a crise da participação política e a esperança depositada na web
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O processo de globalização mediática tem levantado interessantes questões, quer relativamente à eventual abolição de particularismos culturais, quer no tocante a uma atrofia das iniciativas políticas populares. O consumo de conteúdos mediáticos homogeneizados, produto da oferta de uma concentração económica dos Meios de Comunicação, assim como de um ainda existente controlo político sobre alguns daqueles, tem, segundo alguns autores, conduzido a um debate social amorfo que faz questionar o quarto poder enquanto tal. Os Novos Media vieram amplificar todo este debate, alterando o status quo e prometendo um lugar de interacção com o cidadão, permitindo-lhe dizer de sua justiça ante qualquer informação apresentada. Blogs, colocação de comentários em sites de jornais ou redes sociais virtuais oferecem-se enquanto fomentadores de uma participação cívica e política que parece ter vindo a esmorecer desde os anos 80 (Cardoso & Neto, 2003).No que respeita, particularmente, às redes sociais online, muitos são os que desconfiam dos seus atributos: a criação de um “eu” que poderá gerar perigos e desconfianças, a morte da sociabilização dita “real”, ou mesmo a inexistência de qualquer elo social entre os participantes são alguns dos argumentos invocados. Não obstante, parece inegável o facto desta nova plataforma poder vir a alterar a forma como as pessoas interagem e como vêm as suas relações sociais. Desejos, representações ou utopias circulam sem limites – ou apenas com os limites que o seu número de contactos proporcionar: Doravante evidenciam-se novas modulações que nos permitem repensar a significação do «espaço público» e os modos de participação no contexto das decisões públicas. As novas redes actualizam o estilo dos confrontos e das cooperações, dos conflitos e das negociações (Paiva, s/d: 2).TRANSCRIPT
Departamento de Sociologia
A Crise da Participação Política e a Esperança Depositada na Web:
As Redes Sociais Online em Democracia
Cláudia Lamy
Trabalho de projecto submetido como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em
Comunicação, Cultura e Tecnologias da Informação
Orientador:
Doutor Gustavo Cardoso, Professor Auxiliar Com Agregação
ISCTE- Instituto Universitário de Lisboa
Co-orientador:
Doutor José Jorge Barreiros, Professor Auxiliar
ISCTE- Instituto Universitário de Lisboa
Outubro, 2011
1
INTRODUÇÃO
“The digital public sphere may be richer
and more complicated than the existing literature suggests” (Friedland, 1996).
O processo de globalização mediática tem levantado interessantes questões, quer
relativamente à eventual abolição de particularismos culturais, quer no tocante a uma
atrofia das iniciativas políticas populares. O consumo de conteúdos mediáticos
homogeneizados, produto da oferta de uma concentração económica dos Meios de
Comunicação, assim como de um ainda existente controlo político sobre alguns daqueles,
tem, segundo alguns autores, conduzido a um debate social amorfo que faz questionar o
quarto poder enquanto tal.
Os Novos Media vieram amplificar todo este debate, alterando o status quo e
prometendo um lugar de interacção com o cidadão, permitindo-lhe dizer de sua justiça ante
qualquer informação apresentada. Blogs, colocação de comentários em sites de jornais ou
redes sociais virtuais oferecem-se enquanto fomentadores de uma participação cívica e
política que parece ter vindo a esmorecer desde os anos 80 (Cardoso & Neto, 2003).
No que respeita, particularmente, às redes sociais online, muitos são os que desconfiam
dos seus atributos: a criação de um “eu” que poderá gerar perigos e desconfianças, a morte
da sociabilização dita “real”, ou mesmo a inexistência de qualquer elo social entre os
participantes são alguns dos argumentos invocados. Não obstante, parece inegável o facto
desta nova plataforma poder vir a alterar a forma como as pessoas interagem e como vêm
as suas relações sociais. Desejos, representações ou utopias circulam sem limites – ou
apenas com os limites que o seu número de contactos proporcionar: Doravante
evidenciam-se novas modulações que nos permitem repensar a significação do «espaço
público» e os modos de participação no contexto das decisões públicas. As novas redes
actualizam o estilo dos confrontos e das cooperações, dos conflitos e das negociações
(Paiva, s/d: 2).
Há que chamar a atenção para o facto destas redes influenciarem não apenas
relações pessoais, típicas da esfera privada de cada utilizador, mas toda a vida económica,
científica, cultural e política que é, efectivamente, alterada: as redes virtuais apresentam-se,
actualmente, uma esfera altamente propícia à publicidade e à venda de produtos e
serviços, assim como à propaganda política, pelo que muitas das plataformas deste género
sobrevivem exactamente em prol das receitas oriundas do mundo publicitário, encontrando-
se muitas delas pejadas de notórias figuras do nosso quotidiano partidário.
2
Também o activismo social parece ter sido bem recebido pelos utilizadores das
redes sociais: causas ambientais, defensoras de direitos humanos ou de reacção ante
factos políticos são alvo de frequente atenção – mesmo aquelas muitas vezes olvidadas
pelos Media tradicionais. Como vem afirmam Machado & Tijiboy: “percebe-se que as redes
sociais virtuais são canais de grande fluxo na circulação de informação, vínculos, valores e
discursos sociais, que vem ampliando, delimitando e mesclando territórios” (2003).
Entre adeptos e pessimistas, ambos com fortes argumentos relativamente à matéria
em apreço, a verdade é que as redes sociais nos levam obrigam a repensar, entre outros
temas, o social e o político nas sociedades do séc. XXI. Será exactamente este o objectivo
do presente trabalho: tentar perceber até que ponto poderão as redes sociais virtuais
impulsionar a participação do cidadão no mundo político através de movimentos
apartidários. Para tal, foi realizada a revisão da literatura em algumas das áreas científicas
envolvidas, cujos conceitos e entendimentos serviram para colocar a questão de modo
abrangente, não olvidando conceitos como Democracia, Participação Política, Grupos e
Redes Sociais Online, assim como foram auscultados determinados agentes sócio-políticos
ligados ao Movimento 12 de Março. A escolha deste Movimento não foi inocente: a
relevância demonstrada na organização de um protesto apartidário através da Internet, com
visibilidade fora do mundo virtual não encontra precedentes no nosso país, urgindo tentar
perceber algumas das suas características e potencialidades. Por outro lado, trata-se de
um comunidade virtual em contacto com tantas outras, das mesma índole, que em todos os
continentes fazem ouvir as vozes dos “indignados” que se opõem às políticas
governamentais da actualidade. Deste modo, não apenas o contacto entre membros,
dentro de um só país, se faz através da Web, como também a ligação entre organizações
de índole popular é feita mediante as redes sociais virtuais – o que apenas enriquece o
fenómeno em apreço.
É um facto que a crise económica e financeira acentuou a crise da Democracia
enquanto ideal. Mas poderá ela atenuar a crise da participação política? Ou falamos
apenas de uma transferência para o online de agentes já de si activos no campo do homus
politicus?
3
CAP. I – A DEMOCRACIA E AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E DE
COMUNICAÇÃO (TIC)
1. As Democracias
O presente trabalho debruça-se, assim, sobre a participação política em Democracia
através das redes sociais virtuais. Deste modo, essenciais para a compreensão dos limites
e expoentes máximos das formas de participação (on e offline) serão os modelos
democráticos normalmente apresentados pelos estudiosos, assim como as reais estruturas
das democracias actuais.
É um facto que aquilo que actualmente apelidamos de Democracia se encontra muito
distante do seu entendimento inicial: a ideia da polis, onde a população interviria
directamente na discussão das medidas políticas e definição da sua aplicação, numa
perspectiva de Democracia directa, em nada se relaciona com o exercício de um sistema
democrático representativo – como o são os constantes da Europa Ocidental ou dos EUA.
Enquanto a visão da Democracia Representativa se satisfaz com a ideia de “uma cabeça,
um voto” - sendo, em limite, apenas exigível o acto de legitimação dos condutores da res
publica para que o processo democrático se cumpra - os defensores da Democracia
Participativa acreditam que há que ir para além da mera representação eleita
universalmente, sob pena de reservar apenas às elites a real condução do interesse público
nas diferentes questões que são levantadas diariamente. Diametralmente opostas e
recorrentemente hetero-críticas, abrem espaço para visões que procuram congregar o que
têm por “razoável” dentro do espaço do “idealizável”.
Acreditando que a participação de todos os cidadãos na condução das políticas
públicas acarreta uma noção de colectividade e solidariedade que deverá ser aplicada a
todo o momento, alguns autores defendem que o debate constante, a apresentação de
propostas e a sua aprovação pela sociedade não apenas é desejável como imperativa,
para que não estejamos apenas ante uma pseudo-democracia (Arblaster, 1988:141 e
segs). Para que tal possa ter lugar, é recorrente a premissa de que o a formação e a
informação constituir-se-ão as bases de uma consciência política informada e responsável
(Bachrach e Botwinick, 1992: 11).
Outras correntes, remetendo o modelo anterior apenas ao campo do ideal, defendem
que uma Democracia não exige dos seus cidadãos uma participação constante: ao eleger
os seus representantes, a vontade popular encontrar-se-á expressa, validando os actos
governativos que forem tomados em seu nome (Sartori, 1987: 113; Lippman, 1922). Tanto
mais porque o contexto do Estado-Nação e a extensão das sociedades actuais jamais
permitiriam o aval constante que a Democracia Participativa exigiria. A este propósito, Dahl
4
defende um sistema de participação política constante e especializada de pequenos grupos
ou elites, dada a sua consentaneidade com a satisfação das necessidades colectivas
(idem, 1973: 13-16). Assim, apenas se exigiria do cidadão comum que se “envolvesse de
modo equilibrado”, segundo “normas pré-estabelecidas” e utilizando meios formais de
manifestação das suas opções políticas (Berelson, 1954; Sartori, 1987:120). Mais do que o
contributo constante dos cidadãos, a característica fundamental da Democracia seria a
capacidade dos governos para satisfazer, de forma continuada, as preferências dos
cidadãos, num cenário de igualdade política (Robert Dahl, 1971).
Estes dois entendimentos da efectivação da Democracia encontrar-se-ão patentes nas
mais variadas opiniões e estudos, muitas das vezes cruzando-se e constituindo verdadeiros
modelos híbridos, servindo usualmente de base à escolha entre diferentes formas de olhar
e determinar a participação política: motivações dos cidadãos, tipos de participação aceites
enquanto tais, relação equilibrada entre activismo e democracia, etc.
Estas visões e alternativas, já de si de extremo interesse, revestem-se de uma maior
relevância quando assistimos ao descontentamento generalizado por parte dos cidadãos de
todo o mundo, que valida e incita novos protestos. Em geral, os motes centram-se no facto
das pessoas não se reverem nas políticas das elites, que sentem serem pouco dirigidas
para o bem comum. Facto é que, como sublinha o político francês Bernard Manin, um
governo organizado segundo os princípios da representação era considerado, no final do
séc. XVIII, radicalmente diferente da democracia, enquanto hoje passa por uma das suas
formas (1995: 15). Bem mais próximo de uma oligarquia onde apenas acede ao poder da
representação quem apresenta um conjunto de recursos disponíveis, levam, por um lado,
ao afastamento da noção primária de democracia grega e, por outro, ao fomentar do
abandono dos cidadãos na intervenção num mundo olhado como “exterior” às suas vidas
quotidianas.
Urge, assim, reencontrar um novo modelo de Democracia, uma nova forma de fazer
chegar às populações a ideia de que a arena do político lhes pertence novamente – tenha
ela expressão no mundo real ou não.
Nesta expressão de descontentamento, têm ficado patentes as eventuais mais valias
trazidas pelos Novos Media num possível fomento da participação: protestos e pressões
populares, até então esquecidos pelos meios de comunicação tradicionais, têm sido
organizados e difundidos ao nível mundial, parecendo ser o meio preferido para aqueles
que, não fazendo parte das elites tradicionalmente dotadas de poder político e económico,
querem dizer algo sobre a condução das políticas públicas.
5
2. A Democracia através das TIC
“Assim como o pensamento democrático é inevitavelmente influenciado pelas assumpções
em mudança sobre os meios de comunicação e informação, também a retórica, que dá
forma à tecnologia, é, ela própria, influenciada pelos valores sociais dominantes e
paradigmas intelectuais, incluindo os que são expressos através de ideais democráticos”
(Bellamy, 2000:33 in Cardoso, 2005:27)
Segundo os Cyberoptimistas, as TIC trariam ao cidadão um mundo de informação
ilimitada, diferentes perspectivas e, através delas, uma maior relação entre o indivíduo e
grupos/organizações intermédias dentro dos quais pudessem participar de modo mais
activo, deixando de depender tanto da informação dos Old Media e das estruturas
tradicionais de participação (Norris, 2000; Zittel, 2001). Outra mais valia residiria no carácter
não controlado da Internet, onde a liberdade de expressão e a circulação de informação
paralela seriam mais facilmente conseguidas. Mas estaremos a transportar conceitos para
um novo medium ou, pelo contrário, encontrará a Demos Cratia algo qualitativamente
diferente que lhe confira um novo estatuto conceptual? Utilizando o esquema apresentado
por Hague e Loader, teremos três modelos distintos de realização do processo democrático
e fomento da participação política através das TIC: a Teledemocracia, a Cyberdemocracia e
a Democracia Electrónica (idem, 1996: 6).
a. Teledemocracia
Criado nos anos 70, o conceito de Teledemocracia traz consigo o entusiasmo das
primeiras redes de computadores e a TV por cabo interactiva, com a potencialidade de uma
maior interacção entre cidadãos e a condução da coisa pública. Concentrando estudiosos
que acreditam nas potencialidades das Comunicações Mediadas por Computador, este
modelo defende um apuramento das práticas da Democracia, permitindo a participação
directa do cidadão: os novos media trariam, sobretudo, o acesso livre e fácil à informação, a
possibilidade da discussão sobre temáticas políticas e a votação através das Internet
(Cardoso et al, 2005:3). Teríamos, assim, a concretização de uma esfera pública
habermasiana através da Internet.
Não existem dúvidas que as redes sociais online são fontes vivas de informação, ao
ponto de serem consideradas pela CNN enquanto as suas “maiores concorrentes”1. A ideia
de fidedignidade, fruto da confiança depositada no contacto virtual, permite uma circulação
1 V.g. Jornal the Guardian, CNN: Facebook and not Fox News is our biggest competitor, disponivel em http://www.guardian.co.uk/media/pda/2010/mar/10/digital-media-television, acedido a 31/10/2001.
6
de informação acoplada a uma opinião pessoal do utilizador, assim como abre as portas à
possibilidade de imediata troca de ideias com as mais distintas pessoas, oriundas dos mais
diversos pontos do mundo – interactividade até hoje impensável através do medium mais
utilizado, a Televisão. Uma vez informados (ou, eventualmente, desinformados) através de
um “post”, os utilizadores conectados podem apresentar argumentos, concordar ou
discordar, aumentando a panóplia de informações primeiramente colocada online. E os
conhecimentos de um grupo serão sempre superiores aos de um indivíduo, pelo que todos
terão a ganhar. Também neste contexto se possibilita a contextualização de conteúdos
veiculados pelos media tradicionais, dada a memória e a experiência (ou habitus) de cada
um dos intervenientes – factor muitas vezes olvidado por um sector cada vez mais dirigido
ao imediato.
Contudo, vários alertas começaram a surgir nos anos 80 através de alguns
Cyberpessimistas, criticando o determinismo tecnológico que olvidara questões de acesso,
motivação e liberdade de acções (Cardoso et al, 2005:23). A este respeito, Gounari chama
a atenção para o que apelida de “agenda do acesso” e “código de acesso”: a primeira dirá
respeito aos recursos materiais necessários para aceder ao cyberespaço, o segundo ao
capital info-literário essencial para a correcta interpretação e utilização dos respectivos
códigos (idem, 2009:27 e segs) – assunto este que abordarei mais tarde. Mais ainda, corre-
se o risco de ser o populismo e o carácter episódico a marcar o quotidiano destas redes, e
não a acumulação de memória que poderia tornar-se a mais valia dos Mass Media
tradicionais que parecem ter olvidado a sua função de quarto poder (Silveirinha, s/d: 12).
Quanto ao voto electrónico, também ele parece constituir um elemento em constante
estudo mas com fraca efectivação.
b. Cyberdemocracia
Curiosamente, este conceito, mais relacionado com a democracia participativa,
nasceu de uma fusão entre movimentos hippies e yuppies, cada um deles com
contribuições muito próprias: os primeiros, mais preocupados com as questões da
participação individual e colectiva fora das instâncias tradicionais, defendiam as
possibilidades das redes de computadores ante a desilusão da pouca interactividade
propiciada pela TV por Cabo (Rheingold, 1993); os segundos assentavam o conceito na
defesa de um mercado livre no campo virtual, um meio não regulado onde os vários actores
políticos poderiam interagir livre e informadamente, num amplo plano de debate e
participação plural2.
2 Este ideal foi apelidado de “Californian Ideology”, baseado num ideal de informação não manipulada por interesses das cúpulas partidárias e económicas (Barbrook e Cameron, 1996).
7
A Cyberdemocracia afasta-se da Teledemocracia num aspecto fundamental: o
espectro de acção do indivíduo no mundo do político. Não pretendendo a abolição de ideia
de representante político, defende, sim, a descentralização do poder da decisão através da
informação e do debate nas comunidades. Ante uma centralização do poder nas elites, a
falta de informação isenta através dos Media Tradicionais, a sua dependência do político e
do económico e a ausência de literacias essenciais para o debate das políticas, a
Cyberdemocracia traria os benefícios de uma participação mais directa na condução da res
publica (Cardoso et al, 2005:3). Dijk salienta neste modelo a inspiração de uma democracia
“plebiscitária”, típica da ágora ateniense ou do fórum romano, onde a primazia dos
governos poderia ser substituída pela decisão participada da sociedade civil, desta feita
potenciada pela utilização de uma comunicação de muitos-para-muitos.
Hoff, ao referir-se ao “modelo cyberdemocrático”, aponta os perigos desta visão: segundo o
autor, não será a concentração do poder em elites que impede a realização do sistema
democrático mas antes a excessiva tendência para a fragmentação social ( idem, 2000).
Nesse aspecto, as TIC poderiam fomentar este perigo através das suas comunidades
virtuais, fechadas em interesses partilhados, com a queda das tradições políticas
tradicionais e a desintegração de culturas (Cardoso, 2005:28). No entanto, esta seria a
mais valia considerada por muitos num sistema de Cyberdemocracia: as comunidades
virtuais revitalizariam as comunidades físicas, desinteressadas em participar num mundo
representado como algo que lhes é exterior (Cardoso et al, 2005:3).
Autores mais radicais no seu pessimismo alertam para os perigos da dominação
através dos novos media que, afinal, não permitiriam uma maior liberdade de pensamento e
acção, limitando-se a ferramentas utilizadas para domesticar o
cidadão/espectador/consumidor, incapaz de seleccionar e escolher conteúdos e meios de
modo crítico (Trend, 2001:8). A ideia de uma realidade unidimensional como condição à
qual ninguém escapa levou Adorno e Horkheimer a prever o fim do indivíduo, através da
ocultação de subjectividades – o que, aliás, contrariava as promessas iniciais da tecnologia
e do desenvolvimento do medium: a libertação do indivíduo e o aumento da sua autonomia
através de novos meios e conhecimentos (Breton & Proulx, 2000: 161). Ainda que tal crítica
possa ser colocada em relação a todos os Mass Media, questionamo-nos se não seriam as
redes online uma forma de introduzir a individualidade de pensamento, acarretando consigo
parte do enlightment há tanto esperado e, segundo muitos, defraudado pela globalização
mediática e política.
c. Democracia Electrónica – O Modelo Representativo
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Hacker e Dijk, preferindo a expressão “Democracia Digital”, definem-na como (…) as
diversas tentativas de práticas democráticas, sem limitações de tempo, espaço e outras
condições físicas, usando as TIC ou as CMC como uma adição, não uma substituição das
práticas políticas analógicas tradicionais (idem, 2000:1). Dois pontos a salientar nesta
definição: antes de mais, a interacção entre diferentes Media, sem prevalência de qualquer
um deles; depois, o ponto de distinção com as práticas de participação ortodoxas: a
inexistência de limites espácio-temporais. Defensores de um modelo de Democracia
representativa, os autores acreditam que as TIC poderão, efectivamente, alargar o espectro
da participação, conciliando posições na tomada de decisões pelos representantes
políticos. No entanto, na esteira de Guiddens; Lyon, Barber ou Castells, não vêem uma
mais valia na sua utilização para a transformação da representação política nos moldes
actuais: antes constituirá uma forma de contribuição no processo político.
Muitos são aqueles que acreditam que a desilusão ante o mundo político assenta,
primordialmente, nos erros de representação (e não na representação política, per se).
Deste modo, a existência de canais alternativos, que ligassem de forma mais eficiente
representantes e representados dariam ao cidadão a confiança necessária para sentir-se
parte do processo decisório e, através dela, ser levado a participar. Essa mesma interacção
seria facilitada pelo crescente número de instituições sociais e políticas, fomentadas pelo
decréscimo de custos e aumento de recursos para mobilização de interessados (Haguen,
2000).
De realçar parece-me ser a posição de Djik, relativamente às duas vertentes
possíveis das TIC nos novos processos democráticos: segundo o autor, se podemos falar
num modelo híbrido que assenta, essencialmente, no fomento da interacção
indivíduo/representante partidário (democracia participativa), um segundo seria baseado na
aposta em novas instituições intermediárias, sendo estas a levar às cúpulas as
reivindicações dos eleitores (democracia pluralista) (idem, 2000). Tal como defendia
Haguen, torna-se patente que, em qualquer um destes modelos, não apenas se assegura a
existência de representantes profissionalizados, com efectivo controle sobre a condução
das políticas nacionais e/ou locais, como se acredita que será a maior interacção entre os
dois pólos da estrutura política que poderá conduzir a um retornar da confiança e do
interesse do cidadão na participação política activa.
Não obstante, os Cyberpessimistas costumam apontar para a falta de entusiasmo
das instituições políticas na utilização daqueles espaços e, mesmo que tal aconteça, para a
falta de real interactividade (Cardoso et al, 2005:16). É um facto que, no tocante aos
actores partidários em Portugal, as novas tecnologias têm vindo a ser cada vez mais
utilizadas. No entanto, a questão que se coloca é se as mesmas são aproveitadas para a
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interacção com o cidadão, a informação sobre as medidas políticas e a utilização de
propostas populares para enriquecimento da Democracia3. Hague e Loader acreditam que
não: mais facilmente tais estruturas agregam opiniões similares e a militância partidária do
que incitam à introdução de novos temas na agenda política (idem, 1999).
A este respeito acrescentem-se as críticas de Gounari, não apenas no que concerne
ao “preço” do espaço público, como à ilusão da Democracia. Antes de mais, a criação de
“espaços públicos” online não é inocente nem existe sem patrocinadores, numa lógica de
mercado criticada por muitos dos que defendem o primado da Democracia sobre o
económico: “os anunciantes dar-nos-ão o espaço virtual de que precisamos, em troca de
anúncio publicitários e de janelas de pop-up que surgem sem que as controlemos” (idem,
2009:38). Em segundo lugar, o perigo da ilusão de que a democracia participativa é algo
existente através do virtual, não necessitando de um espaço real para a sua concretização
(ibidem, 39). Talvez, com Dijk, possamos afirmar que tudo dependerá do modelo de
Democracia e da estratégia política escolhida na utilização das TIC: elas tanto poderão
reforçar as instituições já instaladas na esfera pública ou alargar as fronteiras da
participação (idem, 2000: 45).
Não obstante a concordância ou discordância das anteriores considerações, há que ter
em atenção o alerta de Norris para o facto da Democracia Representativa não poder
apenas assentar na escolha do representante mediante o voto: para que seja assegurada,
deverá, de igual forma, garantir quer a competição plural entre partidos políticos, quer o
direito dos cidadãos a falar, reunir e organizar formas de participação (Norris, 2000). E será
exactamente nestes pontos que as TIC poderão trazer mais valias à Democracia,
albergando novos ideais quanto à divulgação de informação, transparência no processo
decisório e mobilização da sociedade civil, em especial no que concerne às instituições
políticas (ibidem).
3. A Democracia em Rede e a Constituição Islandesa
I believe this is the first time a constitution is being drafted basically on the internet"
said Thorvaldur Gylfason, member of Iceland's constitutional council.4
3 De modo exemplificativo, o Presidente da República Portuguesa tem sido alvo de elogios e críticas quanto à sua utilização da rede Facebook para efectuar declarações ao país que ainda não foram realizadas offline. A este título, veja-se o Jornal Público: Cavaco satisfeito com diálogo entre Governo e partidos em nova mensagem no Facebook (14.04.2011), disponível em http://www.publico.pt/Pol%C3%ADtica/cavaco-satisfeito-com-dialogo-entre-governo-e-partidos-em-nova-mensagem-no-facebook_1489880 .4 Jornal The Guardian, Mob rule: Iceland crowdsources its next constitution, 9 de Junho de 2011, disponível em http://www.guardian.co.uk/world/2011/jun/09/iceland-crowdsourcing-constitution-facebook?CMP=twt_gu
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Constatando a realidade actual das Democracias ocidentais, Horrocks apresenta um
modelo bipartido, assente em duas características essenciais: o demo-elitismo, típico de
uma construção “de cima para baixo” no tocante ao acesso e exercício do poder político; e
a “democracia de consumo”, onde o cidadão-espectador assiste ao marketing político,
destituído de verdadeira informação (Horrocks et al, 2000). Numa perspectiva
extremamente interessante, o autor alerta para o facto das elites políticas e os cidadãos
que resistem a ser meros espectadores, lutando por uma participação real, se desenharem
enquanto duas faces da democracia que se encontram perfeitamente desligadas (ibidem).
Um exemplo da aproximação (pelo menos, aparente) entre estas duas realidades foi
aquele que se deu na Islândia no corrente ano: perante a necessidade sentida de uma
revisão constitucional, o conselho para tal designado acordou na disponibilização das
propostas na Web. A intenção foi clara: obter da população a sua concordância ou
discordância relativamente às propostas apresentadas através das redes sociais Facebook,
Twitter e YouTube5, aceitando também sugestões individuais, na tentativa de aproximar os
centros de decisão do cidadão comum.
Não obstante a aparente vitória da Cyberdemocracia, esta situação deverá ser
contextualizada: falamos de um país pouco populado (cerca de 320.000 habitantes), que se
apresenta como uma das economias de mercado mais ricas do mundo, dotada de baixos
impostos e níveis pouco elevados de desemprego. Em termos de literacia, em 2006
ocupava o segundo lugar dos países da OCDE, sendo que quase 80% da sua população
tinha acesso ao ensino superior6. Relativamente às suas práticas democráticas, a Islândia
utiliza frequentemente meios de consulta popular. A título de exemplo, em Março de 2011,
e em plena crise financeira, a população islandesa foi alvo de um referendo relativamente
ao pagamento, por parte do Estado islandês, da dívida reclamada pelo Reino Unido e pela
Holanda após a falência do banco Icesave e da perda de elevados montantes por
investidores estrangeiros. Perante a resposta negativa dos cidadãos7, o Governo recusou-
se a reembolsar Londres e Haia.
De facto, “às vezes o que é pequeno é belo” (Dahl, 1999:128): será sempre mais
fácil um representante ouvir os seus representados se estes forem em pequeno número.
5 Popsci, Iceland Citizens Are Writting Its New Constitution Online , 09-06-2011,disponível em http://www.popsci.com/technology/article/2011-06/iceland-crowdsourcing-suggestions-its-new-constitution-web6 A Dimensão Económica da Literacia em Portugal: Uma Análise, Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação, 2009, pág. 69, disponível emhttp://www.portugal.gov.pt/pt/GC18/Documentos/ME/Economia_Literacia.pdf 7 Vide Jornal de Notícias (10/04/2011), disponível em http://www.jn.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=1827119 , acedido a 15/10/2011.
11
Mas, muito mais do que isso, será mais recorrente consoante a cultura de participação
implementada: e os recursos disponibilizados por cada um.
