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Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho
PROCESSO Nº TST-ARR-428-05.2010.5.06.0142
Firmado por assinatura digital em 22/04/2016 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP
2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
A C Ó R D Ã O
2ª Turma
GMJRP/lbm/pr/pa
AGRAVO DE INSTRUMENTO INTERPOSTO PELO
RECLAMANTE
INVALIDADE DE LAUDO PERICIAL.
A invocação genérica de violação do
artigo 5º, inciso LV, da Constituição
Federal de 1988, em regra e como ocorre
neste caso, não é suficiente para
autorizar o processamento do recurso de
revista com base na previsão da alínea
“c” do artigo 896 da CLT, na medida em
que, para sua constatação, seria
necessário concluir, previamente, ter
havido ofensa a preceito
infraconstitucional. Divergência
jurisprudencial não caracterizada,
porquanto o único aresto indicado como
paradigma não atende aos pressupostos
de admissibilidade exigidos na Súmula
nº 337, item IV, letra “c”, do Tribunal
Superior do Trabalho.
Agravo de instrumento desprovido.
EMPREGADO COMISSIONISTA. HORAS EXTRAS.
SÚMULA Nº 340 DO TRIBUNAL SUPERIOR DO
TRABALHO.
A tese do autor, no sentido de que não
seria aplicável a Súmula nº 340 do TST
mediante o argumento apenas de que na
jornada extraordinária não realizava
vendas, não subsiste. Ressalta-se que a
incidência do referido verbete sumular
não se restringe ao período específico
em que são realizadas as vendas, uma vez
que deve considerar a jornada de
trabalho como um todo. Na verdade, a
forma de cálculo das horas extras nela
prevista depende da forma de
remuneração do empregado. Intacta,
portanto, a Súmula nº 340 do Tribunal
Superior do Trabalho.
Os arestos indicados como paradigmas
não servem à caracterização da
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divergência jurisprudencial suscitada,
porquanto se referem à tese já
ultrapassada pela atual e iterativa
jurisprudência desta Corte Superior,
nos termos do artigo 896, § 7º, da CLT
e da Súmula nº 333 do Tribunal Superior
do Trabalho.
Agravo de instrumento desprovido.
ACÚMULO DE FUNÇÕES.
Inviável o processamento do recurso de
revista com base em divergência
jurisprudencial, tendo em vista que os
arestos indicados como paradigmas estão
em desacordo com as Súmulas nº 296, item
I, e 337, item IV, letra “c”, do Tribunal
Superior do Trabalho.
Agravo de instrumento desprovido.
AQUISIÇÃO DE MERCADORIAS DA EMPRESA.
CUMPRIMENTO DE METAS. AUSÊNCIA DE
PROVAS DE COAÇÃO E PREJUÍZO. ÔNUS DA
PROVA.
No caso, nos termos do acórdão regional,
não foram apresentadas provas acerca da
imposição por parte da reclamada para
compras de mercadorias, a fim de
cumprimento de metas. O Regional
decidiu a controvérsia com base no
entendimento consignado pela Corte em
outro processo, no qual se firmou a tese
de que, tendo em vista o pagamento de
prêmios e comissões ao empregado, não
seria possível presumir que este
tivesse sido coagido pela empresa a
adquirir os produtos. Com efeito,
considerando que o autor não se
desincumbiu do ônus de comprovar fato
constitutivo do direito postulado, não
há falar em afronta o artigo 818 da CLT.
Precedentes. Divergência
jurisprudencial não caracterizada, uma
vez que os arestos colacionados são
incompatíveis com a alínea “a” do artigo
896 da CLT.
Agravo de instrumento desprovido.
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RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA
RECLAMADA
ARGUIÇÃO DE NULIDADE DA SENTENÇA POR
JULGAMENTO EXTRA PETITA
No caso, o autor postulou o pagamento de
horas extras, mediante o argumento de
que, embora tivesse sido contratado
para o exercício de atividade externa,
tinha a jornada de trabalho controlada
pela empresa, o que inviabilizaria a
aplicação do artigo 62, inciso I, da CLT
ao caso dos autos. A previsão formal
acerca da contratação do empregado nos
moldes do artigo 62, inciso I, da CLT,
por si só, não tem o condão de afastar
o direito às horas extras, quando
comprovado, no caso concreto, o
controle de jornada e a prestação de
labor extraordinário. Assim, o exame do
pedido de horas não depende de prévio
pedido expresso acerca da declaração de
nulidade do contrato de trabalho, uma
vez que prevalece no direito do trabalho
o princípio da primazia da realizada
sobre a forma. Ademais, nos termos do
artigo 840, § 1º, da CLT, a reclamação
trabalhista deverá conter uma breve
exposição dos fatos e o pedido, cabendo
ao julgador fazer a necessária
subsunção dos fatos à norma, com a
condenação no principal e acessórios
legais, como ocorreu na hipótese.
Incólumes os artigos 128 e 460 do Código
de Processo Civil. Divergência
jurisprudencial não caracterizada,
pois os arestos indicados como
paradigmas são oriundos de órgão
incompatível com a hipótese prevista na
alínea “a” do artigo 896 da CLT.
Recurso de revista não conhecido.
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ENQUADRAMENTO SINDICAL E DIFERENÇAS
SALARIAIS
No caso, conforme o contexto fático
delineado pelo Regional, a atividade
econômica preponderante desenvolvida
pela empresa reclamada consistia na
produção de bebidas e que a
comercialização de bebida era atividade
secundária. Além disso, constou
expressamente da fundamentação do
julgado a quo que o autor não era
integrante de categoria profissional
diferenciada. Rever a conclusão do
Tribunal de origem a respeito da
atividade econômica preponderante
exercida pela reclamada, e de que o
autor não integrava categoria
profissional diferenciada, demandaria
o revolvimento de fatos e provas,
providência não permitida nesta
instância recursal de natureza
extraordinária, ante o óbice previsto
na Súmula nº 126 do Tribunal Superior do
Trabalho. Considerando, portanto, as
premissas fáticas consignadas no
acórdão regional, a aplicação das
normas coletivas oriundas do SINDBEB/PE
ao contrato de trabalho do autor não
contraria a Súmula nº 374 do Tribunal
Superior do Trabalho. Divergência
jurisprudencial não caracterizada, nos
termos da Orientação Jurisprudencial nº
111 da SBDI-1 do Tribunal Superior do
Trabalho.
Recurso de revista não conhecido.
HORAS EXTRAS. ATIVIDADE EXTERNA.
EXISTÊNCIA DE CONTROLE DE JORNADA.
No caso, conforme consta do acórdão
regional, embora o autor exercesse
atividade externa, havia controle e
fiscalização da sua jornada de
trabalho. Em razão disso, o Tribunal a
quo concluiu pela impossibilidade de
aplicação do artigo 62, inciso I, da CLT
ao caso dos autos.
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Ressalta-se que, para se chegar a
conclusão diversa da do Regional,
acerca da existência de controle da
jornada de trabalho, seria necessário o
revolvimento de fatos e provas,
providência não permitida nesta
instância recursal de natureza
extraordinária, ante o óbice previsto
na Súmula nº 126 do Tribunal Superior do
Trabalho. Com efeito, considerando a
premissa fática consignada nos autos,
no sentido de que o autor exercia
atividade externa com controle de
jornada pela empresa, a condenação ao
pagamento de horas extras não afronta o
artigo 62, inciso I, da CLT. Divergência
jurisprudencial não caracterizada,
ante a ausência de especificidade dos
arestos indicados como paradigmas, nos
termos da Súmula nº 296, item I, do
Tribunal Superior do Trabalho.
Recurso de revista não conhecido.
LABOR AOS DOMINGOS E FERIADOS.
PAGAMENTO EM DOBRO.
No caso, conforme já explicitado, ficou
comprovado que o autor, embora
exercesse atividade externa, tinha
controle e fiscalização da sua jornada
de trabalho pela empresa reclamada,
sendo inaplicável ao caso dos autos o
artigo 62, inciso I, da CLT. Com efeito,
torna-se inócua a indicação de ofensa ao
artigo 62, inciso I, da CLT, porquanto
não trata da controvérsia específica
dos autos acerca do pagamento em dobro
dos domingos e feriados trabalhados,
notadamente quando já ultrapassado o
exame do tema referente ao pagamento de
horas extras. Por outro lado, uma vez
que ficou efetivamente provado o labor
em domingos e feriados sem a devida
folga compensatória ou contraprestação
pecuniária, conforme asseverou o
Tribunal Regional com base em prova
testemunhal, é irrelevante o
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questionamento sobre a quem caberia
fazer a prova. Incólume o artigo 818 da
CLT.
Recurso de revista não conhecido.
INTERVALO INTRAJORNADA. CONCESSÃO
PARCIAL. NATUREZA JURÍDICA.
Nos termos da Súmula nº 437, item I, do
TST (antiga Orientação Jurisprudencial
nº 307 da SBDI-1 desta Corte), a não
concessão total ou parcial do intervalo
intrajornada mínimo para repouso e
alimentação implica o pagamento total
do período correspondente, com
acréscimo de, no mínimo, 50% do valor da
remuneração da hora normal de trabalho
(artigo 71 da CLT). Dessa forma, abolido
parte do intervalo destinado ao repouso
e à alimentação do empregado, deve ser
pago a ele, como extra, todo o período
mínimo assegurado por lei, com
adicional de horas extraordinárias, e
não apenas o período remanescente.
Ademais, encontra-se pacificado, no
âmbito desta Corte, nos termos da
Orientação Jurisprudencial nº 354 da
SBDI-1 desta Corte, convertida na
Súmula nº 437, item III, o entendimento
de que a parcela paga a esse título
possui natureza salarial,
repercutindo, portanto, no cálculo das
demais verbas salariais.
Recurso de revista não conhecido.
INTERVALO INTERJORNADA. CONCESSÃO
PARCIAL.
Nos termos do acórdão regional, a
empresa não observou o intervalo
interjornada previsto no artigo 66 da
CLT. Cumpre salientar que somente é
importante perquirir a quem cabe o ônus
da prova quando não há prova de fato
controvertido nos autos, arguido por
qualquer das partes. Assim, uma vez que
ficou efetivamente provada a concessão
apenas parcial do intervalo
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interjornada, conforme asseverou o
Tribunal Regional, é irrelevante o
questionamento sobre a quem caberia
fazer a prova. Portanto, nessa
hipótese, não há reconhecer ofensa ao
artigo 818 da CLT. Por outro lado, a
matéria em discussão acerca dos efeitos
da concessão parcial do intervalo
interjornada encontra-se pacificada no
âmbito desta Corte, nos termos da
Orientação Jurisprudencial nº 355 da
SBDI-1, in verbis: “INTERVALO
INTERJORNADAS. INOBSERVÂNCIA. HORAS
EXTRAS. PERÍODO PAGO COMO
SOBREJORNADA. ART. 66 DA CLT. APLICAÇÃO
ANALÓGICA DO § 4º DO ART. 71 DA CLT (DJ
14.03.2008). O desrespeito ao intervalo mínimo
interjornadas previsto no art. 66 da CLT acarreta, por
analogia, os mesmos efeitos previstos no § 4º do art. 71
da CLT e na Súmula nº 110 do TST, devendo-se pagar a
integralidade das horas que foram subtraídas do
intervalo, acrescidas do respectivo adicional”. Com efeito, o pagamento de hora extra,
decorrente da concessão apenas parcial
do intervalo interjornada, com natureza
salarial, está em consonância com a
iterativa, notória e atual
jurisprudência do Tribunal Superior do
Trabalho, consubstanciada na
Orientação Jurisprudencial nº 355 da
SBDI-1 e da Súmula nº 437 do Tribunal
Superior do Trabalho, o que afasta a
alegação de ofensa ao artigo 884 do
Código Civil. Os artigos 62, inciso I,
da CLT e 7º, inciso XIII, da
Constituição da República não
impulsionam o conhecimento do recurso
de revista, pois inespecíficos em
relação à controvérsia examinada neste
tema. Divergência jurisprudencial não
caracterizada, nos termos do artigo
896, § 7º, da CLT e da Súmula nº 333 do
Tribunal Superior do Trabalho.
Recurso de revista não conhecido.
REFLEXOS DAS HORAS EXTRAS.
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Decisão Regional proferida em
consonância com a Súmula n° 172 do TST.
Ademais, não houve determinação de que
o repouso remunerado já majorado pelas
horas extras deveria repercutir nos
cálculos das férias e do aviso-prévio.
Recurso de revista não conhecido.
DIFERENÇAS DE COMISSÕES E PREMIAÇÕES
No caso, conforme evidenciado no
acórdão regional, as normas que
disciplinavam o pagamento de prêmios e
comissões aos empregados eram obscuras,
e, portanto, inservíveis para avaliação
acerca da regularidade da quitação das
referidas parcelas ao autor. Além
disso, constou do acórdão regional que
os contracheques apresentados não
tinham informações suficientes que
pudessem esclarecer se os prêmios e
comissões pagas ao autor estavam em
conformidade com o anteriormente
pactuado. Ressalta-se que, ao contrário
do que sustenta a reclamada, não seria
razoável exigir do autor a comprovação
de que não recebeu corretamente os
prêmios e comissões pactuados, uma vez
que consistiria em prova de fato
negativo. Ademais, com base no
princípio da aptidão para a produção de
prova, era a empresa reclamada quem
detinha os meios necessários para
infirmar as alegações do autor e
comprovar a regular quitação das
comissões e prêmios pactuados.
Incólumes os artigos 818 da CLT e 333 do
Código de Processo Civil. Divergência
jurisprudencial não caracterizada,
ante a ausência de especificidade dos
arestos indicados como paradigmas, nos
termos da Súmula nº 296, item I, do
Tribunal Superior do Trabalho.
Recurso de revista não conhecido.
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TÍQUETE-REFEIÇÃO. NATUREZA JURÍDICA
SALARIAL. INTEGRAÇÃO NO CÁLCULO DAS
DEMAIS VERBAS DE NATUREZA SALARIAL.
No caso, ao contrário do que sustenta a
reclamada, consta expressamente do
acórdão regional que não há provas
acerca da adesão da reclamada ao PAT ou
da existência de normas coletivas que
confiram natureza indenizatória ao
tíquete-refeição. A invocação genérica
de violação do artigo 5º, inciso II, da
Constituição Federal de 1988, em regra
e como ocorre neste caso, não é
suficiente para autorizar o
conhecimento deste recurso com base na
previsão da alínea “c” do artigo 896 da
CLT, na medida em que, para sua
constatação, seria necessário
concluir, previamente, ter havido
ofensa a preceito infraconstitucional.
Divergência jurisprudencial não
caracterizada, ante a ausência de
especificidade dos arestos indicados
como paradigmas, nos termos da Súmula nº
296, item I, do Tribunal Superior do
Trabalho.
Recurso de revista não conhecido.
MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT. PAGAMENTO A
MENOR DAS VERBAS RESCISÓRIAS, EFETUADO
NO PRAZO LEGAL À ÉPOCA DA RESCISÃO
CONTRATUAL. PENALIDADE INDEVIDA.
Prevê o artigo 477 da CLT que o não
pagamento das verbas rescisórias no
prazo de dez dias, previsto no § 6º,
enseja o pagamento da multa, consoante
o disposto no seu § 8º. Não há previsão
legal para a incidência da multa em
questão, na hipótese de existência de
diferenças sobre as parcelas
rescisórias, a não ser se evidenciado
abuso por parte do empregador. Assim, se
a reclamada efetuou o pagamento das
parcelas rescisórias que razoavelmente
entendia devidas ao reclamante dentro
do prazo legal, não pode ser condenada
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ao pagamento da multa. Em se tratando de
norma punitiva, como é o caso da multa
pelo atraso do pagamento das verbas
rescisórias, deve essa ser interpretada
restritivamente, ou seja, dentro dos
estritos termos da lei, que não abrange
a hipótese da simples existência de
diferenças de parcelas rescisórias
pagas dentro do prazo legal.
Recurso de revista conhecido e provido.
MULTA DO ARTIGO 475-J DO CÓDIGO DE
PROCESSO CIVIL. INAPLICABILIDADE AO
PROCESSO DO TRABALHO.
Esta Corte, com ressalva do
entendimento do Relator, tem decidido
pela inaplicabilidade do artigo 475-J
do CPC ao processo do trabalho, ante a
existência de previsão legislativa
expressa na CLT sobre o tema, porquanto
os artigos 880 e 883 da CLT regulam o
procedimento referente ao início da
fase executória do julgado, sem
cominação de multa pelo não pagamento
espontâneo das verbas decorrentes da
condenação judicial, motivo por que sua
aplicação acarretaria ofensa ao devido
processo legal, de que trata o artigo
5º, inciso LIV, da Constituição
Federal.
Recurso de revista conhecido e provido.
MULTA PELA INTERPOSIÇÃO DE EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO PROTELATÓRIOS.
No caso, a reclamada, de fato, interpôs
embargos de declaração com o nítido
intuito apenas de provocar a
rediscussão do entendimento adotado
pelo Regional, acerca da condenação,
sem, contudo, indicar precisamente
pontos que ficaram omissos e que seriam
essenciais ao deslinde da controvérsia.
A reclamada limitou-se a questionar
nova manifestação sobre os artigos 128,
333 e 460 do Código de Processo Civil,
62 e 818 da CLT e 5º da Constituição da
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República, além da alegação de
enriquecimento ilícito, nos termos do
artigo 884 do Código Civil.
Todavia, os referidos questionamentos
foram exaustivamente examinados pelo
Tribunal Regional, motivo pelo qual se
constata a desnecessidade dos embargos
de declaração interpostos. Por
conseguinte, se inexistia razão para a
interposição dos embargos de
declaração, a aplicação da multa não
afrontou o disposto no artigo 5º,
incisos LIV e LV, e 93, inciso IX, da
Constituição Federal, uma vez que o
artigo 538, parágrafo único, do Código
de Processo Civil, dispõe que a
cominação da citada sanção consiste em
faculdade atribuída pela lei ao
julgador, a quem compete zelar pelo bom
andamento do processo. Divergência
jurisprudencial, pois inservíveis os
arestos indicados como paradigmas, à
luz do artigo 896, alínea “a”, da CLT.
Recurso de revista não conhecido.
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso
de Revista com Agravo n° TST-ARR-428-05.2010.5.06.0142, em que é
Agravante e Recorrido BRUNO BETHOVEEN DA SILVA e Agravada e Recorrente
PRIMO SCHINCARIOL INDÚSTRIA DE CERVEJAS E REFRIGERANTES DO NORDESTE S.A.
O Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região rejeitou
a preliminar de nulidade da sentença por julgamento extra petita, arguida
pela reclamada, mediante o fundamento de que a apreciação do pedido de
horas extras não depende da prévia anulação do contrato de trabalho, uma
vez que compete ao magistrado a subsunção dos fatos à norma legal, em
razão do princípio da primazia da realizada.
No mérito, o Tribunal a quo negou provimento ao recurso
ordinário interposto pela reclamada, mantendo a sentença no tocante ao
enquadramento sindical do autor ao SINDBEB/PE, fundamentado que a
atividade preponderante da empresa consiste na produção de bebidas.
