização Discriminação dos materiais escolares e referidos

preços

130

ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES

Ilustração 1 – Modelo de Inovação 41

Ilustração 2 – Quadro-tipo de análise ambiental SWOT. 78

ÍNDICE DE ANEXOS

Anexo A – Quadro comparativo de algumas caraterísticas da Educação 99

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Formal, Educação Não Formal e Educação Informal

Anexo B –The Process of Social Innovation 100

Anexo C – Cronograma da Evolução de Políticas de Educação de Adultos

em Portugal

101

Anexo D – Regulamento do Orçamento Participativo 2017 102

Anexo E – Formulário Específico para candidatura ao Orçamento

Participativo 2017

108

ÍNDICE DE APENDICES

Apêndice I – Documento com as perguntas elaboradas para a Associação o

Direito de Aprender

110

Apêndice II – Documento com as perguntas elaboradas para a Direção

Regional de Educação do Centro [DREC]

114

Apêndice III – Atividades realizadas para a sustentabilidade do Projeto “A

Escola da Realização” e seus objetivos

117

Apêndice IV – Cronograma de Atividades a realizar no Projeto “A Escola da

Realização” e seus objetivos

120

Apêndice V – Discriminação dos materiais escolares e referidos custos 124

Apêndice VI – Discriminação das aulas e o custeamento das mesmas 125

Apêndice VII – Indicadores de Avaliação do Projeto “A Escola da

Realização”

126

Apêndice VIII – Análise S.W.O.T. do Projeto “A Escola da Realização” 121

Apêndice IX – Cruzamento de quadrantes da análise S.W.O.T. do Projeto “A

Escola da Realização”

138

Apêndice X – Cronograma de Atividades para a elaboração do projeto “A

Escola da Realização

130

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ÍNDICE GERAL

INTRODUÇÃO 14

PARTE I – CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA: DA EDUCAÇÃO

AO SERVIÇO SOCIAL INOVADOR

CAPÍTULO 1. OS MOLDES DA EDUCAÇÃO DE ADULTOS 17

1.1. Da alfabetização à literacia: o paralelismo 17

1.2. Educação e Formação: a diferenciação dos termos 19

1.3. Educação/Aprendizagem ao Longo da Vida (Educação

Permanente/Contínua): uma dissemelhança em tudo semelhante

20

1.4. A Educação de Adultos 25

1.5. A Educação de Adultos: uma intervenção com os idosos 29

CAPÍTULO 2. O SERVIÇO SOCIAL: UMA PROFISSÃO DE

DIREITOS

31

2.1. Serviço Social: a sua génese 31

2.2. O Serviço Social e seus desafios na contemporaneidade 33

CAPÍTULO 3. INOVAÇÃO SOCIAL COMO UM MEIO PARA A

INTERVENÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL

39

3.1. Inovação Social: uma definição 39

3.2. As ações para a Inovação Social e a Metodologia de um Projeto: a

similaridade

41

PARTE II – O PERCURSO PARA O PROJETO DE

INTERVENÇÃO SOCIAL

46

CAPÍTULO 4. DIAGNÓSTICO PRÉVIO PARA A PLANIFICAÇÃO E

IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO

46

4.1. Da Educação ao Serviço Social: contexto de enquadramento das

temáticas em prol do projeto

46

4.2.Estratégias Metodológicas para a planificação e implementação do 53

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projeto

4.2.1. Diagnóstico Social: problemática de Intervenção 55

4.2.2. Diagnóstico Social: o Território de Intervenção – A Vila de

Taveiro

63

4.2.3. Diagnóstico de Viabilidade Real 65

PARTE III – O PROJETO “A ESCOLA DA REALIZAÇÃO” 69

CAPÍTULO 5. DO DESENVOLVIMENTO E DAS QUESTÕES PRÁTICAS:

A PLANIFICAÇÃO E A APLICAÇÃO-EXECUÇÃO DO PROJETO “A

ESCOLA DA REALIZAÇÃO”

69

5.1. “A Escola da Realização”: a sua ambição 69

5.1.1. Objetivos do Projeto “A Escola da Realização”: objetivos gerais e

específicos

70

5.1.2. Metas e Ações 72

5.1.3. Etapas de Implementação (Cronograma) 73

5.1.4. Recursos (Financeiros, Materiais e Humanos) 74

5.1.5. Processos de avaliação (Avaliação) 76

5.1.6. Constrangimentos e respetivas estratégias de

superação/minimização e de sustentabilidade social e financeira

77

CONCLUSÃO 83

BIBLIOGRAFIA 89

ANEXOS 98

APÊNDICES 109

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INTRODUÇÃO

O trabalho académico em apreço consiste na apresentação de um Projeto de

Intervenção Social, na área específica da Educação de Adultos e Idosos, tendo este por

intuito a dinamização e colmatação da problemática do analfabetismo e da iliteracia,

através da intervenção do Serviço Social num contexto geográfico predefinido, a Vila

de Taveiro. Neste sentido, o presente trabalho de projeto, orientado pela Mestre Rosa

da Primavera Carvalho Neves de Castro, inserido no âmbito do terceiro semestre do

Mestrado em Serviço Social da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da

Universidade de Coimbra, possui como título “A Escola da Realização: um meio para

a intervenção do Serviço Social numa questão social errática”.

A escolha desta problemática resultou de uma observação não participante do meio

envolvente, por parte da investigadora, sendo que, entre outras necessidades, este se

deparou com taxas de analfabetismo e de baixa escolaridade alarmantes, no contexto

em estudo. Posteriormente, tal observação tornou-se comprovada pelo diagnóstico

realizado, averiguando-se a existência de indivíduos em situações paupérrimas no que

à educação diz respeito, existindo uma lacuna na garantia deste direito humano

universal num contexto de intervenção na, tão pouco distante, ilustre Cidade do

Conhecimento, Coimbra.

Decorrente destes factos, compreendeu-se pertinente a realização de um projeto de

natureza educativa para a comunidade em estudo, sendo que o investigador procedeu

ao estabelecimento de contatos privilegiados com diferentes entidades por forma a

compreender a sua sustentabilidade a nível contextual, conceptual, científico,

legislativo e operacional, acreditando, desde o princípio, que um projeto desta natureza

poderia conduzir à realização dos indivíduos nas mais variadas perspetivas, sendo

focada, principalmente, a realização pessoal e de cidadania. A par disto, este projeto

compreende em si o intuito de difundir o Direito à Educação para todos os indivíduos,

colmatando, não apenas taxas de analfabetismo e iliteracia, mas também estigmas

associados à baixa ou inexistente escolaridade que cada indivíduo comporta.

Neste sentido, importa referir os passos executados para a criação do projeto “A

Escola da Realização”, estando o mesmo dividido em três partes que o sustêm a nível

contextual, metodológico e, por fim, prático. Na primeira parte do presente projeto

apresentam-se os dados referentes à contextualização teórica, demonstrando-se a

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pertinência científica, política, social e económica da proposta do projeto. Este

segmento do trabalho comporta três capítulos-chave, sendo que no primeiro capítulo é

aprofundada a questão da Educação de Adultos e os termos associados à mesma,

fazendo-se uma leve referência aos benefícios que esta questão transporta,

principalmente, à população idosa. Já no segundo capítulo é realizada uma

conceptualização da disciplina científica Serviço Social, e, por fim, no terceiro

capítulo é feita uma alusão ao conceito de Inovação Social, referindo-se a importância

do mesmo para a intervenção do Assistente Social ao nível comunitário. Ao longo

desta primeira parte, foi necessário proceder-se a uma revisão da literatura, procurando

por dados bibliográficos que suportassem a pertinência científica do tema.

Posteriormente, na segunda parte deste trabalho de projeto, são determinados e

fundamentados os objetivos gerais e específicos do projeto, realizando-se o seu

contexto de enquadramento teórico (Capítulo 4) por forma a justificar a pertinência da

investigação, bem como o entendimento dos objetivos da mesma. Para que tal

enquadramento fosse elaborado foi averiguada a existência de dados legislativos que

pudessem ter em conta as problemáticas do analfabetismo na população portuguesa

bem como de dados estatísticos que comprovassem a existência da problemática no

contexto de intervenção. Tal tarefa tornou-se fulcral para compreender se este seria um

projeto de intervenção social com uma causa e necessidade, respeitando assim umas

das principais fases de execução de um projeto desta dimensão, o diagnóstico social.

Esta fase tem por objetivo o conhecimento da realidade, sendo que quanto mais

profundo e preciso este for, mais claramente será determinado o impacto e os efeitos

que se alcançarão com as ações do mesmo, não tendo por base lógicas de imposição de

ideias, mas sim de articulação com as necessidades reais do contexto (Serrano, 2008).

A par disto, e após a verificação da pertinência científica, legislativa e estatística

quanto ao tema, procedeu-se à compreensão da viabilidade prática e real deste projeto

de intervenção social, procurando por parceiros-chave e por projetos-irmãos. Para este

projeto o principal e mais valioso parceiro foi a União de Freguesias de Taveiro,

Ameal e Arzila, onde a Vila de Taveiro está inserida, e também o projeto-irmão em

execução no Concelho de Alcobaça, na União de Freguesias de Vestiaria e Alcobaça,

que contribuiu para a firmeza da viabilidade em situação de contexto real.

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Por fim, na terceira e última parte deste trabalho, o projeto “A Escola da

Realização” é apresentado na íntegra, sendo explicitados os objetivos do mesmo, as

metas e ações a sua viabilização, o cronograma das etapas de implementação, a

avaliação futura do mesmo e, por fim, apresenta-se uma análise S.W.O.T. do projeto e

a explicitação dos constrangimentos que este pode vir a acarretar bem como as

respetivas estratégias de superação ou de minimização e de sustentabilidade futura a

nível social e financeira.

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PARTE I – CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA: DA EDUCAÇÃO AO

SERVIÇO SOCIAL INOVADOR

CAPÍTULO 1. OS MOLDES DA EDUCAÇÃO DE ADULTOS

1.1. Da alfabetização à literacia: o paralelismo

Ao longo da existência do Homem a aprendizagem esteve permanentemente

inerente à sua sobrevivência e evolução, vivendo-se, na hodiernidade, perante contextos

altamente letrados e sapientes. Contudo, os diversos dados apontam para uma minoria

ultrapassada pelo conhecimento frenético das sociedades modernas, conservando-se

aquela em situações de analfabetização e iliteracia.

Os conceitos de alfabetização e literacia, apesar de possuírem proximidade

conceptual, abordam a problemática de diferentes ângulos, isto é [i.e.], enquanto o

termo alfabetização se refere à “condição de ser (ou não) iniciado na língua escrita,

independentemente do grau de domínio que dela se tenha” (Delgado-Martins, Costa &

Ramalho, 2000, p.13), o termo literacia compreende-se mais abrangente, referindo-se às

capacidades de utilização dessa mesma língua escrita (Delgado-Martins et al., 2000).

Isto permite contemplar o conceito de alfabetização como o “conhecimento obtido e

estável, enquanto a literacia é um conhecimento processual, em aberto” (Delgado-

Martins et al., 2000, p.13). Em consonância surge Cavaco (2009), refletindo sobre os

conceitos de escolarizado e alfabetizado, dando-lhes enfase distinto, referindo que

enquanto um indivíduo escolarizado é aquele que possui um determinado nível de

escolaridade, o indivíduo alfabetizado depreende a aquisição e a utilização social da

capacidade de ler e escrever (Cavaco, 2009).

Mais se refere que o termo literacia implica uma preocupação relativamente às

capacidades de ler e escrever dos indivíduos que frequentaram o sistema escolar,

independentemente do grau académico que cada indivíduo possui, e a capacidade desses

indivíduos colocarem em prática esses conhecimentos adquiridos na sua vida diária,

privada, social e profissional. Considerando as sociedades contemporâneas altamente

letradas, burocráticas e documentais, torna-se fundamental a capacidade dos indivíduos

para deslindarem as inúmeras informações dispersas em “avisos, pequenos textos

informativos sobre cuidados de saúde ou artigos de jornal e outros textos funcionais”

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(Delgado-Martins et al., 2000, p. 14). Neste sentido, as autoras refletem sobre o valor da

leitura e da escrita dos indivíduos, referindo que:

o indivíduo, autónomo na leitura e na escrita, estará mais adaptado a uma sociedade em que a

informação que lhe chega é cada vez em maior quantidade e em que o documento escrito

continua a ser fundamental nas relações sociais e profissionais. (Delgado-Martins et al., 2000,

p.14).

No entanto, segundo os autores Castro-Caldas e Reis (2000) dever-se-á ter em conta,

de um ponto de vista neuro-psicológico, três possibilidades: os verdadeiros analfabetos

(1) - indivíduos sem qualquer escolaridade básica por questões sociais mas sem defeito

cerebral; os que não aprenderam por eventuais deficiências cerebrais (2) e os que

aprenderam, mas que por desuso esqueceram ou perderam as aptidões que haviam

ganho no momento próprio (Castro-Caldas & Reis, 2000). Para estes autores, e em jeito

de concordância com a conceção de Delgado-Martins, proclamam que:

a sociedade moderna, nas suas múltiplas solicitações, afasta os homens do recolhimento

intelectual, geralmente associado à leitura, e bombardeia-os com outras formas de expressão e

comunicação. Desenvolvem-se então indivíduos que se podem considerar iletrados porque não

praticam a leitura. (Castro-Caldas & Reis, 2000, p.155)

Contudo, a inquietação com as taxas de alfabetização e literacia dos indivíduos é

remota, tendo havido, desde os primeiros censos europeus, a preocupação em

determinar a percentagem de população afetada por esta problemática bem como os

níveis de escolarização da mesma. Em 1987, após a verificação de elevados graus de

iletrismo, os ministros da Educação da União Europeia propuseram à Comissão

Europeia o programa “A Prevenção e a Luta contra o Iletrismo”, tendo este por intuito a

realização de diagnósticos situacionais e a desenvoltura de programas de intervenção

para a prevenção da problemática do iletrismo (Delgado-Martins et al., 2000), mas a

maior parte da investigação e das preocupações políticas sobre a educação

direcionavam-se, e perpetuam-se na contemporaneidade, para o processo de

aprendizagem e ensinar a ler e a escrever nos primeiros anos de vida e de escolaridade,

descurando-se a faixa etária da adultez em situações de analfabetismo e iliteracia

(Delgado-Martins et al., 2000).

Ademais se refere, que a literatura analisada pressupõe que uma das causas para a

perpetuação das taxas de iliteracia estará relacionada com os diversos programas e

currículos escolares, uma vez que estes assintem que ao fim do 1º ou 2º ciclo os alunos

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já sabem ler e escrever, sendo esta conceção, tal como é entendida pela escola,

produtora do conceito de literacia. Através disto, compreende-se que os alunos

necessitam, para além do ensino básico de leitura e escrita, verem desenvolvidas

aptidões para o conhecimento dos vários tipos de texto, por forma a tornarem-se aptos

para todo o tipo de informações que recebem constantemente na atualidade (Delgado-

Martins et al., 2000).

Derivado desta reflexão, torna-se pertinente explorar respostas que tenham em conta

não apenas as dramáticas taxas de analfabetismo existentes nas sociedades

contemporâneas, mas também a existência de iliteracia nas mesmas, percebendo, de

antemão, que os conceitos, apesar de próximos na sua génese, apresentam origens

problemáticas diferentes.

1.2. Educação e Formação: a diferenciação dos termos

Tal como fora anteriormente referido, os termos literacia e alfabetização são algo

distanciados na sua conceptualização apesar de abordarem a mesma problemática.

Contudo, importa mencionar que apesar da frequência escolar permitir o

desenvolvimento de competências de leitura e escrita, isto não invalida o bom

processamento dessas capacidades, podendo estes encontrarem-se ao nível um indivíduo

sem qualquer tipo de escolarização e/ou alfabetização (Cavaco, 2009). Para que estas

situações fossem atenuadas e colmatadas, criaram-se respostas ao nível da educação e

formação dos adultos, i.e. de indivíduos com mais de 18 anos, para que as taxas de

iliteracia e analfabetismo contemplassem um fim eminente.

Quando se alude aos termos de educação e formação neste trabalho, considera-se

uma perspetiva mais lata, revelando-os próximos semanticamente. A educação,

segundo Gelpi (1991), envolve os decursos educativos presentes ao longo de toda a

vida, sendo que as modalidades de educação formal, não formal e informal1 se mostram

complementares entre si, perspetivando-se assim uma lógica de educação permanente,

ou seja, “a educação será permanente, não se conhecerão mais lugares, nem tempos

privilegiados, cada um será educando e educador, não haverá fronteiras entre a

educação formal e não formal, a educação inicial e a educação permanente” (p.71 cit. in

1 Vide Anexo A – Quadro comparativo de algumas características da Educação Formal, Educação Não

Formal e Educação Informal (Silvestre, 2003, p.54).

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Cavaco, 2009, p. 63). No que à formação diz respeito, Cavaco (2009, p. 63) refere que

esta é a “atribuição de sentido às vivências pessoais, que ocorrem em todos os espaços e

tempos”, sob esta perspetiva, compreende que a formação não se realiza por parte do

formador, tendo este apenas como papel organizar e colocar à disposição dos formandos

as situações com potencial formativo. Em consonância com esta visão, surge Cottereau

(2001, p. 60 cit. in Cavaco, 2009, p. 64)) ao referir que “a formação é mais que uma

relação com o saber, é uma relação com o mundo, é uma construção do ser no mundo”.

Em complacência com esta perspetiva surge Barros (2013, p. 44) ao mencionar que

a “educação inclui a vontade e a ação, enquanto a formação reduz-se ao âmbito do

conhecimento” e, para além deste facto, refere ainda que “a educação implica que as

aprendizagens sejam concetualizadas de forma própria, definindo como finalidade

última o desenvolvimento integral do ser humano” (Barros, 2013, p. 44).

Ademais, Silvestre (2003) deixa também o seu contributo no debate, referindo que

as dimensões da educação e formação deverão ser procuradas e verdadeiramente

sentidas pelo indivíduo como uma lacuna na sua vida e, com as ferramentas aqui em

debate, procurar a realização plena da vida, não apenas enquanto pessoa, como da

comunidade que o envolve e onde se insere, “ por forma a contribuir também para a

plena realização pessoal e global do ser humano e do mundo” (Silvestre, 2003, p. 45).

1.3. Educação/ Aprendizagem ao Longo da Vida (Educação Permanente/Contínua):

uma dissemelhança em tudo semelhante

Apesar de no anterior ponto se ter referido a existência de duas perspetivas de

aprendizagem possíveis, a educação e/ou formação, e a diferença entre estas, revela-se

pertinente reportar o presente trabalho apenas para a questão da Educação, visto ser esta

um dos principais enfoques do mesmo.

Indagar sobre a Educação de Adultos torna-se desde logo complexo, pois esta

consiste na operacionalização da Aprendizagem ao Longo da Vida ou, como em muitas

vezes reconhecida, da Educação Permanente ou Educação Contínua. O conceito de

Educação Contínua deverá ser tomado como “equivalente ao de Educação Permanente

ou mesmo de Educação ao Longo da Vida, quando se percebe que visam os mesmos

propósitos globais” (Barros, 2013, p. 17). Porém, comporta-se referir que a

“Educação/Aprendizagem ao Longo da Vida não distingue timings, ou seja, um antes

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associado à educação básica, à formação inicial, e um depois relacionado com a

educação que surge a posteriori” (Barros, 2013, pp. 17-18), enquanto a Educação

Contínua pressupõe essa quebra temporal, reportando a esta última parte a

Educação/Aprendizagem ao Longo da Vida.

A designação do tipo de Educação vai variando consoante o momento espácio-

temporal em que se situa ou em função das políticas das três principais organizações

deste domínio: o Conselho da Europa, a Organização das Nações Unidas para a

Educação, Ciência e Cultura [UNESCO] e a Organização para a Cooperação e

Desenvolvimento Económico [OCDE], referindo-se que as três organizações percebem

a Educação de forma diferente. Enquanto a UNESCO sustentou a sua abordagem numa

Educação Permanente, a OCDE formulou-a como Recorrente, ao passo que o Conselho

da Europa uniu as duas vertentes. O Conselho da Europa e a UNESCO compreendem

esta questão e vislumbram-na de um prisma humanitarista, onde se sustenta a paz,

igualdade, interculturalidade, diversidade e direitos humanos, enquanto a OCDE, pela

sua essência e história, visiona-a pelos benefícios e potencial económicos que esta pode

originar (Centeno, 2011 cit. in Barros, 2013).

Ademais se refere que estas organizações analisam as mudanças estruturais que

pautam o sistema socioeconómico de forma diferenciada. A UNESCO, sublinhando a

questão humanitarista do impacto educativo, e o Conselho da Europa, observam a

Aprendizagem ao Longo da Vida como uma matéria fundamental para o bem-estar dos

indivíduos e para a integração social, sendo que, porém, as duas divergem no que diz

respeito às responsabilidades ditando a UNESCO a educação para uma responsabilidade

societal e o Conselho da Europa para a os diferentes Estados-membros, visto que esta

responsabiliza as mudanças inerentes como um problema político de origem educativo.

Por sua vez, a OCDE perspetiva estas mudanças estruturais de uma forma económica,

sendo que a implementação de políticas de Aprendizagem ao Longo da Vida será uma

força estabilizadora para a lógica da procura da oferta, inerente ao mercado de trabalho.

Nesta ótica, a responsabilidade é do próprio indivíduo, tomando-o como o principal

causador da sua integração socioeconómica (Centeno, 2011 cit. in Barros, 2013).

Compreendendo os diferentes significados que podem estar associados à

Aprendizagem ao Longo da Vida, apraz-se referir que um dos primeiros termos

relacionados com esta temática foi o de Educação Permanente, surgindo este nos finais

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do século XVIII, no relatório de Condorcert. A Educação Permanente é sustentada

numa ótica de educação para todos e num processo contínuo no tempo, despoletando

sob a emergência de “aprender a aprender como resposta às vertiginosas mutações

sociais, razões tecnológicas e laborais e ainda razões de natureza cultural, sensíveis aos

aspetos geracionais, designadamente às necessidades de cada geração” (Barros, 2013, p.

23).

A Educação Permanente é um processo global que redistribui o ensino no espaço e

no tempo, fazendo com que esta abranja o sujeito em qualquer fase do seu ciclo de vida,

integrando não só os diferentes níveis do sistema educativo, como também as diferentes

facetas de desenvolvimento da personalidade. Com isto, compreende-se que este

conceito evita a descontinuidade do processo educativo no que diz respeito às diversas e

diferentes fases do ciclo vital, conferindo-se a este termo “um caráter extensivo e

holístico, ao mesmo tempo que compreende a totalidade do ser na sua educabilidade

intencional (ética, estética, afetiva, entre outras) ” (Barros, 2013, p. 25).

A Educação ao Longo da Vida pode ser vista como a reconceptualização do termo

Educação Permanente, só fazendo sentido a existência da primeira, se a segunda for

considerada fulcral. Assim, segundo a Declaração de Hamburgo sobre Educação de

Adultos: Agenda para o Futuro (1999), o primeiro termo implica repensar o conteúdo

que reflita certos fatores como idade, igualdade entre os sexos, necessidades especiais,

idioma, cultura e disparidades económicas, sendo esta fundamental para a “criação de

uma sociedade tolerante e instruída, para o desenvolvimento socioeconómico, para a

erradicação do analfabetismo, para a diminuição da pobreza e para a preservação do

meio ambiente” (Declaração de Hamburgo sobre Educação de Adultos: Agenda para o

Futuro (1999), p.20).

Porém, o termo da Educação Permanente tem sido cada vez menos usual entre a

comunidade científica, surgindo o conceito de Aprendizagem ao Longo da Vida que

“tem subjacente os processos desenvolvimentais dos indivíduos, que se sustentam na

autoconstrução das múltiplas dimensões do seu funcionamento, num registo

assumidamente antropocêntrico”, tendência essa, que conjugada com a elevação dos

valores humanistas, se associa à assumida pela UNESCO (Barros, 2013, pp.28-29).

Barros (2013) em consonância com o acima referido, menciona que “são múltiplas

as fontes que se reportam preferencialmente à Aprendizagem ao Longo da Vida”

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(Barros, 2013, p. 30) visto que este conceito “tem implícita a ideia da responsabilidade

pessoal do sujeito pelo seu próprio percurso educativo, enquanto a Educação ao Longo

da Vida aponta para a necessidade de políticas públicas com atuação sistemática e

coerente” (Barros, 2013, p. 30).

Segundo a Comissão das Comunidades Europeias (2001), a Aprendizagem ao

Longo da Vida tem na sua essência quatro objetivos que se reforçam mutuamente: a

realização pessoal, a cidadania ativa, a inclusão social e a

empregabilidade/adaptabilidade, estando estes patentes na definição que esta elaborou

para o termo da Aprendizagem ao Longo da Vida, i.e.: “toda a atividade de

aprendizagem em qualquer momento da vida, com o objetivo de melhorar os

conhecimentos, aptidões e competências, no quadro de uma perspetiva pessoal, cívica,

social e/ou relacionada com o emprego” (Comissão das Comunidades Europeias, 2001,

p. 10).

Em jeito de consonância a esta última asserção surge Medel-Añonuevo, Ohsako e

Mauch (2001 cit. in UNESCO, 2010), ao mencionarem que a Aprendizagem ao Longo

da Vida traz aos indivíduos protagonismo pessoal e social, permitindo que as pessoas

possam agir, refletir e responder de forma adequada aos desafios sociais, políticos,

económicos, culturais e tecnológicos que vão surgindo na hodiernidade, sendo que esta

tem uma ação importantíssima no empoderamento pessoal, no bem-estar económico, na

coesão da comunidade e no desenvolvimento social (UNESCO, 2010).

