produção mais limpa como ferramenta de gestão ambiental
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A PRODUO MAIS LIMPA COMO FERRAMENTA DE GESTO AMBIENTAL
PARA AS INDSTRIAS DO MUNICPIO DE JUIZ DE FORA
Mrcio de Oliveira
MONOGRAFIA SUBMETIDA COORDENAO DE CURSO DE ENGENHARIA
DE PRODUO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSRIOS PARA A
GRADUAO EM ENGENHARIA DE PRODUO.
Aprovada por:
________________________________________________
Prof. Francisco de Assis Arajo, Ms.
________________________________________________
Luiz Antnio da Costa Venncio, Esp.
________________________________________________Prof. Vanderl Fava de Oliveira, D Sc
________________________________________________
Prof. Roberta Pereira Nunes, D Sc
JUIZ DE FORA, MG - BRASIL
JULHO DE 2006
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OLIVEIRA, Mrcio de
A produo mais limpa como ferramenta
de gesto ambiental para as indstrias do
municpio de Juiz de Fora. / Mrcio de
Oliveira 2006. 78 f.
TCC (Graduao em Engenharia de
Produo) Faculdade de Engenharia,
Universidade Federal de Juiz de Fora.
1. Resduos industriais Meio ambiente.2. Desenvolvimento sustentvel. I. Ttulo.
CDU 658.4.034:504
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minha esposa, Daniely, companheira
nesta difcil caminhada, pelos anos de
compreenso e apoio.
Ao nosso amado filho Pedro
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AGRADECIMENTOS
Apresento sinceros agradecimentos: minha me, pela dedicao, luta e sacrifcio em prol de seus filhos, exemplo de carter
pelo qual sempre me guiei para chegar at aqui.
s minhas irms, pela motivao e por todo carinho dedicado, pelo incentivo para vencer
mais esta etapa, vitria de nossa famlia.
minha amada esposa, pelos anos de apoio e compreenso nos momentos difceis e por
sempre me fazer acreditar que sou capaz.
Ao Professor Vanderl, por tornar possvel esta realizao. Com seu esprito visionrio, sua
liderana e sabedoria, no somente lanou a pedra fundamental do Curso de Engenharia de
Produo como se tornou a prpria rocha, slida e estvel. E mesmo com todo o lastro,Hay que endurecer pero sin perder la ternura jams. (che Guevara).
Ao meu professor e orientador, Francisco, que em meio a tantos compromissos, aceitou o
convite, assumiu a empreitada, e dedicou-me ateno, sempre com palavras de incentivo e
credibilidade. Por ter aberto o caminho, na disciplina de Gesto Ambiental, para a
concepo deste trabalho.
Ao companheiro, co-orientador, Venncio, pelo acompanhamento na construo deste
resultado e pela orientao profissional.
professora Roberta, pela preciosa colaborao, sempre solcita.
A todos os companheiros do Curso de Engenharia de Produo, professores e alunos, pela
convivncia amigvel nestes anos de desafios e conquistas.
Aos companheiros da AGENDA JF, que no obstaram em colaborar e nutrir este trabalho.
Aos colaboradores da Metalrgica GG Ltda, os quais to atenciosamente contriburam
fornecendo subsdios para a composio do resultado aqui apresentado.
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Resumo da monografia apresentada Coordenao de Curso de Engenharia de Produo
como parte dos requisitos necessrios para a graduao em Engenharia de Produo.
A PRODUO MAIS LIMPA COMO FERRAMENTA DE GESTO AMBIENTAL
PARA ASINDSTRIAS DO MUNICPIO DE JUIZ DE FORA
Mrcio de Oliveira
Julho/2006
Orientadores: Francisco de Assis Arajo
Luiz Antnio da Costa Venncio.
Curso: Engenharia de Produo
O presente Trabalho de Concluso de Curso teve como objetivo o desenvolvimento de uma
Cartilha a ser usada como material de apoio para motivao e conscientizao,
proporcionando aos empreendedores do municpio de Juiz de Fora um primeiro contato com
as prticas da Produo Mais Limpa como ferramenta de Gesto Ambiental. O campo de
estudo foi delineado pelos empreendimentos industriais de pequeno e mdio porte domunicpio de Juiz de Fora. Para se formar uma viso crtica destes empreendimentos, no
que tange as questes ambientais, partiu-se da percepo do corpo tcnico da Agncia de
Gesto Ambiental de Juiz de Fora - AGENDA JF, captada atravs de entrevistas e
observaes. Um estudo bibliogrfico permitiu traar breve histrico e sucinta descrio do
atual cenrio do parque industrial do municpio. Os dados coletados em uma visita realizada
numa empresa metalrgica, a qual implantou com sucesso as prticas da Produo Mais
Limpa, permitiram uma melhor assimilao da teoria estudada sobre o tema, alm de
confirmar as expectativas quanto simplicidade e eficcia desta metodologia, bem como
sua aplicabilidade para os empreendimentos industriais de Juiz de Fora. O resultado obtido
vem corroborar a importncia de se motivar os empreendedores a investirem na Produo
Mais Limpa, compreendendo seu significado: agregar cada vez maior valor aos produtos e
servios, consumindo menos materiais e energia e gerando cada vez menos contaminao.
Palavras-chave: gesto ambiental, produo mais limpa, industriais.
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Abstract of Thesis presented to Production Engineering CourseCoordination
as a partial fulfillment of the requirements for the graduation in Engineering Production
THE CLEANER PRODUCTION AS TOOL OF ENVIRONMENTAL MANAGEMENTFOR
THE INDUSTRIES OF JUIZ DE FORA
Mrcio de Oliveira
Julho/2006
Advisors: Francisco de Assis Arajo
Luiz Antnio da Costa Venncio.
Department: Production Engineering
The present Work of Course Conclusion had as objective the development of a booklet to be
used as of support content for motivation and awareness, providing to the entrepreneurs of
the city of Juiz De Fora a first contact with the practical ones of the Cleaner Production as
tool of Environmental Management. The study field was delineated by the industrialenterprises of small and medium size of the city of Juiz De Fora. To form a critical vision of
these enterprises, in what he refers to the environmental questions, start itself by the
perception of the technician body of the Environmental Management Agency of Juiz De Fora
- AGENDA JF, caught through interviews and comments. A bibliographical study allowed to
trace historical and soon description of the current scenario of the industrial park of the city.
The data collected in one visit carried through in a metallurgic company, which successfully
implanted the practical ones of the Cleaner Production, they had allowed one better
assimilation of the theory studied on the subject, beyond confirming the expectations how
much to the simplicity and effectiveness of this methodology, as well as its applicability for
the industrial enterprises of Juiz De Fora. The gotten result come to corroborate the
importance of if motivating the entrepreneurs to invest in the Cleaner Production,
understanding its meaning: to add each time bigger value to the products and services,
consuming less material and energy and generating each time little contamination.
Keywords: environmental management, cleaner production, industrial.
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SUMRIO
CAPTULO I - INTRODUO................................................................................................1
1.
CONSIDERAES INICIAIS .....................................................................................1
2.
OBJETIVOS...............................................................................................................1
3. JUSTIFICATIVAS.......................................................................................................2
4. DELIMITAES DO TRABALHO..............................................................................3
4.1. Do Objeto...................................................................................................................3
4.2. Do Mtodo.................................................................................................................4
4.3. Do Objetivo................................................................................................................4
5.
METODOLOGIA...........................................................................................................4
5.1. Pesquisa bibliogrfica..............................................................................................4
5.2. Coleta de dados.......................................................................................................5
5.3. Anlise dos dados....................................................................................................5
6.
ESTRUTURA DO TRABALHO...................................................................................6
CAPTULO II - REVISO DA LITERATURA..........................................................................7
1. O MEIO AMBIENTE E A CRISE AMBIENTAL............................................................7
2.
DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL.....................................................................9
3.
GESTO AMBIENTAL ............................................................................................. 10
4.
GESTO AMBIENTAL EMPRESARIAL ...................................................................11
5. PRODUO MAIS LIMPA .......................................................................................12
CAPTULO III - AGESTOAMBIENTALNOPARQUEINDUSTRIALDEJUIZDEFORA...16
1.
HISTRICO DO DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL DE JUIZ DE FORA..............16
2.
O CENRIO ATUAL DO PARQUE INDUSTRIAL DE JUIZ DE FORA......................17
3.
AGNCIA DE GESTO AMBIENTAL DE JUIZ DE FORA .......... ............................. 19
4.
A PERCEPO DOS TCNICOS DA AGENDA JF.................................................20
CAPTULO IV IMPLANTAO DA PRODUO MAIS LIMPA: O CASO DA
METALRGICA GG LTDA ..................................................................................................24
1.
PORQUE IMPLANTAR A PRODUO MAIS LIMPA...............................................24
2.
A IMPLANTAO DA PRODUO MAIS LIMPA....................................................24
2.1. Diagnstico............................................................................................................25
2.2. Balano de Material e Energia ...............................................................................26
2.3. Sntese ..................................................................................................................27
2.4. Implantao ...........................................................................................................28
3.
IMPLANTAO DA P+L NA METALRGICA GG LTDA..........................................29
3.1. Descrio do processo produtivo...........................................................................29
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3.2. A implantao da Produo Mais Limpa................................................................30
3.3. Consumo de gua..................................................................................................31
3.4. Consumo de energia eltrica .................................................................................32
3.5. Gerao de resduo de chapa de ao....................................................................33
3.6. Gerao de resduo de polmeros..........................................................................34
3.7. Destinao dos resduos........................................................................................36
4.