Cyberoptimistas e defensores de uma Democracia Directa verão aqui a prova de que a
aquela pode, efectivamente, ser concretizada e impulsionada pelos New Media; apologistas
de visões mais rígidas da representação democrática advogarão que em momento algum
se prescindiu da intervenção dos representantes que, em última instância, lideram o
processo constitucional. Seja qual for a postura adoptada, algo parece sair reforçado: o
afastar do determinismo tecnológico, com a consciência de que novos meios trazem novas
oportunidades quando as circunstâncias sociais e económicas o permitem e as cúpulas
decisórias o aceitam (Halloran, 1998: 24).
4. Possíveis Rumos da Democracia Electrónica: entre optimistas e pessimistas
É inegável que o desenvolvimento tecnológico parece permitir hoje um maior pluralismo
de fontes de informação, aumentam a capacidade dos cidadãos de intervir directamente no
debate político, reduzindo a função de filtro dos jornalistas. (Della Porta, 2002: 111). Não
obstante, existem vários perigos numa visão tão confiante na mudança: factores sociais,
políticos e económicos podem fazer lograr todas as expectativas. De facto, no passado, já
foram depositadas vãs esperanças na tecnologia emergente que, naturalmente, não se
concretizaram em pleno, dada a sua dependência do ambiente espacio-temporal de cada
sociedade. E se apenas nos últimos anos as redes sociais virtuais parecem ter aliciado
alguns cidadãos para a sua utilização enquanto fórum político, a verdade é que a crise
económica e financeira a despoletar grande parte do descontentamento que tem sido feito
sentir através daquelas.
Deveremos ter sempre presente que, mesmo que dotado de recurso, o Citizen não se
transforma em Netizen apenas porque dispõe de alguns dos recursos para tal, mas porque
decide utilizá-los de uma determinada forma, na prossecução de determinadas finalidades
(Norris, 2000). Até porque os Novos Media, até ao momento, não substituíram nem
reduziram substancialmente a prevalência dos demais canais de comunicação – em
especial, a da televisão, que continua a ser o meio privilegiado na divulgação da
informação, ainda que muito apontado enquanto principal meio de mimetização de
conteúdos (Della Porta, 2002: 112). Salientando tal aspecto, Castells defende que, mais do
que se acreditar numa mudança imperativa, haverá que encarar as TIC como meios que
poderão fornecer novas bases e amplificar tendências, mas nunca ir para além de disso
mesmo (Castells, 2004:300).
12
Parecem-me incontornáveis os três possíveis caminhos apontados por Gibson e Ward
no que respeita às eventuais alterações do mundo político como o conhecemos por
influência das TIC (2000). Numa perspectiva bastante optimista, dados os condicionalismos
actuais, os autores sugerem, como primeira possibilidade, a erosão do modelo democrático
actual e constituição de uma democracia directa, baseada na revolução mediática. Uma
segunda assentaria no forçar das elites políticas e instituições intermediárias à utilização
dos novos meios para o fortalecimento da relação do cidadão, diminuindo o seu poder
autónomo de representação e aceitando as propostas populares como meio de determinar
a agenda política. Um terceiro rumo assentaria na manutenção do status quo, sendo quase
nulo o impacto das TIC numa real alteração das práticas e participações políticas. A este
propósito, o autor relembra como os Old Media também prometeram revoluções
informativas e de participação e, ante um controlo político e económico demonstraram ser
insuficientes para o debate plural (idem, 23).
Sem esconder tais perigos, a verdade é que a circulação de informação e as
interacções culturais são inegáveis, concretizando-se enquanto parte do ideal de esfera
pública defendido por Habermas, até porque algumas certezas e opiniões apenas advêm
do desconhecimento e/ou da falta de familiaridade com outras perspectivas, outras
fundamentações, outras possibilidades, que se encontrarão acessíveis nas redes virtuais
(Dahlgren, 1995; Holt, 2004). Deste modo, tais redes poderão facilitar os contactos com
outras culturas, factos ou teorias que possam esclarecer o indivíduo e auxiliá-lo na procura
de informação mais sólida e mais consequente – e tal é corroborado pelas iniciativas
populares mais recentes iniciadas no mundo virtual. Quanto à eficácia das suas
reivindicações, à persistência das suas pressões, tal apenas dependerá da comunicação
com as elites políticas e económicas, seja ela mediada ou não.
13
CAP II – A PARTICIPAÇÃO POLÍTICA OFF E ONLINE
“A participação é, antes de tudo, uma representação: uma das representações da vida
política mais partilhadas” (Memmi, 1985: 3145)
Em termos etimológicos, participio significa tomar parte, fazer parte de algo,
podendo depreender-se que o conceito de participação política implicaria o acto de tomar
parte do processo político. Embora, em primeiro instante, tal noção possa parecer pouco
intrincada, a ciência política, a sociologia, a filosofia, as ciências da comunicação e demais
áreas dedicadas ao estudo do presente tema apenas parecem concordar num ponto: a
definição de política e participação nessa mesma esfera dependerá de variadíssimos
factores, cada um deles com as respectivas bifurcações. Desde os modelos de
Democracia8, à noção de esfera pública, às práticas participativas ortodoxas e
revolucionárias on e offline, à possibilidade real de acesso ao poder político de todos os
“participantes”, passando pela oportunidade de influência da agenda política e mediática e
dos recursos disponíveis, todos estes factores ditarão a definição de participio para cada
um de nós. Como já afirmou Geraint Parry, a noção de participação acaba por ser uma
espécie de mala onde cabem todos os objectos, por mais diferenciados que sejam ( idem:
17).
É bem verdade que a existência de um conceito não estanque será algo não apenas
compreensível, como desejável dadas as constantes mutações das sociedades, os seus
valores, símbolos e regras (Weiner 1971:159-163). No entanto, e dado existirem alguns
elementos-base que levam à discussão científica relativamente ao acto de participação em
si mesmo, o propósito do presente capítulo passará pelo elenco de algumas determinantes
apontadas por diversos autores, mencionando os seus pontos mais e menos consistentes,
na tentativa de perceber quais as vertentes do ideal de participação poderão,
efectivamente, ser influenciadas pelos New Media - e, em especial, pelas redes sociais
virtuais.
8 A este propósito, veja-se Capítulo I.
14
1. Participação Convencional e “Novas Formas de Participação”
“A política torna-se cada vez mais irrelevante para a vida das pessoas à medida que é
reduzida ao acto de votar de quatro em quatro anos, num ritual em que cada vez menos
pessoas acreditam” (Gounari, 2009: 100)
Existem, essencialmente, dois grandes grupos de acções de participação política
apresentados pelos estudiosos: o convencional, mais ligado à ideia de uma participação
partidarizada, dirigida para o voto e para o acesso aos cargos públicos de representação; e
o das “novas formas de participação”, desenvolvidas a partir dos anos 60 e que incluirão
não apenas as acções anteriormente referidas, como posturas menos apoiadas nos
agentes políticos tradicionais, recorrendo, nomeadamente, a acções ilegais de
manifestação dos seus interesses. A partir destes dois núcleos, as visões abrangente,
intermédia ou convencional irão aceitar e/ou salientar apenas um ou ambos os grupos de
acção enquanto participação real do cidadão. E uma das questões que se colocam ao nível
da participação na Web reside em saber se falamos de um terceiro tipo de participação ou
apenas a uma transposição para o online das práticas criadas offline.
Durante muito tempo, apenas a vertente institucional (quando não, simplesmente,
partidarizada) da participação mereceu a atenção dos estudiosos, parecendo despiciendo
desenvolver a óbvia preferência destes autores numa noção de democracia representativa,
num sentido bastante redutor do termo9. A existência de referências constantes a partidos e
lugares de poder reflecte o núcleo duro desta postura que descurava, em absoluto, formas
de pressão como a manifestação pública ou a greve, tidas como interferências indesejáveis
do cidadão na condução dos assuntos políticos.
Foram os anos 60 a trazer algumas modificações naquilo que se entendia por
participação política: autores como Dalton (1988) defendiam constituírem novas formas de
activismo político o simples acto de aderir a um boicote, recusar-se ao pagamento de
impostos, ocupar edifícios ou bloquear o trânsito automóvel, assinar uma petição, fazer
parte de manifestações ou aderir a vigílias. A esperança de uma reificação do poder
popular, baseada numa liberdade de reunião, expressão e opinião e numa igualdade
adquirida fizeram muitos acreditar no empowerment popular ao nível da gestão da res
9 A título de exemplo, em 1965 Lester Milbrath criava uma escala de comportamentos políticos num sentido crescente de envolvimento: 1) Expor-se a solicitações políticas; 2) Votar; 3) Entabular uma discussão política; 4) Tentar convencer alguém a votar de determinado modo; 5) Usar um distintivo político; 6) Ter contactos com um dirigente ou um funcionário político; 7) Fazer ofertas em dinheiro a um partido político; 8) Assistir a um comício ou assembleia política; 9) Dedicar tempo a uma campanha política; 10) Tornar-se membro activo de um partido político; 11) Participar em reuniões em que se tomam decisões políticas; 12) Solicitar contribuições em dinheiro para causas políticas; 13) Candidatar-se a um cargo electivo; 14) Ocupar cargos públicos ou partidários (idem, 1965:18 in Della Porta, 2002: 87-88).
15
publica e de um maior envolvimento do cidadão racional. Contudo, alguns estudos
realizados nessa altura vieram demonstrar que a intensidade e a direcção da participação
se encontram bem mais dependentes de determinações culturais e sociais e económicas
do que da racionalidade dos indivíduos (Simões, 2005:62).
Perante tais realidades, diversos foram os auspícios dos estudiosos no campo:
O perigo da substituição dos tipos de participação: o manifestante deixaria de votar,
de pertencer a um partido político, de querer ser eleito, o que poria em causa o
modelo representativo da Democracia tal como se encontra instituído;
A simples coexistência de planos de acção: a fuga para estratégias participação não
ortodoxas seria, muitas das vezes, a via encontrada por quem já participa
activamente de modo tradicional, apenas a elas recorrendo enquanto meios mais
imediatos de se fazerem ouvir nos seus interesses e descontentamentos em relação
a causas específicas (Fuchs e Kingerman, 1995:432);
Os níveis de participação menos formal constituem um modo de se agregar
cidadãos e grupos com interesses comuns, partilhando o sentimento de pertença e,
através da criação de redes de confiança horizontais, fazê-los reencontrar a mais
valia da participação activa, nomeadamente através das práticas tradicionais
(Einsenstadt e Roningen, 1984:204).
Dadas tais opiniões, penso ser útil considerar o desinteresse geral pela participação
tradicional nos modelos democráticos actuais e questionar se não será a falta de ligações
entre as elites políticas e os cidadãos que conduzirão àquele. A representação negativa do
“político” que age em benefício próprio e não atenta ao real bem público, a ideia de que os
partidos apenas representam as suas cúpulas e não os seus simpatizantes, tem
conduzindo a um constante decréscimo da presença popular em momentos eleitorais ou de
auscultação pública. Não serão as formas não ortodoxas de participação a fazê-lo10. E se é
certo que a participação numa manifestação ou num boicote pode ser partilhada pelo eleitor
constante, cidadão empenhado no debate político e eventual filiado partidário, que apenas
decide agir nesse sentido por concordar com os manifestos apresentados sobre a temática
em questão ou sentir que, deste modo, a situação em concreto será mais facilmente
resolvida., também poderá acontecer que, através desse meios, um cidadão pouco
10 Curiosamente, já o contrário será possível: já no século XIX se tinha observado que a autonomia
da esfera pública fora posta em causa pelo desenvolvimento dos partidos políticos e, cada vez mais,
pela comercialização dos meios de comunicação (Della Porta, 2002: 107).
16
mobilizado para causas políticas possa repensar a importância da sua opinião para a
condução da res publica, valorizando todo e qualquer acto de participação.
2. Participação Activa, Passiva e Apatia Participativa
Participação política consiste num (…) processo através do qual as pessoas propõem,
discutem, decidem, planeiam e implementam as decisões que afectam a nossa vida
(Benello).
Também nesta esfera não encontramos um consenso relativamente ao que será o
participante activo ou passivo - sendo este último apenas é aceite enquanto tal por alguns
dos estudiosos. Uma vez mais, tudo dependerá da noção de Democracia, política e
participação que tenhamos.
Baseados na premissa de que qualquer acto poderá ter o seu reflexo político, alguns
sustentam que até a decisão de não participação deve ser olhada enquanto real
participação política. A título de exemplo, Rush acredita que a participação política incluirá
todos os actos de envolvimento no sistema político vários níveis de actividade, desde o
desinteresse total à titularidade de um cargo político” (Rush, 1992). Já Weiner sente a
necessidade de diferenciar a participação passiva da apatia: se a primeira implica o
interesse e a intenção de agir de modo invisível, nomeadamente o seu repúdio pela
condução das políticas públicas, já a apatia terá em si o total afastamento do indivíduo ante
as questões políticas (Weiner, 1971: 162).
Outros apenas assumirão como participação activa as formas tradicionais,
remetendo para o mundo do passivo actos como a assinatura de petições ou o entabular de
debates sobre questões políticas – o que não significa que não aceite tais actos enquanto
verdadeira participação11. De facto, para além da possível mobilização inter pares, haverá
que atentar que a participação “invisível” pode não apenas potencializar o feedback
necessário para que representantes políticos afinem as suas campanhas de mobilização,
como contribuir para a criação de uma opinião pública, também esta essencial nas
condutas dos agentes políticos profissionalizados (Lane, 1959: 95). Pelo que até a
11 Della Porta sugere uma classificação-tipo dos possíveis actores no cenário político (idem, 2002: 93).:- Inactivos – a sua participação basear-se-á, essencialmente, na leitura de informação política e na assinatura de uma petição;- Conformistas – para além das iniciativas anteriores, cumprem algumas formas tradicionais de participação, como o exercício do direito ao voto e o apoio partidário;- Reformistas – participam de modo convencional e, simultaneamente, abraçam formas legais de protesto, como greves, manifestações ou mesmo boicotes;- Activistas – ampliam o seu repertório no nível máximo, incluindo formas de protesto não legais;- Contestatários – que adoptam formas não convencionais mas recusam as convencionais de participação – nomeadamente, abstendo-se em momentos eleitorais.
17
participação dita passiva será essencial para moldar as estratégias da participação activa.
Também não deveremos olvidar que o mesmo cidadão classificado de “participante
inactivo” ou “passivo” poderá, a qualquer momento, optar pela via da participação visível
desde que satisfeitos determinados requisitos pessoais que os leve a agir.
Obviamente, este debate revela-se de extremo interesse para averiguar até que
ponto alguns cyberpessimistas deterão um ponto de vista concertado no que respeita à
ausência de envolvimento nas participações políticas potenciadas através da Web.
Dependendo da construção do conceito, cada investigador poderá aferir das consequências
dos Novos Media nas práticas participativas. Ex.: o autor de um blog que, num momento de
indignação, inclui um texto de índole política em género de desabafo, vê o mesmo ser
propagado e comentado pelos seus congéneres numa rede social virtual. Rapidamente,
torna-se num texto de referência, debatido de “muitos-para-muitos”, sendo concertada uma
acção colectiva a favor da opinião propagada. Muitos verão apenas nesta última a
verdadeira participação; outros terão no texto inicial um acto político per se.
A meu ver, a questão que aqui se coloca reside no ponto a partir do qual iremos
considerar existir real participação, no ciclo interminável de actos que se auto-sustentam
e/ou incitam novas (ou verdadeiras) formas de agir dentro da esfera dita política. Por
exemplo, a leitura de informação política e o debate, muitas das vezes dela oriunda,
costuma ser uma das mais valias mais apontadas à Internet no tocante a esta matéria. Não
obstante, os actores envolvidos neste tipo de acções serão tidos, por muitos, inactivos,
senão mesmo apáticos. De forma a melhor situar a questão, recordemos o conceito de
esfera pública de Habermas e a sua noção de participação na discussão dos assuntos
políticos: segundo o autor, o debate, a aprendizagem, a retórica seriam fortes armas na
discussão política que conduz à decisão informada e plural. Mais do que isso: influencia a
opinião pública e concretiza a existência de uma desejável consciência crítica dos cidadãos
que, através delas, sentir-se-ão a participar de forma cada vez mais envolvida e informada.
3. Da legalidade da acção: o bombista norueguês e os tumultos em Londres
Um dos pontos que mais separa os autores reside na questão se a prática de actos
ilegais de participação deverá constituir um entrave para que sejam encarados enquanto
tais.
Ao definir os tipos de participação política, Dalton (1988) faz menção a formas
violentas de participação, com a danificação de bens materiais ou pessoas como ainda
constituindo formas de envolvimento político, ainda que ilegais: a noção normativa de
participação deveria ser descurada – até porque ilegal não equivale a injusto, irracional ou
18
mesmo insustentado. Posição esta reafirmada por Samuel Barnes, defendendo que, ante
políticas tidas como injustas, as acções não convencionais/ilegais são cada vez mais
utilizadas como verdadeiras formas de participação política, não devendo ser o seu carácter
não-conforme às regras instituídas a retirar-lhe tal designação (idem, 1979:157). Já Verba
será um dos autores que mais acerrimamente defende o filtro da legalidade para que uma
acção possa ser enquadrada no âmbito da participação política (idem, 1987:47). Este autor
considera que apenas poderão ser tidos por actos de participação política o “conjunto de
comportamentos legais, destinados a influenciar a selecção e actuação do pessoal político,
quer tenham ou não sucesso” (1987:47).
No tocante aos New Media, esta questão tem sido colocada com maior veemência
nos últimos meses, em especial após o ataque do bombista norueguês e os tumultos
decorridos em Londres.
No primeiro caso, Anders Behring Breivik, um blogger auto-intitulado de extrema-
direita difundia na Web as suas opiniões de indignação ante o multiculturalismo – segundo
ele, resultado nefasto das políticas dos dois maiores partidos noruegueses. Através da
Internet, anunciava as suas estratégias violentas para obrigar o Governo a expulsar
emigrantes e professantes de outras religiões que não a católica, e recebia o feedback de
apoiantes ou opositores. Em Julho de 2011, Anders Behring Breivik confessou ser o autor
do ataque bombista decorrido em Oslo, informando ter sido ainda sua intenção agir de igual
forma ante o Palácio Real e a sede do Partido Trabalhista12. A sua convicção foi tal que
chegou a afirmar entregar uma declaração completa quanto aos seus planos e intuitos
criminosos se o Governo norueguês apresentasse a sua demissão13. Para além das
questões relacionadas com a vigilância electrónica que aqui se colocaram, foram as
qualificações do acto as que maiores celeumas pareceram criar entre as opiniões mais ou
menos mediáticas. Apelidar este acto de “político” ou “terrorista”, enquanto verdadeiros
antónimos, fez ressurgir a dúvida sobre os limites da participação e do acto político.
A este propósito, lembrem-se igualmente os recentes tumultos decorridos em
Londres durante o início de Agosto de 2011. Tudo começou com uma manifestação
pacífica, organizada através da rede social Facebook, com a finalidade de reagir à
impunidade policial e consequente não reacção do Governo Britânico ante a morte de de
Mark Duggan, alegadamente atingido a tiro pela polícia quando se encontrava num interior
de um táxi em Tottenham. Aos poucos, fomos assistindo a um crescer de violência naquela
12 V.g. “Palácio real e sede do partido do governo eram alvos”, Diário de Notícias, 30 de Julho de 2011, disponível em http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=1938478&seccao=Europa 13 V.g. “Breivik exige demissão do Governo em troca de declaração”, Diário de Notícias, 31 de Julho de 2011, disponível em http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=1939518&seccao=Europa&page=-1
19
cidade. Rapidamente, estudiosos, jornalistas, analistas e cidadãos comuns proferiram
opiniões: alguns defenderam que, na sua base, encontrar-se-iam insatisfações de
comunidades que se sentem preteridas na garantia dos seus direitos fundamentais (tais
como a igualdade e o direito ao bem-estar social). Deste modo, ainda que tais actos fossem
encarados enquanto ilegais, não foi desconsiderada a sua vertente política14.
Outros foram aqueles que, pelo contrário, neles viram apenas uma atitude criminal,
sem qualquer relação com o mundo político15. Outros ainda defenderam encontrarmo-nos
ante dois tipos de cidadãos, com distintos interesses: os primeiros, manifestantes pacíficos,
que pretendiam pressionar o poder político para a alteração das condições sócio-
económicas existentes são encarados como verdadeiros actores políticos; os segundos,
indivíduos não mobilizados para aquele fim, mas que aproveitaram a ocupação das ruas
londrinas para a propagação de uma onda de crime, serão tidos como meros criminosos.
Se é bem verdade que não nos encontramos na posse de factos que legitimem um
destes quadros enquanto “verdade absoluta”, algo não poderá ser olvidado: a qualificação
da acção depende, como se vê, da forma como cada um dos agentes olha para o conceito
da participação, em especial para os seus limites morais ou legais, assim como da
importância dada aos condicionalismos sócio-económicos que a comunidade analisada
atravesse. A verdade é que a Democracia em que vivemos actualmente em Portugal
também foi instituída por um movimento ilegal, não permitido pelas formas de participação
tidas por aceitáveis na sua altura, sem que tal seja mencionado enquanto algo pejorativo
mas apenas enquanto inevitabilidade. Pelo que deveremos ser cuidadosos na profusão de
opiniões e limites à participação na condução da res publica.
4. A consciência, a influência e a eficácia do acto
O que é importante não é apenas ter acesso à informação ou ao conhecimento, mas
também estar na posição certa para os usar (Dijk, 1999:78)
Os investigadores dividem-se também no que se refere à consciência ou
inconsciência da prática do acto em causa e/ou das suas consequências. Inglehar acredita
14 Em declarações à SICN, Boaventura de Sousa Santos comentou os acontecimentos que decorrem em Inglaterra: «É uma situação trágica. Há uma centelha que ateia o fogo, mas o fogo só ateia porque há combustível acumulado nos subterrâneos da sociedade ao longo de décadas”, disse, lembrando os tumultos tiveram lugar nos mesmos bairros pobres de Londres em 1980 e as condições de precariedade sentidas pelos jovens britânicos – SICN, disponível em http://sicnoticias.sapo.pt/mundo/article723057.ece15 A este respeito, o Primeiro Ministro inglês afirmou “são criminalidade pura e simples (…) não é um problema de pobreza, mas de cultura, uma cultura de violência e de falta de respeito pela autoridade” in Jornal Público, 11/08/2011, disponível em http://www.publico.pt/Mundo/cameron-promete-travar-os-tumultos-e-admite-recorrer-ao-exercito_1507263.
20
que apenas a acção precedida de uma consciência, de uma decisão para a influência das
instâncias dotadas de poder político, poderá ser encarada como verdadeira participação
(Inglehart, 1990: 7-14). Assim, a consciência dos possíveis impactos da sua acção fará
parte do conceito de participação. Já Dahl afasta este segundo requisito, avançando que as
acções que demonstrem uma decisão prévia, traduzíveis em acções concretas, deverão ser
lidas enquanto verdadeira participação, ainda que aquelas sejam alimentadas por
considerações conscientes ou inconscientes, simples ou complexas, informadas ou pouco
informadas (Dahl, 1963). Deste modo, não bastará assinar uma petição sem consciência do
que ela sustenta para determos um acto político; mas já será suficiente a consciência do
conteúdo do seu manifesto, ainda que completamente falso ou desinformado. Isto porque
existiu uma pré-determinação do sujeito para a acção. Também este limite, ainda que
contestado, poderá ser útil para a observação de situações como as anteriormente
expostas relativamente aos tumultos londrinos: até que ponto a violência foi levada a cabo
enquanto contestação a um certo status quo ou, simplesmente, uma forma de
aproveitamento individual e sem intuitos de pressão do poder decisório. E aqui entramos
noutra das características muito divulgadas: a pressão do poder e a eficácia dessa mesma
pressão.
Obviamente voltada para aqueles que acreditam em formas de Democracia
representativa, muitos são os colocam na base de toda a participação política a intenção de
pressionar as elites decisórias. E esta consubstancia uma crítica muitas vezes apontada
aos cyberoptimistas reside na eficácia e no verdadeiro poder de influência da participação
política através dos Novos Media – e, dentro destes, das redes sociais virtuais, em especial
por serem tidas como “menores” ante determinadas redes offline, no tocante aos seus
poderes de influência. Mas será a eficácia da acção uma mais valia ou uma condição para
que o acto de participar possa ser tido como tal?
Os autores voltam a dividir-se quanto à inclusão do conceito de “eficácia do acto” na
noção de participação – o que nos conduz, uma vez mais, às questões de desigualdade de
oportunidades em ser ouvido e satisfeito nos seus interesses e quais a bases para que uma
real influência possa ter lugar. Ao considerar apenas os actos eficazes, correríamos o risco
de fazer uma perigosa divisão entre a participação de lobbies dotados de influência política
(que facilmente atingiriam o objectivo de cada acção participativa) e aqueles que, não
obstante pretenderem influenciar a condução das políticas públicas, não conseguiriam o
efeito almejado por falta de poder de pressão sobre os seus representantes.
De facto, nas democracias ocidentais, baseadas no representante eleito, a
participação política dos cidadãos tem-se demonstrado selectiva nas suas vertentes: alguns
grupos participarão mais do que outros, alguns interesses são mais determinantes na
21
condução de medidas políticas concretas de cada país, existindo formas de participação
escolhidas em função destas e de outras determinantes. Em súmula, são inegáveis as (…)
desigualdades na medida da participação e, por conseguinte, na influência política dos
diferentes grupos (Della Porta, 2002: 89). De forma cíclica, o oposto também será uma
verdade: consoante a força de influência de cada actor, assim ele determinará o grau do
seu envolvimento, numa perspectiva racional ou simplesmente emocional, dada a
percepção que as suas reivindicações serão mais facilmente acolhidas. Aliás, constatando
a existência de elementos que fortificam/enfraquecem a influência, Lipset chama a atenção
para o facto da participação constante de um indivíduo ou grupo não acarretar,
necessariamente, um aumento da sua influência sobre os poderes públicos. Muitas das
vezes, a fuga às formas de participação partidária ou de fidelização a uma instituição
poderão mesmo implicar uma participação corrente cuja voz nunca pré-determina uma
tomada de posição pelas elites de governação. Concomitantemente, baixos níveis de
participação poderão conduzir a alterações nas decisões políticas enquanto crítica para a
condução do interesse público (Lipset: 1981:183). Na verdade, para além de factores
exógenos, os poderes de influência advêm de outros factores que não, necessariamente, a
participação contínua ou o envolvimento total numa causa.
Atentando apenas às Democracias Ocidentais actuais e os seus sistemas
representativos, cada um deles com características típicas ao nível da participação directa
dos cidadãos, poderemos afirmar que a premissa -base residirá na intenção de influenciar o
processo político (Axford et al, 1997:109; Sani, 1991). A este título, defende-se a posição
de Myron Weiner quando define a participação política como (…) qualquer acção voluntária,
com sucesso ou insucesso, organizada ou não, episódica ou contínua, utilizando métodos
legítimos ou ilegítimos, com o objectivo de influenciar, a qualquer nível, as decisões
políticas, a escolha dos governantes e a administração dos assuntos políticos (idem, 1971).
De facto, as mais diversas formas de participação, através da acção ou inacção, da
interpelação directa do político profissional ou da influência da opinião pública através da
partilha de informação e opinião, a realidade é que o intuito será a de influenciar a dialéctica
do poder.
5. Os diferentes olhares sobre a diminuição da participação tradicional
No entanto, nem todos os autores vêm a participação política como um fomento à
Democracia, mesmo em momentos em que esta parece ser afectada na sua credibilidade.
Lipset já defendera, em 1960, que uma certa apatia faria bem a uma qualquer Democracia,
fornecendo-lhe estabilidade para que os representantes políticos pudessem dirigir o rumo
22
dos Estados. Ao delegar tal governação, o cidadão deveria cingir-se à participação mais
tradicional, mostrando confiança no seu representante eleito (ibidem). Quanto maior a
participação e as exigências de classes e sectores, mais os governantes tenderiam a
procurar formas de satisfação diferenciadas, criando “riscos de sobrecarga” (Almond e
Verba, 1963; Mayer e Perrineau, 1992:8). Claro está que esta opinião se baseia em visões
de democracia representativa e medidas de participação tradicionais como bases para a
realização do indivíduo e da colectividade, numa sã convivência com o sistema político.
