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04/10/2018 Número: 5017472-74.2018.4.03.0000 Classe: AGRAVO DE INSTRUMENTO Órgão julgador colegiado: 2ª Turma Órgão julgador: Gab. 06 - DES. FED. SOUZA RIBEIRO Última distribuição : 25/07/2018 Valor da causa: R$ 1.000,00 Processo referência: 5015114-72.2018.4.03.6100 Assuntos: Contribuições Previdenciárias, Contribuição sobre a folha de salários Objeto do processo: rpicco LEI 13.670/2018- CPRB - DESONERAÇÃO DA FOLHA - PEDE TUTELA PARA MANTER O CONTRIBUINTE EM REGIME DE TRIBUTAÇÃO SUBSTITUTIVA ATÉ O FINAL DE 2018. Tutela deferida abimo - adequação da via - discussão tributária em ação civil publica Segredo de justiça? NÃO Justiça gratuita? NÃO Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM Tribunal Regional Federal da 3ª Região PJe - Processo Judicial Eletrônico Partes Procurador/Terceiro vinculado ASSOCIACAO BRASILEIRA DA INDUSTRIA DE ARTIGOS E EQUIPAMENTOS MEDICOS, ODONTOLOGICOS, HOSPITALARES E DE LABORATORIOS - ABIMO (AGRAVANTE) FABIO MILMAN (ADVOGADO) UNIAO FEDERAL - FAZENDA NACIONAL (AGRAVADO) Documentos Id. Data da Assinatura Documento Tipo 66128 75 28/09/2018 16:29 Acórdão Acórdão

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04/10/2018

Número: 5017472-74.2018.4.03.0000

Classe: AGRAVO DE INSTRUMENTO

Órgão julgador colegiado: 2ª Turma

Órgão julgador: Gab. 06 - DES. FED. SOUZA RIBEIRO

Última distribuição : 25/07/2018

Valor da causa: R$ 1.000,00

Processo referência: 5015114-72.2018.4.03.6100

Assuntos: Contribuições Previdenciárias, Contribuição sobre a folha de salários

Objeto do processo: rpiccoLEI 13.670/2018- CPRB - DESONERAÇÃO DA FOLHA - PEDE TUTELA PARA MANTER OCONTRIBUINTE EM REGIME DE TRIBUTAÇÃO SUBSTITUTIVA ATÉ O FINAL DE 2018.Tutela deferidaabimo - adequação da via - discussão tributária em ação civil publica

Segredo de justiça? NÃO

Justiça gratuita? NÃO

Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM

Tribunal Regional Federal da 3ª RegiãoPJe - Processo Judicial Eletrônico

Partes Procurador/Terceiro vinculado

ASSOCIACAO BRASILEIRA DA INDUSTRIA DE ARTIGOS E

EQUIPAMENTOS MEDICOS, ODONTOLOGICOS,

HOSPITALARES E DE LABORATORIOS - ABIMO

(AGRAVANTE)

FABIO MILMAN (ADVOGADO)

UNIAO FEDERAL - FAZENDA NACIONAL (AGRAVADO)

Documentos

Id. Data daAssinatura

Documento Tipo

6612875

28/09/2018 16:29 Acórdão Acórdão

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AGRAVO DE INSTRUMENTO (202) Nº 5017472-74.2018.4.03.0000RELATOR: Gab. 06 - DES. FED. SOUZA RIBEIROAGRAVANTE: ASSOCIACAO BRASILEIRA DA INDUSTRIA DE ARTIGOS E EQUIPAMENTOS MEDICOS,ODONTOLOGICOS, HOSPITALARES E DE LABORATORIOS - ABIMOAdvogado do(a) AGRAVANTE: FABIO MILMAN - RS24161AGRAVADO: UNIAO FEDERAL - FAZENDA NACIONAL

 

 

  

 

 

 

 

AGRAVO DE INSTRUMENTO (202) Nº 5017472-74.2018.4.03.0000RELATOR: Gab. 06 - DES. FED. SOUZA RIBEIROAGRAVANTE: ASSOCIACAO BRASILEIRA DA INDUSTRIA DE ARTIGOS E EQUIPAMENTOS MEDICOS,ODONTOLOGICOS, HOSPITALARES E DE LABORATORIOS - ABIMOAdvogado do(a) AGRAVANTE: FABIO MILMAN - RS24161AGRAVADO: UNIAO FEDERAL - FAZENDA NACIONAL 

    

R E L A T Ó R I O

 

 

Num. 6612875 - Pág. 1Assinado eletronicamente por: LUIZ ALBERTO DE SOUZA RIBEIRO - 28/09/2018 16:29:42http://pje2g.trf3.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=18092815444139000000006418930Número do documento: 18092815444139000000006418930

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O Excelentíssimo Desembargador Federal SOUZA RIBEIRO, Relator: Trata-se de agravo deinstrumento interposto por ABIMO - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE ARTIGOS EEQUIPAMENTOS MÉDICOS, ODONTOLÓGICOS, HOSPITALARES E DE LABORATÓRIOS contradecisão que indeferiu o pedido de tutela provisória formulado pela autora, ora agravante, sob o argumento deque a Lei nº 13.670/18 observou o princípio da anterioridade ao determinar o retorno da contribuiçãoprevidenciária patronal sobre a folha de pagamento; de que não se fala em ato jurídico perfeito ou direitoadquirido a regime de tributação, “cuja validade e vigência estão condicionadas somente à existência de

; e de que o direito ao regime diferenciado decorre da norma que o instituiu, de modo que, permissivo legal”“revogada a norma, o regime diferenciado deixa de ostentar fundamento legal de validade, tornando semefeito a adesão firmada pelo contribuinte”.

Sustenta a parte agravante, em suma, que as suas associadas fizeram opção irretratável em janeiro de2018 por recolher a Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta – CPRB em substituição àcontribuição sobre a folha de pagamento, até o final deste exercício. Assim, viola o principio da segurançajurídica e do ato jurídico perfeito a Lei nº 13.670/18  que alterou parte da Lei nº 12.546/2011 para excluir,algumas atividades econômicas da CPRB, dentre elas a atividade econômica das associadas da Agravante,que tenham realizado, de forma irretratável, a opção por tal regime. Acrescenta que o art. 9º, § 13, da Lei12.546/11 prevê que a opção pela tributação substitutiva deve ser realizada no início de cada ano e seráirretratável por todo o ano-calendário. Requer a antecipação da tutela recursal, reconhecendo o direito dassuas associadas à manutenção do regime de apuração da contribuição previdenciária patronal, nos moldes doart. 8º, da Lei nº 12.546/11 até o final do ano calendário 2018, conforme opção efetuada no início do ano.

Foi concedida a antecipação dos efeitos da tutela recursal (ID 4127186).

Contra essa decisão a União interpôs embargos de declaração (ID 4740262), à vista dos quais e emhomenagem ao princípio da colegialidade este Relator suspendeu a decisão anteriormente proferida (ID4892190).

Diante de tal , a agravante interpôs agravo regimental (ID 5101783). decisum

É o relatório.

 

 

  

 

 

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AGRAVO DE INSTRUMENTO (202) Nº 5017472-74.2018.4.03.0000RELATOR: Gab. 06 - DES. FED. SOUZA RIBEIROAGRAVANTE: ASSOCIACAO BRASILEIRA DA INDUSTRIA DE ARTIGOS E EQUIPAMENTOS MEDICOS,ODONTOLOGICOS, HOSPITALARES E DE LABORATORIOS - ABIMOAdvogado do(a) AGRAVANTE: FABIO MILMAN - RS24161AGRAVADO: UNIAO FEDERAL - FAZENDA NACIONAL 

   

V O T O 

  

O Excelentíssimo Desembargador Federal SOUZA RIBEIRO, Relator: De início, observo que asquestões suscitadas nos embargos de declaração e no agravo interno ficam todas superadas, pois serão agora,observado o contraditório, objeto de exame pelo órgão colegiado competente neste julgamento definitivo doagravo de instrumento.

 

I – PRELIMINAR – Da vedação da ação civil pública em matéria tributária (artigo 1º, § único, da Lei nº7.347/1985) – Da admissibilidade de ação ordinária coletiva em matéria tributária

No caso dos autos, a associação autora ingressou com ação ordinária para defesa de direitos individuaishomogêneos de suas associadas em matéria tributária, mas sem invocar a fundamentação jurídica da lei daação civil pública. Veiculou ação ordinária coletiva com pretensão consistente em afastar alteração legislativaque importa em alteração do regime anual de tributação das empresas, com pedido de tutela jurisdicional emfavor das suas associadas, com o que, em substância, trata-se de uma ação ordinária coletiva, comfundamento na própria cláusula de legitimação constitucional (artigo 5º, inciso XXI, da ConstituiçãoFederal).

 

CONSTITUIÇÃO FEDERAL de 1988

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aosbrasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, àliberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade pararepresentar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;

 

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A União Federal/agravada sustenta, em suas manifestações neste recurso, que a tutela coletiva postuladanesta demanda consistiria, substancialmente, no emprego da via instrumental da ação civil pública, que éregulada pela Lei nº 7.347, de 1985, e que traz restrição normativa para a proteção de pretensões de naturezacomo a que se põe como objeto da presente ação.

O debate acerca da via instrumental cabível para a proteção dos direitos (coletivos em sentido amplo)mostra-se relevante, pois é afeto às condições da ação, e por isso passo ao seu exame em sede de preliminar.

A admissibilidade da ação civil pública tem seu campo material de incidência regulado pela Lei nº 7.347, de1985, em seu artigo 1º, que sofreu diversas alterações normativas.

 

LEI N  7.347, DE 24 DE JULHO DE 1985.o Disciplina a ação civil pública deresponsabilidade por danos causados ao meio-ambiente, ao consumidor, a bens e direitos devalor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico (VETADO) e dá outrasprovidências.

Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações deresponsabilidade por danos morais e patrimoniais causados:(Redação dada pela Lei nº 8.884,de 11.6.1994)  (Vide Lei nº 12.529, de 2011)

Art. 1º  Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações deresponsabilidade por danos morais e patrimoniais causados: (Redação dada pela Lei nº12.529, de 2011).

l - ao meio-ambiente;

ll - ao consumidor;

III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;

III – à ordem urbanística; (Incluído pela Lei nº 10.257, de 10.7.2001)   (Vide Medidaprovisória nº 2.180-35, de 2001)

III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;

IV – a qualquer outro interesse difuso ou coletivo.  (Incluído pela Lei nº 8.078 de 1990)

IV – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; (Renumerado do Inciso III, pela Lei nº 10.257, de 10.7.2001) (Vide Medida provisória nº2.180-35, de 2001)

IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo. (Incluído pela Lei nº 8.078 de 1990)

V - por infração da ordem econômica. (Incluído pela Lei nº 8.884 de 1994)

V - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo.  (Renumerado do Inciso IV, pela Lei nº10.257, de 10.7.2001) (Vide Medida provisória nº 2.180-35, de 2001)

V - por infração da ordem econômica e da economia popular; (Redação dada pela Medidaprovisória nº 2.180-35, de 2001) (Vide Lei nº 12.529, de 2011)

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V - por infração da ordem econômica; (Redação dada pela Lei nº 12.529, de 2011).

VI - por infração da ordem econômica. (Renumerado do Inciso V, pela Lei nº 10.257, de10.7.2001)

VI - à ordem urbanística. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001)

VII – à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos. (Incluído pela Lei nº12.966, de 2014)

VIII – ao patrimônio público e social. (Incluído pela  Lei nº 13.004, de 2014)

Parágrafo único.  Não será cabível ação civil pública para veicular pretensões que envolvamtributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS ououtros fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem ser individualmentedeterminados. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001)

 

Constata-se, daí, que com a edição da Medida Provisória nº 2.180-35, de 2001, ao acrescentar o parágrafoúnico ao art. 1º da Lei nº 7.347/1985, estabeleceu-se a restrição temática no sentido de que “não será cabível

ação civil pública para veicular pretensões que envolvam tributos, contribuições previdenciárias, o Fundode Garantia do Tempo de Serviço - FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiáriospodem ser individualmente determinados.”

Trata-se de inovação legislativa que está em pleno vigor, sendo destinada a vedar o uso de ações civis (categoria dos direitos coletivos quepúblicas para pretensões que envolvam direitos individuais homogêneos

está relacionada com a expressão “... ”, constantecujos beneficiários podem ser individualmente determinadosno final do dispositivo legal), e, então, trata-se de norma legal que somente pode ser afastada pela sistemáticade declaração de inconstitucionalidade, observando-se nos tribunais a regra da reserva de plenário (CF, art.97), conforme expresso na Súmula Vinculante nº 10 do C. Supremo Tribunal Federal:

 

Súmula Vinculante nº 10 - Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisãode órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente ainconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público, afasta sua incidência, notodo ou em parte.

 

Nesse sentido, aliás, colhe-se da C. Suprema Corte, decisão monocrática admitindo e concedendodecisumefeito suspensivo em Reclamação contra julgado de tribunal local que afastou a aplicação do artigo 1º,parágrafo único, da Lei nº 7.347/1985, sem a observância da reserva de plenário:

 

Supremo Tribunal Federal

Decisão Monocrática

Rcl 25983 MC / AM -  MEDIDA CAUTELAR NA RECLAMAÇÃO

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Relator:  Min. MARCO AURÉLIO.

Julgamento: 26/06/2017; Publicação DJe-142 DIVULG 28/06/2017 PUBLIC 29/06/2017.

Partes

RECLTE.(S) : ESTADO DO AMAZONAS

RECLDO.(A/S): TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 11ª REGIÃO

DECISÃO

VERBETE VINCULANTE Nº 10 DA SÚMULA DO SUPREMO – DESRESPEITO –RELEVÂNCIA – LIMINAR DEFERIDA.

    1. O assessor Dr. Vinicius de Andrade Prado prestou as seguintes informações:

    O Estado do Amazonas afirma haver a Primeira Turma do Tribunal Regional do Trabalhoda 11ª Região, no processo nº 0590240-85.2007.5.11.0006, olvidado o teor do verbetevinculante nº 10 da Súmula do Supremo.

    Segundo narra, o Ministério Público local ajuizou ação civil pública contra si e UniversalServiços Diversos Ltda. e respectivos sócios, visando a quitação de verbas trabalhistasdevidas aos empregados da empresa, bem assim o pagamento dos depósitos

do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS e das contribuições previdenciárias.Relata a parcial procedência dos pedidos, não tendo sido acolhidos os dois últimos, presenteo disposto no artigo 1º, parágrafo único, da Lei nº 7.347/1985. Eis o teor do preceito:

    Art. 1º [...]

    Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para veicular pretensões queenvolvam tributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço -FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem serindividualmente determinados. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.180-35, de 2001)

    Diz da interposição de recurso ordinário, no qual declarada, por Órgão fracionário, ainconstitucionalidade formal do referido dispositivo. Sustenta contrariado o verbetevinculante nº 10 porquanto afastado o preceito sem a observância da cláusula de reserva deplenário. Evoca o reconhecimento da repercussão geral do tema debatido no recursoextraordinário nº 643.978, então sob a relatoria do ministro Teori Zavascki, a envolver alegitimidade do Ministério Público para a formalização de ação coletiva na qual veiculadapretensão atinente ao FGTS. Evoca jurisprudência.

    Sob o ângulo do risco, alude à ausência de eficácia suspensiva dos recursos protocoladosno âmbito trabalhista.

    Requer, em sede liminar, a suspensão e, alfim, a cassação do pronunciamento atacado.