O APRENDIZADO APLICABILIDADE DA METODOLOGIA..................................37
CAPTULO V - A CARTILHA DA PRODUO MAIS LIMPA......................................... ...... 39
CAPTULO VI - CONSIDERAES FINAIS........................................................................55
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS..................................................................................... 58
ANEXO 1 - ENTREVISTAS COM O CORPO TCNICO DA AGNCIA DE
GESTO AMBIENTAL DE JUIZ DE FORA - AGENDA JF....................................................61
ANEXO 2 - ENTREVISTAS COM OS FACILITADORES DO PROGRAMAPRODUO MAIS LIMPA DA METALRGICA GG LTDA....................................................75
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Gesto ambiental Empresarial Influncias................................ ........................ 11
Figura 2 - A viso da P+L ....................................................................................................14
Figura 3 - Organograma da AGENDA JF.............................................................................20
Figura 4 - Balano de massa e energia................................................................................27
Figura 5 - Identificao e avaliao das opes da P+L .............................. ........................ 28
Figura 6 - Cartilha da Produo Mais Limpa, p.1 ............................... .................................. 40
Figura 7 - Cartilha da Produo Mais Limpa, p.2 ............................... .................................. 41
Figura 8 - Cartilha da Produo Mais Limpa, p.3 ............................... .................................. 42
Figura 9 - Cartilha da Produo Mais Limpa, p.4 ............................... .................................. 43
Figura 10 - Cartilha da Produo Mais Limpa, p.5 ........... ......................................... ........... 44
Figura 11 - Cartilha da Produo Mais Limpa, p.6 ........... ......................................... ........... 45
Figura 12 - Cartilha da Produo Mais Limpa, p.7 ........... ......................................... ........... 46
Figura 13- Cartilha da Produo Mais Limpa, p.8 .............................. .................................. 47
Figura 14- Cartilha da Produo Mais Limpa, p.9 .............................. .................................. 48
Figura 15- Cartilha da Produo Mais Limpa, p.10 .......... ......................................... ........... 49
Figura 16- Cartilha da Produo Mais Limpa, p.11 .......... ......................................... ........... 50
Figura 17- Cartilha da Produo Mais Limpa, p.12 .......... ......................................... ........... 51
Figura 18- Cartilha da Produo Mais Limpa, p.13 .......... ......................................... ........... 52
Figura 19- Cartilha da Produo Mais Limpa, p.14 .......... ......................................... ........... 53
Figura 20- Cartilha da Produo Mais Limpa, p.15 .......... ......................................... ........... 54
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Enfoque do Controle de Poluio e da Produo Mais Limpa............................15
Quadro 2 - Relao numrica e percentual, por setor de atividade, das empresas
cadastradas no Centro Industrial de Juiz de Fora, 2004 ......................................... ...... 18
Quadro 3 - Resultados da implantao da P+L na Metalrgica GG Ltda ............................. 38
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CAPTULO I
INTRODUO
1. CONSIDERAES INICIAIS
Dentre as atividades da disciplina de Gesto Ambiental do curso de graduao em
Engenharia de Produo, no desenvolvimento de um trabalho acadmico sobre Produo
Mais Limpa foram estudados os conceitos, a origem, o processo de implantao e o enfoque
desta metodologia, despertando o interesse para a atuao do profissional de Engenharia
de Produo na Gesto Ambiental de uma empresa.
Atualmente, na atividade profissional de Supervisor de Controle Ambiental do
Departamento de Fiscalizao Ambiental da Agncia de Gesto Ambiental de Juiz de Fora
(AGENDA JF), maior a motivao para desenvolver o presente Trabalho de Concluso de
Curso sobre a metodologia de Produo Mais Limpa.
Nas vistorias realizadas juntamente com os Analistas Ambientais da referida
Agncia, a formao acadmica proporcionou uma viso crtica dos processos produtivos,
materiais, insumos, disposio e tratamento de resduos, custos e investimentos e ainda dos
aspectos ligados questo ambiental empresarial.
Dentro do vasto campo de formao proporcionado pela graduao em Engenharia
de Produo, considerando as diversas possibilidades de atuao, a Gesto Ambiental podeser vista como um referencial para orientao dos esforos na busca de um maior
conhecimento e desenvolvimento pessoal e profissional.
2. OBJETIVOS
O objetivo geral do trabalho produzir uma proposta de cartilha, um material para
motivao e conscientizao, proporcionando aos empreendedores um primeiro contato
com as prticas da Produo Mais Limpa e assim fomentar a implantao desta
metodologia nos processos produtivos de suas empresas.
Os objetivos especficos e intermedirios que norteiam este trabalho so: realizar
um estudo bibliogrfico sobre o tema Produo Mais Limpa, descrever a percepo que os
profissionais da AGENDA JF tm sobre a gesto ambiental nos empreendimentos
industriais do municpio e ainda visitar uma planta industrial que tenha adotado as prticas
de Produo Mais Limpa.
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3. JUSTIFICATIVAS
Segundo CNTL (2005), atravs da Produo Mais Limpa possvel observar a
maneira como um processo de produo est sendo realizado e detectar em quais etapas
as matrias-primas e os recursos esto sendo desperdiados. Desta maneira, possvel
melhorar o seu aproveitamento e diminuir ou impedir a gerao de resduos. Isto faz com
que produzir de forma limpa seja, basicamente, uma ao econmica e lucrativa, um
instrumento importante para manter-se adequado vigente legislao ambiental e ainda
promover o desenvolvimento sustentvel.
Por sua simplicidade e aplicabilidade, a Produo Mais Limpa vem sendo implantada
com sucesso por pequenos e mdios empreendimentos, sem a necessidade de grandes
investimentos em estruturas, equipamentos e consultorias. Entre os resultados alcanados,
alm da contribuio para a melhoria do meio ambiente, esto a reduo de perdas dematria prima e insumos, melhoria na qualidade dos produtos e mudanas no clima
organizacional devido as melhores condies de trabalho e o envolvimento dos
colaboradores com o processo produtivo.
Os empreendimentos de pequeno e mdio porte de Juiz de Fora, de uma forma
geral, so gerenciados intuitivamente por pessoal no qualificado. Estes gerentes tm como
barreiras os aspectos culturais, limitaes econmicas ou, at mesmo, intervenes
pessoais, por se tratarem de empresas familiares. Tais empreendimentos, apesar de
individualmente possurem potencial poluidor relativamente pequeno, quando considerados
como um todo, passam a representar um grande impacto ao meio ambiente do municpio.
Alm disso, tambm so os mais necessitados de orientaes sobre mtodos e
metodologias de gesto ambiental, conforme observado nas diligncias fiscais e tambm
relatado nas entrevistas realizadas com o corpo Tcnico da AGENDA JF.
Isto posto, ao propor uma cartilha contendo as informaes bsicas sobre a
Produo Mais Limpa, o que se pretende despertar o interesse dos empreendedores pelo
tema e fomentar a gesto ambiental. Desta forma, espera-se estimular as empresas na
busca pelo conhecimento e implantao desta metodologia ou outros sistemas afins.
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4. DELIMITAES DO TRABALHO
4.1. Do Objeto
O trabalho foi desenvolvido considerando os empreendimentos atendidos pela
AGENDA JF, conforme percepo dos analistas, tcnicos e fiscais daquele rgo pblico no
desenvolvimento das atividades de vistoria, anlise, licenciamento ambiental e de
fiscalizao nas empresas do municpio.
Os empreendimentos de grande porte do Estado de Minas Gerais so licenciados e
fiscalizados pelo Conselho Estadual de Poltica Ambiental (COPAM), atravs da Fundao
Estadual do Meio Ambiente (FEAM). A Deliberao Normativa COPAM n 74 de 9 de
setembro de 2004 estabelece critrios para classificao, segundo o porte e o potencialpoluidor, de empreendimentos e atividades modificadoras do meio ambiente. Para classificar
uma atividade quanto ao potencial poluidor so considerados os impactos ambientais
relativos ao solo, gua e ar. Quanto ao porte, so considerados indicadores caractersticos
de cada tipo de atividade, como a capacidade instalada, nmero de empregados e rea til.
Esta DN enquadra os empreendimentos nas classes 1, 2, 3, 4, 5 e 6, em ordem
crescente de porte e potencial poluidor. Todo municpio est autorizado a licenciar os
empreendimentos de classe 1 e 2, desde que atenda aos seguintes requisitos: possuir um
Conselho Municipal de Meio Ambiente (Deliberativo), um rgo Tcnico de Apoio
(Executivo) e uma Poltica Municipal de Meio Ambiente (Legislao). As atividades das
demais classes tm seu licenciamento ambiental restrito ao COPAM.
Porm, o municpio de Juiz de Fora, atravs da AGENDA JF, firmou convnio com
a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel (SEMAD), atravs
do qual ficou autorizado o licenciamento no mbito municipal dos empreendimentos de
classes 3 e 4. Assim sendo, a AGENDA JF e o Conselho Municipal de Meio Ambiente de
Juiz de Fora (COMDEMA) esto aptos para o licenciamento de atividades das classes 1, 2,
3 e 4, conforme DN COPAM n 74/2004. Este o universo de empresas onde foi
desenvolvido o presente trabalho: o contexto formado pelos pequenos e mdiosempreendimentos industriais atendidos pela Agncia de Gesto Ambiental de Juiz de Fora.
Os empreendimentos de Classes 5 e 6 se referem a empresas de grande porte e/ou
grande potencial poluidor, as quais possuem obrigatoriamente sistemas de gesto ambiental
como requisito bsico para o mercado nos quais competem. Ao municpio, como j relatado,
cabe a gesto sobre empreendimentos de menor porte.
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4.2. Do Mtodo
Devido a questes de tica profissional1, no foram realizadas visitas e pesquisas
nas empresas. Desta forma, os dados foram coletados quando das diligncias fiscais,
observados ocasionalmente e informalmente. Tambm foram coletados os dados atravs de
entrevistas com profissionais da AGENDA JF e visita a uma empresa onde foram
implantados os conceitos da Produo Mais Limpa.
Por se tratar de um tema novo, ainda pouco trabalhado, existe a dificuldade em
encontrar livros que desenvolvam mais profundamente sobre o assunto. Desta forma, as
principais fontes de consulta foram obtidas atravs da web (artigos, apresentaes,
manuais, relatrios, etc.).
4.3. Do Objetivo
Considerando a amplitude do tema, a cartilha proposta como objetivo do presente
trabalho no tem a inteno de esgotar o assunto. O material abordar apenas aspectos
gerais, de maneira informativa, e ser assim delineado. No alvo desenvolver um
documento do tipo roteiro ou manual, com proposta formativa.
