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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo VANESSA RIBEIRO URBANO PROCESSOS OXIDATIVOS AVANÇADOS APLICADOS À DEGRADAÇÃO DE SULFAQUINOXALINA: PRODUTOS DE DEGRADAÇÃO E TOXICIDADE CAMPINAS 2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo

VANESSA RIBEIRO URBANO

PROCESSOS OXIDATIVOS AVANÇADOS

APLICADOS À DEGRADAÇÃO DE

SULFAQUINOXALINA: PRODUTOS DE

DEGRADAÇÃO E TOXICIDADE

CAMPINAS

2017

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VANESSA RIBEIRO URBANO

PROCESSOS OXIDATIVOS AVANÇADOS

APLICADOS À DEGRADAÇÃO DE

SULFAQUINOXALINA: PRODUTOS DE

DEGRADAÇÃO E TOXICIDADE

Tese de Doutorado apresentada à Faculdade

de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo

da Unicamp, para obtenção do título de

Doutora em Engenharia Civil, na área de

Saneamento e Ambiente.

Orientador(a): Prof. Dr. José Roberto Guimarães

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA TESE

DEFENDIDA PELA ALUNA VANESSA RIBEIRO URBANO E

ORIENTADA PELO PROF. DR. JOSÉ ROBERTO GUIMARÃES.

ASSINATURA DO ORIENTADOR)

_____________________________________________________

CAMPINAS

2017

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FICHA CATALOGRÁFICA

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E

URBANISMO

PROCESSOS OXIDATIVOS AVANÇADOS APLICADOS À DEGRADAÇÃO DA SULFAQUINOXALINA: PRODUTOS DE

DEGRADAÇÃO E TOXICIDADE

Vanessa Ribeiro Urbano

Tese de Doutorado aprovada pela Banca Examinadora, constituída por:

Prof. Dr. José Roberto Guimarães Presidente e Orientador/Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo -

UNICAMP

Prof. Dr. Ricardo de Lima Isaac Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo - UNICAMP

Profa. Dra. Carla Sirtori Universidade Federal do Rio Grande Do Sul

Prof. Dr. Renato Falcão Dantas Faculdade de Tecnologia - UNICAMP

Prof. Dr. Héctor Daniel Mansilla González Universidad de Concepción

A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno.

Campinas, 10 de março de 2017

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AGRADECIMENTOS

Ao longo desses quatro anos, muita coisa aconteceu, foram momentos bons, momentos mais

complicados e tensos e felizmente os momentos de alegria, conquistas e descontração foram os

que se destacaram. Termino essa etapa da minha carreira profissional com muito a agradecer,

boas lembranças para levar comigo e com muito carinho por todos que me acompanharam e me

apoiaram durante este tempo.

Começo agradecendo ao Prof. Dr. José Roberto Guimarães, que me deu a oportunidade de

ingressar no programa de pós-graduação, aceitou me orientar e me deu seu voto de confiança.

Agradeço muito o aprendizado que você me proporcionou, a oportunidade de uma experiência

internacional que você incentivou e pelo meu amadurecimento profissional e pessoal, que

mesmo de forma indireta você colaborou.

Agradeço à Drª. Milena Guedes Maniero, que me recebeu de braços abertos no grupo de

pesquisa, que sempre teve paciência para tirar minhas dúvidas mesmo quando elas se repetiam

inúmeras vezes, por conversar comigo sempre francamente e principalmente por saber me

ouvir. Obrigada pelo apoio às minhas decisões e por sempre me ajudar a seguir em frente nos

momentos de dificuldade. Você é uma amiga muito especial.

A la Prof.ª Drª. Montserrat Pérez-Moya, me gustaría mucho agradecerte por la gran oportunidad

de trabajar contigo. Fueron pocos meses, pero he aprendido mucho, y eso voy a llevar siempre

conmigo. Muchas gracias por recibirme muy bien, por compartir tu familia conmigo mientras

yo estaba lejos de la mia, y especialmente por enseñarme a sonreír en los momentos en que las

cosas no salen como el planeado.

Obrigada à Msª. Marcela Souza Peres, que me ensinou todo o funcionamento do laboratório, os

ensaios que eu não conhecia e pela paciência por fazer tudo isso no momento em que já tinha

praticamente terminado o seu mestrado.

Agradeço ao Dr. Caio Alexandre Augusto Rodrigues da Silva, por pacientemente estudar

Química Ambiental comigo, me passar um pouco de seu conhecimento, e por sempre ter um

McFlurry na manga para os dias turbulentos.

Muito obrigada ao Prof. Dr. Claudinei Fonseca Souza, que me deu apoio para seguir no

doutorado, me fez ver que eu era capaz quando eu duvidei e sempre se faz presente nas minhas

realizações.

Glaucia, Katarina e Thaís, muito obrigada pela amizade verdadeira, pelo apoio e pelos

momentos de descontração.

Jorge, Mery, Perla, y Raquel, muchas gracias por la amistad de ustedes, por enseñarme la lengua

española y por ser como mi familia en Barcelona.

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Agradeço aos amigos do Grupo de pesquisa em Processos Oxidativos Avançados: Fernando,

Gabriela Erbetta, Gabriela Reis, Glenda, Liane, Marlon, Mylena e Wilson. Aprendi muito

durante a convivência com vocês e com certeza levarei um pouco de cada um de vocês comigo.

Aos técnicos passados e atuais do Laboratório de Saneamento (FEC), Daniel, Enelton,

Fernando, Lígia e Thiago. Por sempre se esforçarem para auxiliar os alunos da melhor maneira

e buscar melhorar a estrutura do laboratório.

Ao Eduardo e toda equipe da secretaria de pós-graduação da FEC, muito obrigada por toda a

ajuda e pronto atendimento durante esses 4 anos.

Agradeço ao Laboratório Paracelsus (IQ), em especial à técnica Andreza Camilotti por estar

sempre sorrindo e me auxiliar nas dificuldades.

Prof.ª Drª. Anne Hélène Fostier e Susanne Rath, obrigada por sempre estarem abertas à

discussões e disponibilizarem seus respectivos laboratórios e equipamentos.

Às instituições de fomento, muito obrigada pelo apoio financeiro:

• Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES

pela concessão da bolsa de doutorado Demanda Social e do Programa de Doutorado

Sanduíche no Exterior – PDSE (Processo: 10887-14-8).

• Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPQ

Auxílio financeiro: 459078/2014-3; Auxílio financeiro: 479131/2013-9.

• Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP

(Processo: 2013/04656-8); Projeto temático: 2013/09543-7.

Aos membros da banca examinadora: Carla Sirtori, Hector Daniel Mansilla González, Renato

Falcão Dantas e Ricardo de Lima Isaac, muito obrigada por aceitarem o convite para

participarem de um dos momentos mais importantes da minha carreira profissional.

Além dos agradecimentos profissionais, não posso deixar de agradecer ao meu marido Isac, que

foi e é um verdadeiro companheiro para todas as horas, estudou comigo, se privou do sono para

me fazer companhia enquanto eu escrevia algum trabalho, teve paciência e compreensão nos

momentos em que eu mais precisei e foi um dos maiores críticos do meu trabalho. Muito

obrigada por ser a minha melhor companhia.

Muito obrigada mãe, por me apoiar mesmo sem entender bem “o que eu posso fazer tendo

doutorado”, por sempre me incentivar a lutar pelos meus objetivos, por estar sempre presente

em minha vida e fazer o possível para me ver feliz. Amo você e com certeza cheguei até aqui

por você ter me ensinado o caminho a seguir.

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RESUMO

A sulfaquinoxalina (SQX), pertencente à família das sulfonamidas, é um antimicrobiano

sintético e agente bacteriostático aplicado em animais para prevenção da coccidiose e infecções

bacterianas. Possui baixa adsorção em solos e geralmente é encontrada em matrizes aquosas.

Uma vez que as estações convencionais de tratamento de águas não a degradam efetivamente,

este composto vem sendo detectado no ambiente. Os processos oxidativos avançados (POA),

promovem a geração de radicais hidroxila (HO•), e são efetivos na degradação de sulfonamidas.

Nesse trabalho foi avaliada a degradação da SQX (concentração inicial: 500 µg L-1) por

peroxidação (H2O2), fotólise (UV), peroxidação assistida por radiação ultravioleta (UV/H2O2),

ozonização em meio básico (O3/HO-), fotocatálise (UV/TiO2 e UV/TiO2/H2O2), reagente de

Fenton (Fe2+/H2O2/H+) e foto-Fenton (UV/Fe2+/H2O2/H

+). A quantificação da SQX foi feita por

cromatografia líquida de alta eficiência com detector de arranjo de diodos (HPLC-DAD) e os

produtos de degradação foram analisados por cromatografia líquida de alta eficiência acoplada

à espectrometria de massas sequencial (HPLC-MS/MS). Foram realizados ensaios de atividade

antimicrobiana utilizando as bactérias Escherichia coli e Staphylococcus aureus, e de

toxicidade com a bactéria luminescente Vibrio fischeri das soluções que foram submetidas aos

processos de degradação. Na peroxidação, menos de 5% da SQX foi degradada. A fotólise

degradou 58% da SQX após 14 min de reação e as soluções submetidas a esse processo

inibiram, aproximadamente, 8% da luminescência da bactéria Vibrio fischeri. Os POA foram

efetivos na degradação da SQX: 99% da sua concentração inicial foi reduzida em ao menos

uma das condições experimentais testadas. Nos processos UV/TiO2 (TiO2: 20 a 100 mg L-1) e

UV/TiO2/H2O2 (TiO2: 5 e 100 mg L-1 / H2O2: 0,8 mmol L-1) degradou-se mais de 99% da SQX

em 11 min de reação. No processo UV/H2O2 (H2O2: 9 mmol L-1) foram degradados 99,6% da

SQX após 11,4 min de reação. Em todos os valores de pH avaliados na ozonização (3, 7 e 11),

mais de 99% da SQX foi degradada; a demanda de ozônio foi menor em pH 3 e as soluções

tratadas não apresentaram toxicidade residual. A toxicidade das soluções submetidas aos

processos UV/TiO2, UV/TiO2/H2O2, UV/H2O2 e O3/HO- aumentou, chegando a inibir 94% da

luminescência da bactéria Vibrio fischeri no processo UV/TiO2 (TiO2: 5 mg L-1). Os produtos

de degradação da SQX foram classificados como tóxicos e persistentes e suas estruturas

químicas foram propostas. Os processos, reagente de Fenton e foto-Fenton foram avaliados em

dois reatores, escala de laboratório (2 L) e escala piloto (15 L). A eficiência de degradação da

SQX (concentração inicial: 25 mg L-1) foi muito similar entre os reatores, 92% em laboratório

e 95% na escala piloto. Não houve inibição do crescimento das bactérias após submeter as

soluções aos processos reagente de Fenton e foto-Fenton. Em escala de laboratório a presença

ou ausência de luz foi mais significante para a mineralização, e a interação dessa variável com

a concentração de H2O2 foi significante para a degradação da SQX. A concentração de H2O2

foi a variável de maior significância para mineralizar e degradar a SQX em escala piloto.

Palavras-chave: contaminantes de preocupação emergente; fármacos veterinários; Fenton;

fotocatálise; ozonização; sulfonamidas; UV/H2O2.

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ABSTRACT

Sulfaquinoxaline (SQX), which belongs to the sulfonamides’ class, is a synthetic antimicrobial

and bacteriostatic agent used in animals for prevention of coccidiosis and bacterial infections.

Due to its low adsorption on soil, it is usually found in water matrices. Since the conventional

wastewater treatment plants do not degrade it efficiently, this compound has been detected on

the environment. The advanced oxidation processes (AOP), generates hydroxyl radicals (HO•),

and are efficient on sulfonamide’s degradation. This work evaluated the sulfaquinoxaline

degradation (initial concentration: 500 µg L-1) by peroxidation (H2O2), photolysis (UV),

peroxidation assisted by ultraviolet radiation (UV/H2O2), ozonation in basic medium

(O3/HO-), photocatalysis (UV/TiO2, UV/TiO2/H2O2), Fenton’s reagent (Fe2+/H2O2) and photo-

Fenton (UV/Fe2+/H2O2). SQX quantification was performed using high performance liquid

chromatography-diode array detection (HPLC-DAD) and the degradation products were

evaluated by high performance liquid chromatography and tandem mass spectrometry (HPLC-

MS/MS). The solutions submitted to the degradation processes were evaluated according to the

antimicrobial activity using Escherichia coli and Staphylococcus aureus bacteria, and toxicity

using Vibrio fischeri bacterium. The peroxidation process degraded less than 5% SQX. The

photolysis process degraded 58% SQX after 14 min of reaction and the solutions submitted to

this process inhibited approximately 8% of Vibrio fischeri luminescence. The AOPs were

efficient on SQX degradation: 99% of its initial concentration was degraded at least in one of

the experimental conditions tested. At the processes UV/TiO2 (TiO2: 20 to 100 mg L-1) and

UV/TiO2/H2O2 (TiO2: 5 and 100 mg L-1 / H2O2: 0.8 mmol L-1) more than 99% SQX was

degraded after 11 min of reaction. At the process UV/H2O2 (H2O2: 9 mmol L-1) 99.6% of SQX

was degraded after 11.4 min of reaction. For all the pH values evaluated on the ozonation

process (3, 7, and 11), more than 99% SQX was degraded; and the ozone demand was low at

pH 3 value, and the solutions treated did not present residual toxicity. The toxicity of the

solutions submitted to the processes UV/TiO2, UV/TiO2/H2O2, UV/H2O2 and O3/HO- increased,

reaching 94% of luminescence inhibition of Vibrio fischeri bacterium at the process UV/TiO2

(TiO2: 5 mg L-1). The degradation products of SQX were classified as toxic and persistent, and

their chemical structures were proposed. The processes Fenton’s reagent and photo-Fenton

were evaluated in two reactors, laboratory bench (2 L) and pilot scale (15 L). The efficiency of

SQX degradation (initial concentration: 25 mg L-1) was very similar between the reactors, 92%

at laboratory bench and 95% at pilot scale. No inhibition of bacteria growth was after submitting

the solutions to Fenton’s reagent and photo-Fenton processes. At laboratory bench, the presence

or absence of radiation was more significant to mineralization, and the interaction of this

variable with the variable H2O2 concentration, was more significant to the degradation of SQX.

The concentration of H2O2 was the most significant variable to mineralization and degradation

of SQX at pilot scale.

Key-words: contaminants of emerging concern; veterinary drugs; Fenton; photocatalysis;

ozonation; sulfonamides; UV/H2O2.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1: Estrutura química da sulfaquinoxalina. .................................................................. 17 Figura 3.1: Característica antimicrobiana e anfótera das sulfonamidas. .................................. 22

Figura 3.2: Equilíbrio químico da sulfaquinoxalina de acordo com o pH da solução. ............ 23 Figura 3.3: Similaridade da estrutura química das sulfonamidas e do ácido aminobenzóico. . 24 Figura 4.1: Recuperação do analito nos cartuchos Oasis e Varian em pH 3,0 e 5,6. ............... 47 Figura 4.2: Esquema do reator fotoquímico em vidro borossilicato com lâmpada acoplada ao

centro. ....................................................................................................................................... 49

Figura 4.3: Representação do reator fotoquímico utilizado na degradação da sulfaquinoxalina

pelos processos fotocatálise e fotólise. ..................................................................................... 51 Figura 4.4: Coluna de contato utilizada nos ensaios de ozonização da sulfaquinoxalina

conectada ao tubo de vidro contendo iodeto de potássio (KI) para determinação do ozônio na

fase gasosa. ............................................................................................................................... 52 Figura 5.1: Degradação da sulfaquinoxalina pelos processos de fotólise, peroxidação e

peroxidação assistida por radiação ultravioleta, realizados no reator com recirculação. ......... 58 Figura 5.2: Degradação da sulfaquinoxalina por fotólise e fotocatálise no reator sem

recirculação. .............................................................................................................................. 62 Figura 5.3: Degradação da sulfaquinoxalina pelos processos UV/H2O2, UV/TiO2 e

UV/H2O2/TiO2, usando 0,8 mmol L-1 de H2O2. ....................................................................... 64

Figura 5.4: Degradação da sulfaquinoxalina pelo processo de ozonização em diferentes valores

de pH (3, 7 e 11). ...................................................................................................................... 66 Figura 5.5: Ozônio consumido ao longo da ozonização nos três valores de pH avaliados: A) pH

3, B) pH 7 e C) pH 11. ............................................................................................................. 68 Figura 5.6: Toxicidade de soluções de peróxido de hidrogênio na faixa de concentração entre 0

e 9 mmol L-1, utilizando a bactéria Vibrio fischeri como organismo teste. ............................. 69

Figura 5.7: Inibição da luminescência da bactéria marinha Vibrio fischeri devido à toxicidade

das soluções submetidas aos processos de fotólise e peroxidação. .......................................... 70 Figura 5.8: Toxicidade das amostras submetidas à peroxidação assistida por radiação

ultravioleta com A) 0,8 mmol L-1, B) 3 mmol L-1 e C) 9 mmol L-1 de peróxido de hidrogênio.

.................................................................................................................................................. 72 Figura 5.9: Toxicidade das amostras submetidas aos processos de fotólise e fotocatálise,

utilizando a bactéria Vibrio fischeri como organismo teste. .................................................... 73

Figura 5.10: Toxicidade das amostras submetidas ao processo de fotocatálise (5, 50 e 100 mg

L-1 TiO2) combinada à peroxidação (0,8 mmol L-1 H2O2), utilizando a bactéria Vibrio fischeri

como organismo teste. .............................................................................................................. 74 Figura 5.11: Evolução da toxicidade das amostras ozonizadas nos diferentes valores de pH. 75 Figura 5.12: Identificação do produto de degradação com m/z 146 por meio de cromatograma

e espectro de massas obtido a partir da amostra degradada pelo processo de ozonização em pH

7 no tempo de reação de 1 minuto, correspondente à dose aplicada de 5,5 mg O3 L-1. ........... 77

Figura 5.13: Estruturas químicas propostas para alguns dos produtos de degradação formados

(m/z 146, m/z 215, m/z 241 e m/z 363) por meio da degradação da sulfaquinoxalina (m/z 301).

.................................................................................................................................................. 78 Figura 7.1: Representação da distribuição dos controles e das amostras na placa de 96 poços

para ensaio de atividade antimicrobiana com as bactérias Escherichia coli e Staphylococcus

aureus. ...................................................................................................................................... 83 Figura 7.2: Aparato experimental para degradação da sulfaquinoxalina em escala de laboratório

composto por: 1) banho termostático para manutenção da temperatura do reator, 2) lâmpada

300W, 3) sensores de pH e temperatura, 4) reator fotoquímico, 5) agitador magnético e 6)

pHmetro. ................................................................................................................................... 85

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Figura 7.3: Aparato experimental da planta piloto composto por: 1) reator fotoquímico, 2)

reservatório para abastecimento e recirculação da solução no sistema, 3) monitores de vazão e

pH, 4) sensores (pH, condutividade elétrica, e oxigênio dissolvido), 5) bombas para dosagem

de reagentes, 6) torneira para coleta das amostras, e 7) painel de controle manual e energia do

sistema. ..................................................................................................................................... 86 Figura 8.1: Degradação da sulfaquinoxalina pelos processos reagente de Fenton e foto-Fenton

no reator em escala de laboratório. ........................................................................................... 90 Figura 8.2: Mineralização da sulfaquinoxalina (linha contínua) e decaimento da concentração

inicial de peróxido de hidrogênio (linha descontínua) ao longo do tempo de reação. ............. 91 Figura 8.3: Crescimento das bactérias A) Escherichia coli e B) Staphylococcus aureus após a

degradação da sulfaquinoxalina no reator em escala de laboratório. ....................................... 92

Figura 8.4: Degradação da sulfaquinoxalina pelos processos reagente de Fenton (ensaios A, B,

G e H) e foto-Fenton (C, D, E e F) no reator em escala piloto. ................................................ 93

Figura 8.5: Mineralização da sulfaquinoxalina (linhas contínuas) e decaimento da concentração

de peróxido de hidrogênio (linhas descontínuas) ao longo dos tempos de reação no reator em

escala piloto. ............................................................................................................................. 94 Figura 8.6: Inibição do crescimento das bactérias (A) Escherichia coli e (B) Staphylococcus

aureus devido à atividade antimicrobiana das soluções submetidas ao processo reagente de

Fenton e foto-Fenton no reator em escala piloto. ..................................................................... 96 Figura 8.7: Ajuste dos dados experimentais obtidos no reator em escala de laboratório

correspondentes aos pontos centrais do delineamento experimental ao modelo de pseudo-

primeira ordem. A) reagente de Fenton (G, H_178_OFF), e B) foto-Fenton (E, F_178_ON). 98

Figura 8.8: Ajuste dos dados experimentais obtidos no reator em escala piloto correspondentes

aos pontos centrais do delineamento experimental ao modelo de pseudo-primeira ordem. A)

reagente de Fenton (G, H_178_OFF), e B) foto-Fenton (E, F_178_ON). ............................... 99 Figura 8.9: Constante de velocidade de reação (k) em função da conversão máxima (ξmax) nos

processos reagente de Fenton e foto-Fenton, para as escalas laboratório e planta piloto....... 100

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LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1: Características e estrutura química das principais sulfonamidas registradas para uso

no Brasil. ................................................................................................................................... 23 Tabela 3.2: Principais características físico-químicas da sulfaquinoxalina. ............................ 26 Tabela 3.3: Ocorrência de sulfonamidas no meio ambiente (O levantamento detalhado pode ser

consultado no ANEXO A e B). ................................................................................................ 29

Tabela 3.4: Métodos para determinar e quantificar sulfonamidas em matrizes aquosas utilizando

a cromatografia líquida de alta eficiência. ................................................................................ 33 Tabela 4.1: Parâmetros adotados para avaliar a metodologia analítica. ................................... 46 Tabela 4.2: Condições utilizadas no espectrômetro de massas para avaliação dos produtos de

degradação formados. ............................................................................................................... 48

Tabela 4.3: Tempos de ensaio e de irradiação da amostra nos reatores com e sem recirculação

da solução utilizados para degradação da sulfaquinoxalina. .................................................... 50 Tabela 4.4: Concentrações de peróxido de hidrogênio utilizadas na degradação da

sulfaquinoxalina nos processos de peroxidação e UV/H2O2. ................................................... 54 Tabela 5.1: Constantes de velocidade de reação obtidas para os processos de fotocatálise

(UV/TiO2) e fotocatálise combinada ao peróxido de hidrogênio (UV/TiO2/H2O2), utilizando um

modelo de pseudo-primeira ordem ........................................................................................... 65

Tabela 7.1: Condições experimentais para a degradação da sulfaquinoxalina pelos processos de

reagente de Fenton e foto-Fenton. ............................................................................................ 84

Tabela 7.2: Fluxo de fótons recebidos pelas soluções degradadas pelo processo foto-Fenton nos

reatores em escala de laboratório e planta piloto. ..................................................................... 87 Tabela 8.1: Efeito das variáveis do delineamento experimental nos fatores de resposta

avaliados. ................................................................................................................................ 102

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

ATCC American Type Culture Collection

BEH Ethylene Bridged Hybrid

C18 Octadecilsilano

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CAS Chemical Abstracts Service

CE50 Concentração efetiva que causa efeito a 50% dos organismos teste

Cl2 Cloro

ClO2 Dióxido de cloro

CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

COT Carbono Orgânico Total

CPE Contaminantes de Preocupação Emergente

DAD Detector de Arranjo de Fotodiodos

DNA Ácido Desoxirribonucleico

E0 Potencial de oxidação

ESI Ionização por Electrospray

ETE Estação de Tratamento de Esgoto

EUA Estados Unidos da América

Ɛ Absortividade molar

FAPESP Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo

Fe2+/H2O2 Reagente de Fenton

FMQ Flumequina

H2O Água

H2O2 Peróxido de hidrogênio

HCO3 Bicarbonato

HILIC Hydrophilic Interaction Liquid Chromatography

HLB Hydrophilic lipophilic balanced

HO- Ânion hidroxila

HO• Radical hidroxila

HO2- Íon hidroperoxila

HO2• Radical hidroperoxila

HPLC High Performance Liquid Chromatography

hv Energia

k Constante de velocidade de reação

KI Iodeto de potássio

Kow Coeficiente de partição octanol-água

LD Limite de Detecção

LQ Limite de Quantificação

MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

MnO4- Permanganato

MS Mass Spectrometry

NI Não Informado

O2 Oxigênio

O2•- Radical Superóxido

O3 Ozônio

OFX Ofloxacina

PABA Para-Aminobenzoic Acid

PDSE Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior

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pH Potencial hidrogeniônico

pKa Constante isoelétrica

PNCRC Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes

POA Processos Oxidativos Avançados

R• Radical orgânico

RNA Ácido Ribonucleico

RO2• Radical orgânico peróxido

SDZ Sulfadiazina

SMT Sulfametazina

SMX Sulfametoxazol

SMZ Sulfamerazina

SQX Sulfaquinoxalina

TiO2 Dióxido de titânio

UFC Unidades Formadoras de Colônias

UFLC Ultra-Fast Liquid Chromatography

UPLC Ultra Performance Liquid Chromatography

UPLC-MS/MS Ultra-High Performance Liquid Chromatography

UV Radiação Ultravioleta

UV/Fe2+/H2O2 Foto-Fenton

UV/H2O2 Peroxidação assistida por radiação ultravioleta

UV/TiO2 Fotocatálise com dióxido de titânio

UV/TiO2/H2O2 Fotocatálise com dióxido de titânio combinada à peroxidação

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 16

2. OBJETIVOS ................................................................................................................... 20

2.1. Objetivo geral .............................................................................................................. 20

2.2. Objetivos específicos ................................................................................................... 20

3. REVISÃO DA LITERATURA ..................................................................................... 21

3.1. Sulfonamidas ............................................................................................................... 21

3.1.1. Propriedades das sulfonamidas ........................................................................................................... 21 3.1.2. Mecanismo de ação das sulfonamidas ................................................................................................ 24 3.1.3. Sulfaquinoxalina ................................................................................................................................. 25

3.1.3.1. Toxicidade da sulfaquinoxalina ................................................................................................ 27

3.2. Ocorrência de sulfonamidas no ambiente ................................................................ 28

3.2.1. Aspectos legislativos no Brasil ........................................................................................................... 30

3.3. Métodos para detecção e quantificação de fármacos em matrizes aquosas .......... 32

3.3.1. Extração em fase sólida ...................................................................................................................... 32 3.3.2. Cromatografia líquida de alta eficiência ............................................................................................. 33 3.3.3. Espectrometria de massas ................................................................................................................... 34

3.4. Processos de degradação convencionais e oxidativos avançados ........................... 34

3.4.1. Processos convencionais .................................................................................................................... 34 3.4.2. Processos oxidativos avançados ......................................................................................................... 36

3.4.2.1. Fotocatálise heterogênea (UV/TiO2, UV/TiO2/H2O2) ............................................................... 40

3.4.2.2. Ozonização em meio básico (O3/HO-) ...................................................................................... 41

3.4.2.3. Peroxidação assistida por radiação ultravioleta (UV/H2O2) ...................................................... 42

3.4.2.4. Reação de Fenton (Fe2+/H2O2) e foto-Fenton (UV/Fe2+/H2O2) ................................................. 43

CAPÍTULO I: Desenvolvido na Universidade Estadual de Campinas ............................. 45

4. METODOLOGIA ........................................................................................................... 45

4.1. Reagentes ..................................................................................................................... 45

4.2. Metodologia analítica ................................................................................................. 45

4.2.1. Cromatografia líquida de alta eficiência ............................................................................................. 45 4.2.2. Extração em fase sólida ...................................................................................................................... 47 4.2.3. Espectrometria de massas ................................................................................................................... 48

4.3. Ensaios de degradação ............................................................................................... 49

4.3.1. Reator fotoquímico em batelada com recirculação da solução ........................................................... 49 4.3.2. Reator fotoquímico em batelada sem recirculação da solução ........................................................... 50 4.3.3. Coluna de contato para ensaios de ozonização ................................................................................... 51

4.4. Condições experimentais ............................................................................................ 53

4.4.1. Processos de fotólise, peroxidação e UV/H2O2 .................................................................................. 54 4.4.2. Fotocatálise heterogênea (UV/TiO2 e UV/TiO2/H2O2) ....................................................................... 55 4.4.3. Ozonização (O3, O3/HO-) ................................................................................................................... 56

4.5. Avaliação da toxicidade residual das soluções tratadas .......................................... 57

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................... 58

5.1. Ensaios de degradação ............................................................................................... 58

5.1.1. Peroxidação assistida por radiação ultravioleta em reator com recirculação da solução .................... 58 5.1.2. Fotocatálise em reator sem recirculação da solução ........................................................................... 61 5.1.3. Ozonização ......................................................................................................................................... 65

5.2. Toxicidade residual das soluções submetidas aos processos de degradação ......... 69

5.3. Produtos de degradação gerados............................................................................... 76

CAPÍTULO II: Desenvolvido na Universitat Politècnica de Catalunya ........................... 80

6. OBJETIVOS ................................................................................................................... 80

6.1. Objetivos específicos ................................................................................................... 80

7. METODOLOGIA ........................................................................................................... 81

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15

7.1. Reagentes ..................................................................................................................... 81

7.2. Metodologia analítica ................................................................................................. 81

7.2.1. Cromatografia líquida de alta eficiência ............................................................................................. 81 7.2.2. Determinação do carbono orgânico total ............................................................................................ 82 7.2.3. Quantificação do peróxido de hidrogênio residual ............................................................................. 82 7.2.4. Avaliação da atividade antimicrobiana residual ................................................................................. 82

7.3. Delineamento experimental ....................................................................................... 83

7.4. Ensaios de degradação ............................................................................................... 84

7.4.1. Reator fotoquímico em escala de laboratório ..................................................................................... 85 7.4.2. Reator fotoquímico em escala piloto .................................................................................................. 86

7.5. Condições experimentais dos ensaios em escala de laboratório e planta piloto ... 87

8. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................... 89

8.1. Degradação e mineralização da sulfaquinoxalina no reator em escala de

laboratório ............................................................................................................................... 89

8.2. Degradação e mineralização da sulfaquinoxalina no reator em escala piloto ...... 93

8.3. Ajuste dos resultados experimentais a um modelo semi-empírico ........................ 96

8.4. Delineamento experimental ..................................................................................... 101

8.4.1. Fator de resposta: degradação e mineralização da sulfaquinoxalina ................................................ 101 8.4.2. Fator de resposta: atividade antimicrobiana ..................................................................................... 103

9. CONCLUSÕES ............................................................................................................. 104

SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .............................................................. 106

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 107

ANEXOS ............................................................................................................................... 117

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1. INTRODUÇÃO

É indiscutível que nos corpos d’água podem ser encontrados contaminantes das

mais diversas classes: medicamentos de uso humano e veterinário, hormônios, produtos de

cuidados pessoais, agrotóxicos e defensivos agrícolas, entre outros (PETROVIĆ; GONZALEZ;

BARCELÓ, 2003; SAUVÉ; DESROSIERS, 2014). Esses compostos são denominados

contaminantes de preocupação emergente (CPE), e sua ocorrência não se limita a águas

superficiais, mas também em águas subterrâneas, água mineral e também no solo.

