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1 VANESSA MAZOCHI PRODUÇÃO DE IOGURTE PROBIÓTICO COM LEITE DE CABRA ADICIONADO DE Bifidobacterium spp. Belo Horizonte 2009 Dissertação apresentada ao Centro Universitário de Belo Horizonte como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Tecnologia de Alimentos. Área de Concentração: Mestrado Profissional em Tecnologia de Alimentos Orientadora: Professora Andréia Marçal da Silva Co-orientador: Jacques Robert Nicoli

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1

VANESSA MAZOCHI

PRODUÇÃO DE IOGURTE PROBIÓTICO COM LEITE DE CABRA ADICIONADO DE Bifidobacterium spp.

Belo Horizonte

2009

Dissertação apresentada ao Centro Universitário de Belo Horizonte como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Tecnologia de Alimentos. Área de Concentração: Mestrado Profissional em Tecnologia de Alimentos Orientadora: Professora Andréia Marçal da Silva Co-orientador: Jacques Robert Nicoli

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VANESSA MAZOCHI

PRODUÇÃO DE IOGURTE PROBIÓTICO COM LEITE DE CABRA ADICIONADO DE Bifidobacterium spp.

Dissertação defendida e aprovada em: 17 de agosto de 2008.

Banca examinadora:

__________________________________________________________________

Prof. Marcelo Resende de Souza, EV/UFMG ______________________________________________________________________

Prof. Elisabeth Neumann, Uni-BH

Dissertação apresentada ao Centro Universitário de Belo Horizonte como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Tecnologia de Alimentos. Área de Concentração: Mestrado Profissional em Tecnologia de Alimentos

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Dedico à minha família, em especial à minha filha, Giulia, que soube

aguardar, com alguma paciência, o término deste trabalho e ao meu

pai, Fábio, estando onde estiver, com certeza, está feliz com essa nova

etapa.

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Sinceros agradecimentos à Profa. Dra. Andréia Marçal da Silva, pelo

exemplo profissional, apoio incondicional e pelas oportunidades de

crescimento. Ao Prof. Dr. Jacques Robert Nicoli, pelo importante

apoio e contribuição como co-orientador e por possibilitar a execução

deste trabalho. À Tássia (“santa Tássia”), pela paciência, dedicação,

incentivo e amizade. À equipe do Projeto de Pesquisa, Cynthia,

Daniele, Flávia, Alexandra e especialmente ao Fernando pela

dedicação sem tamanho. À querida turminha dos laboratórios do UNI-

BH, Elisa, Renata, Ludmila, Giselle, Tainá e em especial à Edilene

pela convivência harmoniosa, amizade, apoio e alegrias. À Profa. Dra.

Luciana Moreira Seara pelo auxílio durante a análise estatística. À

Profa. Dra. Cléia Batista Dias Ornellas pela excelente contribuição na

análise sensorial. Aos novos amigos do curso de Mestrado

Profissional em Tecnologia de Alimentos. Aos membros da banca

examinadora, que contribuíram para o aprimoramento do trabalho.

Aos meus familiares, minha mãe, Marilene, minha tia, Marlene e ao

meu marido, Franco, pelo apoio e incentivo nos momentos certos. À

meu irmão, Giovanni, pela valiosa ajuda com o inglês. Ao Capril

Jacomé, na pessoa do Sr. José Osvaldo de Souza Tavares, pela

contribuição com os materiais utilizados, assistência e compreensão.

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5

RESUMO

O leite de cabra apresenta um alto valor nutritivo e propriedades bioquímicas que favorecem o

seu valor nutricional. No Brasil, o leite de cabra vem conquistando mercado já que a crescente

preocupação com a saúde faz com que as pessoas busquem produtos naturais que geram

benefícios ao organismo. O interesse por produtos lácteos fermentados também tem

aumentado e alguns iogurtes suplementados com bactérias probióticas têm sido

desenvolvidos. Este projeto buscou o desenvolvimento de alimentos convencionais com a

agregação de componentes probióticos que se tornam fatores promotores da saúde. Foram

elaborados iogurtes com leite de cabra contendo ou não Bifidobacterium longum, B. breve, B.

pseudolongum e B. bifidum, e adicionados ou não de aroma de morango. Parâmetros de

qualidade microbiológica e físico-química e a viabilidade das bactérias do iogurte e de

Bifidobacterium spp. foram avaliados ao longo de 40 dias de estocagem. Os dados obtidos nas

análises microbiológicas não demonstraram contaminação. Os resultados físico-químicos

encontrados para acidez titulável e para o teor de proteínas de todos os iogurtes estiveram de

acordo com os parâmetros mínimos definidos na legislação brasileira para o produto. A

análise estatística do percentual de gordura dos iogurtes mostrou não haver diferença (p <

0,05) entre o teor de gordura do leite de cabra e a de todos os iogurtes preparados. As

contagens de Streptococcus salivarius subsp. thermophilus durante a estocagem dos iogurtes

até o 40o dia foram semelhantes. Neste estudo, não foi detectado o crescimento do

microrganismo Lactobacillus delbrueckii subsp. bulgaricus nas diluições utilizadas, não

sendo possível expressar os resultados. A contagem do número de células viáveis de

Bifidobacterium spp. permaneceu entre 106 e 108 UFC/mL. Considerando-se a adição ou não

de aroma, a análise das variáveis tempo e aroma não mostrou diferença. As médias das

contagens demonstraram que nenhum Bifidobacterium apresentou um comportamento

superior à outro. No teste da escala hedônica, os iogurtes adicionados ou não de

Bifidobacterium spp. e adicionados de aroma de morango não apresentaram diferenças entre

si para os atributos aparência, aroma, sabor, textura e para a intenção de compra. O estudo

mostrou ser possível a elaboração de iogurte de leite de cabra adicionado de Bifidobacterium

spp. e de aroma de morango, com qualidade assegurada e boa aceitação pelo consumidor.

Palavras-chave: leite de cabra, iogurte, probiótico, bifidobactéria, alimentos funcionais.

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ABSTRACT

The goat milk has a high nutritional value and biochemical properties that increase its

nutritional value. In Brazil, this type of milk is sharing a good portion of the market, due to

the growing awareness of the population about health, and searching for more healthy and

natural products. The interest for fermented dairy products has increased and some probiotic

yogurts have been developed. This project was carried out to study a conventional food with

the aggregation of probiotics that become a healthy promotional factor. Yoghurts made of

goat milk were elaborated with or without Bifidobacterium longum, B. breve, B.

pseudolongum, and B. bifidum and addition or not of strawberry aroma. The hygienical-

sanitary and physico-chemical condition and the viability of the bacteria were evaluated

throughout its 40 days of shelf life. The data of the hygienic-sanitary analyses did not

demonstrate contamination. Physical-chemical results of titratable acidity and protein content

in all yoghurts were in accordance with the minimal parameters regulated on the Brazilian

legislation for this product. The statistics analysis of the percentage of fat in the yoghurts did

not show any difference between the fat in goat milk and in yoghurts. The count of

Streptococcus salivarius subsp. thermophilus during the storage of the yogurts up the 40th

day did not present any difference. In this study, problems were found with the count of

Lactobacillus delbrueckii subsp. bulgaricus. The count of viable cells of Bifidobacterium spp.

remained from 106 e 108 CFU/mL. Considering the addition or not of the aroma, the analysis

of the variables of time and aroma did not show any difference. The average demonstrating

that any Bifidobacterium presented a superior behavior to the other. In the hedonic scale test,

the yogurt with or without the addition of Bifidobacterium spp. and with strawberry aroma did

not present differences among them for the attributes of appearance, aroma, flavor, texture

and the intention of purchase. The study showed to be possible the elaboration of the goat

milk yogurt added with Bifidobacterium spp. and strawberry aroma, with quality assured and

good acceptance for the consumer.

Keywords: goat milk, yoghurt, probiotics. Bifidobacterium spp., functional foods.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 − Efetivo do rebanho caprino no Brasil – 2004............................................. 17

Quadro 2 − Comparação centesimal dos principais componentes dos leites bovino e

caprino...........................................................................................................

18

Figura 1 − Esquema de fabricação de iogurte e outros leites fermentados..................... 25

Quadro 3 − Principais funções atribuídas a microbiota intestinal.................................... 33

Quadro 4 − Definição de probióticos ao longo do tempo................................................ 34

Quadro 5 − Lista das espécies dos gêneros Bifidobacterium e Lactobacillus.................. 35

Quadro 6 − Potenciais valores nutritivos e terapêuticos de alimentos contendo agentes

probióticos.....................................................................................................

40

Figura 2 − Esquema de produção de iogurte de leite de cabra acrescido de

Bifidobacterium spp. e os diferentes pontos de coleta das amostras para

análises..........................................................................................................

52

Gráfico 1 − Média dos resultados para a acidez titulável dos iogurtes de leite de cabra

adicionados ou não de Bifidobacterium spp. sem a adição de aroma de

morango....................................................................................................

64

Gráfico 2 − Média dos resultados para a acidez titulável dos iogurtes de leite de cabra

adicionados ou não de Bifidobacterium spp. com a adição de aroma de

morango....................................................................................................

64

Gráfico 3 − Média dos resultados para o teor de proteína dos iogurtes de leite de cabra

adicionados ou não de Bifidobacterium spp. sem a adição de aroma de

morango....................................................................................................

67

Gráfico 4 − Média dos resultados para o teor de proteína dos iogurtes de leite de cabra

adicionados ou não de Bifidobacterium spp. com a adição de aroma de

morango....................................................................................................

67

Gráfico 5 − Média dos resultados para a contagem de bolores e leveduras nos iogurtes

de leite de cabra adicionados ou não de Bifidobacterium spp. sem a adição

de aroma de morango....................................................................................

72

Gráfico 6 − Média dos resultados para a contagem de bolores e leveduras nos iogurtes

de leite de cabra adicionados ou não de Bifidobacterium spp. com a adição

de aroma de morango.........................................................................

72

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8

Gráfico 7 − Média dos resultados para a contagem de S. s. subsp. thermophilus nos

iogurtes de leite de cabra adicionados ou não de Bifidobacterium spp. sem

a adição de aroma de morango......................................................................

74

Gráfico 8 − Média dos resultados para a contagem de S. s. subsp. thermophilus nos

iogurtes de leite de cabra adicionados ou não de Bifidobacterium spp. com

a adição de aroma de morango......................................................................

74

Gráfico 9 − Média dos resultados para a contagem de Bifidobacterium spp. nos

iogurtes de leite de cabra sem a adição de aroma de morango.....................

77

Gráfico10 − Média dos resultados para a contagem de Bifidobacterium spp. nos

iogurtes de leite de cabra com a adição de aroma de morango.....................

77

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9

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 − Média dos resultados para o crescimento das culturas do iogurte e de

Bifidobacterium spp. em diferentes meios de cultura...................................

56

Tabela 2 − Parâmetros físico-químicos do leite de cabra in natura................................ 60

Tabela 3 − Parâmetros físico-químicos do leite de cabra tratado termicamente............. 61

Tabela 4 − Valores médios para o percentual de gordura dos diferentes iogurtes com

40 dias de produção.......................................................................................

68

Tabela 5 − Parâmetros microbiológicos do leite cru de cabra........................................ 69

Tabela 6 − Parâmetros microbiológicos do leite de cabra tratado termicamente............ 70

Tabela 7 − Médias de aceitação dos iogurtes de leite de cabra adicionados ou não de

Bifidobacterium spp. e adicionados com aroma de morango.......................

82

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................. 12

2 REVISÃO DE LITERATURA.................................................................................... 15

2.1 Leite de cabra............................................................................................................... 15

2.1.1 Histórico.................................................................................................................... 15

2.1.2 Produção................................................................................................................... 16

2.1.3 Composição.............................................................................................................. 18

2.1.4 Valor nutritivo........................................................................................................... 19

2.2 Iogurte.......................................................................................................................... 20

2.2.1 Características gerais................................................................................................ 20

2.2.2 Cultura iniciadora..................................................................................................... 21

2.2.3 Etapas da produção do iogurte.................................................................................. 24

2.2.4 Produtos lácteos fermentados e saúde...................................................................... 28

2.3 Probióticos................................................................................................................... 30

2.3.1 O intestino humano e sua microbiota....................................................................... 30

2.3.2 Microrganismos probióticos..................................................................................... 33

2.3.3 Probióticos e saúde................................................................................................... 37

2.3.4 Probióticos nos alimentos......................................................................................... 41

2.4 Controle de qualidade.................................................................................................. 46

3 METODOLOGIA......................................................................................................... 48

3.1 Comparação entre diferentes meios de cultura para enumeração de bactérias do

iogurte e Bifidobacterium spp............................................................................................

48

3.2 Avaliação físico-química e microbiológica da matéria-prima..................................... 48

3.3 Preparo da cultura mãe................................................................................................ 49

3.4 Obtenção das cepas de Bifidobacterium spp................................................................ 49

3.5 Elaboração dos iogurtes............................................................................................... 50

3.6 Contagem de microrganismos específicos................................................................... 53

3.7 Teste de viabilidade das cepas de Bifidobacterium spp............................................... 54

3.8 Análises físico-químicas dos iogurtes.......................................................................... 54

3.9 Análise sensorial.......................................................................................................... 54

3.10 Delineamento experimental e análise estatística....................................................... 55

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................. 56

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4.1 Comparação entre diferentes meios de cultura para enumeração de bactérias do

iogurte e Bifidobacterium spp............................................................................................

56

4.2 Análise físico-química do leite de cabra e do iogurte.................................................. 59

4.3 Análises microbiológicas do leite de cabra e do iogurte............................................. 69

4.4 Contagem de microrganismos específicos................................................................... 73

4.5 Contagem de Bifidobacterium spp............................................................................... 76

4.6 Análise sensorial.......................................................................................................... 81

5 CONCLUSÃO............................................................................................................... 83

REFERÊNCIAS................................................................................................................ 84

ANEXOS............................................................................................................................ 102

APÊNDICES...................................................................................................................... 103

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12

1 INTRODUÇÃO

O leite é tão antigo quanto a humanidade. Todas as espécies de mamíferos, do

homem à baleia, produzem leite, cuja função natural é a alimentação dos recém-nascidos.

Muitos séculos atrás, talvez 6.000-8.000 a.C, o homem antigo aprendeu a domesticar espécies

de animais para prover o leite que seria consumido. Entre as espécies de animais

domesticados, incluem-se as vacas, búfalas, ovelhas, cabras e camelas, sendo todas usadas até

hoje em várias partes do mundo, produzindo leite para o consumo humano (KANWAL;

AHMED; MIRZA, 2004; ORDÓÑEZ, 2005a).

O leite é um alimento natural, reconhecido pelo seu excelente valor nutritivo,

sendo considerado como o que mais se aproxima dos padrões da perfeição. Dentre os

alimentos de origem animal, é o de maior consumo, sendo o mais completo em termos

nutricionais é fundamental para a dieta humana (OLIVEIRA; GALLO; CARVALHO, 1994;

MARTINS et al., 2008; SILVA et al., 2008a).

De acordo com o Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos

de Origem Animal (RIISPOA), Título VII, Capítulo I, Art. 475 de 1952 “entende-se por leite,

sem outra especificação, o produto oriundo da ordenha completa, ininterrupta, em condições

de higiene, de vacas sadias, bem alimentadas e descansadas. O leite de outros animais deve

denominar-se segundo a espécie de que proceda” (BRASIL, 1952). Esta mesma definição foi

mantida na Instrução Normativa no 51. (BRASIL, 2002).

Para Ordóñez (2005a, v. 2, p. 13), no Primeiro Congresso para a Repressão de Fraudes realizado em Genebra, em 1908, definiu-se o leite como o produto integral, não alterado nem adulterado e sem colostro, procedente da ordenha higiênica, regular, completa e ininterrupta das fêmeas domésticas saudáveis e bem alimentadas.

O leite de cabra apresenta um alto valor nutritivo (RIBEIRO; RIBEIRO, 2001)

e, de acordo com Pellerin (2001), apresenta propriedades bioquímicas que favorecem o seu

valor nutricional, sendo recomendado para crianças, particularmente para aquelas intolerantes

ao leite de vaca, para pessoas com doenças gastrintestinais, ou mesmo como suplemento, para

pessoas idosas e mal nutridas.

No Brasil, o leite de cabra vem conquistando mercado, tanto na forma de leite

pasteurizado e congelado, como leite em pó. É comercializado em embalagens longa vida

(UAT) e, também, como derivado do leite, na forma de iogurte e de queijo, que também são

produtos de grande aceitação no mercado brasileiro (CORDEIRO, 1998a).

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13

O volume de leite de cabra processado pelas indústrias de laticínios é bem

menor quando comparado ao volume de leite bovino processado. A indústria leiteira caprina

está inserida na indústria leiteira mundial e, consequentemente, compete com os produtos

lácteos de outras espécies como bovinos, ovinos e bubalinos (FONSECA, 2006; FONSECA

et al., 2006).

A crescente preocupação com a saúde faz com que as pessoas busquem

produtos naturais que geram benefícios ao organismo. Dentre os leites fermentados, o iogurte

destaca-se no mercado mundial constituindo uma rica fonte de proteínas, cálcio, fósforo,

vitaminas e carboidratos. Os microrganismos responsáveis pela fermentação do leite e

produção do iogurte são cepas de Streptococcus salivarius subsp. thermophilus e

Lactobacillus delbrueckii subsp. bulgaricus. A fermentação do leite produz sabor peculiar e

acidez considerável, sendo características esperadas no produto pronto. O seu consumo está

relacionado à imagem positiva de alimento saudável e nutritivo (TEIXEIRA et al., 2000;

FERREIRA et al., 2001; ORDÓÑEZ, 2005b).

O interesse por produtos alimentícios saudáveis, nutritivos e de grande

aproveitamento tem crescido mundialmente, o que resulta em diversos estudos na área de

produtos lácteos. Alimentos caracterizados por oferecer vários benefícios à saúde, além do

valor nutritivo inerente à sua composição química, podendo desempenhar um papel

potencialmente benéfico na redução do risco de doenças crônicas não-transmissíveis são

denominados de alimentos funcionais (PADILHA; PINHEIRO, 2004; MORAES; COLLA,

2006).

Os alimentos funcionais devem apresentar propriedades benéficas além das

nutricionais básicas, sendo apresentados na forma de alimentos comuns. Eles são consumidos

em dietas convencionais, mas demonstram capacidade de regularem funções corporais de

forma a auxiliar na proteção contra doenças como hipertensão, diabetes, câncer, osteoporose e

coronariopatias (BENGMARK; ORTIZ DE URBINA, 2005; SAAD, 2006).

De acordo com Deeth; Tamime (1981, citados por MARTIN 2002), a

composição do iogurte é similar à do leite, embora se reconheça que há algumas diferenças

devidas a mudanças ocorridas pela fermentação bacteriana sobre a lactose e pela adição de

leite em pó, normalmente feita para aumentar os sólidos do leite, o que permite maior

conteúdo protéico, além da presença de aditivos, como os aromatizantes.

Em estudo realizado por Fabian et al. (2008), foi ressaltada a ação dos

microrganismos envolvidos no processo fermentativo do leite, mostrando a sua importância

na atuação benéfica proveniente do consumo do iogurte.

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14

No Brasil, o interesse por produtos lácteos fermentados tem aumentado e

alguns iogurtes suplementados com bactérias probióticas têm sido desenvolvidos (RIBEIRO;

RIBEIRO, 2001). O isolamento e a caracterização de microrganismos probióticos que possam

ser veiculados por formulações alimentares para o consumo humano tem sido alvo de estudo

de diversos grupos de pesquisa aplicada no Brasil e no exterior, tendo sido muitos os produtos

introduzidos no mercado como veículos para tais agentes probióticos (ROLFE, 2000;

MARTEAU et al., 2001; FERREIRA, 2008).

Os probióticos agem por antagonismo direto contra espécies patogênicas pela

produção de ácidos orgânicos, peróxido de hidrogênio, antibióticos e bacteriocinas,

competição por nutrientes e por sítios de adesão em mucosas, modulação do sistema imune do

hospedeiro, produção de enzimas que melhoram a digestão dos alimentos ou detoxificam os

metabólitos nefastos da microbiota (MITAL; GARG, 1992a; CHATEAU; CASTELLANOS;

DESCHAMPS, 1993; FANG et al., 2000; ISOLAURI et al., 2001; PLANT; CONWAY,

2001). São características importantes para a seleção de um probiótico: a capacidade de

permanecer viável no ecossistema gastrintestinal do hospedeiro, a capacidade de se manter

viável durante o processamento e estocagem do produto e ser completamente seguro para o

consumo humano (LEE; SALMINEN, 1995). Cepas que exercem seu efeito benéfico no

intestino devem ser capazes de tolerar os diversos fatores bióticos e abióticos interferentes,

como fatores físico-químicos: pH, potencial de oxirredução, secreção biliar, disponibilidade

de nutrientes e atividade imunológica local (O’SULLIVAN et al., 1992).

A preocupação crescente com a melhoria da qualidade de vida atinge as

indústrias de alimentos, que são capazes de oferecer benefícios ao consumidor exigindo

obediência às normas específicas que garantam a qualidade e a segurança dos alimentos

produzidos. Sendo assim, procurando oferecer esclarecimentos sobre o tema, este projeto

buscou o desenvolvimento de alimentos convencionais com a agregação de componentes

probióticos que se tornam fatores promotores da saúde, com capacidade de regularem funções

corporais, de forma a auxiliar na prevenção de doenças. À longo prazo, os resultados obtidos

poderão subsidiar o lançamento no mercado de novos produtos alimentares com propriedades

benéficas, seguros à saúde e com boas perspectivas de aceitação pelo consumidor.

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15

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Leite de cabra

2.1.1 Histórico

Não há registros históricos precisos sobre os primórdios da domesticação da

cabra pelo homem. Estimativas indicam que o convívio começou há cerca de seis mil anos,

sendo o primeiro animal domesticado pelo homem capaz de produzir alimentos, mas há quem

acredite que a relação entre os seres humanos e os caprinos tenha iniciado há mais de dez mil

anos (CONAB, 2008). O certo é que o animal sempre desempenhou um papel importante nas

sociedades humanas, até mesmo povoando a mitologia e sendo objeto de referências bíblicas

(POMPONET, 2009).

