programa de pÓs-graduaÇÃo stricto sensu mestrado em ... · aos meus pais, cira e pedro, por todo...
TRANSCRIPT
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM
ODONTOLOGIA
JULIANA DE BRITO VASCONCELOS
Londrina 2017
AVALIAÇÃO DO ARCO DENTÁRIO E BASAL MANDIBULAR EM MÁS OCLUSÕES CLASSE I E CLASSE II UTILIZANDO IMAGENS
TOMOGRÁFICAS E MODELOS DIGITAIS
JULIANA DE BRITO VASCONCELOS
Cidade ano
AUTOR
Londrina 2017
AVALIAÇÃO DO ARCO DENTÁRIO E BASAL MANDIBULAR EM MÁS OCLUSÕES CLASSE I E CLASSE II UTILIZANDO IMAGENS
TOMOGRÁFICAS E MODELOS DIGITAIS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Odontologia da Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Odontologia.
Área de Concentração: Ortodontia
Orientador: Prof. Dr. Renato Rodrigues de Almeida
AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Dados Internacionais de catalogação-na-publicação Universidade Norte do Paraná
Biblioteca Central Setor de Tratamento da Informação
Vasconcelos, Juliana de Brito V45a Avaliação do arco dentário e basal mandibular em más oclusões classe I e classe II
utilizando imagens tomográficas e modelos digitais ./ Juliana de Brito Vasconcelos. Londrina: [s.n], 2017
59f. Dissertação (Mestrado em Odontologia). Universidade Norte do Paraná. Orientador: Prof. Dr. Renato Rodrigues de Almeida 1 - Odontologia – dissertação de mestrado- UNOPAR 2- Arco dental 3- Má oclusão
4- Má oclusão de Angle classe II 5- Modelos dentários 6- Tomografia computadorizada de feixe cônico I- Almeida, Renato Rodrigues de ; orient. II- Universidade Norte do Paraná.
CDU 616.314-089.23
JULIANA DE BRITO VASCONCELOS
AVALIAÇÃO DO ARCO DENTÁRIO E BASAL MANDIBULAR EM MÁS OCLUSÕES DE CLASSE I E CLASSE II
UTILIZANDO IMAGENS TOMOGRÁFICAS E MODELOS DIGITAIS
Dissertação apresentada à UNOPAR, no Mestrado em Odontologia, área de concentração em Ortodontia como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre conferida pela Banca Examinadora formada pelos professores:
_________________________________________ Prof. Dr. Renato Rodrigues de Almeida
(Universidade Norte do Paraná – UNOPAR)
_________________________________________ Prof. Dr. Thais Maria Freire Fernandes Poleti (Universidade Norte do Paraná – UNOPAR)
_________________________________________ Prof. Dr. Alexandre Moro
(Universidade Federal do Paraná - UFPR/Universidade Positivo)
Londrina, 15 de fevereiro de 2017.
Agradecimentos
Agradeço primeiramente a Deus, pelo dom da vida, por me proteger e iluminar o meu caminho nas muitas viagens que fiz para realização deste sonho. Com muita dedicação, esforço e sabedoria, concluí mais uma etapa da minha vida. Aos meus pais, Cira e Pedro, por todo o apoio, amor e confiança depositada em mim, por sempre buscarem o melhor para o meu futuro e todos os ensinamentos diários que me tornaram a pessoa que hoje sou. Mãe, você é meu exemplo de mulher forte e guerreira, obrigado por tudo que faz por mim. Sem o seu apoio e carinho isto não seria possível. Pai, sei que ilumina meus passos e me dá forças nos momentos que preciso, em cada viagem que fiz sentia sua presença me protegendo, almejo ser uma profissional tão exemplar quanto o senhor foi. Essa conquista é de vocês!
Ao meu irmão Pedro Ivo, inspiração para seguir a carreira de Ortodontista, por me ajudar em todos os momentos que necessitei, pelas revisões de artigos e pela ajuda nos dias de falta de inspiração para escrever. Sem a sua ajuda e sua presença constante nos meus momentos de ausência em casa, esta conquista não seria possível. Seu conhecimento e dedicação com a profissão me inspiram, obrigado pela companhia nessa caminhada! Ao meu orientador, professor Renato Rodrigues de Almeida, que me ensinou não só Ortodontia, mas também grandes lições que levarei para toda vida. Sempre presente com seu carinho, presteza, uma palavra de incentivo e confiança no meu trabalho. Receber a oportunidade de ser orientada por aquele que admirava desde a época da graduação foi um presente em minha vida e a cada dia que convivemos, um novo aprendizado. O senhor é um exemplo a ser seguido, serei eternamente grata por todos os ensinamentos, conselhos e palavras de carinho. Ao professor Marcio Rodrigues de Almeida, que atenciosamente compartilhou o papel de orientador, obrigado por todos os ensinamentos, pela atenção e pelos conselhos dados ao longo desta jornada. Suas orientações e atribuições a mim confiadas contribuíram para meu amadurecimento e desenvolvimento científico. Ter a sua amizade e sua confiança me faz ter a certeza de que estou no caminho certo. Obrigado pelo companheirismo e amizade, palavras de incentivo (vai, fia!) e risadas. Que este seja só o começo dessa caminhada! À professora Thais Maria Freire Fernandes Poleti, pelo carinho e amizade, por todas as risadas compartilhadas no nosso laboratório, pelos sábios conselhos e palavras de confiança. Não poderia deixar de agradecer também por toda ajuda nos momentos em que precisei e por sempre se fazer presente. Obrigado também por aceitar nosso convite, sua sabedoria e considerações pertinentes contribuíram para a realização deste trabalho, desde quando era apenas uma ideia. Obrigado por tudo!
Ao Professor Alexandre Moro, pela gentileza em aceitar nosso convite, por contribuir com seu conhecimento e permitir aprimorar nosso trabalho. Obrigado pela disponibilidade de sempre, pelas sugestões e palavras de incentivo. Agradeço a oportunidade de conhecê-lo e por dividir este momento conosco.
À professora Paula Vanessa Pedron Oltramari-Navarro, sempre presente e disposta a fazer o que estivesse ao seu alcance para me ajudar. Suas orientações e conselhos estão guardados, obrigado por todo o carinho, confiança, amizade e palavras de apoio.
Ao professor Bruno D’aurea Furquim, pela amizade, incentivo e atenção. Obrigado por estar sempre presente e contribuir para a minha formação.
Aos professores do Mestrado, que com seus ensinamentos e conselhos contribuíram para o meu crescimento pessoal e profissional.
À coordenação do Mestrado, especialmente ao prof. Alcides Gonini.
Aos funcionários da Unopar, especialmente ao Gleydson pela atenção e ajuda sempre.
Aos amigos do Mestrado, em especial Thiago, Flaviana e Natalia, por todos os momentos compartilhados durante toda essa caminhada, vocês fizeram os intermináveis seminários no início do curso serem mais leves e divertidos. Aos amigos do M8, Marcelo, Marilia e Jessica, os melhores calouros que poderíamos ter, por todas as risadas, confidências e companhia nos momentos de trabalho, de lazer e nos congressos, a presença de vocês tornou nosso trabalho mais leve.
Ao meu amigo-irmão Thiago Lemos, sempre presente e desde a especialização dividindo todos os momentos dessa jornada, as risadas, as dúvidas, os momentos difíceis, obrigado pelas palavras de incentivo para sempre continuarmos fortes em direção ao nosso sonho. Sua amizade e companheirismo foi essencial durante todo esses anos, obrigado pela companhia nas intermináveis viagens e por desbravar Londrina ao meu lado. Você é um presente que a Ortodontia me concedeu, nossa caminhada não termina aqui, estaremos sempre juntos!
À minha amiga Flaviana, que juntamente com Diego me acolheram como parte da família, minha família londrinense. Obrigado por todo apoio, atenção e amizade, você foi um presente e um porto seguro para mim em Londrina. Obrigado por tudo que fez e faz por mim, sua amizade foi essencial nessa caminhada! Diego, agradeço a você também pela amizade e por todas as risadas, e por me adotar nessa nossa pequena família.
À minha amiga Lucineide, pela ajuda e conselhos, por nossas conversas no cantinho da sabedoria e companhia de sempre. Você foi mais um presente que esta vida de mestranda me concedeu!
Aos alunos da especialização, por tornarem as semanas mais leves e divertidas durante os momentos de orientação. Desejo toda a sorte e sucesso na vida profissional de vocês. Um agradecimento especial ao Mirchell, Victor Hugo, Silvia, Helena, Thais, Tatiane, Marina e Daiara pela amizade, companheirismo e todos os momentos que compartilhamos.
Aos amigos do Mestrado, por todos os momentos compartilhados durante toda essa caminhada, vocês fizeram os intermináveis seminários no início do curso serem mais leves e divertidos. Aos amigos do M8, Marcelo, Marilia e Jessica, os melhores calouros que poderíamos ter, por todas as risadas, confidências e companhia nos momentos de trabalho, de lazer e nos congressos, a presença de vocês tornou nosso trabalho mais leve.
A todos que de alguma maneira contribuíram para a realização deste sonho e que torceram por mim.
VASCONCELOS, Juliana de Brito. Avaliação do arco dentário e basal mandibular em más oclusões de Classe I e Classe II utilizando imagens tomográficas e modelos digitais. 58 folhas. [Dissertação de Mestrado]. Programa de Pós-Graduação Stricto-Sensu – Mestrado em Odontologia. Universidade Norte do Paraná, Londrina, 2017.
RESUMO
Objetivo: Analisar a relação entre o arco basal e dentário mandibular em más oclusões de Classe I e
Classe II utilizando modelos digitais e tomografia computadorizada de feixe cônico e verificar a
compatibilidade das medidas obtidas com ambas as técnicas. Metodologia: A amostra retrospectiva
e composta por 48 indivíduos foi dividida em dois grupos iguais de acordo com a má oclusão: G1,
Classe I e G2, Classe II. Foram determinados os pontos Eixo Vestibular (EV) e WALA (BW), que
serviram de referência para mensuração da distância e comprimento intercaninos e intermolares
mandibular, além da proporção entre estas, ao nível dental e basal nas imagens tomográficas e nos
modelos digitais. Para comparação entre grupos foi utilizado teste t de Student, para verificar
correlação entre o arco basal e dental e entre ambos os métodos, correlação de Pearson. Resultados:
Foi observada forte correlação entre os arcos dental e basal em ambos os métodos e grupos. A Classe
II apresentou arcos significantemente mais estreitos na região intercaninos ao nível dental e basal, em
ambos os métodos, e menor distância basal intermolares nas imagens tomográficas. Foi observada
compatibilidade entre as medidas obtidas com ambas as técnicas. Conclusão: A má oclusão de Classe
II apresentou arcos mais constritos tanto ao nível dental quanto basal, além de forte correlação entre
os arcos, confirmando a possibilidade do uso do arco basal como referência para individualização dos
arcos ortodônticos. Foi observada compatibilidade entre as medidas obtidas por ambos os métodos
de análise, e apesar de terem sido encontradas diferenças, estas em sua maioria não apresentam
relevância clínica.
Palavras-chave: Arco dental, Má Oclusão, Má Oclusão de Angle Classe II, Modelos dentários,
Tomografia Computadorizada de Feixe Cônico.
VASCONCELOS, Juliana de Brito. Evaluation of the dental and basal mandibular arch in Class I and Class II malocclusions using tomographic images and digital models. 58 pages. [Dissertação de Mestrado]. Programa de Pós-Graduação Stricto-Sensu – Mestrado em Odontologia. Universidade Norte do Paraná, Londrina, 2017.
ABSTRACT
Objective: To analyze the relationship between the basal and mandibular dental arch in Class I and
Class II malocclusion using digital models and Cone-Beam Computed Tomography and to verify the
compatibility of measurements obtained by both methods. Methodology: The retrospective sample
was composed of 48 individuals divided into two equal groups according to the malocclusion: G1,
Class I and G2, Class II. The Facial Axis (FA) and WALA points (WP) were determined, which
served as reference for measurement of mandibular intercanine and intermolar width and lenght and
also the proportion between them, at dental and basal levels on tomographic images and digital
models. Student's t-test was used for comparison between groups. To verify correlation between basal
and dental arch and between both methods, Pearson correlation. Results: A strong correlation was
observed between dental and basal arches in both methods and groups. Class II presented significantly
narrower arches in the intercanine region at both the dental and basal levels and methods, as well as
in the intermolar region at basal level on tomographic images. It was observed compatibility between
the measurements obtained by both methods. Conclusion: Class II malocclusion presents more
constricted arches at both the dental and basal levels. In addition, a strong correlation was found
between the dental and basal arch, confirming the possibility of using the basal arch as a reference
for individualization of orthodontic arches. The measurements obtained by both methods were
compatible and although differences were found, these are mostly of no clinical relevance.
