desenvolvimento de flan probiÓtico À base de …

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Londrina 2018 PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE LEITE E DERIVADOS PAULYNE TOLENTINO ANSELMO DESENVOLVIMENTO DE FLAN PROBIÓTICO À BASE DE PROTEÍNAS DO SORO DE LEITE E AÇAÍ

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Londrina 2018

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE LEITE E DERIVADOS

h

PAULYNE TOLENTINO ANSELMO

DESENVOLVIMENTO DE FLAN PROBIÓTICO À BASE DE PROTEÍNAS DO SORO DE LEITE E AÇAÍ

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PAULYNE TOLENTINO ANSELMO

Cidade

ano

AUTOR

Londrina

2018

DESENVOLVIMENTO DE FLAN PROBIÓTICO À BASE DE

PROTEÍNAS DO SORO DE LEITE E AÇAÍ

Dissertação apresentada à UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciência e Tecnologia de Leite e Derivados. Orientadora: Profa. Dra. Giselle A. Nobre Costa Co-orientadora: Profa. Drª. Karla Bigetti Guergoletto

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Dados Internacionais de catalogação na publicação (CIP) Universidade Pitágoras Unopar Biblioteca CCBS/CCECA PIZA

Setor de Tratamento da Informação

Anselmo, Paulyne Tolentino A618d Desenvolvimento de flan probiótico à base de proteínas do soro de

leite e açaí. / Paulyne Tolentino Anselmo. Londrina: [s.n], 2018. 62 f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Leite e Derivados).

Universidade Pitágoras Unopar. Orientadora: Profa. Dra. Giselle A. Nobre Costa. Coorientadora: Profa. Dra. Karla Bigetti Guergoletto 1. Probiótico - Dissertação - UNOPAR. 2. Alimento funcional. 3.

Proteínas do soro de leite. 4. Lactobacillus rhamnosus. 5. Euterpe Oleracea. I. Costa, Giselle A. Nobre; orient. II. Guergoletto, Karla Bigetti; coorient. III. Universidade Pitágoras Unopar.

CDD 637

Andressa Fernanda Matos Bonfim - CRB 9/1643

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PAULYNE TOLENTINO ANSELMO

DESENVOLVIMENTO DE FLAN PROBIÓTICO À BASE DE PROTEÍNAS DO SORO DE LEITE E AÇAÍ

Dissertação apresentada à UNOPAR, no Mestrado em Ciência e Tecnologia de Leite

e Derivados, área e concentração em Ciência e Tecnologia de Leite e Derivados

como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre conferido pela Banca

Examinadora composta pelos seguintes membros:

_________________________________________ Profa. Dra. Giselle A. Nobre Costa

Universidade Pitágoras Unopar - Orientadora

_________________________________________ Profa. Dra. Joice Sifuentes dos Santos

Universidade Pitágoras Unopar

_________________________________________ Profa. Dra. Wilma Aparecida Spinosa Universidade Estadual de Londrina

_________________________________________ Prof. Dr. Luiz Rodrigo Ito Morioka (Suplente)

Universidade Pitágoras Unopar

Londrina, 02 de março de 2018.

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Dedico aos meus amados pais, Paulo e Maria,

que investiram e acreditaram em mim, por

todas as oportunidades e apoio que me

proporcionaram.

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AGRADECIMENTOS

A Deus pela proteção, por guiar meus caminhos e permitir a realização de

mais um sonho.

Aos meus pais Paulo e Maria e meu irmão Paulo Henrique pelo apoio,

suporte.

Ao meu namorado Bruno pela paciência, apoio e companheirismo de sempre.

À Professora e orientadora Dra. Giselle Nobre, por ter me aceitado no meio do

caminho e acreditado em mim, por suas orientações, ensinamentos, compreensão e

paciência nos momentos difíceis para realização do nosso trabalho.

À Professora e Dra. Karla Biguetti, por ter aceitado ser minha co-orientadora,

esteve à disposição ajudando com as análises realizadas na UEL.

Aos colegas da turma 11 do Mestrado em Ciências e Tecnologia de Leite e

Derivados da UNOPAR, Bruno, Emely, Érika, Flávia, Gisele, Liliane, Angélica,

Rafael, Rogério, Rosana, Silvia e Vitória, pelos momentos agradáveis e também

pelo apoio durante esses dois anos.

Aos professores do Mestrado em Ciência e Tecnologia de Leite e Derivados,

Agostinho, Cínthia, Elsa, Joice, Luís, Paulo, Rafael e Raul, pelos ensinamentos,

paciência e dedicação.

Aos técnicos do laboratório, Samuel e Sabrina, por toda ajuda no decorrer da

execução deste projeto.

À Marcia pela grande ajuda e apoio durante todo o projeto.

Ao José Renato pela ajuda, paciência e dedicação nas análises de

antioxidantes.

À banca avaliadora, por dispor de seu tempo para avaliar este trabalho.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES),

pelo apoio financeiro através da concessão da taxa PROSUP.

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ANSELMO, P. T. Desenvolvimento de flan probiótico à base de proteínas do soro de leite e açaí. 2018. 63 f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Leite e Derivados) - Unidade Piza, Universidade Norte do Paraná, Londrina, 2018.

RESUMO

Proteínas de alto valor biológico como as proteínas do soro de leite, substâncias antioxidantes e microrganismos probióticos têm sido muito bem aceitos na composição de alimentos. Estes compostos são alvos frequentes de investigações devido aos seus efeitos positivos à saúde. Este trabalho objetivou desenvolver e caracterizar uma sobremesa probiótica à base de isolado proteico do soro de leite (IPS), gelatina, açaí, açúcar e Lactobacillus rhamnosus HN001, como probiótico. As concentrações dos ingredientes foram definidas em testes prévios. O produto formulado foi produzido e caracterizado quanto ao teor (%) de carboidratos, proteínas, lipídeos, umidade e cinzas. A vida de prateleira do produto pronto para consumo e aos 7, 14, 21, 28, 35 e 42 dias de armazenamento refrigerado (10ºC) foi avaliada com relação à acidez titulável (% ácido láctico), pH e viabilidade do probiótico. Também foram realizadas análises de textura (dureza, adesividade, coesividade e gomosidade), análise de cor e atividade antioxidante nos mesmos tempos. Adicionalmente, julgadores não treinados, avaliaram o produto através de um teste de aceitação sensorial para os atributos, impressão global, aparência, cor, sabor e textura, seguida da avaliação de intenção de compra. Os dados foram avaliados por análise de variância (ANOVA) (p<0,05) e as diferenças foram detectadas usando o teste post hoc Tukey. O produto pronto para consumo apresentou 24% de carboidratos, 15,5% de proteínas, 0,3% de lipídeos, 58,6% de umidade e 0,8% de cinzas. Apresentou pH 4,6 e 0,1% de acidez titulável. A contagem do probiótico foi de 8,48 Log UFC/g. Do dia 1 aos 42 dias não houve redução significativa (p>0,05) na viabilidade do probiótico, cuja contagem média foi de 8,03 Log UFC/g. Ao longo do armazenamento do produto houve um pequeno aumento da acidez e decréscimo no pH (p<0,05). A avaliação da textura apontou poucas variações, onde os valores de dureza se mantiveram estáveis, a adesividade diminuiu e apresentou um leve aumento nos parâmetros coesividade e gomosidade ao longo do armazenamento (p<0,05). O produto apresentou estabilidade de cor,

sem variação significativa E (p<0,05) ao longo do armazenamento refrigerado. Além de apresentar atividade antioxidante pelo método do sequestro do radical livre estável 2,2-difenil-1-picrilhidrazil (DPPH) onde se notou a redução gradativa dessa atividade ao longo dos 42 dias (p<0,05) e poder de redução do ferro (FRAP) que se manteve estável até 21 dias de armazenamento. O teste de aceitação sensorial evidenciou que o flan apresentou 83% de aceitabilidade, com nota média 8, numa escala de 1 a 9, para os atributos impressão global, aparência e cor. Já, para sabor, aroma e textura a media obtida foi igual a 7. Quanto à intenção de compras, 60% dos julgadores indicaram que 'provavelmente comprariam ou decididamente comprariam', o produto caso este estivesse disponível no mercado. Os resultados mostraram que o produto teve boa aceitação sensorial, apresentou estabilidade química e alta viabilidade do probiótico, o que pode indicar uma boa opção para consumidores que buscam consumir alimentos saudáveis. Palavras-chave: Alimento Funcional. Lactobacillus rhamnosus. Isolado proteico do soro de leite. Euterpe Oleracea.

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ANSELMO, P. T. Development of probiotic flan based on whey protein and açai. 2018. 63 f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Leite e Derivados) - Unidade Piza, Universidade Norte do Paraná, Londrina, 2018.

ABSTRACT

High biological value proteins such as whey proteins, antioxidants and probiotic microorganisms have been very well accepted in food composition. These compounds are frequent targets of investigations because of their positive effects on health. This work aimed to develop and characterize a probiotic dessert based on whey protein isolate (WPI), gelatin, açaí, sugar and Lactobacillus rhamnosus HN001, as a probiotic. The concentrations of the ingredients were defined in previous tests. The formulated product was produced and characterized in the content (%) of carbohydrates, proteins, lipids, moisture and ashes. The shelf life of the ready-to-eat product at 7, 14, 21, 28, 35 and 42 days refrigerated storage (10° C) was evaluated for titratable acidity (% lactic acid), pH and probiotic viability. Also, analyzes of texture (hardness, adhesiveness, cohesiveness and guminess), color analysis and antioxidant activity were carried out at the same times. In addition, untrained judges evaluated the product through a sensory acceptance test for attributes, overall impression, appearance, color, taste and texture, followed by the evaluation of the intention to purchase. Data were analyzed by analysis of variance (ANOVA) (p <0.05) and differences were detected using Tukey post hoc test. The ready-to-eat product had 24% carbohydrate, 15.5% protein, 0.3% lipid, 58.6% moisture and 0.8% ash. It had pH 4.6 and 0.1% titratable acidity. The probiotic count was 8.48 log CFU / g. From day 1 to day 42 there was no significant reduction (p> 0.05) in probiotic viability, whose mean count was 8.03 log CFU / g. During the storage of the product there was a small increase in acidity and a decrease in pH (p <0.05). The evaluation of the texture indicated few variations, where the hardness values remained stable, the adhesiveness decreased and presented a slight increase in the parameters cohesiveness and guminess throughout the storage (p <0.05). The product

presented color stability, without significant variation E (p <0.05) along the refrigerated storage. In addition to presenting antioxidant activity by the method of sequestration of the stable free radical 2,2-diphenyl-1-picrylhydrazyl (DPPH), it was observed a gradual reduction of this activity over the 42 days (p <0.05) and reduction power of the iron (FRAP) that remained stable up to 21 days of storage. The sensorial acceptance test showed that the flan presented 83% of acceptability, with an average score of 8, on a scale of 1 to 9, for the attributes global impression, appearance and color. Meanwhile, for flavor, aroma and texture the average obtained was equal to 7. As for the intention to buy, 60% of the judges indicated that 'they would probably buy or decidedly buy', the product if it were available in the market. The results showed that the product had good sensory acceptance, showed chemical stability and high viability of the probiotic, which may indicate a good option for consumers who seek to consume healthy food. Key words: Lactobacillus rhamnosus. Whey protein. Functional food. Euterpe Oleracea.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO............................................................................ 9

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA................................................... 10

2.1 ALIMENTOS FUNCIONAIS....................................................... 10

2.1.1 PROBIÓTICOS....................................................................... 11

2.1.1.1 Lactobacillus rhamnosus..................................................... 13

2.2 SORO DE LEITE....................................................................... 14

2.2.1 Proteínas do soro de leite....................................................... 16

2.3 ATIVIDADE ANTIOXIDANTE.................................................... 17

2.3.1 Açaí........................................................................................ 18

REFERÊNCIAS............................................................................... 21

3. OBJETIVOS................................................................................ 25

4. ARTIGO....................................................................................... 26

6. CONCLUSÕES GERAIS............................................................ 49

7. APÊNDICES................................................................................ 50

APÊNDICE I- QUESTIONÁRIO DE CONSUMO............................. 51

APENDICE II- FICHA DE ANÁLISE SENSORIAL.......................... 52

APENDICE III- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E

ESCLARECIDO...............................................................................

53

8. ANEXOS...................................................................................... 57

ANEXO I- PARECER CONSUBSTANCIADO DO COMITE DE

ÉTICA EM PESQUISA........................................................................

