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4 cadernos de farmanguinhos produção pública de insulina bárbara Ferreira

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4cadernos de farmanguinhos

produção pública de insulinabárbara Ferreira

PROdUÇÃO PÚBLICA de INSULINA

sumário

1. introdução 1

1.1 epidemiologia 1

1.2. Natureza da doença/prevenção/tratamento 2

1.3. Histórico tecnológico 3

1.4 Produção de insulina no Brasil 5

2. negociações farmanguinhos/indar 8

3. inovação tecnológica 10

4. etapas 11

5. complexo produtivo de insulina humana

recombinante: laboratório de apoio

tecnológico e planta de produção 13

6. investimentos totais 14

7. Transferência de tecnologia 16

8. importação e distribuição 17

8.1 Qualidade da insulina 19

8.2 Farmacovigilância 22

8.3 Inspeções da Anvisa 24

9. regulação do mercado 27

10. dificuldades e ameaças 32

11. Perspectivas 35

notas 36

1

1. inTrodução

1.1 Epidemiologia

O diabetes mellitus (dM) é um grave problema de saúde pública mundial e causa importante de morbidade e mortalidade em indivíduos de diferentes grupos etários e condições sociais.1 O número de casos aumenta em todo o mundo: em 2000 estimava-se existirem cerca de 171 milhões de diabéticos e que esse núme-ro aumentaria para 194 milhões em 2003 e 366 milhões em 2030.2 Fatores como crescimento e envelhecimento populacional, urbanização, aumento da obesidade e inatividade física contribuem para o agravamento desse cenário.3 King e col., ao relacionarem o crescimento da população adulta com o aumento da prevalên-cia e do número de pessoas maiores de 20 anos com diabetes em vários países, mostraram que o crescimento previsto de 64% da população adulta acrescenta-ria em 35% a prevalência de diabetes, resultando em aumento de 122% dos in-divíduos maiores de 20 anos vivendo com a doença em 2025. A maior parte está em países em desenvolvimento onde se observa uma maior projeção do número de casos, principalmente em grupos etários mais jovens.3, 4

O Brasil reflete o panorama mundial. No final da década de 80 a prevalência de dM na população adulta era estimada em 7,6%. dados mais recentes, de estudo realizado em Ribeirão Preto na década de 90, mostram a elevação dessa taxa para 12,1%.5 esses dados se refletem nas taxas de mortalidade – embora subestimadas, devido à não menção ao dM na declaração de óbito, por serem as complicações, particularmente as cardiovasculares, a causa da morte.6 Adicionando-se a carac-terística de abranger uma grande faixa etária, sua natureza crônica e a gravidade de suas complicações, tem-se um forte impacto nos problemas de saúde que afetam a qualidade de vida dos seus portadores. esse impacto, medido pelo dALY (disability-adjusted-life-years) mostrou que no Brasil o diabetes mellitus (5.1%), as doenças isquêmicas do coração (5.0%) e as doenças cerebrovasculares (4.6%) englobaram 14,7% do total do dALY avaliado para o grupo de doenças não-trans-missíveis, que incluiu grandes grupos de doenças como cânceres, doenças respira-tórias, doenças de pele, anomalias congênitas, entre outros.7

A doença é também um sério problema econômico. em 2006 o poder público gastou R$ 47,6 milhões com internações decorrentes do diabetes, além de outras despesas como aposentadoria por invalidez devido à amputação de membros, que gera um gasto de R$ 415 milhões por ano no país.8

A gravidade do problema levou o Ministério da Saúde a instituir em 2002 o Pro-grama Nacional de Assistência Farmacêutica para Hipertensão Arterial e diabetes mellitus com o objetivo de distribuir medicamentos, inclusive insulina, entre pacientes cadastrados na rede do SUS.9

2 PROdUÇÃO PÚBLICA de INSULINA

1.2. natureza da doença/prevenção/tratamento

São dois, os tipos de diabetes mais comuns: tipo 1 (dM1) e tipo 2 (dM2). O dM1 atinge crianças e adolescentes e ainda não há medidas de prevenção antes do início da doença. Quanto ao dM2, atinge principalmente a população entre 30 e 69 anos, embora o quadro seja crescente em crianças, devido à obesidade e ao sedentarismo infantil.5, 9 Grande parte destes casos poderia ser prevenida evitando-se o excesso de peso e combatendo-se o sedentarismo.10

A prevenção no início da doença (prevenção primária) e de suas complicações (prevenção secundária) é a melhor forma de minimizar os impactos sociais e econômicos. da mesma forma, o diagnóstico precoce pode evitar inúmeras complicações, retardando os efeitos da doença e melhorando a qualidade de vida dos pacientes. O primeiro passo talvez seja o rastreamento de casos potenciais e de novos casos propriamente ditos. Um bom exemplo foi a realização da campa-nha nacional de rastreamento na comunidade de usuários do Sistema Único de Saúde para detecção do dM, conduzida entre março e abril de 2001 pelo Minis-tério da Saúde.11 Uma vez diagnosticados os novos casos e apontados os riscos de complicações, é necessária a aplicação de medidas educacionais efetivas. A informação é a melhor política de combate aos sintomas do diabetes.8, 11

As estratégias de prevenção variam tanto quanto a diferença na fisiopatologia existente entre o dM1 e o dM2. A prevenção primária no dM1 é pouco estudada, mas alguns autores acreditam que o aleitamento materno e a introdução de leite de vaca apenas após os três primeiros meses de vida previnem o aparecimento da doença.12 Já no dM2 a prevenção de seu início está ligada ao tratamento de ou-tras patologias relacionadas com o diabetes, como a obesidade, a hipertensão ar-terial, a dispiledemia e a hiperinsulinemia. A prevenção secundária é comum aos dois tipos de dM e abrange um controle metabólico estrito por meio da manuten-ção dos padrões normais da glicemia,13, 14 pois evitará as complicações vasculares decorrentes da hiperglicemia, como a hipertensão arterial, os problemas cardio-vasculares, as ulcerações nos pés e amputações, a retinopatia e a insuficiência renal.15 O monitoramento glicêmico deve estar inserido na rotina do paciente, principalmente quando tal controle envolve tratamento medicamentoso.

existem dois grandes grupos de medicamentos utilizados no diabetes: os antidia-bédicos orais e a insulinoterapia. Os antidiabéticos orais são utilizados no dM2 e sua prescrição vai depender do grau de resistência à insulina e da produção de in-sulina endógena pelo paciente, pois esses parâmetros caracterizam a fase evolutiva da doença, normalmente dividida em quatro, e orientam o profissional de saúde quanto ao tratamento.16, 17, 18, 19 Nas primeiras fases (1 e 2) emprega-se principalmen-te monoterapia, enquanto nas fases mais avançadas (3 e 4) costuma ser necessá-rio associar os agentes orais às injeções de insulina, quando modificações no estilo de vida e comprimidos forem insuficientes para obter o controle glicêmico.20

3

O tratamento insulínico estrito é comum aos pacientes com dM1, pela própria característica da doença, de perda parcial ou total das células beta das ilhotas de Langerhans pancreáticas, que resulta na incapacidade progressiva de produzir insulina. Muitos tratamentos à base de insulina estão disponíveis no mercado: insulinas humanas e seus análogos de ação rápida (regular, lispro, aspart, glulisi-na), intermediária (NPH, detemir) ou prolongada (Ultralenta Protamina zíncica, Glargina); e ainda formulações de pré-misturas de insulinas (insulinas bifásicas) que diminuem as múltiplas injeções diárias.21

1.3. Histórico tecnológico

Inúmeros avanços marcam a história do uso terapêutico da insulina, que teve início com a purificação e a cristalização da proteína, passando por sua extra-ção a partir de pâncreas bovino e suíno e pela tecnologia do dNA recombinante para produção de insulina humana, até chegar aos análogos de proteína humana disponíveis hoje no mercado. Podemos destacar como grande salto tecnológico dessa trajetória o desenvolvimento da proteína humana por engenharia genética ou tecnologia de dNA recombinante, no final da década de 70, tornando obsoleta a extração de insulina de origem animal. essa inovação tecnológica teve grandes implicações não só no processo produtivo do medicamento, com a obtenção da proteína utilizando microorganismos por meio de fermentação biológica, mas também no seu uso terapêutico, uma vez que a técnica de biologia molecular abriu caminho para a criação das insulinas análogas por meio de mudanças estruturais na proteína nativa. estudos objetivando novos métodos de produção de insulina avançam e já se encontra no estágio de ensaios clínicos a insulina humana obtida por meio de plantas geneticamente modificadas.22

A primeira versão do desenvolvimento de dNA recombinante de insulina foi desenvolvida pela empresa de biotecnologia Genentech em colaboração com duas grandes empresas farmacêuticas, a eli-Lilly, americana, e a Novo-Nordisk, dinamarquesa,23, 24 inovação protegida por patente depositada pela Genentech (eP0055945, 1982). Nos anos subsequentes muitas inovações foram feitas no processo de produção, com patentes depositadas pela eli-Lilly e Novo-Nordisk. A proteína humana foi rapidamente formulada para a versão contendo protamina, que aumenta o tempo de ação do medicamento (NPH - Neutral Protamine Ha-gedorn – insulina de ação intermediária), além da regular (R), tecnologia desen-volvida primariamente em 1950 pela Novo-Nordisk para a insulina animal. essa corrida tecnológica foi acompanhada também pela empresa alemã Hoeschst, hoje conhecida como Sanofi-Aventis, que já colecionava histórias de sucesso na área de diabetes: foi, ainda em 1936, o primeiro fabricante a modificar a forma de produção de insulina animal, gerando insulina cristalina com melhor nível de pureza e maior tolerância e, em 1966, responsável pela humanização da insulina

4 PROdUÇÃO PÚBLICA de INSULINA

animal (insulina semi-sintética) e sua produção em larga escala.25

A insulina humana era, no início, a solução para pacientes diabéticos que não to-leravam o uso da insulina animal, apresentando como principais efeitos colaterais a produção de anticorpos anti-insulina e consequente resistência ao tratamento, além de alergias e lipoatrofia.26 Além disso, a insulina humana acabou com a preocupação da transmissão de doenças animais aos seres humanos, como a en-cefalite espongiforme bovina. do ponto de vista econômico, a tecnologia de dNA recombinante diminuiu o tempo e os gastos com a produção do medicamento.27

em pouco tempo e com o sucesso terapêutico comprovado, o medicamento alcançou toda a população de insulino-dependentes, embora um segmento da população tenha resistido à mudança da insulina animal para a humana, princi-palmente por requerer alteração no tempo e na quantidade da droga injetada.23 Superado o anseio médico de ter uma proteína idêntica à produzida pelo pacien-te, evitando assim efeitos colaterais significativos, as pesquisas se voltaram para a obtenção de características farmacocinéticas que melhor mimetizassem a liberação da proteína endógena pelo pâncreas, ou seja, a manutenção da normo-glicemia utilizando a insulina exógena.