Keywords: Angle Class II, Cone-Beam Computed Tomography, Dental arch, Dental models,
Malocclusion.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Scanner 3D 3Shape R700 (3Shape A/S, Copenhagen, Dinamarca).................................28 Figura 2 - Análise do modelo no OrthoAnalyzer™ 3D (3Shape A/S, Copenhagen, Dinamarca)....28 Figura 3 – Reorientação da cabeça…………………………………………....................................29 Figura 4 – Imagem tomográfica esculpida com a mandíbula isolada...............................................29 Figura 5 – Determinação dos pontos EV e Wala nas imagens tomográficas …........................…...30 Figura 6 – Determinação dos arcos dentário e basal nas imagens tomográficas...............................30 Figura 7 - Determinação dos arcos dentário e basal nos modelos digitais… ……………….......…30 Figura 8 - Distância dentária intermolares e intercaninos……………………………….....…..….31 Figura 9 - Comprimento dentário intermolares e intercaninos……………………………………32 Figura 10 - Distância basal intermolares e intercaninos……………………………………………32 Figura 11 – Comprimento basal intermolares e intercaninos………………………………………33
LISTA DE TABELAS Tabela 1: Média, desvio padrão (DP) e diferença da primeira e segunda avaliação (milímetros) e Coeficiente de Correlação Intraclasse (CCI) e Bland Altman para o arco dental nos modelos digitais............................................................................................................................................... 34 Tabela 2: Média, desvio padrão (DP) e diferença da primeira e segunda avaliação (milímetros) e Coeficiente de Correlação Intraclasse (CCI) e Bland Altman para o arco basal nos modelos digitais................................................................................................................................................35 Tabela 3: Média, desvio padrão (DP) e diferença da primeira e segunda avaliação (milímetros) e Coeficiente de Correlação Intraclasse (CCI) e Bland Altman para o arco dental nas imagens tomográficas.......................................................................................................................................35 Tabela 4: Média, desvio padrão (DP) e diferença da primeira e segunda avaliação (milímetros) e Coeficiente de Correlação Intraclasse (CCI) e Bland Altman para o arco basal nas imagens tomográficas.......................................................................................................................................36 Tabela 5: Caracterização da população do estudo quanto ao gênero (Qui-Quadrado) e idade (teste t).........................................................................................................................................................36 Tabela 6: Comparação do arco dental e basal na Classe I e Classe II por meio das imagens tomográficas......................................................................................................................................37 Tabela 7: Comparação do arco dental e basal na Classe I e Classe II por meio dos modelos digitais...............................................................................................................................................38 Tabela 8: Correlação ente o arco dental e basal na Classe I e Classe II por meio dos modelos digitais...............................................................................................................................................39 Tabela 9: Correlação ente o arco dental e basal na Classe I e Classe II nas imagens tomográficas. ...........................................................................................................................................................39 Tabela 10: Comparação das medidas obtidas com as duas técnicas de análise na Classe I...........................................................................................................................................................40 Tabela 11: Comparação das medidas obtidas com as duas técnicas de análise na Classe I...........................................................................................................................................................41 Tabela 12: Correlação do arco dental nas imagens derivadas de Tomografia Computadorizada de Feixe Cônico e modelos digitais.........................................................................................................42 Tabela 13: Correlação do arco basal nas imagens derivadas de Tomografia Computadorizada de Feixe Cônico e modelos digitais.........................................................................................................43
SUMÁRIO 1) INTRODUÇÃO .............................................................................................................................11
2) REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................................................12
2.1 O osso basal...................................................................................................................................12
2.2 O osso basal e a movimentação ortodôntica ………….........................................…….…............13
2.3 Arco dentário ………….......................................................................................…….....14
2.4 Avaliação da relação entre o arco dentário e arco basal………...........…………………15
2.5 Análise do arco na Má Oclusão Classe II..........................................................................17
2.6 Estabilidade do Tratamento Ortodôntico..............……………….....................................18
2.7 Modelos Digitais……………………………………………………..……...…..............19
2.8 Tomografia Computadorizada de Feixe Cônico………...........................………………20
3) PROPOSIÇÃO ……………………….......…………………………………………….……..…23
4) ARTIGO................……………………………………………………………………........…….24
5) CONCLUSÃO…………………………………………………………………........................…51
6) REFERÊNCIAS.............................................................................................................................52
7) ANEXO – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa .....................................................................56
11 1. INTRODUÇÃO
A forma e tamanho do arco dentário tem implicações diretas no diagnóstico e
estabelecimento do plano de tratamento ortodôntico, estando relacionada com o espaço disponível
para alinhamento dentário, estética e função dental1. Além da obtenção de resultados que atendam os
objetivos do paciente e dos critérios de oclusão ideal e de estética de sorriso, a estabilidade do caso é
um aspecto essencial no sucesso do tratamento ortodôntico.
Um dos requisitos para um resultado estável é a configuração do arco dentário, que
deve manter suas dimensões e estar em equilíbrio com as forças musculares e o osso basal subjacente1.
Desta maneira, visualiza-se a necessidade de identificação correta da forma do arco de cada paciente,
a fim de realizar individualização da forma dos arcos, especialmente devido à popularidade dos fios
super elásticos, uma vez que não haverá uma única forma de arco que atenda todas as variações
encontradas entre os indivíduos2,3,4. Além do aumento da estabilidade dos resultados, o
estabelecimento de uma forma de arco dentário em harmonia com o osso basal reduz o risco de
reabsorções dentárias, problemas periodontais, funcionais e estéticos, uma vez que movimentos
realizados além do limite estabelecido pelo osso basal não seriam necessariamente acompanhados de
crescimento ósseo na região apical5.
Dada a importância da obtenção de estabilidade nos resultados do tratamento
ortodôntico e a relação da forma do arco com a ocorrência de recidiva, vários estudos foram realizados
a fim de avaliar o arco dentário entre diferentes más oclusões1,4,6-9e compreender a sua relação com
o osso basal subjacente4,6-7,9. No entanto, poucos investigaram a forma do arco basal através de
imagens tomográficas4 e realizaram comparações entre ambos utilizando TCFC e modelos 3D 9-10 ,
sendo que nenhum realizou esta comparação entre a má oclusão de Classe I e Classe II utilizando as
duas técnicas de análise.
Dentre as más oclusões que acarretam discrepâncias esqueléticas, a má oclusão de
Classe II é tida como o tipo mais frequente7,11. Desta maneira, devido à sua grande prevalência
diversos estudos6-7,11-13 foram realizados com o intuito de avaliar as características inerentes a este
tipo de má oclusão. No entanto, são encontrados diversos resultados divergentes na literatura, com
alguns artigos encontrando arcos mais largos na região de caninos na Classe II11-13, outros concluindo
que o arco da Classe II é essencialmente o mesmo que o da Classe I6-7, enquanto que existe a tendência
de afirmar-se que a Classe II possui arcos mais estreitos que a Classe I, o que justifica estudo
aprofundado sobre este tipo de má oclusão, especialmente no que tange o arco dentário e basal.
Assim exposto, o objetivo deste estudo é comparar o arco dental e basal nas más
oclusões de Classe I e Classe II utilizando modelos digitais e tomografia computadorizada de feixe
12 cônico, além de verificar a relação entre o arco dental e basal nas duas más oclusões e a
compatibilidade das medidas obtidas com as duas técnicas utilizadas.
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1) Osso Basal
O termo “base apical” é utilizado para descrever o osso basal e foi definido por
Lundstrom em 1925 como sendo a junção do osso alveolar com o osso basal tanto na maxila quanto
na mandíbula na região dos ápices dentais. Seu formato e tamanho sofreria grande influência genética
e os movimentos dentários ocorridos através da aplicação de forças ortodônticas não seriam
necessariamente acompanhados de crescimento ósseo na região apical, sendo assim, essa região, o
limite da expansão do arco dentário em um tratamento ortodôntico 5.
Em uma definição mais atual, segundo o glossário de termos ortodônticos da
Associação Americana de Ortodontia, o termo “base apical” refere-se ao osso que suporta o processo
alveolar, referente à junção do osso alveolar com o osso basal e estando localizado ao nível dos ápices
radiculares. Ainda que “base apical” seja um termo amplamente utilizado na literatura, o fato de uma
definição semelhante ser encontrada para o termo osso basal, faz com que os dois termos acabem
sendo utilizados com o mesmo sentido14.
Desde sua definição, diversos métodos foram criados a fim de possibilitar a sua
localização e estudo. Rotineiramente, a base apical era avaliada através da obtenção de cefalogramas,
utilizando os pontos A (referente à maxila) e B (referente à mandíbula) descritos por Downs,
representando a base apical na região dos incisivos centrais15. No entanto, apenas a localização da
base apical é analisada, sem fornecer maiores detalhes acerca da sua forma. Riedel, utilizando os
pontos A e B descritos por Downs, relacionou-os com a base anterior do crânio em duas medidas e
utilizando os pontos Sela e Násio, definiu as medidas angulares SNA e SNB, possibilitando o estudo
do posicionamento das bases ósseas e possíveis discrepâncias esqueléticas16.
Em seu estudo, Howes utilizou modelos de gesso para localizar o osso basal e analisar
a sua relação com o tamanho dentário, concluindo que o arco basal estaria localizado na porção apical
do osso alveolar, aproximadamente 8mm abaixo da margem gengival do arco mandibular17. Seguindo
a mesma linha de estudo, Rees encontrou que uma localização razoável de pontos de referência do
arco basal seria de 8 a 10mm abaixo da margem gengival dos incisivos e molares em ambos os arcos18.
Para permitir a avaliação do osso basal clinicamente, Andrews e Andrews2
apresentaram a Borda WALA (um acrônimo derivado das iniciais dos seus nomes, Will Andrews e
Larry Andrews), uma estrutura anatômica gerada pela proeminência mais externa na face vestibular
13 da mandíbula, caracterizada clinicamente por uma faixa de tecido rosa esbranquiçada e mais
proeminente na mucosa, correspondente à junção mucogengival mandibular. A determinação da
Borda WALA atendeu a necessidade de visualização clínica do osso basal e de identificação de uma
estrutura anatômica estável, que além de orientar angulações do longo eixo dentário e criar diretrizes
para o tratamento ortodôntico, servisse de referência para o estabelecimento do contorno ideal do arco
mandibular, estabelecendo seu limite19.
2.2) O osso basal e a movimentação ortodôntica
Para o estabelecimento de uma oclusão ideal, com reduzida possibilidade de recidiva,
os dentes devem ser posicionados de maneira adequada em suas bases ósseas e em equilíbrio com os
tecidos adjacentes20-21. Além disso, o estabelecimento de uma forma de arco ideal é um dos fatores
que contribuem para estabilidade dos resultados obtidos1.
Desta maneira, a fim de se obter uma forma de arco ideal, o osso basal mandibular,
representado clinicamente pela Borda WALA, serviria como referência para estabelecimento da
forma do arco. Assim, após alinhamento e nivelamento, uma forma de arco ideal seria obtida ao se
observar o contorno do fio ortodôntico e este possuir o mesmo formato da borda WALA2. Além disso,
ao se realizar a coordenação dos arcos, sobrepondo o arco superior ao arco inferior, este deve
apresentar uma leve anteriorização na região anterior e encontrar-se paralelo ao arco inferior,
demonstrado individualização adequada dos arcos2, sem ocorrência de expansões excessivas.
A movimentação ortodôntica realizada ultrapassando o limite determinado pela base
óssea resulta em uma desarmonia entre o posicionamento dentário e o osso de suporte, e outros efeitos
adversos são esperados 5,19. Proffit afirmou que o osso alveolar seria formado e remodelado de acordo
com a posição dos dentes presentes no seu interior, e para tanto, existiria um limite para esta
movimentação, e uma vez excedido, existiria risco de fenestrações22. Segundo Ackerman e Proffit,
as tolerâncias para adaptação dos tecidos moles, equilíbrio periodontal e da articulação
temporomandibular estão em torno de 2 a 3mm de expansão no arco inferior23. Ao se ultrapassar o
limite estabelecido pelo osso basal, os dentes são levados em contato à cortical óssea e as forças
dissipadas no ligamento periodontal são maiores devido à elasticidade reduzida destas estruturas,
desta maneira, toda força acaba restrita à área do ligamento periodontal. Nestes casos, devido à maior
taxa de compressão do ligamento, o risco de lesões à camada de cementoblastos é maior. Uma vez
cessada a força, ocorre um processo de reparo da região lesada, no entanto, uma vez que este evento
se torna constante devido aos movimentos além dos limites e em contato com a cortical óssea, os
danos acabam tornando-se maiores do que a capacidade de reparo e o processo de reabsorção
radicular é iniciado19,24.
14 Além de elevar a probabilidade de ocorrência de reabsorções radiculares, uma oclusão
que não pode ser mantida, com grande risco de recidiva, problemas periodontais, funcionais e
estéticos podem ser ocasionados ao serem realizados tratamentos com excessivos movimentos de
expansão do arco, não obedecendo limites anatômicos pré-estabelecidos1,6,8.
2.3) Arco dentário
A forma e tamanho do arco dentário tem implicações diretas no diagnóstico e
estabelecimento do plano de tratamento ortodôntico, estando relacionada com o espaço disponível
para alinhamento dentário, estética e função dental1. Andrews e Andrews , em sua nova classificação
de objetivos e metas do tratamento ortodôntico, afirmam que a forma e comprimento dos arcos devem
ser individualizados de acordo com a anatomia de cada paciente. Em seu trabalho intitulado “Os seis
elementos da harmonia facial”, no qual citam novos objetivos e metas do tratamento ortodôntico, a
forma e comprimento de arcos é abordado como o Elemento I, enfatizando a necessidade de
individualização dos arcos, a fim de diminuir o risco de recidiva e iatrogenias2.
Deste modo, entre as metas a serem alcançadas com relação ao arco dentário são
citadas o posicionamento do ápice radicular de cada dente centralizado no osso basal, propiciando
assim a inclinação correta da coroa e obtenção de distância do eixo vestibular, representado pelo
ponto clínico de aplicação de braquetes, à borda WALA dentro dos valores padrão2. Além disso, a
forma ideal de arco seria guiada pelo osso basal mandibular, de modo que quando se atinge um correto
posicionamento dentário o arco ideal possuiria o mesmo formato que a borda WALA2. No entanto,
com a modernização da indústria ortodôntica, a utilização dos fios super elásticos tornou-se rotineira,
e uma vez que estes são pré-contornados, a individualização para cada paciente torna-se difícil,
aumentando o risco de expansões excessivas3.
Diversos estudos foram realizados a fim de avaliar o arco dentário e compreender as
variáveis intrínsecas à sua forma e estabelecer critérios que pudessem reduzir a possibilidade de
recidiva. Sua avaliação através das bordas incisais e pontas de cúspides como pontos de referência já
foi bastante utilizada11-13, no entanto, para uma avaliação com enfoque ortodôntico, estes pontos não
são adequados, uma vez que não representam a forma clínica de fios ortodônticos8. Assim, Andrews
e Andrews2 estabeleceram um ponto localizado na região média e mais proeminente no eixo vertical
de cada dente, sendo chamado de Eixo Vestibular (EV), referente ao ponto clínico de aplicação de
braquetes. Desde o seu advento, diversos estudos foram realizados utilizando o ponto EV como ponto
de referência, demonstrando ser um ponto mais útil clinicamente, ao representar de maneira mais
precisa os formatos de fios ortodônticos e os arcos obtidos após o tratamento, facilitando a
individualização dos arcos1,4,6-9.
15
2.4) Avaliação da relação entre o arco dentário e arco basal
O estabelecimento de um arco dentário em harmonia com o osso basal subjacente e a
compreensão desta relação é essencial a fim de controlar a movimentação e diminuir o risco de
iatrogenias e recidiva4,6,7,9. Diversos métodos foram estudados a fim de permitir a análise e
mensuração do arco basal, como palpação, cefalogramas e determinação de pontos cefalométricos,
no entanto, limitações eram encontradas em todos eles. Estudos recentes utilizaram a borda WALA
como parâmetro para avaliação do osso basal, em modelos de gesso ou digitais, por tratar-se de uma
estrutura visível clinicamente que representa o osso basal1,6-9.