Facto é que, logrando todas as expectativas de há meio século atrás, a Democracia
Europeia tem mostrado profunda crise participativa. Factores como a falta de acesso às
cúpulas decisórias em termos igualitários, a ausência de mediatização de opiniões
minoritárias e/ou a falta de confiança no político profissional parecem ter conduzido ao
decréscimo da participação política tradicional. A abstenção em momentos eleitorais, a
diminuição da filiação partidária ou sindical demonstram, entre outros elementos, uma
apatia e/ou a falta de confiança num sistema político representativo, que muitos entendem
ser especialmente potenciada pelo sensacionalismo dos Media Tradicionais. De facto,
algumas das representações aqui difundidas apresentam um mundo simplificado, de modo
a serem facilmente apreensíveis – sem, contudo, existir uma preocupação patente de
desconstrução dos estereótipos que conduzem à descredibilização do homo politicus.
Também as apelidadas “novas formas de participação”, típicas das últimas décadas
do séc. XX, parecem não ter conseguido compensar este descrédito generalizado.
Boicotes, manifestações, ocupações têm surgido como pontuais e sectoriais na Europa
Ocidental e EUA, sendo muitas das vezes ineficazes nos seus propósitos de alteração do
status quo – razão esta muitas vezes apontada para a falta de motivação para o seu
esmorecimento. Apenas a crise financeira actual parece estar a gerar algumas alterações a
este respeito no que respeita à recorrência dos eventos – mas não, até ao momento, no
tocante aos seus efeitos reais.
Por estas e outras razões alguns autores imprimem nos Novos Media a esperança
de uma participação generalizada, quer no que se refere aos temas, quer no que toca aos
agentes envolvidos. Agregando as mais diversas fontes de informação, possibilitando o
debate e permitindo a concertação de interesses, conseguir-se-ia dar visibilidade a todas as
vozes e, através dela, permitir um maior peso da opinião de cada agente envolvido.
Entendidos por alguns estudiosos como nova esfera pública de participação, passível de
fazer frente à actual crise da participação política, os New Media parecem poder constituir
um palco onde se activam movimentos de opinião de vários géneros, através dos quais se
propõem reformas da sociedade (Pizzorno, 1998:31).
23
CAP III – O ACESSO AO PODER E AOS RECURSOS
As noções de influência, eficácia de participação e visibilidade remetem-nos para
aquele que, segundo muitos, significará o exponente máximo da participação: o acesso às
cúpulas onde o poder decisório reside. Na linha de Sartori, poderemos questionar quem
fará apenas parte dos “alicerces” da sociedade, quem fará parte das “supra-estruturas” e,
acima de tudo, se através da participação política um dos membros da base poderá aceder
ao topo do “edifício” (idem, 1987:120 e segs.).
1. Escola Elitista e Escola Pluralista
Uma cidadania participada não depende apenas de um maior e melhor acesso à
informação, mas também de uma alteração de condições de vivência, sem as quais os
indivíduos não se encontram aptos a exercer os seus direitos e deveres políticos” (Cardoso
et al, 2005: 15)
A este nível, existem duas escolas fundamentais: a Escola Elitista e a Escola
Pluralista. A primeira advoga que o poder é detido por uma minoria, descrita como grupo
mais ou menos unitário e monolítico (Giorgio Sola, 1996:93), existindo um poder de vértice,
baseado em recursos materiais (Robert e Helen Lynd, 1929; Floyd Hunter, 1953). De
acordo com esta linha de pensamento, o poder político residirá numa elite, naturalmente de
difícil acesso. E ainda que, teoricamente, qualquer cidadão possa aceder-lhe, verdade é
que os recursos de que disponha ditarão se a possibilidade poderá tornar-se uma
realidade.
Os autores da segunda escola defendem que a estrutura do poder já é, em si
mesma, pluralista, recusando a ideia de uma efectiva concentração dos poderes político e
económico que afastam a participação do cidadão que não disponha, ab initio, de um deles.
Obviamente relacionadas com as posições dos autores relativamente ao que um sistema
democrático deverá ser, tal como às formas preferenciais de participação política, assim
teremos críticas menos ou mais acérrimas de distribuição de uma igualdade de
oportunidades dos cidadãos.
A este propósito, Memmi desenvolveu um estudo relativamente ao perfil e intenções
dos cidadãos, concluindo que a intensidade da sua participação dependeria mais dos seus
contextos sociais, económicos e culturais, do que da sua racionalidade. Constatou, de igual
forma, que a participação era construída de forma piramidal, sendo que a pequena elite de
especialistas se afastava das tarefas tidas por “fáceis”, que ficaria reservada à base (idem,
1985, 323-337). Verba e Nice já haviam advertido para sobre-representação dos grupos, de
24
si já favorecidos: homens brancos, com habilitações literárias superiores e um estatuto
sócio-económico elevado (idem, 1972: 336-8). A questão que colocamos é: algo mudou
desde os estudos dos anos 70 destes dois autores16?
Parece ser inevitável a observação da existência de vias preferenciais de acesso ao
poder: partidos políticos, lobbies económicos, sindicatos e demais organizações legitimadas
pela sociedade enquanto vias tradicionais de participação parecem constituir uma
passagem obrigatória para atingir determinados lugares de reconhecimento e influência
política. A este propósito, os cyberoptimistas prometeram um campo de visibilidade
igualitária que, ao elevar ao mesmo nível as mais diferentes vozes, difundindo-as e
tornando-as acessíveis a todos e a todas em qualquer ponto do mundo, permitiriam um
acesso ao poder mais equilibrado. Claro está que tais autores olvidaram, primeiramente, as
desigualdades de acesso aos próprios New Media, assim como esqueceram a primazia dos
Meios de Comunicação tradicionais e as suas práticas enquanto megafone das vozes
políticas. De facto, apenas alguns actores ocuparão cargos de visibilidade, tendo em conta
inúmeros factores, desde a disponibilidade de recursos materiais e, através destes, as
literacias e o tempo disponível necessário para um envolvimento por inteiro, até à facilidade
de comunicação com o público-alvo, mediante símbolos, ritos e representações que criem a
noção de entendimento entre o conjunto.
2. Os Recursos Disponíveis: Materiais, Simbólicos e de Formação
Consideremos, por exemplo, o seguinte paradoxo estabelecido por Trend (2001): a maior
parte das corporações dos Estados Unidos recruta pessoal apenas online e dois terços da
população infantil mundial nunca fez sequer um telefonema (Gounari, 2009:28-29)
Como “recursos” incluímos realidades plúrimas, desde a disponibilidade de tempo, o
status social, a riqueza, a educação, a popularidade, etc., recursos estes desigualmente
distribuídos (Dahl, 1999: 201), muitas das vezes numa interligação em que os seus limites
parecem dificilmente desagregáveis. De facto, estudos empíricos dos anos 70
demonstraram existirem algumas constantes na participação (ou falta dela) e nos seus
níveis de envolvimento. Milbrath e Goel concluíram serem mais participativos os homens
(em detrimento das mulheres) provenientes da classe média/alta, com níveis de instrução
16 A este propósito, lembre-se que, em Portugal, 73,5% dos deputados são homens, a maioria licenciada em Direito e com idades compreendidas entre os 41 e os 50 anos - v.g. “Mulheres não cumprem quota na AR”, Revista de Imprensa da Ordem dos Advogados de 17/06/2011, disponível in http://www.oa.pt/cd/Conteudos/Artigos/detalhe_artigo.aspx?sidc=46415&idc=31623&idsc=31624&ida=111663 e “Maioria dos Deputados tem formação em Direito e 41 a 50 anos”, Jornal I online, disponível em http://www.ionline.pt/conteudo/74144-maioria-dos-deputados-tem-formacao-em-direito-e-41-50-anos
25
mais elevados, residentes em meios citadinos e pertencentes a maiorias étnicas (Milbrath e
Goel, 1977). Verba, Nie e Kim, num estudo de 1978, observaram que quanto mais alto o
estatuto social (riqueza, prestígio) de um indivíduo, maior a sua tendência para participar”,
sendo que a influência política exercida pelos cidadãos será um reflexo das suas condições
sociais e económicas (ibidem: 37).
Na senda do que já havia sido mencionado, estes estudos comprovaram que
aqueles que possuírem maiores recursos materiais e simbólicos mais depressa participarão
activamente no mundo político, inclusivamente com o propósito ao acesso ao poder de
representação democrática. Dispondo de mais dinheiro e bens materiais, o indivíduo não
somente disporá de mais tempo para se dedicar às causas e iniciativas que o alentem,
como poderá mesmo patrocinar candidaturas eleitorais -nomeadamente a sua. Também
devido à sua riqueza material, poderá ter acesso a formação e literacias elevadas, sendo
mais provável ser detentor de um estatuto social considerado pelos seus congéneres,
incutindo a ideia de credibilidade, competência ou aptidão. De igual forma, o género parece
continuar a ser relevante17.
Ante a realidade de uma imagem assim construída, muitos eleitores e eleitoras
remeter-se-ão ao silêncio, por não se considerarem tão aptos quanto o seu representante
para decidir da coisa pública. A este propósito, Schewerin salienta o elemento da auto-
confiança enquanto fomento à participação (idem, 1995: 83) e, de modo mais ilustrativo,
Bourdieu assinala o facto de o sentimento do direito à palavra se submeter à representação
da posição social: não se considerando socialmente habilitados, excluem-se do jogo
político. (idem, 1979:180).
Freire aponta uma outra questão, menos consensual sem, contudo, me parecer de
descurar: o “fatalismo” ou o “discurso a favor da ordem”. Segundo Gounari, a construção de
um mundo exterior aos indivíduos, onde tudo se encontra pré-determinado, conduz ao
fatalismo que afasta qualquer motivação para a contra-acção. A este título, a autora
exemplifica a utilização de entidades exteriores, como os Deuses, a Lei, os Mercados ou o
Governo para a aceitação do que se entende por “inevitável”: ao representarmo-las como
instituições destituídas de qualquer interferência humana possível, a passividade e a falta
de mobilização para a participação política será, cada vez mais, agravada (idem, 2009:54-
55). A linguagem, tal como insistia Saussure, é fundamentalmente social (Hall, 1981).17 No site do Centro Regional de Informação das Nações Unidas, pode ler-se que “o número incrivelmente reduzido de mulheres que ocupam cargos públicos - actualmente, uma média mundial de 19% nas assembleias nacionais - constitui um défice a corrigir”. De igual modo, apenas 22% dos cargos de representação parlamentar na Europa (incluindo países nórdicos) são ocupados por cidadãs do género feminino A informação data de 31 de Maio de 2010 e encontra-se disponível em http://www.unric.org/pt/trabalho-e-estagio-na-onu/29152-as-mulheres-e-a-democracia e em http://www.unric.org/pt/component/content/article/3-dia-internacional-da-democracia/29078-as-mulheres-e-a-democracia
26
3. Recusa do determinismo material
Um homem rico pode comprar quadros, já outro pode comprar políticos (Dahl, 1961:271).
Não obstante, há que tentar não ceder ao determinismo: a disponibilidade de
recursos implicará mais uma probabilidade que uma fatalidade. Como bem aponta Dahl,
possuir os mesmos bens e capacidades não equivalerá à mesma forma de aplicação em
fins idênticos. E aqui, sim, serão determinantes a cultura, os valores e socialização de cada
indivíduo para ditar o que fazer com os seus recursos materiais, assim como a realidade
político-económica que cada país viva em determinado momento.
A dualidade entre probabilidade e determinismo torna-se ainda mais perniciosa ao
entrarmos no mundo das TIC e da participação política através das mesmas. De facto, as
Novas Tecnologias prometeram um universo plural e igualitário de vozes críticas, onde o
acesso fácil e generalizado, aliado à necessidade de elevados recursos materiais, permitiria
a propagação da palavra e debate políticos sem limites de tempo ou de espaço. É bem
verdade que a criação e manutenção de um blog não equivalerá, nos seus custos
financeiros, ao aluguer de um placard publicitário; pelo contrário, poderá exigir mais tempo
disponível. Mas alguns dos autores mais optimistas nem sempre atentam a todas as
barreiras que não permitem atingir a desejada esfera pública virtual:
a) Antes de algo mais, as representações: sendo os cidadãos a usar as TIC e não o
inverso, as suas representações da sociedade serão referenciais nessa mesma utilização.
Questiona-se se alguém que não se reveja enquanto participante em potência na vida
offline, optará por alterar a sua conduta ante a utilização da Internet. Sem a existência de
uma tal decisão, os cidadãos arriscam-se a meros espectadores que assistem à luta entre
gladiadores políticos e que, de vez em quando, fazem avisos, encorajam ou votam
(Milbrath, 1965), seja qual for o medium utilizado para tal.
b) Se os custos são bem mais reduzidos no tocante à participação virtual, tal não
significa que sejam inexistentes. À aquisição de material específico alia-se a já mencionada
necessidade de disponibilidade de tempo, ambas dependentes dos rendimentos do
cidadão-utilizador (Cardoso et al, 2005:15);
c) Também este tipo de participação requererá a existência de competências
técnicas, assim como um grau de literacia muito específico e que não poderá ser tido como
generalizado. Tais problemáticas são alvo de reflexão em termos globais, sendo vários os
autores a alertar para os perigos dos países “info-ricos e os info-pobres”, no que toca à sua
disponibilidade de infra-estruturas, literacias e liberdade de expressão diferenciarão os nas
27
suas possibilidades de acesso e pleno usufruto das potencialidades mediáticas virtuais
(Cardoso, 2005);
d) Kaase e Barnes chamaram à atenção para o facto de existir uma correspondência
efectiva entre a capacidade dos cidadãos em compreender a política e as suas
capacidades de influência sobre o poder (idem, 1979: 173-174). Como tal, não será
suficiente deter os conhecimentos essenciais no que toca a equipamentos, infra-estruturas
e selecção de conteúdos mediáticos: perceber o funcionamento do sistema político, suas
fraquezas e mais valias será, de facto, essencial para uma participação através das TIC.
e) Acrescem outras características exógenas, como a liberdade de expressão. A
detenção de meios financeiros, literacias e mobilização para a participação poderá não
equivaler à real participação online, nomeadamente ante qualquer tipo de censura às
liberdades individuais. A este respeito, e não obstante fazendo relevar o papel das redes
sociais virtuais no desenvolvimento da igualdade, lembre-se o recente bloqueio do Governo
Chinês à rede social Facebook. As consequências deste tipo de ambiente dentro do qual o
indivíduo age e mobiliza poderão ser, essencialmente duas: a resignação à censura ou o
desafio ao poder que considera prejudicial18.
f) Para além do direito de associação, da liberdade de expressão, do direito ao voto
e ao acesso de cargos públicos em termos igualitários, saliente-se o importante papel do
acesso a fontes de informação alternativas como um dos direitos basilares de uma
Democracia que, efectivamente, pretenda sê-lo (Della Porta, 2002: 51). De facto, a
informação constitui um dos recursos fundamentais para que o cidadão se sinta legitimado
a participar e a não se remeter ao mero “espectador” do mundo político. A questão que
poderemos colocar é onde se informa o cidadão-utilizador dos Novos Media, quais serão as
suas “fontes alternativas” e, sequer, se as terá.
4. Da literacia mediática, em especial
“As opiniões baseadas na informação e no conhecimento estão, geralmente, mais próximas
da verdade” Harold Lasswell (1948)
Não obstante uma visão mais optimista ou pessimista do tema, facto é que a
Comunicação através das TIC tem vindo a introduzir novos problemas e,
consequentemente, diferentes exigências. Os outrora meros receptores são agora
18 No seu trabalho sobre redes sociais virtuais no mundo especialista, o especialista Vincenzo Cosenza constatou que duas das conquistas mais recentes do Facebook, desde Dezembro de 2010, foram o Irão e a Síria, países em que a rede tem de lutar contra a censura – disponível em http://www.movimentomilenio.com/2011/06/facebook-continua-a-conquistar-paises-em-todo-o-mundo/
28
encarados como comunicadores activos, jornalistas em potência, participantes activos
através de novos meios. Para tal, torna-se essencial a informação plural e diversa e a
capacidade de uma análise crítica desses mesmos conteúdos.
Neste contexto, tem sido exaltada a premência da chamada literacia para os Media.
Já alvo de variados estudos e medidas nacionais, europeias e internacionais, a literacia
mediática surge-nos como “a capacidade de aceder aos media, de compreender e avaliar
de modo crítico os diferentes aspectos dos media e dos seus conteúdos e de criar
comunicações em diversos contextos, tendo em conta todos os meios de comunicação
social”19.
Em suma, autores e políticos costumam apontar três tipos de responsáveis pelo
aumento das literacias: o Estado, os Mass Media e os cidadãos. Na tripla função dos Mass
Media, Harold Lasswell defendia que aqueles deveriam actuar enquanto vigilantes do meio,
procurando conhecer e alertar a sociedade em relação a todo o tipo de perigos e iminências
de relevância pública (Lasswell, 1948). Ora, realizando esse mesmo papel, os Media
devem fornecer ao cidadão os meios essenciais para a compreensão dos princípios
basilares do funcionamento democrático do seu Estado e da União20, zelando, deste modo,
pela participação plena e informada (Croteau, 2001: 29). Imbuída deste mesmo espírito, a
Comissão Europeia faz alusão à dependência entre pluralismo mediático, literacia e
independência dos órgãos de comunicação social: “A literacia mediática é hoje considerada
uma das condições essenciais para o exercício de uma cidadania activa e plena, evitando
ou diminuindo os riscos de exclusão da vida comunitária”, sendo que“uma sociedade com
um bom nível de literacia nas questões dos media será simultaneamente um estímulo e
uma pré-condição para o pluralismo e a independência dos meios de comunicação social”21
De facto,“(…) uma forte concentração dos meios de comunicação social pode pôr em risco
o seu pluralismo e (…) a literacia mediática constitui, por conseguinte, um elemento
importante da cultura política e da participação activa dos cidadãos da União”22. Claro está
que nem todos concordam com tal postura, afirmando que tal risco será pequeno dado o
aumento do fluxo da informação (Lévy, 2004:58). Mas será quantidade sinónimo de
pluralidade?
O pluralismo não deverá cingir-se a actores: também terá que utilizar diferentes
símbolos e codificações, fugindo à estagnação da interpretação comunicacional. Como bem
19 Recomendação da Comissão Europeia, de 20.8.2009, parágrafos 11 e 13.20 Tratado da União Europeia, versão consolidada, arts.º 2º e 10º.21 Recomendação da Comissão sobre literacia mediática no ambiente digital para uma indústria audiovisual e de conteúdos mais competitiva e uma sociedade do conhecimento inclusiva, de 20.8.2009, parágrafos 15 e 16.22 Resolução do Parlamento Europeu, de 16 de Dezembro de 2008, Consideração A.
29
afirma Adorno relativamente ao principal medium, os padrões universais veiculados pela
televisão nunca ficam somente na televisão (Adorno, 1954: 227/8).
Para além da urgência que já lhe era inerente, latus sensus, a literacia vê-se agora
perante as acuidades dos Novos Media. De facto, o sentido crítico que nos permita
deslindar a informação do ruído ou o conhecimento das “leituras baseadas apenas num
qualquer senso comum” tornam-se tanto ou mais imprescindíveis na concretização da
Democracia através das redes virtuais (Cardoso, 2006: 401). Para além das competências
para dar sentido ao fluxo diário de informações”23, surgem as necessárias aprendizagens
tecnológicas e de compreensão de um mundo infinito (mas nem sempre substancial) de
informação.
Em 2003, apenas 29% da população portuguesa utilizava a Internet e somente 21%
detinha ligação em suas casas (Cardoso, 2006: 164). No final de 2010, o INE adiantava que
54% dos agregados familiares já detinham acesso à Internet e cerca de metade da
população dispunha de Internet em banda larga24. Ainda que a evolução tenha sido
bastante positiva, saliente-se que “possuir conhecimentos informáticos, por si só, não induz
automaticamente uma maior literacia mediática”25.
A esfera pública dos Novos Media enquanto concretização democrática encontra, de
facto, um óbice: o chamado fosso digital (Montargil, 2008: 25-26), sendo que sem a
necessária literacia as as TIC apenas poderão “(…) alargar o fosso, em vez de
democratizar os espaços e de aumentar o acesso ao uso dessa mesma tecnologia”
(Gounari, 2009:27). Como afirma Paiva, estaremos ante um “apartheid cultural”, que separa
aqueles que têm meios e competências de todos os demais (s/d: 4).
Segundo o Parlamento Europeu “(…) a educação para os meios de comunicação
(…) constitui uma parte importante da educação política ajudando as pessoas a fortalecer a
sua conduta, enquanto cidadãos activos, assim como a sua consciência de direitos e
deveres (…)”26. Mas não basta ter acesso a tal educação. Como afirma Traquina, “(…) os
próprios cidadãos precisam de se envolver nos assuntos cívicos, e não se esconderem por
detrás de uma crítica generalizada que é muitas vezes uma máscara para esconder a sua
incompetência” (2002). Assim, os cidadãos necessitam, cada vez mais, de deter as
competências essenciais para descodificar as mensagens pré-orientadas, assim como para
23 Recomendação da Comissão sobre literacia mediática no ambiente digital para uma indústria audiovisual e de conteúdos mais competitiva e uma sociedade do conhecimento inclusiva, de 20.8.2009, parágrafo 17.24 “Sociedade da Informação e do Conhecimento - Inquérito à Utilização de Tecnologias da Informação e da Comunicação nas Famílias - 2010” - informação disponível em http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DESTAQUESdest_boui=83386604&DESTAQUESmodo=2 25 Resolução do Parlamento Europeu, de 16 de Dezembro de 2008, Consideração F.26 Resolução do Parlamento Europeu, de 16 de Dezembro de 2008, Consideração I.
30
exigir mais daqueles que as remetem, assumindo um papel activo e responsável na
sociedade. De outro modo, “remeter-se-ão ao lugar de excluídos sociais, o que,
naturalmente, não coincide com os objectivos basilares da União Europeia”27.
27 Artº3º nº3 do Tratado da União Europeia, versão consolidada.
31
CAP. IV - REDES SOCIAIS E GRUPOS NA INTERNET
Enquanto o fosso digital não for nivelado, a ideia da ciberdemocracia permanecerá letra
morta” (Lévy, 2004:131).
Ante uma vasta panóplia de formas de participação política, verdade é que os
cidadãos parecem cada vez mais afastados das mesmas. Falta de educação para a
participação, de literacias e, enfim, de recursos no seu nível mais generalizados fazem-nos
desejar um novo plano onde a troca de ideias, a informação e a mobilização possam ter
lugar. Razão pela qual a esperança depositada na Web faz crescer o seu número de
admiradores, em especial quando falamos de redes sociais virtuais. Mas, afinal, como
funcionam estas redes?
1. Do Funcionamento das Redes
“Ainda não está desvelado o fim e potencial dessas grandes redes sociais virtuais,
mas sem dúvida elas afectam e promovem modos de relação” (Machado & Tijiboy, 2003).
O estudo das redes enquanto conjunto de nós interligados teve origem nas Ciências
Exactas, através da apelidada Teoria dos Grafos de Ëuler, tendo sido posteriormente
transposto para o mundo das ciências sociais: os nós seriam os indivíduos e as arestas as
relações estabelecidas entre os mesmos. Para as Ciências Sociais, e de acordo com
Recuero, existem três modelos essenciais que procuram analisar o funcionamento
estrutural destas mesmas redes: o modelo de redes aleatórias, o modelo de mundos
pequenos, e o modelo de redes sem escalas (2004: 4).
O primeiro, amplamente desenvolvido pelos matemáticos Erdös e Rényi, explicam o
funcionamento da rede social através da metáfora da festa: “bastava uma conexão entre
cada um dos convidados de uma festa, para que todos estivessem conectados ao final
dela” (Recuero, 2004: 4). Através de um indivíduo, que constituiria o pólo das relações
entre os demais, teríamos o que se apelida de cluster - conjunto de pessoas que, em
virtude da sua relação ao pólo com comum, se conectariam entre si, mais tarde ou mais
cedo, vindo essa ligação a permitir, futuramente, a relação entre vários clusters. Através
deste modelo, defende-se que as comunidades sociais não vivem isoladas entre si,
acabando por comunicar mediante os elementos comuns que nelas se insiram.
O modelo dos mundos pequenos, apresentado primeiramente por Granovetter, vem
fazer a distinção entre laços sociais, separando os laços tidos como fortes (entre amigos
próximos) e os fracos (relativos a meros conhecidos): se os primeiros unem pessoas que já
partilham interesses, criando clusters ou comunidades, os segundos vão permitir que
32
indivíduos pertencentes a distintos clusters convivam e interajam, permitindo a subsequente
interactividade entre as comunidades a que pertencem e criando uma verdadeira rede
social (Recuero, 2004: 5-6). A partir desta visão, Watts e Strogatz demonstraram quão fácil
é a conexão entre elementos de diferentes comunidades: a distância média entre quaisquer
duas pessoas no planeta não ultrapassa um número pequeno de outras, bastando que
alguns laços aleatórios entre grupos tenham lugar para que possam interagir (Buchanan,
2002).
O modelo das redes sem escala surge como uma crítica à visão de Watts: segundo
Barabási, as redes não têm na sua base uma alietoriedade inerente, existindo leis
específicas, como a de conexão preferencial ("rich get richer”) (2003). Ainda de acordo com
este autor, as redes não são igualitárias e os mundos não são pequenos, em virtude da
existência de elementos altamente conectados (hubs ou conectores). Ora, qualquer
indivíduo preferirá conectar-se a outro que apresente um elevado número de ligações, pois
tal permitir-lhe-á aceder a todas elas. Tal comprova a existência de uma conexão
preferencial: os hubs serão os “ricos que mais enriquecem” uma vez que, possuidores de
um panóplia imensa de contactos, serão também os mais procurados por aqueles que o
rodeiam (Recuero, 2004: 6).
A questão que se coloca reside na possibilidade de transposição dos modelos supra
mencionados para a realidade virtual. Recuero defende tal ser impossível em toda a sua
amplitude, embora os mesmos sejam de extrema utilidade para salientar algumas das
características das redes na Internet Apoiando-se na análise da rede social Orkut, onde as
interacções partem de perfis de amigos e de amigos-de-amigos, conclui que o grau de
separação entre membros de uma rede social online é muito pequeno, mas não porque tal
seja uma regra: sê-lo-á antes devido à existência de indivíduos que vêem na acumulação
de contactos um fim em si mesmo, ainda que jamais interajam com aqueles – a quem
Recuero apelida de “amigos de todo o mundo” ou Barabási chamaria de hubs, “pessoas
altamente conectadas, com um imenso número de amigos, que contribuem
significativamente para a queda da distância entre os indivíduos no sistema” (2004: 7 e
segs.).
Não obstante, tal não permite a aplicação directa do modelo das redes sem escala,
dada a inexistência de uma qualquer conexão preferencial: serão os hubs a convidar
aleatoriamente outros utilizadores para que constem da sua lista de contactos e não o
inverso, em prol do seu objectivo único: a "colecção de perfis”. Mas perante a ausência de
qualquer interacção que não a inicial, poderemos ter estes elementos como pertencentes a
uma rede social? (Recuero, 2004: 7 e segs.).
33
Relativamente ao modelo de Erdös e Rényi, parece existir a mais valia da explicação da
conexão entre hubs e demais intervenientes através da aleatoriedade – afinal, muitos dos
primeiros apenas contactam os segundos para promoção do seu perfil, ignorando as
características e interesses em questão. Não obstante, nem todos os convites nas redes
sociais se baseiam nesta premissa: muitos assentam em interesses próprios, como
reencontrar amigos ou estabelecer contactos profissionais (Recuero, 2004: 7 e segs.).
2. As Comunidades Mediadas por Computador
“(…) a comunidade seria o estado ideal dos grupos humanos. A sociedade, por outro lado,
seria a sua corrupção” (Recuero, s/d: 13).
A transposição dos modelos supra-mencionados à realidade na Web é difícil,
acabando por deixar sempre algumas características por explicar. De todo o modo, e como
é fácil perceber, existe uma grande ênfase aos apelidados clusters ou comunidades dentro
da rede social, criados por indivíduos que partilham determinadas conexões, remetendo-
nos para as Comunidades Mediadas por Computador, “o termo utilizado para os
agrupamentos humanos que surgem no ciberespaço, através da comunicação mediada
pelas redes de computadores” (Recuero, s/d: 5). Realidade esta que será de extrema
relevância não apenas dada a análise emprírica que aqui se propõe, como o próprio debate
da participação online pressuporá a existência de interesses comuns entre os seus
participantes – maxime, as representações individuais e colectivas de “política”.
