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Avaliação de Impacto Ambiental do Projeto de Construção e Operação de uma Central Solar Fotovoltaica de 30 MW no Distrito de Cuamba, Moçambique Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito & Termos de Referência Junho de 2018 www.erm.com

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Avaliação de Impacto Ambiental do Projeto de Construção e Operação de uma Central Solar Fotovoltaica de 30 MW no Distrito de Cuamba, Moçambique

Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito & Termos de Referência Junho de 2018

www.erm.com

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CONTEÚDOS

1 INTRODUÇÃO 5

1.1 ANTECEDENTES DO PROJECTO 5

1.2 JUSTIFICAÇÃO DO PROJECTO 5

1.3 OBJECTIVO DO RELATÓRIO DE EPDA 6

1.4 IDENTIFICAÇÃO E ENDEREÇO DO PROPONENTE E DO CONSULTOR AMBIENTAL 6

1.4.1 O Proponente 6

1.4.2 O Consultor Ambiental 7

2 QUADRO LEGAL E INSTITUCIONAL 8

2.1 PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES LIGADAS 8

2.2 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL 8

2.2.1 A Constituição de Moçambique 8

2.2.2 A Lei do Ambiente 8

2.2.3 Regulamentos Aplicáveis ao Processo de Avaliação de Impacto Ambiental 9

2.2.4 Directiva Geral para a Elaboração de Estudos de Impacto Ambiental 10

2.2.5 Directiva Geral para o Processo de Participação pública no Processo de Avaliação do Impacto Ambiental 10

2.3 OUTROS DISPOSITIVOS LEGAIS APLICÁVEIS À ACTIVIDADE 10

2.3.1 Gestão de Resíduos 10

2.3.2 Emissões Atmosféricas e Qualidade do Ar 11

2.3.3 Lei de Terras 11

2.4 LEGISLAÇÃO DE ENERGIA 12

3 PROCESSO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL E SOCIAL 13

3.1 DIAGRAMA DO PROCESSO DE AIA 13

3.2 PRÉ-AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE AIA (INSTRUÇÃO DO PROCESSO) 14

3.3 ESTUDO DE PRÉ-VIABILIDADE AMBIENTAL E DEFINIÇÃO DO ÂMBITO (DEFINIÇÃO

DO ÂMBITO) 15

3.4 PROCESSO DE PARTICIPAÇÃO PÚBLICA 16

3.5 ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL 16

3.5.1 Estudos Especializados (Recolha de Dados de Base) 16

3.5.2 Estudo de Impacto Ambiental 17

3.5.3 Plano de Gestão Ambiental 17

3.5.4 Revisão e Autorização pelas Autoridades 18

4 DESCRIÇÃO DO PROJECTO 19

4.1 LOCALIZAÇÃO DO PROJECTO 19

4.2 DESCRIÇÃO DO PROJECTO 21

4.2.1 Fase de Construção 21

4.2.2 Fase de Operação 22

4.2.3 Fase de Encerramento 22

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4.3 MÃO-DE-OBRA 23

4.4 NECESSIDADES DE ÁGUA 23

4.5 GERAÇÃO DE RESÍDUOS 23

5 DESCRIÇÃO PRELIMINAR DA SITUAÇÃO AMBIENTAL DE REFERÊNCIA DO PROJECTO 24

5.1 ÁREAS DE INFLUÊNCIA DIRECTA E INDIRECTA 24

5.2 AMBIENTE FÍSICO 26

5.2.1 O Clima 26

5.2.2 Qualidade do Ar 29

5.2.3 Ruido 29

5.2.4 Geologia, Geomorfologia e Solos 30

5.2.5 Recursos Hídricos 30

5.2.6 Flora 31

5.2.7 Fauna 31

5.3 AMBIENTE SOCIOECONÓMICO 32

5.3.1 Divisão Administrativa do Distrito de Cuamba 32

5.3.2 Demografia 32

5.3.3 Densidade Populacional 32

5.3.4 Habitação e Condições de Vida 33

5.3.5 Actividades Económicas 33

5.3.6 Saúde e Educação 33

5.3.7 Infra-estruturas de Água e Saneamento 34

5.3.8 Património Cultural e Arqueologia 34

5.3.9 Padrões de Uso 35

6 POTENCIAIS IMPACTOS DO PROJECTO E ANALISE DE QUESTÕES FATAIS 36

6.1 ANÁLISE DAS QUESTÕES FATAIS 36

6.2 ACÇÕES POTENCIALMENTE CAUSADORAS DE IMPACTOS AMBIENTAIS E SOCIAIS 36

6.3 POTENCIAIS IMPACTOS BIOFÍSICOS 37

6.3.1 Geração de Ruido e vibrações 37

6.3.2 Poluição Atmosférica 37

6.3.3 Alteração da Paisagem 38

6.3.4 Geração de águas residuais 38

6.3.5 Geração de resíduos 39

6.3.6 Erosão dos Solos 39

6.3.7 Poluição dos Solos 39

6.3.8 Águas Superficiais 39

6.4 PRINCIPAIS IMPACTOS SOCIOECONÓMICOS E DE SEGURANÇA OPERACIONAL 40

6.4.1 Geração de Postos de Trabalho (Impacto positivo) 40

6.4.2 Património Cultural 40

6.4.3 Aspectos de Segurança Operacional 40

7 TERMOS DE REFERÊNCIA PARA O EIA 41

7.1 OBJECTIVOS E ÂMBITO DOS TERMOS DE REFERÊNCIA 41

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7.2 COMPONENTES AMBIENTAIS DO EIA 41

7.3 METODOLOGIA DE IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DE IMPACTOS 42

7.3.1 Componentes Ambientais do EIA 42

7.3.2 Identificação e Avaliação de Impactos 42

7.3.3 Definição da Natureza do Potencial Impacto 42

7.3.4 Classificação do Potencial Impacto 43

7.3.5 Determinação da Significância de um Impacto 44

7.4 AVALIAÇÃO DE IMPACTOS SOBRE OS PRINCIPAIS COMPONENTES AMBIENTAIS E

SOCIOECONÓMICOS 45

7.4.1 Clima 45

7.4.2 Geologia e Geomorfologia 45

7.4.3 Qualidade do Ar 46

7.4.4 Ruído e vibrações 46

7.4.5 Recursos Hídricos 46

7.4.6 Aspectos Biológicos 47

7.4.7 Aspectos Socioeconómicos 47

7.5 O PROCESSO DE PARTICIPAÇÃO PÚBLICA 47

7.5.1 Publicação do relatório de EIA 48

7.5.2 Reuniões Públicas para a Apresentação do Relatório de EIA 48

7.5.3 Lista de Comentários e Perguntas 48

7.5.4 Relatório das Reuniões 48

8 CONCLUSÃO 49

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 50

ANEXO I - Relatório de Pré-avaliação Ambiental

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1 INTRODUÇÃO

1.1 ANTECEDENTES DO PROJECTO

A Niassa Energia Solar, Lda. empresa do ramo de energia pretende desenvolver uma central solar fotovoltaica a localizar-se a 3 km a Oeste da Cidade Cuamba, na Província de Niassa. A referida central será construída de raiz, numa área de 152.81 hectares e terá capacidade instalada de 30 MWAC. A central solar será desenvolvida para operar durante 25 anos em condições normais de funcionamento sem a ocorrência de danos críticos e ou necessidade de reabilitações consideráveis. Para a operação desta central é necessária a obtenção de uma Licença Ambiental e para o efeito, a Niassa Energia Solar contratou a Environmental

Resources Management (ERM) para realizar a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) do Projecto. Para a sua operacionalização, o Projecto irá necessitar de uma Licença Ambiental outorgada pelo Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural (MITADER), em conformidade com o Regulamento sobre o Processo de Avaliação do Impacto Ambiental (Decreto Nº. 54/2015) Assim, a ERM elaborou e submeteu à Direcção Provincial da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural (DPTADER) de Niassa, a 27 de Abril de 2018, a respectiva Instrução do Processo (I.P) para o registo e categorização da actividade supracitada. Após a pré-avaliação da I.P, a DPTADER classificou o projecto como sendo de Categoria A (Anexo I – Relatório de Pré-avaliação Ambiental, emitido aos 21 de Maio de 2018) sendo, para o efeito, necessária a elaboração de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA). Em consequência, a DPTADER recomendou a elaboração do Estudo de Pré-viabilidade Ambiental e de Definição de Âmbito (EPDA) e os respectivos Termos de Referência (TdR), que deverão ser posteriormente remetidos a esta autoridade ambiental para análise e aprovação. O Projecto da Niassa Energia Solar foi registado ao abrigo do Decreto Nº. 54/2015 e será conduzido em conformidade com os requisitos contidos nesta legislação. Este documento apresenta o Estudo de Pré-viabilidade Ambiental e de Definição de Âmbito (EPDA) e os respectivos Termos de Referência (TdR).

1.2 JUSTIFICAÇÃO DO PROJECTO

No contexto da análise de oportunidades de expansão em território nacional, a Niassa Energia Solar, Lda. efectuou uma pesquisa de potencial solar e necessidades energéticas tendo, em conjunto com o Ministério de Recursos Minerais e Energia, e a Electricidade de Moçambique, identificado uma

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significativa necessidade de energia eléctrica na zona Norte de Moçambique. Neste âmbito, o presente Projecto surge como resposta a esta crescente demanda de energia eléctrica neste ponto geográfico. Espera-se que com a existência de uma central solar, no Norte do País se incremente de forma substancial a disponibilidade de energia eléctrica na rede que cobre esta região do País e, consequentemente, se contribua para o desenvolvimento socioeconómico da região.

1.3 OBJECTIVO DO RELATÓRIO DE EPDA

O presente documento constitui o relatório de EPDA, elaborado no âmbito de um processo de AIA, indispensável para o licenciamento ambiental do projecto de construção e operação de uma central solar fotovoltaica no Distrito de Cuamba. O desenvolvimento e o conteúdo deste relatório de EPDA obedecem às determinações legais para uma actividade incluída na Categoria A. Os seus principais objectivos centram-se nos seguintes aspectos:

Determinação preliminar da possível existência de questões fatais de ordem ambiental e/ou social que possam determinar a suspensão da implementação do Projecto;

Identificação dos aspectos biofísicos e sociais que possam influenciar o desenho do Projecto;

Determinação, de forma preliminar, dos principais impactos ambientais e sociais do Projecto, bem como as principais questões a serem aprofundadas na fase do EIA; e

Apresentação de uma proposta de Termos de Referência (TdR) para o EIA, incluindo os referentes aos estudos especializados a serem realizados durante esta fase, caso se verifique a sua necessidade.

