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R E L A T Ó R I O O Desembargador Federal JOSÉ MARIA LUCENA (Relator) Trata-se de apelação cível e remessa obrigatória de sentença que julgou procedente o pedido para declarar a nulidade do ato de exoneração do autor, determinando, em conseqüência, a sua reintegração ao cargo de Professor de Magistério Superior, Classe Assistente, nível 001, lotado no Departamento de Música da UFPE por ele anteriormente ocupado, com todos os efeitos jurídicos daí decorrentes. Determinou, ainda, a condenação da parte Ré ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) e de honorários advocatícios fixados em R$ 5.000,00 (cinco mil reais), nos termos do art. 20, §4º do CPC. Ao recorrer da sentença, a UFPE alegou que a referida Portaria de exoneração não apresenta qualquer vício que possa acarretar a sua nulidade, não sendo possível ao Poder Judiciário pronunciar-se sobre o mérito administrativo. Aduziu, ainda, a improcedência do pedido de condenação em danos morais por inexistir dano produzido pela Administração, visto que o ato praticado se deu com observância dos ditames legais. RELATEI. PROCESSO Nº: 0801220-62.2014.4.05.8300 - APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO APELANTE: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO APELADO: SERGIO LUIZ DESLANDES DE SOUZA ADVOGADO: TATIANA PAULINO DA SILVA RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL JOSE MARIA DE OLIVEIRA LUCENA - 1º TURMA PROCESSO Nº: 0801220-62.2014.4.05.8300 - APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO APELANTE: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO APELADO: SERGIO LUIZ DESLANDES DE SOUZA ADVOGADO: TATIANA PAULINO DA SILVA RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL JOSE MARIA DE OLIVEIRA LUCENA - 1º TURMA V O T O

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Page 1: PROCESSO Nº: 0801220-62.2014.4.05.8300 - APELAÇÃO ... · Por entender não haver necessidade de produção de outras provas além daquelas já constantes nos autos, suficientes,

R E L A T Ó R I O    O Desembargador Federal JOSÉ MARIA LUCENA (Relator)     Trata-se de apelação cível e remessa obrigatória de sentença que julgou  procedente o pedidopara declarar a nulidade do ato de exoneração do autor, determinando, em conseqüência, a suareintegração ao cargo de Professor de Magistério Superior, Classe Assistente, nível 001,lotado no Departamento de Música da UFPE por ele anteriormente ocupado, com todos osefeitos jurídicos daí decorrentes. Determinou, ainda, a condenação da parte Ré ao pagamento deindenização por danos morais no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) e de honoráriosadvocatícios fixados em R$ 5.000,00 (cinco mil reais), nos termos do art. 20, §4º do CPC.                           Ao recorrer da sentença, a UFPE alegou que a referida Portaria de exoneraçãonão apresenta qualquer vício que possa acarretar a sua nulidade, não sendo possível ao PoderJudiciário pronunciar-se sobre o mérito administrativo. Aduziu, ainda, a improcedência do pedidode condenação em danos morais por inexistir dano produzido pela Administração, visto que o atopraticado se deu com observância dos ditames legais.     RELATEI.  

PROCESSO Nº: 0801220-62.2014.4.05.8300 - APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIOAPELANTE: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCOAPELADO: SERGIO LUIZ DESLANDES DE SOUZAADVOGADO: TATIANA PAULINO DA SILVARELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL JOSE MARIA DE OLIVEIRA LUCENA - 1ºTURMA

PROCESSO Nº: 0801220-62.2014.4.05.8300 - APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIOAPELANTE: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCOAPELADO: SERGIO LUIZ DESLANDES DE SOUZAADVOGADO: TATIANA PAULINO DA SILVARELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL JOSE MARIA DE OLIVEIRA LUCENA - 1ºTURMA

V O T O

 

Page 2: PROCESSO Nº: 0801220-62.2014.4.05.8300 - APELAÇÃO ... · Por entender não haver necessidade de produção de outras provas além daquelas já constantes nos autos, suficientes,

O Desembargador Federal JOSÉ MARIA LUCENA (Relator)

 

 

O autor objetiva sua reintegração ao cargo público de Professor de Magistério Superior, com opagamento das verbas de caráter remuneratório, desde a data do ato de exoneração, alegando,para tanto a existência de perseguição por parte de seus superiores, assim como deirregularidades no processo administrativo de avaliação de seu estágio probatório, o qualculminou com sua reprovação e exoneração. Requer, ainda, a condenação da UFPE aopagamento de indenização por danos morais.

 

 

Considerando que a mais alta Corte de Justiça do país já firmou entendimento no sentido de quea motivação referenciada ("per relationem") não constitui negativa de prestação jurisdicional,tendo-se por cumprida a exigência constitucional da fundamentação das decisões judiciais[1],adoto como razões de decidir os termos da sentença, que passo a transcrever:

 

[...]

 

II. FUNDAMENTOS. 

 

1. Das questões prévias. 

  

1.1. Preliminar de incompetência absoluta do Juízo. 

Alegou a UFPE a preliminar de incompetência absoluta deste Juízo, com sustentação no art. 3.º,§ 3.º, da Lei n.º 10.259/2001, sob o argumento de competência absoluta do Juizado EspecialFederal para processar e julgar o presente feito. 

Contudo, o art. 3.º,§ 1.º, inciso III, do citado texto legal, exclui da competência do JuizadoEspecial Federal Cível as demandas que versem sobre "anulação ou cancelamento de atoadministrativo federal, salvo o de natureza previdenciária e o de lançamento fiscal". 

Dessa forma, afasto a preliminar suscitada, pois a demanda em análise pretende a anulação deato administrativo federal não atinente à natureza previdenciária ou lançamento fiscal. 

1.2. Prejudicial de mérito: prescrição quinquenal. 

Requereu a autarquia ré o acolhimento da tese consubstanciada na Súmula 85 do EgrégioSuperior Tribunal de Justiça, condenando-se a entidade pública apenas ao pagamento das

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parcelas não prescritas. 

Preconiza a referida súmula: 

 "Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a Fazenda Pública figure como devedora,quando não tiver sido negado o próprio direito reclamado, a prescrição atinge apenas asprestações vencidas antes do quinquênio anterior à propositura da ação." 

 No caso dos autos, reclama o autor o pagamento do valor correspondente à soma de suaremuneração, desde novembro de 2013, não se encontrando, portanto, nenhuma das parcelaspretendidas na presente demanda atingida pelo prazo quinquenal, razão pela qual rejeito aprescrição suscitada. 

2. Do julgamento antecipado da lide. 

Por entender não haver necessidade de produção de outras provas além daquelas já constantesnos autos, suficientes, portanto, para o deslinde da demanda, decido proferir o julgamentoantecipado da lide, nos termos do art. 330, I, do Código de Processo Civil. 

Nesse sentido, o entendimento do Superior Tribunal de Justiça:

"Suficientes os elementos dos autos para proferir a decisão, o julgamento antecipado dalide não implica cerceamento de defesa".

(STJ - Quarta Turma - Recurso Especial - 445438 - Processo: 200200845327 UF: SP -Relator(a) CÉSAR ASFOR ROCHA - Data da decisão: 08/10/2002 - DJ Data: 09/12/2002Página: 352)

 

3. Do mérito.

Cinge-se o mérito da demanda em definir ter ou não o autor direito à anulação dos atosadministrativos que culminaram na sua exoneração por reprovação em estágio probatório, parafins de reintegração aos quadros da UPFE e recebimento da remuneração que deixou de receber,bem como à condenação da autarquia ré ao pagamento de indenização por danos morais.

3.1. Eis o quadro normativo regente da matéria sobre estabilidade e avaliação em estágioprobatório do servidor público:

Constituição Federal/1988:

"Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo deprovimento efetivo em virtude de concurso público. (Redação dada pela Emenda Constitucionalnº 19, de 1998)

§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº19, de 1998)

I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado; (Incluído pela Emenda Constitucional nº19, de 1998)

II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa; (Incluído pela

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Emenda Constitucional nº 19, de

1998)

III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de leicomplementar, assegurada ampla defesa.

(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

(...)

§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação especial dedesempenho por comissão instituída para essa finalidade. (Incluído pela Emenda Constitucionalnº 19, de 1998)"

 

Lei 8.112/90:

 

"Art. 20. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para cargo de provimento efetivo ficarásujeito a estágio probatório por período de 24 (vinte e quatro) meses, durante o qual a suaaptidão e capacidade serão objeto de avaliação para o desempenho do cargo, observados osseguinte fatores: (vide EMC nº 19)

I - assiduidade;

II - disciplina;

III - capacidade de iniciativa;

IV - produtividade;

V- responsabilidade.

