produÇÃo mais limpa & ecoeficiencia.docx

32
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Graduação em Engenharia de Produção ENGENHARIA DA SUSTENTABILIDADE: Produção Mais Limpa e Ecoeficiência

Upload: paolabeatriz

Post on 19-Dec-2015

31 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Graduação em Engenharia de Produção

ENGENHARIA DA SUSTENTABILIDADE:

Produção Mais Limpa e Ecoeficiência

Betim

2015

ENGENHARIA DA SUSTENTABILIDADE:

Produção Mais Limpa e Ecoeficiência

Componentes: Anderson Vagner Ferreira

Diego Falk

Jéssica Fioravante Lana

Paola Beatriz Barroso

Priscila Cardoso Moraes

Rayana Silva Almeida

Betim

2015

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................................3

2 PRODUÇÃO MAIS LIMPA....................................................................................4

2.1 Definição.........................................................................................................4

2.2 Conceitos gerais da PLM................................................................................4

2.3 Importância da PML........................................................................................5

2.4 Implementação do programa de Produção mais limpa..................................6

2.5 Benefícios da PML........................................................................................11

2.6 Dificuldades de implantação.........................................................................11

3 ECOEFICIÊNCIA................................................................................................13

3.1 Elementos da ecoeficiência..........................................................................14

3.2 Ecoeficiência aplicada nas empresas...........................................................14

3.2.1 Energia...................................................................................................16

3.2.2 Transportes............................................................................................16

3.2.3 Resíduos................................................................................................17

3.2.4 Água.......................................................................................................18

4 ESTUDO DE CASO: 3M DO BRASIL LTDA.......................................................19

5 CONCLUSÃO......................................................................................................20

6 REFERÊNCIAS...................................................................................................21

3

1 INTRODUÇÃO

É fato que recursos naturais estão cada vez mais caros e escassos. Também

o conceito de consciência ecológica esta cada mais difundido entre a sociedade,

onde consumidores valorizam produtos e empresas que adotam politicas de melhor

desempenho ambiental.

Assim, como uma evolução mais especifica do conceito original de Gestão

Ambiental, a Produção mais Limpa (P+L) e Ecoeficiência são modelos conceituais

empenhados em reduzir a poluição e aumentar a sustentabilidade ambiental nas

operações das empresas. Adotando metodologias que buscam melhores soluções

para a manufatura de produtos “do berço à cova”, ou seja, estar além de um simples

controle ambiental dos processo, ou de somente sobre o processo. A ação destes

programas tem como meta uma busca continua na eficiência produtiva e otimização

de recursos desde o primeiro processo do insumo basico, passando pelo processo

de transformação (fabricação), pela boa utilização pelo consumidor e por fim até a

fase de descarte do produto.

Com a intensificação da globalização, da internet e de seus efeitos, a

transmissão de informações se tornou praticamente instantânea na maior parte do

mundo e o anonimato é praticamente impossível quando se fala em acidentes ou

más práticas ambientais. A noção da sustentabilidade implicou na redução do

consumo e do desperdício de matérias-primas, desonerando o meio ambiente e

gerando valor agregado com o mínimo impacto.

A base é o conceito do triple bottom line que prega o equilíbrio sustentável

entre as três dimensões da sociedade: social, ambiental e econômica pela atuação

conjunta dos agentes sociais: empresas, governo e comunidades. Observar que o

desenvolvimento sustentável é o destino desejável para todos, e para alcança-lo é

necessário estabelecer instrumentos de direcionamento para as empresas e demais

agentes.

4

2 PRODUÇÃO MAIS LIMPA

Os custos ambientais são as despesas para tratar, dispor, controlar efluentes

hídricos, aéreos e resíduos sólidos gerados pela atividade industrial, buscando o

enquadramento à respectiva legislação. Aos custos ambientais, somam-se ainda os

investimentos de melhorias ambientais ou novas exigências legais, o que acaba

gerando aumento de custos de fabricação.

Os empresários, ao se fixarem apenas sobre esse enfoque de custos

ambientais, estão mirando apenas uma parte desses custos, não conseguindo ver a

enorme face invisível das despesas com desperdícios ambientais, como perdas de

matérias-primas, energia, agregação desnecessária de valor sobre o que se acaba

jogando fora como resíduo e poluição, etc.