58

ANEXO II- FICHA TÉCNICA HN001.............................................. 62

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1. INTRODUÇÃO

A demanda por alimentos funcionais promotores de saúde vem aumentando,

visto que os consumidores têm se mostrado mais conscientes e preocupados com

um estilo de vida mais saudável. Assim a busca por uma alimentação saudável vem

ganhando espaço no mercado, e despertando o interesse em desenvolver novos

produtos que promovam benefícios à saúde (HASLER, 2000), além de serem

saborosos e nutritivos.

Ingredientes adicionados em alimentos, como probióticos, fibras alimentares,

vitaminas, ácidos graxos de cadeia curta, antioxidantes e proteínas, que atribuem

valores biológicos e promovem a saúde, dão origem a alimentos ditos funcionais

(BRASIL, 2016; BURITI; SAAD, 2008).

Nesse contexto, o uso dos derivados do soro de leite, como o isolado proteico

(IPS) se destacam, por apresentar um importante valor nutricional, contendo alto

teor de aminoácidos essenciais, cálcio e peptídeos bioativos. Além de apresentar

propriedades tecnológicas como a capacidade de emulsificação e geleificação, o

que as torna atrativas para aplicação na formulação de sobremesas lácteas

(GAUCHE, 2007; SGARBIERI, 2005).

Adicionalmente, o uso de microrganismos probióticos, tem sido muito bem

explorado pela indústria de alimentos e a matriz láctea é o veículo mais utilizado

para esta aplicação (GRANATO, 2010). Estes microrganismos são capazes de

melhorar o equilíbrio microbiano intestinal, produzindo efeitos benéficos à saúde do

indivíduo quando consumidos em quantidades adequadas (BRASIL, 2016; FAO,

2002; SHI et al., 2016).

Assim como os probióticos, produtos que apresentam propriedades

antioxidantes, também tem sido muito bem aceitos pelos consumidores, e embora

apenas o licopeno, luteína e zeaxantina sejam preconizados na legislação atual

(BRASIL, 2016), carotenóides de outras fontes como açaí podem apresentar efeito

protetor contra os radicais livres.

Assim, considerando a possibilidade de inovação na área de produtos com

propriedades funcionais, este trabalho objetivou desenvolver e caracterizar uma

sobremesa probiótica à base de isolado proteico do soro e açaí como uma

alternativa interessante para o mercado de produtos lácteos.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. ALIMENTOS FUNCIONAIS

Alimentos com substância ou componente capaz de produzir benefícios à

saúde, são denominados funcionais. O Japão foi pioneiro na formulação do

processo de regulamentação específica para alimentos funcionais, os quais

consistiam em alimentos processados que continham ingredientes que auxiliavam

nas funções específicas do corpo, além de serem nutritivos (LUIZETTO et al. 2015).

O interesse da população por uma vida mais saudável vem crescendo nos

últimos anos, com isso as pessoas estão adquirindo o hábito de procurar por

alimentos que tragam benefícios à saúde e consequentemente previnam doenças.

Devido a esta crescente demanda, os mercados alimentícios estão buscando

inovações, desenvolvendo alimentos ricos em nutrientes cujas propriedades

funcionais se destacam dos outros alimentos, e reforça a dieta de quem os consome

(BALDISSERA et al., 2011; PALANCA et al., 2006).

A Resolução nº 2, de 07 de janeiro de 2002, aprovou o regulamento técnico

de substâncias bioativas e probióticos isolados com alegação de propriedades

funcional e/ou de saúde. Esta regulamentação foi atualizada em dezembro de 2016,

e esta versão define como substâncias com alegação de propriedades funcionais, os

ácidos graxos de cadeia curta, carotenoides (licopeno, luteína e zeaxantina), fibras

alimentares (β-glucana, dextrina resistente, frutooligossacarídeo (FOS), goma guar

parcialmente hidrolisada, inulina, lactulose, polidextrose, psyllium, quitosana e

fitoesteróis), polióis (manitol, xilitol e sorbitol), probióticos e a proteína de soja

(BRASIL, 2016). Além disso, os ingredientes fontes de nutrientes ou não nutrientes

relacionados à alegação de propriedade funcional ou de saúde devem ser

comprovadamente seguros para consumo humano. Além disso, a quantidade a ser

ingerida para promoção de efeitos benéficos deve ser determinada em estudos

clínicos e informada ao consumidor (BRASIL, 2016).

Estudos realizados com alimentos funcionais contendo fitoesteróis

demonstraram redução o colesterol LDL no plasma sanguíneo de pacientes adultos,

auxiliando na redução de doenças cardiovasculares (RUDKOWSKA, 2010). Esta

propriedade também é apresentada por algumas linhagens de probióticos (BERNINI,

et al., 2016; KIESSLING; SCHNEIDER; JAHREI, 2002; XIAO et al. 2003).

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Além dos produtos lácteos serem alimentos nutricionalmente completos, com

quantidades importantes de componentes bioativos, estes podem ser

potencializados, e desta forma atender à crescente demanda dos consumidores por

produtos lácteos funcionais (BALDISSERA et al., 2011).

O mercado mundial de produtos lácteos vem apresentando um crescimento

devido à procura de alimentos práticos, funcionais e com características bem

definidas. Dentre estes produtos, estão as sobremesas lácteas que são obtidas a

partir do leite e agentes espessantes ou geleificantes que após formulados adquirem

consistência semi-sólida. Sua estabilidade depende muito da tecnologia de

fabricação, das características intrínsecas de cada produto e da estocagem sob

condições refrigeradas (NUNES et al.,1998).

Os produtos lácteos com alegação funcional foram responsáveis entre 2005 e

2010, por quase 43% do mercado mundial de produtos funcionais, sendo que na

América Latina houve expansão de 32%/ano entre 2005 e 2007 (ÖZER, KIRMACI,

2010). Segundo os dados da agência de pesquisa Euromonitor International, em

2013 esse mercado movimentou US$ 264 bilhões, sendo o Brasil responsável por

movimentar US$ 14,6 bilhões deste total. O aumento do poder aquisitivo da Classe

C e a maior consciência da população em relação aos benefícios dos alimentos

funcionais podem ser creditados como os principais fatores para o sucesso do

segmento (FOOD INGREDIENTS BRASIL, 2014).

2.1.1. PROBIÓTICOS

O intestino humano é colonizado por centenas de diferentes espécies de

bactérias, denominado microbiota intestinal. Dentre os inúmeros microrganismos

que compõe nossa microbiota, estão as bactérias capazes de trazer efeitos

benéficos à saúde do indivíduo, comumentes chamados de probióticos (SHI et al.,

2016).

A FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations), a WHO

(World Health Organization) e a ANVISA (Agência Nacional de vigilância sanitária)

definem probióticos como “microrganismos vivos, que quando administrados em

quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro” (FAO/WHO,

2001; BRASIL, 2016).

O desequilíbrio da microbiota intestinal causado pela diminuição do número

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de bactérias benéficas e aumento de bactérias nocivas, é conhecido como disbiose.

Esse desequilíbrio, muitas vezes causado por estresse e alimentação inadequada,

afeta profundamente o metabolismo, ocasionando o desenvolvimento de intolerância

à glicose, diabetes e inflamação sistêmica, pode provocar desordens crônicas e

desenvolver doenças inflamatórias intestinais e outros distúrbios gastrointestinais,

incluindo a gastrite, úlcera péptica, síndrome do intestino irritável e até mesmo

câncer de estômago e cólon (LOPETUSO et al., 2014; TOJO, et al., 2014).

Neste contexto, os microrganismos probióticos são usados na medicina

humana, com a finalidade de prevenir doenças, regular a microbiota intestinal, como

imunomoduladores por melhorarem a produção de macrófagos e estimular a

produção de células supressoras e na inibição da carcinogênese, devido à

conversão de potenciais pré-carcinogênicos em compostos menos nocivos. Além

destes benefícios, os probióticos também podem controlar infecções intestinais,

estimular a motilidade intestinal com consequente alívio da constipação, melhorar a

absorção de determinados nutrientes, melhorar a utilização de lactose e o alívio dos

sintomas de intolerância a esse açúcar e promover a diminuição dos níveis de

colesterol total e LDL colesterol (BERNINI et al., 2016; COPPOLA; TURNES, 2004;

OLIVEIRA et al,, 2002).

Quaisquer microrganismos com propriedades probióticas devem apresentar:

ausência de toxicidade ou patogenicidade, resistência, a fim de que sejam

produzidos e incorporados em alimentos sem perder sua viabilidade e

funcionalidade; viabilidade durante a vida útil do produto; habilidade de sobreviver às

defesas inatas do corpo no trato gastrointestinal, incluindo a sobrevivência à acidez

gástrica e aos sais biliares; habilidade de colonizar a mucosa intestinal e capacidade

de exercer efeitos de melhoria da saúde do hospedeiro (O’MAY; MACFARLANE,

2005).

As bactérias probióticas estão compreendidas principalmente no grupo das

bactérias ácido lácticas (BAL), que desempenham um papel importante na produção

de alimentos, bem como na manutenção da homeostase intestinal

(ARUNACHALAM; GILL; CHANDRA, 2000). Os microrganismos probióticos mais

utilizados comercialmente são dos gêneros Lactobacillus sp e Bifidobacterium SP

(CHARTERIS et al., 1998; SOCCOL et al., 2010). Dentre as espécies de

lactobacilos: L. acidophilus, L. casei, L. jonsonii, L. reuteri, L. plantarum e L.

rhamnosus e quanto às bifidobactérias: B. bifidum, B. animalis e B. animalis supsp.

Page 14: DESENVOLVIMENTO DE FLAN PROBIÓTICO À BASE DE …

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lactis, B. breve, B. infantis e a B. longum são os mais aplicados em alimentos

(GUEIMONDE; SALMINEN, 2006).

Devido aos inúmeros benefícios dos microrganismos probióticos, despertam o

interesse de muitos pesquisadores e da indústria alimentícia em desenvolver

produtos lácteos com a sua adição. Vale ressaltar a importância da definição da

espécie que será empregada, do processo tecnológico, da matriz e também da

viabilidade do microrganismo, requesitos de suma importância para a qualidade dos

produtos probióticos (GUARNER, 2007; HAWRELAK, 2003). Nesse sentido, um

produto probiótico deve conter uma ou mais cepas definidas e bem caracterizadas,

com a finalidade de melhorar a sua funcionalidade e os benefícios ao hospedeiro

(CHAMPAGNE; GARDNER; ROY, 2005). Assim, as bactérias probióticas são

selecionadas com base nas suas propriedades tecnológicas e em segundo plano

pela sua capacidade de conferir benefícios a saúde (COSTA; MIGLIORANZA, 2012).

2.1.1.1 Lactobacillus rhamnosus

As BAL fazem parte de um dos grupos de microrganismos que exercem papel

considerado relevante para o homem, tanto na produção e preservação dos

alimentos quanto pelo envolvimento em diferentes aspectos da saúde humana

(FERREIRA, 2012). Diversos estudos apontam benefícios das bactérias láticas para

a saúde (SILVA, 2011).

Dentre as BAL, destacam-se o gênero Lactobacillus que compreende

microrganismos gram-positivos, não esporulados, não patogênicos, catalase-

negativa, desprovidos de citocromos, anaeróbios, aerotolerantes, ácido-tolerantes e

estritamente fermentativos (BURITI; SAAD, 2006).

As espécies casei, paracasei e rhamnosus fazem parte do chamado "Grupo

Lactobacillus casei", que são muito utilizadas tanto por suas propriedades benéficas

à saúde, quanto por suas características tecnológicas. Desta forma, são usados na

produção de leites fermentados, sobremesas lácteas e como culturas iniciadoras na

fabricação de queijos. O “grupo L. casei” tem agregado um importante valor a

indústria de alimentos (BURITI; SAAD, 2007).

L. rhamnosus tem sido frequentemente empregados como probióticos pelas

indústrias de alimentos, de forma isolada ou como cultura mista. De maneira geral,

são muito eficientes, por sobreviver à passagem pelo trato gastrointestinal e

Page 15: DESENVOLVIMENTO DE FLAN PROBIÓTICO À BASE DE …

14

colonizar efetivamente o trato digestivo, balanceando a microbiota intestinal,

apresenta resistência a ácidos gástricos e à bile, aderem à mucosa do intestino

humano, colonizando o seu trato gastrointestinal e impedindo a ação de bactérias

potencialmente patogênicas, como determinadas cepas de E.coli, Streptococcus sp,

Clostridium sp e Salmonella sp (CORRÊA, 2006).

