o ecodesign como ferramenta de gestão ambiental aplicada ao
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IX ENCONTRO NACIONAL DA ECOECOOutubro de 2011Brasília - DF - Brasil
O ECODESIGN COMO FERRAMENTA DE GESTÃO AMBIENTAL APLICADA AO SETOR DACONSTRUÇÃO CIVIL: O CASO DO CONDOMÍNIO HORIZONTAL CAMPINA HOME RESORT EMCAMPINA GRANDE–PB
Rosângela Gomes da Silva (UFCG) - [email protected] em Administração
Rodolfo Gabriel Souza Ferreira (UFCG) - [email protected] em Engenharia Civil
Maria de Fátima Martins (UFCG) - [email protected] do Curso de Administração UFCG. Doutoranda em Recursos Naturais - UFCG. Mestre em Engenharia deProdução. Pesquisadora do GEGIT.
Verônica Macário de Oliveira (UFCG) - [email protected] do Curso de Administração UFCG. Doutoranda em administração-UFPE. Mestre em Engenharia deProdução.
Gesinaldo Ataíde Cândido (UFCG) - [email protected] Titular do curso de administração. Professor permanente dos cursos de Pós graduação em RecursosNaturais-UFCG e Engenharia de Produção - UFPB.
O ECODESIGN COMO FERRAMENTA DE GESTÃO
AMBIENTAL APLICADA AO SETOR DA CONSTRUÇÃO
CIVIL: um estudo de caso em condomínio horizontal
RESUMO
A crescente preocupação com a preservação ambiental e a procura dos
consumidores por produtos ecologicamente corretos, levam as empresas a
necessidade de adotarem modelos de gestão ambiental, visando diminuir os
impactos dos produtos ao meio ambiente e a sociedade. Assim, foram criados
alguns modelos e ferramentas de gestão ambiental, dentre eles encontra-se o
ecodesign, que através de sua teia de estratégias, possibilita incorporar as questões
ambientais em todas as fases do ciclo de vida dos produtos, desde a sua
concepção, escolha de materiais, processo produtivo, utilização, otimização da
vida útil e descarte, visando reduzir os impactos ambientais dos produtos. Nesse
sentido, o presente artigo tem como objetivo identificar os aspectos do ecodesign
no Condomínio Campina Home Resort em Campina Grande – PB, a partir da
percepção da equipe de elaboração do projeto. Quanto à metodologia, esta
pesquisa consiste em um estudo de caso, de natureza exploratória e descritiva, a
partir da adaptação da Teia das Estratégias do Ecodesign proposta pelo PNUMA e
apresentada por Hamel e Cramer (2002) na elaboração do instrumento de coleta
de dados, o qual foi aplicado junto à equipe responsável pela elaboração e
execução do projeto do condomínio. A relevância consiste em evidenciar a
importância do Ecodesigncomo uma ferramenta de gestão ambiental aplicada ao
setor de construção civil, como forma de reduzir os impactos do setor. Os
resultadosevidenciaram que as estratégias de ecodesign são totalmente relevantes
para o empreendimento, com exceção a variável desmaterialização que foi
classificada pela equipe responsável pelo projeto com pouca relevância. Porém, a
aplicação ocorre em nível menor, mas com significativa incorporação de tais
práticas em quase todas as estratégias, exceto a estratégia que trata da distribuição
eficiente do produto.
Palavras-Chave: Ecodesign. Gestão Ambiental. Construção Civil. Condomínios.
THE ECODESIGN AS MECHANISM OF MANAGEMENT
ENVINRONMENTAL APPLIED IN SECTOR CIVIL CONSTRUCTION: A
STUDY CASE IN CONDOMINIUM HORIZONTAL
ABSTRACT
The increasing concern with the environmental preservation and consumer
demand for products more ecological, leading companies to adopt environmental
management models in order to reduce the impacts of the products to the
environment and society. Although, some models have been created and
environmental management tools, among them is the ecodesign, which through its
web of strategies, allows incorporate environmental questions into all phases of
product lifecycle, from its conception, choice of materials, production process,
use, optimum usable life and disposal, to reduce the environmental impacts of
products. In this sense, this article aims to identify aspects of ecodesign on
Condominium Campina Home Resort in Campina Grande -PB, from the
perception of the project design team. On the methodology, this research is a case
study, exploratory and descriptive, from the adaptation of the Ecodesign Web
Strategies proposed by PNUMA and by Hamel and Cramer (2002) in developing
the data collection instrument, which was applied with the team responsible for
establishing and implementing the condominium project. The relevance is to
emphasize the importance of ecodesign as an environmental management tool
applied to the construction industry as a way to reduce the impacts of this sector.
Keywords: Ecodesign, Environmental Management, Civil Construction,
Condominiums.
1. INTRODUÇÃO
A preocupação com as questões ambientais sempre se fez presente na
história da humanidade, porém pode-se perceber um acentuado aumento de tal
preocupação nas últimas quatro décadas, onde se observou que o aumento nas
escalas de produção, apesar de ter trazido benefícios para a humanidade, como a
geração de riquezas e o crescimento econômico, trouxe consigo impactos
negativos para o meio ambiente.