2.1 Definição

A intenção da Produção Mais Limpa significa a aplicação contínua de uma

estratégia econômica, ambiental e tecnológica integrada aos processos e produtos,

a fim de aumentar a eficiência no uso de matérias-primas, água e energia, através

da não geração, minimização ou reciclagem de resíduos gerados, com benefícios

ambientais e econômicos para os processos produtivos.

2.2 Conceitos gerais da PLM

A Produção Mais Limpa, diferentemente da antiga postura, tenta prevenir o

aparecimento do problema ao invés de apenas solucionar o problema. A PML segue

a postura que melhor contribua para a proteção ambiental. A figura abaixo mostra a

forma de priorização da atuação segundo a velha e a nova abordagem.

5

Figura 1 – Forma de priorização da atuação segundo a velha e a nova abordagem

2.3 Importância da PML

A produção mais limpa atua em várias frentes, contribuindo com melhores

desempenhos em áreas estratégicas da função produção. A ilustração a seguir

apresenta as formas de atuação da PML nas empresas.

Figura 2 – Formas de atuação da PML nas empresas

Mudanças nas matérias-primas: Eliminação ou redução de materiais

tóxicos ou ecologicamente prejudiciais, na purificação do material de entrada

do processo e na prevenção da geração de resíduos poluentes.

Mudanças na tecnologia: Adaptação os equipamentos e os processos, com

o objetivo de reduzir ou eliminar a geração de resíduos. Estão incluídas

nessas mudanças: alterações no processo de produção, automação,

mudanças nas condições de processo (temperatura de produção, pressão,

umidade utilizada), rearranjos físicos da produção e modificações nos

equipamentos.

6

Boas práticas de fabricação: Estabelecem procedimentos administrativos e

técnicos que possibilitam a minimização da produção de resíduos. Essas

práticas podem ser implementadas nas áreas de produção, de manutenção e

de logística.

Mudanças no Produto: Tenta-se reduzir a formação de resíduos ou o

impacto ambiental negativo durante a manufatura do produto ou proveniente

do seu uso. Alteração da composição, da durabilidade e dos padrões de

qualidade do produto e o emprego de produtos substitutos.

Reutilização: Trata da reinserção dos resíduos da produção como matéria-

prima (substituta ou complementar de alguma outra matéria-prima) no

processo original ou em outros processos.

2.4 Implementação do programa de Produção mais limpa

O Programa de Produção mais Limpa tem seis estágios, divididos desde o

planejamento até a avaliação, monitoramento e continuidade do programa.

Primeiro Estágio: Planejamento

O estágio de Planejamento segue quatro passos, que têm a finalidade de

estabelecer e possibilitar o bom andamento do programa na empresa.

Passo 1: Compromisso da direção da empresa

O primeiro passo para o início do trabalho: você precisa querer que o

Programa aconteça na sua Empresa e deverá apoiar seus funcionários para que

esse objetivo seja atingido. O comprometimento explícito do dono da empresa, da

direção da empresa e da alta gerência é fundamental para a realização do trabalho.

Passo 2: Definição da equipe de implementação do programa e realização de sua

sensibilização

Por englobar todo o sistema empresarial, a Produção mais Limpa requer que

seja formada uma equipe que possibilite sua implementação.

7

Passo 3: Identificação de barreiras

A postura de que tudo está indo bem e não precisa ser mexido;

A atitude de que as oportunidades identificadas não vão funcionar

(comportamento do negativismo);

Não-conhecimento de dados sobre a geração de poluentes e suas obrigações

legais (comportamento da desinformação);

Falta de coordenação e cooperação entre as pessoas e suas atividades

(comportamento da incompatibilidade).

Para vencer as barreiras, deverá ter um intensivo e sistemático trabalho de

sensibilização, mesmo que repetidas vezes.

Passo 4: Formulação de objetivos e metas

Para direcionar o Programa PML, devem ser estabelecidos objetivos e metas.

Assim, pode-se dizer que os objetivos e as metas têm de ser direcionados à política

ambiental, e que eles devem ser mensuráveis ao longo do Programa, entendidos e

aceitos pelos responsáveis por sua consolidação, motivadores e atingíveis no prazo

do Programa.

