programa ponte caderno 2 - projeto ensino médio, biocombustíveis e meio ambiente

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PROGRAMA CADERNO Nº 2 PROJETO ENSINO MÉDIO, BIOCOMBUSTÍVEIS E MEIO AMBIENTE

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Page 1: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

PROGRAMA

CADERNO Nº 2PROJETO ENSINO MÉDIO, BIOCOMBUSTÍVEIS E MEIO AMBIENTE

Page 2: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

“Quando trabalhamos coletivamente em prol de um objetivo conquistamos o impossível.” (Jadson Barbosa)

Page 3: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

SUMÁRIO

Pág. 02

O que é o Programa Ponte

Pág. 04

Pág. 07

Pág. 16

O que é o Projeto Ensino Médio,Biocombustíveis e Meio Ambiente?

Entrevistas

Artigos

Pág. 26

Acontece no Ponte

Pág. 36

Mural de Talentos

1

Page 4: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

O QUE É O PROGRAMA

PONTE?

2

Page 5: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

O Programa Ponte é um programa de extensão universitária

da ESALQ/USP que, desde 2007, realiza intervenções

educacionais de caráter interdisciplinar, vivencial,

experimental e crítico em Escolas Estaduais de Piracicaba –

SP. Busca proporcionar a troca de experiências e

conhecimentos entre a Universidade e as Escolas Públicas,

fortalecendo e aprimorando a interação entre ambos.

Esta troca de experiências é realizada no andamento das

a t i v i d a d e s , q u e s ã o p e n s a d a s p e l o s p ró p r i o s

monitores/educadores do programa. A intenção é criar

oportunidades onde o aprendizado seja uma vivência

interessante para todos, tanto os monitores que propõe

estas atividades quanto os estudantes e professores das

escolas que participam conosco. Resgatar o encantamento

por todas as formas de ciências, incentivar o protagonismo e

expressão nos estudantes e utilizar o diálogo como

ferramenta pedagógica são princípios que regem o nosso

trabalho.

Sabemos que esta não é uma tarefa fácil. A escola pública

enfrenta uma crise que vem se agravando com o passar dos

anos. Enfrentamos uma crise de desvalorização da

profissão docente, refletida nos constantes protestos por

melhores condições de trabalho, progressiva diminuição de

universitários recém-formados que optam por esta

profissão e pelo aumento do número de exonerações de

cargos efetivos. Enfrentamos uma crise de perspectiva de

vida da nossa juventude que, em muitos casos, frequenta a

escola sem refletir sobre qual profissão gostaria de ter na

idade adulta. A crise também está na relação entre a escola e

a sociedade, pois a primeira vem se posicionando de forma

cada vez mais isolada da realidade dos estudantes.

Neste contexto, é comum observar que muitos profissionais

da educação experimentam dificuldades dentro de sua

própria prática. Professores que têm que dar conta de uma

carga horária excessiva dentro de sala de aula e que não

contam com momentos plenamente educativos e reflexivos

em suas reuniões com a equipe gestora, não experimentam

plenamente a teoria e a filosofia na nutrição de seu trabalho.

Por outro lado, profissionais que só teorizam sobre a

educação baseado em vagas impressões sobre a prática,

mas não estão imersos no dia a dia de uma sala de aula, não

tem condições de experimentar suas ideias, comprovando

ou não a eficácia da teoria para cada tipo de contexto

educativo.

Neste sentido, o Programa Ponte surge na intenção de unir

estes dois aspectos paradoxais, porém complementares.

Unir a teoria e a prática; a filosofia e a engenharia; a reflexão

e a ação são desafios inerentes a esta intencionalidade tão

ousada. Após cada atividade na escola, experimentamos

momentos produtivos de avaliação. Contamos também

com momentos de estudo e formação interna do grupo,

apoiados por diversos docentes da nossa instituição.

Contamos com a colaboração de parceiros externos à

ESALQ, inclusive a Diretoria Regional de Ensino de Piracicaba

e Região, que nos ajuda a fazer a “ponte” com as escolas.

Esperamos, com este 2º caderno, difundir o nosso trabalho e

aumentar a capacidade de reflexão crítica dos leitores. Virão

outras publicações que refletirão os avanços do nosso atual

projeto em execução – “Ensino Médio, Biocombustíveis e

Meio Ambiente”. Esperamos que esta leitura seja produtiva,

e por que não dizer, educativa!

3Grupo de educadores do Programa Ponte.

Page 6: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

O QUE É O PROJETO

ENSINO MÉDIO,BIOCOMBUSTÍVEIS E MEIO AMBIENTE?

4

Page 7: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

5

Entre 2008 e 2009 um dos assuntos mais pautados no Brasil

eram os biocombustíveis. Diversas políticas públicas foram

criadas, muitas empresas foram fundadas, fundidas ou

vendidas na corrida dos “combustíveis renováveis”.

“Milhões” foram investidos e o tema virou discussão

mundial. Inclusive em uma reunião da FAO/ONU (Food and

Agriculture of the United Nations) o ex-presidente Luís

Inácio “Lula” da Silva defendeu as políticas brasileiras de

incentivo à produção dos biocombustíveis, tal como fez

durante diversas outras oportunidades.

Neste cenário de inovações tecnológicas, incentivos

públicos, criação de cursos para capacitação em “Produção

Bioenergética” (Como a criação da FATEC – “Faculdade de

Tecnologia de São Paulo” com o curso de “Biocombustíveis”

em Piracicaba, SP) é que foi criado um edital da FINEP

(Financiadora de Estudos e Projetos – Instituição vinculada

ao Ministério de Ciência e Tecnologia do Governo Federal)

com o intuito de trabalhar com estudantes de ensino médio

tal tema.

O Programa Ponte, que nasceu de outro edital FINEP (em

2007) e desde então continuou trabalhando com extensão

em educação em escolas de ensino médio de Piracicaba e

Região, escreveu um projeto que foi aprovado e teve início

em Abril de 2013, o “Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio

Ambiente”.

Da criação do edital até a aprovação do mesmo se passaram

quatro anos e muita coisa mudou, desde o Presidente até a

matriz energética que ganhou as mídias. Hoje assistimos

discussões e propostas quanto à exploração do petróleo do

“Pré-Sal” e pouco se ouve falar de novas políticas e incentivo

à pesquisa, desenvolvimento e comercialização de

biocombustíveis.

Com a dinamicidade das políticas e interesses públicos e

privados o tema, hoje, pode parecer obsoleto, porém ele

ainda está presente no dia-a-dia das pessoas, seja quando

passamos em um posto de combustíveis e observamos a

oferta de ETANOL ou em um exemplo mais comum, como

quando a família se reúne para o churrasco de domingo e

utilizam CARVÃO VEGETAL.

Tendo como norte a filosofia da educação ambiental

transformadora e a missão do Programa: “Contribuir para o

desenvolvimento de relações de ensino-aprendizagem na

escola e na universidade que estimulem o pensamento

crítico, a participação ativa, a curiosidade, a expressividade,

a criatividade, o espírito questionador, a esperança, a

sol idar iedade e o amor ” é que os monitores e

coordenadores do PONTE se debruçaram - juntamente com

parceiros tais como: A Diretoria de Ensino de Piracicaba e a

Iandé Educação e Sustentabilidade - para a criação da série

de seis atividades divididas em três módulos:

Módulo I - Contextualização energética.

Módulo II - Processo de fabricação de um biocombustível e

suas implicações.

Módulo III - Dialogando sobre a função socioambiental dos

biocombustíveis.

Além destes módulos que compõem a fase de “atividades

didáticas”, o projeto desenvolveu kits educativos

laboratoriais e processuais; o curso de formação de

professores da rede pública estadual; a implementação dos

respectivos kits nas escolas estaduais; a elaboração de vídeo

educativo sobre os biocombustíveis; a criação, edição e

diagramação de 4 publicações informativas (este 2º caderno

que você está lendo agora!) e a criação e manutenção do site

do Programa Ponte (www.esalq.usp.br/programa-ponte).

Page 8: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

6

Com essa série de atividades pretendemos: “Despertar nos

estudantes do ensino médio o interesse e a compreensão

sobre as áreas tecnológicas relacionadas ao setor de

Biocombustíveis, além de promover a interação entre o

conhecimento produzido na Universidade e os conteúdos

do Ensino Médio, por meio do eixo transversal

bioenergético e ambiental. Relacionar, comparativamente,

os combustíveis derivados do petróleo, com os temas

abordados incluindo a inserção econômica e social dessas

diferentes áreas tecnológicas na sociedade contemporânea

bem como sua integração com outras áreas do

conhecimento.

Fomentar junto aos professores atividades de motivação,

aprimoramento contínuo e atualização nas áreas de

ciências exatas e naturais, visando a criação de

competências nas áreas dos setores acima mencionados.”

Caroline Cristina Jandoso, monitora do Programa Ponte e

estudante do curso de Ciências Biológicas na ESALQ/USP.

Page 9: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

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ENTREVISTAS

Page 10: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

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Experiência educativa na implementação de kits

pedagógicos em escolas estaduais.

Diego dos Santos Teixeira e Camila Gomes Pastor,

e d u c a d o re s d a e m p re s a I a n d é – E d u c a ç ã o e

Sustentabilidade

Trabalhar com os kits didáticos tem sido uma experiência

riquíssima tanto para nós quanto para os alunos e para a

escola. É uma oportunidade para termos um contato

próximo com os estudantes aproveitando a temática dos

biocombustíveis para tratar de assuntos ambientais,

como o cuidado com o meio ambiente, sustentabilidade

e os trabalhos realizados pela Iandé, por tudo isso, esta

experiência está sendo bem saborosa.

Além disso, essa experiência está servindo para

conhecermos mais de perto a realidade da escola. Na

maioria dos trabalhos que a Iandé realiza lidamos com a

educação informal e não estamos em contato direto com

a escola, por isso, muitas vezes não temos a visão de

como funciona essa realidade dos professores e alunos

dentro da escola e com este trabalho junto ao Programa

Ponte começamos a entender um pouco mais o que se

passa dentro da sala de aula.

Reclamações de professores e alunos passaram a ser

mais bem compreendidas por nós porque agora

estamos vivendo esse dia-a-dia da sala de aula de 15

escolas estaduais da rede pública de Piracicaba e

e s t a m o s d i a l o g a n d o c o n s t a n t e m e n t e c o m

coordenadores , professores e a lunos e este

conhecimento está sendo muito bom.

A implementação dos kits educativos (laboratoriais e

processuais) está propiciando uma oportunidade de

trabalharmos de uma maneira mais lúdica, brincante,

trazendo a educação de uma forma mais gostosa,

levando para o ambiente escolar a vivência dos kits e de

que é possível fazer outras atividades sem os alunos

ficarem presos ao giz, lousa e dentro da sala de aula. Com

estes experimentos laboratoriais, brincadeiras e jogos

mostramos para os estudantes que o aprendizado por

meio de alternativas didáticas são possíveis dentro da

escola, em uma nova concepção de educação.

