procedimentos para elaboraÇÃo de um projeto

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ii Ernani José Schneider PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO TRANSDISCIPLINAR UTILIZANDO O LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA. Esta dissertação foi julgada e aprovada para a Obtenção do título de Mestre em Engenharia de Produção no Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis, 18 de outubro de 2001. Prof. Ricardo Miranda Barcia, Ph D. Coordenador do Curso BANCA EXAMINADORA _______________________________________ Prof. Álvaro Guilhermo Rojas Lezana, Dr. Orientador _______________________________________ Prof. Rogério Cid Bastos, Dr _______________________________________ Prof. Luiz Fernando J. Maia, Dr _______________________________________ Profa. Ana Lucia A. de O. Zandomeneghi, Ms

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Page 1: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

ii

Ernani José Schneider

PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO TRANSDISCIPLINAR UTILIZANDO O

LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA.

Esta dissertação foi julgada e aprovada para a Obtenção do título de Mestre em Engenharia de Produção no Programa de Pós-Graduação em

Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina

Florianópolis, 18 de outubro de 2001.

Prof. Ricardo Miranda Barcia, Ph D. Coordenador do Curso

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________ Prof. Álvaro Guilhermo Rojas Lezana, Dr.

Orientador

_______________________________________

Prof. Rogério Cid Bastos, Dr

_______________________________________ Prof. Luiz Fernando J. Maia, Dr

_______________________________________ Profa. Ana Lucia A. de O. Zandomeneghi, Ms

Page 2: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

iii

A minha esposa Marizoli pelo amor e apoio constante.

A meus filhos Nelso Neto, Ernani Jr. e Mayara A meus pais

Page 3: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

iv

Agradecimentos

À Universidade Federal de Santa Catarina, Ao orientador Prof. Álvaro Rojas Lezana,

pelo acompanhamento competente Ao Prof. Lucio Botelho,

pelo incentivo A Secretaria Estadual da Educação e Desporto

Aos Prof. do Curso de Pós-Graduação Aos colegas dos trabalhos

A Ana Lucia A. de O. Zandomeneghi, pelo auxilio

A E. E. B. Paulo Zimmermann A Osnildo Regueira,

pela companhia a minha família Aos que diretamente

contribuíram para a realização desta pesquisa.

Page 4: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

v

“Os grandes educadores atraem não só pelas suas idéias, mas pelo contato pessoal.

Dentro ou fora da aula chamam a atenção. Há sempre algo de surpreendente,

diferente no que dizem, nas relações que estabelecem,

na sua forma de olhar, na forma de comunicar-se.

São um poço inesgotável de descobertas”.

José Manuel Moran

Page 5: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

vi

Sumário

Lista de figuras ............................................................................................... p.vii Lista de quadros..............................................................................................p.ix Lista de tabelas ................................................................................................p.x Lista de reduções ............................................................................................p.xi Resumo.......................................................................................................... p.xii Abstract ......................................................................................................... p.xiii 1. . INTRODUÇÃO........................................................................................... p.1

1.1. Questões norteadoras ......................................................................... p.6 1.2. Hipótese .............................................................................................. p.6 1.3. Objetivo geral ...................................................................................... p.6 1.4. Objetivos específicos........................................................................... p.7 1.5. Metodologia ......................................................................................... p.7 1.6. Estrutura da dissertação...................................................................... p.9

2. ESCOLA E TRANSDISCIPLINARIDADE................................................. p.11 2.1. Da escola real à escola informatizada............................................... p.11 2.2. Da fragmentação a transdisciplinaridade .......................................... p.21 2.3. Utilização de projetos ........................................................................ p.30

3. NOVAS TECNOLOGIAS.......................................................................... p.36 3.1. Introdução da informática na educação – justificativas ..................... p.36 3.2. Modos de utilização do computador na educação............................. p.40 3.3. O professor e a utilização da informática .......................................... p.45

4. PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO TRANSDISCIPLINAR UTILIZANDO O LABORATÓRIO

DE INFORMÁTICA.................................................................................. p.47 4.1. Fluxograma........................................................................................ p.47 4.2. Caracterização da unidade escolar ................................................... p.48 4.3. Definições.......................................................................................... p.49 4.4. Metodologia ....................................................................................... p.50 4.5. Procedimentos para viabilização do projeto ...................................... p.51 4.6. Período de execução......................................................................... p.53 4.7. Planejamento das atividades............................................................. p.53

4.7.1. Dos professores....................................................................... p.54 4.7.2. Dos alunos............................................................................... p.54 4.7.3. De pesquisa............................................................................. p.55

4.8. Avaliações ......................................................................................... p.56 5. ESTUDO DE CASO UTILIZANDO PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO TRANSDISCIPLINAR UTILIZANDO O LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA.................................................................................. p.58

5.1. Caracterização da unidade escolar ................................................... p.58 5.1.1. Aspecto social.......................................................................... p.59 5.1.2. Aspecto técnico........................................................................ p.61 5.1.3. Aspecto econômico.................................................................. p.62 5.1.4. Aspecto físico........................................................................... p.62 5.1.5. Aspecto organizacional............................................................ p.64

Page 6: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

vii

5.2. Definições.......................................................................................... p.65 5.2.1. Definições iniciais (justificativas e objetivos)............................ p.65 5.2.2. Recursos materiais .................................................................. p.67 5.2.3. Recursos financeiros ............................................................... p.67 5.2.4. Laboratório de informática ....................................................... p.68

5.2.4.1. Formas de utilização do laboratório .............................. p.68 5.2.4.2. Configuração técnica .................................................... p.69 5.2.4.3. Layout ........................................................................... p.69

5.2.5. Envolvidos no projeto............................................................... p.70 5.2.5.1. Professores participantes.............................................. p.70 5.2.5.2. Turmas participantes..................................................... p.71 5.2.5.3. Alunos participantes...................................................... p.72

5.3. Metodologia ....................................................................................... p.73 5.3.1. Revisão bibliográfica................................................................ p.73 5.3.2. Fundamentação teórica ........................................................... p.73 5.3.3. Escolha da metodologia........................................................... p.73 5.3.4. Pesquisas ................................................................................ p.74 5.3.5. Desenvolvimento das atividades.............................................. p.74 5.3.6. Apresentação........................................................................... p.75

5.4. Procedimentos para viabilização do projeto ...................................... p.75 5.4.1. Elaboração do projeto.............................................................. p.75 5.4.2. Apresentação do projeto.......................................................... p.75 5.4.3. Solicitações.............................................................................. p.76 5.4.4. Definição das atividades .......................................................... p.76 5.4.5. Escolhas .................................................................................. p.77 5.4.6. Execução ................................................................................. p.77 5.4.7. Apresentação dos trabalhos efetivados ................................... p.77

5.5. Período de execução......................................................................... p.78 5.5.1. Tempo...................................................................................... p.78 5.5.2. Período .................................................................................... p.78 5.5.3. Número de aulas...................................................................... p.78 5.5.4. Locais ...................................................................................... p.78

5.6. Planejamento das atividades............................................................. p.79 5.6.1. Atividades desenvolvidas pelo professor ................................. p.79 5.6.2. Atividades desenvolvidas pelo aluno ....................................... p.80 5.6.3. Atividades de pesquisa ............................................................ p.82

5.7. Avaliações ......................................................................................... p.85 5.7.1. Resultados positivos obtidos ................................................... p.86 5.7.2. Resultados a serem alcançados .............................................. p.89 5.7.3. Possibilidades a serem conquistadas ...................................... p.89 5.7.4. Problemas encontrados ........................................................... p.90

6. CONCLUSÕES........................................................................................ p.92 6.1. Limitações ......................................................................................... p.94 6.2. Recomendações................................................................................ p.94

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA................................................................... p.96 ANEXOS ..................................................................................................... p.104

Carta da transdisciplinaridade................................................................ p.104

Page 7: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

viii

Lista de figuras

Figura 1: Interações com o computador e os elementos sociais................... p.19

Figura 2: Complementaridade ....................................................................... p.29

Figura 3: Fluxograma do projeto ................................................................... p.48

Figura 4: Fluxograma da caracterização da unidade escolar ........................ p.49

Figura 5: Fluxograma das definições ............................................................ p.50

Figura 6: Fluxograma da metodologia........................................................... p.51

Figura 7: Fluxograma dos procedimentos ..................................................... p.52

Figura 8: Fluxograma do período de execução............................................. p.53

Figura 9: Fluxograma das atividades ............................................................ p.54

Figura 10: Fluxograma das avaliações.......................................................... p.57

Page 8: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

ix

Lista de quadros Quadro 1: Compreendendo o que mudou..................................................... p.13

Quadro 2: Visões contrastantes de instrução e construção .......................... p.14

Quadro 3: Possíveis funções do computador no ensino ............................... p.44

Page 9: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

x

Lista de tabelas

Tabela 1: Divisão por séries e números de alunos da

E. E. B. Paulo Zimmermann .......................................................... p.60

Tabela 2: Espaço físico ................................................................................ p.63

Page 10: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

xi

Lista de reduções ACT = admitido em caráter temporário APAE = Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais APP = Associação de Pais e Professores CAC = comunicação assistida por computador CAI = Instrução assistida por computador CAP = desempenho assistido por computador CD = compact disk CIRET = Centro Internacional de Pesquisas e Estudos Transdisciplinares DST = doenças sexualmente transmissíveis E. E. B. P. Z. = Escola de Ensino Básico Paulo Zimmermann ex: = exemplo LIE = laboratório de informática MEC = Ministério da Educação e Cultura NTE = Núcleo de Tecnologia Educacional p. = página PPP = plano político pedagógico PROCOMP = empresa vencedora da licitação ProInfo = programa nacional de informática educativa SED = Secretaria de Estado da Educação e Desporto SENAI = Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial SESI = Serviço Social da Indústria TIC = tecnologias da comunicação e da informação TV = televisor U. E. = unidade de ensino UNESCO = Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a

Cultura

Page 11: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

xii

Resumo

SCHNEIDER, Ernani José. Procedimentos para elaboração de um projeto transdisciplinar utilizando o laboratório de informática. Florianópolis, 2001. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção, UFSC, 2001. O presente estudo viabiliza procedimentos, através do fluxograma e do delineamento das etapas desse, para elaboração de projetos transdisciplinares na utilização dos laboratórios de informática em uso efetivo e em implantação em escolas do país. Está referenciando a escola “real” e a escola “informatizada” buscando traçar um paralelo entre essas. Enfoca a transdisciplinaridade, da fragmentação a busca da totalidade, trazendo a abordagem de projetos no sentido de explicitar o que ele é e em que ele pode auxiliar na modificação do processo de ensino aprendizagem. Retrata as novas tecnologias, principalmente a informática, enfocando suas possibilidades de uso dentro da educação, traçando os objetivos e justificativas a eles imposta pelos órgãos vinculados. Apresenta um estudo, utilizando os procedimentos como referência para elaboração de um projeto transdisciplinar, mostrando os resultados a que se chegou. Palavras chaves: Transdisciplinaridade, Novas Tecnologias e Laboratório de Informática.

Page 12: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

xiii

Abstract

SCHNEIDER, Ernani José. Procedures for elaboration of a trandisciplinar

project using the computer laboratory. Florianópolis, 2001. Essay (master’s in Production Engeneering) – Post Graduation Program in Production Engeneering, UFSC, 2001.

The present study makes procedures happen, through the flowgram and the delineation of this stages, to elaboration of trandisciplinar projects in the use of computer laboratory in an effective way and by introducing in schools of the country. This refers to the “real” school and the “computerized” school trying to draw a parallel between these two. It focus the trandisciplinarity of the fragmantation in surch of the totality, bringing the approach of the projects in what concerns expliciting what it is and in what it can help at the modification of learning/teaching process. It shows the new technologies, mainly the computer science, focusing its possibilities of the use inside the education, drawing the goals and justifications imposed to them by the linked organs. It shows a study, using the procedures as reference to creation of a trandisciplinar project, showing the results that it came into. Key-words: Trandisciplinarity, New Tecnologies and Computer Lab.

Page 13: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

1

CAPÍTULO I

1. INTRODUÇÃO

Na sociedade contemporânea e mais precisamente nas duas últimas

décadas, inúmeras transformações aconteceram motivadas pelo

desenvolvimento tecnológico. As tecnologias estão modificando a maneira de

viver, de se divertir, de informar, de trabalhar, de pensar, e de aprender a

aprender, afetando todas as pessoas envolvidas no processo de ensino

aprendizagem, sem ter algumas vezes, consciência disto.

Vive-se um processo irreversível de desenvolvimento tecnológico,

trazendo consigo mudanças na vida em sociedade e nas formas de trabalho

humano.

A sociedade vai usufruindo tecnologia a medida em que as necessidades

das atividades requerem o uso de recursos tecnológicos e da disponibilidade

deles no mercado.

“Cada vez mais a linguagem cultural inclui o uso de diversos recursos

tecnológicos para produzir processos comunicativos, utilizando-se

diferentes códigos de significação (novas maneiras de se expressar e se

relacionar)”. Brasil (1998, p. 135)

As mudanças no processo de comunicação e produção do conhecimento

geram transformação na consciência individual, na percepção de mundo, nos

valores e nas formas de atuação social.

É importante lembrar que se multiplicam os instrumentos de

comunicação a cada instante, e é enorme a quantidade de informação. “Além

dos meios gráficos, inúmeros meios audiovisuais e multimídia disponibilizam

Page 14: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

2

dados e informações, permitindo novas formas de comunicação”. Brasil (1998,

p.135)

Outro ponto a ser observado é o fato que informação em quantidade,

não quer dizer necessariamente informação de qualidade.

O uso adequado das tecnologias disponíveis representa a manutenção e

a transformação das relações sociais políticas e econômicas em nossa

sociedade.

Nos dias atuais faz-se necessário o questionamento de paradigmas e

estar habilitado para lidar com as mudanças na forma de produzir, armazenar e

transmitir o conhecimento que dão origem a novas formas de pensar, aprender

e fazer.

“Os primeiros computadores apareceram há trinta anos, a rede de

Internet foi criada a dez e neste momento estamos esperando reunir e

utilizar o computador, a TV e a recepção por cabo, se tratando de

inovações recentes sem a devida noção se sua presença nas escolas é

boa e também não é difícil prognosticar que sua presença e influencia

vão aumentar rapidamente e irão produzir uma autentica revolução nos

modos de ensinar comparados ao que representou a invenção da escrita

no começo da história e o que produziu a introdução da imprensa e a

difusão dos livros no começo da época moderna”. (Siguan, 1998 p. 3)

Pode-se dizer que com referência ao mercado de trabalho, surgiram

novas funções, desapareceram outras, gerando o desemprego em alguns

setores e criando outros novos com especialidades bem diferentes, o que

levará alterações no perfil do trabalhador, bem como das formas de aquisição e

Page 15: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

3

utilização do conhecimento além da necessidade de possuir iniciativa,

flexibilidade mental, atitude crítica, competência técnica, capacidade de criar

soluções frente às novas formas de informação e de acesso, e a educação

poderá contribuir na medida em que acompanhar os processos de mudança.

A velocidade da produção do conhecimento e a quantidade de

informações no mundo de hoje impõe novas tendências para a vida em

sociedade, pois é necessário que a humanidade aprenda a conviver com a

provisoriedade, com as incertezas, com o imprevisto e com a novidade,

desenvolvendo a capacidade de aprender continuamente, ou seja, a

capacidade de analisar, refletir, tomar consciência do que já se sabe,

transformar o seu conhecimento, processar novas informações e a partir daí

produzir novo conhecimento contribuindo para a formação de um indivíduo

ativo, agente criador de novas formas e habilidades.

“Conhecer e saber usar as novas tecnologias implica a aprendizagem de

procedimentos para utilizá-las e, principalmente, de habilidades relacionadas

ao tratamento da informação”. Brasil (1998, p. 139)

É necessário reflexão para que a tecnologia possa de fato contribuir para

a formação de indivíduos competentes, críticos, conscientes e preparados para

a realidade em que vivem.