1.4 IDENTIFICAÇÃO E ENDEREÇO DO PROPONENTE E DO CONSULTOR AMBIENTAL

1.4.1 O Proponente

O proponente do presente Projecto é a Niassa Energia Solar, Lda. Os detalhes referentes ao endereço são abaixo apresentados:

Niassa Energia Solar, Lda

Endereço: Av Paulo Samuel Kankomba, n°760, R/C, Sommerschield Tel: 210 85 137Cidade de Maputo.

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1.4.2 O Consultor Ambiental

A ERM é uma empresa global de consultoria ambiental com mais de 5 000 especialistas em mais de 160 escritórios distribuídos por 40 países. A ERM é uma das maiores empresas de consultoria totalmente focada em sustentabilidade na região. Consoante os requisitos do Decreto Nº. 54/2015, a ERM está registada no Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural (MITADER) para elaborar estudos de impacto ambiental, bem como auditorias ambientais. Os dados de contacto do escritório da ERM em Moçambique são os seguintes:

ERM International Services Ltd

Av. da Marginal Edifício Torres Rani, Lote 141, 6o Andar

Maputo, Moçambique Tel.: +258 84 3109502

Pessoa de Contacto: Ricardo Pereira Correio electrónico:

[email protected]

A equipa responsável pela elaboração do presente documento integra os profissionais apresentados na Tabela 1.1 abaixo:

Tabela 1.1 A Equipa da AIA

Actividade Nome

Directora de Projecto (Socio responsável) Maria Quintana Gestor de Projecto / Aspectos Biofísicos Ricardo Pereira Componente Social Esmeralda Francisco Controle de Qualidade Javier Odriozola Aspectos Biofísicos /Consulta Pública Martha Silva Sistemas de Informação geográficos Maria Carmen Pena

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2 QUADRO LEGAL E INSTITUCIONAL

O presente Capítulo apresenta os principais requisitos legais e normas aplicáveis ao licenciamento e operação da actividade proposta, descrevendo-se também as principais instituições relevantes no processo de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), bem como para a fase operação do Projecto.

2.1 PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES LIGADAS

Abaixo, são listadas as principais instituições ligadas ao licenciamento da actividade proposta:

Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural (MITADER), através da Direcção Nacional de Ambiente (DINAB) – responsável pelo licenciamento ambiental e auditorias ambientais da actividade; e

Ministério dos Recursos Minerais e Energia (MIREM) – Responsável pelo licenciamento para a operação, inspecção e vistoria da actividade.

2.2 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

A gestão ambiental, e especialmente o processo de AIA, é regulada por várias leis e decretos. Estes são descritos nas secções que se seguem:

2.2.1 A Constituição de Moçambique

A Constituição é a lei suprema, e qualquer acto ou conduta que seja inconsistente com os princípios estabelecidos na Constituição é considerado ilegal. A Constituição prevê a protecção do ambiente natural no âmbito dos seguintes artigos: “Artigo 27: O estado irá promover esforços para garantir o equilíbrio ecológico e a conservação e preservação do ambiente para a melhoria da qualidade de vida dos seus

cidadãos.”

“Artigo 72: Todos os cidadãos terão o direito a viver em, e o dever de defender, um

ambiente natural equilibrado.”

2.2.2 A Lei do Ambiente

A Lei do Ambiente (Decreto n.º 20/1997 de 1 de Outubro) foi aprovada pelo Parlamento Moçambicano em Julho de 1997. O objectivo desta lei é o de fornecer um quadro legal para o uso e gestão correcta do ambiente e seus componentes. As características proeminentes da Lei incluem o seguinte:

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Os poluidores, cujas acções resultem na degradação do meio ambiente, são responsabilizados pela reabilitação ou pela compensação de qualquer efeito adverso que resulte de acção poluidora;

A Lei proíbe a poluição através da descarga de qualquer substância poluidora no solo, subsolo, água ou atmosfera ou qualquer outra forma de degradação do ambiente, que esteja fora dos limites estipulados por lei; e

A Lei proíbe também, explicitamente, a importação de resíduos perigosos, com excepção do especificado em legislação específica.

Com foco no processo de AIA, os Artigos 15 a 17 estabelecem que qualquer actividade cuja natureza da localização, concepção ou escala possa causar impactos ambientais relevantes, requer uma Licença Ambiental. A emissão da Licença ambiental é condicionada à realização de uma AIA.

2.2.3 Regulamentos Aplicáveis ao Processo de Avaliação de Impacto Ambiental

O Regulamento sobre o Processo de AIA - Decreto n.º 54/2015 de 31 de Dezembro

- define os procedimentos que devem ser seguidos nesse processo. Segundo o Artigo 3.º, as disposições deste decreto aplicam-se a todas as actividades públicas ou privadas que directa, ou indirectamente, possam influir no ambiente, de acordo com os termos do Artigo 3.º da Lei do Ambiente. O Artigo 4.º determina que o Projecto proposto deve ser avaliado à luz de listas de categorias (projectos das categorias A+, A, B e C) e de critérios ambientais adicionais conforme definidos nos Artigos 7.º, 8.º e 9.º, para determinar os requisitos do processo da Avaliação de Impacto Ambiental. As quatro categorias são definidas em pormenor a seguir.

Categoria A+: As actividades constantes do Anexo I, consideradas como tendo impactos adversos significativos no ambiente e que estão sujeitas a realização de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e supervisão por Revisores Especialistas independentes com experiência comprovada;

Categoria A: As actividades constantes do Anexo II, consideradas como tendo impactos adversos significativos no ambiente menores do que as actividades de Categoria A+ estando sujeitas a um Estudo de

Impacto Ambiental (EIA);

Categoria B: As actividades constantes do Anexo III, actividades cujos potenciais impactos ambientais são menos adversos do que os dos projectos da Categoria A e são sujeitas a um Estudo Ambiental Simplificado (EAS); e

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Categoria C: As actividades constantes do Anexo IV, que estão isentas de qualquer EIA e EAS, estando apenas sujeitas a apresentação de Procedimentos de Boas Práticas de Gestão Ambiental.

Para o presente Projecto, a DPTADER de Niassa classificou como sendo de Categoria A.

2.2.4 Directiva Geral para a Elaboração de Estudos de Impacto Ambiental

A Directiva Geral para a Elaboração de Estudos do Impacto Ambiental (Diploma Ministerial n.º 129/2006 de 19 de Julho) determina os requisitos de conteúdo e informação a satisfazer por um relatório de um Estudo de Impacto Ambiental. A directiva também determina os requisitos mínimos da Avaliação de Impacto Ambiental no que respeita a informação e estrutura do relatório. Esses requisitos incluem o seguinte:

1. Formato e estrutura geral do Relatório do Estudo de Impacto Ambiental;

2. Resumo Executivo; 3. Relatório Principal; 4. Análise Comparativa das Alternativas; 5. Conclusões e Recomendações; 6. Lacunas de Conhecimento; 7. Plano de Gestão Ambiental; 8. Participação Pública; e 9. Anexos

2.2.5 Directiva Geral para o Processo de Participação pública no Processo de

Avaliação do Impacto Ambiental

A Directiva Geral para o Processo de Participação Pública no processo de Avaliação do Impacto Ambiental (Diploma Ministerial n.º 130/2006 de 19 de

Julho) especifica os requisitos e procedimentos a seguir para o processo de participação pública, conforme estabelecido no Regulamento sobre o Processo de Avaliação do Impacto Ambiental. Para além disso, indica também os requisitos a seguir para a elaboração do Relatório da Consulta Pública, conforme estabelecidos no Decreto n.º 42/2008 de 4 de Novembro posteriormente revogado pelo Decreto n.º 54/2015 de 31 de Dezembro.

2.3 OUTROS DISPOSITIVOS LEGAIS APLICÁVEIS À ACTIVIDADE

2.3.1 Gestão de Resíduos

O Regulamento sobre a Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos, aprovado pelo Decreto n.º 94/2014 de 31 de Dezembro, revoga o Decreto n.º 13/2006 de 15 de

Junho, Regulamento sobre a Gestão de Resíduos. O objectivo deste Regulamento é estabelecer normas de produção, armazenamento no solo e

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subsolo, bem como a prática de actividades que aceleram a degradação ambiental, a fim de evitar ou minimizar os seus impactos negativos sobre a saúde e sobre o meio ambiente. O Regulamento sobre a Gestão de Resíduos Perigosos foi aprovado pelo Decreto nº 83/2014 de 31 de Dezembro. Este regulamento estabelece as regras para a produção e gestão dos resíduos perigosos e atribui ao MITADER o poder na gestão destes resíduos, incluindo o licenciamento de estabelecimentos que se dedicam à gestão de resíduos perigosos ou tóxicos.

2.3.2 Emissões Atmosféricas e Qualidade do Ar

A Lei do Ambiente proíbe o lançamento de qualquer substância tóxica e poluente para a atmosfera fora dos limites legalmente estabelecidos. O Regulamento sobre Padrões de Qualidade Ambiental e de Emissão de Efluentes (Decreto n.º 18/2004 de 02 de Junho) conforme alterado pelo Decreto n.º

67/2010 de 31 de Dezembro, estabelece padrões de emissão para poluentes para fontes fixas e móveis, bem como parâmetros fundamentais que devem caracterizar a qualidade do ar. O Decreto n.º 67/2010 de 31 de Dezembro altera, entre outros, os Padrões de Qualidade do Ar e adiciona os Anexos 1A e 1B que englobam, respectivamente, Poluentes Atmosféricos Orgânicos e Inorgânicos Carcinogénicos, e Substâncias com Propriedades Odoríferas. Relativamente ao ruído, o Regulamento sobre Padrões de Qualidade Ambiental e de Emissão de Efluentes define que seja o MICOA (agora MITADER) a aprovar os padrões de ruído, sendo que até à presente data, as referidas normas ainda não foram publicadas.

2.3.3 Lei de Terras

Segundo a Constituição da República e como reflectido na Lei de Terras, a terra é propriedade do Estado, sendo, no entanto, reconhecidos os direitos de uso e ocupação das terras adquiridas por herança ou ocupação. Nenhum título documental é necessário para que esses direitos sejam reconhecidos e protegidos pela Lei. A Lei de Terras (Lei nº. 19/97, de 1 de Outubro) prevê as directrizes legais em relação a:

Procedimentos para a aquisição de DUAT (Artigo 24°); Direitos pré-existentes de uso e aproveitamento da terra,

especialmente pelas comunidades locais;

Zoneamento e planeamento do uso da terra para finalidades económicas e sociais; e

Agricultura, uso dos recursos naturais, etc.

