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UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP O PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO COMO REDE INTRAORGANIZACIONAL: ESTUDOS DE CASO DE INDÚSTRIAS DE PRODUTOS SOB ENCOMENDAS FABIO PAPALARDO Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Paulista - UNIP, para obtenção do título de Mestre em Engenharia de Produção SÃO PAULO 2013

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UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP

O PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO

COMO REDE INTRAORGANIZACIONAL:

ESTUDOS DE CASO DE INDÚSTRIAS DE

PRODUTOS SOB ENCOMENDAS

FABIO PAPALARDO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Engenharia de Produção da

Universidade Paulista - UNIP, para obtenção do

título de Mestre em Engenharia de Produção

SÃO PAULO

2013

UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP

O PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO

COMO REDE INTRAORGANIZACIONAL:

ESTUDOS DE CASO DE INDÚSTRIAS DE

PRODUTOS SOB ENCOMENDAS

FABIO PAPALARDO

Orientador: Prof. Dr. JOSÉ BENEDITO

SACOMANO

Área de Concentração: ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Engenharia de Produção da

Universidade Paulista - UNIP, para obtenção do

título de Mestre em Engenharia de Produção

SÃO PAULO

2013

Papalardo, Fabio.

O planejamento e controle da produção como rede intraorganizacional :

estudos de caso de indústrias de produtos sob encomenda / Fabio Papalardo -

2013.

76 f. : il. color.

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em

Engenharia da Produção da Universidade Paulista, São Paulo, 2013.

Área de Concentração: Engenharia de produção, planejamento e controle

da produção.

Orientador: Prof. Dr. José Benedito Sacomano.

1. Planejamento e controle da produção. 2. Rede de empresas.

3. Entropia empresarial. I. Título. II. Sacomano, José Benedito

(orientador).

FABIO PAPALARDO

O PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO

COMO REDE INTRAORGANIZACIONAL:

ESTUDOS DE CASO DE INDÚSTRIAS DE

PRODUTOS SOB ENCOMENDAS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Engenharia de Produção da

Universidade Paulista - UNIP, para obtenção do

título de Mestre em Engenharia de Produção

Aprovado em:

BANCA EXAMINADORA

_______________________/__/___

Prof. José Benedito Sacomano

Universidade Paulista – UNIP

_______________________/__/___

Prof. Pedro Américo Frugoli

Universidade Paulista – UNIP

_______________________/__/___

Prof. Oswaldo Elias Farah

Universidade Federal de São Carlos - UFSCar

Só aquele que puder zelar pelo bem dos outros merecerá seu próprio bem.

G. I. Gurdjieff

DEDICATÓRIA

Dedico aos meus pais, Modesto e Ângela, que

contribuíram de forma direta na minha educação

e formação. Sempre presentes nos momentos

importantes de minha vida, tenho absoluta certeza

de que compartilham esta alegria, mais um

desafio enfrentado.

Dedico especialmente a meu irmão Antonio, que

tornou possível a minha formação, com

conselhos, sugestões e materialmente. À minha

esposa Daisy, que me incentivou e sempre esteve

presente em cada momento da minha vida,

inclusive na conclusão desta pesquisa.

AGRADECIMENTOS

Aos Professores Pedro Gabriel Ferreira e Pedro Frugoli, que se empenharam no meu

ingresso na vida acadêmica, dando a mim um voto de confiança, o que proporcionou grande

oportunidade profissional, e que resultou na execução deste trabalho.

Ao Prof. Dr. José Benedito Sacomano, por sua orientação e abnegação, permitindo que

sua perspectiva sob a visão acadêmica, aliada à sua compreensão da indústria contemporânea,

embasada em sua experiência profissional, me possibilitasse continuar o aprendizado na área

da engenharia de manufatura, mesmo após meus vinte anos de experiência profissional.

Aos colegas de pós-graduação Jayme Machado e Antonio Renê de Paula Leite. Sua

presença em aulas e em pesquisas deu grande incentivo e proporcionou momentos de

satisfação em nosso intercâmbio de experiências e filosofias; e ao José Barrozo de Souza, pelo

desprendimento e colaboração durante todo o tempo do nosso curso.

A todo o corpo docente do Programa de Mestrado em Engenharia de Produção da

UNIP.

À Universidade Paulista - UNIP, pela sua estrutura acadêmica, que nos ofereceu uma

contribuição científica, abrindo portas a serem pesquisadas, em decorrência de seu grande

prestígio entre as empresas do mercado.

A Deus que, com sua sabedoria, nos leva por caminhos aparentemente

incompreensíveis, dando sempre um novo sentido à vida, vencendo fases e iniciando outras.

RESUMO

O Planejamento e Controle da Produção é função de grande importância na

Engenharia de Produção desde os tempos de Taylor, nos primórdios do século XX. Os

gestores de manufatura que lograram ter um Planejamento efetivamente controlado dentro das

condições de mercado e tecnologia de sua época tornaram-se referências em administração e

marcaram sua gestão com novos paradigmas, seguidos até nova tecnologia ou mudança de

mercado implicar a necessidade de buscar novos conceitos para a administração da

manufatura.

Este trabalho tem como objetivo estudar o Planejamento e Controle da Produção como

função central de um conjunto de funções que compõem organicamente uma empresa

industrial. Vários setores ou departamentos com finalidades específicas formam um conjunto,

visto como uma Rede Intraorganizacional que compõe uma empresa industrial.

Para tanto, um estudo de caso foi feito, a fim de analisar e quantificar as relações dos

setores envolvidos no processo de produção, com base nos estudos e embasamentos teóricos

de redes de empresas.

O estudo da evolução do PCP ao longo do tempo mostra a grande adaptabilidade do

PCP às demandas de mercado, às novas tecnologias de manufatura, às tendências de

globalização e ao crescente desenvolvimento da tecnologia da informática.

As empresas, no início da produção industrial, eram verticalizadas e tinham uma

administração piramidal, ou seja, uma hierarquia linear na qual cada setor estava

explicitamente ligado a outro. Mesmo na manufatura, a linha de montagem Fordista tinha esse

modelo linear - uma operação era precedida por outra, e uma perturbação ou incidente seriam

facilmente detectados na operação subsequente, tendo controle efetivo e imediato. Com o

advento da globalização e de novas tecnologias, as empresas estão cada vez mais matriciais e

menos lineares. Produtos são projetados em um local, fabricados em outros e montados em

um terceiro. As novas estruturas já não podem ser administradas pelos mesmos paradigmas.

Sob a ótica de uma rede orgânica e suas inter-relações, a administração da produção se torna

cada vez mais instrumento essencial para atender às novas solicitações do mercado.

Palavras-chave: Planejamento e Controle da Produção; Rede de Empresas.

ABSTRACT

Planning and Production Control has been a huge role in Production Engineering from

the time of Taylor in the early twentieth century. Manufacturing managers who managed to

have a schedule that could be effectively controlled within market conditions and technology

of their times , have become references in administration, and marked their managements with

new paradigms were followed until a new technology or a change in market brought the need

to seek new concepts for the management of manufacturing .

This work aims to study the Planning and Production Control as a central function of a

set of functions comprises an industrial company organically. Various sectors or departments

for specific purposes form a set , which can be seen as an Intra - Organizational Network that

comprises an industrial company .To do a case study was done in order to study and quantify

the relationships sectors involved in the production process , based on the studies and

theoretical bases of Enterprise Networks .

The study of the evolution of PCP throughout the ages has shown great adaptability of

the PCP market demands, new manufacturing technologies , the trends of globalization and

also the increasing development of information technology .

Companies at the beginning of industrial production were vertically integrated and had

a pyramidal administration, ie, a linear hierarchy where each sector was explicitly linked to

another. Even in manufacturing, the Ford model assembly line had this linear model, where an

operation was preceded by another, and that a disturbance or incident could easily be detected

in the subsequent operation, having an effective and immediate control. With the advent of

globalization and new technologies, companies are becoming more matrix and less linear.

Products are designed in one location, other manufactured and assembled in yet another.

These new structures can no longer be managed by the same paradigm as before. From the

perspective of an organic network and their inter - relations operations management has

become an increasingly necessary tool to meet the new market demands.

Keywords: Planning and Production and Control; Corporate Networking.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Recursos alocados x incidentes e perturbações................................ pág. 14

Figura 2 Sistemas de manufatura 1................................................................. pág. 17

Figura 3 Sistemas de manufatura 2..................................................................pág. 18

Figura 4 Esquema de rede intraorganizacional.................................................pág. 33

Figura 5 Sistemas de redes e sua governança.................................................. pág. 45

Figura 6 Diagramação da rede interorganizacional..........................................pág. 58

Figura 7 Governança.........................................................................................pág. 66

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Questões estruturadas ............................................................ pág. 54

Quadro 2 Questões complementares...................................................... pág. 55

Quadro 3 Tabulação de dados.................................................................pág. 56

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Definições sobre manufatura.............................................................. pág. 19

Tabela 2 Inter-relações das densidades.............................................................. pág. 57

Tabela 3 Comparação de atributos entre os atores da rede................................ pág. 60

Tabela 4 Tabulação questões complementares....................................................pág. 61

Tabela 5 Relevância por questões...................................................................... pág. 62

ÍNDICE GERAL

1 INTRODUÇÃO 13

1.1 Hipótese 15

1.2 Objetivos 15

1.2.1 Objetivo Geral 15

1.2.2 Objetivos Específicos 15

2 REFERENCIAL TEÓRICO 16

2.1 Manufatura 16

2.2 Planejamento e Controle da Produção (PCP) 19

2.2.1.Definição de PCP 19

2.2.2. Evolução do PCP 20

2.2.3. Cadeia de Suprimentos 22

2.2.5. Configurações Estratégicas que Envolvem o PCP em Relação às Estratégias de Manufatura 30

2.3. Redes de Empresas 31

2.3.2. Redes e suas Propriedades 32

2.3.3. Redes Verticais, Horizontais e Interpessoais 37

2.3.4. Redes em Arranjos Produtivos Locais 38

2.3.5. Morfologia, Propriedades e Posicionamento na Rede 40

2.3.6. Culturas Estratégicas, Governança, Tipos de Redes, Fatores-Chave de Sucesso 43

2.4 Estratégias Envolvendo PCP em Redes 46

3 METODOLOGIA 48

3.1 Método Científico 48

3.2 Método Compreensivo 49

3.3 Questão da Pesquisa 50

3.4 Estudo de Caso 51

3.4.1 Empresas Pesquisadas 52

3.4.2 Primeira Etapa da Pesquisa 53

3.4.3 Segunda Etapa da Pesquisa 53

3.4.4 Instrumento de Coleta de Dados 53

3.4.5 Entrevistas sobre das Questões 55

4 RESULTADOS DA PESQUISA 56

4.1 Análises e Discussões 57

4.1.1 Questões Inter-relacionais entre Atores 57

4.2. Questões Complementares 61

4.3. Proposições de Melhorias 62

4.2 Diferenças Entre as Empresas Pesquisadas 65

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 65

6 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS POSTERIORES 68

7 REFERÊNCIAS 70

13

1 INTRODUÇÃO

O Planejamento e Controle da Produção (PCP) é uma das funções administrativas mais

importantes no que se refere às atividades produtivas.

As atividades de planejar e posteriormente controlar, como o próprio nome sugere, não

é tarefa simples, mas bastante complexa, pois leva em consideração número considerável de

variáveis.

Uma das grandes dificuldades de um PCP não é planejar, mas controlar a produção,

pois perturbações e incidentes, muito comuns em um processo produtivo, podem desviar o

programa original, causando atrasos e custos adicionais.

Busca-se um planejamento que tenha controle de produção pró-ativo e não reativo.

Para viabilizar esse PCP será preciso efetuar um estudo da sua evolução ao longo do tempo e

as causas que motivaram a modificação. Essas causas indicarão a influência de todos os

setores envolvidos no processo industrial, e de que maneira esses setores interagem.

Observaremos neste trabalho o PCP como elemento central de uma rede

intraorganizacional de uma empresa industrial, que tem relações com os demais elementos ou

setores que compõem essa empresa.

As relações devem ser estudadas e quantificadas com a finalidade de determinar um

modelo de gestão que torne o PCP realmente controlável, pois em geral no PCP das empresas

industriais o planejamento da produção é relativamente exequível, porém seu controle é por

vezes grande problema para os gestores da produção.

É possível identificar as causas da evolução do PCP na indústria, ao longo dos anos,

regional e internacionalmente. As mudanças dessa evolução são sentidas pelas empresas que

envolvem mais setores que interagem com o PCP ou mesmo criando novos setores para a

relação.

No referencial teórico deste trabalho verificaremos quais setores compõem a empresa,

as relações entre eles, e como se comportam, formando uma verdadeira rede de ação. Estudos

na literatura acadêmica discorrem sobre a ação de redes e suas características intra e

interorganizacionais (SACOMANO NETO 2004; MILREU 2011; KIRYLLOS).

14

Propomos aqui a quantificação dessas características, e com os dados consultar os

gestores da empresa estudada de maneira a inferir informações de como gerir as relações de

maneira a efetivamente ter o controle de algo planejado.

Em geral, a conceituação do PCP evolui sempre como função inter-relacional que

comanda e coordena a produção, ou como função que planeja e controla os suprimentos de

materiais, ou ainda de modo que o programa preestabelecido seja atendido com eficiência e

economia.

Sempre ocorrem desvios e incidentes durante a execução de um processo, e em geral

as perturbações são detectadas, porém quase sempre reativamente, tornando o planejamento

mais lento e mais caro do que o propósito original. Esses fatores são o grande problema de um

gestor da manufatura, e em geral se traduzem como erro de execução e consequente

retrabalho, horas extras, problemas de balanceamento na linha, manutenção não prevista,

entre outros. O controle seria visto esquematicamente como um jogo de forças que atuam

sobre uma balança: um lado exerce influência, melhorando os prazos e minimizando os

custos; o outro exerce sua ação em sentido oposto.

