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PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA

Título:

CONTRATOS PEDAGÓGICOS: alternativas pedagógicas para o enfrentamento da disciplina na escola

Autora Elaine Schramm Volpe

Escola de Atuação Colégio Estadual Rui Barbosa – Ensino Médio e

Profissional

Município da escola Formosa do Oeste

Núcleo Regional de Educação Assis Chateaubriand

Orientadora Profª. Drª Tânia Maria Rechia Schroeder

Instituição de Ensino Superior UNIOESTE – Cascavel

Disciplina/Área Pedagogia

Produção Didático-pedagógica Unidade Didática

Relação Interdisciplinar Todas as áreas do conhecimento

Público Alvo

Corpo discente (alunos) do 1° série EM - noturno,

Docente (professores, professor pedagogo e direção)

Localização Avenida Goiania, nº 670 – Formosa do Oeste – Paraná

Justificativa A Unidade Didática contratos pedagógicos: alternativas pedagógicas para enfrentamento da indisciplina na escola é extremamente importante porque não apenas propor estudos e discussões, mas construir coletivamente, regras claras e firmes, que possam auxiliar professores a administrarem as tensões cotidianas em sala de aula. Tem como objetivo enfatizar a necessidade de se construir e discutir continuamente questões relacionadas à disciplina e a indisciplina no âmbito escolar haja vista que os professores e as professoras da rede estadual de Formosa do Oeste - PR, vem apontando a indisciplina como um problema que vem impedindo o desempenho do trabalho docente.

Palavras-chave Contrato didático; indisciplina; professor-aluno.

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

NÚCLEO DE EDUCAÇÃO DE ASSIS CHATEAUBRIAND

ELAINE SCHRAMM VOLPE

CONTRATOS PEDAGÓGICOS: alternativas pedagógicas para o enfrentamento

da indisciplina na escola

Proposta de Intervenção Pedagógica, apresentado como um dos requisitos do PDE – Programa de Desenvolvimento Educacional 2010, ofertado pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná/SEED, na área de Pedagogia em parceria com a Universidade Estadual do Oeste do Paraná/UNIOESTE. Orientadora: Profª. Drª Tânia Maria Rechia Schroeder

Formosa do Oeste

2011

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1 Introdução

Este trabalho tem como objetivo enfatizar a necessidade de se construir e

discutir continuamente questões relacionadas à disciplina e a indisciplina no âmbito

escolar haja vista que os professores e as professoras da rede estadual de Formosa

do Oeste - PR, vem apontando a indisciplina como um problema que vem

impedindo o desempenho do trabalho docente.

A indisciplina, na forma em que vem se apresentando em sala de aula, vem

se constituindo no inimigo número um dos professores que se dizem acuados e

muitas vezes sem alternativas para a solução dos conflitos e tensões que aparecem

em sala de aula, principalmente sob a forma de desinteresse dos alunos em relação

às atividades que lhes são propostas culminando em ambientes com cujas relações

interpessoais são comprometidas pela falta de respeito e responsabilidade.

Tendo em vista que a escola é um espaço onde os alunos e as alunas devem

vivenciar situações diversificadas de organização, de sistematização e de

desenvolvimento científico, ético, tecnológico e cultural, torna-se necessário

encontrar alternativas didático-pedagógicas que despertem curiosidade e interesse

pela aprendizagem no âmbito escolar.

Sendo o processo de escolarização um momento específico para as crianças

e os jovens apropriarem-se dos conhecimentos historicamente acumulados na

humanidade, é preciso buscar respostas para os problemas vividos pelos

professores e professoras e pelos alunos e as alunas em sala de aula. Para tanto, o

nosso trabalho num primeiro momento consistirá em levantar quais são os

problemas que o Colégio Estadual Rui Barbosa – EMP de Formosa do Oeste - PR,

tem em relação aos episódios de indisciplina em sala de aula.