A Aprendizagem ao Longo da Vida torna-se fulcral, tal como já foi referido, para a

valorização pessoal e social dos indivíduos, podendo esta ser um fator para a realização

dos mesmos, estando intrínseco a esta vertente educacional a noção de que “ninguém

pode pensar adquirir, na juventude, uma bagagem inicial de conhecimentos que lhe

baste para toda a vida, porque a evolução rápida do mundo exige uma atualização

contínua dos saberes” (Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional para o

século XXI, 1996, p.103). Para além disto, este relatório compreende a educação através

de uma ótica humanista, considerando a mesma em toda a sua plenitude e a realização

do indivíduo, visando o pleno desenvolvimento do ser humano, na sua dimensão social

(Barros, 2013). O exemplo dessa consideração pela educação surge explanada através

do facto de incluir os quatro pilares da aprendizagem, i.e., 1) aprender a conhecer, i.e.,

adquirir os instrumentos da compreensão; 2) aprender a fazer, de modo a agir sobre o

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meio envolvente; 3) aprender a viver juntamente com os outros, por forma a participar e

cooperar com os outros em todas as atividades humanas e 4) aprender a ser, sendo esta

uma via essencial que integra as três anteriores (Relatório para a UNESCO da Comissão

Internacional para o século XXI, 1996).

A última asserção efetuada pela UNESCO remete para Morin (2000, pp. 14-18),

visto que este defendia a existência de sete saberes necessários e fundamentais para a

educação do futuro. Segundo este último autor, o primeiro saber passaria por perceber

(1) “as cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão”, i.e., Morin (2000) defende que se

deverá conhecer o conhecimento, não o tratando como uma ferramenta de pronta

execução e sem questionabilidade. Neste saber fundamental, o autor refere ainda que é

essencial “introduzir e desenvolver na educação o estudo das características cerebrais

mentais, culturais dos conhecimentos humanos, de seus processos e modalidades, das

disposições tanto psíquicas quanto culturais que o conduzem ao erro ou à ilusão”

(Morin, 2000, p. 14). O segundo saber fundamental, reporta à importância dos

“princípios do conhecimento pertinente”; ou seja, torna-se fulcral que o conhecimento

seja “capaz de apreender problemas globais e fundamentais para neles inserir os

conhecimentos parciais e locais” (Morin, 2000, p. 14), sendo que se torna indispensável

“desenvolver a aptidão natural do espírito humano para situar todas essas informações

em um contexto e um conjunto” (Morin, 2000, p. 14). Como terceiro saber necessário

encontra-se o “ensinar a condição humana”, remetendo este ponto para a complexidade

da identidade que cada um comporta bem como a identidade comum a todos os outros

humanos. Este saber pode ser alcançado através das diferentes disciplinas atuais que,

reunindo e organizando os conhecimentos vindos das ciências da natureza, das ciências

humanas, da literatura e da filosofia, mostram “o elo indissolúvel entre a unidade e a

diversidade de tudo o que é humano” (Morin, 2000, p. 15). O quarto saber acarreta o

“ensinar a identidade terrena”, sendo este fundamental para a difusão dos dados

históricos da era planetária, sem nunca descurar que “todos os seres humanos,

confrontados de agora em diante aos mesmos problemas de vida e de morte, partilham

um destino comum” (Morin, 2000, p. 16). O quinto saber, o “enfrentar as incertezas”;

aponta para a necessidade de expor as incertezas que surgiram nas ciências físicas,

biológicas e históricas, tendo por intuito o ensinamento de princípios de estratégia que

permitissem enfrentar as mesmas, sendo necessário que “todos os que se ocupam da

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educação constituam a vanguarda ante a incerteza de nossos tempos”. O sexto saber, o

“ensinar a compreensão”, acredita que a compreensão permite a comunicação humana

e, segundo Morin (2000), o ensino carece da educação para a compreensão. Para este

autor, o desenvolvimento da compreensão apela à reforma das mentalidades,

desaguando em bases mais seguras da educação para a paz, “à qual estamos ligados por

essência e vocação” (Morin, 2000, p. 17). Por fim, o sétimo saber remete para “a ética

do género humano”, tendo este em conta o “carácter ternário da condição humana”

(Morin, 2000, p. 17), i.e., a simbiose entre indivíduo/sociedade/espécie, onde a “ética

indivíduo/espécie necessita do controlo mútuo da sociedade pelo indivíduo e vice-versa,

realizada através da democracia; e a ética indivíduo/espécie que convoca a cidadania

terrestre” (Morin, 2000, p. 17).

No entanto, quando se alude à efetivação prática da Aprendizagem ao Longo da

Vida, dever-se-á referir que esta se concretiza através da disciplina da Educação de

Adultos, sendo esta considerada o motor para as metas preconizadas por aquela. Assim,

importa direcionar o presente trabalho para a questão da Educação de Adultos, visto que

esta será fundamental para a efetivação de uma resposta para a população em situação

de analfabetismo ou de iliteracia.

1.4. A Educação de Adultos

A Educação Permanente/Aprendizagem ao Longo da Vida e a Educação de Adultos,

apesar de se poderem entender como conceitos pouco diferenciados, existe hoje uma

separação entre os mesmos. A Educação de Adultos é tida como um “subconjunto

integrado do processo de Aprendizagem ao Longo da Vida” e só através desta é que a

Aprendizagem ao Longo da Vida poderá concretizar as suas metas. A Educação de

Adultos é entendida como disciplina, tendo assim um cariz mais operativo do que a

Aprendizagem ao Longo da Vida (Barros, 2013).

A UNESCO, desde o seu início, tem valorizado a questão da Educação de Adultos e

promovido a importância desta vertente para as estratégias políticas internacionais e

nacionais, bem como mobilizado recursos e propagado o conhecimento a nível mundial.

Esta organização, ao longo dos anos, tem vindo a promover “a realização de estudos, de

reflexões, a conceção e disseminação de novas metodologias de intervenção na

educação de adultos” (Cavaco, 2009, p. 89). Ao longo da sua história, e tendo por em

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conta a sua preocupação com a problemática da Educação de Adultos, esta realizou

diversas Conferências Internacionais de modo a explorar o tema em estudo e, se na

primeira conferência a Educação de Adultos era associada à educação popular, nas

seguintes esta temática tornou-se ligada à alfabetização e educação base. A última

Conferência (V Conferência Internacional sobre educação de adultos - Declaração de

Hamburgo sobre Educação de Adultos: Agenda para o Futuro) explorou a

multiplicidade de campos e práticas da educação de adultos, sendo que a abordagem ao

tema foi fundamentalmente direcionada para a índole estratégica da gestão de recursos

humanos (Cavaco, 2009).

A par disto, o ramo da Educação de Adultos veio a desenvolver-se e, nos tempos

vigentes, caracteriza-se hoje pela sua heterogeneidade e pluralidade no que se refere “às

orientações teóricas, concretizações, dispositivos, atores e processos envolvidos”

(Barros, 2013, p. 15). Esta insere-se na categoria da Aprendizagem ao Longo da Vida,

consoante as diretrizes de políticas no domínio da Educação, vislumbrando-se esta

vertente como um paradigma que procura fazer frente às necessidades globais e

urgentes como é exemplo a coesão social e o acesso à educação para todos (Barros,

2013).

Segundo a Declaração de Hamburgo sobre Educação de Adultos: Agenda para o

Futuro (1999), os participantes da mesma admitem que a esta é “mais do um direito, é a

chave para o século XXI” (p. 19), sendo que através desta os cidadãos estarão aptos

para o exercício da cidadania, condição esta necessária para a plena participação na

sociedade. Ademais se refere que será através da Educação de Adultos que se tornará

possível: “um poderoso argumento em favor do desenvolvimento ecológico sustentável,

da democracia, da justiça, da igualdade entre sexos, do desenvolvimento

socioeconómico e científico” (Declaração de Hamburgo sobre Educação de Adultos:

Agenda para o Futuro, 1999, p. 19). Para além destes factos, crê-se que esta disciplina

torna possível a “construção de um mundo onde a violência cede lugar ao diálogo e à

cultura de paz baseada na justiça” (Declaração de Hamburgo sobre Educação de

Adultos: Agenda para o Futuro, 1999, p. 19).

A Educação de Adultos envolve ainda mais progressos na vida dos indivíduos e,

segundo o anterior relatório, esta permite modelar a identidade do cidadão e dar um

significado à sua vida. No entanto, importa referir que esta educação não deve ser

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estandardizada, tornando-se fulcral adaptá-la consoante os contextos socioeconómicos,

ambientais e culturais e as necessidades dos sujeitos segundo a sociedade em que

vivem, baseando-se a abordagem da Educação de Adultos no património cultural

comum, nos valores e nas experiências de cada comunidade (Declaração de Hamburgo

sobre Educação de Adultos: Agenda para o Futuro, 1999). Em concordância surge

Silvestre (2003) ao mencionar que:

os interesses dos adultos e dos idosos têm que ser desenvolvidos e estimulados de acordo com o

meio (contexto) em que eles estão inseridos, de forma a criar sinergias pessoais e comunitárias

com vista a um desenvolvimento integrado e sustentado. (Silvestre, 2003, p. 86).

Para além destes factos, a declaração de Hamburgo sobre Educação de Adultos:

Agenda para o Futuro (1999) menciona ainda a Educação de Adultos como elementar

para a “criação de uma sociedade tolerante e instruída, para o desenvolvimento

socioeconómico, para a erradicação do analfabetismo, para a diminuição da pobreza e

para a preservação do meio ambiente” (Declaração de Hamburgo sobre Educação de

Adultos: Agenda para o Futuro, 1999, p. 20). A longo prazo, admite-se que a Educação

de Adultos poderá originar a desenvoltura de autonomia e senso de responsabilidade

dos indivíduos e das comunidades, fortalecendo a capacidade de lidar com as

transformações societais (económicas, culturais, sociais, etc.), existindo também uma

promoção da “coexistência, a tolerância e a participação criativa e crítica dos cidadãos

em suas comunidades, permitindo assim que as pessoas controlem seus destinos e

enfrentem os desafios que se encontram à frente” (Declaração de Hamburgo sobre

Educação de Adultos: Agenda para o Futuro, 1999, p. 20).

No que à implementação desta disciplina diz respeito, a referida Declaração refere

que esta deverá ser proclamada pelo Estado como o veículo para assegurar o direito de

educação para todos, particularmente para os grupos menos privilegiados da sociedade,

ou seja, minorias e povos indígenas. Ademais se refere que este deverá conceber novas

parcerias com a sociedade civil por forma a criar oportunidades de Educação de Adultos

para os indivíduos, sendo sua função não apenas de mero provedor, mas também de

consultor, agente financiador, que monitora e avalia ao mesmo tempo (Declaração de

Hamburgo sobre Educação de Adultos: Agenda para o Futuro, 1999).

A realização destes compromissos por parte do Estado com a sociedade civil

revelam-se de extrema importância, visto que acelerado progresso das novas tecnologias

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de informação e da comunicação acarretam consigo novos riscos de exclusão social e

ocupacional para grupos de indivíduos e, até para empresas, incapazes de se adaptarem

a este contexto (Declaração de Hamburgo sobre Educação de Adultos: Agenda para o

Futuro, 1999), conduzindo a situações de divisão quanto aos que detêm

conhecimento/saber e os que não o conseguem atingir – os designados “infoexcluídos”

(Silvestre, 2003).

Após os diversos dados apresentados, verifica-se que a educação básica para todos

significa dar às pessoas, independentemente da idade, a oportunidade de desenvolver o

seu potencial, coletiva ou individualmente, sendo que esta não é apenas um direito, mas

também um dever e uma responsabilidade para com os outros e toda a sociedade.

O conceito de Educação de Adultos apresenta novos desafios às práticas existentes,

para além da criatividade e flexibilidade, devido a uma maior interação entre sistemas

formais e não-formais. Estes factos indicam que a Educação de Adultos deverá ser

promovida, tendo por base a responsabilidade dos governos e de toda a sociedade civil,

através do uso dos média e publicidade local e oferecer orientação imparcial, sendo o

principal objetivo “a criação de uma sociedade instruída e comprometida com a justiça

social e o bem-estar geral” (Declaração de Hamburgo sobre Educação de Adultos:

Agenda para o Futuro, 1999, p.23). A luta pela universalidade da Educação de Adultos,

em prol da pessoa e da comunidade, poderá guiar a “um desenvolvimento humano mais

harmonioso, mais verdadeiro, assente em valores plurais de liberdade, democracia,

compreensão, justiça, solidariedade, paz […]” (Silvestre, 2003, p. 106).

Porém, Barros (2013) reflete e menciona que os programas de Educação de Adultos,

que originalmente partilhavam valores e princípios libertadores e emancipatórios, deram

lugar a ações mais “realistas de manutenção dos sistemas sociais, com a educação

formal inicial a determinar o acesso ao mercado de trabalho” (Barros, 2013, p.31). Quer

isto afirmar que os programas que se cogitaram numa ótica de realização do indivíduo

tornaram-se mais direcionados para uma visão mercantil, em que os sujeitos são vistos

como um potencial económico, descurando o valor pessoal e social do indivíduo. Tal

facto é aludido também por Silvestre (2003) que expõe a Educação e Formação ao

Longo da Vida como uma conceção mais materialista e capitalista, característica das

sociedades individualistas e competitivas, sobrepondo-se a princípios humanistas e

valores ambientais, ecológicos e culturais, entre outros. No entanto, dever-se-á ter em

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conta que o indivíduo menos realizado será também o mais improdutivo, acarretando

isto custos na qualidade de vida e na realização das pessoas, influenciando as

comunidades na generalidade (Barros, 2013).

1.5.A Educação de Adultos: uma intervenção com os idosos

Tal como é possível de compreender, o envelhecimento é um processo complexo

com características únicas que leva ao declinar gradual das capacidades do ser humano

devido às alterações anátomo-fisiológicas normais que ocorrem nesta etapa da vida

(Neves, 2012). Este processo, dinâmico e não estático, leva a mudanças biológicas,

psicológicas e sociais que se iniciam no momento do nascimento e se prolongam ao

longo da vida, devendo-se encarar o mesmo de forma natural e percebê-lo como algo

comum a todos os seres humanos (Castilho, 2010, p. 26).

Atrás do processo de envelhecimento advêm inúmeros estereótipos ou imagens

erradas para com esta fase vital da vida, sendo este frequentemente avaliado pelos seus

efeitos negativos (improdutividade, perda de interesses na vida, incapacidade de

adaptação a novas situações, etc.), sendo que, nos dias de hoje, o «ir ficando mais

velho» constitui uma dimensão positiva e que permite o desenvolvimento de vários

campos na vida de um indivíduo idoso (Osório, 2007), sendo fundamental existirem

respostas e novas atividades, para que estes exerçam em pleno as suas capacidades entre

elas as atividades educativas (Osório, 2007).

Os estereótipos negativos em relação às pessoas idosas estão a mudar na sociedade e

já não existe a tendência de pensamento que esta é uma altura de “abandono dos

interesses da vida”, mas, pelo contrário, impõem-se as teorias da “atividade” (novos

papéis que substituem os antigos) e da “continuidade” (segundo a qual existe um

desenvolvimento contínuo na vida adulta, que inclui a sua adaptação a situações

negativas) (Osório, 2007). Uma das formas de participação ativa destes sujeitos pode

prender-se com a aprendizagem e educação no processo de envelhecimento, sendo que

esta temática já é estudada desde meados dos anos 50 (Martín, 2007). Em 1976 e 1980,

Peterson (cit. in Martín, 2007) estabelece um novo ramo da gerontologia, a

Gerontologia Educativa, um campo de estudo e de prática para e com a Educação de

Adultos. O quadro principal deste ramo prende-se com a conceção e desenvolvimento

de modelos e programas de animação, estimulação, enriquecimento pessoal, formação e

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instrução dirigidos a idosos (Martín, 2007). Uma das singularidades deste ramo é que

este tem em conta os contextos e as realidades específicas em que se encontra o

indivíduo idoso e propõe um processo socioeducativo de reflexão pedagógica, de

investigação e de ação, que procura melhorar a qualidade de vida da pessoa (Martín,

2007).

Decorrente destes factos, entende-se que, desde há largos anos, a educação é um

processo coextensivo à duração da vida, sendo de extrema importância:

a promoção de atividades educativas e culturais, em favor dos aposentados e das pessoas idosas,

a fim de que assumam melhor o seu próprio envelhecimento, se lhes assegure melhores

condições de existência e se façam beneficiar as sociedades a que pertencem da sua longa

experiência”. (Quarta Conferência Internacional sobre a Educação de Adultos, UNESCO, 1985,

p.51 cit. in Simões, 1999, p.9).

A intervenção educativa na velhice terá de ter em conta a heterogeneidade e os

traços geracionais de cada sujeito, de modo a que consiga prevenir os declínios

prematuros, consequência do envelhecimento; proporcione papéis significativos aos

idosos, visando uma integração normalizada no seu contexto social; e, desenvolva ou

potencie o crescimento e o desenvolvimento pessoal. Todas estas ações educativas para

e com os idosos têm como fim último o aumento da qualidade e fruição da vida (Martín,

2007). Ademais se refere que, através desta vertente interventiva, se contribui para o

aumento dos níveis de auto-eficiência e melhoramento da autoestima destes indivíduos

quanto às suas capacidades, sendo que a educação destes sujeitos se apresenta também

benéfica quanto ao aumento das suas capacidades na resolução de problemas da vida

diária, no sentido em que o idoso se torna mais racional na forma de enfrentar a

realidade. Um dos outros aspetos fulcrais e benéficos da educação de seniores prende-se

com o facto de esta ser realizada em grupo, sendo este considerado um apoio

imprescindível para a saúde e bem-estar pessoal (Martín, 2007).

Através dos factos apresentados, verifica-se que a educação apresenta diversos

benefícios para os sujeitos idosos, resultando na propagação de um estilo de vida ativo,

na ampliação da rede social e no aumento de qualidade de vida destes sujeitos (Martín,

2007). No entanto, é necessário entender que os indivíduos são heterogéneos e que as

práticas utilizadas têm de corresponder às aptidões de cada um bem como às respetivas

expectativas, de modo a que os indivíduos se sintam inseridos e reconhecidos como

seres diferenciados.

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A presente leitura e reflexão em torno da Educação de Adultos, bem como dos

outros temas, apraz a importância de um agente promotor destas estratégias por forma a

reivindicar o Direito à Educação bem como o “Direito de Aprender por Toda a Vida”

(Declaração de Hamburgo sobre Educação de Adultos: Agenda para o Futuro, 1999, p.

24), enfatizando oportunidades de educação para todos, incluindo os afastados e

excluídos, como o direito a ler e a escrever, a questionar e a analisar, a ter acesso a

recursos e desenvolver e praticar habilidades e competências individuais e coletivas.

O presente projeto, acredita que um dos profissionais com competências para a

promoção destas políticas e estratégias é o Assistente Social, seguindo-se, então, as

aptidões que este acarreta e preconiza.

CAPÍTULO 2. O SERVIÇO SOCIAL: UMA PROFISSÃO DE DIREITOS

2.1. Serviço Social: a sua génese

Ao debruçar a pesquisa sobre a génese do Serviço Social, entende-se a existência de

duas perspetivas opostas quanto a este tema, as perspetivas endogenista e a histórico-

crítica (Montaño, 2007).

A perspetiva endogenista é a postura que aprecia a profissão a partir de si mesma,

reportando a origem do Serviço Social para as primeiras formas de ajuda ou situando-o

em contextos históricos. Esta teoria é a mais bem aceite entre as instituições de ensino e

profissionais, aparecendo como “a única, a oficial ou a natural interpretação sobre a

génese do Serviço Social” (Montaño, 2007, p. 20). Esta detém diversos autores que a

defendem, refletindo-se a essência do Serviço Social maioritariamente em modelos de

ajuda ao próximo, considerando os termos “caridade e filantropia” como valores

acérrimos do Serviço Social. Montaño (2007) acaba por referir que os diferentes autores

consideram que o “Serviço Social é a profissionalização, organização e sistematização

da caridade e da filantropia” (p. 26).

No entanto, existem autores, defensores desta perspetiva, que percebem a origem do

Serviço Social pelos contextos históricos, como já fora referido, uma perspetiva

endógena, i.e., o tratamento teórico confere-lhe uma autonomia histórica com respeito à

sociedade, às classes e às lutas sociais (Montaño, 2007). Esta assunção detêm uma visão

particularista ou focalista, apreciando o surgimento do Serviço Social “diretamente

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vinculado às opções particulares, mesmo que pessoais ou coletivas, dos sujeitos

“filantropos-profissionais”, em fazer evoluir (sistematizar, organizar, profissionalizar)

as ações que já desenvolviam de forma assistemática, desorganizada e voluntariamente”

(Montaño, 2007, p. 27). Neste contexto, o aparecimento da profissão é apreciado como

uma opção pessoal dos filantropos que se organizaram e sistematizaram, como por

exemplo a Igreja ou o Estado (Montaño, 2007).

Por outro lado, a perspetiva histórico-crítica procura um novo caminho para a

interpretação da génese e natureza do Serviço Social, sugerindo que o aparecimento

deste se deve a um produto da síntese “dos projetos político-económicos que operam no

desenvolvimento histórico, onde se reproduz material e ideologicamente a fração de

classe hegemónica, quando, no contexto do capitalismo na sua idade monopolista, o

Estado toma para si as questões à ‘questão social’ ” (Montaño, 2007, p. 30). Nesta ótica

o Assistente Social é percebido como um profissional que cumpre “um papel claramente

político, tendo uma função que não se explica por si mesma, mas pela posição que o

profissional ocupa na divisão sociotécnica do trabalho” (Montaño, 2007, p. 30).

A última perspetiva compreende que o Serviço Social detém um papel a realizar

dentro da ordem social e económica – “como uma engrenagem da divisão sociotécnica

do trabalho” – e na prestação de serviços: ao Assistente Social é-lhe reclamado

“participar na reprodução tanto da força de trabalho, das relações sociais, quanto da

ideologia dominante” (Montaño, 2007, p.31).

Decorrente das diferentes perspetivas apresentadas, depreende-se que a génese do

Serviço Social incorre à discussão entre os mais variados teóricos, sendo que enquanto

uns a apreciam de uma forma mais caritativa e filantrópica, outros são os que a

perspetivam como um motor para insurgência política, tendo o Serviço Social um poder

para nela intervir e mudar.

Porém, a discussão em torno da génese do Serviço Social bem como da sua

profissionalização é praticamente inerente à sua própria institucionalização, tendo

existido autores que contestaram, desde cedo, a questão da profissionalidade do mesmo

e dificultaram o seu trilho, por diversas ocasiões, devido a esta não-aceitação. Um dos

exemplos clássicos desta insurgência é de Flexner (1915), na Conferência Anual de

Caridade e Correção em Baltimore, onde proferiu que o Serviço Social não poderia ser

considerado uma profissão pois falhava em três pontos essenciais: 1) os assistentes

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sociais não assumiam responsabilidade final nas suas atividades, sendo tidos como

mediadores entre vários profissionais; 2) o Serviço Social não tinha um fim definido e

específico no exercício na sua atividade e 3) o Serviço Social tinha dificuldades em

encontrar um corpo organizado de técnicas e saberes específicos (Santos, 2009). No

entanto, tal conceção não foi acatada por Greenwood (1957), reclamando que o Serviço

Social era uma profissão, pois este teria uma “teoria sistemática, a autoridade

profissional decorrente de um conhecimento especializado, a existência de um corpo de

valores identificável num código de ética profissional e uma cultura profissional

decorrente da existência de organizações e instituições” (cit. in Santos, 2009, p. 47). No

entanto, na opinião de Greenwood (1957), o Serviço Social era uma profissão

meramente aplicada, sendo esta a razão para que não fosse considerada “científica”

(Santos, 2009).

Porém, após longos debates em torno destas questões, estas foram caindo em desuso

e o Serviço Social impõe-se, nos dias de hoje, como uma disciplina de cariz científico,

académico e profissional, tendo por objeto de intervenção e de estudo as sociedades

vigentes bem como o Homem em toda a sua plenitude holística. Este tem a capacidade

de reconhecer “a interação entre os fatores históricos, culturais, espaciais, políticos e

socioeconómicos e os fatores pessoais/individuais, podendo funcionar quer como uma

oportunidade ou como barreiras na promoção do bem-estar e do desenvolvimento

humano” (International Federation of Social Workers/ International Association of

Schools of Social Work [IFSW/IASSW], 2014, p.1). Tais pressupostos são tidos em

conta de uma forma mais complexa no ponto posterior.

2.2. O Serviço Social e seus desafios na contemporaneidade

O Serviço Social é uma profissão associada à intervenção social (Carvalho & Pinto,

2014), operando sobre os indivíduos e a realidade social, estando isto preconizado nas

palavras de Caparrós et al. (1994, p. 72), em que este refere que o Serviço Social “opera

sobre una realidad dinámica, cambiante, conflictiva y multidimensional” e que “su

objeto y sujeto de estudio e intervención estén estrechamente vinculados a las realidades

históricas y situaciones sociales concretas” (Caparrós et al., 1994, p. 72). Tal afirmação

revela que a pretensão do Serviço Social é dar respostas às necessidades que vigorem,

sejam elas necessidades sociais dos indivíduos ou os problemas da própria sociedade,

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sendo-lhe reconhecido como campo de ação específico o conflito social (Caparrós et al.,

1994).

Este autor define ainda o Serviço Social como “o proceso de ayuda por el cual el

profesional, a través de técnicas y procedimientos proprios, promueve los recursos de la

comunidad y del individuo para ayudar a éste a superar conflictos derivados de su

interrelación con el medio y com otros individuos” (Caparrós, 1992 cit. in Caparrós et

al., 1994).

A International Federation of Social Workers (IFSW) e a International Association

of Schools of Social Work (IASSW) definiram a profissão do Serviço Social, podendo

esta ser alargada ao nível nacional e/ou ao nível regional, como:

uma profissão de intervenção e uma disciplina académica que promove o desenvolvimento e a

mudança social, a coesão social, o empowerment e a promoção da Pessoa. Os princípios de

justiça social, dos direitos humanos, da responsabilidade coletiva e do respeito pela diversidade

são centrais ao Serviço Social. Sustentado nas teorias do serviço social, nas ciências sociais, nas

humanidades e nos conhecimentos indígenas, o serviço social relaciona as pessoas com as

estruturas sociais para responder aos desafios da vida e à melhoria do bem-estar social.