A linhagem L. rhamnosus HN001 é considerada uma linhagem GRAS

(Generally Recognised as Safe), foi isolada de produtos lácteos e apresenta um

amplo histórico de efeitos benéficos, dentre eles a capacidade de suportar a acidez

gástrica e sais biliares efetivamente aderindo para a mucosa gastrointestinal, podem

reduzir o estado inflamatório e apoptose de células epiteliais intestinais (BANNA et

al., 2017).

2.2. SORO DE LEITE

Na última década, as indústrias de alimentos bem como os centros de

pesquisa contribuíram muito para a aplicação do soro de leite visando o seu

aproveitamento, o que contrasta com o passado, onde este co-produto era

descartado pelas indústrias de laticínios, principalmente aquelas de pequeno e

médio porte (PELEGRINI; CARRASQUEIRA, 2008). Além de ser importante por

agregar valor econômico, nutricional e funcional a esse produto, esta mudança de

comportamento tem relevante papel na preservação da qualidade do meio ambiente,

pois o descarte do soro é altamente poluente, podendo ser comparado com o

impacto do esgoto doméstico, porém com potencial poluidor cem vezes mais

agravantes, devido ao seu valor de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) ser 175

vezes maior (BALDISSERA et al., 2011).

Durante a fabricação de queijo, ou separação de frações do leite, é obtido o

soro de leite, também conhecido como soro de queijo, soro lácteo ou lacto-soro.. É

um subproduto de grande importância na indústria de laticínios, considerando o

volume produzido e sua composição nutricional, visto que 10 litros de leite produzem

1Kg de queijo e 9L de soro (BALDASSO, 2008; PAGNO et al., 2009).

O soro de leite é constituído principalmente por proteínas, lactose, minerais e

água, estimando cerca de 80 a 90% do volume total do leite (CAMARGO et al.,

2000). Na Tabela 1 está apresentada a composição de proteínas do leite bovino.

Page 16: DESENVOLVIMENTO DE FLAN PROBIÓTICO À BASE DE …

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Tabela 2: Proteínas do leite bovino

Componentes % Total % Caseína % Soro

Caseínas 80

Caseína αs1 36 45

Caseína αs2 9 11

β-Caseína 21 26

Κ-Caseína 12 15

γ-Caseína 4 5

Soro 20

β –lactoglobulina 10 50

α-Lactalbumina 4 20

Imunoglobulinas 2 10

Albumina do soro 1 5

Lactoferrina 1-2

Lactoperoxidase 0,5

Lisozima 0,1

Fonte: Antunes, 2003.

As proteínas do soro são extraídas da porção aquosa do leite gerada durante

o processo de fabricação do queijo no qual a caseína é precipitada no seu ponto

isoelétrico pela ação da renina, sendo o líquido remanescente chamado de soro

doce, ou também pode ser obtido por precipitação ácida, sendo chamado de soro

ácido. Os tipos de soro obtidos por esses dois diferentes processos apresentam

composições diferentes. O soro ácido tem pH de 4,5 a 4,8 e conteúdo de sais de

0,8%; o soro doce tem pH de 5,8 a 6,5 e 0,5% de sais. Nas indústrias, as aplicações

do soro ácido podem ser utilizadas como realçador de sabor de molhos cremosos

para saladas, retentor de água, emulsificante e como fonte de cálcio. O soro doce é

muito utilizado em produtos de panificação, salgadinhos, sorvetes e sobremesas

lácteas (PELEGRINI; CARRASQUEIRA, 2008).

Os produtos comerciais de proteína de soro de leite variam de 35% a 97% de

conteúdo proteico (base seca). Níveis de proteína de 35-90% referem-se como os

concentrados de proteína de soro de leite (CPS) ou WPC (Whey Protein

Concentrates) e níveis maiores que 90% são designados por isolados de proteína de

soro de leite (IPS) ou WPI (Whey Protein Isolate) (HONG; KROCHTA, 2006).

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16

2.2.1 Proteínas do soro de leite

As proteínas do soro do leite apresentam estruturas globulares contendo

algumas pontes dissulfeto, que conferem certo grau de estabilidade estrutural. As

frações proteicas encontradas no soro de leite são compostas por β-lactoglobulinas

(5-7g/L), α-lactoalbuminas (0,6-1,7g/L), albumina sérica (0,2-0,4 g/L) e

imunoglobulinas (0,5-1,8 g/L). Encontram-se também proteínas minoritárias como a

transferrina, lactoferrina, microglobulina, entre outras (HARAGUCHI et al., 2006;

SGARBIERI, 2005).

As principais funções biológicas das proteínas do soro do leite bovino

incluem: reparação celular, construção e reparação de músculos e ossos, geram

energia, essencial para quem pratica atividades físicas, além de outros benefícios

que estão ligados a processos metabólicos do corpo, como atividade

imunoestimulante, proteção ao sistema cardiovascular e atividade antimicrobiana e

antiviral (HARAGUCHI et al., 2006; SGARBIERI, 2005).

Vários estudos tem demonstrado que as proteínas do soro são absorvidas

mais rapidamente que outras. Esta absorção faz com que as concentrações

plasmáticas de muitos aminoácidos que vão estimular a síntese proteica, atinjam

altos valores logo após sua ingestão, além disso, ajudam na redução de gordura

corporal e minimizam a fadiga muscular (SGARBIERI, 2004).

As proteínas remanescentes no soro de leite apresentam excelente

composição em aminoácidos, alta digestibilidade e biodisponibilidade de

aminoácidos essenciais, portanto elevado valor nutritivo, o perfil de aminoácidos das

proteínas principalmente ricas em leucina, pode favorecer o anabolismo muscular

(SGARBIERI, 2005). A ingestão de proteína ou aminoácidos, após exercícios físicos,

favorece a recuperação e a síntese protéica muscular. Além disso, quanto menor o

intervalo entre o término do exercício e a ingestão protéica, melhor será a resposta

anabólica ao exercício. Essas propriedades justificam o grande consumo de “Whey

protein” dos praticantes de exercícios físicos (HARAGUCHI, 2006).

As proteínas do soro de leite despertam grande interesse tecnológico por

suas características físico-químicas, que proporcionam propriedades funcionais

como: solubilidade, absorção e retenção de água e de gordura, capacidade

emulsificante e estabilidade das emulsões, capacidade espumante e estabilidade de

espuma, gelificação, formação de filmes comestíveis e biodegradáveis, formação de

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17

micropartículas, melhoria nas propriedades sensoriais e na aceitação dos produtos

(SGARBIERI, 2005). Devido a todas estas propriedades, as proteínas do soro vêm

sendo utilizadas no preparo de vários alimentos como pães, bebidas e sobremesas,

pois além de seus benefícios para a saúde promovem efeitos positivos na textura,

no sabor e na cor destes alimentos. Esta adição das proteínas do soro aos alimentos

faz com que aumente seu consumo por grande parte da população, promovendo

efeitos benéficos à saúde (VALDUGA et al., 2006; PELEGINE, CARRASQUEIRA,

2008).

A β-lactoglubina é a proteína mais abundante no soro de leite bovino, é

considerada um excelente agente de geleificação. Através do tratamento térmico

acontece uma mudança conformacional que resultará na exposição do grupo tiol

reativo. Esse grupo tiol pode formar ligações dissulfeto com outras proteínas que

contém cisteína, como β-lactoglobulina ou albumina sérica bovina; ou com proteínas

que possuem ligações dissulfeto, como α-lactoalbumina, κ-caseína e αs2-caseína. A

formação de ligações dissulfeto intermoleculares é essencial para a formação de

géis de proteínas do soro induzidos termicamente bem como para estrutura de

espumas estáveis (SGARBIERI, 2005; GAUCHE, 2007).

2.3 ATIVIDADE ANTIOXIDANTE

Um radical livre é qualquer molécula orgânica ou inorgânica que possui um ou

mais elétrons desemparelhados ocupando um orbital atômico ou molecular sozinho

e está sempre em busca de outro elétron a fim de formar pares, assim, buscam em

outras moléculas suprir essa ausência, que por sua vez devem estar com elétrons

em orientações opostas para que se tornem emparelhados. Assim, radicais livres

podem desencadear diversas reações de óxido-redução, atuando como doadores ou

receptores de elétrons, oxidando-se ou reduzindo-se respectivamente (FERREIRA;

MATSUBARA, 1997; SHRIVER; ATKINS, 2003).

A atividade antioxidante frente aos radicais livres pode ocorrer através do

sequestro de radicais, interrompendo a fase de propagação. Além de doar átomos

de hidrogênio aos radicais livres, os antioxidantes também podem atuar como

quelantes de íons metálicos que também estão envolvidos na produção de espécies

reativas de oxigênio (ROS) (CHAILLOU, NAZARENO, 2006).

O desequilíbrio entre os radicais livres e as defesas geradas pelos

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antioxidantes, faz com que ocorra o que se chama de estresse oxidativo, que pode

ser o resultado tanto do excesso de radicais livres, quanto da redução das defesas

antioxidantes. Para que o organismo consiga cumprir com as suas funções

biológicas, é de extrema importância manter esse equilíbrio (LEITE, SARNI, 2003).

Os antioxidantes tem exercido um papel de extrema importância na saúde

humana, eles agem no sentido de retardar a velocidade de oxidação no organismo

causada pela ação dos radicais livres, que está diretamente ligado ao

desenvolvimento de doenças (PASTENE et al., 2009), entre as quais câncer,

diabetes, artrite e doenças do coração, podem estar relacionadas aos danos

causados por formas de oxigênio extremamente reativas. Essas substâncias

também estão ligadas a processos de envelhecimento do corpo. Neste contexto,

torna-se importante o consumo dessas substâncias antioxidantes na dieta diária,

onde elas atuam produzindo uma ação protetora efetiva contra esses processos

oxidativos que ocorrem no organismo (DEGASPARI; WASZCZYNSKIJ, 2004).

A ANVISA instrui que os antioxidantes são substâncias capazes de retardar o

aparecimento de modificação oxidativa nos alimentos, sendo assim, eles são

encontrados em sua maioria em vegetais, dos quais se destacam as frutas, os

legumes, as hortaliças e os cereais integrais. A legislação preconiza o licopeno,

luteína e zeaxantina, também os carotenóides de outras fontes como açaí podem

apresentar efeito protetor contra os radicais livres. (BRASIL, 2016; MESSIAS, 2009).

2.3.1 AÇAÍ

Dentre os vegetais que tem apresentado grande interesse por parte da

indústria e dos consumidores, está o açaizeiro, cujos frutos, devido a sua cor atrativa

e presença de componentes bioativos, são bastante apreciados (HOGAN et al.

2010).

A espécie vegetal Euterpe oleracea, é popularmente conhecida como

açaizeiro ou açaí. Encontrada na floresta amazônica, ela ocorre de forma

espontânea e é destacada por ser produtiva. Seus frutos redondos e pequenos são

verdes quando jovem e roxo escuro quando amadurecem normalmente (GORDON,

et al., 2012).

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Figura 1. O açaizeiro Euterpe oleracea.

Fonte: https://www.jardineiro.net/plantas/acai-euterpe-oleracea.html

Os frutos podem ser coletados ao longo do ano, no entanto, há um período de

colheita principal durante os meses de Agosto a Dezembro. Atualmente, o açaí

ganhou interesse devido às suas características nutritivas, devido a sua alta

atividade antioxidante in vitro, explicado pelo teor bastante elevado de compostos

fenólicos, como diferentes antocianinas, flavonas e ácidos fenólicos, que exercem

efeitos fisiológicos favoráveis à saúde (GORDON et al., 2012).

Segundo Kuskoski, et al. (2006), o açaí apresenta 22,8mg/100g de

antocianinas e 136,8mg/100g de polifenoís. Estes compostos estão relacionados à

redução da maioria das doenças crônicas de risco, principalmente as degenerativas,

além disso, demonstram a capacidade de captar radicais livres e tem efeitos na

prevenção de enfermidades cardiovasculares e circulatórias.