No início da década de 90 apareceram novas insulinas, conhecidas como análo-gos de insulina humana. essas novas tecnologias resultaram em proteínas com aminoácidos em posições diferentes, quando comparada à insulina humana nativa, como o análogo Aspart B10 (análogo de ação rápida), o primeiro a ser desenvolvido. Como resultado clínico a inovação ofereceu uma ação duas vezes mais rápida que a insulina humana R, constituindo uma alternativa terapêutica.28 de forma similar, o análogo Lispro (de ação rápida) entrou em uso clínico em 1996, e por ter afinidade com o receptor de insulina similar à insulina R29, 30 – ao contrário do Aspart B10 – o Lispro foi considerado mais seguro clinicamente.31

Ainda no grupo dos análogos de ação rápida, em 2000 surgiu a insulina Aspart B28, que assim como o Lispro, ofereceu vantagens em relação à insulina R, como a redução de 20 a 30% de hipoglicemia noturna e melhora modesta (0,3 a 0,5%) nos níveis de Hemoglobina AIc. A insulina Glulisina tem as mesmas caracterís-ticas das anteriores e foi desenvolvida como mais uma alternativa para terapia bolus (Regular, Lispro ou Aspart) e é utilizada em bombas contínuas de infusão subcutânea. Seguindo esse movimento, vários análogos de ação intermediária surgiram como alternativa para a formulação NPH, como a Lenta e a detemir, em 2005. estudos mostram que a detemir promove menor variabilidade no automo-nitoramento da glicemia em jejum, hipoglicemia noturna e ganho de peso menor em relação à NPH. Os análogos de ação prolongada, Glargina e a Ultralenta, che-garam ao mercado também no início dos anos 2000, com grande expectativa de uso, devido à possibilidade de injeção única diária proporcionando maior conforto no tratamento e menor potencial de hipoglicemias.32

5

Paralelamente às inovações realizadas no próprio medicamento, a busca de novas formas de aplicação de insulina foi intensificada no final da década de 80, com grande ênfase na utilização de canetas injetoras de insulina33 e bombas de infusão. Além da forma de aplicação, outras vias de administração que não a subcutânea têm sido estudadas, como as vias oral, bucal/sublingual, transdérmica, respiratória e outras. Como resultado desses estudos foi lançado em 2006, pela Pfizer, a insu-lina inalável, constituída por insulina em pó de ação rápida. No entanto, pela pouca adesão por parte dos diabéticos, não atendendo assim às expectativas da empre-sa, foi retirado do mercado em outubro de 2007.34 Outro estudo em andamento, pela empresa emisphere, trata de um spray oral, que permite que a insulina seja absorvida pela mucosa bucal e não passe pelo trato gastrintestinal.35

1.4 produção de insulina no brasil

No Brasil, a produção de insulina animal teve início em 1978 com a empresa brasileira Biobrás e sua parceira na época, a eli-Lilly, detentora de 46% de suas ações. A Biobrás fabricava a matéria–prima, fornecida à própria Lilly, e entre 1978 e 1983 a Biobrás-Lilly absorvia 95% do mercado interno. Ao final de 1983 se deu a dissociação, quando a Biobrás, em busca de independência de mercado, resol-veu verticalizar a produção, transformando-se em empresa farmacêutica. Ao final da década de 80 a empresa brasileira atingiu o equilíbrio financeiro e começou a descentralizar seus investimentos, buscando novas tecnologias de produção. Assinou um acordo com a Fundação Universidade de Brasília para o desenvolvi-mento conjunto de insulina humana por engenharia genética,36 o que culminou na aquisição de patentes no país, nos estados Unidos, Canadá, europa e Ásia.37

A comercialização do produto foi anunciada no início de 1999, mas não foi sig-nificativa, devido à alta competitividade promovida pela abertura comercial ao capital estrangeiro no início da década de 90, que favoreceu a instalação no país das multinacionais Lilly e Novo. A subsequente queda no preço da insulina ofer-tado nas licitações federais por estas multinacionais culminou em duas ações movidas na Câmara de Comércio exterior (CAMeX) pela Biobrás: a aplicação de direito anti-dumping contra a Novo Nordisk e o compromisso de preço contra a eli Lilly sobre as importações de medicamentos contendo insulina realizadas pelas duas empresas.38, 39 Sob forte concorrência desleal, a Biobrás acabou sendo adquirida por US$ 31 milhões pela empresa dinarmaquesa Novo Nordisk ao final de 2001.40 Com a aquisição pela Novo, as duas passaram a fazer parte de um mesmo grupo empresarial, o que ensejou que o CAMeX decidisse suspender todas as medidas anti-dumping.41 A mudança no mercado foi tão somente o fim da existência do produtor nacional e a criação da sucessora Biomm, que reteve o laboratório de pesquisa, os 15 pesquisadores, além da patente de processo de

6 PROdUÇÃO PÚBLICA de INSULINA

uso do dNA recombinante, dedicando-se apenas às atividades de pesquisa.39 Após a venda da Biobrás observa-se a elevação continuada dos preços pratica-dos nas licitações federais e consequente oligopolização do mercado público pelas multinacionais (Gráfico 1).42

No momento de sua criação, a Biomm comprometeu-se a não realizar ativida-des produtivas por três anos, completados em dezembro de 2004.43 Apesar do Conselho Administrativo de defesa econômica (CAde), em julho de 2003, ter aprovado a operação de venda e decidido pela exclusão da cláusula de não concorrência, até onde se sabe a Biomm não tem produzido em escala industrial. É de se notar que a Biobrás, antes de ser adquirida teria realizado o aumento de escala de produção de insulina, mas não chegou a produzir insulina humana recombinante em escala industrial, nem forneceu ao Ministério da Saúde. Por sua vez, até agora, a Novo Nordisk também não o fez no Brasil.

esses episódios ressaltam, de um lado uma atividade oligopolista, de outro, a fra-queza do setor empresarial brasileiro ante as grandes transnacionais, que, a des-peito de receber incentivos governamentais, frequentemente acabam vendendo suas empresas exatamente para aquelas que inviabilizam sua manutenção. de fato, em conhecido episódio recente envolvendo compras do Ministério da Saúde, foram identificados “vampiros”, intermediários que agiam manipulando para empresas internacionais as aquisições a serem feitas; entre os produtos mani-pulados estava a insulina da Novo Nordisk. Por essa razão a auditoria da Contro-ladoria Geral da União (CGU) solicitou ao Ministério o rompimento do contrato com a empresa Novo para compra de insulina. No relatório, os auditores acusam a empresa de oligopólio por ter adquirido o controle acionário da Biobrás.44

em 2007 o governo federal lançou a política nacional que prevê um investimen-to de R$ 10 bilhões em biotecnologia, que será direcionada para quatro áreas: saúde humana, agropecuária, indústria e meio ambiente. O plano é colocar o Brasil entre os países líderes em biotecnologia daqui a alguns anos e tentar reverter esse quadro.

7

GRÁFICO 1: Variação de Preço no mercado Público brasileiro de insulina 1995-2005

Fonte: Banco de preços do Ministério da Saúde.

90.000.000

80.000.000

70.000.000

60.000.000

50.000.000

40.000.000

30.000.000

20.000.000

10.000.000

Nov

2007 2008

Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago

11

10

9

8

7

6

5

4

3

2

1

Total Insulina expedida(doses acumuladas)

Suspeita RAM

3.000.000

2.500.000

2.000.000

1.500.000

1.000.000

500.000

Nov

2007 2008

Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago

160

140

120

100

80

60

40

20

Total Insulina expedida(frascos acumuladas)

Total Contatos FAC(acumulado)

grafico 1 grafico 2

grafico 4 grafico 5 - era o mesmo mesmo

grafico 3

US$ 10,00

US$ 9,00

US$ 8,00

US$ 7,00

US$ 6,00

US$ 5,00

US$ 4,00

US$ 3,00

US$ 2,00

US$ 1,00

1995 1996 1997 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

R$ 20,00

R$ 18,00

R$ 16,00

R$ 14,00

R$ 12,00

R$ 10,00

R$ 8,00

R$ 6,00

R$ 4,00

R$ 2,00

Venda da Biobrás à Novo Nordisk

Animal US $

Animal R$

Humana US $

Humana R$

25

20

15

10

5

Informação (Número de Contatos FAC)Suspeita RAMReclamação

Nov

2007 2008

Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago

US $ 10,00

US $ 9,00

US $ 8,00

US $ 7,00

US $ 6,00

US $ 5,00

US $ 4,00

US $ 3,00

US $ 2,00

US $ 1,00

1995 1996 1997 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 1º 2º 2007 2008

R$ 20,00

R$ 18,00

R$ 16,00

R$ 14,00

R$ 12,00

R$ 10,00

R$ 8,00

R$ 6,00

R$ 4,00

R$ 2,00

Venda da Biobrás à Novo Nordisk

Distribuição Farmanguinhos

Contrato com a Ucrânia

Animal US $

Animal R$

Humana US $

Humana R$

2006

8 PROdUÇÃO PÚBLICA de INSULINA

2. nEGociaçÕEs FarmanGuinHos/indar

em junho de 2003 uma missão de alto nível da Ucrânia visitou a Fiocruz bus-cando estreitar relações na área científica, tecnológica e comercial relacionadas a produtos farmacêuticos, com ênfase em antirretrovirais. Nas reuniões manti-das, o então presidente da Comissão de Saúde do Parlamento Ucraniano abriu também a possibilidade de cooperação na área de insulina, já que a Ucrânia havia investido em uma instituição modelar, o Indar: após a independência e a mono-polização do mercado pela Novo-Nordisk e o fechamento de todos os produto-res do país e também da Rússia, criou-se uma empresa de economia mista (da qual o governo detém 70% das ações), foi comprada uma fábrica da Hoescht e realizados investimentos na infra-estrutura, acatando-se as normas regulatórias. Foi uma clara opção por investir na segurança e saúde de seus diabéticos, ofere-cendo soluções variadas e personalizadas, inclusive com o desenvolvimento e a produção por tecnologia recombinante.

Contatos subsequentes, sempre com conhecimento do Ministério da Saúde e do Ministério das Relações exteriores do Brasil, acabaram por levar a Fiocruz a enviar uma missão exploratória à Ucrânia (outubro de 2004).

Os entendimentos preliminares com o Indar incluíam, além da transferência da tecnologia recombinante de produção da insulina, o desenvolvimento conjunto de aprimoramentos e cooperação para desenvolvimento e produção de outros medicamentos em ambas as direções (inclusive de antirretrovirais), entendi-mentos formalizados por meio de protocolo firmado entre a Fiocruz e o Indar. O acordo incluía o pleno licenciamento para a Fiocruz, inclusive para exportação na América Latina e África.

