procurei estudar o máximo que podia, o ano todo. - etapa como foi morar sozinho em são paulo no...

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Quando você escolheu Engenharia Aeronáutica como carreira? Eu gostava muito de aviação e desde os 13, 14 anos queria esse tipo de carreira. Também gostava muito de Engenharia. Quando o ITA apareceu como meta? Ouvi comentários sobre o ITA, decidi pesquisar um pouco melhor e me interessei. Quando me formei no Ensino Médio, em 2007, viajei de ônibus de Porto Velho a São José dos Campos e prestei vestibular. Eu achava que não ia dar conta de passar, mas decidi que iria tentar quantas vezes fosse possível. Em 2008 estudei por conta própria em Rondônia, prestei de novo em São José dos Campos e senti que tinha melhorado. Então você resolveu se preparar em São Paulo. Como chegou ao Etapa? Ouvi muitas pessoas falarem bem do Etapa. Decidi conhecer e gostei. Então procurei um lugar para morar perto do cursinho, numa pensão, e me matriculei. Você já conhecia a cidade de São Paulo? Só tinha vindo aqui quando era pequeno. Mas conheci mesmo em 2007, quando fiz a primeira prova em São José e depois vim passear aqui. Como foi morar sozinho em São Paulo no ano passado? Valeu a pena ter morado um ano em São Paulo. Foi a primeira vez que saí de Porto Velho para morar sozinho. Tive algumas dificuldades por ficar longe da família, mas era até bom para eu ir me acostumando, caso passasse no ITA. Além do ITA, você prestou outros vestibulares? Prestei Fuvest, também para Engenharia Aeronáutica, na USP de São Carlos. Passei para a 2ª fase, mas não fui fazer porque já tinha passado no ITA e estava em Porto Velho. Ao entrar no cursinho, no ano passado, você estava confiante? Eu cheguei um pouco confiante, mesmo assim achava que ia ser bem difícil passar. Por isso procurei estudar o máximo que podia, o ano todo. Mas também descansava. Descansar era importante. Ao longo do ano você manteve a confiança? Houve bastante variação. Tinha dia em que eu me sentia muito confiante e tinha dia em que achava que era difícil demais. Mas não parava de estudar. Como era seu método de estudo? Eu fazia o curso de Imersão Total para o ITA. Ficava aqui de manhã nas aulas e à tarde, além das aulas, fazia os simulados – toda segunda-feira – ou revia os que tinha feito. Estudava as provas antigas também. Normalmente, eu ficava até umas 8, 9 horas da noite na Sala de Estudos. Você pegava a matéria do dia? Depois das aulas eu pegava as matérias em que tinha mais dificuldade. Mas me orientava mesmo pelos simulados. Para mim, era a parte mais importante. Por que você dava tanta importância aos simulados? Porque eu queria praticar mesmo, me preparar melhor para as questões do vestibular. Quanto mais eu fizesse, melhor. Com tempo cronometrado, melhor ainda. Os simulados eram um pouco mais difíceis que as provas do ITA e isso ajudava bastante. Quais eram suas notas nos simulados? Variavam. Em alguns simulados, eu ficava entre os primeiros, mas em Português eu nunca fui muito bem. Você achava que suas notas correspondiam ao que você sabia? Às vezes tinha a impressão de que dava para tirar mais. Em que matérias você tinha mais dificuldades? Em Física. E também com Redação. Mas eu gostava de todas as matérias – até mesmo Português. Que matérias você aproveitou melhor? Matemática e Química. Aprendi muito no cursinho. Acho que isso me ajudou muito. Com que frequência você fazia redação? Uma a cada duas semanas. Eu não gostava muito de escrever, era meio preguiçoso nisso, mas fazia porque sabia que precisava. Nas matérias que não entram no vestibular do ITA, como Geografia e História, como você estava? O meu foco era mesmo o ITA e então não me dediquei a essas matérias. Mas não havia também a Fuvest no fim do ano? Eu preferi arriscar tudo no ITA. Foi essa a minha opção. Eu queria fazer Engenharia Aeronáutica no ITA. Só no meio do ano eu decidi fazer a USP também.

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Quando você escolheu Engenharia Aeronáutica

como carreira?

Eu gostava muito de aviação e desde os 13, 14 anosqueria esse tipo de carreira. Também gostavamuito de Engenharia.