Resultados de determinações analíticas mostraram que a polpa do açaí

liofilizada constitui um alimento altamente calórico (489,39 kcal/100g),

principalmente pelo elevado conteúdo lipídico (40,75%) dos quais 52,70%

representados pelo ácido oléico (ômega 9) e 25,56% pelo ácido palmítico. Os

carboidratos totais somam 42,53% e o teor de proteínas é de 8,13 g. Os minerais

observados em maior abundância são potássio (900 mg), cálcio (330 mg) e

magnésio (124,4 mg) a cada 100g de polpa liofilizada (MENEZES, TORRES,

SABAA-SRUR, 2008).

O açaí contém antocianinas, pigmentos naturais pertencentes ao grupo de

compostos fenólicos, considerados bioativos com importantes funções e ações

biológicas, dentre elas a atividade antioxidante, podendo colaborar na prevenção de

Page 21: DESENVOLVIMENTO DE FLAN PROBIÓTICO À BASE DE …

20

doenças crônico-degenerativas (Hogan et al., 2010).

As antocianinas presentes no açaí e em outras frutas são uma importante

alternativa para a substituição gradativa dos corantes sintéticos, pois são

abundantes na natureza, apresentam um amplo espectro de cores e, também efeitos

benéficos à saúde humana. O maior limitante para o uso das antocianinas é a sua

menor estabilidade, quando comparada aos corantes sintéticos. Elas são solúveis

apenas em meios aquosos e sofrem mudança de cor em função do pH, restringindo

o seu uso em produtos como sorvetes, geléias, vinhos, etc. A estabilidade da cor

das antocianinas é afetada pelo pH, co-pigmentação, luz, temperatura, metais e

oxigênio, fatores estes que devem ser monitorados após o processamento para

garantir uma melhor conservação do aspecto sensorial dos produtos (LOPES et al.,

2007).

A utilização da polpa de frutas congeladas está em expansão nas indústrias

de produtos lácteos, de sorvetes e doces, o que aumenta o interesse dos produtores

e dos consumidores. A polpa de açaí pode se tornar um importante ingrediente na

formulação de derivados lácteos, já que a mesma pode conferir cor e sabor ao

produto (KUSKOSKI et al., 2006).

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3. OBJETIVOS

3.1. OBJETIVO GERAL

- Desenvolver um flan contendo proteínas do soro de leite, açaí e probiótico.

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Determinar as melhores concentrações dos ingredientes para o desenvolvimento

da sobremesa;

- Caracterizar o produto final físico-química e microbiologicamente;

- Monitorar as características de textura, cor e atividade antioxidante, além do pH,

acidez e viabilidade do probiótico durante 42 dias em armazenamento sob-

refrigeração;

- Avaliar a aceitação sensorial e intenção de compra do produto desenvolvido.

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4. ARTIGO

Desenvolvimento e caracterização de flan probiótico à base de proteínas do soro de leite e açaí

PAULYNE TOLENTINO ANSELMO1; MARCIA SIMONI DE MELO RODRIGUES1; JOSÉ RENATO SILVA2; KARLA BIGETTI GUERGOLETTO2; GISELLE NOBRE

COSTA*1. 1 Universidade Norte do Paraná – UNOPAR – Mestrado em Ciência e Tecnologia de Leite e Derivados, Rua Marselha, 591, Jardim Piza, 86041-140, Londrina, PR, Brasil. 2 Universidade Estadual de Londrina – UEL – Doutorado em Ciências de Alimentos, Rod. Celso Garcia Cid s/n, Campus Universitário, 86057-970, Londrina, PR, Brasil. * Autor correspondente: Giselle Nobre Costa E-mail: [email protected] Tel.: +55 43 3371-7723 Fax: +55 43 3371-7834

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RESUMO

Proteínas de alto valor biológico como as proteínas do soro de leite, substâncias antioxidantes e microrganismos probióticos têm sido muito bem aceitos na composição de alimentos e são alvos frequentes de investigações devido aos seus efeitos positivos à saúde. Este trabalho objetivou desenvolver e caracterizar uma sobremesa probiótica à base de isolado proteico do soro de leite (IPS), leite, gelatina, açúcar, açaí e Lactobacillus rhamnosus HN001, como probiótico. O produto formulado foi caracterizado quanto à composição físico-química e microbiológica, e apresentou 15,5% de proteínas, 24% de carboidratos, 0,3% de lipídeos, 0,8% de cinzas e 58,6% de umidade. Obteve pH 4,6 e 0,1% de acidez titulável em ácido lático. A contagem do probiótico foi de 8,48 Log UFC/g no produto pronto para consumo. Aos 42 dias não houve redução significativa (p>0,05) na viabilidade, cuja contagem média foi de 8,03 Log UFC/g. Ao longo do armazenamento do produto houve um pequeno aumento da acidez e decréscimo no pH (p<0,05). A avaliação da textura apresentou pouca variação na dureza, adesividade, coesividade e gomosidade ao longo do armazenamento. O produto apresentou estabilidade de cor,

sem variação significativa E (p<0,05) ao longo do armazenamento refrigerado, além de atividade antioxidante pelo método do sequestro do radical livre estável 2,2-difenil-1-picrilhidrazil (DPPH) e poder de redução do ferro (FRAP). Para a análise sensorial, foram recrutados 100 provadores, 70% destes com faixa etária entre 18 e 30 anos, avaliaram o produto que apresentou 83% de aceitabilidade, com média 8, para os atributos impressão global, aparência e cor. Já, para sabor, aroma e textura a media obtida foi igual a 7. Quanto à intenção de compras, 60% dos julgadores indicaram que 'provavelmente comprariam ou decididamente comprariam', demonstrando boa aceitação sensorial. A sobremesa em geral, apresentou estabilidade química e alta viabilidade do probiótico, e pode ser uma boa opção para consumidores que buscam consumir alimentos saudáveis.

Palavras-chave: Lactobacillus rhamnosus. Isolado proteico do soro de leite. Alimento Funcional. Euterpe Oleracea.

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ABSTRACT

High biological value proteins such as whey proteins, antioxidants and probiotic microorganisms have been very well accepted in food composition and are frequent targets of investigations because of their positive health effects. This work aimed to develop and characterize a probiotic dessert based on whey protein isolate (IPS), milk, gelatin, sugar, acai and Lactobacillus rhamnosus HN001, as a probiotic. The formulated product was characterized by physico-chemical and microbiological composition and presented 15.5% proteins, 24% carbohydrates, 0.3% lipids, 0.8% ash and 58.6% moisture. It obtained pH 4.6 and 0.1% titratable acidity in lactic acid. The probiotic count was 8.48 log CFU / g in the ready-to-eat product. At 42 days there was no significant reduction (p> 0.05) in viability, whose mean count was 8.03 Log CFU / g. During the storage of the product there was a small increase in acidity and a decrease in pH (p<0.05). The evaluation of the texture presented little variation in the hardness, adhesiveness, cohesiveness and guminess throughout the storage.

The product presented color stability, without significant variation E (p <0.05) along the refrigerated storage, in addition to antioxidant activity by the free radical sequestration 2,2-diphenyl-1-picrylhydrazyl (DPPH) and reduction power (FRAP). For the sensory analysis, 100 tasters were recruited, 70% of those aged between 18 and 30 years, evaluated the product that presented 83% of acceptability, with an average of 8, for the attributes global impression, appearance and color. For taste, aroma and texture, the mean value obtained was 7. As for the intention to buy, 60% of the judges indicated that they would probably buy or decidedly buy, demonstrating good sensorial acceptance. The dessert in general, presented chemical stability and high probiotic viability, and may be a good option for consumers looking to consume healthy foods. Key words: Lactobacillus rhamnosus. Protein isolate from whey. Functional food.

Euterpe Oleracea.

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1. INTRODUÇÃO

Cada vez mais os consumidores têm despertado para uma melhor qualidade

de vida, e com isso, demonstrado maior interesse em alimentos práticos, de rápido e

fácil consumo e que em contrapartida, tragam benefícios à saúde (MANTOVANI,

2014). A indústria alimentícia acompanha este cenário e vem desenvolvendo

produtos que promovam características funcionais de saúde e que atendam as

expectativas sensoriais dos consumidores (KOMATSU; BURITI; SAAD, 2008).

Neste contexto, as sobremesas lácteas prontas para consumo, além da

praticidade, tem se tornado uma interessante alternativa do ponto de vista funcional,

nutritivo e sensorial (BURITI, BEDANI, SAAD, 2016).

A seleção de ingredientes que compõem uma formulação deve ser realizada

visando obter características tecnológicas que garantam estabilidade ao produto

final, além das alegações funcionais, caso o produto tenha esta abordagem. Assim,

o uso de proteínas do soro de leite em alimentos tradicionais ou no desenvolvimento

de novos produtos desperta grande interesse. Devido às suas características, as

proteínas do soro de leite proporcionam propriedades funcionais tecnológicas e de

saúde aos produtos onde são incorporados. Dentre estas, destacam-se a

capacidade emulsificante, absorção e retenção de água e de gordura, geleificação e

melhoria nas propriedades sensoriais do produto, além das muitas propriedades

benéficas à saúde (HARAGUCHI, et al., 2006; PELEGRINI; CARRASQUEIRA, 2008,

SGARBIERI, 2005).

Adicionalmente, microrganismos probióticos apresentam um longo histórico

de efeitos positivos à saúde do consumidor, quando consumidos em doses

adequadas (FAO/WHO, 2002). Devido a estas propriedades, a demanda por

alimentos que contêm esses microrganismos tem expandindo globalmente (SHI,

2016). O Lactobacillus rhamnosus HN001 é um probiótico muito utilizado na

composição de alimentos, tanto por sua capacidade de se multiplicar, acidificar o

produto, quanto pelas características benéficas que esta linhagem apresenta

(CORRÊA, 2006).

O aumento do consumo e comercialização do açaí (Euterpe Oleracea) pode

ser atribuído às propriedades nutricionais e seu valor calórico, pois é um alimento

rico em proteínas, fibras, lipídeos, vitamina E e minerais. Além de ser um fruto de

origem brasileira, é muito conhecido por suas características sensoriais e elevado

Page 31: DESENVOLVIMENTO DE FLAN PROBIÓTICO À BASE DE …

30

teor de compostos fenólicos, dentre eles as antocianinas, que são benéficas à

saúde. Antocianinas atuam como antioxidantes protegendo o organismo contra a

ação de radicais livres, como o envelhecimento das células e desenvolvimento de

doenças (SANTOS et al., 2008).

Este trabalho objetivou associar as características positivas de ingredientes

funcionais para desenvolver uma sobremesa probiótica à base de isolado proteico

do soro e açaí como uma alternativa ao mercado de produtos lácteos funcionais.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. Microrganismo

Foi utilizada a linhagem comercial HOWARU® Rhamnosus - Lactobacillus

rhamnosus HN001™ (Dupont, Cotia, Brasil), liofilizada, armazenada a -18°C até o

uso.

2.2 Viabilidade do probiótico em leite e em açaí

Utilizou-se leite integral pasteurizado (De Leite, Londrina, Brasil), esterilizado

a 100ºC/15 min utilizando vapor em fluxo contínuo. O leite foi resfriado e adicionado

de 0,1% (p/v) da cultura, incubada “overnight” a 37°C sob condições assépticas.

Este fermentado foi utilizado como pré-inóculo e posteriormente, adicionando na

proporção de 0,8% (v/v) em leite preparado nas mesmas condições e incubado a

37°C. O desenvolvimento da cultura no leite foi monitorando quanto ao pH fi

avaliado por pHmetro (Kasvi, Curitiba, PR), acidez titulável expresso como% de

ácido lático (AOAC, 2016) e contagem de células viáveis usando plaqueamento em

profundidade em ágar MRS (de Man, Rogosa e Sharpe - Kasvi, São José dos

Pinhais, Brasil durante 0, 3, 6, 9, 15, 18, 21 e 24 horas.

O mesmo procedimento foi utilizado usando polpa de açaí (Pura polpa,

Guaraçaí, Brasil) como matriz de cultivo. Ambos os testes foram realizados em

triplicata e de forma independente.

Page 32: DESENVOLVIMENTO DE FLAN PROBIÓTICO À BASE DE …

31

2.3 Elaboração do flan

A composição da sobremesa (Tabela 1) foi definida através de testes prévios,

realizados variando a massa dos ingredientes, visando obter geleificação típica de

flan e estabilidade da coloração característica do açaí.

A sobremesa foi elaborada em triplicata, seguindo o fluxograma de produção

descrito na figura 1.

Tabela 1. Ingredientes e suas respectivas quantidades utilizadas para formulação da

sobremesa.