O uso do leite de cabra apresenta uma longa história. No Reino Unido, a má

impressão causada pelas cabras repercutiu no preconceito a todos os produtos derivados do

seu leite. O leite seria descrito por quase todos que não eram entusiastas da cabra como “forte,

mau cheiroso, salgado ou doce”. Com tal reputação, era quase impossível persuadir qualquer

um a provar o leite de cabra, mesmo se oferecido a nenhum custo. Apesar desta reputação, o

benefício do leite de cabra como alternativa ao leite de vaca, quando este último causa

problemas de saúde, tais como o eczema infantil, tem sido reconhecido há muito tempo.

Assim, a indústria de laticínios do leite de cabra começou a ser considerada como uma

estratégia possível da diversificação pelos fazendeiros britânicos. Entre 15 e 20 milhões de

litros do leite de cabra são processados para o consumo todos os anos. A produção é dividida

em aproximadamente 60% para queijo, 20% para leite fluido, 10% para iogurte e 10% para

manteiga, creme e sorvete (MOWLEM, 2005).

Conforme Martins; Garagorry; Chaib Filho (2006), as cabras habitam regiões

com grande variedade de clima, topografia e fertilidade, a exemplo das zonas altas e frias do

Himalaia e das planícies escaldantes do continente africano, passando, inclusive, pelas regiões

montanhosas da América do Sul e pelo próprio semiárido do Nordeste brasileiro. Os caprinos

foram introduzidos na América com os primeiros colonizadores europeus, adaptando-se

melhor nas áreas tropicais onde estão concentrados atualmente.

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16

2.1.2 Produção

Caprinos constituíam mundialmente, até 1996, o quarto lugar em número de

animais criados para produção de leite. Países em desenvolvimento como a Índia, a China e o

Paquistão juntos, concentravam 42% do rebanho mundial, tendendo a estar mais concentrados

em áreas secas tropicais e subtropicais, com terras pobres, pouco voltadas à agricultura

(MORAND-FEHR; BOYAZOGLU, 1999; EMBRAPA, 2000).

Durante os últimos quinze anos, mundialmente, o número de caprinos cresceu

na faixa de 50% e continua aumentando, especialmente nos países que o haviam praticamente

erradicado nos séculos XIX e XX (MORAND-FEHR; BOYAZOGLU, 1999).

De acordo com Cordeiro (1998b), a produção do leite de cabra no Brasil e no

mundo vem crescendo a partir da década de 70 de século XX, com aumento médio anual bem

superior ao crescimento do rebanho caprino.

Outros autores estimam que o Brasil apresenta cerca de 12,8 milhões de

cabeças de caprinos, possuindo o nono maior rebanho do mundo e contribuindo com apenas

1,6% da produção mundial de leite de cabra, caracterizando-se por apresentar um rebanho

numeroso em relação aos demais países do mundo, o que levaria a crer que, em termos de

volume de leite ou produção de carne, seria um dos maiores produtores do Planeta

(CORDEIRO, 1998b; GONÇALVES, 2005; PEREIRA et al., 2005). A produção nacional

diária média de leite de cabra é de 22.000 litros, sendo a produção mensal de 660.000 litros e

a produção anual de 7.920.000 litros (COSTA, 2003; IBGE, 2006). A cabra é a terceira

espécie produtora de leite em volume de produção mundial. Estima-se que em 2005 foram

produzidos 12,4 bilhões de litros de leite de cabra no mundo (EMBRAPA, 2008).

O rebanho de caprinos do Brasil representa apenas 2,1% do efetivo mundial.

Considerando a dimensão territorial brasileira, bem como as condições climáticas favoráveis

ao seu desenvolvimento, os rebanhos são numericamente inexpressivos, principalmente

quando comparados com a criação de bovinos. No Brasil, 90% do rebanho de caprinos estão

na região Nordeste, dos quais 95,2 milhões (57%) estão inseridos na zona semi-árida

(CONAB, 2008). O quadro 1 mostra o efetivo dos rebanhos de cabra no Brasil em 2004.

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Quadro 1 Efetivo do rebanho caprino no Brasil - 2004

Regiões Rebanho caprino Quantidade %

Norte 148.546 1,48 Nordeste 9.331.460 92,88 Sudeste 237.416 2,36

Sul 219.455 2,18 Centro-oeste 110.011 1,09

Total 10.046.888 100,00 Fonte: IBGE, 2004.

O efetivo caprino de MG, segundo o último censo agropecuário realizado, é de

61.414 cabeças, entretanto, dados mais recentes elevam estes números para 108.177 cabeças

(CENSO, 1996; IBGE, 2003 citados por GUIMARÃES, 2006).

No Brasil, México, Argentina e Chile, a caprinocultura leiteira, além de não ser

bem estabelecida (DUBEUF, 2005), compete com os produtos originários dos leites de vaca,

ovelha e búfala (DUBEUF; MORAND-FEHR; RUBINO, 2004).

De acordo com Haenlein (2004), a produção de leite de cabra é maior do que o

demonstrado pela estatística. Os motivos que levam indivíduos a consumirem leite de cabra

são, entre outros, alergias ao leite de vaca e distúrbios gastrintestinais.

O estudo de Brasil et al. (2000), mostrou que a temperatura ambiente na

estação quente do ano fez com que cabras Alpinas, com produção média de leite de 2,5 kg por

dia reduzissem a ingestão de alimentos, aumentassem o consumo de água, perdessem peso e

apresentassem declínio significativo na produção de leite e de seus componentes.

Queiroga; Costa (2004, citados por ZAMBOM et al., 2005), ainda afirmam que

o manejo alimentar incluindo a quantidade e a qualidade da dieta dos animais e a ação

combinada de todos os outros fatores nas condições ambientais de cada país ou região

relacionam-se diretamente com a produção e a qualidade do leite de cabra.

As variações sazonais na disponibilidade do leite de cabra, além do preço mais

elevado em relação ao de vaca, são um incentivo para que esse produto seja adulterado com

leite de maior disponibilidade e menor preço. No Brasil, tem-se observado esse tipo de

adulteração no leite de cabra. Desse modo, a possibilidade de determinar a qualidade do leite

entregue no laticínio, que será utilizado para o consumo in natura ou na produção de

derivados lácteos caprinos, tem grande importância (EGITO et al., 2006).

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2.1.3 Composição

O leite produzido pelas glândulas mamárias de fêmeas mamíferas é uma

mistura homogênea com grande número de substâncias (lactose, glicerídeos, proteínas, sais,

vitaminas, enzimas, etc.), das quais algumas estão em emulsão (a gordura e as substâncias

associadas), algumas em suspensão (as caseínas ligadas a sais minerais) e outras em

dissolução (lactose, vitaminas hidrossolúveis, proteínas do soro, sais, etc.) (ORDÓÑEZ,

2005a). O leite de cabra apresenta características físico-químicas e organolépticas

diferenciadas quando comparado ao leite de vaca (LAGUNA; EGITO, 2006).

No Brasil, a Instrução Normativa 37 do Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento (MAPA), de 31 de outubro de 2000, regulamenta as condições de produção, a

identidade e os requisitos mínimos de qualidade do leite de cabra destinado ao consumo

humano. São estabelecidos como padrões mínimos: 2,8% de proteína bruta, 4,3% de lactose,

8,20% de sólidos não gordurosos e 0,7% de cinzas (BRASIL, 2000).

No trabalho realizado por Prata et al. (1998), analisando o perfil nitrogenado e

as características do leite caprino na região Sudeste do Brasil, os resultados obtidos

permitiram chegar a valores médios de 3,27% para proteína total, 3,74% para gordura, 4,35%

para lactose, 0,74% para cinzas e 88,49% para água.

O quadro 2 apresenta a composição centesimal dos leites caprino e bovino.

Quadro 2 Comparação centesimal dos principais componentes dos leites bovino e caprino Componente Leite de cabra (%) Leite bovino (%)

Água 87,0 (83,8 – 90,2) 87,2 (88,5 – 88,7) Sólidos totais 13,0 (9,8 – 16,2) 12,8 (11,3 – 14,5)

Matéria nitrogenada total 3,30 (2,2 – 4,4) 3,50 (2,3 – 4,4) Caseínas 2,40 (1,7 – 3,3) 2,80 (1,9 – 3,3)

αs-caseína 0,72 (0,51 – 0,99) 1,40 (1,26 – 1,54) αs1-caseína 0,12 (0,085 – 0,165) 1,11 (0,99 – 1,22) αs2-caseína 0,60 (0,43 – 0,83) 0,29 (0,26 – 0,32) β-caseína 1,25 (0,88 – 1,72) 0,99 (0,65 – 1,20) κ-caseína 0,43 (0,31 – 0,59) 0,35 (0,23 – 0,44)

Proteínas do soro 0,63 (0,31 – 1,13) 0,67 (0,44 – 0,85) Nitrogênio não protéico 0,30 (0,26 – 0,34) 0,18 (0,12 – 0,23)

Carboidratos 4,50 (3,7 – 5,3) 4,90 (4,2 – 5,4) Gordura 4,20 (2,4 – 6,7) 3,70 (2,5 – 5,5) Minerais 0,65 (0,5 – 0,8) 0,65 (0,52 – 0,80)

Ácidos orgânicos 0,15 (0,10 – 0,26) 0,18 (0,12 – 0,22) Fonte: PRATA, 2001.

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Dentre os alimentos de origem animal utilizados na alimentação humana, o

leite de cabra ocupa lugar de destaque, fornecendo calorias e aminoácidos essenciais em

proporções iguais ou superiores aos recomendados pela Organização Mundial de Saúde, além

de altos teores de cálcio, selênio, fosfato e vitaminas A e B (especialmente riboflavina)

(ALFÉREZ et al., 2003).

O estudo realizado por Guler (2007), mostrou que o leite de cabra e seus

produtos podem contribuir com uma considerável proporção de micro e macro elementos na

dieta humana.

Dados que comparam a composição da proteína e seus componentes do leite de

cabras e vacas foram revistos por Jenness (1980), documentando muitas diferenças entre as

duas espécies, mostrando uma larga diversidade devido à genética das raças.

Em um estudo realizado por Kanwal; Ahmed; Mirza, (2004), comparando a

qualidade dos leites de vaca, búfala, ovelha e cabra, o leite de cabra apresentou o mais baixo

teor de proteínas (2,38%).

Um componente muito negligenciado no leite de cabra é a gordura. A

composição da gordura do leite de cabra difere significativamente da composição da gordura

do leite de vaca no seu conteúdo em ácidos graxos, apresentando um maior conteúdo em

ácidos graxos de cadeia curta como os ácidos graxos capróico, caprílico e cáprico, que

influenciam no seu aroma típico (JENNESS, 1980). O leite de cabra apresenta vantagens

como glóbulos de gordura de menor diâmetro (LORA; PRUDÊNCIO; BENEDET, 2006).

2.1.4 Valor Nutritivo

O leite caprino apresenta elevado valor biológico e qualidades nutricionais que

superam em vários aspectos o leite bovino. Sua maior digestibilidade, alcalinidade distinta e

características dietéticas fazem com que seja altamente recomendado para a alimentação

infantil, de adultos e idosos sensíveis ou alérgicos ao leite de vaca (CHANDAN; ATTAIE;

SAHANI, 1992; ALFÉREZ et al., 2003; WALKER, 1964 citado por HAENLEIN, 2004;

PARK et al., 2007; COSTA et al, 2008).

O valor nutritivo do leite e suas propriedades tecnológicas são de fundamental

importância, determinando o seu valor de mercado (LINDMARK-MANSON; FONDEN;

PETTERSON, 2003). Sua composição é influenciada por fatores internos, como a raça, e

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fatores externos, tais como sistema de alimentação, mudanças sazonais, circunstâncias

ambientais e sanidade do animal (FURTADO; WOLFSCHOON-POMBO, 1978; PARK,

1990; GUIMARÃES et al., 1989 citados por PRATA et al., 1998; GUO et al., 2004;

JENNESS, 1980 citado por ZANA; STIBILJ; ROGELJ, 2006).

Ao contrário de países como a França, destaque na produção de queijo de cabra

(MORAND-FEHR et al., 2003), a crescente demanda brasileira de leite de cabra é

relacionada ao seu consumo na forma pasteurizada e congelada. Dubeuf (2005), afirma que

derivados lácteos de cabra podem ser produzidos com qualidade e baixo custo, desde que

sejam incentivadas e pesquisadas novas alternativas para os mercados locais, nacionais e

internacionais. Entre os derivados, o iogurte apresenta grandes perspectivas, principalmente se

adicionado de microrganismos probióticos.

2.2 IOGURTE

2.2.1 Características gerais

O iogurte pode ser definido como um preparado lácteo em que o leite de

diferentes espécies (vaca, ovelha, cabra, búfala, égua e outras fêmeas mamíferas) sofre um

processo de fermentação por certos microrganismos, conferindo características físico-

químicas e sensoriais próprias (ABREU, 2000; ORDÓÑEZ, 2005b).

De acordo com a Resolução no 46 (MAPA), de 10 de outubro de 2007

(BRASIL, 2007), entende-se por leites fermentados os produtos resultantes da fermentação do

leite pasteurizado ou esterilizado, por fermentos lácticos próprios. Os fermentos lácticos

devem ser viáveis, ativos e abundantes no produto final durante seu prazo de validade. O leite

utilizado na fabricação de leites fermentados poderá ser em natureza ou reconstituído,

adicionado ou não de outros produtos de origem láctea, bem como de outras substâncias

alimentícias recomendadas pela tecnologia atual de fabricação de leites fermentados, e que

não interfiram no processo de fermentação do leite pelos fermentos lácticos empregados

(BRASIL, 2007).

O iogurte provavelmente é originário do Oriente Médio, onde tribos nômades

conservavam o leite em bolsas feitas de pele de animais e esse leite fermentava graças às

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bactérias lácticas que chegavam de maneira não intencional. A ação das bactérias lácticas

sobre o leite resultava em um produto fermentado de aroma e sabor agradáveis. A evolução

do processo fermentativo se convertia em uma forma de conservação do leite (TAMIME;

ROBINSON, 1991a; ORDÓÑEZ, 2005b).

Inicialmente, o consumo de iogurte foi bastante limitado, restringindo-se

apenas a certos grupos étnicos. Em meados de 1960, a adição de frutas ao produto com o

objetivo de atenuar o seu sabor ácido buscava uma maior aceitação popular e, ao mesmo

tempo, uma maior divulgação era dada às suas qualidades nutritivas e terapêuticas, levando a

um considerável aumento no seu consumo (TAMIME; ROBINSON, 1991a).

De acordo com Boline; Moraes (2004), nos últimos 20 anos, a fabricação de

iogurte no Brasil cresceu de maneira considerável, registrando, atualmente, uma produção

média de 400 mil toneladas por ano, o que representa 76% do total de produtos lácteos.

Segundo Abreu (2000), os iogurtes podem ser classificados em três tipos de

acordo com a sua textura: iogurte de massa firme ou tradicional; iogurte de massa batida,

conhecido como iogurte batido (tipo suíço); e iogurte de textura líquida ou iogurte líquido. O

iogurte tradicional caracteriza-se pela fermentação dentro da embalagem, apresentando-se na

forma de uma coalhada firme. O iogurte batido, ao contrário do anterior, é fermentado num

tanque e depois de completada a fermentação, o iogurte é batido e, posteriormente, envasado.

A fermentação do iogurte líquido é conduzida em tanques e, normalmente, é comercializado

em embalagens plásticas “tipo garrafa”.

A presença ou não do aroma adicionado também colabora para a diferenciação

do iogurte. Nesta categoria, o iogurte se classifica em três tipos: natural (ausência de aroma),

com frutas (aromatização natural) ou aromatizado (aromatizantes) (FERREIRA, 2006).

2.2.2 Cultura iniciadora

Os cultivos protosimbióticos de Streptococcus salivarius subsp. thermophilus e

Lactobacillus delbrueckii subsp. bulgaricus são os responsáveis pelo processo fermentativo

durante a obtenção do iogurte. Além destes, outras bactérias ácido-lácticas que, por sua

atividade, contribuem para a determinação das características do produto final, podem-se

acompanhar de forma complementar (BRASIL, 2007).

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Um fermento lático pode ser definido como uma preparação microbiana

contendo números elevados de células de um ou mais gêneros, espécies e cepas de bactérias

láticas. Sua principal função é direcionar o processo fermentativo, garantindo uma

fermentação rápida, essencial para a inibição de patógenos. Além disso, confere

características específicas ao alimento fermentado e favorece o controle de qualidade por

manter as características do produto nos diversos lotes de produção (FERREIRA, 2006).

S. s. subsp. thermophilus são cocos Gram-positivo, produzem L(+) lactato,

acetoaldeído e diacetil a partir da lactose. Sua temperatura ótima de crescimento é 37oC e

requerem vitaminas do complexo B e alguns aminoácidos como estimulantes de crescimento

(TAMIME; ROBINSON, 1991b; JAY, 2005; ORDÓÑEZ, 2005b).

L. d. subsp. bulgaricus apresentam-se como bastonetes Gram-positivo, unidos

em cadeias longas, com crescimento ótimo em temperatura entre 42 e 45oC (TAMIME;

ROBINSON, 1991b; JAY, 2005; ORDÓÑEZ, 2005b).

A atuação protosimbiótica entre S. s. subsp. thermophilus e L. d. subsp.

bulgaricus já está bem documentada. O crescimento associado destas duas culturas resulta em

menor tempo de coagulação do leite, maior produção de ácido láctico e um maior

desenvolvimento de sabor no iogurte (TAMIME; ROBINSON, 1991b; ORDÓÑEZ, 2005b).

De acordo com Béal et al. (1994); Lourens-Hattingh; Viljoen (2001); Zourari;

Accolas; Desmazeaud (1992, citados por OLIVEIRA; DAMIN, 2003); Ordóñez (2005b), a

relação simbiótica entre os dois microrganismos ocorre quando L. d. subsp. bulgaricus libera

aminoácidos e alguns peptídeos das proteínas do leite, os quais estimulam o crescimento

rápido de S. s. subsp. thermophilus. O crescimento de L. d. subsp. bulgaricus é estimulado

pela redução do pH, gerado pelo ácido fórmico ou CO2, liberados durante o crescimento de S.

s. subsp. thermophilus. O crescimento do S. s. subsp. thermophilus é inibido com pH entre

4,2-4,4; enquanto L. d. subsp. bulgaricus tolera pH entre 3,5-3,8. Após mais ou menos três

horas de fermentação, o número dos microrganismos deverá ser praticamente igual.

Com a fermentação longa, a taxa de crescimento de S. s. subsp. thermophilus

declina, enquanto L. d. subsp. bulgaricus continua a reduzir o pH pela produção de ácido

lático. O pH do iogurte comercial é normalmente entre 3,7 a 4,3 (LOURENS-HATTINGH;

VILJOEN, 2001).

De acordo com Tamime; Robinson (1991b), a relação ótima entre cocos e

bacilos para o desenvolvimento do sabor e textura, característicos do produto, é dependente

das propriedades das cepas utilizadas e é de aproximadamente 1:1. De acordo com Walstra et

al. (1999), a predominância de qualquer uma das espécies pode acarretar em defeitos para o

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produto final. Os principais fatores que podem afetar o balanço adequado entre os dois

microrganismos são o tempo e a temperatura de incubação e a porcentagem do inóculo.

De acordo com a legislação específica, os iogurtes devem cumprir o requisito

de contagem de bactérias lácticas totais de 107 Unidades Formadoras de Colônia (UFC)/g

(BRASIL, 2007). Segundo Tamime; Robinson (1991b), o número de microrganismos viáveis

na microbiota do iogurte necessário para a obtenção das características próprias e desejáveis

ao produto final deve estar acima de 107 UFC/mL. Moreira et al. (1999) observaram que

iogurtes durante o período de estocagem, apresentaram contagem total de bactérias na ordem

de 107 UFC/g. Damin et al. (2006), analisando a viabilidade de S. s. subsp. thermophilus e L.

d. subsp. bulgaricus em diferentes marcas de iogurtes comerciais no período final da vida-de-

prateleira, observaram que o número de L. bulgaricus encontrado foi inferior ao número de S.

thermophilus e o número encontrado para os dois microrganismos foi inferior ao exigido pela

legislação.

Os principais produtos metabólicos elaborados pelos dois microrganismos

iniciadores do iogurte são ácido láctico, compostos do aroma (acetaldeído e diacetil) e, às

vezes, exopolissacarídeos. O aroma do iogurte é devido, principalmente, a produção de

acetoaldeído, que é formado em quantidades superiores quando se utiliza culturas mistas

compostas por S. s. subsp. thermophilus e L. d. subsp. bulgaricus (TAMIME; ROBINSON,

1991c; ORDÓÑEZ, 2005b). O equilíbrio entre as espécies L. d. subsp. bulgaricus e S. s.

subsp. thermophilus é essencial para a produção do acetoaldeído (BOTELHO, 2005).

Durante a fermentação, ocorre hidrólise das proteínas do leite, redução do pH,

a viscosidade aumenta, e os metabólitos bacterianos são produzidos, contribuindo para o

sabor do iogurte (FARNWORTH et al., 2006).

Segundo O´Neil; Klein; Hare (1979), os iogurtes devem apresentar os

seguintes atributos importantes: o corpo deve ser viscoso, firme e coeso; a textura deve ser

suave, livre de grumos e sem fissuras; deve ter nítido sabor ácido e o maior componente

volátil deve ser o acetoaldeído. O tempo de prateleira deve ser em torno de 30 dias, mantendo

as características próprias.

Conforme Ferreira (2006), o processo fermentativo, geralmente, transforma o

leite em um produto mais seguro e nutritivo. Esse aumento no valor nutritivo, embora possa

ser generalizado, é maior ou menor dependendo do tipo de microrganismo envolvido, do

tempo e da temperatura de fermentação, uma vez que estes parâmetros estão intimamente

relacionados na extensão das modificações que podem ser inferidas à matéria-prima pela

fermentação.

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2.2.3 Etapas da produção do iogurte

O leite utilizado para fabricação de iogurte deve apresentar boa qualidade, ser

higienicamente produzido e manipulado, de composição físico-química normal, isento de

antimicrobianos e preservativos e não deve ser utilizado congelado, a fim de evitar defeitos na

textura do produto (SILVA, 2007).

