carlos eduardo - apelação criminal

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    Ru a J o s da Ro ch a Vi t a , n 1 1 0 C h ca r a Ma f a l da C E P 0 3 3 7 3 -0 1 5 S o P a u l o SP .T e l e f o ne s : ( 1 1 ) 2 7 1 7 . 0 3 3 1 ( 1 1 ) 9 5 8 0 . 2 1 5 3 E -ma i l : a b pe r e i r @ a a s p. o r g . b r

    EXCELENTSSIMA SENHORA JUZA DE DIREITO DA 22 VARA CRIMINAL DO

    FORO CENTRAL BARRA FUNDA, DA COMARCA DE SO PAULO CAPITAL.

    Processo n 0071709-96.2010.8.26.0050

    CARLOS EDUARDO DE PAULA

    devidamente identificado e qualificado nos autos do processo

    tombado nesse Juzo sob o nmero acima referenciado, por seu

    advogado, infra-assinado, vem, respeitosamente presena de

    Vossa Excelncia, inconformado com a deciso de fls. e fls. e de

    conformidade com o art. 593, inciso I, do Cdigo de Processo

    Penal, interpor, tempestivamente, APELAO nos termos a seguir

    expostos, com razes recursais em anexo.

    Requer seja recebida e processada a presente apelao e

    encaminhada, com as inclusas razes ao Egrgio Tribunal de

    Justia do Estado de So Paulo.

    Termos em que,

    Pede deferimento.

    So Paulo, 17 de abril de 2012.

    ...............................Antonio Benedito Pereira

    OAB/SP 96.620

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    Processo n : 0071709-96.2010.8.26.0050

    Comarca : So Paulo SP

    Espcie : Apelao Criminal

    Recorrente : CARLOS EDUARDO DE PAULA

    Recorrido : MINISTRIO PBLICO DO ESTADO DE SO PAULO

    Incidncia Penal: Art. 107, da Lei n 10.741/03 c/c art. 70, do Cdigo Penal.

    Trs coisas devem ser feitas por um juiz: ouvir atentamente,

    considerar sobriamente e decidir imparcialmente. (Scrates)

    EGRGIO TRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DE SO PAULO

    COLENDA CMARA CRIMINAL

    EMINENTES DESEMBARGADORES

    Denunciado, aps regular instruo do feito, sem

    registro de incidentes e nem de antecedentes, viu-se condenado

    s penas de dois anos e quatro meses de recluso no regime

    inicial aberto, com possibilidades de substituio da pena

    corporal por duas restritivas de direitos consistentes na

    prestao de servios comunidade e limitao de fins de

    semanas, por igual perodo, pelo admitido crime previsto no art.

    107, da Lei n 10.741/2003 (Estatuto do Idoso),

    concomitantemente com aumento da pena previsto no art. 70, do

    Cdigo Penal.

    Sem embargo da soberania da Ilustre Julgadora e

    da inteligncia e integridade do Ilustre Promotor de Justia,

    no merece prosperar a respeitvel sentena, ora recorrida, uma

    vez que a deciso baseou-se, exclusivamente no depoimento das

    vtimas, sem levar em considerao o da testemunha do Ministrio

    Pblico, nem tampouco das alegaes do Ru, ora Apelante.

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    O processo penal o que de mais srio existe em

    nosso Pas. Nele, tudo deve ser claro como a luz solar, exato

    como a grandeza matemtica, nada deve ser nebuloso, incerto,

    inseguro, a fim de ser assegurada a soberana Justia.

    A Meritssima Juza de Primeira Instncia julgou

    o Ru, ora Apelante, de forma a negligenciar todos os fatos

    constantes dos autos, incluindo os depoimentos, a documentao,

    os atestados mdicos, o endereo residencial das vtimas, as

    propriedades das vtimas, enfim, afrontou o art. 93, IX, daConstituio Federal.

    Em momento algum, quer durante a fase

    investigativa, quer durante a instruo processual foram

    apresentadas provas que pudessem incriminar o Ru, ora Apelante,

    sendo as declaraes das vtimas o nico indcio da existncia

    do delito.

    Vale destacar o posicionamento jurisprudencial

    majoritrio:

    Pois s palavras do ru deve ser dado crdito, se na

    ausncia de testemunhas outra prova existe nos autos

    que a contrarie. (TJMT RT 452/440).