Ingredientes Quantidade

Leite integral (De Leite, Londrina, Brasil) 23,6 %

Isolado proteico do soro (Artesana, Novo Hamburgo, Brasil) 8 %

Açúcar (União, São Paulo, Brasil) 18 %

Acido cítrico (Anidrol, Lençóis Paulista, Brasil) 0,4 %

Açaí em pó (Relva Verde, Ibiporã, Brasil) 3 %

Polpa de açaí (Pura polpa, Guaraçaí, Brasil) 35 %

Probiótico* 9 %

Gelatina sem sabor (Relva Verde, Ibiporã, Brasil) 3 %

*Lactobacillus rhamnosus HN001 (Dupont, Cotia, Brasil) cultivado em leite durante 6 h, conforme descrito em 2.2.

O produto gelificado foi formulado juntamente com adição de uma calda, cuja

composição (v/v) foi de 20% de polpa de açaí, 0,3% de ácido cítrico, 6% de água e

9% de açúcar. Esta mistura foi levada ao fogo baixo até fervura por 5 minutos,

Posteriormente foi resfriada à temperatura ambiente, 3 mL adicionado à embalagem,

seguido de 25 mL da mistura do flan. O produto foi armazenado sob refrigeração

(10ºC) em embalagens plásticas de 30 mL fosca com tampa (Galvanotek, Carlos

Barbosa, Brasil) até análises.

O produto formulado foi caracterizado quanto às propriedades físico-química

e microbiológicas. A composição centesimal foi avaliada no dia seguinte a produção.

Análises de pH, acidez titulável, contagem de L. rhamonusus, textura, cor e atividade

antioxidante foram monitoradas aos 1, 7, 14, 21, 28, 35 e 42 dias de armazenamento

sob refrigeração.

Page 33: DESENVOLVIMENTO DE FLAN PROBIÓTICO À BASE DE …

32

Figura 1: Fluxograma para fabricação do flan.

*Processo realizado em Mixer (Britânia, Curitiba, Brasil)

**Em copos plásticos com tampa, volume 30 mL (Galvanotek, Carlos Barbosa, Brasil)

2.4 Contagem Lactobacillus rhamnosus HN001

Foram pesadas 1 g de flan, homogeneizadas em 10 mL de água peptonada

tamponada 0,1% (p/v) (Oxoid, Cambridge, UK). Diluições decimais subsequentes

foram preparadas (10-1 a 10-8), utilizando-se o mesmo diluente. Para quantificação

da cultura probiótica, foram transferidas 1 mL de cada diluição das amostras para

placas de Petri esterilizadas. Posteriormente adicionou-se ágar MRS (de Man,

Rogosa e Sharpe - Kasvi, São José dos Pinhais, Brasil), fundido e resfriado. Em

seguida as placas foram incubadas a 37ºC por 72 horas.

2.5 Avaliação de inocuidade do flan

O produto final foi submetido a testes microbiológicos para observação da

presença de coliformes à 45°C (Caldo verde brilhante, Oxoid, Cambridge, UK) pela

metodologia proposta por Silva et al. (2001), Contagem de bolores e leveduras

(Placa 3M™ Petrifilm™, St. Paul, USA) e detecção de Salmonella (3M™ Petrifilm™

Salmonella Express St. Paul, USA) conforme preconiza a legislação brasileira

(BRASIL, 2001).

Pesagem dos ingredientes

Aquecimento (leite, açúcar e IPS) a 90ºC/20 minutos

Resfriamento a 50ºC sob agitação

constante

Adição da gelatina, açaí em pó, polpa de açaí e ácido cítrico.

Homogeneização*

Adição do fermentado com probiótico

Armazenamento sob refrigeração (10ºC).

Adição da calda na embalagem** em seguida a mistura do flan

Page 34: DESENVOLVIMENTO DE FLAN PROBIÓTICO À BASE DE …

33

2.6 Análises físico-químicas

Os valores de pH foram determinados em potenciômetro digital (Tecnal,

modelo Tec-5, Piracicaba, Brasil).

Acidez total (% ácido lático) foi determinada através de titulação com NaOH

0,1mol/L (Anidrol, Diadema, Brasil).

O teor de cinzas, proteínas, lipídeos e umidade foram determinados de

acordo com as normas definidas pelo AOAC (2016). O teor de carboidratos foi

determinado por diferença (BRASIL, 2003). Todas as análises foram efetuadas em

triplicata.

2.7 Perfil de textura instrumental

O perfil de textura da sobremesa foi determinado através de teste de

compressão de amostras, utilizando-se probe cilíndrico acrílico TA3/1000, com

25,4mm de diâmetro. Foram avaliados os parâmetros de dureza, coesividade,

gomosidade e adesividade em texturômetro Texture Analyser CT3 (Middleboro,

EUA), controlado por computador. Os dados foram coletados através do software

Texture CT V1.4 Build 17. Todas as análises foram realizadas em quadruplicada,

obedecendo às seguintes condições de testes, estabelecidas por Corrêa, Castro e

Saad (2008): velocidade de compressão: 1mm/s, distância: 10 mm.

2.8 Cor

Foi utilizado um colorímetro (Konica Minolta CR-400, Ramsey, EUA). A

análise foi realizada em ambiente com luz branca estável, bancada de fundo branco

e o equipamento previamente calibrado conforme orientação do fabricante,

programado para utilização do iluminante D65, efetuando automaticamente três

disparos de luz de xenônio. As leituras foram realizadas no sistema CIELAB (L*, a* e

b*) sendo L* (luminosidade – preto (0) ao branco (100)), a* (-a verde (-60), +a

vermelho (+60)), e b* (-b azul (-60), +b amarelo (+60)).

Para analisar os resultados foram observadas as variações de L*, a* e b*

realizando a diferença de cor (ΔE*). Para determinação de ΔE* a seguinte equação

foi utilizada:

Page 35: DESENVOLVIMENTO DE FLAN PROBIÓTICO À BASE DE …

34

ΔE*= (L*i-L*0)2+(a*i-a*0)

2+(b*i-b*0)2

onde para L*0, a*0 e b*0 foram considerados os valores do resultado do branco e L*i,

a*i e b*i foram os valores do resultado de cada amostra analisada. As analises foram

realizadas em triplicata.

2.9 Atividade Antioxidante

Os extratos foram preparados adicionando–se a amostra em etanol 80% na

proporção 1:10, seguida de agitação por 20 min à 200 rpm (MARCONI, MA

140/CFT, São Paulo). As amostras foram centrifugadas (HARRIER, Reino Unido) a

2000 x g por 10 min, para obtenção do sobrenadante. Os extratos foram

armazenados a -22ºC até utilização.

Foram efetuadas duas metodologias distintas. A capacidade de sequestrar o

radical 1,1-difenil-2-picrilhidrazil (DPPH), foi determinada segundo método descrito

por Brand-Williams et al. (1995). Alíquotas de 0,1 mL do extrato etanólico dos flans,

nas concentrações de 5,0; 12,5; 25,0; 37,5; e 50,0 mg/mL, respectivamente, foram

colocadas em diferentes tubos de ensaio. Em seguida foram adicionados 3,9 mL da

solução de DPPH em metanol (0,06 mM) e após agitação, os tubos foram deixados

em repouso ao abrigo da luz durante 15 minutos. Foi realizada a leitura da

absorbância a 517 nm utilizando-se como branco o metanol. A capacidade de

sequestrar o radical determinada em relação ao controle positivo (3,9 mL da solução

de DPPH 0,06 MM + 0,1 mL de etanol 80%, utilizado no preparo dos extratos), e a

redução na absorvância da solução de DPPH na presença do extrato, calculado de

acordo com a expressão abaixo:

% ASR = ([ DPPH - ] / DPPH) × 100

Onde (%) ASR é a porcentagem da atividade de sequestro de radicais DPPH,

é a absorbância da amostra e DPPH é a absorbância da solução de DPPH.

Os resultados foram expressos como a concentração efetiva 50% (EC50),

que expressa a concentração mínima de antioxidante necessária para reduzir em

50% a concentração inicial de DPPH. A partir das absorbâncias obtidas das

diferentes diluições dos extratos, plotou-se a % de redução do DPPH no eixo Y e a

Page 36: DESENVOLVIMENTO DE FLAN PROBIÓTICO À BASE DE …

35

concentração dos extratos (mg/mL) no eixo X, e determinou-se a equação da reta.

Para calcular o EC50 utilizou-se a equação da reta, substituindo o valor de y por 50

para obter a concentração da amostra com capacidade de reduzir 50% do DPPH.

Para a determinação da capacidade antioxidante total pelo método de redução do

ferro (FRAP) foi utilizado o procedimento descrito por Benzie & Strain (1996). Este

ensaio se baseia na medida direta de habilidade dos antioxidantes (redutores) da

amostra em reduzirem, em meio ácido (pH 3,6), o complexo Fe3+/tripiridiltriazina

(TPTZ), para formar Fe2+, de intensa cor azul e absorção máxima a 593 nm. O

reagente FRAP foi preparado pela mistura de 2,5 mL de uma solução 10 mM de

TPTZ (2,4,6-tripiridil-s-triazina) em HCl 40 mM, 2,5 mL de FeCl3 20 mM e 25 mL de

tampão de acetato 0,3 M, pH 3,6 e aquecido a 37°C. Alíquotas de 0,20 mL

dos extratos foram misturadas, separadamente, com 1,8 mL do reagente FRAP e

incubadas a 37ºC por 10 minutos, em seguida foi realizada leitura da absorvância da

mistura reacional em espectrofotômetro (Thermo Electron Corporation®, Spectronic

Genesys 6®, EUA) a 593 nm. Para determinação da capacidade de redução de íons

ferro foi construída curva padrão de FESO4.7H2O (μ100-1000 μM) e os resultados

foram expressos como valor de FRAP (μM Fe (II).

2.10 Análise Sensorial

O projeto foi submetido e aprovado pelo comitê de ética na pesquisa

envolvendo seres humanos da Universidade Norte do Paraná conforme parecer

CAAE (Anexo I).

A análise sensorial foi realizada em cabines individuais sob luz branca com

100 julgadores não treinados, estudantes e membros da equipe de funcionários da

Universidade Norte do Paraná, com idade entre 18 e 60 anos, conforme a ficha de

avaliação sensorial (Apêndice II). Os participantes foram informados dos detalhes,

riscos e benefícios da pesquisa através do Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE) (Apêndice III). Foram servidas 30g de amostras aos provadores,

empregando-se o teste de aceitação, no qual os julgadores avaliaram os atributos:

impressão global, aparência, cor, aroma, sabor e textura, utilizando-se escala

hedônica estruturada, variando de 1 (desgostei muitíssimo) a 9 (gostei muitíssimo).

Também foi avaliada intenção de compra com base na escala: 1 (decididamente eu

compraria) a 5 (decididamente eu não compraria) (DUTCOSKI, 2013).

Page 37: DESENVOLVIMENTO DE FLAN PROBIÓTICO À BASE DE …

36

2.11 Análise Estatística

A análise estatística dos resultados obtidos para caracterização físico-química

e microbiológica foi realizada utilizando o software STATISTICA v.13.0 (Statsoft,

Tulsa, OK, EUA). A análise de variância (ANOVA) foi utilizada para determinar

diferenças significativas (P <0,05) para cada parâmetro analisado entre os tempos

de armazenamento. As diferenças foram detectadas usando o teste post hoc Tukey.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para seleção de um microrganismo probiótico a ser inserido em um alimento,

a matriz na qual este irá se desenvolver, tem papel fundamental na sua multiplicação

e manutenção ao longo da sua vida útil. Assim, definir o meio de crescimento pode

ser determinante na funcionalidade de uma linhagem probiótica. Desta forma, para

cultivo do probiótico, foram avaliadas as matrizes leite e polpa de açaí. As médias

dos dados obtidos para viabilidade do probiótico, pH e acidez titulável no leite

integral ou açaí, estão representados na Tabelas 2 e 3 respectivamente.

Tabela 2: Viabilidade do microrganismo no leite integral ao longo da fermentação.