Quando o ITA apareceu como meta?

Ouvi comentários sobre o ITA, decidi pesquisarum pouco melhor e me interessei. Quando meformei no Ensino Médio, em 2007, viajei deônibus de Porto Velho a São José dos Campos eprestei vestibular. Eu achava que não ia dar contade passar, mas decidi que iria tentar quantas vezesfosse possível. Em 2008 estudei por conta própriaem Rondônia, prestei de novo em São José dosCampos e senti que tinha melhorado.

Então você resolveu se preparar em São Paulo.

Como chegou ao Etapa?

Ouvi muitas pessoas falarem bem do Etapa.Decidi conhecer e gostei. Então procurei um lugarpara morar perto do cursinho, numa pensão, e mematriculei.

Você já conhecia a cidade de São Paulo?

Só tinha vindo aqui quando era pequeno. Masconheci mesmo em 2007, quando fiz a primeiraprova em São José e depois vim passear aqui.

Como foi morar sozinho em São Paulo no ano

passado?

Valeu a pena ter morado um ano em São Paulo.Foi a primeira vez que saí de Porto Velho paramorar sozinho. Tive algumas dificuldades por ficarlonge da família, mas era até bom para eu ir meacostumando, caso passasse no ITA.

Além do ITA, você prestou outros vestibulares?

Prestei Fuvest, também para EngenhariaAeronáutica, na USP de São Carlos. Passei para a2ª fase, mas não fui fazer porque já tinha passadono ITA e estava em Porto Velho.

Ao entrar no cursinho, no ano passado, você

estava confiante?

Eu cheguei um pouco confiante, mesmo assimachava que ia ser bem difícil passar. Por isso

procurei estudar o máximo que podia, o ano todo.Mas também descansava. Descansar eraimportante.

Ao longo do ano você manteve a confiança?

Houve bastante variação. Tinha dia em que eu mesentia muito confiante e tinha dia em que achavaque era difícil demais. Mas não parava de estudar.

Como era seu método de estudo?

Eu fazia o curso de Imersão Total para o ITA.Ficava aqui de manhã nas aulas e à tarde, alémdas aulas, fazia os simulados – toda segunda-feira– ou revia os que tinha feito. Estudava as provasantigas também. Normalmente, eu ficava até umas8, 9 horas da noite na Sala de Estudos.

Você pegava a matéria do dia?

Depois das aulas eu pegava as matérias em quetinha mais dificuldade. Mas me orientava mesmopelos simulados. Para mim, era a parte maisimportante.

Por que você dava tanta importância aos

simulados?

Porque eu queria praticar mesmo, me prepararmelhor para as questões do vestibular. Quantomais eu fizesse, melhor. Com tempocronometrado, melhor ainda. Os simulados eramum pouco mais difíceis que as provas do ITA eisso ajudava bastante.

Quais eram suas notas nos simulados?

Variavam. Em alguns simulados, eu ficava entre osprimeiros, mas em Português eu nunca fui muitobem.

Você achava que suas notas correspondiam

ao que você sabia?

Às vezes tinha a impressão de que dava para tirarmais.

Em que matérias você tinha mais

dificuldades?

Em Física. E também com Redação. Mas eugostava de todas as matérias – até mesmoPortuguês.

Que matérias você aproveitou melhor?

Matemática e Química. Aprendi muito nocursinho. Acho que isso me ajudou muito.

Com que frequência você fazia redação?

Uma a cada duas semanas. Eu não gostava muitode escrever, era meio preguiçoso nisso, mas faziaporque sabia que precisava.

Nas matérias que não entram no vestibular

do ITA, como Geografia e História, como

você estava?

O meu foco era mesmo o ITA e então não medediquei a essas matérias.

Mas não havia também a Fuvest no fim do

ano?

Eu preferi arriscar tudo no ITA. Foi essa a minhaopção. Eu queria fazer Engenharia Aeronáutica noITA. Só no meio do ano eu decidi fazer a USPtambém.

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Quais foram as principais dificuldades que

você enfrentou nesse ano de preparação?

Minha maior dificuldade foi ter disciplina paramanter uma rotina de estudo das 8 h às 20 h,doze horas por dia, no mínimo. Às vezes issocansava muito.

Você estudou das 8 h às 20 h o ano todo?