Os questionamentos a serem levantados com os professores serão: Quais

problemas de indisciplina são mais comuns nas turmas em que trabalha

atualmente? Em que situações em seu trabalho surgem os comportamentos

indisciplinados? Quais comportamentos que você considera manifestações de

indisciplina? Quais as medidas que você costuma tomar diante de comportamentos

indisciplinados? Em sua opinião, quais são as causas da indisciplina na escola? Há

na escola orientações sobre como trabalhar com os episódios de indisciplina?

Na visão dos alunos: Quais problemas de indisciplina são mais comuns na

turma em que você estuda? Você se recorda de situações em que surgiram

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comportamentos indisciplinados em sala de aula? Quais comportamentos que você

considera manifestações de indisciplina em sala de aula? Em sua opinião, quais as

medidas que um professor deve tomar diante de comportamentos indisciplinados.

Em sua opinião, quais são as causas da indisciplina na sua turma? Há em sua

escola normas e regras claras em relação ao funcionamento da escola e da sala de

aula?

A estratégia de ação envolverá alunos e professores da 1ª série do Ensino

Médio – noturno, gestores e professores pedagogos do Colégio Estadual Rui

Barbosa – EMP de Formosa do Oeste, NRE – Assis Chateaubriand. Para o

levantamento dos dados necessários ao desenvolvimento do trabalho serão

aplicados questionários com a equipe de direção e equipe pedagógica, os

professores e alunos serão os que trabalham com a série acima mencionada.

O instrumento utilizado nesta fase é o questionário com perguntas abertas,

dando a oportunidade para que os entrevistados possam colocar seu ponto de vista

sobre a questão da indisciplina. Como resultado, espera-se ampliar o conhecimento

sobre a indisciplina e construir conjuntamente alternativas didático-pedagógicas para

que possa ser amenizado este problema que assola as escolas nos dias atuais.

2 Fundamentação Teórica

A escola tem por finalidade a formação integral do educando, nos princípios

de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, no seu preparo para a

cidadania, sua qualificação para o trabalho, bem como, meios para progredir nele e

com estudos posteriores e que sejam colaboradores das transformações sociais.

O papel da escola é o de propiciar educação de qualidade, considerando que

atualmente o conhecimento é produzido em diversos espaços e relações sociais e a

escola, sendo um desses espaços, deve buscar soluções ousadas e criativas para

os problemas que enfrenta cotidianamente em relação aos acontecimentos de

indisciplina em sala de aula.

Portanto, torna-se necessário que a escola tenha um planejamento com

metas claras para atingir os resultados esperados, e que seja capaz de detectar os

problemas, caso os objetivos não sejam alcançados. Sabe-se que muitos fatores

interferem no processo ensino-aprendizagem, portanto é necessária uma articulação

de todos que estão envolvidos para que encontrem meios e intensifiquem as ações

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para a resolução de tais problemas. Dentre os fatores citados, encontra-se a

indisciplina, apontada por muitos como a grande causa do insucesso escolar.

Porém, é preciso ter clareza quando se refere a indisciplina, tendo em vista

que disciplina segundo Leif (1970), apresenta o termo com dois sentidos, sendo o

primeiro em relação ao ensino e o segundo em relação do indivíduo, este

apresentado como uma regra de conduta ou um conjunto de normas de

comportamento, aceitos pelos indivíduos e que regulam o seu comportamento.

Na literatura das décadas de 50 e 60, a temática da indisciplina é abordada

na perspectiva individual do problema, mas que envolvem as relações com outros

indivíduos. Sheviakov e Redl apud Haidt (2003, p.65), tratam de disciplina na ótica

do comportamento, definindo-a como “[...] organização de nossos impulsos para a

obtenção de um objetivo. Do ponto de vista do grupo, a disciplina é a subordinação

dos impulsos dos indivíduos que o integram, com o fim de se alcançar um objetivo

comum”.

Para Fram apud Haidt (2003, p.65) a disciplina “é a formação interior do

comportamento inteligente, que sabe-se dirigir, que sabe definir os seus objetivos e

que sabe encontrar os melhores meios para atingir esses objetivos”. Esta autora,

segundo Haidt (2003), apresenta uma concepção ampla de disciplina, pois equivale

ao conjunto das condições nas quais a aprendizagem global se realiza, e a insere na

perspectiva de uma autodisciplina.