Figura 1 – Recursos alocados x incidentes e perturbações

Fonte: autor

15

Aparentemente, o PCP parece diferente nos casos da fabricação de bens de capital e de

bens de consumo, pelas distintas características de manufatura de cada um. Na indústria de

bens de consumo, por exemplo, o planejamento da produção tem fabricações seriadas como

característica, e há particularidades, como equipamentos dedicados e viradas de linha (set up).

Na indústria de bens de capital o planejamento da produção mostra características de

fabricação unitária e sob encomenda, com equipamentos universais.

1.1 Hipótese

―É possível, tendo a configuração de uma rede intraorganizacional, com o PCP como

referência, determinar e quantificar as relações entre os setores dessa rede com vistas ao

cumprimento dos prazos e custos originais‖.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

Analisar as relações do PCP com as demais funções de uma empresa industrial, de

maneira que haja a possibilidade de verificar, em questões estruturadas e entrevistas com

gestores, a determinação de procedimentos para a manutenção e/ou melhoria da eficiência

do processo produtivo.

1.2.2 Objetivos específicos

Determinar quantitativamente as intensidades das relações entre as diversas funções de

uma organização industrial, como Estoque; Produção; Qualidade; Vendas; Engenharia de

Produtos; Engenharia Industrial.

16

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Manufatura

A manufatura em série, surgida no início do século XX e utilizada exemplarmente por

Henry Ford (1912), apresenta diferenças em relação à manufatura artesanal até então

empregada na produção de bens, como, por exemplo, a divisão de trabalho por etapa do

processo, alta repetibilidade, com baixo custo de produção, explorando a economia de escala.

Tem como principal característica tecnológica a criação de máquinas transfer, que permitem

larga escala produtiva, porém quase sem nenhuma flexibilidade, pois no momento em que foi

concebida não era demandada pelo mercado ou pela concorrência (GODINHO FILHO, 2004).

Manufatura enxuta - surgida na indústria japonesa no início da segunda metade do século

XX para ser competitiva frente à manufatura em massa. Inicialmente aplicada na indústria

automobilística, conhecida como ―Sistema Toyota de Produção‖, disseminou-se na Europa e

Estados Unidos com o nome de Produção Enxuta. As principais diferenças em relação à

produção em massa é a ênfase na melhoria contínua das operações, eliminação de

desperdícios e diminuição da preparação de máquinas (set up), com o objetivo de ter lotes

menores, porém com aumento da variedade de produtos. Inicia-se a ideia de flexibilidade na

produção (GODINHO FILHO, 2004).

Customização em massa - como evolução natural da manufatura enxuta surge a ideia de

uma manufatura ágil e flexível, integrando os processos e gerando custos mais baixos com

relação à produção feita em sistemas ―transfer‖. Inicia-se a utilização de sistemas numéricos

computadorizados (NC) (GODINHO FILHO, 2004).

A ideia de flexibilidade com o advento dos equipamentos comandados por computadores

CNC (Controle Numérico Computadorizado) gera um novo conceito de manufatura, em que a

variedade de novos produtos torna-se fator-chave de sucesso para as empresas.

17

Figura 2 – Sistemas de manufatura 1

Fonte: autor

Manufatura responsiva - para aumentar a participação nos mercados, aumenta-se a

variedade de produtos, a fim de aumentar as opções de aquisição, o que cria a necessidade de

velocidade de produção e pontualidade de entrega, antes que a concorrência o faça. A

pontualidade e alta variedade são denominadas responsividade (GODINHO FILHO, 2004).

Manufatura ágil - desenvolvida nos Estados Unidos por um grupo de professores da

Universidade de Lehigh no final do século XX. Tem como objetivo responder a mudanças

rápidas demandadas pelo mercado com um tempo (timing) de resposta adequado, de maneira

que as mudanças tornem-se oportunidade de inovar e estar na vanguarda (GODINHO FILHO,

2004).

Os dois novos conceitos, Manufatura Responsiva e Manufatura Ágil, acrescentariam

outro eixo, o que tornaria o PCP gradativamente composto por elementos que têm

interferência no planejamento.

18

Figura 3 – Sistemas de manufatura 2

Fonte: autor

Produção mais limpa - significa a aplicação contínua de uma estratégia econômica,

ambiental e tecnológica integrada aos processos e produtos, a fim de aumentar a eficiência no

uso de matérias-primas, água e energia, por meio da não geração, minimização ou reciclagem

de resíduos gerados, com benefícios ambientais e econômicos para os processos produtivos.

Os conceitos de manufatura acima apresentados têm seu arcabouço teórico nos principais

pesquisadores e estudiosos, que definem à sua maneira o PCP, que reflete a gestão de

produção de sua época (GIANNETTI, 2007).

Define-se PCP como a função que administra os recursos ―materiais‖, ―humanos‖ e de

―tempo‖ de um processo produtivo, e que se antecipa às perturbações e incidentes que

interferem no planejamento inicial, redirecionando o plano original de maneira a atender às

metas de custo, prazo e desempenho exigidos.

19

2.2 Planejamento e Controle da Produção (PCP)

2.2.1. Definição de PCP

Tabela 1- Definições sobre manufatura

Zaccarelli (1979) Define o PCP como o conjunto de funções inter-relacionadas que

objetivam comandar o processo produtivo e coordená-los com os demais

setores da empresa.

Burbidge (1981) Define o PCP como função administrativa relacionada ao planejamento,

direção e controle do suprimento de materiais e das atividades de um

processo produtivo de uma empresa.

Buffa e Sarin

(1987)

Definem o PCP como gestões adotadas pela empresa como abordagem

sobre a moderna administração dos sistemas operacionais. Buffa e Sarin

estabelecem um primeiro conceito, apresentando dois sistemas de

produção: o sistema com foco no processo e o sistema com foco no

produto. Essa classificação é baseada na natureza da demanda sobre o

processo produtivo e no tipo de estratégia de produção adotado para

responder às exigências da demanda.

Russomano

(1995)

Define o PCP como a função de apoio da coordenação de várias atividades

de acordo com um plano de produção, de modo que os programas

preestabelecidos possam ser atendidos com economia e eficiência.

Segundo as modificações tecnológicas o conceito de PCP se transformou. Ao observar

uma ordem cronológica tem-se:

Zacarelli (1979): assegura que a função do PCP ―é comandar o processo produtivo e

coordená-lo com os demais setores administrativos da empresa‖ e ainda ser interpretado

―como um sistema de transformação de informações onde são recebidas informações sobre

estoques existentes, vendas previstas, linha de produtos, modo de produzir, capacidade

produtiva e transformá-las em ordens de fabricação‖.

Burbidge (1981) define o PCP como função que administra ―o planejamento, direção e

controle do suprimento de materiais e das atividades de processo em uma empresa‖.

Burbidge (1988) complementa que ―o objetivo do PCP é proporcionar uma utilização

adequada dos recursos, de forma que produtos específicos sejam produzidos por métodos

específicos, para atender a um plano de vendas aprovado‖.

Harding (1981) define o PCP como atividade que ―objetiva satisfazer as datas de

entrega aos clientes, com o mínimo custo total, por meio do planejamento, da sequência das

atividades de produção‖.

Plossl (1985) afirma que o PCP tem como objetivo ―fornecer informações necessárias

para o dia a dia do sistema de manufatura, reduzindo os conflitos existentes entre vendas,

finanças e chão de fábrica‖.

20

Pires (1995) ressalta que o PCP e definido como ―sendo um conjunto de atividades

gerenciais a serem executadas, para que se concretize a produção de um produto‖.

Russomano (1995) estuda o PCP como ―função de apoio de coordenação das várias

atividades de acordo com os planos de produção, de modo que os programas preestabelecidos

possam ser atendidos com economia e eficiência‖.

Slack et al. (1997) afirmam que a meta do PCP é ―garantir que a produção ocorra de

maneira eficaz e eficiente e produza bens e serviços, conforme o planejado‖.

Na literatura nota-se que não há um modelo único compartilhado por todos os autores. Apesar

de não haver consenso, existe um pensamento comum na direção da eficiência e da eficácia

nos sistemas de produção.

Os autores citados têm em comum o conceito de que o PCP é um sistema de suporte à

produção, que gerencia e coordena o processo produtivo, visando cumprir o planejamento e a

programação dos processos de maneira eficaz, a fim de satisfazer os requisitos de tempo,

qualidade e quantidades.

As necessidades de as empresas acompanharem as mudanças tecnológicas e de

mercado para se manterem competitivas, promovem uma série de adequações nos processos

de produção e consequentemente do PCP.

2.2.2. Evolução do PCP

Diante deste cenário e pontos de vista diferenciados, e adaptando-se às exigências de

mudanças tecnológicas e do mercado, Vollmann et al. (2006) afirmam que ―o aspecto mais

importante do contexto de desenvolvimento e manutenção de um sistema de controle e

planejamento da produção talvez seja a mudança contínua no seu ambiente competitivo, e

essas mudanças variam do campo tecnológico ao estratégico e legal‖.

Entende-se que o PCP é função central na administração de um sistema produtivo, elo

decisivo para a sua integração nos processos de negócio. Vollmann et al. (2006) definem três

áreas fundamentais de influência no projeto de um sistema de PCP:

• Grau de internacionalização - o aumento do intercâmbio entre países influencia cada vez

mais a elaboração e execução de sistemas de planejamento e controle da produção, gerando

necessidades de adaptação, tornando as organizações mais internacionalizadas, transparentes e

com logísticas mais efetivas.

21

• Importância do cliente no sistema – as novas expectativas dos clientes geradas pela

competitividade entre organizações a fim de oferecer sempre novos produtos e serviços

possuem papel determinante no planejamento e controle da produção, pois essas expectativas

demonstram como a empresa deve adaptar-se ao mercado consumidor, garantindo sua

presença no mercado, criando a necessidade de trabalhar no atendimento das solicitações.

Para atender sempre às novas demandas e necessidades, as organizações devem tornar-se

flexíveis, ou seja, os processos devem ser rapidamente modificados para o atendimento da

grande variedade de produtos e serviços a serem oferecidos, o que exige um sistema de

controle e planejamento de grande complexidade, capaz de gerenciar as mudanças. A gestão

das mudanças de demandas do mercado gera tarefas complexas de coordenação, transmissão

de informações e logísticas.

• Utilização da tecnologia de informação – a tecnologia da informação é resposta à exigência

de comunicação e coordenação. A possibilidade de haver procedimentos e protocolos

compatíveis para a gestão da informação, compartilhamento de dados e intercâmbio de

informações com eficiência internamente nas organizações e entre organizações gerou os

sistemas de ERP, que empreenderam grande modificação dentro dos sistemas de

planejamento e controle da produção. Gerados a partir de uma base de dados comum, os

sistemas de informação permitem a integração de unidades intraorganizacionais e

interorganizacionais, que operam de formas diversas, com diferentes culturas, situadas nos

mais variados locais, formando uma espécie de rede integrada.

Segundo Papastathopoulou (2005), informação e comunicação, como CRM, ERP e

intranet, são consideradas importantes para a criação de vantagem competitiva. Apesar das

rápidas taxas de implantação, há apenas alguns estudos, principalmente da tecnologia da

informação; a literatura de engenharia se dedica a desvendar os fatores que influenciam a

difusão de novas tecnologias da informação dentro de uma organização. Os resultados

fornecem a base para uma análise mais aprofundada da difusão intraorganizacional de

ferramentas de TI e seu impacto nas organizações.

Behboudi (2012) afirma que diversos projetos de ERP levam ao desenvolvimento

tangível e intangível, considerável em diferentes áreas, e a alcançar vantagens competitivas

para as organizações; há uma variedade de histórias de fracasso nas organizações na

realização do ERP.

22

Kenne (2010) sugere que operações de remanufatura de um único produto dentro de

uma rede logística reversa devem estar contidas no planejamento e controle da produção. .

Enquanto os consumidores tradicionalmente dispõem de produtos no final do seu ciclo

de vida, as recuperações dos produtos utilizados podem ser economicamente mais atraentes

do que a eliminação; a remanufatura dos produtos persegue objetivos de desenvolvimento

sustentável, propondo uma política de fabricação/remanufatura que minimize a soma dos

custos de exploração e de acumulação para a fabricação e remanufatura de produtos. As

variáveis de decisão são as taxas de produção da fabricação e as máquinas de remanufatura.

As condições de otimização são desenvolvidas utilizando a teoria do controle ótimo baseado

em programação dinâmica estocástica.

Para Georgiadis (2009), o planejamento de capacidade no canal reverso de cadeias de

circuito fechado de abastecimento envolve questões complexas, em decorrência dos ciclos de

vida diferentes de ofertas de produtos, em combinação com a variabilidade quanto ao tempo

de uso do produto, nível de qualidade dos produtos utilizados e padrões de retorno. O impacto

do ciclo de vida do produto em planejamento de capacidade de redes de circuito fechado de

fornecimento com remanufatura de Produção e Gestão de Operações desenvolveu uma

dinâmica do sistema para estudar um modelo com remanufatura para um único produto, que

incorpora uma abordagem de modelagem dinâmica de capacidade. Dois sequenciais tipos de

produtos sob dois cenários alternativos em relação às preferências do mercado sobre os tipos

de produtos; no primeiro cenário, o mercado é considerado não mostrando preferências; no

segundo cenário, a demanda por um produto tipo só pode ser satisfeita fornecendo unidades

do tipo específico. Estudados os ciclos de vida conjunta de dois tipos de produto, tempo de

entrada do segundo tipo de produto no mercado e utilizados padrões de retorno do produto,

verifica-se que afetam as políticas ótimas em relação à expansão e à contração da capacidade

de recolha e remanufatura.

