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MPCDF Fl. Proc.: 26.620/15 MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO DISTRITO FEDERAL QUARTA PROCURADORIA PARECER: 854/2017–ML ASSUNTO: TOMADA DE CONTAS ANUAL REFERÊNCIA: PROCESSO Nº 26.620/2015 (Apenso: Processos nºs 040.001.115/2015). EMENTA: 1. TOMADA DE CONTAS ANUAL. EXERCÍCIO 2014. ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DO CRUZEIRO – RA XI. EXAME INICIAL. 2. ÁREA TÉCNICA SUGERE A AUDIÊNCIA DOS GESTORES. 3. MPC/DF AQUIESCE COM A PROPOSTA DE AUDIÊNCIA. FALHAS RELACIONADAS A PROCESSOS LICITATÓRIOS E INVENTÁRIO PATRIMONIAL. ENTENDIMENTO DO TCU E TCDF. 1. Os autos tratam de Tomada de Contas Anual – TCA dos ordenadores de despesas, agentes de material e demais responsáveis pela gestão da Administração Regional do Cruzeiro – RA XI, referente ao exercício financeiro de 2014. 2. Os responsáveis pela gestão em exame foram indicados pela Unidade Técnica nas tabelas dos parágrafos 2.1 e 2.2 da Informação nº 89/2017 – SECONT/3ª DICONT (fls. 21/31), a primeira identificando os ordenadores e demais responsáveis e a segunda o agente de material, conforme informações contidas nos documentos às fls. 18/27 e 28/29 do Processo nº 040.001.115/2015 – apenso. 3. Procedendo ao exame formal da TCA, o Auditor de Controle Externo – ACE, responsável pela análise da Área Técnica, no que concerne à composição do processo e ao atendimento às exigências regimentais, discorreu que foram atendidas parcialmente as exigências da legislação pertinente. 4. Nesse particular, a Área Técnica arrazoou que foi acostada cópia do Relatório Anual de Atividades, ao invés do

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MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO DISTRITO FEDERAL QUARTA PROCURADORIA

PARECER: 854/2017–ML

ASSUNTO: TOMADA DE CONTAS ANUAL

REFERÊNCIA: PROCESSO Nº 26.620/2015 (Apenso: Processos nºs 040.001.115/2015).

EMENTA: 1. TOMADA DE CONTAS ANUAL. EXERCÍCIO 2014. ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DO CRUZEIRO – RA XI. EXAME INICIAL.2. ÁREA TÉCNICA SUGERE A AUDIÊNCIA DOS GESTORES.3. MPC/DF AQUIESCE COM A PROPOSTA DE AUDIÊNCIA. FALHAS RELACIONADAS A PROCESSOS LICITATÓRIOS E INVENTÁRIO PATRIMONIAL. ENTENDIMENTO DO TCU E TCDF.

1. Os autos tratam de Tomada de Contas Anual – TCA dos ordenadores de despesas, agentes de material e demais responsáveis pela gestão da Administração Regional do Cruzeiro – RA XI, referente ao exercício financeiro de 2014.

2. Os responsáveis pela gestão em exame foram indicados pela Unidade Técnica nas tabelas dos parágrafos 2.1 e 2.2 da Informação nº 89/2017 – SECONT/3ª DICONT (fls. 21/31), a primeira identificando os ordenadores e demais responsáveis e a segunda o agente de material, conforme informações contidas nos documentos às fls. 18/27 e 28/29 do Processo nº 040.001.115/2015 – apenso.

3. Procedendo ao exame formal da TCA, o Auditor de Controle Externo – ACE, responsável pela análise da Área Técnica, no que concerne à composição do processo e ao atendimento às exigências regimentais, discorreu que foram atendidas parcialmente as exigências da legislação pertinente.

4. Nesse particular, a Área Técnica arrazoou que foi acostada cópia do Relatório Anual de Atividades, ao invés do original, ao passo que os demonstrativos financeiros, relativos à gestão de material não foram assinados pelos responsáveis. Demais disso, asseverou que estavam ausentes a certidão de comprovação da situação fiscal do Sr. Luciano Fábio de Brito e o inventário patrimonial da regional relativo ao exercício em exame (itens B e F do Relatório Conclusivo do Organizador das Contas, fl. 11 e 13 do Processo nº 040.001.115/2015 – apenso).

5. Acerca disso, a Unidade Instrutiva concluiu que a ausência da citada certidão relativa ao Sr. Luciano Fábio de Brito não impede a análise das presentes contas. Lado outro, salientou que o inventário patrimonial da regional foi incluído no Processo nº 040.001.115/2015 após a análise do organizador das contas. Não foram indicadas outras impropriedades pendentes de regularização.

6. Nesse giro, conforme observa-se do Relatório - TCA nº 21/2015 (fls. 4/15 do Processo nº 040.001.115/2015 – apenso), a Coordenação de Tomada de Contas da SEF/DF

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opinou pela regularidade das contas dos Ordenadores de Despesa e demais responsáveis pela gestão da Administração Regional do Cruzeiro - RA XI no exercício de 2014.

7. Quanto ao Relatório Contábil Anual - Exercício de 2014, produzido pela Subsecretaria de Contabilidade (fls. 462/475 do Processo nº 040.001.115/2015 – apenso), o Corpo Instrutivo trouxe à colação as seguintes falhas contábeis:

“1 – deixou de registrar os valores devidos pelos permissionários na Conta Contábil 113811300 – Créditos a receber decorrentes de cessão de áreas públicas;2 – apresentou saldo nas Contas Contábeis nº 113811500 – Créditos a receber decorrentes de pagamentos de despesas de terceiros, 211110101 – Salários, remunerações e benefícios, 218820201 – Valores retidos a outros órgãos do GDF, 711410100 – Depósitos de cauções em espécie e 812310000 – Contratos com terceiros; e3 – apresentou inconsistências nos registros efetuados no sistema SIGMA e SIAC, cujos valores foram R$ 103,90 e R$ 379,23 a menor no sistema SIAC.” (Grifos acrescidos).