É digno de registro o fato de que após essa missão a Fiocruz foi procurada por um diretor da Novo-Nordisk do Brasil (em novembro de 2004) para especular sobre possível cooperação; ao ser cientificado de que a Fiocruz desejava o pleno licenciamento, argumentou que dependeria da matriz e não mais procurou a Fiocruz até a visita do diretor do Indar ao Brasil em junho de 2005. Logo após a Fiocruz foi novamente procurada pelo diretor geral da Novo-Nordisk, dizendo que continuavam interessados em apresentar uma proposta de transferência de tecnologia. Nunca enviaram tal proposta.

Alguns meses depois do encaminhamento do plano de negócios (elaborado na ocasião da visita do Indar) ao secretário de Ciência e Tecnologia e Insumos estra-tégicos do Ministério da Saúde, o novo ministro da Saúde solicitou que a Fiocruz apreciasse uma proposta da Biomm. Na verdade, tal proposta nunca existiu formalmente, mas ocorreram conversações entre o presidente da Fiocruz e um

9

executivo da Biomm que retificaram as notícias iniciais: a Biomm estava consor-ciada com a Novo- Nordisk, mas ainda não definira uma proposta concreta.

Foi criada uma coordenação para refazer o cronograma de implementação, e após visita à fábrica da Novo-Nordisk em Montes Claros foi elaborado um rela-tório, repassado ao ministro da Saúde, não recomendando a proposta inicial do consórcio Biomm/Novo-Nordisk exposta verbalmente. A Presidência da Fiocruz, ao receber visita conjunta da Biomm/Novo-Nordisk, sugeriu que qualquer pro-posta futura fosse apresentada por escrito ao secretário de Ciência e Tecnologia e Insumos estratégicos. era opinião institucional que tais movimentos pareciam uma manobra protelatória, apenas para que não fosse efetivado o acordo com o Indar, mantendo assim indefinidamente a atividade oligopolista da Novo-Nordisk.

em janeiro de 2006, por determinação do presidente da Fiocruz, a condução do projeto foi transferida para Farmanguinhos e em 18 de julho do mesmo ano foi assinado o acordo técnico-científico entre a Fiocruz e o instituto ucraniano CJSC-Indar visando a transferência de tecnologia para produção de insulina humana recombinante na unidade.

Nos termos acertados, a transferência se fará em um período de 40 meses, ao fim dos quais Farmanguinhos estaria capacitado a produzir cristais de insulina. Simultaneamente à transferência de tecnologia, o acordo estabelece a importação do produto acabado e desde novembro de 2007 Farmanguinhos vem importando o medicamento. As primeiras importações foram realizadas de novembro de 2007 a agosto de 2008, em sete partidas de 500 mil frascos/mês suprindo, segundo pau-ta definida pelo Ministério da Saúde, a distribuição de medicamentos ao espírito Santo, Pernambuco, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Bahia. Após esse período, as importações foram suspensas devido ao início do processo de renovação de BPF das instalações ucranianas, finalizada em 17 de março de 2009.

Para os diabéticos brasileiros a produção nacional representará maior segurança no abastecimento de insulina humana recombinante dos tipos NPH e R (de libe-ração lenta e de liberação rápida), já que hoje nossas necessidades são integral-mente cobertas através de importação. Na estratégia desenhada, Farmanguinhos produzirá os cristais de insulina – o insumo farmacêutico ativo (ifa) – e estabe-lecerá com empresas privadas instaladas em território nacional parcerias para formulação e envase do produto. A produção deverá cobrir 50% da demanda do Ministério da Saúde, responsável pelo Programa Nacional de Assistência Far-macêutica para Hipertensão Arterial e diabetes. Tal desenho tem três objetivos: 1) manter a competitividade no mercado público e preservar um ambiente que estimule a inovação tecnológica; 2) garantir a regulação deste mercado pela pre-sença de um produtor nacional capaz de inibir a elevação especulativa de preços; 3) estimular a indústria farmacêutica nacional.

10 PROdUÇÃO PÚBLICA de INSULINA

3. inovação TEcnolóGica

A tecnologia de produção de insulina humana recombinante (IHr) do Indar envol-ve a utilização por expressão da insulina escherichia coli transgênica (e. coli), na qual o precursor da proteína é obtido por fermentação biológica e, então, proces-sado e purificado. Após esses procedimentos, reações enzimáticas específicas transformam tal precursor em insulina humana.

A IHr ucraniana é fruto de inovação tecnológica na Ucrânia e tem seu processo de produção protegido por patentes depositadas na Rússia e na Ucrânia, sendo também registrado e comercializado nestes países. A adesão ao acordo geral do TRIPS está sendo negociada pela Ucrânia.

Poucas empresas no mundo dominam todo esse ciclo tecnológico produtivo e é importante enfatizar que ao final do processo de transferência de tecnologia Farmanguinhos estará capacitado tecnologicamente para produzir no país o ifa, ou seja, os cristais de insulina, bem como o medicamento insulina humana recombinante R e NPH. É importante registrar que a purificação da insulina do Indar está de acordo com as exigências da Anvisa, com menos de 10 ppm (partes por milhão) de proteínas derivadas da célula hospedeira (e. coli), responsável por muitas reações adversas e processos alérgicos e que o Indar tem certificação BPF da Ucrânia e da Alemanha e exporta insulina para a Rússia.

A incorporação da tecnologia recombinante é útil para a Fiocruz não só para suprir o país e regular o mercado, mas, principalmente, para abrir um capítulo de desenvolvimento tecnológico associado visando outros biofármacos. Ade-mais, abre um capítulo de incorporação imediata da tecnologia master inovador na área pública brasileira, pois não estabelece etapas de trás para diante, mas propõe a absorção simultânea de todas as etapas de produção, encurtando o processo, em tudo compatível com a estrutura que está sendo projetada em Farmanguinhos-Fiocruz e ainda libera o governo de investimentos completos para a produção de fases onde a tecnologia é de fácil domínio, tais como controle de qualidade, envase etc.

A produção em Farmanguinhos não propõe suprir o Ministério da Saúde com 100% das demandas, mas apenas 50%, criando assim um ambiente de seguran-ça para os pacientes, estabilidade do mercado e efetiva regulação competitiva, de modo a estimular a inovação tecnológica.

11

4. ETapas

O acordo de transferência da tecnologia de produção de IHr estará vigente por 44 meses divididos em cinco etapas. A transferência de tecnologia tem início após o término da etapa I (etapa preparatória de registros, com a duração de quatro meses, já encerrada). de forma concomitante à transferência de tecnologia, no período de 40 meses serão importados por Farmanguinhos 18 milhões de frascos de IHr ucraniana, que serão entregues ao Ministério da Saúde em partidas de 500 mil frascos mensais (podendo variar, segundo entendimentos prévios entre Farmanguinhos e o Ministério da Saúde).

As atividades determinadas no acordo de transferência de tecnologia estão lista-das abaixo:

etapa i (2006): registro do contrato no INPI e registro da IHr ucraniana na Anvisa, por Farmanguinhos (encerra-se com a abertura da carta de crédito do primeiro fornecimento).

etapa ii (2007): transferência de informação técnica da engenharia de base para as instalações produtivas e confecção do projeto; treinamento de pessoal na produção dos cristais em escala de bancada e piloto. Implementação do labora-tório de apoio tecnológico à produção do ifa Ihr. Importação e distribuição de 3,5 milhões de frascos de insulina.

etapa iii (2008): aprovação do projeto na VISA; treinamento com os lotes se-mentes e sua transferência. Obras para construção da planta de cristais. Impor-tação e distribuição de 5,5 milhões de frascos de insulina.

etapa iV (2009): conclusão das instalações produtivas de cristais e produção de lotes-piloto do ifa. Importação e distribuição de 5,5 milhões de frascos de insulina.

etapa V (2010): produção de lotes piloto de produto final fabricado por terceiro com a utilização de cristais de Farmanguinhos para registro na Anvisa e certifi-cação pela agência da área produtiva. Realização de testes clínicos pós-registro. Importação e distribuição de 3,5 milhões de frascos de insulina.

Serão realizadas pesquisas clínicas, tanto da insulina importada do Indar (eta-pa II e III) quanto da IHr produzida por Farmanguinhos (etapa V), zelando pela qualidade da pesquisa e segurança dos pacientes envolvidos. Nesta atividade incluem-se as seguintes ações: identificação de questões clínicas relevantes, elaboração de protocolos de pesquisa, coleta de dados, análise estatística dos dados, gerenciamento dos dados, apresentação e divulgação dos resultados, monitoramento da pesquisa clínica e publicação de artigos.

12 PROdUÇÃO PÚBLICA de INSULINA

O projeto conta não apenas com o gerenciamento feito pela área de gestão de projetos de Farmanguinhos, mas também com o acompanhamento a ser rea-lizado pelo Comitê Técnico, conforme determinado no acordo entre as partes. este Comitê é composto por oito membros, quatro de cada parceiro, incluindo os responsáveis técnicos pelo projeto.

São de responsabilidade deste Comitê:

_ Coordenar e dar seguimento às etapas da transferência de informação técnica prevista neste contrato.

_ emitir um certificado de aceitação do encerramento de cada etapa da transfe-rência da informação técnica.

_ Assessorar as partes na tomada de decisões relacionadas à transferência da informação técnica.

_ Revisar e propor às partes o cronograma das atividades das etapas da transfe-rência tecnológica.

A etapa I ou preparatória foi concluída com o registro da insulina ucraniana con-cedido em março de 2007 pela Anvisa a Farmanguinhos sem nenhuma exigência a cumprir.45 Vale mencionar que a agência brasileira, em sua inspeção às instala-ções produtivas do Indar, concedeu o certificado de BPF à empresa ucraniana.46 Ainda assim, Farmanguinhos realizará estudo clínico fase IV (pós-comercializa-ção) comparando os resultados na insulina do Indar com pelo menos uma das existentes no mercado brasileiro. É também de se registrar que nas fases prelimi-nares, Farmanguinhos, com o apoio do INCQS, promoveu a análise físico-química do produto da Ucrânia, sendo todos os parâmetros considerados satisfatórios.

O Comitê encerrou a etapa I em março de 2007, o que já computou atrasos no cronograma. Mais atrasos ocorrem na etapa II, que ainda está em execução, em-bora a previsão inicial de término fosse em 2007. Os trâmites regulatórios foram os principais causadores dessa demora, como veremos adiante. A atualização do cronograma oficial está sendo discutida pelo Comitê Técnico.

O Comitê Técnico se reúne pelo menos duas vezes ao ano para avaliar a trans-ferência das informações técnicas e ao final de cada etapa de desenvolvimento do projeto, será responsável pela certificação da adequação dos procedimentos realizados. Até o momento o Comitê já se reuniu três vezes: em setembro/2007 no ato de encerramento da etapa I; em julho/2008 para revisão da etapa II e em setembro/2008 decidindo por interromper temporariamente a transferência de tecnologia até a conclusão dos trâmites de concessão de BPF ao Indar pela Anvisa.