5. METODOLOGIA
A seguir so descritas as tcnicas e instrumentos empregados no trabalho.
5.1. Pesquisa bibliogrfica
Para formar a base de sustentao do assunto a ser estudado, foram realizadasbuscas por informaes em diversas fontes como a web, nos sites de empresas,
organizaes e grupos relacionados com o tema. Tambm foram consultados livros, artigos
e publicaes diversas sobre o assunto, com o apoio e a orientao do Professor Orientador
e do Co-orientador. Alm da contextualizao, foram pesquisados dados sobre a
1O autor do presente TCC Supervisor de Controle Ambiental do Departamento de Fiscalizao
Ambiental da AGENDA JF.
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implantao da metodologia de Produo Mais Limpa: etapas, dificuldades, resultados,
exemplos e demais experincias j evidenciadas sobre o tema.
5.2. Coleta de dados
Os procedimentos para coletar os dados necessrios ao desenvolvimento do
presente Trabalho de Concluso de Curso foram diversificados, conforme se segue.
5.2.1. Entrevistas
Foram realizadas entrevistas estruturadas com amostras por tipicidade com algunsprofissionais da AGENDA JF, escolhidos por ocuparem as funes-chave daquela agncia
no que se refere ao tema. Tambm foi realizada um entrevista focalizada (depoimento), a
fim de captar a experincia dos profissionais envolvidos no processo de implantao da
Produo Mais Limpa na empresa Metalrgica GG Ltda.
5.2.2. Observaes
Nas visitas s empresas atendidas pela AGENDA JF, foi empregada a observao
participante assistemtica. Nas oportunidades foram observados, de modo ocasional e
informal, os aspectos relacionados com a gesto ambiental e os processo produtivos
(resduos, insumos, processos, formao dos funcionrios, programas de gesto, etc.). Em
visita na empresa Metalrgica GG Ltda, juntamente com o Professor Orientador, foi aplicada
a observao sistemtica, direcionada para a implantao da metodologia da Produo
Mais Limpa no empreendimento.
5.3. Anlise dos dados
A anlise incluiu os dados das entrevistas, os dados observados, e ainda
impresses e afirmaes diversas que foram acumuladas e registradas, constituindo-se o
conjunto de dados brutos que, depois de interpretados, deram origem aos resultados
alcanados com o presente trabalho.
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6. ESTRUTURA DO TRABALHO
O presente Trabalho de Concluso de Curso est estruturado em seis captulos,
organizados de forma a facilitar a compreenso de todo o contexto e das atividades
desenvolvidas durante a construo do mesmo.
O Captulo I introdutrio e apresenta o objetivo do trabalho, sua contextualizao,
relevncia e delimitao.
No Captulo II so relatados os estudos realizados sobre o tema, a base de
conhecimento construda na reviso da literatura.
O Captulo III apresenta a situao da gesto ambiental no parque industrial de Juiz
de Fora, a partir de um breve histrico do desenvolvimento das indstrias no municpio,
contextualizao do cenrio atual e a percepo dos tcnicos da Agncia de Gesto
Ambiental de Juiz de Fora, sendo esta pautada na observao participante e,principalmente, nas entrevistas.
O Captulo IV dedicado implantao da metodologia da Produo Mais Limpa.
Ser apresentada uma base terica sobre o assunto, com um resumido roteiro. Em
consonncia, este captulo relata o resultado das observaes e depoimentos dos
colaboradores envolvidos no processo de implantao da metodologia na empresa
Metalrgica GG Ltda, no municpio de Ub, MG.
O Captulo V apresenta a proposta de cartilha sobre Produo Mais Limpa, objetivo
geral deste TCC, como resultado da anlise dos captulos anteriores.
O Captulo VI traz as consideraes finais, relatando a experincia vivida na
elaborao do TCC, o aprendizado e as descobertas.
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CAPTULO II
REVISO DA L ITERATURA
1. O MEIO AMBIENTE E A CRISE AMBIENTAL
Meio Ambiente o conjunto de elementos, favorveis ou desfavorveis, que cercam
os seres vivos. Buscando na origem da palavra ambiente, segundo
BARBIERI (2004), o prefixo latino ambi d a idia de ao redor de algo ou de ambos os
lados. O verbo latino ambio, ambiere significa andar em volta ou em torno de alguma
coisa. Assim, as palavras meio e ambiente apresentam-se com sentidos semelhantes, com
a idia de entorno e envoltrio, de modo que a expresso meio ambiente encerra numa
redundncia. O que envolve os seres vivos e as coisas ou o que est ao seu redor o
Planeta Terra com todos os seus elementos.
Assim, por meio ambiente se entende o ambiente natural e o artificial, isto ,
o ambiente fsico e o biolgico originais e o que foi alterado, destrudo e
construdos pelo homem como reas urbanas, industriais e rurais. Esses
elementos condicionam a existncia dos seres vivos, podendo-se dizer,
portanto, que o meio ambiente no apenas o espao onde os seres vivos
existem ou podem existir, mas a prpria condio para a existncia de vida
na Terra.(BARBIERI, 2004, p.3).
A interveno humana no meio ambiente natural criou ambientes artificiais ou
domesticados, formando ecossistemas especficos como as regies agrcolas e
agroindustriais e at mesmo as cidades e os distritos industriais, embora esses ltimos
casos sejam concesses ao termo ecossistema, sendo denominados por alguns autores
como tecnossistemas urbano-industriais.
Esses tecnossistemas se caracterizam por serem parasitas dos ambientesnaturais e domesticados, pois no produzem os alimentos de que a
populao necessita, no limpam o ar e reciclam muito pouco as guas que
utilizam. Enfim, esses ambientes no possuem capacidade de regenerao,
uma caracterstica importante dos ambientes naturais e at mesmo dos
domesticados. (BARBIERI, 2004, p.3).
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A Revoluo Industrial do sculo XIX pode ser apontada como marco importante na
intensificao dos problemas ambientais.
Era notria a deteriorao do ambiente urbano com a contaminao do ar, a
disseminao de enfermidades, as pssimas condies de vida dostrabalhadores. O uso crescente do carvo para fins industriais e domsticos
gerava os chamados odores ftidos. O carvo queimado na poca
continha o dobro do enxofre do usado hoje em dia. (LEFF, 2003, p.112).
Por conseqncia, o desenvolvimento industrial introduziu novos padres de
gerao de resduos que surgem em quantidades excessivamente maiores que a
capacidade de absoro da natureza e de maneira que ela no capaz de absorver e
reciclar.
A intensificao da industrializao, a exploso demogrfica, a produo e
o consumo desmedido, a urbanizao e a modernizao agrcola so
alguns aspectos da evoluo histrica das sociedades humanas que
geraram desenvolvimento econmico, mas que resultaram numa
degradao ambiental desenfreada. (UFRGS, 2002).
O aumento da escala de produo tem sido um importante fator que estimula a
explorao dos recursos naturais e eleva a quantidade de resduos. Recursos naturais e
economia interagem de modo bastante evidente, uma vez que algo recurso na medida em
que sua explorao economicamente vivel. Segundo LEFF(2003), no projeto cientfico da
modernidade forja-se uma cincia econmica em um ideal mecanicista, nas leis cegas do
mercado que tm determinado a economizao do mundo e o predomnio da razo
instrumental sobre as leis da natureza e os sentidos da cultura, desembocando na crise
ambiental.
Devido importncia do meio ambiente para a prpria existncia humana, a questo
ambiental surge no cenrio poltico, cientfico e educativo como um dos problemas mais
importantes do mundo atual. A educao ambiental tem ocupado cada vez mais espaos
de reflexo e de atuao objetivando compreender as mudanas globais e preparar novas
mentalidades e habilidades, capazes de resolver os problemas ambientais, abrindo caminho
para um futuro sustentvel, eqitativo e democrtico. Numa viso mais profunda do contexto
ambiental, LEFF (2003) afirma que o saber ambiental nasce de uma nova tica e de uma
nova epistemologia, na qual se fundem conhecimentos, se projetam valores e se
internalizam saberes.
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2. DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL
A Organizao das Naes Unidas (ONU), atravs de sua Comisso Mundial do
Desenvolvimento e Meio Ambiente (CMMAD), publicou em 1987 o relatrio Nosso Futuro
Comum. Neste relatrio foi definido o conceito de desenvolvimento sustentvel: Atender s
necessidades da gerao presente sem comprometer a habilidade das geraes futuras de
atenderem suas prprias necessidades. O documento fazia uma alerta para a necessidade
das naes unirem-se na busca de alternativas para os rumos vigentes do desenvolvimento,
a fim de evitar a degradao em nvel planetrio. Afirmava que o crescimento econmico
sem melhorar a qualidade de vida das pessoas e das sociedades no poderia ser
considerado desenvolvimento. De forma paralela, o relatrio tambm mostrava que seria
possvel alcanar um maior desenvolvimento sem destruir os recursos naturais, conciliando
crescimento econmico com conservao ambiental. O documento ainda criticava o modeloadotado pelos pases desenvolvidos e defendia um novo tipo de desenvolvimento, capaz de
manter o progresso em todo o planeta e de, no logo prazo, partilh-lo entre pases em
desenvolvimento e subdesenvolvidos. (UFRGS, 2002).
A idia se popularizou nas conferncias do Rio de Janeiro, em 1992, a Rio
92, a de Johanesburgo (Rio+10) em 2002. Desde ento o debate sobre
desenvolvimento sustentvel est presente na sociedade civil, governos,
empresas, organismos internacionais, organizaes no governamentais
(ONGs), entre outros. A participao do empresariado nesse debate temcrescido significativamente. "No mundo inteiro, os empresrios mais
conscientes esto comprovando, com aes e resultados, que investir em
sustentabilidade representa um excelente negcio, alm de ser eticamente
correto". [...] Alguns avanos so notveis. A presena cada vez maior de
ferramentas, como Selo Verde e ISO 14000, para assegurar a proteo dos
seres humanos e a conservao do meio ambiente nas empresas um
deles. (INSTITUTO ETHOS, 2004)
Nesse contexto, diversos processos foram e continuam sendo desenvolvidos para
capturar, tratar e dispor os poluentes, bem como para usar recursos de modo mais eficiente,
podendo-se dizer que o esforo para compreender e dominar os problemas ambientais
constitui um dos captulos mais importantes da histria da cincia e da tecnologia. Segundo
BARBIERI (2004), porm, questes de ordem poltica, econmica, social e cultural que
esto na raiz dos problemas ambientais retardam ou inviabilizam a adoo de solues.