§ 1.º 4 (quatro) meses antes de findo o período do estágio probatório, será submetida àhomologação da autoridade competente a avaliação do desempenho do servidor, realizadapor comissão constituída para essa finalidade, de acordo com o que dispuser a lei ou oregulamento da respectiva carreira ou cargo, sem prejuízo da continuidade de apuraçãodos fatores enumerados nos incisos I a V do caput deste artigo. (Redação dada pela Lei nº11.784, de 2008)

§ 2.º O servidor não aprovado no estágio probatório será exonerado ou, se estável, reconduzidoao cargo anteriormente ocupado, observado o disposto no parágrafo único do art. 29.

(...)

§ 4.º Ao servidor em estágio probatório somente poderão ser concedidas as licenças e osafastamentos previstos nos arts. 81, incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afastamento paraparticipar de curso de formação decorrente de aprovação em concurso para outro cargo naAdministração Pública Federal. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

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§ 5.º O estágio probatório ficará suspenso durante as licenças e os afastamentos previstosnos arts. 83, 84, § 1o, 86 e 96, bem assim na hipótese de participação em curso deformação, e será retomado a partir do término do  impedimento. (Incluído pela Lei nº 9.527,de 10.12.97)

No caso em tela, também são aplicáveis a Lei n.º 12.772/12 e a Portaria Normativa n.º 06/2006,considerando o cargo ocupado pelo autor de professor assistente da Universidade Federal dePernambuco - UFPE.

 

Lei n.º 12.772/12:

"DO ESTÁGIO PROBATÓRIO DOS SERVIDORES DO PLANO DE CARREIRAS E CARGOS DEMAGISTÉRIO FEDERAL

Art. 23. A avaliação especial de desempenho do servidor em estágio probatório, ocupante decargo pertencente ao Plano de Carreiras e Cargos de Magistério Federal, será realizada porComissão de Avaliação de Desempenho designada no âmbito de cada IFE.

Parágrafo único. A Comissão de Avaliação de Desempenho deverá ser composta de docentesestáveis, com representações da unidade acadêmica de exercício do docente avaliado e doColegiado do Curso no qual o docente ministra o maior número de aulas.

Art. 24. Além dos fatores previstos no art. 20 da Lei nº 8.112, de 1990, a avaliação especial dedesempenho do docente em estágio probatório deverá considerar:

I - adaptação do professor ao trabalho, verificada por meio de avaliação da capacidade equalidade no desempenho das atribuições do cargo;

II - cumprimento dos deveres e obrigações do servidor público, com estrita observância da éticaprofissional;

III - análise dos relatórios que documentam as atividades científico-acadêmicas e administrativasprogramadas no plano de trabalho da unidade de exercício e apresentadas pelo docente, emcada etapa de avaliação;

IV - a assiduidade, a disciplina, o desempenho didático-pedagógico, a capacidade de iniciativa,produtividade e responsabilidade;

V - participação no Programa de Recepção de Docentes instituído pela IFE; e

VI - avaliação pelos discentes, conforme normatização própria da IFE.

 

Art. 25. A avaliação de desempenho do servidor ocupante de cargo do Plano de Carreiras eCargos de Magistério Federal em estágio probatório será realizada obedecendo:

I - o conhecimento, por parte do avaliado, do instrumento de avaliação e dos resultados de todosos relatórios emitidos pela Comissão de Avaliação de Desempenho, resguardando-se o direito aocontraditório; e

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II - a realização de reuniões de avaliação com a presença de maioria simples dos membros daComissão de Avaliação de Desempenho."

 

Portaria Normativa n.º 06, de 09 de maio de 2006/UFPE.

"Artigo 1º: O docente aprovado em concurso público e nomeado para cargo de provimentoefetivo, ao entrar em exercício ficará sujeito a estágio probatório, pelo período de 03 (três) anos.

§ 1º - Concluído com aprovação o estágio probatório, o docente adquirirá estabilidade, após 03(três) anos de efetivo exercício, sendo publicada a sua estabilidade no Boletim Oficial da UFPE.

§2º - O docente não aprovado no estágio probatório será exonerado do cargo, publicando-se oato no Diário Oficial da União, observado o disposto no artigo 20 da Lei n. º 8.112/90.

Artigo 2º: Durante o estágio probatório, a aptidão e a capacidade do servidor serão objeto deavaliação para o desempenho do cargo, observado os seguintes indicadores: assiduidade,disciplina, capacidade de iniciativa, produtividade e responsabilidade, considerando-se osregistros funcionais.

Artigo 3º: O formulário de avaliação de desempenho, juntamente com listagem de licençase afastamentos será encaminhado pela Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas e Qualidade deVida para o Chefe do Departamento de lotação do docente, no 32º mês a partir da data doefetivo exercício.

Artigo 4º: A avaliação incidirá sobre cada um dos cinco indicadores e sub-indicadores definidosno Anexo II que integra esta portaria.

Parágrafo Único: A cada um dos cinco indicadores serão atribuídos pontos, de 0 (zero) a 10(dez), observadas as faixas de correspondência ao nível de qualidade do desempenho, definidasno Anexo I.

Artigo 5º: Será considerado inabilitado, independente do total de pontos obtidos, o servidor quefor avaliado com insuficiente:

a) em Assiduidade, ou em Disciplina;

b) ou em mais de um dos demais fatores;

Artigo 6º: A avaliação de desempenho será realizada por comissão setorial de avaliaçãoconstituída por três servidores docentes estáveis, sendo composta por:

I - Chefe do Departamento de lotação do servidor (presidente da Comissão Setorial);

II - Coordenador do curso de graduação onde o docente ministrou ou ministra maiornúmero de aulas no período da avaliação;

III - Coordenador do curso de pós-graduação onde o docente ministrou ou ministra maiornúmero de aulas no período da avaliação, ou docente eleito pelo pleno do departamento delotação, cuja categoria seja superior à do avaliando.

§ 1º - O Chefe do Departamento de lotação dará conhecimento prévio ao docente dos

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critérios, das normas e dos padrões a serem utilizados para a avaliação de desempenho.

§2º- O formulário de avaliação será encaminhado pelo Chefe do Departamento de lotaçãodo docente, devidamente preenchido e assinado pela Comissão Setorial de Avaliação, aopresidente da Comissão Superior, no prazo de 05 (cinco) dias úteis, após a avaliação,anexando os seguintes:

I - Curriculum Vitae do avaliado;

II - Plano de Trabalho do avaliado;

III - Declaração de participação no treinamento de docentes Recém-ingressos na

UFPE;

IV - Extrato de ata do Pleno que aprovou o plano de trabalho do docente;

§3º - Deverá ser preenchido o formulário de avaliação, consignando os pontos e conceitosatribuídos a cada indicador, observadas as definições do Anexo I desta Portaria, e resumidaapreciação global do desempenho do avaliado.

§ 4º - Cabe ao Chefe do Departamento e aos membros da Comissão Setorial proceder àsavaliações que lhes competem, subordinando-as ao interesse superior da UFPE, às normas eaos prazos previstos nesta Portaria, respondendo por omissão ou desvio no cumprimento dessedever funcional.

Artigo 7º: A Comissão Setorial dará conhecimento ao docente do resultado da avaliação,facultando-lhe o direito de apresentar ponderações.

§ 1º: Caso o docente avaliado se recuse a dar o "ciente", a Comissão Setorial convocarádois docentes, que certificarão no formulário a recusa do docente avaliado.

§2º: Caso o docente discorde da avaliação da Comissão Setorial poderá requererreconsideração, por escrito, ao Presidente da Comissão Superior de Avaliação, no prazode 05 (cinco) dias úteis contados a partir do "ciente" ou de sua recusa de assinar.

Artigo 8º: A Comissão Superior será composta pelos seguintes membros: Pró-Reitor paraAssuntos Acadêmicos, Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Pró-Reitor de Gestão dePessoas e Qualidade de Vida, e Pró-Reitor de Extensão.

§1º: A comissão será presidida pelo Pró-Reitor Acadêmico.

§2º: Em caso de ausências e impedimentos legais os pró-reitores indicarão seusrespectivos substitutos.

Artigo 9º: No prazo de 10 (dez) dias úteis, contados do seu recebimento, a ComissãoSuperior de Avaliação procederá à análise de cada processo, levando em conta, além dacoerência interna dos pontos, à apreciação global, registrado pela Comissão Setorial, peloServidor e outros dados disponíveis nos assentamentos funcionais do docente,Departamento de lotação do docente, nas Pró-Reitorias e na CPPD, sendo-lhe aindafacultado solicitar informações complementares.

Parágrafo Único: Concluída a análise a Comissão Superior confirmará ou não os

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resultados atribuídos pela Comissão Setorial de Avaliação, podendo modificar a avaliaçãofinal, submetendo-a à CPPD para análise e homologação do resultado;

Artigo 10: A CPPD promoverá ou não a homologação do resultado de cada avaliação dedesempenho e no prazo de 10 (dez) dias úteis, a contar do recebimento do processo, eencaminhará ao Reitor para aprovação final.

Artigo 11: Será considerado habilitado o docente que obtiver total de pontos igual ou superior a 7(sete) em cada um dos indicadores de desempenho.