2.2.3. Cadeia de suprimentos

O advento da globalização significou o intercâmbio entre diversos sistemas

produtivos, com consequente aumento do número de pontos de vendas, clientes, fornecedores,

novas logísticas e distâncias a serem percorridas, além de diferentes legislações locais e

transportes modais.

23

Segundo Lee e Billington (1993), uma cadeia de suprimento opera como rede de

trabalho (network) para funções de Planejamento e Controle da Produção, como aquisição de

materiais, manufatura de produtos intermediários e finais e sua distribuição.

Lummus e Albert (1997) descrevem a cadeia de suprimento como uma rede de

organizações na qual os produtos ou serviços transitam. Essas organizações possuem

fornecedores, pontos de distribuição atacadistas e varejistas e clientes finais.

Chistopher (1998) afirma que a cadeia de suprimento é um conjunto formado por uma

organização e todas as demais entidades com as quais interage de forma direta e/ou indireta;

atua com seus fornecedores e clientes desde o ponto de origem dos materiais e/ou serviços até

o ponto de consumo dos produtos e/ou serviços.

Em todas as definições mencionadas, a definição de cadeia de suprimento está

relacionada à ideia de rede entre organizações ou entidades.

Amato Neto (2000) define rede como estrutura complexa na qual as entidades têm

vínculos mútuos; por sua vez, o termo cadeia de suprimentos define um conjunto de relações

simples e sequenciais.

Para Fusco et al. (2005), a cadeia de suprimentos é uma rede burocrática (o

relacionamento entre os participantes é regido por relações formais entre empresas),

assimétrica (a unidade produtiva coordena as relações), modular (terceiriza as atividades de

suporte, mantendo o controle sobre elas, e mantém as atividades essenciais da cadeia de

valor), e tangível (compartilha atividades da cadeia de valores entre unidades empresariais).

O conceito de marketing se modifica na direção das ideias de segmentação de mercado

e do surgimento contínuo de novos produtos, e do desenvolvimento de novas e diferentes

formas e canais de distribuição, que se tornam cada vez mais complexos.

Porém, com o aumento da competição entre organizações e a volatilidade crescente

dos mercados, surge a tendência para a especialização, o que sugere desverticalização das

organizações, criando o conceito de outsourcing.

Pires (1998) define outsourcing como prática de delegação de atividades e

responsabilidades. Em parte do conjunto de produtos e serviços utilizados por uma empresa

(na efetivação das operações de uma cadeia produtiva) é providenciada por um fornecedor

externo, num relacionamento predominantemente colaborativo e interdependente.

O fornecedor de outsourcing desenvolve e melhora o desempenho e a infraestrutura para o

atendimento ao cliente, que por sua vez deixa de possuí-lo total ou parcialmente.

24

As empresas buscam na relação de outsourcing manter sua competência central (core

competence), repassando aos fornecedores de produtos e serviços especializados os processos

produtivos. Como consequência do modelo de outsourcing aumentou a importância dos

prestadores de serviços e de logísticas.

O modelo de maior complexidade com menor controle, resultado da desverticalização,

segundo Fleury et al. (2000), levou ao aumento dos custos operacionais nos canais de

distribuição. Ainda segundo Fleury, ―o crescente número de participantes trabalhando num

ambiente competitivo e de pouca coordenação é a principal razão para o crescimento dos

custos‖. Para equacionar esse problema é essencial maior coordenação e sincronização, que

gera integração entre as organizações em direção à cooperação e ao compartilhamento de

informações. Nesse caso, a tecnologia da informática proporciona condições para o

desenvolvimento de processos mais eficientes de planejamento e controle da produção.

2.2.3.1. Gestão da cadeia de suprimentos

Segundo Christopher (2002), a ideia central da gestão da cadeia de suprimento é

garantir a administração dos eventos relacionados ao atendimento da demanda, com o

objetivo de minimizar os custos das operações produtivas e logísticas entre as empresas

constituintes do fluxo de matérias, componentes e produtos acabados.

A gestão da cadeia de suprimentos implica ações estratégicas, pois envolve a

coordenação de processos críticos em uma organização, como aquisição de produtos e

serviços, atendimento de pedidos de compras, operações de logística, finanças, engenharia de

produtos e processos, sistemas de informação etc.

Para a eficiência da gestão da cadeia de suprimentos, Martins e Alt (2003) afirmam

que a cadeia de suprimentos não pode ser estática, com base em técnicas como demanda

projetada e custos atuais, pois quando as premissas iniciais mudam, a configuração da cadeia

deve ser modificada.

À medida que o mercado exige maior variedade de produtos e serviços, o impacto da

demanda atuará sobre a cadeia de suprimentos gerando replanejamentos, reinvestimentos,

realocação de pessoal e outras modificações. A fim de assegurar um diferencial competitivo e

consequente sobrevivência no mercado, as organizações devem ter cadeias de suprimentos

projetadas para flexibilidade e eficiência de resposta.

25

Para compreender o conceito de gestão da cadeia de suprimentos é imprescindível

entender inicialmente o conceito de canal de distribuição, conceito consolidado e utilizado por

marketing. Essencial para a eficácia da comercialização e distribuição de produtos e serviços,

a ideia de canal de distribuição pode ser vista como um conjunto de entidades organizacionais

e instituições, internas e externas, que exercem funções de apoio ao marketing de produtos e

serviços de determinada empresa (PETRONI e PANCIROLI, 2002).

Segundo Christopher (2002), deve-se reconhecer a ideia de gestão de uma cadeia de

suprimentos como conceito relativamente novo. Na verdade, não mais do que uma extensão

da logística. Entende-se como logística o processo de gerir estrategicamente a aquisição,

movimentação e armazenagem de bens, peças e produtos acabados (e o fluxo de informações

correlatas) a partir da organização e seus canais de marketing, mais conhecidos como canais

de distribuição, de modo a maximizar as lucratividades presente e futura pelo atendimento dos

pedidos a baixo custo.

O mesmo autor afirma que a gestão logística prioriza a maximização de eficiência dos

fluxos dentro da organização, e que a gestão da cadeia de suprimentos reconhece que a

integração interna por si não é suficiente.

A logística está evoluindo; modificou-se o que era atividade limitada à obtenção,

distribuição e movimentação. A interação desses setores, por meio de sistemas

informatizados, deu maior agilidade ao fluxo de informações.

Pires (2008) considera o SCM como visão abrangente, integrada e melhorada da

tradicional administração de materiais, cobrindo toda a gestão da cadeia produtiva, partindo

do princípio de que as organizações devem revisar constantemente as estratégias competitivas

e funcionais por seus posicionamentos (como fornecedores ou como clientes) dentro das

cadeias produtivas nas quais se inserem.

Francischini e Gurgel (2002) tratam o SCM como a integração dos processos que

formam determinado modelo de negócio, desde os fornecedores iniciais ao usuário final,

proporcionando produtos, serviços e informações que agregam valor ao cliente. Os autores

afirmam que a cadeia de suprimentos é uma rede de organizações envolvidas nos diferentes

processos e atividades que produzem valor sob a forma de produtos e serviços nas mãos do

consumidor final.

26

Entre os principais processos a serem integrados estão: marketing, pesquisa e

desenvolvimento para formulação do produto, desenvolvimento de novos produtos, fabricação

e logística para executar as operações, compras e desenvolvimento de fornecedores, finanças

para a estruturação do financiamento, funções consideradas essenciais para a adoção do SCM.

Para Wood Jr. e Zuffo (1998), o SCM é método empregado por empresas de

consultoria, para implantação do conceito de logística integrada, envolvendo a adoção de

práticas de global sourcing (fornecedores globais), parcerias com fornecedores, sincronização

da produção, redução de estoques em toda a cadeia, revisão do sistema de distribuição,

melhoria do sistema de informação, melhoria da previsão de vendas etc.

Segundo Figueiredo et al (2000), a gestão da cadeia de suprimentos em sua totalidade

pode proporcionar uma série de maneiras pelas quais é possível aumentar a produtividade e,

em consequência, contribuir significativamente para a redução de custos, e identificar formas

de agregar valor aos produtos. Em primeiro plano, estariam as reduções de estoques, as

compras mais vantajosas, a racionalização dos transportes, a eliminação de desperdícios.

A gestão integrada da cadeia de suprimentos tem um objetivo amplo que inclui

fornecedores, subfornecedores, operações internas de transformação, estocagem e

distribuição, atacadistas, varejistas e consumidores finais.

Slack et al (2002) afirmam que uma abordagem sistêmica do gerenciamento de uma

cadeia de suprimentos propicia muitas oportunidades para análises e melhorias. Por exemplo,

em uma cadeia de suprimentos de produtos com pequenas margens de lucro, prevenir a

acumulação de estoque pode ser crítico.

Nessas circunstâncias, é importante assegurar-se de que a rotatividade dos produtos

seja na cadeia de suprimentos, em vez de se acumularem na forma de estoque.

Deve-se analisar toda a cadeia produtiva, para verificar em qual ponto ocorrem os

atrasos mais frequentes, de modo a diminuir os tempos de processamento.

Analisar toda a cadeia de suprimentos melhora a eficiência, o que permite prever o

estoque somente onde for necessário, identificando gargalos, balanceando capacidade e

coordenando um fluxo adequado de materiais.

Outro importante aspecto a ser levado em conta sobre a gestão da cadeia de

suprimentos, nos modernos sistemas de gerenciamento integrados (que tiveram origem nos

controles de suprimentos e de materiais) estende-se aos subsistemas empresariais de

informação e gestão, de forma a possibilitar controle efetivo das ações, padronização e

racionalização de procedimentos.

27

Bertaglia (2003) afirma que a cadeia de suprimentos consegue suas melhorias com

base na transferência de conhecimento e procedimentos. A redução de estoques tem efeito em

decorrência das alterações na frequência da entrega. A importância da velocidade na cadeia de

abastecimento pode ser exemplificada por produtos com ciclo de vida bastante baixo, como é

o caso dos computadores pessoais.

Rezende et al (2002) definem o efetivo gerenciamento da cadeia de suprimentos como

essencial para as expectativas de crescimento, pois suportará o aumento das vendas ativando

rápida introdução de novos produtos, apoiando as campanhas de marketing, reduzindo vendas

perdidas pelas melhores taxas de pedidos. Além disso, a cadeia de abastecimento contribuirá

para a maior lucratividade por meio da minimização de custos e dos investimentos necessários

para suportar as vendas.

Um exemplo clássico é a cadeia de suprimentos da indústria automobilística, na qual

as organizações estão cada vez mais horizontalizadas, ou seja, com foco em seu negócio

principal (core business), que é desenvolver, montar e vender veículos.

Martins e Alt (2003) afirmam que as montadoras são abastecidas de componentes e

subconjuntos pré-montados pelo setor de autopeças que, por sua vez, é abastecido, entre

outras, por setores mecânicos e de transformação de plásticos, que recebem materiais de

siderúrgicas e petroquímicas, que utilizam matérias-primas da natureza, via mineração e

extração de petróleo.

Pires (1998) define que uma mudança importante introduzida na gestão da SCM é o

fato de considerar que a competição tende a ocorrer cada vez mais no nível de cadeias

produtivas e não apenas no de unidades de negócios, como estabelecia o trabalho de Porter

(1991). Isso resulta em um modelo competitivo contemporâneo baseado no fundamento de

que a competição ocorre e deve acontecer cada vez mais entre cadeias produtivas,

transformadas em unidades de negócios virtuais.

Petroni e Panciroli (2002) enfatizam a importância das relações estratégicas entre as

empresas e seus fornecedores, dando ênfase à premissa de que relacionamentos de longo

prazo melhoram o desempenho dos fabricantes e dos fornecedores, sendo essencial a

coordenação das ações entre os parceiros de negócios.

Para Kim (2000), a coordenação deve ser um processo de gerenciamento das

dependências entre as atividades, considerando aspectos como o compartilhamento de

recursos humanos, físicos e de informação, designação de tarefas, desenvolvimento de

relacionamento entre as empresas, entre outros.

28

A competição entre empresas e as rápidas modificações de mercado, para Pires (2004),

introduziram uma tendência à especialização, pela desverticalização e terceirização.

As organizações buscam para competir num mercado cada vez mais diversificado o

foco em sua competência central, repassando para prestadores de serviços especializados a

maioria das operações produtivas. Como consequência dessa tendência cresce a importância

dos prestadores de serviços.

Segundo Pires (2004), a combinação entre mais complexidade com menos controle,

como consequência da desverticalização, aumenta os custos operacionais nos canais de

distribuição. A principal razão dos aumentos de custos operacionais deve-se ao crescente

número de participantes trabalhando num ambiente competitivo e de pouca coordenação.

A fim de minimizar os problemas é essencial a busca de uma maior coordenação e

sincronização, por meio da integração entre as partes envolvidas num processo produtivo para

maior cooperação e intercâmbio de informações.

Ainda segundo Pires (2004), o esforço de coordenação nos canais de distribuição, por

meio da integração de processos de negócios que interligam seus diversos participantes, está

sendo denominado de gestão da cadeia de fornecimento.

Portanto, a gestão da cadeia de suprimento torna-se abordagem sistêmica de um grau

de elevada complexidade, que implica alta inter-relação entre os participantes, exigindo a

consideração simultânea de diversos trade-offs1.

A gestão da cadeia ultrapassa as fronteiras organizacionais e considera os intra e os

interorganizacionais, relativamente a quem deve se responsabilizar pelos estoques e em quais

etapas do canal as diversas atividades devem ocorrer.

2.2.4. Configurações estratégicas que envolvem o PCP em relação aos arranjos produtivos

Estratégias de manufatura evoluem desde os métodos artesanais até os processos

atuais, em que a tecnologia da informação permite a utilização de modelos flexíveis e ágeis.

Womack et al. (1992) descrevem que no auge da administração científica proposta por Taylor

e seus contemporâneos, começou a produção em massa e repetitiva, sendo as linhas da Ford

Motor Company sua principal representante, em busca de uma produção em escala com custo

reduzido e sem diferenciação no produto.