A partir do momento que a sociedade vai se conscientizando da
necessidade de se preservar o meio ambiente, a população começa a pressionar o
meio empresarial a buscar formas de incorporar modelos e ferramentas de gestão
ambiental em seus processos produtivos. Em meio às ferramentas e modelos que
são utilizados, destaca-se a aplicação dos conceitos de ecodesign, que consiste no
método de projetar novos produtos, visando evitar ou diminuir os impactos
ambientais, juntamente com a redução de custos e uso consciente dos produtos.
De acordo com Guelere Filho et al. (2008, p. 5) o ecodesign busca principalmente
a “minimização dos impactos ambientais durante todo o ciclo de vida de um
produto sem comprometer, no entanto, outros critérios essenciais como
desempenho, funcionalidade, estética, qualidade e custo”.
É nesse sentido que a ferramenta apresenta-se, com significativa relevância
para os processos da Construção Civil. Uma vez que entre as atividades
econômicas que mais causam impacto ao meio ambiente está a Indústria da
Construção Civil (ICC), pois consome grandes quantidades de matéria-prima e
energia, produz grandes volumes de resíduos e poluição, contribuindo com a
degradação ambiental e tornando-se responsável por grandes impactos ambientais.
Por outro lado, a ICC é reconhecida como uma das mais importantes atividades
para o desenvolvimento econômico e social, no que se refere à grande absorção de
mão de obra e pelo poder de geração de empregos diretos e indiretos.
Nesse sentido, o setor da ICC necessita de mudanças no sentido de buscar
incorporar uma postura estratégica frente às pressões do mercado, sociedade,
governo, entre outros, visando adoção de práticas que minimizem os impactos
ambientais da indústria civil. A partir da incorporação de variáveis ambientais nos
objetivos estratégicos, cujos resultados são a melhoria do desempenho ambiental e
produtos mais sustentáveis, o que requer medidas urgentes para minimização
desses impactos em todas as fases do ciclo de vida dos produtos gerados. Com
base no exposto, o presente artigo tem como objetivo identificar os aspectos do
ecodesign no Condomínio Campina Home Resort em Campina Grande – PB, a
partir da percepção da equipe de elaboração do projeto.
Além desta parte introdutória, o artigo apresenta o referencial teórico que
trata das questões referentes à gestão ambiental, a ferramenta de Ecodesign e os
aspectos relacionados ao setor de construção civil. Em seguida são apresentados
os procedimentos metodológicos utilizados, os resultados alcançados e, por fim,
têm-se as considerações finais do estudo.
2 GESTÃO AMBIENTAL
Até o final da década de oitenta e início da década de noventa, as empresas
tinham pouco interesse nas questões ambientais e, na sua maioria, apenas
limitava-se a atender a legislação. Nos últimos anos, com o aumento do
conhecimento sobre a ameaça ao meio ambiente e a sobrevivência das gerações
futuras, as organizações começaram a compreender que a responsabilidade
ambiental se tornou um pré-requisito para continuarem suas atividades no
mercado. Essa evolução se deu ao longo da historia depois de perseber o almento
da degradação logo apos sofrer com as consequencias, principalmente nos ultimos
anos. Com isso as questões ambientais ganharam atenção e teve um crencimento
na visão da sociedade, fato mais aparente apartir dos anos 60.
Com a persepção do problema, teve-se inicio mobilizações com
conferencias e criação de tratados como a Conferencia de Estocolmo (1972),
criando o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA);
Comissão Mundial para o Desenvolvimento e Meio Ambiente em 1986 com o
Relatório de Bruntland ou o relatório “Nosso Futuro Comum”; Conferencia Rio
92 (Rio de Janeiro - 1992) resultando na Agenda 21; a Rio+10 (Johanesburgo -
2002) com o aprimoramento da Agenda 21; a COP15, 15ª Conferência das Nações
Unidas sobre as Mudanças Climáticas realizada em Copenhage 2009. Outras
conferencias e tratados também foram importantes, assim como as citadas acima,
tratando sempre temas relacionados às questões ambientais ou de forma mais
ampla os aspectos da sustentabilidade, como forma de buscar soluções para os
problemas que emergem com a evolução da sociedade, bem como, propostas a
serem adotadas para mudanças de comportamentos individuais e coletivos,
visando a incorporação de práticas mais sustentáveis.
Diante dos movimentos ambientalistas, das ações governamentais e do
aumento da conscientização da sociedade em relação ao meio ambiente, as
organizações buscam se adaptar a este novo cenário criando novos setores
voltados à gestão dos resíduos por elas produzidos, surgindo assim, a gestão
ambiental, que é conceituada por Mouco et al (2006, p. 4) como sendo o sistema
que inclui na estrutura organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades,
práticas, procedimentos, processos e recursos para desenvolver, implementar, atingir,
analisar criticamente e manter a política ambiental; é o que a empresa faz para minimizar
ou eliminar os efeitos negativos provocados no ambiente pelas suas atividades.
Nesse contexto, as empresas passam a desempenhar um papel primordial
diante das questões relacionadas ao meio ambiente, onde seu papel antes de
coadjuvantes na preservação e minimização dos impactos ambientais por elas
provocados passa a ser o de gerenciadoras de tais impactos, buscando resolver e
minimizar os problemas ambientais durante o processo de produção e não só após
tal processo. A gestão ambiental tem o objetivo de promover à proteção e a
preservação ambiental, buscando o desenvolvimento sustentável.
