processos de adoção animal pela internet

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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS UNISINOS UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO COMUNICAÇÃO SOCIAL HAB. COMUNICAÇÃO DIGITAL MELISSA CRISTINA DEVENS PROCESSOS DE ADOÇÃO ANIMAL PELA INTERNET: UM ESTUDO DA PÁGINA DE FACEBOOK DA ONG ADOTE UM GATINHO SÃO LEOPOLDO 2012

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A presente monografia aborda os processos de adoção animal por meio da internet. Dentro desse tema, foram analisados duas entidades de proteção animal: O Movimento Gatos da Redenção, que possui foco na divulgação de seus animais no meio físico; e a ONG Adote um Gatinho, que realiza doações de animais somente pela internet. O objetivo da pesquisa é gerar um panorama de como se encontra a causa de adoção animal pelo uso de sites de redes sociais. Para isso, foram utilizados os conceitos de redes sociais, comunidades sociais e sites de redes sociais a partir dos estudos de Lemos (2002), Marteleto (2001), Recuero (2009) e outros. Os conceitos ONGs foram analisados a partir de Montenegro (1994) e outros autores. As perspectivas sobre a pesquisa empírica e qualitativa aplicadas à internet foram pensadas com o apoio dos estudos de Fragoso, Recuero e Amaral (2011). De maneira presencial, buscou-se gerar entender as motivações que levam os simpatizantes das causas animais a utilizarem a internet como ponto de encontro. A partir dessa reflexão, observa-se um notável crescimento na utilização da internet como meio de divulgação dos animais em situação de perigo.

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Page 1: Processos de adoção animal pela internet

UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS

UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO

COMUNICAÇÃO SOCIAL – HAB. COMUNICAÇÃO DIGITAL

MELISSA CRISTINA DEVENS

PROCESSOS DE ADOÇÃO ANIMAL PELA INTERNET:

UM ESTUDO DA PÁGINA DE FACEBOOK DA ONG ADOTE UM GATINHO

SÃO LEOPOLDO

2012

Page 2: Processos de adoção animal pela internet

MELISSA CRISTINA DEVENS

PROCESSOS DE ADOÇÃO ANIMAL PELA INTERNET:

Um estudo da página de Facebook da Ong Adote um Gatinho

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social, Habilitação em Comunicação Digital da Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Orientador: Prof. Dra. Adriana da Rosa Amaral

São Leopoldo

2012

Page 3: Processos de adoção animal pela internet

AGRADECIMENTOS

Quero agradecer primeiramente a minha orientadora Adriana Amaral, por todo

apoio recebido ao longo deste ano, pela disposição que teve em me

acompanhar nesta caminhada e pelas aulas de comportamento do consumidor

III que deram início e incentivaram a escrita do mesmo.

A minha família em especial aos meus pais, Márcia e Domingos Devens, que

acreditaram me apoiaram e nunca mediram esforços para que eu conseguisse

concluir esta etapa da minha vida. A meu querido parceiro Lucas pela

dedicação, compreensão, apoio e companhia na pesquisa de campo.

Agradeço as voluntárias do Movimento Gatos da Redenção por toda atenção

que recebi. Também as voluntárias da ONG Adote um Gatinho que

prontamente responderam as minhas solicitações.

Agradeço também aos meus chefes e colegas de trabalho pela compreensão e

apoio nos dias em que tive que me ausentar.

Por fim agradeço a todos os professores, colegas e amigos que me ajudaram

ao longo desta caminhada sempre com palavras incentivadoras.

Page 4: Processos de adoção animal pela internet

RESUMO

A presente monografia aborda os processos de adoção animal por meio da internet. Dentro desse tema, foram analisados duas entidades de proteção animal: O Movimento Gatos da Redenção, que possui foco na divulgação de seus animais no meio físico; e a ONG Adote um Gatinho, que realiza doações de animais somente pela internet. O objetivo da pesquisa é gerar um panorama de como se encontra a causa de adoção animal pelo uso de sites de redes sociais. Para isso, foram utilizados os conceitos de redes sociais, comunidades sociais e sites de redes sociais a partir dos estudos de Lemos (2002), Marteleto (2001), Recuero (2009) e outros. Os conceitos ONGs foram analisados a partir de Montenegro (1994) e outros autores. As perspectivas sobre a pesquisa empírica e qualitativa aplicadas à internet foram pensadas com o apoio dos estudos de Fragoso, Recuero e Amaral (2011). De maneira presencial, buscou-se gerar entender as motivações que levam os simpatizantes das causas animais a utilizarem a internet como ponto de encontro. A partir dessa reflexão, observa-se um notável crescimento na utilização da internet como meio de divulgação dos animais em situação de perigo. Palavras-chave: Animais de rua. Redes sociais. ONG. Adoção animal.

Page 5: Processos de adoção animal pela internet

ABSTRACT

This paper reports the process of animal adoption through the internet. Inside this theme, two animal protection entities were analyzed. The Movimentos Gatos da Redenção, mainly focused on divulging their animals using traditional means and the NGO Adote um Gatinho, that performs adoptions using the internet. The main focus is to create an outline of the current status regarding animal adoption using social networking sites. This is done through concepts of social networks, social communities and social websites using the work of André Lemos (2002) Regina Marteleto (2001) Raquel Recuero (2009) among others. The NGOs concepts were obtained using Thereza Montenegro (1994), Betinho (1992) and other authors. Based on varied qualitative empirical researches applied to internet (Fragoso, Recuero and Amaral, 2011) and attending in person, the focus was to understand the motivations behind what makes animal protectors use the internet as a meeting place. As of this reflection, there is a notable growth in the usage of the internet as a mean of dissemination regarding animals in danger. Palavras-chave: Animais de rua. Redes sociais. ONG. Adoção animal.

Page 6: Processos de adoção animal pela internet

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Primeira parte do questionário aplicado às Instituições ............... 16

FIGURA 2 – Segunda parte do questionário aplicado às Instituições .............. 17

FIGURA 3 – Primeira parte do questionário aplicado ao Adotantes ................. 18

FIGURA 4 – Segunda parte do questionário aplicado ao Adotantes ................ 19

FIGURA 5 – Página inicial do Facebook .......................................................... 32

FIGURA 6 – Página inicial do Site Adote um Gatinho ...................................... 42

FIGURA 7 – Página inicial da comunidade Adote um Gatinho ........................ 43

FIGURA 8 – Página inicial do Twitter @adoteumgatinho ................................. 43

FIGURA 9 – Página do Facebook da Adote um Gatinho ................................. 44

FIGURA 10 – perfil de participante da ONG Adote um gatinho ....................... 48

FIGURA 11 – Imagem do Gatil localizado junto a Administração do Parque

Farroupilha ...................................................................................................... 51

FIGURA 12 – Feira de adoção Movimento Gatos da Redenção 10/06/12 ....... 54

FIGURA 13 – Página inicial do site Adote um Gatinho .................................... 56

FIGURA 14 – Página de perfil do gato Nuit ...................................................... 57

FIGURA 15 – Primeira parte do formulário de adoção ..................................... 59

FIGURA 16 – Segunda parte do formulário de adoção .................................... 60

FIGURA 17 – Terceira parte do formulário de adoção ..................................... 60

FIGURA 18 – Quarta parte do site Adote um Gatinho ..................................... 61

FIGURA 19 – Ranking e informações do gato Indiana Jones .......................... 63

FIGURA 20 – Imagem do Antes/Depois do gato Farrapo ................................ 67

FIGURA 21 – Imagem do álbum com fotos dos novos gatos da ONG ............. 68

FIGURA 22 – Imagem da divulgação do boletim mensal da ONG ................... 69

FIGURA 23 – Imagem da divulgação da cartinha ............................................ 70

FIGURA 24 – Imagem da divulgação da categoria “Dicas de Gatos” .............. 70

FIGURA 25 – Imagem da divulgação de um evento ........................................ 71

FIGURA 26 – Imagem da divulgação da categoria “Gatinho da Semana” ...... 72

FIGURA 27 – Imagem da divulgação da categoria “Gatos para Adoção” ........ 73

FIGURA 28 – Imagem da divulgação da categoria “História de Gato” ............. 74

FIGURA 29 – Imagem da divulgação da categoria “História do Fundador” ..... 75

FIGURA 30 – Imagem da divulgação da categoria “Notícias de Gatinhos” ...... 75

Page 7: Processos de adoção animal pela internet

FIGURA 31 – Imagem da divulgação da categoria “Homenagem aos

Animais” ........................................................................................................... 76

FIGURA 32 – Imagem do Fórum de discussão onde é possível observar o

usuário Rogério P. Viera como um dos clusters que mantém o espaço em

funcionamento. ................................................................................................. 77

FIGURA 33 – Imagem com exemplo de cooperação onde os usuários se

engajaram para auxiliar uma das fãs que esta tendo problemas com seu

gato. ................................................................................................................. 78

FIGURA 34 – Imagem com post no fórum, foi o único onde foi encontrado

conflito. Nele os fãs discutiam a respeito da marca de ração Whiskas.

Quem está engajado nas causas animais sabe que este é um conflito

antigo entre as pessoas que defendem que a marca pode causar algum

mal ao animal e as que dizem que ela não causa nada. .................................. 79

Page 8: Processos de adoção animal pela internet

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 – Respostas dos curtidores sobre seu sexo. ...................................... 79

GRÁFICO 2 – Respostas dos curtidores sobre sua faixa etária.............................. 80

GRÁFICO 3 – Respostas dos curtidores sobre já ter adotado um animal ............. 80

GRÁFICO 4 – Respostas dos curtidores sobre onde adotou o animal .................. 81

GRÁFICO 5 – Respostas dos curtidores sobre a internet ter auxiliado nas

adoções dos animais ............................................................................................... 81

GRÁFICO 6 – Respostas dos curtidores sobre compartilhar fotos de animais

abandonados em seus perfis de redes sociais........................................................ 82

GRÁFICO 7 – Respostas dos curtidores sobre compartilhar fotos de animais

abandonados em seus perfis de redes sociais........................................................ 82

Page 9: Processos de adoção animal pela internet

SÚMARIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 10

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS............................................................. 13

2.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA ............................................................................ 13

2.2 PESQUISA EMPÍRICA QUALITATIVA ............................................................. 13

2.2.1 A escolha dos objetos ................................................................................. 14

2.2.2 Pesquisa com as ongs ................................................................................. 14

2.2.3 Pesquisa com adotantes e simpatizantes da causa de proteção aos

animais ................................................................................................................ 17

2.2.4 Obervação ..................................................................................................... 19

2.2.5 Simulação ..................................................................................................... 19

2.2.6 Análise e categorização ............................................................................... 19

3 REDES SOCIAIS E A INTERNET ....................................................................... 21

3.1 COMUNIDADES VIRTUAIS E REDES SOCIAIS ............................................. 22

3.2.1 O Facebook ................................................................................................... 30

3.2.1.1 Funcionamento ............................................................................................ 32

3.2.1.2 Funcionalidades e recursos ......................................................................... 32

3.2.1.2.1 Mural ........................................................................................................ 33

3.2.1.2.2 Botão curtir ............................................................................................... 33

3.2.1.2.3 Status ....................................................................................................... 33

3.2.1.2.4 Eventos .................................................................................................... 33

3.2.1.2.5 Aplicativos ................................................................................................ 34

3.2.1.2.6 Grupos ...................................................................................................... 34

3.2.1.2.7 Linha do tempo ......................................................................................... 34

3.2.1.2.8 Páginas de fãs ou fan pages .................................................................... 34

4 ONGs ................................................................................................................... 36

4.1 DEFINIÇÃO DE ONG ........................................................................................ 36

4.2 HISTÓRIA DAS ONGS NO BRASIL ................................................................. 38

4.3 ONGS DE PROTEÇÃO AOS ANIMAIS - ADOTE UM GATINHO ..................... 40

4.4 PERFIL DOS PARTICIPANTES DE ONGS ...................................................... 43

5 COMPARAÇÃO ENTRE OS MEIOS DE ATUÇÃO DAS ONGS ......................... 49

5.1 CONHECENDO AS INSTITUIÇÕES E SEUS MEIOS DE DIVULGAÇÃO ........ 49

5.1.1 Movimento gatos da Redenção ................................................................... 49

Page 10: Processos de adoção animal pela internet

5.1.2 Ong Adote um Gatinho ................................................................................ 51

5.2 A ADOÇÃO ....................................................................................................... 52

5.2.1 Adoção física ................................................................................................ 53

5.2.2 Adoção pela internet .................................................................................... 54

5.2.3 Comparação entre os tipos de adoção ....................................................... 61

6 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ............................................................. 63

6.1 ENGAJAMENTO FORA DA INTERNET ........................................................... 63

6.2 ENGAJAMENTO ONLINE ................................................................................. 65

6.2.1 Categorização do conteúdo da página de fãs ........................................... 66

6.2.2 Pesquisa com simpatizantes e resultados ................................................. 79

6.3 PANORAMA DA ADOÇÃO UTILIZANDO FERRAMENTAS DE INTERNET .... 83

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 86

REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 88

APÊNDICES ............................................................................................................ 90

Page 11: Processos de adoção animal pela internet

12

1 INTRODUÇÃO

O problema de abandono animal não é recente. Ele é herança das

antigas sociedades. Porém, atualmente, o tema ganhou maior importância

tanto nas mídias tradicionais quanto no ciberespaço. De acordo com dados da

Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA), “a situação dos animais na

rua é hoje uma das questões de bem-estar animal mais visíveis em todo o

mundo. Os cães são os animais mais afetados: dos cerca de 500 milhões de

cachorros do mundo, aproximadamente 75% estão na rua”. O surgimento de

entidades protetoras de animais em situação de vulnerabilidade vem de

encontro e tenta sanar ou menos amenizar este problema enfrentado pela

sociedade civil.

Essas entidades, geralmente, sem fins lucrativos, têm como objetivo

retirar das ruas e encontrar um lar para animais abandonados. Para isto se

valem da ajuda de voluntários que dedicam seu tempo na divulgação e auxilio

destes animais. A divulgação destas organizações acompanha o surgimento

dos novos meios de comunicação e também se faz presente no ciberespaço. O

ciberespaço é o lugar onde a cibercultura se molda e se formata. A cibercultura

além ter modos próprios de existir, agrega as culturas dos demais espaços e as

transforma. As comunidades virtuais estão imersas neste ciberespaço e geram

cada uma um modelo de cibercultura. Estas comunidades virtuais são

exemplos de redes sociais. Pode-se afirmar que, mesmo mudando o meio de

interação, seja ele físico ou cibernético, a rede social se baseia na interação

entre as pessoas, tendo elas um objetivo comum. Assim como as pessoas que

defendem a causa de proteção aos animais se reúnem no mundo físico em

feiras de adoção e eventos sobre o assunto, elas se reúnem na web formando

redes sociais digitais. Estas redes sociais são facilmente percebidas na internet

em sites de relacionamento como, Facebook, Orkut, entre outros.

A presente monografia buscará entender de que maneira estas

organizações estão se apropriando deste espaço a seu favor e com isto gerar

um panorama de como acontece atualmente a adoção animal utilizando as

ferramentas dos sites de redes sociais. Para entender a evolução e as

diferenças na disseminação de conteúdo das ONGs de proteção animal foram

observadas duas entidades protetoras. A primeira delas o Movimento Gatos da

Page 12: Processos de adoção animal pela internet

13

Redenção que possui forte atuação no meio físico e a segunda com foco de

atuação através da web, a ONG Adote um Gatinho.

Para que esse estudo se concretizasse, foram necessárias variadas

abordagens metodológicas, demonstradas no segundo capítulo. Neste capítulo

é explicado, item por item, de todos os processos para a realização da

pesquisa, desde a revisão bibliográfica até as formas de aplicações das

pesquisas com os objetos de estudo escolhidos.

O terceiro capítulo conceitua as redes sociais, os sites de redes sociais,

comunidades virtuais e inclui um breve histórico sobre o surgimento deles.

Através de Recuero (2009) resgata-se desde a concepção, até os conceitos de

laço social e capital social. Esse capítulo também pretende traçar um

panorama do Facebook, desde sua criação e explicar o funcionamento da

plataforma.

No quarto capítulo, é apresentada a conceituação do termo ONG, ele

também traz um histórico do surgimento destas organizações no Brasil,

apresenta em um primeiro momento o principal objeto de estudo a ONG Adote

um Gatinho e busca traçar um perfil entre os participantes destas ONGs de

proteção animal.

O quinto capítulo busca fazer uma comparação entre os métodos de

adoção utilizados pelo Movimento Gatos da Redenção, através de uma feirinha

de adoção e a ONG Adote um Gatinho, através da internet.

O sexto e último capítulo relacionam os conceitos abordados no

referencial teórico com os resultados da pesquisa empírica, incluindo as

observações e simulações realizadas durante o percurso. Esta análise busca

possibilitar uma reflexão sobre como está o campo de adoção animal na

internet.