    2. Percebam as balizas do caso concreto. O Ministério Público local ajuizou ação coletivacontra o Estado do Amazonas e determinada empresa, incluídos os sócios, objetivando opagamento de verbas trabalhistas devidas aos empregados, bem assim o recolhimento dosdepósitos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e das contribuições previdenciárias

Num. 6612875 - Pág. 6Assinado eletronicamente por: LUIZ ALBERTO DE SOUZA RIBEIRO - 28/09/2018 16:29:42http://pje2g.trf3.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=18092815444139000000006418930Número do documento: 18092815444139000000006418930

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pertinentes. Com a parcial procedência dos pedidos em primeira instância, sobreveio recursoordinário. Relativamente aos depósitos fundiários e às contribuições previdenciárias, apontaa afronta ao verbete vinculante nº 10 da Súmula, afirmando haver sido afastado, por Órgãofracionário, o parágrafo único do artigo 1º da Lei nº 7.347/1985, incluído pela MedidaProvisória nº 2.180/2001.

    Eis o enunciado:

    Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário detribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou atonormativo do Poder Público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.

    Verifico a relevância da alegação.

    A leitura do acórdão impugnado revela a declaração de inconstitucionalidade dodispositivo sem que a controvérsia tenha sido submetida ao Órgão especial do Tribunalreclamado.

    Confiram o seguinte trecho do voto proferido pelo Juiz Relator na ocasião, em 7 de abril de2010:

    [...]

    DO RECURSO DO MINISTÉRIO PÚBLICO

    […]

    O preceito sob foco, relembre-se, foi acrescentado à Lei nº 7347/1985 – que se trata de leiordinária, por meio de medida provisória, que ombreia com a lei ordinária na hierarquia dosveículos normativos de nosso ordenamento.

    Não por outro motivo, aliás, a atual partitura do art. 62, § 1º, inciso III, da ConstituiçãoFederal, interdita que a medida provisória discipline matéria reservada à lei complementar.

    De outro lado, ainda que o dispositivo legal ora enfocado tivesse sido veiculado por leicomplementar em vez de medida provisória, é importante sublinhar que sua iniciativalegislativa teria de partir do Procurador Geral da República, como estampado no § 5º do art.128, da Constituição Federal.

    E, encerrando a argumentação, é essencial assinalar inexistir, no caso em apreço,concorrência legislativa entre o Procurador Geral da República e o Presidente da República,haja vista que a alínea “d” do inciso II do § 1º do art. 61 do Texto Maior preconiza ser deiniciativa do último a proposição de lei que discipline a organização do Ministério Pública daUnião, não se lhe autorizando, pois, desencadear o processo legislativo tendo em mira oregramento as atribuições do MPU.

    Sendo assim, diante da circunstância antes delineada, impõem-se concluir que o parágrafoúnico do art. 1º da Lei nº 7347/1985, ao suprimir do âmbito da ação civil pública apostulação relativa à concretização do direito social do FGTS, incorreu eminconstitucionalidade formal, haja vista que essa matéria, como fundamentado linhas atrás, éinerente às atribuições, deveres-poderes, ou competências do Ministério Público do Trabalho,motivo pelo qual normatização sobre o assunto, consoante apregoado no § 5º do art. 128, daConstituição Federal, exige a edição de lei complementar de iniciativa do Procurador Geral

Num. 6612875 - Pág. 7Assinado eletronicamente por: LUIZ ALBERTO DE SOUZA RIBEIRO - 28/09/2018 16:29:42http://pje2g.trf3.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=18092815444139000000006418930Número do documento: 18092815444139000000006418930

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da República, impondo-se a reforma da decisão primária para incluir na condenação opagamento dos depósitos fundiários dos empregados da empresa Universal.

    Recolhimentos Previdenciários

    Entendo igualmente cabível a condenação quanto ao recolhimento das contribuiçõesprevidenciárias dos empregados da reclamada, porquanto se trata de obrigação legal doempregador e cuja falta acarretará prejuízos ao trabalhador, quando necessitar dosbenefícios da Previdência Social.

    [...]

    Consoante se observa, o Tribunal reclamado, de forma expressa e inequívoca, assentou –certo ou errado, descabe, nesta via, perquirir – o descompasso entre a Constituição Federale o dispositivo da Lei nº 7.347/1985. Acabou por contrariar o artigo 97 do Diploma Maior.

    3. Defiro a liminar para suspender, até a apreciação final desta reclamação, a eficácia doacórdão da Primeira Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região no processo nº0590240-85.2007.5.11.0006.

    4. Ante a regência do Código de Processo Civil de 2015, citem os interessados, deemciência ao Ministério Público do Estado do Amazonas e solicitem informações. Com orecebimento, colham o parecer da Procuradoria-Geral da República.

    5. Publiquem.

Brasília, 26 de junho de 2017.

Ministro MARCO AURÉLIO - Relator

 

Outrossim, não há dúvida que a pretensão exposta nesta ação, devido à sua natureza tributária, envolvedireitos individuais homogêneos das associadas da Associação autora, o que em tese atrairia a incidência daregra do § único do artigo 1º da Lei nº 7.347/1985, a vedar o uso de ação civil pública para sua veiculação.

Nesse sentido, a C. Suprema Corte já pacificou entendimento de que as questões de natureza estritamentetributária revestem-se de feição individualizável e divisível, inserindo-se assim na categoria dos direitos

, entendimento adotado quando assentou que não cabe ao Ministério Públicoindividuais homogêneospromover ações civis públicas com pretensões desta natureza (porque tal instituição não detém legitimaçãoconstitucional para esta espécie de direitos coletivos, mas apenas para os difusos e coletivos em sentidoestrito, tendo, porém, o legitimação quando a questão envolve os interesses públicos tutelados pelaParquet,função constitucional da instituição), conforme o seguinte julgado:

 

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REAFIRMAÇÃO DEREPERCUSSÃO GERAL. JURISPRUDÊNCIA DA CORTE. ILEGITIMIDADE ATIVA DOMINISTÉRIO PÚBLICO PARA AJUIZAR PRETENSÃO DE NATUREZA TRIBUTÁRIA QUEOBJETIVE A COBRANÇA DE TRIBUTO NÃO DEDUZIDO PELA UNIÃO. AGRAVOREGIMENTAL IMPROVIDO.

I – Reafirmação de Repercussão Geral (ARE 694.294-RG/MG, Rel. Min. LUIZ FUX).

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II – O Ministério Público não possui legitimidade ativa para ajuizar pretensão de naturezatributária que objetive a cobrança de tributo em processo no qual a própria União, por meioda Procuradoria Geral da Fazenda Nacional não recorreu. Precedentes (RE 206.781/MS, Rel.Min. MARCO AURÉLIO; ARE 694.294-RG/MG, Rel. Min. LUIZ FUX; AI 327.013-AgR, Rel.Min. JOAQUIM BARBOSA; RE 559.985-AgR, Rel. Min. EROS GRAU; RE 248.191, Rel. Min.CARLOS VELLOSO; RE 213.631, Rel. Min. ILMAR GALVÃO, entre outros). III – Agravoregimental a que se nega provimento.

(STF, Pleno, unânime. RE 609096 AgR-segundo / RS. Relator:  Min. RICARDO ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-118  DIVULGLEWANDOWSKI. Julgamento:  28/05/2015;

18-06-2015  PUBLIC 19-06-2015)

 

Todavia, repetindo-se aqui que esta ação não trouxe fundamentação jurídica relativa à ação civil pública e, diante desse mesmonem impugnou o citado preceito normativo do art. 1º, § único, da Lei nº 7.347/85

contexto, é necessário consignar que, para fins deste exame recursal, não há que se discutir e nem se buscarfundamentos de inconstitucionalidade que pudessem dar causa ao procedimento próprio de declaração deinconstitucionalidade do citado preceito normativo perante esta Corte, posto que tal norma legal não integra aquestão controvertida nestes autos.

É de se frisar esse ponto: a restrição legal do uso da ação civil pública, inserida pela MP nº 2.180-35, de2001, no § único do artigo 1º da Lei nº 7.347/1985, não é objeto de discussão nestes autos, posto que não

.invocado como fundamento jurídico para o ajuizamento da presente ação

O que de fato está em discussão nestes autos é a possibilidade de proteção dos direitos invocados por outrasespécies de ações judiciais que não a via da ação civil pública, vale dizer, se é juridicamente possível umaassociação ingressar com uma ação de conhecimento pelo rito comum – comumente denominada ação

– para a tutela dos direitos individuais homogêneos de seus associados, ou seja, ordinária questiona-se a.admissibilidade de uma ação ordinária coletiva, fora do rito procedimental da ação civil pública

Como já exposto, a Associação autora propôs a presente ação com fundamento exclusivamenteconstitucional, ou seja, sustentando sua legitimação para defesa dos direitos coletivos de suas associadas,extraída diretamente da Constituição Federal, artigo 5º, inciso XXI, em ação judicial com procedimentocomum estabelecido no Código de Processo Civil.

Entendo que não há em nosso sistema jurídico-constitucional óbices jurídicos ao uso do instrumentoprocessual da para a defesa dos direitos coletivos de que se trata nesta demanda – individuaisação ordináriahomogêneos.

Com efeito, a lei pode estabelecer diversificada gama de instrumentos processuais (espécies de açõesjudiciais) para a proteção dos direitos em geral, estabelecendo determinadas condições para a utilização deuns ou outros destes instrumentos, como, por exemplo, estabelecendo regras de legitimidade ou depressupostos processuais, criando ou excluindo exigência de custas/despesas processuais, exigência ou nãode representação por advogado, etc., de forma que, em princípio, daí não advém inconstitucionalidade se osistema jurídico contempla outras espécies de ações através das quais possam ser adequadamente tutelados osbens-interesses contemplados na Lei Maior.

A ação civil pública é apenas uma espécie de instrumento, formal, procedimental, a ser utilizada na defesados direitos coletivos, mas diante de uma vedação legal de sua utilização para determinadas matérias – §único do artigo 1º da Lei nº 7.347/1985 – a defesa dos direitos coletivos não pode ficar impedida através deoutros meios processuais.

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E não pode haver tal impedimento do uso de outras vias processuais porque, aí sim, haveria a violaçãoconstitucional do princípio constitucional do acesso à Justiça, que encontra assento no artigo 5º, incisoXXXV, da Constituição Federal:

 

XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;

 

A legitimação das associações para a defesa dos direitos de seus associados tem assento constitucional (CF,art. 5º, inciso XXI), em preceito que por sua própria natureza de proteção aos direitos fundamentais nãocontempla possibilidade de interpretação restritiva, ou seja, esta legitimação para representar seus associadosengloba quaisquer tipos de direitos: individuais ou coletivos.

Impedir as associações de promover a defesa dos direitos coletivos de seus associados por quaisquer tipos deações contemplados no sistema jurídico representaria, aí sim, uma inadmissível afronta à normaconstitucional que lhe confere tal legitimação sem exceções.

O sistema jurídico, como um todo, deve ser interpretado de forma a resultar na harmonia das normasjurídicas, mas todas as normas devem ter estrita observância e harmonia com as normas constitucionais, quesão dotadas de supremacia e servem como parâmetro de interpretação das demais normasinfraconstitucionais.

Assim sendo, a restrição inserida no § único do artigo 1º da Lei nº 7.347/1985 não pode ser interpretada nosentido de que representaria a vedação do uso de qualquer outra espécie de ação para busca no PoderJudiciário da defesa dos direitos que entende possuir, pois isso significaria afronta a estas duas normasconstitucionais – a da legitimação ampla das associações para defesa dos direitos dos associados e o princípiodo acesso à Justiça.

A jurisprudência de nossos tribunais, superiores e regionais federais, inclusive desta Corte Regional, temassentado esse sentido interpretativo, proclamando a inexistência de óbices jurídicos à ação ordinária

proposta por associações ou sindicatos, conforme os seguintes precedentes:coletiva

 

Supremo Tribunal Federal:

EXECUÇÃO – AÇÃO COLETIVA – RITO ORDINÁRIO – ASSOCIAÇÃO – BENEFICIÁRIOS.Beneficiários do título executivo, no caso de ação proposta por associação, são aqueles que,residentes na área compreendida na jurisdição do órgão julgador, detinham, antes doajuizamento, a condição de filiados e constaram da lista apresentada com a peça inicial.

Decisão: O Tribunal, apreciando o tema 499 da repercussão geral, por maioria e nos termos do voto do Relator, desproveu o recurso extraordinário, declarando a constitucionalidade do

Vencidos o Ministro Ricardo Lewandowski, que davaart. 2º-A da Lei nº 9.494/1997.provimento ao recurso, e os Ministros Alexandre de Moraes e Edson Fachin, que a ele davamparcial provimento, nos termos de seus votos. Em seguida, o Tribunal, nos termos do voto doRelator, fixou a seguinte tese: “A eficácia subjetiva da coisa julgada formada a partir de açãocoletiva, de rito ordinário, ajuizada por associação civil na defesa de interesses dosassociados, somente alcança os filiados, residentes no âmbito da jurisdição do órgãojulgador, que o fossem em momento anterior ou até a data da propositura da demanda,constantes da relação jurídica juntada à inicial do processo de conhecimento”. Na redação

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da tese, a Ministra Rosa Weber acompanhou o Ministro Relator com ressalva. Ausentes,justificadamente, os Ministros Dias Toffoli e Celso de Mello. Impedido o Ministro RobertoBarroso. Presidiu o julgamento a Ministra Cármen Lúcia. Plenário, 10.5.2017.

Tema 499 - Limites subjetivos da coisa julgada referente à ação coletiva proposta porentidade associativa de caráter civil.

Tese : A eficácia subjetiva da coisa julgada formada a partir de ação coletiva, de ritoordinário, ajuizada por associação civil na defesa de interesses dos associados, somentealcança os filiados, residentes no âmbito da jurisdição do órgão julgador, que o fossem emmomento anterior ou até a data da propositura da demanda, constantes da relação jurídicajuntada à inicial do processo de conhecimento.

(STF, Pleno. REPERCUSSÃO GERAL – MÉRITO. RE 612043 / PR. Relator: Min. MARCO AURÉLIO. Julgamento: 10/05/2017. DJe-229 DIVULG 05-10-2017 PUBLIC 06-10-2017)

 

CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO ORDINÁRIA COLETIVA:LEGITIMAÇÃO: ENTIDADE DE CLASSE. AUTORIZAÇÃO EXPRESSA. C.F., art. 5º,XXI.

I. - Porque a recorrente é entidade ou associação de classe, e porque tem-se, no caso, açãoordinária coletiva, é aplicável a regra do art. 5º, XXI, da C.F.: exigência de autorizaçãoexpressa dos filiados. II. - Agravo não provido.