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Assentou-se que a comercialização das bebidas
produzidas pela reclamada consiste em atividade secundária, não tendo
o condão de afastar o enquadramento do autor ao SINDBEB/PE.
Em razão disso, o Regional considerou que, mesmo o
autor tendo sido contratado para a atividade de vendas, não se enquadra
como integrante de categoria profissional diferenciada.
O Regional manteve a condenação da reclamada ao
pagamento de horas extras, com o fundamento de que o autor, embora
exercesse atividade externa, tinha sua jornada de trabalho controlada
pela empresa, motivo pelo qual não seria aplicável o artigo 62, inciso
I, da CLT.
Foram mantidos os reflexos das horas extras sobre o
repouso semanal remunerado, o aviso-prévio e as férias.
Além das horas extras decorrentes de labor
extraordinário, a Corte de origem manteve a condenação ao pagamento em
dobro dos domingos e feriados trabalhados e das horas extras
intervalares, em razão da concessão apenas parcial dos intervalos
intrajornada e interjornada.
O Tribunal a quo concluiu que a reclamada não se
desincumbiu do ônus de comprovar a regular quitação dos prêmios e
comissões pactuados, motivo pelo qual manteve a condenação ao pagamento
de diferenças das referidas parcelas, além de reafirmar o seu caráter
salarial.
Em consequência, determinou-se a integração do
tíquet-refeição no cálculo das demais verbas de natureza salarial.
A Corte de origem concluiu pela manutenção da multa
prevista no artigo 477, § 8º, da CLT, em razão do pagamento a menor das
verbas rescisórias. Também foi mantida a multa prevista no artigo 475-J
do Código de Processo Civil, por considera-la compatível com o processo
trabalhista.
Por outro lado, o recurso ordinário da reclamada foi
provido no tocante ao tema do acúmulo de funções para, reformando a
sentença, reconhecer que todas as atividades exercidas pelo autor eram
compatíveis com a função de vendedor para qual foi contratado.
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Em consequência, o Regional excluiu da condenação o
pagamento de diferenças salariais, decorrente do suposto acúmulo de
função.
A sentença também foi reformada para afastar a
condenação quanto à restituição de valores correspondentes à aquisição
de mercadorias pelo autor, supostamente adquiridas para cumprimento de
metas na empresa, ao fundamento de que este não se desincumbiu do ônus
de comprovar ter sofrido coação por parte da empresa, nem prejuízos
financeiros.
Ao examinar o recurso ordinário interposto pelo autor,
o Regional rejeitou a preliminar de nulidade do laudo pericial juntado
aos autos, para fins de apuração de eventual doença ocupacional.
Na sequência, o Regional negou provimento ao recurso
do autor, mantendo a sentença no tocante a aplicação da Súmula nº 340
do Tribunal Superior do Trabalho para o cálculo das horas extras, uma
vez que este recebe remuneração mista, parte em salário fixo e parte em
comissões.
Quanto ao tíquete-refeição, o Regional deu provimento
ao recurso ordinário interposto pelo autor para, reformando a sentença,
reconhecer a sua natureza salarial, ante a ausência de provas da adesão
da reclamada ao Programa de Alimentação do Trabalhador – PAT, e da
inexistência de norma coletiva dispondo acerca da natureza jurídica
indenizatória.
As partes interpuseram embargos de declaração, os
quais foram rejeitados (págs. 1108-1116).
O Regional condenou a reclamada ao pagamento de multa
de 1% sobre o valor da causa, por considerar que os embargos de declaração
foram interpostos com intuito manifestamente protelatório, nos termos
do parágrafo único do artigo 538 do Código de Processo Civil.
A reclamada interpõe recurso de revista às págs.
1.166-1.278, no qual sustenta, inicialmente, a nulidade da sentença,
mediante o argumento de que a condenação ao pagamento de horas extras,
com a desconsideração do que foi pactuado no contrato de trabalho, sem
que tenha havido pedido expresso do autor a respeito da nulidade
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contratual, configura julgamento extra petita, em desacordo com os
artigos 128 e 460 do Código de Processo Civil, e 62, inciso I, da CLT.
Além disso, colaciona arestos para caracterização de
divergência jurisprudencial.
A reclamada insurge-se contra o enquadramento
sindical do autor no SINDBEB/PE, assim como quanto às diferenças
salariais deferidas em razão das normas coletivas oriundas da referida
entidade sindical, com a alegação de que exercia atividade de vendas,
e, portanto, seria integrante de categoria profissional diferenciada.
Indica, assim, violação do artigo 611 da CLT e
contrariedade ao disposto na Súmula nº 374 do Tribunal Superior do
Trabalho. Argui divergência jurisprudencial.
Sobre a condenação ao pagamento de horas extras, a
reclamada aponta violação dos artigos 62, inciso I, da CLT e 7º, inciso
XIII, da Constituição da República, sob a alegação de que o autor exercia
atividade externa incompatível com o controle de jornada.
A recorrente ainda transcreve arestos para
caracterização de divergência jurisprudencial.
A respeito da condenação ao pagamento em dobro dos
domingos e feriados, a reclamada limita-se a indicar violação do artigo
62, inciso I, da CLT.
Insurge-se contra a condenação de hora extra,
decorrente da concessão parcial do intervalo intrajornada, com base na
alegação apenas de que o autor não se desincumbiu do ônus de comprovar
que usufruiu apenas 30 minutos de descanso, em afronta ao artigo 818 da
CLT.
Foi indicada ofensa ao artigo 5º, caput, da
Constituição da República, além da arguição de divergência
jurisprudencial.
Em relação à hora extra, decorrente da concessão
parcial do intervalo interjornada, a recorrente insiste na tese de
violação do artigo 62, inciso I, da CLT e que o autor não teria comprovado
a restrição do referido intervalo, em desacordo com o artigo 818 da CLT.
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A reclamada questiona o caráter salarial conferido à
hora extra intervalar, mediante o argumento de que afronta o artigo 884
do Código Civil.
Indica, ainda, violação do artigo 7º, inciso XIII, da
Constituição da República e colaciona arestos para caracterização de
divergência jurisprudencial.
No tocante aos reflexos de horas extras, a reclamada
indica violação dos artigos 62, inciso I, da CLT, 5º, inciso II, e 7º,
inciso XIII, da Constituição da República, contrariedade à Orientação
Jurisprudencial nº 394 da SBDI-1 do Tribunal Superior do Trabalho, e
suscita divergência jurisprudencial.
A reclamada insurge-se contra a condenação ao
pagamento de diferenças de prêmios e comissões, alegando que caberia ao
autor comprovar a irregularidade quanto ao pagamento das referidas
parcelas, ônus do qual não se desincumbiu, em afronta aos artigos 818
da CLT e 333 do Código de Processo Civil.
Indica, ainda, violação do artigo 5º, inciso II, da
Constituição da República e colaciona arestos para caracterização de
divergência jurisprudencial.
A respeito da natureza jurídica salarial do
tíquete-refeição, a reclamada indica apenas violação do artigo 5º, inciso
II, da Constituição da República e divergência jurisprudencial.
A reclamada argumenta que a condenação ao pagamento
da referida multa em razão apenas do pagamento a menor das verbas
rescisórias, decorrente do reconhecimento de parcelas deferidas em
juízo, importa em má aplicação do artigo 477, § 8º, da CLT. Diverge da
jurisprudência dominante.
Em relação ao pagamento da multa prevista no artigo
475-J do Código de Processo Civil, aponta violação do artigo 5º, inciso
II, da Constituição da República e argui divergência jurisprudencial.
Por fim, questiona a condenação ao pagamento da multa
prevista no artigo 538, parágrafo único, do Código de Processo Civil,
afirmando que os embargos de declaração não foram interpostos com intuito
protelatório.
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Para tanto, indica violação dos artigos 5º, incisos
II, III, LIV, e LV, e 93, inciso IX, da Constituição da República, e
colaciona arestos para caracterização de divergência jurisprudencial.
O reclamante interpôs recurso de revista às págs.
1.118-1.158, o qual não foi admitido, em razão do disposto na Súmula nº
126 do Tribunal Superior do Trabalho.
Interpõe agravo de instrumento às págs. 1.308-1.350,
no qual o autor reitera a tese de invalidade de laudo pericial elaborado
por fisioterapeuta e não por médico traumatologista, com o argumento de
que o profissional de fisioterapia não teria conhecimento suficiente para
avaliar os danos oriundos de acidente de trabalho.
Para tanto, repisa a alegação de ofensa 5º, inciso LV,
da Constituição da República e de divergência jurisprudencial.
O reclamante reitera a tese de que não seria possível
a aplicação da Súmula nº 340 para o cálculo das horas extras, mediante
a alegação de que, durante o sobrelabor realizava apenas atividades
burocráticas e não vendas.
Nesse contexto, repisa a alegação de má aplicação da
Súmula nº 340 do Tribunal Superior do Trabalho e a arguição de divergência
jurisprudencial.
Renova a insurgência contra o indeferimento do pedido
acerca do reconhecimento do acúmulo de funções, com base apenas em
divergência jurisprudencial.
Sustenta novamente que a absolvição da reclamada
quanto à restituição dos valores pagos pelas mercadorias compradas com
o intuito de cumprir metas afronta o artigo 818 da CLT do Código de
Processo Civil, afirmando que comprovou, sim, a imposição da reclamada
quanto à imposição por parte da reclamada.
Afirma que, “ao contrário do que entendeu o MM. Juízo de 2º grau,
restou totalmente provado pelas testemunhas nas diversas provas documentais, juntada aos autos, a
compra de produtos imposta pela empresa para atingir as metas” (pág. 1.330).
Repisa, ainda, a arguição de divergência
jurisprudencial.
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A reclamada apresentou contraminuta ao agravo de
instrumento e contrarrazões ao recurso de revista interpostos pelo autor,
respectivamente, às págs. 1.358-1.368 e 1.374-1.404.
Não houve remessa dos autos ao Ministério Público do
Trabalho, ante o disposto no artigo 83 do Regimento Interno do Tribunal
Superior do Trabalho.
É o relatório.
V O T O
AGRAVO DE INSTRUMENTO INTERPOSTO PELO RECLAMANTE
A Desembargadora Vice-Presidente do Tribunal Regional
do Trabalho da 6ª Região denegou seguimento ao recurso de revista
interposto pelo autor, com fundamento na Súmula nº 126 do Tribunal
Superior do Trabalho.
Eis o teor da decisão agravada:
“RECURSO DE: BRUNO BETHOVEEN DA SILVA
PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
Trata-se de recurso de revista interposto contra acórdão proferido em
julgamento de recurso ordinário.
O apelo é tempestivo (decisão de embargos de declaração publicada
em 29/03/2012 - fl. 561-V - e apresentação da petição em 07/03/2012 - fl.
562).
A representação processual está regularmente demonstrada (fl. 52).
Desnecessário o preparo.
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
REMUNERAÇÃO, VERBAS INDENIZATÓRIAS E BENEFÍCIOS /
SALÁRIO / DIFERENÇA SALARIAL
REMUNERAÇÃO, VERBAS INDENIZATÓRIAS E BENEFÍCIOS /
DESCONTOS SALARIAIS - DEVOLUÇÃO
DURAÇÃO DO TRABALHO / ADICIONAL DE HORA EXTRA
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / ATOS
PROCESSUAIS / NULIDADE
Alegação(ões):
- violação do artigo 5º, LV, da Constituição da República; e
- violação do artigo 818 da CLT.
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- divergência jurisprudencial.
A parte recorrente suplica o pagamento de diferença salarial decorrente
do acúmulo de função comprovado, bem como da devolução dos valores
gastos com a compra de produtos. Afirma que o acórdão não poderá ser
confirmado quanto à aplicação da Súmula 340 do TST, para determinar a
forma de cálculo das horas extras, porquanto labor em sobrejornada ocorria
internamente. Pugna pela declaração de nulidade da perícia ordenada pelo
Juízo de origem, por considerar 'absurda' a conclusão da profissional
responsável por sua elaboração, tamanho o descaso na análise dos elementos
que revelariam a origem e o desenvolvimento de sua enfermidade. Sustenta
que houve prova do nexo de causalidade entre a doença e os serviços
prestados à demandada, e, após tecer considerações sobre as falhas
cometidas pela mencionada perita, pede a nulidade do laudo acostado aos
autos, bem como a reabertura da instrução processual, a fim de ser
determinada a produção de uma nova prova técnica.
Do acórdão impugnado extraio os seguintes fragmentos (fls. 533-538):
‘(...)
Na hipótese, todas as atividades realizadas se enquadravam
no perfil profissional do vendedor, sobretudo porque ele tinha
pleno conhecimento, desde a admissão, que havia algumas
tarefas paralelas a cumprir em sua rotina laboral, não se podendo
afirmar que isto lhe trazia qualquer tipo de prejuízo.
Consequentemente, voto pelo provimento parcial do
recurso, a fim de excluir da condenação as diferenças salariais e
reflexos, resultantes do acúmulo funcional.
(...)
Ora, sendo pagos prêmios aos vendedores no caso de
atingimento das metas que lhes eram fixadas, foge à lógica
acreditar que a empresa ré forçasse seus empregados a adquirir
seus produtos, às suas próprias expensas, no valor médio de R$
200,00 se, como afirmado pela referida testemunha, o alcance
das metas ensejariam o pagamento de prêmios em montante que
variava de R$ 500,00 a R$ 700,00.
Logo, além de não haver prova nos autos que demonstre
como se dava, efetivamente, a imposição alegada, ficou
evidenciado pelo depoimento da testemunha apresentada pelo
postulante que o procedimento de comprar mercadorias para
alcançar metas trariam benefícios exclusivamente aos
vendedores, não havendo, portanto, como se reconhecer como
verdadeira a tese obreira.
(...)
Na hipótese, a perita consultou os diversos laudos médicos
e exames acostados aos autos, e ainda procedeu a uma avaliação
funcional do reclamante, identificando que ele ainda sentia dores
em determinadas áreas dos membros superiores. Porém, após
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historiar a doença e questionar o autor acerca das atividades
realizadas na execução do contrato de trabalho, concluiu pela
inexistência de nexo etiológico entre a doença e as suas
atividades profissionais. Em suas considerações técnicas, jamais
a expert nomeada pelo Juízo de origem invadiu a competência
dos profissionais da medicina, tendo se limitado a interpretar os
exames médicos e a fazer averiguações próprias da sua área de
conhecimento.
À vista dessas considerações, rejeito a preliminar de
nulidade processual suscitada pelo recorrente, por entender que
não há razões a justificar a declaração de invalidade do laudo
pericial, com a determinação de retorno dos autos à instância
inferior, a fim de ser realizado um novo exame técnico.
(...)
Quanto à aplicação da Súmula 340 do TST, deverá a
decisão ser inteiramente confirmada, porquanto houve provas de
que o reclamante recebia salário misto, existindo em seu
complexo remuneratório uma parcela variável, referente a
comissões. Logo, entendo que o raciocínio sumulado neste
verbete deve ser aplicado à hipótese, razão pela qual as alegações
recursais devem ser inteiramente rechaçadas, inclusive a de que
o trabalho em sobrejornada era prestado na sede da empresa. Este
argumento é insuficiente para justificar a modificação do
posicionamento anteriormente expendido, já que o cômputo da
jornada extraordinária leva em consideração o total de horas
efetivamente laboradas, pouco importando se o acréscimo foi
originado em função do serviço executado no início ou no fim do
expediente’.
Ante esse quadro, não vislumbro a violação da supracitada norma
constitucional, vez que o julgamento decorreu da análise dos elementos
de convicção, sendo certo que a apreciação das alegações da parte
recorrente, como expostas, implicaria, necessariamente, o reexame de
fatos e provas. Tal procedimento encontra óbice na Súmula nº. 126 do
TST e inviabiliza a divergência jurisprudencial específica (Súmula nº.
296, item I, TST).
CONCLUSÃO
Ante o exposto, INDEFIRO o processamento do recurso de revista” (págs. 1.292-1.298).
Na minuta de agravo de instrumento, o autor reitera
a tese de invalidade de laudo pericial elaborado por fisioterapeuta, e
não por médico traumatologista, com o argumento de que o profissional
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de fisioterapia não teria conhecimento suficiente para avaliar os danos
oriundos de acidente de trabalho.
Para tanto, repisa a alegação de ofensa 5º, inciso LV,
da Constituição da República e a divergência jurisprudencial.
Reitera a tese de que não seria possível a aplicação
da Súmula nº 340 para o cálculo das horas extras, alegando que durante
o sobrelabor realizava apenas atividades burocráticas, e não vendas.
Nesse contexto, repisa a alegação de má aplicação da
Súmula nº 340 do Tribunal Superior do Trabalho e a arguição de divergência
jurisprudencial.
O reclamante renova a insurgência contra o
indeferimento do pedido acerca do reconhecimento do acúmulo de funções,
com base apenas em divergência jurisprudencial.
Sustenta novamente que a absolvição da reclamada
quanto à restituição dos valores pagos pelas mercadorias compradas com
o intuito de cumprir metas afronta o artigo 818 da CLT do Código de
Processo Civil porque comprovou a imposição da reclamada à realização
da compra de mercadorias.
Afirma que, “ao contrário do que entendeu o MM. Juízo de 2º grau,
restou totalmente provado pelas testemunhas nas diversas provas documentais, juntada aos autos, a
compra de produtos imposta pela empresa para atingir as metas” (pág. 1.330).
Repisa, ainda, a arguição de divergência
jurisprudencial.
Sem razão o autor, ora agravante.
No caso, o Tribunal a quo rejeitou a preliminar de
nulidade processual, por invalidade do laudo pericial elaborado por
fisioterapeuta, arguida pelo autor, por considerar que o profissional
de fisioterapia é capacitado para avaliar a capacidade ou incapacidade
funcional dos órgãos motores.
Assentou-se, ainda, que não o laudo pericial não
invadiu competências privativas dos profissionais de medicina.
A fundamentação do acórdão regional foi a seguinte:
“2. Da preliminar de nulidade processual, por invalidade do laudo
pericial acostado aos autos, suscitada pelo recorrente/reclamante:
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O recorrente/reclamante impugna a validade do laudo pericial de
fls. 316/321, por entender equivocada a conclusão apresentada pela
profissional que o elaborou, frisando que ela é fisioterapeuta, e não
médica traumatologista.
Todavia, as alegações recursais não merecem acolhida, porquanto
o principal objetivo do laudo técnico sob referência foi o de identificar a
relação de causalidade entre a enfermidade do autor e as atividades
desenvolvidas no curso do pacto laboral. O profissional da área de
fisioterapia, no seu âmbito de atuação, está apto a emitir pareceres que
indiquem o grau de capacidade ou incapacidade funcional dos órgãos
motores, assim como o comprometimento de outras partes do corpo
humano, em especial no que se refere à possibilidade de execução de
determinadas tarefas da rotina pessoal ou laboral.