Ronay et al. investigaram a forma de arco mandibular ao nível das estruturas
clinicamente relevantes, comparando o arco dentário com o basal. Para isto, 35 modelos
convencionais de gesso foram escaneados e dois pontos de referência foram digitalizados, o EV (eixo
vestibular) para o arco dentário e os pontos WALA, localizados ao longo da borda WALA e
diretamente abaixo dos pontos EV para determinação do arco basal. Ao serem analisados os dados,
foi observada uma constante relação entre as duas formas de arco, sendo encontrada correlação entre
as distâncias intercanino e intermolares aos dois níveis de arco. Concluíram que as formas de arco
derivadas dos pontos EV e WALA são individuais e não se deve utilizar uma forma de arco geral
para todos os pacientes, respeitando a anatomia de cada um e realizando correta individualização do
arco. Ademais, a utilização dos pontos derivados da borda WALA demonstraram ser uma alternativa
para visualização da base apical e assim servir como guia para determinação de uma forma
individualizada de arco para cada paciente1.
Um estudo semelhante avaliou a relação entre a forma de arco dentário e basal em
pacientes com oclusão normal utilizando modelos digitais. Como pontos de referência para a forma
do arco, foram utilizados os pontos EV e pontos derivados da borda WALA, para determinação do
arco dentário e basal respectivamente. Os dados encontrados demonstraram uma forte correlação
entre as distâncias intermolares dentária e basal e moderada na mensuração intercanino, confirmando
que o arco dentário está relacionado com o arco basal e alterações realizadas sem considerar o osso
de suporte pode resultar em recidiva e problemas periodontais8.
Para a análise através de imagens tomográficas, poucos estudos foram encontrados4,9.
Bayome e colaboradores avaliaram a relação entre o arco dentário e basal mandibular em indivíduos
com oclusão normal através de modelos 3D e imagens tomográficas. Para determinação dos pontos
nas imagens tomográficas foram utilizados os seguintes parâmetros: para o arco dentário foi utilizado
o ponto EV (eixo vestibular, correspondente ao ponto de aplicação clínica dos braquetes); enquanto
que para o arco basal foi utilizado o ponto CR (centro de raiz, localizado em uma secção transversa
16 paralela ao plano oclusal e ao nível do 1/3 médio da raiz dos caninos direito e esquerdo a fim de
corresponder ao nível da borda WALA). Já para os modelos 3D, foi utilizado o ponto EV para a
determinação do arco dentário e para o arco basal foram utilizados pontos ao longo da borda WALA
localizados abaixo do ponto EV. Os resultados obtidos após a análise das imagens tomográficas
indicaram forte correlação entre os arcos ao serem analisadas as distâncias intermolar e intercanino,
e moderada na profundidade intermolar e intercanino. No entanto, ao serem comparados os resultados
obtidos com os modelos 3D, apenas foi encontrada correlação moderada nas distâncias intermolar e
intercanino, e nenhuma correlação ao serem comparadas as profundidades de arco. Ademais, sugerem
estudos futuros acerca de outros pontos de referência para o arco basal que possam ser mais precisos
que o centro de raiz (CR)9.
Estudo semelhante foi realizado a fim de investigar a relação entre o arco dentário e
basal em indivíduos com oclusão normal e comparar com a má oclusão de Classe III através de TCFC.
Para determinação do arco dentário, foi utilizado o ponto EV (eixo vestibular); enquanto que para o
arco basal foi utilizado o ponto CR (centro de raiz). Concluíram que a distância intercanino ao nível
basal e dentário é significantemente maior em pacientes Classe III ao serem comparados com
indivíduos Classe I. Além disso, foi encontrada forte correlação entre o arco basal e dentário na Classe
I e moderada na Classe III4. No entanto, estes dois estudos encontrados utilizaram o ponto CR (centro
de raiz), ao mesmo nível da borda WALA , mas localizado no centro das raízes de cada dente, o que
torna incerta a comparação entre os arcos obtidos através de modelos e imagens tomográficas, uma
vez que o ponto de referência não seria o mesmo4,9.
Um trabalho de dissertação realizou a comparação entre as medidas obtidas a partir da
borda WALA em modelos de gesso, mandíbulas secas, radiografias oclusais e em imagens
tomográficas, a fim de determinar a viabilidade de mensuração da borda WALA através de imagens
tomográficas e radiográficas. Ao serem analisados os dados obtidos, foi encontrada equivalência
estatística entre eles, com as medidas obtidas através das imagens tomográficas reproduzindo de
maneira precisa às obtidas nos modelos de gesso e nas mandíbulas secas, sendo então viável a
comparação do arco basal através da borda WALA, a partir de imagens tomográficas10.
Os arcos dentário e basal já foram pesquisados em diversos estudos abordando
diferentes más oclusões, raças, gêneros e etnias através de modelos de gesso ou digitais 1,6-8, no
entanto, poucos investigaram a forma do arco basal através de imagens tomográficas4 e realizaram
comparações entre ambos utilizando TCFC e modelos 3D9,10, o que justifica a realização do presente
trabalho.
17
2.5) Análise do arco na má oclusão de Classe I e de Classe II
A má oclusão de Classe II é tida como o tipo mais frequente de discrepância
esquelética observada em pacientes ortodônticos7,11. Devido à sua grande prevalência, diversos
estudos foram realizados com o intuito de avaliar a sua forma do arco e determinar características
inerentes a este tipo de má oclusão, além de buscar evidência científica na tendência de afirmar que
pacientes com má oclusão de Classe II apresentam arcos mais estreitos quando comparados com
pacientes Classe I ou com oclusão ideal.
Um estudo foi realizado a fim de avaliar o arco dentário e a largura alveolar em
pacientes com Classe II divisão 1 e compará-los com pacientes Classe I. Para isto, foram selecionados
30 pacientes em cada grupo e mensuradas as distâncias intercaninos, interpremolares, intermolares e
interalveolar, tanto no arco maxilar quanto mandibular. Os resultados obtidos demonstraram que a
distância intercaninos mandibular é significantemente maior na Classe II, enquanto que não foram
encontradas diferenças no mesmo parâmetro na maxila. Na região posterior, representada pelas
distâncias interpremolares e intermolares, arcos superiores mais estreitos foram encontrados na
Classe II, no entanto, não foram encontradas diferenças na base óssea entre os dois grupos,
representada pela distância alveolar, sugerindo que arcos mais estreitos são causados pelo
posicionamento inadequado dos dentes posteriores maxilares e não pela base óssea maxilar11.
Em um estudo semelhante, foram comparados pacientes Classe II divisão 1, Classe II
divisão 2 e oclusão normal. Os resultados obtidos permitiram concluir que não houve diferença na
distância intercanino maxilar entre os grupos, enquanto que a distância intercanino mandibular foi
maior nos pacientes Classe II. Com relação à distância alveolar, foi encontrado que na região
intermolar, é menor nos pacientes Classe II, enquanto que a distância dentária intermolar é maior
tanto na maxila quanto na mandíbula, sugerindo que os molares superiores tendem a inclinar-se para
vestibular a fim de compensar a base alveolar constrita12.
Al-Khateeb e Alhaija compararam o comprimento e a largura do arco, além do
tamanho dentário na Classe I, II e III. Não foram encontradas diferenças nas distâncias intercaninos
ou no comprimento do arco entre os pacientes Classe II e Classe I, enquanto que na região
interpremolares e intermolares maxilares, assim como na região intermolar mandibular, a distância
foi significantemente menor na Classe II quando comparada com os outros grupos13. Todos os estudos
previamente apresentados utilizam diversos pontos de referência, seja ponta de cúspide ou fossa dos
molares, o que pode repercutir em resultados inconsistentes ao serem comparados os estudos. Desta
maneira, alguns estudos passaram a utilizar um ponto que pode ser aplicado em todos os dentes e
18 representa de maneira mais fiel a forma do arco, referente ao ponto clínico de aplicação de braquetes,
o eixo vestibular (EV)2.
Gupta e colaboradores compararam o arco dentário e basal em adultos e crianças com
má oclusão de Classe I e de Classe II divisão 1 através da determinação dos pontos eixo vestibular
(EV) para visualização do arco dentário e WALA para o basal em modelos digitais. Após análise dos
resultados concluíram que o arco mandibular na Classe II divisão 1 é basicamente o mesmo que na
Classe I quando comparadas as dimensões de arco basal e dentário. Além disso, pontos derivados da
borda WALA podem ser utilizados para prever a forma de arco dentário, sendo possível utilizá-lo
como parâmetro para individualização de arcos ortodônticos6.
Estudo semelhante foi realizado a fim de comparar a forma de arco dentário e basal
mandibular em pacientes Classe II divisão 1 e Classe I através de modelos digitais. Os pontos EV e
borda WALA foram utilizados para determinação dos arcos dentário e basal respectivamente.
Observaram distância intercaninos significantemente maior na Classe II, no entanto, julgaram que
esta diferença (0,8mm) não seria clinicamente significante. Concluíram que o arco mandibular na
Classe II divisão 1 é semelhante à Classe I ao ser analisado o arco basal e as dimensões do arco.
Assim como outros estudos, afirmaram a viabilidade do uso da borda WALA como referência para
definição da forma do arco dentário, enfatizando a necessidade de individualização da forma do arco
e não utilização de uma forma geral de arco para todos os pacientes7.
Shu e colaboradores compararam a largura dos arcos, largura alveolar e inclinação
bucolingual dos dentes posteriores e inferiores nas más oclusões de Classe I e Classe II divisão 1.
Para isto foram mensuradas as distâncias intercaninos e intermolares, ao nível dental utilizando o
ponto EV, e ao nível basal utilizando a junção mucogengival como referência. Após análise dos
resultados não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes nestes parâmetros, tanto
ao nível dental quanto alveolar25.
Mediante o exposto, percebe-se que alguns estudos que utilizavam pontas de cúspide
como referência afirmaram que o arco maxilar dos pacientes Classe II é de maneira geral mais
estreito, no entanto, apresentam-se mais largos na região intercaninos do arco mandibular11-13. Por
outro lado, estudos que utilizaram o eixo vestibular como ponto de referência não encontraram
diferenças entre o arco mandibular em pacientes Classe I e Classe II6,7.
2.6) Estabilidade do Tratamento Ortodôntico
O tratamento ortodôntico visa obter uma oclusão adequada que obedeça critérios de
oclusão normal e da estética do sorriso e se mantenha estável ao passar dos anos26-28. Para que isso
ocorra, um plano de tratamento adequado juntamente com mecânica e finalização apropriada com os
19 dentes posicionados em equilíbrio com a sua base óssea se faz necessário. A recidiva, causada por
uma instabilidade do alinhamento obtido com a finalização do tratamento e representada pelo retorno
do problema inicial, é um dos grandes problemas encontrados na Ortodontia. Por possuir caráter
imprevisível em sua maioria29-30 uma vez que existe uma tendência natural de efeito memória dos
tecidos musculares, ósseos e moles em retornar à sua posição original, diversas teorias e diretrizes já
foram criadas buscando minimizar sua ocorrência21,31-36.
Para Tweed, os incisivos inferiores deveriam estar verticalizados em seu osso basal,
desta maneira existiria um balanço mecânico, aumentando a resistência às forças oclusais que
poderiam ocasionar recidiva e a forma do arco deveria ser mantida20. Em concordância, Brodie
também defendia que a manutenção dos dentes em harmonia com a base óssea seria a chave da
estabilidade, e movimentos radiculares externamente ao osso basal resultaria em recidiva 21.
Segundo Strang, a manutenção da distância intercaninos seria a chave para estabilidade
do tratamento ortodôntico, e qualquer alteração nesta distância levaria à recidiva, exceto se este dente
fosse movido para o local de extração do primeiro pré-molar31. Peck e Peck estabeleceram que o
formato dos incisivos inferiores seria um dos fatores que ocasionaria recidiva, e que a utilização de
retentores fixos apenas prorroga a instabilidade em casos que o formato dentário fosse inadequado32.
Little em 1975 criou um índice que caracteriza o nível de irregularidade do posicionamento dos
incisivos inferiores, baseado no posicionamento dos pontos de contato mesial e distal dos incisivos
inferiores da mesial do canino direito à mesial do canino esquerdo, e afirmou que a presença de
apinhamento é o primeiro sinal de possível instabilidade33.
Além destes fatores, o estabelecimento da oclusão em equilíbrio de forças com as
estruturas musculares, em especial a língua e os lábios, e as bases ósseas em conjunto com função
adequada e a manutenção das distâncias intermolares e intercaninos contribuem para estabilidade dos
resultados obtidos durante o tratamento ortodôntico1,34-35. Desta maneira, movimentos de expansão
ou contração do arco devem obedecer os limites definidos pela base óssea e não interferir no equilíbrio
do sistema estomatognático após a obtenção de oclusão adequada, a fim de reduzir a probabilidade
de recidiva36.
2.7) Modelos Digitais
A evolução contínua da área da computação e utilização de tecnologias em todas as
áreas do nosso cotidiano alcançou também a Ortodontia. Uma evidência desta mudança é a utilização
cada vez mais frequente de modelos digitais, devido às diversas vantagens que proporcionam:
facilidade de armazenamento e acesso aos dados, redução de espaço físico necessário para
armazenamento, além da facilidade em compartilhar as informações para planejamento com outros
20 profissionais37-38. Aliada à facilidade de armazenamento e compartilhamento, a análise dos modelos
também é favorecida por essa nova tecnologia. A utilização de softwares próprios para avaliação das
imagens geradas após o escaneamento favorece a análise mais detalhada intra e inter arcos, uma vez
que os modelos podem ser visualizados por diversos ângulos e é possível a realização de diversas
análises e medições, permitindo avaliação e delineamento do tratamento mais completo39.
Devido ao aumento na utilização dos modelos digitais no cotidiano da Ortodontia, os
pesquisadores iniciaram uma gama de pesquisas a fim de avaliar a precisão das medidas quando
comparados com os modelos de gesso convencionais e desta forma assegurar que os modelos digitais
podem substituir de maneira fidedigna os convencionais. Sousa et al. analisaram a acurácia e precisão
das medidas do arco dentário mensuradas nos modelos digitais e compará-las com as obtidas através
de medições diretas no modelo de gesso com paquímetro digital. Para isto, 20 modelos foram obtidos
e mensurados, e 11 medidas transversais foram realizadas em cada modelo. Após a análise dos dados
não foi observada nenhuma diferença estatisticamente significante entre as medidas, confirmando a
precisão dos modelos digitais40.
Em um estudo semelhante, foram comparadas as medidas obtidas através do método
convencional, com mensuração em modelo de gesso com paquímetro digital, e por meio de software
específico para os modelos digitais. Parâmetros mensurados incluíam largura mesiodistal das
unidades dentárias, medidas transversais, trespasse vertical e horizontal, desvio de linha média e o
tempo necessário para realizar as medições. Os autores puderam concluir que os modelos digitais são
uma alternativa adequada e confiável para os modelos de gesso, mostrando-se precisos o suficiente
para estabelecimento do plano de tratamento e análises de modelo, consumindo menos tempo e não
demonstrando discrepâncias clinicamente significante para maior parte das medidas41.