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2.4 LEGISLAÇÃO DE ENERGIA

Nos pontos abaixo está uma lista do enquadramento legal no sector da energia: A EDM foi criada em 1977 com o monopólio para GX, TX & DX 1(excepto

para a HCB); Lei das empresas públicas aprovada em 1991 (Lei Nº. 17/91); A EDM foi transformada numa empresa pública em 1995; Aprovada a Lei de Energia Eléctrica (Lei Nº. 21/97); Decreto que regula a electricidade (Decreto Nº. 08/2000); Decreto de Sistema de Tarifas (Decreto Nº. 29/2003); EDM é designada como Gestora da rede Nacional de Transporte da Energia

Eléctrica (Decreto Nº. 43/2005); Em 2009 o Governo Moçambicano aprovou a Política de Desenvolvimento

de Energias Renováveis (Resolução N° 62/2009); Aprovada a Lei para as parcerias privadas para as infraestruturas (Decreto

nº 15/2011); Em 2011 aprovada a Estratégia de Desenvolvimento de Energias

Renováveis; e Aprovado o Regulamento que estabelece o Regime Tarifário para Energias

Novas e Renováveis (Decreto N° 58/2014)

1 O código Dx estabelece obrigações recíprocas dos participantes em relação ao uso, a operação de desenvolvimento do sistema de distribuição (DS)

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3 PROCESSO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL E SOCIAL

O objectivo da presente Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) é o de analisar se o Projecto proposto conduzirá a uma diferença mensurável na qualidade do ambiente e na qualidade de vida dos indivíduos e comunidades afectadas. Ao longo das últimas décadas, as avaliações de impacto ambiental têm expandido o seu âmbito, incluindo avaliações do impacto social, bem como consultas públicas/ envolvimento de partes interessadas na planificação e processo de tomada de decisões para prevenir, reduzir ou mitigar impactos adversos e maximizar os benefícios dos projectos em avaliação. Mais recentemente, a ênfase passou para o facto de a AIA passar a incluir planos de gestão ambiental robustos, que possam, efectivamente, implementar as medidas de mitigação recomendadas (desenvolvidas em parceria com o proponente) para todo o tempo de vida do projecto. Este Capítulo fornece um resumo do processo de AIA. O processo é estruturado em conformidade com os requisitos regulamentares estabelecidos no Regulamento sobre o Processo de Avaliação de Impacto Ambiental aprovado pelo

Decreto Nº 54/2015 de 31 de Dezembro que revoga os Decretos nº 45/2004 de 29 de

Setembro e 42/2008 de 04 de Novembro.

3.1 DIAGRAMA DO PROCESSO DE AIA

A Figura 3.1 ilustra uma visão genérica do processo de AIA. O processo é em grande parte restrito a etapas regulamentadas, que podem ser divididas em três fases principais, nomeadamente, Pré-avaliação, Definição do Âmbito e Estudo de Impacto Ambiental (EIA). Contudo, deve-se considerar que este processo não é linear, pelo contrário, constitui-se como um processo no qual diversas tarefas são desenvolvidas em paralelo e em que pressupostos e conclusões são revistas e modificadas com o progresso do processo de AIA. As secções que se seguem fornecem detalhes sobre como cada fase do processo de AIA será aplicada ao Projecto proposto.

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Figura 3.1 Diagrama do Processo de AIA

Fonte: ERM, 2016.

3.2 PRÉ-AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE AIA (INSTRUÇÃO DO PROCESSO)

Todos os projectos devem ser avaliados de modo a determinar, o respectivo quadro processual de avaliação ambiental. O Artigo 4 do Regulamento sobre o

Processo de Avaliação de Impacto Ambiental (54/2015 de 31 de Dezembro) e os Anexos associados, respectivamente os números I, II, III e IV, definem este processo. O processo de selecção preliminar envolve a submissão de um relatório de identificação (Instrução do Processo), em conjunto com um formulário de informação ambiental (Ficha de Informação Ambiental Preliminar) ao Ministério

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da Terra Ambiente e Desenvolvimento Rural (MITADER), especificamente à Direcção Provincial da Terra Ambiente e Desenvolvimento Rural (DPTADR) da área de desenvolvimento do projecto. Com base no conteúdo dos formulários submetidos, as autoridades ambientais emitem uma recomendação sobre o processo de avaliação ambiental a ser adoptado. Para o presente caso foi apresentado, a 27 de Abril de 2018, o pedido às autoridades ambientais a nível nacional e provincial e o processo de avaliação de impacto ambiental foi formalmente registrado pelo MITADER através da DPTADR de Lichinga aos 21 de Maio de 2018 com a emissão do respectivo Relatório de Pré-avaliação ambiental do Projecto.

3.3 ESTUDO DE PRÉ-VIABILIDADE AMBIENTAL E DEFINIÇÃO DO ÂMBITO (DEFINIÇÃO

DO ÂMBITO)

Um Estudo de Pré-viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito (EPDA) foi preparado (presente relatório) de acordo com o Artigo 10 do Regulamento sobre

a Avaliação de Impacto Ambiental (54/2015 de 31 de Dezembro). O presente relatório, nos termos do Artigo 10 do Regulamento sobre o Processo de

Avaliação Ambiental (54/2015 de 31 de Dezembro), deverá possuir o seguinte conteúdo:

Resumo Não-técnico; Detalhes do proponente e equipa multidisciplinar de avaliação de

impacto ambiental; Extensão espacial da actividade proposta em termos de influência

directa e indirecta; Descrição da actividade e diferentes actividades a realizar; Alternativas possíveis durante todas as fases do ciclo de vida do

projecto proposto; Identificação das características biofísicas e sociais chaves do ambiente

afectado; Identificação de quaisquer potenciais questões fatais; Identificação de potenciais impactos e questões ambientais; e Identificação de questões que precisam ser tratadas como parte do

processo de AIA. Adicionalmente, o presente relatório fornece os TdR para o EIA, sendo estes constituídos por:

Objectivos e âmbito dos TdR; Componentes ambientais do EIA; Metodologia de identificação e avaliação de impactos; Descrição dos estudos especializados; e Descrição do processo de participação pública.

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De acordo com o faseamento processual anteriormente descrito, o presente EPDA será submetido para avaliação ao MITADER antes do início da fase de EIA.

3.4 PROCESSO DE PARTICIPAÇÃO PÚBLICA

O Processo de Participação Pública (PPP) é um requisito regulamentar, estabelecido no Regulamento sobre o Processo de Avaliação de Impacto Ambiental (Decreto 54/2015 de 31 de Dezembro) e na Directiva Geral do Processo de

Participação Pública (Diploma 130/2006 de 19 de Junho). O princípio fundamental do PPP é assegurar que os pontos de vista das partes interessadas (ver Caixa 3.1 para definição) são considerados na determinação dos TdR do EIA e são reportados através do processo de AIA. O objectivo da participação pública é, assim, assegurar que a avaliação seja robusta, transparente e que considere as diversas questões e percepções, num nível apropriado de detalhe.

Caixa 3.1 Definição de Partes Interessadas

O envolvimento das partes interessadas inicia-se durante a presente fase de definição do âmbito e prossegue ao longo da avaliação, assegurando que os requisitos legais e padrões do projecto sejam cumpridos, que as preocupações das partes interessadas são tratadas na avaliação e que as fontes de informação e competências existentes são realmente identificadas. As consultas serão realizadas em duas etapas distintas ao longo da evolução do projecto: a) na fase do EPDA, e b) na fase do EIA, respectivamente. Uma visão geral do PPP para este EIA é resumida nos TdR, anexo do presente documento.

3.5 ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL

O EIA irá iniciar após a aprovação do relatório do EPDA pelo MITADER. O EIA será realizado de acordo com as tarefas descritas nas subsecções que se seguem.

3.5.1 Estudos Especializados (Recolha de Dados de Base)

As questões identificadas na fase de definição do âmbito do processo de AIA serão aprofundadas, por forma a melhor compreender quais os receptores e os recursos que serão significativamente afectados pelo Projecto. Irá também

Partes interessadas incluem aqueles indivíduos, grupos ou organizações, que poderiam ser directamente afectados pelo projecto proposto (projecto-pessoas afectadas) e aqueles indivíduos ou organizações, que embora não sejam directamente afectados pelo projecto proposto, representam os afectados ou têm o dever de regulamentar, têm um interesse, influência ou envolvimento secundário no projecto proposto (partes interessadas secundárias).

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descrever as condições de base que irão influenciar a avaliação tanto dos impactos ambientais, como dos sociais. A descrição de base destinar-se-á a fornecer detalhes suficientes para alcançar os seguintes objectivos:

Identificar as condições chave e áreas sensíveis potencialmente afectadas pelo Projecto;

Fornecer uma base para a extrapolação da situação actual e desenvolvimento de cenários futuros sem o Projecto;

Fornecer dados para auxiliar a previsão e avaliação de possíveis impactos do Projecto;

Compreender as preocupações, percepções e expectativas das partes interessadas, relativamente ao Projecto;

Facilitar o desenvolvimento de medidas de mitigação apropriadas; e Fornecer uma referência para a avaliação e monitorização da eficácia

das medidas de mitigação propostas.

3.5.2 Estudo de Impacto Ambiental

O EIA será preparado nos termos do Artigo 11 do Regulamento sobre o Processo de Avaliação de Impacto Ambiental (Decreto 54/2015 de 31 de

Dezembro) e irá (no mínimo) incluir:

Um resumo não-técnico; Detalhes da equipa de avaliação de AIA; O quadro legal e administrativo para a AIA associada ao Projecto

proposto; A descrição da extensão espacial do Projecto proposto com foco nos

atributos físicos, biofísicos e sociais que são influenciados pelo Projecto proposto;

Uma avaliação comparativa das alternativas do Projecto; Uma avaliação de impacto compreendendo um processo que avalia

colectivamente a forma como o Projecto proposto irá interagir com os ambientes físicos, biofísicos e sociais para produzir impactos nos recursos/receptores;

Uma avaliação das medidas de mitigação que serão asseguradas para prevenir ou reduzir a magnitude do impacto causado pelas actividades do Projecto (e consequentemente, uma redução da significância do impacto);

Desenvolvimento de um Plano de Gestão Ambiental (PGA) para o Projecto proposto; e

Um relatório resumindo o PPP associado ao processo de AIA.

3.5.3 Plano de Gestão Ambiental

Um PGA robusto será desenvolvido para as fases de construção, operação e desactivação do Projecto, de forma a implementar eficazmente as medidas de

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mitigação identificadas durante o EIA. O PGA será desenvolvido em conformidade com o Artigo 11 do Regulamento sobre o Processo de Avaliação de Impacto Ambiental (Decreto 54/2015 de 31 de Dezembro), estabelecendo, entre outros, a responsabilidades na gestão e monitoria ambiental do Projecto.