O presente trabalho tem como objetivo geral obter um panorama de

como as entidades de proteção animal tem se apropriado dos sites de redes

sociais e das ferramentas que estes apresentam em prol da adoção animal.

Além de gerar subsídios para novos trabalhos sobre o tema, tendo em mente

que pesquisas nesta área são praticamente inexistentes, sem alguma uma

base sólida para novos levantamentos.

Page 13: Processos de adoção animal pela internet

14

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Neste capítulo inicial, abordaremos como se deu o processo de pesquisa

e as suas etapas, desde a pesquisa bibliográfica à pesquisa empírica.

2.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

Para realização desta monografia, em um primeiro momento foi

realizada uma leitura e uma revisão bibliográfica dos conceitos de

convergência, redes sociais e ONGs. Para que isto fosse possível foram

utilizadas bibliografias de diversos autores. Por meio de Hall (2002) Nóbrega

(2010) e Lemos (2002), se buscou entender o significado do conceito

identidade e utilizar ele para traçar um perfil dos integrantes das Organizações

Não Governamentais que auxiliam animais em situação de vulnerabilidade,

tanto no meio físico quando na web. Para construir o referencial teórico sobre

redes sociais foi utilizada a autora Raquel Recuero (2009), a obra da autora

auxiliou na compreensão da estrutura e história das redes. Possibilitando

assim, melhor entendimento dos sites de redes sociais.

Por meio da pesquisa bibliográfica, foi possível ampliar os conceitos,

entender as mudanças e as estruturas de uma rede social, para assim,

pavimentar caminho para os próximos processos metodológicos.

2.2 PESQUISA EMPÍRICA QUALITATIVA

Uma das ferramentas utilizadas nesta pesquisa abrange a pesquisa

empírica qualitativa. Tal pesquisa busca uma compreensão aprofundada e

holística dos fenômenos em estudo, contextualizando e reconhecendo seu

caráter dinâmico (FRAGOSO; RECUERO; AMARAL 2011). Sendo assim, a

pesquisa não tem como objetivo mensurar ou quantificar o número de

interações entre os participantes dos objetos de estudo, mas sim, buscar

entender os processos comunicacionais que acontecem neles. As autoras,

Fragoso, Recuero e Amaral citam que este tipo de análise vem sendo utilizada

por diversas vezes nos estudos envolvendo abordagens online ao longo da

Page 14: Processos de adoção animal pela internet

15

década de 90. Neste tipo de pesquisa é necessário realizar observações para

que após sejam criadas subdivisões, que possibilitem focar a análise em

amostras. Para as autoras o recorte na internet é mais difícil devido ao grande

número de usuários e o dinamismo nas redes. Sendo assim é importante

escolher uma amostra apropriada para o bom desenvolvimento da pesquisa.

2.2.1 A escolha dos objetos

Dado que este trabalho é qualitativo, a quantidade de objetos de

pesquisa a ser utilizado não é um fator relevante. Para a realização desta

foram selecionados dois grandes objetos, a ONG Adote um Gatinho e o

movimento Gatos da Redenção. A primeira por ter os meios de comunicação

como seu público-alvo voltado ao meio digital e a segunda por ainda utilizar os

meios de comunicação convencionais como principal divulgador de seus

objetivos. Ambos os objetos tem como objetivo principal auxiliar na retirada da

rua de animais em situação de vulnerabilidade, em especial com foco em

gatos, porém ambas também auxiliam outros animais em menor escala.

A partir da escolha das duas ONGs representantes, foi iniciada um

mapeamento de presença das duas nos meios digitais, com objetivo de

observar as diferenças e as semelhanças no posicionamento. Após este

mapeamento foi realizada a escolha da página de fãs da ONG Adote um

Gatinho como objeto da pesquisa para a parte on-line e pesquisa em campo

para o Movimento Gatos da Redenção, pois o mesmo não se encontra

presente de maneira efetiva na web e nos sites de redes sociais.

2.2.2 Pesquisa com as ongs

Com intuito de conhecer melhor a ONG Adote um Gatinho e o

Movimento Gatos da Redenção, uma pesquisa com pessoas da administração

das duas organizações foi realizada.

O questionário foi aplicado através da internet para a ONG Adote um

Gatinho e pessoalmente para o Movimento Gatos da Redenção.

Page 15: Processos de adoção animal pela internet

16

A pesquisa visava conhecer melhor o funcionamento das instituições e

entender o posicionamento utilizado pelas mesmas em seus meios de

divulgação.

Segue abaixo o exemplo de pesquisa realizada com os objetos de

estudo:

FIGURA 1 – Primeira parte do questionário aplicado às Instituições

Fonte: Elaborado pela autora

Page 16: Processos de adoção animal pela internet

17

FIGURA 2 – Segunda parte do questionário aplicado às Instituições

Fonte: Elaborado pela autora

Em ambas as abordagens, por meio da internet e também na

abordagem pessoal, se deixou claro que a tal pesquisa seria utilizada para o

trabalho de conclusão do curso de Comunicação Digital. Com isso as ONGs se

sentiram mais livres para expressar suas opiniões e explicar com mais detalhes

o funcionamento das mesmas.

A partir das respostas recebidas foi possível gerar uma comparação

entre os métodos de doação das duas e também da maneira a qual elas

Page 17: Processos de adoção animal pela internet

18

utilizam para divulgar os animais que acolhem. Bem como observar a visão das

instituições a respeito do tema abordado.

2.2.3 Pesquisa com adotantes e simpatizantes da causa de proteção aos

animais

Para conhecer melhor o perfil das pessoas que adotam ou simpatizam

com a causa de proteção aos animais e maneira com que estas interagem com

as Instituições; foi aplicado um questionário com perguntas relacionadas ao

perfil deste participante. Houveram também perguntas acerca da organização,

a adoção animal e também sobre as novas maneiras de adoção pela internet.

Em um primeiro momento a pesquisa foi realizada com os participantes

da página do site de redes sociais Facebook da ONG Adote um Gatinho1.

Segue abaixo imagem do questionário aplicado:

FIGURA 3 – Primeira parte do questionário aplicado ao Adotantes

Fonte: Elaborado pela autora

1 Página de Facebook da ONG Adote um Gatinho: http://facebook.com/adoteumgatinho.

Page 18: Processos de adoção animal pela internet

19

FIGURA 4 – Segunda parte do questionário aplicado ao Adotantes

Fonte: Elaborado pela autora

O questionário esteve disponível no período de uma semana (de 21 a 27

de novembro de 2011) e foi aplicado com 47 indivíduos que não

necessariamente interagiam com a página, porém, na análise dos dados foram

excluídos estes por se entender que os mesmos não poderiam acrescentar

algo à pesquisa. O questionário foi divulgado no mural da página da ONG e

nos perfis de redes sociais da autora. No questionário também ficou claro que

os resultados da pesquisa seriam utilizados para fins de análise no trabalho de

conclusão de curso da autora.

A pesquisa realizada com abordagem pessoal aconteceu no domingo

dia 10/06/2012 no Parque Farroupilha, também conhecido como Redenção,

local de atuação do movimento Gatos da Redenção. Foram abordadas 13

pessoas que demonstravam interesse em adotar os animais presentes na

feirinha de adoção que acontecia no local. O questionário aplicado também

envolvia perguntas sobre adoção, a instituição e novos métodos de adoção

pela internet2.

2 Pesquisa e resultados disponíveis nos Apêndices – A e B

Page 19: Processos de adoção animal pela internet

20

2.2.4 Observação

Além dos questionários realizados com os objetos de estudo, também se

realizou uma observação dos perfis dos sites de redes sociais da ONG Adote

um Gatinho. O foco da pesquisa se deu na página do Facebook da mesma,

pois foi onde ocorre o maior número de interações entre os participantes. A

observação teve como objetivo categorizar as interações dos participantes

entre eles e também com a Instituição.

A Fan Page foi observada durante uma semana, entre os dias

28/09/2011 e 04/10/2011, e contava na época com 39.802 fãs. Durante este

tempo foi observado o conteúdo postado em seu mural e também no fórum de

discussão. A maior ênfase foi dada para o Mural pois foi onde aconteceu o

maior número de interações.

Foi realizada também uma observação presencial dos simpatizantes

com o Movimento Gatos da Redenção. Durante uma tarde acompanhou-se a

rotina do Movimento. A fim de conhecer de perto como funciona o processo de

doação e divulgação da entidade.

2.2.5 Simulação

Para observar as diferenças e semelhanças entre as adoções realizadas

através de feiras de animais físicas e de páginas na web, uma simulação de

adoção em ambos os meios foi realizada.

No meio digital, a simulação foi feita por meio da página da ONG Adote

um Gatinho; e no meio físico durante a feirinha de adoção do Movimento Gatos

da Redenção. As etapas da simulação serão apresentadas no capítulo 5.

2.2.6 Análise e categorização

Foi realizada também uma análise dos resultados dos questionários, da

observação da página de Facebook e das entrevistas realizadas com as

Organizações, o que torna possível a categorização e análise de dados.

Neste capítulo, conhecemos as etapas da metodologia desenvolvida

para observar a maneira com que as ONGs interagem com seu público e

Page 20: Processos de adoção animal pela internet

21

também os simpatizantes da causa de proteção animal interagem com as

ONGs, por meio das redes sociais e de maneira presencial. No próximo

capítulo, trataremos do conceito de Redes Sociais.

Page 21: Processos de adoção animal pela internet

22

3 REDES SOCIAIS E A INTERNET

Na sociedade atual, a cada instante mais pessoas se conectam a web,

consomem as informações da rede e interagem com elas. Nota-se, cada vez

mais, uma necessidade crescente de estar sempre conectado. A convergência

dos conteúdos para a internet é uma das responsáveis pelo crescimento em

grande escala dos adeptos as novas tecnologias. Essa expansão das redes

transformou a maneira com que as pessoas se relacionam. Lemos (2002)

afirma que a tecnologia causa mudanças que fazem parte do processo de

evolução da humanidade e as consequências podem ter representações e

significações diversas. Assim como o fogo e a eletricidade são inovações que

definiram e se incorporaram aos processos cotidianos. Para Blattman (2009

apud LEMOS, 2002) a internet é a principal responsável pela mudança na

forma de acesso, obtenção, organização e uso de informação para produção

de conhecimento.

A nova geração não obteve mudanças apenas técnicas, mas sim na

forma com que os usuários e desenvolvedores fazem uso das novas

tecnologias. O público deixou de atuar somente como receptor de informação e

passou a fazer parte do desenvolvimento do conteúdo disponível na rede. A

conexão entre usuários e computadores resultou em um novo conceito de

atividade coletiva. Esta baseada no compartilhamento de informações e

interesses. Essa nova forma de interagir afeta a cultura comunicativa da

sociedade mudando padrões e hábitos. O motivo disto são as novas

tecnologias que permitem interação, colaboração e informação em tempo real.

Para Lévy (1999 apud LEMOS, 2002) a nova geração da internet transformou-

se em um meio de comunicação modelo todos - todos, onde qualquer pessoa

pode produzir e publicar conteúdo.

A convergência para a web e para as redes sociais é a principal

responsável pela consolidação desta nova geração na internet. O surgimento

de novas possibilidades técnicas na área de tecnologia da informação e

telecomunicações contribuiu de maneira muito significativa para que os

processos de disseminação de novas estruturas comunicacionais fossem

acelerados.

Page 22: Processos de adoção animal pela internet

23

Se antes uma informação, para ser publicada, dependia dos meios de

comunicação de massa, hoje, com a tecnologia da conectividade e da

mobilidade, que traz consigo uma série de ferramentas digitais, os sujeitos

situados na esfera da recepção passam a disseminar a mensagem também.

Desta forma nossas experiências cotidianas são transformadas em produtos

midiáticos disponíveis a qualquer hora e local. Sendo assim, pode-se concluir

estar diante de uma nova dimensão na explosão informacional, não de ordem

científica e com uso das fontes tradicionais, mas de discursos que fazem

utilização de tecnologias alternativas para se disseminar. Neste capítulo

buscaremos tentar entender melhor o conceito e também o funcionamento

deste sites de redes sociais tão importantes na disseminação de conteúdos nos

dias atuais.

3.1 COMUNIDADES VIRTUAIS E REDES SOCIAIS

As redes sociais sempre existiram no meio físico, cada pessoa tem em

seu ambiente de convivência as suas próprias redes sociais, seja na faculdade

no trabalho, entre outras. MARTELETO (2001) propõe a ideia de rede como

uma estrutura não linear, que não precisa ter necessariamente um início ou um

fim, de um nodo desta estrutura podem partir vários outros nodos levando a

lugares diferentes, cada pessoa experimentará uma maneira diferente de

navegar nesta estrutura. Estas redes podem existir em um meio físico ou digital

ou ainda em ambos os meios ampliando assim as experiências entre os

usuários das redes.

Não é possível existir um sem a presença do outro, o ser humano se

sente parte do mundo a partir de seus grupos de pertença, estes grupos podem

ser considerados suas redes. Desde criança que a rede social é montada, ao

iniciar pela família, depois os amigos, os colegas de escola. Cada vez mais, a

rede de contatos se amplia, bem como a rede social. As ONGs de proteção aos

animais já formam em seu meio natural uma rede, pois reúnem um grupo de

pessoas que se interessa em defender a causa animal.

MARTELETO (2001) ainda afirma que o conceito de rede já vem sido

utilizado há bastante tempo:

Page 23: Processos de adoção animal pela internet

24

O trabalho pessoal em redes de conexões é tão antigo quanto a história da humanidade, mas apenas nas última décadas as pessoas passaram a percebê-lo como uma ferramenta organizacional. (MARTELETO, 2001, p. 72)

A utilização da Internet facilitou a comunicação e gerou o surgimento de

um novo conceito de redes sociais. Com a web as pessoas passaram a

interagir por meio desta e das ferramentas criadas com o uso da mesma. Nela

é possível ter as mesmas ou praticamente as mesmas interações que no meio

físico, mas as experiências geradas são diferentes.

Castells (2004) afirma que a história das redes teve inicio junto com a

história da própria internet, já que as primeiras comunidades virtuais foram

criadas pelos primeiros usuários de redes de computadores. De acordo com

ele, o Institute for Global Communication (IGC) foi o precursor das primeiras

redes de computadores que se dedicavam à divulgação de causas sociais.

Recuero (2003) fala que inicialmente o termo comunidade era conhecido por

representar o conceito de comunidade rural. Um agrupamento baseado na

afinidade, porém, restrito aos locais de abrangência devido a falta de meios de

comunicação. Com o surgimento da comunicação mediada por computadores,

a busca de novas formas de estabelecer conexões transformou o termo em

“comunidades virtuais”.

Recuero (2003) define as comunidades virtuais:

A comunidade virtual é, assim, um grupo de pessoas que estabelecem entre si relações sociais, que permaneçam um tempo suficiente para que elas possam constituir um corpo organizado, através da comunicação mediada por computador. (RECUERO, 2003. p.5).

Desta forma, a comunidade que antes era conhecido como com um

grupo de pessoas que interage entre si sem objetos de mediação na internet,

passa a ser mediada por computador e de forma recíproca entre as partes.

Para Rheingold (1996), as comunidades virtuais não devem ser consideradas

apenas lugares onde as pessoas se encontram. Elas também dão suporte a

uma plataforma que dá oportunidade para que os usuários interajam com

diversos fins. Uma destas finalidades é a formação de inteligência coletiva.

Essa ideia atribui para as comunidades virtuais a capacidade de agir em

favor e até mesmo resolver problemas coletivamente em benefício do

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25

indivíduo. Lévy (1992 apud RECUERO, 2003, p.5) expõe que, além de

estimular a formação da inteligência coletiva, as comunidades virtuais também

agem como um mecanismo de mediação cultural, pois uma rede de pessoas

com o mesmo gosto ou interesse produz um efeito mais eficiente que os

mecanismos de busca. Assim Lévy afirma que as comunidades virtuais

organizadas possuem um papel notável em “termos de conhecimento

distribuído, de capacidade de ação e potência cooperativa.” (COSTA, 2005)

Recuero (2009) explica que alguns autores afirmam que comunidades

virtuais devem ser estudadas como redes sociais. Para ela, as comunidades

virtuais devem ser adaptativas, auto-organizadas e cooperativas. Costa (2005),

por sua vez, relaciona as diferenças entre os laços sociais e os sistemas de

troca de informações antigos com os atuais. Para ele, novas formas mais

complexas de comunidade surgiram.

Isso nos remete a uma transmutação do conceito de "comunidade" em "rede social". Se solidariedade, vizinhança e parentesco eram aspectos predominantes quando se procurava definir uma comunidade, hoje eles são apenas alguns dentre os muitos padrões possíveis das redes sociais (COSTA, 2005, p. 8).