Os contaminantes de preocupação emergente podem ser definidos como

substâncias naturais ou sintéticas que podem estar presentes em matrizes ambientais, cujos

efeitos adversos para a saúde humana e a toxicidade aos organismos aquáticos e terrestres em

longo prazo não estão completamente esclarecidas (GEISSEN et al., 2015). As principais vias

de entrada de CPE no ambiente são efluentes domésticos e hospitalares, estações de tratamento

de água e esgoto, pecuária, avicultura e aquicultura.

A contínua detecção de CPE em água e solo pode ser uma consequência de sistemas

de tratamento de água e esgoto que não são efetivos na completa remoção desses compostos,

seja pela concentração em que são encontrados, ou mesmo pela complexidade das matrizes.

Apesar da quantificação de CPE no ambiente ser geralmente na faixa de µg L-1 e

ng L-1, esses compostos são persistentes e de baixa biodegradabilidade, e consequentemente,

seus produtos de degradação podem ser ainda mais tóxicos que o composto original. Além do

risco de serem adsorvidos no solo e sedimento, lixiviar atingindo águas subterrâneas e

superficiais (DORETTO; RATH, 2013), os CPE podem apresentar riscos aos organismos

terrestres e aquáticos, como por exemplo desenvolver resistência bacteriana (HOA et al., 2011),

e a bioacumulação em organismos marinhos e macroalgas (ÁLVAREZ-MUÑOZ et al., 2015).

Nesse cenário, dentre as diversas classes de CPE detectadas no ambiente, os

medicamentos de uso veterinário despertam particular atenção, principalmente no Brasil.

Devido ao fato do país ocupar o terceiro lugar no ranking de produção mundial e primeiro lugar

em exportação de aves (MAPA, 2017a), estima-se que até o ano 2020 a produção de carnes no

país irá representar 44,5% do mercado mundial, sendo que a carne de frango corresponderá a

48,1% das exportações mundiais e a carne suína 14,2% (MAPA, 2017b). Deve-se levar em

consideração, que a dose administrada de medicamentos (humanos e veterinários) é

parcialmente metabolizada, e posteriormente excretada na forma de metabólitos ativos ou em

sua forma original. Sabendo-se que apenas 50,3% do esgoto gerado no país é coletado, e desses,

o tratamento é de apenas 42,7% (BRASIL, 2017), a preocupação com a qualidade da água

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potável oferecida à população brasileira, bem como a qualidade dos corpos d’água é muito

relevante.

Dos medicamentos veterinários que vêm sendo encontrados no ambiente, destaca-

se o grupo das sulfonamidas, que são antimicrobianos sintéticos com amplo espectro de ação

contra bactérias Gram-positivas, Gram-negativas e protozoários. Quando introduzidas no

ambiente, as características das sulfonamidas permitem que elas lixiviem com facilidade

chegando inclusive a corpos d’água subterrânea (BARAN et al., 2011).

A sulfaquinoxalina (Figura 1.1), é uma das sulfonamidas também usada na

medicina veterinária para o tratamento e prevenção de coccidiose e infecções bacterianas

principalmente em aves, mas também é utilizada em suínos, ovinos, coelhos e pássaros de

gaiola (SINDAN, 2017). A sulfaquinoxalina (SQX) possui baixa adsorção em solo e

sedimentos (log Kow = 1,7) e por isso é encontrada com maior frequência em água superficial:

1,51 a 40,8 ng L−1 (IGLESIAS et al., 2012; ZHAO; ZHOU; ZHANG, 2015), água subterrânea:

0,01 a

112,2 ng L−1 (GARCÍA-GALÁN; DÍAZ-CRUZ; BARCELÓ, 2010), e efluente: 0,15 a

350 ng L−1 (GARCÍA-GALÁN; DÍAZ-CRUZ; BARCELÓ, 2010; WEI et al., 2011).

Figura 1.1: Estrutura química da sulfaquinoxalina.

Sistemas de tratamento de águas e efluentes cada vez mais efetivos são necessários

para promover a remoção dos CPE das águas e também para minimizar a exposição de

microrganismos não alvo aos antimicrobianos. Os processos oxidativos avançados de

ozonização em meio básico, foto-Fenton, peróxido de hidrogênio combinado tanto à radiação

ultravioleta quanto com ozônio, degradaram mais de 90% de sulfametoxazol, sulfametizol,

sulfametazina, sulfadiazina, sulfatiazol e sulfamerazina (BATISTA; PIRES; TEIXEIRA,

2014a, 2014b; GAROMA; UMAMAHESHWAR; MUMPER, 2010; LIN et al., 2009). Devido

à eficiência desses processos na degradação de várias sulfonamidas, a aplicação dos mesmos

como um processo complementar ao sistema de tratamento convencional pode ser promissora.

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Os processos oxidativos avançados (POA) são métodos oxidativos baseados

principalmente na geração de radical hidroxila (HO•), o qual possui potencial de redução

(E0 = 2,8 V) maior que dos oxidantes convencionais como ozônio molecular e cloro, por

exemplo, sendo extremamente efetivo na oxidação e até mineralização de uma grande variedade

de compostos orgânicos e inorgânicos (EPA, 1999; HOMEM; SANTOS, 2011) e também na

inativação de microrganismos (GUADAGNINI et al., 2013).

Nos POA, a geração de HO• ocorre a partir de agentes oxidantes como ozônio (O3)

e peróxido de hidrogênio (H2O2) que podem ou não ser combinados à radiação ultravioleta

(UV), catalisadores metálicos ou semicondutores. Os POA mais estudados são a peroxidação

assistida por radiação ultravioleta (UV/H2O2), fotocatálise utilizando dióxido de titânio como

catalisador (UV/TiO2), ozonização em meio básico (O3/HO-), reação de Fenton e foto-Fenton.

A degradação da SQX pelo processo UV/H2O2 foi previamente reportada por Liao

et al. (2016). Os autores avaliaram a degradação da SQX em diferentes matrizes e propuseram

a estrutura química de alguns produtos de degradação. No entanto, a concentração inicial do

fármaco era elevada (10 mg L-1) em relação aos teores encontrados no ambiente; e ainda restou

uma lacuna de estudo em relação à toxicidade residual das soluções e dos produtos de

degradação.

Pela revisão bibliográfica realizada até o momento, não foram reportados outros

estudos avaliando a degradação da SQX por O3/HO-, reação de Fenton, foto-Fenton, UV/TiO2

e UV/H2O2. Foi utilizada a base de dados Science Direct, e os termos pesquisados em todos os

campos foram: sulfaquinoxaline, sulphaquinoxaline, advanced oxidation processes, ozone,

Fenton, photocatalysis e UV/H2O2 (busca: 12 jan. 2017). Os diferenciais do presente trabalho

são primeiramente o uso de concentração inicial de SQX (500 µg L-1) mais próxima das

encontradas no ambiente, avaliação da toxicidade residual das soluções, uma vez que após a

submissão das mesmas aos processos de degradação pode ocorrer a formação de produtos de

degradação mais tóxicos que a SQX, e além disso, a avaliação da eficiência de diferentes

processos oxidativos avançados na remoção da SQX.

As principais razões para que a SQX tenha sido escolhida como analito de interesse

nesse estudo são: a) o Brasil é o maior exportador de carne de frango no mundo, e como a

tendência é de crescimento da produção, consequentemente, o uso de antimicrobianos como a

SQX irá crescer; b) não há regulamentação no país que determine o monitoramento de

sulfonamidas em água; c) a SQX vem sendo quantificada em matrizes ambientais em diversos

países, o que mostra que a sua presença em corpos d’água é uma realidade, e poucos estudos

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de degradação foram realizados para esse medicamento; e além disso, d) os processos

oxidativos avançados vêm se mostrando efetivos na degradação dessa classe de composto.

O presente estudo está inserido em um projeto temático intitulado “Resíduos de

medicamentos veterinários no ambiente” que vem sendo desenvolvido desde 2014 por

pesquisadores do Instituto de Química (IQ) e da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e

Urbanismo (FEC), ambos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Esse projeto visa

desenvolver trabalhos científicos na área de desenvolvimento de métodos e metodologias para

a detecção e quantificação de medicamentos de uso veterinário em água e solo, avaliar a

adsorção no solo, os possíveis riscos à biota, e processos de degradação desses medicamentos

em matrizes aquosas.

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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo geral

Monitorar a eficiência de processos oxidativos avançados na degradação da

sulfaquinoxalina e da remoção da toxicidade das soluções.

2.2. Objetivos específicos

• Testar e consolidar um método analítico para determinar e quantificar a

sulfaquinoxalina em matriz aquosa;

• Degradar soluções de sulfaquinoxalina por processos oxidativos avançados:

O3/HO-, UV/H2O2, UV/TiO2, Fenton, foto-Fenton, oxidativos: H2O2, O3 e físico-

químico: fotólise;

• Determinar a toxicidade residual das soluções submetidas aos processos de

degradação;

• Monitorar a formação de produtos de degradação.

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3. REVISÃO DA LITERATURA

3.1. Sulfonamidas

As sulfonamidas são classificadas como medicamentos antimicrobianos, os quais

podem ser caracterizados como antibióticos naturais (produzidos por bactérias e fungos) e

semissintéticos (produzidos pela modificação química dos antibióticos naturais), assim como

todos os compostos que apresentam atividade antibacteriana (PEREIRA et al., 2012).

O precursor das sulfonamidas foi a sulfanilamida (p-aminobensenosulfonamida),

sintetizada em 1908, pelo químico vienense Paul Gelmo, e usada na produção de corantes. As

propriedades antimicrobianas das sulfonamidas foram descobertas em 1935, pelo médico

alemão Gerhard Johannes Paul Domagk, quando ele descobriu que o corante vermelho

Prontosil rubrum protegia camundongos e coelhos contra doses letais de estafilococos e

estreptococos hemolíticos. Mais tarde, descobriu-se que o agente direto responsável pela ação

antibacteriana não era o Prontosil; na verdade, o corante sofria um processo metabólito

provocado pelas bactérias no intestino do animal ou humano que recebeu o medicamento,

gerando o produto sulfanilamida. O primeiro humano a comprovar a eficácia da sulfanilamida

foi a filha de Domagk, que adoeceu devido a uma infecção estreptocócica e se recuperou

totalmente após receber uma dose do medicamento (DMITRIENKO et al., 2014; DREWS,

2000; NOBELPRIZE, 1939).

As sulfonamidas representam uma das famílias de antimicrobianos na medicina

veterinária mais comumente utilizada. Embora tenham sido frequentemente aplicadas na

medicina humana para tratar muitos tipos de infecções, hoje em dia quantidades muito maiores

são aplicadas para tratar e prevenir doenças infecciosas na pecuária e confinamento de animais

(GARCÍA-GALÁN; DÍAZ-CRUZ; BARCELÓ, 2010).

3.1.1. Propriedades das sulfonamidas

Geralmente, mais de 90% da dose administrada de sulfonamidas não é absorvida

pelo organismo, e são eliminadas majoritariamente na sua forma original e/ou como metabólitos

(principalmente N-acetilado e também N-glucuronidato) (BOOTHE, 2017; GARCÍA-GALÁN

et al., 2011). A principal via de excreção das sulfonamidas é a urina, sendo que, a bile, fezes,

leite e suor são também vias de excreção, porém, de menor significância (BOOTHE, 2017).

O espectro de ação das sulfonamidas é amplo. Elas agem como agente

bacteriostático e possuem atividade contra bactérias Gram-positivas, Gram-negativas e alguns

protozoários, como os causadores da toxoplasmose e malária (DMITRIENKO et al., 2014).

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As sulfonamidas são compostas por um anel benzeno, um radical amina (-NH2) e

um grupo sulfonamida (-SO2NH-). As sulfonamidas são anfóteras (Figura 3.1) e possuem

grupos funcionais que tanto podem doar quanto receber um próton (SARMAH; MEYER;

BOXALL, 2006; SEIFRTOVÁ et al., 2009). Apesar de suas características anfotéricas, as

sulfonamidas geralmente funcionam como ácidos fracos na faixa de pH fisiológico (SARMAH;

MEYER; BOXALL, 2006).

Figura 3.1: Característica antimicrobiana e anfótera das sulfonamidas.

A desprotonação ou protonação dos grupos funcionais da molécula está relacionada

ao pH da solução. No caso da sulfaquinoxalina, a protonação da molécula ocorre no pKa1 (2,1)

onde o nitrogênio do substituinte anilínico está disponível para ganhar um próton (é o que

ocorre no processo de ionização na espectrometria de massas). A desprotonação da molécula

ocorre no pKa2 (6,8) onde a ligação N-H do grupo sulfonamida está disponível para liberar um

próton. Dessa forma, a SQX está positivamente carregada em condições ácidas (pH 2), neutra

entre valores de pH 2 e 6,8 e negativamente carregada em valor de pH acima de 6,8 (Figura

3.2) (CHEMICALIZE, 2017; SARMAH; MEYER; BOXALL, 2006; SEIFRTOVÁ et al.,

2009).

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Figura 3.2: Equilíbrio químico da sulfaquinoxalina de acordo com o pH da solução.

Fonte: adaptado de CHEMICALIZE (2017)

As sulfonamidas são de coloração branca ou levemente amarelas, inodoras e

algumas possuem gosto amargo (DMITRIENKO et al., 2014). São moléculas polares, em geral

solúveis em água, e, por isso rapidamente disseminadas no ambiente, sendo mais encontradas

em matrizes aquosas (BARAN et al., 2011). Apresentam alta reatividade com os radicais

hidroxila e em geral não ocorre degradação por meio de processos não fotoquímicos (BOREEN;

ARNOLD; MCNEILL, 2004).

No Brasil, as sulfonamidas são utilizadas como princípio ativo de diversos

medicamentos de uso veterinário e na Tabela 3.1 são descritas as sulfonamidas presentes no

maior número de formulações registradas para uso no Brasil (SINDAN, 2017).

Tabela 3.1: Características e estrutura química das principais sulfonamidas registradas para uso no

Brasil (continua).

Sulfonamidas Número

CAS pKa Estrutura química

Fórmula

molecular

Massa

molar

Sulfadiazina 68-35-9 2,01

6,99

C10H10N4O2S 250,3

Sulfametazina 57-68-1 2,00

6,99

C12H14N4O2S 278,3

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Tabela 3.1: Características e estrutura química das principais sulfonamidas registradas para uso no

Brasil (conclusão).

Sulfonamidas Número

CAS pKa Estrutura química

Fórmula

molecular

Massa

molar

Sulfametoxazol 723-46-6 1,97

6,16

C16H11N3O3S 253,3

Sulfaquinoxalina 59-40-5 2,13

6,79

C14H12N4O2S 300,3

Sulfadimetoxina 122-11-2 1,95

6,91

C12H14N4O4S 310,3

Fonte: CHEMICALIZE, 2017; SINDAN, 2017.

3.1.2. Mecanismo de ação das sulfonamidas

A ação antimicrobiana das sulfonamidas ocorre devido à semelhança entre a

estrutura química das sulfonamidas e do ácido aminobenzóico (PABA), onde o grupo

sulfonamida e o grupo amina são os radicais dirigentes do anel benzênico na posição para em

relação um ao outro, causando um efeito bacteriostático. O deslocamento do grupo para-amino

para a posição meta ou orto retira a ação bacteriostática do composto (Figura 3.3)

(DMITRIENKO et al., 2014).

Figura 3.3: Similaridade da estrutura química das sulfonamidas e do ácido aminobenzóico.

Os derivados mais ativos das sulfonamidas contém radicais heterocíclicos. Muitas

sulfonamidas são baseadas em pirimidina, piridazina e outros compostos heterocíclicos. Se o

átomo de hidrogênio do grupo amino é substituído por diferentes radicais, o composto perde a

sua atividade. Porém, se no corpo humano esses radicais se separam da molécula, a atividade

antimicrobiana do fármaco é mantida. A introdução de alguns substituintes adicionais no anel

aromático também resulta na redução ou completa perda da atividade fisiológica da

sulfonamida (DMITRIENKO et al., 2014).

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O PABA é a substância utilizada pelos microrganismos para sintetizar o ácido

fólico, o qual é essencial para a síntese de DNA e RNA. O mecanismo de síntese do ácido fólico

consiste em reações que geram ácido di-hidropteróico, ácido glutâmico, ácido di-hidrofólico,

ácido tetra-hidrofólico e ácido fólico, respectivamente. Dessa maneira, quando em contato com

a sulfonamida, esse mecanismo é prejudicado, e os microrganismos que sintetizam seu próprio

ácido fólico são altamente sensíveis às sulfonamidas (BARAN et al., 2011; DMITRIENKO et

al., 2014).

A resistência bacteriana a fármacos pode ser induzida pela exposição das bactérias

a baixas concentrações de antimicrobianos, e além de ser um fenômeno irreversível

(JØRGENSEN; HALLING-SØRENSEN, 2000), a resistência em relação a uma determinada

sulfonamida implica na resistência à toda a classe de sulfonamidas, uma vez que o modo de

ação é o mesmo. Reporta-se na literatura que o uso prolongado de sulfonamidas resultou em

um grande número de cepas de bactérias resistentes às mesmas, o que estimulou a produção de

preparações combinadas, contendo, por exemplo, sulfonamidas e trimetoprim, com o objetivo

de reduzir a proliferação de microrganismos resistentes às sulfonamidas e aumentar seu efeito

antimicrobiano (DMITRIENKO et al., 2014).

3.1.3. Sulfaquinoxalina

A sulfaquinoxalina é um antimicrobiano sintético da família das sulfonamidas,

usado na medicina veterinária. A descoberta da sulfaquinoxalina ocorreu devido à necessidade

de novas drogas para tratamento da malária durante a 2ª Guerra Mundial. A empresa Merck &

Co estava entre as empresas engajadas no objetivo de encontrar uma molécula derivada da

sulfonamida contra a malária que necessitasse de apenas uma dose diária. Os sócios Max

Tishler e John Weijlard da Merck sintetizaram a molécula 2-(4-aminobenzeno-sulfonamida)-

quinoxalina, que se tornou conhecida genericamente como sulfaquinoxalina, e depositaram a

patente em seu nome em 08 de janeiro de 1944 (CAMPBELL, 2008).

Notou-se que após a administração, o novo composto era excretado de forma lenta,

o que tornaria possível manter os níveis antibacterianos com baixa dosagem. Antes da patente

ser emitida, as propriedades químicas e biológicas básicas do composto foram relatadas na

literatura científica. Em testes com camundongos, uma dose diária de sulfaquinoxalina se

mostrou mais efetiva contra infecções letais por Diplococcus pneumoniae do que 4 doses diárias

de sulfadiazina ou sulfatiazol. Além disso, doses únicas a cada 48 horas de sulfaquinoxalina

foram mais efetivas que 3 doses diárias de sulfadiazina e sulfapiridazina em relação a malária

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aviária. O fármaco também se mostrou efetivo contra infecções causadas por Streptococcus

pneumoniae em animais, pela bactéria Pasteurella avicida, Eimeria tenella e Eimeria necatrix

em frangos (CAMPBELL, 2008); além de ser usada também como anticoagulante em raticidas

(PREUSCH; HAZELETT; LEMASTERS, 1989). A partir do ano 1948, a sulfaquinoxalina foi

introduzida no mercado.

Dentre as principais características físico-químicas da sulfaquinoxalina descritas na

Tabela 3.2, destacam-se a alta solubilidade em água, baixa volatilidade e baixa adsorção em

sedimentos.

Tabela 3.2: Principais características físico-químicas da sulfaquinoxalina.

Grupo terapêutico antimicrobianos sulfonamida

Fórmula química C14H12N4O2S

Massa molar (g mol-1) 300,33

Número CAS 59-40-5

Hidrossolubilidade a 25°C (g L-1) 50

Coeficiente de partição octanol/água (log Kow) 1,7

Constante isoelétrica (pKa) pKa1 2,1 pKa2 6,8

Pressão de vapor (mm Hg) 3,0 x 10-10

Constante de Henry a 25ºC (atm m-3 mol-1) 6,7 x 10-11

Fonte: (CHEMICALIZE, 2017; DORETTO; PERUCHI; RATH, 2014).

De acordo com a classificação proposta por Rogers (1996), quando o log Kow do

composto de interesse é menor que 2,5, ele possui baixo potencial de adsorção no solo e

sedimentos, log Kow entre 2,5 e 4,0 representa médio potencial de adsorção e quando o log Kow

é maior que 4,0, o potencial de adsorção é alto. O log Kow da sulfaquinoxalina classifica-se

como baixo potencial de adsorção, e consequentemente, sua detecção no ambiente é

majoritariamente em água e não no solo e sedimentos.

As características descritas na Tabela 3.2 permitem ainda uma prévia análise dos

tratamentos que podem ser mais apropriados para a substância de interesse. Para substâncias

com alto potencial de adsorção em sedimentos, por exemplo, um tratamento de remoção por

coagulação poderia ser efetivo (PAL et al., 2010); já no caso da sulfaquinoxalina, o tratamento

químico seria o mais indicado devido sua presença na água.

No Brasil, existem 577 medicamentos antimicrobianos registrados, dos quais 89

são da família das sulfonamidas e, destes, 11 contém a sulfaquinoxalina como princípio ativo

(dados consultados em jan/2017) (SINDAN, 2017).

Os medicamentos contendo sulfaquinoxalina são indicados principalmente para o

tratamento de aves, mas também para suínos, ovinos, coelhos e pássaros de gaiola. O uso da

sulfaquinoxalina divide-se como: tratamento, prevenção e profilático. É indicado para doenças

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causadas por protozoário dos gêneros Eimeria sp, Cryptosporidium ssp, Isospora suis, e das

bactérias Escherichia coli, Haemophilus gallinarum, Salmonella spp, e Pasteurella multocida

(SINDAN, 2017).

Apesar de serem apenas 11 fármacos registrados contendo a sulfaquinoxalina,

estima-se que o uso desses medicamentos seja intenso devido à representatividade que o Brasil

tem no setor avícola, principalmente.

A dose média recomendada dos medicamentos contendo sulfaquinoxalina é de

10 mg kg-1 de massa da ave. Tendo em conta que a massa média das aves é de 2,5 kg e que no

ano de 2015 aproximadamente 5,8 bilhões de cabeças de frangos foram abatidas (IBGE, 2015),

pode-se estimar que, se ao menos uma dose de medicamento foi aplicada nessas aves, cerca de

145 t de sulfaquinoxalina foram aplicadas no referido ano. Sabe-se que a excreção da

sulfaquinoxalina é maior que 90% (BOOTHE, 2017), o que permite concluir que parte da dose

aplicada desse medicamento pode ter chegado aos corpos d’água, enfatizando a necessidade de

tratamentos para degradação da sulfaquinoxalina e de seus produtos de degradação.

3.1.3.1. Toxicidade da sulfaquinoxalina

Os potenciais efeitos que a presença da sulfaquinoxalina no ambiente pode acarretar

à saúde humana, não foram completamente elucidados. No entanto, a toxicidade que a

sulfaquinoxalina apresenta para organismos como os microcrustáceos, bactérias e microalgas

vem sendo relatada na literatura. Organismos teste de diferentes níveis tróficos foram utilizados

para determinar a toxicidade da sulfaquinoxalina: a bactéria marinha Vibrio fischeri

(GONZÁLEZ; SANS; ESPLUGAS, 2007; TROVÓ et al., 2009a, 2009b), os microcrustáceos

Daphnia similis e Daphnia curvirostris (DALLA BONA; DI LEVA; DE LIGUORO, 2014; DE

LIGUORO et al., 2009, 2010; TROVÓ et al., 2009a), a alga Chlorella vulgaris (BARAN;

SOCHACKA; WARDAS, 2006), as microalgas Pseudokirchneriella subcapitata e

Scenedesmus dimorphus, a cianobactéria Synecococcus leopoliensis e a planta Lemna gibba

(DE LIGUORO et al., 2010).

De acordo com os dados encontrados na literatura, a SQX não apresentou

toxicidade aguda aos microrganismos aquáticos nas concentrações em que é encontrada no

ambiente, e sim em concentrações na magnitude de mg L-1. DE LIGUORO et al. (2010)

reportaram que a menor concentração da sulfaquinoxalina capaz de provocar algum efeito

observado em Daphnia magna, Pseudokirchneriella subcapitata, Scenedesmus dimorphus,

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Synecococcus leopoliensis e Lemna gibba é de 1,56; 0,08; 0,04; 0,16 e 5 mg L-1,

respectivamente.

A Daphnia curvirostris se mostrou mais sensível que a Daphnia magna em testes

de imobilização dos microcrustáceos em contato com a sulfaquinoxalina, desenvolvidos por

BONA; LEVA; LIGUORO (2014). Sendo que, a concentração efetiva responsável por causar

efeito em 50% dos organismos (CE50), foi de 129,3 mg L-1 para D. magna e 84,46 mg L-1 para

D. curvirostris.

Em geral, as CE50 de fármacos veterinários encontram-se na ordem de magnitude

de mg L-1 enquanto que as concentrações encontradas no ambiente variam entre µg L-1 e

ng L-1. Isso pode levar à errônea conclusão de que não é necessário se preocupar com a presença

de fármacos no ambiente quando encontrados em baixas concentrações. No entanto, o contato

das bactérias com concentrações não letais de antimicrobianos pode levar à resistência

bacteriana (HOA et al., 2011; JØRGENSEN; HALLING-SØRENSEN, 2000) e em estudos de

avaliação de risco ambiental são apresentados dados que, mesmo nessas baixas concentrações,

os medicamentos apresentam riscos quando presentes no ambiente (DE SOUZA et al., 2009;

GAMARRA et al., 2015).

3.2. Ocorrência de sulfonamidas no ambiente

Uma vez no ambiente, o destino dos fármacos depende de suas características

estruturais e propriedades físico-químicas, como fotossensibilidade, biodegradabilidade e

lipofilicidade (MELO et al., 2009), as quais irão determinar sua maior afinidade por adsorção

no solo, lixiviação, dissolução em água, entre outros.

As vias de entrada de fármacos veterinários no meio ambiente são de fontes

diversas: 1) efluentes industriais; 2) aplicação de estrume como fertilizante agrícola no solo;

3) pastagem de gado confinado; 4) uso de medicamentos na aquacultura; e 5) más condições de

armazenagem de medicamentos veterinários com prazo de validade expirado ou não utilizados

(DORETTO; RATH, 2013; GARCÍA-GALÁN; DÍAZ-CRUZ; BARCELÓ, 2010; PEREIRA

et al., 2012).

Devido a seu baixo custo e amplo espectro de atividade, as sulfonamidas vêm sendo

os antimicrobianos mais usados por mais de 70 anos, para prevenir ou tratar infecções

bacterianas e, por isso, seus resíduos vêm sendo detectados em matrizes ambientais e alimentos

com maior frequência, o que pode representar riscos à saúde (DMITRIENKO et al., 2014;

GARCÍA-GALÁN; DÍAZ-CRUZ; BARCELÓ, 2011; IGLESIAS et al., 2012).

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Quando as sulfonamidas são detectadas em matrizes ambientais, as concentrações

estão geralmente na ordem de µg L-1 e ng L-1 (Tabela 3.3). No entanto, mesmo em baixas

concentrações, reações alérgicas, supressão da atividade enzimática, alteração da microflora

intestinal, resistência de cepas de bactérias gerando a necessidade de combinar outro

antimicrobiano (DMITRIENKO et al., 2014) e bioacumulação de antimicrobianos em plantas

e organismos não alvo (PEREIRA et al., 2012) vêm sendo reportados. No caso das

sulfonamidas, elas foram classificadas por GARCÍA-GALÁN; DÍAZ-CRUZ; BARCELÓ

(2009) como não persistentes a moderadamente persistentes em esterco, moderada a muito

persistente em sedimentos e água, e não persistentes em lodos ativados; além disso, destacaram

que quando as sulfonamidas estão presentes no efluente, as bactérias são os primeiros

organismos que podem ser potencialmente afetados.

