tcc-desastres ambientais,morro do bumba em niterói

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE-UFF ESCOLA DE SERVIÇO SOCIAL DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL DE NITERÓI-SSN COORDENAÇÃO DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL-SES Vilma Pereira da Silva DESASTRE AMBIENTAL NA COMUNIDADE MORRO DO BUMBA EM NITERÓI Niterói 2012

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Page 1: TCC-Desastres Ambientais,Morro do Bumba em Niterói

 

    

 

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE-UFF ESCOLA DE SERVIÇO SOCIAL

DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL DE NITERÓI-SSN COORDENAÇÃO DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL-SES

Vilma Pereira da Silva

DESASTRE AMBIENTAL NA COMUNIDADE MORRO DO BUMBA EM NITERÓI

Niterói 2012

Page 2: TCC-Desastres Ambientais,Morro do Bumba em Niterói

 

    

 

VILMA PEREIRA DA SILVA

DESASTRE AMBIENTAL NA COMUNIDADEMORRO DO BUMBA EM NITERÓI

Trabalho de conclusão do Curso de Graduação de

Serviço Social da Universidade Federal Fluminense-

UFF, como requisito parcial para obtenção do Grau de

Assistente Social.

Orientador: Prof. Dra. LUCI FARIA PINHEIRO

NITEROI 2012

Page 3: TCC-Desastres Ambientais,Morro do Bumba em Niterói

Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca Central do Gragoatá

S586 Silva, Vilma Pereira da. Desastre ambiental: Comunidade morro do Bumba em Niterói

/ Vilma Pereira da Silva. – 2012. 56 f. ; il. Orientador: Luci Faria Pinheiro.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Serviço Social– Universidade Federal Fluminense, Escola de Serviço Social, 2012. Bibliografia: f. 40-43

1. Meio ambiente. 2. Morro do Bumba (Niterói, RJ). 3. Desastre Ambiental. 4. Políticas públicas. 5. Habitação popular. I. Vilma Pereira da Silva. II. Universidade Federal Fluminense. Escola de Serviço Social. III. Título. CDD 362.5

Page 4: TCC-Desastres Ambientais,Morro do Bumba em Niterói

 

    

 

VILMA PEREIRA DA SILVA

DESASTRE AMBIENTAL NA COMUNIDADE MORRODO BUMBA EM NITERÓI

Trabalho de conclusão do Curso de Graduação de Serviço

Social da Universidade Federal Fluminense-UFF, como

requisito para obtenção do Grau de Assistente Social.

BANCA EXAMINADORA:

_______________________________________________________________________

Prof. Dra. Luci Faria Pinheiro– Orientador UFF

_______________________________________________________________________

Prof. Dra. Maria Thereza C. Gomes de Menezes UFF

_______________________________________________________________________

Prof. Me. Maria Cecília Mansur UFF

NITERÓI

2012

Page 5: TCC-Desastres Ambientais,Morro do Bumba em Niterói

 

    

 

AGRADECIMENTOS

À Deus pela minha vida e sustento,

Pela paciência e compreensão dos meus filhos,

Aos meus pais pelo que sou,

À Universidade Federal Fluminense,

A todos os professores com quem convivi e de quem

tive o privilégio de ser aluna no curso de Serviço Social.

Page 6: TCC-Desastres Ambientais,Morro do Bumba em Niterói

 

    

 

EPÍGRAFE

“Iriam para diante, alcançariam uma terra desconhecida. Fabiano

estava contente e acreditava nessa terra, porque não sabia como

ela era nem onde era... E andavam para o sul, metidos naquele

sonho. Uma cidade grande, cheia de pessoas fortes. Os meninos

em escolas aprendendo coisas difíceis e necessárias” (Graciliano

Ramos, Vidas Secas).

Page 7: TCC-Desastres Ambientais,Morro do Bumba em Niterói

 

    

 

RESUMO Neste trabalho foi investigada á questão do deslocamento populacional dos moradores da

Comunidade do Morro do Bumba em Niterói, história e consequências dos desastres

ambientais em suas vidas. Buscou-se analisar como o desastre ambiental afetou a vida

dos moradores, originando um contingente populacional, prejudicados por ausência de

Políticas Públicas. O objetivo é apresentar o tema de populações deslocadas e Política de

Habitação, em virtude dos desastres ambientais e as determinações econômicas que

afetam as políticas públicas, voltadas para áreas de risco. Mostra os agravantes das

contradições do desenvolvimento urbano como expressão da questão social em Niterói. A

partir disso, concluímos que não há como afirmar, que de fato há uma participação da

população no planejamento urbano, em defesa do direito à moradia, o que torna a

democracia questionável. Na metodologia foram utilizadas entrevistas com moradores

atingidos pelo desastre no Morro do Bumba, visando entender seus dilemas,

comportamentos e necessidades, assim como, as dificuldades de adaptação aos abrigos,

e então verificar o papel do Serviço Social na mediação e defesa de Políticas Públicas

preventivas e de longo alcance. Foi utilizada pesquisa de documentos, disponíveis na

imprensa escrita e na bibliografia científica sobre o fenômeno social analisado.

.Palavras- chave: População deslocada. Desastres ambientais. Políticas públicas. Morro do

Bumba.

Page 8: TCC-Desastres Ambientais,Morro do Bumba em Niterói

 

    

 

ABSTRACT In this study, we investigated the issue will displacement of the residents of the Community of

Morro do Bumba in Niteroi, history and Consequences of environmental disasters in Their

Lives. We sought to analyze how the environmental disaster has affected the lives of

residents, Resulting in populations, hampered by Lack of Public Policy. The goal is to

Introduce the topic of displaced Populations and Housing Policy, because of environmental

disasters and economic determinations That Affect public policy, focused on risk areas. Shows

aggravating the contradictions of urban development to an expression of the social question

in Niterói. From this, we Conclude That there is no way to say, that in fact there is a

participation of the population in urban planning, in defense of the right to housing, Which

makes questionable democracy. In the methodology used were interviews with residents

affected by the disaster in Morro do Bumba, in order to understand Their dilemmas, behaviors

and needs, as well as the Difficulties of Adapting to shelters, and then verify the role of Social

Work in mediation and preventive defense Public Policy and far-reaching. We used research

documents available in print and in the scientific literature about the social phenomenon

analyzed.

. Keywords: Population displaced. Environmental disasters. Public policies. Morro do Bumba.

Page 9: TCC-Desastres Ambientais,Morro do Bumba em Niterói

 

    

 

ANEXOS:

Figura 1: Desenho gráfico das causas do desastre pelas chuva......................................47

Figura 2: Fotos de casas sobre o lixão antes do desastre ambiental............................ 48

Figura 3: Foto da Comunidade do Morro do Bumba após as chuva.................................49

Figura 4: Fotos de outro ângulo, após ser atingida pelas chuva.......................................50

Figura 5: Portão de acesso do abrigo no quartel 3º BI .....................................................51

Figura 6: Foto de mãe e seu filho no abrigo 3º BI (Batalhão de Infantaria)............................52

Figura 7: Foto de dona de casa no abrigo e filhos ......................................................... 53

Figura 8: Ponte Rio-Niterói Presidente Costa eSilva ..................................................... . 54 Figura9: Conjunto de apartamentos em Várzea da Moças............................................. 55 Figura 10: Teatro Popular em Niterói, sem acesso para população................................ 56 Figura 11: Torre Panorâmica de Restaurante Niterói...................................................... 57 Figura 12: Ponte Rio-Niterói – Presidente Costa Silva..................................................... 58

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO______________________________________________________ 10

CAPÍTULO I: ESTADO E A MINIMIZAÇÃO DAS POLÍTICAS DE HABITAÇÃPOPULAR EM NITERÓI___________________________________________________________ 12

1.1. Histórico de Viçoso Jardim em Niterói ________________________________ 20

1.2. Surgimento da Comunidade do Morro do Bumba ________________________ 25

CAPÍTULO II:DESENVOLVIMENTO DA CIDADE E AS DESIGUALDADES ENTRE OS BAIRROS______________________________________________________________ 27 2.2.População deslocada do Morro do Bumba_________________________________ 31

2.3. Análise sobre a percepção coletiva das famílias deslocadas e o Serviço Social___ 38

3.CONSIDERAÇÕES FINAIS________________________________________ 41 4.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS_____________________________________ 43 5.ANEXOS____________________________________________________________ 45

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INTRODUÇÃO 1

Na elaboração do trabalho de conclusão do Curso de Serviço Social (TCC), foi

adotado o tema Desastre ambiental, na Comunidade do Morro do Bumba em Niterói, como

motivação ao participar do grupo de estudo e pesquisa, o Laboratório de Serviço Social

Movimentos Sociais e Novos Projetos Societários na América Latina LASSAL,uma

oportunidade de estudar sobre o tema através do Projeto de Pesquisa implementado na

Comunidade do Vale do Carangola, Petrópolis. A iniciativa de elaborar a monografia

trazendo para discussão a questão das populações deslocadas por tragédias ambientais,

foi também uma fonte de interesse no estudo, uma experiência pessoal no passado na

condição de desabrigada, em virtude das chuvas que se abateram sobre a região

Oceânica em Niterói no ano de 2005.

Naquela época fomos surpreendidos por fortes chuvas causando queda de

árvores e inundações. Na ocasião recorremos a ajuda do Centro Social Casa de

Passagem, na Rua Coronel Gomes Machado na Secretaria de Assistência Social da

Prefeitura de Niterói, que pelas regras de acolhimento separavam homens e mulheres,

dividindo as famílias entre as instituições. Esta experiência marcou á todos nós

principalmente pela atenção oferecida pelo Abrigo da Secretaria de Assistência Social.

Hoje, Casa de Passagem encontra-se quase desativada, abrigando crianças e

adolescentes em situação de rua, sem mais espaço adequado para acolher famílias,

devido as alterações no governo do Prefeito Jorge Roberto Silveira.O objetivo específico

do trabalho é analisar o deslocamento da população atingida pelo desastre ambiental que

ocorreu em 06 de Abril de 2010 na Comunidade do Morro do Bumba em Niterói.O estudo

foi realizado por meio de alguns instrumentos informativos, análise teórica e metodológica,

artigos de jornais e entrevistas com moradores atingidos, passando por uma análise

bibliográfica acerca do tema abordado. Foi utilizado referencial teórico de estudiosos para

confirmar as hipóteses aqui apresentadas quando analisa á condição da população

desabrigada e deslocada sem oferta de de Políticas Públicas para este segmento.

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Orientou o trabalho a idéia de que a questão tem sido tensionada a partir da

ausência do Estado na oferta de Políticas Públicas de habitação, o que leva á população a

ocupar áreas de risco, tornando-as vulneráveis aos deslizamentos e desapropriações.

Além disso, essa questão é agravada pelo modelo de desenvolvimento regional e urbano

adequado à divisão de classe quando não permite que preponderem as necessidades

sociais, mas sim a injustiça, aumentando as desigualdades. Crescem os problemas

habitacionais e sócio-ambientais, adensados pelo crescimento populacional, sendo ainda

agravado pela política de controle dos recursos pelo Estado e pelas brechas que a mesma

abre para as ofensivas do capital imobiliário..Esse fenômeno acirra a questão social e

distancia o Estado das ações públicas de segurança civil, aliadas à ausência de política de

habitação democrática. A justificativa na escolha do tema em questão ocorre pela

importância no campo científico, social e econômico de contribuir para uma análise mais

profunda sobre os deslocamentos populacionais promovida pela especulação imobiliária e

interesses econômicos, penalizando as populações mais pobres. A investigação decorre

do aumento do fenômeno da População Deslocada Internamente (PDI) no Brasil, através

da reestruturação do capital, atuando no espaço regional e urbano,em particular em

Niterói, cuja questão social é tensionada pelo desinteresse do poder público local, na

elaboração de políticas públicas de habitação popular.Para compreensão do problema

pesquisado, buscou-se informações na história da cidade e no processo de formação

territorial da referida comunidade, analisando as implicações sociais e ambientais, os

impactos no espaço geográfico e os sujeitos que nele habitam. Utilizou-se de referencial

teórico metodológico, pesquisa documental, entrevista, reportagem em internet e análise

teórica de autores diversos. O trabalho apresenta dois capítulos e um modelo cartográfico

local de ocorrência do evento, para demonstrar visualmente a realidade analisada,

apresentando fotos, entrevistas e demais informações colhidas na pesquisa. A partir do

capítulo seguinte apresentamos um breve debate científico para reflexão do cotidiano dos

moradores.