13

5. complEXo produTivo de insulina Humana rEcombinanTE: laboraTório de apoio TEcnolóGico e planTa de produção

A estrutura física para produção de IHr em Farmanguinhos contará com duas estruturas distintas:

_ laboratório de apoio tecnológico (LAT): estrutura laboratorial dedicada à pes-quisa e desenvolvimento na área de biotecnologia, viabilizando a otimização e atualização permanente da tecnologia absorvida. Nele será realizado o treina-mento de pessoal e a reprodução dos ensaios para obtenção do ifa em escala de bancada e piloto realizados no Indar, que incluem estudos de engenharia genética do microorganismo e análise de parâmetros das etapas de fermenta-ção, purificação e cristalização da proteína insulina.

_ planta de produção de cristais: estrutura fabril para a produção do ifa em larga escala com cinco pavimentos, contendo desde fermentadores de pequeno volu-me (30 a 2.000 litros), utilizados como pré-inóculo, até grandes fermentadores (5.000 a 10.000 litros). Os menores servirão como inóculo para os fermenta-dores maiores, de forma a seguir uma linha vertical de injeção de inóculo. No último fermentador da linha (o fermentador de maior volume), a biomassa será separada do sobrenadante, e a IHr concentrada e cristalizada. A área seguirá parâmetros internacionais de design e seu projeto executivo será apreciado por consultores do Indar. A operação será planejada de forma a garantir segurança e qualidade ao produto recombinante conforme as normas de BPF, biossegurança e exigências da Anvisa.

O ifa produzido em Farmanguinhos será formulado e envasado por uma empresa privada, parceria que ainda está sendo negociada sob o acompanhamento do Indar.

Com a estrutura pronta, Farmanguinhos pretende abastecer 50% da demanda do Ministério da Saúde, que hoje é de 9,9 milhões de frascos/ano (uma capacidade produtiva de 400 kg de cristais de insulina/ano) e eventualmente poderá ampliar sua produção até 600 kg/ano (equivalentes a 15 milhões frascos/ano) em caso de crise de outros produtores ou de abertura de mercados na América Latina ou África.

14 PROdUÇÃO PÚBLICA de INSULINA

6. invEsTimEnTos ToTais

A produção de cristais de insulina exigirá recursos na ordem de R$ 64,7 milhões, sendo R$ 40 milhões para a planta produtiva e R$ 24,7 milhões para o Laborató-rio de Apoio Tecnológico.

desde a negociação do contrato de transferência de tecnologia, em julho de 2006, algumas ações foram iniciadas no sentido de aportar recursos para a implementação da produção de IHr. em resultado, o Ministério da Saúde destinou R$ 40 milhões para a implementação da planta de produção. Com esta garantia, buscamos recursos na ordem de R$ 24,7 milhões necessários à implementação do Laboratório de Apoio Tecnológico junto ao programa Fundo Tecnológico (Funtec) do BNdeS que se destina a apoiar financeiramente projetos que objeti-vam estimular iniciativas voltadas ao desenvolvimento tecnológico e inovações de interesse estratégico para o país.

Os investimentos totais e o cronograma anual de transferências para a absorção da tecnologia de produção de IHr com a implementação da planta de produção e do Laboratório de Apoio Tecnológico estão especificados nas Tabelas 1 e 2.

planTa dE produção

dEscrição do invEsTimEnTo

conTraparTida dE FarmanGuinHos

a rEalizar com aporTE do minisTério da saúdE

ToTal dE TransFE-rências do minisTério da saúdE2007 2008 2009 2010 2011

Projetos de engenharia /infra-estrutura

1.000.000 1.000.000 10.000.000 8.000.000 1.000.000 20.000.000

equipamentos 0 2.000.000 2.000.000 4.000.000 2.000.000 10.000.000

Recursos humanos 1.000.000 1.000.000 1.500.000 2.000.000 3.000.000 7.500.000

Gestão ambiental 1.000.000 500.000 500.000 500.000 1.000.000 2.500.000

ToTal 3.000.000 4.500.000 14.000.000 14.500.000 7.000.000 40.000.000

TABeLA 1: cronograma anual de Transferências de recursos Para a imPlemenTação da PlanTa de Produção de crisTais (em r $)

Fonte: Indar/Farmanguinhos

15

TABeLA 2: cronograma anual de Transferências de recursos Para a imPlemenTação do laboraTório de aPoio Tecnológico (em reais) que esTá sendo PleiTeado ao bndes

laboraTório dE apoio TEcnolóGico

dEscrição conTraparTida dE a rEalizar : do invEsTimEnTo FarmanGuinHos consulTa ao bndEs/FunTEc

aTé 2008 2009-2010

Infra-estrutura associada ao P&d 1.300.000 13.500.000

Máquinas e equipamentos 850.000 8.710.000

Pesquisa e desenvolvimento 1.950.000 1.747.000

Meio ambiente 300.000

Garantia da qualidade 100.000 440.000

Taxas administrativas Fiotec* 1.000.000

ToTal 5.200.000 24.697.000

Fonte: Indar/Farmanguinhos

16 PROdUÇÃO PÚBLICA de INSULINA

7. TransFErência de TEcnoloGia

O registro da insulina concedido a Farmanguinhos, em março de 2007, marcou o início da transferência de tecnologia e da etapa II do cronograma de atividades. Nesta etapa, ainda em andamento, ocorreu intensa troca de informações técni-co–científicas, com envio de documentos técnicos pelo Indar e viagens à Ucrânia. À medida que as informações chegavam a Farmanguinhos, a equipe analisava a documentação registrando seus questionamentos em documentos denominados “Análise Crítica”, em seguida encaminhados ao Indar. O envio das análises críticas ocorreu nas seguintes datas:

_Análise Crítica n° 1: outubro de 2007;

_Análise Crítica n° 2: fevereiro de 2008;

_Análise Crítica n° 3: março de 2008;

_Análise Crítica n° 4: maio de 2008;

_Análise Crítica Consolidada: julho de 2008.

Apesar de reuniões promovidas em julho de 2008 pelo Comitê Técnico, notou-se grande dificuldade por parte do Indar em responder aos questionamentos técnicos de Farmanguinhos. O fato ficou claro em depoimento do próprio diretor do Indar, que alegou que a equipe ucraniana não tinha experiência em transferência de tecnologia, sugerindo que o método de trabalho fosse revisto. Somando–se a isso a necessidade de foco na resolução de entraves promovidos pela paralisação das importações por causa do trâmite regulatório, a etapa em andamento, que tinha previsão para findar no início de 2008, ainda guarda pendências para sua finalização, como:

_ envio de documentos técnicos para a preparação dos projetos executivos da instalação produtiva para obtenção dos cristais de insulina;

_ envio de documentos técnicos para subsidiar o treinamento do corpo técnico de Farmanguinhos, nas instalações produtivas do Indar;

_ treinamento nas instalações do Indar, no que tange à escala laboratorial e o aumento de escala até a produção industrial (scale up).

Assim, em setembro de 2008, de comum acordo as partes decidiram interrom-per a transferência de tecnologia até que fosse finalizado o trâmite na Anvisa e concedida a BPF para a retomada das importações. em seguida, em dezembro de 2008, as partes iniciaram as discussões para a atualização do cronograma da transferência de tecnologia que será oficializado em reunião do comitê técnico prevista para junho de 2009.

17

8. imporTação e disTribuição

Como já foi dito, simultaneamente à transferência de tecnologia, o acordo prevê a importação do produto acabado e desde novembro de 2007 Farmanguinhos vem comprando 500 mil frascos/mês, suprindo, segundo pauta definida pelo Minis-tério da Saúde, a distribuição de medicamentos no espírito Santo, Pernambuco, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Bahia.

As primeiras importações, seguindo o modelo de carta de crédito e liberação de pagamento por importação via marítima concluída, seguiu conforme tabela abaixo.

TABeLA 3: cronograma de exPedição, chegada e quanTidade de insulina dos embarques realizados

EmbarquEs cHEGada quanT. Frascos

1º 04/09/07 23/10/07 503.000

2º 16/10/07 26/11/07 504.000

3º 14/11/07 13/01/07 505.708

4º 02/01/08 05/02/08 505.590

5º 02/01/08- 19/03/08 505.945

6º 05/03/08 14/04/08 505.225

7º 19/04/08 19/06/08 469.532

Total 3.499.000

Fonte: Setor de importação de Farmanguinhos

18 PROdUÇÃO PÚBLICA de INSULINA

Após a importação e estocagem em armazém refrigerado o medicamento foi distribuído aos estados por via terrestre, seguindo a pauta definida pelo Ministé-rio da Saúde (Tabela 4).

TABeLA 4: cronograma de enTregas de insulina – noV. 2007-jun. 2008

Apesar da especificidade exigida de acondicionamento de 2º a 8º C, a distribui-ção foi realizada com sucesso, exceto por uma unidade de transporte que sofreu queda de temperatura a 0º C por três dias consecutivos. Os lotes avariados foram colocados em quarentena e os testes de revalidação foram providenciados no laboratório do Centro de desenvolvimento de Testes e ensaios Farmacêuticos (CTeFAR) da Universidade Federal de Santa Maria: além de testes de qualidade de rotina, foi feito também teste de potência em camundongos a fim de compro-var a não alteração da atividade biológica do produto, conforme normas consti-tuídas nas farmacopéias brasileira e européia. Os resultados foram satisfatórios, indicando que o incidente não alterou a especificação do produto.