As etapas de produção do iogurte incluem, de modo geral, verificação das

características do leite original, padronização dos teores de gordura e, eventualmente, de

extrato seco, tratamento térmico, inoculação da cultura lática, incubação,

resfriamento/refrigeração e embalagem do produto final. O leite destinado à elaboração do

iogurte deve apresentar características peculiares que proporcionem o desenvolvimento

microbiano sem causar nenhuma alteração nas suas características físico-químicas,

microbiológicas, reológicas e sensoriais. O elevado teor de sólidos totais no leite é desejável

para proporcionar um produto com características próprias do iogurte com consistência firma

(TAMIME; ROBINSON, 1991a). A Figura 1 apresenta esquematicamente as principais

etapas de produção do iogurte.

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Figura 1 – Esquema de fabricação de iogurte e outros leites fermentados Fonte: Ordónez, 2005b (adaptado)

Recepção e controle de matérias-primas

Enriquecimento em sólidos lácteos (opcional)

Leite ou produtos lácteos em pó

Concentração mediante evaporação á vácuo Concentração mediante filtração por membrana

Estabilizantes Filtração

Deaeração

Homogeneização

Tratamento térmico (80 a 85oC por 30 min ou 90 a 95oC por 5 min)

Resfriamento a 40-45oC

Mistura

Cultivo iniciador

Acondicionamento

Incubação (iogurte, 42oC, ~ 4h)

Resfriamento a 4oC

Envase (iogurte batido e líquido)

Fermentação

(inoculação de cepas probióticas)

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Durante a produção do iogurte, ocorrem mudanças nos componentes do leite

atribuídas à fermentação e aos ingredientes adicionados durante a fabricação. As mudanças

induzidas durante a fermentação incluem a ação fermentativa das culturas inoculadas,

secreção de substâncias nutritivas e químicas pelos microrganismos, assim como pela

presença dos microrganismos e seus metabólitos (GURR, 1987, citado por LOURENS-

HATTINGH; VILJOEN, 2001).

De acordo com Ordóñez (2005), a etapa de enriquecimento do leite implica

incremento da concentração de sólidos lácteos não-gordurosos com o objetivo de obter

propriedades reológicas desejadas no iogurte e/ou a normalização do leite a uma determinada

composição. Para os iogurtes de consistência firme, a adição de proteína é imprescindível

durante a sua produção, potencializando a viscosidade do produto terminado.

O processo de filtração é recomendado para eliminar as possíveis partículas

não dissolvidas dos sólidos lácteos. A deaeração consiste na redução da tensão de oxigênio e a

etapa de homogeneização reduz o tamanho dos glóbulos de gordura, impedindo a separação

do creme (ORDÓÑEZ, 2005). Segundo Abreu (2000), a homogeneização do leite não é uma

prática obrigatória.

O tratamento térmico da matéria prima é indispensável para a produção do

iogurte tendo como objetivo destruir os microrganismos patogênicos, (praticamente todas as

formas vegetativas, enquanto as esporuladas mantêm-se viáveis), além de promover à

desnaturação das proteínas do soro, que reduz a contração do coágulo da caseína do iogurte,

diminuindo, consequentemente, a sinérese e aumentando a viscosidade do iogurte. O

tratamento térmico também estimula o início do crescimento da cultura láctica por redução do

conteúdo de oxigênio do leite, além disso, influi sobre a obtenção de uma boa textura

(TAMIME; ROBINSON, 1991b; ABREU, 2000; ORDÓÑEZ, 2005).

As condições ótimas para o tratamento térmico do leite são de 80 a 85oC

durante 30 minutos em sistemas descontínuos e de 90 a 95oC durante aproximadamente cinco

minutos em sistemas de fluxo contínuo (ORDÓÑEZ, 2005). De acordo com Abreu (2000), o

binômio tempo x temperatura pode variar de 80/83oC por 30 minutos; 85oC por oito minutos e

meio; 90oC por três minutos e meio e 95oC por um minuto e meio. O aquecimento pode ser

feito por vapor direto ou banho-maria, sendo o uso de fogo direto desaconselhado, podendo

levar à degradação do leite.

O resfriamento do leite tem como objetivo atingir uma temperatura que

favoreça a atuação do cultivo iniciador. Quando o objetivo é fabricar iogurte, a temperatura

ajustada ao desenvolvimento do cultivo iniciador situa-se entre 40 e 45oC e, quando pretende-

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se o desenvolvimento de bactérias probióticas, a temperatura deve ser de 37oC (TAMIME;

ROBINSON, 1991b; ABREU, 2000; ORDÓÑEZ, 2005b).

A cultura iniciadora pode ser adicionada ao leite na forma de pó, congelada

concentrada ou em forma de suspensão líquida, devendo ser bem homogeneizada, quebrando-

se todos os grumos para evitar os defeitos de textura no produto final (ORDÓÑEZ, 2005b;

ABREU, 2000). Após o leite ter sido resfriado, adiciona-se de 1 a 2% de cultivo iniciador,

segundo Abreu (2000), e de 1 a 3% segundo Ordóñez (2005b). Tamime; Robinson (1991b),

relataram que a adição de 3% de cultivo iniciador ativo leva a um período de duas horas e 30

minutos de incubação para a produção de iogurte. Jay (2005), descreve que a cultura

iniciadora a ser adicionada deve estar aproximadamente a 2% do volume de leite utilizado.

Quando se realiza o preparo de cultura mãe e de cultivos intermediários, a

preparação deve ser feita em condições de laboratório, em câmara asséptica, ou então em uma

instalação independente das destinadas à elaboração do iogurte (NETO, 2003).

Durante o processo de incubação, após a adição do fermento láctico ao leite,

deve haver controle da higiene e das condições de temperatura definidas para os

microrganismos empregados. Para obter iogurte, costuma-se incubar a 42oC, mantendo-se

completo repouso. Caso todas as condições sejam favoráveis, após três a quatro horas a

incubação estará completada (TAMIME; ROBINSON, 1991b; ABREU, 2000; ORDÓÑEZ,

2005b). A acidez de um produto final de boa qualidade é de 0,85 a 0,90% de ácido lático.

(JAY, 2005).

A elaboração do iogurte é um processo biológico, sendo a refrigeração um dos

métodos tradicionais mais empregados para controlar a atividade metabólica dos cultivos

adicionados. A finalidade do resfriamento, então, seria a de frear a atividade do iniciador e

suas enzimas para evitar que a fermentação prossiga, interrompendo a produção de ácido.

Recomenda-se que a temperatura final do iogurte não exceda 5oC (ABREU, 2000;

ORDÓÑEZ, 2005b; TAMIME; ROBINSON, 1991b).

Para Fox; McSweeney (1998, citados por HAQUE; RICHARDSON;

MORRIS, 2001), o processo central na conversão do leite para iogurte é a aglomeração das

micelas de caseína em uma estrutura de rede tridimensional.

Paine (1967, citado por TAMIME; ROBINSON; 1991c, p. 60), define a etapa

de acondicionamento como sendo “a forma de assegurar a distribuição do produto até o

consumidor final em circunstâncias apropriadas e com um custo mínimo.” De acordo com

Abreu (2000), recomenda-se que o armazenamento do iogurte seja feito a uma temperatura

mais próxima possível do ponto de congelamento (0-2oC), tomando-se cuidado para que não

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congele o produto. Saint-Eve et al. (2008), relatam que para preservar as qualidades inerentes

ao iogurte durante a sua estocagem, em particular as qualidades físico-químicas e as

características sensoriais, o tipo de embalagem é essencial. Em estudo com iogurtes durante o

período de estocagem, estes autores mostraram que produtos que apresentam gordura, tinham

o aroma preservado quando comparados com iogurtes com 0% de gordura. Parece que a

gordura funciona como um solvente para o aroma, reduzindo a interação com a embalagem.

2.2.4 Produtos lácteos fermentados e saúde

Na antiguidade, considerava-se que os leites fermentados eram eficazes no

tratamento de vários males do homem. Eles eram utilizados no tratamento de numerosos

distúrbios orgânicos, notadamente nas desordens do estômago, fígado e intestinos. Além

disso, eram consumidos para estimular o apetite e regularizar a temperatura do sangue

(TAMIME; MARSHALL; ROBINSON, 1995). Para Lourens-Hattingh; Viljoen (2001),

somente recentemente a inter-relação entre microrganismos intestinais e benefícios à saúde

começou a ser entendida.

Entre as vantagens relacionadas à saúde, destacam-se: melhoramento da

absorção de nutrientes (Ca, Fe e Mg) no trato intestinal, modulação do sistema imunológico,

efeitos anti-hipertensivos, atividade antimicrobiana, produção de ácidos orgânicos (lático,

fórmico, fenilático e capróico), dióxido de carbono, peróxido de hidrogênio, etanol,

compostos aromáticos e bacteriocinas (LEROY; DE VUYST, 2004).

Diversos benefícios à saúde foram relatados para o iogurte tradicional

(BOUDRAA et al., 1990; MARTEU et al., 1990; BAKALINKY et al., 1996; RACHID et al.,

2002), e esta imagem saudável é realçada pela suplementação com bactérias probióticas

(FARNWORTH et al., 2006).

De acordo com Cueva; Aryana (2008), a imagem saudável associada ao iogurte

e outros produtos lácteos conduziu ao aumento do seu consumo sendo, portanto, vantajoso

utilizar o iogurte como veículo para suplementar a dieta com nutrientes saudáveis para o

coração. Dessa forma, no trabalho realizado por esses pesquisadores, as adições de vitamina

B1 (tiamina), vitamina B2 (riboflavina), vitamina B3 (niacina), vitamina B9 (ácido fólico),

manganês, magnésio e fibras não apresentaram efeito significativo no sabor, aparência, corpo,

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textura e contagem microbiana do iogurte, mostrando que esse leite fermentado adicionado de

nutrientes saudáveis para o coração pode ser fabricado com sucesso.

De acordo com Fondén et al. (2000), produtos lácteos fermentados com

bactérias lácticas têm sido utilizados no tratamento de doenças do trato gastrintestinal, como

intolerância à lactose; gastro-enterites agudas; efeitos adversos da radioterapia; constipação;

alergias alimentares; entre outras. Entre as ações que lhe são atribuídas, podem ser citadas a

inibição do desenvolvimento de bactérias patogênicas e, por consequência, constituição de um

meio de prevenção contra infecções gastrintestinais (GRANATO, 2007).

Acredita-se que a simbiose exercida pelos microrganismos no iogurte exerce

efeitos benéficos como, por exemplo, o papel das bactérias do iogurte na redução da

intolerância à lactose, que já foi estudado completamente nos seres humanos e é agora bem

conhecido (LABAYEN et al, 2001; VARELA-MOREIRAS et al, 1992).

Segundo Granato (2007), a lactase produzida pelas bactérias lácticas, fonte

única de origem alimentar, pode compensar uma atividade lactásica reduzida no ser humano,

permitindo a assimilação da lactose e do restante dos nutrientes que, nesse caso, poderia estar

comprometida.

Outros efeitos podem ser citados: proteólise, em que as proteínas do leite, que

têm um alto valor biológico são parcialmente pré-digeridas por ação das bactérias lácticas, o

que permite uma melhor digestão. As vitaminas do leite ajudam no desenvolvimento das

bactérias lácticas que, por sua vez, produzem outras vitaminas, principalmente do complexo

B, aumentando assim a variedade de vitaminas presentes nesses produtos fermentados.

(GURR, 1987; ZACARCHENCO, 2003). Cepas de S. s. subsp. thermophilus podem ser

selecionadas pela sua capacidade de produção de ácido fólico (FERREIRA, 2006). A

fermentação tem pouco efeito no índice mineral do leite e, conseqüentemente, o índice

mineral total permanece inalterado no iogurte (GURR, 1987, citado por LOURENS-

HATTINGH; VILJOEN, 2001).

Guarner et al. (2005), propuseram que as preparações frescas de iogurte que

contêm S. s. subsp. thermophilus e L. d. subsp. bulgaricus poderiam ser consideradas como

produtos probióticos, pois conferem benefícios à saúde do consumidor. Segundo Mater et al.

(2005), para ser reconhecida como probiótico, a bactéria deve estar viável no trato digestivo

humano. Entretanto, estudos que investigaram a sobrevivência das bactérias do iogurte

durante o trânsito gastrintestinal do ser humano, mostraram, até agora, resultados conflitantes

(MATER et al., 2005). Em um trabalho recente, Campo et al. (2005), não detectaram a

presença de S. s. subsp. thermophilus ou L. delbrueckii nas fezes de 96 voluntários depois de

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um período de duas semanas ingerindo iogurte. Ao contrário, outros autores, (CALLEGARI

et al., 2004), obtiveram sucesso em detectar o L. delbrueckii viável (mas não o S. s. subsp.

thermophilus) nas fezes de seis dos 10 indivíduos que ingeriram iogurte.

2.3 PROBIÓTICOS

2.3.1 O intestino humano e sua microbiota

O trato gastrintestinal exerce funções vitais para a sobrevivência humana. Entre

os seus papéis, destacam-se (BEYER, 2003):

a) extração de macronutrientes dos alimentos ingeridos;

b) absorção de micronutrientes e oligoelementos;

c) barreira física e imunológica;

d) função secretória;

e) reprodução celular.

O trato gastrintestinal inicia-se na boca e divide-se em garganta, esôfago,

intestino delgado, intestino grosso e reto terminando no ânus (SIZER; WHITNEY, 2003). A

digestão dos alimentos começa na boca e termina no intestino delgado. O intestino delgado

está dividido em duodeno, jejuno e íleo. A maior parte do processo digestivo completa-se no

duodeno e jejuno superior e a absorção dos nutrientes acontece na parte média do jejuno. O

intestino grosso divide-se em ceco, cólon e reto, sendo responsável pela absorção de água e

sódio. No cólon, existem bactérias que encontram condições favoráveis para a sua

proliferação. As bactérias no cólon continuam a digestão de alguns materiais que resistiram à

atividade digestiva prévia. A população microbiana deste sítio alcança 1010 a 1012

microrganismos por grama de conteúdo luminal fazendo parte do ecossistema humano

(PÓVOA, 2002; BEYER, 2003).

O intestino do recém-nascido é desprovido de microbiota, mas a instalação das

bactérias intestinais é precoce e acontece imediatamente após o nascimento, sofrendo

influências do hospedeiro, da exposição às bactérias e do meio ambiente. Dentro de um a dois

dias, os coliformes, Enterococcus spp., os clostrídeos e os lactobacilos são detectados nas

fezes; dentro de três a quatro dias, as bifidobactérias as quais tornam-se predominantes ao

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redor do quinto dia. Esse alto número de bifidobactérias parece fazer parte do sistema de

defesa do recém-nascido contra microrganismos patogênicos. À medida que a contagem de

bifidobactérias aumenta, a contagem dos outros microrganismos diminui. Em bebês

alimentados ao peito, a contagem de bifidobactérias constitui aproximadamente 90%. Bebês

que não foram amamentados ao peito têm contagem de bifidobactérias menor, constituindo de

40 a 60%, juntamente aos lactobacilos. Isso sugere que os bebês amamentados ao peito sejam

mais resistentes devido a produção de substâncias antibacterianas pelas bifidobactérias. Ao

longo da vida do ser humano, acontecem mudanças graduais no perfil da microbiota

intestinal, o perfil de bifidobactérias declina passando a ser o terceiro gênero mais comum no

aparelho gastrintestinal. Bifidobacterium infantis e B. bifidum são substituídas por B.

adolescentis, B. longum e B. breve. A microbiota do homem adulto permanece mais estável

ao longo dos anos, principalmente no adulto saudável, até a idade mais avançada, quando

ocorrem novas mudanças. As mudanças na microbiota intestinal podem ocorrer também

devido a fatores extrínsecos como: dieta, estresse, drogas (como o uso de antimicrobianos),

infecções intestinais, constipação e tratamento imunossupressor. Considera-se como

microbiota intestinal saudável aquela na qual existe grande participação das bifidobactérias.

Quando presente em grande número, as bifidobactérias mantêm um balanço favorável entre a

população de microrganismo benéficos e a população de microrganismos potencialmente

prejudiciais ao trato gastrintestinal (HOIER, 1992; HOOVER, 1993; MODLER, 1994;

HOLZAPFEL et al., 1998; SUN; GRIFFITHS, 2000; YUHARA et al., 1983 citados por

LOURENS-HATTINGH; VILJOEN, 2001; FOOKS; GIBSON, 2002; BRANDT; SAMPAIO;

MIUKI, 2006; MACFARLANE; MACFARLANE; CUMMINGS, 2006).

Bactérias capazes de colonizar o trato gastrintestinal de forma permanente são

denominadas autóctones e dispensam a sua reintrodução periódica, por outro lado, bactérias

alóctones são aquelas externas ao ecossistema intestinal, sem adequada capacidade de aderir à

mucosa, sendo, portanto, transitórias (MACKIE; SGHIR; GASKINS, 1999).

A microbiota saudável é definida como a microbiota normal que conserva e

promove o bem-estar e a ausência de doenças, especialmente do trato gastrintestinal. É

caracterizada por sua densidade populacional elevada, ampla diversidade e interações

complexas (MACKIE; SGHIR; GASKINS, 1999; BRANDIT, 2006).

Algumas bactérias que compõem a microbiota podem ser consideradas

benéficas, apatogênicas e protetoras da mucosa intestinal, como as bifidobactérias. Bactérias

presentes no intestino, como bifidobactérias, inibem a proliferação de bactérias nocivas e

agem como protetoras no intestino grosso. Outras possuem fatores de virulência e tanto

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podem causar dano à célula intestinal como ter comportamento de comensal (MITSUOKA,

1996; BRANDT; SAMPAIO; MIUKI, 2006).

Na microbiota intestinal existem diferentes tipos de microrganismos (entre 700

a 1000 espécies) que interagem entre si. O balanço adequado destes microrganismos é

necessário para equilibrar as funções gastrintestinais, sendo constituinte fundamental da

barreira intestinal de defesa, além de facilitar a digestão e a absorção de certos nutrientes,

garantir a eliminação de determinados resíduos tóxicos (por meio do trânsito intestinal

regular) e proporcionar o funcionamento adequado do intestino (ROLFE, 2000).

No habitat intestinal, há mecanismos para estabilizar a comunidade bacteriana.

A estabilidade é um processo ativamente mantido pelas inter-relações das bactérias entre si e

entre estas e o hospedeiro (BRANDT; SAMPAIO; MIUKI, 2006).

O reconhecimento da importância da microbiota intestinal como um

mecanismo ativo de controle de processos infecciosos e da modulação da resposta

imunológica estimulou a procura por medidas de tratamento e prevenção de doenças baseadas

na restauração da microbiota intestinal (CHEN; WALKER, 2005; CRITTENDEN et al,

2005).

Em 1982, Mitsuoka propôs um esquema hipotético que ilustra a

interdependência entre as bactérias intestinais e a saúde humana. As bactérias intestinais

foram classificadas em três categorias: prejudiciais, benéficas ou ambivalentes no que diz

respeito à saúde humana. Entre as bactérias benéficas, estariam Bifidobacterium e os

Lactobacillus. As bactérias prejudiciais seriam: Escherichia coli, Clostridium, Proteus e

espécies de Bacteroides. Estas bactérias produzem uma variedade de substâncias prejudiciais,

tais como aminas, indol, sulfeto de hidrogênio, ou fenóis a partir de componentes dos

alimentos causando problemas intestinais e podendo, ocasionalmente, exercerem potencial

patogênico (ISHIBASHI; SHIMAMURA, 1993). O quadro 3 mostra as principais funções das

bactérias que habitam o intestino.

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Quadro 3 Principais funções atribuídas a microbiota intestinal

Função Mecanismo Antibacteriana

Competição por sítios de adesão Competição por nutrientes Produção de um ambiente fisiologicamente restritivo Produção de substâncias antimicrobianas

Imunomoduladora Estímulo para o sistema imune Desenvolvimento de tolerância imunológica

Nutricional/metabólica

Nutrição do colonócito Conversão do colesterol em coprastenol Conversão de bilirrubina em urobilina Síntese de vitamina K

Fonte: Brandt; Sampaio; Miuki, 2006. O trato gastrintestinal humano é um micro-ecossistema cinético que possibilita

o desempenho normal das funções fisiológicas do hospedeiro, a menos que microrganismos

prejudiciais e potencialmente patogênicos dominem. A introdução de grupos microbianos pela

administração de probióticos para manter um equilíbrio apropriado da microbiota pode ser

assegurada por uma suplementação sistemática da dieta, gerando benefício ao hospedeiro pela

melhora do balanço da microbiota intestinal (COLLINS; GIBSON, 1999; BIELECKA;

BIEDRZYCKA; MAJKOWSKA, 2002; FULLER, 1989 citado por BOTELHO, 2005).

2.3.2 Microrganismos probióticos

De acordo com Lilly; Stillwell (1965, citados por GOMES; MALCATA,

1999); Granato (2007), o termo “probiótico”, de origem grega, significa “para a vida”, e tem

sido empregado das maneiras mais diversas ao longo dos últimos anos. Tal termo foi,

inicialmente, proposto como descritivo de compostos ou extratos de tecidos capazes de

estimular o crescimento microbiano.

Para Tannock (1997), probióticos são microrganismos vivos que, quando

consumidos em quantidades suficientes, conferem benefícios para a saúde do hospedeiro. Para

que um produto possa ser considerado probiótico, é necessário que o microrganismo nele

contido demonstre capacidade de sobrevivência durante a sua passagem pelo trato

gastrintestinal, proliferando e colonizando o intestino, devendo também ser tolerado pelo

sistema imunitário sem gerar a formação de anticorpos contra si próprio.

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Segundo Havenaar; Huis in´t Veld (1991); Lourens-Hattingh; Viljoen (2001);

Granato (2007), probióticos seriam uma mono cultura ou uma cultura mista de

microrganismos vivos, aplicados ao homem ou ao animal (por exemplo como células

liofilizadas ou como um produto fermentado), que efetuam ação benéfica ao hospedeiro,

melhorando as propriedades da microbiota indígena. Esta definição implica que os produtos

probióticos contêm microrganismos vivos e melhoram o estado de saúde do hospedeiro. O

quadro 4 apresenta um resumo das definições de probióticos citadas por alguns autores.

Quadro 4

Definição de probióticos ao longo do tempo Definição publicada Referência

Organismos ou substâncias que contribuem para o balanço microbiano do intestino.