8. Acerca disso, a Unidade Técnica pontuou que os registros contábeis estão sendo acompanhados pela Gerência de Administrações Regionais, diante do que opinou no sentido de que somente o registro relativo à “Conta Contábil nº 113811300” poderá ser objeto de ressalva às contas anuais, posto que as demais se restringem à área operacional da RA.

9. Ato contínuo, a Área Instrutiva ressaltou que a Coordenação Geral de Patrimônio, por meio do Relatório de Bens Móveis nº 071/2015 (fls. 430/431 do Processo nº 040.001.115/2015 – apenso), indicou a existência de 379 (trezentos e setenta e nove) bens não localizados e 163 (cento e sessenta e três) bens sem placa de tombamento. Foram identificados, ainda, bens com plaqueta de outros órgãos. Em face disso, a Instrução constatou que o número de bens desaparecidos aumentou em mais de 400%, se comparado ao exercício de 2013, o que demonstra o visível descontrole patrimonial na gestão de 2014, suficiente para ensejar a audiência dos responsáveis.

10. Lado outro, a Unidade Instrutiva sublinhou que o Gerente de Acompanhamento e Avaliação do Patrimônio Imobiliário, por meio do Relatório de Bens Imóveis nº 58/2015 (fls. 432/433 do Processo nº 040.001.115/2015 – apenso), apontou a existência de diversas ocorrências1, recomendando a adoção de providências pelo órgão Setorial de Patrimônio, a ser acompanhado pela Coordenação de Tomada de Contas da Secretaria de Estado de Fazenda do DF.

11. Em seguida, a Unidade Técnica discorreu sobre a conclusão da Subcontroladoria de Controle Interno do Distrito Federal, a qual, por meio do Certificado de Auditoria nº 103/2016 – COMITÊ/SUBCI/CGDF (fls. 490/490-v do Processo nº 040.001.115/2015 – apenso), concluiu que os subitens 1.2 (Fracionamento de licitação de objetos de mesma natureza em obras e serviços de engenharia) e 1.4 (Falhas no acompanhamento e execução de contratos de obras e serviços de engenharia) do Relatório de

1 Itens 1.1; 1.2; 2.1; 2.1.1 e 2.2 do Relatório de Bens Imóveis nº 58/2015 (fls. 432/433 do processo apenso).

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Auditoria nº 79/2016-DIGOV/COAPG/SUBCI/CGDF (fls. 478/487 do Processo nº 040.001.115/2015 – apenso) constituem falhas graves e que os subitens 1.1 (Ausência de anotação/registro de responsabilidade técnica pela elaboração dos projetos e orçamentos de obras e serviços de engenharia), 1.3 (Falhas na elaboração de projetos básicos para a contratação de obras e serviços de engenharia), 2.2 (Pendências relativas ao inventário físico patrimonial de bens imóveis); 2.3 (Falhas na gestão contábil da unidade) e 2.4 (Pendências relativas ao inventário físico patrimonial de bens móveis) do aludido Relatório caracterizam falhas médias.

12. A par dos achados identificados no exercício, o Controle Interno certificou a irregularidade das contas, nos termos do Certificado de Auditoria nº 103/2016 – COMITÊ/SUBCI/CGDF (fls. 490/490-v do Processo nº 040.001.115/2015 – apenso).

13. Nessa toada, a Unidade Técnica convergiu, em parte, com o consignado no Certificado de Auditoria nº 103/2016 – COMITÊ/SUBCI/CGDF (fls. 490/490-v do Processo nº 040.001.115/2015 – apenso) e entendeu que os subitens 1.2 (Fracionamento de licitação de objetos de mesma natureza em obras e serviços de engenharia), 1.3 (Falhas na elaboração de projetos básicos para a contratação de obras e serviços de engenharia), 1.4 (Falhas no acompanhamento e execução de contratos de obras e serviços de engenharia), 2.2 (Pendências relativas ao inventário físico patrimonial de bens imóveis) e 2.4 (Pendências relativas ao inventário físico patrimonial de bens móveis) do Relatório de Auditoria nº 79/2016-DIGOV/COAPG/SUBCI/CGDF (fls. 478/487 do Processo nº 040.001.115/2015 – apenso) devem ensejar a audiência dos gestores do Órgão.

14. Ademais, a Unidade Instrutiva entende pela não repercussão do subitem 1.1 do Relatório de Auditoria nº 79/2016 – DIGOV/COAPG/SUBCI/CGDF (fls. 478/487 do Processo nº 040.001.115/2015 – apenso) nas contas dos responsáveis e pela repercussão como ressalva do subitem 2.3 (Falhas na gestão contábil da unidade) do citado Relatório de Auditoria, pelos motivos que explicitados no Papel de Trabalho II (fls. 7/8).

15. Assim, tendo em conta a Matriz de Responsabilização apresentada no PT – III (fls. 9/14), o Corpo Instrutivo sugeriu que a oitiva a ser determinada pelo e. TCDF deve alcançar os Administradores Regionais à época dos fatos, Srs. Antônio Sabino de Vasconcelos Neto, Sérvulo Batista Pereira e Erizaldo Cavalcante Borges Pimentel; os Diretores de Administração Geral da RA IX à época, Sra. Edna Maria de Oliveira Silva e Sr. José Guimarães Crispino; e o então Chefe da Seção de Material e Patrimônio, Sr. Luciano Fábio De Brito.

16. Em tempo, imperioso trazer à colação o profícuo acréscimo apresentado pelo Corpo Instrutivo em relação aos achados contidos no Relatório de Auditoria nº 79/2016 – DIGOV/COAPG/SUBCI/CGDF (fls. 478/487 do Processo nº 040.001.115/2015 – apenso):

“4.4.4. Os subitens 1.1 e 2.3 do Relatório de Auditoria nº 79/2016 – DIGOV/COAPG/SUBCI/CGDF integraram o Papel de Trabalho II (fls. 7/8), onde houve a sugestão pela não repercussão do primeiro e pela ressalva do segundo.