(IFSW/IASSW, 2014, p. 1).

Desta definição decorre que o Serviço Social é uma profissão e uma área científica

cuja relação entre a prática e a teoria é um fator indissociável para o cumprimento dos

seus princípios, valores e objetivos.

Nas palavras de Nascimento e Romera (2008), o Serviço Social caracteriza-se como:

uma prática profissional, possui um caráter interventivo, o Assistente Social através de um

posicionamento ético-político faz um enfrentamento profissional, no qual intervém em uma

realidade social presente nas múltiplas expressões da questão social. Através desse

enfrentamento o profissional constrói respostas de trabalho na relação sujeito – demandas no seu

campo de atuação. (Nascimento & Romera, 2008, p. 2).

Ademais, e neste sentido, Carvalho e Pinto (2014) aludem ao facto do Serviço

Social ter uma “relação implícita com o processo de democratização das sociedades e

com a construção de políticas e uma relação explícita com os direitos humanos, justiça

social e a equidade” (Carvalho & Pinto, 2014, p. 1). Para estas autoras,

independentemente do campo em que atuem, os Assistentes Sociais fortalecem a sua

ação junto a grupos de maior vulnerabilidade para situações de exclusão e de pobreza,

fundindo no desenvolvimento de programas e projetos de intervenção que promovam a

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capacitação e o empowerment pessoal e social. As funções do Assistente Social

remetem para a conceção, o planeamento e o desenvolvimento das ações, e sua

avaliação, mas também podem ser técnicos de ação direta das políticas sociais

existentes e participar também na elaboração de medidas de políticas sociais (Carvalho

& Pinto, 2014). A mesma apreciação é realizada por Ferreira (2005) ao considerar o

Serviço Social enquanto uma profissão “articulada com as Políticas Sociais” o que

impõe “uma reflexividade constante sobre o grau de autonomia técnico-científica, e de

responsabilidade dos profissionais ao agirem no âmbito dos direitos sociais, no sentido

de uma maior equidade e justiça social” (Ferreira, 2005, p. 23).

Por forma a conquistar os mais diversos valores e princípios que enfatiza, o Serviço

Social detém na sua essência diversas ferramentas teóricas que lhe permite concretizá-

los. Um exemplo disso é o Social Advocacy, um poderoso instrumento de reivindicação

de direitos fundamentais do Homem bem como a cidadania do mesmo, despoletando

isto o empoderamento dos indivíduos. A ferramenta do Social Advocacy permite a

defesa ou a representação de um cliente, seja este um indivíduo, grupo ou comunidade,

junto das instituições políticas e sociais e sociedade em geral, sendo o termo

etimologicamente derivado da definição legal advogar ou seja “a person who assists,

defends, pleads, or prosecutes for another” (Garner, 2000, p.43 cit. in Hanks, 2013,

p.164). A corroborar esta abordagem do Social Advocacy surge Hornby (1970) ao

afirmar que este é o ato de “argumentar em defesa de uma causa ou alguém” (cit. in

Azevedo, 2003, p.2) e o Scottish Executive (2010) alude ao facto de que o:

[Advocacy is] a crucial element in achieving social justice. It is a way to ensure that everyone

matters and everyone is heard – including people who are at risk of exclusion and people who

have particular difficulties in making their views known (Scottish Executive, 2010, p.4 cit. in

Dalrymple & Boylan, 2013, p. 2).

Acredita-se que através da ferramenta do Social Advocacy se torna possível

promoção da igualdade, da justiça social e da inclusão social, sendo esta uma

ferramenta que capacita as pessoas para poderem falar por si mesmas, ajudando-as a

tornarem-se mais conscientes quanto aos seus direitos, ao usufruto deles e a tomar as

decisões quanto ao seu próprio futuro (Lee, 2007, p.7 cit. in Dalrymple & Boylan,

2013). Esta técnica ajuda no empoderamento dos indivíduos, tornando-os mais

confiantes nas suas próprias escolhas e no controlo das suas vidas em momentos

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críticos, sendo uma importante chave na promoção da igualdade e dos direitos humanos

(Townsle, Marriott & Ward 2009 cit. in Equality and Human Rights Commission,

2010).

Contudo, as sociedades contemporâneas veem-se assoberbadas pelas constantes

mudanças, assistindo-se, atualmente, a uma maximalidade tecnológica, assente na

lógica de capitalismo de base tecnológica e científica (com objetivos de acumulação de

riqueza e progresso da inovação), que têm incutido profundas mudanças na vida em

sociedade e que muito têm abalado os seus pilares, marcada pela competição e

individualismo (Amaro, 2015), o que conjetura situações de exclusão social e valores de

coesão social deixados em segundo plano. Tal reflexão permite deslindar que também o

Serviço Social poderá ser afetado por estas sinergias, visto que os seus objetos de estudo

são precisamente as sociedades e os indivíduos.

Decorrente da mesma consideração acima exposta, Carvalho e Pinto (2014)

ressalvam que a realidade social acompanha-se “pela euforia da incerteza, pela ação que

escapa das mãos humanas” (p. 82), colmatando numa compreensão dos sistemas

societais, sejam eles o político, o económico, o cultural, o social ou o científico-

tecnológico, descontrolados (Carvalho & Pinto, 2014). Ainda sobre este tema,

Albuquerque, Almeida e Santos (2013), aludem ao facto de, atualmente, se assistir ao

emergir de um novo paradigma associado à complexidade das sociedades globais,

imprevisíveis e tecnológicas, cujos pressupostos se prendem com a eficácia, a eficiência e a

rapidez na obtenção de resultados.

Estas caraterísticas são a reflexão de um fenómeno que assola o Mundo inteiro – a

Globalização, i. e.,

a intensificação das relações sociais de escala mundial, relações que ligam localidades distantes

de tal maneira que as ocorrências locais são moldadas por acontecimentos que se dão a muitos

quilómetros de distância, e vice versa. Este processo é dialético porque essas ocorrências locais

podem ir numa direção inversa das relações muito distanciadas que as moldaram. A

transformação local faz parte da globalização tanto como a extensão lateral de ligações sociais

através do espaço e do tempo. (Giddens, 1996, p. 45 cit. in Ferreira, 2005, p. 20).

Ou seja, o fenómeno da globalização acarreta consigo uma maior consciência do

mundo, tornando-o num sistema global e interdependente (Ramalho, 2012), sendo esta

composta por uma rede complexa de processos (Giddens, 2006 cit. in Ramalho, 2012).

Estas redes complexas criam condições para o decorrer de mutações nas sociedades

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hodiernas, emergindo novos problemas de sustentabilidade social, novas formas de

exclusão bem como de ameaças de disrupção social que, por sua vez, incita à reflexão

sobre modalidades passíveis de laço social, já que parece instalar-se uma tendência para

uma “desvinculação emocional” (Sennett, 2003 cit. in Amaro, 2015).

Neste mundo globalizado “as competências ultrapassam a experiência e a

tecnologia, e a racionalidade técnico-instrumental domina os sistemas sociais, mesmo

que em graus de dominação diferentes” (Carvalho & Pinto, 2014, p. 82). Neste sentido,

considera-se que os problemas sociais tendem a ser mais diversos e complexos, pelo

que as formas de intervenção atuais, bem como os seus objetivos, têm de ser distintas

das que advêm dos seus primórdios, elas devem ser renovadas ou readequadas.

Compreende-se que o Serviço Social, nas suas várias vertentes, tem de se reinventar

perante as sociedades vigentes, “ou poderá enfrentar transformações impostas que lhe

poderão ditar a sua extinção, por inutilidade ou ilegitimidade” (Carvalho & Pinto, 2014,

p. 82). Assim, é necessário que o Assistente Social seja:

vigilante implacável da cidadania, da equidade, da justiça e da democracia amplos como forma

de combate à miséria, à pobreza, às desigualdades, às injustiças, aos preconceitos e às

discriminações reinantes, que se expressam na questão social e afligem a população, mas,

particularmente, aqueles com os quais o Assistente Social convive profissionalmente. É ser um

profissional, trabalhador e cidadão que luta e aspira por mudanças substanciais para o país.

(Guimarães, 2005, p.8).

O reposicionamento do Serviço Social também se pautua pelo conhecimento da

nova questão social e dos processos que a geram, sendo para isso essencial e necessária

mais investigação da área científica de Serviço Social (Guerra, 2001; Iamamoto, 1996;

Montaño, 1997; Mouro, 2009 cit. in Ramalho, 2012), sendo a partir desta vertente

epistemológica do Serviço Social, surgirão alternativas, explicando como estas são

colocadas em prática, de modo a que se caminhe em direção à autonomia social e ao

laço social reforçado com a população (Carey‑Bélanger, 2001, p. 309 cit. in Ramalho,

2012). Ao desenvolver-se esta mesma vertente, espera-se que a atuação sociopolítica do

Serviço Social seja transformada, servindo esta complexidade das sociedades de mote

para a produção de conhecimento por parte dos cientistas das diversas áreas científico-

sociais e, concomitantemente, para uma reflexividade permanente sobre a realidade

onde se intervém para a compreensão dos problemas sociais internacionalizados

(Ferreira, 2005).

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Assim, compreende-se que um dos desafios do Serviço Social é a desenvoltura da

produção de conhecimento científico para que esta área científica “saia da esfera da

sombra, onde tudo é obscuro e invisível” (Ferreira, 2005, p. 23), e acompanhe a

discussão pública das grandes questões sociais do presente, “debatendo as limitações

impostas à sua atividade em tempos de redução do Estado Providência” (Ferreira, 2005,

p. 23). Esta prática poderá culminar em Assistentes Sociais mais bem preparados e

qualificados, existindo assim uma intervenção mais eficaz, eficiente e relevante, pois é

fator de empowerment dos profissionais, para que estes possam ser elementos

capacitadores e catalisadores do empowerment dos sistemas-cliente (Pinto, 2011 cit. in

Carvalho & Pinto, 2014, p. 90).

Ademais se alude à conceção de Carvalho e Pinto (2014) que referem que “para

poder vingar como área do conhecimento e como profissão nos tempos futuros, o

Serviço Social vai necessitar viver em autenticidade, isto é, assumir perante si próprio

os seus valores, saberes e práticas, de uma forma reflexiva e integrada” (p. 90), no

entanto, estas mesmas autoras referem que o Serviço Social é o reflexo da forma como a

sociedade e o Estado estão organizados e, para que o Serviço Social ganhe destaque,

dever-se-á ter em conta a motivação dos profissionais para a participação no processo

de visibilidade da profissão, devendo também existir por parte da sociedade e do Estado

recetividade a essa mudança, ou seja, “o conhecimento em Serviço Social necessita ser

validado pelos agentes sociais relevante – os cidadãos, a sociedade, as organizações e o

Estado – e pelos Assistentes Sociais” (Carvalho & Pinto, 2014, p. 89).

Assim, num Mundo frenético, onde as sociedades se percebem com necessidades

prementes e diversificadas, entende-se a procura por processos inovadores por forma a

intervir nas sociedades vigentes, de modo a responder aos problemas das mesmas tendo

em conta os novos contextos. Acredita-se que uma das formas de o fazer,

hodiernamente, é através da Inovação Social, sendo de referir que esta

constitui-se como uma necessidade e uma oportunidade para a efetivação e consolidação das

reais finalidades do Serviço Social, atualmente associadas a processos de autodeterminação, de

promoção de oportunidades, de desenvolvimento pessoal, social e económico, em suma de

Justiça Social e de Cidadania. (Alburquerque, Almeida & Santos, 2013, p. 172).

Tal recurso para o Serviço Social contemporâneo, é apresentado em seguida, tornando

possível a compreensão desta ferramenta para a profissão em discussão.

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CAPÍTULO 3. INOVAÇÃO SOCIAL COMO UM MEIO PARA A

INTERVENÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL

3.1. Inovação Social: uma definição

Tal como se depreende, a partir dos diferentes pontos anteriores, o trabalho do

Assistente Social desenvolve-se em várias frentes e acarreta consigo a responsabilidade

de compreender os problemas sociais e individuais de forma holística, por forma a atuar

sobre eles de forma precisa.

Compreende-se que os sistemas culturais e empresariais têm vindo a consolidar

modelos de gestão a partir do desenvolvimento económico e não têm conseguido

responder aos problemas sociais, apenas diminuí-los, o que proclama a necessidade de

iniciar uma busca por um modelo alternativo de atendimento às necessidades sociais e

que vise a sua superação. Assim, foi surgindo, com esta conceção, um conjunto de

abordagens integradas na denominação de tecnologia social, ou seja, o conjunto de

técnicas e metodologias transformadoras desenvolvidas em interação com os

indivíduos, e apropriadas por estes, e que representam soluções para os problemas

sociais, sendo neste contexto que desponta o conceito de inovação social como

estratégia de superação destes desafios (Farfus & Rocha, 2007).

Murray, Caulier-Grice e Mulgan (2010) reportam-se à Inovação Social como o

conjunto de ideias que consideram as necessidades sociais, ao mesmo tempo que criam

novas relações e colaborações sociais, trazendo benefícios para os indivíduos,

capacitando-os a nível local, para que atuem em conjunto na determinação de

orientações mais gerais (lógica bottom-up). Na mesma linha de raciocínio, o Guide to

Social Innovation (2013), da Comissão Europeia, refere que “social innovation can be

defined as the development and implementation of new ideas (products, services and

models) to meet social needs and create new social relationships or collaborations”,

sendo que a mesma fonte acaba por salientar que “social innovations are innovations

that are social in both their ends and their means. They are innovations that are not only

good for society but also enhance individuals’ capacity to act.” (Guide to Social

Innovation, 2013, p.6).

Decorrente desta linha de pensamento, também Farfus e Rocha (2007), mencionam

que o conceito de inovação social é “o ponto de partida para a construção de um novo

modelo para atendimento às demandas sociais com respeito à diversidade e à unidade

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humana, e que contribua para a promoção da igualdade na sociedade pós-moderna”

(Farfus & Rocha, 2007, p. 19). Ademais se acrescenta a visão do relatório da Fundação

Eugénio de Almeida, tendo por referência os estudos de Moulaert et al. (2009, 2013),

Klein e Harrisson (2007), Tremblay et al. (2005) e Bassand (1986), que declara que a

Inovação Social

é uma resposta original a necessidades não satisfeitas (ou nem sequer identificadas como

necessidades), que implica uma transformação das relações sociais no sentido da igualdade de

oportunidades, da justiça social e da autonomia das pessoas, promovendo assim a inclusão e a

coesão social. A inovação social surge normalmente na sequência de adversidade ou no âmbito

de novas oportunidades, Em ambos os casos, é uma resposta coletiva que respeita o interesse

comum. (cit. in Fundação Eugénio de Almeida, 2014, p. 17).

Através da anterior definição reconhece-se não só o lado mais consensual dos

processos de inovação, uma resposta nova para necessidades não satisfeitas, como

também uma outra perspetiva, mais controversa, relacionada com a transformação das

relações sociais e, em última análise, à reconfiguração das redes de poder (in Fundação

Eugénio de Almeida, 2014). Assim, através destes factos, crê-se que a inovação social

pode oferecer ferramentas fulcrais para os indivíduos atuarem nas sociedades que os

circunda, mas também incitar o crescimento dos diferentes setores para melhor

responderem às necessidades individuais, i.e., a inovação social “rely on the

inventiveness of citizens, civil society organisations, local communities, businesses and

public servants and services. They are an opportunity both for the public sector and for

the markets, so that the products and services better satisfy individual but also collective

aspirations” (in Guide to Social Innovation, 2013, p. 6).

A inovação social pode então ser percebida como um processo de rutura com as

normas vigentes, com os valores estabelecidos e com a distribuição de poder e recursos,

gerando transformações nos padrões de resposta às necessidades sociais, apresentando-

se como exigências de mudança do foco da intervenção social e o trabalho em rede

(Diogo, 2010). É neste sentido, que se deixa de trabalhar para as pessoas para se passar

a trabalhar com as pessoas, sendo que tal lógica se coaduna com uma “intervenção

social participativa assente na comunidade e onde a arte, a cultura e a criatividade se

transformam em ferramentas de grande potencial para o trabalho com grupos e

comunidades marginalizadas” (Marques, 2013, p. 119). Em concordância, surge Prates

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(2007) ao referir que as intervenções capazes de exercitar sensibilidade e a criação são

propícias ao desenvolvimento de habilidades necessárias ao exercício de cidadania.

3.2. As ações para a Inovação Social e a Metodologia de um Projeto: a

similaridade

Após a compreensão do conceito de Inovação Social e o que este acarreta,

depreende-se a urgência de perceber as ações para se alcançar tal feito. Assim, como

referência, citamos Mulgan. (2007), que identifica seis2 etapas no processo de conceção

e aplicação das ideias, desde o início até à finitude do processo, estando, para o autor, o

processo de inovação expresso no modelo linear compreendido na seguinte Ilustração:

Mulgan (2012) alude que estas etapas definidas na Ilustração 1 nem sempre são

sequenciais, referindo que:

algumas avançam rapidamente para uma escala maior – e depois têm que se adaptar rapidamente

à luz da experiência. Algumas evoluem como soluções à procura de problemas. Assim, cada

uma destas fases pode também ser pensada como um espaço, com métodos e culturas distintas.

(Mulgan, 2007, p. 63).

Decorrente da Ilustração 1, confere-se de extrema importância compreender,

sumariamente, as diferentes etapas. Assim, segundo Mulgan (2012):

2 Vide Anexo B –The Process of Social Innovation (Murray et al., 2010, p. 15).

Ilustração 1 - Modelo de Inovação. Fonte: Mulgan, s.d., p. 63.

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1. Despoletadores (Prompts) - Nesta etapa estão incluídos todos os fatores que

põem em relevo a necessidade de inovação social bem como as influências que a

motivam. Esta etapa consiste em diagnosticar o problema (primeiro passo a

tomar) e, um desafio-chave, é chegar às causas subjacentes dos problemas.

2. Propostas e Ideias (Proposals) - Esta é a fase da geração de ideias, através de

utilizadores, cidadãos, comunidades e grupos; outros setores; outros países.

3. Protótipos e testes (Prototypes) - Esta é a etapa onde as ideias são testadas na

prática, tal como o Mulgan (2007, p. 66) refere “uma vez que uma ideia

promissora é gerada, necessita de ser testada”, sendo fulcral a existência desta

etapa para que as ideias sejam expostas ao erro e, assim, refinadas.

4. Sustentação (Sustaining) - Esta fase consiste em trabalhar a ideia ao nível da

identificação de fontes de financiamento futuras, uma vez que os financiamentos

iniciais cessam e há a necessidade de procurar outros meios de sustentabilidade.

5. Escalagem e Crescimento (Scaling) - Neste etapa são tidas em conta diversas

estratégias para o crescimento e difusão de uma inovação, sendo que este

crescimento depende de uma oferta efetiva bem como de uma procura também

ela efetiva. À medida que a procura e oferta se juntam, desenvolvem-se “marcas,

licenciamento, franchising, federações, assim como a utilização de algumas das

ferramentas dos movimentos sociais” (Mulgan, 2007, p. 69).

6. Mudança Sistémica (Sytemic Change) - Esta é a última fase do Modelo de

Inovação e é o objetivo último da inovação social. Esta fase torna possíveis

alterações nos conceitos e mentalidades, assim como nos fluxos económicos.

Esta mudança sistémica é altamente social, “usualmente envolvendo muitos

líderes, muitos aliados e batalhas em muitas frentes” (Mulgan, 2007, p. 70).

As seis etapas acima apresentadas são fulcrais para a criação de respostas originais

às necessidades que persistem na atualidade, no entanto esta tarefa só poderá ser

realizada através de lógicas de diagnósticos aprofundados de um determinado contexto,

por forma a conhecer-se as potencialidades e fragilidades do mesmo. Através da análise

dos diferentes pressupostos, compreende-se a similaridade entre as lógicas de Inovação

Social e as da Metodologia do Projeto, uma vez que esta última é uma das ferramentas

mais eficazes de atuar nas sociedades com vista o melhoramento da realidade existente

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e um “avanço antecipado das ações a realizar para conseguir determinados objetivos”

(Serrano, 2008, p.16).

Para Guerra (2007), um projeto:

é a expressão de um desejo, de uma vontade, de uma intenção, mas é também a expressão de

uma necessidade, de uma situação a que se pretende responder. Um projeto é, sobretudo, a

resposta ao desejo de mobilizar as energias disponíveis com o objetivo de maximizar as

potencialidades endógenas de um sistema de ação garantindo o máximo de bem-estar para o

máximo de pessoas. (Guerra, 2007, p.126).

Esta conceção permite compreender a similaridade entre o objetivo que cada ferramenta

acarreta e preconiza, sendo que os contextos situacionais e as suas necessidades são o

principal ponto de partida para se pensar nestas mesmas lógicas de atuação.

Apraz-se pertinente ainda referir que a organização do trabalho através de projetos

se assevera como uma forma de condução de ações adaptadas à complexidade da

realidade social, mesmo existindo escassez de recursos, no entanto, qualquer que seja o

objetivo através desta metodologia, deverá ter-se em conta uma metodologia

participativa de projeto como uma forma eficaz e ativa de o fazer (Guerra, 2007).

A elaboração de um projeto social é algo complexo e não deve ser pensado sem um

planeamento prévio, sendo que esta deverá ser realizada ao longo de várias fases

fulcrais, proporcionando isto todos os instrumentos técnicos que possam transformar a

realidade social sobre a qual se quer atuar e gerar mudança. Tal facto é também

averiguado nas diferentes etapas anteriormente apresentadas da Inovação Social, sendo

fulcral o seguimento das mesmas para que se obtenha os resultados até então

delineados.

Uma das primeiras fases, do longo processo de elaboração de um projeto, trata-se do

Diagnóstico cujo principal objetivo é o conhecimento da realidade e quanto mais

profundo for, mais compreensível será determinar o impacto e os efeitos que se

alcançarão com as ações do mesmo (Serrano, 2008). Numa perspetiva de intervenção

social tendo em conta o contexto geral, o diagnóstico torna-se uma ação que se propõe

recolher, tratar, analisar e dar a conhecer informação pertinente, de forma a possibilitar a

caraterização o mais rigorosa possível de uma área geográfica ou organização, permitindo que se

tracem objetivos e metas a alcançar em função da informação recolhida (Santos, 2012, p. 5).

A ação de recolha, tratamento e análise dos dados obtidos, através do diagnóstico

social, são de extrema importância para se agir com eficácia, sendo esta uma das fases

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iniciais e fundamentais no processo de intervenção social. Esta constitui um dos

elementos chave de toda a prática social, para além de que oferece uma maior garantia

de eficácia na programação e execução de atividades (Idáñez & Ander-Egg, 2007,

p.16).Tal fase coaduna-se com a primeira do Modelo de Inovação anteriormente

mencionado, dando-se ênfase à importância de diagnosticar os problemas dos contextos

para só depois criar e intervir com uma resposta.

Posteriormente a esta fase da elaboração de um projeto, denota-se importante a

planificação do mesmo por forma a “introduzir organização e racionalidade na ação”

(Ander-Egg, 1989, p.14 cit. in Serrano, 2008, p.37) de um projeto de intervenção social.

Todas as suas ações sociais necessitam de ser planeadas para se compreender qual é o

ponto de partida das mesmas, bem como os recursos disponíveis e os procedimentos

que se devem ter em conta para se alcançar as metas pré-definidas. Para Serrano (2008)

o ato de planificação visa traçar planos para a concretização de uma ação, procurando-se

antecipar, prever, predizer e vislumbrar o desenrolamento da ação e devida aplicação no

futuro.

Posto isto, advém a fase da Aplicação-Execução e a fase da Avaliação. A primeira é

o período prático do projeto e a forma como será executado, tornando-se crucial detetar

as minorias ou grupos de incidência, e proceder à consciencialização, informação e

interpretação da história e da cultura (Serrano, 2008). Já a fase de Avaliação é a forma

de reconhecer os erros e os sucessos da prática do projeto, bem como retificá-los no

futuro. Esta é uma perspetiva dinâmica que permite reconhecer avanços, retrocessos e

desvios no processo de consolidação e, para além disto, comparar “o estado da realidade

social de partida com o estado da realidade social após a intervenção” (Serrano, 2008, p.

83).

Estas três últimas fases demonstram-se contrárias às inferências do Modelo da

Inovação de Mulgan (2012), visto que este defende que as ideias e as propostas devem

ser primeiramente implementados na prática como protótipos e testes e, apenas depois,

redefini-las se necessário. Esta redefinição ou retificação dos erros surge na fase de

avaliação da metodologia do projeto, sendo também nesta última realizado o

planeamento para a sustentabilidade e crescimento futuro do mesmo, surgindo assim em

complacência com as fases quatro e cinco do Modelo de Inovação, i.e., a fase da

Sustentação e da Escalagem e Crescimento, respetivamente.

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Por fim, apraz-se pertinente mencionar a semelhança entre estas duas ferramentas no

que diz respeito às suas finalidades, visto que ambas têm como prioridade a mudança

dos contextos em intervenção, bem como o melhoramento da qualidade de vida das

pessoas afetadas pelos mesmos. Para que tal suceda, tanto o Modelo de Inovação Social

de Mulgan (2012) como a Metodologia do Projeto apoiam-se nos contextos sociais e no

que estes podem oferecer, sendo, para isto, envolvidos múltiplos parceiros dos mesmos.

Assim, e através dos factos apresentados, compreende-se a similaridade entre os

conceitos anteriormente estudados e a fulcral a ligação entre os mesmos para a

concretização de um projeto com cariz inovador e pragmático. Tal perceção é também

tida em conta para o projeto que será em seguida planificado e exposto, entendendo-se

que a índole inovadora deverá sempre acompanhar as diferentes fases do mesmo.