Parker, 1974

Suplemento de organismos vivos que beneficiam o hospedeiro, melhorando seu balanço microbiano intestinal.

Fuller, 1989

Organismos vivos que, quando ingeridos em certa quantidade, oferecem efeitos benéficos além da nutrição básica.

Schaafsma, 1996

Auxiliar dietético microbiano que afeta beneficamente a fisiologia do hospedeiro, modulando a imunidade, assim como melhorando o equilíbrio nutritivo e microbiano no trato intestinal.

Naidu; Bidlack; Clemens, 1999

Preparação ou produto que contenha microrganismos viáveis, definidos em números suficientes que alteram a microbiota no hospedeiro e exerce efeitos benéficos.

Schrezenmeir; De Vrese, 2001

Fonte: Granato, 2007. Ferreira (2008, p. 17), define probióticos como sendo “todo aquele

microrganismo ou alimento carreando microrganismos vivos que, ao serem consumidos

proporcionam um benefício para o consumidor/hospedeiro”.

Embora muitas definições já tenham sido propostas, atualmente considera-se

aquela sugerida pela reunião conjunta de especialistas da FAO/OMS (p. 3), realizada em

2002: "probióticos são organismos vivos que, administrados em quantidade adequada,

conferem um efeito benéfico à saúde do hospedeiro".

Algumas críticas têm sido feitas à atual definição. Estudos indicam que

produtos bacterianos, e mesmo o DNA bacteriano, podem apresentar efeitos benéficos à saúde

em situações específicas e não apenas a utilização de microrganismos vivos. Recomenda-se a

elaboração de novas pesquisas em relação a esse ponto pois, na medida em que demonstrarem

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evidências científicas comprovadas, poderão induzir uma adaptação da definição atual

(MORAIS; JACOB, 2006).

Os principais microrganismos bacterianos considerados como probióticos para

humanos são aqueles dos gêneros Lactobacillus e Bifidobacterium (PARVEZ et al., 2006;

SAAD, 2006).

No quadro 5 encontram-se espécies de interesse (por ordem alfabética) dos

gêneros Bifidobacterium e Lactobacillus.

Quadro 5

Lista das espécies dos gêneros Bifidobacterium e Lactobacillus Lactobacillus Bifidobacterium

L. acidophilus B. adolescentis L. casei B. bifidum L. johnsonii B. breve L. paracasei B. infantis L. plantarum B. lactis L. reuteri B. longum L. rhamnosus Fonte: Gomes; Malcata, 1999; Saad, 2006; Ferreira, 2008; Oliveira et al., 2002. Segundo Charteris et al., 1998; Bielecka et al (2006); Ferreira (2008), o

intestino delgado e o intestino grosso parecem ser, respectivamente, os locais de preferência

para a colonização intestinal dos lactobacilos e bifidobactérias. Esta distribuição ocorre em

função das condições de cada região do trato, como disponibilidade de nutrientes, pH,

potencial redox, fatores químicos e físicos. O intestino grosso humano é a região mais

densamente colonizada do trato digestivo. Pelo menos 50 gêneros diferentes de bactérias

residem no cólon, compreendendo centenas de espécies individuais (GIBSON, 1998).

Os probióticos constituem um fascinante campo de investigação e estudo,

tendo o tubo digestivo, mais especificamente a microbiota intestinal, como ponto central para

sua ação. Vale ressaltar que, potencialmente, os probióticos podem determinar efeitos

sistêmicos, ou seja, ultrapassar os limites do trato gastrintestinal (MORAIS; JACOB, 2006).

O conhecimento da microbiota intestinal e suas interações levou ao

desenvolvimento de estratégias alimentares, objetivando a manutenção e o estímulo das

bactérias normais presentes (GIBSON; FULLER, 2000). É possível aumentar o número de

microrganismos promotores da saúde no trato gastrintestinal (TGI) pela da introdução de

probióticos via alimentação. A microbiota intestinal é considerada fator essencial que influi

no bem estar dos indivíduos, pois em condições homeostáticas normais, exerce papel central

em numerosos aspectos benéficos (FUCHS et al., 2006).

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No indivíduo com sua microbiota já estabelecida, a influência dos probióticos

limita-se, em geral, ao período em que são empregados. Assim, para que esses indivíduos

mantenham a mudança desejada em sua microbiota intestinal, deverão consumir

continuamente e indefinidamente esses microorganismos (CHEN; WALKER, 2005). De

acordo com Kalliomaki et al. (2001); Chen; Walker, (2005), na faixa etária pediátrica,

especialmente quando se pretende utilizar os probióticos para a prevenção de determinadas

doenças, procura-se interferir no momento da instalação da microbiota intestinal do lactente,

fazendo com que os mesmos façam parte da microbiota definitiva do hospedeiro.

Segundo Szylit; Andrieux (1993), diversos autores recomendam que, 100g de

produtos alimentícios adicionados de probióticos, deve conter pelo menos 107 UFC de

bactérias probióticas viáveis no momento da compra do produto.

Vinderola; Reinheimer (2000), afirmam que, dependendo da cepa empregada e

do efeito benéfico desejado, um consumo de bactérias probióticas entre 108 a 1011 UFC/dia é

o recomendável.

Coeuret; Gueguen; Vernoux (2004), relatam que a quantidade adequada de

consumo de bactérias probióticas para exercer efeito benéfico deve ser de cinco bilhões de

unidades formadoras de colônias (UFC) por dia (5x109 UFC/dia), por pelo menos cinco dias.

Mesmo sendo esta a dose preconizada, os estudos que avaliam efeitos terapêuticos apresentam

doses variáveis de 106 a 109 UFC/g.

De acordo com Staton et al., (2001, citados por HAULY; FUCHS;

PRUDÊNCIO-FERREIRA, 2005), a dose terapêutica mínima exigida é de 105 células viáveis

por grama ou mL de produto.

De acordo com Antunes (2007), uma questão ainda não conclusa pela literatura

é a quantidade e frequência de consumo de probióticos necessários para assegurar os

benefícios a eles atribuídos. Preconiza-se a ingestão semanal mínima de 300 a 500g de

produtos lácteos fermentados contendo 106 a 107 UFC/mL, ou seja, entre 1 milhão e 10

milhões de células probióticas por mililitro do produto.

Nem todas as espécies de Lactobacillus e Bifidobacterium apresentam as

características essenciais requeridas para promover efeitos benéficos sobre a saúde humana

(BOTELHO, 2005). Os critérios de seleção para que as bactérias do ácido láctico sejam

utilizadas como probióticos incluem as seguintes habilidades deve ser de origem humana: não

patogênica; ter estabilidade à secreção ácida e biliar; aderir à célula epitelial; colonizar o trato

gastr5intestinal, ao menos temporariamente; capacidade de influenciar atividade metabólica

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local; exercer efeito benéfico ao hospedeiro; resistir ao processamento (OLIVEIRA et al.,

2002; PARVEZ et al., 2006; MORAIS; JACOB, 2006).

As bifidobactérias são caracterizadas por serem microrganismos Gram-

positivo, não formadores de esporos, desprovidos de flagelos, anaeróbios estritos com

morfologia celular variável (GOMES; MALCATA,1999; SUN; GRIFFITHS, 2000). Elas são

organismos heterofermentativos com produção de ácido acético e láctico na proporção de 3:2,

sem geração de CO2, exceto durante a degradação do gluconato, e capazes de utilizar a

glicose, galactose, a lactose e a frutose como fontes de carbono (GOMES; MALCATA,1999).

Fooks; Fuller; Gibson (1999); Roberfroid (2007), acrescentam que as bifidobactérias

fermentam seletivamente os frutanos (FOS), preferencialmente a outras fontes de

carboidratos. A temperatura ótima para crescimento oscila entre 37 e 41º C e o pH entre 6 e 7

(GOMES; MALCATA,1999).

Schell et al. (2002), ao decifrar a sequência do genoma da Bifidobacterium

longum, mostraram uma importante interação recíproca da bifidobactéria e seu hospedeiro.

Foram identificados polipeptídeos que mostraram homologia com a maioria das proteínas

necessárias para a produção de estruturas que poderiam possibilitar a adesão e permanência

no trato gastrintestinal. Foi encontrado também uma protease inibitória possivelmente

envolvida com a atividade imunomodulatória da bifidobactéria.

Somente cinco espécies de Bifidobacterium de origem humana (B. longum, B.

bifidum, B. breve, B, infantis e B. adolescentis) têm sido utilizadas pela indústria de produtos

lácteos fermentados com fins terapêuticos (TAMINE; MARSHALL; ROBINSON, 1995).

Antunes et al. (2007), descrevem também o uso de B. animalis subsp. lactis Bb12 como uma

espécie probiótica de origem humana que tem sido utilizada em fórmulas infantis, alimentos

para bebês e suplementos dietéticos.

2.3.3 Probióticos e saúde

A cada dia são descobertos novos benefícios atribuídos ao consumo de

produtos que contêm probióticos. Os microrganismos probióticos têm vantagens sobre os

outros microrganismos pelo fato de serem mais adaptados ao ambiente intestinal

(FERREIRA, 2008).

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O consumo de produtos probióticos tem ajudado a manter a boa saúde, a

restaurar o vigor físico e a combater doenças intestinais e outras desordens (MITAL; GRAG,

1992b).

A produção de ácido lático por bactérias, como as bifidobactérias, parece ter

um papel significativo na manutenção à resistência a colonização por uma variedade de

mecanismos (GIBSON; McCARTNEY; RASTALL, 2005).

Diversos efeitos benéficos à saúde associados ao uso de probióticos têm sido

relatados nos estudos de nutrição humana por diferentes grupos de pesquisas. Estes efeitos

podem ser utilizados para justificar reivindicações do uso de produtos probióticos como

redutores do risco de doenças (MORTOMI, 1996). Para Yenung et al. (2002), os efeitos

benéficos atribuídos aos microrganismos probióticos têm sido alcançados, principalmente

pela modulação da população e atividade da microbiota intestinal. Apesar dos muitos estudos,

os resultados obtidos são muito variáveis e, às vezes, inconsistentes com outros. Assim, ainda

faltam evidências para alguns dos benefícios, o que torna mais difícil estabelecer a ligação

entre o benefício e a saúde (GOMES; MALCATA, 1999).

O consumo regular de probióticos pode ser empregado na profilaxia e

tratamento de uma série de condições patológicas, a maior parte na esfera da

gastroenterologia (CHERMESH; ELIAKIM, 2006).

De acordo com Parvez et al. (2006), o uso de probióticos resulta em efeitos

diretos e indiretos. Probióticos exibem efeitos diretos localizados no trato gastrintestinal,

incluindo a modulação das colônias de bactérias residentes e a produção de vitaminas.

Existem, também, efeitos indiretos exercidos fora do trato gastrintestinal, incluindo as

junções, pulmões e pele. Os efeitos indiretos aparecem como o resultado do impacto na

imunidade via mudança do mediador inflamatório.

Os benefícios à saúde atribuídos à ingestão de probióticos que mais se

destacam são:

a) controle de infecções intestinais (LOURENS-HATTINGH; VILJOEN, 2001;

PARVEZ et al., 2006; ARYANA; McGREW, 2007;);

b) redução da intolerância à lactose (LOURENS-HATTINGH; VILJOEN, 2001;

PIMENTEL; FRANCKI; GOLLUCKE, 2005; PARVEZ et al., 2006;

ROBERFROID, 2006; ARYANA; McGREW, 2007);

c) redução dos níveis de colesterol sanguíneo (LOURENS-HATTINGH; VILJOEN,

2001; PIMENTEL; FRANCKI; GOLLUCKE, 2005; PARVEZ et al., 2006;

ROBERFROID, 2006; ARYANA; McGREW, 2007);

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d) atividade anticarcinogênica (LOURENS-HATTINGH; VILJOEN, 2001; PARVEZ

et al., 2006; ARYANA; McGREW, 2007);

e) síntese de nutrientes (PARVEZ et al., 2006);

f) tratamento de doença hepática (PARVEZ et al., 2006);

g) modulação de resposta inflamatória (PARVEZ et al., 2006);

h) modulação de reação alérgica (PARVEZ et al., 2006; OUWEHAND et al., 1999);

i) controle de pressão sanguínea (PARVEZ et al., 2006);

j) controle de triglicérides sanguíneo (PARVEZ et al., 2006);

k) redução da incidência/recorrência de infecções do trato urinário (PARVEZ et al.,

2006);

l) melhora dos sintomas das doenças inflamatórias intestinais (PARVEZ et al.,

2006);

m) manutenção de uma microbiota intestinal saudável, equilibrada (SUN;

GRIFFITHS, 2000; FERREIRA, 2008);

n) redução do nível da inflamação gástrica provocada por Helicobacter pylori

(ZHANG et al., 2008);

o) melhoria do sistema imunológico (PIMENTEL; FRANCKI; GOLLUCKE, 2005;

ARYANA; McGREW, 2007);

p) redução da atividade de enzimas fecais envolvidas na mutagenicidade

(MATSUMOTO; BENNO, 2004; ROBERFROID, 2006);

q) regularização do trânsito intestinal (BRADY; GALLAHER; BUSTA, 2000).

O quadro 6 relata os potenciais valores nutritivos e terapêuticos de alimentos

contendo agentes probióticos.

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Quadro 6 Potenciais valores nutritivos e terapêuticos de alimentos contendo agentes probióticos

Efeito benéfico Possíveis causas e mecanismos Melhor digestibilidade Degradação parcial de proteínas, lipídeos e

carboidratos Melhor valor nutritivo Níveis elevados das vitaminas do complexo

B e de alguns aminoácidos Melhor utilização da lactose Níveis reduzidos de lactose no produto e

maior disponibilidade de lactase Ação contra agentes patogênicos entéricos Distúrbios tais como diarréia, colite mucosa,

colite ulcerosa, diverticulite e colite antibiótica controlada pela acidez, inibidores microbianos e inibição da adesão e ativação

dos patógenos Ação anticarcinogênica Conversão de pré-carcinogênicos em

compostos menos perniciosos, redução das enzimas promotoras de carcinogênicos e

estimulação imunitária Ação hipocolesterolêmica Produção de inibidores da síntese de

colesterol, utilização do colesterol por assimilação e precipitação com sais biliares

conjugados Modulação imunitária Produção de macrófagos, estimulação da

produção de células supressoras e γ-interferon

Fonte: Gomes; Malcata, 1999. Segundo Schrezenmeir; Vrese (2001), os benefícios à saúde que estão bem

estabelecidos pela literatura são:

a) redução da freqüência e duração da diarréia associada ao uso de antimicrobianos

(Clostridium dificile), infecção por rotavírus, quimioterapia, e, em menor grau,

diarréia do viajante;

b) modulação humoral e imunidade celular;

c) redução de metabólitos desfavoráveis como amônia.

Apesar de os aspectos nutricionais e de saúde dos alimentos que incorporam

bactérias probióticas terem recebido considerada atenção e, eventualmente, conduzirem a

numerosas alegações destacadas na literatura (GOMES; MALCATA, 1999), Botelho (2005),

relatou que muitos destes estudos, para alguns aspectos, são variados e inconsistentes. Deste

modo, as evidências não são claras e as pesquisas devem, então, buscar dados mais reais

utilizando metodologias apropriadas e validações estatísticas, com especial ênfase na

integridade intestinal e modulação imunológica.

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De acordo com Ferreira (2008), em muitas dessas situações, o sintoma é

diminuído ou a enfermidade é controlada pelo consumo de probióticos, mas as

experimentações não foram suficientes para esclarecer o mecanismo de ação dos

microrganismos envolvidos nos diferentes processos.

Para exercerem efeitos probióticos, as bactérias devem ser capazes de aderir à

superfície da mucosa intestinal. Os mecanismos empregados na adesão em muitos casos não

estão bem definidos, mas sabe-se que estão ligados à produção de proteínas, glicoproteínas e

carboidratos especificamente para esse fim ou devido a componentes da própria membrana

celular que ajudariam na aderência. Entretanto, bactérias em trânsito pelo intestino também

podem exercer efeitos positivos sem a aderência propriamente dita, é o caso das bactérias do

iogurte que hidrolisam a lactose presente no produto lácteo e não aderem ao intestino

(NAIDU et al., 1999; FERREIRA, 2008).

Assim, são relatados na literatura microrganismos que têm “efeito probiótico”

e não são considerados como microrganismos probióticos propriamente ditos. Estes

microrganismos, como por exemplo a levedura S. boulardii, têm a capacidade de eliminar ou

reduzir os efeitos de diferentes tipos de diarréias e infecções intestinais neutralizando

diferentes tipos de toxinas, como as produzidas por Clostridium difficile. Outro gênero com

“efeito probiótico” é o Leuconostoc que tem um papel como componente do sabor em vários

produtos lácteos. As bactérias do iogurte também estão incluídas neste grupo. Esses

microrganismos não pertencem a comunidade do ecossistema intestinal humano, portanto,

não podem ser considerados como probióticos (FERREIRA, 2008).

Muitos benefícios à saúde têm sido reportados ao uso do iogurte tradicional e

esta imagem saudável pode ser melhorada pela suplementação com bactérias probióticas

(FARNWORTH et al., 2006).

2.3.4 Probióticos nos alimentos

O interesse por produtos alimentícios saudáveis, nutritivos e de grande

aproveitamento tem crescido mundialmente, o que resulta em diversos estudos na área de

produtos lácteos, dando ênfase à importância de uma dieta baseada nesse tipo de produto

(THAMER; PENNA, 2006). Além dos benefícios em termos de nutrição e de saúde que

proporcionam, os microrganismos probióticos podem também contribuir para melhorar o

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sabor do produto final, possuindo a vantagem de promover uma acidificação reduzida durante

a armazenagem pós-processamento (GOMES; MALCATA, 1998).

De acordo com Hekmat; Reid (2006), alguns dos produtos que têm o potencial

de carrear bactérias probióticas são o leite, iogurte, “frozen yogurt” e sorvete. Gomes;

Malcata (1999), acrescentam, ainda, outros leites fermentados e queijos. Podem ser citadas,

ainda, sobremesas à base de leite, leite em pó destinado a recém nascidos e produtos em pó

para serem dissolvidos em bebidas frias (DAVIDSON et al., 2006). Fooks; Fuller; Gibson

(1999) relatam que os probióticos podem ainda ser comercializados na forma de preparações

farmacêuticas em cápsulas ou saches, pós, tabletes, suspensões líquidas ou secas. Entretanto,

os produtos lácteos são considerados os carreadores universais dos microrganismos

probióticos (FERREIRA, 2008). Os produtos comercializados podem conter um único ou

uma combinação de microrganismos (PENNA et al., 2000).

O reconhecimento dos alimentos que beneficiam a saúde tem contribuído para

impulsionar os produtos lácteos que carregam os fermentos probióticos de origem intestinal

humana, são os chamados produtos lácteos de terceira geração (FERREIRA, 2006;

PATRIGNANI et al., 2006; PHILLIPS; KAILASAPATHY; TRAN, 2006; SAAD, 2006;

ANTUNES, 2007). Lourens-Hattingh; Viljoen (2001), definem como bio-iogurte o produto

que contém microrganismos probióticos vivos cuja presença leva a efeitos benéficos à saúde.

Importantes aspectos técnicos devem ser levados em consideração quando se

pretende utilizar culturas probióticas em alimentos fermentados, incluindo a necessidade de se

determinar a cultura iniciadora mais adequada, temperatura e tempo de incubação e taxa de

inoculação. Entre os fatores que influenciam a viabilidade das bactérias probióticas no

produto elaborado, podem ser destacados o estado fisiológico dos organismos probióticos

adicionados, as condições físicas de estocagem (tempo, temperatura), a composição química

do produto no qual os microrganismos serão adicionados (acidez, conteúdo de carboidratos

utilizáveis, fontes de nitrogênio, conteúdo mineral, atividade de água e conteúdo de oxigênio)

e possíveis interações dos probióticos (bacteriocinas, antagonismo e sinergismo) com outras

culturas iniciadoras (TAMIME; MARSHAL; ROBINSON, 1995; HELLER, 2001). Dave;

Shah (1998), também relatam o tempo de fermentação, pH do iogurte, concentração de

açúcar, conteúdo de sólidos do leite, viabilidade dos nutrientes, presença de peróxido de

hidrogênio e conteúdo de oxigênio dissolvido (especialmente para Bifidobacterium). Para

Botelho (2005), várias pesquisas têm reportado os efeitos destes fatores, contudo, estes

parâmetros não têm sido estudados simultaneamente, o que retarda e prejudica ainda mais o

avanço tecnológico dos iogurtes com estas culturas.

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43

A adição de bactérias probióticas aos produtos lácteos exige uma série de

cuidados. Entre as dificuldades, podem ser citadas a pouca palatabilidade e o longo tempo de

fermentação, lembrando-se ainda que a tecnologia empregada no processamento deve ser a

mesma empregada para os produtos não probióticos, para não ocorrer descaracterização do

mesmo e ainda assim, garantir a sua funcionalidade (FERREIRA, 2003).

Alguns fatores podem ser citados para o direcionamento do processamento dos

produtos probióticos, entre eles (DAVE; SHAH, 1997; FERREIRA, 2003):

a) adequação da cultura levando-se em consideração o público alvo;

b) funcionalidade esperada relacionada a espécie (ação no intestino delgado ou grosso);

c) sobrevivência no leite;

d) produção de ácido na taxa esperada;

e) não alteração do sabor característico do produto;

f) resultar em produto com textura adequada;

g) a cultura deverá ser resistente a acidez do produto e as rápidas mudanças de pH após a

ingestão;

h) deve resistir a presença de bile e de outras secreções intestinais;

i) o produto deverá ser eficaz no carreamento da cultura, cujos níveis mínimos deverão

ser 107 UFC/g ou mL do produto para Lactobacillus spp. e 105-106 UFC/g ou mL do

produto para Bifidobacterium spp.

Entretanto, deve-se verificar a legislação vigente em cada país.

Bactérias probióticas não crescem rapidamente em leite. A prática mais comum

é a de adicionar as bactérias do iogurte, o que melhora o processo de fermentação para a

fabricação de leites fermentados contendo probióticos. Na produção de iogurte, os probióticos

não atingem um número alto de células como as culturas iniciadoras implicando em

fermentações longas e exigência de anaerobiose. A suplementação do leite ou mudanças nos

níveis de inoculação devem ser realizadas quando deseja-se aumentar o conteúdo de bactérias

probióticas nos produtos lácteos fermentados (DAVE; SHAH, 1998; GOMES; MALCATA,

1999; OLIVEIRA et al., 2001; CHAMPAGNE et al., 2005; Fuller 1989, citado por FUCHS et

al., 2005).