Nos dias de semana eu costumava fazer essehorário. No sábado, ficava estudando nabiblioteca e, no domingo, eu descansava.

Em que época você ficou mais cansado?

Acho que foi por volta de outubro. Dei muito gásno começo do ano, no fim do ano estava cansadode estudar.

Você ia ao Plantão de Dúvidas?

Preferia estudar por conta própria. Quando nãoconseguia fazer um exercício, eu costumava pular,ia fazer outros. Às vezes eu via que se esperasseum pouco e tentasse fazer em outra hora, euconseguia resolver.

O que você fez nas férias?

Eu voltei para Rondônia e descansei nas duassemanas de férias. Mas elas se estenderam umpouco por causa da gripe suína e nesse tempo euvoltei a estudar.

Valeu a pena ter descansado?

Valeu, sim. Voltei com mais gás. Eu funcionavadesse jeito, se descansasse, parecia que rendiamais ao voltar para os estudos. Uma semana antesda prova do ITA eu descansei completamente.

Como você fazia para relaxar?

Só passeava pela cidade. Se tivesse algum eventode que gostasse, eu ia. Às vezes ficava em casa.

Você teve de abrir mão de alguma atividade

para se preparar para os vestibulares?

Eu tocava teclado, tinha até uma banda emRondônia. Trouxe o teclado para São Paulo, nocomeço do ano até tocava de vez em quando,mas no fim do ano parei completamente.

Você achava que tinha mais chances no ITA

ou na Fuvest?

Não sei dizer. Entrar no ITA é mais difícil. Tinhacerteza de dar conta das matérias de Exatas naFuvest, mas, como não me dediquei às matériasde Humanas, isso fez com que o nível dedificuldade ficasse semelhante para mim.

Vamos falar do seu desempenho no ITA. São

quatro dias de prova. A primeira prova é

Física. Como foi?

Para mim foi bem difícil. Fiquei nervoso e não fuitão bem. Sabia que ainda tinha chance, mas nãoestava confiante.

No segundo dia é Inglês e Português. Tem

Redação também. Melhorou sua confiança?

Não fui muito bem, mas foi mais tranquilo. Acheique tinha ido razoável na Redação. Tenho certezaabsoluta de que as aulas de Redação que tive noEtapa ajudaram muito.

No terceiro dia, Matemática foi como você

queria?

Matemática foi uma prova que me animou bastante.Consegui fazer bem feita e saí satisfeito da sala.

A última prova era Química, muitas vezes

difícil. Como foi para você?

Fui bem em Química também. Não foi difícil.

Ao terminarem as provas, como você avaliava

as possibilidades de aprovação?

Em cada prova eu anotava o gabarito, semconferir. A última prova foi no dia 18 dedezembro. Fui passear na praia com amigos do

Etapa e no dia 20 voltei para Porto Velho. No dia25, no Natal, fui conferir os gabaritos. Pelos meuscálculos, tinha acertado 67,5% da parte objetiva.A discursiva, não tinha como saber, mas achavaque tinha ido melhor nas escritas do que nostestes. Ainda assim não acreditava que ia passar.Fui logo marcando passagem de Porto Velho paraSão Paulo, para a 2ª fase da Fuvest.

Quantos pontos você fez na 1ª fase da Fuvest,

com tanta matéria que você não havia

incluído nos seus estudos?

Fiz 72 pontos e foi uma grande surpresa.

Como ficou sabendo da aprovação no ITA?

Antes do fim do ano, às 6 e meia da manhã meligaram no celular e disseram que eu tinhapassado. Acordei minha mãe e fui atrás de umalan house para entrar na internet, porque nãoestava acreditando. Porto Velho, cidade pequena,7 da manhã, fiquei procurando uma lan house enão achei. Aí fui à casa da minha tia, disse quetinha recebido uma ligação e a pessoa falou queeu tinha passado no ITA. Ninguém acreditou.Nem eu estava acreditando direito. Tinhacolocado na minha cabeça que era meioimpossível passar.

Quando entrou na internet e confirmou seu

nome no ITA, o que você sentiu?

Fiquei muito feliz, mas ainda estava surpreso. Nãoesperava. Fui comemorar. A galera toda estavafeliz por mim. E, se não passasse nessa terceiratentativa, ia tentar mais um ano.

Como foi no dia da matrícula, chegar no ITA

como calouro?