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CAPITULO I

O ESTADO E A MINIMIZAÇÃO DAS POLITICAS DE HABITAÇÃO POPULAR

O Estado e a administração local tem se mantido ausente sem oferecer condições reais

de habitação para a maioria da população de Niterói, cujo avanço de ocupações em áreas

de risco, é uma constante sendo do conhecimento do poder público. Diante disso permitiu-

se a ocupação nestes espaços, ampliando o poder de controle político sobre os habitantes,

utilizando a lógica da hegemonia econômica e do discurso político de promessas junto ás

“reivindicações” da população pelo direito á moradia no período de eleições. Esta é uma

cultura muito utilizada em algumas províncias entre estas na cidade de Niterói. Neste

sentido há claramente duas classes sociais que se distingue nas ocupações habitacionais

de Niterói; de um lado as áreas consideradas de maior valor, apresentando o avanço

imobiliário de construções para classe média alta; e no seu entorno crescem os vários

bolsões da pobreza, moradias precárias denominadas “comunidades” de baixa renda,

favelas, guetos incluídos em uma sociedade desigual.

Estes agravantes são preponderantes a partir da crise do Estado buscando recuperar o

controle financeiro no contexto mundial, originando a partir daí o ajuste econômico e

redução dos investimentos em políticas públicas e sociais, sobretudo de infraestrutura

urbana e de habitação. A retomada do controle pelo capital após 1985, deixou cada vez

mais transparente a natureza da crise que começara no início dos anos 70 e o motivo da

sua radicalidade. Como noutros momentos dos acontecimentos passados, o que chamava

atenção cada vez mais, era o fato de que a guerra e o dinheiro estavam de volta, situados

na raiz de uma desordem mundial que envolveu e afetou quase todos os países e suas

relações com as armas e o regime monetário internacional. Ou seja, os dois campos onde

foram tomadas as principais decisões e onde ocorreram os fatos decisivos, responsáveis

pela recomposição da hegemonia norte-americana , na década de 1980, e pelo redesenho

dos espaços e das hierarquias políticas e econômicas regionais e mundiais, depois do fim

da Guerra Fria. Trata-se de uma longa transição realizada por um lento movimento

estratégico, que começou nos Estados Unidos com a administração Nixon, mas aprofunda

com o governo Tatcher e Reagan. Foram essa nova coalização de interesses

hegemônicos dos seus estados e no comando das políticas econômica e militar

internacional; inaugurando uma ofensiva sem limites do capital na década de 1980 que de

de acordo com a analista de economia Maria da Conceição Tavares,

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explica, em última instância, a gigantesca concentração de poder econômico, militar e financeiro que ocorreu nas duas últimas décadas do século XX. Sua tese é que a retomada da hegemonia americana e a nova "financeirização capitalista" são duas faces de um mesmo processo, resultante das políticas do próprio governo norte-americano, amadurecidas na hora em que seu poder parecia entrar em decadência. Esta estratégia e suas políticas mudaram a face econômica e política do capitalismo contemporâneo. Em primeiro lugar, consolidou-se um novo sistema monetário internacional, baseado no dólar e sem qualquer padrão de referência. Posteriormente, pouco a pouco, foram sendo definidas as regras e instituições de um novoregime de acumulação e de uma nova hierarquia político-militar mundial. A partir dos anos 80, o dólar deixa de ser "um padrão de valor no sentido tradicional dos regimes monetários internacionais anteriores (padrão ouro-libra e padrão ouro-dólar), mas cumpre, sobretudo, o papel mais importante de moeda financeira em um sistema desregulado onde não existem paridades cambiais fixas e onde o valor do dólar é fixado pela taxa de juros americana, que funciona como referência básica do sistema financeiro internacional em função da capacidade dos EUA em manterem sua dívida pública como o título de segurança máxima do sistema" (Tavares e Fiori, 1997: 64). Por outro lado, a generalização do processo de desregulação dos mercados de capitais e a dolarização da maior parte dos negócios e da riqueza mundial fizeram com que a gestão monetária do FED se transformasse no poder que – em última instância – administra e arbitra os fluxos financeiros mundiais, os conflitos de interesses entre blocos de capitais e estados e que também promove, ativamente, a homogeneização das políticas econômicas dos países mais frágeis( FIORI apud. TAVARES,1970,p.212,213)

Na América Latina em particular no Brasil ocorre uma arena de luta de classes, com

conflitos e rebeliões que não trazem ganhos efetivos como conquistas para a classe

trabalhadora. Cada vez mais a população tem se distanciado do ideal de luta e

organização para contra atacar o avanço hegemônico do capital, que opera e desarticula

qualquer tentativa de organização, seja dos trabalhadores, lutas de classes, movimentos

populares e da sociedade organizada. Diante do avanço da reestruturação do capital, o

Estado se mantém refém da ofensiva do capital neoliberal. Entre 1988 e 2002, os 25%

mais pobres da população mundial reduziram sua participação na renda global de 1,16%

para 0,92%, enquanto os opulentos 10% mais ricos acrescentaram mais às suas fortunas,

passando de dispor de 64,7% para 71,1% da riqueza mundial. O enriquecimento de uns

poucos tem como seu reverso o empobrecimento de muitos. (BORON,2010).Segundo

dados assinalados pelo diretor executivo do PNUD, James G. Speth, no Relatório sobre o

Desenvolvimento Humano de 1994, nos últimos 30 anos a concentração de riqueza dentro

dos países e entre eles duplicou. Diante destes agravantes as Políticas Sociais sofrem

uma redução e achatamento, quando o Estado prioriza investimentos em tecnologia para

acompanhar à concorrência da financeirização globalizada e seus espectros danosos para

a população trabalhadora. Diante deste fato a população da classe trabalhadora de baixa

renda e morador em comunidades vulneráveis é empurrada para a periferia a fim de

desbloquear e arejar as áreas centrais da cidade, para facilitar a especulação imobiliária

em algumas áreas de preservação ambiental favorecendo a organização da cidade. Este

modelo de desenvolvimento regional e urbano já não cabe nas cidades que crescem e vêm

comprimindo a população nas periferias ,sem infraestrutura, causando impacto de grandes

Page 15: TCC-Desastres Ambientais,Morro do Bumba em Niterói

 

    

 

proporções afetando a vida da população, principalmente da classe trabalhadora e

moradores das áreas periféricas. Nessas condições, ele passa a ser também um produto

da exploração fundiária quando lhes é imposto o pagamento de tributos (sem acesso á

Políticas Públicas de qualidade), como mostra o caso da população da comunidade do

Morro do Bumba que sempre pagou IPTU- imposto predial territorial urbano e taxas de

serviços públicos, como:luz, água, limpeza urbana, etc.

À medida que ,no capitalismo, o modo de viver e de produzir é permeado

pela forma mercadoria, esta torna-se a mediadora, por excelência, das

relações sociais, transformando-se na aparência de relações entre coisas.

É portanto, historicamente impossível que as representações reflitam de

modo límpido e cristalino a vida social, já que a própria consciência é

permeada pela mercadoria e seu fetiche (YAMAMOTO&CARVALHO,2005).

É cada vez frequente o clamor dos movimentos populares, associações de

moradores, movimentos dos sem teto, sem terra objetivando o direito à moradia com

intuito de chamar atenção dos governos para a luta pelos direitos humanos e de

habitação. A questão da moradia vem sendo colocada como objeto de mercadoria, no

qual a população de poucos rendimentos é submetida; e cujas exigências visam à

especulação imobiliária, ficando assim restrito á ocupação nas áreas de risco(YAZBEK

1993,p.114 )

Todos moram nas periferias, porque tantas e tão diversas, mas sempre o

mundo da sub cidadania. No geral ocupadas de modo caótico e confuso e

com graves problemas de saneamento, transporte e serviços de saúde e

educação, as periferias expressam um processo sócio econômico e político

em que se reiteram a exclusão e a subalternidade.

De um modo geral percebemos que não há um lugar em condições dignas para o

trabalhador viver, na sociedade do consumo,cujo modelo é o modo hegemônico capitalista,

já que as pessoas precisam ter uma renda em condições de usufruir dos bens de

consumo. Neste sentido o trabalhador assalariado só tem como riqueza a sua força de

trabalho, recebendo o mínimo pelo que produz. Diante das dificuldades de sobrevivência e

da crise mundial, atravessada pelas políticas focalizadas na pobreza extrema, a maioria

dos trabalhadores ocupam áreas desprovidas de serviços básicos e de legislação que

garanta uma saída segura da clandestinidade. Segundo Yamamoto & Carvalho(1993,p.98):

(...) a reprodução da classe trabalhadora na sociedade capitalista

dependem fundamentalmente do salário que o trabalhador recebe em troca

da venda de sua força de trabalho no mercado; isto porque trata-se de

trabalhadores assalariados, despojados dos meios de produção e dos

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meios de vida, os quais se encontram monopolizados pelos proprietários do

capital e da terra.

Diante dos embates silenciosos, ou seja, da dimensão das contradições da

sociedade capitalista com sustentação pelo poder do Estado, verifica-se quão distantes

são as possibilidades de espaços de qualidade de vida para aqueles que nela residem

sem o poder de consumo necessário. Sabe-se que o Estado “democrático” desenvolve

uma política de tolerância entre os formadores de opinião, que se consideram pelas

atitudes de poder, donos da cidade, fazendo uso do sistema político para alcançar o

poder local. Por meio da política, eles utilizam áreas ocupadas pelas comunidades como

reduto eleitoral, tentando com ações pontuais e focalizadas oferecer projetos

assistencialistas para a população, que já é vítima dos piores indicadores sociais.A

explicação para tais fatos é a mercantilização da política nos espaços urbanos, os quais

se transformam em espaço e produtos de troca em épocas de eleição. Quem mais se

utiliza desta ação são os políticos locais da base que oferecem ao eleitor investimento

em infraestrutura por meio de serviços precários em determinados bairros ou

comunidades, como: precária pavimentação em ruas, becos, subidas de morro, assim

como,distribuição de material de construção, fornecimento de água em troca de voto.

Há uma divisão no espaço regional e urbano, loteada em mãos dos portadores de

mandato político, cuja lógica determina que um candidato não consiga obter votos em

uma determinada região, por estar dominada por outro. A população se torna refém dos

interesses da politicagem praticada por alguns, reconhecida como uma marca da

tradição política brasileira. Na cidade de Niterói não é diferente, daí o descontentamento

da população que vive nas comunidades vulneráveis quando atingidas por desastres

ambientais ou desapropriações. Espera-se que a nova administração possa realizar

efetivamente uma Política Pública de Habitação, pautada na transparência e respeito aos

moradores da cidade de Niterói, que tem sido abandonada á própria sorte,deixando-se

levar pelo “fetiche” da política. O termo fetiche segundo Holanda (1993) significa “objeto”

animado ou inanimado, feito pelo homem ou produzido pela natureza ao qual se atribui

poder sobrenatural e se presta “culto”. O filósofo Karl Marx (1818-1883), em “O Capital”

(1869) diz que a mercadoria, quando finalizada e pronta para consumir, não mantém o

seu valor real de venda, ou seja aquele valor determinado pela quantidade de trabalho

materializado no produto. Em seu lugar, passa a ter um valor irreal e infundado, como se

não fosse fruto do trabalho humano e nem pudesse ser mensurado. A este fenômeno

Marx deu o nome de “fetichismo da mercadoria”.Foi este significado conferido por Marx

ao fenômeno da atribuição de valor simbólico aos produtos (manufaturas) que observou

em meio aos seus estudos sobre o trabalho e o capital.