Todas essas questes devem ser consideradas quando se pretende enfrentar os problemas
ambientais e isso o que de grosso modo se denomina gesto ambiental.
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Segundo o corpo tcnico da AGENDA JF, a dificuldade para um rgo pblico
funcionar como gestor do meio ambiente consiste justamente no reflexo da conjuntura total.
Agora, a questo da gesto ambiental algo ainda mais fora do comum,
realmente coisa de futuro. A gesto ambiental pode ser pensada como era notempo da escravido: as pessoas no se preocupavam com o custo social do
trabalho e, depois, foi preciso ter uma gesto sobre isso, uma internalizao
deste contedo. O mesmo dever ser adotado para a gesto ambiental: uma
internalizao do meio ambiente, porque este j est se acabando,
anunciando o fim. (ENTREVISTADO 4, ANEXO 1).
3. GESTO AMBIENTAL
Gesto Ambiental, segundo KRAEMER (2004), um aspecto funcional da gesto
de uma empresa que desenvolve e implanta polticas ambientais. o conjunto de diretrizes
e atividades administrativas e operacionais, tais como planejamento, direo, controle,
alocao de recursos e outras realizadas com o objetivo de obter efeitos positivos sobre o
meio ambiente, quer reduzindo ou eliminando os danos ou problemas causados pelas aes
humanas, quer evitando que eles surjam.
A expresso gesto ambiental aplica-se a uma grande variedade de
iniciativas relativas a qualquer tipo de problema ambiental. Na sua origem
esto as aes governamentais para enfrentar a escassez de recursos [...]
Com o tempo, outras questes ambientais foram sendo consideradas por
outros agentes e com alcances diferentes e, atualmente, no h rea que
no seja contemplada. (BARBIERI, 2004, p.21).
As abordagens socioambientais reconhecem o valor intrnseco da natureza, mas
admitem que ela deve ser usada para atender s necessidades humanas presentes e
futuras e, por isso buscam sistemas de produo e consumo sustentveis. Os modelos de
gesto ambiental empresarial decorrentes dessa viso se apiam em trs critrios de
desempenho: eficincia econmica, qualidade social e respeito ao meio ambiente, os quais
devem ser considerados simultaneamente em qualquer proposta.
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4. GESTO AMBIENTAL EMPRESARIAL
Segundo KRAEMER (2004), o desempenho ambiental satisfatrio tem sido buscado
por um nmero cada vez maior de empresas preocupadas com o gerenciamento dos
assuntos pertinentes ao meio ambiente. Por meio de sistemas de gesto ambiental as
organizaes empresariais investem em aes para um desenvolvimento sustentvel,
estudos sobre ciclo de vida dos produtos e processos, gerao, controle e tratamento de
resduos, consumo de recursos naturais e a questo do passivo ambiental.
Assim, para que uma empresa passe a realmente trabalhar com gesto
ambiental deve, inevitavelmente, passar por uma mudana em sua cultura
empresarial; por uma reviso de seus paradigmas. Nesse sentido, a gesto
ambiental tem se configurado como uma das mais importantes atividades
relacionadas com qualquer empreendimento. (KRAEMER, 2004).
Entretanto, segundo BARBIERE (2004), as preocupaes ambientais das empresas
no so espontneas, seno influenciadas por trs grandes conjuntos de foras que se
interagem reciprocamente: o governo, a sociedade e o mercado.
A Figura 1 ilustra esta interao de foras. A empresa recebe presses dos
diversos agentes, mas tambm influencia o meio, seja pela poluio e degradao, seja pela
adoo de medidas de controle e promoo ambiental. Neste sistema, o dinamismo e a
sinergia dificultam que se defina: qual a fora de ao e qual a fora de reao.
Figura 1 - Gesto ambiental Empresarial Infl uncias
FONTE: ADAPTADO DE BARBIERI, 2004, P.99
GOVERNO
SOCIEDADE MERCADO
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Se no houvesse presses da sociedade e medidas governamentais, no
se observaria o crescente envolvimento das empresas em matria
ambiental. As legislaes ambientais geralmente resultam da percepo
dos problemas ambientais por parte de segmentos da sociedade que
pressionam os agentes estatais para v-los solucionados [...] Embora omercado seja uma instituio da sociedade, suas influncias so tantas e
to especficas que merece ser considerado parte. As questes
ambientais passaram a ter impactos importantes sobre a competitividade
dos pases e de suas empresas (BARBIERI, 2004, p.99,100).
As organizaes podem desenvolver seu prprio modelo de gesto ambiental ou
ainda se valer dos diversos modelos genricos que se encontram disponveis no mercado.
Esses modelos, embora representem de modo simplificado a realidade empresarial,
permitem orientar as decises sobre como, quando, onde e com quem abordar osproblemas ambientais e como essas decises e relacionam com as demais questes
empresariais.
A implantao de um sistema de gesto ambiental poder ser soluo para
uma empresa que pretende melhorar a sua posio em relao ao meio
ambiente. O comprometimento hoje exigido s empresas com a preservao
ambiental obriga mudanas profundas na sua filosofia, com implicaes
diretas nos valores empresariais, estratgias, objetivos, produtos e
programas. (KRAEMER, 2004).
5. PRODUO MAIS LIMPA
Com a abordagem de Preveno da Poluio, o modelo de gesto ambiental
denominado Produo Mais Limpa (P+L, PmaisL ou PML) uma ferramenta eficaz para
cumprir com as necessidades ambientais e promover o desenvolvimento sustentvel.
A expresso Produo Mais Limpa foi proposta em 1989 pelo Programa das
Naes Unidas para o Meio Ambiente - PNUMA, a fim de responder questo de como se
deve produzir de forma sustentvel:
Produo Mais Limpa a aplicao contnua de uma estratgia ambiental
integrada e preventiva a processos, produtos e servios, com a finalidade de
aumentar a eficincia e reduzir os riscos aos seres humanos e ao meio
ambiente (UNIDO, 2005).
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Segundo o GREENPEACE (2005), o objetivo da Produo Mais Limpa atender a
necessidade de produtos de forma sustentvel, isto , usando com eficincia materiais e
energia renovveis, no-nocivos, conservando ao mesmo tempo a biodiversidade.
Os sistemas de Produo Mais Limpa so circulares e usam menor nmero
de materiais, menos gua e energia. Os recursos fluem pelo ciclo de
produo e consumo em ritmo mais lento. Os princpios da P+L questionam
a necessidade real do produto ou procuram outras formas pelas quais essa
necessidade poderia ser satisfeita ou reduzida. (GREENPEACE, 2005)
O CNTL(2005) explica que a viso tradicional pergunta o que se pode fazer com os
resduos e as emisses existentes?. Porm na Produo Mais Limpa, a proteo ambiental
integrada produo pergunta: de onde vm nossos resduos e emisses? Por que afinal
se transformaram em resduos?.
O princpio bsico da metodologia de Produo Mais Limpa eliminar ou
reduzir a poluio durante o processo de produo, e no no final. Isso
porque todos os resduos gerados pela empresa custam dinheiro, pois foram
comprados a preo de matria prima e consumiram insumos como gua e
energia. Uma vez gerados, continuam a consumir dinheiro, seja sob a forma
de gastos de tratamento e armazenamento, seja sob a forma de multas pela
falta desses cuidados, ou ainda pelos danos imagem e reputao da
empresa. A P+L , portanto, um mtodo preventivo de combate poluioque leva economia de gua, de energia e de matria prima, proporcionando
um aumento significativo de lucratividade e competitividade (CNTL, 2005).
Em resumo, conforme ilustrado na Figura 2, a P+L proporciona aumento da
lucratividade uma vez que resulta em: reduo de emisses atmosfricas, reduo no
consumo de energia e gua, resduos slidos segregados e livres de contaminao, reduo
no tratamento de efluentes lquidos e reduo no consumo de matria prima.
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Figura 2 - A viso da P+L
FONTE: ADAPTADO DE CNTL, 2005
Considerando tais princpios e toda sua contextualizao, BARROS (2005) declara
que a Produo Mais Limpa uma notvel ferramenta para implementao da mudana
para uma nova cultura empresarial, voltada para a sustentabilidade e inovao.
Desenvolvida no incio da dcada de 1990 pela UNIDO/UNEP1 e
largamente aplicada em diversos pases em desenvolvimento, foi adaptada
a realidade das empresas brasileiras, dando nfase s questes
organizacionais, comportamentais, s medies dos balanos de massa e
energia necessrios para a qualificao e quantificao das perdas do
processo produtivo e, ainda, os aspectos vinculados com a segurana e
sade ocupacional, dentro dos mais modernos princpios da
Responsabilidade Social Corporativa (BARROS, 2005).
A seguir apresentado um quadro comparativo entre as atitudes de Controle de
Poluio e de Produo Mais Limpa. Observando o Quadro 1, ficam mais evidentes as
diferenas entre as duas abordagens (controle e preveno) e mais claro o entendimento
sobre o enfoque da P+L, a qual supera os limites de cumprimento da legislao e assume o
compromisso com a excelncia na Gesto Ambiental.