A gestão ambiental dispõe de algumas propostas de modelo que
proporciona à empresa redução dos impactos maléficos sobre o meio ambiente.
De acordo com Barbieri (2007), os modelos de gestão ambiental proporcionam às
empresas uma orientação das decisões referentes às questões ambientais e a
relação com as outras questões empresariais, onde as empresas tanto podem
desenvolver seus próprios modelos ou aderir aos vários modelos de gestão
ambiental existentes. Dentre esses modelos, encontram a ferramenta ecodesign
que busca criar mecanismos para desenvolver atividades ecologicamente corretas,
cujo foco está tanto no planejamento do produto como também nos aspectos
ligados ao processo de produção e ao consumo.
2.1 Ecodesign e a Teia das Estratégias
A crescente preocupação com a preservação do meio ambiente tem levado
as empresas a desenvolverem produtos ecologicamente corretos que atendam as
exigências dos consumidores e da legislação; para isto, estas empresas estão
adotando ferramentas de gestão ambiental que são utilizadas durante todo o
processo produtivo, como é o caso do Ecodesign.
O conceito de ecodesign surgiu a partir de projetos para o meio ambiente
(DfE - Design for Environment), que foi quando as indústrias eletrônicas dos
EUA criaram uma associação, conhecida como Associação Americana de
Eletrônica (American Electronics Association), com a preocupação de
desenvolver projetos que fossem menos agressivos ao meio ambiente.
Inicialmente, os benefícios eram dados aos membros da associação, mas foi
crescendo rapidamente o interesse pelo assunto e, assim, o ecodesign passou a ser
utilizado em outros setores como programa de gestão ambiental e de prevenção da
poluição, incluindo as questões ambientais na concepção de novos produtos,
processos ou serviços (NASCIMENTO; VENSKE, 2006).
O Ecodesign viabiliza a fabricação de produtos ecologicamente corretos,
propiciando a avaliação de todas as etapas do processo de fabricação, desde a
aquisição de matérias-primas até a disposição final, considerando todos os
critérios relevantes de qualidade, desempenho, funcionalidade, estética e custo.
Para isso, é preciso segundo Bandeira (2003), que os projetistas, durante o
processo de criação e desenvolvimento de produtos, procurem utilizar os recursos
tecnológicos, financeiros e ambientais disponíveis, da melhor forma possível,
sempre buscando a preservação do meio ambiente e a integridade do ser humano.
A prática de ecodesign pode trazer as empresas novas oportunidades de
negócio e benefícios como a redução dos custos de produção e dos impactos
ambientais causados pelo processo produtivo, bem como o gerenciamento eficaz
dos resíduos e a otimização na utilização dos recursos naturais e da matéria prima.
Para subsidiar a implantação desse modelo de forma eficiente nas empresas, é
preciso identificar os fatores internos e externos que norteiem e alicercem tal
implantação. Os principais fatores internos que incentivam às empresas na
implantação do Ecodesign, consistem na redução do impacto ambiental, redução
de custos, melhoramento da imagem, novas oportunidades de mercado, entre
outros. Já os estimulantes externos consistem na legislação do governo, pressão
ambiental de organizações industriais, demandas dos consumidores, competidores
que já aplicaram opções especificas de ecodesign em seus produtos (ACOSTA et
al, 2009).
Para Acosta et al (op. cit.), as fases do processo de ecodesign, tem como
foco a otimização do uso dos recursos naturais, diminuindo os custos e
aumentando a produtividade. Para isto, são necessárias ferramentas que
identifiquem desde o início, problemas funcionais, econômicos ou outros
associados ao desenvolvimento de produtos. De acordo com Nascimento e
Venske (2002), o ecodesign pode ser dividido em cinco fases, com estratégias
diferenciadas em cada fase, visando à diminuição do impacto ambiental, conforme
Quadro 1:
FASES DESCRIÇÃO
1° Fase de pré-
produção
Onde são projetados novos produtos, planejando os materiais que serão utilizados em sua produção e avaliando todo o ciclo de vida deste produto bem como os impactos ambientais que serão gerados procurando minimizá-los.
2° Fase de produção
Esta fase envolve todas as atividades de transformação de materiais em produtos acabados, incluindo seu armazenamento, transporte interno da matéria-prima, montagem e acabamento. Durante esta fase, é de fundamental importância a utilização da ecoeficiência quando no projeto de novas plantas produtivas, onde serão selecionadas as técnicas que utilizaram o mínimo de recursos naturais e geração de resíduos.
3° Distribuição
Nesta fase existem processos distintos e complementares que consomem materiais e energia, como a embalagem, o transporte e a armazenagem. Buscando a utilização de embalagens reaproveitáveis, como é o caso da reciclagem; otimização dos espaços para estocagem e transporte de produtos.
4° Uso do produto
ou serviço
Nesta fase, será elaborado o levantamento do consumo de energia, insumos e matérias-primas que serão consumidos pelo produto durante sua vida útil.