Page 17: TCC-Desastres Ambientais,Morro do Bumba em Niterói

 

    

 

A relação política na cidade onde se localiza o bairro Viçoso Jardim,próximo a

comunidade Morro do Bumba ganhou um caráter de fetiche quando a administração local

permitiu que os ocupantes da área permanecessem morando, em troca de apoio político.

Atualmente há outras comunidades e bairros sendo usadas pelo “fetiche político”.Em vez

de conter e prevenir a ocupação irregular elaborando Políticas de Habitação que

contemple toda a população na busca por moradia, o poder público acaba por incentivar

as ocupações.Foi na Comunidade do Morro do Bumba que nos anos 1990 (1)CEDAE

(Companhia Estadual de Água e Esgoto do Estado do Rio de Janeiro), no governo

Leonel Brizola, fez sua primeira grande obra de saneamento em Niterói, quando

Governador do Estado do Rio de Janeiro, levando para o local de helicóptero, uma

grande caixa de água para atender aos moradores. Esta iniciativa já demonstra como a

cidade se desenvolvia, permanece ausente de políticas públicas de saneamento básico

como na Região Oceânica em Niterói e bairros vizinhos. Mais tarde seguiu-se a

construção de uma Escola Municipal e o Programa Médico de Família, que não atende à

toda população do Bairro Viçoso Jardim e moradores do Morro do Bumba.Constituída

oficialmente em 1º de agosto de 1975, a Companhia Estadual de Águas e Esgotos 1-

(CEDAE) é oriunda da fusão da Empresa Águas do Estado da Guanabara (CEDAG), da

Empresa de Saneamento do antigo Estado da Guanabara (ESAG) e da Companhia de

Saneamento do Estado do Rio de Janeiro (SANERJ).A CEDAE opera e mantém a

captação, tratamento, adução, distribuição das redes de águas, além da coleta,

transporte, tratamento e destino final dos esgotos gerados nos domicílios,

__________________________

(1)sendo 8,3 milhões de moradores na Região Hidrográfica da Baía de Guanabara. De onde vem a água que abastece toda

essa gente, além das indústrias e milhares de turistas e outros visitantes? Parte dela vem das bacias hidrográficas dos rios

que nascem nas serras do entorno da Baía de Guanabara, sendo retirada dos próprios rios e conduzida por tubulações, ou

C0aptada do lençolfreático através de poços. A CEDAE (Companhia Estadual de Águas e Esgotos) tem vários sistemas de

captação de águas nas bacias dos rios Iguaçu/Sarapuí Estrela Inhomirim , Guapi/Macacu, Rocador e Caceribu.

Page 18: TCC-Desastres Ambientais,Morro do Bumba em Niterói

 

    

 

Portanto a grande maioria da população ainda vê o espaço urbano que ocupa, como

uma mercadoria disputada em épocas de eleição, sendo valorizada pela oferta que os

candidatos apresentam nestes espaços através do assistencialismo; seja nos bairros ou

comunidades, tudo é mercadoria para a política atual. Neste sentido a população não

consegue avaliar o valor da ocupação de um território, pois este tem um caráter ilusório

determinado apenas pela ação pontual de obras assistencialistas em troca de votos,

manipulando o direito legítimo do cidadão a moradia. Isto, para que,em troca de favores

eleitorais a população continue a morar em áreas degradadas pela ocupação e ausente

das políticas públicas. Daí o caráter de fetiche instalado na área regional e urbana em todo

o Brasil, sendo tratada como mercadoria de valor. Outra questão principal deste trabalho, é

analisar o aumento considerável de (PDI) Populações Deslocadas Internamente sendo que

em Niterói, é devida especificamente à questões ambientais, trazendo em seu arcabouço o

viés da acumulação do capital, cujos investimentos em habitação passam pelos interesses

econômicos;

o elemento propagador do deslocamento populacional se dá por diversos

motivos,na maioria das vezes por desastres ambientais, interesses políticos e mais

acentuadamente, por razões econômicas. Sendo pouco considerada para proteção

dos deslocados que tenham sofrido violação dos direitos humanos, como no caso

dos deslocamentos arbitrários em consequência de projetos de desenvolvimento em

grande escala, Nascimento(2011,p.118).

Alijados do processo de desenvolvimento nas áreas mais estruturadas da cidade, resta à

população de baixa renda ocupar aquelas onde as condições de vida precárias são

generalizadas. Neste contexto abordaremos a questão da vulnerabilidade em que se

encontrava a população do Morro do Bumba, atingida pelo desastre que culminou com a

perda de vidas, por negligência da Administração Pública local que se isentou da

responsabilidade de atuar de forma preventiva, retirando a população antes da tragédia,

preferindo mantê-la como motivação de especulação imobiliária e para arrecadação de

impostos mesmo nas condições apresentadas.

O processo de abandono demonstra claramente o instrumento de exploração utilizada

pelo projeto hegemônico do capital da política local, para continuar reproduzindo-se com

altos custos, sociais e humanos. Neste sentido o “status” de cidadão é uma utopia e nunca

se confirmou de fato, como garante Carta Magna de1988, na qual ser cidadão é exercer o

direito à vida, à liberdade, à educação, ao trabalho, à habitação para si e os seus. Nestas

condições, Yamamoto & Raul de Carvalho,(2005) “afirmam ser as relações sociais permeadas pelos

“interesses econômicos não havendo cidadania de fato para os que vivem na periferia, já que há uma condição

de exclusão permanente. Quando há situações de crises política, desastres ambiental estas populações ficam

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sem proteção e muitas das vezes ocorrem desapropriações e deslocamentos á revelia dos seus direitos” O

próximo capítulo que segue apresenta a história do bairro atingido pelo fenômeno

ambiental, que sucedeu na vitimização da população local e sua evolução, desde a década

de 20, passando pelas transformações sociais. Este processo demonstra a dinâmica social

utilizada como poderoso instrumento para reforçar a divisão de classe entre dominantes e

os dominados, reforçando uma lógica desencadeadora de problemas sociais, ambientais e

geográficos.Estes se perpetuam nos dias de hoje, ao privilegiar determinados bairros em

detrimento de bairros históricos

.___________________(1.1)Depois que o rio Macacu recebe as águas do seu afluente Guapiaçu, forma o Canal

de Imunana de onde a CEDAE retira água, leva para a ETA do Laranjal em São Gonçalo e distribui para as cidades de

Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e ainda para a ilha de Paquetá. Os municípios do Rio de Janeiro, Nilópolis, São João de Meriti,

Belford Roxo, Nova Iguaçu, Mesquita e Duque de Caxias recebem água que é retirada do rio Paraíba do Sul, em Barra do

Piraí e vem através do rio Guandu até a ETA do Guandú. A água subterrânea também é muito utilizada, principalmente pela

população do Leste da Guanabara onde alguns loteamentos e condomínios têm seus próprios sistemas de abastecimento de

água captada através de poços. Em Niterói, a Águas de Niterói, empresa responsável pela distribuição de água no município,

perfurou vários poços para complementar o abastecimento dos bairros mais afastados como Rio do Ouro e Pendotiba.

Page 20: TCC-Desastres Ambientais,Morro do Bumba em Niterói

 

    

 

HISTÓRICO DO BAIRRO VIÇOSO JARDIM E ACOMUNIDADE DO MORRO DO BUMBA

O povoamento da área que hoje constitui o município de Niterói, teve origem no início do

século XVI, após a expulsão dos franceses. Surgiram povoações diversas na Praia

Grande, Icaraí, São Domingos, São Gonçalo, São Francisco, Jurujuba, Itaipu e áreas da

zona norte com algumas fazendas ao mesmo tempo em que aumentavam as lavouras e

pequenas indústrias, nas várias propriedades que também se multiplicavam as

(1)sesmarias.

No século XVIII, o progresso econômico atingiu proporções significativas e, ao lado de

fazendas com muitos engenhos de açúcar e aguardente, prosperavam as lavouras de

cereais, mandioca, legumes e frutas. O comércio se desenvolvia através de barcos que

transportavam gêneros para diversos portos. No século XIX, após a vinda da corte para o

Brasil, criou-se a Vila Real da Praia Grande. A elevação à categoria de cidade e a

emancipação do Rio de Janeiro só veio em 1835, quando recebeu o nome de Niterói,

anteriormente era denominada Vila Real de Praia Grande.

Com o passar do tempo a dominação portuguesa transformou á área de abrangência da

Fazenda Saraiva em pontos de comercialização de escravos, devido á área mais próxima

que é o bairro do Cubango manter algumas fazendas com produção de café e presença de

trabalhadores ex-escravos no local. Nesta localidade existiam quatro grandes fazendas

entre estas a sede da Fazenda nas proximidades da Venda das Mulatas; hoje Viçoso

Jardim.Na propriedade maior da Fazenda Boa Vista mantinha-se uma fábrica de fumo e

tudo que teria de agradável e aprazível, mas ainda pelo verdadeiro palácio rico em

vidraças e cômodos no meio de um belo terreno coberto de pés de café; não existindo

mais registros físicos deste imóvel e de sua abrangência. Devido as instâncias

renovadoras do meio ambiente no bairro vizinho do Cubango até o final do século XIX ,era

pouco ocupado para residência, sendo ainda uma região calma para se viver, passando

portanto a ser mais valorizada, após o desmembramento das áreas pela urbanização.

________________________ (1)Em 1375 foi estabelecida, em Portugal, a Lei das Sesmarias, seu objetivo era ajudar no avanço da agricultura que se

encontrava abandonada em virtude das batalhas internas e da peste negra. Essa lei mais tarde foi adaptada para funcionar

no Brasil. Segundo a Lei das Sesmarias, se o proprietário não fertilizasse a terra para a produção e a semeasse, esta seria

repassada a outro agricultor que tivesse interesse em cultivá-la. Martim Afonso de Souza, pertencente à nobreza portuguesa,

foi um dos principais donatários que o Brasil conheceu e que deixou um grande feito para a história do nosso país: a

descoberta da Capitania de São Vicente, local no qual semeou os alicerces da primeira povoação do Brasil. São Lourenço é

Page 21: TCC-Desastres Ambientais,Morro do Bumba em Niterói

 

    

 

A partir da década de 1920, começou a registrar no bairro vizinho do Cubango, a

presença lusitana e o incremento de sua população na comunidade, originando a procura

por moradia e o parcelamento de alguns terrenos, seja através do estímulo a atividades

econômicas (comerciais, agrícolas) e sociais. A grande concentração de quitandas e

armazéns, que abasteciam a região do Cubango, ficava na “Venda das Mulatas” uma área

menor, onde se localizava a Fazenda do Saraiva que originou o bairro do Viçoso Jardim,

no final de uma bifurcação. O primeiro centro de bairro, batizado pelos clientes, recebeu

este nome em decorrência da existência, naquele local de estabelecimento de um

português que se casou com uma negra e teve três filhas mulatas. Este eixo comercial que

foi posteriormente transferido para o Largo do Marrão, a caracterizar o atual bairro de

Santa Rosa. O Núcleo original da população era de portugueses comerciantes que aqui

chegaram ao início do século XIX para montar mercearias e “vendas” como comércio local.