Ora, o conceito científico de comunidade também não é pacífico: alguns autores
acreditam tratar-se da origem da sociedade, outros defendem que não mais será do que a
sua oposição; investigadores advogam o carácter insubstituível do valor da territorialidade,
enquanto outros elevam a partilha de interesses comuns sem qualquer noção de espaço
envolvida. Como é óbvio, a opção por cada uma destas visões irá determinar a aceitação
científica da comunidade virtual enquanto verdadeiro agrupamento social, cuja conexão
entre os seus membros releve para um estudo autónomo da presente realidade.
A noção clássica de comunidade é alvo de debate entre aqueles que, como Weber,
nele vêm um conceito vago que inclui um grupo heterogéneo de fenómenos, e os que, tal
como Tönnies, defendem tratar-se da antinomia da sociedade (Weber, 1987: 79;
Bellebaum, 1995). Se para o primeiro pouco distingue comunidade de sociedade, uma vez
que ambas partilhariam relações sociais, já o segundo acredita que se trata de um conceito
puro que a sociedade veio deturpar: a comunidade deteria motivação afectiva, lidando com
instituições como a família ou a aldeia, factores ausentes na fria e distante sociedade.
Estas posições tornam-se relevantes para o este estudo pois colocam a questão de a
34
comunidade virtual, eventualmente despojada da prevalência de laços familiares e
territoriais, poder ser encarada como uma real comunidade.
Para Tönnies, a unidade e a possibilidade de uma comunidade das vontades
humanas apresentam-se, imediatamente, nos laços de sangue; posteriormente, na
proximidade espacial e, finalmente, na aproximação espiritual, três formas graduais de os
seres humanos se agregarem de forma comunitária, pressupondo sempre uma ligação
inclusiva da vontade comum, linguagem e direito consuetudinário (Peruzzo, 2002: 3).
Tönnies acredita, então, que a concretização de interesses comuns, de uma linguagem
própria de usos e costumes será a forma mais elevada de realização de uma comunidade.
Esta visão de foi alvo de crítica por Durkheim: não porque discordasse da dicotomia
comunidade/sociedade, mas porque via nesta última algo de natural e consequente: afinal,
a sociedade seria apenas a derivação da comunidade (Recuero, s/d: 2). Através dos laços
criados entre diferentes comunidades, mais ou menos estreitos em virtude dos elementos
que partilhassem, a conjugação dos vários clusters originaria o que apelidaríamos de
sociedade.
O factor territorialidade foi um dos elementos tidos por determinantes por variados
autores para a aferição da existência de uma comunidade: Maciver & Page defendiam que
as bases de uma comunidade seriam a localidade e o sentimento comunitário (1973: 117-
131). Esta forma de encarar a comunidade impediria de assim apelidarmos os clusters
criados nas redes sociais mediadas pela Internet: ao permitirem a ligação entre sujeitos das
mais variadas nacionalidades, residentes em pólos opostos do globo, tornar-se-ia
impossível defender a existência de uma comunidade virtual. Seguirei, como tal, a visão de
Sennet, para quem a comunidade foi perdendo a ligação territorial face ao estado actual de
uma sociedade egocêntrica, fruto de um consumismo atroz e uma realidade de massas
voltada para o “eu”, razão pela qual o autor coloca nos interesses partilhados a tónica que
permitirá aferir da existência ou não de uma comunidade (Fernback e Thompson, 1998).
Assim, tal como salienta Rheingold, um dos primeiros autores a utilizar o termo
comunidade virtual, o espaço territorial é substituído pelo espaço cibernético, sendo mais
relevante para a constituição de uma comunidade o facto de levar adiante discussões
públicas, gerando redes de relações pessoais (1996: 20). A ideia de “interesses comuns” é
muitas vezes exaltada pelos autores que se debruçam sobre estas comunidades virtuais:
Michalsk acredita que a comunidade na Web constitui “um conjunto de relações sociais
unidas por interesses comuns ou circunstâncias compartilhadas”, sendo para Lemos aquela
“em torno de interesses comuns, independentes de fronteiras ou demarcações territoriais
fixas” e para Castells refere-se “uma rede electrónica de comunicação interactiva auto-
definida, organizada em torno de um interesse ou finalidade compartilhados, embora
35
algumas vezes a própria comunicação se transforme no objectivo” (Michalsk, 1995; Lemos,
s/d; Castells, 2002). A importância da convergência de pontos de vista, causas ou grupos
de apoio na construção de uma comunidade virtual é também salientada por Boyd,
segundo a qual “through online interactions, individuals could realize that there were others
like them and find social support and validation in a way the helped people shape their
views and identity” (2005: 4) - o que não significa que não possam surgir diferenças entre
os seus elementos: tais divergências apenas serão geridas dentro de um determinado
grupo de regras próprias, normalmente inferidas e instituídas de modo não formal pela
própria comunidade (Boyd, 2005: 4 e segs.).
Contudo, autores como Weinrech continuam a não conceber a existência de uma
comunidade sem uma ligação territorial, razão pela qual não vêem razão para que se
apelidem de sociais as ligações realizadas entre indivíduos através da Internet (Recuero,
2004: 7). Pelo contrário, outros autores nada vêem de excepcional nestas novas redes, que
não passarão de formas de sociabilização transpostas para novas plataformas: é, por
exemplo, a opinião de Wellman, para quem a “Comunicação Mediada por Computador é
apenas uma das muitas tecnologias utilizadas pelas pessoas através das quais as redes de
comunidades existentes comunicam" (Hamman, 1998). Claro está que este autor se baseia
na premissa de que grande parte dos contactos virtuais terão como propósito serem
transpostos para a vida offline – o que nem sempre acontece: de facto, muitos dos laços
virtuais tendem a ser mantidos nesses mesmos espaços, podendo nunca passar para o
contacto presencial, inclusivamente devido à distância geográfica (Recuero, 2004: 9).
Parece-me impossível determinar uma solução para o debate ou um conceito acima
de crítica. Não obstante, sou levada a olhar as comunidades virtuais como verdadeiros
aglomerados de indivíduos que, no seu geral, têm interesses comuns, interagem através de
uma linguagem comum e regras auto- e hetero-estabelecidas, tal como acontece com cada
cluster ínsito numa sociedade não-virtual. Para o que aqui releva, a pertinência desta
conclusão reside num ponto só: a determinação de que, dentro de comunidades virtuais
específicas, a participação política constitui um dos elementos que mantêm unidos os seus
membros e que, através destes, várias comunidades entram em contacto no mundo que é
a rede social na Web.
3. Os Grupos e o Mundo Virtual
Enquanto elementos participativos, os grupos são olhados ora com agrado, ora com
desconfiança. Se autores existem que vêm no fomento ao associativismo a forma dos
cidadãos melhor defenderem interesses partilhados, outros advertem para o perigo do
36
choque de várias formas de pressão em simultâneo e em sentidos distintos, podendo lesar
uma governação estável (Della Porta, 2002: 114).
A inserção do indivíduo em múltiplos grupos faz parte da sua socialização:
ambientes laborais, familiares, religiosos, artísticos, etc. estimulam a congregação daqueles
que partilham interesses e vivências comuns. Através deles, reivindicações comuns
poderão surgir, apelando à participação dos seus elementos. Existirão, de facto, dois lados
desta mesma questão: se é real que o peso de um grupo de cidadãos não será o mesmo,
no que toca à influência dos poderes decisórios, não deixará de ser real a agregação
daqueles que já detêm esse mesmo poder de influência, reforçando assim as
desigualdades latentes na esfera política.
Como é perceptível, a noção de interesse e de grupo acabam por se afectar
mutuamente, até porque a primeira inclui possibilidades tão extensas e voláteis que se
torna difícil delimitá-las. Se alguns autores preferem a noção de interesse comum como
base para a existência de um grupo, outros acreditam ser mais relevante a atitude
apresentada ou mesmo a noção de pertença. De facto, como bem afirma Arthur Bentley,
não existe grupo sem interesse (Bentley, 1908:211). Para além do mero interesse, costuma
existir a apresentação de exigências a outros grupos da sociedade (Truman,1951:23),
criando-se a ideia de uma concepção de pertença (Almond e Powell, 1978:224).
De forma a atingir os seus objectivos, os cidadãos congregam esforços, criando laços
que poderão ser mais ou menos efémeros. Assim, teremos grupos anónimos, com
expressões espontâneas de protesto; grupos de interesse institucional, criados no seio de
organizações partidos, igrejas, etc.) e grupos de expressão associativa, dotado de
estruturas especializadas para a representação dos interesses dos associados (partidos,
sindicatos, etc.) (Della Porta, 2002: 117). A teoria dos grupos resultou da dedicação de
vários estudiosos, com início na primeira metade do séc. XX. Arthur Bentley, autor de “The
Process of Government: a Study of Social Pressures”, publicado em 1908, defende que os
grupos são os actores mais relevantes do cenário político. Ao contrário dos legalistas, que
analisavam segundo as regras formais, ou as abordagens psicológicas que avaliavam de
acordo com ideais e sentimentos, este autor defende que realmente determinantes são as
acções e não as crenças (Della Porta, 2002: 119). Esta teoria foi acompanhada por uma
visão positiva dos grupos, que foram encarados como “elemento de equilíbrio, de
socialização e de autonomia do Estado”. Vejamos:
a) Os grupos como elemento de equilíbrio (da democracia)
A pluralidade de grupos, em defesa dos interesses dos seus elementos, permitiria o
equilíbrio entre forças políticas, numa concertação que conduziria ao bem comum. "Tal
como no mercado, a concorrência evita o monopólio” (Della Porta, 2002: 120).
37
Um aspecto interessante realçado por Truman respeita à forma como este equilíbrio teria
lugar. Segundo o autor, sempre que um dos grupos se excedesse nas suas reivindicações,
prejudicando os demais, os grupos latentes interfeririam no processo de mediação política,
conduzindo ao equilíbrio das decisões (idem, 1951). Também Dahl considera que a
existência de grupos, associações independentes, auxilia ao equilíbrio da Democracia,
evitando a dominação e coerção das elites e autoridades políticas (idem, 1982: 31-37).
b) Os grupos como elemento de socialização
A teoria dos grupos aponta a mais valia do aspecto da socialização: através da convivência
conjunta, da ideia de partilha e inter-ajuda, a acção recíproca tende a afastar o cidadão
egoísta, que apenas age em proveito próprio. E quanto maior for a integração em variados
grupos, mais a noção de "pertença transversal" e afastamento do "eu" para dar lugar ao
"nós".
c) O Estado mediador
Valdimer O. Key salienta o facto da pertença a vários grupos transformar o Estado-
autoridade em Estado-mediador. As relações de interajuda, a capacidade de organização
desde as bases permitiria ao Governo bastar-se com a decisão equilibrada relativamente a
todos vários interesses em jogo (Key, 1964:150). E ao encontrarem-se todos eles
representados, num controle social mútuo, a participação e o equilíbrio seriam bem mais
fáceis de atingir.
As críticas à Teoria dos Grupos são muitas. Antes de mais, dado o facto das bases
em que cada grupo é criado, tendo em conta as suas disponibilidades financeiras, culturais
e de disponibilidade. Como afirma Schattschneider, a realidade é que “o coro pluralista está
escrito, canta com forte pronúncia das classes elevadas” (idem, 1960:35). A este respeito,
Olson realçou o facto de alguns grupos deterem poder suficiente para atribuir benefícios a
quem participa nas acções associativas, sendo que outros apenas poderão esperar pela
mobilização daqueles que partilham os mesmos interesses. Reace-se que tais benefícios
poderão ser de índole material (dinheiro, acesso directo a bens materiais) ou simbólico
(solidariedade, prestígio, satisfação moral) (Della Porta, 2002: 123).
O próprio Key, defensor da Teoria dos Grupos, havia admitido que, em
determinadas condições, poderia levar a uma desigualdade dado o maior peso político e/ou
social do grupo em causa, sendo que um grupo bem apetrechado de recursos poderia ter
como oposição uma organização enfraquecida: “o interesse oposto pode ser
completamente desorganizado” (Key, 1964:150).
Muitos são também os autores racionalistas que chamam a atenção para os free-
riders: não raro, baseados no interesse puramente pessoal, os cidadãos não se mobilizam,
recusando-se a apagar o custo da acção colectiva, esperando que outros o façam e que daí
38
possa colher frutos (Mancur Olson, 1963). Contudo, não reside apenas nos recursos a
possibilidade de alguns grupos serem mais mobilizadores que outros: também o tipo de
interesses determina o seu sucesso ou insucesso. Elmer E. Schattschneider (1960) fez
questão de salientar como quão mais fácil é a organização dos grupos de interesse social
do que aqueles que pugnam por um interesse público. Desta feita, interesses de pequenos
grupos conseguirão mais facilmente atingir o sucesso das suas reivindicações, em
detrimento de outros.
Ted Lowi (1969) é mais radical na sua crítica quando afirma que a teoria dos grupos
não coincide com a realidade política; e mesmo que tal acontecesse, não seria benéfico
para a democracia. Segundo o autor, tal não apenas conduziria a uma governação a curto
prazo, como poderia fazer equivaler todos os interesses em jogo, o que seria perigoso “Na
verdade, a teoria dos grupos cometeria o erro de considerar equivalentes todos os
interesses em jogo e tornaria o governo incapaz de resistir às pressões exteriores. Olson
concorda com esta posição, defendendo que a existência de grupos de pressão levaria à
realização de interesses privados e não do interesse público (Olson, 1982).
4. Os Grupos e a Participação Política: Entre o sujeito egocêntrico e a participação
emocional
Não obstante a não aceitação dos elementos subjectivos enquanto parte da noção
de participação, a verdade é que os mesmos já mostraram poder pré-determinar as acções
dos cidadãos. Razão pela qual o estudo e a reflexão relativamente às motivações para a
participação têm sido alvo de estudos variados: entre o indivíduo egoísta, movido por
interesses e gratificações imediatas, ao cidadão solidário que se envolve na troca
simbólica, as abordagens são variadas. Cingir-me-ei às duas correntes principais: a
racionalista e a neo-institucionalista.
A partir de uma visão da escolha individual e aplicando regras e conceitos
económicos à ciência política, alguns autores – nomeadamente Schumpeter (1942) –
acreditam que a acção política do indivíduo se rege por escolhas racionais. Ele irá interagir
com a comunidade tendo em conta o seu interesse pessoal, tendo em vista maximizar as
suas vantagens ou utilidades (Sola, 1996:703). Nesta escola, há a salientar a abordagem
da escolha pública e os perigos que aponta num sistema político que se baseie na escolha
egoísta numa Democracia: ao depender do voto dos cidadãos, os representantes políticos
tendem a oferecer aos eleitores vantagens imediatas, o que poderá conduzir ao défice e à
inflação. Numa visão notoriamente neo-liberal e crítica da postura keynesiana, haveria que
reduzir o papel do Estado, em especial no tocante à esfera económica e fiscal,
desregulando as actividades que aumentam a produtividade mesmo que os eleitores não
39
se revejam nessas mesmas políticas de médio/longo prazo (Della Porta, 2002: 37). No
impulso para reformas neo-liberais” a solução reside na redução do papel do Estado.
A abordagem neo-institucionalista acredita que as instituições são basilares nos
processos políticos, agregando valores e símbolos que orientam as suas acções. Segundo
James G. March e Johan P. Olsen, (1989), através delas os cidadãos descobrem e impõem
uma ordem, atribuem significados, fornecem explicações, experimentam prazeres e dores,
criando uma identidade colectiva e uma solidariedade de grupo que se sobrepõem ao
interesse individual e imediato (Pizzorno, 1981:241). Este autor acrescenta que a função da
política, ainda antes de responder aos interesses, consiste em defini-los (ibidem).
Como é patente, a abordagem neo-institucionalista surge como uma crítica ao
racionalismo, fazendo salientar as suas inconsistências, nomeadamente:
- a falta de informação e e expertise suficientes para agir racionalmente;
- a satisfação do bem comum: o político que apenas satisfaz os pedidos individuais de cada
eleitor jamais poderá agir em prol das necessidades colectivas da população
- o facto de nem todos os interesses serem “racionalmente determinados” pelo cidadãos:
muitos são criados mediante o sentimento de pertença a colectividades e das suas
ideologias. (Della Porta, 2002: 39).
A título de exemplo concreto e bastante esclarecedor, Pizzorno questiona-se qual
seria a motivação para exercer o direito de voto por parte do eleitor pertencente a uma
minoria: dispondo de uma possibilidade tão baixa de atingir os seus interesses próprios, o
eleitor “racional” abster-se-ia. Será, assim, o ritual de pertença a ditar o seu acto e não a
efectivação de uma escolha baseada em gratificações imediatas (Pizzorno (1996:980). E
esta será uma outra vertente da “participação simbólica”: aquela que, mesmo sabendo que
as suas finalidades serão logradas, não deixa de existir.
5. A socialização e a importância simbólica dos grupos
De facto, as experiências de cada indivíduo, as suas crenças e condições de
socialização (família, escola, grupos de interesses e Media) irão determinar o modo como
encara a participação política, quais os meios que preferirá utilizar e as motivações que o
levarão a agir (Almond and Powell, 1989). Easton adverte para o facto, salientando quão
difícil é isolar os agentes e as estruturas políticas das económicas ou culturais, já que todas
se inserem na esfera social (idem, 1967:19). A mesma postura é tida por Dahl, ao chamar a
atenção para o facto de instituições sociais poderem desempenhar um papel crucial no
mundo político: escolas, igrejas, famílias e associações (idem, 1991:1).
Bobbio vai ainda mais longe, sustentando que as decisões políticas são sempre
condicionadas e até determinadas pela esfera social, quer em democracias representativas
40
quer em democracias directas. Assim, para aferir do desenvolvimento actual da
democracia, a questão não é tanto saber quem vota mas em que matérias é que pode votar
(Bobbio, 1989:157).
A este nível, interferirão, como já foi mencionado, a acumulação de recursos
materiais e os seus possíveis resultados: a consciência de empoderamento, a imagem de
competência política e a noção de potencial influência. Assim, e na senda de Inglehart, será
preferível não incluir tais variáveis no conceito de participação, sem no entanto nunca as
olvidar numa análise dos comportamentos políticos (idem, 1990- 422).
Muitos autores defendem que a participação política das classes não detentoras de
recursos materiais encontram incentivos à participação na identificação com uma
colectividade: a ideia de pertença. Vendo muita da sua real influência política diminuída,
recorrem a grupos onde exista identificação colectiva, onde a identidade, como pertença a
um nós colectivo ou a uma classe, facilita a participação política, que é “maior quanto maior
(mais intensa, mais clara, mais precisa) for a consciência de classe (Piazzorno, 1966:109).
Claro está que este processo é bidireccional: a criação de um “nós” que partilha interesses
e angústias também transformará a identidade dos seus elementos, (…) robustecendo o
sentimento de pertença a alguns grupos e enfraquecendo a identificação noutros papéis
(Della Porta, 2002: 97).
Mas, mais que isso, cria responsáveis ou opositores aos intuitos da comunidade, a
quem se atribuem as culpas para a condição que se pretende mudar. Através do carácter
simbólico da participação, da expressão de descontentamento mediante rituais e noção de
pertença, identificam-se alvos da oposição demonstrada, mesmo que tal nada tenha de
significativo no processo de tomada de decisões políticas (Edelman, 1967:3).
Contudo, o sentimento profundo de troca de valores e partilha de identidades em
comunidades específicas não gera, directamente, recursos materiais, apenas potenciando
a organização de interesses - pelo que a sua voz terá, necessariamente, uma força inferior
à das elites comprometidas com os poderes económico, político e, consequentemente,
mediático. Nomeadamente, no que concerne ao acesso a cargos públicos. Têm o direito à
sua voz, organizam-se em torno dela mas tal não garantirá o acesso a discutir a acção
política. É também por esta razão que tais grupos acolhem o protesto como meio de acção
mais comum para realização da sua participação no campo público, na tentativa de apelar à
curiosidade mediática e, através destes meios, concretizar o seu intuito de influência
política.
A este propósito, surgem as críticas que vêm o aproveitamento do simbólico como
forma de iludir o cidadão ou de o entreter e fazê-lo acreditar que os seus interesses e
reivindicações serão atendidos. Esta questão é bem colocada por Giovanni Sartori,
41
(1987:114), quando afirma que o sufrágio será, ele sim, mera participação simbólica, no
sentido de catarse do indivíduo que acredita estar a influenciar as decisões das elites. As
campanhas eleitorais e os seus aspectos de entretenimento light, o fomento de esperanças
na satisfação de interesses serão também um bom exemplo de uma participação ilusória ou
simbólica (Braud,1980:241). Claro está que a criação do “nós” não é apenas específica de
uma determinada classe ou tipos de participação: os partidos políticos, intrinsecamente
envolvidos em participação ortodoxa, tentam instituir o mesmo sentimento, na tentativa de
congregar e seduzir filiados.
Antes as posições supra-mencionadas, alguns autores tentam diferenciar a
participação individual e aquela que é sustentada pela pertença a instituições. Huntington
salientou que ambas deverão ser tidas em conta, até porque nem sempre os seus limites
são fáceis de discernir: se é verdade que um comportamento assente na mobilização
poderá vir a assumir uma conduta autónoma, não será menos verdade que a participação
individual e voluntária poderá tornar-se permeável à mobilização institucional e até à
manipulação (idem, 1976: 8).
6 - O Facebook e o M12M: o Estudo de uma Rede e de um Grupo Virtuais
a) O Facebook
Na tentativa de responder às hipóteses aqui apresentadas, procurou-se explorar
aquilo o que foi entendido enquanto uma comunidade no Facebook. A opção pelo
Facebook residiu no facto de, actualmente, ser a rede social na Internet que reúne um
maior número de adeptos (745.969.540 indivíduos inscritos a nível mundial28), suscitando
uma tal devoção por muitos deles ao ponto de haver quem acredite estar a tornar-se um
verdadeiro vício29.
28 V.g. Socialbakers, disponível em: http://spreadsheets.google.com/viewform?formkey=dE1tN0ExOU41VDdUMEdKT3JQeVAxN2c6MQ29 V,g, Jornal i, Clínicas para tratar obsessão: http://www.ionline.pt/conteudo/52583-viciados-no-facebook-ja-ha-clinicas-tratar-obsessao-
42
Fig. 4.1 - World Map of Social Networks (Junho de 2011) Fonte: Vincenzo Cosenza in http://www.vincos.it/world-map-of-social-networks/
Fruto deste sucesso, as suas receitas publicitárias têm vindo a aumentar de forma
exponencial, ultrapassando as melhores expectativas: no ano de 2010, o Facebook atingiu
uma receita publicitária que rondou os dois biliões de dólares30 – algo que torna a rede
social virtual uma das mais interessantes a avaliar, dadas os impactos normalmente
decorrentes de media que dependam deste tipo verbas para sobreviver.
Relativamente à realidade portuguesa, o Facebook mostrou-se igualmente apelativo
enquanto objecto de análise: sendo o 34º país com maior número de utilizadores, de um
leque de 213 países, em Setembro de 2011, 37.07% da população detinha um perfil
naquela rede social3132, perfazendo um total de 3.980.140 utilizadores, sendo 49% daqueles
do género feminino e 51% do género masculino33. Tenha-se em atenção que falamos da
população em termos integrais e não apenas nos cidadãos que têm equipamento
informático à disposição ou que possuem os conhecimentos basilares para a utilização da
30 V.g. How Facebook Earned $1.86 Billion Ad Revenue in 2010, disponível em http://www.pcmag.com/article2/0,2817,2375926,00.asp .31 V.g. Socialbakers, disponível em: http://spreadsheets.google.com/viewform?formkey=dE1tN0ExOU41VDdUMEdKT3JQeVAxN2c6MQ32 V.g. Jornal Público: Hoje é dia de deixar o Facebook, a página onde já estão 22 por cento dos portugueses, disponível em http://www.publico.pt/Tecnologia/hoje-e-dia-de-deixar-o-facebook-a-pagina-onde-ja-estao-22-por-cento-dos-portugueses_1439779 33 V.g. Socialbakers, disponível em: http://spreadsheets.google.com/viewform?formkey=dE1tN0ExOU41VDdUMEdKT3JQeVAxN2c6MQ, acedido a 7 de Setembro de 2011.
43
Internet. Quando atentamos à penetração da rede social nos utilizadores da Internet em
Portugal, a percentagem será de 77.00%34.
Quanto à idade dos utilizadores portugueses, encontramos uma prevalência nas
faixas etárias entre os 18 e os 35 anos de idade, o que corrobora os estudos que afirmam
serem os jovens adultos os mais aliciados por esta rede virtual35:
Fig. 4.2 – Distribuição Etária dos utilizadores do FacebookFonte: http://www.socialbakers.com/facebook-statistics/portugal, dados recolhido a 6 de Setembro de 2011.
Actualmente, o Facebook apresenta-se como a rede social virtual preferida dos
portugueses, com um crescimento que tem vindo a ser constante desde Janeiro de 2009.
Fig. 4.3 - Utilização diária do Facebook em Portugal nos últimos 6 meses (de 10 de Março a 10 de Setembro de 2011)Fonte: http://www.socialbakers.com/facebook-statistics/portugal#chart-intervals
34 V.g. Socialbakers, disponível em: http://spreadsheets.google.com/viewform?formkey=dE1tN0ExOU41VDdUMEdKT3JQeVAxN2c6MQ, acedido a 7 de Setembro de 2011.35 V.g. Socialbakers: www.facebakers.com/countries-with-facebook/.
44
Tal como outras redes sociais presentes na Web, o Facebook permite a criação de
um perfil, nele sendo inserida informação pelo futuro utilizador, de dados tão simples como
nome e idade ou estado civil, a informação relevante para a caracterização tal como opções
ideológicas, políticas, causas abraçadas, entre outras. Existem muitas formas de manter
alguma privacidade nesta rede, senão mesmo o anonimato: a utilização de “nicknames”, a
não colocação de fotos que identifiquem as feições do utilizador e o não fornecimento de
elementos pessoais, ainda que não parecendo ser as opções mais comuns, são
possibilidades reais.
Os utilizadores podem tornar-se fãs de causas, instituições ou pessoas, tendo
igualmente a oportunidade de se juntarem a fóruns de discussão e debate. Relativamente à
questão do entretenimento, existem vários jogos disponíveis, todos eles permitindo
interacção e inter-ajuda entre os jogadores, assim como Quizzes e aplicações similares que
apelam à divulgação dos resultados para a sua comparação com outros contactos que
também tenham respondido. Os usuários podem ainda comunicar quer através de
mensagens assíncronas (a priori, apenas visíveis para os mesmos), como através de um
chat (possível quando ambos os indivíduos se encontrem simultaneamente online), quer
ainda mediante posts públicos, acessíveis a todos os contactos. Nestes, os contactos
directos do utilizador (ou indirectos, se assim determinado) poderão comentar o seu
conteúdo, tendo ainda a possibilidade de o partilhar.
b) O Movimento 12 de Março (M12M)
«"As lutas de jovens na Tunísia, no Egito e na Líbia ajudaram-nos a abrir os olhos"
Inês, manifestante presente no protesto de 12 de Março de 2011-11-0136
Ante a crise económica e financeira em que se encontra a Europa e os EUA, a
precariedade laboral, o desemprego e a falta de apoios sociais tem vindo, crescentemente,
a criar reais preocupações nas gerações mais jovens. Muitos deles, após o investimento
em formação superior, ficam sujeitos à falta de ocupação remunerada e, quando a há, ao
mais baixo nível.