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4.4.5. Os subitens 1.2, 1.3, 1.4, 2.2 e 2.4 do Relatório de Auditoria nº 79/2016 – DIGOV/COAPG/SUBCI/CGDF integraram o Papel de Trabalho III – Matriz de Responsabilização (fls. 9/14) e deverão ser objeto de audiência dos responsáveis pela regional, tendo em vista a possibilidade de julgamento irregular de suas contas.”

17. Quanto ao exame realizado pelo Controle Interno sobre a eficiência e eficácia da gestão da jurisdicionada, o ACE responsável pela instrução destacou o Relatório de Eficiência e Eficácia nº 79/2016 – DIGOV/COAPG/SUBCI/CGDF (fls. 488/488-v do Processo nº 040.001.115/2015 – apenso), presente nos autos da TCA em atenção à exigência contida no art. 140, VII, do RI/TCDF, aprovado pela Resolução TCDF nº 38/1990-TCDF, vigente à época da composição das presentes contas.

18. Nesse contexto, impende acrescentar que, no âmbito do Processo nº 19.846/2011, esta c. Corte de Contas entendeu que a gestão ineficiente ou ineficaz injustificada pode ensejar a audiência dos responsáveis e a consequente irregularidade das contas. Contudo, não é o que se observa na espécie, uma vez que as gestões orçamentária, financeira, contábil e patrimonial da unidade foram consideradas, conforme conclusão à fls. 488/488-v do Processo nº 040.001.115/2015 – apenso, de algum modo, eficientes e eficazes, levando em conta os parâmetros de previstos no Anexo I da Portaria CGDF nº 226/2015.

19. No que concerne ao requisito de apresentação das contas dos agentes de material nesta TCA, a Unidade de Contas pontuou que a Comissão de Inventário Patrimonial de 2014, conforme expediente às fls. 151/152 do Processo nº 040.001.115/2015 – apenso, não identificou irregularidades na gestão de material da RA no exercício sob exame e validaram a eficácia e a eficiência da gestão, assim como a confiabilidade do sistema SigMa.

20. Ato contínuo, a Unidade Técnica mencionou que não houve utilização do regime de adiantamento no exercício de 2014, conforme Relação de Suprimento de Fundo extraída do sistema SIGGO, fl. 116 do Processo nº 040.001.115/2015 – apenso.

21. Outrossim, no que se refere às atividades do Controle Externo, destacou que, mediante consulta realizada no Sistema de Acompanhamento Processual Eletrônico (e-TCDF), foi possível identificar a possível ressonância da apuração conduzida no Processo nº 35.950/20142 na apreciação das contas do exercício sub examine. Contudo, sugeriu que as falhas graves identificadas na gestão, devidamente consignadas nos documentos técnicos que instruem os autos da presente TCA, são suficientes para macular as contas da RA XI relativas ao exercício de 2014, sendo despiciendo e inoportuno o sobrestamento dos autos da TCA ora em exame.

22. A Unidade Técnica apresentou, também, a situação das contas anuais de exercícios anteriores:

2 Denúncia de cidadão contra atos praticados pelo Sr. Antônio Sabino, enquanto Administrador Regional do Cruzeiro e Taguatinga, relativos a fraudes em licitações de obras na modalidade convite.

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Exercício

Processo Comentário

2011 10.681/2012 O Tribunal, por meio da Decisão nº 4542/2016, deliberou por chamar em audiência os responsáveis, tendo em vista a possibilidade de terem suas contas julgadas irregulares diante das verificações anotadas no Relatório de Inspeção n.º 02/2012–DIRAD/CONT/STC nos subitens 3.5 – Ausência de justificativa de efetiva perseguição do interesse público na realização de eventos pela unidade; 3.6 – Elaboração do projeto básico em desacordo com a legislação vigente – ausência de planilhas orçamentárias; 3.8 - Ausência de pesquisa prévia de preços na contratação de profissionais do setor artístico; 3.9 - Ausência de ato de ratificação por autoridade superior de declaração de inexigibilidade de licitação; 3.10 - Descumprimento de Parecer Normativo n.º 1.191/2009 – ausência de consulta ao órgão gerenciador da ARP; 3.12 - Descumprimento de Parecer Normativo n.º 1.191/2009 – ausência de pesquisa prévia de preços que comprove a vantajosidade de adesão a ARP; 3.18 – Ausência de demonstração da efetiva prestação do serviço; no Relatório de Inspeção n.º 05/2012–DIRAD/CONAG/CONT/STC nos subitens 5 – sobrepreço do objeto; 6 – Irregularidade na composição do BDI; 8 – Indícios de fraude à licitação – Processo n.º 139.000.219/2011; 9 - Indícios de fraude à licitação – Processo n.º 139.000.300/2011; 11 - Indícios de fraude à licitação – Processo n.º 139.000.132/2011; e 13 - Indícios de fraude à licitação – Processo n.º 139.000.308/2011.

2012 19.551/2013 O Tribunal, por meio da Decisão nº 4521/2015, deliberou por chamar em audiência os responsáveis, tendo em vista a possibilidade de terem suas contas julgadas irregulares diante das verificações anotadas no Relatório de Auditoria nº 12/2015 – DIRAG I/CONAG/SUBCI/CGDF nos subitens: 3.1 (Ausência de comprovação da razão na escolha do fornecedor); 3.2 (Ausência de projeto básico); 3.3 (Direcionamento na contratação de artistas); 3.4 (Participação de autor de projeto básico na prestação de serviço); 3.6 (Elaboração de planilhas estimativas de preço de obras e serviços de engenharia em desacordo com as determinações do TCDF); 3.7 (Ausência de cadastramento das obras no sistema SISOBRAS do TCDF) e 3.9 (Falha no detalhamento no projeto básico).