(STF, 2ª Turma, v.u. RE-AgR. Relator Ministro CARLOS VELLOSO. Julgado: 15.12.98)

 

Superior Tribunal de Justiça

PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO (INDIVIDUAL) DE TÍTULO JUDICIAL. MANDADO DESEGURANÇA COLETIVO. LEGITIMIDADE. SÚMULA 83 DO STJ. 1. Conforme o SupremoTribunal Federal, a lista dos filiados e a autorização expressa deles somente são necessáriaspara ajuizamento de ação ordinária quando a associação atua como representante dosfiliados (art. 5º, XXI, da CF). (RE n. 573.232/SC, em repercussão geral, e Súmula 629 doSTF). 2. No julgamento do REsp n. 1.243.887/PR, representativo de controvérsia, a CorteEspecial do STJ reconheceu que a execução individual de sentença genérica proferidaem ação civil coletiva pode ser ajuizada no foro no qual haja sido proferida asentença coletiva ou no do domicílio do beneficiário, porquanto os efeitos e a eficácia doaludido julgado não estão circunscritos a lindes geográficos, mas aos limites objetivos esubjetivos do que foi decidido. 3. Hipótese em que o fato de algum exequente não constar dasrelações de filiados apresentadas pela Fenacef ou de não ser aposentado ou pensionista nadata da impetração do mandado de segurança coletivo ou de sua sentença não é óbice para apropositura de execução individual do título executivo. 4. Aplicação da Súmula 83 do STJ. 5.Agravo interno desprovido.

(STJ, 1ª Turma, v.u. Acórdão 2016.02.60759-4, AINTARESP 993662. Relator MinistroGURGEL DE FARIA. Julgado: 05/10/2017. Fonte: DJE 27/10/2017)

 

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PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. ASSOCIAÇÃO DE MUNICÍPIOS.IMPOSSIBILIDADE DE ATUAÇÃO PARA TUTELAR DIREITOS DOS MUNICÍPIOS EMREGIME DE REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL. HISTÓRICO DA DEMANDA 1. Trata-se,na origem, de Ação Ordinária interposta pela Associação dos Municípios e Prefeitos doEstado do Ceará - Aprece contra a União, objetivando a condenação desta à complementaçãodos valores do Fundef. As instâncias ordinárias extinguiram o processo sem julgamento domérito, proclamando a ilegitimidade ativa da autora. 2. A Segunda Turma deliberou afetar ojulgamento à Primeira Seção. ATUAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO COMO REPRESENTANTEPROCESSUAL 3. A autorização para associações atuarem como representantes de seusassociados deve ser expressa, sendo insuficiente previsão genérica do estatuto da associação.É o que decorre da conclusão adotada pelo Supremo Tribunal Federal, em regime derepercussão geral: "REPRESENTAÇÃO - ASSOCIADOS - ARTIGO 5º, INCISO XXI, DACONSTITUIÇÃO FEDERAL. ALCANCE. O disposto no artigo 5º, inciso XXI, da Carta daRepública encerra representação específica, não alcançando previsão genérica do estatutoda associação a revelar a defesa dos interesses dos associados. TÍTULO EXECUTIVOJUDICIAL - ASSOCIAÇÃO - BENEFICIÁRIOS. As balizas subjetivas do título judicial,formalizado em ação proposta por associação, é definida pela representação no processo deconhecimento, presente a autorização expressa dos associados e a lista destes juntada àinicial". (RE 573.232, Relator p/ Acórdão: Min. Marco Aurélio, Tribunal Pleno, p.19-9-2014). 4. "Nos termos da novel orientação do Supremo Tribunal Federal, a atuaçãodas associações não enseja substituição processual, mas representação específica, consoanteo disposto no artigo 5º, XXI, da Constituição Federal (cf. RE 573232/SC, Relator(a) p/Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, DJe 19/09/2014)" (STJ, AgRg no REsp1.488.825/PR, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe de 12/2/2015).5. No caso concreto, o termo de adesão concordando com a propositura da ação pode servisto como a autorização exigida pelo art. 5º, XXI, da Constituição, pelo que se pode cogitarda legitimidade da associação como representante dos seus associados que expressamentesubscreveram o documento. Porém, é necessário examinar se seria possíveluma associação ser representante judicial de Municípios. POSSIBILIDADE OU NÃODE ASSOCIAÇÃO REPRESENTAR MUNICÍPIOS JUDICIALMENTE 6. Nos moldes do art.12, II, do CPC/1973 e do art. 75, III, do CPC/2015, a representação judicial dos Municípios,ativa e passivamente, deve ser exercida por seu Prefeito ou Procurador. A representação doente municipal não pode ser exercida por associação de direito privado. Precedentes: RMS34.270/MG, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, julgado em 25/10/2011,DJe 28/10/2011; AgRg no AREsp 104.238/CE, Relator Ministro Francisco Falcão, DJe7/5/2012; REsp 1.446.813/CE, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma,julgado em 20/11/2014, DJe 26/11/2014; AgRg no RMS 47.806/PI, Rel. Ministro HermanBenjamin, Segunda Turma, DJe 5/8/2015 7. "A tutela em juízo dos direitos e interesses daspessoas de direito público tem regime próprio, revestido de garantias e privilégios de direitomaterial (v.g.: inviabilidade de confissão, de renúncia, ou de transação) e de direitoprocessual (v.g.: prazos especiais, reexame necessário, intimações pessoais), em face,justamente, da relevante circunstância de se tratar da tutela do patrimônio público. Nessepanorama, é absolutamente incompatível com o sentido e a finalidade da instituição desseregime especial e privilegiado, bem como da natureza das pessoas de direito público e doregime jurídico de que se revestem seus agentes políticos, seus representantes judiciais e suaatuação judicial, imaginar a viabilidade de delegação, a pessoa de direito privado, sob formade substituição processual por entidade associativa, das atividades típicas de Estado, abrindomão dos privilégios e garantias processuais que lhe são conferidas em juízo, submetendo-seao procedimento comum" (voto do Min. Teori Albino Zavascki no RMS 34.270/MG). 8. Emqualquer tipo de ação, permitir que os Municípios sejam representadospor associações equivaleria a autorizar que eles dispusessem dos privilégios materiais eprocessuais estabelecidos pela lei em seu favor, o que não é possível diante do princípio da

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indisponibilidade do interesse público. 9. Em obiter dictum, registra-se que o julgamento,naturalmente, em nada afeta aquelas ações coletivas propostos por associações de Municípiosem que já tenha havido o trânsito em julgado, seja por força da autoridade da coisa julgada,sejam porque o Recurso Especial, embora esteja sendo julgado pela Primeira Seção, nãochegou a ser selecionado como representativo de controvérsia. CONCLUSÃO 10. RecursoEspecial não provido. 

(STJ, 1ª Seção, v.u. Acórdão 2014.02.87939-5. RESP 1503007. Relator Ministro HERMANBENJAMIN. Julgado: 14/06/2017. Fonte: DJE 06/09/2017; RMPRJ 67/411)

 

Tribunais Regionais Federais

PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO. APELAÇÃO CÍVEL. PRODUTOR RURAL PESSOAFÍSICA COM EMPREGADOS. CONTRIBUIÇÃO. ARTS. 12, V e VII, 25, I e II e 30, IV, daLEI 8.212/91. LEI N° 10.256/2001. EXIGIBILIDADE. CONSTITUCIONALIDADE.PRESCRIÇÃO. DECADÊNCIA. APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃOOU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DEJUNHO DE 2005. ART. 543-B DO CPC.

1. O art. 8ª, III da Constituição Federal estabelece expressamente que incumbeàs associações profissionais e sindicais a defesa dos direitos e interesses coletivos ouindividuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas. Não estamosdiante de ação popular, cujo escopo é delimitado e expressamente estabelecido por suanorma de regência, mas de ação ordinária coletiva onde a associação dos contribuintesatingidos pela norma impositiva tributária busca demonstrar a antijuridicidade da relação.Trata-se de interesse coletivo clássico (pessoas determinadas ligadas por um mesmo liamejurídico), ou seja, a propositura da presente demanda não encontra qualquer óbice nalegislação vigente.

2. Com a edição das Leis n°s 8.212/91 - PCPS - Plano de Custeio da Previdência Social e Lein° 8.213/91 - PBPS - Plano de Benefícios da Previdência Social, a contribuição sobre acomercialização de produtos rurais teve incidência prevista apenas para os seguradosespeciais (produtor rural individual, sem empregados, ou que exerce a atividade rural emregime de economia familiar (Lei nº 8.212/91, Art. 12, VII e CF/88, Art. 195,§ 8º), à alíquotade 3%. O empregador rural pessoa física contribuía sobre a folha de salários, consoante aprevisão do art. 22.

3. O art. 1º da Lei 8.540/92 deu nova redação aos arts. 12, V e VII, 25, I e II e 30, IV, da Lei8.212/91, cuidando da tributação da pessoa física e do segurado especial. A contribuição doempregador rural, antes sobre a folha de salários, foi substituída pelo percentual de 2%incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização da sua produção rural para opagamento dos benefícios gerais da Previdência Social, acrescido de 0,1% parafinanciamento dos benefícios decorrentes de acidentes de trabalho.

4. Quanto aos segurados especiais, a Lei nº 8.540/92 reduziu a sua contribuição de 3% para2% incidente sobre a receita bruta da comercialização da produção rural e instituiua contribuição de 0,1% para financiamento da complementação dos benefícios decorrentes deacidentes do trabalho, além de possibilitar a sua contribuição facultativa na forma dossegurados autônomos e equiparados de então.

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5. O art. 30 impôs ao adquirente/consignatário/cooperativas o dever de proceder à retençãodo tributo.

6. Os ministros do Pleno do Supremo Tribunal Federal, ao apreciarem o RE 363.852, em03.02.2010, decidiram que a alteração introduzida pelo art. 1º da Lei nº 8.540/92 infringiu o §4º do art. 195 da Constituição na redação anterior à Emenda 20/98, pois constituiu nova fontede custeio da Previdência Social, sem a observância da obrigatoriedade de lei complementarpara tanto:

7. A decisão do STF diz respeito apenas às previsões legais contidas nas Leis n°s 8.540/92 e9.528/97 e aborda somente as obrigações subrogadas da empresa adquirinte, consignatáriaou consumidora e da cooperativa adquirente da produção do empregador rural pessoafísica (no caso específico o "Frigorífico Mataboi S/A").

8. O STF não tratou das legislações posteriores relativas à matéria, até porque o referidoRecurso Extraordinário foi interposto na Ação Ordinária n° 1999.01.00.111.378-2, o quedelimitou a análise da constitucionalidade da norma no controle difuso ali exarado.

9. O RE 363.852 não afetou a contribuição devida pelo segurado especial, quanto à reduçãode contribuição prevista pelos mesmos incisos I e II, do artigo 25, da Lei n° 8.212/91, com aredação da Lei n° 8.540/92, como retro mencionado. Portanto, não houve declaração deinconstitucionalidade integral da norma, mas apenas em relação ao fato gerador específico eà ampliação do rol de sujeitos passivos (contribuição sobre a receita bruta dacomercialização da produção rural do empregador rural pessoa física), permanecendoválidos e constitucionais os incisos I e II do artigo 25 da norma legal ventilada.

10. A Emenda Constitucional nº 20/98 deu nova redação ao artigo 195 da CF/88 e permitiu acobrança também sobre a receita de contribuição do empregador, empresa ou entidade a elaequiparada:

11. Em face do permissivo constitucional (EC nº 20/98), a "receita" passou a fazer parte dorol de fontes de custeio da Seguridade Social. A conseqüência direta dessa alteração é que, apartir de então, foi admitida a edição de lei ordinária para dispor acerca da exação emdebate nesta lide, afastando definitivamente a exigência de lei complementar como previsto nodisposto do artigo 195, § 4º, com a observância da técnica da competência legislativa residual(art. 154, I).

12. Editada após a Emenda Constitucional n° 20/98, a Lei nº 10.256/2001 deu nova redaçãoao artigo 25 da Lei nº 8.212/91 e alcançou validamente as diversas receitas da pessoafísica, ao contrário das antecessoras, Leis nº 8.540/92 e 9.528/97, surgidas na redaçãooriginal do art. 195, I, da CF/88 e inconstitucionais por extrapolarem a base econômicavigente.

13. Não cabe o argumento de que os incisos I e II foram declarados inconstitucionais e,portanto, inexiste a fixação de alíquota, o que tornaria a previsão do Caput "letra morta". Nahipótese, não houve declaração de inconstitucionalidade integral da norma, mas apenas emrelação ao fato gerador específico e à ampliação do rol de sujeitos passivos(contribuição sobre a receita bruta da comercialização da produção rural doempregador rural pessoa física), permanecendo válidos e constitucionais os incisos I e II doartigo 25 da norma legal ventilada quanto ao segurado especial.

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14. Com a modificação do Caput pela Lei n° 10.256/2001, aplicam-se os incisos I e II tambémao empregador rural pessoa física.

15. O empregador rural pessoa física não se enquadra como sujeito passivo da COFINS, pornão ser equiparado à pessoa jurídica pela legislação do imposto de renda (Nota Cosit n° 243,de 04/10/2010), não se podendo falar, assim, em "bis in idem", mas apenas a tributação deuma das bases econômicas previstas no art. 195, I, da CF, sem qualquer sobreposição.

16. A contribuição previdenciária do produtor rural pessoa física, nos moldes do artigo 25 daLei nº 8.212/91, vem em substituição à contribuição incidente sobre a folha de salários, a cujopagamento estaria obrigado na condição de empregador, mas foi dispensado pela Lei n°10.256/2001.

17. Nos termos do artigo 30, III, da Lei n° 8.212/91, com a redação da Lei n° 11.933/2009,cabe à empresa adquirinte, consumidora ou consignatária e à cooperativa a obrigação derecolher a contribuição de que trata o artigo 25, da Lei n° 8.212/91 até o dia 20 do mêssubseqüente ao da operação de venda ou consignação da produção.

18. São devidas as contribuições sociais incidentes sobre a receita bruta da comercializaçãode produtos pelo empregador rural pessoa física, a partir da entrada em vigor da Lei nº10.256/01.

19. Quanto ao prazo prescricional para a repetição, vinha se adotando o posicionamentopacificado no âmbito do Colendo Superior Tribunal de Justiça, adotado por sua PrimeiraSeção, a qual decidiu no regime de Recursos Repetitivos (art. 543-C do CPC), porunanimidade, (Recurso Especial Repetitivo nº 1002932/SP), que, na hipótese de pagamentosindevidos realizados antes da entrada em vigor da LC 118/05 (09.06.05), aplica-se a tese queconsidera os 5 anos de decadência da homologação para a constituição do crédito tributárioacrescidos de mais 5 anos referentes à prescrição da ação.

20. Todavia, em 11/10/2011, o Supremo Tribunal Federal disponibilizou no Diário de JustiçaEletrônico, o V. Acórdão do RE 566.621, apreciado pelo Pleno da Suprema Corte, queentendeu pela aplicabilidade da Lei Complementar n° 118/2005 ÀS AÇÕES AJUIZADAS apóso decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. A partir dapublicação do supracitado Acórdão não há mais como prevalecer o entendimento entãosufragado pelo Superior Tribunal de Justiça, tendo em vista que o RE 566.621 foi proferidono regime previsto no artigo 543-B, §3°, do CPC.

21. Aqueles que AJUIZARAM AÇÕES ANTES da entrada em vigor da LC 118/05(09/06/2005) têm direito à repetição das contribuições recolhidas no período de DEZ ANOSanteriores ao ajuizamento da ação, limitada ao prazo máximo de cinco anos a contar davigência da nova lei (art. 2.028 do Código Civil). No tocante ÀS AÇÕES AJUIZADAS APÓS avigência da LC 118/05, o prazo prescricional é de CINCO ANOS.

22. Não é possível a pretensão de compensação, pois prescritas as parcelas recolhidas noperíodo anterior à Lei n° 10.256/2001.

23. O RE n° 596.177, julgado pelo Supremo Tribunal Federal no regime do artigo 543-B, nãotratou da constitucionalidade da Lei n° 10.256/2001. No caso, apenas o Ministro MarcoAurélio externou posição quanto ao tema que não foi posto em análise no julgamento ocorridonaquela Corte Suprema.