Tal como teve lugar por toda a Europa, em Portugal surgiu um grupo apelidado de
“Geração à Rasca”, brincando com a expressão muitas vezes utilizada para, curiosamente,
qualificar gerações de jovens que se entende serem menos educadas ou formadas. Esse
mesmo grupo, iniciado por Paula Gil, João Labricha e Alexandre de Sousa Carvalho,
36 V.g. Diário Económico, Financial Times dá voz à ‘desperate generation’, disponível em http://economico.sapo.pt/noticias/financial-times-da-voz-a-desperate-generation_113212.html
45
facilmente conquistou simpatizantes através do Facebook, gerando frequentemente o
debate político, a divulgação de informação retirada dos Old Media online e de textos da
autoria dos fundadores do grupo – normalmente de teor bastante crítico às políticas
governamentais. Apresentando-se como um movimento laico, apartidário e inter-geracional,
afirmava pretender chamar a atenção para as dificuldades da precariedade laboral que os
mais jovens enfrentam no nosso país37. Ainda que a comunidade virtual fosse algo enérgica
e contasse já com um número elevado de participantes, a verdade é que continuava
desconhecida daqueles que apenas recebem a informação através dos Media Tradicionais.
A comunidade virtual acabou por organizar uma manifestação, a ter lugar no dia 12
de Março de 2011, o que, não obstante recolher várias intenções de participação online,
não parecia convencer a sociedade portuguesa de uma concretização real38.
Contra todas as expectativas, a manifestação reuniu cerca de 300.000 apoiantes em 11
cidades portuguesas e permitiu recolher 60.000 assinaturas a uma petição de apoio39 - algo
pouco expectável, em especial dado tratar-se de um evento entre cidadãos que, em geral,
não se conheciam fora do mundo virtual. Nesse momento, Imprensa, Rádio e Televisão,
assim como a classe política profissional, foram forçadas a reconhecer a existência de um
grupo nascido através de uma rede social virtual, o que não acontecera até então.
Não existe forma de menorizar algo que foi de real importância num país geralmente
amorfo no tocante à manifestação de vozes e opiniões de teor político: o protesto colectivo
reuniu o número mais elevado de participantes nas manifestações decorridas nos últimos
anos. Não obstante, não poderemos esquecer que tal evento decorreu num contexto social,
político e económico muito específico40, onde vários dos actores participantes deterão,
provavelmente, alguma formação e literacia mediática, entre outros recursos possíveis:
afinal, a organização do protesto havia sido concertada online e com pouquíssimo eco nos
Mass Media Tradicionais.
37 “V,g, Jornal Público Jovens mobilizam-se para manifestação low cost contra a precariedade, disponível em http://www.publico.pt/Sociedade/jovens-mobilizamse-para-manifestacao-low-cost-contra-a-precariedade_1484488?all=1 38 “Enquanto alguns internautas continuam céticos quanto à consistência da iniciativa, o número de inscritos no "Protesto da Geração à Rasca" já chegou aos 18 mil. De luto na roupa e com bandeiras de Portugal na mão, prometem ser pacíficos” in Expresso, 21.02.2011, disponível em http://aeiou.expresso.pt/adesao-ao-protesto-da-geracao-a-rasca-nao-para-de-aumentar=f633458 39 V.g. Jornal Expresso, Adesão de 300 mil pessoas superou expectativas da organização, 13/03/2011, disponível em http://aeiou.expresso.pt/adesao-de-300-mil-pessoas-superou-expectativas-da-organizacao=f63733040 Jóvenes recién licenciados que buscan su primer empleo, trabajadores temporales con contratos precarios, becarios no remunerados, jóvenes sin contrato y muchos desempleados se han dado cita en la marcha con la que le dicen a la clase política que "están hartos" de tener que pagar una crisis que según ellos "no les pertenece" in El Mundo, La 'Revolución Precaria' toma las calles de Lisboa, 12.03.2011, disponível em http://www.elmundo.es/elmundo/2011/03/12/internacional/1299954717.html
46
O sucesso foi tal que o grupo preferiu alterar a sua designação para “Movimento 12
de Março” (M12M), de modo a mostrar-se inclusivo a quaisquer gerações de simpatizantes.
Em simultâneo, foi criado um fórum aberto a todos os contactos (“Fórum das Gerações”41),
pois os seus fundadores (…) acharam que era hora de começar a debater ideias e
apresentar propostas concretas42, o que vem corroborar as convicções de alguns
estudiosos de que mais facilmente teremos a troca de ideias de cidadãos nas redes sociais
virtuais do que através da Televisão, da Rádio ou da Imprensa.
Através da observação participante directa, foi enriquecedor notar como, perante a
atenção dos Media tradicionais, em especial da Televisão portuguesa, rapidamente se
indagaram os fundadores do M12M relativamente à possibilidade de o transformar num
partido político. E mesmo ante a renúncia daqueles a uma tal eventualidade, rumores
surgiam na Rede Social Facebook quanto ao aparecimento de um 18º partido político na
realidade política portuguesa, ou mesmo da sua fusão com um outro já existente. Entre
opiniões diversas, assistíamos à recusa de uma tal situação por se negar a “colagem” à
representação do político, necessariamente corrupto, trabalhador de clientelas e não do
bem público, ou ao enaltecer de uma possibilidade uma vez que “não se faz política sem
partidos”. Este quadro pareceu-me extremamente relevante para nos apercebermos como
a participação política ainda é vista sob o prisma da participação algo ortodoxa,
reconhecendo-se que “a contestação sem estruturas sindicais, associativas ou corporativas
fortes dificulta os impactos que se pretende ter na rua”43.
Chile, Espanha, Reino Unido, Israel ou Grécia também têm assistido ao nascimento
de grupos e comunidades com as mesmas intenções e as suas acções têm tido algum eco
através dos meios de comunicação social. No entanto, nenhuma das suas reivindicações
foi alvo de decisão governamental favorável – i.e., se avaliássemos a prática à luz do
critério da eficácia da acção, não teríamos aqui um acto de participação política per se. Tal
como foi dito oportunamente, não é esse o entendimento que defendo, acreditando mesmo
que, como afirma o Prof. Dr. Villaverde Cabral44, poder aqui reavivar-se a participação
popular. E essa consciência é algo generalizada entre os poderes de uma sociedade
globalizada: vejam-se os desejos de Primeiro-Ministro inglês em bloquear as redes sociais
41 V.g. Diário de Notícias, Geração à Rasca cria novo espaço de debate no Facebook, de 13.03.2011, disponível em http://www.dn.pt/especiais/interior.aspx?content_id=1805185&especial=Crise%20pol%EDtica%20no%20segundo%20governo%20de%20S%F3crates&seccao=POL%CDTICA 42 V.g. Público, Protesto Geração à Rasca dá origem a fórum das gerações, de 13.03.2011, disponível em http://www.publico.pt/Sociedade/protesto-geracao-a-rasca-da-origem-a-forum-das-geracoes_1484593 43 Opinião do politólogo Costa Pinto in A missão da geração à rasca é empurrar para a rua um povo adormecido, Jornal IOnline, de 12/06/2011, disponível em http://www.ionline.pt/conteudo/109967-a-missao-da-geracao--rasca-e-empurrar-rua-um-povo-adormecido 44 Ibidem.
47
virtuais45 ou as declarações do SIS prometendo uma vigilância apertada do grupo no
Facebook ante a marcação de uma nova manifestação organizada por vários movimentos
populares (entre eles, o M12M). E o quarto poder, naturalmente, também não foi imune a
esta realidade, reconhecendo aos fundadores do Movimento algo semelhante ao estatuto
de actores políticos portugueses.
De todo o modo, não podemos esquecer não determos aqui uma acção participativa
com idêntico poder ao de outras instituições já alicerçadas na democracia ocidental. Em
parte, a falta dessa força é, segundo Silveirinha, uma limitação intrínseca dada a
inexistência daquilo que apelida de laços fortes entre as pessoas: estas “podem limitar-se a
manter uma espécie de ’públicos virtuais’, sem poder de acção e de influência, substituindo
simplesmente a batalha política pela ciberluta, mais ou menos inconsequente” (s/d: 12).
Entre outros factores, a autora refere ainda como obstáculos os debates políticos centrados
sobre temas episódicos por aqueles que neles vêem algum interesse pessoal, assim como
o facto de falarmos de públicos parciais (e não globais, como acontece com os Mass
Media), onde o consenso será algo fácil de conseguir.
Também Boyd defende a inexistência de uma relação directa entre a informação
veiculada através das novas tecnologias e aqueles que deveriam ser os seus destinatários:
“although technology provides a public forum in which people can express different political
views, this does not guarantee that those views are heard” (2005: 3). Segundo a autora,
embora parte da população tenha sido aliciada a participar politicamente através das redes
virtuais, a verdade é que as novas tecnologias não têm permitido que tais vozes atinjam,
em regra, as cúpulas políticas (2005: 7). O que, por si mesmo, poderá desencadear um
maior afastamento da causa pública..
Mas algo é inegável: o poder do símbolo, o estigma do “precário”, a ideia de
pertença a uma comunidade que quer exigir mais dos seus representantes parecem, num
primeiro momento, ter funcionado no sentido pretendido pelos “hubs” desta comunidade.
Actualmente, o M12M apresenta-se enquanto “organização política” e cita José
Saramago para melhor explicar as suas intenções democráticas: “Quando dizemos que é
um resultado importante o viver em democracia, dizemos também que é um resultado
mínimo, porque a partir daí começa a crescer o que verdadeiramente falta, que é a
capacidade de intervenção do cidadão em todas as circunstâncias da vida pública. Ou seja,
fazer de cada cidadão um político. A liberdade de imprensa, a liberdade de organização
política é o mínimo que podemos ter, porque a partir daí começa a riqueza espiritual e
cívica do cidadão autêntico.”46 45 V.g. Cameron quer bloquear redes sociais da Internet, 11.08.2011, disponível em http://economico.sapo.pt/noticias/cameron-quer-bloquear-redes-sociais-da-internet_124497.html 46 José Saramago, citado pelo M12M em http://movimento12m.org
48
CAP. V - O M12M NO FACEBOOK: A ANÁLISE DE UMA COMUNIDADE
1. Métodos utilizados
Uma vez que o meu intuito inicial foi tentar compreender de que modo os envolvidos
no Movimento trariam consigo práticas de participação tradicional ou, pelo contrário, a rede
social ter-lhes-ia permitido conhecer um mundo de participação política até então pouco
explorado, optei pela utilização de métodos quantitativos de análise empírica. De facto,
enquanto primeiro passo no estudo deste fenómeno, pareceu-me mais relevante atender à
panóplia de posições e práticas do maior número possível de participantes no M12M, de
modo tendencialmente representativo, dado ser elevado o número de pessoas envolvidas.
Ainda que reconhecendo as limitações desta opção, acredito ser este o primeiro passo a
dar antes de uma futura e desejável exploração detalhada das representações e práticas
quotidianas de alguns dos seus elementos.
Para a realização da análise empírica, foi construído um inquérito por questionário,
de administração directa, colocado no mural do M12M presente no Facebook entre 2 e 12
de Setembro de 201147, onde incluí algumas questões que poderão apresentar pistas
relativamente à caracterização dos inquiridos, às suas práticas políticas off e online e ao
grau de envolvimento com o Movimento supra-referido (Quivy, R. e Van Campenhoudt, L.,
1998: 188).
Refira-se ainda que foram utilizados métodos exploratórios de observação directa
das práticas dos cidadãos no mural do M12M que antecederam a formulação do referido
inquérito, de modo a perceber quais as práticas mais comuns de interacção entre os
organizadores do grupo e os seus contactos online – nomeadamente a leitura dos posts, a
sua divulgação, o seu comentário ou a colocação de informação no próprio mural. A sua
utilização pareceu-me útil de modo a compreender o conjunto de práticas de interligação
possíveis entre os vários inquiridos (Quivy, R. e Van Campenhoudt, L., 1998: 164 e segs.).
Como resultado, foram recebidas 463 respostas válidas: tal número equivalia, na
altura, a 9,43% daqueles que, nessa data, haviam manifestado “gostar” do referido perfil. O
escasso número de respostas poderá ser justificado mediante uma hipótese de nível
técnico e inúmeras possibilidades ao nível das práticas dos utilizadores – razão pela qual
não as irei abordar.
Quanto à primeira, a verdade é que, ao partilhar o questionário na página do M12M,
deparei-me com o facto de o mesmo não ser visível para quem a ela acede, dado que a
definição implica que apenas os posts colocados pelos administradores da página sejam
47 Documento disponível em https://docs.google.com/spreadsheet/viewform?formkey=dGprU2Y4RkdZVV92MFlPNk54eDNsQUE6MQ
49
visíveis sem que o utilizador escolha a opção “Todos (mais recentes)”. Dada a dificuldade,
requeri a uma das organizadoras do Movimento que publicasse o meu inquérito, o que foi
acedido uma vez, quer no seu perfil individual, quer no perfil do M12M. Questionada sobre
a opção do M12M, a mesma pessoa informou tratar-se de uma protecção: uma vez que o
Movimento não detém meios para pagamento de gestores de página (tal como acontece
com empresas e instituições públicas), trata-se de uma forma de se certificar do conteúdo
de cada post colocado por interessados – da veracidade dos factos e boa fé. Dada esta
situação, não foi possível repetir a colocação do questionário no mural do M12M, tal como
pretendido.
2. Caracterização dos utilizadores inquiridos
Relativamente ao carácter sociográfico dos inquiridos, a amostra de 463 utilizadores
refere-se, maioritariamente, a adultos e jovens adultos, 32,4% dos quais com idades
compreendidas entre os 25 e 34 anos, 27,2% com idades entre os 35 e os 44 anos, e
19,4% entre os 45 e os 54 anos de idade - o que, tal como vimos, não coincide com as
idades dos utilizadores preferenciais desta rede social online (v.g. Tabela 1).
No tocante ao género, a amostra distribui-se de forma quase idêntica entre pessoas
do género feminino e do género masculino (49,1% e 50,9%, respectivamente) – v.g. Tabela
2. Paralelamente, a quase totalidade dos inquiridos são de nacionalidade portuguesa
(96,3%), sendo que a maioria deles habitam em grandes centros urbanos: 51,6% residem
na Grande Lisboa e 13,8% no Grande Porto (v.g. Tabela 3 e 4). O que parece ser
condicente quer com a avaliação de plúrimos agentes relativamente às origens dos
manifestantes oriundos de grupos virtuais, quer no tocante aos cidadãos que mais
facilmente disporão de recursos para aceder à Internet.
No tocante à formação dos inquiridos, mais de dois terços frequentam ou
frequentaram o ensino superior: 38,8% são bacharéis ou licenciados, 25,8% pós-
graduados/mestres e 6% são doutorados/pós doutorados, com uma ligeira superioridade
feminina nas duas primeiras categorias. Acrescente-se ainda que 26,5% dos inquiridos
detêm o ensino secundário completo, sendo que apenas 2,8 terão uma qualificação inferior
a este grau (v.g. Tabela 5). Teremos, deste modo, um conjunto de utilizadores de uma rede
social, associados mediante um conjunto de interesses comuns, de escolaridade elevada –
o que satisfaz parcialmente as teorias que sustentam a relevância de literacias para a
participação política efectiva. Razão pela qual não será de espantar que 34,2% se
dediquem a profissões intelectuais ou científicas, seguidos de profissionais de nível
intermédio (19,8%).
50
De realçar que apenas 8,1% se identificou enquanto estudante e 16,2% se encontra
desempregado/a. (v.g. Tabela 6), o que poderá colocar a questão da caracterização dos
simpatizantes virtuais do M12M, no seu geral, que muitos querem ver como jovens sem
emprego. Ainda que consciente de que a amostra recolhida não passa disso mesmo, é um
facto que este movimento contesta a falta de apoio ao emprego de jovens licenciados e a
precariedade laboral que, não raro, conduz ao desemprego. Não obstante, parece existir
uma maior simpatia por aqueles que, porventura, se enquadrem e/ou simpatizem com
trabalhadores sem segurança laboral e/ou “quinhentoseuristas”.
Verificou-se, de igual modo, que as profissões eram distribuídas de forma
semelhante entre géneros48, acontecendo uma idêntica distribuição de determinadas
profissões consoante alguns escalões etários: os escalões 24-35 e 34-45 especialistas das
Profissões Intelectuais e Científicas, Técnicos de nível intermédio e Desempregados (v.g.
Tabelas 7 e 8).
Será esta, então, a parcela da Geração “Rasca” e que, actualmente, é abraçada
pelo M12M, reivindicando direitos laborais de estabilidade e reconhecimento profissional:
falo de uma comunidade de formação elevada em que, inclusivamente da totalidade de
desempregados inquiridos, 65,3% detêm um grau académico (36,1% licenciados e 29,2%
pós-graduados/mestres).
3. O Grupo Virtual: o Quantum e o Locus da Utilização da Rede
Relevante para averiguarmos do eventual desprendimento ou verdadeiro interesse
dos utilizadores do Facebook na sua comunidade virtual é o facto de 90,9% dos inquiridos
utilizar redes sociais online diariamente (v.g. Tabela 9). Ainda que a utilização da rede não
implique uma necessária e constante interacção (por exemplo, porque o indivíduo apenas
se dedicar a actividades lúdicas, como os jogos), este facto merece alguma reflexão: os
inquiridos parecem ser constantes interessados nas redes sociais e no que nelas se
divulga49.
De entre as respostas válidas, 96,5% dos inquiridos e das inquiridas afirma aceder
às redes online em sua casa – o que pressuporá a disponibilidade de meios e tempo para
tal (v.g. Tabela 10). Apenas 24,0% o faz em locais públicos e 40,6% no local de trabalho
(v.g. Tabelas 11 e 12). De realçar apenas o seguinte: 84% dos/as inquiridos/as que acedem
48 Ainda que os números absolutos sejam parcos, a verdade é que no tocante a profissões administrativas e a pessoal de serviços/vendedores, assistimos ao corroborar do estereótipo de género normalmente associado a cada uma das profissões: prevalência do género feminino nas primeiras e do género masculino nas segundas.49 Claro está que esta percentagem deverá ser relativizada na comunidade virtual do M12M, dado o facto de, quem pouco frequentar a rede social, mais dificilmente terá acesso directo e imediatamente visível a um post mais antigo, tal como presente questionário.
51
à Internet em suas casas não o fazem no local de trabalho ou em locais de acesso público
(v.g. Tabela 13). Detemos, assim, utilizadores verdadeiramente assíduos, que não vêem na
rede social virtual um local de visita esporádica – o que, notoriamente, advém do facto da
quase totalidade dos inquiridos dispor de meios para aceder à Internet nas suas próprias
residências.
4. A Participação Offline dos/as Inquiridos/as
Dada a aparente partilha de interesses com um movimento que se afirma político,
tentei compreender até que ponto estaríamos a falar da mobilização de novos participantes
ou de apenas mais um meio de participação para os já interessados. Dado o pequeno
universo de respostas obtidas, estes dados não poderão mais fazer do que apresentar
pistas. Feito o alerta, poderá concluir-se que a participação política não virtual já fará parte
do quotidiano dos/as inquiridos/as. Uma das primeiras curiosidades reside no facto de
86,8% da população afirmar exercer o direito de voto quando a abstenção em Portugal, nas
últimas eleições legislativas, foi de 41% da população eleitora50 (v.g. Tabela 14). Este dado
pode fazer-nos questionar se, de facto, a comunidade online do M12M não será já
caracterizada por cidadãos que se agregam em torno de interesses de participação já
existentes offline – ou a já tão referida transposição das práticas para o mundo virtual. Mas
algo é certo: a grande maioria dos/as inquiridos/as, com toda a certeza, são cidadãos
interessados em participar activamente dentro do modelo democrático existente no seu
país. Na origem destas comunidades creio assistirmos, não raro, aquilo que Peruzzo
apelida de uma nova cultura política: a passagem de acções individualistas para acções de
interesse colectivo, desenvolvimento de processos de interacção, a confluência em torno de
acções tendo em vista alguns objectivos comuns, constituição de identidades culturais em
torno do desenvolvimento de aptidões associativas em prol do interesse público,
participação popular activa e directa e, maior consciencialização das pessoas sobre a
realidade em que estão inseridas (2002: 9).
De facto, e segundo as respostas recebidas, 60,3% dos/as inquiridos/as assina
petições offline e 50,3% participa em manifestações, boicotes, paradas ou acampadas (v.g.
Tabelas 15 e 16). Estes dados são curiosos dadas as estratégias do M12M: ainda que o
Movimento organize, essencialmente, protestos de rua e petições, cerca de 40% dos
inquiridos não assina petições presencialmente (o que, obviamente, não impede que o
façam através da Internet) e cerca de metade dos inquiridos afirma não participar em
manifestações presenciais. Não obstante outras explicações, poderemos questionarmo-nos
50 V.g. Jornal Público, Abstenção atinge valor recorde na história das legislativas, 05/06/2011, disponível in http://www.publico.pt/Pol%C3%ADtica/abstencao-atinge-valor-recorde-na-historia-das-legislativas_1497641
52
até que ponto determinadas formas de participação offline, que exigem maior dispêndio de
tempo ou a perda de anonimato, não poderão travar a mobilização efectuada na rede
virtual51. Também sabemos que a participação através do “click” nem sempre implica
interesse contínuo: como veremos, nem todos os inquiridos parecem seguir ou comentar as
publicações do M12M no seu perfil do Facebook. No entanto, e dados os sucessos do
Movimento em organizar eventos públicos, juntamente com outras organizações,
poderemos colocar a questão se grande parte dos simpatizantes com o M12M poderão não
utilizar as redes virtuais para objectivos de participação política – ou mesmo não utilizá-las
de todo.
Já relativamente à participação através de instituições formais, reparamos que mais
facilmente os inquiridos serão sócios de ONGs e afins (26,8%) do que filiados em partidos
políticos (15,8%) ou sindicatos (11,7%) (v.g. Tabelas 17, 18 e 19). O que acaba por
corroborar algumas teorias de o Movimento poderá estar a mobilizar cidadãos que não se
revêem em instituições ortodoxas como as mencionadas, embora não descuidem o
exercício do seu direito de voto. A priori, a divisão geracional no tocante a esta questão
deveria corroborar tal ideia, sendo as práticas tradicionais reservadas para as gerações
mais velhas. Não obstante, se os inquiridos filiados em sindicatos são em maior número
entre os 45-54 anos, já a filiação em partidos políticos será mais forte em idades
compreendidas entre os 25-34 anos e a participação em ONGs distribuição de forma
idêntica entre os 25-34 e 35-44 anos (v.g. Tabelas 20, 21 e 22).
No que respeita à correlação participação/recursos, talvez seja de salientar que,
enquanto a filiação em partidos políticos da presente amostra seja de 15,8% do total de
inquiridos, 35,7% dos profissionais de Quadros Dirigentes se encontra filiado – sendo o
único grupo profissional que supera a média global. O mesmo se diga quanto à filiação
sindical que, de facto, é também superior neste grupo profissional (28,6%)52 – o que
também poderá ser explicado pela força bastante elevada dos Sindicatos da Função
Pública (v.g. Tabelas 23 e 24).
Como veremos, outro dado relevante reside na real coincidência entre os números
referentes às práticas dos inquiridos no campo do debate político, campo este que parece
ser de extremo interesse dos inquiridos53. De facto, 75,4% afirma utilizar o debate político
com familiares e amigos como uma prática comum de acção política (v.g. Tabela 25). O
51 Realce-se que, nesta pequena amostra, mesmo os desempregados ou os estudantes pouco participam em manifestações para além da média atribuída a pessoas com outras profissões, ainda que se depreenda uma maior disponibilidade de tempo e horários daqueles inquiridos.52 Foram desconsiderados os resultados relativos a Trabalhadores Não Qualificados, dado a existência de apenas 4 profissionais desta área.53 75,2% lê posts relativos a opiniões próprias sobre questões políticas, 71,5% comenta o mesmo tipo de posts e 67,6% afirma colocá-los no seu perfil do Facebook.
53
que, sem dúvida, fortalecerá a ideia de que nos encontramos ante uma comunidade virtual
que, no plano offline, procura desenvolver e discutir questões políticas, muitas das vezes
fora de instituições formais.
De todo o modo, e ainda que a dimensão da amostra não permita conclusões
generalistas, deixa-se a questão se as instituições outrora paradigma da participação
(partidos e sindicatos) não estarão a ser ultrapassadas por outras práticas e organizações
em determinados sectores da sociedade. Aliás, a esse mesmo respeito, saliente-se que 27
pessoas afirmaram “não participar activamente”, sendo que, destas, 11 responderam que
votam em eleições, 2 que participam em manifestações, 3 que assinam petições e 5 que
fazem do debate político algo usual (v.g. Tabelas 26, 27, 28, 29 e 30). Ainda que o universo
seja bastante restrito, poderemos questionar-nos quais as suas representações de
“verdadeira” participação política.
5. Práticas dos/as inquiridos/as na Rede Social: a leitura
Com o inquérito realizado pretendeu-se separar três esferas distintas: o que
desperta a atenção dos inquiridos ou os faz parar ante um post (i.e., que conteúdos
procuram numa rede social); que conteúdos os fazem participar em iniciativas alheias
(através do comentário); e, por fim, que tipo de conteúdos colocam para procurar a
interacção social. Sendo que os inquiridos apenas deveriam indicar as situações mais
recorrentes, algumas conclusões podem ser retiradas relativamente às preferências desta
parcela da comunidade online. Vejamo-las:
a) Os Old Media e os New Media
A informação oriunda de Old Media foi a temática afirmada como a mais apelativa aquando
da leitura de posts colocados por outras pessoas (79,5%) - v.g. Anexo, Tabela 31. Para
além de tal reflectir a procura por uma informação actualizada, podemos considerar esta
resposta curiosa para avaliar o modo como os Media Tradicionais estão a ser aceites pelos
New Media e até que ponto a sua acessibilidade e gratuitidade em muitos dos conteúdos
não poderão estar a elevar o grau de informação dos/as portugueses/as. Claro está que
nunca poderemos descurar a comunidade em estudo e o perfil dos participantes –
nomeadamente formação e profissão destes últimos.
De notar não existirem grandes diferenças a assinalar em função do género ou da
idade quando falamos da parcela dos/as inquiridos/as que atentam aos posts alheios que
contém informações provenientes de Jornais, Televisão ou Rádio. No que toca à formação
e profissão, a análise torna-se difícil dada a pequena dimensão da amostra e da
representatividade de alguns grupos. De todo o modo, foram os Doutorados/Pós-
Doutorados o grupo com maior percentagem de práticas de leitura de posts de índole
54
informativa (96,4%), sendo os especialistas de Profissões Intelectuais e Científicas aqueles
que também parecem mais atentos às notícias presentes na rede social (86,8% dos
profissionais) - v.g. Tabela 32 e 33. Assim, a procura da informação na rede social virtual
parece já fazer parte do quotidiano destes cidadãos.
b) A Opinião Política Alheia
A segunda opção mais vezes indicada como a que maior atenção desperta aos
inquiridos situa-se ao nível dos posts que detenham Opiniões Políticas Próprias (75,2%) –
v.g. Anexo, Tabela 34. Alguns dados a reter: no tocante à idade vemos, em geral, um
crescimento do interesse pelos posts que revelem opiniões políticas54, o que poderá
levantar algumas questões, nomeadamente a procura por uma informação que possibilite a
tomada de opinião política (e que não é fornecida nas escolas e universidades) ao já tão
debatido desinteresse pela vida política tradicional por parte dos mais jovens (v.g. Tabela
35). Uma vez mais, serão os/as doutorados/as os mais interessados nesta matéria (92,9%),
assim como os especialistas em profissões intelectuais (81,6%) - v.g. Tabelas 36 e 37. Dos
grupos representados de forma consistente no presente inquérito, os estudantes
demonstram-se os menos interessados neste tipo de publicações (52,8%). Um dado
igualmente interessante, mas algo espectável se atendermos à transferências das práticas
off para online, prende-se com o facto 93,2% dos inquiridos filiados em partidos políticos e
85,2% dos filiados em sindicatos terem apontado o posts opinativo como um dos que mais
lhes despertam a atenção - v.g. Tabelas 38 e 39. Finalmente, de salientar que 84% dos que
afirmaram terem o debate como uma prática corrente de participação offline mostram
especial atenção às opiniões alheias na sua rede social virtual - v.g. Anexo, Tabela 40.
c) A Participação em Causas Sociais e Políticas
Os posts que apelam à participação em causas sociais e políticas (petições,
manifestações, etc.) constituem a terceira escolha de 61% dos/as inquiridos/as como os
mais interessantes - v.g. Anexo, Tabela 41. Tal escolha parece ser transversal em termos
etários, de género e grau de escolaridade, com uma ligeira prevalência entre os/as
inquiridos/as com idades compreendidas entre os 45-54 anos de idade e aqueles que se
ocupam cargos superiores em empresas ou na Administração Pública (v.g. Tabelas 42 e
43). Acreditando que tal atenção não se prenderá somente aquando da defesa de
interesses próprios, vemos aqui uma comunidade empenhada em perceber o que se
debate e o que se exige da sociedade e dos Estados. Apenas um pequeno alerta: ainda
54 O interesse pelas opiniões políticas alheias é de 64,4% nos inquiridos dos 19-24 anos de idade; 67,3% nos inquiridos dos 25-34 anos de idade; 75,4% nos inquiridos dos 35-44 anos de idade; 86,7% nos inquiridos dos 45-54 anos de idade; 91,1% nos inquiridos dos 55-64 anos de idade; 66,7% nos inquiridos dos 65ou mais anos de idade.