Como já foi mencionado anteriormente, a indisciplina na escola apresenta-se

como um dos desafios mais críticos, com os quais se encontram as instituições

escolares, levando as mesmas a não atingirem seu objetivo maior: a formação

integral de seus alunos. Nesse sentido, é preciso que a escola encontre soluções

para resolver esta problemática, buscando as causas e os motivos.

Geralmente a questão da indisciplina é abordada apenas na ótica do aluno-

problema, mas raramente se busca quais os motivos que o levaram a ser aluno-

problema. Para Aquino (1998, p. 2), o aluno-problema geralmente é apontado como:

[...] como aquele que padece de certos supostos ‘distúrbios psico/pedagógicos’; distúrbios estes que podem ser de natureza cognitiva (os tais ‘distúrbios de aprendizagem’) ou de natureza comportamental, e nessa última categoria enquadra-se um grande conjunto de ações que chamamos usualmente de ‘indisciplinadas’. Dessa forma, a indisciplina e o baixo aproveitamento dos alunos seriam como duas faces de uma mesma moeda, representando os dois grandes males da escola contemporânea, geradores do fracasso escolar, e os dois principais obstáculos para o trabalho docente.

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As causas da indisciplina são várias, desde a educação familiar até a cultura

do grupo social em que o indivíduo está inserido e aí devemos incluir as práticas

pedagógicas da escola. Não é pertinente imputarmos a culpa de maus

comportamentos exclusivamente aos alunos, é preciso compreender os motivos que

levam aos comportamentos tidos como indisciplinados. O professor e a professora

devem refletir sobre sua prática docente continuamente, uma vez que esta pode ser

o motivo do aparecimento de comportamentos indisciplinados.

Importante ressaltar que de nada adianta ficarmos procurando um culpado

para os problemas vivenciados em sala de aula, o problema não pode ser

concentrado na figura do aluno e tampouco na do professor. É preciso construir

formas de atuação de modo a envolver tanto os professores como os alunos uma

vez que estes são os protagonistas do processo ensino-aprendizagem.

Gramsci também contribui para a compreensão de disciplina como uma:

[...] capacidade de comandar a si mesmo, de se impor aos caprichos individuais, às leviandades desordenadas; significa enfim, uma regra de vida. Além disso, significa a consciência da necessidade livremente aceita, na medida em que é reconhecida como necessária para que um organismo social qualquer atinja o fim proposto (GRAMSCI, 1978, p.62).

Isto posto, a auto-disciplina não é o oposto da liberdade e tampouco algo que

pode ser fixado de fora, do exterior. Ao contrário, disciplinar-se é tornar-se

independente e livre, e ao mesmo tempo indica a necessidade de evitar a coação e

o arbítrio. “Colocar o acento na disciplina, na sociabilidade, é pretender, todavia,

sinceridade, espontaneidade, originalidade, personalidade, eis o que é

verdadeiramente difícil e árduo” (GRAMSCI, 1978, p.64).

Ferreira (2000, p. 206) conceitua a disciplina como sendo “as relações de

subordinação do aluno ao mestre ou ao instrutor; a ordem que convém ao

funcionamento regular de uma organização ‘escola’; a observância de preceitos ou

normas; ou ainda, como ensino, instrução, educação”.

De acordo com Mello (1983), o aluno transforma seu professor em mestre,

quando este transmite o limite de conhecimentos e cativa o aluno. Então, o aluno

passa a se interessar pelos conhecimentos transmitidos na escola porque vê sentido

para a sua vida e o professor como modelo. Há também pais que se tornam mestres

e modelos para seus filhos.

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Os problemas de indisciplina nas escolas podem ser relacionadas a uma crise

em relação a segurança e respeito no ambiente escolar. Outra questão é a da

autoridade do professor em sala de aula que diz respeito ao “estatuto intelectual e

competência profissional para ensinar” (GARCIA, 2009, p.3). É essa competência

que dá ao professor uma distinção e uma posição superior em relação aos seus

alunos.

