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Para Varios Cargos Aula em PDF estraégia concursos serve para analista de administração ou técnico adm

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  • Aula 02

    Direito Constitucional para TRT-MG (Analista Judicirio) - com videoaulas

    Professores: Ricardo Vale, Ndia Carolina

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    Direitos e Deveres Individuais e Coletivos: o Art. 5 da Constituio Federal (PARTE II)

    Nosso estudo comea do ponto em que paramos na aula passada. Nela, havamos estudado o art. 5, inciso I at o art. 5, inciso XXXI.

    XXXII - o Estado promover, na forma da lei, a defesa do consumidor;

    Ao inserir esse inciso no rol de direitos fundamentais, o constituinte destacou a importncia do direito do consumidor para os cidados. Essa importncia fica ainda mais evidente quando se verifica que no art. 170, V, CF/88 a defesa do consumidor foi elevada condio de princpio da ordem econmica.

    O inciso XXXII uma tpica norma de eficcia limitada, uma vez que necessria a edio de uma lei que determine a forma pela qual o Estado far a defesa do consumidor. Essa lei j existe: o Cdigo de Defesa do Consumidor.

    Segundo o STF, as instituies financeiras tambm so alcanadas pelo Cdigo de Defesa do Consumidor.1 Alm disso, o referido Cdigo aplicvel aos casos de indenizao por danos morais e materiais por m prestao de servio em transporte areo. 2

    XXXIII - todos tm direito a receber dos rgos pblicos informaes de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que sero prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindvel segurana da sociedade e do Estado;

    Essa norma traduz o direito informao que, combinado com o princpio da publicidade, obriga a todos os rgos e entidades da Administrao Pblica, direta e indireta (incluindo empresas pblicas e sociedades de economia mista), a dar conhecimento aos administrados da conduta interna de seus agentes. Com efeito, todos os cidados tm o direito de receber dos rgos pblicos informaes de interesse particular ou de interesse coletivo ou geral. O princpio da publicidade evidencia-se, assim, na forma de uma obrigao de transparncia.

    Todavia, os rgos pblicos no precisam fornecer toda e qualquer informao de que disponham. As informaes cujo sigilo seja imprescindvel segurana da sociedade e do Estado no devem ser fornecidas. Tambm so imunes ao acesso as informaes pessoais, que HVWmRSURWHJLGDVSHORDUW;GD&)TXHGLVS}HTXHso inviolveis 1 STF, ADI n 2.591/DF, Rel. Min. Cezar Peluso. DJe: 18.12.2009 2 STF, RE 575803-AgR, Rel. Min. Cezar Peluso, DJe: 18.12.2009

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    a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenizao pelo dano material ou moral decorrente de sua violao A regulamentao do art. 5, inciso XXXIII, feita pela Lei n 12.527/2011, a conhecida Lei de Acesso Informao. ela que define o procedimento para a solicitao de informaes aos rgos e entidades pblicas, bem como os prazos e as formas pelas quais o acesso informao ser franqueado aos interessados.

    Em 2008, antes mesmo da Lei de Acesso Informao, o Municpio de So Paulo, buscando dar maior transparncia pblica, determinou a divulgao na Internet da remunerao de seus servidores. O caso foi levado ao STF, que entendeu que essas informaes (remunerao bruta, cargos, funes, rgos de lotao) so de interesse coletivo ou geral, expondo-se, portanto, divulgao oficial. No entendimento da Corte, no cabe, no caso, falar de intimidade ou de vida privada, pois os dados objeto da divulgao em causa dizem respeito a agentes pblicos enquanto agentes pblicos mesmos; ou, na linguagem da prpria Constituio, agentes HVWDWDLVDJLQGRQHVVDTXDOLGDGHGRDUW3 No caso de leso ao direito informao, o remdio constitucional a ser usado pelo particular o mandado de segurana. No o habeas data! Isso porque se busca garantir o acesso a informaes de interesse particular do requerente, ou de interesse coletivo ou geral, e no aquelas referentes sua pessoa (que seria a hiptese de cabimento de habeas data).

    XXXIV so a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:

    a) o direito de petio aos Poderes Pblicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;

    b) a obteno de certides em reparties pblicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situaes de interesse pessoal;

    (VVHGLVSRVLWLYROHJDOSUHYrHPVXDDOtQHDDRdireito de petio e, na DOtQHD E R direito obteno de certides. Em ambos os casos, assegura-se o no pagamento de taxas, por serem ambas as hipteses essenciais ao prprio exerccio da cidadania.

    Para facilitar a compreenso, traduzirei em palavras simples o que petio e o que certido.

    3 STF, MS, 3.902 AgR, Rel. Min. Ayres Britto. DJE de 03.10. 2011

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    Petio um pedido, uma reclamao ou um requerimento endereado a uma autoridade pblica. Trata-se de um instrumento de exerccio da cidadania, que permite a qualquer pessoa dirigir-se ao Poder Pblico para reivindicar algum direito ou informao. Por esse motivo, o impetrante (autor da petio) pode fazer um pedido em favor de interesses prprios, coletivos, da sociedade como um todo, ou, at mesmo, de terceiros. No necessita de qualquer formalismo: apenas se exige que o pedido seja feito por documento escrito. Exemplo: um servidor pblico pode, por meio de petio, pedir remoo para outra localidade, para tratar de sua sade.

    J a certido um atestado ou um ato que d prova de um fato. Dentro da linguagem jurdica, uma cpia autntica feita por pessoa que tenha f pblica, de documento escrito registrado em um processo ou em um livro. Exemplo: certido de nascimento.

    muito comum que as bancas examinadoras tentem confundir o candidato quanto s finalidades do direito de petio e o direito de obter certido.

    1) O direito de petio tem como finalidades a defesa de direitos e a defesa contra ilegalidade ou abuso de poder.

    2) O direito obteno de certides tem como finalidades a defesa de direitos e o esclarecimento de situaes de interesse pessoal. Ele no serve para esclarecimento de interesse de terceiros.

    Como se v, ambos servem para a defesa de direitos. Entretanto, a petio tambm usada contra ilegalidade ou abuso de poder, enquanto as certides tm como segunda aplicao possvel o esclarecimento de situaes de interesse pessoal.

    O direito de petio um remdio administrativo, que pode ter como destinatrio qualquer rgo ou autoridade do Poder Pblico, de qualquer um dos trs poderes (Executivo, Legislativo e Judicirio) ou at mesmo do Ministrio Pblico. Todas as pessoas fsicas (brasileiros ou estrangeiros) e pessoas jurdicas so legitimadas para peticionar administrativamente aos Poderes Pblicos.

    Por ser um remdio administrativo, isto , de natureza no-jurisdicional, o direito de petio exercido independentemente de advogado. Em outras palavras, no obrigatria a representao por advogado para que algum possa peticionar aos Poderes Pblicos. Nesse sentido, importante deixar

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    claro que o STF faz ntida distino entre o direito de peticionar e o direito de postular em juzo.4

    O direito de postular em juzo, ao contrrio do direito de petio, necessita, para ser exercido, de representao por advogado, salvo em situaes excepcionais (como o caso do habeas corpus). Portanto, para o STF, no possvel, com base no direito de petio, garantir a qualquer pessoa ajuizar ao, sem a presena de advogado. Com efeito, o DMXL]DPHQWRGHDomRHVWiQRFDPSRGRGLUHLWRGHSRVWXODUHPMXt]RRTXHexige advogado.

    Quando se exerce o direito de petio ou, ainda, quando se solicita uma certido, h uma garantia implcita a receber uma resposta (no caso de petio) ou a obter a certido. Quando h omisso do Poder Pblico (falta de resposta a petio ou negativa ilegal da certido), o remdio constitucional adequado, a ser utilizado na via judicial, o mandado de segurana.

    Sobre o direito de certido, o STF j se pronunciou da seguinte forma:

    R GLUHLWR j FHUWLGmR WUDGX] SUHUURJDWLYD MXUtGLFD GH Hxtrao constitucional, destinada a viabilizar, em favor do indivduo ou de uma determinada coletividade (como a dos segurados do sistema de previdncia social), a defesa (individual ou coletiva) de direitos ou o esclarecimento de situaes, de tal modo que a injusta recusa estatal em fornecer certides, no obstante presentes os pressupostos legitimadores dessa pretenso, autorizar a utilizao de instrumentos processuais adequados, como o mandado de segurana ou como a prpria ao civil pblica, esta, nos casos em que se configurar a existncia de direitos ou interesses de carter transindividual, como os direitos difusos, os direitos coletivos e os GLUHLWRVLQGLYLGXDLVKRPRJrQHRV5.

    As bancas examinadoras adoram dizer que o remdio constitucional destinado a proteger o direito de certido o habeas data. Isso est errado!

    O remdio constitucional que protege o direito de certido o mandado de segurana. O habeas data utilizado, como estudaremos mais frente, quando no se tem acesso a informaes pessoais do impetrante ou quando se deseja retific-las.

    4 STF, Petio n 762/BA AgR . Rel. Min. Sydney Sanches. Dirio da Justia 08.04.1994 5RE STF 472.489/RS, Rel. Min. Celso de Mello, 13.11.2007.

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    Quando algum solicita uma certido, j tem acesso s informaes; o que quer apenas receber um documento formal do Poder Pblico que ateste a veracidade das informaes. Portanto, incabvel o habeas data.

    No Brasil, adota-se o sistema ingls de jurisdio, que o sistema de jurisdio una. Nesse modelo, somente o Poder Judicirio pode dizer o Direito de forma definitiva, isto , somente as decises do Judicirio fazem coisa julgada material. Contrapondo-se a esse modelo, est o sistema francs de jurisdio (contencioso administrativo), no qual tanto a Administrao quanto o Judicirio podem julgar com carter definitivo.