Sobre a matéria, mostra-se oportuna a transcrição da seguinte ementa,
in verbis:
‘DOENÇA OCUPACIONAL - ESTABELECIMENTO
DE NEXO TÉCNICO - LAUDO PERICIAL REALIZADO
POR FISIOTERAPEUTA - POSSIBILIDADE - 1. Embora o
fisioterapeuta não tenha habilitação legal para diagnosticar
doenças, nenhum empecilho existe para que' ele seja designado
auxiliar do juízo e, através do trabalho pericial, analise os fatores
de risco, verifique os procedimentos preventivos adotados pela
empresa e, à luz das funções desenvolvidas e condições do
trabalho, estabeleça ou não um nexo técnico que justifique o
reconhecimento de uma doença ocupacional. 2. É que para a
fixação do nexo técnico exige-se outros conhecimentos
específicos, os quais não são privativos do médico, sendo de se
observar que o perito nomeado tem habilitação específica em
programas de prevenção contra as LERs e, por força de sua
formação profissional (fisioterapeuta) também tem
conhecimento específico acerca da mecânica dos movimentos e
sua influência no aparelho orteomuscular. 3. Reformulação
parcial de entendimento anteriormente manifestado (RO
0340/2001 - Ac. TP n. 2103/2001). (...)’ (TRT 24ª Região - RO
n° 0359/2002-021-24-00-7. Relator AMAURY RODRIGUES
PINTO JÚNIOR, 11.12.2003)’.
Na hipótese, a perita consultou os diversos laudos médicos e
exames acostados aos autos, e ainda procedeu a uma avaliação funcional
do reclamante, identificando que ele ainda sentia dores em
determinadas áreas dos membros superiores. Porém, após historiar a
doença e questionar o autor acerca das atividades realizadas na
execução do contrato de trabalho, concluiu pela inexistência de nexo
etiológico entre a doença e as suas atividades profissionais. Em suas
considerações técnicas, jamais a expert nomeada pelo Juízo de origem
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invadiu a competência dos profissionais da medicina, tendo se limitado
a interpretar os exames médicos e a fazer averiguações próprias da sua
área de conhecimento.
À vista dessas considerações, rejeito a preliminar de nulidade
processual suscitada pelo recorrente, por entender que não há razões a
justificar a declaração de invalidade do laudo pericial, com a
determinação de retorno dos autos à instância inferior, a fim de ser realizado
um novo exame técnico” (págs. 1.042-1.044, grifou-se).
O autor reitera a tese de invalidade de laudo pericial
elaborado por fisioterapeuta e não por médico traumatologista, com o
argumento de que o profissional de fisioterapia não teria conhecimento
suficiente para avaliar os danos oriundos de acidente de trabalho.
Para tanto, o agravante repisa a alegação de ofensa
5º, inciso LV, da Constituição da República e a divergência
jurisprudencial.
Todavia, a invocação genérica de violação do artigo
5º, inciso LV, da Constituição Federal de 1988, em regra e como ocorre
neste caso, não é suficiente para autorizar o processamento do recurso
de revista com base na previsão da alínea “c” do artigo 896 da CLT, na
medida em que, para sua constatação, seria necessário concluir,
previamente, ter havido ofensa a preceito infraconstitucional.
A divergência jurisprudencial suscitada não subsiste,
porquanto o único aresto indicado como paradigma, às págs. 1.316-1.320,
não atende aos pressupostos de admissibilidade exigidos na Súmula nº 337,
item IV, letra “c”, uma vez que não está claro quem é o órgão prolator
do acórdão se o Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região ou Turma do
Tribunal Superior do Trabalho, órgão incompatível com a hipótese prevista
no artigo 896, alínea “a”, da CLT.
O reclamante reitera a tese de que não seria possível
a aplicação da Súmula nº 340 para o cálculo das horas extras, mediante
o argumento de que, durante o sobrelabor realizava apenas atividades
burocráticas e não vendas.
Nesse contexto, repisa a alegação de má aplicação da
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O Tribunal a quo negou provimento ao recurso ordinário
interposto pelo autor, mantendo a sentença no tocante a aplicação da
Súmula nº 340 do Tribunal Superior do Trabalho para o cálculo das horas
extras, uma vez que este recebe remuneração mista, parte em salário fixo
e parte em comissões.
Na fração de interesse, a fundamentação do acórdão
regional foi a seguinte:
“RECURSO DA RECLAMANTE
1. Das alegações referentes à aplicação da Súmula 340 do TST:
Quanto à aplicação da Súmula 340 do TST, deverá a decisão ser
inteiramente confirmada, porquanto houve provas de que o reclamante
recebia salário misto, existindo em seu complexo remuneratório uma
parcela variável, referente a comissões. Logo, entendo que o raciocínio
sumulado neste verbete deve ser aplicado à hipótese, razão pela qual as
alegações recursais devem ser inteiramente rechaçadas, inclusive a de
que o trabalho em sobrejornada era prestado na sede da empresa. Este
argumento é insuficiente para justificar a modificação do
posicionamento anteriormente expendido, já que o cômputo da jornada
extraordinária leva em consideração o total de horas efetivamente
laboradas, pouco importando se o acréscimo foi originado em funcão do
serviço executado no início ou no fim do expediente.
Sobre a matéria, mostra-se oportuna a transcrição do aresto a seguir, in
verbis:
‘HORAS EXTRAS - COMISSIONISTA MISTO –
CÁLCULO - O reclamante exercia a função de pré-vendedor e
recebia salário misto, isto é, uma parte fixa e outra à base de
comissão, o que o enquadra na hipótese descrita pelo comando
jurisprudencial do C. TST, que parte do pressuposto de que as
horas extras do empregado comissionista já são remuneradas
com o pagamento de comissões sobre as vendas realizadas no
horário extraordinário. Assim sendo, entendo que a respeito da
base de cálculo da parcela, as horas extras devem ser apuradas
sobre a parte fixa, e sobre as comissões, apenas o adicional de
50% (cinquenta por cento), aplicando-se dessa forma, o que
estabelece o enunciado da Súmula nº 340, do Tribunal Superior
do Trabalho. (TRT 8ª R. - RO 4997/2002 – 2ª T. - Rel. Juiz José
Edílsimo Eliziário Bentes - J. 18.12.2002)’.
Recurso improvido” (págs. 1.068-1.070, grifou-se).
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O reclamante interpôs embargos de declaração, os quais
foram parcialmente acolhidos, apenas para esclarecimentos, sem contudo,
imprimir efeito modificativo, nos termos seguintes:
“EMBARGOS DO RECLAMANTE
Sinteticamente, afirma o embargante que, ao reconhecer a necessidade
de aplicação da Súmula 340 do TST à hipótese dos autos, o órgão julgador
não teria esclarecido se havia realização de vendas antes das 8h00 e depois
das 17h00.
De fato, analisando os fundamentos do acórdão embargado, nota-se
que a Turma realmente não se pronunciou explicitamente sobre as questões
que constituem o objeto do primeiro tópico abordado pelo embargante.
Portanto, reconheço a omissão sob enfoque e passo a me manifestar
sobre a matéria, esclarecendo que, ao contrário do afirmado na aludida
peça, é perfeitamente possível aplicar-se o disposto na Súmula 340 do
TST à hipótese dos autos, já que houve provas de que a sua
remuneração era composta por uma parte fixa e outra variável,
consistente nas comissões sobre vendas. Assim, na fase de liquidação,
bastará que se identifique como se dava essa composição, para que se
apure o exato valor das quantias devidas a título de horas extras. O fato
de o autor, supostamente, não realizar vendas no período de labor
excedente ao da jornada normal não traz dificuldades para esta
aferição, nem tampouco impossibilita a observância dos critérios
ditados no verbete sumular já referido. Logo, não há qualquer alteração
a ser feita neste ponto da decisão atacada.
Com estes esclarecimentos, esta instância revisora supre a omissão
apontada, acrescentando fundamentos ao acórdão, e cumpre integralmente a
prestação jurisdicional.
Assim, voto pelo acolhimento parcial dos embargos, para sanar
omissão e acrescer fundamentos ao acórdão, porém, sem lhe conferir efeito
modificativo” (págs. 1.110-1.112, grifou-se).
A Súmula nº 340 do Tribunal Superior do Trabalho
estabelece o seguinte:
“Súmula nº 340 do TST
COMISSIONISTA. HORAS EXTRAS (nova redação) - Res.
121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003.
O empregado, sujeito a controle de horário, remunerado à base de
comissões, tem direito ao adicional de, no mínimo, 50% (cinqüenta por
cento) pelo trabalho em horas extras, calculado sobre o valor-hora das
comissões recebidas no mês, considerando-se como divisor o número de
horas efetivamente trabalhadas”.
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No caso, constou expressamente do acórdão regional que
a remuneração do autor abrange uma parte fixa e uma parte variável,
correspondente às comissões decorrentes das vendas realizadas.
Com efeito, tendo em vista o caráter misto da
remuneração do autor, perfeitamente cabível a aplicação da Súmula nº 340
do Tribunal Superior do Trabalho ao caso dos autos, para o cálculo das
horas extras.
A tese do autor, no sentido de que não seria aplicável
a Súmula nº 340 do TST, alegando que apenas de que na jornada
extraordinária não realizava vendas, não subsiste.
Ressalta-se que a incidência do referido verbete
sumular não se restringe ao período específico em que são realizadas as
vendas, uma vez que deve considerar a jornada de trabalho como um todo.
Na verdade, a forma de cálculo das horas extras nela prevista depende
da forma de remuneração do empregado.
Desse modo, como muito bem pontuado pelo Regional, o
“cômputo da jornada extraordinária leva em consideração o total de horas efetivamente laboradas,
pouco importando se o acréscimo foi originado em função do serviço executado no início ou no fim do
expediente” (pág. 1.068).
Intacta, portanto, a Súmula nº 340 do Tribunal
Superior do Trabalho.
Os arestos indicados como paradigmas não servem à
caracterização da divergência jurisprudencial suscitada, visto que se
referem à discussão sobre a impossibilidade de aplicação da Súmula nº
340 do TST aos empregados comissionistas mistos, que consiste em tese
já ultrapassada pela atual e iterativa jurisprudência desta Corte
Superior, em razão do disposto na Orientação Jurisprudencial nº 397, item
I, da SBDI-1, nos termos do artigo 896, § 7º, da CLT e da Súmula nº 333
do Tribunal Superior do Trabalho.
O reclamante renova a insurgência contra o
indeferimento do pedido acerca do reconhecimento do acúmulo de funções,
com base apenas em divergência jurisprudencial.
O Tribunal a quo deu provimento ao recurso ordinário
interposto pela reclamada para, reformando a sentença, reconhecer que
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todas as atividades exercidas pelo autor eram compatíveis com a função
de vendedor para qual foi contratado.
Em consequência, o Regional excluiu da condenação o
pagamento de diferenças salariais, decorrente de acúmulo de função, nos
termos seguintes:
“7. Do acúmulo de função:
Aduz a recorrente que a sentença não poderá ser confirmada quanto ao
deferimento do pedido de diferenças salariais, resultantes de acúmulo de
funções, pelo autor.
Prospera o seu inconformismo em relação a este título. Não há provas
de que as atividades realizadas pelo autor fossem estranhas ao conjunto
de atribuições do cargo para o qual foi contratado. Em verdade, não
existe no ordenamento jurídico previsão para a contraprestação de
várias funções realizadas dentro da mesma jornada de trabalho para
um mesmo empregador, a menos que se mostrem incompatíveis com a
função originária, e que, pela sua complexidade, exijam maior
responsabilidade por parte do trabalhador.
Por oportuno, transcrevo as seguintes ementas:
‘RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO PELO
RECLAMANTE. PLUS SALARIAL POR ACÚMULO DE
FUNÇÕES. Não há, no ordenamento jurídico, previsão para a
contraprestação de várias funções realizadas, dentro da mesma
jornada de trabalho, para um mesmo empregador. Inteligência do
art. 456, parágrafo único, da CLT’ (TRT 4ª R.; RO 01637-
2007-461-04-00-9; Quinta Turma; Rel. Juíza Berenice Messias
Corrêa; Julg. 29/05/2008; DOERS 11/06/2008)’
‘DIFERENÇAS SALARIAIS. LABOR ÉM ACÚMULO
DE FUNÇÕES. Com relação ao acúmulo de funções, o
empregado somente faz jus ao pagamento de plus salarial nas
hipóteses de que a empresa detenha quadro de pessoal
organizado em carreiras, equiparação salarial ou previsão em
norma coletiva, quando acontecer de o empregador exigir do
empregado o exercício de tarefas alheias àquelas contratadas e
que sejam de maior complexidade ou ensejem maior
responsabilidade por parte do trabalhador. Na espécie, o
reclamante desempenhou as tarefas de entrega de medicamentos,
cobrança e recebimento de valores desde o início da
contratualidade, estando todas inseridas na função de motorista,
não havendo falar em pagamento de diferenças salariais, à luz do
disposto no artigo 456, parágrafo único, da CLT. Nega-se
provimento. (...)’ (TRT 4ª R.; RO 00851-2005-002-04-00-6;
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Sexta Turma; ReP Juíza Ana Rosa Pereira Zago Sagrilo; Julg.
21/05/2008; DOERS 02/06/2008’.
Reporto-me, ainda, ao teor do artigo 456, parágrafo único, da
CLT, vazado nos seguintes termos:
‘À falta de prova ou inexistindo cláusula expressa a tal
respeito, entender-se-á que o empregado se obrigou a todo e
qualquer Serviço compatível com a sua condição pessoal’.
Na hipótese, todas as atividades realizadas se enquadravam no
perfil profissional do vendedor, sobretudo porque ele tinha pleno
conhecimento, desde a admissão, que havia algumas tarefas paralelas a
cumprir em sua rotina laboral, não se podendo afirmar que isto lhe
trazia qualquer tipo de prejuízo.
Consequentemente, voto pelo provimento parcial do recurso, a fim de
excluir da condenação as diferenças salariais e reflexos, resultantes do
acúmulo funcional” (págs. 1.060-1.062, grifou-se).
Inviável o processamento do recurso de revista com
base em divergência jurisprudencial.
O primeiro aresto indicado como paradigma, à pág.
1.324, parte da premissa de que a função de motorista não abrange a função
de carga e descarga do caminhão, distinguindo-se da hipótese dos autos,
em que ficou expressamente consignado no acórdão recorrido que todas as
atividades exercidas pelo reclamante eram compatíveis com a função de
vendedor para qual foi contratado. Aresto inespecífico, nos termos da
Súmula nº 296, item I, do Tribunal Superior do Trabalho.
O segundo julgado, colacionado às págs. 1.326-1.328,
não serve à caracterização do dissídio, porquanto não atende aos
pressupostos de admissibilidade exigidos na Súmula nº 337, item IV, letra
“c”, ante a ausência de indicação do órgão prolator.
O autor sustenta novamente que absolvição da reclamada
quanto à restituição dos valores pagos pelas mercadorias compradas com
o intuito de cumprir metas afronta o artigo 818 da CLT do Código de
Processo Civil, mediante o argumento de que comprovou sim a imposição
da reclamada quanto à imposição por parte da reclamada.
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Afirma que “ao contrário do que entendeu o MM. Juízo de 2º grau, restou
totalmente provado pelas testemunhas nas diversas provas documentais, juntada aos autos, a compra de
produtos imposta pela empresa para atingir as metas” (pág. 1.330).
Repisa, ainda, a arguição de divergência
jurisprudencial.
O Tribunal a quo deu provimento ao recurso ordinário
interposto pela reclamada para, reformando a sentença, afastar a
condenação quanto à restituição de valores correspondentes à aquisição
de mercadorias pelo autor, supostamente adquiridas para cumprimento de
metas na empresa, com o fundamento de que este não se desincumbiu do ônus
de comprovar ter sofrido coação por parte da empresa, nem prejuízos
financeiros.
Na fração de interesse, a fundamentação do acórdão
regional foi a seguinte:
“6. Dos descontos indevidos e da aquisição de mercadorias:
Consta da inicial que, no curso do contrato de trabalho, o recorrente foi
obrigado a comprar produtos da empresa para atingir metas, em média, R$
300,00 por mês, totalizando R$ 3.900,00, bem assim que a empresa procedia
a descontos salariais provenientes de inadimplência dos clientes, sob a
rubrica ‘adiantamento de prêmio e adiantamento de comissão’.
Ao se defender, afirmou a reclamada que nunca obrigou o autor à
compra de mercadorias para que fossem atingidas as suas metas. Com
relação aos descontos salariais, confessa que ocorreram, porém, teriam
decorrido de adiantamentos de comissões e prêmios, confirmando que os
valores deduzidos referiram-se à inadimplência das vendas, provenientes de
cheques pré-datados.
Com relação ao primeiro argumento, entendo que a sentença
deverá ser modificada, pois cabia ao reclamante demonstrar que era
verdadeiramente ‘obrigado’ a comprar mercadorias da demandada,
não tendo sido trazido aos autos qualquer elemento que induza a esta
convicção. Em verdade, para atingir determinadas metas e ser
beneficiado com a percepção de prêmio, diversos dos vendedores
adquiriam mercadorias para uso próprio e ainda recebiam o prêmio
decorrente da venda, não partindo da reclamada recomendação neste
sentido. A matéria já chegou a ser apreciada em outros processos que
tramitam no âmbito deste Regional, a exemplo do RO nº 01721-
2005-011-06-00-0, relatado pelo Desembargador Valdir Carvalho, que
teceu as seguintes considerações sobre a matéria, in verbis:
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2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
‘Sob o fundamento de que a empresa reclamada obrigava
seus vendedores a comprar determinados produtos para atingir as
metas fixadas e que para tal fim gastava em média R$ 200,00
(duzentos reais) mensais, postulou o demandante na exordial o
ressarcimento dos referidos valores.
Negada pela demandada em sua defesa que seus
empregados eram compelidos a adquirir quaisquer das
mercadorias por ela comercializada; o reclamante, a fim de
corroborar suas alegações, trouxe a Juízo uma testemunha que
também laborou para a ré desempenhando a função de vendedor
externo e que ao ser interrogado declarou ‘que alguns produtos
eram de difícil comercialização; que para o atingimento das
metas das vendas desses produtos, a reclamada forçava a que os
vendedores os adquirissem; que a aquisição desses produtos
implicava no desembolso de R$ 150,00 a R$ 200,00 por mês, em
média’, declarando, ao final, que ‘quando atingiam as metas em
relação aos 05 itens recebiam um prêmio; que o prêmio girava
em torno de R$500,00 a R$ 700,00’.
Ora, sendo pagos prêmios aos vendedores no caso de
atingimento das metas que lhes eram fixadas, foge à lógica
acreditar que a empresa ré forçasse seus empregados a adquirir
seus produtos, às suas próprias expensas, no valor médio de R$
200,00 se, como afirmado pela referida testemunha, o alcance
das metas ensejariam o pagamento de prêmios em montante que
variava de R$ 500,00 a R$ 700,00.
Logo, além de não haver prova nos autos que demonstre
como se dava, efetivamente, a imposição alegada, ficou
evidenciado pelo depoimento da testemunha apresentada pelo
postulante que o procedimento de comprar mercadorias para
alcançar metas trariam benefícios exclusivamente aos
vendedores, não havendo, portanto, como se reconhecer como
verdadeira a tese obreira.
Destarte, pelos motivos supra, merece reforma o julgado
no sentido de excluir da condenação o pagamento de R$ 200,00
mensais a título de ressarcimento por produtos adquiridos’.