1UNIDO, United Nations Industrial Development Organization; UNEP, United Nations Environment
Programme
EmissesAtm osf ri cas
ResduosSlidos
Efluentes Lquidos PRODUTOFINAL
Matria-prima
Insumos
EmissesAtm osf ri cas
ResduosSlidos
Efluentes Lquidos PRODUTOFINAL
Matria-prima
Insumos
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Quadro 1 - Enfoque do Controle de Poluio e da Produo Mais Limpa
O enfoque do Controle de Poluio
Fim de Tubo
O enfoque da Preveno Poluio
Produo Mais Limpa
Poluentes so controlados por filtros e mtodos de
tratamento do lixo
Poluentes so evitados na origem, atravs de medidas
integradas
O controle de poluio avaliado depois do
desenvolvimento de processos e produtos e quando
os problemas aparecem
A preveno da poluio parte integrante do
desenvolvimento de produtos e processos
Controles de poluio e avanos ambientais so
sempre considerados fatores de custo pelas empresas
Poluio e rejeitos so considerados recursos
potenciais e podem ser transformados em produtos
teis e sub-produtos desde que no txicos
Desafios para avanos ambientais devem ser
administrados por peritos ambientais tais como
especialistas em rejeitos
Desafios para avanos ambientais deveriam ser de
responsabilidade geral na empresa, inclusive de
trabalhadores, designers e engenheiros de produto e
de processo
Avanos ambientais sero obtidos com tcnicas e
tecnologia
Avanos ambientais incluem abordagens tcnicas e
no tcnicas
Medidas de avanos ambientais deveriam obedecer
aos padres definidos pelas autoridades
Medidas de desenvolvimento ambiental deveriam ser
um processo de trabalho contnuo visando a padres
elevados
Qualidade definida como atender as necessidades
dos usurios
Qualidade total significa a produo de bens que
atendam s necessidades dos usurios e que tenham
impactos mnimos sobre a sade e o ambiente
FONTE: GREENPEACE, 2005
Segundo CNTL(2005), a Produo Mais Limpa, quando comparada s tecnologias
de Fim de Tubo1, end-of-pipe, apresenta vantagens como:
Potencial para solues econmicas na reduo da quantidade de materiais e energia
usados.
Induo a um processo de inovao dentro da empresa, devido a uma intensa avaliao
do processo de produo, a minimizao de resduos, efluentes e emisses.
Reduo dos riscos no campo das obrigaes ambientais e da disposio de resduos
devido ao fato de que a responsabilidade pode ser assumida para o processo de
produo como um todo.
Facilitao do caminho em direo a um desenvolvimento econmico mais sustentado.
1Focadas no tratamento e disposio de resduos.
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CAPTULO III
AGESTOAMBIENTAL NOPARQUEINDUSTRIALDE
JUIZDEFORA
1. HISTRICO DO DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL DE JUIZ DE FORA
A cidade de Juiz de Fora, no incio do sculo passado, despontava no cenrio
nacional pelo pioneirismo no desenvolvimento de sua indstria, com destaque para o setor
txtil, financiada pelo capital proveniente da economia cafeeira e pela formao de um
entreposto de importao e exportao favorecido pelo sistema ferrovirio (Estradas de
Ferro Dom Pedro II e Leopoldina) e pelo sistema rodovirio (Unio Indstria). Aqui foiinstalada, ainda no sculo XIX, a primeira Usina Hidreltrica da Amrica do Sul, a Usina
Marmelos, construda pelo empreendedor Bernardo Mascarenhas.
J no sculo XX a cidade apresentou intensa, dinmica e diversificada
economia industrial, conduzindo ao batismo de Manchester Mineira, sendo
inmeras e impossvel cita-las sem cometer erro ou omisso -, as indstrias
de relevo na cidade. Rapidamente a cidade tornou-se plo regional,
exercendo incontestvel liderana na zona da mata mineira, e apresentando
fulminante crescimento (CPS/UFJF, 2006, p.26).
Com o passar do tempo, vrios fatores interferiram no processo de
desenvolvimento de Juiz de Fora, reduzindo o ritmo de crescimento at resultar numa
estagnao econmica.
A partir de 1915, foi registrada uma reduo no crescimento industrial de Juiz
de Fora. A crise foi resultado de um conjunto de fatores. Por um lado, o
declnio da lavoura cafeeira diminuiu os investimentos deste setor na
indstria. Tambm a capacidade de energia eltrica instalada na cidadetornava-se pequena em relao demanda que aumentava [...] A partir de
1930 Juiz de Fora passa por um perodo de estagnao econmica devido,
sobretudo, ao declnio da industrializao. A explicao para tal situao
pode ser encontrada em uma srie de fatores de ordem local e nacional que
ocorreram a partir de ento [...] Um dos fatores responsveis pelo declnio da
cidade foi a perda de recursos em relao ao Rio de Janeiro, fazendo com
que a cidade passasse por um processo de descapitalizao [...] No mbito
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civil e metalrgicos. O parque industrial hoje contm ainda outros empreendimentos dos
mais variados setores.
Quadro 2 - Relao numrica e percentual, por setor de atividade, das empresas cadastradas
no Centro Industr ial de Juiz de Fora, 2004
FONTE: CPS/UFJF, 2005, tabela 39
Todavia, o crescimento do setor industrial no foi devidamente planejado, conforme
citao abaixo, e os empreendedores foram instalando suas plantas de forma desordenada,
em vrios pontos da cidade, sem que houvesse um planejamento e o controle por parte daadministrao pblica sobre os aspectos ambientais e socioambientais.
[...] a cidade de Juiz de Fora pouco pde se pensar, se refletir, o que
seria muito interessante, em um saudvel processo de auto-reflexividade,
auto-normatividade e auto-compreenso. O sopro de vida do curto e
saudoso IPPLAN (Instituto de Pesquisa de Planejamento), rgo destinado
a pensar e planejar a cidade, e sucessivamente amesquinhado e reduzido
discusso territorial, bem como de rgo acessrio ao Planejamento
Estratgico da cidade atesta certo descaso. (SALGADO, 2006, p.27).
Atualmente h no municpio trs reas geogrficas dedicadas exclusivamente s
indstrias: os Distritos Industriais I e II, localizados na zona norte da cidade e gerenciados
pela Companhia de Desenvolvimento Econmico de Minas Gerais (CODEMIG), e o Distrito
Industrial do bairro Milho Branco, mais conhecido como Mini Distrito Industrial, gerenciado
pela Subsecretaria de Fomento Indstria, Comrcio e Turismo da Prefeitura Municipal de
Juiz de Fora (PJF).
D is c r im in a o N %
Malhas/Vestur io 1168 21,59Construo Civ i l 969 17,91
Metalrg icos 956 17,67Mobi l ir io 723 13,36
Pani f icao 402 7,43A lim entao 233 4,31
Calados 209 3,86Grf ico 208 3,84
Qumicos /Farmacut icos 202 3,73Torrefao 171 3,16
Outras 119 2,2Fiao/Tecelagem 51 0,94
T O T A L 5.411 100
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A concentrao das indstrias em reas especficas facilita o controle ambiental por
parte do poder pblico. Apesar dos problemas estruturais e de planejamento destes distritos,
como tamanho dos lotes considerado pequeno e sua localizao prxima a cursos dgua e
a montante de reas residenciais, alguns pontos positivos so evidenciados, como a
proximidade das plantas, o que possibilita interaes. Um exemplo aconteceu no bairro
Milho Branco: duas empresas do setor txtil se uniram para construir e operar uma Estao
de Tratamento de Efluentes (ETE) para uso comum, sendo que uma investiu o capital para
implantao (esta no possua espao fsico disponvel na sua planta) e a segunda
disponibilizou o terreno (no dispunha de capital para investir). Porm, muitas outras
indstrias esto dispersas pelo municpio, em reas imprprias para o tipo de atividade que
desenvolvem.
Os Distritos Industriais I e II possuem 43 empresas implantadas e em operao
(CPS/UFJF, 2005) O Mini Distrito Industrial do bairro Milho Branco abriga atualmente 25empresas1. Somando estes nmeros, tem-se um total de 68 indstrias instaladas em reas
especficas para tal atividade. Subtraindo este valor do nmero de empresas cadastradas no
Centro Industrial de Juiz de Fora2, chega-se ao nmero de 5.343 indstrias dispersas pelo
municpio. Ou seja, pouco mais de 1% dos empreendimentos esto instaladas nos distritos
industriais.
Os gestores de pequenos e mdios empreendimentos de Juiz de Fora, de uma
forma geral, tm pouco ou nenhum acesso s informaes sobre as questes ambientais e,
em sua maioria, no tm conscincia do impacto ambiental causado pelo processo
produtivo que gerenciam, conforme evidenciado nas entrevistas realizadas com corpotcnico da AGENDA JF. A gesto ambiental vista por estes empresrios apenas como um
requisito legal (licena), que resulta em grandes investimentos e inviabiliza o negcio. A
mudana deste paradigma est na educao ambiental. No basta dispor informaes,
preciso desenvolver o interesse dos empreendedores, incentivar aes e acompanhar os
resultados.
3. AGNCIA DE GESTO AMBIENTAL DE JUIZ DE FORA
A Agncia de Gesto Ambiental de Juiz de Fora - AGENDA JF - uma autarquia da
Administrao Indireta subordinada diretamente Secretaria de Sade, Saneamento e
Desenvolvimento Ambiental (SSSDA). dotada de autonomia administrativa, oramentria
1Subsecretaria de Fomento Indstria, Comrcio e Turismo da Prefeitura Municipal de Juiz de Fora2Quadro 1= 5.411 indstrias
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e financeira. A AGENDA JF tem por incumbncia promover o desenvolvimento sustentvel
de Juiz de Fora. Para tal, realiza anlises para o licenciamento ambiental dos
empreendimentos, desenvolve aes de educao ambiental, promove a qualidade
ambiental e fiscaliza e monitora as atividades potencialmente poluidoras. Tambm compete
AGENDA JF: gerir a Poltica Ambiental de forma participativa, propor a legislao
ambiental, gerir os recursos naturais do municpio e assessorar e dar suporte ao Conselho
Municipal de Meio Ambiente (COMDEMA). Para cumprir sua misso, a agncia dispe de
uma equipe multidisciplinar, com profissionais das reas de engenharia (florestal, civil,
qumica, agronomia e sanitria), geografia, geologia, biologia, qumica e bioqumica, e ainda
um corpo jurdico com dedicao exclusiva s questes ambientais.
A Figura 3 apresenta o organograma da AGENDA JF, representando seus
departamentos e assessoria.
