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Profa. Dra. Mara Fernanda Alves Ortiz Aula 2 – História da Educação Especial

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Profa. Dra. Mara Fernanda Alves Ortiz

Aula 2 – História da Educação Especial

Agenda Dinâmica

Objetivos apresentar a história da Educação especial , levando os alunos a refletirem sobre os paradigmas ainda existentes e os estigmas.

Aula expositiva

Atividades da sessão de debate

Fechamento/ Resumo

Próximas etapas

Dinâmica das diferenças.

DEUS NÃO ESCOLHE OS CAPACITADOS Conta certa lenda, que estavam duas crianças patinando num lago congelado.

Era uma tarde nublada e fria e as crianças brincavam despreocupadas. De repente, o gelo se quebrou e uma delas caiu, ficando presa na fenda que se formou.

A outra, vendo seu amiguinho preso e se congelando, tirou um dos patins e começou a golpear o gelo com todas as suas forças, conseguindo por fim quebrá-lo e libertar o amigo.

Quando os bombeiros chegaram e viram o que havia acontecido, perguntaram ao menino: -Como você conseguiu fazer isso?

É impossível que tenha conseguido quebrar o gelo, sendo tão pequeno e com mãos tão frágeis! Nesse instante, um ancião que passava pelo local, comentou:

- Eu sei como ele conseguiu. Todos perguntaram:

- Pode nos dizer como? - É simples – respondeu o velho.

- Não havia ninguém ao seu redor, para lhe dizer que não seria capaz. (Albert Einstein)

História da Educação

Especial Critério básico de organização: quem não

corresponde ao padrão de normalidade ditada pelos padrões sociais vigentes.

Nas sociedades de cultura primitiva, os povos eram nômades, sobrevivendo da caça e da pesca. Por este motivo, todos que fugiam a regra ou tinham dificuldade para sobreviver aquele modelo de vida eram abandonadas em ambientes agrestes e perigosos, o que inevitavelmente contribuía para sua morte.

História da Educação Especial Negligência, na era pré-cristã, em que havia uma ausência total de

atendimento.

Tipo de atendimento: isolamento, segregação.

Pouco se sabe sobre os portadores de deficiência antes da Idade Média. Diz-se que em Esparta (Grécia), crianças portadoras de deficiências físicas ou mentais eram consideradas sub-humanas, sendo eliminadas ou abandonadas. Em Esparta eram lançados do alto dos rochedos e em Atenas eram rejeitados e abandonados nas praças públicas ou nos campos.

Tal prática era coerente com os ideais atléticos, de beleza e classistas que serviam de base à organização sociocultural desses dois locais.

Período de exclusão.

Educação em Esparta

História da Educação Especial

Na era cristã, segundo Pessotti (1984), o tratamento variava segundo as concepções de caridade ou castigo predominantes na comunidade em que o deficiente estava inserido.

Na Europa, em geral, a atitude para com as pessoas com deficiência era a mesma, até a difusão do cristianismo. Entre os milagres de Cristo, aparece em grande número a cura de deficiências física, auditiva e visual. Um exemplo de influência dos ideais cristãos é a figura de Nicolau, Bispo de Myra, que nos anos 300 d.C. acolhia crianças e pessoas com deficiência abandonadas.

Com o cristianismo estas pessoas ganharam alma e, eliminá-las ou abandoná-las significava atentar contra os desígnios da divindade. Assim, ao longo da idade média são consideradas “filhos de Deus” (anjos retratados em pinturas da época possuíam características de síndrome de Down).

Período de segregação.

Hist. da Ed. Especial

História da Ed. Especial Na Idade Média, os portadores de deficiência mental eram tidos ora

como “crianças do bom Deus”, ora como “bobos da Corte”, sendo considerados por Lutero e Calvino, durante a Reforma, como “indivíduos possuídos por Satanás”.

Mereciam castigos.

Lutero conheceu um menino de 12 anos, na cidade de Dessau que se empanturrava de comida, babava e gritava quando as pessoas se aproximavam. Sugeriu ao príncipe da cidade que o afogasse no rio.

História da Ed. Especial No século XIII surgiu, ao que se sabe, uma primeira instituição na Bélgica, para abrigar

deficientes mentais; tratava-se de uma colônia agrícola.

No século XIV, surge a primeira legislação sobre os cuidados com a sobrevivência e com os bens das pessoas com deficiência mental (Da praerogativa regis, baixada por Eduardo II,da Inglaterra).

Surgiram dois intelectuais: Paracelso, médico e, Cardano, filósofo. Paracelso, no seu livro “Sobre as doenças que privam o homem da razão”, foi o primeiro a considerar a deficiência mental um problema médico, digno de tratamento e complacência. Cardano, além de concordar deficiência era um problema médico, se preocupava com a educação das pessoas que apresentavam a deficiência.

Em Londres, em “Cerebri Anatome”, Thomas Willis apresenta uma postura organicista da

deficiência mental, argumentando, cientificamente, como um produto de estrutura e eventos neurais.

Hist. da Ed. Especial No século XVII, John Locke revoluciona as doutrinas ele definiu o recém-nascido e o

idiota como “tabula rasa” (o comportamento como produto do ambiente, que possibilita as experiências) e via, então, a deficiência como a carência de experiências. Defendia a ideia que o ensino deveria suprir essa carência.

Durante os séculos XVIII e XIX, médicos como Fodere acreditavam que o cretinismo fosse causado pelo bócio, muito frequente em determinadas regiões da Europa. O cretinismo seria a forma mais grave de deficiência mental, sendo a idiotia, a imbecilidade e a debilidade mental os termos usados para as formas mais leves de cretinismo. Segundo ele, o cretinismo implica, sobretudo, na degradação intelectual que será maior ou menor, conforme o acometimento da doença. Diferentes graus de retardo foram, então, associados a diferentes níveis de hereditariedade, justificando a segregação e a esterilização dos adultos afetados pelo bócio (problemas de tireoide) .