Decisões estratégicas, a fim de garantir o sucesso competitivo das empresas, envolvem

o Planejamento e Controle da Produção e devem estar alinhadas às estratégias do negócio que

levam em conta as diversas organizações que compõem essas estratégias, delineando uma

configuração de rede, que por sua vez determina formas de organização de seus arranjos

29

produtivos, buscando resultados sempre maiores e dependentes dos atores envolvidos

(GODINHO FILHO, 2004).

2.2.4.1. Arranjos Produtivos Locais

Albagli e Brito (2002) definem Arranjo Produtivo Local (APL) como a aglomeração

de um número significativo de empresas que atuam em torno de uma atividade produtiva

principal, e de empresas correlatas e complementares como fornecedoras de insumos e

equipamentos, prestadoras de consultoria e serviços, entidades comerciais, clientes, entre

outros, em um mesmo espaço geográfico (município, conjuntos de municípios ou região).

Com identidade cultural local e vínculo, mesmo que incipiente, de articulação, interação,

cooperação e aprendizagem entre si e com outros atores locais e instituições públicas ou

privadas de treinamento, promoção e consultoria, escolas técnicas e universidades,

instituições de pesquisa, desenvolvimento e engenharia, entidades de classe e instituições de

apoio empresarial e de financiamento.

2.2.4.2. Condomínio Industrial

Para Salerno et al. (1998), Condomínio Industrial se caracteriza pela localização de

alguns fornecedores bem próximos à montagem final, muitas vezes dentro da área da própria

montadora, favorecendo com maior eficácia a política do just in time com fornecedores, pela

entrega mais rápida e frequente de peças, melhorando a sincronização da produção.

Ainda segundo Fusco et al. (2005), Condomínio Industrial é rede burocrática (baseada

em acordo formal), assimétrica (a coordenação é feita pela unidade produtiva), vertical

(compartilha atividades da cadeia de valor), estática (os acordos possuem a duração do

projeto), modular (a unidade produtiva concentra-se na atividade-fim, delegando as atividades

que não estão diretamente relacionadas à missão da empresa), tangível (as relações surgem de

oportunidades para compartilharem atividades da cadeia de valores).

2.2.4.3. Consórcio Modular

Pires (1998) define Consórcio Modular como caso radical de terceirização entre a

montadora e um número muito reduzido de fornecedores diretos; os fornecedores assumem a

montagem prévia do módulo sob sua responsabilidade e sua posterior montagem diretamente

na linha de produção da montadora.

30

O fornecedor é responsável pelos investimentos em equipamentos e ferramentas, como

o gerenciamento da cadeia de suprimentos do módulo.

A montadora providencia a planta e a linha de montagem final, executando a

coordenação da mesma e executando o teste final dos veículos.

Para Fusco et al. (2005), o Consórcio Modular é rede burocrática (baseada em acordos

formais), assimétrica (estabelecida a partir da unidade produtiva), vertical (compartilha atividades da

cadeia de valor), estática (os acordos são de longo prazo), modular (cada elo da cadeia de valores tem

o seu papel bem definido), tangível (as relações surgem de oportunidades para compartilharem

atividades da cadeia de valores).

2.2.5. Configurações estratégicas que envolvem o PCP em relação às estratégias de

manufatura

Decisões estratégicas devem assegurar o sucesso competitivo das empresas. O PCP

deve alinhar-se, portanto, às estratégias do negócio e considerar as configurações de rede que

influenciam as estratégias estabelecidas para a produção, visando maiores resultados e

desempenhos.

Para Kidd (1994), a manufatura ágil seria considerada a integração de organização,

pessoas altamente capacitadas e tecnologias avançadas para obter cooperação e inovação em

resposta à exigência do fornecimento de produtos customizados e de alta qualidade aos

clientes. A manufatura ágil parece ser a mais adequada a ambientes de rápidas mudanças e

com alto grau de incertezas.

A manufatura ágil deve ser planejada considerando-se cinco princípios básicos, sem

ordem de prioridade: resposta rápida, mudança contínua, foco no cliente, melhoria da

qualidade e responsabilidade social.

Segundo Monden (1992), a produção enxuta (lean production) não deve ser

considerada alteração da administração científica, mas evolução da mesma, implicando fazer

mais com menos, afirmar o conceito de que o excesso de atividades não é imprescindível,

além de dispendiosas, reduzir lead times longos, aplicar o JIT nas linhas de produção, reduzir

custos gerais, melhorar as relações entre cliente e fornecedor, e gerir com qualidade. Já a

customização em massa consiste na habilidade de servir grande quantidade de clientes ávidos

por demandas diferenciadas de bens e serviços, pela variedade e inovação desses produtos.

31

Para Godinho Filho (2004), a manufatura responsiva atende ao mercado que demanda

crescente responsividade, isto é, clientes dispostos a pagar preços maiores por maior

variedade e customização e prazos mais curtos.

Kidd (1994) afirma que na Manufatura Ágil a flexibilidade da produção deve atender à

interação das organizações com clientes, tecnologias, pessoas capacitadas, a fim de a

interação produzir cooperação para inovação em resposta às demandas por prazos e

customização.

Observação do autor:

O PCP é considerado uma função que envolve áreas de uma empresa ou de um

projeto para o alcance das metas produtivas das organizações, que buscam sistematizar seus

processos considerando os aspectos de eficácia e eficiência; em outras palavras, o PCP tem

como essência efetuar um programa de ações coordenadas a fim de se obter o menor custo

dentro do menor prazo possível na execução de um produto ou serviço, e em seguida

controlar essas ações para que permaneça o mais fiel possível ao programa original.

2.3. Redes de empresas

As organizações e empresas possuem relação de interação, como cliente, fornecedor,

consultor e outras funções. Essas relações podem ser estudadas como malha de ações que ora

são geradas por uma organização em direção a outras, e ora recebidas pela empresa pela ação

de outras. O mesmo fenômeno ocorre internamente nas organizações com relação aos setores

que compõem a organização, como departamentos e divisões internas. As características dos

atores, empresas ou departamentos, e as relações entre eles são definidas como rede

organizacional.

O PCP é função empresarial que interage com diversos departamentos da empresa,

como produção ou manufatura; suprimentos; controle de estoques; qualidade; logística;

engenharia de manufatura; engenharia de produto; finanças e muitos outros, formando uma

rede intraorganizacional. O resultado do PCP reflete-se no resultado da empresa, que por sua

vez forma uma rede interorganizacional com as demais empresas com as quais se relaciona.

Trataremos aqui de estudar o PCP como função interna de uma organização.

32

O estudo de redes de empresa possui vários autores. Pelas diferenças metodológicas e

diferentes perspectivas de estudos sempre ocorrem divergências sobre o comportamento das

redes organizacionais, pois os aspectos econômicos, sociológicos e administrativos sempre

podem ser vistos sob diferentes prismas (HANNAN & FREEMAN, 1977; PEEFFER &

SLANCIK, 1982; GRANOVETTER, 1985; POWELL & DIMAGIO, 1991; UZZI, 1996;

GULATI, NORIA &ZAHEER, 2000).

2.3.2. Redes e suas propriedades

Apesar das diferenças de enfoques, a maioria dos autores considera como principais

características de uma rede os seguintes conceitos (GODINHO FILHO, 2004):

● ator ou agente — são as unidades (áreas, setores, departamentos) objetos de estudo na

análise de redes;

● laço relacional — definido como a ligação estabelecida entre o par de atores;

● tamanho – número de atores pertencentes à rede;

● abrangência – número total da rede menos o número de atores isolados;

● conectividade – quantidade de ligações entre os atores da rede (direcional e não

direcional);

● simetria – média entre as ligações simétricas e assimétricas entre os atores da rede;

● densidade – número atual de ligações entre os atores da rede e o número possível de

ligações entre os atores da rede;

● centralidade – posição do ator em uma rede quando este atua ou é estudado em função dos

demais atores.

No esquema a seguir vemos uma rede com seus atores, laços relacionais e

centralidade.

33

Figura 4 – Esquema de rede intraorganizacional

Fonte: autor

Segundo Britto (2002), redes de empresas ―são arranjos interorganizacionais baseados

em vínculos sistêmicos entre organizações formalmente independentes, que dão origem a uma

forma particular de coordenação das atividades econômicas‖.

Por outro lado, a noção de organização em rede implica repensar os limites da empresa

individual, acentuando a importância dos diversos tipos de articulações com outros atores e

instituições (Mizruchi, 2006).

A organização em rede com vários atores desenvolve relações complexas; a ação de

um ator não se dissocia de outros e com os quais ele estabelece inter-relações. Sob esse ponto

de vista, os elementos de uma rede podem ocupar posições de variada importância na

estrutura da rede em relação a outros agentes, como clientes, fornecedores, colaboradores,

competidores, agências reguladoras, entre os quais estabelecem relações nas quais fluem bens,

serviços, recursos e informações. Deve-se considerar que no ambiente em que as

organizações funcionam há vínculos e protocolos estruturados dentro das diversas redes de

relações possíveis, como relações produtivas e tecnológicas.

Segundo Sacomano Neto e Truzzi (2009), é imprescindível compreender como a

posição estrutural das organizações em determinada rede influencia atividades, recursos,

coordenação, desempenho e comportamento estratégico dos atores, ou seja, os resultados das

atividades organizacionais dependem das relações entre vários atores; essas relações são a

estrutura social das organizações, que, por sua vez, assume importância fundamental no

contexto.

34

Há abordagens de cunho sociológico e antropológico; segundo Silva, Matheus,

Parreiras e Parreiras (2006), têm como objetivo estudar as ligações relacionais entre atores

sociais.

Assinala Britto (2002) que o estudo de redes se refere a um método analítico que se

baseia ―em uma perspectiva de análise que ressalta a dimensão social das relações entre

empresas e seus possíveis desdobramentos sobre a conformação institucional do ambiente

econômico e sobre o padrão de conduta dos agentes‖.

Para estudos de natureza organizacional, as características dos atores não são

fundamentais, mas nas relações entre diferentes agentes, o conjunto se determina pelos atores

e suas relações.

A unidade de uma rede define-se nas relações nela estabelecidas, ou seja, seus

protocolos. De acordo com Wasserman e Faust (1994), o ambiente social pode ser expresso

como estruturas ou relações regulares entre as unidades.

As relações de uma rede podem ser tecnológicas, sociais, econômicas, políticas,

afetivas, ou outras formas de relacionamento. As relações são expressas por meio das

conexões entre os agentes ou atores. As conexões estabelecem fluxos de recursos,

informações etc.

Wasserman e Faust (1994) definem que uma rede possui uma estrutura com

determinadas relações entre os atores. O ambiente no qual os atores transacionam bens e

serviços é expresso por meio de protocolos regulares nas relações de interação entre as

atividades. A presença de regularidades nas relações é denominada ―estrutura de uma rede‖.

Por sua vez, a estrutura contém canais por meio dos quais os atores trocam bens e serviços,

transferem recursos e informações.

Para Sacomano Neto e Truzzi (2004), as relações entre agentes de uma rede podem ser

de poder, confiança, oportunismo, controle social, sistemas de alinhamento de interesses,

formas de negociação e formas de seleção de fornecedores.

35

Dependendo do posicionamento estrutural, os atores de uma rede compreendem

diferentes configurações possíveis dos processos de intercâmbio. Wasserman e Faust (1994)

ressaltam que a análise de redes fornece uma série de medidas ou propriedades para a análise

da estrutura da rede. Eles afirmam que entre as principais propriedades estruturais de uma

rede encontram-se a centralidade, em suas diferentes vertentes de mensuração, e a densidade.

Steiner (2006) define que a medida de centralidade é característica da posição relativa

dos atores na rede; a densidade de uma rede diz respeito ao número de vínculos observados

perante o número de relações possíveis.

Quanto à centralidade no estudo de redes, o foco está na noção de distância, isto é, o

menor número de laços necessários para relacionar um ator a outro na rede.

A centralidade pode ser quantificada por três medidas que representam características

e resultados quantitativos diferentes, porém complementares, definidas por Tomael e

Marteleto (2006):

1) centralidade de grau: identifica o número de contatos diretos que um ator mantém em uma

rede;

2) centralidade de intermediação: mede o potencial dos indivíduos que servem de

intermediários, ou seja, considera um ator como meio para alcançar outros atores;

3) centralidade de proximidade: representa independência, isto é, a possibilidade de

comunicação com muitos atores em uma rede, com um número mínimo de intermediários.

Por outro lado, quando se refere à propriedade de densidade em estudos de redes, o

foco é o grau de conectividade entre os atores da rede. Assim, a densidade refere-se à razão

entre o número de laços observados entre esses atores sobre o número total possível de laços

entre eles, podendo ser expressa matematicamente, segundo Levine e Kurzban (2006), como

= 2R I/ (I -1), em que R é o número de relações existentes na rede e I o número de empresas

que compõem a rede.

Enquanto a popularidade de relações interorganizacionais cresce, o desafio de avaliar a

eficácia de alcançar os resultados desejados surge como preocupação para os profissionais e

acadêmicos. Os resultados sugerem que alguns critérios para medir a eficácia

interorganizacional entre os parceiros são altamente relacionados com valores dos

36

concorrentes, alguns são compartilhados entre todos os parceiros, e outros são ambíguos nas

medidas de eficácia dos resultados das redes interorganizacionais (Babiak, K.M., 2008).

