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PROGRAMAS DE COMPUTADOR Noção Natureza jurídica Regime jurídico

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Page 1: PROGRAMAS DE COMPUTADOR Noção Natureza jurídica Regime jurídico

PROGRAMAS DE COMPUTADOR

Noção

Natureza jurídica

Regime jurídico

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Noção legal

“Conjunto de instruções capazes, quando inseridas num suporte explorável em máquina, de permitir à máquina, que tem por funções o tratamento de informações indicar, executar ou produzir determinada função, tarefa ou resultado”

Artigo 2.º, c) Lei da Criminalidade Informática

(Lei n.º 109/91, de 17 de Agosto)

Page 3: PROGRAMAS DE COMPUTADOR Noção Natureza jurídica Regime jurídico

Espécies

Sistemas operativosSérie de instruções que permitem que a Unidade de Processamento Central funcione como um computador, gerando a interacção entre os elementos do hardware e entre estes e os programas de aplicaçãoEx.: Windows, Unix, Linux

Programas de aplicaçãoProgramas desenhados para permitirem aos utilizadores a satisfação de determinadas necessidades

Ex.: Processadores de texto, folhas de cálculo, jogos

Page 4: PROGRAMAS DE COMPUTADOR Noção Natureza jurídica Regime jurídico

Linguagens de computador

Código objecto

Conjunto de instruções em linguagem máquina entendível pelo computador, composição binária (0 e 1)

Código fonte

Linguagem humana técnica e específica, linguagem de programação, que necessita de ser traduzida para código objecto para poder ser entendida pelo computador (através de programas de computador)

Page 5: PROGRAMAS DE COMPUTADOR Noção Natureza jurídica Regime jurídico

Natureza jurídica: 3 teses

Direito de Propriedade industrial – patentes

Direito de autor

Direito sui generis

Page 6: PROGRAMAS DE COMPUTADOR Noção Natureza jurídica Regime jurídico

Direito de patente

Software qualificável como invenção Natureza utilitária dos programas Incindibilidade entre a forma de expressão

do programa e o seu conteúdo (ideias, fórmulas, princípios, lógica, algoritmos ou processos)

Page 7: PROGRAMAS DE COMPUTADOR Noção Natureza jurídica Regime jurídico

Mas...

Problema da concessão do direito de patente (requisitos materiais – novidade - e formais – necessidade de registo)

Exclusão dos programas de computador do catálogo das invenções protegidas nos termos da Convenção de Munique sobre a Patente Europeia de 1973

Page 8: PROGRAMAS DE COMPUTADOR Noção Natureza jurídica Regime jurídico

Direito de autor

Natureza utilitária não exclui a protecção como obra (no plano patrimonial, a obra é protegida como fonte de exploração económica e não como fonte de fruição estética ou artística)

Linguagem computacional tem função comunicativa: inteligível pela máquina e permite interacção entre utilizador/programa

Page 9: PROGRAMAS DE COMPUTADOR Noção Natureza jurídica Regime jurídico

Direito de autor

Incindibilidade entre forma de expressão e conteúdo do programa só se pode verificar em concreto

Compreensão dinâmica do Direito de Autor –acompanhamento da evolução da realidade

Page 10: PROGRAMAS DE COMPUTADOR Noção Natureza jurídica Regime jurídico

Direito sui generis

Não inserção imediata nem no Direito de Autor nem no Direito da Propriedade Industrial

Natureza utilitária Função não comunicativa da linguagem de

programação Incindibilidade entre a “forma expressiva” e o

“conteúdo ideativo funcional” do software

Page 11: PROGRAMAS DE COMPUTADOR Noção Natureza jurídica Regime jurídico

Protecção integrada no

Direito de Autor

Page 12: PROGRAMAS DE COMPUTADOR Noção Natureza jurídica Regime jurídico

Portugal

Exclusão dos programas de computador do projecto relativo ao CDADC de 1985

Jurisprudência – definição do software como obra nos termos e para efeitos do art. 2.º, n.º 1 do CDADC