    2 DUW ;;;9 DR GL]HU TXH a lei no excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou ameaa a direitoilustra muito bem a adoo do sistema ingls pelo Brasil. Trata-se do princpio da inafastabilidade de jurisdio, segundo o qual somente o Poder Judicirio poder decidir uma lide em definitivo. claro que isso no impede que o particular recorra administrativamente ao ter um direito seu violado: ele poder faz-lo, inclusive apresentando recursos administrativos, se for o caso. Entretanto, todas as decises administrativas esto sujeitas a controle judicial, mesmo aquelas das quais no caiba recurso administrativo.

    Cabe destacar que qualquer litgio, estejam eles concludos ou pendentes de soluo na esfera administrativa, podem ser levados ao Poder Judicirio. No ltimo caso (pendncia de soluo administrativa), a deciso administrativa restar prejudicada. O processo administrativo, consequentemente, ser arquivado sem deciso de mrito.

    Em razo do princpio da inafastabilidade de jurisdio, tambm denominado de princpio da universalidade de jurisdio, no existe no Brasil, como regra geral, DMXULVGLomRFRQGLFLRQDGD RXLQVWkQFLDDGPLQLVWUDWLYDGHFXUVRIRUoDGR. Isso quer dizer que o acesso ao Poder Judicirio independe de processo administrativo prvio referente mesma questo. O direito de ao no est condicionado existncia de procedimento administrativo anterior; uma vez que seu direito foi violado, o particular pode recorrer diretamente ao Poder Judicirio.

    H, todavia, algumas excees, nas quais se exige o prvio esgotamento da via administrativa para que, s ento, o Poder Judicirio seja acionado. So elas:

    XXXV a lei no excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou ameaa a direito;

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    a) habeas data: um requisito para que seja ajuizado o habeas data a negativa ou omisso da Administrao Pblica em relao a pedido administrativo de acesso a informaes pessoais ou de retificao de dados.

    b) controvrsias desportivas: o art. 217, 1 , da CF/88, GHWHUPLQD TXH o Poder Judicirio s admitir aes relativas disciplina e s competies desportivas aps esgotarem-se as instncias da justia desportiva, regulada em lei. c) reclamao contra o descumprimento de Smula Vinculante pela Administrao Pblica: o art. 7, 1, da Lei n GLVS}HTXHcontra omisso ou ato da administrao pblica, o uso da reclamao s ser admitido aps esgotamento das vias administrativas$UHFODPDomRpDomRXWLOL]DGDSDUDOHYDUao STF caso de descumprimento de enunciado de Smula Vinculante (art. 103-A, 3). Segundo o STF, a reclamao est situada no mbito do direito de petio (e no no direito de ao); portanto, entende-se que sua natureza jurdica no a de um recurso, de uma ao e nem de um incidente processual. 6

    O STF j teve a oportunidade de se manifestar, em um caso concreto, sobre DLQH[LVWrQFLDGHMXULVGLomRFRQGLFLRQDGDQR%UDVLOWHQGRFRQFOXtGRTXHno h previso constitucional de esgotamento da via administrativa como condio da ao que objetiva o reconhecimento de direito previdencirio7

    O art. 5, XXXV, da CF/88, representa verdadeira garantia de acesso ao Poder Judicirio, sendo um fundamento importante do Estado Democrtico de Direito. Todavia, por mais relevante que seja, no se trata de uma garantia absoluta: o direito de acesso ao Poder Judicirio deve ser exercido, pelos jurisdicionados, por meio das normas processuais que regem a matria, no constituindo-se negativa de prestao jurisdicional e cerceamento de defesa a inadmisso de recursos quando no observados os procedimentos estatudos na normas instrumentais.8 Com efeito, o art. 5, inciso XXXV no obsta que o legislador estipule regras para o ingresso do pleito na esfera jurisdicional, desde que obedecidos os princpios da razoabilidade e da proporcionalidade. Quando este fixa formas, prazos e condies razoveis, no ofende a Inafastabilidade da Jurisdio.

    Destaque-se que o princpio da inafastabilidade de jurisdio no assegura a gratuidade universal no acesso aos tribunais, mas sim a garantia de

    6 STF, ADI n 2.212/CE. Rel. Min, Ellen Gracie. DJ. 14.11.2003 7 STF, RE 549.238, AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJe 05.06.2009. 8 STF, Ag.Rg. n 152.676/PR. Rel. Min. Maurcio Corra. DJ 03.11.1995.

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    que o Judicirio se prestar defesa de todo e qualquer direito, ainda que contra os poderes pblicos, independentemente das capacidades econmicas das partes.

    claro que se o valor da taxa judiciria for muito elevado, isso poder representar verdadeiro obstculo ao direito de ao. Nesse sentido, entende o STF que viola a garantia constitucional de acesso jurisdio a taxa judiciria calculada sem limite sobre o valor da causa (Smula STF no 667). Com efeito, h que existir uma equivalncia entre o valor da taxa judiciria e o custo da prestao jurisdicional; uma taxa judiciria calculada sobre o valor da causa pode resultar em valores muito elevados, na hiptese de o valor da causa ser alto. Por isso, razovel que a taxa judiciria tenha um limite; assim, causas de valor muito elevado no resultaro em taxas judicirias desproporcionais ao custo da prestao jurisdicional.

    A garantia de acesso ao Poder Judicirio , como dissemos, um instrumento importante para a efetivao do Estado democrtico de direito. Dessa forma, o direito de ao no pode ser obstaculizado de maneira desarrazoada. Seguindo essa linha de raciocnio, o STF considerou que inconstitucional a exigncia de depsito prvio como requisito de admissibilidade de ao judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crdito tributrio.9 (Smula Vinculante no 28). Segundo a Corte, a necessidade do depsito prvio limitaria o prprio acesso primeira instncia, podendo, em muitos casos, inviabilizar o direito de ao.

    Outro ponto importante, relacionado garantia de acesso ao Poder Judicirio, sobre o duplo grau de jurisdio. Elucidando o conceito, explica-se que o duplo grau de jurisdio um reexame da matria decidida em juzo, ou seja, trata-se de uma nova apreciao jurisdicional (reexame) por um rgo diverso e de hierarquia superior quele que decidiu em primeira instncia.

    Segundo o STF, o duplo grau de jurisdio no consubstancia princpio nem garantia constitucional, uma vez que so vrias as previses, na prpria Lei Fundamental, do julgamento em instncia nica ordinria.10 Em outras palavras, a Constituio Federal de 1988 no estabelece obrigatoriedade de duplo grau de jurisdio.

    de se ressaltar, todavia, que o duplo grau de jurisdio princpio previsto na Conveno Americana de Direitos Humanos, que um tratado de direitos

    9 Smula Vinculante n 28: inconstitucional a exigncia de depsito prvio como requisito de admissibilidade de ao judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crdito tributrio. 10 RHC 79785 RJ; AgRg em Agl 209.954-1/SP, 04.12.1998.

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    humanos com hierarquia supralegal regularmente internalizado no ordenamento jurdico brasileiro.11

    Assim, parece-nos que a interpretao mais adequada a de que, embora o duplo grau de jurisdio exista no ordenamento jurdico brasileiro (em razo da incorporao ao direito domstico da Conveno Americana de Direitos Humanos), no se trata de um princpio absoluto, eis que a Constituio estabelece vrias excees a ele. 12 Nesse sentido, no cabe recurso da deciso do Senado que julga o Presidente da Repblica por crime de responsabilidade; ou, ainda, irrecorrvel a deciso do STF que julga o Presidente e os parlamentares nas infraes penais comuns.

    XXXVI - a lei no prejudicar o direito adquirido, o ato jurdico perfeito e a coisa julgada;

    O direito adquirido, o ato jurdico perfeito e a coisa julgada so institutos que surgiram como instrumentos de segurana jurdica, impedindo que as leis retroagissem para prejudicar situaes jurdicas consolidadas. Eles representam, portanto, a garantia da irretroatividade das leis, que, todavia, no absoluta.

    O Estado no impedido de criar leis retroativas; estas sero permitidas, mas apenas se beneficiarem os indivduos, impondo-lhes situao mais favorvel do que a que existia sob a vigncia da lei anterior. 6HJXQGR R 67) o princpio insculpido no inciso XXXVI do art. 5 da Constituio no impede a edio, pelo Estado, de norma retroativa (lei ou decreto), em benefcio do particular13

    A Smula STF n 654 dispe o seguinte:

    A garantia da irretroatividade da lei, prevista no art. 5, XXXVI, da Constituio da Repblica, no invocvel pela entidade estatal que a tenha editado. Vamos s explicaes... Suponha que a Unio tenha editado uma lei retroativa concedendo um tratamento mais favorvel aos servidores pblicos do que o estabelecido pela lei anterior. Por ser benigna, a lei retroativa pode, sim, ser aplicada mesmo face ao direito adquirido.

    Agora vem a pergunta: poder a Unio (que editou a lei retroativa) se arrepender do benefcio que concedeu aos

    11 O art. 8, n 2, alnea h, da Conveno Americana de Direitos Humanos dispe que toda SHVVRDWHPRGLUHLWRGHUHFRUUHUGDVHQWHQoDSDUDMXL]RXWULEXQDOVXSHULRU 12 STF, 2 Turma, AI 601832 AgR/SP, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJe 02.04.2009. 13 STF, 3 Turma, RExtr, n 184.099/DF, Rel. Min. Octvio Gallotti, RTJ 165/327.

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    seus servidores e alegar em juzo que a lei no aplicvel em razo do princpio da irretroatividade das leis?

    No poder, pois a garantia da irretroatividade da lei no invocvel pela entidade estatal que a tenha editado.

    Vamos, agora, entender os conceitos de direito

    a) Direito adquirido aquele que j se incorporou ao patrimnio do particular, uma vez que j foram cumpridos todos os requisitos aquisitivos exigidos pela lei ento vigente. o que ocorre se voc cumprir todos os requisitos para se aposentar sob a vigncia de uma lei X. Depois de cumpridas as condies de aposentadoria, mesmo que seja criada lei Y com requisitos mais gravosos, voc ter direito adquirido a se aposentar.