Fonte: gerência de logística de Farmanguinhos

STATUSPERÍODO DAS ENTREGASLOCAL DE ENTREGA

2.477.000TOTAL

Almoxarifado de Medicamentos da Secretaria Estadual de Saúde-ES

Almoxarifado de Medicamentos da Secretaria Estadual de Saúde - MG

Almoxarifado de Medicamentos da Secretaria Estadual de Saúde- PE

Almoxarifado de Medicamentos da Secretaria Estadual de Saúde- RS

Almoxarifado de Medicamentos da Secretaria Estadual de Saúde - BA

Almoxarifado de Medicamentos da Secretaria Estadual de Saúde -RJ

7/11/2007 - 19/05/2008

7/11/2007 -19/05/2008

7/11/2007 -11/06/2008

7/11/2007 -19/05/2008

14/02/2008 -11/06/2008

9/01/2008-19/05/2008

118.000

1.040.000

229.000

526.000

234.000

330.000

PERIODICIDADE

Bimensal

Bimensal

Bimensal

Bimensal

Mensal

Mensal

19

As importações foram suspensas após o sétimo embarque, em junho/2008, devido ao início do processo de inspeção para renovação de BPF conduzido pela Anvisa nas instalações do Indar que, por modificações no processo produtivo, foram novamente inspecionadas, para assegurar a qualidade e a eficácia do medicamento produzido na Ucrânia.47-48 Recentemente, em 17 de março de 2009, foi publicada a BPF das instalações ucranianas e novas negociações estão sendo feitas entre Farmanguinhos e o Indar para abertura da segunda carta de crédito e retomada das importações. Conforme acordado, a quantidade de frascos a serem importados em 2009 sofrerá redução de 5,5 milhões de frascos para 2,5 milhões, devido aos atrasos na contrapartida da transferência de tecnologia. Quanto ao preço, serão necessários ajustes: o preço de R$ 9,18/frasco pago na primeira car-ta de crédito foi baseado no preço de aquisição pelo Ministério da Saúde à época (licitação federal ganha pela eli Lilly em 2006 ao preço de R$ 9,18); no entanto a última licitação federal fechou o preço em R$ 5,48 (licitação federal ganha pela eli Lilly em 2008) (Gráfico 5). essa queda nos preços, claramente caracterizada como dumping e já histórica, norteará a negociação entre as partes, sem que seja possível, porém, descer ao preço da última aquisição, já que esse parece não cobrir os custos de produção do medicamento, sem falar no adicional que deve ser embutido no preço para pagamento da transferência de tecnologia.

A distribuição também sofreu interrupção em junho de 2008. Na mesma ins-peção citada anteriormente, os técnicos da agência entenderam que parte do processo produtivo do produto que estava sendo importado ao Brasil era feita na fábrica recentemente inaugurada para aumentar a capacidade de produção do Indar localizada na cidade de L’viv e não na fábrica de Kiev, de onde estava sendo importado o medicamento. Por precaução, a Anvisa suspendeu, em agosto de 2008, a distribuição de um milhão de frascos de insulina comprados nas últimas importações. Após intensa troca de informações entre o Indar, Farmanguinhos e Anvisa, testes de qualidade e ainda nova inspeção em setembro de 2008, a agên-cia concluiu que os lotes enviados ao Brasil provinham mesmo de Kiev, como afirmava o diretor do Indar. Sendo assim, a distribuição de um milhão de frascos restantes foi retomada em dezembro de 2008 aos estados da Bahia, espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

8.1 qualidade da insulina

Farmanguinhos conta com uma estrutura de garantia da qualidade que avalia o registro de qualidade de cada lote expedido do Indar. Ainda assim, vários testes já foram conduzidos no Brasil:

_ análise de lotes, sendo três providos da primeira importação e três do sexto em-barque (última importação até aquele momento), comprovando a manutenção

20 PROdUÇÃO PÚBLICA de INSULINA

da qualidade do medicamento ao longo dos primeiros seis embarques realiza-dos (Tabela 5). A análise foi realizada no laboratório do CTeFAR da Universidade Federal de Santa Maria, conforme norma instituída pelas farmacopéias brasilei-ra e européia.

_ análise de todos os 34 lotes providos das duas últimas importações para docu-mentação da qualidade e conforme exigência da Anvisa quando da interrupção da distribuição. Foram analisados nos laboratórios do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) e no CTeFAR (Tabela 6).

Além dos testes de qualidade de rotina, foram feitos testes de potência (método de convulsão em camundongos) para comprovação da manutenção da atividade biológica do produto. Todos os testes realizados tiveram como resultado “aprova-do” (Tabelas 5 e 6).

TABeLA 5: TesTes de qualidade de loTes ProVindos do Primeiro e séTimo embarque

EmbarquE daTa dE rEalização

n° do loTE EspEciFicação do TEsTE

rEsulTado

Primeiro 17/3/2008 0200807, 0210807, 0220907

Características físico-quí-micas: dímeros e polímeros de alta massa; identificação; doseamento e compostos relacionados; controle biológi-co : endotoxinas bacterianas; teste de esterilidade e teste de potência (método de con-vulsão em camundongos).

Aprovado

Sexto 29/7/2008 0010108, 0160108, 0120108

Características físico-quí-micas: dímeros e polímeros de alta massa; identificação; doseamento e compostos relacionados; controle biológi-co : endotoxinas bacterianas; teste de esterilidade e teste de potência (método de con-vulsão em camundongos).

Aprovado

Fonte: Garantia da Qualidade de Farmanguinhos

21

TABeLA 6: TesTes de qualidade de Todos os loTes ProVindos do sexTo e séTimo embarque

EmbarquE daTa dE rEalização

n° do loTE EspEciFicação do TEsTE

rEsulTado

Sexto 22/12/2008 0020108, 0030108, 0040108, 0050108, 0060108, 0070108, 0080108, 0090108, 0100108, 0110108, 0130108, 0140108, 0150108, 0170108, 0180108

Características físico-químicas: dímeros e polímeros de alta massa; identificação, zinco total e no so-brenadante; dosea-mento e compostos relacionados; controle biológico: endotoxinas bacterianas; teste de esterilidade.

Aprovado

Sétimo 22/12/2008

0200208, 0210208, 0220208, 0230208, 0250208, 0260208, 0270208, 0280208, 0290208, 0300208, 0310208, 0320208, 0330208, 0340208, 0350208, 0240208, 0360208

0340208, 0350208

Características físico-químicas: dímeros e polímeros de alta massa; zinco total e no sobrenadante; identificação; dosea-mento e compostos relacionados; controle biológico : endotoxinas bacterianas; teste de esterilidade e teste de potência (método de convulsão em camun-dongos).

Aprovado

Fonte: Garantia da Qualidade de Farmanguinhos

22 PROdUÇÃO PÚBLICA de INSULINA

8.2 Farmacovigilância

O número de frascos de insulina distribuídos aos estados e o presumível con-sumo desse medicamento por pacientes do SUS estimam um total de 569.520 pacientes expostos (Tabela 7).

TABeLA 7: ToTal de frascos exPedidos e número de PacienTes exPosTos no Período de noV/2007 a jun/2008

dEscrição ano ToTal dE unidadEs EXpEdidas por ano

ToTal EXpEdido por mês

paciEnTEs EXposTos por mês

(= 1 Frasco / paciEnTE por mês)

Insulina NPH 100 UI 2007 (*1) 470.000,00 235.000,00 235.000,00

2008 (*2) 2.007.120,00 334.520,00 334.520,00

TOTAL 2.477.120,00 569.520,00 569.520,00

MÉdIA 1.238.560,00 284.760,00 284.760,00

*1 = novembro e dezembro*2 = janeiro a junho

Fonte: FAC de Farmanguinhos

Para o atendimento direto aos profissionais de saúde e ao usuário, o setor de Farmacovigilância e Atendimento ao Cidadão (FAC) mantêm um telefone gratuito para contato (0800 24 16 92) e os atendentes são treinados para reconhecerem suspeitas de reações adversas ao medicamento e captarem as informações necessárias à avaliação adequada.

Os atendimentos foram coletados no período de nov/2007 a ago/2008 e foram classificados em: pedido de informação, reclamação e suspeita de reação adver-sa ao medicamento (RAM) (Gráfico 2).

Os contatos recebidos pelo FAC aumentaram de forma proporcional ao número de frascos distribuídos, não havendo, portanto picos de notificação, o que indica a ausência de desvio de qualidade dos lotes consumidos (Gráfico 3).

23

90.000.000

80.000.000

70.000.000

60.000.000

50.000.000

40.000.000

30.000.000

20.000.000

10.000.000

Nov

2007 2008

Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago

11

10

9

8

7

6

5

4

3

2

1

Total Insulina expedida(doses acumuladas)

Suspeita RAM

3.000.000

2.500.000

2.000.000

1.500.000

1.000.000

500.000

Nov

2007 2008

Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago

160

140

120

100

80

60

40

20

Total Insulina expedida(frascos acumuladas)

Total Contatos FAC(acumulado)

grafico 1 grafico 2

grafico 4 grafico 5 - era o mesmo mesmo

grafico 3

US$ 10,00

US$ 9,00

US$ 8,00

US$ 7,00

US$ 6,00

US$ 5,00

US$ 4,00

US$ 3,00

US$ 2,00

US$ 1,00

1995 1996 1997 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

R$ 20,00

R$ 18,00

R$ 16,00

R$ 14,00

R$ 12,00

R$ 10,00

R$ 8,00

R$ 6,00

R$ 4,00

R$ 2,00

Venda da Biobrás à Novo Nordisk

Animal US $

Animal R$

Humana US $

Humana R$

25

20

15

10

5

Informação (Número de Contatos FAC)Suspeita RAMReclamação

Nov

2007 2008

Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago

US $ 10,00

US $ 9,00

US $ 8,00

US $ 7,00

US $ 6,00

US $ 5,00

US $ 4,00

US $ 3,00

US $ 2,00

US $ 1,00

1995 1996 1997 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 1º 2º 2007 2008

R$ 20,00

R$ 18,00

R$ 16,00

R$ 14,00

R$ 12,00

R$ 10,00

R$ 8,00

R$ 6,00

R$ 4,00

R$ 2,00

Venda da Biobrás à Novo Nordisk

Distribuição Farmanguinhos

Contrato com a Ucrânia

Animal US $

Animal R$

Humana US $

Humana R$

2006

90.000.000

80.000.000

70.000.000

60.000.000

50.000.000

40.000.000

30.000.000

20.000.000

10.000.000

Nov

2007 2008

Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago

11

10

9

8

7

6

5

4

3

2

1

Total Insulina expedida(doses acumuladas)

Suspeita RAM

3.000.000

2.500.000

2.000.000

1.500.000

1.000.000

500.000

Nov

2007 2008

Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago

160

140

120

100

80

60

40

20

Total Insulina expedida(frascos acumuladas)

Total Contatos FAC(acumulado)

grafico 1 grafico 2

grafico 4 grafico 5 - era o mesmo mesmo

grafico 3

US$ 10,00

US$ 9,00

US$ 8,00

US$ 7,00

US$ 6,00

US$ 5,00

US$ 4,00

US$ 3,00

US$ 2,00

US$ 1,00

1995 1996 1997 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

R$ 20,00

R$ 18,00

R$ 16,00

R$ 14,00

R$ 12,00

R$ 10,00

R$ 8,00

R$ 6,00

R$ 4,00

R$ 2,00

Venda da Biobrás à Novo Nordisk

Animal US $

Animal R$

Humana US $

Humana R$

25

20

15

10

5

Informação (Número de Contatos FAC)Suspeita RAMReclamação

Nov

2007 2008

Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago

US $ 10,00

US $ 9,00

US $ 8,00

US $ 7,00

US $ 6,00

US $ 5,00

US $ 4,00

US $ 3,00

US $ 2,00

US $ 1,00

1995 1996 1997 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 1º 2º 2007 2008

R$ 20,00

R$ 18,00

R$ 16,00

R$ 14,00

R$ 12,00

R$ 10,00

R$ 8,00

R$ 6,00

R$ 4,00

R$ 2,00

Venda da Biobrás à Novo Nordisk

Distribuição Farmanguinhos

Contrato com a Ucrânia

Animal US $

Animal R$

Humana US $

Humana R$

2006

GRÁFICO 2: quanTidade de aTendimenTos feiTos Pelo fac classificados em informação, reclamação e susPeiTa de reação adVersa a medicamenTos (ram) no Período de noV/07 a ago/2008

GRÁFICO 3: aTendimenTos acumulados feiTos Pelo fac em relação ao número de frascos exPedidos no Período de noV/07 a ago/2008

Fonte: FAC de Farmanguinhos

Fonte: FAC de Farmanguinhos

24 PROdUÇÃO PÚBLICA de INSULINA

A mesma proporcionalidade é vista quando contrastamos o número acumulado de suspeita de RAM com as doses distribuídas (Gráfico 4). Foram disponibili-zadas em torno de 85 milhões de doses no período de nove meses e restaram apenas dez contatos classificados como suspeita de RAM.