Aguiar (2008, p.22) defende que:

redes sociais são, antes de tudo, relações entre pessoas, estejam estas interagindo em casa própria, em defesa de outrem ou em nome de uma organização, mediadas ou não por

sistemas informatizados. (AGUIAR, 2008, p.22).

Para a autora, a rede seria como um método de interação que pode ter

como objetivo algum tipo de mudança na vida das pessoas. Algumas redes

surgem de maneira informal e espontânea a partir das necessidades cotidianas

dos indivíduos com seus familiares, amigos, trabalho, etc. Outras redes são

criadas intencionalmente e chamadas de “indivíduos ou grupos com poder de

liderança, que articulam pessoas em torno de interesses, projetos e/ou

objetivos” por Aguiar (2008, p.22). É o caso das ONGs e dos grupos de

proteção aos animais que são montados em torno de um objetivo em comum.

Wasserman e Faust (1994 apud RECUERO, 2009) definem redes

sociais como um conjunto de atores, organizações ou outras entidades,

conectados por motivo de amizade, relacionamentos sociais, profissionais e

Page 25: Processos de adoção animal pela internet

26

troca de informação. Ela é formada por atores sociais e suas conexões, onde

atores são os nós das redes (pessoas, instituições ou grupos) e as conexões

são interações ou laços sociais (WASSERMA; FAUST, DEGENNE; FORSE,

1999 apud RECUERO, 2009).

Recuero (2009) cita que a maneira com que interagimos por meio da

internet cria rastros que podem ser estudados para compreendermos melhor a

forma com que as pessoas utilizam a rede e gerar padrões. Cada rede social é

composta de atores e conexões. Os atores podem ser comparados aos nós da

rede sendo pessoas, grupos, instituições entre outros. Para Bertolini e Bravo

(2004), os atores são a peça central das redes, cada qual com seus interesses,

usando os recursos representados pelos aspectos da estrutura social para

realizá-los. As conexões são as interações e os laços criados entre os nós. A

autora cita que uma rede é uma metáfora que podemos utilizar no estudo dos

padrões de conexão de um grupo, a partir das conexões que seus atores

exercem. Cada nó representa um ator, ou seja, uma pessoa. Tais pessoas são

as responsáveis por criar/recriar/modificar a rede através da maneira com que

interagem entre si e com a própria ferramenta na construção dos laços sociais.

Com o surgimento da internet a identificação dos atores da rede não acontece

de maneira imediata, se dá por necessário a utilização de representações. Uma

página no Facebook pode ser considerada um exemplo de nó, esta página

representa um grupo de pessoas, atores, que possuem certo gosto em comum.

Como, por exemplo, a página da ONG Adote um Gatinho onde os

simpatizantes pela causa animal se reúnem para reafirmar que fazem parte

desde grupo e defendem esta causa. Esta vontade de gerar uma construção de

identidade já existe no meio físico e foi levado para o meio digital. Estas

construções de identidade acontecem por meio da criação de avatares, títulos

de blogs, escolha de ferramentas entre outros. Um perfil em uma rede social é

a representação deste ator no ciberespaço e os atores são pessoas que

utilizam ferramentas para se expressarem de alguma maneira.

As conexões são outro elemento que fazem parte das redes sociais e

podem ser definidas como as ligações entre os nós. No ciberespaço esta

interação acontece através de computadores. Recuero (2007) cita que

podemos classificar as interações como síncrona ou assíncrona. Síncrona é a

interação que acontece em tempo real, neste caso os atores interagem

Page 26: Processos de adoção animal pela internet

27

simultaneamente como nas ferramentas de chats, como: MSN Messenger,

mIRC, entre outras. Enquanto a interação assíncrona acontece quando os

atores dividem o mesmo espaço, porém em momentos diferentes, um recado

do Orkut, uma mensagem no mural do Facebook, entre outras. Este tipo de

interação cria laços sociais que podem ser definidos como uma relação de

interação exercida entre dois ou mais atores. Estes laços podem variar de

intensidade, fortes/fracos, e de duração, curtos ou longos. Estas circunstâncias

estão diretamente relacionadas entre si e com o grau de intimidade entre os

atores. A autora ainda se baseia em alguns autores para definir o conceito de

capital social. Para Bourdieu (BORDIEU apud RECUERO, 2007) o capital

social se relaciona com a situação socioeconômica e dos interesses dos

atores, para Coleman (1988 apud RECUERO, 2009) o capital social está

relacionado com a organização que os atores possuem e para Putnan

(PUTMAN, 2000 apud RECUERO, 2007) o capital social está relacionado à

confiança entre os atores.

A partir dessas diferentes conceitos utilizados para o estudo das redes

sociais, Recuero (2009) explica:

Consideraremos o capital social como um conjunto de recursos de um determinado grupo (recursos variados e dependentes de sua função, como afirma Coleman), que pode ser usufruído por todos os membros do grupo, ainda que individualmente, e que está baseado na reciprocidade (de acordo com Putman). Está embutido nas relações sociais como explica Bordieu e é terminado pelo conteúdo delas. (RECUERO, 2009, p.50)

Desta forma, a autora explica que, para o total entendimento do capital

social das redes é tão importante estudar o conteúdo das mensagens trocadas

pelos atores quanto às relações entre os mesmos. O capital social é de suma

importância para o fortalecimento entre laços e atores de uma rede, este é

constituído através de investimento e custo para os envolvidos, dependendo de

investimentos para que possa ser acumulado (GYARMATI; KYTE, 2004 apud

RECUERO, 2007). Recuero (2007), afirma que os laços sociais sem

investimento enfraquecem com o tempo e esse enfraquecimento pode causar a

desvalorização do capital social de um grupo.

Quando uma rede social apresenta laços fortes isso frequentemente

resulta de atores com maior intimidade, interação e reciprocidade. A

Page 27: Processos de adoção animal pela internet

28

consequência disso é um maior investimento e maior quantidade de capital

social acumulado. As relações com capital social elevado tendem a ser mais

resistentes e duradouras. Nos sites de redes sociais o capital social é

constituído por diversos fatores, como a visibilidade que proporciona que os

nós estejam visíveis dentro da rede. Esta é decorrente da própria ação do ator

e é considerada matéria-prima para outros valores; a reputação que é um dos

principais valores construídos dentro das redes sociais e para Recuero (2009)

é compreendida como a percepção de um usuário pelos demais atores. Esta é

um valor qualitativo e não está relacionada ao número de conexões, mas sim

as impressões que as atitudes podem deixar para os outros, está presente em

todos atores em diferentes graus e é definida pelo tipo de conteúdo publicado

pelo ator. A popularidade é um valor ligado à audiência, a posição do ator

dentro de uma rede. Esta é definida pela quantidade de pessoas conectadas,

no Facebook esse valor poder ser considerado pela quantidade de fãs que uma

marca carrega em sua Fan Page ou a quantidade de amigos que uma pessoa

possui.

3.2 SITES DE REDES SOCIAIS

Na definição de Boyd e Ellison (2008), redes sociais de internet são

serviços com base na web que permitem aos indivíduos criarem perfis públicos

ou semi-públicos dentro do site, articular uma lista de outros usuários com os

quais sequer interagir, visualizar e interligar sua lista de contatos com outras

dentro do mesmo sistema. Já Recuero (2009), afirma que os sites de redes

sociais são uma consequência da apropriação das ferramentas de

comunicação mediadas pelos atores sociais. Uma das características dos sites

de redes sociais é a exposição das ligações de um indivíduo, que decide tornar

público para os outros usuários do site, quem são seus amigos, quais são suas

atualizações, etc. Outro elemento defendido por ela são as construções de

representações das pessoas envolvidas.

A autora afirma existir distinção entre as redes sociais e a ferramenta

que as suporta. Recuero explica as diferenças entre os sites de redes sociais e

as outras formas de comunicação mediada pelo computador:

Page 28: Processos de adoção animal pela internet

29

A grande diferença entre sites de redes sociais e outras formas de comunicação mediada pelo computador é o modo como permitem a visibilidade e a articulação das redes sociais, a manutenção dos laços estabelecidos no espaço off-line. (RECUERO, 2009, p. 102)

A maioria dos sites de redes sociais possui mecanismos para incentivar

os atores a mostrarem as diversas facetas do seu eu, fato que depende muito

das forças sociais e tecnológicas dentro de cada site, pois são elas que

moldam as atitudes de seus usuários (BOYD; ELLISON, 2008). Blogs, sites

como Facebook e Twitter são exemplos de sites de redes sociais, pois

possuem mecanismos de individualização, exposição das redes sociais de

cada ator e a possibilidade dos usuários constituírem interações nesse espaço

como características. A autora ainda defende que existem dois tipos de sites de

redes sociais, propriamente ditos e os sites de redes sociais apropriados. O

primeiro tem como foco expor e publicar de maneira intencional as conexões e

redes dos atores, neles se faz necessário a criação de um perfil para que se

possa interagir com outros usuários, são sites como Facebook e Orkut. No

caso dos sites apropriados não existe a intenção original de criar essas

ligações, mas a apropriação que os atores fizeram destes sites acabou por

torná-los sites de redes sociais, como é o caso do Tumblr.

A maioria dos contatos/conexões nas redes sociais de internet são os

mesmos da rede social off-line (ELLISON; STEINFIELD; LAMPE, 2007), ao

menos nas primeiras semanas de uso. Porém, a rede de um usuário pode

ampliar exponencialmente, dependendo das conexões e da interação deste

usuário com outros na rede.

Para Boyd e Ellison (2008) perfil é uma página onde o usuário escrever

a respeito de si mesmo. Ao se cadastrar em um site de rede social o usuário

deve preencher um formulário com vários campos sobre sua vida, é possível

também enviar fotos e personalizar seu perfil. Após este cadastro ele deve se

conectar com outros usuários. O SixDegrees3 foi o precursor dos sites de redes

social mediadas por computador a ter estas características. Neste site era

possível apenas se conectar com outros usuários e navegar entre os perfis.

Porém por questões financeiras o mesmo durou pouco mais de três anos. No

3 Disponível em: <http://www.sixdegrees.com/>. Acesso em: 17 jun. 2012.

Page 29: Processos de adoção animal pela internet

30

ano de 2002 os sites de redes sociais começaram a se popularizar com o

surgimento do Friendster4, uma rede que levou este tipo de site a cultura de

massa, mas não conseguiu suportar o grande número de usuários. Em 2003, o

Last.Fm5, MySpace6 e o Linkedin7 são criados e trazem consigo as primeiras

segmentações dentro dos sites de redes sociais. O Last.Fm tem como público

principal os fãs de música sua principal função é o compartilhamento e a

recomendação de musicas entres os usuários. O mesmo ainda possui fóruns,

estações de rádios e um sistema de indexação com colaboração dos usuários.

O MySpace teve como principal foco reunir em um único perfil diferentes tipos

de conteúdo do usuário como fotos, vídeos, textos etc. Porém, o mesmo

acabou por se tornar “uma importante fonte de informações sobre turnês, datas

e lançamentos de álbuns para as revistas/sites/jornais especializados em

música” (AMARAL, 2007, p.96). Já o site Linkedin possui como foco principal

uma rede de contatos profissionais, sendo utilizado por empresas e

empregadores. No ano de 2010 o mesmo já contava com mais de 70 milhões

de usuários e um milhão de empresas cadastradas ao redor do mundo. Assim

como estes, vários outros sites de redes sociais surgiram e continuam a surgir

até hoje.

No Brasil, durante muito tempo o Orkut8 se manteve na liderança como a

rede social mais acessada. Criada em 2004 por um funcionário do Google, a

rede inicialmente só permitia acesso ao cadastramento caso o usuário

recebesse convite de outro usuário já cadastrado na rede.

O Orkut permite a criação de perfis com, fotos, interesses e também a criação

de comunidades que funcionam como ponto de encontro para usuários que

tem os mesmos interesses. No Brasil o site teve importante participação na

popularização dos sites de redes sociais. Uma pesquisa realizada pelo Ibope

Nielsen com 8561 entrevistados, aponta que o site foi a porta de entrada para a

internet no Brasil. Dos entrevistados que acessam sites de redes sociais, 82%

afirmam que o Orkut foi a primeira a ser utilizada. No ano de 2011, foi

4 Disponível em: <http://www.friendster.com/>. Acesso em: 17 jun. 2012.

5 Disponível em: <http://www.lastfm.com.br/>. Acesso em: 17 jun. 2012.

6 Disponível em: <http://www.lastfm.com.br/>. Acesso em: 17 jun. 2012.

7 Disponível em: <http://www.linkedin.com/>. Acesso em: 17 jun. 2012.

8 Disponível em: <http://www.orkut.com/>. Acesso em: 17 jun. 2012.

Page 30: Processos de adoção animal pela internet

31

divulgada pesquisa do Ibope Nielsen indicando que o Facebook9 havia

ultrapassado o Orkut em número de usuários no Brasil10.

O Facebook é atualmente o site de rede social mais acessado no

mundo. Dados apontam que 750 milhões de pessoas estavam conectadas a

rede no ano de 201111, a estimativa é que neste ano de 2012 a companhia

alcance o número de um bilhão de pessoas conectadas.

Dentre todos os sites de redes sociais disponíveis atualmente, o

Facebook será o foco neste trabalho, portanto, será descrito a seguir.

3.2.1 O Facebook

Criado em fevereiro de 2004 por Mark Zuckerberg, Dustin Moskovitz e

Chris Hughes, então alunos da Universidade de Harvard, o site de rede social,

desde o início, teve como objetivo configurar um espaço no qual os usuários

pudessem encontrar pessoas e compartilhar conteúdo. No início a rede era

limitada para os estudantes de Harvard, aos poucos ela foi estendida para o

Instituto de Tecnologia de Massachusetts, à Universidade de Boston, ao

Boston College, incluindo também alunos de Stanford, Columbia e Yale. Nesta

época o site era conhecido como thefacebook.com.

A fama do site se espalhou por outros circuitos universitários e outros

portadores de e-mails providos por universidades em todo o mundo foram

convidados a fazer parte da rede social. Em 2005, o site já contava com cinco

milhões de membros ativos. Neste ano a rede passou a ser chamada apenas

de Facebook. Em 2006 o acesso a rede foi ampliado para alunos do nível

secundário e trabalhadores de empresas, desde este ano, somente integrantes

a partir de 13 anos podem se inscrever no Facebook. Apesar de abrir o espaço

para todos os tipos de usuários a meta desta rede social foi preservada, ela

existe em função de permitir o compartilhamento de dados e imagens entre as

pessoas da maneira mais simples possível e desta forma gerar entretenimento.

9 Disponível em: <http://www.facebook.com/>. Acesso em: 17 jun. 2012.

10 Disponível em: <http://tecnologia.terra.com.br/noticias/0,,OI5562684-EI12884,00-

com+crescimento+de+em+Facebook+passa+Orkut+no+Pais.html>. Acesso em: 17 jun. 2012. 11

Disponível em: <http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/65157_VOCE+PODE+GANHAR+MUITO+DINHEIRO+NO+FACEBOOK>. Acesso em: 17 jun. 2012.

Page 31: Processos de adoção animal pela internet

32

Em 2009 uma pesquisa do Compete.com12 classificou o site de redes

sociais como o mais utilizado em todo mundo por usuários ativos mensais. De

acordo com o Social Media Today13, em abril de 2010, 41,6% da população

norte-americana já possuía uma conta no Facebook.

Foi no início de 2012 que a rede social se tornou a mais acessada no

Brasil, ultrapassando o Orkut, durante o mês de dezembro de 2011. De acordo

com dados da comScore14 rede fundada por Zuckerberg atraiu 36,1 milhões de

visitantes durante o mês de dezembro de 2011, superando assim os 34,4

milhões registrados pelo site de rede social Orkut.

FIGURA 5 – Página inicial do Facebook

Fonte: Facebook.

12

Disponível em: <http://blog.compete.com/2009/02/09/facebook-myspace-twitter-social-network/>. Acesso em: 17 jun. 2012. 13

Disponível em: <http://socialmediatoday.com/index.php?q=roywells1/158020/416-us-population-has-facebook-account>. Acesso em: 17 jun. 2012. 14

Disponível em: <http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2012/01/facebook-passa-orkut-e-vira-maior-rede-social-do-brasil-diz-pesquisa.html>. Acesso em: 17 jun. 2012.

Page 32: Processos de adoção animal pela internet

33

3.2.1.1 Funcionamento

O site não apresenta nenhum tipo de custo para seus usuários, a receita

do mesmo é proveniente de publicidade e banners presentes nas páginas. Os

usuários criam perfis com fotos, informações, interesses pessoais e podem

trocar entre si mensagens de maneira privada ou pública.

A visualização dos dados de cada usuário pode ser restrita para os

amigos confirmados pelo mesmo ou público para todos da rede. Chris Hughes,

um dos fundadores e porta-voz do Facebook, afirma que as pessoas gastam

em média 19 minutos por dia interagindo na rede social.