    O direito adquirido GLIHUHGDH[SHFWDWLYDGHGLUHLWR, que no alcanada pela proteo do art. 5, inciso XXXVI. Suponha que a lei atual, ao dispor sobre os requisitos para aposentadoria, lhe garanta o direito de se aposentar daqui a 5 anos. Hoje, voc ainda no cumpre os requisitos necessrios para se aposentar; no entanto, daqui a 5 anos os ter todos reunidos. Caso amanh seja editada uma nova lei, que imponha requisitos mais difceis para a aposentadoria, fazendo com que voc s possa se aposentar daqui a 10 anos, ela no estar ferindo seu direito. Veja: voc ainda no tinha direito adquirido aposentadoria (ainda no havia cumprido os requisitos necessrios para tanto), mas mera expectativa de direito.

    b) Ato jurdico perfeito aquele que rene todos os elementos constitutivos exigidos pela lei 14; o ato j consumado pela lei vigente ao tempo em que se efetuou.15 Tome-se como exemplo um contrato celebrado hoje, na vigncia de uma lei X.

    c) Coisa julgada compreende a deciso judicial da qual no cabe mais recurso.

    eLPSRUWDQWHGHVWDFDUTXHQRDUWLQFLVR;;;9RYRFiEXOROHLHVWiempregado em seus sentidos formal (fruto do Poder Legislativo) e material (qualquer norma jurdica). Portanto, inclui emendas constitucionais, leis ordinrias, leis complementares, resolues, decretos legislativos e vrias outras modalidades normativas. Nesse sentido, tem-se

    14 MORAES, Alexandre de. Constituio do Brasil Interpretada e Legislao Constitucional, 9 edio. So Paulo Editora Atlas: 2010, pp. 241. 15 Cf. art. 6, 1, da LINDB.

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    o entendimento do STF de que a vedao constante do inciso XXXVI se refere ao direito/lei, compreendendo qualquer ato da ordem normativa constante do art. 59 da Constituio.16

    Tambm importante ressaltar que, segundo o STF, o princpio do direito adquirido se aplica a todo e qualquer ato normativo infraconstitucional, sem qualquer distino entre lei de direito pblico ou de direito privado, ou entre lei de ordem pblica e lei dispositiva. 17

    H, todavia, certas situaes nas quais no cabe invocar direito adquirido. Assim, no existe direito adquirido frente a:

    a) Normas constitucionais originrias. $VQRUPDVTXH QDVFHUDPcom a CF/88 podem revogar qualquer direito anterior, at mesmo o direito adquirido.

    b) Mudana do padro da moeda.

    c) Criao ou aumento de tributos

    d) Mudana de regime estatutrio

    XXXVII - no haver juzo ou tribunal de exceo;

    ...

    LIII - ningum ser processado nem sentenciado seno pela autoridade competente;

    16STF, ADI 3.105-8/DF, 18.08.2004. 17RE 204967 RS, DJ 14-03-1997.

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    Contrariando um pouco a ordem em que esto dispostos na Constituio, analisaremos esses dois incisos em conjunto. Isso porque ambos traduzem o SULQFtSLR GR MXt]R QDWXUDO ou do MXL] QDWXUDO. Esse postulado garante ao indivduo que suas aes no Poder Judicirio sero apreciadas por um juiz imparcial, o que uma garantia indispensvel administrao da Justia em um Estado democrtico de direito.

    O princpio do juiz natural impede a criao de juzos de exceo RXad KRF, criados de maneira arbitrria, aps o acontecimento de um fato. Na histria da humanidade, podemos apontar como exemplos de tribunais de exceo o Tribunal de Nuremberg e o Tribunal de Tquio, institudos aps a Segunda Guerra Mundial; esses tribunais foram criados pelos YHQFHGRUHV GD JXHUUD SDUD MXOJDU RV YHQFLGRV H SRU LVVR VmR WmRduramente criticados.

    O princpio do juiz natural deve ser interpretado de forma ampla. Ele no deve ser encarado apenas como uma vedao criao de Tribunais ou juzos de exceo; alm disso, decorre desse princpio a obrigao de respeito absoluto s regras objetivas de determinao de competncia, para que no seja afetada a independncia e a imparcialidade do rgo julgador.18 Todos os juzes e rgos julgadores, em consequncia, tm sua competncia prevista constitucionalmente, de modo a assegurar a segurana jurdica.

    importante que voc saiba que o STF entende que esse princpio no se limita aos rgos e juzes do Poder Judicirio. Segundo o Pretrio Excelso, ele alcana, tambm, os demais julgadores previstos pela Constituio, como o Senado Federal, por exemplo. Alm disso, por sua natureza, o princpio do juiz natural alcana a todos: brasileiros e estrangeiros, pessoas fsicas e pessoas jurdicas. Em um Estado democrtico de direito, todos tm, afinal, o direito a um julgamento imparcial, neutro.

    XXXVIII - reconhecida a instituio do jri, com a organizao que lhe der a lei, assegurados:

    a) a plenitude de defesa;

    b) o sigilo das votaes;

    c) a soberania dos veredictos;

    d) a competncia para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;

    18 MORAES, Alexandre de. Constituio do Brasil Interpretada e Legislao Constitucional, 9 edio. So Paulo Editora Atlas: 2010, pp. 245 246.

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    Esse inciso deve ser memorizado. Geralmente cobrado em sua OLWHUDOLGDGH'HFRUHFDGDXPDGHVVDVDOtQHDV O tribunal do jri um tribunal popular, composto por um juiz togado, que o preside, e vinte e cinco jurados, escolhidos dentre cidados do Municpio (Lei no 11.689/08) e entre todas as classes sociais. Segundo a doutrina, visto como uma prerrogativa do cidado, que dever ser julgado pelos seus semelhantes.19

    O tribunal do jri possui competncia para julgamento de crimes dolosos contra a vida. Crime doloso aquele em que o agente (quem pratica o crime) prev o resultado lesivo de sua conduta e, mesmo assim, pratica a ao, produzindo o resultado. Exemplo: o marido descobre que a mulher o est traindo e, intencionalmente, atira nela e no amante, causando a morte dos dois. Trata-se de homicdio doloso, que , sem dvida, um crime doloso contra a vida; o julgamento ser, portanto, da competncia do tribunal do jri.

    Sobre a competncia do tribunal do jri, destacamos, a seguir algumas jurisprudncias que podem ser cobradas em prova:

    1) A competncia constitucional do Tribunal do Jri (art. 5, XXXVIII) no pode ser afastada por lei estadual, nem usurpada por vara criminal especializada, sendo vedada, ainda, a alterao da forma de sua composio, que deve ser definida em lei nacional. 20

    No caso, o STF apreciou lei estadual que criava vara especializada para processar e julgar crimes praticados por organizaes criminosas. Essa vara especializada julgaria, inclusive, os crimes dolosos contra a vida. Dessa forma, por invadir a competncia do tribunal do jri, foi considerada inconstitucional.

    2) A competncia para o processo e julgamento de latrocnio do juiz singular e no do Tribunal do Jri (Smula STF n 603).

    O latrocnio um crime complexo, no qual esto presentes duas condutas: o roubo e o homicdio. Em outras palavras, o latrocnio um roubo qualificado pela morte da vtima. FRQVLGHUDGR SHOD GRXWULQD FRPR XP FULPH FRQWUD R

    19 MORAES, Alexandre de. Constituio do Brasil Interpretada e Legislao Constitucional, 9 edio. So Paulo Editora Atlas: 2010, pp. 249-254. 20 STF, ADI n 4414/AL, Rel. Min. Luiz Fux, Deciso 31.05.2012

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    SDWULP{QLRHQmRFRPRFULPHFRQWUDDYLGDILFDQGRSRUisso, afastada a competncia do tribunal do jri.

    A competncia do tribunal do jri para julgar os crimes dolosos contra a vida no absoluta. Isso porque no alcana os detentores de foro especial por prerrogativa de funo previsto na Constituio Federal. o caso, por exemplo, do Presidente da Repblica e dos membros do Congresso Nacional, que sero julgados pelo STF quando praticarem crimes comuns, ainda que dolosos contra a vida. Em outras palavras, o foro por prerrogativa de funo prevalece sobre a competncia do tribunal do jri, desde que esse foro especial decorra diretamente da Constituio Federal.

    A pergunta que se faz diante dessa ltima afirmao a seguinte: e quando o foro especial no decorrer de previso da Constituio Federal, mas sim da Constituio Estadual?

    Para responder a esse questionamento, o STF editou a Smula n 721, que DVVLPGLVS}HA competncia constitucional do Tribunal do Jri prevalece sobre o foro por prerrogativa de funo estabelecido exclusivamente pela Constituio estadual J decidiu o STF, com base nesse entendimento, que procuradores estaduais e defensores pblicos estaduais que possuam foro por prerrogativa de funo derivado de Constituio Estadual sero julgados pelo tribunal do jri se cometerem crimes dolosos contra a vida. Isso se explica pelo fato de que a competncia do tribunal do jri prevalecer sobre foro por prerrogativa de funo estabelecido exclusivamente pela Constituio Estadual (como o caso dos defensores pblicos e procuradores pblicos estaduais). O mesmo se aplica a vereadores que, caso cometam crimes dolosos contra a vida, sero julgados pelo tribunal do jri. 21

    A Constituio Federal estabelece, ainda, trs importantes princpios para o tribunal do jri: i) a plenitude de defesa; ii) a soberania dos veredictos; e iii) o sigilo das votaes.

    A plenitude de defesa uma variante do princpio da ampla defesa e do contraditrio (art. 5, LV), que permite ao acusado apresentar defesa contra aquilo que lhe imputado. Sua concretizao pressupe que os argumentos do ru tenham a mesma importncia, no julgamento, que os do autor. Em consequncia, no devem existir prioridades na relao processual e deve o ru ter a possibilidade de usar todos os instrumentos

    21 STF, HC n 80.477/PI, Rel. Min. Nri da Silveira. Deciso 31.10.2000

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    processuais na sua defesa. Tambm decorre da plenitude de defesa o fato de que os jurados so das diferentes classes sociais.