Francisco (1999, p.105) fundamentada nas idéias de Rousseau para dissertar

sobre a importância da preservação da liberdade da criança sem sacrificar a

autoridade do mestre, ou, de como conciliar a autoridade docente e liberdade

discente, vale-se da teoria do contrato social de Rousseau.

Para utilizar este recurso, deve-se pensar o tipo de instituição no qual esta

representando, ou seja, quando for a escola poderá ser chamado de “Contrato

Pedagógico firmado entre duas pontas dessa relação professor e aluno, ou de modo

mais geral educador/educando” (FRANCISCO, 1999, p.103).

Para Francisco (1999) ao trabalharmos com contrato pedagógico deve-se

entender que,

Está fundado na diferença básica que existe entre as duas partes contratantes. Uma, o mestre, sendo superior em forças, conhecimentos e experiências, e outra, o aluno, sendo inferior naqueles mesmos aspectos. Está fundado também no fato de que esse último, em diferentes graus segundo a faixa etária, precisa da condução pelo primeiro em seu processo de desenvolvimento, isto é, de aquisição de forças, conhecimentos e experiências (FRANCISCO, 1999, p.104).

Portanto, idéia central está fundada na relação pedagógica onde um deve

conduzir e o outro deve ser conduzido. O cuidado com a relação de poder não

deverá tomar proporções de negatividade, tirania e destruição e sim a construção de

uma relação de reciprocidade, definida por Francisco (1999, p.106) como aquela que

tem obrigações e vantagens de ambos os lados, de modo que, no computo final, as

duas partes estejam em igualdade de condições, nenhuma com mais vantagens ou

obrigações que a outra. Se a autoridade do professor for justificada sob o argumento

de que ele possui mais conhecimentos e experiências e, consequentemente, mais

forças que o seu aluno estará propondo um falso contrato.

Outro aspecto ressaltado pela autora é a de que o professor, para conduzir o

aluno ao desenvolvimento e à construção de autonomia, deve inovar na prática

pedagógica, restringindo seu poder em conduzir excessivamente para que o aluno

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desenvolva uma futura auto-condução, a uma futura autonomia, portanto, deve-se

ter clareza dos objetivos traçados para que o aluno possa entender e aceitar os

comandos (FRANCISCO, 1999).

Ao propor o contrato pedagógico, alguns professores poderão ter a sensação

de estar perdendo sua autoridade. Entretanto, seguindo a linha de pensamento de

Rousseau, na essência da relação pedagógica e da autoridade docente, “[...] o

mestre não fará aquilo que quiser com o aluno, ele não tem a liberdade de fazer o

que bem entender com o aluno” (FRANCISCO, 1999, p.108).

Outro aspecto do contrato pedagógico é a dimensão afetiva que abarca a

dimensão ética e a ligação afetiva entre as partes. Isto não significa que o professor

deva ser amoroso com seus alunos ou que estes devam ser obrigatoriamente

afetuosos com seus professores. No contrato pedagógico a presença de uma

relação de estima e respeito pelo outro, implica em:

entender que o respeito pelo outro, o plano afetivo e ético do contrato, já está na verdade implícito na própria concepção do contrato, que traz implícita a igualdade entre as partes. Quando se pensa a relação pedagógica como um contrato tácito entre mestre e aluno, este último deixa de ser apenas aquele que é inferior, que está meramente destinado a obedecer e deve se resignar a esse estreito papel. Ele passa a assumir a estatura, por um lado, de sujeito de direitos, de pessoa jurídica, de pessoa, enfim (FRANCISCO, 1999, p.111).

Sob este aspecto parafraseando Francisco (1999) o aluno não é obrigado a

nada, todos os aspectos oferecidos pelo professor em relação ao aluno deve ocorrer

de vontade própria, deve entender que pode ter ganhos com o que foi proposto e

poderá operar através da igualdade e do respeito.