Segundo Estágio: Diagnóstico

Neste estágio, busca-se o conhecimento do posicionamento atual da empresa

em relação ao meio ambiente, através de cinco passos: do quinto ao nono.

Passo 5: Investigação do atendimento aos requisitos legais

Requisitos legais são exigências relativas à lei jurídica, normas e

regulamentos. Os vários requisitos legais que devem ser analisados são: a

legislação ambiental (nos âmbitos federal, estadual e municipal), as normas

técnicas, as licenças de instalação/operação, as políticas ambientais corporativas e

as diversas partes interessadas.

Passo 6: Conhecimento do   layout

8

Visualiza-se, pelo layout, o fluxo de materiais e dos produtos em elaboração.

Conhece-se também o fluxo de informação, a distância percorrida nos diversos

processos e como estão localizados os estoques de produtos acabados e

intermediários. 

Passo 7: Elaboração do fluxograma do processo

Nesta fase, deve ser elaborado um gráfico, em forma de fluxograma de

processo, para apresentar as diversas atividades relativas à execução de uma tarefa

específica ou de uma série de ações. Também deve ser registrado o andamento dos

processos ao longo de uma ou de diversas seções ou departamentos da empresa

(BARNES, 1997).

Passo 8: Análise dos   inputs   e   outputs

Por meio deste tipo de análise, obtém-se a capacidade de determinar os

pontos que deverão ser o alvo do Programa, bem como da eficiência da operação.

Devem ser elaborados também neste passo a avaliação de aspectos e impactos

ambientais e o plano de gerenciamento de resíduos. Nesse plano devem ser

definidos os procedimentos para os sistemas de acondicionamento, transporte,

armazenamento e destinação final.

Passo 9: Identificação dos focos do estágio de avaliação

Neste passo, são conhecidos os problemas com os quais se lidará em etapa

posterior. Os focos de estudo do estágio de avaliação são definidos por diversos

fatores. Alguns dos critérios estão listados abaixo (CNTL, 2001, b):

Nível de periculosidade para o meio ambiente;

Custo das matérias-primas;

Submissão a regulamentos e taxações presentes e futuras;

Custo do gerenciamento de resíduos e emissões (tratamento e disposição);

Quantidade de resíduos;

9

Perigos para a segurança dos empregados e áreas vizinhas;

Orçamento disponível para a avaliação.

Terceiro Estágio: Avaliação

A avaliação objetiva levantar dados concretos atualizados, analisá-los e

determinar quais são as opções de Produção mais Limpa existentes para o ajuste

dos aspectos anteriormente priorizados, em quatro passos.

Passo 10: Elaboração do balanço de massa

O balanço de massa é elaborado seguindo-se a Lei da Conservação da

Massa. Assim, pode-se expor que (em termos quantitativos):

SAÍDAS=ENTRADAS+ACÚMULO

As entradas são compostas por matérias-primas, materiais auxiliares,

insumos, energia e água. As saídas englobam produtos, subprodutos, resíduos,

efluentes e emissões. O acúmulo refere-se a aspectos provenientes de etapas

produtivas acumuladas e de etapas posteriores à análise.

Passo 11: Análise do balanço de massa

Avaliam-se os resíduos gerados, as matérias-primas, os insumos e materiais

auxiliares determinados nos focos de estudo. Os dados devem ser extraídos do

balanço de massa.

Passo 12: Estabelecimento das opções de Produção mais Limpa

Conhecendo as características de processo, são traçadas as formas de

geração de opções de Produção mais Limpa pelo rastreio das cinco características,

conforme se observa na figura a seguir:

10

Figura 3 – Rastreio das cinco características da PML

RESULTADOS OBTIDOS COM A PML

As oportunidades idealizadas no estágio de avaliação deverão ser analisadas

quanto a sua viabilidade, estimando-se com isso os efeitos da oportunidade após a

sua implementação.

O relato dos resultados seguirá a ordem de desenvolvimento da PML,

seguindo, então, para os estágios de viabilidade, implementação e monitoramento e

melhoria contínua.

Quarto Estágio: Viabilidade

O quarto estágio de o Programa PML objetiva avaliar as oportunidades

identificadas no estágio anterior e selecionar as mais viáveis para implementação.