Alternativas importantes como a adição de culturas lácticas bioajustadoras de

pH podem ser utilizadas na fabricação de produtos lácteos fermentados contendo probióticos,

para que estas possam atingir uma acidez segura no período aceitável (FERREIRA, 2003;

FERREIRA, 2008). Ferreira (2008), descreveu L. d. subsp. bulgaricus e S. s. subsp.

thermophilus como culturas bioajustadoras.

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44

Entretanto, segundo Saha; Lankaputhra (1997), L. d. subsp. bulgaricus produz

ácido lático durante o armazenamento sob refrigeração. Este fenômeno conhecido por pós-

acidificação, afeta a viabilidade das bactérias probióticas. Sun; Griffiths (2000), relataram que

um alto número de bifidobactérias no iogurte não pode ser sempre mantido devido a acidez

deste produto. O sucesso do conteúdo de bifidobactérias nos alimentos depende da viabilidade

desse microrganismo durante o armazenamento do produto, assim como a sua resistência a

condições existentes no trato gastrintestinal alto.

A utilização de produtos de laticínios na veiculação de bactérias probióticas

exige técnicas especiais, uma vez que o seu crescimento no leite pode resultar em sabor

desagradável devido ao acúmulo de ácido acético (BOTELHO, 2005). Culturas probióticas

com boas propriedades tecnológicas devem apresentar boa multiplicação no leite, promover

propriedades sensoriais adequadas nos produtos e ser estáveis e viáveis durante o

armazenamento (OLIVEIRA et al., 2002).

Por esta razão, esforços para seleção correta de culturas e melhoria na

viabilidade são comercialmente importantes, principalmente para as bactérias probióticas que

crescem pouco no leite, produzem pouco ácido, prolongando o tempo de fermentação

(FERREIRA, 2003).

A produção de iogurte com probióticos apresenta um processo similar a

produção do iogurte tradicional com exceção da adição das culturas probióticas. Na produção

do iogurte, seguindo-se a linha convencional, tem-se o tratamento do leite com calor,

homogeneização com a adição dos sólidos, inoculação com a cultura iniciadora convencional

à 45º C ou 37º C e incubação por 4 a 9 horas. A cultura probiótica pode ser adicionada antes

da fermentação, simultaneamente a adição da cultura convencional do iogurte ou após a

fermentação (LOURENS-HATTINGH; VILJOEN, 2001).

No desenvolvimento de um produto, ou mesmo durante seu processamento

tecnológico, é importante avaliar suas propriedades sensoriais (aparência, textura, cor, aroma

e sabor), uma vez que estas determinarão sua aceitação pelo consumidor e, conseqüentemente,

sua viabilidade econômica. A técnica de avaliação sensorial é amplamente empregada pelos

consumidores na escolha dos alimentos, especialmente os in natura, e qualquer alteração no

aspecto geral, cor e odor é usada como critério de recusa. O sistema de percepção humano é

desenvolvido para detectar alterações, sendo que estímulos baixos podem não ser importantes

uma vez que não percebidos (DIJKSTERHUIS; PIGGOTT, 2001).

Zacarchenco (2003), mostrou que bebidas lácteas elaboradas apenas com B.

longum, apresentaram a menor acidez titulável e maior pH.

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No trabalho de Faria; Benedet; Le Guerroue (2006), analisando parâmetros

para a produção de leite de búfala fermentado por Lactobacillus casei, os autores observaram

que apenas a acidez influenciou significativamente a viabilidade do microrganismo probiótico

no leite fermentado por 22 a 24 horas.

Segundo Urala; Lahteenmaki (2004), para que os consumidores utilizem

produtos saudáveis, é preciso que eles tenham o conhecimento sobre a sua funcionalidade e

que ele tenha gosto e textura parecidos com os alimentos convencionais.

No estudo de Hekmat; Reid (2006), avaliando as propriedades de iogurte

probiótico comparado ao iogurte tradicional, encontraram sucesso quanto às propriedades

sensoriais, aparência, sabor e textura nos iogurtes probióticos.

No trabalho realizado por Silva (2007), desenvolvendo iogurte probiótico com

prebiótico, verificou-se que a produção de iogurte com 1% de cultura fermentadora (0,5% de

cultura tradicional e 0,5% de probiótica) obteve as melhores notas na análise sensorial para os

atributos cor, sabor, acidez, corpo e aparência global.

As informações repassadas aos consumidores devem reforçar sua capacidade

de entendimento para que possam fazer escolhas alimentares mais saudáveis. A alimentação

saudável como medida de promoção da saúde deve condicionar o benefício alegado pelo

consumo do alimento à adoção de uma dieta equilibrada e de hábitos de vida saudáveis. Além

da sólida comprovação científica de que alimentos carreadores de probióticos tragam

benefícios à saúde, é importante que estes alimentos não contribuam para o aumento da

incidência de sobrepeso, obesidade e de outras doenças crônicas não-transmissíveis

(STRINGHETA et al., 2007).

De acordo com Parvez et al. (2006), mesmo com todos os benefícios relatados,

existe a possibilidade do consumo de produtos probióticos causar infecções em indivíduos

que respondem de diferentes formas ao seu uso. Ainda, para Salminen et al. (1998), existe

também a possibilidade de cepas de bactérias probióticas serem portadoras de plasmídios

contendo genes de resistência a antimicrobianos sendo capazes de transmitirem esses fatores

de resistência para bactérias patogênicas. Lee; Salminen (1995), relataram que, de acordo com

a “International Union of Microbiological Societies”, os lactobacilos e organismos

relacionados não apresentam riscos clínicos, mas novas preparações probióticas que contêm

microrganismos como bifidobactérias, Enterococcus, propionibacteria e culturas de

Saccharomyces precisam da verificação da sua seguridade. Desta forma, mesmo que culturas

de Lactobacillus spp. e de Bifidobacterium spp. sejam consideradas seguras (GRAS –

“generally recognized as safe”) na produção de alimentos probióticos, é importante a

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determinação da segurança e eficácia das novas espécies de probióticos antes da sua

introdução (SALMINEN et al., 1998; PARVEZ et al, 2006).

2.4 Controle de qualidade

De acordo com a Instrução Normativa n° 37 do Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento (MAPA), de 31 de outubro de 2000, para o controle microbiológico

do leite cru de cabra, deverão ser realizadas análises para detecção de microrganismos pela

contagem padrão em placa e análises físico-químicas de densidade e acidez titulável. Para o

leite tratado termicamente, deverão ser realizadas análises para contagem de microrganismos

aeróbios mesófilos, número mais provável para coliformes a 30/35°C e para coliformes a

45°C e pesquisa de Salmonella. Nas análises físico-química deverão ser determinados o pH, a

acidez titulável, densidade, percentual de proteína, de gordura, extrato seco total, cinzas e

lactose.

De acordo com a Instrução Normativa no 46 (MAPA), de 23 de outubro de

2007 (BRASIL, 2007), para o controle microbiológico do produto pronto, deverão ser

realizadas análises para a detecção de coliformes à 30 e 45ºC, Salmonella, para a contagem de

bolores e leveduras e de bactérias láticas totais. As análises físico-químicas de rotina

compreendem os teores de gordura (g/100g), proteínas lácteas (g/100g) e acidez (g de ácido

lático/100g).

Segundo alguns autores, o efeito benéfico de bactérias probióticas somente

pode ser esperado quando células viáveis são ingeridas sendo, portanto, importante que

bifidobactérias sobrevivam nos produtos lácteos fermentados até o momento do consumo. A

viabilidade das bifidobactérias depende do grau de acidez a que serão submetidas, as

condições de fermentação, temperatura de armazenamento e métodos de preservação, sendo

que o principal limite da sua sensibilidade é a alta acidez (THARMARAJ; SHAH, 2003;

SHAH, 1997).

Um importante parâmetro na monitoração da viabilidade dos organismos nos

produtos comercializados é a habilidade de contar bactérias probióticas diferencialmente. A

enumeração diferencial de bactérias probióticas torna-se difícil devido a presença de vários

outros tipos de microrganismos no produto (ANTUNES, 2007).

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Muitos meios de cultura têm sido sugeridos para a enumeração de

Bifidobacterium spp. presentes em culturas puras ou em produtos comerciais. Entretanto,

nenhum meio apresenta bons resultados quando a enumeração seletiva ou diferencial de

Bifidobacterium spp. for necessária na presença de S. s. subsp. thermophilus e L. d. subsp.

bulgaricus (VINDEROLA; REINHEIMER, 1999).

De acordo com Shimada et al. (1977 citados por LAPIERRE; UNDELAND;

COX, 1996), cloreto de lítio é uma substância comumente utilizada para isolar seletivamente

bifidobactérias. Mitsuoka (1982 citado por LAPIERRE; UNDELAND; COX, 1996) afirma

que proprionato de sódio é utilizado como um agente seletivo para isolar bifidobactérias.

Meios para contagem diferencial de bifidobactérias, usualmente, contêm substâncias com

baixo potencial de oxido-redução como cisteína e cistina, ácido ascórbico ou sulfeto de sódio,

ou agentes seletivos (antimicrobianos, uma fonte simples de carbono, ácido propiônico e

cloreto de lítio) para inibir o crescimento de bactérias do ácido lático (CHARTERIS et al.,

1998). Cloreto de lítio e propionato de sódio têm a vantagem de poder ser adicionados antes

da esterilização quando utilizados como agentes inibitórios (ZACARCHENCO, 2003). L-

cisteína HCL é considerado como fonte essencial de nitrogênio para bifidobactéria e tem a

função adicional de reduzir o potencial de oxi-redução melhorando as condições anaeróbias

requeridas por bifidobactéria (ARROYO; COTTON; MARTIN, 1994 citados por PAYNE,

1999).

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48

3 METODOLOGIA

3.1 Comparação entre diferentes meios de cultura para enumeração de bactérias do

iogurte e Bifidobacterium spp.

Para a seleção do meio de cultura a ser utilizado na enumeração de bactérias do

iogurte e Bifidobacterium spp., foram utilizados diluições apropriadas do cultivo lácteo

comercial YF-L812 (DVS - Christian Hansen Lab., Horsholm, Denmark) e das cepas de B.

longum, B. breve, B. pseudolongum e B. bifidum e plaqueamento “spread-plate” no meio de

cultura M17 (Le Pont de Claix - França) em aerobiose, plaqueamento “pour-plate” MRS da

marca Himédia (Marg, Mumbai – Índia) em jarra de anaerobiose e plaqueamento “pour-plate”

MRS da marca Merck (Darmstadt, Alemanha) em aerobiose.

3.2 Avaliação físico-química e microbiológica da matéria prima

Amostras de leite de cabra cru foram adquiridas de um laticínio/capril situado

em Contagem/MG. As cabras pertenciam à raça Saanen e o leite utilizado no presente

experimento era referente à ordenha da manhã do dia da coleta e já estava previamente

refrigerado (4ºC). Este leite foi ordenhado manualmente. Em cada dia de processamento,

foram recolhidos 10 litros de leite que foram transportados em recipientes estéreis, dentro de

caixas de isopor para a manutenção da temperatura baixa. Após a chegada ao Uni-BH, o leite

foi homogeneizado e submetido às análises microbiológicas e físico-químicas.

No Laboratório de Bromatologia, o leite cru foi submetido às seguintes análises físico-

químicas:

- pH, determinado em pH-metro digital da marca Quimis (Diadema, SP, Brasil);

- acidez titulável, conforme método clássico de Dornic (AOAC, 1997), utilizando solução

Dornic (Vetec, Duque de Caxias, RJ, Brasil) e fenolftaleína (Nalgon, Itupeva, SP, Brasil);

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49

- densidade, determinada pelo termolactodensímetro de Quevene a 15oC (AOAC, 1997).

No Laboratório de Microbiologia de Alimentos e Imunologia, o leite cru foi

submetido à análise microbiológica de Contagem Padrão em Placas (BRASIL, 2001),

detalhado por Silva et al. (2001). Utilizou-se peptona bacteriológica em solução (marca

Oxoid, Basingstoke, Inglaterra) para realizar as diluições e a contagem dos microrganismos

foi realizada por incorporação “pour plate” ao meio de cultura PCA (Plate Count Agar da

marca Oxoid) a partir de diluições apropriadas (10-1, 10-2, 10-3, 10-4, 10-5). As análises foram

realizadas em triplicata.

3.3 Preparo da cultura mãe

O cultivo lácteo comercial YF-L812 (DVS - Christian Hansen Lab., Horsholm,

Denmark) foi adquirido na forma liofilizada, contendo as bactérias termofílicas Streptococcus

salivarius subsp. thermophilus e Lactobacillus delbrueckii subsp. bulgaricus na propoção 1:1

(informação do fabricante). A cultura mãe foi preparada por semeadura direta em um litro de

leite de cabra previamente aquecido até a fervura e resfriado até a temperatura de 43ºC. A

cultura mãe foi então embalada individualmente em porções de 20mL e congeladas em

freezer convencional com temperatura inferior a 0oC. Esse procedimento foi realizado no

laticínio/capril situado na cidade de Contagem/MG, responsável pela produção do leite de

cabra.

3.4 Obtenção das cepas de Bifidobacterium spp.

As cepas de Bifidobacterium spp. utilizadas neste projeto, gentilmente cedidas

pelo professor Jacques Robert Nicoli, foram isoladas e caracterizadas no Laboratório de

Ecologia e Fisiologia de Microrganismos, do Instituto de Ciências Biológicas, da

Universidade Federal de Minas Gerais. As cepas foram isoladas de fezes de crianças sadias e

identificadas por testes morfotintoriais, respiratórios e bioquímicos, seguido de PCR-

Multiplex. Foi testada a velocidade de crescimento de 124 cepas por turbidimetria e as cepas

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com maior velocidade de crescimento foram submetidas ao teste de aerotolerância. Das cepas

analisadas, as que apresentaram melhores resultados aos testes realizados foram utilizadas no

atual trabalho: B. longum, B. breve, B. pseudolongum e B. bifidum. Todas as culturas de

Bifidobacterium foram mantidas em caldo MRS (De Man, Rogosa and Sharpe) da marca

Oxoid, em freezer a -86oC com uma contagem de 109 UFC/mL de Bifidobacterium spp.

Antes de cada experimento, 100µL de cada cultura de Bifidobacterium spp.

foram inoculados em 10mL de caldo MRS (Oxoid) regenerado, e incubado a 37oC, em

aerobiose por 24 horas, mantendo-se espaço superior mínimo no tubo. Após 24h, as culturas

que apresentaram crescimento foram repicadas utilizando-se 500µL de cada cultura em 50mL

de caldo MRS (Oxoid) regenerado e mantidas por mais 48h a 37ºC em aerobiose, mantendo-

se head space mínimo. Após este período, as culturas que apresentaram crescimento foram

centrifugadas (centrífuga da marca Jouan) por 10 minutos à 5.000rpm. O sobrenadante foi

descartado, adicionou-se 50mL de água peptonada regenerada e procedeu-se a nova

centrifugação (10 minutos à 5.000rpm). Em seguida, o sobrenadante foi descartado,

acrescentou-se 5mL de água peptonada regenerada obtendo-se uma concentração de 1010

UFC/mL de Bifidobacterium spp.

3.5 Elaboração dos iogurtes

No Laboratório de Técnica Dietética do UNI-BH, 10L de leite de cabra foram

aquecidos até a temperatura de 93ºC por fonte direta de calor com agitação e medindo-se a

temperatura no ponto frio do recipiente (procedimento realizado conforme orientações do

laticínio/capril) quando foram retiradas amostras para as análises microbiológicas e físico-

químicas.

No Laboratório de Bromatologia, o leite tratado termicamente foi submetido as

seguintes análises físico-químicas:

- pH, determinado em pH-metro digital (Quimis) conforme metodologia AOAC (1997);

- acidez titulável, conforme método clássico de Dornic (AOAC, 1997);

- densidade, determinada pelo termolactodensímetro de Quevene a 15oC (AOAC, 1997);

- percentual de proteína, pelo método clássico de Kjeldahl (IDF 20 B, 1993;

- gordura, pelo método gravitacional (FIL 1 C, 1987);

- extrato seco total, pela Fórmula de Fleischmann (AOAC, 1997);

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- extrato seco desengordurado, por diferença do EST – G% (AOAC, 1997).

Além destes testes, foram realizadas análises (BRASIL, 2000) de:

- cinzas, pela determinação de resíduo por incineração;

- lactose, por determinação dos glicídios redutores em lactose.

O leite tratado termicamente foi submetido a análises microbiológicas que

incluíram: (BRASIL, 2001), conforme metodologia oficial descrita por Silva et al., (2001).

- contagem de microrganismos aeróbios mesófilos (10-1, 10-2, 10-3, 10-4 e 10-5);

- número mais provável para coliformes a 30/35ºC e para coliformes a 45ºC;

- pesquisa de Salmonella.

Após o tratamento térmico até 93ºC, o leite foi resfriado até a temperatura de

43ºC quando foi adicionada a cultura mãe iniciadora na proporção de 2% (v/v), seguido de

homogeneização e incubação a 43oC por aproximadamente três horas quando o produto

apresentou as características próprias do iogurte como: coágulo uniforme, gel liso, brilhante,

sem desprendimento de soro ou gases – seguindo-se a forma de produção artesanal do capril

escolhido para este estudo. Após este período, o produto permaneceu em geladeira a

temperatura de 5 a 8ºC por 24h. Em seguida, foi acrescentada sacarose (União, Tarumã, SP),

na proporção de 0,1% à todo o volume de iogurte produzido e aroma de morango produzido

por IFF (International Fragance and Flavor) e comercializado por Tecnomilk (São Paulo), na

proporção de 0,5% à metade do volume produzido de iogurte. O iogurte foi dividido em

embalagens de 200mL, quando 1mL de cada cultura de Bifidobacterium spp. com

concentração de 1010 UFC/mL foi acrescentado atingindo uma concentração final de

aproximadamente 107 UFC/mL (determinado em contagens realizadas previamente). Depois

de embalados, os iogurtes foram armazenados sob refrigeração (5 a 8ºC) por 40 dias. Foram

realizadas três repetições deste experimento. A figura 2 demonstra esquematicamente as

etapas da produção do iogurte e os pontos de coleta de amostra para as diferentes análises.

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Ordenha manual do leite

Filtragem do leite

[ Amostragem 1 ]

Filtragem do leite

[ Amostragem 2 ]

Aquecimento até 93ºC

Resfriamento até 43º C

Adição da cultura iniciadora

Homogeneização

[ Amostragem 3 ]

Acondicionamento 42º C por 3h

Adição de culturas de Bifidobacterium spp.

Resfriamento até 20º C

Adição de sacarose (0,1%)

Acondicionamento 5 a 8º C por 45 dias

[ Amostragem 4 ]

Homogeneização

Adição de culturas de Bifidobacterium spp.

[ Amostragem 4 ]

Acondicionamento 5 a 8º C por 45 dias

Figura 2 – Esquema de produção de iogurte de leite de cabra acrescido de Bifidobacterium spp. e os diferentes pontos de coleta das amostras para análises

Adição de aroma

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Análises por pontos de amostragem: [ 1 ] análises físico-químicas: pH, acidez e densidade análises microbiológicas: contagem padrão em placa (CPP) [ 2 ] análises físico-químicas: pH, acidez, densidade e percentuais de gordura, proteína, extrato seco total, sólidos não gordurosos, lactose e cinzas análises microbiológicas: microrganismos aeróbios mesófilos, coliformes a 30/35ºC, coliformes a 45ºC e Salmonella spp. [ 3 ] análises físico-químicas: acidez, percentuais de gordura e proteína análises microbiológicas: contagem de S. s. subsp. thermophilus, contagem L. d. subsp. bulgaricus, coliformes a 30/35ºC, coliformes a 45ºC, bolores e leveduras [ 4 ] análises físico-químicas: acidez, percentuais de gordura e proteína contagem diferencial de Bifidobacterium spp. análises microbiológicas: contagem de S. s. subsp. thermophilus, contagem L. d. subsp. bulgaricus, coliformes a 30/35ºC, coliformes a 45ºC, bolores e leveduras

No laboratório de Microbiologia de Alimentos e Imunologia do UNI-BH, as

amostras foram identificadas e submetidas às análises microbiológicas realizadas segundo

metodologia oficial (BRASIL, 2007; SILVA et al., 2001) para: Salmonella, coliformes a

30/35ºC, coliformes a 45ºC e bolores e leveduras (PDA, Oxoid), com os intervalos de tempo

de 1, 15 e 40 dias de estocagem.

3.6 Contagem de microrganismos específicos

As contagens de S. s. subsp. thermophilus nos iogurtes foram realizadas por

semeadura “spread plate”, a partir de diluições apropriadas (10-6 e 10-7) no meio M17 (Difco,

Le Pont de Claix, França). As placas foram incubadas em aerobiose a 37ºC por 48h, de acordo

com metodologias descritas por BRASIL (2007); Silva et al. (2001). As contagens de L. d.

subsp. bulgaricus nos iogurtes foram realizadas por incorporação “pour plate”, a partir de

diluições apropriadas (10-6 e 10-7) no meio MRS (Oxoid). As placas foram incubadas em

aerobiose a 37ºC por 48h, de acordo com metodologias descritas por BRASIL (2007); Silva et

al. (2001). Para ambas as contagens, utilizou-se o intervalo de tempo de 1, 15 e 40 dias da

produção do iogurte.

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3.7 Teste de viabilidade das cepas de Bifidobacterium spp.

A contagem diferencial de Bifidobacterium spp. nos iogurtes foi realizada por

incorporação “pour-plate” a partir de diluições apropriadas (10-6,10-7 e 10-8) no meio MRS da

marca Himédia (Marg, Mumbai, Índia). As placas foram incubadas em jarras de anaerobiose,

utilizando-se gerador de anaerobiose (GasPak da marca Difco), a 37ºC, por 72h, sendo as

amostras retiradas em intervalos regulares de tempo de 1, 7, 15, 30 e 40 dias após adição do

probiótico.