3.2.1.2 Funcionalidades e recursos

Um dos principais motivos que acelerou o crescimento na utilização do

Facebook e fez com que o mesmo ultrapassasse o número de acessos de

redes sociais consolidadas como o Orkut no Brasil, é o grande número de

funcionalidades e recursos apresentados pelo site de rede social. As principais

serão descritas a seguir.

3.2.1.2.1 Mural

É um espaço presente na página de perfil de cada usuário que permite

aos amigos do mesmo postar mensagens para ele. Estas mensagens podem

vir em formato de texto, vídeo, imagens e até mesmo arquivos em anexo. O

mural de cada usuário pode ser definido como público ou privado apenas para

amigos. Existe ainda a função “Mensagem” que tem como funcionalidade

enviar um certo conteúdo para apenas um usuário ou um grupo selecionado de

usuários, neste caso a o conteúdo não fica disponível no mural e sim na aba

Mensagens, que tem funcionamento parecido com um e-mail.

Page 33: Processos de adoção animal pela internet

34

3.2.1.2.2 Botão Curtir

O botão de curtir é um recurso para que os usuários sinalizem os

conteúdos que gostam dentro da rede, tais como atualizações de status,

comentários, fotos, links etc.

Ao curtir um conteúdo o mesmo é disseminado na rede de contatos do

usuário. Em função desta disseminação muitas empresas costumam utilizar

este botão para promover promoções, pratica que não é bem vista pela

organização do Facebook.

O botão curtir também está presente nas Páginas de conteúdo do site.

Desta maneira ao curtir uma página relacionada a algum assunto o usuário

passa a receber informações e conteúdos disponibilizados na mesma.

3.2.1.2.3 Status

Este recurso permite ao usuário compartilhar com seus amigos e

membros da sua comunidade conteúdos que acha relevante. É possível

compartilhar vídeos, fotos, links texto e anexos.

As atualizações de status ficam disponíveis na sessão “Atualizações

recentes” de toda sua lista de amigos. Estas atualizações também podem ser

públicas ou acessíveis para a apenas um grupo selecionado de pessoas.

3.2.1.2.4 Eventos

Os “Eventos” são uma maneira para que os usuários informem para sua

rede quais os próximos eventos que irão acontecer em sua comunidade,

organizar encontros sociais, etc. Todos os eventos divulgados por meio desta

ferramenta podem ser compartilhados com a lista de amigos do usuário.

3.2.1.2.5 Aplicativos

Lançado em 2007 o “Facebook Plataform” permitiu que usuários comuns

do da rede social tivessem acesso ao framework de desenvolvimento e

criassem assim aplicações que interajam com os recursos internos do site. No

Page 34: Processos de adoção animal pela internet

35

final do ano de 2007 já estavam disponíveis mais de 10000 aplicações como

jogos, produtos de entretenimento, aplicativos sociais, entre outros.

3.2.1.2.6 Grupos

São círculos fechados de pessoas que compartilham um interesse em

comum e mantém contato no Facebook. Os grupos costumam ser utilizados

para compartilhar um conteúdo com círculo específico de usuários de maneira

mais rápida e efetiva. Em um grupo fechado somente quem faz parte dele

consegue acessar o conteúdo publicado.

3.2.1.2.7 Linha do tempo

A linha do tempo é a coleção de conteúdos compartilhados pelo usuário.

Nela ficam expostas fotos, histórias e experiências que contam a história do

membro da rede ou da instituição no caso de Páginas de Fãs.

3.2.1.2.8 Páginas de fãs ou fan pages

As páginas de fãs (fan pages) existem para que as organizações,

empresas, celebridades, bandas, times entre outros, transmitam informações

para o seu público que está conectado no Facebook. São semelhantes aos

perfis e podem ser aprimoradas com aplicativos que melhorem a comunicação

da entidade com seu público. Além da interação com os usuários através da

Fan Page é possível analisar os dados em forma de relatório. Você tem dados

demográficos, alcance, repercussão e muitas outras métricas para avaliar e

entender o desempenho e os fãs da sua página.

Quando um usuário curte uma Fan Page, ele passa a receber as

atualizações da página em seu mural. Caso este interaja com o conteúdo, seus

amigos também irão receber a interação em seus respectivos murais.

É por meio destas ferramentas dentro do site de redes social Facebook

que os usuários interagem entre si e com as organizações que lhes são de

interesse.

Page 35: Processos de adoção animal pela internet

36

Neste capítulo buscamos compreender o conceito de rede social, sites

de redes sociais e o funcionamento do Facebook. É neste site de redes sociais

que se encontra a Página de Fãs da ONG Adote um Gatinho que serviu como

objeto de estudo para este trabalho. No próximo capítulo, iremos conhecer os

conceitos de ONG e o objeto principal de estudo desta monografia.

Page 36: Processos de adoção animal pela internet

37

4 ONGs

4.1 DEFINIÇÃO DE ONG

O acrônimo ONG é utilizado para denominar as organizações não

governamentais, que não possuem fins lucrativos e atuam no terceiro setor da

sociedade civil. Porém, não há na literatura uma definição oficial sobre o

conceito de ONG, o que existem são apontamentos que definem e

caracterizam uma ONG. Não somente por sua existência, mas pela razão de

sua criação e sua maneira de trabalho.

A pesquisadora Andréa Koury Menescal define ONG como termo:

(...) provindo da denominação em inglês Non-Governmental Organizations (NGO), o termo ONG tem sua origem nas Nações Unidas, onde foi pela primeira vez utilizado.(...) “Na resolução 288 (X), de 1950, do Conselho Econômico e Social, ONG foi definida no âmbito das Nações Unidas como sendo uma organização internacional a qual não foi estabelecida por acordos governamentais.

A definição da autora busca diferenciar as ONGs das instituições

decorrentes de acordos entre governos e suas agências, porém, a mesma

tornou-se insuficiente para caracterizar as organizações. Para Menescal (1996)

“o aspecto típico das ONGs é justamente a sua pluralidade e heterogeneidade”

e ainda afirma que:

As ONGs são organizações formais, ou seja, não constituem um mero agrupamento de pessoas, mas antes uma estrutura formalmente constituída para alcançar determinados objetivos. Mais: as ONGs são organizações sem fins lucrativos, possuem certo grau de autonomia e realizam atividades, projetos e programas na chamada área de ‘política de desenvolvimento’ com o objetivo de contribuir para a erradicação das condições de vida desiguais e injustas no mundo”, sobretudo nos países pobres do hemisfério sul. (...) ONGs são, portanto, organizações que podem apoiar grupos e movimentos populares de uma maneira que nem o mercado e nem Estado são capazes.

A ABONG, Associação Brasileira de ONGs, conceituado instituto de

catalogação de organizações brasileiras, defende que uma ONG é formada a

partir da vontade autônoma de homens e mulheres que buscam se reunir com

a finalidade de alcançar objetivos em comum de uma forma não lucrativa. Por

Page 37: Processos de adoção animal pela internet

38

não visar objetivos confessionais, no âmbito jurídico toda ONG pode ser

considerada uma associação civil ou uma fundação privada, porém nem toda

fundação ou associação civil é uma ONG.

A pesquisadora Thereza Montenegro (1994) define as Organizações não

governamentais como:

ONGs são um tipo particular de organizações que não dependem nem econômica nem institucionalmente do Estado, que se dedicam a tarefas de promoção social, educação, comunicação e investigação/experimentação, sem fins de lucro, e cujo objetivo final é a melhoria da qualidade de vida dos setores mais oprimidos.

Para Montenegro (1994), as ONGs têm como objetivo auxiliar a

sociedade a resolver ou amenizar determinados problemas e desta forma

melhorar a qualidade de vida dos civis. Estas organizações não dependem do

Estado sendo criadas, gerenciadas e mantidas por civis.

Herbet de Souza, o Betinho, (1992), sociólogo brasileiro e ativista dos

direitos humanos, defende que:

Uma ONG se define por sua vocação política, por sua positividade política: uma entidade sem fins de lucro cujo objetivo fundamental é desenvolver uma sociedade democrática, isto é, uma sociedade fundada nos valores da democracia – liberdade, igualdade, diversidade, participação e solidariedade. (...) As ONGs são comitês da cidadania e surgiram para ajudar a construir a sociedade democrática com que todos sonham.

Segundo o autor (1992):

o não-governamental não veio por acaso. De alguma forma, as ONGs constituem a crítica moderna aos fracassos e descaminhos do Estado e às deficiências de instituições clássicas como os partidos, sindicatos, empresas, universidades, que se submeteram ou se acomodaram à dinâmica do mundo oficial, entrando na órbita do capital e do Estado.

Sendo assim as ONGs seriam organizadas por grupos de pessoas civis

e agiriam em benefício da sociedade civil. Para Souza, as organizações visam

a construção de um mundo onde haja igualdade, buscando suprir as causas

das diferenças sociais. Desta forma podemos concluir que o crescimento no

número de ONGs está diretamente ligado ao número de adversidades sociais

Page 38: Processos de adoção animal pela internet

39

presentes no local onde a organização busca se estabelecer, ou seja, quanto

mais uma comunidade precisa de auxilio maior é a oportunidade de uma ONG

surgir nesta comunidade.

As organizações se multiplicam em uma velocidade exponencial devido

a fatores de ordem mundial, tais como, o crescimento descontrolado de

populações, a falta de recursos necessários para uma boa qualidade de vida,

regimes governamentais, entre outros fatores adversos. Esta multiplicação das

ONGs não é algo recente e parece ter surgido a partir das ações do Banco

Mundial no Terceiro Mundo as quais acoplaram a ideia de ser voluntário sem

objetivos financeiros e deu início ao processo de ações com o governo e a

sociedade civil.

Pode-se concluir então que as ONGs são entidades que são criadas

pelo próprio público alvo em benefício do mesmo. Estas podem chegar a níveis

regionais, nacionais e até mesmo mundiais dependendo do serviço que

prestam a comunidade, possuem recursos limitados e não trabalham com fins

lucrativos. O atual entendimento de ONG é de que as mesmas podem ser

consideradas um campo político de organizações com o objetivo de

transformar a sociedade onde estão inseridas. Elas têm como principais

características o voluntariado, a luta pela democracia, defesa dos direitos

humanos, animais, desenvolvimento e ampliação da democracia.

4.2 HISTÓRIA DAS ONGS NO BRASIL

Os primeiros registros de ONGs no Brasil datam a década de 1970, estas

surgiram com intuito de apoiar os movimentos populares de promoção da

cidadania e luta pela democracia política e social. No início estas instituições,

que mais tardes seriam conhecidas como ONGs, ajudaram a sociedade civil na

resistência ao regime militar que vigorava na época e auxiliaram na

consolidação da democracia.

Na época o Ato Institucional número cinco, emitido pelo Regime Militar,

vigorava. Isto trazia ao Brasil a censura de imprensa, das manifestações

culturais, da arte, literatura e da música. Tendo este quadro na história

Brasileira onde a sociedade pouco podia participar, expor suas opiniões e

necessidades as ONGs aparecem como uma alternativa, uma saída para

Page 39: Processos de adoção animal pela internet

40

apoiar a liberdade de expressão de cada ser. Apenas em 1978 o AI-5 foi

revogado pelo presidente da época Ernesto Geisel gerando a queda da

barreira social que vigorou no Brasil em todos os anos anteriores.

Segundo a Associação Brasileira de ONGs, ABONG, “as primeiras

ONGs nasceram em sintonia com as demandas e dinâmicas dos movimentos

sociais, com ênfase nos trabalhos de educação popular e de atuação na

elaboração e controle social das políticas públicas”15.

As primeiras organizações, no entanto não se intitulavam como não

governamentais, elas eram apenas instituições que desenvolviam atividades de

assessoria para movimentos sociais. Estas organizações eram gerenciadas por

voluntários, não possuíam perspectiva de futuro e normalmente tinham foco na

área de educação popular ou de base.

Estas atividades com foco no voluntariado voltaram a ganhar forças nas

últimas décadas, principalmente nos anos 1990. Já com o nome de ONG, as

associações que lutam por uma causa comum sem ter fins lucrativos foram

popularizadas e passaram a fazer parte da sociedade Brasileira de forma mais

efetiva.

Enquanto nas décadas de 1970 e 1980 as ONGs se constituíam

basicamente em um serviço do Movimento Popular, nos anos de 1990 as

lideranças dessa área passaram a ser percebidas como atores sociais. Este

movimento compôs o Terceiro Setor desta maneira, as ONGs passaram a ser

reconhecidas e atuar como organizações autônomas. Este novo papel

assumido pelas organizações fez com que as mesmas ampliassem sua

estrutura e seu quadro de voluntários, fazendo com que as ONGs buscassem

se especializar em seu público-alvo para que houvesse uma melhor

capacitação do quadro de voluntários e desta forma fosse possível buscar

melhores resultados.

15

Disponível em: http://www.abong.org.br/ongs.php Acesso em: 20 jun 2012

Page 40: Processos de adoção animal pela internet

41

4.3 ONGS DE PROTEÇÃO AOS ANIMAIS - ADOTE UM GATINHO

Segundo dados da WSPA16, a primeira ONG voltada para proteção

animal surgiu no mundo por volta de 1809 e é hoje conhecida como Liverpool

RSPCA Branch. Seus fundadores tinham como objetivo formar uma sociedade

que pudesse atuar na repressão e prevenção da crueldade e dos maus-tratos

aos animais, porém a RSPCA Branch só conseguiu ingressar efetivamente na

proteção animal em 1841, ou seja, mais de 30 anos após a sua fundação. Mais

de dois séculos após a criação da primeira entidade, muitas outras foram

nascendo e conquistando seu espaço e respeito nas leis mundiais e nacionais.

A WSPA já atua no mundo todo há mais de 30 anos buscando o bem

estar animal. No Brasil, ela teve sua primeira atuação em 1989 duranteuma

ação na luta contra a Farra do Boi, festa folclórica que acontece no estado de

Santa Catarina onde os integrantes buscam agredir o animal pelas ruas da

cidade até o mesmo vir a óbito17.

A ONG Adote um Gatinho, que serve de base para a pesquisa desta

monografia, situa-se na cidade de São Paulo-SP e teve seu reconhecimento

oficial como ONG em junho de 2007; - porém o Projeto Adote um Gatinho já

funciona desde janeiro de 2003.

O site18 da Adote um Gatinho está no ar desde Janeiro de 2003

nascendo da iniciativa de Susan Yamamoto e Juliana Bussab. Durante os três

primeiros anos, as duas estiveram à frente sozinhas do projeto que até então

não era reconhecido com ONG. Mesmo como Projeto elas conseguiram

encontrar uma casa para mais de 1400 gatos abandonados.

16

Tradução do inglês de World Society for the Protection of Animals. 17

Disponível em: <http://www.wspabrasil.org/>. Acesso em: 10 jun. 2012 18

http://www.adoteumgatinho.uol.com.br

Page 41: Processos de adoção animal pela internet

42

FIGURA 6 – Página inicial do Site Adote um Gatinho

Fonte: www.adoteumgatinho.org.br

No ano de 2006, mais voluntários uniram-se as duas em 2007 o projeto

conseguiu a documentação para se transformar em uma ONG de proteção aos

animais. Atualmente, mais de 40 voluntários exercem diversas funções desde

atender a novos pedidos de recolhimento de animais em situação de

vulnerabilidade como atualizar o site e as redes sociais da ONG.

Diferente de ONGs convencionais, que possuem sede em um endereço

físico, a Adote um Gatinho já surgiu na web e até hoje não possui um endereço

físico, os animais são acomodados em casas de passagem dos voluntários da

ONG, os eventos e também algumas feirinhas pontuais de adoção acontecem

em locais cedidos pelos parceiros da ONG. Mesmo fazendo estas ações em

locais físicos a maioria das divulgações da ONG se concentra na internet.

Todos os animais disponíveis para adoção são divulgados no site e nos sites

de redes sociais que a ONG possui. É através destas ferramentas que as

pessoas que desejam adotar um animal chegam até a ONG.

A ONG está presente nos principais sites de redes sociais, Orkut19

Twitter20 e Facebook21. Em todos os perfis a ONG divulga seus animais e

interage com o público que possui interesse nas causas de adoção animal.

7 Disponível em: <http://www.orkut.com/CommMsgs?cmm=55124>. Acesso em: dia mês ano.

8 Disponível em: <http://www.twitter.com/adoteumgatinho>. Acesso em: dia mês ano.

9 Disponível em: <http://www.facebook.com/adoteumgatinho>. Acesso em: dia mês ano.

Page 43: Processos de adoção animal pela internet

44

FIGURA 9 – Página do Facebook da Adote um Gatinho

Fonte: http://www.facebook.com/adoteumgatinho

A partir desta descrição e do objetivo proposto pela ONG é possível

observar que a mesma nasceu de uma necessidade do próprio “público-alvo”,

ou seja, pessoas que gostam de animais e gostariam de lutar contra o

abandono dos mesmos se uniram e montaram uma ONG que tem como

principal público, outras pessoas que gostam de animais e gostariam de adotá-

los.