Quinto Estágio: Implementação

No estágio de implementação, busca-se pôr em prática as opções

selecionadas no estágio anterior.

Passo 13: Implementação das opções PML

Para ser bem-sucedido na implementação da opção PML, as pessoas

responsáveis pela implementação da opção deverão estar treinadas

adequadamente e informadas dos detalhes do projeto e do seu propósito.

11

Sexto estágio: Monitoramento e melhoria contínua

Neste estágio são realizados dois passos para serem tomadas as decisões

de monitoramento, de avaliação do desempenho do Programa PML por meio da

comparação das observações realizadas com o planejado, e de intervenção para a

realização das mudanças necessárias.

Assim, a aplicação do Programa PML precisa, periodicamente, ser revisada.

A periodicidade mínima definida pelo Ecotime foi a anual. Nessas revisões é

fundamental avaliar se os objetivos e as ações propostas foram realizados. A

empresa também necessita ajustar os objetivos da PML às novas estratégias da

empresa.

2.5 Benefícios da PML

A prática da produção mais limpa podem trazer benefícios diversos para as

empresas, tais como: redução dos custos de produção e das infrações aos padrões

ambientais previstos na legislação, melhoria das condições de saúde e segurança

do trabalhador e da imagem da empresa junto aos consumidores e fornecedores.

Além do acesso facilitado às linhas de financiamento.

2.6 Dificuldades de implantação

Existem barreiras internas às empresas para implementação da PML. Diversos

estudos demonstraram que a classificaçao desses empreendimentos dependem da

empresa avaliada, mas na maioria dos casos são:

12

Figura 4 – Descrição das barreiras da implementação da PML

13

3 ECOEFICIÊNCIA

Ecoeficiência significa produzir mais com o menor impacto possível ao meio

ambiente, é minimizar o consumo de matérias-primas, é otimizar o uso de energia. A

Ecoeficiência contém a ideia de exploração de reservas para um nível suportável

pela capacidade estimada do planeta. Eis ai alguns instrumentos da Ecoeficiência:

aumentar a reciclagem de material; maximizar o uso de fontes renováveis; aumentar

a durabilidade dos produtos.

A reação mundial aos acidentes industriais na década de 80 aumentou a

pressão sobre as grandes corporações. Ao final da década, introduzia-se na

indústria o conceito de ecoeficiência como uma forma de, simultaneamente, reduzir

o impacto ambiental e aumentar a rentabilidade. Ficou claro que um número cada

vez maior de atores teria de lidar com as implicações ambientais de suas atividades.

O termo ecoeficiência foi introduzido em 1992 pelo World Business Council

for Sustainable Development (WBCSD) – Conselho Mundial de Negócios para o

Desenvolvimento Sustentável, por meio da publicação do livro Changing Course,

sendo endossado pela Conferência Rio-92, como uma forma das organizações

implementarem a Agenda 21 no setor privado. Desde então, tem-se tornado

sinônimo de uma filosofia de gerenciamento que leva à sustentabilidade, e como foi

um conceito definido pelo próprio mundo dos negócios, está se popularizando muito

rapidamente entre os executivos de todo o mundo.

De acordo com o WBCSD, a ecoeficiência é obtida pela “entrega de bens e

serviços com preços competitivos que satisfaçam as necessidades humanas e

tragam qualidade de vida, reduzindo progressivamente impactos ambientais dos

bens e serviços, através de todo o ciclo de vida, em linha com a capacidade

estimada da Terra em suportar”. Este conceito descreve uma visão para produção

de bens e serviços que possuam valor econômico enquanto reduzem os impactos

ecológicos da produção. Sugere, ainda, uma significativa ligação entre eficiência dos

recursos (que leva à produtividade e lucratividade) e responsabilidade ambiental.

Portanto, ecoeficiência é o uso mais eficiente de materiais e energia, a fim de

reduzir os custos econômicos e os impactos ambientais. Também se pode dizer que

ecoeficiência é saber combinar desempenho econômico e ambiental, reduzindo

impactos ambientais, usando mais racionalmente matérias-primas e energia,

14

reduzindo os riscos de acidente e melhorando a relação da organização com as

partes interessadas (stakeholders).