GRÁFICO 4: aTendimenTos acumulados feiTos Pelo fac em relação ao número de doses acumuladas exPedidas no Período de noV/07 a ago/2008

8.3 inspeções da anvisa

Após a primeira inspeção à fábrica do Indar na Ucrânia, realizada em janeiro de 2007, foi concedido o certificado de Boas Práticas de Fabricação (BPF) ao insti-tuto e o registro do produto a Farmanguinhos, em março de 2007, sem nenhuma exigência a se cumprir. em seguida, Farmanguinhos abriu a primeira carta de cré-dito para a compra de 3,5 milhões de frascos de insulina, dos quais 2,4 milhões já foram distribuídos à população entre novembro/2007 a agosto/2008.

em junho de 2008, a agência reguladora voltou a inspecionar a unidade ucrania-na, e, ao contrário do ocorrido na primeira visita, houve problemas de comunica-ção entre os técnicos do Indar e os inspetores da agência, que entenderam que

90.000.000

80.000.000

70.000.000

60.000.000

50.000.000

40.000.000

30.000.000

20.000.000

10.000.000

Nov

2007 2008

Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago

11

10

9

8

7

6

5

4

3

2

1

Total Insulina expedida(doses acumuladas)

Suspeita RAM

3.000.000

2.500.000

2.000.000

1.500.000

1.000.000

500.000

Nov

2007 2008

Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago

160

140

120

100

80

60

40

20

Total Insulina expedida(frascos acumuladas)

Total Contatos FAC(acumulado)

grafico 1 grafico 2

grafico 4 grafico 5 - era o mesmo mesmo

grafico 3

US$ 10,00

US$ 9,00

US$ 8,00

US$ 7,00

US$ 6,00

US$ 5,00

US$ 4,00

US$ 3,00

US$ 2,00

US$ 1,00

1995 1996 1997 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

R$ 20,00

R$ 18,00

R$ 16,00

R$ 14,00

R$ 12,00

R$ 10,00

R$ 8,00

R$ 6,00

R$ 4,00

R$ 2,00

Venda da Biobrás à Novo Nordisk

Animal US $

Animal R$

Humana US $

Humana R$

25

20

15

10

5

Informação (Número de Contatos FAC)Suspeita RAMReclamação

Nov

2007 2008

Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago

US $ 10,00

US $ 9,00

US $ 8,00

US $ 7,00

US $ 6,00

US $ 5,00

US $ 4,00

US $ 3,00

US $ 2,00

US $ 1,00

1995 1996 1997 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 1º 2º 2007 2008

R$ 20,00

R$ 18,00

R$ 16,00

R$ 14,00

R$ 12,00

R$ 10,00

R$ 8,00

R$ 6,00

R$ 4,00

R$ 2,00

Venda da Biobrás à Novo Nordisk

Distribuição Farmanguinhos

Contrato com a Ucrânia

Animal US $

Animal R$

Humana US $

Humana R$

2006

Fonte: FAC de Farmanguinhos

25

parte do processo produtivo do produto importado pelo Brasil era feita na fábrica recentemente inaugurada na cidade de L’viv e não na fábrica de Kiev, foco de inspeção, ferindo uma norma da agência, a RdC 315/05. Questionou-se também a capacidade de produção da planta de Kiev. Ainda que o diretor do Indar tenha, em exposição pessoal e por documentos, comprovado que a origem do produto exportado ao Brasil era Kiev, os argumentos não foram aceitos pela Agência. Antes da inspeção Farmanguinhos transmitira a Anvisa o pedido do fabricante de incluir na inspeção a visita ao local de fabrico de L’viv, mas a Agência recomen-dou que ela fosse realizada em uma segunda ocasião por não poder estender a viagem de seus inspetores por mais alguns dias.

A inspeção em andamento foi cancelada com a volta dos inspetores ao Brasil e se iniciou intensa troca de informações e realização de reuniões entre a Agência, o Indar e Farmanguinhos para esclarecer o ocorrido. Por precaução, em agosto de 2008 a Anvisa suspendeu as importações e a distribuição de um milhão de frascos de insulina recebidos nas últimas importações, exigindo testes de qua-lidade que comprovassem que a qualidade do produto não se alterara desde a primeira inspeção. Prontamente Farmanguinhos encaminhou testes de qualidade já realizados em alguns lotes do produto e providenciou a execução de testes de qualidade, incluindo teste de potência biológica em camundongos, de 34 lotes armazenados. Farmanguinhos contestou a decisão da agência de suspender as distribuições, pelas consequências que essa medida traria a milhares de brasilei-ros já adaptados ao uso do produto, de altíssima qualidade, como demonstravam os testes realizados e os dados de farmacovigilância. É de se registrar a ação de concorrentes – milhares de mensagens eletrônicas foram encaminhadas a diabé-ticos pedindo que denunciassem problemas com o produto – mas, ainda assim restou o registro de apenas três reações do tipo alérgico, notificados depois da aplicação de 2,5 milhões de frascos, ou seja, 85 milhões de aplicações, sendo que um milhão dos mesmos supostamente proveio de etapas de produção realizada em L’viv. Farmanguinhos requisitou a realização, com maior brevidade possível, de nova inspeção ao Indar focando os pontos de deFACordo levantados. A Anvisa manteve a restrição à distribuição do produto ucraniano e agendou para o final de setembro a visita à fábrica ucraniana.

Para minimizar os desentendimentos vistos na última inspeção, Farmanguinhos encaminhou, no início de setembro, uma missão de técnicos especialistas em inspeção de produto biológico à Ucrânia, a qual contou inclusive com o auxílio de Biomanguinhos, numa missão de pré-inspeção. O objetivo principal era levantar todas as não-conformidades apontadas pela Anvisa que levaram ao diagnóstico de que parte do processo de produção da insulina tinha passagem pela fábrica de L’viv e auditá-las. Como resultado, a pré-inspeção comprovou a dificuldade no rastreamento documental do dossiê de produção, principalmente no cálculo da produtividade nas diferentes etapas do processo produtivo. em alguns pontos

26 PROdUÇÃO PÚBLICA de INSULINA

do dossiê faltava conexão, por exemplo, entre a cepa produtora e o material do inóculo preparado no laboratório. Medidas corretivas foram colocadas em prática pela equipe de pré-inspeção e os técnicos do Indar. A terceira inspeção ocorreu em seguida, entre 22 de setembro e 3 de outubro, e teve como principal ponto positivo a avaliação da capacidade produtiva da planta de ifa do Indar localizada em Kiev. desta forma, o problema da inspeção anterior (Kiev x L’viv) foi superado e comprovou-se que os lotes enviados ao Brasil provinham da planta de Kiev. Foram feitas exigências, sem maiores implicações, como adequação de registro, manutenção, calibração e identificação de equipamentos e instrumentos; apre-sentação dos dossiês de produção do insumo biológico e produto final farmacêu-tico junto à documentação que instrui os pedidos de importação. As exigências foram atendidas pelo Indar, e foi concedida e publicada a nova BPF, retomando-se então o processo de negociação para importação da insulina.

Superadas as dúvidas sanitárias quanto à procedência dos lotes enviados ao Brasil, a Anvisa liberou a distribuição do medicamento em estoque e Farmangui-nhos reiniciou as entregas aos estados da Bahia, espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro a partir de dezembro; estão sendo retomadas as negociações com o Indar para abertura da cartas de crédito seguintes e a compra de 2,5 milhões de frascos de insulina e abastecer o SUS em 2009.

27

90.000.000

80.000.000

70.000.000

60.000.000

50.000.000

40.000.000

30.000.000

20.000.000

10.000.000

Nov

2007 2008

Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago

11

10

9

8

7

6

5

4

3

2

1

Total Insulina expedida(doses acumuladas)

Suspeita RAM

3.000.000

2.500.000

2.000.000

1.500.000

1.000.000

500.000

Nov

2007 2008

Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago

160

140

120

100

80

60

40

20

Total Insulina expedida(frascos acumuladas)

Total Contatos FAC(acumulado)

grafico 1 grafico 2

grafico 4 grafico 5 - era o mesmo mesmo

grafico 3

US$ 10,00

US$ 9,00

US$ 8,00

US$ 7,00

US$ 6,00

US$ 5,00

US$ 4,00

US$ 3,00

US$ 2,00

US$ 1,00

1995 1996 1997 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

R$ 20,00

R$ 18,00

R$ 16,00

R$ 14,00

R$ 12,00

R$ 10,00

R$ 8,00

R$ 6,00

R$ 4,00

R$ 2,00

Venda da Biobrás à Novo Nordisk

Animal US $

Animal R$

Humana US $

Humana R$

25

20

15

10

5

Informação (Número de Contatos FAC)Suspeita RAMReclamação

Nov

2007 2008

Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago

US $ 10,00

US $ 9,00

US $ 8,00

US $ 7,00

US $ 6,00

US $ 5,00

US $ 4,00

US $ 3,00

US $ 2,00

US $ 1,00

1995 1996 1997 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 1º 2º 2007 2008

R$ 20,00

R$ 18,00

R$ 16,00

R$ 14,00

R$ 12,00

R$ 10,00

R$ 8,00

R$ 6,00

R$ 4,00

R$ 2,00

Venda da Biobrás à Novo Nordisk

Distribuição Farmanguinhos

Contrato com a Ucrânia

Animal US $

Animal R$

Humana US $

Humana R$

2006

9. rEGulação dO mErcado

de novembro de 2007 até agosto de 2008 Farmanguinhos comprou 500 mil frascos/mês ao preço de R$ 9,18, num total de 3,5 milhões de frascos e R$ 32 milhões. O acordo, assim, possibilitou a entrada de um ator público federal no mercado público de insulinas que vem cobrindo, desde novembro de 2007, cerca de 33% da demanda do Ministério da Saúde, resultando em nova estruturação da concorrência. essa remodelação teve como consequência uma regulação de preços, como se pode ver pelo relato a seguir.