“Se entendemos a escola como um local de construção do

conhecimento e de socialização do saber; como um ambiente de

discussão, troca de experiências e de elaboração de uma nova

sociedade, é fundamental que a utilização dos recursos tecnológicos

seja amplamente discutida e elaborada conjuntamente com a

Page 16: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

4

comunidade escolar, ou seja, que não fique restrita às decisões e

recomendações de outros”. (Brasil, p. 140)

O poder público e a escola devem contribuir para que a formação do

indivíduo alcance plenamente sua cidadania, participando do processo de

transformação e construção da realidade de nossa sociedade aberta a

incorporar novos hábitos, comportamentos percepções e demandas, como

também é necessário desenvolver as habilidades para utilizar os instrumentos

de sua cultura, principalmente com a utilização adequada das tecnologias da

comunicação, especialmente a informática.

“É evidente que a revolução informática no ensino tropeça em muitas

dificuldades, e a primeira é o desconhecimento e a falta de familiaridade dos

professores com estas técnicas”. (Siguan, 1998 p. 5).

Em tempos passados o professor detinha maior conhecimento da técnica

do que seus alunos, e hoje é freqüente que alguns alunos detenham maior

familiaridade com as novas técnicas ou estão mais abertos para recebe-las.

Para Froés (1998, p. 63):

“Não se trata, portanto, de fazer do professor um especialista em

informática, mas de criar condições que se aproprie, dentro do processo

de construção de sua competência, gradativamente, das formas de

utilização dos referidos recursos informatizados: somente uma tal

apropriação da tal tecnologia pelos educadores poderá gerar novas

possibilidades de sua utilização educacional”.

Deve-se conceber a prática da sala de aula através da utilização dos

recursos tecnológicos disponíveis como: livro didático, giz e quadro, televisão,

Page 17: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

5

calculadora, rádio, videocassete, filmadora, máquina fotográfica, gravador,

computador...

“A tecnologia deve ser utilizada na escola para ampliar as opções de

ação didática, com o objetivo de criar ambientes de ensino e

aprendizagem que favoreçam a postura crítica, a curiosidade, a

observação e análise, a troca de idéias, de forma que o aluno possa ter

autonomia no seu processo de aprendizagem, buscando e ampliando

conhecimentos”. Brasil (1998, p.156)

A tecnologia deve servir para enriquecer o ambiente educacional, e não

é possível pensar num modelo único para a incorporação de recursos

tecnológicos na educação, pois são necessárias propostas que atendam os

interesses de cada região ou comunidade.

“O computador, em particular, permite novas formas de trabalho,

possibilitando a criação de ambientes de aprendizagem em que os

alunos possam pesquisar, fazer antecipações e simulações, confirmar

idéias prévias, experimentar, criar soluções e construir novas formas de

representação mental”. Brasil (1998, p. 141)

Deve-se debater, portanto, constantemente a implantação de políticas,

estratégias e formas de implantação, para o desenvolvimento e disseminação

de propostas de trabalhos utilizando os meios eletrônicos de informação e os

meios de comunicação.

“A incorporação de computadores no ensino não deve ser apenas a

informatização dos processos de ensino já existentes, pois não se trata

de aula com ‘efeitos especiais’. O computador permite criar ambientes de

Page 18: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

6

aprendizagem que fazem surgir novas formas de pensar e aprender...”.

Brasil (1998, p. 147)

Assim, esse trabalho, buscará atender parte dos anseios dos

professores no que tange a utilização das novas tecnologias e em especial o

uso do computador, e com isto desobstruir barreiras existentes na utilização

dos “laboratórios de informática”.

1.1. QUESTÕES NORTEADORAS

As questões norteadoras da pesquisa são as seguintes:

− Qual a forma de utilização dos laboratórios de informática?

− Quais as possibilidades de utilização desses laboratórios?

− Que modificações serão necessárias em função da forma e das

possibilidades de utilização?

1.2. HIPÓTESE

A hipótese deste trabalho de pesquisa é:

“Os procedimentos para elaboração de um projeto

transdisciplinar utilizando os laboratórios de informática como um

meio para a construção do conhecimento levará a melhor

utilização desses”.

1.3. OBJETIVO GERAL

− Propor procedimentos para elaboração de um Projeto

Transdisciplinar, utilizando o laboratório de informática como um

Page 19: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

7

meio para a construção do conhecimento em Unidades de Ensino

médio.

1.4. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

− Buscar através da Metodologia Transdisciplinar, uma nova forma

de trabalhar na educação.

− Levantar os usos da informática na escola;

− Integrar o laboratório de informática ao conhecimento tecnológico

que o professor dispõe, disciplinas curriculares, professores,

alunos, escola e sociedade;

− Utilizar temas ligados ao cotidiano do aluno seja no mundo do

trabalho, no mundo da educação ou na própria vida, para a

construção do seu conhecimento através de projetos;

− Analisar de forma parcial o processo de ensino-aprendizagem;

− Buscar a melhoria da qualidade do processo de ensino-

aprendizagem;

− Diversificar as formas de construção da aprendizagem e do

conhecimento;

1.5. METODOLOGIA

Constitui a metodologia deste trabalho segundo Silva & Mendes (2000,

p. 20):

− Revisão de literatura, análise e compilação para abordagem do

tema escolhido;

Page 20: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

8

− Análise do estudo de caso, dos documentos de viabilização, de

implementação e resultados do projeto.

Dos pontos de vista:

− Quanto à Natureza: Pesquisa Aplicada – por gerar novos

conhecimentos, para aplicação prática, e auxiliar em um problema

específico;

− Quanto à Abordagem: Pesquisa Qualitativa – por buscar

subjetivamente a interpretação dos fenômenos, buscando no

ambiente natural à descrição indutiva do processo de aplicação

do projeto e seus significados;

− Quanto aos Objetivos: Pesquisa exploratória – por envolver

levantamento bibliográfico e análise de um estudo de caso;

− Os procedimentos técnicos: Pesquisa Bibliográfica/Estudo de

Caso – por ser elaborada através de material publicado em livros,

artigos, periódicos e na Internet, envolvendo estudo de um projeto

permitindo seu conhecimento;

− De Método Dialético Fenomenológico – por buscar a descrição tal

como ela é, a interpretação dinâmica e de totalidade, não

desconsiderando o contexto social, político e econômico.

Page 21: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

9

1.6. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

O presente trabalho está estruturado em sete capítulos, dos quais, dois

são dedicados ao levantamento bibliográfico e outros dois são dedicados ao

estudo de caso, como explicitado abaixo:

− O capítulo um (I) introduz o tema, abordando a problemática e a

utilização do tema, as questões norteadoras, a hipótese, os

objetivos gerais e específicos, a metodologia e a estruturação do

tema;

− No capítulo dois (II) Escola e Transdisciplinaridade, referencia-se

a escola “Real” e a escola “Informatizada” buscando traçar um

paralelo entre essas. Enfoca-se a transdisciplinaridade, da

fragmentação a busca da totalidade. Traz-se a abordagem de

Projetos no sentido de explicitar o que ele é e em que ele pode

auxiliar na modificação do processo de ensino aprendizagem.

− O capítulo três (III) enfoca as Novas Tecnologias, principalmente

a informática, objeto de trabalho do projeto, enfocando suas

possibilidades de uso dentro da educação, traçando os objetivos e

justificativas a eles imposta pelos órgãos vinculados.

− No capítulo quatro (IV) tem-se uma proposta de procedimentos

para a elaboração de um projeto transdisciplinar. E através do

fluxograma e do delineamento das etapas desse busca-se

caracterizar os passos pelos quais deve-se passar para atingir os

objetivos.

Page 22: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

10

− O capítulo cinco(V) apresenta o estudo de caso, utilizando os

procedimentos como referencia para elaboração de um projeto

transdisciplinar, mostrando os resultados a que se chegou nesse.

− Nos capítulos seis (VI) e sete (VII) são apresentados às

conclusões, recomendações, a bibliografia consultada, e o anexo

respectivamente.

Page 23: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

11

CAPÍTULO II

2. ESCOLA E TRANSDISCIPLINARIDADE

Num passado distante o ser unitário vivia presente em todos os

aspectos, hoje se tem um ser fragmentado em partes, e desejando recompô-lo

unitariamente, levar-se-ia um bom tempo. Há que ressaltar a necessidade

urgente de unir esforços neste sentido, buscando pela unidade disciplinar e

escolar que se chegue a tal resultado.

2.1. DA ESCOLA REAL À ESCOLA INFORMATIZADA

Inicia-se o século XXI como se estivesse iniciando no século IXX ou XX,

sem mudanças, ou até com alguns retrocessos significativos na educação,

muitos pedagogos e pensadores deixaram suas contribuições, mas a escola

continua reproduzindo, outros tantos projetos foram lançados e a forma de

executá-los ainda leva resquícios do passado.

Hoje, da mesma forma que há muito tempo atrás, a escola, reflete a

seguinte fotografia: Carteiras, quadro negro, giz, professores e alunos. Nada se

modificou apesar de muitos esforços.

“Se você fechar os olhos e imaginar uma sala de aula, há grandes

chances de que você irá ver um adulto em pé na frente da sala que contem

mais ou menos 30 alunos sentados em fileiras retas de carteiras escolares”

(Sandholtz, 1997, p. 27), alunos ouvindo o professor e levantando a mão para

poderem se pronunciar.

“... a educação contemporânea privilegia, em geral, essa concepção

individualista e mecanicista, que se apóia em uma visão tecno-

Page 24: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

12

econômica, numa realidade fechada, de exclusão e de marginalização,

que é praticada pela economia, pela sociedade e também,

estranhamente, pelas pessoas para consigo mesmas”. Mello (2001, p. 1)

Segundo Fichtner (1998, p. 25) a escola tem dificuldades para atingir

seus objetivos atuais, mesmo os mais fundamentais, como o domínio da leitura

e do raciocínio, pois necessário é, portanto, reavaliar a escola,

fundamentalmente a postura dos professores. Professores que na lida diária

com o aluno incorporem ao processo de ensino, o desenvolvimento do novo,

de forma construtiva para a construção do cidadão.

Para Kenski (2000, p. 1):

“... é assustador o desamparo em que se encontram os professores de

muitas escolas, principalmente das redes públicas. Em geral, falta-lhes a

infra-estrutura básica para a manutenção das atividades cotidianas em

sala de aula”.

Metz (1988) citado por Sandholtz (1997, p. 27) refere-se a esta escola,

citada acima, como a “escola real”, utiliza-se essa mesma referencia nesse

trabalho.

“A escola real existe não apenas em nossas mentes, mas é, de fato, o

que a maioria de nossos filhos encontram cinco dias por semana em suas

escolas”. (Sandholtz, 1997, p.27).

O modo de ensinar precisa urgentemente de uma guinada, demonstra-se

abaixo um quadro de Alencar & Prado (2000, p.15) onde esse compara o que

era e o que deve ser a escola e seus aspectos.

Page 25: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

13

Quadro nº 01 - Compreendendo o que mudou

Na escola Era E deve ser O conteúdo Um fim em si mesmo Um meio para desenvolver competências O conhecimento Fragmentado, dividido por

disciplinas, de caráter enciclopédico, memorizador e cumulativo.

Interdisciplinar, contextualizado, privilegia a construção de conceitos e a criação do sentido.

O currículo Fracionado, estático, organizado por disciplinas.

Em rede, dinâmico, organizado por áreas de conhecimento e temas geradores.

A sala de aula Espaço de transmissão e recepção do saber

Local de reflexão e de situações de aprendizagem

Toda atividade Padronizada rotineira Centrada em projetos e resolução de problemas

O papel do professor Transmissor do conhecimento Facilitador da aprendizagem, mediador do conhecimento.

A avaliação Classificatória e excludente Formativa, busca avaliar as competências adquiridas.

Fonte: Alencar & Prado (2000, p.15)

Sabendo-se que escola informatizada não é aquela que possui o seu

laboratório, mas aquela que em tendo este, utiliza-o de forma a abranger

integralmente, professores, alunos e disciplinas, transformando cada momento

em um único, desenvolvendo atividades transdisciplinares, demonstramos no

quadro abaixo, Sandholtz et alii (1999, p. 30) as modificações necessárias

passando da instrução para a construção dos conhecimentos:

Page 26: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

14

Quadro nº 02 – Visões contrastantes de Instrução e Construção

Instrução Construção Atividade em sala de aula Centrada no professor

Didática Centrada no aluno Interativa

Papel do professor Contador de fatos Sempre o especialista

Colaborador Às vezes o aprendiz

Papel do aluno Ouvinte Sempre o aprendiz

Colaborador Às vezes o especialista

Ênfase institucional Fatos Memorização

Relações Indagação e invenção

Conceito de conhecimento Acúmulo de fatos Transformação de fatos Demonstração de êxito Quantidade Qualidade da

compreensão Avaliação De acordo com a norma

Itens de múltipla escolha De acordo com o critério Pastas e desempenhos

Uso da tecnologia Exercícios de repetição e prática

Comunicação, colaboração, acesso á informação e expressão.

Fonte: Sandholtz et alii (1999, p. 30)

Entende-se neste caso por instrução, aulas expositivas, exercícios de

repetição e prática, introdução de conceitos ou habilidades, o reforço de ações

repetitivas e através dela atingir de forma mais rápida determinado conteúdo

em determinado tempo e por construção a estratégia para criar habilidades e

conceitos para resolução de problemas, onde o aluno deve ter participação

efetiva em todo processo educacional.

“...na medida em que os professores tenham consciência da concepção

de aprendizagem que possuem, não se limitando, desta forma, às

metodologias do tipo instrução programada, ensaio e erro, máquinas de

aprender sozinho; que reforçam apenas a concepção behaviorista,

tecnicista e positivista, ou ainda na mistificação da máquina como única

forma eficiente de aprendizagem.” (Zardo, 1998 p. 235)

Page 27: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

15

Fichtner (1998 p. 24) diz que muitas vezes ouve-se a proposta de que se

deve melhorar a escola, e melhorar significa já mudar algo de tal maneira que

isso possa cumprir os seus objetivos e as suas finalidades. Neste caso os

objetivos e finalidades são conhecidos e assegurados.

Necessita-se uma visão de futuro, onde se inclua, sociedade,

informações, alunos, professores e projetos de trabalho, na busca de soluções.

Perrenoud (2000, p. 11) citando Meirieu (1989), observa as

competências que devem conduzir a uma nova forma de ensinar:

− Prática Reflexiva;

− Profissionalização;

− Trabalho em Equipe;

− Trabalho por Projetos;

− Autonomia;

− Responsabilidade Crescente;

− Pedagogias Diferenciadas;

− Centralização Sobre os Dispositivos e Sobre as Situações de

Aprendizagem;

− Sensibilidade à Relação com o Saber e com a Lei.

Há o entendimento e necessidade de que se introduza os laboratórios de

informática nas escolas para modificá-las e auxiliar na modernização da

educação, com isso entende-se que o processo pedagógico deve ser

modificado conjuntamente.

Page 28: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

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Baseado no referencial de competências adotado em Genebra (1996)

Perrenoud (2000, p.14) enumera as 10 competências, que entende como

sendo aquelas que emergem atualmente com relação à prática do professor:

1. Organizar e dirigir situações de aprendizagem;

2. Administrar a progressão das aprendizagens;

3. Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação;

4. Envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho;

5. Trabalhar em equipe;

6. Participar da administração da escola;

7. Informar e envolver os pais;

8. Utilizar novas tecnologias;

9. Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão;

10. Administrar sua própria formação contínua.

Nesta perspectiva, diz Zardo (1998 p. 236), os computadores

(laboratórios de informática educativa - LIE) representam mais uma ferramenta

de suporte e apoio ao trabalho pedagógico do professor.

Para atingir a finalidade descrita por Zardo acima, estabeleceu-se certos

procedimentos como:

- Análise do material (software) existente quanto à concepção teórico-

filosófica, metodologia e recursos gráficos e sonoros empregados

pelo mesmo, para definir sua aplicabilidade ou não no laboratório de

informática educacional (LIE);

- Elaboração de material pedagógico que sirva como apoio e

orientação ao trabalho do professor;

Page 29: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

17

- Orientação a professores e alunos quanto ao uso dos equipamentos

e desenvolvimento das aulas no LIE;

- Avaliação do projeto LIE em reuniões pedagógicas e conselhos de

classe;

- Compreensão do que o LIE não é um apêndice, mas sim parte

integrante da escola e, como tal, deve estar contemplado no plano

político pedagógico e planejamento do professor.