5° Descarte ou reutilização
Cuida para que finda a vida útil do produto, este possa ser reutilizado ou reaproveitado em sua maior parte, e recolhido de forma correta aqueles que não possam ser reciclados. Evitando assim, agressões ao meio ambiente. As fases do processo de ecodesign demonstradas, podem ser utilizadas por diferentes organizações. Para que a empresa possa se auto-avaliar e desenvolver estratégias de melhoria, esta pode adotar a teia das estratégias de ecodesign, como veremos a seguir.
Quadro 1 – Fases do Ecodesign. Fonte: Elaborado com base em Nascimento e Venske (2002).
Com o intuito de reduzir os impactos ambientais, a otimização do uso dos
recursos naturais e a redução dos custos, as fases do processo de ecodesign
demonstram como a ferramenta de ecodesign pode ser utilizada por diferentes
organizações. Para que o desempenho da produção ocorra de forma equilibrada
com o meio ambiente, são necessárias práticas que permitam à empresa identificar
desde o inicio do desenvolvimento do produto os impactos gerados destas
atividades no ambiente.
Os princípios para a implantação do ecodesign foram definidos pelo
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e compreendem
oito fases que servem como orientação para as propostas de implantação pelas
empresas, a saber: no nível base, o desenvolvimento de novos conceitos; no nível
1, a seleção de materiais de baixo impacto; no nível 2, a redução de materiais; no
nível 3, a otimização das técnicas de produção; no nível 4, a otimização dos
sistemas de transporte; no nível 5, a redução do impacto de uso; no nível 6, a
otimização do tempo de vida útil; e no nível 7, a otimização do fim da vida útil
(HEMEL e CRAMER, 2002).
A partir desses princípios, verifica-se a necessidade de definir algumas
estratégias que contribuam para uma avaliação das práticas empresariais frente às
questões ambientais, como também para possibilitar uma melhoraria no
desempenho ambiental dos produtos. O PNUMA enveredou esforços nesse
sentido e desenvolveu a denominada Teia das Estratégias de Ecodesign (Figura 1).
Figura 1 – Teia das Estratégias do Ecodesign.
Fonte: UNEP, 1996 apud Nascimento e Venske, 2006.
A teia das estratégias de ecodesign consiste em um conjunto de diretrizes
básicas, que devem ser tomadas visando à redução do impacto ambiental global
de um produto. Essas estratégias facilitam a integração das questões ambientais no
processo de desenvolvimento do produto, já que ela cobre todo o seu ciclo de
vida, desde as questões de design (projeto), seleção de materiais, produção,
distribuição, uso e fim de vida útil. Para que a empresa possa se auto-avaliar e
desenvolver estratégias de melhoria, ela pode adotar a teia das estratégias de
ecodesign, conforme explicado na sequência.
No nível 0, Desenvolvimento de um Novo conceito, é avaliado as
possibilidades de desmaterialização do produto, se ele pode ter um uso
compartilhado sobre existência de funções integradas e buscando otimizar o
produto e seus componentes. Com relação aos componentes do produto tem-se os
níveis 1 e 2, que correspondem a seleção de materiais de baixo impacto e a
redução do uso de materiais, permitindo a melhor utilização dos materiais e seu
uso em novos tipos de materiais, como os reciclados. Como estruturação do
produto temos os níveis 3, 4 e 5, representando as técnicas de produção, sistema
de distribuição e redução dos impactos ambientais no nível do usuário,
respectivamente, cada uma destes níveis fazem parte de um ponto crucial, que é a
produção, distribuição e o uso do produto, com a previsão destes aspectos pode-se
controlar o próximo nível, ou ao menos prevenir-se com relação ao produto. No
ultimo nível tem-se a sistematização do produto, estratégias 6 e 7, ainda no nível
de usuário e ao mesmo tempo na parte de descarte do produto, este planejamento
permitira o aproveitamento do produto, com todos os materiais e componentes
que ele possa fornecer, consequência de todas as outras estratégias.
As táticas de ecodesign apresentadas são as bases para a implantação das
técnicas relacionadas ao tema. A teia como ferramenta de ecodesign contribuirá
para uma análise dos quais as estratégias que a indústria da construção civil pode
utilizar para minimizar o impacto ao meio ambiente.
2.2 Construção Civil e as Questões Ambientais
A indústria da construção civil, apesar de contribuir significativamente
para a economia mundial, corresponde ao setor que mais provoca a degradação
ambiental; isto se deve ao fato desta atividade em todas as fases do ciclo de vida
de seu produto, quais são: projeto, extração de materiais, fabricação de elementos,
construção, uso e demolição, consumir grandes quantidades de matéria-prima e
energia, produzir grandes volumes de resíduos, causar a poluição da água, ar,
solo, além de desmatamento, aquecimento global entre outros.
Ceotto (2008) cita alguns dos impactos desse setor ao meio ambiente, que
são: consumo de 20% do total de energia produzida na Brasil; geração de 35% a
40% de todo o resíduo produzido na atividade humana; na construção e reforma
dos edifícios se produz anualmente perto de 400 Kg de entulho por habitante,
volume quase igual ao do lixo urbano; a produção de cimento gera 8% a 9% de
todo o CO2 emitido no Brasil, sendo 6% somente na descarbonatação do calcário;
assim como o cimento, a maioria dos insumos usados pela construção é produzida
com alto consumo de energia e grande liberação de CO2. Além disso, de acordo
com Handen (2008), a construção civil é responsável por utilizar 66% de toda
madeira extraída, e gera grandes quantidades de poeira seja na extração de
matéria-prima, ou na realização da obra.