Outro aspecto importante é a noção de compromisso, ou seja, “é uma

promessa de continuar participando do pacto, de manter suas obrigações para com

o outro, de não abandoná-lo a qualquer instante e por qualquer razão que por

ventura apareça” (FRANCISCO, 1999, p.113). Para que haja o comprometimento de

todos, cabe ao professor saber da necessidade de que o professor deve ter um bom

domínio em sua área do conhecimento, dominar a metodologia e o preparo das

aulas e ainda tratar o aluno com respeito. Na contrapartida cabe ao aluno participar

e comprometer-se com o trabalho a ser desenvolvido através de uma prática efetiva

e contínua por parte de ambos.

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3 Estratégia de ação

Num primeiro momento pensou-se em realizar uma pesquisa com os vários

segmentos da instituição de ensino. No entanto, após a realização dos estudos

abriram-se novos horizontes e foi possível entender que o ponto central da

discussão está na relação professor e aluno. Os participantes do nosso trabalho de

pesquisa e ação serão os alunos da 1ª série do período noturno do Colégio Estadual

Rui Barbosa – EMP de Formosa do Oeste – Paraná. Realizamos uma pesquisa

exploratória com 13 alunos e que responderam aos questionamentos selecionados,

para indicar as respostas dos alunos, foi utilizado A para aluno e numeração de 1 a

13.

O primeiro questionamento foi sobre o que é um aluno indisciplinado?

Um aluno sem educação que não tem respeito com o próximo (A1, 3, 5). Vagabundo, sem vergonha e educação (A2). Que não respeita os professores e colegas (A4, 10). É um aluno mal educado (A6). É um aluno que foge das regras, desrespeita os professores e os outros alunos (A7, 9, 11, 13). É um aluno que atrapalha as aulas, conversando (A8). É um aluno com mau humor (A12).

No questionamento sobre as situações de sala de aula que o aluno apresenta

comportamentos considerados indisciplinados, os alunos pesquisados fizeram os

seguintes apontamentos;

Os alunos não sabem esperar ninguém falar, principalmente os professores (A1, 5, 6,7,8,9,10,11, 13). Falam palavrões e respondem os professores (A2, 4). Desrespeito ao professor (A3, 12).

Na questão que questiona as condições oferecidas pelos professores para

que estes tornem-se motivados, os alunos apontaram as seguintes idéias;

Sim, os professores dão espaço para expor as idéias (A1, 2, 6, 9, 12). Sim, os professores ensinam os alunos (A3, 10). Mais ou menos, tem professores que não tem nada diferente outros sim (A4, 7, 8 ). Não, só o professor faz (A5). Quase todos os professores não deixam os alunos pensarem e fazer as coisas de outra forma querem do jeito deles, da forma com que aprenderam (A11, 13).

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Ao enfatizarem as dificuldades vivenciadas em sala de aula, verifica-se que

deve haver um investimento maior na prática pedagógica do professor e também na

relação professor-aluno. Para viabilizar a construção de um contrato pedagógico

deve-se entender que a escola é um lugar de trabalho árduo e complexo onde deve

haver um trabalho de respeito mútuo porque o professor não é um difusor de

informações, e muito menos um animador de platéia, da mesma forma que o aluno

não é um espectador ou ouvinte, por isso, “ele é o sujeito atuante, co-responsável

pela cena educativa, parceiro imprescindível do contrato pedagógico” (AQUINO,

1998, p. 10).

No questionamento sobre o professor estimular o desenvolvimento de uma

aprendizagem significativa respeitando as diferenças os alunos apontaram as

seguintes características;

Sim, os professores procuram mudar seu jeito de ensinar para respeitar (A1, 2, 3, 6, 8, 11, 12 ). Não, porque eles não deixam a gente colar (A4). Mais ou menos, porque os alunos não tem responsabilidades para aprender (A5). Não, porque alguns professores só utilizam o livro, sem nada novo (A6, 7). Sim, os professores tratam todos iguais, só não os que são indisciplinados (A9). Alguns professores tem preconceitos sobre sexo, mas também diferencia os pobres dos ricos, dão razão aos poderosos, privilegiando (A10, 13).