Tabela 3.3: Ocorrência de sulfonamidas no meio ambiente (O levantamento detalhado pode ser

consultado no ANEXO A e B).

Matriz Unidade Concentração

mínima

Concentração

máxima

Água superficial

ng L-1

0,03 8.600

Água de mar 0,6 76,9

Água mineral 9 80

Água subterrânea 0,01 1.100

Água tratada 2,3 97

Afluente ETE 0,39 4.260

Efluente ETE 0,06 2.290

Efluente hospitalar 7 4.200

Efluente matadouro animais 216 825

Estrume

ng kg-1

0,047 1.470.000

Lodo desidratado 1,45 4,65

Sedimento 0,001 1.700

Solo 0,001 663

Fonte: (BENOTTI et al., 2009; BOLEDA; GALCERAN; VENTURA, 2011; CHANG et al., 2008,

2010; CHEN; ZHOU, 2014; FOCAZIO et al., 2008; GARCÍA-GALÁN et al., 2010, 2011, GARCÍA-

GALÁN; DÍAZ-CRUZ; BARCELÓ, 2010, 2011; GINEBREDA et al., 2010; IGLESIAS et al., 2012;

JIA et al., 2011; KIM et al., 2013; KLEYWEGT et al., 2011; LE-MINH; STUETZ; KHAN, 2012;

LOCATELLI; SODRÉ; JARDIM, 2011; MA et al., 2015; PADHYE et al., 2014; PERRET et al., 2006;

ROSAL et al., 2010; SHELVER et al., 2010; STACKELBERG et al., 2007; VALCÁRCEL et al., 2013;

VERLICCHI et al., 2012; VULLIET; CREN-OLIVÉ; GRENIER-LOUSTALOT, 2011; WEI et al.,

2011; ZHAO; ZHOU; ZHANG, 2015; ZHOU et al., 2012).

Legenda: ETE – Estação de Tratamento de Esgoto

As sulfonamidas vêm sendo detectadas e quantificadas em diversas matrizes

ambientais, como águas superficiais e subterrâneas, afluentes e efluentes de estações de

tratamento de esgoto e sedimentos (Tabela 3.3). Os países que vêm detectando as sulfonamidas

em suas matrizes ambientais são, por ordem decrescente de ocorrências: Espanha (108), China

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(89), Japão (21), Itália (19), Estados Unidos (13), França (4), Austrália (2), Canadá (2) e Brasil

(1).

O levantamento bibliográfico realizado nesse estudo resultou em 262 ocorrências

no ambiente, sendo que o sulfametoxazol e a sulfisomidina representaram 20% das ocorrências

cada um, seguidas da sulfametazina detectada em 14% das amostras e da sulfadiazina, detectada

em 10%. A sulfaquinoxalina representou 5% das ocorrências citadas.

No Brasil, os estudos voltados à determinação de compostos de preocupação

emergente nos corpos d’água vêm sendo desenvolvidos ao longo dos anos. Os principais

compostos estudados são estrógenos, progestógenos, anti-inflamatórios, analgésicos,

antibióticos e a cafeína, que é usada como um indicador da presença de contaminantes de

preocupação emergente (KUSTER et al., 2009; LOCATELLI; SODRÉ; JARDIM, 2011;

MACHADO et al., 2016; MONTAGNER; JARDIM, 2011). A determinação de medicamentos

veterinários no solo também vem sendo estudada (DORETTO; PERUCHI; RATH, 2014;

PERUCHI; FOSTIER; RATH, 2015; TETZNER et al., 2016), uma vez que o Brasil possui alta

atividade agropecuária a preocupação com a biota e contaminação do solo é relevante.

3.2.1. Aspectos legislativos no Brasil

A ausência de norma e regulamentação que determina os limites máximos de

antimicrobianos em água, solo e alimentos no país é preocupante, visto que entre os anos de

2018 e 2019 a previsão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento é de que o

Brasil continue sendo o maior exportador mundial de carne de frango e seja o responsável por

90% dessas exportações a nível mundial (MAPA, 2017a).

O avanço do Brasil nesse sentido ocorreu recentemente. No ano de 2009 foi

publicada a Instrução Normativa nº 26 (MAPA, 2009) que em seu artigo 18 estabelece que: “Os

anfenicóis, tetraciclinas, beta lactâmicos (benzilpenicilâmicos e cefalosporinas), quinolonas e

sulfonamidas sistêmicas são de uso exclusivo em produtos antimicrobianos de uso veterinário,

sendo vedada a sua utilização como aditivos zootécnicos melhoradores de desempenho ou como

conservantes de alimentos para animais”. Além disso, o Decreto nº 8.448 de 2015 regulamenta

a fiscalização dos estabelecimentos que fabricam e vendem os produtos de uso veterinário

(MAPA, 2015).

Com essa legislação vigente, fica proibida a utilização desses fármacos como

aditivos, na forma de promotores do crescimento de animais, o que reduz seu uso indevido.

Além disso, no ano de 2014, foram estabelecidos os valores máximos permitidos para resíduos

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de fármacos em alimentos (MAPA, 2014). O limite máximo de resíduo de sulfonamidas que

pode ser encontrado em ovos é de 10 µg kg-1 e em camarão, peixe de cultivo, bovinos, equinos,

suínos e aves é de até 100 µg kg-1. Para mel, o limite é de 50 µg kg-1 e para leite de 100 µg L-1.

Existe também um Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes em

Produtos de Origem Animal (PNCRC/ANIMAL) criado pelo Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento, o qual é descrito como “uma ferramenta de gerenciamento de Risco

com o objetivo precípuo de promover a garantia de qualidade do sistema de produção de

alimentos de origem animal ao longo das cadeias produtivas”.

O PNCRC/ANIMAL é composto por amostragens homogêneas e aleatórias das

diversas matrizes e espécies animais monitoradas, assim como, das análises laboratoriais

realizadas por laboratórios membro da Rede Nacional de Laboratórios Agropecuários. Assim,

quando uma não conformidade é detectada, inicia-se uma investigação nas propriedades rurais

e estabelecimentos abatedores e processadores, visando identificar as possíveis causas de

violação e mitigar o risco de recorrência. Atualmente, cerca de 3.500 estabelecimentos do

território nacional participam da amostragem (MAPA, 2017c).

Em relação ao uso indiscriminado de antimicrobianos por humanos, a Agência

Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, instituiu no ano de 2011 que os medicamentos à

base de substâncias classificadas como antimicrobianos somente poderiam ser vendidos com a

prescrição realizada por profissionais legalmente habilitados (ANVISA, 2011).

Apesar das legislações serem recentes e ainda carentes de maiores informações e

de limites máximos para matrizes como água e solo, é importante que a preocupação quanto

aos antimicrobianos e outros compostos emergentes não seja de todo ignorada em nosso país.

Pesquisadores brasileiros vêm desenvolvendo e validando ao longo dos anos metodologias para

detecção e quantificação de fármacos de uso veterinário e humano em águas superficiais e solos

(DORETTO; PERUCHI; RATH, 2014; DORETTO; RATH, 2013; LEAL et al., 2012, 2013;

LOPES et al., 2016; MONTAGNER; JARDIM, 2011; PERUCHI; FOSTIER; RATH, 2015;

STUMPF et al., 1999; TERNES et al., 1999); e, espera-se que ainda mais pesquisas com esse

objetivo se desenvolvam no país, uma vez que esses dados são de extrema importância para

identificar os fármacos e regiões de maior incidência e propor formas de mitigação para o

problema.

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3.3. Métodos para detecção e quantificação de fármacos em matrizes aquosas

Metodologias para determinação de sulfonamidas e outras classes de medicamentos

em matrizes ambientais vêm sendo realizadas ao longo dos anos (CHANG et al., 2008;

GARCÍA-GALÁN et al., 2010, 2011; GARCÍA-GALÁN; DÍAZ-CRUZ; BARCELÓ, 2010;

IGLESIAS et al., 2012; PERRET et al., 2006), com o objetivo de aumentar a recuperação do

analito e quantificá-lo em concentrações mais baixas, inclusive quando é necessário determinar

uma mistura de fármacos em uma mesma amostra.

3.3.1. Extração em fase sólida

A extração em fase sólida é uma técnica utilizada para concentração do analito de

interesse quando ele se apresenta em baixas concentrações, como na faixa de µg L-1 a ng L-1.

Essa técnica tem sua importância principalmente em adequar a concentração do analito de

interesse na faixa de quantificação do equipamento utilizado.

O pH da solução de trabalho influencia significantemente na especiação química

do analito na amostra, na estabilidade e na interação entre o analito e o material empacotado no

cartucho de extração em fase sólida (SEIFRTOVÁ et al., 2009). Por esse motivo, é importante

conhecer o pKa do analito de interesse. A sulfaquinoxalina é positivamente carregada em

condições ácidas (pH 2,0), neutra entre pH 2,1 e 6,8 e negativamente carregada em pH acima

de 6,8 (CHEMICALIZE, 2017).

Para aumentar a retenção do analito no adsorvente polimérico Oasis HLB, por

exemplo, é necessário acidificar o analito de interesse em 2 unidades abaixo do pKa2 para que

ele esteja em sua forma neutra ou ácida (SEIFRTOVÁ et al., 2009). No caso das sulfonamidas,

o ideal é que o pH esteja abaixo de 5,0.

O tipo de fase estacionária do cartucho e o solvente para eluição do analito são

parâmetros críticos que podem afetar a recuperação das sulfonamidas; dessa forma, testes

preliminares são necessários para otimizar o processo de extração (GARCÍA-GALÁN; DÍAZ-

CRUZ; BARCELÓ, 2009). O metanol é o solvente mais utilizado para a eluição das

sulfonamidas (BALAKRISHNAN; TERRY; TOITO, 2006; CHALLIS et al., 2013; CHANG

et al., 2008; LIN; YU; LIN, 2008; MALINTAN; MOHD, 2006; PERRET et al., 2006; YE et

al., 2007).

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3.3.2. Cromatografia líquida de alta eficiência

A cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) vem sendo amplamente usada

para quantificar sulfonamidas, devido à sua alta sensibilidade e amplo intervalo linear

(DMITRIENKO et al., 2014). Uma vez que as sulfonamidas não são fluorescentes

(SEIFRTOVÁ et al., 2009), os detectores usados são DAD e UV (Tabela 3.4).

Tabela 3.4: Métodos para determinar e quantificar sulfonamidas em matrizes aquosas utilizando a

cromatografia líquida de alta eficiência.

Método Matriz Coluna Fase móvel LQ

(mg L-1)

HPLC

UV1

Água

superficial

e efluente

ETE

C18 AQ Alltima

HP Grace

(250 x 4,6 mm; 5 µm)

Acetonitrila:Acetato amônio pH

5

(24:76% v/v SMX e SMT)

(20:80% v/v SDZ)

NI

UFLC

UV2

Água

ultrapura

C18 Phenomenex

Synergi Fusion-RP

(250 × 4,6 mm; 4 µm)

Acetonitrila:0,2% Ác. Acético

(80:20) SMT: 0,5

HPLC

UV3

Água

ultrapura

C18 Phenomenex Synergi

Fusion-RP

(250 × 4,6 mm; 4 µm)

Acetonitrila:0,2% Ác. Acético

(80:20)

SDZ: 0,3

SMZ: 0,17

SMT: 0,5

HPLC

DAD4

Água

ultrapura

Sinergi Hydro-RP 80A

(4 µm)

Metanol:Água

(30:70) NI

HPLC

DAD5

Água

ultrapura

C18 Simmetry Waters

(150 × 4,6 mm; 3,5 µm)

Agilent Zorbax

HILIC plus

(100 × 2,1 mm; 3,5 µm)

Acetonitrila:0,05% Ác. Fórmico

pH 3

(70:30)

NI

UPLC6

Afluente e

efluente

ETE

C18 Waters Acquity

UPLC BEH

(100 x 2,1 mm, 1,7 µm)

(A) metanol:(B) 0,1% Ác.

Fórmico

(3% A 0,5 min, 65% A 5,7 min,

100% A 0,8 min a 1,5 min)

NI

HPLC

UV7

Água

ultrapura

ODSC18 Hypersil

(250 x 4,6 mm; 5 µm)

Acetonitrila:Água deionizada

(70:30) NI

Fonte: (1BAEZA; KNAPPE, 2011; 2BATISTA; PIRES; TEIXEIRA, 2014a, 32014b; 4BELTRÁN et al.,

2008; 5CHALLIS et al., 2013; 6CHANG et al., 2008; 7NIU et al., 2013)

Legenda: ETE: Estação de Tratamento de Esgoto; LQ: Limite de Quantificação; NI: Não Informado;

SMT: sulfametazina; SDZ: sulfadiazina; SMZ: sulfamerazina; SMX: sulfametoxazol; HPLC: High

Performance Liquid Chromatography; UFLC: Ultra-fast liquid chromatography; UPLC: Ultra

Performance Liquid Chromatography; UV: ultravioleta; DAD: Detector de Arranjo de Fotodiodos

Para determinação das sulfonamidas pela técnica de HPLC, as colunas mais

utilizadas são a de modelo C18 e a fase móvel aquosa geralmente consiste em água fortificada

por um ácido fraco e a fase móvel orgânica em metanol ou acetonitrila (Tabela 3.4).

Os limites de quantificação do equipamento geralmente são na ordem de mg L-1,

sendo necessário utilizar um método de concentração da amostra como a extração em fase

sólida por exemplo, para poder quantificar concentrações a nível de µg L-1 e ng L-1.

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3.3.3. Espectrometria de massas

A técnica de cromatografia líquida de alta eficiência acoplada à espectrometria de

massas sequencial (HPLC-MS/MS) pode ser considerada como um método confirmatório que

se tornou a principal técnica analítica para a identificação das sulfonamidas, devido sua alta

seletividade e sensibilidade em relação a outros métodos instrumentais (DMITRIENKO et al.,

2014).

O uso de coluna C18 para determinação de sulfonamidas pela cromatografia líquida

acoplada a um detector MS/MS é bastante estabelecido, assim como o uso de metanol ou

acetonitrila na fase orgânica, e ácido fórmico na fase inorgânica (BATISTA; PIRES;

TEIXEIRA, 2014a; CHALLIS et al., 2013; CHANG et al., 2008; GARCÍA-GALÁN et al.,

2011; IGLESIAS et al., 2012; TETZNER et al., 2016).

A fragmentação das sulfonamidas ocorre no modo de ionização por “electrospray”

positivo (ESI+), ou seja, a molécula é protonada [M+H]+ (SEIFRTOVÁ et al., 2009). Após a

fragmentação das sulfonamidas, tem-se três fragmentos específicos: m/z 92 [M-RNH2-SO2]+,

m/z 108 [M-RNH2-SO]+ e m/z 156 [M-RNH2]+. O fragmento m/z 156 geralmente é usado para

quantificação da maioria das sulfonamidas, enquanto que o íon m/z 92 para a confirmação

(SEIFRTOVÁ et al., 2009; TETZNER et al., 2016).

A sulfaquinoxalina segue o padrão da maioria das sulfonamidas, a ionização ocorre

no modo ESI+, o íon precursor possui m/z 301 e os íons de quantificação e confirmação são

respectivamente m/z 156 e m/z 92 (CHANG et al., 2008; GARCÍA-GALÁN et al., 2011;

IGLESIAS et al., 2012; TETZNER et al., 2016).

3.4. Processos de degradação convencionais e oxidativos avançados

3.4.1. Processos convencionais

Dos processos de tratamento de efluentes convencionais, os biológicos são os

usados com maior frequência, porque permitem o tratamento de grandes volumes, conseguem

diminuir o teor de matéria orgânica de forma satisfatória e os custos são relativamente baixos.

No entanto, alguns compostos são recalcitrantes, e podem ser tóxicos aos microrganismos

(MELO et al., 2009) mesmo em concentrações pequenas, de µg L-1 e ng L-1. Em razão disso, a

eficiência dos tratamentos convencionais para degradação de compostos de preocupação

emergente pode ser diminuída.

Uma desvantagem na eliminação de compostos persistentes por processos

convencionais é que os processos físicos (decantação, flotação, filtração, adsorção, por

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exemplo), são caracterizados pela transferência de fase do contaminante, sem que este seja de

fato degradado (MELO et al., 2009). Altas concentrações de antimicrobianos no lodo de ETE

tornam-se prejudiciais no caso da sua reutilização como fertilizante agrícola (ZHOU et al.,

2013), pois além de apresentar possível toxicidade aos organismos do solo, podem chegar às

águas subterrâneas por lixiviação.

Já os processos químicos baseiam-se na oxidação dos contaminantes pela reação

com oxidantes, como o peróxido de hidrogênio (H2O2), cloro (Cl2), dióxido de cloro (ClO2) e

permanganato (MnO4-). Na maioria dos casos, no entanto, a utilização deste tipo de tratamento

não promove a mineralização completa dos contaminantes, havendo a formação de produtos de

degradação, que em geral são ácidos orgânicos (oxálico, tartárico, fórmico e acético) (MELO

et al., 2009) ou metabólitos do analito de interesse.

A eficiência de remoção dos fármacos pelos processos convencionais depende das

propriedades físico-químicas particulares de cada composto. Compostos polares apresentam

tendência a permanecer na fase aquosa durante o tratamento, enquanto que compostos apolares

tendem a se adsorver no lodo. Consequentemente, quando fármacos de diferentes classes são

submetidos a um mesmo processo de degradação, as características físico-químicas de cada

classe ficam mais evidentes.

Um estudo comparando diversas classes terapêuticas foi realizado por ZHOU et al.

(2013) e eles observaram que a principal via de introdução no ambiente das sulfonamidas,

macrolídeos, lincomicina e cloranfenicol foi por meio do descarte do efluente em corpos d’água

após o tratamento, enquanto que para tetraciclinas e fluoroquinolonas, a via principal foi a

disposição final do lodo. Os autores concluíram ainda que as tetraciclinas e as fluoroquinolonas

não foram degradadas e sim trocadas de fase chegando a representar 90% da concentração de

antimicrobianos detectados no lodo desidratado. Vale ressaltar que não foi avaliada a formação

de produtos de degradação bem como a toxicidade do efluente tratado.

GÖBEL et al. (2007) avaliaram a remoção das sulfonamidas em cada etapa de uma

estação de tratamento de esgoto. Eles observaram que o tratamento primário não foi efetivo

para remoção do sulfametoxazol e pouco efetivo para a sulfapiridina (máximo de 20%),

enquanto que os macrolídeos e o trimetoprim foram eliminados em 33% nessa etapa. No reator

de lodos ativados e de leito fixo, a degradação do sulfametoxazol foi entre 32% e 49% e no

reator de biomembranas, eliminou-se 54% da sulfapiridina e 37% do sulfametoxazol.

É importante ter em consideração que ao avaliar a eficiência de degradação de um

sistema de tratamento, a porcentagem de degradação obtida pode ser negativa. Isso acontece

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porque ao calcular a remoção do analito ao final do tratamento tendo como base sua

concentração inicial no afluente, não se leva em conta a formação dos metabólitos durante o

processo, os quais podem retornar à forma do analito original e com isso contribuir para o

aumento da concentração do mesmo no efluente. Um exemplo de metabólitos das sulfonamidas

são, o N4-acetilsulfametoxazol para o sulfametoxazol, N4-acetilslfapiridina para a sulfapiridina

(GÖBEL et al., 2007).

Dentre os trabalhos encontrados na literatura e aqui citados, nos quais são avaliados

os processos convencionais de tratamento de água e esgoto para a degradação ou remoção de

contaminantes de preocupação emergente, a mineralização dos mesmos não foi considerada.

Além disso, podem ter sido gerados produtos de degradação não tóxicos aos microrganismos

responsáveis pelo tratamento biológico, porém, podem apresentar efeitos deletérios ou se

bioacumularem em organismos não alvo após o descarte do efluente nos corpos d’água.

3.4.2. Processos oxidativos avançados

A necessidade de avanços nos tratamentos químicos de água e efluentes, levou ao

desenvolvimento dos processos oxidativos avançados (POA) ou tecnologias oxidativas

avançadas. Esses processos podem ser amplamente definidos como métodos de oxidação em

fase aquosa, ar ou solo, os quais por intermédio de espécies altamente reativas, como os radicais

hidroxila (principalmente, mas não exclusivamente) promovem a destruição de compostos

orgânicos, e por vezes sua completa mineralização é obtida (COMNINELLIS et al., 2008). Os

POA podem ser aplicados também na inativação de microrganismos.

O radical hidroxila (HO•) é uma espécie muito reativa e não seletiva, que possui um

elevado potencial de redução (E0 = 2,73) quando comparado aos demais oxidantes, o que faz

com que ele atue na oxidação de uma grande variedade de substâncias (MELO et al., 2009).

Os processos oxidativos avançados podem ser fotoquímicos ou não fotoquímicos.

Entre eles, destacam-se a fotocatálise homogênea e heterogênea, baseadas na radiação

ultravioleta ou radiação solar visível, eletrólise, ozonização em meio básico, reagente de Fenton

e foto-Fenton, peroxidação assistida por radiação ultravioleta, ultrassom e oxidação com ar

úmido, e, apesar de menos convencionais e por isso menos estudados, os processos de radiação

ionizante, micro-ondas, plasma pulsado e o reagente ferrato (COMNINELLIS et al., 2008).

Os radicais hidroxila podem reagir com os contaminantes orgânicos por

mecanismos distintos, dependendo da estrutura do composto-alvo. Os mecanismos de atuação

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dos radicais hidroxila descritos por NOGUEIRA et al., (2007) e MELO et al., (2009) podem

ser de abstração de hidrogênio, por adição eletrofílica e por transferência eletrônica.

Na abstração de hidrogênio, os HO• formados oxidam os compostos orgânicos pela

abstração de hidrogênio e geram radicais orgânicos (Equação 1). Depois ocorre a adição de

oxigênio molecular gerando radicais orgânicos peróxidos (RO2•) (Equação 2), que por sua vez

iniciam reações oxidativas em cadeia, resultando na mineralização do substrato. Essa reação

ocorre geralmente com hidrocarbonetos alifáticos.

𝑅𝐻 + 𝐻𝑂∙ → 𝑅∙ + 𝐻2𝑂 (1)

𝑅∙ + 𝑂2 → 𝑅𝑂2∙ (2)

Já no mecanismo de adição eletrofílica, os radicais hidroxila são ligados aos

compostos orgânicos formando radicais orgânicos (Equação 3). Geralmente essa reação ocorre

com hidrocarbonetos insaturados ou aromáticos.

(3)

O mecanismo de transferência de elétrons ocorre quando os mecanismos de adição

de HO• e abstração de hidrogênio são desfavorecidos. Nesse caso, há a oxidação dos compostos

orgânicos, pela transferência de elétrons para o HO• e formação de ânions hidroxila (HO-)

(Equação 4).

𝑅𝑋 + 𝐻𝑂∙ → 𝑅𝑋∙+ + 𝐻𝑂− (4)

Podem ocorrer ainda reações radicalares que consomem os HO• e

consequentemente diminuem a eficiência do processo (Equação 5 e 6).

2𝐻𝑂∙ → 𝐻2𝑂2 (5)

𝐻2𝑂2 + 𝐻𝑂∙ → 𝐻𝑂2∙ + 𝐻2𝑂 (6)

As principais vantagens no uso de POA para tratamento de efluentes são

(DOMÈNECH; JARDIM; LITTER, 2001):

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▪ Transformação química do composto alvo e não apenas sua troca de fase;

▪ Geralmente a mineralização completa do composto alvo é obtida;

▪ Em sua maioria não geram lodos que necessitem tratamento e/ou disposição final;

▪ São muito úteis para contaminantes refratários que resistem a outros métodos de

tratamento, principalmente o biológico;

▪ Tratam compostos em baixas concentrações (na ordem de µg L-1 e ng L-1);

▪ São ideais para reduzir a concentração de compostos formados no pré-tratamento

como na desinfecção;

▪ Geralmente melhoram as qualidades organolépticas da água;

▪ Em muitos casos consomem menos energia que outros métodos (como a

incineração);

▪ Permitem transformar compostos refratários em produtos tratáveis por métodos

mais econômicos, como por exemplo, tratamento biológico.

Dentre as principais desvantagens da aplicação de POA podem ser citadas

(GARCÍA-GALÁN; DÍAZ-CRUZ; BARCELÓ, 2009; PIGNATELLO; OLIVEROS;

MACKAY, 2006; TEIXEIRA; JARDIM, 2004):

▪ Em muitos casos, a mineralização do composto alvo não ocorre de forma completa,

e produtos de degradação podem ser formados, estando em sua forma ativa e

apresentando toxicidade maior que o composto alvo. Devido a esse fato, tem-se a

importância de avaliar a toxicidade do fármaco após o mesmo ser submetido aos

ensaios de degradação;

▪ Necessidade de separação do catalisador da fase líquida após o tratamento;

▪ A taxa de oxidação química do composto alvo é limitada pela taxa de geração de

HO•;

▪ Em efluentes contendo matéria orgânica, carbonatos, e bicarbonatos, por exemplo,

os HO• podem ser sequestrados por essas substâncias, diminuindo a eficiência do

processo.

A aplicação de POA no tratamento de efluentes é bastante ampla e abrange o

tratamento de efluentes industriais (têxtil, galvanoplastia, branqueamento de papéis,

agroquímicos), efluente hospitalar, remoção de agentes patógenos e persistentes, disruptores

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endócrinos, resíduos de medicamentos e microcontaminantes orgânicos, como pesticidas, e

metais potencialmente tóxicos (COMNINELLIS et al., 2008).

Os processos oxidativos avançados podem ser efetivos e muito úteis na degradação

das sulfonamidas (BARAN et al., 2011). Além disso, cabe ressaltar que do ponto de vista

prático, processos convencionais combinados aos avançados poderiam ser a melhor solução

para o tratamento de efluentes contendo antimicrobianos, incluindo os processos que podem

usar recursos de energia renovável (HOMEM; SANTOS, 2011), como a energia solar.

Estudos da aplicação de processos oxidativos avançados na degradação das

sulfonamidas em matrizes aquosas vêm sendo desenvolvidos e resultados satisfatórios são

reportados pela comunidade científica. A degradação pelo processo de ozonização foi avaliada

por LIN et al. (2009). Os autores obtiveram respectivamente 93, 96 e 95% de remoção de

sulfametoxazol, sulfadimetoxina e sulfametazina usando uma dosagem de 170 mg O3 min-1 e

vazão de 1,6 L min-1 em 10 min de ensaio. Ao extrapolar o tempo de ensaio para 20 min, todos

os compostos foram degradados mais de 99%.

A eficiência da ozonização para as sulfonamidas (Cinicial = 1 mg L-1) também foi

estudada por GAROMA; UMAMAHESHWAR; MUMPER (2010); com uma dose aplicada de

2,3 mg L-1 de O3, foram oxidados 90% de sulfametizol, 95% de sulfadiazina e 99% de

sulfatiazol.

O processo UV/H2O2 foi aplicado para avaliar a degradação de sulfametoxazol em

pH 6. Para esse estudo, BATISTA; PIRES; TEIXEIRA (2014a) utilizaram uma concentração

inicial do fármaco de 27,8 mg L-1 e concentrações de H2O2 de 98,6, 1.003 e 2.006 mg L-1. Após

47 min de irradiação, obteve-se 84% de redução da concentração do composto utilizando a

menor concentração de peróxido de hidrogênio; nesse mesmo tempo, obteve-se redução maior

que 90% ao usar a concentração intermediária de H2O2 e a completa remoção ao usar a

concentração máxima de H2O2 (concentração abaixo do limite de quantificação).

BATISTA; PIRES; TEIXEIRA (2014b) avaliaram também a degradação da

sulfadiazina, sulfamerazina e sulfametazina pela combinação dos processos UV/H2O2 e foto-

Fenton. A concentração inicial dos fármacos foi de 6,25, 6,6 e 6,95 mg L-1, respectivamente

(equivalente a 0,025 mmol L-1). A concentração de H2O2 foi de 88,4 mg L-1, a concentração de

Fe(III) foi 48,4 mg L-1 e o pH da solução de trabalho foi ajustado para 3,0. Para os três fármacos

avaliados, as concentrações residuais ficaram abaixo do limite de quantificação após 20 min de

irradiação para a sulfametazina (0,5 mg L-1), 12 min de irradiação para sulfamerazina

(0,17 mg L-1) e 6 min de irradiação para a sulfadiazina (0,3 mg L-1).

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3.4.2.1. Fotocatálise heterogênea (UV/TiO2, UV/TiO2/H2O2)

A fotocatálise com semicondutor teve início após a descoberta da divisão da água

por foto-indução com eletrodos de dióxido de titânio (HOMEM; SANTOS, 2011). Na

fotocatálise heterogênea a geração de radicais hidroxila ocorre da ativação de um semicondutor

pela radiação ultravioleta. Geralmente utiliza-se o dióxido de titânio (TiO2) como catalisador

da reação (ADAMEK et al., 2012; BARAN; SOCHACKA; WARDAS, 2006; BELTRÁN et

al., 2008; HU et al., 2007; NIU et al., 2013) devido a sua alta estabilidade, boa performance e

baixo custo, além de sua ativação tanto por radiação solar como artificial (HOMEM; SANTOS,

2011).