3.1 Elementos da ecoeficiência

Os elementos da ecoeficiência são:

a) reduzir o consumo de materiais com bens e serviços;

b) reduzir o consumo de energia com bens e serviços;

c) reduzir a dispersão de substâncias tóxicas;

d) intensificar a reciclagem de materiais;

e) maximizar o uso sustentável dos recursos naturais;

f) prolongar a durabilidade dos produtos;

g) agregar valor aos bens e serviços.

No Brasil, este conceito vem ganhando força a partir da criação do Conselho

Empresarial Brasileiros para o Desenvolvimento Sustentável – CEBDS, que

congrega grandes corporações e tem como missão promover o desenvolvimento

sustentável no setor empresarial, por meio do conceito de ecoeficiência.

3.2 Ecoeficiência aplicada nas empresas

A ecoeficiência pode ser descrita como a produção de bem e serviços que

atendam às necessidades do consumidor e que não afete de forma negativa ao

meio ambiente e aos recursos naturais que estão cada vez mais escassos hoje em

dia. Dessa forma, foram definidas quatro áreas de atuação para que as empresas

possam focar seus esforços para aumentar a ecoeficiência nas atividades

empresariais:

A energia, que consiste no aumento da eficiência energética e na utilização

de energias renováveis em todos os setores (infraestrutura) da empresa;

Os transportes, que busca a adoção de medidas de mobilidade sustentável

em infraestruturas rodoviárias, além da redução de transportes e seus

poluentes;

15

Os resíduos, que inclui a gestão de resíduos urbanos e industriais, diminuindo

seu volume e, consequentemente, seu impacto negativo no meio ambiente;

A água, que visa a redução das perdas e desperdícios, minimização do

consumo e reutilização de água.

Para uma empresa se tornar ecoeficiente, ela primeiro precisa realizar em

diagnóstico da situação atual em que ela se encontra. Esse diagnóstico vai permitir

avaliar e monitorar o desempenho da empresa nas quatro áreas da ecoeficiência.

Logo após feito o diagnóstico, a próxima etapa será identificar as boas práticas que

podem ou devem ser adotadas pela empresa, para que ela atenda ao modelo de

gestão citado anteriormente, levando em consideração as quatro áreas de atuação

da ecoeficiência. Terminada a identificação das boas práticas, deverá ser definido

um plano de ação que permita a definição de metas e objetivos e um cronograma

com o planejamento das ações. Deverá ser feito um acompanhamento da

implantação das boas práticas previstas. Desta forma a empresa fica com uma

ferramenta de gestão que lhe permite diminuir o seu impacto nas emissões de gases

e aumentar a produtividade e eficiência.

Figura 5 – Plano para uma Empresa se tornar Ecoeficiente

A implementação das ações não deve ser a última ação de uma empresa

ecoeficiente. Esse ciclo de atividades deve ser usado constantemente, buscando

sempre a melhoria contínua. A empresa deverá avaliar o seu desempenho ambiental

após a implementação de boas práticas. Poderá assim verificar se foram alcançados

os objetivos e as metas traçadas e motivar o progresso em direção a novas metas e

DIAGNOSTICARIdentificar as fontes de consumo, a quantidade consumida e o tipo (energia, transportes, resíduos e água)

IDENTIFICAR BOAS PRÁTICASIdentificar as boas práticas que melhor se adequam à empresa para as quatro áreas da ecoeficiência

DEFINIR UM PLANO DE AÇÃOEstabelecer cronograma de metas e objetivos;Elaborar um plano de monitoração para avaliar o progresso e o cumprimento das metas traçadas

16

novas ações. Segue abaixo referências sobre como a empresa pode se tornar

ecoeficiente.