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24. Não corresponde à realidade a afirmação de que os Ministros do Supremo TribunalFederal têm posição firmada pela inexigibilidade da contribuição, mesmo após a edição daLei n° 10.256/2001, como é possível verificar no seguinte decisão monocrática proferida peloMinistro Joaquim Barbosa, em 25/02/2011, no RE 585684, a qual afastoua contribuição sobre produção rural somente até a edição da Lei n° 10.256/2001.

25. Sucumbência invertida.

26. Preliminares da União rejeitadas. Remessa Oficial e apelação da União providas.

(TRF 3ª Região, 11ª Turma (v.u. na questão preliminar, maioria no mérito) Processo0012321-32.2010.4.03.6100, APELREEX 1790550. Relator DESEMBARGADOR FEDERALJOSÉ LUNARDELLI. Julgado: 07/10/2014. Fonte: e-DJF3 Judicial 1 DATA:16/10/2014)

 

DIREITO CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO. SINDICATO. LEGITIDADE ATIVA.AUTORIZAÇÃO EXPRESSA DOS SUBSTITUÍDOS DISPENSADA. CONTRIBUIÇÃOSOCIAL PARA O FGTS INSTITUÍDA PELA LEI COMPLEMENTAR Nº 110 /2001.NATUREZA JURÍDICA. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE (ART. 150 , III, b , CF/88 ). SEM CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS. ART. 25 DA LEI Nº 12.016/09.AGRAVO INTERNO IMPROVIDO.

1. A jurisprudência assentou entendimento segundo o qual as associações de classe e ossindicatos possuem ampla legitimidade para atuarem como substitutos processuais dacategoria, quer nas ações ordinárias, quer nas demandas coletivas, na fase deconhecimento, na liquidação e na execução, sendo dispensável a autorização expressa dossubstituídos, ou ainda, a apresentação de relação nominal destes e de seus dados pessoais.Precedentes STJ.

2. No que tange à exigibilidade das contribuições previstas nos artigos 1º e 2º da LC 110/01, oentendimento adotado pelo STF, é no sentido de que tais contribuições têm natureza decontribuição social geral, devendo, portanto, serem submetidas à anterioridade prevista noartigo 150, III, "b" da Constituição Federal de 1988. 3. Não há condenação em honorários ateor do art. 25 da Lei nº 12.016/09. 4. Agravo interno não provido.

(TRF 3ª Região, 1ª Turma, v.u. Acórdão 0030222-28.2001.4.03.6100. AMS 254798. RelatorDESEMBARGADOR FEDERAL HÉLIO NOGUEIRA. Julgado: 08/11/2016. Fonte: e-DJF3Judicial 1 DATA:18/11/2016)

 

PROCESSUAL CIVIL.  . AUSÊNCIA DE CITAÇÃO VÁLIDA.AÇÃO CIIVL COLETIVALITISPENDÊNCIA. NÃO CONFIGURADA. SINDICATO. LEGITIMIDADE. EFICÁCIA DADECISÃO À LIMITAÇÃO TERRITORIAL DO ORGÃO PROLATOR. CORREÇÃOMONETÁRIA DE SALDOS DE CONTA VINCULADA AO FGTS. APLICAÇÃO DA TR.JUROS REMUNERATÓRIOS. ART. 13 DA LEI Nº 8.036/90. ART. 17 DA LEI N° 8.177/91.

1. Tendo a presente lide sido ajuizada após a ação ordinária nº 0008077-61.2014.4.03.6119 esobrevindo sentença proferida antes da citação da ré, resta evidente a não configuração dalitispendência.

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2. É plenamente cabível a interposição de ação civil coletiva por associação visando adiscussão de critérios de correção monetária das contas vinculadas do FGTS detrabalhadores que compõem determinada categoria profissional. Precedentes.

3. Nos termos do disposto no artigo 2º-A da Lei nº 9.494/1997, na redação dada pela MedidaProvisória nº 2.180-35/2001, ainda em vigor por força do artigo 2º da Emenda Constitucionalnº 32/2001, a eficácia subjetiva da sentença proferida em ação coletiva restará limitada pelacompetência territorial do órgão prolator. Precedentes. 4. A Associação Brasileira deBenefícios aos Aposentados e Pensionistas - ASBAP ajuizou esta ação na 19ª SubseçãoJudiciária do Estado de São Paulo visando a condenação da ré ao pagamento da atualizaçãomonetária dos depósitos do FGTS dos associados enquadrados na sua categoria, sendo assim,resta evidente que o provimento jurisdicional surtirá efeito somente para os filiados naabrangência da supracitada subseção, o que impossibilita o alcance de seus efeitos em âmbitonacional. Precedentes. 5. Não obstante tenha sido determinada a suspensão de tramitaçãodas ações correlatas ao do Recurso Especial nº 1.381.983-PE, à luz do disposto no art. 543-Cdo Código de Processo Civil, o pedido de suspensão do julgamento deve ser formuladoprioritariamente em sede de recurso especial. 6. Todo empregador é responsável pelodepósito mensal de 8% sobre a remuneração recebida no mês pelo empregado, realizadojunto à conta vinculada ao FGTS, cujo saldo é corrigido monetariamente e acrescido de juros,por força do disposto nos artigos 2º e 13 da Lei 8.036/90. 7. A atualização dos saldos dosdepósitos das contas vinculadas ao FGTS, assim como das contas de poupança, é realizadapela TR - Taxa Referencial, de acordo com os artigos 12 e 17 da Lei 8.177/91. 8. Os saldosdas contas vinculadas ao FGTS são corrigidos pela TR - Taxa Referencial, bem comoacrescidos de juros de 3% a.a., portanto, desde 01/05/1993, a TR é o índice legal previstopara a remuneração dos valores depositados em conta vinculada ao FGTS. 9. Descabe asubstituição da TR por qualquer outro índice, ainda que mais vantajoso ao fundista, porimplicar a atuação do Poder Judiciário como legislador positivo, em flagrante ofensa aoprincípio da separação dos poderes. 10. O Supremo Tribunal Federal, por ocasião dojulgamento da ADIn 493/DF, não declarou a inconstitucionalidade da utilização da TR comoíndice de indexação, tendo considerado inconstitucionais o art. 18, caput, § 1º, § 4º, o art. 20,o art. 21, parágrafo único, o art. 23 e parágrafos e o art. 24 e parágrafos, da Lei 8.177/91,apenas quanto à sua aplicação em substituição a índices estipulados em contratos firmadosantes da vigência dessa lei. 11. Apelação provida para afastar a extinção do processo, semresolução do mérito, e, com fundamento no artigo 515, §3º, do Código de Processo Civil,julgar improcedente a ação.

 (TRF 3ª Região, 1ª Turma, v.u. Acórdão 0010007-17.2014.4.03.6119. Ap 2100023. Relator DESEMBARGADOR FEDERAL HÉLIO NOGUEIRA. Julgado: 27/10/2015. Fonte: e-DJF3Judicial 1 DATA:23/11/2015)

 

DIREITO CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDANA FONTE - IRF. TABELA. CORREÇÃO MONETÁRIA. MANDADO DE SEGURANÇACOLETIVO. SINDICATO OU ENTIDADE DE CLASSE. SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL.SENTENÇA DE EXTINÇÃO DO PROCESSO, SEM EXAME DO MÉRITO. ANULAÇÃO.

1. Cabe salientar que a discussão sobre a correção monetária da tabela do IRPF é direitoque, embora não seja exclusivo, peculiar e próprio da classe que integra o sindicato ouentidade-impetrante, encontra-se, certamente, "compreendido nas atividades exercidas pelos

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associados", ou seja, é inequívoco que a correção da tabela do IRPF afeta direitos de todos ostrabalhadores, sindicalizados e associados, ou não, o que é suficiente para legitimar orespectivo sindicato, ou associação de classe, à substituição processual, como postulada.

2. O vínculo, que une os trabalhadores e legitima a formação de sindicatos e associações declasse, não se estabelece apenas em face de interesses e lides contra, por exemplo,empregadores, mas pode abranger outras situações jurídicas e personalidades, inclusive oPoder Público, no que esteja a atuar como poder tributante.

3. Se admitirmos que o fato de todos os trabalhadores, em geral, estarem sujeitos ao impostode renda conferiria generalidade ao interesse, operando em prejuízo do direito de açãocoletiva pelos sindicatos das diversas categorias econômicas ou profissionais, oupor associações de classe, estaríamos a diminuir o campo de defesa constitucional justamenteem relação a tributos que podem alcançar, por sua extensão, a maior parcela da populaçãoque, por vezes, dada a hipossuficiência, não teria interesse, compreensão, motivação, enfim,condições de propor ação para a defesa de direito ou interesse, por mais relevante queeventualmente seja.

4. O IRPF tornar-se-ia como que um tributo intangível à impugnação, por via de mandado desegurança coletivo, restando ao Poder Judiciário, então, o exame de milhares e milhares dedemandas individuais e, claro, apenas dos que eventualmente pudessem promovê-las, o quecontraria o sentido da própria existência das ações coletivas.

5. É conhecido o receio de que writs coletivos transformem-se em ações diretas deinconstitucionalidade, o que, porém, não procede como discurso geral, pois podem existirelementos de identificação de interesses subjetivos e concretos, em demandas da espécie, quejustifiquem o controle difuso de constitucionalidade, cuja limitação a partir de conceitos comointeresse peculiar, exclusivo e específico, como assinalado, apenas atuaria na eliminação dodireito à defesa coletiva.

6. Certo, pois, que o simples fundamento constitucional da demanda não a convola emsucedâneo de ação direta de inconstitucionalidade, se identificada na lide, em termosconcretos, o conjunto de interesses subjetivos, cuja defesa coletiva seja promovida porsubstituição processual, por sindicatos ou associações, em mandados de segurançaimpetrados em face de ato de autoridade fiscal.

7. Os campos de controle, como se observa, são distintos e devem conviver de formaharmônica, mesmo porque os writs coletivos podem veicular mais do que apenas matériaconstitucional, ampliando o horizonte para aspectos de legalidade, ou mesmo deinfralegalidade, como fundamentação suficiente, e para cujo exame a jurisdição ordinária temcompetência constitucional, e respaldada por princípios como o do juiz natural e do amploacesso ao Poder Judiciário, solução que, sobretudo, democratiza o acesso ao PoderJudiciário, aspecto da maior relevância nos precedentes da Suprema Corte.

8. Não se pode, igualmente, erigir, como condição do writ coletivo, impetrado por sindicatosou associações, a autorização expressa de seus filiados, por se cuidar, na espécie, de hipótesede substituição e não de representação processual.

9. Precedentes.

(TRF 3ª Região, 3ª Turma, maioria. Acórdão 0731992-64.1991.4.03.6100. AMS 179110.Relator para Acórdão DESEMBARGADOR FEDERAL CARLOS MUTA. Julgado:23/06/2004. Fonte: DJU 08/06/2005)

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TRIBUTÁRIO. LEGITIMIDADE ATIVA. ASSOCIAÇÃO REPRESENTATIVA DECATEGORIA PROFISSIONAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. INCABIMENTO. APLICAÇÃO DORITO ALTERNATIVAMENTE PLEITEADO. PRESCRIÇÃO. IMPOSTO DE RENDA. JUROSDE MORA. NATUREZA INDENIZATÓRIA. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. CORREÇÃOMONETÁRIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.

1. Em relação à possibilidade de manejo da ação civil pública mostra-se mais consentâneocom o melhor direito o recebimento da ação pelo rito da ação ordinária coletiva, posto que aeventualidade de não aceitação do rito da ação civil pública foi previamente prevista,fazendo parte do pedido inicial, ainda que alternativamente, dos demandantes.

2. As associações representativas de categoria profissional e os sindicatos, que defendeminteresses de toda a categoria, e não somente dos associados, tem legitimidade ativa paraa ação coletiva, uma vez que atuam não como representantes mas como substitutosprocessuais, por força do art. 8º, III da CF.

3. Em face da posição consolidada no Superior Tribunal de Justiça, tratando-se depagamentos efetuados após 09.06.2005, o prazo de prescrição conta-se da data do pagamentoindevido; ao passo que, tratando-se de recolhimentos feitos antes de 09.06.2005, a prescriçãosegue a sistemática adotada antes da vigência da LC n.° 118/2005, limitada, porém, ao prazomáximo de cinco anos a contar da vigência da lei nova.

4. É inexigível o imposto de renda incidente sobre os valores recebidos a título de juros demora, porquanto os juros moratórios nada mais são do que uma forma de indenizar osprejuízos causados ao trabalhador pelo pagamento a destempo de uma obrigação.

5. A indenização representada pelo juros moratórios corresponde aos danos emergentes, ouseja, àquilo que o credor perdeu em virtude da mora do devedor. Assim sendo, não há, quantoaos juros de mora, qualquer conotação de riqueza nova, e, portanto, inexiste o fato geradorautorizativo da tributação pelo imposto de renda. 6. Não há incidência de imposto de rendasobre os valores pagos a título de juros moratórios aos servidores substituídosem ações judiciais que versem sobre diferenças de vencimentos, remuneração e proventos deaposentadoria. 7. É infundado o pleito de retificação da declaração de ajuste do imposto derenda, visto que se procede a execução por liquidação de sentença e a restituição medianteprecatório ou requisição de pequeno valor, facultada a possibilidade de escolha pelacompensação, a critério do contribuinte. 8. Não compete ao contribuinte comprovar que oimposto foi efetivamente recolhido pela fonte pagadora, visto que não se trata de prova dofato constitutivo do seu direito. 9. Caso se configure excesso de execução, decorrente dacompensação ou restituição dos valores relativos ao título judicial, admite-se a invocação detal matéria em embargos à execução. 10. Não se caracteriza a preclusão, pelo fato de não tersido provada a compensação ou a restituição no processo de conhecimento, porque asentença proferida foi ilíquida. 11. No caso em comento, devem ser repetidos os valoresindevidamente pagos a título de imposto de renda incidente sobre juros moratórios aosservidores substituídos em açõesjudiciais que versem sobre diferenças de vencimentos,remuneração e proventos de aposentadoria. 12. Deve ser observada a correção monetária dosvalores descontados na fonte, desde a data de cada retenção. 13. A correção monetária deveincidir sobre os valores pagos indevidamente desde a data do pagamento, sendo aplicável aUFIR (jan/92 a dez/95), e a partir de 01/01/96, deve ser computada somente a taxa SELIC,excluindo-se qualquer índice de correção monetária ou juros de mora (art. 39,§ 4º, da Lei nº

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9.250/95). 14. Em face da inversão da decisão, condena-se a União no reembolso das custasprocessuais e no pagamento dos honorários advocatícios, arbitrados em 10% sobre o valor dacausa, ex vi do art. 20, §§ 3º e 4º do CPC.

(TRF 4ª Região, 1ª Turma, v.u. Acórdão 2008.71.01.001675-5. AC. Relator JOEL ILAN PACIORNIK. Julgado: 18/08/2010. Fonte: D.E. 25/08/2010)

 

AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DEINSTRUMENTO. ASSOCIAÇÃO. REPRESENTAÇÃO. EXECUÇÃO FRACIONADA.JUNTADA DE PROCURAÇÃO OUTORGADA POR CADA CREDOR FILIADO.DESNECESSIDADE.