3.5.4 Revisão e Autorização pelas Autoridades

De acordo com o quadro legal vigente, a autoridade competente (o MITADER) irá estabelecer um Comité de Avaliação Técnica para rever o EIA e o respectivo PGA. Após a revisão final dos relatórios, o Comité Técnico irá preparar um relatório de revisão técnica e acta assinada por todos os membros, para submissão na Direcção Nacional do Ambiente (DINAB). Esta irá, posteriormente, comunicar os resultados da avaliação técnica ao proponente e poderá, eventualmente, requisitar informações adicionais. O proponente tem 10 dias úteis para responder ao pedido de informações adicionais. Após a revisão final do EIA e do PGA, o Comité de Avaliação Técnica, irá preparar um relatório de revisão técnica com acta assinada por todos os membros. A acta assinada constitui a base para a decisão em termos da autorização da licença ambiental. Caso a aprovação seja concedida, as autoridades deverão emitir uma licença ambiental logo que o proponente pague a respectiva taxa de licenciamento prescrita. A licença poderá ser anulada se o Projecto proposto não se iniciar em dois anos após a emissão da licença.

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4 DESCRIÇÃO DO PROJECTO

O presente Capítulo fornece uma descrição do Projecto e respectivas fases de desenvolvimento. Embora os dados disponíveis sejam por ora preliminares, no Estudo de Impacto Ambiental (EIA) os dados referentes ao Projecto serão apresentados em detalhe.

4.1 LOCALIZAÇÃO DO PROJECTO

O Projecto localiza-se na província do Niassa, na Cidade de Cuamba, no Bairro de Ningare. (Figura 4.1). Esta localização foi identificada pelo proponente, em conjunto com a Administração do Distrito e as autoridades municipais da Cidade de Cuamba. As coordenadas aproximadas dos pontos limite da Área do Projecto proposto encontram-se na tabela seguinte (Error! Reference source not found.) e a figura seguinte (Error! Reference source not found.) apresenta a sua localização espacial:

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Figura 4.1 Localização do Projecto1

1 Fonte: Niassa Energia Solar, 2018

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Trata-se de uma área de 152.81 hectares cujas coordenadas aproximadas dos pontos limite são apresentadas na Tabela 4.1.

Tabela 4.1 Coordenadas da Área do Projecto

Canto Latitude Longitude

1 -14,781118468 36,483008468 2 -14,782686409 36,481820546 3 -14,778289486 36,477089832 4 -14,775895731 36,474629320 5 -14,770996419 36,469403383 6 -14,769430883 36,470804808 7 -14,762783446 36,471754374 8 -14,764784039 36,475435432 9 -14,769746164 36,478980283 10 -14,781726728 36,485768231 11 -14,781118468 36,483008468

4.2 DESCRIÇÃO DO PROJECTO

O Projecto da central solar fotovoltaica será desenvolvido em duas fases distintas, respectivamente, a construção e a sua operação.

4.2.1 Fase de Construção

As principais etapas para a construção da central serão os seguintes: A preparação do local inclui a desmatação, remoção de árvores de grande

porte e preparamento e nivelamento do solo. Dependendo da densidade da vegetação, e características do solo, a remoção de solo superficial pode não ser sempre uma exigência;

Equipamento de construção e equipamento da central solar fotovoltaica

serão transportados para o local. Os módulos solares são constituídos por filas de painéis solares, inversores, transformadores, cabos e subestruturas. Espera-se que o material importado seja enviado para o Porto de Nacala e transportado por via rodoviária em camiões até o local do Projecto (aproximadamente 543 km). A origem dos matérias e equipamentos de construção será a Ásia (China) e a Europa (dependendo dos fornecedores);

Construção de estradas internas e construção da vedação; Escavação de valas; Colocação de cabos (de baixa tensão e cabos de média tensão); Construção de fundações para as estruturas de suporte dos módulos

solares;

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Montagem da estrutura de aço (em cima das fundações) para apoiar os módulos solares. A estrutura vai incluir partes móveis, bem como cabos e unidades de controlo;

Posicionamento e colocação de cabos de conversores e transformadores de

média tensão; Instalação dos módulos solares e alinhamento eléctrico dos módulos; Instalação de equipamentos de monitorização para os dados

meteorológicos e desempenho da central; Construção dos edifícios, incluindo escritório permanente, sala de

monitorização, edifício de armazenamento, depósito de água e estação de comutação;

Comissionamento e testes do parque solar; e

Limpeza do local e desmobilização de máquinas e de mão-de-obra.

4.2.2 Fase de Operação

Uma vez que a central esteja operacional, esta irá exigir pouca atenção. Actividades de rotina irão incluir manutenção, segurança do site, manutenção de vegetação e substituição de equipamentos conforme necessário. Espera-se que os painéis sejam limpos em média uma vez por ano, no entanto, a frequência de limpeza dos mesmo, poderá ser revista pelo Departamento Operacional da Niassa Energia Solar Lda, de acordo com as condições atmosféricas.

4.2.3 Fase de Encerramento

É esperado que a central fique em operação por pelo menos 25 anos. Uma vez que a central atinga o seu fim de uso, os módulos fotovoltaicos podem ser remodelados ou substituídos para continuar as operações ou as instalações podem ser fechadas/encerradas. Se for encerrada, todos os componentes serão removidos e o site reabilitado. A Niassa Energia Solar irá também analisar, caso se verifique o encerramento do Projecto, todas as possibilidades existentes no âmbito da reciclagem dos componentes do Projecto, de forma a causar o mínimo de impacto possível.

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4.3 MÃO-DE-OBRA

A previsão mais actualizada aponta para que, durante a fase de construção, sejam contratados cerca de 30 a 146 trabalhadores, enquanto que para a fase operacional, se estima a contratação de cerca de 5 a 10 trabalhadores. A Niassa Energia Solar irá confirmar previamente ao inicio das actividades os valores estimados. No processo de contratação serão privilegiados trabalhadores de origem local, regional e nacional, respectivamente.

4.4 NECESSIDADES DE ÁGUA

Previamente a fase de construção a Niassa Energia Solar irá avaliar em conjunto com empreiteiro afecto ao Projecto as diferentes opções de fornecimento de água (ex: empresas) de forma a definir uma lista de fornecedores. A tabela que se segue ilustra as estimativas relativamente a necessidade de água durante as fases de construção e operação do Projecto.

Tabela 4-1 Necessidade de Água Durante as Fases de Construção e Operação do Projecto

Tipo Construção Operação

Água Sanitária 12m3/dia - 276 m3/mês 0,6 m3/dia Água Potável 2 litros/pessoa/dia 2 litros/pessoa/dia Água para irrigação de estradas 11m3/dia - 325m3/mês 160 m3/ano

4.5 GERAÇÃO DE RESÍDUOS

Os resíduos gerados durante a fase de construção irão incluir, na sua maioria, caixas de papelão, papel, material residual das estruturas metálicas, incluindo plástico e paletes de madeira e resíduos gerais domésticos (resíduos não perigosos). Outro tipo de resíduos que poderá ser produzido na fase de construção inclui restos de tintas, vernizes, decapantes e combustível (resíduos perigosos). Durante a fase de operação espera-se, maioritariamente, a geração de resíduos domésticos (restos de comida, papel, papelão, embalagens diversas, entre outros), provenientes dos escritórios e cantina, assim como paletes de madeira fora de uso.

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5 DESCRIÇÃO PRELIMINAR DA SITUAÇÃO AMBIENTAL DE REFERÊNCIA DO PROJECTO

A presente descrição preliminar da situação de referência é baseada na informação compilada a partir de dados obtidos tanto da consulta de referências documentais diversas como da visita de campo efectuada à área de estudo durante a fase de instrução do processo. A descrição está concentrada na área de influência directa do Projecto e, onde relevante, na área de influencia indirecta. Informação mais detalhada será providenciada no Relatório do EIA.

5.1 ÁREAS DE INFLUÊNCIA DIRECTA E INDIRECTA

A delimitação das áreas de influência é essencial para orientar a descrição da situação de referência da área de um projecto e fornecer parâmetros para avaliar e dimensionar os potenciais impactos desse empreendimento no ambiente receptor. Para o presente Projecto, a área de influência foi delimitada em dois grupos: a Área de Influência Directa (AID) e a Área de Influência Indirecta (AII). Dadas as características e dimensão reduzida do Projecto, propõe-se que a Área de Influência Directa (AID) seja considerada como a área geográfica da Área de Implantação do Projecto, constituída por um terreno de 152.81 hectares, onde será construída a central fotovoltaica, tal como ilustrado na Error! Reference source not found. A electricidade gerada pela central será canalizada à rede nacional através de uma linha de transmissão de 33 kV para a subestação a ser conectada a subestação da EDM de Cuamba( 3.5 km), com uma configuração de 2 circuitos (para satisfazer o critério N-1). Isto será obtido conectando a comutação de média tensão de estação no local a subestação de Cuamba.

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Relativamente a Área de Influência Indirecta (AII), consideraremos, para o presente Projecto, as activitidades e infra-estruturas vizinhas, localizadas num raio de 500m, que poderão ser eventualmente afectadas pelos efeitos/impactos indirectos do Projecto ou por eventos não-planeados.

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5.2 AMBIENTE FÍSICO

5.2.1 O Clima

O clima da região é classificado como tropical húmido, sendo que a mesma é abrangida pelos climas moderados na região de Miticué, Malia e Lúrio. Este tipo de clima é consequente da existência de 2 estações anuais: a estação chuvosa e a estação seca. A estação chuvosa tem uma duração de 4 a 5 meses, podendo estar sujeita durante esta época, a um risco pequeno de períodos secos. Cuamba tem uma temperatura anual média de 26 oC com excepção das regiões com altitudes elevadas onde a temperatura não ultrapassa os 24°C (Figura 5.1). As temperaturas elevadas são acompanhadas pela época de maior pluviosidade, que se registra nos meses de Novembro a Março (

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Figura 5.2). A precipitação mínima é de 800mm e a máxima de 1.400mm, dependendo do tipo de clima, dos factores de continentalidade e do relevo, com uma humidade média relativa de 65% (MAE, 2014). As Figura 5.1 e

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Figura 5.2 ilustram as temperaturas médias mensais do Distrito de Cuamba.