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PARTE II – O PERCURSO PARA O PROJETO DE INTERVENÇÃO SOCIAL

CAPÍTULO 4. DIAGNÓSTICO PRÉVIO PARA A PLANIFICAÇÃO E

IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO

4.1. Da Educação ao Serviço Social: contexto de enquadramento das temáticas em

prol do projeto

Tal como fora mencionado neste documento, a definição de Serviço Social alude

aos diversos direitos humanos que estão consagrados na Declaração Universal dos

Direitos Humanos, realizada a 10 de Dezembro de 1948, em plena Assembleia das

Nações Unidas. Esta declaração tem em consideração o reconhecimento pela dignidade

humana bem como a igualdade de direitos dos homens e das mulheres, tendo como

ideal atingir todos os povos e nações do mundo, de modo a que:

todos os indivíduos e todos os órgãos da sociedade, tendo-a constantemente no espírito, se

esforcem, pelo ensino e pela educação, por desenvolver o respeito desses direitos e liberdades e

por promover, por medidas progressivas de ordem nacional e internacional, o seu

reconhecimento e a sua aplicação universais e efetivos tanto entre as populações dos próprios

Estados membros como entre as dos territórios colocados sob a sua jurisdição. (United Nations

of Human Rights, 1948).

Entre os múltiplos direitos que o Homem vê reconhecidos nesta declaração das

Nações Unidas, importa explorar, neste projeto, o direito à Educação, consagrado no

Artigo nº 26. Neste artigo é referido que:

1. Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a

correspondente ao ensino elementar fundamental. O ensino elementar é obrigatório. O ensino

técnico e profissional deve ser generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a

todos em plena igualdade, em função do seu mérito.

2. A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e ao reforço dos direitos do

homem e das liberdades fundamentais e deve favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade

entre todas as nações e todos os grupos raciais ou religiosos, bem como o desenvolvimento das

atividades das Nações Unidas para a manutenção da paz.

3. Aos pais pertence a prioridade do direito de escolher o género de educação a dar aos filhos.

(United Nations of Human Rights, 1948).

A Educação é a ação que se desenvolve sobre os indivíduos que concebem a

sociedade, com o intuito de capacitá-los de um modo “integral, consciente, eficiente e

eficaz, que lhes permita formar um valor dos conteúdos adquiridos, significando-os em

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vínculo direto com seu cotidiano, para atuar consequentemente a partir do processo

educativo assimilado” (Calleja, 2008, p. 109). Assim, a educação é, fundamentalmente,

um processo pelo qual os indivíduos são capacitados para a sociedade vigente e para os

problemas do dia-a-dia, tendo extrema importância para a resolução dos mesmos através

dos conhecimentos adquiridos previamente.

Apesar de a educação estar consagrada como um direito humano fundamental, este

continua menosprezado existindo ainda, em pleno século XXI, inúmeros casos de

iliteracia nas sociedades hodiernas. Estes factos são tidos em conta em inúmeras

políticas mundiais, sendo uma das mais recentes a elaboração dos Objetivos de

Desenvolvimento do Milénio [ODM] (2015), pela Organização das Nações Unidas.

Esta publicação visa dar resposta aos múltiplos problemas enraizados na humanidade,

sendo tidos em conta os seguintes:

1. Erradicar a pobreza extrema e a fome; 2. Alcançar o ensino primário universal; 3. Promover a

igualdade entre os sexos e a autonomização das mulheres; 4. Reduzir a mortalidade infantil; 5.

Melhorar a saúde materna; 6. Combater o VIH/SIDA, a malária e outras doenças; 7. Garantir a

sustentabilidade ambiental e 8. Criar uma parceria global para o desenvolvimento. (Relatório

sobre os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio, 2013).

No presente trabalho académico, depreende-se que o objetivo com mais pertinência

de análise se prende com o que mira “alcançar o ensino primário universal”. Este

objetivo tem como principal pano de fundo as taxas de iliteracia nas crianças, sendo

mencionado que em 2011 ainda existiriam cerca de 57 milhões de crianças de idade

correspondente ao ensino primário a não frequentar a escola (Relatório sobre os

Objetivos de Desenvolvimento do Milénio, 2013). Para além disto, também as áreas do

globo onde as percentagens de iliteracia são mais altas e os motivos destas se

perpetuarem são mencionadas no relatório, verificando-se que as crianças do sexo

feminino são as que mais se veem privadas de alfabetização.

Num segundo plano surgem referências às taxas de alfabetização de jovens e

adultos, percebendo-se que estas têm vindo a progredir e “em 2011 cerca de 84% da

população adulta (idade igual ou superior a 15 anos) mundial sabia ler e escrever”

(Relatório sobre os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio, 2013, p. 17), o que

representa um aumento de 8 pontos percentuais desde 1990. Para além deste facto, é

mencionado ainda o aumento de 6 pontos percentuais entre 1990 e 2011 de

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alfabetização de jovens, existindo, neste momento, uma taxa de 89% de jovens que têm

conhecimentos básicos de literacia e matemática.

Apesar de constar no Relatório sobre os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio

(2013) o objetivo de um ensino universal, é notório que os dados apresentados indicam

que este não foi alcançado e que ainda existem milhões de indivíduos em situação de

analfabetismo. Perante a inacabada concretização dos ODM, de 2000 a 2015, o Centro

de Informação Regional das Nações Unidas para a Europa Ocidental [UNIRC], a 1 de

Janeiro de 2016, colocou em curso uma nova resolução: “Transformar o nosso mundo:

Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável”, constituída por 17 objetivos,

desdobrados em 169 metas, pretendendo a eliminação de todas as formas de pobreza

(Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável, 2015, p. 1).

Esta nova resolução da ONU tem na sua génese, mais uma vez, a educação universal

como um importante marco a ser alcançado. É expetável, até ao ano 2030, que os

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável [ODS] consigam uma Educação de

Qualidade, garantindo o acesso a uma educação inclusiva, de qualidade e equitativa.

Este documento propõe-se ainda a promover oportunidades de aprendizagem ao longo

da vida para todos, preconizando as seguintes metas indicadas:

Até 2030, garantir que todas as meninas e meninos completam o ensino primário e

secundário que deve ser de acesso livre, equitativo e de qualidade, e que conduza a

resultados de aprendizagem relevantes e eficazes;

Até 2030, garantir que todas as meninas e meninos tenham acesso a um desenvolvimento de

qualidade na primeira fase da infância, bem como cuidados e educação pré-escolar, de

modo que estejam preparados para o ensino primário;

Até 2030, assegurar a igualdade de acesso para todos os homens e mulheres à educação

técnica, profissional e superior de qualidade, a preços acessíveis, incluindo à universidade;

Até 2030, aumentar substancialmente o número de jovens e adultos que tenham habilitações

relevantes, inclusive competências técnicas e profissionais, para emprego, trabalho decente

empreendedorismo;

Até 2030, eliminar as disparidades de género na educação e garantir a igualdade de acesso a

todos os níveis de educação e formação profissional para os mais vulneráveis, incluindo as

pessoas com deficiência, povos indígenas e crianças em situação de vulnerabilidade;

Até 2030, garantir que todos os jovens e uma substancial proporção dos adultos, homens e

mulheres, sejam alfabetizados e tenham adquirido o conhecimento básico de matemática;

Até 2030, garantir que todos os alunos adquiram conhecimentos e habilidades necessárias

para promover o desenvolvimento sustentável, inclusive, entre outros, por meio da educação

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para o desenvolvimento sustentável e estilos de vida sustentáveis, direitos humanos,

igualdade de género, promoção de uma cultura de paz e da não-violência, cidadania global e

valorização da diversidade cultural e da contribuição da cultura para o desenvolvimento

sustentável;

Construir e melhorar instalações físicas para educação, apropriadas para crianças e sensíveis

às deficiências e à igualdade de género, e que proporcionem ambientes de aprendizagem

seguros e não violentos, inclusivos e eficazes para todos;

Até 2020, ampliar substancialmente, a nível global, o número de bolsas de estudo para os

países em desenvolvimento, em particular os países menos desenvolvidos, pequenos

Estados insulares em desenvolvimento e os países africanos, para o ensino superior,

incluindo programas de formação profissional, de tecnologia da informação e da

comunicação, técnicos, de engenharia e programas científicos em países desenvolvidos e

outros países em desenvolvimento;

Até 2030, aumentar substancialmente o contingente de professores qualificados, inclusive

por meio da cooperação internacional para a formação de professores, nos países em

desenvolvimento, especialmente os países menos desenvolvidos e pequenos Estados

insulares em desenvolvimento. (Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável, 2015, pp. 8-

9).

Apesar das diferentes diretivas mundiais para a erradicação das taxas de

analfabetismo, compreende-se, através dos diferentes dados, que a problemática da

analfabetização está a uma remota distância de ser colmatada, sujeitando os indivíduos à

privação de um direito fundamental que deveria abranger todos os Homens. Esta

privação pode desencadear, entre outros efeitos nefastos, situações de exclusão social,

como refere Capucha (2010) ao mencionar que “excluídos são os que se veem

impossibilitados de aceder ao direito (i) ao rendimento digno, (ii) ao trabalho e à

atividade económica, (iii) à educação e à formação, (iv) à saúde e à habitação e (v) à

igualdade de oportunidades” (Capucha, 2010, p. 26).

Segundo Capucha (1998; 2010), a exclusão social é uma realidade dinâmica, que

varia com a trajetória das pessoas mas também com os processos de construção social,

podendo ser entendida através de dois eixos cruzados. O primeiro refere-se às

“estruturas e aos processos a nível macro, os quais determinam as “oportunidades”

inscritas nos sistemas sociais” […] e “às práticas e os quadros de interação, a que

associam as “capacidades” das pessoas para jogar com aquelas oportunidades”

(Capucha, 2010, pp. 26-27). O segundo eixo dispõe “os fatores objetivamente exteriores

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aos agentes no polo simétrico dos que se encontram incorporados nas representações e

disposições das pessoas e das comunidades” (Capucha, 2010, p. 27).

Nesta ação, compreende-se que para este as oportunidades surgem a nível societal,

sendo a sociedade a maior criadora das mesmas, enquanto as capacidades ficam ao

cuidado das próprias pessoas e dos seus contextos. No entanto, outra visão tem Amartya

Sen (2010) ao referir que as capacidades não são mais que as combinações alternativas

de funcionamentos de possível realização, ou seja, pelo termo capacidade o autor

defende que esta se compreende como um tipo de liberdade para realizar ações e

decisões e ter estilos de vida diversos (Sen, 2010).

Segundo Sen (2010), o facto de os indivíduos serem privados de capacidades

elementares, pode conduzir a situações de “morte prematura, morbidez evitável ou fome

involuntária e outras deficiências” (Sen, 2010, p. 31), para além de poder despoletar

situações de “violação ao voto ou de outros direitos políticos ou civis” (Sen, 2010, p.

31). Para este autor, “ter mais liberdade melhora o potencial das pessoas para cuidar de

si mesmas e para influenciar o mundo, questões centrais para o processo de

desenvolvimento” (Sen, 2010, p. 33). Na mesma linha de orientação, Sen (2010) refere

que quanto maior for o nível de educação básica e dos serviços de saúde, maior é o

aumento potencial do indivíduo auferir renda e superar a penúria. No entanto, este autor

elucida ainda que a pobreza não é apenas uma questão de rendimento, mas que deve ser

entendida como a privação da vida que as pessoas realmente podem levar e das

liberdades que elas realmente têm (Sen, 2010). Estas referidas liberdades dos indivíduos

são a chave para o desenvolvimento dos contextos e, para que este seja real, dever-se-á

promover à remoção das fontes de privação dessas mesmas liberdades (Sen, 2010),

sendo que o mesmo defende a existência de cinco formas de liberdades instrumentais

que acabam por se fortalecer entre si, i.e.: as liberdades políticas, as facilidades

económicas, as oportunidades sociais, as garantias de transparência e a segurança

protetora (Sen, 2010).

Posto isto, compreende-se que Amartya Sen defende que deverá existir uma

liberdade intrinsecamente agregada nas opções de vida dos indivíduos, ou seja, estes

deverão ter a capacidade (ou a liberdade) de optar por aquilo que querem e desejam para

a sua vida, de modo a que vejam as suas potencialidades respondidas. Tal facto é

referido nestas suas palavras: “as questões de pobreza e de carência deverão ser

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compreendidas de um ponto de vista de como as pessoas podem levar a sua vida e as

liberdades que anseiam exercer” (Sen, 2003, p. 106).

Em relação à educação, ponto central deste projeto, o mesmo autor acredita que a

partir do momento que os indivíduos têm capacidade para ter acesso à educação, estes

tornam-se mais aptos para o desenvolvimento, quer a nível pessoal quer societal (Sen,

2010) bem como o fortalecimento de ferramentas para situações de pobreza e penúria.

Este facto é apoiado por Robeyens (2005a) e Unterhalter (2003) ao referirem que

“having access to an education that allows a person to flourish is generally argued to

be a valuable capability” (cit. in Otto & Ziegler, 2006, p. 269). Para além de que a

educação e a literacia são aspetos fundamentais para a remoção de obstáculos na vida

das pessoas “so that they have more freedom to live the kind of life which, upon

reflection, they have reason to value” (Robeyns, 2005 p. 3, cit. in Otto & Ziegler, p.

274).

A anterior reflexão em torno dos autores Capucha e Sen revela que a educação e

capacidade dos indivíduos caminham lado a lado tentando contribuir para uma expansão

da liberdade humana assim como para o desenvolvimento da mesma. No entanto,

quando os indivíduos não possuem direito de escolha quanto aos seus caminhos de vida

ou não veem respeitados direitos que lhes são intrínsecos logo após a sua nascença,

estes podem desabar em situações de exclusão social, tal como foi referido.

De forma a contrariar estas situações de exclusão, acredita-se que lógicas de

participação mobilizam a população e os afetados para que estes se sintam envolvidos e

intervenham nas decisões coletivas (Estivill, 2003).

As lógicas de participação podem ser fundamentais para as questões de exclusão que

os indivíduos experienciam, como é o exemplo da falta de direitos ou na sua não

materialização ou desvirtuação, bem como na falha ao acesso de prestações, serviços e

equipamentos, podendo estas levar à reivindicação de direitos bem como ao início do

exercício dos mais próximos e quotidianos, como a liberdade de expressão, de reunião e

de associação (Estivill, 2003). Porém, adverte-se a importância de referir que a

participação implica não só as pessoas excluídas mas também outros atores e expressões

de cidadania, podendo isto converter-se numa situação de contraste, de debates e

aproximação, entre os que estão em situação de exclusão e a restante sociedade. Esta

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estratégia inclusiva pode ser “mais reprodutora, mais paliativa, mais preventiva ou mais

emancipadora” (Estivill, 2003, p. 9).

Entendendo-se a exclusão como um fenómeno multidimensional, “a participação

pode converter-se numa tomada de consciência da espoliação económica e numa

reapropriação e redistribuição dos recursos existentes” (Estivill, s.d. p. 8). Compreende-

se que a participação pode, simultaneamente, dar protagonismo aos que são afastados e

discriminados pelos centros de domínio através das lógicas de participação, concedendo

aos indivíduos empowerment, i.e.: “um processo de reconhecimento, criação e utilização

de recursos e de instrumentos pelos indivíduos, grupos e comunidades, (…), que se

traduz num acréscimo de poder (…) que permite a estes sujeitos aumentar a eficácia do

exercício da sua cidadania” (Pinto, 1998, p. 247). Esta ferramenta tenta ajudar o sujeito

a conseguir ser um agente causal capaz de influenciar o meio em que está inserido, de

forma a alcançar os seus objetivos, onde o sujeito não é causa dos seus problemas mas

sim uma força causal na resolução dos mesmos (Pinto, 2011).

Neste contexto, a participação e as ferramentas que a ocasionam, geram situações de

inclusão nas sociedades bem como crescimento pessoal e/ou cultural nas mesmas,

tornando-se essencial para a luta contra as desigualdades existentes e sentidas nos meios

contextuais. Estas lógicas de participação promovem a luta pelos direitos fundamentais

e primários do Homem, sendo que acaba também por se estender ao cumprimento dos

deveres correspondentes à condição de plena cidadania (Capucha, 2010).

Após esta fundamental reflexão envolta da Educação, foi possível compreender as

várias facetas e dimensões que a mesma pode alcançar, sendo esta um importante fator

para a mudança social de um ponto de vista político, cultural, social e individual. Com

estes fatores, compreendeu-se a Educação como um direito fundamental a todos os

Homens, sendo crucial lutar para que todos tenham acesso à mesma, visto que esta tem

efeitos singulares de inclusão, participação e envoltura na sociedade civil.

Os diferentes efeitos descritos sobre a Educação tornaram-se cruciais para a

organização de um projeto de intervenção social que visasse a ausência da temática em

indivíduos adultos e idosos, i.e, a permanência dos mesmos em estados latentes de

iliteracia ou analfabetismo, sendo que este projeto conhece desde início o seu contexto

de intervenção, a Vila de Taveiro. Após as reflexões, compreende-se a consonância dos

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valores e princípios entre Educação e Serviço Social, esperando-se que seja alcançada,

através deste projeto, inclusão, realização pessoal e de cidadania dos indivíduos.

Para que tal desenvoltura se sucedesse, procedeu-se à utilização de diversas técnicas

de investigação para a averiguação de viabilidade do projeto, estando estas mesmas

técnicas apresentadas no próximo ponto.

4.2. Estratégias metodológicas para a planificação e implementação do

projeto

O projeto de intervenção social “A Escola da Realização” detém na sua génese, tal

como todos os projetos desta natureza, a concretização de metodologias

complementares que o sustentam a todos os níveis.

As metodologias implicam a definição de tarefas, normas e procedimentos para a

sua execução sendo o “método o caminho que se escolhe para a obtenção de um fim”

(Espinoza, 1986, p.89 cit. in Serrano, 2008, p. 47). É através deste elemento que se

compreende o conjunto de atividades a desenvolver na execução do projeto, ou seja, as

ações e os procedimentos que se devem realizar para alcançar as metas e os objetivos

propostos (Serrano, 2008).

Dentro dos diversos métodos utilizados para a recolha de informação, privilegia-se

no presente projeto os “métodos que se centram na análise documental, na observação

naturalista e na observação participante” (Canastra et al., 2015, p. 11), tendo sido o

método da observação naturalista o primeiro a ser utilizado neste projeto de intervenção

social. Este é um método investigativo que permite o levantamento de dados de forma

natural, consistindo na observação do comportamento e das interações à medida que vão

ocorrendo, sendo estes fenómenos observados pelo próprio investigador (Manual

Técnico II: Métodos e Técnicas – A Recolha de Dados: Técnicas de Observação, s.d.).

A base empírica deste projeto resulta de uma pesquisa documental, tendo esta sido

efetuada através de uma extensa revisão da literatura através de pesquisa bibliográfica.

Esta mostrou-se de extrema relevância para “mapear o campo, de modo a permitir

explorar, ou compreender em profundidade, um determinado tema e o conhecimento

sobre ele existente” (Cardoso, Alarcão & Celorico, 2010, p. 28). Através deste método

tornou-se possível compreender a história e a epistemologia de uma determinada área,

conhecendo assim “as principais teorias, conceitos, ideias (aceites e refutadas),

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tendências, evidências, autores de referência, métodos de investigação e locais de

publicação” (Cardoso et al., 2010, p. 28).

A revisão da literatura, num primeiro momento, permitiu explorar o campo de

estudo e a abertura de novos horizontes, procurando informações aprofundadas sobre os

diferentes temas e os modos de os investigar. Através deste processo torna-se possível

fundamentar o enquadramento teórico-metodológico do estudo, confrontando os

resultados obtidos com o estado atual da arte. Posto isto, e definidos o objeto e os

objetivos, torna-se essencial circunscrever o campo de pesquisa e proceder a um

processo de seleção para identificar o que verdadeiramente deve ser lido, analisado,

interpretado e integrado (Cardoso, Alarcão & Celorico, 2013).

Tal como anteriormente referido, esta é uma relevante ferramenta para o

“mapeamento do campo” de estudo, no entanto importa referir que esta não deve apenas

“consistir numa lista de nomes e citações, nem numa amálgama de ideias e conceitos

organizados sem espírito crítico e muito menos numa repetição ou paráfrase próxima do

que outros já disseram” (Cardoso et al., 2013, p.292). A ferramenta da revisão da

literatura deverá apresentar uma sistematização interligada do conhecimento, com cariz

crítico e de discurso próprio (Cardoso et al., 2013).

Posteriormente, utilizou-se ainda a técnica prospetiva de análise comparativa que

permitiu o conhecimento do “estado da arte de qualquer coisa […] e compará-la com a

situação do país/indústria/região em questão” (Nunes et al., 2002, p. 206). Este tornou-

se num dos principais métodos na execução do presente projeto, demonstrando a

pertinência da problemática primordial bem como dados estatísticos e legislativos da

mesma, tornando possível a comparação entre o estado da arte da situação e a realidade

da mesma nos contextos.

Por forma a recolher uma maior quantidade de informação, procedeu-se também à

técnica das entrevistas de cariz exploratórias, tendo estas como principal função a

descoberta de determinados aspetos do fenómeno em estudo e que o investigador não

teria naturalmente pensado por si mesmo, podendo esta ajudar na construção da

problemática de investigação, alargando ou retificando o campo de investigação (Quivy

& Campenhoudt,2005/1995). A metodologia da entrevista de índole exploratório serve

“para encontrar pistas de reflexão, ideias e hipóteses de trabalho, e não para verificar

hipóteses preestabelecidas” (Quivy & Campenhoudt, 2005/1995, p.70), sendo que este

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método deverá ter na sua essência abertura de espírito e de escuta, não interrogar de

forma precisa, de modo a descobrir novas maneiras de colocar o problema e não de

testar a validade dos nossos esquemas (Quivy & Campenhoudt, 2005/1995).

Posto isto, seguidamente, pode observar-se os dados alcançados tendo por base os

métodos supra expostos, estando estes dados divididos em três partes fulcrais. O

primeiro ponto diz respeito ao estado da problemática em Portugal (legislação, dados

estatísticos, programas e respostas de Educação de Adultos) e o segundo ponto

apresenta os dados relativos ao território de intervenção, a Vila de Taveiro (dados

estatísticos e infraestruturas existentes). Por fim, no terceiro ponto, averigua-se os

passos concretizados para uma eventual implementação do projeto na prática, tendo sido

considerados diversos parceiros para esse mesmo efeito (Uniões de Freguesia,

Agrupamento de Escolas, Associações, Professores, DREC, entre outros).

4.2.1. Diagnóstico Social: problemática de intervenção

O analfabetismo em Portugal tem sido, desde há largos anos, uma preocupação

devido à sua constante presença neste território, sendo que a mais antiga referência a

esta problemática remonta ao século XIX. Nesta época, o analfabetismo era olhado

pelos governantes como uma forma de atraso no progresso do país e o combate a esta

problemática tornar-se-ia de extrema importância, pois Portugal deveria igualar as taxas

Europeias, no que à educação dizia respeito, de modo a estar apto à concorrência dos

outros países. Esta nova forma de encarar a educação viria tornar Portugal num país

mais sólido na cultura e educação, levando isto a um maior progresso do país

(Magalhães, 2005).

Várias medidas3 foram tidas em consideração para a redução da taxa de

analfabetização de Portugal, desde a Campanha de Alfabetização de Adultos e, no

começo da década de 70 do século XX, a criação da Direção Geral da Educação

Permanente. Esta última tornou-se o marco para “o reconhecimento do caráter

específico da educação extraescolar da população adulta” (Fernandes, 1993 cit. in

Magalhães, 2005, p. 6). No entanto, é apenas em 1980, com a criação do Plano Nacional

de Educação de Base de Adultos (P.N.A.E.B.A), que a educação para adultos vê

3 Vide Anexo C – Cronograma da Evolução de Políticas de Educação de Adultos em Portugal.

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concebida “uma resposta social, cultural e pedagógica adequada, passando a ser uma

questão central na política educativa e cultural” (Magalhães, 2005, p.6).

Em 1986, é criada a Lei n.º 46/86 de 14 de Outubro, a Lei de Bases do Sistema

Educativo, que regula e define os princípios organizativos do sistema educativo

português. Segundo esta lei estipula-se que o ensino recorrente de adultos constitui uma

modalidade especial da educação escolar, definindo-se que “a educação extraescolar

tem como objetivo permitir a cada indivíduo aumentar os seus conhecimentos e

desenvolver as suas potencialidades, em complemento da formação escolar ou em

suprimento da sua carência, numa perspetiva de educação permanente” (Lei n.º 46/86,

de 14 de Outubro, Lei de Bases do Sistema Educativo, Seção III, Artigo 26º).

A Lei de Bases do Sistema Educativo visa promover a realização pessoal e

comunitária dos educandos, contribuindo para a correção de discrepâncias de

desenvolvimento regional e local, assegurando quer a paridade no acesso aos benefícios

da educação, da cultura e da ciência quer uma escolaridade de segunda oportunidade a

todos os cidadãos que por motivos pessoais ou profissionais a procuram. Assim, a

educação percebe-se como um processo que importa prosseguir ao longo de toda a vida,

valorizando-se o conceito de educação permanente (Decreto-Lei nº 74/91).

A educação permanente integra todas as etapas da formação, desde a educação pré-

escolar ao ensino superior e à educação de adultos. Esta última designa

o conjunto de processos organizados de formação, qualquer que seja o seu conteúdo, o nível e o

método, quer sejam formais ou não formais, quer prolonguem ou subsistam a educação inicial

dispensada no sistema regular de ensino ou no âmbito da formação profissional. (UNESCO,

1979 cit. in Decreto-Lei nº 74/91, p.647).

No Decreto-Lei nº 74/91, de 9 de Fevereiro, estabelece-se o quadro geral de

organização e de desenvolvimento da educação de adultos nas suas vertentes de ensino

recorrente e de educação extraescolar, sendo que, em 1993, os Departamentos da

Educação Básica e do Ensino Secundário ficariam responsáveis por promover e

assegurar as ações no domínio da educação de adultos (Ministério da Educação de

Portugal y Organización de Estados Iberoamericanos [OEI], 2003).

