processo de limpeza e desinfecção de superfícies ambientais
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIS
FACULDADE DE ENFERMAGEM
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENFERMAGEM
ANGLICA OLIVEIRA PAULA GONALVES
PROCESSO DE LIMPEZA E DESINFECO DE SUPERFCIES
AMBIENTAIS, EQUIPAMENTOS E ARTIGOS NO CRTICOS DE
UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL
GOINIA, 2013
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Na qualidade de titular dos direitos de autor, autorizo a Universidade Federal de Gois
(UFG) a disponibilizar, gratuitamente, por meio da Biblioteca Digital de Teses e Dissertaes
(BDTD/UFG), sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei n 9610/98, o
documento conforme permisses assinaladas abaixo, para fins de leitura, impresso e/ou
download, a ttulo de divulgao da produo cientfica brasileira, a partir desta data.
1. Identificao do material bibliogrfico: [ x ] Dissertao [ ] Tese
2. Identificao da Tese ou Dissertao
Autor (a): Anglica Oliveira Paula Gonalves
E-mail: [email protected]
Seu e-mail pode ser disponibilizado na pgina? [ x ]Sim [ ] No
Vnculo empregatcio do autor
Agncia de fomento: Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior
Sigla: CAPES
Pas: BRASIL UF: CNPJ: 00889834/0001-08
Ttulo: Processo de limpeza e desinfeco de superfcies ambientais, equipamentos e artigos
no crticos de uma unidade de terapia intensiva neonatal.
Palavras-chave: Unidades de Terapia Intensiva Neonatal; Recm-Nascido; Infeco Hospitalar; Ambiente de Instituies de Sade; Servio de Limpeza Hospitalar.
Ttulo em outra lngua:
Process for cleaning and disinfection of environmental surfaces, equipment and noncritical items in a neonatal intensive care unit
Palavras-chave em outra lngua:
Intensive Care Neonatal, Newborn, Cross Infection, Health Facility Environment; Housekeeping, Hospital.
rea de concentrao: A Enfermagem no cuidado sade humana
Data defesa: (dd/mm/aaaa) 21/03/2013
Programa de Ps-Graduao: Em Enfermagem da Universidade Federal de Gois
Orientador (a): Prof. Dr Marinsia Aparecida Prado Palos
E-mail: [email protected]
Co-orientador (a):*
E-mail:
3. Informaes de acesso ao documento:
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________________________________________ Data: ____ / ____ / ___
Assinatura do (a) autor (a)
1 Neste caso o documento ser embargado por at um ano a partir da data de defesa. A extenso deste prazo
suscita justificativa junto coordenao do curso. Os dados do documento no sero disponibilizados durante o
perodo de embargo.
TERMO DE CINCIA E DE AUTORIZAO PARA
DISPONIBILIZAR AS TESES E DISSERTAES
ELETRNICAS (TEDE) NA BIBLIOTECA DIGITAL DA UFG
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ANGLICA OLIVEIRA PAULA GONALVES
PROCESSO DE LIMPEZA E DESINFECO DE SUPERFCIES
AMBIENTAIS, EQUIPAMENTOS E ARTIGOS NO CRTICOS DE
UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL
Dissertao de Mestrado apresentada ao
Programa de Ps-Graduao da Faculdade de
Enfermagem da Universidade Federal de Gois
como requisito para obteno do ttulo de Mestre
em Enfermagem.
rea de concentrao: A Enfermagem no cuidado sade humana.
Linha de pesquisa: Preveno e controle de Infeces Relacionadas Assistncia
em Sade.
Orientadora: Prof. Dr. Marinsia Aparecida Prado Palos
GOINIA, 2013
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FOLHA DE APROVAO
ANGLICA OLIVEIRA PAULA GONALVES
PROCESSO DE LIMPEZA E DESINFECO DE SUPERFCIES
AMBIENTAIS, EQUIPAMENTOS E ARTIGOS NO CRTICOS DE
UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL
Dissertao de Mestrado apresentada ao
Programa de Ps-Graduao da Faculdade de
Enfermagem da Universidade Federal de Gois
como requisito para obteno do ttulo de Mestre
em Enfermagem.
Aprovada em: 21 de maro de 2013.
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Marinsia Aparecida Prado Palos Presidente da Banca e Orientadora
Faculdade de Enfermagem - Universidade Federal de Gois - FEN/ UFG.
_________________________________________________________
Prof. Dr. Luiz Almeida da Silva - Membro Externo
Faculdade de Enfermagem - Universidade Federal de Gois - FEN/ UFG
__________________________________________________________
Prof. Dr. Ana Lcia Queiroz Bezerra Membro Interno
Faculdade de Enfermagem - Universidade Federal de Gois - FEN/ UFG
__________________________________________________________
Prof. Dr. Maria Cludia Dantas Portrio Borges Andr - Membro Suplente
Instituto de Patologia Tropical e Sade Pblica Universidade Federal de Gois
__________________________________________________________
Prof. Dr. Adencia Custdia Silva e Sousa - Membro Suplente
Pontifcia Universidade Catlica de Gois PUC-GO
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DEDICATRIA
minha famlia, Meus pais, Eisenhower Jos de Paula
e Jeane de Oliveira Paula; Meu irmo, Pedro Augusto Oliveira Paula e,
Afilhado, Rafael Almeida Oliveira Paula. Meu esposo,
Jos Henrique de Freitas Gonalves, Vocs so pessoas mais que especiais na
minha vida, me completam como ser. Obrigada pelo amor, amizade e apoio,
Essa conquista nossa!
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AGRADECIMENTOS
Agradeo a Deus, razo de todas as coisas, pelas oportunidades que tive e por
proteger a minha vida. Por guiar meus caminhos, orientar minhas decises e por
aliviar os momentos de angstia.
Prof. Dra. Marinsia Aparecida Prado Palos por sua orientao, pacincia e
dedicao, por seus sinceros e sbios conselhos, pela amizade, incentivo,
empenho e competncia que culminaram na realizao deste trabalho. Sou grata
pelos momentos de ateno, por acreditar em mim e permitir a realizao desse
sonho.
prof Dra. Ana Lcia Queiroz Bezerra pela ateno, conselhos, amizade e pela
significativa contribuio ao meu trabalho. A sua dedicao a este trabalho foi
essencial. E s professoras, Dra. Dlete Delalibera Corra de Faria Mota e Dr
Silvana de Lima Vieira dos Santos, pelas importantes contribuies durante o
Exame de Qualificao para o aprimoramento deste trabalho.
Ao Professor Dr. Luiz Almeida da Silva, e Professoras, Dr. Maria Cludia Dantas
Portrio Borges Andr, Dr.Adencia Custdia Silva e Sousa, Dr. Ana Lcia
Queiroz Bezerra por aceitarem participar da Banca de Defesa. Agradeo pela
disponibilidade, dedicao e contribuies.
mestranda Cyana Ferreira Lima Gebrim, colega da turma de 2011. Voc foi
muito mais que uma amiga, serei eternamente grata pelo carinho e auxlio.
Aos colegas da turma de Mestrado 2011 da FEN/UFG que contriburam de
alguma forma para o meu crescimento pessoal e profissional. Quero agradecer
pelos bons momentos vividos durante esses anos de ps-graduao.
A todos os docentes do Programa de Ps-Graduao em Enfermagem da
Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Gois que proveram as
ferramentas pra que eu pudesse vivenciar e concretizar este sonho, meus
eternos agradecimentos!
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s Professoras Dr Sheila de Arajo Teles e Dr Anaclara Ferreira Veiga Tipple,
coordenadora e vice-coordenadora do Programa de Ps-Graduao Strictu
Sensu da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Gois, pela
competncia com que conduzem o acolhimento e orientao dos alunos junto ao
Programa.
Aos integrantes do NEPIH, especialmente s enfermeiras e colegas Ndia
Ferreira Gonalves Ribeiro e Dayane de Melo Costa pelo apoio e colaborao a
este trabalho.
Ao Ncleo de Estudos e Gesto em Enfermagem e Segurana do Trabalhador e
Usurio do Servio de Sade (NUGESTUS), da Faculdade de Enfermagem da
Universidade Federal de Gois (FEN/UFG).
A todos os tcnicos administrativos e docentes da Faculdade de Enfermagem
pelo apoio, incentivo constante, sabedoria e que, direta ou indiretamente,
contriburam para a minha formao.
Aos trabalhadores do Servio de Controle de Infeco Hospitalar e da Unidade
de Terapia Intensiva Neonatal do Hospital Materno Infantil pela colaborao,
pacincia e apoio no desenvolvimento deste estudo.
Ao meu esposo, Jos Henrique de Freitas Gonalves, pelo companheirismo e
pacincia, sempre me incentivando e auxiliando nas tarefas do dia-a-dia para que
fosse possvel o cumprimento desse trabalho. E por todo apoio e amor os quais
me deram segurana para seguir em frente.
Aos meus pais, Eisenhower Jos de Paula e Jeane de Oliveira Paula, Meu irmo,
Pedro Augusto Oliveira Paula e Afilhado Rafael Almeida de Oliveira Paula, que
com toda palavra e demonstrao de amor e carinho me fazem sentir mais viva
para continuar nessa caminhada.
Jaciara Queiroz de Freitas Gonalves, pelos conselhos, incentivo e carinho e,
por compartilhar os momentos de alegria e angstia vividos nesse perodo. Alm
de me conceder, mensal e at quinzenalmente, uma prazerosa hospedagem.
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Estudo vinculado ao Ncleo de Estudos em
Infeces Relacionadas Assistncia em
Sade (NEPIH) e Ncleo de Estudos e
Gesto em Enfermagem e Segurana do
Trabalhador e Usurio do Servio de Sade
(NUGESTUS), ambos da Faculdade de
Enfermagem da Universidade Federal de
Gois (FEN/UFG).
Este estudo recebeu apoio financeiro da
Coordenao de Aperfeioamento de
Pessoal de Nvel Superior (CAPES).
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Penso no que fao, com f. Fao o que devo fazer, com amor.
Eu me esforo para ser cada dia melhor, pois bondade tambm se aprende.
Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar,
desistir ou lutar; porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante o
decidir
Cora Coralina
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SUMRIO
LISTA DE ILUSTRAES
LISTA DE TABELAS
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
RESUMO
ABSTRACT
RESUMEN
APRESENTAO
1. INTRODUO................................................................................................... 20
2. OBJETIVOS....................................................................................................... 25
2.1. Objetivo Geral.................................................................................................. 25
2.2. Objetivos especficos....................................................................................... 25
3. REFERENCIAL TERICO................................................................................. 26
3.1. O ambiente da UTIN e o papel das superfcies ambientais, equipamentos
e artigos no crticos na disseminao de micro-organismos.....................
26
3.2. A cadeia epidemiolgica das IrAS e as interfaces com as superfcies
ambientais, equipamentos e artigos no crticos em UTIN.........................
34
3.3. O processo de limpeza e desinfeco de superfcies ambientais,
equipamentos e artigos no crticos em UTIN.............................................
37
3.4. Princpios de segurana para o paciente e o trabalhador no ambiente de
sade...........................................................................................................
44
3.5. A qualidade dos servios de sade para a segurana do
paciente.......................................................................................................
45
4. MATERIAL E MTODO..................................................................................... 49
4.1. Tipo de estudo .............................................................................................. 49
4.2. Local do estudo............................................................................................. 49
4.3. Populao do estudo..................................................................................... 52
4.4. Variveis do estudo....................................................................................... 52
4.5. Procedimento para coleta de dados.............................................................. 53
4.6. Anlise dos dados......................................................................................... 54
4.7. Aspectos tico-legais....................................................................................... 55
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5. RESULTADOS................................................................................................... 56
5.1. Caracterizao dos trabalhadores da UTIN.................................................... 56
5.2. Caracterizao da estrutura fsica e recursos materiais................................. 58
5.3. Processo de limpeza e desinfeco das superfcies ambientais,
equipamentos e artigos no crticos da UTIN..................................................
60
5.4. Classificao de resultados do grau de risco e das fragilidades no processo
de limpeza e desinfeco das superfcies ambientais, equipamentos e
artigos no crticos...........................................................................................
67
6. DISCUSSO...................................................................................................... 72
7. CONCLUSO.................................................................................................... 87
8. CONSIDERAES FINAIS............................................................................... 89
9. REFERNCIAS.................................................................................................. 91
APNDICES E ANEXOS....................................................................................... 100
APNDICE I ...................................................................................................... 100
APNDICE II ..................................................................................................... 101
APNDICE III..................................................................................................... 103
ANEXO I............................................................................................................. 104
ANEXO II............................................................................................................ 105
ANEXO III........................................................................................................... 106
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LISTA DE ILUSTRAES
Figura 1. Processo de limpeza e desinfeco de superfcies ambientais, equipamentos e artigos no crticos, realizado pelos trabalhadores da UTIN de um hospital da rede pblica estadual de Goinia-GO, 2011..........
61
Quadro 1 Demonstrativo das principais tcnicas e produtos utilizados no processamento das superfcies ambientais, equipamentos e artigos no crticos da UTIN de um hospital da rede pblica estadual de Goinia-GO, 2011.......................................................................................................
66
Quadro 2 - Risco para disseminao de micro-organismos, proveniente da tcnica de processamento adotada pelo trabalhador na execuo da limpeza e desinfeco de superfcies ambientais, equipamentos e artigos no crticos, segundo as diretrizes da ANVISA, na UTIN de um hospital da rede pblica estadual de Goinia-GO, 2011.................................................
68
Quadro 3 - Fragilidades no processo de limpeza e desinfeco das superfcies ambientais, equipamentos e artigos no crticos, pelos trabalhadores da UTIN de um hospital da rede pblica estadual de Goinia-GO, 2011..........................................................................................
69
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Caractersticas sociodemogrficas e laborais dos trabalhadores da
Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (n=37) de um hospital da rede pblica
estadual de Goinia-GO, 2011............................................................................
57
Tabela 2 Variveis da estrutura fsica da Unidade de Terapia Intensiva
Neonatal (n=69) de um hospital da rede pblica estadual de Goinia-GO,
2011.....................................................................................................................
58
Tabela 3 Produtos e materiais utilizados no processo de limpeza e
desinfeco (n=93) das superfcies ambientais, equipamentos e artigos no
crticos da UTIN de um hospital da rede pblica estadual de Goinia-GO,
2011.....................................................................................................................
59
Tabela 4 Variveis de processo para a limpeza e desinfeco das
superfcies ambientais, equipamentos e artigos no crticos (n=93) da UTIN
de um hospital da rede pblica estadual de Goinia-GO, 2011..........................
62
Tabela 5 Execuo e no execuo das etapas do processo de limpeza e
desinfeco, pelos trabalhadores da UTIN de um hospital da rede pblica
estadual de Goinia-GO, 2011............................................................................
64
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANVISA Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria
BGN Bacilos Gram-Negativos
BGP Bacilos Gram-Positivos
CCIH Comisso de Controle de Infeco Hospitalar
CDC Centers for Disease Control and Prevention
CoNS Staphylococcus coagulase-negativos
EPI Equipamento de Proteo Individual
FC Frequncia Cardaca
FR Frequncia Respiratria
FEN Faculdade de Enfermagem
HICPAC Healthcare Infection Control Practices Advisory Committee
HM Higiene de Mos
IrAS Infeces Relacionadas Assistncia em Sade
MRSA Methicillin-resistant Staphylococcus aureus
NR Norma Regulamentadora
MMR Micro-organismos Multirresistentes
MO Micro-organismos
OMS Organizao Mundial de Sade
PGRSS Programa de Gerenciamento de Resduos de Servios de Sade
pH Potencial Hidrogeninico
PP Precaues Padro
PVC Poly Vinyl Chloride (policloreto de vinila)
RDC Resoluo Diretoria Colegiada
RN Recm-Nascido
SaO2 Saturao de Oxignio
SCIH Servio de Controle de Infeco Hospitalar
SHL Servio de Higienizao e limpeza
SUS Sistema nico de Sade
UFG Universidade Federal de Gois
UTIN Unidade de Terapia Intensiva Neonatal
VRE Vancomycin-resistant Enterococcus
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RESUMO
PAULA-GONALVES AO. Processo de limpeza e desinfeco de superfcies ambientais, equipamentos e artigos no crticos de uma unidade de terapia intensiva neonatal [dissertao]. Goinia: Faculdade de Enfermagem/UFG; 2013. 106p. INTRODUO: A Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) considerada um local insalubre por agregar micro-organismos por dias e at meses sobre as superfcies ambientais, equipamentos e artigos no crticos. Esses artefatos em contato com os RN e trabalhadores, sem prvia limpeza e desinfeco, intensificam os riscos de colonizao e eventual infeco, com agravos sade de ambos. OBJETIVO: Analisar os processos de limpeza e desinfeco de superfcies ambientais, equipamentos e artigos no crticos de uma unidade de terapia intensiva neonatal de uma instituio pblica de Goinia-Gois. METODOLOGIA: Estudo observacional do tipo descritivo, realizado em uma UTIN de um hospital da rede pblica estadual, especializado em atendimento materno-infantil de mdia e alta complexidade. Os sujeitos da pesquisa foram 37 trabalhadores da equipe multiprofissional de sade e do Servio de Higienizao e Limpeza (SHL). A coleta de dados ocorreu nos meses de outubro e novembro de 2011, por meio da observao direta das etapas dos processos executados e no executados pelos trabalhadores, norteada por formulrio tipo check list, elaborado conforme as recomendaes da ANVISA. O projeto foi aprovado pelo Comit de tica, sob os protocolos n 10/2010 e n 03/2012. Os dados foram analisados estatisticamente. RESULTADOS: Com relao ao gnero, 97,3% dos trabalhadores que tiveram oportunidade de execuo dos processamentos eram do sexo feminino, 51,4%, com idade entre 31 e 40 anos, 62,2% eram tcnicos em enfermagem e 89,2% trabalhavam no perodo diurno. Das 243 oportunidades de execuo dos processos de limpeza e desinfeco, 61,72% foram perdidas e, dessas, 90,66% eram relacionadas aos estetoscpios. Dos 93 processos de limpeza e desinfeco executados, 58,06% equivaleram-se s incubadoras. Entretanto, apenas 1,65% deles atenderam as diretrizes parcialmente. Quanto s fragilidades, identificou-se o uso inadequado de tcnicas, relacionado qualificao inadequada dos trabalhadores, protocolos desatualizados e falhas na superviso das etapas do processo de limpeza e desinfeco. As potencialidades no foram contempladas neste estudo. Averiguou-se que 95,7% dos processamentos executados no seguiram as recomendaes da ANVISA e 61,7% das oportunidades de realizao desses processamentos no foram executadas, colocando o trabalhador e usurio sob risco de colonizao no servio. CONCLUSO: Os processos analisados no atenderam as recomendaes das diretrizes e as fragilidades identificadas corroboraram para a elaborao de um programa de educao em servio, visando capacitao dos trabalhadores, aliada ao controle e avaliao de cada etapa do processamento desses artefatos, tendo em vista a segurana do paciente e do trabalhador. Palavras-chave: Unidades de Terapia Intensiva Neonatal; Recm-Nascido; Infeco Hospitalar; Ambiente de Instituies de Sade; Servio de Limpeza Hospitalar.
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ABSTRACT
PAULA-GONALVES AO. Process for cleaning and disinfection of environmental surfaces, equipment and noncritical items in a neonatal intensive care unit [dissertation]. Goinia: Faculty of Nursing / UFG; 2013. 106p.
BACKGROUND: Neonatal Intensive Care Units (NICU) are considered high-risk
environments where micro-organisms can survive for days and even months on
ambient surfaces, equipment and noncritical items. These artifacts, entering into
contact with healthcare providers or newborn patients without prior cleaning and
disinfection, intensify the risk of colonization and eventual infection causing possible
health problems for both. OBJECTIVE: To analyze the processes of cleaning and
disinfection of ambient surfaces, equipment and noncritical items in a neonatal
intensive care unit of a public institution in Goinia-Gois. METHODS: A descriptive,
observational, conducted in a NICU of a hospital in the state public health network,
specializing in maternity and neonatal cases of medium to high complexity. The
subjects of the research were a 37 member multidisciplinary team comprised of
health care providers and employees of the Department of Sanitation and
Cleanliness (Servio de Higienizao e Limpeza; SHL). Data collection occurred
during the months of October and November 2011, through direct observation of the
process steps executed and not executed by the responsible workers, guided by a
check list form, prepared according to the recommendations of ANVISA. The project
was approved by the Ethics Committee, under protocols No. 10/2010 and No.