Artigo 12: Do resultado final da avaliação caberá recurso ao Conselho de Administração.

Artigo 13: O resultado e os instrumentos de avaliação, os elementos de reconsideração, osrecursos interpostos bem como as metodologias e os critérios utilizados na avaliação devemconstar no processo.

Artigo 14: As Comissões de avaliação poderão indicar medidas necessárias destinadas àqualificação ou treinamento docente.

Artigo 15:  A CPPD e a Comissão Superior de Avaliação aplicarão a máxima diligência naagilização e no resguardo da seriedade do processo de avaliação disciplinado nesta Portaria.

Artigo 16: O docente deverá participar do Treinamento de Integração de Docentes Recém-Ingressos na UFPE.

Artigo 17: O docente em estágio probatório poderá exercer quaisquer cargos de provimento emcomissão ou funções de direção, chefia ou assessoramento no órgão ou entidade de lotação, esomente poderá ser cedido a outro órgão ou entidade para ocupar cargos de Natureza Especial,cargos de provimento em comissão doGrupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, deníveis 6, 5 e 4, ou equivalentes.

Artigo 18: Fica estabelecido, para efeito desta Portaria:

I - Manual de Avaliação de Desempenho Funcional - ANEXO I

II - Formulário de Avaliação de Desempenho - ANEXO II;

Artigo 19: É assegurado ao servidor o direito de acompanhar o processo pessoalmente ou porintermédio de procurador.

Artigo 20: Ao servidor em estágio probatório somente poderão ser concedidas as seguinteslicenças e afastamentos, conforme art. 20, parágrafo 4º da Lei 8.112/90:

I. Licença por motivo de doença em pessoa da família.

II. Licença por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro.

III. Licença para o serviço militar."

 

Além dessas normas, a UFPE elaborou, ainda, o Manual de Avaliação de Desempenho dosServidores da UFPE em estágio probatório, objetivando facilitar o entendimento do processo

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avaliação pelas partes nele envolvidas, que assim dispõe em seu item 4.

 

"4. O PROCESSO FINAL DA AVALIAÇÃO

 

4.1. COMO É AVALIADO O DESEMPENHO?

 

O Programa de Avaliação de Desempenho é um processo contínuo e sistemático de avaliação, eos resultados apresentados pelo servidor devem ser auferidos no 32.º mês. 

(...)"

 

3.2. Argumenta o autor, inicialmente, que a nulidade do ato de exoneração consubstanciou-sequando da extrapolação do prazo para a homologação da avaliação do desempenho do servidorem estágio probatório, nos termos do § 1º do art. 20 da Lei 8.112/90.

No caso concreto, o procedimento de avaliação de desempenho foi instaurado em 02 de maio de2013, por meio do procedimento n.º 23076.027468/2013-96. Por sua vez, a avaliação dedesempenho deu-se por concluída pela Comissão Setorial em 23/08/2013, havendo odemandante protocolado, em 30/08/2013, pedido de reconsideração nº 23076.042680/2013-83(identificador nº 4058300.355905), o qual foi analisado em 18/10/2013 pela Comissão Setorial deAvaliação que revisou a pontuação concedida em alguns itens do Formulário de Avaliação deServidor Docente em Estágio Probatório, entretanto, decidiu não alterar o resultado essencial daavaliação (inabilitado). Em 04/11/2013, a Comissão Superior de Avaliação de Desempenho deEstágio Probatório Docente, após a análise do processo de avaliação e do recurso interposto peloautor, decidiu por homologar a sua avaliação (identificador nº 4058300.355938). Por fim, deu-se aexoneração do autor, por meio da Portaria nº 5.579, de 27/11/2013, do Reitor da UFPE, quedeterminou a exoneração do docente (identificador nº 4058300.355959).

De outro lado, o Professor ingressou na UFPE em 25/08/2010 e o termo final do seu estágioprobatório ocorreria, portanto, em 25/08/2013, ou seja, após o transcurso dos 03 (três) anosestabelecidos constitucionalmente para aquisição da estabilidade. De acordo com a legislaçãoaplicável à espécie, a homologação do resultado final da Avaliação Funcional deveria ter sidoauferida no quarto mês anterior ao triênio legal. O escopo da lei é garantir que o procedimento deavaliação do servidor ocorra dentro do período em que ele ainda não é estável, pois, superado olimite de 3 anos de efetivo exercício, a exoneração torna-se condicionada às hipóteses do 1.º doart. 41 da CF/88.

Sobre a matéria, o STJ já se posicionou no seguinte sentido:

"EMENTA: ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. SERVIDOR PÚBLICO. ESTÁGIOPROBATÓRIO. REPROVAÇÃO. AVALIAÇÃO HOMOLOGADA APÓS O FIM DO ESTÁGIOPROBATÓRIO. ILEGALIDADE. EXONERAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES.RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E IMPROVIDO. 1. Durante o estágio probatório, o servidorpúblico não possui a garantia da estabilidade no serviço público, podendo ser exonerado desdeque não demonstre os requisitos próprios para o exercício da função pública, tais como

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idoneidade moral, aptidão, disciplina, assiduidade, eficiência e outros, aferíveis com aobservância das formalidades legais de apuração de sua capacidade. 2. Hipótese em que tantoa homologação do resultado final da avaliação do estágio probatório quanto o ato deexoneração do servidor deram-se após ultrapassados os 2 (dois) anos previstos no art. 20,§ 1º, da Lei 8.112/90, quando já alcançada a estabilidade. 3. Recurso especial conhecido eimprovido." (STJ. RESP 200300953288, ARNALDO ESTEVES LIMA, - QUINTA TURMA, DJ em27/11/2006) - grifo acrescido.

Acerca do julgado acima transcrito, impende observar ter a Terceira Seção do STJ, ao julgar oMS nº 12.523-DF, em 22/04/2009, revisto seu posicionamento anterior, para consagrar que "oprazo de estágio probatório dos servidores públicos deve observar a alteração promovida pela ECn. 19/1998, que aumentou para três anos o prazo para aquisição da estabilidade no serviçopúblico, visto que, apesar de esses institutos jurídicos (estágio probatório e estabilidade) seremdistintos entre si, de fato, não há como dissociá-los, ambos estão pragmaticamente ligados"(Informativo 391 do STJ).

Dessa forma, passa-se a interpretar que a homologação da avaliação do estágio probatório deveocorrer dentro dos quatro meses anteriores aos três anos de efetivo exercício do servidor públiconão estável, sob pena de, ultrapassado o triênio, configurar-se a aquisição da estabilidade.

Nesse sentido:

"EMENTA: ADMINISTRATIVO. CONSTITUCIONAL. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. ESTÁGIOPROBATÓRIO. REPROVAÇÃO E HOMOLOGAÇÃO DA AVALIAÇÃO OCORRIDAS APÓS AESTABILIDADE NO CARGO. IMPOSSIBILIDADE ARTIGOS Nº 20, § 1º e 21 DA LEI 8.112/90. TRANSCURSO DE MAIS DE 10 ANOS. SITUAÇÃO DE FATO CONSOLIDADA. 1. Restoucomprovado nestes autos que embora a última etapa de avaliação do estágio probatóriotenha ocorrido do lapso temporal previsto para o término do estágio probatório (doisanos), a homologação daquele resultado se deu após aquele, quando já alcançada aestabilidade no cargo. 2. Embora não possa ser invocada para a perpetração de toda equalquer decisão judicial em caráter liminar, a teoria do fato consumado aplica-se às hipótesesem que a reversão se mostre altamente prejudicial para uma das partes e de pouco utilidadeprática para a outra, o que se mostra evidente no caso em exame em que a cassação da decisãoexarada em primeira instância, dez anos depois, representa grave dano ao apelado cuja carreirano órgão público para o qual fora reintegrado já se mostra consolidada pelo decurso do tempo. 3.Hipótese em que o decurso do prazo convalidou situação de fato recomendando suamanutenção. 4. Apelação e remessa oficial desprovidas. (TRF1 - AMS 200134000004942, JUÍZAFEDERAL ADVERCI RATES MENDES DE ABREU, 3ª TURMA SUPLEMENTAR, DJF1 em24/08/2011) - grifo acrescido.

"EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. UFRN. PROFESSOR DE 3º GRAU.EXERCÍCIO DE CARGO IDÊNTICO EM OUTRAS UNIVERSIDADES. APROVAÇÃO EMCONCURSO PÚBLICO. SUBMISSÃO A NOVO ESTÁGIO PROBATÓRIO. NECESSIDADE.AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO. PROCESSO DE HOMOLOGAÇÃO. INÍCIO APÓS 03 ANOSDE EXERCÍCIO EFETIVO NO CARGO. ESTABILIDADE. RECONHECIMENTO. 1. Trata-se deapelação interposta contra sentença que rejeitou a pretensão autoral, no sentido de que sejadeclarada a desnecessidade de sujeição a novo estagio probatório e reconhecida a estabilidadeno cargo de Professor de 3º Grau. 2. O ingresso do autor no novo cargo ocupado na UFRN deu-se a título de provimento originário, em razão da aprovação em concurso público de provas etítulos. Assim, conforme consignado na sentença, inexiste "direito subjetivo a escusar-se o autorda sujeição à nova avaliação, não ao menos ao argumento de já havê-la cumprido quando docargo anterior, porquanto é pressuposto de aptidão para o novo cargo" (fl. 117). 3. Não obstante,o processo administrativo destinado à homologação da avaliação do desempenho do servidor,

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realizada por comissão constituída para essa finalidade, somente foi iniciado quando o autor jácontava com mais de 03 (três) anos de efetivo exercício no cargo, em desrespeito à disposiçãolegal constante no parágrafo 1º do art. 20 da Lei nº 8.112/90, bem como ao parágrafo 2º do art. 3ºda Resolução nº 83/2006 - CONSEPE, que "dispõe sobre o acompanhamento e avaliação parahomologação do estágio probatório dos servidores docentes da UFRN". 4. Forçoso reconhecerque o servidor obteve a estabilidade pelo exercício efetivo do cargo pelo prazo de 03 (três)anos, nos termos do art. 41 da CF/88, na redação dada pela EC nº 19/98. Precedentes do e.STJ e do TRF da 1ª Região. 5. Apelação parcialmente provida." (TRF5. AC00076546220124058400, Desembargador Federal Marcelo Navarro - Terceira Turma, DJE em06/06/2013) - grifo acrescido.

 

Não obstante as considerações acima expostas, o caso dos autos apresenta particularidades queimpõem uma análise pormenorizada.

Relatou o autor na inicial haver protocolado, no dia 23/01/13, o processo nº 23076.008100/2013-29, solicitando seu afastamento para conclusão do doutorado, depois de ser orientado pela Pró-Reitora Lenita Amaral sobre a previsão de afastamento permitida pela Lei nº 12.772/2013.Contudo, o referido requerimento foi reputado formalmente incorreto pela Chefia. Finalmente,após receber informações do Ouvidor da UFPE, em 01/03/2013, o autor apresentou o pedido deafastamento (nos moldes formais da UFPE) para o período de 30/05/2013 a 31/03/2014,instaurando-se o processo 23076.014821/2013-78, decidindo o Pleno do Departamento deMúsica, em 05 de abril de 2013 - Ata do Conselho do CAC em 13 de maio de 2013 -, nosseguintes termos:

"o afastamento será pelo período de um (01) semestre letivo da UFBA, ou seja, de 13/05/2013 a10/09/2013, considerando o calendário acadêmico da UFBA."

Todavia, ainda segundo a inicial, em 06 de junho de 2013 foi juntado um novo pedido pelo autor(processo nº 23076.028507/2013-72), no qual este requereu a retificação do termo inicial doafastamento, devendo constar, para todos os efeitos legais, a data de 20/05/2013. Além disso,requereu o autor a retificação do termo final para março de 2014, sendo tal pedido indeferido peloConselho Departamental do Centro de Artes, em julho de 2013, sob o fundamento dadesconformidade de datas, vez que o departamento aprovou 01 (um) período e o recorrenteapresentou documentos com data de término 31/03/2014. Dessa decisão, o autor interpôsrecurso administrativo, optando, nesse ínterim, por reapresentar-se na Universidade em24/09/2013. Em 25/10/2013, finalmente, foi concedida a prorrogação do afastamento até31/03/2014, de acordo com as diretrizes da parecerista Prof.ª Ana Carolina Nunes de Couto, coma aprovação do Pleno.

Verifica-se, então, que o autor esteve afastado das suas atividades na UFPE no período de13/05/2013 a 24/09/2013. No particular, observa-se não ter a parte ré impugnado os fatosaduzidos na inicial, deixando de trazer aos autos, ademais, na oportunidade da contestação, osdocumentos relativos ao pedido de afastamento em comento, bastando, para o convencimentodeste Juízo, para fins de prova dos fatos aduzidos, os documentos juntados pelo autor com ainicial registrados eletronicamente sob os n.ºs 4058300.355834 a 4058300.355865. 

Poderia se argumentar, nesse ponto, que a avaliação do estágio probatório do autor deveriarestar suspensa, em analogia ao art. 20, §5.º, da Lei n.º 8.112/1990. Ressalta-se, nesse ponto,que o afastamento do autor se deu em virtude das recentes permissões do art. 30 da Lei nº12.772/2012, segundo as quais:

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"Art. 30. O ocupante de cargos do Plano de Carreiras e Cargos do Magistério Federal, semprejuízo dos afastamentos previstos na Lei no 8.112, de 1990, poderá afastar-se de suas funções,assegurados todos os direitos e vantagens a que fizer jus, para:

 (...)

§ 2o  Aos servidores de que trata o caput poderá ser concedido o afastamento para realização deprogramas de mestrado ou doutorado independentemente do tempo de ocupação do cargo.

(...)"

Assim, embora não esteja dentre as previsões do art. 20, § 5.º, da Lei n.º 8.112/1990, talafastamento também deveria, em tese, gerar a suspensão da avaliação do estágio probatório emandamento, pois obstado o efetivo exercício no cargo pelo servidor afastado para fins deaquisição da estabilidade.

Todavia, assim não se procedeu administrativamente e a avaliação foi homologada em períodoanterior aos 03 anos de efetivo exercício do demandante nas suas funções de magistério naUFPE. Nesse quadro, o processo avaliatório findou antes da conclusão do triênio de efetivoexercício, não fazendo sentido decretar, no caso concreto, a sua anulação pelo motivo do art.20,§ 1.º, da Lei n.º 8.112/1990.

Em resumo, uma vez que o demandante não completou o período constitucionalmente exigidopara a estabilidade, em virtude de afastamento para curso de doutorado, não se vislumbranulidade por afronta ao dispositivo legal retro mencionado.

De outro lado, reputa-se observado o contraditório, nos termos da Portaria Normativa n.º 06, de09 de maio de 2006/UFPE.

 

3.3. Em análise da documentação acostada aos autos, bem como das argumentaçõesdespendidas pelas partes, observa-se que o demandante, em princípio, possui registros passíveisde gerar desabonos em uma avaliação de estágio probatório.

O primeiro deles são as divergências com a sua chefia direta, o Sr. Mauro Maibrada (Chefe doDepartamento de Música da UFPE), e com o professor Sérgio Dias, tendo os dois se declaradoimpedidos para compor a Comissão Setorial responsável pela avaliação do demandante(documento registrado eletronicamente sob o n.º 4058300.439268). O segundo diz respeito àrelação do professor com seus alunos, existindo nos autos relatório assinado pela professoraCristiane Galdino de Almeida (anexo n.º 4058300.439268) em desfavor do autor acerca de umepisódio ocorrido em sala de aula, além de reclamações formais de duas alunas sobre o seucomportamento, tanto em classe, quanto em resposta a e-mails (anexo n.º 4058300.439270).Também se observam 5 faltas registradas na ficha funcional do autor e ausência de consignaçãode projeto de Pesquisa no PROPESQ. Impende analisar, todavia, se tais fatores foram sopesadosde modo razoável pela Administração.

Sobre o primeiro ponto, pondera-se: apesar do relacionamento aparentemente conflituoso dodemandante com o Chefe do Departamento, os e-mails e ofícios acostados aos autosapresentam um caráter profissional e respeitoso entre aqueles, ressaltando-se a busca deinformações pelo autor sobre procedimentos administrativos exigidos, com a intenção de alinhar-se a eles. Quanto ao desentendimento com o professor Sérgio Dias, este foi causado por umimpasse de horário entre as aulas do autor com a do colega de trabalho (anexo n.º

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4058300.439270).

Os transtornos de relacionamento com alguns professores parecem ter pesado negativamentealém do razoável na avaliação do autor no quesito disciplina, em especial nas notas atribuídas àsseguintes questões: "acata instruções superiores com naturalidade e presteza?"; "cumpre asnormas para a realização das atividades acadêmicas?"; "cumpre os prazos estabelecidos para asatividades acadêmicas?"; "apresenta postura profissional em relação às autoridades?";"apresenta uma postura profissional em relação aos colegas servidores docentes e técnico-administrativos?". Embora o autor demonstre um comportamento crítico em determinadassituações, não se vislumbra nos autos, documentalmente, uma postura não profissional diante desua chefia e colegas de trabalho, tampouco no cumprimento de prazos.

Em relação às diminutas notas obtidas nos quesitos 10, 11 e 16 do Formulário de Avaliação,quais sejam: "procura manter um clima de cordialidade com os servidores docentes e técnicosadministrativos?"; "procura manter uma boa relação com os alunos?" e "apresenta uma posturaprofissional em relação aos alunos?", de outro lado, estão justificadas pelos documentosacostados aos autos.