Tempo (h) Log. (UFC/mL) L.

rhamnosus pH Acidez (% ác. Láctico)

0 8,3±0,28e 6,6±0,0

a 0,2±0,0

de

3 7,9±0,11c 6,1±0,15

c 0,2±0,05

e

6 8,4±0,15cd

6,4±0,05ab

0,2±0,0de

9 8,5±0,11bcd

6,3±0,05b 0,2±0,0

de

15 8,7±0,02abc

5,7±0,10d 0,3±0,0

cd

18 8,9±0,01a 5,4±0,05

e 0,4±0,05

bc

21 8,8±0,10ab

4,9±0,05f 0,5±0,05

ab

24 8,9±0,04ab

4,9±0,05f 0,5±0,05

a

Os resultados estão expressos em média ± desvio padrão (n=9). Os dados são médias de 3 repetições independentes realizada em triplicata. Letras diferentes sobrescritas na mesma coluna denotam diferença significativa entre si pelo teste de Tukey (p<0,05). Fonte: Da autora.

Pode-se verificar a variação de pH e acidez (p<0,05) em ambos os meios.

Nota-se que ao longo da fermentação, o pH reduz, enquanto que a acidez aumenta

Page 38: DESENVOLVIMENTO DE FLAN PROBIÓTICO À BASE DE …

37

gradualmente, o que demonstra a atividade metabólica do microrganismo, tanto no

leite quanto no açaí. A multiplicação do probiótico ao longo do tempo de

fermentação ocorreu de forma similar nos dois meios. O tempo adequado para

interromper a fermentação foi de 15 horas, uma vez que tempos superiores (18 a 24)

não diferem significativamente (p>0,05) e podem implicar em aumento de custos no

caso de uma fermentação mais longa.

Tabela 3: Viabilidade do microrganismo no açaí ao longo da fermentação do seu

desenvolvimento.

Tempo (h) Log. (UFC/mL) L.

rhamnosus pH Acidez (% ác.

Láctico)

0 7±0,05c 4,6±0,0

a 0,1±0,05

c

3 6,9±0,04c 4,5±0,05

b 0,2±0,05

c

6 7,4±0,58c 4,3±0,05

c 0,2±0,05

bc

9 8±0,43bc

4,1±0,05d 0,2±0,05

bc

15 8,5±0,07ab

4±0,0e 0,3±0,0

ab

18 8,7±0,03ab

4±0,0e 0,4±0,05ª

21 9±0,54ª 3,9±0,05e 0,4±0,0

a

24 8,8±0,07ª 3,9±0,0e 0,4±0,0

a

Os resultados estão expressos em médias ± desvio padrão (n=9). Os dados são médias de 3 repetições independentes. Letras diferentes sobrescritas na mesma coluna denotam diferença significativa entre si pelo teste de Tukey (p<0.05). Fonte: Da autora.

Até o momento, não temos conhecimento de cultivo de L. rhamnosus em

açaí, o que pode ser uma alternativa interessante para fermentação da polpa,

sobretudo usando linhagem com característcas probióticas. Entretanto, a exposição

do meio a temperatura ótima para o crescimento do microrganismo resultou em

escurecimento da polpa, provavelmente devido à oxidação, o que para este produto

não foi adequado, uma vez que a cor foi considerada uma característica importante

para a formulação do produto. Assim, o cultivo em leite foi definido como pré -

inóculo para incorporação do probiótico à formulação.

A caracterização do produto pronto para consumo está apresentada na

Tabela 4.

De acordo com a RDC nº54 de 12 de novembro de 2012 um alimento pode

Page 39: DESENVOLVIMENTO DE FLAN PROBIÓTICO À BASE DE …

38

ser rotulado com alto teor de proteína quando oferecer 12g de proteínas por 100g do

produto final (BRASIL, 2012). A sobremesa apresentou 15,5g de proteínas se

adequando à esta regulamentação, isto se deve ao uso do leite e isolado proteico do

soro nas proporções definidas (Tabela1).

A utilização das proteínas do soro de leite na formulação de alimentos,

enriquece produto e trás inúmeros benefícios ao indivíduo que consome, pois

quando ingerido estimula a síntese proteica, possui atividade antimicrobiana,

antiviral, anticâncer, reduz a gordura corporal, além de promover o aumento da

atividade imunomoduladora (SGARBIERI, 2004).

Os teores de lipídeos foram baixos e classificam o produto como “de baixo

teor de gordura total”, visto que a sobremesa apresentou média de 0,3% e o limite

estabelecido pela legislação é de 3g de gorduras totais na porção de referência do

produto (BRASIL, 2012).

Tabela 4 - Características microbiológicas e físico-químicas da sobremesa pronta

para o consumo.

Análises Valores

Log (UFC/g) 8,30±0,2

pH 4,6±0,1

Acidez (%) 0,09±0,01

Proteínas (%) 15,5±1,1

Umidade (%) 58,6±0,8

Cinzas (%) 0,8±0,4

Lipídeos (%) 0,3±0,7

Carboidratos (%) 24±1,1

Os resultados estão expressos em média ± desvio padrão (n=9). Os dados são médias de 3 repetições independentes do produto pronto para consumo após um dia de produção. Fonte: Da autora.

A quantidade de células viáveis do probiótico, na ordem de 8,3 Log UFC/g

de produto é alta considerando a proporção do fermentado probiótico usado na

formulação (Tabela 1). Embora a legislação brasileira e internacional não

determinam quantidade de probióticos em alimentos (BRASIL, 2016; FAO/WHO,

2001), muitos estudos indicam que a quantidade mínima de microrganismos viáveis

em um produto no momento do consumo deve estar na faixa de 6 a 7 log UFC/mL

Page 40: DESENVOLVIMENTO DE FLAN PROBIÓTICO À BASE DE …

39

ou g de produto a fim de que os efeitos benéficos sejam observados (BERNINI et

al., 2016; GRANATO et al., 2010; MARTINEZ et al., 2015).

O produto pronto apresentou ausência de microrganismos patogênicos

(BRASIL, 2001), o que indica condições adequadas de higiene durante a produção.

Com relação à vida útil do produto formulado, dados de pH, acidez titulável, e

viabilidade do probiótico, ao longo do armazenamento, estão apresentados na

Tabela 5.

Nota-se pequenas variações nos valores médios de pH entre os dias de

armazenamento, entretanto não há diferença significativa (p<0,05), assim como a %

de acidez. Um dado interessante neste estudo, é que a % de acidez não

correlaciona com o pH, como ocorre normalmente em fermentados lácteos, onde se

tem baixo pH e alta acidez titulável, em geral > 0,6% (ácido láctico), provavelmente

algum componente da formulação exerce um efeito tamponante. Alexandre et al.

(2004) verificaram a conservação do açaí em 8 formulações, usando açaí em todas

elas e variando os valores de adição de sacarose e sorbato de potássio. Os autores

observaram que o pH e acidez se mantiveram praticamente constantes durante os 5

meses de armazenamento. Comportamento similar aos nossos dados.

Tabela 5: Acidez titulável, pH e viabilidade da L. rhamnosus HN001 (Log UFC/g),

no flan, avaliados durante 1, 7, 14, 21, 35 e 42 dias sob refrigeração a 5±1°C.

Tempo de armazenamento

(dias)

pH Acidez titulável

(%)

Log

UFC/g

1 4,64±0,07ab

0,09±0,01a 8,30±0,25

a

7 4,72±0,13a 0,09±0,01

b 8,04±0,43

bc

14 4,57±0,06abd

0,09±0,00b 7,60±0,25

b

21 4,46±0,05cd

0,09±0,01b 8,32±0,11

a

28 4,33±0,10c 0,1±0,01

b 8,08±0,10

ac

35 4,45±0,16cd

0,1±0,01b 7,43±0,22

b

42 4,57±0,14d 0,1±0,01

b 8,45±0,32

a

Os resultados estão expressos em média ± desvio padrão (n=9). Os dados são médias de 3 repetições independentes do produto pronto para consumo analisadas no decorrer do tempo de armazenamento. Letras diferentes sobrescritas na mesma coluna denotam diferença significativa entre si pelo teste de Tukey (p<0.05). Fonte: Da autora.

Page 41: DESENVOLVIMENTO DE FLAN PROBIÓTICO À BASE DE …

40

Houve diferença significativa (p<0,05) no crescimento do microrganismo no

decorrer do tempo de armazenamento. No entanto, a contagem inicial de L.

rhamnosus no flan foi de 8,3 Log UFC/g e ao final de 42 dias se manteve com 8,45

Log UFC/g, se enquadrando dentro dos parâmetros considerados para

microrganismo probiótico em alimento (MARTINEZ et al., 2015).

Um estudo realizado por Costa (2014) relatou a viabilidade do de L.

rhamnosus GG em um sorvete simbiótico de açaí ao longo de seu armazenamento

(-18ºC 112 dias). As contagens de microrganismo se mantiveram estáveis entre 8 e

9 Log UFC/g para todas as formulações. Paula (2012) também verificou a viabilidade

de cepas potencialmente probióticas de L. rhamnosus e L. paracasei em sorvetes

com leite de cabra e polpa de cajá. Nesse estudo todas as formulações

apresentaram contagens médias de Lactobacillus spp. acima de 8 log UFC/g que

permaneceram estáveis no período de 84 dias de armazenamento a -18ºC. Nossos

dados evidenciam que o probiótico se manteve em alta contagem no produto

finalizado e ao longo do período de armazenamento, com uma taxa de sobrevivência

de 67%. Além disso, o microrganismo apresenta baixa atividade de pós acidificação

em produtos prontos, o que é uma característica positiva para BAL.

Os valores médios obtidos nas análises de textura instrumental para os

parâmetros dureza, adesividade, coesividade e gomosidade na Tabela 6.

Tabela 6: Perfil de textura instrumental do flan durante os 42 dias de

armazenamento sob refrigeração a 5±1°C.

Tempo de

armazenamento (dias)

Dureza

Adesividade

Coesividade

Gomosidade

1 4,54±0,70b 5,8±0,98ª 0,39±0,03

b 1,99±0,46

b

7 5,32±0,62ab

5,5±0,45ª 0,36±0,36b 2,11±0,61

b

14 4,57±0,59ab

5,1±0,78a 0,37±0,03

b 1,86±0,74

b

21 6,21±0,79ab

5,4±0,99a 0,39±0,03

b 2,95±0,63

ab

28 5,22±0,88ab

5,1±0,68a 0,38±0,07

b 2,21±1,02

b

35 6,27±2,30ª 1,2±0,94b 0,54±0,08ª 4,59±1,12ª

42 5,79±1,35ab

0,3±0,34b 0,58±0,14ª 4,19±1,0

a

Os resultados estão expressos em médias ± desvio padrão (n=12) pela ANOVA. Os dados são médias de 3 repetições independentes do produto pronto para consumo analisadas no decorrer do tempo de armazenamento. Letras diferentes sobrescritas na mesma coluna denotam diferença significativa entre si pelo teste de Tukey (p<0.05).

Page 42: DESENVOLVIMENTO DE FLAN PROBIÓTICO À BASE DE …

41

A dureza ou firmeza é definida como a força necessária para produzir certa

deformação (SZCZESNIAK, 1998). Pode ser entendida também, como a força

requerida para comprimir o flan entre os dentes molares. A Tabela 6 demonstra que

os valores médios de dureza se mantiveram estáveis (p>0,05) ao longo do

armazenamento. Esse resultado pode estar ligado ao fato da presença das

proteínas do soro de leite, que tem capacidade de gelatinização, onde ocorre a

agregação dessas proteínas, gerando um produto mais firme (ANTUNES, 2003).

A adesividade é definida como energia necessária para superar as forças

atrativas entre a superfície do alimento e outras superfícies em que o alimento entra

em contato, ou ainda a força requerida para remover o material que adere na boa

deurante o processo normal de mastigação (SZCZESNIAK, 1998). Como demonstra

a tabela 6 esse parâmetro mostrou uma leve diminuição ao longo dos dias, que pode

indicar uma quebra na estrutura durante o armazenamento, resultado em uma maior

dessora.

Nota-se um leve aumento (p<0,05) nos parâmetros de gomosidade e

coesividade, sendo gomosidade a energia requerida para desintregar um alimento

até estar pronto para deglutição e a coesividade a extenção a que um material pode

ser deformado antes da ruptura. A gomosidade apresenta uma relação com a

adesividade, e seu aumento também pode ser explicado como sendo consequente

do aumento da dessora durante o armazenamento.

O sistema de leitura de cor foi usado para verificar possíveis alterações

durante a estocagem da sobremesa. Os parâmetros de cor (L*, a* e b*) podem ser

analisados na Tabela 7.

No parâmetro L* (luminosidade – preto (0) ao branco (100)) percebe-se a

diferença estatística (p<0,05) entre os valores a partir do 14º dia, com manutenção

deste índice até o 35º dia, no entanto, aos 42 dias esta medida não varia se

comparada ao 1º ou 7º dia de armazenamento.