2013 25.700/2014 O Tribunal, por meio da Decisão nº 2244/2017, deliberou por chamar em audiência os responsáveis, tendo em vista a possibilidade de terem suas contas julgadas irregulares diante da ocorrência de fracionamento de despesas e das verificações anotadas no Relatório de Auditoria nº 16/2016 – DIRAD/CONAG/SUBCI/CGDF: subitem 2.1 – elaboração de projeto básico sem apresentação de planilhas detalhadas de composição de custos unitários, de BDI, de encargos sociais e de preços obtidos mediante pesquisa de mercado; subitem 2.2 – deficiência na caracterização da demanda, ocasionando prejuízo na contratação de obra pela Administração Regional; subitem 2.4 – homologação e adjudicação de objeto de carta convite à licitante que descumpriu exigências do certame; subitem 4.2 – falhas na contratação de artistas por meio de inexigibilidade de licitação para o evento “Carnaverão 2013”; subitem 4.3 – afronta ao princípio da impessoalidade e da finalidade na contratação de evento; subitem 4.6 – ausência de aprovação do projeto básico por autoridade competente; e subitem 4.7 – irregularidade no Parecer da ASTEC.

23. Entende-se de bom alvitre ressaltar que a apresentação do quadro alusivo ao encaminhamento proposto pelo e. TCDF para as contas anuais da RA XI de exercícios anteriores permite aferir a eventual repetição de falhas e, principalmente, evidencia o

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encaminhamento proposto pelo e. Plenário para achados semelhantes aos identificados na gestão ora exame. O ato de compulsar entendimento firmado sobre fatos já submetidos ao descortino desta c. Corte de Contas permite lograr a desejável uniformidade de entendimentos, o que reforça a segurança jurídica.

24. Verifica-se, portanto, que a existência de falhas na elaboração de projetos básicos e irregularidades em processos de licitação redundou na convocação em audiência dos gestores responsáveis pela gestão da RA XI dos exercícios de 2011, 2012 e 2013.

25. Vale frisar que irregularidades análogas foram identificadas na TCA objeto do presente feito, conforme é possível depreender da descrição dos subitens 1.2 (Fracionamento de licitação de objetos de mesma natureza em obras e serviços de engenharia) e 1.3 (Falhas na elaboração de projetos básicos para a contratação de obras e serviços de engenharia) do Relatório de Auditoria nº 79/2016-DIGOV/COAPG/SUBCI/CGDF (fls. 478/487 do Processo nº 040.001.115/2015 – apenso).

26. Sem prejuízo das implicações decorrentes da repetição de falhas ao longo dos últimos exercícios, este MPC/DF ressalta que as falhas graves perpetradas no exercício em análise são suficientemente robustas para autorizar a audiência dos responsáveis pela gestão da RA XI em 2014, independentemente do julgamento das contas anuais dos exercícios anteriores.

27. Quanto às deliberações do e. Tribunal pendentes de atendimento, o Corpo Instrutivo informou que não há registros de deliberação desta c. Corte de Contas determinando o acompanhamento nestas contas anuais.

28. Já no que se refere ao demonstrativo de TCEs, exigido com espeque no art. 14 da Resolução nº 102/1998, o Corpo Instrutivo asseverou que o Processo nº 139.000.149/2010 encontra-se, atualmente, na d. Procuradoria-Geral do Distrito Federal com vistas à cobrança judicial do débito apurado de R$ 2.399,40 (valor original); ao passo que o Processo nº 139.000.085/2007 foi acompanhado por este e. Tribunal no âmbito do Processo nº 9.091/2010, no qual, conforme r. Decisão nº 1087/2017, o e. Plenário considerou encerrada a TCE ante a ausência de prejuízo.

29. A Área Técnica concluiu seu exame nos seguintes termos:

“8.1. Verificamos no item 3.1 desta instrução que foi acostada cópia do Relatório Anual de Atividades, ao invés do original e que os Demonstrativos financeiros, relativos à gestão de material, não foram assinados pelos responsáveis. Considerando que a Instrução Normativa 02/2016 – TCDF instituiu nova forma de organização e apresentação das contas anuais, deixaremos de fazer proposições a respeito.8.2. Com relação ao item 4.2 desta instrução, constatamos que a ausência de utilização da Conta Contábil 113811300 – Créditos a receber decorrentes de cessão de áreas públicas como controle de direitos a receber poderá ser objeto de ressalva às contas anuais.

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8.3. Sobre o item 4.3 desta instrução, averiguamos o descontrole patrimonial, gerando um aumento de 400% na quantidade de bens patrimoniais não localizados. Desta forma, somos por chamar em audiência os responsáveis, corroborando o entendimento do Controle Interno, ao incluir o subitem 2.4 do Relatório de Auditoria nº 79/2016 – DIGOV/COAPG/SUBCI/CGDF.8.4. Com relação ao item 4.4 desta instrução, após análise dos subitens indicados pelo Controle Interno, como irregularidades, concluímos pela manutenção dos subitens 1.2 (Fracionamento de licitação de objetos de mesma natureza em obras e serviços de engenharia), 1.3 (Falhas na elaboração de projetos básicos para a contratação de obras e serviços de engenharia), 1.4 (Falhas no acompanhamento e execução de contratos de obras e serviços de engenharia), 2.2 (Pendências relativas ao inventário físico patrimonial de bens imóveis) e 2.4 (Pendências relativas ao inventário físico patrimonial de bens móveis) do Relatório de Auditoria nº 79/2016 – DIGOV/COAPG/SUBCI/CGDF, com o acréscimo dos comentários efetuados no Papel de Trabalho III – Matriz de Responsabilização, e pela modificação do subitem 2.3 (Falhas na gestão contábil da unidade) do citado relatório de auditoria, o qual deverá ser considerado ressalva às contas.8.5. Quanto ao item 5, não houve identificação de impropriedades ou irregularidades na gestão de material. Entretanto, a irregularidade indicada no subitem 2.4 do Relatório de Auditoria nº 79/2016 – DIGOV/COAPG/SUBCI/CGDF refere-se a gestão de patrimônio. Desta forma, o Chefe da Seção de Material e Patrimônio deverá ser chamado em audiência. 8.6. Referente ao item 7.1.1, a avaliação da repercussão da análise dos atos praticados pelos responsáveis pela RA XI no âmbito do Processo nº 35.950/2014 poderá ser avaliada em momento oportuno.” (Grifos acrescidos).