Até 2001 participavam das concorrências federais a Biobrás (produtor nacional de insulina), a Novo-Nordisk (dinamarquesa) e a eli-Lilly (americana). Após a compra do único produtor nacional pela Novo, em 2001, os dois players restantes passaram a dominar as compras públicas, tendo como efeito a elevação dos preços nas licita-ções federais e a total dependência brasileira de importação do cristal de insulina.

O preço praticado no período de 2001 a 2006 continuou subindo até o segun-do semestre de 2006, quando dois fatos novos interferiram nesse panorama: o anúncio da entrada de um novo ator, Farmanguinhos/Indar, e a mudança no sis-tema de compras do Ministério da Saúde para modalidade de pregão eletrônico. Neste pregão, a Novo-Nordisk e a eli-Lilly, que participavam da licitação anual re-alizada pelo Ministério da Saúde, derrubaram seus preços em quase 50%, numa economia de cerca de R$ 80 milhões aos cofres públicos. O Gráfico 5 mostra a série histórica de variações nos preços praticados no período.

GRÁFICO 5: Variação de Preço no mercado Público brasileiro de insulina – 1995-2008

Fonte: Banco de preços do Ministério da Saúde.

28 PROdUÇÃO PÚBLICA de INSULINA

O fator causal na redução de preços foi a presença de Farmanguinhos/Indar, já que: a) com a mudança no processo de compras já estabelecida, a continuidade do cronograma de transferência de tecnologia garantiu a manutenção do preço (R$ 9,18) em 2007; b) em 2008 ocorreu uma redução de R$ 9,18 para R$ 5,48 no preço praticado, sendo o único fator novo a comprovação da qualidade da insulina ucraniana, a estas alturas, amplamente distribuída; c) neste último ano foi introduzido um novo ator, a Neoquímica, que, no entanto não chegou a fazer parte de toda a concorrência licitatória, ficando a disputa entre Lilly e Novo, ven-cendo, mais uma vez, a Lilly.

essa sequência de quedas no preço da insulina, provocada pela atuação e perma-nência de Farmanguinhos/Indar, geraram uma economia de R$ 203.714.240,00 aos cofres públicos, pois sem esta interferência os preços provavelmente seriam mantidos no patamar anterior de R$ 15,28 (Tabela 8, 9 e 10) o que corresponde-ria a um gasto de R$ 421.636.320,00.

Apesar de acarretar economia aos cofres da União, a sucessão de quedas no pre-ço da insulina, primeiro (em 2001) como instrumento para impedir o crescimento do único produtor nacional, a Biobrás, e mais tarde (em 2006) para desestimular a entrada do novo ator público, Farmanguinhos, no mercado de insulina, carac-teriza claramente movimento de dumping que, a exemplo da ação concedida à Biobrás pouco antes de sua venda, pelo CAMeX, culminou em direito anti-dum-ping e compromisso de preços nas importações de insulina realizadas pela Novo Nordisk e eli Lilly. A última queda promovida na recente licitação federal ganha pela Lilly, que baixou os preços de R$9,18 a R$ 5,48, demonstra o grande poder de barganha das multinacionais que parecem baixar os preços a valores que não cobrem sequer o custo de produção do medicamento. Como comparação, apesar de modelos de compra diferenciados, nos estados Unidos a mesma empresa, eli Lilly, vende o frasco de insulina NPH a US$ 35,00.

Tais quedas de preços são práticas bem conhecidas nos mercados oligopolistas – conforme acontecido após a venda da Biobrás, como se pode ver no Gráfico 5 – e têm o evidente propósito de desestimular a continuidade do projeto de interna-lização de tecnologia em curso. A interrupção do processo de compra da insulina ucraniana, se viesse a ocorrer, teria como óbvia consequência a volta dos preços aos antigos patamares.

29

laboraTórios pEríodo qTdE. insulinas

valor paGo r$ prEço médio r$

BIOBRÁS 2001 a 2003 14.641.894 210.925.406,30 14,41

Novo Nordisk 2000 a 2005 25.684.030 392.497.629,00 15,28

eli Lilly 2005 200.000 3.770.000,00 18,85

eli Lilly 2006 a 2008 12.956.000 118.936.080,00 9,18

Far/Indar 2007 a 2008 3.500.000 32.130.000,00 9,18

eli Lilly Licitação 2008 12.200.000 66.856.000,00 5,48

Fonte: Banco de preços do Ministério da Saúde

TABeLA 9: cenário alTernaTiVo dos cusTos de aquisição da insulina Pelo minisTério da saúde – 2006 a 2008

cEnários quanTidadE prEço Em r$

valor a paGar Em r$

(1) Considerando-se mantidos nas licitações os preços anteriores ao contrato Far/Indar

28.656.000 15,28 437.863.680,00

(2)Preços reais de aquisição 2006 a 2008

eli Lilly 12.956.000 9,18 118.936.080,00

Indar 3.500.000 9,18 32.130.000,00

(3) eli Lilly* 12.200.000 5,48 66.856.000,00

Economia = 1 - (2 + 3) 219.941.600,00

Fonte: Banco de preços do Ministério da Saúde

TABeLA 8: demonsTraTiVo das comPras de insulina Período 2001 a 2008

Período anterior à

insulina Indar

Período posterior à

Insulina Indar

30 PROdUÇÃO PÚBLICA de INSULINA

Novo Nordisk 2000 3.934.741 2000 7,8535 30.901.488,44

Novo Nordisk 2001 983.685 2001 7,7400 7.613.721,90

Biobrás 2001 983.685 2001 10,7365 10.561.334,00

Biobrás 2001 616.315 2001 10,7365 6.617.066,00

Biobrás 2001 1.600.000 2001 10,7365 17.178.400,00

Biobrás 2001 437.143 2001 13,9900 6.115.630,57

Novo Nordisk 2001 437.144 2001 13,9900 6.115.644,56

Biobrás 2001 1.311.430 2001 13,9900 18.346.905,70

Biobrás 2001 766.950 2001 13,9900 10.729.630,50

Novo Nordisk 2001 1.066.400 2001 13,9900 14.918.936,00

Novo Nordisk 2004 7.162.530 2004 17,7900 127.421.408,70

Biobrás 2001 437.143 jul-01 13,9900 6.115.630,57

Biobrás 2002 2.965.228 jul-02 14,8200 43.944.678,96

Biobrás 2003 3.199.000 fev-03 15,8700 50.768.130,00

Biobrás 2003 2.325.000 set-03 17,4400 40.548.000,00

Novo Nordisk 2002 1.599.530 mar-02 13,9800 22.361.429,40

Novo Nordisk 2005 600.000 mar-05 19,0000 11.400.000,00

Novo Nordisk 2005 9.900.000 abr-05 17,3500 171.765.000,00

eli Lilly 2005 200.000 abr-05 18,8500 3.770.000,00

eli Lilly 2006 1.273.000 set-06 9,1800 11.686.140,00

eli Lilly 2006 450.000 out-06 9,1800 4.131.000,00

eli Lilly 2006 700.000 nov-06 9,1800 6.426.000,00

laboraTório ano qTdE. daTa biobrás novo Eli lilly Far/ valor paGo nordisk indar

TABeLA 10 aquisições Pelo minisTério da saúde de insulina humana nPh100 ui/ml injeTáVel (fr. 10ml)

31

eli Lilly 2006 772.100 dez-06 9,1800 7.087.878,00

eli Lilly 2006 400.000 dez-06 9,1800 3.672.000,00

eli Lilly 2007 1.213.000 fev-07 9,1800 11.135.340,00

eli Lilly 2007 450.000 mar-07 9,1800 4.131.000,00

eli Lilly 2007 1.300.000 abr-07 9,1800 11.934.000,00

eli Lilly 2007 468.000 mai-07 9,1800 4.296.240,00

eli Lilly 2007 1.200.000 jun-07 9,1800 11.016.000,00

eli Lilly 2007 773.900 jul-07 9,1800 7.104.402,00

eli Lilly 2007 1.325.000 set-07 9,1800 12.163.500,00

eli Lilly 2007 493.000 out-07 9,1800 4.525.740,00

eli Lilly 2007 776.000 nov-07 9,1800 7.123.680,00

eli Lilly 2007 300.000 dez-07 9,1800 2.754.000,00

eli Lilly 2008 300.000 fev-08 9,1800 2.754.000,00

eli Lilly 2008 762.000 mar-08 9,1800 6.995.160,00

FAR/Indar 2007 504.000 set-07 17,3500 17,3500 9,1800 4.626.720,00

FAR/Indar 2007 504.000 out-07 9,1800 4.626.720,00

FAR/Indar 2007 505.708 nov-07 9,1800 4.642.399,44

FAR/Indar 2007 505.590 dez-07 9,1800 4.641.316,20

FAR/Indar 2007 505.945 dez-07 9,1800 4.644.575,10

FAR/Indar 2008 505.225 mar-08 9,1800 4.637.965,50

FAR/Indar 2008 469.532 abr-08 9,1800 4.310.303,76

eli Lilly 2008 12.200.000 ago-08 5,4800 66.856.000,00

laboraTório ano qTdE. daTa biobrás novo Eli lilly Far/ valor paGo nordisk indar

Fonte: Banco de preços do Ministério da Saúde.

32 PROdUÇÃO PÚBLICA de INSULINA

10. diFiculdadEs e amEaças

desde as negociações prévias à assinatura do contrato com o Indar, Farman-guinhos/Fiocruz tem sido alvo de movimentos que visam frear o processo de incorporação dessa tecnologia, como podemos ver abaixo:

_ em 2004, a Novo apresentou uma proposta formal de compra do Indar, exatamente quando se estreitavam as negociações entre a Fiocruz e o instituto ucraniano. No entanto, sendo este majoritariamente governamental, não cedeu à proposta.

_ A redução de preço ofertado por ambas concorrentes – eli Lilly e Novo Nordisk – de quase 50% em licitação subsequente à assinatura do contrato é prati-camente o mesmo valor que, no plano de negócios elaborado pela Fiocruz, se atingiria com a absorção de tecnologia da Ucrânia. esta redução acentuada e a proximidade entre os preços propostos pelas duas empresas – uma diferença de apenas um centavo de real – apontam para uma possível ação combinada que visava atingir o processo Fiocruz-Indar, sugerindo sua inutilidade, dada a redução de preços. de fato, a possibilidade da descontinuação foi considerada, mas após várias ponderações a Fiocruz, com o aval do Ministério da Saúde, optou pela continuação do processo, tendo em vista a possibilidade de novas elevações de preços em consequência de manobras monopolistas ou carte-lizadas, nas quais poderia estar envolvida a sucessora da Biobrás, a Biomm, que apesar de ter acumulado as patentes do único produtor nacional após sua venda, parecia estar consorciada à Novo Nordisk, o que de fato foi confirmado mais tarde. Nisto contou a experiência da Fiocruz com outros produtos, como antirretrovirais, onde a desistência de produção resulta quase sempre em pre-ços novamente altos.