    E, mais especificamente:

    TRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DO PARAN

    Apelao 829.472-4 1 Vara Criminal do Foro Regional

    de So Jos dos Pinhais da Comarca da Regio

    Metropolitana de Curitiba Apelante: Emerson Adriano

    Labes Juvileschi Apelado: Ministrio Pblico

    Relator: Juiz Luiz Cesar Nicolau

    ROUBO MAJORADO PELO CONCURSO DE PESSOAS (ART. 157,

    2, INCISO II, DO CDIGO PENAL). PLEITO DE ABSOLVIO

    POR FALTA DE PROVAS. PROCEDNCIA. PALAVRA DA VTIMA

    ISOLADA. CONJUNTO PROBATRIO INSUFICIENTE.Ainda que

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    configure meio de prova idneo, a palavra da vtima,

    de forma isolada e exclusiva, no suficiente para

    fundamentar uma condenao criminal. Um juzo de

    probalidade, por mais robusto que se apresente, no

    legitima, na esfera penal, a certeza absoluta para

    justificar a resposta punitiva, devido ao fato de o

    consagrado princpio da dvida militar em favor do

    acusado. (g.n.) (TJPR, AP 500.106-7, 5 CMARA CRIMINAL,

    REL. DES. MARIA JOS DE TOLEDO MARCONDES TEIXEIRA, DJ.

    30/01/2009). Recurso provido.

    ACRDO

    Vistos, relatados e discutidos estes autos 829.472-4,

    de Apelao, em que apelante Emerson Adriano Labes

    Juvileschi e apelado o Ministrio Pblico, ACORDAM os

    Magistrados integrantes da 4 Cmara Criminal,

    unanimidade de votos, em prover o recurso do ru

    Emerson Adriano Labes Juvileschi, julgando

    improcedente a denncia e absolvendo-o por

    inexistncia de prova suficiente para a condenao.

    Participaram do julgamento o Juiz Substituto Tito de

    Campos de Paula e o Desembargador Luiz Zarpelon.

    Curitiba, 8 de maro de 2012.

    (assinado digitalmente) Luiz Cesar Nicolau relator,

    Juiz substituto de 2 grau.

    (http://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/21451566/8294724-pr-

    829472-4-acordao tjpr/inteiro-teor)

    A Juza de Primeiro Grau negligenciou o

    depoimento da testemunha da acusao, a Escrevente Juramentada do

    28 Tabelionato de So Paulo Silvia Maria Barbi Cassiano que

    assim declarou:

    [...] fiz a leitura do termo de doao, explicando

    pausadamente para elas e alas assinaram, afirmando que

    fariam a doao para o sobrinho que teve cuidados com elas

    [...].

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    E, quanto no observncia e no valorao daescritura pblica de doao COM RESERVA DE USUFRUTO VITALCIO,

    pela Juza de Primeiro Grau, temos a deciso:

    Processo: AC 5744334200 SP

    Relator(a): Francisco Loureiro

    Julgamento: 04/12/2008

    rgo Julgador: 4 Cmara de Direito Privado

    Publicao: 18/12/2008

    Ementa

    NULIDADE E ANULABILIDADE DE NEGCIOS JURDICOS - Doaes de

    parte ideal de bem imvel e cesso de direito de crditos de

    idoso a terceiro - Alegao de vcios de consentimento, em

    razo de idade avanada, parcos conhecimentos do doador e

    ausncia de testemunhas instrumentais - Negcios lavrados

    por escrituras pblicas sem vcios aparentes - Falta de

    elementos razoveis a indicar que poca dos contratos

    padecia o doador e cedente de qualquer incapacidade, tanto

    assim, que participou de audincia judicial - Alegao

    cumulativa de incapacidade, erro, dolo e simulao sem

    qualquer fundamento concreto - Cerceamento de defesa no

    configurado - Ao improcedente - Recurso improvido. .

    Vistos, relatados e discutidos estes autos de

    Apelao Cvel n 574.433.4/2-00, da Comarca de Ja,

    onde figuram como apelante GENTILIA RODRIGUES DA

    SILVA GAMB e apelada ADELINA OLVIO MARINO:

    ACORDAM, em Quarta Cmara de Direito Privado do

    Tribunal de Justia de So Paulo, por votao

    unnime, negar provimento ao recurso, de conformidade

    com o relatrio e voto do Relator, que ficam fazendo

    parte do acrdo.

    Apelao Cvel.

    Cuida-se de recurso de apelao interposto contra a

    r. sentena de fls. 88/93 dos autos, que julgou

    improcedente a ao ordinria de anulao de

    escritura pblica de cesso de direitos de crdito e

    escritura de doaes ajuizada por GENTILIA RODRIGUES

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    DA SILVA GAMB e OUTRO em face de ADELINA OLVIO

    MARINO.