O perfil da população da área em que se situava a Fazenda Saraiva, que anteriormente

mantinha o nome de Venda das Mulatas originou da presença de negros, descendentes de

ex-escravos que permanece até o século XIX devido a presença dos mesmos na área

vizinha, que hoje é denominado bairro do Cubango.As fazendas localizadas no encontro

dos bairros vizinhos ao atual bairro Viçoso Jardim, principalmente Cubango, deram origem

á várias chácaras por conta da partilha das mesmas pela necessidade de ampliar núcleos

de moradia; atraindo famílias de poder econômico elevado. Por outro lado, a área da

Venda das Mulatas, posteriormente conhecida como Fazenda do Saraiva não tinha registro

oficial por ser uma área ocupada por antigas Fazendas do período colonial. Foi

considerada uma área com poucas propriedades localizada no final de uma bifurcação,

cujas melhores e maiores se situavam na área da Fazenda Boa Vista, hoje bairro do

Cubango. A Fazenda Boa Vista teve o seu registro em 13 de dezembro em 1838 através

da venda, então publicada no Jornal do Comércio da época, fato que favoreceu uma

valorização posterior do imóvel. Com o desenvolvimento da região urbana, muitas

propriedades desapareceram por conta do crescimento populacional, a partir de 1911 com

a implantação do tráfego de bondes, gerando desmembramento dos terrenos, cuja procura

________________________ (1.1)um bairro de grande importância para a história da cidade, pois foi o local onde a cidade foi fundada pelo chefe

temiminóAraribóia, em 22 de novembro de 1573]. A reação aos franceses que invadiram a Baía de Guanabara, em 1555,

originou o povoamento na área. Na luta, sobressaíram-se Estácio de Sá, Mem de Sá e Arariboia, chefe dos índios da tribo

dos Temiminós. Expulsos os franceses e por sua lealdade aos portugueses, Arariboia ganhou uma sesmaria nas terras onde

seria erguida a cidade de Niterói. Ao instalar-se nelas, escolheu o Morro de São Lourenço para construir o seu aldeamento

principal devido à visão estratégica da baía, possibilitandovigilância constante.

Page 22: TCC-Desastres Ambientais,Morro do Bumba em Niterói

 

    

 

impulsionou uma rápida valorização local. Contudo, as aprazíveis residências mais

campestres e pitorescas com hortas e fontes de água cristalinas seriam encontradas em

bairros com população de renda mais alta como no vizinho bairro do Cubango entre outros.

A área onde se localizava a Fazenda do Saraiva foi aos poucos cedendo ás novas

ocupações que chegavam e a região ficou limitada ao comércio de produtos agrícolas para

os bairros vizinhos. A grande concentração de quitandas e armazéns, que abasteciam a

Fazenda Boa Vista atualmente “Cubango”, ficava na “Venda das Mulatas” no bairro Viçoso

Jardim, uma área desvalorizada por estar localizada ao final de uma bifurcação no(2)

caminho do Cubango.Com o tráfego de bondes a partir de 1911, houve o

desmembramento e procura das áreas para habitação o que gerou rápida valorização

local, principalmente do Cubango, Santa Rosa, Fonseca, Caramujo e Ititioca que

beneficiaram-se do progresso urbanístico, por manter uma localização mais propícia ao

desenvolvimento urbano. A partir dos anos 60 o bairro foi recebendo uma ocupação

populacional ,trabalhadores de baixa renda proveniente de outros bairros próximos e de

regiões vizinhas como São Gonçalo; ficando mais comprimido pelo avanço imobiliário,

provocando o isolamento no encontro de sua bifurcação, dificultando por isso a valorização

da área.

_____________________________________________

(2)O final do Cubango, que já abrangeu metade da Rua Desembargador Lima Castro, foi também reduzido para uma área pífia, com menos de

uma dezena de imóveis no encontro de sua bifurcação com a Estrada de Viçoso Jardim. Para entendermos o processo de ocupação do

Cubango precisamos voltar no tempo, para a época em que indígenas viviam na localidade e a denominavam de “u-bang-u”, que teria como

significado “terras escondidads”. Segundo do jornalista e poeta Luis Antonio Pimentel “Topônimos tupis de Niterói”, Cubango seria a junção de

dois radicais “Ubang” que é o mesmo que “barreira eo que em Tupi é o mesmo que escuro, a letra “c” veio na adaptação ao português,

portanto Cubango é o mesmo que “barreira escura”, ou “anteparo negro”. Com o passar do tempo, segundo alguns autores, a dominação

portuguesa transformou o local em ponto de comercialização de escravos. Este ponto hoje ocupado por uma rótula viária, corresponde ao largo

conhecido como “Venda das Mulatas”, na divisa com o bairro de Viçoso Jardim. Presume-se que esses escravos seriam da atual província de

“CuandoCubango” antiga Vila da Ponte(nome colonial), em Angola, e adaptaram o indígena “u-bang-u” para o mesmo nome do rio e da vila

daquele país. O primeiro registro cartográfico do bairro é de 1833, porém a planta de 1858 ignorou-lhe a existência. Na planta do engenheiro

Júlio Frederico Koeler há uma bifurcação pouco depois do Calimbá (nas proximidades da atual Rua Dr.Paulo César, deixando à direita Santa

Rosa e rumando para a esquerda, depois de ladear o Largo do Marrão, em direção ao Cubango, através do começo da atual Rua Noronha

Torrezão, então denominada Caminho da Engenhoca. O Bairro no século XIX assim, como a maioria dos bairros de Niterói, o atual Cubango

fazia parte de uma grande fazenda, a da “Boa Vista”. O dono de toda esta riqueza era o português José Antonio Alves Viana, que depois se

retirou para o Porto, como consta no anuncio de leilão de suas glebas. A venda de sua propriedade no Distrito de São João de Caray está

registrada no Jornal do Comércio de 13 de dezembro de 1838 por Santos & Cia, tendo o leilão ocorrido no dia seguinte, às dezessete horas, na

Rua da Cadeia Velha (atual Rua Jose Clemente). A sede da fazenda, nas proximidades da venda das Mulatas, distando quatro léguas de

Niterói, era comparável somente a Chácara de Icaraí, senão melhor. Não só pela fábrica de fumo presente, ou de tudo que teria de agradável e

aprazível, mas ainda pelo verdadeiro palácio rico em vidraças e cômodos no meio de um belo terreno coberto de pés de café. Todavia, não há

mais registros físicos deste imóvel e de sua abrangência. Fonte (Wikipedia).

Page 23: TCC-Desastres Ambientais,Morro do Bumba em Niterói

 

    

 

Atualmente observa-se uma pequena parte da Fazenda do Saraiva que foi ocupada

posteriormente, por conta de acordo entre seu proprietário e moradores locais, pois a

mesma não foi oficialmente loteada.Observa-seque o fato da área de Viçoso Jardim, antiga

Fazenda do Saraiva não ter se tornado posteriormente nos anos 1960 em loteamento de

forma regular, impediu o desmembramento e valorização da área. O poder público local

deixou a região em abandono sem o devido interesse para investimentos, por ser uma

área historicamente rural, de raízes indígenas e posteriormente de ex-escravos,

quilombolas, mantendo a comercialização dos mesmos no século XVIII. No entanto estes

fatos ocorriam na área vizinha da Fazenda Boa Vista atualmente Cubango, utilizando

apenas a estrada que ligava ao bairro vizinho Venda das Mulatas ou Fazenda do Saraiva,

(hoje Viçoso Jardim) como passagem; o que caracterizou a desigualdade de classes entre

os moradores de bairros e os da área deste estudo, onde permaneciam poucas

residências devido a baixa valorização da região.

“Marshall, exemplifica que, nos velhos tempos os três elementos civil, político e

social estavam fundidos em um só. Frise-se que utilizou, em seus estudos e

reflexões o desenvolvimento da cidadania na Inglaterra.No que diz respeito aos

direitos sociais, a participação nas comunidades locais e associações funcionais

constituem a fonte original desses direitos. O sec. XIX foi, em sua maior parte, um

período em que se lançaram as fundações dos direitos sociais, mas o princípio

desses direitos como parte integrante do status de cidadania ou foi expressamente

negado ou não admitido definitivamente. Um exemplo disso é a "Poor Law" que

desligava do status da cidadania os direitos sociais mínimos; ela tratava as

reivindicações dos pobres não como parte integrante de seus direitos de cidadão,

mas como uma alternativa deles, ou seja, reivindicações que poderiam ser atendidas

somente se deixassem inteiramente de ser” (OLIVEIRA apud MARSHALL, 2010)

A fazenda do Saraiva foi com o tempo sofrendo mudanças no seu entorno o que

gerou o aumento de populações mais pobres e com o avanço de moradias a área da

fazenda foi sendo ocupada por novos moradores, na maioria de baixa renda. A partir dos

anos 1970 a cidade de Niterói se viu diante da necessidade de encontrar uma área

extensa onde pudesse alojar sobras de entulhos e o lixo produzido pela população. Esta

escolha recaiu sobre a pequena bifurcação que no passado deu lugar a Fazenda do

Saraiva e cujo acúmulo de lixo da cidade foi depositado até 1986, aproximadamente

dezesseis anos de lixos compactados neste local, então habitado por pouquíssimas casas.

Importante registrar esses fatos históricos para entendermos a evolução do processo de (3)

empobrecimento que a região veio sofrendo a partir do isolamento, desde os primórdios

Page 24: TCC-Desastres Ambientais,Morro do Bumba em Niterói

 

    

 

quando ainda era apenas uma área rural composta de algumas fazendas de grande porte

que dominavam o entorno, restando à região denominada Largo ou Venda das Mulatas

servir de pequeno comércio a outros bairros e manter residências humildes. Se todas as

áreas em oferta fossem ocupadas, ainda assim faltariam casas para se morar. Segundo

dados do Censo (IBGE2010),o número de imóveis vazios desocupados supera o déficit

habitacional no país; enquanto os programas de habitação para população de baixa renda

ainda é insuficiente. Diz Engels (1976) quando analisou a crise da moradia na Alemanha

em 1872, que: “(...) uma sociedade não pode existir sem crise habitacional, quando a

maioria dos trabalhadores só tem seu salário, ou seja, o indispensável para

a sua sobrevivência e reprodução, quando as melhorias mecânicas deixam

sem trabalho as massas operárias, quando as crises industriais

determinam,de um lado a existência de um forte exército de

desempregados (de reserva) e, de outro jogam repetidamente nas ruas

grandes massas de trabalhadores: quando os proletários se amontoam, nas

ruas das grandes cidades: quando o ritmo da urbanização é tanto que o

ritmo da urbanização é tanto que o ritmo das construções de habitação não

a acompanha; quando, enfim o proprietário de uma casa, na sua qualidade

de capitalista, tem o direito de retirar de sua casa, os aluguéis mais

elevados. Em tal sociedade assim a crise habitacional não é um acaso, é

uma instituição necessária” ( Engels, 1976).

O capítulo que segue apresenta o quanto ausência de políticas públicas é

naturalizada, principalmente quanto a questão da moradia, através do deslocamento de

populações vulneráveis quando estas, vive em região cujo histórico é de origem colonial;

de origem indígena e de ex-escravos, hoje “quilombolas”.Estes protagonistas, foram ao

longo do tempo excluídos do processo de desenvolvimento social, desde os primórdios da

antiga Vila da Praia Grande, atual cidade de Niterói na isolada Fazenda do Saraiva até

desencadear na formação do bairro Viçoso Jardim.

____________________________________

(3) o empobrecimento, é derivado do abandono do Poder Público local, quando não promove o desenvolvimento urbano na

área ocupada, impossibilitando ao bairro o seu crescimento.Os primeiros dados do Censo 2010 divulgados pelo Instituto

Nacional de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o número de domicílios vagos no País é maior que o déficit

habitacional brasileiro. Existem hoje no Brasil, segundo o censo, pouco mais de 6,07 milhões de domicílios vagos, incluindo

os que estão em construção. O número não leva em conta as moradias de ocupação ocasional (de veraneio, por exemplo)

nem casas cujos moradores estavam temporariamente ausentes durante a pesquisa. Mesmo assim, essa quantidade supera

em cerca de 200 mil, o númerode habitações que precisariam ser construídas para que todas as famílias.