55
que atingindo os 66,7%, serão os estudantes e os desempregados aqueles que parecem
deter menor interesse neste tipo de posts (v.g. Tabela 43).
De forma coerente, também estes/as inquiridos/as parecem mais sensibilizados para
determinados tipos de participação offline, ultrapassando as médias-padrão anteriormente
vistas: 71,6% assina petições em ambiente offline, 84,3% enceta debates com os seus
amigos e 59,8% participa em manifestações (v.g. Tabelas 44, 45 e 46).
d) Humores e Posts Lúdicos
Ainda que consciente que a participação política também pode ser veiculada através
da música e do cinema, a verdade é que estes temas costumam ser utilizados para fins
lúdicos. Como veremos mais adiante, é muito comum a partilha de posts de música,
cómicos ou relativos a quizzes. Não obstante, pouca atenção é prestada aos posts alheios
por parte dos inquiridos. E a indiferença parece transversal a idade, género ou escolaridade
e profissão.
No que respeita à música, a maior diferenciação parece ter lugar quando abordamos
a profissão: os estudantes parecem ser aqueles que maior atenção despendem neste tipo
de partilha virtual: 44,4% afirma ler/ouvir tais conteúdos, contrariando o desinteresse geral
manifestado (v.g. Tabela 47). O mesmo se diga dos posts que abordam situações cómicas,
também fugindo ligeiramente à média de desinteresse quando olhamos para os estudantes
(v.g. Tabela 48).
Os posts que contêm questionários e respostas aos mesmos parecem apelar ainda
menos aos inquiridos, sendo que o desinteresse aumenta consoante a idade (v.g. Tabela
49). No tocante aos humores alheios, o interesse revelado também parece ser pouco, em
especial nos inquiridos com idades compreendidas entre os 45-54 anos (v.g. Tabela 50).
6. Práticas dos/as inquiridos/as na Rede Social: o comentário
A verdade é que a leitura de posts não implica o seu comentário – razão pela qual
optei por dividir as situações. E, como veremos, os resultados parecem atestar esta
diferenciação:
a) Os Old Media e os New Media
Dos inquiridos, 69,1% afirma comentar frequentemente posts alheios que detenham
informação recolhida dos Old Media (v.g. Tabela 51). Sem margem para dúvidas, este
comportamento é mais recorrente consoante aumentamos a classe etária, chegando
mesmo aos 77,8% nos inquiridos com idades compreendidas entre os 55-64 anos e a
83,3% no caso dos inquiridos com 65 anos de idade ou mais55 (v.g. Tabela 52). O mesmo
55 Ter em atenção que esta última percentagem carece de fidedignidade absoluta, visto apenas 6 inquiridos se encontrarem na faixa etária dos “65 anos ou mais”.
56
tem lugar quando avaliamos a escolaridade daqueles que manifestam mais interesse em
comentar a informação retirada dos Mass Media: 78,6% dos doutorados e 69,7% dos pós-
graduados/mestres situam-se acima da média dos inquiridos no que se refere a este ponto
(v.g. Tabela 53).
No que respeita às práticas políticas dos inquiridos que comentam este tipo de
partilha virtual, há que salientar o facto de 84,4% participar em debates offline – o que nos
faz crer que o debate online possa ser uma realidade nos comentário aos posts
informativos dos seus contactos (v.g. Tabela 54). De igual modo, 89,4% exerce o seu
direito de voto, 69,4% assina petições offline e 57,2% participa em manifestações (v.g.
Tabelas 55, 56 e 57, respectivamente). Poderemos questionar se o comentário à
informação, per se, não poderá constituir um verdadeiro acto político, incitando ao debate e
à partilha de visões; ou, por seu turno, que a participação política activa poderá implicar
uma especial atenção ao mundo mediático na esfera dos inquiridos.
Não obstante, aqueles que comentam a informação mediática não contemplam todo
o universo daqueles que a lêem: apenas 79,9% o fazem, utilizando o Facebook como meio
de informação (v.g. Tabela 58). Poderemos, então, corroborar o facto de que as redes
sociais virtuais detêm verdadeira importância enquanto meio de difusão dos Media
tradicionais – o que, aliás, tem vindo a ser defendido há muito pelo universo científico da
Comunicação.
b) A Opinião Política Alheia
Cerca de 71,5% dos inquiridos apontaram o comentário à opinião política alheia
como uma das suas práticas mais frequentes na rede social virtual (v.g. Tabela 59). Uma
vez mais, são as faixas etárias superiores a preferir este tipo de prática: se 88,9% os
inquiridos entre os 55 e os 64 anos comenta posts dos seus contactos que contenham
opiniões políticas próprias, já apenas 53,3% dos jovens entre os 18 e os 24 anos de idade o
faz (v.g. Tabela 60). Abaixo da média geral dos inquiridos que comentam este tipo de posts,
situam-se, entre outros, desempregados (63,9%), pessoal dos serviços e vendas (57,9%) e
técnicos e profissionais de nível intermédio (65,9%). Acima da mesma média encontram-se
quadros superiores/dirigentes da Administração Pública e empresas e especialistas das
profissões intelectuais e científicas (77,6%) – v.g. Tabela 62. Ainda que consciente que o
interesse na opinião política não significa, necessariamente, interesse pelo comentário da
mesma56, verdade é que parecem ser aqueles que ocupam profissões, a priori, mais bem
remuneradas e exigentes ao nível da escolaridade que parecem dedicar-se ao debate
nesta área. Deste modo, na esfera dos inquiridos, algo parece fazer crer que, de facto, a
56 A este propósito, veja-se que apenas 87,6% daqueles que lêem as posições políticas dos seus contactos virtuais as comentam (v.g. Tabela 61).
57
existência de recursos de tempo, dinheiro e formação influem na participação online. Tal
consideração sai reforçada quando cruzamos este interesse com as práticas políticas
offline: de facto, como seria de prever, 84,6% daqueles que comentam posts referentes a
opiniões sobre o mundo político costumam debater offline, assim como 87,9% exerce o seu
direito de voto (v.g. v.g. Tabelas 63 e 64). Poderemos também atestar que muitos dos que
comentam são verdadeiramente activos no que respeita a práticas tradicionais de
participação política.
c) A Participação em Causas Sociais e Políticas
Os posts concernentes a estes temas são o alvo preferido por parte de 71,5% dos
inquiridos (v.g. Tabela 65). Ainda que apenas 78,7% daqueles que lêem este tipo de post
os comentem, esta preferência parece ser transversal em termos de género, escolaridade
ou profissão. O mesmo já não acontece com o escalão etário, onde as causas sociais e
políticas parecem incitar ao comentário dos mais velhos: 80% dos inquiridos com idades
compreendidas entre os 55-64 anos e 83,3% daqueles que detêm 65 anos ou mais são os
que parecem mais impelidos a fazê-lo (v.g. Tabela 66).
Uma vez mais, falamos de pessoas activas quanto à participação política fora do
virtual: 84,5% participa em debates, 87,6% vota e 71,4% assina petições offline (v.g.
Tabelas 67, 68 e 69, respectivamente). Atendendo ao facto de que comentar um conteúdo
partilhado significa querer participar na causa - apoiando-a, repudiando-a ou simplesmente
proferindo uma opinião própria – parece ser inegável uma vontade generalizada dos
inquiridos em fazer ouvir a sua voz e verem-se incluídos em comunidades específicas.
d) Humores e Posts Lúdicos
Uma vez mais, os posts lúdicos parecem pouco apelar ao comentário: apenas
23,3% dos inquiridos mencionou os posts com conteúdos musicais como aqueles que mais
costuma comentar (v.g. Tabela 70). Serão os mais jovens aqueles que mais o farão,
embora o mesmo não equivalha a escolaridade: de facto, 32,8% de pós-graduados e
mestres optam pelo comentário a posts musicais, colocando-se acima da média supra-
indicada (v.g. Tabelas 71 e 72). No entanto, realce-se que, pela sua natureza, alguns dos
posts poderão não apelar ao comentário, sendo que o interesse pelo conteúdo musical é
superior: apenas 67,3% dos inquiridos que afirmam ouvir os posts de música colocados no
meio virtual os comentam.
Quanto a posts relativos a questionários (quizzes) e com situações cómicas, o
desinteresse parece ser generalizado: somente 4,1% dos inquiridos comenta os primeiros e
12,5% o faz em relação aos segundos.
58
No que concerne aos humores dos contactos virtuais, os inquiridos parecem ser
mais sensíveis: cerca de um terço (32,2%) comenta este tipo de partilhas, parecendo mais
apelar à faixa etária entre os 25 e os 34 anos de idade (v.g. Tabela 73).
7. Práticas dos/as inquiridos/as na Rede Social: a partilha
Chegado é o momento de serem avaliadas as práticas dos inquiridos no tocante aos
conteúdos que eles mesmos colocam online. Entre outras curiosidades, a intenção foi
tentar perceber do poder de iniciativa dos mesmos e se os posts que usualmente instigam a
sua curiosidade e/ou comentário são do mesmo teor que aqueles que partilha entre a sua
rede de contactos.
a) Os Old Media e os New Media
Do total dos inquiridos, 73,7% afirma publicar posts de teor informativo, retirados dos
Media Tradicionais57 (v.g. Tabela 74). E se a escolaridade parece ter alguma influência
neste tipo de iniciativa, aumentando-a, já a preferência pela partilha parece ser transversal
em termos de profissão (v.g. Tabelas 75 e 76). De facto, quer profissionais científicos como
desempregados ou pessoal de serviços e vendas se encontram acima daquela média.
Como seria algo expectável, quem publica posts deste teor também tem como
prática atentar aos posts alheios (88,9%) e comentá-los (83%) - v.g. Tabelas 77 e 78. De
forma similar às anteriores, estes inquiridos mostram-se especialmente interessados em
cumprir o seu dever de voto e em participar em debates, superando as médias
apresentadas inicialmente para este tipo de participações – 88,3% e 83,9%,
respectivamente (v.g. Tabelas 79 e 80). Teremos, assim, uma comunidade que não apenas
gosta de estar informada através dos Mass Media, como parece ter satisfação em informar
os seus contactos virtuais. Comunidade essa que, de modo particular, se mostra bastante
activa no tocante à participação política formal e informal.
b) A Opinião Política Própria
Apenas 67,6% dos inquiridos afirma ser a opinião política própria um dos conteúdos
mais comuns dos posts que publica (v.g. Tabela 81). Se atentarmos aos números, o grau
de envolvimento necessário parece, de certo modo, desmotivar a realização das acções:
afinal, 75,2% lê este tipo de posts e 71,5% os comenta (v.g. Tabelas 34 e 59). Entre uma
postura algo centrada no ego até à relutância de uma transparência entre contactos nem
sempre próximos, a realidade é que estes números parecem extremamente interessantes
no estudo das comunidades virtuais. Dado o parco espaço, deixá-lo-ei para uma nova
oportunidade.
57 O que supera ligeiramente a média dos 69,1% que afirma comentar frequentemente posts alheios que detenham informação recolhida dos Old Media (v.g. Tabela 51).
59
A caracterização destes inquiridos não se distancia muito da anterior: o interesse em
publicar as opiniões políticas próprias parece ser superior nos inquiridos com escolaridade
mais elevada e com profissões mais ligadas à área científica ou a quadros dirigentes,
sendo um pouco mais acentuada na Região Sul do país (v.g. Tabelas 82, 83 e 84). Ou seja,
uma vez mais, os recursos mostram o real papel que detêm neste tipo de participação. E se
74,2% dos que compartilham informação dos media tradicionais partilham posições
políticas pessoais, já o inverso traz-nos um número superior (87,2%) – v.g. Tabelas 85 e
86). O que vem corroborar a necessidade de informar e ser informado para permitir a
criação de uma opinião política própria.
De forma coerente, os inquiridos que assumem uma posição política ante a
sociedade em geral (como a filiação política e/ou sindical ou a participação em
manifestações) também o fazem na rede virtual: 84,9% dos filiados partidários, 79,6% dos
sindicalizados, 83,9% dos sócios de ONGs e 81,1% de participantes em manifestações
utilizam o Facebook para a partilha de opiniões políticas - v.g. Tabelas 87, 88, 89, 90. De
modo inverso (e na senda do anteriormente visto), dos inquiridos que partilham opiniões
políticas na rede social virtual existe especial apreço por práticas offline como o voto e o
debate político – v.g. Tabelas 91 e 92.
c) A Participação em Causas Sociais e Políticas
Pouco mais de metade dos inquiridos costuma partilhar posts referentes a Causas
Sociais e Políticas (57,9%) – v.g. Tabela 93. Curiosamente, dentro de cada categoria etária,
veremos que serão os inquiridos com mais de 55 anos a dedicar-se a este tipo de prática -
v.g. Tabela 94. Sem destoar do que tem vindo a ser dito, serão os dotados de maior
escolaridade e posições mais elevadas ao nível profissional aqueles cuja percentagem de
adesão surge como a mais significativa: 71,4% dos doutorados partilham posts relativos a
Causas Sociais e Políticas e 69% dos inquiridos pertencentes a Quadros Dirigentes da
Administração Pública e Empresas também o fazem – v.g. Tabelas 95 e 96. Curiosamente,
e dada a conjuntura actual, os desempregados encontram-se em terceiro lugar, sendo
ultrapassados pelos especialistas de profissões intelectuais e científicas, o que poderá
levar-nos a questionar se o recurso “tempo” poderá não ser, de facto, o mais relevante –
em especial dado tratarem-se de conteúdos que apelam a possíveis descontentamentos,
como apelo para a assinatura de petições e mobilização para a participação em
manifestações e protestos.
Por outro lado, não deixa de ser curioso que, de entre os que colocam online
conteúdos deste género, 69,9% sejam filiados em partidos políticos e 74,1% pertençam a
sindicatos – v.g. Tabelas 97 e 98. Mais ainda, 81,5% pertence a uma ONG, o que vem
corroborar a premissa de que o apelo online para a participação conjunta reflecte o
60
interesse offline para esse tipo de iniciativa – v.g. Tabela 99. De forma coerente, 71,7%
assina petições fora do meio virtual e 75,5% participa em manifestações – v.g. Tabela 100
e 101.
d) Humores e Posts Lúdicos
De entre os posts lúdicos ou mais intimistas, a música parece ser o conteúdo mais
apetecível: 30,5% dos inquiridos escolheu esta hipótese como uma das mais recorrentes no
momento da partilha na rede social Facebook – v.g. Tabela 102. A preferência é mais
acentuada nos mais jovens (18-24) e em pessoal administrativo e estudantes – v.g. Tabelas
103 e 104. Talvez demonstrando uma faceta algo egocêntrica do ser humano, apenas
cerca de metade daqueles que partilham conteúdos musicais atentam às partilhas alheias –
v.g. Tabela 105.
8. O contacto com o Movimento 12 de Março (M12M) e a sua representação pelos
inquiridos
De entre as quatro formas possíveis de tomada conhecimento da existência do
M12M, 56,6% afirmou tê-lo sido através do Facebook, 19,4% mediante Media Tradicionais
presentes na Internet, 12,3% por meio dos Media Tradicionais e 11,7% através de amigos,
de modo presencial – v.g. Tabela 106. Antes de algo mais, encontra-se patente que uma
das grandes fontes de informação nesta questão se encontra no mundo virtual. Depois,
refira-se que o contacto com este tipo de realidades parece estar mais disponível nos Old
Media presentes online para esta comunidade – o que poderá ser explicado através da
necessária literacia mediática e uso frequente da Internet. Poderá também colocar-se a
hipótese se os Media online estarão a alargar o espectro de cobertura de algumas
realidades – o que, obviamente, ficará para outra discussão. Mas algo é inegável: tal como
já se afirmou, as redes no mundo virtual não pré-determinam os seus utilizadores. São mais
uma fonte de informação, mais um local de interacção e de realização do simbólico, mas
não o único meio de partilhar vivências, signos e ideologias no mundo social em que
vivemos.
Na tentativa de compreender as razões pelas quais os inquiridos detinham o M12M
entre os seus contactos virtuais, foram-lhes questionadas quais as principais mais valias
que viam presença do M12M no Facebook. De forma muito curiosa, a prevalência foi para a
divulgação fácil das iniciativas do Movimento, logo seguida pelo facto de permitir ter acesso
a informação alternativa aos Media tradicionais (62,4% e 61,1%, respectivamente) – v.g.
Tabela 107 e 108. Estes dois aspectos parecem-me ser de extremo relevo, dado
sublinharem o poder das redes sociais virtuais na criação e divulgação de informação,
nomeadamente quando os seus utilizadores procuram informação “alternativa”. Ainda que
61
estas questões necessitassem, obviamente, de uma exploração bem mais aprofundada,
penso poder afirmar que, para esta comunidade, a informação dos Old Media lhes parece
insuficiente e/ou pouco plural. De todo o modo, não pensemos que os meios de
comunicação tradicionais se encontram fora do espectro de interesse dos inquiridos que
vêem no M12M uma fonte alternativa: 81,6% lê os posts informativos alheios, 71,7%
comenta-os e 74,6% partilha esse tipo de conteúdos – v.g. Tabelas 109, 110 111,
respectivamente.
Já 49,2% acreditam que a presença na rede social supra-mencionada terá como um
dos especiais interesses a mobilização de cidadãos e cidadãs externos à organização e
46,2% defende que será útil para o debate de questões políticas, sociais e económicas –
v.g. Tabelas 112 e 113. O que não deixa de ser curioso quando comparamos com o
conjunto de pessoas que vêm a existência do M12M no Facebook uma boa forma de
organizar as actividades entre os seus membros (17,9%) – v.g. Tabela 114. Ainda que
tenhamos que ter presente que apenas foi pedido aos inquiridos que assinalassem as
principais mais valias (e não todas elas), esta opção torna-se algo inusitada se pensarmos
que a comunidade teve origem no próprio Facebook e que a forma de organizar actividades
entre contactos virtuais apenas poderá ser realizada online se quiser apelar a todos os seus
membros. Algumas respostas poderão ser colocadas, apenas a título de hipóteses: ou os
inquiridos não se encontram interessados em participar nas actividades offline do
Movimento; ou vêem na informação e debate diário e virtual algo mais relevante que
actividades como a organização de protestos e mesas de discussão; ou ainda preferem
acreditar que tal organização deverá pertencer apenas aos seus fundadores e a
participação da sua pessoa, enquanto membro, deverá situar-se na aquisição de
informação e debate daí resultante.
9. A participação online dos inquiridos no M12M
Uma vez que deter um contacto numa rede virtual não implica a interacção com o
mesmo, procurei averiguar se esta existe, assim como quais os modos escolhidos para
uma tal comunicação. Antes de mais, refira-se que cerca de 20% escolheu não responder,
percentagem esta bastante elevada quando comparada com as presentes nas demais
questões.
Também 22,9% dos inquiridos afirma resumir-se à leitura dos posts colocados pelo
M12M, parecendo procurar apenas a informação divulgada – v.g. Tabela 115. Deste modo,
apenas cerca de metade (47,3%) assume divulgar os conteúdos publicados pelo
Movimento, 36,9% tem por hábito comentá-los e 17,5% costuma partilhar conteúdos seus
no mural do M12M – v.g. Tabelas 116 a 118.
62
Poderemos, deste modo, perceber que os graus mais elevados de interacção e de
participação identificada reúne menos inquiridos, sendo mesmo que alguns afirmam nem
sequer partilhar os conteúdos que lêem. No tocante a estes últimos, não foi possível
encontrar um perfil que os diferenciasse dos demais: idade, género, escolaridade ou
profissão não fornecem dados determinantes para tal.
A partilha de informação retirada dos posts do M12M surge mais comum entre os
profissionais intelectuais e desempregados – ou seja, uma vez mais, entre aqueles que
provavelmente deterão maiores recursos ao nível das literacias e tempo disponível (v.g.
Tabela 119). Serão, deste modo, cidadãos que divulgam posts referentes a informação
retirada dos Mass Media e opiniões próprias sobre questões políticas e sociais com maior
regularidade que os demais elementos pertencentes a esta comunidade – 81,3% e 83,1%,
respectivamente (v.g. Tabelas 120 e 121). Pelo que podemos deduzir que são já as
práticas ditas regulares deste núcleo de inquiridos que os faz intervir de modo mais directo
no que respeita à sua participação no M12M.
No que respeita aos que preferem uma ligação mais próxima e envolvida, há a
salientar que o comentário aos posts colocados pelo M12M parecem apelar mais àqueles
que vêem no comentário uma regra: 82,3% comenta posts relativos a causas políticas e
sociais, 89,5% posts concernentes a opiniões políticas próprias e 84,2% posts que abarcam
informação oriunda dos Old Media – v.g. Tabelas 122 a 124.
No tocante aos inquiridos que costumam publicar conteúdos próprios no mural do
M12M, há a salientar uma elevada participação política offline a diferentes níveis: parece
existir uma tendência mais forte para a filiação partidária e sindical do que a média desta
comunidade, assim como de participação em manifestações e debates – v.g. Tabelas 125 a
128. Poderemos talvez considerar existir aqui uma pré-condição para a iniciativa política
visível e assumida, o que talvez possa justificar estas preferências.
10. A mobilização para o offline
Algo intrigante costuma ser a adesão a movimentos sociais através da internet e a
sua real repercussão em eventos ou iniciativas que ocorram no plano não virtual. Na
tentativa de compreender esta relação na comunidade em apreço, foi-lhe questionada se já
havia aderido a alguma das iniciativas do M12M e se pensaria vir a fazê-lo. Os resultados
parecem-me algo desanimadores: 44,9% afirma já o ter feito e 65% que pretende vir a fazê-
lo. Ainda que realçando sempre a latitude da amostra aqui analisada, algumas hipóteses
podem ser daqui retiradas, das quais realço duas:
- parece existir algo de consentâneo com a crítica de uma ilusão da participação
política quando manifestada “através do botão”. Ainda que consideremos que alguns dos
63
contactos do M12M sejam pessoas interessadas em seguir o Movimento mas não em
participar nele, mormente por questões ideológicas, o número não deixa de ser baixo.
- até à apresentação do questionário, o M12M havia apenas realizado um evento de
índole nacional: a manifestação realizada a 12 de Março. Uma vez que a divulgação deste
movimento apenas se tornou maior após tal iniciativa, poderemos questionar se, de facto,
alguns dos membros da comunidade analisada não terão apenas tomado conhecimento da
organização depois de tal data. Se esse for o caso, significaria que o Movimento teria
angariado cerca de mais 20% de simpatizantes.
De todo o modo, algo parece óbvio: aqueles que admitiram já ter apoiado eventos
desenvolvidos pelo M12M já têm por hábito participar no mundo político offline: 89,4% vota,
79,3% participa em manifestações e 80,3% assina petições – v.g. Tabelas 131, 132 e 133.
Ora, estes números são sobejamente superiores à média dos inquiridos. O que faz retornar
a questão se a participação política através da Internet não será, na realidade, uma
transferência de interesses e práticas do mundo não virtual, sendo que o contrário já não
será verdadeiro. De todo o modo, não é esta a visão da maioria dos inquiridos: 50,8%
acredita que, dado o crescimento das redes sociais online, a participação política dos
portugueses conduzirá à mobilização de novos participantes políticos – v.g. Tabela 134. Já
32,6% defende que tal apenas reforçará a participação de pessoas já politicamente activas.
Um dado interessante reside no facto de serem aqueles que recorrem a formas de
participação menos tradicionais (manifestações, petições) os que mais acreditam no poder
de mobilização para a participação – v.g. Tabelas 135 e 136.
Refira-se ainda que a adesão às iniciativas do Movimento tem apelado mais a
especialistas de profissões intelectuais e científicas, a desempregados e a quadros
superiores, sendo crescente o interesse dos inquiridos consoante aumenta o seu grau de
escolaridade – v.g. Tabelas 137 e 138.
11- Pequenos apontamentos
Dada a dimensão da amostra e das questões apresentadas, não poderemos retirar
verdadeiras conclusões mas apenas algumas pistas relativamente a esta comunidade
virtual. Fazendo fé me todas as respostas apresentadas, sem dúvida que nos encontramos
ante um grupo de pessoas bastante literadas, munidas de interesses comuns, com práticas
muito semelhantes de procura de informação, necessidade de debate e de iniciativa para o
debate e propagação da informação. São cidadãos que têm práticas diárias de consulta das
redes sociais virtuais, que (em geral) dispõem de acesso à Internet nas suas casas e dos
necessários meios informáticos e literacias.
64
Contrariando a realidade portuguesa, falamos de cidadãos que participam na esfera
política mediante práticas quer tradicionais, quer menos ortodoxas, parecendo querer
transpor essas mesmas práticas para a existência online. Dispondo de diversos recursos,
optam pela discussão e circulação de opiniões próprias e procura por informação
alternativa – embora não descurem a informação dos Old Media presentes na Web, o que
não deixa de ser relevante para contrariar aqueles que adivinhavam a morte da Imprensa
com o surgimento da Internet.
Teremos aqui, provavelmente, os típicos “quinhentoseuristas”, inseridos num
mercado laboral precário, o que daria razão às teorias que afirmam existir algo de muito
egoísta em protestos destinados a reivindicações muito circunscritas. Não obstante,
encontramos igualmente inquiridos que, pelo seu perfil, facilmente estarão a “defender o
bem-estar alheio” do que o seu – que parecer, à primeira vista, encontrar-se assegurado.
Quanto ao simbolismo da noção de pertença, poderemos questionar se não
estaremos, de facto, num momento de descrédito total das instituições democráticas, tal
como as conhecemos, urgindo avançar no sentido de credibilização novas formas de
organização política. Afinal, ante um grupo tão participativo e interessado, apenas 26,8%
são sócios de ONGs, 15,8% são filiados em partidos políticos e 11,7% pertencem a
sindicatos. E, a este respeito, lembre-se que os inquiridos parecem acreditar que as redes
sociais virtuais constituem uma válida arena de discussão e partilha sendo que, através
delas, a organização de práticas de participação e mobilizar para as ditas práticas
constituem uma mais valia.
65
Conclusões
“Porque as TIC são um amplificador de tendências, os conceitos de democracia digital têm
que ter em conta as actuais tendências sociais, políticas, culturais, que trabalham no
sistema político (…)” (Haguen, 2000:56).
Questionava-me, inicialmente, se as redes sociais virtuais poderiam incentivar a
participação política: ante determinados contextos sociais, económicos e políticos, sou
tentada a afirmar que sim. Mas creio serem sempre estes e, em última instância, a vontade
das comunidades, a ditar o aproveitamento de um medium. O que, aliás, não constitui
grande novidade.
De facto transposição de interesses existentes no mundo não virtual para a esfera
mediada por computador (e vice-versa) parece ser já uma realidade. Temos, sem dúvida, a
possibilidade emergente de uma nova esfera pública, onde o debate convida à participação,
mas tal apenas existe enquanto possibilidade, não enquanto realidade estabelecida ou
mesmo como uma qualquer inevitabilidade. Até porque, nunca esqueçamos, tal dependerá
sempre da aquisição de determinados recursos por parte dos cidadãos e nem tão cedo a
Internet destronará a Televisão - meio de comunicação preferencial entre cidadãos, sendo
nela que os agentes políticos e sociais encontram maior discriminação58.