No entremeio a estas atividades, no laboratório, o professor solicita as

justificativas numa atitude mediadora, desafiadora fazendo com que os alunos

auxiliem-se, apropriando-se do conhecimento trazendo-os a uma reflexão

sobre as formas de pensar ou desenvolver uma atividade para que filtrem as

informações coletadas, acontecendo tudo de forma coletiva.

“Formar para as novas tecnologias é formar o julgamento, o senso

crítico, o pensamento hipotético e dedutivo, as faculdades de

observação e pesquisa, a imaginação, a capacidade de memorizar e

classificar, a leitura e a análise de textos e de imagens, a representação

de redes de procedimentos e de estratégias de comunicação”.

Perrenoud (2000, p. 128).

Com a introdução do Projeto Político Pedagógico na Escola, sua

estruturação como entidade responsável pelo seu trabalho, a escola se torna

capaz de superar dificuldades antes inimagináveis e nada poderia ser mais

trágico do que inserir computadores em uma sala ou laboratório se mais nada

fosse modificado.

Page 30: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

18

Ao desejar formar as crianças com os referenciais destacados por

Perrenoud, anteriormente descritos, onde se deve formar para as novas

tecnologias e com a introdução do Plano Político Pedagógico na escola, deve-

se observar o que diz Froés (2001, p. 3) no que se torna indispensável:

- Apoiar os professores no trato dos novos instrumentos, dando

condições para que estes se apropriem nas suas utilização;

- Desenvolver atividades que permitam a discussão da melhor forma

de empregar os recursos informatizados, analisando as

características de cada disciplina, e o interesse de cada professor;

- Associar essas atividades ao cotidiano de cada professor, praticando

a necessária interação entre as diversas disciplinas e os referidos

recursos informatizados;

- Conhecer e discutir experiências anteriores, apoiando a análise e a

decisão de cada professor e da própria escola.

A tecnologia por si só não mudará a educação o que refletirá

diferentemente é sua forma de utilização, voltada para criar ambientes nos

quais as tecnologias são usadas na construção do conhecimento para a

comunicação e a cooperação, repensando o processo educacional, seus

fundamentos para a prática do dia a dia.

Hoje a multimídia invade os cenários de vida dos alunos, espetáculo de

luz e som muito sofisticado, amanhã a realidade virtual permitirá experiências

deslumbrantes permitindo ao aluno que este seja roteirista, diretor e ator deste

espetáculo.

Page 31: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

19

“... não se poderia pensar hoje uma pedagogia e uma dialética do texto

sem estar consciente das transformações a que a informática submete

as práticas de leitura e escrita. ... não se poderia pensar uma pedagogia

e uma didática da pesquisa documental sem avaliar a evolução dos

recursos e dos modos de acesso”. Perrenoud (2000, p. 139)

Deverá haver sempre nesse processo evolutivo uma experiência

construída e reconstruída, através de interações com o meio, mas as

atividades práticas por si só não levam a uma experiência significativa ou

aprendizado construtivo se estas não estiverem conectadas e orientadas para

as vivências dos momentos atuais.

Valente (2001, p. 4) mostra através da figura abaixo, a interação com o

computador e os elementos sociais que permeiam e a suportam.

Figura 1 – Interações com o computador e os elementos sociais

Fonte: http://divertire.com.br/artigos/valente2.htm

Page 32: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

20

Essas interações e os elementos sociais fazem o processo evolutivo ser

desencadeado a medida em que temos abstração, reflexão e depuração com

aprendizagem e mudança de pensamento e de práticas.

Perrenoud (2000, p. 156), cita as mudanças nas práticas pedagógicas,

impondo-lhes lentidão, mas com profundidade, e essas levarão a uma escola

menos real e mais informatizada:

− Baseadas em objetivos de nível taxonômico cada vez mais elevado,

por exemplo, aprender a aprender, a raciocinar, a comunicar;

− Visa cada vez mais freqüentemente a construir competências, para

além dos conhecimentos que mobilizam;

− Recorre mais aos métodos ativos e aos princípios da escola nova,

às pedagogias alicerçadas no projeto, no contrato, na cooperação;

− Manifesta maior respeito ao aluno, por sua lógica, seu ritmo, suas

necessidades, seus direitos;

− Valoriza a cooperação entre alunos e propõem-lhes atividades que

exigem uma forma de partilha, uma divisão de trabalho, uma

negociação;

− Considera cada vez menos a reprovação escolar como uma

fatalidade e evoluem no sentido de apoio pedagógico e da

diferenciação do ensino como discriminação positiva contínua e

preventiva;

− Interage cada vez mais com outros profissionais, inseridos em uma

cooperação profissional regular, até mesmo, como uma verdadeira

equipe pedagógica;

Page 33: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

21

− Tornam-se mais dependentes das tecnologias audiovisuais e

informáticas e utilizam-nas mais;

− Atribui maior importância à pesquisa, a saberes estabelecidos fora

de uma experiência prática, através de outros métodos.

Entende-se da mesma forma que Fróes (2001, p. 7), que os

“...computadores não apenas ajudam a aprender, eles interferem na

aprendizagem, criando novas formas de aprender...” e a cada modificação

destes, a cada criação nova, outras construções da aprendizagem se fazem,

criando relações cognitivas ainda não previstas e instáveis para novas

estabilizações e instabilizações sucessivas.

Juntando a necessidade de repensar a escola, a necessidade de se ter

em auxílio as mais modernas tecnologias, deve-se incorporar uma “nova

metodologia” apoiada em projetos, tema que se aborda a seguir.

2.2. DA FRAGMENTAÇÃO A TRANSDISCIPLINARIDADE

Abandona-se o homem total, tem-se ao homem compartimentado (no

trabalho, na escola, em casa, na igreja...), papéis que são representados em

cada momento do nosso cotidiano, busca-se o aperfeiçoamento por partes,

definindo-se que este é o ideal.

O homem se fez máquina, mecanizando suas rotinas e seu trabalho,

esquecendo-se que seu trabalho, vida e seu ser são um único elemento neste

cosmo. Perde-se a beleza, o encantamento da integralidade e reduziu-se o

homem à pobreza das partes.

Page 34: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

22

Tem-se uma fragmentação enorme no homem e em suas relações

observada por Weil (1993, p. 16) em três (3) níveis:

1. No Nível do Ser:

a. Separação do Sujeito e o Objeto;

b. Separação entre o Conhecedor, Conhecimento e Conhecido.

2. No Nível do Sujeito:

a. Divide o “Homo Sapiens” do “Homo Faber”;

b. O Pensador e o Ativo;

3. No nível do Conhecimento:

a. O Conhecimento Puro e as Tecnologias;

b. Conhecimento pelo Conhecimento e o Conhecimento de

Métodos e Técnicas de Ação.

A fragmentação ocorreu igualmente na educação onde o número de

disciplinas aumentou tanto que se tornou necessário a transdisciplinaridade. E

essa, busca reunir em um conjunto mais abrangente as disciplinas,

correlacionando-as, visto que se parecem em sua natureza.

G. Michaud, citado por Weil (1993, p. 33), define os termos ligados às

disciplinas da seguinte forma:

− Disciplinar: conjunto específico de conhecimentos;

− Multidisciplinar: justaposição de diversas disciplinas, às vezes sem

relação aparente;

− Pluridisciplinar: justaposição de disciplinas diversas, com

conhecimentos mais ou menos aparente;

Page 35: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

23

− Interdisciplinar: interações existentes entre duas ou várias

disciplinas, num esforço de comunicação e de procura de um ponto

comum;

− Transdisciplinar: efetivação de um ponto axiomático comum a um

conjunto de disciplinas, buscando o encontro e transposição dos

pontos em comum.

“A transdisciplinaridade propõe uma nova teoria do conhecimento e

talvez ela possa ser o campo ou um dos campos epistemológicos nos quais a

Pedagogia da Alternância deleite suas raízes“ Sommerman (2001, p. 1). Este

considera a transdisciplinaridade como “Método Transdisciplinar”.

A visão transdisciplinar advém da civilização Greco-Judaica-Cristã. Na

filosofia, há 2.600, anos os pré-socráticos, a partir do conceito de phisis, tinham

a concepção unitiva da transdisciplinaridade. Tales, Demócrito e Heráclito

afirmavam o tema da unidade, não dissociando a ciência da filosofia, nem a

arte da mística.

Wail (1993, p. 30) cita Basarab Nicolescu, para afirmar que o termo

“transdisciplinar” foi utilizado pela primeira vez por Jean Piaget em 1970,

quando do encontro sobre interdisciplinaridade, promovido pela Organização

da Comunidade Européia (OCDE), posteriormente Jantsch (1972) e Morin

(1972) entre outros versam sobre o tema. Piaget define então:

“Enfim, na etapa das relações interdisciplinares, pode-se esperar que se

suceda uma fase superior que seria ‘transdisciplinar’, a qual não se

contentaria em atingir interações ou reciprocidades entre pesquisas

Page 36: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

24

especializadas, mas situaria tais ligações no interior de um sistema total,

sem fronteiras estáveis entre as disciplinas”.

Transdisciplinaridade deve ser, e é, um passo além da

interdisciplinaridade, um avanço qualitativo em busca da união das disciplinas

da integração e da inclusão do homem ao mundo que o cerca.

A Declaração de Veneza (1986), promovida pela UNESCO, “Ciências e

as Fronteiras do Conhecimento: Prólogo do nosso Passado Cultural”,

patrocinado pelo Fórum Sobre Ciência e Cultura, e elaborado por cientistas,

filósofos, artistas e representantes das tradições espirituais, é um marco

histórico na direção da transdisciplinaridade.

Em 1991, em Paris, organizado pela UNESCO, realiza-se o congresso

“Ciência e Tradição: Perspectivas Transdisciplinares para o século XXI”,

resultou no considerado segundo documento da transdisciplinaridade (Ciência

e Tradição).

O Primeiro Congresso Mundial da Transdisciplinaridade em 1994,

organizado pelo Centro Internacional de Pesquisas e Estudos

Transdisciplinares (CIRET), sediado em Paris, com parceria da UNESCO,

acontece na cidade de Arrábida, Portugal, resultando na “Carta da

Transdisciplinaridade” (anexo), documento norteador de todo trabalho posterior

sobre transdisciplinaridade.

Em 1997 foi realizado o Segundo Congresso Mundial da

Transdisciplinaridade, também organizado pelo CIRET e pela UNESCO na

cidade de Locarno, do qual resultou o documento “A Síntese do Congresso de

Locarno”.

Page 37: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

25

Como resultado destes dois congressos mundiais da

transdisciplinaridade Sommerman (2001, p. 4) cita os setes eixos básicos da

evolução transdisciplinar na educação:

1. A educação intercultural e transcultural;

2. O diálogo entre arte e ciência;

3. A educação inter-religiosa e transreligiosa;

4. A integração da revolução informática na educação;

5. A educação transpolítica;

6. A educação transdisciplinar;

7. A relação transdisciplinar: os educadores, os educandos e as

instituições, e, a sua metodologia subjacente.

O mesmo autor cita os três pilares do pensamento transdisciplinar:

1. A Complexidade;

2. O Terceiro Incluído;

3. Os Diferentes Níveis de realidade.

O termo transdisciplinar representa a tentativa e talvez a possibilidade de

sair da fragmentação das disciplinas e do conhecimento humano. “... encontro

de várias áreas do conhecimento de uma axiomática comum, ou princípios

comuns subjacentes” (Crema 1993, p.132). Significa transcender a

disciplinaridade necessitando o entendimento da origem, função e limitações

dos desafios contemporâneos da disciplinaridade moderna. Para G. Michaud,

“axiomática comum a um conjunto de disciplinas” e para Ernest Jantsch apud

Wail (1993, p. 31) “é o reconhecimento da interdependência de todos os

aspectos da realidade. ...e a conseqüência normal da síntese dialética...”

Page 38: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

26

Transdisciplinaridade é um modo de conhecimento, é uma compreensão

de processos, é uma ampliação da visão do mundo e uma aventura de espírito,

para Mello (2001, p. 2), ela continua ainda, é uma nova atitude, uma maneira

de ser diante do saber.

Deverá haver uma desterritorialização das disciplinas, com muitas

trocas, desmoronando as fronteiras entre si.

Para Morin, citado por Weil (1993, p. 33), não existe um princípio unitário

de todos os conhecimentos, mas estes buscam a complementação, que ao

mesmo tempo separa e sócia.

Sommerman (2001, p. 2) fundamenta em cinco, às necessidades da

transdisciplinaridade:

− Para contrapor-se às sucessivas rupturas epistemológicas pelas

quais o Ocidente passou desde o século XIII;

− Para contrapor-se à redução cada vez maior do real e do sujeito;

− Para contrapor-se à fragmentação cada vez maior do saber;

− Para levar em conta os dados da ciência contemporânea (física

quântica, biologia, genética, neurologia...);

− Para reencontrar a unidade do conhecimento.

Weil (1993, p. 34) resume o pensamento de Piaget, Jantsch, Morin,

Michaud, Yearbook of World Problems na Human Potential, UNESCO,

Nicolescu, entre outros, colocando os pontos em comum de suas contribuições

originais:

Page 39: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

27

1. Transdisciplinaridade resulta do encontro de várias disciplinas do

conhecimento, em torno de uma axiomática comum. Axiomas são

princípios ou paradigmas subjacentes a estas disciplinas;

2. O encontro interdisciplinar, entre duas ou várias disciplinas, favorece

a transdisciplinaridade;

3. Transdisciplinaridade é considerada como resposta à solução da

crise de fragmentação da epistemologia, com objetivo reparador dos

danos e ameaças à vida deste planeta;

4. Existência de vários tipos de transdisciplinaridade, falando-se,

portanto em transdisciplinaridade.

5. Existe a possibilidade de uma transdisciplinaridade geral que

consistiria em encontrar uma axiomática comum entre ciência, arte,

filosofia e tradições sapienciais.

Pode-se dizer, segundo a Universidade Holística Internacional de

Brasília, citada por Crema (1993, p. 132) que a transdisciplinaridade está

dividida em duas:

− Transdisciplinaridade Parcial: conjugação de um número limitado de

áreas ou disciplinas;

− Transdisciplinaridade Geral: envolve uma axiomática comum entre

ciência, filosofia, arte e tradição de sabedoria.

Para uma efetiva pesquisa transdisciplinar Weil (1993, p. 69) afirma e

enumera aperfeiçoamentos metodológicos de pesquisa necessários para esta

em três planos:

Page 40: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

28

1. Elaborar princípios de trabalho para as equipes interdisciplinares

[princípio lingüístico, psicossociológicos, psicológicos (cognitivos,

afetivos e conotativos), metodológicos e transdisciplinares];

2. Formar as equipes interdisciplinares para uma atuação de alta

qualidade visando a transdisciplinaridade (estudo, formação inter-

relacional e acompanhamento);

3. Definir as axiomáticas transdisciplinares dentro do novo paradigma

holístico;

Crema (1993, p.140) afirma que transcender as disciplinas de modo

algum significa negá-las, e que o enfoque transdisciplinar não é contra a

especialização, reconhecendo sua necessidade e importância, na realidade o

que se quer é à busca do especialista ao todo que o envolve sem negá-lo

buscando a complementaridade, o trabalho em equipe e a convivência com a

diversidade.

“Complementaridade”, termo usado por Bohr, possui a virtude inclusiva

do método analítico e do sintético, da interdisciplinaridade e da

transdisciplinaridade. Permanecendo na interdisciplinaridade não se chegará

ao todo, portanto deverá ser complementada pela transdisciplinaridade.

Crema (1993, p. 153) representa a afirmação de complementaridade,

através de uma figura, “... onde o símbolo do infinito (∞) conecta dinâmica e

heuristicamente os pólos, viabilizando a vinculação e superação da polaridade”.