O princípio desse processo envolve a ativação do semicondutor (o qual é

caracterizado por possuir uma banda de valência e uma banda de condução e a diferença de

energia entre elas é chamada band gap) quando o catalisador é irradiado com energia maior que

a de band gap; ele é promovido a um estado eletronicamente excitado, no qual um elétron da

banda de valência passa para a banda de condução gerando um par elétron-lacuna (Equação 7),

o qual, por possuir caráter oxidante, gera radicais hidroxila a partir da oxidação de moléculas

de H2O (Equação 8) e de íons hidróxido, ambos adsorvidos na superfície do semicondutor

(Equação 9). O oxigênio dissolvido funciona como receptor de elétrons na banda de condução

gerando radicais superóxido (O2•-) (Equação 10) que subsequentemente geram H2O2 (Equação

11) e impedem a recombinação do par elétron-lacuna gerando radicais hidroxila adicionais

(Equação 12).

𝑇𝑖𝑂2 + ℎ𝑣 → 𝑒− + ℎ+ (7)

ℎ+ + 𝐻2𝑂𝑎𝑑𝑠 → 𝐻𝑂𝑎𝑑𝑠∙ + 𝐻+ (8)

ℎ+ + 𝐻𝑂− → 𝐻𝑂𝑎𝑑𝑠∙ (9)

𝑒− + 𝑂2 → 𝑂2∙− (10)

2𝐻𝑂2∙ → 𝐻2𝑂2 + 𝑂2 (11)

𝑒− + 𝐻2𝑂2 → 𝐻𝑂− + 𝐻𝑂∙ (12)

Em geral, o mecanismo da fotocatálise do semicondutor pode ser dividido em cinco

passos principais: 1) transferência de reagentes na fase líquida para a superfície; 2) adsorção de

reagentes; 3) reação na fase adsorvida; 4) dessorção de produtos e 5) remoção de produtos na

região de interface (HOMEM; SANTOS, 2011).

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Na degradação da sulfadiazina, sulfamerazina, sulfadimetoxina e sulfatiazol, por

fotocatálise heterogênea, observou-se que todas as moléculas seguem o mesmo mecanismo de

degradação. Foi sugerido que a rota inicial de degradação pode ocorrer tanto pelo ataque do

HO• ao anel aromático com a formação de uma ou duas hidroxissulfonamidas, como pela

quebra da ligação S-N e a consequente liberação de íons sulfato (CALZA et al., 2004).

3.4.2.2. Ozonização em meio básico (O3/HO-)

O ozônio é um oxidante forte (E0 = 2,07 V) capaz de agir de forma direta (via ozônio

molecular, o qual não é um POA) e indireta (via radical hidroxila); como alternativa para

aumentar a eficiência desse processo, é possível combiná-lo com radiação ultravioleta, peróxido

de hidrogênio ou catalisadores (HOMEM; SANTOS, 2011).

Em condições ácidas, a oxidação direta com ozônio molecular é predominante; no

entanto, em altos valores de pH, as condições são favoráveis para a geração de radicais

hidroxila, onde a forma indireta de oxidação é predominante uma vez que o ozônio se decompõe

em radicais hidroxila (EPA, 1999).

Para o processo de ozonização, a radiação ultravioleta não é determinante para que

a geração de HO• ocorra. Eles podem ser gerados a partir das reações descritas nas Equações 13

a 15.

𝑂3 + 𝐻𝑂− → 𝑂2 + 𝐻𝑂2− (13)

𝑂3 + 𝐻𝑂2− → 𝑂3

− + 𝐻𝑂2∙ (14)

𝑂3 + 𝐻O2∙ → 2𝑂2 + 𝐻𝑂∙ (15)

Acredita-se que os radicais hidroxila se formam como um dos produtos

intermediários e podem reagir diretamente com os compostos presentes na água. A

decomposição do ozônio em água pura ocorre com os radicais produzidos como produtos

intermediários da composição do ozônio, resultando na produção de 1,5 mol de radical hidroxila

por mol de ozônio (EPA, 1999).

A ozonização é extremamente dependente do pH, pois devido a acumulação de

ácidos carboxílicos durante o processo de degradação, ocorre o decréscimo do pH e isso pode

afetar a velocidade e os mecanismos de reação, bem como as taxas de absorção de ozônio

(HOMEM; SANTOS, 2011).

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3.4.2.3. Peroxidação assistida por radiação ultravioleta (UV/H2O2)

Esse processo consiste na combinação da fotólise, que é um processo físico-

químico, com a peroxidação, um processo químico. A radiação ultravioleta é capaz de provocar

a clivagem da molécula de peróxido de hidrogênio produzindo dois radicais hidroxila, conforme

descrito na Equação 16.

𝐻2𝑂2 + ℎ𝑣 → 2𝐻𝑂∙ 16)

Geralmente são utilizadas lâmpadas de vapor de mercúrio de média ou baixa

pressão que emitem radiação em comprimento de onda entre 200 a 300 nm (BOLTON, 2000)

respectivamente. No entanto, a absortividade do H2O2 é baixa nesta região do espectro

(Ɛ254 = 18,6 L mol-1 cm-1), porque sua absorção máxima ocorre a 220 nm. Seria então mais

adequado e conveniente o uso de lâmpadas de mercúrio dopadas com xenônio, as quais

encareceriam o tratamento, porém emitem radiação na faixa de 210-240 nm (DOMÈNECH;

JARDIM; LITTER, 2001; MELO et al., 2009).

A dissociação do H2O2 é favorecida formando o íon hidroperoxila (HO2-) em meio

básico; no entanto, a elevação excessiva do pH pode prejudicar o processo devido ao sequestro

dos radicais HO• promovido pelos íons bicarbonato (HCO3-) (Equação 17) e carbonato (CO3

2-)

(Equação 18).

𝐻𝑂∙ + 𝐻𝐶𝑂3− → 𝐻2𝑂 + 𝐶𝑂3

∙− (17)

𝐻𝑂∙ + 𝐶𝑂32− → 𝐻𝑂− + 𝐶𝑂3

∙− (18)

A concentração de H2O2 utilizada deve ser cuidadosamente calculada, uma vez que,

quando em altas concentrações, ao invés de aumentar a eficiência do processo de degradação,

a mesma pode ser reduzida devido a reações que consomem os radicais hidroxila (Equações 19

a 21).

𝐻2𝑂2 + 𝐻𝑂∙ → 𝐻2𝑂 + 𝐻𝑂2∙ (19)

𝐻𝑂2∙ + 𝐻𝑂∙ → 𝐻2𝑂 + 𝑂2 (20)

𝐻𝑂∙ + 𝐻𝑂∙ → 𝐻2𝑂2 (21)

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Dentre as vantagens no uso de UV/H2O2 pode-se destacar que o H2O2 é um oxidante

comercialmente muito acessível, termicamente estável e não requer locais especiais para

armazenamento, uma vez que ele é totalmente solúvel em água, não existem problemas de

transferência de massa associado a gases, como no caso do ozônio, e é uma fonte efetiva de

radicais hidroxila.

Como desvantagens, uma vez que as lâmpadas geralmente usadas não possuem o

adequado comprimento de onda, concentrações maiores do oxidante são necessárias e o método

pode se tornar não efetivo para o tratamento de efluentes que contenham compostos que

absorvam em comprimentos de onda menores que 300 nm (DOMÈNECH; JARDIM; LITTER,

2001), devido à competição pela radiação UV entre o H2O2 e os compostos presentes no

efluente.

3.4.2.4. Reação de Fenton (Fe2+/H2O2) e foto-Fenton (UV/Fe2+/H2O2)

Reagente de Fenton é um processo oxidativo avançado que gera radicais hidroxila

a partir da decomposição do peróxido de hidrogênio catalisada pela presença de sais de ferro

na solução (Equação 22). A reação de Fenton é bastante rápida, mas o processo se torna lento

quando o Fe(II) é oxidado a Fe(III), resultando na lenta produção de HO• (Equação 23).

𝐹𝑒(𝐼𝐼) + 𝐻2𝑂2 → 𝐹𝑒(𝐼𝐼𝐼) + 𝐻𝑂∙ + 𝑂𝐻− (22)

𝐹𝑒(𝐼𝐼𝐼) + 𝐻2𝑂2 → 𝐹𝑒(𝐼𝐼) + 𝐻𝑂2∙ + 𝐻+ (23)

A regeneração do Fe(III) a Fe(II) ocorre de forma mais rápida no processo de foto-

Fenton (Equação 24), com o aumento na geração de HO• e uma taxa de degradação também

mais alta quando comparada ao processo Fenton. Além disso, reações competitivas podem

ocorrer quando os reagentes de Fenton estão presentes em excesso, podendo sequestrar espécies

oxidantes (Equações 25 a 27) (GALLARD; DE LAAT; LEGUBE, 1998; PIGNATELLO, 1992;

PIGNATELLO; OLIVEROS; MACKAY, 2006).

𝐹𝑒𝑂𝐻2+ + ℎ𝑣 → 𝐹𝑒(𝐼𝐼) + 𝐻𝑂∙ (24)

𝐻𝑂∙ + 𝐹𝑒(𝐼𝐼) → 𝐹𝑒(𝐼𝐼𝐼) + 𝑂𝐻− (25)

𝐻𝑂∙ + 𝐻2𝑂2 → 𝐻𝑂2 ∙ + 𝐻2𝑂 (26)

𝐻𝑂∙ + 𝐻𝑂∙ → 𝐻2𝑂2 (27)

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O bom desempenho dos processos reagente de Fenton e foto-Fenton é dependente

do pH da solução, sendo o valor de pH 2,8 o mais adequado, pois favorece a máxima

decomposição do peróxido de hidrogênio e a especiação de Fe(III). Além disso, valores de pH

acima de 3 favorecem a precipitação dos complexos de ferro (HUANG; DONG; TANG, 1993;

PIGNATELLO, 1992; PIGNATELLO; OLIVEROS; MACKAY, 2006) diminuindo a

eficiência dos processos.

Como uma desvantagem dos processos reagente de Fenton e foto-Fenton pode-se

citar a necessidade de remoção dos sais de ferro formados durante o processo.

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CAPÍTULO I: Desenvolvido na Universidade Estadual de Campinas

4. METODOLOGIA

4.1. Reagentes

Sulfaquinoxalina (PESTANAL®, 97,8%, C14H12N4O2S, 300,34 g mol-1) foi

adquirida da Sigma-Aldrich, ácido fórmico (> 98%, CH2O2) e iodeto de potássio (KI) da Merck,

peróxido de hidrogênio (30% m/m, H2O2), ácido sulfúrico concentrado (97%, H2SO4) e amido

solúvel da Synth, hidróxido de sódio (97%, NaOH) da Ecibra, cloreto de bário (99%,

BaCl2.2H2O) e metanol grau HPLC (CH3OH) da J.T. Baker, metavanadato de amônio (99%,

NH4VO3) da Honeywell Riedel-de Haën, dióxido de titânio (TiO2 P-25) da Degussa,

permanganato de potássio (99,5%, KMnO4) e oxalato de sódio (99,8%, Na2C2O4) da Ecibra. A

água ultrapura foi obtida do sistema de purificação Milli-Q da Millipore. Cepas da bactéria

marinha Vibrio fischeri, a solução diluente (2% NaCl), de reconstituição (0,01% NaCl) e o

ajuste osmótico (22% NaCl) foram adquiridas da Unwelt (Blumenau, Brasil).

4.2. Metodologia analítica

4.2.1. Cromatografia líquida de alta eficiência

A cromatografia líquida de alta eficiência (do inglês, HPLC) foi o método utilizado

para determinar e quantificar a sulfaquinoxalina (SQX) em solução aquosa após os processos

de degradação. O cromatógrafo era composto por um sistema de bombas binárias, modelo 1525

(Waters, EUA), com detector de arranjo de diodos (DAD) modelo 2996 (Waters, EUA) e injetor

automático modelo 2707 (Waters, EUA). A aquisição de dados foi realizada pelo programa

EmpowerTM 3. Foi utilizada uma coluna modelo XBridge™ RP18 da marca Waters

(250 mm x 4,6 mm, 5 µm). Antes de injetar as amostras no cromatógrafo, elas foram filtradas

em filtros de membrana modelo Minisart RC 15 de 0,2 µm (Sartorius Stedim Biotech,

Alemanha).

O método cromatográfico foi avaliado de acordo com os seguintes parâmetros

analíticos: intervalo linear, linearidade, repetibilidade (precisão intra-ensaio e inter-ensaio),

exatidão, limite de detecção (LD) e limite de quantificação (LQ).

O intervalo linear foi determinado pela curva analítica de soluções aquosas

contendo concentração de SQX na faixa de 0,01 a 30 mg L-1. A partir da análise de regressão

linear pelo método dos mínimos quadrados, obteve-se a equação da reta (Tabela 4.1) onde y

representa a área do pico cromatográfico e x representa a concentração da SQX. A linearidade

de 0,9998 foi estabelecida como o coeficiente de regressão linear da reta e se enquadra no valor

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estabelecido (> 0,99) no Guia para Validação de Métodos Analíticos e Bioanalíticos da

ANVISA (2003).

Tabela 4.1: Parâmetros adotados para avaliar a metodologia analítica.

Equação da reta y = 112029x+7665,6

Linearidade (R) 0,9998

LD do equipamento 0,003 mg L-1

LD do método 0,012 µg L-1

LQ do equipamento 0,01 mg L-1

LQ do método 0,04 µg L-1

Exatidão 10 mg L-1 (n = 6) 95 - 97%

Precisão:

intra-ensaio 10 mg L-1 (n = 3) 0,09%

inter-ensaio 5 mg L-1 (n = 3) 4,62%

10 mg L-1 (n = 3) 4,65%

20 mg L-1 (n = 3) 2,81%

A precisão intra-ensaio foi determinada a partir de amostras de SQX na

concentração de 10 mg L-1, preparadas a partir da solução estoque. A determinação foi feita em

triplicata, no mesmo dia e no mesmo equipamento. Para a precisão inter-ensaio foram injetadas

em triplicata, amostras de SQX nas concentrações de 5, 10 e 20 mg L-1, em dias diferentes, pelo

mesmo analista e no mesmo equipamento. O desvio padrão relativo obtido para a precisão intra

e inter-ensaio foi menor que 5% (Tabela 4.1) e estão de acordo com as recomendações do Guia

para validação de métodos analíticos e bioanalíticos da ANVISA (2003). A exatidão, foi

calculada a partir do preparo de seis amostras de SQX na concentração de 10 mg L-1 e expressa

na Tabela 4.1 como porcentagem de recuperação da amostra.

O limite de detecção do equipamento foi determinado a partir da proporção do sinal-

ruído de 3:1, e o limite de quantificação do equipamento foi determinado a partir da relação

sinal-ruído 10:1. Uma vez que a amostra foi concentrada 250 vezes na extração em fase sólida,

foram determinados o limite de detecção e quantificação do método, mostrados na Tabela 4.1.

A determinação da fase móvel utilizada foi baseada na composição já utilizada por

outros pesquisadores para quantificação da SQX em HPLC (CHANG et al., 2008; DORETTO;

PERUCHI; RATH, 2014; PERRET et al., 2006). A fase móvel que proporcionou simetria ao

pico cromatográfico foi adotada neste estudo, sendo composta por 45% de uma solução aquosa

contendo 0,1% de ácido fórmico e 55% metanol (v/v). A vazão utilizada foi de 1 mL min-1, o

volume de injeção da amostra foi de 20 µL e o comprimento de onda monitorado no DAD foi

de 248 nm.

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4.2.2. Extração em fase sólida

A extração em fase sólida foi realizada após os processos de degradação para

concentrar a amostra e permitir a quantificação do analito de interesse utilizando-se o HPLC.

A recuperação de extração do analito foi avaliada em pH 3 e sem ajuste de pH (5,6) utilizando-

se dois cartuchos, sendo um com adsorvente de fase reversa Octadecil C18 (500 mg/6 mL), da

marca Varian, e outro com adsorvente polimérico Oasis HLB (500 mg/6 mL), da marca Waters.

Devido a superior eficiência do cartucho Varian (recuperação do analito entre 90 e

109%) em relação ao cartucho Oasis (recuperação do analito entre 71 e 96%) para

concentrações variando de 5 a 500 µg L-1, o cartucho da Varian e o pH 3,0 foram adotados para

a extração do analito (Figura 4.1). Desta forma, após os ensaios de degradação, o pH das

amostras foi ajustado para 3,0 com H2SO4 diluído (10%, v/v) antes de iniciar a extração em fase

sólida.

Figura 4.1: Recuperação do analito nos cartuchos Oasis e Varian em pH 3,0 e 5,6. A linha vermelha

indica 90% de recuperação do analito.

O condicionamento dos cartuchos foi realizado com 6 mL de metanol e 6 mL de

água ultrapura. A submetida ao processo de degradação (1000 mL) percolou o cartucho a uma

vazão de, aproximadamente, 10 mL min-1. Após a extração, o cartucho foi eluído com 4 mL de

metanol, o que corresponde à concentração da amostra em 250 vezes. Antes de injetar as

amostras no HPLC, elas foram diluídas na proporção 50:50 (água ultrapura:metanol) devido à

composição da fase móvel.

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4.2.3. Espectrometria de massas

A avaliação dos produtos de degradação da SQX, após a mesma ser submetida aos

processos de degradação, foi feita utilizando um Espectrômetro de Massas triplo quadrupolo

modelo Quattro Micro API (Waters, EUA) acoplado a uma fonte de ionização por electrospray

(ESI). Os dados foram adquiridos pelo software MassLynx®.

As amostras foram preparadas na concentração inicial de 5 mg L-1 de SQX para

aumentar a intensidade do sinal e permitir que os produtos de degradação fossem detectados.

As alíquotas foram coletadas nos tempos correspondentes aos dos ensaios de degradação. Foi

utilizada uma coluna cromatográfica para separação dos analitos e permitir o monitoramento

dos produtos de degradação ao longo dos tempos de reação. As condições utilizadas no

equipamento para obtenção dos dados são descritas na Tabela 4.2. O limite de detecção do

equipamento foi de 0,001 mg L-1.

Tabela 4.2: Condições utilizadas no espectrômetro de massas para avaliação dos produtos de

degradação formados.

Modo de operação ESI +

Faixa espectro 120 a 400 m/z

Coluna Acquity UPLC BEH (2.1 x 50 mm; 1.7 µm)

Pré-coluna Acquity UPLC BEH (2.1 x 5 mm; 1.7 µm)

Fase móvel 0,1% ácido fórmico:metanol (60:40 v/v)

Vazão 0,3 mL min-1

Energia do cone 38 V

Energia capilar 3,5 kV

Energia colisão 3 V

Temperatura da coluna 40ºC

Temperatura da amostra 15ºC

Temperatura de dessolvatação 500ºC

Vazão do gás no cone 50 L h-1

Vazão gás dessolvatação 850 L h-1

Volume injeção 5 µL

Para quantificação e identificação da sulfaquinoxalina nas amostras submetidas aos

processos de degradação foi feita a fragmentação da molécula, usando uma solução de

5 mg L-1 de SQX preparada em água ultrapura e inserida por meio de infusão direta no

espectrômetro de massas em modo positivo. A partir da fragmentação da SQX, que tem como

íon precursor a m/z 301,0 foram determinados os íons de identificação (m/z 92,03) e

quantificação (m/z 155,95).

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4.3. Ensaios de degradação

Os ensaios de degradação foram realizados em escala de bancada no Laboratório

de Processos Oxidativos da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo

(FEC/Unicamp).

4.3.1. Reator fotoquímico em batelada com recirculação da solução

O reator fotoquímico com recirculação da solução era de vidro borossilicato com

comprimento de 38,5 cm e diâmetro interno de 3,5 cm. O volume útil do reator era de

190 mL. Acoplada no centro do reator, havia uma lâmpada de vapor de mercúrio de baixa

pressão (UVC, 15 W, λmáx: 254 nm e 2,1 cm de diâmetro interno), permanecendo em contato

direto com a solução a ser degradada. O reator foi conectado a uma bomba peristáltica que

permitia a recirculação da solução conforme ilustrado na Figura 4.2.

Figura 4.2: Esquema do reator fotoquímico em vidro borossilicato com lâmpada acoplada ao centro.

A intensidade de radiação emitida pela lâmpada UV utilizada nesse reator foi de

6,95 mW cm-2 e foi medida utilizando um radiômetro Cole Parmer Modelo VLX3 W calibrado

em 254 nm. A partir desse dado, foi utilizada a Equação 28 para determinar o tempo de

irradiação durante os processos de degradação, uma vez que o reator tinha um volume útil de

190 mL e o volume total da amostra era de 1000 mL.

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𝑡𝑖𝑟𝑟𝑎𝑑𝑖𝑎çã𝑜 =𝑡𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙×𝑉r𝑒𝑎𝑡𝑜𝑟

𝑉𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜 (28)

sendo, tirradiação corresponde ao tempo em que a amostra recebeu radiação UV, ttotal é o tempo

total de duração do ensaio, Vreator é o volume do reator e Vsolução é o volume da solução.

Desta forma, são descritos na Tabela 4.3 os tempos de ensaio e de irradiação do

reator com recirculação da solução (nos quais efetivamente a amostra recebeu radiação UV e a

reação de degradação ocorreu), o qual foi calculado a partir da Equação 28.

Tabela 4.3: Tempos de ensaio e de irradiação da amostra nos reatores com e sem recirculação da

solução utilizados para degradação da sulfaquinoxalina.

Tempo ensaio reator

recirculação

(min)

Tempo irradiação

reator recirculação

(min)

Dose radiação

(mJ cm-2)

Tempo ensaio reator

sem recirculação

(min)

0 0 0 0

10 1,9 792,9 1,5

15 2,9 1321,5 2,5

30 5,7 2378,7 4,5

45 8,6 3700,2 7

60 11,4 4757,4 9

- - 5814,6 11

- - 7400,4 14

No reator em batelada sem recirculação da solução, os tempos de ensaio adotados

foram baseados nos tempos utilizados no reator com recirculação. Assim, os tempos a serem

utilizados nesse reator foram baseados na intensidade de radiação da lâmpada do reator com

recirculação (6,95 mW cm-²) e na Equação 28. Os tempos de ensaio adotados (0 a 14 min), bem

como a dose de radiação calculada (0 a 7400,4 mJ cm-2), foram descritos na Tabela 4.3.

4.3.2. Reator fotoquímico em batelada sem recirculação da solução

A lâmpada utilizada no reator em batelada era germicida, UVC e com potência de

16 W (λmax: 254 nm). A intensidade da radiação da lâmpada foi medida com um radiômetro

Cole Parmer Modelo VLX3 W calibrado em 254 nm e foi de 8,81 mW cm-2.

A parte interna do reator era constituída por um tubo de quartzo fechado em uma

das extremidades no qual era inserida a lâmpada, evitando que a mesma tivesse contato direto

com a solução. O tubo de quartzo era acoplado a um tubo de vidro de borossilicato também

fechado em uma das extremidades que possuía dupla face para permitir recirculação de água,

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para manutenção da temperatura. O reator possuía volume útil de 1000 mL e está ilustrado na

Figura 4.3. Os tempos de ensaio variaram de 0 a 14 minutos e estão descritos na Tabela 4.3.

Figura 4.3: Representação do reator fotoquímico utilizado na degradação da sulfaquinoxalina pelos

processos fotocatálise e fotólise.

4.3.3. Coluna de contato para ensaios de ozonização

Os testes de ozonização foram realizados em uma coluna de contato com volume

útil de 1000 mL. A coluna de contato possuía formato tubular com 50 cm de altura (h) e 7 cm

de diâmetro (d). Acoplado a essa coluna tinha-se um difusor de vidro sinterizado (porosidade

média fina, 16 a 40 µm), que era responsável pela difusão do ozônio no reator (Figura 4.4). Para

garantir a mistura completa entre as fases líquida e gasosa, a razão h/d deveria ser ≤10 a qual

nesse caso foi de 7,15 e a porosidade do difusor entre 10 e 40 µm (GOTTSCHALK; LIBRA;

SAUPE, 2010). O sistema experimental era constituído por um gerador de ozônio seguido pela

coluna de contato contendo a amostra de SQX. A saída do gás foi ligada a um tubo de vidro

contendo a solução de iodeto de potássio, para determinação do ozônio residual na fase gasosa.

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Figura 4.4: Coluna de contato utilizada nos ensaios de ozonização da sulfaquinoxalina conectada ao

tubo de vidro contendo iodeto de potássio (KI) para determinação do ozônio na fase gasosa.

A concentração de ozônio na fase gasosa foi medida na entrada e saída da coluna

de contato, conforme metodologia descrita por APHA (2012), e o limite de quantificação do

método foi de 0,1 mg O3 L-1. Para tanto, dois tubos de vidro borossilicato, com volume útil de

1900 mL, contendo uma solução de iodeto de potássio (KI) foram usados para determinar a

quantidade de ozônio na entrada e na saída do sistema e assim permitir a quantificação do

ozônio consumido durante a degradação do fármaco.

O método para estimar a massa de ozônio contida na fase líquida consiste

primeiramente no borbulhamento de ozônio por determinado tempo em uma solução contendo

iodeto de potássio. Dois mols de iodeto de potássio são oxidados pelo ozônio formando um mol

de iodo (I2) conforme descrito na Equação 29.

2𝐾𝐼 + 𝑂3 + 2𝐻2𝑂 → 𝐼2 + 3/2𝑂2 + 2𝐾𝑂𝐻 (29)

Deve-se adicionar 10 mL de ácido sulfúrico (2 mol L-1) à solução de KI borbulhada

com ozônio e prosseguir com a titulação utilizando uma solução padronizada de tiossulfato de

sódio (0,1 N) até obter uma coloração amarela clara. A titulação deve ser realizada em meio

ácido porque em pH neutro a reação não é estequiométrica, devido à oxidação parcial do

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tiossulfato em sulfato. Em seguida, adiciona-se de 1 a 2 mL de solução indicadora de amido, a

qual irá mudar a coloração da solução para azul escuro, e então segue-se com a titulação até

que a solução se torne incolor. A reação de oxidação dos íons tiossulfato (S2O32-) pelo iodo (I2)

tem como produto o tetrationato (S4O62-) e está descrita na Equação 30 (APHA, 2012;

GUIMARÃES et al., 2010).

2𝑆2𝑂32− + 𝐼2 ↔ 𝑆4𝑂6

2− + 2𝐼− (30)

A partir da titulação descrita na Equação 30, determina-se a concentração de iodo

na solução, a qual deve ser convertida para a concentração de ozônio por meio da Equação 31.

𝑂3 =𝐴×𝑁×24

𝑡 (31)

sendo, O3 (mg min-1); A o volume de titulante gasto (mL); N a normalidade da solução padrão

de tiossulfato de sódio (mol L-1); 24 é a massa molar do O3/2 em g mol-1; t o tempo de

borbulhamento do gás (min).

Foi utilizado o gerador de ozônio O3R (Philozon). O sistema emprega a tecnologia

de descarga corona e foi alimentado com ar ambiente, uma vez que possui uma unidade de

concentração de oxigênio. A descarga corona é também conhecida como uma descarga elétrica

silenciosa que consiste na passagem de um gás contendo oxigênio por meio de dois eletrodos,

separados por uma descarga dielétrica. Uma voltagem é aplicada aos eletrodos causando um

fluxo de elétrons por meio da abertura da descarga. Esses elétrons fornecem a energia para

dissociação das moléculas de oxigênio, formando o ozônio (EPA, 1999).

A geração de ozônio quantificada foi de 5,52 ± 0,32 mg min-1 L-1 na potência de

10% e fluxo de O2 de 4 L min-1. As doses de ozônio aplicadas nesse estudo variaram de 0,5 a

79,5 mg L-1. Para retirada do ozônio remanescente das amostras, borbulhou-se nitrogênio em

cada amostra pelo tempo de 10 min após a coleta das amostras em seus respectivos tempos.

4.4. Condições experimentais

Uma solução estoque de SQX foi preparada na concentração de 500 mg L-1 diluindo

o fármaco em metanol, e a mesma foi armazenada a 4ºC em frasco âmbar, ao abrigo da luz. As

soluções de trabalho foram preparadas no momento dos ensaios na concentração de

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500 µg L-1, diluindo a solução estoque em água ultrapura. Essa concentração inicial de trabalho

foi escolhida devido ao limite de quantificação do equipamento utilizado.

Todos os ensaios de degradação foram realizados no mínimo em duplicata e os

resultados foram expressos pelas médias, degradação mínima e máxima.

4.4.1. Processos de fotólise, peroxidação e UV/H2O2

Além de avaliar a degradação da SQX pelo processo oxidativo avançado de

UV/H2O2, foram avaliados também os processos de fotólise e peroxidação (H2O2). Os ensaios

foram realizados no reator fotoquímico com recirculação (descrito no item 4.3.1.). Os tempos

de degradação avaliados foram 0, 10, 15, 30, 45 e 60 min. O pH usado foi o original da solução

de trabalho (5,6).

A concentração de peróxido de hidrogênio (H2O2) utilizada nos ensaios de

peroxidação e UV/H2O2 foi baseada na relação estequiométrica entre a SQX e o H2O2, ilustrada

na Equação 32.

1𝐶14𝐻12𝑁4𝑂2𝑆 + 45𝐻2𝑂2 → 14𝐶𝑂2 + 48𝐻2𝑂 + 4𝐻𝑁𝑂3 + 𝐻2𝑆𝑂4 (32)

Desta forma, para degradar um mol de SQX, são necessários 45 mols H2O2. A

concentração inicial de SQX adotada nos ensaios (500 µg L-1) corresponde a

1,66x10-3 mmol L-1. Nesta relação, foram necessários 7,47x10-2 mmol L-1 de H2O2

(2540 µg L-1). As proporções adotadas nos ensaios de degradação estão descritas na Tabela 4.4.

Tabela 4.4: Concentrações de peróxido de hidrogênio utilizadas na degradação da sulfaquinoxalina

nos processos de peroxidação e UV/H2O2.