Diante deste cenário, torna-se nítida a importância de se estabelecer uma
relação entre as atividades da construção civil com as questões ambientais,
conscientizando os gestores e a sociedade, quanto à necessidade de utilização de
métodos de gestão ambiental desde a concepção do projeto, a fim de possibilitar a
redução do consumo de matéria-prima e da geração de poluentes. Nesse sentido,
avaliar as questões ambientais já na etapa de concepção do projeto é fundamental,
pois é nesta etapa onde são definidos todos os pontos relevantes a serem
considerados, desde a escolha dos materiais a serem utilizados, as tecnologias e
processos de construção, até as decisões sobre o destino final do produto ao
término de sua vida útil.
Com a crescente procura por imóveis ecologicamente corretos, os
empresários do ramo da construção civil vêm investindo cada dia mais na
construção sustentável, que visa minimizar os efeitos nocivos causados por esta
atividade ao meio ambiente. Com isto, cresce o número de condomínios com
propostas sustentáveis, que atualmente já apresentam grande sucesso e aceitação
no mercado, tornando-se um diferencial para as construtoras que incorporam as
questões da sustentabilidade em suas práticas.
Nesse sentido, pode-se afirma que o conceito de construção sustentável
surge como proposta de viabilização do desenvolvimento sustentável, de acordo
com o conceito de sustentabilidade contido no relatório “Nosso Futuro Comum”
de 1987, Construção sustentável consiste em um sistema construtivo que busca
conciliar as necessidades de edificação, habitação e uso do homem moderno, e a
preservação ambiental, de forma a garantir qualidade de vida não apenas para as
gerações atuais, mais também para as gerações futuras. Nos anos de 2007 e 2008
respectivamente, a construção civil ganhou normas específicas à sustentabilidade
na construção civil, sendo a ISO 21930, que trata da declaração ambiental de
produtos para a construção civil, e a ISO 15392, que aborda os seus princípios
gerais.
Observa-se que para alcançar o objetivo da construção sustentável, é de
suma importância a observância e aplicação das estratégias de ecodesign desde a
fase inicial do processo produtivo.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Esta pesquisa foi concebida com a intenção de se obter um melhor
entendimento sobre o nível de aplicação e relevância das estratégias de ecodesign,
aplicando-as ao setor da construção civil. Sendo assim, buscou-se identificar os
aspectos do ecodesign no Condomínio horizontal Campina Home Resort (nome
fictício) localizado na Cidade de Campina Grande –PB, cujas informações foram
obtidas segundo a percepção da equipe de elaboração e execução do
empreendimento imobiliário. Desta forma, definiu-se que a forma mais adequada
para a condução desta pesquisa é o Estudo de Caso.
Em termos de métodos de procedimentos, caracteriza-se como exploratória
e descritiva. Exploratória por ter como finalidade proporcionar maiores
informações sobre o ecodesign aplicado à construção civil, facilitando a
delimitação temática do estudo, uma vez que o tema ainda é pouco explorado.
Descritiva, por exprimir características do condomínio investigado, delimitando
interligações entre as variáveis pesquisadas e as estratégias de ecodesign,
definindo suas naturezas e implicações. A unidade de análise deste estudo foi o
Condomínio Campina Home Resort em Campina Grande–PB, uma vez que este é
um empreendimento da construção civil que está sendo construído e que,
dependendo do nível de incorporação dos aspectos ambientais em seu projeto,
pode minimizar os impactos ao meio ambiente.
O instrumento de coleta de dados foi elaborado e utilizado para obter as
informações primárias, a partir de uma adaptação da Teia das Estratégias do
Ecodesign para o setor de construção civil, a partir de um conjunto de afirmativas
elaboradas para atender aos propósitos de cada variável em relação à relevância e
aplicação de tais aspectos no condomínio, onde se utilizou um conjunto de
variáveis linguísticas para classificar nenhuma, pouca ou muita aplicação e
nenhuma, pouca e muita relevância. O instrumento é composto por 08 (oito)
estratégias principais, agrupadas em 34 (trinta e quatro) variáveis, conforme
Quadro 2, com o objetivo de investigar o nível de aplicação e relevância de cada
estratégia no Condomínio em questão, a partir de um conjunto de afirmativas
elaboradas para atender aos propósitos de cada estratégia para a realidade dos
condomínios horizontais.