Page 41: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

29

Figura 2 - Complementaridade

Fonte: Crema (1993, p. 153)

“A abordagem transdisciplinar exige atuação conjugada, no indivíduo e

na equipe, do analista e do sintetista, o que abre caminho para um metamétodo

imprescindível quando se quer lograr uma visão de inteireza” Crema (1993 p.

154).

Nicolescu, citado por Crema (1993, p. 155), diz que a abordagem

transdisciplinar jamais poderá ser realizada por uma pessoa só, sendo

necessário reunir diversas competências e diferentes domínios, sem estar

preso a uma determinada ideologia, partido político ou poder econômico.

As características necessárias ao indivíduo para participar de uma

equipe transdisciplinar são citadas por Crema (1993, p. 155) como:

− Abertura e Inclusividade;

− Humildade;

− Supremacia;

− Convivência com a Diferença (suportar as frustrações e

persistência);

− Respeito.

MÉTODO ANALÍTICO MÉTODO SINTÉTICO ∞

Page 42: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

30

Para Sommerman (2001, p. 6), quando a transdisciplinaridade fala em

transcultura, transnação e transreligião, “...propõe que cada cultura, cada

nação e cada religião mergulhem cada vez mais em si mesmas, com respeito

pelas outras, mas preservando a sua identidade, pois desse modo os princípios

comuns que estão por trás da diversidade emergirão. Podendo emergir então o

verdadeiro diálogo, o verdadeiro respeito, a verdadeira paz.”

Desta forma:

“...urge o desenvolvimento de uma proposta transdisciplinar que vise, em

última instância, um conhecimento reconectado à dimensão amorosa,

possibilitando uma atitude de solidariedade frente ao bem comum”.

(Crema,1993, p. 142).

Pode-se vislumbrar que a transdisciplinaridade, como uma nova

metodologia de trabalho, em um futuro muito próximo, poderá auxiliar na

transformação da sociedade e, em especial, á educação, mesmo essa estando

em início de estudos e aplicações.

2.3. UTILIZAÇÃO DE PROJETOS

No entender de Vieira (2001) apud Dewey (1897) educação é um

processo de vida e não uma preparação para a vida, e a escola deve

representar a vida presente, tão real e vital para o aluno, como a que ele vive, o

entendimento então é de que a forma de trabalhar também deve ser repensada

e modificada. A busca desta forma de trabalhar levará o ser humano a um

grande objetivo, que é o de educar as gerações vindouras com maior

objetividade e facilidade.

Page 43: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

31

Os seres humanos são capazes de dar valor, refletir e interagir nas

formas de ação, frente aos desafios impostos pelo meio e por nós mesmos,

emergindo o ato de planejar, de fazer projetos.

O planejamento foi e será sempre, um ato ou necessidade em todas as

atividades humanas, tornando-se imprescindível, dado à complexidade dos

problemas culturais, sociais, políticos e econômicos das sociedades em virtude

do que as escolas e professores buscam nestes, o desenvolvimento de seus

trabalhos.

Para que aconteça o planejamento é necessário diretrizes norteadoras,

como o projeto pedagógico, segundo Moretto (1997) citado por Vieira (2001, p.

1), projeto pedagógico é um: “conjunto de princípios orientados que vai dizer

cotidianamente, como dar identidade ao seu trabalho.”

Para Vieira (2001, p. 1) um projeto pedagógico contempla várias faces, e

possui três dimensões:

− Dimensão Política: que explicita o lugar que a educação formal

imagina e pensa ocupar dentro da sociedade e que seus alunos

deverão ocupar;

− Dimensão Econômica: em virtude da globalização;

− Dimensão de Aprendizagem: em virtude da dedução das formas de

ensino.

Do planejamento surge o projeto, a esse se associam às idéias, os

professores, os alunos e a escola, modificando-se o processo de ensino

aprendizagem.

Page 44: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

32

A utilização de projetos para Perrenoud (2000, p. 36) só acontece se os

alunos aceitarem o projeto e se desejarem saber do conteúdo a ser abordado,

mencionando os três dispositivos didáticos necessários:

1. Motivação;

2. Relação com o saber;

3. Sentido da experiência e do trabalho escolar.

Quando da utilização de projetos, os alunos estarão sendo amplamente

estimulados, o que não ocorre nas atividades longas e cansativas, nas aulas

expositivas e baseadas em livros textos, auxiliando pouco no compartilhamento

de recursos e na cooperação entre esses.

Diz Perrenoud (2000, p. 128):

“Se fosse preciso iniciar seriamente os alunos na informática, o caminho

mais interessante seria inseri-la completamente nas diversas atividades

intelectuais cujo domínio é visado, particularmente cada vez que as TIC

liberam das tarefas longas e fastidiosas que desestimulam os alunos,

tornando mais visíveis os procedimentos de tratamento ou as estruturas

conceituais, ou permitindo que os alunos cooperem e compartilhem os

recursos”.

Os alunos deixam de ser meros receptores do conteúdo, participando

ativamente da experiência educativa de construção de seu conhecimento, o

que os levará a apropriação e desenvolvimento de suas potencialidades.

Abrantes (1995, p. 62), citado por Vieira (2001), aponta características

fundamentais do trabalho com projetos:

Page 45: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

33

− Um projeto é uma atividade intencional: o envolvimento dos alunos é

uma característica chave do trabalho de projetos, o que pressupõe

um objetivo que dá unidade e sentido às várias atividades, bem

como um produto final que pode assumir formas muito variadas, mas

procura responder ao objetivo inicial e reflete o trabalho realizado;

− No projeto a responsabilidade e autonomia dos alunos são

essenciais: os alunos são co-responsáveis pelo trabalho e pelas

escolhas ao longo do desenvolvimento do projeto. Em geral

desenvolvido em equipes, motivo pelo qual a cooperação está

também quase sempre associada ao trabalho de projetos;

− Autenticidade: característica fundamental do projeto, buscando um

problema relevante aos alunos, não sendo apenas reprodução de

conteúdos, nem dissociado da realidade;

− O projeto envolve complexidade e resolução de problemas: o

objetivo central do projeto constitui um problema ou uma fonte

geradora de problemas, que exige uma atividade para sua

realização;

− Tem caráter faseado: percorre várias fases - escolha do objetivo

central, formulação dos problemas, planejamento, execução,

avaliação e divulgação dos trabalhos.

“Aprende-se participando, vivenciando sentimentos, tomando atitudes

diante dos fatos, escolhendo procedimentos para atingir determinados

objetivos. Ensina-se não só pelas respostas dadas, mas principalmente

Page 46: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

34

pelas experiências proporcionadas, pelos problemas criados, pela ação

desencadeada” Vieira (2001, p. 2).

Para o desenvolvimento do trabalho com projetos Vieira (2001, p. 3) diz

que são necessários três momentos, sem a necessidade de serem etapas

estanques, a saber:

− Problematização: ponto de partida, onde os alunos expressarão

suas idéias, crenças e conhecimentos sobre o tema em questão. Ao

professor cabe detectar o que o aluno já sabe, e o que ainda não

sabe;

− Desenvolvimento: criam-se as estratégias para buscar soluções às

questões e hipóteses levantadas;

− Síntese: às convicções iniciais são superadas e outras são

substituídas, a aprendizagem passa a fazer parte dos esquemas de

conhecimentos dos alunos e vão servir de base de conhecimento

para os novos em outras situações de aprendizagem.

Os projetos são processos contínuos que não podem ser reduzidos a

uma lista de objetivos e etapas estanques. É uma postura que reflete uma

concepção de conhecimento como produção coletiva, onde a experiência vivida

e a produção cultural sistematizada se entrelaçam dando significado às

aprendizagens construídas e reconstruídas a cada momento.

Dá-se um sentido novo ao ato de aprender, onde cada necessidade de

aprendizagem busque a solução de problemas que se nos apresentam no dia a

dia, gerando situações de aprendizagens diversificadas e voltadas para a

Page 47: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

35

realidade vivida, possibilitando aos educadores o fazer pedagógico direcionado

a construção da autonomia do indivíduo e do coletivo do grupo.

Ao observar a escola “atual” vê-se a necessidade urgente de buscar

autonomia e metodologias que de fato contribuam para o desenvolvimento de

políticas educacionais relevantes, que viabilizem as mudanças urgentes e

necessárias na comunidade, na escola e conseqüentemente nos professores e

alunos.

A busca constante de novas metodologias nos leva a

transdisciplinaridade, forma possível de reunir este emaranhado de disciplinas,

conteúdos e métodos, com objetivos claros de unir o homem e a sua natureza,

a escola e seu conteúdo, através de projetos voltados para os interesses dos

alunos envolvidos, utilizando estas novas tecnologias que hoje chamam

atenção de todos, assunto abordado no capítulo seguinte.

Page 48: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

36

CAPÍTULO III

3. NOVAS TECNOLOGIAS

As novas tecnologias, e em especial, a informática na educação, trazem

mudanças significativas na forma de refletir, ordenar, organizar e de trabalhar

do homem e da mulher, este capítulo busca justificar, observar os modos de

utilização, a relação do professor e a utilização da informática, fundamento

importante para esse trabalho.

3.1. INTRODUÇÃO DA INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO -

JUSTIFICATIVAS

As novas tecnologias da informação e comunicação transformaram a

maneira de comunicar, trabalhar, decidir e pensar.

Difícil é distinguir as propostas claras, lúcidas e objetivas de utilização

das novas tecnologias, das apenas comerciais. Perrenoud (2000, p. 126) cita

os possíveis atropelos que se pode ter contato:

− Vendedores de máquinas, de “softwares” ou de comunicação em

busca de mercados, mas principalmente de influências;

− Políticos preocupados em não perder a virada informática e

telemática, prontos para medidas espetaculares, por menos

fundamento que tenham;

− Especialistas dos usos escolares das novas tecnologias, autores de

“softwares” educativos, formadores em informática e outros “gurus

Page 49: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

37

da internet”, que procuram obter a adesão de todos à informática,

nos moldes da fé e da conversão.

Estas situações levam a um caminho que não interessa aos verdadeiros

propósitos da educação, nem justificam um investimento de tal monta, muito

menos irão atingir os propósitos de construção da aprendizagem.

Moraes (1998, p. 9) expõe as razões que para ela justificam a

dinamização do processo de informatização, através dos aspectos que

seguem:

1. Democratizar o acesso à informação, como condição “sinequanon” a

necessidade de sobrevivência, a sociedade está ligada aos

indivíduos e a sua relação com as tecnologias da informação para

resolução de problemas, como ferramenta na produção do

conhecimento, investigação, construção, análise e divulgação do

conhecimento, construindo um indivíduo mais capaz e criativo.

2. Reposicionamento da educação diante dos novos padrões

decorrentes dos avanços tecnológicos e científicos, de produtividade

e competitividade, construindo uma formação básica sólida,

preparando o indivíduo para um novo conhecimento requerido pelo

cenário cibernético, informático e informacional.

3. Possibilidades de educação à distância e de educação continuada,

influenciando profundamente nas escolas, no processo de utilização

do tempo, produzindo uma aprendizagem colaborativa para um

trabalho em equipe.

Page 50: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

38

4. Utilizar as novas tecnologias para canalizar os processos de

desenvolvimento humano, a educação deverá colaborar para

acelerar e promover a evolução humana, pois o poder está na

informação e na capacidade de produzir conhecimento, buscando

uma relação inter, intra e transpessoal, desenvolvendo a

compreensão, a integração da humanidade e da responsabilidade

social e planetária.

5. Utilizar a potencialidade das novas tecnologias para construção de

uma nova ética, criando um desenvolvimento sustentável,

dependente direto da evolução do ser humano, do nível educacional,

das expressões culturais, da capacidade de acessar informações e

de produzir conhecimentos.

6. Formar o indivíduo para uma nova cidadania, dando a condição de

participar efetivamente da vida social e política, assumindo tarefas e

responsabilidades. Deverá esse estar capacitado para assumir o

comando de sua própria vida, consumidor consciente capaz da paz

de apropriar-se das informações que afetam sua vida de cidadão.

7. Preparar o indivíduo para viver e conviver na Era das Relações,

onde as relações e conexões expliquem a totalidade indivisível do

ser, em que a capacidade de viver em uma sociedade pluralista em

constante transformação com diferentes interfaces possibilitem

uma nova relação com a cognição humana.

Page 51: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

39

Esta dinamização terá com certeza um avanço significativo dentro das

estruturas escolares se identificado às possibilidades de utilização desta nova

forma de aprender a aprender.

Greenfield (1987), citado por Niquini (1996), identifica as características

positivas do uso do computador e as suas potencialidades no campo educativo,

oferecendo uma tarefa ativa muito importante para a aprendizagem:

− A dinamicidade que permite a representação do movimento e da

troca dos fenômenos;

− A programabilidade que permite ao aluno ordenar, inventar, dirigir

o comportamento do computador, adequando-o às suas próprias

necessidades e finalidades;

− A interatividade que coloca o aluno em condições de experimentar

as próprias hipóteses de soluções para o exercício ou problema

proposto pelo computador e de verificar os resultados das

escolhas realizadas e se necessário, submeter novas hipóteses

de soluções.

A dinamicidade, a programabilidade e a interatividade são fatores que

têm forte influência nas possibilidades de uso dos computadores, em que são

necessárias a preparação e presença efetiva do professor.

Os professores por mais tradicionais que possam ser, hoje e em um

futuro próximo terão em suas mãos textos gravados digitalmente (“CD” ou na

rede) em substituição às formas tradicionais (livros didáticos, textos), tendo

recursos como os de impressão, ampliação na tela, busca rápida de outros

temas correlacionados (hipertextualidade).

Page 52: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

40

“Pode-se associar os instrumentos tecnológicos aos métodos ativos,

uma vez que eles favorecem a exploração, a simulação, a pesquisa, o debate,

a construção de estratégias e de micromundos”. (Perrenoud, 2000, p. 136).

É necessário e urgente repensar a educação como um todo, o que de

forma tímida já acontece, e em meio a esta discussão, buscando para cada

momento novas formas de utilizar o computador na educação, tema abordado

a seguir.

3.2. MODOS DE UTILIZAÇÃO DO COMPUTADOR NA

EDUCAÇÃO

Hoje há uma necessidade premente, a mudança do paradigma de

utilização do computador em que se estabeleça a possibilidade de aprender a

aprender. Citamos abaixo as inferências de Blackwell (1993:691), dados de

Delmar C. de Souza em que o computador pode ser usado na escola nas

seguintes funções:

1. Instrução Assistida por Computador (CAI):

Nestes programas o computador é um tutor (dirige a instrução), o

professor apenas supervisiona, necessitando de pouca preparação. O aluno

atua de forma passiva.

Como exemplos de programas CAI, pode-se citar:

− Programas de informação: transmitem apenas informações sobre o

tema. Ex: Enciclopédias.

− Programas tutoriais: apresenta procedimentos para a realização de

algumas tarefas. Ex: Introdução ao micro (senai).

Page 53: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

41

− Programas de exercícios-prática: utiliza exercício de instrução

programada ou exercício para o desenvolvimento de habilidades

específicas, através da repetição, associação simples, múltipla

escolha, etc. Ex: “eclipse”, “hangman” e muitos dos “softwares

educativos” do mercado.

2. Desempenho assistido pelo Computador (CAP):

Os alunos já possuem um certo nível de interatividade e participação,

aumentando a necessidade de preparação do professor. O computador

funciona como uma ferramenta.

Como exemplos pode-se citar:

− Jogos educacionais: jogos que envolvem conteúdos pedagógicos.

Ex: “carmen san diego en the world”; jasão e o velocínio de ouro.

− Simulação: são programas que apresentam situações semelhantes à

vida real, com a participação e decisão do aluno. Ex.: Série sim

(“simcity”, “simlife”, “simant”, “simspace”), “dig it”.

− Solução de problemas: são programas que propõe problemas para

serem solucionados pelos alunos. Não há uma resposta correta. O

aluno descobre um processo para encontrar a solução. Ex:

“decisions”.

− Utilitários simples: são programas que executam tarefas simples e

limitam-se a fazer o que foi destinado a fazer. Ex: Programa de folha

de pagamento, controle de estoque.