Portanto, impõe-se concluir que o autor não logrou demonstrar que
sofria prejuízos com a aquisição de mercadorias da demandada, nem
tampouco que esta o obrigava a tanto, razão por que dou provimento ao
recurso, neste particular, para excluir da condenação a obrigação de
restituir os respectivos valores.
Porém, no tocante aos descontos a título de ‘adiantamento de prêmios e
comissões’, tem-se que a sentença não merece reforma. Não há controvérsia
acerca do fato de que o autor sofria descontos resultantes da inadimplência
de clientes. Como se verifica dos contracheques juntados aos autos, o
reclamante sofria deduções salariais, nos moldes descritos na inicial, sendo
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certo que esses atos não se enquadravam nas hipóteses que autorizam
descontos, em consonância com o artigo 462 da CLT.
Por fim, importa lembrar que o risco do negócio deve ser suportado
pelo empregador, como preceitua o artigo 2º da CLT, não podendo ser
transferido para o empregado.
Voto, pois, no sentido de se dar provimento ao recurso, para excluir da
condenação a obrigação de restituir os valores decorrentes da aquisição de
mercadorias” (págs. 1.056-1.060, grifou-se).
Importante esclarecer que, ao contrário do que alega
o autor, nos termos do acórdão regional, não foram apresentadas provas
acerca da imposição por parte da reclamada para compras de mercadorias,
a fim de cumprimento de metas.
Na verdade, o Regional decidiu a controvérsia com base
no entendimento firmado pela Corte em outro processo, no qual se firmou
a tese de que, tendo em vista o pagamento de prêmios e comissões ao
empregado, não seria possível presumir que este tivesse sido coagido pela
empresa a adquirir os produtos.
Com efeito, considerando que o autor não se
desincumbiu do ônus de comprovar fato constitutivo do direito postulado,
não há falar em afronta o artigo 818 da CLT.
Nesse sentido, os seguintes precedentes:
“4. RESSARCIMENTO PELA COMPRA DE PRODUTOS DA
RECLAMADA. ÔNUS DA PROVA. NÃO CONHECIMENTO.
O egrégio Colegiado Regional consignou que o reclamante não
comprovou o fato constitutivo de seu direito, qual seja, o prejuízo sofrido em
razão da compra de produtos para atingir as metas estabelecidas pela
reclamada.
Dessa forma, verifica-se que o egrégio Tribunal Regional distribuiu
corretamente o ônus da prova, uma vez que julgou contra quem tinha o ônus
do provar. Intacto, pois, o artigo 818 da CLT.
Recurso de revista de que não se conhece” (Processo: RR - 138800-59.2009.5.06.0144 Data de Julgamento:
21/10/2015, Relator Ministro: Guilherme Augusto
Caputo Bastos, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT
29/10/2015).
“INDENIZAÇÃO. COMPRA DE PRODUTOS DA EMPRESA.
ÔNUS DA PROVA. O TRT entendeu não comprovado o fato constitutivo do
direito do reclamante à indenização pleiteada pela compra de produtos.
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Assim, não há como se reconhecer violação dos arts. 818 da CLT e 333 do
CPC. Recurso de revista de que não se conhece” (Processo: RR -
420-48.2010.5.06.0006 Data de Julgamento:
19/08/2015, Relatora Ministra: Kátia Magalhães
Arruda, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT
21/08/2015).
Não é possível dar prosseguimento ao recurso de
revista com base em divergência jurisprudencial quanto ao tema da compra
de mercadorias pelo autor, tendo em vista que os arestos indicados como
paradigmas, às págs. 1.330-1.332, são oriundos de Turma do Tribunal
Superior do Trabalho, órgão não elencado na alínea “a” do artigo 896 da
CLT.
Diante do exposto, nego provimento ao agravo de
instrumento.
RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA RECLAMADA
1. ARGUIÇÃO DE NULIDADE DA SENTENÇA POR JULGAMENTO
EXTRA PETITA
CONHECIMENTO
O Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região rejeitou
a preliminar de nulidade da sentença por julgamento extra petita, arguida
pela reclamada, com o fundamento de que a apreciação do pedido de horas
extras não depende da prévia anulação do contrato de trabalho, uma vez
que compete ao magistrado a subsunção dos fatos à norma legal, em razão
do princípio da primazia da realizada.
A fundamentação do acórdão regional foi a seguinte:
“3. Da preliminar de nulidade da sentença, arguida pela
reclamada, por ocorrência de julgamento extra petita:
Resumidamente, afirma a recorrente/reclamada que o autor foi
contratado para trabalhar externamente, nos moldes do artigo 62, inciso I, da
CLT, condição que teria sido expressamente prevista em seu contrato de
trabalho. Adverte que apenas com a nulificação deste pacto seria possível
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acolher a pretensão relativa às horas extras, o que não teria ocorrido na
hipótese. Entende, nessa ordem, que se impõe a decretação da nulidade da
sentença, ante a configuração do julgamento extra petita.
A prefacial sob exame não merece acolhida. Em verdade, os
argumentos de que se vale a recorrente para afirmar a nulidade da
sentença, guardam relação com a pretensão do autor ao recebimento
das horas extras e demais parcelas vinculadas ao cumprimento da
jornada de trabalho. Outrossim, por ser de origem legal, e não
contratual, é totalmente descabido imaginar que o direito às referidas
parcelas dependeria da prévia decretação de nulidade do contrato ou
mesmo de uma mera cláusula contratual. No exercício da prestação
jurisdicional, caberia ao magistrado subsumir os fatos apresentados
pelo autor à norma aplicável à matéria e definir, após o exame das
provas carreadas aos autos, se o direito à percepção das horas
extraordinárias deveria ou não ser reconhecido. Foi exatamente o que
ocorreu na hipótese.
É oportuno destacar, ainda, que o contrato de trabalho é do tipo
realidade. Logo, pouco importa que as partes formalizem num
documento um acordo de vontades em determinado sentido, se no
mundo dos fatos a relação se desenvolve com contornos diversos do que
foi avençado. A rigor, os fatos deverão prevalecer sobre a forma, em
consonância com o princípio da primazia da realidade.
Por todas essas considerações, não houve qualquer violação aos
dispositivos legais citados no recurso, devendo a preliminar sob enfoque ser
rejeitada” (págs. 1.044-1.046, grifou-se).
A reclamada interpôs embargos de declaração, os quais
foram rejeitados, nos termos seguintes:
“EMBARGOS DA RECLAMADA
Em consonância com os artigos 535 do CPC e 897-A da CLT, os
embargos declaratórios constituem remédio processual destinado ao
saneamento de obscuridades, contradições e omissões acaso apresentadas
pelo provimento jurisdicional. Assim, a menos que se verifiquem defeitos
capazes de ensejar efeito modificativo no julgamento, não se prestam à busca
de reforma de decisão judicial impugnada.
Ao lado disto, em razão da finalidade específica prevista em lei, não se
destinam os embargos declaratórios ao prequestionamento de matéria, nas
hipóteses em que o órgão judicial, ao entregar a prestação jurisdicional,
pronuncia-se sobre os pontos relevantes tratados no recurso. É o que se
dessume do exposto na Orientação Jurisprudencial 118, da Seção de
Dissídios Individuais do TST, segundo a qual, verbis: ‘Prequestionamento.
Havendo tese explícita sobre a matéria, na decisão recorrida, desnecessário
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contenha nela referência expressa do dispositivo legal para ter-se como
prequestionado este. Inteligência da Súm. 297 do TST’.
Como se vê da fundamentação dos embargos, a questão devolvida à
apreciação desta Turma - pertinente à observância do disposto nos artigos
884 do Código Civil e 5º da Constituição Federal, carece de consistência,
sendo oportuno ressaltar que a vedação ao enriquecimento ilícito - a que se
refere o primeiro dispositivo - apenas ocorreria se o entendimento sustentado
no recurso, relativamente ao intervalo intrajornada e às diferenças de
comissão viesse a prevalecer, o que não ocorreu. O posicionamento da
Turma foi no sentido de confirmar a sentença, relativamente a estas matérias,
não havendo qualquer necessidade de pronunciamento explícito sobre aquele
artigo, para se entender que a matéria foi apreciada. O mesmo ocorre em
relação à suposta violação ao artigo 5º da Constituição, pois este quadro
apenas se configuraria caso a tese recursal tivesse preponderado e o Juízo
não determinasse a supressão do tempo de intervalo gozado do total a ser
apurado na fase de liquidação. Porém, o recurso da reclamada foi improvido,
constando do acórdão argumentos que permitem identificar às razões que
levaram o órgão julgador a se posicionar neste sentido, sem que, para isso,
fosse imprescindível a menção a todos os artigos listados no memorial
recursal.
Com relação à distribuição do ônus probatório, à luz dos artigos 818 da
CLT e 333, inciso I, do CPC - a matéria não necessita de expressa referência
no julgado para que seja tida como analisada. Em verdade, no exame de cada
tópico objeto da discussão travada entre os litigantes, em especial daquelas
que dependem da comprovação de determinados fatos, o juiz procede,
naturalmente, à investigação dos elementos probatórios e da iniciativa de
quem deveria produzi-los, para só então formar o seu convencimento. Ou
seja, na análise de cada thema decidendum, é despiciendo que o magistrado
faça uma declaração prévia e explícita acerca do êxito que uma parte teve
sobre a outra, no tocante à prova dos fatos constitutivos ou modificativos dos
direitos versados no litígio, até porque essa é uma conclusão que pode (e
deve) ser obtida, mediante a leitura dos fundamentos da decisão.
No acórdão embargado, em diversas oportunidades, há expressa
menção ao fato de que o autor tinha a sua jornada de trabalho controlada pela
demandada, em consonância com as provas produzidas nos autos, não
podendo ele ser enquadrado na hipótese do artigo 62, inciso I, da CLT.
Implicitamente, esses trechos da fundamentação deixam claro que a tese
expendida na inicial merecia acolhida, restando infundada a tentativa da
ex-empregadora de negar ao reclamante o direito às horas trabalhadas em
sobrejornada.
Outrossim, a impertinência das alegações da embargante se afigura
ainda, mais patente, ao se observar que a principal finalidade dos embargos
seria a de provocar este juízo revisor a adotar tese explícita sobre dispositivos
legais que tratam da distribuição do ônus da prova ‘dos fatos constitutivos’
dos direitos alegados pelas partes. Ocorre que as matérias passíveis de
análise em sede de recurso de revista - via que a embargante diz ter elegido
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para prosseguir na defesa de sua tese - são eminentemente jurídicas,
descabendo o reexame das provas examinadas pelos Regionais (Súmula 126
do TST). A fim de melhor esclarecer esse raciocínio, transcreve-se a seguinte
ementa:
‘RECURSO DE REVISTA - JORNADA DE
TRABALHO DE 12X36 HORAS - FERIADOS LABORADOS
- PAGAMENTO EM DOBRO INDEVIDO – A jurisprudência
desta Corte Superior é no sentido de que o empregado sujeito ao
regime de 12 horas de trabalho por 36 de descanso não tem
direito à dobra salarial pelo trabalho prestado em feriados,
porque já usufruído o descanso. Precedentes da SBDl-1. Recurso
de revista conhecido e provido. ADICIONAL DE
INSALUBRIDADE. Recurso de natureza extraordinária, como o
recurso de revista, não se presta a reexaminar o conjunto
fático-probatório produzido nos autos, porquanto, nesse aspecto,
os Tribunais Regionais do Trabalho revelam-se soberanos.
Inadmissível, assim, recurso de revista em que, para se chegar a
conclusão diversa da esposada pela Corte Regional, seja
imprescindível o revolvimento de fatos e provas, nos termos da
Súmula n° 126 do TST. Recurso de revista não conhecido’ (TST
- RR 1885/2005-075-15-00 - Rei. Min. Luiz Philippe Vieira de
Mello Filho - DJe 30.04.2009 - p. 483) (original sem o negrito).
Assim, fica claro que a intenção da embargante não é,
verdadeiramente, a de apontar a existência de omissão no acórdão, mas sim a
de atacar o posicionamento adotado pelo órgão julgador, porque a solução
encontrada não se harmonizou com os seus interesses e com o seu
entendimento sobre a matéria. Isto não significa, em absoluto, que alguma
questão referente às horas extras tenha deixado de ser analisada, muito
menos que tenha havido contradição ou obscuridade a comprometer a
integridade do julgado.
Infere-se, assim, que ela se utiliza de via processual inapropriada e
expõe, de maneira inconteste, o fito procrastinatório de seus embargos, o que
me leva a condená-la ao pagamento de multa de 1% (um por cento) sobre o
valor da causa, em favor do reclamante, com fundamento no artigo 538 do
CPC” (págs. 1.112-1.116).
Nas razões de revista, a reclamada alega que o autor
postulou apenas o pagamento de horas extras, sem, contudo, requerer a
prévia anulação do contrato de trabalho, no qual ficou estipulado o
exercício de atividade externa, nos termos do artigo 62, inciso I, da
CLT, e que inviabiliza as horas extras pretendidas.
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Nesse contexto, a reclamada argumenta que a condenação
ao pagamento de horas extras, com a desconsideração do que foi pactuado
no contrato de trabalho, sem que tenha havido pedido expresso do autor
a respeito da nulidade contratual, configura julgamento extra petita,
em desacordo com os artigos 128 e 460 do Código de Processo Civil e 62,
inciso I, da CLT.
Além disso, colaciona arestos para caracterização de
divergência jurisprudencial.
Sem razão a reclamada, ora recorrente.
Nos autos, observa-se que o autor postulou o pagamento
de horas extras, mediante o argumento de que, embora tivesse sido
contratado para o exercício de atividade externa, tinha a jornada de
trabalho controlada pela empresa, o que inviabilizaria a aplicação do
artigo 62, inciso I, da CLT ao caso dos autos.
Ressalta-se que previsão formal acerca da contratação
do empregado nos moldes do artigo 62, inciso I, da CLT, por si só, não
tem o condão de afastar o direito às horas extras, quando comprovado,
no caso concreto, o controle de jornada e a prestação de labor
extraordinário.
Assim, ao contrário do que sustenta a reclamada, o
exame acerca das horas extras não depende de prévio pedido expresso do
autor acerca da declaração de nulidade do contrato de trabalho, uma vez
que prevalece no direito do trabalho o princípio da primazia da realizada
sobre a forma.
Ademais, nos termos do artigo 840, § 1º, da CLT, a
reclamação trabalhista deverá conter uma breve exposição dos fatos e o
pedido, cabendo ao julgador fazer a necessária subsunção dos fatos à
norma, com a condenação no principal e acessórios legais, como ocorreu
na hipótese.
Com efeito, não se constata a alegada nulidade da
sentença por julgamento extra petita, o que afasta a tese de ofensa aos
artigos 128 e 460 do Código de Processo Civil.
A indicação de ofensa ao artigo 62, inciso I, da CLT
não impulsiona o conhecimento do recurso de revista quanto ao tema em
particular, uma vez que se refere ao exame apenas das horas extras em
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si, não tratando da controvérsia específica acerca de eventual nulidade
por julgamento extra petita.
A divergência jurisprudencial suscitada não subsiste,
pois os arestos indicados como paradigmas, às págs. 1.172-1.174, são
oriundos de Turma do Tribunal Superior do Trabalho, órgão incompatível
com a hipótese prevista na alínea “a” do artigo 896 da CLT.
Diante do exposto, não conheço do recurso de revista.
2. ENQUADRAMENTO SINDICAL E DIFERENÇAS SALARIAIS
CONHECIMENTO
O Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região negou
provimento ao recurso ordinário interposto pela reclamada, mantendo a
sentença no tocante ao enquadramento sindical do autor ao SINDBEB/PE,
ao fundamento de que a atividade preponderante da empresa consiste na
produção de bebidas.
Assentou-se que a comercialização das bebidas
produzidas pela reclamada consiste em atividade secundária, não tendo
o condão de afastar o enquadramento do autor ao SINDBEB/PE.
O Regional considerou que, mesmo o autor tendo sido
contratado para a atividade de vendas, não se enquadra como integrante
de categoria profissional diferenciada.
A fundamentação do acórdão regional foi a seguinte:
“RECURSO DA RECLAMADA
1. Do enquadramento sindical e do reajuste salarial previsto nas
normas coletivas acostadas pelo reclamante:
Insurge-se a reclamada contra a sentença, afirmando equivocado o
posicionamento adotado pela Juíza a quo, no que tange ao enquadramento
sindical do reclamante e ao deferimento dos pedidos formulados com fulcro
nas normas coletivas subscritas pelo SINDBEB/PE.
Sem razão o inconformismo da demandada.
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A exceção do que ocorre com as categorias diferenciadas, o
enquadramento sindical deve ser firmado com base na atividade
preponderante da empresa, em consonância com o disposto no art. 581, § 2º,
da CLT, in verbis:
‘Entende-se por atividade preponderante a que caracterizar
a unidade de produto, operação ou objetivo final, para cuja
obtenção todas as demais atividades convirjam, exclusivamente,
em regime de conexão funcional’.
Na hipótese, não resta a menor dúvida de que a atividade
preponderante da reclamada é a produção de bebidas, e, ainda, que a
sua comercialização não passa de atividade decorrente (secundária),
que não afeta o enquadramento sindical dos seus empregados, ainda
que se saiba que alguns deles, como no caso do reclamante, executava
tarefas que estavam vinculadas à venda dos produtos.
Em suma, a constatação de que a reclamada também distribui e
comercializa as bebidas que produz não altera a natureza de sua
atividade principal, muito menos para fins de definição do sindicato
representativo da categoria profissional. Reafirmo, portanto, que à
exceção dos trabalhadores que realmente integravam categoria
diferenciada - que não era o caso do autor - todos os demais empregados
da reclamada estavam vinculados a unidades situadas no âmbito de
representação do SINDBEB/PE, devendo ser regidos pelas normas
coletivas por ela pactuadas.
Por conseguinte, faz jus o autor ao pagamento das diferenças
salariais deferidas na sentença, não sendo suficiente para interferir na
constituição deste direito a circunstância de a recorrente não ter subscrito os
instrumentos coletivos que lhe deram alicerce, já que o enquadramento por
ela promovido foi feito com a finalidade de impedir ou fraudar a aplicação
dos preceitos contidos na legislação trabalhista, não surtindo efeitos, a teor
do disposto no artigo 9° da CLT. Portanto, inexistente a sugerida violação ao
artigo 611daÇLT.
Nada a reformar na sentença quanto às matérias analisadas
anteriormente” (págs. 1.046-1.048, grifou-se).
Nas razões de revista, a reclamada insurge-se contra
o enquadramento sindical do autor no SINDBEB/PE, assim como quanto às
diferenças salariais deferidas em razão das normas coletivas oriundas
da referida entidade sindical, argumentando que exercia atividade de
vendas, e, portanto, seria integrante de categoria profissional
diferenciada.
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A recorrente assevera que o enquadramento do autor no
SINDBEB/PE afronta o artigo 611 da CLT e contraria o disposto na Súmula
nº 374 do Tribunal Superior do Trabalho.
Colaciona arestos para caracterização de divergência
jurisprudencial.
Sem razão a reclamada, ora recorrente.
Nos termos do acórdão regional, o enquadramento
sindicado dos empregados é aferido a partir da atividade preponderante
exercida pela empresa.