Figura 3 - Organograma da AGENDA JF
FONTE: AGENDA JF, 2005
4. PERCEPO DOS TCNICOS DA AGENDA JF
Com o objetivo de captar a percepo quanto a gesto ambiental nos
empreendimentos industriais atendidos pela AGENDA JF, foram realizadas entrevistas
estruturadas com amostras por tipicidade com os tcnicos daquele rgo ambiental, os
quais desenvolvem as funes chave relacionadas com o presente trabalho. A amostra
entrevistada foi composta por Tcnicos e Analistas Ambientais, Fiscais, Chefes de
Departamentos e demais profissionais envolvidos nas vistorias, anlises tcnicas
processuais, atividades de fiscalizao e educao ambiental. Uma vez que todos os
AGENDA JFSuperintendncia
Departamento deExecuo
Instrumental
Departamento deLicenciamento
Amb iental
Departamento deFiscalizaoAmbiental
Departamento deQualidadeAmbiental
Departamento deEducao
Ambiental eProteo aos
RecursosNaturais
AssessoriaJurdica
AGENDA JFSuperintendncia
Departamento deExecuo
Instrumental
Departamento deLicenciamento
Amb iental
Departamento deFiscalizaoAmbiental
Departamento deQualidadeAmbiental
Departamento deEducao
Ambiental eProteo aos
RecursosNaturais
AssessoriaJurdica
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profissionais ligados diretamente s atividades industriais foram entrevistados, a amostra
pode ser considerada representativa.
Aps compilao das informaes coletadas nas entrevistas, algumas concluses
foram delineadas a partir da percepo destes representantes do poder pblico, no que
tange a gesto ambiental dos empreendimentos industriais.
O empreendedor, em geral, busca o licenciamento ambiental de suas atividades
motivado estritamente pela obrigatoriedade imposta pela legislao, ou ainda por
necessidade de atendimento ao mercado e parcerias com empresas maiores, conforme
relatado nas entrevistas.
O empreendedor busca o licenciamento ambiental somente em alguns
momentos. Por fora de uma imposio, nunca por um interesse real em
nvel de meio ambiente. Ou ele busca por causa de um financiamento que
necessita, pois os rgos financiadores exigem a licena ambiental, ou
ainda, no caso dos pequenos empreendimentos, se busca pela
necessidade do alvar de funcionamento, o qual tambm est condicionado
ao licenciamento ambiental. Ou ainda quando multado, embargado por
um setor de fiscalizao. (ENTREVISTADO 3, ANEXO 1).
Com o licenciamento ambiental norteado por esta perspectiva restrita aos campos
legal e mercadolgico, a responsabilidade socioambiental passa ao largo.
As pessoas ficam preocupadas em gerir seus negcios, suas atividades,
mas sempre consideram o meio ambiente como uma externalidade. [...]
Ento existe essa cultura, ainda tradicional, de considerar o meio ambiente
como algo ilustrativo, mais para enfeite, e no como algo importante, como
um benefcio de fato. (ENTREVISTADO 4, ANEXO 1).
O resultado desta considerao equivocada se constata nas vistorias e anlises
processuais para o licenciamento ambiental e nas aes fiscalizadoras. Em poucos
empreendimentos verificada a preocupao com a gesto ambiental.
S identifiquei (gesto ambiental) em 5% dos empreendimentos, eu acho
que ainda muito fraco aqui em Juiz de Fora a mentalidade de gesto
ambiental e de qualidade tambm. Acho que as empresas no esto muito
preocupadas com isso. Elas se preocupam muito com o lucro e no tm a
conscincia de que, com um gerenciamento ambiental e um gerenciamento
de qualidade podero ter lucros e uma produo mais limpa e saudvel
para empresas e funcionrios. (ENTREVISTADO 2, ANEXO 1).
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Nos casos em que notado algum indcio de gesto ambiental, sua abrangncia
estreita e seu horizonte atrofiado. As preocupaes limitam-se ao tratamento e destino dos
efluentes e resduos, conforme citado pelos tcnicos da AGENDA JF, visto que estas
questes referem-se s condicionantes impostas pelo rgo licenciador.
Identificam-se sinais de gesto ambiental nos empreendimentos desde que
estejam condicionados na licena ambiental.[...] Essas condicionantes
geralmente englobam a questo dos resduos slidos, efluentes lquidos e
gasosos. Ento, os empreendimentos tm que atend-las para alcanarem
a eficincia almejada. (ENTREVISTADO 6, ANEXO 1).
Os empreendedores deixam de lado a viso do processo, do sistema produtivo
como um todo, dedicando ateno apenas s exigncias formalizadas na licena ambiental,
as quais no so direcionadas para uma gesto global da empresa, visto que geralmente
englobam as questes dos resduos slidos, efluentes lquidos e gasosos. Ou seja, o prprio
processo de licenciamento ambiental, que na maioria das vezes o primeiro contato que os
empreendedores tm com o gerenciamento ambiental (ENTREVISTADO 5, ANEXO 1),
estreita o campo de viso e restringe a gesto ambiental ao controle de emisso de
efluentes e gerenciamento de resduos. Quando se pergunta sobre quais so os maiores
problemas ambientais na indstria, as respostas dos tcnicos confirmam o enfoque de
gerenciamento de f im de tubo: o efluente lquido, atmosfrico e o lixo.
Com o sistema processual praticado atualmente para o licenciamento ambiental naAGENDA JF, os analistas acabam por se comportarem, de maneira restritiva, como
conferentes de documentos, sem que se envolvam com os processos produtivos e
promovam a gesto ambiental empresarial. A orientao prestada pela AGENDA JF
voltada para aspectos jurdicos e legais, porm a orientao tcnica no oferecida
(ENTREVISTADO 2, ANEXO 1). Esta prtica resulta na reduo do Licenciamento
Ambiental a um procedimento estritamente burocrtico.
O que se v que todas as licenas que ns expedimos aqui esto
praticamente no papel, quando se vai ao campo se observa que no foiobtido o resultado esperado. O parecer tcnico, as condicionantes, os
projetos esto todos dentro das normas e com todas as questes
ambientais levantadas, mas na hora da implantao isso esquecido.
Tornou-se apenas um compromisso, uma contratao de um consultor para
aquele momento da licena, e que, depois de expedida, os
empreendedores se esquecem dos projetos e fazem da forma que bem
entendem. (ENTREVISTADO 3, ANEXO 1).
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A consultoria ambiental oferecida no municpio tambm representa contribuio
importante neste cenrio. Muitos dos profissionais que se apresentam como consultores
ambientais, na realidade no passam de despachantes: renem documentos, providenciam
laudos, escrevem relatrio e planos e se encarregam dos embaraos burocrticos. E o
compromisso com a gesto ambiental, na sua essncia de sustentabilidade, praticamente
relegado. No outro lado dessa moeda esto os empreendedores que, ao contratar os
servios de consultoria ambiental, desejam apenas a obteno da licena, ou seja, o
papel.
As sugestes apresentadas pelos entrevistados para ajudar a melhorar este quadro
passam pelo maior rigor no licenciamento e na fiscalizao, diminuio do custo de anlise,
marketing, e se convergem na educao ambiental.
Considerando a situao descrita acima, analisada luz dos conceitos e princpios
registrados na literatura do Captulo II, pode-se concluir pela necessidade de um maiorenvolvimento com o objeto a ser licenciado, devendo o processo de licenciamento ser mais
participativo e comprometido com a gesto ambiental sob todos os aspectos. As
condicionantes devem deixar de se restringirem ao tratamento e destino de efluentes e
resduos, para ento traar metas de reduo na gerao destes e acompanhar o
desenvolvimento da empresas ao longo da vigncia da licena. A fiscalizao, tambm,
cada vez mais com carter preventivo e menos punitivo, deve atuar com monitoramento
dinmico das condicionantes ambientais, sempre voltadas para o aprimoramento da gesto
ambiental.
Por fim, dentro do resultado das entrevistas, pode-se concluir que osempreendedores necessitam de orientaes e motivao para o desenvolvimento de uma
conscincia ambiental transformadora, a caminho de um desenvolvimento sustentvel,
guiados por uma gesto consolidada nos princpios socioambientais.
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CAPTULO IV
IMPLANTAO DA PRODUO MAIS LIMPA:
O CASO DA METALRGICA GG LTDA
1. PORQUE IMPLANTAR A PRODUO MAIS LIMPA
A Produo Mais Limpa traz diversas vantagens para a organizao e a sociedade.
Alguns dos benefcios so de difcil constatao, intangveis ou imensurveis, outros
somente sero verificados com o passar dos anos e dcadas. Mas pode-se destacar alguns
resultados evidenciados aps a implantao da P+L, conforme citado por CNTL (2005):
Reduo de custos de produo: minimizar os desperdcios de matrias-primas e energia,
aumento de eficincia e competitividade.
Reduo das infraes aos padres ambientais previstos na legislao.
Diminuio dos riscos de acidentes ambientais.
Melhoria das condies de sade e de segurana do trabalhador.
Melhoria da imagem da empresa junto a consumidores, fornecedores e poder pblico.
Ampliao da perspectivas de mercado interno e externo.
Acesso facilitado a linhas de financiamento.
Melhor relacionamento com os rgos ambientais, com a mdia e com a comunidade.
2. A IMPLANTAO DA PRODUO MAIS LIMPA
Para uma melhor compreenso, o processo de implantao da P+L descrito
abaixo de forma simplificada, organizado em etapas distintas, conforme apresentado por
GUETHI (2003): Fase I = Diagnstico; Fase II = Balano de material e energia; Fase III =
Sntese; e Fase IV = Implantao.Porm, antes de tudo, necessrio que exista o comprometimento explcito do
empreendedor, da direo e toda alta gerncia para com a Produo Mais Limpa.
O mesmo foi verificado nas atividades/aes realizadas na empresa Metalrgica
GG Ltda, conforme entrevista [...] quando surgiu essa oportunidade, o patro acatou,
apostou em ns, nos enviou para o treinamento e ento executamos o trabalho com todo
apoio da empresa [...]. (ENTREVISTADO 8, ANEXO 2).