Page 54: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

42

− Programas de autoria I: são programas que codificam o que o

usuário quer realizar. O usuário não precisa conhecer a linguagem

de programação. Ex: “Hyperstudio”, “Superlink”, “Everest”.

− Programas de autoria II: são programas que codificam o que o

usuário quer realizar. O usuário precisa conhecer a linguagem de

programação usada pelo software. Ex.” Linkway”, ”Toolbook”.

− Linguagem de programação: o usuário precisa conhecer os

comandos e a sintaxe da linguagem. Ex: “C”, “C++”, “Visual Basic”.

− Aplicativos: são a programas que realizam uma tarefa determinada,

mas que não é limitada a uma operação. Ex: Processador de texto,

planilha eletrônica.

− Utilitário complexo: são programas que executam tarefas complexas

para o usuário. Ex: Editoração eletrônica, “CAD/CAM”, “MIDI”,

“ACCESS”.

3. Comunicação Assistida pelo Computador (CAC):

Aluno é ativo, necessitando de muita preparação do professor, e o

computador é um meio de comunicação.

As ferramentas citadas acima podem servir para que o aluno se

comunique com o seu próprio ambiente ou através da rede de computadores

local ou remota. Toda vez que um processador de texto ou um programa de

apresentação é utilizado para que o aluno se expresse, comunicando-se com o

mundo que o rodeia, passamos a ter o CAC.

Page 55: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

43

Programas de Comunicação: são programas que permitem que um

computador se comunique com outros computadores, através de protocolos

próprios. Ex: “Bitcom”, “Quicklink”.

Programas de Correio Eletrônico: são programas que permitem troca de

mensagens eletrônicas entre usuários conectados a uma rede de

computadores. Ex: “MSMail”, “Eudora”, “Pegasus”.

Navegadores WWW: São programas que permitem a navegação

hipertextual através dos sítios da WWW. Ex: “Cello”, “Mosaic”, “Netscape

Navigator”, “Netscape Communicator”, “Microsoft Internet Explorer”.

Perrenoud (2000, p. 126) cita quatro, dentre outras formas de utilizar as

tecnologias:

− Utilizando editores de texto;

− Explorando as potencialidades didáticas dos programas em relação

aos objetivos de ensino;

− Comunicar-se à distância por meio da telemática;

− Utilizar as ferramentas multimídia no ensino.

O quadro abaixo descreve as possíveis funções do computador no

ensino levantadas por Sancho Gil (1999, p. 14), corroborando e informando de

forma diferenciada o exposto acima.

Page 56: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

44

Quadro 3 - Possíveis funções do computador no ensino

Atividade do aluno

Tipo de programa Função Perspectiva de aprendizagem

Revisa Recorda Pratica

− Exercício − Reforço − Controle − Teste

− Condutismo: estímulo-resposta, repetição, realimentação.

− Sistemas tutoriais − Professor − Tutor − Guia

− Significativo verbal: indivíduo/dedutivo

Aplica Intui Compreende

− Simulação − Demonstrações − Jogos heurísticos e de estratégia − Programação pedagógica

− Verificação de hipóteses − Tomada de decisões − Conceituação e resolução de problemas

− Aprendizagem por descobrimento − Resolução de problemas

− Editores de texto − Gestores de bancos de dados − Planilhas de cálculos − Programas de desenho − Programas estatísticos − Programas de apresentação

− Ajudam a organizar, representar, armazenar, recuperar e apresentar informação.

− Processamento significativo da informação − Tomada de decisões

Atua Realiza tarefas Comunica-se Coopera

− Redes de comunicação

− Facilita a transmissão, o acesso à informação e à comunicação.

− Aprendizagem em colaboração

Fonte: Sancho Gil (1999, p. 14)

O progresso evolutivo dos “softwares” permite hoje a associação de

textos, tabelas, desenhos, fotos, sons e animações entre outros e desta forma

para que haja facilidade ao acesso a esta tecnologia a indústria precisa

continuar seu desenvolvimento e atingir as pessoas nitidamente menos

instruídas, isto requer da escola, o desenvolvimento urgente das competências

e da formação de seus professores.

Page 57: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

45

3.3. O PROFESSOR E A UTILIZAÇÃO DA INFORMÁTICA

Moraes (1996), citado por Bolzan (1998, p. 16) referindo-se a formação

do docente, analisa afirmando que,

"Pensar na formação do professor para exercitar uma pedagogia

adequada dos meios, uma pedagogia para a modernidade, é pensar no

amanhã, numa perspectiva moderna e própria de desenvolvimento,

numa educação capaz de manejar e produzir conhecimento, fator

principal das mudanças que se impõem nesta antevéspera do século

XXI. E desta forma, seremos contemporâneos do futuro, construtores da

ciência e participantes da reconstrução do mundo".

Ao professor cabe também a avaliação do software que irá utilizar, pois

requer a análise do contexto do ensino e que aprendizagem será utilizada, pois

em alguns aspectos pode ser bom para uns e ruim para outros, sempre

levando em consideração alguns aspectos:

− Os objetivos a que o “software” se propõe (suporte ao tema,

exercício de fixação, verificação de aprendizagem, simulação...);

− Os conteúdos corretos e completos, no nível de ensino dos alunos,

sua organização lógica, adaptável às idades, com graus de

dificuldades diferenciadas;

− A didática de fácil utilização, sem necessidade de estudo

aprofundada para conhecê-lo, autocontrole, aquisição de

informações, possibilidade de ilustração, tipo de discussão-

interação;

Page 58: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

46

− Capacidade interativa, oferecer sempre “menus” com informações

das possibilidades, de uso simples, permitindo o erro e retorno, a

não seqüência, memorização do ponto parado, retomada em outros

pontos do programa, diagnóstico do erro e análise das respostas;

− Apresentação dos conteúdos, o programa didático deve ser

dinâmico capaz de manipular grande quantidade de dados e com

adequada velocidade de execução.

Outra forma de escolha pode ser pelo conteúdo, cada enfoque com seu

critério apropriado:

− “Drill & Pratice” (exercitação e prática);

− Tutorial;

− Simulação;

− Jogo;

− Informativos.

Faz-se necessário ter sempre em mente que quanto mais atraentes

forem, maior a possibilidade de aprendizagem, quanto mais inteligente maior

será a interação entre professor-máquina e ou aluno-máquina.

Page 59: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

47

CAPÍTULO IV

4. PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

TRANSDISCIPLINAR UTILIZANDO O LABORATÓRIO DE

INFORMÁTICA

Para perfeita realização de um projeto, há que se levantar todos os

dados pertinentes. Neste capítulo delineia-se através de um fluxograma a

forma estrutural do projeto, caracterizando a unidade de ensino (U. E.), a

metodologia os procedimentos para viabilizar o projeto, período de realização,

planejamento das atividades a serem realizadas e as avaliações necessárias

para posterior implantação e retomada do projeto para possíveis melhorias.

4.1. FLUXOGRAMA

O fluxograma de procedimentos, abaixo apresentado define os passos

pelos quais este projeto transdisciplinar se sustenta, visando traçar momentos

de atuação, sem os quais dificuldades serão encontradas, em virtude da falta

de organização.

Esse fluxograma passa por seis pontos específicos, sendo eles,

caracterização da unidade escolar, definições, metodologia, procedimentos,

período de execução até chegar ao planejamento de atividades, outra etapa

especificada é a avaliação, passo que deve permear cada momento dos

citados anteriormente, mediante esse feedback teremos a necessidade ou não

de retrocessos em virtude desta análise ou prosseguimento se o objetivo

estiver sendo alcançado.

Page 60: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

48

Figura 3 – Fluxograma de procedimentos

4.2. CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE ESCOLAR

Esta caracterização se faz necessária para melhor delineamento do

projeto e conseqüente aplicação.

A busca por informações pertinentes diz respeito à definição de que

Unidade de Ensino (U. E.) tem-se para efetivação do projeto, bem como as

informações referentes aos aspectos:

- Sociais;

- Técnicos;

- Econômicos;

- Físicos;

Caracterização da U. E. Caracterização da U. E.

Definições Definições

Metodologia Metodologia

Procedimentos Procedimentos

Períodos de execuçãoPeríodos de execução

Atividades

Avaliação

Page 61: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

49

- Organizacionais, que orientam a direção a ser tomada e analisam a

escola mediante tal aspecto.

Figura 4 – Fluxograma da caracterização da Unidade Escolar

4.3. DEFINIÇÕES

As definições a serem abordadas dizem respeito às necessidades do

projeto, sendo essas levantadas de acordo com cada realidade. Desta forma é

necessário que se observe:

- Definições iniciais (justificativa e objetivos);

- Os recursos materiais;

- Recursos financeiros;

- Laboratório de informática;

- Forma de utilização do laboratório;

Aspectos sociais

Aspectos técnicos

Aspectos econômicos

Aspectos físicos

Aspectos organizacionais Cara

cter

izaç

ão d

a U.

E.

Page 62: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

50

- Configuração técnica;

- Layout;

- Envolvidos no projeto;

- Professores participantes;

- Turmas participantes;

- Alunos participantes.

Figura 5 – Fluxograma das definições

4.4. METODOLOGIA

A metodologia para desenvolvimento do projeto deve ser definida, tendo

sempre a vista os objetivos e finalidades a serem alcançadas, essa

metodologia a ser empregada busca levantar a:

− Revisão bibliográfica;

Justificativa e objetivos

Recursos materiais

Recursos financeiros

Laboratório de Informática

Envolvidos no projeto

Defin

ições

Page 63: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

51

− Fundamentação teórica;

− Escolha da metodologia pedagógica;

− Revisão de bibliografia;

− Pesquisas;

− Desenvolvimento das atividades;

− Apresentação das criações e conclusões.

Figura 6 – Fluxograma da metodologia

4.5. PROCEDIMENTOS PARA VIABILIZAÇÃO DO PROJETO

Os procedimentos utilizados para possibilitar o projeto devem antever os

passos pelos quais são necessárias definições de atuação.

Os passos que devem nortear o trabalho são:

Revisão bibliográfica

Fundamentação teórica

Escolha da metodologia

Desenvolvimento das ativ.

Met

odol

ogia

Apresentação

Pesquisas

Page 64: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

52

− Elaboração do projeto;

− Apresentação do projeto;

− Solicitações;

− Definição das atividades;

− Escolhas;

− Execução;

− Apresentação dos trabalhos efetivados.

Figura 7 – Fluxograma dos procedimentos

Elaboração do projeto

Apresentação do projeto

Solicitações

Escolhas

Pro

cedi

men

tos

Execução

Definição das atividades

Apresentação

Page 65: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

53

4.6. PERÍODO DE EXECUÇÃO

O período de execução do projeto deve ser levantado mediante

possibilidades dos segmentos envolvidos quer sejam professores, alunos,

escola, entidades envolvidas e ou outros fatores relacionados.

Figura 8 – Fluxograma do período de execução

4.7. PLANEJAMENTO DAS ATIVIDADES

Os diversos segmentos envolvidos, professores e alunos, e as

atividades de pesquisa devem ser delineadas com vistas ao fazer do projeto.

Tempo

Período

Número de aulas

Perío

do d

e ex

ecuç

ão

Locais

Page 66: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

54

Figura 9 – Fluxograma das atividades

4.7.1. dos PROFESSORES

As atividades a serem desenvolvidas pelos professores, dizem respeito

àquelas em que este auxilia o aluno na construção de seu projeto, definindo,

escolhendo, auxiliando, colaborando e acompanhando o desenvolvimento de

cada etapa do projeto.

4.7.2. dos ALUNOS

As atividades a serem desenvolvidas pelos alunos dizem respeito ao que

farão para desenvolver o projeto e devem estar estruturadas para possibilitar a

transdisciplinaridade e a motivação destes.

dos Professores

dos Alunos

de Pesquisa

Ativ

idad

es

Estrut uração/ P lanej am ento

R ealização/ execução

Aval iação

Apresent ação

Page 67: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

55

4.7.3. de PESQUISA

Os requisitos de pesquisa visam nortear o projeto e seus envolvidos haja

vista todo acompanhamento necessário para o desenvolvimento das

atividades. Os requisitos são:

− ESTRUTURAÇÃO /PLANEJAMENTO

Todo planejamento exige uma estrutura, desta forma planejar significa

estruturar e produzir, mais tempo gasto, mas com recompensas posteriores.

O planejamento não pode ser rígido a ponto de não permitir mudanças,

este deverá orientar as etapas durante todo período de elaboração ou

realização do projeto.

- Que?

- Por quê?

- Como?

- Quem?

- Quando?

- Para quem?

- Aonde? (locais a serem visitados/pesquisados)

− REALIZAÇÃO/EXECUÇÃO

Colocar em prática o que foi planejado é o objetivo final desta etapa.

Deverá haver a participação efetiva de todos e em especial do professor no

auxilio, apoio, na disponibilidade de tudo que for necessário para a realização

do projeto.

Page 68: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

56

Aspectos importantes a serem observados nesta etapa são a motivação,

participação, busca e seleção dos recursos de qualidade para a viabilidade

desse.

− AVALIAÇÃO

A fase da avaliação deve ser entendida como um momento de

depuração da estrutura, planejamento e da realização/execução, levando em

conta o que ocorreu e verificando as melhorias a serem executadas e os

ajustes necessários a serem feitos. Será objeto de avaliação sempre:

- As atividades;

- Os alunos e Professores;

- Projeto;

- Os resultados.

− APRESENTAÇÃO

Momento de oportunizar expondo a outros grupos as produções,

conclusões e novas descobertas. Para a apresentação se faz necessário, boa

preparação e conhecimento.

Deverá haver uma análise comparativa com projetos anteriores

verificando a evolução que cada um teve, o que facilitará novos desafios.

4.8. AVALIAÇÕES

A avaliação, necessária em todos seus aspectos não pode ser rígida a

ponto de ser realizada em um momento apenas, mas deve buscar avaliar o

Page 69: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

57

Projeto Transdisciplinar em cada instante, pois ela é parte integrante e

necessária para modificações, retornos e ou implementações das ações.

Figura 10 – Fluxograma das avaliações

Verificada a necessidade de retornos e ou recondução dos trabalhos,

observa-se em que ponto ou momento isso se faz necessário, devendo haver

reorientação dos caminhos a serem traçados e modificados das ações a serem

implementadas, o que tornará o feedback muito mais eficaz.

Resultados positivos obtidos

Resultados a serem alcançados

Possibilidades a serem conquistadas A

valia

ções

Problemas encontrados

Page 70: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

58

CAPÍTULO V

5. ESTUDO DE CASO UTILIZANDO PROCEDIMENTOS PARA

ELABORAÇÃO DE UM PROJETO TRANSDISCIPLINAR

UTILIZANDO O LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA

Este capítulo aborda a implantação do Projeto de Utilização

Transdisciplinar do Laboratório de Informática, enfocando o projeto

transdisciplinar através do desenvolvimento das etapas do fluxograma

apresentado no capítulo anterior, relacionando os resultados, as possibilidades

alcançadas em vinte oito (28) encontros com os alunos, nos oito (8) meses de

atividades do projeto e enfocando alguns problemas encontrados durante a

realização deste.

Fluxograma de procedimentos

5.1. CARACTERIZAÇÃO DA UNIDADE ESCOLAR

A Escola de Educação Básica Paulo Zimmermann está situada no centro

comercial da cidade de Rio do Sul, tendo como mantenedora o Governo

Caracterização da U. E. Caracterização da U. E.

Definições Definições

Metodologia Metodologia

Procedimentos Procedimentos

Períodos de execuçãoPeríodos de execução

Atividades

Avaliação

Page 71: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

59

Estadual, através da Secretaria de Estado da Educação e Deporto (SED) e

está vinculada à sexta (6ª) Coordenadoria Regional de Educação.

Entrou em funcionamento em 1915 como instituição de ensino privado,

tornando-se dois anos depois pública. Recebeu este nome, em homenagem a

“Paulo Zimmermann” prefeito eleito três vezes em Blumenau.

Em novembro do ano de 1998 recebeu da Secretaria da Educação e

Desporto (SED), através do Ministério da Educação e Cultura (MEC), cujo

projeto deste se chama Programa Nacional de Informática na Educação

(ProInfo), um Laboratório de Informática, objeto deste estudo.