Conforme o contexto fático delineado pelo Regional,
a atividade principal da reclamada consistia na produção de bebidas e,
de forma secundária, na comercialização desses produtos.
Ou seja, constata-se que a atividade de
comercialização das bebidas pela empresa reclamada decorre justamente
da atividade de produção, uma vez que, de nada adiantaria produzir se
não fosse para expor os referidos produtos no mercado.
Com efeito, a atividade econômica da reclamada abrange
não apenas a produção de bebidas, mas também a comercialização destes
produtos.
Além disso, constou expressamente da fundamentação do
julgado a quo que o autor não era integrante de categoria profissional
diferenciada.
Rever a conclusão do Tribunal de origem a respeito da
atividade econômica preponderante exercida pela reclamada, e de que o
autor não integrava categoria profissional diferenciada, demandaria o
revolvimento de fatos e provas, providência não permitida nesta instância
recursal de natureza extraordinária, ante o óbice previsto na Súmula nº
126 do Tribunal Superior do Trabalho.
Considerando, portanto, as premissas fáticas
consignadas no acórdão regional, no sentido de que a atividade econômica
preponderante exercida pela reclamada referia-se à produção e
comercialização de bebidas, e que o autor não integrava categoria
profissional diferenciada, a aplicação das normas coletivas oriundas do
SINDBEB/PE ao caso dos autos não contraria a Súmula nº 374 do Tribunal
Superior do Trabalho.
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Nesse sentido, os seguintes precedentes desta Corte
Superior, envolvendo a mesma empresa reclamada:
“3. ENQUADRAMENTO SINDICAL. REEXAME DE FATOS E
PROVAS. SÚMULA Nº 126. NÃO CONHECIMENTO.
A egrégia Corte Regional consignou que o enquadramento sindical
opera-se pela atividade econômica preponderante da empresa e não pela
atividade desenvolvida pelo empregado, salvo os integrantes de categoria
diferenciada, o que não ficou comprovado no processo.
Para divergir dessas premissas fáticas, tal como deseja a reclamada, no
sentido de que o reclamante pertencia à categoria diferenciada, seria
necessário o reexame do conjunto fático-probatório, procedimento defeso a
esta colenda Corte Superior, dada a natureza extraordinária do recurso de
revista, consoante preconiza a Súmula nº 126.
Inviabilizada, assim, a averiguação de ofensa aos artigos 7º, XXVI, da
Constituição Federal, 611 da CLT e contrariedade à Súmula nº 374.
Recurso de revista de que não se conhece” (Processo: RR -
138800-59.2009.5.06.0144 Data de Julgamento:
21/10/2015, Relator Ministro: Guilherme Augusto
Caputo Bastos, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT
29/10/2015).
“ENQUDRAMENTO SINDICAL. NORMA COLETIVA
APLICÁVEL. Hipótese na qual o Acórdão recorrido, ao definir a norma
coletiva de trabalho aplicável à relação contratual havida entre as partes,
louvou-se no conjunto probatório dos autos, cujo teor apontou para o
desenvolvimento, pela reclamada, de atividades de comercialização e
industrialização de bebidas. Impossibilidade, em sede de Recurso de Revista,
de reexame de fatos e de provas, em ordem a se atingir conclusão favorável à
tese veiculada pela agravante. Incidência da Súmula nº 126 do TST. Agravo
de Instrumento conhecido e desprovido” (Processo: AIRR -
359-90.2012.5.06.0145 Data de Julgamento:
07/10/2015, Relator Desembargador Convocado: José
Ribamar Oliveira Lima Júnior, 4ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 09/10/2015).
“ENQUADRAMENTO SINDICAL. I. A Corte Regional deu
provimento ao recurso ordinário interposto pelo Autor, para considerar
aplicáveis ao Reclamante as normas coletivas firmadas com o Sindicato dos
Trabalhadores nas Indústrias da Cerveja e Bebidas em geral, do Vinho e
Águas Minerais do Estado de Pernambuco - SINDBEB/PE. II. Não há
violação do art. 611 da CLT, pois tal dispositivo se limita a traçar a definição
de Convenção Coletiva do Trabalho. III. Também não se visualiza
contrariedade à Súmula 374/TST, uma vez que, nos termos do acórdão
regional, o Reclamante não se insere no conceito de categoria profissional
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diferenciada. IV. Recurso de revista de que não se conhece” (Processo:
RR - 34100-03.2007.5.06.0144 Data de Julgamento:
23/11/2011, Relator Ministro: Fernando Eizo Ono, 4ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 02/12/2011).
A indicação de ofensa ao artigo 611 da CLT não
impulsiona o conhecimento do recurso de revista, tendo em vista que se
refere tão somente acerca do conceito de convenção coletiva, não tratando
da controvérsia específica examinada no tema em espécie acerca do
enquadramento sindical do autor.
A divergência jurisprudencial não subsiste, porquanto
os arestos indicados como paradigmas, às págs. 1.178-1.182, são oriundos
do próprio Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região, órgão prolator
do acórdão recorrido, em razão do disposto na Orientação Jurisprudencial
nº 111 da SBDI-1 do Tribunal Superior do Trabalho.
Diante do exposto, não conheço do recurso de revista.
3. HORAS EXTRAS. ATIVIDADE EXTERNA. EXISTÊNCIA DE
CONTROLE DE JORNADA
CONHECIMENTO
O Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região negou
provimento ao recurso ordinário interposto pela reclamada, mantendo a
sentença no tocante à condenação ao pagamento de horas extras, com o
fundamento de que o autor, embora exercesse atividade externa, tinha sua
jornada de trabalho controlada pela empresa, motivo pelo qual não seria
aplicável o artigo 62, inciso I, da CLT.
A fundamentação do acórdão regional foi a seguinte:
“2. Das alegações referentes à jornada de trabalho - Aplicabilidade
do artigo 62, inciso I, da CLT - Reflexos das horas extras e
aplicabilidade da Súmula 340 do TST: Insiste a recorrente em afirmar que o reclamante trabalhava
externamente, sem qualquer fiscalização quanto ao cumprimento da jornada
de trabalho, razão pela qual se enquadrava na excludente do artigo 62, inciso
I, da CLT e, por consequência, não faria jus ao recebimento de horas extras.
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Ocorre que as evidências extraídas do quadro probatório revelam
uma realidade fática bem distinta daquela ilustrada pela demandada,
tendo em vista que o autor estava obrigado a iniciar e terminar a
jornada de trabalho na sede da empresa, a fim de participar de reuniões
destinadas à definição de roteiros e apresentação de relatórios das
atividades realizadas, havendo ainda reuniões para se traçarem as
metas e estratégias de vendas.
As testemunhas inquiridas nas audiências cujas atas foram
trazidas como prova emprestada, às fls. 371/392, confirmaram que
tinham a obrigação de chegar à empresa, em média, às 07h, para
participar de reuniões, saindo para o trabalho externo por volta das 08h
ou 8h20. Asseveraram, igualmente, que retornavam àquele
estabelecimento às 17h ou 17h30, havendo uma pequena discordância
apenas no que diz respeito ao momento exato em que era finalizado o
expediente, tendo o Juízo de primeiro grau solucionado acertadamente
a questão, ao estabelecer que isto ocorria às 21h, da segunda à
sexta-feira; às 18h, aos sábados, domingos e feriados; e que no dias de
carnaval, a jornada tinha início às 04h e findava às 23h, da sexta à
terça-feira.
Essa interferência manifesta na definição dos horários de início e
término da jornada de trabalho do reclamante não se coaduna com a
dicção do artigo 62, inciso I, da CLT, já que este dispositivo transfere para
o empregado que exerce suas funções externamente a incumbência de
delimitar o seu tempo de trabalho.
A sentença também deverá ser confirmada quanto ao deferimento
dos reflexos das horas extras na remuneração do repouso semanal, no
aviso prévio e nas férias acrescidas de um terço. No que tange ao repouso,
esta repercussão não ocasiona pagamento em duplicidade ao trabalhador, eis
que, em consonância com o artigo 7º, alínea ‘a’, da Lei nº 605/49,
assegura-se a remuneração do repouso semanal correspondente àquela de um
dia de serviço, computadas as horas extras habitualmente prestadas.
Relativamente às férias e ao aviso prévio, estes reflexos decorrem de
expressa disposição legal, conforme se infere dos artigos 142, § 5º, e 487, §
5º, ambos da CLT. Logo, estando disciplinados em lei, não havia
necessidade de se manter no mundo jurídico verbetes que dispunham sobre o
mesmo assunto, tendo sido esta a razão do cancelamento das Súmulas 94 e
151 do TST. Deveras, beira a má-fé as alegações da recorrente quanto a este
tópico.
Recurso a que se nega provimento” (págs. 1.048-1.050,
grifou-se).
Nas razões de revista, a reclamada argumenta que o
autor não faz jus ao pagamento de horas extras, uma vez que exercia
atividade externa incompatível com o controle de jornada.
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Nesse contexto, a reclamada indica violação dos
artigos 62, inciso I, da CLT e 7º, inciso XIII, da Constituição da
República.
Colaciona arestos para caracterização de divergência
jurisprudencial.
Sem razão a reclamada, ora recorrente.
No caso, conforme consignado no acórdão regional,
embora o autor exercesse atividade externa, havia controle e fiscalização
da sua jornada de trabalho.
Em razão disso, o Tribunal a quo concluiu pela
impossibilidade de aplicação do artigo 62, inciso I, da CLT ao caso dos
autos.
Ressalta-se que, para se chegar à conclusão diversa
do Regional, acerca da existência de controle da jornada de trabalho,
seria necessário o revolvimento de fatos e provas, providência não
permitida nesta instância recursal extraordinária, ante o óbice previsto
na Súmula nº 126 do Tribunal Superior do Trabalho.
Com efeito, considerando a premissa fática consignada
nos autos, no sentido de que o autor exercia atividade externa com
controle de jornada pela empresa, a condenação ao pagamento de horas
extras não afronta o artigo 62, inciso I, da CLT.
A indicação de ofensa ao artigo 7º, inciso XIII, da
Constituição da República não impulsiona o conhecimento do recurso de
revista, porquanto o referido dispositivo se limita a indicar a jornada
máxima de trabalho, não tratando da controvérsia específica examinada
nos autos acerca da sujeição do autor ao controle de jornada pela empresa
reclamada.
Os arestos indicados como paradigmas não servem à
caracterização da divergência jurisprudencial suscitada, tendo em vista
que partem da premissa de que o vendedor externo não estava sujeito à
controle de jornada, circunstância distinta da constatada nos autos, em
que ficou expressamente consignado o controle de jornada, em desacordo
com a Súmula nº 296, inciso I, do Tribunal Superior do Trabalho.
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4. LABOR AOS DOMINGOS E FERIADOS. PAGAMENTO EM DOBRO
CONHECIMENTO
O Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região negou
provimento ao recurso ordinário interposto pela reclamada, mantendo a
sentença no tocante ao pagamento em dobro dos domingos e feriados
trabalhados, uma vez que não foi concedida folga compensatória, nem
efetuado o pagamento do valor correspondente ao labor nestes dias.
A fundamentação do acórdão regional foi a seguinte:
“4. Da dobra dos domingos e feriados:
A insurgência da reclamada contra o deferimento das dobras dos
domingos e feriados não merece acolhida, pois a prova testemunhal
confirmou que o reclamante laborava nestes dias, sem que lhe fosse
assegurado o gozo de folga compensatória ou pago o valor correspondente ao
dia trabalhado nestas condições” (pág. 1.054, grifou-se).
Nas razões de revista, a reclamada sustenta que a
condenação ao pagamento em dobro dos domingos e feriados trabalhados,
ao argumento de que o autor exercia atividade externa incompatível com
o controle de jornada.
Nesse contexto, indica violação do artigo 62, inciso
I, da CLT.
A reclamada ainda afirma que o autor não se desincumbiu
do ônus de comprovar a jornada de trabalho indicada na inicial, em afronta
ao artigo 818 da CLT.
Sem razão a reclamada, ora recorrente.
No caso, conforme já explicitado, ficou comprovado que
o autor, embora exercesse atividade externa, havia controle e
fiscalização da jornada de trabalho pela empresa reclamada, sendo
inaplicável ao caso dos autos o artigo 62, inciso I, da CLT.
Com efeito, torna-se inócua a indicação de ofensa ao
artigo 62, inciso I, da CLT, porquanto não trata da controvérsia
específica dos autos acerca do pagamento em dobro dos domingos e feriados
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trabalhados, notadamente quando já ultrapassada o exame do tema referente
ao pagamento de horas extras.
Cumpre salientar que somente é importante perquirir
a quem cabe o ônus da prova quando não há prova dos fatos controvertido
nos autos, arguido por qualquer das partes. Assim, uma vez que ficou
efetivamente provado o labor em domingos e feriados sem a devida folga
compensatória ou contraprestação pecuniária, conforme asseverou o
Tribunal Regional com base em prova testemunhal, é irrelevante o
questionamento sobre a quem caberia fazer a prova. Portanto, nessa
hipótese, não há reconhecer ofensa ao artigo 818 da CLT.
Diante do exposto, não conheço do recurso de revista.
5. INTERVALO INTRAJORNADA. CONCESSÃO PARCIAL.
NATUREZA JURÍDICA
CONHECIMENTO
O Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região negou
provimento ao recurso ordinário interposto pela reclamada, mantendo a
sentença no tocante ao pagamento de uma hora extra diária, em razão da
concessão parcial do intervalo intrajornada.
A fundamentação do acórdão regional foi a seguinte:
“3. Das alegações referentes aos intervalos intrajornada e
interjornada:
Com relação ao intervalo intrajornada, aduz a recorrente que o
reclamante não faz jus ao recebimento da reparação fixada na sentença, com
fulcro no artigo 71, § 4º, da CLT, pois não teria ele se desincumbido do ônus
de provar que gozava uma pausa para descanso e refeição inferior a 1 (uma)
hora, devendo a sentença ser reformada quanto a este aspecto.
Todavia, os dados extraídos da prova emprestada (fls. 371/392)
confirmam que a rotina de trabalho imposta ao autor não permitia que
ele usufruísse de um intervalo para alimentação e repouso superior a 30
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minutos, pois, do contrário, não lhe seria possível concluir o roteiro de
visitas entregue nas reuniões matinais. Constatado, portanto, o
desrespeito ao tempo de intervalo mínimo fixado no caput do artigo 71
da CLT, deve ser confirmada a condenação ao pagamento da hora
suprimida, com o adicional previsto nas normas coletivas aplicáveis aos
litigantes, ressalvado o meu posicionamento pessoal quanto à matéria,
bem como às repercussões deferidas na sentença.
No que diz respeito aos intervalos interjornada, a sentença também
deverá ser confirmada, pois a violação ao artigo 66 da CLT não gera apenas
consequências de ordem administrativa, dadas as repercussões na vida
pessoal, social e na saúde do trabalhador. Por analogia, deve-se adotar no
caso o mesmo raciocínio que motivou a edição da Súmula 110 do TST e da
Orientação Jurisprudencial n° 355, da SDI-1 desta mesma Corte, a seguir
transcritas:
‘Súmula 110 do TST - JORNADA DE TRABALHO.
INTERVALO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e
21.11.2003. No regime de revezamento, as horas trabalhadas em
seguida ao repouso semanal de 24 horas, com prejuízo do
intervalo mínimo de 11 horas consecutivas, para descanso entre
jornadas, devem ser remuneradas como extraordinárias,
inclusive , com o respectivo adicional’.
‘OJ-SDI1-355 - INTERVALO INTERJORNADAS.
INOBSERVÂNCIA. HORAS EXTRAS. PERÍODO PAGO
COMO SOBREJORNADA. ART. 66 DA CLT. APLICAÇÃO
ANALÓGICA DO § 4° DO ART. 71 DA CLT. DJ 14.03.2008 -
O desrespeito ao intervalo mínimo interjornadas previsto no art.
66 da CLT acarreta, por analogia, os mesmos efeitos previstos no
§ 4° do art. 71 da CLT e na Súmula n° 110 do TST, devendo-se
pagar a integralidade das horas que foram subtraídas do
intervalo, acrescidas do respectivo adicional’.
A jurisprudência dominante sobre o assunto também se inclina neste
sentido, conforme revelam as seguintes ementas:
‘INTERVALO INTERJORNADA - VIOLAÇÃO - O
desrespeito ao intervalo do artigo 66 da CLT, estabelecido como
necessário para recompor a fadiga do empregado, implica o
pagamento das horas correspondentes ao período não concedido
acrescidas do respectivo adicional. (TRT 12ª R. - RO-V
01281-2004-004-12-00-0 - (12927/2005) - Florianópolis – 2ª T.
– Rel. Juíza Sandra Mareia Wambier - J. 13.09.2005)’.
‘INTERVALO INTERJORNADA - ART. 66 DA CLT - O
desrespeito à duração mínima de 11 horas de intervalo
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Interjomada, previsto no art. 66 da CLT, implica o pagamento do
adicional das horas correspondentes ao período não concedido.
(TRT 12ª R. - RO-V 01185-2003-019-12-00-0 - (11748/2005) -
Florianópolis – 1ª T. – Rel. Juíza Lourdes Dreyer - J.
12.09.2005)’.
Não observado pela empresa o disposto no artigo 66 da CLT, impõe-se
a sua condenação ao pagamento do período que deixou de ser usufruído pelo
empregado, com o adicional previsto nas normas coletivas aplicáveis às
partes, mais uma vez, ressalvando o meu entendimento pessoal sobre o
assunto.
Assim, nego provimento ao recurso da reclamada” (págs.
1.050-1.054, grifou-se).
Nas razões de revista, a reclamada insurge-se contra
a condenação ao pagamento de hora extra, mediante o argumento de que o
autor não se desincumbiu do ônus de comprovar a fruição de apenas 30
minutos de intervalo intrajornada, em afronta ao artigo 818 da CLT.
Além disso, a reclamada argumenta que a condenação ao
pagamento de horas extras, decorrentes da concessão parcial do intervalo
intrajornada, afronta o artigo 5º, caput, da Constituição da República,
uma vez que seria devido apenas o período supostamente não usufruído.
Colaciona arestos para caracterização de divergência
jurisprudencial.
Sem razão a reclamada, ora recorrente.
Nos termos do acórdão regional, “a rotina de trabalho imposta
ao autor não permitia que ele usufruísse de um intervalo para alimentação e repouso superior a 30
minutos, pois, do contrário, não lhe seria possível concluir o roteiro de visitas entregue nas reuniões
matinais” (pág. 1.052).
Ressalta-se que, para afastar a conclusão do Tribunal
de origem acerca da concessão apenas parcial do intervalo intrajornada,
demandaria o revolvimento de fatos e provas, providência não permitida
nesta instância recursal de natureza extraordinária, ante o óbice
previsto na Súmula nº 126 do Tribunal Superior do Trabalho.
Cumpre salientar que somente é importante perquirir
a quem cabe o ônus da prova quando não há prova dos fatos controvertido
nos autos, arguido por qualquer das partes. Assim, uma vez que ficou
efetivamente provada a concessão apenas parcial do intervalo
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intrajornada, conforme asseverou o Tribunal Regional, é irrelevante o
questionamento sobre a quem caberia fazer a prova. Portanto, nessa
hipótese, não há reconhecer ofensa ao artigo 818 da CLT.