1. O STF se posicionou, por ocasião do julgamento do RE n. 573232/SC,com repercussãogeral reconhecida, no sentido de "não ser possível, na fase de execução do título judicial,alterá-lo para que fossem incluídas pessoas não apontadas como beneficiárias na inicialda ação de conhecimento e que não autorizaram a atuação da associação, como exigido nopreceito constitucional em debate. Ademais, a simples previsão estatutária da autorizaçãogeral para a associação seria insuficiente para lhe conferir legitimidade."

2 As associações não prescindem da autorização expressa dos seus filiados, seja por atoindividual do associado ou por deliberação tomada por assembléia da entidade, bem assim darelação nominal de seus representados na peça de ingresso, diferentemente da situaçãojurídica dos sindicatos, aos quais é dada, por disposição constitucional (art. 8º, III da CF/88),na condição de substitutos processuais, a extensão da substituição às fases processuais deconhecimento e execução, independentemente da autorização individual.

3.Na hipótese, verifica-se que fora colacionado aos autos declaração de filiação dosbeneficiários da ação à ADPF (fl. 46) e ata de Assembléia Geral Ordinária do dia 30/03/2001(fls.43/46), em que consta a autorização expressa dos filiados presentes para que fossemrepresentados, por meio do Presidente do Conselho Diretor da ADPF, nas açõescoletivas que, entre outras especificadas, versassem sobre gratificação de atividade de quetrata o art. 3º da Lei Delegada n. 13, de 27/08/1992.

4.As associações, quando expressamente autorizadas, representam seus filiados, judicial ouextrajudicialmente. In casu restou comprovado que a autorização dos associados para oajuizamento de ações, inclusive quanto ao pagamento da GOE, foi concedidaexpressamente em assembléia. 5. Agravo Regimental desprovido.

(TRF 1ª Região, 2ª Turma, v.u. Acórdão 0029151-21.2015.4.01.0000 (AG). RelatorDESEMBARGADOR FEDERAL JOÃO LUIZ DE SOUSA. Julgado: 04/07/2018. Fonte:e-DJF1 DATA:17/07/2018)

 

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. EXECUÇÃO DE CRÉDITOREFERENTE AO ÍNDICE 28,86%. PRELIMINARES AVENTADAS PELA UNIÃO.ILEGITIMIDADE ATIVA. DIREITO INDIVIDUAL HOMOGÊNEO. AUSÊNCIA DEDESCRIÇÃO DOS CRITÉRIOS DE CÁLCULO UTILIZADOS NAS MEMÓRIASAPRESENTADAS PELOS EXEQUENTES. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. PARECERTÉCNICO ELABORADO POR VISTOR OFICIAL. DECISÃO PROFERIDA PELO JUÍZO AQUO. AMPLITUDE E DETALHAMENTO DA CAUSA, LADEADA EM EXTREMO RIGOR

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TÉCNICO E JURÍDICO. INCIDÊNCIA DO ÍNDICE VENCIMENTAL DE 28,86% SOBRE ARAV. ACATAMENTO DA PLANILHA OFICIAL. TRANSAÇÃO. HONORÁRIOSADVOCATÍCIOS. REDUÇÃO. ART. 20, PARÁGRAFO 4º, CPC. POSSIBILIDADE.APRECIAÇÃO EQUITATIVA.

1. Ambos os recorrentes pugnaram pela apreciação prefacial dos respectivos Agravos Retidosentão aviados. Todavia, ao compulsar os autos, percebe-se que as razões consignadas nainicial dos agravos interpostos são idênticas àquelas deduzidas nas peças apelatóriasmanejadas pelos litigantes, razão pela qual, forte no princípio da economia processual,restam ditos recursos prejudicados.

2. Acerca da preliminar de ilegitimidade do ente coletivo para execução de direito individualhomogêneo, calha trazer a lume lição do Prof. Hugo Nigro Mazzilli in "A Defesa dosInteresses Difusos em Juízo", 16ª Edição, Ed. Saraiva, São Paulo, 2002, p. 446, verbis:Quanto aos sindicatos, a Constituição lhes permitiu a defesa judicial dos direitos einteresses coletivos e individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ouadministrativas, bastando-lhes o registro no Ministério do Trabalho. Nessa linha, alei ordinária conferiu às entidades sindicais a possibilidade de atuarem como substitutosprocessuais não apenas de seus sindicalizados, mas também de todos os integrantes dacategoria. Assim, detêm hoje legitimação para a defesa judicial não só dos interessesindividuais, mas dos interesses coletivos, em sentido lato, de toda a categoria. Nesse sentido,já se admitiu, com acerto, possa o sindicato, como substituto processual, buscar em juízo areposição de diferenças salariais, em favor da categoria que represente. Interessesindividuais de caráter não homogêneo só poderão ser defendidos pelo sindicato ou outrasentidades associativas em ações individuais, por meio de representação; mas interessesdifusos, coletivos ou individuais homogêneos podem ser defendidos pelo sindicatoou associações civis, em ações civis públicas ou coletivas, por meio de substituiçãoprocessual. pág. 267/268. A sentença que condene o réu por danos a interesses individuaishomogêneos poderá ser objeto de liquidação e execução tanto individuaiscomo coletivas. Se coletivas, serão promovidas por qualquer dos colegitimados à ação civilpública ou coletiva; se individuais, serão promovidas primariamente pelo lesado ou seussucessores.

3. Não há de prosperar a tese suscitada pela União da ausência de descrição da formautilizada para a confecção dos cálculos que acompanham a inicial da execução, eis que adocumentação coligida aos autos do feito executivo contém elementos suficientes a avaliarcom clareza os critérios utilizados quando da confecção da conta de liquidação.

4. A preliminar de mérito fundada na prescrição intercorrente desmerece maiores discussões,pois, nitidamente, a União resta por confundir o prazo prescricional da   de conhecimentoaçãocom o da   executiva, eis que, uma vez ocorrendo o trânsito em julgado da sentença, temaçãoinício a contagem do prazo prescricional, não se podendo falar em ocorrência de prescriçãointercorrente. 5. A argumentação de existência de omissão no parecer elaborado pelo PeritoJudicial destoa das informações contidas nos autos, pois houve análise profunda do desenhocontido na decisão orquestrada pelo Juízo a quo, valendo-se o perito de várias planilhas, asquais individualizaram, com plenitude, a situação de todos os embargados. 6. Dada àprofundidade e extensão da decisão elaborada pelo magistrado a quo que, ao sanear oprocesso, estabeleceu com rigor e precisão os critérios a serem seguidos pelo Vistor oficial,traçando, inclusive, os cuidados e cautelas a serem observados na elaboração da planilha decálculo, tais como a existência, ou não, de transação administrativa; as progressõesfuncionais dedutíveis do reajuste de 28,86%; o índice e o período de incidência do reajustesobre a RAV - Retribuição Adicional Variável; a incidência sobre os valores percebidos pelo

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exercício de cargo de direção e assessoramento, função de confiança ou cargo de naturezaespecial; a forma de incorporação dos resíduos; a compensação com as progressõesfuncionais e, por fim, a incidência de correção monetária e dos juros de mora, penso que amesma é irretocável nesse ponto. 7. Preliminar de julgamento extra petita insubsistente, pois asentença vergastada apenas fez referência à transação administrativa com o fim de clarificara diferença existente entre os autores que realizaram o referido acordo, daqueles que não oaceitaram. 8. Embora exista a prova da opção pelo acordo extrajudicial, com relação aopassivo do reajuste de 28,86%, consta, às fls. 20/23 , cópia das peças do ProcessoAdministrativo nº 13609.000095/2001-53 onde a Administração defere o pleito de Retraçãoao Termo de Transação formulado pelo autor ESTEVÃO PENA PEREIRA, diante daapresentação do depósito das parcelas recebidas, no montante de R$1.914,32 (mil novecentose quatorze reais e trinta e dois centavos). 9. O mesmo não ocorre em relação à embargadaJACYRA GABRIEL CARVALHOSA que firmou acordo administrativo, devidamentecomprovado nos autos, através da planilha emitida pelo Sistema Integrado de Administraçãode Recursos Humanos - SIAPE. Tal documentação prova a opção da embargada pelatransação administrativa, depreendendo-se, portanto, que ela aderiu ao acordo referido noart. 7º, parágrafo 2º, da MP 2.169-43/2001. Ademais, o documento de Retração ao Termo deTransação apresentado pela embargada, desacompanhado do comprovante da devolução dasparcelas recebidas e do processo administrativo, para o desfazimento do acordo, não tem ocondão de elidir a transação firmada com a embargante.

10. A jurisprudência do c. STJ mostra-se pacificada quanto à possibilidade de incidência doreajuste de 28,86% sobre a RAV nas hipóteses em que não houver sido anteriormenteaplicado o referido índice vencimental sobre o salário, sob pena de bis in idem. 11. Sobre oshonorários advocatícios, merece guarida a irresignação da União. É que a presente demandarestou repartida em vários processos, ocasionando a interposição de mais de 1.500execuções, todas dispostas em larga similitude de atos. Dessa feita, nos moldes do preceptivonormativo de que trata o art. 20, parágrafo 4º, do CPC, e em consideração ao grau de zelo docausídico, a natureza e a importância da causa, e, principalmente, a repetição de atos emvários processos, em vista a melhor administrar a execução do quantum debeatur, fixo oshonorários advocatícios em R$ 2.000,00 (dois mil reais). Agravos retidos prejudicados.Apelação da União e dos particulares parcialmente providas.

(TRF 5ª Região, 1ª Turma, v.u. Processo 2004.80.00.007413-4, AC 471383. RelatorDesembargador Federal Maximiliano Cavalcanti. Julgado: 29/10/2009; Fonte: DJE19/11/2009, página 411)

 

Em conclusão, não havendo óbices jurídicos ao tipo de ação aqui utilizado para a defesa dos direitosindicados na petição inicial – ação ordinária coletiva –, rejeito esta preliminar suscitada pela UniãoFederal/agravada.

Superada a questão preliminar, passo então ao exame do mérito recursal.

 

 

II – DO MÉRITO

 

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Anoto de início não se desconhecer o entendimento assentado na jurisprudência no sentido da inexistência dedireito adquirido a regime jurídico tributário, inclusive proclamado pela C. Suprema Corte.

A controvérsia dos autos, contudo, traz complexidades e peculiaridades que a diferenciam das costumeirasalterações legislativas em matéria tributária, que justificam e impõem o estudo mais aprofundado das relaçõesentre Poder Tributante e Contribuintes, ultrapassando a barreira formal dos princípios tributários dalegalidade e da anterioridade, para perscrutar um aspecto mais extenso e aprofundado das garantiasconstitucionais, qual seja, o da segurança jurídica aplicada à defesa dos cidadãos em matéria de tributação,princípio constitucional que certamente deve estender seu campo de proteção também sobre esta área dasrelações Estado-cidadão, não se restringindo a proteção constitucional, evidentemente, apenas aos princípiosestabelecidos da Seção da Carta Constitucional que trata das Limitações do Poder de Tributar (arts. 150-152),estando a sustentar essa interpretação a própria a cláusula geral ampliativa constante do artigo 150, , nocaputsentido de que as garantias ali explicitadas o são, todavia, “...sem prejuízo de outras garantias asseguradasao contribuinte...”.

Isso confere autorização constitucional para, em determinados casos, buscar o intérprete o subsídio de outrasnormas constitucionais para amparar os contribuintes, primando por interpretação que observe a harmoniaentre as normas constitucionais, atendendo-se às características especiais que cercam a matéria em exame,como no caso em estudo.

Passo, pois, ao exame da controvérsia.

A Carta Constitucional, no art. 195, §13, incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003,autorizou a substituição das contribuições previdenciárias incidentes sobre a folha de salários e osrendimentos do trabalho por aquelas incidentes sobre a receita ou sobre o faturamento. 

 

§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuiçõesincidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão não-cumulativas. (Incluído pelaEmenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

§ 13. Aplica-se o disposto no § 12 inclusive na hipótese de substituição gradual, total ouparcial, da contribuição incidente na forma do inciso I, a, pela incidente sobre a receita ou ofaturamento. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

 

Originariamente, a contribuição previdenciária patronal, nos termos do art. 22, inc. I, da Lei nº 8.212/91, foidevida sobre a folha de pagamento dos empregados da empresa.

Posteriormente, já na vigência da nova regra constitucional do art. 195, §13, foi editada a Medida Provisórianº 540/11, convertida na Lei nº 12.546/2011, que, em substituição à contribuição previdenciária sobre a folhade salário, estabeleceu a sistemática do recolhimento do tributo se dar sobre a receita bruta auferida pelaempresa.

Com a alteração da redação dos artigos 7ª, 8º e 9º da Lei nº 12.546/2011, pela Lei nº 13.161/2015, adotou-seo princípio geral de conferir ao contribuinte o direito de optar pelo regime de tributação de sua preferência,em caráter irretratável para todo o ano calendário (art. 9º, §§ 13 a 17).

 

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LEI Nº 12.546, DE 14 DE DEZEMBRO DE 2011. Conversão da Medida Provisória nº 540,de 2011. Institui o Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as EmpresasExportadoras (Reintegra); (...) e dá outras providências.

Art. 9   Para fins do disposto nos arts. 7  e 8  desta Lei:      (Regulamento)o o o

(...) § 13.  A opção pela tributação substitutiva prevista nos arts. 7  e 8  será manifestadao o

mediante o pagamento da contribuição incidente sobre a receita bruta relativa a janeiro decada ano, ou à primeira competência subsequente para a qual haja receita bruta apurada, eserá irretratável para todo o ano calendário. (Incluído pela Lei nº 13.161, de 2015)

§ 14.  Excepcionalmente, para o ano de 2015, a opção pela tributação substitutiva previstanos arts. 7  e 8  será manifestada mediante o pagamento da contribuição incidente sobre ao o

receita bruta relativa a novembro de 2015, ou à primeira competência subsequente para aqual haja receita bruta apurada, e será irretratável para o restante do ano. (Incluído pela Leinº 13.161, de 2015)

§ 15.  A opção de que tratam os §§ 13 e 14, no caso de empresas que contribuemsimultaneamente com as contribuições previstas nos arts. 7  e 8 , valerá para ambas aso o

contribuições, e não será permitido à empresa fazer a opção apenas com relação a uma delas.(Incluído pela Lei nº 13.161, de 2015)

§ 16.  Para as empresas relacionadas no inciso IV do caput do art. 7 , a opção dar-se-á poro

obra de construção civil e será manifestada mediante o pagamento da contribuição incidentesobre a receita bruta relativa à competência de cadastro no CEI ou à primeira competênciasubsequente para a qual haja receita bruta apurada para a obra, e será irretratável até o seuencerramento. (Incluído pela Lei nº 13.161, de 2015)

§ 17.  No caso de empresas que se dediquem a atividades ou fabriquem produtos sujeitos aalíquotas sobre a receita bruta diferentes, o valor da contribuição será calculado medianteaplicação da respectiva alíquota sobre a receita bruta correspondente a cada atividade ouproduto. (Incluído pela Lei nº 13.161, de 2015) (Vigência)

 

Na sequência, a Medida Provisória nº 774/2017, com início de vigência a partir de 1º de julho deste ano,alterou a sistemática estabelecida, retirando a possibilidade de opção da maior parte das empresas, tendo asdos setores comercial, industrial e algumas do setor de serviços que voltar à sistemática de recolhimento dascontribuições sobre a folha de salários. Esta MP 774/2017, porém, teve seus efeitos revogados pela MedidaProvisória nº 794.