Page 25: TCC-Desastres Ambientais,Morro do Bumba em Niterói

 

    

 

1.2–O SURGIMENTO DA COMUNIDADE DO MORRO DO BUMBA,VIÇOSO JARDIM

Entre 1986 a 1970, Niterói abrigou o segundo lixão, sendo escolhido o bairro de Viçoso

Jardim, antiga Fazenda do Saraiva popularmente conhecido como “Venda das Mulatas”

por ser uma área afastada do centro e existir uma venda na época. No entanto a

comunidade do entorno reagiu,e em consequência Niterói teve que levar o seu lixo para o

aterro sanitário de Gramacho em Duque de Caxias. Com a desativação do aterro ficou

uma área abandonada, coberta por vegetação e diante da necessidade de moradia por

aqueles que procuravam estar perto do Centro de Niterói para trabalhar e morar; foram

surgindo as primeiras ocupações que denominou-se Comunidade do Morro do Bumba.

Uma área íngreme, coberta por vegetação numa bifurcação da estrada que liga ao bairro

do Cubango. Ao tomar conhecimento a Prefeitura, proibiu a ocupação do local pelo

governo municipal na época Waldenir de Bragança. Mas aos poucos na ausência de

fiscalização e de políticas públicas de habitação, foram surgindo as primeiras ocupações

clandestinas, por meio de pequenas casas de alvenaria. Sem reprimir a ocupação irregular

no antigo lixão, o poder público local acabou por incentivar a invasão.

Analisando as características do bairro, há um comércio incipiente, composto

basicamente de bares e mercearias, acrescidos de oficinas mecânicas, borracharias e uma

fábrica de antenas parabólicas. Estas são praticamente, as atividades econômicas

encontradas no bairro, contrastando no passado com o centro comercial “Venda das

Mulatas” atualmente Viçoso Jardim, que abastecia os demais bairros principalmente a

antiga região da Fazenda Boa Vista, atual bairro do Cubango.Em relação ao setor

educacional, destaca-se a presença de uma escola municipal.

O transporte específico para o bairro é feito por apenas uma linha de ônibus, que aí tem

localizada a sua garagem ou ponto final, que até o presente momento o terreno foi

desapropriado para construção de 180 apartamentos, que serão ocupados por uma

parcela das vítimas do desastre no Morro do Bumba; enquanto as demais famílias

aguardam solução da Prefeitura para construção de novas moradias. As opções de

interligação com outros bairros só melhoram nas proximidades do vizinho bairro Cubango.

A principal via do bairro possui tráfego intenso por ser corredor de passagem para as

regiões de Pendotiba e Região Oceânica. Quanto aos serviços básicos de infraestrutura, a

iluminação pública só existe nas vias principais. Verifica-se a existência de água potável na

maioria das moradias, embora a rede coletora de esgoto seja insuficiente par a demanda

do bairro. A antiga localização da lixeira é responsável pelo principal problema ambiental

que após a tragédia que ocorreu, deixou marcas em todos.

Page 26: TCC-Desastres Ambientais,Morro do Bumba em Niterói

 

    

 

CAPITULO II 2.1. DESENVOLVIMENTO DA CIDADE E AS DESIGUALDADES ENTRE OS BAIRROS.

Observa-se hoje uma discreta estagnação na comunidade integrada ao bairro

Viçoso Jardim que também tem problemas relacionados com a identificação do logradouro

por parte dos moradores na extensão do mesmo, cuja área é oficialmente superior em

extensão reconhecido no local. Os anos de 1980 foram considerados uma década perdida,

devido aos ajustes econômicos impostos ao país. No Brasil houve um aumento da inflação

no fim do governo militar, a crise no mercado de trabalho se avolumava e na cidade de

Niterói ocorreu uma decadência do setor da indústria naval e do setor pesqueiro. Com a

desindustrialização inaugura-se no país a era da informatização e neste ponto o perfil da

população Niteroiense passou a mudar em função da revitalização da cidade com a

transferência e fechamento de indústrias e fábricas na orla Oriental da Baía de

Guanabara, bem como a reutilização de espaços vazios e ruínas industriais no eixo Niterói

Manilha.

A partir deste momento, os projetos públicos e privados nos diferentes setores

passam a ocorrer para retomada do desenvolvimento do Estado e dos municípios, entre os

quais,Niterói. Alguns desses projetos estão relacionados com a mudança do perfil no

mercado de trabalho da cidade por conta da construção civil que vinha se desenvolvendo

já no final dos anos de 1980, quando ocorreu a construção do trecho Niterói-Manilha da

BR-101, cortando ao meio alguns bairros de São Gonçalo como os bairros da Boa Vista,

Jardim Catarina, Neves, Guaxindiba e Portão da Rosa. Outros bairros foram divididos

ficando uma parte para Niterói o que ocasionou uma (4)migração populacional de regiões

vizinhas, em busca de melhores condições de vida e de trabalho. O município vizinho de

São Gonçalo é o que mais trouxe a mobilidade social, em especial migrações visando

constituir moradias e outras que permanecem flutuantes, por trabalhadores que retornam

para suas cidades. A maioria da população que constitui a cidade de Niterói é proveniente

da vizinha cidade de São Gonçalo, residindo poucos habitantes naturais do lugar. O setor

de serviço na sua grande maioria e as poucas empresas são movimentadas por

trabalhadores de cidades vizinhas e de São Gonçalo. A população natural de Niterói é hoje

composta de faixa etária, a maioria da “terceira idade”,que aqui nasceu e criou seus filhos,

e muitos dos jovens mudaram para a capital Rio de Janeiro, por concentrar o centro

econômico de empresas, industrias com diversidade de bairros e oferta habitacional.

Pesquisa do Censo do IBGE (2000) apresenta dados que mostram Niterói como uma das

Page 27: TCC-Desastres Ambientais,Morro do Bumba em Niterói

 

    

 

cidades que mais concentrou percentualmente população idosa no estado (13,76%). (5) em

todo o Estado do Rio de Janeiro, o que confirma que a mão de obra de trabalhadores

jovens nestes últimos anos, é oriunda de cidades vizinhas. É importante apresentar o

histórico das mudanças ocorridas na cidade de Niterói e regiões vizinhas, para melhor

entender o perfil da população que passou a viver na comunidade do Morro do Bumba no

bairro de Viçoso Jardim e as causas prováveis da construção de casas na área do antigo

lixão, desativado em 1986.Com a desativação do lixão, aos poucos foram surgindo as

primeiras casas, que originaram o processo de favelização. Neste caso específico não se

sabe de onde veio a população que lá residia, provavelmente de São Gonçalo e cidades

vizinhas; possivelmente por alternativas migratórias, pois esses fenômenos seguem

determinados padrões.

A busca por moradia próxima ao centro da cidade é determinada pela falta de um

Programa de Habitação Popular para Niterói e de um Projeto Abrigo para população

flutuante, que vem para a cidade trabalhar e só retorna ao convívio familiar nos finais de

semana. A população não encontrou outras condições, a não ser construir moradias

dentro das suas possibilidades materiais; para permanecer próximos aos seus familiares e

amigos para poder trabalhar. Esta realidade aponta “que a história recente do capitalismo vem

mostrando a rejeição de contingentes crescentes de trabalhadores para os quais o trabalho é instrumento de

sobrevivência e não de ascensão social” (YAZBEK,1993). O Estado através do Poder Público local descaracterizou a área que era de risco eminente,

quando através de interesses políticos procurava dar ao povo, aquilo que o povo

precisava, oportunidade de moradia.Neste sentido foram instalados equipamentos públicos

com investimento mínimo de um reservatório da CEDAE- Companhia Estadual de Águas e

Esgoto e posteriormente, alguns benefícios pontuais no bairro, de forma a minimizar as

necessidades, sem ampliação de direito a políticas públicas, como escolas, posto de

saúde, creches, etc.

_______________________________

(4)A primeira geração de moradores foi atraída pela proximidade com o centro econômico de Niterói, que no final da década

de 1980, vinha sofrendo intensos investimentos e um rápido crescimento econômico, aliado à disponibilidade de terrenos

com baixos ou nenhum custo (Revista Geo-Demo,2012).

(5)Conforme dados do  Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cidade de Niterói possui 83.326 pessoas com mais de 60 

anos, o que corresponde a 17,09% da população.

Page 28: TCC-Desastres Ambientais,Morro do Bumba em Niterói

 

    

 

O acúmulo de lixo depositado durante muitos anos aumentou em cerca de 5 metros de

altura, encoberto por vegetação. Posteriormente com o peso de uma forte chuva intensa,

que ocorreu no dia 6 de abril de 2010 provocou um deslizamento que soterrou

aproximadamente 200 moradores. Há ainda o agravante de que o Estado se mantém

distante dos desabrigados e estes sem condições de expressar reivindicações. Dessa

forma Siena (2010) comenta que:

“(...) primeiro sofreram perdas, materiais e imateriais com os danos

causados pelos desastres e também os últimos a se reestabelecerem

quando conseguem, são recriados como uma imensa clientela fragmentada

cujas possibilidades de vida se tornam objeto de um acaso. É em meio a tal

acaso que as políticas de remoção se apresentam como uma nova forma,

de interlocução do Estado com as populações afetadas pelos danos dos

desastres; nova forma esta que se baseia em um Estado policialesco que

retira os moradores de suas moradias” (SIENA, p.14,2010 apud

PAOLI,2007).

Podemos inferir que pertencendo a classe trabalhadora com ganhos mínimos e

ausência de políticas públicas de habitação popular pode mesmo de forma inconsciente

não perceber a exclusão a que são destinados. Isto acontece com populações ocupantes

de áreas de risco, alijadas no seu próprio meio em que vive,sendo vítimas do

empobrecimento ambiental. O fenômeno de desastre ambiental tem como uma das

expressões a questão social, explícita na vulnerabilidade social que apresenta as áreas de

risco. Busca compreender as conseqüências de dinâmica da acumulação do capital

colocando em vulnerabilidade a população pobre,sem opção de políticas socioambiental e

de moradia digna.

Já no século XXI o planejamento urbano apresenta a característica do modelo

neoliberal de empreender o desenvolvimento sob a lógica positivista e de reestruturação

do capital nos territórios, excluindo a população da identificação com a história do seu

bairro e região. Essa é uma realidade do Brasil no reordenamento das cidades ao longo

dos anos e o largo desinteresse pelas raízes históricas, eliminando qualquer vestígio de

cultura remanescente, descaracterizando o perfil daquela região.

A escravidão no Brasil deixou marcas profundas no imaginário coletivo, ao longo do

período da República Velha. Esta implicou na vocação “racista” presente nas idéias que

apontavam para a inferioridade deste povo e de promover um suposto “branqueamento”

como tarefa civilizatória e passa a reproduzir o ideário de vigilância pelo controle policial

dos ex-escravos, estabelecendo limites a sua liberdade de ir e vir. Este controle visava

Page 29: TCC-Desastres Ambientais,Morro do Bumba em Niterói

 

    

 

vinculá-los ao trabalho, mantendo-o preso a seu ex-senhor, quando necessário, sob a

forma de laços extra econômicos de submissão; pela inexistência de reformas econômicas,

em especial na Lei de Terras, que lhes possibilitasse instrumento de trabalho fora dos

controles dos donos da terra, pela política de “branqueamento” da população via promoção

da imigração européia em massa, para substituir aos ex-escravos, que os transforma em

exército de reserva de mão de obra, servindo para controlar os preços do trabalho.

A marginalização do negro a partir daí, “tem se dado através dessas diferenças nos

tempos atuais” que se dá tanto no interior das regiões de economia de ponta, onde a

grande concentração de imigrante europeus muda o perfil da população ( como em S.