    F-lo a r. sentena, forte no argumento de que aos

    vagos fatos descritos na inicial idade avanada e

    pouca cultura so insuficientes para invalidar

    escrituras pblicas de doao e cesso de direitos.

    Entendeu que os mltiplos vcios alegados pelos

    autores incapacidade, erro, dolo e simulao no

    vieram acompanhados do mnimo respaldo probatrio.

    Recorrem os autores, alegando em preliminar a

    nulidade da sentena por cerceamento de defesa.Quanto ao mrito, requerem a reforma total da

    sentena para efeito de reconhecimento de nulidade e

    anulao dos negcios jurdicos por incapacidade

    absoluta, simulao, erro e dolo, j que o cedente e

    donatrio no conhecia o teor dos documentos que

    assinara, pois contava com 80 anos na poca da

    realizao de tais atos e possua nfima leitura.

    O recurso foi contrariado (fls. 122/123).

    o relatrio.

    1. O recurso no comporta provimento, diante das

    circunstncias do caso concreto.

    [...]

    Reconheo, via de regra, a prova oral indispensvel

    para o julgamento de aes que versam sobre

    incapacidade do agente, vcios de consentimento. No,

    todavia, no caso presente, em que os vcios alguns

    contraditrios entre si tm como fundamento a idade

    avanada e parcos conhecimentos do agente.

    [...]

    2. O julgamento antecipado da lide revelou...

    [...]

    A incapacidade no se presume, sendo necessria a

    demonstrao por quem a alega.

    O fato de o falecido possuir 80 anos, quando efetuou

    a doao e a cesso de direitos no conduz

    concluso de que no tivesse conscincia e vontade

    livre. Como alerta Caio Mario da Silva Pereira, a

    senilidade, por si s, no causa de restrio da

    capacidade de fato, porque no se deve considerar

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    equivalente a um estado psicoptico, por maior que

    seja a longevidade. Dar-se- a interdio se a

    senectude vier a gerar um estado patolgico, de que

    resulte prejuzo das faculdades mentais. Em tal caso,

    a incapacidade ser resultado do estado psquico, e

    no da velhice. (Instituies de Direito Civil, 20

    Edio, Forense, Vol. I, p. 279).

    [...]

    No que se refere s poucas letras do cedente e

    doador, vale lembrar que os dois negcios jurdicos

    foram celebrados por instrumentos pblicos, perantetabelies de notas. Os termos jurdicos certamente

    foram explicados ao alienante no momento da leitura

    da escritura.

    Alis, exatamente por tal razo que os analfabetos

    somente podem contratar negcios solenes por

    escritura pblica, com a garantia da leitura e

    assistncia do tabelio.

    A ausncia de testemunhas instrumentais

    rigorosamente irrelevante, pois so dispensveis em

    instrumento pblico, por fora de norma especial.

    [...]

    Diante do exposto, pelo meu voto, nego provimento ao

    recurso.

    Participaram do julgamento, os Desembargadores

    Teixeira Leite (Presidente, sem voto), nio Zuliani

    (Revisor) e Maia da Cunha (3 Juiz).

    So Paulo, 4 de dezembro de 2008.

    FRANCISCO LOUREIRO

    Relator

    (http://www.jusbrasil.com.br/filedown/dev1/files/JUS2

    /TJSP/IT/AC_5744334200_SP_04.12.2008.pdf)

    A sentena recorrida teve como fundamento,

    exclusivamente, o estado fsico das vtimas, que: ...no

    tm absoluto domnio da escrita e compreenso do

    vernculo..., e a idade fsica, quando consigna: ...pois

    eram duas senhoras, com mais de oitenta anos,....

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    Ora, em nenhum momento foi constatada aincapacidade mental ou auditiva das vitimas.

    Se estavam incapacitadas para assinarem uma

    Escritura Pblica de Doao, como assinaram uma Escritura

    Pblica de Compra e Venda do mesmo imvel?

    Ambas foram elaboradas por Escrevente

    Juramentado de Tabelionatos que, obedientes aos termos dalegislao que regula a atividade e dos inmeros

    provimentos da Corregedoria Geral de Justia do Estado de

    So Paulo, leram o inteiro teor das escrituras antes de

    colher as respectivas assinaturas.