2.8) Tomografia Computadorizada de Feixe Cônico
É notável o avanço tecnológico em todas as áreas de conhecimento e isto não seria
diferente na área da Imaginologia e Diagnóstico por imagem. O desenvolvimento da tomografia
computadorizada permitiu a realização de diagnósticos mais precisos, uma vez que ao contrário dos
exames radiográficos, que produzem imagens em 2D e muitas vezes tornava limitado o diagnóstico
e exigia diversos exames complementares, permite a visualização de imagens em três dimensões.
Devido essa grande vantagem, passou a ser um exame bastante requisitado na Odontologia,
especialmente na Implantodontia, Cirurgia Bucomaxilofacial e na Ortodontia.
Além destas vantagens, a partir de um arquivo de imagem tomográfica é possível gerar
imagens de diagnóstico periapical, panorâmico, cefalograma, oclusal, além de diversas outras
imagens que não poderiam ser obtidas por outros meios, tais como através de radiografias. Desta
21 maneira, a visualização de dentes impactados, vias áereas, articulação temporomandibular,
reabsorções radiculares, além da avaliação do osso alveolar torna-se possível por meio da tomografia
computadorizada de feixe cônico42. Devido ao seu amplo uso como instrumento de diagnóstico,
diversos estudos foram realizados a fim de avaliar a precisão e confiabilidade das imagens e de
medidas lineares e angulares obtidas a partir das imagens tomográficas.
Um estudo foi realizado com o intuito de comparar a acurácia de medidas obtidas
através de imagens tomográficas de peças de mandíbulas secas e compará-las com aquelas registradas
diretamente através de paquímetro digital, além de verificar a influência do tamanho do voxel (0.25
e 0.40) na precisão das medidas. Os resultados demonstraram alta correlação entre os dois métodos,
assegurando a grande precisão das imagens tomográficas. Além disso, a alteração do tamanho do
voxel não resultou em diferenças na precisão das medidas obtidas, ou seja, o aumento da resolução
das imagens não determinou maior precisão de medidas, confirmando que um tamanho de voxel 0.40
é suficiente para obtenção de medidas lineares43.
Periago e coloboradores compararam a acurácia das medidas lineares realizadas em
imagens tomográficas com as obtidas diretamente em crânios secos. Para isto, vinte medidas lineares
foram realizadas nos crânios secos utilizando um paquímetro digital e então comparadas com as
obtidas digitalmente nas imagens tomográficas. Apesar de serem encontradas diferenças
estatisticamente significantes em algumas medidas, estas não podem ser consideradas clinicamente
significantes, uma vez que a variação foi mínima44. Estudo semelhante foi realizado, comparando a
precisão de medidas lineares e angulares obtidas em imagens tomográficas e diretamente em crânios
secos utilizando um paquímetro digital. Após análise dos dados obtidos, não foram encontradas
diferenças estatisticamente significantes, tanto para medidas angulares quanto para lineares,
concluindo que as imagens tomográficas podem ser utilizadas com precisão semelhante às medidas
obtidas de maneira direta para obtenção de medidas das estruturas ósseas45.
A fim de avaliar a precisão e acurácia para análise do osso alveolar, utilizando como
parâmetro a altura e espessura, medições realizadas diretamente com um paquímetro digital e as
obtidas por imagens tomográficas foram comparadas. Os dados obtidos demonstraram que as medidas
obtidas através de TCFC não diferiram das obtidas diretamente, tanto para a altura quanto para
espessura, comprovando assim que imagens tomográficas podem fornecer medidas precisas e
confiáveis para análise do osso alveolar46. Um estudo foi realizado para avaliar a precisão e acurácia
de medidas obtidas através de modelos digitais e compará-las com as mensuradas em imagens
tomográficas. Para isto foram comparadas as distâncias intercaninos e intermolares, comprimento do
arco e tamanho mesiodistal dos dentes, obtidos por ambos os métodos (imagens tomográficas e
modelos digitais). A partir dos dados analisados, puderam concluir que não há diferença entre os
22 métodos, uma vez que mesmo nos parâmetros em que foram encontradas diferenças estatisticamente
significante, estas não atingiram 1%, o que seria irrelevante na sua aplicação clínica47.
Desta maneira, a partir dos resultados encontrados em diversas pesquisas é notável a
precisão de medidas obtidas através de imagens tomográficas ao serem comparadas com os métodos
tradicionais, viabilizando seu uso para mensuração de medidas lineares dos arcos dentários e do osso
alveolar.
23 3. PROPOSIÇÃO
O objetivo deste estudo foi analisar e comparar o arco dental e basal nas más oclusões de
Classe I e Classe II utilizando modelos digitais e tomografia computadorizada de feixe cônico, além
de verificar a relação entre o arco dental e basal nas duas más oclusões e a compatibilidade das
medidas obtidas com as duas técnicas utilizadas.
24 4. ARTIGO
AVALIAÇÃO DO ARCO DENTÁRIO E BASAL MANDIBULAR EM MÁS
OCLUSÕES CLASSE I E CLASSE II UTILIZANDO IMAGENS TOMOGRÁFICAS E MODELOS DIGITAIS
Objetivo: Analisar a relação entre o arco basal e dentário mandibular em más oclusões de Classe I e
Classe II utilizando modelos digitais e tomografia computadorizada de feixe cônico e verificar a
compatibilidade das medidas encontradas com ambas as técnicas. Metodologia: A amostra
retrospectiva e composta por 48 indivíduos foi dividida em dois grupos iguais de acordo com a má
oclusão: G1, Classe I e G2, Classe II. Foram determinados os pontos Eixo Vestibular (EV) e WALA
(BW), que serviram de referência para mensuração da distância e comprimento intercaninos e
intermolares mandibular, além da proporção entre estas, ao nível dental e basal nas imagens
tomográficas e nos modelos digitais. Para comparação entre grupos foi utilizado teste t de Student,
para verificar correlação entre o arco basal e dental e entre ambos os métodos, correlação de Pearson.
Resultados: Foi observada forte correlação entre os arcos dental e basal em ambos os métodos e
grupos. A Classe II apresentou arcos significantemente mais estreitos na região intercaninos ao nível
dental e basal, em ambos os métodos, e menor distância basal intermolares nas imagens tomográficas.
Foi observada compatibilidade entre as medidas obtidas com ambas as técnicas. Conclusão: A má
oclusão de Classe II apresentou arcos mais constritos tanto ao nível dental quanto basal, além de forte
correlação entre os arcos, confirmando a possibilidade do uso do arco basal como referência para
individualização dos arcos ortodônticos. Foi observada compatibilidade entre as medidas obtidas por
ambos os métodos de análise, e apesar de terem sido encontradas diferenças, estas em sua maioria
não apresentam relevância clínica.
Palavras-chave: Arco dental, Má Oclusão, Má Oclusão de Angle Classe II, Modelos dentários,
Tomografia Computadorizada de Feixe Cônico.
25 ABSTRACT
AVALIAÇÃO DO ARCO DENTÁRIO E BASAL MANDIBULAR EM MÁS OCLUSÕES CLASSE I E CLASSE II UTILIZANDO IMAGENS
TOMOGRÁFICAS E MODELOS DIGITAIS
Objective: To analyze the relationship between the basal and mandibular dental arch in Class I and
Class II malocclusion using digital models and Cone-Beam Computed Tomography and to verify the
compatibility of measurements obtained by both methods. Methodology: The retrospective sample
was composed of 48 individuals divided into two equal groups according to the malocclusion: G1,
Class I and G2, Class II. The Facial Axis (FA) and WALA points (WP) were determined, which
served as reference for measurement of mandibular intercanine and intermolar width and lenght and
also the proportion between them, at dental and basal levels on tomographic images and digital
models. Student's t-test was used for comparison between groups. To verify correlation between basal
and dental arch and between both methods, Pearson correlation. Results: A strong correlation was
observed between dental and basal arches in both methods and groups. Class II presented significantly
narrower arches in the intercanine region at both the dental and basal levels and methods, as well as
in the intermolar region at basal level on tomographic images. It was observed compatibility between
the measurements obtained by both methods. Conclusion: Class II malocclusion presents more
constricted arches at both the dental and basal levels. In addition, a strong correlation was found
between the dental and basal arch, confirming the possibility of using the basal arch as a reference
for individualization of orthodontic arches. The measurements obtained by both methods were
compatible and although differences were found, these are mostly of no clinical relevance.
Keywords: Angle Class II, Cone-Beam Computed Tomography, Dental arch, Dental models,
Malocclusion.
26 INTRODUÇÃO
A forma e tamanho do arco dentário tem implicações diretas no diagnóstico e
estabelecimento do plano de tratamento ortodôntico, estando relacionada com o espaço disponível
para alinhamento dentário, estética e função dental1. Além da obtenção de resultados que atendam os
objetivos do paciente e dos critérios de oclusão ideal e de estética de sorriso, a estabilidade do caso é
um aspecto essencial no sucesso do tratamento ortodôntico.
Um dos requisitos para um resultado estável é a configuração do arco dentário, que
deve manter suas dimensões e estar em equilíbrio com as forças musculares e o osso basal subjacente1.
Desta maneira, visualiza-se a necessidade de identificação correta da forma do arco de cada paciente,
a fim de realizar individualização da forma dos arcos, especialmente devido à popularidade dos fios
super elásticos, uma vez que não haverá uma única forma de arco que atenda todas as variações
encontradas entre os indivíduos2,3,4. Além do aumento da estabilidade dos resultados, o
estabelecimento de uma forma de arco dentário em harmonia com o osso basal reduz o risco de
reabsorções dentárias, problemas periodontais, funcionais e estéticos, uma vez que movimentos
realizados além do limite estabelecido pelo osso basal não seriam necessariamente acompanhados de
crescimento ósseo na região apical5.
Para avaliação clínica do osso basal, Andrews e Andrews2 apresentaram a borda
WALA (acrônimo derivado das iniciais dos seus nomes, Will Andrews e Larry Andrews), uma
estrutura anatômica gerada pela proeminência mais externa na face vestibular da mandíbula,
caracterizada clinicamente por uma faixa de tecido rosa esbranquiçada e mais proeminente na
mucosa, correspondente à junção mucogengival. A fim de se obter uma forma de arco ideal, o osso
basal mandibular, representado pela borda WALA clinicamente, serviria como referência para
invididualização da forma do arco2.
Dada a importância da obtenção de estabilidade nos resultados do tratamento
ortodôntico e a relação da forma do arco com a ocorrência de recidiva, vários estudos foram realizados
a fim de avaliar o arco dentário entre diferentes más oclusões1,4,6-9 e compreender a sua relação com
o osso basal subjacente4,6-7,9. No entanto, poucos investigaram a forma do arco basal através de
imagens tomográficas4 e realizaram comparações entre ambos utilizando TCFC e modelos digitais 9-
10 , sendo que nenhum realizou esta comparação entre a má oclusão de Classe I e Classe II utilizando
as duas técnicas de análise.
Dentre as más oclusões que acarretam discrepâncias esqueléticas, a má Oclusão de
Classe II é tida como o tipo mais frequente7,11. Desta maneira, devido à sua grande prevalência
diversos estudos6-7,11-13 foram realizados com o intuito de avaliar as características inerentes a este
tipo de má oclusão. No entanto, são encontrados diversos resultados divergentes na literatura, com
27 alguns artigos encontrando arcos mais largos na região de caninos na Classe II11-13, outros concluindo
que o arco da Classe II é essencialmente o mesmo que o da Classe I6-7, enquanto que existe a tendência
de afirmar-se que a Classe II possui arcos mais estreitos que a Classe I, o que justifica estudo
aprofundado sobre este tipo de má oclusão, especialmente no que tange o arco dentário e basal.
Assim exposto, o objetivo deste estudo foi comparar o arco dental e basal nas más
oclusões de Classe I e Classe II utilizando modelos digitais e tomografia computadorizada de feixe
cônico, além de verificar a relação entre o arco dental e basal nas duas más oclusões e a
compatibilidade das medidas obtidas com as duas técnicas utilizadas.
METODOLOGIA
Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Norte do Paraná (UNOPAR), vinculado ao Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) sob o parecer n. 1.861.198 (Anexo 1).
Amostra
A amostra foi selecionada retrospectivamente a partir do arquivo de documentações
do departamento de Ortodontia da UNOPAR. Para inclusão no estudo, os pacientes deveriam
apresentar dentição permanente completa (com exceção dos terceiros molares), relação molar Classe
I ou Classe II de Angle e documentação ortodôntica completa incluindo Tomografia
Computadorizada de Feixe Cônico (TCFC). Foram excluídos os pacientes que apresentaram as
seguintes características: dentes cariados ou ausência de dentes, restaurações extensas que alteram o
tamanho e a forma dentária, ou que estejam localizadas no ponto médio da coroa clínica, coroas
protéticas ou defeitos gengivais, discrepâncias de arco maiores que 5mm de apinhamento ou 1mm de
espaçamento, assimetrias faciais com mordida cruzada unilateral ou bilateral, além de tratamento
ortodôntico prévio. Ao atenderem os critérios de inclusão e exclusão, os pacientes foram divididos
em dois grupos de tamanhos iguais (n=24), de acordo com a má oclusão apresentada classificada pela
relação molar, sendo o grupo 1 representado pela Classe I e com média de idade de 15,54 ± 5,71 anos
e o grupo 2 pela Classe II e com média de idade de 15,88 ± 3,63 anos.
O cálculo amostral foi realizado no programa Bioestat (Instituto Mamirauá,
Tefé/Amazonas, Brasil) utilizando um nível de significância alfa de 0,05 e beta de 0,2 para atingir
um poder de 80% constatando a necessidade de 24 pacientes em cada grupo.
28 Obtenção das imagens
Após a seleção dos pacientes, foram obtidos os modelos digitais do arco inferior
através de um scanner 3D 3Shape R700 (3Shape A/S, Copenhagen, Dinamarca)(Fig.1), que reproduz
uma imagem tridimensional com alta precisão, sobre a qual foram realizadas medidas através do
software OrthoAnalyzer™ 3D (3Shape A/S, Copenhagen, Dinamarca)(Fig. 2). Todos os modelos
utilizados foram obtidos em um mesmo centro de documentações ortodônticas e foram recortados de
acordo com a técnica apresentada por Vigorito14.