Directiva n.º 91/250/CEE, de 14 de Maio

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Decreto-Lei n.º 252/94, de 20 de Outubro

Transposição em diploma autónomo Art. 1.º, n.º 2 – “Aos programas de computador que

tiverem carácter criativo é atribuída protecção análoga à conferida às obras literárias”

Evita qualificação dogmática Regime especial – espécie de tertium genus, como

se de facto se reconhecesse uma natureza híbrida

Page 14: PROGRAMAS DE COMPUTADOR Noção Natureza jurídica Regime jurídico

Decreto-Lei n.º 252/94, de 20 de Outubro

Como opera a protecção análoga? Só quando exista remissão expressa para o CDADC? Não resolve o problema da qualificação dos PC

Remissões do DL apenas em casos específicos (ex.: art. 10.º, n.º 1 – limites)

Art. 1.º, n.º 2 – remissão genérica para aplicação das normas do CDADC nos casos em que exista lacuna (aplicação analógica)

Page 15: PROGRAMAS DE COMPUTADOR Noção Natureza jurídica Regime jurídico

PC como obras

Art. 1.º, n.º 1 da Directiva – imposição da protecção “mediante a concessão de direitos de autor, enquanto obras literárias”

Art. 1.º, n.º 2 – “a protecção abrange apenas a expressão, sob qualquer forma, do programa de computador.” “As ideias e princípios subjacentes a qualquer elemento de um programa de computador (...) não são protegidos pelo direito de autor”.

Page 16: PROGRAMAS DE COMPUTADOR Noção Natureza jurídica Regime jurídico

PC como obras

Protecção apenas da forma de expressãoExclusão da protecção das ideias e princípios presentes na lógica, nos algoritmos e nas linguagens de programação (Considerando 13)

Conforme à protecção própria da obra no Direito de Autor

Page 17: PROGRAMAS DE COMPUTADOR Noção Natureza jurídica Regime jurídico

PC como obras

A forma de expressão “inclui igualmente o trabalho de concepção preparatório conducente à elaboração de um programa de computador, desde que esse trabalho preparatório seja de molde a resultar num programa de computador numa fase posterior” (Cons. 7)

Protecção não apenas do código fonte (expressão do PC em linguagem de programação) mas também do código genético-funcional (incluindo a lógica e os algoritmos)

Page 18: PROGRAMAS DE COMPUTADOR Noção Natureza jurídica Regime jurídico

PC como obras

Não são protegidas as ideiasMas não se exclui a protecção de certos elementos dos programas como os algoritmos

Protecção do próprio processo, que normalmente está afastado da protecção (cfr. art. 1.º, n.º 2 CDADC)

Natureza híbrida da protecção

Page 19: PROGRAMAS DE COMPUTADOR Noção Natureza jurídica Regime jurídico

Originalidade do PC

Art. 1.º, n.º 3 Directiva – PC será protegido se for original “na medida em que é o resultado da criação intelectual do autor”

Necessidade de criatividade, não basta mero investimento em

dinheiro ou trabalho

Page 20: PROGRAMAS DE COMPUTADOR Noção Natureza jurídica Regime jurídico

Originalidade no Direito Português

Art. 1.º, n.º 2 do DL 252/94 – Protecção conferida aos PC que “tiverem carácter criativo”

Exigência especial paralela à existente quanto a obras de arte aplicada, desenhos e modelos industriais e obras de design

Page 21: PROGRAMAS DE COMPUTADOR Noção Natureza jurídica Regime jurídico

Originalidade – não serem cópia de outro PC (não banalidade)

BGH (Decisões Inkasso-Programm e Betriebssystem)1 – existência de diversas formas de expressão possíveis da ideia

(a que equipara o algoritmo)

2 – não ser a forma de expressão escolhida mera cópia de outra pré-existente

3 – terem os seus elementos criativos excedido significativamente o que faria em condições técnicas normais um programador médio normal

Page 22: PROGRAMAS DE COMPUTADOR Noção Natureza jurídica Regime jurídico

Titularidade

Pessoa singular ou grupo de pessoas que criaram o programa – Obra de autor singular ou obra em colaboração

Realização no âmbito de uma empresa – obra colectiva (art. 3.º, n.º 2 do DL)

Criação por empregado no exercício das suas funções ou com instruções ou por encomenda – “pertencem ao destinatário do programa os direitos a ele relativos, salvo estipulação em contrário ou se outra coisa resultar das finalidades do contrato”.