30. Por fim, sugeriu ao e. Plenário que:

“I. tome conhecimento da Tomada de Contas Anual da Administração Regional do Cruzeiro – RA XI, relativa ao exercício financeiro de 2014, objeto do Processo apenso nº 040.001.115/2015; II. autorize, nos termos do art. 13, inciso III, da Lei Complementar nº 01/1994, ante a possibilidade de terem suas contas julgadas irregulares, consoante o previsto no art. 17, inciso III, “b”, c/c o art. 20, parágrafo único, e o art. 57, inciso I, da LC nº 01/94, a audiência dos responsáveis relacionados na matriz de responsabilização (fls. 09/14), para que, no prazo de 30 (trinta) dias, apresentem razões de justificativa quanto às irregularidades descritas na referida matriz;III. considere, com fulcro no artigo 13, § 1º, da Resolução nº 102/98, encerrada a TCE nº 139.000.149/2010, por se tratar de prejuízo ocasionado por terceiros estranhos à Administração Pública e pelo assunto estar sendo resolvido pela Procuradoria Geral do DF;IV. autorize o retorno dos autos à Secretaria de Contas para as providências de estilo.” (Grifos acrescidos).

31. Anterior ao envio do feito ao Ministério Público de Contas, os termos da Informação nº 89/2017 – SECONT/3ª DICONT, fls. 21/31, foram acolhidos integralmente pelo Diretor da 3ª Divisão de Contas e pelo Secretário de Controle Externo, conforme fl. 31-v.

32. Feito o relato, este Órgão Ministerial passa a opinar.

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33. Preliminarmente, no que concerne à ausência de informações sobre a situação de um dos responsáveis perante a Fazenda distrital, esse Parquet especializado coaduna com o Corpo Técnico. Nesse sentido, entendo desnecessária diligência ao órgão auditado, considerando que os débitos inscritos na dívida ativa da Fazenda Pública distrital possuem, em sua grande maioria, caráter tributário e pessoal e não se referem à gestão dos responsáveis.

34. No que diz respeito aos pronunciamentos do Organizador do Processo e da unidade da SEF/DF responsável pela avaliação contábil da gestão em exame, este Parquet especializado, igualmente, acompanha as ponderações contidas no documento emanado do Corpo Instrutivo.

35. Nesse sentido, remanesce como passível de ensejar ressalva ao julgamento das contas apenas o fato relevante consignado no Relatório Contábil Anual - Exercício 2014 (fls. 462/475 do Processo nº 040.001.115/2015 – apenso), isto é, a ausência de registro dos valores devidos pelos permissionários na Conta Contábil 113811300 – Créditos a receber decorrentes de cessão de áreas públicas. Entretanto, visto que a impropriedade foi narrada no Relatório de Auditoria do Controle Interno, subitem 2.3, este Parquet especializado, em harmonia com o Corpo Instrutivo, entende que a narrativa da Subsecretaria de Controle Interno da CGDF é suficiente para constituir a ressalva ao julgamento das contas relativa à falha de natureza contábil.

36. Em relação aos apontamentos contidos nos relatórios emanados da Coordenação Geral de Patrimônio, fls. 430/433 do Processo nº 040.001.115/2015 – apenso, este MPC/DF comunga integralmente com as conclusões emanadas do Corpo Instrutivo. Uma vez que as impropriedades foram narradas no Relatório de Auditoria do Controle Interno, subitens 2.2 e 2.4, este Parquet especializado, em harmonia com o Corpo Instrutivo, entende que a narrativa da Subsecretaria de Controle Interno da CGDF é suficiente para ensejar a audiência dos responsáveis.

37. Quanto ao deslinde da apuração especial conduzida no Processo nº 139.000.149/2010, esta Quarta Procuradoria, por meio de pesquisa ao SICOP, confirmou a informação trazida pela zelosa Unidade Técnica. Assim, uma vez que o prejuízo decorre da ação de terceiro (furto de máquina de solda) e que as providências para cobrança do débito apurado (R$ 2.399,40 - valor original, 2010) já estão sendo adotadas no âmbito da d. PGDF, este MPC/DF converge com a Unidade Instrutiva no que toca ao encerramento da TCE com fundamento no artigo 13, § 1º, da Resolução nº 102/98.

38. No que pertine aos achados contidos no Relatório do Controle Interno, este Órgão Ministerial, igualmente, acompanha o entendimento alcançado pela Área Técnica.

39. Na espécie, o Parquet possui entendimento congruente com o apresentado pelo zeloso Corpo Instrutivo no tocante à sugestão de audiência para tratar das irregularidades indicadas nos subitens 1.2 (Fracionamento de licitação de objetos de mesma natureza em obras e serviços de engenharia), 1.3 (Falhas na elaboração de projetos básicos para a contratação de obras e serviços de engenharia), 1.4 (Falhas no acompanhamento e

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execução de contratos de obras e serviços de engenharia), 2.2 (Pendências relativas ao inventário físico patrimonial de bens imóveis) e 2.4 (Pendências relativas ao inventário físico patrimonial de bens móveis) do Relatório de Auditoria nº 79/2016-DIGOV/COAPG/SUBCI/CGDF (fls. 478/487 do Processo nº 040.001.115/2015 – apenso).

40. De igual modo, o Parquet possui entendimento convergente com o apresentado pelo zeloso Corpo Instrutivo no tocante à sugestão de ressalvas no que toca ao subitem 2.3 (Falhas na gestão contábil da unidade) do citado Relatório de Auditoria.