Desta forma, compreende-se que a educação de adultos se estruturaria segundo dois

eixos fundamentais: o ensino recorrente e a educação extraescolar. O primeiro

corresponde à vertente da educação de adultos que conduz à obtenção de um grau e à

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atribuição de um diploma ou certificado, equivalentes aos conferidos pelo ensino

regular. Caracteriza-se por uma organização específica que atende aos grupos etários a

que se destina, bem como à experiência de vida entretanto adquirida e ao nível de

conhecimentos demonstrado pelos seus destinatários (Decreto-Lei nº 74/91). São

objetivos deste tipo de ensino:

1- Assegurar uma escolaridade, de segunda oportunidade, aos que dela não usufruíram na

idade própria, aos que abandonaram precocemente o sistema educativo e aos que o

procuram por razões de promoção cultural ou profissional;

2- Atenuar os desequilíbrios existentes entre os diversos grupos etários, no que respeita aos

seus níveis educativos. (Decreto-Lei nº 74/91, p.648).

Por outro lado, a educação extraescolar tem por objetivo permitir a cada indivíduo

aumentar os conhecimentos e desenvolver as suas potencialidades, em complemento da

formação escolar ou suprimento da sua carência, numa perspetiva de educação

permanente. Esta é o “conjunto de atividades educativas e culturais de natureza

sistemática, sequenciais ou alternadas, organizadas fora do sistema escolar e realiza-se

num quadro de iniciativas múltiplas, públicas ou privadas, podendo articular-se com o

ensino recorrente e a educação escolar” (Decreto-Lei nº 74/91, p.649).

Neste Decreto-Lei nº 74/91, de 9 de Fevereiro, são estipulados planos de

alfabetização e pós-alfabetização, equivalendo ao 1º Ciclo de escolaridade. Estes planos

visam o desenvolvimento da capacidade de comunicar; o desenvolvimento da

capacidade de análise e de reflexão crítica; desenvolvimento da capacidade de adquirir

conhecimentos e ainda o desenvolvimento de atitudes positivas face à formação e à

necessidade de aperfeiçoamento e da valorização pessoal e social, numa perspetiva de

educação permanente (OEI, 2003).

Estes planos têm na sua estrutura curricular três domínios, sendo estes o Português,

Matemática e Mundo Atual. Estes são programas referenciais e cada formador deve

elaborar o seu próprio programa de formação, numa perspetiva pluridisciplinar (OEI,

2003).

A 15 de Setembro de 1993 é criado o Despacho nº 37/SEEBS/93, pelo Gabinete do

Secretário de Estado dos Ensinos Básico e Secundário, que viria a regulamentar os

Cursos de Educação Extraescolar e a ativar os procedimentos que haviam sido já

acordados na Decreto-Lei 74/91 (Despacho nº 37/SEEBS/93).

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A 28 de Setembro de 1999, através do Decreto-Lei nº 387/99, duplamente tutelada

pelos Ministérios da Educação e do Trabalho e da Solidariedade, é concebida a Agência

Nacional de Educação e Formação de Adultos [ANEFA] onde esta preconiza a

necessidade de elevação dos níveis de qualificação da população adulta, definindo

“como uma das suas competências a produção de normativos que permitam, a um

universo alargado de entidades formadoras, construir percursos flexíveis de formação

destinados às pessoas adultas, assegurando-lhes a obtenção, simultânea, de uma

certificação escolar e profissional” (Despacho nº 1083/2000, p. 18770), tornando-se esta

responsável por um conjunto de iniciativas que se verificam inovadoras e pertinentes,

tais como:

os cursos de Educação e Formação de Adultos (EFA), com dupla certificação escolar e

profissional, a rede de Centros de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências

(RVCC), os concursos de boas práticas de educação e formação de adultos e Ações S@ber +.

(Cavaco, 2009, p. 161).

A ANEFA dinamiza uma oferta integrada de educação e formação destinada a

públicos adultos que contribua para a redução do défice de qualificação escolar e

profissional, possuindo na sua génese cursos de educação e formação de adultos (cursos

EFA) que se destinam a:

1- cidadãos com idade igual ou superior a 18 anos, não qualificados ou sem qualificação

adequada para efeitos de inserção no mercado de trabalho e que não tenham concluído a

escolaridade básica de quatro, seis ou nove anos

2- ativos empregados ou desempregados, inscritos nos centros de emprego do Instituto do

Emprego e Formação Profissional ou indicados por outras entidades, nomeadamente os

beneficiários do rendimento mínimo garantido (RMG), os que se encontram em processos

de reconversão profissional e os trabalhadores das pequenas e médias empresas (PME).

(Despacho nº 1083/2000, p. 18771).

Para além da criação da ANEFA, os Gabinetes dos Secretários do Trabalho e da

Solidariedade e da Educação, através do Despacho conjunto nº 1083/2000, refletira

sobre a importância da “elevação dos níveis de qualificação escolar e profissional da

população portuguesa” (Despacho nº 1083/2000, p. 18770), exigindo isto um forte

compromisso de toda a sociedade, visto que o desenvolvimento sustentado e a formação

do “capital social”, em que as sociedades hodiernas se estabelecem, supõe um

investimento crescente na qualificação dos adultos (Despacho nº 1083/2000). Neste

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sentido, foram criados inúmeros instrumentos para o desenvolvimento da educação e da

formação de adultos, entre eles o Plano Nacional de Emprego (PNE), o Plano Nacional

de Desenvolvimento Económico e Social de Médio Prazo (PNDES) e os compromissos

do Acordo de Concertação Estratégica, “relativos à consagração de medidas tendentes a

assegurar uma oferta de educação e formação que permita, […], a obtenção da

escolaridade ou a progressão escolar associada a uma qualificação profissional que

possibilite o acesso a desempenhos profissionais mais […]” (Despacho nº 1083/2000, p.

18770).

A 22 de Outubro de 2010 é criada a Portaria nº 1100/2010 que viria a tornar

disponíveis “cursos de educação e formação de adultos, o reconhecimento, validação e

certificação de competências e as formações modelares certificadas” (p.4765) e, ao

mesmo tempo, revogar o Despacho nº 37/SEEBS/93 de 15 de Setembro, que

regulamentava os Cursos de Educação Extraescolar. Esta Portaria nº 1100/2010 faz

referência à população portuguesa sem competências básicas, procurando oferecer essas

mesmas competências, garantindo “o acesso ou o prosseguimento da formação em

percursos qualificantes e, por essa via, contribuir para a integração social desta

população, ao mesmo tempo que aumenta os seus níveis de empregabilidade” (p.4765).

A seguinte portaria tem como destinatários os indivíduos:

1 – Idade igual ou superior a 18 anos, que não tenham frequentado o 1º ciclo do ensino básico ou

equivalente ou que, tendo frequentado, não demonstrem possuir as competências básicas de

leitura, escrita e cálculo.

2 – Excecionalmente, podem ter acesso ao programa, jovens com idade inferior a 18 anos,

sempre que esta integração promova o seu acesso à formação e mediante autorização do diretor

regional de Educação ou delegado regional do Instituto do Emprego e de Formação Profissional,

I.P. (IEFP, I.P.), territorialmente competentes. (Portaria nº 1100/2010, Artigo 3º, p. 4766).

No entanto, e apesar da Educação e Formação de Adultos estar consagrada nos mais

variados atos legislativos, compreende-se que esta está maioritariamente direcionada

para a continuação dos estudos, de forma à obtenção de maiores graus qualificativos por

parte da população ativa. A população adulta e sénior analfabetizada, como se pode

averiguar, continua sem ofertas educativas reais à problemática que lhes é intrínseca,

vendo-se privada do Direito à Educação estabelecido na Declaração Universal dos

Direitos Humanos (Artigo nº 26 in Declaração Universal das Nações Unidas, 1948).

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Segundo o INE (2011) verifica-se que 5,23% da população portuguesa (cerca de

499 936 indivíduos), com 10 ou mais anos, ainda não vê colmatada esta problemática

nas suas vidas, sendo que desta percentagem, as mulheres estão em maior número,

apresentando uma taxa de iliteracia de 6,77% face aos 3,52% de homens iletrados tal

como se observa na Tabela 34 (INE, 2011).

Na zona Centro de Portugal, a taxa de analfabetismo apresenta-se com 6,4 pontos

percentuais face aos 5,2% da totalidade nacional, sendo que 4% dos homens e 8,5% das

mulheres são analfabetos nesta região, o que incita à conclusão de que esta região

apresenta uma taxa de analfabetismo superior à média nacional (PORDATA, 2015).

Mais precisamente no concelho de Coimbra existe uma taxa de 5,9% de analfabetismo,

correspondendo 3,2% a homens e 8,2 a mulheres, no entanto, na cidade de Coimbra os

valores decrescem e a percentagem de analfabetos encontra-se nos 3,6%, onde os

homens e as mulheres também apresentam números menores, 1,8% e 5,2%

respetivamente (PORDATA, 2015)5, estando estes estes dados explicitados na tabela da

página seguinte. .

4 Nota: Recuperado a 10 de Novembro 2016. Disponível em:

http://www.pordata.pt/Municipios/Popula%C3%A7%C3%A3o+residente+com+15+e+mais+anos+segun

do+os+Censos+total+e+por+n%C3%ADvel+de+escolaridade+completo+mais+elevado-69 5 Vide Tabela 2. Nota: Recuperado a 10 de Novembro 2016. Disponível em:

http://www.pordata.pt/Municipios/Popula%C3%A7%C3%A3o+residente+com+15+e+mais+anos+segun

do+os+Censos+total+e+por+n%C3%ADvel+de+escolaridade+completo+mais+elevado-69

Tabela 1: Percentagem de população com 10 ou mais anos em situação de analfabetismo.

Fonte: INE, 2011.

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Sendo o contexto de intervenção deste projeto pertencente ao concelho de Coimbra,

importa explorar brevemente o Diagnóstico Social do Concelho de Coimbra (2010). Ao

analisá-lo percebe-se a não existência de qualquer referência ao analfabetismo presente

no Concelho, entendendo-se que este, desde a falta de infraestruturas para apoio social

(3ª idade) à falta de cursos de formação para a comunidade local, contém problemas

enraizados e que precisam de ser combatidos.

Ainda sobre o Diagnóstico Social do Concelho de Coimbra (2010) faz-se referência

ao facto de existir um défice de respostas sociais/equipamentos para a população idosa

e, após a indagação sobre os problemas de raiz no concelho e das causas dos mesmos,

reflete-se sobre as consequências nefastas que estes trazem à população desta faixa

etária, sendo as principais a escassez de programas específicos à população idosa ou o

isolamento da mesma (Diagnóstico Social do Concelho de Coimbra, 2010).

Tabela 2: Gráfico de taxas de analfabetismo por Regiões e Municípios.

Fonte: PORDATA, 2015

.

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Compreende-se que as referências à educação e formação da população deste

concelho apenas têm em conta os jovens em idade escolar, não havendo quaisquer

dados quanto à formação ou escolarização de adultos. Verifica-se também que esta

problemática não é tida em conta neste diagnóstico social, não existindo também

referências a problemas do foro do desemprego, baixo nível de escolaridade ou

necessidades de formação que os adultos do concelho de Coimbra possam atravessar.

No entanto, a pesquisa realizada revelou a existência de várias respostas para a

população adulta tendo em vista a educação ou a formação de adultos na cidade de

Coimbra, apresentando-se, neste contexto, Universidades Seniores (Universidade Sénior

Eneias, Aposenior – Universidade Sénior de Coimbra, Universidade do Tempo Livre e

a Escola de Educação Sénior – iHSénior) e os Centros de Formação (CECOA,

Inovinter, CEARTE, Fundação Bissaya Barreto e Intelectus). Estas respostas têm na sua

essência inúmeras ofertas de ensino, porém estas são apenas de continuação de graus

académicos ou de ganho de novos conhecimentos, não tendo respostas que visem a

alfabetização dos cidadãos adultos.

A reflexão, até então apresentada, exibe diversos atos legislativos que têm em conta

a problemática do analfabetismo em Portugal, no entanto, a maioria das leis continua a

partir de óticas de continuação e completação dos estudos, não fazendo cuidado com a

alfabetização dos indivíduos que ainda permanecem nestas situações de iliteracia.

Através da pesquisa efetuada depreende-se que serão, maioritariamente, projetos de

igual calibre ao aqui apresentado a procurar erradicar e prevenir a iliteracia entre a

população bem como associações, tais como as que foram anteriormente referidas

(A.P.E.F.A e a Associação Direito de Aprender), o que transporta uma certa

responsabilidade do associativismo para a resolução desta problemática (Lima, 2006).

Em jeito de conclusão, compreende-se que o facto de não existirem respostas que

visem o combate à temática do analfabetismo nos adultos torna-se incompreensível

visto que a educação destes, hoje em dia, tem um papel fundamental para garantir a

busca da equidade e da justiça social, juntamente com a manutenção da democracia e da

dignidade humana (UNESCO, 2010).

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4.2.2. Diagnóstico Social: O Território de Intervenção – A Vila de

Taveiro

A metodologia do projeto de intervenção social tem, desde início, um território

elegido devido à proximidade do pesquisador ao mesmo bem como o seu conhecimento

pessoal acerca deste contexto. A Vila de Taveiro encontra-se inserida na União de

Freguesias de Taveiro, Ameal e Arzila, do Concelho de Coimbra, distando a sete

quilómetros desta mesma capital de distrito, e é presidida pelo excelentíssimo

presidente Jorge Mendes.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística (2011), a população total da Vila de

Taveiro, no ano 2011, era de 1948 sujeitos (923 homens e 1025 mulheres), sendo que

destes 250 seriam crianças e pré-adolescentes (0-14), 219 adolescentes e jovens (15-24),

1121 adultos (25-64) e 358 idosos (65 ou mais anos). Nesta amostra populacional, a

taxa de analfabetismo situava-se nos 5,55 pontos percentuais. Segundo o INE, existiam

no total 99 indivíduos em situação de analfabetismo, no entanto, outros 161 indivíduos

não apresentavam qualquer nível de escolarização e 47 apenas o ensino pré-escolar

(INE, 2011).

Neste contexto territorial, no que concerne às infraestruturas, existem diversas

respostas que permitem uma vida quotidiana facilitada aos cidadãos nos mais diversos

sentidos, podendo-se encontrar as seguintes infraestruturas: um posto dos CTT –

Correios de Portugal S.A; um banco; cinco ATM’s (Caixas de Multibanco); um centro

de saúde; uma farmácia; clínicas de cariz privado/particular; um ginásio; duas escolas

(Escola Primária de Taveiro e Escola EB 2+3 de Taveiro); dois jardins-de-infância; um

posto da Guarda Nacional Republicana; um Mercado Abastecedor; um Parque

Industrial; um Parque Comercial – Retail Park do Mondego; quatro parques infantis

(um no lugar de Reveles e três na sede de Freguesia); dois postos de combustível; uma

boa rede de transportes (SMTUC – Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos

de Coimbra); um parque de merendas; um polidesportivo (dois cortes de ténis, campo

de basquete e vólei), estando também ao dispor da Freguesia um campo de vólei de

praia e um campo de futebol de onze no Estádio Sérgio Conceição.

No que comporta às respostas sociais da Vila, segundo o Diagnóstico Social

do Concelho de Coimbra (2010), destaca-se na zona de Taveiro, entre outras, a falta da

resposta social do Serviço de Apoio Domiciliário, estando esta mesma falha

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diagnosticada em outras oito freguesias do Concelho de Coimbra. No entanto, Taveiro

possui um Centro de Dia com o apoio do Centro Paroquial de Taveiro e a própria União

de Freguesias, onde esta está inserida, desenvolve atividades de carater social,

nomeadamente no apoio domiciliário à terceira idade e aos mais necessitados,

fornecendo refeições e tratamento de roupas. Para além destes factos, esta figura

representativa do Estado desenvolve atividades culturais para os mais velhos,

organizando e promovendo passeios e almoços de convívio entre os habitantes.

A Vila de Taveiro está também inserida na Comissão Social da União de Freguesias

de Taveiro, Ameal e Arzila, que de acordo com os estatutos votados e aprovados, na

reunião plenária de 2 de Dezembro de 2013. Esta comissão social reúne periodicamente,

sendo que os elementos da Comissão Alargada reúnem três vezes por ano enquanto os

técnicos que compõem a Comissão Restrita/Núcleo Executivo reúnem de dois em dois

meses. Nesta comissão existem os mais variados parceiros sociais, sendo estes: a Cruz

Vermelha Portuguesa; o Centro Paroquial de Taveiro; a Associação Memórias e Gentes;

Agrupamento de Escolas Coimbra Oeste; Centro de Saúde de São Martinho do Bispo;

Segurança Social; Grupo Socio-Caritativo de Taveiro; Câmara Municipal de Coimbra –

Rede Social; Associação Recreativa e Desportiva de Ameal; Centro Social Ameal

Solidário; Centro Social Polivalente de Vila Pouca do Campo; Grupo Folclórico e

Etnográfico de Arzila; Associação Nacional de Apoio a Jovens e a Guarda Nacional

Republicana.

Esta Comissão Social é composta por três assistentes sociais que realizam

atendimentos, acompanhamentos e encaminhamentos das situações sociais, sendo

posteriormente apoiadas pelos restantes técnicos da comissão de modo a responder às

dificuldades apresentadas pelos sujeitos. Estes são encaminhados para as respostas

disponíveis e adequadas aos casos, dando destaque ao Projeto Portugal Mais Feliz ou

para o Fundo de Emergência Social, sendo prestado apoio ao nível alimentar, serviços

de primeira necessidade, bens de primeira necessidade, algumas ajudas técnicas,

medicação, apoio no pagamento de creche e rendas, entre outros. Através desta resposta

social do Fundo de Emergência Social, o qual ajuda na resolução ou minimização de

alguns problemas sociais, foram apoiados, entre Março e Setembro de 2015, cerca de 13

agregados familiares.

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Por fim, torna-se importante referir que esta Comissão Social tem vindo a realizar

junto dos estabelecimentos locais recolhas de produtos alimentares, com vista a

atribuição de géneros alimentares às famílias carenciadas, existindo também uma

recolha com a finalidade de rechear os Cabazes de Natal que depois são completados e

entregues pela União de Freguesias de Taveiro, Ameal e Arzila6.

4.2.3. Diagnóstico de Viabilidade Real

Após a análise situacional das taxas de iliteracia e analfabetismo em Portugal bem

como da Vila de Taveiro, depreenderam-se dados significativos quanto à existência

destas problemáticas entre a população, comportando estes dados para a confirmação de

uma necessidade real sentida e pertinência para a realização de um projeto de

intervenção social que vise responder a esta lacuna social. No entanto, tornou-se

necessário entender mais seriamente a viabilidade real que um projeto de intervenção

social desta natureza poderia ter e, para tal, foram recolhidas informações fulcrais entre

os mais diversos parceiros por forma a garantir viabilidade prática a este projeto. Assim,

contatou-se as seguintes entidades:

União de Freguesias de Taveiro, Ameal e Arzila: como parceiro primordial

e mais valioso para este projeto escolheu-se a União de Freguesias de Taveiro,

Ameal e Arzila tendo sido o presidente da mesma abordado sobre a

possibilidade da realização deste projeto na freguesia e se este estaria disposto

a apoiar o mesmo. Deste contato resultou a garantia de apoio a nível de

recursos financeiros, humanos e físicos para o projeto.

União de Freguesias de Alcobaça e Vestiaria: a pesquisa efetuada esbarrou

na existência de um projeto irmão que visa o combate ao analfabetismo da

população adulta, localizado na União de Freguesias de Alcobaça e de

Vestiaria (Alcobaça - Leiria). Tendo isto em conta, procedeu-se ao

estabelecimento de contato com esta entidade, concedendo-se a oportunidade

de deslocação do investigador a esta freguesia e onde o mesmo percebeu a

dinâmica do projeto em vigor e a aceitação que este teve, e ainda tem, no

6 As informações, sobre a Comissão Social da União de Freguesias de Taveiro, Ameal e Arzila, foram

cedidas pelo Presidente da União de Freguesias de Taveiro, Ameal e Arzila, em formato de papel, a 9 de

Novembro 2016.

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contexto desta União de Freguesias. Para além do objetivo geral deste projeto

ser o combate ao analfabetismo entre a população, como objetivos específicos

este reforça a importância da ligação ao grupo e o estabelecimento de novas

redes interpessoais.

Associações que visam a educação para todos (A.P.E.F.A e Associação o

Direito de Aprender): no que diz respeito a associações que tenham em conta

a problemática da iliteracia, a inquirição revelou a existência da Associação o

Direito de Aprender e da Associação Portuguesa de Educação e Formação de

Adultos (A.P.E.F.A). A Associação o Direito de Aprender, associação sem

fins lucrativos, promove a educação/formação de adultos como um direito

fundamental intrínseco a todos os Homens, entendendo-a como um

instrumento de emancipação que permite progredir no desenvolvimento

pessoal, na coesão cultural e social e na participação cívica. Já a A.P.E.F.A,

associação igualmente sem fins lucrativos, contém na sua essência a

promoção, o estudo, a defesa, a valorização e o desenvolvimento da Educação

e Formação de Adultos em Portugal. Estas duas Associações foram contatadas

informalmente para o estabelecimento de contato e possível parceria, no

entanto, até à data não existiu resposta da A.P.E.F.A e a Associação o Direito

de Aprender acabou por não responder às perguntas que foram elaboradas

num documento e às quais se mostrou, no início, pronta a responder.

Professor Doutor Licínio Lima: por forma a colocar uma maior consistência

ao projeto foi fulcral procurar nomes sonantes no que à Educação de Adultos

diz respeito e chegou-se ao contacto com o Professor Doutor Licínio Lima. O

contato com esta figura demonstrou-se fulcral para a compreensão da

viabilidade deste projeto no meio académico e a sua pertinência face aos

contextos sociais vigentes. O Professor prontamente respondeu referindo que

não abundavam projetos desta natureza e que seria pertinente dar continuação

ao mesmo. Tal resposta proporcionou ao projeto uma maior segurança quanto

à sua conveniência bem como uma maior confiança científica para a sua de

execução

Direção Regional de Educação do Centro [DREC]: com o propósito de

compreender uma possível certificação dos alunos do projeto em organização,

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tornou-se importante o contacto com a DREC, percebendo com isto poderia

passar de uma utopia para uma realidade. Assim, estabeleceu-se contato com

esta entidade e onde o investigador foi recebido pela Dr.ª Teresa Dias Silva, da

Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares – Direção De Serviços Da

Região Do Centro [DGEstE-DSRC]. Nesta reunião foi possível a obtenção de

diversas explicações acerca da certificação dos alunos e das normas que são

necessárias reconhecer, sendo que a certificação pode-se tornar real e os

alunos do projeto poderão ver as suas qualificações reconhecidas após a

assiduidade no projeto.

Agrupamento de Escolas Coimbra Oeste: após as informações cedidas pela

Dr.ª Teresa Dias Silva, da DGEstE-DSRC, compreendeu-se a importância e

necessidade de contatar o Agrupamento de Escolas de Coimbra Oeste, de

modo a explanar o projeto e ter o apoio deste parceiro para a execução do

mesmo. Assim, enviou-se uma mensagem por correio eletrónico com vista a

marcação de reunião com esta entidade, a qual acabou por se suceder. O

projeto fora explanado ao adjunto da coordenação gestora do Agrupamento de

Escolas, o Professor Paulo Martins, o qual ficou bastante interessado com o

mesmo e ficou de transmitir o projeto à Sr.ª Diretora do Agrupamento por

forma a dar uma resposta final ao investigador. Até à data nenhuma decisão

foi tomada em relação a este assunto.

Professor de Escola Primária: por fim, dever-se-á referir os contatos

realizados junto a professores de Educação Básica para o projeto bem como

perceber a viabilidade que estes viam no mesmo. Primeiramente realizou-se

uma abordagem na Escola Primária da Vila de Taveiro, conseguindo-se

dialogar com a responsável da mesma e onde esta referiu que por ter excesso

de trabalho não poderia contribuir para ajuda neste projeto, no entanto, referiu

que via neste projeto uma grande mais-valia para a sociedade, visto que ainda

são notórios e alarmantes os dados quanto a situações de analfabetismo. Após

esta incursão parcialmente negativa, recorreu-se ao Presidente, da União de

Freguesias de Taveiro, Ameal e Arzila, por forma a encontrar uma nova figura

da área da Educação Básica na freguesia. Esta abordagem com este parceiro,

garantiu um primeiro contato com uma professora de Educação Básica da

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freguesia e uma resposta positiva quanto ao apoio desta profissional para o

projeto.

Através dos diferentes factos apresentados, foi possível compreender que este

projeto detém na sua essência uma necessidade real a que se propõe dar uma resposta,

sendo o foco da sua atenção as situações de iliteracia e de analfabetismo da população

adulta e idosa da Vila de Taveiro e o principal objetivo colmatar e prevenir estas

mesmas situações.

Este projeto de intervenção social prevê como população-alvo toda aquela que se

mantém em situações de analfabetismo, não existindo quaisquer entraves ao limite de

idades dos alunos, estando previsto também a abertura do mesmo a indivíduos que

queiram manter-se socialmente ativos e pretendam reavivar as aprendizagens outrora

realizadas.

De forma a sintetizar a informação acima referida, tornou-se de extrema importância

a realização da Figura 1, representada o Apêndice III, com a apresentação das

atividades realizadas e que ofereceram sustentabilidade real ao projeto “A Escola da

Realização”.

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PARTE III - O PROJETO “A ESCOLA DA REALIZAÇÃO”

CAPÍTULO 5. DO DESENVOLVIMENTO E DAS QUESTÕES PRÁTICAS: A

PLANIFICAÇÃO E APLICAÇÃO-EXECUÇÃO DO PROJETO

5.1. “A Escola da Realização”: A sua ambição

O projeto de intervenção social em desenvolvimento, tal como foi referido e

reconhecido ao longo deste documento, cruzou diversos percursos de forma a tornar-se

sustentável tanto numa ótica conceptual como real. Quer isto enunciar que os trajetos

até então efetuados ajudaram no reconhecimento da área de intervenção e sustentaram a

planificação geral deste projeto, ou seja, “o conjunto de atividades que ocorrerão por um

período determinado” (Serrano, 2008).