Foram necessários testes iniciais com as quatro culturas de Bifidobacterium

spp. e a cultura do iogurte, testadas separadamente quanto ao perfil de crescimento em vários

meios de cultura, trazendo informações imprescindíveis para a contagem seletiva destes

microrganismos.

3.8 Análises físico-químicas dos iogurtes

Foram retiradas amostras para as seguintes análises físico-químicas no

Laboratório de Bromatologia do UNI-BH:

- acidez titulável, conforme método clássico de Dornic (AOAC, 1997), utilizando solução

Dornic e fenolftaleína;

- percentual de proteína, pelo método clássico de Kjeldahl (IDF 20 B, 1993), utilizando-se os

materiais como já descrito para o leite de cabra pasteurizado;

- gordura, pelo método gravitacional (AOAC, 1997).

3.9 Análise sensorial

Os testes empregados para avaliar a aceitação e a intenção de consumo, escalas

hedônica e de atitude, foram baseados nas metodologias descritas por Chaves; Sproesser

(1999).

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Foi preparado um quarto iogurte e as amostras codificadas com números de

três dígitos aleatórios foram apresentadas em local apropriado, Laboratório de Análise

Sensorial do Centro Universitário de Belo Horizonte/Uni-BH, com a incidência de luz

vermelha para a avaliação dos atributos aparência, aroma, sabor e textura sendo avaliada

também a intenção de compra. Os provadores receberam uma ficha sensorial para expressar

suas opiniões. Para avaliar as características de aparência, aroma, sabor e textura, empregou-

se a escala hedônica estruturada de nove pontos (1= desgostei extremamente; 5 = indiferente;

9 = gostei extremamente). A Intenção de compra foi avaliada por uma escala de nove pontos

(1 = só compraria se fosse forçado; 5 = compraria se acessível, mas não me esforçaria; 9 =

compraria isto sempre que tivesse oportunidade) (CHAVES, 1999). No APÊNDICE A pode

ser visto o modelo de ficha de avaliação que foi utilizada pela equipe de julgadores.

A equipe utilizada foi composta por 120 julgadores – número determinado

pelos blocos completos para cinco amostras (DUTCOSKY, 1996; CHAVES; SPROESSER,

1999), potenciais consumidores de iogurtes. Em cada caso, os provadores receberam 30mL de

cada amostra a ser analisada. A população selecionada para realizar a análise sensorial foi a

de estudantes e funcionários do Uni-BH, maiores de 18 anos, sexo masculino e feminino,

saudáveis e que assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). O atual

projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Uni/BH e a aprovação concedida

pode ser visualizada no ANEXO A.

3.10 Delineamento experimental e análise estatística

Para o tratamento estatístico dos dados, foi aplicado a análise de variância

(ANOVA), considerando-se os iogurtes de leite de cabra adicionados ou não de

Bifidobacterium spp. e adicionados ou não de aroma de morango. A análise foi utilizada para

determinar a existência ou não de diferença significativa entre todos os testes realizados ao

nível de 5% de significância. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados

utilizando-se quatro espécies de bifidobactérias e a adição ou não de aroma. Para a

comparação entre as médias empregou-se o Teste de Tukey. Os experimentos foram

realizados em triplicata.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Comparação entre diferentes meios de cultura para enumeração de bactérias do

iogurte e Bifidobacterium spp.

Os resultados obtidos no experimento para a definição do meio de cultura a ser

utilizado para a contagem seletiva da cultura do iogurte e das Bifidobacterium spp. podem ser

visualizados na tabela 1.

Tabela 1 Resultados encontrados para o crescimento das culturas do iogurte e de Bifidobacterium spp.

em diferentes meios de cultura (UFC/g) Tipos de culturas

Meios de cultura

Cultura do iogurte

B. longum B. breve B. pseudolongum

B. bifidum

MRS Himédia

Não houve crescimento

6,9 x 108 5,7 x 108 4,2 x 108 4,8 x 108

MRS

Merck pH 5 Não houve crescimento

Não houve crescimento

Não houve crescimento

Não houve crescimento

Não houve crescimento

M17 5,42 x 109 Não houve crescimento

Não houve crescimento

Não houve crescimento

Não houve crescimento

Os resultados mostraram que as culturas de Bifidobacterium spp. tiveram um

bom crescimento no meio de cultura MRS da marca Himédia, não havendo crescimento da

cultura do iogurte. Dessa forma, este meio de cultura foi capaz de permitir a contagem

diferencial quando Bifidobacterium spp. estão presentes juntamente com a cultura do iogurte.

Não houve crescimento das Bifidobacterium spp. e da cultura do iogurte no meio de cultura

MRS da marca Merck com pH 5 demonstrando não ser um meio de cultura indicado para a

contagem diferencial dos microrganismos em questão. Os resultados demonstraram

crescimento de cocos no meio M17, não havendo crescimento das Bifidobacterium spp. neste

mesmo meio.

De acordo com Dave; Shah (1998), vários meios de cultura têm sido sugeridos

para a enumeração de bifidobactérias como cultura pura ou em produtos comerciais, mas

nenhum fornece bons resultados quando a enumeração de bifidobactérias for na presença de

S. s. subsp. thermophilus e L. d. subsp. bulgaricus. Vinderola; Reinheimer (1999), afirmam

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que não existe uma metodologia oficial para a contagem de microrganismos probióticos em

produtos lácteos fermentados sendo muito difícil contar colônias diferenciais com quatro

microrganismos (B. bifidum, Lactobacillus acidophilus, S. thermophilus e Lactobacillus

delbrueckii) num único meio.

Para Botelho (2005), a legislação brasileira deve estabelecer valores limite

mínimos de contagem e implantar métodos diferenciais de quantificação e qualificação das

espécies de maior interesse, visto que somente este tipo de metodologia é que pode garantir

uma correta identificação e assegurar a funcionalidade das culturas como benéficas à saúde.

Muitos meios para o isolamento seletivo ou diferencial de Bifidobacterium spp.

e as culturas do iogurte têm sido descritos. A maioria deles tem uma composição complexa

que inclui antibióticos como inibidores de crescimento, requerem longo tempo de incubação,

exigem procedimentos demorados no preparo ou mostram baixa recuperação dos níveis da

bactéria probiótica (LIM; HUH; BAEK, 1995; ROY, 2001).

Hartemink et al. (1996), relataram que diversos métodos podem ser

empregados para detectar bifidobactérias em produtos lácteos, tais como contagem em placa,

técnicas moleculares (baseados em DNA ou rRNA), técnicas fluorescentes ou imunológicas,

bem como os métodos enzimáticos. O método de contagem em placa ainda é o mais utilizado,

portanto, o meio de cultura escolhido deve promover o crescimento seletivo da bactéria em

estudo, enquanto outros microrganismos devem ser suprimidos.

Alguns parâmetros deveriam ser considerados para uma seleção adequada do

meio de cultura para bifidobactérias (ROY, 2001):

a) suprimento nutritivo e de substâncias de crescimento;

b) baixo potencial de oxi-redução;

c) manutenção do valor de pH durante o crescimento.

De acordo com Lankaputhra et al. (1996), existe um certo consenso de que

alguns meios que contêm antibióticos ou bile podem restringir o crescimento de

bifidobactérias e, consequentemente, a obtenção da contagem nesses meios não é

necessariamente representativa da viabilidade das células no produto.

No seu trabalho, Lapierre; Undeland; Cox (1992), mostraram que

bifidobactérias (exceção para B. longum B118) tiveram bom crescimento no meio composto

por propionato de sódio e cloreto de lítio (LP ágar). O meio foi preparado adicionando-se

duas partes de cloreto de lítio e três partes de propionato de sódio ao ágar LCL antes da

esterilização. A concentração de cloreto de lítio e propionato de sódio utilizada mostrou não

inibir o crescimento de bifidobactérias e, em contraste, as cepas de L. d. subsp. bulgaricus,

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Lactobacillus acidophilus e a maioria das cepas de Streptococcos foram completamente

inibidas. Algumas cepas mesofílicas resistiram às concentrações de cloreto de lítio e

propionato de sódio. Recomenda-se, portanto, a incubação à 40ºC para prevenir o crescimento

dessas cepas. O procedimento mostrou ser simples e confiável para isolar e enumerar

bifidobactérias de produtos lácteos fermentados.

Em 2000, Vinderola; Reinheimer conseguiram contar B. bifidum, provenientes

de uma mistura com Lactobacillus acidophilus, S. thermophilus e L. d. subsp. bulgaricus, em

ágar LP-MRS, sendo os únicos organismos capazes de crescerem e recuperarem bem as

células neste meio. O meio utilizado para a enumeração de bifidobactérias (LP-MRS) foi

composto por 0,2% de cloreto de lítio e 0,3% de propionato de sódio demonstrado

anteriormente como eficaz por Lapierre; Undeland; Cox (1992).

No trabalho desenvolvido por Roy (2001), com o objetivo de identificar um

meio capaz de isolar e enumerar bifidobactérias em produtos lácteos mostrou:

a) a técnica de plaqueamento usada para enumerar bifidobactérias pode fazer uma

significante diferença nos resultados - é importante comparar as técnicas spread e

pour-plate a fim de selecionar a combinação do meio e a técnica de plaqueamento

dando a melhor representação da contagem de bifidobactérias viáveis;

b) o uso de água peptonada com salina (0,85%) pode ser recomendado como diluente

para a enumeração de bifidobactérias de produtos lácteos;

c) L-cisteína adicionada ao meio reduziu o potencial de oxi-redução e proporcionou

melhores condições anaeróbias para o crescimento de bifidobactérias;

d) rafinose pode ser adicionada a meios não-seletivos ou meios seletivos para melhorar as

propriedades seletivas.

Tabasco et al. (2007), enumeraram seletivamente e identificaram culturas de

Bifidobacterium lactis em leite fermentado com outras culturas de microrganismos. A

enumeração foi realizada por “pour-plate” no meio MRS suplementado com 1% de rafinose,

0,05% de cloreto de lítio e 0,05% de cisteína. As placas foram incubadas em jarra de

anaerobiose à 45ºC, por 72h. A formulação do método foi baseada em meios livres de

antibióticos e fermentação de carboidratos. As características do método permitiram a redução

da concentração do componente antimicrobial cloreto de lítio para 0,05%, ao invés de 0,2-

0,3%, quantidade geralmente adicionada aos meios seletivos para enumerar Bifidobacterium.

Como resultados, Tabasco et al. (2007), mostraram em seu estudo que a

combinação do uso de meio seletivo de plaqueamento e incubação anaeróbia à 45ºC, por 72h,

fornecem uma aproximação efetiva livre de antibiótico para enumerar Bifidobacterium lactis

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numa mistura de culturas presentes em leite fermentado. A eficiência do método seletivo foi

verificada pela evolução da performance usando parâmetros estatísticos como precisão,

exatidão, reprodutibilidade, seletividade, especificidade e pela identificação da enumeração da

espécie por PCR espécie-espécie. O meio escolhido para a enumeração de Bifidobacterium

em leite fermentado com outras culturas apresentou um resultado de 97,6%; resultados

próximos de 100% indicaram que o rendimento do método seletivo foi quase igual às

contagens teóricas, o que indicouque a eficácia do método para a enumeração seletiva poderia

ser considerada aceitável. Os microrganismos presentes no leite fermentado foram S.

thermophilus, L. d. subsp. bulgaricus, L. acidophilus, L. paracasei subsp. paracasei e B.

lactis.

Tabasco et al. (2007), solicitaram pedido de patente para um método de

diferenciação e quantificação de bactérias lácticas e bifidobactéria em leites fermentados,

usando meio de cultura seletivo e livre de antibiótico. O procedimento permite a quantificação

seletiva e diferencial de quatro espécies de bactérias lácticas (S. thermophilus, L. bulgaricus,

L. casei, L. acidophilus) e B. lactis em cultivo misto presentes em leites fermentados. O

procedimento é baseado no empenho de diferentes condições de incubação e/ou na

diferenciação por morfologia das colônias, sem a adição de antibióticos aos meios de cultivo.

Para B. lactis, a quantificação se realiza por fermentação da rafinose, presente no ágar MRS,

pela tolerância ao LiCl e pelas condições de incubação em anaerobiose durante 72h à 45º C.

As escolhas do meio e método a serem utilizado deve considerar o tipo de

alimento que carreia o microrganismo, a espécie ou cepa a ser isolada e enumerada e a

natureza dos gêneros. Os meios seletivos/diferenciais não devem ser utilizados em todas as

situações (LOURENS-HATTINGH; VILJOEN, 2001).

4.2 Análise físico-química do leite de cabra e do iogurte

A tabela 2 apresenta os resultados obtidos nas análises físico-químicas do leite

de cabra in natura utilizado na fabricação do iogurte provenientes de três experimentos.

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Tabela 2 Parâmetros físico-químicos do leite de cabra in natura

Parâmetros Amostras de leite de cabra Média ± desvio padrão

Padrão IN 57

Experimento 1 Experimento 2 Experimento 3 Densidade a

15ºC 1,0276 1,0274 1,0270 1,0273 ±

0,0003 1,0280-1,0340

pH 6,59 6,51 6,25 6,45 ± 0,18 ---- Acidez % de ácido lático

0,16 0,17 0,14 0,16 ± 0,02 0,13 a 0,18

A determinação da densidade do leite é uma das análises físico-químicas de

rotina, tendo como objetivo principal a inspeção da integridade do leite. O pH não é

normalmente medido na indústria de laticínios devido a problemas operacionais resultantes da

formação de uma película de gordura sobre o eletrodo, o que inviabilizaria a execução de

repetidas análises (SILVA, 1996). Uma importante característica do leite é a acidez, que pode

estar relacionada ao aumento da contaminação por manipulação inadequada ou,

armazenamento e refrigeração deficiente. Com uma alta contagem de microrganismos ocorre

uma grande produção de ácidos (PRATA; RIBEIRO; REZENDE, 1998).

Os valores encontrados para a densidade, pH e acidez, estão dentro dos padrões

estabelecidos pela legislação brasileira para leite de cabra (BRASIL, 2000). Pereira et al.

(2005), analisando o leite de cabra no Estado da Paraíba, encontraram uma média de 1,0302

para densidade e uma média de 0,16% de ácido lático no produto para a acidez. Os valores

obtidos para densidade e acidez foram semelhantes aos encontrados por Fonseca (2006). Silva

et al. (2006), caracterizando o leite de cabra, encontraram valores para densidade (1,0285) que

situaram-se dentro da faixa de médias encontradas na literatura e 0,16% de ácido lático no

produto para a acidez, indicando que o leite analisado estava em bom estado de conservação.

Cunha (2007), na análise do leite de cabra na Região de Nova Friburgo-RJ encontrou

resultados de 1,0287g/mL para a densidade e 0,18% de ácido lático no produto para a acidez.

Andrade (2008), encontrou valores que variaram de 1,0303 a 1,0286g/mL para a densidade e

uma variação de 0,10 a 0,23% de ácido lático no produto para a acidez.

A tabela 3 apresenta os resultados provenientes de três experimentos obtidos

nas análises físico-químicas do leite de cabra tratado termicamente utilizado na fabricação do

iogurte.

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Tabela 3 Parâmetros físico-químicos do leite de cabra tratado termicamente

Parâmetros Amostras de leite de cabra Média ± desvio padrão

Padrão IN 57

Experimento 1 Experimento 2 Experimento 3 Densidade a

15ºC 1,0308 1,0304 1,0290 1,0301 ±

0,0009 1,0280-1,0340

pH 6,73 6,28 6,22 6,41 ± 0,28 ---- Acidez% de ácido lático

0,19 0,18 0,14 0,17 ± 0,03 0,13 a 0,18

Gordura (%) 3,5 2,4 3,0 2,97 ± 0,55 Teor original

Proteína (%) 3,54 3,42 3,26 3,41 ± 0,14 Mín* 2,8 Lactose (%) 3,61 3,49 3,52 3,54 ± 0,06 Mín* 4,3 Cinzas (%) 0,84 0,87 0,80 0,84 ± 0,04 Mín* 0,7 Extrato seco

total (%) 12,16 10,01 11,46 11,21 ± 1,10 ----

Extrato seco desengordurado

(%)

8,66 7,61 8,46 8,24 ± 0,56 Mín* 8,2

* Mín = mínimo

Os valores encontrados para densidade e acidez estão de acordo com o

estabelecido pela Instrução Normativa no 37 (BRASIL, 2000), que define a variação de

1,0280 a 1,0340 para densidade à 15ºC e 0,13 a 0,18% de ácido lático para acidez.

No trabalho de Andrade (2000), foi encontrado o valor médio de 0,15% de

ácido lático no produto sendo um valor não (P > 0,05) diferente do encontrado no leite cru.

Foi observado ainda, que o processamento não interferiu com a densidade do leite de cabra,

apresentando um valor médio de 1,0310g/mL para o leite pasteurizado.

Valores médios que variaram de 1,027 a 1,033 para a densidade e variação de

0,14 a 0,17% de ácido lático no produto para a acidez do leite de cabra, foram encontrados em

trabalhos realizados por Pereira et al. (2005); Fonseca (2006); Lora, Prudêncio; Benedet

(2006), estando todos em conformidade com a legislação vigente. Costa et al. (2007), ao

analisarem o leite de cabra pasteurizado integral congelado de diferentes marcas

comercializados no Estado da Paraíba, observaram resultados que encontravam-se dentro dos

requisitos estabelecidos pela legislação para a densidade (1,028 a 1,031) e valores que

variaram de 0,12 a 0,16% de ácido lático no produto para a acidez, estando em desacordo com

a legislação vigente.

Pela Instrução Normativa no 37 (BRASIL, 2000), o leite de cabra integral deve

conter o teor original encontrado para gordura, mínimo 2,8% de proteína, mínimo 4,3% de

lactose, mínimo 0,7% de cinzas e mínimo de 8,2% de sólidos não-gordurosos. No presente

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trabalho, avaliando-se a média dos resultados, apenas o valor encontrado para lactose (3,54%)

esteve abaixo do recomendado pela legislação em vigor.

Andrade (2000); Prata (2001); Pereira (2005); Lora, Prudêncio; Benedet

(2006), encontraram valores superiores para o teor de gordura. Costa et al. (2007), foram

encontrados valores que variaram de 1,67% até 3,57% para o teor de gordura nos leites de

cabra analisados.

Segundo a legislação vigente, são admitidos valores de gordura inferiores a

2,9% para a variedade de leite integral mediante comprovação de que o teor médio de gordura

do determinado rebanho não atinja esse nível (COSTA et al., 2007). De acordo com os

mesmos autores, valores baixos encontrados para a gordura do leite de cabra integral, não

podem ser atribuídos ao desnatamento do leite, tendo em vista que a gordura do leite de cabra

não tem valor comercial.

Para os teores de proteína, Andrade (2000), encontrou valores de 2,98% e

2,94% para o leite de cabra cru e pasteurizado, respectivamente, demonstrando um valor

inferior ao encontrado neste trabalho. Pereira et al. (2005), analisando o leite de cabra na

Paraíba, encontraram valores médios de 3,3%, o mesmo valor foi encontrado por Lora,

Prudêncio; Benedet (2006), sendo muito próximo ao valor encontrado neste trabalho (3,41%).

No estudo de Costa et al. (2007), os valores de teor de proteína variaram entre 2,88 a 3,37%

para as diferentes marcas de leite de cabra analisadas.

No presente trabalho, o valor encontrado para lactose (3,54%) foi inferior ao

estabelecido pela legislação e também inferior ao valor encontrado por Andrade (2000), que

determinou uma média de 4,55% de lactose no leite de cabra pasteurizado. Este autor relatou

que a lactose está sujeita a alterações durante o processamento do leite envolvendo,

principalmente, reações de Maillard durante o aquecimento e cristalização durante o

congelamento. No trabalho de Pereira et al. (2005), foi encontrado 4,4% de lactose sendo um

resultado superior ao encontrado neste trabalho. Costa et al. (2007), também encontraram

valores que variaram de 4,53 a 4,76% de lactose.

Malau-Aduli; Anlade (2002), comparando a composição dos leites de vaca,

ovelha e cabra na Nigéria, encontraram valores para o leite de cabra de 4,82% de gordura,

5,43% de proteína, 1,8% de lactose e 0,68% de cinzas. Lora, Prudêncio; Benedet (2006),

encontraram o valor de 0,8% de cinzas no leite de cabra analisado e Costa et al. (2007),

obtiveram valores que variaram de 0,65 a 0,73% de cinzas nas diferentes marcas de leite de

cabra estudadas.

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O extrato seco total é um indicador importante devido à exigência de padrões

mínimos no leite e pela influência no rendimento dos produtos lácteos, podendo-se observar

que o pagamento do leite e seus produtos é em função do conteúdo especificamente de

gordura e de proteína. Andrade (2000), encontrou valor médio de 12,36% para o extrato seco

total analisado pelo disco de Ackerman. Neste trabalho, utilizando-se o mesmo método

encontrou-se 11,21% de extrato seco total sendo um valor semelhante ao encontrado (11,8%)

por Pereira et al. (2005). Lora, Prudêncio; Benedet (2006), encontraram 12,6% para extrato

seco total e Costa et al. (2007), encontraram variações de 9,43 a 13,68% nas amostras

analisadas. O disco de Ackeman é um método indireto para calcular o extrato seco total do

leite, fornecendo os resultados associando-se os valores do teor de gordura com os valores de

densidade. O extrato seco total depende principalmente dos teores de lactose, gordura e

proteína.

Andrade (2000), encontrou valores entre 7,87 a 9,40% para extrato seco

desengordurado e Pereira et al. (2005) encontraram uma variação de 7,8 a 9,1%. No trabalho

de Lora, Prudêncio; Benedet (2006), foi encontrado 8,3% para extrato seco desengordurado,

estando dentro do encontrado por Costa et al. (2007), que variou de 7,61 a 10,01%. Neste

trabalho, o valor médio encontrado foi de 8,24%. Malau-Aduli; Anlade (2002), no trabalho

com leite de cabra, encontraram 12,77% e 7,95% de extrato seco total e extrato seco

desengordurado, respectivamente.

Ressalta-se que a composição físico-química do leite de cabra é bastante

variável em função de múltiplos fatores, tais como raça, período de lactação, clima, estação

do ano, alimentação, idade do animal e produção de leite (BENEDET; CARVALHO, 1996).