Fig.1: Scanner 3D 3Shape R700 (3Shape A/S, Copenhagen, Dinamarca)
Fig.2: Análise do modelo no OrthoAnalyzer™ 3D (3Shape A/S, Copenhagen, Dinamarca)
Com relação às imagens tomográficas, foram obtidas com o tomógrafo i-CAT
(ImagingSciences, Kavo, protocolo: 22x16 cm fov, 40 sec, voxel 0,4mm, 120 KVP e 36 mA), com
cortes de 0,4 mm em cada plano ortogonal, estando os pacientes em posição natural da cabeça com o
plano de Frankfurt paralelo ao solo4 e máxima intercuspidação habitual (MIH). As imagens geradas
foram exportadas para o programa DolphinTM11.35 (DolphinImaging & Management Solutions, CA,
EUA) em formato DICOM (Digital Imaging and Communication in Medicine).
29 Para padronização e maior precisão das medidas foi realizada reorientação do
posicionamento da cabeça (Fig.3), de modo que o plano oclusal, ficasse paralelo ao solo. Assim como,
no sentido sagital, uma linha de orientação foi traçada entre os incisivos centrais inferiores e a espinha
nasal anterior.
Fig. 3: Reorientação da cabeça
Após orientação adequada da cabeça, uma vez que o arquivo de tomografia
computadorizada é composto de imagem completa do crânio do paciente, para melhor visualização
do arco inferior e da face vestibular de todos os dentes, a imagem foi esculpida, e a imagem final
composta apenas da mandíbula (Fig.4). Após a obtenção desta imagem, foram determinados então os
pontos pelo mesmo avaliador (JBV) a fim de serem obtidos as medidas dos parâmetros mensurados.
Fig. 4: Imagem tomográfica segmentada e reconstruída com a mandíbula isolada
Determinação dos pontos
Os seguintes pontos, que já foram previamente utilizados por outros pesquisadores1,6-
7, foram determinados como referência para mensuração dos parâmetros a serem avaliados tanto nas
imagens tomográficas quanto nos modelos digitais, e estão ilustrados nas figuras 5,6 e 7:
- Ponto WALA (Ponto BW): localizado ao longo da borda WALA (faixa mais
proeminente da face vestibular da mandíbula e correspondente à junção muco-gengival) diretamente
30 abaixo ao ponto referente ao eixo vestibular da coroa clínica e perpendicular ao plano oclusal,
determinando a base óssea e assim o arco basal.
- Eixo vestibular da coroa clínica (EV): para todos os dentes com exceção dos molares,
é determinado como o ponto mais proeminente do lóbulo central da coroa clínica. Nos molares, o
ponto EV corresponde ao ponto mediano no sulco que divide as duas cúspides vestibulares. Este
ponto é correspondente ao local onde seriam colados os braquetes em um sistema pré-ajustado, e
assim determinando o contorno do arco dentário.
Fig.5: Determinação dos pontos EV e WALA nas imagens tomográficas
Fig. 6: Determinação dos arcos dentário e basal nas imagens tomográficas
Fig. 7: Determinação dos arcos dentários e basal nos modelos digitais
31 Parâmetros mensurados
Após a determinação dos pontos, prosseguiu-se a mensuração dos parâmetros a serem
avaliados em ambos os métodos sendo que para as variáveis a nível dental utilizou-se o ponto EV
(eixo vestibular) e para o nível basal o ponto BW (borda WALA). Estes mesmos parâmetros já foram
avaliados por outros pesquisadores4,8 e estão descritos a seguir e ilustrados nas figuras 8 a 11:
1) Distância intercaninos: distância entre os pontos do canino direito e esquerdo
2) Distância intermolares: distância entre os pontos do primeiro molar direito e
esquerdo
3) Comprimento intercaninos: menor distância a partir de uma linha conectando os
pontos dos caninos direito e esquerdo ao ponto médio entre os incisivos centrais ao mesmo nível do
arco dental e basal.
4) Comprimento intermolares: menor distância a partir de uma linha conectando os
pontos dos molares direito e esquerdo ao ponto médio entre os incisivos centrais ao mesmo nível do
arco dental e basal.
5) Proporção comprimento/distância intercaninos
6) Proporção comprimento/distância intermolares
Figura 8: Distância dentária intermolares e intercaninos
32
Figura 9: Comprimento dentário intermolares e intercaninos
Figura 10: Distância basal intermolares e intercaninos
33
Figura 11: Comprimento basal intermolares e intercaninos
Análise Estatística
Os dados foram analisados com métodos estatísticos convencionais. Para verificação
da distribuição normal dos dados foi utilizado o teste de Kolmogorov-Smirnov e Lilliefors. Para
avaliação do erro intra-examinador foram utilizados os testes estatísticos Bland-Altman e Coeficiente
de Correlação Intraclasse, para isto 30 dias após a realização das medições em ambas as técnicas,
foram repetidas as medidas em 30% da amostra (32 pacientes, 16 em cada grupo). Para comparação
entre os grupos (Classe I e Classe II) e entre as medidas obtidas pelos dois métodos (tomografia
computadorizada de feixe cônico e modelos digitais) foi utilizado o teste t para verificar as diferenças
entre os grupos quanto as variáveis mensuradas. Ademais, foi instituído o teste de correlação de
Pearson para verificar a relação entre o arco mandibular basal e dentário e entre as medidas obtidas
com os dois métodos utilizados. Para todos os testes estatísticos foi instituído um valor de p<0.005.
Todos os dados estatísticos foram processados no programa BioEstat versão 5.0 (Instituto Mamirauá,
Amazonas, Brasil).
RESULTADOS
A distribuição normal dos dados foi verificada pelo teste de Kolmogorov-Smirnov e Lilliefors,
apontando normalidade nas medidas para ambos os grupos.
34
Os resultados da avaliação do erro do método, por meio do Coeficiente de Correlação
Intraclasse (CCI) demonstraram excelente confiabilidade, com uma variação de 0,93 a 0,99 para o
arco dental e de 0,92 a 1,00 para o arco basal nos modelos digitais (Tabelas 1 e 2) e nas medições
realizadas nas imagens tomográficas, variou de 0,86 a 0,96 para o arco dental e de 0,87 a 0,92 para o
arco basal. (Tabelas 3 e 4). Nas mesmas tabelas, também pôde ser observada precisão e coerências
nas variáveis estudadas ao serem analisados os valores obtidos com o teste de Bland Altman.
Tabela 1: Média, desvio padrão (DP) e diferença da primeira e segunda avaliação (milímetros) e Coeficiente de Correlação Intraclasse (CCI) e Bland Altman para o arco dental nos modelos digitais.
Valores apresentados como médias ± desvio padrão Teste t; *p < 0,05.
Arco dental
Coeficiente de Correlação Intraclasse Bland-Altman
1ª Medição 2 ª Medição Diferença CCI Viés Limite Superior
Limite inferior r
Distância Intercaninos 29,22±1,74 29,16±1,74 0,06 0,99 0,059 0,411 0,155
0,99
Distância Intermolares 51,05±2,03 51,09±2,18 -0,04 0,99 -0,034 0,679 0,160 0,99
Comprimento Intercaninos 5,19±1,02 5,31±1,10 -0,12 0,93 -0,129 0,624 0,076 0,94
Comprimento Intermolares 27,54±2,08 27,66±2,01 -0,12 0,98 -0,125 0,692 0,097 0,98
Proporção Comp./Dist. Intercaninos
0,18±0,04 0,18±0,04 0 0,93 -0,005 0,021 0,002 0,94
Proporção Comp./Dist. Intermolares
0,54±0,04 0,54±0,04 0 0,96 -0,002 0,020 0,004 0,96
35 Tabela 2: Média, desvio padrão (DP) e diferença da primeira e segunda avaliação (milímetros) e Coeficiente de Correlação Intraclasse (CCI) e Bland Altman para o arco basal nos modelos digitais.
Valores apresentados como médias ± desvio padrão Teste t; *p < 0,05.
Tabela 3: Média, desvio padrão (DP) e diferença da primeira e segunda avaliação (milímetros) e Coeficiente de Correlação Intraclasse (CCI) e Bland Altman para o arco dental nas imagens tomográficas.
Valores apresentados como médias ± desvio padrão Teste t; *p < 0,05.
Arco basal Coeficiente de Correlação Intraclasse Bland-Altman
1ª Medição 2ª Medição Diferença CCI Viés Limite Superior
Limite inferior r
Distância Intercaninos 30,36±2,02 30,41±2,07 -0,05 0,97 -0,054 0,998 0,232 0,97
Distância Intermolares 57,16±2,39 57,02±2,38 0,14 1,00 0,138 0,457 0,225 1
Comprimento Intercaninos 4,22±1,11 4,17±1,05 0,05 0,92 0,027 0,865 0,255 0,92
Comprimento Intermolares 26,53±2,48 26,24±2,40 0,29 0,99 0,287 0,866 0,444 0,99
Proporção Comp./Dist. Intercaninos
0,14±0,03 0,14±0,03 0 0,93 0,001 0,023 0,007 0,94
Proporção Comp./Dist. Intermolares
0,46±0,04 0,46±0,03 0 0,99 0,004 0,012 0,006 0,99
Arco dental
Coeficiente de Correlação Intraclasse Bland Altman 1ª Medição 2ª Medição Diferença CCI Viés Limite
Superior Limite inferior r
Distância Intercaninos 29,98±1,84 29,93±1,95 0,05 0,94 0,044 1,363 0,403 0,94
Distância Intermolares 54,49±2,18 54,53±2,14 -0,04 0,96 -0,044 1,079 0,261 0,97 Comprimento Intercaninos 5,67±0,82 5,56±0,84 0,11 0,89 0,113 0,831 0,308 0,90
Comprimento Intermolares 27,89±1,99 27,72±2,17 0,17 0,96 0,175 1,276 0,474 0,97 Proporção
Comp./Dist. Intercaninos 0,19±0,03 0,18±0,03 0,01 0,86 0,005 0,033 0,013 0,87 Proporção
Comp./Dist. Intermolares 0,51±0,03 0,51±0,04 0 0,94 0,005 0,028 0,011 0,95
36 Tabela 4: Média, desvio padrão (DP) e diferença da primeira e segunda avaliação (milímetros) e Coeficiente de Correlação Intraclasse (CCI) e Bland Altman para o arco basal nas imagens tomográficas.
Valores apresentados como médias ± desvio padrão Teste t; *p < 0,05.
Na Tabela 5 é possível observar homogeneidade entre os gêneros feminino e masculino,
verificada com o teste Qui-Quadrado e entre a idade inicial nos grupos, verificada com o teste t.
Os resultados das comparações são apresentados através de média, enquanto que os resultados
das correlações são ilustrados por meio do coeficiente de correlação de Pearson (r).
Tabela 5: Caracterização da população do estudo quanto ao gênero (Qui-Quadrado) e idade (teste t) Variáveis ClasseI ClasseII p
Gênero
Masculino 9(37,5%) 11(45,83%)0,5581
Feminino 15(62,55) 13(54,17%)Idade Média±DP 15,54±5,71 15,88±3,63 0,8103
*Significante para p<0,05.
- Comparação Classe I x Classe II – Tomografia Computadorizada de Feixe Cônico Os resultados da comparação das medidas encontradas na Classe I e na Classe II por meio das
imagens tomográficas estão ilustradas na tabela 6 e descritos a seguir.
Ao serem analisados os resultados da comparação entre a Classe I e a Classe II por meio de
imagens tomográficas ao nível do arco dental, foi observada diferença estatisticamente significante
somente na distância intercaninos, com uma média de 30,80mm na Classe I e de 29,37mm na Classe
II com uma diferença média de 1,43mm (P=0,0063). Em todas as outras variáveis analisadas não
foram encontradas diferenças estatisticamente significantes.
Arco basal
Coeficiente de Correlação Intraclasse Bland Altman 1ª
Medição 2ª Medição Diferença CCI Viés Limite
Superior Limite inferior r
Distância Intercaninos 29,04±1,94 29,44±2,30 -0,40 0,90 -0,394 1,186 0,036 0,94
Distância Intermolares 57,99±2,79 58,19±2,30 -0,20 0,90 -0,194 1,915 0,380 0,94 Comprimento Intercaninos 3,87±0,90 3,87±1,14 0 0,92 0,006 0,798 0,222 0,95
Comprimento Intermolares 25,81±2,07 26,09±2,28 -0,28 0,91 -0,275 1,483 0,203 0,92 Proporção
Comp./Dist. Intercaninos
0,13±0,03 0,13±0,03 0 0,89 0,002 0,032 0,010 0,91 Proporção
Comp./Dist. Intermolares
0,44±0,04 0,45±0,04 -0,01 0,87 -0,002 0,035 0,008 0,88
37
Já para o arco basal, foram observadas diferenças estatisticamente significantes na distância
intercaninos, com uma média de 29,65mm para Classe I e 28,43mm para Classe II, apresentando uma
diferença de 1,22mm (p=0,0031) entre os grupos e na distância intermolares, onde maiores valores
foram observados na Classe I (58,98mm) quando comparados com a Classe II (56,79mm), com uma
diferença de 2,19mm (p=0,0171). Em todas as outras variáveis não foram observadas diferenças
estatisticamente significantes entre a Classe I e Classe II.
Tabela 6: Comparação do arco dental e basal na Classe I e Classe II por meio das imagens tomográficas.
Valores apresentados como médias ± desvio padrão Teste t; *p < 0,05.
- Comparação Classe I x Classe II – Modelos Digitais Os resultados da comparação das medidas encontradas na Classe I e na Classe II por meio dos
modelos digitais estão ilustradas na tabela 7 e descritos a seguir.
Ao ser realizada essa mesma comparação por meio dos modelos digitais foram verificadas
diferenças estatisticamente significantes ao nível dental nas variáveis distância intercaninos, sendo a
diferença média de 1,23 mm (p=0,0227), média de 29,97mm na Classe I e 28,74mm na Classe II;
comprimento dentário intercaninos, com uma média de 4,45mm para Classe I e de 5,10mm para
Classe II, sendo a diferença entre os grupos 0,65mm (p=0,0423); e na proporção
comprimento/distância intercaninos, apresentando uma média de 0,15 na Classe I e de 0,18 na Classe
II, com uma diferença de 0,03mm (p=0,0127).
A única variável a apresentar diferença estatisticamente significante ao ser comparado o arco
basal na Classe I e Classe II por meio de modelos digitais foi a distância intercaninos, apresentando
uma média de 30,97mm na Classe I e de 29,70mm na Classe II (diferença de 1,27mm, p=0,0273).