ESTRATÉGIAS VARIÁVEIS 0 - Desenvolvimento de novo conceito
Desmaterialização; uso compartilhado; integração de funções e Otimização funcional
1 - Seleção de materiais de baixo impacto
Materiais não agressivos; materiais renováveis; materiais reciclados; Materiais de baixo conteúdo energético; materiais recicláveis
2 - Redução de uso de materiais
Redução de peso; redução de volume; racionalização de transportes
3 - Otimização das técnicas de produção
Técnicas de produção alternativas; redução de etapas de processos de produção; redução do consumo e uso racional de energia; uso de energias mais limpa; redução da geração de refugos/resíduos; redução e uso racional de insumos de produção
4 - Sistema de distribuição eficiente
Redução e uso racional de material de divulgação do empreendimento
5 - Redução do impacto ambiental no nível de usuário
Assegurar o baixo consumo energético; Uso de fontes de energias mais limpas; Uso racional e redução de insumos durante a aplicação; Coleta e seleção de refugos/resíduos; Prevenir desperdícios através do design
6 - Otimização do tempo de vida do produto
Confiabilidade e durabilidade; Fácil manutenção e reparo; estrutura modular do produto; utilizar design clássico; zelo do usuário com o produto
7 - Otimização do sistema de vida útil
Reutilização do produto; recondicionamento e remanufatura reciclagem de materiais; incineração limpa; reaproveitamento energético
Quadro 2 - Estratégias e variáveis do ecodesign para a construção civil. Fonte: Elaborado com base na Teia das Estratégias.
Foi possível analisar as variáveis e estratégias incorporadas no
empreendimento em estudo, em função da classificação dada pela equipe
entrevistada no tocante a aplicação e relevância das variáveis para a estratégia de
ecodesign no Condomínio Campina Home Resort. Para uma melhor
caracterização das respostas foi utilizado um conjunto de cores, conforme Fig 2.
Aplicação Relevância Classificação Representação Classificação Representação
Nenhuma Nenhuma Pouca Pouca Muita Muita
Figura 2 – Representação de cada cor de acordo com o nível de aplicação e relevância. Fonte: Elaboração própria, 2011.
A partir de tal classificação foi possível analisar a contribuição de cada
variável para as estratégias correspondentes, mediante um percentual obtido em
função da frequência das respostas (nenhuma, pouca e muita) dada pelo
entrevistado para cada variável, em relação à aplicação e relevância para a
estratégia de ecodesign do projeto do empreendimento estudado. Por fim, foi
obtida a média geral das 8 estratégias evidenciando a aplicabilidade e relevância
do ecodesign para o condomínio. Para representação foi utilizado à cor verde claro
que indica “nenhuma aplicação”, verde médio “pouca aplicação”, a cor verde
escuro representa “muita aplicação”; a cor azul claro que evidencia “nenhuma
relevância”, azul médio “pouca relevância” e azul escuro “muita relevância”.
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
4.1 Caracterização do Condomínio Campina Home Resort
O Condomínio Campina Home Resort tem uma área total de 178.161,60
m² com o ponto mais baixo, em relação à rua de acesso, de 12m de altura. Este
centro residencial está dividido em 197 lotes, cada um com uma média de 535 m²
e uma área arborizada de quase 18.000 m²; dispondo de uma área comum de 6.000
m² com cerca de 40 itens de espaços como guarita, quadras para práticas
desportivas, sauna, playground, piscina, salão de festas, academia, dentre outros.
Este condomínio situado na cidade de Campina Grande - PB na proximidade da
BR, localiza-se a cerda de 2 km de distancia do centro da cidade.
4.2 Estratégias do Ecodesign no Condomínio Campina Home Resort
Os dados apresentados dizem respeito ao resultado obtido a partir dos
questionamentos realizados com a equipe responsável pelo condomínio horizontal
Campina Home Resort na cidade de Campina Grande - PB, relativo à aplicação e
relevância do ecodesign, interpretado de acordo com a Teia das Estratégias do
Ecodesign. Os resultados são apresentados na Tabela 1.
ESTRATÉGIAS VARIÁVEIS
APLICABILIDADE RELEVÂNCIA Nenhuma Pouca Muita Nenhuma Pouca Muita
0 – Desenvolvimento de um novo
Desmaterialização x
x
Uso compartilhado
x
x Otimização funcional
X
x
Integração de
X
x
conceito de produto
funções Percentual da estratégia 0
25% 0 75% 0 25% 75%
1 – Seleção de Materiais
Materiais não agressivos
x
x
Materiais renováveis
X
x Materiais reciclados
X
x
Materiais de baixo conteúdo energético
x
x
Materiais recicláveis
X
x Percentual da estratégia 1
20% 20% 60% 0 0 100%
2 – Redução de uso de materiais
Redução de peso
X
x Redução de volume
x
x
Racionalização de transportes
X
x
Percentual da estratégia 2
33% 0 67% 0 0 100%
3 – Otimização das técnicas de produção
Técnicas de produção alternativas
X
x
Redução de etapas de processos de produção
X
x
Redução do consumo e uso racional de energia
X
x
Uso de energias mais limpa
x
x
Redução da geração de refugos/resíduos
x
x
Redução e uso racional de insumos de produção
x
x
Percentual da estratégia 3
0 0 100% 0 0 100%
4 – Sistema de distribuição eficiente
Redução e uso racional de material de divulgação do empreendimento
x
x
Percentual da estratégia 4
100% 0 0 0 0 100%
5 – Redução do impacto ambiental ao nível usuário
Assegurar o baixo consumo energético
x
x
Uso de fontes de energias mais limpas
x
x
Uso racional e redução de insumos durante a aplicação
x
x
Coleta e seleção de refugos/resíduos
x
x
Prevenir desperdícios através do design
x
x
Percentual da estratégia 5
0 20% 80% 0 0 100%
6 – otimização do tempo de vida do produto
Confiabilidade e durabilidade
x
x
Fácil manutenção e reparo
x
x
Estrutura modular do produto
x
x
Utilizar design clássico
x
x
Zelo do usuário com
x
x
o produto Percentual da estratégia 6
0 0 100% 0 0 100%
7 – otimização do sistema de vida útil
Reutilização do produto
x
x
Recondicionamento e remanufatura
x
x
Reciclagem de materiais
x
x
Incineração limpa
x
x Reaproveitamento energético
x
x
Percentual da estratégia 7
0 40% 60% 0 0 100%
Média Geral 22% 68% 0% 3% 97%
10% 68% 0% 3% 97%
Tabela 1: Relevância e aplicação das estratégias de ecodesign no Campina Home Resort Fonte: pesquisa própria (2011).