Em um ambiente de rede é essencial para as organizações compartilhar conhecimento

entre si, se quiserem atingir os objetivos globais, como inovação colaborativa e maior eficácia

e eficiência das operações. No entanto, compartilhamento de conhecimento não é livre de

riscos. Uma organização pode perder sua vantagem competitiva se compartilha certo

conhecimento ou chave. Além disso, a organização pode sofrer se a sua propriedade

intelectual está maltratada por seus parceiros de negócios. Enquanto a literatura indica o valor

da partilha de conhecimento dentro das redes, há notável ausência de estudos que analisam os

riscos de partilha de conhecimentos (Trkman, P.2011)

Redes dentro de uma organização e entre as organizações devem trabalhar como canal

de recursos e conhecimentos. Em oito polos regionais no Japão investigaram-se as estruturas

existentes multiescala, combinando teorias organizacionais e de rede. Descobriu-se que as

propriedades do mundo são pequenas entre agrupamentos regionais e mostram diferenças

marcantes, que se intensificam à medida que o tamanho da rede evolui. Notou-se que as

empresas conectam-se por diferentes módulos; são escassas e, portanto, devemos focar a

atividade de redes entre diferentes módulos para apoiar o desenvolvimento das redes.

Kajikawa, Y.2010)

As redes empresariais são fluidas. Essa fluidez temporal do limite de rede e os

processos associados e os eventos que afetam podem ser entendidos. Lógica abdutiva é

aplicada em combinação com os conceitos de posições e funções da rede para analisar esses

processos e eventos.

Observações empíricas de um estudo de caso incorporado na indústria de mídia ótica

de gravação que abrange o período 2001-2008 são usadas para ilustrar a dinâmica de rede

decorrente da mudança tecnológica da unidade de evolução da rede focal. A fim de

descodificar dinâmica da rede, um certo número de aspectos deve ser considerado: como o

limite de rede é delimitado, o processo, o tempo, os eventos e as lentes conceituais podem

fornecer base para a análise de mudança (Chou, H. 2012).

Redes estratégicas recebem atenção significativa de política, mas uma revisão da

literatura atual revela pouca atenção aos fatores que contribuem para a inovação em rede.

37

O exame da influência do número de firmas membros (tamanho de rede), a extensão

em que uma rede é baseada em incentivos, e do grau de desenvolvimento da estrutura de

administração (tamanho da função administrativa) da rede. Modelagem do crescimento latente

com dados de grandes redes e redes de baixo para cima formadas alcança maior desempenho

inovador, e a função administrativa parcialmente vai mediar esses efeitos (Thorgren, S. 2009).

A posição de uma empresa em redes interorganizacionais que ocorrem em clusters

geográficos pode afetar a inovação, na análise de uma grande variedade de laços e como eles

têm impacto sobre a transmissão do conhecimento tácito e explícito. Assim, a posição de uma

empresa influencia seu desempenho inovador de formas diferentes, de acordo com o tipo de

rede, e tipo de inovação de processo ou produto. Poucos estudos empíricos analisam a relação

entre redes sociais e de inovação em clusters geográficos. Estudos apoiam a ideia de que uma

posição central em redes de conhecimentos é significativa no caso de inovação de produtos.

Esses resultados contribuem para a literatura de clusters e redes sociais, explicando a gestão

estratégica de posições em redes de conhecimento, que pode melhorar o desempenho

inovador de uma empresa. (Casanueva, C. 2012).

2.3.3. Redes verticais, horizontais e interpessoais

Lazzarini (2008) define as relações em uma rede em dois tipos: verticais e horizontais.

Uma rede de relações verticais é como uma rede de relações sequencialmente encadeadas, que

permite administrar interdependências sequenciais entre diversos atores, isto é, ―cada ator a

montante fornece um produto (ou serviço) que é insumo do outro ator a jusante‖ (Lazzarini,

2008).

No entanto, uma simples relação mercadológica entre clientes e fornecedores estudada

sob a ótica de uma rede vertical não garante que ocorra cooperação entre os atores.

Por sua vez, há redes formatadas por laços horizontais, ou seja, que ocorrem entre

organizações concorrentes de um mesmo setor ou entre organizações de setores

complementares. Nessa linha de raciocínio, segundo Lazzarini (2008, p. 38), ―as redes

horizontais tipicamente apresentam dois tipos de interdependências entre os atores:

interdependências de agregação e recíprocas‖. As de agregação são interdependências menos

intensas, muito embora a cooperação ressalte os interesses comuns; não é necessário

desenvolver relações mais fortes com os pares, podendo resumir-se apenas a diálogos

específicos em momentos pontuais.

38

Porém, se as interdependências forem recíprocas, as relações horizontais seriam mais

intensas; sendo assim, as organizações podem, além de compartilhar recursos físicos,

intercambiar conhecimentos e desenvolver novos produtos e processos em conjunto,

estabelecendo alianças para compartilhar, de forma recíproca, os recursos comuns. Ainda

segundo Lazzarini (2008), é importante citar que os dois tipos de interdependência possuem

relações que seriam aplicadas não apenas entre clientes e fornecedores, mas entre

concorrentes ou outras organizações do mesmo setor.

Considerando-se especificidades de caráter organizacional, Balestrin e Vargas (2004)

citam outro tipo de rede, que permeia os dois acima: as redes informais, caracterizadas pela

convivência e relações informais entre os agentes que compartilham interesses semelhantes.

Essas relações são caracterizadas pela troca de experiência e de informação sobre as bases da

livre participação, ou seja, sem qualquer tipo de contrato formal que se estabeleça por regras.

Além de uma cultura de cooperação e compartilhamento nas relações

interorganizacionais frequentes e organizadas, devem se estabelecer relações entre as pessoas

envolvidas com as organizações, sejam funcionários, administradores, gerentes, diretores ou

empresários. As relações sociais e de amizade são importantes para os contatos profissionais,

funcionado de acordo com os interesses mútuos, baseadas sobretudo na confiança.

As relações interpessoais ganham importância quando há tendência a ver as empresas

como fenômeno processual, baseado nas decisões e ações das pessoas. Além de pressupor que

um conjunto de organizações possui laços comuns, isto é, formam uma rede, é imprescindível

compreender, segundo Nohria (1992), quais tipos de laços importam, em quais circunstâncias

e de que maneira, além de analisar o que leva à formação de diferentes padrões de redes e

como as redes evoluem e mudam ao longo do tempo.

2.3.4. Redes em Arranjos Produtivos Locais (APL)

Segundo Marteleto e Silva (2004), a sistematização de um método para o estudo das

redes é relativamente recente, sendo considerada como referência a década de 1940, quando

as inter-relações passaram a ser definidas por meio de matrizes com linhas e colunas, sendo n

a quantidade de atores, cujas células eram marcadas com zero (0) e um (1), representando a

ausência ou presença de relação entre dois atores quaisquer, utilizando-se a base matemática

da álgebra linear.

39

Na década de 1970, as análises mais sofisticadas foram desenvolvidas, sendo possíveis

a partir então a tecnologia da informática e o aumento da capacidade de processamento dos

computadores e novos softwares para grandes bases de dados e sua análise na forma de redes

(Marteleto & Silva, 2004).

O uso de técnicas matemáticas, como diagramas, matrizes e softwares (Ucinet e

NetDraw), permitiu uma análise mais precisa e objetiva das características nas redes de

empresas. Segundo Marteleto e Silva (2004), ―essas técnicas permitem o uso de computadores

na análise da informação e a indicação de relações não previstas, abrindo a possibilidade de

novas perguntas de investigação‖.

O conceito de APL refere-se à aglomeração de organizações que dentro de uma região

definida reúne condições comuns de cultura tecnológica, formação de mão de obra específica

e rede de fornecedores, e melhora de tecnologia; reduz os custos e incentiva a

competitividade, propiciando diversas configurações empresariais, possibilitando a

convivência de empresas de diversos tamanhos, que conformam uma rede complexa de

cooperação e concorrência. Deduz-se que a articulação entre os conceitos de aglomeração e

redes pode se estender aos estudos de APLs, fazendo com que a perspectiva de estrutura em

redes seja condicionante importante para melhor entender e analisar os APLS como forma de

organização empresarial (SACOMANO NETO, 2004).

Na possibilidade da utilização de determinadas medidas de rede no estudo de APLs,

definindo-se a centralidade e a densidade como propriedades estruturais da rede que

estabelecem os relacionamentos existentes dentro de uma aglomeração de empresas, na

medição da centralidade é possível definir os atores mais importantes dentro do APL, e que

determinando a densidade pode-se estabelecer um maior volume de interações entre os atores,

permitindo inclusive identificar quais os setores de menor importância da rede, reconhecendo

possíveis causas de vazios estruturais. Essas medições de rede auxiliam a caracterização do

tipo de APL e a sua descrição de funcionamento, indicando os atores com maior acesso aos

recursos mais escassos ou com capacidade maior de cooperação com outros atores.

As medidas de redes apresentadas e suas combinações, juntamente com os atributos

dos atores de um APL, definem diversos dados para a análise da estruturação dos arranjos e

suas respectivas relações entre os atores em questão. Isso permite compreender como é a rede

que compõe um APL, como a rede se comporta, e como as relações influenciam seu

comportamento.

40

Baseado nas considerações anteriores pode-se ainda dividir a definição de APL em

quatro tipos, de acordo com suas características particulares: (SACOMANO NETO, 2004)

●APL: Define-se como concentração de número significativo de empresas que desempenham

atividade comum, como produto-fim ou serviço.

●Condomínio Industrial: a fim de melhorar custos de administração e logística, e assegurar a

eficiência do just in time desenvolveu-se a colocação de fornecedores dentro do espaço físico

da própria montadora do produto final.

●Consórcio Modular: o consórcio modular é atualmente o estágio mais avançado de uma

terceirização; o fornecedor realiza as atividades dentro do espaço físico da montadora final, o

―consórcio industrial‖, porém se responsabiliza pelos equipamentos utilizados e seus

investimentos; a montadora tem como funções definir o produto, a coordenação da produção e

os testes finais e sua aprovação.

●Cluster: é um sistema geograficamente próximo de empresas interconectadas e instituições

associadas ligadas por aspectos comuns e complementaridades. Devido ao aparecimento de

economias externas, seu valor é maior do que a soma das suas partes. Por essa razão, o

agrupamento é exaltado como uma cura quase universal para as economias em dificuldades

(nacionais ou regionais).

2.3.5. Morfologia, propriedades e posicionamento na rede

O estudo de uma rede empresarial baseia-se nas relações entre atores para definir e

organizar os vários aspectos envolvidos. Sob esse ponto de vista, as relações sociais podem

ser classificadas como relações regulares entre os atores (WASSERMAN; FAUST, 1994;

SCOTT, 2000; SACOMANO NETO; TRUZZI, 2004; MIZRUCH, 2006; KILDUFF; TSAI,

2007). Essas relações são econômicas, políticas, afetivas ou de interação, entre outras, e se

expressam por meio de relações, conexões (linkages) entre os atores em análise.

Segundo Britto (2002), existem quatro elementos na morfologia das redes-nós,

posições, elos ou ligações e fluxos – que constituem a estrutura das redes. Nó é um conjunto

de agentes ou atividades existentes em uma rede. ―Na caracterização morfológica de uma

rede, este conjunto associa-se ao conceito de pontos focais ou nós que compõem a estrutura‖

(BRITTO, 2002).

41

A posição define a localização dos nós (empresas ou atividades) na estrutura e está

diretamente vinculada à divisão do trabalho dos diferentes atores.

Por meio dos elos (linkages) os recursos fluem, sejam físicos ou de suporte técnico, e

por eles passam as interações entre atores, formais ou informais. Para compreender a estrutura

e as relações de uma rede de empresas, devem ser analisados os fluxos tangíveis (produtos e

insumos) e intangíveis (informações). Os elementos morfológicos constituem a base para

qualquer tipo de análise em redes.

Para o estudo das redes, existem várias propriedades estruturais que propiciam ao

analista compreender aspectos das complexas relações entre os atores. As características

estruturais estudadas por Wasserman & Faust (1994); Scott (2000); Mizruch (2006); Kilduff e

Tsai (2007) e Lazzarini (2008) são centralidade, densidade, equivalência estrutural, autonomia

estrutural etc. No caso centralidade, um ator que está sendo analisado centraliza a relação com

outros atores da rede.

Na autonomia estrutural, o ator atua como intermediário na relação entre outros dois,

produzindo os efeitos iguais ao da estrutura centralizada, como, por exemplo, poder, status,

acesso a informações, recursos, entre outros.

Na equivalência estrutural, mais de um ator ocupa posições equivalentes na estrutura

da rede, o que produz comportamentos similares entre esses atores.

Há ainda a definição de imersão (embeddeness). Segundo Granovetter (2007), são dois

os tipos de imersão em uma rede: estrutural e relacional. A estrutural define como a posição

estrutural de um ator em determinada rede afeta seu comportamento; a relacional define a

dependência do comportamento dos atores por meio de estruturas mútuas de expectativas.

Rowley, Behrens e Krackhardt (2000) estudam essa classificação, enfatizando o conceito de

embeddedness estrutural – ou perspectiva das posições –, que define o valor informacional da

posição estrutural do ator na rede.

Diferentemente, o embeddedness relacional - ou perspectiva da coesão - utiliza os elos

coesivos diretos como condição de refinar informações, aumentar confiança, dar legitimidade

e consenso à análise. As duas formas de imersão funcionam como recurso de controle em

termos do comportamento e da cooperação dos parceiros (ROWLEY; BEHRENS;

KRACKHARDT, 2000).

42

Definem-se as redes estruturalmente como densas ou difusas; do ponto de vista das relações

podem ter ligações fortes ou fracas (strong or weak ties).

A rede possui maior densidade quanto maior o número de atores ligados uns aos

outros (LAZZARINI, 2008). A densidade é o número de laços existentes dividido pelo

número máximo de laços da rede. Gnyawali e Madhavan (2001) definem três propriedades

das redes densas:

1) facilitam o fluxo de informação e recursos;

2) funcionam como sistemas fechados de confiança e normas divididas, em que as

estruturas de comportamento em comum se desenvolvem mais facilmente;

3) facilitam a atribuição de sanções.

A rede difusa é definida quando há pouca densidade na rede, ou seja, o grau de

conexão é relativamente pequeno. O posicionamento de um ator em uma rede varia entre a

rede densa e a difusa.