Arcodental ArcoBasal
ClasseI ClasseII Diferença p ClasseI ClasseII Diferença pDistância
Intercaninos 30,80±1,88 29,37±1,56 1,43 0,0063* 29,65±1,87 28,43±1,68 1,22 0,0031*
DistânciaIntermolares 54,70±2,28 53,59±2,83 1,11 0,1373 58,98±2,26 56,79±3,64 2,19 0,0171*
ComprimentoIntercaninos 5,07±1,01 5,42±0,99 -0,35 0,2376 3,70±1,08 3,68±0,85 0,02 0,9067
ComprimentoIntermolares 27,25±1,77 27,05±1,87 0,20 0,7049 25,72±1,67 24,98±1,78 0,74 0,0890
ProporçãoComp./Dist.Intercaninos
0,16±0,03 0,18±0,03 -0,02 0,050 0,12±0,04 0,13±0,03 -0,01 0,5438
ProporçãoComp./Dist.Intermolares
0,50±0,03 0,50±0,04 0 0,4631 0,44±0,03 0,44±0,04 0 0,7760
38 Tabela 7: Comparação do arco dental e basal na Classe I e Classe II por meio dos modelos digitais.
Valores apresentados como médias ± desvio padrão; Teste t; *p < 0,05. - Correlação entre o arco dental e basal – Modelos digitais
Os resultados da correlação entre o arco dental e basal na Classe I e na Classe II por meio dos
modelos digitais estão ilustradas na tabela 8 e descritos a seguir.
Classe I
Ao se verificar a correlação entre a os arcos dental e basal na Classe I, mediante análise das
imagens obtidas dos modelos digitais, todas as variáveis, com exceção do comprimento intercaninos
que apresentou uma correlação moderada (r=0,69, p p<0,0002), apresentaram forte correlação entre
o arco dental e basal: distância intercaninos (r=0,78, p<0,0001), distância intermolares (r=0,80,
p<0,0001), comprimento intermolares (r=0,84, p<0,0001), proporção comprimento/distância
intercaninos (r=0,75, p<0,0001) proporção comprimento/distância intermolares (r=0,84, p<0,0001).
Classe II
Já na Classe II, pôde ser observada uma correlação muito forte na distância intermolares
(r=0,92, p<0,0001), forte na distância intercaninos (r=0,76, p<0,0001), comprimento intermolares
(r=0,85, p<0,0001) e proporção comprimento/distância intermolares (r=0,80, p<0,0001) e moderada
no comprimento intercaninos (r=0,64, p=0,0008) e proporção comprimento/distância intercaninos
(r=0,60, p=0,0020).
Arcodental ArcoBasal ClasseI ClasseII Diferença p ClasseI ClasseII Diferença p
DistânciaIntercaninos 29,97±2,00 28,74±1,59 1,23 0,0227* 30,97±1,89 29,70±1,95 1,27 0,0273*
DistânciaIntermolares 51,50±2,21 50,32±2,82 1,18 0,1137 57,36±2,10 56,00±2,84 1,36 0,0652
ComprimentoIntercaninos 4,45±0,94 5,10±1,18 -0,65 0,0423* 4,16±0,96 3,85±1,16 0,31 0,3182
ComprimentoIntermolares 26,72±1,63 26,54±2,00 0,18 0,7460 26,17±1,50 25,30±2,27 0,87 0,1241
ProporçãoComp./Dist.Intercaninos
0,15±0,03 0,18±0,04 -0,03 0,0127* 0,13±0,03 0,13±0,03 0 0,5622
ProporçãoComp./Dist.Intermolares
0,51±0,03 0,53±0,45 -0,02 0,4050 0,46±0,03 0,45±0,03 0,01 0,5968
39 Tabela 8: Correlação ente o arco dental e basal na Classe I e Classe II por meio dos modelos digitais.
r: Coeficiente de Correlação de Pearson
- Correlação entre o arco dental e basal– Tomografia Computadorizada de Feixe
Cônico Os resultados da correlação entre o arco dental e basal na Classe I e na Classe II por meio das
imagens tomográficas estão ilustrados na tabela 9 e descritos a seguir.
Classe I
Na verificação da correlação das medidas do arco dental e basal obtidas por meio das imagens
tomográficas, foi verificada na Classe I correlação forte nas variáveis distância intercaninos (r=0,75,
p<0,0001), comprimento intercaninos (r=0,75, p<0,0001), comprimento intermolares (r=0,71,
p<0,0001) e proporção comprimento/distância intercaninos (r=0,76, p<0,0001), já a proporção
comprimento/distância intermolares apresentou correlação moderada (r=0,57, p=0,0034) enquanto
que na distância intermolares foi observada fraca correlação (r=0,4219, p=0,0399).
Classe II
Na Classe II, foi observada forte correlação na distância intercaninos (r=0,81, p<0,0001),
distância intermolares (r=0,71, p<0,0001) e comprimento intermolares (r=0,72, p<0,0001), enquanto
que nas variáveis restantes foi observada moderada correlação: comprimento intercaninos (r=0,54,
p=0,0061), proporção comprimento/distância intercaninos (r=0,54, p=0,0069) e proporção
comprimento distância intermolares (r=0,55, p=0,0056).
Tabela 9: Correlação ente o arco dental e basal na Classe I e Classe II nas imagens tomográficas.
r: Coeficiente de Correlação de Pearson
ClasseI ClasseII r p r p
DistânciaIntercaninos 0,78 < 0,0001* 0,76 < 0,0001*DistânciaIntermolares 0,80 < 0,0001* 0,92 < 0,0001*
ComprimentoIntercaninos 0,69 <0,0002 0,64 0,0008*
ComprimentoIntermolares 0,84 < 0,0001* 0,85 < 0,0001*
ProporçãoComp./Dist.Intercaninos 0,75 < 0,0001* 0,60 0,0020*ProporçãoComp./Dist.
Intermolares 0,84 < 0,0001* 0,80 <0,0001*
ClasseI ClasseII r p r p
DistânciaIntercaninos 0,75 < 0,0001* 0,81 < 0,0001*DistânciaIntermolares 0,42 0,0399* 0,71 < 0,0001*
ComprimentoIntercaninos 0,75 < 0,0001* 0,54 0,0061*
ComprimentoIntermolares 0,71 0,0001* 0,72 < 0,0001*
ProporçãoComp./Dist.Intercaninos 0,76 < 0,0001* 0,54 0,0069*
ProporçãoComp./Dist.Intermolares 0,57 0,0034* 0,55 0,0056*
40
- Comparação Classe I: Modelos digitais x Tomografia Computadorizada de Feixe
Cônico Os resultados da comparação das medidas realizadas no grupo 1 (Classe I) ao nível do arco
dental e basal utilizando ambas as técnicas (imagens de modelos digitais e imagens tomográficas)
estão ilustradas na Tabela 10 e descritos a seguir.
Ao serem avaliadas as variáveis ao nível dental, foram observadas diferenças estatisticamente
significantes na distância intermolares, apresentando uma diferença de 3,20mm (p<0,0001) sendo a
média encontrada nas imagens tomográficas, 54,70mm e nos modelos digitais, 51,50mm;
comprimento intercaninos, na qual foi encontrada uma diferença de 0,62mm (p=0,0326) e uma média
de 5,07mm nas imagens tomográficas e de 4,45mm nos modelos digitais; e na proporção
comprimento/distância intermolares, onde foi observada uma diferença de 0,01mm (p=0,0306) e uma
média de 0,50mm nas imagens tomográficas e 0,51mm nos modelos digitais.
Ao ser realizada esta mesma comparação ao nível do arco basal, foram encontradas diferenças
estatisticamente significantes na distância intercaninos, com uma diferença de 1,32mm (p=0,0449)
entre as médias das imagens tomográficas (29,65mm) e dos modelos digitais (30,97mm); na distância
intermolares, na qual foi encontrada uma diferença de 1,62mm (p=0,0150) entre as médias das
imagens tomográficas (58,98mm) e dos modelos digitais (57,36m); e na proporção
comprimento/distância intermolares, na qual foi encontrada uma média de 0,44mm para as imagens
tomográficas e de 0,46mm para os modelos digitais, sendo a diferença entre eles de 0,02mm
(p=0,0229).
Tabela 10: Comparação das medidas obtidas com as duas técnicas de análise na Classe I
Valores apresentados como médias ± desvio padrão Teste t; *p < 0,05.
Arcodental ArcoBasal
TCFC Modelos Diferença p TCFC Modelos Diferença pDistância
Intercaninos 30,80±1,88 29,97±2,00 0,83 0,1432 29,65±1,87 30,97±1,89 -1,32 0,0449*
DistânciaIntermolares 54,70±2,28 51,50±2,21 3,20 <0,0001* 58,98±2,26 57,36±2,10 1,62 0,0150*
ComprimentoIntercaninos 5,07±1,01 4,45±0,94 0,62 0,0326* 3,70±1,08 4,16±0,96 -0,46 0,1389
ComprimentoIntermolares 27,25±1,77 26,72±1,63 0,53 0,2863 25,72±1,67 26,17±1,50 -0,45 0,4852
ProporçãoComp./Dist.Intercaninos
0,16±0,03 0,15±0,03 0,01 0,1105 0,12±0,04 0,13±0,03 -0,01 0,2592
ProporçãoComp./Dist.Intermolares
0,50±0,03 0,51±0,03 -0,01 0,0306* 0,44±0,03 0,46±0,03 -0,02 0,0229*
41 - Comparação Classe II: Modelos digitais x Tomografia Computadorizada de Feixe
Cônico Os resultados da comparação das medidas realizadas no grupo 2 (Classe II) ao nível do arco
dental e basal utilizando ambas as técnicas (imagens de modelos digitais e imagens tomográficas)
estão ilustrados na Tabela 11 e descritos a seguir.
Ao serem analisados os resultados obtidos na avaliação ao nível dental da Classe II, a única
variável a apresentar diferença estatisticamente significante foi a distância dentária intermolares, com
uma diferença de 3,27mm (p=0,0002) e maior nas imagens tomográficas (média de 53,59mm) do que
nos modelos digitais (média de 50,32mm). Já ao nível basal, a única variável a apresentar diferença
estatisticamente significante foi a distância intercaninos, com uma diferença de 1,27mm (p=0,0189)
entre as médias das imagens tomográficas (28,43mm) e dos modelos digitais (29,70mm).
Tabela 11: Comparação das medidas obtidas com as duas técnicas de análise na Classe II
Valores apresentados como médias ± desvio padrão Teste t; *p < 0,05.
- Correlação do arco dental nas imagens derivadas de Tomografia Computadorizada
de Feixe Cônico e modelos digitais Os resultados da correlação das medidas encontradas ao nível do arco dental Classe I e na
Classe II por meio das imagens tomográficas e modelos digitais estão ilustrados na tabela 12 e
descritos a seguir.
Classe I
As medições realizadas nas imagens tomográficas demonstraram correlação muito forte na
maioria das variáveis para o arco dental na Classe I: distância intercaninos (r=0,97, p<0,0001),
distância intermolares (r=0,92, p<0,0001), comprimento intermolares (r=0,95, p<0,0001) e proporção
Arcodental ArcoBasal TCFC Modelos Diferença p TCFC Modelos Diferença p
DistânciaIntercaninos 29,37±1,56 28,74±1,59 0,63 0,1677 28,43±1,68 29,70±1,95 -1,27 0,0189*
DistânciaIntermolares 53,59±2,83 50,32±2,82 3,27 0,0002* 56,79±3,64 56,00±2,84 0,79 0,4098
ComprimentoIntercaninos 5,42±0,99 5,10±1,18 0,32 0,3130 3,68±0,85 3,85±1,16 -0,17 0,5650
ComprimentoIntermolares 27,05±1,87 26,54±2,00 0,51 0,3734 24,98±1,78 25,30±2,27 -0,32 0,5860
ProporçãoComp./Dist.Intercaninos
0,18±0,03 0,18±0,04 0 0,5632 0,13±0,03 0,13±0,03 0 0,9782
ProporçãoComp./Dist.Intermolares
0,50±0,04 0,53±0,45 -0,03 0,0538 0,44±0,04 0,45±0,03 -0,01 0,3040
42 comprimento/distância intermolares (r=0,91, p<0,0001). Já nas seguintes variáveis foi verificada uma
correlação forte para para o arco dental na Classe I: comprimento intercaninos (r=0,86, p<0,0001) e
proporção comprimento/distância intercaninos (r=0,87, p<0,0001).
Classe II
Assim como na Classe I, na Classe II também foi verificada uma correlação muito forte em
quase todas as variáveis: distância intermolares (r=0,96, p<0,0001), comprimento intercaninos
(r=0,92, p<0,0001), comprimento intermolares (r=0,96, p<0,0001) proporção comprimento/distância
intercaninos (r=0,91, p<0,0001) e proporção comprimento/distância intermolares (r=0,95, p<0,0001).
Apenas a distância intercaninos apresentou uma correlação forte (r=0,88, p<0,0001).
Tabela 12: Correlação do arco dental nas imagens derivadas de Tomografia Computadorizada de Feixe Cônico e modelos digitais
r: Coeficiente de Correlação de Pearson
- Correlação do arco basal nas imagens derivadas de Tomografia Computadorizada de
Feixe Cônico e modelos digitais Os resultados da correlação das medidas encontradas ao nível do arco basal na Classe I e na
Classe II por meio das imagens tomográficas e modelos digitais estão ilustrados na tabela 13 e
descritos a seguir.
Classe I
Ao nível do arco basal na Classe I foi observada uma variação na correlação, sendo forte para
a distância intercaninos (r=0,88, p<0,0001), moderada para as seguintes variáveis: distância
intermolares (r=0,66, p=0,0005), comprimento intercaninos (r=0,58, p=0,0029), comprimento
intermolares (r=0,66, p=0,0004), e proporção comprimento/distância intercaninos (r=0,62,
p=0,0012). No entanto, na proporção comprimento/distância intermolares foi encontrada uma
correlação fraca (r=0,49, p=0,016).
ClasseI ClasseII r p r p
DistânciaIntercaninos 0,97 < 0,0001* 0,88 < 0,0001*DistânciaIntermolares 0,92 < 0,0001* 0,96 < 0,0001*
ComprimentoIntercaninos 0,86 < 0,0001* 0,92 < 0,0001*
ComprimentoIntermolares 0,95 < 0,0001* 0,96 < 0,0001*
ProporçãoComp./Dist.Intercaninos 0,87 < 0,0001* 0,91 < 0,0001*
ProporçãoComp./Dist.Intermolares 0,91 < 0,0001* 0,95 <0,0001*
43
Classe II
Já na Classe II, os resultados apontam uma correlação muito forte no comprimento
intermolares (r=0,91, p<0,0001), e forte em todas as outras variáveis: distância intercaninos (r=0,89,
p<0,0001), distância intermolares (r=0,81, p<0,0001), comprimento intercaninos (r=0,75, p<0,0001),
proporção comprimento/distância intercaninos (r=0,73, p<0,0001) e proporção
comprimento/distância intermolares (r=0,76, p<0,0001).