3.2.1 Energia

Relacionar os fluxos de energia associados a uma empresa é extremamente

importante para quantificar os consumos e as perdas de energia. Este deve ser a

primeira fase para uma empresa se tornar ecoeficiente na área da energia. Nas

empresas, geralmente, a energia elétrica é um dos bens com maior índice de

desperdício, já que é utilizada em diversas atividades e processos. Segue abaixo

uma seleção de boas práticas que permitem diminuir o consumo de energia com

baixos investimentos e que são transversais a todos os setores de atividade:

Desligar as luzes em lugares que não estão ocupados (utilizar sensores);

Desligar equipamentos elétricos nas tomadas quando terminar sua utilização;

Regular o ar condicionado em temperaturas médias;

Eliminar as frestas das portas e janelas com materiais isolantes;

Verificar se os equipamentos de grande consumo energético não estão em

funcionamento por períodos longos de inatividade da empresa;

Estabelecer como critério na compra de equipamentos a eficiência energética;

Estabelecer um plano de manutenção para todos os equipamentos;

Pintar as paredes e tetos com cores claras;

Colocar sinalização nos equipamentos de grande consumo energético.

3.2.2 Transportes

O transporte é uma das áreas que mais contribui para a emissão de gases do

efeito estufa. Numa empresa, o transporte (deslocamento) se divide em quatro tipos:

Deslocamento dos funcionários entre a casa e o local de trabalho;

Deslocamento ao serviço da empresa (transporte de pessoas e mercadorias);

Deslocamento dos fornecedores para a empresa;

Deslocamento dos clientes à empresa.

17

Em todos os quatro tipos é possível identificar boas práticas. Segue abaixo

uma seleção de ações que permitem obter ganhos de eficiência no uso dos

transportes:

Escolher veículos com base em critérios de eficiência e economia;

Criar campanhas de sensibilização para funcionários;

Selecionar sempre o meio de transporte mais eficiente disponível;

Reduzir viagens a serviço;

Criar condições na empresa para os funcionários que chegam de bicicleta;

Optar sempre que possível por fornecedores locais;

Informar os clientes todos os meios de transportes para chegar à empresa;

Promover ações de formação em eco condução para todos os funcionários;

Para a frota da empresa, elaborar um plano de manutenção periódica que inclua

a verificação da pressão dos pneus e a verificação do óleo.

3.2.3 Resíduos

Os objetivos fundamentais da gestão dos resíduos são a redução da

quantidade e da perigosidade dos resíduos, seguindo-se da minimização da

quantidade de resíduos enviada para eliminação. Devem assim ser adotadas por

ordem de prioridade as seguintes formas de tratamento de resíduos:

Prevenção – redução da quantidade de resíduos produzidos pela empresa;

Reutilização – reintrodução de produtos nos processos de produção;

Reciclagem – reprocessamento de resíduos;

Valorização – reaproveitamento de resíduos;

Eliminação – eliminação definitiva dos resíduos, sempre a última opção.

A seguir, uma seleção de boas práticas adequadas a todos os setores de

atividade para uma melhor gestão dos resíduos:

Definir áreas específicas no interior da empresa, devidamente identificadas,

para colocação dos recipientes de recolhimento e armazenamento dos

resíduos;

18

Seleção de fornecedores com base em critérios de Ecoeficiência;

Seleção de material com menor quantidade de embalagem;

Ações de formação para os funcionários sobre a reciclagem dos resíduos que

são produzidos na empresa.

Elaboração de mapas com os pontos de recolhimento dos diferentes

resíduos.

3.2.4 Água

Existe uma grande variedade de medidas de eficiência que podem ser

aplicadas para controlar os consumos de água. A primeira fase para a sua seleção

será sempre a quantificação e identificação das áreas onde existe consumo de água

na empresa. Abaixo se encontra uma seleção das boas práticas válidas para todos

os setores

Elaborar um plano de manutenção para identificar falhas no encanamento;

Construir um sistema de reaproveitamento de águas pluviais;

Escolher equipamentos com baixos consumos de água;

Instalar sensores e temporizadores nas torneiras;

Instalar medidores nos equipamentos com maior consumo de água;

Reciclar águas provenientes de máquinas de lavar para serem utilizadas nas

operações de lavagem que não necessitem de água com elevada pureza.

19

4 ESTUDO DE CASO: 3M DO BRASIL LTDA

A 3M DO BRASIL LTDA é uma indústria química de grande porte, que se

destaca pela produção de adesivos, abrasivos, tapetes de PVC, esponjas de

poliuretano e produtos médicos.