É certo que nem todos os cidadãos com meios à sua disposição aproveitarão as
redes sociais enquanto esferas públicas, mas também é certo que jamais teremos toda
uma sociedade interessada em fazê-lo: existirão sempre outsiders e, quanto a esses, creio
que apenas haverá que assegurar que detêm a necessária informação para efectuar a sua
escolha de modo consciente e avisado. Não obstante, há que ter presente que mais
facilmente um cidadão activo no plano da participação política offline também participará de
acções online do que o oposto, dadas as já notórias tendências de fazer transitar para o
mundo virtual as práticas da realidade que se conhece.
Por outro lado, e sempre que se apresentam novas formas de participação política,
questiona-se se estas irão somar-se às anteriores ou se, pelo contrário, as irão destronar.
No tocante aos protestos nascido e desenvolvidos através das redes sociais na Internet nos
últimos meses, penso que deveremos olhá-los não como “o” plano do debate e acção
58 A este propósito recorde-se a recente problemática decorrida aquando da campanha eleitoral para as Eleições Legislativas de 2011, em que os Partidos MEP e PCTP/MRPP interpuseram uma providência cautelar no Tribunal de Oeiras contra os canais generalistas portugueses, dada a intenção destes últimos em afastar o debate de todos os dirigentes políticos que não se encontrassem entre os partidos com assento parlamentar – v.g. Diário de Notícias, PCTP/MRPP acusa televisões de tentarem boicotar debates, 30/05/2011, disponível in http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1865624
66
política do futuro, mas como mais um plano a somar aos demais. De facto, o indivíduo
insere-se em diversas comunidades, dos distintos sentidos, racionalidades e emoções,
sendo o plano virtual apenas mais uma delas – e tal parece ter ficado demonstrado quando
vários dos inquiridos afirmaram agir politicamente on e offline, o que induz à consciência de
uma participação que não se quer apenas mediada pela Internet. Deste modo, a conclusão
a retirar não será a substituição de certas formas de participação por outras, consoante
características individuais e/ou de grupo, mas antes (…) uma expressão de uma ampliação
duradoura de potencialidades de intervenção dos cidadãos (Della Porta, 2002: 94). Esta
possibilidade é tornada ainda mais relevante se atentarmos ao alargado desalento social
ante a vida política e ao descrédito crescente na Democracia59 e nas suas instituições.
Há também que chamar à atenção para aquilo que Meyer, Perrineau, Gaxie e
Bourdieu apelidavam de “sensação de participação” do espectador ante programas
televisivos de índole política: através dos media dá ao cidadão a sensação de que participa,
mesmo que nenhum dos seus interesses se encontre representado (Meyer e Perrineau,
1992; Gaxie, 1978; Bourdieu 1979). Poderemos, também no que toca à participação
cibernética, questionarmos quanto ao seu real efeito: estaremos a participar ou apenas a
simular uma real participação? Como tem sido demonstrado, é incontestável a mais valia
da circulação de informação e de debate ligada à Web e, em especial, às redes sociais
virtuais. Também tem ficado atestado o poder de mobilização de interessados. O que não
podemos olvidar é que, como Rheingold adverte, os media sociais poderão ser tidos por
necessários, mas não serão, em si mesmos, suficientes para que as sociedades participem
plenamente ao nível cívico e político (1998). Tal como acontece na sociedade não mediada
pela Internet, a participação não interessa a todos os cidadãos. Uma vez que são as
pessoas a utilizar as plataformas digitais para realizarem os seus propósitos e não o
inverso, as redes nunca poderão sobrepor-se à vontade humana na sua utilização: há que
mostrar as possibilidades e ter consciência de que não passam disso mesmo. Como afirma
Maria João Simões, passar do passivo para o activo implica mudança de atitudes dos
cidadãos: é uma questão socio-política e não tecnológica.
Assim, e ainda que a comparação das redes sociais na Web com a esfera pública
almejada por Habermas pareça não fazer completo sentido dada a desigualdade no acesso
à plataforma ou a efectiva falta de ligação directa entre as vontades apresentadas e o seu
eco em instâncias detentoras de poder, a verdade é que a consciencialização do mundo
59 Segundo o Eurobarómetro, no tocante a Portugal, apenas 40 por cento dos inquiridos consideram-se satisfeitos com o funcionamento da democracia nacional, em comparação com uma média europeia de 53 por cento. Os níveis de satisfação com o funcionamento da democracia nacional são superiores apenas aos de Estados-membros do alargamento (NEM-12) como a Eslováquia (40%), a Eslovénia (37%), a Hungria (23%), a Letónia (21%), a Bulgária (21%), a Roménia (18%) e a Lituânia (18%) (Sumário Executivo, 2009, pág. 4).
67
que nos rodeia, a troca de informação e de opinião, a visibilidade igualitária da palavra cada
palavra proferida e a criação de elos em torno de causas ou ideais que suscitem o debate
salutar parecem atingir objectivos que não deverão ser descurados. Como afirma Cardoso,
“este é o papel fundamental das tecnologias de informação num sistema democrático –
levar a informação e permitir a participação” (2003: 177).
68
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33. Haguen, Martin (2000) “Digital democracy and political Systems” in CARDOSO, Gustavo et al. (2005) Democracia Digital: Eleitos e Eleitores na Era da Informação, Oeiras: Celta;
34. Halloran, James D. “Mass Communication Research: Asking the Right Questions ”, in Hansen, Anders et al. (1998), Mass Communication Research Methods, MacMillan
35. Hoff, Jens, Ivan Horrocks e Pieter Tops (2000) (orgs) Democratic Governance and New technology, London : Routledge
36. Huntington, Samuel e Joan Nelson (1976) No Easy Choice – Political Participation in Developing Countries, Harvard: Harvard University Press
37. Inglehart, Ronald. (1990). Culture Shift in Advanced Industrial Society. Princeton University Press
38. Key, Valdimer (1963) Public Opinion and American Democracy, Nova Iorque, Knopf, citado por Martins, Manuel (2004) Participação Política e Democracia, Lisboa: ISCSP
39. Klingemann, Hans-Dieter, e Dieter Fuchs. 1998. Citizens and the State. Oxford University Press, USA.
40. Lane, robert. (1959). Political Life: Why People Get Involved in Politics. Free Press, citado por Martins, Manuel (2004) Participação Política e Democracia, Lisboa: ISCSP
41. Lasswell, Harold (1948), The Structure and Functions of Communication in Society, citado por Freixo, Manuel João (2006), Teorias e Modelos de Comunicação, Lisboa: Instituto Piaget
42. Lévy, Pierre (2001) Ciberdemocracia, Lisboa: Instituto Piaget43. Lipset, Seymour (1960) “The Political Man. The Social Bases of Politics”, New York:
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44. Lipset, Seymour (1981). Political Man: The Social Bases of Politics. Expanded. The Johns Hopkins University Press.
45. Lynd, Robert S., e Helen Merrell Lynd. 1956. Middletown: A Study in American Culture. Harcourt, Brace and Company, citado por Martins, Manuel (2004) Participação Política e Democracia, Lisboa: ISCSP
46. Manin, Bernard (1995) Principes du Government Representatif, Paris: Flammarion, citado por Della Porta, Donatella (2002) Introdução à Ciência Política, Lisboa: Editorial Estampa
47. March, James e Johan Olsen (1989), Rediscovering Institutions – The organizational basis of Politics, New York: The Free Press
48. Martins, Manuel (2004), Participação Política e Democracia, Lisboa: ISCSP49. Matteucci, Nicola e Norberto Bobbio (1976). Dizionario di Politica. Utet, citado por Martins,
Manuel (2004), Participação Política e Democracia, Lisboa: ISCSP50. Mayer, Nonna e Pascal Perrineau (1992). Les comportements politiques. Arman Colin51. Memmi, Dominique (1986). Du recit en politique: L’affiche electorale italienne. Presses de la
Fondation nationale des sciences politiques52. Milbrath, Lester (1965) Political Participation; How and Why Do People Get Involved in
Politics?, Chicago: Rand McNally, citado por Della Porta, Donatella (2002), Introdução à Ciência Política, Lisboa: Editorial Estampa
53. Norris, Pippa (2000) A Virtuous Circle: Political Communications in Post-Industrial Societies. New York: Cambridge University Press
54. Olson, Mancur (1971) The Logic of Collective Action: Public Goods and the Theory of Groups, Cambridge: Harvard Press University
55. Parry, Geraint, George Moyser, e Neil Day. (1992). Political Participation and Democracy in Britain. Cambridge University Press
56. Pasquino, Gianfranco (1986) Manuale della Scienza Política, Bolonha: Il Mulino57. Pizzorno, Alessandro (1996), Forme storiche della politica, Florença in Della Porta, Donatella
(2002), Introdução à Ciência Política, Lisboa: Editorial Estampa;58. Pizzorno, Alessandro. (1998). Il potere dei giudici: Stato democratico e controllo della virtu (Il
nocciolo). Laterza
70
59. Rheingold, Howard (1993), The Virtual Community: Homesteading on the Electronic Frontier, Massachussetts: The MIT Press
60. Rush, Michael. (1992). Politics and Society. Prentice-Hall61. Sani, Giacomo (1991), “Partecipazione politica” in Della Porta, Donatella (2002), Introdução à
Ciência Política, Lisboa: Editorial Estampa62. Sartori, Giovani (1987) The Theory of the Democracy Revisited, New Jersey: Chantam
House Publishers63. Sartori, Giovani (1987). The Theory of Democracy Revisited: Part One: The Contemporary
Debate, Vol. 1. CQ Press.64. Schumpeter, Joseph (1942), Capitalism, Socialism and Democracy, New York: Harper and
Brothers, citado por Della Porta, Donatella (2002), Introdução à Ciência Política, Lisboa: Editorial Estampa
65. Schwerin, Edward (1995). Mediation, Citizen Empowerment, and Transformational Politics. Praeger Publishers
66. Simões, Maria João (2005), Política e tecnologia – tecnologias da Informação e Comunicação e Participação Política em Portugal”, Oeiras: Celta
67. Sola, Giorgio (1996), Storia Della Scienza Politica, Roma: NIS, citado por Della Porta, Donatella (2002), Introdução à Ciência Política, Lisboa: Editorial Estampa
68. Truman, David (1951) The Governement Process – Political Interests and Public Opinion, Nova Iorque: Knopf, citado por Martins, Manuel (2004) Participação Política e Democracia, Lisboa: ISCSP
69. Verba, Sidney, e Norman H. Nie. (1987). Participation in America: Political Democracy and Social Equality. University Of Chicago Press
70. Verba, Sidney, Norman H. Nie, e Jae-on Kim. (1979). Participation and Political Equality: A Seven-Nation Comparison. 1st ed. Cambridge University Press
71. Weber, Max (1919) “Politics as a Vocation”, citado por Gerth, Hans e Wright Mills (1991) From Max Weber: Essays in Sociology, Londres: Routledge
72. Weiner, Myron (1971) Political participation: Crises of the Political process in Martins, Manuel (2004) Participação Política e Democracia, Lisboa: ISCSP
73. Barabasi, Albert-László (2002), Linked: How Everything is Connected to Everything else and What it means for Business, Science and Everyday Life, Plume Books
74. Buchanan, Mark (2002), Nexus: Small Worlds and the Groundbreaking Theory of Networks, W. W. Norton & Company
75. Elmer E. Schattschneider (1960), The semi-sovereign people, Holt, Rinehart and Winston
Publicações Periódicas
1. Adorno, Theodor W. (1954), “Television and the patterns of the mass culture” in Cádima, Francisco (2001), “Proto e pós-televisão. Adorno, Bourdieu e outros – ou na pista da “qualimetria”, disponível em http://www.fcsh.unl.pt/cadeiras/httv/artigos/Proto%20e%20p%C3%B3s%20TV%20Adorno....pdf
2. Boyd, Danah (2005), “Sociable technology and democracy”, disponível em http://www.danah.org/papers/ExtremeDemocracy.pdf
3. Boyd, Danah (2009a), "Do you See What I See?: Visibility of Practices through Social Media", disponível em http://www.danah.org/papers/talks/2009/SupernovaLeWeb.html
4. Dahlgren, Peter (1995), “Television and the public sphere: Citizenship, democracy, and the media”, citado por Boeder, Pieter (2005), “Habermas’s Heritage: The Future of the Public Shpere in the Network Society”, First Monday, Volume 10, Nº 9, disponível em http://firstmonday.org/htbin/cgiwrap/bin/ojs/index.php/fm/article/view/1280/1200
5. Diário de Notícias, 30 de Julho de 2011, “Palácio real e sede do partido do governo eram alvos”, disponível in http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=1938478&seccao=Europa
6. Diário de Notícias, 30 de Maio de 2011, “PCTP/MRPP acusa televisões de tentarem boicotar debates”, disponível in http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1865624
7. Diário de Notícias, 31 de Julho de 2011, “Breivik exige demissão do Governo em troca de declaração”, disponível in http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx? content_id=1939518&seccao=Europa&page=-1 http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=1939518&seccao=Europa
71
8. Fernback, Jan e Brad Thompson (1998), "Virtual communities: Abort, retry, failure?", disponível em http://www.well.com/user/hlr/texts/VCcivil.html
9. Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação (2009), “A Dimensão Económica da Literacia em Portugal: Uma Análise”, disponível em http://www.portugal.gov.pt/pt/GC18/Documentos/ME/Economia_Literacia.pdf
10. Haguen, Martin (2002) “A typology of Electronic Democracy”, disponível em http://www.uni-giessen.de/fb03/vinci/labore/netz/hag_en.htm
11. Hartley, John (1992), “The politics of pictures: The creation of the public in the age of popular media”, citado por Boeder, Pieter (2005), “Habermas’s Heritage: The Future of the Public Sphere in the Network Society”, First Monday, Volume 10, Nº 9, disponível em http://firstmonday.org/htbin/cgiwrap/bin/ojs/index.php/fm/article/view/1280/1200
12. Holt, Richard (2004), “Dialogue on the Internet: Language, civic identity, and computer–mediated communication”, citado por Kushin, Matthew e Kelin Kitchener, (2009), “Getting Political on Social Netwok Sites: Exploring Online Political Discourse on Facebook”, First Monday, Volume 14, Nº 11, disponível em http://firstmonday.org/htbin/cgiwrap/bin/ojs/index.php/fm/article/view/2645/2350
13. I, 17 de Agosto de 2010, “Maioria dos Deputados tem formação em Direito e 41 a 50 anos”, disponível em http://www.ionline.pt/conteudo/74144-maioria-dos-deputados-tem-formacao-em-direito-e-41-50-anos
14. Jornal de Notícias (10/04/2011), disponível em http://www.jn.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=1827119
15. Machado, Joicemegue e Ana Tijiboy (2003) “Redes Sociais Virtuais: um espaço para efectivação da aprendizagem cooperativa”, disponível em http://www.cinted.ufrgs.br/renote/maio2005/artigos/a37_redessociaisvirtuais.pdf
16. Montargil, Filipe (2008), “O desenvolvimento da democracia electrónica em Portugal”, disponível em http://www.apdsi.pt/main.php?srvacr=pages_153&mode=public&template=frontoffice&lang=pt&layout=layout&id_page=232
17. Popsci, 9 de Junho de 2011, “Iceland Citizens Are Writting Its New Constitution Online”, disponível em http://www.popsci.com/technology/article/2011-06/iceland-crowdsourcing-suggestions-its-new-constitution-web
18. Público, 11 de Agosto de 2011, “Cameron promete travar os tumultos e admite recorrer ao Exército”, disponível em http://www.publico.pt/Mundo/cameron-promete-travar-os-tumultos-e-admite-recorrer-ao-exercito_1507263
19. Público, 14 de Abril de 2011, “Cavaco satisfeito com diálogo entre Governo e partidos em nova mensagem no Facebook” disponível em http://www.publico.pt/Pol%C3%ADtica/cavaco-satisfeito-com-dialogo-entre-governo-e-partidos-em-nova-mensagem-no-facebook_1489880
20. Público, 14 de Abril de 2011,“Cavaco satisfeito com diálogo entre Governo e partidos em nova mensagem no Facebook”, disponível em http://www.publico.pt/Pol%C3%ADtica/cavaco-satisfeito-com-dialogo-entre-governo-e-partidos-em-nova-mensagem-no-facebook_1489880
21. Revista de Imprensa da Ordem dos Advogados, 17 de Junho de 2011, “Mulheres não cumprem quota na AR”, disponível in http://www.oa.pt/cd/Conteudos/Artigos/detalhe_artigo.aspx?sidc=46415&idc=31623&idsc=31624&ida=111663
22. Rheingold, Howard (1998) “Virtual communities, phony civil society?", citado por Boeder, Pieter (2005), “Habermas’s Heritage: The Future of the Public Shpere in the Network Society”, First Monday, Volume 10, Nº 9, disponível em http://firstmonday.org/htbin/cgiwrap/bin/ojs/index.php/fm/article/view/1280/1200
23. Silveirinha, Maria João. (s/d), “Novos Media, Velhas Questões”, disponível em http://bocc.ubi.pt/pag/silveirinha-maria-joao-novos-media-velhas-questoes.html
24. Bellebaum, Alfred (1995), “Ferdinand Tönnies” citado por Recuero, Raquel (s/d), “Comunidades virtuais - Uma abordagem teórica”, disponível em http://www.bocc.ubi.pt/pag/recuero-raquel-comunidades-virtuais.html
25. Clínicas para tratar obsessão: http://www.ionline.pt/conteudo/52583-viciados-no-facebook-ja-ha-clinicas-tratar-obsessao-
26. Diário de Notícias, 13.03.2011,“Geração à Rasca cria novo espaço de debate no Facebook”, disponível em http://www.dn.pt/especiais/interior.aspx?content_id=1805185&especial=Crise%20pol%EDtica%20no%20segundo%20governo%20de%20S%F3crates&seccao=POL%CDTICA
72
27. Diário Económico, «Financial Times dá voz à ‘desperate generation’», disponível em http://economico.sapo.pt/noticias/financial-times-da-voz-a-desperate-generation_113212.html
28. Diário Económico, 11 de Agosto de 2011, “Cameron quer bloquear redes sociais da Internet”, disponível em http://economico.sapo.pt/noticias/cameron-quer-bloquear-redes-sociais-da-internet_124497.html
29. El Mundo, 12 de Março de 2011, “La 'Revolución Precaria' toma las calles de Lisboa”, disponível em http://www.elmundo.es/elmundo/2011/03/12/internacional/1299954717.html
30. Expresso, 13/03/2011, “Adesão de 300 mil pessoas superou expectativas da organização”, disponível em http://aeiou.expresso.pt/adesao-de-300-mil-pessoas-superou-expectativas-da-organizacao=f637330
31. Expresso, 21 de Fevereiro de 2011, “Enquanto alguns internautas continuam céticos quanto à consistência da iniciativa, o número de inscritos no "Protesto da Geração à Rasca" já chegou aos 18 mil. De luto na roupa e com bandeiras de Portugal na mão, prometem ser pacíficos”, disponível em http://aeiou.expresso.pt/adesao-ao-protesto-da-geracao-a-rasca-nao-para-de-aumentar=f633458
32. Facebakers, disponível e, www.facebakers.com/countries-with-facebook/33. How Facebook Earned $1.86 Billion Ad Revenue in 2010, disponível em
http://www.pcmag.com/article2/0,2817,2375926,00.asp34. I, 12 de Junho de 2011, “A missão da geração à rasca é empurrar para a rua um povo
adormecido”, disponível em http://www.ionline.pt/conteudo/109967-a-missao-da-geracao--rasca-e-empurrar-rua-um-povo-adormecido
35. José Saramago, citado pelo M12M em http://movimento12m.org36. Público, 12 de Março de 2011, “Jovens mobilizam-se para manifestação low cost contra a
precariedade”, disponível em http://www.publico.pt/Sociedade/jovens-mobilizamse-para-manifestacao-low-cost-contra-a-precariedade_1484488?all=1
37. Público, 13 de Março de 2011, “Protesto Geração à Rasca dá origem a fórum das gerações”, disponível em http://www.publico.pt/Sociedade/protesto-geracao-a-rasca-da-origem-a-forum-das-geracoes_1484593
38. Público: http://www.publico.pt/Tecnologia/hoje-e-dia-de-deixar-o-facebook-a-pagina-onde-ja-estao-22-dos-portugueses_1439779
39. Socialbakers, disponível em: http://spreadsheets.google.com/viewform?formkey=dE1tN0ExOU41VDdUMEdKT3JQeVAxN2c6MQ, acedido a 7 de Setembro de 2011
40. Weber, Max. (1987), “Conceitos Básicos de Sociologia” citado por Recuero, Raquel (s/d), “Comunidades virtuais - Uma abordagem teórica”, disponível em http://www.bocc.ubi.pt/pag/recuero-raquel-comunidades-virtuais.html
41. Hamman, Robin. (1998) “The Online/Offline Dichotomy: Debunking Some Myths about AOL Users and the Effects of Their Being Online Upon Offline Friendships and Offline Community”, University of Liverpool, disponível em: http://www.cybersoc.com/mphil.html
42. Lemos, André (s/d), “As Estruturas Antropológicas do Cyberespaço”, disponível em http://www.lig-se.com/professores/jurema/estruturas.html
43. MacIver, R.M. e C. Page (1973), “Comunidade e sociedade como níveis de organização social” citado por Peruzzo, Cicilia (2002), “Comunidades em tempo de redes”, disponível em http://www.ciciliaperuzzo.pro.br/artigos/comunidades_em_tempos_de_redes.pdf
44. Peruzzo, Cicilia (2002), “Comunidades em tempo de redes”, disponível em http://www.ciciliaperuzzo.pro.br/artigos/comunidades_em_tempos_de_redes.pdf
45. Recuero, Raquel (2004), “Comunidades virtuais na Internet: Considerações iniciais”, disponível em www.bocc.ubi.pt
46. Recuero, Raquel (s/d), “Comunidades virtuais - Uma abordagem teórica”, disponível em http://www.bocc.ubi.pt/pag/recuero-raquel-comunidades-virtuais.html
47. The Guardian, 10 de Março de 2010, disponível em http://www.guardian.co.uk/media/pda/2010/mar/10/digital-media-television
48. Vincenzo Cosenza , “Facebook continua a conquistar paises em todo o mundo”, disponível em http://www.movimentomilenio.com/2011/06/facebook-continua-a-conquistar-paises-em-todo-o-mundo/
Outros
73
1. Barbrook R. e A. Cameron (1996) “The Californian Ideology”, paper presented at the 9th Colloquium on Communication and Culture, Piran, Slovenia, 10-14 April
2. http://www.peticaopublica.com/ www.peticaopublica.com3. http://www.provedor-jus.pt/queixa.htm http://www.provedor-jus.pt/queixa.htm4. Boaventura de Sousa Santos, SICN, disponível em
http://sicnoticias.sapo.pt/mundo/article723057.ece5. Eurobarómetro, Sumário Executivo, 20096. http://www.unric.org/pt/trabalho-e-estagio-na-onu/29152-as-mulheres-e-a-democracia 7. http://www.unric.org/pt/component/content/article/3-dia-internacional-da-democracia/29078-
as-mulheres-e-a-democracia8. Recomendação da Comissão sobre literacia mediática no ambiente digital para uma indústria
audiovisual e de conteúdos mais competitiva e uma sociedade do conhecimento inclusiva, de 20.8.2009.