Page 11: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

9

No processo de elaboração dos kits didáticos não

imaginávamos que eles tivessem tanto potencial. A

implementação/vivência com os estudantes na escola

nos mostrou que esse potencial de uso dos kits é

gigantesco, pois o envolvimento desses jovens está indo

além das nossas expectativas.

Além disso, há também um despertar de inspiração nos

professores, para que eles consigam fazer mais

dinâmicas e trabalhem assuntos de outra maneira que

não seja só o modo tradicional. Verificamos que os

professores que participaram do curso de formação com

os kits se sentiram motivados e relataram a realização de

atividades diversas sobre o tema dos biocombustíveis

em sala de aula com os alunos, como por exemplo, o uso

da técnica world café, relatando o grande envolvimento e

participação dos estudantes. Houve estudantes que

participaram da implementação e já quiseram trabalhar

mais com os kits com outros professores, então as coisas

estão acontecendo! E é isso que queremos: que

aconteça!

E uma das coisas mais gostosas que estamos

vivenciando é ver nos olhos deles que eles gostam disso,

que gostam de jogar e ao mesmo tempo estão brincando

e aprendendo. Por isso, ao invés deles estarem copiando

uma matéria da lousa no caderno e não saberem do

assunto, esta vivência com os kits permite que, quando

retomamos o assunto perguntando e “aí o que são os

biocombustíveis, o que é o etanol, o que é o carvão?” eles

consigam dizer para nós “A gente sabe que o etanol vem

da cana-de-açucar!” e assim, alguma coisa eles sabem e

nossa esperança é essa: que tudo isso sirva para que eles

aprendam e a gente também.

Page 12: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

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A part ic ipação c idadã da juventude como

oportunidade de aprendizado

Marcos Sorrentino, professor doutor da ESALQ/USP e

coordenador do Laboratório de Educação e Política

Ambiental (Oca)

a desmotivação da juventude para o aprendizado de

conteúdos do cotidiano escolar precisam ser

compreendidos como uma oportunidade para repensar

o papel da escola e o papel da construção de

conhecimentos que se faz na escola.

Esta construção de conhecimento faz sentido para o

jovem quando parte de questões que motivam

juventude. Sendo assim, as mobilizações de rua e as

diversas ações que ocorrem no cotidiano da nossa

sociedade podem ser utilizados pedagogicamente não

somente para vitalizar o aprendizado de conteúdos

historicamente acumulados pela humanidade, mas

também para motivar as crianças e jovens para a ação

cidadã. Esta ação passa pela mobilização, pela expressão

das indignações e questionamentos.

Compreende-se que a ação política dialógica de pessoas

ou grupos de pessoas pode vir a impactar a forma de

organização da sociedade.

Por isso, incidir em políticas públicas pode ser o objetivo

maior de processos educadores que se articulam com as

mobilizações sociais para buscar dali a motivação para o

aprendizado de conteúdos específicos e ao mesmo

tempo para dar um sentido de cidadania e pertença a

estes jovens dentro do formato organizacional que a

sociedade tem hoje.

Desmistificar a sociedade mostrando que ela tem canais

que podem ser articulados com o fazer político cotidiano

é muito importante e é um desafio que está colocado

para escola, tanto na dimensão da elaboração dos

projetos políticos pedagógicos quanto no aprendizado

de conteúdos específicos que precisam ser trabalhados

pela escola.

Como você vê a relação

entre a mobilização da

juventude e a formação

de políticas públicas?

O momento atual é bem

rico em exemplos sobre

isto. O vazio em que a

escola encontra-se hoje e

Foto: Del Rodrigues

Page 13: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

11

As eleições evidenciam uma crise do sistema político

brasileiro, juntamente com a descrença do povo

brasileiro com a política. O que está faltando para

que a juventude perceba nestas contradições uma

oportunidade para o aprendizado?

O que está faltando são os espaços de diálogo, os círculos

de cultura em que as pessoas conversem sobre o

significado destas eleições, o que elas revelam e o que

elas nos incitam a fazer. Todos os processos educadores

devem aproveitar a oportunidade de um momento de

mobilização da sociedade, e efetivamente as eleições

presidenciais mobilizam a sociedade inteira. Todos, de

uma forma ou de outra tem que se envolver, nem que for

para votar “nulo”, e o tomar desta decisão é decorrente

de uma indignação, de uma percepção de que algo não

está bom, mesmo que intuitivamente.

Então, toda e qualquer posição que o jovem esteja

tomando hoje em relação a um fato que está dentro da

sua casa, na televisão ou na rua, pode se transformar em

uma oportunidade pedagógica. Fazer disto uma

oportunidade educadora, no meu ponto de vista, abre ao

menos dois campos de diálogo: um sobre o modelo

estrutural de organização política no Brasil, que é uma

ótima oportunidade de aprendizado que busca desvelar

para a juventude como é que funciona a nossa forma de

tomar decisões em coletivo. O outro ponto é o que abre

uma discussão sobre o que é fazer política. Fazer política

não é somente escolher entre um candidato ou outro,

fazer política é visualizar a arte do possível. Entre o que

eu, você ou o outro idealiza, existe um “possível” que se

coloca no meio do caminho entre o que dialogamos.

Então, não basta nós demonizarmos um candidato e

reverenciarmos o outro. Ambos têm propostas e

projetos de país diferenciados.

Fazer política é olhar para estes projetos de país e olhar

para os nossos projetos de país, para que seja possível

visualizar como é que uma das propostas caminha mais

na direção daquilo que nós queremos e outra talvez não

caminhe tanto. Portanto, a minha leitura sobre o

momento político atual é que ele é extremamente rico

sobre o ponto de vista da educação da nossa juventude.

Page 14: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

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O papel das licenciaturas na formação docente

Maria Antônia Ramos de Azevedo, professora doutora de

didática da UNESP

As licenciaturas, no meu ponto de vista, tem um papel

extremamente importante no contexto educacional

brasileiro, pois eu acredito que a educação pode

contribuir efetivamente para a transformação social e

para a construção da cidadania de cada pessoa. Sendo

assim, penso eu que os cursos de licenciatura devem

formar profissionais, e ao mesmo tempo contribuir na

construção da cidadania. Nesta perspectiva, quando eu

observo os cursos de licenciatura na forma como eles

estão hoje organizados, eu percebo que ela tem perdido

muito o seu espaço dentro dos cursos. Quando eu falo

espaço, não me refiro apenas à questão de cargas

horárias de disciplinas, eu acredito que nós estejamos

perdendo efetivamente o espaço formativo para que

esta pessoa vá se constituindo, e vá construindo os

saberes profissionais da docência, tão importantes para

a sua ação profissional.

Nesta perspectiva, eu vejo com muita preocupação o

encaminhamento que é feito hoje na licenciatura.

Grandes lutas são travadas, uma delas é a falta de

respeito presente na fala de alguns colegas professores

que consideram as licenciaturas como sendo menores

que os bacharelados. Fora da universidade, nós temos

u m a g r a n d e d e s v a l o r i z a ç ã o d a d o c ê n c i a e

consequentemente da formação do professor. Inúmeras

vezes, nós nos vemos sendo punidos quando afirmamos

que desejamos ser professores, num país onde a

educação não é muito valorizada. Sendo assim, existem

inúmeros desafios para que nós realmente assumamos

esta docência.

Hoje em dia, é muito presente a ideia de que “se eu sei, eu

tenho a capacidade de ensinar”. Isto permeia desde a

educação básica até o contexto universitário.

Isto é um erro, porque a profissão “professor” exige que

nós saibamos primeiramente o que é ensinar, e

consequentemente que a gente consiga aprender a

ensinar. Existe saberes para isto, que muitas vezes são

desconsiderados.

Eu tenho passado por grandes crises na profissão, mais

no sentido de pensar a formação inicial de professores.

Uma das grandes preocupações que eu tenho tido é de

que se não seria mais interessante que nós tivéssemos

cursos de licenciatura focando a formação docente, e

não como está hoje muitas vezes configurado, que é a

ideia de que nós temos que sair bacharéis e licenciados,

com as duas possibilidades de atuação. Eu percebo que,

por melhores que sejam os projetos políticos

pedagógicos que trazem isto como premissa, há uma

fragilidade enorme neste processo de formação. Ainda

acredito que existe uma briga enorme entre bacharéis e

licenciados, inclusive de professores que atuam nestes

mesmos cursos, gerando um sucateamento desta

formação. Por isso, me questiono se isto realmente tem

valido à pena.

Page 15: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

13

Outra grande preocupação que eu tenho tido é que a

universidade brasileira de hoje não mais trabalha a

formação de professores. É como se ela não precisasse

se preocupar com isto. Isto pra mim é um equívoco. É

sim, função da universidade, organizar bem os cursos de

licenciatura e formar excelentes professores para atuar

na educação básica. A expansão excessiva dos cursos a

distância também tem me preocupado, pois eu acredito

numa formação de professores cuja relação seja

absolutamente necessária entre todas as pessoas que

participam deste processo. Quando eu digo relação, é

justamente o processo de formação onde é preciso

preparar este futuro profissional numa perspectiva de

homem /mundo /sociedade /conhecimento.

É interessante que, quando falamos sobre formação de

professores, incomoda muita gente o fato de que nós

precisamos ensinar muitas vezes aquilo que nós não

possuímos. Mas, ao mesmo tempo, fazemos uma

exigência que estes alunos sejam bons professores. Fico

aqui me perguntando se nós que trabalhamos nas

licenciaturas somos bons professores. Que exemplo de

docência decente temos dado para que estes estudantes

tenham referenciais importantes que auxiliem na

construção identitária da profissão de professor? É um

exercício que nós professores devemos fazer: que tipo de

docência é esta que hoje consideramos importante? Será

que nós conseguimos desencadear um processo de

formação importante?

Outra coisa importante é que os cursos de formação de

professores, no meu ponto de vista, precisam trabalhar a

indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.

Muitas vezes, temos a errônea ideia de que se eu faço um

curso de licenciatura eu não preciso fazer pesquisa, eu só

vou dar aulas. Esta é uma fala forte dentro da academia.

Então, quando eu falo que a própria academia

desvaloriza a licenciatura, eu falo nesta perspectiva

também.

É necessário que os cursos de licenciatura também

olhem para o ensino de qualidade, que também ensinem

os seus estudantes a fazerem pesquisa tendo a docência

como foco fundamental de um processo de investigação,

e que desenvolvam projetos de extensão não

assistencialistas, mas que promovam atividades

fundamentais para a constituição deste individuo. É

preciso acabar com a ideia de que projeto de extensão é

ensinar a comunidade o que eles precisam aprender. É

preciso ir até a comunidade, aprender aquilo que

precisamos para que nos qualifiquemos enquanto

cidadãos e profissionais.