Figura 5.1 Temperaturas Médias Mensais do Distrito De Cuamba

Fonte: https://pt.climate-data.org/location/32615. Acedido aos 28/05/2018

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Figura 5.2 Temperatura Média do Distrito de Cuamba

Fonte: https://pt.climate-data.org/location/32615. Acedido aos 28/05/2018

5.2.2 Qualidade do Ar

A distribuição dos poluentes na atmosfera é influenciada por diversos factores, tais como a localização das fontes emissoras, tanto naturais como antropogénicas, o relevo e fenómenos meteorológicos que se fazem sentir, nomeadamente o vento, as condições de estabilidade atmosférica, as inversões térmicas, a humidade, a temperatura, entre outros. Em termos de fontes de poluição atmosférica presentes nas proximidades da Área do Projecto destacam-se núcleos habitacionais e veículos que circulam na rede viária próxima a Área do Projecto. De uma forma geral, pode-se concluir que em termos de qualidade do ar, a área de implantação do Projecto apresenta-se essencialmente influenciada em pequena escala pelas actividades desenvolvidas pelos núcleos habitacionais existentes nas suas proximidades e pelo tráfego rodoviário existente nas estradas de acesso a Área do Projecto. Pode-se, portanto, considerar a qualidade do ar da área de influência directa e indirecta do Projecto como perturbada.

5.2.3 Ruido

Não existem dentro da área de implementação física do Projecto quaisquer fontes de poluição sonora. No entanto, dentro do raio de influência de 500 metros destaca-se a presença de núcleos habitacionais, embora dado que constituem um número reduzido, não se considera que emitam níveis de ruído significativos para a Área do Projecto.

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De um modo geral, o ambiente sonoro da Área do Projecto encontra-se influenciado pelas actividades desenvolvidas nas suas imediações, o que compreende as actividades desenvolvidas pelos núcleos habitacionais. O ambiente sonoro tanto da Área de Influência Directa, como da Área de Influência Indirecta do Projecto considera-se perturbado, pelo que deverá ser feita a medição nos níveis de ruído de referência.

5.2.4 Geologia, Geomorfologia e Solos

Um levantamento cartográfico–geológico da Província de Niassa realizado em 4 anos reviu a geologia da província, definindo as principais unidades geológicas, nomeadamente os complexos da Ponta Messuli, Unango, Marrupa, M’Sawise, grupos de Txitonga (onde ocorre a mais importante faixa de Ouro), de Geci, supergrupo do Karoo e Kimberlitos. Os solos da Área do Projecto são solos argilosos de cor pardo-acastanhado, com boa permeabilidade e capacidade de drenagem. A sua fertilidade classifica-se como baixa, sendo os mesmos susceptíveis a erosão. São solos favoráveis para a cultura do milho, girassol, soja e arroz. O Distrito de Cuamba tem um grande potencial para a exploração mineral com a ocorrência de depósitos de granada abrasiva (INE, 2013). Geomorfologicamente a Área do Projecto é caracterizada por uma zona planáltica classificada como baixa, com elevações que variam entre 500 - 590 metros acima do nível médio das águas.

5.2.5 Recursos Hídricos

O balanço hídrico do Distrito de Cuamba apresenta boa disponibilidade de água para diversos usos. As temperaturas amenas e o clima chuvoso, aliados às condições geológico-estruturais dos solos permitem a formação de lençóis de água a pequenas profundidades. Contudo um problema que dificulta a captação de água em algumas áreas reside no facto de a rede hidrográfica ser predominantemente intermitente e os rios perderem água para o lençol freático durante a época seca. Superficiais – Na Área do Projecto ocorrem duas linhas de água, mesmo de caracter efémero, bem como linhas de drenagem superficial. De facto, a análise de fotografia de satélite não permite identificar áreas depressionárias á volta da Área do Projecto, onde poderiam sazonalmente acontecer a acumulação de aguas. Subterrâneos - A hidrologia local faz parte da bacia hidrográfica do Rio Lúrio e tem como principais afluentes os rios Luleio, Muanda e Lúrio. O rio Luleio nasce a Nordeste de Cuamba correndo para Este até à bacia do Lúrio e

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estabelece o limite a Norte entre Cuamba e Metarica. O rio Muanda nasce a Oeste do distrito, indo desaguar na bacia do Lúrio, correndo no interior do distrito de Cuamba. A Sul do distrito de Mecanhelas nasce o rio Lúrio unto do Monte Maráguè, indo desaguar sob a forma de Delta no Oceano Índico, estabelecendo limite com os distritos de Lalaua e Malema da Província de Nampula.). Em relação a Área do Projecto, importa referir que há indicação da existência de dois riachos intermitentes e perenes , respectivamente um rio que se estende do limite norte do terreno do Projecto até ao limite sudeste, Rio Muande; e o rio Mutubeli que se estende de norte a sul ao longo do limite sudeste do terreno do Projecto.

5.2.6 Flora

A vegetação local é caracterizada pela predominância de uma considerável diversidade de espécies florestais distribuídas segundo as variações dos solos e altitude, as espécies a destacar incluem a Mbaua, Umbila, Cassange, Mpapa, Mpakala, Muoko, Mpupe, Mtholo, Muanka, Mmico, Mpivi e Nconha. Em redor e na área de implementação do Projecto, as espécies vegetais dominantes observadas são o reflexo do intenso uso daquele território para fins de cultivo em aproximadamente 90% da sua extensão, onde prevalece maioritariamente o cultivo de milho e mandioca, podendo ser encontradas também pequenas áreas de cultivo de algodão e arvores de fruta tais como mangueiras.

5.2.7 Fauna

As espécies faunísticas de maior relevo nas áreas florestais da Cidade e Distrito de Cuamba são o porco-do-mato, a gazela, o chango, o macaco e o coelho. Relativamente à fauna da Área do Projecto, uma vez que a mesma se encontra fortemente modificada pelo desenvolvimento de actividades agrícolas, não se verifica a indicação de existência de quaisquer espécie faunística protegida. Espécies faunísticas com potencial de serem encontradas na Área do Projecto incluem maioritariamente espécies de coelhos. Em termos de áreas de conservação, segundo a Lei de Florestas e Fauna Bravia – Lei nº 10/99, as zonas de protecção são áreas territoriais delimitadas, representativas do património natural nacional, destinadas à conservação da biodiversidade e de ecossistemas frágeis ou de espécies animais ou vegetais (Artigo 10). Três tipos de zonas de protecção foram instituídas por lei:

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Parques Nacionais – espaços territoriais que se destina à preservação

dos ecossistemas naturais, em geral, de grande beleza cénica e

representativos do património nacional;

Reservas Nacionais – espaço territorial que se destina à preservação de

certas espécies de flora e fauna raras, endémicas, ameaçadas ou em vias

de extinção, ou que denunciem declínio, e de ecossistemas frágeis;

Zonas de Uso e de Valor Histórico-cultural – espaços territoriais que se destina à protecção das florestas sagradas e outros sítios de importância histórica e de uso cultural para a comunidade local.

Não se destaca a existência de áreas de conservação próximas a Área do Projecto.

5.3 AMBIENTE SOCIOECONÓMICO

5.3.1 Divisão Administrativa do Distrito de Cuamba

O Distrito de Cuamba localiza-se no Sul da Província de Niassa, a 295 Km de distância de Lichinga, capital provincial de Niassa. É limitado à Norte pelos distritos de Mandimba e Metarica, a Sul pelos distritos de Mecanhelas e Milange (este último localizado na província da Zambézia), a Este pelos distritos de Lalaua e Malema (na província de Nampula) e Gurué (província da Zambézia); a Oeste pelo distrito de Mecanhelas (MAE, 2014). De acordo com a divisão administrativa do Distrito de Cuamba, a Área do Projecto localiza-se, no Bairro da Ningarre no Posto Administrativo de Lúrio a cerca de 3 km a Oeste da cidade de Cuamba. De notar que a área de implantação do Projecto encontra-se classificada como uma parcelada para fins industriais.

5.3.2 Demografia

O Distrito de Cuamba possui aproximadamente 264,572 habitantes, sendo 134,790 habitantes do sexo feminino, representando 50.9% da população e 129,782 do sexo masculino, representando 49.1% da população do Distrito. Esta população corresponde a cerca de 14.7% to total populacional de toda a Província de Niassa, estimada em 1. 865.976 habitantes (INE, 2017). Relativamente a estrutura etária da população do Distrito de Cuamba, nota-se que esta é maioritariamente constituída por homens e por indivíduos das idades compreendidas entre os 15 até 64 anos.

5.3.3 Densidade Populacional

A densidade populacional da do Distrito de Cuamba não é uniforme, havendo alguns bairros mais populosos em detrimento de outros. De acordo com as

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Estatísticas do Distrito de Cuamba (INE, 2013), esta apresentava em 2013 uma densidade populacional de 41.6 habitantes por Km2, distribuídos em cerca de 94,804 agregados familiares.

5.3.4 Habitação e Condições de Vida

De acordo com MAE (2014), a maioria (95%) das habitações existentes no distrito são de propriedade própria. O tipo de habitação dominante é a palhota (91%). A casa mista, que é um tipo de habitação que combina materiais de construção duráveis e materiais de origem vegetal, representa 4% do parque habitacional do distrito. A lenha é a principal fonte de energia no distrito, cobrindo cerca de 48% da população total do distrito. Outras fontes de energia incluem a rede nacional de energia eléctrica, geradores/ placas solares, gás, petróleo/parafina/ querosene, velas, baterias, etc. O Distrito de Cuamba conta com transporte rodoviário e ferroviário. A rede viária do distrito é constituída por dezasseis vias, das quais três estão classificadas como primárias (EN36, EN60, EN42), três estão classificadas como estradas secundárias, e oito classificadas como não classificada ou estrada terciaria rural (NC24). O Bairro da Ningarre, onde se insere a Área do Projecto, é predominantemente composto por habitações do tipo palhota.

5.3.5 Actividades Económicas

A principal actividade económica praticada na Área de Projecto é a agricultura de subsistência, praticada manualmente e em pequenas explorações familiares em regime de consociação de culturas com base em variedades locais. Outras actividades incluem a criação de gado, caça, pesca, comércio informal e os trabalhos administrativo em entidades estatais. No bairro da Ningarre onde se encontra inserida a Área do Projecto, são desenvolvidas principalmente actividades de subsistência, com enfoque para o comércio informal (pequenas bancas de venda de produtos básicos, à retalho – vegetais, arroz, açúcar, etc.) e agricultura (p.e. plantio de milho e mandioca).