    A Senhora Maria Rinaldi dos Santos

    alfabetizada e assina sem a necessidade de um modelo; j a

    Senhora Regina Rinaldi Estancati, para assinar precisacopiar de sua Carteira de Identidade, sendo que ambas tm

    tima audio, tanto que, em nenhum momento, enquanto

    prestavam as declaraes em juzo, alegaram no entender o

    que a MM. Juza perguntava.

    A Meritssima Juza de Primeira Instncia

    relegou, totalmente, tanto na sentena, quanto nos embargos

    de declarao, a autenticidade da Escritura Pblica deDoao das duas quintas partes do imvel sito na Rua Cruz,

    n 8, imvel este que havia sido reservado ao usufruto

    vitalcio de ambas as vtimas, e que terminou por ser

    vendido pelas mesmas.

    Qual o prejuzo que o Ru, ora Apelante,

    causou s tias?

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    NENHUM!

    Considerando que a doao um ato jurdico

    regulado pelo Direito Civil, temos que somente ser nula se

    envolver todos os bens sem reserva de parte, ou renda

    suficiente para a subsistncia do doador (art. 548, do

    Cdigo Civil).

    A Lei n 10.741/2003 ao incluir como crime oato de doar bens imveis pelos idosos, somente o tipifica

    se houver coao.

    Portanto, o cerne do tipo o verbo coagir

    que, a Meritssima Juza o considerou como constranger

    (constrangimento).

    Desta forma, importante sabermos osignificado jurdico de coao (ou constrangimento):

    Coao - Ato de constranger algum. Na linguagem

    jurdica corresponde a um dos defeitos dos atos

    jurdicos que podem viciar a manifestao da vontade.

    Neste caso, a coao deve ser tal, que incuta ao

    paciente fundado temor de dano sua pessoa, sua

    famlia, ou a seus bens, iminente e igual, pelo

    menos, ao recevel do ato extorquido. Em matria

    penal tem-se a figura da coao irresistvel na

    execuo do fato tpico em que apenas o autor da

    coao punvel. Tambm est previsto o tipo penal

    'coao no curso do processo' como sendo um crime

    contra a administrao da justia. A coao ilegal na

    liberdade de ir e vir das pessoas so motivos para a

    impetrao de 'habeas corpus'. Veja Arts. 98 a 101 do

    Cdigo Civil, Arts. 22 e 344 do Cdigo Penal e Arts.

    647 e seguintes do Cdigo de Processo Penal.

    (http://www.jusbrasil.com.br/topicos/288946/coao)

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    Assim, temos que no houve crime, sendo queas alegaes das vtimas de no saber o que estavam

    assinando, no pode prevalecer sobre as declaraes

    prestadas pela Escrevente Juramentada do 28 Tabelionado de

    Notas que detm f pblica.

    Quanto f pblica, temos que um dos

    princpios que rege a atividade notarial e registral a f

    pblica. A f pblica atribuda constitucionalmente aonotrio e registrador, que atuam como representantes do

    Estado na sua atividade profissional. Atribuda por lei, a

    f pblica uma forma de declarar que um ato ou documento

    est conforme os padres legais, permitindo que as partes

    tenham segurana quanto sua validade, at prova em

    contrrio.

    Diz o artigo 3 da Lei n. 8.935/94 que oNotrio, ou Tabelio, o Oficial de Registro, ou

    Registrador, so profissionais do direito dotados de f

    pblica, a quem delegado o exerccio da atividade

    notarial e de registro.

    Para JOO TEODORO DA SILVA in Serventias

    Judiciais e Extrajudiciais, Belo Horizonte, Serjus, 1999,

    p. 17, a f pblica "afirma a certeza e a verdade dosassentamentos que o notrio e oficial de registro pratiquem

    e das certides que expeam nessa condio, com as

    qualidades referidas no art. 1 da Lei n. 8.935/94

    (publicidade, autenticidade, segurana e eficcia dos atos

    jurdicos).

    O princpio da f pblica no s garante a

    legalidade de uma relao jurdica como tambm d validade

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    e segurana a esta relao prevenindo o conflito e alitigiosidade.

    Todo documento produzido com ou sob a

    chancela do notrio e ou registrador detm a presuno

    legal de veracidade e mesmo que no tendo sido

    confeccionado para o fim de servir de prova processual, na

    hiptese de ser assim utilizado ele servir como importante

    instrumento no processo judicial, tanto assim, a legislao

    civil e processual brasileira no se furtou em mencionar

    sobre tal fato, j que a fora e a eficcia probante dos

    documentos probatrios de atos jurdicos, estrito senso,

    atos-fatos jurdicos e negcios jurdicos ou de atos

    processuais matria de competncia do direito material ou

    processual.

