produção agroecológica gera segurança alimentar em bumba
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Na comunidade de Bumba, a cerca de 70 quilômetros de Matina, a água para consumo humano ainda é muito difícil. Há um tempo atrás as famílias reservavam água da chuva em tambores de 220 litros. A segunda opção é o tanque da comunidade, que fica próximo à capela. Há uma rede encanada, mas a água é salobra.
Em 2004, a Comissão Municipal da Água de Matina incluiu a comunidade no Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência com o Semi-Árido - Um Milhão de Cisternas Rurais (P1MC), da Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA Brasil).
A família de Antônio e Dauci de Souza é uma das beneficiadas pelo P1MC. A cisterna de consumo trouxe melhorias de vida. As filhas Cristina e Janaína têm mais tempo para estudar e ajudar os pais na horta e criação de pequenos animais. Seu Antônio de Lôro, como é conhecido, está com mais tempo para o trabalho na roça. Filho de agricultor “pé rachado”, Antônio morava com o pai e desde que adquiriu a terra com a família, em 2003, vem inovando no manejo sustentável da terra e da água para a produção de alimentos. As principais atividades de Antônio são o cultivo da mandioca e do feijão e a criação de animais. Dauci e as filhas cuidam da horta e toda a família zela do pomar.
Frutas e folhas orgânicas
A família de Dauci e Antônio mantém logo atrás da casa um pomar com diversas árvores frutíferas para consumo próprio. Tudo natural, como dizem. É que a irrigação vem das chuvas de novembro a fevereiro. Tem de tudo um pouco: romã, banana, acerola, abacate, limão, laranja, carambola, umbu, manga, mamão, siriguela, cana, liricuri, goiaba e até uva. São todas bem adaptadas ao semi-árido.
Entre uma árvore e outra, ainda encontramos mamona, urucum e ervas. A manona serve de ração para os animais e a semente do urucum é usada para fazer corante de alimentos, uma herança dos povos indígenas. Dauci aproveita boa parte das frutas para fazer sucos e doces.
Bahia
Ano 2 | nº 1 | set | 2008Matina- Bahia
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Tradição agroecológica gera
segurança alimentar em Bumba
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Antônio aprendeu com o pai o jeito de plantar a palma.
Restos da extração de fumo. Ao fundo, pés de laranja.
Projeto Piloto
Das ervas, faz chás. Um exemplo é a erva cidreira e o capim santo, que curam inflamações no estômago e serve como calmante. A horta da família é toda cercada por madeiras nativas da região. Tem tomate, alface, repolho, coentro e principalmente fumo. As mudas do fumo são cobertas por varas apoiadas em pedaços de tijolo para proteger do excesso de sol e chuva. Logo em frente à porteira, tem uma cabana de madeira e palha cobrindo o barreiro que serve para regar a horta na estiagem. Esse trabalho é feito todos os dias, especialmente por Dauci e as filhas. A produção ainda é pouca, mais voltada para o auto-comsumo. A sobra é vendida na vizinhança.
Criação de animais
As terras de Bumba são boas para a agricultura, mas falta água. A família tem um tanque de plástico e fibra que reserva água para a criação dos animais: porco, galinha e gado.
A palma foi plantada junto à mandioca, em consórcio, bem perto da criação de porcos. A mandioca é vendida na vizinhança. Próximo à Igreja da comunidade tem uma família que mantém uma Casa de Farinha e costuma comprar parte da produção. O que sobra vai para a ração das galinhas. Antônio bate a mandioca no pilão de madeira e joga para as galinhas, que ficam soltas no terreiro. No lugar da chocadeira, o agricultor mantém covas cobertas com palha ao redor dos troncos das árvores. De vez em quando pega uma pelas asas e tira um ovo do buraco. A produção de galinha vai para o consumo da
família. O que sobra vai para a feira ou vende na vizinhança.
Os porcos “pé duro” são bem adaptados ao clima. Antônio cria cerca de 5 cabeças num cercado ao lado da horta. O agricultor cria ainda cerca de 10 cabeças de gado à base de pau da manaíba, que é a madeira da mandioca mansa. O leite da vaca é vendido pela família na vizinhança.
Com tanta diversidade, a família só deseja uma coisa para o futuro: mais água para a produção e assistência técnica agrícola. Ao saber das oficinas e intercâmbios do Programa Uma Terra e Duas Águas – P1+2, da ASA, Antônio ficou mais animado. E as filhas Cristina e Janaína pretendem participar das formações em comunicação popular do programa. É a nova geração fortalecendo o processo de convivência com o semi-árido em Matina!
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A horta é irrigada manualmente com a água do barreiro
Mandioca na ração das galinhas
www.asabrasil.org.br
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Projeto PilotoBahia
O PROJETO PILOTO DO P1+2 ESTÁ SENDO DESENVOLVIDO COM OS SEGUINTES APOIOS:
Ministério doDesenvolvimento Social
e Combate à Fome
Secretaria de Segurança Alimentar
REGIONAL NORDESTE 3
CÁRITASBRASILEIRA