Discute-se, na hipótese dos autos, se a concessão
parcial do intervalo intrajornada gera direito ao pagamento, como hora
extra, do período total correspondente ao período mínimo fixado em lei
ou apenas do período restante não conhecido.
O artigo 71 da CLT dispõe ser obrigatória a concessão
de intervalo mínimo de uma hora para refeição e descanso quando a jornada
de trabalho exceder de seis horas.
O parágrafo 4º do referido artigo 71, por sua vez,
estabelece o pagamento do período concernente ao intervalo não concedido,
com o acréscimo de, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) do valor da hora
normal de trabalho.
Vale salientar que esse dispositivo da CLT constitui
regra de caráter imperativo e cogente, cuja observância não pode ser
transigida, nem mesmo por intermédio de convenções ou acordos coletivos
do trabalho, que são a expressão máxima de autonomia da vontade das
partes, constituindo, ainda, fonte formal do Direito do Trabalho.
Assim, o intervalo mínimo estabelecido em lei para
refeição e descanso é direito indisponível, concernente à saúde física
e mental do trabalhador, do qual não podem dispor as partes a nenhum
pretexto.
Está sedimentado, nesta Corte, o entendimento de que,
desde o advento da Lei nº 8.923/94, a não concessão de intervalo para
repouso e alimentação impõe a obrigação de pagamento do período integral
referente ao intervalo não concedido, acrescido do adicional de hora
extra, não havendo inferir-se que o direito se limitaria apenas ao tempo
remanescente para integralizar o mínimo fixado em lei.
Nesse sentido, também já se firmou a jurisprudência
desta Corte, conforme pode constatar-se da redação da Súmula nº 437, item
I, do TST (antiga Orientação Jurisprudencial nº 307 da SBDI-1), in verbis:
“Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não-concessão ou a concessão
parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a
empregados urbanos e rurais, implica o pagamento total do período
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correspondente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo de, no
mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art.
71 da CLT), sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para efeito
de remuneração”
Assim, ao contrário do que sustenta a reclamada, o
intervalo intrajornada concedido parcialmente deve ser pago com uma
indenização que corresponda ao período total respectivo, com acréscimo
de, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) do valor da remuneração da hora
normal de trabalho, não se verificando, portanto, violação do § 4º do
artigo 71 da CLT.
Além disso, não mais se discute acerca da natureza
jurídica da verba prevista no artigo 71, § 4º, da CLT e sua repercussão
nas demais parcelas de natureza salarial, visto que se encontra
pacificado, no âmbito desta Corte, o entendimento de que a referida
parcela possui natureza salarial, repercutindo no cálculo das demais
verbas salariais.
É o que dispõe a Orientação Jurisprudencial nº 354 da
SBDI-1 do TST, convertida na Súmula nº 437, item III, do TST:
“Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da CLT,
com redação introduzida pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de 1994, quando
não concedido ou reduzido pelo empregador o intervalo mínimo intrajornada
para repouso e alimentação, repercutindo, assim, no cálculo de outras
parcelas salariais”.
Diante das considerações expostas, fica evidente que
o posicionamento adotado pelo TRT de origem está em consonância com o
entendimento jurisprudencial sedimentado nesta Corte, consubstanciado
na Súmula nº 437, itens I e III, (antigas Orientações Jurisprudenciais
nos 307 e 354 da SBDI-1), razão pela qual também não há falar em
divergência jurisprudencial, nos termos do artigo 896, § 4º, da CLT e
da Súmula nº 333 desta Corte.
Diante do exposto, não conheço do recurso de revista.
6. INTERVALO INTERJORNADA. CONCESSÃO PARCIAL
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CONHECIMENTO
O Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região negou
provimento ao recurso ordinário interposto pela reclamada, mantendo a
sentença no tocante à condenação ao pagamento de horas extras, decorrente
da concessão parcial do intervalo interjornada.
A fundamentação do acórdão regional foi a seguinte:
“3. Das alegações referentes aos intervalos intrajornada e
interjornada: Com relação ao intervalo intrajornada, aduz a recorrente que o
reclamante não faz jus ao recebimento da reparação fixada na sentença, com
fulcro no artigo 71, § 4º, da CLT, pois não teria ele se desincumbido do ônus
de provar que gozava uma pausa para descanso e refeição inferior a 1 (uma)
hora, devendo a sentença ser reformada quanto a este aspecto.
Todavia, os dados extraídos da prova emprestada (fls. 371/392)
confirmam que a rotina de trabalho imposta ao autor não permitia que ele
usufruísse de um intervalo para alimentação e repouso superior a 30 minutos,
pois, do contrário, não lhe seria possível concluir o roteiro de visitas entregue
nas reuniões matinais. Constatado, portanto, o desrespeito ao tempo de
intervalo mínimo fixado no caput do artigo 71 da CLT, deve ser confirmada a
condenação ao pagamento da hora suprimida, com o adicional previsto nas
normas coletivas aplicáveis aos litigantes, ressalvado o meu posicionamento
pessoal quanto à matéria, bem como às repercussões deferidas na sentença.
No que diz respeito aos intervalos interjornada, a sentença
também deverá ser confirmada, pois a violação ao artigo 66 da CLT não
gera apenas consequências de ordem administrativa, dadas as
repercussões na vida pessoal, social e na saúde do trabalhador. Por
analogia, deve-se adotar no caso o mesmo raciocínio que motivou a
edição da Súmula 110 do TST e da Orientação Jurisprudencial nº 355,
da SDI-1 desta mesma Corte, a seguir transcritas:
‘Súmula 110 do TST - JORNADA DE TRABALHO.
INTERVALO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e
21.11.2003. No regime de revezamento, as horas trabalhadas em
seguida ao repouso semanal de 24 horas, com prejuízo do
intervalo mínimo de 11 horas consecutivas, para descanso entre
jornadas, devem ser remuneradas como extraordinárias,
inclusive , com o respectivo adicional’.
‘OJ-SDI1-355 - INTERVALO INTERJORNADAS.
INOBSERVÂNCIA. HORAS EXTRAS. PERÍODO PAGO
COMO SOBREJORNADA. ART. 66 DA CLT. APLICAÇÃO
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ANALÓGICA DO § 4° DO ART. 71 DA CLT. DJ 14.03.2008 -
O desrespeito ao intervalo mínimo interjornadas previsto no art.
66 da CLT acarreta, por analogia, os mesmos efeitos previstos no
§ 4° do art. 71 da CLT e na Súmula n° 110 do TST, devendo-se
pagar a integralidade das horas que foram subtraídas do
intervalo, acrescidas do respectivo adicional’.
A jurisprudência dominante sobre o assunto também se inclina neste
sentido, conforme revelam as seguintes ementas:
‘INTERVALO INTERJORNADA - VIOLAÇÃO - O
desrespeito ao intervalo do artigo 66 da CLT, estabelecido como
necessário para recompor a fadiga do empregado, implica o
pagamento das horas correspondentes ao período não concedido
acrescidas do respectivo adicional. (TRT 12ª R. - RO-V
01281-2004-004-12-00-0 - (12927/2005) - Florianópolis – 2ª T.
– Rel. Juíza Sandra Mareia Wambier - J. 13.09.2005)’.
‘INTERVALO INTERJORNADA - ART. 66 DA CLT - O
desrespeito à duração mínima de 11 horas de intervalo
Interjomada, previsto no art. 66 da CLT, implica o pagamento do
adicional das horas correspondentes ao período não concedido.
(TRT 12ª R. - RO-V 01185-2003-019-12-00-0 - (11748/2005) -
Florianópolis – 1ª T. – Rel. Juíza Lourdes Dreyer - J.
12.09.2005)’.
Não observado pela empresa o disposto no artigo 66 da CLT,
impõe-se a sua condenação ao pagamento do período que deixou de ser
usufruído pelo empregado, com o adicional previsto nas normas
coletivas aplicáveis às partes, mais uma vez, ressalvando o meu
entendimento pessoal sobre o assunto.
Assim, nego provimento ao recurso da reclamada” (págs.
1.050-1.054, grifou-se).
Nas razões de revista, a reclamada sustenta que o autor
não se desincumbiu do ônus de comprovar a jornada de trabalho indicada
na inicial, em afronta ao artigo 818 da CLT, motivo pelo qual não seriam
devidas horas extras, decorrente da concessão parcial de intervalo
interjornada.
A reclamada assevera que o autor exercia atividade
externa, sem controle de jornada. Assim, a condenação ao pagamento de
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hora extra intervalar estaria em desacordo com o artigo 62, inciso I,
da CLT.
A reclamada questiona o caráter salarial conferido à
hora extra intervalar, mediante o argumento de que afronta o artigo 884
do Código Civil.
Indica, ainda, violação do artigo 7º, inciso XIII, da
Constituição da República e colaciona arestos para caracterização de
divergência jurisprudencial.
Sem razão a reclamada, ora recorrente.
Nos termos do acórdão regional, a empresa não observou
o intervalo interjornada previsto no artigo 66 da CLT.
Ressalta-se que, para afastar a conclusão do Tribunal
de origem acerca da concessão apenas parcial do intervalo interjornada,
demandaria o revolvimento de fatos e provas, providência não permitida
nesta instância recursal de natureza extraordinária, ante o óbice
previsto na Súmula nº 126 do Tribunal Superior do Trabalho.
Cumpre salientar que somente é importante perquirir
a quem cabe o ônus da prova quando não há prova de fato controvertido
nos autos, arguido por qualquer das partes. Assim, uma vez que ficou
efetivamente provada a concessão apenas parcial do intervalo
interjornada, conforme asseverou o Tribunal Regional, é irrelevante o
questionamento sobre a quem caberia fazer a prova. Portanto, nessa
hipótese, não há reconhecer ofensa ao artigo 818 da CLT.
A matéria em discussão acerca dos efeitos da concessão
parcial do intervalo interjornada encontra-se pacificada no âmbito desta
Corte, nos termos da Orientação Jurisprudencial nº 355 da SBDI-1, que
assim dispõe:
“INTERVALO INTERJORNADAS. INOBSERVÂNCIA. HORAS
EXTRAS. PERÍODO PAGO COMO SOBREJORNADA. ART. 66 DA
CLT. APLICAÇÃO ANALÓGICA DO § 4º DO ART. 71 DA CLT (DJ
14.03.2008)
O desrespeito ao intervalo mínimo interjornadas previsto no art. 66 da
CLT acarreta, por analogia, os mesmos efeitos previstos no § 4º do art. 71 da
CLT e na Súmula nº 110 do TST, devendo-se pagar a integralidade das horas
que foram subtraídas do intervalo, acrescidas do respectivo adicional” (grifou-se).
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2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Com efeito, o pagamento de hora extra, decorrente da
concessão apenas parcial do intervalo interjornada, com natureza
salarial, está em consonância com a iterativa, notória e atual
jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, consubstanciada na
Orientação Jurisprudencial nº 355 da SBDI-1 e da Súmula nº 437 do Tribunal
Superior do Trabalho, o que afasta a alegação de ofensa ao artigo 884
do Código Civil.
Cumpre salientar que somente é importante perquirir
a quem cabe o ônus da prova quando não há prova de fato controvertido
nos autos, arguido por qualquer das partes. Assim, uma vez que ficou
efetivamente provada a concessão apenas parcial do intervalo
interjornada, conforme asseverou o Tribunal Regional, é irrelevante o
questionamento sobre a quem caberia fazer a prova. Portanto, nessa
hipótese, não há reconhecer ofensa ao artigo 818 da CLT.
A indicação de ofensa aos artigos 62, inciso I, da CLT
e 7º, inciso XIII, da Constituição da República não impulsiona o
conhecimento do recurso de revista, tendo em vista que não está em
discussão nos autos o direito do autor ao pagamento de horas extras em
razão de controle de jornada, pois já ultrapassada a controvérsia acerca
do controle da jornada externa exercida. A controvérsia do tema em espécie
refere-se aos efeitos decorrentes da concessão parcial do intervalo
intrajornada.
Inviável o conhecimento do recurso de revista com base
em divergência jurisprudencial, porquanto os arestos indicados como
paradigmas às págs. 1.220-1.222 versam sobre tese ultrapassada pela atual
e iterativa jurisprudência desta Corte superior, nos termo do artigo 896,
§ 7º, da CLT e da Súmula nº 333 do Código de Processo Civil.
Diante do exposto, não conheço do recurso de revista.
7. REFLEXOS DAS HORAS EXTRAS
CONHECIMENTO
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O Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região
reconheceu que o autor, embora exercesse atividade externa, estava
sujeito à controle de jornada, motivo pelo qual considerou inaplicável
ao caso dos autos o artigo 62, inciso I, da CLT.
Em consequência, o Regional condenou a reclamada ao
pagamento de horas extras, com reflexos no cálculo do repouso semanal
remunerado, do aviso prévio e das férias acrescidas de um terço.
Na fração de interesse, a fundamentação do acórdão
regional foi a seguinte:
“A sentença também deverá ser confirmada quanto ao
deferimento dos reflexos das horas extras na remuneração do repouso
semanal, no aviso prévio e nas férias acrescidas de um terço. No que
tange ao repouso, esta repercussão não ocasiona pagamento em duplicidade
ao trabalhador, eis que, em consonância com o artigo 7º, alínea ‘a’, da Lei nº
605/49, assegura-se a remuneração do repouso semanal correspondente
àquela de um dia de serviço, computadas as horas extras habitualmente
prestadas. Relativamente às férias e ao aviso prévio, estes reflexos decorrem
de expressa disposição legal, conforme se infere dos artigos 142, § 5º, e 487,
§ 5º, ambos da CLT. Logo, estando disciplinados em lei, não havia
necessidade de se manter no mundo jurídico verbetes que dispunham sobre o
mesmo assunto, tendo sido esta a razão do cancelamento das Súmulas 94 e
151 do TST. Deveras, beira a má-fé as alegações da recorrente quanto a este
tópico.
Recurso a que se nega provimento” (págs. 1.048-1.050,
grifou-se).
Nas razões de revista, sustenta que o autor não faz
jus às horas extras, muito menos aos reflexos, uma vez que exercia
atividade externa incompatível com o controle de jornada.
Para tanto, indica violação dos artigos 62, inciso I,
da CLT e 7º, inciso XIII, da Constituição da República.
A reclamada afirma que não há incidência de reflexos
de horas extras sobre o aviso prévio indenizado e sobre as férias, em
razão do cancelamento, respectivamente, das Súmulas nºs 94 e 151 do
Tribunal Superior do Trabalho.
Além disso, a reclamada argumenta que a incidência de
reflexos do repouso semanal remunerado, já majorado pelas horas extras,
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no aviso prévio e nas férias, contraria o disposto na Súmula nº 394 do
Tribunal Superior do Trabalho.
Indica, ainda, violação do artigo 5º, inciso II, da
Constituição da República.
Colaciona arestos para caracterização de divergência
jurisprudencial.
Sem razão a reclamada, ora recorrente.
No caso, conforme já explicitado, ficou comprovado que
o autor exercia atividade externa, com efetivo controle de jornada,
motivo pelo qual foi afastada aplicação do artigo 62, inciso I, da CLT.
Portanto, torna-se inócua a indicação de ofensa aos
artigos 62, inciso I, da CLT e 7º, inciso XIII, da Constituição da
República, no exame acerca dos reflexos das horas extras, pois
inespecíficos.
A Súmula nº 172 do Tribunal Superior do Trabalho dispõe
expressamente acerca da repercussão das horas extras habitualmente
prestadas no cálculo do repouso semanal remunerado, nos termos seguintes:
“REPOUSO REMUNERADO. HORAS EXTRAS. CÁLCULO
(mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003
Computam-se no cálculo do repouso remunerado as horas extras
habitualmente prestadas” (grifou-se).
Nos termos expressos dos artigos 142, § 5º, e 487, §
5º, da CLT, as horas extras habituais integram o aviso prévio e as férias.
Confira-se:
“Art. 142. (...).
§ 5º - Os adicionais por trabalho extraordinário, noturno, insalubre
ou perigoso serão computados no salário que servirá de base ao cálculo
da remuneração das férias (grifou-se e destacou-se).
“Art. 487. (...).
§ 5º O valor das horas extraordinárias habituais integra o aviso
prévio indenizado” (grifou-se).
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Com efeito, perfeitamente cabível os reflexos de horas
extras sobre o repouso semanal remunerado, o aviso prévio e as férias.
Por outro lado, ressalta-se que o Regional não emitiu
tese a respeito da Súmula nº 394 do Tribunal Superior do Trabalho, nem
foi instado a fazê-lo por meio dos competentes embargos de declaração.
Na verdade, conforme se depreende dos autos, o
Regional condenou a reclamada foi condenada ao pagamento de reflexos de
horas extras sobre o repouso semanal remunerado, aviso-prévio e férias
acrescidas de um terço.
Não houve determinação no sentido de que o repouso
remunerado já majorados pelas horas extras deveriam repercutir no cálculo
do aviso prévio e das férias.
Com efeito, inviável o conhecimento do recurso de
revista com base na Orientação Jurisprudencial nº 394 da SBDI-1 do
Tribunal Superior do Trabalho, ante a ausência de interesse recursal da
reclamada neste aspecto.
A invocação genérica de violação do artigo 5º, inciso
II, da Constituição Federal de 1988, em regra e como ocorre neste caso,
não é suficiente para autorizar o conhecimento deste recurso com base
na previsão da alínea “c” do artigo 896 da CLT, na medida em que, para
sua constatação, seria necessário concluir, previamente, ter havido
ofensa a preceito infraconstitucional.
A divergência jurisprudencial suscitada não subsiste,
porquanto os arestos indicados como paradigmas referem-se à hipótese de
incidência de reflexos do repouso semanal remunerado, já majorado pelas
horas extras, no cálculo do aviso prévio e das férias, o que não se
verificou no caso dos autos. Ausência de especificidade, nos termos da
Súmula nº 296, item I, do Tribunal Superior do Trabalho.
Diante do exposto, não conheço do recurso de revista.
8. DIFERENÇAS DE COMISSÕES E PREMIAÇÕES
O Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região negou
provimento ao recurso ordinário interposto pela reclamada, mantendo a
sentença no tocante à condenação ao pagamento de diferenças de prêmios
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e comissões, com o fundamento de que esta não se desincumbiu do ônus de
comprovar a regular quitação das referidas parcelas.
Além disso, o Regional reafirmou o caráter salarial
dos prêmios e comissões devidos.
A fundamentação do acórdão regional foi a seguinte:
“5. Das diferenças de prêmios e comissões:
Aduz a demandada que eram corretamente pagos os prêmios e
comissões devidos ao reclamante, na proporção do que foi contratualmente
acordado pelas partes, inexistindo diferenças a serem satisfeitas.
Acontece que eram totalmente obscuras as normas que
disciplinavam o pagamento dos prêmios e comissões, não tendo a
reclamada trazido aos autos documentação ou esclarecimentos que
revelassem como se dava, objetivamente, a satisfação dessas parcelas.