Quanto ao quesito "assiduidade", há registro de 5 faltas durante todo o período de estágioprobatório, todas elas apontadas em um único semestre, imediatamente anterior aodeferimento do afastamento do autor por motivo de conclusão de doutorado na UFBA, bemcomo à avaliação do estágio probatório.

Assim, coincidentemente, na mesma época em que o autor demonstrou à chefia a necessidadede afastamento, em virtude do doutorado cursado em outra instituição, foram registradas todas as05 faltas em seu apontamento funcional, constando dos autos, de outro turno, justificativasplausíveis do autor no particular. Primeiro, observa-se que 03 das 05 faltas ocorreram no períododo carnaval, no qual, segundo as alegações do autor, muitos alunos trabalham em eventos eapresentações, deixando de comparecer às aulas de música, razão pela qual o autor optou porpropor a reposição das aulas em outra oportunidade (anexo n.º 4058300.439270). A proposta derealocação das aulas consta dos autos, por meio de ofícios emitidos pelo autor ao coordenadordo departamento de licenciatura em música, Sr. Jailson, sem resposta, no entanto (anexo n.º4058300.439270).

Vale consignar, outrossim, que as outras duas faltas (12 e 13 de dezembro de 2012) tambémforam justificadas pelo autor administrativamente, sendo uma delas em virtude do doutorado emSalvador e a outra por compromisso profissional em regência musical. Ressalva-se, contudo, que,embora o demandante tenha alegado inexistência de aulas marcadas para essas datas, talargumento não ficou demonstrado nos autos, pois o "Relatório Turma/horário" acostado dizrespeito apenas ao primeiro semestre de 2012, e as aulas supostamente faltadas se deram nosegundo semestre daquele ano.

Nesse quadro, vislumbram-se notas de desempenho fraco/insuficiente no quesito assiduidade,além do proporcional e razoável para os fatos expostos, salientando-se, ainda, não haver nosautos registro formal de outros atrasos/faltas alegados pela Comissão Setorial de Avaliaçãoquando da análise do pedido de reconsideração do autor (anexo n.º 4058300.355915).

Quanto ao item "capacidade de iniciativa", obteve o autor notas baixas nas seguintes questões:"17. é capaz de elaborar os programas das disciplinas que ministra?", "19. é capaz de proporformas de capacitação de recursos externos para apoio às atividades de pesquisa e extensãoquando solicitado?" e "24. possui liderança em sala de aula?". Quanto ao primeiro ponto, deacordo com a Comissão Setorial de Avaliação,  "a comissão se baseou no plano de aulaapresentado pelo Professor Deslandes originalmente rejeitado pelo Pleno (fls. 246 a 259 do

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processo 042680/2013-83)", sendo matéria afeita ao mérito administrativo quanto à qualidade doplano de aula, sem subsídios nos autos para se emitir um juízo de valor sobre a nota atribuída aoprofessor. Não houve justificativa plausível para a baixa nota obtida no item 19. Já o item 24 estájustificado, em especial, pelo relatório assinado pela professora Cristiane Galdino de Almeidasobre a conduta do professor em episódio ocorrido em sala de aula. Vislumbra-se, ademais, quenos itens 20 e 23 (respectivamente: "demonstra interesse em aperfeiçoar a condução dasdisciplinas que ministra?" e "procura inovar na didática e metodologias de ensino-aprendizagem?"), o demandante recebeu nota 7,0, repetindo a Comissão Setorial de Avaliação ocritério do plano de aula não aprovado já utilizado no item 17 para reduzir bastante a nota geraldo demandante quanto à sua capacidade de iniciativa, o que não se mostra razoável,principalmente, porque o professor apresentou o plano de aula exigido, demonstrando interesseno aperfeiçoamento da condução das disciplinas que ministra e na inovação didática.

Por sua vez, o tópico "responsabilidade" também recebeu baixíssima pontuação, com motivaçãoidêntica para as notas atribuídas aos itens 25 e 26, nos seguintes termos: "não consideramosfidelidade aos compromissos faltar reuniões do Pleno e aulas, combinar e efetuar reposição deaulas e provas fora do Departamento sem anuência da Coordenação, não registrar projeto depesquisa e repassar a coordenação de projeto de extensão à revelia do Departamento". De fato,as faltas às reuniões no Pleno devem ser sopesadas, embora exista nos autos registros de e-mails indicando que o autor, em algumas ocasiões, não foi avisado das datas e horáriosmarcados (anexo n.º 4058300.355831). Também não existem documentos que comprovem asadvertências da chefia quanto aos demais aspectos suscitados. Já o item 28 foi motivado poruma opinião dos docentes avaliadores, quanto aos materiais a serem utilizados em sala de aula,alegando "falta de visão" do avaliado, quando, na verdade, parece existir apenas uma divergênciaentre métodos de aula. Por sua vez, as notas atribuídas aos itens 29 e 30 foram plausivelmentejustificadas, embora a análise esteja envolta a problemas de relacionamento com a chefia e como Departamento. Vale destacar, contudo, que, no item 30, a Comissão reduziu a nota dorecorrente de cinco para zero. Ora, se o recurso visa a melhoria da avaliação, não poderia aComissão piorar a situação do avaliado, o que também afeta a razoabilidade do julgamento.  

Por último, em relação à produtividade do avaliado, foi atribuída nota zero em dois itens, quaissejam: "34. Orienta alunos de estágio supervisionado obrigatório, monografia de graduação ouespecialização, alunos de mestrado ou doutorado?" e "36. Coordenou algum projeto depesquisa?". A resposta da Comissão no item 34 se deu assim: "Não orientou alunos de 'estágiosupervisionado obrigatório', nem orientou 'TCC', pois não são atividades obrigatórias no perfilantigo do curso, nem requisito para conclusão de curso na época. Orientou, apenas, alunos nadisciplina eletiva de Tópicos Especiais em Música que tem caráter de TCC e atividadesextracurriculares de alunos. O estágio obrigatório do Curso de Licenciatura em Música édesenvolvido como conteúdo na disciplina Prática de Ensino da Música, disciplina que édesenvolvida por outro Centro e que o professor Deslandes jamais lecionou". Tal justificativamostra-se completamente despropositada, pois, embora se reconheça a ausência deobrigação do avaliado com as ditas atividades, bem como o interesse dele em orientar alunosem disciplina eletiva e em atividades extracurriculares, a pontuação foi "zero", causando umaredução significativa no resultado da avaliação. Quanto ao quesito 36, o julgamento da comissãobaseou-se apenas na resposta da PROPESQ no sentido de inexistir registro de projeto depesquisa do autor no Departamento de Música da UFPE (anexo n.º 4058300.439268). Todavia,em resposta ao item 18, a própria Comissão admitiu ter o avaliado dado início a atividades deextensão, apesar da ausência de registro formal na PROPESQ, o qual o autor alega não ter sidoinformado de sua necessidade. Independentemente da ciência ou não do autor sobre a exigênciade formalizar o registro do seu projeto na PROPESQ, o fato é que a nota "zero" nesse item nãose mostra razoável, considerando-se que o Departamento teve conhecimento do projeto deextensão iniciado pelo professor, reconhecendo no item 37 ter o autor coordenado/participado deprojeto de extensão.

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Assim, embora, de fato, existam aspectos desabonadores da conduta do autor para fins deavaliação em estágio probatório, conforme reconhecido inicialmente, tais fatores não ensejam asnotas baixíssimas atribuídas a ele, em todos os tópicos avaliados (assiduidade, disciplina,capacidade de iniciativa, responsabilidade e produtividade). Verifica-se, ademais, que o autordemonstrava interesse de se informar sobre as formalidades exigidas pelo Departamento.Detecta-se, em favor do autor, parcialidade da Comissão no julgamento do desempenho doavaliado, principalmente, em virtude do doutorado por ele cursado na Bahia e do seutemperamento pouco conciliatório. Nesse sentido, já no item 1, quando da análise do pedido dereconsideração, a Comissão alega: "não se trata apenas de faltas, mas de um funcionário públicofederal que se ausentava semanalmente do Estado (Pernambuco/Bahia), sem nunca terformalizado uma única solicitação de afastamento (...)". Em que se pese tal afirmativa, na fichafuncional do autor, não se encontram tais registros de afastamento, conforme visto, mas apenasas 05 faltas datadas do último semestre anterior à avaliação do estágio probatório.

Em conclusão, além de se pautar em fatos alheios à ficha funcional do autor, apenasquando para prejudicá-lo, a Comissão conferiu demasiado "peso"  aos aspectos negativos,fugindo dos limites da razoabilidade e da legalidade, de modo a prevalecer um juízo parcialdos avaliadores, em afronta ao princípio da impessoalidade norteador da AdministraçãoPública. 