_ em abril de 2007, a Lilly e a Novo pressionaram o MdIC para alterar a taxa exter-na comum do Mercosul (TeC) de produtos contendo insulina, de 14% para 8%, e assim colocar a insulina na lista de exceção à TeC do Mercosul, alegando não haver produtor nacional do medicamento. O MdIC consultou Farmanguinhos, que reagiu prontamente, deixando clara sua posição contrária à queda na taxa. O pedido de Farmanguinhos foi atendido, ao expor a proposição governamental de produzir internamente o medicamento na unidade e que a alteração da taxa caberia apenas em casos em que há total dependência de fornecimento exter-no. A queda significaria desestímulo aos investimentos em produção local, o que se opõe à política industrial para o setor farmacêutico. Ademais, como pode ser visto no gráfico anterior, os oligopólios produtores de insulina têm se mostrado capazes de reduções de preços extremamente significativas, muito maiores do que a diferença entre as duas alíquotas.

_ em junho de 2007 a Biomm/Novo apresentou ao BNdeS um sumário executivo do

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contrato celebrado entre a Fiocruz e o Indar e questionou que a tecnologia a ser ab-sorvida pelo laboratório público já havia sido desenvolvida pela Biomm, sucessora da Biobrás, com aporte financeiro público promovido principalmente pelo BNdeS, um de seus principais acionistas. expôs que apresentou proposta de prestação de serviços de transferência de tecnologia recombinante para análise do Ministério da Saúde e Fiocruz, sem manifestação subsequente. de fato, a proposta da Biomm/Novo foi avaliada pelo Ministério e informada oralmente à Fiocruz que havia sido considerada de baixa competitividade face à proposta do Indar.

_ em agosto de 2007 a Biomm/Novo Nordisk entrou com ação no Ministério Público pleiteando a anulação do contrato Fiocruz-Indar justificando a inexistência de pro-cesso licitatório. A Fiocruz respondeu à ação baseando a oportunidade de realizar o projeto na lei de inovação tecnológica que modificou a lei de licitações criando a dispensa de licitação para a contratação por instituição científica e tecnológica para transferência de tecnologia e licenciamento de direito de uso ou de exploração de criação protegida. Foram justificados a escolha do fornecedor da tecnologia, o preço da insulina ucraniana e da transferência de tecnologia e ainda os benefícios econômicos aos cofres públicos ocasionados pelo contrato recém assinado.

_ Mobilização de associações com repercussão no Senado Federal: ações de nossos concorrentes denunciando a insulina de Farmanguinhos como de má qualidade têm sido feitas também de forma indireta, por meio de mobilização de associações não governamentais como a Rede Nacional de Pessoas com diabetes (RNPd) com o intuito de desestimular o processo em curso. A associa-ção encaminhou à Anvisa um dossiê questionando a qualidade do produto, que já havia sido apresentado ao Ministério da Saúde da Ucrânia em 2004 (exata-mente quando a Novo Nordisk queria comprá-lo) e não acatado pelas autorida-des sanitárias daquele país, que continua utilizando o produto normalmente. O documento parece ter sido criado para forçar a venda do Indar à mesma (Novo Nordisk), oferta rechaçada pelo governo da Ucrânia e que recebeu ampla divul-gação na imprensa. Não surpreendeu o fato de que tal dossiê, como hoje está documentado na Anvisa, tenha sido tirado de um site da Internet por membro da direção eli Lilly do Brasil, atual fornecedora do Ministério da Saúde.

_ Mais recentemente, nossos concorrentes passaram a outra prática: temos informações de que estão estimulando até financeiramente médicos a denun-ciar a qualidade da insulina de Farmanguinhos/Indar – milhares de mensagens eletrônicas foram encaminhadas aos diabéticos pedindo que denunciassem problemas com o produto.

esses movimentos custaram a Farmanguinhos exaustivas explicações por meio de correspondências, entrevistas, ofícios e discussões técnicas encaminhados a Anvisa, ao coordenador da RNPd e ao Senado Federal.

diante desse cenário, é fundamental afirmar: a insulina humana recombinante de

34 PROdUÇÃO PÚBLICA de INSULINA

Farmanguinhos é um produto de alta qualidade, em uso na Ucrânia e outros países da região, com excelente desempenho farmacológico, comprovados por testes roti-neiros de controle de qualidade e dados de farmacovigilância emitidos pelo Ministé-rio da Saúde da Ucrânia. No Brasil, a despeito do estímulo de concorrentes e após o uso de 2,5 milhões de frascos, ou seja, 85 milhões de aplicações, restou o registro de apenas três reações do tipo alérgico, classificadas como “não graves” e descritas em bula ao paciente. Adicionalmente, foi realizado no Brasil, além de testes de controle de qualidade descritos na farmacopéia para o produto, teste biológico de potência em animais de laboratório que reiteraram a qualidade do mesmo.

associação da biomm com a união química

em fevereiro de 2009 a Biomm anunciou a associação com a farmacêutica pri-vada União Química para produção de cristais de insulina no Brasil. A sucessora da Biobrás e, como de conhecimento público, consorciada à Novo, transferirá a tecnologia à União Química, que investirá cerca de R$ 150 milhões em uma nova unidade, no distrito industrial JK, em Brasília (dF), com expectativa de produção de 800 kg de cristais em três anos.

A internalização da tecnologia de produção de insulina através de um ente privado contribui para o fortalecimento da indústria de biofármacos no país e para a con-corrência do mercado, hoje nas mãos de um duopólio. No entanto, nada garante que não haja um novo retrocesso em caso de interrupção da produção nacional, como ocorrido com a Biobrás, vendida à Novo Nordisk em 2001, após longa dispu-ta pelo fornecimento ao governo federal. Nada garante também a regulação de pre-ços, visto que as multinacionais são capazes de reduções extremas para garantir o mercado, a exemplo da oscilação de preços vista nas licitações federais (Gráfico 5), o que culminaria novamente em extinção do produtor nacional privado.

Como vemos, o histórico da produção de insulina no Brasil mostra que a naciona-lização definitiva da produção de insulina é estratégica para garantir a segurança de tratamento continuado aos diabéticos e só se dará por interferência de um laboratório oficial capaz de atender ao mercado público, que poderá ser acionado a aumentar sua escala de produção caso haja desabastecimento, até mesmo por empresa nacional, que se torna frágil diante do duopólio que se apresenta. Consi-deramos assim que a existência de empresas nacionais produzindo e absorvendo novas tecnologias de produção de insulina é importante e aumenta a atuação nacional na área de biofármacos, além de contribuir ao potencial tecnológico do País. No entanto, é importante dizer que o papel do laboratório público é dife-renciado, uma vez que garante que a tecnologia adquirida não será vendida ou que a produção será extinta por falência ou concorrência desleal. e ainda, tem produção estratégica, com foco na saúde pública e não visando lucros: o volume de produção obedecerá ao cenário mercadológico, abastecendo apenas parte do mercado público, incentivando a concorrência, ou abrangendo a totalidade da demanda, caso seja necessário.

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11. pErspEcTivas

As negociações para a abertura da segunda carta de crédito foram retomadas em dezembro de 2008 e já avançaram com entendimentos sobre a quantidade, que será de 2,5 milhões de frascos, e sobre o transporte das duas primeiras re-messas, que serão encaminhadas por via aérea, o que evitará atrasos na pauta de distribuição. O acerto quanto ao preço e fechamento da carta está em curso, com a próxima reunião prevista para junho de 2009.

Quanto à transferência de tecnologia, a atualização do cronograma já está em discussão entre as partes e será assinada no momento do fechamento da carta de crédito citada acima. A transferência será retomada com o treinamento nas instalações do Indar, no que tange à escala laboratorial e de produção de cristais de insulina. Tal treinamento é considerado a fase mais importante para o conhe-cimento da tecnologia, no qual será passada a base tecnológica que alavanca a produção do medicamento. Paralelamente a esse treinamento serão avaliados os projetos para construção da planta de produção de cristais em Farman-guinhos, o que subsidiará os processos de licitação das obras. Nesse ínterim, Farmanguinhos aguarda a liberação de recursos financeiros do BNdeS para a implementação do laboratório de apoio, que abrirá uma nova linha de pesquisa e desenvolvimento tecnológico na área de produção de proteínas recombinantes. Para isso Farmanguinhos conta com uma equipe especializada em engenharia de produção, processos fermentativos e biologia molecular que já vem pesquisando metodologias e inovações em produção de insulina humana.

A despeito das dificuldades e movimentos contrários ao prosseguimento da inter-nalização da produção de insulina no Brasil, tem se conseguido avançar, graças a esforços de técnicos e gestores de diversas instâncias em Farmanguinhos e no Ministério da Saúde e com apoio governamental, que ratifica a importância desse processo ao incluí-lo no Programa de Aceleração do Crescimento/PAC da Saúde.

36 PROdUÇÃO PÚBLICA de INSULINA

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Presidente da Fiocruz

Paulo ernani gadelha

Vice-presidência de Pesquisa e Laboratórios de Referência

claude Pirmez

Vice-presidente de desenvolvimento

Institucional e Gestão do Trabalho

romulo maciel filho

Vice-presidente de ensino, Informação e Comunicação

maria do carmo leal

Vice- presidência de Ambiente e Promoção à Saúde

Valcler rangel fernandes

Vice- presidência de Produção e Inovação em Saúde

carlos augusto grabois gadelha

diretor de Farmanguinhos

eduardo costa

Vice-diretora de ensino, Pesquisa e Inovação

márcia coronha ramos lima

Vice-diretor de Administração e Infra-estrutura (interino)

furio devescovi

Vice-diretor de Operações

hilbert Pfaltzgraff ferreira

Vice-diretor de Serviços Tecnológicos

carlos mauricio de andrade

Coordenadora de Assuntos estratégicos

jamaira moreira giora

Coordenadora de Assuntos Institucionais

carla corrêa Tavares do reis

Coordenador de Assistência Farmacêutica

antonio carlos morais

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42 PROdUÇÃO PÚBLICA de INSULINA

Ministérioda Saúde

Ministérioda Saúde

cadErnos dE FarmanGuinHos:

1. balanço da GEsTão JANeIRO 2006 / JUNHO 2007

2. FarmanGuinHos: de COAdJUVANTe A AGeNTe NA CONSTRUÇÃO dO PAíS

3. rEoriEnTação EsTraTéGica dE FarmanGuinHosANÁLISe e PROPOSTAS PARA 2009-2012

4. produção pública dE insulina