A estratégia 0 corresponde ao desenvolvimento de um novo conceito de
produto, considerando as variáveis desmaterialização, uso compartilhado,
integração de funções e otimização funcional. De acordo com os dados obtidos,
observou-se que segundo a percepção da equipe, apenas a variável
desmaterialização do produto, que implica no planejamento do fim de vida do
empreendimento, não é observada durante o processo de concepção do projeto, ao
mesmo tempo em que ele alega que esta variável tem pouca relevância. As demais
estratégias como: uso compartilhado, integração de funções e otimização
funcional apresentaram alto grau de aplicação e relevância.
Na estratégia 1 refere-se a seleção de substâncias e materiais para a
concepção de um produto, que tenham baixo impacto ambiental. Quanto ao
critério de seleção de materiais, de acordo com os resultados, foi possível perceber
que apesar de considerar esta variável de muita importância, o condomínio não
prioriza a utilização de materiais de baixo impacto ambiental e de baixo conteúdo
energético durante a seleção de materiais para a sua produção. No entanto,
utilizam materiais reciclados como: blocos, pavimentos e materiais renováveis e
recicláveis.
A estratégia 2 busca reduzir o uso de substâncias e materiais,
racionalizando a construção do produto, evitando dimensões e estruturas acima do
necessário através de redução de peso, volume e a racionalização de transporte.
Foi possível perceber de acordo com o resultado da pesquisa, que apenas o quesito
redução de volume, que no caso da ICC seria a busca por diminuir as dimensões
do imóvel e continuar atendendo as necessidades de seus usuários, apesar de
considerar esta variável muito relevante, sua aplicabilidade é pouca. Para atender
a variável redução de peso, o condomínio utiliza materiais leves como o
madeiramento e para a racionalização de transportes, utiliza fornecedores locais e
faz à adaptação dos pontos de estoque próximos a construção.
A estratégia 3 referente a otimização de técnicas de produção que
contribuam para uma menor degradação do meio ambiente, buscando reduzir o
consumo de energia, a emissão de poluentes e geração de rejeitos, observou-se
segundo os resultados, que o nível de aplicação e relevância é máximo em todas
as variáveis analisadas. A equipe responsável pelo projeto do Condomínio
respondeu que não só considera essas variáveis muito importantes com também as
aplica em seu projeto. Como técnica de produção alternativa o condomínio utiliza
a Alvenaria Racionalizada, no intuito de reduzir as quebras. Em resposta as outras
variáveis, os respondentes afirmam a utilização de blocos de concreto pré-
moldado, uso de energia solar, e a preocupação com a utilização de materiais
fabricados por tecnologias que permitem reduzir resíduos, a partir da utilização de
técnicas de produção modernas.
Esta estratégia 4 referente a sistema de distribuição eficiente, visa o
transporte eficiente do produto, assegurando que sejam causados o mínimo
possível de impactos ambientais. Como este trabalho é baseado em um
condomínio, foram considerados apenas o aspecto referente a redução do uso de
materiais de divulgação do empreendimento tais como: Market e folders. Percebe-
se que essa estratégia, que cuida para que materiais de divulgação do
empreendimento sejam feitos de materiais recicláveis, apesar de considerada
muito importante, não é aplicada pelo condomínio em estudo, evidenciando a não
preocupação com a produção de material de divulgação de menor impacto
ambiental.
A estratégia 5 corresponde a redução do impacto ambiental ao nível
usuário durante o uso do produto. Esta estratégia assegura o baixo consumo
energético, uso de fontes de energias mais limpas, uso racional e redução de
insumos durante a aplicação, coleta e seleção de refugos/resíduos e prevenir
desperdícios através do design. Ao investigar a aplicação da estratégia no
condomínio horizontal Campina Home Resort, que busca a redução do impacto
ambiental ao nível de usuário, observou-se que apenas a variável prevenir
desperdícios teve pouca aplicação. A equipe responsável pelo condomínio
afirmou utilizar fontes de energias mais limpas como a energia solar para o
aquecimento das piscinas e áreas comuns; e possuir também um sistema de
seleção de resíduos para a reciclagem.