03/2012. Data were analyzed statistically.RESULTS: With respect to gender, 97.3%
of workers who had the opportunity to execute the procedure were female, 51.4%
aged between 31 and 40 years, 62.2% were nursing technicians and 89.2% worked
during the day. Of the 243 observed cleaning and disinfection procedures, 61.72%
had items that were missed, and of these, 90.66% were related to stethoscopes. Of
the 93 cleaning and disinfections completed successfully, 58.06% were executed on
the incubator. However, 1.65% responded only partially to the ANVISA guidelines.
Weaknesses identified included the use of inadequate techniques related to
improperly qualified workers, use of outdated protocols, and failure to supervise the
stages of cleaning and disinfection. The systems strengths were not addressed in
this study. It was found that 95.7% of the procedures executed did not follow the
recommendations of ANVISA and 61.7% of the opportunities to complete these
processes were not executed, putting the patient and the worker at risk of
colonization. CONCLUSION: The cases analyzed did not comply with recommended
guidelines, and the failures identified support the development of a program of in-
service education, with the goal of training workers, coupled with the monitoring and
evaluation of each step in the process, with the ultimate goal of patient and worker
safety.
Keywords: Intensive Care Neonatal, Newborn, Cross Infection, Health Facility
Environment; Housekeeping, Hospital.
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RESUMEN
PAULA-GONALVES AO. Anlisis del proceso de limpieza y desinfeccin de superficies ambientales, equipos y elementos no esenciales de una unidad neonatal [disertacin]. Goinia: Facultad de Enfermera / UFG, 2013. 106p.
INTRODUCCIN: La Unidad de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) es considerada insalubre por reunir micro-organismos por das, y hasta meses, sobre las superficies ambientales, equipos y elementos no esenciales. Estos artefactos, en contacto con los trabajadores o los RN, sin previa limpieza y desinfeccin, intensifican los riesgos de colonizacin y eventual infeccin, con un impacto en la salud de ambos. OBJETIVO: Analizar los procesos de limpieza y desinfeccin de superficies ambientales, equipos y elementos no esenciales de una Unidad de Terapia Intensiva Neonatal de una institucin pblica de Goinia-Gois. MTODO: Estudio observacional de tipo descriptivo, realizado en una UTIN de un hospital de la red pblica estatal, especializado en atencin materno-infantil de mediana y alta complejidad. Los sujetos de esta investigacin fueron 37 trabajadores del equipo multidisciplinario de salud y del Servicio de Higienizacin y Limpieza (SHL). La obtencin de los datos ocurri en los meses de octubre y noviembre de 2011 por medio de la observacin directa de las etapas de los procesos ejecutados y no ejecutados por los trabajadores, guiadas por un formulario de tipo check list, elaborado segn las recomendaciones de la agencia sanitaria estatal. El proyecto fue aprobado por el Comit de tica bajo los protocolos No. 10/2010 y No. 03/2012. Los datos fueron analizados estadsticamente. RESULTADOS: Con relacin al gnero, un 97,3% de los trabajadores que podan ejecutar los procesos corresponda al sexo femenino. Un 51,4% tena entre 31 y 40 aos, un 62,2% eran tcnicos de enfermera y el 89,2% trabajaba en turnos diurnos. De las 243 oportunidades de ejecucin de procesos de limpieza y desinfeccin, 61,72% fueron desperdiciadas, y de ellas, un 90,66% estaban relacionadas a estetoscopios. De los 93 procesos de limpieza y desinfeccin ejecutados, un 58,06% corresponda a incubadoras. Entretanto, apenas un 1,65% de ellos cumpli las directrices de forma parcial. En cuanto a las debilidades, se identific el uso de tcnicas inadecuadas, relacionadas a la calificacin inadecuada de los trabajadores, a protocolos sin actualizar y a fallas en la supervisin de las etapas del proceso de limpieza y desinfeccin. Las potencialidades no fueron contempladas en este estudio. Se descubri que el 95,7% de los procedimientos ejecutados no siguieron las recomendaciones de la agencia sanitaria estatal, y 61,7% de las oportunidades de realizacin de estos procedimientos no fueron ejecutados, colocando al trabajador y al usuario bajo riesgo de colonizacin. CONCLUSIN: Los procesos analizados no cumplieron las recomendaciones de las directrices, y las fallas identificadas indican la necesidad de la elaboracin urgente de un programa de capacitacin de los trabajadores, unido al control y evaluacin de cada etapa del procesamiento de estos aparatos, teniendo en cuenta la seguridad del paciente y del trabajador. Palabras-clave: Cuidado Intensivo Neonatal, Recin Nacido, Infeccin Hospitalaria, Ambiente de Instituciones de Salud; Servicio de Limpieza en Hospital.
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APRESENTAO
A presente dissertao nasceu do entusiasmo pelo cuidar em neonatologia e
por entender que os cuidados de enfermagem fazem toda a diferena na qualidade
de vida dos recm-nascidos cuja imunocompetncia intensifica os riscos de infeco
e agravos a sua sade. Por essa razo, os cuidados a essa populao devem ser
especializados e as contribuies cientficas, na rea da enfermagem, devem ser
aplicadas neonatologia para a qualidade e segurana.
Dentre os aspectos relacionados ao cuidado seguro dos recm-nascidos
(RN), merecem ateno especial o processamento e limpeza das superfcies
ambientais, materiais e equipamentos mdicos, alm dos artigos no crticos. A
qualidade do processamento desses componentes est imbricada na cadeia
epidemiolgica das Infeces Relacionadas Assistncia em Sade (IrAS). Esses
incidentes agravam o prognstico dos RN, especialmente, o prematuro internado em
Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN).
O desejo de contribuir cientificamente com a enfermagem em neonatologia
teve incio em 2006, no Curso de Graduao da Faculdade de Enfermagem da
Universidade federal de Gois (FEN/UFG), quando participei de Ncleos de Estudos
e Pesquisas, atuando em Programas de Iniciao Cientfica do Conselho Nacional
de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq) e de Extenso e Cultura, alm
da monitoria na disciplina de Ginecologia e Obstetrcia.
Desde o incio da graduao tive afinidade pela rea de sade materna e
infantil. E meus estudos foram focados nessa rea, resultando na publicao do
primeiro artigo original: Aleitamento materno: orientaes, conhecimento e
participao do pai nesse processo, na Revista Eletrnica de Enfermagem da
UFG.
Em 2009, no ltimo ano da graduao, aprofundei meus estudos tambm na
rea de preveno e controle das IrAs, graas participao no Ncleo de Estudos
e Pesquisas em Infeces Relacionadas aos Cuidados em Sade (NEPIH) da
FEN/UFG.
A partir desse contato fui convidada a integrar no grupo como auxiliar de
pesquisa no projeto Micro-organismos isolados na saliva de profissionais de
sade de um hospital oncolgico da Regio Centro-Oeste do Brasil, dentre
-
outras atividades. A partir de ento, fiquei fascinada com a temtica e com maior
compreenso da relevncia de prevenir e controlar esses incidentes, em particular
os ocorridos em unidades de ateno sade do RN e de forma singular em UTIN.
Aps concluir o Curso de Graduao em Enfermagem, fui aluna especial do
programa de ps-graduao, nvel mestrado, da FEN/UFG e ingressei no Curso de
Ps-Graduao Lato-Sensu da Pontifcia Universidade Catlica de Gois (PUC-GO),
denominada Enfermagem em Neonatologia e Pediatria.
Em 2011, fui aprovada no Programa de Ps-graduao Stricto-Sensu da
FEN/UFG, em nvel de Mestrado, vislumbrando ampliar os meus conhecimentos
sobre a qualidade da assistncia ao RN. Nesse perodo, cursei a disciplina de
Avaliao em servios de sade e tomei conhecimento de conceitos sobre
indicadores de processo relacionados limpeza e desinfeco de superfcies
ambientais, equipamentos e artigos no crticos e suas interfaces com a cadeia
epidemiolgica das IrAS. Esses conhecimentos, relevantes para a vigilncia
epidemiolgica dos micro-organismos de impacto para IrAS, atribuem qualidade do
processamento desses artefatos, desempenhada pelos trabalhadores de sade e do
Servio de Higienizao e Limpeza, a responsabilidade pela preveno e controle
das IrAs e, de forma mpar, a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal.
A inobservncia de pontos inerentes a cada etapa desse processamento
contribui para a contaminao cruzada e eventual surto de IrAS, invalidando as
diretrizes sobre a segurana do paciente e do trabalhador. Assim, motivada pela
minha inquietao, compartilhei situaes vivenciadas in locu com colegas
enfermeiros e com representantes da Comisso de Controle de Infeco Hospitalar
(CCIH), de instituies da rede de sade pblica e privada, durante a vigilncia em
pacientes acometidos por Infeces Relacionadas Assistncia em Sade.
Essa experincia reforou a minha busca para a prxima etapa a ser
realizada durante o mestrado, dando seguimento busca de subsdios sobre a
segurana do RN, com enfoque na limpeza e desinfeco de superfcies ambientais,
equipamentos e artigos no crticos de uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal
integrante do Sistema nico de Sade (SUS).
Nessa perspectiva, pretendo fortalecer o debate sobre a qualidade do
processo de limpeza e desinfeco de superfcies ambientais, equipamentos e
artigos no crticos, no contexto da segurana do paciente, alm de refletir sobre os
-
aspectos relacionados s lacunas existentes no servio que comprometem a
segurana dos recm-nascidos.
A partir desse pressuposto e da minha insero no Mestrado, delineamos o
projeto de pesquisa intitulado Processo de limpeza e desinfeco de superfcies
ambientais, equipamentos e artigos no crticos de uma Unidade de Terapia
Intensiva Neonatal o qual se insere na Linha de Pesquisa Preveno e Controle de
Infeces Relacionadas Assistncia em Sade. Esse projeto faz parte de um
projeto maior intitulado: Preditores para colonizao/contaminao de
profissionais, usurios, artigos e superfcies de uma Instituio de Sade
Materna e Infantil integrada ao SUS.