Muito obrigada.

Disciplina de Instrumentação para o Ensino de Ciências Agrárias do curso de Licenciatura em Ciências Agrárias da ESALQ/USP.

II Encontro de Formação Continuada em Extensão da ESALQ/USP

Page 16: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

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A experiência da participação nas atividades

didáticas do Programa Ponte no Projeto “Ensino

Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente”

Déborah Minharo, 2º ano da Escola Estadual Sud Menucci

Participar do Programa Ponte foi uma experiência nova,

uma forma bem dinâmica de aprendermos sobre

biocombustíveis e um assunto que a maioria dos

estudantes não conhecia. Gostamos bastante de ter ido

à Esalq, visto como é feito o etanol em laboratório, ter

participado dos teatros e ter esta interatividade com as

pessoas, foi tudo muito bom.

Amanda de Souza, 2ºA da Escola Estadual Sud Menucci

O que eu mais gostei foi o fato de aprender sobre algo

que fazia parte do meu cotidiano, mas que eu não sabia

muito sobre e isso a judou bastante no meu

conhecimento. As atividades foram bem dinâmicas e

legais. Uma das atividades que eu gostei bastante foi a

que nós fomos até o canavial e conhecemos um pouco

mais sobre a plantação da cana-de-açúcar e sobre os

pontos positivos e negativos dessa produção. Também

gostei da parte que visitamos um laboratório da Esalq e

que produzimos o etanol, pois foi uma experiência única,

muito legal.

Thaís Abdallah Lotaif Bruno, professora de química da

Escola Estadual Sud Menucci

O Programa Ponte ajuda muito nas aulas formais da

escola, pois ele não trabalha só com a disciplina de

química, ele integra várias disciplinas do currículo como a

história, a geografia, a arte. A química em si ajudou muito

na parte experimental e do cotidiano, pois os estudantes

puderam ver experimentos como a produção do álcool,

por exemplo.

Page 17: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

15

Nós já havíamos trabalhado com os estudantes quando

eles estavam no 1º ano do ensino médio a questão dos

biocombustíveis, sobretudo em aulas práticas. Estando

agora no 2º ano do ensino médio, e participando do

Ponte eles puderam rever alguns conceitos, lembraram-

se de atividades realizadas em salas de aula e isso foi

bem interessante pois eles fizeram essa ligação do

conteúdo do currículo com o Ponte.

As atividades do Ponte contribuíram para a vida escolar e

pessoal dos estudantes pois eles conseguem ter uma

visão bem crítica, e dá para perceber que eles são bem

críticos, portanto, isso ajuda na vida pessoal e na vida

escolar também porque eles fazem debates, participam

em grupo e esta criticidade irá contribuir bastante para a

vida profissional deles e para a escola como um todo.

Essa visão crítica que o Ponte proporciona nas atividades

do Programa é bem interessante.

Um dos grandes desafios para os professores

ministrarem aulas para estudantes do ensino médio é a

questão de que a adolescência já é uma fase complicada.

Mas eu particularmente consigo me dar bem com os

jovens porque eu me aproximo deles, eu tento ser o

máximo amiga para poder conquistá-los. Mas existe a

dificuldade em relação à questão da vulnerabilidade,

porque às vezes eles são bem vulneráveis à mídia e

acabam trazendo isso para a sala de aula, tornado o

diálogo difícil e às vezes eles vão muito na “onda” dos

amiguinhos fazendo panelinhas e então a tarefa do

professor é tentar mudar essa visão e torná-los mais

críticos e trazer eles mais próximos da gente. Eu pelo

menos tento fazer isso dessa maneira, me aproximando

deles.

CONFIRA OS DEPOIMENTOSNO CANAL DO PROGRAMA PONTE

www.youtube.com/projetoponte

Page 18: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

16

ARTIGOS

Page 19: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

17

O PAPEL DA CIÊNCIA NO ENSINOA palavra ciência deriva do latim “scientia” que significa

conhecimento, e que se refere a todo o conhecimento

adquirido através do estudo ou prática, fundamentado

em princípios de investigação. A ciência tem um papel

muito importante na humanidade, pois é uma

ferramenta de investigação para resolução de problemas

e conflitos de ordem prática, existentes na vida humana.

O exercício de criar hipóteses, testá-las e resignificá-las

permitiu aos seres humanos criarem e aperfeiçoaram

diversas formas de tecnologia. A partir da operação de

leis gerais obtidas pelo método científico, permite-se a

mensuração e comparação de diversos fenômenos

naturais, desde aqueles de ordem social quando aos de

ordem física e biológica.

A ciência também está presente na educação.

Acreditamos que a prática educativa de qualidade

necessariamente passa por um processo de ação,

reflexão e ação por parte do educador. O educando pode

ser contagiado por esta cultura e, sentindo-se parte

construtora do processo, não mais esperará que o

professor seja o único responsável pela aprendizagem. A

ciência está presente no dia-a-dia do ensino de qualquer

disciplina, pois o instinto investigativo é qualidade

inerente ao ser humano. O educador tem o dever em

incentivar este instinto, por isso o papel e a manifestação

da ciência se destacam desde o ensino infantil até o

ensino superior. Sendo assim, atua como meio para o

processo educativo que tem como fim a formação de um

cidadão conhecedor de sua responsabilidade com o

desenvolvimento de ações.

Dessa maneira, o papel da ciência na educação torna-se

necessário para a construção e confronto de valores dos

indivíduos envolvidos, tanto educadores quanto

educandos.

Amplia-se a capacidade de construção de uma

personalidade moral e posicionamento político acerca

dos acontecimentos que nos envolvem. Deste modo, o

fazer científico mostra-se determinante para conciliar a

qualidade de vida humana com a preservação da vida em

nosso planeta permitindo, assim, a constituição de um

mundo melhor.

É importante também refletir sobre o serviço de quem a

ciência opera. A ciência não é boa por si só, porque não

deve ser vista como um dogma, e cabe ao processo de

ensino/aprendizagem desenvolver uma visão crítica

acerca do viés político das tecnologias que são

desenvolvidas. Deve se refletir em que medida as

tecnologias são criadas para melhorar a qualidade de

vida das pessoas sem agravar problemas clássicos da

sociedade de consumo, como por exemplo, a

desigualdade social, a fome, a degradação do meio

ambiente e os conflitos entre países.

Diana Carolina Vásquez Castro, monitora do Programa

Ponte, engenheira florestal, estudante de pós-graduação em

Recursos Florestais pela ESALQ/USP.

João Pedro Aidar Menezes, coordenador técnico do

Programa Ponte, engenheiro florestal pela ESALQ/USP.

Page 20: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

18

E ESSE TAL PNPB?Olá pessoal, o presente texto é para discutirmos e

entendermos um pouco mais sobre o PNPB – “Plano

Nacional de Produção e Uso de Biodiesel” – programa

interministerial lançado pelo governo federal em

dezembro de 2004 para estimular a produção de biodiesel

no país, com o interessante objetivo de alavancar a

agricultura familiar.

É sabido que a crise do petróleo na década de 1970

chacoalhou os países do globo, incentivando que estes

desenvolvessem as condições para a produção de

energias alternativas. O Brasil desenvolveu o “Pró-Álcool”,

alguns países da Europa, como Alemanha, Áustria e

França, investiram no Biodiesel, e da década de 1970 para

cá muitas foram as transformações na matriz energética

dos países ao longo do planeta.

O biodiesel é um biocombustível produzido a partir de

óleos vegetais, extraídos de plantas classificadas como

oleaginosas (soja, mamona, girassol, dendê, amendoim,

babaçu, macaúba, etc.). Atualmente em nosso país cerca

de 74% do biodiesel é produzido com óleo de soja (do

restante, 23% é produzido a partir de gorduras animais,

2% óleo de algodão e 2% outras matérias-primas). Este

biocombustível pode ser obtido pela transesterificação,

esterificação ou craqueamento, processo que além de

produzir o biodiesel também gera grande quantidade de

glicerina, destinada à produção de sabonetes e outros

cosméticos. A produção se concentra nas regiões centro-

oeste (48%) e sul (37%), seguidos de sudeste (7%),

nordeste (6%) e norte (2%).

O PNPB é um plano bastante interessante, pois dentre

seus objetivos estão contemplados também interesses

sociais. O Programa conta com o “Selo Combustível

Social”, obtido somente pelas empresas produtoras de

biodiesel que compram matéria-prima diretamente dos

agricultores familiares em quantidades pré-determinadas

pelo MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário).

Essas empresas conseguem abonos tributários e ainda

lhes dá o direito de participarem nos maiores lotes para a

venda do biocombustível nos leilões da ANP (Agência

Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).

As metas iniciais do PNPB objetivavam que entre 2013 e

2014 fosse possível a produção e comercialização do “B5”,

ou seja, óleo diesel oriundo do petróleo com adição de 5%

de biodiesel, uma mistura para abastecer ônibus e

caminhões. Infelizmente as metas não foram atingidas, de

certa forma o plano foi bastante otimista em acreditar no

desenvolvimento da produção de mamona por

agricultores familiares, o que não ocorreu. Uma soma de

fatores foi responsável por frear as aspirações do PNPB: se

olharmos para as terras do semi árido nordestino

notaremos uma baixa produtividade das terras, escassez

de recursos naturais e financeiros bem como baixa

qualificação de mão de obra e pouca ou quase nenhuma

assistência técnica para os agricultores, isso fez com que

diversas empresas passassem a olhar a mamona com

olhos não tão entusiasmados assim, pendendo a balança

em favor da produção da soja. Até mesmo cientistas

produziram artigos dizendo que não era possível atingir as

metas do programa com a agricultura familiar, o setor

empresarial se aglutinou e formou a “Ubrabio – União

Brasileira de Biodiesel e Bioquerosene”. Outra

organização de grandes empresas também já existia, a

“Abiove – Associação Brasileira das Indústrias de Óleos

Vegetais”, fortalecendo assim a produção de biodiesel a

partir da soja.

Atualmente, 90% do biodiesel produzido têm como

principal matéria-prima a soja e que a cotação desta

commodity está em alta no mercado externo, sendo bem

provável que os produtores estejam optando pela venda

do produto para outros fins que não a produção de

biodiesel (MATTEI, 2008).

Page 21: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

19

O MDA espera que até o final de 2014 mais de 100 mil

famílias estejam participando do programa, vale a pena

ficar de olho em como todo esse processo está

acontecendo, será que conseguiremos alavancar a

agricultura familiar? Quais as conseqüências positivas e

negativas disso?

No dia 25 de setembro de 2014 no Diário Oficial foi

sancionada pela presidenta Dilma Roussef um aumento

na mistura compulsória de biodiesel, fazendo valer a

partir de novembro o B7, aumentando para 7% o

percentual obrigatório do biodiesel misturado ao óleo

diesel mineral comercializado ao consumidor final.