Proporção

(SQX:H2O2) Relação estequiométrica

(mol:mol) Concentração H2O2

(mmol L-1)

1:10 1:450 0,8

1:20 1:900 1,5

1:40 1:1800 3,0

1:80 1:3600 6,0

1:120 1:5400 9,0

O decaimento da concentração de peróxido de hidrogênio durante os ensaios de

degradação foi avaliado usando-se o método colorimétrico descrito por NOGUEIRA;

OLIVEIRA; PATERLINI (2005) com o uso de permanganato de potássio ao invés de

ferrioxalato de potássio. O limite de quantificação obtido foi de 0,03 mmol L-1. Essa

determinação tem como objetivo acompanhar o consumo de H2O2 durante o processo de

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degradação. É esperado que o H2O2 esteja em excesso, para que a reação seja completa e o

desempenho do processo não seja comprometido. No entanto, esse oxidante não pode estar em

grande excesso, pois, nessas condições, atua como sequestrador de HO•.

4.4.2. Fotocatálise heterogênea (UV/TiO2 e UV/TiO2/H2O2)

A fotocatálise (UV/TiO2) foi realizada no reator fotoquímico sem recirculação

(descrito no item 3.5.1.2). O semicondutor dióxido de titânio (TiO2) foi utilizado em suspensão

como catalisador da reação. O uso do TiO2 em suspensão tem como vantagem que sua

superfície esteja completamente disponível para que a fotorreação ocorra. Os teores do

catalisador variaram entre 5 a 100 mg L-1. Optou-se por utilizar esses teores de catalisador

porque estudos anteriores concluíram que essa é a faixa de trabalho mais adequada (PERES;

MANIERO; GUIMARÃES, 2015; RODRIGUES-SILVA et al., 2013). O TiO2 utilizado foi o

P25 (Degussa) e caracteriza-se por sua forma 80% anatase, a área superficial da partícula é de

55 m2 g-1, o “bandgap” é de 3 a 3,15 V e o ponto isoelétrico é 6,0 o que significa que o

catalisador está carregado com cargas elétricas positivas quando em meio ácido (H+) e com

cargas elétricas negativas quando em meio básico (HO-). O pH das soluções de trabalho foi

ajustado para 6 com solução de NaOH 0,2 mol L-1 que também é o pH no qual a SQX possui

carga neutra para evitar repulsão das cargas elétricas, prejudicando a adsorção do

antimicrobiano à superfície do catalisador.

Para avaliar qual o tempo de adsorção da SQX à superfície do catalisador foi foram

preparadas soluções contendo 5, 20, 80 e 100 mg L-1 de TiO2 e 500 µg L-1 de SQX. A adsorção

da SQX foi avaliada nos tempos 0, 10, 20, 30, 45, 60 e 90 min. Adotou-se o tempo de 30 min

como “black period”, uma vez que a adsorção máxima da SQX foi de 10% a partir desse tempo

e o desvio padrão entre os teores de TiO2 testados foi de 0,7%.

Após submeter as amostras ao processo de degradação por fotocatálise, as mesmas

foram filtradas para retirada do catalisador em suspensão utilizando filtro do tipo papel de fibra

de vidro 0,25 mm (Sartorius, Biotec) e em seguida foram submetidas à extração em fase sólida.

Avaliou-se a recuperação de uma solução contendo 500 µg L-1 de SQX sem passar por filtração

e outra solução com as mesmas características, porém que foi filtrada antes da extração em fase

sólida. A recuperação foi de 109,41% para a amostra não filtrada e 112,63% para a amostra

filtrada, o que indica que não houve retenção da SQX no filtro.

Ensaios do processo de fotocatálise combinado a H2O2 (UV/TiO2/H2O2) também

foram realizados utilizando 0,8 mmol L-1 de H2O2 aos seguintes teores de catalisador: 5, 50 e

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100 mg L-1 de TiO2. O pH das soluções foi ajustado para 6,0. Essa concentração de H2O2 foi

escolhida por ser a menor utilizada no processo UV/H2O2, com o objetivo de avaliar o aumento

da eficiência de degradação utilizando a menor concentração de H2O2 e diferentes teores do

catalisador e, posteriormente, comparar esses resultados com a eficiência observada nesses

processos quando aplicados separadamente.

Após observar os resultados preliminares decidiu-se aumentar o tempo de

degradação além dos pré-definidos (0 a 9 min) para observar o decaimento da SQX em tempos

de reação maiores. Desta forma, a fotocatálise foi avaliada nos tempos: 0; 1,5; 2,5; 4,5; 7; 9; 11

e 14 min (Tabela 4.3).

4.4.3. Ozonização (O3, O3/HO-)

A produção de ozônio (mg min-1) pelo gerador foi determinada experimentalmente,

utilizando o método titulométrico (descrito no item 4.3.3). Pela variação no tempo de

ozonização, diferentes doses de ozônio foram aplicadas para degradação da SQX. Os ensaios

foram realizados em pH 3, 7 e 11 e a dose de ozônio para os tempos testados foi calculada a

partir da Equação 33. Diferentes valores de pH foram testados para verificar a degradação do

fármaco via ozônio molecular e via radical HO•. O pH das soluções de trabalho foi ajustado

com H2SO4 10% e NaOH 0,2 mmol L-1.

𝐷𝑜𝑠𝑒𝑂3 =𝑂3×𝑡

𝑣 (33)

sendo, O3 a concentração (mg min-1) obtida na Equação 31; t o tempo de contato (min); v o

volume da solução (L).

Antes de iniciar os ensaios de degradação da SQX por ozonização, foi realizado um

teste de estabilidade das amostras em todos os valores de pH estudados (3, 7 e 11). As amostras

foram preparadas em água ultrapura na concentração de 500 µg L-1 de SQX, e após o ajuste de

pH, foram deixadas em repouso pelo período de 5 horas. Posteriormente, a recuperação do

analito foi avaliada e para todas as condições foi acima de 95%, o que mostra que a ampla faixa

de pH adotada nesse estudo não influenciou a estabilidade das SQX.

Apesar da constante de Henry (25°C) da SQX (6,7 x 10-11 atm m-3 mol-1) indicar

baixa volatilidade, um segundo teste preliminar foi realizado para avaliar se o borbulhamento

de ozônio nas soluções poderia causar sua volatilização durante os ensaios. Foram preparadas

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amostras de SQX (C0 = 500 µg L-1) e o pH foi ajustado para 3, 7 e 11. Cada amostra foi

borbulhada com oxigênio na mesma vazão em que o ozônio era aplicado às amostras. O tempo

de borbulhamento foi o tempo máximo de ozonização adotado para cada pH, sendo de 1 minuto

para pH 3, 2,5 min para pH 7 e 15 min para pH 11. A recuperação da SQX após esse teste foi

acima de 96% para os três pH de trabalho.

4.5. Avaliação da toxicidade residual das soluções tratadas

O ensaio de toxicidade, utilizando a bactéria marinha Vibrio fischeri (Gram-

negativa) como organismo teste, foi realizado de acordo com a metodologia descrita na norma

L5.227/2001 (CETESB, 2001). Foram avaliadas a toxicidade da solução inicial de SQX, do

H2O2 em diferentes concentrações e das soluções submetidas aos processos de degradação.

As amostras foram analisadas utilizando o Microtox modelo 500, da marca

Strategic Diagnostics Inc. (Newark, Delaware, EUA). Uma vez que a concentração inicial de

sulfaquinoxalina utilizada nos ensaios não apresentou mais que 20% de inibição de

luminescência das bactérias, optou-se por seguir o protocolo 81,9% Basic Test no modo

screening (SDI Microtox Omni 4.0) (Strategic Diagnostics Inc., Newark, Delaware, EUA), no

qual não é necessário realizar a diluição serial das amostras como no teste completo. O tempo

de contato da bactéria com as amostras foi de 30 min. Os resultados foram expressos em

porcentagem de inibição da luminescência das bactérias.

As amostras submetidas aos processos de degradação por UV/TiO2 e

UV/TiO2/H2O2 foram filtradas para remoção do catalisador antes de realizar os ensaios de

toxicidade por Microtox.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. Ensaios de degradação

5.1.1. Peroxidação assistida por radiação ultravioleta em reator com recirculação da

solução

O processo UV/ H2O2 foi avaliado juntamente com a fotólise e a peroxidação e os

resultados são apresentados na Figura 5.1. A peroxidação não foi efetiva na degradação da SQX

nas concentrações mínima e máxima de H2O2 testadas (0,8 e 9,0 mmol L-1), as quais

correspondem à relação estequiométrica SQX:H2O2 de 1:450 e 1:5400 respectivamente. O

consumo do peróxido de hidrogênio foi avaliado e a variação esteve abaixo do limite de

quantificação do método (0,03 mmol L-1), indicando que não ocorreu reação entre o oxidante e

a SQX.

A baixa eficiência de oxidação que o processo de peroxidação apresentou para a

sulfaquinoxalina (Figura 5.1) está de acordo com os resultados reportados para fármacos

veterinários da família das tetraciclinas, fluoroquinolonas e sulfonamidas (CAIANELO et al.,

2016; CRUZ, 2016; DA SILVA et al., 2011; LIAO et al., 2016).

Figura 5.1: Degradação da sulfaquinoxalina pelos processos de fotólise, peroxidação e peroxidação

assistida por radiação ultravioleta, realizados no reator com recirculação.

0 10 20 30 40 50 600,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

C/C

0

Tempo de ensaio (min)

UV H2O

2 (0,8 mmol L

-1) H

2O

2 (9,0 mmol L

-1)

UV/H2O

2 (0,8 mmol L

-1)

UV/H2O

2 (1,5 mmol L

-1)

UV/H2O

2 (3,0 mmol L

-1) UV/H

2O

2 (6,0 mmol L

-1)

UV/H2O

2 (9,0 mmol L

-1)

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No processo de fotólise foram degradados 58% da SQX após 11,4 minutos de

radiação, o qual corresponde a 60 min de ensaio. A degradação da SQX por UV foi ajustada a

um modelo de pseudo-primeira ordem, na qual a constante de velocidade de reação foi

0,014 min-1. Em geral, a fotólise não é um tratamento efetivo para completa remoção da SQX

de matrizes aquosas. LIAO e colaboradores (2016) estudaram a degradação de 10 mg L-1 de

SQX por fotólise, peroxidação (2,35 mmol L-1) e UV/H2O2 (0,3 – 7,0 mmol L-1 de H2O2). Eles

reportaram, tanto para a fotólise quanto para a peroxidação, resultados similares aos obtidos

nesse estudo, ou seja, degradação desprezível por peroxidação e 60% de degradação da SQX

por fotólise.

Quando o processo H2O2 foi combinado à radiação UV, a eficiência de degradação

da SQX foi de 99,6% utilizando 9,0 mmol L-1 H2O2 (concentração máxima utilizada nesse

estudo) em 60 min (Figura 5.1). É importante ressaltar que apesar da alta degradação obtida

utilizando a proporção estequiométrica SQX:H2O2 de 1:5400, resultados similares foram

obtidos utilizando-se 1/3 da concentração de H2O2, ou seja, 3,0 mmol L-1 (proporção

estequiométrica SQX:H2O2 de 1:1800), com degradação de 98% e, com 2/3 (proporção

estequiométrica SQX:H2O2 de 1:3600, 6,0 mmol L-1), obteve-se 99,2%.

LIAO et al. (2016) submeteram uma solução contendo 10 mg L-1 de SQX ao

processo UV/H2O2 utilizando uma concentração de 80 mg L-1 de H2O2, resultando em uma

relação mássica de 1:8. Nessa condição, mais de 99% da SQX foi degradada aplicando-se uma

dose de radiação de 2214 mJ cm-2. No presente estudo, a menor concentração de H2O2 avaliada

foi de 0,8 mmol L-1, (ou 27,2 mg L-1) e considerando a concentração inicial de 500 µg L-1 de

SQX, a relação mássica foi de 1:54. No entanto, a degradação obtida aplicando-se uma dose de

radiação de 2378,7 mJ cm-2, obteve-se apenas 45% de degradação da SQX. Isso ocorreu porque

concentrações menores os processos de degradação são mais lentos, uma vez que o oxidante

tem mais dificuldade em se chocar com a molécula na solução.

Reações competitivas que desaceleram a degradação do analito podem ocorrer

quando o oxidante, nesse caso o H2O2, é adicionado em excesso (FERREIRA; MANIERO;

GUIMARÃES, 2015) e também quando há matéria orgânica e alguns compostos químicos

como carbonatos na solução a ser tratada (LIAO et al., 2016). No entanto, as concentrações

utilizadas nesse estudo não resultaram na diminuição da eficiência do processo. O H2O2 residual

foi avaliado para todas as concentrações utilizadas no processo UV/H2O2 e quantificou-se um

residual entre 40 e 50% da concentração inicial.

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60

O modelo de pseudo-primeira ordem foi usado para obter as constantes de

velocidade de reação (k) do processo UV/H2O2. Quando empregado 0,8 mmol L-1 de H2O2,

obteve-se k = 0,019 min-1; para 1,5 mmol L-1 de H2O2, obteve-se k = 0,026 min-1; para

3,0 mmol L-1 de H2O2, obteve-se k = 0,041 min-1; para 6,0 mmol L-1 de H2O2, obteve-se

k = 0,064 min-1 e para 9,0 mmol L-1 de H2O2, obteve-se k = 0,093 min-1. Comparativamente, o

processo de UV/H2O2 com 9,0 mmol L-1 resultou num aumento da velocidade de reação de

degradação da SQX em torno de seis vezes, quando comparada à fotólise, resultado esperado e

desejável pois possibilita reduzir o tempo de reação do processo.

Conforme já destacado na Figura 5.1, eficiência na degradação da SQX utilizando

3,0; 6,0 e 9,0 mmol L-1 de H2O2 foi similar em 60 min de ensaio. Do ponto de vista onde se tem

como objetivo reduzir o uso de oxidante, mesmo que permanecendo com maiores tempos de

reação, a concentração de 3,0 mmol L-1 de H2O2 poderia ser classificada como a melhor

avaliada. No entanto, observando as constantes de velocidade de reação (k) obtidas, com o

objetivo de diminuir o tempo de reação e radiação UV, mesmo sendo necessário utilizar uma

concentração maior de oxidante, 9,0 mmol L-1 H2O2 poderia ser classificada como a condição

mais adequada.

A constante de velocidade de reação dos antimicrobianos está relacionada não só à

concentração do oxidante, mas também à particularidade da estrutura química de cada

molécula. Não é possível generalizar que determinada classe de antimicrobianos se degrada

mais rápido em detrimento às outras, nas mesmas condições experimentais. Um exemplo são

os resultados obtidos por DE OLIVEIRA; MANIERO; GUIMARÃES (2015) em condições

experimentais semelhantes a esse estudo. Obteve-se 96% de degradação da lomefloxacina

usando 6,7 mmol L-1 de H2O2 em 11,4 min de radiação. Para a SQX, o tempo para obter essa

eficiência foi reduzido a 8,6 min de radiação usando 6,0 mmol L-1 de H2O2 (Figura 5.1).

(URBANO et al., 2017) relataram que, para degradar mais de 98% da ofloxacina em 8,6 min

de reação, foram necessários 3,0 mmol L-1 de H2O2, e para a SQX, a mesma degradação foi

obtida utilizando-se o dobro da concentração de H2O2 (6,0 mmol L-1).

A estrutura química das sulfonamidas possivelmente pode afetar sua reatividade

com o HO•. BATISTA; PIRES; TEIXEIRA (2014a) compararam a estrutura química de três

sulfonamidas (sulfadiazina, sulfamerazina e sulfametazina), e observaram que, quanto mais

grupos metil estiverem presentes no grupo aromático heterocíclico, mais lenta será a taxa de

degradação. No entanto, essa particularidade pode ser aplicada apenas às sulfonamidas, uma

vez que a OFX por exemplo, possui mais grupos metil que a SQX, os quais poderiam contribuir

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para que um bloqueio estérico à adição de HO• ocorresse, diminuindo a taxa de degradação.

Porém, não foi esse o comportamento observado por URBANO (2017), e comparando as taxas

de degradação, a SQX é sempre inferior.

Os autores acreditam que provavelmente a reatividade da molécula de ofloxacina

com os HO• é maior que a reatividade da SQX, devido a estrutura química desses

antimicrobianos, o que poderia ser uma razão para explicar porque a ofloxacina foi mais

facilmente degradada por HO• em comparação com a SQX, nas mesmas condições

experimentais (URBANO et al., 2017).

5.1.2. Fotocatálise em reator sem recirculação da solução

A degradação da SQX por UV/TiO2 foi avaliada utilizando teores de TiO2 em

suspensão que variaram entre 5 e 100 mg L-1 (Figura 5.2). Usando 5 mg L-1 de TiO2, a eficiência

do processo foi similar à fotólise, ou seja, 76% da SQX presente na solução foi degradada após

14 min. Provavelmente, isso ocorreu porque houve uma menor adsorção da SQX à superfície

do catalisador, devido ao baixo teor de ambos na solução. Observa-se que ao aumentar o teor

do catalisador, a eficiência aumentou a partir de 20 mg L-1. Essa correlação entre a degradação

e o teor de catalisador ocorre devido ao aumento no número de sítios ativos na superfície do

TiO2, que consequentemente aumenta a reação fotocatalítica (PERES; MANIERO;

GUIMARÃES, 2015).

Após 11 min de reação, obteve-se degradação da SQX maior que 99,7% utilizando

50, 80, e 100 mg L-1 de TiO2 (Figura 5.2). Essa eficiência foi maior que a obtida por PERES;

MANIERO; GUIMARÃES (2015), que obteve uma degradação de 89,3% de uma solução

contendo 500 µg L-1 de ofloxacina, utilizando um teor de 128 mg L-1 de TiO2 em 60 min de

ensaio, correspondente a 11,4 min de radiação UV.

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Figura 5.2: Degradação da sulfaquinoxalina por fotólise e fotocatálise no reator sem recirculação.

A degradação da SQX por fotocatálise foi ajustada a um modelo de pseudo-primeira

ordem, e as seguintes constantes de reação foram obtidas: k = 0,057 min-1 para 5 mg L-1 TiO2,

k = 0,065 min-1 para 20 mg L-1 TiO2, k = 0,175 min-1 para 50 mg L-1 TiO2, k = 0,182 min-1 para

80 mg L-1 TiO2 e k = 0,252 min-1 para 100 mg L-1 TiO2. Para a fotólise no reator sem

recirculação, obteve-se uma constante de velocidade de reação k = 0,117 min-1.

Em geral, para tempos de irradiação inferiores a 11 min, o perfil de degradação da

SQX utilizando teores de catalisador entre 50 e 100 mg L-1 foi semelhante. Observando-se a

constante de velocidade de reação (k) nessas condições de degradação, é possível afirmar que

o teor de 50 mg L-1 de TiO2 pode ser recomendado com o objetivo de diminuir o teor de

catalisador utilizado na degradação da SQX presente em água ultrapura, uma vez que se obteve

a mesma eficiência de remoção da SQX após 11 min de reação, quando comparada ao dobro

do teor de TiO2.

Apesar da constante de velocidade de reação obtida ser maior para a condição

utilizando 100 mg L-1 TiO2, quando comparados com os outros resultados, essa condição não

se destaca dentre as demais como mais efetiva. Quando em altas concentrações, o catalisador

pode promover um efeito de blindagem devido ao excesso de partículas, mascarando parte da

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 140,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

C/C

0

Tempo de reação (min)

UV UV/TiO2 (5 mg L

-1) UV/TiO

2 (20 mg L

-1) UV/TiO

2 (50 mg L

-1)

UV/TiO2 (80 mg L

-1)

UV/TiO2 (100 mg L

-1)

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superfície fotossensível do catalisador e dificultando a penetração da radiação, de modo que a

eficiência de degradação tende então a alcançar uma estabilidade (XEKOUKOULOTAKIS et

al., 2011), o que pode ter ocorrido nesse caso.

Em relação à concentração inicial de SQX adotada nesse estudo (500 µg L-1), a

relação mássica entre a SQX e os teores de TiO2 utilizadas foram de: 1:10, 1:40, 1:100, 1:160

e 1:200. Os teores de TiO2 utilizados nesse estudo se adequam às faixas reportadas na literatura

para outras sulfonamidas.

XEKOUKOULOTAKIS et al. (2011) estudaram a degradação do sulfametoxazol

(SMX) variando a concentração inicial de 2,5 a 30 mg L-1 em água ultrapura. Nessas condições,

os autores trabalharam com a relação mássica SMX:TiO2 mínima de 1:10 e máxima de 1:200.

Os autores observaram que o SMX foi “completamente” removido da solução em menos de

30 min de reação, exceto para as relações mássicas 1:25 e 1:200, que resultaram nessa mesma

degradação somente após aproximadamente 45 min e 90 min, respectivamente.

A degradação de 500 µg L-1 de flumequina (FMQ) foi avaliada por RODRIGUES-

SILVA et al. (2013) em água ultrapura. Os teores de catalisador testados variaram entre 0,08 a

1,88 mmol L-1 (aproximadamente 6,4 a 150 mg L-1 de TiO2). A degradação máxima da FMQ

foi de 91% em 60 min, utilizando aproximadamente 50 mg L-1 de TiO2, o qual corresponde a

uma relação mássica FMQ:TiO2 de 1:100. Nesse contexto, o processo UV/TiO2 foi mais efetivo

na degradação da SQX, para o qual a relação mássica SQX:TiO2 foi de apenas 1:40

(20 mg L-1 de TiO2) e resultou em mais de 99% de degradação em 14 min (Figura 5.2).

Na fotocatálise, a adição do H2O2 pode aumentar a eficiência do processo, pois atua

como receptor dos elétrons fotogerados na banda de condução, formando radicais HO•. Por essa

razão, adicionou-se 0,8 mmol L-1 de H2O2 aos teores de 5, 50 e 100 mg L-1 de TiO2 (Figura

5.3).

Em relação ao processo UV/H2O2, a adição de 0,8 mmol L-1 de H2O2 ao processo

UV/TiO2 aumentou a degradação da SQX de uma maneira geral. Considerando os minutos

iniciais de reação, o processo UV/H2O2 foi mais efetivo e degradou 50% da SQX em 1,5 min

de reação, e o processo UV/TiO2/H2O2 (5 mg L-1 de TiO2), obteve degradação similar apenas

após 5 min de reação (Figura 5.3). Em 9 min de reação, mais de 99% da SQX foi degradada

pelo processo UV/TiO2/H2O2 (100 mg L-1 de TiO2), e resultado semelhante foi obtido no

processo UV/H2O2 (0,8 mmol L-1) após 11 min. Isso permite concluir que a adição de H2O2 ao

processo UV/TiO2 não foi significativa no início da reação, mas proporcionou aumento da

degradação máxima em menor tempo de reação.

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Figura 5.3: Degradação da sulfaquinoxalina pelos processos UV/H2O2, UV/TiO2 e UV/H2O2/TiO2,

usando 0,8 mmol L-1 de H2O2.

Em comparação ao processo UV/TiO2, a adição de H2O2 também foi vantajosa.

Com 50 mg L-1 de TiO2 no processo UV/TiO2/H2O2, obteve-se degradação acima de 99% em

7 min, e o mesmo resultado para o processo UV/TiO2 foi obtido após 11 min de reação, para

todos os teores de TiO2 estudados (5, 20, 50, 80 e 100 mg L-1 de TiO2), como mostrado nas

Figuras 5.2 e 5.3. Apesar do aumento da degradação ter sido observado de forma significativa

nos tempo de reação maiores deste estudo, para a degradação da flumequina por exemplo, a

adição de H2O2 à fotocatálise aumentou em média 30% a degradação obtida nos primeiros

15 min de reação (RODRIGUES-SILVA et al., 2013).

As constantes de velocidade de reação do processo UV/TiO2/H2O2, foram obtidas

após ajustar os resultados a um modelo de pseudo-primeira. Os valores de k obtidos (Tabela

5.1) corroboram o aumento na eficiência de degradação que a adição de H2O2 proporcionou ao

processo UV/TiO2, o qual foi de no mínimo 36%, exceto para a condição onde 100 mg L-1 de

TiO2 foi usada, na qual a velocidade de reação diminuiu. Como já discutido anteriormente,

provavelmente essa condição não apresentou maior eficiência devido à blindagem dos fótons

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 140,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

C/C

0

Tempo reação (min)

UV/H2O

2 (0,8 mmol L

-1) UV/TiO

2 (5 mg L

-1) UV/TiO

2 (50 mg L

-1)

UV/TiO2 (100 mg L

-1) UV/TiO

2/H

2O

2 (5 mg L

-1/0,8 mmol L

-1)

UV/TiO2/H

2O

2 (50 mg L

-1/0,8 mmol L

-1)

UV/TiO

2/H

2O

2 (100 mg L

-1/0,8 mmol L

-1)

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pelo excesso de partículas em suspensão, a qual dificultou a ativação do catalisador e nesse caso

prejudicou também a fotodegradação do H2O2 e consequente formação de HO•.

Tabela 5.1: Constantes de velocidade de reação obtidas para os processos de fotocatálise (UV/TiO2) e

fotocatálise combinada ao peróxido de hidrogênio (UV/TiO2/H2O2), utilizando um modelo de pseudo-

primeira ordem

UV/TiO2 UV/TiO2/H2O2

Condição k (min-1) Condição k (min-1)

5 mg L-1 TiO2 0,057 5 mg L-1 TiO2 + 0,8 mmol L-1 H2O2 0,089

50 mg L-1 TiO2 0,175 50 mg L-1 TiO2 + 0,8 mmol L-1 H2O2 0,244

100 mg L-1 TiO2 0,252 100 mg L-1 TiO2 + 0,8 mmol L-1 H2O2 0,157

O H2O2 residual foi avaliado ao longo do processo UV/TiO2/H2O2. Na condição

utilizando 50 mg L-1 de TiO2, a partir do tempo de reação de 11 min o H2O2 residual estava

abaixo do LQ do método (0,03 mmol L-1). No entanto, a oxidação da SQX não foi prejudicada,

uma vez que degradação máxima (maior que 99%) foi obtida ao final do ensaio. Evidentemente,

não foi considerada a oxidação dos possíveis produtos de degradação. O H2O2 residual foi de

30% da concentração inicial para 5 mg L-1 de TiO2 e 20% para 100 mg L-1 de TiO2.

5.1.3. Ozonização

A degradação da sulfaquinoxalina pelo processo de ozonização foi avaliada em três

diferentes valores de pH com o objetivo de avaliar qual mecanismo foi o mais efetivo, se a

degradação majoritariamente via O3 molecular (pH 3), via O3 molecular e HO• (pH 7) ou via

HO• (pH 11) (Figura 5.4). O aumento nos tempos de ozonização resulta no aumento da

concentração de ozônio na fase aquosa, o qual pode tanto reagir diretamente com a

sulfaquinoxalina ou se decompor e produzir HO•, os quais também reagem oxidando a SQX.

O processo de ozonização foi efetivo na degradação da SQX. A degradação pela

oxidação direta (pH 3) foi mais rápida e mais efetiva, atingindo mais de 99% na redução da

concentração inicial da SQX com uma dose de O3 aplicada de 5,5 mg L-1, que corresponde ao

tempo de ozonização de 1 min. Em comparação, apenas 30% da SQX foi degradada com essa

mesma dose de O3 em pH 11 (Figura 5.4).

Apesar do alto potencial de redução do HO•, a oxidação da SQX via O3 molecular

foi mais efetiva. Provavelmente isso aconteceu porque na reação em pH 3 o O3 molecular ataca

principalmente a molécula da SQX, enquanto que em pH 11 os HO• podem ter atacado tanto a

SQX quanto os produtos de degradação formados ao longo do tempo. Uma outra possibilidade

é o sequestro de radicais hidroxila pelos íons carbonato presentes na solução. Deste modo, para

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a mesma dose de O3 aplicada, a degradação da SQX diminuiu à medida que o valor do pH

aumentou.

Figura 5.4: Degradação da sulfaquinoxalina pelo processo de ozonização em diferentes valores de pH

(3, 7 e 11).

A reatividade das sulfonamidas com o ozônio está fortemente relacionada com seu

valor de pKa: em condições ácidas, as espécies protonadas predominam, o que diminui a

reatividade com o ozônio (GAROMA; UMAMAHESHWAR; MUMPER, 2010). Dessa

maneira, os autores observaram que o aumento do pH de 2,0 para 10,0 aumentou a remoção da

sulfadiazina, sulfametizol, sulfametoxazol e sulfatiazol. No entanto, no presente estudo a

eficiência na degradação da SQX por ozonização ocorreu na seguinte ordem: pH 3 > pH 7 >

pH 11 (Figura 5.4).

A degradação da sulfaquinoxalina aumentou em meio ácido e diminuiu em meio

básico. Para obter 50% de degradação da SQX em pH 11, mais que o sêxtuplo da dose de ozônio

aplicada foi necessário (10 mg L-1), quando comparado ao experimento conduzido em pH 7

(1,5 mg L-1). Esses resultados estão de acordo com os resultados obtidos por LIN et al. (2009),

para antibióticos da família das sulfonamidas e macrolídeos. Os autores concluíram que a

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degradação dos contaminantes contendo ligações C-C não saturadas, o qual é o caso da SQX,

ocorre mais rápido em meio ácido, onde o O3 é o oxidante predominante e sua maior

concentração na fase aquosa é favorecida. A SQX é um composto aromático que é suscetível

ao ataque eletrofílico do ozônio em meio ácido, no qual a concentração de O3 molecular é maior

(LIN et al., 2009; SUI et al., 2011).