    6HJXQGRR67)implica prejuzo defesa a manuteno do ru algemado na sesso de julgamento do Tribunal do Jri, resultando o fato na insubsistncia do veredicto condenatrio22 No que se refere soberania dos veredictos, tambm assegurada ao tribunal do jri pela Carta Magna, destaca-se que esta tem a finalidade de evitar que a deciso dos jurados seja modificada ou suprimida por deciso judicial. Entretanto, no se trata de um princpio absoluto, sendo possvel a sua relativizao. A soberania dos veredictos no confere ao tribunal do jri o exerccio de um poder incontrastvel e ilimitado. 23

    possvel, sim, que existam recursos das decises do tribunal do jri; nesse sentido, possvel haver a reviso criminal ou mesmo o retorno dos autos ao jri, para novo julgamento.24 Segundo o STF, a soberania dos veredictos do tribunal do jri no exclui a recorribilidade de suas decises, quando manifestamente contrrias prova dos autos.25 Assim, nesse caso, ser cabvel apelao contra decises do tribunal do jri.

    Por fim, cabe destacar que o STF entende que a competncia do Tribunal do Jri, fixada no art. 5O;;;9,,,GGD&)TXDQWRDRMXOJDPHQWRGHcrimes dolosos contra a vida passvel de ampliao pelo legislador ordinrio.26 Isso significa que pode a lei determinar o julgamento de outros crimes pelo tribunal do jri.

    XXXIX - no h crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prvia cominao legal;

    O art. 5, inciso XXXIX, da CF/88, estabelece um importante princpio constitucional do direito penal: o princpio da legalidade. Segundo o Prof. &H]DU 5REHUWR %LWHQFRXUW pelo princpio da legalidade, a elaborao de normas incriminadoras funo exclusiva da lei, isto , nenhum fato pode ser considerado crime e nenhuma penal criminal pode ser aplicada sem que antes da ocorrncia deste fato exista uma lei definindo-o como crime e cominando-lhe a sano correspondente O princpio da legalidade se desdobra em dois outros princpios: o princpio da reserva legal e o princpio da anterioridade da lei penal.

    22 STF, HC n 91.952, Rel. Min. Marco Aurlio. Deciso 19.12.2008. 23 STF, HC n 70.193-1/RS, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 06.11.2006. 24 STF, HC 70.742-4/ RJ, Rel. Min. Carlos Velloso. DJ 30.06.2000. 25 STF, HC 70.742-4/ RJ, Rel. Min. Carlos Velloso. DJ 30.06.2000. 26HC 101542 SP, DJe-096, 28-05-2010.

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    O princpio da reserva legal determina que somente lei em sentido estrito (lei formal, editada pelo Poder Legislativo) poder definir crime e cominar penas. Nem mesmo medida provisria poder definir um crime e cominar penas, eis que essa espcie normativa no pode tratar de direito penal (art.62, 1,E. A exigncia de que lei formal defina o que crime e comine suas penas traz a garantia de se considerarem crime condutas aceitas pela sociedade como tais e de que essas condutas sejam punidas da maneira considerada justa por ela. Com isso, quem define o que crime e as respectivas penas o povo, por meio de seus representantes no Poder Legislativo.

    J pensou se, por exemplo, o Presidente da Repblica pudesse definir o que crime por medida provisria? Ou at mesmo dobrar a pena de determinado ilcito por tal ato normativo? Teramos uma ditadura, no? por isso que o inciso XXXIX do art. 5o da CF/88 to importante!

    As normas penais em branco so aquelas que tipificam a conduta criminosa, mas que dependem de complementao em outra norma. Um exemplo de norma penal em branco o crime de contrabando, que FRQVLVWHHPimportar ou exportar mercadoria proibida (art. 334, Cdigo Penal)

    A definio do crime de contrabando depende de uma complementao, uma vez que o Cdigo Penal no define quais so as mercadorias proibidas. a legislao extrapenal que o far. Assim, o crime de contrabando uma norma penal em branco.

    Para o estudo do Direito Constitucional, interessa-nos saber que a doutrina majoritria considera que as normas penais em branco no violam o princpio da reserva legal.

    O princpio da anterioridade da lei penal, por sua vez, exige que a lei esteja em vigor no momento da prtica da infrao para que o crime exista. Em outras palavras, exige-se lei anterior para que uma conduta possa ser considerada como crime.

    Esse princpio confere segurana jurdica s relaes sociais, ao determinar que um fato s ser considerado crime se for cometido aps a entrada em vigor da lei incriminadora. Quer um exemplo? Se amanh for editada uma lei que considere crime beijar o namorado (ou namorada) no cinema, nenhum de ns ser preso. S poder ser considerado culpado quem o fizer aps a entrada em vigor da lei. Aproveitemos, ento, a

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    liberdade de namorar, antes que tal lei seja editada! Mas no agora, hora de estudar Direito Constitucional...-

    Do princpio da anterioridade da lei penal, deriva a irretroatividade da lei penal, que est previsto no art. 5, XL, que estudaremos a seguir.

    XL - a lei penal no retroagir, salvo para beneficiar o ru;

    5HWURDJLUVLJQLILFDYROWDUSDUDWUiVDWLQJLURSDVVDGR3RUWDQWRGL]-se que retroatividade a capacidade de atingir atos pretritos; por sua vez, irretroatividade a impossibilidade de atingi-los.

    eFRPXPWDPEpPHPWH[WRVMXUtGLFRVHQFRQWUDUPRVDVH[SUHVV}HVex tuncHex nuncEx tuncpDTXLORTXHWHPUHWURDWLYLGDGHex nuncpRque irretroativo. Lembre-VHGHTXHTXDQGRYRFrGL]TXH181&DPDLVfar alguma coisa, esse desejo s valer daquele instante para frente, no mesmo? Sinal de que fez algo no passado de que se arrepende, mas que no pode mudar. J o T de TUNC pode faz-lo lembrar de uma mquina do TEMPO, atingindo tudo o que ficou para TRS...

    'HSRLV GHVVD YLDJHP YROWHPRV DR LQFLVR ;/ (OH WUD] R princpio da irretroatividade da lei penal, que, conforme j comentamos, deriva do princpio da anterioridade da lei penal. Uma conduta somente ser caracterizada como crime se, no momento da sua ocorrncia, j existia lei em vigor que a definia como tal.

    Portanto, em regra, a lei penal no atinge o passado. Imagine que hoje voc beba uma garrafa de vodka no bar, conduta lcita e no tipificada como crime. No entanto, daqui a uma semana, editada uma nova lei que HVWDEHOHFHTXHEHEHUYRGNDVHUiFRQVLGHUDGRFULPH3HUJXQWD-se: voc poder ser penalizado por essa conduta? claro que no, uma vez que a lei penal, em regra, no atinge fatos pretritos.

    Todavia, importante termos em mente que a lei penal poder, em certos casos, retroagir. o que se chama de retroatividade da lei penal benigna: a lei penal poder retroagir, desde que para beneficiar o ru. Dizendo de outra forma, D novatio legis in mellius UHWURDJLUi SDUDbeneficiar o ru.

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    +i XP WLSR HVSHFLDO GH novatio legis in mellius TXH p D FRQKHFLGDabolitio criminis assim considerada a lei que deixa de considerar como crime conduta que, antes, era tipificada como tal. Um exemplo seria a HGLomRGHXPDOHLTXHGHVFULPLQDOL]DVVHRDERUWR$abolitio criminispor ser benfica ao ru, ir retroagir, alcanando fatos pretritos e evitando a punio de pessoas que tenham cometido a conduta antes considerada criminosa.

    A lei penal favorvel ao ru, portanto, sempre retroagir para benefici-lo, mesmo que tenha ocorrido trnsito em julgado de sua condenao. Por outro lado, a lei penal mais gravosa ao indivduo (que aumenta a penalidade, ou passa a considerar determinado fato como crime) s alcanar fatos praticados aps sua vigncia. a irretroatividade da lei penal mais graveDnovatio legis in pejusQmRUHWURDJH No que se refere retroatividade da lei penal mais benigna, entende o Supremo que no possvel a combinao de leis no tempo, pois caso se agisse dessa forma, estaria sendo FULDQGRXPDWHUFHLUDOHLlex tertiaDe acordo com o Pretrio Excelso, extrair alguns dispositivos, de forma isolada, de um diploma legal, e outro dispositivo de outro diploma legal implica alterar por completo o seu esprito normativo, criando um contedo diverso do previamente estabelecido pelo legislador27.

    XLI - a lei punir qualquer discriminao atentatria dos direitos e liberdades fundamentais.

    XLII - a prtica do racismo constitui crime inafianvel e imprescritvel, sujeito pena de recluso, nos termos da lei;

    XLIII - a lei considerar crimes inafianveis e insuscetveis de graa ou anistia a prtica da tortura, o trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evit-los, se omitirem;

    XLIV - constitui crime inafianvel e imprescritvel a ao de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrtico;

    Em todos esses dispositivos, possvel perceber que o legislador constituinte no buscou outorgar direitos individuais, mas sim estabelecer normas que determinam a criminalizao de certas condutas. 28 o que a GRXWULQDGHQRPLQDmandatos de criminalizaoTXHFDUDFWHUL]DP-se 27HC 98766 MG, DJe-040, 04-03-2010. 28 MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. 6 edio. Editora Saraiva, 2011, pp. 534-538

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    por serem normas direcionadas ao legislador, o qual se v limitado em sua liberdade de atuao.

    Segundo o Prof. Gilmar Mendes, os mandatos de criminalizao estabelecidos por esses dispositivos traduzem outra dimenso dos direitos fundamentais: a de que o Estado no deve apenas observar as investidas do Poder Pblico, mas tambm garantir os direitos fundamentais contra agresso propiciada por terceiros.29

    O inciso XLVI HVWDEHOHFH TXH a lei punir qualquer discriminao atentatria dos direitos e liberdades fundamentais Como possvel observar, trata-se de norma de eficcia limitada, dependente, portanto, de complementao legislativa. Evidencia um mandato de criminalizao que busca efetivar a proteo dos direitos fundamentais.