Ao questionar sobre as diferentes metodologias e recursos utilizados pelos

professores nas aulas para motivar os alunos, estes relataram que,

Sim, as vezes utiliza alguma coisa diferente (A1, 2,3, 4, 8,9, 12). Não, só utilizam os livros (A3). Não, as coisas são rotineiras, faz todo dia a mesma coisa (A10, 13). Sim, o professor um dia explica e outro passa a aula no quadro, televisão (A5, 6, 7).

Ao falar de indisciplina, o professor também pode apresentar um

comportamento desmotivado, onde vem para as aulas sem planejar ou nem mesmo

saber quais as atividades deverão ser desenvolvidas, pede aos alunos para

estudarem na sua carteira, contagia a turma e acaba desmotivando a todos, sem

lançar novas expectativas em relação ao seu trabalho e o desenvolvimento do aluno.

Aquino (1998) diz que a indisciplina parece ser uma resposta clara ao abandono a

habilidade das funções docentes em sala de aula.

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Vasconcellos (2001) contribui dizendo que o professor deve entender que o

ato pedagógico é um momento em que o professor e o aluno devem descobrir e

construir juntos intervenções pedagógicas em que possam oportunizar a construção

do conhecimento para a formação de sujeitos mais autônomos.

Sobre o domínio dos conteúdos por parte dos professores, os alunos

apontaram as seguintes idéias;

Sim, fazem com que os alunos entendam as matérias (A1). Sim, tem conhecimento (A2, 3, 5, 6, 7, 9, 12 ). Mais ou menos, uns sabem muito e outros parecem nem saber o que falam (A4, 8). Tem professor que não explica nada, manda fazer exercícios e cobra na prova, ou muda de conteúdo (A10, 11, 13).

Garcia (2009, p.12/13) argumenta que o professor tem nas mãos a direção da

ação docente, ou seja, “deve entender que não é transmitir ou difundir determinados

produtos, tais como dados, formulas ou fatos, mas fundamentalmente reconstruir o

caminho percorrido antes que se chegasse a tais produtos”. Por isso, o professor

deve saber que em sala de aula, “o nosso ponto de partida é a informação, mas o

ponto de chegada é o conhecimento” e a máxima da intervenção pedagógica é

“trabalhar com os dados de realidade do aluno”.

Trevisol (2004) advoga que o fenômeno indisciplina escolar não tem causa

única, sim uma combinação de causas colocadas como ‘complexas’. As diversas

causas da indisciplina escolar podem ser reunidas em dois grupos, sendo as causas

externas a escola e as causas internas. Para as causas externas há a influência

exercida pelos meios de comunicação, a violência social e ambiente escolar. Para as

causas no interior da escola observa-se o ambiente escolar, as condições de ensino

e aprendizagem, o relacionamento humano, o perfil dos alunos e a capacidade de se

adaptar aos esquemas da escola e principalmente a relação professor e alunos.

3.1 Atividades – Professor e Aluno

ATIVIDADE I – SEMINÁRIO

Lakatos e Marconi (1990) diz que o seminário é um técnica de aprendizagem

que inclui pesquisa, discussão e debate.

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O seminário não é feito somente para o professor e sim, para as pessoas da

comunidade, alunos, onde será sugerido várias leituras de texto, para que no

seminário seja feito um debate de idéias entre quem apresenta e quem assiste.na

apresentação pode ser utilizado recursos como textos, figuras, vídeos, reportagens.

Objetivo: Discutir a questão da indisciplina na escola e a relação professor e aluno.

Questões para debate

1) A indisciplina escolar está relacionada à compreensão de educação que os

integrantes da escola possuem?

2) A indisciplina escolar está relacionada a organização da escola, especialmente na

gestão da escola e de classe?

3) Quais seriam as causas da indisciplina?

4) Os atos de indisciplina em sala de aula estariam ligados a formação do professor

para a gestão da classe?

5) As ausências de parâmetros que tratam da indisciplina no PPP – Projeto Político

Pedagógico contribuem com o não saber o que fazer dos professores e membros

administrativos?

6) A indisciplina escola é muito mais do que uma revolta as regras, sendo uma

indicação de que a atual escola não conseguiu se adequar ao momento histórico em

que vivemos?