    Nesse quadrante, dispe o artigo 215 do CCB

    que, a escritura pblica, lavrada em notas de tabelio

    documento no s dotado de f pblica como tambm faz prova

    plena. Quer isto dizer, conforme lio de JOS COSTA LOURES

    E TAIS MARIA LOURES DOLABELA GUIMARES in Novo Cdigo Civil

    Comentado, Del Rey, Belo Horizonte, 2002, comentrios ao

    art. 215 do CCB, p. 98, porque lavrada por oficial

    pblico, em razo da f pblica de que goza a sua

    atestao, a escritura pblica se tem por autntica e de

    sua autenticidade resulta ser ela prova plena, no s do

    negcio jurdico convencionado pelas partes, como

    igualmente de todas as ocorrncias ou circunstncias

    descritas e certificadas pelo tabelio.Assim, a escritura

    pblica lavrada em notas de tabelio a prova moderna por

    excelncia.

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    Ru a J o s da Ro ch a Vi t a , n 1 1 0 C h ca r a Ma f a l da C E P 0 3 3 7 3 -0 1 5 S o P a u l o SP .T e l e f o ne s : ( 1 1 ) 2 7 1 7 . 0 3 3 1 ( 1 1 ) 9 5 8 0 . 2 1 5 3 E -ma i l : a b pe r e i r @ a a s p. o r g . b r

    De igual forma, pela regra do artigo 217 do

    CCB c.c. o artigo 365, II do CPC, os traslados e certides

    extrados por notrios e registradores, fazem igualmente,

    da mesma forma que os originais, prova bastante e

    suficiente do que nele se contm, sendo certo ainda,

    conforme disposio nsita no artigo 369 do CPC reputa-se

    autntico o documento, quando o tabelio reconhecer a firma

    do signatrio, declarando que foi aposta em sua presena.

    Se a prova documental tida por relevante, dado o seu graude convencimento e porque muitas vezes vai de encontro

    realidade, maior destaque ela ter se tiver sido produzida

    com o plus da f pblica.

    Apesar de viger no processo civil o princpio do livre

    convencimento motivado do juiz (CPC, art. 131), no

    confronto entre as provas produzidas pelas partes em

    litgio, o julgador no poder deixar de atribuir aos

    documentos confeccionados pelos notrios e registradores afora probante que a lei lhes conferiu.

    No tocante ao mrito da sentena proferida

    pela Juza da 22 Vara Criminal da Comarca de So Paulo

    Capital, temos que a mesma no decidiu de conformidade com

    os termos da legislao que regula os contratos (entre eles

    a escritura pblica de doao), pois a doao foi feitapelas vtimas ao Ru, ora Apelante, atenta a todas as

    normas legais, e, principalmente, lavrada por Escrevente

    Juramentada do Tabelio.

    A propsito, independentemente de a presente

    ao penal estar fundamentada em uma lei de cunho

    estritamente civil Estatuto do Idoso pois em seu art.

    1, est estatudo:

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    Art. 1 institudo o Estatuto do Idoso, destinado a

    regular os direitos assegurados s pessoas com idade igual

    ou superior a 60 (sessenta) anos.

    No que toca a ser uma lei da seara cvel, e tendo

    como objeto a Escritura Pblica de Doao com Reserva de

    Usufruto Vitalcio, faz prova plena, conforme aresto:

    Dados GeraisProcesso : REsp 6944 ES 1990/0013710-1

    Relator : Ministro DIAS TRINDADE

    Julgamento : 21/06/1991

    rgo Julgador : T3 - TERCEIRA TURMA

    Publicao : DJ 19.08.1991 p. 10991

    Ementa

    CIVIL. ESCRITURA PBLICA DE VENDA E QUITAO. PROVA PLENA.

    A ESCRITURA PBLICA FAZ PROVA PLENA DO QUE NELA SE CONTEM,

    DE SORTE A SOBREPOR-SE A MERA PRESUNO DA EXISTENCIA DEDEBITO POR ELA QUITADO, POR PERMANECEREM EM PODER DO

    VENDEDOR TTULOS CAMBIAIS VINCULADOS AO CONTRATO DE

    PROMESSA DE VENDA, ANTERIORMENTE FORMADO ENTRE AS PARTES.