    O inciso XLVIISRUVXDYH]HVWDEHOHFHTXHa prtica do racismo constitui crime inafianvel e imprescritvel, sujeito pena de recluso, nos termos GDOHL claro que h muito a ser falado sobre o racismo; no entanto, h dois pontos que so muito cobrados em prova:

    a) O racismo crime inafianvel e imprescritvel.

    Imprescritvel aquilo que no sofre prescrio. A prescrio a extino de um direito que se d aps um prazo, devido inrcia do titular do direito em proteg-lo. No caso, ao dizer que o racismo imprescritvel, o inciso XLII determina que este no deixar de ser punido mesmo com o decurso de longo tempo desde sua prtica e com a inrcia (omisso) do titular da ao durante todo esse perodo.

    Inafianvel o crime que no admite o pagamento de fiana (montante em dinheiro) para que o preso seja solto.

    b) O racismo punvel com a pena de recluso. As bancas examinadoras vo tentar te confundir e dizer que o racismo punvel com deteno. No ! O racismo punvel com recluso, que uma pena mais gravosa do que a deteno.

    Apenas para que voc no fique viajando, qual a diferena entre a pena de recluso e a pena de deteno? A diferena entre elas est no regime de cumprimento de pena: na recluso, inicia-se o cumprimento da pena em regime fechado, semiaberto ou aberto; na

    29 MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. 6 edio. Editora Saraiva, 2011, pp. 534-538.

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    deteno, o cumprimento da pena inicia-se em regime semiaberto ou aberto.

    O STF j teve a oportunidade de apreciar o alcance da expresso UDFLVPR. No caso concreto, bastante famoso por sinal, Siegfried Ellwanger, escritor e dono de livraria, havia sido condenado por ter escrito, editado e comercializado livros de contedo antissemita, fazendo apologia de ideias discriminatrias contra os judeus. A questo que se impunha ao STF decidir era a seguinte: a discriminao contra os judeus seria ou no crime de racismo?

    O STF decidiu que a discriminao contra os judeus , sim, considerada racismo e, portanto, trata-se de crime imprescritvel. Dessa forma, HVFUHYHU HGLWDU GLYXOJDU H FRPHUFLDU OLYURV ID]HQGRDSRORJLDGH LGHLDVpreconceituosas e GLVFULPLQDWyULDV FRQWUD D FRPXQLGDGH MXGDLFD /HL7.716/1989, art. 20, na redao dada pela Lei 8.081/1990) constitui crime de racismo sujeito s clusulas de inafianabilidade e imprescritibilidade (CF, art. 5, XLII).30 Finalizando o comentrio desse inciso, vale a pena mencionar o posicionamento do STF nesse mesmo julgamento, dispondo que o preceito fundamental de liberdade de expresso no consagra o direito incitao ao racismo, dado que um direito individual no pode constituir-se em salvaguarda de condutas ilcitas, como sucede com os delitos contra a honra. (...) A ausncia de prescrio nos crimes de racismo justifica-se como alerta grave para as geraes de hoje e de amanh, para que se impea a reinstaurao de velhos e ultrapassados conceitos que a conscincia jurdica e histrica no mais admitem.31

    O inciso XLVIII, a seu turno, dispe sobre alguns crimes que so inafianveis e insuscetveis de graa ou anistia. Bastante ateno, pois a banca examinadora tentar te confundir dizendo que esses crimes so imprescritveis. No so!

    Qual o macete para no confundir? Simples, guarde a frase mnemnica seguinte:

    30 STF, Pleno, HC 82.424-2/RS, Rel. originrio Min. Moreira Alves, rel. p/ acrdo Min. Maurcio Corra, Dirio da Justia, Seo I, 19.03.2004, p. 17. 31 STF, Pleno, HC 82.424-2/RS, Rel. originrio Min. Moreira Alves, rel. p/ acrdo Min. Maurcio Corra, Dirio da Justia, Seo I, 19.03.2004, p. 17.

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    3 T? Sim, Tortura, Trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins e Terrorismo. Esses crimes, assim como os hediondos, so insuscetveis de graa ou anistia. Isso significa que no podem ser perdoados pelo Presidente da Repblica, nem ter suas penas modificadas para outras mais benignas. Alm disso, assim como o crime de racismo e a ao de grupos armados contra o Estado democrtico, so inafianveis.

    O inciso XLIV trata ainda de mais um crime: a ao de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado democrtico. Esse crime, assim como o racismo, ser inafianvel e imprescritvel.

    Para que voc no erre esses detalhes na prova, fizemos o esquema abaixo! S uma observao para facilitar: perceba que todos os crimes dos quais falamos so inafianveis; a diferenDPHVPRHVWiHPVDEHUTXHR7+QmRWHPJUDoD-

    XLV - nenhuma pena passar da pessoa do condenado, podendo a obrigao de reparar o dano e a decretao do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, at o limite do valor do patrimnio transferido;

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    Esse dispositivo consagra o princpio da intranscendncia das penas, tambm denominado pela doutrina de princpio da intransmissibilidade das penas ou, ainda, personalizao da pena.32 A Constituio garante, por meio dessa norma, que a pena no passar da pessoa do condenado; em outras palavras, ningum sofrer os efeitos penais da condenao de outra pessoa.

    Suponha que Joo, pai de Lcia e Felipe, seja condenado a 5 anos de UHFOXVmRHPYLUWXGHGDSUiWLFDGHXPFULPH$SyVPHVHVQDFDGHLDJoo vem a falecer. Devido intranscendncia das penas, ficar extinta a punibilidade. Lcia e Felipe no sofrero quaisquer efeitos penais da condenao de Joo.

    No que diz respeito obrigao de reparar o dano e decretao do perdimento de bens, a lgica um pouco diferente, ainda que possamos afirmar que o princpio da intranscendncia das penas se aplica a essas situaes.

    Suponha que Joo morre deixando uma dvida de R$ 1.500.000,00 (obrigao de reparar dano). Ao mesmo tempo, deixa um patrimnio de R$ 900.000,00 para seus sucessores (Lcia e Felipe). A obrigao de reparar o dano ir se estender a Lcia e Felipe, mas apenas at o limite do patrimnio transferido. Em outras palavras, o patrimnio pessoal de Lcia e Felipe no ser afetado; ser utilizado para o pagamento da dvida R SDWULP{QLR WUDQVIHULGR 5 2 UHVWDQWH GD GtYLGD PRUUHjunto com Joo.

    Assim, a obrigao de reparar o dano e a decretao do perdimento de bens podem ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, mas apenas at o limite do valor do patrimnio transferido.

    XLVI - a lei regular a individualizao da pena e adotar, entre outras, as seguintes:

    a) privao ou restrio da liberdade;

    b) perda de bens;

    c) multa;

    d) prestao social alternativa;

    e) suspenso ou interdio de direitos;

    O inciso XLVI prev o princpio da individualizao da pena, que determina que a aplicao da pena deve ajustar-se situao de cada

    32 Outra nomenclatura utilizada pela doutrina princpio da incontagiabilidade da pena.

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    imputado, levando em considerao o grau de reprovabilidade (censurabilidade) de sua conduta e as caractersticas pessoais do infrator. Trata-se de princpio que busca fazer com que a pena cumpra sua dupla finalidade: preveno e represso.33

    A Constituio Federal prev um rol no-exaustivo de penas que podem ser adotadas pelo legislador. So elas: i) a privao ou restrio de liberdade; ii) a perda de bens; iii) multa; iv) prestao social alternativa; e v) suspenso ou interdio de direitos. Como se trata de um rol meramente exemplificativo, poder a lei criar novos tipos de penalidade, desde que estas no estejam entre aquelas vedadas pelo art. 5, XLVII, da CF/88, que estudaremos na sequncia.

    Ressaltamos mais uma vez que, ao HVWDEHOHFHU TXH a lei regular a LQGLYLGXDOL]DomR GD SHQD, o constituinte determinou que a lei penal dever considerar as caractersticas pessoais do infrator. Dentre essas, podemos citar os antecedentes criminais, o fato de ser ru primrio, etc.

    Nesse sentido, o STF considerou inconstitucional, por afronta ao princpio da individualizao da pena, a vedao absoluta progresso de regime trazida pela Lei 8.072/1990, que trata dos crimes hediondos.34 A referida lei estabelecia que a pena pelos crimes nela previstos seria integralmente cumprida em regime fechado, sendo vedada, assim, a progresso de regime. Entendeu a Corte que, ao no permitir que se considerem as particularidades de cada pessoa, sua capacidade de reintegrao social e esforos de ressocializao, o dispositivo torna incua a garantia constitucional e, portanto, invlido (inconstitucional).

    Com base nesse entendimento, o STF editou a Smula Vinculante n 26:

    3DUDHIHLWRGHSURJUHVVmRGHUHJLPHQRFXPSULPHQWRGHSHQDSRUcrime hediondo, ou equiparado, o juzo da execuo observar a inconstitucionalidade do art. 2 da Lei n 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuzo da avaliar se o condenado preenche, ou no, os requisitos objetivos e subjetivos do benefcio, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realizao de exame FULPLQROyJLFR

    XLVII - no haver penas:

    a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;

    33 MORAES, Alexandre de. Constituio do Brasil Interpretada e Legislao Constitucional, 9 edio. So Paulo Editora Atlas: 2010, pp. 274-275. 34 STF, HC n 82.959/SP. Rel. Min. Marco Aurlio. Deciso 23.02.2006.

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    b) de carter perptuo;

    c) de trabalhos forados;

    d) de banimento;

    e) cruis;

    O art. 5, XLVII, estabeleceu um rol exaustivo de penas inaplicveis no ordenamento jurdico brasileiro. Trata-se de verdadeira garantia de humanidade atribuda aos sentenciados, impedindo que lhes sejam aplicadas penas atentatrias dignidade da pessoa humana.35 Com efeito, as penas devem ter um carter preventivo e repressivo; elas no podem ser vingativas.