Page 23: PROGRAMAS DE COMPUTADOR Noção Natureza jurídica Regime jurídico

Direitos patrimoniais

Direito de reprodução em sentido amplo: 5.º, a)Reprodução permanente ou transitória

Direito de transformação: 5.º, b)Tradução, adaptação, ajustamentos ou outras modificações do PC e reprodução dos respectivos resultados, sem prejuízo dos direitos de quem realiza a transformação

Direito de distribuição: 8.ºDireito de pôr em circulação originais ou cópias dos PC e direito de locação dos exemplares

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Direitos pessoais

Direito à menção do nome no PC e direito à reinvidicação da autoria (art. 9.º, n.º 2)

Direito pessoal que cabe apenas ao criador intelectual

Dúvida: qual a razão para a existência do n.º 2 do art. 9.º?

Page 25: PROGRAMAS DE COMPUTADOR Noção Natureza jurídica Regime jurídico

“Direitos do utente”

1. Carregamento, visualização, execução, transmissão ou armazenamento do PC para sua utilização ou para corrigir erros

2. Realização de uma cópia de apoio

3. Observação, estudo ou ensaio do funcionamento do PC para determinar as ideias e princípios subjacentes

4. Descompilação

Page 26: PROGRAMAS DE COMPUTADOR Noção Natureza jurídica Regime jurídico

1. Carregamento, visualização, execução, transmissão ou armazenamento

Acarretam reprodução em sentido técnico (reprodução permanente e temporária)

Afastamento do conceito de reprodução em sentido jurídico

Page 27: PROGRAMAS DE COMPUTADOR Noção Natureza jurídica Regime jurídico

2. Cópia de apoio

Condicionada pela sua finalidade - deve ser necessária à utilização do programa reproduzido

Fim - precaver-se contra a falibilidade da cópia do PC »» realização deveria limitar-se aos casos em que a fragilidade do suporte material justifique essa precaução ? Mas... fragilidade de todos os suportes

Possibilidade de fornecimento da cópia de apoio pelo titular do PC – possibilidade de realização de nova cópia?

Page 28: PROGRAMAS DE COMPUTADOR Noção Natureza jurídica Regime jurídico

3. Observação, estudo ou ensaio do funcionamento

Paralelo com a descompilação – acesso aos princípios e ideias subjacentes à obra

Âmbito mais alargado que a descompilação, porque permitido para outros efeitos que não apenas a interoperabilidade do PC

Page 29: PROGRAMAS DE COMPUTADOR Noção Natureza jurídica Regime jurídico

4. Descompilação

Noção: Tradução/conversão do código-objecto para uma forma humanamente compreensível, tão próxima quanto possível do código-fonte em que aquele foi originalmente escrito

Objectivo: interoperabilidade do PC com outros PC

Page 30: PROGRAMAS DE COMPUTADOR Noção Natureza jurídica Regime jurídico

4. Descompilação

Interesses imediatamente protegidos: produtores de PC concorrentes (realização de novas versões, escritas numa linguagem de programação distinta); produtores de outros PC ou outros produtos informáticos com os quais não se verifique a necessária interoperabilidade

Interesse mediatamente protegido: utilizadores (maior escolha, facilidade de utilização, preços mais competitivos)

Page 31: PROGRAMAS DE COMPUTADOR Noção Natureza jurídica Regime jurídico

“Direitos do utente”

Não afastamento através de estipulação contratual em contrário

Possibilidade de colocar algumas condições relativas ao modo e ao âmbito da utilização da sua obra que virá a ser realizada pelo utente – Mas... esta possibilidade não se estende à utilização do PC

“Direitos mínimos do utilizador legítimo”