Segundo a Fundação de Estudos Econômicos (Fipe) da

Universidade de São Paulo (USP), a produção de biodiesel

B5 evitou, de 2008 a 2011, gastos de R$ 11,5 bilhões em

importação de diesel mineral , que é de origem fóssil, ou

seja muito mais poluente.

Com o B7 a produção de biodiesel irá crescer bastante,

consequentemente aumentará também a geração de

glicerina que por esse mesmo motivo sofrerá queda em

seu preço, atualmente a maior parte de glicerina gerada

no Brasil é exportada para a China. O aumento da mistura

para 7% foi bastante comemorado pelo setor e deu novo

fôlego para o mesmo, de acordo com o site da Ubrabio - “O

incremento na mistura obrigatória reduz em 5% a emissão de

Gases de Efeito Estufa (GEE), cria 133 mil postos de trabalho e

aumenta R$ 13,5 bi no PIB brasileiro. Com o B7 o Brasil pode

tornar-se o segundo maior produtor global de biodiesel, com

mercado projetado em 4,2 bilhões de litros, atrás apenas dos

Estados Unidos, com produção de cerca de 4,5 bilhões de

litros. Além disso, O uso de 7% de biodiesel adicionado ao

diesel comum reduz a dependência brasileira do diesel

importado em 1,2 bilhões de litros, o que representa uma

economia de aproximadamente U$ 1 bilhões aos cofres

públicos”.

O texto editado pelo governo determina que o biodiesel

necessário à adição seja fabricado preferencialmente a

partir de matérias-primas produzidas pela agricultura

familiar, com isso teremos um conjunto de 3,7 toneladas

de soja da agricultura familiar produzidas por cerca de 90

mil famílias.

A Abiove já fez várias previsões positivas e acredita no

B10 a partir de 2020, que traria um maior ganho

ambiental e econômico. Aparentemente esse aumento

trará benefícios para o Brasil, mas vale lembrar que na

realidade cotidiana os números podem passar por cima

das causas sociais e ambientais. É importante termos

senso crítico para avaliarmos tudo isso em longo prazo e

estudarmos para irmos entendendo cada vez mais essa

complexa “matriz energética”.

Gráfico: Matéria prima utilizada na produção de biodiesel no Brasil

Óleo de soja

Óleo de algodão

Gorduras animais

Outras matérias primas

23%

2% 2%

74%

Page 22: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

20

José Antônio Soares Júnior, monitor do Programa Ponte e

estudante do curso de Ciências Biológicas na ESALQ/USP.

Giuliana do Vale Milani, monitora do Programa Ponte,

estudante de Gestão Ambiental na ESALQ/USP.

Referências bibliográficas:

MATTEI, L. Programa Nacional para Produção e Uso de

Biodiesel no Brasil (PNPB): Trajetória, situação atual e

desafios. UFSC, 2008.

http://www.ubrabio.com.br/1891/Noticias/UbrabioCom

emoraSancaoDaleiQueConsolidaB7 235970. Acessado

em 09/10

http://www.abiove.org.br/site/index.php. Acessado em

09/10

ATÉ QUANDO INSISTIREMOS NO FRACASSO?Se existe algo em que provavelmente a sociedade

brasileira inteira acredita é de que a nossa educação vai

mal... Escolas com estruturas precárias, professores não

valorizados, estudantes desmotivados e pais que pouco

ou nada participam do processo educativo de seus

filhos... Vale lembrar, que em torno de 8% da população

brasileira é analfabeta, se olharmos para a taxa de

analfabetismo funcional esse número mais que

triplica...E o quê ou quem é o vilão dessa história toda?

Para entendermos a complexidade do tema educação é

necessário bastante estudo e um mergulho na história

de nosso país e até mesmo do mundo. Este texto não

pretende esgotar o assunto, objetiva simplesmente ser

mais um dos gritos que ecoam por aí em busca de ventos

melhores para a educação.

Vamos começar olhando para onde a maior parte da

“magia” (não) acontece: a sala de aula. A sala de aula se

organiza de uma maneira a não permitir o diálogo, não

proporciona a experimentação e investigação. Esse

formato, em que o professor é colocado como o detentor

de todo o saber e deve atuar “despejando” o conteúdo

pela lousa e mentes atentas, é chamado por Paulo Freire

de “educação bancária” e infelizmente é a forma mais

praticada pelas escolas mundo a fora. Mas será que a

educação sempre foi assim? Como era a “educação” dos

indígenas? Não havia salas de aula, mas havia inúmeros

momentos em que os saberes acumulados pela tribo

eram passados aos mais jovens. E como era a educação

em Atenas? Não existiam salas de aula, eram espaços de

reflexão, criação, experimentação. Hoje no Brasil o

direito à educação é garantido por lei, o código penal e o

Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) consideram

crime deixar uma criança de 06 a 14 anos fora da escola,

mas desde quando existe esse tal ensino público,

gratuito e obrigatório?

Page 23: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

21

EEssa ideia e consequente modelo de escola surgiram no

final do século XVIII, na Prússia, com o objetivo nada

progressista de formar pessoas para serem obedientes,

os monarcas da época acreditavam que era necessário

frear os anseios revolucionários que aconteciam na

França e que poderiam motivar outras movimentações

pela Europa. A escola criada então funcionava de uma

maneira autoritária, primando pela obediência e a

formação de um povo que obedecesse e estivesse

pronto para guerrear quando necessário. Esse modelo,

formador de pessoas obedientes, se espalhou mundo a

fora, pessoas de diversas partes do globo se capacitavam

na Prússia e viajavam para outros países multiplicando

essa experiência. Em meio a um mundo positivista e

embalado pe la revo lução industr ia l nasce a

escolarização obrigatória, financiada por grandes

empresários da época (JP Morgan, Rockefeller, Henry

Ford, etc.) objetivando, com o menor número de

recursos possíveis, “formar” mais e mais pessoas úteis às

fábricas, que pipocavam cada vez mais, e suprimindo as

potencialidades humanas.

Isso criou um ambiente de aprendizado muito pobre, e

que em pleno século XXI continua a ser perpetuado nas

escolas, ambiente esse que não estimula os estudantes a

“serem mais”, que não estimula a curiosidade, a

investigação, que não explora a expressão artística, que

não trabalha com as emoções, não promove o diálogo e

não se preocupa em reproduzir culturalmente o ser

humano, simplesmente transforma o estudante em uma

nota, um conceito, deixando-o assim um “acima” ou um

“abaixo” da média. Esse modelo é um tanto quanto sem

sentido, o que contribui para a taxa de evasão escolar

(aproximadamente 1 em cada 3 estudantes deixa a

escola antes da conclusão) e nada colabora para a

formação humana de nossos estudantes.

Mas nem só de estudantes é composta a sala de aula,

também existe o professor, o educador, que é formado

nas universidades dentro dessa mesma lógica de ensino.

Infelizmente os cursos de licenciatura não formam

educadores/as transformadores da real idade

educacional vigente, forma educadores/as reprodutores

da lógica bancária já bem estabelecida, que urge por

mudanças. É necessário olharmos com mais atenção à

formação que estamos dando aos nossos futuros

educadores/as.

Vale lembrar também que a sala de aula está dentro de

uma escola, e como é que essa escola se organiza?

Infelizmente muitos são os problemas relacionados à

estrutura: ausência de áreas verdes (ou quando existem

estão isoladas dos estudantes), salas de aula em

péssimas condições (carteiras quebradas, lousas

danificadas, ventiladores que não funcionam), edifícios

que mais se parecem com prisões (algumas escolas

possuem sistema de câmeras, inspetores com

walkietalks e trancamento automatizado de portões),

dentre outros. Além dos problemas estruturais inexiste

uma concepção organizativa entre os gestores/as e

educadores/as, ou seja, não existe um grupo que

trabalhe coletivamente para pensar os rumos da escola e

trabalhar por avanços na mesma, sendo que algumas

reuniões de ATPC (Atividades de Trabalho Pedagógico

Coletivo) podem se tornar verdadeiras torturas. É

necessário que os envolvidos pela educação em

determinada escola (isso inclui pais e mães) atuem de

maneira coletiva para a construção de uma educação

que faça sentido e explore ao máximo as potencialidades

h u m a n a s d e s e u s e d u c a n d o s / a s e t a m b é m

educadores/as.

Page 24: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

22

É claro que no papel e na teoria tudo é mais fácil, na

realidade cotidiana os problemas se mostram de

maneira complexa e desafiadora, mas a realidade

presente urge por rupturas com esse modelo já

fracassado de educação, se não fizermos nada para

mudá-lo estaremos sendo coniventes com a situação.

Felizmente existem diversas experiências de diferentes

formas de se fazer educaçãoacontecendo no Brasil e no

mundo: que os tomemos como inspiração e experiência.

É possível olharmos para a educação como uma

tecnologia de reprodução do ser humano, basta a nós

decidir qual ser humano queremos reproduzir: seres

acríticos e sem cultura, que não conseguem se expressar

e pouco ou nada se conheçam ou seres críticos, que

entendam a importância da cultura, que questionem o

mundo como ele é e se coloquem em movimento para

transformá-lo. O Programa Ponte faz a segunda opção,

nas nossas reuniões internas, quando é necessário

pensar como será a intervenção didática sempre há uma

preocupação de garantir metodologias que explore as

potencialidades humanas e contribua na formação que

acreditamos para os estudantes.

Eu dir ia s impl ificadamente que é necessár io

construirmos uma espécie de “Pedagogia de

Encantamento pelo Mundo”. Escolas preocupadas em

desenvolverem e alimentarem a curiosidade e

investigação dos estudantes, não se prendendo somente

aconteúdos curriculares, mas que também trabalhem o

subjetivo, a expressão artística, que desenvolvam a

autonomia de seus educandos e educandas e não os

avaliem como um número ou conceito. Que em resumo,

façam os estudantes se encantarem pelo mundo, uma

vez encantado nos disporemos a transformá-lo em um

lugar melhor. Sim, o caminho será longo e os obstáculos

inúmeros, mas, se não nós... quem? Se não agora...

quando?

"Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.

E examinai, sobretudo, o que parece habitual.

Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é

de hábito como coisa natural, pois em tempo de

desordem sangrenta, de confusão organizada, de

arbitrariedade consciente, de humanidade

desumanizada, nada deve parecer natural

N A D A D E V E P A R E C E R

IMPOSSÍVEL DE MUDAR."

Bertolt Brecht

José Antônio Soares Júnior, monitor do Programa Ponte e

estudante do curso de Ciências Biológicas na ESALQ/USP.

Para finalizar indico aqui dois documentários que podem

ser assistidos no youtube – “La educación prohibida”,

ótimo documentário que questiona esse modelo de

ensino, o contextualiza e mostra saídas e “Quando sinto

que já sei”, produção brasileira que deveria ser vista por

todos envolvidos na educação, no filme é possível saber

um pouco mais sobre diversas experiências que estão

acontecendo em escolas do Brasil, é motivador.