Tabela 13: Correlação do arco basal nas imagens derivadas de Tomografia Computadorizada de Feixe Cônico e modelos digitais
r: Coeficiente de Correlação de Pearson
DISCUSSÃO
Devido à importância da obtenção de resultados estáveis, da compreensão da relação entre o
arco dental e basal e da redução de problemas funcionais, periodontais e estéticos, ocasionados por
movimentos realizados além do limite estabelecido pelo osso basal5, além da necessidade de um
estudo aprofundado sobre a má oclusão de Classe II, devido à sua grande prevalência7,11, o presente
estudo foi realizado.
Essa necessidade já foi visualizada por outros pesquisadores, que avaliaram esta relação entre
os arcos previamente6-7,11-12, no entanto, não foi encontrada nenhuma pesquisa semelhante ao presente
estudo, no qual foram analisados o arco dental e basal na má oclusão de Classe I e Classe II utilizando
duas técnicas diferentes, a tomografia computadorizada de feixe cônico e os modelos digitais. Além
disso, nenhum estudo foi encontrado avaliando a relação entre o arco dental e basal nas duas más
oclusões e utilizando ambas as técnicas, assim como comparando as medidas obtidas por meio dos
modelos digitais e imagens tomográficas tanto ao nível dental quanto basal, ficando evidente a
viabilidade do presente estudo.
- Comparação Classe I x Classe II
A má oclusão de Classe II, dentre as más oclusões que acarretam discrepâncias esqueléticas,
é a mais frequente na população7,11. Devido à sua prevalência, existe um grande interesse em avaliar
as dimensões do seu arco, as suas características e buscar suporte científico na tendência de afirmar
que pacientes com má oclusão de Classe II possuem arcos mais estreitos quando comparados com
ClasseI ClasseII r p r p
DistânciaIntercaninos 0,88 < 0,0001* 0,89 < 0,0001*DistânciaIntermolares 0,66 0,0005* 0,81 < 0,0001*
ComprimentoIntercaninos 0,58 0,0029* 0,75 < 0,0001*
ComprimentoIntermolares 0,66 0,0004* 0,91 < 0,0001*
ProporçãoComp./Dist.Intercaninos 0,62 0,0012* 0,73 < 0,0001*ProporçãoComp./Dist.Intermolares 0,49 0,016* 0,76 <0,0001*
44 pacientes Classe I ou com oclusão ideal. Com este intuito, alguns estudos já foram realizados6-7,11-12,
no entanto, não foi encontrada concordância entre os resultados apresentados, com algumas pesquisas
que utilizaram o Eixo Vestibular (EV) como ponto de referência, concluindo não haver diferença
entre o arco mandibular nas más oclusões de Classe I e Classe II6-7 enquanto os estudos que utilizaram
pontas de cúspide encontraram arcos mais largos na região intercaninos mandibular na Classe II11-13.
Estes resultados nos trazem o questionamento se estas diferenças ocorreram devido a metodologias
divergentes ou se realmente não existem diferenças do arco em pacientes Classe I e Classe II, ao
serem utilizados pontos que possuem maior relevância clínica na determinação da forma de arco,
como o eixo vestibular.
A distância intercaninos e intermolares são dois dos parâmetros mais avaliados em pesquisas
que analisam o arco em diferentes más oclusões7. O presente estudo, encontrou distâncias
intercaninos significantemente menores na Classe II, tanto ao nível dental quanto basal. Nossos
resultados diferem dos encontrados por outros pesquisadores, que não encontraram diferenças ao
nível basal assim como ao nível dental, onde distâncias dentárias intercaninos maiores foram
encontradas na Classe II6-7,11-12. No entanto, dois destes estudos julgaram não significante
clinicamente a diferença de 0,7mm6 e 0,8mm7 entre os grupos, concluindo que o arco mandibular
seria essencialmente o mesmo tanto na Classe I quanto na Classe II6-7.
Com relação à distância intermolares, resultado significantemente menor foi observado na
Classe II ao nível basal, apenas nas imagens tomográficas, corroborando com os resultados obtidos
por Uysal et al12 e contrastando com os obtidos por Sayin e Turkkahraman 11e Shu et al15 onde não
foram encontradas diferenças. Já ao nível dental, distâncias menores também foram encontradas na
Classe II em ambos os métodos, não estatisticamente significantes, corroborando com resultado
observado por outros estudos que também não encontraram diferenças estatisticamente significantes6-
7,11,15, e com o de Al-Khateeb e Alhaija13, que encontraram distâncias significantemente menores na
Classe II; e contrastando com o resultado obtido no estudo de Uysal et al12, onde foram observadas
maiores distâncias intermolares ao nível dental na Classe II.
Ao ser avaliado o comprimento intercaninos, foi verificada uma diferença estatisticamente
significante ao nível dental apenas na análise dos modelos digitais, sendo maior na Classe II, o que
demonstra uma maior inclinação dos dentes anteriores para vestibular, provavelmente em decorrência
da menor largura do arco e da necessidade de vestibularização dos incisivos para compensar esta falta
de espaço. Este mesmo resultado foi verificado nas imagens derivadas de TCFC, no entanto, a
diferença não foi estatisticamente significante. O mesmo raciocínio pode ser aplicado na proporção
comprimento/distância intercaninos, significantemente maior na Classe II ao nível dental, explicada
pela vestibularização dos incisivos. Já no comprimento intermolares e na proporção
45 comprimento/distância intermolares, não foram observadas diferenças estatisticamente significantes,
tanto ao nível dental quanto basal em ambos os métodos de avaliação.
No presente estudo, foram observados arcos mais estreitos na má oclusão de Classe II na
região de caninos inferiores, enquanto que outros estudos semelhantes6,7 encontraram maiores
distâncias intercaninos na má oclusão de Classe II. Esta diferença pode ter ocorrido devido a
diferenças na idade média da amostra, na severidade da má oclusão e ao fato que estes estudos
pesquisaram apenas pacientes que apresentavam Classe II divisão 1, enquanto que o presente estudo
englobou a Classe II de maneira geral.
- Correlação entre o arco dental e o arco basal O estabelecimento da forma do arco dental em equilíbrio com as forças musculares e o osso
basal subjacente1 , assim como a manutenção da sua forma original16-17 é de suma importância para a
obtenção de resultados estáveis. A movimentação ortodôntica realizada além dos limites
estabelecidos pelo osso basal além de desarmonia entre o posicionamento dentário e o osso de
suporte, ocasiona efeitos adversos como problemas periodontais, funcionais e recidiva1,5-6,8.
É evidente a necessidade de diagnóstico acerca da forma do arco de cada paciente,
especialmente devido ao uso rotineiro de fios pré-contornados super elásticos, que em sua grande
parte possuem formatos expandidos e não apresentam uma única forma de arco que irá se adequar a
todos os pacientes. Desta maneira, a fim de se evitar instabilidade nos resultados ocasionados por
expansões do arco dental além dos limites do arco basal, ao se optar por arcos superelásticos ou pré-
contornados, deve-se buscar a individualização dos arcos ou utilização do formato adequado para
cada paciente2,3-4.
Devido a estes fatores, foi investigada a correlação entre o arco dental e basal neste estudo.
De maneira geral, forte correlação entre os arcos dental e basal foi observada em quase todas as
variáveis, em ambos os métodos e tanto na Classe I quanto na Classe II. Na distância intercaninos,
foi observada uma correlação forte em todas as análises, corroborando com resultados prévios1,6-7,
enquanto que no estudo de Kim et al8 foi observada correlação moderada. Já na distância intermolares
ocorreu uma variação na correlação, sendo nos modelos digitais muito forte na Classe II e forte na
Classe I corroborando com os estudos prévios1,7-8, e nas imagens tomográficas fraca na Classe I e
forte na Classe II.
De maneira semelhante, moderada ou forte correlação foi encontrada nas variáveis a seguir:
comprimento intercaninos, comprimento intermolares, proporção comprimento/distância
intercaninos e proporção comprimento/distância intermolares. Estes resultados comprovam a
existência de uma correlação entre o arco dental e basal, e são condizentes com a teoria apresentada
por Andrews e Andrews, na qual eles afirmam que a forma do arco dental está relacionada com a sua
46 forma de arco basal, e alterações no arco dental, sem levar em consideração as dimensões do seu
suporte ósseo pode resultar em instabilidade2. Tais resultados ressaltam a importância da
individualização dos arcos levando em consideração a forma do arco do paciente e consequentemente
do seu arco basal, atentando para o uso adequado de fios pré-contornados.
- Modelos digitais x Tomografia Computadorizada de Feixe Cônico Com a evolução contínua em todas as áreas de tecnologia, a Ortodontia também foi
beneficiada, com a utilização cada vez mais constante de modelos digitais, devido à diversas
vantagens que proporciona, como a redução de espaço físico necessário para armazenamento,
facilidade de comunicação entre profissionais e acesso de dados18-19. Estas vantagens também podem
ser atribuídas à Tomografia Computadorizada de Feixe Cônico, que devido à sua qualidade de
imagem ainda permite diagnóstico mais preciso, além da possibilidade de gerar diversas imagens,
como radiografias periapicais, panorâmicas, cefalogramas, a partir de um único arquivo de imagem
tomográfica e permitir a realização de diversas análises, inclusive as que convencionalmente são
realizadas em modelos20.
Devido à popularização do uso destas tecnologias e a possibilidade de redução da
documentação ortodôntica, diversos estudos vêm sendo realizados comparando as medidas obtidas
através das duas técnicas21-24. No entanto, apesar de mensurarem algumas variáveis em comum,
nenhum estudo foi encontrado utilizando os mesmos pontos de referência ou realizando esta
comparação ao nível do arco basal.
No presente estudo, ao serem comparados os resultados obtidos nas duas técnicas, foram
observadas diferenças estatisticamente significantes na distância intermolares: sendo na Classe I,
3,20mm ao nível do arco dental e 1,62mm ao nível basal, enquanto que na Classe II, apenas o arco
dental apresentou diferença significante de 3,27mm. Esta diferença pode ter ocorrido devido ao fato
que o exame tomográfico é realizado com o paciente em oclusão, o que pode ocasionar uma
sobreposição de estruturas e consequentemente uma redução na precisão desta região, como já foi
atestado por outros pesquisadores21. Além disso, apesar da precisão das imagens tomográficas, em
alguns momentos torna-se mais difícil o posicionamento preciso dos pontos de referência tanto no
sentido transversal quanto ocluso-cervical quando comparados com os modelos digitais.
Na distância intercaninos, também pôde ser observada diferença ao nível basal: 1,32mm na
Classe I e 1,27mm na Classe II, sendo estes valores menores nas imagens tomográficas, no entanto,
por tratar-se de medidas ao nível basal, esta diferença pode ter sido ocasionada pela espessura dos
tecidos gengivais presentes nos modelos digitais e ausentes nas imagens tomográficas. Na proporção
comprimento/distância intermolares também foi observada diferença estatisticamente significante na
Classe I, no entanto, esta diferença foi de apenas 0,01mm ao nível dental e 0,02mm ao nível basal,
47 não sendo clinicamente significantes. No entanto, também houveram medidas em que não foram
encontradas diferenças entre as médias obtidas nos dois métodos, como na proporção
comprimento/distância intercaninos na Classe II, ou diferenças mínimas, como por exemplo nesta
mesma medida na Classe I (diferença de 0,01mm), comprovando a correspondência de medidas entre
os dois métodos.
Ao ser realizada a correlação destas medidas, ao nível dental foi encontrada correlação muito
forte na maioria das variáveis, sendo forte no comprimento intercaninos e proporção
comprimento/distância intercaninos na Classe I e na distância intercaninos na Classe II, confirmando
a correspondência das medidas obtidas por ambos os métodos ao nível dental e corroborando com os
resultados obtidos por Tarazona e colaboradores23, que observaram uma correlação muito forte. Já ao
nível basal, na Classe I foi observada uma variação nas correlações, sendo em sua maioria moderada
e forte na distância intercaninos. Por outro lado, foi observada na Classe II correlação forte em quase
todas as variáveis, com a exceção do comprimento intermolares, que apresentou correlação muito
forte.
Apesar de terem sido encontradas diferenças entre as medidas obtidas pelos dois métodos,
elas em sua maioria podem ser consideradas clinicamente não significantes, por serem ínfimas e não
apresentando relevância no cotidiano clínico. Este resultado é semelhante ao encontrado por outros
pesquisadores21-24 e assim, sugere a possibilidade de redução da documentação ortodôntica, com a
eliminação dos modelos convencionais de gesso, uma vez que as medidas poderiam ser obtidas por
meio de imagens tomográficas, além de eliminar o processo de moldagem, que é considerado
desconfortável pela grande maioria dos pacientes. No entanto, para alguns procedimentos específicos,
como para confecção de moldeiras para colagem indireta ou de aparelhos auxiliares, a obtenção de
modelos convencionais ainda é essencial21.
Limitações
Durante a realização do presente estudo foram encontradas limitações relacionadas à amostra.
Inicialmente existia o intuito de inclusão de pacientes com má oclusão de Classe III, no entanto, ao
ser pesquisado o acervo de documentações ortodônticas, o número de pacientes que se adequaram
aos critérios de inclusão e exclusão foi escasso, não atendendo ao cálculo amostral e impossibilitando
a realização da pesquisa com esse grupo. Além disso, os resultados encontrados devem ser aplicados
apenas em população brasileira, não podendo ser extrapolados para outras etnias.
48
CONCLUSÕES
Com base nos resultados obtidos a partir desta pesquisa, conclui-se que:
- A má oclusão de Classe II apresenta arcos mais constritos quando comparada com a Classe
I, tanto ao nível dental quanto basal.
- Existe uma forte correlação entre o arco dental e basal, confirmando a possibilidade do uso
do arco basal como referência para individualização dos arcos ortodônticos.
- As medidas obtidas por ambos os métodos são compatíveis, apesar de terem sido encontradas
diferenças, estas em sua maioria não apresentam relevância clínica.
49 REFERÊNCIAS
1) Ronay V, Miner RM, Will LA, Arai K. Mandibular arch form: the relationship between dental
and basal anatomy. Am J Orthod Dentofacial Orthop 2008;134(3):430-8.
2) Andrews L, Andrews W. The six elements of orofacial harmony. Andrews J 2000;1:13-22.
3) Bayome M, Sameshima GT, Kim Y, Nojima K, Baek SH, Kook YA. Comparison of arch form
between Egyptian and North American white populations. Am J Orthod Dentofacial Orthop
2011;139(3):e245-52.
4) Suk KE, Park JH, Bayome M, Nam YO, Sameshima GT, Kook YA. Comparison between dental
and basal arch forms in normal occlusion and Class III malocclusions utilizing cone-beam
computed tomography. Korean J Orthod 2013;43(1):15-22.