Para uma mesma dose de O3 aplicada, a degradação da SQX diminuiu com o

aumento do valor do pH (Figura 5.4). Aplicando 2,8 ± 0,09 mg L-1 de O3, degradou-se mais que

98% da SQX em pH 3, 63% em pH 7 e 18% em pH 11. Comparando os resultados obtidos no

presente estudo com a ozonização da lomefloxacina na mesma faixa de pH (3, 7, e 11), DE

OLIVEIRA et al. (2017) observaram que o aumento do valor do pH das soluções aumentou

também a degradação da lomefloxacina, ou seja, a ozonização realizada em meio básico (pH

11) foi a que apresentou maior degradação do fármaco (93%).

As constantes de velocidade de reação deixam ainda mais evidente a maior

eficiência de degradação em meio ácido. Com o ajuste ao modelo de pseudo-primeira ordem,

obteve-se um valor de k = 8,2 min-1 para pH 3, k = 2,4 min-1 para pH 7 e k = 0,3 min-1 para

pH 11. Isso significa que a degradação da SQX pelo processo de ozonização obteve uma

constante de velocidade de reação em pH 3 três vezes maior que em pH 7 e vinte e sete vezes

maior que em pH 11.

Apesar das diferenças significativas de degradação da SQX em relação aos

diferentes valores de pH avaliados (Figura 5.4), o O3 consumido foi quantificado ao longo dos

tempos de reação e apresentou consumo similar entre os diferentes valores de pH (Figura 5.5).

Os valores de pH 3 e 7, receberam igualmente as doses de O3, correspondentes a 0,4, 1,0, 1,4 e

2,8 mg L-1. Os ensaios realizados em pH 3 consumiram aproximadamente 90,5% das doses de

O3 aplicadas e em pH 7 o consumo foi de aproximadamente 88,5% das doses de O3 aplicadas.

Em pH 11, a dose aplicada de 0,4 mg O3 L-1 foi 55% consumida, o que sugere que para a

formação de HO•, que ocorre majoritariamente nesse pH, a demanda de O3 foi maior.

O valor do pH das soluções ozonizadas não foi alterado significativamente ao longo

dos tempos de reação. A média do pH e o desvio-padrão durante o processo de degradação em

pH 3 foi de 3,0 ± 0,1, para o pH 7 foi de 7,0 ± 0,3 e para pH 11 foi de 11,0 ± 0,1.

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Figura 5.5: Ozônio consumido ao longo da ozonização nos três valores de pH avaliados: A) pH 3,

B) pH 7 e C) pH 11.

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5.2. Toxicidade residual das soluções submetidas aos processos de degradação

A inibição da luminescência da bactéria Vibrio fischeri foi avaliada para os ensaios

de fotólise e peroxidação (0,8 e 9,0 mmol L-1 de H2O2). Inicialmente, avaliou-se que a inibição

da luminescência correspondente à concentração inicial de SQX (500 µg L-1) foi menor que

10%. Posteriormente, uma vez que o H2O2 residual das amostras submetidas aos processos

H2O2, UV/H2O2 e UV/H2O2/TiO2, não foi removido, avaliou-se a inibição da luminescência

causada pelo H2O2 na faixa de concentração adotada nos ensaios (0 a 9 mmol L-1) e os resultados

são ilustrados na Figura 5.6.

Figura 5.6: Toxicidade de soluções de peróxido de hidrogênio na faixa de concentração entre 0 e

9 mmol L-1, utilizando a bactéria Vibrio fischeri como organismo teste.

A inibição da luminescência da bactéria Vibrio fischeri, pelo peróxido de

hidrogênio nas concentrações mínima e máxima utilizadas nesse estudo, variou de

aproximadamente 20% (quando utilizado 0,8 mmol L-1 de H2O2) a 90% (para 9 mmol L-1 de

H2O2). Devido à inibição quase completa da luminescência ocasionada por 9 mmol L-1 de H2O2,

as amostras dos ensaios nos quais essa concentração de H2O2 foi utilizada foram diluídas em

50% com água ultrapura antes de iniciar o ensaio de toxicidade (C0, H2O2 = 4,5 mmol L-1). Para

facilitar a interpretação dos gráficos, foi adicionada uma linha com símbolos preta a qual ilustra

o decaimento da concentração de H2O2 ao longo dos tempos de ensaio.

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As soluções submetidas ao processo de fotólise resultaram numa mesma inibição

da luminescência do que a provocada pela concentração inicial de SQX (menor que 10%) e se

mantiveram constantes ao longo dos tempos de reação, o que sugere que não houve a formação

de produtos de degradação mais tóxicos durante o processo para o organismo teste avaliado

(Figura 5.7).

Figura 5.7: Inibição da luminescência da bactéria marinha Vibrio fischeri devido à toxicidade das

soluções submetidas aos processos de fotólise e peroxidação.

No processo de peroxidação, não houve oxidação da SQX, e consequentemente, o

oxidante (H2O2) não foi consumido, tanto na menor (linha com quadrado preto) quanto na maior

(linha com triângulo preto) concentração avaliada. Dessa forma, a inibição da luminescência da

bactéria observada na Figura 5.7 é devido ao H2O2 presente nas amostras.

As soluções submetidas ao processo UV/H2O2, quando em contato com a bactéria

Vibrio fischeri, resultaram no aumento da inibição da luminescência ao longo do tempo de

degradação para todas as condições estudadas (Figura 5.8), inclusive a de menor concentração

de H2O2 (Figura 5.8 A).

A toxicidade residual das soluções submetidas a esse processo não foi atribuída à

presença do H2O2 residual, pois a concentração do oxidante diminuiu ao longo do tempo (linhas

com quadrado preto) enquanto que a inibição da luminescência aumentou.

0 10 15 30 45 600

20

40

60

80

100

Inib

. lu

min

escê

ncia

(%

)

Tempo reação (min)

UV 0,8 mmol L-1 H

2O

2 9,0 mmol L

-1 H

2O

2

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

CH2O2

(0,8 mmol L-1 H

2O

2) C

H2O2 (9,0 mmol L

-1 H

2O

2) C

H2O

2 (

mm

ol L

-1)

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Para as condições usando 3,0 e 9,0 mmol L-1 de H2O2 (Figura 5.8 B e 5.8 C,

respectivamente), onde a SQX foi totalmente removida, a inibição da luminescência da bactéria

foi acima de 90%. Esse resultado sugere a possível formação de produtos de degradação mais

tóxicos que a SQX e ou efeitos sinérgicos, os quais não foram degradados nos tempos de

degradação avaliados nesse estudo.

A inibição máxima da luminescência da Vibrio fischieri no processo UV/H2O2 foi

de 95% usando 9 mmol L-1 de H2O2 (Figura 5.8 C). Nesta condição, o H2O2 residual era em

média 2 mg L-1 e, de acordo com os ensaios preliminares de toxicidade do H2O2 (Figura 5.6), a

inibição devido ao peróxido de hidrogênio deveria ser de 34%, e não de 95% conforme

observado. Isso sugere a possibilidade de que produtos de degradação mais tóxicos que a SQX

tenham sido gerados e ou efeitos sinérgicos possam ter ocorrido.

O aumento da inibição da luminescência da bactéria ao longo do tempo de

degradação também foi reportado por CAIANELO et al. (2016) na degradação da gatifloxacina

por UV/H2O2 e também por DE OLIVEIRA; MANIERO; GUIMARÃES (2015) na degradação

da lomefloxacina. Os autores atribuíram esse resultado à geração de produtos de degradação

mais tóxicos ao longo do processo de degradação, os quais poderiam penetrar na parede celular

da bactéria Vibrio fischeri mais facilmente.

CRUZ (2016) observou que o aumento da toxicidade das soluções de doxiciclina

(DOX) submetidas ao processo UV/H2O2 (0,6 a 6,9 mmol L-1 de H2O2) foi proporcional ao

aumento da degradação da DOX no tempo de 20 min. Estudos aumentando o tempo de

degradação para 50 min foram realizados, no entanto, 98% da luminescência da bactéria foi

observado, sugerindo que não houve a mineralização da DOX e dos produtos formados.

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Figura 5.8: Toxicidade das amostras submetidas à peroxidação assistida por radiação ultravioleta com

A) 0,8 mmol L-1, B) 3 mmol L-1 e C) 9 mmol L-1 de peróxido de hidrogênio.

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No processo de fotocatálise, utilizando os teores de TiO2 de 20, 50 e 100 mg L-1, a

toxicidade das amostras apresentou uma tendência de aumento até os 7 min de reação. Após

esse tempo, a toxicidade se estabilizou, ou seja, a inibição da luminescência da bactéria Vibrio

fischeri manteve-se próximo a 60% (Figura 5.9).

Figura 5.9: Toxicidade das amostras submetidas aos processos de fotólise e fotocatálise, utilizando a

bactéria Vibrio fischeri como organismo teste.

As amostras do processo de fotocatálise com 5 mg L-1 TiO2 apresentaram uma

tendência crescente de inibição da luminescência, chegando a 78% para o tempo de reação de

14 min. Salienta-se que a degradação máxima da SQX nessa condição foi de 80% (Figura 5.9).

Dessa forma, é possível concluir que, a geração de produtos de degradação mais tóxicos que o

composto original deve ter ocorrido e, além disso, o teor do catalisador pode não ter sido

adequado na reação de degradação desses produtos.

No processo UV/TiO2/H2O2, a concentração de H2O2 utilizada (0,8 mmol L-1) inibiu

inicialmente 20% da luminescência da bactéria, de acordo com o teste inicial realizado (Figura

5.9). No entanto, para todos os teores de TiO2 testados (5, 50 e 100 mg L-1), a inibição foi acima

de 20%, o que não pode ser atribuído apenas à presença de H2O2 residual nas amostras.

Provavelmente essa toxicidade é efeito dos produtos formados na reação.

Após 7 min de reação até o tempo máximo de reação (14 min), observou-se uma

tendência de estabilização em aproximadamente 70% de inibição da luminescência. Duas

0 1,5 2,5 4,5 7 9 140

20

40

60

80

100

UV: Inib. Luminescência C/C0

5 mg L-1: Inib. Luminescência C/C

0 20 mg L

-1: Inib. Luminescência C/C

0

50 mg L-1: Inib. Luminescência C/C

0 100 mg L

-1: Inib. Luminescência C/C

0

C/C

0 e

In

ib.

Lu

min

escê

ncia

(%

)

Tempo reação (min)

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hipóteses podem ser consideradas nesse caso, a primeira é a de que produtos de degradação de

menor toxicidade possam ter sido gerados após o 7 min de reação. A segunda hipótese é de que

os produtos formados a partir desse tempo de reação foram degradados (Figura 5.10).

Figura 5.10: Toxicidade das amostras submetidas ao processo de fotocatálise (5, 50 e 100 mg L-1

TiO2) combinada à peroxidação (0,8 mmol L-1 H2O2), utilizando a bactéria Vibrio fischeri como

organismo teste.

Para as amostras de SQX ozonizadas, a resposta de inibição da luminescência

obtida pelo ensaio de Microtox diferiu consideravelmente nos valores de pH estudados. O

ozônio molecular (pH 3) foi responsável por uma maior degradação da SQX, mesmo quando

aplicadas menores doses de ozônio (Figura 5.8); além disso, as amostras ozonizadas nesse pH

proporcionaram uma inibição da luminescência da bactéria Vibrio fischeri menor que 10%

(Figura 5.11) para todas as doses de ozônio aplicadas. As amostras ozonizadas em pH 11

apresentaram os mais altos níveis de toxicidade.

0 1,5 2,5 4,5 7 9 140

20

40

60

80

100

5 mg L-1 de TiO

2: Inib. Luminescência C/C

0

50 mg L-1 de TiO

2: Inib. Luminescência C/C

0

100 mg L-1 de TiO

2: Inib. Luminescência C/C

0

C/C

0 e

In

ib.

Lum

inescê

ncia

(%)

Tempo reação (min)

0

1

2

3

4

5

CH2O2

CH2O2

CH2O2

CH

2O

2 (

mm

ol L

-1)

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Figura 5.11: Evolução da toxicidade das amostras ozonizadas nos diferentes valores de pH.

Em pH 7, a inibição da luminescência da bactéria foi constante (em torno de 30%)

para todas as doses de ozônio aplicadas. No entanto, um aumento significante na toxicidade foi

observado para as amostras ozonizadas em pH 11. A inibição da luminescência da bactéria

aumentou de 0 a 90% para os tempos de ozonização de 0 a 15 min, que correspondem a doses

de ozônio de 0 a 80 mg L-1. Isso sugere que os produtos de degradação formados nessa condição

sejam mais tóxicos que a sulfaquinoxalina.

Observando-se os resultados, é possível sugerir que a oxidação da sulfaquinoxalina

pode levar a produtos de degradação com toxicidade maior que as amostras iniciais (Figura

5.11), ou seja, as amostras sem a aplicação de O3.

Os resultados obtidos nesse estudo foram similares aos obtidos por DE OLIVEIRA

et al. (2017) na ozonização da lomefloxacina na mesma faixa de pH desse estudo. A toxicidade

das soluções ozonizadas foi em ordem crescente: pH 3 < pH 7 < pH 11. A máxima inibição da

luminescência obtida foi de 74,5% em pH 11 após receber uma dose de O3 de 54 mg L-1. Já

para a degradação de tetraciclinas, CRUZ (2016) relatou que, após submeter soluções de

doxiciclina com concentração inicial de 500 µg L-1 à degradação por ozonização em pH 3, 7 e

11, não foi observada toxicidade aguda das soluções para nenhuma das três condições estudadas

ao longo do processo de degradação.

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Na faixa de concentração entre µg L-1 e ng L-1, e para tempos de exposição menores

que 24 h, as sulfonamidas tem baixo potencial de causar toxicidade à bactéria marinha Vibrio

fischeri, porque interfere levemente com as vias biossintéticas da bactéria (BIAŁK-

BIELIŃSKA et al., 2011). No entanto, alto potencial de toxicidade foi encontrado para soluções

de sulfonamidas na ordem de concentrações de mg L-1 (GONZÁLEZ; SANS; ESPLUGAS,

2007; TROVÓ et al., 2009a, 2009b). Considerando então os dados obtidos no presente trabalho,

pode-se concluir que a inibição da luminescência obtida foi relacionada com a formação de

produtos de degradação mais tóxicos que a sulfaquinoxalina, quando os radicais hidroxila foram

gerados, o qual foi favorecido em pH 7 e, especialmente, em meio básico (pH 11).

5.3. Produtos de degradação gerados

Os produtos gerados a partir da degradação da SQX pelos processos UV/H2O2,

UV/TiO2, UV/TiO2/H2O2 e ozonização em meio básico e ácido foram avaliados e propostos,

com base nos dados obtidos pela técnica de espectrometria de massas com ionização por

electrospray no modo positivo.

Os produtos de degradação foram determinados a partir da comparação entre os

espectrômetros de massa obtidos ao longo do tempo de reação com o obtido no tempo zero.

Observou-se um decaimento na intensidade relativa do sinal da molécula de SQX (m/z 301,

C14H12N4O2S) ao longo dos tempos de reação e também o aumento da intensidade do sinal

correspondente a algumas massas (Figura 5.12). Foram considerados como significativos

apenas os íons com intensidade no mínimo três vezes maior que a relação sinal-ruído.

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Figura 5.12: Identificação do produto de degradação com m/z 146 por meio de cromatograma e

espectro de massas obtido a partir da amostra degradada pelo processo de ozonização em pH 7 no

tempo de reação de 1 minuto, correspondente à dose aplicada de 5,5 mg O3 L-1.

Após determinar quais íons se formaram ao longo do tempo de degradação, foi

monitorada a separação específica de cada um desses íons pela coluna cromatográfica e

verificou-se se os respectivos sinais dos picos cromatográficos eram no mínimo três vezes

maiores que a relação sinal-ruído. Após essas verificações, determinou-se quais dos produtos

formados eram significantes e a proposta de suas respectivas estruturas químicas foi realizada

manualmente, partindo-se da estrutura da SQX e aplicando os possíveis mecanismos de

degradação obtidos por revisão da literatura.

Dentre as rotas de degradação das sulfonamidas já reportadas na literatura (GUO et

al., 2015; LE FUR et al., 2013; LIAO et al., 2016), foram destacadas as que poderiam ocorrer

com a molécula da sulfaquinoxalina devido à sua estrutura química. Sete diferentes rotas foram

utilizadas como base para determinar os produtos de degradação formados. Essas rotas

constituíram-se na I) hidroxilação do anel benzeno; II) oxidação do grupo amina no anel

benzeno; III) quebra da ligação S-N; IV) decomposição da SQX devido à excitação ao estado

“triplet” seguida de auto-extrusão do SO2; V) ataque do HO• e liberação do CO2 e NH3;

VI) hidroxilação e formação de um aduto radical aromático -OH seguido da transferência do

HO• para a ligação N-H e quebra dessa ligação devido à oxidação do HO•; e VII) quebra da

ligação S-C.

Quatro produtos de degradação da sulfaquinoxalina ([SQX + H]+ m/z 301) foram

detectados. Para o processo de ozonização e UV/TiO2 foram detectados os produtos com

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m/z 146, m/z 215, m/z 241 e m/z 363. Para o processo UV/H2O2 foram detectados dois produtos:

m/z 146 e m/z 363, e para o processo UV/TiO2/H2O2 detectou-se os produtos com m/z 146, e

m/z 241. Baseado nas rotas de degradação descritas acima, as possíveis estruturas químicas

desses produtos foram propostas e são apresentadas na Figura 5.13.

Figura 5.13: Estruturas químicas propostas para alguns dos produtos de degradação formados (m/z

146, m/z 215, m/z 241 e m/z 363) por meio da degradação da sulfaquinoxalina (m/z 301).

O produto de degradação de m/z 146 (C8H7N3) já foi previamente reportado por

outros autores (HOFF et al., 2014; LE FUR et al., 2013; LIAO et al., 2016) e consiste em um

dos íons de fragmentação da sulfaquinoxalina. A geração do produto m/z 215 (C12H14N4)

ocorreu após a extrusão do SO2, a hidroxilação da molécula seguida da oxidação e perda do

grupo carbonil com abertura do anel. Partindo de um mecanismo de reação similar, o produto

m/z 241 (C12H24N4O) foi formado a partir de uma hidroxilação sequencial da molécula de SQX

seguida de oxidação, perda do grupo carbonil, abertura do anel quinoxalina, a extrusão do SO2,

hidroxilação e a abertura do anel. O produto com m/z 363 (C14H10N4O6S) provavelmente foi

gerado após a adição de quatro radicais hidroxila à molécula de SQX, seguida de oxidação.

Os produtos de degradação propostos foram avaliados no software Toxtree (versão

2.6.13), o qual determina, de forma preditiva baseada na estrutura química da molécula a ser

analisada, a biodegradabilidade (START biodegradability) e o risco toxicológico (Cramer

rules) que a substância oferece.

Os produtos com m/z 146, 215 e 363 classificaram-se como altamente tóxicos de

acordo com as regras de Cramer. Esses produtos de degradação são substâncias que possuem

significante toxicidade ou que possuem grupos funcionais ainda reativos. Dessa maneira, ao

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avaliar a biodegradabilidade desses produtos, eles foram classificados como substâncias

persistentes. Ao contrário dos demais, o produto com m/z 241 também foi classificado como

altamente tóxico; no entanto, pode ser facilmente degradado de acordo com a análise do

software.

A proposta da formação desses produtos de degradação da sulfaquinoxalina, bem

como, a alta toxicidade determinada pelo software Toxtree corrobora os resultados de

toxicidade obtidos nesse estudo, a qual aumentou ao longo do tempo de degradação. Esses

resultados são um alerta de que, apesar da degradação da SQX ter sido acima de 99%, não é

desejável que produtos de degradação ainda mais tóxicos sejam gerados ao final do processo.

Uma possível solução seria aumentar os tempos de degradação de maneira que esses produtos

de degradação sejam também degradados e a toxicidade das soluções submetidas aos processos

de degradação seja menor que a inicial ou nula.

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CAPÍTULO II: Desenvolvido na Universitat Politècnica de Catalunya

Esse capítulo da tese foi desenvolvido durante o período de doutorado sanduíche

(07 a 12/2015) na Escola Universitària d`Enginyeria Tècnica Industrial de Barcelona (EUETIB)

da Universitat Politècnica de Catalunya (UPC) sob supervisão da Prof.ª Dra. Montserrat Pérez-

Moya. Nas seções seguintes foram descritos os objetivos, metodologia e os resultados obtidos

durante o desenvolvimento do referido estágio.

6. OBJETIVOS

Avaliar a eficiência dos processos reagente de Fenton e foto-Fenton na degradação

e mineralização da sulfaquinoxalina em dois reatores e monitorar a atividade antimicrobiana

residual das amostras submetidas à degradação.

6.1. Objetivos específicos

• Testar e consolidar um método analítico para determinar e quantificar a

sulfaquinoxalina em matriz aquosa;

• Degradar soluções de sulfaquinoxalina pelos processos reagente de Fenton e foto-

Fenton;

• Avaliar a influência da radiação ultravioleta e diferentes concentrações de peróxido

de hidrogênio na degradação, mineralização e atividade antimicrobiana, utilizando

um delineamento de experimentos;

• Avaliar e comparar a eficiência dos processos reagente de Fenton e foto-Fenton na

degradação e mineralização da sulfaquinoxalina, em escala de laboratório e em

escala piloto.

• Determinar a atividade antimicrobiana residual das amostras submetidas à

degradação.

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7. METODOLOGIA

7.1. Reagentes

Sulfaquinoxalina na forma de sal de sódio (95%, C14H11N4O2SNa) obtida da Sigma-

Aldrich. Peróxido de hidrogênio (33% m/v, H2O2), ácido fórmico (98%, CH2O2) e ácido

sulfúrico (98%, H2SO4) da Panreac, sulfato de ferro heptahidratado (FeSO4·7H2O) da Merck.

Metanol grau HPLC foi obtido da VWR. Metavanadato de amônio (99%, NH4VO3) foi

adquirido da Honeywell Riedel-de-Haën. Cepas de Staphylococcus aureus (ATCC 29213) e

Escherichia coli (ATCC DH5α).

7.2. Metodologia analítica

7.2.1. Cromatografia líquida de alta eficiência

A cromatografia líquida de alta eficiência (do inglês, HPLC) foi a técnica analítica

utilizada para quantificar a sulfaquinoxalina ao longo do tempo de reação. O HPLC era da

marca Agilent modelo 1200, composto por um desgaseificador seguido de bombas quaternárias,

injetor manual, forno para coluna e detector de arranjo de diodos. O comprimento de onda

monitorado foi de 250 nm. Metanol e 0,1% de ácido fórmico (v/v) foram usados como fase

móvel na proporção 55:45 (v/v), respectivamente. Foi utilizada uma coluna Akady HPLC

Ultrabase 5 C18 de fase reversa (150 x 4,6 mm, 5µm) mantida a 25 °C para separação do analito.

O volume de injeção foi de 20 µL, a vazão da fase móvel de 1,0 mL min-1 e o tempo de retenção

da sulfaquinoxalina foi de 2 minutos. Antes de injetar as amostras no HPLC, elas foram

diluídas, de forma que a concentração fosse 50% da inicial, utilizando metanol, o qual atua

como sequestrador de HO• (MARUGÁN et al., 2006), para que a reação de oxidação fosse

interrompida.

O método cromatográfico foi avaliado de acordo com os seguintes parâmetros

analíticos: linearidade, exatidão, limite de detecção e limite de quantificação. A linearidade foi

obtida a partir da determinação do coeficiente de regressão linear da reta que foi de 0,999

conforme estabelecido pela ANVISA (2003).

A exatidão do método foi calculada a partir do preparo de seis amostras de SQX na

concentração de 25 mg L-1, as quais foram diluídas a 50% em metanol e posteriormente

injetadas no cromatógrafo. A concentração obtida foi comparada com a concentração teórica e

obteve-se uma exatidão de 100,78%. Para determinar o LD do equipamento, optou-se pelo

método da relação sinal-ruído, na proporção de 3:1 que resultou no LD de 0,05 mg L-1. O LQ

foi determinado a partir da relação sinal-ruído na proporção de 10:1 e foi de 0,25 mg L-1.

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7.2.2. Determinação do carbono orgânico total

A mineralização da sulfaquinoxalina foi avaliada usando um analisador de carbono

orgânico total da Shimadzu, modelo TOC-VCSH/CSN. O carbono orgânico total (COT) foi obtido

pela diferença entre o carbono total e o carbono inorgânico. O limite de quantificação do

equipamento era de 0,5 mg L-1 para carbono inorgânico e 1,0 mg L-1 para carbono total. Devido

ao LQ do equipamento, a concentração inicial de SQX não pôde ser inferior a 25 mg L-1, uma

vez que nessa concentração, o carbono total teórico era de 13,04 mg L-1, o que significa que a

remoção máxima de COT que pôde ser observada nesse estudo foi de 92%. As amostras

submetidas às análises de COT foram analisadas imediatamente após a coleta e mantidas em

baixa temperatura durante a análise no equipamento.

7.2.3. Quantificação do peróxido de hidrogênio residual

A determinação da concentração de H2O2 residual foi realizada em

espectrofotômetro UV-vis Hitachi U-2001 após a reação com o metavanadato de amônio,

conforme metodologia descrita por NOGUEIRA; OLIVEIRA; PATERLINI (2005). Esse

método é baseado na reação de óxido-redução entre a solução que contém H2O2 e uma solução

ácida do íon metavanadato (coloração amarela), obtendo-se uma coloração vermelha. Essa

coloração vermelha deve-se à formação do cátion peroxovanadio, que apresenta máxima

absorbância em 450 nm, a qual pode ser determinada por espectrofotometria UV-Visível.

7.2.4. Avaliação da atividade antimicrobiana residual

A atividade antimicrobiana das amostras foi avaliada utilizando como organismos

teste a bactéria Gram-positiva Staphylococcus aureus (ATCC 29213) e a bactéria Gram-

negativa Escherichia coli (ATCC DH5α). Os controles consistiram em água ultrapura e

soluções de SQX preparadas em água ultrapura nas concentrações de 0,1, 1, 10, 100, 1000 e

10000 mg L-1 para avaliar a inibição do crescimento devido ao fármaco.

Os ensaios foram realizados em uma microplaca de 96 poços, onde foram

adicionados em cada poço da placa 50 µL da suspensão de bactérias no meio Luria-Bertani

(correspondente a 103 UFC mL-1) e 200 µL de amostra (amostra inicial e amostras submetidas

à degradação) totalizando um volume de 250 µL em todos os poços (Figura 7.1), conforme

metodologia descrita por PÉREZ-MOYA et al. (2007). As placas foram seladas e incubadas na

temperatura de 37° C pelo período de 24 h, e em seguida a absorbância foi medida com uma

leitora de microplacas (EZ Read 400, Biochrom) a 600 nm. Os resultados foram expressos como

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porcentagem de crescimento das bactérias. Todos os ensaios foram realizados em duplicata.

Figura 7.1: Representação da distribuição dos controles e das amostras na placa de 96 poços para

ensaio de atividade antimicrobiana com as bactérias Escherichia coli e Staphylococcus aureus.

A toxicidade devido ao H2O2 nas concentrações de 0,5 a 237 mg L-1 foi avaliada e

observou-se que, para concentrações inferiores a 2,0 mg L-1 de H2O2, o crescimento das

bactérias não foi prejudicado. O ensaio de atividade antimicrobiana foi realizado com as

amostras correspondentes a 120 e 240 min de reação. Uma vez que o H2O2 residual das amostras

estava abaixo de 2,0 mg L-1, não foi necessária sua remoção.

7.3. Delineamento experimental

A influência de diferentes concentrações de H2O2 e a presença ou ausência de

radiação UV na degradação da sulfaquinoxalina foi avaliada por meio de um delineamento

experimental. Foi aplicado um delineamento 2² com duas variáveis: concentrações de H2O2 (94

a 262 mg L-1) e presença ou ausência de radiação (ON e OFF). Foram determinados três fatores

de resposta: a degradação e mineralização da SQX e a atividade antimicrobiana das soluções

submetidas à degradação.

O delineamento incluiu quatro pontos centrais (E-H) e dois pontos estrela (I-J).

Todas as condições estão descritas na Tabela 7.1 e foram avaliadas no reator em escala de

laboratório (2 L) e, posteriormente, as melhores condições foram avaliadas no reator em escala

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84

piloto (15 L). Todos os ensaios foram realizados ao menos em duplicata.

Tabela 7.1: Condições experimentais para a degradação da sulfaquinoxalina pelos processos de

reagente de Fenton e foto-Fenton.

Ensaio Valores codificados Variáveis

H2O2 Radiação UV H2O2 (mg L-1) Radiação UV

A -1 -1 119 OFF B 1 -1 237 OFF C -1 1 119 ON D 1 1 237 ON E 0 1 178 ON F 0 1 178 ON G 0 -1 178 OFF H 0 -1 178 OFF I -1,414 -1 94 OFF J 1,414 1 262 ON

Para facilitar a referência aos ensaios do delineamento experimental, deste ponto

em diante, os experimentos realizados serão nomeados de acordo com a seguinte nomenclatura

das variáveis: X (Y_Z), sendo X o ensaio, Y a concentração de H2O2 em mg L-1, e Z a presença

(ON) ou ausência de radiação (OFF).

7.4. Ensaios de degradação

Os ensaios de degradação pelos processos Fenton e foto-Fenton foram realizados

em dois reatores diferentes. Dentre as principais diferenças destacam-se o volume útil, o modo

de operação, a fonte de radiação, a quantidade de fótons fornecidas às soluções, a presença ou

não de zonas mortas e a localização da fonte luminosa.