4.4 PERFIL DOS PARTICIPANTES DE ONGS

Segundo pesquisa citada no capítulo dois, é possível observar que a

maioria dos participantes das ONGs é formada por pessoas do sexo feminino e

jovens. Este perfil pode ser observado no perfil do Facebook da ONG Adote um

Gatinho onde os usuários muitas vezes são chamados por termos que

denotam o sexo feminino como “Tias”, “Madrinhas”, “Mamães” entre outros.

Isto pode ser observado também na pesquisa realizada de maneira

pessoal, citada no capítulo também no capítulo 2, que demonstrou que mesmo

nas ONGs que não tem o modo online como foco os resultados são mantidos.

Com estes dados é possível notar que a fatia de público que se identifica

com a causa é a mesma tanto nas ONGs que utilizam a internet como principal

Page 44: Processos de adoção animal pela internet

45

meio de comunicação com seu público, como nas ONGs que ainda mantém

sua comunicação e contato com seu público através dos modos tradicionais

como as feirinhas e os canis e gatils físicos para adoção. Foi possível notar

também nestas pessoas uma grande identificação com as ONGs e a causa de

proteção animal que as leva a fazer disso um elemento identitário das mesmas.

A causa de defesa aos animais em situação de vulnerabilidade deixa de ser

apenas um hobby para elas e passa a fazer parte da vida delas como um

diferencial na sua identidade cultural.

A identidade cultural é um conceito que pode ser abordado por diversas

áreas de conhecimento e por este motivo apresenta diferentes definições. Para

Castells (2000), a identidade é a fonte de significado para os próprios atores,

originada e construída por eles através de um processo de individuação e

autoconstrução. Ele ainda classifica três formas de construção de identidade: a

legitimadora, a de resistência e a de projeto. A identidade legitimadora é aquela

que detém poder e dá origem à sociedade civil. A segunda forma de identidade

é relacionada a uma posição de desvalorização que leva os atores a formarem

as “trincheiras de resistência” conhecidas como uma forma de viver sob

princípios diferentes dos que as instituições impõem. Já a identidade de

projeto, é aquela onde seus atores estavam na resistência, após a utilização de

qualquer tipo de material que estava ao seu alcance construíram uma nova

identidade e passaram assim a assumir uma nova posição na sociedade. Para

Hall (2002) existem algumas concepções de identidade. A primeira, a

identidade do sujeito do iluminismo, é que compreende o ser humano como um

indivíduo unificado, consciente e centrado. O núcleo interior do ser o

acompanha desde seu nascimento até o final de sua existência, para o autor

essa concepção é individualista do sujeito e de sua identidade. A segunda

concepção é a identidade do sujeito sociológico, de acordo com o autor esta

reflete a complexidade do mundo moderno, neste caso o sujeito deixa de ser

autônomo e auto-suficiente. Esta forma de identidade seria constituída pela

relação do ser humano com os seres humanos importantes para ele, a

identidade é o resultado da interação entre o eu e a sociedade.

Onde apesar de existir um “eu real” este poderia ser modificado de

acordo com as relações dos mundos culturais. Para o autor a identidade não é

uma questão de ser, e sim de tornar-se, o indivíduo está exposto à sociedade e

Page 45: Processos de adoção animal pela internet

46

a culturas que podem fazer com que sua identidade seja modificada.

Woodward (2000) defende que a identidade é algo relacional, para a autora ela

depende de algo de fora dela pra existir. Esta identidade também é produzida

por sistemas de representação e compreendida como um processo cultural que

estabelece identidade, tanto individual quanto coletiva. Woodward aponta que

“os sistemas simbólicos nos quais ela se baseia fornecem possíveis respostas

às questões: Quem sou eu? O que eu poderia ser? Quem eu quero ser?”

(WOODWARD, 2000, p. 17). Bauman (2005 apud NÓBREGA, 2010) fala que

antes a identidade humana era determinada através do trabalho de uma

pessoa e do desempenho social da mesma. Hoje, porém, a identidade pode

ser definida como a consequência das escolhas de um determinado indivíduo.

Para o autor as identidades hoje se formam com base na aparência, no

consumo e na imagem com laços frágeis em sua delimitação.

Esta identidade muitas vezes transpassa o mundo físico e chega aos

perfis de redes sociais dos participantes. Quando trazemos estes conceitos de

identidade para a Internet e a Web a inconstância da mesma se torna mais

perceptível, segundo Turkle (1997). A chegada desta tecnologia proporcionou

as pessoas estarem presentes em vários lugares, em várias comunidades em

diferentes conceitos ao mesmo tempo. No ciberespaço, esta presença permite

que uma identidade seja criada de maneira flexível e em constante mutação.

Nele existe um processo permanente de construção e reconstrução das

identidades. O modo com que os sujeitos se apropriam de uma ferramenta na

web demonstra que este processo vai além das simples páginas e perfis nos

sites de redes sociais, este costuma funcionar como uma extensão do “eu”.

Régine Robin (1997 apud LEMOS, 2002), defende que a Internet é um espaço

de exploração de novas formas de identidade, que podem servir tanto como

instrumento de construção indenitária quanto como forma de socialização. Já

para Natal (2009) esta identidade não esta mais associada a um nome ou

rosto. Ao modificar algum aspecto seu na internet o usuário irá mudar mais que

uma informação, mas parte do que representa para aquele contexto.

Lemos (2002) afirma que:

Page 46: Processos de adoção animal pela internet

47

A web e suas páginas podem ser vistas como formatos fluidos de construção de imagens identitárias onde a rede não é apenas um hipertexto informativo, mas um hipertexto social complexo (LEMOS, 2002, p.10).

Para o autor as páginas de perfis pessoais podem ser consideradas

como formas de construção de uma imagem identitária, mesmo que de forma

fragmentada ou modificada. Para Nóbrega (2010) a democratização do acesso

a internet fez com que a possibilidade do individuo encontrar alguém como ele

ampliou-se. Os atores passam a se representar da maneira que desejam

encontrar outros atores para interagir. A construção identitária é expressada

através de representação, os usuários costumam utilizar os sites de redes

sociais como ferramentas na construção dessas identidades na web. Para

Nóbrega, a identidade é uma convenção socialmente necessária, que se forma

através de representação. As representações estão presentes no cotidiano das

redes sociais onde os usuários podem escolher avatares com características

semelhantes ou não as suas no mundo real. A autora defende que além de

representação, a internet reúne grupos de pessoas com características em

comum e excluem as que não possuem as características do modelo desejado.

Desta forma os indivíduos que defendem a causa animal podem se utilizar das

ferramentas de redes sociais para encontrar pessoas com os mesmos perfis

que os seus e até mesmo reafirmar a sua identidade também na internet. Randi

Zuckerberg (2010), afirma que:

Milhares de pessoas se utilizam de sites como o Facebook diariamente para compartilharem a paixão pelas causas, que vão de temas femininos e analfabetismo até o genocídio em Darfur, incluindo levantar dinheiro e tomada de consciência.

Com a causa de defesa animal não é diferente, os integrantes das

ONGs também fazem uso destas ferramentas para lutar pela sua causa. É

possível observar que os integrantes de ONGs fazem questão de adicionar em

seus perfis informações sobre organizações que defendem os ideais de auxilio

aos animais em situação de vulnerabilidade, estes fazem isto através do

compartilhamento de imagens de animais para adoção, participação em

páginas de outras organizações com os mesmos fins, retweets de pedidos de

auxilio para salvar algum animal em perigo, compartilhamento de pedidos de

Page 47: Processos de adoção animal pela internet

48

doações para ONGs, divulgação de eventos e feirinhas de adoção, entre

outros.

A imagem abaixo representa o perfil de uma das voluntárias da ONG

Adote um Gatinho, nele é possível observar os interesses da voluntária ligados

a causa animal como a página do Facebook da própria ONG, além da página

de Facebook da ONG “Resgatinhos”, um perfil da ONG “Adote um Felino” e

também a página do “Cat Lovers Day”.

FIGURA 10 – perfil de participante da ONG Adote um gatinho

Fonte: http://www.facebook.com/jubussab

Desta forma é possível afirmar que os integrantes das ONGs de

proteção aos animais fazem uso de suas redes sociais para afirmar sua

identidade presente também fora da internet.

Neste capítulo buscamos entender as definições de ONGs, o surgimento

das ONGs no Brasil, o surgimento das ONGs de proteção aos animais, tendo

como base a ONG “Adote um Gatinho” e também a identidade cultural que os

Page 48: Processos de adoção animal pela internet

49

integrantes destas organizações carregam consigo tanto no mundo real quanto

no ciberespaço.

No próximo capítulo traçaremos um panorama comparativo entre as

ONGs que buscam utilizar a internet como principal meio de comunicação e as

que ainda utilizam a mídia tradicional.

Page 49: Processos de adoção animal pela internet

50

5 COMPARAÇÃO ENTRE OS MEIOS DE ATUÇÃO DAS ONGS

Neste capítulo, serão apresentadas duas simulações de adoção animal,

uma realizada através de feirinha de adoção e a segunda através da internet.

No final do capítulo há um comparativo que demonstra as diferenças e

semelhanças entre os dois métodos.

5.1 CONHECENDO AS INSTITUIÇÕES E SEUS MEIOS DE DIVULGAÇÃO

Para entender o funcionamento de cada Instituição realizou-se

entrevistas com os administradores da ONG Adote um Gatinho e do Movimento

Gatos da Redenção. Os próximos sub-capítulos apresentam a história de cada

uma delas e detalham a forma com que cada uma busca atuar.

5.1.1 Movimento gatos da Redenção

O grupo foi fundado em Outubro de 2001, quando pessoas que

costumavam alimentar os gatos no Parque resolveram que algo mais deveria

ser feito. Com a formação do grupo, a administração do parque passou a

apoiar o e o trabalho do grupo também passou a ser conhecido como sério e

respeitado pela comunidade.

Antes de o movimento nascer, a superpopulação de felinos atingia a

marca de 300 em todo o parque. Não havia um trabalho de esterilização em

massa e apenas um voluntário pagava as castrações de seu próprio bolso. No

início do movimento também não havia um programa de doação dos animais, o

que contribuía com o acúmulo de gatos no Parque.

Em Fevereiro de 2002, uma das voluntárias contatou uma Pet Shop de

Porto Alegre para ser firmado um convênio para adoção de gatos oriundos do

Parque. Surgia a parceria com a Águia Veterinária e Pet Shop a qual é mantida

até hoje. Nos primeiros dias eram retirados apenas filhotes para adoção. Com

o sucesso das adoções, surge o convite da Pet Shop para a realização de uma

feira de doação de cães e gatos. A princípio eram realizadas apenas duas

feiras mensais. Atualmente, elas acontecem aos domingos à tarde, próximo à

administração do parque.

Page 50: Processos de adoção animal pela internet

51

Em entrevista com as voluntárias que administram o movimento foi

possível constatar que o mesmo baseia sua divulgação nos meios tradicionais,

não fazendo uso efetivo da internet. De acordo com uma das voluntárias, o

Movimento possui um site, porém este não é alimentado nem atualizado a

muito tempo. O perfil de voluntárias da ONG é o mesmo identificado na

pesquisa realizada pela autora: mulheres com idade entre 18 e 60 anos. Ela

conta que desde o surgimento do movimento mais de 2000 animais já foram

doados e que hoje tratam mais de 100 gatos; além de cachorros no parque

Farroupilha. O movimento diz ser muito criterioso quando o assunto é doação,

formulários e entrevistas são preenchidos antes do animal ser liberado para

morar em sua nova casa. Para adotar um gato do movimento é necessário:

ser maior de 18 anos;

apresentar carteira de identidade;

passar por uma entrevista com um dos voluntários, sendo que

algumas vezes as adoções são negadas;

assinar um termo de responsabilidade pela guarda do animal.

Atualmente, o Movimento possui um pequeno espaço cedido pela

administração do parque Farroupilha onde todos os dias as voluntárias levam

comida, água e limpam a areia dos animais mais jovens que ficam em gaiolas.

FIGURA 11 – Imagem do Gatil localizado junto a Administração do Parque Farroupilha

Fonte: Arquivo da Autora

Os gatos adultos ficam soltos pelo parque e recebem alimentação e

cuidados veterinários, também próximo à administração. Todos os domingos o

Movimento recebe a visita de parceiros que levam doações e também auxiliam

Page 51: Processos de adoção animal pela internet

52

nas feirinhas de adoção animal. Porém o cuidado que as voluntárias têm com

os gatos é diário.

As administradoras do Movimento contam também quem gostariam de

poder acompanhar cada animal após a doação para saber como é a adaptação

dele no novo lar, porém o grande número de doações impede que isso seja

feito. “Muitas pessoas adotam e voltam para nos mostrar fotos de como o

gatinho está, gostamos muito disso.” - declarou uma das voluntárias.

5.1.2 ONG Adote um gatinho

Fundada em 2003 por Susan Yamamoto e Juliana Bussab na cidade de

São Paulo, a Adote um Gatinho surgiu de uma conversa de grupo de bate

papo. A ideia inicial foi que Susan ajudasse na castração de animais de um

parque da cidade. Foi após buscar os tais gatos que ela decidiu criar uma

página para que os animais conseguissem encontrar um lar. Foram três anos

até que outras participantes se juntassem ao grupo, nesse meio tempo apenas

Susan e Juliana já haviam ajudado mais de 1400 gatos.

Mas apenas em 2007 foi quando a Adote um gatinho foi finalmente

reconhecida como ONG, atualmente a mesma possui cerca de 50 voluntários e

já passou dos 4000 gatos salvos, sendo o ultimo dado disponibilizado pela

ONG à autora de 4750 gatos. O perfil desses voluntários é o mesmo do

movimento gatos da redenção. Sendo a idade média de 35 anos e mulheres.

Só existe um homem voluntário.

Por não possuírem um local físico, a ONG se utiliza primariamente da

internet como a ferramenta para divulgar e doar os animais. Além de seu site, a

mesma faz uso intenso de sites de relacionamento como o Facebook ou Twitter

para anunciar novos gatos, prestar contas e contar histórias dos gatos que

foram ajudados ou curados.

Em entrevista realizada com uma das voluntárias da ONG22, a mesma

afirma que todas as adoções são realizadas pelo site. Após preencher o

formulário online, a parte interessada receberá em até dois dias a resposta se

poderá adotar ou não o animal. Caso seja sim, uma voluntária irá até a casa do

22

Disponível no Apêndice C.

Page 52: Processos de adoção animal pela internet

53

adotante com o intuito de verificar as condições de segurança da residência e

entrega o gato.

Após isto é feito contato por email com a pessoa que adotou para

monitorar a situação do gatinho nos primeiros dias. Um mês depois é enviada

uma pesquisa de satisfação em relação aos serviços prestados pela Adote um

gatinho.

Com 400 gatos aguardando um lar. A Adote um Gatinho tem prevista

para esse ano a campanha do agasalho 2012. Está estimado 30 pontos de

arrecadação para que as pessoas possam doar roupas, dinheiro ou qualquer

utensílio que ajude os animais a não passar frio. A ONG também arrecada

dinheiro com a venda de produtos oficiais em seus sites como roupas, canecas

e outros apetrechos, além da campanha de apadrinhar. Tal campanha ocorre

durante o ano todo e é destinado a pessoas que não tem a possibilidade de

levar o animal para casa. Caso tenha interesse, a pessoa pode contribuir

mensalmente com um valor para que a ONG arque com os custos de ração,

moradia e vacinas dos animais na casa dos próprios voluntários.23

5.2 A ADOÇÃO

Para entender melhor as diferenças e semelhanças entre adotar um

animal utilizando a internet e os meios físicos tradicionais uma simulação de

adoção de um gato através da ONG Adote um Gatinho e do Movimento Gatos

da Redenção foi realizada. Os métodos de adoção serão detalhados a seguir.

5.2.1 Adoção física

Para simular a adoção de um gato da maneira tradicional a autora

deslocou-se até o Parque Farroupilha onde tradicionalmente ocorrem as

feirinhas de adoção do Movimente Gatos da Redenção. A simulação da adoção

ocorreu no dia 10/06/2012.

Ao chegar a feira foi constatado que haviam cinco gatos disponíveis para

adoção, quatro fêmeas e apenas um macho. Foi possível retirar os animais da

23

Dados retirados do vídeo. Disponível em: <http://www.webfilhos.com.br/consciencia-em-foco/adote-um-gatinho>. Acesso em: 10 jun. 2012

Page 53: Processos de adoção animal pela internet

54

gaiola e conversar com a responsável por cuidar dos animais como casa de

passagem, desta forma foi possível avaliar de maneira breve o comportamento

e o temperamento de cada um dos filhotes.