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Somente aps o comprometimento gerencial, ento, devem ser reunidos todos os
funcionrios para que sejam informados do programa e do caminho a ser percorrido.
preciso motivar os colaboradores, incentiv-los a se empenharem e, a exemplo da direo,
se comprometerem com o sucesso do trabalho. Eles devem compreender o impacto deste
programa na sade financeira da empresa e conseqentemente na manuteno dos postos
de trabalho, alm da melhoria na qualidade das condies ambientais da empresa.
O prximo passo a formao do ECOTIME (ecologia+time): equipe formada pelos
funcionrios que conhecem a empresa mais profundamente e/ou que so responsveis por
reas importantes, com produo, compras, meio ambiente, qualidade, sade e segurana,
desenvolvimento de produtos, manuteno e vendas.1 Estes sero os colaboradores
responsveis por repassar aos demais a metodologia, assim como acompanhar a
implementao na empresa. Os componentes do ECOTIME devero participar de
treinamentos preliminares para uma melhor compreenso da metodologia, realizar reuniese estudos em grupo a fim de promover uma maior integrao e compreenso do trabalho
que lhes cabe. Com o ECOTIME pronto, se seguem as etapas da implantao propriamente
dita.
O processo de implantao da P+L aqui descrito foi verificado, em todos os seus
aspectos, na empresa visitada, conforme ser apresentado mais adiante. Tambm os
resultados propostos pela metodologia foram evidenciados na referida empresa. Desta
forma, foi possvel verificar no campo os resultados prticos da teoria constante da Reviso
da Literatura, atribuindo ao trabalho a credibilidade e sustentabilidade prtica.
2.1. Diagnstico
Nesta etapa traado o perfil da empresa, identificando suas caractersticas
operacionais, financeiras, pessoal empregado, insumos, produtos e tudo o mais que
contextualize o empreendimento. importante verificar tambm a adequao da mesma
quanto legislao ambiental, pois, o primeiro passo para a gesto o cumprimento da
legislao pertinente. Nesta etapa se estuda o lay out da planta, traando a localizao das
etapas do processo, postos de trabalho, acessos e tudo o mais envolvido na produo. Este
estudo importante para se identificar o fluxo de materiais e pessoas no cho de fbrica,
as distncias, obstculos, cruzamentos e demais informaes. Para o sucesso dos
trabalhos, preciso que o ECOTIME conhea bem o processo produtivo.
1Rede de Produo Mais Limpa, 2003
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Por isso, de relevncia que o grupo elabore o fluxograma do processo. Esta
representao grfica facilita a identificao de todos os passos do processo e como estes
esto relacionados entre si. Conforme BARROS (2005), o fluxograma de processo deve
tambm dar especial ateno a diversos passos muitas vezes negligenciados nos
fluxogramas de processo tradicionais. Estes incluem: armazenagem, fluxo e manuseio de
materiais; manuteno e reparo dos equipamentos; subprodutos liberados para o meio
ambiente com emisses fugitivas.
O prximo passo quantificar as informaes referentes ao fluxograma do
processo. A fontes de consulta mais comuns so as notas de compra de matria prima,
contas de gua e energia eltrica, entre outras. As informaes que se deve recolher so:
consumo de gua, vazo de efluente lquido, resduos slidos, matrias-primas e consumo
de energia, em termos quantitativos e de custos. Algumas informaes podem no estar
disponveis em documentos. Nesses casos, ser necessrio realizar medies no processoprodutivo.
Para uma melhor compreenso dos dados coletados, preciso que sejam criados
indicadores: parmetros que sero utilizados no monitoramento do processo. O prximo
passo reunir o ECOTIME para estudar e avaliar as informaes. Deve-se considerar o
volume de resduos gerados, a toxidade destes e a legislao pertinente, assim como o
custo de gerenciamento destes resduos e emisses e o custo da matria-prima, insumos e
energia dedicados ao processo.
Com base nessa anlise deve-se definir a orientao a ser dada ao trabalho, os
produtos ou etapas dos processos a serem priorizados. BARROS (2005) relata que, emprincpio, todos os processos e unidades de operao podem ser candidatos ao foco de
avaliao. Contudo, a seleo orientada normalmente por razes financeiras, de
legislao, ambientais e de recursos humanos disponveis.
Tambm esta orientao da seleo foi constatada na empresa visitada, conforme
relatado pelo ENTREVISTADO 8 (ANEXO 2) : [...] ns fizemos o levantamento, vimos onde
estava gastando mais e escolhemos, no aleatoriamente.
2.2. Balano de Material e Energia
Consiste em identificar, quantificar e analisar as entradas e sadas de material e
energia em determinado processo/equipamento/posto de trabalho. A ilustrao da Figura 4
demonstra os parmetros a serem considerados. O objetivo localizar os processos onde
se encontram os maiores custos de matria-prima e a maior gerao de resduos, e ainda
identificar o quanto se gasta em cada processo.
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Figura 4 - Balano de massa e energia
FONTE: GUETHI, 2003
2.3. Sntese
Neste momento, hora de analisar todos os dados coletados nas etapas anteriores.
Feito o balano de massas nos processos e/ou setores priorizados, o ECOTIME dever
avaliar as causas da gerao de cada resduo 1, identificando as oportunidades de melhoria,
a fim de deixar de ger-lo ou ao menos reduzir a gerao do resduo. As opes posteriores
so a reciclagem interna e externa.Todavia, apesar de se arrecadar com a venda de resduos, deixar de ger-los pode
ser muito mais lucrativo, pois, o que ser vendido a preo de sucata, certamente foi
comprado a preo de matria prima e ainda consumiu insumos (materiais e energia) para
sua transformao. A matria prima bobina de ao, por exemplo, utilizada pela Metalrgica
GG Ltda, comprada conforme cotao do dlar, porm os resduos so vendidos a preo
de sucata, conforme relatado na visita.
Nesta etapa importante identificar as medidas imediatas, as mais bvias,
conhecidas como solues caseiras (housekeeping), pois estas so o cerne da Produo
Mais Limpa. As medidas de mdio e longo prazo no devem ser desconsideradas doravante
tambm devero ser trabalhas pela empresa de forma estratgica. Deve-se considerar que
tais medidas englobam: materiais, procedimentos, lay out, fluxo de materiais, processos,
produtos e servios. A Figura 5 ilustra os aspectos envolvidos no estudo de identificao e
avaliao das oportunidades de melhoria.
1Rede de Produo Mais Limpa, 2003.
PROCESSO
ENTRADASMatrias-primas
Materiais secundrios
UTILIDADESCombustveis: gs
natural, leo, carvo ...
ENERGIAEletricidade
Aquecimento
SADASProdutos
Sub produtos
RESDUOSSlidosLquidos
EMISSESGasosa
Trmica, Rudos
PROCESSO
ENTRADASMatrias-primas
Materiais secundrios
UTILIDADESCombustveis: gs
natural, leo, carvo ...
ENERGIAEletricidade
Aquecimento
SADASProdutos
Sub produtos
RESDUOSSlidosLquidos
EMISSESGasosa
Trmica, Rudos
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Figura 5 - Identificao e avaliao das opes da P+LFONTE: GUETHI, 2003
A seguir, as opes so avaliadas sob os pontos de vista tcnico, ambiental e
econmico, de forma a subsidiar a escolha da melhor alternativa, ou seja, aquela que
atende de maneira mais favorvel ao serem considerados todos os aspectos. Um Plano de
Ao deve ser traado, de forma a organizar os trabalhos e estabelecer metas e prazos.
2.4. Implantao
Este o momento de colocar em prtica o Plano de Ao, controlando e
monitorando os resultados. Os benefcios ambientais e econmicos devem ser avaliados,
comparando-os com as metas pr-estabelecidas. A metodologia da Produo Mais Limpa,
por definio, uma ferramenta de aplicao contnua. Isto posto, a P+L tambm necessita
de monitoramento constante e avaliao dos resultados de maneira a garantir a
continuidade do trabalho.
Os resultados podem ser avaliados, segundo BARROS (2005), pela alterao da
quantidade e da toxidade dos resduos e efluentes, pela reduo no consumo de recursos
(incluindo energia) e pela melhoria na lucratividade da empresa.
Assim como os colaboradores foram, no incio a implantao, informados sobre o
trabalho a ser realizado, neste momento indispensvel divulgar os resultados obtidos para
que toda a empresa tenha conhecimento dos benefcios alcanados com o empenho e a
dedicao de cada um. Afinal, os benefcios no so restritos ao campo econmico, mas o
principal ganho ambiental e social desta prtica.
PROCESSO
Mudana daTecnologiaProdutiva
Modificao noEquipamento
Substituio deMatria-prima
SoluesCaseiras
MelhoresControles deProcessos
Produo deSub-produtos
Modificao doProduto
ReciclagemInterna,
Recuperao
PROCESSO
Mudana daTecnologiaProdutiva
Modificao noEquipamento
Substituio deMatria-prima
SoluesCaseiras
MelhoresControles deProcessos
Produo deSub-produtos
Modificao doProduto
ReciclagemInterna,
Recuperao
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Para a manuteno dos resultados alcanados e a melhoria contnua do programa,
preciso estabelecer um Plano de Monitoramento e Continuidade.
O melhor modo de sustentar atividades de P+L a introduo de um
programa que inclua todas as atividades necessrias para obter oentusiasmo e o comprometimento de todos os colaboradores. Em muitos
casos, as empresas continuam com as avaliaes, determinando uma rea
especfica para isso ou gerando um sistema de melhoria contnua na
empresa, em que todas as reas participam, com idias de melhorias de
seus empregados (BARROS 2005).
3. IMPLANTAO DA P+L NA METALRGICA GG LTDA
Para enriquecer a pesquisa e creditar os resultados que podem ser alcanados com
a implantao da Produo Mais Limpa, foi procurada uma empresa onde se pudesse
observar um caso prtico de aplicao desta ferramenta.