História da Ed. Especial O século XIX foi marcado pelo trabalho de vários autores como Itard.

Ele apresentou o primeiro programa sistemático de Educação Especial (1800). Criou uma metodologia que usou com Victor, o selvagem de Aveyron. Acreditava que a deficiência seria de origem cultural.

Em setembro de 1799, um menino, de cerca de 12 anos de idade, foi encontrado perto da floresta de Aveyron,

sul da França. Estava sozinho, sem roupa, andava de quatro e não falava uma palavra. Aparentemente fora

abandonado pelos pais e cresceu sozinho na floresta. O jovem médico Jean-Jacques Gaspar Itard encontrou

um aglomerado de pessoas observando o menino enjaulado, a quem chamavam de menino-macaco. Com

autorização judicial, o médico o conduziu à sua residência, onde se propôs a tratá-lo e educá-lo, tornando-o

objeto de investigações científicas.

Aparentando seis a oito anos de idade, surdo e mudo, com posturas próximas do animalesco, o menino que fora

capturado no mato, onde teria sido abandonado ainda recém-nascido, quase nada aprendeu. Itard observou

meticulosamente o menino durante três anos, período que teve de sobrevida em ambiente social. Entre as letras

do alfabeto fonético, o menino aprendeu apenas a pronunciar o “ô”, derivando daí o nome Victor e o sobrenome

d’Aveyron, região onde foi capturado. Durante este período, o máximo de imagens que Victor conseguiu

reconhecer foi o desenho de uma garrafa de leite no quadro negro. Itard levantou comportamentos e reações de

Victor, relacionou-os e fez descobertas importantes, como as relações fisiológicas entre garganta, nariz, olhos e

ouvidos. Assim, criou a otorrinolaringologia. Foi o fundador da Psicologia Moderna e

da Educação Especial; forneceu importantíssimos elementos para o estudo do significado das aquisições

culturais ao funcionamento da inteligência humana. Em outras palavras, para a dicotomia natureza x cultura. Ao

final do trabalho, Victor não era mais o menino selvagem de quando fora encontrado, mas, também, não se tornou, de acordo com os parâmetros da época, humano.

História da Ed. Especial Edward Seguin (1812-1880), que, influenciado por Itard, criou o método

fisiológico de treinamento, que consistia em estimular o cérebro por meio de atividades físicas e sensoriais. Fundando em 1837, uma escola para idiotas2, e ainda foi o primeiro presidente de uma organização de profissionais, que atualmente é conhecida como Associação Americana sobre Retardamento Mental (AAMR).

Pinel, em torno de 1800, acreditava que idiotia, imbecilidade e deficiência mental seriam sintomas de degeneração do sistema nervoso central, de origem hereditária (biológica).

História da Ed. Especial

A discordância entre estes Pinel e Itard aponta um problema que persiste até hoje, o da avaliação, pois os fatores biológicos e ambientais podem estar presentes em um mesmo diagnóstico, o que, muitas vezes, dificulta a avaliação dos especialistas, impossibilitando-os de determinar com fidedignidade a origem da deficiência mental.

Práticas disciplinares.

História da Ed. Especial Pestallozzi, grande adepto da educação pública, defendendo que a

educação era o direito absoluto de toda criança, inclusive – novidade para a época – daquelas provenientes das classes populares.

Escola deveria ser como um lar, pois essa era a melhor instituição de educação, base para a formação moral, política e religiosa.

Todo homem deveria adquirir autonomia intelectual para poder desenvolver uma atividade produtiva autônoma.

O ensino escolar deveria propiciar o desenvolvimento de cada um em três campos: o da faculdade de conhecer, o de desenvolver habilidades manuais e o de desenvolver atitudes e valores morais.

História da Educação Especial Froebel, visitando uma escola do seu mestre Pestallozzi, aprofunda seus estudos e

cria um sistema de Educação Especial com materiais e jogos específicos, simples e eficazes, que tornam o ensino mais produtivo, ganhando um aspecto lúdico e concreto.

Binet, em 1905, instituiu o diagnóstico psicológico da deficiência mental através da medida da inteligência; no entanto, conservou os termos idiota, imbecil e débil.

Ao redor de 1930, surge uma nova concepção de inteligência, em que a hereditariedade e fatores ambientais influenciam-se mutuamente.

As antigas denominações foram abolidas, passando-se a considerar graus de deficiência mental em: profundo, severo, moderado e leve.

Concepção que motivou o tipo de atendimento feito: caracterização dos indivíduos (loucos, marginais, doentes mentais, deficientes), enquadrando-os em categorias para facilitar seu tratamento.

História da Educação Especial

Na primeira década do século XX, surgem as escolas montessorianas. O método criado por Maria Montessori, para crianças com deficiências, parte do concreto rumo ao abstrato. Baseia-se na observação de que meninos e meninas aprendem melhor pela experiência direta de procura e descoberta. Para tornar esse processo o mais rico possível, a educadora italiana desenvolveu os materiais didáticos que constituem um dos aspectos mais conhecidos de seu trabalho.

História da Educação Especial Apesar dos progressos nas áreas da bioquímica, da genética, do

diagnóstico médico e da psicologia infantil, a deficiência ainda carrega a marca da maldição ou castigo do céu e do fatalismo clínico da hereditariedade inevitável.

Resumir O que ficou da aula de hoje?

Próximas etapas Estudo da Educação Especial no Brasil

Deficiências