Trata-se de um tema atual, relevante e de impacto para a sade pblica,
para o qual convergem pesquisas, procedimentos e estratgias que abrangem
desde a criao de insumos e tecnologias de alta complexidade, o treinamento dos
recursos humanos, assim como aspectos relacionados ao processamento seguro
desses artefatos, promovendo uma assistncia de qualidade clientela assistida.
A inquietao com a segurana do paciente em unidade de cuidados
intensivo neonatal recente e tem despertado interesse de estudiosos na rea,
alavancado por erros na teraputica e no uso de dispositivos invasivos e incidentes,
passveis de preveno, a exemplo da contaminao cruzada. Entre os incidentes,
as IrAS destacam-se como a principal causa de morbimortalidade em UTIN, pois a
preveno e o controle desses incidentes as quais agregam as atividades no setor
so fundamentais para o processo de trabalho nos respectivos servios.
Desse modo, a segurana requer uma execuo confivel de mltiplas
etapas, convergentes assistncia. Etapas essas que se iniciam pela qualidade do
processo de limpeza e desinfeco de superfcies ambientais, equipamentos e
artigos no crticos, executadas por trabalhador qualificado e, de forma articulada,
aos princpios da segurana do paciente e do trabalhador.
A introduo do tema segurana do paciente pela Organizao Mundial de
Sade (OMS) despertou o meu interesse em atualizar conhecimentos e promover
aes interventivas na rea do processamento dos artefatos acima descritos, no
mbito da UTIN, por ser a equipe de enfermagem responsvel pela maioria dos
cuidados com o RN e com os artigos e equipamentos utilizados na assistncia, alm
de gerir a limpeza e o controle ambiental.
-
Essa atribuio lembra poca de Florence Nightingale que recebeu
destaque na comunidade cientfica por instituir medidas sistematizadas, as quais
salvaram vidas (NIGHTINGALE, 1989).
importante enfatizar que a assistncia ao RN admitido em UTIN envolve
fases distintas e atitudes seguras por parte dos profissionais que compem essa
equipe. Com os achados da pesquisa, pretendo acurar o conhecimento tcnico-
cientfico focado no processo de limpeza e desinfeco de superfcies ambientais,
equipamentos e artigos no crticos na rea da sade e em especial em UTIN,
destacando a integrao ensino-servio para valorizao de uma cultura
organizacional em consonncia com as diretrizes da ANVISA (2010-a) sobre a
Limpeza e Desinfeco de Superfcies, focadas na segurana do paciente e da
prxis no ambiente de sade.
-
20
Introduo
1. INTRODUO
O ambiente da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) insalubre
por agregar micro-organismos virulentos em suas superfcies, tais como vrus,
bactrias e fungos. Isso devido complexidade dos cuidados e dos longos perodos
de internao (CALIL, ROLA & RICHTMANN, 2006).
A UTIN um local de atendimento a recm-nascidos (RN) que precisam de
cuidados e procedimentos de alta complexidade. A maioria dos RN internados nesse
servio prematura, de baixo peso ao nascer e com algum desconforto respiratrio,
incluindo casos de m formao, dentre outras patologias. Alm disso, a imaturidade
do sistema imunolgico e pulmonar facilita a colonizao por micro-organismos
(MO), ativando a cadeia epidemiolgica das Infeces Relacionadas Assistncia
em Sade (IrAS) nessa populao (GOULART et al., 2006; RICHTMANN, 2011;
DUEAS et al., 2011; ROCHA et al., 2011).
A transmisso direta de bactrias e outros agentes virulentos e resistentes
aos antimicrobianos ocorrem por meio do contato de uma pessoa colonizada para
outra sem contaminao anterior, como por exemplo, os trabalhadores da sade e
recm-nascidos. As diretrizes sobre a Higienizao das Mos (HM) em servios de
sade alertam que, as mos, uma vez contaminadas, so veculos naturais de MO
no servio (SIEGEL et al., 2007).
A transmisso indireta ocorre quando objetos contaminados so utilizados
entre os pacientes sem adequada limpeza e desinfeco. Esses dispositivos podem
ser estetoscpios, termmetros, glicosmetros, bombas de infuso, nebulizadores,
umidificadores, circuito de respirador e outros (ANVISA, 2010-a).
Igualmente, os dispositivos invasivos tm papel impar na cadeia
epidemiolgica das IrAS, como por exemplo, punes, cateterismos, intubao
orotraqueal e ventilao mecnica que intensificam os riscos de colonizao e
infeco, com impacto sobre a morbidade e mortalidade dos recm-nascidos
(PESSOA-SILVA et al., 2004; HERRMANN et al., 2008).
A preveno e o controle das IrAS implicam na HM dos trabalhadores, no
uso correto de tcnicas asspticas de materiais e equipamentos submetidos ao
processo de limpeza e desinfeco em conformidade com as diretrizes, na
manuteno das precaues padro (PP) e, principalmente, na qualidade de cada
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21
Introduo
uma das etapas do processamento dos mesmos (CRIVARO et al., 2009; WEBER et
al., 2010).
Na UTIN, a limpeza e desinfeco das superfcies ambientais, equipamentos
e artigos no crticos merecem destaque, pois a sua inadequao pode agravar o
estado de sade dos neonatos.
As superfcies da UTIN incluem piso, teto, paredes, bancadas, pias,
torneiras, portas, maanetas, telefones, mobilirios, monitores multiparamtricos,
bombas de infuso, incubadoras, ventilador mecnico, balana, termmetros,
estetoscpios, esfigmomanmetros, almotolias, fita mtrica, entre outros. Neste
estudo, essas superfcies foram agrupadas e denominadas superfcies
ambientais, equipamentos e artigos no crticos dos servios de sade
(APECIH, 2010; CECHINEL, 2011; ANVISA, 2012).
Durante a internao na UTIN, o contato do RN com tais superfcies, alm
do contato com a me, familiares e a equipe multiprofissional, pode resultar em
incidentes, nesse estudo definido como IrAS. Logo, a limpeza e o controle ambiental
constituem indicadores importantes para segurana desses recm-nascidos (CALIL,
ROLA, RICHTMANN, 2006; BOYCE, 2007; PINHEIRO et al., 2009; ANVISA, 2010-b;
McGRATH et al., 2011).
A preocupao com tais aspectos vem ao encontro das discusses da
Organizao Mundial de Sade (OMS) sobre os princpios da segurana a qual
define tais infeces como complicaes indesejadas decorrentes do cuidado
prestado aos pacientes, no atribudas evoluo natural da doena de base (OMS,
2009; WHO, 2011).
No bojo dessas discusses, a OMS lanou, em 2004, a Aliana Mundial para
a Segurana do Paciente com seis Desafios Globais, visando despertar
mundialmente para uma poltica de segurana do paciente e, consequentemente, do
trabalhador na rea da sade. O primeiro desafio foi focado na preveno e reduo
das IrAS cujo tema foi Uma assistncia limpa uma assistncia segura (WHO,
2005).
O cuidado limpo e seguro populao de RN em UTIN deve ser prioridade
dos gestores e trabalhadores dos servios de sade, pois, ao conhecer a cadeia
epidemiolgica das IrAS e seus agravos, como piora do prognstico e
prolongamento do perodo de internao, os gestores podem contribuir para o
desenvolvimento de medidas preventivas a esses incidentes, com reduo dos
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22
Introduo
custos para a instituio e dos ndices de mortalidade (CORRA, 2008; SCOTT,
2009; UCHIDA et al., 2011; WHO, 2011).
Os cuidados com o ambiente de sade para a segurana do paciente tm
sido tema de destaque na comunidade cientfica internacional e nacional (ANVISA,
2010-a; CDC, 2012). A partir de ento, diversas campanhas surgiram para divulgar
medidas simples, como HM, rigor em todas as etapas do processo de limpeza e
desinfeco de superfcies as quais podem salvar vidas (OMS, 2009; WHO, 2011).
Esse desafio reporta Florence Nightingale (1820-1910), precursora da
enfermagem moderna que relacionou a morbidade e mortalidade dos soldados
feridos com a ocorrncia de infeco. Florence instituiu medidas preventivas como
rigorosa higiene de mos e limpeza ambiental (NIGHTINGALE, 1989). Essas
medidas ainda so fundamentais para garantir a segurana do cuidado prestado
pela equipe de enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal.
O Centers for Disease Control and Prevention (CDC) e a Healthcare
Infection Control Practices Advisory Committee (HICPAC) tm publicado diretrizes
internacionais para preveno e controle das IrAS por meio da limpeza e
desinfeco de superfcies ambientais (RUTALA & WEBER, 2008; HHS, 2009).
No Brasil, a Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (ANVISA) publicou
manual destinado limpeza e desinfeco de superfcies para a segurana do
paciente nos servios de sade (ANVISA, 2010-a). Essas diretrizes apontam que
estrutura fsica, instalaes e materiais adequados, qualificao e treinamento de
pessoal so um conjunto de aes coesas da equipe multidisciplinar na gesto do
servio para a segurana do paciente (KAMADA & ROCHA, 1997).
O estudo de Lima (2012), parte do projeto matriz que integra o presente
estudo, tambm, realizado na UTIN do servio ora investigado, averiguou que a taxa
de infeco presumida da UTIN foi de 79% dos 847 RN admitidos no servio, no
perodo de um ano. Dessas, 5% foram por MO resistentes, dos quais 17,7% tiveram
bito como desfecho. Detectou-se, ainda, nveis elevados de resistncia dos micro-
organismos aos antimicrobianos utilizados na teraputica dos RN, entre eles,
Enterobacter, E. coli, K. oxytoca, K. pneumoniae, S. marsences, P. aeruginosa, S.
maltophilia, Enterococcus sp, E. faecalis, S. aureus, S. epidermidis, S. haemolyticus.
Constituiu-se em agravante, o fato de que 25% dos S. aureus eram resistentes
oxacilina e 12% dos S. haemolyticus, vancomicina.
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23
Introduo
Ribeiro (2013) isolou micro-organismos de algumas superfcies ambientais,
equipamentos mdicos e artigos no crticos nesse mesmo servio e detectou nas
almotolias 20% de Enterococcus resistente oxacilina, cefoxetina, penicilina e
gentamicina e 20% de Enterobactria sp, resistente ao aztreonan, ampicilina e
gentamicina. Nos estetoscpios foram isolados nove (64,3%) Staphylococcus
coagulase-negativos, com perfil de resistncia meticilina de 57,1%. Nas
incubadoras foram isoladas cinco (100%) bactrias, sendo uma (20%) Enterococcus
resistente clindamicina, eritromicina, oxacilina, penicilina, cloranfenicol,
gentamicina e trimetropin-sulbactran. Esses achados reforam a preocupao com a
limpeza ambiental a fim de impedir a permanncia desses micro-organismos sobre
as superfcies da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal.