Este projeto tem vindo a ser planeado como um compromisso para a prevenção e a

colmatação das taxas de analfabetismo e de iliteracia nos adultos e nos idosos bem

como uma forma de fomentar a participação destes sujeitos, potenciar as suas

necessidades culturais e tentar que assumam um papel ativo e protagonista ao longo do

mesmo. No entanto, é também objetivo do mesmo motivar os indivíduos a adquirirem e

a atualizarem conhecimentos, tornando-os cidadãos ativos na sociedade que os circunda

e que, por vezes, os descura, procurando-se a realização pessoal, bem como da sua

cidadania. Este último facto desencadeou a designação do presente projeto de “A Escola

da Realização”, onde a busca pela satisfação e realização dos indivíduos é a chave

primordial do mesmo.

Assim, e compreendendo esta terceira e última parte deste Projeto, torna-se

importante entender “A Escola da Realização” na sua globalidade e os pontos fulcrais

da sua constituição. Assim, “A Escola da Realização” terá por suporte a Portaria nº

1100/2010 e é, portanto, considerado para uma população-alvo e contexto de

intervenção definido, isto é, adultos (com idade igual ou superior a 18 anos) e idosos da

Vila de Taveiro, em Coimbra.

As aulas deste projeto serão compreendidas entre 150h a 300h de formação, sendo o

seu conteúdo o seguinte: “Leitura e escrita (iniciação); Leitura e escrita

(aprofundamento); Leitura e escrita (consolidação); Cálculo (iniciação); Cálculo

(aprofundamento); Tecnologias de informação e comunicação (sensibilização) ”

(Portaria nº 1100/2010, Artigo 5º, p. 4766). Para além deste facto, importa referir que as

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turmas deverão ter entre 26 (mínimo) a 30 (máximo) alunos, sendo que através da

reunião com a Dr.ª Teresa Dias Silva, da DGEstE-DSRC, esta referiu a possibilidade de

facilitação quanto à negociação com o Ministério da Educação, se o número fosse

menor.

Importa ainda referir que se o professor para a lecionação das referidas aulas for

cedido pelo Ministério da Educação, não existirão encargos financeiros com o mesmo

neste âmbito, no entanto, se tal hipótese for declinada pelo Agrupamento de Escolas de

Coimbra Oeste, há uma estratégia de superação/minimização para este entrave, como

será assinalado no ponto número 5.1.6. do presente documento.

Tal como se pôde verificar ao longo da Parte II do presente trabalho, foram

diversas as atividades elaboradas ao longo do mesmo por forma a perceber e a

fundamentar a pertinência do tema do analfabetismo e da iliteracia bem como a

sustentabilidade que este poderia vir a ter. Tais atividades proporcionaram a sustentação

que era procurada e necessária para a implementação do mesmo, sendo que, ao longo

desta Parte III, se irá refletir sobre os mecanismos a ter em conta para uma futura

realização do mesmo.

Neste âmbito, procede-se de seguida à realização dos mais diferentes campos

fundamentais para este projeto de intervenção social, considerando-se primeiramente a

elaboração dos objetivos (gerais e específicos), as ações e metas a atingir, as etapas de

implementação, os recursos necessários para a executabilidade do mesmo, a sua futura

avaliação e os respetivos constrangimentos e estratégias de superação/minimização e de

sustentabilidade social e financeira, executando-se para este efeito uma análise SWOT.

5.1.1. Objetivos do Projeto: Objetivos Gerais e Específicos

Os objetivos de um projeto de intervenção social são os propósitos que pretendemos

obter com a execução de uma ação planificada, sendo estes quem define a natureza mais

específica do projeto bem como a coerência do plano de ação. Estes podem ser

classificados em dois grupos: os objetivos gerais e os específicos (Serrano, 2008).

Os objetivos gerais, segundo Espinoza (1986, p.86) “são aqueles propósitos mais

amplos que definem o quadro de referência do projeto” (cit. in Serrano, 2008, p.45).

Estes, na sua formulação, admitem várias interpretações e podem conter verbos como:

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conhecer, compreender, analisar, avaliar, entre outros (Serrano, 2008). Já os objetivos

específicos são mais concretos do que os gerais, identificando de forma mais precisa o

que se pretende alcançar com a execução do projeto. Quando formulados, devem

apresentar verbos de ação e averiguar se é possível a implementação de cada objetivo

bem como a sua realização. Alguns verbos que podem ajudar na formulação dos

objetivos específicos são: planear, identificar, enumerar, resolver, classificar, calcular,

comprovar, repetir, ordenar, diferenciar, julgar criticamente, validar, comparar, decidir,

entre outros (Serrano, 2008).

Assim, torna-se de extrema importância identificar os diferentes objetivos do projeto

“A Escola da Realização”, de forma a assegurar congruência do mesmo face à

problemática já identificada nas partes anteriores.

Desde o início da elaboração do projeto “A Escola da Realização” que se supõe na

sua génese, como objetivo geral, o intuito de colmatar e prevenir as taxas de

analfabetismo e de iliteracia nos adultos e idosos da Vila de Taveiro através da criação

de um espaço que acolhesse aulas de Educação de Adultos, por forma a reduzir estes

mesmos números que continuam a persistir no contexto de intervenção bem como a

revalidação de conhecimentos que tenham sido esquecidos ao longo do tempo. No que

diz respeito aos objetivos específicos, foi possível identificar uma série deles, tornando

“A Escola da Realização” num projeto multidimensional e holístico quanto à

problemática da iliteracia e aos seus efeitos nefastos. Os diferentes objetivos específicos

ponderados e elaborados para este projeto tiveram na sua essência a coerência entre os

múltiplos níveis do Homem, perspetivando-o de uma ótica biopsicossocial.

Assim, considera-se que através deste projeto de intervenção social se poderá

alcançar os seguintes feitos:

1. Desenvolver ou potenciar o crescimento pessoal, aumentar a qualidade de

vida, através da promoção de realização pessoal;

2. Capacitar o adulto como um sujeito profícuo e habilitado;

3. Conceder qualidade de vida, sentimentos de pertença, inclusão e bem-estar

dos adultos;

4. Aumentar as redes sociais através do grupo;

5. Sensibilizar para os estigmas pré-definidos;

6. Criar e estabelecer relações intergeracionais;

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72

7. Desenvolver nos indivíduos a intenção da participação.

Acredita-se que os objetivos elaborados e refletidos são exequíveis, podendo estes

ser alcançados no percurso da execução do projeto de intervenção social “A Escola da

Realização”.

5.1.2. Metas e Ações

A população-alvo afetada pelo projeto “A Escola da Realização” está, desde o

início, definida, sendo esta toda a população adulta (com 18 ou mais anos) e idosa

analfabetizada e/ou iletrada ou com 1º ciclo não concluído, sendo que se preveem nesta

situação cerca de 307 indivíduos, entre os quais 99 indivíduos em situação de

analfabetismo, 161 indivíduos sem qualquer nível de escolarização e 47 apenas com o

ensino pré-escolar (INE, 2011). Numa amostra populacional total de 1948 indivíduos

(INE, 2011), compreende-se que os 307 indivíduos perfazem 15,76% da população em

situações de analfabetismo, iliteracia e/ou sem qualquer referência a nível de

escolaridade igual ao 1º ciclo.

Para que este projeto tenha sucesso na sua implementação e na sua continuidade,

dever-se-á ter em conta diversas metas para que isto seja alcançado, estando esta

vertente explanada na seguinte Figura 2:

Problemas Necessidades Atividades Resultados

- Significativa taxa de

iliteracia na Vila de

Taveiro. 15,76% da

população em situações

de iliteracia;

- População pouco

informada sobre a

Educação de Adultos

bem como os seus

benefícios;

-Reduzida

participação dos

indivíduos em

atividades;

- Aquisição de espaço

físico que albergue as

aulas de alfabetização e

formação;

- Aquisição de

materiais escolares para

os futuros alunos;

- Acompanhamento

técnico/pedagógico de

forma a manter os

indivíduos motivados

na prossecução dos

estudos;

- Divulgação do projeto

- As atividades estão

consagradas na Figura

1 e na Figura 6, sendo

que na Figura 1

compreendem-se as

atividades já realizadas

para a colmatação de

algumas necessidades,

enquanto a Figura 5

revela as atividades que

estão programadas.

- Possibilitar uma

educação linear para

todos os indivíduos,

independentemente da

idade;

- Reduzir taxas de

iliteracia no contexto de

intervenção;

- Aumentar as redes

sociais dos indivíduos;

- Aumentar a coesão

social entre os parceiros

do contexto, envolvendo-

os no projeto;

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- Situações de pobreza

e de desemprego

decorrente das baixas

qualificações;

- Estigmas associados

à aprendizagem na

idade adulta e idosa;

- Difícil coesão entre

os diferentes agentes

do contexto.

através de parceiros-

chave no contexto

(Junta de Freguesia da

Vila de Taveiro, Centro

de Saúde, Centro de

Dia, Escolas, Cafés,

NLI, CMC, Assistente

Social da Junta de

Freguesia) para além de

suporte digital e

imagem (website da

União de Freguesias de

Taveiro, Ameal e

Arzila, flyers, cartazes).

- Diminuir estigmas

associados à

aprendizagem de adultos;

- Aumentar níveis de

qualificação e, por

conseguinte, melhorar

situações de

pobreza/empregabilidade.

Após a leitura da Figura 2, compreende-se que as metas a ser atingidas são

complexas sendo necessário a existência de diversas ações para que estas sejam

efetivadas. Estas ações estão expostas na Figura 1 e 3, observáveis nos Apêndices III e

IV, respetivamente, elucidando o caminho realizado ou por realizar por forma a

concretizar as metas.

5.1.3. Etapas de Implementação (Cronograma)

Ao longo do trajeto de elaboração de um projeto de intervenção social, diversos e

complexos são os caminhos a ser ultrapassados e, para que tal suceda, dever-se-á ter

presente a existência de uma linha lógica de pensamento e de execução, não sendo

prudente a ultrapassagem de qualquer fase do mesmo. Assim, considera-se importante,

nesta lógica de raciocínio, comportar à fase de calendarização as diferentes fases iniciais

que este deterá.

Primeiramente, dever-se-á referir que a ideia de elaborar um projeto de intervenção

social com a temática do analfabetismo e da iliteracia partiu do conhecimento do

investigador sobre a área geográfica, a Vila de Taveiro, para além dos diversos casos

conhecidos que detiam em si estas mesmas problemáticas. Estes dados meramente

Figura 2 – Metas do projeto “A Escola da Realização”. Elaborado pelo Investigador.

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74

conhecidos pela observação do contexto depressa foram averiguados e comprovados

através de dados estatísticos, tornando-se esta problemática numa necessidade vigente

do meio e que há bastante tempo carece de uma resposta.

Posteriormente, e tal como é apresentado neste documento, realizou-se a procura de

viabilidade real do projeto, estando os factos averiguados expostos na Figura 17,

ordenados por atividades realizadas. No entanto, e dado um dos passos primórdios de

um projeto de intervenção social, tornou-se fundamental a realização de um cronograma

(Figura 3) que assegurasse os mais variados passos seguintes, constituindo-se assim o

programa de atividades relativo à execução futura do projeto. Esta Figura 3, tal como

está visível no Apêndice IV, divide-se entre Fases, Atividades, Objetivos e Tarefas.

Torna-se de relevante importância referir que as atividades planeadas foram

compreendidas apenas para o primeiro ano de funcionamento do projeto “A Escola da

Realização”, podendo este albergar novas atividades no futuro consoante a abertura e

aceitação da comunidade ao mesmo.

5.1.4. Recursos (Financeiros, Materiais e Humanos)

De forma a colocar sentido e garantia num projeto, dever-se-á ter em conta diversos

recursos necessários para a realização do mesmo, estando estes divididos entre

humanos, materiais e financeiros.

No que aos recursos humanos diz respeito, estes são planeados segundo a

quantidade e qualidade das pessoas necessárias para a execução das atividades que o

projeto engloba, bem como as responsabilidades singulares de cada uma no mesmo. Já

os recursos materiais prendem-se com os espaços físicos necessários para levar a cabo o

projeto bem como os materiais, instrumentos, equipamentos e ferramentas essenciais

para a execução da tarefa dos profissionais. Por fim, referem-se os recursos financeiros

onde os orçamentos realizados devem ser realistas de modo a cobrir as despesas

materiais, de reuniões, de instrumentos, de espaços, entre outros (Serrano, 2008).

Posto isto, compreendeu-se que o presente projeto, numa fase de planificação, terá

na sua constituição os seguintes recursos:

7 Vide Apêndice III - Atividades realizadas para a sustentabilidade do projeto “A Escola da Realização” e

seus objetivos. Elaborado pelo Investigador.

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Recursos Humanos Recursos Materiais8 Recursos Financeiros9

- Professor de Educação

Básica;

- Funcionário da União de

Freguesias de Taveiro, Ameal

e Arzila responsável pelas

inscrições dos alunos;

- Médicos do Centro de

Saúde de Taveiro – Extensão

de São Martinho;

- Assistente Social do Centro

Social e Paroquial de Taveiro;

-Assistente Social

representante da Vila de

Taveiro.

- Espaço físico para a

lecionação das aulas de

alfabetização – Cedido pela

União de Freguesias;

- Quadro branco, apagador e

marcadores para escrever no

mesmo;

- Cadernos; - Lápis; -Canetas;

- Borrachas; - Afiadeiras; -

Réguas; - Estojos; - Capas; -

Bloco de folhas de

impressora;- Tinteiros.

A nível de recursos

financeiros, o projeto “A

Escola da Realização” será

financiado pelo Orçamento

Participativo de 2017 da

União de Freguesias de

Taveiro, Ameal e Arzila,

podendo este chegar a um

teto máximo de 3000€ de

financiamento. No entanto,

tal como se pode verificar nas

atividades VI e X, da Figura

6, estão planeadas novas

formas de angariação de

fundos que possam conceder

a continuidade do presente

projeto. O facto de este

projeto vir a ter apoio do

Ministério da Educação,

confere-lhe a oportunidade de

ter um professor responsável

pela lecionação dos alunos e

de forma gratuita.

Analisando os materiais aqui referidos, apraz-se referir que o Professor de Educação

Básica, incluído nos Recursos Humanos, poderá ser facultado de forma gratuita pelo

Ministério da Educação, se o presente projeto se tornar vinculado a este tal como foi

referido no ponto 4.2.3. Diagnóstico de Viabilidade Real.

8 Vide Apêndice V – Discriminação dos materiais escolares e custos com os mesmos. 9 Vide Apêndice VI – Discriminação das aulas e o custeamento das mesmas.

Figura 4 – Estrutura organizacional (Recursos humanos, materiais e financeiros) do projeto “A

Escola da Realização”. Elaborado pelo Investigador.

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5.1.5. Processos de avaliação (Avaliação)

Apesar deste projeto não ter sido realizado na prática, esta etapa vai ser também ela

estruturada, defendendo-se que a avaliação será efetuada em quatro momentos: uma

avaliação técnica, uma avaliação efetuada pelos parceiros, uma avaliação dos indivíduos

e uma avaliação externa ao projeto.

A avaliação técnica refletida nesta etapa permitirá uma autoavaliação do projeto e da

equipa que faz parte do mesmo, efetuada pela equipa técnica do projeto, a qual servirá

para a avaliação do cumprimento dos objetivos, das metas e das ações traçadas aquando

da sua planificação. Considera-se pertinente efetuar esta avaliação ao longo de toda a

execução do projeto, ou seja, em prazos a combinar com a equipa técnica (Entidade

promotora – Presidente da União de Freguesias de Taveiro, Ameal e Arzila; técnicos –

Coordenador/a do Projeto e Professor/a) para que seja possível a elaboração de

relatórios que demonstrem o cumprimento ou não dos objetivos inicialmente propostos,

o trabalho de equipa, os prazos pré-estabelecidos, entre outros.

Na avaliação dos parceiros serão realizadas reuniões mensais para que se possa

compreender como este projeto tem sido aceite na comunidade, o que tem mudado nas

vidas das pessoas e como tem sido proporcionado a sensibilização entre toda a

população da Vila de Taveiro. Estas reuniões culminarão em relatórios que ajudarão a

perceber como se pode modificar vertentes do projeto para atingir os objetivos que

foram desde logo propostos, bem como adaptar o projeto às novas demandas por forma

a dar sustentabilidade futura ao mesmo. Neste grupo dos parceiros podem-se encontrar a

Escola Básica de Taveiro e Escola EB 2+3 de Taveiro; o Centro de Dia do Centro

Social e Paroquial de Taveiro; o Centro de Saúde de Taveiro – Extensão de São

Martinho; o Núcleo Local de Inserção da Câmara Municipal de Coimbra e a Assistente

Social responsável pelo contexto de intervenção.

Será ainda realizada uma avaliação dos indivíduos, tendo esta por intuito

compreender a magnitude que este projeto tomou nas suas vidas e entendendo as

principais componentes que mudaram ao longo dos meses de lecionação. Serão

realizados relatórios, de quinze em quinze dias, quanto aos números de participação dos

indivíduos e de motivação nas aulas, mas também serão realizadas dinâmicas de focus

group, mensalmente, por forma a compreender temas fraturantes quanto à aprendizagem

que têm vindo a realizar e perceber como as suas vidas têm modificado ao longo deste

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projeto. Pretende-se, através desta dinâmica, cruzar os dados dos vários momentos de

avaliação para que se possa verificar o aumento, ou não, de motivação para o presente

projeto.

Por fim, e não menos importante, serão realizadas avaliações externas ao presente

projeto, i.e., os indivíduos participantes, a equipa técnica, a entidade promotora, os

parceiros e a população em geral deverão proceder a uma avaliação do projeto, sendo

que serão elaborados instrumentos adequados a cada tipo de grupo. Crê-se na

possibilidade de elaborar inquéritos apropriados a cada tipo de grupo, sendo que será

realizada uma outra dinâmica com a população-alvo e participante deste projeto, o focus

group, por forma a garantir que todos participem e que não sejam criadas barreiras na

interpretação nos inquéritos. Esta avaliação está projetada para ocorrer trimestralmente,

de modo a garantir que o projeto acarrete consigo uma maior conotação, sendo

reconhecido por toda a população, ganhando assim uma maior estabilidade no meio

envolvente.

As avaliações anteriormente explanadas estão agrupadas na Figura 7 do Apêndice

VII, por forma a garantir uma maior facilidade de leitura.

5.1.6. Constrangimentos e respetivas estratégias de

superação/minimização e de sustentabilidade, social e

financeira

Na planificação de um projeto de intervenção social dever-se-á ter em conta análises

prospetivas que originem estabilidade futura do mesmo. Estes métodos de análise

prometem “antecipar para agir” (Saragoça, 2012, p. 343), sendo estes procedimentos de

análise que partem do estudo das incertezas tendo em conta “as possíveis ruturas e

riscos na tentativa de, com lógica, pôr em evidência imagens diversas do futuro (futuros

possíveis) ” (Saragoça, 2012, p. 345).

Para tal efeito, recorreu-se à elaboração de uma análise S.W.O.T. ao projeto por

forma a compreender as possíveis debilidades e potencialidades do mesmo. A análise

S.W.O.T é um instrumento analítico e a sigla em inglês para forças (strenghs) fraquezas

(weaknesses), oportunidades (opportunities) e ameaças (threats), sendo usada para

classificar fatores internos e externos significativos que possam influenciar as

estratégias de uma organização ou os seus futuros possíveis (Nunes et al., 2002).

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O uso desta técnica prospetiva permite, como resultado, delinear diretrizes que

promovam o crescimento futuro (Araújo Jr., 2005), envolvendo com ela a recolha de

informações sobre os fatores internos e externos que têm, ou podem vir a ter, impacto

na evolução de uma organização ou empresa, oferecendo, geralmente, uma listagem das

vantagens e insuficiências de uma organização, bem como uma lista das ameaças e

oportunidades (Nunes, Heitor, Miles, Keenan, Clar & Svanfeldt, 2002). Este é como

que uma espelhagem das ocorrências nos ambientes organizacionais, daí a sua

consideração de “forças e fraquezas intrínsecas à organização, coletadas no ambiente

interno e de oportunidades e ameaças extrínsecas à organização, coletadas no ambiente

externo” (Araújo Jr., 2005). Os quatro elementos que devem ser coletados e analisados

podem ser definidos como:

Forças ou pontos fortes – são como características internas que propiciam, se reforçadas,

amplas condições para a organização cumprir sua missão e atingir seus objetivos

Fraquezas ou pontos fracos – são debilidades intrínsecas à organização que impõem

obstáculos no cumprimento da missão e dos objetivos pré-estabelecidos;

Oportunidades – são condições ambientais externas que, se aproveitadas, podem ajudar a

organização a cumprir com efetividade sua missão e os seus objetivos;

Ameaças – são condições ambientais que impedem o cumprimento da missão e dos

objetivos organizacionais. (Araújo Jr., 2005, p. 6).

Tendo este método prospetivo a disposição gráfica da página posterior:

Ilustração 2 – Quadro-tipo de análise ambiental da SWOT

Fonte: Guia rápido: Análise SWOT, s.d., p. 6

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Após a explanação de todas as informações acerca do método prospetivo “Análise

SWOT”, demonstra-se pertinente e relevante a demonstração do mesmo para o projeto

de intervenção social vigente, e por conseguinte, tornou-se fulcral realizar o cruzamento

de informações anteriormente levantadas, criando-se assim a matriz SWOT. Importa

referir que para cada cruzamento referido é importante criar estratégias para a superação

de barreiras sentidas.1011:

Assim, após a averiguação da referida análise S.W.O.T., tornou-se fulcral perceber

os constrangimentos ao projeto bem como as estratégias para a superação dos mesmos.

Assim, procede-se, em seguida, à explanação dos referidos Constrangimentos e

Estratégias do projeto “A Escola da Realização”.

Constrangimento 1: apraz referir como um dos principais constrangimentos a este

projeto a falta de resposta do Agrupamento de Escolas Coimbra Oeste, podendo esta

ser, futuramente, positiva ou negativa por parte do mesmo. O apoio desta entidade

demarca-se de extrema importância para que seja garantido, de forma gratuita, um

professor pelo Ministério da Educação e, para além disto, este parceiro seria fulcral

para o asseguramento de validação de competências dos alunos bem como na

lecionação das aulas por forma aos alunos serem preparados para o exame de

equivalência ao 1º ciclo de estudos.

Estratégia (s) para a superação/minimização – Constrangimento 1: neste

sentido, como até à data de entrega do presente documento não foi obtida uma

resposta por parte desta entidade, dever-se-á recorrer a uma ida à Escola Secundária

de D. Duarte com o Presidente da União de Freguesias de Taveiro, Ameal e Arzila,

o qual já foi informado e terá garantido a sua colaboração, para que o projeto seja

explanado e, assim, obter-se uma resposta viável ao mesmo. No entanto, outras

estratégias já foram consideradas e se a resposta ao presente projeto for declinada,

proceder-se-á ao contato de entidades formadoras (I.E.F.P, por exemplo) por forma

a garantir um formador que tenha capacidades para lecionar os conteúdos

programados bem como a habilitação para a validação das competências dos

10 Vide Apêndice VIII: Figura 8 - Análise SWOT do projeto “A Escola da Realização”, tendo por

modelo a Ilustração 2. Fonte: Guia rápido: s.d, p. 6. Elaborado pela Investigadora.

11 Vide Apêndice IX: Figura 9 – Cruzamento de quadrantes da análise SWOT do projeto “A Escola da

Realização”. Fonte: Guia rápido: s.d, p. 17. Elaborado pela Investigadora.

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formandos. Para além destas estratégias, verifica-se uma outra mais simples que

envolve a lecionação das aulas pelo professor contatado no âmbito deste projeto,

sendo que dever-se-á informar claramente a população em foco que a certificação

dos seus conhecimentos apenas poderá ser realizada por meio de exame

autoproposto, não existindo, desta forma, validação de competências ganhas ao

longo das aulas.

Constrangimento 2: o anterior constrangimento remete para a ocorrência de

limitação ao nível da certificação dos alunos abrangidos pelo projeto, sendo

dificultada a realização de cidadania por parte dos mesmos.

Estratégia (s) para a superação/minimização – Constrangimento 2: estabelecer o

contato com outras agências formadoras para a validação das competências destes

alunos ou optar apenas por uma realização a nível pessoal dando apenas a

oportunidade de acompanhar e ensinar estes alunos para que possam auto propor-se

ao exame de equivalência ao 1º ciclo.

Constrangimento 3: para o presente projeto está previsto um apoio financeiro por

parte da União de Freguesias de Taveiro, Ameal e Arzila, o qual permitirá a compra

de materiais escolares bem como o pagamento de um professor que lecionará as

aulas de Educação de Adultos, no entanto, este financiamento pode não ser

suficiente para o que vencimento do professor ou até mesmo para a continuação do

projeto por mais um período de tempo.

Estratégia (s) para a superação/minimização – Constrangimento 3: por forma a

possibilitar a continuação futura do presente projeto, consideraram-se algumas ações

para a superação dos constrangimentos financeiros. Uma primeira ação a ser

realizada será o diálogo com o futuro profissional que lecionará as aulas de

Educação de Adultos, tendo este por intuito o esclarecimento sobre o vencimento

que este pensa ser o merecido e qual o disponível no momento da partida do projeto.

Dever-se-á tentar chegar a um acordo, sendo fulcral respeitar os diferentes pontos de

vista e ser coerente no diálogo com o profissional. Uma outra estratégia para a

superação dos constrangimentos financeiros prende-se com a elaboração de um livro

por parte dos alunos12, o qual poderá a vir a ser reproduzido e vendido com o intuito

de angariar fundos para o projeto “A Escola da Realização”. Uma outra manobra

12 Vide Apêndice IV- Atividade VI.

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estratégica é a colocação de uma banca13 na V Feira de Artesanato, Gastronomia,

Indústria e Comércio de Taveiro, Ameal e Arzila (FAGIC) e exibir a “A Escola da

Realização”, levando isto à sua promoção bem como à angariação de fundos através

da venda de diferentes produtos.

Constrangimento 4: um dos constrangimentos possíveis para este projeto verifica-

se com o pouco interesse que o mesmo pode despoletar na população aqui referida

ou que esta não tome conhecimento sobre a ocorrência deste projeto na freguesia, no

entanto seguem-se as estratégias de superação para os mesmos.