A caracterização em seus aspectos sociais, técnicos, econômicos,

físicos e organizacionais se faz necessária para melhor delineamento do

projeto e conseqüente aplicação do projeto transdisciplinar utilizando o

laboratório de informática.

5.1.1. ASPECTO SOCIAL

A referida unidade atende um total de 1.166 alunos, dos quais 212 são

de 1ª a 4ª séries, 436 de 5ª a 8ª, 60 da Classe de Aceleração, 50 do Ensino

Especial e 408 do Ensino Médio, sendo que o número de alunos por série varia

de 30 a 40 alunos. Estes alunos estão divididos em 37 séries:

Page 72: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

60

Tabela 01 – Divisão por séries e nº de alunos da E.E.B. Paulo Zimmermann

Séries Nº de séries Média de idade Total de alunos

1ª séries 02 7 Anos 43

2ª séries 02 9 Anos 34

3ª séries 02 10 Anos 65

4ª séries 02 11 Anos 70

5ª séries 03 12 Anos 80

6ª séries 02 13 Anos 65

7ª séries 03 15 Anos 90

8ª séries 07 17 Anos 201

1ª séries do E. Médio 05 17 Anos 162

2ª séries do E. Médio 04 18 Anos 117

3ª séries do E. Médio 04 20 Anos 129

Aceleração (5ª À 8ª) 02 20 Anos 60

Ensino Especial 04 12 Anos 50

Fonte: dados obtidos no projeto série (2000)

O número de turmas por turno:

− 14 turmas no matutino;

− 13 turmas no vespertino;

− 10 turmas no noturno.

Os alunos são provenientes não apenas da zona1 em que está inserida a

escola, pois estando no centro da cidade, atrai e recebe alunos dos mais

diversos pontos da cidade, bem como dos municípios circunvizinhos.

1 Cada unidade escolar possui um referencial de zoneamento, para efeito de matrícula de alunos.

Page 73: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

61

As classes sociais a que pertencem estes alunos são as mais diversas,

observando-se condições financeiras maiores nos alunos dos períodos

matutino e vespertino do que nos do noturno, já que estes em sua grande

maioria trabalham para seu sustendo ou ainda o de suas famílias.

5.1.2. ASPECTO TÉCNICO

O quadro geral de funcionários está composto da seguinte forma:

− 01 Diretora;

− 01 Diretora adjunta;

− 01 Secretária;

− 01 Administradora;

− 02 Orientadoras

− 28 Professores Efetivos;

− 17 Professores Contratados Temporariamente (ACT);

− 06 Serventes;

− 02 Merendeiras;

− 01 Vigia;

− 7 Bolsistas.

A habilitação dos 45 professores é a que segue:

− 20 Professores com Especialização;

− 18 Professores com Licenciatura Plena;

− 02 Professores com Licenciatura Curta;

− 03 Professores com outras Faculdades.

Page 74: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

62

5.1.3. ASPECTO ECONÔMICO

A escola em seu aspecto econômico tem enormes dificuldades, pois a

prioridade tão divulgada não é uma realidade efetiva.

No tocante aos recursos financeiros a escola é mantida com recursos

oriundos da:

− Secretaria de Estado da Educação e do Desporto (SED), para

pagamentos de funcionários, manutenção do prédio e de

equipamentos e para materiais de consumo e pedagógico.

− Ministério da Educação e Cultura (MEC), para aquisição,

manutenção e reforma de equipamentos, reformas e manutenção do

prédio, aquisição de materiais pedagógicos e de consumo.

− Associação de Pais e Professores (APP), Para suprimento e

manutenção em todos os setores da escola, mediante organização e

realização de festas, bingos, rifas entre outras atividades.

− Doações da Comunidade, utilizados também para manutenção dos

setores deficitários da escola.

5.1.4. ASPECTO FÍSICO

Quanto ao aspecto físico, a escola possui uma área total de 8.000 m2

sendo que deste total 4.700 m2 são de área construída, composta por cinco (5)

edificações.

As dependências da escola estão distribuídas como elencados, e as

áreas de maior interesse do projeto estão com suas metragens respectivas:

Page 75: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

63

Tabela 02 – Espaço físico – Levantamento da E.E.B. Paulo Zimmermann

Dependência Número de dependências M 2

Sala de Aula 19 912

Sala do Professor 01 80

Sala do Laboratório de Informática 01 48

Biblioteca 01 72

Auditório 01 45.96

Sala do Diretor 01 30

Secretaria 01 70

Sala dos Especialistas 02 60

Depósitos 01 13

Cozinha 01 6

Cantina 01 15

Banheiros 04 40

Ginásio de Esportes 01 1.175

Sala Laboratório Ciências 01 48

Sala de Jogos 01 66

Fonte: dados obtidos nos projetos arquitetônicos (2000)

Os equipamentos que a escola possui são:

− Microcomputadores;

− Aparelhos de TV;

− Aparelhos de Som;

− Aparelhos de Vídeo;

− Aparelhos de Telefone;

− Duas Linhas Telefônicas;

− Copiadora Xerográfica;

Page 76: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

64

− Aparelho de Fax;

− Retroprojetor;

− Episcópio;

− Máquinas de datilografia.

5.1.5. ASPECTO ORGANIZACIONAL

A escola a nível organizacional é composta por cargos hierárquicos,

constituídos da seguinte forma:

1. Direção;

2. Direção Adjunta;

3. Conselho Deliberativo;

4. Supervisão;

5. Orientação;

6. Secretaria;

7. Professores;

8. Alunos;

9. Associação de Pais e Professores (APP).

A forma de administrar é centrada na direção, havendo dificuldades no

diálogo com outros segmentos da escola, pouco sendo efetuado com direção a

prática ou melhoria pedagógica, apesar de durante o ano de 2000, a escola ter

que montar seu Projeto Político Pedagógico, abrangendo inclusive este

aspecto organizacional.

As trocas de direção foram constantes [três (3) diretoras], durante o

período de realização do projeto.

Page 77: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

65

A responsabilidade do cumprimento do currículo e conteúdo está a cargo

do professor, bem como a elaboração de seu Plano de Curso, havendo pouco

acompanhamento e auxílio nas questões pedagógicas e problemas

enfrentados por professores e alunos.

5.2. DEFINIÇÕES

As definições a serem abordadas dizem respeito às necessidades do

projeto, sendo essas levantadas de acordo com cada realidade. Desta forma é

necessário que se observe: justificativa e objetivos, os recursos materiais,

laboratório, configuração técnica, layout, recursos financeiros e envolvidos no

projeto.

5.2.1. DEFINIÇÕES INICIAIS (Justificativa e objetivos)

Na busca constante por novas formas de trabalho, encontra-se na

transdisciplinaridade a possibilidade de tornar viável o ensino aprendizagem

através de projetos, juntando as disciplinas curriculares às tecnologias da

informação e mais precisamente à informática educativa.

Busca-se para sustentar o projeto, a metodologia transdisciplinar, pois

esta, engloba e transcende as necessidades pertinentes às disciplinas, além de

usar os pontos comuns entre essas, para atingir os objetivos com maior

clareza, rapidez e eficiência.

Na necessidade de integração da escola e da sociedade encontra-se nas

formas de pesquisa a oportunidade de aproximarmos os interesses dos alunos

com o currículo, pois as formas de trabalho hoje comportam inúmeros projetos,

Page 78: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

66

o que nos leva a uma construção do conhecimento mais próxima da realidade

vivida pelos alunos.

E em virtude das U. E. da rede Estadual de Educação ter recebido os

Laboratórios de Informática, desejosos de implantar formas de utilização destes

na construção do conhecimento, tem-se a possibilidade desta busca, pois estes

equipamentos são verdadeiros colaboradores.

O objetivo geral é:

− Propor forma de trabalho diferenciada para a utilização dos

laboratórios de informática, através da metodologia transdisciplinar,

buscando a construção do conhecimento através de projetos.

Os objetivos específicos são:

− Utilizar a metodologia transdisciplinar, para ampliar a incorporação

das novas tecnologias da informação;

− Oportunizar a melhoria da qualidade do processo de ensino

aprendizagem através de projetos;

− Propiciar uma educação voltada para o desenvolvimento científico e

tecnológico;

− Educar para uma cidadania global numa sociedade

tecnologicamente desenvolvida;

− Oportunizar atividades curriculares e extracurriculares aos alunos;

− Possibilitar a prática da informática centrada nos alunos;

− Auxiliar na melhoria do rendimento escolar, buscando a construção

do conhecimento;

Page 79: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

67

− Auxiliar os professores na utilização das tecnologias da

comunicação especialmente à informática;

− Integrar SED, 6ª coordenadoria, E. E. B. Paulo Zimmermann,

professor, orientador do projeto, alunos e outras entidades.

5.2.2. RECURSOS MATERIAIS

Os recursos materiais necessários serão levantados através da escola,

bem como cada grupo deverá buscá-los em outras fontes, se necessário, para

a perfeita realização do projeto:

− Sala de vídeo;

− Salas de aula;

− Laboratório de informática;

− Biblioteca;

− Filmadora;

− “Cd-rom”

− Máquina fotográfica;

− Gravador.

5.2.3. RECURSOS FINANCEIROS

Os recursos financeiros são alocados mediante solicitação a empresas,

através de doações particulares, dos alunos, dos professores participantes do

projeto e da escola.

Page 80: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

68

5.2.4. LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA

O laboratório de informática chegou a U. E. em outubro de 1998, sendo

que em março de 2000 havia ainda dificuldades de utilização, em virtude de

estar pendentes ainda a instalação do servidor e da rede bem como as

configurações pertinentes.

Num jogo de responsabilidades e de competências ao final do mês de

março o laboratório estava apto ao uso.

5.2.4.1. FORMA DE UTILIZAÇÃO DO LABORATÓRIO

A forma de utilização do laboratório foi determinado no início do projeto,

sendo utilizado com um meio entre tantos outros que pudessem ser alocados,

onde o objetivo era a construção do conhecimento através da

transdisciplinaridade.

Trabalhou-se no planejamento e programação das atividades com a

configuração técnica, “layout” e “softwares” disponíveis, não sendo objetivo de

estudos anteriores às ferramentas ou “softwares”, mas sim, a utilização e

aprendizagem conjunta destes com o conteúdo trabalhado, através do tema

escolhido.

Utilizou-se neste projeto até o momento da interrupção: “Paint”, “Word”,

“Excel”, “PowerPoint”, “FrontPage” e “Internet”.

Page 81: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

69

5.2.4.2. CONFIGURAÇÃO TÉCNICA

As configurações técnicas disponíveis no laboratório de informática são

suficientes para o momento presente, o que não dispensa a necessidade de

“upgrade” e aquisição de equipamentos, em virtude das inovações.

Não sendo efetuado um estudo aprofundado deste, abaixo estão citados

os equipamentos, suas configurações e softwares’s disponíveis:

− 1 computador-servidor com “Windows NT”;

− 10 computadores com “Windows 98”;

− 1 “scanner” de mesa;

− 1 “scanner” de mão;

− 1 impressora a jato de tinta;

− 1 impressora a lazer;

− Software’s disponíveis: “Windows 98”, “Adobe Photoshop”.

5.2.4.3. LAYOUT

Não sendo objeto de estudo aprofundado apenas fazendo referência, o

layout, é inadequado em função do posicionamento dos computadores, pois:

− O professor não possui visibilidade de todos os computadores;

− A circulação entre estes é difícil;

− Alguns alunos não visualizam o professor;

− É difícil a interação entre estes.

Page 82: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

70

5.2.5. ENVOLVIDOS NO PROJETO

Os envolvidos no projeto transdisciplinar utilizando o laboratório de

informática são os professores, as turmas e os alunos comentados abaixo.

5.2.5.1. PROFESSORES PARTICIPANTES

Recebida autorização para utilização do Laboratório de Informática da

Escola de Educação Básica Paulo Zimmermann (E. E. B. P. Z.), foi

apresentado o Projeto de Utilização Transdisciplinar do Laboratório de

Informática aos professores, especialistas, direção e bolsista do laboratório de

informática durante treinamento programado e efetuado pelo NTE.

O objetivo inicial fora o de atingir seis (6) a oito (8) participantes, mais o

coordenador e responsável pela informática no projeto. Apenas quatro (4)

professores se dispuseram a trabalhar junto ao projeto, e com esses, o

coordenador dos trabalhos, que é o responsável pela utilização do laboratório

de Informática.

Os professores participantes do projeto foram:

− 01 Professor de Biologia;

− 01 Professor de Educação Sexual;

− 02 Professores da Língua Inglesa;

− 01 Coordenador, Articulador e Mentor do Projeto, responsável pela

parte da informática e da utilização do laboratório de informática;

− Direção;

− Orientadores pedagógicos;

− Entidades públicas e privadas.

Page 83: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

71

Estes professores planejaram suas atividades conjuntamente, facilitando

os desdobramentos e não permitindo a sobreposição de conteúdos ou

atividades, buscando a integração entre as disciplinas que lecionam.

Os planejamentos iniciais, quatro no total, foram realizados com

sucesso, até que em dado momento (início de novembro de 2000) a estrutura

escolar, calendário e as exigências da escola, interromperam as reuniões

programadas, o que afetou as possibilidades de ampliação do projeto. Apesar

desta impossibilidade, o projeto teve continuidade, finalizando suas atividades

em dezembro de 2000.

A participação dos quatro (4) professores foi efetiva, com grande

entusiasmo, pois viam na transdisciplinaridade a possibilidade de mudança da

prática pedagógica, com aplicabilidade enorme dentro de suas disciplinas, e

que desta forma atingiriam seus objetivos tanto por parte do conteúdo

disciplinar, ultrapassando estes para viabilizar junto aos alunos a alegria de

construir seu próprio aprendizado.

5.2.5.2. TURMAS PARTICIPANTES

As turmas para o desenvolvimento do projeto foram escolhidas dentre as

que os professores, que aceitaram o desafio, trabalhavam. A estas foi

apresentado o projeto e perguntado se aceitariam participar dele.

As séries que participaram do projeto foram:

− 1ª série 1 do Ensino Médio, período matutino com 34 alunos;

− 1ª série 2 do Ensino Médio, período matutino com 34 alunos;

− 1ª série 3 do Ensino Médio, período vespertino com 31 alunos;

Page 84: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

72

− 2ª série 2 do Ensino Médio, período vespertino com 21 alunos.

Cada turma foi dividida em onze (11) grupos conforme afinidade e

interesse dos alunos. O número de grupos foi definido em virtude do

número de computadores disponíveis no laboratório de informática.

5.2.5.3. ALUNOS PARTICIPANTES

Ao iniciar o projeto com os alunos, o primeiro passo efetuado foi o de

apresentar o projeto, haja vista que a participação desses estava condicionada

a aceitação do tema.

Tão logo finalizados a apresentação e os comentários, os alunos,

empolgados, aceitaram.

Suas expectativas eram enormes em função de terem a possibilidade de

utilizarem o laboratório de informática junto às disciplinas oferecidas.

Durante todo desenvolvimento do projeto, houve empenho, participação

e empolgação dos alunos, tanto nos momentos em sala de aula como

biblioteca, laboratório ou na visita às entidades.

Ao findar o ano buscou-se saber desses, sua visão do projeto. Na

análise que fizeram, o projeto deveria continuar, a forma com que o projeto foi

conduzido agradou, com outros temas talvez, com envolvimento dos demais

professores, e que houve aprendizagem significativa do tema e a certeza de

seus compromissos com a sociedade e consigo mesmos nos cuidados com as

Doenças Sexualmente Transmissíveis.

Page 85: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

73

5.3. METODOLOGIA

A metodologia para desenvolvimento deste trabalho passa por:

5.3.1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Buscou-se na biblioteca escolar e do município, em encartes produzidos

pelas secretarias de saúde do município e estado, em jornais, revistas, e

entrevistas, vídeos e Internet, material que abordasse o tema e conteúdo das

Doenças Sexualmente Transmissíveis, o que resultou em num farto e

consistente material de trabalho, pesquisa e de fundamentação teórica para

todos os grupos.