FIGURA 12 – Feira de adoção Movimento Gatos da Redenção 10/06/12

Fonte: Arquivo da autora

Após a escolha do animal que seria adotado a responsável pelo

Movimento Gatos da Redenção, realizou um questionário simples para avaliar

se a autora estava apta para adotar um novo gato. A entrevista serviu para

avaliar a experiência com animais da adotante, o local onde o novo animal se

instalaria e as condições financeiras para cuidar do novo gato.

Constatado que a autora cumpria todas as exigências requeridas pelo

Movimento para a doação do animal escolhido, foi preenchida a ficha de

adoção e o Termo de Compromisso, no qual o adotante se responsabiliza pela

guarda do animal e pela esterilização do mesmo.

Preenchido o Termo de Compromisso24 o animal foi entregue,

juntamente com um “Vale primeira consulta25” e um “Vale castração a baixo

custo”26. Além disso, o adotante é orientado que em caso de não adaptação do

novo animal, para que entre em contato com o Movimento e estes possam

24

Disponível no Apêndice D 25

Disponível no Apêndice E 26

Disponível no Apêndice F

Page 54: Processos de adoção animal pela internet

55

recolhê-lo novamente. Evitando assim que este seja abandonado ou mal

cuidado por parte do adotante.

Após estas etapas o gato estava pronto para ser levado até seu novo lar.

5.2.2 Adoção pela internet

Para simular a adoção de um gato pela internet a autora acessou o site

da ONG Adote um Gatinho: http://adoteumgatinho.uol.com.br/. A simulação da

adoção ocorreu no dia 10/06/2012.

Na página inicial do site, é apresentado ao usuário todos os animais que

estão disponíveis para adoção. Estes estão exemplificados com seu nome,

uma pequena foto e uma breve descrição sobre sua história. Com o intuito de

ajudar na decisão, eles possuem um sistema de ranking separado por

Sociável, brincalhão e carinhoso.

Page 55: Processos de adoção animal pela internet

56

FIGURA 13 – Página inicial do site Adote um Gatinho

Fonte: http://adoteumgatinho.uol.com.br/.

Caso o adotante queira conhecer mais sobre o gato, basta clicar no link

"conheça mais sobre mim" para acessar sua página pessoal. Na imagem

abaixo, pode-se ver a pagina do gato Nuit.

Page 56: Processos de adoção animal pela internet

57

FIGURA 14 – Página de perfil do gato Nuit

Fonte: http://adoteumgatinho.uol.com.br/perfil_gatinho.asp?idGatinho=2477.

Nela, está descrito todas as características físicas do animal, como,

pelagem, estimativa da sua data de nascimento e a data o qual foi resgatado. A

ONG disponibiliza também informações acerca da saúde do gato, como por

exemplo, se o mesmo foi castrado e já tenha tomado a primeira dose da

vacina.

Page 57: Processos de adoção animal pela internet

58

Após encontrar o animal desejado, basta clicar no botão "Quero adotar".

Nisto, é passado para a próxima pagina, onde terás de concordar com as

regras de adoção estabelecidas pela adote um gatinho.

As regras são:

apartamentos precisam ter telas em TODAS as janelas/sacadas (antes

da chegada do gatinho).

casas precisam ser seguras (com muros bem altos, telas ou alguma

barreira física que impeça a saída do gatinho para o telhado/rua)

Não basta fechar as portas ou janelas, essa barreira física a mais

precisa existir ou ser instalada.

é preciso ter condições financeiras para arcar com ração de boa

qualidade e idas ao veterinário (vacinas/tratamento de doenças que

possam surgir).

é preciso morar dentro da Cidade de São Paulo, pois as entregas são

feitas pessoalmente nas casas dos adotantes.

não é preciso pagar nada, mas você terá que assinar um termo de

responsabilidade, comprometendo-se a não repassá-lo a terceiros sem

nosso consentimento e zelar por sua saúde e segurança.

Quem não cumprir com as abaixo, não poderá receber o gato:

apartamentos sem telas de proteção em TODAS as janelas/sacadas.

casas com janelas ou muros baixos, por onde o gatinho possa sair para

passear em telhados ou na rua.

pessoas que não tenham condições financeiras mínimas de alimentar e

cuidar da saúde do gato.

quem mora fora da Cidade de São Paulo.

pessoas que não concordem com nossa entrada em suas casas para

entrega dos gatinhos e averiguação dos itens exigidos

Se o interessado cumprir com as regras citadas acima, terá de clicar no

botão "Eu me encaixo no perfil. A pessoa será levada para preencher o

formulário de adoção. Este é separado por cinco partes: Sobre você e sua

família, sobre sua casa, seus animais, "Adoção é compromisso e

responsabilidade" e por fim as condições.

Page 58: Processos de adoção animal pela internet

59

Na primeira parte, você preencherá informações básicas como nome,

endereço, idade, se possui crianças e explicar o motivo da decisão de adotar

um gato.

FIGURA 15 – Primeira parte do formulário de adoção

Fonte: http://adoteumgatinho.uol.com.br/formulario.asp?idGatinho=2477.

A parte "sobre sua casa" exige o detalhamento de seu imóvel e quais

medidas de segurança o usuário implementou ou planeja implementar para

evitar a fuga do gato.

Page 59: Processos de adoção animal pela internet

60

FIGURA 16 – Segunda parte do formulário de adoção

Fonte: http://adoteumgatinho.uol.com.br/formulario.asp?idGatinho=2477.

A parte que questiona sobre Seus Animais requisita detalhes se já teve

outros gatos, se possui outros animais e se o animal que será adotado será

para você ou para um amigo e um parente.

FIGURA 17 – Terceira parte do formulário de adoção

Fonte: http://adoteumgatinho.uol.com.br/formulario.asp?idGatinho=2477.

"Adoção é compromisso e responsabilidade" consiste de uma série de

perguntas acerca de temas mais delicados, como, por exemplo, "o que fará se

o gato arranhar o seu filho?". Tais perguntas são utilizadas como uma forma de

filtragem para a decisão de entregar ou não o animal para a sua residência,

pois, assim como está no site da adote um gatinho.

Page 60: Processos de adoção animal pela internet

61

FIGURA 18 – Quarta parte do site Adote um Gatinho

Fonte: http://adoteumgatinho.uol.com.br/formulario.asp?idGatinho=2477.

Para finalizar, o adotante terá de concordar com as condições impostas

pela ONG, como avisar caso ocorra uma mudança de endereço ou não possa

ficar com o gato, além de existir uma caixa para comentários e duvidas acerca

da adoção. Com tudo isso preenchido, o interessado deve enviar formulário e

aguardar o contato da Adote um Gatinho. A ONG entregará o gato em sua

casa, verificará se ele estará em um ambiente seguro, com poucas chances de

escapar e entregará o termo de responsabilidade para que seja assinado.

5.2.3 Comparação entre os tipos de adoção

Como foi possível observar na simulação, muitos passos para que a

adoção seja concretizada são semelhantes, principalmente no que diz respeito

aos questionários de adoção, apesar da ONG Adote um Gatinho, detalhar mais

o processo, os objetivos das questões são o mesmo, garantir que o animal seja

doado a alguém responsável.

Ambas as instituições estão preocupadas com o bem estar do animal

após a doação e também zelam pela castração do animal. O Movimento Gatos

Page 61: Processos de adoção animal pela internet

62

da Redenção proporciona ao adotante um “Vale Castração a baixo custo” mas

deixa sob a responsabilidade do mesmo que este ato seja concretizado,

enquanto a ONG Adote um Gatinho prefere que todos os seus animais já

sejam doados castrados e desvermifugados.

Um ponto a ser observado é a quantidade de animais disponíveis para

adoção. Enquanto na feirinha animal existiam apenas cinco gatos diferentes na

página da internet da ONG Adote um Gatinho existiam centenas de opções

para adoção. Neste ponto é possível notar que a não necessidade de descolar

o gato até um espaço físico para que seja exposto em uma feira, auxilia muito

na divulgação do animal.

O fato de poder adotar sem sair de casa também é uma vantagem

apresentada na adoção via internet. Enquanto em uma adoção praticada da

maneira tradicional o interessado em adotar deve se deslocar até o lugar onde

está acontecendo a feira e ainda levar em consideração os horários de

funcionamento da mesma, a adoção pela internet está disponível a qualquer

dia e horário. Porém, uma das vantagens da feira de adoção física é o primeiro

contato com o animal a ser adotado. Muitos adotantes gostam de escolher

pessoalmente o seu novo animal por este motivo, em uma feira de animais é

possível interagir com o gato escolhido e até mesmo observar alguns tipos de

comportamento do animal para basear a sua escolha nesta interação.

Para tentar suprir a ausência deste primeiro contato com o possível novo

dono, a ONG Adote um Gatinho disponibilizou em seu site o perfil de cada

animal, neste perfil é possível ver as principais características da personalidade

do gato e saber se este se encaixa no perfil buscado pelo adotante. Além do

perfil existe o sistema de rank baseado em quanto o gato é “sociável”,

“brincalhão” e “carinhoso”, como é possível observar na figura abaixo:

Page 62: Processos de adoção animal pela internet

63

FIGURA 19 – Ranking e informações do gato Indiana Jones

Fonte: http://adoteumgatinho.uol.com.br.

No caso o gato Indiana Jones, utilizado como exemplo, recebeu 3

pontos de “sociável”, 3 pontos de “brincalhão” e apenas 1 ponto de “carinhoso”,

o que é explicado em sua descrição, “medroso, assustado, que ainda não

descobriu o lado bom das pessoas”. Este tipo de informação ajuda o adotante a

conhecer melhor o animal antes de levá-lo para casa.

Apesar da adoção por meios tradicionais ser ainda muito utilizada este

ato pela internet está crescendo muito e mostrando ser uma alternativa válida

para que busca ajudar os animais em situação de vulnerabilidade ou ainda

quer adotar um novo animal.

Neste capítulo vimos as semelhanças e diferenças entre o

posicionamento do Movimento Gatos da Redenção e da ONG Adote um

Gatinho. No próximo capítulo, será apresentado a pesquisa aprofundada

realizada na página de Facebook da ONG Adote um Gatinho.

Page 63: Processos de adoção animal pela internet

64

6 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Neste capítulo serão apresentados os resultados, apontamentos das

pesquisas e observações realizadas nos objetos escolhidos pela autora. Após

será apresentado um panorama geral da adoção utilizando as ferramentas dos

sites de redes sociais.

6.1 ENGAJAMENTO FORA DA INTERNET

Para que fosse possível compreender a forma a qual as pessoas se

engajam por meio da internet, precisamos inicialmente compreender como era

feito antes que toda essa revolução tecnológica chegasse às mãos do usuário-

final, ou seja, buscar como funciona uma ONG que não possui a internet como

principal meio de divulgação. Para isto, a autora escolheu como objeto de

estudo o Movimento Gatos da Redenção, tendo como sua principal área de

atuação, o Parque Farroupilha.

Na tarde em que a observação foi realizada a autora se deslocou até o

gatil localizado próximo a Administração do Parque onde as protetoras

geralmente dão início aos trabalhos que precedem a feirinha de adoção. Ao

notar a presença das protetoras no local, diversas pessoas pararam para

observar os animais que ficavam próximos ao gatil. Muitas levavam consigo um

saco de ração e davam para os animais, outras paravam para fazer carinho e

outras ainda para conversar com as protetoras, demonstrando assim um

engajamento da sociedade que frequenta o parque com a causa.

Antes mesmo de a feira começar um casal se apresentou no local

demonstrando interesse em adotar um dos animais. Uma breve entrevista foi

realizada com eles para saber se estavam aptos para adotar um do gatos

disponíveis. Verificado que estavam foram convidados a entrar no gatil para

escolher o seu animal. Após a escolha eles preencheram o termo de

compromisso e saíram de lá já com o animal adotado.

A feira foi montada no local tradicional, onde acontece a mais de 12

anos, e reuniu um grande número de pessoas e parceiros. Muitas pessoas

pararam para brincar com os animais e perguntaram para as protetoras de qual

maneira elas poderiam auxiliar o Movimento.

Page 64: Processos de adoção animal pela internet

65

Ainda durante a Feira algumas crianças trouxeram um novo gato e

pediram para que este fosse disponibilizado para adoção naquela tarde,

quando perguntadas sobre como ficaram sabendo da feira de Adoção as

crianças responderam que algumas pessoas ao verem elas com o animal no

colo, informaram que o Movimento estava presente no Parque naquela tarde e

que este poderia auxiliar na doação do gato.

Treze pessoas que demonstraram interesse em adotar um dos animais

disponíveis na feira responderam a uma breve pesquisa realizada pela autora.

Delas 10 eram mulheres; sete tinham como faixa etária 19 à 35 anos, cinco

tinham como faixa etária 36 à 60 anos e uma era menor de idade; oito das

pessoas entrevistadas afirmou que já havia adotado um animal e entre estas 3

haviam recolhido o animal da rua, três haviam buscado uma ONG para realizar

a adoção, duas adotaram de feirinhas e quatro realizaram a adoção através de

uma ONG na internet. Neste quesito houve pessoas que utilizaram mais de um

meio de adoção; todos os entrevistados afirmaram que a internet auxilia na

adoção dos animais; nove dos entrevistados afirmam divulgar em seus perfis

de redes sociais na internet casos de animais precisando de auxilio, um ainda

afirmou que não possuía nenhum perfil, mas que divulgaria caso possuísse.

Com isto é possível notar um grande engajamento do público feminino com a

causa, a faixa etária predominante neste público é entre 19 e 60 anos. Foi

possível observar também que normalmente os adotantes possuem mais de

um animal adotado e que acreditam que a internet facilitou a adoção animal.

Em entrevista realizada com as administradoras do Movimento Gatos da

Redenção, foi possível entender melhor como ocorre a divulgação da causa

nos meios físicos. Uma das voluntárias contou que27 os principais métodos de

divulgação do Movimento são o boca a boca e os parceiros que possuem. Ela

conta que os parceiros surgem geralmente quando visitam a feira de adoção ou

o gatil e vêem de perto o trabalho que é realizado por elas. Com isso se

interessam e criam vontade de ajudar o Movimento.

Um dos principais parceiros na divulgação dos animais e também no

cuidado médico com eles é a Agropecuária Águia, esta expõe diariamente em

sua filial alguns gatos prontos para adoção. Além desta exposição dos animais

27

Entrevista disponível no Apêndice G

Page 65: Processos de adoção animal pela internet

66

a parceria inclui também castração a baixo custo e cuidados médicos como,

primeira consulta gratuita para quem adotar através do Movimento Gatos da

Redenção, suporte médico em cirurgias e cuidados com os animais que estão

temporariamente sob cuidados da Organização. A Águia oferece uma opção a

mais para quem quer adotar um gato do Movimento e não pode ir até o Parque

Farroupilha nos domingos à tarde, quando as feirinhas são realizadas.

Além dos parceiros, o engajamento da sociedade como um todo é de

suma importância para a divulgação do Movimento. O boca a boca gerado

pelos frequentadores do Parque faz com que o trabalho das voluntárias seja

passado a diante e reconhecido pelos membros da sociedade. Porém, na tarde

em que a observação foi realizada, três gatos foram doados o que segundo as

voluntárias do Movimento foi um bom número para aquele dia.

6.2 ENGAJAMENTO ONLINE

Buscando compreender a motivação dos usuários da internet para com

a ONG “Adote um Gatinho” realizou-se uma observação não participante da

página do Facebook da mesma. A metodologia escolhida para a produção

desta pesquisa foi a Teoria Fundamentada, proposta por Glaser e Strauss em

seu livro The Discovery of Grounded Theory, 1967. Nela o pesquisador se

baseia em dados empíricos para depois se voltar a um referencial teórico.

Apesar de Glaser e Strauss defenderem que para a utilização desta

metodologia o pesquisador deve ir a campo sem pré-noções Amaral, Fragoso e

Recuero defendem que:

Ela permite ao pesquisador que foca um fenômeno bastante novo que tenha a chance de experimentar o campo empírico, observando os novos elementos construindo suas percepções através da análise e reflexão sistemáticas dos dados encontrados em campo. Essa valorização da experiência do pesquisador em campo é fundamental e é uma das principais vantagens do pesquisador que utiliza essa abordagem. (AMARAL, FRAGOSO, RECUERO, 2011, p.87)

A Fan Page foi observada durante uma semana, e contava com 39.802

fãs durante este tempo foi observado o conteúdo postado em seu mural e

também no fórum de discussão, hoje já extinto no site de rede social Facebook.

Page 66: Processos de adoção animal pela internet

67

A maior ênfase foi dada para o Mural, pois foi onde aconteceu o maior número

de interações.

Por meio destas observações e pesquisas empíricas foi possível

identificar alguns pontos e categorias que serão descritas a seguir neste

capítulo.