As condições experimentais para todos os ensaios realizados foram as mesmas: a

concentração inicial da sulfaquinoxalina, do ferro (II), e do peróxido de hidrogênio, a

temperatura e o pH das soluções, e o tempo de reação.

Em geral, quando se busca estudar a eficácia de um determinado tratamento são

realizados ensaios em escala menor, aqui denominada como “escala de laboratório” na qual é

mais fácil controlar as variáveis. O segundo passo é extrapolar as condições obtidas em escala

de laboratório para uma escala maior, aqui denominada “planta piloto”. No entanto, os reatores

por questões de espaço e custos não possuem as mesmas características, o que pode acarretar

na diminuição da eficácia do processo em escala piloto em relação à obtida em escala de

laboratório.

Por essa razão, esse estudo visa avaliar se os resultados obtidos em escala de

laboratório foram tão ou mais eficazes quando as mesmas condições experimentais foram

extrapoladas para uma planta piloto.

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85

7.4.1. Reator fotoquímico em escala de laboratório

Na escala de laboratório, os experimentos foram realizados em batelada em um

reator cilíndrico sem recirculação com volume útil de 2 L, feito de borossilicato com dupla face

para permitir recirculação de água para manter constante a temperatura da solução.

Como fonte de radiação, foi utilizada uma lâmpada Ultra-Vitalux®, Osram, de

300 W e espectro de radiação entre 400 e 550 nm, similar à radiação solar, com incidência de

fótons de 1,18 x 10-6 Einstein s-1 (JORDÀ, 2013), correspondente a 0,31 J s-1. A lâmpada foi

localizada 20 cm acima da superfície da solução (Figura 7.2), não estando em contato com a

solução. Durante os experimentos, a solução foi mantida sob agitação e a temperatura e o valor

do pH foram monitorados.

Figura 7.2: Aparato experimental para degradação da sulfaquinoxalina em escala de laboratório

composto por: 1) banho termostático para manutenção da temperatura do reator, 2) lâmpada 300W,

3) sensores de pH e temperatura, 4) reator fotoquímico, 5) agitador magnético e 6) pHmetro.

Os tempos de reação variaram de 0 a 240 minutos e a partir dos resultados da

actinometria do reator (0,31 J s-1) foi calculada a irradiação recebida pelas soluções. Os valores

são descritos na Tabela 7.2, e o fluxo de fótons variou de 0 a 2232 mJ cm-2.

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86

7.4.2. Reator fotoquímico em escala piloto

O sistema experimental da planta piloto consistia em duas unidades principais. A

primeira, era um reservatório de vidro conectado a uma bomba operando em uma vazão de

recirculação de 12 L min-1 para garantir a mistura completa da solução (Figura 7.3). Estudos

previamente realizados pelo grupo de pesquisa (YAMAL-TURBAY et al., 2014a),

determinaram que essa vazão seria a ideal para garantir a total homogeneidade da solução no

sistema.

Figura 7.3: Aparato experimental da planta piloto composto por: 1) reator fotoquímico, 2)

reservatório para abastecimento e recirculação da solução no sistema, 3) monitores de vazão e pH, 4)

sensores (pH, condutividade elétrica, e oxigênio dissolvido), 5) bombas para dosagem de reagentes, 6)

torneira para coleta das amostras, e 7) painel de controle manual e energia do sistema.

A segunda unidade era um reator fotoquímico tubular com volume útil de 5,77 L,

feito de vidro borossilicato com dupla face para manutenção da temperatura da amostra e um

cilindro interno contendo uma lâmpada ultravioleta Philips Actinic BL TL-DK, 36 W, que

emitia radiação na faixa de 350 a 400 nm, com incidência de fótons de 5,66 x 10-7 Einstein s-1

(ÁLVAREZ, 2012) a qual corresponde a 0,19 J s-1 de irradiação. O volume total da planta piloto

era de 15 L e o volume de solução irradiado era de 1,5 L. Desta forma, conforme descrito na

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87

Tabela 7.2, a irradiação recebida pelas soluções na planta piloto variou de 0 a 1824 mJ cm-2.

Tabela 7.2: Fluxo de fótons recebidos pelas soluções degradadas pelo processo foto-Fenton nos

reatores em escala de laboratório e planta piloto.

Tempo de reação

(min) Fluxo de fótons laboratório

(mJ cm-2) Fluxo de fótons planta piloto

(mJ cm-2)

0 0 0

2 19 15

5 47 38

10 93 76

15 139,5 114

20 186 152

25 232,5 190

30 279 228

45 418,5 342

60 558 456

90 837 684

120 1116 912

150 1395 1140

180 1674 1368

210 1953 1596

240 2232 1824

7.5. Condições experimentais dos ensaios em escala de laboratório e planta piloto

Foi preparada uma solução de trabalho na concentração de 25 mg L-1 de

sulfaquinoxalina em água destilada. Ao longo do tempo de reação foram coletadas amostras

para monitorar o decaimento da concentração da SQX, a mineralização da SQX e dos produtos

da reação, o residual de H2O2 e a atividade antimicrobiana das soluções.

O valor do pH das soluções foi ajustado para 2,8 ± 0,1 utilizando uma solução de

H2SO4 10% (v/v) antes de adicionar os reagentes de Fenton à solução. Para as reações de Fenton

o ajuste do pH é de extrema importância porque em valores de pH acima de 3 o Fe(III) precipita

na forma de oxi-hidróxidos que são insolúveis e relativamente inativos, ou seja, não reagem

com o H2O2 (PIGNATELLO; OLIVEROS; MACKAY, 2006). Em valores de pH abaixo de 2,5

pode ocorrer o sequestro de HO• devido às altas concentrações de H+ no meio, e além disso, as

espécies menos hidroxiladas predominam nesse pH e apresentam menor absortividade. Sendo

assim, o valor de pH ligeiramente abaixo de 3 é o que mais favorece a reação de Fenton

(PIGNATELLO; OLIVEROS; MACKAY, 2006).

A temperatura das soluções foi mantida a 26 ± 2º C para todos os experimentos

realizados. A concentração inicial de Fe(II) foi fixada em 10 mg L-1 para todas as condições

estudadas, porque esse é o máximo permitido em efluentes, de acordo com o Decreto nº 130 de

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2003 que regulamenta os serviços públicos de saneamento da Catalunha (DOGC, 2003). Além

disso, essa concentração está abaixo do limite estipulado pela legislação brasileira, que é de

15 mg L-1 (CONAMA, 2005).

A concentração estequiométrica de H2O2 necessária para obter a mineralização de

25 mg L-1 de SQX em CO2, H2O, e íons inorgânicos está apresentada na Equação 34. De acordo

com a relação estequiométrica, para a total mineralização da SQX são necessários 119 mg L-1

de H2O2. A partir dessa relação é que foram determinadas as concentrações de H2O2 adotadas

no delineamento experimental descrito no item 7.3, sendo elas correspondentes ao valor

estequiométrico (119 mg L-1), a 1,5 vezes o valor estequiométrico (178 mg L-1), e o dobro

estequiométrico (237 mg L-1) e os pontos extremos, que correspondem a 94 e 262 mg L-1.

1𝐶14𝐻12𝑁4𝑂2𝑆𝑁𝑎 + 45𝐻2𝑂2 → 14𝐶𝑂2 + 47𝐻2𝑂 + 4𝐻𝑁𝑂5 + 𝑁𝑎𝑂𝐻 + 𝐻2𝑆𝑂4 (34)

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8. RESULTADOS E DISCUSSÃO

8.1. Degradação e mineralização da sulfaquinoxalina no reator em escala de

laboratório

Primeiramente foram realizados ensaios para avaliar a eficiência dos processos de

peroxidação (H2O2) e fotólise (radiação UV). A fotólise não foi efetiva tanto na degradação

quanto na mineralização da sulfaquinoxalina, obtendo-se eficiência inferior a 5%. Para os

ensaios de peroxidação foram utilizados 237 mg L-1 de H2O2 (dobro da relação estequiométrica)

e obteve-se 40% de degradação da SQX, e mineralização inferior a 5%.

O processo UV/H2O2 também foi avaliado usando 237 mg L-1 de H2O2, resultando

em 18% de degradação da SQX e mineralização inferior a 5%. Sabe-se que utilizando uma

lâmpada UV que emite radiação em 254 nm, a degradação da SQX (10 mg L-1) corresponde a

mais de 90% utilizando 200 mg L-1 de H2O2, conforme reportado por LIAO et al (2016). No

entanto, a baixa eficiência desse processo no presente estudo era esperada, uma vez que o

comprimento de onda que a lâmpada utilizada emite é de 350 a 550 nm, e foi escolhido para

otimizar a reação de foto-Fenton, que ocorre conforme a Equação 24, não sendo a mais

apropriada para UV/H2O2.

Os processos reagente de Fenton e foto-Fenton foram eficientes na degradação da

SQX. Após 240 min de reação nos ensaios B, D, E e F, mais de 98% da SQX foi degradada

(Figura 8.1). A eficiência na degradação da SQX aumentou à medida que maiores

concentrações de H2O2 foram utilizadas nos ensaios. No entanto, esse aumento não foi

significativo quando comparadas a máxima degradação obtida utilizando as concentrações de

178, 237 e

262 mg L-1 de H2O2.

A menor eficiência de degradação da SQX foi obtida nas condições experimentais

do ensaio I (reagente de Fenton) e do ensaio C (foto-Fenton), sendo os dois a menor

concentração de H2O2 avaliada (Figura 8.1).

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Figura 8.1: Degradação da sulfaquinoxalina pelos processos reagente de Fenton e foto-Fenton no

reator em escala de laboratório.

A mineralização da sulfaquinoxalina e dos produtos de degradação que possam ter

sido gerados durante os ensaios de degradação foi avaliada por meio do monitoramento da

concentração de carbono orgânico total (COT) ao longo dos tempos de reação. Os ensaios nos

quais o processo reagente de Fenton foi aplicado, até 24% de mineralização da SQX foram

obtidos, e nos ensaios onde aplicou-se o processo foto-Fenton, 56% de mineralização da SQX

foram obtidos (Figura 8.2).

O uso de radiação UV aumentou a eficiência de mineralização da SQX em 30% em

relação aos ensaios com reagente de Fenton. A máxima mineralização da SQX no reator em

escala de laboratório foi de 56%, e foi obtida nas condições dos ensaios E e F (Figura 8.2), nos

quais a oxidação da SQX foi de 92%. Dessa maneira, aproximadamente metade das moléculas

de SQX foram convertidas em produtos orgânicos de degradação e a outra metade mineralizada.

É possível sugerir então que o processo foto-Fenton foi mais efetivo na mineralização da SQX

do que o processo UV/H2O2, onde LIAO et al. (2016) obtiveram apenas 10% de mineralização

da SQX após aplicação de uma dose de radiação UV de 1476 mJ cm-2 e no presente estudo foi

menor que 5% após receber uma dose de radiação UV de 2232 mJ cm-2.

0 40 80 120 160 200 2400,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

A (119_OFF)

B (237_OFF)

C (119_ON)

D (237_ON)

E, F (178_ON)

G, H (178_OFF)

I (94_OFF)

J (262_ON)

C/C

0

Tempo reação (min)

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91

Figura 8.2: Mineralização da sulfaquinoxalina (linha contínua) e decaimento da concentração inicial

de peróxido de hidrogênio (linha descontínua) ao longo do tempo de reação.

Nos ensaios onde aplicou-se o processo foto-Fenton, é possível sugerir que a

concentração residual de H2O2 pode ser destacada como um fator limitante para a mineralização

da SQX. Após todo o H2O2 ser consumido (120 min no reator em escala de laboratório) a

mineralização estabilizou ao longo do tempo de reação. No entanto, nos ensaios com reagente

de Fenton (A, B, G, H e I), ainda havia H2O2 residual após 120 min e mesmo assim não houve

aumento na mineralização e na oxidação da SQX. Isso provavelmente ocorreu porque no

processo reagente de Fenton há a ausência de radiação UV, que é fundamental para que

aconteça a redução de Fe(III) para Fe(II), e o residual de H2O2 não reagiu com o Fe(II) para

produzir mais HO• e aumentar a eficiência do processo.

Ensaios de atividade antimicrobiana foram realizados para os tempos de reação de

120 e 240 min, nos quais todo o H2O2 havia sido consumido ou estava abaixo de 2 mg L-1.

Conforme dito anteriormente, para concentrações de peróxido inferiores a 2,0 mg L-1, o

crescimento das bactérias não foi prejudicado. Dessa forma, não foi necessário retirar o H2O2

residual das amostras antes de iniciar o ensaio.

Para avaliar a inibição do crescimento das bactérias devido à atividade

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 2400,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

COT

A (119_OFF) B (237_OFF)

C (119_ON) D (237_ON)

E, F (178_ON) G, H (178_OFF)

I (94_OFF) J (262_ON)

Decaimento H2O

2

A (119_OFF) B (237_OFF)

C (119_ON) D (237_ON)

E, F (178_ON) G, H (178_OFF)

I (94_OFF) J (262_ON)

C/C

0

Tempo reação (min)

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antimicrobiana residual das soluções, foi determinada a inibição do crescimento das bactérias

quando em contato com a concentração inicial de SQX (25 mg L-1) utilizada no presente estudo.

O crescimento da E. coli foi inibido em 15%, e da S. aureus em 32%; esses valores foram

representados por uma linha vermelha nos gráficos de inibição do crescimento. Dessa forma,

nas condições onde o crescimento das bactérias ultrapassou a linha vermelha, a solução

degradada foi menos tóxica que a concentração inicial de SQX, e quando o crescimento foi

menor que a linha vermelha, entende-se que a solução apresentou toxicidade, resultando na

inibição do crescimento da bactéria (Figura 8.3).

Figura 8.3: Crescimento das bactérias A) Escherichia coli e B) Staphylococcus aureus após a

degradação da sulfaquinoxalina no reator em escala de laboratório. A linha vermelha corresponde ao

crescimento das bactérias em contato com a solução inicial de sulfaquinoxalina (25 mg L-1).

Pelos resultados de atividade antimicrobiana foi possível verificar que as soluções

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submetidas ao processo de degradação não resultaram em alteração no crescimento das

bactérias. Tanto a E. coli (Figura 8.3 A) quando a S. aureus (Figura 8.3 B) apresentaram

crescimento acima da inibição inicial promovida pela solução de sulfaquinoxalina, exceto no

ensaio G, H para E. coli, e E, F para S. aureus. No entanto, considerando o desvio padrão dos

ensaios, os quais foram realizados em duplicata, a possível toxicidade representada nessas

condições poderia ser negligenciada.

8.2. Degradação e mineralização da sulfaquinoxalina no reator em escala piloto

O processo de fotólise foi avaliado no reator em escala piloto, usando uma lâmpada

UV e emissão de radiação no comprimento de onda entre 400 e 550 nm. Menos de 5% de

degradação e mineralização da sulfaquinoxalina foram obtidos após 240 min de reação. O

processo UV/H2O2, no entanto, foi mais eficiente e, utilizando 237 mg L-1 de H2O2, degradou-

se 40% do fármaco e obteve-se 10% de mineralização.

Considerando os tempos de reação mais curtos (até 60 min), o processo reagente de

Fenton e foto-Fenton foram similares para as três diferentes concentrações de H2O2 avaliadas

(119, 178 e 237 mg L-1), conforme mostrado na Figura 8.4.

Figura 8.4: Degradação da sulfaquinoxalina pelos processos reagente de Fenton (ensaios A, B, G e H)

e foto-Fenton (C, D, E e F) no reator em escala piloto.

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 2400,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

A (119_OFF)

B (237_OFF)

C (119_ON)

D (237_ON)

E, F (178_ON)

G, H (178_OFF)

C/C

0

Tempo reação (min)

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Após 120 min de reação, nos ensaios B (Fenton) e D (foto-Fenton), a degradação

da SQX foi maior que 99%. Nessas condições experimentais, obteve-se a máxima degradação

da SQX, e observa-se que não houve aumento significativo na eficiência de degradação entre o

processo reagente de Fenton e foto-Fenton.

Tanto no processo reagente de Fenton, quanto no processo foto-Fenton, os ensaios

A e C, respectivamente, foram os que obtiveram menor eficiência em comparação aos demais.

As melhores condições foram obtidas após 240 min de reação nos ensaios B, G e H, nos quais

mais de 98% da SQX foi degradada.

O decaimento da concentração de SQX para todos os ensaios avaliados (A a H) no

reator em escala piloto, ocorreu até aproximadamente 120 min de reação. A eficiência tanto do

processo reagente de Fenton quanto do processo foto-Fenton, permaneceu estável (Figura 8.4)

entre 120 e 240 min de reação, provavelmente isso ocorreu porque a partir de 90 min de reação,

o H2O2 inicialmente presente nas soluções havia sido consumido completamente (Figura 8.5).

Figura 8.5: Mineralização da sulfaquinoxalina (linhas contínuas) e decaimento da concentração de

peróxido de hidrogênio (linhas descontínuas) ao longo dos tempos de reação no reator em escala

piloto.

Na Figura 8.5 é mostrada a evolução da concentração residual de COT (linhas

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 2400,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

COT

A (119_OFF) B (237_OFF)

C (119_ON) D (237_ON)

E, F (178_ON) G, H (178_OFF)

Decaimento H2O

2

A (119_OFF) B (237_OFF)

C (119_ON) D (237_ON)

E, F (178_ON) G, H (178_OFF)

C/C

0

Tempo reação (min)

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contínuas) e do H2O2 (linhas descontínuas) nas soluções submetidas aos processos reagente de

Fenton e foto-Fenton.

A mineralização máxima da sulfaquinoxalina obtida no reator em escala piloto foi

de 56%, utilizando 237 mg L-1 de H2O2 (ensaio D). A diferença entre a presença e ausência de

luz na eficiência da mineralização foi mais significante do que na degradação da SQX. A

máxima mineralização observada aplicando-se o processo reagente de Fenton foi de

aproximadamente 34% utilizando 119 mg L-1 de H2O2, e com o uso de radiação UV, a eficiência

aumentou para 40%.

É possível que oxidantes adicionais estejam presentes no reator em escala piloto

devido à alta vazão de recirculação das soluções (12 L min-1), o que ajuda a introduzir oxigênio

ao sistema, o qual pode ter contribuído para a mineralização da SQX tanto com (foto-Fenton)

quanto sem (Fenton) radiação UV.

Uma vez que a mineralização da SQX foi incompleta, mesmo nos ensaios em que

mais de 99% da mesma foi degradada após 240 min de reação, é possível que produtos de

degradação tenham se formado. Na Figura 8.6 são mostrados os resultados de crescimento das

bactérias Escherichia coli (Figura 8.6 A) e Staphylococcus aureus (Figura 8.6 B). Em algumas

condições experimentais, os produtos de degradação formados apresentaram atividade

antimicrobiana maior que a concentração inicial de SQX para a bactéria E. coli.

Após 240 min de reação, nos ensaios B, D, E e F não foi verificada atividade

antimicrobiana residual que influenciasse no crescimento da bactéria E. coli (Figura 8.6 A). No

ensaio A, onde as amostras foram irradiadas, aproximadamente 25% do crescimento da E. coli

foi inibido, e no ensaio C, sem irradiação das amostras, foi observado 45% de inibição.

Comparando o ensaio A aos demais ensaios, onde não houve inibição do crescimento, pode-se

afirmar que a presença de luz e as concentrações de H2O2 maiores que 119 mg L-1 podem ter

influenciado na diminuição da atividade antimicrobiana das soluções submetidas a degradação.

Não foi observada inibição do crescimento da bactéria S. aureus tanto nos tempos

de reação quanto nas condições avaliadas (Figura 8.6 B), ou seja, se produtos de degradação

foram formados, eles não apresentaram atividade antimicrobiana capaz de interferir no

crescimento da bactéria S. aureus ou mesmo, não apresentaram efeito sinérgico entre eles.

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Figura 8.6: Inibição do crescimento das bactérias (A) Escherichia coli e (B) Staphylococcus aureus

devido à atividade antimicrobiana das soluções submetidas ao processo reagente de Fenton e foto-

Fenton no reator em escala piloto.

8.3. Ajuste dos resultados experimentais a um modelo semi-empírico

Ambos os processos, reagente de Fenton e foto-Fenton, foram efetivos para oxidar

a SQX. Um modelo semi-empírico, previamente aplicado em outros estudos (DE LIMA

PERINI; PEREZ-MOYA; NOGUEIRA, 2013; PÉREZ-MOYA; MANSILLA; GRAELLS,

2011), foi usado para caracterizar o desempenho dos processos estudados em ambos os reatores

avaliados nesse estudo.

A evolução da concentração de SQX pode ser descrita pela Equação 35.

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[𝑆𝑄𝑋] = [𝑆𝑄𝑋]∞ + (𝑆𝑄𝑋0 − 𝑆𝑄𝑋∞)×𝑒−𝑘𝑡 (35)

sendo, SQX0 a concentração inicial de sulfaquinoxalina, SQX∞ a concentração da

sulfaquinoxalina quando a degradação máxima é obtida, k é a constante de velocidade de

degradação e t é o tempo de reação. A conversão (ξ) pode ser descrita conforme a Equação 36.

ξ = ξ𝑚𝑎𝑥(1 − 𝑒−𝑘𝑡) (36)

sendo, max a máxima conversão, a qual pode ser definida pela Equação 37.

ξ𝑚𝑎𝑥 =[𝑆𝑄𝑋]0−[𝑆𝑄𝑋]∞

[𝑆𝑄𝑋]0 (37)

Sendo assim, o desempenho da oxidação foi caracterizado pela determinação de

dois parâmetros do modelo, ξmax e k, os quais podem ser obtidos pelo ajuste do modelo semi-

empírico aos dados experimentais, usando o método dos mínimos quadrados.

Os coeficientes de regressão (R²) foram calculados para indicar a qualidade do

ajuste dos dados experimentais ao modelo. Os valores de R² foram entre 0,91 e 0,99 para o

reator em escala de laboratório, e para o reator em escala piloto foram entre 0,95 e 0,98,

refletindo a significativa relação entre os dados experimentais e o modelo.

As constantes de velocidade de reação (k) obtidas para os dados experimentais do

reator em escala de laboratório variaram entre 0,017 a 0,031 min-1. O modelo de ajuste dos

ensaios E, F (178_ON) e G, H (178_OFF) referentes aos pontos centrais do delineamento

experimental está apresentado na Figura 8.7.

Os parâmetros do modelo para o processo reagente de Fenton (Figura 8.7 A) foram

k = 0,017 min-1 e ξmax = 0,81, e para o processo foto-Fenton (Figura 8.7 B), foram

k = 0,027 min-1 e ξmax = 0,93. Cada experimento foi realizado em duplicata, e foram

identificados como “Ensaio 1” e “Ensaio 2”, e o “Modelo” foi obtido a partir do ajuste desses

dados experimentais.

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Figura 8.7: Ajuste dos dados experimentais obtidos no reator em escala de laboratório

correspondentes aos pontos centrais do delineamento experimental ao modelo de pseudo-primeira

ordem. A) reagente de Fenton (G, H_178_OFF), e B) foto-Fenton (E, F_178_ON).

No reator em escala piloto, as constantes de velocidade de reação foram maiores,

entre 0,06 a 0,11 min-1. O modelo de ajuste dos pontos centrais do delineamento experimental,

representados pelos ensaios E, F (178_ON) e G, H (178_OFF) está apresentado na Figura 8.8.

Os parâmetros do modelo para o processo reagente de Fenton foram k = 0,08 min-1 e

ξmax = 0,95, (Figura 8.8 A) e para o processo foto-Fenton, foram k = 0,09 min-1 e ξmax = 0,95

(Figura 8.8 B).

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Figura 8.8: Ajuste dos dados experimentais obtidos no reator em escala piloto correspondentes aos

pontos centrais do delineamento experimental ao modelo de pseudo-primeira ordem. A) reagente de

Fenton (G, H_178_OFF), e B) foto-Fenton (E, F_178_ON).

A eficiência dos processos aplicados nos dois reatores (laboratório e piloto) foi

avaliada usando como parâmetros de desempenho a constante de velocidade de reação

(k, min-1) e a conversão máxima (ξmax). A melhor condição deve ter uma alta constante de

velocidade de reação e conversão máxima próxima de um. Os resultados obtidos são mostrados

na Figura 8.9.

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Figura 8.9: Constante de velocidade de reação (k) em função da conversão máxima (ξmax) nos

processos reagente de Fenton e foto-Fenton, para as escalas laboratório e planta piloto.

A conversão máxima (ξmax) e a maior constante de velocidade de reação foram

obtidas nos ensaios aplicando o processo foto-Fenton (Figura 8.9). As condições de ensaio

referentes aos pontos centrais do delineamento experimental, E e F (178_ON), foram mais

efetivas na degradação da SQX, ou seja, o uso de uma concentração intermediária de oxidante

resultou em constantes de velocidade de reação (k) maiores e alta conversão (ξmax) em ambas

escalas estudadas.

Com exceção dos ensaios A e B realizados no reator em escala de laboratório, os

quais apresentaram k muito similar (0,031 e 0,029 min-1, respectivamente), todos os ensaios

onde foram aplicados o processo foto-Fenton, apresentaram valores de k maiores quando

comparados ao processo reagente de Fenton. Isso indicou que as concentrações de reagentes

usadas no processo foto-Fenton foram satisfatórias, os efeitos resultantes do sequestro de HO•

ou da competição pelos fótons fornecidos pela radiação UV não foram significativos, e a

eficiência do processo não diminuiu. No reator em escala de laboratório, obteve-se valores de

k muito similares para os ensaios C, D, E, e F de foto-Fenton (0,029, 0,028, 0,028, e

0,028 min-1, respectivamente), indicando que altas concentrações de H2O2 não estão

diretamente relacionadas ao aumento de eficiência do processo.

As reações de oxidação ocorreram de forma mais rápida no reator em escala piloto,

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tanto nos ensaios de Fenton quanto foto-Fenton. Sabe-se que a introdução de oxigênio no

sistema experimental aumenta a eficiência do processo, a constante de velocidade de reação e

produz mais espécies oxidativas durante o processo (PIGNATELLO; OLIVEROS; MACKAY,

2006); por essa razão, esse aparato experimental tem como vantagem em relação ao reator em

escala de laboratório, o qual não possui recirculação, o fornecimento adicional de oxigênio à

solução, proveniente da oxigenação causada pela alta vazão (12 L min-1), o que pode justificar

a maior eficiência na oxidação da SQX que esse reator apresentou.

As constantes de velocidade de reação obtidas no reator em escala piloto variaram

de 0,065 a 0,108 min-1 e foram duas vezes maiores que as obtidas no reator em escala de

laboratório, considerando os ensaios A (119_OFF), B (237_OFF), e D (237_ON). Os valores

de k obtidos para os ensaios C (119_ON), E e F (178_ON), no reator em escala piloto foram

três vezes maiores que os obtidos na escala de laboratório, enquanto que para os ensaios G e H

(178_OFF) da planta piloto, o k foi quatro vezes maior. Isso provavelmente ocorreu devido

oxigenação da solução pela recirculação da solução.

É interessante ressaltar o resultado obtido para o ensaio C (119_ON) no reator em

escala piloto, o qual apresentou o maior valor de k (Figura 8.9). Claramente, 119 mg L-1 foi uma

concentração de H2O2 adequada e consequentemente a razão mássica dos reagentes de Fenton

H2O2:Fe(II) (11,9) e a razão mássica H2O2:SQX (4,76) também. Como resultado, o ensaio C

foi o processo que apresentou maior velocidade no início da reação. No entanto, após a exaustão

do H2O2, a conversão máxima (ξmax = 0,81) foi menor que nos ensaios E e F (ξmax = 0,92), por

exemplo. Isso sugere que uma melhor condição experimental poderia ser aplicada no início do

ensaio; utilizando 119 mg L-1 de H2O2 para atingir uma rápida conversão inicial, e em seguida

adicionar doses extra de H2O2 ao longo do tempo de reação para manter a eficiência inicial

obtida no ensaio C. O aumento na eficiência devido à dosagem adicional de H2O2 já foi

reportado por outros autores (YAMAL-TURBAY et al., 2014b).

8.4. Delineamento experimental

8.4.1. Fator de resposta: degradação e mineralização da sulfaquinoxalina

O gráfico de Pareto foi usado para determinar o efeito de cada variável nos fatores

de resposta e os resultados obtidos tanto em escala de laboratório quanto para a planta piloto

são apresentados na Tabela 8.1. As variáveis estudadas foram: concentração de peróxido de

hidrogênio, presença ou ausência de radiação (ON/OFF) e a interação entre as duas variáveis.

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Tabela 8.1: Efeito das variáveis do delineamento experimental nos fatores de resposta avaliados.

Fator de

resposta

Tempo

reação

(min)

Reator escala de laboratório Reator escala piloto

Variáveis Variáveis

ON/OFF H2O2 Interação ON/OFF H2O2 Interação

Mineralização

30 1

60 1 1

120 1 1 2

240 1 1 3 2

Degradação

30

60 1

120 1

240 1 2 1 2

Os números indicam efeitos notáveis e a ordem de significância de acordo com o

fator ou com a sua interação. Como por exemplo, a ausência de números referentes à degradação

da SQX em 30 min de reação, indica que nenhum dos fatores de resposta avaliados foram

significantemente afetados pelas variáveis presença ou ausência de radiação e/ou concentração

de H2O2, ou ainda pela interação entre essas duas variáveis. Assim, os fatores estudados e sua

interação podem ser negligenciados nesse o período (30 min).