    A pena de morte , sem dvida a mais gravosa, sendo admitida to-somente na hiptese de guerra declarada. Evidencia-se, assim, que nem mesmo o direito vida absoluto; com efeito, dependendo do caso concreto, todos os direitos fundamentais podem ser relativizados. Como exemplo de aplicao da pena de morte (que ocorrer por fuzilamento) a prtica do crime de desero em presena de inimigo.

    As bancas examinadoras adoram dizer que a pena de morte no admitida em nenhuma situao no ordenamento jurdico brasileiro. A questo, ao dizer isso, est errada. A pena de morte pode, sim, ser aplicada, desde que na hiptese de guerra declarada.

    A pena de banimento, tambm inadmitida pela Constituio Federal, consistia em impor ao condenado a retirada do territrio brasileiro por toda sua vida, bem como a perda da cidadania brasileira. Consistia, assim, em YHUGDGHLUDH[SXOVmRGHQDFLRQDLV Cabe destacar que a pena de banimento no se confunde com a expulso de estrangeiro do Brasil, plenamente admitida pelo nosso ordenamento jurdico. A expulso forma de excluso do territrio nacional de estrangeiro que, dentre outras hipteses, atentar contra a segurana nacional, a ordem poltica ou social, a tranquilidade ou moralidade pblica e a economia popular, ou cujo procedimento o torne nocivo convenincia e aos interesses nacionais (Lei 6.815/80).

    No que concerne pena de carter perptuo, vale destacar o entendimento do STF de que o mximo penal legalmente exequvel, no ordenamento positivo nacional, de 30 (trinta) anos, a significar, portanto, que o tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade

    35 CUNHA JNIOR, Dirley da. Curso de Direito Constitucional. 6 edio. Ed. Juspodium, 2012.

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    no pode ser superior a esse limite, imposto pelo art. 75, "caput", do Cdigo Penal36.

    XLVIII - a pena ser cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;

    XLIX - assegurado aos presos o respeito integridade fsica e moral;

    L- s presidirias sero asseguradas condies para que possam permanecer com seus filhos durante o perodo de amamentao;

    O inciso XLVIII determina que a execuo penal seja realizada de maneira individualizada, levando-se em considerao a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado. com base nesse comando constitucional que as mulheres e os maiores de sessenta anos devem ser recolhidos a estabelecimentos prprios.

    O inciso XLIX, ao assegurar aos presos o respeito integridade fsica e moral, busca garantir que os direitos fundamentais dos sentenciados sejam observados. claro, quando est na priso, o indivduo no goza de todos os direitos fundamentais: h alguns direitos fundamentais, como, por exemplo, a liberdade de locomoo (art. 5, XV) e a liberdade profissional (art. 5, XI) que so incompatveis com sua condio de preso.

    O inciso L, por sua vez, estabelece uma dupla garantia: ao mesmo tempo em que assegura s mes o direito amamentao e ao contato com o filho, permite que a criana tenha acesso ao leite materno, alimento natural to importante para o seu desenvolvimento. Segundo a doutrina, retirar do recm-nascido o direito de receber o leite materno poderia ser

    36HC 84766 SP, DJe-074, 25-04-2008.

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    considerado uma espcie de FRQWiJLRGDSHQDDSOLFDGDjPmHYLRODQGRRprincpio da intranscendncia das penas. 37

    1. (FCC / TRE-PR - 2012) A Constituio da Repblica assegura a todos, independentemente do pagamento de taxas, o direito de petio aos Poderes Pblicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder.

    Comentrios:

    eRTXHGLVS}HRDUW;;;,9DGD&DUWD0DJQD4XHVWmRFRUUHWD 2. (FCC / TRE-PR - 2012) A Constituio da Repblica assegura a todos, independentemente do pagamento de taxas, a obteno de certides em reparties pblicas e estabelecimentos privados, para defesa de direitos e esclarecimento de situaes de interesse pessoal.

    Comentrios:

    Assegura-se a obteno de certides em reparties pblicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situaes de interesse pessoal. Esse benefcio no estendido a estabelecimentos privados (CF, 5, ;;;,9E4XHVWmRLQFRUUHWD 3. (FCC / TRT 9 Regio - 2013) Magda, professora de introduo ao estudo do Direito da Faculdade guas Raras, est ensinando para sua filha Claudete quais so os direitos e deveres individuais e coletivos previstos na Constituio Federal brasileira. Magda dever ensinar a Claudete que o direito de petio aos Poderes Pblicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder so a todos assegurados, mediante o pagamento de taxas pr-fixadas em lei ordinria.

    Comentrios:

    O direito de petio independe do pagamento de taxas (CF, 5, XXXIV, D4XHVWmRLQFRUUHWD

    37 MORAES, Alexandre de. Constituio do Brasil Interpretada e Legislao Constitucional, 9 edio. So Paulo Editora Atlas: 2010, pp. 285

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    4. (FCC / DPE-SP - 2012) A prtica de racismo, a ao de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrtico e a prtica do trfico ilcito de entorpecentes e de drogas afins so considerados crimes imprescritveis.

    Comentrios:

    O racismo e a ao de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrtico, so, de fato, imprescritveis. Entretanto, a prtica do trfico ilcito de entorpecentes e de drogas afins inafianvel e insuscetvel de graa e anistia. No imprescritvel. Questo incorreta.

    5. (FCC / TRT 20 Regio - 2011) Todos tm direito a receber dos rgos pblicos informaes de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que sero prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindvel segurana da sociedade e do Estado.

    Comentrios:

    O enunciado cobra a literalidade do inciso XXXIII do art. 5O da Carta Magna. Questo correta.

    6. (FCC / ISS-SP 2012) A Lei federal no 12.527, de 18 de novembro de 2011, que dispe sobre os procedimentos a serem observados por Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios, com o fim de garantir o acesso a informaes, contempla as seguintes previses:

    Art. 1o. (...) Pargrafo nico. Subordinam-se ao regime desta Lei: I - os rgos pblicos integrantes da administrao direta dos Poderes Executivo, Legislativo, incluindo as Cortes de Contas, e Judicirio e do Ministrio Pblico; II - as autarquias, as fundaes pblicas, as empresas pblicas, as sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou LQGLUHWDPHQWHSHOD8QLmR(VWDGRV'LVWULWR)HGHUDOH0XQLFtSLRV Art. 7o. O acesso informao de que trata esta Lei compreende, entre outros, os direitos de obter: (...) VII - informao relativa: a) implementao, acompanhamento e resultados dos programas, projetos e aes dos rgos e entidades pblicas, bem como metas e indicadores propostos; (...) 1o O acesso informao previsto no caput no compreende as

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    informaes referentes a projetos de pesquisa e desenvolvimento cientficos ou tecnolgicos cujo sigilo seja imprescindvel segurana da sociedade e do Estado. Art. 32. Constituem condutas ilcitas que ensejam responsabilidade do agente pblico ou militar: I - recusar-se a fornecer informao requerida nos termos desta Lei, retardar deliberadamente o seu fornecimento ou fornec-la intencionalmente de forma incorreta, incompleta ou imprecisa; (.. Considere, a esse respeito, as seguintes afirmaes, luz da disciplina constitucional dos direitos e garantias fundamentais: I indevida a subordinao dos rgos e entidades referidos no pargrafo nico, do art. 1o, ao regime da lei de acesso a informaes, pois a Constituio determina que, para tanto, necessria prvia autorizao judicial. II O 1o do art. 7o compatvel com a Constituio da Repblica, ao permitir que haja restrio de acesso a informaes cujo sigilo seja imprescindvel segurana da sociedade e do Estado. III O art. 32, inciso I, incompatvel com a Constituio da Repblica no que se refere previso de responsabilizao de agentes pblicos pelo retardamento no fornecimento de informaes. Est correto o que se afirma APENAS em:

    a) I.

    b) II.

    c) III.

    d) I e II.

    e) II e III.

    Comentrios:

    O item I est incorreto. No h necessidade de autorizao judicial para que os rgos pblicos garantam o acesso informao.

    O item II est correto. De fato, determina a Constituio que todos tm direito a receber dos rgos pblicos informaes de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que sero prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo

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    seja imprescindvel segurana da sociedade e do Estado (art. 5o, XXXIII, CF).

    O item III est incorreto. A Constituio prev, sim, a possibilidade de responsabilizao dos agentes pblicos pelo retardamento no fornecimento de informaes.

    A letra B o gabarito da questo.

    7. (FCC / TRT 14 Regio - 2011) Todos tm direito a receber dos rgos pblicos informaes de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que sero prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, mesmo em caso de afronta segurana da sociedade e do Estado, pois o direito individual deve prevalecer.

    Comentrios:

    A primeira parte da questo est correta. Realmente, todos tm direito a receber dos rgos pblicos informaes de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que sero prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade. Entretanto, diferentemente do que diz o enunciado, em caso de afronta segurana da sociedade e do Estado, resguardado o sigilo da informao. Questo incorreta.

    8. (FCC / TRT 20 Regio - 2011) So a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas, o direito de petio aos Poderes Pblicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder e a obteno de certides em reparties pblicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situaes de interesse pessoal.

    Comentrios:

    $TXHVWmRp PROH]D&REUD-se o texto do inciso XXXIV do art. 5O da Carta Magna. Questo correta.

    9. (FCC / SEFAZ-SP - 2010) Tendo em vista os direitos e garantias fundamentais previstos da Constituio Federal vigente, certo que o direito de petio, ainda que de natureza eminentemente democrtica, necessita sempre de assistncia advocatcia.

    Comentrios:

    O direito de petio no necessita de assistncia advocatcia. A petio um instrumento de exerccio da cidadania, que permite a

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    qualquer pessoa dirigir-se ao Poder Pblico para reivindicar algum direito ou informao. No necessita de qualquer formalismo: apenas se exige que o pedido seja feito por documento escrito. Questo incorreta.

    10. (FCC / TJ-SE - Analista Judicirio - 2009) De acordo com a Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 1988, com relao aos Direitos e Garantias Fundamentais, correto afirmar que so a todos assegurados, mediante o pagamento de taxas a obteno de certides em reparties pblicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situaes de interesse pessoal.