5.3.6 Saúde e Educação

O Distrito de Cuamba contava no ano de 2012 com um total de 18 unidades sanitárias, o que representa uma disponibilidade de 128 camas. Destas unidades, destacam-se nomeadamente, 1 Hospital Rural e 6 Centros de Saúde e 11 postos de saúde . As principais doenças registadas em Cuamba para além da pandemia do HIV/SIDA, estão relacionadas com as condições deficientes de saneamento do

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meio. São o caso da malária e das diarreias incluindo a cólera, com maior incidência, nas épocas chuvosas. Relativamente ao sector de educação, o distrito contava em 2011 com cerca de 216 estabelecimentos de ensino, 155 escolas do EPI, 52 escolas do EPII, 5 escolas do ESGI e 4 escolas do ESGII (INE, 2013). No Distrito de Cuamba existem também instituições de ensino dedicadas ao ensino infantil, técnico-profissional e universidades. Existem no Distrito de Cuamba cerca de 3 instituições de ensino superior, respectivamente a Universidade Católica de Moçambique (UCM), o Instituto Superior de Gestão Comercio e Finanças (ISGECOF) e a Universidade Mussa Bin Bique (UMBB).

5.3.7 Infra-estruturas de Água e Saneamento

As fontes de abastecimento de água no distrito são maioritariamente não-canalizadas, sendo constituídas por fontenários, poços/furos, rios e lagoas. O Distrito contava em 2013 com cerca de 4,051 agregados familiares utilizadores de sistemas de água canalizada; 5,285 agregados familiares utilizadores de fontenárias, 5,704 agregados utilizadores de poços/ furos protegidos, 14,619 agregados utilizadores de poços sem bomba e 13, 296 agregados utilizadores de fontes como rios, lagos e lagoas. A Área do Pojecto ainda não possui ligação à rede de abastecimento e portanto uma ligação ao FIPAG será uma das possibilidades a serem avaliadas. A Área do Projecto não possui, actualmente, infra-estruturas de saneamento e não foi informada de planos de construção da mesma a curto ou médio prazo. A recolha de resíduos sólidos domésticos é efectuada pelo Conselho Municipal da Cidade de Cuamba como por empresas privadas que presentemente operam na Cidade de Cuamba.

5.3.8 Património Cultural e Arqueologia

Na província do Niassa, existem vários elementos de património cultural e arqueológica, inclusive alguns elementos já fazem parte do acervo cultural tais como pinturas rupestres e monumentos históricos. No local do projeto não foram constatados nenhuns elementos que pudessem ter algum valor de património cultural, com excepção de duas campas, cujo as famílias ainda deveram identificar os locais exactos, visto estas estarem negligenciadas e o crescimento da vegetação em volta não facilitar a identificação das mesmas.

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5.3.9 Padrões de Uso

Outrora, e devido as características dos solos, esta área era usada pelos habitantes dos bairros e zonas vizinhas para o cultivo de culturas de subsistência.

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6 POTENCIAIS IMPACTOS DO PROJECTO E ANALISE DE QUESTÕES FATAIS

Este Capítulo fornece um resumo das previsíveis questões ou Impactos ambientais e socioeconómicos chave, consideradas relevantes no processo de AIA do Projecto em questão. Entretanto, no caso de existirem riscos ambientais e sociais não identificados nesta fase, deverão serão devidamente avaliados durante a fase de EIA.

6.1 ANÁLISE DAS QUESTÕES FATAIS

Na análise de questões fatais foram tidos em conta os seguintes factores: Análise dos elementos do Projecto disponíveis; Descrição das actividades a desenvolver (e ciclo de vida do Projecto); Análise prévia do ambiente biofísico e social das áreas de influência

directa e indirecta; Localização geográfica do Projecto (numa área definida para usos

industriais); e O facto de o Projecto não acarretar actividades de reassentamento.

Perante esta conjugação de factores, denota-se que o Projecto não revela questões fatais que possam impedir a sua realização.

6.2 ACÇÕES POTENCIALMENTE CAUSADORAS DE IMPACTOS AMBIENTAIS E SOCIAIS

A seguir são apresentadas algumas das actividades potenciais causadoras de impactos para as fases de construção, operação e de encerramento: Fase de Construção:

Desmatação, escavação e compactação do solo; Preparação de acessos, vedação da área e instalação de portões de

acesso; Mobilização de equipamentos e materiais da construção; Trabalhos estruturais (Construção do edifício de escritórios

administrativos; sala de monitorização; edifício de armazenamento; depósito de água e estação de comutação fixação de estruturas em betão, montagem de estruturas em aço, colocação de cabos, etc.);

Ligação aos serviços de electricidade e água; Armazenamento temporário de materiais e combustíveis/produtos

químicos; Comissionamento e testes do parque solar; Recolha, acondicionamento, armazenamento e deposição de resíduos

sólidos de construção; e Geração de empregos temporários, directos e indirectos e mobilização

e presença física de trabalhadores.

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Fase de Operação:

Actividades rotineiras de manutenção de equipamentos e limpeza dos módulos fotovoltaicos.

Fase de Encerramento:

Aterro e nivelamento do terreno; Desmantelamento de equipamento; Restabelecimento e reabilitação da vegetação perturbada; e Transporte de equipamentos e materiais para fora do local.

6.3 POTENCIAIS IMPACTOS BIOFÍSICOS

Foram identificados os potenciais impactos sobre o meio biofísico. Estes deverão cingir-se, à ruido e vibrações, qualidade do ar, alteração da paisagem, geração de águas residuais, geração de resíduos, e impacte nos recursos hídricos.

6.3.1 Geração de Ruido e vibrações

Durante a construção haverá circulação de veículos e equipamentos, bem como a instalação das infra-estruturas e trabalhos mecânicos (associados a construção), o que poderá gerar alguns níveis de ruído e vibrações que, em princípio, serão apenas notados na área de influência directa do Projecto. Já na fase de operação, prevê-se uma redução significativa dos níveis de ruido associados ao Projecto, no entanto, deverá ser considerada a ocorrência de eventos não planeados capazes de causar perturbações.

6.3.2 Poluição Atmosférica

Os potenciais impactos negativos capazes de resultar em poluição atmosférica, dividem-se em dois grupos principais:

Emissões de poeiras fugitivas derivadas da actividade de construção; e

Emissões de veículos afectos ao Projecto. Os impactos negativos potenciais identificados devidos a emissões atmosféricas no local do Projecto estão relacionadas com emissões fugitivas de poeiras e de fracções finas PM10 e PM2.5 das actividades de construção no local. Entende-se que a construção durará cerca de 12 a 15 meses A quantidade de poeira emitida pelas operações de construção será relacionada com a área de terreno onde se trabalha e a actividade de construção (natureza, magnitude e duração). Emissões de veículos de

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construção que passem sobre terreno não pavimentado pode também ser importante e estão relacionadas com o conteúdo de lodos no solo bem como a velocidade dos veículos, conteúdo de humidade do solo, distância coberta e frequência dos movimentos dos veículos (1). Além disso, dispersão por veículos2 pode ocorrer até 500 m de obras grandes, 200 m de obras médias e 50 m de obras pequenas, conforme medido desde a saída da obra (assumindo que não se faz mitigação específica na obra)3. Para este projecto usamos uma abordagem conservadora e usamos uma área de influência de 500 m. Os impactos negativos potenciais identificados devidos a emissões fugitivas de veículos, surgirão dos movimentos dos veículos tais como automóveis e veículos de transporte pesados (HGVs) assim como veículos de transporte ligeiros (Lavas) que se desloquem para e desde o local do Projecto uma vez que os materiais importados serão transportados por via rodoviária. Durante a fase de operação, com a cessação dos trabalhos de construção e redução consequente redução do trafego rodoviário associado ao Projecto, não se prevê a ocorrência significativa de emissões de poluentes atmosféricos associados ao Projecto, no entanto, deverá ser considerada a ocorrência de eventos não planeados capazes de causar perturbações.

6.3.3 Alteração da Paisagem

Os principais impactos negativos sobre a paisagem ocorrerão na fase de construção, uma vez que é durante a fase de obra que se verificarão as maiores transformações do terreno de carácter permanente. A esta fase estão também associados uma série de impactos de carácter temporário, ocorrendo uma actividade humana muito contrastante com a actualmente existente. Durante a fase de operação a alteração da estrutura visual, dará origem a um forte contraste de leitura, volumétrica e cromática, na paisagem, estabelecendo uma estrutura visualmente subdividida, muito organizada e de carácter mais humanizado.

6.3.4 Geração de águas residuais

Durante a fase de construção o Projecto prevê a instalação de um acampamento, sendo necessário assegurar a gestão correcta das águas residuais provenientes do mesmo. Prevê-se que sejam utilizados durante a (1) Holman et al (2014). Directriz IAQM sobre a avaliação de poeira de demolições e construções, Instituto de Gestão

da Qualidade do Ar, Londres. www.iaqm.co.uk/text/guidance/construction-dust-2014.pdf.

(2) Dispersão por veículos é definida como o transporte de poeira e sujidade de obras de

construção para a rede de estradas públicas. Isto surge quando os caimões saem da obra de construção com materiais poeirentos, que podem então dispersar para a estrada e/ou quando os camiões transferem poeira e sujidade para a estrada por terem conduzido sobre terreno lamacento na obra.

3 Instituto de Gestão da Qualidade do Ar, 2011, Directriz IAQM sobre Impactos da Construção, disponível online, acedido em 22/09/2015 http://iaqm.co.uk/text/guidance/construction_guidance_2011.pdf

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fase de construção, sanitários portáteis, sendo que as águas residuais deverão ser canalizadas para tanques sépticos para posterior deposição por autoridades autorizadas para o efeito. Na fase de operação, e de acordo com a descrição do Projecto, serão construídas instalações de alojamento havendo necessidade de implementar um sistema com medidas de gestão de águas residuais (negras e brancas, respectivamente). Este sistema deverá ser periodicamente inspeccionado de modo a garantir a sua eficiência.

6.3.5 Geração de resíduos

Os principais tipos de resíduos gerados na fase de construção são: restos de embalagens emplástico e papelão, entulho de obra (mistura de cimento betão, areias, etc.), restos de metais e paletes de madeira – resíduos não perigosos; bem como recipientes de tintas, vernizes e solventes – resíduos perigosos. Já para a fase de operação, apenas se antevê a geração de resíduos domésticos não perigosos, nomeadamente, restos de comida, pequenas embalagens de papel e cartão, consumíveis de escritório, provenientes do escritório.

6.3.6 Erosão dos Solos

Durante a fase de construção, todas as formas de solo serão susceptíveis de erosão até certo ponto porque a vegetação natural poderá ser total ou parcialmente eliminada antes de a construção ter lugar. Durante a fase operacional, acumulações de solo superficial, bem como estradas de serviço, serão ainda susceptíveis de erosão, superfícies de solo com infraestrutura tal como inversores ou edifícios não serão mais expostas à erosão.

6.3.7 Poluição dos Solos

A poluição dos solos poderá ocorrer aquando do uso e armazenagem inadequada de substâncias perigosas, durante a fase de construção, em caso de eventos não-planeados (derrames). A poluição dos solos poderá ainda ocorrer aquando da ocorrência de eventos extremos e de eventos não-planeados (explosão, derrames, etc.).