9. Resolução do Parlamento Europeu, de 16 de Dezembro de 2008.10. Sociedade da Informação e do Conhecimento - Inquérito à Utilização de Tecnologias da
Informação e da Comunicação nas Famílias - 2010” - informação disponível em http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DESTAQUESdest_boui=83386604&DESTAQUESmodo=2
11. Tratado da União Europeia, versão consolidada, disponível em http://eur-lex.europa.eu/pt/treaties/index.htm
74
ANEXO A
Tabela 1 – Idade dos/das inquiridos/as
Tabela 2 – Género dos/as inquiridos/as
Tabela 3 – Nacionalidade dos/as inquiridos/as
75
Tabela 4 – Localidade dos/as inquiridos/as
Tabela 5 – Escolaridade dos/as Inquiridos
76
Tabela 6 – Profissão dos/as inquiridos/as
77
Tabela 7 – Profissão/Género dos/as inquiridos/as
78
Tabela 8 - Profissão/Escolaridade dos/as inquiridos/as
Tabela 9 – Quantum da utilização das redes sociais virtuais
Tabela 10 – Locus da utilização das redes sociais virtuais: domicílio
79
Tabela 11 - Locus da utilização das redes sociais virtuais: locais públicos de acesso
Tabela 12 - Locus da utilização das redes sociais virtuais: local de trabalho
Tabela 13 - Locus da utilização das redes sociais virtuais: domicílio/ trabalho/locais
públicos de acesso
Tabela 14 – Participação Política: exercício do direito de voto
80
Tabela 15 – Participação Política: petições
Tabela 16 – Participação Política: manifestações, boicotes, paradas ou acampadas
Tabela 17 – Participação Política: associação a uma ONG
Tabela 18 – Participação Política: filiação partidária
Tabela 19 – Participação Política: filiação sindical
81
Tabela 20 – Participação Política: filiação partidária/idade
Tabela 21 – Participação Política: filiação sindical/idade
Tabela 22 – Participação Política: associação a ONG/idade
82
Tabela 23 – Participação Política: filiação partidária/profissão
83
Tabela 24 – Participação Política: filiação sindical/profissão
Tabela 25 – Participação Política: debate com familiares e amigos
Tabela 26 – Participação Política: não participa
84
Tabela 27 – Participação Política: não participa/ vota
Tabela 28 – Participação política: não participa/participa em manifestações
Tabela 29 – Participação Política: não participa/assina petições
85
Tabela 30 – Participação Política: não participa/debate questões políticas
Tabela 31 – Práticas dos Inquiridos: Posts sobre informação retiradas de outros
meios de comunicação
Tabela 32 - Práticas dos Inquiridos: Posts sobre informação retiradas de outros
meios de comunicação/ profissão
86
Tabela 33 - Práticas dos Inquiridos: Posts sobre informação retiradas de outros
meios de comunicação/ escolaridade
Tabela 34 - Práticas dos Inquiridos: Posts com opiniões políticas próprias
87
Tabela 35 - Práticas dos Inquiridos: Posts com opiniões políticas próprias/ idade
Tabela 36 - Práticas dos Inquiridos: Posts com opiniões políticas próprias/
escolaridade
88
Tabela 37 - Práticas dos Inquiridos: Posts com opiniões políticas próprias/ profissões
Tabela 38 - Práticas dos Inquiridos: Posts com opiniões políticas próprias/ filiação
partidária
89
Tabela 39 - Práticas dos Inquiridos: Posts com opiniões políticas próprias/ filiação
sindical
Tabela 40 - Práticas dos Inquiridos: Posts com opiniões políticas próprias/ debate
político
Tabela 41 - Práticas dos Inquiridos: Posts que apelam a causas sociais ou políticas
90
Tabela 42- Práticas dos Inquiridos: Posts que apelam a causas sociais ou políticas/
idade
91
Tabela 43 - Práticas dos Inquiridos: Posts que apelam a causas sociais ou políticas/
profissão
Tabela 44 - Práticas dos Inquiridos: Posts que apelam a causas sociais ou políticas/
assinatura de petições offline
92
Tabela 45 - Práticas dos Inquiridos: Posts que apelam a causas sociais ou políticas/
Debate Offline
Tabela 46 - Práticas dos Inquiridos: Posts que apelam a causas sociais ou políticas/
Participação em Manifestações
93
Tabela 47 - Práticas dos Inquiridos: Posts de Música/ Profissão
94
Tabela 48 - Práticas dos Inquiridos: Posts Cómicos/ Profissão
95
Tabela 49 - Práticas dos Inquiridos: Posts relativos a Quizzes/ Idade
Tabela 50 - Práticas dos Inquiridos: Posts relativos a Humores/ Idade
96
Tabela 51 - Práticas dos Inquiridos: Comentários a Posts de Informação
Tabela 52 - Práticas dos Inquiridos: Comentários a Posts de Informação/ Idade
97
Tabela 53 - Práticas dos Inquiridos: Comentários a Posts de Informação/
Escolaridade
Tabela 54 - Práticas dos Inquiridos: Comentários a Posts de Informação/ Debate
Online
Tabela 55 - Práticas dos Inquiridos: Comentários a Posts de Informação/ Voto
98
Tabela 56 - Práticas dos Inquiridos: Comentários a Posts de Informação/ Assinatura
de Petições
Tabela 57 - Práticas dos Inquiridos: Comentários a Posts de Informação/ Participação
em Manifestações
Tabela 58 - Práticas dos Inquiridos: Leitura/ Comentários a Posts de Informação
Tabela 59 - Práticas dos Inquiridos: Comentários a Posts de Opinião Política
99
Tabela 60 - Práticas dos Inquiridos: Comentários a Posts de Opinião Política/ Idade
100
61 - Práticas dos Inquiridos: Comentários a Posts de Opinião Política/Profissão
62 - Práticas dos Inquiridos: Leitura de Posts de Opinião Política/ Comentário aos
mesmos
101
63 - Práticas dos Inquiridos: Comentários a Posts de Opinião Política/ Debate offline
64 - Práticas dos Inquiridos: Comentários a Posts de Opinião Política/Voto
65 - Práticas dos Inquiridos: Comentários a Posts respeitantes a Causas
102
66 - Práticas dos Inquiridos: Comentários a Posts respeitantes a Causas/Idade
67 - Práticas dos Inquiridos: Comentários a Posts respeitantes a Causas/Debate
offline
68 - Práticas dos Inquiridos: Comentários a Posts respeitantes a Causas/ Voto
103
69 - Práticas dos Inquiridos: Comentários a Posts respeitantes a Causas// Assinatura
de petições
70 - Práticas dos Inquiridos: Comentários a Posts de Música
71 - Práticas dos Inquiridos: Comentários a Posts de Música/ Idade
104
72 - Práticas dos Inquiridos: Comentários a Posts de Música/ Escolaridade
73 - Práticas dos Inquiridos: Comentários a Posts relativos a Humores/ Idade
105
74 - Práticas dos Inquiridos: Partilha de Posts relativos a Informação
75 – Práticas dos Inquiridos: Partilha de Posts relativos a Informação/ Escolaridade
106
76 - Práticas dos Inquiridos: Partilha de Posts relativos a Informação/ Profissão
77 - Práticas dos Inquiridos: Partilha de Posts relativos a Informação/ Leitura de
Posts relativos a Informação
107
78 - Práticas dos Inquiridos: Partilha de Posts relativos a Informação/ Comentário de
Posts relativos a Informação
79 – Práticas dos Inquiridos: Partilha de Posts relativos a Informação/ voto
80 - Práticas dos Inquiridos: Partilha de Posts relativos a Informação/Debate Offline
81 - Práticas dos Inquiridos: Partilha de Posts relativos a Opinião Política Própria
108
82 - Práticas dos Inquiridos: Partilha de Posts relativos a Opinião Política
Própria/Escolaridade
109
83 - Práticas dos Inquiridos: Partilha de Posts relativos a Opinião Política
Própria/profissão
110
84 - Práticas dos Inquiridos: Partilha de Posts relativos a Opinião Política Própria/
Região
85 – Práticas dos Inquiridos: Partilha de Posts de Informação/ Partilha de posts
relativos a Opinião Política Própria/
111
86 - Práticas dos Inquiridos: Partilha de Posts relativos a Opinião Política Própria/
Partilha de Informação Mediática
87 - Práticas dos Inquiridos: Partilha de Posts relativos a Opinião Política Própria/
Filiados Partidários
88 - Práticas dos Inquiridos: Partilha de Posts relativos a Opinião Política
Própria/Filiados Sindicais
89 - Práticas dos Inquiridos: Partilha de Posts relativos a Opinião Política
Própria/Sócios de ONGs
112
90 - Práticas dos Inquiridos: Partilha de Posts relativos a Opinião Política
Própria/Manifestantes
91 - Práticas dos Inquiridos: Partilha de Posts relativos a Opinião Política Própria/
Voto
92 - Práticas dos Inquiridos: Partilha de Posts relativos a Opinião Política Própria/
Debate Offline
113
93 - Práticas dos Inquiridos: Partilha de Posts relativos a Causas Sociais e Políticas
94 - Práticas dos Inquiridos: Partilha de Posts relativos a Causas Sociais e Políticas/
Idade
114
95 - Práticas dos Inquiridos: Partilha de Posts relativos a Causas Sociais e Políticas/
Escolaridade
115
96 - Práticas dos Inquiridos: Partilha de Posts relativos a Causas Sociais e Políticas/
Profissão
97 - Práticas dos Inquiridos: Partilha de Posts relativos a Causas Sociais e Políticas/
Filiação Partidária
116
98 - Práticas dos Inquiridos: Partilha de Posts relativos a Causas Sociais e Políticas/
Filiação Sindical
99 - Práticas dos Inquiridos: Partilha de Posts relativos a Causas Sociais e Políticas/
Pertença a uma ONG
100 - Práticas dos Inquiridos: Partilha de Posts relativos a Causas Sociais e
Políticas// Assinatura de Petições offline
117
101 - Práticas dos Inquiridos: Partilha de Posts relativos a Causas Sociais e
Políticas//
102 - Práticas dos Inquiridos: Partilha de Posts relativos a Música
103 - Práticas dos Inquiridos: Partilha de Posts relativos a Música/ Idade
118
104 - Práticas dos Inquiridos: Partilha de Posts relativos a Música/ Profissão
105 - Práticas dos Inquiridos: Partilha de Posts relativos a Música/ Atenção
despertada por posts alheios relativos a Música
119
106 – Tomada de Conhecimento do M12M pelos inquiridos
107- Mais Valias da presença do M12M no Facebook: Divulgação fácil das iniciativas do Movimento
108 - Mais Valias da presença do M12M no Facebook: Informação alternativa aos Old Media
109 - Mais Valias da presença do M12M no Facebook: Informação alternativa aos Old Media/ Leitura de Posts de informação
120
110 - Mais Valias da presença do M12M no Facebook: Informação alternativa aos Old Media/ Comentário a Posts informativos alheios
111 - Mais Valias da presença do M12M no Facebook: Informação alternativa aos Old Media/ Partilha de Posts informativos alheios
112 - Mais Valias da presença do M12M no Facebook: mobilização de cidadãos e cidadãs externos à organização
113 - Mais Valias da presença do M12M no Facebook: debate de questões políticas, sociais e económicas
121
114 - Mais Valias da presença do M12M no Facebook: organização de actividades entre os seus membros
115 – Práticas dos inquiridos ante os posts partilhados pelo M12M: leitura
116 – Práticas dos inquiridos ante os posts partilhados pelo M12M: Divulgação de conteúdos
117 – Práticas dos inquiridos ante os posts partilhados pelo M12M: Comentário sobre os conteúdos publicados pelo Movimento
118 – Práticas dos inquiridos ante os posts partilhados pelo M12M: Publicação de conteúdos próprios no mural do Movimento
122
119 – Práticas dos inquiridos ante os posts partilhados pelo M12M: divulgação dos conteúdos/ Profissão
120 - Práticas dos inquiridos ante os posts partilhados pelo M12M: divulgação dos conteúdos/ divulgação da informação retirada dos Old Media
123
121 - Práticas dos inquiridos ante os posts partilhados pelo M12M: divulgação dos conteúdos/ divulgação de opiniões próprias
122 – Práticas dos inquiridos ante os posts partilhados pelo M12M: Comentário sobre os conteúdos publicados pelo Movimento/ Comentário a posts relativos a causas políticas e sociais
123 – Práticas dos inquiridos ante os posts partilhados pelo M12M: Comentário sobre os conteúdos publicados pelo Movimento/ Comentário a posts com opiniões políticas alheias
124
124 - Práticas dos inquiridos ante os posts partilhados pelo M12M: Comentário sobre os conteúdos publicados pelo Movimento/ Comentário a posts alheios referentes a informação retirada dos Old Media
125 - Práticas dos inquiridos: publicação no mural do M12M/ Filiação Partidária
126 - Práticas dos inquiridos: publicação no mural do M12M/ Filiação Sindical
125
127 - Práticas dos inquiridos: publicação no mural do M12M/ Participação em Manifestações
128 - Práticas dos inquiridos: publicação no mural do M12M/ Debate offline
129 – Participação passada em iniciativas do M12M
130 – Participação futura em iniciativas do M12M
131 - Participação passada em iniciativas do M12M/ Voto
126
132 - Participação passada em iniciativas do M12M
133 - Participação passada em iniciativas do M12M
134 - Evolução futura da Participação Política em Portugal
127
135 - Evolução futura da Participação Política em Portugal/ Participação em Manifestações
136 - Evolução futura da Participação Política em Portugal/ Assinatura de petições
128
137 - Participação passada em iniciativas do M12M/ Profissão
129
138 - Participação passada em iniciativas do M12M/ Escolaridade
130
ANEXO B
Questionário: A Participação Política através das Redes Sociais Virtuais: O M12M
O presente questionario tem como finalidade ajudar a perceber se as redes sociais online e,
especificamente, o Facebook, podem constituir meios importantes no fomento da
participacao politica dos cidadaos e cidadas. Dada a relevancia do M12M no panorama da
politica portuguesa, a sua ja proclamada natureza apartidaria e a sua origem nas redes
sociais virtuais, foi este o grupo escolhido como objecto de avaliacao das praticas
participativas dos cidadaos conectados mediante redes online. Como tal, pede-se que
todos/as aqueles/as que detenham o M12M entre os seus contactos respondam a este
inquerito, sendo assegurado o total anonimato de quem colaborar. Os dados aqui
recolhidos, a sua analise e conclusoes serao utilizados em sede de tese de Mestrado
(Comunicacao, Cultura e Tecnologias da Informacao, ISCTE) e disponibilizados atraves dos
mesmos meios utilizados para a divulgacao do inquerito.
Muito grata pela colaboracao.
* Required
1 - Idade: *
Até 17
18 a 24
25 a 34
35 a 44
45 a 54
55 a 64
65 ou mais
Não responde
2 - Género *
Feminino 1
131
Masculino 1
Não responde 9
3 - Nacionalidade *
Portuguesa
Outra (pertencente à União Europeia)
Outra
Não responde
4 - Localidade *
Grande Lisboa
Grande Porto
Região Norte
Região Centro
Região Sul
Ilhas
Outra
Não responde
5 - Escolaridade (nível mais elevado concluído) *
1º Ciclo do Ensino Básico
2º Ciclo do Ensino Básico
3º Ciclo do Ensino Básico
Ensino Secundário
Bacharelato ou Licenciatura
Pós-Graduação/ Mestrado
Doutoramento/ Pós-Doutoramento
Não responde
6 - Profissão *
132
Quadros Superiores da Administração Pública, Dirigentes e Quadros Superiores
de Empresa
Especialistas das Profissões Intelectuais e Científicas
Técnicos e Profissionais de Nível Intermédio
Pessoal Administrativo e Similares
Pessoal dos Serviços e Vendedores
Agricultores e Trabalhadores Qualificados da Agricultura e Pescas
Operários, Artífices e Trabalhadores Similares
Operadores de Instalações e Máquinas e Trabalhadores da Montagem
Trabalhadores Não Qualificados
Estudantes
Desempregados/as
Não responde
7 - Quais as formas que utiliza para participar activamente fora das redes sociais virtuais? *
(pode escolher uma ou mais respostas) - Cod: 1 para sim; nada para não
76. Voto em eleições presidenciais, legislativas, regionais ou autárquicas
77. Filiação partidária (pertencer a um partido, apoiá-lo em campanhas,
participar nas suas assembleias-gerais, etc.)
78. Filiação sindical (pertencer a um sindicato, participar das suas reuniões,
apoiá-lo nas suas propostas, etc.)
79. Pertença enquanto associado/a a uma instituição (defesa de Direitos
Humanos, Ambiente, etc.)
80. Participação em manifestações, boicotes, paradas ou acampadas
81. Assinatura presencial de petições e manifestos
82. Debate sobre questões políticas com familiares ou amigos
83. Não participa activamente
84. Não responde
8 - Aproximadamente, com que frequência utiliza as redes sociais na internet (facebook,
twitter, etc.)? *
133
49. Diariamente
50. Duas a três vezes por semana
51. Uma vez por semana
52. Quinzenalmente
53. Uma vez por mês ou menos
54. Não sabe/não responde
9 - Onde costuma aceder a essas mesmas redes? * (pode escolher uma ou mais
respostas)
12. Em casa
13. Em locais públicos de acesso livre à internet
14. No trabalho
15. Não responde
10 - Que tipo de posts costuma ler no Facebook? * (assinalar as 3 opções mais
recorrentes)
Posts que apelam à participação em causas sociais e políticas (petições,
manifestações, etc.)
Posts com opiniões próprias sobre política (política ambiental, direitos humanos,
economia, etc.)
Posts sobre informações retiradas de outros meios de comunicação (tv, jornais,
rádio, etc.)
Posts de/sobre música e cinema (vídeo/audio)
Posts de/sobre situações cómicas (vídeo/audio/texto)
Quizzes (aplicações colocadas on line pelo facebook)
Posts sobre jogos que utiliza (partilha dos resultados/prémios, etc.)
Posts que descrevem o quotidiano dos seus contactos (humores, desejos, etc.)
Não lê os posts colocados por outras pessoas
Não responde
11 - Que tipo de posts costuma comentar no facebook? * (assinalar as 3 opções mais
recorrentes)
Posts que apelam à participação em causas sociais e políticas (petições,
manifestações, etc.)
134
Posts com opiniões próprias sobre política (política ambiental, direitos humanos,
economia, etc.)
Posts sobre informações retiradas de outros meios de comunicação(tv, jornais,
rádio, etc.)
Posts de/sobre música e cinema (vídeo/audio)
Posts de/sobre situações cómicas (vídeo/audio/texto)
Quizzes (aplicações colocadas on line pelo facebook)
Posts sobre jogos que utiliza (partilha dos resultados/prémios, etc.)
Posts que descrevem o quotidiano dos seus contactos (humores, desejos, etc.)
Não comenta os posts colocados por outras pessoas
Não responde
12 - Que tipo de posts costuma publicar no facebook? * (assinalar as 3 opções mais
recorrentes)
Posts que apelam à participação em causas sociais e políticas (petições,
manifestações, etc.)
Posts com opiniões próprias sobre política (política ambiental, direitos humanos,
economia, etc.)
Posts sobre informações retiradas de outros meios de comunicação(tv, jornais,
rádio, etc.)
Posts de/sobre música e cinema (vídeo/audio)
Posts de/sobre situações cómicas (vídeo/audio/texto)
Quizzes (aplicações colocadas on line pelo facebook) Posts sobre jogos que
utiliza (partilha dos resultados/prémios, etc.)
Posts que descrevem o seu quotidiano (humores, desejos, etc.)
Não publica posts
Não responde
13 - Como tomou conhecimento da existência do M12M? *
Através de Media fora da Internet (Canais de Tv/Rádio/Jornais)
Através de Media presentes na Internet (páginas de canais televisivos, jornais,
rádios)
Através da divulgação do grupo no Facebook
Através de um/a amigo/a, presencialmente
Não sabe/não responde
135
14 - Na sua opinião, quais as mais valias da presença do M12M no Facebook? * (assinalar
as 2 mais relevantes)
Permite o acesso a informação alternativa aos Media tradicionais (TV, Jornais,
Rádio)
Possibilita a divulgação fácil das iniciativas do M12M
Permite o debate de questões políticas, sociais e económicas
Agiliza a mobilização de cidadãos e cidadãs externos à organização M12M
Facilita a organização de actividades entre os seus membros (Ex. Manifestações,
Assinatura de petições, Mesas de Discussão, etc.)
15 - A sua participação virtual no grupo do M12M contempla: * (pode escolher uma ou mais
respostas)
Leitura dos posts colocados no mural do M12M
Divulgação dos posts colocados no mural do M12M
Comentário dos posts colocados no mural do M12M
Colocação de posts no mural do M12M
Não responde
16 - Já aderiu a alguma das iniciativas organizadas pelo M12M? *
Sim
Não
Não responde
17 - Pensa vir a participar futuramente nas actividades do M12M? *
Sim
Não
Não responde
18 - Dado o crescimento das redes sociais online, como considera que evoluirá a
participação política dos cidadãos em Portugal? *
Sem transformação
Reforço da participação de pessoas já politicamente activas
Mobilização de novos participantes políticos
136
Curriculum Vitae
Informação pessoal
Apelido(s) / Nome(s) próprio(s) Cláudia Patrícia Spranger Wellenkamp Lamy
Morada(s) Rua Natália Correia, nº 16, 7º Esq., Santa Marta do Pinhal2855-600 CorroiosPortugal
Telemóvel 914577993Endereço(s) de correio electrónico [email protected]
Nacionalidade Portuguesa
Sexo Feminino Data de Nascimento 03-05-1976
Experiência profissional
Datas 2002 - 2003 Função ou cargo ocupado JornalistaPrincipais actividades e responsabilidades
Pesquisa comparada, realização de entrevistas (presenciais e via telefone), redacção de notícias de índole variada, com particular ênfase na área política, social e das comunidades, para a edição em papel e online.
Nome e morada do empregador Semanário Regional “Expresso das Nove"
Tipo de empresa ou sector Comunicação Social
Datas 2003 - 2005 Função ou cargo ocupado Jurista – Associação de Defesa do
ConsumidorPrincipais actividades e responsabilidades
1. Pesquisa, Análise e Selecção crítica de legislação, informação e notícias;2. Fundamentação e Redacção de todos os materiais jurídicos (pareceres e esclarecimentos) requeridos à Associação, quer por particulares, quer por entidades públicas ou privadas;3. Fundamentação e Redacção de todos os materiais de comunicação da Associação, designadamente comunicados de imprensa e panfletos explicativos relativos aos direitos do/as consumidores/as;4. Desenvolvimento de acções de informação relativas aos “Direitos dos Consumidores e das Consumidoras”
137
em diversos estabelecimentos de ensino na ilha de São Miguel;5. Desenvolvimento de acções de formação do OTL Jovem;6. Representação da ACRA ao nível nacional., no Conselho Nacional de Consumo;7. Análise qualitativa e quantitativa dos resultados de análises microbiológicas efectuadas ao sector da restauração;8. Auxílio aos serviços administrativos.
Nome e morada do empregador Associação de Consumidores da Região Açores (ACRA)
Tipo de empresa ou sector Direito do Consumo
Datas 2005 - 2006 Função ou cargo ocupado Jurista – Igualdade de OportunidadesPrincipais actividades e responsabilidades
1. Pesquisa, Análise e Selecção crítica de legislação (nacional e Comunitária), informação, estudos, estatísticas (nacionais, comunitárias e internacionais), e conteúdo veiculado pela Comunicação Social;2. Investigação em rede no âmbito do projecto europeu Violeta, em articulação com instituições europeias, nomeadamente em Espanha;3. Fundamentação e Redacção de todos os materiais jurídicos (pareceres), nomeadamente as questões colocadas por visitantes e/ou formandos e formandas;4. Fundamentação e Redacção de materiais de comunicação, designadamente: uma Proposta para elaboração do Plano Regional para a Igualdade de Oportunidades (Açores), a apresentar ao respectivo Governo Regional; o Guia de Recursos da Região Autónoma dos Açores (em especial no tocante à igualdade de oportunidades entre homens e mulheres); o Manual de Proposta de Boas Práticas, intitulado “Participação equilibrada das mulheres e dos homens na vida familiar e no mercado de trabalho”; o Manual dirigido ao público em geral (onde se introduziu a problemática da ainda precária
138
igualdade entre homens e mulheres); o Panfleto de apresentação do CIPA; o Panfleto de divulgação das acções de formação a serem ministradas pelas técnicas e pelo técnico do CIPA; o Panfleto explicativo dos direitos das mulheres e homens na maternidade/ paternidade; conteúdos para a newsletter do Centro, assim como para o site;5. Fundamentação, Redacção e Administração de acções de formação em Políticas de Igualdade à Administração Pública Regional;6. Fundamentação, Redacção e Administração de acções de sensibilização desenvolvidas nos vários estabelecimentos de ensino da região;7. Fundamentação e Redacção de um ensaio intitulado “Violência de género: o direito à indemnização”; 8. Participação no Seminário “As vítimas de Crime: Direitos e Perspectivas”, realizado pela APAV na Universidade dos Açores, em Ponta Delgada;9. Participação no “Encontro sobre Partilha de Papéis na Família, que teve lugar no Auditório Municipal - Fórum Cultural do Seixal, no dia 8 de Março de 2006.
Nome e morada do empregador “Novo Dia - Associação de Apoio à Mulher e Jovem em Risco”
Tipo de empresa ou sector C.I.P.A. – Centro de Informação, promoção e Acompanhamento de Políticas de Igualdade, criado ao abrigo do Projecto Violeta (projecto de iniciativa comunitária)
Datas 2007 - 2008 Função ou cargo ocupado Técnica do Instituto Nacional da
Propriedade IndustrialPrincipais actividades e responsabilidades
d) Pesquisa e Análise crítica de estudos, estatísticas e informação variada;
e) Fundamentação e Elaboração de materiais jurídicos (pareceres
139
técnicos) para resposta a pedidos de informação colocados por utentes nacionais e estrangeiros, no âmbito da Propriedade Industrial;
f) Atendimento ao público, presencial, telefónico e online, no âmbito do Direito da Propriedade Industrial nacional, comunitário e internacional.
Nome e morada do empregador “Instituto Nacional da Propriedade Industrial”
Tipo de empresa ou sector Instituto Público
Datas 2008 → 2009 Função ou cargo ocupado TécnicaPrincipais actividades e responsabilidades
Pesquisa e Análise crítica de legislação e informação variada;
Fundamentação e Elaboração de materiais jurídicos, para resposta a questões colocadas por tribunais, solicitadores, segurança social e finanças;
Elaboração de Arquivo.Nome e morada do empregador BANIFTipo de empresa ou sector Banca
Datas 2009
Função ou cargo ocupado TarefeiraPrincipais actividades e responsabilidades
Tradução e revisão de texto
Nome e morada do empregador OberCom, Observatório da ComunicaçãoTipo de empresa ou sector Comunicação Social
Datas 2009
Função ou cargo ocupado TarefeiraPrincipais actividades e responsabilidades
Data mining (pesquisa curricular on line e recolha de contactos de cientistas europeus e sul americanos para o projecto OPEN SCIENCE – Ciência Aberta, financiado pela Fundação Gulbenkian).
Nome e morada do empregador LINI ISCTETipo de empresa ou sector Comunicação Social
140
Datas 2009
Função ou cargo ocupado TradutoraPrincipais actividades e responsabilidades
Tradução, edição e revisão de texto para a obra "Informação e Programação de Serviço Público Televisivo num Contexto Competitivo", a publicar pelo CIMDE-IPL
Nome e morada do empregador CIMDE-IPLTipo de empresa ou sector Comunicação Social
Datas 2009
Função ou cargo ocupado TarefeiraPrincipais actividades e responsabilidades
Codificação e Análise de conteúdo para o projecto "Análise de Telejornais de Horário Nobre - RTP1, SIC, TVI e RTP2/A:2 – para o ano de 2008"
Nome e morada do empregador CIMDE-IPLTipo de empresa ou sector Comunicação Social
Datas 2009-2010
Função ou cargo ocupado TarefeiraPrincipais actividades e responsabilidades
Análise de Conteúdo da Informação emitida pelos Serviços de Programas de Cobertura Nacional – Antena 1, Rádio Renascença (Canal 1) e Rádio Comercial.
Nome e morada do empregador CIES/ERCTipo de empresa ou sector Comunicação Social
Datas 2011
Função ou cargo ocupado Oradora ConvidadaPrincipais actividades e responsabilidades
Participação na sessão dedicada à Literacia mediática no Mestrado em Audiovisual e Multimédia;
Participação na sessão dedicada aos Direitos de Autor e Propriedade Industrial no Licenciatura em Audiovisual e Multimédia.
Nome e morada do empregador ESCSTipo de empresa ou sector Educação em Comunicação Social
Datas 2011
Função ou cargo ocupado Editora e Revisora de texto
141
Principais actividades e responsabilidades
Edição e revisão de texto de estudos científicos realizados pelos investigadores da Media XXI; Elaboração de apresentação pública desses mesmos trabalhos.
Nome e morada do empregador Media XXITipo de empresa ou sector Comunicação
Datas 2011
Função ou cargo ocupado Investigadora em Jornalismo e Comunicação
Principais actividades e responsabilidades
Recolha de informação, análise de dados, elaboração de relatórios relativos aos diversos Mass Media em Portugal no Projecto Jornalismo e Sociedade.
Nome e morada do empregador CIES - ISCTETipo de empresa ou sector Comunicação
Publicações Científicas e Participação nos Media:
- “OS MEDIA E O PODER ECONÓMICO: UMA DIFÍCIL RELAÇÃO” in Jornalismo & Jornalistas, Nº43 (Julho/Setembro de 2010);- “REDES SOCIAIS: COMUNICAÇÃO E MUDANÇA”, em co-autoria com o Prof. Dr. Gustavo Cardoso (Maio de 2011, disponível em http://observare.ual.pt/janus.net/pt_vol2_n1_art6 );- Peer Review de artigos científicos na área da Comunicação, efectuada para a Revista Internacional do OberCom (2010-2011);- TSF – “A SEMANA PASSADA”, programa subordinado ao tema “Desemprego, Discriminação de Género e Comunicação” (2010-10-09);- RTP – “Voz do Cidadão”, programa da responsabilidade do Provedor do Telespectador.
Formação
Datas 1995-2002Designação da qualificação atribuída JuristaNome e tipo da organização de ensino ou formação
Faculdade de Direito de Lisboa da Universidade de Lisboa
Datas 2002 - 2002Designação da qualificação atribuída FormadoraNome e tipo da organização de ensino ou formação
Curso de Formação Pedagógica Inicial de Formadores
Datas 2005 - 2005 Designação da qualificação atribuída Formadora em “Introdução de Género
e de Oportunidades entre Mulheres e Homens”
Nome e tipo da organização de ensino ou formação
Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres (CIDM)
142
Datas 2007-2007 Designação da qualificação atribuída (…)Nome e tipo da organização de ensino ou formação
Instituto Nacional da Propriedade Industrial
Datas 2009-2010
Designação da qualificação atribuída Tutora da Universidade AbertaNome e tipo da organização de ensino ou formação
Universidade Aberta
Datas 2009-2010
Designação da qualificação atribuída Pós-graduada em Comunicação, Cultura e Tecnologias da Informação, com média final de 17 valores.
Nome e tipo da organização de ensino ou formação
ISCTE
Datas 2011
Designação da qualificação atribuída Doutoranda em Ciências da Comunicação
Nome e tipo da organização de ensino ou formação
ISCTE
Outra(s) língua(s)
Auto-avaliação
Compreensão Conversação Escrita
Nível europeu (*)
Compreensão oral
Leitura Interacção oral
Produção oral
Inglês
C1
Utilizador
avançado
C1 Utilizador avançado
C1
Utilizador
avançado
C1
Utilizador
avançado
C1 Utilizador avançado
Francês
B2
Utilizador
independente
B2 Utilizador independe
nte B2
Utilizador
independente
B2
Utilizador
independente
B2 Utilizador independ
ente
(*) Nível do Quadro Europeu Comum de Referência (CECR)
Aptidões e competências sociais 1. Simpatia e Disponibilidade
2. Espírito de equipa, facilidade e
143
experiência no trabalho com os outros, quer presencial, quer em rede ou à distância;
2. Capacidade de adaptação a ambientes multiculturais, adquirida na experiência de trabalho ao nível regional;
3. Boa capacidade de comunicação, quer com os/as colegas de trabalho, quer com pessoas terceiras, adquirida através da experiência como jurista, formadora e técnica;4. Facilidade no contacto com público em geral, dada a experiência mantida em todos os trabalhos realizados, em especial enquanto técnica do INPI.
Aptidões e competências de organização
1. Facilidade e experiência na coordenação de projectos e de equipas;2. Pró-actividade;3. Empreendedorismo.
Aptidões e competências técnicas Sedimentação e desenvolvimento de conhecimentos jurídicos, mediante a experiência ganha enquanto jurista e formadora;Facilidade na elaboração de textos, artigos científicos e pappers..
Aptidões e competências informáticas
1. Aptidões e competências informáticas - Domínio do software Office™ (Word™, Excel™, PowerPoint™ e Outlook™);2. Aptidões e competências informáticas - Domínio do software AS4003. Aptidões e competências informáticas - Domínio do software Lótus
144