Page 25: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

23

O QUE É “EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA”?O Programa Ponte se reconhece como um grupo de

“extensão universitária”, mas este conceito não é tão

popularizado fora das universidades. Sendo assim,

vamos tentar esclarecer o que compreendemos sobre

este conceito, bem como explicitar as dificuldades que a

extensão universitária vem enfrentando para conquistar

seu espaço.

De acordo com o Plano Nacional de Extensão

Universitária (1999), a extensão acontece quando a

comunidade acadêmica, ao estabelecer uma relação de

diálogo com a sociedade, se apropria de um

conhecimento prático. Este conhecimento prático, ao ser

submetido à reflexão teórica (através da pesquisa, por

exemplo), ganha uma dimensão ainda maior, podendo

chegar a conclusões úteis para a sociedade como um

todo. Deste modo a sociedade participa diretamente do

conhecimento gerado na universidade e esta, por sua

vez, tem a função de democratizar este novo

conhecimento para que este se torne praticável, e

contribua para a resolução de conflitos socioambientais.

Esta deveria ser a função da extensão universitária, mas

será que isto ocorre realmente? Será que as pesquisas

desenvolvidas pelas universidades são relacionadas com

as demandas mais urgentes da sociedade? Será que a

universidade pública existe para produzir ciência

relacionada com a resolução dos principais problemas

socioambientais do país?

A verdade é que inúmeras iniciativas das universidades,

apesar de serem enquadradas como atividades de

extensão, não seguem pressupostos básicos presentes

no Plano Nacional. Quando a universidade se apresenta

como a detentora das respostas para todos os tipos de

problemas, não há uma relação de diálogo, e sim de

assistencialismo, messianismo, superioridade (da

universidade) e invasão cultural.

Em outros casos, quando há parceria na investigação de

um problema socioambiental, comunicação eficiente,

empatia e troca de saberes, o resultado da extensão

at inge proporções muito maiores. Quando a

universidade se interessa verdadeiramente em

c o n t r i b u i r p a r a a s o l u ç ã o d o s p r o b l e m a s

socioambientais, ela tem o cuidado de, primeiramente,

fazer as perguntas certas e, num exercício de ação /

reflexão / ação, é capaz de prestar auxílio ao contexto

social, bem como produzir pesquisas relevantes.

Reunião entre Diretoria Ensino piracicaba, coordenadores

ensino médio escolas estaduais, Ponte e Iandé.

II Encontro de Formação Continuada

em Extensão da ESALQ/USP.

Page 26: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

24

João Pedro Aidar

Menezes, coordenador

técnico do Programa

Ponte, engenheiro

florestal pela

ESALQ/USP.

A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO E DA

E D U C A Ç Ã O C O M O P R O C E S S O S

TRANSFORMADORES

"Ninguém educa ninguém, ninguém se educa a si mesmo, os

homens e mulheres se educam entre si, mediatizados pelo

mundo." (Paulo Freire)

Paulo Freire em sua obra “A Pedagogia do Oprimido”, traz

a discussão sobre a educação popular e a relação dos

opressores e dos oprimidos. O processo de ensino-

aprendizagem pode envolver dois principais atores: o

educador e o educando, mas a construção do

conhecimento não depende exclusivamente do outro. O

processo de educação e de conhecimento passa,

sobretudo pela transformação interiorizada de cada um

através da experimentação. Isto significa dizer que o

saber é um processo no qual a pessoa é o principal

agente na construção do conhecimento e que o saber

não é uma doação dos que se julgam sábios aos que

julgam nada saber (Freire, P.1987).

Segundo Freire (1987) a educação libertadora,

problematizadora não pode ser o ato de depositar, ou de

n a r r a r , o u d e t r a n s f e r i r , o u d e t r a n s m i t i r

“conhecimentos” e valores aos educandos, mas sim um

ato de empoderamento no processo de construção do

conhecimento e da realidade. Logo, os educandos

passam a serem investigadores críticos, em diálogo com

o educador, investigador crítico também, reforçando

assim, as mudanças de caráter revolucionarias.

Assim sendo, o conhecimento e a educação são

processos de busca. Uma busca curiosa, investigativa e

inspiradora que promove o desenvolvimento da

consciência crítica e da compreensão de que o individuo

pode transformar o mundo no qual está inserido.

O Programa Ponte defende o fortalecimento desta forma

de extensão universitária, pois é importante não

somente porque produzimos conhecimentos úteis para

fora da universidade, mas também porque entendemos

que é através do envolvimento pleno com problemáticas

da vida real que o estudante universitário tem a

oportunidade de testar habilidades e competências

necessárias à formação profissional, mas que são pouco

treinadas dentro das salas de aula, tais como:

comunicação verbal, avaliação de processos, construção

de indicadores, desenvolvimento de projetos, trabalho

em equipe, resolução de conflitos entre outros. Deste

modo, além de contribuir para melhorar a qualidade das

pesquisas desenvolvidas, a extensão tem o potencial de

melhorar o ensino.

É preciso criar mecanismos de reconhecimento e

fortalecimento das atividades de extensão dentro da

universidade, pois entendemos que estas já são

reconhecidas e demandadas fora dela.

Sendo assim, o Programa Ponte vem reafirmar seu

compromisso com a construção de uma relação

dialógica com as escolas estaduais de Piracicaba, bem

como reafirmar a crença numa universidade pública que

valoriza as iniciativas de extensão cujo principal alicerce é

a comunicação, e que por isso, são reconhecidas e

valorizadas pela sociedade.

Page 27: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

25

Nesse sentido a educação estimula o pensar autentico, a

espontaneidade como momento de liberdade pessoal, a

experiência criativa e inspiradora entre educador e

educando.

Pois bem, mas será que esta concepção de educação

problematizadora e libertadora está presente nas

escolas do século XXI? Será que a estrutura atual das

escolas promove este tipo de construção do saber? Na

esmagadora maioria das vezes a resposta será Não! A

rigidez das posições fixas (educador e educando, escola e

educando) são muito marcadas pelas aulas expositivas,

pelo conteúdo a ser “passado”, pelas provas que avaliam

os “conhecimentos”, e que só distancia as pessoas neles

envolvidas.

O Programa Ponte em seu processo de realização de

atividades educativas procura sempre aprender com o

educando e criar espaços em que ele possa ser atuante.

Valorizamos os momentos de discussão e reflexão em

pequenos grupos, procurando sempre ouvir as opiniões

dos estudantes à respeito do assunto que estamos

trabalhando. Mais do que isso, procuramos incentivar a

discussão para temas além daqueles propostos,

permitindo que o educando tenha a liberdade da

construção do seu pensamento e a possibilidade de

dialogar, ou seja, permitimos que ele penetre no

ambiente, envolvendo-se organicamente com ele.

Espera-se, portanto que os estudantes a partir da

tomada de consciência da situação sintam-se sujeitos

capazes de transformar a realidade e estimulados a

responderem desafios.

Neste processo o que recebemos enquanto educadores

é muito mais do que um novo aprendizado do educando.

Recebemos inspiração, ânimo, sonhos, sinceridade,

calor, sorrisos, compreensão, senso crítico e, sobretudo

amor.

Juliana Valente Florenzano, monitora do Programa Ponte,

engenheira florestal pela UFSCAR.

Mariana Luzia Bettinardi, coordenadora técnica do

Programa Ponte, gestora ambiental, mestre em Recursos

Florestais pela ESALQ/USP.

Referencia bibliográficas:

FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e

Terra, 17ª ed. 1987.

SPOLIN, V. Improvisação para o Teatro. São Paulo: Editora

Perspectiva, 1979.

Page 28: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

ACONTECE NO

PONTE

26

Page 29: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

27

UM JEITO DIFERENTE DE FAZER ESCOLA.

UMA INSPIRAÇÃO EXTRA AO PONTE.No dia 22/09/14 o PONTE esteve em visita à EMEF

Desembargador Amorim Lima, na capital de São Paulo,

uma escola que encantou o PONTE e encanta muitos

com sua proposta de ensino: público e inovador.

Encantou logo na chegada. Seus muros pintados, o

espaço aberto, as obras dos alunos para todos os lados.

Muitas cores e som de risos. Alguns minutos depois da

chegada, nos encontramos com nossas guias. Duas

alunas, 11 e 13 anos, que apresentam o espaço escolar e

o como as coisas funcionam. Andando pela escola e

observando as rodas de crianças e adolescentes e as

brincadeiras, paramos para comer amoras de um pé

carregado, com outros estudantes que, vindo conhecer o

grupo de visitantes, se animavam em apresentar seus

cadernos e os objetivos que alcançaram, para seguir ao

próximo nível.

Os objetivos de ensino são definidos e trabalhados num

contato próximo de alunos e professores, em turmas

heterogêneas em idades (as turmas são compostas por

alunos de anos distintos, dentro dos Ciclos I e II) e

reduzidas em tamanho (no máximo 20 alunos). Com isto,

t rabalham os temas que cabem às áreas do

conhecimento realizando tarefas, assistindo aulas,

criando materiais e dialogando com tutores. Muito

diálogo. Diálogos para resolução de conflitos, e para

criação de regras de convivência. Diálogos na busca pelo

respeito ao próximo, e às diferenças.

Na busca por cumprir os objetivos de aprendizagem, os

a lunos se movem buscando auxí l io , cr iando,

construindo, questionado e aprendendo. Os professores

não pareciam parados. No serviço de tutoria, dando

apoio aos alunos individualmente em suas dificuldades.

Individualmente acompanhando seu progresso e

recomendando mudanças.

Nas aulas, utilizando metodologias variadas, onde aulas

expositivas andam junto de jogos e brincadeiras.

Tudo isto em um espaço que dava a sensação de ser

muito maior. Onde o tempo não é controlado por sons de

aviso, e flui no seu ritmo natural. A estrutura da escola é

básica à maioria das escolas públicas, mas parece muito

melhor utilizada. Uma estrutura única, ou pelo menos

incomum, é a OCA da escola. Construída por

remanescentes de povo indígena no estado, foi um

presente... crianças brincam. A OCA estava bastante

danificada em sua estrutura pelo uso e pelas

brincadeiras que comprometeram as paredes de barro...

todos não gostam de tudo. Mas de todos que disseram

que não gostavam de algo na escola, nenhum disse que

não gostava da Escola.

Esta experiência é inspiradora, porque mostra que há

caminhos distintos para educação. E o PONTE saiu

motivado a persistir com seu trabalho. De inovar na

criação de tecnologias de ensino e de agir na busca por

construir uma educação melhor. Pequenas ações que

podem mobilizar boas mudanças.