Segundo Powell e Smith-Doer (1994) e Rowley, Behrens e Krackhardt (2000), redes

difusas podem ter relação positiva no desempenho das organizações, o que é confirmado

segundo Powell e Smith-Doer (1994) e Rowley, Behrens e Krackhardt (2000). Ao contrário

das redes densas, as redes difusas são associadas ao acesso às novas informações por sua

característica não redundante das conexões.

De acordo com Burt (1992), os vazios estruturais em uma rede, ou seja, uma ausência

de ligação entre atores é mais comum nas redes difusas e apresentaria oportunidades

estratégicas aos participantes.

Redes densas e suas conexões fortes possuem melhor desempenho em organizações mais

estáveis e com maior domínio tecnológico.

Segundo estudos de Rowley, Behrens e Krackhardt (2000), as redes difusas com suas

conexões fracas são mais eficientes do que as redes densas, particularmente em ambientes

incertos e com tecnologias novas ou ainda pouco dominadas.

Essas afirmações justificam-se porque as redes densas estão associadas à troca de

informações precisas e à confiança; por sua vez, as redes difusas estão ligadas às informações

não redundantes, importantes em processos de inovação.

43

O posicionamento relacional seria definido como a intensidade do relacionamento

entre atores em uma rede organizacional. Strong and weak ties (relações fortes e fracas) foi a

expressão utilizada por Granovetter (1973) para definir a intensidade das relações entre os

atores, com características fortes ou fracas.

Entende-se o posicionamento relacional pela coesão das relações entre atores, que é

característica relacional entre atores em uma rede, definida por meio da intensidade do

relacionamento (forte ou fraco, estratégia, relações de longo prazo, de saída ou diálogo, entre

outras.). A coesão está fortemente relacionada à densidade e se confundem os termos, que não

expressam a mesma propriedade (SACOMANO NETO, 2004).

A densidade é característica da estrutura de uma rede, e a coesão é característica

relacionada às conexões entre atores de uma rede. É possível existir relações coesas dentro de

redes difusas, porém, a coesão é determinante para maior densidade em uma rede. Segundo

Rowley, Behrens e Krackhardt (2000), a densidade e a coesão devem ser analisadas

conjuntamente, sendo que a intensidade de relacionamento (forte ou fraco) é forte indicativo

da estrutura da rede (densa ou difusa). Dyer e Singh (1998) definiram as vantagens

competitivas relacionais na estrutura de uma rede relacionadas positivamente ao desempenho

das empresas.

2.3.6. Culturas estratégicas, governança, tipos de redes, fatores chave de sucesso

As redes organizacionais possuem características relevantes, como: Cultura de Redes;

Alianças Estratégicas; Governanças; Fatores Chave de Sucesso e Cadeias de Suprimentos.

2.3.6.1. Cultura de redes

Grandori e Soda (1995) atribuem o surgimento das redes de cooperação à ocorrência

de falhas de mercado ou falhas burocráticas. Os autores afirmam que os principais objetivos

que se apresentam nos estudos organizacionais sobre redes se referem a:

Alcançar resultados específicos em redes de cooperação;

Alcançar e estabilizar acordos interorganizacionais ou intraorganizacionais;

Esboçar um grau de estruturação e formalização da rede;

44

Conduzir projetos de pesquisa em redes de cooperação, sob o ponto de vista

metodológico.

Para lograr estes objetivos deve-se criar um ambiente cultural que propicie o alcance

das metas. As principais culturas são:

Cultura de Confiança: envolve aspectos culturais e de interesse dos setores. É

necessária a criação de uma cultura;

Cultura de Competência: refere-se às competências essenciais de cada parte. Engloba

aspectos de instalações e equipamentos, até aspectos imateriais (valor agregado/

competitividade frente à concorrência/flexibilidade);

Cultura da Tecnologia da Informação: refere-se à agilização do fluxo de informações e

é de vital importância para a implementação e o desenvolvimento de redes flexíveis.

2.3.6.2. Alianças estratégias de redes

Alianças estratégicas são formas de cooperação entre as empresas e setores. A aliança

entre empresas é um modelo diferente de cartéis e outros acordos oligopolistas, porque dizem

respeito a objetivos, épocas, produtos e processos específicos, e não excluem a concorrência

nas áreas não cobertas pelos acordos.

Os tipos usuais de alianças são:

Acordo Provisório: a empresa coloca o mínimo de recursos, temporariamente.

Normalmente ocorre a recuperação plena dos recursos empregados.

Consórcio: empregado quando as partes estão dispostas a investir mais recursos para

um projeto maior, e o retorno obtido é dividido entre as sócias participantes, quando as metas

do projeto são alcançadas.

Joint venture baseada em projeto: as empresas-mãe colocam o mínimo de recursos

estratégicos, entrando em acordo para criá-los e ampliá-los em conjunto por meio de uma

organização comum.

45

2.3.6.3. Governança de redes

Governança é o conjunto de mecanismos de administração de um sistema (social) e de

ações organizadas no sentido de garantir segurança, prosperidade, coerência, ordem e a

continuidade do próprio sistema.

A governança pode ser vista como sistema intraorganizacional, interdependência entre os

setores da organização (produção, engenharia, qualidade, RH etc.) ou interorganizacional,

como interdependência entre organizações (clientes, fornecedores, órgãos de governo,

sindicatos etc).

Figura 5 – Sistemas de redes e suas governanças

Fonte: autor

Modelos de Governança:

Abrangência: Conselho de Administração (diferentes interesses de sócios e

administradores);

Stewardship: Conselho de Administração (sócios e administradores tratados como

parceiros);

Dependência de recursos: Conselho de Administração (membros do conselho

relacionados com o ambiente externo);

46

Perspectiva democrática: Conselho de Administração (membros do conselho são eleitos

e representam ramos da sociedade);

Stakeholders: Conselho de Administração (conselho composto por membros com a

maior diversidade possível de fator relevante para a organização);

Hegemonia gerencial: Conselho de Administração (conselho tem papel simbólico).

2.3.6.5. Fatores-chave de sucesso

Para Serra et al. (2004), fatores-chave de sucesso são as variáveis ou atividades de

uma empresa decisivas para o sucesso competitivo em determinado segmento dos negócios, e

podem ser determinados pelas respostas a três questões:

Quais os critérios dos clientes para a escolha dos produtos?

Quais os recursos e capacidades competitivas necessárias para se ter sucesso?

O que é imprescindível para se obter vantagens competitivas?

Castor (2009) esclarece que são atributos, qualidades e características de um bem ou

serviço que mais fortemente influenciam seus consumidores e usuários em potencial, em

outras palavras, o mercado, a consumir ou os utilizar.

Os atributos que evidenciam são principalmente:

Cooperação: confiança; comprometimento; troca de experiências; identidade cultural;

alinhamento e adaptabilidade; interdependência.

Competição: conflitos; concorrência; rivalidade; padronização (não flexibilidade);

individualismo; autonomia.

2.4 Estratégias envolvendo PCP em redes

2.4.1.1 PCP em redes de Empresas

Para Corrêa et al. (2007), planejamento significa antecipar-se aos fatos e tem a

finalidade de eliminar imprevistos no futuro: ―É entender como a consideração conjunta da

situação presente e da visão do futuro influencia as decisões no presente para que se atinjam

determinados objetivos no futuro‖.

47

Segundo Certo e Peter (2005), o controle deve ser exercido de forma ordenada;

primeiramente são estabelecidas as metas no planejamento estratégico, depois é preciso

comparar o resultado com essas metas, e por fim decidir se se mantém ou se aplicam ações

corretivas.

Tubino (2007) define que as empresas transformam por meio da produção entradas

(insumos) e saídas (produtos) úteis para os clientes, denominado ―sistema produtivo‖, que

precisa ser pensado em termos de prazo. Planos são feitos e ações são disparadas com base

nesses planos para, transcorridos os prazos, os eventos planejados pelas empresas se tornem

realidade.

Harrison e Hoek (2003) afirmam que em redes de empresas ―todos os processos dentro

da rede precisam ser compreendidos em termos de como eles interagem com os outros

processos. Nenhuma organização é uma ilha: suas entradas e saídas são afetadas pelo

comportamento de outros participantes da rede. Um participante poderoso pode dificultar e

muito a vida de todos os outros‖.

Fusco e Sacomano (2005) desenvolveram abrangente estudo, definindo a rede robusta

que considera assuntos de globalização e terceirização, dentre outros. Há maior conhecimento

sobre as capacitações presentes na rede, que não só permitiriam a todos os parceiros avaliarem

sua própria posição relativa, mas desenvolver um caminho para evoluir, criando vantagem

competitiva compartilhada para ambos.

Oliveira Neto (2008) define que o pensamento estratégico contemporâneo em

operações é centrar em suas competências essenciais e terceirizar as atividades de apoio. O

PCP programa todo o fluxo de produção, que conta inclusive com agentes terceirizados; o

operador logístico passa a ter importância nas empresas, por ser especialista nas atividades de

apoio. Entre os fatores fundamentais para a execução de um PCP estão os fornecedores, que

atualmente são fundamentais para a vantagem competitiva da organização. Promover parceria

e alianças estratégicas é primoroso para o fornecimento no tempo certo. O cenário ou

horizonte de planejamento no qual o PCP opera, muda a cada instante; por isso, além de

programar e controlar o fluxo interno é preciso programar e controlar os fornecedores e o

operador logístico.

O resultado dessa complexidade de programação e controle é o atendimento de várias

empresas dependentes denominadas clientes. O PCP na empresa terá de atender às

especificações do negócio e processar os produtos e serviços por meio do gerenciamento por

processo, otimizando o planejamento agregado.

48

Rontondaro (2004) estuda o processo como ―sequência de atividades organizadas que

transformam as entradas dos fornecedores em saídas para os clientes, com valor agregado

gerado pela unidade‖. Segundo Gaither e Frazier (2007), nesse planejamento os gerentes de

operações precisam estar sintonizados com a estratégia global da empresa para desenvolver

planos mestres de produção de longo, médio e curto prazo.

Os planos especificam a quantidade de mão de obra, de subcontratação, de necessidades de

materiais com os fornecedores e a organização do ciclo logístico integrado para o atendimento

do plano mestre de produção.

3 METODOLOGIA

3.1 Método científico

Segundo Gil (1994), a ciência tem como objetivo fundamental chegar à veracidade dos

fatos. Não se distingue de outras formas de conhecimento. O que torna, porém, o

conhecimento científico distinto dos demais é que tem como característica fundamental a sua

verificabilidade, ou seja, determinar o método que possibilitou chegar a esse conhecimento.

Ainda de acordo com Gil (1994), na aplicação dos métodos gerais o pesquisador pode

decidir acerca do alcance de sua investigação, das regras de explicação dos fatos e da validade

das generalizações; classifica-os em:

● Método hipotético-dedutivo- apresentado à ciência como tentativa de superação das

limitações dos dois métodos clássicos: o método dedutivo e o método indutivo;

● Método dialético e

● Método fenomenológico.

O método dedutivo parte das teorias e leis para predizer as ocorrências dos fenômenos

particulares. Segundo Oliveira (1997), esse método procura transformar enunciados

complexos, universais, em particulares, em que a conclusão sempre resultará em uma ou

várias premissas, fundamentando-se no raciocínio dedutivo.

49

O método dialético penetra no fenômeno pela ação recíproca entre a contradição inerente

ao fenômeno e a mudança dialética que ocorre na natureza da sociedade. As considerações

acerca da dialética costumam ser polêmicas, porque invariavelmente conduzem a questões de

natureza ideológica, identificada pelos princípios da unidade e luta dos contrários, da

transformação, das mudanças quantitativas em qualitativas e da negação da negação de que

deriva uma conclusão metodológica: para conhecer realmente um objeto é preciso estudá-lo

em todos os seus aspectos, em todas as suas relações e todas as suas conexões (GIL, 1994).

O método fenomenológico propõe-se a estabelecer base segura, liberta de pressuposições,

para todas as ciências, segundo Gil (1994), porque se preocupa com a descrição direta da

experiência tal como ela é. A realidade é construída socialmente e entendida como o

compreendido, o interpretado, o comunicado. A realidade não é única, pois existem tantas

quantas forem as suas interpretações e comunicações.

3.2 Método compreensivo

O método compreensivo, adotado neste trabalho, origina-se, segundo Gil (1999), em Max

Weber, que se opõe à utilização dos métodos das ciências naturais no estudo da sociedade,

propondo em seu lugar a apreensão empática do sentido finalista de uma ação, parcial ou

inteiramente oriunda de motivações irracionais.

Esse procedimento que chama de compreensão envolve uma reconstrução no sentido

subjetivo original da ação e o reconhecimento da parcialidade da visão do observador. A ideia

básica da Sociologia de Weber é da ação, em que, segundo sua famosa definição, ―está

incluído todo o comportamento humano à medida que o ator lhe atribui significado

subjetivo‖. A compreensão, por sua vez, refere-se ao sentido visado subjetivamente por

autores no curso de uma atividade concreta (GIL, 1999).

Segundo Mendes Júnior e Ferreira (2010), a análise compreensiva incentiva a integração

de um maior número possível de elementos e conexões em seu exercício. Esses elementos são

as partes constituintes do universo multidimensional que integra o todo relativo ao sujeito, o

qual é composto, por exemplo, pelas diferentes dimensões do conhecimento, pela noção de

valor, verdade, realidade, entre outros. Já as conexões se constituem nas relações que o sujeito

percebe entre os elementos presentes em seu universo multidimensional, do qual ele mesmo é

parte integrante.

50

Portanto, segundo os autores, a análise compreensiva depende dos elementos que

compõem o universo multidimensional do sujeito e das relações identificadas entre esses

elementos, determinando o julgamento que o sujeito faz em relação à pertinência que ele

atribui aos elementos eleitos para a sua análise compreensiva.