Configurado esse quadro, o princípio do controle jurisdicional ou da inafastabilidade da jurisdição,consagrado no art. 5º, XXXV da Constituição Federal, assegura a todos o acesso ao Judiciário, oqual não pode deixar de atender a quem venha a juízo deduzir uma pretensão fundada no direitoe pedir solução para ela.

Arrimado nesse princípio, o Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento de ser possível ocontrole pelo Poder Judiciário sobre a legalidade e proporcionalidade ou razoabilidade dos atosadministrativos (Súmula nº 473 do STF).

Assim, reputa-se ilegal a exoneração do autor, no caso concreto, sendo a decretação denulidade dos atos administrativos que a ensejaram medida impositiva.

 3.4.Sustenta o autor, ainda, a ocorrência de dano moral em decorrência do ato de exoneraçãoilegal a que foi submetido.

A mais abalizada jurisprudência, com suporte na atual doutrina, tem entendido que o dano moralnão se prova, estando ínsito no próprio evento danoso.

É que, sendo o dano imaterial, algo a subsistir apenas na psique humana, não é passível decomprovação, mas extraído das regras comuns de vivência.

Sobre o tema, oportuna a transcrição do pensamento de Sérgio Cavalieri Filho, expresso em suaobra "Programa de Responsabilidade Civil" (São Paulo. Ed. Altas. 8ª ed. Revista e ampliada. p.86):

"Seria uma demasia, algo até impossível, exigir que a vítima comprove a dor, a tristeza ou ahumilhação através de depoimentos, documentos ou perícia; não teria ela como demonstrar odescrédito, o repúdio ou o desprestígio através de meios probatórios tradicionais, o que acabariapor ensejar o retorno à fase de irreparabilidade do dano moral em razão de fatores instrumentais.

 (...) Em outras palavras, o dano moral existe in re ipsa; deriva inexoravelmente do próprio fatoofensivo, de tal modo que, provada a ofensa, ipso facto está demonstrado o dano moral, à guisade uma presunção natural, uma presunção hominis facti, que decorre das regras da experiência

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comum. Assim, por exemplo, a perda de um filho, do cônjuge, ou de outro ente querido, não háque se exigir a prova do sofrimento."

Assim, compete ao autor provar o fato, a conduta ilícita da Administração assim como o nexo decausalidade, não o dano moral em si.

Conforme visto no corpo da sentença, a Administração agiu à margem dalegalidade/razoabilidade, ficando, portanto, comprovada a conduta ilícita no ato de exoneração doautor.

 A situação concreta demonstra o sofrimento injustificado, na medida em que o autor foiindevidamente afastado das suas atividades laborais de professor da UFPE, deixando de receberremuneração, além do desabono ao seu nome e imagem quando da reprovação indevida poravaliação em estágio probatório.

O TRF 5.ª Região tem admitido que o ato de licenciamento ilegal de exoneração/demissão deservidor influi de modo severo e negativo na psique do indivíduo, apto a gerar sofrimento eangústia injustificados e, portanto, passível de indenização:

"EMENTA: ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. PROCESSO ADMINISTRATIVODISCIPLINAR. POSSIBILIDADE DE CONTROLE PELO JUDICIÁRIO. IMPUTAÇÃO DAPRÁTICA DE ATO DE IMPROBIDADE. PENA DE DEMISSÃO. PRINCÍPIOS DARAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. INOBSERVÂNCIA. NÃO FORMAÇÃO DECONJUNTO PROBATÓRIO SUFICIENTE. REINTEGRAÇÃO ASSEGURADA. DANOS MORAIS.CONFIGURADOS E MINORADOS. VERBA HONORÁRIA. REDUÇÃO. 1. Em face dos princípiosda proporcionalidade, razoabilidade, dignidade da pessoa humana e culpabilidade, típicos doregime jurídico disciplinar, não há juízo de discricionariedade no ato administrativo que impõesanção a servidor público, razão pela qual o controle jurisdicional é amplo e não se limita somenteaos aspectos formais, conferindo garantia a todos os servidores contra um eventual arbítrio. 2. Naimposição de pena disciplinar, deve a autoridade observar o princípio da proporcionalidade,pondo em confronto a gravidade da falta, o dano causado ao serviço público, o grau deresponsabilidade de servidor e os seus antecedentes funcionais de modo a demonstrar a justezada sanção. 3. In casu, se reconheceu a falta de proporcionalidade da punição aplicada parareprimir a conduta do agente de conceder dois benefícios de aposentadoria sem respaldo dedocumentação correta ou autentica, deixando de observar as normas e regulamentos que versamsobre a matéria. Anulou-se, portanto, a sanção de demissão imposta pela Comissão Disciplinar.4. Ocorrência, no caso, dos elementos essenciais para caracterização do dano moralindenizável, quais sejam: o fato jurídico (em sentido amplo), consubstanciado na exclusãoindevida do autor do serviço público; o dano, no caso, extrapatrimonial, consistente nadesvantagem no corpo, na psique, na vida, na saúde, da honra, ao nome, no crédito, ou nobem estar do autor; e a relação de causalidade (nexo causal) entre o fato ilegal e a lesão aodireito. Nesse sentido, mantida a condenação da União, em face da responsabilidade civilestatal. 5. Na fixação da cifra indenizatória, cumpre que se observem os limites da razoabilidadee da proporcionalidade, de sorte a que nem haja fixação de uma quantia exagerada, que finde porse transmudar em forma de enriquecimento sem causa, nem tampouco, a definição de uma somainexpressiva, que não possibilite ao ofendido alguma satisfação que, em certa medida, bempoderia concorrer para atenuar o vexame e a dor decorrentes do fato a que alude a inicial. 6.Minoração do quantum indenizatório fixado na sentença, passando de R$ 50.000,00 (cinquentamil reais) para R$ 10.000,00 (dez mil reais). 7. Nas causas em que for vencida a FazendaPública, a fixação dos honorários advocatícios dá-se mediante apreciação equitativa do juiz, semvinculação ao limite entre 10% e 20% do valor da condenação, referido no art. 20, parágrafo 3º,caput, do CPC, visto que o parágrafo 4º deste artigo determina, apenas, que sejam "atendidas asnormas das alíneas a, b e c do parágrafo anterior". 8. Verba honorária reduzida para R$ 5.000,00

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(cinco mil reais), considerando o trabalho desenvolvido pelo advogado, o nível de complexidadeda causa e a sucumbência mínima da parte. 9. Apelação e remessa oficial parcialmenteprovidas." (APELREEX 200881000060271, Desembargador Federal Marcelo Navarro, TRF5 -Terceira Turma, DJE - Data::28/11/2013 - Página::452.)

Assim, é de se reconhecer o direito do autor à reparação civil decorrente de dano moral pelo atode exoneração ilegal.

A quantificação da reparação econômica deve ser feita atentando o magistrado para "grau deculpa, nível socioeconômico dos autores e, ainda, ao porte econômico dos réus, orientando-se ojuiz pelos critérios sugeridos pela doutrina e pela jurisprudência, com razoabilidade, valendo-sede sua experiência e do bom senso, atento à realidade da vida e às peculiaridades de cadacaso". (c.f. REsps. nºs. 214.381/MG, 145.358/MG, e 135.202/SP, Rel. Min. SÁLVIO FIGUEIREDOTEIXEIRA, DJU, respectivamente, 29.11.1999, 01.03.1999 e 03.08.1998).

O valor da reparação moral, conquanto impossível a correspondência entre o abalo na psiquehumana e o montante a ser pago a título de indenização, deve ser suficiente para minorar osofrimento, ao tempo em que não pode ser excessivamente arbitrado sob pena de violar oprincípio da proporcionalidade.

 Desse modo, fixo o quantum indenizatório em R$20.000,00 (vinte mil reais), sobre o qualdeverão incidir correção monetária, a partir desta sentença (súmula 362 do STJ), e juros de mora,a contar do evento danoso, isto é, do ato ilegal de licenciamento, nos termos da Súmula 54 doSTJ, a qual permanece aplicável, conforme decisão da Segunda Seção do STJ (Informativo n.º488 do STJ).

 

3.5. Da antecipação dos efeitos da tutela.

Primeiramente, afasto a vedação contida no art. 1º da Lei nº 9.494/97 alegada pela demandadaem contestação, porquanto não se trata de reclassificação, equiparação e concessão de aumentoou extensão de vantagens de servidores públicos.     

Outro não é o entendimento do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça, doqual destaco os seguintes arestos:

"EMENTA: RECLAMAÇÃO. AGRAVO REGIMENTAL. AÇÃO DECLARATÓRIA DECONSTITUCIONALIDADE Nº 4. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. REINTEGRAÇÃO DE SERVIDORSEM CONCESSÃO DE EFEITOS FINANCEIROS PRETÉRITOS. DESCABIMENTO.

1. A concessão de tutela antecipada que não teve como pressuposto a constitucionalidade ou ainconstitucionalidade do art. 1º da Lei nº 9494/97, objeto de apreciação da Ação Declaratória deConstitucionalidade nº 4, não enseja o ajuizamento de Reclamação perante o Supremo TribunalFederal.