Os valores médios positivos de a* demonstraram uma tendência a cor

vermelha, apresentando diferença (p<0,05) apenas no 1º dia, se mantendo estáveis

ao longo do armazenamento, o mesmo acontece com o parâmetro b* que diferiu

apenas no 1º e 7º dos demais, valores positivos apontando uma tendência para cor

amarela.

Porém, não houve diferença total de coloração (ΔE*) (p<0,05), demonstrando

a capacidade do açaí manter a coloração do produto com o pH obtido.

Page 43: DESENVOLVIMENTO DE FLAN PROBIÓTICO À BASE DE …

42

Tabela 7: Evolução dos parâmetros de cor (média ± desvio-padrão) avaliados

durante os 42 dias de armazenamento sob refrigeração a 5±1°C.

Tempo de

armazenamento

(dias)

L*

a*

b*

ΔE*

1 39,6±3,94a 10,9±1,60

a 5,87±1,61

b 5,68±1,45

a

7 37,2±3,11a 4,08±1,92

b 4,62±1,76

b 5,57±0,70

a

14 33,4±2,47b 6,48±0,53

b 8,27±0,71

a 5,64±2,11

a

21 34,3±2,66b 7,26±0,72

b 6,96±1,31

ab 5,38±2,27

a

28 33,3±2,59b 7,23±0,92

b 7,45±0,75

ab 5,27±1,77

a

35 33,7±2,85b 6,92±1,43

b 8,22±1,35

ab 5,47±1,63

a

42 36,9±2,97a 6,41±2,19

b 8,09±1,70

ab 3,98±1,63

a

Os resultados estão expressos em média ± desvio padrão (n=9). Os dados são médias de 3 repetições independentes do produto pronto para consumo analisadas no decorrer do tempo de armazenamento. Letras diferentes sobrescritas na mesma coluna denotam diferença significativa entre si pelo teste de Tukey (p<0.05). Fonte: Da autora.

A análise da atividade antioxidante pelo método de sequestro de radicais

DPPH•, é avaliada quando o radical DPPH reage com o antioxidante, convertendo a

sua forma reduzida. Nessa reação, a solução de DPPH• que inicialmente é de cor

violeta, muda para o tom de amarelo quando ocorre a reação com antioxidante e

esse grau de descoramento é monitorado através do espectrofotômetro, que indica a

capacidade do antioxidante em sequestrar o radical livre (RIBEIRO, 2009).

A Tabela 8 mostra os resultados da atividade antioxidante pelo sequestro do

radical DPPH• do extrato hidroalcóolico do flan, aos 15 minutos de reação. A

interpretação dos dados do método DPPH utiliza o cálculo da “concentração

eficiente” ou valor de IC50, também conhecido como valor de EC50.

Quanto maior a atividade antioxidante, menor será o valor do EC50, ou seja,

menos extrato será necessário para reduzir o radical em 50% (SOUSA, 2009).

Conforme demonstrado na tabela, o produto apresentou maior atividade antioxidante

no dia 1, e nota-se a redução gradativa dessa atividade ao longo dos 42 dias, que é

perceptível devido ao aumento nos valores médios (p<0,05) do EC50 ao longo dos

dias de armazenamento.

Page 44: DESENVOLVIMENTO DE FLAN PROBIÓTICO À BASE DE …

43

Tabela 8 - Capacidade antioxidante do extrato hidroalcóolico do flan (EC50 em

mg/mL de flan), utilizando o radical livre DPPH•

Dia Equação da Reta R2 EC50 (mg/mL)

1 y = 0,4941x - 5,0152 0,9621 111,34 ± 2,48d

7 y = 0,2952x + 1,0938 0,9975 165,67 ± 9,91c

14 y = 0,2866x + 1,2227 0,9885 170,19 ± 5,84bc

21 y = 0,2654x + 0,9677 0,9833 184,85 ± 3,52bc

28 y = 0,2397x + 3,7287 0,9650 193,04 ± 7,54b

35 y = 0,1123x + 2,1448 0,9382 426,14 ± 8,31a

42 y = 0,1231x - 4,8411 0,9680 445,50 ± 6,69a

Os resultados estão expressos em média ± desvio padrão (n=9). Os dados são médias de 3 repetições independentes do produto pronto para consumo analisadas no decorrer do tempo de armazenamento. Letras diferentes sobrescritas na mesma coluna denotam diferença significativa entre si pelo teste de Tukey (p<0.05). Fonte: Da autora.

O método FRAP é baseado no mecanismo de redução do complexo de Ferro

Férrico Tripiridiltriazina (Fe+3 -TPTZ) ao complexo de Ferro Ferroso Tripiridiltriazina

(Fe+2 TPTZ). No ensaio do FRAP, o complexo Fe+2 -TPTZ, formado na presença

de antioxidantes, apresenta coloração azul e a absorbância da solução medida,

permite o monitoramento da atividade redutora da amostra (JIMENEZ-ALVAREZ et

al., 2008).

O poder redutor do extrato de flan está representado na Figura 2. O produto

apresentou igual capacidade de redução do 1º ao 21º dias sem diferenças

significativas (p>0,05), e teve uma leve diminuição no 28º dia de armazenamento

(p< 0,05), com manutenção da atividade antioxidante até o final armazenamento.

FIGURA 2 - Poder redutor do extrato hidroalcoólico do flan.

Os resultados estão expressos em média ± desvio padrão (n=9). Os dados são médias de 3 repetições independentes do produto pronto para consumo analisadas no decorrer do tempo de

1,43a 1,37a 1,33a 1,31a

0,84b

0,74b

0,81b

0,00

0,40

0,80

1,20

1,60

1 7 14 21 28 35 42 mm

ol F

e2+/g

am

ostr

a

Tempo (Dias)

Page 45: DESENVOLVIMENTO DE FLAN PROBIÓTICO À BASE DE …

44

armazenamento. Letras diferentes sobrescritas na mesma coluna denotam diferença significativa entre si pelo teste de Tukey (p<0.05). Fonte: Da autora.

A atividade antioxidante destes extratos pode estar relacionadas ao poder

redutor da estrutura química dos compostos fenólicos e antocianinas presentes no

fruto do açaí (FARIAS et al, 2014).

Para realização da análise sensorial, foram recrutados 100 provadores, sendo

51% do sexo masculino e 49% do sexo feminino. Dentre os provadores, 65%

praticam atividade física e apenas 21% fazem uso de suplemento alimentar durante

a prática de exercícios. As faixas etárias dos provadores estão apresentados na

Figura 3.

Figura 3: Frequência relativa da faixa etária de 100 provadores participantes da

análise sensorial do flan.

Fonte: da autora

O flan obteve 89% de aceitação por parte dos julgadores, o que indica uma

excelente avaliação. Para que um produto tenha boa aceitação sensorial, sua

frequência de respostas positivas deve ser superior a 70% (Ferreira et al., 2000).

Todos os atributos avaliados receberam médias acima de 7, sendo que aceitação

global, cor e aparência tiveram médias acima de 8. Entretanto, com base na atitude

de compras avaliada por meio da escala hedônica de 5 pontos (Figura 4) 60% dos

julgadores classificaram a sobremesa nas categorias ‘certamente compraria’ e

‘provavelmente compraria’ o produto, caso este estive disponível no mercado e

apenas 4% decididamente não compraria.

0%

20%

40%

60%

menos de 20 anos

entre 21 e 30 anos

entre 31 e 40 anos

acima de 40 anos

Faixa etária

Page 46: DESENVOLVIMENTO DE FLAN PROBIÓTICO À BASE DE …

45

Figura 4: Frequência relativa das notas atribuídas a intenção de compra do flan.

Fonte: da autora (2018).

De modo geral, a atitude de compra não retrata a alta aceitação e média de

notas atribuídas no teste de aceitação, embora a textura tenha apresentado nota

média de 7,8, o produto estava arenoso, com gelatinização não uniforme,

diferenciando-o das produções formuladas para caracterização do produto.

Intenção de compra

Decididamente eu compraria

Provavelmente eu compraria

Talvez sim/ Talvez não

Provavelmente eu não compraria

Page 47: DESENVOLVIMENTO DE FLAN PROBIÓTICO À BASE DE …

46

4. CONCLUSÃO

O flan pode ser caracterizado como uma sobremesa láctea probiótica, light e

enriquecido com proteína.

Além do mais, os componentes da formulação foram adequados para

multiplicar e manter alta viabilidade do probiótico L. rhamnosus HN001 durante toda

a vida útil avaliada.

O flan apresentou estabilidade de cor e atividade antioxidante pelos 2

métodos utilizados, evidenciando o potencial do produto para classificação como

alimento funcional.

A sobremesa foi bem aceita e com ótimos resultados microbiológicos e

centesimais, podendo ser comercializado e agradar uma ampla faixa de

consumidores, principalmente praticantes de exercícios físicos e aqueles que

buscam uma alternativa de alimentos saudáveis.

Page 48: DESENVOLVIMENTO DE FLAN PROBIÓTICO À BASE DE …

47

REFERÊNCIAS

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BRAND-WILLIAMS, W. CUVELIER, M. E. BERSET, C. Use od free radical method to evaluate antioxidant activity. Lebensmittel-Wissenschaft Technologie, 1995. p. 25-30.

BRASIL. Resolução RDC nº. 360, de 23 dezembro de 2003. Regulamento técnico sobre rotulagem nutricional de alimentos embalados, constantes do anexo desta Resolução. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2003. Disponível em: < http://portal.anvisa.gov.br/documents/33880/2568070/res0360_23_12_2003.pdf/5d4fc713-9c66-4512-b3c1-afee57e7d9bc>. Acesso em: 13 fev. 2018. CORRÊA, S. B. M.; CASTRO, I. A.; SAAD, S. M. Probiotic potencial and sensory properties of coconut flan supplemented with Lactobacillus paracasei and Bifidobacterium lactis. International Jourmal of Food Science and Technology, v.43, n. 9, p.1560-1568, 2008. COSTA, M. G. M. Desenvolvimento de sorvete simbiotico de açaí (Euterpe oleracea) com Lactobacillus rhamnosus GG e resistência do probiotico em um modelo de digestão gastrintestinal in vitro. 2014. 183f. Tese (Doutorado em Tecnologia Bioquímico-Farmacêutico) – Faculdade de ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, 2014. FARIAS, C. C.; BONIFÁCIO, K. L.; MATSUMOTO, A. K.; HIGASHI, L., CASAGRANDE, R.; MOREIRA, E. G.; BARBOSA, D. S. Comparasion of the

Page 49: DESENVOLVIMENTO DE FLAN PROBIÓTICO À BASE DE …

48

antioxidant potential of antiparkinsonian drugs in different in vitro models. Brazilian Journal of Pharmaceuticals Sciences, 50 (4), 819-826, 2014. FERREIRA, V. L. P. Análise sensorial: testes discriminativos e afetivos. Sociedade brasileira de ciência e tecnologia de alimentos, Campinas –SP, 2000. 127p. GRANATO, D. et al. Probiotic dairy products as functional foods. Comprehensive Reviews in Food Science and Food Safety, v. 9, n. 5, p. 455-470, 2010. MARTINEZ, R. C. R.; BEDANI, R.; SAAD, S. M. I. Scientific evidence for health effects attributed to the consumption of probiotics and prebiotics: na update for currentperspectives and future challenges. British Journal of nutrition, n. 114, p.1993-2015, 2015. PAULA, C. M. Utilização de bacterias do grupo lactobacillus casei no desenvolvimento de sorvete potencialmente probiotico de leite de cabra e polpa de cajá (spondias mombin). 2012. 84 f. Dissertação (Mestrado em Tecnologia Bioquímico-Farmacêutica) – Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013. SANTOS, G.M.; MAIA, G. A; SOUZA, P.H.M; COSTA, J. M. C.; FIGUEIREDO, R. W; PRADO, G. M. Correlação entre atividade antioxidante e compostos bioativos de polpas comerciais de açaí (Euterpe oleracea Mart.). Archivos Latinoamericanos de Nutricion, V.5, p. 187-192, 2008. SGARBIERI, V. C. Propriedades fisiológicas-funcionais das proteínas do soro de leite. Revista de Nutrição, Campinas, v.17, n.4, p. 397-409, 2004. SOUSA, Mariana Séfora Bezerra. Caracterização química e nutricional, e capacidade antioxidante in vitro de resíduos de polpas de frutas tropicais. Monografia (obtenção do título de Tecnólogo em Alimentos) Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Piauí – IFPI. Curso de graduação em Tecnologia de alimentos. Teresina, PI, 2009. SZCZESNIAK, A. S. Sensory texture profiling historical and scientific perspectives. Food Technology, v.52, n.8, p. 54-57, 1998.