41. Não obstante, afora o contido no Relatório de Auditoria do Controle Interno e no profícuo exame realizado na Informação nº 89/2017 – SECONT/3ªDICONT, fls. 21/31, oportuno agregar dados relativos à irregularidade indicada no subitem 1.2 (Fracionamento de licitação de objetos de mesma natureza em obras e serviços de engenharia).

42. Relembro que o parcelamento de objeto a ser licitado, especificado no art. 23, §1º, da Lei nº 8.666/1993, não se confunde com o fracionamento de licitação/despesa vedado pelo art. 23, §5º, do referido diploma legal. Esta última foi a irregularidade verificada na espécie.

43. Nos termos da Lei nº 8.666/1993, o parcelamento de serviços, compras e obras deve ser utilizado para o aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado e para ampliação da competitividade, sem perda da economia de escala (parcelamento formal). Há, portanto, dever do Administrador público de, sempre que viável técnica e economicamente, particionar o objeto do certame. Sem embargo, ao optar pelo parcelamento, a Administração deve preservar a modalidade pertinente para o objeto licitado (art. 23, §§ 1º e 2º).

44. Dada a relevância do tema, o parcelamento do objeto em licitação pública foi tratado por este e. TCDF na r. Decisão Normativa nº 2/2012.

45. Contudo, impende rememorar que a irregularidade apontada no subitem 1.2 do Relatório de Auditoria nº 79/2016-DIGOV/COAPG/SUBCI/CGDF trata de matéria diversa do parcelamento de objeto, qual seja: o fracionamento indevido de licitação/despesa, utilizado como meio de afastar a modalidade de licitação apropriada à necessidade da Administração.

46. In casu, como asseverado, a Administração Regional do Cruzeiro adotou convites semelhantes, alguns com valores limítrofes ao estabelecido na legislação, o que culminou por modificar o regime jurídico aplicável, em afronta ao art. 23, § 5º, da Lei nº

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8.666/19933, observada a evidente semelhança dos objetos licitados e a possibilidade de execução conjunta e concomitante, conforme ilustrado no quadro a seguir:

Tabela 1 – Amostra de convites da RA XI, exercício de 2014, auditada pelo Controle Interno (fls. 480/480-v do Processo nº 040.001.115/2015 – apenso).

Processo nº Nota de Empenho Data Valor Credora Natureza do Objeto

139.000.078/20142014NE00111 20/5/2014 R$ 125.704,44

Felipe Siqueira Rocha de Oliveira

Obra com a revitalização e paisagismo e pinturas de paradas de ônibus

2014NE00123 23/5/2014 R$ 5.865,16

139.000.152/20142014NE00053 17/3/2014

R$ 146.718,75

Carvalho e Silva Empreendimentos EIRELI – ME

Obras de urbanização: pavimentação e passeio.2014NE00057 20/3/2014

139.000.186/2014

2014NE00092 17/4/2014 R$ 67.652,59Obras de urbanização e revitalização, abertura de vagas de estacionamento e construção de calçadas em concreto

2014NE00093 17/4/2014 R$ 54.167,59

2014NE00094 17/4/2014 R$ 10.292,75

139.000.187/2014 2014NE00152 4/7/2014 R$ 145.011,28

Obra de urbanização com canaletas de águas pluviais, passagem em concreto e pavimentação

139.000.595/2013 2014NE00030 13/2/2014 R$ 144.985,42 Obras de urbanização: pavimentação.

139.000.020/2014 2014NE00150 4/7/2014 R$ 143.909,30Fiber Glass Construtora Ltda EPP

Obra de urbanização, revitalização e paisagismo

139.000.637/2013 2014NE00151 4/7/2014 R$ 97.134,63Obras de urbanização: pavimentação e drenagem.

139.000.246/20142014NE00233 24/9/2014 R$ 48.085,11

RS Construtora Ltda. ME

Obras de urbanização e revitalização com canaleta de águas pluviais

2014NE00306 31/12/2014 R$ 23.792,31

139.000.348/2014 2014NE00222 12/9/2014 R$ 89.369,52 Obras de urbanização: áreas de lazer.

139.000.217/2013 2014NE00132 30/5/2014 R$ 146.297,18Obra de reforma e revitalização de quadra de esporte

139.000.133/2014 2014NE00047 26/2/2014 R$ 144.595,04 Sheila Cruz Dantas ME

Obras de urbanização: áreas de lazer.

139.000.168/2014 2014NE00077 8/4/2014 R$ 140.643,24 Alexandre Alves Chaves - ME

Obras de urbanização: pavimentação, passeio e áreas de lazer.

139.000.329/2014 2014NE00256 4/11/2014 R$ 105.923,54 FMG Construções e Incorporações Ltda

Obras de urbanização e revitalização

3 “§ 5o   É vedada a utilização da modalidade ‘convite’ ou ‘tomada de preços’, conforme o caso, para parcelas de uma mesma obra ou serviço, ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente, sempre que o somatório de seus valores caracterizar o caso de ‘tomada de preços’ ou ‘concorrência’, respectivamente, nos termos deste artigo, exceto para as parcelas de natureza específica que possam ser executadas por pessoas ou empresas de especialidade diversa daquela do executor da obra ou serviço”.

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139.000.418/20142014NE00264 10/11/2014 R$ 147.828,29 Obras de urbanização:

áreas de lazer.2014NE00305 31/12/2014 R$ 80.946,48

47. Verifica-se dos dados contidos da tabela acima, extraídos do SIGGO, a repetição sistemática de empresas convidadas e vencedoras dos convites, em especial a Carvalho e Silva Empreendimentos EIRELI – ME, Fiber Glass Construtora Ltda EPP e RS Construtora Ltda. ME.