2. O provimento antecipatório que se limita a restabelecer o status quo ante de servidor,abstendo-se de conceder o pagamento dos vencimentos atrasados, não configura afronta aoquanto decidido no julgado proferido na ADC

3. Agravo regimental desprovido."

(Origem: STF - Supremo Tribunal Federal - Classe: Rcl-AgR - AG.REG.NA RECLAMAÇÃO -

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Processo: 2421 UF: BA - BAHIA Fonte DJ 17-12-2004 PP-00032 EMENT VOL-02177-01 PP-00159 LEXSTF v. 27, n. 314, 2005, p. 138-141 - Relator(a) EROS GRAU)

"EMENTA: RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DEDECLARAÇÃO. ART. 535 DO CPC. OFENSA. PREQUESTIONAMENTO EXPLÍCITO.DISPOSITIVOS LEGAIS. MATÉRIA IMPUGNADA EXAMINADA. DESNECESSIDADE.SERVIDOR PÚBLICO MILITAR. ANTECIPAÇÃO DA TUTELA. FAZENDA PÚBLICA.REQUISITOS. REEXAME DE PROVA. CAUÇÃO. PRESCINDÍVEL. VERBA ALIMENTAR.REINTEGRAÇÃO. EXCEÇÃO ÀS HIPÓTESES DOS ARTS. 1º E 2º-B DA LEI 9.494/97.POSSIBILIDADE DE CONCESSÃO DA TUTELA ANTECIPADA CONTRA A FAZENDAPÚBLICA.

(...)

VI - Cabe a concessão de antecipação de tutela para a reintegração do autor à atividade militar ea realização de tratamento médico, porquanto devem ser interpretados restritivamente os arts. 1ºe 2º-B da Lei nº 9.494/97. Precedentes.

Recurso parcialmente conhecido e, nessa parte, desprovido."

(Origem: STJ - SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA - Classe: RESP - RECURSO ESPECIAL -663578 - Processo: 200400728086 UF: RS Órgão Julgador: QUINTA TURMA - Data da decisão:15/03/2005 Documento: STJ000610242 - Fonte DJ DATA:16/05/2005 PÁGINA:393 - Relator(a) FELIX FISCHER)

 Afastada a vedação da Lei nº 9.494/97, é de se observar que a decisão sobre o pedido deantecipação de tutela é passível de modificação, a qualquer tempo, nos termos do §4º do art. 273do CPC. Assim, embora inicialmente tenha sido proferida decisão pelo indeferimento daantecipação requerida, ante a inexistência, naquele momento, de verossimilhança dasalegações do autor, após a instauração do contraditório, tal requisito restou preenchido, conformeexaustivamente demonstrado na fundamentação da sentença.

 

De outro lado, também se tem como presente a probabilidade de dano de difícil reparação, por setratar do meio de subsistência do demandante.

 

Portanto, em face da obtenção dos elementos de convencimento, defiro a antecipação dosefeitos da tutela jurisdicional para determinar a imediata reintegração do autor ao cargo deProfessor de Magistério Superior, Classe Assistente, nível 001, lotado no Departamento deMúsica da UFPE, com o recebimento da devida remuneração.

 

III - DISPOSITIVO

 

Posto isso, concedo a antecipação dos efeitos da tutela, na forma acima deferida e julgoprocedente o pedido, para anular o ato de exoneração do autor (e atos correlatos), determinandoa sua reintegração ao cargo de Professor de Magistério Superior, Classe Assistente, nível

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001, lotado no Departamento de Música da UFPE, condenando  ré ao pagamento daremuneração devida ao autor desde a data de sua exoneração, com incidência de correçãomonetária e juros de mora, estes a partir da citação, bem como a reparar o dano moraldecorrente da exoneração ilegal, em montante que arbitro em R$ 20.000,00 (vinte mil reais),com incidência de correção monetária, a partir desta sentença, e juros de mora, a contar doevento danoso (exoneração ilegal), extinguindo-se o processo com resolução do mérito, comfundamento no art. 269, inc. I do CPC.

Os juros de mora e a correção monetária deverão ser aplicados de acordo com o Manual deCálculos atualizado da CJF, incidindo o art. 1.º-F, da Lei n.º 9.494/1997, com redação dada pelaLei n.º 11.960/2009, apenas em relação aos juros de mora.

Sem custas (art. 4º, I, Lei nº. 9.289/96).

 

Condeno a ré em honorários advocatícios, que arbitro em R$ 5.000,00 (cinco mil reais), a teor dodisposto no art. 20, §4º do CPC, aplicando-se os critérios previstos nas alíneas do parágrafoterceiro do citado artigo.

Comunique-se o Desembargador Relator do Agravo de Instrumento n.º 0801508-78.2014.4.05.0000 desta sentença.

Decorrido o prazo de recurso voluntário das partes, havendo ou não, remetam-se os autos aoegrégio Tribunal Regional Federal da 5ª Região, para fins de reexame necessário.

 

Intimem-se.

 

Merece reforma a sentença no tocante aos juros de mora e a correção monetária a fim de seadequar à modulação dos efeitos das decisões proferidas pelo STF nas ADIN's n.º 4357/DF e4425/DF.

 

Eis o teor da decisão paragmática:

 

Decisão: Concluindo o julgamento, o Tribunal, por maioria e nos termos do voto, ora reajustado,do Ministro Luiz Fux (Relator), resolveu a questão de ordem nos seguintes termos: 1) - modularos efeitos para que se dê sobrevida ao regime especial de pagamento de precatórios, instituídopela Emenda Constitucional nº 62/2009, por 5 (cinco) exercícios financeiros a contar de primeirode janeiro de 2016; 2) - conferir eficácia prospectiva à declaração de inconstitucionalidade dosseguintes aspectos da ADI, fixando como marco inicial a data de conclusão do julgamento dapresente questão de ordem (25.03.2015) e mantendo-se válidos os precatórios expedidos oupagos até esta data, a saber: 2.1.) fica mantida a aplicação do índice oficial de remuneraçãobásica da caderneta de poupança (TR), nos termos da Emenda Constitucional nº 62/2009, até25.03.2015, data após a qual (i) os créditos em precatórios deverão ser corrigidos pelo Índice dePreços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) e (ii) os precatórios tributários deverão observar

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os mesmos critérios pelos quais a Fazenda Pública corrige seus créditos tributários; e 2.2.) ficamresguardados os precatórios expedidos, no âmbito da administração pública federal, com basenos arts. 27 das Leis nº 12.919/13 e Lei nº 13.080/15, que fixam o IPCA-E como índice decorreção monetária; 3) - quanto às formas alternativas de pagamento previstas no regimeespecial: 3.1) consideram-se válidas as compensações, os leilões e os pagamentos à vista porordem crescente de crédito previstos na Emenda Constitucional nº 62/2009, desde que realizadosaté 25.03.2015, data a partir da qual não será possível a quitação de precatórios por taismodalidades; 3.2) fica mantida a possibilidade de realização de acordos diretos, observada aordem de preferência dos credores e de acordo com lei própria da entidade devedora, comredução máxima de 40% do valor do crédito atualizado; 4) - durante o período fixado no item 1acima, ficam mantidas a vinculação de percentuais mínimos da receita corrente líquida aopagamento dos precatórios (art. 97, § 10, do ADCT), bem como as sanções para o caso de nãoliberação tempestiva dos recursos destinados ao pagamento de precatórios (art. 97, § 10, doADCT); 5) - delegação de competência ao Conselho Nacional de Justiça para que considere aapresentação de proposta normativa que discipline (i) a utilização compulsória de 50% dosrecursos da conta de depósitos judiciais tributários para o pagamento de precatórios e (ii) apossibilidade de compensação de precatórios vencidos, próprios ou de terceiros, com o estoquede créditos inscritos em dívida ativa até 25.03.2015, por opção do credor do precatório, e 6) -atribuição de competência ao Conselho Nacional de Justiça para que monitore e supervisione opagamento dos precatórios pelos entes públicos na forma da presente decisão, vencido o MinistroMarco Aurélio, que não modulava os efeitos da decisão, e, em menor extensão, a Ministra RosaWeber, que fixava como marco inicial a data do julgamento da ação direta deinconstitucionalidade. Reajustaram seus votos os Ministros Roberto Barroso, Dias Toffoli e GilmarMendes. Presidência do Ministro Ricardo Lewandowski. Plenário, 25.03.2015.

 

No caso concreto, considerando a modulação dos efeitos das decisões proferidas pelo STF porocasião dos julgamentos das ADIs 4357/DF e 4425/DF, os  juros e a correção monetáriaaplicáveis à hipótese permanecerão, até 25.03.2015, conforme as disposições da Lei nº11.960/2009, a partir de quando os juros passarão a ser os mesmos aplicados à caderneta depoupança, enquanto os índices aplicados à correção monetária serão os fornecidos pelo IPCA-E.