Leandro Fonseca de Souza, monitor do Programa Ponte,

biólogo, estudante de pós-graduação em Microbiologia

Agrícola pela ESALQ/USP.

Page 30: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

28

UMA HOMENAGEM E RECONHECIMENTO

PELO TRABALHO DO PROGRAMA PONTE:

PRÊMIO DESTAQUE ESALQTEC 2014

No dia 09/10/2014 o PONTE foi prestigiar a entrega do

prêmio Destaque EsalqTec 2014 na 6ª edição do Prêmio

Empreendetec que aconteceu no Parque Tecnológico de

Piracicaba, São Paulo. O reconhecimento da comunidade

técnica e científica da cidade de Piracicaba pelo nosso

atual projeto “Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio

Ambiente” é um momento único e histórico para um

grupo de extensão em educação da ESALQ/USP. O

desafio de inovar, de despertar o interesse de

adolescentes pelos temas das ciências e de inspirar

professores a repensarem sobre suas práticas

possibilitando uma maior autonomia aos jovens é um

processo que motiva o PONTE a atuar na área de

educação científica permitindo que a curiosidade e o

espírito científico e empreendedor dos nossos jovens

sejam reavivados.

Propomos uma inovação de metodologias e práticas

educativas por meio da criação e execução de atividades

didáticas que promovem esta liberdade construtiva ao

estudante. Nós queremos permitir que o jovem possa

criar, inovar, pesquisar, empreender e atuar! Queremos

aproximar o estudante do ensino médio da universidade

pública, trazer novas abordagens na educação,

apresentar conteúdos de maneira lúdica e promover a

interação entre o conhecimento produzido na

USP/ESALQ e os conteúdos do ensino médio.

“É muito importante que a ESALQ/USP, como as demais

instituições de Ensino Superior, contribuam para que a

Geração do Conhecimento seja apresentada para a

sociedade, de uma forma acessível, em todos os níveis. Este

projeto ainda possui uma interessante particularidade, que

é o enfoque sobre os biocombustíveis, um setor que o Brasil

domina amplamente a sua tecnologia de produção, como é

o caso do etanol e demais derivados da cana-de-açúcar. O

trabalho desenvolvido pelo Programa Ponte merece o nosso

reconhecimento e por esta razão o apresentamos como

'Destaque ESALQtec 2014'". Com estas palavras Sergio

Marcus Barbosa, gerente da ESALQTec - Incubadora

Tecnológica justifica este reconhecimento do Programa

Ponte como Destaque na 6ª edição do Prêmio

Empreendetec.

Agradecemos muito por este momento tão importante e

esperamos contribuir cada vez mais para a sociedade,

promovendo ações transformadoras na vida dos nossos

jovens .

Mariana Luzia Bettinardi,

coordenadora técnica

do Programa Ponte,

gestora ambiental, mestre

em Recursos Florestais

pela ESALQ/USP

Grupo de educadores do Programa Ponte,

recebendo o prêmio Destaque ESALQTec 2014.

Page 31: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

29

CURSO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES

"[...] Os educadores, antes de serem especialistas em

ferramentas do saber,

deveriam serem especialistas em amor: Intérpretes de sonhos."

(Rubem Alves)

Nos dias 11, 13 e 15 de agosto ocorreu na ESALQ-USP o

“Curso de formação de professores”, ministrado pela

empresa Iandé Educação e Sustentabilidade em

conjunto com o Programa Ponte e a Diretoria de Ensino

de Piracicaba. A formação reuniu 60 educadores/as

sendo 4 educadores de cada escola participante do

projeto distribuídos ao longo dos três dias. O objetivo do

curso foi apresentar e discutir sobre os kits pedagógicos

desenvolvidos pela Iandé e que já estão implementados

nas 15 escolas estaduais que participam do Projeto

“Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente”.

Em cada um dos dias foi possível reunir educadores/as

de diferentes áreas, o que proporcionou uma

interdisciplinaridade que qualificou os momentos de

discussão. Durante a manhã realizamos dinâmicas de

apresentação e de trabalho corporal, seguido de uma

exposição teórica sobre o conteúdo “biocombustíveis” e

antes do almoço já apresentamos os kits laboratoriais e

processuais do carvão vegetal e do etanol, sendo

possível aos educadores/as avaliarem as metodologias

propostas ao final de cada apresentação. Após o almoço

apresentamos e discutimos sobre os kits laboratoriais e

processuais do biodiesel e do biogás e depois realizamos

um momento de discussão entre todos, que foi bastante

proveitoso para entendermos que as metodologias

propostas se tornam mais desafiadoras quando

inseridas na realidade cotidiana da escola, e que,

portanto, todo esforço que ouse transformar as relações

de ensino aprendizagem na escola, apesar de difícil se faz

necessário.

Para a formação acontecer foi necessário um intenso

esforço de articulação e convocação da Diretoria de

Ensino de Piracicaba e toda esta dedicação e

planejamento realizado pelos atores envolvidos para a

realização do curso foi positivamente avaliado pelos

participantes e valeu a pena passarmos o dia todo em

atividade.

Acreditamos que para além de simplesmente

realizarmos uma tarefa prevista em nosso projeto

“Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente” o

curso foi muito importante para auxiliar na consolidação

de nosso trabalho nas escolas públicas bem como

motivar e provocar os/as educadores/as a continuarem

em permanente formação, numa constante busca do

saber mais, como bem nos lembra Paulo Freire:

“Ninguém ignora tudo.

Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa.

Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso

aprendemos sempre”.

Foto: Educadores/as acompanham apresentação

do experimento prático sobre o Biogás. (13/09/14)

Page 32: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

30

Ficamos bastante satisfeitos e felizes com o resultado e

comentários feitos pelos professores/as ao final de cada

dia de curso! Saber que conseguimos proporcionar um

espaço em que os educadores/as não “sentiram o tempo

passar” e sobretudo, refletiram sobre sua prática

cotidiana coletivamente, é bastante motivador e mostra

que são possíveis ações que acumulem para a superação

das dificuldades existentes em nosso modelo de ensino.

Afinal, o que o Ponte quer é isso: integrar os esforços

para transformações em nosso atual modelo/sistema de

ensino, no sentido de torná-lo algo prazeroso e

libertador, que desenvolva o pensamento crítico e

fomente uma incessante curiosidade sobre o ambiente

que nos cerca.

José Antônio Soares Júnior, monitor do Programa Ponte e

estudante do curso de Ciências Biológicas na ESALQ/USP.

III CONSELHO GESTOR DO ATUAL PROJETO

E CO M E M O R AÇ ÃO D E 7 A N O S D O

PROGRAMA PONTE

No dia 17 de Outubro de 2014, o Programa Ponte realizou

o III Conselho Gestor & Comemoração dos 7 anos de

existência do grupo. Em uma noite descontraída,

celebramos a nossa caminhada e realizamos uma

retrospectiva do desenvolvimento do grupo desde sua

criação em 2007 até o atual projeto “Ensino Médio,

Biocombustíveis e Meio Ambiente, apelidado de “FINEP

2”. Contamos com a presença de diversos amigos,

antigos membros do Ponte e os atuais parceiros que

compõe a teia de ações do projeto.

Na oportunidade realizamos um resgate histórico do

surgimento do Programa Ponte que era orientado pelo

professor Gerd Sparovek e do “Finep I – Ensino Médio,

Engenharia e Meio Ambiente: Troca de experiências e

interação de conhecimentos entre a ESALQ e escolas

estaduais de Piracicaba e região”. Apresentamos os

resultados parciais e andamento das atividades do

Programa Ponte no atual projeto realizado com as 15

escolas estaduais:

Ÿ Ativ idades Didát icas com as 45 turmas

participantes;

Ÿ Desenvolvimento de kits laboratoriais e

processuais;

Ÿ Implementação dos Kits nas escolas;

Ÿ Organização e execução do Curso de Capacitação

de Professores;

Ÿ Elaboração de Vídeo Educativo sobre os

Biocombustíveis;

Foto: Educadores/as durante início do dia,

apresentação e realização de acordos. (15/08/14)

Page 33: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

31

Ÿ Criação, Edição e Diagramação de 4 publicações

informativas + criação e manutenção do site do

Ponte.

E tivemos o depoimento de várias pessoas como o

professor coordenador Antônio Carlos de Azevedo

(ESALQ/USP), Luciana Maria Victória (PCNP de Ciências

da Diretoria de Ensino de Piracicaba), Amanda Santos de

Oliveira (monitora do Programa Ponte), Camila Pastor

(Iandé Educação e Sustentabilidade), Ana Maria Campos

Dávila (Coordenadora de Ensino Médio da Escola

Estadual Dr João Conceição) e professora Maria Antônia

Ramos de Azevedo (ex-coordenadora pedagógica do

Programa Ponte e professora da UNESP).

Agradecemos a presença e o carinho de todos neste

evento e desejamos viabilizar a continuidade das ações

do Programa no longo prazo!

Foi uma noite maravilhosa e um momento incrível de

partilha e alegria.

Mariana Luzia Bettinardi, coordenadora técnica do

Programa Ponte, gestora ambiental, mestre em Recursos

Florestais pela ESALQ/USP

João Pedro Aidar Menezes, coordenador técnico do

Programa Ponte, engenheiro florestal pela ESALQ/USP

Comemoração de 7 anos do Programa Ponte

Page 34: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

32

PROGRAMA PONTE, TRABALHANDO NO

DIA-A-DIA OS VALORES QUE ACREDITAMOS

O Programa Ponte busca, por meio de suas intervenções

nas escolas, proporcionar a troca de experiências e

saberes entre estudantes universitários e a juventude da

escola pública de Piracicaba, contribuindo, a partir do

estímulo à reflexão e da construção coletiva, para a

formação crítica e cidadã de todos os envolvidos:

educadores e educandos.

Além da experiência docente propiciada pelas atividades

nas escolas, os membros do Ponte vivenciam no seu dia-

a-dia uma forma de organização e trabalho baseada na

coletividade e horizontalidade, evidenciando através da

prática que este tipo de organização é possível, produtivo

e prazeroso. Isso acontece já pela característica da

composição da equipe e formato da reunião: somos em

13 integrantes sendo 11 monitores e 2 coordenadores

técnicos, além do nosso supervisor. Nossos encontros

acontecem semanalmente por um período de 4 horas,

onde dividimos a reunião em um momento organizativo

e outro de formação. Na parte organizativa discutimos

questões relacionadas ao andamento do trabalho do

grupo, tais como a definição de metodologias das

atividades, as tarefas e responsabilidades de cada

monitor dentro das atividades educativas e os processos

de constante reflexão. A formação pedagógica é o

momento em que coletivamente, nos debruçamos sobre

algum tema relacionado ao nosso trabalho cotidiano

refletindo sobre a nossa própria prática.

No intervalo destas duas partes da reunião temos o

momento da “Equipe delícia”, que é quando temos o

nosso lanchinho.