5.3.2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Depois de feita a revisão bibliográfica, buscou-se ter conhecimento do

conteúdo que se poderia utilizar no decorrer do projeto, este estudo resultou

em textos para corroborar as visitas posteriores a serem feitas nas entidades,

facilitando sobre maneira a apresentação do tema, bem como as possibilidades

de retransmissão do conteúdo a outros indivíduos do seu relacionamento ou da

comunidade.

5.3.3. ESCOLHA DA METODOLOGIA

Ao estudar-se as metodologias possíveis de aplicabilidade num projeto

com esta dimensão, a análise feita, foi a de que poucas se propunham a

integrar de forma definitiva ou mesmo que de forma parcial as disciplinas

escolares, portanto a escolha pela metodologia transdisciplinar, resultou na

Page 86: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

74

possibilidade de reunir em um só momento interesses comuns da escola,

disciplinas, alunos e do proponente deste trabalho;

5.3.4. PESQUISAS

Definiram-se 10 entidades a serem visitadas pelos grupos de pesquisa, e

um grupo deveria elaborar questionário para uma entrevista na rua para

levantar o real conhecimento da sociedade com respeito ao tema DST. A

pesquisa passou por um processo inicial que foi o de elaborar um roteiro no

qual as equipes se baseariam para efetuar as perguntas ou mesmo coletarem

dados sobre a entidade e sua relação com prevenção, contato ou mesmo

tratamento das pessoas envolvidas diretamente com cada local visitado;

5.3.5. DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES

O desenvolvimento das atividades de levantamento bibliográfico foi

definido de forma que cada grupo coletaria todos os dados e conteúdos

pertinentes ao tema e no laboratório e os dividiria com os demais grupos.

Após cada grupo ter definido que conteúdos pensavam ser importante

conter, colocariam estes em seu texto digitado no Word, bem como

descreveriam sua entidade e o resultado de sua visita.

As atividades desenvolvidas na sala de aula, biblioteca, no laboratório,

nas visitas e ou no que o grupo entendesse conveniente deveriam ser

comunicadas aos professores colaboradores, para que quando possíveis estas

fossem acompanhadas.

Page 87: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

75

5.3.6. APRESENTAÇÃO

Apresentação das criações e conclusões foi feita a cada conclusão de

etapa. As demonstrações efetuadas foram:

− Dos materiais coletados durante pesquisa bibliográfica;

− Dos textos produzidos;

− Das apresentações em PowerPoint.

5.4. PROCEDIMENTOS PARA VIABILIZAÇÃO DO

PROJETO

Os procedimentos utilizados para possibilitar este estudo de caso foram

os que seguem:

5.4.1. ELABORAÇÃO DO PROJETO

O projeto foi pensado e elaborado inicialmente durante o início do

mestrado do professor idealizador do projeto e aperfeiçoado durante toda

execução deste, onde tiveram fundamental importância as contribuições dos

professores e colegas que tiveram contato com o projeto.

5.4.2. APRESENTAÇÃO DO PROJETO

A apresentação do projeto aconteceu nos seguintes momentos:

− Contato com a Direção da E. E. B. Paulo Zimmermann, situada no

município de Rio do Sul, para entrega e conhecimento do projeto

Page 88: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

76

transdisciplinar envolvendo o laboratório de informática (dezembro,

1999);

− Apresentação do projeto transdisciplinar de utilização do laboratório

de informática em “PowerPoint” aos professores, especialistas,

direção e bolsista do laboratório (maio, 2000);

− Apresentação do projeto e fita de vídeo aos alunos das turmas

escolhidas de ensino médio, bem como a forma de desenvolvimento

do projeto (maio, 2000);

5.4.3. SOLICITAÇÕES

As solicitações feitas para o projeto aconteceram nos seguintes

momentos:

− Entrega do ofício solicitando autorização a direção da U. E., Para

freqüentar e utilizar as dependências desta (março, 2000);

− Solicitação dos documentos em arquivos na U. E., Sobre o laboratório

de informática e dos dados sobre o aspecto ambiental, social, técnico,

econômico, físico e organizacional da referida (março, 2000);

− Solicitação para divulgação do projeto junto aos professores (março,

2000);

5.4.4. DEFINIÇÃO DAS ATIVIDADES

Ao analisar os documentos e após a visita de reconhecimento ao

laboratório de informática (março, 2000) foram definidas as atividades em que

cada um dos participantes do projeto deveria ter seus escorços intensificados.

Page 89: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

77

5.4.5. ESCOLHAS

As escolhas do projeto passaram pelos seguintes momentos:

− Engajamento dos professores ao projeto (maio, 2000);

− Escolha, junto aos professores do tema e das áreas a serem

utilizadas como referencial inicial do projeto (maio, 2000);

− Escolha das turmas a serem objetos de estudo e trabalho do projeto

(maio, 2000);

5.4.6. EXECUÇÃO

A execução do projeto aconteceu através dos seguintes momentos:

− Reconhecimento, por parte dos alunos do laboratório, seus

equipamentos, ferramentas e “softwares” (maio, 2000);

− Definição de atividades e possibilidades de cada um dos quatro (4)

professores participantes do projeto (maio, 2000);

− Sistematização do trabalho a ser desenvolvido (maio, 2000);

− Início de execução das atividades planejadas em sala de aula,

laboratório, cidade e nas entidades listadas (maio, 2000);

5.4.7. APRESENTAÇÃO DOS TRABALHOS EFETIVADOS

A apresentação dos trabalhos efetivados aconteceu nos seguintes

momentos:

Page 90: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

78

− Delimitação do tema e apresentação das atividades a serem

desenvolvidas (maio, 2000);

− Apresentação dos resultados em “PowerPoint”, murais, “Internet”,

palestras e na rede de TV local (dezembro, 2000).

5.5. PERÍODO DE EXECUÇÃO

O período de execução do projeto foi levantado mediante possibilidades

dos segmentos envolvidos quer sejam professores, alunos, escola, entidades

envolvidas, juntamente com outros fatores relacionados.

5.5.1. TEMPO

− Ano letivo de 2000;

5.5.2. PERÍODO

− Períodos matutino e vespertino;

5.5.3. NÚMERO DE AULAS

− Duas (2) aulas semanais no mínimo no laboratório;

5.5.4. LOCAIS

− Aulas em sala de aula com professores do projeto e locais como

biblioteca entre outros;

− No laboratório de informática;

Page 91: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

79

− Sendo por opção ser em seqüência (faixas), tanto no laboratório de

informática quanto em sala de aula.

5.6. PLANEJAMENTO DAS ATIVIDADES

As atividades desenvolvidas foram delineadas com vistas ao fazer do

projeto, levando-se em conta quem deverá faze-las dentro do projeto

específico.

5.6.1. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELOS PROFESSORES

As atividades desenvolvidas pelos professores, dizem respeito àquelas

em que este auxilia o aluno na construção de seu projeto:

1) Definir tema de pesquisa;

2) Escolha de conteúdo, da forma de trabalho e a divisão dos grupos;

3) Auxiliar no preenchimento dos requisitos do projeto, descritos no item,

“atividades de pesquisa”;

4) Colaborar na preparação e na visita aos locais de pesquisa;

5) Acompanhar as etapas de execução, avaliação e apresentação do

projeto.

1) TEMA E CONTEÚDO ESCOLHIDO

Após os passos iniciais os professores participantes do projeto reuniram-

se para delinear o tema a ser abordado no projeto, conteúdo a ser trabalhado e

a forma organizacional do grupo formado.

− Tema escolhido: Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)

Page 92: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

80

A escola já havia definido temas de trabalhos para o ano, este em

especial (DST) foi o tema escolhido para os professores desenvolverem

durante o ano todo, em todas as turmas, com todos os alunos.

O tema DST, para os professores deste encontro, deveria ser definido

junto aos alunos para obtenção de maior participação desses, mas entendendo

que este sendo o primeiro projeto envolvendo o laboratório de informática seria

aceito, principalmente por se tratar de tema amplamente divulgado na mídia e

com relação direta ao dia a dia dos estudantes.

2) CONTEÚDO ESCOLHIDO

Conteúdo a ser trabalhado inicialmente ficou definido assim:

− Doenças e suas relações;

− Drogas;

− Sexualidade;

− Mídia e suas relações;

− Visita aos locais com relação ao tema;

− Entrevista com a comunidade.

5.6.2. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELOS ALUNOS

As atividades desenvolvidas foram estruturadas para possibilitar a

transdisciplinaridade e a motivação dos alunos ligados ao projeto:

a) Solicitar autorização da direção para a pesquisa, utilização do nome

da escola e saídas da escola;

b) Preencher os requisitos do projeto de pesquisa, descritos no item

seguinte: atividades de pesquisa;

Page 93: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

81

c) Buscar material de apoio (livros, periódicos, outros impressos, fitas de

vídeo, “Internet”..., entre tantas possibilidades) para fundamentação

teórica do tema;

d) Confeccionar ofício à entidade a ser visitada, indicando o tema a ser

abordado durante a visita e solicitar data e horário para essa;

e) Programar a visita:

1. Elaborar perguntas possíveis e necessárias para efetivação da

visita;

2. Verificar dados, índices da entidade visitada;

3. Levantar os projetos executados na e ou pela entidade sobre o

tema escolhido para o projeto;

4. Descrever projetos em execução ou com possibilidades de

efetivação na e ou pela entidade sobre o tema doenças

sexualmente transmissíveis (dst);

5. Outras necessidades.

f) Elaborar relatório da visita no “Word”, “excel” ou outra ferramenta que

o grupo queira;

g) Elaborar apresentação em “PowerPoint”;

h) Elaborar jornal escolar;

i) Criar página da “internet” no “FrontPage” para divulgar os trabalhos;

j) Escrever editoriais, colunas e textos para publicação em jornais e

rádios locais;

k) Realizar debates, palestras com a comunidade escolar e com as

entidades envolvidas com o tema proposto no projeto;

Page 94: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

82

5.6.3. ATIVIDADES DE PESQUISA

Os requisitos elencados buscam orientar todo trabalho do projeto, não

sendo rígido e determinante em sua forma de realização. Os professores,

alunos e o orientador do projeto participaram ativamente destas definições.

Descreveremos estes requisitos que cada grupo efetivou de forma a

contemplar sua entidade, interesse e percepção em forma de fases:

1. ESTRUTURAÇÃO /PLANEJAMENTO

− Escolha do tema

− Escolha do conteúdo

− Escolha da forma de trabalho

− Escolha dos grupos de trabalho

− Responder aos questionamentos:

− Que?

1. Sobre o que trabalhar?

2. Sobre o que pesquisar?

3. O que tratar neste projeto?

− Por quê?

1. Por quê trabalhar com este tema?

2. Qual a justificativa?

3. Quais os objetivos?

− Como?

1. Como realizar este projeto?

2. Como operacionalizar?

3. Como dividir as atividades entre os membros do grupo?

Page 95: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

83

4. Como apresentar o projeto?

− Quem?

1. Quem realizará cada uma das atividades?

2. Quem se responsabilizará, pelo quê?

3. Quais serão os recursos materiais, humanos e financeiros

necessários?

− Quando?

1. Quando realizar as etapas planejadas (datas)?

− Para quem?

1. Para quem realizar a pesquisa?

2. Que experiências possuem?

3. Qual o interesse pelo tema?

− Onde?

1. Locais a Serem Visitados e Pesquisados

Os locais a serem visitados foram escolhidos pelos professores e alunos

conforme possibilidades de pesquisa e interesse dos envolvidos:

− Hospital Regional;

− Hospital Samária;

− Secretaria da Saúde do município de Rio do Sul;

− Cadeia Pública;

− Lar das Meninas;

− Asilo de Idosos;

− Batalhão do Corpo de Bombeiros;

− Batalhão da Polícia Militar;

Page 96: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

84

− Serviço Social da Indústria (SESI);

− Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE);

− Entrevista com a comunidade.

2. REALIZAÇÃO/EXECUÇÃO

− Momento de construção, criação e produção;

− Colocar em prática o que foi planejado

3. AVALIAÇÃO

Aconteceu durante todo projeto, e de forma mais específica ao final de

cada etapa observando:

− Tema, conteúdo e atividades;

− Projeto;

− Professores e alunos.

DAS ATIVIDADES

a) As atividades elaboradas são suficientes?

b) Houve excesso de atividades planejadas?

c) As atividades foram executadas conforme planejado?

d) São relevantes para atingir os objetivos propostos?

DO PROJETO

a) O projeto é relevante para a sociedade?

b) Contempla todos os aspectos necessários a sua execução?

c) Houve interesse por parte dos alunos na excussão do projeto;

d) O projeto leva a construção do conhecimento através da

metodologia transdisciplinar?

Page 97: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

85

DOS ALUNOS E PROFESSORES

a) Autocrítica;

b) Auto-avaliação;

c) Houve envolvimento e produção efetiva de todos dentro do

grupo?

d) O relacionamento dos membros do grupo foi produtiva?

e) A construção do conhecimento aconteceu?

f) Houve interesse por parte dos alunos na excussão das

atividades?

3. APRESENTAÇÃO

Na apresentação, foi exposto, para os demais grupos da turma, séries da

escola e grupos externos à escola os:

− Objetivos;

− Justificativas;

− Hipóteses;

− Descobertas;

− Criações;

− Conclusões.

5.7. AVALIAÇÕES

A avaliação é importante e necessária para sugerir ações, avaliar os

resultados com vistas à continuidade desse mesmo processo que deve ser

contínuo e permanente.

Page 98: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

86

O processo de avaliação permite refletir o que foi feito, o que há por

fazer e decidir sobre os caminhos a serem tomados, acontecendo antes,

durante e depois da ação educativa.

As ações previstas precisam ser avaliadas a cada momento, as decisões

revistas, e, se necessário modificado, e essas revelam o compromisso e a

competência na condução do processo de ensino aprendizagem.

5.7.1. RESULTADOS POSITIVOS OBTIDOS:

− Perfeita integração entre os quatros (4) professores e o professor

coordenador, pois nos encontros específicos feitos durante a

implantação do projeto houve troca de experiências e de

conhecimentos, com nítida preocupação de que todos estivessem

informados do que se desejava e do que cada um deveria realizar;

− Aceitação total do tema por parte dos alunos, professores, escola e

entidades visitadas, sendo assunto do dia a dia de cada segmento

da escola, e por se tratar de tema abordado pela mídia, buscando

conscientizar cada habitante de nosso planeta às conseqüências do

não conhecimento, o trabalho foi aceito e implantado totalmente;

− Busca incessante dos professores, no perfeito andamento do

projeto, mediante o envolvimento e proposições aos alunos, das

superações dos obstáculos encontrados e pela dedicação em

momento de aula ou fora desse;

− Viabilidade incontestável da possibilidade de utilização da

transdisciplinaridade neste projeto, pois o tema dst, a utilização do

Page 99: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

87

laboratório de informática e as turmas como o ponto em comum do

trabalho, foram ultrapassados em todos os momentos dos

encontros, encontros esses para definições de trabalhos ou de

avaliações, tendo em vista a busca de uma axiomática comum e a

transposição desta para atingir-se a transdisciplinaridade. Em cada

momento de contextualização, concretização e globalização, metas

de ensino, observa-se fatores relevantes para utilização dessa

metodologia;

− Participação, empenho e dedicação total dos alunos para com o

projeto, através de observações feitas no momento de trabalho dos

alunos no laboratório, sala de aula, biblioteca, nas entidades ou

locais de utilização específica, observou-se que todos participavam,

buscavam, incrementavam e realizavam cada etapa a ser

conquistada;

− Relacionamento apurado entre os alunos dos grupos, por não ter

tido qualquer solicitação ou mudança de grupo nem

desentendimento entre seus membros;

− Solicitação de continuidade do projeto, por parte dos alunos e

professores, feitas em momentos de avaliação, onde esses

solicitavam verbalmente através de conversações feitas;

− Aprendizagem significativa do tema abordado;

− Aprendizagem superior à esperada das ferramentas, programas e

softwares utilizados tendo em vista os trabalhos apresentados por

conclusão dos relatórios, pesquisas, cartazes, das frases...;

Page 100: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

88

− Não necessidade de aprendizagem anterior das ferramentas,

programas e softwares utilizados, haja vista as aprendizagens

efetuadas mediante as trocas de informações e conhecimentos entre

professores – alunos, alunos – alunos e em nenhum momento, ter

sido enfocado essa necessidade, por qualquer participante do

projeto;

− Possibilidade de utilização do laboratório por turmas enormes (34

alunos), mediante formação dos grupos com três ou quatro

participantes e esses se revezarem na utilização do computador,

auxiliando os colegas, dividindo as tarefas necessárias para cada

momento;

− Modificação do estado emocional dos alunos sempre que estes iriam

utilizar o laboratório de informática, tornando prazeroso o momento

do uso dos computadores;

− Possibilidade de aceso às tecnologias de ponta, aos alunos que

fazem parte de uma sociedade com muita tecnologia para poucos;

− Execução dos passos levantados no item atividades a serem

desenvolvidas pelos alunos, listadas nos procedimentos para

viabilização do projeto letras a, b, c, d, e, f, e g do item 5.6.2.;

− Construção de trabalhos textos (relatórios, cartazes, desenhos...),

No Word, de forma brilhante por parte da maioria dos grupos;

− Apresentação de trabalhos no “PowerPoint” com links, desenhos,

guif´s, figuras, tabelas...;

Page 101: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

89

− Organização por parte de uma equipe de palestra em uma entidade,

com participação de dois professores (palestrantes) da escola, do

professor do laboratório e de todos os alunos da turma, com

divulgação em rede de TV local (inicialmente não programado);

− Houve auxílio à comunidade e aos alunos no conhecimento e

prevenção das doenças sexualmente transmissíveis;

− Obteve-se capacitação dos alunos para detecção em tempo hábil

para cura de doenças que porventura possam contrair;

− Chamado de alerta para as entidades visitadas da necessidade de

cuidados com a prevenção e não somente com o tratamento das

doenças, ou por vezes o desconhecimento dessa.