Sabendo-se que a empresa detinha os meios hábeis a desconstituir
as alegações do empregado, por força do princípio da melhor aptidão
para a prova, caber-lhe-ia trazê-los aos autos. Ocorre que ela se
manteve inerte, optando por assumir os riscos de não conseguir
infirmar as alegações do reclamante quanto à matéria, sendo
justamente isto o que ocorreu na hipótese. Os holerites colacionados
pela ré apenas se prestam a demonstrar o pagamento de numerário
referente à parcela, porém, nem estes nem os demais documentos
trazidos à colação demonstram, de modo claro e objetivo, como se dava
a mensuração dos prêmios. Logo, conclui-se que a ré não se
desincumbiu do seu ônus probatório, à luz dos 818 da CLT e 333, inciso
II, do CPC, firmando-se a veracidade das articulações formuladas na
exordial. Reconhecido o caráter salarial das parcelas sob enfoque,
mantém-se a condenação ao pagamento dos reflexos deferidos na sentença.
Recurso improvido” (págs. 1.054-1.056, grifou-se).
Nas razões de revista, a reclamada insurge-se contra
a condenação ao pagamento de diferenças de prêmios e comissões,
argumentando que caberia ao autor comprovar a irregularidade quanto ao
pagamento das referidas parcelas, ônus do qual não se desincumbiu, em
afronta aos artigos 818 da CLT e 333 do Código de Processo Civil.
Indica, ainda, violação do artigo 5º, inciso II, da
Constituição da República e colaciona arestos para caracterização de
divergência jurisprudencial.
Sem razão a reclamada, ora recorrente.
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No caso, conforme evidenciado no acórdão regional, as
normas que disciplinavam o pagamento de prêmios e comissões aos
empregados eram obscuras, e, portanto, inservíveis para avaliação acerca
da regularidade da quitação das referidas parcelas ao autor.
Assentou-se, também, que os contracheques
apresentados não tinham informações suficientes que pudessem esclarecer
se os prêmios e comissões pagas ao autor estavam em conformidade com o
anteriormente pactuado.
Em razão disso, o Regional concluiu que a reclamada
não se desincumbiu do ônus de comprovar a forma de quitação dos prêmios
e comissões.
Ao contrário do que sustenta a reclamada, não seria
razoável exigir do autor a comprovação de que não recebeu corretamente
os prêmios e comissões pactuados, uma vez que consistiria em prova de
fato negativo.
Ademais, com base no princípio da aptidão para a
produção de prova, era a empresa reclamada quem detinha os meios
necessários para infirmar as alegações do autor e comprovar a regular
quitação das comissões e prêmios pactuados.
Com efeito, não se constatada no caso dos autos ofensa
aos artigos 818 da CLT e 333 do Código de Processo Civil.
A invocação genérica de violação do artigo 5º, inciso
II, da Constituição Federal de 1988, em regra e como ocorre neste caso,
não é suficiente para autorizar o conhecimento deste recurso com base
na previsão da alínea “c” do artigo 896 da CLT, na medida em que, para
sua constatação, seria necessário concluir, previamente, ter havido
ofensa a preceito infraconstitucional.
Não é possível conhecer do recurso de revista com base
em divergência jurisprudencial, pois os arestos indicados como
paradigmas às págs. 1238-1240 são inespecíficos, já que versam de forma
genérica sobre as regras de distribuição do ônus da prova, sem, contudo,
abordar a mesma discussão dos autos, em que o empregador era quem detinha
os meios de prova sobre o objeto da controvérsia. Inteligência da Súmula
nº 296, item I, do Tribunal Superior do Trabalho.
Diante do exposto, não conheço do recurso de revista.
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9. TÍQUETE-REFEIÇÃO. NATUREZA JURÍDICA SALARIAL.
INTEGRAÇÃO NO CÁLCULO DAS DEMAIS VERBAS DE NATUREZA SALARIAL
CONHECIMENTO
O Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região deu
provimento ao recurso ordinário interposto pelo autor para, reformando
a sentença, reconhecer a natureza salarial do tíquete-refeição
fornecido, mediante o fundamento de que não há provas da adesão da
reclamada ao Programa de Alimentação do Trabalhador – PAT nem de norma
coletiva dispondo acerca da natureza jurídica indenizatória.
Em consequência, o Regional determinou a integração
do tíquet-refeição no cálculo das demais verbas de natureza salarial.
A fundamentação do acórdão regional foi a seguinte:
“2. Da integração do tíquete-refeicão:
Pugna o reclamante pelo reconhecimento de que os tíquetes-refeição
eram dotados de natureza salarial, sendo devida a integração do respectivo
valor a sua remuneração, já que a empresa não seria associada ao Programa
de Alimentação do Trabalhador - PAT.
De fato, não houve comprovação nos autos de que a empresa ré é
vinculada ao PAT ou de que existam normas coletivas que confiram
natureza indenizatória à vantagem referente ao auxílio refeição. Nessas
circunstâncias, verifica-se a hipótese de incidência do artigo 458 da
CLT, considerando-se que o título em epígrafe constitui salário in
natura para todos os efeitos legais.
Outra não é a orientação traçada pela Súmula 241 do TST, in
verbis:
‘O vale para refeição, fornecido por força do contrato de
trabalho, tem caráter salarial, integrando a remuneração do
empregado, para todos os efeitos legais’.
Por conseguinte, voto pelo provimento do apelo, para reconhecer
que o valor do tíquete-refeição integrava a remuneração do reclamante,
sendo-lhe devidas as repercussões da parcela sobre as férias acrescidas
de um terço, os 13°s salários, o aviso prévio e os depósitos do FGTS
acrescidos de 40%. Por se tratar de parcela paga mensalmente e em
importância fixa, seu valor já integra o repouso semanal, sendo indevida
o reflexo sobre este título” (pág. 1.070, grifou-se).
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Nas razões de revista, a reclamada argumenta que o
reconhecimento de natureza salarial ao tíquete-refeição, com a
respectiva integração no cálculo das demais verbas de natureza salarial,
em razão da existência de norma coletiva dispondo acerca do seu caráter
meramente indenizatório.
Para tanto, a reclamada indica apenas violação do
artigo 5º, inciso II, da Constituição da República e colaciona arestos
para caracterização de divergência jurisprudencial.
Sem razão a reclamada, ora recorrente.
Ao contrário do que sustenta a reclamada, ficou
expressamente consignado, no acórdão regional, que “não houve comprovação
nos autos de que a empresa ré é vinculada ao PAT ou de que existam normas coletivas que confiram
natureza indenizatória à vantagem referente ao auxílio refeição” (pág. 1.070,
grifou-se).
A invocação genérica de violação do artigo 5º, inciso
II, da Constituição Federal de 1988, em regra e como ocorre neste caso,
não é suficiente para autorizar o conhecimento deste recurso com base
na previsão da alínea “c” do artigo 896 da CLT, na medida em que, para
sua constatação, seria necessário concluir, previamente, ter havido
ofensa a preceito infraconstitucional.
A divergência jurisprudencial não subsiste, pois os
arestos indicados como paradigmas, às págs. 1.254-1.256, são
inespecíficos, tendo em vista que não abordam a mesma situação fática
dos autos, em que ficou expressamente consignado que não há provas da
adesão da empresa ao Programa de Alimentação do Trabalhador – PAT, ou
da existência de norma coletiva dispondo acerca do caráter meramente
indenizatório do tíquete-refeição. Inteligência da Súmula nº 296, item
I, do Tribunal Superior do Trabalho.
Diante do exposto, não conheço do recurso de revista.
10. MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT. PAGAMENTO A MENOR DAS
VERBAS RESCISÓRIAS, EFETUADO NO PRAZO LEGAL À ÉPOCA DA RESCISÃO
CONTRATUAL. PENALIDADE INDEVIDA
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I - CONHECIMENTO
O Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região negou
provimento ao recurso ordinário interposto pela reclamada, mantendo a
sentença no tocante ao pagamento da multa prevista no artigo 477, § 8º,
da CLT, nos termos seguintes:
A fundamentação do acórdão regional foi a seguinte:
“8. Da multa do artigo 477, § 8º, da CLT:
No tocante à multa do artigo 477, § 8º, da CLT, a condenação
deverá ser confirmada, porquanto o pagamento não abrangeu todos os
títulos a que o autor fazia jus, circunstância que, a nosso ver, autoriza a
aplicação da referida penalidade, cujo objetivo é o de se assegurar a
eficácia do artigo 477 da CLT, inibindo a simulação de controvérsias e a
premiação daqueles que sonegam os direitos trabalhistas.
Nada a reformar na sentença” (pág. 1.062, grifou-se).
Nas razões de revista, a reclamada sustenta que a multa
prevista no § 8º do artigo 477 da CLT refere-se à hipótese de atraso no
pagamento das verbas rescisórias.
Nesse contexto, a reclamada argumenta que a condenação
ao pagamento da referida multa em razão apenas do pagamento a menor das
verbas rescisórias, decorrente do reconhecimento de parcelas deferidas
em juízo, importa em má aplicação do artigo 477, § 8º, da CLT.
Colaciona arestos para caracterização de divergência
jurisprudencial.
Com razão a reclamada, ora recorrente.
No caso, infere-se do acórdão regional que a reclamada
efetuou o pagamento das verbas rescisórias no prazo legal, porém, em valor
inferior ao efetivamente devido.
Em razão disso, o Regional condenou a reclamada ao
pagamento da multa prevista no § 8º do artigo 477 da CLT.
Portanto, a controvérsia cinge em saber se o pagamento
a menor das verbas rescisórias, mesmo quando efetuado no prazo legal,
dá ensejo ao pagamento da multa prevista no § 8º do artigo 477 da CLT.
O artigo 477 da CLT, no seu § 6º, dispõe que o não
pagamento das verbas rescisórias no prazo de dez dias, enseja o pagamento
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da multa, consoante o disposto no § 8º. Nota-se que o fundamento para
a condenação do reclamado à multa é o pagamento fora do prazo legal.
Dessa forma, se a reclamada efetuou o pagamento das
parcelas rescisórias que razoavelmente entendia devidas à reclamante
dentro do prazo legal, não pode ser condenada ao pagamento da multa. Não
há previsão legal de incidência da multa em questão, na hipótese de
existência de diferenças sobre as parcelas rescisórias, a não ser se
evidenciado abuso por parte do empregador.
Ressalta-se, por fim, que, em se tratando de norma
punitiva, como é o caso da multa pelo atraso do pagamento das verbas
rescisórias, deve essa ser interpretada restritivamente, ou seja, nos
estritos termos da lei, que não abrange a hipótese da existência de
diferenças de parcelas rescisórias pagas dentro do prazo legal.
Nesse sentido decidiu a Primeira Turma desta Corte,
em decisão da relatoria do Ministro Vieira de Mello Filho, conforme a
ementa a seguir transcrita:
Esse é o entendimento que tem prevalecido no âmbito
desta Corte, conforme se observa dos seguintes precedentes:
“MULTA DO ARTIGO 477, § 8º, DA CLT. PAGAMENTO A
MENORDAS VERBAS RESCISÓRIAS, EFETUADO NO PRAZO
LEGAL À ÉPOCA DA RESCISÃO CONTRATUAL. PENALIDADE
INDEVIDA.
Prevê o artigo 477 da CLT que o não pagamento das verbas rescisórias
no prazo de dez dias, previsto no § 6º, enseja o pagamento da multa,
consoante o disposto no seu § 8º. Não há previsão legal para a incidência da
multa em questão, na hipótese de existência de diferenças sobre as parcelas
rescisórias, a não ser se evidenciado abuso por parte do empregador. Assim,
se a reclamada efetuou o pagamento das parcelas rescisórias que
razoavelmente entendia devidas ao reclamante dentro do prazo legal, não
pode ser condenada ao pagamento da multa. Em se tratando de norma
punitiva, como é o caso da multa pelo atraso do pagamento das verbas
rescisórias, deve essa ser interpretada restritivamente, ou seja, dentro dos
estritos termos da lei, que não abrange a hipótese da simples existência de
diferenças de parcelas rescisórias pagas dentro do prazo legal.
Recurso de revista não conhecido” (Processo: RR -
221800-71.2004.5.02.0037 Data de Julgamento:
24/02/2016, Relator Ministro: José Roberto Freire
Pimenta, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT
04/03/2016).
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“MULTA DO ART. 477, § 8º, DA CLT - DIFERENÇAS DE
VERBAS RESCISÓRIAS RECONHECIDAS EM JUÍZO
O reconhecimento, em juízo, de parcelas salariais cujos reflexos geram
diferenças de verbas rescisórias faz com que a controvérsia em torno do
montante global do que deveria ser pago por ocasião da dispensa tenha
surgido em juízo, o que afasta de plano a aplicação da multa prevista no art.
477, § 8º, da CLT. Precedentes desta Corte” (Processo: ARR -
109400-62.2010.5.17.0013 Data de Julgamento:
02/03/2016, Relatora Ministra: Maria Cristina
Irigoyen Peduzzi, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT
04/03/2016).
“MULTA DO ART. 477 DA CLT. DIFERENCAS DE VERBAS
RESCISÓRIAS.
Discute-se nos autos se é devida a multa em discussão no caso de
diferenças de verbas rescisórias. Esta Corte Superior sedimentou o
entendimento de que, em tais casos, não é devida a multa prevista no artigo
477, § 8º, da CLT, quanto se trata de diferenças a sem pagas. Precedentes.
Conhecido e provido, no particular” (Processo: RR -
506-08.2012.5.04.0005 Data de Julgamento:
24/02/2016, Relator Ministro: Emmanoel Pereira, 5ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 04/03/2016).
“RECURSO DE REVISTA. MULTA PREVISTA NO ART. 477, § 8º,
DA CLT. VERBAS RESCISÓRIAS. PAGAMENTO A MENOR.
RECONHECIMENTO JUDICIAL DAS DIFERENÇAS PLEITEADAS.
A circunstância de o pagamento das verbas rescisórias ter sido apenas
parcial, ou a menor, em face dos pedidos deferidos pela sentença, não enseja
o pagamento da multa estabelecida no art. 477, § 8º, da CLT. A finalidade da
norma consolidada - que não comporta interpretação ampliativa, por
implicar sanção - é penalizar o empregador somente quando as verbas
incontroversas, reconhecidas no TRCT, não forem quitadas no prazo legal.
Assim, efetuado o pagamento das verbas rescisórias no prazo previsto no art.
477, § 6º, da CLT, tem-se por cumprida a obrigação legal por parte do
empregador. Precedentes.
Recurso de revista conhecido e provido” (Processo: RR - 85600-22.2010.5.13.0011 Data de Julgamento:
24/02/2016, Relator Ministro: Walmir Oliveira da
Costa, 1ª Turma, Data de Publicação: DEJT 26/02/2016).
“MULTA DO ART. 477, § 8º, DA CLT. PAGAMENTO DE
DIFERENÇAS DE VERBAS RESCISÓRIAS. PENALIDADE
INDEVIDA. A multa do art. 477, § 8º, da CLT incide quando o pagamento
das verbas rescisórias ocorrer fora do prazo legal. Entretanto, o
reconhecimento em juízo de diferenças de verbas rescisórias não dá ensejo à
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aplicação da referida multa. Precedentes. Incidem, no caso, o disposto no
artigo 896, § 4º, da CLT e o teor da Súmula nº 333 do TST. Recurso de
revista de que se conhece e a que se dá provimento” (Processo: RR -
105-64.2011.5.06.0271 Data de Julgamento:
17/02/2016, Relator Ministro: Cláudio Mascarenhas
Brandão, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT
26/02/2016).
Com efeito, o Regional, ao manter a condenação da
empresa reclamada ao pagamento da multa prevista no § 8º do artigo 477
da CLT, a despeito da comprovação de que as verbas rescisórias foram pagas
no prazo legal, ainda que a menor, incorreu em má aplicação do referido
dispositivo legal.
Diante do exposto, conheço do recurso de revista por
violação do artigo 477, § 8º, da CLT.
II – MÉRITO
A consequência lógica do conhecimento do recurso de
revista por violação do artigo 477, § 8º, da CLT é o provimento do apelo.
Assim, dou provimento ao recurso de revista interposto
pela reclamada para, reformando o acórdão regional, excluir da condenação
o pagamento da multa prevista no artigo 477, § 8º, da CLT.
11. MULTA DO ARTIGO 475-J DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.
INAPLICABILIDADE AO PROCESSO DO TRABALHO
I - CONHECIMENTO
O Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região negou
provimento ao recurso ordinário interposto pela reclamada, mantendo a
sentença no tocante à aplicação do artigo 475-J do Código de Processo
Civil, nos termos seguintes:
A fundamentação do acórdão regional foi a seguinte:
“13. Da aplicação da multa do artigo 475-J do CPC:
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Ressalvando posicionamento pessoal, no sentido de não ser devida a
multa em epígrafe, por não se harmonizar com os ditames do artigo 769 da
CLT, mormente após a edição da Lei n° 11.457/2007, que modificou o artigo
880 da CLT, bem como com o artigo 889 do mesmo diploma legal, que
remete o devedor inadimplente às penas impostas pela Lei de Execuções
Fiscais (Lei nº 6.830/80), supletivamente, passo a transcrever, com a devida
vênia, o posicionamento prevalecente na Turma, nos termos do voto
proferido pela Exma. Juíza Aline Pimentel Gonçalves, nos autos do
processo TRT - RO - n°00868-2006-023-06-00-4, publicado em
25/10/2007, in verbis:
‘Quanto à multa prevista no art. 475-J do CPC, devida
não só por compatibilidade com o processo do trabalho, em
razão da omissão valorativa da legislação instrumental
trabalhista (art. 769 da CLT), mas em face da expressa
previsão do art. 880 da CLT: ‘O juiz ou presidente do
Tribunal, requerida a execução, mandará expedir mandado de
citação ao executado, a fim de que cumpra a decisão ou o
acordo no prazo, pelo modo e sob as cominações estabelecidas,
[...]’.
Por conseguinte, em homenagem à celeridade e economia
processuais, voto no sentido de se manter a sentença revisanda, no que
tange à multa em epígrafe” (págs. 1.066-1.068, grifou-se).
Nas razões de revista, a reclamada sustenta a tese de
que o artigo 475-J do Código de Processo Civil não seria aplicável ao
processo do trabalho, em razão da existência de disciplina específica
para a execução trabalhista na CLT.
Indica, assim, violação do artigo 5º, inciso II, da
Constituição da República e colaciona arestos para caracterização de
divergência jurisprudencial.
Nos termos do acórdão indicado como paradigma à pág.
1272, oriundo do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, “a multa prevista
no artigo 475-J do CPC é inaplicável no processo do trabalho, por ser incompatível com a sistemática de
execução prevista na CLT”.
Verifica-se que o Tribunal Regional do Trabalho da 9ª
Região, em exame sobre a mesma controvérsia posta nos autos, adotou
entendimento diametralmente oposto ao consignado pelo Tribunal a quo.
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Com efeito, constatada a especificidade do aresto
indicado como paradigma, nos termos da Súmula nº 296, item I, do Tribunal
Superior do Trabalho, conheço do recurso de revista por divergência
jurisprudencial.
II – MÉRITO
Esta Turma tem decidido, com ressalva de entendimento
do Relator, pela inaplicabilidade do artigo 475-J do CPC ao processo do
trabalho, ante a ausência de omissão legislativa na CLT, porquanto os
artigos 880 e 883 da CLT, que regulam o procedimento referente ao início
da fase executória do julgado, não preveem a cominação de multa pelo não
pagamento espontâneo das verbas decorrentes da condenação judicial.