Com esse objetivo, inicialmente foi realizado contato com o Centro Nacional de
Tecnologias Limpas (CNTL) na tentativa de encontrar uma empresa, nas proximidades de
Juiz de Fora, que tenha obtido sucesso com a implantao da P+L. O CNTL passou o
contato para a Federao das Indstrias de Minas Gerais (FIEMG), em Belo Horizonte.
Ento, a Gerncia de Meio Ambiente da FIEMG disponibilizou uma relao com empresas
situadas no municpio de Ub que participaram do programa de P+L, sugerindo que
anteriormente se consultasse o sindicato das indstrias daquela cidade. Dentre as oito
empresas relacionadas pela FIEMG, a coordenao do Intersind indicou trs, sendo uma
delas a escolhida para a visita.
A Metalrgica GG Ltda uma indstria do setor moveleiro que fabrica peas e
acessrios para mveis. O empreendimento conta com oitenta funcionrios empenhados na
produo de peas em polmeros injetados e peas estampadas em ao.
3.1. Descrio do processo produti vo
O processo de fabricao das peas plsticas tem incio com o recebimento da
matria prima, o polmero granulado (polietileno, polipropileno, poliestileno). O material
ento introduzido nas injetoras, resultando em peas no estado bruto. O operador da
mquina seleciona o produto, retira manualmente as aparas e separa os rejeitos e sobras do
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processo de injeo. Aps este processo, as peas so encaminhadas para o setor de
acabamento, onde so organizadas em ganchos para facilitar o manuseio. Recebem uma
camada de verniz e, aps a secagem, so encaminhadas para metalizao.
O processo de metalizao se d pela deposio de uma fina camada de alumnio
sobre a pea envernizada. Em uma cmara de vcuo, so aquecidos, por corrente eltrica,
vrios filamentos de alumnio que, ao se fundirem e evaporarem formam uma nvoa de p.
Devido ao movimento de rotao e translao dos ganchos dentro da cmara, o p de
alumnio depositado uniformemente sobre as superfcie das peas, reagindo com a
camada de verniz e resultando em um acabamento idntico cromagem de metais. Aps
este processo, as peas so retiradas dos ganchos e ento cada uma receber um parafuso
ao longo do eixo central, o qual servir para sua fixao ao mvel a que se destina.
Outro tipo de acabamento a pintura, em cores selecionadas de acordo com o
pedido do cliente. Por ltimo, as peas so embaladas individualmente de forma a preservara qualidade do produto.
A pea de ao que estava sendo produzida na empresa, por ocasio da visita, trata-
se de um rodzio onde o suporte e eixo so de ao e a roda fabricada em polmero,
tambm injetada na prpria empresa. A chapa de ao chega em bobinas de fita e passa por
uma prensa onde ser estampada. Aps a estampagem, as peas so dobradas no formato
final e ento encaminhadas para fosfatizao, que consiste num tratamento superficial
antioxidante, sendo este processo realizado em outra empresa especializada. As peas, ao
serem recebidas j fosfatizadas, seguem para a montagem juntamente com o eixo e a roda.
Depois de montados os rodzios, o produto embalado para expedio.
3.2. A implantao da Produo Mais Limpa
Como ser relatado a seguir, o processo de implantao da P+L na Metalrgica GG
Ltda deu-se conforme descrito no incio deste Captulo, na reviso da literatura sobre o
tema. Os passos, procedimentos e principalmente os resultados ratificam o conhecimento
encontrado nas fontes de consulta, promovendo o encontro da teoria dos manuais com a
prtica do cho de fbrica.
A Federao das Indstrias de Minas Gerais (FIEMG) convidou as empresas do
Plo Moveleiro de Ub para participarem de um programa de Produo Mais Limpa. O
Diretor da Metalrgica GG Ltda, ao tomar conhecimento da proposta, encaminhou ento
dois de seus funcionrios para realizarem um treinamento inicial sobre o tema. Neste
momento ficou evidenciado o comprometimento da direo, que, conforme citado
anteriormente, o primeiro passo para o sucesso do programa. Os funcionrios treinados
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serviram de multiplicadores, formaram o ECOTIME na empresa com outros oito
componentes, sendo um de cada setor envolvido, e logo comearam os trabalhos, tudo
conforme a metodologia da P+L, sempre com acompanhamento dos consultores da FIEMG.
Inicialmente houve uma assemblia geral, onde todos os funcionrios foram
informados e orientados sobre o trabalho que seria feito. Depois, ao longo do processo de
implantao, foram realizadas outras reunies setoriais e do ECOTIME a fim de organizar e
dar andamento aos trabalhos de implantao da Produo Mais Limpa.
Seguindo a metodologia, passo a passo os processos foram avaliados e as
solues implementadas. Os colaboradores que lideram o ECOTIME relataram as
oportunidades de melhorias verificadas com a P+L e nas quais foram obtidos resultados:
consumo de gua, consumo de energia eltrica, gerao de resduo de chapa de ao,
gerao de resduo de polmeros e destinao dos resduos da fbrica.
3.3. Consumo de gua
3.3.1. Oportunidade de melhoria
A empresa abastecida por um poo localizado no empreendimento. Segundo
relatado pelos facilitadores, periodicamente o nvel de gua do poo baixava e a bomba
aspirava areia, o que causava problemas mecnicos e deficincias no abastecimento. A
maior parte da gua consumida utilizada na refrigerao das mquinas injetoras. Sem
refrigerao as mquinas no funcionavam e a produo parava.
O ECOTIME observou que diariamente uma grande quantidade de gua era
desperdiada ao final do ltimo turno, aproximadamente 1.800 litros. Isto acontecia porque,
ao se desligar as mquinas, a gua do sistema de refrigerao retornava para a torre de
resfriamento e para o reservatrio. Como este estava instalado em nvel abaixo do piso da
fbrica, recebia todo o volume de gua localizado nas tubulaes e equipamentos
refrigeradores que descia por gravidade. Porm, a capacidade da caixa era inferior ao
volume retornado e, por isso, transbordava para o sistema de captao de guas pluviaistodas as noites. Por conseqncia, na manh seguinte, era necessrio ligar novamente a
bomba para retirar gua do poo resultando em maior consumo de gua e tambm de
energia eltrica. Outra perda se devia ao tempo dedicado a tal operao, considerando
ainda ajustes devido entrada de ar no sistema e outros problemas operacionais.
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3.3.2. Soluo proposta
Inicialmente foi instalado um hidrmetro na sada da bomba do poo a fim de se
quantificar o consumo de gua, ou seja, tarefa da fase de diagnstico. Aps medies,
chegou-se a um consumo dirio de aproximadamente 1.800 litros de gua.
A soluo proposta e implantada foi bem simples: elevao do nvel da torre e do
reservatrio do sistema de resfriamento.
3.1.3. Resultados alcanados
Com a elevao da torre e do reservatrio o trasbordamento foi solucionado. Ao se
desligar o sistema, parte da gua permanece nas tubulaes e equipamentos, o volume que
retorna menor e compatvel com a capacidade do reservatrio. Com a mudana, oconsumo dirio passou para aproximadamente 80 litros de gua, nmero bem inferior aos
1.800 litros consumidos antes da mudana.
Ns atuamos no consumo de gua, como voc mesmo viu, ns tnhamos
uma perda de 444.200 litros anuais. Era uma perda inevitvel, o lay out do
sistema de refrigerao estava errado. [...] ento ns estudamos,
pensamos, trabalhamos, conversamos muito sobre isso e vimos que
poderia mudar. Foram investidos aproximadamente R$ 1.690,00 e a
mudana realizada, uma torre e caixa dgua um pouco mais elevadas,resultou numa economia anual de 385.000 litros de gua. (ENTREVISTADO
8, ANEXO 2).
3.4. Consumo de energia eltrica
3.2.1. Oportunidade de melhoria
A Produo Mais Limpa atuou tambm no consumo de energia eltrica, que
inicialmente se aproximava dos 19.000 KWh/ms. A eletricidade utilizada no processo
para iluminao, sistema de refrigerao, mquinas e motores em geral. As mquinas
injetoras de polmeros so as maiores consumidoras, pois a matria-prima fundida com a
energia trmica produzia nas resistncias eltricas daqueles equipamentos.
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3.2.2. Soluo proposta
Algumas medidas simples, solues caseiras1, foram adotadas, das quais so
citadas: desligamento da chave geral da subestao ao final do ltimo turno, monitoramento
das medies da subestao a cada turno, maior aproveitamento da iluminao natural e
conscientizao dos operrios. Outras medidas tcnicas foram necessrias, como a
substituio dos capacitores para correo do fator de potncia das mquinas e circuitos,
substituio dos motores por outros de melhor rendimento e tambm a modificao em
alguns equipamentos, como a instalao de sistemas de acionamento de motores
(termostatos, temporizadores) a fim de se evitar o funcionamento contnuo e desnecessrio.
A alterao no sistema de resfriamento de gua tambm influenciou no resultado, pois a
bomba do poo passou a ser ligada com menor freqncia e por perodos mais curtos.
3.2.3. Resultados alcanados
Com estes procedimentos, o consumo mensal foi reduzido para aproximadamente
10.000 KWh/ms. Um resultado bastante significativo, principalmente pelo alto custo deste
insumo. Mais uma vez a Produo Mais Limpa obteve sucesso.
O envolvimento dos funcionrios foi imprescindvel para o resultado positivo,
conforme relatado.
[...] mas tudo isso foi realizado mediante informao, um esclarecimento que
foi dado aos colaboradores [...] Ou seja, todos se envolveram no processo e
houve ento uma mudana radical, ns sentimos praticamente uma queda
no consumo de energia em torno de 43% a 47%. E isso, deixo bem claro,
foi um trabalho de quatro meses, porm de resultado quase que imediato,
de curto prazo mesmo. (ENTREVISTADO 8, ANEXO 2).
3.5. Gerao de resduo de chapa de ao
3.5.1. Oportunidade de melhoria
O ao matria-prima utilizada na fabricao do suporte do rodzio, estampado em
uma fita. Os resduos desta fita representavam grande perda para a empresa. A cada dois
1Conforme item 2.3. Sntese.
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meses era recolhida uma quantidade aproximada de