    INTERPRETAO DO ART. 134 PAR 1 DO CDIGO CIVIL (1.916).

    Acordo

    POR UNANIMIDADE, CONHECER DO RECURSO ESPECIAL, E, POR

    MAIORIA, DAR-LHE PROVIMENTO, VENCIDO O SR. MINISTRO EDUARDO

    RIBEIRO.

    Referncias Legislativas

    LEG:FED LEI:003071 ANO:1916 ART :00134 PAR: 00001

    LEG:FED CFD:** ANO:1988 ART :00105 INC:00003 LET:A LET:C

    LEG:FED LEI:005869 ANO:1973 ART :00131

    LEG:FED LEI:057663 ANO:1966 ART :00076

    LEG:FED LEI:006899 ANO:1981

    Citam essa deciso

    Recurso Especial Eleitoral Respe 6944 PI (TSE) Recurso Especial REsp 108264 DF 1996/0059030-3 (STJ)

    Recurso Especial REsp 108264 DF 1996/0059030-3 (STJ)

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    No mesmo diapaso, tornando-se necessria ainsero, temos o disposto no art. 364, do Cdigo de

    Processo Civil:

    O documento pblico faz prova no s da sua formao, mas

    tambm dos fatos que o escrivo, o tabelio, ou o

    funcionrio declarar que ocorreram em sua presena.

    Assim, a negligncia s declaraes da Escrevente

    Juramentada do 28 Tabelionato de So Paulo, declaraes

    estas que derrubam, por completo, as declaraes das

    vtimas, principalmente porque ocorreram depois de 1 ano, 6

    meses e 6 dias da data em que doaram as quintas partes que

    possuam ao Ru, ora Apelante.

    Note-se que as declaraes da Escrevente SilviaMaria Barbi Cassiano so coerentes, seguras, firmes, desde

    o procedimento investigatrio at a instruo processual,

    sem nos olvidarmos, repetimos, que foi arrolada como

    testemunha de acusao, sendo que, em verdade suas

    declaraes beneficiam o Ru, ora Apelante,

    descaracterizando qualquer conduta tpica, antijurdica -

    ou ilcita - e culpvel, praticada por este.

    Se a escrevente afirma que leu a escritura e

    explicou pausadamente seu contedo, no h porque duvidar

    de sua palavra que, est protegida pela disposio do

    artigo 364, do Cdigo de Processo Civil.

    Apenas para ilustrar, informa o Apelante que

    a ao cvel cuja sentena cancelou a referida escritura, o

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    que ocorreu pela revelia do Apelante, est para serrescindida perante o Tribunal de Justia do Estado de So

    Paulo atravs de uma de suas Cmaras de Direito Privado.

    Interessante, a esta altura, muito embora

    relativamente estranho a este trabalho, a insero do

    princpio da verdade real, principalmente pela relevncia

    que os doutrinadores o realam e o explicam, destacando-seo entendimento de Guilherme de Souza Nucci:

    ... falar em VERDADE REAL implica provocar no

    esprito do JUIZ um sentimento de busca, de

    inconformismo com o que lhe apresentado pelas

    partes, enfim, um impulso contrrio passividade.

    Afinal, estando em jogo direitos fundamentais do

    homem, tais como liberdade, vida, integridade fsica

    e psicolgica e at mesmo honra, que podem ser

    afetados seriamente com uma condenao criminal, deve

    o JUIZ sair em busca da VERDADE material, aquela que

    mais se aproxima do que realmente aconteceu. (Nucci,

    Guilherme de Souza in Manual de Processo Penal e

    Execuo Penal, 2 Ed., revista, atualizada e

    ampliada, So Paulo: Revista dos Tribunais, 2006, p.

    95).

    Em face do exposto, aguarda o Apelante que

    este Tribunal, competente para o segundo julgamento,

    reforme a sentena de primeira instncia, para que, por

    insuficincia de provas, e, por inexistncia de conduta

    tpica, antijurdica - ou ilcita - e culpvel do Ru, ora

    Apelante, conhea do presente recurso, porquanto prprio,

    tempestivo e presente o legtimo interesse recursal, dando-

    se provimento ao mesmo, aplicando-se o princpio in dubio

    pro reo, absolvendo o Apelante Carlos Eduardo de Paula da

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    imputao que lhe foi aplicada pela Juza de Primeira

    Instncia como medida da mais ldima

    J U S T I A!

    So Paulo, 18 de abril de 2012.

    ...............................Antonio Benedito Pereira

    OAB/SP 96.620