5) Lundstrom AF. Malocclusion of the teeth regarded as a problem in connection with the apical
base. Int J Orthod Oral Surg Radiogr 1925;9:591-602.
6) Gupta D, Miner RM, Arai K, Will LA. Comparison of the mandibular dental and basal arch forms
in adults and children with Class I and Class II malocclusions. Am J Orthod Dentofacial Orthop
2010;138(1):10.e1-8.
7) Ball RL, Miner RM, Will LA, Arai K. Comparison of dental and apical base arch forms in Class
II Division1 and Class I malocclusions. Am J Orthod Dentofacial Orthop 2010;138(1):41-50.
8) Kim KY, Bayome M, Kim K, Han SH, Kim Y, Baek SH, et al. Three-dimensional evaluation of
the relation- ship between dental and basal arch forms in normal occlusion. Korean J Orthod
2011;41(4):288-96.
9) Bayome M., Park J.H., Han S.H., Baek S.H., Sameshima G.T., Kook Y.A. Evaluation of dental
and basal arch forms using cone-beam CT and 3D virtual models of normal occlusion. Aust.
Orthod J 2013;29(1):43-51.
10) Moura Neto G. Avaliação comparativa da borda WALA em mandíbulas secas e modelos e da sua
mensuração em radiografias oclusais e tomografias [Dissertação] Bauru: Faculdade de
Odontologia de Bauru-USP;2010.
11) Sayin MO, Turkkahraman H. Comparison of dental arch and alveolar widths of patients with
Class II, Division 1 malocclusion and subjects with Class I ideal occlusion. Angle Orthod
2004;74(3):356-60.
12) Uysal T, Memili B, Usumez S, Sari Z. Dental and alveolar arch widths in normal occlusion, Class
II Division 1 and Class II Division 2. Angle Orthod 2005;75(6):941-7.
13) Al-Khateeb SN, Abu Alhaija ES. Tooth size discrepancies and arch parameters among different
malocclusions in a Jordanian sample. Angle Orthod 2006;76(3):459-65.
50 14) Vigorito, JW. Documentação em clínica ortodôntica, In Interlandi S. Ortodontia: Bases para a
iniciação. São Paulo: Artes Médicas 1980: 323-32.
15) Shu R, Han X, Wang Y, Xu H, Ai D, Wang L, et al. Comparison of arch width, alveolar width
and bucolingual inclination of teeth between Class II division 1 malocclusion and Class I
occlusion. Angle Orthod 2013;83(2):246-52.
16) Felton MJ, Sinclair PM, Jones DL, Alexander RG. A computerized analysis of the shape and
stability of mandibular arch form. Am J Orthod. 1987;92:478–483.
17) De La Cruz AR, Sampson P, Little RM, Artun J, Shapiro PA. Long term changes in arch form
after orthodontic treatment and retention. Am J Orthod. 1995;107:518–530.
18) Marcel TJ. Three-dimensional on-screen virtual models. Am J Orthod Dentofacial Orthop
2001;119(6):666-8.
19) Oliveira DD, Ruellas ACO, Drummond MEL, Pantuzo MGC, Lanna AMQ. Confiabilidade do
uso de modelos digitais tridimensionais como exame auxiliar ao diagnóstico ortodôntico: um
estudo piloto. R Dental Press Ortodon Ortop Facial. 2007;12(1):84-93.
20) Garib DB, Raymundo Jr R, Raymundo MV, Raymundo DV, Ferreira SN. Tomografia
computadorizada de feixe cônico (Cone Beam): entendendo este novo método de diagnóstico por
imagem com promissora aplicabilidade na ortodontia. R Dental Press Ortodon Ortop Facial
2007;12(2):139-156.
21) Creed B, Kau CH, English JD, Xia JJ, Lee RP. A Comparison of the Accuracy of Linear
Measurements Obtained from Cone Beam Computerized Tomography Images and Digital
Models. Semin Orthod 2011; 17(1):49-56.
22) Kau CH, Littlefield J, Rainy N, Nguyen JT, Creed B. Evaluation of CBCT Digital Models and
Traditional Models Using the Little’s Index. Angle Orthod. 2010;80(3):435– 439.
23) Tarazona B, Llamas JM, Cibrian R, Gandia JL, Paredes V. A comparison between dental
measurements taken from CBCT models and those taken from a digital method. Eur J Orthod.
2013;35(1):1-6.
24) Abrão AF, Abrão J, Paiva JB, Domingos RG, Velasco LG, Fantini SM. Comparação entre
medidas digitais obtidas por CBCT e por escaneamento de modelo ortodôntico. OrtodontiaSPO
2016;49(3):235-40.
51 CONCLUSÕES
Com base nos resultados obtidos a partir desta pesquisa, conclui-se que:
- A má oclusão de Classe II apresenta arcos mais constritos quando comparada com a Classe
I, tanto ao nível dental quanto basal, confirmando que pacientes acometidos pela má oclusão de Classe
II possuem arcos mais estreitos;
- Devido às diferenças entre os arcos, não se deve utilizar uma mesma forma para os dois tipos
de má oclusão, respeitando o formato do arco de cada paciente e realizando individualização dos
arcos;
- Existe uma forte correlação entre o arco dental e basal, confirmando a possibilidade do uso
do arco basal como referência para individualização dos arcos ortodônticos, favorecendo a
estabilidade dos resultados e ressaltando a necessidade de observar a base óssea durante o
planejamento do tratamento;
- As medidas obtidas por ambos os métodos são compatíveis, apesar de terem sido encontradas
diferenças entre as medidas nos modelos digitais e imagens tomográficas, estas em sua maioria não
apresentam relevância clínica.
52 REFERÊNCIAS
1) Ronay V, Miner RM, Will LA, Arai K. Mandibular arch form: the relationship between dental
and basal anatomy. Am J Orthod Dentofacial Orthop 2008;134(3):430-8.
2) Andrews L, Andrews W. The six elements of orofacial harmony. Andrews J 2000;1:13-22.
3) Bayome M, Sameshima GT, Kim Y, Nojima K, Baek SH, Kook YA. Comparison of arch form
between Egyptian and North American white populations. Am J Orthod Dentofacial Orthop
2011;139(3):e245-52.
4) Suk KE, Park JH, Bayome M, Nam YO, Sameshima GT, Kook YA. Comparison between dental
and basal arch forms in normal occlusion and Class III malocclusions utilizing cone-beam
computed tomography. Korean J Orthod 2013;43(1):15-22.
5) Lundstrom AF. Malocclusion of the teeth regarded as a problem in connection with the apical
base. Int J Orthod Oral Surg Radiogr 1925;9:591-602.
6) Gupta D, Miner RM, Arai K, Will LA. Comparison of the mandibular dental and basal arch forms
in adults and children with Class I and Class II malocclusions. Am J Orthod Dentofacial Orthop
2010;138(1):10.e1-8.
7) Ball RL, Miner RM, Will LA, Arai K. Comparison of dental and apical base arch forms in Class
II Division1 and Class I malocclusions. Am J Orthod Dentofacial Orthop 2010;138(1):41-50.
8) Kim KY, Bayome M, Kim K, Han SH, Kim Y, Baek SH, et al. Three-dimensional evaluation of
the relation- ship between dental and basal arch forms in normal occlusion. Korean J Orthod
2011;41(4):288-96.
9) Bayome M., Park J.H., Han S.H., Baek S.H., Sameshima G.T., Kook Y.A. Evaluation of dental
and basal arch forms using cone-beam CT and 3D virtual models of normal occlusion. Aust.
Orthod J 2013;29(1):43-51.
10) Moura Neto G. Avaliação comparativa da borda WALA em mandíbulas secas e modelos e da sua
mensuração em radiografias oclusais e tomografias [Dissertação] Bauru: Faculdade de
Odontologia de Bauru-USP;2010.
11) Sayin MO, Turkkahraman H. Comparison of dental arch and alve- olar widths of patients with
Class II, Division 1 malocclusion and subjects with Class I ideal occlusion. Angle Orthod
2004;74(3):356-60.
12) Uysal T, Memili B, Usumez S, Sari Z. Dental and alveolar arch widths in normal occlusion, Class
II Division 1 and Class II Division 2. Angle Orthod 2005;75(6):941-7.
13) Al-Khateeb SN, Abu Alhaija ES. Tooth size discrepancies and arch parameters among different
malocclusions in a Jordanian sample. Angle Orthod 2006;76(3):459-65.
14) American Association of Orthodontics. Glossary of Orthodontic Terms. 2012
53 15) Downs WB. Variations in facial relationships: Their significance in treatment and prognosis. Am
J Orthod. 1948;34(10):812-40.
16) Riedel RA. The relation of maxillary structure to cranium in malocclusion and in normal
occlusion. Angle Orthod 1952;22(3):140-145.
17) Howes AE. Case analysis and treatment planning based upon the relationship of the tooth material
to its supporting bone. Am J Orthod and Oral Surg 1947;33(8):499-533.
18) Rees DJ. A method for assessing the proportional relation of apical bases and contact diameters
of the teeth. Am J Orthod 1953;39:695-707.
19) Consolaro A, Moura Neto G, Santamaria Jr. M. Borda WALA e sua determinação como ponto
de referência no tratamento ortodôntico. Rev Clín Ortodon Dental Press, 2008; (7)2, 106-109.
20) Tweed CH. Indications for the extraction of teeth in orthodontic procedure. Am J Orthod Oral
Surg. 1944;42:22-45.
21) Brodie AG. Appraisal of present concepts in orthodontia. Angle Orthod 1950;20:24-38.
22) Proffit WR, Fields HW, Sarver DM. Contemporary Orthodontics. 4th ed. St. Louis, MO: Mosby
Elsevier; 2007.
23) Ackerman JL, Proffit WR. Soft tissue limitations in orthodontics: treatment planning guidelines.
Angle Orthod 1997;67(5):327-36.
24) Consolaro A. Reabsorções dentárias nas especialidades clínicas. 2. ed. Maringá : Dental Press,
2005.
25) Shu R, Han X, Wang Y, Xu H, Ai D, Wang L, et al. Comparison of arch width, alveolar width
and bucolingual inclination of teeth between Class II division 1 malocclusion and Class I
occlusion. Angle Orthod 2013;83(2):246-52.
26) Andrews LF. The six keys to normal occlusion. Am J Orthod 1972;62(3):296-309.
27) Zachrisson BU. Esthetics in tooth display and smile design. In: R Nanda (Ed.) Biomechanics and
Esthetic Strategies in Clinical Orthodontics. Elsevier Saunders, St Louis; 2005:110-130
28) Zachrisson, BU. Esthetic factos involved in anterior tooth display and smile. J Clin Orthod
1998;32(7):432-445
29) Artun J, Krogstad O, Little RM. Stability of mandibular incisors following excessive
proclination: a study in adults with surgically treated mandibular prognathism. Angle Orthod
1990;60(2)99-106.
30) Little RM, Wallen TR, Riedel RA. Stability and relapse of mandibular anterior alignment – first
premolar extraction cases treated by traditional Edgewise orthodontics. Am J Orthod
1981;80(4):349-65.
54 31) Strang R. Factors associated with successful orthodontic treatment. Am J Orthod. 1952;38:790-
800.
32) Peck H, Peck S. An index for assessing tooth shape deviations as applied to the mandibular
incisors. Am J Orthod. 1972;61(4):384-401.
33) Little RM. The irregularity index: a quantitative score of mandibular anterior alignment. Am J
Orthod. 1975;68(5):554-63.
34) Strang RHW. Highlights of sixty-four years in Orthodontics. Angle Orthod 1974;44(2):101-12.
35) Proffit WR. Muscle Pressures and Tooth Position: North American Whites and Australian
Aborigines. Angle Orthod 1975;45(1):1-11.
36) Housley JA, Nanda RS, Currier GF, Mccune DE. Stability of transverse expansion in the
mandibular arch. Am J Orthod Dentofacial Orthop 2003;124(3)288-93.
37) Marcel TJ. Three-dimensional on-screen virtual models. Am J Orthod Dentofacial Orthop
2001;119(6):666-8.
38) Oliveira DD, Ruellas ACO, Drummond MEL, Pantuzo MGC, Lanna AMQ. Confiabilidade do
uso de modelos digitais tridimensionais como exame auxiliar ao diagnóstico ortodôntico: um
estudo piloto. R Dental Press Ortodon Ortop Facial. 2007;12(1):84-93.
39) Hajeer MY, Millett DT, Ayoub AF, Siebert JP. Applications of 3D imaging in orthodontics: part
II. Journal of orthodontics. 2004 Jun;31(2):154-62.
40) Sousa MV, Vasconcelos EC, Janson G, Garib D, Pinzan A. Accuracy and reproducibility of 3-
dimensional digital model measurements. Am J Orthod Dentofacial Orthop 2012;142(2):269-73.
41) Reuschl RP, Heuer W, Stiesch M, Wenzel D, Dittmer MP. Reliability and validity of
measurements on digital study models and plaster models. Eur J Orthod 2015;1–5[Epub ahead of
print].
42) Garib DB, Raymundo Jr R, Raymundo MV, Raymundo DV, Ferreira SN. Tomografia
computadorizada de feixe cônico (Cone Beam): entendendo este novo método de diagnóstico por
imagem com promissora aplicabilidade na ortodontia. R Dental Press Ortodon Ortop Facial
2007;12(2):139-156.
43) Damstra J, Fourie Z, Huddleston Slater JJ, Ren Y. Accuracy of linear measurements from cone-
beam computed tomography-derived surface models of different voxel sizes. Am J Orthod
Dentofacial Orthop 2010;137(1):16.e1-6.
44) Periago DR, Scarfe WC, Moshiri M, Scheetz JP, Silveira AM, Farman AG. Linear accuracy and
reliability of cone beam CT derived 3-dimensional images constructed using an orthodontic
volumetric rendering program. Angle Orthod 2008;78(3):387-95
55 45) Moreira CR, Sales MA, Lopes PM, Cavalcanti MG. Assessment of linear and angular
measurements on three-dimensional cone-beam computed tomographic images. Oral Surg Oral
Med Oral Pathol Oral Radiol Endod 2009;108(3):430-6.
46) Timock AM, Cook V, McDonald T, Leo MC, Crowe J, Benninger BL, Covell DA, Jr. Accuracy
and reliability of buccal bone height and thickness measurements from cone-beam computed
tomography imaging. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2011;140(5):734-44.
47) Tarazona B, Llamas JM, Cibrian R, Gandia JL, Paredes V. A comparison between dental
measurements taken from CBCT models and those taken from a digital method. Eur J Orthod.
2013;35(1):1-6.