Corroborando tais resultados, h evidncias de que os Bacilos Gram-
Positivos (BGP), especialmente os Staphylococcus aureus, Estafilococos coagulase
negativos e Enterococcus sp., seguido dos Bacilos Gram-negativos (BGN) como
Pseudomonas sp., Escherichia coli, Klebsiella sp., e por ltimo os fungos, como a
Candida sp., sendo os patgenos mais relevantes para a ocorrncia de infeces
neonatais (PESSOA-SILVA et al., 2004; MARCONI, et al., 2009; PRADO PALOS et
al., 2009).
Apesar das superfcies ambientais, equipamentos e artigos no crticos
serem considerados de baixo risco para infeco, por entrar em contato apenas com
a pele ntegra do paciente, estudos tm apontado que a qualidade do processo de
limpeza e desinfeco dos artefatos dos servios de sade contribuem com a
reduo de MO resistentes no ambiente de sade, inclusive Methicilin-resistant
Staphylococcus aureus (MRSA) e Vancomycin-resistant Enterococcus (VRE)
(HAYDEN et al., 2006; GOODMAN et al., 2008; APECIH, 2010; CARLING &
BARTLEY, 2010). Assim, o processamento dessas superfcies configura-se como
um dos objetivos do primeiro Desafio Global, para segurana do paciente (WHO,
2005; ANVISA, 2010-a).
A Resoluo da Diretoria Colegiada (RDC) n 15 da ANVISA (2012) que
trata do processamento de produtos no crticos refere que o processo de limpeza,
dever ser realizado em qualquer unidade do servio de sade, conforme protocolo
institucional definido.
Entretanto, para garantir a qualidade da limpeza ambiental, de equipamentos
e artigos no crticos dos servios de sade, necessrio o uso de indicadores de
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24
Introduo
processo para o controle e avaliao de cada etapa envolvida nos processos. Essa
ferramenta importante para a gesto em sade, pois conhecer os indicadores
possibilita a anlise da eficincia e eficcia dos processos, alm de aprimorar os
protocolos e incidncia de Infeces Relacionadas Assistncia em Sade
(GRAZIANO et al., 2009; PADOVEZE, 2010; ANVISA, 2010-c).
Entendendo a relevncia da temtica para a manuteno da integridade
fsica dos RN em UTIN e o significado dos apontamentos para a segurana do RN
apresentados por Lima (2012) e Ribeiro (2013), formulamos a presente hiptese: O
processo de limpeza e desinfeco das superfcies ambientais, equipamentos e
artigos no crticos de uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal integrada ao
SUS, situada em Goinia-GO e referncia para a regio Centro-Oeste e outras
regies do Brasil atendem as diretrizes estabelecidas no pas pela ANVISA?
Nesse sentido, esse estudo teve por finalidade desvelar as conformidades e
no conformidades dos processos de limpeza e desinfeco desempenhados pelos
trabalhadores dessa UTIN, segundo as diretrizes do pas.
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25
Objetivos
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo geral
Analisar os processos de limpeza e desinfeco de superfcies ambientais,
equipamentos e artigos no crticos de uma unidade de terapia intensiva neonatal de
uma instituio pblica estadual do municpio de Goinia-GO.
2.2. Objetivos especficos
Caracterizar a estrutura organizacional da unidade de terapia intensiva neonatal
quanto aos recursos humanos e estrutura fsica;
Caracterizar os processos de limpeza e desinfeco de superfcies ambientais,
equipamentos e artigos no crticos quanto tcnica adotada, os produtos e
materiais utilizados;
Descrever as potencialidades e as fragilidades dos processos de limpeza e
desinfeco, segundo as conformidades e no conformidades com as diretrizes
da ANVISA;
Classificar o grau de risco para a disseminao de micro-organismos, por meio
das superfcies ambientais, equipamentos e artigos no crticos entre os recm-
nascidos e trabalhadores de uma unidade de terapia intensiva neonatal.
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Referencial Terico
3. REFERENCIAL TERICO
3.1. O ambiente da UTIN e o papel das superfcies ambientais, equipamentos e
artigos no crticos na disseminao de micro-organismos
As Unidades de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) so locais de
atendimento sade de alta complexidade, insalubres por agregar em suas
superfcies micro-organismos virulentos. Esse fator favorece a transmisso cruzada
de micro-organismos veiculados pelas mos dos trabalhadores de sade e do
Servio de Higienizao e Limpeza e por meio de objetos contaminados
(MINISTRIO DA SADE, 2005; ANVISA, 2010-b).
Muitos desses micro-organismos so resistentes aos antimicrobianos e
podem estar presentes na gua, solues medicamentosas e matria orgnica,
depositados sobre objetos inanimados, como termmetros, estetoscpios,
equipamentos, vestimenta dos prprios trabalhadores de sade entre outros
(RICHTMAM, 2011).
Por muitos anos no se acreditou que superfcies ambientais contaminadas
pudessem ser foco de transmisso de micro-organismos para os pacientes.
Entretanto, estudos recentes tm evidenciado que as superfcies do ambiente dos
servios de sade so fonte de disseminao desses patgenos (CECHINEL, 2011;
CESRIO, LIRA, HINRICHSEN, 2010).
Considerando que a contaminao do ambiente por fontes inanimadas: o
ar, a gua e as superfcies. Todas devem receber tratamento adequado para
garantir a qualidade dos processos realizados no ambiente de sade. As superfcies
do ambiente de sade so quaisquer superfcies propriamente dita (piso, teto,
bancada, maaneta, torneira, almotolia, dentre outros), alm de equipamentos e
artigos dos servios de sade (CECHINEL, 2011).
Segundo a classificao de Spaulding, os artigos foram divididos em trs
categorias adotadas pela CDC desde 1985: artigos crticos, semicrticos e no
crticos (PADOVEZE, 2010).
Os artigos crticos so aqueles que tm contato com tecidos estreis ou do
sistema vascular e so considerados crticos porque o risco de infeco alto,
sendo necessria esterilizao. Os artigos semicrticos entram em contato com
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27
Referencial Terico
membranas mucosas ntegras ou pele no ntegra e o risco de transmisso de
infeco intermedirio, devendo receber, no mnimo, desinfeco de alto nvel. E,
os artigos no crticos so aqueles que entram em contato com a pele ntegra ou
no entram em contato direto com o paciente, apresentando baixo risco para
infeces. Se estiver contaminado com matria orgnica, o artigo no crtico deve
receber desinfeco de baixo nvel, mas na ausncia dessa, a limpeza suficiente
(PADOVEZE, 2010).
Conforme Rutala & Weber (2004), a soma de limpeza e desinfeco das
superfcies o processo mais eficaz para a reduo do nmero de micro-
organismos (99%), comparado realizao, apenas, da limpeza que reduz os micro-
organismos em 80%. Sendo assim, as superfcies ambientais so consideradas
itens no crticos, por entrarem em contato apenas com a pele ntegra ou por no
entrarem em contato direto com o paciente. Por isso as prticas de limpeza e
desinfeco dessas superfcies e a adeso dos profissionais a tais prticas so
consideradas medidas eficazes para a interrupo da cadeia epidemiolgica das
Infeces Relacionadas Assistncia em Sade.
Em 1991, Spaulding dividiu as superfcies no crticas em superfcies de
limpeza ambiental (piso, parede, teto, mesa de cabeceira, mobilirios) e superfcies
de equipamentos mdicos (balana, monitores, incubadoras, bero aquecido,
equipamento de fototerapia, estetoscpios, termmetro e outros). Segundo o
mesmo autor, os equipamentos mdicos devem ser desinfetados com germicidas de
nvel intermedirio ou de baixo nvel. J as superfcies de limpeza ambiental devem
ter suas superfcies regularmente limpas para proporcionar um ambiente agradvel
ao paciente, alm de evitar que objetos potencialmente contaminados possam
transmitir infeces. Porm, o uso rotineiro de germicidas nessas superfcies
controverso entre alguns autores (CECHINEL, 2011).
De tal forma, para que haja cuidados com o ambiente, devem-se estabelecer
normas e procedimentos de rotina para limpeza e desinfeco das superfcies
ambientais, como a construo de protocolos, segundo o nvel de contato ou
proximidade com o paciente e de sujidade da superfcie. Para isso, devem-se utilizar
materiais adequados, como desinfetantes registrados na ANVISA que tenham ao
microbicida contra os germes mais frequentes no ambiente e seguir as orientaes
do fabricante. Alm de avaliar o produto regularmente quanto eficcia e resistncia
aos patgenos (ARMOND & MATOS, 2011).
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28
Referencial Terico
Assim, com efeito para esse estudo, elegeram-se as superfcies que, ao
entendimento, tem maior contato com as mos dos trabalhadores de sade e com
os RN, as quais foram classificadas em: Superfcies ambientais (torneiras e
bancadas), equipamentos (incubadoras, monitores multiparamtricos, bombas de
infuso e balana) e artigos no crticos (almotolias, estetoscpios, termmetros e
fita mtrica).
A caracterizao desses materiais, segundo as diretrizes, assim como o
processamento indicado sero apresentados a seguir (ANVISA, 2010-a; APECIH,
2010).
3.1.1. Superfcies ambientais
a) Torneiras
Funcionalidade Riscos de
transmisso
Tipo de
Material
Produto
recomendado
Processamento
indicado
Suprimento de
gua no servio.
Contato Indireto,
por meio da
colonizao das
mos dos
trabalhadores
Metal/Ao
inoxidvel
lcool a 70%.
gua e sabo
ou detergente.
As pias e torneiras
devem ser limpas com
gua e sabo ou
detergente, com
posterior enxgue e
secagem.
b) Bancadas
Funcionalidade Riscos de
transmisso
Tipo de
Material
Produto
recomendado
Processamento
indicado
Suporte de apoio
para disposio de
materiais de
consumo e ou
preparo de
medicao.
Contato
Indireto, por meio
da colonizao
de objetos em
contato com esta
superfcie e a
colonizao das
mos dos
trabalhadores.