A empresa fabricava um adesivo à base de borracha sintética, vendido para

outras empresas que o utilizam na fabricação de fraldas descartáveis. O transporte

desse adesivo do local de sua fabricação até as fábricas de fraldas descartáveis era

feito em caixas de papelão siliconizado, para evitar a adesão do produto à própria

embalagem. O papelão não podia ser reciclado pelos métodos tradicionais, por

conter silicone, fazendo com que os compradores do produto tivessem como

resíduos, cerca de 24 t/ano dessas caixas, gerando custos extras para o seu

gerenciamento.

Para a solução do problema, em 2001, a 3M desenvolveu uma embalagem de

borracha sintética compatível com o material constituinte do adesivo, eliminando o

uso da caixa de papelão. A nova embalagem é totalmente incorporada ao adesivo,

quando de sua aplicação, eliminando, assim, os problemas de gerenciamento das

embalagens do produto. O investimento da empresa no desenvolvimento dessa

nova embalagem foi de US$ 95.000, com a compra de equipamentos.

A substituição da embalagem resultou na eliminação da geração de 24 t /ano

de resíduos de embalagens (caixas de papelão siliconizado), evitando a derrubada

de cerca de 2.800 árvores e promovendo uma redução de 54%, no custo unitário

das embalagens, relativa à eliminação dos custos com o gerenciamento e à

disposição final das caixas de papelão siliconizadas. As mudanças promoveram,

ainda, redução de 6% no custo interno de produção do adesivo e aumento de 12%

nas vendas do adesivo para outras empresas.

20

5 CONCLUSÃO

Os benefícios dos resultados das ferramentas apresentadas vão além do

aspecto ambiental, sendo percebidos em resultados financeiros através da melhor

utilização de insumos e otimização de processos, como também no destaque

comercial se levar em consideração que existe um mercado que prestigia as

corporações que praticam boas politicas ambientais.

Um fator importante para o desenvolvimento destas amplas ações ambientais

é a complementação da legislação vigente, pois as regras atuais somente

tangenciam mais ao “comando e controle” das ações ambientais, ao que deveriam

também abordar os métodos de prevenção, contemplanto este ideal de produzir

“mais e melhor com menos recursos”. Outra ação é instituir instrumentos

econômicos para educação e informação do métodos, implantando decretos

complementares que tornariam a legislação uma ferramenta da politica ambientam.

Um fato observado durante as pesquisas é que não existe uma condição

especifica ou consolidada para estas ações, pois cada empresa ou segmento

demanda um estudo particular, e até mesmo os profissionais deste que poderia ser

um “novo setor” da produção dificilmente estão dedicados somente a esta tarefa, o

que pode-se entender que estes metodos deveriam evoluir de uma atividade

complementar e sim passar a fazer parte de uma meta principal, atraves programas

de ação e metas diretas. O ponto dificil para esta politica é convencer as

corporações a investirem nestas ações, diante a expectativas de resultados que não

podem ser totalmente determinados no inicio do programa, como também visualizar

resultados indiretos destas ações.

6 REFERÊNCIAS

BANCO, DO NORDESTE. CEBDS. Guia da Produção Mais Limpa: faça você

mesmo. 2002. Disponível em: http://www.gerenciamento.ufba.br/Downloads/guia-

da-pmaisl.pdf

NISA EFICIENTE, Programa. Manual de boas práticas para empresas

ecoeficientes. 2011. Disponível em:

http://www.cm-nisa.pt/ambiente/mbp_empresas.pdf

SILVA FILHO, Julio Cesar Gomes. CALÁBRIA, Felipe Alves. SILVA, Gisele Cristina

Sena da. MEDEIROS, Denise Dumke de. Aplicação da produção mais limpa em

uma empresa como ferramenta de melhoria contínua. Produção, v. 17, n. 1, p.

109-128, 2007.

SILVA FILHO, Júlio Cezar Gomes; SICSÚ, Abraham Benzaquem. Produção mais

Limpa: uma ferramenta da Gestão Ambiental aplicada às empresas

nacionais. XXIII Encontro Nacional de Engenharia de Produção, Ouro Preto, Minas

Gerais, 2003.

COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO. Produção e consumo

sustentáveis: casos de sucesso. Disponível em:

<http://www.cetesb.sp.gov.br/Tecnologia/producao_limpa/casos/caso04.pdf>.