No caso dos resultados obtidos no reator em escala de laboratório, a presença e

ausência de radiação foi a única variável que afetou a mineralização da SQX para todos os

tempos de reação (Tabela 8.1). Somente após 60 min de reação é que a presença ou ausência

de radiação passou a ser significante para que a degradação da SQX ocorresse, e no maior tempo

de degradação, correspondente a 240 min, a interação das variáveis (ON/OFF e concentração

de H2O2) também passou a ser significante.

No reator em escala piloto as variáveis estudadas apresentaram maior significância

para a mineralização e oxidação da SQX do que no reator em escala de laboratório. A interação

entre as variáveis (ON/OFF e concentração de H2O2) e a concentração de H2O2 apresentaram

um peso maior em relação aos tempos de reação mais longos. No caso da mineralização,

observa-se que as variáveis seguiram a seguinte ordem decrescente de significância:

concentração de H2O2, interação entre as variáveis e presença ou ausência de radiação. Para os

tempos de reação mais curtos (30, 60, e 120 min), as duas variáveis, assim como a interação

entre elas não foram significantes para a oxidação da SQX nas condições avaliadas. No entanto,

em 240 min, a concentração de H2O2 foi mais significante que a presença ou ausência de

radiação.

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8.4.2. Fator de resposta: atividade antimicrobiana

A atividade antimicrobiana foi o fator de resposta com menor interferência das

variáveis estudadas (ON/OFF, concentração de H2O2, e interação das variáveis), em relação aos

demais fatores de resposta avaliados (degradação e mineralização da SQX).

Após 30 min de reação no reator em escala de laboratório, o crescimento da E. coli

foi significativamente influenciado pelas variáveis concentração de H2O2 e interação entre as

variáveis. Isso pode ter ocorrido devido a presença de H2O2 residual nas amostras e às diferentes

taxas de consumo desse oxidante na ausência ou presença de radiação, uma vez que, após

120 min de reação, o H2O2 foi completamente consumido e apenas a presença ou ausência de

radiação foi significante. Para tempos de reação mais longos, nenhuma variável significante foi

observada.

Ainda em relação aos dados obtidos no reator em escala de laboratório, o

crescimento da bactéria S. aureus não sofreu influência das variáveis ou mesmo da interação

entre elas durante os tempos de reação avaliados.

Ao contrário do observado para os dados obtidos no reator em escala de laboratório,

a atividade antimicrobiana das soluções degradadas no reator em escala piloto não sofreu

influência significativa das variáveis avaliadas que pudesse interferir no crescimento das

bactérias E. coli e S. aureus.

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9. CONCLUSÕES

Dos resultados obtidos para escala de laboratório referentes ao desenvolvimento do

presente estudo na Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Unicamp pode-

se concluir que a degradação da sulfaquinoxalina obtida pelo processo de peroxidação foi

desprezível (menor que 5%) em qualquer concentração de peróxido de hidrogênio e no tempo

de reação de 11,4 min. No processo de fotólise houve a degradação de 58% do fármaco quando

a concentração inicial do mesmo era de 500 µg L-1. No entanto, a aplicação dos processos

oxidativos avançados aumentou a eficiência de degradação e diminuiu o tempo de reação.

O processo oxidativo avançado UV/H2O2 foi efetivo na degradação da

sulfaquinoxalina. Após 11,4 min de reação mais de 99% da sulfaquinoxalina foi degradada pela

peroxidação assistida por radiação UV, quando foi utilizado 6,0 mmol L-1 de peróxido de

hidrogênio. A toxicidade residual das soluções tratadas por esse processo aumentou ao longo

do tempo de reação, provavelmente devido aos produtos formados ou ao efeito sinérgico entre

eles.

No processo oxidativo avançado da fotocatálise (UV/TiO2) houve uma degradação

maior que 99% da sulfaquinoxalina em 11 min de reação em praticamente todas as

concentrações de catalisador testadas, exceto para 5 mg L-1. A eficiência foi ainda maior

combinando peróxido de hidrogênio ao processo e obteve-se 99% de degradação utilizando

5 mg L-1 de TiO2. Para ambos os processos de fotocatálise, com e sem H2O2, a toxicidade

residual das soluções aumentou juntamente com a degradação da sulfaquinoxalina, chegando a

causar aproximadamente 65% de inibição da luminescência da bactéria Vibrio fischeri nos dois

processos.

O mecanismo de degradação da sulfaquinoxalina por ozonização foi diretamente

afetado pelo pH. Nos três valores de pH testados (3, 7 e 11) houve a degradação de mais de

99% da sulfaquinoxalina, entretanto, em condições de meio ácido (pH 3), a cinética de

degradação foi mais rápida, foram necessárias doses menores de ozônio e essa foi a única

condição que não apresentou toxicidade residual das amostras à bactéria Vibrio fischeri.

A toxicidade residual das soluções submetidas aos processos oxidativos avançados

de fotocatálise, UV/H2O2 e ozonização em meio básico, aumentou para todas as condições

estudadas. Quatro produtos de degradação foram caracterizados como altamente tóxicos e

persistentes. A rota de formação e as estruturas químicas desses produtos foi proposta.

De acordo com os resultados obtidos na Escola Universitària d`Enginyeria Tècnica

Industrial de Barcelona (EUETIB/UPC) aplicando os processos reagente de Fenton e foto-

Fenton utilizando reator em escala piloto, foi possível concluir que a peroxidação e fotólise não

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foram efetivos na remoção da sulfaquinoxalina, degradando menos de 5% da concentração

inicial, 25 mg L-1 após 240 min de reação. No reator em escala de laboratório a fotólise não foi

efetiva e a peroxidação degradou 40% da sulfaquinoxalina.

A conjugação do reagente de Fenton com a radiação ultravioleta aumentou a

mineralização do composto, os resultados obtidos utilizando o reator em escala de laboratório

e o reator em escala piloto foram similares, mas a planta piloto foi considerada mais efetiva na

oxidação da SQX, pois apresentou constantes de velocidade de reação maiores. O processo

foto-Fenton com 178 mg L-1 de H2O2 foi a melhor condição estudada, obtendo-se no reator em

escala de laboratório e em escala piloto, respectivamente 56% e 51% de mineralização e 92%

e 95% de oxidação da SQX em 240 min. Nessa condição, não foi detectada atividade

antimicrobiana residual mensurável das amostras. O uso de H2O2 em concentração mais alta

(237 mg L-1), não resultou em um aumento significativo da eficiência do processo, enquanto

que na menor concentração de H2O2 (119 mg L-1), notou-se redução na eficiência.

As variáveis significantes para mineralização da sulfaquinoxalina em escala piloto

foram (em ordem decrescente): concentração de H2O2, interação entre as variáveis, e presença

ou ausência de radiação. Na escala de laboratório, apenas a presença ou ausência de radiação

foi significativa. No caso da oxidação da sulfaquinoxalina, a presença ou ausência de radiação

foi igualmente significante em ambos os reatores avaliados.

De maneira geral, apesar dos resultados obtidos mostrarem grande eficiência dos

processos oxidativos avançados avaliados nesse estudo na degradação da sulfaquinoxalina, é

importante salientar que seria desejável que os produtos de degradação fossem também

totalmente degradados e/ou até compostos menos tóxicos que o original, considerando-se que

o objetivo em remover esses contaminantes das águas é justamente que eles não estejam ativos

e causem malefícios à saúde humana e ao meio ambiente.

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SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Analisando-se os resultados obtidos da realização do presente estudo, é possível

concluir que os processos oxidativos avançados avaliados foram efetivos para a degradação da

sulfaquinoxalina. No entanto, cabe ressaltar que a análise dos resultados pode ainda ser

aprofundada e informações relevantes a respeito da degradação desse fármaco serem obtidas,

inclusive com a realização de mais ensaios. Por essa razão, algumas possibilidades para

realização de trabalhos futuros são sugeridas:

1. A matriz utilizada nesse estudo para avaliar a degradação da

sulfaquinoxalina foi água ultrapura. É importante esclarecer que os resultados obtidos não

podem ser extrapolados para água naturais. Provavelmente a eficiência de degradação será

menor, pois matrizes de águas naturais tem a presença de matéria orgânica, carbonatos,

bicarbonatos, maior turbidez e diversos outros compostos que irão competir com o analito pelos

radicais hidroxila, pelos fótons gerados, diminuindo assim a eficiência do processo.

Recomenda-se a realização de ensaios utilizando outras matrizes aquosas;

2. Estudar a degradação da sulfaquinoxalina juntamente com outras

sulfonamidas também é recomendado. Isso permitirá avaliar qual processo de degradação

apresenta melhor eficiência para essa classe de fármacos e qual é mais efetivo para remoção da

toxicidade da solução;

3. Com a mesma justificativa da sugestão 2, também é importante avaliar a

eficiência desses processos na degradação de uma solução contendo fármacos de diferentes

classes, como sulfonamidas, fluoroquinolonas e tetraciclinas, que são as mais utilizadas. Cada

classe de fármaco possui suas características que facilitam ou ainda dificultam sua degradação,

como solubilidade, fotossensibilidade, estrutura química, entre outros;

4. Restringindo-me aos resultados obtidos nesse estudo, a toxicidade residual

das soluções aumentou após submissão a todos os processos oxidativos avançados avaliados.

Isso possibilita três frentes de estudo: 1) aumentar o tempo de reação para avaliar se ocorre a

degradação dos produtos de degradação formados, os quais provavelmente estão causando essa

toxicidade; 2) realizar ensaios de toxicidade utilizando outros organismos teste, como Daphnia

similis, Escherichia coli, Bacillus subtilis, Staphylococcus aureus, entre outros para avaliar se

o mesmo acontece com microrganismos Gram-positivos e Gram-negativos e de diferentes

níveis tróficos; e 3) aplicar o processo oxidativo avançado seguido de carvão ativado para

remoção da toxicidade remanescente nas soluções avaliadas.

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pharmaceuticals in the Yangtze Estuary, China. Science of the Total Environment, v. 536, p. 946–954,

2015.

ZHOU, L.-J. et al. Occurrence and fate of eleven classes of antibiotics in two typical wastewater

treatment plants in South China. Science of The Total Environment, v. 452–453, p. 365–376, 2013.

ZHOU, L.-J. et al. Simultaneous determination of human and veterinary antibiotics in various

environmental matrices by rapid resolution liquid chromatography-electrospray ionization tandem mass

spectrometry. Journal of Chromatography A, v. 1244, p. 123–138, 2012.

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117

ANEXOS

ANEXO A – Ocorrência de sulfonamidas em matrizes aquosas (continua).

Sulfonamida Matriz Concentração

(ng L-1) Região

Succinilsulfatiazol Efluente ETE 9,1 Catalunha/Espanha1

Água superficial 1,1 - 37 Catalunha/Espanha2

Sulfabenzamida

Água subterrânea 3,41 Catalunha/Espanha1

Água superficial (bacia rio Ebro) 1,78 Catalunha/Espanha1

Efluente ETE < 0,38 Catalunha/Espanha1

Água subterrânea (La plana de Vic) 0,09 – 10,32 Catalunha/Espanha3

Água superficial 1,8 – 14,6 Catalunha/Espanha2

Sulfacloropiridazina Água tratada 2,3 China4

Água superficial 8,1 China5

Sulfadiazina

Água superficial (rio Miño) 63,7 - 2978,6 Galícia/Espanha6

Água superficial (rio Tevere) 236 Itália8

Água subterrânea 4,1 ± 4,2 Catalunha/Espanha2

Afluente ETE 181 Catalunha/Espanha1

Efluente ETE 104 Catalunha/Espanha1

Água subterrânea 0,81 Catalunha/Espanha1

Efluente ETE 1,9 - 3,8 Saitama/Japão9

Afluente ETE 3,7 Saitama/Japão9

Água superficial (bacia rio Koyama) 0,04 – 0,05 Saitama/Japão9

Água subterrânea (La Plana de Vic) 0,14 – 6,98 Catalunha/Espanha3

Água superficial 0,7 – 6,4 Catalunha/Espanha2

Água superficial (Estuário Yangtze) 0,6 China10

Água superficial 53,6 Shangai/China11

Sedimento 400 Shangai/China11

Efluente de fazendas de aves,

laticínios e suínos 1230 China12

Efluente fazenda de animais 150 China12

Água superficial 270 China12

Efluente hospital 48 - 253 China13

Afluente ETE 1382 China13

Afluente ETE 15,4 China14

Efluente ETE 4,12 China14

Água superficial (lagoa de fazenda

de suínos) 19,5 – 187 China14

Água subterrânea 1,47 China14

Efluente de hospital 32 - 330 Itália15

Afluente ETE 22 Itália15

Efluente ETE 17 Itália15

Água superficial 1 – 30,5 China5

Água mar 9,1 China5

Sulfadimetoxina

Água superficial (rio Tevere) 28 Itália8

Água superficial (rio Trigno) 74 Itália8

Água mineral 11 Itália8

Água subterrânea 0,2 ± 0,1 Catalunha/Espanha2

Afluente ETE 20,1 Catalunha/Espanha1

Efluente ETE 10 Catalunha/Espanha1

Água subterrânea 0,11 - 1,65 Catalunha/Espanha1

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ANEXO A – Ocorrência de sulfonamidas em matrizes aquosas (continuação).

Sulfonamida Matriz Concentração

(ng L-1) Região

Sulfadimetoxina

Água superficial (bacia rio Ebro) 0,52 - 18,10 Catalunha/Espanha1

Afluente ETE 2 – 4,1 Saitama/Japão9

Efluente ETE 0,08 – 2,4 Saitama/Japão9

Água superficial (bacia rio Koyama) 0,05 – 0,17 Saitama/Japão9

Água subterrânea (La Selva) 0,01 – 91,48 Catalunha/Espanha3

Água superficial 0,5 – 23,1 Catalunha/Espanha2

Água superficial 8,3 Espanha16

Água superficial 2 EUA17

Água subterrânea (poço) 8,3 - 32 EUA17

Água superficial 1,0 China5

Sulfadimidina Água superficial (bacia rio Koyama) 0,13 - 0,14 Saitama/Japão9

Sulfadoxina

Água subterrânea 0,6 Catalunha/Espanha2

Água subterrânea 4,48 Catalunha/Espanha1

Água superficial (bacia rio Ebro) 6,77 - 20 Catalunha/Espanha1

Afluente ETE 0,39 Catalunha/Espanha1

Efluente ETE 0,14 Catalunha/Espanha1

Água subterrânea (La selva) 0,02 – 53,63 Catalunha/Espanha3

Água superficial 2,7 – 43,3 Catalunha/Espanha2

Efluente de fazendas de aves,

laticínios e suínos 250 China12

Efluente fazenda de animais 80 China12

Água superficial 800 China12

Sulfaguanidina

Afluente ETE 26,1 Catalunha/Espanha1

Efluente ETE 1,88 Catalunha/Espanha1

Água subterrânea (La Selva) 3,30 – 91,78 Catalunha/Espanha3

Água superficial 8,0 China5

Água mar 3,7 China5

Sulfamerazina

Água subterrânea 17,3 ± 4,2 Catalunha/Espanha2

Efluente ETE 4,94 – 34,6 Catalunha/Espanha1

Água subterrânea 0,4 - 3,22 Catalunha/Espanha1

Água superficial (bacia rio Ebro) 3,18 - 15,5 Catalunha/Espanha1

Efluente ETE 0,21 Saitama/Japão9

Água subterrânea (La Selva) 0,11 – 744,7 Catalunha/Espanha3

Água superficial 1 – 42,2 Catalunha/Espanha2

Água superficial (Estuário Yangtze) 0,1 China10

Água tratada 3,0 China4

Água subterrânea 1,1 China4

Sulfametazina

Água superficial (rio Miño) 28,8 - 33,5 Galícia/Espanha6

Água subterrânea 2,7 ± 5,2 Catalunha/Espanha2

Efluente ETE 14,7 - 18 Catalunha/Espanha1

Água subterrânea 0,13 - 3,71 Catalunha/Espanha1

Água mar 1,1 China5

Água superficial (rio Miño) 28,8 - 33,5 Galícia/Espanha6

Água subterrânea 2,7 ± 5,2 Catalunha/Espanha2

Efluente ETE 14,7 - 18 Catalunha/Espanha1

Água subterrânea 0,13 - 3,71 Catalunha/Espanha1

Água superficial (bacia rio Ebro) 2,52 - 20,1 Catalunha/Espanha1

Água superficial (bacia rio Koyama) 0,03 – 0,07 Saitama/Japão9

Água subterrânea (La Selva) 0,03 – 106,8 Catalunha/Espanha3

Água superficial 2,5 – 65,2 Catalunha/Espanha2

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119

ANEXO A – Ocorrência de sulfonamidas em matrizes aquosas (continuação).

Sulfonamida Matriz Concentração

(ng L-1) Região

Sulfametazina

Água superficial (Estuário Yangtze) 3,77 China10

Água superficial 113 Espanha16

Água superficial 0,06 Ontario/Canadá18

Água superficial 188,9 Shangai/China11

Água tratada 2,4 China4

Efluente de fazendas de aves,

laticínios e suínos 2290 China12

Efluente fazenda de animais 750 China12

Água subterrânea (poço) 390 China12

Água superficial 100 China12

Efluente criação suínos 7 China13

Efluente matadouro aves 825 China13

Afluente ETE 18 China13

Afluente ETE 19,3 China14

Efluente ETE 9,3 China14

Água superficial (lagoa de fazenda

de suínos) 280 - 600 China14

Água subterrânea 128 China14

Efluente hospital 7 - 23 Itália15

Afluente ETE 18 Itália15

Efluente ETE 11 Itália15

Água subterrânea (poço) 5,1 EUA17

Efluente ETE 800 NI19

Água superficial 26,4 China5

Sulfametizol

Água mineral 9 Itália8

Água superficial (bacia rio Ebro) 2,65 Catalunha/Espanha1

Afluente ETE 247 Catalunha/Espanha1

Efluente ETE 3,47 Catalunha/Espanha1

Água subterrânea 10,3 Catalunha/Espanha1

Água subterrânea (La selva) 0,22 – 9,29 Catalunha/Espanha3

Água superficial 2,3 - 4,6 Catalunha/Espanha2

Sulfametoxazol

Água superficial (rio Tevere) 402 Itália8

Água mineral 13 - 80 Itália8

Água subterrânea 2,3 ± 2,4 Catalunha/Espanha2

Água subterrânea 8,55 - 53,90 Catalunha/Espanha1

Água superficial (bacia rio Ebro) 7,50 – 32,3 Catalunha/Espanha1

Efluente ETE 12,4 – 302 Catalunha/Espanha1

Afluente ETE 89 Catalunha/Espanha1

Afluente ETE 6,9 – 27 Saitama/Japão9

Efluente ETE 24 - 28 Saitama/Japão9

Água superficial (bacia rio Koyama) 0,37 - 0,56 Saitama/Japão9

Água subterrânea (La Selva) 0,08 – 312,2 Catalunha/Espanha3

Água superficial 0,2 – 35,6 Catalunha/Espanha2

Água superficial (Estuário Yangtze) 9,2 China10

Água superficial 30 NI20

Água superficial 12 EUA21

Água superficial 57,7 - 149 Espanha16

Água superficial 0,17 Ontario/Canada18

Água superficial 2,4 EUA22

Água potável 12,7 EUA22

Page 120: PROCESSOS OXIDATIVOS AVANÇADOS … Erbetta, Gabriela Reis, Glenda ... não posso deixar de agradecer ao meu marido Isac, ... ozonation in basic medium (O 3 /HO-), photocatalysis (UV/TiO

120

ANEXO A – Ocorrência de sulfonamidas em matrizes aquosas (continuação).

Sulfonamida Matriz Concentração

(ng L-1) Região

Sulfametoxazol

Água superficial (barragem recebe

efluente tratado) 1,9 França23

Água superficial (rio a jusante da

barragem) 5,1 França23

Água superficial (lago recebe

efluente não tratado) 1,8 França23

Água superficial (lago onde vários

rios desembocam) 1,9 França23

Água superficial 50 - 74 Espanha24

Água superficial 259,6 Shangai/China11

Água tratada 15 China4

Água subterrânea 15 China4

Água tratada 91 – 97 Itália18

Efluente de fazendas de aves,

laticínios e suínos 350 China12

Efluente fazenda de animais 170 China12

Água superficial 90 China12

Água subterrânea 1100 EUA17

Água superficial 1100 Espanha26

Efluente hospital 195 - 1060 China13

Efluente matadouro aves 216 China13

Afluente ETE 2020 China13

Afluente ETE 405 China14

Efluente ETE 106 China14

Água superficial (lagoa de fazenda

de suínos) 1,5 China14

Efluente hospital 1800 - 4200 Itália15

Afluente ETE 440 Itália15

Efluente ETE 210 Itália15

Afluente ETE 279 Madrid/Espanha27

Efluente ETE 231 Madrid/Espanha27

Água superficial 43 EUA17

Água subterrânea (poço) 20,5 EUA17

Afluente ETE 1740 Austrália28

Água superficial 6,7 – 173,2 China5

Água de mar 4,3 – 76,9 China5

Água superficial 0,78 - 106 Brasil29

Sulfametoxipirida-

zina

Água superficial (rio Miño) 28,5 -148,8 Galícia/Espanha6

Água subterrânea 0,1 ± 0,1 Catalunha/Espanha2

Água subterrânea 0,24 – 0,77 Catalunha/Espanha1

Água superficial (bacia rio Ebro) 0,62 - 15,5 Catalunha/Espanha1

Água subterrânea (La selva) 0,02 – 68,70 Catalunha/Espanha3

Água superficial 0,6 – 18,1 Catalunha/Espanha2

Sulfamonometoxina

Afluente ETE 5,6 China14

Efluente ETE 3,17 China14

Água subterrânea 19 China14

Água superficial (lagoa de fazenda

de suínos) 2660 - 8600 China14

Água superficial 1,2 – 35,1 China5

Água mar 3,3 China5

Page 121: PROCESSOS OXIDATIVOS AVANÇADOS … Erbetta, Gabriela Reis, Glenda ... não posso deixar de agradecer ao meu marido Isac, ... ozonation in basic medium (O 3 /HO-), photocatalysis (UV/TiO

121

ANEXO A – Ocorrência de sulfonamidas em matrizes aquosas (continuação).

Sulfonamida Matriz Concentração

(ng L-1) Região

Sulfanilamida Água superficial 12 China5

Água mar 7,9 China5

Sulfanitran

Água subterrânea 0,17 – 0,82 Catalunha/Espanha1

Afluente ETE < 1,87 Catalunha/Espanha1

Água subterrânea (La Selva) 0,04 – 568,8 Catalunha/Espanha3

Água superficial 17,8 - 127 Catalunha/Espanha2

Sulfapiridina

Água superficial (rio Miño) 28,1 – 177,8 Galícia/Espanha6

Água superficial (rio Tevere) 121 Itália8

Água superficial (rio Trigno) 66 Itália8

Água subterrânea 0,7 ± 0,9 Catalunha/Espanha2

Afluente ETE 1,08 – 855 Catalunha/Espanha1

Efluente ETE 0,42 - 113 Catalunha/Espanha1

Água subterrânea 0,05 - 1,11 Catalunha/Espanha1

Água superficial (bacia rio Ebro) 0,16 - 11,2 Catalunha/Espanha1

Afluente ETE 127 – 154 Saitama/Japão9

Efluente ETE 98 – 161 Saitama/Japão9

Água superficial (bacia rio Koyama) 0,62 - 3 Saitama/Japão9

Água subterrânea (La Selva) 0,07 – 72,45 Catalunha/Espanha3

Água superficial 0,1 – 42,5 Catalunha/Espanha2

Água superficial (Estuário Yangtze) 1,26 China10

Água superficial 24,1 Shangai/China11

Afluente ETE 4260 Austrália28

Água superficial 15,7 China5

Água mar 0,6 China5

Sulfaquinoxalina

Água superficial (rio Miño) 29,5 - 40,8 Galícia/Espanha6

Água subterrânea 39,4 Catalunha/Espanha7

Água subterrânea 0,08 - 1,17 Catalunha/Espanha1

Água superficial (bacia rio Ebro) 5,89 - 20,8 Catalunha/Espanha1

Efluente ETE 0,15 Catalunha/Espanha1

Água superficial (bacia rio Koyama) 8,9 Saitama/Japão9

Água subterrânea (La Selva) 0,01 – 112,2 Catalunha/Espanha3

Água superficial 4,5-40,4 Espanha7

Água superficial (Estuário Yangtze) 0,09 – 3,77 China10

Água superficial 21,5 Shangai/China11

Efluente de fazendas de aves,

laticínios e suínos 60 - 640 China12

Água superficial 0,6 - 13,6 China5

Sulfatiazol

Água subterrânea 0,2 ± 0,1 Catalunha/Espanha2

Efluente ETE 5,12 – 9,21 Catalunha/Espanha1

Afluente ETE 37,5 Catalunha/Espanha1

Água superficial (bacia rio Ebro) 10,10 - 13,90 Catalunha/Espanha1

Água superficial (bacia rio Koyama) 0,08 - 6,6 Saitama/Japão9

Água subterrânea (La Plana de Vic) 0,01 – 16,78 Catalunha/Espanha3

Água superficial 1 – 9,6 Catalunha/Espanha2

Água superficial (Estuário Yangtze) 0,18 China10

Água superficial 34,1 Shangai/China11

Efluente ETE 400 NI19

Água superficial 8,5 China5

Sulfisomidina Água subterrânea 0,2 Catalunha/Espanha2

Água subterrânea 0,32- 1,89 Catalunha/Espanha1

Page 122: PROCESSOS OXIDATIVOS AVANÇADOS … Erbetta, Gabriela Reis, Glenda ... não posso deixar de agradecer ao meu marido Isac, ... ozonation in basic medium (O 3 /HO-), photocatalysis (UV/TiO

122

ANEXO A – Ocorrência de sulfonamidas em matrizes aquosas (conclusão).

Sulfonamida Matriz Concentração

(ng L-1) Região

Sulfisomidina

Água superficial (bacia rio Ebro) 1,79 - 13,7 Catalunha/Espanha1

Efluente ETE 0,43 Catalunha/Espanha1

Afluente ETE 3,1 Saitama/Japão9

Efluente ETE 0,06 - 0,62 Saitama/Japão9

Água superficial (bacia rio Koyama) 0,05 – 0,48 Saitama/Japão9

Água subterrânea (La Selva) 0,01 - 64,40 Catalunha/Espanha3

Água superficial 1 - 40,4 Catalunha/Espanha2

Água superficial 0,4 China5

Sulfisoxazol

Água subterrânea 9,0 ± 7,2 Catalunha/Espanha2

Água superficial (bacia rio Ebro) 12,5 Catalunha/Espanha3

Água subterrânea 2,11 Catalunha/Espanha3

Afluente ETE 1,67 Catalunha/Espanha3

Efluente ETE 7,16 – 8,17 Catalunha/Espanha3

Efluente ETE 0,13 Saitama/Japão4

Água subterrânea (La Plana de Vic) 0,21 – 4,43 Catalunha/Espanha5

Água superficial 0,1 – 12,5 Catalunha/Espanha7

Água tratada 80 China4

Fonte: 1GARCÍA-GALÁN et al., 2010a; 2GARCÍA-GALÁN; DÍAZ-CRUZ; BARCELÓ, 2011a; 3GARCÍA-GALÁN et al., 2010b; 4MA et al., 2015; 5JIA et al., 2011; 6IGLESIAS et al., 2012; 7GARCÍA-GALÁN et al., 2011b; 8PERRET et al., 2006; 9CHANG et al., 2008; 10ZHAO; ZHOU; ZHANG, 2015; 11CHEN E ZHOU, 2014; 12WEI et al., 2011; 13 CHANG et al., 2010; 14ZHOU et al., 2012; 15VERLICCHI et al., 2012; 16BOLEDA; GALCERAN; VENTURA, 2011; 17SHELVER et al., 2010; 18KLEYWEGT et al., 2011; 19KIM et al., 2013; 20STACKELBERG et al.,

2007; 21BENOTTI et al., 2009; 22PADHYE et al., 2014; 23VULLIET; CREN-OLIVÉ; GRENIER-

LOUSTALOT, 2011; 24VALCÁRCEL et al., 2013; 25BARNES et al., 2008; 26GINEBREDA et al.,

2010; 27ROSAL et al., 2010; 28LE-MINH; STUETZ; KHAN, 2012; 29LOCATELLI; SODRÉ; JARDIM,

2011.

Legenda: ETE – Estação de Tratamento de Esgoto; NI – não informado

ANEXO B – Ocorrência de sulfonamidas em matrizes sólidas.

Sulfonamida Matriz Concentração

(ng kg-1) Região

Sulfadiazina Sedimento 400 Shangai/China1

Sulfamerazina Sedimento 200 Shangai/China1

Sulfametazina

Sedimento 1200 Shangai/China1

Lodo desidratado 1,45 China2

Sedimento 0,001 China2

Terra vegetal 0,001 China2

Estrume 2250 – 5060 EUA3

Solo 34,5 - 663 EUA3

Sulfametoxazol

Sedimento 200 Shangai/China1

Lodo desidratado 4,65 China2

Estrume 108 – 1,47x106 EUA3

Sulfamonometoxina Sedimento 0,0076 China2

Estrume 0,047 China2

Sulfapiridina Sedimento 1700 Shangai/China1

Sulfaquinoxalina Sedimento 400 Shangai/China1

Sulfatiazol Sedimento 200 Shangai/China1

Estrume 785 – 1702 EUA3

Fonte: (1CHEN; ZHOU, 2014; 2ZHOU et al., 2012; 3SHELVER et al., 2010).