Metal/Ao
inoxidvel
Mrmore/
Granito
lcool a 70%.
gua e sabo
ou detergente.
As bancadas e
prateleiras devem ser
limpas com gua e
sabo ou detergente.
Devem ser enxaguadas
e secas e podem, ainda,
ser friccionadas com
lcool a 70% ou outro
desinfetante definido.
Entretanto, o hipoclorito
de sdio no indicado
para uso em metais, pela
ao corrosiva.
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29
Referencial Terico
3.1.2. Equipamentos
a) Incubadoras
A incubadora surgiu em 1878, quando o professor e obstetra parisiense
Stephane Etienne Tarnier, pediu a um funcionrio do zoolgico de Paris que
desenvolvesse um equipamento semelhante a uma chocadeira de ovos de galinha.
Em 1880, esta incubadora foi instalada na Maternidade de Paris, reduzindo a
mortalidade das crianas nascidas abaixo do peso (SILVADO, 1903 apud
RODRIGUES & OLIVEIRA, 2004).
O mesmo autor afirma ainda que a incubadora neonatal tornou-se um
equipamento semelhante ao ambiente intratero, favorecendo a sobrevida do
neonato prematuro. Em forma de cpula de parede dupla, por onde passa um fluxo
de ar aquecido, esse equipamento com acesso frontal e posterior possibilitou o
manuseio do RN sem que houvesse perda de calor. Isso proporcionou ao prematuro
um ambiente favorvel ao seu desenvolvimento por ser capaz de controlar a
temperatura e a umidade do ar. Tal avano tcnico-cientfico ajudou a reduzir as
taxas de mortalidade neonatal, assim como as infeces.
Com o advento da incubadora surgiu a necessidade de cuidados de
enfermagem ao RN prematuro relacionados incubadora, como o controle da
temperatura e umidade e a preveno de infeces (OLIVEIRA, 2004). Nesse
aspecto, a equipe de enfermagem realizava a limpeza da incubadora na parte
interna e externa atravs da lavagem diria com gua, sabo e um pano ou papel
para cada incubadora. As estruturas metlicas da incubadora e dos beros eram
desinfetadas com lcool ou amnia. Aps a alta, a incubadora era higienizada com
gua e sabo e colocada para arejar durante 6 horas antes de uma nova admisso
(MARTINS, 1957 apud OLIVEIRA, 2004).
Da mesma forma, ainda hoje, as incubadoras devem ser limpas e ou
desinfetadas. A troca das incubadoras deve ser feita sempre entre um cliente e outro
e, no mesmo cliente, a cada cinco ou sete dias, quando as condies clnicas assim
permitirem. Vale ressaltar que essa prtica, apesar de amplamente utilizada, ainda
no foi validada (CALIL, ROLA, RICHTMANN, 2006).
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30
Referencial Terico
Funcionalidade Riscos de
transmisso
Tipo de
Material
Produto
recomendado
Processamento
indicado
Equipamento em
forma de cpula, de
parede dupla, por onde
passa um fluxo de ar
aquecido, que
proporciona ao
prematuro um
ambiente favorvel ao
seu desenvolvimento
por controlar a
temperatura ambiente
e a umidade do ar.
Contato
Direto, por
entrar em
contato com a
pele do RN;
Contato
Indireto, por
meio das mos
dos
trabalhadores.
Metal/Ao
inoxidvel
Acrlico
Borracha
Silicone
lcool a 70%
(na parte de
metal).
gua e sabo
neutro ou
detergente
(regio do
acrlico e
borracha);
A limpeza da
incubadora deve ser
realizada com gua e
sabo ou detergente,
com posterior enxgue
e secagem. A parte
metlica e o
revestimento do
colcho podem ser
friccionados com lcool
etlico a 70% ou outro
desinfetante definido
pelo SCIH.
b) Equipamentos
Equipamentos como monitores multiparamtricos, bombas de infuso e
balana no foram referenciados especificamente quanto ao processamento de suas
superfcies. Entretanto, o manual da ANVISA recomenda que outros mobilirios e
equipamentos podem ser submetidos limpeza e desinfeco com gua e sabo
e/ou aplicao de lcool etlico a 70% ou outro desinfetante indicado pelo SCIH,
desde que sejam observadas as recomendaes para cada tipo de material a ser
limpo e/ou desinfetado. E que a frico com lcool etlico a 70% deve ser em sentido
unidirecional, por trs vezes consecutivas (ANVISA, 2010-a).
Outro manual sobre controle das IrAS em UTIN recomendou a limpeza diria
de todos os equipamentos em uso no paciente, utilizando-se gua e sabo ou lcool
a 70% ou, conforme a recomendao do fabricante. E que os equipamentos
utilizados em pacientes, com precaues de contato, devem ser desinfetados depois
do uso, como por exemplo, estetoscpios, termmetros, esfigmomanmetro, entre
outros (CALIL, ROLA, RICHTMANN, 2006).
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31
Referencial Terico
Monitor multiparamtrico
Funcionalidade Riscos de
transmisso
Tipo de
Material
Produto
recomendado
Processamento
indicado
Equipamento
constitudo de painel
eletrnico, que
verifica parmetros
de vitalidade do
paciente (SaO2, FC,
FR)
Contato
Indireto, por
meio das mos
dos
trabalhadores.
Metal/Ao
inoxidvel
Acrlico
PVC
lcool a 70% (na
parte de metal).
gua e sabo
neutro ou
detergente (regio
do acrlico e PVC);
Contato Indireto,
por meio das mos
dos profissionais.
Bomba de infuso
Funcionalidade Riscos de
transmisso
Tipo de
Material
Produto
recomendado
Processamento
indicado
Equipamento
constitudo de painel
eletrnico, utilizado na
infuso contnua e
controlada de fluidos
de lquidos (drogas ou
nutrientes), com
controle de fluxo e
volume nas vias
venosa, arterial ou
esofgica.
Contato
Indireto - ocorre
a colonizao
das mos dos
profissionais
com essa
superfcie
contaminada e,
conseqente-
mente, do RN.
Metal/Ao
inoxidvel
Acrlico
PVC
lcool a 70%
(na parte de
metal).
gua e sabo
neutro ou
detergente
(regio do acrlico
e PVC);
Uso de gua e
sabo com posterior
enxgue e secagem.
E frico com lcool
etlico a 70% ou outro
desinfetante definido
pelo SCIH.
Balana
Funcionalidade Riscos de
transmisso
Tipo de
Material
Produto
recomendado
Processamento
indicado
Equipamento
infantil, constitudo
de painel eletrnico,
que mede a massa
de um corpo
(unidade de medida
em kg).
Contato Direto
Ocorre a
colonizao do
RN pelo contato
direto dessa
superfcie
contaminada
com a pele do
mesmo.
Metal/Ao
inoxidvel
PVC
gua e sabo
ou detergente;
lcool a 70%
Uso de gua e sabo
com posterior enxgue
e secagem. E frico
com lcool etlico a 70%
ou outro desinfetante
definido pelo SCIH.
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32
Referencial Terico
3.1.3. Artigos no crticos
a) Almotolias
As almotolias so frascos destinados ao acondicionamento de substncias
ou solues antisspticas nos estabelecimentos de sade. Segundo as diretrizes, as
almotolias e saboneteiras devem ser limpas e/ou desinfetadas interna e
externamente (ANVISA, 2010-a).
Funcionalidade Riscos de
transmisso
Tipo de
Material
Produto
recomendado Processamento indicado
Frascos ou
recipientes
utilizados para o
acondicionamento
de substncias
antisspticas.
Contato
Indireto, por
meio das
mos dos
trabalhadores;
Contato
Direto, quando
a substncia
da almotolia
entra em
contato com o
paciente.
PVC
Acrlico
gua e
sabo ou
detergente;
lcool a 70%
A limpeza dever ser
realizada com gua e sabo
ou detergente, com posterior
frico com lcool a 70% ou
outro desinfetante definido
pelo SCIH. Apenas o acrlico
no deve receber lcool a
70%.
O contedo da almotolia
dever ser desprezado
quando findado o prazo de
validade do produto e o
recipiente processado e ou
substitudo sempre que
necessrio.
b) Estetoscpio
O estetoscpio um instrumento de uso comum em estabelecimentos de
sade, sendo utilizado no exame fsico dos pacientes para avaliao dos sons do
corao, pulmes e rgos localizados no abdome (WILKINS et al., 2007).
Quando no for possvel o uso individual do estetoscpio, necessria a
desinfeco entre um cliente e outro (CALIL, ROLA, RICHTMANN, 2006).
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33
Referencial Terico
Funcionalidade Risco de
transmisso
Tipo de
Material
Produto
recomendado Processamento indicado
Instrumento de
trabalho, de uso
comum entre os
trabalhadores da
sade, utilizado no
exame fsico para
avaliao dos sons
do corao, pulmes
e rgos localizados
no abdome.
Contato
Direto com a
pele do
paciente.
Metal/Ao
inoxidvel
Borracha
gua e
sabo ou
detergente;
lcool a 70%
Limpeza diria dos
estetoscpios com lcool
etlico a 70%. O uso nos
pacientes em precaues de
contato deve ser individual.
Na presena de secreo
ou sangue, realizar a
limpeza prvia com gua e
sabo.
c) Termmetro clnico
Os termmetros clnicos so aparelhos utilizados para aferio da
temperatura corporal. O instrumento composto por uma haste de vidro ou em PVC
e o bulbo em metal e recomendado o uso de termmetro digital individual (CALIL,
ROLA, RICHTMANN, 2006, MINISTRIO DA SADE, 2012).
Funcionalidade Riscos de
transmisso
Tipo de
Material
Produto
recomendado
Processamento
indicado
Aparelho utilizado
para aferio da
temperatura corporal.
Contato Direto
com a pele do
paciente.
Haste de
vidro ou
PVC;
Bulbo de
Metal.
lcool a 70%
gua e sabo
ou detergente;
Realizar desinfeco
com lcool etlico a 70%
aps o uso.
Na presena de
secreo ou sangue,
realizar a limpeza prvia
com gua e sabo.
d) Fita mtrica
um instrumento usado para medir distncias, tamanhos, alturas, estaturas.
Pode ser uma fita flexvel e graduada confeccionada em plstico ou uma fita retrtil
de metal ou fibra de vidro enrolada num invlucro.