Analisa-se a controvérsia da aplicabilidade do art.
475-J do Código de Processo Civil ao processo do trabalho, apenas para
elucidação da pretensão recursal.
O artigo 475-J do CPC, introduzido pela Lei
11.232/2005, de 22/12/2005, cuida de penalidade aplicável para o
descumprimento de sentença proferida no âmbito do direito comum,
tratando-se, pois, de regra inerente ao Direito Processual Civil.
O citado preceito legal estabelece que, caso o
devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em
liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o montante da condenação
será acrescido de multa, no percentual de dez por cento, e, a requerimento
do credor e observado o disposto no artigo 614, inciso II, desta lei,
expedir-se-á mandado de penhora e avaliação.
Segundo previsão da CLT (art. 769), bem como
entendimento doutrinário, a aplicação subsidiária das normas de direito
processual comum ao direito processual do trabalho só é possível quando
houver omissão nas normas celetistas que regem a matéria e
compatibilidade das normas supletivas com o direito do trabalho.
Tendo o direito processual do trabalho regramento
específico para execução de sentenças, nos termos do art. 876 e seguintes
da CLT, não se justifica a aplicação subsidiária de regra do direito
processual comum, cuja sistemática revela-se incompatível com aquela
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aplicável na execução trabalhista, em que o prazo para pagamento ou
penhora é de 48 horas (CLT, art. 880).
Por outro lado, a normatização contida no artigo 475-J
do CPC para ausência de pagamento do executado tem previsão correlata
no artigo 883 da CLT, o que afasta a aplicação supletiva daquele preceito
legal.
Corroboram esse entendimento os seguintes julgados
desta Corte superior:
“RECURSO DE REVISTA. EXECUÇÃO. MULTA DO ARTIGO
475-J DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. A disposição contida no artigo
475-J do CPC é inaplicável ao processo do trabalho, tendo em vista a
existência de regramento próprio, no âmbito do direito processual do
trabalho, contido nos artigos 880 e 883 da Consolidação das Leis do
Trabalho, acerca dos efeitos do não-pagamento espontâneo pelo executado
de quantia certa oriunda de condenação judicial. Além disso, a norma do
Código de Processo Civil é manifestamente incompatível com a regra
contida no artigo 880 da Consolidação das Leis do Trabalho, a qual contém o
prazo de 48 horas para que se proceda ao pagamento da execução, após a
citação, sem que haja cominação de multa pelo não-pagamento, mas sim de
penhora. Ao contrário da regra processual civil, em que o prazo para
cumprimento da obrigação é mais dilatado (15 dias) e há a cominação da
referida multa, o que também impede a aplicação do artigo 475-J do CPC,
nos exatos termos do artigo 769 da Consolidação das Leis do Trabalho.
Recurso de revista conhecido e provido.” (Processo: RR -
35600-66.2001.5.15.0079, data de julgamento:
15/10/2014, Relator Ministro: Renato de Lacerda
Paiva, 2ª Turma, data de publicação: DEJT 7/11/2014)
“RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA
LEI 11.496/2007. MULTA DO ART. 475-J DO CPC.
INAPLICABILIDADE NO PROCESSO DO TRABALHO. A aplicação
subsidiária do Código de Processo Civil ao Direito Processual do Trabalho,
de acordo com a doutrina e com a jurisprudência unânimes, exige dois
requisitos para permitir a aplicação da norma processual comum ao Processo
do Trabalho: a ausência de disposição na CLT e a compatibilidade da norma
supletiva com os princípios do Processo do Trabalho. Observa-se que o fato
preconizado pelo artigo 475-J do CPC possui disciplina própria no âmbito do
Processo do Trabalho, pelos artigos 880, 882 e 883 da CLT, que preveem o
prazo e a garantia da dívida por depósito ou a penhora de bens quantos
bastem ao pagamento da importância da condenação, acrescido das despesas
processuais, custas e juros de mora. Recurso de Embargos conhecido e
provido.” (E-RR-10900-78.2008.5.20.0002, Relatora
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Ministra Maria de Assis Calsing, data de publicação
17/9/2010)
“ART. 475-J DO CPC. INAPLICABILIDADE AO PROCESSO DO
TRABALHO. EXISTÊNCIA DE NORMA PROCESSUAL SOBRE
EXECUÇÃO TRABALHISTA. PRAZO REDUZIDO.
INCOMPATIBILIDADE DA NORMA DE PROCESSO COMUM COM A
DO PROCESSO DO TRABALHO. 1. A regra do art. 475-J do CPC não se
ajusta ao processo do trabalho atualmente, visto que a matéria possui
disciplina específica na CLT, objeto do seu art. 879, §§ 1º-B e 2º. Assim, a
aplicação subsidiária do art. 475-J do CPC contraria os arts. 769 e 889 da
CLT, que não autoriza a utilização da regra, desprezando a norma de
regência do processo do trabalho. 2. A novidade não encontra abrigo no
processo do trabalho, em primeiro lugar, porque neste não há previsão de
multa para a hipótese de o executado não pagar a dívida ao receber a conta
líquida; em segundo, porque a via estreita do art. 769 da CLT, somente cogita
da aplicação supletiva das normas do processo comum, no processo de
conhecimento e condicionado a dois fatores (omissão e compatibilidade), e
em terceiro lugar, porque para a fase de execução, o art. 889 indica como
norma subsidiária, a lei 6.830/1980 que disciplina os executivos fiscais. Fora
dessas duas situações estar-se-ia diante de indesejada substituição dos
dispositivos da CLT por aqueles do CPC que se pretende adotar. 3. A
inobservância das normas inscritas nos arts. 769 e 889 da CLT, com a mera
substituição das normas de regência da execução trabalhista por outras de
execução no processo comum, enfraquece a autonomia do direito processual
do trabalho. Recurso de Embargos de que se conhece e a que se dá
provimento.” (E-RR - 105500-58.2007.5.03.0048, Relator Ministro João Batista Brito Pereira, data de
publicação: 20/8/2010)
“APLICABILIDADE DA MULTA DO ARTIGO 475-J DO CPC AO
PROCESSO DO TRABALHO. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 5º, INCISO
LIV, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
Em que pese a invocação genérica de violação do artigo 5º, incisos II e
LIV, da Constituição Federal de 1988, em regra e como ocorre neste caso,
não ser suficiente para autorizar o conhecimento do recurso de revista com
base na previsão do § 2º do artigo 896 da CLT, na medida em que, para sua
constatação, seria necessário concluir, previamente, ter havido ofensa a
preceito infraconstitucional, esta Corte, com ressalva do entendimento do
Relator, tem decidido pela inaplicabilidade do artigo 475-J do CPC ao
processo do trabalho, ante a existência de previsão legislativa expressa na
CLT sobre o tema, porquanto os artigos 880 e 883 da CLT regulam o
procedimento referente ao início da fase executória do julgado, sem
cominação de multa pelo não pagamento espontâneo das verbas decorrentes
da condenação judicial, motivo por que sua aplicação acarretaria ofensa ao
devido processo legal, de que trata o artigo 5º, inciso LIV, da Constituição
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Federal. Recurso de revista conhecido e provido.” (Processo: RR -
55700-71.2004.5.15.0003, data de julgamento:
18/4/2012, Relator Ministro: José Roberto Freire
Pimenta, 2ª Turma, data de publicação: DEJT 27/4/2012)
Desse modo, a Corte regional, ao determinar a
aplicação subsidiária de norma de direito processual civil em detrimento
de normas próprias do direito processual do trabalho, ofendeu o direito
da parte, visto que o artigo 880 da CLT regulamenta no âmbito do processo
do trabalho a execução e não consta do mencionado verbete referida multa,
determinando apenas:
“Requerida a execução, o juiz ou presidente do tribunal mandará
expedir mandado de citação do executado, a fim de que cumpra a decisão ou
o acordo no prazo, pelo modo e sob as cominações estabelecidas ou, quando
se tratar de pagamento em dinheiro, inclusive de contribuições sociais
devidas à União, para que o faça em 48 (quarenta e oito) horas ou garanta a
execução, sob pena de penhora”.
Assim, dou provimento ao recurso de revista para,
reformando o acórdão regional, excluir da condenação a multa do artigo
475-J do CPC.
12. MULTA PELA INTERPOSIÇÃO DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
PROTELATÓRIOS
CONHECIMENTO
O Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região rejeitou
os embargos de declaração interpostos pela reclamada e, por considerá-los
protelatórios, a condenou ao pagamento de multa de 1% sobre o valor da
causa, com fundamento no artigo 538 do Código de Processo Civil.
A fundamentação do acórdão regional foi a seguinte:
“EMBARGOS DA RECLAMADA
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Em consonância com os artigos 535 do CPC e 897-A da CLT, os
embargos declaratórios constituem remédio processual destinado ao
saneamento de obscuridades, contradições e omissões acaso apresentadas
pelo provimento jurisdicional. Assim, a menos que se verifiquem defeitos
capazes de ensejar efeito modificativo no julgamento, não se prestam à busca
de reforma de decisão judicial impugnada.
Ao lado disto, em razão da finalidade específica prevista em lei, não se
destinam os embargos declaratórios ao prequestionamento de matéria, nas
hipóteses em que o órgão judicial, ao entregar a prestação jurisdicional,
pronuncia-se sobre os pontos relevantes tratados no recurso. É o que se
dessume do exposto na Orientação Jurisprudencial 118, da Seção de
Dissídios Individuais do TST, segundo a qual, verbis: ‘Prequestionamento.
Havendo tese explícita sobre a matéria, na decisão recorrida, desnecessário
contenha nela referência expressa do dispositivo legal para ter-se como
prequestionado este. Inteligência da Súm. 297 do TST’.
Como se vê da fundamentação dos embargos, a questão devolvida à
apreciação desta Turma - pertinente à observância do disposto nos artigos
884 do Código Civil e 5º da Constituição Federal, carece de consistência,
sendo oportuno ressaltar que a vedação ao enriquecimento ilícito - a que se
refere o primeiro dispositivo - apenas ocorreria se o entendimento sustentado
no recurso, relativamente ao intervalo intrajornada e às diferenças de
comissão viesse a prevalecer, o que não ocorreu. O posicionamento da
Turma foi no sentido de confirmar a sentença, relativamente a estas matérias,
não havendo qualquer necessidade de pronunciamento explícito sobre aquele
artigo, para se entender que a matéria foi apreciada. O mesmo ocorre em
relação à suposta violação ao artigo 5º da Constituição, pois este quadro
apenas se configuraria caso a tese recursal tivesse preponderado e o Juízo
não determinasse a supressão do tempo de intervalo gozado do total a ser
apurado na fase de liquidação. Porém, o recurso da reclamada foi improvido,
constando do acórdão argumentos que permitem identificar às razões que
levaram o órgão julgador a se posicionar neste sentido, sem que, para isso,
fosse imprescindível a menção a todos os artigos listados no memorial
recursal.
Com relação à distribuição do ônus probatório, à luz dos artigos 818 da
CLT e 333, inciso I, do CPC - a matéria não necessita de expressa referência
no julgado para que seja tida como analisada. Em verdade, no exame de cada
tópico objeto da discussão travada entre os litigantes, em especial daquelas
que dependem da comprovação de determinados fatos, o juiz procede,
naturalmente, à investigação dos elementos probatórios e da iniciativa de
quem deveria produzi-los, para só então formar o seu convencimento. Ou
seja, na análise de cada thema decidendum, é despiciendo que o magistrado
faça uma declaração prévia e explícita acerca do êxito que uma parte teve
sobre a outra, no tocante à prova dos fatos constitutivos ou modificativos dos
direitos versados no litígio, até porque essa é uma conclusão que pode (e
deve) ser obtida, mediante a leitura dos fundamentos da decisão.
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No acórdão embargado, em diversas oportunidades, há expressa
menção ao fato de que o autor tinha a sua jornada de trabalho controlada pela
demandada, em consonância com as provas produzidas nos autos, não
podendo ele ser enquadrado na hipótese do artigo 62, inciso I, da CLT.
Implicitamente, esses trechos da fundamentação deixam claro que a tese
expendida na inicial merecia acolhida, restando infundada a tentativa da
ex-empregadora de negar ao reclamante o direito às horas trabalhadas em
sobrejornada.
Outrossim, a impertinência das alegações da embargante se
afigura ainda, mais patente, ao se observar que a principal finalidade
dos embargos seria a de provocar este juízo revisor a adotar tese
explícita sobre dispositivos legais que tratam da distribuição do ônus da
prova ‘dos fatos constitutivos’ dos direitos alegados pelas partes. Ocorre
que as matérias passíveis de análise em sede de recurso de revista - via que a
embargante diz ter elegido para prosseguir na defesa de sua tese - são
eminentemente jurídicas, descabendo o reexame das provas examinadas
pelos Regionais (Súmula 126 do TST). A fim de melhor esclarecer esse
raciocínio, transcreve-se a seguinte ementa:
‘RECURSO DE REVISTA - JORNADA DE
TRABALHO DE 12X36 HORAS - FERIADOS LABORADOS
- PAGAMENTO EM DOBRO INDEVIDO – A jurisprudência
desta Corte Superior é no sentido de que o empregado sujeito ao
regime de 12 horas de trabalho por 36 de descanso não tem
direito à dobra salarial pelo trabalho prestado em feriados,
porque já usufruído o descanso. Precedentes da SBDl-1. Recurso
de revista conhecido e provido. ADICIONAL DE
INSALUBRIDADE. Recurso de natureza extraordinária, como o
recurso de revista, não se presta a reexaminar o conjunto
fático-probatório produzido nos autos, porquanto, nesse aspecto,
os Tribunais Regionais do Trabalho revelam-se soberanos.
Inadmissível, assim, recurso de revista em que, para se chegar a
conclusão diversa da esposada pela Corte Regional, seja
imprescindível o revolvimento de fatos e provas, nos termos da
Súmula n° 126 do TST. Recurso de revista não conhecido’ (TST
- RR 1885/2005-075-15-00 - Rei. Min. Luiz Philippe Vieira de
Mello Filho - DJe 30.04.2009 - p. 483) (original sem o negrito).
Assim, fica claro que a intenção da embargante não é,
verdadeiramente, a de apontar a existência de omissão no acórdão, mas
sim a de atacar o posicionamento adotado pelo órgão julgador, porque a
solução encontrada não se harmonizou com os seus interesses e com o
seu entendimento sobre a matéria. Isto não significa, em absoluto, que
alguma questão referente às horas extras tenha deixado de ser
analisada, muito menos que tenha havido contradição ou obscuridade a
comprometer a integridade do julgado.
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Infere-se, assim, que ela se utiliza de via processual inapropriada e
expõe, de maneira inconteste, o fito procrastinatório de seus embargos,
o que me leva a condená-la ao pagamento de multa de 1% (um por
cento) sobre o valor da causa, em favor do reclamante, com fundamento
no artigo 538 do CPC” (págs. 1.112-1.116, grifou-se).
Nas razões de revista, a reclamada insurge-se contra
a condenação ao pagamento de multa de 1% sobre o valor da causa, mediante
o argumento de que os embargos de declaração foram interpostos com o
intuito de prequestionar determinadas matérias, sem a intenção de
procrastinar o feito.
Nesse contexto, indica violação dos artigos 5º,
incisos II, III, LIV, e LV, e 93, inciso IX, da Constituição da República.
Colaciona arestos para caracterização de divergência
jurisprudencial.
Sem razão a reclamada, ora recorrente.
No caso, o Regional aplicou a penalidade de forma
fundamentada, por entender que os embargos de declaração tinham por
finalidade apenas protelar o deslinde do feito, em detrimento dos
direitos do reclamante.
No caso, nos autos, observa-se que, de fato, a
reclamada interpôs embargos de declaração com o nítido intuito apenas
de provocar a rediscussão do entendimento adotado pelo Regional, acerca
da condenação, sem, contudo, indicar precisamente pontos que restaram
omissos e que seriam essenciais ao deslinde da controvérsia.
A reclamada limitou-se a questionar nova manifestação
sobre os artigos 128, 333 e 460 do Código de Processo Civil, 62 e 818
da CLT e 5º da Constituição da República, além da alegação de
enriquecimento ilícito, nos termos do artigo 884 do Código Civil.
Todavia, a controvérsia acerca da alegação de nulidade
da sentença por julgamento extra petita, o pagamento de horas extras e
reflexos, bem como o reconhecimento do caráter salarial das parcelas de
auxílio alimentação e do pagamento das horas extras intervalares foram
exaustivamente examinadas pelo Tribunal Regional, motivo pelo qual se
constata a desnecessidade dos embargos de declaração interpostos.
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Por conseguinte, se inexistia razão para a
interposição dos embargos de declaração, a aplicação da multa não
afrontou o disposto no artigo 5º, incisos LIV e LV, e 93, inciso IX, da
Constituição Federal, uma vez que o artigo 538, parágrafo único, do Código
de Processo Civil, dispõe que a cominação da citada sanção consiste em
faculdade atribuída pela lei ao julgador, a quem compete zelar pelo bom
andamento do processo.
A invocação genérica de violação do artigo 5º, inciso
II, da Constituição Federal de 1988, em regra e como ocorre neste caso,
não é suficiente para autorizar o conhecimento deste recurso com base
na previsão da alínea “c” do artigo 896 da CLT, na medida em que, para
sua constatação, seria necessário concluir, previamente, ter havido
ofensa a preceito infraconstitucional.
A indicação de ofensa ao inciso III do artigo 5º da
Constituição da República não impulsiona o conhecimento do recurso de
revista no particular, pois completamente impertinente em relação ao tema
em exame.
A divergência jurisprudencial não subsiste, porquanto
os arestos indicado como paradigma, à pág. 1276-1278 são oriundos de Turma
do Tribunal Superior do Trabalho, órgão incompatível com a alínea “a”
do artigo 896 da CLT.
Diante do exposto, não conheço do recurso de revista.
ISTO POSTO
ACORDAM os Ministros da Segunda Turma do Tribunal
Superior do Trabalho, por unanimidade, negar provimento ao agravo de
instrumento interposto pelo autor. E, por unanimidade, ainda, conhecer
do recurso de revista interposto pela empresa reclamada quanto ao tema
“Multa do artigo 477, § 8º, da CLT. Pagamento a menor das verbas
rescisórias, efetuado no prazo legal à época da rescisão contratual.
Penalidade indevida”, por violação do artigo 477, § 8º, da CLT, e, no
mérito, dar-lhe provimento para, reformando ao acórdão regional, excluir
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da condenação o pagamento da multa prevista no artigo 477, § 8º, da CLT.
Também por unanimidade, conhecer do recurso de revista interposto pela
empresa reclamada quanto ao tema “Multa do artigo 475-J do Código de
Processo Civil. Inaplicabilidade ao processo do trabalho”, por
divergência jurisprudencial, e, no mérito, dar-lhe provimento para,
reformando o acórdão regional, excluir da condenação a multa do artigo
475-J do CPC. Com ressalva de entendimento da Exma. Ministra Delaíde
Miranda Arantes.
Brasília, 20 de abril de 2016.
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JOSÉ ROBERTO FREIRE PIMENTA Ministro Relator
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