48. Acerca da irregularidade em comento, o auditor responsável pela instrução desta TCA ponderou conforme a seguir (fl. 9):

“Consultando ao sistema corporativo SISCOEX (fls. 15/19), relativo ao exercício financeiro de 2014, verificamos que a RA realizou outras licitações, na modalidade Convite, que configuram fracionamento de licitação, sendo autuados nos Processos nº 139.000.422/2013 (2014NE00066), 139.000.217/2013 (2014NE00132), 139.000.020/2014 (2014NE00150), 139.000.029/2014 (2014NE00078), 139.000.078/2014 (2014NE00111 e 2014NE00123), 139.000.169/2014 (2014NE00147) 139.000.186/2014 (2014NE00092, 2014NE00093 e 2014NE00094), 139.000.187/2014 (2014NE00152), 139.000.246/2014 (2014NE00233 E 2014NE00306) e 139.000.329/2014 (2014NE00256).Cabe acrescentar que as empresas CARVALHO E SILVA EMPREENDIMENTOS EIRELI – ME, CNPJ nº 18.696.463/0001-03, RS Construtora Ltda - ME, CNPJ nº 01.744.105/0001-18, FIBER GLASS CONSTRUTORA LTDA. EPP, CNPJ nº 03.819.129/0001-14 E FMG CONSTRUÇÕES E INCORPORAÇÕES LTDA, CNPJ nº 05.243.015/0001-2, receberam R$ 568.828,38, R$307.544,12, R$ 241.043,93 e R$334.698,31, respectivamente, na execução de obras de urbanização na RA, no exercício de 2014 (fl. 20)” (Grifos acrescidos)

49. Em consonância com o que discorreu o Corpo Técnico, ante a existência de serviços semelhantes, com possibilidade de serem executados, na mesma localidade, conjunta e concomitantemente, o art. 23, § 5º, da Lei de Licitações e Contratos4 impõe o somatório dos valores envolvidos nas contratações para adoção de modalidade de licitação mais complexa, sob pena de indevido fracionamento de despesa ou licitação5 e de violação ao princípio da seleção da proposta mais vantajosa à Administração, uma vez que uma única contratação poderia ocasionar economia de escala.

50. Portanto, resta vastamente evidenciado que a Administração Regional do Cruzeiro adotou diversos convites de natureza semelhante, alguns com notas de empenho

4 “§ 5o  É vedada a utilização da modalidade "convite" ou "tomada de preços", conforme o caso, para parcelas de uma mesma obra ou serviço, ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente, sempre que o somatório de seus valores caracterizar o caso de "tomada de preços" ou "concorrência", respectivamente, nos termos deste artigo, exceto para as parcelas de natureza específica que possam ser executadas por pessoas ou empresas de especialidade diversa daquela do executor da obra ou serviço.     (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994).”5 e.g. Acórdão nº 935, Plenário, Rel. Min. Ubiratan Aguiar, DOU de 28/5/2007 e Acórdão nº 324, Plenário, Rel. Min. Marcos Bemquerer, DOU de 9/3/2009.

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emitidas na mesma data, no valor limítrofe para a modalidade, culminando na modificação do regime jurídico aplicável, em afronta ao art. 23, §5º, da Lei nº 8.666/1993, visto a notada semelhança dos objetos licitados (obras de urbanização) e a possibilidade de execução conjunta e concomitante na mesma localidade.

51. Nesse aspecto, impende destacar que a jurisprudência do c. TCU deixou assente que quando há identidade de potenciais interessados para contratação de serviços de mesma natureza, não há que se realizar licitações distintas. O aludido v. Acórdão da c. Corte de Contas Federal estabelece, ainda, que o termo mesmo local contido no art. 23, § 5º, condiz com conceito de região geo-econômica6.

52. Ad argumentandum tantum, no presente caso sequer caberia alegar a contratação preferencial de diferentes empresas locais para fomentar a economia da região, posto que as empresas Carvalho e Silva Empreendimentos EIRELI – ME e FMG Construções e Incorporações Ltda. possuem sede em Taguatinga; enquanto a Fiber Glass Construtora Ltda. EPP é sediada em Ceilândia; a RS Construtora Ltda. ME na Asa Sul; e a Alexandre Alves Chaves – ME em São Sebastião.

53. No sentir desta Quarta Procuradoria, é de bom alvitre ressaltar que nos autos dos Processos nºs 8.780/2014 e 35.586/2014, que albergaram as Representações nºs 11/2014-ML, e 35/2014-ML, a c. Corte de Contas, por meio das rr. Decisões nºs 4.996/2015 e 2.416/2016, sancionou gestores responsáveis por fracionamento irregular de licitação na Administração Regional de São Sebastião. Ante a penalidade aplicada, percebe-se o repúdio desta c. Corte de Contas à impropriedade em destaque.

54. Na mesma toada o c. Plenário julgou irregulares as contas da RA-XIII referente ao exercício de 2009, conforme se pode verificar do seguinte r. Decisum:

“Tomada de contas anual dos Ordenadores de Despesa, dos Agentes de Material e demais responsáveis da Região Administrativa de Santa Maria – RA XIII, referente ao exercício de 2009.O Tribunal, por unanimidade, de acordo com o voto do Relator, decidiu: (...) III - julgar: (...) c) nos termos do art. 17, inciso III, da Lei Complementar nº 01/94, irregulares as contas dos Srs. (omissis) (Administrador Regional, no período de 20.1 a 31.12.2009) e (omissis) (Diretor Geral de Administração, no período de 15.1 a 26.7.2009 e 1.8 a 31.12.2009), sem imputação de débito, em razão da impropriedade contida no subitem 3.1.2 (fracionamento de licitação de objetos da mesma natureza) do Relatório de Auditoria nº 17/2012 – DIRAD/CONAG/CONT/STC;”(Decisão nº 1.375/2016, Plenário, Rel. Cons. Paiva Martins).

55. Ilustrativamente, o c. Plenário manteve o mesmo entendimento nos Processos nºs 19.675/2013 (r. Decisão nº 3.740/2017), 19.470/2013 (r. Decisão nº 4.108/2017) e 10.827/2012 (r. Decisão nº 3.738/2017), referentes às contas anuais dos ordenadores de despesas das Regiões Administrativas do Varjão (2012), de Taguatinga (2012) e do Recanto das Emas (2011), julgando-as como irregulares.