Apesar de no haver recomendaes especficas das diretrizes para a
limpeza e desinfeco da fita mtrica, entende-se que o processo de limpeza e
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34
Referencial Terico
desinfeco da mesma deve ser realizado conforme o material do qual constituda.
Na UTIN do servio pesquisado, para medir a estatura dos RN, utiliza-se fita mtrica
flexvel, confeccionada em plstico do tipo policloreto de vinila (PVC) (ANVISA,
2010-a).
Funcionalidade Riscos de
transmisso
Tipo de
Material
Produto
recomendado
Processamento
indicado
Instrumento de
medida usada para
distncias, tamanhos,
estaturas.
Contato Direto
com a pele do
paciente.
PVC lcool a 70%
gua e sabo
ou detergente
Realizar desinfeco
com lcool etlico a 70%
aps o uso.
Na presena de secreo
ou sangue, realizar a
limpeza prvia com gua
e sabo.
3.2. A cadeia epidemiolgica das IrAS e as interfaces com as superfcies
ambientais, equipamentos e artigos no crticos em UTIN
As IrAS so infeces causadas por fungos, bactrias e vrus em
decorrncia do cuidado em sade e de procedimentos realizados durante a
internao ou atendimento domiciliar (CDC, 2012).
Esses agentes podem ser veiculados por transmisso cruzada de forma
direta ou indireta, seja por meio das mos colonizadas dos trabalhadores de sade
ou por contato com as superfcies ambientais contaminadas (BOYCE, 2007; WEBER
et al., 2010). As IrAS podem resultar de falhas na higienizao das mos (HM), no
processamento das superfcies ambientais, equipamentos, artigos e roupas, e falhas
nas precaues-padro, com quebra da cadeia assptica (SIEGEL et al., 2007;
WHO, 2011; CDC, 2012).
A transmisso de patgenos, por meio da superfcie ambiental, facilitada
por alguns micro-organismos como MRSA, VRE e Clostridium difficile, pois esses
possuem capacidade de sobreviver por perodos prolongados, como dias, semanas
e at meses, sobre as superfcies do ambiente hospitalar, sendo fontes contnuas de
infeco. Isso implica em risco para a ocorrncia de contaminao cruzada, quer
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35
Referencial Terico
atravs das mos dos profissionais de sade ou de produtos contaminados
(KRAMER, SCWEBKE, KAMPF, 2006; BOYCE, 2007).
Alguns fatores microbiolgicos, tambm, contribuem para esse tipo de
disseminao como, capacidade de permanecer virulento quando exposto ao
ambiente, capacidade de colonizar pacientes, especialmente Acinetobacter,
Clostridium difficile, MRSA e VRE, capacidade de colonizar transitoriamente as mos
dos trabalhadores de sade, alm da frequente contaminao do ambiente
hospitalar, ocasionando, tambm, resistncia aos desinfetantes usados nas
superfcies do ambiente (WEBER et al. 2010).
A transmisso por contato direto ocorre quando micro-organismos so
transferidos de uma pessoa infectada para outra sem uma contaminao anterior.
Isso ocorre muitas vezes entre pacientes e trabalhadores de sade quando sangue
e fluidos contaminados entram em contato com mucosas, pele no ntegra ou
sangue por acidente com perfurocortantes (SIEGEL et al., 2007). Outra forma de
transmisso direta pode ocorrer por meio de medicaes, nutrio parenteral, leite
materno e frmulas lcteas contaminadas (CALIL, ROLA, RICHTMANN, 2006).
Um estudo na Itlia props investigar as causas no aumento do nmero de
infeces e colonizaes por Pseudomonas aeruginosa. Assim, medidas de controle
e preveno dessas IrAS foram adotadas por meio de um programa educacional de
HM e coleta de amostras microbiolgicas do ambiente. De 616 neonatos, 135
(23,8%) foram colonizados por P. aeruginosa e 11 tiveram infeces graves. O
estudo concluiu, por meio de anlises genotpicas, que as infeces foram causadas
por transmisso cruzada devido a falhas na prtica de HM e desinfeco de
superfcies na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (CRIVARO et al., 2009).
No mbito internacional, tem-se utilizado marcadores para avaliao da
adequada limpeza das superfcies. Esses marcadores, denominados black light,
possuem caractersticas as quais possvel visualizar sujidades microscpicas sob
fonte de luz de lmpada ultravioleta. Esse mtodo utilizado para verificar se as
tcnicas de limpeza esto sendo adequadas e qual o impacto da interveno, por
exemplo, de atividades educativas sobre os processos de limpeza e desinfeco.
Um estudo verificou, por meio desse instrumento, que as estratgias para melhoria
dos processos de limpeza e desinfeco das superfcies estudadas, foram
contempladas e que tais estratgias reduziram a frequncia de MRSA e VRE
(GOODMAN et al., 2008; CARLING & BARTLEY, 2010).
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36
Referencial Terico
Os seres humanos so considerados reservatrios naturais de micro-
organismos, entre eles o Staphylococcus sp que tem como principais stios de
colonizao pele e mucosas. Assim, quando no so tomadas as devidas
precaues, os profissionais de sade colonizados podem transmitir micro-
organismos aos neonatos e causar-lhes infeco (PRADO-PALOS et al., 2009).
Alm disso, as Unidades de Terapia Intensiva so locais considerados de
alto risco para a transmisso de bactrias multirresistentes entre pacientes por ser
um setor de alta complexidade no qual a maioria dos procedimentos realizados so
invasivos. Devido a isso, o trabalho da equipe costuma ser excessivo, o que
favorece a menor adeso HM e ocorrncia de tcnicas asspticas inadequadas,
ampliando o risco de colonizao dos trabalhadores de sade por micro-organismos
(ANVISA, 2007-a).
Historicamente, as medidas de preveno e controle das infeces tiveram
incio no sculo XIX, em 1846, quando o mdico hngaro Ignaz Semmelweis
reportou a reduo do nmero de mortes maternas por infeco puerperal no
hospital de Viena, devido prtica de HM (ANVISA, 2007-b).
No mesmo sculo, Florence Nightingale (1820-1910), precursora da
enfermagem moderna, analisou os fatores que afetavam a morbidade e mortalidade
dos soldados durante a guerra da Crimia e conseguiu reduzir as infeces por meio
da higiene de mos e controle ambiental. Em sua publicao Notes on Nursing, de
1859, Florence descreveu seu interesse pioneiro na pesquisa por fatores ambientais
que promoviam o bem-estar fsico e emocional. Assim, procurando oferecer conforto
aos pacientes, separou-os em enfermarias, adotou cuidados de higiene para os
pacientes e o ambiente. Com isso, conseguiu prevenir a transmisso cruzada de
infeces (NIGHTINGALE, 1989).
Desde ento, a Higiene de Mos tem sido recomendada como medida
primria no controle da disseminao de micro-organismos infecciosos, constituindo
a medida individual mais simples e menos onerosa para prevenir as Infeces
Relacionadas Assistncia em Sade (ANVISA, 2007-b).
Entretanto, apesar de ser recomendada mundialmente como a medida mais
eficaz e de baixo custo para a preveno das infeces, a HM no praticada de
forma efetiva. Estudos revelam que mesmo o trabalhador de sade tendo o
conhecimento da importncia da prtica de HM na tcnica correta, no a pratica. A
no adeso a tal prtica contribui para a transmisso de micro-organismos muitas
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37
Referencial Terico
vezes resistentes aos antimicrobianos expondo o usurio colonizao e agravos a
sua sade (PRADO-PALOS et al., 2009, CRUZ et al., 2009).
Em geral, o risco potencial de transmisso de infeces, por meio de
equipamentos hospitalares no crticos e superfcies ambientais, baixo. Entretanto,
se esses estiverem contaminados com matria orgnica contendo agentes
infecciosos, podem contribuir para a disseminao das IrAS. Por essa razo,
equipamentos no crticos devem receber limpeza e desinfeco de baixo ou mdio
nvel, a fim de evitar a transmisso cruzada por contaminao do trabalhador de
sade (APECIH, 2010; RUTALA & WEBER, 2008).
3.3. O processo de limpeza e desinfeco de superfcies ambientais,
equipamentos e artigos no crticos em UTIN
3.3.1. Limpeza
A limpeza o primeiro passo para o processamento de artigos e est
intimamente ligada qualidade final do processo. Por definio, a limpeza consiste
na remoo mecnica de sujidade visvel depositada em superfcies, dispositivos e
equipamentos. Pode ser realizada por meio de processo manual ou mecnico,
utilizando detergente e gua. Tem por finalidade reduzir a carga microbiana e
remover os resduos qumicos, orgnicos e toxinas que aderem s superfcies
internas e ou externas dos artigos (RIBEIRO, 2010; SOBECC, 2007).
A complexidade do processo de limpeza vai depender do tipo de material e
suas formas, observando aspectos como presena de lmen, dobradias, fissuras e
fendas (RUTALA & WEBER, 2008).
Diante de tal complexidade, a escolha do produto para assegurar a
qualidade no processamento a etapa primordial. Dentre os principais produtos
recomendados pelas diretrizes tm-se os sabes e detergentes (ANVISA, 2010-a).
O sabo um produto de limpeza domstica, formulado base de sais
alcalinos e cidos graxos associados ou no a outros tensoativos. E o detergente
um produto destinado limpeza de superfcies e tecidos atravs da diminuio da
tenso superficial pela presena do surfactante na sua composio. Isso facilita a
sua penetrao nas superfcies, dispersando e emulsificando a sujidade, tanto de
sujeiras hidrossolveis quanto das solveis em gua (ANVISA, 2010-a).
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38
Referencial Terico
Durante a limpeza manual, a frico deve ser realizada com acessrios no
abrasivos e que no liberem partculas. O enxgue dos produtos para sade deve
ser realizado com gua que atenda aos padres de potabilidade definidos em
normatizao especfica (ANVISA, 2012).
Para o processo de limpeza das superfcies ambientais, necessrio
verificar se os materiais so resistentes lavagem e ao uso de desinfetantes. A
limpeza de paredes e anexos deve ser de cima para baixo, a do teto deve ser
unidirecional e o piso de enfermarias, quarto ou box deve iniciar do fundo para a
porta de entrada. De modo geral, a limpeza deve ser iniciada sempre da rea mais
limpa para a mais contaminada e nunca se deve realizar movimentos de vaivm
(CECHINEL, 2011).