Por fim, a Lei Federal nº 13.670, publicada no DOU de 30.5.2018 - Edição extra, com vigência a partir de01/09 deste mesmo ano,  reduziu drasticamente o rol de empresas e receitas elegíveis à opção peladesoneração da folha de salários, que permitia a substituição da apuração e recolhimento da contribuiçãoprevidenciária patronal de 20% pela apuração e recolhimento da contribuição previdenciária substitutivasobre a receita bruta (CPRB) a alíquotas que variavam de 1% a 4,5%, a depender do tipo de atividadeempresarial.

Pois bem. Segundo os ensinamentos da Ilustre Professora, Ministra do Superior Tribunal de Justiça, ReginaHelena Costa, sobre os Princípios Gerais com repercussão no âmbito no Direito Tributário, a segurançajurídica, prevista no art. 5º, da CF, constitui tanto um direito fundamental quanto uma garantia do exercício

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de outros direitos fundamentais, sendo decorrência do próprio Estado Democrático de Direito (Curso deDireito Tributário: Constituição e Código Tributário Nacional, 1ªed./2ª triagem, Saraiva, 2009).

E, conforme o Eminente Ministro da Suprema Corte, Luiz Roberto Barroso, também citado pela Professora,“Esse princípio compreende as seguinte ideias: 1) a existência de instituições estatais dotadas de poder e

, assim, como sujeitas ao princípio da  ; 2) a  nos atos do Poder Público, quegarantias legalidade confiança deverão reger-se pela  e ; 3) a  , manifestada naboa-fé   razoabilidade estabilidade das relações jurídicasdurabilidade das normas, na  sobre os quase incidem e naanterioridade das leis em relação aos fatos conservação de direitos em face da lei nova; 4) a  , tanto os que devem serprevisibilidade dos comportamentosseguidos como os que devem ser suportados; e 5) a   na lei e perante a lei, inclusive com soluçõesigualdadeisonômicas para situações idênticas ou próximas (Temas de Direito Constitucional, 2ª ed., Rio de Janeiro/SãoPaulo, Renovar, 2002, pp. 50-51). 

Em decorrência dessa ordem de ideias abrigadas pelo princípio da segurança jurídica, não valida a novelprevisão legal da Lei nº 13.670/18, que alterou o regime jurídico-tributário eleito já a partir de 1º de setembrodo corrente ano de 2018, o fato de terem sido observados os princípios da irretroatividade da lei e daanterioridade mitigada.

O princípio constitucional da segurança jurídica deve ser interpretado em conjunto e sistematicamente comtais princípios tributários para se extrair o adequado preceito constitucional aplicável ao caso sob exame.

Isto porque, havia sido estabelecido pela Lei nº 12.546/2011, na redação dada pela Lei nº13.161/2015, regime pelo qual foi fixado prazo de vigência da opção até o final do exercício financeiro e aimpossibilidade de retratação da forma tributária escolhida neste período. Como previsto na lei, e acima jámencionado, adotou-se o princípio geral de conferir ao contribuinte o direito de optar pelo regime detributação de sua preferência, em caráter irretratável para todo o ano calendário (art. 9º, §§ 13 a 17).

  Portanto, sendo a opção irretratável para todo o ano calendário, a modificação ou revogação do prazo devigência da opção atenta contra a segurança jurídica.

E mais, prevista a possibilidade de escolha pelo contribuinte do regime de tributação, sobre a folha desalários ou receita bruta, com período determinado de vigência, de forma irretratável, a alteração promovidapela Lei nº 13.670/18, viola, também, a boa-fé objetiva do contribuinte, que, na crença da irretratabilidade daescolha facultada pelo próprio Estado, planejou suas atividades econômicas frente ao ônus tributárioesperado, tendo o contribuinte, assim, a justa expectativa de que o Estado cumpra sua manifestação devontade pública expressa através da lei. 

Enfim, se o Estado, exercendo seu poder constitucional de impor exigências tributárias em face doscidadãos/contribuintes, estabeleceu uma sistemática de tributação facultando à livre opção do contribuinte,com validade em determinado período anual e em caráter de irretratabilidade, a alteração unilateral do regimecontributivo pelo Estado caracteriza ruptura do princípio constitucional da segurança jurídica para aquelesque, seguindo às próprias normativas estatais, pautaram todo seu comportamento para adequar-se à própriaregulação tributária que lhe fora concedida como opção, violando assim o princípio da confiança nos atos doPoder Público, a estabilidade das relações jurídicas pactuadas com o Poder Público, a previsibilidade doscomportamentos fiscais que foram pactuados com o Estado pelo período ânuo estabelecido legalmente, e, atémesmo, também, ofendendo o principio da isonomia em relação aos demais contribuintes, na medida em quea surpresa imposta unilateralmente pelo Estado apenas a estes contribuintes que fizeram a opção oferecidalegalmente acaba colocando-os em situação desfavorável aos demais que, de uma forma ou outra, fizeram asua opção pela permanência no anterior regime tributário e tiveram mantida sua opção ao contrário daquelesoutros afetados pela norma legal aqui impugnada.

E, ainda, o novel regime tributário somente pode aplicar-se, em relação aos contribuintes que haviam feito aopção quanto ao regime segundo as regras da legislação anteriormente vigente, após o término deste ano

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calendário de 2018, sob pena de violação ao princípio da proteção ao ato jurídico perfeito, garantiaconstitucional que encontra assento também no princípio maior da segurança jurídica.

Conclui-se, então, que a interpretação da Lei nº 13.670/18 conforme os princípios da Constituição Federalacima mencionados, em especial o princípio da segurança jurídica, conduz ao entendimento de que suasinovações normativas, em relação aos contribuintes que anteriormente haviam feito a opção pelo regimesubstitutivo opcional até então vigente, somente podem ser aplicadas a partir do próximo ano calendário de2019.

Esta fundamentação evidencia a probabilidade do direito vindicado na demanda subjacente, do que se extraitambém, à evidência, o risco ao resultado útil do processo se a tutela for concedida apenas ao final doprocesso, pois as empresas estão desde logo sujeitas aos recolhimentos contributivos sob nova sistemáticaimpugnada, incidindo aí a vedação da prática do , que também importaria em danos de difícilsolve et repetereparação, a autorizar a concessão da tutela de urgência pleiteada, nos termos do artigo 300 do Código deProcesso Civil.

Cumpre consignar, por fim, que o presente julgamento não importa em declaração de inconstitucionalidadede qualquer dispositivo da Lei nº 13.670/2018, para que se devesse observar a regra da obrigatoriedade depronunciamento do plenário do tribunal (CF, art. 97; súmula vinculante nº 10 do C. STF), pois as conclusõesexpostas apenas decorrem de uma interpretação sobre a aplicabilidade das alterações que decorrem da lei àluz das normas constitucionais mencionadas, alterações estas que exsurgem apenas implicitamente de seustermos, pois não há qualquer disposição expressa quanto a qual regime tributário deve-se observar para oscontribuintes que foram implicitamente excluídos da possibilidade de adoção do regime contributivosubstitutivo que lhes estava garantido pela lei até então vigente.

 

Súmula Vinculante nº 10 - Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisãode órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente ainconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público, afasta sua incidência, notodo ou em parte.

 

 

III – DA EFICÁCIA SUBJETIVA DA TUTELA NA AÇÃO COLETIVA

 

Em relação ao âmbito de abrangência da tutela coletiva concedida em ação civil pública, importa observarsubstancial diferença da legitimação para a propositura de ações coletivas, de um lado quando se trata deação promovida por , cuja legitimação por substituição processual se extrai do entidade sindical artigo 8º,

, e de outro lado por que atuam por representação deinciso III, da Constituição Federal associações civisseus filiados com fundamento no , exigindo-se apenas destasartigo 5º, inciso XXI da Constituição Federalúltimas a concessão de autorização expressa e específica para promoção da ação em nome de seusassociados, conforme assentado pelo C. Supremo Tribunal Federal inclusive em sede de Repercussão Geral(RE nº 573.232, Pleno. Relator Ministro MARCO AURÉLIO, julgado em 14/5/2014, DJe-182, divulgado em18/9/2014, publicado em 19/9/2014).

 

CONSTITUIÇÃO FEDERAL de 1988

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Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aosbrasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, àliberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade pararepresentar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;

(..)

Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:

III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria,inclusive em questões judiciais ou administrativas;

 

REPRESENTAÇÃO – ASSOCIADOS – ARTIGO 5º, INCISO XXI, DA CONSTITUIÇÃOFEDERAL. ALCANCE. O disposto no artigo 5º, inciso XXI, da Carta da República encerrarepresentação específica, não alcançando previsão genérica do estatuto da associação arevelar a defesa dos interesses dos associados.

TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL – ASSOCIAÇÃO – BENEFICIÁRIOS. As balizassubjetivas do título judicial, formalizado em ação proposta por associação, é definida pelarepresentação no processo de conhecimento, presente a autorização expressa dos associadose a lista destes juntada à inicial."

(STF, RE 573.232, Relator Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Relator(a) p/ Acórdão: Min.MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 14/5/2014, REPERCUSSÃO GERAL -MÉRITO DJe-182, divulgado em 18/9/2014, publicada em 19/9/2014.)

 

ASSOCIAÇÃO CIVIL – REPRESENTAÇÃO – ASSOCIADOS – AUTORIZAÇÃO EXPRESSA.A substituição processual pressupõe autorização expressa e específica dos associados.Precedente: Recurso Extraordinário nº 573.232/SC, de minha relatoria, julgado no Pleno, sobo ângulo da repercussão geral, publicado no Diário da Justiça de 19 de setembro de 2014.(...)

(STF, 1ª Turma, unânime. ARE 926573 AgR / DF. Relator: Min.

MARCO AURÉLIO. Julgamento: 29/03/2016; DJe-077 DIVULG 20-04-2016 PUBLIC22-04-2016)

 

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSOEXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. EXECUÇÃO DE TÍTULO JUDICIAL FORMADO EMMANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO. ASSOCIAÇÃO. REPRESENTAÇÃO.NECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO EXPRESSA DOS ASSOCIADOS.

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1. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do mérito do RE 573.232-RG, firmouentendimento no sentido de que a exigência de autorização expressa prevista no art. 5º, XXI,da Constituição Federal não se satisfaz com a simples previsão genérica do estatuto daassociação a revelar a defesa dos interesses dos associados.

2. Acórdão proferido pelo Tribunal de origem que se ajusta ao entendimento firmado por estaCorte. 3. Agravo regimental a que se nega provimento.

(STF, 1ª Turma, unânime. ARE 787123 AgR / DF. Relator: Min. ROBERTO BARROSO.Julgamento: 01/09/2015; DJe-188 DIVULG 21-09-2015 PUBLIC 22-09-2015)

 

Desta forma, tendo sido assentado ser de base constitucional a exigência dessa autorização expressaconcedida pelos associados para conferir a legitimação da entidade associativa para a ação coletiva, os efeitosda coisa julgada na ação coletiva proposta por associações civis está logicamente limitada aos associados queforam substituídos pela associação através da autorização especificamente concedida para a ação.

Nesse sentido também a jurisprudência do Egrégio Superior Tribunal de Justiça:

 

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. JUÍZO DE RETRATAÇÃO. REPERCUSSÃOGERAL. ART. 543-B, § 3º, CPC. RE 573.232/SC. ASSOCIAÇÃO. REPRESENTAÇÃO.ASSOCIADO QUE NÃO CONSTA EXPRESSAMENTE NA LISTA. ILEGITIMIDADE PARAFUTURA EXECUÇÃO.

1. Com o julgamento do RE 573.232/SC pelo Supremo Tribunal Federal, os autos foramdevolvidos pela Vice-Presidência do STJ a esta relatoria em atenção ao disposto no § 3º doart. 543-B do Código de Processo Civil, diante da necessidade de adequação do julgamentoao entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal.

2. A Segunda Turma desta Corte Superior havia decidido que tanto o sindicato como aassociação possuem legitimidade para defender os interesses da categoria na fase deconhecimento ou execução, sendo desnecessária a juntada de relação nominal dos filiados,bem como de autorização expressa.

3. Ocorre que a questão foi posta ao exame do Plenário do Supremo Tribunal Federal que,reconhecendo a repercussão geral da matéria, apreciou e julgou o RE 573.232/SC, derelatoria da Min. RICARDO LEWANDOWSKI, relator para Acórdão Min. MARCOAURÉLIO, ocasião em que as "balizas subjetivas do título judicial, formalizado em açãoproposta por associação, é definida pela representação no processo de conhecimento,presente a autorização expressa dos associados e a lista destes juntada à inicial".

4. Não têm aplicabilidade ao caso dos autos os precedentes do STF que reconhecem aausência de repercussão geral do debate acerca da ilegitimidade ativa de servidores etrabalhadores para executar sentença condenatória, quando há previsão expressa no títuloexecutivo judicial de extensão dos efeitos da decisão a toda a categoria. Primeiro, porque opresente feito cuida de ação de ordinária (conhecimento) interposta por associação em nomede atuais e futuros associados e não de execução individual de sentença proferida em açãocivil pública. Segundo, porque o debate travado nas instâncias ordinárias não abarca aquestão federal sobre limites da coisa julgada formada em sentença condenatória genérica

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proferida em processo de conhecimento, matéria de natureza infraconstitucional. Terceiro,porquanto o fundamento da legitimidade ativa da associação, no presente caso, não dispensaexame sobre a necessidade de autorização das associações para a representação de seusassociados, matéria reconhecidamente de repercussão geral no Recurso Extraordinário573.232/SC, ou seja, de cunho constitucional.

Recurso especial conhecido em parte e parcialmente provido para reconhecer a necessidadede autorização expressa dos associados e a lista destes juntada à inicial.

(STJ, 2ª Turma. REsp 1468734 / SP, Proc, 2014/0165573-2. Rel. Ministro HUMBERTOMARTINS. Julgado em 01/03/2016, DJe 15/03/2016; RIP vol. 97 p. 299)

 

Ainda sobre a eficácia subjetiva da coisa julgada em ações coletivas, importa consignar que a Lei nº, deu nova redação ao 9.494/1997, artigo 2º artigo 16 da Lei nº 7.347/1985 (Lei da Ação Civil Pública),

estabelecendo limitação da coisa julgada oriunda de ações civis públicas aos erga omnes “limites dacompetência territorial do órgão judicial prolator da decisão”.

E, na sequência, nova regra foi introduzida pela , ao incluir o Medida Provisória nº 2.180-35, de 2001 artigo , dispondo que a tutela concedida nas 2º-A na Lei nº 9.494/1997 ações de caráter coletivo “...abrangerá

apenas os substituídos que tenham, na data da propositura da ação, domicílio no âmbito da competência conforme se transcreve:,territorial do órgão prolator”

 

LEI Nº 9.494, DE 10 DE SETEMBRO DE 1997 (D.O.U. de 24.12.1997) - Conversão da MPv nº 1.570-5, de 1997. Disciplina a aplicação da tutela antecipada contra a Fazenda Pública,

altera a Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985, e dá outras providências.

Art. 2º O art. 16 da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985, passa a vigorar com a seguinteredação:

“Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competênciaterritorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente porinsuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra açãocom idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.”