Identificar as relações que ocorrem no PCP em redes de empresas torna-se um desafio para

a interação entre os atores dessas redes em ambiente integrado, a fim de propiciar o

entendimento da agregação de valor aos negócios empreendidos.

3.3 Questão da pesquisa

Segundo Köche (1997), ―pesquisar significa identificar uma dúvida que necessita

esclarecer, construir e executar o processo que apresenta a solução desta, quando não há

teorias que a expliquem ou quando as teorias que existem não estão aptas para fazê-lo‖.

Portanto, pesquisar é descobrir, fato natural a todos os indivíduos.

Ruiz (1996) considera que ―pesquisa científica é a realização completa de uma

investigação, desenvolvida e redigida de acordo com as normas de metodologia consagradas

pela ciência‖.

Gil (2002) define pesquisa como procedimento racional e sistemático que tem como

objetivo proporcionar respostas aos problemas propostos. A pesquisa é requerida quando não

se dispõe de informação suficiente para responder ao problema, ou então quando a

informação disponível encontra-se em tal estado de desordem que não possa ser

adequadamente relacionada ao problema. Em outras palavras, a pesquisa pode ser definida

como investigação realizada por meio de processos científicos.

Esta pesquisa considera o PCP como centralidade, com o objetivo de identificar os atores

em cada fase de desenvolvimento do PCP, as conectividades entre os atores e as respectivas

densidades.

Pesquisa-se sobre as seguintes questões: evolução do PCP na empresa; desenvolvimento

do PCP e a gestão das áreas envolvidas na empresa; evolução dos programas de qualidade;

políticas de recursos humanos relacionadas com o PCP; evoluções tecnológicas que

influenciaram o PCP; envolvimento dos funcionários com os indicadores de desenvolvimento

do PCP.

Para esta pesquisa foram considerados como fatores-chave de sucesso os seguintes itens:

51

Satisfação do cliente; lucro; capacidade de sobrevivência e competitividade;

fortalecimento da marca; reconhecimento da mídia; produtividade; confiança entre os setores

da empresa; confiança na gestão; motivação do pessoal; facilidade de acesso a novas

tecnologias; flexibilidade na manufatura; definição de direitos e deveres dos setores

envolvidos; confiança de fornecedores e terceiros; vanguarda de mercado.

A metodologia apresentada fez uso do método compreensivo para identificar as relações

que ocorrem no PCP em redes de empresas, de processos bibliográficos, de pesquisa

exploratória, de estudo de caso com instrumentos de coleta de dados por intermédio da

entrevista não estruturada e questionário com perguntas de múltipla escolha, utilizando-se

como escala de medição a de Likert.

A quantidade de respostas possíveis é em número de cinco, considerando-se o fato de que

as possibilidades de resposta podem ser par ou ímpar; salienta-se que a quantidade ímpar

favorece ao respondente manter-se, por qualquer motivo, no centro das respostas, ou seja, de

forma neutra, e a quantidade par de respostas evita esse comportamento, pois o pesquisado

tem que se posicionar.

Como o tema que está sendo proposto representa uma contribuição no tratamento do PCP em

redes de empresas, optou-se pela escala com a quantidade ímpar de respostas.

As nomenclaturas foram: 1 - Irrelevante; 2 – Pouco Relevante; 3 - Relevante; 4 – Muito

Relevante e 5 – Imprescindível.

3.4 Estudo de caso

Gil (2002) define o estudo de caso como uma busca das questões propostas, em que o

pesquisador realiza a maior parte do trabalho utilizando sua experiência direta com a situação

de estudo. . O processo passa por etapas de formulação do problema, definição de unidade-caso,

determinação do número de casos, elaboração de protocolo, coleta e análise de dados e

redação de relatório.

Segundo YIN (2001), um estudo de caso é um dos métodos para a pesquisa de ciência

social. Geralmente os estudos de caso são as estratégias principais quando questões ―como‖

ou ―por que‖ estão presentes, quando o investigador tem controle sobre os eventos e quando o

foco é no fenômeno contemporâneo, entre alguns contextos na vida real, e que o uso do

estudo de caso consiste na investigação empírica que se mostra adequada para investigar

fenômenos atuais quando os limites entre o fenômeno e o contexto não são definidos.

52

Segundo Eisenhardt (1989), a introdução de teoria usando estudo de caso é nova,

testável e empiricamente válida, sendo abordagem de pesquisa especialmente apropriada em

áreas de tópicos novos, e define o estudo de caso como estratégia de pesquisa que enfoca a

compreensão da dinâmica presente em certos cenários. O estudo de caso tipicamente combina

métodos de coleta de dados, como arquivos, entrevistas, questionários e observações, usados

para se cumprir vários objetivos, como fornecer descrição, testar teoria ou gerar teoria a partir

de provas de estudos de casos.

Segundo YIN (2001), o estudo de caso e os experimentos não representam uma

―prova‖, e a meta do investigador é expandir e generalizar (generalização analítica) e não

enumerar frequências (generalização estatística).

3.4.1 Empresas pesquisadas

Este estudo de caso foi feito em duas empresas nacionais de médio porte, entre 100 e

200 funcionários.

A primeira empresa é uma indústria de bens de capital que produz equipamentos para

perfuração de poços de água (artesianos); equipamentos de saneamento urbano e bombas de

alta pressão de deslocamento positivo. Possui, portanto, uma manufatura que pode ser

classificada como Responsiva, para atender ao grande número de produtos diferenciados que

o mercado demanda. Cada produto tem as próprias características; embora pertençam a um

mesmo grupo de equipamentos, a cada produção são introduzidas modificações e

particularidades do cliente. Possui como clientes empresas de destaque no mercado nacional,

como Petrobras e empresas de saneamento de diversos Estados.

A segunda empresa é uma indústria que produz elastômeros para diversos fins, como

amortecimentos de estruturas ou veículos; pisos para composições ferroviárias e rodoviárias,

peças técnicas de acoplamentos de transmissão de potência e elementos de vedação e selagem

de lajes em edifícios.

Possui uma manufatura do tipo Responsiva, pois tem grandes números de lotes de

pequenas quantidades de itens de mesmo projeto. Tem como principais clientes a Companhia

Paulista de Trens Metropolitanos, Alston, entre outras.

53

Para empreender este estudo foi preciso determinar as intensidades das relações entre as

diversas funções dessas empresas.

Foram selecionados os setores de PCP, PRODUÇÃO, QUALIDADE, VENDAS e

ENGENHARIA DE PRODUTOS. Esses departamentos foram escolhidos após entrevistas

prévias com gerentes de cada setor, que indicaram serem os setores que interagem para a

operacionalidade das indústrias. Outros setores poderiam ser levados em conta neste estudo,

como Recursos Humanos, Contábil e Financeiro, porém o nível de sinergia entre esses setores

e o PCP é de magnitude pouco significativa se comparada aos departamentos selecionados.

Consideramos neste estudo a Engenharia Industrial ou de Manufatura como parte da

Produção, pois em uma manufatura do tipo Responsiva que necessita de grande agilidade em

prazos exíguos, a Produção confunde-se com a Engenharia Industrial, trabalhando quase

como organismo único.

3.4.2 Primeira etapa da pesquisa

Foram pesquisados na literatura sobre Tipos de Manufatura, PCP e Redes de Empresas.

Baseados nessa pesquisa bibliográfica, foram selecionadas duas empresas industriais com

características de produção sob encomenda.

3.4.3 Segunda etapa da pesquisa

Foi realizada por intermédio de entrevistas não estruturadas com gerentes das áreas que

compõem a rede intraorganizacional de cada empresa, com o objetivo de:

● Identificar as relações existentes entre os setores da empresa que possuem relação com o

PCP.

● Identificar as necessidades e expectativas de cada setor em relação ao outro.

● Identificar como cada setor vê a si mesmo na rede intraorganizacional.

3.4.4 Instrumento de coleta de dados

Após as entrevistas prévias foram elaboradas questões referentes à interação do PCP e

os demais setores. Estas questões foram departamentalizadas, e todos os setores estudados

foram arguidos sobre todas as questões, inclusive sobre seu próprio departamento.

As questões foram assim formuladas:

54

VENDAS – (Demanda): relacionadas ao Departamento de Vendas, que faz a ligação entre as

demandas do Mercado e a Empresa.

PROJETOS – (Projeto do Produto): relacionadas ao Departamento de Engenharia de Produto,

que traduz as exigências de desempenho do mercado para a Empresa.

PRODUÇÃO – (Processo Produtivo): relacionadas ao Departamento de Produção, que realiza

as exigências de desempenho, custo e prazo do Mercado.

PCP – (Programação): diretamente relacionadas ao Departamento de PCP.

QUALIDADE - (Controle): relacionadas ao Departamento de Controle da Qualidade, que

certifica que as exigências de desempenho cumpram as especificações da Engenharia de

Produto.

De posse das questões elaboradas, os gestores de cada departamento foram

entrevistados e opinaram sobre as cinco possibilidades de respostas.

Quadro 1 – Questões estruturadas

Fonte: autor

55

3.4.5 Entrevistas sobre as questões

Comentários adicionais foram gerados e introduziram um Questionamento

Complementar Qualitativo, acrescentando as questões que seguem:

Quadro 2 – Questões complementares

Fonte: autor

Como resposta foi dada apenas a possibilidade de confirmar ou não, ou seja, resposta

afirmativa ou negativa.

56

4 RESULTADOS DA PESQUISA

As questões foram organizadas conforme tabela a seguir:

Quadro 3 – Tabulação de dados

Fonte: autor

57

4.1 Análises e discussões

4.1.1 Questões inter-relacionais entre atores

Utilizando-se as médias das tabulações obtidas nos resultados da pesquisa

organizamos os dados em uma tabela de inter-relacionamento. Para compreender como esses

relacionamentos ocorrem entre os atores dessas redes, podem ser avaliadas por meio das

técnicas de análise de redes sociais (Social Network Analysis), com apoio da ferramenta

Ucinet & e seu módulo integrado NetDraw (BORGATTI et al., 2002).

Tabela 2 – Inter-relações de densidades

Fonte: autor

Na tabela 2 verificam-se os valores que cada departamento atribuiu para cada questão

aos demais e a si mesmo. Na linha superior temos cada departamento, e nas colunas verticais

os atributos mencionados.

58

Por exemplo, o PCP (Empresa 1) atribuiu a si mesmo nota 4,0; para a Produção 4,0;

Qualidade 3,5; Projetos 4,0; Vendas 3,5 e assim sucessivamente.

Verificamos:

●Os atores: PCP; PRODUÇÃO; QUALIDADE; PROJETOS E VENDAS.

●Os laços relacionais: atributo de um ator a outro.

●A conectividade: bidirecional.

●A densidade: valor médio quantitativo do atributo.

Utilizando esta quantificação demonstramos graficamente as propriedades:

Figura 6 – Diagramação da Rede Interorganizacional

1ª Empresa

59

2ª Empresa

Fonte: autor

Na figura 6 estão as densidades que são os valores numéricos, as relações

birelacionais, e o laço relacional de um departamento a outro e vice-versa. Além desses

valores temos a nota autoatribuída, que demonstra como o departamento se vê, ou seja, como

ele compreende seu protocolo com os demais setores; porém, nem sempre ele reflete o que os

demais setores percebem de sua interatuação.

Expressamos este conceito tabulando os seguintes atributos:

60

Tabela 3- Comparação de atributos entre atores da rede

Fonte: autor

Na coluna ―A‖ há a média das densidades atribuídas a um ator pelos demais; na coluna

―B‖, a autoavaliação; e na coluna ―C‖ a diferença aritmética entre as colunas ―A‖ e ―B‖.

Para analisar as relações entre as colunas ―C‖ utilizamos o conceito de desvio padrão

(σ). A partir do conjunto de atores (PCP; Produção; Qualidade; Projetos; Vendas), a melhor

estimativa para um valor significativo será dada pela diferença entre a média aritmética e

autoavaliação, expressa na coluna ―C‖, e pelo desvio padrão da média σ, isto é, comparando-

se C e σ, teremos:

Se C < σ, indica diferença de expectativas ―estável‖, em que o intervalo de A - a A

+ delimita uma faixa que tem probabilidade de conter o valor verdadeiro. Já quando C > σ

indica diferença de expectativas que deve ser revista.

Observamos nesta compilação que a maioria dos atributos nas colunas ―A‖ e ―B‖

coincide ou tem pequenos desvios; isto indica que os protocolos de relacionamento têm

estabilidade, embora possam ser melhorados, pois é de consenso comum que o atributo

máximo é de valor cinco (5).

61

Porém, que no que se refere às Vendas há um grande desvio, que indica que a

sensação de interatividade dos demais departamentos com Vendas não corresponde à

expectativa que o setor tem de si mesmo.

De fato, constatou-se em entrevistas não estruturadas que ambas as empresas são

voltadas para Vendas, e que as vendas frequentemente são um indicador gerencial de elevada

importância. Entretanto, alguns fatores, como vendas com prazos exíguos e preços com baixas

margens de resultados colocam o PCP e demais setores em situação de complexidade

gerencial para atender a essas solicitações.

Considerando-se que dadas as demandas de mercado constatadas em entrevistas, há a

possibilidade de uma venda mais integrada com os demais departamentos, como consultas

prévias aos atores da rede, de maneira a melhorar o equilíbrio das densidades entre atores.

Essas constatações geraram questões complementares, com vistas à verificação dos protocolos

de inter-relação entre o PCP (como centralidade) e os demais atores.

4.2. Questões complementares Para aprofundar análise sobre o PCP segue a tabulação das questões Qualitativas:

Tabela 4 – Tabulação das questões complementares

Fonte: autor

62

Quanto às questões de caráter qualitativo observamos que há unanimidade nas

respostas das questões 13; 14; 15; 16; 18 e 19, o que indica conectividade (bidirecional)

equilibrada entre os atores e densidade compatível com as medições feitas na pesquisa;

porém, na questão de número 17 não há consenso entre os atores.