6.3.8 Águas Superficiais

Da construção do Projecto , dependendo do método a ser utilizado, poderá resultar a alteração das bacias de captação e dos padrões de drenagem devido à perturbação do terreno durante o desmatamento do local, movimentos de terras e construção de estradas de acesso, conjunto de painéis solares fotovoltaicos e infraestrutura associada. Disto resultarão provavelmente maior escoamento superficial de água pluvial e mobilização de sedimento.

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Durante a fase operacional, surgirão impactos pelo escoamento superficial da água ser concentrado, por causa da drenagem das superfícies impermeáveis dos painéis solares. Uma falta de manutenção da infraestrutura de recolha de águas pluviais e das estradas poderá resultar em obstruções por os detritos se acumularem nas estruturas de controlo das águas pluviais.

6.4 PRINCIPAIS IMPACTOS SOCIOECONÓMICOS E DE SEGURANÇA OPERACIONAL

Tal como referido para a componente biofísica, também ao nível socioeconómico e segurança operacional foram identificados os potenciais Impactos decorrentes da efectivação do Projecto.

6.4.1 Geração de Postos de Trabalho (Impacto positivo)

De acordo com a descrição e tipo de Projecto, a disponibilidade de postos de trabalho permanentes é relativamente baixa. Durante a fase de construção cerca de 30 a 146 trabalhadores (sendo que a contratação do numero máximo de 146, poderá verificar-se no pico da construção) e durante a fase de operação cerca de 5 a 10 trabalhadores. A fase de construção irá requerer uma quantidade de mão-de-obra maior, na sua maioria, não-qualificada. Mesmo apesar da disponibilidade de postos de trabalho permanentes ser relativamente baixa, constitui um aspecto positivo do Projecto.

6.4.2 Património Cultural

Tendo em conta que apenas foram identificas a possibilidade da presença de duas campas dentro do local projecto, os impactos no património cultural e arqueológica serão minimizados. No entanto será necessário fazer um levantamento exaustivo do local para garantir que estas campas e qualquer outro aspecto de património cultural seja devidamente avaliado e identificado o tratamento ou preservação necessária antes da fase de construção do projecto.

6.4.3 Aspectos de Segurança Operacional

Estes aspectos estão intrinsecamente ligados ao funcionamento dos sistemas e equipamentos no interior da instalação, a integridade física das pessoas, bem como a segurança operacional tendo em conta a área envolvente da central solar fotovoltaica. Neste sentido, será feita, no EIA, uma análise de cada um destes factores, tendo em conta a ocorrência de eventos não-planeados.

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7 TERMOS DE REFERÊNCIA PARA O EIA

7.1 OBJECTIVOS E ÂMBITO DOS TERMOS DE REFERÊNCIA

Segundo o Artigo 10 do Decreto nº 54/2015 de 31 de Dezembro, a realização do processo de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) pressupõe, numa primeira fase, a selecção das acções e definição dos aspectos ambientais críticos a analisar nas investigações ambientais seguintes. Esta avaliação, ainda que preliminar, é constituída por uma análise e selecção das acções do Projecto com maior potencial de causar impactos significativos no ambiente onde o Projecto se insere. Assim sendo, o objectivo destes Termos de Referência (TdR) é definir os estudos de especialidade a serem realizados, bem como identificar claramente a metodologia de identificação e avaliação dos potenciais impactos ambientais e sociais do Projecto proposto.

7.2 COMPONENTES AMBIENTAIS DO EIA

De modo a compilar a informação sobre as componentes ambientais do Estudo de Impacto Ambiental (EIA), será realizada uma análise multidisciplinar que abrangerá a análise dos aspectos relevantes, nomeadamente aspectos biofísicos e sócio económicos. Especificamente, os aspectos ambientais a analisar no EIA são: Aspectos Biofísicos:

Clima; Geologia, Solos e Geomorfologia; Recursos hídricos (superficiais e subterrâneos); Ruído; Qualidade do Ar; Flora e Vegetação; e Fauna.

Aspectos socioeconómicos:

Divisão Administrativa do Distrito de Cuamba; Demografia e População; Uso Actual da Terra e Planos de Estrutura Urbana Existentes; Economia; Comércio e Actividade Industrial; Serviços Básicos (Saúde e Educação); Património Cultural e Arqueológico; e

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Aspectos de Segurança Operacional:

No Capítulo seguinte apresenta-se a metodologia específica para a classificação de cada aspecto ambiental a ser analisado no EIA.

7.3 METODOLOGIA DE IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DE IMPACTOS

7.3.1 Componentes Ambientais do EIA

De modo a compilar a informação sobre as componentes ambientais do EIA, será realizada uma análise multidisciplinar que abrangerá a análise dos aspectos relevantes, nomeadamente aspectos biofísicos e sócio económicos.

7.3.2 Identificação e Avaliação de Impactos

A avaliação dos potenciais impactos e benefícios decorrentes da implementação do Projecto irá seguir uma metodologia científica padronizada, que irá reduzir a subjectividade envolvida na realização de tais avaliações. Esta metodologia é utilizada para determinar com precisão a significância de impactos previstos sobre, ou para beneficiar, o ambiente natural e / ou social circundante. Os principais objectivos da avaliação de impactos consistem em:

Identificar e avaliar a significância dos potenciais impactos do Projecto sobre os receptores identificados e os recursos naturais de acordo com um critério de avaliação definido;

Desenvolver e descrever as medidas que serão tomadas para evitar, minimizar, reduzir ou compensar os potenciais efeitos negativos;

Indicar a importância dos impactos residuais que permanecem depois de mitigação; e

Desenvolver recomendações para o monitoramento a ser implementado como parte do PGA.

7.3.3 Definição da Natureza do Potencial Impacto

Cada potencial impacto será identificado pela sua causa subjacente (a actividade ou acção do Projecto) que resultará num impacto (alteração de estatuto no ambiente natural e social, seja positivo ou negativo) num receptor (o ambiente natural ou comunidade que vai ser afectado). Com base no descrito acima, o potencial impacto é definido como um Benefício Positivo ou Impacto Negativo (Tabela 7.1). Além disso, o impacto pode ser definido como Impacto Directo ou Indirecto.

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Tabela 7.1 Definição da natureza do impacto

Termo Definição Natureza do Impacto

Positivo Um impacto que representa uma melhoria na situação ambiental de referência ou introduz uma mudança positiva.

Negativo Um impacto que representa uma mudança adversa na situação ambiental de referência, ou introduz um novo factor indesejável.

Tipo de Impacto

Impacto directo

Impactos que resultam de uma interacção directa entre uma Actividade do Projecto planeada e o ambiente receptor / receptores (por exemplo, entre a ocupação de um local e os habitats pré-existentes ou entre uma descarga de efluentes e a qualidade da água receptora).

Impacto indirecto

Impactos que resultam de outras actividades que tendem a acontecer como consequência do Projecto (por exemplo, imigração laboral que exige especial demanda de recursos). Os impactos indirectos podem também ser referidos como impactos induzidos ou secundários.

Impacto cumulativo

Impactos que agem em conjunto com outros impactos (incluindo os de futuras actividades de terceiros já planeadas ou a ocorrer em simultâneo) e que afectam os mesmos recursos e/ou receptores do Projecto.

7.3.4 Classificação do Potencial Impacto

Cada potencial impacto será classificado com base em critérios estabelecidos, incluindo a sua Escala Espacial e Temporal, Intensidade e Probabilidade (Tabela 7.2). A magnitude do impacto é, portanto, uma função destes critérios.

Tabela 7.2 Tabela de Classificação do Impacto

Magnitude do impacto – o grau de alteração causado no ambiente

Extensão

No local – impactos limitados aos limites do local e que afectam uma área num raio de 500m em torno do local.

Regional – impactos que afectam recursos ambientais importantes a nível da Cidade de Cuamba.

Nacional – impactos que afectam recursos ambientais importantes a nível nacional ou que afectam uma área importante a nível nacional / ou com consequências macroeconómicas.

Transfronteiriços/Internacional – impactos que se estendem além das fronteiras do país ou afectam recursos importantes a nível internacional.

Duração

Temporário – impactos que deverão ser de curta duração e intermitentes/ocasionais.

Curto-prazo – impactos que deverão durar apenas no período de construção.

Longo-prazo – impactos que vão continuar durante a vida do Projecto, mas cessam quando o Projecto é concluído ou interrompido.

Permanente – impactos que causam uma alteração permanente no receptor ou recurso afectado (por exemplo, remoção ou destruição de habitat) que se prolonga substancialmente para além da vida do Projecto.

Intensidade

AMBIENTE BIOFÍSICO: A intensidade pode ser considerada em termos da sensibilidade do receptor de biodiversidade Insignificante – o impacto no ambiente não é detectável. Baixa – o impacto afecta o ambiente de forma a não afectar as funções e

processos naturais.

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Média – quando o ambiente natural é alterado, mas as funções e processos naturais continuam, apesar de continuarem de forma modificada.

Alta – quando os processos ou funções naturais são alterados a ponto de cessarem temporária ou permanentemente.

AMBIENTE SOCIO-ECONÓMICO: A intensidade pode ser considerada em termos da capacidade das pessoas /comunidades afectadas pelo Projecto se adaptarem às alterações causadas pelo Projecto. Insignificante – não existe nenhuma alteração perceptível nos meios de

subsistência das pessoas. Baixa – As pessoas/comunidades conseguem adaptar-se com relativa

facilidade e manter os meios de subsistência pré-impacto. Média – Conseguem adaptar-se com alguma dificuldade e manter os meios

de subsistência pré-impacto, mas apenas com algum apoio. Altas – As pessoas afectadas não vão conseguir adaptar-se às alterações e

continuam a manter os meios de subsistência pré-impacto. Probabilidade do impacto – a probabilidade de ocorrência de um impacto Pouco provável É pouco provável que o impacto ocorra. Provável É provável que o impacto ocorra. Definitiva O impacto vai ocorrer.

7.3.5 Determinação da Significância de um Impacto

Depois de se determinar uma classificação para a magnitude e probabilidade, será utilizada a matriz Envid, ilustrada na Tabela 7.3, para determinar a significância do impacto. Tabela 7.3 Matriz (Envid) de classificação de significância das interacções / impactos.