Os gráficos 1 e 2 apresentam a variação dos valores encontrados para a acidez

titulável dos iogurtes de leite de cabra adicionados ou não de Bifidobacterium spp. e

adicionados ou não de aroma de morango nos dias 1, 15 e 40 após a fabricação.

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Gráfico 1 - Média dos resultados encontrados para a acidez titulável dos iogurtes de leite de cabra adicionados ou não de Bifidobacterium spp. sem a adição de aroma de morango

Gráfico 2 - Média dos resultados encontrados para a acidez titulável dos iogurtes de leite de cabra adicionados ou não de Bifidobacterium spp. com a adição de aroma de morango

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Os resultados físico-químicos encontrados para a acidez titulável de todos os

iogurtes de leite de cabra produzidos adicionados ou não de Bifidobacterium spp. e

adicionados ou não de aroma de morango, estiveram de acordo com os parâmetros mínimos

definidos na legislação brasileira para o produto (0,6 a 2g de ácido lático/100g de produto)

(BRASIL, 2007). Os resultados mostram que os valores encontrados para a acidez, não

apresentaram diferença (P > 0,05), ou seja, os valores encontrados não tiveram variação ao

longo do período de estocagem para os iogurtes estudados.

Levando-se em consideração o comportamento da acidez titulável, não foi

observada nenhuma interação (P > 0,05) entre as variáveis tempo e adição ou não de aroma

para todos os iogurtes de leite de cabra produzidos adicionados ou não de Bifidobacterium

spp.

Os valores encontrados para acidez titulável permitiram verificar que o tempo

de fermentação foi suficiente para alcançar a acidez inicial desejável para iogurtes de, no

mínimo, 0,6% de ácido lático, necessário para garantir a inibição do desenvolvimento de

microrganismos patogênicos e deteriorantes que porventura sobrevivam ao tratamento térmico

e que poderiam alterar o produto durante sua vida de prateleira (BRASIL, 2007). O ácido

lático na concentração de 0,5 a 1,5% não é inibitório para a cultura microbiana (LEE;

SALMINEN, 1995; BRASIL, 2007).

Existe uma carência de informações e trabalhos científicos relacionados à

produção de iogurte com leite de cabra. Desta forma, na avaliação de produtos utilizando

outros tipos de matéria-prima, Zacarchenco (2003), desenvolvendo iogurtes de leite de vaca

com S. thermophilus, B. longum e L. acidophilus encontrou valores para acidez titulável que

permaneceram dentro dos valores preconizados pela legislação atual (BRASIL, 2007). Martin

(2002), ao analisar a acidez de iogurtes comerciais de leite de vaca armazenados, encontrou

valores que variaram de 0,73 a 117g de ácido lático.

Cunha Neto et al. (2005), encontraram valores de acidez que não apresentaram

diferenças (P > 0,05) durante o período de estocagem dos iogurtes de leite de búfala

elaborados com diferentes níveis de gordura.

Ao estudar leite de búfala fermentado por Lactobacillus casei e suplementado

por Bifidobacterium longum, Faria; Benedet; Le Guerroue (2006), encontraram acidez inicial

de 0,69 ± 0,01% de ácido lático e final (30 dias) de 1,3 ± 0,02% no produto estocado a 5ºC e

1,22 ± 0,06% no estocado a 10ºC.

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De acordo com Lourens-Hattingh; Viljoen (2001), a acidificação excessiva é

feita principalmente pelo crescimento descontrolado de cepas de Lactobacillus delbrueclii

subsp. bulgaricus.

A tolerância de Bifidobacterium spp. à acidez é cepa-específica. Lankaputhra;

Shah (1995), estudando a sobrevivência de nove cepas de Bifidobacterium spp. em condições

ácidas (pH 1,5-3,0), concluíram que B. longum e B. pseudolongum sobrevivem melhor em

condições ácidas do que B. bifidum.

Tamime; Robson (1991a), definiram pós-acidificação como sendo a acidez

produzida após o período de incubação, isto é, durante o resfriamento, armazenamento e

distribuição, até o consumo do produto. Os parâmetros de acidez titulável são importantes

indicadores de qualidade para o iogurte, uma vez que, se excessivos, denotarem más

condições de armazenamento. Este problema pode ser solucionado com a1 manutenção das

condições ideais de temperatura durante o armazenamento do produto, evitando, assim, outras

modificações no iogurte como o desenvolvimento de microrganismos tolerantes à acidez e

alterações organolépticas que comprometem a qualidade e comercialização dos iogurtes

(MARTIN, 2002).

Os gráficos 3 e 4 apresentam a variação dos valores encontrados para o teor de

proteína dos iogurtes de leite de cabra adicionados ou não de Bifidobacterium spp. e

adicionados ou não de aroma de morango nos dias 1, 15 e 40 após a fabricação.

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Gráfico 3 - Média dos resultados encontrados para o teor de proteína dos iogurtes de leite de cabra adicionados ou não de Bifidobacterium spp. sem a adição de aroma de morango

Gráfico 4 - Média dos resultados encontrados para o teor de proteína dos iogurtes de leite de cabra adicionados ou não de Bifidobacterium spp. com a adição de aroma de morango

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Os resultados para o conteúdo em proteínas de todos os iogurtes de leite de

cabra produzidos adicionados ou não de Bifidobacterium spp. e adicionados ou não de aroma

de morango, estiveram de acordo com os parâmetros mínimos definidos na legislação

brasileira para o produto (mínimo 2,9g de proteínas lácteas/100g de produto) (BRASIL,

2007). Os resultados mostram que os valores encontrados para a proteína, não apresentaram

diferença (P > 0,05), ou seja, os valores encontrados não tiveram variação ao longo do

período de estocagem para nenhum dos iogurtes estudados. A tabela com os valores médios e

desvios padrão para a acidez titulável e para o teor de proteína do iogurte, pode ser vista no

Apêndice B.

Para o teor de proteína, Tamime; Robinson (1991), afirmaram que durante o

processo de elaboração de iogurtes há um aumento do teor de aminoácidos livres e peptídeos.

As proteínas desempenham um importante papel na formação do coágulo e, portanto, a

consistência e a viscosidade do produto são diretamente proporcionais à concentração das

mesmas.

Levando-se em consideração o comportamento do teor de proteína, não foi

observada nenhuma interação (P > 0,05) entre as variáveis tempo e adição ou não de aroma

para todos os iogurtes de leite de cabra produzidos adicionados ou não de Bifidobacterium

spp.

Ao analisar o valor encontrado para o teor de proteína do leite de cabra e o

valor encontrado para a proteína dos iogurtes, nenhuma interação foi observada (P > 0,05).

A tabela 4 mostra os resultados encontrados para o teor de gordura nos iogurtes

produzidos nos três experimentos após 40 dias de fabricação.

Tabela 4

Valores médios encontrados para o percentual de gordura dos diferentes iogurtes com 40 dias de produção

Tipos de iogurtes Teor de gordura em % e desvio-padrão B. longum sem aroma 2,60 ± 0,17 B. longum com aroma 2,77 ± 0,06 B. breve sem aroma 2,70 ± 0,10 B. breve com aroma 2,83 ± 0,21

B. pseudolongum sem aroma 2,73 ± 0,06 B. pseudolongum com aroma 2,75 ± 0,14

B. bifidum sem aroma 2,80 ± 0,10 B. bifidum com aroma 2,73 ± 0,15

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Iogurte sem aroma 3,00 ± 0,10 Iogurte com aroma 2,80 ± 0,10

A análise estatística do percentual de gordura dos iogurtes mostrou não haver

diferença (P > 0,05) entre o teor de gordura do leite de cabra e o teor de gordura dos iogurtes

preparados adicionados ou não de Bifidobacterium spp. mostrando também não haver

interação entre a adição ou não de aroma ao produto.

Os valores encontrados para acidez titulável, proteína e gordura estão de

acordo com o trabalho de Silva (2007), que desenvolveu iogurtes probióticos de leite de vaca

com prebiótico utilizando diferentes concentrações de culturas láticas.

A composição do iogurte é semelhante à do leite, embora se reconheça que

existem algumas diferenças devido às mudanças ocorridas pela fermentação bacteriana sobre

a lactose e pela adição de leite em pó, normalmente feita para aumentar os sólidos do leite, o

que permite maior conteúdo protéico, além da presença de aditivos e flavorizantes (DEETH;

TAMIME, 1981).

4.3 Análises microbiológicas do leite de cabra e do iogurte

A tabela 5 apresenta os resultados obtidos nas análises microbiológicas do leite

cru de cabra utilizado na fabricação do iogurte provenientes de três experimentos.

Tabela 5 Parâmetros microbiológicos do leite cru de cabra

Parâmetros Amostras de leite de cabra Média ± desvio padrão

Padrão IN 57

Experimento 1 Experimento 2 Experimento 3 CPP (Log10

UFC/mL) 5,08 5,46 5,32 5,29 ± 0,19 5,00 x 105

A Instrução Normativa no 37 (BRASIL, 2000), que regulamenta a produção,

identidade e qualidade do leite de cabra, cita o valor máximo de 5,00 x 105 UFC/mL para a

contagem padrão em placa (microrganismos mesófilos), estando todas as amostras para o leite

cru de cabra deste estudo apresentando valores próximos do padrão máximo estabelecido.

Valores médios de 1,58 x 105 foram encontrados por Fonseca (2006). Kongo; Gomes;

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Malcata (2006), na análise microbiológica de leite de cabra cru, encontraram 106 UFC/mL na

contagem de bactérias mesófilas sendo o mesmo resultado encontrado por Cunha (2007). O

trabalho de Andrade (2008), apresentou resultados semelhantes ao encontrado no atual estudo

para a caracterização microbiológica do leite de cabra cru de cabra.

A contagem total de microrganismos aeróbios mesófilos em placa, também

denominada contagem padrão em placas, é o método mais utilizado como indicador geral de

populações bacterianas em alimentos. Não diferencia tipos de bactéria, sendo utilizada para se

obter informações gerais sobre a qualidade de produtos, práticas de manufatura, matérias

primas utilizadas, condições de processamento, manipulação e vida de prateleira (SILVA et

al., 2007a). De acordo com Teixeira et al. (2000), os microrganismos mesófilos são um grupo

muito importante por incluir a maioria dos contaminantes do leite, tanto deterioradores como

patógenos. É considerado um bom indicador de qualidade microbiológica, sendo a contagem

microbiana em placa realizada para se avaliar as condições higiênicas na qual o produto foi

processado.

A tabela 6 apresenta os resultados provenientes de três experimentos obtidos

nas análises microbiológicas do leite de cabra tratado termicamente utilizado na fabricação do

iogurte.

Tabela 6

Parâmetros microbiológicos do leite de cabra tratado termicamente Parâmetros Amostras de leite de cabra Média ±

desvio padrão Padrão IN 57

Experimento 1 Experimento 2 Experimento 3 Contagem padrão em

placa

< 101 < 101 < 101 < 101 5,00 x 105

Coliformes a 30/35ºC

< 3 < 3 < 3 < 3 < 3

Salmonella Ausência em 25g de produto

analisado

Ausência em 25g de produto

analisado

Ausência em 25g de produto

analisado

Ausência em 25g de produto

analisado

Ausência em 25g de produto

analisado * Mín = mínimo

Para a análise microbiológica do leite de cabra tratado termicamente, não foi

encontrado crescimento de microrganismos na contagem padrão em placa em nenhuma das

diluições realizadas, foi encontrado valores menores do que 3 para Coliformes a 30/35ºC e

ausência de Salmonella em 25g de produto analisado, estando em conformidade com a

legislação em vigor.

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Para Oliveira; Caruso (1996), testes para coliformes em leite têm a finalidade

de avaliar as condições sanitárias de produção, determinar a presença de infecções do úbere

causadas por certas espécies deste grupo e também avaliar a eficiência da pasteurização. O

grupo de microrganismos coliformes totais é considerado indicador das condições higiênicas

da produção e beneficiamento do leite pasteurizado e o grupo de microrganismos coliformes

fecais é considerado indicador das condições sanitárias. Silva et al. (2007b), reforçaram que a

presença de coliforme indica falha no processo ou contaminação pós processo em alimentos

pasteurizados, pois são facilmente destruídos pelo calor e não devem sobreviver ao tratamento

térmico. De acordo com Franco; Landgraf (1996), salmoneloses são, quase sempre, causadas

por leite cru ou inadequadamente pasteurizado sendo que a medida de controle mais eficiente

indicada é a destruição das salmonelas nos alimentos pelo calor.

Os resultados encontrados na determinação de Coliformes a 30/35ºC foram

menores do que 3 NMP/mL, demonstrando não haver contaminação em todos os iogurtes

preparados e a eficiência do tratamento térmico realizado.

Na pesquisa de Salmonella, observou-se a ausência em 25g de produto

analisado, demonstrando também não haver contaminação em todos os iogurtes preparados.

Os gráficos 5 e 6 apresentam os valores médios obtidos nas contagens de

bolores e leveduras dos iogurtes de leite de cabra adicionados ou não de Bifidobacterium spp.

e adicionados ou não de aroma de morango durante o período de armazenamento à 4ºC. A

tabela com os valores médios e desvios padrão em log10 UFC/mL encontra-se no Apêndice C.

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Gráfico 5 – Média dos resultados encontrados para a contagem de bolores e leveduras nos iogurtes de leite de cabra adicionados ou não de Bifidobacterium spp. sem a adição de aroma de morango

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Gráfico 6 – Média dos resultados encontrados para a contagem de bolores e leveduras nos iogurtes de leite de cabra adicionados ou não de Bifidobacterium spp. com a adição de aroma de morango

A análise mostrou existir diferença estatística (P < 0,05) na contagem de

bolores e leveduras durante a estocagem dos iogurtes até o 40o dia apenas para os iogurtes

adicionados de B. longum com e sem aroma, B. pseudolongum com aroma e iogurte sem a

adição de Bifidobacterium spp. e sem aroma, ou seja, houve variação na média da contagem

das células viáveis de bolores e leveduras ao longo do tempo para esses iogurtes. Apesar da

variação estatística encontrada para alguns iogurtes, a contagem do número de células viáveis

para bolores e leveduras variou entre 101 e 102 UFC/g, estando ainda dentro dos padrões

estabelecidos pela legislação em vigor (BRASIL, 2007), que exige uma contagem máxima de

2 x 102 UFC/g.

A análise estatística dos resultados encontrados na contagem de bolores e

leveduras mostrou não existir interação (P > 0,05) entre as variáveis tempo e adição ou não de

aroma para todos os iogurtes de leite de cabra produzidos adicionados ou não de

Bifidobacterium spp.

Os fungos são encontrados em alimentos refrigerados, com baixa atividade de

água, alta acidez ou condições de embalagem que inibam bactérias, incluindo, frutas, geléias e

produtos fermentados (iogurte, queijos, embutidos) (SILVA et al., 2007c).

4.4 Contagem de microrganismos específicos

Os gráficos 7 e 8 apresentam os valores médios obtidos pelas contagens de S. s.

subsp. thermophilus no meio M17 dos iogurtes de leite de cabra adicionados ou não de

Bifidobacterium spp. e adicionados ou não de aroma de morango durante o período de

armazenamento à 4ºC. A tabela com os valores médios e desvios padrão em log10 UFC/mL

encontra-se no Apêndice D.

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Gráfico 7 - Média dos resultados encontrados para a contagem de S. s. subsp. thermophilus nos iogurtes de leite de cabra adicionados ou não de Bifidobacterium spp. sem a adição de aroma de morango

Gráfico 8 - Média dos resultados encontrados para a contagem de S. s. subsp. thermophilus nos iogurtes de leite de cabra adicionados ou não de Bifidobacterium spp. com a adição de aroma de morango

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A análise mostrou não existir diferença (P > 0,05) na contagem de S. s. subsp.

thermophilus durante a estocagem dos iogurtes até o 40o dia. A contagem do número de

células viáveis para este microrganismo permaneceu entre 108 a 107 UFC/mL.

A análise estatística dos resultados encontrados na contagem de S. s. subsp.

thermophilus mostrou não existir interação (P > 0,05) entre as variáveis tempo e adição ou

não de aroma para todos os iogurtes de leite de cabra produzidos adicionados ou não de

Bifidobacterium spp.

A manutenção do número de células viáveis da bactéria lática S. s. subsp.

thermophilus atendem aos valores estabelecidos pela legislação brasileira em vigor, que,

segundo os Padrões de Identidade e Qualidade (PIQ) de Leites Fermentados, Resolução no 5,

13 de novembro de 2000 (BRASIL, 2007), deve ser no mínimo 107 UFC/mL de contagem

total de bactérias láticas viáveis no produto final, durante todo o prazo de validade.

Neste estudo, não foi detectado o crescimento do microrganismo L. d. subsp.

bulgaricus nas diluições utilizadas, não sendo possível expressar os resultados e não

demonstrando afetar o produto final do ponto de vista tecnológico já que a aparência de

coágulo uniforme, gel liso, brilhante, sem desprendimento de soro ou gases foi mantida.

Apesar de não ter sido possível a enumeração de L. d. subsp. bulgaricus, a legislação em

vigor não estabelece a enumeração diferenciada para S. s. subsp. thermophilus e L. d. subsp.

bulgaricus. A contagem de S. s. subsp. thermophilus assegura os valores mínimos exigidos.

No trabalho realizado por Thamer; Penna (2005), com bebidas lácteas

fermentadas à base de leite de vaca, foi encontrada uma predominância de S. s. subsp.

thermophilus em comparação ao L. d. subsp. bulgaricus.

S. s. subsp. thermophilus e L. d. subsp. bulgaricus exibem uma relação

simbiótica durante o processamento do iogurte com uma constante mudança das proporções

entre as espécies. Durante a fermentação, S. s. subsp. thermophilus cresce rapidamente no

início, utilizando aminoácidos essenciais produzidos pelo L. d. subsp. bulgaricus. S. s. subsp.

thermophilus em resposta, produz ácido lático, que reduz o pH a um nível ótimo para o

crescimento do L. d. subsp. bulgaricus. O ácido lático produzido e, em menores quantidades o

ácido fórmico, estimulam o crescimento do L. d. subsp. bulgaricus. S. s. subsp. thermophilus

é inibido com um valor de pH entre 4,2-4,4, enquanto L. d. subsp. bulgaricus tolera variações

de pH entre 3,5-3,8. Após aproximadamente três horas de fermentação, o número dos dois

microrganismos deveria estar igual. Com a fermentação longa, o grau de velocidade de

crescimento de S. s. subsp. thermophilus declina enquanto L. d. subsp. bulgaricus continua a

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reduzir o pH pela produção de quantidades excessivas de ácido lático (LOURENS-

HATTINGH; VILJOEN, 2001).

A proporção entre cocos e bacilos na cultura do iogurte é, normalmente, de 1:1

ou 2:1 (cocos:bacilos), e é evidente que o equilíbrio entre os microrganismos pode ser

quebrado com facilidade, a menos que variáveis como as quantidades inoculadas, tempo e

temperatura de armazenamento se mantenham sob estrito controle (BRANDÃO, 1995).

Assim, as indústrias fabricantes de culturas láticas fornecem culturas tradicionais de iogurtes

com menor concentração de L. d. subsp. bulgaricus e uma maior concentração de S. s. subsp.

thermophilus. A redução na contagem de L. d. subsp. bulgaricus no produto final contribui

para diminuir a pós-acidificação do iogurte durante a vida de prateleira. Isto é importante

tanto para garantir ao produto final um sabor suave, quanto para evitar efeitos adversos do pH

baixo sobre as bactérias probióticas (DAVE; SHAH, 1997).

De acordo com Hughes; Hoover (1995), a maioria dos estudos mostrou que a

alta taxa de sobrevivência das bactérias do ácido lático foi obtida a baixas temperaturas de

estocagem dos produtos. Moreira et al. (1999), em pesquisa com iogurtes comercializados no

município de Lavras, MG, não encontraram a proporção 1:1 nos iogurtes analisados. A

proporção 2:1 ocorreu em 16,67% das amostras. No restante das amostras (83,33%),

estreptococos foram predominantes, encontrando variações desde 4:1; 3:1 à 2:1.

Van de Casteele et al. (2006), utilizando diferentes meios de cultura para

enumerar cepas probióticas de lactobacilos e bifidobactérias em combinação com as culturas

do iogurte, também obtiveram uma boa recuperação de S. s. subsp. thermophilus no meio

M17. No estudo de Silva (2007), desenvolvendo iogurte probiótico de leite de vaca com

prebiótico, o microrganismo tradicional L. d. subsp. bulgaricus apresentou redução de um

ciclo logarítmico (de 107 para 106) na avaliação com 28 dias de estocagem sendo um valor

inferior ao estabelecido pela legislação.

4.5 Contagem das Bifidobacterium spp.

Os gráficos 9 e 10 apresentam os valores médios obtidos pelas contagens de

Bifidobacterium spp. no meio MRS Himédia dos iogurtes de leite de cabra adicionados ou

não de aroma de morango durante o período de armazenamento à 4ºC. A tabela com os

valores médios e desvios padrão em log10 UFC/mL encontra-se no Apêndice E.

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Gráfico 9 - Média dos resultados encontrados para a contagem de Bifidobacterium spp. nos iogurtes de leite de cabra sem a adição de aroma de morango

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Gráfico 10 - Média dos resultados encontrados para a contagem de Bifidobacterium spp. nos iogurtes de leite de cabra com a adição de aroma de morango A contagem do número de células viáveis de Bifidobacterium spp. permaneceu

entre 106 e 108 UFC/mL mostrando redução de até dois ciclos logarítmicos na contagem

especialmente após 30 e 40 dias de estocagem.

Os valores encontrados para a contagem das bifidobactérias estão de acordo

com os valores estabelecidos pelos Padrões de Identidade e Qualidade (PIQ) de Leites

Fermentados, Resolução no 5, 13 de novembro de 2000 (BRASIL, 2007), mínimo 106 UFC de

bifidobactéria/g.

Os resultados encontrados para as bifidobactérias isoladamente mostram não

existir diferença estatística (P > 0,05) para os iogurtes adicionados de B. longum sem a adição

de aroma quando analisados ao longo do tempo. Entretanto, o resultado encontrado quando

adiciona-se o mesmo microrganismo e aroma é diferente: a diferença estatística é encontrada

no iogurte armazenado do primeiro para o 40º dia, do sétimo para o 40º dia e do 15º para o

40º dia.