Art. 2 -A. A sentença civil prolatada em ação de caráter coletivo proposta por entidadeo

associativa, na defesa dos interesses e direitos dos seus associados, abrangerá apenas ossubstituídos que tenham, na data da propositura da ação, domicílio no âmbito dacompetência territorial do órgão prolator. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de2001)

Parágrafo único. Nas ações coletivas propostas contra a União, os Estados, o DistritoFederal, os Municípios e suas autarquias e fundações, a petição inicial deveráobrigatoriamente estar instruída com a ata da assembléia da entidade associativa que aautorizou, acompanhada da relação nominal dos seus associados e indicação dos respectivosendereços. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001)

 

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Estas alterações legislativas geraram grandes debates doutrinários e jurisprudenciais, muitos entendendo quenão poderiam surtir o efeito limitador pretendido, pois não teriam alterado o sistema brasileiro de tutelascoletivas, que na verdade vinha de longa data regulado pelo Código de Defesa do Consumidor, artigo 81

, normas que não foram alteradas e estabelecem a combinado com artigo 103 eficácia subjetiva da sentença, nestes termos:coletiva em correspondência ao âmbito da tutela postulada na ação

 

LEI Nº 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor edá outras providências.

TÍTULO III - Da Defesa do Consumidor em Juízo

CAPÍTULO I - Disposições Gerais

Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercidaem juízo individualmente, ou a título coletivo.

Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:

I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, ostransindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas eligadas por circunstâncias de fato;

II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, ostransindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe depessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base;

III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origemcomum.

CAPÍTULO IV - Da Coisa Julgada

Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa julgada:

I - erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas,hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação, com idêntico fundamentovalendo-se de nova prova, na hipótese do inciso I do parágrafo único do art. 81;

II - ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe, salvo improcedência porinsuficiência de provas, nos termos do inciso anterior, quando se tratar da hipótese previstano inciso II do parágrafo único do art. 81;

III - erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para beneficiar todas as vítimas eseus sucessores, na hipótese do inciso III do parágrafo único do art. 81.

§ 1° Os efeitos da coisa julgada previstos nos incisos I e II não prejudicarão interesses edireitos individuais dos integrantes da coletividade, do grupo, categoria ou classe.

§ 2° Na hipótese prevista no inciso III, em caso de improcedência do pedido, os interessadosque não tiverem intervindo no processo como litisconsortes poderão propor ação deindenização a título individual.

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§ 3° Os efeitos da coisa julgada de que cuida o art. 16, combinado com o art. 13 da Lei n°7.347, de 24 de julho de 1985, não prejudicarão as ações de indenização por danospessoalmente sofridos, propostas individualmente ou na forma prevista neste código, mas, seprocedente o pedido, beneficiarão as vítimas e seus sucessores, que poderão proceder àliquidação e à execução, nos termos dos arts. 96 a 99.

§ 4º Aplica-se o disposto no parágrafo anterior à sentença penal condenatória.

 

Assim, sob tais ponderações, concluir-se-ia que o sistema nacional de tutela coletiva, ao tratar das açõescoletivas para tutela de direitos individuais homogêneos, estabelece que a coisa julgada teria eficácia “...ergaomnes apenas no caso de procedência do pedido, para beneficiar todas as vítimas e seus sucessores...”(CDC, art. 103, III, c.c. art. 81, § único, III).

Nesse sentido posicionou-se o C. Superior Tribunal de Justiça, inclusive pela sistemática dos RecursosRepetitivos (RESP 1.243.887/PR), entendimento que acompanhava anterior posicionamento da C. SupremaCorte, conforme se extrai do seguinte precedente:

 

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. EFEITOS DA SENTENÇA PROFERIDA EMAÇÃO COLETIVA. ART. 2º-A DA LEI 9.494/1997. LIMITAÇÃO DOS EFEITOS DA COISA JULGADA  AO  TERRITÓRIO  SOB  JURISDIÇÃO DO ÓRGÃO PROLATOR DASENTENÇA. IMPROPRIEDADE.  OBSERVÂNCIA  AO ENTENDIMENTO FIRMADO PELACORTE ESPECIAL NO JULGAMENTO DO RESP 1.243.887/PR, REPRESENTATIVO DECONTROVÉRSIA,  E  PELO  STF  QUANTO  AO ALCANCE DOS EFEITOS DA COISAJULGADA NA TUTELA DE DIREITOS COLETIVOS.

1. Na hipótese dos autos, a quaestio iuris diz respeito ao alcance e

aos  efeitos  de  sentença  deferitória de pretensão agitada em Ação

coletiva  pela  Associação  Nacional  dos Servidores do Departamento Nacional  de  ObrasContra as Secas. A controvérsia circunscreve-se, portanto, à subsunção da matéria ao textolegal inserto no art. 2º-A da Lei 9.494/1997, que dispõe sobre os efeitos de sentença proferidaem  ação  coletiva,  haja  vista  que  o  acórdão  objurgado  firmou entendimento  no  sentido de  que  o decisum alcança apenas aqueles substituídos que, no momento do ajuizamento daação, tinham endereço na competência territorial do órgão julgador.

2.  A  res  iudicata  nas ações coletivas é ampla, em razão mesmo da existência  damultiplicidade de indivíduos concretamente lesados de forma  difusa  e  indivisível,  nãohavendo confundir competência do juiz  que  profere a sentença com o alcance e os efeitosdecorrentes da coisa julgada coletiva.

3.  Limitar  os  efeitos  da coisa julgada coletiva seria um mitigar

exdrúxulo  da efetividade de decisão judicial em ação coletiva. Mais ainda: reduzir a eficáciade tal decisão à "extensão" territorial do órgão prolator seria confusão atécnica dos institutosque balizam os critérios  de  competência  adotados em nossos diplomas processuais,mormente  quando  - por força do normativo de regência do Mandado de Segurança  (hígido neste ponto) - a fixação do Juízo se dá (deu) em razão da pessoa que praticou o ato (rationepersonae).

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4. Por força do que dispõem o Código de Defesa do Consumidor e a Lei da  Ação  CivilPública sobre a tutela coletiva, sufragados pela Lei do   Mandado  de  Segurança  (art.  22), impõe-se  a  interpretação sistemática  do  art.  2º-A da Lei 9.494/97, de forma a prevalecer oentendimento  de  que  a  abrangência da coisa julgada é determinada pelo  pedido,  pelas pessoas  afetadas e de que a imutabilidade dos efeitos  que  uma sentença coletiva produzderiva de seu trânsito em julgado, e não da competência do órgão jurisdicional que aproferiu.

5.  Incide, in casu, o entendimento firmado no REsp. 1.243.887/PR representativo decontrovérsia,  porquanto  naquele  julgado já se vaticinara a interpretação a ser conferidaao art. 16 da Lei da Ação Civil  Pública  (alterado pelo art. 2º-A da Lei 9.494/97), de modo aharmonizá-lo  com  os demais preceitos legais aplicáveis ao tema, em especial  às regras detutela coletiva previstas no Código de Defesa do Consumidor.

6. O Supremo Tribunal Federal ratificou o entendimento de que que os efeitos  da substituição processual em ações coletivas extravasam o âmbito  simplesmente  individualpara irradiarem-se a ponto de serem encontrados   no   patrimônio  de  várias  pessoas  que formam  uma categoria,  sendo  desnecessária  a  indicação dos endereços onde seencontram domiciliados os substituídos, uma vez que, logicamente, os efeitos de eventualvitória na demanda coletiva beneficiará todos os integrantes  dessa  categoria, independente  de  onde  se encontrem domiciliados. (MS 23.769, Rel. Min. Ellen Gracie,Tribunal Pleno, DJ 30.4.2004).

7. Agravo Interno não provido.

(STJ. SEGUNDA TURMA, AgInt nos EDcl no AgRg no REsp 1431200/CE, Rel. MinistroHERMAN BENJAMIN, julgado em 13/09/2016, DJe 07/10/2016)

 

Todavia, a questão decorrente destas inovações processuais foi examinada pelo C. Supremo Tribunal Federalque, em julgamento pela sistemática da , aos 10.05.2017, reafirmando outrosRepercussão Geral (Tema 499)recentes julgamentos do tema naquela Corte, declarou a constitucionalidade do artigo 2º-A da Lei nº

, e fixou a 9.494/1997 Tese : “A eficácia subjetiva da coisa julgada formada a partir de ação coletiva, derito ordinário, ajuizada por associação civil na defesa de interesses dos associados, somente alcança osfiliados, residentes no âmbito da jurisdição do órgão julgador, que o fossem em momento anterior ou até adata da propositura da demanda, constantes da relação jurídica juntada à inicial do processo de

conforme a seguinte Ementa:conhecimento.”,

 

EXECUÇÃO – AÇÃO COLETIVA – RITO ORDINÁRIO – ASSOCIAÇÃO – BENEFICIÁRIOS.Beneficiários do título executivo, no caso de ação proposta por associação, são aqueles que,residentes na área compreendida na jurisdição do órgão julgador, detinham, antes doajuizamento, a condição de filiados e constaram da lista apresentada com a peça inicial.

Decisão: O Tribunal, apreciando o tema 499 da repercussão geral, por maioria e nos termos do voto do Relator, desproveu o recurso extraordinário, declarando a constitucionalidade do

Vencidos o Ministro Ricardo Lewandowski, que davaart. 2º-A da Lei nº 9.494/1997.provimento ao recurso, e os Ministros Alexandre de Moraes e Edson Fachin, que a ele davamparcial provimento, nos termos de seus votos. Em seguida, o Tribunal, nos termos do voto doRelator, fixou a seguinte tese: “A eficácia subjetiva da coisa julgada formada a partir de ação

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coletiva, de rito ordinário, ajuizada por associação civil na defesa de interesses dosassociados, somente alcança os filiados, residentes no âmbito da jurisdição do órgãojulgador, que o fossem em momento anterior ou até a data da propositura da demanda,constantes da relação jurídica juntada à inicial do processo de conhecimento”. Na redaçãoda tese, a Ministra Rosa Weber acompanhou o Ministro Relator com ressalva. Ausentes,justificadamente, os Ministros Dias Toffoli e Celso de Mello. Impedido o Ministro RobertoBarroso. Presidiu o julgamento a Ministra Cármen Lúcia. Plenário, 10.5.2017.

Tema 499 - Limites subjetivos da coisa julgada referente à ação coletiva proposta porentidade associativa de caráter civil.

Tese : A eficácia subjetiva da coisa julgada formada a partir de ação coletiva, de ritoordinário, ajuizada por associação civil na defesa de interesses dos associados, somentealcança os filiados, residentes no âmbito da jurisdição do órgão julgador, que o fossem emmomento anterior ou até a data da propositura da demanda, constantes da relação jurídicajuntada à inicial do processo de conhecimento.

(STF, Pleno. REPERCUSSÃO GERAL – MÉRITO. RE 612043 / PR. Relator: Min. MARCO AURÉLIO. Julgamento: 10/05/2017. DJe-229 DIVULG 05-10-2017 PUBLIC 06-10-2017)

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO.CONSTITUCIONAL. (...) JURISPRUDÊNCIA REAFIRMADA EM REPERCUSSÃOGERAL. MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO. EFICÁCIA DA DECISÃO. LIMITETERRITORIAL DO ÓRGÃO PROLATOR. SUBSISTÊNCIA CONSTITUCIONAL DOART. 2º-A DA LEI N. 9.494/1997. INAPLICABILIDADE DO PARÁGRAFO ÚNICO DOART. 2º-A DA LEI N. 9.494/1997. JULGADO RECORRIDO EM HARMONIA COM AJURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AGRAVO REGIMENTALAO QUAL SE NEGA PROVIMENTO.

(STF, 2ª Turma, v.u. ARE 885047 AgR  / CE. Relatora:  Min. CÁRMEN LÚCIA. DJe-151  DIVULG 31-07-2015  PUBLIC 03-08-2015). VIDE, aJulgamento:  23/06/2015.

seguir, trecho da fundamentação deste último acórdão:

“7. No julgamento eletrônico do Recurso Extraordinário com Agravo n. 796.473-RG, Relatoro Ministro Gilmar Mendes, este Supremo Tribunal concluiu sem repercussão geral acontrovérsia sobre os limites territoriais de decisão prolatada em ação coletiva, por não setratar de matéria constitucional:

 “PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. LIMITES TERRITORIAIS DA COISAJULGADA. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO AOS ARTIGOS 18 E 125 DA CONSTITUIÇÃOFEDERAL. INTERPRETAÇÃO DE NORMAS INFRACONSTITUCIONAIS.IMPOSSIBILIDADE. REPERCUSSÃO GERAL REJEITADA” (DJe 21.10.2014).

Declarada a ausência de repercussão geral, os recursos extraordinários e agravos nos quaissuscitada a mesma questão constitucional devem ter o seguimento negado pelos respectivosrelatores, conforme o § 1º do art. 327 do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.

8. Este Supremo Tribunal assentou, no julgamento do Agravo Regimental na Reclamação n.7.778, Relator o Ministro Gilmar Mendes, em situação na qual não incide a vedação deanálise de legislação infraconstitucional aplicável ao recurso extraordinário, a subsistênciaconstitucional do disposto no caput do art. 2º-A da Lei n. 9.494/1997, no qual consta que “asentença civil prolatada em ação de caráter coletivo proposta por entidade associativa (...)

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abrangerá apenas os substituídos que tenham, na data da propositura da ação, domicílio noâmbito da competência territorial do órgão prolator”, em controvérsia análoga à trazida naespécie.

(...)

9. Quanto à aplicação ao mandado de segurança coletivo da exigência da Lei n. 9.494/97 deinstrução da petição inicial com a relação nominal dos associados da Impetrante e daindicação dos respectivos endereços, este Supremo Tribunal concluiu:

“MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO. ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOSPROCURADORES DO TRABALHO. COMPOSIÇÃO DOS TRIBUNAIS REGIONAIS DOTRABALHO EM DECORRÊNCIA DA EXTINÇÃO DA REPRESENTAÇÃO CLASSISTA NAJUSTIÇA LABORAL. EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 24/99. VAGAS DESTINADAS AADVOGADOS E MEMBROS DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. CRITÉRIO DEPROPORCIONALIDADE. (...) 2 - Não aplicação, ao mandado de segurança coletivo, daexigência inscrita no art. 2º-A da Lei nº 9.494/97, de instrução da petição inicial com arelação nominal dos associados da impetrante e da indicação dos seus respectivos endereços.Requisito que não se aplica à hipótese do inciso LXX do art. 5º da Constituição. Precedentes:MS nº 21.514, rel. Min. Marco Aurélio, e RE nº 141.733, rel. Min. Ilmar Galvão. (...)” (MS23.769, Relatora a Ministra Ellen Gracie, Plenário, DJ 30.4.2004).

(...)”

 

Esse julgamento da Suprema Corte em repercussão geral, portanto, superou aquele anterior posicionamentoque fora assentado pelo C. STJ na sistemática dos recursos repetitivos no RESP 1.243.887/PR, por issodevendo ser seguido pelos demais órgãos do Poder Judiciário nos julgamentos dessa matéria nas açõescoletivas que estejam em tramitação.

Portanto, em sendo caso de procedência de ação coletiva, a tutela coletiva concedida fica limitada aostermos do artigo 2º-A da Lei nº 9.494/1997, pelo qual a tutela “abrangerá apenas os substituídos quetenham, na data da propositura da ação, domicílio no âmbito da competência territorial do órgãoprolator”, norma de caráter processual que incide em todos os processos coletivos em fase detramitação da fase de conhecimento da ação.