Foi diferente. Cheguei na rodoviária, peguei umtáxi, o motorista conhecia alunos e já foi contandoalguns casos de lá. No ITA eu encontrei umpessoal que estudava comigo no cursinho, quepassou também, e conheci alguns veteranos. Osprimeiros dias são muito bons. Foi só festa.

Como foi sua adaptação?

Para mim foi tranquilo, bem mais fácil porque eujá estava longe da família. Tem gente no ITA queestá se adaptando só agora.

Como foi o início das aulas?

As aulas não começaram logo, primeiro foi oCPOR [Centro de Preparação de Oficiais daReserva da Aeronáutica].

Fala um pouco sobre o CPOR.

A gente aprende as coisas militares, ordem unida,tem educação física também, que para mim foimuito complicado, porque sempre fui muitoparado para esporte. Queria que o CPOR acabasselogo, mas, depois que acabou, achei que foi muitobom ter passado por tudo aquilo. Foi legal. [Asatividades do CPOR-ITA têm duração média de 10meses. Estendem-se inicialmente por um mêsseguido e depois passam a ser uma vez porsemana.]

Na grade curricular, qual matéria você está

achando mais complicada?

Sem dúvida é MAT-12, que é Análise Real. Serialimite, derivada, integral. Os nomes das matériassão um pouco diferentes. MAT-17 é GeometriaAnalítica: a gente aprende vetores. É tudo assim,é o código deles. Tem também CES-10, que écomputação: aprende-se a programarlinguagem C. Para mim é tranquilo, aprendi aprogramar quando era mais novo.

As aulas são em período integral?

De manhã sempre tem aula. À tarde tem CPOR nasegunda-feira e aulas de laboratório de Química eComputação na terça e na quinta-feira. Na quartae na sexta-feira eu tenho a tarde livre.

Você acha que tem algum segredo para

entrar no ITA?

Segredo não tem, entra quem estuda bastante. Oimportante é a pessoa conhecer a prova, estudaras provas anteriores. Se você se acostumar a isso,fica mais tranquilo.

Do que você mais gostou no ITA até agora?

Estou gostando de morar junto com outros alunos.São seis pessoas por apartamento. Eu moro comtrês alunos que vieram de Mato Grosso, Fortalezae Rio de Janeiro, e dois que são de São José dosCampos. Esses ficam lá durante a semana.

Mais algum destaque?

A estrutura do ITA é muito boa, estou tendobastante incentivo. Estou estudando para ser pilotode planador. Parece que o ITA está cedendo bolsa,estou procurando isso. Também estou fazendoparte de algumas iniciativas, por exemplo, aerodesign,que é uma competição de aeromodelos queocorre em outubro, entre várias faculdades. Aideia é a equipe de cada faculdade projetar umavião.

Hoje, qual é sua maior motivação na área da

Engenharia Aeronáutica?

Na área de Engenharia Aeronáutica o Brasil estámuito bem. Tem a Embraer, que no setor é aterceira maior empresa do mundo e é líder nosegmento em que trabalha. Eu tenho ideia deprojetar, trabalhar com aviões.

Como você avalia o ano passado, sua

preparação e o sucesso no vestibular?

Na época eu dizia que estava difícil, complicado enão sabia se iria passar. Depois a gente acabadizendo que foi fácil, que não era tão difícilquanto parecia.

O que mudou para você desde que veio para

São Paulo e entrou no cursinho?

Mudei bastante, mudou a minha vida. Em 2009 euestava morando em São Paulo, este ano mudeipara São José, uma cidade menor, mais segura. NoITA, como é um lugar fechado, posso sair às 2,3 horas da madrugada sem nenhum perigo. Alémdisso, o estilo de vida que tenho lá é bemdiferente. Tenho um pouco mais de tempo parame dedicar a meus hobbies.

Como você se lembra de seu tempo no

cursinho?

As aulas do cursinho eram bem divertidas,descontraídas. Aqui os alunos se ajudam. No meuano todo mundo se ajudava, não tinha essa de queum podia tomar a vaga do outro.

O que você diria a quem vai prestar

vestibular para o ITA este ano?

Acho que sabendo como estudar, pegando asprovas antigas, dando bastante valor às aulas e aossimulados, não é tão difícil assim passar. É precisose dedicar, saber o que quer e ir em frente.