Paulo, e nos Estados do Sul do Brasil) como na relação entre estas regiões mais ricas e as

regiões onde os negros seguem sendo a maioria da população, em especial o Norte e o

Nordeste.Do ponto de vista da inclusão dos negros à cidadania, essa política de

gradualidade é explicitada quando se estabelece a educação como filtro para a cidadania,

que não se lhes dava, aos ex-escravos. Igualdade formal sim; direito ao voto, somente

mediante o acesso a cultura letrada. Tudo em nome da segurança, da ordem.

No entanto, atendendo às necessidades geradas pela expansão do setor cafeeiro,

empreendem políticas migratórias, voltadas para o melhoramento da raça. Esse trabalho

aponta o viés racista no século XIX para explicar o histórico contemporâneo, onde se

localiza a Comunidade Morro do Bumba em Niterói; e a influência, no processo de

desenvolvimento regional e urbano que sob a lógica de reestruturação do capital

imobiliário, promove desigualdades sociais. Neste sentido não há interesse na preservação

da cultura histórica de uma região no que tange à cidade de Niterói e o bairro Viçoso

Jardim. A população têm fundamentalmente em suas origens a presença indígena anterior

ao seu povoamento e o negro que chegou na condição de escravo para trabalhar e ajudar

na construção da província.O negro ex-escravo foi uma mão de obra com baixa

qualificação, como característica do processo de exploração e acumulação no país,

através do imperialismo colonial. “...seja pelo viés das concepções racistas, seja pelo viés ruralista, no Brasil

da primeira República as elites olham a população das cidades como a

fonte da desordem social e política da improdutividade econômica. A cidade

não é, pois, para nossos reformadores, o seu eixo de atuação. Apenas o

Rio de Janeiro, cidade-capital do republicanismo liberal pré-democrático,

interessou às elites como vitrine do poder e de sua pompa, o símbolo,

perante a Europa, de seus foros de civilização e progresso, bem como de

sua confiabilidade como pagadora de dívidas (RIBEIRO,1985).

Page 30: TCC-Desastres Ambientais,Morro do Bumba em Niterói

 

    

 

2.2. POPULAÇÃO DESLOCADA DO MORRO DO BUMBA

Consideramos ser de fundamental importância a análise do deslocamento da população

do Morro do Bumba, fazer um breve relato sobre os conceitos em torno dos deslocamentos

e suas implicações, para entendermos como se dá a dinâmica deste “fenômeno” que vem

tomando proporções gigantescas, ocorrendo também com a população da comunidade do

Morro do Bumba.

“Os deslocamentos na contemporaneidade tem se dado de forma crescente

nos diversos países, principalmente em desenvolvimento como África, Ásia

e América Latina entre estes o Brasil. Há uma comparação entre

deslocados e o termo “refugiado” associado a pessoas ou grupos que,

embora não sejam perseguidos, são forçados a deixar sua casa por

desastres naturais, mudanças climáticas, fome, desemprego, questões

raciais, etnias, desordem política ou motivos religiosos entre outros”

(SILVA,VILMA,2012).

Quando nestes casos não se configuram o conceito de refugiado, estas pessoas ou grupos

são frequentemente chamados de migrantes econômicos, refugiados de fato ou

deslocados por motivos ambientais. O Panorama Internacional de populações deslocadas

ou refugiados ambientais, embora não seja reconhecido pela ONU, calcula-se que existam

hoje 50 milhões de pessoas obrigadas a deixar suas casas por problemas decorrentes de

desastres ambientais ou mudanças climáticas. Segundo a organização as alterações do

meio ambiente têm proporcionado essas mudanças.

_______________________ (9)O advento da Republica Velha no ano de 1889, o Brasil deixou de ser um império para se transformar em um governo

republicano. Na prática, isso significa dizer que o país deixa de ser controlado pelo Imperador e que a maior autoridade

política do país passou a ser o presidente, que deveria ser escolhido através do voto da população. Na criação da Republica

a maioria da população não tinha acesso a um tipo de educação que a levasse a participar das questões políticas do país e

os ex-escravos, libertos no ano de 1888, ainda lidavam com o desafio de sobreviverem com a venda de sua mão de obra.

Dessa forma, fica a questão, quem são os grandes responsáveis pela criação da república no nosso país? Nos últimos anos

do século XIX, ao tempo em que se desarma a estrutura escravista então vigente, pouco a pouco se arma a nova face da

sociedade brasileira. A integração dos ex-escravos à sociedade e à comunhão brasileira vai se dar lentamente, de forma

controlada, gradual, de modo a assegurar, aos senhores, segurança física, garantia de domínio econômico e continuidade no

poder político.

Page 31: TCC-Desastres Ambientais,Morro do Bumba em Niterói

 

    

 

Reconhece-se que há uma movimentação da deslocação involuntária e que ocorre com

maior freqüência por desastres ambientais e desenvolvimento econômico em especial no

Brasil, originando uma situação difícil para as pessoas deslocadas e internamente motivo

de preocupação humanitária. Há que se entender que a população deslocada antes de o

ser, passou pelo desabrigo ou seja, perdeu sua moradia, o convívio familiar, perdeu o

espaço em que vivia, por questões climáticas ou interesses econômicos. No Brasil os

deslocamentos se dão de forma mais acentuada devido ao desenvolvimento econômico

ser mais ambíguo e desigual, neste caso ocorre em território brasileiro por desastres

ambientais e econômicos, quando estes trazem no seu arcabouço o interesse de grupos

hegemônicos visando aferir lucros em determinada região, como é o caso da exploração

dos recursos naturais. Neste sentido as áreas de menor valor econômico, que não trazem

lucro para a reestruturação do capital, tornam-se desinteressantes e passam a ser

excluídas do desenvolvimento sócio urbano. Neste contexto nos centros urbanos há

interesses em investimentos em áreas de maior significado econômico para os grupos

privados do mercado de construção civil e do capital imobiliário.

Esta aliança recebe o aporte do Estado quando os interesses residem na existência de

uma demanda caracterizada por uma classe média de poder aquisitivo, a chamada “classe

A”, e os grupos que se fazem representar pelas grandes corporações do capital imobiliário

da construção civil em sua maioria e em menor escala, políticos, indústrias, executivos de

empresas e etc. Neste sentido a ocorrência de mudanças climáticas, que afetam as áreas

de menor atenção do Poder Público,ao receber investimentos de forma paliativa e

precária,por conta da pressão dos movimentos populares; são as primeiras a ser atingidas

pelos riscos, originando deslocamentos de população e impactos sociais (Deluiz,Neise,

2004, p.4).

“Importa destacar que desigualdades e degradação ambiental sempre

andaram juntas no Brasil, contornando uma questão socioambiental e, por

outro lado, as agressões no meio ambiente (custos ambientais) afetam as

pessoas que dele dependem para viver e trabalhar”.

Verifica-se no presente estudo que a Comunidade do Morro do Bumba sofre

descriminação por estar localizada em uma área de pouco interesse para o Estado assim

como outros bairros, permitindo exposição dos mesmos aos desastres ambientais. Até o

presente momento aproximadamente 300 famílias foram alojadas em abrigos provisórios.

A maioria vive em casas de familiares, outras estão aguardando a construção de novas

moradias como prometido pela administração local.Alguns desabrigados retornaram para

Page 32: TCC-Desastres Ambientais,Morro do Bumba em Niterói

 

    

 

suas casas interditadas pela Defesa Civil por não terem para aonde ir, e outras tentam se

recuperar vivendo em pequenos quartos alugados; quando conseguem; pelo programa

aluguel social pago pela Prefeitura no valor de $400,00, valor este irrisório que impossibilita

as famílias de encontrar uma moradia digna, já que ao anunciar que são desabrigados e

deslocados da tragédia ambiental do Morro do Bumba, muitas famílias sofrem

descriminação pelos donos de imóveis, que negam alocação para os mesmos. Para se

compreender a situação da população do Morro do Bumba, realizou-se entrevista com uma

família no III (BI) Batalhão de Infantaria, para avaliar as reais condições destes grupos do

seu ambiente natural, perdido no dia 6 de abril de 2010.

O (6) deslocamento dessa população internamente (PDI) tem sido concebido sob a lógica

do (7)Estado Moderno ao transformar em instrumento de manutenção do sistema de

acumulação do capital. Este processo culmina nas políticas públicas focalizadas na

pobreza, intensificadas nas últimas décadas, incentivadas pelo ideário de promover as

grandes empreiteiras do capital neoliberal da construção civil. Desde sua desativação, na

elevação formada pela acumulação de resíduos, foram construídas habitações. Desde o

início dos anos 2000 vinham sendo registrados deslizamentos de terras e desabamentos

de casas nessa área instável e contaminada. Todavia, a expansão dos assentamentos foi

tolerada e mesmo estimulada pelo Poder Público municipal que, em 1996, realizou obras

de urbanização sobre terrenos onde nada deveria ser construído. Os riscos para a

população eram conhecidos. Além da instabilidade do terreno, a decomposição do lixo

resultou na produção de metano(com risco de explosões) e de xorume, o percolado tóxico.

No morro do Bumba, casas, reservatórios de água e lixo compartilhavam o mesmo espaço.

No entanto, as casas da comunidade do Morro do Bumba, soterradas pelos deslizamentos

de terras, nem sequer estavam na lista das moradias consideradas em áreas de risco, pela

prefeitura local .Segundo o coordenador do grupo de análise de risco tecnológico e

ambiental da Coppe/UFRJ, engenheiro Moacyr Duarte, o solo do Morro do Bumba estava

saturado e nada seria capaz de evitar o desmoronamento. O especialista recomendou a

implementação de medidas preventivas, pelo Poder Público como a remoção de famílias

em áreas de risco, impedimento da ocupação de encostas e recomposição da cobertura

vegetal. A Prefeitura de Niterói pagou e ignorou uma análise encomendada, no ano de

2004, à equipe de geólogos da Universidade Federal Fluminense (UFF), cujo relatório

coordenado pelo geólogo Adalberto da Silva, chamava atenção para o Morro do Bumba.

____________________________________ (6)O fato de não haver uma proteção internacional institucionalizada e as causas da deslocação serem por vezes as mesmas

que produzem refugiados justifica a intervenção do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) “no

sentido de estabilizar uma definição para grupos numerosos de pessoas que foram forçados, de forma súbita ou inesperada,

a desenraizar-se e a abandonar suas casas, fixando-se em locais diferentes no seu país, devido a conflitos armados e lutas

internas, violações sistemáticas dos direitos humanos ou calamidades provocadas pelo homem” .

Page 33: TCC-Desastres Ambientais,Morro do Bumba em Niterói

 

    

 

No presente estudo, o setor imobiliário da construção civil prioriza construções

habitacionais para a classe média alta, os grandes shoppings nos centros comerciais dos

bairros, para fomentar a liquidez dos lucros. Os investimentos de obras públicas na cidade,

tem alterado o padrão de construção. Neste sentido, Niterói pode ser visto como um caso

demonstrativo da complexidade da gestão das cidades contemporâneas, sobretudo

quando a disputa pelo território urbano assume um papel central na articulação entre

agentes sociais distintos de interesses e necessidades.(8) O plano diretor de Niterói

emerge desse modo em um campo político conflituoso, dominado por noções de inovação

e modernidade, enquanto a cidade cresce reproduzindo padrões de exclusão territorial e

refém de um mercado imobiliário sustentado pelo adensamento dos bairros do centro e da

zona sul por investimentos públicos em infra-estrutura nas áreas de expansão.