Em síntese, pois, a tutela concedida nesta ação fica adstrita à observância dos entendimentos consolidadosnos julgamentos do C. STF em repercussão geral, tanto aquele do RE 573.232 quanto à exigência de(autorização expressa para a ação), como aquele do RE 612043 / PR (Tema 499 – quanto à restrição subjetivada tutela aos associados da Autora domiciliados no âmbito da jurisdição do órgão julgador – a Subseção destaJustiça Federal onde tramita o feito na origem –, que o fossem em momento anterior ou até a data dapropositura da demanda, constantes da relação jurídica juntada à inicial do processo de conhecimento deorigem).

 

IV - CONCLUSÃO

 

Ante todo o exposto, , (no RE 573.232 quanto à exigência de autorização expressa para a ação; e no RE 612043 / PR, Tema 499 – quanto à restrição subjetiva da tutela aos associados da Autora domiciliados no âmbito da jurisdição do órgão julgador – a Subseção desta Justiça Federal onde tramita o feito na origem –, que o fossem em momento anterior ou até a data da propositura da demanda, constantes da relação jurídica juntada à inicial do processo de conhecimento de origem fundamentação supra.DOU PARCIAL PROVIMENTO ao agravo de instrumento da associação concedendo a tutela recursal pleiteada, com efeitos restritos aos termos do artigo 2º-A da Lei nº 9.494/1997 e dos julgamentos do C. STF em repercussão geral – ), julgando PREJUDICADOS os EMBARGOS DE DECLARAÇÃO opostos pela agravada União Federal, bem como, o AGRAVO INTERNO interposto pela parte agravante, nos termos da

Comunique-se ao r. Juízo de primeira instância.

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Intimem-se.

É o VOTO.

 

 

 

 

 

 

 

 

E M E N T A

AGRAVO DE INSTRUMENTO – DIREITO CONSTITUCIONAL, TRIBUTÁRIO EPROCESSUAL CIVIL – AÇÃO ORDINÁRIA COLETIVA – ADMISSIBILIDADE –ASSOCIAÇÃO ATUANDO COM BASE NO ARTIGO 5º, INCISO XXI, DACONSTITUIÇÃO FEDERAL, EM FAVOR DE SUAS ASSOCIADAS –INAPLICABILIDADE DA RESTRIÇÃO DO ARTIGO 1º, PARÁGRAFO ÚNICO, DALEI Nº 7.347/1985, RESTRITO À AÇÃO CIVIL PÚBLICA – REGIMECONTRIBUTIVO OPCIONAL DA SUBSTITUIÇÃO DA FOLHA DE SALÁRIOS PORRECEITA BRUTA – EXTINÇÃO PARA CERTOS CONTRIBUINTES PELA LEI Nº13.670/18, JÁ A PARTIR DE 1º DE SETEMBRO DO CORRENTE ANO –PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA – EXIGÊNCIA DE INTERPRETAÇÃOSISTEMÁTICA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS – VALIDADE DA NOVAREGRA, PARA OS QUE JÁ HAVIAM FEITO OPÇÃO, APENAS A PARTIR DOPRÓXIMO ANO CALENDÁRIO – EFICÁCIA SUBJETIVA DA TUTELA COLETIVA –OBSERVÂNCIA DO ARTIGO 2-A DA LEI Nº 9.494/1997 E JULGADOS EMREPERCUSSÃO GERAL DO C. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL – AGRAVOPARCIALMENTE PROVIDO.

I – Caso em que a associação autora ingressou com ação ordinária para defesa dedireitos individuais homogêneos de suas associadas em matéria tributária, mas seminvocar a fundamentação jurídica da lei da ação civil pública. Veiculou ação ordináriacoletiva com pedido de tutela jurisdicional em favor das suas associadas, comfundamento na própria cláusula de legitimação constitucional (artigo 5º, inciso XXI, daConstituição Federal).

II – Rejeitada a preliminar suscitada pela União Federal/agravada no sentido de quea tutela coletiva postulada nesta demanda consistiria, substancialmente, no emprego

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da via instrumental da ação civil pública, que é regulada pela Lei nº 7.347, de 1985, eque traz vedação normativa do emprego dessa espécie de ação com pretensões denatureza como a que se põe como objeto da presente ação (artigo 1º, § único).

III – Não há em nosso sistema jurídico-constitucional óbices jurídicos ao uso doinstrumento processual da para a defesa dos direitos coletivos objetoação ordináriadesta demanda – individuais homogêneos –, sendo, portanto, admissível o uso daação ordinária coletiva para a defesa de direitos coletivos, fora do rito procedimentalda ação civil pública.

IV – A ação civil pública é apenas um dos instrumentos formais a ser utilizado nadefesa dos direitos coletivos, mas diante da vedação legal de sua utilização paradeterminadas matérias – § único do artigo 1º da Lei nº 7.347/1985 – a defesa dosdireitos coletivos não pode ficar impedida através de outros meios processuais, sobpena de incidir em violação ao princípio constitucional do acesso à Justiça (artigo 5º,inciso XXXV, da Constituição Federal), bem como, à norma constitucional queconfere a legitimação das associações para a defesa dos direitos de seus associados(Constituição Federal, art. 5º, inciso XXI), em preceito que por sua própria naturezade proteção aos direitos fundamentais não contempla possibilidade de interpretaçãorestritiva, ou seja, esta legitimação engloba quaisquer tipos de direitos: individuais oucoletivos, sem exceções.

V – O sistema jurídico, como um todo, deve ser interpretado de forma a resultar naharmonia das normas jurídicas, especialmente a estrita observância e harmonia comas normas constitucionais, que são dotadas de supremacia e servem comoparâmetro de interpretação das demais normas infraconstitucionais. Assim, arestrição inserida no § único do artigo 1º da Lei nº 7.347/1985 não pode serinterpretada no sentido de que representaria a vedação do uso de qualquer outraespécie de ação para busca no Poder Judiciário da defesa dos direitos, pois issosignificaria afronta às duas normas constitucionais citadas.

VI – Precedentes de admissão da ação ordinária coletiva nos tribunais superiores eregionais federais.

VII – MÉRITO: não se desconhece o entendimento jurisprudencial no sentido dainexistência de direito adquirido a regime jurídico tributário, mas a controvérsia dosautos traz complexidades e peculiaridades que a diferenciam das costumeirasalterações legislativas em matéria tributária, que justificam e impõem o estudo maisaprofundado das relações entre Poder Tributante e Contribuintes, ultrapassando abarreira formal dos princípios tributários da legalidade e da anterioridade, paraperscrutar um aspecto mais extenso e aprofundado das garantias constitucionais,qual seja, o da segurança jurídica aplicada à defesa dos cidadãos em matéria detributação, princípio constitucional que certamente deve estender seu campo deproteção também sobre esta área das relações Estado-cidadão, não se restringindo aproteção constitucional, evidentemente, apenas aos princípios estabelecidos daSeção da Carta Constitucional que trata das Limitações do Poder de Tributar (arts.150-152), estando a sustentar essa interpretação a própria a cláusula geralampliativa constante do artigo 150, , no sentido de que as garantias alicaputexplicitadas o são, todavia, “...sem prejuízo de outras garantias asseguradas aocontribuinte...”. Isso confere autorização constitucional para, em determinados casos,buscar o intérprete o subsídio de outras normas constitucionais para amparar oscontribuintes, primando por interpretação que observe a harmonia entre as normas

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constitucionais, atendendo-se às características especiais que cercam a matéria emexame, como no caso em estudo.

VIII – Impugna-se nesta ação a alteração do regime contributivo opcionalestabelecida pela Lei nº 13.670, publicada no DOU de 30.5.2018 - Edição extra, comvigência a partir de 01/09 deste mesmo ano, que reduziu drasticamente o rol deempresas e receitas elegíveis à opção pela desoneração da folha de salários, quepermitia a substituição da apuração e recolhimento da contribuição previdenciáriapatronal de 20% pela apuração e recolhimento da contribuição previdenciáriasubstitutiva sobre a receita bruta (CPRB) a alíquotas que variavam de 1% a 4,5%, adepender do tipo de atividade empresarial.

IX – Originariamente, a contribuição previdenciária patronal, nos termos do art. 22,inc. I, da Lei nº 8.212/91, foi devida sobre a folha de pagamento dos empregados daempresa. Posteriormente, com amparo na nova redação dada ao artigo 195, §13, daConstituição Federal, foi editada a Medida Provisória nº 540/11, convertida na Lei nº12.546/2011, que, em substituição à contribuição previdenciária sobre a folha desalário, estabeleceu a sistemática do recolhimento do tributo se dar sobre a receitabruta auferida pela empresa. Com a alteração da redação dos artigos 8º e 9º da Leinº 12.546/2011, pela Lei nº 13.161/2015, adotou-se o princípio geral de conferir aocontribuinte o direito de optar pelo regime de tributação de sua preferência, emcaráter irretratável para todo o ano calendário.

X – Conforme ensinamentos da abalizada doutrina de eminente Ministro da SupremaCorte, Luiz Roberto Barroso, o princípio da segurança jurídica “compreende asseguinte ideias: 1) a existência de instituições estatais dotadas de poder e garantias,assim, como sujeitas ao princípio da legalidade; 2) a confiança nos atos do PoderPúblico, que deverão reger-se pela boa-fé e razoabilidade; 3) a estabilidade dasrelações jurídicas, manifestada na durabilidade das normas, na anterioridade das leisem relação aos fatos sobre os quase incidem e na conservação de direitos em faceda lei nova; 4) a previsibilidade dos comportamentos, tanto os que devem serseguidos como os que devem ser suportados; e 5) a igualdade na lei e perante a lei,inclusive com soluções isonômicas para situações idênticas ou próximas” (Temas deDireito Constitucional, 2ª ed., Rio de Janeiro/São Paulo, Renovar, 2002, pp. 50-51). Eainda, conforme os ensinamentos da Ministra do Superior Tribunal de Justiça, ReginaHelena Costa, a segurança jurídica, prevista no art. 5º, da CF, constitui tanto umdireito fundamental quanto uma garantia do exercício de outros direitosfundamentais, sendo decorrência do próprio Estado Democrático de Direito (Curso deDireito Tributário: Constituição e Código Tributário Nacional, 1ªed./2ª triagem,Saraiva, 2009).

XI – A norma legal impugnada nesta ação coletiva, a Lei nº 13.670/2018, ao alterar oregime jurídico-tributário eleito já a partir de 1º de setembro do corrente ano, apesarde ter observado os princípios da irretroatividade da lei e da anterioridade mitigada,não observou o princípio constitucional da segurança jurídica em múltiplos aspectos,que deve ser interpretado em conjunto e sistematicamente com tais princípiostributários para se extrair o adequado preceito constitucional aplicável ao caso sobexame.

XII – Tendo o Estado, exercendo seu poder constitucional de impor exigênciastributárias em face dos cidadãos/contribuintes, estabelecido uma sistemática detributação facultando à livre opção do contribuinte, com validade em determinado

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período anual e em caráter de irretratabilidade, a alteração unilateral do regimecontributivo pelo Estado caracteriza ruptura do princípio constitucional da segurançajurídica para aqueles que, seguindo às próprias normativas estatais, pautaram todoseu comportamento para adequar-se à própria regulação tributária que lhe foraconcedida como opção, violando assim o princípio da confiança nos atos do PoderPúblico; a boa-fé objetiva do contribuinte, que, na crença da irretratabilidade daescolha facultada pelo próprio Estado, planejou suas atividades econômicas frente aoônus tributário esperado, tendo o contribuinte, assim, a justa expectativa de que oEstado cumpra sua manifestação de vontade pública expressa através da lei; aestabilidade das relações jurídicas pactuadas com o Poder Público; a previsibilidadedos comportamentos fiscais que foram pactuados com o Estado pelo período ânuoestabelecido legalmente; e, até mesmo, também, ofendendo o principio da isonomiaem relação aos demais contribuintes, na medida em que a surpresa impostaunilateralmente pelo Estado apenas a estes contribuintes que fizeram a opçãooferecida legalmente acaba colocando-os em situação desfavorável aos demais que,de uma forma ou outra, fizeram a sua opção pela permanência no anterior regimetributário e tiveram mantida sua opção ao contrário daqueles outros afetados pelanorma legal aqui impugnada. A aplicação neste mesmo ano calendário tambémafrontaria o ato jurídico perfeito, na medida em que a opção de regime jurídicoconcedida pela lei aos contribuintes já estava aperfeiçoada no início do ano fiscal, emcaráter irrevogável para todo o ano.

XIII – Por esses fundamentos, o novel regime tributário somente pode aplicar-se, emrelação aos contribuintes que haviam feito a opção quanto ao regime segundo asregras da legislação anteriormente vigente, após o término deste ano calendário de2018.

XIV – Evidenciada a probabilidade do direito vindicado na demanda subjacente, doque se extrai também, à evidência, o risco ao resultado útil do processo se a tutelafor concedida apenas ao final do processo, pois as empresas estão desde logosujeitas aos recolhimentos contributivos sob nova sistemática impugnada, incidindoaí a vedação da prática do , que também importaria em danos de difícilsolve et repetereparação, a autorizar a concessão da tutela de urgência pleiteada, nos termos doartigo 300 do Código de Processo Civil.

XV – Este julgamento não importa em declaração de inconstitucionalidade dequalquer dispositivo da Lei nº 13.670/2018, para que se devesse observar a regra daobrigatoriedade de pronunciamento do plenário do tribunal (CF, art. 97; súmulavinculante nº 10 do C. STF), pois as conclusões expostas apenas decorrem de umainterpretação sobre a aplicabilidade das alterações que decorrem da lei à luz dasnormas constitucionais mencionadas, alterações estas que exsurgem apenasimplicitamente de seus termos, pois não há qualquer disposição expressa quanto aqual regime tributário deve-se observar para os contribuintes que foramimplicitamente excluídos da possibilidade de adoção do regime contributivosubstitutivo que lhes estava garantido pela lei até então vigente.

XVI – EFICÁCIA SUBJETIVA DA TUTELA COLETIVA : a tutela concedida na açãocoletiva fica adstrita à observância dos entendimentos consolidados nos julgamentosdo C. STF em repercussão geral, tanto aquele do RE 573.232 exigência de(autorização expressa dos associados para a ação), como aquele do RE 612043 / PR(Tema 499 – restrição subjetiva da tutela aos associados da Autora domiciliados no

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âmbito da jurisdição do órgão julgador – a Subseção desta Justiça Federal ondetramita o feito na origem –, que o fossem em momento anterior ou até a data dapropositura da demanda, constantes da relação jurídica juntada à inicial do processode conhecimento de origem).

XVI – Agravo de instrumento parcialmente provido. Prejudicados os embargos dedeclaração opostos pela agravada União Federal e o agravo interno interposto pelaagravante.

  ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, A Segunda Turma decidiu,por unanimidade, dar parcial provimento ao agravo de instrumento da associação, concedendo atutela recursal pleiteada, com efeitos restritos aos termos do artigo 2º-A da Lei nº 9.494/1997 e dosjulgamentos do C. STF em repercussão geral (no RE 573.232, quanto à exigência de autorizaçãoexpressa para a ação; e no RE 612043 / PR, Tema 499, quanto à restrição subjetiva da tutela aosassociados da Autora domiciliados no âmbito da jurisdição do órgão julgador , a Subseção destaJustiça Federal onde tramita o feito na origem , que o fossem em momento anterior ou até a datada propositura da demanda, constantes da relação jurídica juntada à inicial do processo deconhecimento de origem), julgando prejudicados os embargos de declaração opostos pelaagravada União Federal, bem como, o agravo interno interposto pela parte agravante., nos termosdo relatório e voto que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.

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