6.2.1 Categorização do conteúdo da página de fãs

Com a observação do mural da página Adote um Gatinho foi possível identificar

algumas categorias de postagens descritas a seguir:

A primeira categoria encontrada foi a Antes/Depois que apareceu uma

vez na semana de observação. Esta categoria montra como os animais eram

quando chegaram a ONG e como estão agora depois dos cuidados das

voluntárias.

FIGURA 20 – Imagem do Antes/Depois do gato Farrapo

Fonte: http://www.facebook.com/adoteumgatinho.

Nesta postagem é possível observar um grande número de mensagens

parabenizando a ONG e falando sobre como o animal está bem recuperado.

Este post apresentou 757 curtidas, 136 compartilhamentos, 142 comentários.

Page 67: Processos de adoção animal pela internet

68

Para isto não foi criado um álbum específico de fotos, a foto foi postada

diretamente no mural.

A categoria “Apresentação de Novos Gatos” também apareceu uma vez

na semana de observação. Ela mostra os novos animais que chegaram na

ONG, estejam eles disponíveis para adoção ou ainda não. Nos comentários

desta postagem é possível observar pessoas interessadas em adotar, pessoas

que apenas compartilham a imagem no intuito de divulgar e ainda as que

comentam coisas pontuais sobre os gatos.

FIGURA 21 – Imagem do álbum com fotos dos novos gatos da ONG

Fonte: http://www.facebook.com/adoteumgatinho.

Este post apresentou 824 curtidas, por ser um álbum os

compartilhamentos são contabilizados de maneira individual nas fotos e 167

comentários.

Na categoria Boletim é apresentado um resumo sobre as atividades da

ONG, a postagem foi feita em uma data anterior a observação, mas por

acontecer de maneira mensal foi observada também.

Page 68: Processos de adoção animal pela internet

69

FIGURA 22 – Imagem da divulgação do boletim mensal da ONG

Fonte: http://www.facebook.com/adoteumgatinho.

Este post leva para a página externa da ONG. Esta categoria recebeu

271 curtidas, 1 compartilhamento e 34 comentários.

A categoria “Cartinha” traz sempre uma história de um animal que a

ONG ajudou a doar. O post também leva para uma página externa localizada

no blog da Adote um Gatinho28.

28

Disponível em: <http://adoteumgatinho2.zip.net/>. Acesso em: 05 out. 2011.

Page 69: Processos de adoção animal pela internet

70

FIGURA 23 – Imagem da divulgação da cartinha

Fonte: http://www.facebook.com/adoteumgatinho.

Esta categoria apresentou 259 curtidas, 37 compartilhamentos e 127

comentários.

A categoria “Dicas sobre Gatos” traz dicas sobre os gatos, matérias e

artigos de diversos sites, não há links apenas uma foto de mural acompanhada

de um texto onde a dica é descrita.

FIGURA 24 – Imagem da divulgação da categoria “Dicas de Gatos”

Fonte: http://www.facebook.com/adoteumgatinho.

Page 70: Processos de adoção animal pela internet

71

Este post, que traz dicas sobre câncer de mama em animais, recebeu

534 curtidas, 19 compartilhamentos e 49 comentários.

Os posts sobre eventos relacionados a ONG ou parceiros ficam na

categoria “Divulgação de eventos” que também esteve presente uma vez na

semana de observação.

FIGURA 25 – Imagem da divulgação de um evento

Fonte: http://www.facebook.com/adoteumgatinho.

No post observado a cima é possível ver a descrição do evento de um

parceiro e um link que leva par ao site deste mesmo parceiro. É possível

observar que no período de estudo da página a ONG não fez uso da

ferramenta de divulgação de eventos que o próprio site Facebook oferece. No

post é possível observar 129 curtidas, nenhum compartilhamento e apenas 13

comentários.

A categoria “Gatinho da Semana” apresenta um gato escolhido como

destaque na semana. Ele é divulgado na página de maneira especial,

apresentando sua história e trazendo mais fotos do mesmo.

Page 71: Processos de adoção animal pela internet

72

FIGURA 26 – Imagem da divulgação da categoria “Gatinho da Semana”

Fonte: http://www.facebook.com/adoteumgatinho.

O post apresentou 876 curtidas, 434 compartilhamentos e 125

comentários.

A categoria “Gatos para Adoção” apresenta animais que estão na ONG

prontos para serem adotados, ela apresenta fotos, conta uma breve história do

local onde o gato foi resgatado e descreve o perfil e o comportamento do Gato.

Page 72: Processos de adoção animal pela internet

73

FIGURA 27 – Imagem da divulgação da categoria “Gatos para Adoção”

Fonte: http://www.facebook.com/adoteumgatinho.

Este post recebeu 734 curtidas, 367 compartilhamentos e 145

comentários.

As categorias “História de Gato” conta como os animais foram

resgatados, mostra como estes tem se recuperado e gera uma perspectiva de

quando eles estarão disponíveis para adoção.

Page 73: Processos de adoção animal pela internet

74

FIGURA 28 – Imagem da divulgação da categoria “História de Gato”

Fonte: http://www.facebook.com/adoteumgatinho.

Este post recebeu 2048 curtidas, 585 compartilhamentos e 537

comentários, foi o post que mais engajou a comunidade na semana de

observação da página.

A categoria “História do Fundador” conta a história das fundadoras da

ONG. No post em questão a história contada é a da Presidente da ONG Susan

Yamamoto.

Page 74: Processos de adoção animal pela internet

75

FIGURA 29 – Imagem da divulgação da categoria “História do Fundador”

Fonte: http://www.facebook.com/adoteumgatinho.

O post apresentou 377 curtidas, 78 compartilhamentos e 44

comentários.

A categoria “Notícias de Gatinhos” apresenta notícias sobre animais em

tratamento, fotos e texto.

FIGURA 30 – Imagem da divulgação da categoria “Notícias de Gatinhos”

Fonte: http://www.facebook.com/adoteumgatinho.

Este post apresentou 1004 curtidores, 163 compartilhamentos e 198

comentários.

Page 75: Processos de adoção animal pela internet

76

Um post que não se enquadrou em nenhuma categoria foi encontrado

na semana de observação. Trata-se de uma postagem em homenagem ao dia

mundial dos animais.

FIGURA 31 – Imagem da divulgação da categoria “Homenagem aos Animais”

Fonte: http://www.facebook.com/adoteumgatinho.

Este post pontual apresentou 1656 curtidas, 619 compartilhamentos e

102 comentários.

Levando em consideração a Dinâmica das Redes trazida no livro Redes

Sociais de Raquel Recuero (2009) - que cita Nicolis e Prigogine (1989) -

dizendo que: “Os processos dinâmicos das redes são consequência direta dos

processos de interação entre os atores. Redes são sistemas dinâmicos e,

como tais, sujeitos a processos de ordem, caos, agregação, desagregação e

ruptura”.

Podemos observar que o maior número de compartilhamentos e

comentários apareceu no post em que a gatinha Joy foi resgatada, Joy já é

conhecida pelos frequentadores da ONG por ter sido salva quando ainda nem

Page 76: Processos de adoção animal pela internet

77

havia aberto os olhos. Este post gerou uma comoção na comunidade virtual.

Nota-se também que posts ligados a simples notícias da ONG e divulgação de

eventos não trouxeram um engajamento maior na comunidade.

Outro ponto analisado na comunidade foi fórum de discussão. O Fórum

parece ser pouco conhecido pelos fãs e pouco utilizado. Existem alguns

clusters que mantém este espaço ativo. Geralmente o Fórum é utilizado para

retirada de dúvidas sobre assuntos animais, divulgação de animais de outras

partes do Brasil e discussão sobre assuntos pontuais.

FIGURA 32 – Imagem do Fórum de discussão onde é possível observar o usuário Rogério P. Viera como um dos clusters que mantém o espaço em funcionamento.

Fonte: http://www.facebook.com/adoteumgatinho.

É possível notar uma grande cooperação entre os usuários, cooperação

é definida por Recuero (2009) como:

A cooperação é o processo formador das estruturas sociais. Sem cooperação, no sentido de um agir organizado, não há sociedade. A cooperação pode ser gerada pelos interesses individuais, pelo capital social envolvido e pelas finalidades do grupo. Entretanto, é essencial para a compreensão das ações coletivas dos atores que compõem a rede social.

Page 77: Processos de adoção animal pela internet

78

FIGURA 33 – Imagem com exemplo de cooperação onde os usuários se engajaram para auxiliar uma das fãs que esta tendo problemas com seu gato.

Fonte: http://www.facebook.com/adoteumgatinho.

Neste caso analisado toda a comunidade virtual coopera em prol de um

objetivo em comum, o bem estar dos animais em situação de vulnerabilidade. É

possível notar que a comunidade possui poucos conflitos, conflitos são

definidos por Recuero (2009), cita que nem sempre os conflitos em uma

comunidade são de todo mal para a mesma, em muitos casos:

O conflito, por exemplo, pode envolver cooperação, pois há necessidade de reconhecimento dos antagonistas como adversários. Esse reconhecimento implica cooperação. Do mesmo modo, o conflito pode gerar cooperação dentro dos mesmos.

No caso da Adote um Gatinho o único encontrado falava sobre a marca

de ração Whiskas.

Page 78: Processos de adoção animal pela internet

79

FIGURA 34 – Imagem com post no fórum. Foi o único onde foi encontrado conflito. Nele os fãs discutiam a respeito da marca de ração Whiskas. Quem está engajado nas

causas animais sabe que este é um conflito antigo entre as pessoas que defendem que a marca pode causar algum mal ao animal e as que dizem que ela não causa

nada.

Fonte: http://www.facebook.com/adoteumgatinho.

Em todos os posts é possível observar nos comentários um

engajamento da comunidade para com a ONG e com os animais além de ser

utilizado para troca de informações sobre animais e também como uma

espécie de chat entre os fãs.

Além disso, foi possível notar um grande número de compartilhamento

nos conteúdos que envolviam animais para adoção ou precisando de auxilio.

6.2.2 Pesquisa com simpatizantes e resultados

Após a observação da página foi desenvolvido um questionário com

perguntas fechadas e abertas a fim de complementar e entender os motivos

pelos quais as pessoas interagem com a ONG. O questionário esteve

disponível no período de uma semana (de 21 a 27 de novembro de 2011) e foi

aplicado a 47 indivíduos que não necessariamente interagiam com a página,

porém, na analise dos dados foram excluídos os indivíduos que nunca haviam

interagido por se entender que os mesmos não poderiam acrescentar algo à

Page 79: Processos de adoção animal pela internet

80

pesquisa. O questionário foi divulgado no mural da página da ONG e nos perfis

de redes sociais da autora.

Na pergunta referente ao sexo dos participantes que interagiam na

Página Adote um Gatinho pode-se observar que a grande maioria do público

que respondeu a pesquisa é do sexo feminino, como é mostrado no gráfico

abaixo:

GRÁFICO 1 – Respostas dos curtidores sobre seu sexo.

Fonte: Pesquisa elaborada pela autora

A faixa etária predominante foi de 19 até 35 anos, seguida pela faixa

etária de 36 até 60 anos o questionário não foi respondido por nenhuma

pessoa até 18 anos nem acima de 60 anos.

GRÁFICO 2 – Respostas dos curtidores sobre sua faixa etária

Fonte: Pesquisa elaborada pela autora

Das 47 respostas obtidas 45 afirmam que já adotaram algum animal

enquanto apenas duas disseram que nunca haviam adotado.

Page 80: Processos de adoção animal pela internet

81

GRÁFICO 3 – Respostas dos curtidores sobre já ter adotado um animal

Fonte: Pesquisa elaborada pela autora

Quando questionados sobre qual o método de adoção foi utilizado 27

pessoas responderam que recolheram o animal da rua, 10 pessoas afirmam

que viram o animal na internet, nove pessoas buscaram uma feira e adoção,

sete pessoas encontraram o animal em uma agropecuária e seis pessoas

buscaram uma ONG de adoção. Esta reposta soma mais de 100% pois

algumas pessoas podem ter adotado mais de um animal em diferentes lugares.

GRÁFICO 4 – Respostas dos curtidores sobre onde adotou o animal

Fonte: Pesquisa elaborada pela autora

Das pessoas que responderam ao questionário, 42 afirmam que a

internet auxiliou na adoção aos animais, apenas cinco não concordam com

esta afirmação.

Page 81: Processos de adoção animal pela internet

82

GRÁFICO 5 – Respostas dos curtidores sobre a internet ter auxiliado nas adoções dos animais

Fonte: Pesquisa elaborada pela autora

Quando questionadas sobre se divulgavam em seus perfis de redes

sociais, fotos e casos de animais para auxiliar na adoção dos mesmos, 39

pessoas responderam de maneira afirmativa e oito pessoas disseram que não

divulgam os animais ou casos em seus perfis.

GRÁFICO 6 – Respostas dos curtidores sobre compartilhar fotos de animais abandonados em seus perfis de redes sociais.

Fonte: Pesquisa elaborada pela autora

Quando perguntado com qual propósito a Fan Page Adote um Gatinho

era visitada, 24 pessoas afirmam que visitam a página para auxiliar na

divulgação dos animais da ONG, 25 pessoas visitam a página para obter

informações sobre animais, 22 pessoas acessam a página para divulgar

animais abandonados, 17 pessoas visitam a página com propósito de auxiliar a

ONG, 12 pessoas visitam a página para conversar com pessoas que gostam

de animais, 11 pessoas visitam para adotar animais, seis pessoas buscam

obter informações sobre a ONG e ainda seis pessoas disseram que acessam

com outro propósito, dentro destas seis pessoas estão duas que afirmam

Page 82: Processos de adoção animal pela internet

83

nunca terem visitado a página, estas foram desconsideradas na hora da

análise dos dados. Ainda dentro destas seis pessoas uma afirma que visita a

página para buscar auxilio para animais abandonados.

GRÁFICO 7 – Respostas dos curtidores sobre compartilhar fotos de animais abandonados em seus perfis de redes sociais.

Fonte: Pesquisa elaborada pela autora

Quando nos voltamos para analisar os dados obtidos através do

questionário, observamos que a maioria das pessoas que o responderam é do

sexo feminino (82%) e se encontram na faixa etária entre 19 até 35 anos,

podem ser consideradas jovens.

Estes resultados refletem o mesmo público que se já se engajava no

meio off-line, geralmente mulheres jovens que podem investir seu tempo em

prol da causa. Além disto, uma grande parte (96%) já adotou um animal e para

isto a maioria ainda recolheu o animal da rua, porém 23% já utilizou a internet

como forma de adoção e 91% acredita que a internet auxilia na adoção dos

animais, porém apenas 82% compartilham fotos de animais em situação de

vulnerabilidade em suas redes. Comparando com os 91% que acreditam que a

internet auxiliou na adoção dos animais 82% parecem se importar em auxiliar

também divulgando em suas redes.

Em contrapartida podemos observar que um dos motivos mais citados

pelos quais as pessoas visitam a página Adote um Gatinho é para “Auxiliar na

divulgação dos animais da ONG” e também para obter “Informações sobre

animais”. Outro motivo importante para as visitas na Fan Page é para “Divulgar

animais Abandonados”. Através destes dados podemos verificar um grande

engajamento pela causa animal em geral e não apenas pela ONG. Mesmo

assim 36% das pessoas que responderam ao questionário visitam a página

para “Auxiliar a ONG” e 13% para “Obter informações sobre a ONG” e ainda

27% o fazem para “Conversar com pessoas que gostam de animais”.

Page 83: Processos de adoção animal pela internet

84

Por meio destes dados, foi possível gerar um panorama sobre os usos e

apropriações que os fãs da Página Adote um Gatinho fazem da mesma no site

de rede social Facebook.

6.3 PANORAMA DA ADOÇÃO UTILIZANDO FERRAMENTAS DE INTERNET

Ao analisar os dados das pesquisas empíricas e observações realizadas é

possível notar que muitas partes do engajamento que já existia fora da internet

por conta dos simpatizantes pela causa de defesa animal foi herdada para a

web.

Estas interações continuam acontecendo no ciberespaço de maneira,

muitas vezes, mais intensa do que costumava acontecer fora dele. Curtidas e

compartilhamentos nada mais são que o antigo boca a boca tanto utilizado pelo

Movimento Gatos da Redenção fora do ciberespaço. A divulgação das fotos

dos animais para adoção na página de Facebook da ONG Adote um Gatinho,

podem ser comparadas a feirinha de adoção realizada pelo Movimento Gatos

da Redenção todos os domingos. Entende-se dessa forma que a internet

potencializou as interações que já aconteciam fora dela.

O crescente número de usuários de sites de redes sociais no Brasil

mostra que o número de interações entre os usuários que participam

ativamente da Página Adote um Gatinho tende a crescer. Com isso o número

de animais divulgados e consequentemente adotados por terem sido vistos nos

perfis de redes sociais dos usuários, tende a crescer da mesma forma. Um

exemplo disso é o número de gatos já doados pela ONG Adote um Gatinho

que praticamente só funciona através das ferramentas digitais.