Tem-se o exemplo da construção do Restaurante Panorâmico construído no centro de

Niterói, o Teatro Popular construído para o acesso de uma “elite”não justificando o próprio

nome destinado ao povo.Todo esse processo tem influenciado as ocupações na

configuração das áreas de expansão, sobretudo com a intervenção estatal e das

incorporações imobiliárias que buscam através de instrumentos jurídicos, desapropriar

áreas de interesse para especulação imobiliária. Na grande maioria as famílias que

ocupam áreas sem o próprio conhecimento, são inseridas em cadastro de desapropriações

repentinas notificada por oficial de justiça. Exemplo como este, ocorreu em 2011 quando o

governo do Estado implantou o Projeto de revitalização no entorno do Cais do Porto do

Rio, denominado “Porto Maravilha” que removeu sumariamente centenas de famílias

moradoras de imóveis abandonados nos arredores do cais do porto, muitos residindo a

cinco e dez anos sem nunca terem sido incluídos em um Programa de Habitação ou de

Políticas Sociais, conforme experiência em participação de Projeto de Pesquisa pela UERJ

e Governo do Estado na realização de cadastramento das famílias por profissionais

Assistentes Sociais e Estagiários, para realizar esta intervenção.(

(SILVA,VILMA,2011,Observatório-UERJ).

_____________________ (6.1) a desenraizar-se e a abandonar suas casas, fixando-se em locais diferentes no seu país, devido a conflitos armados e

lutas internas, violações sistemáticas dos direitos humanos ou calamidades provocadas pelo homem” Os problemas

causados por este padrão de desenvolvimento são evidenciados pela insuficiência do sistema de transporte

coletivo e aumento expressivo do numero de automóveis por habitante que tornou o trânsito cotidiano da

cidade saturado. Além do déficit de saneamento básico registrado tanto nas áreas de expansão da cidade,

como nas favelas, nos assentamentos precários e nos loteamentos irregulares.( Pesquisadores do

IBAM,BIASOTTO,email:[email protected]; BARANDIER,email:[email protected];

DOMINGUES,RICARDA).

Page 34: TCC-Desastres Ambientais,Morro do Bumba em Niterói

 

    

 

A justificativa do setor público para as desapropriações segundo Silva,Vilma (2012,p.291)

“é de que o país precisa desenvolver economicamente e reduzir a desigualdade social. No entanto as

desigualdades são geradas por essas iniciativas truculentas, retirando da população o único bem que lhes

resta, a moradia”.

No caso específico da Comunidade do Morro do Bumba em Viçoso Jardim o desastre

ambiental que atingiu a população, cerca de três mil moradores (3.000) tiveram a perda de

aproximadamente duzentas vidas, pelo desinteresse do gestor público em assistir às

populações que vivem nas áreas de risco e que somam mais de cinquenta comunidades

localizadas na cidade de Niterói. Essa característica do desinteresse pela população em

condições vulneráveis de moradia, é uma das modalidades da reestruturação do capital e

do Poder Público local, que exclui das configurações de reordenamento da cidade, a

população mais pobre que vive nas periferias.

Na ocorrência de mudanças climáticas, desastres ambientais ou desapropriações em

massa; somente por pressão popular o Estado “democrático” se movimenta, através de

pressão popular, para assistir à população atingida de forma incipiente. As obras dos

imóveis destinados as vítimas das enchentes no Morro do Bumba com previsão para 180

famílias já entregues fechou o ciclo, as demais famílias perderam as suas casas cerca de

300 famílias aproximadamente não tem previsão de receber seu imóvel, por ausência de

áreas para construção, já que o mercado de construção civil se apropriou destes terrenos

para especulação do capital imobiliário. O restante dos moradores que tiveram seus

imóveis interditados por riscos de desabamentos, não serão contemplados, o que

caracteriza o descaso pelo poder público local quando focaliza suas ações para um

pequeno grupo, assim como as demais políticas sociais implantadas poder público,

caracterizando violação dos direitos humanos. As construções de moradias destinadas á

população desabrigada inclusa no Programa Minha Casa minha Vida do Governo Federal

na maioria são verticalizadas, construídas em locais de difícil acesso com espaços

pequenos, utilizando-se material de segunda linha que formam comunidades de favelas

verticalizadas; como milhares espalhadas pelo país. Amontoam-se várias pessoas em

espaços ínfimos, definindo uma baixa densidade demográfica a esses ambientes de super

aglomeração. _________________________________

(6.1) documentos se refere à questão e reconhece as PDI (População Deslocada Internamente) são por vezes mais

numerosas que os migrantes internacionais, incluindo os refugiados sofreram um segundo desenraizamento após terem

regressado ao seu país. A instituição sustenta ainda que o fato de nenhuma organização internacional possuir um mandato

global para proteger e assistir as PDI se deve em grande parte à falta de consentimento do país que não está garantindo a

proteção aos seus cidadãos. (7) Esta nova construção do estado perante as necessidades sociais deu-se a partir do

confronto propiciado pela luta de classes e a intensificação dos movimentos associativos e sindicais fundados numa

sociedade industrial cuja lógica estruturou-se a partir da formação da sociedade salarial que se constituía como a principal

força produtiva do processo do desenvolvimento econômico do capitalismo monopolista.

Page 35: TCC-Desastres Ambientais,Morro do Bumba em Niterói

 

    

 

2.3. ANÁLISE SOBRE A PERCEPÇÃO COLETIVADAS FAMÍLIA DESLOCADAS E O

SERVIÇO SOCIAL

A elaboração para diagnosticar a real situação dos atingidos pelo desastre ambiental da

Comunidade do morro do Bumba, foi realizada através de entrevista com uma família

abrigada no Quartel do Exército do III BI em Venda da Cruz, São Gonçalo, cujos dados

serviram de base para interpretação sobre os elementos que são importantes para o

entendimento científico, acerca deste fenômeno social que vem crescendo no mundo

globalizado. Procurou-se entrevistar jovem senhora de 25 anos, solteira, sem marido e

com dois filhos menores de 9 e 5 anos de idade. Além dos filhos L.F mora com sua mãe

que na ocasião das chuvas em Niterói, teria saído com o seu filho mais velho de 9 anos

para ir a igreja e a filha L..F. teria ficado em casa com o seu filho menor. A mesma narrou

que a casa onde morava no Morro do Bumba era muito simples, não tinha água encanada

devido uma rachadura na caixa d’água, utilizava luz elétrica; só não havia esgoto e sim

uma fossa que ficava ao lado de fora da casa.

Como a casa se localizava na parte baixa do morro, por volta das vinte e duas horas L.F.

aguardava o retorno de sua mãe e seu filho; estava chovendo e logo escutou-se um

estrondo muito forte, e ao sair viu descer parte do morro acima de sua casa com muita

lama. Sua casa ficou coberta pelo entulho das outras casas que desceram. Sem ter para

onde ir com a chegada da mãe e do filho,dormiram em casa de amigos e posteriormente

foram encaminhados para uma escola próxima e depois transferida para o quartel, aonde

vive aguardando receber o imóvel prometido pelo governo municipal. Como não se obteve

autorização para tirar fotos no interior do abrigo do III BI do Exército, em Venda da Cruz-

SG, foi utilizado fotos da web, ilustrando o local onde hoje ainda há várias famílias e

pessoas sozinhas, aguardando uma solução da Prefeitura.O município mais atingido pela

tragédia foi Niterói, mas há também desabrigados de outros bairros próximos ao centro da

cidade, cuja ocorrência foi por volta das 21hs, do dia 06/04/2010 na Comunidade Morro do

Bumba no bairro de Viçoso Jardim. O acidente deixou aproximadamente 50 casas

soterradas com aproximadamente 200 mortos. Segundo o subsecretário da Defesa Civil,

P. M., a Comunidade do Morro do Bumba foi construída em cima de uma montanha de lixo

que se acumulou por décadas, o que fez com que todo o terreno seja extremamente

instável e, portanto, condenado para moradia.

Page 36: TCC-Desastres Ambientais,Morro do Bumba em Niterói

 

    

 

De acordo com relato dos desabrigados o abrigo aonde se encontram está sendo usado

como uma fábrica de delinquentes nas palavras de LR. Esta moradora cita que a Prefeitura

de Niterói optou por levar os desabrigados para o 3º.Batalhão de Infantaria do Exército

(3º.BI), em São Gonçalo, cidade que fica cerca de 15km de onde eles viviam e segundo a

Prefeitura, 303 pessoas continuam no abrigo. Um dos graves problemas dessas famílias é

que não é apenas o local onde vivem que mudou, mas também os vizinhos, a volta a

escola, o hospital municipal - que não aceita moradores de outra cidade – ou o emprego

que ficou longe, tornando mais caros os custos com transporte.

A Sra. A.M, de 38 anos, mãe de uma criança de 2 anos e 9 meses a qual ainda não tinha

nascido quando a família entrou no abrigo, diz: “Vim para cá com três meses de gestação,

quando a chuva acabou com a minha casa”. Ela morava no bairro do Viradouro em Niterói,

e é uma das pessoas que ainda tentam reformular a vida em um lugar desconhecido. “Não

conseguia usar o posto médico porque não aceitavam o nosso endereço, só agora é que

estão aceitando. Minha vida é toda em Santa Rosa onde trabalho, para ir para lá tenho que

gastar duas conduções, o que só utilizava uma condução antes do desastre”, explicou a

artesã.De acordo com o relato de moradores sobreviventes:

“A Prefeitura nunca apareceu para nos dar satisfação nenhuma se está construindo

casa, quando que a gente vai sair daqui, em quanto tempo, nada. Tudo o que a

gente sabe é através do jornal, da televisão, da revista. Só mandaram assistente

social uma única vez. Ela conversou em grupo, disse que ia voltar, mas nunca mais

voltou. Até hoje a gente não sabe quem vai morar nos 180 apartamentos”

(depoimentos de uma desabrigada SRA.A.M.)

________________________ (7.1)No contexto da história política contemporânea, o pós - segunda guerra mundial configurou a bipolarização do mundo

em duas tendências político–econômicas antagônicas, representadas por suas potências: Estados Unidos da América, em

sua hegemonia capitalista e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, representando o viés socialista. Tendo como

meta a ampliação de seu domínio Estados Unidos passaram a adotar políticas de “ajuda econômica” ostensiva na conquista

dos mercados e garantias militares junto aos países de capitalismo periférico, em especial no Brasil.Conforme SPOSATI

(2006), a presença de formas laicas no campo da assistência social no Brasil deu-se no pós – república, tendo em vista a

separação oficial entre o estado e a igreja.

Page 37: TCC-Desastres Ambientais,Morro do Bumba em Niterói

 

    

 

Nas condições em que vivem os desabrigados é importante o papel do Serviço Social que

no primeiro momento depois da tragédia advinda com as fortes chuvas, esteve presente

através dos profissionais Assistentes Sociais para uma primeira avaliação, orientando as

vítimas sobreviventes, atuando de forma focalizada, cumprindo uma formalização pontual,

através da Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos que assumiu o

compromisso com as famílias que foram vítimas de tragédias climáticas, como a que

aconteceu no Morro do Bumba, em 2010, e na Região Serrana, em janeiro do ano

passado. O Serviço Social se insere como uma profissão situada na reprodução das

relações sociais, enfrentando também o desafio de ser um trabalhador nas fileiras do

mercado de trabalho e exerce ambiguamente sua trajetória;

“No momento de sua emergência, o Serviço Social atuava nas políticas

sociais com funções meramente executivas, também chamadas de funções

terminais [...] o Assistente Social não é um profissional “neutro” Sua prática

se realiza no marco das relações de poder e de forças sociais da sociedade

capitalista- relações essas que são contraditórias (Toniolo, 2008,p.120-

121).

A dificuldade na inserção do (8)Serviço Social com intervenções no campo dos desastres

ambientais é ainda muito recente e quase não há registros de intervenções para minorar o

sofrimento da população atingida, já que os mesmos ao final são removidos para abrigos

públicos inserindo os Assistentes Sociais em uma lógica positivista, ao realizar

intervenções baseado em perguntas pontuais e cadastramento desta da população que

nenhum benefício trará para os desabrigados, caracterizando uma correlação de forças

antagônicas; (8.1)que de acordo com Sposati;

_________________________ (8.1) Analisar a especificidade/particularidade da política de assistência social no Brasil significa:entender que estamos

tratando de um objeto sócio-histórico,econômica e geograficamente situado, e que,portanto se está tratando de uma dada

relação de forças sociais, econômicas e políticas que, no caso, constrói o formato do regime brasileiro de assistência social.