    Comentrios:

    No h pagamento de taxas quando da obteno de certides em reparties pblicas para defesa de direitos e esclarecimento de situaes de interesse pessoal. Base normativa: art. 5, XXXIV, da Constituio. Questo incorreta.

    11. (FCC / MPE-RS - 2008) So a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas, o direito de petio aos Poderes Pblicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder.

    Comentrios:

    Cobra-se a literalidade do texto constitucional. Questo correta.

    12. (FCC / TRE-SE - 2007) So a todos assegurados, mediante o pagamento de taxas, o direito de petio aos Poderes Pblicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder.

    Comentrios:

    O exerccio do direito de petio independe do pagamento de taxas. Questo incorreta.

    13. (FCC / Agente de Polcia-MA - 2006) So a todos assegurados, mediante o pagamento de taxas judicirias, o direito de petio aos Poderes Pblicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder e a obteno de certides em reparties pblicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situaes de interesse pessoal.

    Comentrios:

    2PHVPRSHJXLQKDGDTXHVWmRDQWHULRU)DOWDFULDWLYLGDGHjEDQFDQmR mesmo? S para garantir a memorizao: o direito de petio e o de

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    obteno de certides independem do pagamento de taxas. Questo incorreta.

    14. (FCC / TRT 4 Regio - 2006) O Direito de Petio previsto na Constituio Federal :

    a) Exercido to somente no mbito do Poder Judicirio.

    b) Assegurado aos brasileiros natos, maiores de vinte e um anos.

    c) Extensivo a todos, nacionais ou estrangeiros, mediante o pagamento de taxas.

    d) Destinado ao cidado em face dos Poderes Pblicos e exercido judicialmente apenas por advogado constitudo.

    e) Garantido a todos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder.

    Comentrios:

    Como vimos, reza a CF/88 que assegurado a todos, independentemente do pagamento de taxas, o direito de petio aos Poderes Pblicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder. Logo, a alternativa correta a E.

    15. (FCC / Auditor-PB - 2006) Assegura-se a todos, independentemente de taxas, o direito de petio aos Poderes Pblicos contra ilegalidade ou abuso de poder.

    Comentrios:

    isso mesmo! Questo correta.

    16. (FCC / TRE-SP - 2006) O direito de petio aos Poderes Pblicos em defesa de direitos depende do pagamento de taxa especfica mnima.

    Comentrios:

    O direito de petio independe do pagamento de taxas. Questo incorreta.

    17. (FCC / TRT 11 Regio - 2005) A todos assegurado, independentemente do pagamento de taxas, o direito de petio aos Poderes Pblicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder.

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    Comentrios:

    O enunciado est perfeito. Questo correta.

    18. (FCC / TRT 8 Regio - 2004) No direito de petio, a denncia ou o pedido podero ser feitos em nome prprio ou da coletividade.

    Comentrios:

    Na petio, o impetrante (autor da petio) pode fazer um pedido em favor de interesses prprios, coletivos, da sociedade como um todo, ou, at mesmo, terceiros. Como dissemos anteriormente, trata-se de um instrumento de exerccio da cidadania. Questo correta.

    19. (FCC / TCE-PR - 2011) Joo necessita, com urgncia, de uma certido pblica com informaes sobre o montante de uma dvida tributria em face do fisco estadual para juntar em um processo judicial. Dirigiu-se repartio pblica competente para solicit-la, mas foi informado, por funcionrio local, de que a repartio estava em reforma e, por esse motivo, a certido s poderia ser expedida em um prazo mnimo de dois meses. Em face da urgncia de Joo, o remdio constitucional adequado para proteger seus direitos :

    a) 2KDEHDVGDWD b) A ao popular

    c) O mandado de segurana

    d) O mandado de injuno

    e) A ao civil pblica

    Comentrios:

    O remdio adequado para a proteo do direito de certido o mandado de segurana. A letra C o gabarito da questo.

    20. (FCC / TRT 15 Regio - 2009) A lei no prejudicar o direito adquirido, o ato jurdico perfeito e a coisa julgada.

    Comentrios:

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    O enunciado cobra a literalidade do inciso XXXVI do art. 5 da Constituio. Est, portanto, correta.

    21. (FCC / TRT 15 Regio - 2009) Admitir-se-, nos termos da lei, juzo ou tribunal de exceo.

    Comentrios

    A CF/88 no admite, em hiptese alguma, tribunal de exceo. Questo incorreta.

    22. (FCC / TJ-PA - 2009) No haver juzo ou tribunal de exceo.

    Comentrios:

    O enunciado est perfeito! Questo correta.

    23. (FCC / TRE-MS - 2007) Em tema de direitos e garantias individuais e coletivas, estabelece a Constituio Federal que sero instalados nos Municpios com mais de cinco mil eleitores, tribunal de exceo.

    Comentrios:

    De modo algum! A Constituio no admite a instalao de tribunal de exceo, em qualquer hiptese. Questo incorreta.

    24. (FCC / TRT 4 Regio - 2006) Dentre outros Direitos e Deveres Individuais e Coletivos, a Constituio Federal assegura expressamente, em seu art. 5, a instalao de juzo ou tribunal de exceo.

    Comentrios:

    o contrrio! A Constituio veda, no art. 5, a instalao de juzo ou tribunal de exceo. Questo incorreta.

    25. (FCC / DPE-SP - 2010) De acordo com a Constituio Federal, assegurado, nos processos de competncia do Tribunal do Jri,

    a) Processamento dos crimes patrimoniais dolosos.

    b) Sigilo das votaes.

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    c) A divulgao das votaes, para garantia da plenitude de defesa.

    d) A soberania da sentena sobre as votaes.

    e) Processamento dos crimes dolosos e culposos contra a vida.

    Comentrios:

    O Tribunal do Jri tem competncia para julgar crimes dolosos contra a vida(OLPLQDPRVVyFRPHVVDREVHUYDomRDVOHWUDVDHH8PDGHVXDVFDUDFWHUtVWLFDVpRVLJLORGDVYRWDo}HV,VVRWRUQDDOHWUDEFRUUHWDHDFLQFRUUHWD)LQDOPHQWHDOHWUDGp incorreta porque a soberania dos veredictos. A alternativa correta, portanto, a letra B.

    26. (FCC / TJ-MS - 2010) reconhecida a instituio do jri, com a organizao que lhe der a lei, assegurada a competncia para o julgamento dos crimes contra a vida.

    Comentrios:

    A competncia do jri apenas para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida. O enunciado, ao abranger todos os crimes contra a vida, tenta induzir voc, meu inocente aluno (ou minha querida aluninha) ao erro! Cuidado! Questo incorreta.

    27. (FCC / TRE-AM - 2010) reconhecida a instituio do jri, com a organizao que lhe der a lei, assegurados a plenitude de defesa, o sigilo das votaes, a soberania dos veredictos e a competncia para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida.

    Comentrios:

    O enunciado est perfeito! Cpia da Constituio! Questo correta.

    28. (FCC / TJ-PI - 2009) reconhecida a instituio do jri, com a organizao que lhe der a lei, NO havendo:

    a) A competncia para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida.

    b) A plenitude de defesa.

    c) O sigilo das votaes.

    d) A soberania dos vereditos.

    e) O juzo ou o tribunal de exceo.

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    Comentrios:

    Como vimos, so assegurados instituio do jri: a plenitude de defesa, o sigilo das votaes, a soberania dos veredictos e a competncia para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida. A alternativa a ser marcada a letra E: pelo princpio do juiz natural, no h juzo ou tribunal de exceo.

    29. (FCC / TJ-SE - 2009) reconhecida a instituio do jri, com a organizao que lhe der a lei, NO sendo assegurado:

    a) A soberania dos veredictos.

    b) A plenitude de defesa.

    c) O sigilo das votaes.

    d) O sigilo do nome do juiz.

    e) A competncia para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida.

    Comentrios:

    A CF/88 assegura, instituio do jri, a plenitude de defesa, o sigilo das votaes, a soberania dos veredictos e a competncia para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida. No h nenhuma referncia ao sigilo em nome do juiz. A resposta da questo, portanto, a letra D.

    30. (FCC / TRE-PE - 2004) A Constituio Federal manteve a instituio do jri e assegurou uma organizao mnima. Todavia, NO previu, expressamente,

    a) A soberania dos veredictos.

    b) A plenitude de defesa.

    c) A competncia para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida.

    d) O sigilo das votaes.

    e) O nmero dos jurados integrantes do conselho de sentena.

    Comentrios:

    O art. 5, inciso XXXVIII, da CF/88, assegura, instituio do jri, a plenitude de defesa, o sigilo das votaes, a soberania dos veredictos e a competncia para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida. No h

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    nenhuma referncia, na CF, ao nmero dos jurados integrantes do conselho de sentena. A resposta da questo, portanto, a letra E.

    31. (FCC / DPE-SP - 2010) No dia 27 de fevereiro de 2008, determinado cidado foi multado em razo de conduzir veculo utilizando telefone mvel. No dia 03 de maro de 2008, foi editada lei federal tipificando como crime a mesma conduta. Pretendeu-se, ento, aditar o auto de infrao lavrado para aplicar ao cidado a pena prevista para o novo tipo penal. A conduta , de acordo com a Constituio Federal,

    a) Constitucional, uma vez que observado o princpio da legalidade.

    b) Constitucional, uma vez que se presta a garantir a segurana da coletividade no trnsito.

    c) Constitucional se a autuao da infrao de trnsito for posterior edio da lei, independentemente da data da prtica do ato.

    d) Inconstitucional, porque ofende o princpio da irretroatividade da lei penal.

    e) Inconstitucional, pois, embora observado o princpio da legalidade, restou violado o princpio da ampla defesa.

    Comentrios:

    A conduta inconstitucional, ofende a CF/88. A pretenso de modificar o auto de infrao para aplicar ao cidado lei posterior, que passou a caracterizar sua conduta como crime, ofende o princpio da irretroatividade da lei penal. A lei penal somente poder alcanar fatos pretritos para beneficiar o ru. Portanto, a alternativa correta a letra D.