Em cada reunião uma dupla fica responsável por

preparar e levar um lanche para todo o grupo e é nesse

momento que temos uma confraternização da equipe,

uma descontração e um diálogo sobre os mais variados

assuntos, contribuindo para o fortalecimento de laços de

amizade, bem como maior confiança e segurança no

grupo de trabalho.

Além disso, contribuindo ainda mais para essa forma de

organização horizontal os integrantes se dividem em

“coordenadorias” para realizar as tarefas do grupo. São

elas: coordenadoria pedagógica, que tem como função

planejar, organizar e facilitar os momentos de formação

pedagógica, garantindo que esses aconteçam de acordo

com as necessidades do grupo; coordenadoria de

avaliação, que tem como função propor os documentos

de avaliação utilizados ao final das atividades, organizá-

los e acompanhar os resultados; coordenadoria dos

módulos, cada módulo das intervenções didáticas

recebe maior atenção de sua coordenadoria

correspondente, que tem como função sistematizar as

avaliações das atividades, propor mudanças de acordo

com as avaliações e discussões em grupo, bem como

garantir os materiais necessários para as mudanças.

“Equipe Delicia”

Hora do lanche em nossas reuniões.

Page 35: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

33

Para as atividades didáticas (módulos I, II e III), os

monitores se agrupam em “coletivos educadores”, cada

coletivo, formado por 3 a 4 monitores, atua em um dia da

semana, o que garante que o mesmo coletivo

acompanhe uma mesma turma ao longo dos três

módulos. Esta foi uma decisão tomada pelo grupo

objetivando fortalecer a relação entre educadores e

educandos.

Sendo assim, mesmo com os entraves burocráticos

dentro da universidade, nós da equipe Ponte

acreditamos que é possível construir relações mais

humanas que valorizem as diferentes realidades,

saberes e pontos de vista. E ao combater no dia-a-dia a

hierarquização e o engessamento das relações

acreditamos estar também contribuindo para nosso

trabalho nas escolas, buscando ser exemplo pedagógico

que vê no horizonte a necessidade de aproximar ação e

teoria.

“A teoria sem a prática vira 'verbalismo', assim como

a prática sem teoria, vira ativismo. No entanto,

quando se une a prática com a teoria tem-se a práxis,

a ação criadora e modificadora da realidade".

Paulo Freire

Amanda Santos de Oliveira, monitora do Programa Ponte e

estudante do curso de Ciências Biológicas na ESALQ/USP.

José Antonio Soares Júnior, monitor do Programa Ponte e

estudante do curso de Ciências Biológicas na ESALQ/USP.

Cada coordenadoria é composta por 2 ou 3 pessoas,

existe também a tarefa de coordenação do grupo, que

fica responsável por organizar a pauta da reunião e as

diversas tarefas burocráticas, relação com parceiros,

prestação de contas, representação do grupo, etc.

PARCERIA DE SUPORTE PEDAGÓGICO:

PROGRAMA PONTE E GRUPO TERRA

O Programa Ponte vem recebendo crescente atenção

das mídias e destaque na sociedade piracicabana, dentro

e fora da ESALQ. Ao longo dos sete anos de atuação, o

programa tornou-se referência entre os grupos de

extensão e também de educação ambiental na região.

O Ponte desenvolve atividades de suporte pedagógico a

outros coletivos, auxiliando desde o desenvolvimento de

projetos pedagógicos até a elaboração conjunta de

metodologias a serem utilizadas em atividades

educativas. Atualmente, o Programa Ponte desenvolve

Mudanças sugeridas pela Coordenadora do módulo III

Page 36: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

34

MAIS QUE UM PROJETO, UMA ESCOLA

VIVA: PROJETO ÂNCORA

No dia 16/10/2014 (quinta-feira), a equipe do Programa

Ponte conheceu mais uma escola que, como diria Rubem

Alves, é asa!

Ao chegarmos fomos recepcionados por dois

estudantes, de 10 e 9 anos, que nos explicaram as 5

regras mais importantes que eles têm na escola:

respeito, afetividade, responsabilidade, solidariedade e

honestidade. Ao caminharmos pelas instalações os

educandos (são assim que eles se denominam) nos

mostraram a quadra de esportes onde eles têm aulas de

skate, a lona de circo onde têm atividades circenses, a

sala de música, a sala de dança, o parquinho e as diversas

salas de estudo (Não existem carteiras enfileiradas).

Os educandos nos explicaram que as crianças que

chegam à escola estão na fase de Iniciação. Elas ficam

nesta fase de acordo com a sua própria adaptação e

orientação do seu tutor, que é a pessoa responsável por

o r i e n t a r o s e s t u d o s d a c r i a n ç a , a v a l i a r o

desenvolvimento da autonomia, acompanhar suas

atitudes, aprendizado, relações familiares e sociais, entre

outros. Crianças de 6, 7, 8 anos brincam juntas, elaboram

coletivamente o plano do dia, fazem discussões em roda,

são iniciadas nas regras da escola e quando têm

autonomia suficiente (elas definem conjuntamente com

seus tutores quando acontece este momento) são então

introduzidas na fase de Desenvolvimento. Nesta fase o

educando passa a desenvolver e trabalhar no seu roteiro

de estudo. É ele quem decide o que deseja estudar por

determinado período e o seu tutor o orienta neste

processo de aprendizagem. A última fase é a do

Aprofundamento na qual os próprios educandos

orientam e auxiliam as crianças que precisam de ajuda.

Filipe Rafael Salvetti Nunes, monitor do Programa Ponte,

biólogo e estudante de pós-graduação em Microbiologia

agrícola pela ESALQ/USP.

um trabalho profícuo com o Grupo Terra da ESALQ, que

trabalha questões relacionadas à educação ambiental

com jovens de um assentamento rural no município de

Americana – SP.

“Frente ao desafio do desenvolvimento de uma nova

atividade do grupo junto ao assentamento Milton Santos,

que vise a formação da identidade rural e a realização de

projetos sócio culturais entre jovens e crianças assentadas, o

grupo Terra que trabalha no assentamento há 8 anos, achou

necessário a busca de suporte pedagógico e metodológico

junto ao Programa Ponte, que já há algum tempo se destaca

em suas ações dinâmicas e pedagógicas nas escolas

estaduais de Piracicaba em diversos temas da educação

ambiental. Esta vem sendo uma excelente oportunidade de

troca de vivências e experiências entre os grupos de extensão

e inserção desta metodologia no contexto rural”, destaca

Yohana Cunha de Mello do Grupo Terra.

O Programa Ponte continua com suas portas abertas

para novas parcerias com grupos que queiram vivenciar

um pouco de nossas práticas e trocar experiências, na

busca constante pelo fortalecimento da extensão e da

educação ambiental, na universidade e além de seus

muros.

Page 37: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

35

Todos os conteúdos do ensino fundamental são

desenvolvidos com os estudantes ao longo dos 9 anos

que eles permanecem na escola. A diferença da escola

tradicional está no formato, metodologia e importância

das relações humanas envolvidas neste processo. “O

estudante pode fazer seu roteiro de estudo a partir de um

filme de guerra que ele assistiu. Nessa perspectiva da

curiosidade do educando o tutor pode direcionar que a

partir disso o educando busque saber como são feitas as

bombas do filme? Quais os elementos químicos que estão

presentes nela? Quando ocorreram guerras na história da

humanidade? E a partir da vontade do educando ele

consegue estudar e aprender” relata Cláudia, uma das

coordenadoras do projeto. Enfim, foi um dia de muitos

aprendizados, inspiração, motivação, ânimo, euforia e

vontade de continuar caminhando e buscando uma

educação transformadora, ideal que o Programa Ponte

acredita.

.

M u i t o o b r i g a d o , P r o j e t o  n c o r a !

(http://www.projetoancora.org.br)

“Há escolas que são gaiolas. Há escolas que são asas.

Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros

desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são

pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-

los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um

dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos

pássaros é o vôo. Escolas que são asas não amam pássaros

engaiolados. O que elas amam são os pássaros em vôo.

Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o

vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro

dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser

encorajado”.

Rubem Alves

Mariana Luzia Bettinardi, coordenadora técnica do

Programa Ponte, gestora ambiental, mestre em Recursos

Florestais pela ESALQ/USP.

Educadores do Programa Ponte

em visita às instalações do Projeto Âncora

Mosaico fachada Projeto Âncora

Page 38: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

36

MURAL DETALENTOS

Page 39: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

37

2º A da E.E. Dr. Jorge Coury

BIKE - LIKENão olha pro lado quem tá passando é a bike, se cuidar

do meio ambiente eu vou dar um “like”.

O busão aqui na rua só causa prejuízo. Anda mais de

bicicleta, tenha um pouco de juízo.

Os “mino” da escola andam de calça-baixa. Quer andar

de bicicleta, só que não tem ciclo-faixa.

Ao invés de andar de carro, motoca ou busão. Ande mais

de bicicleta pra ficar com “popozão”.

E pra finalizar vou mandar logo a real: combustível é

muito caro, deveria custar 1 real.

CARVÃO VEGETALVou mandando aqui e agora, vou falar para geral

A história do carvão, pode pa que passa mal.

Eu to mandando um funk mais não é pra rebolar

To falando da madeira, pro rabo quente eu vou mandar:

É um forninho artesanal que a madeira vai queimar

Liberando gás que vai prejudicar

Você pensa que é fácil, mas não é mole não

O trabalho excessivo prejudica o pulmão

Vou falando que é pra finalizar

Com o desmatamento não dá pra brincar.

1º B da E.E. Dr. Jorge Coury

Larissa Silva, Ane Gabrielle, Gaby Santos, Rosiane Pereira,

Pedro Henrique, estudantes do 1ºB da E.E. Dr. Jorge Coury.

1º E da E.E. Sud Menucci

Page 40: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

38

Quando o mundo esquecer dos homens

E a água pura se acabar!

Já não seremos mais os mesmos

Neste lugar

Já duvidando é? Cuidado

A chuva não cairá mais do seu lado

Já se achando é? Aproveita

Pois um dia viverá na seca

Quando as ruas se encherem de carro

E não sobrar mais nenhum espaço

A poluição se concentrar

O que é que vai restar

Já respirando é ? Cuidado

O ser humano não terá mais cuidado

Já se achando é? Aproveita

Não vai respirar o ar com pureza

CADERNO DO ALUNO

Caderno de quem tem a aprender

Ou caderno de quem tem a ensinar?

Nunca sei qual usar

Ana Sartori Carrijo da

Cunha, monitora do

Programa Ponte,

bióloga, estudante de

Licenciatura em

Ciências na ESALQ/USP.

Fernando Estevam, Vinícios Arruda, Diego Martins, Karen

Gonçalves, Renan, Ariana Oliveira do 3ºA da E.E. Prof. José

Martins de Toledo

Bota mão na consciência

E veja como “tá” a natureza

Se a gente não mudar

Tudo vai se acabar!