A pesquisa deixou claro também a preocupação da ONG Adote um

Gatinho em proporcionar ao possível adotante o maior número de informações

possíveis sobre o animal. Isto com intuito de suprir a falta de contato inicial que

o mesmo teria caso fosse adotar o gato pessoalmente. Este tipo de informação

auxilia na escolha e facilita o conhecimento do animal mesmo sem ser de

maneira física.

É possível notar também a semelhança entre os públicos adotantes,

tanto os entrevistados de maneira on-line quanto os que foram entrevistados

Page 84: Processos de adoção animal pela internet

85

pessoalmente, se caracterizam por ser mulheres, jovens/adultas, que já haviam

adotado algum animal anteriormente.

Mesmo o coro de pesquisa que foi entrevistado pessoalmente acredita

que a internet e as ferramentas que nela existem facilitam na divulgação dos

animais para adoção. Até mesmo o entrevistado que não possui perfil nas

redes sociais afirmou que se tivesse ou faria, pois acredita que isto auxilie na

agilização da doação do animal.

A presente pesquisa leva a crer então que a divulgação de animais nos

sites de redes sociais vem apresentando um crescimento e que este deve se

manter e crescer juntamente com o número de usuários deste site. Porém

mesmo esse panorama favorável à adoção por meios on-line ainda, não

substituiu os tradicionais métodos de adoção que continuam sendo realizados.

Neste capitulo, foi possível observar o resultado das pesquisas

empíricas e observações realizadas pela autora, o que gerou um breve

panorama de como está funcionando a adoção através dos meios digitais.

Page 85: Processos de adoção animal pela internet

86

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesse trabalho discutiu-se sobre os usos e as apropriações que

motivam as pessoas que se engajam com a causa de proteção animal a

frequentarem e interagirem por meio de sites de redes sociais como o

Facebook. Após passar pela fundamentação teórica, coleta de dados e análise

é chegada a hora de uma reflexão sobre o resultado do trabalho.

Com a utilização dos conceitos de Recuero (2009) e outros autores, foi

possível categorizar e entender o conceito de redes social, comunidade virtual

e redes sociais na internet. O funcionamento das principais ferramentas do site

Facebook também foi apresentado para facilitar o entendimento dos usos que

as pessoas fizeram das ferramentas.

Para entender o que é uma ONG e um pouco da história do surgimento

delas no mundo e no Brasil, foram utilizados autores como Betinho (1992),

sociólogo brasileiro e ativista dos direitos humanos.

Após a conceituação utilizou-se de dois métodos de observação para

que uma análise entre eles fosse realizada. A presencial da Feirinha de Adoção

do Movimento Gatos da Redenção trouxe para esta monografia subsídios para

a comparação entre os métodos de divulgação, além da doação de animais

utilizados de maneira física e os que possuem o on-line como mediação.

Para compreender como as doações de animais vêm sendo executadas

por meio da internet e o que motiva as pessoas a utilizar este meio para

interagir com as ONGs, desenvolveu-se uma reflexão sobre quais seriam as

categorias presentes no mural da página de Facebook da Adote um Gatinho.

Para a identificação destas categorias utilizou-se os conceitos de alguns

autores que trabalham sobre o tema.

A partir das categorias identificadas foi possível conhecer melhor a rotina

de divulgação e a apropriação que a ONG fez do site de redes sociais

Facebook. Isso se demonstra ao transformar a página em um ponto de

encontro para as pessoas que gostam da causa animal e também em uma

“Vitrine de uma Feirinha de Adoção” na web. Com está analise da página foi

possível observar um grande engajamento da comunidade virtual com as

causas de adoção animal, quando o assunto é a instituição em si, tanto o

interesse, quanto o engajamento diminuem. A comunidade parece estar muito

Page 86: Processos de adoção animal pela internet

87

unida e cooperando com a causa. Não foi possível observar sinais de ruptura

apenas de migração do site www.adoteumgatinho.com.br para a Fan Page da

ONG no Facebook.

Este engajamento já vinha e continua presente fora dos meios online. A

sociedade também se mostrou engajada com o Movimento Gatos da

Redenção. Pode-se concluir que os métodos de adoção que aconteciam antes

somente por meio da adoção presencial, hoje, foram adaptados e passaram a

ser utilizados também através da web. Bem como as interações entre os

simpatizantes com as causas animais que também continuam a ocorrer em

ambos os meios.

A internet e os sites de redes sociais têm trazido diversas ONGs de

adoção de animais para o meio digital. Sem dúvida é possível afirmar que esta

ferramenta auxiliou na doação dos animais das entidades e aproximou os

simpatizantes da causa. Durante a pesquisa houve dificuldade na obtenção de

dados referente ao número de animais doados e também ao número de ONGs

que já estão presentes nos meios digitais, nota-se com isso que este fato,

ainda é pouco explorado pela comunidade cientifica. Com a análise feita neste

trabalho pretende-se gerar subsídios para que no futuro outra pesquisa mais

aprofundada sobre como a internet impactou a doação de animais pelas ONGs

possa ser realizada.

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88

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUIAR, Sônia. Redes sociais na internet: desafios à pesquisa. 2008. Disponível em: <http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2008/resumos/R3-1977-1.pdf>. Acesso em: 10 jun 2012. AMARAL, Adriana. 2007. A estética cibergótica na internet: música e sociabilidade na comunicação do MySpace. Disponível em: <http://revistacmc.espm.br/index.php/revistacmc/article/viewFile/104/102>. Acesso em: 10 jun 2012 BOYD, Danah M.; ELLISON, Nicole B..Social Network Sites: Definition, History, and Scholarship. Journal of Computer-Mediated Communication. 2008. Disponível em http://jcmc.indiana.edu/vol13/issue1/boyd.ellison.html Acesso em: 20 jun 2012 CASTELLS, Manuel. O poder da identidade. 2000. São Paulo: Paz e Terra. COSTA, Rogério. Por um novo conceito de comunidade: redes sociais, comunidades pessoais, inteligência coletiva. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414- 32832005000200003>.Acesso em: 10 jun. 2012 ELLISON, N. B.; STEINFIELD, C. e LAMPE, C. (2007). The benefits of Facebook" friends:" Social capital and college students' use of online social network sites. Journal of Computer-Mediated Communication, 12 (4), article. Disponível em <http://jcmc.indiana.edu/vol12/issue4/ellison.html>. Acesso em: 10 jun. 2012. FRAGOSO, Suely; RECUERO, Raquel; AMARAL, Adriana. Métodos de pesquisa para internet. 2011. Porto Alegre: Sulina. HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. LEMOS, André. Cibercultura, tecnologia e a vida social contemporânea. Porto Alegre: Sulina, 2002. ______. A Arte da Vida. Diários Pessoais e Webcams na Internet. 2002. Lisboa: Relógio D’água. Disponível em: <http://galaxy.intercom.org.br:8180/dspace/bitstream/1904/18835/1/2002_NP8lemos.pdf>. Acesso em: 20 jun 2012. MARTELETO, Regina Maria. Análise de redes sociais – aplicação nos estudos de transferência de informação. Ci. Inf., Brasília, v. 30, n. 1, p. 71-81, jan./abr. 2001. Brasília. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/%0D/ci/v30n1/a09v30n1.pdf>. Acesso em: 10 jun 2012.

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MENESCAL, Andréa Koury. História e Gênese das Organizações Não Governamentais, in Organizações Não Governamentais: Solução ou Problema. 1ª ed., São Paulo: Estação Liberdade, 1996. MONTENEGRO, Thereza. O que é ONG. São Paulo: Brasiliense,1994. NATAL, Geordia. Identidade e juventude na construção de perfis: um estudo de caso da persona Mary Jane. 2009. Disponível em: <http://www.abciber.com.br/simposio2009/trabalhos/anais/pdf/artigos/1_redes/eixo1_art13.pdf>. Acesso em: 10 jun 2012. NÓBREGA, Lívia de Pádua. A construção de identidades nas redes sociais. 2010. Disponível em: <http://revistas.ucg.br/index.php/fragmentos/article/viewFile/1315/899>. Acesso em: 20 jun 2012 RECUERO, Raquel. Redes sociais na Internet. Porto Alegre: Sulina, 2009 ______. Considerações sobre a Difusão de Informações em Redes Sociais na Internet. In: Intercom Sul, VIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação da Região Sul – Passo Fundo – RS. 2007. Disponível em: <http://www.intercom.org.br/papers/regionais/sul2007/resumos/R0464-1.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2012. ______. Weblogs, Webrings e Comunidades Virtuais. 2003. Disponível em: <http://www.bocc.ubi.pt/pag/recuero-raquel-weblogs-webringscomunidades- virtuais.pdf>. Acesso em: 20 jun 2012. RHEINGOLD, H. Comunidade virtual. Lisboa: Gradiva, 1996. SOUZA, Hebert. O Papel das ONGs e da Sociedade Civil em Relação ao Meio Ambiente. iPlanejamento e Políticas Públicas, nº 7, jun. 1992. TURKLE, S. A vida no Ecrã: a identidade na era da internet. 1997. Lisboa: Relógio D’água. WOODWARD, K. Identidade e diferença: uma introdução teórica e conceitual. In: T.T. Silva (Ed.). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Rio de Janeiro: Vozes, 2000. ZUCKERBERG, Randi; KANTER, Beth; FINE, Alisson H. Mídias sociais transformadoras. 2011. São Paulo: Évora

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90

APÊNDICES

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APÊNDICE A – Questionário aplicado de maneira presencial com os

frequentadores da feirinha de adoção animal do Movimento Gatos da

Redenção

Sexo :

Feminino / Masculino

Faixa etária :

Até 18 anos

19 até 35 anos

36 até 60 anos

Acima de 60 anos

Você já adotou um animal?

Sim Não

Em caso afirmativo, qual foi o meio de adoção utilizado?

Feirinhas de adoção

Agropecuária

Recolhi o animal da rua

Vi o animal na internet

Busquei uma ONG de adoção

Você acha que a internet auxiliou a adoção dos animais? *

Sim Não

Você costuma compartilhar em suas redes sociais fotos e casos de animais

abandonados para auxiliar na adoção dos mesmos?

Sim Não

APÊNDICE B - Resultados da pesquisa com os frequentadores da feirinha

de adoção animal do Movimento Gatos da Redenção

Sexo :

10 Feminino / 3 masculino

Faixa etária :

1- até 18 anos

7- 19 até 35 anos

5- 36 até 60 anos

Você já adotou um animal?

8 Sim / 5 Não

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Em caso afirmativo, qual foi o meio de adoção utilizado?

8- Recolhi o animal da rua

3- Busquei uma ONG de Adoção

2- Feirinha de Adoção

4- Vi o animal na Internet

Você acha que a internet auxiliou a adoção dos animais?

13 Sim/ 0 Não

Você costuma compartilhar em suas redes sociais fotos e casos de animais

abandonados para auxiliar na adoção dos mesmos?

9 Sim / 4 Não

APÊNDICE C- QUESTIONÁRIO REALIZADO COM A ONG ADOTE UM

GATINHO

Nome da ONG: Adote Um Gatinho

Ano de Fundação: 2003

Locais de Atuação: Cidade de São Paulo

Site: www.adoteumgatinho.org.br

Perfis de redes sociais

www.facebook.com/adoteumgatinho; www.twitter.com/adoteumgatinho

Realiza feiras de adoção? Se sim, onde acontecem?

Não, as adoções são feitas apenas pelo nosso site

Em média quantos animais já foram ajudados pela ONG?

Até hoje, o Adote Um gatinho já doou 4.750 gatos

Na sua opinião, a internet auxiliou na divulgação dos animais? As

adoções aumentaram depois do uso da internet?

Na verdade, o AUG só promove a adoção dos seus animais pela Internet,

através do site e do facebook. Não temos locais físicos para adoção. Então,

como todas as adoções são feitas pela internet, a internet nos auxiliou muito,

sim.

Na sua ONG, qual o perfil de pessoas que participam?

Entendendo participação por voluntariado, a ONG consta hoje com cerca de 50

voluntárias, sendo apenas 1 homem. A média de idade é de cerca de 35 anos.

Se possível conte um pouco da história da ONG

A ONG foi criada em 2003 pela iniciativa das jornalistas Susan Yamamoto e

Julinana Bussab. A ideia era resgatar gatinhos e anunciá-los pela doação em

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um site da internet. Desde então, mais de 4.750 gatinhos já conseguiram um

lar graças à ONG.

Como funciona a rotina de adoção de um animal em sua ONG? É a

mesma para adoções presenciais e adoções pela internet?

Não temos adoções presenciais, todas as adoções são feitas pelo nosso site.

O interessado visita o nosso site - www.adoteumgatinho.org.br e vê as fotos e

as descrições de todos os gatinhos que temos para adoção. Em seguida,

escolhe o gatinho e preenche o respectivo formulário online de adoção. O

formulário de adoção é avaliado por uma voluntária, e o interessado recebe a

resposta por e-mail em até 2 dias.

Caso o interessado seja aprovado, uma voluntária vai até a casa do

interessado verificar as condições de segurança da residência e entrega o

gatinho.

Após a adoção é feito algum tipo de acompanhamento do animal?

Sim, mantemos contato por e-mail com o adotante nos dias seguintes à

entrega do gatinho. Além disso, é enviada uma pesquisa de satisfação para os

adotantes cerca de 30 dias após a adoção.

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APÊNDICE D- Ficha de Adoção e Termo de Compromisso

Fonte: Arquivo da autora

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APÊNDICE E– Imagem do Vale primeira consulta

Fonte: Arquivo da autora

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APÊNDICE F- Imagem do Vale castração a baixo custo

Fonte: Arquivo da autora

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APÊNDICE G- ENTREVISTA REALIZADA COM UMA DAS VOLUNTÁRIAS

DO MOVIMENTO GATOS DA REDENÇÃO

Nome da Organização: Movimento Gatos da Redenção

Ano da Fundação: 2000/2001

Locais de Atuação: Grande Porto Alegre

Site: gatosren.blogstpot.com – desativado

Perfil nas redes sociais: Não faz uso

Em média quantos animais já foram auxiliados pelo grupo? Mais de 2 mil.

Na sua opinião a internet auxiliou na divulgação dos animais do Movimento?

Não fizemos uso da internet para divulgação, as vezes uma que outra foto é

postada por alguma das voluntárias mas não temos isso como foco do nosso

trabalho, apesar disso acredito que sim, auxiliou pois facilita que pessoas de

diferentes locais veja gatinho.

Qual o perfil dos participantes da ONG?

Mulheres de meia idade.

Como funciona a rotina de adoção de um animal?

Somos muito criteriosas, gostamos de saber se a pessoa que ficará com

gatinho terá condições de cuidar dele. Entrevistamos a pessoa para saber se

ela te condições financeiras e se o lugar para onde o animal vai ir é seguro.

Não costumamos doar para apartamentos não telados por exemplo. Caso a

pessoa conte que teve outro bichinho que fugiu ela não está apta para adotar

um novo gatinho na nossa concepção. Preferimos nos mesmas cuidar dele em

nossas casas que doar para alguém que só ira fazer esse gatinho sofrer. Afinal

ele já sofreu uma vez sendo abandonado ou nascendo na rua, eles precisam

de muito amor, carinho e atenção. Depois da entrevista caso a pessoa esteja

apta ela preenche um termo de compromisso e recebe um vale castração a

baixo custo e um vale primeira consulta. Tudo isso só é possível por termos a

Águia Agropecuária como nossa parceira. Muitos animais ficam expostos por lá

também.

Após a adoção é feito algum tipo de acompanhamento para saber se o

animal está em bem?

Gostaríamos muito de fazer isso mas não é viável, muitas pessoas que adotam

conosco trazem fotos e as vezes até o bichinho para vermos como ele está

bem, mas é o único tipo de acompanhamento.

Poderia contar um pouco da história do Movimento?

Começamos com um grupo de voluntárias há 12 anos, nos reuníamos e

trazíamos comidas para os gatos que moravam no Parque Farroupilha. Nesta

época não recebíamos o apoio de ninguém nem mesmo da Administração do

Parque. Com o passar do tempo a sociedade começou a reconhecer nosso

trabalho a ganhos este local ao lado da Administração para cuidar dos

gatinhos. Na época haviam muito mais animais que hoje pois estamos

castrando e cuidando deles. Hoje somos 5 voluntárias oficiais, nos revezamos

e viemos todas as manhãs dar comida e cuidar dos animais que moram por

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aqui. Dependemos muito dos nossos parceiros para continuar a cuidar dos

gatos. Nas feiras tem muitos deles que trazem até cachorros para doar mas aí

não é com a gente, eles doam por conta deles, trabalhamos só com os

gatinhos.