Os processos de limpeza de superfcies em servios de sade envolvem a
limpeza concorrente e a limpeza terminal.
A limpeza concorrente um procedimento realizado diariamente, em todas
as unidades dos estabelecimentos de sade, com a finalidade de limpar e organizar
o ambiente, repor os materiais de consumo dirio (sabonete lquido, papel higinico,
papel toalha) e recolher os resduos, de acordo com a sua classificao. Nesse
procedimento esto includas a limpeza de todas as superfcies horizontais, de
mobilirios e equipamentos, portas e maanetas, parapeitos de janelas e a limpeza
do piso e de instalaes sanitrias. Ressalta-se que a unidade de internao do
paciente composta por cama, criado-mudo, painel de gases, painel de
comunicao, suporte de soro, mesa de refeio, cesta para lixo e outros mobilirios
que podem ser utilizados durante a assistncia (ANVISA, 2010-a).
O mesmo autor refere ainda que a frequncia da limpeza concorrente em
reas crticas deve ser feita trs vezes ao dia, em reas semicrticas duas vezes/dia
e, em reas no crticas, uma vez ao dia. Nas reas comuns, esse tipo de limpeza
deve ocorrer uma vez/dia e, em reas externas, duas vezes/dia. Em todos os locais,
a limpeza deve ser em data e horrio pr-estabelecidos ou sempre que necessrio
(ANVISA, 2010-a).
A limpeza da unidade de internao do paciente deve ser feita diariamente
ou sempre que necessria, antecedendo a limpeza concorrente de pisos. Merece
maior ateno, a limpeza das superfcies horizontais as quais tenham maior contato
com as mos do paciente e das equipes de sade, tais como maanetas de portas,
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39
Referencial Terico
telefones, interruptores de luz, grades de camas, chamada de enfermagem e outras
(SEHULSTER et al., 2003).
J a limpeza terminal inclui todas as superfcies horizontais e verticais,
internas e externas. Entretanto ela ocorre quando o paciente desocupa a unidade de
internao, seja por alta hospitalar, transferncia ou bito ou pode ser programada
nas internaes de longa durao, como o caso das Unidades de Terapia
Intensiva. As programadas podem ser realizadas semanalmente quando em reas
crticas, quinzenalmente quando em reas semicrticas e, mensalmente em reas
no crticas ou reas comuns, com data, horrio e dias da semana estabelecidos
(ANVISA, 2010-a).
As superfcies dos equipamentos (incubadoras, bero aquecido, balana,
monitores, ventilador mecnico, bomba de infuso, e outros) devem ser limpas
diariamente, antes da admisso e durante o uso no paciente. recomendvel que o
estetoscpio, termmetro e manguito de presso, os quais so instrumentos no
invasivos sejam de uso individual e, quando isso no for possvel, deve-se realizar
desinfeco entre pacientes. As incubadoras devem ser limpas com gua e sabo.
Os demais materiais devem seguir as recomendaes do fabricante de cada
equipamento para o uso correto de detergente ou desinfetante no processo de
limpeza ou desinfeco (CECHINEL, 2011).
3.3.2. Desinfeco
A desinfeco o processo fsico ou qumico que elimina muitos ou todos os
micro-organismos patognicos, com exceo de esporos bacterianos sobre objetos
inanimados. Para artigos semicrticos, indicada a desinfeco de alto ou mdio
nvel, pois entram em contato com membranas mucosas ou pele no ntegra. J os
artigos no crticos, como as superfcies fixas de equipamentos e mobilirios, podem
ser submetidos desinfeco de baixo nvel (PSALTIKIDIS & QUILHAS, 2010;
RUTALA & WEBER, 2008).
Os desinfetantes so classificados como baixo nvel quando eliminam a
maioria das bactrias, alguns vrus e fungos, sem inativar micro-organismos
resistentes, como micobactrias e formas esporuladas; nvel intermedirio que
inativa as formas vegetativas de bactrias, a maioria dos vrus e fungos; e alto nvel
quando destri todos os micro-organismos, com exceo de formas esporuladas.
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40
Referencial Terico
Todavia, todo artigo para ser submetido desinfeco deve ser primeiro
adequadamente limpo, facilitando assim a ao do agente desinfetante (SOBECC,
2007).
Existem fatores que podem anular ou limitar a eficcia desses desinfetantes,
e invalidar o processamento dos materiais. Tais fatores incluem limpeza inadequada
do objeto, presena de material orgnico e inorgnico, tipo ou nvel de contaminao
microbiana, concentrao e tempo de exposio ao germicida, natureza fsica do
objeto, ao apresentar fissuras, dobradias e lmen, presena de biofilme,
temperatura e pH do processo de desinfeco. Contudo, o uso de desinfetantes
contribui para a remoo de micro-organismos e constitui uma barreira na preveno
das Infeces Relacionadas Assistncia em Sade (RUTALA & WEBER, 2008).
Os autores supracitados mencionam ainda a variedade de composio
qumica dos desinfetantes, podendo ser constitudos de lcool, cloro e seus
componentes, formaldedo, glutaraldedo, perxido de hidrognio, iodforos, cido
peractico, cido peractico associado a perxido de hidrognio, compostos
fenlicos e componentes de quaternrio de amnio.
Segundo o Manual de Limpeza e Desinfeco de Superfcies da ANVISA
(2010-a), esses produtos devem estar devidamente registrados ou notificados no
referido rgo competente. Alm disso, devem ser padronizados, estar em
embalagens rotuladas e dentro do prazo de validade, utilizados na concentrao e
tempo recomendados pelo fabricante e Servio de Controle de Infeco Hospitalar
(SCIH), e preparados somente para uso imediato.
O mesmo manual informa ainda que os produtos saneantes devem conter
rtulo com nome do produto, modo de utilizao e tempo de contato do produto com
a superfcie. Tambm, o rtulo deve conter precaues e restries de uso quanto
toxicidade, uso de EPI, composio do produto, princpio ativo, prazo de validade,
data de fabricao, lote e volume, empresa fabricante, responsvel tcnico e nmero
do registro do produto na ANVISA.
Conforme a diretriz acima citada, os principais produtos utilizados na
desinfeco de superfcies so:
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41
Referencial Terico
a) lcool
Os lcoois etlico e isoproplico so os principais desinfetantes utilizados em
servios de sade, podendo ser aplicados em superfcies ou artigos por meio de
frico. So bactericida, virucida, fungicida e tuberculicida, de fcil aplicao e ao
imediata, em 10 segundos elimina bactrias Gram-positivas e Gram-negativas. No
esporicida. Seu uso indicado para mobilirio em geral. Age na desnaturao das
protenas que compem a parede celular dos micro-organismos. Porm, um
produto inflamvel, voltil que opacifica acrlico, resseca os plsticos e borrachas e
causa ressecamento da pele. Concentrao de uso 60% a 90% em soluo de gua
volume/volume (PADOVEZE, 2010).
O lcool classificado como desinfetante de nvel intermedirio e baixo,
sendo recomendada a frico por 30 segundos. Apesar de no habitual, pode ser
utilizado para imerso, por 10 minutos, entretanto recomenda-se que seja
desprezado a cada utilizao, pelo risco de hiperdiluio e evaporao do produto
(RUTALA & WEBER, 2008; PSALTIKIDIS & QUILHAS, 2010).
Os lcoois etlico e isoproplico possuem propriedades microbicidas
reconhecidamente eficazes para eliminar a maioria dos germes envolvidos nas IrAS,
sendo antisspticos para as mos e desinfetantes para as superfcies do ambiente e
de artigos mdico-hospitalares. Dentre suas vantagens inclui-se o baixo custo, fcil
aplicabilidade e toxicidade reduzida. O lcool etlico apresenta potente ao contra
os vrus lipdicos (HIV, HBV, HVC, Herpes vrus, Influenza vrus), muitos vrus no
lipdicos (adenovrus, enterovrus, rinovrus, rotavrus) e algumas micobactrias (M
tuberculosis), na concentrao 70%, em frico por 30 segundos (SANTOS,
VEROTTI, SANMARTIN, MESIANO, 2002).
Os artigos e superfcies que podem ser submetidos ao lcool so superfcies
de mobilirios e equipamentos como ampolas e vidros; termmetros retal e oral;
diafragmas e olivas de estetoscpios; bandejas de medicao; otoscpios (cabos e
lminas sem lmpadas); superfcies externas de equipamentos metlicos; partes
metlicas de incubadoras; macas, camas, colches e mesas de exames; pratos de
balana; equipamentos metlicos de cozinha, lactrio, bebedouros e reas de
alimentao; bancadas; artigos metlicos (espculos, material odontolgico)
(ANVISA, 1994).
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Referencial Terico
Entretanto, a ao do lcool sobre alguns tipos de equipamentos provoca
danos nas partes de borracha, com perda da sua elasticidade. Outros materiais que
no devem ser submetidos desinfeco pelo lcool so o acrlico, tubos plsticos e
equipamentos dotados de fibra ptica. (SANTOS, VEROTTI, SANMARTIN,
MESIANO, 2002).
As aplicaes devem ser de frico com lcool 70%, por trs vezes
consecutivas, esperando a secagem do lcool a cada frico (ANVISA, 1994).
b) Compostos Fenlicos Sintticos
Esto em desuso devido toxicidade. Mas, so bactericida, virucida,
micobactericida e fungicida e tm ao residual. No so esporicidas. Indicados
para superfcies fixas e para mobilirios em geral. Suas principais desvantagens
implicam no uso repetido que pode causar despigmentao da pele e
hiperbilirrubinemia neonatal, no so recomendados em berrios. So poluentes
ambientais e proibidos em reas de contato com alimentos devido toxicidade oral
(ANVISA, 1994; PADOVEZE, 2010).
c) Compostos Liberadores de Cloro Ativo - Inorgnico
So os hipocloritos de sdio, de clcio e de ltio. Tm poder bactericida,
virucida, fungicida, tuberculicida e esporicida, dependendo da concentrao de uso.
Apresentao lquida ou p; amplo espectro; ao rpida e baixo custo. Indicados na
desinfeco de superfcies fixas. Entretanto, so instveis (afetados pela luz solar,
temperatura >25C e pH cido), inativos em presena de matria orgnica,
corro