Para os iogurtes adicionados de B. breve e sem a adição de aroma, a diferença

estatística foi observada com o iogurte armazenado do primeiro para o 40º dia, do sétimo para

o 30º e 40º dias e do 15º para o 40º dia. Para esse mesmo microrganismo, a adição de aroma

mostrou diferença estatística com o iogurte armazenado do primeiro para o 30º e 40º dias, do

sétimo para o 40º e do 15º para o 40º dia.

Para os iogurtes adicionados com B. pseudolongum e sem a adição de aroma, a

diferença estatística foi observada no iogurte armazenado do sétimo para o 30º e 40º dias.

Para esse mesmo microrganismo, a adição de aroma mostrou diferença estatística com o

iogurte armazenado do primeiro para o 30º e 40º dias, do sétimo para o 40º dia, do 15º para o

40º dia e do 30º para o 40º dia.

Para os iogurtes adicionados de B. bifidum e sem a adição de aroma, a

diferença estatística foi observada no iogurte armazenado do primeiro para o 40º dia, do

sétimo para o 40º dia e do 15º para o 40º dia. Para esse mesmo microrganismo, a adição de

aroma mostrou diferença estatística no iogurte armazenado do primeiro para o 30º e 40º dias,

do sétimo para o 30º e 40º dias e do 15º para o 40º dia.

Quando os iogurtes de leite de cabra adicionados de Bifidobacterium spp.

foram analisados considerando-se a adição ou não de aroma, a interação entre as variáveis

tempo e aroma não mostrou diferença (P > 0,05).

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A análise comparativa das contagens das diferentes Bifidobacterium spp.,

mostrou não existir diferença (P > 0,05) entre as espécies ou seja, as médias das contagens das

Bifidobacterium spp. ao longo do tempo foram semelhantes, demonstrando que nenhuma

espécie de Bifidobacterium spp. apresenta um comportamento superior à outra espécie.

Os resultados mostraram que os produtos apresentaram contagem suficiente

que poderiam promove efeitos probióticos à saúde do consumidor sendo acima de 106 UFC/g

segundo a legislação em vigor (BRASIL, 2007), e acima de 107 UFC/g segundo a literatura

científica até 30 dias após a produção (PIMENTEL; FRANCKI; GOLLÜCKE, 2005).

De acordo com Awaisheh; Haddadin; Robinson (2005), bactérias probióticas

devem, após a ingestão, alcançar o intestino em níveis elevados para serem capazes de

sobreviverem, aderirem às paredes intestinais, multiplicarem-se e, talvez, exercerem seus

efeitos de promoção à saúde. Consequentemente, a viabilidade de espécies probióticas durante

a armazenagem de leite fermentado é muito importante.

Kongo; Gomes; Malcata (2006), trabalhando com leite de cabra fermentado

por B. animalis e L. acidophilus, relataram que durante a estocagem refrigerada do leite

fermentado, ambas as espécies exibiram uma boa sobrevivência, com números viáveis

permanecendo em 107 UFC/mL essencialmente constantes ao longo do experimento. O estudo

permitiu comprovar que o leite de cabra fermentado com B. animalis e L. acidophilus pode

ser utilizado como uma alternativa para a fabricação de produtos lácteos probióticos.

Com relação a diferentes tipos de matéria-prima, Grosso; Fávaro-Trindade

(2004), estudando a estabilidade de L. acidophilus e B. lactis em leite de vaca acidificado,

mostraram que a cultura tradicional do iogurte pareceu ter afetado negativamente a

sobrevivência de B. lactis.

Thamer; Penna (2005), mostraram em seu trabalho com leite de vaca

fermentado que a contagem de microrganismos probióticos Bifidobacterium spp. e L.

acidophilus foi maior nos produtos que apresentaram menor teor de acidez e elevado teor de

sólidos.

De acordo com Thamer; Penna (2005), dos vários estudos de sobrevivência dos

microrganismos probióticos realizados por diversos pesquisadores existe consenso geral de

que produtos com acidez elevada conduzem a maior perda de viabilidade do que produtos

com baixa acidez. Segundo Shah (1997), o nível de oxigênio nos produtos produzidos é um

fator responsável pela perda da viabilidade dos microrganismos probióticos.

Em leite de vaca fermentado por S. s. subsp. thermophilus contendo

concentrações variáveis de B. longum e L. acidophilus, Zacarchenco; Massaguer-Roig (2006),

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mostraram que durante a estocagem por 21 dias à 4ºC, as contagens de B. longum

mantiveram-se constantes em 107 UFC/mL ou reduziram em um ciclo logarítmico.

Faria; Benedet; Lew Guerroue (2006), na análise de leite de búfala fermentado

por Lactobacillus casei e suplementado por Bifidobacterium longum, observaram a redução

de um ciclo logarítmico (de 1010 para 109) na viabilidade média de B. longum do tempo inicial

ao tempo final do produto estocado a 5 e 10ºC.

Kailasapathy; Harmstorf; Phillips (2008), no estudo sobre sobrevivência de L.

acidophilus e B. animalis em iogurtes de leite de vaca agitados com fruta, mostraram que

durante a estocagem o número de B. animalis decresceu consideravelmente quando

comparado com a redução de L. acidophilus continuando a declinar até o dia 21º quando o

número de UFC/g se estabilizou. Entretanto, o estudo mostrou que L. acidophilus e B.

animalis conservaram a viabilidade durante a produção, incorporação e estocagem dos

iogurtes de fruta.

Ao quantificar bifidobactérias em produtos probióticos comercializados no

Brasil, Barreto et al. (2003), mostraram que os produtos analisados apresentaram contagem

abaixo de 105 log UFC/g em 64% das amostras e concluíram que a perda da viabilidade

dessas cepas não se mostrou relacionada ao tempo de estocagem, sendo mais provável terem

sido causada pela sensibilidade às próprias condições de processo. Estes mesmos autores

sugeriram que para elevar a taxa de sobrevivência de bifidobactérias serão necessárias

inovações tecnológicas como a seleção de cepas mais resistentes às condições de estresse, a

adição de micronutrientes e agentes redutores e a microencapsulação. Para Lourens-Hattingh;

Viljoen (2003), a sobrevivência de bactérias probióticas em produtos lácteos fermentados

depende de uma variedade de fatores como a interação entre as espécies presentes, condições

de cultura, acidez final, oxigênio dissolvido, nível de inoculação e temperatura de estocagem.

Para Shah et al. (1995), vários fatores podem afetar a viabilidade das bactérias

probióticas nos produtos lácteos fermentados, incluindo o ácido lático e o peróxido de

hidrogênio produzidos pelos fermentos tradicionais. L. d. subsp. bulgaricus produz ácido

lático não só durante a fermentação, mas também durante a estocagem refrigerada, sendo

responsável pela perda de viabilidade de cepas probióticas. Um potencial meio de

crescimento, como o iogurte, contém produtos metabólicos secretados por outros

microrganismos, os quais influenciam a viabilidade de B. bifidum (LOURENS-HATTINGH;

VILJOEN, 2001).

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Bifidocaterium spp. são substancialmente menos tolerantes a baixa temperatura

de estocagem do produto final quando comparadas com L. d. subsp. bulgaricus (HUGHES;

HOOVER, 1995).

A prática comum na produção de iogurte com probióticos é utilizar um pré-mix

das culturas de S. s. subsp. thermophilus, L. d. subsp. bulgaricus e Bifidobacterium spp.

sendo que Bifidobacterium spp. podem crescer separadamente antes da incorporação no

iogurte para assegurar um nível desejável de cultura probiótica no produto final

(KAILASAPATHY; RYBKA, 1997). Modler; Villa-Garcia (1993), descreveram que o

procedimento ideal seria o crescimento separadamente de Bifidobacterium spp., seguido pelo

enxague dos metabólitos e transferência das células para o iogurte, como foi realizado no

presente trabalho. É importante considerar a quantidade do inóculo de bactéria probiótica a

ser utilizado para promover suficientes células viáveis no produto final (LOURENS-

HATTINGH; VILJOEN, 2001). Utilizando-se um alto nível de inóculo, será promovida uma

alta contagem de células no final da incubação e uma sobrevivência das bactérias probióticas

durante a estocagem antes do consumo (SAMONA; ROBISON, 1994).

Vinderola; Reinheimer (2000), encontraram contagens inferiores de culturas

probióticas ao estudarem a viabilidade de bactérias do iogurte durante a estocagem refrigerada

à 5ºC, por quatro semanas. As contagens de B. bifidum variaram no início de 106 a 107

UFC/mL e no final da estocagem chegaram a 104 UFC/mL.

4.6 Análise sensorial

No teste da escala hedônica, as amostras de iogurtes adicionados ou não de

Bifidobacterium spp. e adicionados de aroma de morango, não apresentaram diferenças entre

si ao nível de 5% de significância para os atributos aparência, aroma, sabor, textura e para a

intenção de compra. A tabela 7 mostra a aceitação dos iogurtes adicionados ou não de

Bifidobacterium spp. com aroma de morango.

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Tabela 7

Médias de aceitação das amostras de iogurtes de leite de cabra adicionados ou não de Bifidobacterium spp. e adicionados com aroma de morango

Atributos/ amostras

B. longum B. breve B. pseudolongum

B. bifidum Iogurte sem a adição de

Bifidobacterium spp.

Aparência 7,19a 7,11a 7,08a 7,27a 7,04a Aroma 7,21a 7,32a 7,10a 7,29a 7,15a Sabor 6,72a 6,77a 6,66a 7,05a 6,77a

Textura 7,12a 6,85a 6,75a 6,90a 6,59a Intenção de

compra 6,02a 5,83a 5,70a 6,00a 5,87a

Médias indicadas por letras iguais não diferem entre si ao nível de 5% de significância

Zacarchenco (2004), ao analisar os efeitos sensoriais de leite de vaca

fermentado por S. thermophillus, encontrou resultados que foram significativamente (p <

0,05) percebidos à medida que o tempo de estocagem avançava. Ao elaborar bebidas de leite

de vaca pela mistura de volumes iguais de leite fermentados separadamente por S.

thermophillus, B. longum e L. acidophilus, os resultados da análise sensorial para os atributos

sabor e acidez não diferiram entre si.

Zacarchenco; Massaguer-Roig (2006), ao avaliarem os efeitos sensoriais da

fermentação de leite de vaca por S. thermophilus contendo concentrações variáveis de B.

longum e L. acidophilus, relataram que a presença de B. longum e L. acidophilus nos leites

fermentados foram (P < 0,05) percebidas durante o período de estocagem. Relataram, ainda,

que as combinações preferidas foram aquelas com conteúdo inicial de B. longum e L.

acidophilus em 108 e 107 UFC/mL, respectivamente, e as bebidas preparadas apenas com B.

longum (108 UFC/mL), não diferindo entre elas e também entre a bebida preparada apenas

com S. thermophilus.

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5 CONCLUSÃO

O estudo mostrou ser possível a elaboração de iogurte de leite de cabra

adicionado de Bifidobacterium spp. e de aroma de morango, permitindo desenvolver um

produto probiótico ao longo de 40 dias de estocagem, sem interferir na identidade definida por

características microbiológicas, físico-químicas e sensoriais do produto.

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ANEXO A − Aprovação concedida pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Uni/BH para a realização do atual trabalho

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APÊNDICE A − Modelo de ficha de avaliação sensorial que foi utilizada pela equipe de

julgadores

Avaliação Sensorial

Nome: _____________________________________________________ Data: 13-04-09 1- Você está recebendo amostras de iogurte de morango de leite de cabra com microrganismos

probióticos. Por favor, avalie cada uma das amostras codificadas e use a escala abaixo para indicar o quanto você gostou ou desgostou de cada uma, considerando cada um dos atributos solicitados.

Código da amostra ___________

APARÊNCIA

( ) Gostei extremamente ( ) Gostei muito ( ) Gostei moderadamente ( ) Gostei ligeiramente ( ) Não gostei e nem desgostei ( ) Desgostei ligeiramente ( ) Desgostei moderadamente ( ) Desgostei muito ( ) Desgostei extremamente

TEXTURA

( ) Gostei extremamente ( ) Gostei muito ( ) Gostei moderadamente ( ) Gostei ligeiramente ( ) Não gostei e nem desgostei ( ) Desgostei ligeiramente ( ) Desgostei moderadamente ( ) Desgostei muito ( ) Desgostei extremamente

AROMA

( ) Gostei extremamente ( ) Gostei muito ( ) Gostei moderadamente ( ) Gostei ligeiramente ( ) Não gostei e nem desgostei ( ) Desgostei ligeiramente ( ) Desgostei moderadamente ( ) Desgostei muito ( ) Desgostei extremamente

SABOR

( ) Gostei extremamente ( ) Gostei muito ( ) Gostei moderadamente ( ) Gostei ligeiramente ( ) Não gostei e nem desgostei ( ) Desgostei ligeiramente ( ) Desgostei moderadamente ( ) Desgostei muito ( ) Desgostei extremamente

2 - Por favor, avalie cada amostra utilizando a escala abaixo para descrever com que freqüência você o compraria. Marque a opção da escala que melhor reflita seu julgamento.

INTENÇÃO DE COMPRA

( ) Compraria isto sempre que tivesse oportunidade ( ) Compraria isto muito freqüentemente ( ) Compraria isto freqüentemente ( ) Gostei disto e compraria de vez em quando ( ) Compraria se acessível, mas não me esforçaria ( ) Não gosto disto, mas compraria ocasionalmente ( ) Raramente compraria isto ( ) Só compraria isto se não pudesse escolher outro ( ) Só compraria se fosse forçado

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APÊNDICE B − Parâmetros físico-químicos (valores médios para acidez em gramas de ácido lático /100g de produto e gramas de proteína em 100g de produto) dos iogurtes de leite de cabra adicionados ou não de Bifidobacterium spp. e adicionados ou não de aroma de morango durante o período de armazenamento

Acidez em gramas de ácido

lático/100g de produto

Pvalor Proteína em gramas/100g de

produto

Pvalor

B. longum sem

aroma 1d = 0,63 ± 0,04 15d = 0,65 ± 0,03 40d = 0,67 ± 0,02

0,29 1d = 3,35 ± 0,52 15d = 3,32 ± 0,65 40d = 3,25 ± 0,14

0,68

B. longum com aroma

1d = 0,62 ± 0,03 15d = 0,65 ± 0,02 40d = 0,68 ± 0,01

0,02 1d = 3,21 ± 0,44 15d = 3,27 ± 0,58 40d = 3,19 ± 0,23

0,54

B. brevis sem aroma

1d = 0,62 ± 0,02 15d = 0,65 ± 0,02 40d = 0,66 ± 0,01

0,02 1d = 3,19 ± 0,37 15d = 3,26 ± 1,04 40d = 3,24 ± 0,51

0,88

B. brevis com aroma

1d = 0,62 ± 0,03 15d = 0,65 ± 0,03 40d = 0,67 ± 0,00

0,07 1d = 3,17 ± 0,37 15d = 3,29 ± 1,04 40d = 3,19 ± 0,51

0,70

B. pseudolongum sem aroma

1d = 0,62 ± 0,03 15d = 0,65 ± 0,03 40d = 0,67 ± 0,03

0,21 1d = 3,31 ± 0,50 15d = 3,28 ± 0,54 40d = 3,34 ± 0,22

0,61

B. pseudolongum com aroma

1d = 0,62 ± 0,03 15d = 0,65 ± 0,03 40d = 0,68 ± 0,00

0,05 1d = 3,35 ± 0,47 15d = 3,37 ± 0,64 40d = 3,15 ± 0,19

0,32

B. bifidum sem aroma

1d = 0,61 ± 0,02 15d = 0,65 ± 0,01 40d = 0,67 ± 0,01

0,01 1d = 3,22 ± 0,37 15d = 3,39 ± 1,04 40d = 3,21 ± 0,51

0,44

B. bifidum com aroma

1d = 0,61 ± 0,02 15d = 0,63 ± 0,02 40d = 0,65 ± 0,02

0,18 1d = 3,32 ± 0,41 15d = 3,32 ± 0,72 40d = 3,31 ± 0,22

0,41

Iogurte sem aroma

1d = 0,62 ± 0,03 15d = 0,65 ± 0,04 40d = 0,64 ± 0,02

0,51 1d = 3,31 ± 0,49 15d = 3,32 ± 0,34 40d = 3,26 ± 0,21

0,51

Iogurte com aroma

1d = 0,61 ± 0,02 15d = 0,64 ± 0,02 40d = 0,67 ± 0,02

0,01 1d = 3,32 ± 0,62 15d = 3,32 ± 0,32 40d = 3,12 ± 0,38

0,46

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APÊNDICE C − Contagem média do número de células viáveis de bolores e leveduras dos iogurtes de leite de cabra adicionados ou não de Bifidobacterium spp. e adicionados ou não de aroma de morango durante o período de armazenamento (log10 UFC/mL)

Média da contagem de bolores e leveduras em

log10 UFC/mL ± desvio padrão

Pvalor

B. longum sem

aroma 1d = 1,64 ± 1,43 15d = 0,00 ± 0,00 40d = 2,39 ± 0,39

0,04

B. longum com aroma

1d = 0,33 ± 0,58 15d = 0,00 ± 0,00 40d = 1,80± 0,72

0,01

B. brevis sem aroma

1d = 2,18 ± 2,31 15d = 2,56 ± 2,22 40d = 1,49 ± 1,29

0,22

B. brevis com aroma

1d = 1,01 ± 1,02 15d = 1,23 ± 2,13 40d = 1,49 ± 1,29

0,93

B. pseudolongum sem aroma

1d = 0,33 ± 0,58 15d = 0,00 ± 0,00 40d = 1,00 ± 1,00

0,25

B. pseudolongum com aroma

1d = 0,53 ± 0,92 15d = 0,33 ± 0,58 40d = 2,49 ± 0,30

0,01

B. bifidum sem aroma

1d = 2,41 ± 1,83 15d = 1,42 ± 1,34 40d = 1,39 ± 1,21

0,24

B. bifidum com aroma

1d = 0,43 ± 0,75 15d = 0,85 ± 0,48 40d = 1,21 ± 1,32

0,75

Iogurte sem aroma 1d = 2,14 ± 0,88 15d = 0,57 ± 0,98 40d = 2,43 ± 0,09

0,05

Iogurte com aroma

1d = 0,69 ± 1,20 15d = 0,76 ± 1,31 40d = 0,87 ± 0,81

0,98

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106

APÊNDICE D − Contagem média do número de células viáveis de Streptococcus salivarius ssp. thermophilus dos iogurtes de leite de cabra adicionados ou não de Bifidobacterium spp. e adicionados ou não de aroma de morango durante o período de armazenamento (log10 UFC/mL)

Média da contagem de

S. thermophilus em log10 UFC/mL ± desvio padrão

Pvalor

B. longum sem

aroma 1d = 8,38 ± 0,03 15d = 7,95 ± 0,39 40d = 7,11 ± 0,99

0,10

B. longum com aroma

1d = 8,45 ± 0,02 15d = 8,27 ± 0,06 40d = 7,02 ± 0,91

0,03

B. brevis sem aroma

1d = 8,44 ± 0,04 15d = 8,11 ± 0,27 40d = 7,28 ± 0,95

0,11

B. brevis com aroma

1d = 8,41 ± 0,04 15d = 8,08 ± 0,36 40d = 7,03 ± 0,93

0,06

B. pseudolongum sem aroma

1d = 8,46 ± 0,02 15d = 8,12 ± 0,38 40d = 7,43 ± 1,19

0,28

B. pseudolongum com aroma

1d = 8,42 ± 0,05 15d = 7,95 ± 0,35 40d = 7,08 ± 0,95

0,08

B. bifidum sem aroma

1d = 8,42 ± 0,02 15d = 8,08 ± 0,34 40d = 7,21 ± 0,89

0,08

B. bifidum com aroma

1d = 8,42 ± 0,02 15d = 7,91 ± 0,29 40d = 7,02 ± 0,79

0,03

Iogurte sem aroma 1d = 8,52 ± 0,07 15d = 8,16 ± 0,37 40d = 7,51 ± 0,31

0,01

Iogurte com aroma

1d = 8,46 ± 0,06 15d = 8,08 ± 0,35 40d = 7,78 ± 0,43

0,11

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107

APÊNDICE E − Contagem média do número de células viáveis de Bifidobacterium spp. nos iogurtes de leite de cabra adicionados ou não de aroma de morango

Média da contagem de Bifidobacterium spp. em log10 UFC/mL ±

desvio padrão

Pvalor

B. longum sem aroma

1d = 8,47 ± 0,41 07d = 8,48 ± 0,23 15d = 8,37 ± 0,27 30d = 7,95 ± 0,69 40d = 7,56 ± 0,30

0,08

B. longum com aroma

1d = 8,63 ± 0,08 07d = 8,58 ± 0,12 15d = 8,36 ± 0,25 30d = 8,83 ± 0,48 40d = 7,45 ± 0,43

0,004

B. brevis sem aroma

1d = 8,42 ± 0,36 07d = 8,51 ± 0,21 15d = 8,39 ± 0,19 30d = 7,62 ± 0,17 40d = 7,17 ± 0,51

0,001

B. brevis com aroma

1d = 8,73 ± 0,36 07d = 8,54 ± 0,21 15d = 8,35 ± 0,19 30d = 7,41 ± 0,17 40d = 6,96 ± 0,51

0,002

B. pseudolongum sem aroma

1d = 8,33 ± 0,36 07d = 8,48 ± 0,34 15d = 8,32 ± 0,26 30d = 7,07 ± 0,29 40d = 7,01 ± 0,82

0,008

B. pseudolongum com aroma

1d = 8,59 ± 0,14 07d = 8,51 ± 0,33 15d = 8,33 ± 0,35 30d = 7,58 ± 0,38 40d = 6,57 ± 0,55

0,000

B. bifidum sem aroma

1d = 8,49 ± 0,29 07d = 8,56 ± 0,26 15d = 8,37 ± 0,33 30d = 7,09 ± 0,83 40d = 6,51 ± 0,79

0,003

B. bifidum com aroma

1d = 8,58 ± 0,27 07d = 8,48 ± 0,30 15d = 8,38 ± 0,29 30d = 7,08 ± 0,83 40d = 6,68 ± 0,58

0,002

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