Essa relação de forças é conjunturalmente mutável a partir da relação democrática entre sociedade, mercado, governo,

estado, executivo, legislativo, judiciário. É importante ter presente que, embora a execução da política social esteja a cargo

do executivo, seu alcance sob o regime democrático depende do Legislativo , pela construção de normas e aprovação

orçamentária -, bem como do Judiciário, pelo ritmo que imprime, e opera, a processualidade jurídica, em defesa dos direitos

dos cidadãos. Pratica o reducionismo aquele que analisa a política social tão só a partir do executivo. É o poder Legislativo

que torna a política “ de Estado” quando a reconhece como lei duradoura e contínua. É por sua vez o Poder Judiciário que a

confirma como direito de cidadania ao reconhecer a violação de direitos do cidadão ou a omissão do Estado em sua prática.

Sem esses trânsitos, !morreremos na praia” do discurso, sem efetividade para o cidadão que quer ter certeza da atenção

social e de sua cidadania reconhecida (SPOSATI2007,p.43).

Page 38: TCC-Desastres Ambientais,Morro do Bumba em Niterói

 

    

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

As causas dos desastres ambientais com vítimas e deslocamentos

populacionais, têm origem na explosão urbana na ausência de políticas de habitação

planejada, afetando sensivelmente a formação das cidades com impactos sociais. À

ausência de planejamento urbano para atender a classe trabalhadora de baixa renda,

origina desequilíbrio, já que esta população irá ocupar áreas de risco para poder morar.A

falta de políticas de habitação popular, os excluí do processo de Políticas Públicas, leva

as cidades a reproduzir a desigualdade social. Estudos realizados pela ONU indicam

que, no ano de 2020 a América Latina vai atingir em torno de 90% da população, que

estará concentrada nos centros urbanos, cabendo aos países do terceiro mundo, uma

grande parcela deste aumento. Diante desta perspectiva será necessário que as

autoridades dos países em desenvolvimento iniciem medidas rápidas e estratégicas para

diminuir as precárias condições de ocupação habitacional, atualmente existentes nos

centros urbanos, entre estas a cidade de Niterói,

Os problemas mais críticos existentes no município de Niterói se encontram nas áreas

periféricas dos bairros, afetando também o centro da cidade com crescimento da

população no entorno da cidade, das comunidades de favelas que crescem, o que

evidencia o desinteresse do poder público local e a invisibilidade da classe trabalhadora

dos direitos a Políticas Públicas de Habitação. Diante deste quadro a Comunidade do

Morro do Bumba e o bairro de Viçoso Jardim. Foram mantidos alijados do desenvolvimento

sócio urbano; assim como as demais comunidades existentes em áreas de risco na cidade.

Algumas reformas urbanísticas têm se dado nos bairros considerados de prioridade

econômica, para via de acesso ao centro da cidade como ás áreas litorâneas de Itaipu,

Camboinhas, Piratininga, Itacoatiara, Icaraí, São Francisco, consideradas de interesse

turístico e que, portanto, “merecem” segundo o olhar do poder público local, mais

investimentos em detrimento da atenção á população que está nas ocupações do entorno,

que cresce e fazem parte da cidade.

Sem nenhuma infra-estrutura capaz de absorver o fluxo de pessoas que chegam à cidade

para residir, tem se dado o crescimento desordenado de ocupações das áreas ambiental,

que da noite para o dia surgem, no entorno de áreas da Mata Atlântica e preservação

ambiental ,não só das construções precárias, mas também por Condomínios de Alto

Padrão que se instalam nas encostas com vista panorâmica. São empreendimentos que

surgem para determinadas classes sociais e de alta renda, que pelo contrário não sofrem

desapropriações. Cabe ao Poder Público local realizar o respectivo cadastramento das

Page 39: TCC-Desastres Ambientais,Morro do Bumba em Niterói

 

    

 

áreas públicas e privadas existentes na cidade, servindo de base para a inclusão no Plano

Urbanístico da cidade, para atualização e reforma ampla, de elaboração de Programa

habitacional para vítimas de enchentes e tragédias ambiental na cidade de Niterói

evitando-se os impactos ambientais. Esta é gerada pela especulação imobiliária e de

construção civil, impulsionando que a Classe trabalhadora recorra á construção em áreas

de risco. Esta situação se agrava na medida em que não avançam a elaboração de uma

Política Pública de Habitação, para população desabrigada por tragédias ambientais, como

da Comunidade do Morro do Bumba, que aguardam a liberação de terrenos, quando

serão beneficiados segundo a “politica de governo” com o PAR (Programa de

Arrendamento Residencial).

O PAR beneficia famílias que recebem uma renda familiar de até dois mil e

oitocentos reais. É um Programa de arrendamento residencial cujo morador paga durante

quinze anos em forma de aluguel, para poder ser proprietário do imóvel ao final. Uma

realidade de renda muito aquém da Classe Trabalhadora das comunidades e bairros

pobres. Estes,recebem um salário mínimo e muitas das vezes para manter sua família,

ficando impossibilitados de participar das políticas habitacionais. Este quadro demanda

um esforço maior do Poder Público para rever a renda exigida para que o trabalhador

possa ter a sua casa própria dentro das suas possibilidades salariais e não a imposição

de uma renda superior aos seus ganhos. As iniciativas do governo devem construir

mecanismos de concessão de uso de posse da Terra, com acompanhamento do Poder

Público local, para criação de um modelo de construção habitacional, com infra-estrutura

de urbanização e de desenvolvimento social.; evitando-se á especulação imobiliária,

orientando a construção da casa própria pelo morador e fomento do financiamento de

moradias de baixa renda em terras ocupadas, sem intervenção do capital especulativo,

lançando mão da Lei nº 10.257 de 10 de julho de 2001, que regulariza a Política Urbana

através do Estatuto da Cidade, em sua Seção V- art 9º. e 12º. Devem ser incluídas

iniciativas de contextualização, com propostas de Política Habitacional para a Classe

Trabalhadora de baixa renda, no Plano Urbanístico da cidade, o cumprimento austero do

código de postura municipal de Niterói, a definição de planos de uso do solo,

descentralização espacial das atividades terciárias. Passados séculos da colonização,

ainda se mantém os privilégios dados pela Administração Pública local às grandes

empreiteiras do setor privado da construção civil e imobiliária na cidade. Os interesses

especulativos do capital imobiliário e construção de imóveis para classes privilegiadas

acentuaram as profundas diferenças sociais existentes na cidade, uma característica em

todo o Brasil e que portanto precisa ser combatido.

Page 40: TCC-Desastres Ambientais,Morro do Bumba em Niterói

 

    

 

Tudo isso tem levado a uma deterioração das condições de vida urbana no município de

Niterói, em pleno século XXI.Podendo se concluir através de análise social que

Comunidades como a do Morro do Bumba existem milhares espalhadas por este país,

onde se amontoam várias pessoas em espaços ínfimos, definindo uma altíssima

densidade demográfica. É comum três ou mais famílias morarem no mesmo espaço de

uma residência.Portanto essa realidade pode ser minimizada com esforço e vontade

política dos poderes constituídos, em torno de uma grande ação planejada a curto, médio

e longo prazo em que o centro dos esforços estejam voltados para a conquista dos

direitos coletivos, da educação, saúde e moradia, garantia do direito universal, instituído

na Carta Magna de 1988, para a sociedade e a classe trabalhadora. Somente esses

esforços serão capazes, de promover a transformação do atual sistema no sentido

político, social, e educacional .

Page 41: TCC-Desastres Ambientais,Morro do Bumba em Niterói

 

    

 

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http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/casas+vazias+superam+deficit+habitacional+indica+censo/n

1237862757342.htm 

http://www.nitvista.com/index_frame.php?url=%2Fbbairmap.php

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ANEXOS:

Figura 1: Foto BBC Brasil de acordo com o gráfico os motivos do desastre ambiental

foram:1- FATORES GEOGRÁFICOS; 2- FATORES CLIMÁTICOS; 3 – RECORDE DE

CHUVAS; 4 – SOLO ENCHARCADO.

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Figura 2: Registro das casas sobre o lixão, antes da tragédia das chuvas.

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Figura 3:

Registro após o desastre das chuvas.

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Figura 4:

Registro de outro ângulo da região atingida pelo desastre das chuvas.

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/

Figura 5: Portão de Acesso do Quartel III BI.

Publicado em 05/11/2011

Crianças abrigadas no quartel impossibilitadas de sair, passam os dias ociosas. Muitas

ficaram órfãs de seus pais.

Na ilustração seguinte procurei pesquisar á questão da mulher abrigada e seus

filhos atingida pelo desastre ambiental que se abateu sobre Niterói, registrando na análise

a situação de centenas de mulheres que perderam o emprego por não ter com quem deixar

seus filhos.

"http://www.anovademocracia.com.br/no‐68/2938‐deslizamentos" 

http://www.anovademocracia.com.br/no-68/2938-deslizamentos

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Figura 6. Portal G1-

Disponível em:Abrigo está sendo uma fábrica de delinquentes"

P.V. desabrigada.

O pequeno J. estava na barriga da mãe durante as chuvas e nasceu no abrigo onde vive

até hoje. A dona de casa P.V. voltava de uma entrevista de emprego, quandofalou ao G1,

na porta do abrigo de São Gonçalo, III BI do Exército. “ Não vou poder pegar a vaga em

Niterói, porque não tenho com quem deixar meus filhos. Morava em Santa Rosa, deixava

com vizinhos. Agora está longe de onde morava e não pode mais trabalhar. Está

decepcionada com o abrigo que tem causado a transformação de muitas pessoas, que

passaram á se prostituir e usar drogas.

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Figura 7: Para a dona de casa Lúcia Regina, o abrigo provocou

a perda da autoestima das pessoas

(Foto: Carolina Lauriano / G1)

Fábricadedelinquentes

Bem informada e sensata, a dona de casa L. R. S. P., de 50 anos, também vive no abrigo,

com a avó, um neto e dois filhos. A casa dela, atingida pela enchente, ficava no bairro

Fonseca. L. aborda uma questão pouco falada entre as vítimas das chuvas.

"Aqui tem gente que perdeu a autoestima, se perdeu. Pessoas que perderam sua

identidade, pessoas que tinham uma estrutura emocional que já não têm mais. Eu acho

que eles (governantes) estão mais usando a gente para se promover, para em um

momento de eleição, campanha, dizer "eu fiz isso" "eu fiz aquilo". Nós não somos cobaias,

nós queremos respeito e dignidade. Me trate como um ser humano, não como bicho. Aqui

as pessoas estão com a mente vazia, a vida ficou parada, estão sem certeza, perdeu o

seu lar. Acho que o abrigo está sendo uma fábrica de delinquentes. Eles (governantes)

estão facilitando. Se já tivessem dado as casas, muita coisa não estaria acontecendo",

disse L.

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Figura 8: Mulher abrigada com seus filhos abrigada em quartel militar

Do 3º BI- Batalhão de Infantaria de SG.

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Figura9. Conjunto de apartamentos do PAR-Programa de Arrendamento

Residencial, para os sobreviventes do Morro do Bumba em Niterói, 180

Unidades em Várzea das Moças.

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Figura 10: Teatro Popular de Niterói obra de Oscar Niemayer, sem acesso á

população.

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Figura 11: Construção deTorre Panorâmica e Restaurante construído em Niterói,

mais um empreendimento imobiliário para classe média alta.

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Figura 12:

Ponte Presidente Costa e Silva ( Rio – Niterói). Inaugurada em 4 de março de 1974, pelo

então Presidente Médici foi um marco do desenvolvimentismo no governo

da ditadura militar.

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