    32. (FCC / TRF 5 Regio - 2008) A lei penal somente retroagir em prejuzo do ru.

    Comentrios:

    Deus me livre se assim fosse! No teramos qualquer segurana jurdica! O que a CF/88 dispe o contrrio: a lei penal somente retroagir para beneficiar o ru. Questo incorreta.

    33. (FCC / TRE-MS - 2007) A lei nova no poder retroagir, ainda que para beneficiar o ru.

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    Comentrios:

    A lei mais benigna retroage, sim, para beneficiar o ru. Questo incorreta.

    34. (FCC / TRF 4 Regio - 2007) A lei no retroagir, salvo em prejuzo do ru.

    Comentrios:

    o oposto disso! A lei penal no retroagir, salvo para beneficiar o ru. Tem-se a irretroatividade da lei mais maligna e a retroatividade da mais benigna. Questo incorreta.

    35. (FCC / TRF 1 Regio - 2006) A lei no retroagir, salvo em desfavor do ru por fato praticado antes da sua edio.

    Comentrios:

    o oposto disso! A lei no retroagir, salvo em benefcio do ru. Questo incorreta.

    36. (FCC / TRE-AM - 2003) A lei penal no retroagir, em nenhuma hiptese.

    Comentrios:

    Retroagir sim, examinador malvado! A lei retroagir para beneficiar o ru. Questo incorreta.

    37. (FCC / TRT 9 Regio - 2010) A prtica do racismo constitui crime inafianvel e prescritvel, sujeito pena de recluso, nos termos da lei.

    Comentrios:

    O crime de racismo imprescritvel. Questo incorreta.

    38. (FCC / PGE-SP - 2009) A Constituio Federal estabelece que a prtica de racismo crime:

    a) Imprescritvel e inafianvel, no dispondo sobre pena.

    b) Imprescritvel, sujeito pena educativa de prestao de servios comunidade.

    c) Imprescritvel e punvel com recluso, no dispondo sobre fiana.

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    d) Inafianvel e punvel com recluso, no dispondo sobre prescrio.

    e) Imprescritvel, inafianvel e punvel com recluso.

    Comentrios:

    O crime de racismo inafianvel, imprescritvel e sujeito pena de recluso. A alternativa correta a letra E.

    39. (FCC / TJ SE 2009) Nos termos da lei, a prtica do racismo constitui crime:

    a) Inafianvel e imprescritvel, sujeito pena de recluso.

    b) Afianvel e prescritvel, sujeito pena de deteno.

    c) Inafianvel e prescritvel, sujeito pena de recluso.

    d) Afianvel e imprescritvel, sujeito pena de deteno.

    e) Afianvel e imprescritvel, sujeito pena de recluso.

    Comentrios:

    O crime de racismo inafianvel, imprescritvel e sujeito pena de recluso. A alternativa correta a letra A.

    40. (FCC / TJ-PA - 2009) Nos termos da Constituio Federal, a prtica do racismo constitui:

    a) Delito afianvel e imprescritvel, sujeito pena de deteno e multa.

    b) Contraveno inafianvel e prescritvel, sujeita pena de recluso.

    c) Crime inafianvel e imprescritvel, sujeito pena de recluso.

    d) Contraveno afianvel e prescritvel, sujeito pena de priso simples, deteno e/ou recluso.

    e) Crime inafianvel e prescritvel, sujeito pena de priso simples, deteno e/ou recluso e multa.

    Comentrios:

    $ TXHVWmR IRL D TXHULGLQKD GD )&& QR ano de 2009. Veja como importante resolver os exerccios: a maioria das questes apenas cpia de outras, anteriores. O racismo, como vimos, um crime inafianvel

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    e imprescritvel, sujeito pena de recluso, nos termos da lei. A letra C est correta.

    41. (FCC / TRT 20 Regio - 2011) Herculano presenciou Humberto torturar Plnio e no o impediu. De acordo com o disposto na Constituio Federal, Herculano:

    a) No responder pelo crime de tortura, porm poder testemunhar em juzo contra Humberto.

    b) No responder pelo crime de tortura mas, em razo da sua omisso, ter que indenizar solidariamente o dano.

    c) No responder pelo crime de tortura e no indenizar Plnio.

    d) Responder pelo crime de tortura, que imprescritvel e insuscetvel de graa ou anistia.

    e) Responder pelo crime de tortura, que inafianvel e insuscetvel de graa ou anistia.

    Comentrios:

    Herculano se deu mal! Ele responder pelo crime porque, podendo evit-lo, se omitiu. Trata-se de um crime inafianvel e insuscetvel de graa ou anistia. A letra E o gabarito da questo.

    42. (FCC / TRT 24 Regio - 2011) A Lei considerar crimes inafianveis e imprescritveis a prtica da tortura, o trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evit-los, se omitirem.

    Comentrios:

    Os crimes de tortura e trfico de entorpecentes e drogas afins no so imprescritveis. O que a Carta Magna dispe que se trata de crimes inafianveis e insuscetveis de graa ou anistia. Questo incorreta.

    43. (FCC / TRT 24 Regio - 2011) Constitui crime inafianvel e imprescritvel a ao de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrtico.

    Comentrios:

    Cobrana da literalidade do dispositivo constitucional. Questo correta.

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    44. (FCC / SEFAZ-SP - 2009) A prtica de racismo, assim como a de terrorismo, considerada crime inafianvel e imprescritvel, sujeito pena de recluso, nos termos da lei.

    Comentrios:

    O examinador fez o famoso SHJXLQKDGLVVHTXHXPGRV7RWHUURULVPR imprescritvel. No verdade: esse crime , sim, inafianvel, como o racismo, porm, diferentemente deste, insuscetvel de graa e anistia e prescritvel. Questo incorreta.

    45. (FCC / TRE-RN - 2011) De acordo com a Constituio Federal crime inafianvel e imprescritvel:

    a) a ao de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrtico.

    b) o terrorismo, apenas.

    c) os definidos como crimes hediondos.

    d) a tortura, apenas.

    e) o terrorismo e a tortura.

    Comentrios:

    Os crimes de tortura, terrorismo, trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins e hediondos (3TH) so todos inafianveis e insuscetveis de graa ou anistia. No so imprescritveis. J a ao de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrtico , sim, considerada inafianvel e imprescritvel pela Carta Magna. A alternativa correta a letra A.

    46. (FCC / TRT 8 Regio - 2010) Segundo a Constituio Federal, constitui crime imprescritvel a prtica de:

    a) Trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins.

    b) Tortura.

    c) Racismo.

    d) Latrocnio.

    e) Terrorismo.

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    Comentrios:

    O nico dos crimes arrolados acima a ser considerado imprescritvel pela CF/88 o de racismo. Sobre os demais, destaca-se que o trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins, a tortura e o terrorismo so inafianveis e insuscetveis de graa ou anistia. A alternativa correta a letra C.

    47. (FCC / TJ-MS - 2010) So crimes inafianveis e imprescritveis o racismo, o terrorismo, os definidos como hediondos e a ao de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrtico.

    Comentrios:

    O racismo e a ao de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrtico so, de fato, crimes imprescritveis. J o terrorismo e os hediondos so crimes inafianveis e insuscetveis de graa ou anistia, no so imprescritveis. Questo incorreta.

    48. (FCC / DPE-SP - 2013) Considere os seguintes crimes:

    I- Tortura.

    II Terrorismo. III - Racismo.

    IV - Ao de grupos armados (civis ou militares) contra a ordem constitucional e o Estado Democrtico.

    Nos termos da Constituio Federal brasileira, detm as FDUDFWHUtVWLFDV GH LQDILDQoiYHO H LPSUHVFULWtYHO RV FULPHVdescritos em:

    a) II e III, apenas

    b) I, III e IV, apenas.

    c) III e IV, apenas.

    d) I e IV, apenas.

    e) I, II, III e IV.

    Comentrios:

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    So inafianveis e imprescritveis o racismo e a ao de grupos armados (civis ou militares) contra a ordem constitucional e o Estado democrtico. Os crimes 3 TH (tortura, trfico de drogas, terrorismo e crimes hediondos) so inafianveis e insuscetveis de graa e anistia. A letra C o gabarito.

    49. (FCC / TRE-AM - 2010) Constitui crime inafianvel e prescritvel a ao de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrtico.

    Comentrios:

    A ao de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrtico, crime inafianvel e imprescritvel. Questo incorreta.

    50. (FCC / SEFAZ-SP - 2009) A prtica de racismo, assim como a de terrorismo, considerada crime inafianvel e imprescritvel, sujeito pena de recluso, nos termos da lei.

    Comentrios:

    O crime de racismo tem disciplina diferente daquela do crime de terrorismo, na Constituio. O racismo de fato, inafianvel e imprescritvel, sujeito pena de recluso, nos termos da lei. Entretanto, para o crime de terrorismo, a CF/88 s assegura a inafianabilidade e que se trata de crime insuscetvel de graa ou anistia. Questo incorreta.

    51. (FCC / TRE-AP - 2011) Pitgoras foi condenado a reparar os danos morais que causou Libero por racismo. Porm, Pitgoras faleceu sem pagar a dvida, o que motivou Libero a pleitear de Tibrio, filho do falecido, o pagamento. No tocante aos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos previstos na Constituio Federal, tal cobrana em face de Tibrio :

    a) Possvel, desde que Pitgoras tenha deixado bens, ressalvando que a obrigao de reparar o dano e a decretao do perdimento de bens sero, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, at o limite do valor do patrimnio transferido.

    b) Impossvel, porque a obrigao de reparar o dano e a decretao do perdimento de bens jamais sero estendidas aos sucessores e contra eles executadas, mesmo se o falecido deixou bens.

    c) Impossvel, porque a Constituio Federal veda expressamente.

    d) Possvel, porque por fora da Constituio Federal, mesmo no tendo praticado o racismo, responsvel solidrio da obrigao de reparar o

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    dano pelo simples fato de ser filho do condenado, se