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7.4 AVALIAÇÃO DE IMPACTOS SOBRE OS PRINCIPAIS COMPONENTES AMBIENTAIS E

SOCIOECONÓMICOS

No âmbito da AIA serão estudados, em detalhe, os principais impactos sobre os aspectos ambientais e sociais do Projecto proposto, que são abaixo apresentados:

7.4.1 Clima

O descritor clima, quase não está directamente associado a potenciais impactos negativos que possam ser causados pela nova central solar fotovoltaica. No entanto, constitui uma base muito importante para o desenvolvimento da análise de outros descritores ambientais, tais como a ruído e qualidade do ar relativamente ao regime de ventos, e recursos hídricos relativamente a precipitação. Desta forma, a análise a realizar para este descritor terá coma base informações bibliográficas e dados publicados pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INAM). Existindo varias possibilidades e métodos de analise para este descritor, numa fase inicial serão analisados os seguintes dados: Temperatura e precipitação; Pressão atmosférica e ventos; e Ciclones.

7.4.2 Geologia e Geomorfologia

Para o descritor Geologia e Geomorfologia serão tidos em conta como aspectos relevantes: o Enquadramento Geológico Regional e Local; a Geomorfologia, e os solos. A caracterização será realizada de modo a permitir a análise dos impactos do Projecto. Os dados e as análises apresentados serão proporcionais à importância dos potenciais impactos e será explicitado o grau de incerteza global associada à caracterização do ambiente afectado. Serão ainda abordados os seguintes aspectos: Identificação e descrição/quantificação dos impactos ambientais

significativos, resultantes do Projecto nos descritores em análise; e

Avaliação da importância/significado dos impactos com base na definição das respectivas escalas de análise, bem como a análise de impactos cumulativos (isto é, dos que resultam do Projecto em associação com outros projectos, existentes ou previstos, projectos complementares ou subsidiários).

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Serão descritas as medidas e as técnicas previstas para evitar, reduzir ou compensar os impactos negativos, bem como maximizar ou potenciar os seus efeitos positivos.

7.4.3 Qualidade do Ar

A distribuição de poluentes na atmosfera é influenciada por vários factores tais como, a localização das fontes emissoras, a orografia, a transformação e fenómenos meteorológicos. Nesse âmbito, serão identificadas as principais fontes de poluição atmosférica pontual ou difusa, bem como os receptores sensíveis a qualidade do ar. No EIA, serão identificados e classificados os potenciais impactos do Projecto sobre a qualidade do ar, durante as fases de construção, operação. Para os impactos identificados, serão definidas medidas de mitigação e potenciação, caso sejam negativos ou positivos.

7.4.4 Ruído e vibrações

O ruído pode definir-se como qualquer variação da pressão atmosférica que o ouvido humano pode detectar, seja no ar, na água ou em qualquer outro meio de propagação, sendo que o mesmo não é estacionário, podendo variar ao longo do tempo. As vibrações são detectadas pelo corpo humano e não são estacionárias, podendo variar ao longo do tempo. Diversos factores tais como condições meteorológicas (direcção e velocidade do vento, variações de temperatura e humidade relativa do ar), distância e existência de obstáculos influenciam a propagação e atenuação do ruído. No EIA será feita a caracterização do ambiente sonoro da área de implantação do Projecto, através da identificação das principais fontes de poluição sonora e dos principais receptores, o que possibilitará a identificação e classificação dos potenciais impactos do Projecto sobre o meio sonoro.

7.4.5 Recursos Hídricos

Para o descritor Recursos Hídricos serão considerados como aspectos principais: Caracterização geral do sistema hidrográfico, incluindo a

delimitação de linhas de escorrência superficial potencialmente afectadas pelo Projecto e a sua caracterização; e

Quanto à caracterização do regime hidrológico avaliar-se-á o escoamento superficial e será feita a Identificação e caracterização dos pontos de água que poderão ser afectados pelo Projecto.

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7.4.6 Aspectos Biológicos

A Área do Projecto foi definida para fins industriais, pelo que se apresenta, de forma gradual, alterada por factores antropogénicos. Estas alterações exercem influência sobre os factores biológicos. Apesar disso, neste capítulo será realizado um levantamento actual da composição da fauna e da flora locais de modo a perceber os impactos da actividade sobre os mesmos.

7.4.7 Aspectos Socioeconómicos

Será realizada uma descrição de base da situação socioeconómica da Cidade de Cuamba com base em informações disponíveis, dados secundários recolhidos em estudos de gabinete e dados primários recolhidos durante o trabalho de campo a ser realizado. A informação socioeconómica de base a recolher, é que permitirá estudar / avaliar os impactos da actividade sobre o meio será a seguinte:

Organização político-administrativa da Cidade de Cuamba; Demografia e população; Padrões de uso da terra; Comercio, actividade industrial e serviços; Serviços básicos de Saúde e Educação; Emprego; e Levantamento Património Cultural e Arqueológico.

Serão avaliados os impactos negativos e positivos potenciais do Projecto utilizando a metodologia descrita anteriormente identificando medidas de minimização para cada impacto negativo e de potenciação para cada impacto positivo.

7.5 O PROCESSO DE PARTICIPAÇÃO PÚBLICA

O Processo de Participação Pública (PPP) será conduzido em conformidade com os Regulamentos de AIA (Decreto nº. 54/2015 que revoga o Decreto

42/2008) e a Directiva Geral de Participação Pública (Diploma Ministerial

130/2006). O PPP será realizado em duas fases, nomeadamente durante a Fase de Definição de Âmbito (a fase actual) e a Fase de EIA, tenho como principal objectivo a disponibilização dos rascunhos dos relatórios produzidos em cada uma destas fases, nomeadamente, o Relatório de EPDA e o REIA para análise e comentários do público. Esta secção fornece um plano para o PPP proposto para a fase do EIA.

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7.5.1 Publicação do relatório de EIA

O Relatório do EIA será disponibilizado às Partes Interessadas e Afectadas (PI&As) para análise e comentários através da distribuição de cópias, em papel, do relatório nas instituições públicas seleccionadas e a disponibilização de uma cópia em formato digital na página de internet da ERM. O relatório será disponibilizado, no mínimo, duas semanas antes das reuniões públicas propostas. Adicionalmente, um Resumo Não-Técnico do relatório de EIA será distribuído às PI&As com um resumo breve e simples do relatório do EIA. Este resumo será distribuído às PI&As como parte do processo de notificação da reunião pública.

7.5.2 Reuniões Públicas para a Apresentação do Relatório de EIA

As reuniões públicas pretendem apresentar as constatações e recomendações do relatório de EIA e recolher comentários, sugestões e preocupações das PI&As. À semelhança da Fase de Definição de Âmbito, as PI&As serão notificadas para participarem da reunião pública através de um convite escrito, anúncios no jornal e divulgação na rádio. De acordo com os Regulamentos de AIA, este processo de notificação deve ocorrer quinze dias antes da realização das reuniões públicas. Propõe-se que as reuniões públicas sejam realizadas na Cidade da Cuamba a nível local e na Cidade de Lichinga a nível provincial, onde para as quais serão preparadas apresentações adequadas, com detalhes do Projecto e as descobertas do processo de AIA.

7.5.3 Lista de Comentários e Perguntas

O período para comentários públicos irá prolongar-se por quinze dias após a realização das reuniões públicas. Todos os comentários recebidos durante o processo de AIA e durante o período de consultas públicas serão documentados numa Lista de Comentários e Questões.

7.5.4 Relatório das Reuniões

Haverá um período de 2 semanas para as PI&As e as autoridades relevantes analisarem e comentarem os resultados do EPDA e EIA preliminares. Todos os comentários recebidos serão documentados numa versão actualizada da Matriz de Questões e Respostas (MQR). Qualquer alteração necessária aos Relatórios de EPDA e EIA, bem como estudos especializados será feita com base nos comentários recebidos das PI&AS e autoridades relevantes.

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8 CONCLUSÃO

A instrução do processo (I.P) do Projecto proposto, Central Solar Fotovoltaica de 30 MW na Cidade de Cuamba foi enviada para a Direcção Provincial da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural (DPTADER) de Lichinga, com todas as informações necessárias para a sua categorização. O Projecto foi classificado como sendo de Categoria A, sendo necessária uma Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) completa, de acordo com o Decreto 54/2015, de 31 de

Dezembro de 2015 (Regulamento de AIA). A AIA é realizada em três fases distintas, sendo: (1) A Instrução do Processo; (2) o Estudo de Pré-viabilidade Ambiental e Definição de Âmbito (EPDA), o presente documento e, (3) o Estudo de Impacto Ambiental (EIA). O objectivo do presente EPDA é, de acordo com o Projecto e a área proposta para a sua implantação analisar a existência, ou não, de questões fatais de ordem ambiental e/ou social que possam determinar a suspensão da sua implementação; a identificação de aspectos biofísicos e sociais que possam influenciar o desenho do Projecto; a determinação (preliminar) dos principais impactos ambientais e sociais do Projecto; bem como a apresentação de Termos de Referência (TdR) para o EIA. Com base na avaliação inicial da Área do Projecto, bem como dos potenciais impactos, conclui-se que não existem questões fatais, ambientais e sociais, que impeçam a prossecução do Projecto e da AIA. Entretanto, foram identificados potenciais impactos ambientais e sociais, associados com as fases do Projecto, com efeitos nos seguintes aspectos ambientais e sociais:

Atmosfera (qualidade do ar); Geologia; Solos; Ruído; Postos de Trabalho/Emprego; Infra-estruturas vizinhas;

No EIA será feita uma avaliação detalhada dos potenciais impactos ambientais e sociais e, subsequentemente, definidas medidas de mitigação para reduzir e ou elimina-los. Esta avaliação deverá ser efectuada (mas não limitada a esta) por especialistas das referidas áreas e deverá incluir estudos sobre os solos, ruído e qualidade do ar. A avaliação deverá incluir a classificação da magnitude e significância dos impactos. Posteriormente será elaborado o Plano de Gestão Ambiental (PGA), que incluirá requisitos de gestão dos aspectos ambientais e sociais para a fase de construção e operação. Este relatório será a base segundo a qual as autoridades ambientais deverão emitir o parecer final sobre o Projecto. Caso seja aprovado, as autoridades ambientais deverão emitir a respectiva Licença Ambiental.

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9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Descrição de Projecto fornecida pela Niassa Solar Energia Lda. Plano Estratégico da Província do Niassa 2018 - 2029 Instituo Nacional de Estatística. Estatísticas do Distrito de Cuamba, Novembro de

2013. 2013. Instituto Nacional de Estatística. Divulgação dos Resultados Preliminares IV

RGPH 2017. 2017 Ministério da Administração Estatal. Perfil do Distrito de Cuamba, Província do

Niassa. 2014. Ministério da Administração Estatal. Perfil do Distrito de Cuamba, Província do

Niassa. 2005.

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Anexo I

Relatório de Pré-Avaliação Ambiental

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