2º B da E.E. Prof. José Martins de Toledo

Page 41: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

39

Muitas pessoas trabalham

Pro futuro melhor

Aqui na produção de cana

A vida é bem pior

Uma marmitex por cada tonelada de cana

Meu amigo, fica a dica

Que a vida não é ganha

Enquanto a gente trabalha para se sustentar

O salário é uma miséria

E você não quer pagar

Enquanto você tenta agradar o presidente Bush

Tem muita gente que não tem o que encher o bucho

Adamares, Adaileine, Laís e Fernanda do 2º B da E.E. Prof.

José Martins de Toledo

Preserve o meio ambiente

Use consciente

Preserve a natureza

Mantenha sua beleza

Precisamos de ciclovias precisamos de liberdade

Precisamos de vida

De uma vida com a natureza

Viver em paz

Quero a natureza

Quero a paz na alma

Um respirar profundo

Com um ar puro

E poder usufruir cada minuto

Da beleza das folhas, do céu, da vida.

Andressa, Larissa, Luiz Fernando, Milena e Tais do 2º B da

E.E. Prof. José Martins de Toledo

Page 42: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

40

As pessoas hoje em dia estão desmatando geral

Com essa poluição estamos até passando mal.

Através da madeira se faz o carvão vegetal

Com nosso lixo se faz o biogás

Ele nos ajuda a aprender um pouco mais

Em seguida o biodiesel que aqui vamos falar

É através da soja que vai se formar

A cana de açúcar que ocupa nossa região

Abastece só seu carro

E não nosso busão

Dandara Silva, Lorena Barros, Caroline Berretta, Letícia

Conceição, Vinícius Gobira, Lincon Blumer, Patrick Reggis,

Luiz Piris, Sabrina Gomes do 1ºB da E.E. Prof. José Martins de

Toledo

O CICLO DO BIODIESELÓleos vegetais

Que vem e que vais

Que pela transesterificação

Biodiesel é produção

Motores funcionando

Biodiesel estão queimando

CO2 se formando

E o ciclo se completando

Sim, de volta à plantação

Fotossíntese novamente

Para nova produção

É assim constantemente.

João Vitor, Larissa, Luciano e Taís, estudantes do 2ºB da E.E.

Prof. José Martins de Toledo

RAP DO PONTE

Na t.v. a mensagem é clara

Compre sem pensar em nada

Compre com cartão ou a prestação

E vai ver seu dinheiro ser gasto em vão

Mcdonald's, nike ou o sistema Fordismo

Todos fazem parte do capitalismo

A real é que estamos esgotando nossas reservas

Agora só nos resta fazer uma reza

Deus pai, todo poderoso

Nos ajude que o bagulho tá osso

Se o senhor nos enviar uma luz

Prometemos fazer jus

Se for por meio da conscientização

Vamos ter que reduzir a produção

Se for por meio da Química Verde

Vamos diminuir a quantidade de poluente

Se for por meio de uma pesquisa que diminui a poluição

Vamos gerar um bem para a nação

Independentemente da estratégia adotada

Temos que mudar essa situação gerada

Que o Projeto Ponte seja um ponta pé inicial

Uma semente que possa gerar um diferencial

E para finalizar saio feliz até a alma

E para os monitores, por favor, um salve de palmas

Leandro Henrique Vesoloski Tavares, professor de Química

E.E. Dr. Jorge Coury

Page 43: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

41

RAP UNIVERSITÁRIO

Senhores do consumo estão cada vez mais milionário

Nós vamos quebrar isso com nosso RAP universitário

Comerciais sem conteúdo. Que absurdo!

Às vezes da vontade de até ficar surdo

Enquanto você está aí invadindo a nossa mente com sua

propaganda

Ce tá ligado a nossa opinião você não muda e também

não a engana

Propaganda não entra na mente de um guerreiro

O de verdade sabe quem é o de mentira e o verdadeiro.

Tem como não consumir o consumismo, o consumismo

te corrói

Porque quando compramos a gente mesmo se destrói!

A produção gera poluição na mente

E isso gera esse verão quente

Eu sei que do consumismo você não solta

Se você quiser ver miséria, é só olhar em volta.

Até um sábio fica iludido com bebida e dinheiro

Um verdadeiro amigo jamais vai prejudicar seu

companheiro.

E nesse Rap nóis tá querendo buscar nossos ideais

Nós não queremos um planeta consumista, nós

queremos apenas paz

E dessa ideia, irmão, nós nunca deixaremos pra trás.

Douglas Oliveira, Lucas Sanches, Marcos Vinicius (2ºA) e Luis

Fernando, Vinicius Ribeiro (3ºA), estudantes da E.E. Dr. Jorge

Coury

RECEITA DE BOLO SEM FARINHA

12 ovos

12 colheres de achocolatado

12 colheres de açúcar

2 colheres de manteiga

4 pacotinhos de coco ralado

Bater tudo no liquidificador por 10 minutos, despejar

numa forma untada com manteiga e assar por cerca

de 30 minutos.

William 2ºA, estudante da E.E. Dr. Luiz Gonzaga de Campos

Toledo

O Projeto Ponte veio nos conscientizar

Mudar nosso modo de agir e de pensar

A natureza nós temos que amar e respeitar

Se liga meu amigo, se liga meu irmão

As crianças de hoje em dia já nasce com o tablete na mão

Por isso eu digo consumo aqui não

Esses pais tão tudo sem visão, dão tudo na mão

O que quiser tem,

mas temos que pensar no amanhã também

Por isso eu digo tem que ter respeito

O consumo excessivo vai com o mundo acabar.

1°A e 2ºA E.E. José de Mello de Moraes Ana Carolina, Caroline,

Felipe, Gabriel C. Judiy, Lucas F., Micael, Nathalia L. e Renata

Page 44: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

Escola 1 (E.E. Dr. Jorge Coury)

Escola 2 (E.E. Dr. Luiz Gonzaga de Campos Toledo)

Escola 3 (E.E. Prof. José Martins de Toledo)

Escola 4 (E.E. Sud Menucci)

Escola 5 (E.E. José de Mello Moraes)

MÓDULO I

MÓDULO I

MÓDULO II

MÓDULO II

MÓDULO III

MÓDULO III

MÓDULO I

MÓDULO II

MÓDULO III

MÓDULO I

MÓDULO II

MÓDULO III

MÓDULO I

MÓDULO II

MÓDULO III

Turma 1 - 1ºA Turma 2 - 1ºB Turma 3 - 2ºA e 3ºA

04 de agosto

15 de setembro

20 de outubro

06 de agosto

17 de setembro

22 de outubro

07 de agosto

18 de setembro

23 de outubro

Turma 1 - 3ºA Turma 2 - 1ºA Turma 3 - 2ºA

18 de agosto

22 de setembro

27 de outubro

20 de agosto

24 de setembro

29 de outubro

21 de agosto

25 de setembro

30 de outubro

Turma 1 - 3ºA Turma 2 - 2ºB Turma 3 - 1ºB

02 de setembro

29 de setembro

03 de novembro

27 de agosto

01 de outubro

05 de novembro

28 de agosto

02 de outubro

06 de novembro

Turma 1 - 1ºB Turma 2 - 1ºE

01 de setembro

06 de outubro

10 de novembro

03 de setembro

08 de outubro

12 de novembro

Turma 3 - 1ºA e 2ºA

04 de setembro

09 de outubro

17 de novembro

PROGRAMA PONTEPROJETO “ENSINO MÉDIO, BIOCOMBUSTÍVEIS E MEIO AMBIENTE”

CRONOGRAMA DE ATIVIDADES DIDÁTICAS – 2º SEM 2014

42

Page 45: Programa Ponte Caderno 2 - Projeto Ensino Médio, Biocombustíveis e Meio Ambiente

PROGRAMA PONTE – PROJETO “ENSINO

MÉDIO, BIOCOMBUSTÍVEIS E MEIO

AMBIENTE”

Entidade Concedente: Financiadora de Estudos e

Projetos (FINEP – MCT)

Entidade Convenente: Fundação de Estudos Agrários

“Luiz de Queiroz” (FEALQ)

Executores: Escola Superior de Agricultura “Luiz de

Queiroz” (Programa Ponte) e Diretoria Regional de

Ensino de Piracicaba

Equipe Gestora do Programa Ponte

Ÿ Antônio Carlos de Azevedo (Coordenação Geral)

Ÿ Mariana Luzia Bettinardi (Coordenação Técnica)

Ÿ João Pedro A. Menezes (Coordenação Técnica)

Equipe de Educadores do Programa Ponte

Amanda Santos de Oliveira

Ana Sartori Carrijo da Cunha

Caroline Cristina Jandoso

Diana Carolina Vásquez Castro

Filipe Rafael Salvetti Nunes

Giuliana do Vale Milani

Isabela dos Santos Ferraz

José Antonio Soares Júnior

Juliana Valente Florenzano

Leandro Fonseca de Souza

Lineu Vianna de Oliveira Ribeiro

Equipe Gestora da Diretoria

Regional de Ensino de Piracicaba

Marly A. G. Marsulo

Luciana Victoria

João A. Gambaro

.

Colaboradores

Ana Maria de Meira

Antonio Sampaio Baptista

Beatriz Appezzato-da-Glória

Bruna Ephiphanio

Camila Gomes Pastor

Carlos Eduardo P. Cerri

Célia Regina Natalio

Cláudio de Lima Aguiar

Cristiano Gomes Pastor

Danielly Crespi

Davi Pacheco

Diego dos Santos Teixeira

Fernando Modolo

Gerd Sparovek

Gustavo Casoni da Rocha

Instituto Terra Mater

Ivan Zaros

Karen Leyton

Karine Faleiros

Kátia Maria P.M.B. Ferraz

Márcio Sartório

Marcos Sorrentino

Marcos Yassuo Kamogawa

Maria Antônia R.de Azevedo

Maria Lídia Romero Meira

Mateus Piffer Jr

Moisés Ruiz Arroio

Otávio A. de Góes Júnior

Paulo Yoshio Kageyama

Pedro H. Santin Brancalion

Regina Maria Luvisotto

Renato Pelegrini Morgado

Rosebelly Nunes Marques

Sérgio Oliveira Moraes

Sueli Pereira Nunes

Teresa Cristina Magro

Thais Maria F. S. Vieira

Thiago Libório Romanelli

Vânia Galindo Massabni43

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www.esalq.usp.br/programa-ponte

Acesse o site do Programa Pontedo seu Computador, Tablet e Smartphone!

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Você encontrará vídeos do programa,

fotos, informações e muito mais!

NAVEGUE PELO SITE DO PROGRAMA PONTE

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www.esalq.usp.br/programa-ponte

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“A satisfação reside no esforço, não no resultado obtido. O esforço total é a plena vitória.” (Mahatma Gandhi)

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