7) No espaço escolar as práticas de homogeneização e a busca de alunos dóceis e

obedientes podem ser a causa da indisciplina?

Sugestões de Leitura

AQUINO, J. G., A Indisciplina e a Escola Atual. Rev Fac. Educ. v.24 n.2 São Paulo Jul/Dec.1998. 14 p. Disponível em: www.scielo.br. Acesso jul 2011.

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JESUS, Graziela de; MAIA, Graziela Zambão Abdian. Indisciplina escolar: reflexões.

http://www2.marilia.unesp.br/revistas/index.php/ric/article/view/307/252. Acesso jul

2011.

TREVISOL, Maria Teresa Ceron. Indisciplina escolar: sentidos atribuídos por alunos do ensino fundamental. Disponível em http://www.pesquisa.uncnet.br/pdf/ensinoFundamental/. Acesso jul 2011. GARCIA, Joe. Indisciplina e violência nas escolas: algumas questões a considerar.

Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 9, n. 28, p. 511-523, set./dez. 2009. Disponível em

http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/pdf/1891/189114443008.pdf. Acesso jul 2011.

Sugestões de vídeos

Opinião sobre o que é indisciplina escolar - disponível em:

http://www.youtube.com/watch?v=8W_NYiwT_3w&NR=1. juliocfornari. e/ou

www.projetoplugado.blogspot,com, o tema é "Indisciplina escolar".

Fala sobre a indisciplina, o papel do professor e o conhecimento. Tema: indisciplina

– Terezinha Rios – revista nova escola. Disponível em:

http://www.youtube.com/watch?v=tnJ4jB2yN-c&feature=related

Para discutir o contrato pedagógico: Ana Aragão - A confusão das regras no combate

à indisciplina. Disponível em:

http://www.youtube.com/watch?v=wcuUwCnfjBo&feature=related.

Relação entre professor e aluno. MyScarllat. Disponível em:

http://www.youtube.com/user/MyScarlatt.

Sugestões de filme

Evil – Raízes do Mal. Direção: Mikael Hãfstrom. história de Erik, um adolescente

problemático de 16 anos, cuja vida foi pautada pela violência. Atormentado por um

padrasto abusivo, Erik responde ao mundo da única forma que aprendeu: com

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violência. Disponível em: http://www.cinedica.com.br/Filme-Evil---Ra%C3%ADzes-

do-Mal-5353.php.

Nenhum a Menos. Direção: Zhang Yimou. China, 1999, 106 minutos. Elenco: Wei

Minzhi, Zhang Huike, Tian Zhenda, Gao Enman, Sun Zhimei.

disponível em: http://www.terra.com.br/cinema/drama/nenhum.htm.

Referências

AQUINO, J. G., A Indisciplina e a Escola Atual. Rev Fac. Educ. v.24 n.2 São Paulo Jul/Dec.1998. 14 p. Disponível em: www.scielo.br. Acesso jul 2011. FERREIRA. H. Indisciplina. São Paulo: FTD, 2000. FRANCISCO. Maria de Fátima S. Autoridade e contrato pedagógico. In: Aquino, Julio Gropa. Autoridade e autonomia na escola. São Paulo: Summus, 1999. GARCIA, Joe. Indisciplina e violência nas escolas: algumas questões a considerar. Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 9, n. 28, p. 511-523, set./dez. 2009. Disponível em http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/pdf/1891/189114443008.pdf. Acesso jul 2011. GRAMSCI A. Concepção dialética da história. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978. HAIDT, R. C. C. Curso de didática geral. São Paulo: Ática, 2003. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de metodologia cientifica. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1990. MELO, G. N. de. Da Competência Técnica ao Compromisso Político. São Paulo: Cortez, 1993. TREVISOL, Maria Teresa Ceron. Indisciplina escolar: sentidos atribuídos por alunos do ensino fundamental. Disponível em http://www.pesquisa.uncnet.br/pdf/ensinoFundamental/. Acesso em: jul 2011. VASCONCELLOS, Maria Lúcia M. Carvalho (Org.). (In)disciplina, Escola e Contemporaneidade. São Paulo, Mackenzie, 2001.