Estratégia (s) para a superação/minimização - Constrangimento 4: tendo por

intuito divulgar o presente projeto bem como informar a população em estudo sobre

o mesmo, dever-se-á proceder a diversas estratégias de sensibilização em diversos

locais fulcrais na freguesia14 bem como sensibilizar a população circundante para

que a mesma veja a Educação de Adultos como uma mais-valia para a realização

dos diferentes indivíduos. Por forma a concretizar esta estratégia, ter-se-á de

recorrer ao principal parceiro deste projeto, a Junta de Freguesia, o principal motor

de confiança entre a população.

Constrangimento 5: este projeto pode estagnar no que à sua expansão diz respeito

e não conseguir abranger mais que uma pequena parte dos indivíduos no contexto de

intervenção, podendo isto levar ao fracasso da sua intervenção.

Estratégia (s) para a superação/minimização – Constrangimento 5: por forma a

contradizer estas assunções, perspetiva-se que o projeto possa vir a abranger as duas

outras freguesias, da União de Freguesias, Ameal e Arzila e pôr em prática o mesmo

projeto nas mesma, sendo que para tal dever-se-á proceder a um diagnóstico através

de dados estatísticos de modo a compreender a viabilidade do mesmo nestes

contextos. Para além disto, considerou-se a hipótese de contatar a Associação

Tempos Brilhantes e apresentar o projeto a esta entidade. Esta ação teria como

principal fundamento a expansão do projeto para diversos contextos, visto que esta é

uma associação com abrangência nacional e preconiza a educação para todos através

de “atividades enriquecedoras, individualmente e em comunidade, nas áreas

educativa, artística e saúde, para todas as faixas etárias, para todos os níveis

13 Vide Apêndice IV – Atividade X. 14 Vide Apêndice IV – Atividade I.

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educativos, sociais e culturais e em todo o mundo15”. Para além disto, esta aposta na

promoção de projetos socialmente inovadores que proporcionem a melhoria da

qualidade e do nível de vida das pessoas, numa prática empreendedora, de

desenvolvimento de competências e de conhecimentos, para além da educação

formal16”.

Constrangimento 6: um dos constrangimentos que poderão ameaçar este projeto

verifica-se com a sustentabilidade financeira do mesmo, uma vez que este pretende

ser não-lucrativo. No primeiro momento de arranque do mesmo, este terá o apoio

financeiro da União de Freguesias de Taveiro, Ameal e Arzila, no entanto, já foram

elaboradas alternativas para a sustentabilidade futura do mesmo.

Estratégia (s) para a superação/minimização – Constrangimento 6: por forma a

dar continuidade no tempo deste projeto, compreendeu-se a necessidade de criar

respostas para a sustentabilidade financeira futura do mesmo. Tais estratégias

encontram-se presentes nos pontos anteriores, como é exemplo da elaboração de um

livro por parte dos alunos e vendê-los, para além da fixação de uma banca na

FAGIC e também o estabelecimento de contato com a Associação Tempos

Brilhantes.

15 Vide website: http://atbrilhantes.pt/. Informação retirada da secção Missão da Associação Tempos

Brilhantes. Recuperado a 15 de janeiro 2017. 16 Vide website: http://atbrilhantes.pt/. Informação retirada da secção Missão da Associação Tempos

Brilhantes. Recuperado a 15 de janeiro 2017.

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CONCLUSÃO

Tal como explanado no presente documento, a Educação de Adultos é uma

subdivisão da Aprendizagem ao Longo da Vida, conforme as diretrizes de políticas no

domínio da Educação, direcionada para os indivíduos que não tiveram hipóteses de

estudar aquando a tempo de tal, quer por motivos contextuais ou pessoais,

preconizando-se através destas políticas educacionais, para além da aprendizagem

formal de conteúdos pré-estabelecidos, respostas às necessidades de coesão social bem

como promover o direito à educação para todos os cidadãos. Esta vertente educacional

permite a modelagem da identidade do cidadão e a sua significação perante a vida,

podendo mesmo erradicar taxas de analfabetismo e de iliteracia e, concomitantemente,

permitir a diminuição das taxas de pobreza e aumentar o desenvolvimento

socioeconómico.

Esta conceção estabelece-se como uma benesse para “um desenvolvimento humano

mais harmonioso, mais verdadeiro, assente em valores plurais de liberdade, democracia,

compreensão, justiça, solidariedade, paz […]” (Silvestre, 2003, p. 106), como já havia

sido referido. Porém, ao longo da pesquisa efetuada, foi possível compreender que

apesar da existência de diversas políticas públicas direcionadas à problemática da

Educação de Adultos, bem como a preocupação expressa por parte de organismos

europeus e mundiais, estas não são executadas na prática, existindo uma lacuna entre o

que está teorizado e o que é exercido.

Neste sentido, e apenas refletindo sobre a situação portuguesa, na demanda por

dados estatísticos e legislativos averiguou-se que, em pleno século XXI, continuam a

existir cerca de meio milhão de portugueses em situação de iliteracia ou analfabetismo,

sendo que a mesma denunciou a inexistência de respostas para os indivíduos que

permanecem nestas situações, apesar destas estarem consagradas em atos legislativos.

Tal facto foi possível de depreender decorrente da visita realizada à Direção Regional

de Educação do Centro, onde se compreendeu que as medidas colocadas em prática, e

que visavam a problemática da Educação de Adultos, haviam sido cessadas pelos

sucessivos governos, encontrando-se, na hodiernidade, a questão da educação dos

indivíduos adultos remetida aos Ministérios do Trabalho e da Solidariedade e da

Educação, através da Portaria nº 1100/2010, sem que, no entanto, haja uma resposta

física que promova a educação de adultos iletrados ou analfabetizados.

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A Portaria nº 1100/2010 tem como principal objetivo a elevação de qualificação da

população, nomeadamente dos ativos empregados e desempregados, sendo

preconizados cursos de educação e formação de adultos. Porém, os planificadores desta

portaria depararam-se com falhas nas competências básicas nos adultos, tendo sido,

posteriormente, criadas respostas para a obtenção de competências bem como

qualificações com o intuito de que estes, no futuro, pudessem ter acesso ou prosseguir

formações em percursos qualificantes. Esta solução por parte do Estado português

defende que seria possível através desta portaria contribuir para a integração social desta

população e, ao mesmo tempo, aumentar os seus níveis de empregabilidade. Contudo,

ao ponderar-se os fatores que motivaram a elaboração da Portaria nº 1100/2010, denota-

se a preocupação com a Educação do Adultos pela sua importância económica e

lucrativa, desvalorizando-se a pessoa e a sua realização pessoal. Tal perspetiva é tida

por Barros (2013, p.15) ao referir que em Portugal a educação neste domínio se pautua

pela “instrumentalização, resultado de uma abordagem utilitarista ou de um modelo

neoliberal na qual a educação é fator de produção, empregabilidade e competitividade

económica” Tal conceção é possível de se encontrar também nas recomendações da

OCDE, ao perspetivar a Educação de Adultos como uma força estabilizadora para a

lógica da procura da oferta, inerente ao mercado do trabalho, sendo que esta

responsabiliza o próprio indivíduo como o principal causador da sua integração

socioeconómica (Centeno, 2011 cit. in Barros, 2013). Isto leva a compreender a

Educação de adultos como um meio para a evolução das competências e

competitividade para o mercado de trabalho, não existindo uma preocupação real com a

realização do indivíduo, sendo isto visível nas palavras de Barros (2013) ao proferir que

se averigua “uma insistência nas questões de empregabilidade e qualificação no que

toca à operacionalização e concretização do princípio de Aprendizagem ao Longo da

Vida em Portugal, insistência que persiste na atualidade” (Barros, 2013, p. 30).

Tal consideração pode originar falhas na implementação das políticas dirigidas à

Educação de Adultos visto que estas não percecionam o problema da iliteracia e do

analfabetismo na sua multidimensionalidade, meditando apenas sobre os benefícios que

uma maior escolarização da população pode encaminhar para o Estado. Assim, torna-se

de extrema importância olhar os contextos e perceber os mesmos tendo em conta a

singularidade que cada um comporta, quer sejam os contextos ou os indivíduos,

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percebendo os mesmos como enredados complexos. Esta árdua ação deve ser

desenvolvida por profissionais que preconizem valores e princípios que tenham em

conta os indivíduos no seu todo, i.e., que os observem e percecionem enquanto seres

influenciados pelas multidimensionalidades e níveis de interação social. Tal tarefa

coaduna-se com os valores e princípios, como já aqui fora referido, do profissional de

Serviço Social, tendo este como principal enfoque o sujeito e as sociedades vigentes,

bem como os problemas que destas duas dimensões podem emergir.

O Assistente Social tem na sua profissionalidade ferramentas práticas e teóricas de

extrema relevância que lhe permitem enfatizar o Homem e os direitos que lhe estão

subjacentes, permitindo uma reivindicação aquando uma falha dos mesmos. Para além

disto, este profissional desperta nos sujeitos o sentido de responsabilidade para a

cidadania e participação, acarretando consigo ferramentas singulares e essenciais para

que os mesmos se sintam compreendidos da sua importância. O facto de este

profissional preconizar lógicas humanitaristas, permite que este compreenda os

indivíduos bem como os contextos de forma holística, sendo que para tal se suceda o

Assistente Social procede a diagnósticos sociais completos e complexos sobre os

mesmos, permitindo que este compreenda, para além dos problemas visíveis, o que está

na sua origem.

Tais valores e princípios foram tidos em conta para o presente projeto,

contemplando-se um diagnóstico situacional face ao problema da iliteracia e

analfabetismo, bem como as políticas de Educação de Adultos existentes para esta

problemática. Esta estratégia foi extremamente relevante para a elaboração do presente

projeto visto que permitiu a observação de um problema e a necessidade real sentida no

contexto de intervenção, tendo sido elaborado um plano de ação para a problemática e,

concomitantemente, retratadas lógicas de inovação social. Isto é, a partir da

contemplação de uma necessidade real sentida, no contexto de intervenção, tornou-se

possível gerar uma resposta inovadora para um problema real, enredando novas relações

e colaborações sociais no contexto, alcançando-se benefícios para os indivíduos.

Contudo, a elaboração deste projeto de intervenção social procura distanciar-se das

lógicas preconizadas pela OCDE e, em parte, da Portaria nº 1100/2010, aproximando-se

das perspetivas sugeridas pela UNESCO e pelo Conselho da Europa ao encararem a

Educação de Adultos de uma forma humanitarista, tendo-a como uma matéria

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fundamental para o bem-estar dos indivíduos e para a integração social. Esta conceção

da Educação de Adultos tem como principal objetivo a realização dos indivíduos, tendo

por intuito o melhoramento do bem-estar dos mesmos, sem descurar a realização ao

nível da cidadania e o empoderamento dos indivíduos como efeitos secundários que se

poderão atingir. Estes valores preconizados por estas duas representações mundiais

estão de acordo com o que os diversos autores defendem ao mencionarem que a

educação será o meio para a emancipação bem como a forma dos indivíduos se sentirem

socialmente incluídos. Para além disto, esta torna-se o motor para que os indivíduos

participem ativamente em atividades grupais assim como em questões de cidadania.

Ademais se refere que este projeto, apesar de se distanciar das preconizações da

Portaria nº 1100/2010 respeitantes à contemplação da educação de adultos numa ótica

económica e de empregabilidade, acaba por se guiar pela mesma no que concerne à

organização das aulas, carga horária e conteúdos. Este projeto comporta igualmente

consigo a importância da realização da cidadania dos indivíduos, isto é, para além da

realização pessoal que surge em primeiro plano, procurar-se-á ajudar estes indivíduos a

conquistar uma realização a nível de validação de competências e/ou de certificação de

estudos completos, tendo esta realização a nível de cidadania por base os requerimentos

desta mesma portaria aqui visada.

Com isto, compreende-se que diversos são os fatores que permitiram a elaboração

do projeto “A Escola da Realização”, para além das conclusões e resultados que se

puderam alcançar ao longo da realização do mesmo. Numa primeira fase, compreendeu-

se a importante tarefa que a Educação de Adultos tem para uma intervenção pessoal e

social, podendo esta ser um importante mecanismo para a emancipação por excelência,

para além de permitir aos indivíduos lidar com os desafios e complexidades da

contemporaneidade que os rodeia e que, por vezes, os excluí, consequência do frenesim

das sociedades. Porém, para que tal não suceda, e como se verificou ao longo deste

trabalho, revela-se a importância da profissão do Serviço Social, a qual proporciona

ferramentas práticas e teóricas que permitem a promoção e a defesa de direitos básicos

humanos, dando mais enfoque neste trabalho à promoção de lógicas de aprendizagem

em idade adulta e idosa bem como a salvaguarda deste direito para toda a população. No

entanto, para que tal ocorresse, procedeu-se à observação do contexto bem como das

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necessidades inerentes ao mesmo, por forma a culminar num projeto que obedecesse a

lógicas de inovação social.

As diferentes reflexões apresentadas desencadearam e, concomitantemente,

proporcionaram o corpo teórico para a elaboração do projeto “A Escola da Realização”,

tendo estas possibilitado a compreensão de diversos resultados esperados através da

concretização do mesmo. Primeiramente, expecta-se que um projeto desta natureza

possa provocar alterações nas taxas de iliteracia e de analfabetismo da população em

estudo, sendo que, para além disto, procura-se aumentar a inclusão social pela via

educacional, conceção esta que parece ser tida pela comunidade científica como algo

possível de se realizar. Os diferentes autores expostos no presente trabalho, bem como

as organizações mundiais, UNESCO ou ONU, referem que a Educação de Adultos pode

originar contextos menos diferenciadores, permitindo assim que todos os indivíduos se

sintam incluídos nas sociedades vigentes, refletindo-se isto na autonomia, na autoestima

e no bem-estar dos mesmos.

A par disto, para que o projeto acarretasse consigo viabilidade, para o contexto

definido, compreendeu-se a importância de realizar diversas diligências que

comportassem certezas quanto à sua executabilidade, o que culminou no contacto com

diversos parceiros que puderam garantir esta mesma execução, i.e., União de Freguesias

de Taveiro, Ameal e Arzila; União de Freguesias de Alcobaça e de Vestiaria;

Associações que visam a educação para todos (A.P.E.F.A e Associação o Direito de

Aprender); Professor Doutor Licínio Lima; Direção Regional de Educação do Centro

[DREC]; Agrupamento de Escolas Coimbra Oeste e Professor de Escola Primária.

Ao longo das diversas reflexões também é mencionado que a escolarização dos

indivíduos adultos e idosos pode originar o aumento do círculo das redes sociais que os

envolvem, sendo este um resultado também expectável para este projeto, visto que, para

além das aulas serem de cariz grupal, estão planeadas ações que visem a

intergeracionalidade entre a população local bem como o conhecimento de outros

indivíduos em situações idênticas de iliteracia e analfabetismo, encontrando-se estes em

aulas de Educação de Adultos. Outro dos aspetos desejáveis para este projeto prende-se

com a erradicação de estigmas associados à aprendizagem destes mesmos adultos,

sendo que para tal se procederá a ações de sensibilização da população. Estas ações

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terão por objetivo atingir tanto a população circundante bem como os indivíduos em

situação de aprendizagem, visto que os próprios acartam consigo estigmas enraizados.

Por fim, mas não de menor importância, crê-se que o projeto “A Escola da

Realização” poderá provocar um aumento da qualidade de vida e a participação dos

indivíduos em situação de iliteracia e analfabetismo, sendo isto preconizado, ao longo

deste trabalho, pelos diferentes autores mencionados. Acredita-se que a esfera

educacional poderá ser uma ferramenta básica para a participação cidadã na vida

coletiva, sendo que esta será fundamental para as questões de exclusão social que os

indivíduos experienciam.

Assim, conclui-se que este é um projeto organizado tendo em conta uma

necessidade real percecionada através da metodologia da observação não participante e,

posteriormente, pela análise de dados estatísticos que viriam a comprovar estas mesmas

observações realizadas, tendo em conta o contexto de intervenção, a vila de Taveiro.

Compreendeu-se de extrema relevância a elaboração de um projeto desta natureza, pois

estando a vila de Taveiro tão pouco distante da ilustre cidade do conhecimento, esta

ainda exibe dados alarmantes quanto às taxas iliteracia e analfabetismo, tornando-se

mais gritante a discrepância entre os níveis de conhecimento entre os contextos. Este

projeto, para além de todos os elementos que o comportam, preconiza os valores e

princípios da área científica do Serviço Social, tendo-se comprometido, desde o seu

início, olhar para os contextos e para os indivíduos, tal como já aqui foi referido, de uma

forma holística. Para além disto, apraz-se de extrema relevância referir que este projeto,

aquando a sua concretização prática, não se guiará por lógicas de imposição de ideias,

tal como defende Estivill (2003), compreendendo a não participação dos indivíduos

como uma forma de reivindicação perante alguma preconização do projeto.

Para terminar, importa ainda salientar a importância de se desenvolverem mais

estudos quanto às temáticas aqui apresentadas, e a concretização de um projeto a nível

nacional que comporte a realidade da problemática da iliteracia e analfabetismo dos

adultos e idosos. Porém, é necessário entender a elaboração de um projeto desta

natureza visando, primeiramente, a realização pessoal dos indivíduos e não a

económica/lucrativa que o mesmo pode originar no futuro.

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ANEXOS

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ANEXO A - Quadro comparativo de algumas características da Educação Formal,

Educação Não Formal e Educação Informal (Silvestre, 2003, p.54).

Educação Formal Educação Não Formal Educação Informal

Ensino Escolar tradicional Educação permanente «Escola da vida». Decurso

natural da vida

Divisão escolar em disciplinas Atividades interdisciplinares Assistemática (sem método,

sem critério, sem sistema)

Educação intencional Educação intencional Educação não intencional

Ensino mais teórico Ensino mais prático, com

manipulação do quotidiano

Aprendizagens a partir de

experiências de vida

Privilegia objetivos do saber Privilegia objetivos do saber

fazer

Privilegia objetivos do estar na

vida

Ação dirigida a outro (emissor

recetor)

Ação dirigida a outro e vice-

versa (E R)

Ações involuntárias

Presencial Por correspondência, meios

audiovisuais e mista

Ocasional

Igual para todos os

participantes

Responde às necessidades dos

participantes

Relações de amizade, de rua,

de classes sociais, grupos.

Fechada e rígida na progressão Aberta e flexível na

progressão

Progressão permanente e ao

longo da vida

Rígida na participação, no

tempo e no espaço

Flexível na participação, no

tempo e no espaço

Acontece de forma

permanente ao longo da vida e

em qualquer espaço e tempo.

Imposta e igual em todos os

espaços/contextos/grupos

Inserção e adequação aos

espaços/contextos/grupos

Espontânea.

Não respeita ritmos de

aprendizagem

Cada um avança ao seu ritmo Aprendizagens involuntárias.

Grupos homogéneos (acesso

rígido)

Grupos heterogéneos (acesso

ad hoc)

Qualquer grupo (sem acesso).

Formação inicial Formação permanente

contínua e complementar (pré-

escolar e extraescolar)

Formação permanente

contínua e complementar

(extraescolar).

Estática (alunos imóveis

sentados em cadeiras)

Dinâmica/móvel Dinâmica/móvel

Privilegia a avaliação

quantitativa

Privilegia a avaliação

qualitativa

Sem avaliação.

Certifica saberes Certifica saberes,

competências e práticas

Não certifica.

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ANEXO B – The Process of Social Innovation.

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ANEXO C - Cronograma da Evolução de Políticas de Educação de Adultos em

Portugal.

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ANEXO D – Regulamento de Funcionamento do Orçamento Participativo da Junta de

Freguesia.

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ANEXO E - Formulário específico para a candidatura ao Orçamento

Participativo

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APÊNDICES

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APÊNDICE I - Documento com as perguntas elaboradas para a Associação Direito de

Aprender. Elaborado pela Investigadora.

Projeto de Intervenção Social:

“A Escola da Realização”

Breve Síntese

Apesar dos diversos dados mostrarem a presença da problemática da iliteracia na

sociedade portuguesa, esta parece ter sido esquecida pelas entidades públicas e/ou

privadas. Assim, surge este projeto de intervenção social pensado especialmente para a

colmatação e prevenção de parte dessas taxas de analfabetismo nos adultos, tendo por

base a população residente na Vila de Taveiro, concelho de Coimbra.

O projeto de intervenção social considerado para a Vila de Taveiro, como já

referido, comporta a problemática do analfabetismo dos adultos e seniores,

considerando-se que, através deste projeto, os indivíduos com esta problemática

associada terão acesso à cultura e à aprendizagem, onde estes serão ativos e

participativos na sua mudança, podendo isto levar a um aumento da qualidade das suas

vidas aos mais variados níveis.

A atividade educativa é percebida como um recurso de identidade ao

desempenhar um papel primordial na configuração das dimensões cognoscitivas e

afetivas da personalidade do sujeito, aumentando o seu conceito de autoimagem, da

estima pessoal e da própria valorização (Martín, 2007). A intervenção no

envelhecimento e na adultez pela educação permitirá que os indivíduos aumentem os

níveis de auto-eficiência, melhorando a confiança destes nas suas habilidades e

autoconfiança para enfrentarem situações-problema da vida diária, sendo o

melhoramento da autoestima, do autoconceito e da emancipação destes indivíduos um

objetivo crucial para este projeto.

Para além destes factos, compreende-se que na base deste projeto se encontra a

criação ou a facilitação de papéis significativos aos indivíduos, sendo este um objetivo,

mais uma vez, fundamental. Os indivíduos idosos, por exemplo, após a reforma perdem

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111

a significação que têm perante a sociedade, sendo crucial o apoio da atividade

socioeducativa para a reconstrução da identidade social do sujeito.

Este último ponto irá desencadear o desenvolvimento ou potenciamento do

crescimento pessoal, aumentar a qualidade e a fruição da vida tendo como pano de

fundo a educação nestes indivíduos. Acredita-se que uma intervenção educativa nos

adultos desencadeia, consequentemente, a estimulação da curiosidade intelectual, a

atividade lúdica, o autoconhecimento e a consciência de si, o que leva à promoção do

sujeito, ajudando-o a dar significado e interesse vital a diferentes aspetos dos tempos

livres (Martín, 2007).

Assim, após a pequena reflexão acima apresentada sobre os benefícios da

educação para os adultos, compreende-se possível perceber os mais diversos objetivos

d’ “A Escola da Realização”. Desde o início da elaboração deste projeto que se supõe na

sua génese, como objetivo geral, o intuito de colmatar e prevenir as taxas de iliteracia

nos adultos e idosos de forma a reduzir estes mesmos números que continuam a persistir

no contexto de intervenção. No que diz respeito aos objetivos específicos, foi possível

identificar uma grande variedade dos mesmos, tornando “A Escola da Realização” num

projeto multidimensional e holístico quanto à problemática da iliteracia e aos seus

efeitos nefastos. Os diferentes objetivos específicos ponderados e elaborados para este

projeto tiveram na sua essência a coerência entre os múltiplos níveis do Ser Humano,

perspetivando-o de uma ótica biopsicossocial.

Assim, considera-se que através deste projeto de intervenção social se poderá

alcançar os seguintes feitos:

8. Criar ou facilitar papéis significativos nos adultos;

9. Desenvolver ou potenciar o crescimento pessoal, aumentar a qualidade e

a fruição da vida;

10. Emancipar os indivíduos;

11. Combater estigmas pré-definidos nas sociedades hodiernas;

12. Capacitar o adulto como um sujeito profícuo e habilitado;

13. Conceder qualidade de vida, sentimentos de pertença, inclusão e bem-

estar dos adultos;

14. Promover um Envelhecimento Ativo;

15. Prevenir declínios prematuros como consequência do envelhecimento;

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16. Aumentar as redes sociais dos idosos através do grupo;

17. Criar e estabelecer relações intergeracionais.

Entendendo-se os múltiplos objetivos deste projeto de intervenção social,

tornou-se de igualmente importante compreender a metodologia e as estratégias que

seriam adotadas para a execução do mesmo.

De modo a este projeto se tornar autêntico e estruturado, procedeu-se à procura

de dados que permitiriam o entendimento da situação-problema que se queria investigar.

Assim, a aluna procedeu à mais variada pesquisa estatística, bibliográfica e

investigativa. Esta metodologia tornou-se crucial pois permitiu perceber os dados

estatísticos, o estado da arte e, ainda, o que estava a ser realizado para a colmatação do

problema.

No que toca à prática deste projeto, primeiramente compreendeu-se a extrema

importância de encontrar parceiros dentro do próprio território que poderiam agilizar

tanto na divulgação como na aplicação do projeto. Assim, pensou-se que o melhor

parceiro para este projeto seria a União de Freguesias de Taveiro, Ameal e Arzila,

arquitetando-se uma breve exposição de ideias numa primeira instância e,

posteriormente, a realização de uma entrevista ao presidente da mesma.

Posteriormente, a diversa pesquisa descobriu a existência de dois projetos-

irmãos que continham também eles a problemática da alfabetização dos adultos e

seniores, um na Freguesia de São Miguel da Machede e outro na União de Freguesias

de Alcobaça e de Vestiaria. Após o envio de e-mails, conseguiu-se realizar uma

entrevista de cariz exploratório à presidente da União de Freguesias de Alcobaça e de

Vestiaria, onde se tentou perceber a viabilidade de um projeto desta natureza em

contexto real e como este havia sido aceite, ou não, pela população-alvo.

Seguidamente a isto, compreendeu-se a extrema importância de procurar

associações que dessem resposta ou que tivessem em conta esta problemática. Após

alguma pesquisa, a aluna esbarrou com a Associação Direito de Aprender e decidiu

contatar a mesma, de modo a que sejam respondidas algumas questões que poderão

ajudar na efetivação deste projeto de intervenção social.

Questões para a Associação Direito de Aprender

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1. Após a leitura da breve síntese do Projeto “A Escola da Realização,” acredita

que este projeto pode vir a ter viabilidade em contexto real?