5.7.2. RESULTADOS A SEREM ALCANÇADOS:

− Elaboração de jornal interno;

− Construção da página para internet;

− Maior divulgação do trabalho, para outras escolas, na mídia e

comunidade em geral;

− Realização de debate público;

− Utilização maior da internet para pesquisa, conversação (Chat) com

outras escolas e com pessoas ligadas ao tema.

5.7.3. POSSIBILIDADES A SEREM CONQUISTADAS:

− Maior número de professores envolvidos no projeto;

− Envolvimento de mais turmas e séries da U. E;

Page 102: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

90

− Layout da sala melhorado, possibilitando maior integração

aluno/professor, aluno/aluno;

− Maior tempo disponível para encontros entre os professores

participantes do projeto;

− Escola e corpo administrativo oportunizar maior liberdade de ação,

para os professores.

5.7.4. PROBLEMAS ENCONTRADOS

Durante a realização do projeto, foram levantados alguns problemas que

merecem atenção e resolução:

− Escola e o Plano Político Pedagógico (PPP) – A escola quando da

confecção do PPP, não aborda qualquer aspecto quanto à

implantação e forma de utilização do laboratório de informática ou a

concepção filosófica e metodológica de utilização que o envolve, o

que é necessário.

− Hierarquia de Comando – Há hierarquia acentuada, dificultando o

trabalho na escola e em especial no desenvolvimento de um projeto

transdisciplinar, pois este necessita prerrogativas e autonomia, como

toda escola deve ter.

− Suporte e Manutenção dos Equipamentos – Num jogo de

empurra/empurra, os responsáveis (PROCOMP/SED/NTE) não

assumem nem resolvem os problemas, sejam eles com respeito aos

programas ou com os equipamentos, restando à escola a

contratação de técnicos habilitados ou reparos necessários.

Page 103: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

91

− Núcleo de Tecnologia (NTE) – Sem proposta clara de treinamento e

com pessoal despreparado, pouco participam na escola no fomento e

desenvolvimento dos projetos.

− Utilização do Laboratório para Outros Fins – Este laboratório em

específico foi utilizado para outros trabalhos, cuja finalidade é

adversa da proposição de uso do Laboratório de informática das

escolas.

O estudo de caso teve como finalidade demonstrar a possibilidade de

uma nova forma de utilização dos laboratórios de informática, bem como suas

reais possibilidades de integração transdisciplinar, buscando sempre a

superação das dificuldades encontradas no cotidiano escolar, deixando para

trás uma “Escola Real” com forte influência da instrução, para uma “Escola

Informatizada” baseada na construção do conhecimento.

A conclusão a que se chegou quanto à metodologia transdisciplinar é

que, esta, leva os professores a integrarem-se com maior facilidade. Integrando

projeto, laboratório de informática e a metodologia transdisciplinar, observa-se

o enorme interesse despertado nos envolvidos com o projeto, ampliando

significativamente a incorporação da informática e a aceitação da nova forma

de trabalho.

Page 104: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

92

CAPÍTULO VI

6. CONCLUSÕES

Da proposição de procedimentos para elaboração de projetos, tem-se

clara noção de que estes possuem eficácia e norteiam o direcionamento das

pesquisas, apesar de se ter entendimento de que cada projeto deverá seguir

suas especificidades e adequar-se ou acrescentar tópicos ao fluxograma se

necessário for, além de trilhar pelos caminhos informatizados.

Uso da informática na escola e a integração do laboratório aos saberes e

conhecimentos, não só é necessário como urgente, haja vista o atraso que já

se encontra a escola. A necessidade de pensar a forma de utilização dessa

tecnologia traz no bojo da discussão, a forma de implementação e de que

metodologia será a de maior eficácia, discussão esta de suma importância.

A forma de utilizar os laboratórios de informática poderá ser efetivada

utilizando-se a metodologia transdisciplinar, integrando várias disciplinas,

professores e alunos, na busca de transcendê-las e da construção do

conhecimento.

Ao utilizar-se da metodologia transdisciplinar observou-se a possibilidade

de trocas, aprendizagens e indagações entre os professores e alunos

envolvidos no processo, bem como a união entre as disciplinas através dos

pontos em comum numa busca incessante na direção da transposição desses.

O laboratório poderá ser um meio como outros tantos (retro, quadro...)

para atingir os objetivos propostos, viabilizando as aprendizagens dos

programas, softwares e conteúdos em conjunto com as atividades

desenvolvidas.

Page 105: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

93

Deverá haver a modificação da postura do professor frente à utilização

dos laboratórios de informática, modificação essa no âmbito conceitual e

prático, haja vista que esses são utilizados apenas para jogos e brincadeiras,

digitação de trabalhos, busca de informações ou utilização de software sem a

busca do conhecimento de forma colaborativa.

A forma de trabalho através de projetos é eficaz à medida que esses

avaliam os interesses dos envolvidos, buscando temas, grupos e formas de

trabalho diversificadas, tendo o aluno como ator, diretor, artista principal e

coadjuvante desse espetáculo, com a participação de orientação dos

professores para o desenvolvimento dos passos acordados inicialmente.

O aluno participou ativamente do processo decisório, das definições,

escolhas e avaliações que permearam o projeto, buscando e redirecionando os

passos do trabalho. Esse envolvimento do aluno deu-se no momento de redigir

os ofícios e solicitações, no desenvolvimento, preenchimento e argumentação

dos requisitos de pesquisa, na visitação às entidades, na formulação dos

relatórios, cartazes e apresentações dos resultados obtidos, entre outras

formas.

As mudanças necessárias em função da forma e das possibilidades de

utilização estão ligadas diretamente a forma de entender a educação e suas

relações com as pessoas e o mundo, não obstante o professor deve ser o

maior conhecedor e incentivador dessa modificação.

Page 106: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

94

6.1. LIMITAÇÕES

O presente trabalho limitou-se a buscar referências sobre a escola e

suas deficiências, a transdisciplinaridade como metodologia inovadora e com

possibilidades de modificação da “ESCOLA REAL”, o estudo através de

projetos e a utilização da informática para permear as disciplinas. Objetivo

maior é o de encontrar caminhos através de um fluxograma, para aplicação do

projeto transdisciplinar utilizando o laboratório de informática.

Não trás estudo aprofundado sobre a avaliação sistemática sobre os

alunos, do trabalho em equipes, da aprendizagem efetiva através de projetos,

da formação dos professores para utilização das novas tecnologias e em

especial o uso dos laboratórios de informática e o layout dos laboratórios

utilizados nas escolas.

Para esses pontos, há que se ter estudos, no sentido de corroborar o

presente trabalho, o que possibilitará a certeza de que este é efetivamente uma

das maneiras de uso dos laboratórios de informática utilizando projetos através

da metodologia transdisciplinar.

6.2. RECOMENDAÇÕES

Recomenda-se estudo sobre:

- Avaliação dos alunos nesta abordagem de aprendizagem – é

necessário à avaliação sistematizada dos alunos com respeito à

aplicação da metodologia transdisciplinar baseada em projetos,

pois, ter-se-ia uma análise com maior precisão dos dados a serem

melhorados e modificados nessa forma de abordagem;

Page 107: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

95

- O trabalho em equipe - Estudos de pensadores nos revelam que a

oportunização e aplicabilidade de trabalhos em forma colaborativa

tem eficácia, à que se levantar com maior precisão se esta nesse

processo é viável;

- Aprendizagem e os projetos - A aprendizagem mediante o uso de

projetos deve ser também objeto de estudo mais aprofundado,

viabilizando e incrementando outros projetos de mesma ordem;

- Formação do professor para utilização dos laboratórios de

informática - sabe-se através de alguns estudiosos que é

necessário à formação do professor para atuar com tecnologia, é

necessário, portanto estudos direcionados á que forma habilitar

estes nesse processo;

- Reestudo no layout aplicado ao laboratório de informática - haja

vista que este projeto apenas levantou o problema de visibilidade

e contato entre os professores e alunos no laboratório de

informática.

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Page 116: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

104

ANEXO

Carta da Transdisciplinaridade

Preâmbulo

Considerando que a proliferação actual das disciplinas académicas e não-

académicas conduz a um crescimento exponencial do saber, o que torna

impossível uma visão global pelo ser humano,

Considerando que só uma inteligência que dê conta da dimensão planetária

dos conflitos actuais poderá fazer face à complexidade do nosso mundo e ao

desafio contemporâneo de autodestruição material e espiritual da nossa

espécie,

Considerando que a vida está fortemente ameaçada por uma tecnociência

triunfante, que só obedece à lógica assustadora da eficácia pela eficácia,

Considerando que a rotura contemporânea entre um saber cada vez mais

cumulativo e um ser interior cada vez mais empobrecido conduz à escalada

dum novo obscurantismo, cujas conseqüências no plano individual e social são

incalculáveis,

Considerando que o crescimento dos saberes, sem precedente na história,

Page 117: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

105

acentua a desigualdade entre os que os possuem e os que deles estão

privados, gerando assim desigualdades crescentes no interior dos povos e

entre as nações do nosso planeta,

Considerando simultaneamente que todos os desafios enunciados têm a sua

contrapartida de esperança e que o crescimento extraordinário do saber pode

conduzir, a longo prazo, a uma mutação comparável á passagem dos

homídeos à espécie humana,

Considerando o que precede, os participantes do Primeiro Congresso Mundial

de Transdisciplinaridade (Convento da Arrábida, Portugal, 2-6 de Novembro de

1994) adoptam a presente carta compreendida como um conjunto de princípios

fundamentais da comunidade dos espíritos transdisciplinares, constituindo um

contrato moral que todo o signatário desta Carta faz consigo próprio, livre de

qualquer constrangimento jurídico e institucional.

Artigo 1: Qualquer tentativa de reduzir o ser humano a uma

definição e de o dispersar em estruturas formais, sejam elas quais

forem, é incompatível com a visão transdisciplinar.

Artigo 2: O reconhecimento da existência de diferentes níveis de

realidade, regidos por diferentes lógicas, é inerente á atitude

transdisciplinar. Qualquer tentativa de reduzir a realidade a um

único nível regido por uma única lógica não se situa no campo da

Page 118: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

106

Transdisciplinaridade.

Artigo 3: A Transdisciplinaridade é complementar da aproximação

disciplinar; ela faz emergir da confrontação das disciplinas novos

dados que as articulam entre si e que nos dão uma nova visão da

natureza e da realidade. A Transdisciplinaridade não procura a

dominação de várias disciplinas mas a abertura de todas as

disciplinas ao que as atravessa e as ultrapassa.

Artigo 4: O elemento essencial da Transdisciplinaridade reside na

unificação semântica e operativa das acepções através e para além

das disciplinas. Ela pressupõe uma racionalidade aberta, por um

novo olhar sobre a relatividade das noções de «definição» e de

«objectividade». O formalismo excessivo, a rigidez das definições e

a absolutização da objectividade comportando a exclusão do sujeito

conduzem á deterioração.

Artigo 5: A visão transdisciplinar é deliberadamente aberta na

medida em que ela ultrapassa o domínio das ciências exactas pelo

seu diálogo e a sua reconciliação não somente com as ciências

humanas mas também com a arte, a literatura, a poesia e a

experiência interior.

Artigo 6: Em relação á interdisciplinaridade e a

multidisciplinaridade, a Transdisciplinaridade é multireferencial e

Page 119: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

107

multidimensional. Tendo em conta a concepção do tempo e da

história, a Transdisciplinaridade não exclui a existência dum

horizonte transhistórico.

Artigo 7: A Transdisciplinaridade não constitui nem uma nova

religião, nem uma nova filosofia, nem uma nova metafísica, nem

uma ciência das ciências.

Artigo 8: A dignidade do ser humano é também de ordem cósmica

e planetária. O aparecimento do ser humano na Terra é uma das

etapas da história do Universo. O reconhecimento da Terra como

pátria é um dos imperativos da Transdisciplinaridade. Qualquer ser

humano tem direito a uma nacionalidade, mas, sob o titulo de

habitante da Terra, ele é simultaneamente um ser transnacional. O

reconhecimento pelo direito internacional desta dupla pertença - a

uma nação e á Terra - constitui um dos aspectos da investigação

transdisciplinar.

Artigo 9: A Transdisciplinaridade conduz a uma atitude aberta em

relação aos mitos e às religiões, por aqueles que os respeitam num

espírito transdisciplinar.

Artigo 10: Não há um local cultural privilegiado donde seja

possível julgar as outras culturas. A atitude transdisciplinar é ela

Page 120: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

108

própria transcultural.

Artigo 11: Uma educação autêntica não pode privilegiar a

abstracção no conhecimento. Ela deve ensinar a contextualizar,

concretizar e globalizar. A educação transdisciplinar revaloriza o

papel da intuição, do imaginário, da sensibilidade e do corpo na

transmissão dos conhecimentos.

Artigo 12: A elaboração duma economia transdisciplinar

fundamenta-se no postulado de que a economia deve estar ao

serviço do ser humano e não o inverso.

Artigo 13: A ética transdisciplinar recusa toda a atitude que rejeita

o diálogo e a discussão, de qualquer origem - de ordem ideológica,

científica, religiosa, econômica, política, filosófica. O saber

partilhado deve conduzir a uma compreensão partilhada, fundada

sobre o respeito absoluto das alteridades unidas por uma vida

comum numa única e mesma Terra.

Artigo 14: Rigor, abertura e tolerância são as características

fundamentais da atitude e da visão transdisciplinares. O rigor na

argumentação que entra em conta com todos os dados é o

guardião relativamente aos possíveis desvios. A abertura comporta

a aceitação do desconhecido, do inesperado e do imprevisível. A

Page 121: PROCEDIMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

109

tolerância é o reconhecimento do direito ás idéias, comportamentos

e verdades contrárias às nossas.

Artigo final: A presente Carta da Transdisciplinaridade é adoptada

pelos participantes do Primeiro Congresso Mundial de

Transdisciplinaridade, sem apelo a qualquer outra autoridade que

não seja a da sua própria actividade.

Segundo os procedimentos que serão definidos de acordo com os espíritos

transdisciplinares de todos os países, a Carta está aberta à assinatura de

qualquer ser humano interessado pelas medidas progressivas de ordem

nacional, internacional e transnacional pela aplicação destes artigos na vida.

(Convento da Arrábida, 6 de Novembro de 1994)