A estratégia 6 visa a otimização do vida útil de um produto, levando em
consideração os aspectos de confiabilidade e durabilidade, fácil manutenção e
reparo, estrutura modular do produto, utilizar design clássico, no sentido de estilo
e zelo do usuário com o produto. Com relação ao prolongamento do tempo de
vida do produto, enfocado nessa estratégia, o desempenho do condomínio foi
excelente. Um aspecto que merece destaque é que a equipe busca “utilizar design
clássico, no sentido de estilo”, visando preservar a identidade local da região.
Na estratégia 7 referente a otimização do sistema de vida útil, onde
enfoca a utilização do produto após a sua vida útil, para que o mesmo não
provoque impactos ambientais ao chegar nesta fase. Nesta estratégia são
consideradas a reutilização do produto, recondicionamento e remanufatura,
reciclagem de materiais, incineração limpa e o reaproveitamento energético. Esta
estratégia, que cuida do fechamento do ciclo de vida do produto, para que este
tenha um destino menos agressivo ao meio ambiente, priorizando a reciclagem de
materiais ou o reaproveitamento, observou-se que há a preocupação por parte do
condomínio com esta etapa, entretanto, as variáveis incineração limpa e
reaproveitamento energético não são aplicadas neste condomínio.
Por fim, fazendo uma síntese dos resultados, a equipe entrevistada
considerou que quase todas as variáveis investigadas, dentro de cada estratégia,
possuem muita relevância, com exceção da variável desmateriazação referente à
estratégia 0 (Desenvolvimento de um novo conceito de produto). Quanto à
aplicação, os resultados mostram que apenas a estratégia 3 referente a otimização
das técnicas de produção e a estratégia 6 referente a otimização do tempo de vida
do produto obtiveram 100% de muita aplicação. Em relação às demais estratégias,
os resultados também foram positivos em relação à aplicação dos aspectos do
ecodesign no Condomínio, uma vez que com exceção da estratégia 4 referente ao
sistema de distribuição eficiente que não é aplicada no condomínio, todas as
demais estratégias apresentaram resultados que evidenciam acima de 60% de
muita aplicação.
Com base nos resultados apresentados, a Figura 3 mostra a teia das
estratégias organizadas em um biograma que evidencia a relevância e a aplicação
das estratégias no condomínio, a partir dos percentuais em relação a todas as
estratégias.
Figura 3 – Teia das Estratégias do Ecodesign no condomínio horizontal Campina Home Resort Fonte: Elaborada própria, 2011.
Diante dos resultados e análise de todas as estratégias, pode-se verificar
uma média geral de relevância das estratégias de 97% com muita relevância, 3%
com pouca relevância e 0% nenhuma relevância. A média geral de aplicação das
estratégica evidencia 68% com muita aplicação, 10% pouca aplicação e 22%
nenhuma aplicação. Esse resultado evidencia que as estratégias de ecodesign são
de muita relevância para o empreendimento em estudo e que foram muito
aplicadas, com exceção da estratégia 4, aspectos que caracterizam o condomínio
Campina Home Resort com aderência a proposta de ser um espaço que respeita as
questões ambientais na concepção e construção do empreendimento.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante da emergente necessidade de se alcançar melhores níveis de
sustentabilidade, a gestão ambiental tem merecido destaque especial no atual
ambiente de negócios, como forma de incorporar um conjunto de variáveis
ambientais nos objetivos estratégicos e consequentemente, nas práticas
organizacionais. No contexto da indústria da construção civil, a aplicação de
ferramentas de gestão ambiental torna-se primordial, considerando os impactos
que esta atividade causa ao meio ambiente. Sendo assim, o presente artigo que
objetivou investigar os aspectos de ecodesign considerados no condomínio
horizontal Campina Home Resort na cidade de Campina Grande – PB, a partir da
percepção da equipe de elaboração do projeto, ressalta um conjunto de resultados
que evidenciam a relevância e aplicação das estratégias de ecodesign no
empreendimento em estudo.
Os resultados evidenciaram que as estratégias de ecodesign são totalmente
relevantes para o projeto do empreendimento, com exceção a variável
desmaterialização que foi classificada pela equipe responsável pelo projeto com
pouca relevância, que segundo a percepção da equipe, isso se justifica por ser um
projeto que tem uma vida longa. Porém, a aplicação ocorre em nível menor, mas
com significativa incorporação de tais práticas em quase todas as estratégias,
exceto a estratégia que trata da distribuição eficiente do produto, que por tratar-se
de um empreendimento da construção civil, considerou-se apenas o material de
divulgação do empreendimento como variável dessa estratégia, aspecto que levou
provavelmente ao resultado alcançado de nenhuma aplicação.
A equipe responsável pelo condomínio, afirmou ter conhecimento acerca
das modificações necessárias em algumas das variáveis estudadas, porém afirmam
que tais modificações implicam em aumento dos custos do empreendimento o que
inviabiliza sua implantação. Sendo assim, constata-se com essa pesquisa que a
equipe do projeto avalia o empreendimento com aderência a proposta das
estratégias de ecodesign, no sentido de incorporar práticas que minimizam os
impactos ambientais desde a concepção do produto até o descarte, entretanto, a
empresa não utiliza esse apelo ambiental para atrair seus clientes para aquisição
dos lotes comercializados.
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