 

Posto isso, nego provimento à apelação e dou parcial provimento à remessa obrigatória para fixarjuros e correção monetária segundo a modulação dos efeitos das ADIs 4357/DF e 4425/DF.

 

ASSIM VOTO.      

[1] Precedentes do STF: AI 855829 AgR, Relator(a):  Min. ROSA WEBER, Primeira Turma,julgado em 20/11/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-241 DIVULG 07-12-2012 PUBLIC 10-12-2012; AI 738982 AgR, Relator(a):  Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em29/05/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-119 DIVULG 18-06-2012 PUBLIC 19-06-2012; e AI813692 AgR, Relator(a):  Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 28/02/2012,ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-056 DIVULG 16-03-2012 PUBLIC 19-03-2012

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E M E N T A ADMINISTRATIVO.  SERVIDOR PÚBLICO. ESTÁGIO PROBATÓRIO. HOMOLOGAÇÃO DAAVALIAÇÃO NEGATIVA. ATO DESPROPORCIONAL E DESARRAZOADO. NULIDADE.CONTROLE DE LEGALIDADE. REINTEGRAÇÃO. DANOS MORAIS. JUROS DE MORA ECORREÇÃO MONETÁRIA. ADOÇÃO DA TÉCNICA DA MOTIVAÇÃO REFERENCIADA ("PERRELATIONEM"). AUSÊNCIA DE NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL.ENTENDIMENTO DO STF.  1. O autor objetiva sua reintegração ao cargo público de Professor de Magistério Superior, com opagamento das verbas de caráter remuneratório, desde a data do ato de exoneração, alegando,para tanto a existência de perseguição por parte de seus superiores, assim como deirregularidades no processo administrativo de avaliação de seu estágio probatório, o qualculminou com sua reprovação e exoneração. Requer, ainda, a condenação da UFPE aopagamento de indenização por danos morais. 2. Consoante o art. 41 da Constituição Federal, após a EC nº 19/98, o estágio probatório doservidor público é de 03 (três) anos. 3. Por sua vez, o art. 20, § 1º, da Lei 8.112/90 prevê que, 4 (quatro meses) antes de findo operíodo do estágio probatório, será submetida à homologação da autoridade competente aavaliação do desempenho do servidor, realizada por comissão constituída para essa finalidade,de acordo com o que dispuser a lei ou o regulamento da respectiva carreira ou cargo, semprejuízo da continuidade de apuração dos fatores enumerados nos incisos I a V do caput  desteartigo. 4. Outrossim, conforme  o art.20, § 5º,  da Lei nº 8.112/90, o curso do prazo do estágio probatório ficará suspenso durante as licenças e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1º, 86 e 96,bem assim na hipótese de participação em curso de formação, e será retomado a partir dotérmino do impedimento. 5. Assim, diante de uma das causas legais de suspensão do estágio probatório (licenças pormotivo de doença, acompanhamento de cônjuge para concorrer a cargo eletivo e para atuar emorganismo internacional), dá-se o adiamento do termo final do estágio probatório. 6.  No caso dos autos: a) O autor tomou posse e entrou em exercício no dia 25/08/2010; b) no período de 13/05/2013 a 21/09/2013, o demandante, obteve o afastamento para conclusãode doutorado junto à Universidade Federal da Bahia; c) "[...] o procedimento de avaliação dedesempenho foi instaurado em 02 de maio de 2013, por meio do procedimento n.º23076.027468/2013-96. Por sua vez, a avaliação de desempenho deu-se por concluída pelaComissão Setorial em 23/08/2013, havendo o demandante protocolado, em 30/08/2013, pedidode reconsideração nº 23076.042680/2013-83 (identificador nº 4058300.355905), o qual foianalisado em 18/10/2013 pela Comissão Setorial de Avaliação que revisou a pontuaçãoconcedida em alguns itens do Formulário de Avaliação de Servidor Docente em Estágio

PROCESSO Nº: 0801220-62.2014.4.05.8300 - APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIOAPELANTE: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCOAPELADO: SERGIO LUIZ DESLANDES DE SOUZAADVOGADO: TATIANA PAULINO DA SILVARELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL JOSE MARIA DE OLIVEIRA LUCENA - 1ºTURMA

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Probatório, entretanto, decidiu não alterar o resultado essencial da avaliação (inabilitado). Em04/11/2013, a Comissão Superior de Avaliação de Desempenho de Estágio Probatório Docente,após a análise do processo de avaliação e do recurso interposto pelo autor, decidiu porhomologar a sua avaliação (identificador nº 4058300.355938). Por fim, deu-se a exoneração doautor, por meio da Portaria nº 5.579, de 27/11/2013, do Reitor da UFPE, que determinou aexoneração do docente (identificador nº 4058300.355959)." 7. "Nesse quadro, o processo avaliatório findou antes da conclusão do triênio de efetivo exercício,não fazendo sentido decretar, no caso concreto, a sua anulação pelo motivo do art. 20,§ 1.º, daLei n.º 8.112/1990.". 8. Apesar de a homologação da avaliação negativa tenha ocorrido dentro do prazo legal, tal atopadece de vícios ante a ausência de proporcionalidade e razoabilidade quando da aferição dacapacidade e aptidão do servidor segundo os fatores descritos no art. 20 da Lei 8112/90. 9. "[...] embora, de fato, existam aspectos desabonadores da conduta do autor para fins de avaliação em estágio probatório, [...] tais fatores não ensejam as notas baixíssimas atribuídas aele, em todos os tópicos avaliados (assiduidade, disciplina, capacidade de iniciativa,responsabilidade e produtividade). Verifica-se, ademais, que o autor demonstrava interesse de seinformar sobre as formalidades exigidas pelo Departamento. Detecta-se, em favor do autor,parcialidade da Comissão no julgamento do desempenho do avaliado, principalmente, em virtudedo doutorado por ele cursado na Bahia e do seu temperamento pouco conciliatório. Nessesentido, já no item 1, quando da análise do pedido de reconsideração, a Comissão alega: "não setrata apenas de faltas, mas de um  funcionário público federal que se ausentava semanalmentedo Estado (Pernambuco/Bahia), sem nunca ter formalizado uma única solicitação de afastamento(...)". Em que se pese tal afirmativa, na ficha  funcional do autor, não se encontram tais registrosde afastamento, conforme visto, mas apenas as 05 faltas datadas do último semestre anterior àavaliação do estágio probatório.". 10. "Em conclusão, além de se pautar em fatos alheios à ficha funcional do autor, apenas quandopara prejudicá-lo, a Comissão conferiu demasiado "peso" aos aspectos negativos, fugindo doslimites da razoabilidade e da legalidade, de modo a prevalecer um juízo parcial dos avaliadores,em afronta ao princípio da impessoalidade norteador da Administração Pública." 11. A teor da Súmula n.º 473 do STF, é possível o controle da legalidade, da razoabilidade eproporcionalidade de atos administrativos pelo Poder Judiciário. 12. Logo, a análise das notas atribuídas aos fatores assiduidade, disciplina, capacidade deiniciativa, responsabilidade e produtividade não se trata de controle de mérito de atoadministrativo, pois não analisada a conveniência e a oportunidade do mesmo. 13. No tocante ao pedido de indenização por danos morais, a "situação concreta demonstra osofrimento injustificado, na medida em que o autor foi indevidamente afastado das suasatividades laborais de professor da UFPE, deixando de receber remuneração, além do desabonoao seu nome e imagem quando da reprovação indevida por avaliação em estágio probatório.[...]Assim, é de se reconhecer o direito do autor à reparação civil decorrente de dano moral peloato de exoneração ilegal." 14. Quanto aos juros e correção monetária aplicáveis à hipótese, tendo em vista a modulação dosefeitos das decisões proferidas pelo STF por ocasião dos julgamentos das ADIs 4357/DF e4425/DF, permanecerão, até 25.03.2015, conforme as disposições da Lei nº 11.960/2009, a partirde quando os juros passarão a ser os mesmos aplicados à caderneta de poupança, enquanto osíndices aplicados à correção monetária serão os fornecidos pelo IPCA-E.

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Apelação desprovida e remessa obrigatória parcialmente provida.

 

PROCESSO Nº: 0801220-62.2014.4.05.8300 - APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIOAPELANTE: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCOAPELADO: SERGIO LUIZ DESLANDES DE SOUZAADVOGADO: TATIANA PAULINO DA SILVARELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL JOSE MARIA DE OLIVEIRA LUCENA - 1ºTURMA

A C Ó R D Ã O

 

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Primeira Turma doegrégio Tribunal Regional Federal da 5ª Região, por unanimidade, negar provimento à apelação edar parcial provimento à remessa obrigatória, nos termos do relatório e voto constantes dosautos, que integram o presente julgado.

 

Recife,  23  de abril de 2015.

 

 

JOSÉ MARIA LUCENA 

Relator