Os departamentos de PCP e de Produção entendem que um incidente causado por

uma não conformidade provoca atrasos não só na atividade envolvida, mas causa efeito de

perturbação em outras atividades produtivas que de alguma maneira têm relação com a

atividade causadora da não conformidade. Os demais setores Qualidade; Projetos e Vendas

não têm essa percepção. Isso indica baixa densidade no laço relacional no que diz respeito à

questão.

4.3. Proposições de melhorias Outra observação que pode ser feita baseada na pesquisa são os atributos considerados

nas entrevistas no que se refere às questões em particular. Uma tabulação indica o índice de

importância que a Rede Intraorganizacional dá a cada um dos temas propostos.

Tabela 5 - Relevância por questões

1ª Empresa

63

2ª Empresa

Fonte: autor

Esses atributos podem indicar melhorias a serem implementadas em cada ator a fim de

aumentar a eficiência da rede.

Na área de Projeto de Produto o detalhamento do produto é fator reconhecido por

todos os atores (questão nº 1), e que nesse aspecto o departamento de Projetos atende

plenamente às expectativas da rede.

Porém, as constantes adaptações para customizar os produtos (questão nº 2) causam

um ruído de comunicação entre os atores; observamos que esse atributo gera necessidade de

melhoria. Pode parecer paradoxal, pois os projetos são muito bem detalhados. Modificações

introduzidas são vistas como fator que interfere na eficiência do conjunto. Porém, os atores

que não consideram esse fator um problema são Vendas, Qualidade e Projeto; setores que não

necessitam agregar mais trabalho a cada modificação, no entanto, os setores produtivos PCP e

Produção consideram que esse fator afeta significativamente a eficiência. Protocolos devem

ser estudados para a minimização do problema, entre eles: as informações de Vendas à área

de Projetos sobre os itens customizados devem ser formalmente transmitidas à Produção e ao

PCP; e o departamento de Qualidade deve programar o plano de inspeção com feedbacks à

Produção e PCP.

Na área Vendas as questões de variação de demanda (questões nº 1 e 2) são bastante

satisfatórias para a rede. Considerando o equilíbrio da rede, melhorias em vendas não são

prioritárias para a atual configuração.

64

Na área de Produção, a determinação de métodos e processo (questão nº 5) mostra

que a parte de Engenharia Industrial atende às necessidades da rede atual, porém, quanto à

capacidade instalada (questão 6), os departamentos de Produção e PCP consideram as

instalações suficientes, o que não é compartilhado com os demais setores, os não produtivos.

Neste aspecto verificou-se que há uma visão comercial, ou seja, se houvesse mais capacidade

instalada se venderia mais. Do ponto de vista da decisão entre fazer ou comprar (questão nº 7)

há um viés de autossuficiência dos setores produtivos, ou seja, Produção e PCP, o que é

criticado pelos demais setores da rede. De fato, em uma análise mais detalhada verifica-se que

em determinados momentos a opção de compra seria boa solução para melhor desempenho da

rede.

Na área da Qualidade, a ação do controle de prazos tem reflexo no replanejamento

(questões nº 10, 11 e 12), o que é detectado nas áreas de PCP, Produção e Projetos com certa

ênfase, e com menos determinação pelas áreas de Vendas e da própria Qualidade, mas nesse

aspecto há quase um consenso. Considera-se esta área com conectividade estável, portanto

não prioritária para mudanças no momento.

E finalmente, a área do PCP, em que a programação e reprogramações são

consideradas pela rede (questões nº 8 e 9) como boas; verifica-se uma avaliação acima da

média geral da empresa.

Com essa análise, novos protocolos podem ser aplicados. Vale lembrar que uma rede

tem aspectos ativos e reacionais. Com ações de melhorias, a rede tende a mudar seu equilíbrio

dinâmico, e ser estudada novamente, com mais um novo conjunto de análises, dando origem a

uma governança da rede com direção de melhoria contínua.

Esses departamentos poderiam ser objeto de estudo para serem criados procedimentos

ou protocolos, a fim de auxiliar o PCP e a Produção, minimizando os impactos de não

conformidades (falhas no processo e métodos, reavaliação de especificações de projeto,

solicitações desnecessárias de clientes, velocidade de detecção de falhas e erros de execução,

velocidade de comunicação de não conformidade etc.).

65

4.2 Diferenças entre as empresas pesquisadas

Embora as empresas pesquisadas tenham diferentes tipos de produtos, e atendam a

diferentes mercados, do ponto de vista do PCP em rede intraorganizacional elas são similares.

Das questões estruturadas, as cinco primeiras com maiores valores atribuídos coincidem e

estão acima da média obtida. O setor Vendas atribuiu para si um valor além das expectativas

dos demais setores envolvidos.

Apesar de apenas duas empresas pesquisadas ser um universo reduzido, nota-se

semelhança cultural do ponto de vista de administração. É possível constatar que ambas

trabalham dentro dos mesmos paradigmas administrativos. As culturas de rede, indicadores de

desempenho e fatores-chave de sucesso são semelhantes.

No item (6), Recomendações para trabalhos posteriores, sugeriremos uma pesquisa sobre

administração do PCP de maneira a estudar as culturas de redes utilizadas e pesquisar novas

formas de culturas administrativas.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O PCP visto sob a ótica de redes intraorganizacionais não é função administrativa

estática. Essa função depende de uma série de premissas, como recursos disponíveis,

exigências de prazos, restrições orçamentárias, legislação vigente, capacitação de pessoal etc.

Essas condições podem ser modificadas durante a execução da produção em decorrência das

variações nas premissas citadas, ou ainda, por incidentes como falhas de processo, atrasos de

fornecedores, variações do câmbio de moedas etc.

A administração da função PCP envolve, portanto, fases distintas: anteprojeto;

planejamento; controle e replanejamento. Particularmente as fases de controle e

replanejamento são pontos críticos em uma administração da produção, pois sem elas o PCP

seria uma função estática, ou seja, sem modificações para adequação da produção aos

incidentes e perturbações ocorridas durante a execução. A essa administração dinâmica

chamamos de Governança.

66

Figura 7. Governança do PCP

Fonte: autor

Uma das características da governança é a admissão de que em uma rede

intraorganizacional os incidentes e perturbações ocorrem de maneira imprevisível, e

introduzem uma desordem na rede. Pode-se prever um contingenciamento de recursos para

mitigar os impactos dos incidentes sobre os prazos e custos planejados, porém esse

contingenciamento depende muitas vezes da experiência aprendida em produções similares

anteriores; em geral partem de critérios não precisos, podendo ser insuficientes, o que não

atenua os impactos das perturbações; por outro lado, podem ser excessivos, aumentando as

previsões de orçamentos com o consequente aumento de preços, o que interferiria nas vendas.

Sistemas produtivos são avaliados por sua organização interna. Essa organização tem por

finalidade permitir que os recursos e aportes de energia ou materiais sejam utilizados

eficientemente de acordo com sua estrutura organizacional.

Segundo estudos recentes, há uma busca por uma grandeza que defina o grau de desordem

de um sistema de gestão.

67

Para Jaber (2008), o desempenho de sistemas de produção seria melhorado pela aplicação

das primeiras e segundas leis da termodinâmica, para reduzir a entropia do sistema (ou

desordem).

Segundo Zhang (2008), do ponto de vista teórico os estados de recursos de produção

seriam monitorados e avaliados pela quantidade de informação necessária para descrever a

sua estrutura tecnológica e operacional. A quantidade de informações necessárias para

descrever sistemas de manufatura celular é investigada por duas medidas: a entropia estrutural

e operacional da entropia. Com base na entropia de Shannon, os modelos da entropia

estrutural e operacional dos sistemas de manufatura celular são desenvolvidos, e o

conhecimento dos estados de fabricação de recursos é mencionado.

Ainda segundo Jung (2010), na gestão de processos de negócios a incerteza e a

variabilidade do processo são fatores importantes que causam dificuldades na previsão e na

tomada de decisões, que evocam e aumentam a importância e a necessidade de medidas de

processos para análise sistemática. Uma medida de processo baseada em entropia para

quantificar a incerteza de modelos de processos de negócios. Essa medida permite a captura

do comportamento dinâmico de processos, em contraste com trabalhos anteriores que se

concentraram no fornecimento de medidas para o aspecto estático de modelos de processo.

Olivella (2008) afirma que flexibilidade do tempo é de grande preocupação para as

empresas, e deve ser estabelecida, alcançando acordos com os trabalhadores. Comparando-se

mecanismos de flexibilidade, está longe de ser fácil. As medidas de flexibilidade que

assumem a distribuição de probabilidade da demanda futura não são a flexibilidade realmente

de medição, mas riscos. Define-se um espaço de estados compostos de possíveis horas de

trabalho por vários períodos, e aplicam-se três medidas de flexibilidade para ele: a proporção

de estados possíveis, o custo médio e uma medida de entropia.

Para Yuan (2012), como as demandas do mercado e inventário de custos geralmente têm

apoios infinitos, a proposta de planejamento da produção é um problema de otimização

infinito-dimensional que não pode ser resolvido diretamente por métodos convencionais de

solução numérica, mas apoiando-se na ideia de entropia.

Os autores citados sugerem que o grau de desordem de uma organização é expresso pela

ideia de entropia de Ludwig Boltzmann (1877), em que o Grau de Desordem é igual a ― ln X‖,

sendo X o número de possibilidades de se realizar um processo.

As relações entre atores de uma rede intraorganizacional serão definidas como

―protocolos‖ de comunicação entre eles, o que abrange conceitos de laço, conectividade e

densidade.

Os protocolos têm a função de restringir as possibilidades de ações planejadas ao mínimo

possível de variações. Se o protocolo restringir as possibilidades a apenas uma, teremos S=

LN1=0, ou seja, grau de desordem mínimo.

68

Em uma rede interorganizacional em geral os protocolos têm maior eficiencia, pelo fato

que entre empresas contratos são firmados a fim de garantir a relação entre elas. Na rede

intraorganizacional é mais comum as relações terem certa informalidade, o que permite maior

número de variações na execução de procedimentos.

Um bom exemplo de protocolo é a linha de montagem, desenvolvida por Henry Ford e

utilizada em vários modelos de empresas industriais.

Embora alguns protocolos não sejam formais, mas intuitivos, caso um processo tenha

alguma perturbação ela é imediatamente detectada no próximo posto de trabalho, o que

exerece um controle automático sobre o processo, e requer imediata correção. Quanto mais

breve for a correção de um desvio, menores serão o impacto sobre os recursos e o tempo de

execução. O modelo fordista baseia-se em uma rede simples, na qual os setores ou atores

estão em sequência rígida.

Em outros tipos de sistemas empresariais as redes são complexas, e sua estrutura

administrativa por vezes não é de carater piramidal, mas matricial, o que aumenta ainda mais

a complexidade da rede. Porém, se as relações forem estabelecidas entre os setores de modo

que os protocolos sejam tão rígidos quanto o modelo de linha de montagem, haverá a mesma

eficiência. O desafio está em estabelecer um sistema de protocolos de controle em uma

organização de rede complexa.

Retornando à existência de alguma possibilidade prática para se evitar o aumento da

desordem do sistema, o estabelecimento de protocolos entre atores de uma rede possibilita a

manutenção de entropia em níveis adequados.

Em ambiente empresarial esse trabalho a ser introduzido é o controle e a gestão do

planejamento (Governança).

6 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS POSTERIORES

Em tempo de planejamento deve ser sempre considerada a melhor utilização dos

recursos, ou seja, o planejamento visa executar um escopo da maneira mais eficiente possível,

em que a condição organização é máxima dentro das condições de planejamento.

Na fase de planejamento premissas são assumidas, como taxa de eficiência de pessoas e

equipamentos, taxas de câmbio, condições de fornecimentos, entre outras. Essas premissas

devem ser documentadas e haver acompanhamento, pois caso as premissas não se realizem a

execução não corresponderá ao planejamento.

69

Estima-se certa contingência, baseada na experiência e na afirmação de que incidentes

acontecem. Se a estimativa for alta para fins de conforto, o projeto pode se inviabilizar. Por

outro lado, para ser competitivo (otimista), deixa-se de considerar contingências, aumentando-

se os riscos. A contingência terá que ser o mínimo indispensável para manter a entropia

mínima possível em caso de incidentes.

Quando ocorre um incidente que causa atraso no prazo de entrega, a inclusão de mais

recursos (não planejados e consequentemente não disponíveis) acarretará aumento

desproporcional do custo, pois a melhor relação Recursos x Tempo não será mantida.

O raciocínio é feito para possíveis variações causadas por incidente, desde que as

correções mantenham-se dentro da região viável do PCP. Caso o incidente leve uma das

variáveis para fora da região de viabilidade, será indispensável um replanejamento global.

É importante a identificação da causa raiz do incidente para ser corrigido; caso contrário,

a condição que causa o incidente segue atuante.

Por esse motivo, a detecção de desvios deve ser feita o mais brevemente possível,

permitindo com pouca adição de recursos manter o escopo dentro do prazo. Em caso de

detecção tardia o projeto fica inviabilizado em termos de prazo ou escopo.

Todos os setores envolvidos no projeto devem ter entre si protocolos de comunicação que

permitam assegurar um mínimo de variações possíveis no processo planejado. Dessa maneira,

os protocolos devem incluir um acompanhamento conjunto de todos os atores da rede. Uma

prática que tem se mostrado eficiente é que esse acompanhamento seja visual, seguindo o

conceito de administração visual.

Para a identificação de um desvio, a medição deve ocorrer em um evento tangível no

escopo para serem medidas com exatidão as variáveis de recurso e prazo.

Para o próximo trabalho recomendamos o estudo da Governança, que poderá ser

dividido em partes de acordo com a figura, sob a ótica da entropia empresarial aplicada às

redes de empresas.

70

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