6 e.g. Acórdão nº 1.780/2007, Plenário, Rel. Min. Raimundo Carreiro, DOU de 31/8/2007.

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56. Desta feita, entendo que a irregularidade indicada no subitem 1.2 (fracionamento de licitação de objetos de mesma natureza em obras e serviços de engenharia) do Relatório de Auditoria nº 79/2016-DIGOV/COAPG/SUBCI/CGDF (fls. 478/487 do Processo nº 040.001.115/2015 – apenso) possui o condão de autorizar a convocação em audiência dos responsáveis pela gestão em exame, em face da possibilidade de julgamento irregular das contas anuais dos responsáveis pela Administração Regional do Cruzeiro em 2014.

57. Impende rememorar que a empresa Fiber Glass, executora de algumas das obras em comento, está envolvida na operação “Atape”, conduzida pela PCDF, cujo objeto é a apuração de fraude em contratações públicas por meio de convite em diversas Administrações Regionais.

58. Vale mencionar, ainda, que recai sobre o Sr. Antônio Sabino de Vasconcelos Neto, Administrador Regional do Cruzeiro de 1º/1/2014 a 3/4/2014, denúncia contra atos por ele praticados, enquanto Administrador Regional do Cruzeiro e de Taguatinga, nos exercícios de 2012 a 2014, relativos a fraudes em licitações de obras na modalidade convite, o que está sendo examinado por este e. Tribunal no âmbito do Processo nº 35.950/2014-e. Nada obstante, apenas a título de esclarecimento, reforço que não há necessidade de sobrestamento do julgamento destas contas anuais até o deslinde do feito, posto que as falhas graves identificadas nestes autos, por si só, são suficientes para conduzir à audiência dos responsáveis.

59. Desse modo, considerando os fortes indícios de irregularidade, o MPC/DF entende que a audiência dos responsáveis é a medida que melhor se amolda ao feito, tendo em vista que trará elementos essenciais à adequada apreciação das contas anuais em exame, observado o princípio da verdade material, norteador da atuação deste e. TCDF.

60. Assim, no que tange à imputação de responsabilidade pelas falhas relatadas nos subitens 1.2 (Fracionamento de licitação de objetos de mesma natureza em obras e serviços de engenharia), 1.3 (Falhas na elaboração de projetos básicos para a contratação de obras e serviços de engenharia), 1.4 (Falhas no acompanhamento e execução de contratos de obras e serviços de engenharia) e 2.2 (Pendências relativas ao inventário físico patrimonial de bens imóveis) do Relatório de Auditoria nº 79/2016-DIGOV/COAPG/SUBCI/CGDF (fls. 478/487 do Processo nº 040.001.115/2015 – apenso), devem ser convocados em audiência os Srs. Antônio Sabino de Vasconcelos Neto (Administrador Regional, no período de 1º/1 a 3/4/2014), Sérvulo Batista Pereira (Administrador Regional, no período de 4/4 a 12/5/2014), Erizaldo Cavalcante Borges Pimentel (Administrador Regional, no período de 13/5 a 31/12/2014), Edna Maria de Oliveira Silva (Diretora de Administração Geral, no período de 1º/1 a 15/09/2014) e José Guimarães Crispino (Diretor de Administração Geral, no período de 16/9 a 31/12/2014).

61. No que toca ao subitem 2.4 (Pendências relativas ao inventário físico patrimonial de bens móveis) do Relatório de Auditoria nº

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79/2016-DIGOV/COAPG/SUBCI/CGDF (fls. 478/487 do Processo nº 040.001.115/2015 – apenso), este Parquet, em convergência com a Unidade Instrutiva, entende que deve ser convocado em audiência, além dos gestores mencionados no parágrafo anterior, o Sr. Luciano Fábio de Brito (Chefe da Seção de Material e Patrimônio, no período de 1º/1 a 31/12/2014), visto que a falha apontada representa inequívoco descontrole patrimonial da Administração Regional na gestão de 2014.

62. Em síntese, o posicionamento deste Parquet especializado é o seguinte.

63. Considerando que o subitens 1.2 (Fracionamento de licitação de objetos de mesma natureza em obras e serviços de engenharia), 1.3 (Falhas na elaboração de projetos básicos para a contratação de obras e serviços de engenharia), 1.4 (Falhas no acompanhamento e execução de contratos de obras e serviços de engenharia), 2.2 (Pendências relativas ao inventário físico patrimonial de bens imóveis) e 2.4 (Pendências relativas ao inventário físico patrimonial de bens móveis) do Relatório de Auditoria nº 79/2016-DIGOV/COAPG/SUBCI/CGDF (fls. 478/487 do Processo nº 040.001.115/2015 – apenso) consistem em falhas graves ou de grande relevância capazes de ensejar a irregularidade das contas, este Parquet pugna para que o e. Tribunal delibere por convocar em audiência os gestores responsáveis, conforme individualização especificada nos parágrafos 60 e 61 deste Parecer, tendo em vista que as justificativas eventualmente apresentadas propiciarão a adequada apreciação destas contas.

64. Por fim, o entendimento Ministerial converge com a manifestação do Corpo Instrutivo quanto ao indicativo do subitem 2.3 (Falhas na gestão contábil da unidade) do Relatório de Auditoria nº 79/2016-DIGOV/COAPG/SUBCI/CGDF (fls. 478/487 do Processo nº 040.001.115/2015 – apenso) como falha de baixa materialidade, a qual, no momento processual oportuno, deverá ensejar a aposição de ressalvas ao julgamento das contas, tendo em vista o caráter educativo da medida.

65. Ante o exposto, o Ministério Público de Contas tem entendimento convergente com a sugestão de audiência proposta pela zelosa Unidade Técnica.

É o Parecer.

Brasília, 10 de outubro de 2017.

Marcos Felipe Pinheiro LimaProcurador