Page 50: DESENVOLVIMENTO DE FLAN PROBIÓTICO À BASE DE …

49

CONCLUSÃO GERAL E PERSPECTIVAS

Neste estudo, o desenvolvimento de um produto com características

funcionais, obteve êxito. O flan apresentou ótimos resultados nas análises

centesimais, físico-químicas e microbiológicas, podendo ser caracterizado como

uma sobremesa láctea probiótica, light e enriquecido com proteína.

O uso do isolado proteico do soro de leite é uma ótima alternativa para o

reaproveitamento das mesmas, usufruindo de seu ótimo potencial nutricional e

funcional ajudando a reduzir o seu descarte.

O flan apresentou atividade antioxidante devido ao uso do açaí, que além de

ser um fruto com inúmeros benefícios, agregou nas características sensoriais da

sobremesa.

A sobremesa foi bem aceita podendo ser comercializada e agradar uma

ampla faixa de consumidores, principalmente praticantes de exercícios físicos e

aqueles que buscam uma alternativa de alimentos saudáveis.

Sugerem-se futuras pesquisas com a sobremesa, com testes in vivo para

Investigar seus efeitos no individuo, avaliando os parâmetros bioquímicos e

imunológicos, por ser um produto funcional e com inúmeros benefícios.

Page 51: DESENVOLVIMENTO DE FLAN PROBIÓTICO À BASE DE …

50

APÊNDICES

Page 52: DESENVOLVIMENTO DE FLAN PROBIÓTICO À BASE DE …

51

APÊNDICE I – QUESTIONÁRIO DE CONSUMO

QUESTIONÁRIO DE CONSUMO

Nome: Sexo: ( )M ( )F

1) Faixa etária:

( ) menos de 20 anos ( ) entre 21 e 30 anos ( ) entre 31 e 40 anos ( ) acima de 40

anos

2) Você pratica atividade física? ( ) Sim ( ) Não

3) Com que frequência você pratica atividade física?

( ) Diário

( ) pelo menos 4 vezes por semana

( ) pelo menos 2 vezes por semana

( ) uma vez por semana

( ) Ocasionalmente

( ) Não pratico atividade física

4) Você conhece whey protein? ( ) Sim ( ) Não

5) Você faz uso de algum suplemento alimentar durante a prática de exercícios físicos?

( ) Sim ( ) Não

6) Você consome microrganismos probióticos? ( ) Sim ( ) Não

7) Você consome alguma sobremesa láctea? (flan, pudim, mousse, sorvete)?

( ) Sim ( ) Não

- Você costuma consumir prepados com açaí? ( ) Sim ( ) Não

Page 53: DESENVOLVIMENTO DE FLAN PROBIÓTICO À BASE DE …

52

APÊNDICE II – FICHA DE ANÁLISE SENSORIAL

FICHA DE AVALIAÇÃO SENSORIAL

Teste de aceitação por escala de atitude

Nome: Sexo: ( )M ( )F

Você está recebendo uma amostra de flan contendo isolado proteico do soro (“whey

protein”), açaí, probiótico Lactobacillus rhamnosus HN001, açúcar, gelatina e ácido

cítrico. Por favor, observe, prove a amostra e use a escala abaixo com notas de 1 a

9 para descrever o quanto você gostou ou desgostou dos atributos: impressão

global, aparência, cor, aroma, sabor e textura, atribuindo uma nota para cada um

deles.

1 - Desgostei muitíssimo

2 - Desgostei muito

3 - Desgostei regularmente

4 - Desgostei ligeiramente

5 - Não gostei nem desgostei

6 - Gostei ligeiramente

7 - Gostei regularmente

8 - Gostei muito

9 - Gostei muitíssimo

IMPRESSÃO GLOBAL: __________

APARÊNCIA:________________

COR: ___________________

AROMA:_______________

SABOR: _________________

TEXTURA: _______________

TESTE DE ACEITAÇÃO POR ESCALA DE ATITUDE

Se esta sobremesa estivesse disponível no mercado, marque na escala abaixo qual

seria a sua atitude de compra.

1- Decididamente eu compraria

2- Provavelmente eu compraria

3- Talvez sim / Talvez não

4- Provavelmente eu não compraria

5- Decididamente eu não compraria

Comentários: ______________________________________________________________

Page 54: DESENVOLVIMENTO DE FLAN PROBIÓTICO À BASE DE …

53

APÊNDICE III – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

I – DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO PARTICIPANTE DA PESQUISA

Nome do participante: Sexo: ( ) M

( ) F

Documento de Identidade:

Endereço: Telefone:

II – DADOS SOBRE A PESQUISA

1. Título do Protocolo de Pesquisa: “DESENVOLVIMENTO DE FLAN PROBIÓTICO À

BASE DE PROTEÍNAS DO SORO E AÇAÍ”.

2. Pesquisadora: Profa. Dra. Giselle A. Nobre Costa (Docente, coordenadora da pesquisa).

Telefone (43) 3371-7723

3. Avaliação do risco da pesquisa: Os voluntários, participantes da pesquisa poderão

apresentar alergia às proteínas do leite, à gelatina ou à fruta açaí ou ainda intolerância à

lactose e por consequência, apresentarem: erupções e/ou manchas vermelhas na pele,

flatulência, diarreia, cólica e/ou enjôo. Os sintomas descritos costumam cessar com a

interrupção do consumo do produto que contenha tais ingredientes. Caso o voluntário

apresente quaisquer dos sintomas previstos será recomendado a observação do seu quadro

clínico. Havendo persistência dos sintomas, o voluntário será instruído a procurar

atendimento médico a fim de investigar a causa dos sintomas apresentados.

O produto avaliado: Sobremesa probiótica com proteína do soro, gelatina, açúcar e açaí

serão produzidas de acordo com as Boas práticas de fabricação de alimentos.

Adicionalmente, serão avaliados para a presença de coliformes totais, termotolerantes e

Salmonella sp., conforme determina a legislação brasileira na Resolução RDC nº 12, de 02

de janeiro de 2001. A adequação dos produtos à esta legislação caracteriza-o como seguro

para consumo.

4. Duração da pesquisa: 1 ano – Avaliação sensorial: período máximo 1semana.

Page 55: DESENVOLVIMENTO DE FLAN PROBIÓTICO À BASE DE …

54

III – REGISTRO DAS EXPLICAÇÕES DO PESQUISADOR SOBRE A PESQUISA AO

PARTICIPANTE

Gostaríamos de convidá-lo (a) a participar da pesquisa “DESENVOLVIMENTO DE FLAN

PROBIÓTICO À BASE DE PROTEÍNAS DO SORO E AÇAÍ”, coordenada pela docente

Giselle A Nobre costa do Programa de Mestrado em Ciência e Tecnologia de Leite e

Derivados da Universidade Norte do Paraná/Unopar.

Nesta pesquisa será avaliado um produto, cuja formulação contem: 1. Leite integral, a

bactéria probiótica Lactobacillus rhamnosus HN001, açúcar, isolado proteico do soro de

leite, açaí, ácido cítrico e gelatina. Todos os ingredientes da formulação são ingredientes

utilizados em produtos disponíveis para consumo humano, ou seja, são de grau alimentício,

aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e/ou pelo Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). O probiótico usado é uma linhagem

comercial e pode ocasionar efeitos benéficos ao organismo, comprovados através da

realização de ensaios clínicos com animais e humanos.

Para participar desta análise, você deve ter entre 18 e 60 anos, não possuir restrições

alimentares como alergias e intolerância aos componentes do leite, consumir regularmente

produtos lácteos (iogurtes, bebidas lácteas, requeijão, queijos, leites fermentados, sorvetes,

mousses, flans e derivados do soro de leite como “whey protein”). Não ser alérgico a açaí ou

produtos contendo este fruto. Você também não deve estar gripado, resfriado ou indisposto.

Atendendo a essas condições, você poderá participar da análise sensorial da sobremesa,

sem qualquer desconforto ou risco. Desta forma, você poderá participar da pesquisa de

desenvolvimento de um novo produto com características funcionais. Adicionalmente, o

projeto envolve discentes de Cursos de mestrado e cursos de graduação, contribuindo

assim para a formação de recursos humanos qualificados.

A análise sensorial será realizada em uma única sessão. A amostra será provada uma

única vez por cada provador. O produto será submetido a uma análise sensorial de

aceitação por escala hedônica e atitude de compra, onde cada provador receberá 50 g da

amostra em recipientes adequado e será instruído a classificar os atributos: impressão

global, aparência, aroma, cor, sabor e textura. Posteriormente, deverão responder sobre a

intenção de compras da mesma amostra.

Para sua segurança, o produto foi analisado quanto a contagem de Bacillus cereus,

coliformes termotolerantes, estafilococos coagulase positiva e salmonelas. É importante

ressaltar que a sobremesa foi produzida de acordo com as Boas Práticas de Fabricação de

Alimentos, portanto, a análise de microrganismos contaminantes adiciona maior segurança

ao voluntário.

Page 56: DESENVOLVIMENTO DE FLAN PROBIÓTICO À BASE DE …

55

Para avaliar os produtos você utilizará uma ficha de avaliação sensorial adequada à

análise.

IV – ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS DO

PARTICIPANTE DA PESQUISA

Gostaríamos de esclarecer que sua participação é totalmente voluntária, você poderá

recusar-se a participar, ou mesmo desistir a qualquer momento sem que isto acarrete

qualquer ônus ou prejuízo à sua pessoa. Informamos ainda que as informações que você

registrou serão utilizadas somente para os fins desta pesquisa e serão tratadas com o mais

absoluto sigilo e confidencialidade, de modo a preservar a sua identidade.

Informamos que o(a) senhor(a) não pagará nem será remunerado por sua participação.

Caso queira saber mais informações sobre o produto que está sendo desenvolvido ou

ainda caso apresente algum dos sintomas previstos na avaliação de riscos da Pesquisa, o

nosso grupo de pesquisa estará à disposição para dar explicações a respeito, fornecer

literatura científica apropriada sobre o assunto e/ou disponibilizar o projeto de pesquisa

enviado ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Norte do Paraná – UNOPAR, que

contém maiores detalhes e informações técnicas sobre a análise sensorial a ser realizada.

Este termo deverá ser preenchido em duas vias de igual teor, sendo uma delas,

devidamente preenchida, assinada e entregue ao(a) Senhor(a).

V – INFORMAÇÕES PARA CONTATO COM O COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA COM

SERES HUMANOS E COM OS PESQUISADORES RESPONSÁVEIS PELA PESQUISA

Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos. Universidade Norte do Paraná. Rua

Marselha, 591, Jardim Piza – CEP: 86041-140 – Londrina – PR. Telefone: (43) 3371-9849.

Giselle A. Nobre Costa, Paulyne Tolentino Anselmo. Mestrado em Ciência e Tecnologia

de Leite e Derivados. Rua Marselha, 591, Jardim Piza – CEP: 86041-140 – Londrina – PR.

Telefone: (43) 3371-7723.

VI – CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO

Estou ciente do objetivo da análise, não apresento reação alérgica ou intolerância

aos ingredientes, tenho entre 18 e 60 anos, costumo consumir regularmente produtos

lácteos como: iogurtes, bebidas lácteas, requeijão, queijos, sorvetes, leites fermentados e

Page 57: DESENVOLVIMENTO DE FLAN PROBIÓTICO À BASE DE …

56

derivados do soro de leite como “whey protein”, além de açaí ou produtos contendo este

fruto. Não tenho nenhuma doença crônica, não estou fazendo tratamento médico (tomando

algum medicamento) e aceito participar desta análise.

Declaro que, após convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o

que me foi explicado, consinto em participar do presente Protocolo de Pesquisa.

Londrina, __________ de ________________________ de ___________

__________________________ ______________________

Assinatura do participante da pesquisa Assinatura do pesquisador

(Giselle A. Nobre Costa - RG: 7.123.471)

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ANEXOS

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ANEXO ! - PARECER CONSUBSTANCIADO DO COMITÊ DE ÉTICA EM

PESQUISA

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ANEXO II – FICHA TÉCNICA HN001

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