2. Acredita que este tipo de projetos são uma mais-valia para a intervenção social?

3. Entre todos os efeitos que a alfabetização dos indivíduos pode possuir, quais

acha os mais importantes?

4. A Associação Direito de Aprender tem sobre sua alçada projetos de intervenção

social desta natureza?

5. Por fim, uma das questões que gostaria de colocar prende-se com a certificação

destes indivíduos. Como devo de proceder para que estas pessoas, no final da

sua aprendizagem, recebam um certificado emitido por alguém de direito

(Direção Geral do Ensino, por exemplo)?

P.S. – Por fim, resta-me agradecer imenso toda a disponibilidade que

mostraram para responder a algumas questões da minha parte. É uma honra

poder contar com o vosso apoio e ter-vos mencionados no meu trabalho.

Com os melhores cumprimentos,

Patrícia Mata.

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APÊNDICE II – Documento com as perguntas elaboradas para a Direção Regional de

Educação do Centro [DREC]. Elaborado pela Investigadora.

Projeto de Intervenção Social:

“A Escola da Realização”

Breve Síntese

A observação do meio contextual é um poderoso aliado para a descoberta de

inquietudes sociais, podendo esta fazer brotar nos investigadores questões que se

ponderavam colmatadas. No entanto, tal como é referido, estas inquietudes são apenas

considerações que se detêm e que bem observadas, se percebem como problemas

enraizados e de difícil combate.

A técnica da observação foi utilizada no contexto da Vila de Taveiro tendo como

principal objetivo a perceção das fragilidades e necessidades do meio, de modo a ser

criado um projeto de intervenção social que ajudasse no combate das mesmas. Através

deste método compreendeu-se que a temática do Analfabetismo ainda era uma questão

urgente, existindo perto de uma centena de pessoas com esta problemática associada

neste meio e meio milhão em todo o país (INE, 2011).

Foi através dos diferentes dados indagados pela investigadora que se cogitou um

projeto de intervenção social para a Vila de Taveiro, como já referido, que comportasse

a problemática do analfabetismo dos adultos e seniores, considerando-se que, através

deste projeto, os indivíduos com esta problemática associada teriam acesso à cultura e à

aprendizagem, onde estes seriam ativos e participativos na mudança.

A atividade educativa é percebida como um recurso de identidade ao

desempenhar um papel primordial na configuração das dimensões cognoscitivas e

afetivas da personalidade do sujeito, aumentando o seu conceito de autoimagem, da

estima pessoal e da própria valorização (Martín, 2007). A intervenção no

envelhecimento e na adultez pela educação permitirá que os indivíduos aumentem os

níveis de auto-eficiência, melhorando a confiança destes nas suas habilidades e

autoconfiança para enfrentarem situações-problema da vida diária, sendo o

melhoramento da autoestima, do autoconceito e da emancipação destes indivíduos um

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115

objetivo crucial para este projeto.

Para além destes factos, compreende-se que na base deste projeto se encontra a

criação ou a facilitação de papéis significativos aos indivíduos, sendo este um objetivo,

mais uma vez, fundamental. Os indivíduos idosos, por exemplo, após a reforma perdem

a significação que têm perante a sociedade, sendo crucial o apoio da atividade

socioeducativa para a reconstrução da identidade social do sujeito.

Este último ponto irá desencadear o desenvolvimento ou potenciamento do

crescimento pessoal, aumentar a qualidade e a fruição da vida tendo como pano de

fundo a educação nestes indivíduos. Acredita-se que uma intervenção educativa nos

adultos desencadeia, consequentemente, a estimulação da curiosidade intelectual, a

atividade lúdica, o autoconhecimento e a consciência de si, o que leva à promoção do

sujeito, ajudando-o a dar significado e interesse vital a diferentes aspetos dos tempos

livres (Martín, 2007).

Assim, após a pequena reflexão acima apresentada sobre os benefícios da

educação para os adultos, compreende-se possível perceber os mais diversos objetivos

d’ “A Escola da Realização”. Desde o início da elaboração deste projeto que se supõe na

sua génese, como objetivo geral, o intuito de colmatar e prevenir as taxas de iliteracia

nos adultos e idosos de forma a reduzir estes mesmos números que continuam a persistir

no contexto de intervenção. No que diz respeito aos objetivos específicos, foi possível

identificar uma grande variedade dos mesmos, tornando “A Escola da Realização” num

projeto multidimensional e holístico quanto à problemática da iliteracia e aos seus

efeitos nefastos. Os diferentes objetivos específicos ponderados e elaborados para este

projeto tiveram na sua essência a coerência entre os múltiplos níveis do Ser Humano,

perspetivando-o de uma ótica biopsicossocial.

Assim, considera-se que através deste projeto de intervenção social se poderá

alcançar os seguintes feitos:

18. Criar ou facilitar papéis significativos nos adultos;

19. Desenvolver ou potenciar o crescimento pessoal, aumentar a qualidade e

a fruição da vida;

20. Emancipar os indivíduos;

21. Combater estigmas pré-definidos nas sociedades hodiernas;

22. Capacitar o adulto como um sujeito profícuo e habilitado;

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116

23. Conceder qualidade de vida, sentimentos de pertença, inclusão e bem-

estar dos adultos;

24. Promover um Envelhecimento Ativo;

25. Prevenir declínios prematuros como consequência do envelhecimento;

26. Aumentar as redes sociais dos idosos através do grupo;

27. Criar e estabelecer relações intergeracionais.

Para além dos objetivos anteriormente expressos, compreende-se a importância

que o projeto vigente poderá trazer aos indivíduos a nível de resolução pessoal e de

cidadania. No entanto, é a questão da cidadania que apraz mais cuidados, visto que

associada à mesma colocam-se questões quanto à certificação destes indivíduos de

modo a que sejam considerados como sujeitos portadores de uma escolaridade

equivalente ao 1º ciclo. É a informação que ainda carece e merece cuidado por parte da

investigadora visto que lhe falta informação formal quanto a esta matéria.

Assim, após a breve síntese do projeto de intervenção social, compreende-se a

necessidade de colocar a questão que tem vindo a inquietar a aluna/investigadora até à

data:

Como devo de proceder para que estes indivíduos, no final da sua

aprendizagem, recebam um certificado emitido por alguém de direito

(Direção Geral do Educação) e sejam considerados como indivíduos com

escolaridade de nível de 1º Ciclo?

Com os melhores cumprimentos,

Patrícia Mata.

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APÊNDICE III - Atividades realizadas para a sustentabilidade do projeto “A Escola da Realização” e seus objetivos.

Fase Atividade Objetivo

Fase

de

Diagnóstico

Atividade I:

Observação do contexto

Atividade realizada com o intuito de perceber o contexto de intervenção e as necessidades reais

que existiam no mesmo. Através desta técnica tornou-se possível o estabelecimento de

prioridades das necessidades vigentes.

Fase

de

Diagnóstico

Atividade II:

Realização de pesquisa

bibliográfica e documental

Compreensão do estado da arte bem como a situação estatística e legislatória da problemática

em análise. Esta atividade permitiu a recolha de dados fulcrais para a organização e realização

do trabalho, dando-lhe sustentabilidade teórica.

Fase

de

Diagnóstico

Atividade III:

Realização de entrevista

Presidente Jorge Mendes

(União de Freguesias de

Taveiro, Ameal e Arzila)

Entrevista de cariz exploratório concretizada com o propósito de compreender a viabilidade real

a nível contextual. Isto é, a abordagem exposta permitiu perceber a abertura da entidade, a

União de Freguesia de Taveiro, Ameal e Arzila, ao projeto de intervenção social d’ “A Escola

da Realização”.

Através desta atividade conquistou-se cedência de espaço físico bem como apoio financeiro

para a realização do mesmo.

Fase

de

Diagnóstico

Atividade IV:

Realização de entrevista

Presidente Isabel Fonseca

(União de Freguesias de

Alcobaça e Vestiaria)

Entrevista de cariz exploratório realizada com o intuito de uma maior compreensão quanto à

implementação real de um projeto de intervenção social com a problemática da analfabetização

de adultos e idosos associada.

Obtenção de informações quanto a recursos humanos, materiais e financeiros.

Fase

de

Diagnóstico

Atividade V:

Estabelecimento de Contato

Professor Doutor Licínio Lima

Contato de cariz informal, via correio eletrónico, com o intuito de recolher informações quanto

à viabilidade e pertinência do tema da analfabetização de adultos e idosos. Este contato

possibilitou o conhecimento de outros nomes sonantes no que à Educação de Adultos diz

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118

respeito, referenciados pelo Professor Doutor Licínio Lima.

Fase

de

Diagnóstico

Atividade VI

Estabelecimento de contato

Associações

Contato de cariz informal, via correio eletrónico, com o fim de estabelecer contato privilegiado

com as associações A.P.E.F.A e Associação Direito a Aprender bem como compreender o

apoio destas ao projeto de intervenção social “A Escola da Realização”.

Fase

de

Diagnóstico

Atividade VII:

Estabelecimento de contato

DREC – Direção Regional de

Educação do Centro

Abordagem de cariz informal realizada com a intenção de esclarecimento quanto à certificação,

por parte da Direção Geral de Ensino, dos futuros alunos. Atividade concretizada numa ótica de

realização de cidadania, para além da pessoal.

Fase

de

Diagnóstico

Atividade VIII:

Entrevista com Dr. ª Teresa

Dias Silva (DREC)

Abordagem de cariz formal com intuito de compreender as modalidades de possível certificação

dos futuros alunos bem como os passos a dar para que tal certificação seja uma realidade para o

presente projeto.

Fase

de

Diagnóstico

Atividade IX:

Contatado o Agrupamento de

Escolas Coimbra Oeste

Envio de e-mail de forma a marcar uma reunião formal para explanação do projeto “A Escola

da Realização” bem como a procura de apoio para a execução e certificação dos futuros alunos.

Fase

de

Diagnóstico

Atividade X:

Estabelecimento de contato

Professora de Ensino Básico

Contato realizado pelo Presidente da União de Freguesias de Taveiro, Ameal e Arzila, de onde

se conseguiu uma resposta positiva da professora, tendo-se garantido uma profissional para a

lecionar as aulas para os adultos e idosos.

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119

Fase

de

Diagnóstico

Atividade XI:

Preenchimento de Formulário

Preenchimento de formulário específico para o Orçamento Participativo 201717 da União de

Freguesias de Taveiro, Ameal e Arzila, com o intuito de angariação de verbas financeira para

garantir a implementação do projeto “A Escola da Realização”.

Figura 1 – Atividades realizadas para a sustentabilidade do projeto “A Escola da

Realização” e seus objetivos. Elaborado pela Investigadora.

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APÊNDICE IV – Cronograma de Atividades a realizar no projeto “A Escola da Realização” e seus objetivos

Fase Atividades Objetivos Tarefas

Fase

Aplicação-

execução

Atividade I:

Sensibilização da

população

(Mês: Junho a Agosto)

- Diálogo com os alunos da Escola Básica de Taveiro e Escola EB 2+3 de Taveiro;

- Diálogo com idosos do Centro de Dia do Centro Social e Paroquial de Taveiro;

- Sensibilização de médicos do Centro de Saúde de Taveiro – Extensão de São Martinho;

- Sensibilização junto ao Núcleo Local de Inserção da Câmara Municipal de Coimbra;

- Sensibilização da Assistente Social responsável pelo contexto de intervenção;

- Elaboração de cartazes e colocação dos mesmos em locais estratégicos (Junta de

freguesia, cafés e centro de saúde);

- Colocação de aviso do início do projeto “A Escola da Realização” no website da União de

Freguesias de Taveiro, Ameal e Arzila.

- Elaboração de uma recolha de materiais escolares em locais estratégicos (Junta de

freguesia, cafés e centro de saúde).

- Ações de

sensibilização;

- Elaboração de flyers e

cartazes;

- Envio de cartas

informativas sobre o

projeto de forma a

articular com outras

instituições.

Fase

Aplicação-

execução

Atividade II:

Abertura de Inscrições

(Mês: Agosto)

- Realização de inscrições junto a funcionário da União de Freguesias de Taveiro, Ameal e

Arzila.

- Elaboração de fichas

de inscrição do projeto

Fase

Aplicação-

execução

Atividade III:

Início oficial das Aulas de

Alfabetização

(Mês: Setembro)

- Início das aulas no mês de Setembro coincidindo este início com o do ensino regular;

- Apresentação, pelo executor do projeto, do projeto, os seus objetivos bem como a equipa

que fará parte deste.

- Apresentar o projeto e

as modalidades do

mesmo.

Fase

Aplicação-

execução

Atividade IV:

Reuniões periódicas com

os adultos e idosos

- No decorrer das aulas prevê-se que o executor do projeto mantenha contato permanente

com os alunos, existindo assim uma preocupação com a evolução dos alunos bem como a

satisfação dos mesmos.

- Encontros com os

alunos e professor.

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(Mês: Setembro a

Junho)

Fase

Aplicação-

execução

Atividade V:

Estabelecimento de

contato com projetos da

mesma natureza

(Mês: Fevereiro a

Junho)

- Tentativa de correspondência entre os alunos do projeto “A Escola da Realização” com os

alunos dos projeto irmão visado na fase de diagnóstico (União de Freguesias de Alcobaça e

Vestiaria) numa ótica de aumento de relações sociais e de colmatação de dificuldades

sentidas ao longo da aprendizagem.

- Contatar via

eletrónica ou telefónica

sobre a possibilidade

de intercâmbio;

Fase

Aplicação-

execução

Atividade VI:

Atividades lúdicas

(Mês: Março a Junho)

- Elaboração de um livro com o que o cada aluno queira oferecer ao mesmo, por exemplo

receitas, dicas de agricultura, entre outros. Esta atividade tem como lógica a sensibilização

da riqueza cultural que cada um transporta, sejam conhecimentos a nível de culinária ou de

agricultura, etc. Este livro poderá a vir ser reproduzido e vendido com o intuito de angariar

fundos para o projeto “A Escola da Realização”;

- Visita dos alunos do presente projeto às escolas existentes na freguesia tendo por intuito a

interação com as crianças e jovens e sensibilizá-los para o direito da Educação bem como

para a sua importância.

- Realização de

sondagens quanto ao

que cada um poderá

oferecer para o livro;

- Estabelecimento de

contato com as

diferentes escolas.

Fase

Aplicação-

execução

Atividade VII:

Atividades

Intergeracionais

(Mês: Abril /Maio)

- Realização de atividades entre gerações com intuito de estabelecer dinâmicas e troca de

aprendizagens entre estas (Jogos – Jogos Tradicionais vs. Computadores; Tarefas –

Agricultura vs. Telemóveis, entre outros), bem como a sensibilização para a importância da

Educação.

- Sensibilização da

população juvenil para

a mútua troca de

aprendizagens;

- Estabelecer contato

com as escolas do

contexto para a

realização destas

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122

atividades.

Fase

Aplicação-

execução

Atividade VIII:

Visitas de Estudo

(Mês: Abril ou Maio)

- É objetivo do projeto “A Escola da Realização” criar situações de visitas de estudo em

moldes de Intercâmbio. Isto é, acredita-se na possibilidade os alunos explorarem a cidades

de Alcobaça, e vice-versa, sendo os alunos os próprios guias das suas cidades e/ou Vilas.

-Contatar a Câmara

Municipal de Coimbra

para que esta ceda

transporte ou procura

por empresas que

respondam a esta

necessidade;

- Realizar itinerário;

Fase

Aplicação-

execução

Atividade IX:

Avaliação do Projeto

(Mês: Junho)

- Realização da avaliação do projeto através da apreciação de:

1. Adultos e Idosos; Técnicos envolvidos; Presidente da União de Freguesias;

população de Taveiro, entre outros

-Realização de um vídeo de sensibilização com vista a promoção do projeto “A Escola da

Realização”, tendo por base as conceções dos adultos e idosos, bem como a elaboração de

cartazes com frases ditas pelos mesmos.

- Elaboração de

avaliação interior e

exterior ao projeto;

- Criação de um guião

Fase

de

Aplicação-

execução

Atividade X:

Angariação de fundos

monetários

(Mês: Setembro)

- No mês de Setembro realizar-se-á a V Feira de Artesanato, Gastronomia, Indústria e

Comércio de Taveiro, Ameal e Arzila (FAGIC) e mostra-se pertinente a colocação do

presente projeto numa das tasquinhas, levando isto à sua promoção bem como à angariação

de fundos através da venda de diferentes produtos (bolos – podendo estes ser confecionados

pelos alunos; venda de rifas; venda do livro realizado pelos alunos e, para além disto,

recolha de donativos, sejam estes materiais ou financeiros).

- Pedido de espaço ao

presidente Jorge

Mendes;

- Elaboração de

diferentes produtos

juntamente com os

alunos.

Fase Atividade XI: - De forma a expandir o projeto “A Escola da Realização”, prevê-se o estabelecimento de - Estabelecimento de

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123

de

Aplicação-

execução

Expansão do Projeto “A

Escola da Realização”

contacto com a Associação Tempos Livres que preconiza a Educação para todos e procura

projetos socialmente inovadores para todas as faixas etárias. Através desta atividade

procura-se dar sustentabilidade futura ao projeto, tanto a nível financeiro como social. Esta

parceria iria tornar possível a cooperação de esforços para que a problemática do

analfabetismo fosse colmatada e obtivesse uma resposta. Esta parceria seria um ato para a

realização dos indivíduos numa esfera mais alargada.

contanto com a

Associação Tempos

Brilhantes.

Figura 3- Cronograma de Atividades a realizar no projeto “A Escola da Realização” e seus objetivos. Elaborado pela Investigadora.

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APÊNDICE V - Discriminação dos materiais escolares e referidos custos

Nota: O orçamento dos materiais escolares está delineado para uma turma de 30

indivíduos, sendo que é de extrema importância existir equidade na distribuição dos

materiais, seguindo-se assim lógicas de imparcialidade.

Figura 5 - Discriminação dos materiais escolares e referidos custos. Elaborado pela Investigadora.

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APÊNDICE VI - Discriminação das aulas e o custeamento das mesmas

Do orçamento base cedido pela União de Freguesias de Taveiro, Ameal e

Arzila, os 3000 €, prevê-se que perto de 530€ serão para encargos de material escolar

bem como para material que possa garantir a funcionalidade do projeto na sua prática

letiva. Após este gasto sobram, do orçamento original, 2470 €, sendo que desta quantia,

apraz-se relevante garantir 470€ para despesas que possam surgir ou para as atividades

que estão mencionadas na Figura 5 do Apêndice IV. Posto isto, sobra 2000€ ao projeto

para a sua sustentabilidade financeira, sendo este montante extremamente necessário

para a garantia do pagamento, mesmo que significativo, ao Professor de Ensino Básico.

Posto isto, seguem-se três possibilidades de montantes a ser pagos por cada aula,

tendo como diferenciação a duração das mesmas. No entanto, dever-se-á referir que o

pagamento ainda deverá ser discutido com o profissional em consideração, assim como

a duração das aulas.

Assim, considerando-se que as aulas serão realizadas três vezes por semana, com uma

duração de duas horas, perspetiva-se que o Professor de Educação Básica terá como

rendimentos:

Caso 1) 79,8€ por semana;

Caso 2) 60€ por semana;

Casos 3) 48 € por semana;

Caso 4) 40 € por semana.

Duração das aulas do

Projeto:

Preço por aula:

1) 150 Horas 13,3€/h

2) 200 Horas 10€/h

3) 250 Horas 8€/h

4) 300 Horas 6,7€/hora

Figura 6 – Preços por aulas consoante o orçamento disponibilizado. Elaborado pela

Investigadora

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APÊNDICE VII – Indicadores de Avaliação do projeto “A Escola da Realização”

Atividades Indicadores Instrumentos de Avaliação Intervenientes Periocidade

-Criação de espaço para

as aulas de Educação de

Adultos e Idosos;

-Sensibilização da

população;

-Reuniões periódicas

com os adultos e idosos;

-Estabelecimento de

contato com projetos da

mesma natureza;

-Atividades lúdicas;

-Atividades

intergeracionais;

-Visitas de Estudo;

-Angariação de fundos

monetários.

- Cumprimento de prazos

estabelecidos e de

objetivos, satisfação dos

intervenientes;

- Número [nº] de

beneficiários, nº de

inscrições, nº de atividades;

- Nº de encaminhamentos,

taxas de participação

- Relatórios de equipa, de

acompanhamento, atas de reunião

com o professor responsável pela

lecionação das aulas, registos do

professor, relatórios com a equipa

técnica, i.e., Presidente da União de

Freguesias de Taveiro, Ameal e

Arzila, Professor e Coordenador do

projeto.

- Realização da metodologia focus

group, relatórios técnicos da equipa

coordenadora do projeto, atas de

reunião com o conselho executivo da

União de Freguesias (entidade

promotora) .

- Fichas de assiduidade, relatórios

dos técnicos.

- Inquéritos.

Quem é avaliado Quem avalia

- Entidade - Equipa técnica do

Promotora; projeto;

- Equipa técnica: - Indivíduos;

Técnicos, - Parceiros;

- Entidades - Técnicos;

parceiras; - População.

- Indivíduos.

Mensal

Trimestral

Anual

Figura 7 – Indicadores de Avaliação do projeto “A Escola da Realização”. Elaborado pela Investigadora.

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APÊNDICE VIII – Análise SWOT do projeto “A Escola da Realização”

Características Internas

P

O

N

T

O

S

P

O

S

I

T

I

V

O

S

Forças

- Necessidade real sentida do contexto;

- Conhecimento do contexto de intervenção;

- Viabilidade real realizada junto de diversas entidades;

- Realização dos indivíduos a nível pessoal e de cidadania;

- Envolvimento de toda a rede local (angariação de bens materiais

bem como divulgação através dos mesmos);

- Gratuitidade de aulas e bens escolares;

Fraquezas

- Dados desatualizados face ao real;

- Objetivos inadequados à realidade das aprendizagens dos futuros

alunos;

- Inadequação das relações intergeracionais;

- Espaço físico insuficiente para albergar os alunos

P

O

N

T

O

S

N

E

G

A

T

I

V

O

S

Oportunidades

- Financiamento garantido pela União de Freguesias de Taveiro,

Ameal e Arzila;

- Envolvimento de parceiros-chave no contexto de intervenção (Junta

de Freguesia e Centro de Saúde de Taveiro - Extensão de São

Martinho do Bispo)

- Quebra de pré-conceitos quanto à aprendizagem dos indivíduos

mais velhos

Ameaças

- Constrangimentos burocráticos quanto à articulação com o

Agrupamento de Escolas de Coimbra Oeste;

- Diminuta adesão devido aos estigmas associados;

- Indisponibilidade das escolas para a receção dos alunos do presente

projeto;

- Dificuldade no estabelecimento de relação entre os projetos da União de

Freguesias de Taveiro, Ameal e Arzila e da União de Freguesias de

Alcobaça e de Vestiaria.

Características Externas

Figura 8 – Análise SWOT do Projeto “A Escola da Realização” Elaborado pela Investigadora tendo por modelo a Ilustração 2.

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APÊNDICE IX - Cruzamento de quadrantes da análise SWOT do projeto “A Escola da Realização”

Cruzamento de Quadrantes

Pontos Cruzados

Detalhes

Forças x Oportunidades

(Estratégia

ofensiva/desenvolvimento)

Envolvimento de toda a rede local x

Envolvimento de parceiros-chave no

contexto de intervenção

Criam-se condições para que toda a rede local seja ativa no projeto

sendo que este envolvimento pode colocar mais segurança no que

à divulgação do projeto diz respeito bem como garantir a obtenção

de recursos materiais (material escolar).

Forças x Ameaças

(Estratégia de Confronto)

Realização dos indivíduos a nível

pessoal e de cidadania x

Constrangimentos burocráticos quanto à

articulação com o Agrupamento de

Escolas de Coimbra Oeste

O facto de existirem constrangimentos quanto à articulação com o

Agrupamento de Escolas de Coimbra Oeste pode implicar

complicações na certificação das competências dos alunos e do 1º

ciclo de estudos, no entanto, a autoproposta por exame garante a

certificação destes indivíduos, podendo este ser o caminho a

seguir. Para além disto, poder-se-á encontrar outros parceiros,

devidamente certificados, que possam validar as competências

básicas que os alunos vão conquistando ao longo da formação.

Fraquezas x Oportunidades

(Estratégia de Reforço)

Espaço físico insuficiente para albergar

os alunos x Financiamento garantido

pela União de Freguesias de Taveiro,

Ameal e Arzila

O espaço físico foi garantido pela União de Freguesias, no entanto

este pode, ao longo do tempo, tornar-se inadequado face ao

número de alunos. O financiamento do projeto pode servir para

encontrar novos espaços físicos dentro da própria União de

Freguesias.

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Fraquezas x Ameaças

(Estratégia Defensiva)

Inadequação das relações

intergeracionais x Indisponibilidade das

escolas para a receção dos alunos do

presente projeto

Se subsistirem constrangimentos no projeto quanto à

intergeracionalidade e se as atividades planeadas fracassarem,

estas terão um cariz de abertura à comunidade juvenil dentro do

próprio espaço de aulas da “A Escola da Realização”, não havendo

perturbações das escolas da freguesia.

Figura 9 – Cruzamento de Quadrantes da análise SWOT.

Fonte: Guia rápido: Análise SWOT, s.d, p. 17. Elaborado pela Investigadora.

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APÊNDICE X - Cronograma de Atividades para a Elaboração do projeto “A Escola da

Realização

Mês

Atividade Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev

Mar

Observação não participante

Pesquisa bibliográfica

Leitura e Análise da

pesquisa

Síntese e Resumo da

pesquisa recolhida

Pesquisa documental

Entrevistas de cariz

exploratório (Autarcas,

Instituições, Professores de

Escola Primária, DREC)

Leitura e Análise da

pesquisa

Síntese e Resumo da

pesquisa recolhida

Redação do enquadramento

teórico

Conclusão

Revisão e Estruturação do

Trabalho de Projeto

Realização da apresentação

em suporte informático

Preparação da defesa do

Estágio

Figura 10- Cronograma de Atividades para a Elaboração do projeto “A Escola da Realização.

Elaborado pela Investigadora.